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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
ANÁLISE DE CONJUNTURA 1º TRIMESTRE 2015
EDIÇÃO ELETRÓNICA
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Índice de Assuntos
EDITORIAL ........................................................................................................................ 4
1. ENQUADRAMENTO ....................................................................................................... 6
1.1 Enquadramento internacional .......................................................................................... 6
1.2 Enquadramento nacional ................................................................................................ 8
2. ATIVIDADE ECONÓMICA GLOBAL ............................................................................. 10
2.1 Evolução recente do PIB e de outros indicadores de atividade ......................................... 10
2.2 Projeções macroeconómicas nacionais e internacionais ................................................... 16
2.3 Constituições, dissoluções e insolvências de empresas .................................................... 22
2.3.1 Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas.............................................. 22
2.3.2 Insolvências de empresas .......................................................................................... 23
3. INTERNACIONALIZAÇÃO ........................................................................................... 24
3.1 Comércio internacional ................................................................................................. 24
3.1.1 Comércio internacional de bens .................................................................................. 24
3.1.2 Comércio internacional de serviços ............................................................................. 31
3.1.3 Balança de bens e serviços ......................................................................................... 33
3.1.4 Termos de troca de bens e de serviços ....................................................................... 33
3.2 Investimento direto ...................................................................................................... 34
4. FINANCIAMENTO ....................................................................................................... 35
4.1 Taxas de juro ............................................................................................................... 35
4.2 Crédito bancário ........................................................................................................... 37
4.3 Mercado de capitais ...................................................................................................... 39
5. MERCADO DE TRABALHO ........................................................................................... 41
6. CUSTOS DAS MATÉRIAS-PRIMAS ............................................................................. 43
7. CUSTOS DA ENERGIA ................................................................................................. 44
7.1 Eletricidade .................................................................................................................. 44
7.2 Gás natural .................................................................................................................. 45
7.3 Combustíveis ................................................................................................................ 45
8. COMPETITIVIDADE PELOS PREÇOS E PELOS CUSTOS LABORAIS ........................................... 47
8.1 Competitividade pelos preços: câmbios e inflação ........................................................... 47
8.2 Competitividade pelos custos laborais ............................................................................ 49
9. AJUSTAMENTO DA ECONOMIA PORTUGUESA .......................................................... 50
9.1 Equilíbrio externo ......................................................................................................... 50
9.2 Endividamento ............................................................................................................. 51
9.3 Contas públicas ............................................................................................................ 51
FICHA TÉCNICA
Propriedade
CIP - Confederação
Empresarial
de Portugal
Praça das Indústrias
1300-307 LISBOA
Diretor
João Costa Pinto
Edição
CIP - Departamento de
Assuntos Económicos
Coordenação Pedro Capucho
Redação
Rui Madaleno
Lurdes Fonseca
Nuno Torres
Sede de Redação
CIP - Confederação
Empresarial
de Portugal
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1300-307 LISBOA
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Periodicidade
Trimestral
ISSN
2183-198X
Registo na ERC 117830
É autorizada a
reprodução dos
trabalhos publicados,
desde que citada a
fonte e informada
a direção da revista.
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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
EDITORIAL
1. Este segundo número da Publicação – Envolvente Empresarial: Análise de Conjuntura –
refere-se a um período – 1.º trimestre de 2015 – em que se verificaram acontecimentos
com implicações muito complexas, tanto sobre a economia da Área Euro, como, em
particular, sobre as Economias Periféricas mais frágeis, como é o nosso caso.
O BCE lançou finalmente o seu Programa de Compra de Ativos – Quantitative Easing (QE)
– com que se propõe combater as pressões que ameaçam enraizar nas Economias do Euro
um clima deflacionista. O resultado mais imediato foi o de forçar uma baixa generalizada
das taxas de juro para níveis históricos, ao mesmo tempo que impulsionou um movimento
de depreciação cambial do Euro.
Por outro lado, a acentuada queda do preço do barril de petróleo foi apenas em parte
absorvida pela queda do Euro, o que contribuiu para impulsionar a frágil recuperação
económica da Área Euro, que continua a debater-se com uma Procura Interna débil.
Mas, para além disso, outro acontecimento está a marcar a situação da Europa do Euro. A
crise da Grécia, que se acentuou depois do início de funções do novo Governo grego,
claramente paralisado entre as exigências de reformas estruturais feitas pelos credores
oficiais e as expectativas criadas na Sociedade grega, exausta e descrente, depois de cinco
anos de austeridade.
2. É neste contexto de complexidade crescente que deve ser avaliada a situação da nossa
Economia. Como se mostra no ponto 2 desta Publicação, 2014 foi um ano de viragem, em
que a Economia cresceu próximo de 1%, depois de ter recuado mais de 7% nos três anos
anteriores.
No quarto trimestre, o comportamento reflete um menor contributo da Procura Interna,
articulado com uma evolução mais favorável das exportações líquidas, em linha com uma
reorientação mais favorável do nosso modelo de crescimento.
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No entanto, o elemento menos favorável da evolução recente da nossa Economia continua
a ser o Investimento, com uma desaceleração acentuada da Formação Bruta de Capital em
equipamento que não de transporte. Variável crítica de que depende a capacidade
produtiva, o crescimento e a absorção de desemprego.
Esta evolução confirma o interesse em lançar programas dirigidos à diversificação das
fontes e dos instrumentos de financiamento das PME’s, como a CIP e as Associações
Empresariais têm vindo persistentemente a reclamar. De outro modo, a generalidade das
PME’s portuguesas corre o risco de ficar à margem do atual movimento de queda das
taxas de juro nos mercados, com implicações muito desfavoráveis sobre o relançamento
da atividade económica e, a prazo, sobre a taxa de crescimento potencial.
João Costa Pinto
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1. ENQUADRAMENTO
1.1 Enquadramento internacional
No dia 1 de janeiro, a Área do Euro alargou-se a 19 membros com a entrada da Lituânia.
No dia 13 de janeiro, a Comissão Europeia apresentou novas orientações mais flexíveis
sobre a aplicação das atuais regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC),
com vista a reforçar a ligação entre as reformas estruturais, o investimento e a
responsabilidade orçamental em benefício do emprego e do crescimento:
(A) No âmbito do investimento: A1) A não consideração das contribuições nacionais para
o Fundo Europeu para o Investimento Estratégico1 tanto na componente preventiva do
PEC como na corretiva; A2) Na componente preventiva são permitidos desvios temporários à
trajetória para o Objetivo de Médio Prazo do saldo estrutural (OMP) para acomodar aumentos
efetivos do investimento cofinanciado, desde que o crescimento real do PIB seja negativo
ou esteja abaixo do potencial, o desvio não leve a um défice excessivo com uma margem de
segurança e seja compensado no horizonte do Programa de Estabilidade;
(B) No âmbito das reformas estruturais: B1) Na componente preventiva serão permitidos
desvios temporários à trajetória para o OMP no caso de reformas estruturais alargadas,
com impacto direto verificável na melhoria da posição orçamental de longo prazo, incluindo a
subida do crescimento potencial, após avaliação e validação pela Comissão do plano detalhado;
B2) Na componente corretiva, a Comissão terá em conta a existência de um plano de reformas
estruturais dedicado, verificável e com um calendário credível, aquando da recomendação do
prazo para a correção de um défice excessivo ou uma eventual extensão do mesmo;
(C) No âmbito da modulação em função do ciclo económico: C1) Na componente
preventiva será aplicada uma matriz (Anexo 2 do documento) especificando o ajustamento
orçamental requerido em cada situação, considerando cinco intervalos para o output
gap cruzados com dois níveis de sustentabilidade da dívida2, sendo aplicáveis valores
menos exigentes com taxas de crescimento abaixo do potencial3; C2) Na componente corretiva,
a Comissão continuará a aferir a ação necessária em função do ajustamento do saldo
orçamental estrutural excluindo desenvolvimentos fora do controlo dos governos;
(D) As provisões do PEC no caso de uma recessão severa na Área Euro ou na UE (menor
ritmo de consolidação para todos os Estados-membros) serão usadas quando necessário.
1 No mesmo dia, a Comissão apresentou uma Proposta de Regulamento para o Fundo Europeu para o
Investimento Estratégico, criado em dezembro pelo Conselho Europeu. 2 Abaixo de 60% do PIB ou sem riscos de sustentabilidade; acima de 60% do PIB ou com risco de sustentabilidade. 3 Não é requerido qualquer ajustamento se o output gap for inferior a -4% ou a variação real do PIB for negativa,
independentemente da sustentabilidade da dívida, ou ainda, no caso de ela ser sustentável, se o output gap for inferior
a -3% ou apenas inferior a -1.5% desde que o crescimento esteja abaixo do potencial.
Comissão anuncia
interpretação mais
flexível do PEC
para potenciar o
emprego e o
crescimento
Área Euro a 19
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No dia 8 de janeiro, a Comissão Europeia publicou as propostas do articulado da Parceria
Transatlântica de Comércio e Investimento entre a UE e os EUA (TTIP).
No dia 22 de janeiro, o BCE manteve as suas taxas diretoras em mínimos, eliminou o spread
das operações de refinanciamento de longo prazo para reforço do crédito e anunciou um
programa de compra de ativos em larga escala4, com vista a combater os “riscos de um
período demasiado prolongado de baixa inflação” (com expectativas de inflação em mínimos) e,
assim, cumprir o seu mandato de defesa da estabilidade de preços na Área do Euro “em total
concordância com os tratados europeus”. Além da compra de instrumentos emitidos pelo
setor privado, iniciada no final de 2014, o programa passa a incluir a aquisição de dívida em
euros emitida pelo setor público5 (Governos, agências públicas e instituições europeias) na
proporção da chave de capital de cada país no BCE, mas com limites de 25% por emissão e
33% da dívida de cada emitente6. No caso de Portugal7, estas restrições devem permitir a
compra de apenas 16 a 17 mil milhões de dívida, segundo a Presidente do IGCP.
No que se refere ao impacto esperado do programa, o Presidente do BCE salientou que a
política monetária apenas pode criar as bases para o crescimento económico, e que a retoma
da confiança e do investimento requer que os governos prossigam as reformas estruturais e
uma consolidação orçamental amiga do crescimento, aproveitando a flexibilidade das regras
europeias. Alguns analistas apontam que, no final do programa, as compras de dívida soberana
representarão, no mínimo, 9.5% da dívida pública da Área Euro (900 mil milhões de euros),
face a 15% nos EUA e 25% no Japão, enquanto o balanço alargado de 3 biliões de euros
corresponderá a 29% do PIB da Área Euro, face a 27% do PIB nos EUA e 60% no Japão.
A decisão do BCE foi bem recebida nos mercados, levando à valorização das bolsas, à descida
das taxas Euribor e das yields soberanas, e à depreciação do euro, o que se traduz numa
forte melhoria das perspetivas da Área Euro. A depreciação do euro foi acentuada, a partir do
final de janeiro, pela eleição de um novo Governo na Grécia (liderado pelo partido Syriza),
que solicitou a renegociação do programa de ajuda, suscitando riscos de saída da Área do Euro.
No dia 18 de fevereiro, a Comissão Europeia lançou uma consulta (Livro Verde) sobre a União
dos Mercados de Capitais, para desbloquear o financiamento não bancário às empresas.
No dia 18 de março, a Reserva Federal manteve as taxas diretoras e sinalizou não ter pressa
na normalização da política monetária, embora tenha deixado de usar a palavra “paciência”.
O Conselho Europeu de 20 de março saudou o acordo entre a França, Portugal, Espanha,
a Comissão e o BEI para reforçar as interligações energéticas da Península Ibérica.
4 Com uma meta de 60 mil milhões de euros por mês, desde março de 2015 até, pelo menos, setembro de 2016, num
total de mais de um bilião de euros, aumentando em cerca de 50% o balanço do BCE, para perto de 3 biliões de euros. 5 Com maturidades entre 2 e 30 anos e critérios de elegibilidade mínimos (adaptados nos países sob programa). 6 As aquisições de títulos de instituições europeias (12% do total, a realizar pelos bancos centrais nacionais, BCN)
estarão sujeitas a partilha de perdas, o que não acontecerá com as restantes aquisições a realizar pelos BCN. Como o
BCE deterá 8% das aquisições adicionais, conclui-se que 20% do risco é partilhado e 80% recai sobre os BCN. 7 A chave nacional relevante é 2.4767% do capital do BCE subscrito por países da Área Euro.
BCE anuncia plano
alargado de
compra de ativos,
com impacto
imediato nos
mercados, que
melhora as
perspetivas
europeias
Receios sobre a
Grécia acentuam
queda do euro
Fed sem pressa na
normalização da
política monetária
Acordo para reforçar
interligações de
energia a PT e ES
Consulta à União de
Mercados de
Capitais
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1.2 Enquadramento nacional
Seleção de leis e medidas (período de 24-12-14 a 26-3-15)
1. Contas públicas, fiscalidade, procedimentos administrativos, privatizações
A Lei n.º 82-B/2014, de 31/12, aprova o Orçamento do Estado para 2015; a Lei n.º 82-
C/2014, de 31/12, altera o Código do IRC; a Lei n.º 82-E/2014, de 31/12, aprova a Reforma
do IRS; o Decreto-Lei (DL) n.º 4/2015, de 7/01, aprova o novo Código do Procedimento
Administrativo; o DL n.º 181-A/2014, de 24/12, aprova o processo de reprivatização
indireta da TAP; o Conselho de Ministros de 26 de março aprova os processos de
privatização da CP Carga e da EMEF.
2. Investimento e financiamento
2.1 No âmbito do Portugal 2020 (ligação para as candidaturas abertas) foram publicadas
as Regras gerais dos sistemas de incentivos às empresas no continente (Decreto-Lei
n.º 6/2015, de 8/01, estabelece) e os vários Regulamentos específicos.
2.2 Outras medidas: o DL n.º 191/2014, de 31/12, estabelece um Regime Especial
Contratual de Investimento para grandes projetos enquadráveis no âmbito da AICEP; o DL
n.º 7/2015, de 13/01, procede à reforma do regime de tributação dos OIC (organismos de
investimento coletivo); o DL n.º 26/2015, de 6/02, promove o enquadramento para a
reestruturação e revitalização de empresas, o financiamento de longo prazo da
atividade produtiva e a emissão de instrumentos híbridos de capitalização; a Lei n.º
16/2015, de 24/02, revê o regime jurídico dos OIC, o Regime Geral das Instituições de
Crédito e Sociedades Financeiras e o Código dos Valores Mobiliários; a Lei n.º 18/2015, de
4/03, aprova o Regime Jurídico do Capital de Risco, do Empreendedorismo Social e do
Investimento Especializado; no dia 18 de fevereiro, o Governo lançou a plataforma
online Parcerias para o Desenvolvimento com informação sobre fundos disponíveis
para projetos em economias em desenvolvimento; no dia 17 de março, o Governo
assinou um protocolo com a Corporação Financeira Internacional, do Banco Mundial,
para apoiar o financiamento de investimentos em mercados emergentes; no dia 18 foram
assinados os protocolos para operacionalizar a Linha PME Crescimento 2015 (1.4 mil M€)
e a Linha de Apoio à Revitalização Industrial (50 M€), com início em abril.
3. Mercado de trabalho
O Conselho de Ministros de 31 de dezembro de 2014 aprovou o regime de acesso e
exercício de profissões e atividades profissionais; a Portaria n.º 26/2015, de 10/02,
estabelece a Medida Incentivo à Aceitação de Ofertas de Emprego; a Resolução do
Conselho de Ministros (RCM) n.º 11-A/2015, de 6/03, promove a participação de mulheres
Lei do OE 15;
alterações ao IRS,
IRC e Código Adm.vo;
privatização da TAP,
CP Carga e EMEF
Regulamentos geral
e específicos do
Portugal 2020
Várias outras
medidas com
impacto no
financiamento do
investimento,
incluindo uma nova
Linha PME
crescimento
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nos órgãos de decisão das empresas e uma maior igualdade salarial; a Portaria n.º
84/2015, de 20/03, cria a medida de Promoção de Igualdade de Género; a Portaria n.º
85/2015, de 20/03, cria a medida de Apoio à Mobilidade Geográfica; a Portaria n.º
86/2015, de 20/03, cria a medida REATIVAR, de apoio a estágios; a RCM n.º 12-B/2015, de
20/03, aprova o Plano Estratégico para as Migrações (2015-2020).
4. Economia Verde e Ambiente
A Lei n.º 82-D/2014, de 31/12, aprova a Reforma da Fiscalidade Verde (posteriormente
retificada pela Declaração de Retificação n.º 6/2015, de 27/02); o Conselho de Ministros de 8
de janeiro alarga o âmbito de atuação da Agência para a Energia (Adene), preconizando
uma abordagem integrada das políticas de energia e clima; o Conselho de Ministros de 29 de
janeiro aprova a alteração do Sistema da Indústria Responsável (SIR) e o regime
jurídico do Licenciamento Único Ambiental (LUA), que poderão ter efeitos relevantes em
termos de simplificação, celeridade e a diminuição de custos para as empresas; a RCM n.º 6-
B/2015, de 4/02, aprova a Estratégia Nacional para as Florestas; a RCM n.º 11-C/2015, de
16/03, aprova o Plano Nacional de Gestão de Resíduos para o horizonte 2014-2020.
5. Energia
O conselho de Ministros de 29 de janeiro alargou a incidência da Contribuição Extraordinária
sobre o Sector Energético (CESE) aos contratos de longo prazo de aprovisionamento de gás
natural, estimando que a receita obtida possa permitir baixar entre 3% e 5% o preço do gás
natural aos consumidores e empresas, reconhecido como elevado a nível europeu.
Outros destaques de enquadramento (período de 24-12-14 a 26-3-15)
No dia 16 de janeiro, o primeiro-ministro alertou que Portugal só poderá beneficiar das regras
europeias de flexibilização do défice quando deixar de estar em défice excessivo.
No dia 16 de fevereiro, os ministros das Finanças da Área Euro aceitaram o reembolso
antecipado de parte do empréstimo do FMI solicitado por Portugal.
No dia 26 de fevereiro, a Comissão Europeia recolocou Portugal no grupo de países com
desequilíbrios macroeconómicos excessivos, no âmbito do semestre europeu. As
recomendações no Relatório sobre Portugal, nomeadamente sobre reformas estruturais,
deverão ser tidas em conta no Programa Nacional de Reformas e no Programa de Estabilidade.
No dia 20 de março, a agência de notação Standard & Poor’s manteve o rating de Portugal,
mas melhorou a perspetiva de “estável” para “positiva”, apontando para uma subida próxima.
Novo regime de
acesso a profissões;
Promoção da
aceitação de ofertas
de emprego,
igualdade de género
e mobilidade geog.
