newsletter maio 2012 grupo tabagismo região centro · o projeto respirar saudável em...

18
Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro EDITORIAL O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do envolvimento do Centro de Saúde da Lousã e de grupos activos da comunidade um conjunto de ações com vista à cessação tabágica, tendo também como objetivo criar condições, para que sobretudo os mais jovens não adquiram o hábito de fumar. O tabagismo pelas consequências e impacto na saúde das populações é um grave problema de saúde pública. Por isso e porque hoje a saúde, ou melhor a sua manutenção é tarefa e responsabilidade de todos exige-se, um envolvimento generalizado da população na promoção de estilos de vida saudáveis que neste caso concreto, se devem concretizar numa ativa luta anti - tabágica. João Pedro Pimentel Diretor do Departamento de saúde Pública da ARS Centro PROJECTO RESPIRAR SAUDÁVEL Este Projeto de âmbito comunitário, tem vindo a ser desenvolvido pela Equipa da Consulta de Cessação Tabágica do Centro de Saúde da Lousã (ACESPIN1), que atualmente constitui a carteira adicional da USF Trevim Sol. A apresentação/divulgação deste Projeto foi realizada no I Colóquio sobre Tabagismo da Região Centro - 2007/06/19, ano em que se iniciou a sua implementação. A sua apresentação tem sido desenvolvida noutros contextos científicos, nomeadamente no PEER 2010- II Escola de Verão - Educação por pares (30/09/2010),desenvolvido na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) e outros. Responsáveis pelo Projecto: Dra. Marília Pereira Médica – Especialista de Medicina Geral e Familiar Coordenadora USF Trevim Sol Enf. Maria José Martins Enfermeira Graduada Este programa visa essencialmente a criação de grupos de pares, na Intervenção Breve em Cessação Tabágica. Destinatários: - Crianças e jovens - Pais - Professores

Upload: vothien

Post on 25-Jan-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro

EDITORIAL

O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do

envolvimento do Centro de Saúde da Lousã e de grupos activos da comunidade um conjunto de ações com

vista à cessação tabágica, tendo também como objetivo criar condições, para que sobretudo os mais jovens

não adquiram o hábito de fumar.

O tabagismo pelas consequências e impacto na saúde das populações é um grave problema de saúde

pública. Por isso e porque hoje a saúde, ou melhor a sua manutenção é tarefa e responsabilidade de todos

exige-se, um envolvimento generalizado da população na promoção de estilos de vida saudáveis que neste

caso concreto, se devem concretizar numa ativa luta anti - tabágica.

João Pedro Pimentel

Diretor do Departamento de saúde Pública da ARS Centro

PROJECTO RESPIRAR SAUDÁVEL

Este Projeto de âmbito comunitário, tem vindo a ser desenvolvido pela Equipa da Consulta de Cessação

Tabágica do Centro de Saúde da Lousã (ACESPIN1), que atualmente constitui a carteira adicional da USF

Trevim Sol. A apresentação/divulgação deste Projeto foi realizada no I Colóquio sobre Tabagismo da Região

Centro - 2007/06/19, ano em que se iniciou a sua implementação. A sua apresentação tem sido desenvolvida

noutros contextos científicos, nomeadamente no PEER 2010- II Escola de Verão - Educação por pares

(30/09/2010),desenvolvido na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) e outros.

Responsáveis pelo Projecto:

� Dra. Marília Pereira

Médica – Especialista de Medicina Geral e Familiar

Coordenadora USF Trevim Sol

� Enf. Maria José Martins

Enfermeira Graduada

Este programa visa essencialmente a criação de grupos de pares, na Intervenção Breve em Cessação

Tabágica.

Destinatários:

- Crianças e jovens

- Pais

- Professores

Page 2: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

- Ex-fumadores da CCT – CS Lousã

- Profissionais de Saúde (Médicos, Enfermeiros, …)

- Bombeiros (BVS e BML)

- Futuros profissionais de saúde (alunos enfermagem internos medicina, …).

Pretende-se que os grupos a quem se dirige, possam ser eles próprios importantes elementos promotores da

Cessação Tabágica, promovendo abordagens motivacionais adequadas dirigidas aos fumadores, já que

todos somos responsáveis e importantes nesta missão.

Objectivo Geral:

- Criação de grupos de pares na promoção da Intervenção Breve em Cessação Tabágica

- Contribuir para a diminuição da morbi - mortalidade por patologias associadas ao Tabaco, promovendo uma

melhor qualidade de vida e respirar saudável.

O impacto da cessação tabágica na saúde pública depende, não só do sucesso individual da intervenção,

mas também da sua aplicação a uma larga escala. Daí a importância de envolver o maior número de

pessoas, com o envolvimento de grupos comunitários, para que todos possam sentir-se responsáveis nesta

luta contra o Tabagismo.

As intervenções breves para a Cessação Tabágica são úteis e eficazes e deveriam ser realizadas por todos

os profissionais de Saúde na promoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis.

A Intervenção Breve visa identificar, ajudar e apoiar os fumadores, muitas vezes em fase precoce de

dependência (como no caso dos jovens), prevenindo o aparecimento ou a progressão de doença. Esta

intervenção breve requer apenas 3-5 minutos e tem 5 passos (Mnemónica dos 5 “Ás”: Abordar

(identificação dos fumadores), Aconselhar (a parar de fumar) Avaliar (motivação -se há ou não interesse, por

parte do fumador em deixar de fumar no próximo mês), Ajudar (na tentativa-Dia D) e Acompanhar (programar

seguimento, após dia D- marcação de Consulta de Cessação Tabágica).

No sentido de atingir os objetivos específicos delineados para este Projeto de intervenção, têm sido

desenvolvidas várias estratégias/actividades, descritas no quadro a seguir:

Objectivo específico Estratégias

1. Organizar/criar um grupo de promotores

de saúde, na Comunidade – Grupo de ex-

fumadores da CCT

- Organização e realização de um jantar-convívio, com

grupo de ex-fumadores do nosso CS, em 2007

- Eleição de um grupo responsável por organizar outro

convívio, em 2008 e seguintes

- Realização de ações de formação/informação,

dirigidas aos ex-fumadores, para que possam eles

próprios, ser agentes promotores da CT

Page 3: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

2. Promover ações de sensibilização/

intervenções educativas nas escolas e na

comunidade, sobre promoção de estilos de

vida saudáveis/prevenção do tabagismo,

dirigidas a crianças, jovens, pais e

professores

Realização de intervenções educativas, dirigidas a

crianças do 1º ciclo do Ensino Básico

Realização de intervenções educativas, dirigidas a

alunos do 2º ciclo do Ensino B (C + S)

Realização de intervenções educativas, dirigidas a

alunos do Ensino Secundário

Aplicação de questionário

3. Capacitar os profissionais de saúde e

futuros profissionais de saúde para a

Intervenção Breve, na sua prática

profissional

Realização de ações formação em serviço, sobre

Intervenção Breve, dirigida a toda a equipe do nosso CS

(Médicos, Enfermeiros, TSS, Internos de Medicina,

Alunos de Enfermagem …). Foram ainda desenvolvidas

acções dirigidas às equipas do CS Miranda do Corvo,

Eiras e IPO, por solicitação dos mesmos.

