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ÍNDICE NEWSLETTER SISTEMA FINANCEIRO E MERCADO DE CAPITAIS I 4.º TRIMESTRE 2016 I DMIF II – ANTEPROJECTO DE TRANSPOSIÇÃO: ALTERAÇÕES AO CVM E AO RGICSF 2 II LEGISLAÇÃO A. DIREITO BANCÁRIO INSTITUCIONAL E MATERIAL B. DIREITO DOS SEGUROS INSTITUCIONAL E MATERIAL C. VALORES MOBILIÁRIOS E MERCADO DE CAPITAIS 8 11 12 III JURISPRUDÊNCIA RELEVANTE 13 NEWSLETTER I SISTEMA FINANCEIRO E MERCADO DE CAPITAIS

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ÍNDICE

NEWSLETTER SISTEMA FINANCEIRO E MERCADO DE CAPITAIS I 4.º TRIMESTRE 2016

I DMIF II – ANTEPROJECTO DE TRANSPOSIÇÃO: ALTERAÇÕES AO CVM E AO RGICSF 2

II LEGISLAÇÃO

A. DIREITO BANCÁRIO INSTITUCIONAL E MATERIAL

B. DIREITO DOS SEGUROS INSTITUCIONAL E MATERIAL

C. VALORES MOBILIÁRIOS E MERCADO DE CAPITAIS

8

11

12

III JURISPRUDÊNCIA RELEVANTE 13

NEWSLETTER I SISTEMA FINANCEIRO E MERCADO DE CAPITAIS

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NEWSLETTER SISTEMA FINANCEIRO E MERCADO DE CAPITAIS

I DMIF II – ANTEPROJECTO DE TRANSPOSIÇÃO: ALTERAÇÕES AO CVM E AO

RGICSF

O Conselho Nacional de Supervisores Financeiros colocou à consulta pública, no passado

dia 29 de Dezembro, o anteprojecto de transposição da Directiva n.º 2014/65/UE do

Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Maio de 2014 (DMIF II) e de execução na

ordem jurídica nacional do Regulamento (UE) n.º 600/2014 do Parlamento Europeu e do

Conselho, de 15 de Maio de 2014 (RMIF), doravante o Anteprojecto.

A DMIF II e o RMIF preconizam uma profunda reforma da anterior Directiva 2004/39/CE

(DMIF I), introduzindo alterações substanciais na regulação dos mercados de instrumentos

financeiros, em resposta às deficiências no funcionamento e transparência dos mercados

experienciadas com a crise financeira.

A transposição da DMIF II e a execução do RMIF implicam, assim, uma série de alterações

ao Código dos Valores Mobiliários (CVM) e ao Regime Geral das Instituições de Crédito e

Sociedades Financeiras (RGICSF), previstas no Anteprojecto. Destacamos, de seguida e de

forma esquemática, aquelas que nos parecem ser as alterações mais relevantes previstas

no Anteprojecto.

I. Alterações ao CVM

1. Aspectos Gerais

(i) É alterado o elenco de instrumentos financeiros previsto no artigo 2.º do CVM,

com inclusão das licenças de emissão e exclusão de instrumentos derivados de

mercadorias que sejam produtos energéticos grossistas negociados em sistema de

negociação organizada com liquidação exclusivamente física;

(ii) São introduzidas diversas alterações às excepções ao princípio da exclusividade

do exercício das actividades de intermediação financeira (artigo 289.º, n.º 3

do CVM), de entre as quais destacamos:

(a) a autonomização de uma excepção (sujeita a certos requisitos) para as

pessoas que negoceiem por conta própria derivados de mercadorias e licenças

de emissão ou que prestem serviços de investimento nesses instrumentos;

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(b) a limitação do âmbito da excepção relativa às pessoas que tenham como única

actividade de investimento a negociação por conta própria;

(c) a introdução de novas excepções para os operadores sujeitos a obrigações de

conformidade no quadro do regime de comércio de licenças de emissão de

gases com efeito de estufa (Directiva n.º 2003/87/CE), para os operadores de

redes de transporte de energia e para as centrais de valores mobiliários.