Publicada a
Reforma da
Fiscalidade Verde e
aprovada
simplificação no
domínio do
licenciamento
ambiental
Alargamento da
CESE para baixar
preço do gás
natural
Reembolso
antecipado de parte
do empréstimo do
FMI a Portugal
S&P melhora
perspetiva do
rating de Portugal
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2. ATIVIDADE ECONÓMICA GLOBAL
2.1 Evolução recente do PIB e de outros indicadores de atividade
Segundo dados revistos do INE (devido à divulgação dos dados definitivos de 2012), o PIB
registou um abrandamento em termos homólogos no quarto trimestre de 2014 (variação
real de 0.7%, após 1.2% no trimestre anterior), não obstante uma melhoria do andamento em
cadeia (de uma variação de 0.2% para 0.5%, valores corrigidos de sazonalidade).
Quadro 2.1.1: PIB e componentes de despesa
2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14
PIB
Tvcr (%) -1.6 0.9 -0.5 0.5 0.2 0.5
Tvhr (%) -1.6 0.9 0.9 0.9 1.2 0.7
Componentes de despesa (tvhr, %)
Despesas de Consumo Final -1.7 1.5 1.6 1.3 2.1 1.1
Consumo Privado, do qual: -1.5 2.1 2.1 1.7 2.7 1.9
Bens alimentares 0.7 0.4 0.8 0.3 0.1 0.2
Bens duradouros 1.9 14.9 17.9 12.2 16.7 13.1
Bens correntes não alim., serviços -2.4 1.3 1.0 1.1 2.0 1.2
Consumo Público -2.4 -0.3 -0.2 0.1 0.4 -1.4
FBC, da qual: -6.7 5.2 12.0 3.2 2.8 3.1
FBCF -6.7 2.5 0.0 3.7 4.1 2.4
Recursos biológicos cultivados -4.9 -1.6 -3.0 -1.9 -1.0 -0.5
Outras máq. e eq., sist. armamento 4.0 14.8 13.1 17.8 19.8 9.0
Eq. de transporte 24.8 21.9 20.2 17.2 27.1 23.3
Construção -14.7 -4.3 -7.4 -2.6 -4.2 -2.8
Produtos de propriedade intelectual -1.8 0.2 -0.2 0.1 0.3 0.6
Exportações 6.4 3.4 3.3 2.0 2.9 5.3
Bens 6.0 3.6 2.5 2.1 3.1 6.7
Serviços 7.6 2.7 5.6 1.8 2.4 1.3
Importações 3.9 6.4 9.1 3.9 5.4 7.1
Bens 4.2 6.3 9.9 4.1 5.0 6.4
Serviços 2.1 6.8 4.3 2.7 8.3 11.6
Contributos para a tvhr do PIB (p.p.)
Procura Interna -2.5 2.1 3.1 1.6 2.2 1.4
Procura Externa Líquida 0.9 -1.2 -2.2 -0.7 -1.0 -0.7
Fonte: INE, Contas nacionais (base 2011, SEC 2010). Tvc(h)r = taxa de variação em cadeia (homóloga) real;
p.p.=pontos percentuais; FBC(F)=Formação Bruta de Capital (Fixo).
A desaceleração homóloga do PIB traduziu o menor contributo positivo da procura interna
(1.4 p.p., após 2.2 p.p. no terceiro trimestre) e foi atenuada pelo contributo menos negativo
das exportações líquidas (-0.7 p.p.), face à aceleração mais forte das exportações (de
2.9% para 5.3%, com origem nos bens) do que das importações (de 5.4% para 7.1%).
Procura interna
menos positiva e
externa menos
negativa com
aceleração das
exportações
PIB abranda no 4T
em termos
homólogos apesar
de melhoria da
evolução em cadeia
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O menor dinamismo da procura interna traduziu o abrandamento do consumo privado (de
uma variação homóloga real de 2.7% para 1.9%), a quebra do consumo público (-1.4%) e a
redução do crescimento da FBCF (de 4.1% para 2.4%), sobretudo nas outras máquinas e
equipamento (de 19.8% para 9.0%). O valor menos negativo da variação de existências
melhorou o andamento da FBC e impediu um pior desempenho da procura interna.
O ano de 2014 ficou marcado pela saída da recessão, com o PIB a recuperar 0.9% após três
anos consecutivos de contração (estimativa provisória de -1.6% em 2013 e valores finais de
-4.0% em 2012 e -1.8% em 2011), traduzindo um contributo positivo da procura interna (2.1
p.p., após -2.5 p.p. em 2013) e negativo da procura externa líquida (-1.2 p.p., após 0.9 p.p.
no ano anterior), numa inversão da tendência observada entre 2011 e 2013.
Ao nível da procura interna, as despesas de consumo final recuperaram 1.5% (2.1% no
consumo privado, incluindo 14.9% nos bens duradouros, e -0.3% no consumo público) e a
FBCF 2.5% (impulsionada pelas subidas de 21.9% no equipamento de transporte e 14.8% nas
outras máquinas e equipamento, e ajudada pela redução da queda na construção para -4.3%),
após variações de -1.7% e -6.7% em 2013, respetivamente. Faz-se notar que a forte
progressão do consumo de bens duradouros (com elevado conteúdo importado) traduzirá,
em parte, o adiamento de despesas durante a fase mais aguda do processo de ajustamento.
A quebra no contributo da procura externa líquida decorreu da aceleração das importações
(de 3.9% para 6.4%) e do abrandamento das exportações de bens e serviços (de 6.4% para
3.4%), cuja evolução foi penalizada por fatores extraordinários, em particular pela paragem
programada e temporária da refinaria de Sines, para manutenção, no início do ano.
É, por isso, de sublinhar que os dados do comércio internacional de mercadorias (secção 3.1.1)
mostram uma aceleração das exportações de bens excluindo a componente de combustíveis.
Figura 2.1.1: Intensidade exportadora (total, bens e serviços)
39,6 39,9 39,8 38,8 39,7 40,1 41,1
29,0 29,1 29,0 28,3 28,9 29,2 30,1
10,5 10,8 10,8 10,5 10,8 10,9 11,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
2013 2014 4T 13 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14
Exportações totais (% do PIB a preços correntes)
Exportações de bens (% do PIB a preços correntes)
Exportações de serviços (% do PIB a preços correntes) Fonte: INE
2014 Marca saída
da recessão, com
retoma do
consumo privado
(em particular de
bens duradouros)
e da FBCF.
O ano 2014 assinala,
porém, um
contributo negativo
da procura externa
líquida, com a
aceleração das
importações e o
abrandamento das
exportações
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
12
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Salienta-se também uma nova subida do peso das exportações no PIB para 41.1% no
quarto trimestre (30.1% nos bens e 11.0% nos serviços) e 39.9% no cômputo de 2014
(29.0% e 10.5%), valores que traduzem máximos de várias décadas neste indicador, após uma
subida rápida nos últimos anos. A subida do valor anual (0.3 p.p., face a 39.6% em 2013) foi
apenas ligeira devido aos efeitos extraordinários que afetaram as exportações.
Quadro 2.1.2: VAB por ramos
2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14
VAB total e por ramos (tvhr, %)* -1.2 0.6 0.6 0.8 0.8 0.1
Agricultura, Silvicultura e Pesca 2.0 1.4 1.9 1.5 1.2 0.9
Indústria 0.9 1.1 2.0 2.1 1.6 -1.3
Energia, Águas e Saneamento -1.7 -0.8 -1.3 -0.7 0.0 -1.1
Construção -13.1 -3.5 -6.7 -2.2 -3.3 -1.9
Comércio e rep. aut, Aloj. e Restauração 0.5 2.5 2.2 2.2 3.1 2.4
Transp. e armaz., Inf. e comunicação -1.3 -0.4 0.3 -0.2 -1.3 -0.4
Ativ. Financeira, Seguradora e Imobiliária -1.8 -2.3 -1.3 -2.4 -3.0 -2.4
Outros Serviços -1.2 1.6 1.2 2.0 2.3 1.0
INE, Contas nacionais (base 2011, SEC 2010). Tvhr=taxa de variação homóloga real; VAB=Valor Acrescentado Bruto.
*VAB a preços base sem impostos líquidos de subsídios.
Retomando a análise dos dados das contas nacionais no quarto trimestre, agora no que diz
respeito à variação homóloga em volume do VAB (sem impostos líquidos de subsídios), que se
reduziu de 0.8% para 0.1%, os dados mostram que o Comércio e reparação automóvel,
Alojamento e Restauração continuou a ser o ramo com maior crescimento (2.4%), seguindo-se
a categoria Outros Serviços (1.0%) e a Agricultura, Silvicultura e Pesca (0.9%), nos três casos
em abrandamento face ao terceiro trimestre. Todos os restantes ramos evidenciaram variações
negativas, embora com andamentos distintos. Enquanto os ramos da Indústria e da Energia,
Águas e Saneamento entraram em quebra (-1.3% e -1.1%, respetivamente), nos restantes
casos observou-se um comportamento menos negativo, com o desagravamento mais forte a
ocorrer na Construção (de -3.3% para -1.9%), que deixou de registar a queda mais elevada por
troca com a Atividade Financeira, Seguradora e Imobiliária (-2.4%).
No cômputo de 2014, o VAB (sem impostos líquidos de subsídios) cresceu 0.6%, após -1.2%
em 2013, com destaque para a aceleração no Comércio e reparação automóvel, Alojamento e
Restauração (de 0.5% para 2.5%) e na Indústria (de 0.9% para 1.1%), a recuperação nos
Outros Serviços (de -1.2% para 1.6%) e o forte desagravamento na construção (de -13.1%
para -3.5%). Realça-se ainda o crescimento, ainda que a menor ritmo, do VAB da Agricultura,
Silvicultura e Pesca (de 2.0% para 1.4%). Nos restantes casos observaram-se perdas ligeiras
sem grandes diferenças face ao comportamento observado em 2013.
Peso das
exportações no PIB
sobe para 41.1%
no 4T, um máximo
de várias décadas
No 4T, Comércio e
rep. aut., Aloj. e
Restauração regista
o maior crescimento
do VAB, apesar de
abrandamento;
Indústria e Energia,
Águas e Saneamento
em quebra, e
Construção em
desagravamento
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
13
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Figura 2.1.2: PIB e Indicador Coincidente para a evolução homóloga tendencial de atividade
do Banco de Portugal (tvhr, %)
Relativamente a indicadores mensais de atividade, os dados revistos do indicador
coincidente para a evolução homóloga tendencial de atividade do BdP mostraram um
valor positivo em fevereiro (0.4%), pela primeira vez em seis meses. O indicador
coincidente para a evolução homóloga tendencial do consumo privado, também
divulgado pelo BdP, desceu pelo sétimo mês consecutivo em fevereiro, mas manteve um valor
positivo (1.2%)8. Quanto ao indicador de FBCF do INE, os dados disponíveis mostram uma
aceleração em janeiro deste ano (para uma tvh de 1.3%), beneficiando do maior aumento nas
outras máquinas e equipamento (2.6%; já em fevereiro, a tvh desceu ligeiramente, situando-se
em 2.5%) e de um novo desagravamento na construção (para -2.0%). Apesar de uma
desaceleração, a componente de equipamento automóvel continuou a exibir um dinamismo
assinalável (tvh de 22.5%, após 26.7% em dezembro). Estes dados favoráveis do investimento,
embora representem apenas um mês, contrastam com a revisão em baixa das perspetivas de
investimento empresarial (também divulgadas pelo INE), analisadas em detalhe mais abaixo.
Quanto a indicadores avançados, merece destaque a recuperação do Indicador de Clima
do INE (calculado a partir do inquérito do INE às empresas e consumidores sem correção de
sazonalidade) em janeiro deste ano e a manutenção do valor em fevereiro, invertendo-se a
tendência descendente registada desde agosto do ano passado. Os novos dados apontam para
alguma retoma do ritmo de crescimento da atividade nos próximos meses. Nos indicadores
de confiança, apenas o relativo aos Serviços diminuiu em janeiro e fevereiro, tendo a subida
mais forte ocorrido no Indicador da Construção e Obras públicas, seguido pelos indicadores
de confiança dos Consumidores, da Indústria Transformadora e do Comércio.
8 O Banco de Portugal salienta que estes indicadores mensais tendenciais não têm, por definição, uma componente
irregular, pelo que apresentam um perfil alisado e, portanto, não se destinam a captar em cada momento do tempo a
evolução da taxa de variação homóloga da respetiva variável de referência (PIB e consumo privado, respetivamente).
-1,6
0,9 0,9 0,9
1,2
0,7
-0,8
0,4
1,2
0,9
0,1
-0,6
-0,1
0,4
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 jan-15 fev-15
PIB Ind. coincidente tendencial de atividade económica do BdP (%) Fontes: INE; BdP
Indicador avançado
do INE sugere maior
dinamismo da
atividade nos
próximos meses
Indicador
coincidente
tendencial de
atividade do BdP
retoma um valor
positivo em
fevereiro;
indicador de
consumo privado
mostra
abrandamento
Aceleração da
FBCF em janeiro
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
14
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Figura 2.1.3: Indicador de Clima Económico (tvh; média móvel de 3 meses, mm3) e
Indicadores de Confiança, IC (saldo de respostas extremas, sre; mm3)
O Índice de Sentimento Económico da Comissão Europeia para Portugal (valores
efetivos corrigidos de sazonalidade) recuou para 101.9 pontos em fevereiro (102.4 pontos em
janeiro), tendo exibido uma tendência descendente, mas com um movimento algo irregular,
depois de um máximo de mais de seis anos em outubro. O valor de fevereiro é ainda superior à
média de longo prazo (100 pontos), mas passou a situar-se abaixo dos números da Área Euro
(102.1 pontos) e da UE (105.1 pontos).
Figura 2.1.4: Indicador de Sentimento Económico em Portugal, Área Euro e UE
(média 1990-2012=100, valores ajustados de sazonalidade)
Em termos de dados de conjuntura, salientamos ainda a deterioração das perspetivas de
investimento no inquérito semestral de conjuntura ao investimento do INE divulgado
em janeiro (período de inquirição entre 1 de outubro de 2014 e 19 de janeiro de 2015). O
inquérito aponta para o regresso da queda do investimento empresarial em 2015
(variação nominal prevista de -2.2%), após uma recuperação de 1.0% em 2014 (revista de
-0,5
-0,2
-0,1
0,2
0,4
0,6
0,7
0,6 0,6
0,4
0,2 0,3 0,3
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
Fev-14 Abr-14 Jun-14 Ago-14 Out-14 Dez-14 Fev-15
IC Consum. IC Ind. Transf.
IC Constr. e Obras Púb. IC Comércio
IC Serviços Indicador de clima ec. (esc. dta) Fonte: INE
101,9
70
75
80
85
90
95
100
105
110
Mar-14 Abr-14 Mai-14 Jun-14 Jul-14 Ago-14 Set-14 Out-14 Nov-14 Dez-14 Jan-15 Fev-15
Portugal Área Euro UE Média 1990-2012=100 Fonte: Comissão Europeia
Investimento
empresarial revisto
em baixa, mas
melhoria recente
das perspetivas
deverá inverter
essa evolução
Índice de
Sentimento
Económico de
Portugal recua
abaixo dos valores
da Área Euro e UE
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
15
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
2.4% no inquérito anterior, o que, segundo o INE, poderá resultar do adiamento ou
cancelamento de investimentos), que interrompeu uma série de seis anos consecutivos de
contração. Note-se, contudo, que a inquirição foi feita antes do BCE ter anunciado o seu
programa alargado de compra de ativos, que conduziu a uma melhoria significativa das
perspetivas económicas na Área Euro e em Portugal (conforme é referido na secção 2.2),
o que certamente não deixará de se refletir positivamente no próximo inquérito às
perspetivas de investimento, que será divulgado em julho.
Figura 2.1.5: Investimento empresarial (tvan, %)
Nos dados por setor, realça-se a forte revisão em baixa do investimento da indústria
transformadora (IT) em 2014 (tvan de -7.6%, que compara com -1.5% no anterior
inquérito), sendo esperado um desagravamento em 2015 (para -3.2%). Nas empresas
exportadoras, a queda em 2014 foi inferior à média da IT (-3.2%, valor revisto de 4.8% no
anterior inquérito) mas espera-se que se alargue um pouco no presente ano (para -5.1%). Não
obstante a evolução negativa do investimento na IT, este setor continua a deter, de forma
destacada, o maior peso neste indicador (26.2% em 2015).
Por escalão de pessoal ao serviço, verifica-se que a queda do investimento em 2015 tem
origem nos dois primeiros escalões (tvan de -18.4% até 50 trabalhadores e -2.3% entre 50 e
250 trabalhadores), relativos às PME, contrariando a subida nas grandes empresas (tvan de
10.9% no escalão de 250 a 500 trabalhadores e 3.1% no escalão de 500 e mais trabalhadores,
que deu o principal contributo para o crescimento do investimento em 2014).
O autofinanciamento continua a ser a principal fonte de financiamento para o
investimento (com um reforço do peso para 69.7% do total em 2015, após 69.1% em 2014),
seguida pelo recurso ao crédito bancário (que se atenua para 19.2%, face a 20.2% em 2014),
pelos fundos da UE (2.2% e 2.1%, uma melhoria apenas ligeira no ano em que se inicia o
24,0
6,0
-7,3
-11,8
-1,3
0,8 0,8
7,4
3,2 1,6
-0,1 -0,6
-5,9
-11,1
-0,1
0,7 1,5
14,7
-0,6
-18,5
-5,4
-15,8
-28,1
-4,0
1.0 (E)
-2.2 (P)
-30
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Fonte: INE; E= Estimativa provisória; P=Previsão; Tvan= taxa de variação anual nominal
Redução do peso do
crédito bancário no
financiamento do
investimento
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Portugal 2020), pelos empréstimos do Estado (0.6% e 1.0%) e pela categoria “outros” (8.3% e
7.7%), mantendo-se um valor virtualmente nulo na rubrica ações e obrigações.
No que se refere ao impacto do investimento em termos de criação de emprego, regista-se
uma melhoria do saldo de respostas extremas de 2014 para 2015, em resultado de um maior
número de empresas a indicar um aumento da contratação (13.3% do total de respostas) e um
menor número a esperar uma diminuição (8.6%).
2.2 Projeções macroeconómicas nacionais e internacionais
Projeções para Portugal
Quadro 2.2.1: Projeções económicas para Portugal
BdP FMI CE OCDE Governo
Mar-15 Mar-15 Fev-15 Nov-14 Out-14
2014 2015 2016 2017 2015 2016 2015 2016 2015 2014 2015
PIB (tvar, %) 0.9 1.7 1.9 2.0 1.6 1.5 1.6 1.7 1.3 1.0 1.5
Consumo privado 2.1 2.4 1.7 1.7 1.8 1.6 1.8 1.5 0.5 1.8 2.0
Consumo público -0.7 -0.5 0.2 0.0 -0.5 0.0 -0.3 0.2 -0.8 -0.6 -0.5
FBCF 2.3 4.0 4.4 5.3 2.8 2.6 2.9 3.1 2.9 1.5 2.0
Exportações 3.4 4.3 5.8 6.2 5.1 4.8 5.0 5.4 5.3 3.7 4.7
Importações 6.2 3.9 5.5 6.1 3.7 4.4 4.9 4.8 3.0 4.7 4.4
Contributos (p.p.)