Realização de ação de formação sobre Intervenção

Breve, dirigida a alunos de Enfermagem e professores,

da ESEnfC, no âmbito do Dia Mundial sem Tabaco –

31/05/2007

Realização de ações de formação, dirigidas a grupos de

Bombeiros (BVS e BML)

Aplicação de Questionário

Page 4: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

4. Reduzir o número de fumadores, dentro

dos grupos de intervenção /destinatários do

Projeto

-Aplicação de Questionário, procedendo ao

levantamento, do nº de fumadores existentes em cada

grupo de intervenção, averiguando acerca do seu

interesse em iniciar CT

-Permitir aos interessados em iniciar CT, a sua inscrição

na CCT do nosso CS

-Realizar teste de doseamento de monóxido de

carbono, aos fumadores interessados em fazê-lo

. Promover uma eficaz divulgação da

Consulta de Cessação Tabágica (CCT) do

Centro de Saúde da Lousã

INTERVENÇÃO INTENSIVA

Criação de logótipo da CCT do nosso CS:

- Elaboração de cartaz de divulgação e afixação em

locais estratégicos (CS e Extensão, escolas, cafés…)

- Divulgação da CCT, nos jornais locais e rádio local

- Elaboração de folheto informativo, com horário e

contactos

A maioria das ações de sensibilização desenvolvidas no âmbito deste Projeto, decorrem no âmbito das datas

comemorativas neste contexto (Dia Mundial do Sem Tabaco – 31 de Maio e Dia Mundial do Não Fumador-17

de Novembro), no sentido de simultaneamente, alertar para esta problemática do tabagismo, a nível Mundial.

Para além destas, têm sido desenvolvidas intervenções sempre que solicitado por outras Instituições, através

de abordagens motivacionais, otimistas e não persuasivas, estabelecendo com os participantes, uma relação

de ajuda, através de intervenções participativas, interativas e não diretivas, apelando à tomada de decisão

baseada no pensamento crítico, utilizando para tal, a metodologia pedagógica de Paulo Freire – processo de

conscientização, tendo o empowerment como estratégia.

Marília Dias Pereira – Especialista de Medicina Geral e Familiar

Maria José Martins - Enfermeira Graduada

ACES PIN1 – C.Saúde da Lousã – USF Trevim-Sol (Pólo Serpins

Page 5: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

CASO CLÍNICO

RECAÍDA APÓS 7 ANOS DE ABSTINÊNCIA

Fumador F, sexo masculino de 42 anos de idade, reformado.

Possui 4 anos de escolaridade, solteiro que vem à consulta em 2011-06-20

Hábitos tabágicos

Experimentou o 1º cigarro aos 18 anos por brincadeira na escola e fuma regularmente a partir dessa idade,

Fuma atualmente 40 cigarros por dia, inala sempre o fumo, qualquer cigarro lhe sabe bem., fuma mais

durante a manhã. A ansiedade e o álcool aumentam o consumo do nº de cigarros

Tentativas anteriores – 2 tentativas sendo a última em 2001 deixou de fumar nesse ano, onde esteve 7

anos abstinente

Frequentou a consulta de cessação tabágica, foi medicado com Nicotinell 10 + Nicorette 2mg (associação de

terapêutica de substituição de nicotina de ação prolongada com outro de ação rápida)

Só fuma cigarros.

Motivo da recaída - doença da mãe, a qual foi internado no hospital com AVC e atualmente encontra-se nos

Cuidados Continuados.

Motivo para deixar de fumar - saúde e a nível económico

Antecedentes pessoais – sofre de patologia depressiva (seguido em consultas no HSA), úlcera gástrica e

HTA

Não existem fumadores em casa

Hábitos alimentares – faz 4 refeições por dia e tem por hábito petiscar quando está em casa, ingere álcool

com moderação e não fuma outro tipo de drogas, bebe 4 a 5 cafés por dia, o seu peso não é estável e

preocupa-se muito com o peso

Não pratica qualquer atividade física e tem como hobby ouvir música, não fuma nesses momentos. Ajuda

diariamente o irmão na fábrica.

Dorme bem durante 8 horas

Avaliação dos testes:

Teste Fagerstrom – 7 (Dependência elevada)

Fuma o 1º cigarro na primeira meia hora após se levantar

Teste Richmond - 10 (Muito motivado)

Teste HAD – 8/6

Medicação actual – Fluoxetina +Alprazolam 0.5 + Alprazolam XR 1 mg

Page 6: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

Exame objectivo

Peso – 92 Kg altura - 162

TA – 142 / 95 pulso - 75

CO - >20 ppm

UMA – 25.5

Exames auxiliares de diagnóstico

Rx tórax – Normal

Espirometria – normal

Plano de acção

Cloridrato de Bupropion 150

Victan SOS

+ medicação da Psiquiatria

Abordada a terapêutica cognitiva comportamental

Entrega de folhetos sobre estratégias a adotar, benefícios ao deixar de fumar, mudança de hábitos e

qualidade de vida

Não foram realizados contactos por telefone, o utente quis ir sempre à consulta

Discussão pela escolha

O porquê do cloridrato de bupropion. Este é um antidepressivo atípico, inibi a recaptação neuronal da

dopamina e da noradrenalina, embora se desconheça o mecanismo de ação na cessação tabágica, reduz o

aparecimento da síndrome de abstinência nos fumadores.

Embora o fumador F estivesse medicado com fluoxetina e o alprazolam não estava ajustada às suas

necessidades, devido ao aparecimento da doença da mãe e seu internamento nos Cuidados Continuados

(motivo da recaída), confirmada pela avaliação do teste de HAD.

Avaliação 15 dias após o inicio da medicação

Sente-se bem com a medicação e não fuma

Avaliação do Síndrome de abstinência

Na avaliação da síndrome de abstinência nas consultas seguintes, manifestou um grau de ansiedade e

depressão ligeira, assim como impaciência que diminuiu durante os 7 meses em que está abstinente. Houve

aumento de peso de 12 kg, é de salientar que comia muitas bolachas quando ouvia música.

Plano de acção

Incentivo ao exercício físico, e cuidados alimentares

Page 7: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

Ao 8º mês de abstinência

Peso actual – 99

Iniciou caminhadas, e teve cuidado na alimentação

Continua abstinente, sente-se bem e ausência de síndrome de abstinência

Refere que não quer nada com o tabaco

Plano de acção

Continua com o Cloridrato de Bupropion + Fluoxetina + Alprazolam

Incentivo à continuação das caminhadas e cuidados alimentares.

