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Página 1 Boletim 487/14 – Ano VI – 19/03/2014 Nível de emprego na indústria se mantém estável em janeiro Moura: "Próximo governo terá que adotar medidas para ajustar a economia" Por Francine De Lorenzo e Elisa Soares | De São Paulo e do Rio A indústria brasileira iniciou 2014 com uma estabilidade na ocupação em relação a dezembro, mas registrando o menor patamar de emprego para meses de janeiro desde 2006. A Pesquisa Industrial Mensal de Empregos e Salários (Pimes), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que, nos últimos 12 meses, a indústria brasileira reduziu em 1,2% o quadro de funcionários, mas a folha de pagamentos aumentou 1,6% acima da inflação no período. O descompasso entre os dois indicadores pode ser atribuído à falta de mão de obra qualificada no mercado, de acordo com avaliação do pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Rodrigo Leandro de Moura. Segundo ele, para reter profissionais especializados, a indústria tem reajustado os salários acima da média. Entre os meses de novembro a janeiro, diz, os salários na indústria cresceram, em média, 5,4% sobre o mesmo período do ano anterior, superando a média de todos os setores - 3,2% no período. Esse movimento, na sua avaliação, se estenderá por todo o ano de 2014, motivado pela Copa do Mundo e pelas eleições. "Como o desemprego baixo é uma das bandeiras do governo Dilma Rousseff, não devemos ver mudanças neste ano", diz o pesquisador da FGV. Entretanto, acrescenta ele, passado o período eleitoral, ajustes poderão ser feitos, com a possibilidade de aumento nas demissões e reajustes menores de salários. "Se a inflação continuar avançando, a indústria terá que reagir. O próximo governo terá que adotar medidas para ajustar a economia, sobretudo a política fiscal, e isso deve ter influência sobre o mercado de trabalho", afirma Moura.

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Boletim 487/14 – Ano VI – 19/03/2014

Nível de emprego na indústria se mantém estável em janeiro

Moura: "Próximo governo terá que adotar medidas para ajustar a economia"

Por Francine De Lorenzo e Elisa Soares | De São Paulo e do Rio A indústria brasileira iniciou 2014 com uma estabilidade na ocupação em relação a dezembro, mas registrando o menor patamar de emprego para meses de janeiro desde 2006. A Pesquisa Industrial Mensal de Empregos e Salários (Pimes), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que, nos últimos 12 meses, a indústria brasileira reduziu em 1,2% o quadro de funcionários, mas a folha de pagamentos aumentou 1,6% acima da inflação no período. O descompasso entre os dois indicadores pode ser atribuído à falta de mão de obra qualificada no mercado, de acordo com avaliação do pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Rodrigo Leandro de Moura. Segundo ele, para reter profissionais especializados, a indústria tem reajustado os salários acima da média. Entre os meses de novembro a janeiro, diz, os salários na indústria cresceram, em média, 5,4% sobre o mesmo período do ano anterior, superando a média de todos os setores - 3,2% no período. Esse movimento, na sua avaliação, se estenderá por todo o ano de 2014, motivado pela Copa do Mundo e pelas eleições. "Como o desemprego baixo é uma das bandeiras do governo Dilma Rousseff, não devemos ver mudanças neste ano", diz o pesquisador da FGV. Entretanto, acrescenta ele, passado o período eleitoral, ajustes poderão ser feitos, com a possibilidade de aumento nas demissões e reajustes menores de salários. "Se a inflação continuar avançando, a indústria terá que reagir. O próximo governo terá que adotar medidas para ajustar a economia, sobretudo a política fiscal, e isso deve ter influência sobre o mercado de trabalho", afirma Moura.

