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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CCI - CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA ANÁLISE DE CONJUNTURA 1º TRIMESTRE 2015 EDIÇÃO ELETRÓNICA

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

ANÁLISE DE CONJUNTURA 1º TRIMESTRE 2015

EDIÇÃO ELETRÓNICA

Análise de conjuntura elaborada com informação até 26-03-15

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Índice de Assuntos

EDITORIAL ........................................................................................................................ 4

1. ENQUADRAMENTO ....................................................................................................... 6

1.1 Enquadramento internacional .......................................................................................... 6

1.2 Enquadramento nacional ................................................................................................ 8

2. ATIVIDADE ECONÓMICA GLOBAL ............................................................................. 10

2.1 Evolução recente do PIB e de outros indicadores de atividade ......................................... 10

2.2 Projeções macroeconómicas nacionais e internacionais ................................................... 16

2.3 Constituições, dissoluções e insolvências de empresas .................................................... 22

2.3.1 Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas.............................................. 22

2.3.2 Insolvências de empresas .......................................................................................... 23

3. INTERNACIONALIZAÇÃO ........................................................................................... 24

3.1 Comércio internacional ................................................................................................. 24

3.1.1 Comércio internacional de bens .................................................................................. 24

3.1.2 Comércio internacional de serviços ............................................................................. 31

3.1.3 Balança de bens e serviços ......................................................................................... 33

3.1.4 Termos de troca de bens e de serviços ....................................................................... 33

3.2 Investimento direto ...................................................................................................... 34

4. FINANCIAMENTO ....................................................................................................... 35

4.1 Taxas de juro ............................................................................................................... 35

4.2 Crédito bancário ........................................................................................................... 37

4.3 Mercado de capitais ...................................................................................................... 39

5. MERCADO DE TRABALHO ........................................................................................... 41

6. CUSTOS DAS MATÉRIAS-PRIMAS ............................................................................. 43

7. CUSTOS DA ENERGIA ................................................................................................. 44

7.1 Eletricidade .................................................................................................................. 44

7.2 Gás natural .................................................................................................................. 45

7.3 Combustíveis ................................................................................................................ 45

8. COMPETITIVIDADE PELOS PREÇOS E PELOS CUSTOS LABORAIS ........................................... 47

8.1 Competitividade pelos preços: câmbios e inflação ........................................................... 47

8.2 Competitividade pelos custos laborais ............................................................................ 49

9. AJUSTAMENTO DA ECONOMIA PORTUGUESA .......................................................... 50

9.1 Equilíbrio externo ......................................................................................................... 50

9.2 Endividamento ............................................................................................................. 51

9.3 Contas públicas ............................................................................................................ 51

FICHA TÉCNICA

Propriedade

CIP - Confederação

Empresarial

de Portugal

Praça das Indústrias

1300-307 LISBOA

Diretor

João Costa Pinto

Edição

CIP - Departamento de

Assuntos Económicos

Coordenação Pedro Capucho

Redação

Rui Madaleno

Lurdes Fonseca

Nuno Torres

Sede de Redação

CIP - Confederação

Empresarial

de Portugal

Praça das Indústrias

1300-307 LISBOA

NIF 500 835 934

Design Gráfico

Mariana Barros

Periodicidade

Trimestral

ISSN

2183-198X

Registo na ERC 117830

É autorizada a

reprodução dos

trabalhos publicados,

desde que citada a

fonte e informada

a direção da revista.

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

EDITORIAL

1. Este segundo número da Publicação – Envolvente Empresarial: Análise de Conjuntura –

refere-se a um período – 1.º trimestre de 2015 – em que se verificaram acontecimentos

com implicações muito complexas, tanto sobre a economia da Área Euro, como, em

particular, sobre as Economias Periféricas mais frágeis, como é o nosso caso.

O BCE lançou finalmente o seu Programa de Compra de Ativos – Quantitative Easing (QE)

– com que se propõe combater as pressões que ameaçam enraizar nas Economias do Euro

um clima deflacionista. O resultado mais imediato foi o de forçar uma baixa generalizada

das taxas de juro para níveis históricos, ao mesmo tempo que impulsionou um movimento

de depreciação cambial do Euro.

Por outro lado, a acentuada queda do preço do barril de petróleo foi apenas em parte

absorvida pela queda do Euro, o que contribuiu para impulsionar a frágil recuperação

económica da Área Euro, que continua a debater-se com uma Procura Interna débil.

Mas, para além disso, outro acontecimento está a marcar a situação da Europa do Euro. A

crise da Grécia, que se acentuou depois do início de funções do novo Governo grego,

claramente paralisado entre as exigências de reformas estruturais feitas pelos credores

oficiais e as expectativas criadas na Sociedade grega, exausta e descrente, depois de cinco

anos de austeridade.

2. É neste contexto de complexidade crescente que deve ser avaliada a situação da nossa

Economia. Como se mostra no ponto 2 desta Publicação, 2014 foi um ano de viragem, em

que a Economia cresceu próximo de 1%, depois de ter recuado mais de 7% nos três anos

anteriores.

No quarto trimestre, o comportamento reflete um menor contributo da Procura Interna,

articulado com uma evolução mais favorável das exportações líquidas, em linha com uma

reorientação mais favorável do nosso modelo de crescimento.

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

No entanto, o elemento menos favorável da evolução recente da nossa Economia continua

a ser o Investimento, com uma desaceleração acentuada da Formação Bruta de Capital em

equipamento que não de transporte. Variável crítica de que depende a capacidade

produtiva, o crescimento e a absorção de desemprego.

Esta evolução confirma o interesse em lançar programas dirigidos à diversificação das

fontes e dos instrumentos de financiamento das PME’s, como a CIP e as Associações

Empresariais têm vindo persistentemente a reclamar. De outro modo, a generalidade das

PME’s portuguesas corre o risco de ficar à margem do atual movimento de queda das

taxas de juro nos mercados, com implicações muito desfavoráveis sobre o relançamento

da atividade económica e, a prazo, sobre a taxa de crescimento potencial.

João Costa Pinto

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

1. ENQUADRAMENTO

1.1 Enquadramento internacional

No dia 1 de janeiro, a Área do Euro alargou-se a 19 membros com a entrada da Lituânia.

No dia 13 de janeiro, a Comissão Europeia apresentou novas orientações mais flexíveis

sobre a aplicação das atuais regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC),

com vista a reforçar a ligação entre as reformas estruturais, o investimento e a

responsabilidade orçamental em benefício do emprego e do crescimento:

(A) No âmbito do investimento: A1) A não consideração das contribuições nacionais para

o Fundo Europeu para o Investimento Estratégico1 tanto na componente preventiva do

PEC como na corretiva; A2) Na componente preventiva são permitidos desvios temporários à

trajetória para o Objetivo de Médio Prazo do saldo estrutural (OMP) para acomodar aumentos

efetivos do investimento cofinanciado, desde que o crescimento real do PIB seja negativo

ou esteja abaixo do potencial, o desvio não leve a um défice excessivo com uma margem de

segurança e seja compensado no horizonte do Programa de Estabilidade;

(B) No âmbito das reformas estruturais: B1) Na componente preventiva serão permitidos

desvios temporários à trajetória para o OMP no caso de reformas estruturais alargadas,

com impacto direto verificável na melhoria da posição orçamental de longo prazo, incluindo a

subida do crescimento potencial, após avaliação e validação pela Comissão do plano detalhado;

B2) Na componente corretiva, a Comissão terá em conta a existência de um plano de reformas

estruturais dedicado, verificável e com um calendário credível, aquando da recomendação do

prazo para a correção de um défice excessivo ou uma eventual extensão do mesmo;

(C) No âmbito da modulação em função do ciclo económico: C1) Na componente

preventiva será aplicada uma matriz (Anexo 2 do documento) especificando o ajustamento

orçamental requerido em cada situação, considerando cinco intervalos para o output

gap cruzados com dois níveis de sustentabilidade da dívida2, sendo aplicáveis valores

menos exigentes com taxas de crescimento abaixo do potencial3; C2) Na componente corretiva,

a Comissão continuará a aferir a ação necessária em função do ajustamento do saldo

orçamental estrutural excluindo desenvolvimentos fora do controlo dos governos;

(D) As provisões do PEC no caso de uma recessão severa na Área Euro ou na UE (menor

ritmo de consolidação para todos os Estados-membros) serão usadas quando necessário.

1 No mesmo dia, a Comissão apresentou uma Proposta de Regulamento para o Fundo Europeu para o

Investimento Estratégico, criado em dezembro pelo Conselho Europeu. 2 Abaixo de 60% do PIB ou sem riscos de sustentabilidade; acima de 60% do PIB ou com risco de sustentabilidade. 3 Não é requerido qualquer ajustamento se o output gap for inferior a -4% ou a variação real do PIB for negativa,

independentemente da sustentabilidade da dívida, ou ainda, no caso de ela ser sustentável, se o output gap for inferior

a -3% ou apenas inferior a -1.5% desde que o crescimento esteja abaixo do potencial.

Comissão anuncia

interpretação mais

flexível do PEC

para potenciar o

emprego e o

crescimento

Área Euro a 19

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

No dia 8 de janeiro, a Comissão Europeia publicou as propostas do articulado da Parceria

Transatlântica de Comércio e Investimento entre a UE e os EUA (TTIP).

No dia 22 de janeiro, o BCE manteve as suas taxas diretoras em mínimos, eliminou o spread

das operações de refinanciamento de longo prazo para reforço do crédito e anunciou um

programa de compra de ativos em larga escala4, com vista a combater os “riscos de um

período demasiado prolongado de baixa inflação” (com expectativas de inflação em mínimos) e,

assim, cumprir o seu mandato de defesa da estabilidade de preços na Área do Euro “em total

concordância com os tratados europeus”. Além da compra de instrumentos emitidos pelo

setor privado, iniciada no final de 2014, o programa passa a incluir a aquisição de dívida em

euros emitida pelo setor público5 (Governos, agências públicas e instituições europeias) na

proporção da chave de capital de cada país no BCE, mas com limites de 25% por emissão e

33% da dívida de cada emitente6. No caso de Portugal7, estas restrições devem permitir a

compra de apenas 16 a 17 mil milhões de dívida, segundo a Presidente do IGCP.

No que se refere ao impacto esperado do programa, o Presidente do BCE salientou que a

política monetária apenas pode criar as bases para o crescimento económico, e que a retoma

da confiança e do investimento requer que os governos prossigam as reformas estruturais e

uma consolidação orçamental amiga do crescimento, aproveitando a flexibilidade das regras

europeias. Alguns analistas apontam que, no final do programa, as compras de dívida soberana

representarão, no mínimo, 9.5% da dívida pública da Área Euro (900 mil milhões de euros),

face a 15% nos EUA e 25% no Japão, enquanto o balanço alargado de 3 biliões de euros

corresponderá a 29% do PIB da Área Euro, face a 27% do PIB nos EUA e 60% no Japão.

A decisão do BCE foi bem recebida nos mercados, levando à valorização das bolsas, à descida

das taxas Euribor e das yields soberanas, e à depreciação do euro, o que se traduz numa

forte melhoria das perspetivas da Área Euro. A depreciação do euro foi acentuada, a partir do

final de janeiro, pela eleição de um novo Governo na Grécia (liderado pelo partido Syriza),

que solicitou a renegociação do programa de ajuda, suscitando riscos de saída da Área do Euro.

No dia 18 de fevereiro, a Comissão Europeia lançou uma consulta (Livro Verde) sobre a União

dos Mercados de Capitais, para desbloquear o financiamento não bancário às empresas.

No dia 18 de março, a Reserva Federal manteve as taxas diretoras e sinalizou não ter pressa

na normalização da política monetária, embora tenha deixado de usar a palavra “paciência”.

O Conselho Europeu de 20 de março saudou o acordo entre a França, Portugal, Espanha,

a Comissão e o BEI para reforçar as interligações energéticas da Península Ibérica.

4 Com uma meta de 60 mil milhões de euros por mês, desde março de 2015 até, pelo menos, setembro de 2016, num

total de mais de um bilião de euros, aumentando em cerca de 50% o balanço do BCE, para perto de 3 biliões de euros. 5 Com maturidades entre 2 e 30 anos e critérios de elegibilidade mínimos (adaptados nos países sob programa). 6 As aquisições de títulos de instituições europeias (12% do total, a realizar pelos bancos centrais nacionais, BCN)

estarão sujeitas a partilha de perdas, o que não acontecerá com as restantes aquisições a realizar pelos BCN. Como o

BCE deterá 8% das aquisições adicionais, conclui-se que 20% do risco é partilhado e 80% recai sobre os BCN. 7 A chave nacional relevante é 2.4767% do capital do BCE subscrito por países da Área Euro.

BCE anuncia plano

alargado de

compra de ativos,

com impacto

imediato nos

mercados, que

melhora as

perspetivas

europeias

Receios sobre a

Grécia acentuam

queda do euro

Fed sem pressa na

normalização da

política monetária

Acordo para reforçar

interligações de

energia a PT e ES

Consulta à União de

Mercados de

Capitais

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

1.2 Enquadramento nacional

Seleção de leis e medidas (período de 24-12-14 a 26-3-15)

1. Contas públicas, fiscalidade, procedimentos administrativos, privatizações

A Lei n.º 82-B/2014, de 31/12, aprova o Orçamento do Estado para 2015; a Lei n.º 82-

C/2014, de 31/12, altera o Código do IRC; a Lei n.º 82-E/2014, de 31/12, aprova a Reforma

do IRS; o Decreto-Lei (DL) n.º 4/2015, de 7/01, aprova o novo Código do Procedimento

Administrativo; o DL n.º 181-A/2014, de 24/12, aprova o processo de reprivatização

indireta da TAP; o Conselho de Ministros de 26 de março aprova os processos de

privatização da CP Carga e da EMEF.

2. Investimento e financiamento

2.1 No âmbito do Portugal 2020 (ligação para as candidaturas abertas) foram publicadas

as Regras gerais dos sistemas de incentivos às empresas no continente (Decreto-Lei

n.º 6/2015, de 8/01, estabelece) e os vários Regulamentos específicos.

2.2 Outras medidas: o DL n.º 191/2014, de 31/12, estabelece um Regime Especial

Contratual de Investimento para grandes projetos enquadráveis no âmbito da AICEP; o DL

n.º 7/2015, de 13/01, procede à reforma do regime de tributação dos OIC (organismos de

investimento coletivo); o DL n.º 26/2015, de 6/02, promove o enquadramento para a

reestruturação e revitalização de empresas, o financiamento de longo prazo da

atividade produtiva e a emissão de instrumentos híbridos de capitalização; a Lei n.º

16/2015, de 24/02, revê o regime jurídico dos OIC, o Regime Geral das Instituições de

Crédito e Sociedades Financeiras e o Código dos Valores Mobiliários; a Lei n.º 18/2015, de

4/03, aprova o Regime Jurídico do Capital de Risco, do Empreendedorismo Social e do

Investimento Especializado; no dia 18 de fevereiro, o Governo lançou a plataforma

online Parcerias para o Desenvolvimento com informação sobre fundos disponíveis

para projetos em economias em desenvolvimento; no dia 17 de março, o Governo

assinou um protocolo com a Corporação Financeira Internacional, do Banco Mundial,

para apoiar o financiamento de investimentos em mercados emergentes; no dia 18 foram

assinados os protocolos para operacionalizar a Linha PME Crescimento 2015 (1.4 mil M€)

e a Linha de Apoio à Revitalização Industrial (50 M€), com início em abril.

3. Mercado de trabalho

O Conselho de Ministros de 31 de dezembro de 2014 aprovou o regime de acesso e

exercício de profissões e atividades profissionais; a Portaria n.º 26/2015, de 10/02,

estabelece a Medida Incentivo à Aceitação de Ofertas de Emprego; a Resolução do

Conselho de Ministros (RCM) n.º 11-A/2015, de 6/03, promove a participação de mulheres

Lei do OE 15;

alterações ao IRS,

IRC e Código Adm.vo;

privatização da TAP,

CP Carga e EMEF

Regulamentos geral

e específicos do

Portugal 2020

Várias outras

medidas com

impacto no

financiamento do

investimento,

incluindo uma nova

Linha PME

crescimento

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

nos órgãos de decisão das empresas e uma maior igualdade salarial; a Portaria n.º

84/2015, de 20/03, cria a medida de Promoção de Igualdade de Género; a Portaria n.º

85/2015, de 20/03, cria a medida de Apoio à Mobilidade Geográfica; a Portaria n.º

86/2015, de 20/03, cria a medida REATIVAR, de apoio a estágios; a RCM n.º 12-B/2015, de

20/03, aprova o Plano Estratégico para as Migrações (2015-2020).

4. Economia Verde e Ambiente

A Lei n.º 82-D/2014, de 31/12, aprova a Reforma da Fiscalidade Verde (posteriormente

retificada pela Declaração de Retificação n.º 6/2015, de 27/02); o Conselho de Ministros de 8

de janeiro alarga o âmbito de atuação da Agência para a Energia (Adene), preconizando

uma abordagem integrada das políticas de energia e clima; o Conselho de Ministros de 29 de

janeiro aprova a alteração do Sistema da Indústria Responsável (SIR) e o regime

jurídico do Licenciamento Único Ambiental (LUA), que poderão ter efeitos relevantes em

termos de simplificação, celeridade e a diminuição de custos para as empresas; a RCM n.º 6-

B/2015, de 4/02, aprova a Estratégia Nacional para as Florestas; a RCM n.º 11-C/2015, de

16/03, aprova o Plano Nacional de Gestão de Resíduos para o horizonte 2014-2020.

5. Energia

O conselho de Ministros de 29 de janeiro alargou a incidência da Contribuição Extraordinária

sobre o Sector Energético (CESE) aos contratos de longo prazo de aprovisionamento de gás

natural, estimando que a receita obtida possa permitir baixar entre 3% e 5% o preço do gás

natural aos consumidores e empresas, reconhecido como elevado a nível europeu.

Outros destaques de enquadramento (período de 24-12-14 a 26-3-15)

No dia 16 de janeiro, o primeiro-ministro alertou que Portugal só poderá beneficiar das regras

europeias de flexibilização do défice quando deixar de estar em défice excessivo.

No dia 16 de fevereiro, os ministros das Finanças da Área Euro aceitaram o reembolso

antecipado de parte do empréstimo do FMI solicitado por Portugal.

No dia 26 de fevereiro, a Comissão Europeia recolocou Portugal no grupo de países com

desequilíbrios macroeconómicos excessivos, no âmbito do semestre europeu. As

recomendações no Relatório sobre Portugal, nomeadamente sobre reformas estruturais,

deverão ser tidas em conta no Programa Nacional de Reformas e no Programa de Estabilidade.