Maria Manuel Açafrão

Médica Especialista em Medicina Geral e Familiar

ACES Pinhal Litoral II

TERAPIA DA ACEITAÇÃO E COMPROMISSO, MINDFULNESS E CESSAÇÃO

TABÁGICA

Resumo

Este artigo descreve sucintamente a Terapia da Aceitação e Compromisso (ACT) aplicada a desabituação

tabágica. Sendo esta, uma intervenção com base na análise funcional do comportamento, e que incorpora o

Mindfulness. Procurou-se no presente artigo desenvolver uma aplicação destes novos conceitos, como um

tratamento baseado na evidência, que procura de forma inovadora intervir na dependência de nicotina.

Palavras-chave: cessação tabágica, terapia da aceitação e compromisso, mindfulness, dependência, terapia

cognitivo-comportamental, tratamento.

Introdução

Apesar do aumento do conhecimento público sobre os riscos para a saúde do consumo de tabaco, e do

número de intervenções terapêuticas baseadas em evidência científica, fumar continua a ser a principal

causa de morte evitável no mundo.

Historicamente, as taxas do consumo de tabaco foram sempre mais baixos nas mulheres do que nos

homens. No entanto, a percentagem de mulheres fumadoras aumentou exponencialmente entre 1950 e

1970, e como consequência a morte por cancro do pulmão têm aumentado 600% desde 1950 (CDC, 2008).

Também se têm verificado, que quanto mais cedo se começa a fumar, maior é o risco de desenvolver

padrões de consumo mais intensos, com maior predisponencia para problemas de saúde associados, e

maior dificuldade na cessação do consumo de tabaco numa idade mais avançada (Stacher, Thompson, &

Koplan, 2002).

Page 8: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

As intervenções psicológicas da cessação tabágica surgiram por volta dos anos 60 e 70, através das

técnicas de modificação do comportamento. Desde então, as estratégias comportamentais, cognitivas,

motivacionais e de prevenção de recaída, são as mais utilizadas e eficientes (Beck, Freman, & Davis, 2003).

Contudo, e mais recentemente, vários investigadores voltaram a focar-se na intervenção terapêutica com

base na teoria do desenvolvimento orientado para os mecanismos comportamentais de ação (Kazdin, 2001;

Niaura, Shadel, Goldstein, Hutchinson, & Abrams, 2001). Esta intervenção desenvolvida para fumadores,

parte do princípio, que o consumo de tabaco é mantido pelo esforço para evitar ou modificar experiências

aversivas internas, bem como a regulação do afeto negativo relacionado com os sintomas de abstinência.

Este princípio retrata o comportamento de evitamento de estímulos aversivos, como forma de fornecer o

reforço negativo ao comportamento mal adaptativo de fumar (Marlatt, & Gordon, 1985).

Os estudos de Brandon (1994) sugerem que o reforço negativo adquirido através do evitamento, é um

componente importante na dependência tabágica. Este reforço negativo produzido pela desvalorização do

afeto negativo, é um forte preditor do consumo de tabaco e da prevenção de recaída num processo de

cessação tabágica.

Pretende-se, no presente artigo, refletir sobre a componente crítica do processo de mudança de

comportamento, como sendo a capacidade de responder de forma diferente na presença de um reforço

negativo. Emergindo, a consciencialização deste afeto negativo nos estados mentais internos do indivíduo. O

objetivo deste novo modelo de tratamento é implementar uma forma de aceitação, que está relacionada com

a capacidade de reduzir a evasão e aumento da flexibilidade cognitiva e comportamental.

O Mindfulness e o Bem-Estar Mental

Kabat-Zinn (1994) foi o pioneiro nos estudos sobre a importância terapêutica do mindfulness, definindo-o

como "prestar atenção, de forma particular: com um propósito, no momento presente, e sem julgamentos".

Shapiro, Carlson, Astin, e Freedman (2006) desenvolveram três "axiomas" do mindfulness: intenção, atenção

e atitude. Estas três componentes ilustram que a atenção plena é o ato de nos propormos “prestar atenção”,

com uma atitude de aceitação, de compaixão, e de não-julgamento . No geral, o mindfulness é uma forma de

focar totalmente a atenção no contexto experiencial do momento presente (incluindo pensamentos e

emoções pessoais, bem como sensações físicas e eventos externos), com uma atitude de aceitação.

O mindfulness tem sido também caracterizado como uma técnica cognitivo-comportamental. Teasdale, Segal

e Williams (1995) descrevem o mindfulness como um estado meta-cognitivo que muda a forma como os

indivíduos se veem e se relacionam com seus pensamentos. O objetivo das técnicas do mindfulness não é

mudar os pensamentos ou sentimentos, mas aumentar a aceitação e consciência das sensações, ou seja, é

a tentativa de mudar as atitudes de um indivíduo em relação aos seus pensamentos, sentimentos e

sensações.

Outro objetivo das técnicas de mindfulness, é o treino da mente, não para induzir o relaxamento, mas para

ensinar a observação consciente, que pode ou não resultar em relaxamento. Assim, a meditação como

técnica de mindfulness encoraja a consciência, o reconhecimento e a aceitação de todos os pensamentos

que possam surgir (Baer, & Krietemeyer, 2006).

Baer e Krietemeyer (2006) referem nos seus estudos que a meditação por mindfulness, é um processo de

treino, que muitas vezes começa com práticas de concentração básicas (por exemplo: respiração),

Page 9: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

procurando levar o sujeito a focar a sua atenção plena nesse mesmo exercício. No entanto, o treino da plena

consciência, leva a que se passe a práticas que envolvem a observação consciente na mudança do fluxo de

estímulos à medida que estes surgem, incluindo, impulsos, memórias, fantasias, sensações corporais,

perceções, emoções e pensamentos. Em suma, a mente expande-se e é simplesmente um outro evento a

ser observado.

O mindfulness pode promover o bem-estar físico e psicológico, em pelo menos dois aspectos principais:

primeiro, na redução do afeto negativo num contexto de exposição a estímulos stressores; segundo, altera as

respostas ao afeto negativo quando este ocorre, promovendo a regulação emocional mais adaptativa e por

consequência uma melhor autorregulação cognitivo-comportamental (Mckee, Zvolensky, Solomon, Bernstein,

& Leen-Feldner, 2007). Deste modo, a maior capacidade de autorregulação, ajuda os indivíduos a

envolverem-se mais conscientemente numa série de estratégias de coping mais resilientes, em vez de

automaticamente reagirem de uma forma impulsiva à experiência emocional negativa.

A Dependência Nicotínica e as Terapias de Terceira Geração

Witkiewitz, Marlatt, e Walker (2005) elaboraram um modelo de prevenção de recaída baseado no

mindfulness, que constitui uma intervenção terapêutica inovadora na dependência de substâncias

psicoativas, nas quais se inclui a dependência nicotínica. Este modelo, encoraja tanto a implementação de

estratégias cognitivo-comportamentais, como também, se foca nas técnicas da atenção plena, para prevenir

a recaída em situações de alto risco de consumo. Estes autores referem que, alcançar um determinado

estado de consciência e implementar de forma regular a prática de estratégias de meditação, podem

substituir o reforço negativo, previamente associado ao envolvimento no comportamento aditivo. Neste

sentido, o mindfulness e por conseguinte a Terapia da Aceitação e do Compromisso, podem servir como

terapêuticas alternativas, pois, mais do que apenas estratégias de coping para lidar com impulsos de

consumo e estados de craving, são intervenções que visam a mudança de forma mais gratificante e

adaptativa.