2. Alterações ao regime da consultoria para investimento

(i) São impostos deveres de informação reforçados quanto aos serviços prestados;

(ii) Prevê-se um dever de entrega ao investidor de um documento que reflecte a

avaliação da adequação do investimento ou serviço recomendado;

(iii) É introduzido um regime específico (mais exigente) para a consultoria

independente, novo conceito introduzido pela DMIF II e acolhido no Anteprojecto,

que se caracteriza essencialmente pelos seguintes aspectos:

(a) Dever de o intermediário financeiro avaliar uma gama suficientemente

diversificada (quanto ao seu tipo e aos emitentes ou distribuidores) de

instrumentos financeiros disponíveis no mercado, que não deve estar limitada

aos instrumentos financeiros emitidos ou fornecidos pela própria empresa de

investimento ou por entidades com relações estreitas;

(b) Proibição de o intermediário financeiro aceitar ou receber remunerações,

comissões ou quaisquer prestações monetárias ou não monetárias, pagas ou

concedidas por qualquer terceiro ou pessoa que actue em nome de um terceiro

em relação à prestação do serviço aos clientes1;

(c) Segregação do exercício da actividade de consultoria independente de outros

serviços de consultoria prestados pelo intermediário financeiro;

(iv) O regime de registo de consultores para investimento sofre alguns

ajustamentos.

1 Também aplicável à gestão de carteiras.

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3. Alterações ao nível dos deveres de conduta dos intermediários

financeiros

(i) São alteradas as regras de proibição de benefícios ilegítimos, reforçando-se os

deveres de informação a este respeito e especificando-se as condições em que se

deve considerar que um benefício é concedido para reforço da qualidade do serviço

(sendo, portanto, legítimo), assim como os benefícios permitidos relativamente a

recomendações de investimento;

(ii) Quanto à avaliação do carácter adequado da operação, o Anteprojecto prevê

(a) o seu reforço no caso de prestação de serviços de gestão de carteira e consultoria

para investimento, (b) a limitação do elenco de instrumentos considerados “não

complexos” para efeitos do regime de mera execução previsto no artigo 314.º-D do

CVM (em que se dispensa a referida avaliação) e (c) a aplicação do regime de mera

execução apenas quando não haja a prestação de um serviço auxiliar de concessão

de crédito para realização de operações sobre instrumentos financeiros;

(iii) No que respeita à categorização dos investidores, a terminologia “investidor

qualificado/investidor não qualificado” é substituída pela terminologia da DMIF –

“investidor profissional/investidor não profissional”;

(iv) São alteradas as normas relativas ao registo de ordens recebidas por telefone

ou meios electrónicos;

(v) São reforçados os deveres de informação do intermediário sobre a sua política de

execução de ordens, incluindo a divulgação anual das cinco estruturas de

negociação mais utilizadas e a qualidade de execução obtida;

(vi) É consagrada a proibição da celebração de contratos de garantia financeira com

transferência de titularidade com investidores não profissionais como forma de

garantir obrigações desses clientes.

4. Alterações ao nível dos deveres de organização dos intermediários

financeiros

(i) O Anteprojecto consagra o dever de os intermediários financeiros que prestem

serviços/actividades de investimento adoptarem políticas e procedimentos

internos de aprovação de produção ou distribuição de instrumentos

financeiros (product governance), tendo em conta o mercado a que se destinam;

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(ii) São introduzidas regras sobre remuneração dos colaboradores, incluindo a

obrigação de os intermediários financeiros adoptarem uma política de remuneração

e avaliação dos seus trabalhadores que assegure que estas não conflituam com o

dever de actuar no interesse dos clientes.

5. Alterações ao nível das formas organizadas de negociação

(i) É introduzida uma nova forma organizada de negociação2: o Sistema de

Negociação Organizada (OTF), que, entre outros aspectos, se caracteriza por (a)

nela apenas poderem ser negociados instrumentos não representativos de capital

(non-equity), (b) em regra, a entidade gestora não poder executar ordens de clientes

contra carteira própria ou de entidades pertencentes ao mesmo grupo e (c) a

execução de ordens poder ser efectuada numa base discricionária em determinadas

circunstâncias.