Exportações Líquidas 0.6 0.8 1.1 1.2 0.5 0.1 0.1 0.3 0.9 -0.3 0.2
Procura Interna 0.3 1.0 0.8 0.8 1.0 1.4 1.5 1.4 0.4 1.4 1.3
Proc. externa relevante (tvar, %) 4.3 4.5 5.4 5.8 3.1 4.3
Emprego (tva, %) 0.2 0.6 0.7 0.7 1.4 1.0
Taxa de desemprego (%) 13.1 12.6 13.4 12.6 12.8 14.2 13.4
Inflação (tva do IHPC, %) -0.2 0.2 1.1 1.1 0.6 1.2 0.1 1.1 0.2 0.0 0.7
Bal. corrente e de capital (% PIB) 2.1 3.3 3.3 3.5 2.0 2.2 1.5 1.5
Balança corrente (% PIB) 1.1 0.6 0.4 0.6 0.4 0.3 0.3
Bal. de bens e serviços (% PIB) 1.1 2.7 2.6 2.5 1.3 1.5
Saldo orçamental (% PIB) -3.2 -2.7 -3.2 -2.8 -2.9 -4.8 -2.7
Dívida pública bruta (% PIB) 125.8 124.8 124.5 123.5 128.1 127.2 123.7
Fontes: Banco de Portugal, BdP, Projeções para a economia portuguesa: 2015-2017; Fundo Monetário internacional,
FMI, Portugal: Concluding Statement of the 2015 Article IV Mission; Comissão Europeia, CE, European Economy -
Winter 2015; OCDE, Economic Outlook - November 2014;; Governo, Relatório da Proposta do Orçamento do Estado
para 2015; Tva = taxa de variação anual; tvar= taxa de variação anual real; p.p.= pontos percentuais.
No dia 25 de março, a atualização das projeções macroeconómicas do Banco de Portugal
(BdP) deu conta de uma melhoria das perspetivas de crescimento do PIB nos próximos anos,
com valores de 1.7% em 2015 (+0.2 p.p. face às anteriores previsões, de dezembro), 1.9% em
Maior impacto do
investimento no
emprego em 2015
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
17
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
2016 (+0.3 p.p.) e 2.0% em 2017, que são os mais elevados até ao momento (ver quadro
acima). No final de 2017, o último ano do exercício de projeção, o nível do PIB deverá situar-se
próximo do registado antes do início da crise financeira internacional, segundo o BdP.
O BdP destaca a “recuperação gradual da atividade” a um “ritmo de crescimento próximo do
projetado para a área do euro”, tendo em conta o último exercício de projeção do BCE e as
principais hipóteses de enquadramento, que adotou, com destaque para os efeitos
favoráveis, sobretudo em 2015, do recente programa alargado de compra de ativos do BCE
(menores taxas de juro; depreciação do euro) e da queda do preço do petróleo em euros.9
Os parágrafos seguintes selecionam alguns dos aspetos mais relevantes da análise do BdP.
Figura 2.2.1: Contributos brutos e líquidos de importações para o crescimento do PIB
“A evolução do PIB continua a ter implícita uma transferência de recursos produtivos dos
setores não transacionáveis para os setores transacionáveis, uma das características
mais salientes do processo de recuperação recente da economia portuguesa. A aceleração da
atividade económica ao longo do horizonte de projeção reflete, em larga medida, o crescimento
projetado para as exportações, em linha com as hipóteses para a procura externa dirigida à
economia portuguesa. Esta evolução contribui para a manutenção de um excedente da
balança corrente e de capital”.10
9 Das principais hipóteses técnicas, destacam-se os valores para o preço do petróleo (99.3 dólares em 2014, 58.5 em
2015, 66.8 em 2016 e 70.7 em 2017, sendo os valores em euros de 74.4, 51.5, 58.9 e 62.3, respetivamente), para o
câmbio euro/dólar (1.33, 1.14, 1.13 e 1.13 dólares por euro), para a Euribor a 3 meses (0.2%, 0.1%, 0.1% e 0.2%) e
para a taxa de juro implícita da dívida pública (3.9%, 3.8%, 3.8% e 3.6%). 10 Segundo o BdP, “para 2015, projeta-se um aumento do excedente da balança corrente e de capital para 3.3% do
PIB, refletindo essencialmente o aumento do excedente da balança de bens e serviços. Esta evolução está associada ao
BdP melhora as
perspetivas de
crescimento da
economia
portuguesa, com
aceleração gradual
até 2.0% em 2017
Exportações
suportam
aceleração gradual
da atividade
económica e
manutenção do
excedente externo
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
18
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
“Num contexto de aceleração do comércio a nível mundial, as exportações deverão acelerar
em 2015 [variação anual de 4.3%, após 3.4% em 2014], mantendo um crescimento robusto
ao longo do horizonte de projeção, acima de 5 por cento em média. O crescimento robusto das
exportações é comum quer à componente de bens quer à componente de serviços,
destacando-se neste último caso as exportações de turismo. A aceleração das exportações em
2015 é impulsionada, em larga medida, pela reversão, na segunda metade de 2014, da forte
diminuição das exportações de bens energéticos ocorrida na primeira metade desse ano,
bem como pela forte depreciação do euro. Em sentido contrário, o efeito da queda do preço do
petróleo na atividade em Angola terá implicações negativas sobre as exportações de bens.
Globalmente, estes fatores traduzem-se numa estabilização da quota de mercado em 2015.
Em 2016 e 2017, a manutenção de um crescimento robusto das exportações reflete em larga
medida a evolução da procura externa dirigida à economia portuguesa, projetando-se
adicionalmente um ligeiro aumento da quota de mercado”.
“A evolução projetada para as importações [variações de 3.9% em 2015, 5.5% em 2016 e
6.1% em 2017] traduz a elasticidade habitual desta componente face à evolução da procura
global ponderada por conteúdos importados, o que implica um aumento da penetração de
importações no horizonte de projeção, em linha com a sua evolução histórica. Esta evolução
traduz-se numa desaceleração das importações em 2015, após um elevado crescimento em
2014 [6.2%] que resultou do maior dinamismo de componentes da despesa com elevado
conteúdo importado, como a variação de existências e o investimento empresarial”.
“A procura interna apresenta um crescimento moderado ao longo do horizonte de projeção,
refletindo um crescimento sustentado do consumo privado [com variações de 2.4% em 2015
e 1.7% nos dois anos seguintes], consistente com a evolução do rendimento disponível real, e
uma aceleração da formação bruta de capital fixo [para 4.0% em 2015, 4.4% em 2016 e
5.3% em 2017], nomeadamente da componente empresarial. A evolução da procura interna
mantém-se condicionada pela necessidade de continuar o processo de consolidação
orçamental e pelos elevados níveis de endividamento do setor privado”.
“Em termos de composição do consumo, projeta-se uma aceleração do consumo de bens não
duradouros em 2015, seguida de um crescimento em 2016 e 2017 em linha com o
crescimento do rendimento disponível real. Após o elevado crescimento em 2014, decorrente
em parte de compras adiadas durante o período de recessão por motivos de precaução,
antecipa-se uma desaceleração do consumo de bens duradouros em 2015 e 2016”.
forte dinamismo das exportações, superior ao aumento das importações, a par de um efeito favorável de termos de
troca, muito influenciado pela diminuição do preço do petróleo em euros. Por seu turno, projeta-se um aumento do
défice da balança de rendimento primário, tendo em conta expetativas de menores transferências de alguns fundos
estruturais da União Europeia, segundo a informação contida no Orçamento do Estado para 2015. Para 2016 e 2017
projeta-se uma relativa estabilização do excedente da balança corrente e de capital, influenciada pela manutenção do
elevado dinamismo das exportações”.
Quota de mercado
das exportações
estabiliza em 2015
e sobe em 2016-17
Importações
desaceleram em
2015
Aumento
moderado da
procura interna de
2015 a 2017
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
19
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
“A FBCF deverá acelerar ao longo do horizonte de projeção. Não obstante, os níveis de
investimento em percentagem do PIB continuarão a situar-se muito abaixo do observado nas
últimas décadas, em particular no que se refere ao investimento público e ao investimento
residencial. O fraco dinamismo da FBCF é uma característica comum à área do euro e constitui
um dos fatores explicativos da atual recuperação mais moderada face a anteriores ciclos
económicos. A FBCF empresarial deverá aumentar de forma robusta ao longo do horizonte
de projeção. A evolução desta componente reflete inter alia a conjugação de vários fatores:
perspetivas mais favoráveis de procura, quer interna quer externa; a necessidade de renovação
do stock de capital, após um longo período de redução do investimento; a tendência de
aumento na utilização da capacidade produtiva no setor da indústria transformadora e dos
serviços; e, finalmente, alguma melhoria nas condições de financiamento, favorecidas pelas
mais recentes decisões de política monetária não convencional do BCE. A evolução projetada
para este agregado é compatível com a redução do nível de endividamento das sociedades não
financeiras em percentagem do PIB ao longo do horizonte de projeção”.
“No que respeita ao investimento público, a atual estimativa para 2014 aponta para que este
tenha sido o quarto ano consecutivo de queda nesta rubrica. Uma vez que a execução de 2014
ficou aquém do orçamentado e esteve associada a uma diminuição forte das transferências
provenientes de fundos comunitários, é projetada uma recuperação do investimento público em
2015 e a sua estabilização em rácio do PIB em 2016 e 2017”.
“Ao longo do período 2015-2017, projeta-se uma aceleração moderada do emprego e uma
diminuição progressiva da taxa de desemprego”.
“Para 2015 projeta-se uma virtual estabilização do índice harmonizado de preços no
consumidor, em termos médios anuais, seguindo-se um aumento de cerca de 1% nos dois
anos seguintes, em linha com a recuperação moderada da economia internacional e da
economia portuguesa”.
“O maior crescimento nominal do PIB e a redução da taxa de juro implícita da dívida, em
conjugação com o excedente primário que se verifica desde 2013, contribuirão para uma
redução da dívida pública a partir de 2015”.
“A projeção contempla riscos equilibrados para a atividade económica e para a inflação”.
“No que se refere aos riscos descendentes [para a atividade económica], importa
sublinhar a possibilidade de um menor crescimento da procura externa dirigida à economia
portuguesa, associada a uma recuperação económica mais moderada nomeadamente na área
do euro, a eventual necessidade de medidas adicionais para a continuação do processo de
FBCF acelera,
liderada pela
componente
empresarial
Investimento
público corrige em
alta em 2015 e
mantém peso no
PIB em 2016-17
Melhoria gradual
no mercado de
trabalho
Previsão de baixa
inflação
Perspetiva de
redução do rácio
da dívida pública a
partir de 2015
Riscos
equilibrados para
a atividade
económica e para
a inflação
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
20
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
consolidação orçamental, bem como o risco de recrudescimento de tensões geopolíticas e nos
mercados de dívida soberana. No que se refere aos riscos ascendentes, refira-se o eventual
impacto favorável das reformas estruturais, quer nas exportações quer no investimento, a
possibilidade de depreciação adicional do euro com a plena implementação das medidas de
política monetária não convencional do BCE, e o risco de um maior aumento do consumo, num
quadro de diminuição da poupança por motivos de precaução”.
“Em relação aos preços no consumidor […], os riscos descendentes associados a uma
menor procura (externa e interna) e à manutenção de expetativas de inflação abaixo do
objetivo de estabilidade de preços do BCE são globalmente compensados pelos riscos
ascendentes associados a uma maior depreciação do euro”.
Na conclusão, o BdP salienta que “o potencial de crescimento da economia portuguesa
está […] condicionado pela evolução da conjuntura internacional, pelo elevado nível de
endividamento dos setores público e privado, bem como pela expectável evolução adversa em
termos demográficos. Por seu turno, o processo de reestruturação produtiva observado ao
longo dos últimos anos, a gradual reorientação dos recursos para os setores mais
produtivos e mais expostos ao exterior, bem como a contínua melhoria do capital humano
incorporado no processo produtivo constituem dinâmicas que tenderão a favorecer um
crescimento estrutural da produtividade total dos fatores no futuro. Neste quadro, a
continuação do processo de reformas estruturais é indispensável para promover uma
melhor afetação de recursos e os consequentes ganhos de produtividade, contribuindo
sustentadamente para níveis mais elevados de crescimento económico em Portugal”.
Projeções para a economia mundial e principais mercados
Em março, as previsões intercalares da OCDE mostraram uma subida das estimativas de
crescimento da economia mundial para 4.0% em 2015 e 4.3% em 2016, refletindo os efeitos
positivos da política monetária acomodatícia (já considerando o programa alargado de compra
de ativos do BCE) e a queda dos preços do petróleo. Estes valores, considerados “moderados”
pela organização, são os mais otimistas até ao momento, superando as estimativas mais
recentes da Comissão Europeia (divulgadas em fevereiro) e, em particular, as do FMI e do
Banco Mundial (de janeiro), como é visível no quadro abaixo.
Dos dados disponíveis da OCDE, destaca-se o dinamismo das economias dos EUA, do Reino
Unido e (em menor medida) da Alemanha, ao nível das grandes economias avançadas, e,
entre as economias emergentes, a aceleração do PIB da Índia, que passa a apresentar
previsões de crescimento superiores à China, onde se perspetiva um abrandamento suave,
Potencial de
crescimento
condicionado pela
conjuntura, pelo
endividamento e
demografia, mas
favorecido pela
reorientação de
recursos
OCDE sobe previsões
de crescimento
mundial com efeitos
da política do BCE e
preço do petróleo
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
21
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
mantendo um dinamismo assinalável. Pela negativa, merece referência a deterioração das
perspetivas do Brasil, influenciadas em parte pela queda da cotação do petróleo.
Quadro 2.2.2: Previsões de crescimento económico – mundo e mercados (tvar, %)
OCDE, mar-15 [nov-14] CE, fev-15 FMI, jan-15 [out-14] BM, jan-15
2014 2015 2016 2014 2015 2016 2014 2015 2016 2014 2015 2016
Mundo 3.7* 4.0* 4.3* 3.3 3.6 4.0 3.3 3.5 3.7 2.6 3.0 3.3
Ec. Avanç. 1.8 2.4 2.4 1.8 2.2 2.4
EUA 2.4 3.1 3.0 2.4 3.5 3.2 2.4 3.6 3.3 2.4 3.2 3.0
Japão 0.0 1.0 1.4 0.4 1.3 1.3 0.1 0.6 0.8 0.2 1.2 1.6
UE 1.3 1.7 2.1 [1.4] [1.8] [2.0]
Área Euro 0.9 1.4 2.0 0.8 1.3 1.9 0.8 1.2 1.4 0.8 1.1 1.6
Alemanha 1.6 1.7 2.2 1.5 1.5 2.0 1.5 1.3 1.5
França 0.4 1.1 1.7 0.4 1.0 1.8 0.4 0.9 1.3
Itália -0.4 0.6 1.3 -0.5 0.6 1.3 -0.4 0.4 0.8
Espanha [1.3] [1.7] [1.9] 1.4 2.3 2.5 1.4 2.0 1.8
Holanda [0.8] [1.4] [1.6] 0.7 1.4 1.7 [0.6] [1.4] [1.6]
RU 2.6 2.6 2.5 2.6 2.6 2.4 2.6 2.7 2.4
OCDE [1.8] [2.3] [2.6]
Ec. em Des. 4.4 4.3 4.7 4.4 4.8 5.3
Angola [3.9] [5.9] [6.2] 4.4 5.3 5.0
Moçambique [8.3] [8.2] [8.2] 7.2 8.0 8.1
Brasil 0.0 -0.5 1.2 0.1 0.3 1.5 0.1 1.0 2.5
Rússia 0.6 -3.0 -1.0 0.7 -2.9 0.1
Índia 7.3 7.7 8.0 5.8 6.3 6.5 5.6 6.4 7.0
China 7.4 7.0 6.9 7.4 7.1 6.9 7.4 6.8 6.3 7.4 7.1 7.0
Fontes: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, OCDE, Interim Economic Assessment - March
2015 [Economic Outlook - November 2014]; Comissão Europeia, CE, European Economy - Winter 2015; Fundo
Monetário Internacional, FMI, World Economic Outlook update - January 2015 [World Economic Outlook – October
2014]; Banco Mundial, BM, Global Economic Prospects - January 2015. Tvar= taxa de variação anual real. *Valores para
um agregado de países representando mais de 70% do PIB Mundial em 2013.
No que se refere à Área Euro, a OCDE aponta para taxas de crescimento de 1.4% em 2015 e
2.0% em 2016, valores quase em linha com as últimas projeções do BCE, divulgadas também
em março (1.5% em 2015 e 1.9% em 2016, mais 0.5 p.p. e 0.3 p.p. face à anterior atualização
de dezembro, e 2.1% em 2017).
No caso de Espanha, as previsões de crescimento divulgadas a 25 de março pelo Banco de
Espanha são as mais favoráveis até ao momento, com valores de 2.8% em 2015 (+0.7 p.p.
que na anterior projeção) e 2.7% em 2016, que comparam com 2.3% e 2.5% nas previsões
mais recentes da Comissão Europeia.
Apesar das perspetivas globalmente mais favoráveis, a OCDE salienta que os valores
anormalmente baixos de inflação e de taxas de juro criam um risco crescente de instabilidade
financeira, com a tomada de risco a ser mais dirigida pela liquidez do que pelos fundamentais.
Acresce ainda que as taxas de crescimento projetadas continuam demasiado baixas para
Risco crescente
de instabilidade
financeira com
baixos valores de
inflação e taxas
de juro
OCDE e BCE
melhoram
perspetivas de
crescimento da
Área Euro
Banco de
Espanha sobe
previsão de
crescimento em
2015 para 2.8%
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
22
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
reparar e reativar completamente os mercados de trabalho. Embora os bancos centrais
continuem a ser uma peça essencial na retoma, deverá procurar-se uma abordagem mais
equilibrada em que a política orçamental e as reformas estruturais complementem de forma
mais eficaz e com sinergias a atuação da política monetária.
2.3 Constituições, dissoluções e insolvências de empresas
2.3.1 Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas
Em 2014, o número de constituições de empresas registou uma ligeira correção em baixa
(-0.2%, para 33352), após uma forte recuperação em 2013 (15.2%), enquanto o número de
dissoluções aumentou 98.8% (para 35903), invertendo o movimento descendente registado
em 2012 e 2013. Note-se que o aumento acentuado das dissoluções em 2014 está influenciado
pela atualização dos registos, que levou à retirada de um número elevado de empresas.