Os estímulos emocionais negativos, impulsos e pensamentos automáticos negativos, quando confrontados,

transformam-se em respostas condicionadas. O consumo de tabaco é assim, uma resposta a um impulso

cognitivo-emocional, que é negativamente reforçado, porque, produz uma redução do craving e ou perceção

do impulso ansiógeno e pensamento automático negativo relacionados com os hábitos tabágicos.

Breslin, Zack e Mcmain (2002) sugere que as estratégias baseadas no mindfulness, são de grande utilidade

no processo de prevenção da recaída, pois, por um lado, ajudam o fumador a ter maior consciência da sua

tomada de decisão, do seu eu observador, e do processo de resposta automática aquando do confronto com

fatores de risco internos e ou externos, associados ao tabaco. Por outro lado, como estratégia de regulação

emocional, promove a observação distanciada de impulsos cognitivos e emocionais, de modo a diminuir os

comportamentos aditivos, ou seja, o mindfulness, leva o sujeito a adquirir uma maior consciência das

relações entre os sentimentos experienciados como negativos, os pensamentos automáticos, as expectativas

e o comportamento tabágico, bem como, a uma menor necessidade de evitamento experiencial das emoções

negativas através do consumo de cigarros.

Vidrine, Kamke e Morrel (2009) identificou nos seus estudos, que entre os fumadores, os que apresentam

menor traço mindfulness, revelam níveis mais elevados de dependência nicotínica e sintomas de abstinência

mais frequentes e intensos. Bowen e Marlatt (2009) investigaram os efeitos a curto prazo da intervenção

Page 10: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

baseada no mindfulness (Programa de 8 Semanas do Mindfulness Baseado na Redução de Stress como

uma intervenção para deixar de fumar) e verificaram a existência de uma relação entre os estados

emocionais negativos, a sua regulação e o comportamento de fumar.

Num estudo recente com 632 fumadores (Kenford, Wetter, Smith, Jorenby, Fiore, & Baker, 2002), verificou-se

que o tipo de regulação dos estados emocionais negativos é o preditor mais forte de uma futura recaída. Este

aspecto demonstra, que os estados emocionais negativos apresentam maior influencia na tomada de

decisão, do que os próprios sintomas de dependência fisiológica e a história de exposição ao tabaco. Fumar

é um comportamento aditivo que é mantido, pelo evitamento experiencial de estados emocionais negativos e

o processo de recaída pode ser desencadeado pelo desejo de reduzir esse mesmos estados negativos

internos.

Perante o descrito, as terapias de terceira geração surgem, como modelos inovadores de intervenção

terapêutica, que começam a ser implementados por psicólogos e médicos, quer ao nível do

acompanhamento individual, quer na elaboração de protocolos para grupos terapêuticos. Neste contexto,

desta-se o modelo da Terapia da Aceitação e do Compromisso (ACT). A ACT (Hayes, Strosahl, & Wilson,

1999), tem como fundamento a teoria contextual da cognição e do comportamento, e visa aumentar o

autocontrolo comportamental, facilitando a aceitação consciente das experiências internas, de forma a

recontextualizar as cognições mal adaptativas. Os doentes são “treinados” a executar tomadas de decisão

focadas em metas relacionadas com os valores da vida, e não exclusivamente na modificação de

determinados pensamentos ou sentimentos mal adaptativos.

O objetivo da ACT é moldar e vivenciar a aceitação de competências relacionadas com a redução do

evitamento experiencial do fumador, e aumentar a flexibilidade cognitiva e comportamental (Gifford,

Kohlenberg, Antonuccio, Piasecki, Rasmussen-hall, & Kathleen, 2004). Assim, o foco principal do modelo

terapêutico resume-se em quatro componentes: 1) uma forte aliança terapêutica, com suporte que reforce o

desenvolvimento de competências relacionadas com o processo de aceitação; 2) autodiscriminação

cognitiva, emocional e fisiológica que promova estratégias que ajudem o fumador a identificar as situações

anteriores da sua experiência, que despoletaram o consumo de tabaco; 3) a exposição guiada às

experiências internas anteriormente evitadas, com indução da prevenção da recaída: 4) por ultimo a ativação

comportamental construtiva na presença de pensamentos e sentimentos relacionados com o comportamento

de fumar anteriormente evitados (Kohlenberg, & Gifford, 1999).

Para os fumadores é uma tarefa difícil, não fumar, quando são confrontados com sensações físicas intensas

e estados emocionais negativos, que antes do processo de cessação tabágica resultariam no consumo de

cigarros. Assim, o objetivo da terapia de aceitação e compromisso (ACT) consiste nas disponibilização de um

programa terapêutico que ajude o sujeito a tomar consciência de quando e como surgem os fatores de risco

internos. E através do treino experiencial, o fumador muda o seu comportamento aditivo, e aceita que não é

saudável mudar os seus objetivos de vida, os seus valores, face ao consumo.

A ACT promove desta forma, estratégias de coping que ajudam a identificar estímulos internos versus

estímulos externos; dificuldades de regulação emocional pelo consumo de nicotina; a importância dos

valores, objetivos e barreiras; a aceitação, a motivação e a autocompaixão; as técnicas de mindfulness; a

exposição gradual a situações de anterior evitamento experiencial; o elaborar um registo que monitorize o

padrão de consumo; a implementação de estratégias de desfusão cognitiva; a ativação proactiva do

comportamento e compromisso inerente a tomada de decisão de cessar o consumo de tabaco.

Page 11: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

Conclusões

Nos últimos dez anos, as abordagens baseadas no mindfulness têm sido objeto de atenção, quer na literatura

científica, quer na imprensa generalista, embora a origem destas abordagens remonte à antiga prática de

meditação Budista (Gifford, 2002). Acredito que a prevenção de recaída com a integração de técnicas de

minfulness, seja um bom modelo de tratamento para a cessação tabágica, promovendo uma prevenção da

recaída mais robusta e durável. A integração do mindfulness pode facilitar a tomada de decisão, no difícil

processo de mudança de comportamento, e servir como um complemento eficaz para intervenções

terapêuticas baseadas na evidência já existentes, como por exemplo, a entrevista motivacional, a terapia

cognitivo-comportamental, terapêuticas psicofarmacológicas complementares, e a intervenção breve (Bowen

& Marlatt, 2009). A intervenção mindfulness pode constituir uma alternativa aos tratamentos convencionais de

custos mais proibitivos. Pois, a meditação é barata, acessível ao grande público, e possivelmente, mais

aceitável do que outras formas mais ocidentais de tratamento (Gifford et al, 2004).