No dia 20 de março, a agência de notação Standard & Poor’s manteve o rating de Portugal,

mas melhorou a perspetiva de “estável” para “positiva”, apontando para uma subida próxima.

Novo regime de

acesso a profissões;

Promoção da

aceitação de ofertas

de emprego,

igualdade de género

e mobilidade geog.

Publicada a

Reforma da

Fiscalidade Verde e

aprovada

simplificação no

domínio do

licenciamento

ambiental

Alargamento da

CESE para baixar

preço do gás

natural

Reembolso

antecipado de parte

do empréstimo do

FMI a Portugal

S&P melhora

perspetiva do

rating de Portugal

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

2. ATIVIDADE ECONÓMICA GLOBAL

2.1 Evolução recente do PIB e de outros indicadores de atividade

Segundo dados revistos do INE (devido à divulgação dos dados definitivos de 2012), o PIB

registou um abrandamento em termos homólogos no quarto trimestre de 2014 (variação

real de 0.7%, após 1.2% no trimestre anterior), não obstante uma melhoria do andamento em

cadeia (de uma variação de 0.2% para 0.5%, valores corrigidos de sazonalidade).

Quadro 2.1.1: PIB e componentes de despesa

2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14

PIB

Tvcr (%) -1.6 0.9 -0.5 0.5 0.2 0.5

Tvhr (%) -1.6 0.9 0.9 0.9 1.2 0.7

Componentes de despesa (tvhr, %)

Despesas de Consumo Final -1.7 1.5 1.6 1.3 2.1 1.1

Consumo Privado, do qual: -1.5 2.1 2.1 1.7 2.7 1.9

Bens alimentares 0.7 0.4 0.8 0.3 0.1 0.2

Bens duradouros 1.9 14.9 17.9 12.2 16.7 13.1

Bens correntes não alim., serviços -2.4 1.3 1.0 1.1 2.0 1.2

Consumo Público -2.4 -0.3 -0.2 0.1 0.4 -1.4

FBC, da qual: -6.7 5.2 12.0 3.2 2.8 3.1

FBCF -6.7 2.5 0.0 3.7 4.1 2.4

Recursos biológicos cultivados -4.9 -1.6 -3.0 -1.9 -1.0 -0.5

Outras máq. e eq., sist. armamento 4.0 14.8 13.1 17.8 19.8 9.0

Eq. de transporte 24.8 21.9 20.2 17.2 27.1 23.3

Construção -14.7 -4.3 -7.4 -2.6 -4.2 -2.8

Produtos de propriedade intelectual -1.8 0.2 -0.2 0.1 0.3 0.6

Exportações 6.4 3.4 3.3 2.0 2.9 5.3

Bens 6.0 3.6 2.5 2.1 3.1 6.7

Serviços 7.6 2.7 5.6 1.8 2.4 1.3

Importações 3.9 6.4 9.1 3.9 5.4 7.1

Bens 4.2 6.3 9.9 4.1 5.0 6.4

Serviços 2.1 6.8 4.3 2.7 8.3 11.6

Contributos para a tvhr do PIB (p.p.)

Procura Interna -2.5 2.1 3.1 1.6 2.2 1.4

Procura Externa Líquida 0.9 -1.2 -2.2 -0.7 -1.0 -0.7

Fonte: INE, Contas nacionais (base 2011, SEC 2010). Tvc(h)r = taxa de variação em cadeia (homóloga) real;

p.p.=pontos percentuais; FBC(F)=Formação Bruta de Capital (Fixo).

A desaceleração homóloga do PIB traduziu o menor contributo positivo da procura interna

(1.4 p.p., após 2.2 p.p. no terceiro trimestre) e foi atenuada pelo contributo menos negativo

das exportações líquidas (-0.7 p.p.), face à aceleração mais forte das exportações (de

2.9% para 5.3%, com origem nos bens) do que das importações (de 5.4% para 7.1%).

Procura interna

menos positiva e

externa menos

negativa com

aceleração das

exportações

PIB abranda no 4T

em termos

homólogos apesar

de melhoria da

evolução em cadeia

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

11

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

O menor dinamismo da procura interna traduziu o abrandamento do consumo privado (de

uma variação homóloga real de 2.7% para 1.9%), a quebra do consumo público (-1.4%) e a

redução do crescimento da FBCF (de 4.1% para 2.4%), sobretudo nas outras máquinas e

equipamento (de 19.8% para 9.0%). O valor menos negativo da variação de existências

melhorou o andamento da FBC e impediu um pior desempenho da procura interna.

O ano de 2014 ficou marcado pela saída da recessão, com o PIB a recuperar 0.9% após três

anos consecutivos de contração (estimativa provisória de -1.6% em 2013 e valores finais de

-4.0% em 2012 e -1.8% em 2011), traduzindo um contributo positivo da procura interna (2.1

p.p., após -2.5 p.p. em 2013) e negativo da procura externa líquida (-1.2 p.p., após 0.9 p.p.

no ano anterior), numa inversão da tendência observada entre 2011 e 2013.

Ao nível da procura interna, as despesas de consumo final recuperaram 1.5% (2.1% no

consumo privado, incluindo 14.9% nos bens duradouros, e -0.3% no consumo público) e a

FBCF 2.5% (impulsionada pelas subidas de 21.9% no equipamento de transporte e 14.8% nas

outras máquinas e equipamento, e ajudada pela redução da queda na construção para -4.3%),

após variações de -1.7% e -6.7% em 2013, respetivamente. Faz-se notar que a forte

progressão do consumo de bens duradouros (com elevado conteúdo importado) traduzirá,

em parte, o adiamento de despesas durante a fase mais aguda do processo de ajustamento.

A quebra no contributo da procura externa líquida decorreu da aceleração das importações

(de 3.9% para 6.4%) e do abrandamento das exportações de bens e serviços (de 6.4% para

3.4%), cuja evolução foi penalizada por fatores extraordinários, em particular pela paragem

programada e temporária da refinaria de Sines, para manutenção, no início do ano.

É, por isso, de sublinhar que os dados do comércio internacional de mercadorias (secção 3.1.1)

mostram uma aceleração das exportações de bens excluindo a componente de combustíveis.

Figura 2.1.1: Intensidade exportadora (total, bens e serviços)

39,6 39,9 39,8 38,8 39,7 40,1 41,1

29,0 29,1 29,0 28,3 28,9 29,2 30,1

10,5 10,8 10,8 10,5 10,8 10,9 11,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

2013 2014 4T 13 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14

Exportações totais (% do PIB a preços correntes)

Exportações de bens (% do PIB a preços correntes)

Exportações de serviços (% do PIB a preços correntes) Fonte: INE

2014 Marca saída

da recessão, com

retoma do

consumo privado

(em particular de

bens duradouros)

e da FBCF.

O ano 2014 assinala,

porém, um

contributo negativo

da procura externa

líquida, com a

aceleração das

importações e o

abrandamento das

exportações

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

12

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Salienta-se também uma nova subida do peso das exportações no PIB para 41.1% no

quarto trimestre (30.1% nos bens e 11.0% nos serviços) e 39.9% no cômputo de 2014

(29.0% e 10.5%), valores que traduzem máximos de várias décadas neste indicador, após uma

subida rápida nos últimos anos. A subida do valor anual (0.3 p.p., face a 39.6% em 2013) foi

apenas ligeira devido aos efeitos extraordinários que afetaram as exportações.

Quadro 2.1.2: VAB por ramos

2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14

VAB total e por ramos (tvhr, %)* -1.2 0.6 0.6 0.8 0.8 0.1

Agricultura, Silvicultura e Pesca 2.0 1.4 1.9 1.5 1.2 0.9

Indústria 0.9 1.1 2.0 2.1 1.6 -1.3

Energia, Águas e Saneamento -1.7 -0.8 -1.3 -0.7 0.0 -1.1

Construção -13.1 -3.5 -6.7 -2.2 -3.3 -1.9

Comércio e rep. aut, Aloj. e Restauração 0.5 2.5 2.2 2.2 3.1 2.4

Transp. e armaz., Inf. e comunicação -1.3 -0.4 0.3 -0.2 -1.3 -0.4

Ativ. Financeira, Seguradora e Imobiliária -1.8 -2.3 -1.3 -2.4 -3.0 -2.4

Outros Serviços -1.2 1.6 1.2 2.0 2.3 1.0

INE, Contas nacionais (base 2011, SEC 2010). Tvhr=taxa de variação homóloga real; VAB=Valor Acrescentado Bruto.

*VAB a preços base sem impostos líquidos de subsídios.

Retomando a análise dos dados das contas nacionais no quarto trimestre, agora no que diz

respeito à variação homóloga em volume do VAB (sem impostos líquidos de subsídios), que se

reduziu de 0.8% para 0.1%, os dados mostram que o Comércio e reparação automóvel,

Alojamento e Restauração continuou a ser o ramo com maior crescimento (2.4%), seguindo-se

a categoria Outros Serviços (1.0%) e a Agricultura, Silvicultura e Pesca (0.9%), nos três casos

em abrandamento face ao terceiro trimestre. Todos os restantes ramos evidenciaram variações

negativas, embora com andamentos distintos. Enquanto os ramos da Indústria e da Energia,

Águas e Saneamento entraram em quebra (-1.3% e -1.1%, respetivamente), nos restantes

casos observou-se um comportamento menos negativo, com o desagravamento mais forte a

ocorrer na Construção (de -3.3% para -1.9%), que deixou de registar a queda mais elevada por

troca com a Atividade Financeira, Seguradora e Imobiliária (-2.4%).

No cômputo de 2014, o VAB (sem impostos líquidos de subsídios) cresceu 0.6%, após -1.2%

em 2013, com destaque para a aceleração no Comércio e reparação automóvel, Alojamento e

Restauração (de 0.5% para 2.5%) e na Indústria (de 0.9% para 1.1%), a recuperação nos

Outros Serviços (de -1.2% para 1.6%) e o forte desagravamento na construção (de -13.1%

para -3.5%). Realça-se ainda o crescimento, ainda que a menor ritmo, do VAB da Agricultura,

Silvicultura e Pesca (de 2.0% para 1.4%). Nos restantes casos observaram-se perdas ligeiras

sem grandes diferenças face ao comportamento observado em 2013.

Peso das

exportações no PIB

sobe para 41.1%

no 4T, um máximo

de várias décadas

No 4T, Comércio e

rep. aut., Aloj. e

Restauração regista

o maior crescimento

do VAB, apesar de

abrandamento;

Indústria e Energia,

Águas e Saneamento

em quebra, e

Construção em

desagravamento

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

13

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Figura 2.1.2: PIB e Indicador Coincidente para a evolução homóloga tendencial de atividade

do Banco de Portugal (tvhr, %)

Relativamente a indicadores mensais de atividade, os dados revistos do indicador

coincidente para a evolução homóloga tendencial de atividade do BdP mostraram um

valor positivo em fevereiro (0.4%), pela primeira vez em seis meses. O indicador

coincidente para a evolução homóloga tendencial do consumo privado, também

divulgado pelo BdP, desceu pelo sétimo mês consecutivo em fevereiro, mas manteve um valor

positivo (1.2%)8. Quanto ao indicador de FBCF do INE, os dados disponíveis mostram uma

aceleração em janeiro deste ano (para uma tvh de 1.3%), beneficiando do maior aumento nas

outras máquinas e equipamento (2.6%; já em fevereiro, a tvh desceu ligeiramente, situando-se

em 2.5%) e de um novo desagravamento na construção (para -2.0%). Apesar de uma

desaceleração, a componente de equipamento automóvel continuou a exibir um dinamismo

assinalável (tvh de 22.5%, após 26.7% em dezembro). Estes dados favoráveis do investimento,

embora representem apenas um mês, contrastam com a revisão em baixa das perspetivas de

investimento empresarial (também divulgadas pelo INE), analisadas em detalhe mais abaixo.

Quanto a indicadores avançados, merece destaque a recuperação do Indicador de Clima

do INE (calculado a partir do inquérito do INE às empresas e consumidores sem correção de

sazonalidade) em janeiro deste ano e a manutenção do valor em fevereiro, invertendo-se a

tendência descendente registada desde agosto do ano passado. Os novos dados apontam para

alguma retoma do ritmo de crescimento da atividade nos próximos meses. Nos indicadores

de confiança, apenas o relativo aos Serviços diminuiu em janeiro e fevereiro, tendo a subida

mais forte ocorrido no Indicador da Construção e Obras públicas, seguido pelos indicadores

de confiança dos Consumidores, da Indústria Transformadora e do Comércio.

8 O Banco de Portugal salienta que estes indicadores mensais tendenciais não têm, por definição, uma componente

irregular, pelo que apresentam um perfil alisado e, portanto, não se destinam a captar em cada momento do tempo a

evolução da taxa de variação homóloga da respetiva variável de referência (PIB e consumo privado, respetivamente).

-1,6

0,9 0,9 0,9

1,2

0,7

-0,8

0,4

1,2

0,9

0,1

-0,6

-0,1

0,4

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 jan-15 fev-15

PIB Ind. coincidente tendencial de atividade económica do BdP (%) Fontes: INE; BdP

Indicador avançado

do INE sugere maior

dinamismo da

atividade nos

próximos meses

Indicador

coincidente

tendencial de

atividade do BdP

retoma um valor

positivo em

fevereiro;

indicador de

consumo privado

mostra

abrandamento

Aceleração da

FBCF em janeiro

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

14

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Figura 2.1.3: Indicador de Clima Económico (tvh; média móvel de 3 meses, mm3) e

Indicadores de Confiança, IC (saldo de respostas extremas, sre; mm3)

O Índice de Sentimento Económico da Comissão Europeia para Portugal (valores

efetivos corrigidos de sazonalidade) recuou para 101.9 pontos em fevereiro (102.4 pontos em

janeiro), tendo exibido uma tendência descendente, mas com um movimento algo irregular,

depois de um máximo de mais de seis anos em outubro. O valor de fevereiro é ainda superior à

média de longo prazo (100 pontos), mas passou a situar-se abaixo dos números da Área Euro

(102.1 pontos) e da UE (105.1 pontos).

Figura 2.1.4: Indicador de Sentimento Económico em Portugal, Área Euro e UE

(média 1990-2012=100, valores ajustados de sazonalidade)

Em termos de dados de conjuntura, salientamos ainda a deterioração das perspetivas de

investimento no inquérito semestral de conjuntura ao investimento do INE divulgado

em janeiro (período de inquirição entre 1 de outubro de 2014 e 19 de janeiro de 2015). O

inquérito aponta para o regresso da queda do investimento empresarial em 2015

(variação nominal prevista de -2.2%), após uma recuperação de 1.0% em 2014 (revista de

-0,5

-0,2

-0,1

0,2

0,4

0,6

0,7

0,6 0,6

0,4

0,2 0,3 0,3

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

10

Fev-14 Abr-14 Jun-14 Ago-14 Out-14 Dez-14 Fev-15

IC Consum. IC Ind. Transf.

IC Constr. e Obras Púb. IC Comércio

IC Serviços Indicador de clima ec. (esc. dta) Fonte: INE

101,9

70

75

80

85

90

95

100

105

110

Mar-14 Abr-14 Mai-14 Jun-14 Jul-14 Ago-14 Set-14 Out-14 Nov-14 Dez-14 Jan-15 Fev-15

Portugal Área Euro UE Média 1990-2012=100 Fonte: Comissão Europeia

Investimento

empresarial revisto

em baixa, mas

melhoria recente

das perspetivas

deverá inverter

essa evolução

Índice de

Sentimento

Económico de

Portugal recua

abaixo dos valores

da Área Euro e UE

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

15

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

2.4% no inquérito anterior, o que, segundo o INE, poderá resultar do adiamento ou

cancelamento de investimentos), que interrompeu uma série de seis anos consecutivos de

contração. Note-se, contudo, que a inquirição foi feita antes do BCE ter anunciado o seu

programa alargado de compra de ativos, que conduziu a uma melhoria significativa das

perspetivas económicas na Área Euro e em Portugal (conforme é referido na secção 2.2),

o que certamente não deixará de se refletir positivamente no próximo inquérito às

perspetivas de investimento, que será divulgado em julho.

Figura 2.1.5: Investimento empresarial (tvan, %)

Nos dados por setor, realça-se a forte revisão em baixa do investimento da indústria

transformadora (IT) em 2014 (tvan de -7.6%, que compara com -1.5% no anterior

inquérito), sendo esperado um desagravamento em 2015 (para -3.2%). Nas empresas

exportadoras, a queda em 2014 foi inferior à média da IT (-3.2%, valor revisto de 4.8% no

anterior inquérito) mas espera-se que se alargue um pouco no presente ano (para -5.1%). Não

obstante a evolução negativa do investimento na IT, este setor continua a deter, de forma

destacada, o maior peso neste indicador (26.2% em 2015).

Por escalão de pessoal ao serviço, verifica-se que a queda do investimento em 2015 tem

origem nos dois primeiros escalões (tvan de -18.4% até 50 trabalhadores e -2.3% entre 50 e

250 trabalhadores), relativos às PME, contrariando a subida nas grandes empresas (tvan de

10.9% no escalão de 250 a 500 trabalhadores e 3.1% no escalão de 500 e mais trabalhadores,

que deu o principal contributo para o crescimento do investimento em 2014).

O autofinanciamento continua a ser a principal fonte de financiamento para o

investimento (com um reforço do peso para 69.7% do total em 2015, após 69.1% em 2014),

seguida pelo recurso ao crédito bancário (que se atenua para 19.2%, face a 20.2% em 2014),

pelos fundos da UE (2.2% e 2.1%, uma melhoria apenas ligeira no ano em que se inicia o

24,0

6,0

-7,3

-11,8

-1,3

0,8 0,8

7,4

3,2 1,6

-0,1 -0,6

-5,9

-11,1

-0,1

0,7 1,5

14,7

-0,6

-18,5

-5,4

-15,8

-28,1

-4,0

1.0 (E)

-2.2 (P)

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014

Fonte: INE; E= Estimativa provisória; P=Previsão; Tvan= taxa de variação anual nominal

Redução do peso do

crédito bancário no

financiamento do

investimento

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

16

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Portugal 2020), pelos empréstimos do Estado (0.6% e 1.0%) e pela categoria “outros” (8.3% e

7.7%), mantendo-se um valor virtualmente nulo na rubrica ações e obrigações.

No que se refere ao impacto do investimento em termos de criação de emprego, regista-se

uma melhoria do saldo de respostas extremas de 2014 para 2015, em resultado de um maior

número de empresas a indicar um aumento da contratação (13.3% do total de respostas) e um

menor número a esperar uma diminuição (8.6%).