Este comportamento resultou numa perda líquida de empresas em 2014 (-2351, após
+15561 em 2013) e, consequentemente, numa descida do rácio de constituições por
dissolução abaixo da unidade (0.9, que compara com 1.9 em 2013). Note-se, contudo, que o
saldo agregado é ainda muito positivo se consideramos os dados acumulados desde 2013
(13210), ano em que se registou uma forte criação de empresas (15651).
Quadro 2.3.1.1: Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas
2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14
Constituições de empresas
Número acumulado 33 618 33 352 10 175 18 175 25 440 33 352
Tvh (%) 15.2 -0.2 -13.2 -5.4 -2.5 -0.2
Dissoluções de empresas
Número acumulado 18 057 35 903 7 229 17 019 20 806 35 903
Tvh (%) -30.1 98.8 43.5 108.9 67.6 98.8
Criação líquida de empresas
Número acumulado 15 561 -2 351 2 946 1 156 4 634 -2 531
Tvh (%) 364.9 s.s. -55.9 -89.6 -66.1 s.s.
Rácio constituições/dissoluções 1.9 0.9 1.4 1.1 1.2 0.9
Fonte: INE. Tvh= Taxa de variação homóloga; s.s.= sem significado
Por setores, os dados de 2014 apenas mostraram criação líquida de empresas na
Agricultura, produção animal, caça e floresta (1164 empresas), no Alojamento e restauração
(218), na Eletricidade, gás e água (7) e na componente Outros serviços, onde destacamos as
Atividades de consultoria, científicas técnicas e similares (790), as Atividades de saúde humana
e apoio social (545), as Atividades imobiliárias (540), as Atividades financeiras e de seguros
(255) e as Atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas (254).
Quebra ligeira das
constituições e
forte subida das
dissoluções
(influenciada pela
atualização dos
registos) conduz a
perda líquida de
empresas em 2014,
mas saldo agregado
desde 2013 ainda
muito positivo
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
23
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
As atividades com maiores perdas líquidas de empresas foram a Construção (-3235), o
Comércio (-1593), a Indústria transformadora (-972) e os Transportes e armazenagem (-593).
Em comparação com os valores de criação líquida de empresas em 2013, a deterioração foi
generalizada, sobretudo nestes setores com perda líquida de empresas.
Figura 2.3.1.1: Criação líquida de empresas por setor (nº de empresas)
2.3.2 Insolvências de empresas
De acordo com dados da Informa D&B, o número de empresas com processos de
insolvência reduziu-se 20.7% em 2014 (para 4412), acentuando o movimento de descida
iniciado em 2013. A tendência de queda prosseguiu já no início de 2015, ainda que a um ritmo
um pouco menor (variação homóloga de -14.5% no acumulado até fevereiro).
Quadro 2.3.2.1: Insolvências
2013 2014 Mar-14 Jun-14 Set-14 Dez-14 Fev-15
Empresas com insolvências *
Número acumulado 5 562 4412 1 361 2 570 3 275 4412 780
Tvh (%) -6.3 -20.7 -12.6 -16.1 -23.4 -20.7 -14.5
Fonte: Informa D&B. * Empresas com processos de insolvência iniciados no período considerado com publicação no
portal Citius/Ministério de Justiça. Tvh = taxa de variação homóloga.
1164
-30
-972
7
-3235
-1593
-593
218
121
2562
1249
4
1481
72
466
3464
254
1930
793
5848
-4000 -3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca
Indústrias extrativas
Indústria transformadora
Eletricidade, gás, e água
Construção
Comércio por grosso e a retalho*
Transportes e armazenagem
Alojamento e restauração
Atividades de informação e de comunicação
Outros serviços
2013 2014 Fonte: INE e cálculos próprios. * Inclui reparação automóvel
Queda mais forte
das insolvências em
2014 e continuação
da descida no início
de 2015
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
24
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
3. INTERNACIONALIZAÇÃO
3.1 Comércio internacional
Nesta seção são apresentadas as principais tendências das exportações e importações de bens
e de serviços, incluindo o cálculo e análise de quotas de mercado das exportações.
3.1.1 Comércio internacional de bens
Saldo da balança de bens
Quadro 3.1.1.1: Saldo da balança de bens
2014 Var. homóloga Jan-15 Var. homóloga
Valor (M€) Valor (M€) Tvhn (%) Valor (M€) Valor (M€) Tvhn (%)
Total
Exportações (FOB) 48 200 933 2.0 3 860 -69 -1.8
Importações (CIF) 58 806 1 900 3.3 4 416 -504 -10.2
Saldo -10 606 -966 10.0 -556 435 -43.9
Taxa de Cobertura (%) 82.0 87.4
Intra-UE
Exportações (FOB) 34 181 954 2.9 2 881 6 0.2
Importações (CIF) 43 931 2 977 7.3 3 389 -93 -2.7
Saldo -9 750 -2 023 26.2 -508 99 -16.3
Taxa de Cobertura 77.8 85.0
Extra-UE
Exportações (FOB) 14 019 -20 -0.1 978 -75 -7.1
Importações (CIF) 14 875 -1 077 -6.8 1 027 -411 -28.6
Saldo -856 1 057 -55.2 -49 336 -87.4
Taxa de Cobertura 94.2 95.3
Total sem combustíveis
Exportações (FOB) 44 104 1 761 4.2 3 572 58 1.7
Importações (CIF) 48 592 2 846 6.2 3 786 -16 -0.4
Saldo -4 488 -1 085 31.9 -215 74 -25.7
Taxa de Cobertura 90.8 94.3
Fonte: INE. Tvhn = taxa de variação homóloga nominal. M€= Milhões de euros. CIF (Cost, Insurance and Freight)
significa a inclusão dos custos inerentes ao transporte das mercadorias e FOB (Free on Board) o contrário.
Em 2014, o défice da balança de bens registou um agravamento anual 10.0% (para 10606
M€), traduzindo variações nominais de 2.0% nas exportações (2.9% no mercado comunitário
e -0.1% no extracomunitário) e 3.3% nas importações (7.3% e -6.8%), o que se repercutiu
numa queda da taxa de cobertura (para 82.0%, após 83.1% em 2013).
Défice da balança de
bens agrava-se em
2014 com subida
das exportações
inferior à das
importações
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
25
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Faz-se notar que a deterioração do saldo da balança de bens em 2014 (após uma melhoria de
1521 M€ em 2013, com subidas de 4.5% nas exportações e apenas 0.9% nas importações)
refletiu, pelo menos em parte, alguns fatores temporários. Destaca-se a paragem programada,
para manutenção, da refinaria de Sines no início do ano, que afetou as exportações de
combustíveis, mas também a forte retoma da despesa de bens de consumo duradouro, com
elevado conteúdo importado, que fora adiada durante o período mais difícil do processo de
ajustamento e não deverá manter uma dinâmica de crescimento tão forte nos próximos anos.
Excluindo combustíveis, as exportações de bens aceleraram em 2014 (subida de 4.2%, após
2.2% em 2013), mas as importações também (de 2.4% para 6.2%), traduzindo-se num
agravamento do saldo deficitário ligeiramente superior ao observado no saldo global.
Os dados mais recentes, relativos a janeiro de 2015, se bem que ainda pouco representativos
do que poderá ser a tendência deste ano, mostram um desagravamento significativo da balança
de bens, em resultado de uma correção acentuada no valor das importações (variação
homóloga de -10.2%), bastante superior à registada nas exportações (-1.8%).
Note-se, contudo, que a evolução homóloga do comércio internacional em janeiro está afetada
por efeitos de base, designadamente a reabertura de portos e a antecipação da paragem da
refinaria de Sines em janeiro de 2014, fatores que fizeram aumentar os valores das importações
e das exportações nesse mês, influenciando em particular as importações de combustíveis.
Exportações de bens
O detalhe dos dados por produtos mostra que o contributo mais positivo para o aumento
nominal de 2.0% das exportações de bens em 2014 teve origem nos bens agrícolas (0.6 p.p.),
seguindo-se o material de transporte (0.6 p.p.), o vestuário, os metais, os plásticos e borracha,
o mobiliário, a alimentação, bebidas e tabaco, o calçado e os têxteis, considerando os valores
acima de 0.1 p.p..
A paragem já referida da refinaria de Sines no início do ano explicou o forte contributo negativo
das exportações de combustíveis em 2014 (-1.8 p.p.). Sem essa componente, as exportações
de bens cresceram 4.2%, como foi referido. Apenas mais duas rubricas registaram contributos
negativos, mas pouco significativos (-0.1 p.p. nos químicos e na rubrica “outros”).
Os dados relativos a janeiro de 2015, ainda pouco representativos, mostram um contributo
mais negativo da rubrica de combustíveis no início do ano (-3.2 p.p.), uma evolução
influenciada por efeitos de base, como foi referido, e que foi atenuada pelo contributo positivo
também significativo do material de transporte (2.1 p.p.).
Contributos
positivos de um
conjunto variado de
bens exportados
contrariam quebra
dos combustíveis
em 2014
Défice da balança
de bens reduz-se
em janeiro com
forte correção das
importações, mas
com influência de
efeitos de base
Aceleração das
exportações sem
combustíveis em
2014
Interrupção da
melhoria da
balança de bens
influenciada por
fatores
temporários
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
26
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Quadro 3.1.1.2: Exportações de bens por tipo de produto
2014 Jan-15
Produtos NC8 e respetivos códigos Valor (M€)
Tvhn (%)
Contributo (p.p.)
Valor (M€)
Tvhn (%)
Contributo (p.p.)
Máquinas e aparelhos: S16 (84-85) 6 986 0.6 0.1 554 -0.3 0.0
Material de Transporte: S17 (86-89) 5 242 5.6 0.6 480 20.5 2.1
Combustíveis e óleos minerais: S5 (27) 4 096 -16.8 -1.8 288 -30.7 -3.2
Metais: S15 (72-83) 3 882 5.0 0.4 302 -2.3 -0.2
Madeira e cortiça: S9 (44-46) e S10 (47-49) 3 858 0.9 0.1 294 -6.2 -0.5
Plásticos e borracha: S7 (39-40) 3 456 5.4 0.4 265 -2.0 -0.1
Alimentação, bebidas e tabaco, S4 (16-24) 3 131 4.6 0.3 233 2.4 0.1
Animais vivos, produtos animais e vegetais, e gorduras: S1 (1-5), S2 (6-14), S3 (15)
2 884 11.4 0.6 227 3.9 0.2
Vestuário: S11 (61-62) 2 773 9.1 0.5 252 -3.8 -0.3
Químicos: S6 (28-38) 2 614 -2.1 -0.1 181 -9.1 -0.5
Calçado: S12 (64-67) 1 965 7.5 0.3 186 -0.3 0.0
Têxteis: S11 (50-60, 63) 1 844 5.9 0.2 152 0.8 0.0
Pedra, cerâmica e vidro: S13 (68-70) 1 573 3.8 0.1 126 1.7 0.1
Mobiliário: S20 (94) 1 539 12.0 0.3 124 -1.5 0.0
Outros 1 319 -4.4 -0.1 110 6.4 0.2
Produtos minerais exceto combustíveis: S5 (25-26)
784 1.5 0.0 66 38.4 0.5
Peles e couros S8 (41-43) 253 11.7 0.1 20 -7.2 0.0
Total 48 200 2.0 3 860 -1.8
Total sem combustíveis 44 104 4.2 3.7 3 572 1.7 1.5
Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das exportações em 2014. NC8 = Nomenclatura combinada de mercadorias da
UE a oito dígitos; M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.
O crescimento das exportações em 2014 foi assegurado pelo mercado comunitário, onde se
observou um aumento de 2.9%, inferior ao registado em 2013 (3.5%). As exportações para o
mercado extracomunitário registaram uma quebra ligeira (-0.1%), após uma forte dinâmica
de crescimento em 2013 (subida de 7.1%).
O crescimento nos 20 principais mercados em 2014 (2.6%) foi superior ao conjunto das
exportações (2.0%), reforçando o seu peso na estrutura de vendas para o exterior.
Nesses mercados, confirma-se que o maior contributo positivo para o aumento das
exportações foi dado pelo Reino Unido (0.7 p.p.), seguindo-se a Espanha, a China, a França, a
Alemanha e os EUA.
Os principais contributos negativos tiveram origem nos mercados de Marrocos (-0.3 p.p.),
Brasil (-0.2 p.p.) e Bélgica (-0.1 p.p.).
Salienta-se ainda que a Espanha permaneceu o maior mercado nacional de exportação em
2014, mas o segundo lugar passou a ser ocupado pela França, que ultrapassou por uma
margem pequena o mercado alemão. Angola foi o quarto maior mercado de exportação.
Já em janeiro de 2015, a Alemanha retomou a segunda posição como mercado de
exportação, sendo sobretudo de destacar a quarta posição do Reino Unido em substituição de
Abrandamento das
exportações para a
UE em 2014 e
quebra ligeira nas
extra-UE
20 Maiores
mercados de
exportação
reforçam peso
França ultrapassa
mercado alemão
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
27
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Angola, mercado onde as nossas exportações registaram uma queda homóloga de 26.4%, que
poderá estar afetada por efeitos de base, como já referido.
Quadro 3.1.1.3: Exportações de bens nos 20 principais mercados de 2014
2014 Jan-15
Valor (M€)
Tvhn (%)
Contributo (p.p.)
Valor (M€)
Tvhn (%)
Contributo (p.p.)
Espanha 11 356 1.6 0.4 980 0.1 0.0
França 5 648 2.8 0.3 495 -4.1 -0.5
Alemanha 5 628 2.3 0.3 505 11.4 1.3
Angola 3 175 2.0 0.1 177 -26.4 -1.6
Reino Unido 2 928 12.5 0.7 245 5.1 0.3
Estados Unidos 2 111 5.6 0.2 156 -11.7 -0.5
Países Baixos 1 914 1.3 0.1 156 -13.7 -0.6
Itália 1 568 0.5 0.0 124 -0.4 0.0
Bélgica 1 301 -2.8 -0.1 95 -4.2 -0.1
China 839 27.5 0.4 47 -8.9 -0.1
Brasil 639 -13.5 -0.2 65 36.8 0.4
Marrocos 593 -19.0 -0.3 41 2.0 0.0
Argélia 589 11.6 0.1 45 -8.8 -0.1
Suécia 467 5.8 0.1 37 -4.5 0.0
Polónia 466 5.5 0.1 37 -10.9 -0.1
Suíça 429 2.4 0.0 37 4.3 0.0
Turquia 404 5.9 0.0 20 -46.8 -0.5
República Checa 321 11.9 0.1 25 -0.3 0.0
Moçambique 318 -2.5 0.0 20 15.2 0.1
Dinamarca 307 -3.3 0.0 28 -0.4 0.0
Subtotal 41 001 2.6 2.2 3 334 -2.3 -2.0
Total 48 200 2.0 3 860 -1.8
Intra-UE 34 181 2.9 2.0 2 881 0.2 0.1
Extra-UE 14 019 -0.1 0.0 978 -7.1 -1.9
Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das exportações em 2014. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação
homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.
Salientam-se ainda os resultados do Inquérito sobre Perspetivas de Exportação de Bens
(divulgado pelo INE em março, mas com período de inquirição em novembro), que apontava, já
no final do ano passado, para uma aceleração das vendas para o exterior em 2015, em
particular de bens de consumo não alimentar e de máquinas e equipamento, e fora da UE.
Quotas de mercado das exportações de bens
De acordo com dados revistos, confirma-se que a quota de mercado das exportações
nacionais no mercado mundial de bens se situou em 0.340% nos três primeiros trimestres
de 2014, correspondendo a uma subida ligeira face ao ano de 2013 (0.335%), com uma
melhoria mais notória no mercado intra-UE (de 0.734% para 0.741%) do que no mercado
extra-UE (de 0.1028% para 0.1032%).
Quota de mercado
mundial das
exportações de bens
sobe para 0.340%
Perspetiva de
aceleração das
exportações de
bens em 2015
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
28
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Quadro 3.1.1.4: Quotas de mercado das exportações de bens (%)
2012 2013 1T-3T 14
Mundo 0.315 0.335 0.340
Intra-UE 0.693 0.734 0.741
Extra-UE 0.0955 0.1028 0.1032
Fontes: OMC e INE. Nota metodológica: as quotas foram calculadas dividindo as exportações de Portugal (dados
trimestrais da OMC em milhões de dólares, repartidos entre os mercados intra-UE e extra-UE usando a estrutura de
exportações de Portugal calculada a partir de informação do INE para os períodos em causa) pelas importações totais
nos vários mercados (obtidas na mesma base de dados trimestrais da OMC).
Segundo dados do INE já para o conjunto de 2014, a procura externa relevante recuperou
1.6% em termos nominais nesse ano (após uma variação de -2.1% em 2013), enquanto as
exportações abrandaram para 2.0% (influenciadas por fatores temporários, como já referido),
significando que se voltou a registar um ganho de quota de mercado, mas menor que nos
anos precedentes (cerca de 0.4%, após 6.6% e 4.3% nos dois anos anteriores). Os dados
relativos ao quarto trimestre mostravam já um dinamismo assinalável das exportações
(variação homóloga nominal de 4.8%) e um ganho de quota mais significativo (3.4%).
Figura 3.1.1.1: Evolução homóloga das exportações de mercadorias, da procura externa
relevante e dos ganhos de quota de mercado
Relativamente às quotas de mercado nos 20 principais mercados de exportação de
bens em 2014, os nossos cálculos mostram que, nesse ano, os valores mais elevados foram
registados em Angola (15.86% de janeiro a setembro), Moçambique (5.22% no 3º trimestre),
Espanha (4.21% no conjunto do ano), Marrocos (1.72%), Argélia (1.34%) e França (1.10%),
considerando apenas valores acima de 1%. Em termos de evolução, a melhoria mais
significativa de quota ocorreu no mercado de Moçambique (0.43 p.p., considerando o valor
disponível para o 3º trimestre), seguindo-se a uma larga distância os ganhos na Argélia (0.06
p.p.), Reino Unido (0.04 p.p.), França (0.03 p.p.), Turquia, República Checa e Suécia (0.02
p.p.). Destaca-se ainda, pela elevada dimensão do mercado, o ganho de quota na China (de
5,6
4,5
2,0
6,7
2,2
-0,6
1,6
4,8
1,3
-2,1
1,6
-0,2
1,0 1,5
2,5
1,4
4,3
6,6
0,4
6,9
1,2
-2,1
-0,9
3,4
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
2012 2013 2014 4T 13 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14
Exportações de mercadorias (tvhn, %) Procura externa relevante (tvhn, %) Ganho (+) / Perda (-) de quota de mercado Fonte: INE e cálculos próprios
Menor ganho de
quota em 2014, mas
recuperação no 4T
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
29
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
0.045% para 0.057%). Apenas seis dos 20 maiores mercados de exportação evidenciaram
perdas de quota em 2014, designadamente Angola (-0.64 p.p., utilizando o valor disponível
de janeiro a setembro), Marrocos (-0.43 p.p.), Espanha (-0.14 p.p.), Brasil (-0.04 p.p.),
Dinamarca (-0.03 p.p.) e Bélgica (-0.01 p.p.).