O processo de desenvolvimento de uma prática de mindfulness é comparável ao processo de construção de

um conjunto de estratégias e técnicas experiências, no decorrer terapia de prevenção da recaída. Este tipo

de intervenção requer prática e aprendizagem contínua, na qual o fumador desenvolve a suas capacidades

de coping através da análise funcional, de uma sucessão de falhas seguidas de recaída. O uso das técnicas

de mindfulness pode facilitar esta curva de aprendizagem e melhorar o sucesso a longo prazo, fornecendo

suporte para o velho ditado de que "depressa e bem, ninguém" (Vidrine et al. 2009).

Este modelo identifica a evasão negativamente reforçada como um mecanismo subjacente ao

comportamento de fumar, e desenvolve a aceitação de habilidades relacionadas com os objetivos e metas do

tratamento (Kohlenberg, & Gifford, 1999). Segundo esta abordagem, é a resposta do indivíduo aos seus

próprios estados internos difíceis que está em questão, ou seja, é a resposta do indivíduo a estes sintomas,

ou a forma como este os perceciona, que o leva a ser “treinado a identificar”, os fatores de risco, e a prevenir

possíveis recaídas. O evitamento de estímulos internos e a inflexibilidade medeiam a eficácia da intervenção

terapêutica na cessação tabágica.

A preocupação central da maioria das pessoas que iniciam o processo de cessação Tabágica é o de se

libertarem da sua “vontade” de fumar. A ansiedade, a angústia e os sintomas de abstinência são dolorosos e

podem persistir durante anos após a cessação (Bowen & Marlatt, 2009). É compreensível que as pessoas

não queiram sentir-se mal, e é também compreensível que toda uma indústria e campo de estudo visem de

várias formas a eliminação dos sintomas aversivos. No entanto, o tratamento focado exclusivamente na

eliminação ou evitamento dos sintomas não é a única opção (Witkiewitz, Marlatt, & Walker, 2005). As

intervenções baseadas no mindfulness, na terapia da aceitação e do compromisso (ACT), podem ser uma

mais-valia terapêutica, e serem integradas, no processo de cessação tabágica convencional.

Bibliografia

1. Baer, R. A., Hopkins, J., Krietemeyer, J., Smith, G. T., & Toney, L. (2006). Using Self-Report Assessment Methods to Explore Facets of Mindfulness. Assessment, 13 (1), 27-45.

2. Beck, A.T., Freeman, A., and Davis, D.D., Cognitive Therapy of Personality Disorders. The Guilford Press, 2003 3. Brandon, T.H. (1994). "Negative affect as motivation to smoke". New Eng J Med, 330, 13, 907–912. 4. Breslin, F. C., Zack, M., & Mcmain, S. (2002). An information-processing analysis of mindfulness: Implications for

relapse prevention in the treatment of substance abuse. Clinical Psychology: Science and Practice, 9 (3), 275-299.

Page 12: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

5. Gifford, E.V., Kohlenberg, B. S., Antonuccio, D. O., Piasecki, M. M., Rasmussen-hall, M. L., & Kathleen, M. P. (2004). ACT for Semoking Cessation. Behavior therapy journal, vol 35 (4), pag. 689-705.

6. Hayes, S. C., Strosahl, K., & Wilson, K. G. (1999). Acceptance and Commitment Therapy: An experiential approach to behavior change. New York: Guilford Press.

7. Hayes, S. C., Pankey, J., Gifford, E. V., Batten, S. V., & Quinones, R. (2002). Acceptance and Commitment Therapy in Experiential Avoidance Disorders (pp. 319-351). In T. Patterson (Ed.), Comprehensive Handbook of Psychotherapy: Cognitive-Behavioral Approaches (Vol. 2). New York: Wiley.

8. Kabat-Zinn, J. (1994). Wherever you go, there you are: mindfulness Meditation in Everyday Life. Hyperion, New York.

9. Kazdin, A.E. (2001). Behavior Modification in Applied Settings (6th ed.). Guilford Press. 10. Kenford, S. L., Wetter, D. W., Smith, S. S., Jorenby, D. E., Fiore, M. C., & Baker, T. B. (2002). Predicting relapse

bach to smoking: Contrasting affective and physical models of dependence. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 70, 216-227.

11. Marlatt, G. A. (2002), Substance Abuse Treatment and the Stages of Change. Addiction, 97: 607–608

12. Marlatt, G. A., & Gordon, J. R., Eds (1985). Relaps prevention: Maintenance Strategies in the Treatment of Addictive Behaviors. New York, Guilford Press.

13. McKee, L., Zvolensky, M. J., Solomon, S. E., Bernstein, A., & Leen-Feldner, E. W. (2007). Emotional vulnerability and mindfulness: Associations between negative affectivity, anxiety sensitivity, and mindfulness skills. Cognitive Behaviour Therapy, 36, 91-101.

14. Niaura, R., Shadel, W. G., Goldstein, M. G., & Abrams, D. B. (2001). Individual differences in responses to the first cigarette following overnight abstinence in regular smokers. Nicotine and Tobacco Research, 3 (1), 37-44.

15. Satcher, Thompson, & Koplan (2002). Gender differences in smoking cessation in a placebo-controled trial. Oxfordjournals, vol 6 (1).

16. Shapiro, S. L., Carlson, L. E., Astin, J. A. and Freedman, B. (2006), Mechanisms of mindfulness. J. Clin. Psychol., 62: 373–386.

17. Teasdale, J. D., Segal, Z. V., & Williams, J. M. G. (1995). How does cognitive therapy prevent depressive relapse and why should attentional control (mindfulness) training help? Behaviour Research and Therapy, 33, 25-39.

18. Vidrine, C., Kamke, F. A., & Morrel, J. J. (2009). The effects of copper-based preservative technologies on the resistance of strandboards to biological degradation. Wood and Fiber Science Journal, 41 (3), 211-219.

19. WHO Report on the Global Tobacco Epidemic, (2009). Geneva: World Health Organization.

20. Witkiewitz, K., Marlatt, G. A., & Walker, D. (2005). Mindfulness-based relapse prevention for alcohol and substance use disorders. Journal of Cognitive Psychotherapy, 19 (3), 211-228.

Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico

Bruno Carraça

ACeS Dão Lafões II, ARSC I.P.

CESSAÇÃO TABÁGICA - UM PROGRAMA (DES)ESTRUTURADO!

Relato de Caso

Introdução

A cessação tabágica consiste num processo de mudança comportamental que não é, em regra, um processo

fácil. E tratando-se, como é frequentemente o caso, de uma mudança voluntária, implica sempre um

processo de decisão habitualmente marcado por avanços e recuos. O modelo proposto por Prochaska e

DiClemente adequa-se perfeitamente à cessação tabágica, considerando a existência de cinco estádios no

processo de mudança – pré-contemplação, contemplação, preparação, ação e manutenção, aos quais se

poderá seguir uma recaída ou a abstinência definitiva. É de salientar a distinção entre os conceitos de lapso e

de recaída. O lapso caracteriza-se pelo facto de o fumador não abandonar a fase de ação, mantendo-se sem

fumar após um consumo de tabaco acidental.