2.2 Projeções macroeconómicas nacionais e internacionais

Projeções para Portugal

Quadro 2.2.1: Projeções económicas para Portugal

BdP FMI CE OCDE Governo

Mar-15 Mar-15 Fev-15 Nov-14 Out-14

2014 2015 2016 2017 2015 2016 2015 2016 2015 2014 2015

PIB (tvar, %) 0.9 1.7 1.9 2.0 1.6 1.5 1.6 1.7 1.3 1.0 1.5

Consumo privado 2.1 2.4 1.7 1.7 1.8 1.6 1.8 1.5 0.5 1.8 2.0

Consumo público -0.7 -0.5 0.2 0.0 -0.5 0.0 -0.3 0.2 -0.8 -0.6 -0.5

FBCF 2.3 4.0 4.4 5.3 2.8 2.6 2.9 3.1 2.9 1.5 2.0

Exportações 3.4 4.3 5.8 6.2 5.1 4.8 5.0 5.4 5.3 3.7 4.7

Importações 6.2 3.9 5.5 6.1 3.7 4.4 4.9 4.8 3.0 4.7 4.4

Contributos (p.p.)

Exportações Líquidas 0.6 0.8 1.1 1.2 0.5 0.1 0.1 0.3 0.9 -0.3 0.2

Procura Interna 0.3 1.0 0.8 0.8 1.0 1.4 1.5 1.4 0.4 1.4 1.3

Proc. externa relevante (tvar, %) 4.3 4.5 5.4 5.8 3.1 4.3

Emprego (tva, %) 0.2 0.6 0.7 0.7 1.4 1.0

Taxa de desemprego (%) 13.1 12.6 13.4 12.6 12.8 14.2 13.4

Inflação (tva do IHPC, %) -0.2 0.2 1.1 1.1 0.6 1.2 0.1 1.1 0.2 0.0 0.7

Bal. corrente e de capital (% PIB) 2.1 3.3 3.3 3.5 2.0 2.2 1.5 1.5

Balança corrente (% PIB) 1.1 0.6 0.4 0.6 0.4 0.3 0.3

Bal. de bens e serviços (% PIB) 1.1 2.7 2.6 2.5 1.3 1.5

Saldo orçamental (% PIB) -3.2 -2.7 -3.2 -2.8 -2.9 -4.8 -2.7

Dívida pública bruta (% PIB) 125.8 124.8 124.5 123.5 128.1 127.2 123.7

Fontes: Banco de Portugal, BdP, Projeções para a economia portuguesa: 2015-2017; Fundo Monetário internacional,

FMI, Portugal: Concluding Statement of the 2015 Article IV Mission; Comissão Europeia, CE, European Economy -

Winter 2015; OCDE, Economic Outlook - November 2014;; Governo, Relatório da Proposta do Orçamento do Estado

para 2015; Tva = taxa de variação anual; tvar= taxa de variação anual real; p.p.= pontos percentuais.

No dia 25 de março, a atualização das projeções macroeconómicas do Banco de Portugal

(BdP) deu conta de uma melhoria das perspetivas de crescimento do PIB nos próximos anos,

com valores de 1.7% em 2015 (+0.2 p.p. face às anteriores previsões, de dezembro), 1.9% em

Maior impacto do

investimento no

emprego em 2015

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

17

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

2016 (+0.3 p.p.) e 2.0% em 2017, que são os mais elevados até ao momento (ver quadro

acima). No final de 2017, o último ano do exercício de projeção, o nível do PIB deverá situar-se

próximo do registado antes do início da crise financeira internacional, segundo o BdP.

O BdP destaca a “recuperação gradual da atividade” a um “ritmo de crescimento próximo do

projetado para a área do euro”, tendo em conta o último exercício de projeção do BCE e as

principais hipóteses de enquadramento, que adotou, com destaque para os efeitos

favoráveis, sobretudo em 2015, do recente programa alargado de compra de ativos do BCE

(menores taxas de juro; depreciação do euro) e da queda do preço do petróleo em euros.9

Os parágrafos seguintes selecionam alguns dos aspetos mais relevantes da análise do BdP.

Figura 2.2.1: Contributos brutos e líquidos de importações para o crescimento do PIB

“A evolução do PIB continua a ter implícita uma transferência de recursos produtivos dos

setores não transacionáveis para os setores transacionáveis, uma das características

mais salientes do processo de recuperação recente da economia portuguesa. A aceleração da

atividade económica ao longo do horizonte de projeção reflete, em larga medida, o crescimento

projetado para as exportações, em linha com as hipóteses para a procura externa dirigida à

economia portuguesa. Esta evolução contribui para a manutenção de um excedente da

balança corrente e de capital”.10

9 Das principais hipóteses técnicas, destacam-se os valores para o preço do petróleo (99.3 dólares em 2014, 58.5 em

2015, 66.8 em 2016 e 70.7 em 2017, sendo os valores em euros de 74.4, 51.5, 58.9 e 62.3, respetivamente), para o

câmbio euro/dólar (1.33, 1.14, 1.13 e 1.13 dólares por euro), para a Euribor a 3 meses (0.2%, 0.1%, 0.1% e 0.2%) e

para a taxa de juro implícita da dívida pública (3.9%, 3.8%, 3.8% e 3.6%). 10 Segundo o BdP, “para 2015, projeta-se um aumento do excedente da balança corrente e de capital para 3.3% do

PIB, refletindo essencialmente o aumento do excedente da balança de bens e serviços. Esta evolução está associada ao

BdP melhora as

perspetivas de

crescimento da

economia

portuguesa, com

aceleração gradual

até 2.0% em 2017

Exportações

suportam

aceleração gradual

da atividade

económica e

manutenção do

excedente externo

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

18

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

“Num contexto de aceleração do comércio a nível mundial, as exportações deverão acelerar

em 2015 [variação anual de 4.3%, após 3.4% em 2014], mantendo um crescimento robusto

ao longo do horizonte de projeção, acima de 5 por cento em média. O crescimento robusto das

exportações é comum quer à componente de bens quer à componente de serviços,

destacando-se neste último caso as exportações de turismo. A aceleração das exportações em

2015 é impulsionada, em larga medida, pela reversão, na segunda metade de 2014, da forte

diminuição das exportações de bens energéticos ocorrida na primeira metade desse ano,

bem como pela forte depreciação do euro. Em sentido contrário, o efeito da queda do preço do

petróleo na atividade em Angola terá implicações negativas sobre as exportações de bens.

Globalmente, estes fatores traduzem-se numa estabilização da quota de mercado em 2015.

Em 2016 e 2017, a manutenção de um crescimento robusto das exportações reflete em larga

medida a evolução da procura externa dirigida à economia portuguesa, projetando-se

adicionalmente um ligeiro aumento da quota de mercado”.

“A evolução projetada para as importações [variações de 3.9% em 2015, 5.5% em 2016 e

6.1% em 2017] traduz a elasticidade habitual desta componente face à evolução da procura

global ponderada por conteúdos importados, o que implica um aumento da penetração de

importações no horizonte de projeção, em linha com a sua evolução histórica. Esta evolução

traduz-se numa desaceleração das importações em 2015, após um elevado crescimento em

2014 [6.2%] que resultou do maior dinamismo de componentes da despesa com elevado

conteúdo importado, como a variação de existências e o investimento empresarial”.

“A procura interna apresenta um crescimento moderado ao longo do horizonte de projeção,

refletindo um crescimento sustentado do consumo privado [com variações de 2.4% em 2015

e 1.7% nos dois anos seguintes], consistente com a evolução do rendimento disponível real, e

uma aceleração da formação bruta de capital fixo [para 4.0% em 2015, 4.4% em 2016 e

5.3% em 2017], nomeadamente da componente empresarial. A evolução da procura interna

mantém-se condicionada pela necessidade de continuar o processo de consolidação

orçamental e pelos elevados níveis de endividamento do setor privado”.

“Em termos de composição do consumo, projeta-se uma aceleração do consumo de bens não

duradouros em 2015, seguida de um crescimento em 2016 e 2017 em linha com o

crescimento do rendimento disponível real. Após o elevado crescimento em 2014, decorrente

em parte de compras adiadas durante o período de recessão por motivos de precaução,

antecipa-se uma desaceleração do consumo de bens duradouros em 2015 e 2016”.

forte dinamismo das exportações, superior ao aumento das importações, a par de um efeito favorável de termos de

troca, muito influenciado pela diminuição do preço do petróleo em euros. Por seu turno, projeta-se um aumento do

défice da balança de rendimento primário, tendo em conta expetativas de menores transferências de alguns fundos

estruturais da União Europeia, segundo a informação contida no Orçamento do Estado para 2015. Para 2016 e 2017

projeta-se uma relativa estabilização do excedente da balança corrente e de capital, influenciada pela manutenção do

elevado dinamismo das exportações”.

Quota de mercado

das exportações

estabiliza em 2015

e sobe em 2016-17

Importações

desaceleram em

2015

Aumento

moderado da

procura interna de

2015 a 2017

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

19

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

“A FBCF deverá acelerar ao longo do horizonte de projeção. Não obstante, os níveis de

investimento em percentagem do PIB continuarão a situar-se muito abaixo do observado nas

últimas décadas, em particular no que se refere ao investimento público e ao investimento

residencial. O fraco dinamismo da FBCF é uma característica comum à área do euro e constitui

um dos fatores explicativos da atual recuperação mais moderada face a anteriores ciclos

económicos. A FBCF empresarial deverá aumentar de forma robusta ao longo do horizonte

de projeção. A evolução desta componente reflete inter alia a conjugação de vários fatores:

perspetivas mais favoráveis de procura, quer interna quer externa; a necessidade de renovação

do stock de capital, após um longo período de redução do investimento; a tendência de

aumento na utilização da capacidade produtiva no setor da indústria transformadora e dos

serviços; e, finalmente, alguma melhoria nas condições de financiamento, favorecidas pelas

mais recentes decisões de política monetária não convencional do BCE. A evolução projetada

para este agregado é compatível com a redução do nível de endividamento das sociedades não

financeiras em percentagem do PIB ao longo do horizonte de projeção”.

“No que respeita ao investimento público, a atual estimativa para 2014 aponta para que este

tenha sido o quarto ano consecutivo de queda nesta rubrica. Uma vez que a execução de 2014

ficou aquém do orçamentado e esteve associada a uma diminuição forte das transferências

provenientes de fundos comunitários, é projetada uma recuperação do investimento público em

2015 e a sua estabilização em rácio do PIB em 2016 e 2017”.

“Ao longo do período 2015-2017, projeta-se uma aceleração moderada do emprego e uma

diminuição progressiva da taxa de desemprego”.

“Para 2015 projeta-se uma virtual estabilização do índice harmonizado de preços no

consumidor, em termos médios anuais, seguindo-se um aumento de cerca de 1% nos dois

anos seguintes, em linha com a recuperação moderada da economia internacional e da

economia portuguesa”.

“O maior crescimento nominal do PIB e a redução da taxa de juro implícita da dívida, em

conjugação com o excedente primário que se verifica desde 2013, contribuirão para uma

redução da dívida pública a partir de 2015”.

“A projeção contempla riscos equilibrados para a atividade económica e para a inflação”.

“No que se refere aos riscos descendentes [para a atividade económica], importa

sublinhar a possibilidade de um menor crescimento da procura externa dirigida à economia

portuguesa, associada a uma recuperação económica mais moderada nomeadamente na área

do euro, a eventual necessidade de medidas adicionais para a continuação do processo de

FBCF acelera,

liderada pela

componente

empresarial

Investimento

público corrige em

alta em 2015 e

mantém peso no

PIB em 2016-17

Melhoria gradual

no mercado de

trabalho

Previsão de baixa

inflação

Perspetiva de

redução do rácio

da dívida pública a

partir de 2015

Riscos

equilibrados para

a atividade

económica e para

a inflação

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

20

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

consolidação orçamental, bem como o risco de recrudescimento de tensões geopolíticas e nos

mercados de dívida soberana. No que se refere aos riscos ascendentes, refira-se o eventual

impacto favorável das reformas estruturais, quer nas exportações quer no investimento, a

possibilidade de depreciação adicional do euro com a plena implementação das medidas de

política monetária não convencional do BCE, e o risco de um maior aumento do consumo, num

quadro de diminuição da poupança por motivos de precaução”.

“Em relação aos preços no consumidor […], os riscos descendentes associados a uma

menor procura (externa e interna) e à manutenção de expetativas de inflação abaixo do

objetivo de estabilidade de preços do BCE são globalmente compensados pelos riscos

ascendentes associados a uma maior depreciação do euro”.

Na conclusão, o BdP salienta que “o potencial de crescimento da economia portuguesa

está […] condicionado pela evolução da conjuntura internacional, pelo elevado nível de

endividamento dos setores público e privado, bem como pela expectável evolução adversa em

termos demográficos. Por seu turno, o processo de reestruturação produtiva observado ao

longo dos últimos anos, a gradual reorientação dos recursos para os setores mais

produtivos e mais expostos ao exterior, bem como a contínua melhoria do capital humano

incorporado no processo produtivo constituem dinâmicas que tenderão a favorecer um

crescimento estrutural da produtividade total dos fatores no futuro. Neste quadro, a

continuação do processo de reformas estruturais é indispensável para promover uma

melhor afetação de recursos e os consequentes ganhos de produtividade, contribuindo

sustentadamente para níveis mais elevados de crescimento económico em Portugal”.

Projeções para a economia mundial e principais mercados

Em março, as previsões intercalares da OCDE mostraram uma subida das estimativas de

crescimento da economia mundial para 4.0% em 2015 e 4.3% em 2016, refletindo os efeitos

positivos da política monetária acomodatícia (já considerando o programa alargado de compra

de ativos do BCE) e a queda dos preços do petróleo. Estes valores, considerados “moderados”

pela organização, são os mais otimistas até ao momento, superando as estimativas mais

recentes da Comissão Europeia (divulgadas em fevereiro) e, em particular, as do FMI e do

Banco Mundial (de janeiro), como é visível no quadro abaixo.

Dos dados disponíveis da OCDE, destaca-se o dinamismo das economias dos EUA, do Reino

Unido e (em menor medida) da Alemanha, ao nível das grandes economias avançadas, e,

entre as economias emergentes, a aceleração do PIB da Índia, que passa a apresentar

previsões de crescimento superiores à China, onde se perspetiva um abrandamento suave,

Potencial de

crescimento

condicionado pela

conjuntura, pelo

endividamento e

demografia, mas

favorecido pela

reorientação de

recursos

OCDE sobe previsões

de crescimento

mundial com efeitos

da política do BCE e

preço do petróleo

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

21

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

mantendo um dinamismo assinalável. Pela negativa, merece referência a deterioração das

perspetivas do Brasil, influenciadas em parte pela queda da cotação do petróleo.

Quadro 2.2.2: Previsões de crescimento económico – mundo e mercados (tvar, %)

OCDE, mar-15 [nov-14] CE, fev-15 FMI, jan-15 [out-14] BM, jan-15

2014 2015 2016 2014 2015 2016 2014 2015 2016 2014 2015 2016

Mundo 3.7* 4.0* 4.3* 3.3 3.6 4.0 3.3 3.5 3.7 2.6 3.0 3.3

Ec. Avanç. 1.8 2.4 2.4 1.8 2.2 2.4

EUA 2.4 3.1 3.0 2.4 3.5 3.2 2.4 3.6 3.3 2.4 3.2 3.0

Japão 0.0 1.0 1.4 0.4 1.3 1.3 0.1 0.6 0.8 0.2 1.2 1.6

UE 1.3 1.7 2.1 [1.4] [1.8] [2.0]

Área Euro 0.9 1.4 2.0 0.8 1.3 1.9 0.8 1.2 1.4 0.8 1.1 1.6

Alemanha 1.6 1.7 2.2 1.5 1.5 2.0 1.5 1.3 1.5

França 0.4 1.1 1.7 0.4 1.0 1.8 0.4 0.9 1.3

Itália -0.4 0.6 1.3 -0.5 0.6 1.3 -0.4 0.4 0.8

Espanha [1.3] [1.7] [1.9] 1.4 2.3 2.5 1.4 2.0 1.8

Holanda [0.8] [1.4] [1.6] 0.7 1.4 1.7 [0.6] [1.4] [1.6]

RU 2.6 2.6 2.5 2.6 2.6 2.4 2.6 2.7 2.4

OCDE [1.8] [2.3] [2.6]

Ec. em Des. 4.4 4.3 4.7 4.4 4.8 5.3

Angola [3.9] [5.9] [6.2] 4.4 5.3 5.0

Moçambique [8.3] [8.2] [8.2] 7.2 8.0 8.1

Brasil 0.0 -0.5 1.2 0.1 0.3 1.5 0.1 1.0 2.5

Rússia 0.6 -3.0 -1.0 0.7 -2.9 0.1

Índia 7.3 7.7 8.0 5.8 6.3 6.5 5.6 6.4 7.0

China 7.4 7.0 6.9 7.4 7.1 6.9 7.4 6.8 6.3 7.4 7.1 7.0

Fontes: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, OCDE, Interim Economic Assessment - March

2015 [Economic Outlook - November 2014]; Comissão Europeia, CE, European Economy - Winter 2015; Fundo

Monetário Internacional, FMI, World Economic Outlook update - January 2015 [World Economic Outlook – October

2014]; Banco Mundial, BM, Global Economic Prospects - January 2015. Tvar= taxa de variação anual real. *Valores para

um agregado de países representando mais de 70% do PIB Mundial em 2013.

No que se refere à Área Euro, a OCDE aponta para taxas de crescimento de 1.4% em 2015 e

2.0% em 2016, valores quase em linha com as últimas projeções do BCE, divulgadas também

em março (1.5% em 2015 e 1.9% em 2016, mais 0.5 p.p. e 0.3 p.p. face à anterior atualização

de dezembro, e 2.1% em 2017).

No caso de Espanha, as previsões de crescimento divulgadas a 25 de março pelo Banco de

Espanha são as mais favoráveis até ao momento, com valores de 2.8% em 2015 (+0.7 p.p.

que na anterior projeção) e 2.7% em 2016, que comparam com 2.3% e 2.5% nas previsões

mais recentes da Comissão Europeia.

Apesar das perspetivas globalmente mais favoráveis, a OCDE salienta que os valores

anormalmente baixos de inflação e de taxas de juro criam um risco crescente de instabilidade

financeira, com a tomada de risco a ser mais dirigida pela liquidez do que pelos fundamentais.

Acresce ainda que as taxas de crescimento projetadas continuam demasiado baixas para

Risco crescente

de instabilidade

financeira com

baixos valores de

inflação e taxas

de juro

OCDE e BCE

melhoram

perspetivas de

crescimento da

Área Euro

Banco de

Espanha sobe

previsão de

crescimento em

2015 para 2.8%

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

22

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

reparar e reativar completamente os mercados de trabalho. Embora os bancos centrais

continuem a ser uma peça essencial na retoma, deverá procurar-se uma abordagem mais

equilibrada em que a política orçamental e as reformas estruturais complementem de forma

mais eficaz e com sinergias a atuação da política monetária.