Quadro 3.1.1.5: Quotas de mercado nos 20 maiores mercados de exportação de bens
Quotas (%, valores acumulados) Variação (p.p.)
2012 2013 2014 2013 2014
Espanha 3.87 4.36 4.21 0.49 -0.14
França 1.02 1.07 1.10 0.05 0.03
Alemanha 0.62 0.61 0.61 -0.01 0.00
Angola* 18.67 16.49 15.86 (1-3T 14) -2.18 -0.64 (1-3T 14)
Reino Unido 0.44 0.53 0.57 0.08 0.04
Estados Unidos 0.10 0.11 0.12 0.01 0.00
Países Baixos 0.41 0.43 0.43 0.02 0.01
Itália 0.44 0.43 0.44 -0.01 0.01
Bélgica 0.42 0.39 0.38 -0.02 -0.01
China 0.055 0.045 0.057 -0.010 0.012
Brasil 0.38 0.39 0.35 0.02 -0.04
Marrocos 1.32 2.15 1.72 0.84 -0.43
Argélia 1.09 1.28 1.34 0.18 0.06
Suécia 0.36 0.37 0.38 0.00 0.02
Polónia 0.26 0.28 0.28 0.02 0.00
Suíça 0.26 0.28 0.28 0.02 0.00
Turquia 0.19 0.20 0.22 0.01 0.02
República Checa 0.30 0.26 0.28 -0.03 0.02
Moçambique* 4.05 4.79 5.22 (3T 14) 0.74 0.43 (3T 14)
Dinamarca 0.44 0.44 0.41 0.00 -0.03
Fontes: OMC, INE Angola, INE Moçambique, Governo de Gibraltar, ONU, INE, BdP, cálculos próprios. Tabela ordenada
pelo valor das exportações em 2013 (como no quadro 3.1.1.3). P.p. = pontos percentuais. *Pesos de Portugal nas
importações de mercadorias desses países, obtidas a partir de dados dos respetivos institutos nacionais de estatística.
As restantes quotas seguem a metodologia descrita na nota do quadro anterior (mas aqui com dados mensais).
Importações de bens
A desagregação das importações por tipo de produtos mostra que o aumento nominal de
3.3% das importações de bens em 2014 resultou, em larga medida, dos contributos
positivos do material de transporte (2.1 p.p.) e das máquinas e aparelhos (1.0 p.p.).
O principal contributo negativo teve origem nos combustíveis (-1.7 p.p.).
Nos dados relativos a janeiro de 2015, ainda pouco representativos, as importações registam
uma variação homóloga de -10.2%, mas a descida é de apenas -0.4% excluindo a componente
de combustíveis, cuja forte contração (-43.7%) está associada a efeitos de base, conforme
refere o INE na sua divulgação.
Material de
transporte com
forte contributo
para a subida das
importações em
2014
Perdas de quota em
apenas 6 dos 20
maiores mercados
de exportação
Forte recuo das
importações em
janeiro associada a
um efeito de base
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
30
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Quadro 3.1.1.6: Importações de bens por tipo de produto
2014 Jan-15
Produtos NC8 e respetivos códigos Valor (M€)
Tvhn (%)
Contributo (p.p.)
Valor (M€)
Tvhn (%)
Contributo (p.p.)
Combustíveis: S5 (27) 10 213 -8.5 -1.7 630 -43.7 -9.9
Máquinas e aparelhos: S16 (84-85) 8 939 6.8 1.0 697 1.5 0.2
Material de Transporte: S17 (86-89) 6 189 23.3 2.1 456 3.6 0.3
Animais vivos, produtos animais e vegetais, e gorduras: S1 (1-5), S2 (6-14), S3 (15)
6 149 -1.5 -0.2 450 -10.0 -1.0
Químicos: S6 (28-38) 6 103 3.7 0.4 470 -5.4 -0.5
Metais: S15 (72-83) 4 473 3.5 0.3 374 5.1 0.4
Plásticos e borracha: S7 (39-40) 3 453 5.2 0.3 281 4.3 0.2
Alimentação, bebidas e tabaco, S4 (16-24) 2 710 -4.2 -0.2 196 -7.5 -0.3
Outros 2 031 2.6 0.1 167 7.7 0.2
Madeira e cortiça: S9 (44-46) e S10 (47-49) 1 930 4.5 0.1 148 1.0 0.0
Vestuário: S11 (61-62) 1 821 12.8 0.4 160 2.9 0.1
Têxteis: S11 (50-60, 63) 1 799 4.0 0.1 138 -9.5 -0.3
Peles e couros S8 (41-43) 825 12.8 0.2 68 -3.6 -0.1
Mobiliário: S20 (94) 718 13.6 0.2 64 25.9 0.3
Calçado: S12 (64-67) 704 19.1 0.2 59 1.1 0.0
Pedra, cerâmica e vidro: S13 (68-70) 588 10.0 0.1 46 6.9 0.1
Produtos minerais exceto combustíveis: S5 (25-26)
162 15.9 0.0 14 28.4 0.1
Total 58 806 3.3 4 416 -10.2
Total sem combustíveis 48 592 6.2 5.0 3 786 -0.4 -0.3
Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das importações em 2014. NC8 = Nomenclatura combinada de mercadorias da
UE a oito dígitos; M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.
Considerando agora a desagregação das importações por mercados, o aumento verificado em
2014 resultou de variações de 7.3% no mercado comunitário e -6.8% no mercado
extracomunitário, como já referido.
Os 20 principais mercados de importação registaram um crescimento (4.8%) superior ao
total das importações (3.3%), reforçando assim o seu peso.
Os maiores contributos positivos para o aumento das importações pertenceram à Espanha,
Alemanha (1.4 p.p. nos dois casos) e França (0.6 p.p.), enquanto os contributos mais
negativos ocorreram nos mercados de Angola (-1.8 p.p.), Rússia e Nigéria.
Mercado
comunitário
justifica subida das
importações em
2014
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
31
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Quadro 3.1.1.7: Importações de bens nos 20 principais mercados de 2014
2014 Jan-15
Valor (M€)
Tvhn (%)
Contributo (p.p.)
Valor (M€)
Tvhn (%)
Contributo (p.p.)
Espanha 19 109 4.2 1.4 1 528 1.7 0.5
Alemanha 7 266 12.4 1.4 539 -8.3 -1.0
França 4 160 8.9 0.6 336 -6.2 -0.5
Itália 3 075 5.5 0.3 221 -6.0 -0.3
Países Baixos 3 007 5.4 0.3 217 -14.2 -0.7
Reino Unido 1 793 7.8 0.2 137 4.3 0.1
Angola 1 606 -39.0 -1.8 43 -75.3 -2.6
China 1 597 16.6 0.4 160 12.3 0.4
Bélgica 1 562 9.7 0.2 108 -8.6 -0.2
Estados Unidos 920 9.2 0.1 57 -28.9 -0.5
Brasil 865 4.0 0.1 74 124.5 0.8
Cazaquistão 814 48.0 0.5 47 -54.4 -1.1
Arábia Saudita 785 12.9 0.2 83 69.5 0.7
Argélia 712 77.7 0.5 5 -91.9 -1.1
Rússia 711 -28.9 -0.5 82 76.8 0.7
Suécia 661 20.4 0.2 42 4.9 0.0
Irlanda 610 11.6 0.1 43 3.4 0.0
Nigéria 542 -27.5 -0.4 0 -46.1 0.0
Polónia 526 21.2 0.2 45 16.9 0.1
Índia 492 25.3 0.2 44 10.4 0.1
Subtotal 50 812 4.8 4.1 3 810 -5.5 -4.5
Total 58 806 3.3 4 416 -10.2
Intra-UE 43 931 7.3 5.2 3 389 -2.7 -1.9
Extra-UE 14 875 -6.8 -1.9 1 027 -28.6 -8.3
Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das importações em 2014. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação
homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.
3.1.2 Comércio internacional de serviços
O excedente da balança de serviços praticamente não se alterou em 2014 (variação anual
de 0.1%, para 10946 M€), após uma subida de 18.0% em 2013. Esta evolução traduziu a
aceleração das importações (de 3.3% para 7.9%) e o abrandamento das exportações de
serviços (de uma variação anual de 10.2% em 2013 para 4.0% em 2014), que, ainda assim,
mantiveram um dinamismo assinalável, suportadas pela componente Viagens e turismo, cuja
aceleração (de 7.2% para 10.9%, com um contributo de 5.1 p.p.) não foi suficiente para
contrariar a evolução desfavorável na maioria das outras rubricas. O crescimento das
importações de serviços em 2014 resultou de contributos significativos de várias
componentes, em particular os Outros serviços fornecidos por empresas (2.9 p.p.), os
Transportes (2.6 p.p.), as Viagens e turismo (2.1 p.p.) e os Direitos e serviços de
telecomunicações, informáticos e de informação (1.4 p.p.), todas em aceleração.
Excedente da
balança de serviços
mantém-se em
2014, após forte
melhoria em 2013
Aceleração das
exportações de
viagens e turismo
em 2014
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
32
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Dos dados referentes a janeiro de 2015, ainda pouco representativos, destaca-se a melhoria
homóloga do excedente, refletindo o abrandamento mais forte das importações (para 2.8%) do
que das exportações (para 2.5%), onde a aceleração nas viagens e turismo (para 13.9%)
voltou a ser contrariada pela evolução desfavorável de várias componentes.
Quadro 3.1.2.1: Balança de serviços
2014 Var. homóloga Jan-15 Var. homóloga
Valor (M€)
Valor (M€)
Tvhn (%)
Contributo (p.p.)
Valor (M€)
Valor (M€)
Tvhn (%)
Contributo (p.p.)
Exportações 22 817 882 4.0 1 560 38 2.5
Transformação, manut., reparação
671 -149 -18.1 -0.7 54 2 4.3 0.1
Transportes 5 647 47 0.8 0.2 401 -45 -10.2 -3.0
Viagens e turismo* 11 359 1 118 10.9 5.1 675 82 13.9 5.4
Direitos e serviços de telecom., informáticos e de informação
1 128 105 10.3 0.5 95 -3 -3.5 -0.2
Outros serviços forn. por empresas
3 627 -88 -2.4 -0.4 300 -3 -1.0 -0.2
Pessoais, culturais, recreativos, Ad. Púb.
386 -151 -28.1 -0.7 36 6 18.0 0.4
Importações 11 871 872 7.9 1 004 27 2.8
Transformação, manut., reparação
330 52 18.8 0.5 22 2 9.3 0.2
Transportes 3 382 286 9.2 2.6 246 -34 -12.2 -3.5
Viagens e turismo* 4 328 231 5.6 2.1 341 23 7.1 2.3
Direitos e serviços de telecom., informáticos e de informação
1 380 159 13.0 1.4 142 -12 -7.5 -1.2
Outros serviços forn. por empresas
2 150 322 17.6 2.9 211 33 18.3 3.3
Pessoais, culturais, recreativos, Ad. Púb.
301 -178 -37.2 -1.6 41 16 64.4 1.7
Saldo 10 946 10 0.1 556 11 2.0
Transformação, manut., reparação
340 -201 -37.1 31 0 1.0
Transportes 2 265 -239 -9.6 155 -11 -6.6
Viagens e turismo* 7031 887 14.4 333 60 21.7
Direitos e serviços de telecom., informáticos e de informação
-253 -53 26.8 -47 8 -14.7
Outros serviços forn. por empresas
1477 -410 -21.7 89 -36 -28.5
Pessoais, culturais, recreativos, Ad. Púb.
86 27 45.5 -5 -11 s.s.
Fonte: BdP. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; ; p.p. = pontos percentuais; s.s. = sem
significado. * Inclui as componentes da construção, seguros, pensões e serviços financeiros, com peso reduzido.
De acordo com dados anuais da OMC, a quota das exportações nacionais nas
importações mundiais de serviços comerciais aumentou de 0.58% em 2012 para 0.61%
em 2013. Os dados trimestrais mais recentes da OMC (não totalmente comparáveis com os
anuais) sugerem uma subida significativa em 2014 (estimativa provisória de 0.74% nos três
primeiros trimestres desse ano, após um valor de 0.67% em 2013; cálculos próprios).
Melhoria homóloga
do excedente em
janeiro de 2015
Quota de mercado
dos serviços sobe
para 0.61% em
2013 e deverá ter
também aumentado
em 2014
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
33
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
3.1.3 Balança de bens e serviços
Segundo dados do Banco de Portugal, o saldo da balança de bens e serviços (BBS)
reduziu-se de 2953 M€ em 2013 para 1982 M€ em 2014 (note-se que o saldo da componente
de bens difere dos dados acima apresentados do INE – ver nota do quadro abaixo), em
resultado do agravamento do défice da balança de bens, que refletiu em parte fatores
temporários, como já foi referido. Em janeiro de 2015, o saldo da BBS situou-se em 125 M€,
valor que representa uma melhoria de 354 M€ em comparação homóloga, refletindo sobretudo
a redução da importação de bens.
Na estrutura da BBS, salienta-se o ligeiro reforço do peso dos serviços nas exportações totais
em 2014 (de 32.0% em 2013 para 32.5%), sobretudo na componente de Viagens e turismo
(de 14.9% para 16.2%), assim como nas importações totais (de 16.8% para 17.4%).
Quadro 3.1.3.1: Balança de bens e serviços
Exportações
Importações Saldo
2014 Jan-15 2014 Jan-15 2014 Jan-15
Valor (M€)
Peso (%)
Valor (M€)
Peso (%)
Valor (M€)
Peso (%)
Valor (M€)
Peso (%)
Valor (M€)
Valor (M€)
Bens (FOB) 47 386 67.5 3 806 70.9 56 351 82.6 4 238 80.8 -8 965 -432
Serviços 22 817 32.5 1 560 29.1 11 871 17.4 1 004 19.2 10 946 556
Transformação, manut., reparação
671 1.0 54 1.0 330 0.5 22 0.4 340 31
Transportes 5 647 8.0 401 7.5 3 382 5.0 246 4.7 2 265 155
Viagens e turismo* 11 359 16.2 675 12.6 4 328 6.3 341 6.5 7 031 333
Direitos e serv. de telecom., informát. e de informação
1 128 1.6 95 1.8 1 380 2.0 142 2.7 -253 -47
Outros serviços forn. por empresas
3 627 5.2 300 5.6 2 150 3.2 211 4.0 1 477 89
Pessoais, culturais, recreat., Ad. Púb.
386 0.6 36 0.7 301 0.4 41 0.8 86 -5
Total 70 203 100.0 5 367 100.0 68 222 100.0 5 242 100.0 1 982 125
Fonte: Banco de Portugal. M€= milhões de euros. Nota: devido a diferenças de natureza metodológica, ocorre uma
diferença significativa de valores na balança de bens entre este quadro e o quadro 3.1.1.1, que tem como fonte o INE.
As diferenças têm origem sobretudo nas importações, em boa medida porque esta componente se encontra expressa
em valores CIF nos dados do INE e em valores FOB nos do Banco de Portugal (ver nota ao quadro 3.1.1.1). * Inclui as
componentes da construção, seguros, pensões e serviços financeiros, com peso reduzido.
3.1.4 Termos de troca de bens e de serviços
A evolução da balança de bens e serviços (BBS) beneficiou de uma melhoria mais intensa dos
termos de troca em 2014, traduzida num diferencial de 1.9 p.p. entre a variação do deflator
das exportações e a do deflator das importações (1.6 p.p. nos bens e 0.8 p.p. nos serviços),
após 1.2 p.p. e 0.6 p.p. nos dois anos precedentes.
Termos de troca
mais favoráveis
em 2014
beneficiam a BBS
Excedente da BBS
recua em 2014 com
subida do défice da
balança de bens
Reforço do peso dos
serviços na estrutura
de exportações e
importações da BBS
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
34
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
A evolução mais favorável dos termos de troca traduziu a queda acrescida dos preços das
importações (-2.2%, após -1.9% em 2013), com origem na componente de bens (-2.7%) –
influenciada pela descida dos preços da energia nos mercados internacionais – e a queda mais
ligeira dos preços das exportações (-0.3%, após -0.8% em 2013), com a descida na
componente de bens (-1.1%) a ser mitigada pelo aumento nos serviços (1.7%).
Quadro 3.1.4.1: Evolução dos termos de troca (tvh, %)
Deflator exportações, tvh (1) Deflator importações, tvh (2) Termos de troca (p.p.)= (1)-(2)
Bens (FOB)
Serviços Total Bens (FOB)
Serviços Total Bens (FOB)
Serviços Total
2012 1.7 1.6 1.7 1.0 1.6 1.1 0.7 -0.1 0.6
2013 -0.9 -0.4 -0.8 -2.3 0.5 -1.9 1.4 -0.9 1.2
2014 -1.1 1.7 -0.3 -2.7 0.9 -2.2 1.6 0.8 1.9
1T 14 -0.8 0.1 -0.5 -3.4 0.8 -2.8 2.6 -0.7 2.3
2T 14 -0.8 1.7 -0.2 -2.4 1.4 -1.9 1.6 0.2 1.7
3T 14 -1.1 3.1 0.0 -2.2 0.8 -1.7 1.1 2.3 1.7
4T 14 -1.6 1.9 -0.7 -2.9 0.5 -2.4 1.3 1.5 1.7
Fonte: INE (Contas nacionais base 2011, SEC 2010) e cálculos próprios. Tvh = taxa de variação homóloga. FOB: ver
nota ao quadro 3.1.1.1.
3.2 Investimento direto
Segundo dados revistos do BdP (seguindo o princípio direcional), o investimento direto
estrangeiro (IDE) aumentou para 6638 M€ em 2014, cerca de quatro vezes o valor de 2013,
apontando para um regresso progressivamente mais sustentado dos investidores (já não
apenas interessados nas operações de privatizações), reflexo de uma maior confiança na
economia nacional com a saída bem-sucedida do programa de ajustamento.
O investimento português no exterior registou uma forte recuperação em 2014 (para 5023
M€), que poderá estar associada à dinâmica das exportações. O investimento direto líquido
foi positivo (1615 M€), tendo diminuído ligeiramente face a 2013 (1750 M€).
Os dados de janeiro de 2015, ainda pouco representativos, mostraram uma ligeira correção
do investimento no exterior e a continuação do crescimento do IDE e do saldo líquido positivo.