Muitas pessoas conseguem deixar de fumar por si só, de forma não planeada e sem recurso a apoios

estruturados por profissionais. Por outro lado, outras pessoas não o conseguem fazer sem um programa

estruturado de apoio intensivo, que inclui um conjunto de abordagens de natureza comportamental e

Page 13: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

medicamentosa assentes numa compreensão global da pessoa que fuma, do seu contexto pessoal, familiar e

profissional, bem como das motivações e barreiras sentidas no processo de mudança.

A motivação desempenha portanto um papel fundamental no sucesso da cessação tabágica, sendo crucial a

sua avaliação em cada consulta e sobretudo antes de se avançar para qualquer tipo de proposta terapêutica.

O aumento da motivação deve sempre ser estimulado em cada consulta, tentando compreender os factores

condicionantes, ultrapassar as resistências e esclarecer dúvidas no sentido de preparar o doente para dar o

próximo passo.

A evidência científica mostra-nos também que o sucesso da cessação tabágica aumenta de forma

significativa com o recurso a terapêutica farmacológica. Terapêutica esta, que deve ser sempre orientada

pelo médico, na medida em que deve ser adaptada a cada doente, tendo em conta a carga tabágica, número

de cigarros/dia, grau de dependência, contra-indicações e eventuais experiencias anteriores com este tipo de

fármacos. Assim, cabe ao médico a escolha do princípio ativo, forma de administração e posologia. É pois

também muito importante um seguimento apertado do doente durante a terapêutica, com especial atenção a

eventuais efeitos adversos.

Descrição do Caso

M.D., sexo feminino, 51 anos, divorciada, raça caucasóide, natural da Alemanha, residente em Coimbra,

professora universitária de profissão. Pertencente a família monoparental, fazendo apenas parte do agregado

familiar além de si, o seu filho de 20 anos de idade. Trata-se de uma família de classe média alta segundo

escala de Graffar.

Apresenta como antecedentes patológicos, dispepsia, depressão e distúrbio de pânico (?), estando medicada

com Fluoxetina 20mg id; Bromazepam 3mg ½+1 id; Bisoprolol 5mg id e Omeprazol 20mg id.

Destaca-se os antecedentes familiares de mãe com hábitos tabágicos e alcoólicos marcados, HTA, FA,

Hipercolesterolémia, Depressão e DPOC. E de pai falecido em 2008 por carcinoma brônquico e que sendo

portador dos diagnósticos de Doença Vascular Periférica (submetido a bypass), Doença Coronária (portador

de stents coronários), DPOC e HTA, manteve sempre hábitos tabágicos marcados com uma carga tabágica

superior a 50UMA.

Fumadora desde os 17 anos, fumando em média cerca de 20 cigarros/dia e com uma carga tabágica de

aproximadamente 30UMA. Fez primeira tentativa de cessação em 2002 em consulta hospitalar com nicotina

transdérmica, sem sucesso, com segunda tentativa no ano seguinte mediante acupunctura, mais uma vez

sem sucesso. Recorreu então à Consulta de Cessação Tabágica (CCT) da UCSP Norton de Matos em

Setembro de 2007, apresentando um nível de dependência muito elevado segundo Teste de Fagerström (9

pontos), revelando necessidade de fumar um cigarro imediatamente depois de acordar; e uma motivação

também elevada segundo Teste de Richmond (8 pontos). Foi medicada com Vareniclina tendo-se

preconizado o esquema base de 12 semanas de duração. Voltou cerca de 1 mês depois, já em cessação

completa há 1 semana, muito motivada e orgulhosa de si mesma, tendo-se preconizado a manutenção do

esquema terapêutico em curso, por pelo menos mais 8 semanas. Entretanto abandonou a consulta, voltando

apenas em Fevereiro de 2008, confirmando-se a recaída e o não cumprimento da totalidade do esquema

terapêutico acordado, mantendo-se contudo a fumar somente 1 cigarro por dia, e tendo reiniciado a

Vareniclina, na dose aconselhada, por iniciativa própria. Marcou-se então consulta para duas semanas

Page 14: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

depois, a que a doente faltou tendo vindo apenas após 1 mês já em cessação, tendo novamente suspendido

Vareniclina precocemente por iniciativa própria e referindo irritabilidade fácil. Volta cerca de um mês depois

(Abril de 2008) ainda em cessação completa, abandonando posteriormente a consulta de cessação tabágica.

Regressa à CCT apenas em Maio de 2011, informando acerca da recaída cerca de 5 meses após a última

cessação completa. Por esta altura fumava entre 15-20 cigarros/dia, confessando que tomava Vareniclina em

auto-medicação. É alertada para os riscos dessa atitude, e por não se sentir suficientemente motivada opta-

se por suspender a Vareniclina e protelar a cessação. Volta em Julho de 2011, a fumar mais de 20

cigarros/dia, desta vez mais motivada, optando-se então por uma redução do número de cigarros “pelo

relógio”. Regressa à CCT um mês depois, em cessação completa há 17 dias, referindo ter feito hipnoterapia

e associadamente estar auto-medicada com Vareniclina 0,5mg/dia + Nicotina transdérmica 14mg/24h.

Alertou-se a doente para os riscos dos seus atos, tendo sido suspensa a nicotina transdérmica e preconizada

a manutenção da vareniclina por pelo menos 12 semanas na mesma dose. Volta em Setembro de 2011, em

cessação há 41 dias, admitindo contudo alguns lapsos (<3 cigarros/semana) e referindo aumento do apetite e

aumento de 1,5kg de peso. Retorna 2 meses depois (Novembro de 2011), tendo recaído para 4 cigarros/ dia,

referindo epigastralgias associadas à nicotina transdérmica que entretanto retomou novamente por iniciativa

própria.

Comentário

O presente relato de caso ilustra a importância de estabelecer um programa estruturado de cessação

tabágica incorporando uma terapêutica farmacológica orientada e ajustada ao doente. As consultas devem

ser pouco espaçadas no tempo durante os primeiros meses, uma vez que é nesta fase que existe maior risco

de recaída, e com um período total de seguimento de pelo menos doze meses. A terapêutica farmacológica

deve ser orientada pelo médico e cumprida pelo doente de forma correta e na sua totalidade, mesmo após

cessação, com vista a uma redução gradual da dependência e minimização dos sintomas de privação. O

facto de a doente não cumprir minimamente nenhum destes aspectos do programa de cessação terá sido o

principal fator responsável pelo insucesso.