2.3 Constituições, dissoluções e insolvências de empresas

2.3.1 Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas

Em 2014, o número de constituições de empresas registou uma ligeira correção em baixa

(-0.2%, para 33352), após uma forte recuperação em 2013 (15.2%), enquanto o número de

dissoluções aumentou 98.8% (para 35903), invertendo o movimento descendente registado

em 2012 e 2013. Note-se que o aumento acentuado das dissoluções em 2014 está influenciado

pela atualização dos registos, que levou à retirada de um número elevado de empresas.

Este comportamento resultou numa perda líquida de empresas em 2014 (-2351, após

+15561 em 2013) e, consequentemente, numa descida do rácio de constituições por

dissolução abaixo da unidade (0.9, que compara com 1.9 em 2013). Note-se, contudo, que o

saldo agregado é ainda muito positivo se consideramos os dados acumulados desde 2013

(13210), ano em que se registou uma forte criação de empresas (15651).

Quadro 2.3.1.1: Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas

2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14

Constituições de empresas

Número acumulado 33 618 33 352 10 175 18 175 25 440 33 352

Tvh (%) 15.2 -0.2 -13.2 -5.4 -2.5 -0.2

Dissoluções de empresas

Número acumulado 18 057 35 903 7 229 17 019 20 806 35 903

Tvh (%) -30.1 98.8 43.5 108.9 67.6 98.8

Criação líquida de empresas

Número acumulado 15 561 -2 351 2 946 1 156 4 634 -2 531

Tvh (%) 364.9 s.s. -55.9 -89.6 -66.1 s.s.

Rácio constituições/dissoluções 1.9 0.9 1.4 1.1 1.2 0.9

Fonte: INE. Tvh= Taxa de variação homóloga; s.s.= sem significado

Por setores, os dados de 2014 apenas mostraram criação líquida de empresas na

Agricultura, produção animal, caça e floresta (1164 empresas), no Alojamento e restauração

(218), na Eletricidade, gás e água (7) e na componente Outros serviços, onde destacamos as

Atividades de consultoria, científicas técnicas e similares (790), as Atividades de saúde humana

e apoio social (545), as Atividades imobiliárias (540), as Atividades financeiras e de seguros

(255) e as Atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas (254).

Quebra ligeira das

constituições e

forte subida das

dissoluções

(influenciada pela

atualização dos

registos) conduz a

perda líquida de

empresas em 2014,

mas saldo agregado

desde 2013 ainda

muito positivo

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

23

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

As atividades com maiores perdas líquidas de empresas foram a Construção (-3235), o

Comércio (-1593), a Indústria transformadora (-972) e os Transportes e armazenagem (-593).

Em comparação com os valores de criação líquida de empresas em 2013, a deterioração foi

generalizada, sobretudo nestes setores com perda líquida de empresas.

Figura 2.3.1.1: Criação líquida de empresas por setor (nº de empresas)

2.3.2 Insolvências de empresas

De acordo com dados da Informa D&B, o número de empresas com processos de

insolvência reduziu-se 20.7% em 2014 (para 4412), acentuando o movimento de descida

iniciado em 2013. A tendência de queda prosseguiu já no início de 2015, ainda que a um ritmo

um pouco menor (variação homóloga de -14.5% no acumulado até fevereiro).

Quadro 2.3.2.1: Insolvências

2013 2014 Mar-14 Jun-14 Set-14 Dez-14 Fev-15

Empresas com insolvências *

Número acumulado 5 562 4412 1 361 2 570 3 275 4412 780

Tvh (%) -6.3 -20.7 -12.6 -16.1 -23.4 -20.7 -14.5

Fonte: Informa D&B. * Empresas com processos de insolvência iniciados no período considerado com publicação no

portal Citius/Ministério de Justiça. Tvh = taxa de variação homóloga.

1164

-30

-972

7

-3235

-1593

-593

218

121

2562

1249

4

1481

72

466

3464

254

1930

793

5848

-4000 -3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca

Indústrias extrativas

Indústria transformadora

Eletricidade, gás, e água

Construção

Comércio por grosso e a retalho*

Transportes e armazenagem

Alojamento e restauração

Atividades de informação e de comunicação

Outros serviços

2013 2014 Fonte: INE e cálculos próprios. * Inclui reparação automóvel

Queda mais forte

das insolvências em

2014 e continuação

da descida no início

de 2015

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

24

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

3. INTERNACIONALIZAÇÃO

3.1 Comércio internacional

Nesta seção são apresentadas as principais tendências das exportações e importações de bens

e de serviços, incluindo o cálculo e análise de quotas de mercado das exportações.

3.1.1 Comércio internacional de bens

Saldo da balança de bens

Quadro 3.1.1.1: Saldo da balança de bens

2014 Var. homóloga Jan-15 Var. homóloga

Valor (M€) Valor (M€) Tvhn (%) Valor (M€) Valor (M€) Tvhn (%)

Total

Exportações (FOB) 48 200 933 2.0 3 860 -69 -1.8

Importações (CIF) 58 806 1 900 3.3 4 416 -504 -10.2

Saldo -10 606 -966 10.0 -556 435 -43.9

Taxa de Cobertura (%) 82.0 87.4

Intra-UE

Exportações (FOB) 34 181 954 2.9 2 881 6 0.2

Importações (CIF) 43 931 2 977 7.3 3 389 -93 -2.7

Saldo -9 750 -2 023 26.2 -508 99 -16.3

Taxa de Cobertura 77.8 85.0

Extra-UE

Exportações (FOB) 14 019 -20 -0.1 978 -75 -7.1

Importações (CIF) 14 875 -1 077 -6.8 1 027 -411 -28.6

Saldo -856 1 057 -55.2 -49 336 -87.4

Taxa de Cobertura 94.2 95.3

Total sem combustíveis

Exportações (FOB) 44 104 1 761 4.2 3 572 58 1.7

Importações (CIF) 48 592 2 846 6.2 3 786 -16 -0.4

Saldo -4 488 -1 085 31.9 -215 74 -25.7

Taxa de Cobertura 90.8 94.3

Fonte: INE. Tvhn = taxa de variação homóloga nominal. M€= Milhões de euros. CIF (Cost, Insurance and Freight)

significa a inclusão dos custos inerentes ao transporte das mercadorias e FOB (Free on Board) o contrário.

Em 2014, o défice da balança de bens registou um agravamento anual 10.0% (para 10606

M€), traduzindo variações nominais de 2.0% nas exportações (2.9% no mercado comunitário

e -0.1% no extracomunitário) e 3.3% nas importações (7.3% e -6.8%), o que se repercutiu

numa queda da taxa de cobertura (para 82.0%, após 83.1% em 2013).

Défice da balança de

bens agrava-se em

2014 com subida

das exportações

inferior à das

importações

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

25

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Faz-se notar que a deterioração do saldo da balança de bens em 2014 (após uma melhoria de

1521 M€ em 2013, com subidas de 4.5% nas exportações e apenas 0.9% nas importações)

refletiu, pelo menos em parte, alguns fatores temporários. Destaca-se a paragem programada,

para manutenção, da refinaria de Sines no início do ano, que afetou as exportações de

combustíveis, mas também a forte retoma da despesa de bens de consumo duradouro, com

elevado conteúdo importado, que fora adiada durante o período mais difícil do processo de

ajustamento e não deverá manter uma dinâmica de crescimento tão forte nos próximos anos.

Excluindo combustíveis, as exportações de bens aceleraram em 2014 (subida de 4.2%, após

2.2% em 2013), mas as importações também (de 2.4% para 6.2%), traduzindo-se num

agravamento do saldo deficitário ligeiramente superior ao observado no saldo global.

Os dados mais recentes, relativos a janeiro de 2015, se bem que ainda pouco representativos

do que poderá ser a tendência deste ano, mostram um desagravamento significativo da balança

de bens, em resultado de uma correção acentuada no valor das importações (variação

homóloga de -10.2%), bastante superior à registada nas exportações (-1.8%).

Note-se, contudo, que a evolução homóloga do comércio internacional em janeiro está afetada

por efeitos de base, designadamente a reabertura de portos e a antecipação da paragem da

refinaria de Sines em janeiro de 2014, fatores que fizeram aumentar os valores das importações

e das exportações nesse mês, influenciando em particular as importações de combustíveis.

Exportações de bens

O detalhe dos dados por produtos mostra que o contributo mais positivo para o aumento

nominal de 2.0% das exportações de bens em 2014 teve origem nos bens agrícolas (0.6 p.p.),

seguindo-se o material de transporte (0.6 p.p.), o vestuário, os metais, os plásticos e borracha,

o mobiliário, a alimentação, bebidas e tabaco, o calçado e os têxteis, considerando os valores

acima de 0.1 p.p..

A paragem já referida da refinaria de Sines no início do ano explicou o forte contributo negativo

das exportações de combustíveis em 2014 (-1.8 p.p.). Sem essa componente, as exportações

de bens cresceram 4.2%, como foi referido. Apenas mais duas rubricas registaram contributos

negativos, mas pouco significativos (-0.1 p.p. nos químicos e na rubrica “outros”).

Os dados relativos a janeiro de 2015, ainda pouco representativos, mostram um contributo

mais negativo da rubrica de combustíveis no início do ano (-3.2 p.p.), uma evolução

influenciada por efeitos de base, como foi referido, e que foi atenuada pelo contributo positivo

também significativo do material de transporte (2.1 p.p.).

Contributos

positivos de um

conjunto variado de

bens exportados

contrariam quebra

dos combustíveis

em 2014

Défice da balança

de bens reduz-se

em janeiro com

forte correção das

importações, mas

com influência de

efeitos de base

Aceleração das

exportações sem

combustíveis em

2014

Interrupção da

melhoria da

balança de bens

influenciada por

fatores

temporários

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

26

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Quadro 3.1.1.2: Exportações de bens por tipo de produto

2014 Jan-15

Produtos NC8 e respetivos códigos Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Máquinas e aparelhos: S16 (84-85) 6 986 0.6 0.1 554 -0.3 0.0

Material de Transporte: S17 (86-89) 5 242 5.6 0.6 480 20.5 2.1

Combustíveis e óleos minerais: S5 (27) 4 096 -16.8 -1.8 288 -30.7 -3.2

Metais: S15 (72-83) 3 882 5.0 0.4 302 -2.3 -0.2

Madeira e cortiça: S9 (44-46) e S10 (47-49) 3 858 0.9 0.1 294 -6.2 -0.5

Plásticos e borracha: S7 (39-40) 3 456 5.4 0.4 265 -2.0 -0.1

Alimentação, bebidas e tabaco, S4 (16-24) 3 131 4.6 0.3 233 2.4 0.1

Animais vivos, produtos animais e vegetais, e gorduras: S1 (1-5), S2 (6-14), S3 (15)

2 884 11.4 0.6 227 3.9 0.2

Vestuário: S11 (61-62) 2 773 9.1 0.5 252 -3.8 -0.3

Químicos: S6 (28-38) 2 614 -2.1 -0.1 181 -9.1 -0.5

Calçado: S12 (64-67) 1 965 7.5 0.3 186 -0.3 0.0

Têxteis: S11 (50-60, 63) 1 844 5.9 0.2 152 0.8 0.0

Pedra, cerâmica e vidro: S13 (68-70) 1 573 3.8 0.1 126 1.7 0.1

Mobiliário: S20 (94) 1 539 12.0 0.3 124 -1.5 0.0

Outros 1 319 -4.4 -0.1 110 6.4 0.2

Produtos minerais exceto combustíveis: S5 (25-26)

784 1.5 0.0 66 38.4 0.5

Peles e couros S8 (41-43) 253 11.7 0.1 20 -7.2 0.0

Total 48 200 2.0 3 860 -1.8

Total sem combustíveis 44 104 4.2 3.7 3 572 1.7 1.5

Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das exportações em 2014. NC8 = Nomenclatura combinada de mercadorias da

UE a oito dígitos; M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.

O crescimento das exportações em 2014 foi assegurado pelo mercado comunitário, onde se

observou um aumento de 2.9%, inferior ao registado em 2013 (3.5%). As exportações para o

mercado extracomunitário registaram uma quebra ligeira (-0.1%), após uma forte dinâmica

de crescimento em 2013 (subida de 7.1%).

O crescimento nos 20 principais mercados em 2014 (2.6%) foi superior ao conjunto das

exportações (2.0%), reforçando o seu peso na estrutura de vendas para o exterior.

Nesses mercados, confirma-se que o maior contributo positivo para o aumento das

exportações foi dado pelo Reino Unido (0.7 p.p.), seguindo-se a Espanha, a China, a França, a

Alemanha e os EUA.

Os principais contributos negativos tiveram origem nos mercados de Marrocos (-0.3 p.p.),

Brasil (-0.2 p.p.) e Bélgica (-0.1 p.p.).

Salienta-se ainda que a Espanha permaneceu o maior mercado nacional de exportação em

2014, mas o segundo lugar passou a ser ocupado pela França, que ultrapassou por uma

margem pequena o mercado alemão. Angola foi o quarto maior mercado de exportação.

Já em janeiro de 2015, a Alemanha retomou a segunda posição como mercado de

exportação, sendo sobretudo de destacar a quarta posição do Reino Unido em substituição de

Abrandamento das

exportações para a

UE em 2014 e

quebra ligeira nas

extra-UE

20 Maiores

mercados de

exportação

reforçam peso

França ultrapassa

mercado alemão

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

27

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Angola, mercado onde as nossas exportações registaram uma queda homóloga de 26.4%, que

poderá estar afetada por efeitos de base, como já referido.

Quadro 3.1.1.3: Exportações de bens nos 20 principais mercados de 2014

2014 Jan-15

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Espanha 11 356 1.6 0.4 980 0.1 0.0

França 5 648 2.8 0.3 495 -4.1 -0.5

Alemanha 5 628 2.3 0.3 505 11.4 1.3

Angola 3 175 2.0 0.1 177 -26.4 -1.6

Reino Unido 2 928 12.5 0.7 245 5.1 0.3

Estados Unidos 2 111 5.6 0.2 156 -11.7 -0.5

Países Baixos 1 914 1.3 0.1 156 -13.7 -0.6

Itália 1 568 0.5 0.0 124 -0.4 0.0

Bélgica 1 301 -2.8 -0.1 95 -4.2 -0.1

China 839 27.5 0.4 47 -8.9 -0.1

Brasil 639 -13.5 -0.2 65 36.8 0.4

Marrocos 593 -19.0 -0.3 41 2.0 0.0

Argélia 589 11.6 0.1 45 -8.8 -0.1

Suécia 467 5.8 0.1 37 -4.5 0.0

Polónia 466 5.5 0.1 37 -10.9 -0.1

Suíça 429 2.4 0.0 37 4.3 0.0

Turquia 404 5.9 0.0 20 -46.8 -0.5

República Checa 321 11.9 0.1 25 -0.3 0.0

Moçambique 318 -2.5 0.0 20 15.2 0.1

Dinamarca 307 -3.3 0.0 28 -0.4 0.0

Subtotal 41 001 2.6 2.2 3 334 -2.3 -2.0

Total 48 200 2.0 3 860 -1.8

Intra-UE 34 181 2.9 2.0 2 881 0.2 0.1

Extra-UE 14 019 -0.1 0.0 978 -7.1 -1.9

Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das exportações em 2014. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação

homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.

Salientam-se ainda os resultados do Inquérito sobre Perspetivas de Exportação de Bens

(divulgado pelo INE em março, mas com período de inquirição em novembro), que apontava, já

no final do ano passado, para uma aceleração das vendas para o exterior em 2015, em

particular de bens de consumo não alimentar e de máquinas e equipamento, e fora da UE.

Quotas de mercado das exportações de bens

De acordo com dados revistos, confirma-se que a quota de mercado das exportações

nacionais no mercado mundial de bens se situou em 0.340% nos três primeiros trimestres

de 2014, correspondendo a uma subida ligeira face ao ano de 2013 (0.335%), com uma

melhoria mais notória no mercado intra-UE (de 0.734% para 0.741%) do que no mercado

extra-UE (de 0.1028% para 0.1032%).

Quota de mercado

mundial das

exportações de bens

sobe para 0.340%

Perspetiva de

aceleração das

exportações de

bens em 2015

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

28

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Quadro 3.1.1.4: Quotas de mercado das exportações de bens (%)

2012 2013 1T-3T 14

Mundo 0.315 0.335 0.340

Intra-UE 0.693 0.734 0.741

Extra-UE 0.0955 0.1028 0.1032

Fontes: OMC e INE. Nota metodológica: as quotas foram calculadas dividindo as exportações de Portugal (dados

trimestrais da OMC em milhões de dólares, repartidos entre os mercados intra-UE e extra-UE usando a estrutura de

exportações de Portugal calculada a partir de informação do INE para os períodos em causa) pelas importações totais

nos vários mercados (obtidas na mesma base de dados trimestrais da OMC).

Segundo dados do INE já para o conjunto de 2014, a procura externa relevante recuperou

1.6% em termos nominais nesse ano (após uma variação de -2.1% em 2013), enquanto as

exportações abrandaram para 2.0% (influenciadas por fatores temporários, como já referido),

significando que se voltou a registar um ganho de quota de mercado, mas menor que nos

anos precedentes (cerca de 0.4%, após 6.6% e 4.3% nos dois anos anteriores). Os dados

relativos ao quarto trimestre mostravam já um dinamismo assinalável das exportações

(variação homóloga nominal de 4.8%) e um ganho de quota mais significativo (3.4%).

Figura 3.1.1.1: Evolução homóloga das exportações de mercadorias, da procura externa

relevante e dos ganhos de quota de mercado

Relativamente às quotas de mercado nos 20 principais mercados de exportação de

bens em 2014, os nossos cálculos mostram que, nesse ano, os valores mais elevados foram

registados em Angola (15.86% de janeiro a setembro), Moçambique (5.22% no 3º trimestre),

Espanha (4.21% no conjunto do ano), Marrocos (1.72%), Argélia (1.34%) e França (1.10%),

considerando apenas valores acima de 1%. Em termos de evolução, a melhoria mais

significativa de quota ocorreu no mercado de Moçambique (0.43 p.p., considerando o valor

disponível para o 3º trimestre), seguindo-se a uma larga distância os ganhos na Argélia (0.06

p.p.), Reino Unido (0.04 p.p.), França (0.03 p.p.), Turquia, República Checa e Suécia (0.02

p.p.). Destaca-se ainda, pela elevada dimensão do mercado, o ganho de quota na China (de

5,6

4,5

2,0

6,7

2,2

-0,6

1,6

4,8

1,3

-2,1

1,6

-0,2

1,0 1,5

2,5

1,4

4,3

6,6

0,4

6,9

1,2

-2,1

-0,9

3,4

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

2012 2013 2014 4T 13 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14

Exportações de mercadorias (tvhn, %) Procura externa relevante (tvhn, %) Ganho (+) / Perda (-) de quota de mercado Fonte: INE e cálculos próprios

Menor ganho de

quota em 2014, mas

recuperação no 4T

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

29

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

0.045% para 0.057%). Apenas seis dos 20 maiores mercados de exportação evidenciaram

perdas de quota em 2014, designadamente Angola (-0.64 p.p., utilizando o valor disponível

de janeiro a setembro), Marrocos (-0.43 p.p.), Espanha (-0.14 p.p.), Brasil (-0.04 p.p.),

Dinamarca (-0.03 p.p.) e Bélgica (-0.01 p.p.).