Quadro 3.2.1: Investimento direto (saldos acumulados no ano em M€, salvo outra indicação)
2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 Jan-15
Invest. Direto líquido = (1)-(2) 1 750 1 615 -1 468 783 1 763 1 615 291
Inv. Direto. Estrangeiro (1) 1 682 6 638 500 6 094 6 874 6 638 626
Tvha (%) -73.8 294.6 2868.8 s.s. 2695.9 294.6 337.1
Inv. Direto no Exterior (2) -67 5 023 1 968 5 310 5 110 5 023 335
Tvha (%) -99.1 s.s. 40.3 316.5 1172.0 s.s. -32.1
Fontes: INE e BdP. Tvha =taxa de variação homóloga acumulada; M€= milhões de euros; s.s. = sem significado.
Investimento
direto líquido
continuou positivo
em 2014
Forte aumento do
IDE e do
investimento no
exterior em 2014
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
35
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
4. FINANCIAMENTO
4.1 Taxas de juro
Quadro 4.1.1: Taxas de juro
2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 Jan-15 Fev-15
Taxas de juro (%)
Mercado monetário
Taxa “Refi” do BCE (fim de período) 0.25 0.05 0.25 0.15 0.05 0.05 0.05 0.05
Taxas Euribor (valores médios)
3 meses 0.220 0.209 0.295 0.299 0.165 0.082 0.063 0.048
6 meses 0.336 0.308 0.397 0.393 0.266 0.181 0.152 0.126
12 meses 0.536 0.475 0.563 0.570 0.440 0.334 0.298 0.255
Dívida soberana: OT (valores médios)
Yield PT, 10 anos (a) 6.29 3.75 4.86 3.66 3.45 3.05 2.49 2.32
Yield Área Euro, 10 anos 3.00 2.05 2.66 2.23 1.80 1.50 1.14 1.05
Yield Alemanha, 10 anos (b) 1.57 1.16 1.61 1.35 0.99 0.70 0.39 0.30
Prémio de risco de PT = (a) –(b) 4.72 2.59 3.25 2.31 2.45 2.35 2.10 2.02
Crédito a empresas
Novas operações até 1 M€ (exclui descobertos bancários)
Taxa de juro média pond. em PT 6.39 5.53 6.04 5.78 5.37 4.94 4.97
Tx. de juro média pond. na A. Euro 3.78 3.52 3.78 3.69 3.42 3.17 2.99
Fontes: EMMI (European Money Markets Institute), BdP, BCE e Eurostat. OT = Obrigações do Tesouro; PT = Portugal;
Taxa “Refi” do BCE = taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento do Eurosistema.
Figura 4.1.1: Taxas Euribor a 3, 6 e 12 meses (valores médios mensais, %)
Em dezembro de 2014, as taxas Euribor recuaram para mínimos históricos mensais de
0.081% no prazo de três meses, 0.176% a seis meses e 0.329% a 12 meses, descendo de
0,048
0,126
0,255
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
Fev-1
4
Mar-
14
Abr-
14
Mai-14
Jun-1
4
Jul-14
Ago-1
4
Set-
14
Out-
14
Nov-
14
Dez-
14
Jan-1
5
Fev-1
5
Euribor 3m Euribor 6 m Euribor 12 m Fonte: BdP
Taxas Euribor com
forte descida em
2014
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
36
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
forma acentuada face ao final de 2013 (0.274%, 0.371% e 0.543% nos prazos referidos),
refletindo a política monetária mais expansionista do BCE.
O movimento de descida prosseguiu em janeiro e em fevereiro com a adoção do programa
alargado de compra de ativos do BCE. Em fevereiro, os valores médios mensais atingiram
mínimos de 0.048% a três meses, 0.126% nos seis meses e 0.255% nos doze meses. Já em
março, as taxas de juro diárias recuaram para mínimos de 0.021%, 0.088% e 0.201%,
respetivamente, no dia 25. Nos prazos mais curtos, até um mês, a Euribor registou mesmo
valores negativos, a refletir o valor negativo da taxa da facilidade de depósito no BCE.
No mercado secundário de dívida pública, a yield média a 10 anos de Portugal recuou de
6.04% em dezembro de 2013 para 2.81% em dezembro de 2014 (de 6.29% para 3.75% em
média anual), traduzindo a conclusão bem-sucedida do PAEF, o sucesso das emissões de dívida
em mercado primário, a retoma da economia nacional e o contexto de atenuação da crise de
dívidas soberanas na Europa, para o que contribuiu a política monetária expansionista do BCE.
Já em 2015, a yield nacional acentuou a descida em janeiro e fevereiro (valores médios
mensais de 2.49% e 2.32%, respetivamente) com o anúncio do programa alargado de compra
de ativos do BCE (incluindo dívida soberana nacional), atingindo mínimos históricos e reduzindo
o diferencial face à Alemanha para 2.02 p.p., que traduz o prémio de risco-país. Todavia, a
yield soberana de Portugal a 10 anos registava ainda o terceiro valor mais elevado da Área
Euro em fevereiro, apenas abaixo dos valores do Chipre (6.0%) e da Grécia (9.72%), que
contrariou a tendência de descida na zona em face da tentativa de renegociação do programa
de assistência desse país por parte do novo Governo do Syriza. No dia 20 de março, a yield
nacional a 10 anos situou-se em 1.66%, próximo de um mínimo histórico.
Figura 4.1.2: Yields soberanas a 10 anos de alguns países da Área Euro (%)
0,30
9,72
2,32
0
2
4
6
8
10
12
Fev-1
3
Mar-
13
Abr-
13
Mai-13
Jun-1
3
Jul-13
Ago-1
3
Set-
13
Out-
13
Nov-1
3
Dez-
13
Jan-1
4
Fev-1
4
Mar-
14
Abr-
14
Mai-14
Jun-1
4
Jul-14
Ago-1
4
Set-
14
Out-
14
Nov-1
4
Dez-
14
Jan-1
5
Fev-1
5
Alemanha Espanha Grécia Irlanda Portugal Fonte: Eurostat
Yield das OT a 10
anos em mínimos
históricos, mas
ainda a 3ª mais
elevada da A. Euro
Novas medidas do
BCE reforçam
descida das Euribor
no início de 2015
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
37
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Figura 4.1.3: Taxas de juro sobre novas operações (até 1 M€, excluindo descobertos
bancários) a sociedades não financeiras por inst. fin. monetárias (médias ponderadas, %)
A taxa de juro média dos empréstimos às Sociedades Não Financeiras (operações até
1 M€) recuou de forma significativa em 2014, atingindo um mínimo de mais de quinze anos no
final do ano (4.68%, após 5.89% em dezembro de 2013), a refletir a conclusão bem-sucedida
do PAEF e as medidas expansionistas do BCE. Já em janeiro de 2015, a taxa nacional registou
uma correção em alta (para 4.97%), à semelhança de outros países da Área Euro (cuja média
se situou em 2.99%), permanecendo a terceira mais elevada, apenas abaixo dos valores do
Chipre, da Grécia (neste caso, o último valor disponível data de maio de 2014) e da Irlanda.
4.2 Crédito bancário
Quadro 4.2.1: Stock de crédito (final de período)
2013 2014 Mar-14 Jun-14 Set- 14 Dez-14 Jan-15
Crédito interno total (M€) 330 632 311 342 324 639 321 154 316 092 311 342 309 372
Tvh (%) -4.0 -5.8 -4.6 -5.7 -6.5 -5.8 -6.3
Crédito a soc. não financeiras 115 704 101 094* 114 788 112 085 110 789 101 094* 100 882
Tvh (%) -6.1 s.s. -5.6 -7.5 -5.6 s.s. s.s.
Crédito à Ind. Transf. 13 241 13 115* 13 297 13 469 13 353 13 115* 13 334
Tvh (%) -2.6 s.s. -2.1 -2.1 -0.5 s.s. s.s.
Fonte: BdP. Tvh =taxa de variação homóloga; M€= milhões de euros; s.s.=sem signifciado. *Quebra de série.
Os dados do stock de crédito interno mostram que em dezembro de 2014 se registava
uma variação homóloga de -5.8% (menos 19.3 mil M€), representando um agravamento face
ao final de 2013 (-4.0%). Quanto à evolução nos setores institucionais, devido à quebra de
série ocorrida em dezembro de 2014 (motivada pela reclassificação setorial introduzida com o
novo sistema europeu de contas SEC 2010), com alterações significativas dos dados, a análise
considera os valores de novembro de 2014 para aferir a evolução no ano. Nesse mês, o stock
2.37
1.76
4.97
1
2
3
4
5
6
7
8
Jun-1
1
Ago-1
1
Out-
11
Dez-
11
Fev-1
2
Abr-
12
Jun-1
2
Ago-1
2
Out-
12
Dez-
12
Fev-1
3
Abr-
13
Jun-1
3
Ago-1
3
Out-
13
Dez-
13
Fev-1
4
Abr-
14
Jun-1
4
Ago-1
4
Out-
14
Dez-
14
Chipre Alemanha Espanha França Grécia
Irlanda Itália Luxemburgo Portugal Zona Euro
Fontes: BCE, Eurostat
Taxa de juro do
crédito às empresas
em mínimo de mais
de 15 anos em
dezembro, mas
corrige em alta em
janeiro de 2015 e
permanece a 3ª
mais alta da A. Euro
Crédito interno
continua a cair em
2014 e em janeiro
de 2015
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
38
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
de crédito interno registava uma queda homóloga de 6.4%, também em agravamento face a
dezembro de 2013, com origem nos setores institucionais Administrações Públicas (de
-0.5% para -13.8%) e Sociedades Financeiras (de -0.4% para -9.2%). Em sentido contrário,
as taxas de variação homólogas tornaram-se menos negativas para os Particulares (de -4.4%
para -3.4%) e para as Sociedades Não Financeiras (de -6.1% para -6.0%), mas apenas de
forma marginal neste caso. Não obstante um desagravamento face a 2013, as Sociedades Não
Financeiras voltaram a apresentar o maior decréscimo no crédito concedido em valor absoluto
(-5.7 mil M€, após -7.6 mil M€ em 2013), seguidas pelos Particulares (-3.9 e -5.9 mil M€), pelas
Sociedades Financeiras (-3.8 e -0.2 mil M€) e pelo Governo (-2.8 e -0.2 mil M€). Em janeiro
de 2015, o crédito interno reduziu-se 1.97 mil M€ face ao mês precedente, com variações de
-1.14 mil M€ nas Administrações Públicas, -0.47 mil M€ nos Particulares, -0.21 mil M€ nas
Sociedades Não Financeiras e -0.15 mil M€ nas Sociedades Financeiras.
Figura 4.2.1: Stock de crédito interno do setor financeiro monetário às sociedades não
financeiras (M€ e tvh em %)
Figura 4.2.2: Empréstimos bancários a sociedades não financeiras por setor de atividade
(saldos em final de mês, não incluindo títulos; M€)
100 882
-6.4%
-10%
-9%
-8%
-7%
-6%
-5%
-4%
-3%
-2%
-1%
0%
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
Jan-1
1
Mar-
11
Mai-11
Jul-11
Set-
11
Nov-1
1
Jan-1
2
Mar-
12
Mai-12
Jul-12
Set-
12
Nov-1
2
Jan-1
3
Mar-
13
Mai-13
Jul-13
Set-
13
Nov-1
3
Jan-1
4
Mar-
14
Mai-14
Jul-14
Set-
14
Nov-1
4
Jan-1
5
Stock de crédito interno às soc. não fin. (esc. esq.) tvh (esc. dta.) Fonte: BdP. Quebra de série em dez-14
1.200
2.057
3933
4.117
4.697
5329
5433
6.706
11.708
12.202
13.334
14.940
0 5.000 10.000 15.000 20.000
Outras atividades
Agricultura, produção animal, …
Educação, saúde e outras …
Eletricidade, gás, vapor e água; …
Alojamento, restauração e similares
SGPS
Atividades de consultoria, técnicas …
Transportes e armazenagem
Atividades imobiliárias
Comércio
Indústria transformadora
Construção
dez-13 nov-14 dez-14 jan-15 Fonte: BdP. Nota: quebra de série em Dez-14
Crédito às Soc. Não
Financeiras volta a
registar o maior
decréscimo
absoluto em 2014,
apesar de ligeiro
desagravamento
em variação
homóloga
Sociedades Não
Financeiras voltam
a registar uma
forte queda do
crédito em 2014,
apesar de um
ligeiro
desagravamento
homólogo
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
39
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Por setor de atividade, onde também há quebras de série pelos motivos acima referidos,
apenas a indústria transformadora e a agricultura e pescas tiveram um aumento do crédito
entre dezembro de 2013 e novembro de 2014 (109 M e 106 M€, respetivamente). Entre
dezembro de 2014 e janeiro de 2015, apenas a IT registou um aumento de crédito (219 M€).
Figura 4.2.3: Crédito do setor financeiro monetário e não monetário às sociedades não
financeiras: PME, grandes empresas e exportadoras (tva, %)
Ainda nas Sociedades Não Financeiras, o ano de 2014 saldou-se por uma redução menos
acentuada do financiamento bancário às PME (taxa de variação anual, tva, de -4.0% em
dezembro de 2014, após -6.7% no final de 2013) e mais forte nas grandes empresas (-7.8%
e -1.6%, respetivamente), mas apenas porque estas revelaram preferência por outras fontes de
financiamento com o reacesso aos mercados internacionais após a conclusão bem-sucedida do
programa de assistência externa. O crédito às empresas exportadoras continuou a aumentar
em dezembro de 2014, ainda que em abrandamento face ao final de 2013 (de uma tva de
1.5% para 0.9%), mas o ritmo de crescimento aumentou já em janeiro de 2015. Nesse mês, a
tendência de desagravamento prosseguiu nas PME, enquanto a queda do crédito às grandes
empresas foi menos acentuada.11
4.3 Mercado de capitais
Em 2014, o valor transacionado no mercado secundário a contado aumentou 27.3%
em termos anuais, para 39668.7 M€, valor que se distribuiu entre 38816.4 M€ na Euronext
Lisbon (com uma subida de 27.8%) e, ao nível dos sistemas de negociação multilateral
(com menores exigências de listagem, por isso mais apropriados à participação das PME), 828.5
11 Nota: os dados deste parágrafo não são diretamente comparáveis com os anteriores, por incluírem empréstimos de
instituições não monetárias, mas excluírem o crédito titularizado.
-6,7
-1,6
1,5
-4,0
-7,8
0,9
-3,9
-4,8
2,5
-10,0
-8,0
-6,0
-4,0
-2,0
0,0
2,0
4,0
PME Grandes empresas Empresas exportadoras
Dez-13 Dez-14 Jan-15 Fonte: BdP
Menor queda do
crédito a PME e
maior nas grandes
empresas em 2014
Crédito apenas
melhora na IT e na
agricultura em
2014 e só na IT em
janeiro de 2015
Crédito às empresas
exportadoras
acelera em janeiro
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
40
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
M€ na EasyNext Lisbon (15.7%) e 23.7 M€ no PEX (-61.9%). O valor negociado na
AlterNext Lisbon não atingiu 1 M€, mas sabe-se que se reduziu para perto de zero.
Considerando os segmentos com maior peso em cada mercado, a subida homóloga das
transações na EuroNext Lisbon foi fortemente influenciada pelas ações (tvh de 26.9%; peso de
96.6% nas sessões normais), enquanto na EasyNext Lisbon se destacou a progressão nos
certificados (22.5%; 77.6%) e no PEX o recuo nas obrigações (-61.9%; 100%).
Em dezembro de 2014, a capitalização bolsista atingiu 240262.5 M€ na EuroNext Lisbon (tvh
de 6.3%), 3231.7 M€ na EasyNext Lisbon (0.4%) e 64.3 M€ na AlterNext Lisbon (732.5%).
Já em 2015, os dados de janeiro a fevereiro, ainda pouco representativos, mostram uma
correção em baixa do valor transacionado (tvh de -32.7%: -32.8% na Euronext Lisbon e
-26.2% nos sistemas de negociação multilateral). No que se refere à capitalização, em
fevereiro registava-se algum abrandamento na Euronext e na Alternext (mas mantendo ainda
um forte crescimento homólogo) e uma aceleração na Easynext.
Quadro 4.3.1: Transações e capitalização bolsista (M€, salvo outra indicação)
Valor transacionado Capitalização bolsista
2013 2014 Jan-Fev 15 Dez-13 Dez-14 Jan-Fev 15
Mercados regulamentados 30 383.3 38 816.4 5 020.5
Tvh (%) 27.8% -32.8%
Euronext Lisbon 30 383.3 38 816.4 5 020.5 226 057.0 240 262.5 262 626.7
Tvh (%) 27.8% -32.8% 8.7% 6.3% 5.6%
Sistemas de neg. multilateral 778.1 852.3 129.9
Tvh (%) 9.5% -26.2%
EasyNext Lisbon 715.8 828.5 128.1 3 220.1 3 231.7 3 698.0
Tvh (%) 15.7% -24.4% 25.2% 0.4% 6.5%
AlterNext Lisbon 0.0 0.0 0.0 7.7 64.3 63.0
Tvh (%) -96.2% s.s. 0.0% 732.5% 579.6%
PEX 62.3 23.7 1.8
Tvh (%) -61.9% -73.1%
Total (merc. secund. contado) 31 161.4 39 668.7 5 150.4
Tvh (%) 27.3% -32.7%
Fonte: CMVM. Tvh = taxa de variação homóloga; s.s.=sem significado.
O índice acionista de referência PSI-20 desvalorizou-se 26.8% em 2014, em comparação
de final de período (atingindo 4798.99 pontos na última sessão do ano), mas recuperou parte
das perdas em janeiro e fevereiro (variações mensais de 7.2% e 10.6%, respetivamente),
mês que encerrou em 5689.70 pontos. Já em março, o PSI-20 atingiu 6015.48 pontos no dia
25, traduzindo uma subida de 25.3% desde o início do ano.
PSI-20 recua 26.8%
em 2014, mas
recupera até março
Subida do valor
transacionado em
bolsa em 2014,
com origem na
Euronext
(sobretudo ações)
e na EasyNext
Lisbon (sobretudo
certificados)
Capitalização
bolsista cresce em
2014
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
41
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
5. MERCADO DE TRABALHO
A taxa de desemprego situou-se em 13.5% no quarto trimestre de 2014, valor que
representa uma redução face ao período homólogo (15.1%) e um aumento face ao mínimo de
três anos registado no trimestre anterior (13.1%), mas note-se que neste caso a variação pode
ser influenciada por sazonalidade. O número de desempregados reduziu-se 13.6% em termos
homólogos, o emprego aumentou 0.5% e a população ativa recuou 1.6%. A taxa de
desemprego anual reduziu-se para 13.9% em 2014, após um máximo de 16.2% em 2013.