(ii) Nos sistemas de negociação multilateral, é introduzido um requisito de

composição mínima de 3 participantes com actividade relevante e passa a estar

expressamente prevista a proibição de execução de ordens contra a carteira própria

da entidade gestora;

(iii) Ao nível da internalização sistemática3, são consagrados, por remissão para a

regulamentação europeia4, limiares quantitativos para efeitos de qualificação de um

intermediário financeiro como internalizador sistemático (o que obriga a

comunicação à CMVM);

(iv) São reforçados os deveres de organização e requisitos técnicos aplicáveis às

plataformas de negociação;

(v) É introduzida a figura dos sistemas de negociação multilateral de PME em

crescimento;

(vi) É regulamentada a negociação algorítmica, passando as entidades que a

desenvolvam a estar sujeitas a certos requisitos de organização interna e prevendo-

2 Em linha com esta introdução, a gestão de sistema de negociação organizada passa a estar também incluída no

elenco de serviços e actividades de investimento do artigo 290.º do CVM.

3 Cujo regime é alargado no RMIF a instrumentos similares a acções e instrumentos não representativos de capital. 4 Limiares fixados no Regulamento Delegado da Comissão que completa a Diretiva 2014/65/EU.

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se requisitos específicos para a negociação algorítmica de alta frequência e para a

negociação algorítmica com estratégias de criação de mercado;

(vii) Por fim, o Anteprojecto consagra deveres específicos aplicáveis a intermediários

financeiros que disponibilizem acesso electrónico directo a uma plataforma de

negociação, bem como às plataformas de negociação que permitam esse tipo de

acesso.

6. Outras alterações a destacar

(i) É regulada a participação em leilões de licenças de emissão;

(ii) Ao nível dos derivados de mercadorias, são introduzidas regras sobre limites de

posições, controlos de gestão de posições e reporte de posições.

II. Alterações ao RGICSF

1. Alterações a nível prudencial

(i) Prevê-se a possibilidade de recurso a agentes vinculados pelas instituições de

crédito para a prestação de serviços de investimento, regulando-se o

estabelecimento e a prestação de serviços de investimento por instituições de

créditos através de agentes vinculados e estabelecendo-se regras de comunicação

entre autoridades de supervisão;

(ii) São alargadas as exigências de comunicação pelas empresas de investimento às

autoridades de supervisão quando recorram a agentes vinculados para o exercício

de actividades ou prestação de serviços de investimento;

(iii) Acolhe-se a possibilidade de constituição em Portugal de sucursais de

empresas de investimento com sede em países terceiros, regulando-se as

condições de estabelecimento e os requisitos de autorização, assim como a

respectiva revogação;

(iv) É consagrada uma excepção ao requisito de autorização quanto à prestação de

serviços de investimento por exclusiva iniciativa do cliente por parte de

empresas de investimento com sede em países terceiros;

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(v) Equiparam-se os requisitos a que está sujeito o estabelecimento de sucursais

de instituições de crédito com sede em país terceiro aos das sucursais de empresas

de investimento com sede em país terceiro;

(vi) No âmbito do processo de autorização para constituição de instituições de crédito e

empresas de investimento, passa a ser expressamente exigida a identificação dos

accionistas indirectos que detenham participações qualificadas (ou caso não

existam, dos vinte maiores accionistas) e do último beneficiário ou beneficiários

efectivos da participação.

2. Alterações a nível comportamental

(i) É consagrado o dever de avaliação da adequação do produto no âmbito da

comercialização dos produtos e serviços bancários de retalho;

(ii) São introduzidas regras sobre os procedimentos de governação e monitorização

a implementar pelas instituições de crédito no âmbito da criação e

comercialização de produtos e serviços bancários de retalho5;

(iii) São introduzidas algumas disposições de enquadramento ou complementares à

regulação dos depósitos estruturados, que é feita em diploma avulso, sendo de

destacar o acolhimento no RGICSF da prestação de serviços de consultoria

relativamente aos depósitos estruturados por parte de certas empresas de

investimento;

(iv) São desenvolvidas as regras em matéria de conflitos de interesse6 no contexto

da actuação das instituições de crédito nos mercados bancários de retalho;

(v) São introduzidas regras relativas à remuneração e avaliação dos

colaboradores7, assim como respectivos conhecimentos e competências;

(vi) São introduzidas regras relativas ao registo e arquivo das operações;

5/6/7Na verdade estas matérias estão previstos na DMIF II para os depósitos estruturados, regulados em diplomas

avulsos, mas opta-se no Anteprojecto por prever disposições análogas para criação e comercialização de todos

os produtos e serviços bancários de retalho.