Quadro 3.1.1.5: Quotas de mercado nos 20 maiores mercados de exportação de bens

Quotas (%, valores acumulados) Variação (p.p.)

2012 2013 2014 2013 2014

Espanha 3.87 4.36 4.21 0.49 -0.14

França 1.02 1.07 1.10 0.05 0.03

Alemanha 0.62 0.61 0.61 -0.01 0.00

Angola* 18.67 16.49 15.86 (1-3T 14) -2.18 -0.64 (1-3T 14)

Reino Unido 0.44 0.53 0.57 0.08 0.04

Estados Unidos 0.10 0.11 0.12 0.01 0.00

Países Baixos 0.41 0.43 0.43 0.02 0.01

Itália 0.44 0.43 0.44 -0.01 0.01

Bélgica 0.42 0.39 0.38 -0.02 -0.01

China 0.055 0.045 0.057 -0.010 0.012

Brasil 0.38 0.39 0.35 0.02 -0.04

Marrocos 1.32 2.15 1.72 0.84 -0.43

Argélia 1.09 1.28 1.34 0.18 0.06

Suécia 0.36 0.37 0.38 0.00 0.02

Polónia 0.26 0.28 0.28 0.02 0.00

Suíça 0.26 0.28 0.28 0.02 0.00

Turquia 0.19 0.20 0.22 0.01 0.02

República Checa 0.30 0.26 0.28 -0.03 0.02

Moçambique* 4.05 4.79 5.22 (3T 14) 0.74 0.43 (3T 14)

Dinamarca 0.44 0.44 0.41 0.00 -0.03

Fontes: OMC, INE Angola, INE Moçambique, Governo de Gibraltar, ONU, INE, BdP, cálculos próprios. Tabela ordenada

pelo valor das exportações em 2013 (como no quadro 3.1.1.3). P.p. = pontos percentuais. *Pesos de Portugal nas

importações de mercadorias desses países, obtidas a partir de dados dos respetivos institutos nacionais de estatística.

As restantes quotas seguem a metodologia descrita na nota do quadro anterior (mas aqui com dados mensais).

Importações de bens

A desagregação das importações por tipo de produtos mostra que o aumento nominal de

3.3% das importações de bens em 2014 resultou, em larga medida, dos contributos

positivos do material de transporte (2.1 p.p.) e das máquinas e aparelhos (1.0 p.p.).

O principal contributo negativo teve origem nos combustíveis (-1.7 p.p.).

Nos dados relativos a janeiro de 2015, ainda pouco representativos, as importações registam

uma variação homóloga de -10.2%, mas a descida é de apenas -0.4% excluindo a componente

de combustíveis, cuja forte contração (-43.7%) está associada a efeitos de base, conforme

refere o INE na sua divulgação.

Material de

transporte com

forte contributo

para a subida das

importações em

2014

Perdas de quota em

apenas 6 dos 20

maiores mercados

de exportação

Forte recuo das

importações em

janeiro associada a

um efeito de base

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

30

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Quadro 3.1.1.6: Importações de bens por tipo de produto

2014 Jan-15

Produtos NC8 e respetivos códigos Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Combustíveis: S5 (27) 10 213 -8.5 -1.7 630 -43.7 -9.9

Máquinas e aparelhos: S16 (84-85) 8 939 6.8 1.0 697 1.5 0.2

Material de Transporte: S17 (86-89) 6 189 23.3 2.1 456 3.6 0.3

Animais vivos, produtos animais e vegetais, e gorduras: S1 (1-5), S2 (6-14), S3 (15)

6 149 -1.5 -0.2 450 -10.0 -1.0

Químicos: S6 (28-38) 6 103 3.7 0.4 470 -5.4 -0.5

Metais: S15 (72-83) 4 473 3.5 0.3 374 5.1 0.4

Plásticos e borracha: S7 (39-40) 3 453 5.2 0.3 281 4.3 0.2

Alimentação, bebidas e tabaco, S4 (16-24) 2 710 -4.2 -0.2 196 -7.5 -0.3

Outros 2 031 2.6 0.1 167 7.7 0.2

Madeira e cortiça: S9 (44-46) e S10 (47-49) 1 930 4.5 0.1 148 1.0 0.0

Vestuário: S11 (61-62) 1 821 12.8 0.4 160 2.9 0.1

Têxteis: S11 (50-60, 63) 1 799 4.0 0.1 138 -9.5 -0.3

Peles e couros S8 (41-43) 825 12.8 0.2 68 -3.6 -0.1

Mobiliário: S20 (94) 718 13.6 0.2 64 25.9 0.3

Calçado: S12 (64-67) 704 19.1 0.2 59 1.1 0.0

Pedra, cerâmica e vidro: S13 (68-70) 588 10.0 0.1 46 6.9 0.1

Produtos minerais exceto combustíveis: S5 (25-26)

162 15.9 0.0 14 28.4 0.1

Total 58 806 3.3 4 416 -10.2

Total sem combustíveis 48 592 6.2 5.0 3 786 -0.4 -0.3

Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das importações em 2014. NC8 = Nomenclatura combinada de mercadorias da

UE a oito dígitos; M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.

Considerando agora a desagregação das importações por mercados, o aumento verificado em

2014 resultou de variações de 7.3% no mercado comunitário e -6.8% no mercado

extracomunitário, como já referido.

Os 20 principais mercados de importação registaram um crescimento (4.8%) superior ao

total das importações (3.3%), reforçando assim o seu peso.

Os maiores contributos positivos para o aumento das importações pertenceram à Espanha,

Alemanha (1.4 p.p. nos dois casos) e França (0.6 p.p.), enquanto os contributos mais

negativos ocorreram nos mercados de Angola (-1.8 p.p.), Rússia e Nigéria.

Mercado

comunitário

justifica subida das

importações em

2014

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

31

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Quadro 3.1.1.7: Importações de bens nos 20 principais mercados de 2014

2014 Jan-15

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Espanha 19 109 4.2 1.4 1 528 1.7 0.5

Alemanha 7 266 12.4 1.4 539 -8.3 -1.0

França 4 160 8.9 0.6 336 -6.2 -0.5

Itália 3 075 5.5 0.3 221 -6.0 -0.3

Países Baixos 3 007 5.4 0.3 217 -14.2 -0.7

Reino Unido 1 793 7.8 0.2 137 4.3 0.1

Angola 1 606 -39.0 -1.8 43 -75.3 -2.6

China 1 597 16.6 0.4 160 12.3 0.4

Bélgica 1 562 9.7 0.2 108 -8.6 -0.2

Estados Unidos 920 9.2 0.1 57 -28.9 -0.5

Brasil 865 4.0 0.1 74 124.5 0.8

Cazaquistão 814 48.0 0.5 47 -54.4 -1.1

Arábia Saudita 785 12.9 0.2 83 69.5 0.7

Argélia 712 77.7 0.5 5 -91.9 -1.1

Rússia 711 -28.9 -0.5 82 76.8 0.7

Suécia 661 20.4 0.2 42 4.9 0.0

Irlanda 610 11.6 0.1 43 3.4 0.0

Nigéria 542 -27.5 -0.4 0 -46.1 0.0

Polónia 526 21.2 0.2 45 16.9 0.1

Índia 492 25.3 0.2 44 10.4 0.1

Subtotal 50 812 4.8 4.1 3 810 -5.5 -4.5

Total 58 806 3.3 4 416 -10.2

Intra-UE 43 931 7.3 5.2 3 389 -2.7 -1.9

Extra-UE 14 875 -6.8 -1.9 1 027 -28.6 -8.3

Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das importações em 2014. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação

homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.

3.1.2 Comércio internacional de serviços

O excedente da balança de serviços praticamente não se alterou em 2014 (variação anual

de 0.1%, para 10946 M€), após uma subida de 18.0% em 2013. Esta evolução traduziu a

aceleração das importações (de 3.3% para 7.9%) e o abrandamento das exportações de

serviços (de uma variação anual de 10.2% em 2013 para 4.0% em 2014), que, ainda assim,

mantiveram um dinamismo assinalável, suportadas pela componente Viagens e turismo, cuja

aceleração (de 7.2% para 10.9%, com um contributo de 5.1 p.p.) não foi suficiente para

contrariar a evolução desfavorável na maioria das outras rubricas. O crescimento das

importações de serviços em 2014 resultou de contributos significativos de várias

componentes, em particular os Outros serviços fornecidos por empresas (2.9 p.p.), os

Transportes (2.6 p.p.), as Viagens e turismo (2.1 p.p.) e os Direitos e serviços de

telecomunicações, informáticos e de informação (1.4 p.p.), todas em aceleração.

Excedente da

balança de serviços

mantém-se em

2014, após forte

melhoria em 2013

Aceleração das

exportações de

viagens e turismo

em 2014

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

32

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Dos dados referentes a janeiro de 2015, ainda pouco representativos, destaca-se a melhoria

homóloga do excedente, refletindo o abrandamento mais forte das importações (para 2.8%) do

que das exportações (para 2.5%), onde a aceleração nas viagens e turismo (para 13.9%)

voltou a ser contrariada pela evolução desfavorável de várias componentes.

Quadro 3.1.2.1: Balança de serviços

2014 Var. homóloga Jan-15 Var. homóloga

Valor (M€)

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Valor (M€)

Valor (M€)

Tvhn (%)

Contributo (p.p.)

Exportações 22 817 882 4.0 1 560 38 2.5

Transformação, manut., reparação

671 -149 -18.1 -0.7 54 2 4.3 0.1

Transportes 5 647 47 0.8 0.2 401 -45 -10.2 -3.0

Viagens e turismo* 11 359 1 118 10.9 5.1 675 82 13.9 5.4

Direitos e serviços de telecom., informáticos e de informação

1 128 105 10.3 0.5 95 -3 -3.5 -0.2

Outros serviços forn. por empresas

3 627 -88 -2.4 -0.4 300 -3 -1.0 -0.2

Pessoais, culturais, recreativos, Ad. Púb.

386 -151 -28.1 -0.7 36 6 18.0 0.4

Importações 11 871 872 7.9 1 004 27 2.8

Transformação, manut., reparação

330 52 18.8 0.5 22 2 9.3 0.2

Transportes 3 382 286 9.2 2.6 246 -34 -12.2 -3.5

Viagens e turismo* 4 328 231 5.6 2.1 341 23 7.1 2.3

Direitos e serviços de telecom., informáticos e de informação

1 380 159 13.0 1.4 142 -12 -7.5 -1.2

Outros serviços forn. por empresas

2 150 322 17.6 2.9 211 33 18.3 3.3

Pessoais, culturais, recreativos, Ad. Púb.

301 -178 -37.2 -1.6 41 16 64.4 1.7

Saldo 10 946 10 0.1 556 11 2.0

Transformação, manut., reparação

340 -201 -37.1 31 0 1.0

Transportes 2 265 -239 -9.6 155 -11 -6.6

Viagens e turismo* 7031 887 14.4 333 60 21.7

Direitos e serviços de telecom., informáticos e de informação

-253 -53 26.8 -47 8 -14.7

Outros serviços forn. por empresas

1477 -410 -21.7 89 -36 -28.5

Pessoais, culturais, recreativos, Ad. Púb.

86 27 45.5 -5 -11 s.s.

Fonte: BdP. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; ; p.p. = pontos percentuais; s.s. = sem

significado. * Inclui as componentes da construção, seguros, pensões e serviços financeiros, com peso reduzido.

De acordo com dados anuais da OMC, a quota das exportações nacionais nas

importações mundiais de serviços comerciais aumentou de 0.58% em 2012 para 0.61%

em 2013. Os dados trimestrais mais recentes da OMC (não totalmente comparáveis com os

anuais) sugerem uma subida significativa em 2014 (estimativa provisória de 0.74% nos três

primeiros trimestres desse ano, após um valor de 0.67% em 2013; cálculos próprios).

Melhoria homóloga

do excedente em

janeiro de 2015

Quota de mercado

dos serviços sobe

para 0.61% em

2013 e deverá ter

também aumentado

em 2014

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

33

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

3.1.3 Balança de bens e serviços

Segundo dados do Banco de Portugal, o saldo da balança de bens e serviços (BBS)

reduziu-se de 2953 M€ em 2013 para 1982 M€ em 2014 (note-se que o saldo da componente

de bens difere dos dados acima apresentados do INE – ver nota do quadro abaixo), em

resultado do agravamento do défice da balança de bens, que refletiu em parte fatores

temporários, como já foi referido. Em janeiro de 2015, o saldo da BBS situou-se em 125 M€,

valor que representa uma melhoria de 354 M€ em comparação homóloga, refletindo sobretudo

a redução da importação de bens.

Na estrutura da BBS, salienta-se o ligeiro reforço do peso dos serviços nas exportações totais

em 2014 (de 32.0% em 2013 para 32.5%), sobretudo na componente de Viagens e turismo

(de 14.9% para 16.2%), assim como nas importações totais (de 16.8% para 17.4%).

Quadro 3.1.3.1: Balança de bens e serviços

Exportações

Importações Saldo

2014 Jan-15 2014 Jan-15 2014 Jan-15

Valor (M€)

Peso (%)

Valor (M€)

Peso (%)

Valor (M€)

Peso (%)

Valor (M€)

Peso (%)

Valor (M€)

Valor (M€)

Bens (FOB) 47 386 67.5 3 806 70.9 56 351 82.6 4 238 80.8 -8 965 -432

Serviços 22 817 32.5 1 560 29.1 11 871 17.4 1 004 19.2 10 946 556

Transformação, manut., reparação

671 1.0 54 1.0 330 0.5 22 0.4 340 31

Transportes 5 647 8.0 401 7.5 3 382 5.0 246 4.7 2 265 155

Viagens e turismo* 11 359 16.2 675 12.6 4 328 6.3 341 6.5 7 031 333

Direitos e serv. de telecom., informát. e de informação

1 128 1.6 95 1.8 1 380 2.0 142 2.7 -253 -47

Outros serviços forn. por empresas

3 627 5.2 300 5.6 2 150 3.2 211 4.0 1 477 89

Pessoais, culturais, recreat., Ad. Púb.

386 0.6 36 0.7 301 0.4 41 0.8 86 -5

Total 70 203 100.0 5 367 100.0 68 222 100.0 5 242 100.0 1 982 125

Fonte: Banco de Portugal. M€= milhões de euros. Nota: devido a diferenças de natureza metodológica, ocorre uma

diferença significativa de valores na balança de bens entre este quadro e o quadro 3.1.1.1, que tem como fonte o INE.

As diferenças têm origem sobretudo nas importações, em boa medida porque esta componente se encontra expressa

em valores CIF nos dados do INE e em valores FOB nos do Banco de Portugal (ver nota ao quadro 3.1.1.1). * Inclui as

componentes da construção, seguros, pensões e serviços financeiros, com peso reduzido.

3.1.4 Termos de troca de bens e de serviços

A evolução da balança de bens e serviços (BBS) beneficiou de uma melhoria mais intensa dos

termos de troca em 2014, traduzida num diferencial de 1.9 p.p. entre a variação do deflator

das exportações e a do deflator das importações (1.6 p.p. nos bens e 0.8 p.p. nos serviços),

após 1.2 p.p. e 0.6 p.p. nos dois anos precedentes.

Termos de troca

mais favoráveis

em 2014

beneficiam a BBS

Excedente da BBS

recua em 2014 com

subida do défice da

balança de bens

Reforço do peso dos

serviços na estrutura

de exportações e

importações da BBS

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

34

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

A evolução mais favorável dos termos de troca traduziu a queda acrescida dos preços das

importações (-2.2%, após -1.9% em 2013), com origem na componente de bens (-2.7%) –

influenciada pela descida dos preços da energia nos mercados internacionais – e a queda mais

ligeira dos preços das exportações (-0.3%, após -0.8% em 2013), com a descida na

componente de bens (-1.1%) a ser mitigada pelo aumento nos serviços (1.7%).

Quadro 3.1.4.1: Evolução dos termos de troca (tvh, %)

Deflator exportações, tvh (1) Deflator importações, tvh (2) Termos de troca (p.p.)= (1)-(2)

Bens (FOB)

Serviços Total Bens (FOB)

Serviços Total Bens (FOB)

Serviços Total

2012 1.7 1.6 1.7 1.0 1.6 1.1 0.7 -0.1 0.6

2013 -0.9 -0.4 -0.8 -2.3 0.5 -1.9 1.4 -0.9 1.2

2014 -1.1 1.7 -0.3 -2.7 0.9 -2.2 1.6 0.8 1.9

1T 14 -0.8 0.1 -0.5 -3.4 0.8 -2.8 2.6 -0.7 2.3

2T 14 -0.8 1.7 -0.2 -2.4 1.4 -1.9 1.6 0.2 1.7

3T 14 -1.1 3.1 0.0 -2.2 0.8 -1.7 1.1 2.3 1.7

4T 14 -1.6 1.9 -0.7 -2.9 0.5 -2.4 1.3 1.5 1.7

Fonte: INE (Contas nacionais base 2011, SEC 2010) e cálculos próprios. Tvh = taxa de variação homóloga. FOB: ver

nota ao quadro 3.1.1.1.

3.2 Investimento direto

Segundo dados revistos do BdP (seguindo o princípio direcional), o investimento direto

estrangeiro (IDE) aumentou para 6638 M€ em 2014, cerca de quatro vezes o valor de 2013,

apontando para um regresso progressivamente mais sustentado dos investidores (já não

apenas interessados nas operações de privatizações), reflexo de uma maior confiança na

economia nacional com a saída bem-sucedida do programa de ajustamento.

O investimento português no exterior registou uma forte recuperação em 2014 (para 5023

M€), que poderá estar associada à dinâmica das exportações. O investimento direto líquido

foi positivo (1615 M€), tendo diminuído ligeiramente face a 2013 (1750 M€).

Os dados de janeiro de 2015, ainda pouco representativos, mostraram uma ligeira correção

do investimento no exterior e a continuação do crescimento do IDE e do saldo líquido positivo.