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Nem mesmo a estabilidade na ocupação entre dezembro e janeiro, após dois resultados mensais negativos, serve de alento ao setor, ressalta o economista do IBGE, Rodrigo Lobo. "Houve interrupção no resultado negativo de emprego industrial e no índice de número de horas pagas em janeiro, mas a média móvel trimestral continua em trajetória descendente desde abril, em resposta ao resultado industrial dos últimos meses", diz. Segundo Lobo, o crescimento de 2,9% na produção industrial em janeiro, frente ao mês anterior, não sinaliza propriamente um avanço, mas uma recuperação de um dezembro fraco, afetado por férias coletivas. "Essa estabilidade no emprego na indústria pode ser um retorno dos trabalhadores que estavam em férias coletivas em dezembro. O emprego no setor só vai realmente voltar a crescer quando a produção industrial apresentar expressiva recuperação, com cenário consistente de taxas positivas", afirma o economista do IBGE. "Do contrário, afirma Lobo, "o empresário vai manter seu quadro de funcionários, pois é muito custoso contratar e demitir". O número de horas trabalhadas serve como um indicador antecedente - quando começa a subir, sinaliza aumento futuro do emprego no setor industrial. Apesar de um leve aumento de 0,1% nas horas pagas entre dezembro e janeiro, nos três meses encerrados em janeiro houve recuo de 0,1% em relação aos três meses terminados em dezembro. Desde julho a média móvel trimestral vem apresentando quedas sucessivas. Mas nem todos os segmentos industriais têm registrado desempenho negativo. Dos 18 setores analisados pelo IBGE, 6 ampliaram seus quadros de funcionários nos 12 meses terminados em janeiro. Desses, o maior deles, alimentos e bebidas, responsável por 21% das ocupações, aumentou em 1,2% seu número de vagas no período. "Esse setor está muito ligado ao comércio e foi bastante beneficiado pelo crescimento da alimentação fora de casa gerado pelo incremento da renda nos últimos meses", afirma Moura. Alimentos e bebidas ajudaram a manter em alta (0,9% nos 12 meses até janeiro) o emprego no Estado de Santa Catarina e nas regiões Norte e Centro-Oeste (0,6%), que no levantamento do IBGE formam um único grupo. A indústria extrativa também contratou no período (0,2%). Porém, Moura chama a atenção para o ajuste que pode acontecer no setor a curto e médio prazo, devido às oscilações de preços e demanda por commodities no mercado internacional. Já a indústria de calçados e couro fechou 5,6% de seus postos de trabalho nesse mesmo intervalo, com as operações sendo afetadas pelas barreiras argentinas às exportações brasileiras.

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Em janeiro, o setor empregava 11,6% menos que no mesmo mês de 2013, o que explica grande parte da retração de 4,1% no emprego no Estado do Rio Grande do Sul nesse período. Na segunda-feira, o Ministério do Trabalho informou que a indústria de transformação gerou em fevereiro 51,9 mil vagas, 55% a mais do que no mesmo mês de 2013, com o resultado sendo influenciado pelo Carnaval, que neste ano caiu em março. Empresa é condenada por frase em holerite Por Bárbara Mengardo | De Brasília "Não desanime, pois até um pé na bunda te empurra pra frente." Por causa dessa frase, impressa em contracheques entregues aos seus funcionários, a construtora Vertical Engenharia foi condenada pela Justiça do Trabalho a pagar indenização por danos morais coletivos. O caso chegou ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) no último dia 12. Por unanimidade, os ministros da 6ª Turma mantiveram parte da decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da Bahia - 5ª Região, dada em ação apresentada pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial de Candeias, Simões Filho, São Sebastião do Passé, São Francisco do Conde e Madre de Deus (Siticcan). No processo, a entidade busca reparação para os trabalhadores prejudicados pela conduta da construtora. Para a relatora do caso na 6ª Turma, ministra Kátia Magalhães Arruda, o conteúdo da frase impressa nos contracheques dos funcionários é "rude e inapropriado para o ambiente de trabalho". "No caso, foi demonstrado que a reclamada [Vertical Engenharia] não observou as regras de boa educação e de urbanidade que devem regular as relações de trabalho", afirma a ministra em seu voto. Apesar de terem seguido a segunda instância em relação à indenização, os ministros alteraram a forma de cálculo do pagamento. A segunda instância da Bahia havia determinado que cada funcionário que recebeu o contracheque com a frase fosse indenizado em um salário mínimo. No recurso ao TST, porém, a Vertical Engenharia questionou o uso do mínimo como indexador dos valores a serem pagos aos trabalhadores. Após analisarem o recurso, os ministros da 6ª Turma determinaram que as indenizações fossem convertidas em reais, e pagas de acordo com o valor do salário mínimo à época da decisão proferida pelos desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia.