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(vii) Por fim, são também introduzidas alterações ao regime sancionatório.

III. Notas finais

A título final, cabe referir que o Anteprojecto prevê um conjunto de alterações a outros

diplomas legais (designadamente ao Decreto-Lei n.º 357-C/2007, de 31 de Outubro, ao

Decreto-Lei n.º 357-C/2007, de 31 de Outubro, ao Decreto-Lei n.º 163/94 de 4 de Junho

e ao Decreto-Lei n.º 162/2001, de 28 de Setembro), assim como a adopção de um novo

diploma que aprova o regime jurídico da criação, comercialização e prestação de

serviços de consultoria relativamente a depósitos estruturados, que não temos

oportunidade de desenvolver nesta sede.

Por outro lado, há que recordar que as alterações ao CVM e ao RGICSF para transposição

da DMIF devem ser consideradas em articulação com o RMIF, que é directamente

aplicável no nosso ordenamento jurídico (não carecendo, portanto, de transposição) e que

introduz também inúmeras inovações na regulação dos mercados financeiros, assim como

a respectiva legislação de nível 2 (actos delegados e normas técnicas). Refira-se, aliás,

que essa aplicação do RMIF e das normas de nível 2 implicou uma série de alterações ao

CVM e a revogação de algumas das suas disposições.

A consulta pública termina no próximo dia 9 de Fevereiro, devendo a transposição da DMIF

II ter lugar até 3 de Julho de 2017. As disposições de transposição (com algumas

excepções) deverão entrar em vigor a 1 de Janeiro de 2018, data em que entra também

em vigor o RMIF e uma série de actos de nível 2.

II LEGISLAÇÃO

A. Direito bancário: institucional e material

Regulamento de Execução (UE) 2016/2070 da Comissão, de 14 de Setembro 2016, publicado

no Jornal Oficial em 2 de Dezembro de 2016

Estabelece normas técnicas de execução no que respeita aos modelos, às definições e às

soluções informáticas a utilizar pelas instituições quando comunicam informações à Autoridade

Bancária Europeia e às autoridades competentes em conformidade com o artigo 78.º, n.º 2,

da Directiva 2013/36/UE do Parlamento Europeu e do Conselho.

Decisão de Execução (UE) 2016/2358 da Comissão, de 20 de Dezembro de 2016

Altera a Decisão de Execução 2014/908/EU no que respeita às listas de territórios e países

terceiros cujos requisitos de supervisão e regulamentação são considerados equivalentes para

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efeitos do tratamento das posições em risco nos termos do Regulamento (EU) n.º 575/2013

do Parlamento Europeu e do Conselho.

Banco Central Europeu

Parecer do Banco Central Europeu, de 12 de Outubro de 2016, sobre uma proposta de directiva

do Parlamento Europeu e do Conselho que altera a Directiva (UE) 2015/849 relativa à

prevenção da utilização do sistema financeiro para efeitos de branqueamento de capitais ou

de financiamento do terrorismo e que altera a Directiva 2009/101/CE.

Decisão (UE) 2016/2248 do Banco Central Europeu, de 3 de Novembro de 2016

Relativa à repartição dos proveitos monetários dos bancos centrais nacionais dos Estados-

Membros cuja moeda é o euro.

Orientação (UE) 2016/1993 do Banco Central Europeu, de 4 de Novembro de 2016

Estabelece os princípios aplicáveis à coordenação da avaliação prevista no Regulamento (UE)

n.º 575/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho e à monitorização dos sistemas de

protecção institucional integrados por instituições significativas e menos significativas.

Orientação (UE) 2016/1994 do Banco Central Europeu, de 4 de Novembro de 2016

Relativa à abordagem ao reconhecimento dos sistemas de protecção institucional para fins

prudenciais pelas autoridades nacionais competentes nos termos do Regulamento (UE) n.º

575/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho.

Orientação (UE) 2016/2298 do Banco Central Europeu, de 2 de Novembro de 2016

Altera a Orientação (UE) 2015/510 relativa ao enquadramento para a implementação da

política monetária do Eurosistema.

Orientação (UE) 2016/2299 do Banco Central Europeu, de 2 de Novembro de 2016

Altera a Orientação (UE) 2016/65 relativa às margens de avaliação a aplicar na implementação

da política monetária do Eurosistema.