Quadro 3.2.1: Investimento direto (saldos acumulados no ano em M€, salvo outra indicação)

2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 Jan-15

Invest. Direto líquido = (1)-(2) 1 750 1 615 -1 468 783 1 763 1 615 291

Inv. Direto. Estrangeiro (1) 1 682 6 638 500 6 094 6 874 6 638 626

Tvha (%) -73.8 294.6 2868.8 s.s. 2695.9 294.6 337.1

Inv. Direto no Exterior (2) -67 5 023 1 968 5 310 5 110 5 023 335

Tvha (%) -99.1 s.s. 40.3 316.5 1172.0 s.s. -32.1

Fontes: INE e BdP. Tvha =taxa de variação homóloga acumulada; M€= milhões de euros; s.s. = sem significado.

Investimento

direto líquido

continuou positivo

em 2014

Forte aumento do

IDE e do

investimento no

exterior em 2014

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

35

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

4. FINANCIAMENTO

4.1 Taxas de juro

Quadro 4.1.1: Taxas de juro

2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 Jan-15 Fev-15

Taxas de juro (%)

Mercado monetário

Taxa “Refi” do BCE (fim de período) 0.25 0.05 0.25 0.15 0.05 0.05 0.05 0.05

Taxas Euribor (valores médios)

3 meses 0.220 0.209 0.295 0.299 0.165 0.082 0.063 0.048

6 meses 0.336 0.308 0.397 0.393 0.266 0.181 0.152 0.126

12 meses 0.536 0.475 0.563 0.570 0.440 0.334 0.298 0.255

Dívida soberana: OT (valores médios)

Yield PT, 10 anos (a) 6.29 3.75 4.86 3.66 3.45 3.05 2.49 2.32

Yield Área Euro, 10 anos 3.00 2.05 2.66 2.23 1.80 1.50 1.14 1.05

Yield Alemanha, 10 anos (b) 1.57 1.16 1.61 1.35 0.99 0.70 0.39 0.30

Prémio de risco de PT = (a) –(b) 4.72 2.59 3.25 2.31 2.45 2.35 2.10 2.02

Crédito a empresas

Novas operações até 1 M€ (exclui descobertos bancários)

Taxa de juro média pond. em PT 6.39 5.53 6.04 5.78 5.37 4.94 4.97

Tx. de juro média pond. na A. Euro 3.78 3.52 3.78 3.69 3.42 3.17 2.99

Fontes: EMMI (European Money Markets Institute), BdP, BCE e Eurostat. OT = Obrigações do Tesouro; PT = Portugal;

Taxa “Refi” do BCE = taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento do Eurosistema.

Figura 4.1.1: Taxas Euribor a 3, 6 e 12 meses (valores médios mensais, %)

Em dezembro de 2014, as taxas Euribor recuaram para mínimos históricos mensais de

0.081% no prazo de três meses, 0.176% a seis meses e 0.329% a 12 meses, descendo de

0,048

0,126

0,255

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Fev-1

4

Mar-

14

Abr-

14

Mai-14

Jun-1

4

Jul-14

Ago-1

4

Set-

14

Out-

14

Nov-

14

Dez-

14

Jan-1

5

Fev-1

5

Euribor 3m Euribor 6 m Euribor 12 m Fonte: BdP

Taxas Euribor com

forte descida em

2014

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

36

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

forma acentuada face ao final de 2013 (0.274%, 0.371% e 0.543% nos prazos referidos),

refletindo a política monetária mais expansionista do BCE.

O movimento de descida prosseguiu em janeiro e em fevereiro com a adoção do programa

alargado de compra de ativos do BCE. Em fevereiro, os valores médios mensais atingiram

mínimos de 0.048% a três meses, 0.126% nos seis meses e 0.255% nos doze meses. Já em

março, as taxas de juro diárias recuaram para mínimos de 0.021%, 0.088% e 0.201%,

respetivamente, no dia 25. Nos prazos mais curtos, até um mês, a Euribor registou mesmo

valores negativos, a refletir o valor negativo da taxa da facilidade de depósito no BCE.

No mercado secundário de dívida pública, a yield média a 10 anos de Portugal recuou de

6.04% em dezembro de 2013 para 2.81% em dezembro de 2014 (de 6.29% para 3.75% em

média anual), traduzindo a conclusão bem-sucedida do PAEF, o sucesso das emissões de dívida

em mercado primário, a retoma da economia nacional e o contexto de atenuação da crise de

dívidas soberanas na Europa, para o que contribuiu a política monetária expansionista do BCE.

Já em 2015, a yield nacional acentuou a descida em janeiro e fevereiro (valores médios

mensais de 2.49% e 2.32%, respetivamente) com o anúncio do programa alargado de compra

de ativos do BCE (incluindo dívida soberana nacional), atingindo mínimos históricos e reduzindo

o diferencial face à Alemanha para 2.02 p.p., que traduz o prémio de risco-país. Todavia, a

yield soberana de Portugal a 10 anos registava ainda o terceiro valor mais elevado da Área

Euro em fevereiro, apenas abaixo dos valores do Chipre (6.0%) e da Grécia (9.72%), que

contrariou a tendência de descida na zona em face da tentativa de renegociação do programa

de assistência desse país por parte do novo Governo do Syriza. No dia 20 de março, a yield

nacional a 10 anos situou-se em 1.66%, próximo de um mínimo histórico.

Figura 4.1.2: Yields soberanas a 10 anos de alguns países da Área Euro (%)

0,30

9,72

2,32

0

2

4

6

8

10

12

Fev-1

3

Mar-

13

Abr-

13

Mai-13

Jun-1

3

Jul-13

Ago-1

3

Set-

13

Out-

13

Nov-1

3

Dez-

13

Jan-1

4

Fev-1

4

Mar-

14

Abr-

14

Mai-14

Jun-1

4

Jul-14

Ago-1

4

Set-

14

Out-

14

Nov-1

4

Dez-

14

Jan-1

5

Fev-1

5

Alemanha Espanha Grécia Irlanda Portugal Fonte: Eurostat

Yield das OT a 10

anos em mínimos

históricos, mas

ainda a 3ª mais

elevada da A. Euro

Novas medidas do

BCE reforçam

descida das Euribor

no início de 2015

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

37

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Figura 4.1.3: Taxas de juro sobre novas operações (até 1 M€, excluindo descobertos

bancários) a sociedades não financeiras por inst. fin. monetárias (médias ponderadas, %)

A taxa de juro média dos empréstimos às Sociedades Não Financeiras (operações até

1 M€) recuou de forma significativa em 2014, atingindo um mínimo de mais de quinze anos no

final do ano (4.68%, após 5.89% em dezembro de 2013), a refletir a conclusão bem-sucedida

do PAEF e as medidas expansionistas do BCE. Já em janeiro de 2015, a taxa nacional registou

uma correção em alta (para 4.97%), à semelhança de outros países da Área Euro (cuja média

se situou em 2.99%), permanecendo a terceira mais elevada, apenas abaixo dos valores do

Chipre, da Grécia (neste caso, o último valor disponível data de maio de 2014) e da Irlanda.

4.2 Crédito bancário

Quadro 4.2.1: Stock de crédito (final de período)

2013 2014 Mar-14 Jun-14 Set- 14 Dez-14 Jan-15

Crédito interno total (M€) 330 632 311 342 324 639 321 154 316 092 311 342 309 372

Tvh (%) -4.0 -5.8 -4.6 -5.7 -6.5 -5.8 -6.3

Crédito a soc. não financeiras 115 704 101 094* 114 788 112 085 110 789 101 094* 100 882

Tvh (%) -6.1 s.s. -5.6 -7.5 -5.6 s.s. s.s.

Crédito à Ind. Transf. 13 241 13 115* 13 297 13 469 13 353 13 115* 13 334

Tvh (%) -2.6 s.s. -2.1 -2.1 -0.5 s.s. s.s.

Fonte: BdP. Tvh =taxa de variação homóloga; M€= milhões de euros; s.s.=sem signifciado. *Quebra de série.

Os dados do stock de crédito interno mostram que em dezembro de 2014 se registava

uma variação homóloga de -5.8% (menos 19.3 mil M€), representando um agravamento face

ao final de 2013 (-4.0%). Quanto à evolução nos setores institucionais, devido à quebra de

série ocorrida em dezembro de 2014 (motivada pela reclassificação setorial introduzida com o

novo sistema europeu de contas SEC 2010), com alterações significativas dos dados, a análise

considera os valores de novembro de 2014 para aferir a evolução no ano. Nesse mês, o stock

2.37

1.76

4.97

1

2

3

4

5

6

7

8

Jun-1

1

Ago-1

1

Out-

11

Dez-

11

Fev-1

2

Abr-

12

Jun-1

2

Ago-1

2

Out-

12

Dez-

12

Fev-1

3

Abr-

13

Jun-1

3

Ago-1

3

Out-

13

Dez-

13

Fev-1

4

Abr-

14

Jun-1

4

Ago-1

4

Out-

14

Dez-

14

Chipre Alemanha Espanha França Grécia

Irlanda Itália Luxemburgo Portugal Zona Euro

Fontes: BCE, Eurostat

Taxa de juro do

crédito às empresas

em mínimo de mais

de 15 anos em

dezembro, mas

corrige em alta em

janeiro de 2015 e

permanece a 3ª

mais alta da A. Euro

Crédito interno

continua a cair em

2014 e em janeiro

de 2015

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

38

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

de crédito interno registava uma queda homóloga de 6.4%, também em agravamento face a

dezembro de 2013, com origem nos setores institucionais Administrações Públicas (de

-0.5% para -13.8%) e Sociedades Financeiras (de -0.4% para -9.2%). Em sentido contrário,

as taxas de variação homólogas tornaram-se menos negativas para os Particulares (de -4.4%

para -3.4%) e para as Sociedades Não Financeiras (de -6.1% para -6.0%), mas apenas de

forma marginal neste caso. Não obstante um desagravamento face a 2013, as Sociedades Não

Financeiras voltaram a apresentar o maior decréscimo no crédito concedido em valor absoluto

(-5.7 mil M€, após -7.6 mil M€ em 2013), seguidas pelos Particulares (-3.9 e -5.9 mil M€), pelas

Sociedades Financeiras (-3.8 e -0.2 mil M€) e pelo Governo (-2.8 e -0.2 mil M€). Em janeiro

de 2015, o crédito interno reduziu-se 1.97 mil M€ face ao mês precedente, com variações de

-1.14 mil M€ nas Administrações Públicas, -0.47 mil M€ nos Particulares, -0.21 mil M€ nas

Sociedades Não Financeiras e -0.15 mil M€ nas Sociedades Financeiras.

Figura 4.2.1: Stock de crédito interno do setor financeiro monetário às sociedades não

financeiras (M€ e tvh em %)

Figura 4.2.2: Empréstimos bancários a sociedades não financeiras por setor de atividade

(saldos em final de mês, não incluindo títulos; M€)

100 882

-6.4%

-10%

-9%

-8%

-7%

-6%

-5%

-4%

-3%

-2%

-1%

0%

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

Jan-1

1

Mar-

11

Mai-11

Jul-11

Set-

11

Nov-1

1

Jan-1

2

Mar-

12

Mai-12

Jul-12

Set-

12

Nov-1

2

Jan-1

3

Mar-

13

Mai-13

Jul-13

Set-

13

Nov-1

3

Jan-1

4

Mar-

14

Mai-14

Jul-14

Set-

14

Nov-1

4

Jan-1

5

Stock de crédito interno às soc. não fin. (esc. esq.) tvh (esc. dta.) Fonte: BdP. Quebra de série em dez-14

1.200

2.057

3933

4.117

4.697

5329

5433

6.706

11.708

12.202

13.334

14.940

0 5.000 10.000 15.000 20.000

Outras atividades

Agricultura, produção animal, …

Educação, saúde e outras …

Eletricidade, gás, vapor e água; …

Alojamento, restauração e similares

SGPS

Atividades de consultoria, técnicas …

Transportes e armazenagem

Atividades imobiliárias

Comércio

Indústria transformadora

Construção

dez-13 nov-14 dez-14 jan-15 Fonte: BdP. Nota: quebra de série em Dez-14

Crédito às Soc. Não

Financeiras volta a

registar o maior

decréscimo

absoluto em 2014,

apesar de ligeiro

desagravamento

em variação

homóloga

Sociedades Não

Financeiras voltam

a registar uma

forte queda do

crédito em 2014,

apesar de um

ligeiro

desagravamento

homólogo

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

39

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Por setor de atividade, onde também há quebras de série pelos motivos acima referidos,

apenas a indústria transformadora e a agricultura e pescas tiveram um aumento do crédito

entre dezembro de 2013 e novembro de 2014 (109 M e 106 M€, respetivamente). Entre

dezembro de 2014 e janeiro de 2015, apenas a IT registou um aumento de crédito (219 M€).

Figura 4.2.3: Crédito do setor financeiro monetário e não monetário às sociedades não

financeiras: PME, grandes empresas e exportadoras (tva, %)

Ainda nas Sociedades Não Financeiras, o ano de 2014 saldou-se por uma redução menos

acentuada do financiamento bancário às PME (taxa de variação anual, tva, de -4.0% em

dezembro de 2014, após -6.7% no final de 2013) e mais forte nas grandes empresas (-7.8%

e -1.6%, respetivamente), mas apenas porque estas revelaram preferência por outras fontes de

financiamento com o reacesso aos mercados internacionais após a conclusão bem-sucedida do

programa de assistência externa. O crédito às empresas exportadoras continuou a aumentar

em dezembro de 2014, ainda que em abrandamento face ao final de 2013 (de uma tva de

1.5% para 0.9%), mas o ritmo de crescimento aumentou já em janeiro de 2015. Nesse mês, a

tendência de desagravamento prosseguiu nas PME, enquanto a queda do crédito às grandes

empresas foi menos acentuada.11

4.3 Mercado de capitais

Em 2014, o valor transacionado no mercado secundário a contado aumentou 27.3%

em termos anuais, para 39668.7 M€, valor que se distribuiu entre 38816.4 M€ na Euronext

Lisbon (com uma subida de 27.8%) e, ao nível dos sistemas de negociação multilateral

(com menores exigências de listagem, por isso mais apropriados à participação das PME), 828.5

11 Nota: os dados deste parágrafo não são diretamente comparáveis com os anteriores, por incluírem empréstimos de

instituições não monetárias, mas excluírem o crédito titularizado.

-6,7

-1,6

1,5

-4,0

-7,8

0,9

-3,9

-4,8

2,5

-10,0

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

4,0

PME Grandes empresas Empresas exportadoras

Dez-13 Dez-14 Jan-15 Fonte: BdP

Menor queda do

crédito a PME e

maior nas grandes

empresas em 2014

Crédito apenas

melhora na IT e na

agricultura em

2014 e só na IT em

janeiro de 2015

Crédito às empresas

exportadoras

acelera em janeiro

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

40

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

M€ na EasyNext Lisbon (15.7%) e 23.7 M€ no PEX (-61.9%). O valor negociado na

AlterNext Lisbon não atingiu 1 M€, mas sabe-se que se reduziu para perto de zero.

Considerando os segmentos com maior peso em cada mercado, a subida homóloga das

transações na EuroNext Lisbon foi fortemente influenciada pelas ações (tvh de 26.9%; peso de

96.6% nas sessões normais), enquanto na EasyNext Lisbon se destacou a progressão nos

certificados (22.5%; 77.6%) e no PEX o recuo nas obrigações (-61.9%; 100%).

Em dezembro de 2014, a capitalização bolsista atingiu 240262.5 M€ na EuroNext Lisbon (tvh

de 6.3%), 3231.7 M€ na EasyNext Lisbon (0.4%) e 64.3 M€ na AlterNext Lisbon (732.5%).

Já em 2015, os dados de janeiro a fevereiro, ainda pouco representativos, mostram uma

correção em baixa do valor transacionado (tvh de -32.7%: -32.8% na Euronext Lisbon e

-26.2% nos sistemas de negociação multilateral). No que se refere à capitalização, em

fevereiro registava-se algum abrandamento na Euronext e na Alternext (mas mantendo ainda

um forte crescimento homólogo) e uma aceleração na Easynext.

Quadro 4.3.1: Transações e capitalização bolsista (M€, salvo outra indicação)

Valor transacionado Capitalização bolsista

2013 2014 Jan-Fev 15 Dez-13 Dez-14 Jan-Fev 15

Mercados regulamentados 30 383.3 38 816.4 5 020.5

Tvh (%) 27.8% -32.8%

Euronext Lisbon 30 383.3 38 816.4 5 020.5 226 057.0 240 262.5 262 626.7

Tvh (%) 27.8% -32.8% 8.7% 6.3% 5.6%

Sistemas de neg. multilateral 778.1 852.3 129.9

Tvh (%) 9.5% -26.2%

EasyNext Lisbon 715.8 828.5 128.1 3 220.1 3 231.7 3 698.0

Tvh (%) 15.7% -24.4% 25.2% 0.4% 6.5%

AlterNext Lisbon 0.0 0.0 0.0 7.7 64.3 63.0

Tvh (%) -96.2% s.s. 0.0% 732.5% 579.6%

PEX 62.3 23.7 1.8

Tvh (%) -61.9% -73.1%

Total (merc. secund. contado) 31 161.4 39 668.7 5 150.4

Tvh (%) 27.3% -32.7%

Fonte: CMVM. Tvh = taxa de variação homóloga; s.s.=sem significado.

O índice acionista de referência PSI-20 desvalorizou-se 26.8% em 2014, em comparação

de final de período (atingindo 4798.99 pontos na última sessão do ano), mas recuperou parte

das perdas em janeiro e fevereiro (variações mensais de 7.2% e 10.6%, respetivamente),

mês que encerrou em 5689.70 pontos. Já em março, o PSI-20 atingiu 6015.48 pontos no dia

25, traduzindo uma subida de 25.3% desde o início do ano.

PSI-20 recua 26.8%

em 2014, mas

recupera até março

Subida do valor

transacionado em

bolsa em 2014,

com origem na

Euronext

(sobretudo ações)

e na EasyNext

Lisbon (sobretudo

certificados)

Capitalização

bolsista cresce em

2014

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

41

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

5. MERCADO DE TRABALHO

A taxa de desemprego situou-se em 13.5% no quarto trimestre de 2014, valor que

representa uma redução face ao período homólogo (15.1%) e um aumento face ao mínimo de

três anos registado no trimestre anterior (13.1%), mas note-se que neste caso a variação pode

ser influenciada por sazonalidade. O número de desempregados reduziu-se 13.6% em termos

homólogos, o emprego aumentou 0.5% e a população ativa recuou 1.6%. A taxa de

desemprego anual reduziu-se para 13.9% em 2014, após um máximo de 16.2% em 2013.