Figura 5.1: Taxa de desemprego total, jovem e de longa duração
(%, sem correção de sazonalidade)
Em variação absoluta, o aumento homólogo do emprego (22.7 mil pessoas) absorveu
apenas parte da queda acentuada do número de desempregados (109.7 mil), traduzindo-se
numa redução significativa da população ativa (87.0 mil) apenas parcialmente justificada pelo
aumento dos inativos (26.4 mil).
Dos dados mais detalhados do emprego, realça-se que o aumento homólogo do emprego teve
origem nos setores secundário e terciário (3.3% e 2.1%, respetivamente), mais do que
compensando a queda no setor primário (-17.5%), e que os contratos de trabalho com
termo foram os que mais aumentaram entre os trabalhadores por conta de outrem (variação
homóloga de 6.5%, face a 3.7% nos sem termo).
No que se refere ao desemprego, foi o setor primário que registou a variação homóloga mais
negativa (tvh de -25.5%, face a -19.4% no setor secundário e -13.6% no secundário).
Por grau de qualificação, a redução homóloga do desemprego foi superior nas pessoas com
ensino superior (tvh de -16.6%), seguida das que possuem apenas ensino básico (-14.7%) e
das que têm como habilitações o ensino secundário ou pós-secundário (-9.2%).
12,7 15,5 16,2
13,9 12,4
17,5
15,1 13,1 13,5
30,3
37,9 38,1 34,8
28,0
42,5
37,5
32,2 34,0
6,7 8,4
10,0 9,1 6,6
10,4 9,6 8,8 8,7
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
2011
2012
2013
2014
1T 1
1
2T 1
1
3T 1
1
4T 1
1
1T 1
2
2T 1
2
3T 1
2
4T 1
2
1T 1
3
2T 1
3
3T 1
3
4T 1
3
1T 1
4
2T 1
4
3T 1
4
4T 1
4
Taxa de desemprego total
Taxa de desemprego jovem (15-24 anos)
Taxa de desemprego de longa duração (12 ou mais meses) Fonte: INE
Taxa de desemprego
recua de 16.2% em
2013 para 13.9%
em 2014 (13.5% no
4º trimestre)
Setor secundário
lidera aumento
homólogo do
emprego
Desemprego
desce menos nas
qualificações
intermédias
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
42
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
É também de realçar a queda homóloga da taxa de desemprego de longa duração (para
8.7%) e da taxa de desemprego jovem (para 34.0%) no quarto trimestre.
Quadro 5.1: Inquérito trimestral ao emprego do INE
4T 13 3T 14 4T 14 Tvh (%) Tvc (%)
População ativa (103 indivíduos) 5 276.8 5 254.0 5 189.8 -1.6 -1.2
Taxa de atividade (%) 50.6 50.6 50.1
População empregada (103) 4 468.9 4 565.1 4 491.6 0.5 -1.6
Sector Primário 422.4 407.3 348.5 -17.5 -14.4
Sector Secundário 1 041.0 1 089.7 1 074.9 3.3 -1.4
Sector Terciário 3 005.5 3 068.2 3 068.2 2.1 -
Trabalhadores por conta de outrem (103) 3 514.1 3 676.5 3 659.4 4.1 -0.5
Com contrato de trabalho sem termo 2 768.3 2 864.6 2 869.9 3.7 0.2
Com contrato de trabalho com termo 614.7 683.6 654.7 6.5 -4.2
População desempregada (103) 808.0 688.9 698.3 -13.6 1.4
Ensino básico: até 3º ciclo 449.7 390.6 383.6 -14.7 -1.8
Ensino secundário ou pós-secundário 215.9 183.2 196.0 -9.2 7.0
Ensino superior 142.3 115.1 118.7 -16.6 3.1
Desemp. à procura de novo emprego (103) 722.8 595.6 615.5 -14.8 3.3
Oriundos do Sector Primário 18.8 12.9 14.0 -25.5 8.5
Oriundos do Sector Secundário 239.4 188.5 193.2 -19.3 2.5
Oriundos do Sector Terciário 438.6 367.7 378.8 -13.6 3.0
Taxa de desemprego (%) 15.3 13.1 13.5
Homens 14.8 12.3 13.1
Mulheres 15.9 14.0 13.8
Jovens (15-24 anos) 36.1 32.2 34.0
Longa duração (12 ou mais meses) 9.7 8.8 8.7
Regiões
Norte 16.4 14.3 14.2 -2.2 -0.1
Centro 10.5 10.5 10.7 0.2 0.2
Lisboa 17.2 14.0 14.0 -3.2 0.0
Alentejo 15.6 12.6 14.5 -1.1 1.9
Algarve 17.0 11.2 14.9 -2.1 3.7
R. A. Açores 17.3 15.7 15.5 -1.8 -0.2
R. A. Madeira 17.0 13.0 15.1 -1.9 2.1
População inativa (103 indivíduos) 5 151.6 5 127.4 5 178.0 0.5 1.0
Fonte: INE. Tvh(c)= taxa de variação homóloga (em cadeia).
Nas regiões, a maior descida homóloga ocorreu em Lisboa (3.2 p.p., para 14.0%), seguida do
Norte (2.2 p.p., para 14.2%), do Algarve (2.1 p.p., para 14.9%), da R. A. da Madeira (1.9 p.p.,
para 15.1%), da R. A. dos Açores (1.8 p.p., para 15.5%, o máximo nacional) e do Alentejo (1.1
p.p., para 14.5%). Apenas a região Centro registou uma subida homóloga da taxa de
desemprego (0.2 p.p, para 10.7%), mas o valor continuou a ser o mais baixo a nível nacional.
Redução homóloga
da taxa de
desemprego em
todas as regiões,
exceto no Centro,
que mantém o valor
mais baixo (10.7%)
Recuo das taxas de
desemprego jovem e
de longa duração
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
43
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
6. CUSTOS DAS MATÉRIAS-PRIMAS
O índice global de matérias-primas do FMI recuou pelo terceiro ano seguido em 2014
(-6.3%), a refletir o fraco crescimento da economia global, o abrandamento na China (com
forte impacto no índice dos metais, que recuou -10.3%), o fim do programa de compra de
ativos da Fed e o impacto mundial da exploração de gás e petróleo de xisto nos EUA, que
voltou a penalizar o índice da energia (-7.5%, incluindo -9.1% no brent). Em 2015, o índice
global caiu 12.1% em janeiro e subiu 5.5% em fevereiro, com origem na energia (12.3%).
Quadro 6.1: Índices e cotações das matérias-primas (médias de período)
2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 Jan-15 Fev-15
Índices (tvc, %)
Índice global de matérias-primas (100%) -1.6 -6.3 0.1 1.4 -5.3 -16.8 -12.1 5.5
Índice de m.p. agrícolas (7.7%) 1.6 1.9 1.2 0.4 -2.9 -2.6 -0.5 0.9
Índice de metais (10.7%) -4.3 -10.3 -4.2 -3.4 0.5 -7.3 -5.7 -2.2
Índice da energia (63.1%) -1.8 -7.5 -0.6 1.7 -5.7 -22.8 -18.7 12.3
Índice de alimentação e bebidas (18.5%) -0.1 -2.1 4.7 3.1 -7.6 -4.7 -2.7 -3.3
Preços de mat.-primas industriais
Algodão (cts. $/libra de peso) 90.40 83.10 93.99 92.60 77.07 68.72 67.35 69.84
Tvc (%) 1.3 -8.1 7.8 -1.5 -16.8 -10.8 -1.4 3.7
Cobre ($/tonelada) 7331.5 6863.4 7030.2 6795.3 6995.8 6632.3 5830.5 5729.3
Tvc (%) -7.9 -6.4 -1.9 -3.3 3.0 -5.2 -9.6 -1.7
Minério de ferro ($/tonelada) 135.4 96.8 120.4 102.6 90.3 74.0 67.4 62.7
Tvc (%) 5.3 -28.5 -10.7 -14.8 -12.0 -18.0 -2.1 -7.0
Petróleo (barril de brent, $) 108.8 98.9 107.9 109.8 102.1 76.0 48.4 57.9
Tvc (%) -2.8 -9.1 -1.3 1.7 -7.0 -25.6 -22.1 19.6
Fonte: FMI. Tvc = taxa de variação em cadeia; cts=cêntimos.
Figura 6.1: Índice global de matérias-primas e componentes de inputs industriais: metais,
matérias-primas agrícolas e energia (2005=100, valores mensais)
0
50
100
150
200
250
300
Jan-0
5
Mai-05
Set-
05
Jan-0
6
Mai-06
Set-
06
Jan-0
7
Mai-07
Set-
07
Jan-0
8
Mai-08
Set-
08
Jan-0
9
Mai-09
Set-
09
Jan-1
0
Mai-10
Set-
10
Jan-1
1
Mai-11
Set-
11
Jan-1
2
Mai-12
Set-
12
Jan-1
3
Mai-13
Set-
13
Jan-1
4
Mai-14
Set-
14
Jan-1
5
M.P. Agrícolas Metais Energia Índice global M.P. Fonte: FMI
Índice global de
matérias-primas
cai pelo 3º ano
seguido em 2014
com descidas
acentuadas nos
metais e energia
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
44
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
7. CUSTOS DA ENERGIA
7.1 Eletricidade
No segundo semestre de 2014, os preços sem IVA e outros impostos dedutíveis da
eletricidade pagos pela indústria nacional registaram variações homólogas mais baixas nos
dois primeiros escalões e mais altas nos seguintes, por comparação com o semestre anterior,
mas ainda com valores moderados ou mesmo negativos (no quarto e no quinto escalões).
Portugal continuou a situar-se na metade de países da UE (cuja média ainda não está
disponível no segundo semestre) em que a indústria mais paga pela eletricidade, sobretudo nos
primeiros escalões, onde se situam as PME, sendo ainda de notar que Portugal tem défice e
dívida tarifários, não repercutidos no preço, uma situação só com paralelo em Espanha.
Quadro 7.1.1: Preços sem IVA (e outros imp. ded.) da eletricidade na indústria (€/KWh)
Portugal UE (28)
2S 13 1S 14 2S 14 2S 14 2S 13 1S 14
#UE 28 (sem imp., taxas)
Bandas de consumo
IA: Consumo < 20 MWh
IB
0.1836 0.1910 0.1868 6º em 25 (9º em 25) 0.1929 0.1903
Tvh (%) 1.3 2.8 1.7 4.4 1.9
IB: [20Wh; 500 MWh [ 0.1406 0.1494 0.1442 8º em 25 (6º em 25) 0.1423 0.1479
Tvh (%) 0.4 3.4 2.6 3.2 4.7
IC: [500Wh; 2 000 MWh [ 0.1138 0.1162 0.1187 6º em 25 (7º em 25) 0.1185 0.1234
Tvh (%) -0.9 0.8 4.3 2.4 3.2
ID: [2 000; 20 000 MWh [ 0.1025 0.1010 0.1008 9º em 25 (8º em 25) 0.1065 0.1085
Tvh (%) -1.4 -3.0 -1.7 1.9 1.7
IE: [20 000Wh; 70 000 MWh [ 0.0910 0.0842 0.0879 9º em 25 (11º em 25) 0.0945 0.0945
Tvh (%) -1.0 -8.2 -3.4 0.7 0.1
IF: [70 000; 150 000 MWh] 0.0818 0.0761 0.0838 9º em 23 (10º em 23) 0.0841 0.0852
Tvh (%) 0.4 -6.7 2.4 -0.5 -2.0
Fonte: Eurostat. # UE 28 (sem imp., taxas) = ranking do preço de Portugal sem IVA e outros impostos dedutíveis (sem
todos os impostos e taxas) na UE 28; Mwh= megawatts/hora.; tvh= taxa de variação homóloga. Nota: não há dados
para Portugal (e vários outros países europeus) no escalão de consumo acima de 150 000 MWh.
A posição no ranking de preços não se altera muito quando se exclui a totalidade de impostos e
taxas (permitindo aferir os preços de mercado sem a influência global da fiscalidade), sendo
menos gravosa na maioria dos escalões, com exceção do segundo e do quarto (em que
Portugal sobe duas e uma posição, respetivamente).
Portugal na metade
de países com preços
da eletricidade (sem
impostos) mais altos
da UE no 2º semestre
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
45
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
7.2 Gás natural
No segundo semestre de 2014, os preços do gás natural da indústria sem IVA e outros
impostos dedutíveis registaram variações homólogas significativamente mais altas que no
trimestre anterior, com exceção do primeiro escalão (onde se verificou um abrandamento), em
todos os casos com valores acima de 5%, que contrastam com a descida observada nas
cotações internacionais de produtos energéticos durante esse período (ver quadro 6.1).
No caso do gás natural à indústria, os preços médios nacionais (sem IVA e outros impostos
e taxas dedutíveis) são mesmo os mais elevados entre os países europeus com informação
disponível, sobretudo nos dois primeiros escalões de consumo (1ª posição nos dois casos).
Quadro 7.2.1: Preços sem IVA (e outros imp. ded.) do gás natural na indústria (€/GJ)
Portugal UE (28)
2S 13 1S 14 2S 14 2S 14 2S 13 1S 14
#UE (sem imp. taxas)
Bandas de consumo
I1: Consumo < 1 000 GJ
IB
20.46 20.59 21.73 1º em 24 (1º em 24) 15.40 14.58
Tvh (%) 11.8 10.5 6.2 1.4 -2.0
I2: [1 000; 10 000 GJ [ 16.05 16.02 16.91 1º em 25 (1º em 25) 13.28 13.04
Tvh (%) 6.4 4.7 5.4 5.9 -4.8
I3: [10 000; 100 000 GJ [ 11.66 11.86 13.17 2º em 25 (1º em 25) 11.12 10.93
Tvh (%) 0.0 1.7 13.0 4.9 -4.7
I4: [100 000; 1 000 000 GJ [ 10.03 10.10 11.40 3º em 25 (1º em 25) 9.45 9.08
Tvh (%) -2.1 -0.8 13.7 1.3 -4.7
I5: [1 000 000; 4 000 000 GJ] 9.27 9.56 9.97 5º em 20 (1º em 20) 8.53 8.28
Tvh (%) -5.3 -0.6 7.6 -2.7 -6.2
Fonte: Eurostat. # UE (sem imp., taxas) = ranking do preço de Portugal sem IVA e outros impostos e taxas dedutíveis
(sem todos os impostos e taxas) nos países com informação disponível da UE. ; GJ= gigajoules; tvh= taxa de variação
homóloga. Nota: não há dados para Portugal (e vários outros países europeus) no escalão acima de 4 000 000 GJ.
Excluindo todos os impostos e taxas, verifica-se que Portugal passa para primeiro lugar também
nos escalões quatro e cinco.
7.3 Combustíveis
O preço do gasóleo rodoviário sem impostos foi o 13º mais alto da UE em 2014,
traduzindo-se num valor ligeiramente superior à média europeia (0.696 e 0.681 €/litro,
respetivamente), tendo a distância sido encurtada devido à queda anual relativamente mais
forte em Portugal (variação anual de -8.4%, face a -6.3% na UE).
Preço do gasóleo sem
impostos cai 8.4%
em 2014, ficando já
pouco acima da
média da UE
Preços do gás
natural (sem
impostos) na
indústria em
Portugal entre os
mais altos da UE
Crescimento
acentuado dos
preços do gás à
indústria no 2º
semestre de 2014
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
46
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
No entanto, o preço de venda ao público (com impostos) situou-se abaixo da média
europeia (1.311 e 1.398 €/litro, respetivamente) devido a um peso da tributação inferior à UE
(46.9% e 51.3% do preço final), situando-se apenas na 19ª posição entre os países da UE (28)
com preços mais elevados, abaixo do meio da tabela.
Na comparação com Espanha, o preço do gasóleo nacional em 2014 foi inferior antes de
impostos (0.696 e 0.713 €/litro, respetivamente) e igual após impostos (1.311 €/litro), devido a
uma fiscalidade mais elevada em Portugal (46.9%, face a 45.7% em Espanha).
Quadro 7.3.1: Preço do gasóleo rodoviário em Portugal e na UE (€/litro)
2013 2014 Jan-15 Fev-15
Preço do gasóleo rodoviário sem impostos
Portugal 0.760 0.696 0.523 0.562
Tvh (%) -6.5 -8.4 -29.4 -28.1
Ranking na UE (28) 8º 13º 10º
UE (28) 0.727 0.681 0.500
Tvh (%) -5.7 -6.3 -29.1
Preço de venda ao público do gasóleo rodoviário
Portugal 1.387 1.311 1.138 1.186
Tvh (%) -4.4 -5.5 -16.7 -15.6
Ranking na UE (28) 15º 19º 16º
UE (28) 1.445 1.398 1.193
Tvh (%) -3.1 -3.2 -16.2
Peso da tributação no preço (%)
Portugal 45.2 46.9 54.0
UE (28) 49.7 51.3 58.1
Fonte: DGEG (Direção-geral de Energia e Geologia). Nota: a tributação inclui o IVA (dedutível) e o ISP, do qual estão
isentas as instalações abrangidas pelo CELE (Comércio Europeu de Licenças de Emissão) e as empresas abrangidas
pelos ARCE (Acordos de Racionalização de Consumos Energéticos) – nº 2 do artº 89 do CIEC (Código dos Impostos
Especiais sobre o Consumo).
Já em 2015, o preço do gasóleo antes de impostos registou uma queda homóloga acentuada
em janeiro (-29.4%) e fevereiro (-28.1%), embora já com uma recuperação mensal
significativa neste mês (7.5%). Em janeiro, o preço antes de impostos era o décimo mais
elevado da UE, registando um valor acima da média (0.523 e 0.500 €/litro, respetivamente),
enquanto o valor com impostos era o 16º mais elevado, ligeiramente abaixo da média.
No dia 23 de março, o preço do gasóleo situou-se em 0.592 €/litro antes de impostos e 1.223
€/litro após impostos, evidenciando uma subida face aos valores médios de fevereiro.
A evolução dos preços dos combustíveis reflete a cotação do petróleo, que depois de uma
queda acentuada na parte final de 2014 corrigiu em alta no início deste ano, mas a perspetiva é
de que se mantenha a um nível baixo em 2015 (ver secção 2.2). No dia 25 de março, o preço
do barril de brent situou-se em 55.65 dólares, abaixo da média de fevereiro (ver secção 6).