Discutindo brevemente as opções terapêuticas, e tendo em conta a experiência anterior com nicotina

transdérmica sem sucesso e os antecedentes psiquiátricos desta doente, provavelmente a opção terapêutica

escolhida não foi a mais adequada. Analisando presentemente este caso clínico torna-se bastante evidente

que a bupropiona eventualmente associada a um substituto da nicotina na forma de gomas ou pastilhas

(usado neste caso em SOS para controlar possíveis sintomas de privação) poder-se-ia ter revelado como

uma melhor opção terapêutica e consequentemente com maior probabilidade de sucesso.

Trata-se de um caso em que a história familiar pesada de hábitos tabágicos e co-morbilidades a eles

associadas deveria, à partida, contribuir para uma motivação ainda maior por parte da doente, com

consequente maior probabilidade de sucesso, que no entanto não se tem verificado. Por outro lado, sabe-se

também que existem determinados fatores familiares de natureza genética e/ou comportamental

responsáveis por menor probabilidade de êxito na cessação, e que poderão estar envolvidos neste caso.

Podemos também aqui encontrar diversos fatores, que, segundo a literatura, são habitualmente responsáveis

pela recaída em mulheres fumadoras, nomeadamente, antecedentes de depressão, situações de stress no

dia-a-dia, e o aumento de peso após a abstinência tabágica.

Page 15: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

Nesta doente, destacam-se ainda os sucessivos abandonos da consulta de cessação tabágica, sendo a

recaída e o constrangimento em admitir o insucesso perante o médico como os principais motivos que

podemos apontar para esse facto.

Pedro Gonçalo Santos

Interno do 2º ano de Medicina Geral e Familiar

Centro de Saúde Norton de Matos

TABAGISMO E GRAVIDEZ

O tabagismo é uma das principais causas de doença no mundo e é responsável por cerca de 5 milhões de

mortes todos os anos.

Na sociedade ocidental o hábito de fumar começou por ser exclusivo dos homens. No entanto, após a

Segunda Guerra Mundial passou a estar associado aos movimentos sociais de emancipação das mulheres e

começou a ganhar maior expressão entre o género feminino. Mas foi nas últimas duas a três décadas que a

sua prevalência teve um aumento mais acentuado.

Na mulher grávida o tabagismo pode ter consequências não apenas para a saúde desta, mas também para a

saúde do feto, estimando-se que seja responsável por cerca de 20% dos casos de bebés com baixo peso ao

nascer, 8% dos partos prematuros e 5% de todas as mortes perinatais, existindo uma associação com o

Síndrome de Morte Súbita neonatal.

Esta é, portanto, uma fase fulcral para investir na cessação tabágica, aproveitando o contacto mais frequente

da grávida com os profissionais de saúde e também a maior motivação característica deste período da vida

da mulher. Estima-se que aproximadamente 25 a 40% das mulheres fumadoras que engravidam tentam

parar de fumar durante a gravidez. A maioria dos estudos mostram uma maior frequência de tabagismo na

mulher grávida jovem com menor escolaridade, de classe social mais baixa e / ou sem companheiro.

São conhecidos mais de 4000 compostos constituintes do tabaco, mas os que mais intrinsecamente estão

ligados aos efeitos deletérios que ocorrem na gravidez são a nicotina e o monóxido de carbono (CO).

A nicotina é uma das principais causas de Atraso de Crescimento Intra-Uterino (ACIU), devido à

vasoconstrição que provoca nas artérias uterinas e da placenta, causando uma insuficiência útero-placentar

que está na origem da redução do aporte sanguíneo ao feto e, consequentemente, diminui o aporte de

oxigénio e de nutrientes a este. Por outro lado, a hipóxia celular crónica causada pelo CO também pode

contribuir para o ACIU.

A exposição à nicotina durante a gravidez tem sido relacionada com alterações do desenvolvimento

psicomotor da criança e do jovem, estando associada a situações de hiperactividade, diminuição do

rendimento escolar, perturbações da atenção e início precoce do tabagismo, bem como do desenvolvimento

sexual e cognitivo, o que surge na sequência da neurotoxicidade da nicotina. Do mesmo modo, o CO é

também um potente tóxico para o sistema nervoso, podendo causar lesões temporárias ou mesmo

permanentes neste.

A nicotina é igualmente causadora de alterações súbitas no sistema cardiovascular da grávida, como o

aumento da frequência cardíaca e da tensão arterial sistólica e diastólica e o CO, por sua vez, provoca

aumento da frequência cardíaca fetal e hipertrofia do miocárdio.

Page 16: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

Não são ainda totalmente conhecidos os mecanismos que originam o Síndrome de Morte Súbita neonatal,

mas uma das hipóteses melhor aceites é a de que tal suceda na sequência da exposição prolongada da

medula adrenal do feto à nicotina, levando a que esta perca a capacidade de resposta perante uma situação

de hipóxia, não ocorrendo assim a libertação de catecolaminas necessárias à redistribuição do fluxo

sanguíneo cerebral e cardíaco e à manutenção da frequência cardíaca fetal.

Também o crescimento do tecido pulmonar é afectado pela exposição aos componentes do tabaco,

originando alterações funcionais respiratórias na infância. Parece haver uma associação entre esta exposição

e o aumento de risco futuro de desenvolver doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), cancro do pulmão e

doenças cardiovasculares.

Durante a gestação de uma mulher fumadora, existe uma hiperviscosidade sanguínea, que aumenta o risco

de enfarte cerebral do neonato e que provoca um mau funcionamento da placenta. Tal situação tem origem

na hipóxia tecidual causada pelos altos níveis de carboxihemoglobina (COHb) (que são mais elevados no

feto do que na grávida devido à maior afinidade da hemoglobina fetal pelo CO), ocorrendo estimulação da

eritropoiese, com aumento do hematócrito da grávida e do feto.

Sabe-se também que existe um comprometimento do sistema imunológico causado pelo tabagismo, o que

pode explicar o maior risco de abortos espontâneos nas grávidas fumadoras. Por outro lado, as infecções

locais mais frequentes podem estar na origem do número mais elevado de ruptura prematura de membranas

nestas grávidas. Para estas duas situações podem contribuir também a diminuição que ocorre dos níveis de

ácido ascórbico para cerca de metade nestas grávidas (o qual desempenha um papel no sistema imunitário e

na formação do colagénio), dos níveis de óxido nítrico (potente relaxante uterino) e do factor de activação das

plaquetas.

Por tudo o que foi referido anteriormente, é fundamental que a cessação tabágica seja promovida durante a

gravidez e em todas as mulheres em idade fértil que considerem a hipótese de engravidar. Deve dar-se

primazia à utilização de medidas não farmacológicas durante a gestação, como a entrevista motivacional

(sobretudo nas grávidas ambivalentes) e a terapia cognitivo-comportamental e aplicar métodos de redução

gradual e progressiva do número de cigarros consumidos por dia. No entanto, nos casos em que estas

medidas não forem suficientes para que a grávida consiga parar de fumar, deve considerar-se o uso de

terapêuticas de substituição de nicotina até às 18 semanas de gestação, preferencialmente através de

formulações de libertação intermitente (como as gomas e pastilhas), dado que estas resultam numa dose

total diária de nicotina menor para o feto do que as formulações de libertação lenta (adesivos transdérmicos).