Figura 5.1: Taxa de desemprego total, jovem e de longa duração

(%, sem correção de sazonalidade)

Em variação absoluta, o aumento homólogo do emprego (22.7 mil pessoas) absorveu

apenas parte da queda acentuada do número de desempregados (109.7 mil), traduzindo-se

numa redução significativa da população ativa (87.0 mil) apenas parcialmente justificada pelo

aumento dos inativos (26.4 mil).

Dos dados mais detalhados do emprego, realça-se que o aumento homólogo do emprego teve

origem nos setores secundário e terciário (3.3% e 2.1%, respetivamente), mais do que

compensando a queda no setor primário (-17.5%), e que os contratos de trabalho com

termo foram os que mais aumentaram entre os trabalhadores por conta de outrem (variação

homóloga de 6.5%, face a 3.7% nos sem termo).

No que se refere ao desemprego, foi o setor primário que registou a variação homóloga mais

negativa (tvh de -25.5%, face a -19.4% no setor secundário e -13.6% no secundário).

Por grau de qualificação, a redução homóloga do desemprego foi superior nas pessoas com

ensino superior (tvh de -16.6%), seguida das que possuem apenas ensino básico (-14.7%) e

das que têm como habilitações o ensino secundário ou pós-secundário (-9.2%).

12,7 15,5 16,2

13,9 12,4

17,5

15,1 13,1 13,5

30,3

37,9 38,1 34,8

28,0

42,5

37,5

32,2 34,0

6,7 8,4

10,0 9,1 6,6

10,4 9,6 8,8 8,7

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

2011

2012

2013

2014

1T 1

1

2T 1

1

3T 1

1

4T 1

1

1T 1

2

2T 1

2

3T 1

2

4T 1

2

1T 1

3

2T 1

3

3T 1

3

4T 1

3

1T 1

4

2T 1

4

3T 1

4

4T 1

4

Taxa de desemprego total

Taxa de desemprego jovem (15-24 anos)

Taxa de desemprego de longa duração (12 ou mais meses) Fonte: INE

Taxa de desemprego

recua de 16.2% em

2013 para 13.9%

em 2014 (13.5% no

4º trimestre)

Setor secundário

lidera aumento

homólogo do

emprego

Desemprego

desce menos nas

qualificações

intermédias

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

42

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

É também de realçar a queda homóloga da taxa de desemprego de longa duração (para

8.7%) e da taxa de desemprego jovem (para 34.0%) no quarto trimestre.

Quadro 5.1: Inquérito trimestral ao emprego do INE

4T 13 3T 14 4T 14 Tvh (%) Tvc (%)

População ativa (103 indivíduos) 5 276.8 5 254.0 5 189.8 -1.6 -1.2

Taxa de atividade (%) 50.6 50.6 50.1

População empregada (103) 4 468.9 4 565.1 4 491.6 0.5 -1.6

Sector Primário 422.4 407.3 348.5 -17.5 -14.4

Sector Secundário 1 041.0 1 089.7 1 074.9 3.3 -1.4

Sector Terciário 3 005.5 3 068.2 3 068.2 2.1 -

Trabalhadores por conta de outrem (103) 3 514.1 3 676.5 3 659.4 4.1 -0.5

Com contrato de trabalho sem termo 2 768.3 2 864.6 2 869.9 3.7 0.2

Com contrato de trabalho com termo 614.7 683.6 654.7 6.5 -4.2

População desempregada (103) 808.0 688.9 698.3 -13.6 1.4

Ensino básico: até 3º ciclo 449.7 390.6 383.6 -14.7 -1.8

Ensino secundário ou pós-secundário 215.9 183.2 196.0 -9.2 7.0

Ensino superior 142.3 115.1 118.7 -16.6 3.1

Desemp. à procura de novo emprego (103) 722.8 595.6 615.5 -14.8 3.3

Oriundos do Sector Primário 18.8 12.9 14.0 -25.5 8.5

Oriundos do Sector Secundário 239.4 188.5 193.2 -19.3 2.5

Oriundos do Sector Terciário 438.6 367.7 378.8 -13.6 3.0

Taxa de desemprego (%) 15.3 13.1 13.5

Homens 14.8 12.3 13.1

Mulheres 15.9 14.0 13.8

Jovens (15-24 anos) 36.1 32.2 34.0

Longa duração (12 ou mais meses) 9.7 8.8 8.7

Regiões

Norte 16.4 14.3 14.2 -2.2 -0.1

Centro 10.5 10.5 10.7 0.2 0.2

Lisboa 17.2 14.0 14.0 -3.2 0.0

Alentejo 15.6 12.6 14.5 -1.1 1.9

Algarve 17.0 11.2 14.9 -2.1 3.7

R. A. Açores 17.3 15.7 15.5 -1.8 -0.2

R. A. Madeira 17.0 13.0 15.1 -1.9 2.1

População inativa (103 indivíduos) 5 151.6 5 127.4 5 178.0 0.5 1.0

Fonte: INE. Tvh(c)= taxa de variação homóloga (em cadeia).

Nas regiões, a maior descida homóloga ocorreu em Lisboa (3.2 p.p., para 14.0%), seguida do

Norte (2.2 p.p., para 14.2%), do Algarve (2.1 p.p., para 14.9%), da R. A. da Madeira (1.9 p.p.,

para 15.1%), da R. A. dos Açores (1.8 p.p., para 15.5%, o máximo nacional) e do Alentejo (1.1

p.p., para 14.5%). Apenas a região Centro registou uma subida homóloga da taxa de

desemprego (0.2 p.p, para 10.7%), mas o valor continuou a ser o mais baixo a nível nacional.

Redução homóloga

da taxa de

desemprego em

todas as regiões,

exceto no Centro,

que mantém o valor

mais baixo (10.7%)

Recuo das taxas de

desemprego jovem e

de longa duração

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

43

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

6. CUSTOS DAS MATÉRIAS-PRIMAS

O índice global de matérias-primas do FMI recuou pelo terceiro ano seguido em 2014

(-6.3%), a refletir o fraco crescimento da economia global, o abrandamento na China (com

forte impacto no índice dos metais, que recuou -10.3%), o fim do programa de compra de

ativos da Fed e o impacto mundial da exploração de gás e petróleo de xisto nos EUA, que

voltou a penalizar o índice da energia (-7.5%, incluindo -9.1% no brent). Em 2015, o índice

global caiu 12.1% em janeiro e subiu 5.5% em fevereiro, com origem na energia (12.3%).

Quadro 6.1: Índices e cotações das matérias-primas (médias de período)

2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 Jan-15 Fev-15

Índices (tvc, %)

Índice global de matérias-primas (100%) -1.6 -6.3 0.1 1.4 -5.3 -16.8 -12.1 5.5

Índice de m.p. agrícolas (7.7%) 1.6 1.9 1.2 0.4 -2.9 -2.6 -0.5 0.9

Índice de metais (10.7%) -4.3 -10.3 -4.2 -3.4 0.5 -7.3 -5.7 -2.2

Índice da energia (63.1%) -1.8 -7.5 -0.6 1.7 -5.7 -22.8 -18.7 12.3

Índice de alimentação e bebidas (18.5%) -0.1 -2.1 4.7 3.1 -7.6 -4.7 -2.7 -3.3

Preços de mat.-primas industriais

Algodão (cts. $/libra de peso) 90.40 83.10 93.99 92.60 77.07 68.72 67.35 69.84

Tvc (%) 1.3 -8.1 7.8 -1.5 -16.8 -10.8 -1.4 3.7

Cobre ($/tonelada) 7331.5 6863.4 7030.2 6795.3 6995.8 6632.3 5830.5 5729.3

Tvc (%) -7.9 -6.4 -1.9 -3.3 3.0 -5.2 -9.6 -1.7

Minério de ferro ($/tonelada) 135.4 96.8 120.4 102.6 90.3 74.0 67.4 62.7

Tvc (%) 5.3 -28.5 -10.7 -14.8 -12.0 -18.0 -2.1 -7.0

Petróleo (barril de brent, $) 108.8 98.9 107.9 109.8 102.1 76.0 48.4 57.9

Tvc (%) -2.8 -9.1 -1.3 1.7 -7.0 -25.6 -22.1 19.6

Fonte: FMI. Tvc = taxa de variação em cadeia; cts=cêntimos.

Figura 6.1: Índice global de matérias-primas e componentes de inputs industriais: metais,

matérias-primas agrícolas e energia (2005=100, valores mensais)

0

50

100

150

200

250

300

Jan-0

5

Mai-05

Set-

05

Jan-0

6

Mai-06

Set-

06

Jan-0

7

Mai-07

Set-

07

Jan-0

8

Mai-08

Set-

08

Jan-0

9

Mai-09

Set-

09

Jan-1

0

Mai-10

Set-

10

Jan-1

1

Mai-11

Set-

11

Jan-1

2

Mai-12

Set-

12

Jan-1

3

Mai-13

Set-

13

Jan-1

4

Mai-14

Set-

14

Jan-1

5

M.P. Agrícolas Metais Energia Índice global M.P. Fonte: FMI

Índice global de

matérias-primas

cai pelo 3º ano

seguido em 2014

com descidas

acentuadas nos

metais e energia

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

44

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

7. CUSTOS DA ENERGIA

7.1 Eletricidade

No segundo semestre de 2014, os preços sem IVA e outros impostos dedutíveis da

eletricidade pagos pela indústria nacional registaram variações homólogas mais baixas nos

dois primeiros escalões e mais altas nos seguintes, por comparação com o semestre anterior,

mas ainda com valores moderados ou mesmo negativos (no quarto e no quinto escalões).

Portugal continuou a situar-se na metade de países da UE (cuja média ainda não está

disponível no segundo semestre) em que a indústria mais paga pela eletricidade, sobretudo nos

primeiros escalões, onde se situam as PME, sendo ainda de notar que Portugal tem défice e

dívida tarifários, não repercutidos no preço, uma situação só com paralelo em Espanha.

Quadro 7.1.1: Preços sem IVA (e outros imp. ded.) da eletricidade na indústria (€/KWh)

Portugal UE (28)

2S 13 1S 14 2S 14 2S 14 2S 13 1S 14

#UE 28 (sem imp., taxas)

Bandas de consumo

IA: Consumo < 20 MWh

IB

0.1836 0.1910 0.1868 6º em 25 (9º em 25) 0.1929 0.1903

Tvh (%) 1.3 2.8 1.7 4.4 1.9

IB: [20Wh; 500 MWh [ 0.1406 0.1494 0.1442 8º em 25 (6º em 25) 0.1423 0.1479

Tvh (%) 0.4 3.4 2.6 3.2 4.7

IC: [500Wh; 2 000 MWh [ 0.1138 0.1162 0.1187 6º em 25 (7º em 25) 0.1185 0.1234

Tvh (%) -0.9 0.8 4.3 2.4 3.2

ID: [2 000; 20 000 MWh [ 0.1025 0.1010 0.1008 9º em 25 (8º em 25) 0.1065 0.1085

Tvh (%) -1.4 -3.0 -1.7 1.9 1.7

IE: [20 000Wh; 70 000 MWh [ 0.0910 0.0842 0.0879 9º em 25 (11º em 25) 0.0945 0.0945

Tvh (%) -1.0 -8.2 -3.4 0.7 0.1

IF: [70 000; 150 000 MWh] 0.0818 0.0761 0.0838 9º em 23 (10º em 23) 0.0841 0.0852

Tvh (%) 0.4 -6.7 2.4 -0.5 -2.0

Fonte: Eurostat. # UE 28 (sem imp., taxas) = ranking do preço de Portugal sem IVA e outros impostos dedutíveis (sem

todos os impostos e taxas) na UE 28; Mwh= megawatts/hora.; tvh= taxa de variação homóloga. Nota: não há dados

para Portugal (e vários outros países europeus) no escalão de consumo acima de 150 000 MWh.

A posição no ranking de preços não se altera muito quando se exclui a totalidade de impostos e

taxas (permitindo aferir os preços de mercado sem a influência global da fiscalidade), sendo

menos gravosa na maioria dos escalões, com exceção do segundo e do quarto (em que

Portugal sobe duas e uma posição, respetivamente).

Portugal na metade

de países com preços

da eletricidade (sem

impostos) mais altos

da UE no 2º semestre

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

45

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

7.2 Gás natural

No segundo semestre de 2014, os preços do gás natural da indústria sem IVA e outros

impostos dedutíveis registaram variações homólogas significativamente mais altas que no

trimestre anterior, com exceção do primeiro escalão (onde se verificou um abrandamento), em

todos os casos com valores acima de 5%, que contrastam com a descida observada nas

cotações internacionais de produtos energéticos durante esse período (ver quadro 6.1).

No caso do gás natural à indústria, os preços médios nacionais (sem IVA e outros impostos

e taxas dedutíveis) são mesmo os mais elevados entre os países europeus com informação

disponível, sobretudo nos dois primeiros escalões de consumo (1ª posição nos dois casos).

Quadro 7.2.1: Preços sem IVA (e outros imp. ded.) do gás natural na indústria (€/GJ)

Portugal UE (28)

2S 13 1S 14 2S 14 2S 14 2S 13 1S 14

#UE (sem imp. taxas)

Bandas de consumo

I1: Consumo < 1 000 GJ

IB

20.46 20.59 21.73 1º em 24 (1º em 24) 15.40 14.58

Tvh (%) 11.8 10.5 6.2 1.4 -2.0

I2: [1 000; 10 000 GJ [ 16.05 16.02 16.91 1º em 25 (1º em 25) 13.28 13.04

Tvh (%) 6.4 4.7 5.4 5.9 -4.8

I3: [10 000; 100 000 GJ [ 11.66 11.86 13.17 2º em 25 (1º em 25) 11.12 10.93

Tvh (%) 0.0 1.7 13.0 4.9 -4.7

I4: [100 000; 1 000 000 GJ [ 10.03 10.10 11.40 3º em 25 (1º em 25) 9.45 9.08

Tvh (%) -2.1 -0.8 13.7 1.3 -4.7

I5: [1 000 000; 4 000 000 GJ] 9.27 9.56 9.97 5º em 20 (1º em 20) 8.53 8.28

Tvh (%) -5.3 -0.6 7.6 -2.7 -6.2

Fonte: Eurostat. # UE (sem imp., taxas) = ranking do preço de Portugal sem IVA e outros impostos e taxas dedutíveis

(sem todos os impostos e taxas) nos países com informação disponível da UE. ; GJ= gigajoules; tvh= taxa de variação

homóloga. Nota: não há dados para Portugal (e vários outros países europeus) no escalão acima de 4 000 000 GJ.

Excluindo todos os impostos e taxas, verifica-se que Portugal passa para primeiro lugar também

nos escalões quatro e cinco.

7.3 Combustíveis

O preço do gasóleo rodoviário sem impostos foi o 13º mais alto da UE em 2014,

traduzindo-se num valor ligeiramente superior à média europeia (0.696 e 0.681 €/litro,

respetivamente), tendo a distância sido encurtada devido à queda anual relativamente mais

forte em Portugal (variação anual de -8.4%, face a -6.3% na UE).

Preço do gasóleo sem

impostos cai 8.4%

em 2014, ficando já

pouco acima da

média da UE

Preços do gás

natural (sem

impostos) na

indústria em

Portugal entre os

mais altos da UE

Crescimento

acentuado dos

preços do gás à

indústria no 2º

semestre de 2014

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

46

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

No entanto, o preço de venda ao público (com impostos) situou-se abaixo da média

europeia (1.311 e 1.398 €/litro, respetivamente) devido a um peso da tributação inferior à UE

(46.9% e 51.3% do preço final), situando-se apenas na 19ª posição entre os países da UE (28)

com preços mais elevados, abaixo do meio da tabela.

Na comparação com Espanha, o preço do gasóleo nacional em 2014 foi inferior antes de

impostos (0.696 e 0.713 €/litro, respetivamente) e igual após impostos (1.311 €/litro), devido a

uma fiscalidade mais elevada em Portugal (46.9%, face a 45.7% em Espanha).

Quadro 7.3.1: Preço do gasóleo rodoviário em Portugal e na UE (€/litro)

2013 2014 Jan-15 Fev-15

Preço do gasóleo rodoviário sem impostos

Portugal 0.760 0.696 0.523 0.562

Tvh (%) -6.5 -8.4 -29.4 -28.1

Ranking na UE (28) 8º 13º 10º

UE (28) 0.727 0.681 0.500

Tvh (%) -5.7 -6.3 -29.1

Preço de venda ao público do gasóleo rodoviário

Portugal 1.387 1.311 1.138 1.186

Tvh (%) -4.4 -5.5 -16.7 -15.6

Ranking na UE (28) 15º 19º 16º

UE (28) 1.445 1.398 1.193

Tvh (%) -3.1 -3.2 -16.2

Peso da tributação no preço (%)

Portugal 45.2 46.9 54.0

UE (28) 49.7 51.3 58.1

Fonte: DGEG (Direção-geral de Energia e Geologia). Nota: a tributação inclui o IVA (dedutível) e o ISP, do qual estão

isentas as instalações abrangidas pelo CELE (Comércio Europeu de Licenças de Emissão) e as empresas abrangidas

pelos ARCE (Acordos de Racionalização de Consumos Energéticos) – nº 2 do artº 89 do CIEC (Código dos Impostos

Especiais sobre o Consumo).

Já em 2015, o preço do gasóleo antes de impostos registou uma queda homóloga acentuada

em janeiro (-29.4%) e fevereiro (-28.1%), embora já com uma recuperação mensal

significativa neste mês (7.5%). Em janeiro, o preço antes de impostos era o décimo mais

elevado da UE, registando um valor acima da média (0.523 e 0.500 €/litro, respetivamente),

enquanto o valor com impostos era o 16º mais elevado, ligeiramente abaixo da média.

No dia 23 de março, o preço do gasóleo situou-se em 0.592 €/litro antes de impostos e 1.223

€/litro após impostos, evidenciando uma subida face aos valores médios de fevereiro.

A evolução dos preços dos combustíveis reflete a cotação do petróleo, que depois de uma

queda acentuada na parte final de 2014 corrigiu em alta no início deste ano, mas a perspetiva é

de que se mantenha a um nível baixo em 2015 (ver secção 2.2). No dia 25 de março, o preço

do barril de brent situou-se em 55.65 dólares, abaixo da média de fevereiro (ver secção 6).