Perspetivas para a
cotação do petróleo
sugerem maior
estabilidade do
preço do gasóleo
em 2015
Preço do gasóleo
com impostos
abaixo da média da
UE mas igual ao de
Espanha em 2014
Recuperação
mensal do preço do
gasóleo em
fevereiro
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
47
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
8. COMPETITIVIDADE PELOS PREÇOS E PELOS CUSTOS LABORAIS
8.1 Competitividade pelos preços: câmbios e inflação
Em 2014 observou-se uma melhoria de 0.5% da competitividade-preço em Portugal
(correspondente a uma depreciação no Índice de Taxa de Câmbio Real Efetiva, ITCRE, medido
com o deflator IPC face a 42 parceiros comerciais12), após uma deterioração ligeira em 2013
(0.3%), com o efeito desfavorável da apreciação cambial do euro (aferida pelo Índice de
Taxa de Câmbio Nominal Efetiva, ITCNE, medido também face a 42 parceiros comerciais) a ser
mais do que compensado pelo efeito favorável do diferencial de inflação negativo face ao
exterior (-1.3 p.p.). A melhoria da competitividade foi conseguida apenas na segunda metade
do ano (1.3% no terceiro trimestre e 1.7% no quarto trimestre, em termos homólogos),
altura em que o euro começou a depreciar-se devido à política mais expansionista do BCE.
Figura 8.1.1: Evolução da competitividade-preço e das componentes cambial e de diferencial
de preços face ao exterior: 42 parceiros (tvh em % dos ITCRE e ITCNE, e diferença em p.p.)
A taxa de inflação medida pelo IHPC (Índice Harmonizado de Preços no Consumidor) recuou
para um valor negativo em 2014 (de 0.4% para -0.2%; de 0.3% para -0.3% no IPC e de 0.2%
para 0.1% no IPC exceto energia e bens alimentares não transformados), levando a um
diferencial face à UE de -0.8 p.p., que explicou boa parte da melhoria da competitividade-
preço no ano, sendo o principal determinante do diferencial face ao exterior. Em janeiro e
fevereiro, o diferencial de inflação homóloga face à UE passou a ser ligeiramente positivo.
Salienta-se também a maior proximidade entre a taxa de inflação homólogas da UE e a dos
EUA, que em 2014 registou um valor claramente superior (1.6%, face a 0.6% na UE).
12 42 parceiros: 37 parceiros [UE (28)+9 outros países industrializados (Austrália, Canadá, EUA, Japão, Noruega, Nova
Zelândia, México, Suíça e Turquia)]+5 outros países industrializados (Rússia, China, Brasil, Coreia do Sul e Hong Kong).
0,3
-0,5
0,8
0,3
-1,3
-1,7
1,7
0,8
2,2
1,9
0,1
-0,8
-1,4 -1,3 -1,4 -1,6
-1,4
-0,9
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14
Ganho (-) ou perda (+) de competitividade-preço (ITCRE_IPC, tvh em %)
Componente cambial (ITCNE, tvh em %)
Componente preços (diferença em p.p.) Fonte: Comissão Europeia
Diferencial de
inflação face à UE
torna-se
ligeiramente
positivo em janeiro
e fevereiro
Competitividade -
preço recupera no
2º semestre com
depreciação cambial
induzida pelo BCE e
manutenção de um
diferencial de
inflação negativo
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
48
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Figura 8.1.2: Taxas de inflação homólogas (%) de Portugal, UE (IHPC) e EUA (IPC), e
diferencial de inflação entre Portugal e a UE (p.p.)
A taxa de inflação negativa em 2014 (-0.2%, medida pelo IHPC) teve origem na componente
de bens (-1.1%), que contrariou a subida na componente de serviços (1.1%), uma tendência
que prosseguiu em janeiro e fevereiro de 2015, considerando as variações homólogas.
Figura 8.1.3: Inflação (IHPC), total e componentes de bens e serviços (tvh, %)
Quanto ao câmbio euro/dólar (cuja evolução é um bom previsor da ITCNE de Portugal em
termos de alteração de andamento, dada a influência sobre os outros câmbios), os dados do
quarto trimestre mostraram uma depreciação homóloga de -8.2% (após valores de 0.0%,
4.9% e 3.7% nos trimestres anteriores), incluindo -10.0% em dezembro. A queda acentuou-se
em janeiro (-14.6%) e fevereiro (-16.9%, para 1.1350 dólares por euro), em consequência
do programa alargado de compra de ativos do BCE e dos receios de saída da Grécia da Área
Euro (na sequência do pedido de renegociação do programa de ajuda por parte do novo
governo do Syriza), o que favorece a melhoria da competitividade-preço.
-1,1 -0,8 -0,9 -0,9 -0,8
-0,2
0,1 0,1
0,4
-0,2 -0,1 -0,2 -0,3 0,0
-0,4 -0,1
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
2013
2014
1T 1
4
2T 1
4
3T 1
4
4T 1
4
jan-1
5
fev-1
5
Diferencial PT-UE Portugal UE (28) EUA Fonte: Eurostat e BLS
0,4
-0,2
0,1
-0,1 -0,2
-0,3
0,0
-0,4
-0,1
1,1 1,1
0,6 0,6
1,0
1,6
1,2 1,0
1,2
0,0
-1,1
-0,3
-0,7
-1,1
-1,6
-0,9
-1,4
-1,0
-2
-2
-1
-1
0
1
1
2
2
2013 2014 4T 13 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 jan-15 fev-15
IHPC, total (tvh, %) IHPC, serviços (tvh, %) IHPC, bens (tvh, %) Fontes: BdP, INE
Forte depreciação
do euro face ao
dólar a partir do 4T
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
49
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Figura 8.1.4: Taxa de câmbio euro/dólar (média mensal)
8.2 Competitividade pelos custos laborais
Em termos de competitividade-custo (avaliada pelo ITCRE medido com o deflator CLU –
custos laborais unitários), os dados da Comissão Europeia com o número de parceiros
comerciais mais elevado (37, neste caso) mostram uma melhoria de 0.9% em 2014
(correspondendo a uma depreciação do ITCRE-CLU nessa magnitude), com o efeito de
apreciação cambial do euro (0.4%, neste caso, face a 37 parceiros) a ser contrariada pelo
diferencial negativo de variação dos CLU face ao exterior (-0.9 p.p.).
A melhoria da competitividade iniciou-se no terceiro trimestre e acentuou-se no quarto
trimestre (para uma depreciação homóloga do ITCRE-CLU de 2.6%) com a depreciação do
euro e o ligeiro reforço do diferencial negativo de variação dos CLU face ao exterior (-1.6 p.p.).
Figura 8.2.1: Evolução da competitividade-custo e das componentes cambial e de diferencial
de CLU face ao exterior: 37 parceiros (tvh em % dos ITCRE e ITCNE, e diferença em p.p.)
1,5770
1,1350
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
Jan-9
9
Set-
99
Mai-00
Jan-0
1
Set-
01
Mai-02
Jan-0
3
Set-
03
Mai-04
Jan-0
5
Set-
05
Mai-06
Jan-0
7
Set-
07
Mai-08
Jan-0
9
Set-
09
Mai-10
Jan-1
1
Set-
11
Mai-12
Jan-1
3
Set-
13
Mai-14
Jan-1
5
Fonte: BdP
2,6
-0,5
1,9
0,3
-1,5
-2,6
1,7
0,4
1,6
1,2
0,0
-1,0
0,9
-0,9
0,3
-0,9
-1,5 -1,6
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14
Ganho (-) ou perda (+) de competitividade-custo (ITCRE_CLU, tvh em %)
Componente cambial (ITCNE, tvh em %)
Componente CLU (diferença em p.p.) Fonte: Comissão Europeia
Competitividade-
custo melhora 0.9%
em 2014, suportada
pelo diferencial
negativo de
variação dos CLU
face ao exterior
Melhoria da
competitividade-
custo acentua-se no
4T, sobretudo na
componente
cambial
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
50
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
9. AJUSTAMENTO DA ECONOMIA PORTUGUESA
9.1 Equilíbrio externo
Segundo dados revistos do Banco de Portugal, a balança corrente registou um excedente de
1044 M€ em 2014, o que traduz uma redução de 56.6% face a 2013 (1361 M€), ano em que se
registou o primeiro saldo positivo em várias décadas, correspondendo a uma descida de 1.4%
para 0.6% do PIB. Esta evolução traduziu o agravamento do défice das balanças de bens (em
972 M€) e de rendimentos primários (em 674 M€). A balança de bens e serviços continuou a
apresentar um excedente em 2014 (1.1% do PIB), embora inferior ao saldo observado em
2013 (1.7% do PIB), o primeiro com valor positivo desde a altura da Segunda Guerra Mundial.
O saldo positivo da balança de capital (constituída fundamentalmente por entradas líquidas
de fundos comunitários) reduziu-se 7.3%, passando de 2765 M€ em 2013 para 2564 M€ (de
1.6% para 1.5% do PIB).
Quadro 9.1.1: Balanças corrente e de capital (M€)
2013 2014 Jan-14 Jan-15 Var. hom. Var. abs.
Balança Corrente 2 404 1 044 -437 132 s.s. 569
Balança de bens e serviços 2953 1982 -229 125 s.s. 354
Bens -7 983 -8 965 -775 -432 -44.3% 343
Serviços 10 936 10 947 546 556 2.0% 11
Rendimentos primários -1 824 -2 497 -219 -165 -24.5% 54
Rendimentos secundários 1 275 1 560 11 172 1451.4% 161
Balança de Capital 2 765 2 564 27 146 447.2% 119
Balanças corrente e de capital 5 170 3 608 -410 278 s.s. 688
Fonte: BdP. M€= milhões de euros; s.s.=sem significado.
Esta evolução resultou numa descida do saldo conjunto das balanças corrente e de
capital de 5170 para 3608 M€ (de 3.1% para 2.1% do PIB, que compara com 2.5% na Área
Euro), traduzindo ainda uma significativa capacidade de financiamento da economia.
Os dados de janeiro de 2015, ainda pouco representativos, mostram uma melhoria homóloga
do saldo da balança corrente e de capital.
De acordo com informação revista do Banco de Portugal, o saldo de posição de investimento
internacional melhorou de -117.4% do PIB no final de 2013 para -110.7% no final de 2014.
O valor de final de ano também melhorou face ao observado no final do terceiro trimestre
(-113.1% do PIB, que compara com -9.3% do PIB na Área Euro).
Excedente da
balança corrente
reduz-se para 0.6%
do PIB em 2014 com
subida do défice nos
bens e rendimentos
primários
Posição externa
líquida melhora
significativamente
em 2014
Capacidade de
financiamento da
economia ainda
significativa
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
51
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
9.2 Endividamento
A dívida bruta não consolidada do setor não financeiro desceu de 407.9% do PIB no
final de 2013 para 396.8% no final de setembro e 391.7% no final de 2014, refletindo a queda
no setor privado (para 227.2% do PIB: 141.8% do PIB nas empresas e 85.4% nos
particulares). No setor público não financeiro, a dívida aumentou de 160.8% do PIB no final
de 2013 para 167.4% em setembro, baixando depois para 164.6% no final de 2014.
Quadro 9.2.1: Rácios de dívida bruta não consolidada no setor não financeiro (% do PIB)
Dez12 Dez-13 Set-14 Dez-14
1. Setor Público não Financeiro 156.0 160.8 167.4 164.6
2. Setor Privado não Financeiro 255.0 247.1 229.4 227.2
2.1 Empresas privadas 161.6 155.8 142.8 141.8
Microempresas (344 mil) 39.6 38.6 34.2 33.6
Pequenas empresas (34 mil) 26.3 24.3 22.3 22.2
Médias empresas (6 mil) 28.6 26.6 24.6 24.4
Grandes empresas (1 milhar) 49.3 47.6 44.6 45.0
2.2 Particulares 93.4 91.3 86.6 85.4
3. Setor não financeiro= 1+2 410.9 407.9 396.8 391.7
Fonte: BdP. Valores (em final de período) de dívida não consolidada, i.e., incluindo as dívidas entre setores.
9.3 Contas públicas
Segundo valores revistos, o défice público (ótica das contas nacionais) reduziu-se de 4.8% do
PIB em 2013 para 4.5% em 2014 (valor provisório até à venda do Novo Banco), estando
previsto no procedimento dos défices excessivos (PDE) de março um recuo para 2.7% em 2015.
Figura 9.3.1: Défice e dívida pública em Portugal (% do PIB)
4,8 4,5
2,1
5,9 6,6
3,0 2,7
129,7 130,2 129,7
133,3 130,8 132,2 130,2
80
90
100
110
120
130
140
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
2013
2014
4T 1
3
1T 1
4
2T 1
4
3T 1
4
4T 1
4
Défice público PT (PDE - anos; Contab. Nacional - trimestres) - esc. esq.
Dívida pública PT (PDE) - esc. dta.
Fonte: BdP e INE. Dados sem correção de sazonalidade
Queda dos rácios de
dívida bruta no PIB
das empresas e
particulares em 2014
contraria subida no
setor público (apesar
de melhoria no 4T)
Défice público
desce de 4.8% do
PIB em 2013 para
4.5% em 2014, 0.3
p.p. abaixo da meta
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
52
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
A estimativa do défice em 2014 é inferior à meta revista de 4.8% inscrita na proposta de
Orçamento do Estado para 2015. A redução face a 2013 traduziu o aumento mais forte da
receita (de 44.5% do PIB para 45.2%) do que da despesa (de 49.0% para 50.1%). Note-se
ainda que o défice de 2014 inclui cerca de 0.9% do PIB em medidas extraordinárias (com
destaque para o financiamento e a assunção de dívida da Carris e da STCP, no valor de 0.7%
do PIB), que tiveram pouca expressão em 2013, em termos líquidos.
No que se refere ao rácio da dívida pública no PIB, os dados mais recentes do Banco de
Portugal (incorporados no PDE de março) mostram um aumento de 129.7% do PIB no final de
2013 para 130.2% no final de 2014 (120.3% excluindo os depósitos da administração
central), mas com uma descida face ao máximo histórico de 133.3% registado no final de
março. Estes valores poderão vir a ser agravados caso os juros capitalizados (como é o caso
dos certificados de aforro) venham a ser incluídos na dívida pública, possibilidade que está a ser
estudada pelo Eurostat, segundo refere o PDE.
Na ótica da Contabilidade Pública, a execução orçamental em 2014 mostrou uma
redução anual de 12.5% do défice das administrações públicas, para 7074 M€, correspondendo
a um crescimento mais forte da receita (2.5%, com variações de 1.5% na receita fiscal, 5.6%
na receita contributiva e -8.9% na receita de capital) do que da despesa (0.9%, com variações
de 3.6% na despesa de capital e 0.7% na despesa corrente, incluindo 5.0% nos juros, 1.0% no
pessoal, -3.9% nas aquisições de bens e serviços, 0.1% nas transferências correntes e 4.1%
nos subsídios). De acordo com a UTAO, “tendo como referência o OE/2014, o défice público
ficou abaixo do previsto com os contributos da outra despesa corrente, da despesa de
investimento e da receita de impostos” […] Em sentido contrário, a execução de algumas
componentes de despesa ficou acima do orçamentado, nomeadamente despesas com pessoal e
aquisição de bens e serviços, o que atenuou parcialmente a melhoria do saldo. Saliente-se que
o OE/2014 tinha prevista uma redução remuneratória que veio a ser declarada inconstitucional
em maio e parcialmente reposta em setembro, tendo a decisão do Tribunal Constitucional
contribuído, em parte, para o desvio verificado ao nível das despesas com pessoal”.
Já em 2015, a síntese de execução orçamental de janeiro a fevereiro (valores da DGO
em contabilidade pública), mostram um défice de 970.2 M€ no subsetor Estado,
correspondendo a um agravamento de 68.1% em termos homólogos, em resultado de um
aumento da receita (1.0%) inferior ao da despesa (6.2%), com desvios desfavoráveis face às
variações previstas no OE 15 para o conjunto do ano. Note-se, contudo, que a informação
relativa a apenas dois meses é claramente insuficiente para estabelecer tendências, sendo
facilmente afetadas por fatores pontuais e diferenças de perfil temporal de execução.
Rácio da dívida
pública em 130.2%
PIB no fim de 2014,
acima do final de
2013 mas abaixo do
máximo de março
Receita sobe mais
do que despesa em
% do PIB
Défice do subsetor
Estado agrava-se
nos dois primeiros
meses de 2015
1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
53
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACC I - CÂM ARA DE CO MÉRCI O E I NDÚSTR IA
Quadro 9.3.1: Execução orçamental do subsetor Estado (contabilidade pública)
Jan-Fev 15 Execução
(M€) Grau de
execução (%) Tvh (%)
Contributo (p.p.)
Tvh implícita ao OE (%)
Receita 6 941.2 16.1 1.0 2.9
Receita fiscal 6 365.0 16.3 2.1 1.9 5.1
Impostos diretos 2 394.9 13.2 -1.8 -0.6 3.7
IRS 2 223.0 16.9 -2.2 -0.7 2.4
IRC 147.2 3.1 -10.9 -0.3 4.0
Outros 24.7 7.3 2 045.4 0.3 103.5
Impostos indiretos, dos quais: 3 970.1 19.1 4.6 2.6 6.4
ISP 367.2 15.9 7.5 0.4 9.8
IVA 3 118.0 21.5 7.8 3.3 4.6
ISV 83.7 15.0 25.9 0.3 20.6
Imposto sobre o tabaco
97.0 6.4 -44.6 -1.1 7.6
Imposto de selo
219.0 15.8 -6.8 -0.2 9.7
Contribuições sociais 49.0 7.9 -56.4 -0.9 -13.9
Receita não fiscal 527.1 14.9 0.1 0.0 -14.2
Despesa 7 911.4 16.1 6.2 -3.2
Despesa corrente: 7 701.0 16.1 6.5 6.4 -0.2
Despesas com pessoal 1 400.8 16.5 1.5 0.3 -9.7
Aquisições de bens e serviços 158.1 9.7 36.0 0.6 9.3
Juros 1 064.2 14.3 53.9 5.0 4.9
Transferências correntes 5 004.1 17.3 0.7 0.5 0.5
Subsídios 16.0 10.5 113.0 0.1 -32.3
Outras despesas correntes 57.8 5.3 24.5 0.2 32.6
Despesa de capital 210.4 14.6 -5.1 -0.2 -3.2
Saldo -970.2 16.1 68.1 -3.2
Fonte: DGO e cálculos próprios. OE= Orçamento de Estado. Grau de execução =100*Execução/ OE 15.
Na receita, o aumento da receita fiscal (2.1%, com a descida de 2.2% no IRS e de 10.9% no
IRC a ser contrariada pelos aumentos de 7.8% no IVA, 7.5% no ISP e 25.9% no ISV) mais do
que compensou a queda das contribuições sociais (56.4%), tendo a receita não fiscal
registado uma variação homóloga pouco significativa.
Os maiores contributos para o aumento da despesa pertenceram às rubricas de juros (5.0
p.p.), aquisição de bens e serviços (0.6 p.p.), transferências corrente (0.5 p.p.) e
despesas com pessoal (0.3 p.p.).
Aumento dos
impostos indiretos
(7.8% no IVA)
contraria queda nos
diretos; juros
justificam boa parte
do aumento da
despesa