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Em sua defesa, a construtora Vertical Engenharia alega que não teve participação na escolha da frase presente nos contracheques de seus funcionários. A citação, segundo a decisão do Tribunal Superior do Trabalho, teria sido publicada por "terceiros". Procurada pelo Valor , a construtora não deu retorno até o fechamento da edição.

Destaques Serviços bancários A 5ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgou improcedente ação civil pública

que pede a suspensão dos serviços prestados pelas casas lotéricas de Rondônia, devido à

ausência de segurança similar às das agências da Caixa Econômica Federal (CEF). O

ministro João Batista Brito, relator de recurso apresentado pela CEF, destacou que a

atividade primordial das casas lotéricas é a comercialização de loterias federais e de

produtos conveniados, mas "o fato de realizarem, nos dias de hoje, algumas tarefas

semelhantes às dos bancos não importa em reconhecer tais atividades como sendo

tipicamente bancárias". Brito Pereira afirmou ainda que não se pode perder de vista a

circunstância de que o enquadramento de cada empregador no quadro das categorias

econômicas de que trata o artigo 577 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)

depende da atividade preponderantemente exercida. A ação civil pública foi ajuizada pelo

Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Estado de Rondônia.

(Fonte: Valor Econômico dia 19/03/2014).

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Greve de agentes deixa cadeias superlotadas Agências / são paulo Distritos policiais da capital estão com carceragens superlotadas por causa da greve dos

agentes penitenciários do Estado de São Paulo. No 2º Distrito Policial, no Bom Retiro,

havia na segunda-feira 140 presos à espera de transferência para um Centro de Detenção

Provisória (CDP) - a capacidade é para 25 detidos. No 72º DP (Vila Penteado), havia cem

presos na carceragem. O 31º DP (Vila Carrão) e 49º DP (São Mateus) também

apresentavam números além da capacidade: 65 e 60 presos. A Polícia Civil não divulgou a

capacidade. Esses distritos integram as chamadas Delegacias de Trânsito - são oito na

cidade de São Paulo, onde presos ficam abrigados até o encaminhamento aos CDPs.

Em Sorocaba, a situação não era diferente. Mais de 30 detentos enviados ontem para o

CDP do bairro Aparecidinha tiveram a entrada barrada por agentes penitenciários em greve

e voltaram para a cadeia pública em que estavam em São Roque. Com quatro celas e

funcionando em caráter provisório, o local tinha ontem à tarde 60 detentos. Os grevistas

bloquearam a entrada da unidade e impediram a passagem dos veículos com os presos. O

diretor do CDP, Márcio Coutinho, pediu apoio à PM. O risco de fuga dos presos levou a PM

a deslocar a Tropa de Choque para o local. Coutinho argumentou com os grevistas que

uma liminar dada pela Justiça proibia atos como o bloqueio à entrada dos presos, mas os

agentes alegaram não terem sido notificados da decisão. O impasse durou cerca de seis

horas. Nesse período, alguns presos passaram mal por causa do calor e foram retirados do

veículo. A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) optou por enviar os detentos de

volta a São Roque. Outro CDP da região, em Capela do Alto, também sofreu bloqueio de

agentes e 14 presos não puderam ser recebidos.

Ontem à tarde o sindicato negou o pedido do governo pelo fim da greve.