Perspetivas para a

cotação do petróleo

sugerem maior

estabilidade do

preço do gasóleo

em 2015

Preço do gasóleo

com impostos

abaixo da média da

UE mas igual ao de

Espanha em 2014

Recuperação

mensal do preço do

gasóleo em

fevereiro

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

47

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

8. COMPETITIVIDADE PELOS PREÇOS E PELOS CUSTOS LABORAIS

8.1 Competitividade pelos preços: câmbios e inflação

Em 2014 observou-se uma melhoria de 0.5% da competitividade-preço em Portugal

(correspondente a uma depreciação no Índice de Taxa de Câmbio Real Efetiva, ITCRE, medido

com o deflator IPC face a 42 parceiros comerciais12), após uma deterioração ligeira em 2013

(0.3%), com o efeito desfavorável da apreciação cambial do euro (aferida pelo Índice de

Taxa de Câmbio Nominal Efetiva, ITCNE, medido também face a 42 parceiros comerciais) a ser

mais do que compensado pelo efeito favorável do diferencial de inflação negativo face ao

exterior (-1.3 p.p.). A melhoria da competitividade foi conseguida apenas na segunda metade

do ano (1.3% no terceiro trimestre e 1.7% no quarto trimestre, em termos homólogos),

altura em que o euro começou a depreciar-se devido à política mais expansionista do BCE.

Figura 8.1.1: Evolução da competitividade-preço e das componentes cambial e de diferencial

de preços face ao exterior: 42 parceiros (tvh em % dos ITCRE e ITCNE, e diferença em p.p.)

A taxa de inflação medida pelo IHPC (Índice Harmonizado de Preços no Consumidor) recuou

para um valor negativo em 2014 (de 0.4% para -0.2%; de 0.3% para -0.3% no IPC e de 0.2%

para 0.1% no IPC exceto energia e bens alimentares não transformados), levando a um

diferencial face à UE de -0.8 p.p., que explicou boa parte da melhoria da competitividade-

preço no ano, sendo o principal determinante do diferencial face ao exterior. Em janeiro e

fevereiro, o diferencial de inflação homóloga face à UE passou a ser ligeiramente positivo.

Salienta-se também a maior proximidade entre a taxa de inflação homólogas da UE e a dos

EUA, que em 2014 registou um valor claramente superior (1.6%, face a 0.6% na UE).

12 42 parceiros: 37 parceiros [UE (28)+9 outros países industrializados (Austrália, Canadá, EUA, Japão, Noruega, Nova

Zelândia, México, Suíça e Turquia)]+5 outros países industrializados (Rússia, China, Brasil, Coreia do Sul e Hong Kong).

0,3

-0,5

0,8

0,3

-1,3

-1,7

1,7

0,8

2,2

1,9

0,1

-0,8

-1,4 -1,3 -1,4 -1,6

-1,4

-0,9

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14

Ganho (-) ou perda (+) de competitividade-preço (ITCRE_IPC, tvh em %)

Componente cambial (ITCNE, tvh em %)

Componente preços (diferença em p.p.) Fonte: Comissão Europeia

Diferencial de

inflação face à UE

torna-se

ligeiramente

positivo em janeiro

e fevereiro

Competitividade -

preço recupera no

2º semestre com

depreciação cambial

induzida pelo BCE e

manutenção de um

diferencial de

inflação negativo

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

48

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Figura 8.1.2: Taxas de inflação homólogas (%) de Portugal, UE (IHPC) e EUA (IPC), e

diferencial de inflação entre Portugal e a UE (p.p.)

A taxa de inflação negativa em 2014 (-0.2%, medida pelo IHPC) teve origem na componente

de bens (-1.1%), que contrariou a subida na componente de serviços (1.1%), uma tendência

que prosseguiu em janeiro e fevereiro de 2015, considerando as variações homólogas.

Figura 8.1.3: Inflação (IHPC), total e componentes de bens e serviços (tvh, %)

Quanto ao câmbio euro/dólar (cuja evolução é um bom previsor da ITCNE de Portugal em

termos de alteração de andamento, dada a influência sobre os outros câmbios), os dados do

quarto trimestre mostraram uma depreciação homóloga de -8.2% (após valores de 0.0%,

4.9% e 3.7% nos trimestres anteriores), incluindo -10.0% em dezembro. A queda acentuou-se

em janeiro (-14.6%) e fevereiro (-16.9%, para 1.1350 dólares por euro), em consequência

do programa alargado de compra de ativos do BCE e dos receios de saída da Grécia da Área

Euro (na sequência do pedido de renegociação do programa de ajuda por parte do novo

governo do Syriza), o que favorece a melhoria da competitividade-preço.

-1,1 -0,8 -0,9 -0,9 -0,8

-0,2

0,1 0,1

0,4

-0,2 -0,1 -0,2 -0,3 0,0

-0,4 -0,1

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

2013

2014

1T 1

4

2T 1

4

3T 1

4

4T 1

4

jan-1

5

fev-1

5

Diferencial PT-UE Portugal UE (28) EUA Fonte: Eurostat e BLS

0,4

-0,2

0,1

-0,1 -0,2

-0,3

0,0

-0,4

-0,1

1,1 1,1

0,6 0,6

1,0

1,6

1,2 1,0

1,2

0,0

-1,1

-0,3

-0,7

-1,1

-1,6

-0,9

-1,4

-1,0

-2

-2

-1

-1

0

1

1

2

2

2013 2014 4T 13 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 jan-15 fev-15

IHPC, total (tvh, %) IHPC, serviços (tvh, %) IHPC, bens (tvh, %) Fontes: BdP, INE

Forte depreciação

do euro face ao

dólar a partir do 4T

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

49

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Figura 8.1.4: Taxa de câmbio euro/dólar (média mensal)

8.2 Competitividade pelos custos laborais

Em termos de competitividade-custo (avaliada pelo ITCRE medido com o deflator CLU –

custos laborais unitários), os dados da Comissão Europeia com o número de parceiros

comerciais mais elevado (37, neste caso) mostram uma melhoria de 0.9% em 2014

(correspondendo a uma depreciação do ITCRE-CLU nessa magnitude), com o efeito de

apreciação cambial do euro (0.4%, neste caso, face a 37 parceiros) a ser contrariada pelo

diferencial negativo de variação dos CLU face ao exterior (-0.9 p.p.).

A melhoria da competitividade iniciou-se no terceiro trimestre e acentuou-se no quarto

trimestre (para uma depreciação homóloga do ITCRE-CLU de 2.6%) com a depreciação do

euro e o ligeiro reforço do diferencial negativo de variação dos CLU face ao exterior (-1.6 p.p.).

Figura 8.2.1: Evolução da competitividade-custo e das componentes cambial e de diferencial

de CLU face ao exterior: 37 parceiros (tvh em % dos ITCRE e ITCNE, e diferença em p.p.)

1,5770

1,1350

0,8

0,9

1,0

1,1

1,2

1,3

1,4

1,5

1,6

Jan-9

9

Set-

99

Mai-00

Jan-0

1

Set-

01

Mai-02

Jan-0

3

Set-

03

Mai-04

Jan-0

5

Set-

05

Mai-06

Jan-0

7

Set-

07

Mai-08

Jan-0

9

Set-

09

Mai-10

Jan-1

1

Set-

11

Mai-12

Jan-1

3

Set-

13

Mai-14

Jan-1

5

Fonte: BdP

2,6

-0,5

1,9

0,3

-1,5

-2,6

1,7

0,4

1,6

1,2

0,0

-1,0

0,9

-0,9

0,3

-0,9

-1,5 -1,6

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14

Ganho (-) ou perda (+) de competitividade-custo (ITCRE_CLU, tvh em %)

Componente cambial (ITCNE, tvh em %)

Componente CLU (diferença em p.p.) Fonte: Comissão Europeia

Competitividade-

custo melhora 0.9%

em 2014, suportada

pelo diferencial

negativo de

variação dos CLU

face ao exterior

Melhoria da

competitividade-

custo acentua-se no

4T, sobretudo na

componente

cambial

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

50

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

9. AJUSTAMENTO DA ECONOMIA PORTUGUESA

9.1 Equilíbrio externo

Segundo dados revistos do Banco de Portugal, a balança corrente registou um excedente de

1044 M€ em 2014, o que traduz uma redução de 56.6% face a 2013 (1361 M€), ano em que se

registou o primeiro saldo positivo em várias décadas, correspondendo a uma descida de 1.4%

para 0.6% do PIB. Esta evolução traduziu o agravamento do défice das balanças de bens (em

972 M€) e de rendimentos primários (em 674 M€). A balança de bens e serviços continuou a

apresentar um excedente em 2014 (1.1% do PIB), embora inferior ao saldo observado em

2013 (1.7% do PIB), o primeiro com valor positivo desde a altura da Segunda Guerra Mundial.

O saldo positivo da balança de capital (constituída fundamentalmente por entradas líquidas

de fundos comunitários) reduziu-se 7.3%, passando de 2765 M€ em 2013 para 2564 M€ (de

1.6% para 1.5% do PIB).

Quadro 9.1.1: Balanças corrente e de capital (M€)

2013 2014 Jan-14 Jan-15 Var. hom. Var. abs.

Balança Corrente 2 404 1 044 -437 132 s.s. 569

Balança de bens e serviços 2953 1982 -229 125 s.s. 354

Bens -7 983 -8 965 -775 -432 -44.3% 343

Serviços 10 936 10 947 546 556 2.0% 11

Rendimentos primários -1 824 -2 497 -219 -165 -24.5% 54

Rendimentos secundários 1 275 1 560 11 172 1451.4% 161

Balança de Capital 2 765 2 564 27 146 447.2% 119

Balanças corrente e de capital 5 170 3 608 -410 278 s.s. 688

Fonte: BdP. M€= milhões de euros; s.s.=sem significado.

Esta evolução resultou numa descida do saldo conjunto das balanças corrente e de

capital de 5170 para 3608 M€ (de 3.1% para 2.1% do PIB, que compara com 2.5% na Área

Euro), traduzindo ainda uma significativa capacidade de financiamento da economia.

Os dados de janeiro de 2015, ainda pouco representativos, mostram uma melhoria homóloga

do saldo da balança corrente e de capital.

De acordo com informação revista do Banco de Portugal, o saldo de posição de investimento

internacional melhorou de -117.4% do PIB no final de 2013 para -110.7% no final de 2014.

O valor de final de ano também melhorou face ao observado no final do terceiro trimestre

(-113.1% do PIB, que compara com -9.3% do PIB na Área Euro).

Excedente da

balança corrente

reduz-se para 0.6%

do PIB em 2014 com

subida do défice nos

bens e rendimentos

primários

Posição externa

líquida melhora

significativamente

em 2014

Capacidade de

financiamento da

economia ainda

significativa

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

51

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

9.2 Endividamento

A dívida bruta não consolidada do setor não financeiro desceu de 407.9% do PIB no

final de 2013 para 396.8% no final de setembro e 391.7% no final de 2014, refletindo a queda

no setor privado (para 227.2% do PIB: 141.8% do PIB nas empresas e 85.4% nos

particulares). No setor público não financeiro, a dívida aumentou de 160.8% do PIB no final

de 2013 para 167.4% em setembro, baixando depois para 164.6% no final de 2014.

Quadro 9.2.1: Rácios de dívida bruta não consolidada no setor não financeiro (% do PIB)

Dez12 Dez-13 Set-14 Dez-14

1. Setor Público não Financeiro 156.0 160.8 167.4 164.6

2. Setor Privado não Financeiro 255.0 247.1 229.4 227.2

2.1 Empresas privadas 161.6 155.8 142.8 141.8

Microempresas (344 mil) 39.6 38.6 34.2 33.6

Pequenas empresas (34 mil) 26.3 24.3 22.3 22.2

Médias empresas (6 mil) 28.6 26.6 24.6 24.4

Grandes empresas (1 milhar) 49.3 47.6 44.6 45.0

2.2 Particulares 93.4 91.3 86.6 85.4

3. Setor não financeiro= 1+2 410.9 407.9 396.8 391.7

Fonte: BdP. Valores (em final de período) de dívida não consolidada, i.e., incluindo as dívidas entre setores.

9.3 Contas públicas

Segundo valores revistos, o défice público (ótica das contas nacionais) reduziu-se de 4.8% do

PIB em 2013 para 4.5% em 2014 (valor provisório até à venda do Novo Banco), estando

previsto no procedimento dos défices excessivos (PDE) de março um recuo para 2.7% em 2015.

Figura 9.3.1: Défice e dívida pública em Portugal (% do PIB)

4,8 4,5

2,1

5,9 6,6

3,0 2,7

129,7 130,2 129,7

133,3 130,8 132,2 130,2

80

90

100

110

120

130

140

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

2013

2014

4T 1

3

1T 1

4

2T 1

4

3T 1

4

4T 1

4

Défice público PT (PDE - anos; Contab. Nacional - trimestres) - esc. esq.

Dívida pública PT (PDE) - esc. dta.

Fonte: BdP e INE. Dados sem correção de sazonalidade

Queda dos rácios de

dívida bruta no PIB

das empresas e

particulares em 2014

contraria subida no

setor público (apesar

de melhoria no 4T)

Défice público

desce de 4.8% do

PIB em 2013 para

4.5% em 2014, 0.3

p.p. abaixo da meta

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

52

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

A estimativa do défice em 2014 é inferior à meta revista de 4.8% inscrita na proposta de

Orçamento do Estado para 2015. A redução face a 2013 traduziu o aumento mais forte da

receita (de 44.5% do PIB para 45.2%) do que da despesa (de 49.0% para 50.1%). Note-se

ainda que o défice de 2014 inclui cerca de 0.9% do PIB em medidas extraordinárias (com

destaque para o financiamento e a assunção de dívida da Carris e da STCP, no valor de 0.7%

do PIB), que tiveram pouca expressão em 2013, em termos líquidos.

No que se refere ao rácio da dívida pública no PIB, os dados mais recentes do Banco de

Portugal (incorporados no PDE de março) mostram um aumento de 129.7% do PIB no final de

2013 para 130.2% no final de 2014 (120.3% excluindo os depósitos da administração

central), mas com uma descida face ao máximo histórico de 133.3% registado no final de

março. Estes valores poderão vir a ser agravados caso os juros capitalizados (como é o caso

dos certificados de aforro) venham a ser incluídos na dívida pública, possibilidade que está a ser

estudada pelo Eurostat, segundo refere o PDE.

Na ótica da Contabilidade Pública, a execução orçamental em 2014 mostrou uma

redução anual de 12.5% do défice das administrações públicas, para 7074 M€, correspondendo

a um crescimento mais forte da receita (2.5%, com variações de 1.5% na receita fiscal, 5.6%

na receita contributiva e -8.9% na receita de capital) do que da despesa (0.9%, com variações

de 3.6% na despesa de capital e 0.7% na despesa corrente, incluindo 5.0% nos juros, 1.0% no

pessoal, -3.9% nas aquisições de bens e serviços, 0.1% nas transferências correntes e 4.1%

nos subsídios). De acordo com a UTAO, “tendo como referência o OE/2014, o défice público

ficou abaixo do previsto com os contributos da outra despesa corrente, da despesa de

investimento e da receita de impostos” […] Em sentido contrário, a execução de algumas

componentes de despesa ficou acima do orçamentado, nomeadamente despesas com pessoal e

aquisição de bens e serviços, o que atenuou parcialmente a melhoria do saldo. Saliente-se que

o OE/2014 tinha prevista uma redução remuneratória que veio a ser declarada inconstitucional

em maio e parcialmente reposta em setembro, tendo a decisão do Tribunal Constitucional

contribuído, em parte, para o desvio verificado ao nível das despesas com pessoal”.

Já em 2015, a síntese de execução orçamental de janeiro a fevereiro (valores da DGO

em contabilidade pública), mostram um défice de 970.2 M€ no subsetor Estado,

correspondendo a um agravamento de 68.1% em termos homólogos, em resultado de um

aumento da receita (1.0%) inferior ao da despesa (6.2%), com desvios desfavoráveis face às

variações previstas no OE 15 para o conjunto do ano. Note-se, contudo, que a informação

relativa a apenas dois meses é claramente insuficiente para estabelecer tendências, sendo

facilmente afetadas por fatores pontuais e diferenças de perfil temporal de execução.

Rácio da dívida

pública em 130.2%

PIB no fim de 2014,

acima do final de

2013 mas abaixo do

máximo de março

Receita sobe mais

do que despesa em

% do PIB

Défice do subsetor

Estado agrava-se

nos dois primeiros

meses de 2015

1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA

53

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA

Quadro 9.3.1: Execução orçamental do subsetor Estado (contabilidade pública)

Jan-Fev 15 Execução

(M€) Grau de

execução (%) Tvh (%)

Contributo (p.p.)

Tvh implícita ao OE (%)

Receita 6 941.2 16.1 1.0 2.9

Receita fiscal 6 365.0 16.3 2.1 1.9 5.1

Impostos diretos 2 394.9 13.2 -1.8 -0.6 3.7

IRS 2 223.0 16.9 -2.2 -0.7 2.4

IRC 147.2 3.1 -10.9 -0.3 4.0

Outros 24.7 7.3 2 045.4 0.3 103.5

Impostos indiretos, dos quais: 3 970.1 19.1 4.6 2.6 6.4

ISP 367.2 15.9 7.5 0.4 9.8

IVA 3 118.0 21.5 7.8 3.3 4.6

ISV 83.7 15.0 25.9 0.3 20.6

Imposto sobre o tabaco

97.0 6.4 -44.6 -1.1 7.6

Imposto de selo

219.0 15.8 -6.8 -0.2 9.7

Contribuições sociais 49.0 7.9 -56.4 -0.9 -13.9

Receita não fiscal 527.1 14.9 0.1 0.0 -14.2

Despesa 7 911.4 16.1 6.2 -3.2

Despesa corrente: 7 701.0 16.1 6.5 6.4 -0.2

Despesas com pessoal 1 400.8 16.5 1.5 0.3 -9.7

Aquisições de bens e serviços 158.1 9.7 36.0 0.6 9.3

Juros 1 064.2 14.3 53.9 5.0 4.9

Transferências correntes 5 004.1 17.3 0.7 0.5 0.5

Subsídios 16.0 10.5 113.0 0.1 -32.3

Outras despesas correntes 57.8 5.3 24.5 0.2 32.6

Despesa de capital 210.4 14.6 -5.1 -0.2 -3.2

Saldo -970.2 16.1 68.1 -3.2

Fonte: DGO e cálculos próprios. OE= Orçamento de Estado. Grau de execução =100*Execução/ OE 15.

Na receita, o aumento da receita fiscal (2.1%, com a descida de 2.2% no IRS e de 10.9% no

IRC a ser contrariada pelos aumentos de 7.8% no IVA, 7.5% no ISP e 25.9% no ISV) mais do

que compensou a queda das contribuições sociais (56.4%), tendo a receita não fiscal

registado uma variação homóloga pouco significativa.

Os maiores contributos para o aumento da despesa pertenceram às rubricas de juros (5.0

p.p.), aquisição de bens e serviços (0.6 p.p.), transferências corrente (0.5 p.p.) e

despesas com pessoal (0.3 p.p.).

Aumento dos

impostos indiretos

(7.8% no IVA)

contraria queda nos

diretos; juros

justificam boa parte

do aumento da

despesa