Esta terapêutica farmacológica adjuvante dobra a taxa de cessação e permite uma alternativa para que o feto

não seja exposto a todos os outros compostos constituintes do tabaco (em particular o CO).

Uma vez conseguida a cessação, é essencial investir esforços na sua manutenção durante toda a gravidez e

após o parto, dado que tal implica ganhos na qualidade de vida e na saúde da grávida/mãe e do feto/criança.

O risco de recaída após a gravidez aumenta substancialmente, podendo atingir taxas entre os 40 e os 90%

nos 12 primeiros meses pós-parto, com alguns estudos a apontar para um risco mais elevado ao 4º mês. Os

fatores relacionados com um maior risco de recaída após o parto são a cessação tardia durante a gravidez, a

interrupção precoce do aleitamento materno, o aumento ponderal, o stress relacionado com os cuidados do

bebé, a existência de um cônjuge fumador, a depressão pós-parto e o final da licença de maternidade (com o

regresso à vida profissional).

Page 17: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

Assim, deve incentivar-se e investir-se na cessação tabágica na mulher grávida, mas também trabalhar de

forma intensa a prevenção e o tratamento de recaídas, uma vez que estas podem comprometer a

oportunidade de abandono definitivo do tabagismo, para o qual muito contribui a forte motivação relacionada

com a gestação.

Bibliografia: 1. CORREIA S, NASCIMENTO C, GOUVEIA R, MARTINS S et al: Gravidez e Tabagismo – Uma oportunidade de mudar

comportamentos. Acta Med Port 2007; 20: 201-207. 2. LEOPÉRCIO W, GIGLIOTTI A: Tabagismo e suas peculiaridades durante a gestação: uma revisão crítica. J Bras

Pneumol 2004: 30(2) 176-185. 3. MACHADO JB, LOPES MHI: Abordagem do tabagismo na gestação. Scientia Medica, 19(2), Abr/Jun 2009, 75-80. 4. UTAGAWA CY, DE SOUZA RA, SILVA COM, DA SILVA MO: Tabagismo e Gravidez: Repercussões no

Desenvolvimento Fetal. Cadernos UniFOA Ano II, 4, Ago/2007. 5. EURO-scip, Conselho de Prevenção do Tabagismo: Tabagismo e Gravidez. Newsletter 3, Fev/2006.

Cristina Tejo

Interna do 4º ano de MGF

UCSP Norton de Matos

“AS CONTAS DO TABACO EM TEMPO DE CRISE”

A “crise” pode ser uma oportunidade de mudança para o fumador.

É nos momentos de crise, dificuldades financeiras ou mesmo falta de perspectiva, que devemos estar mais

atentos à realidade e às saídas que poderão surgir. Por vezes as oportunidades ficam ocultas pela inércia do

ser humano, pela desesperança no futuro ou até mesmo pelo medo da mudança.

A “crise” poderá ser uma porta para a autodescoberta, para o autoconhecimento à medida que o homem se

vê forçado a buscar soluções, a rever atitudes, a arriscar e a conquistar novos espaços.

A “crise” e também os “impostos” provocam recessão até no consumo do tabaco, no entanto, por vício ou por

gosto, muitos fumadores preferem arranjar opções para contornar os cada vez mais custos do tabaco. E a

mudança começou a surgir, muitos fumadores passaram a utilizar TABACO DE ENROLAR, sendo

considerado o “tabaco para tempos de crise” e a solução mais económica.

No entanto o tabaco de enrolar também mata embora o peso económico seja menor nas bolsas portuguesas.

Enrolar tabaco envolve filtros, mortalhas, tabaco, destreza e até muita paciência. Para facilitar o fumador

foram construídas “máquinas de tubos” para a confeção do tabaco (tecnologia pensada para ajudar o vício)

em que as mortalhas são substituídas por tubos vazios, já com filtros, bastando apenas encher com tabaco e

evitando assim as mortalhas (papéis de vários formatos, com combustão lenta ou rápida, ás cores ou

transparentes).

Mas… será que o fumador não se estará a enganar? Poupar para continuar a consumir? E que qualidade de

tabaco? Não será melhor deixar de fumar e com o dinheiro que poupa viajar e esquecer a crise?

Então vejamos:

1- A produção do tabaco de enrolar é mais barata MAS o controlo da qualidade é inferior;

2- A abertura da onça de tabaco poderá vir a secar as suas folhas causada pelo ar e alterar a sua

composição;

Page 18: Newsletter Maio 2012 Grupo Tabagismo Região Centro · O Projeto Respirar Saudável em desenvolvimento e de que aqui se dá nota, promove, através do ... MINDFULNESS E CESSAÇÃO

Se é profissional de saúde ou está ligado, de alguma

forma a esta áreas.

Esta Newsletter á sua.

Colabore enviando artigos

CONTACTOS:[email protected]

[email protected]

3- Os efeitos deletérios para a saúde são devidos ao consumo do fumo do tabaco independentemente

de ter sido preparado de forma artesanal ou industrial. Como alternativa económica poderá levar a

determinados conceitos pelo facto ser mais natural ou “eco-friendly”, MAS os malefícios não deixam

de existir;

4- O papel utilizado pode conter mais alcatrão e ser mais prejudicial, assim como a não utilização de

filtros leva à entrada de maior carga de substâncias poluentes e tóxicas para os pulmões;

5- As embalagens do tabaco de enrolar não contêm informação sobre o teor de nicotina, monóxido de

carbono e alcatrão. De facto, não é obrigatório, uma vez que esses valores dependem da forma de

enrolar o cigarro (pouco ou muito enchimento, apresentar filtro ou não, por exemplo);

6- Também o imposto sobre o tabaco irá afetar o tabaco de enrolar nos próximos meses, fazendo-o subir

de preço e diminuindo a diferença que existe, hoje em dia, em relação aos cigarros vendidos em

maços.

Para transformar a crise em oportunidades é preciso:

• Coragem para dominar o medo, para realizar escolhas, para combater a hesitação e a acomodação;

• Criatividade – fazer e ser diferente, evoluir;

• Ousadia para tentar e arriscar;

• Flexibilidade para aprender a curvar-se diante dos factos e verdades quando confrontados com os

argumentos mais sólidos;

• Discernimento para separar as crises reais das imagináveis e distinguir o “ simplesmente mudar”

do “mudar para melhor”.

“ O ÚNICO COMPORTAMENTO SEGURO É NÃO FUMAR”

Essa será a melhor opção para vencer a “crise “e melhorar as contas.

Marília Pereira

Médica Especialista em Medicina Geral e Familiar

ACES PIN1 – Centro de Saúde da Lousã – USF Trevim-Sol (Pólo Serpins)