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Contrário a regionais, TST aceita detector de metai s Fabiana Barreto Nunes / SÃO PAULO Em decisão da terceira turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) da última segunda-feira, os ministros absolveram uma importadora da condenação ao pagamento de indenização por dano moral a uma auxiliar submetida a revista pessoal com uso de detector de metais. A decisão favorável à empresa é apenas uma das diversas decisões regionais que têm sido revertidas no Tribunal Superior. Nas decisões que consideram o detector de metais instrumento violador, os magistrados têm dito que este tipo de revista agride o direto a intimidade e a privacidade do empregado previstos no artigo 5, inciso dez da Constituição Federal. Os julgamentos favoráveis defendem que a revista esta dentro do poder potestativo do empregador (prerrogativa do empresário de estabelecer regras na relação contratual de trabalho), e, portanto podem impor a revista como meio de proteção ao seu patrimônio, evitando que o empregador subtraia objeto da produção. "Como, por exemplo, celulares de empresa que fabricam o aparelho", explica o sócio da área trabalhista do Demarest Advogados, Antonio Carlos Frugis. Em outra recente decisão do Tribunal, a sexta turma fixou em R$ 1 mil o valor a ser pago a título de indenização por danos morais a um empregado do WMS Supermercados do Brasil S/A (Rede Walmart) que era revistado com detector de metais na entrada ou saída do depósito da empresa. A decisão reduziu o valor inicialmente fixado em R$ 25 mil pelo Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR). A relatora da ação, ministra Kátia Magalhães Arruda, destacou que a indenização somente não foi excluída da condenação porque o recurso de revista da empresa, nesse tema, não havia preenchido os pressupostos de admissibilidade estabelecidos no artigo 896 da CLT e não pôde ser conhecido. A filmagem por circuito interno, detector de metais e a vigilância feita por serviço especializado têm sido uma opção para abolir a revista íntima, que tem sido um recurso gerador de indenizações. Na decisão de segunda-feira, o fundamento usado pelos ministros da terceira turma foi de que a jurisprudência do TST é de que a revista pessoal com uso de detector de metais e de forma generalizada não gera direito à indenização por dano moral. Na ação, o auxiliar, entre outras verbas, pediu indenização pelas revistas pessoais periódicas a que fora submetido ao longo do contrato de trabalho. Segundo ele, o

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procedimento era realizado na frente de outros empregados e os sujeitava a vexames e humilhações, violando sua intimidade como cidadão. Como forma de compensar o alegado dano, requereu indenização de 30 vezes do salário. A primeira instância avaliou que não houve dano moral, pois o próprio auxiliar, ao depor, dissera que a revista era realizada com detector de metais. Caso o aparelho apitasse - o que nunca ocorreu com ele -, o empregado ia para uma sala a fim de verificar o que havia sob a roupa. O Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR) reformou a sentença e fixou em R$ 3 mil a indenização. Para o Regional, a revista realizada pela empresa não poderia ser comparada com aquelas que ocorrem em aeroportos, banco e fóruns judiciais, pois estas não visam inibir o furto de mercadorias, mas sim garantir a segurança pública. Descontente, a empresa importadora levou a discussão para o TST. Alegou que as revistas não ofenderam a intimidade ou a honra do auxiliar a ponto de causar dano moral, pois não houve revista pessoal ou íntima. Em seu voto, o relator do recurso, ministro Alexandre Agra Belmonte, entendeu que se tratava não apenas de procedimento impessoal, destinado a preservar "a incolumidade do patrimônio do empregador e do meio ambiente do trabalho", mas de um procedimento socialmente tolerado, "se não desejado nos mais variados ambientes, desde bancos, aeroportos e repartições públicas até grandes eventos musicais e partidas de futebol". De acordo com a especialista em Direito do Trabalho e sócia do Fragata e Antunes Advogados, Gláucia Massoni, trata-se de ato que se insere no poder diretivo da empresa. "Não há qualquer impedimento se o empregador exerceu seu poder diretivo, sem abuso no seu exercício. O empregador detém a prerrogativa de administrar e gerir a empresa da maneira que melhor lhe aprouver, desde que não haja abuso de direito", afirma Gláucia Massoni, esclarecendo que a revista deve ser realizada dentro dos limites da moral e respeitabilidade, direcionada a todos os empregados indistintamente. "É importante observar, ainda, que com o uso de detector de metais sequer há o contato físico. Não é revista íntima, não gerando assim constrangimentos, não atingindo a intimidade, honra e imagem do trabalhador. Outro aspecto a ser observado é que a indenização por dano moral pressupõe a prática de ato ilícito ou abuso de direito, o dano propriamente dito e o nexo causal. Não é qualquer dissabor que caracteriza o dano moral e se o mesmo ocorreu, deve ser cabalmente provado", conclui. (Fonte: DCI dia 19/03/2014).

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(Fonte: Estado SP dia 19/03/2014).

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Caso não haja interesse em continuar recebendo esse boletim, favor enviar e-mail para [email protected] , solicitando exclusão.