Orientação (UE) 2016/2300 do Banco Central Europeu, de 2 de Novembro de 2016

Altera a Orientação BCE/2014/31 relativa a medidas adicionais temporárias respeitantes às

operações de refinanciamento do Eurosistema e à elegibilidade dos activos de garantia.

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Orientação (UE) 2016/2249 do Banco Central Europeu, de 3 de Novembro de 2016

Relativa ao enquadramento jurídico dos processos contabilísticos e da prestação de informação

financeira no âmbito do Sistema Europeu de Bancos Centrais.

Avisos do Banco de Portugal

O Aviso do Banco de Portugal n.º 8/2016, que entrou em vigor no dia 1 de Dezembro de

2016, regula os deveres de registo e de comunicação ao Banco de Portugal previstos nos n.os

3 e 5 do artigo 118.º-A do RGICSF e no artigo 9.º-A do RJSPME, bem como as condições,

mecanismos e procedimentos necessários ao seu cumprimento.

Instruções do Banco de Portugal

A Instrução n.º 14/2016, que entrou em vigor no dia 31 de Outubro de 2016, altera a

Instrução n.º 7/2012, 15 de Março de 2012.

A Instrução n.º 15/2016, que entrou em vigor no dia 3 de Setembro de 2016, altera a

Instrução n.º 3/2015, de 15 de Maio de 2015 (Implementação da política monetária do

Eurosistema).

A Instrução n.º 16/2016, que entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 2017, divulga, para o

1.º trimestre de 2017, as taxas máximas a praticar nos contratos de crédito aos consumidores

no âmbito do Decreto-Lei n.º 133/2009, 2 de Junho.

A Instrução n.º 17/2016, que entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 2017, altera a

Instrução n.º 7/2012, de 15 de Março de 2012.

A Instrução n.º 18/2016, que entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 2017, altera a

Instrução n.º 3/2015, de 15 de Maio de 2015.

A Instrução n.º 19/2016, que entrou em vigor no dia 24 de Dezembro de 2016, solicita às

instituições de crédito informação sobre os contratos de crédito à habitação e de crédito

conexo, tal como definidos nos n.os 1 e 2 do artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 51/2007, de 7 de

Março, bem como sobre os colaterais e rendimentos dos mutuatários, reembolsos antecipados

e renegociações.

A Instrução n.º 21/2016, que entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 2017, fixa em 0,0291%

a taxa base para a determinação das contribuições periódicas para o Fundo de Resolução no

ano de 2017.

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A Instrução n.º 22/2016, que entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 2017, fixa em

0,00014% a taxa contributiva de base para determinação da taxa de cada instituição, bem

como o valor da contribuição mínima para o Fundo de Garantia de Depósitos a realizar pelas

instituições participantes (110,00 euros) no ano 2017 e determina que as instituições de

crédito participantes não podem substituir a sua contribuição anual por compromissos

irrevogáveis de pagamento.

A Instrução n.º 23/2016, que entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 2017, fixa em 0,0017%

a taxa contributiva de base para determinação de taxa de cada instituição participante para o

Fundo de Garantia do Crédito Agrícola Mútuo no ano 2017 e em 50% a percentagem de

elegibilidade de empréstimos subordinados das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo assistidas

financeiramente pelo Fundo.

Cartas Circulares do Banco de Portugal

A Carta Circular n.º 5/2016/DMR, de 15 de Novembro de 2016, informa sobre as datas-

limite de notificação do montante de reservas mínimas (reporte mensal), bem como o

calendário dos períodos de manutenção para os anos de 2017 e 2018.

A Carta Circular n.º 6/2016/DMR, de 15 de Novembro de 2016, informa sobre as datas-

limite de notificação do montante de reservas mínimas (reporte trimestral), bem como o

calendário dos períodos de manutenção para os anos de 2017 e 2018.

A Carta Circular n.º 91/2016/DET, de 23 de Dezembro de 2016, informa de que, no âmbito

da divulgação de informação qualificada sobre numerário, o Banco de Portugal decidiu

descontinuar o acesso àquela informação na “Área de Empresa” do seu sítio oficial, passando

a mesma a estar acessível através do canal BPnet. Revoga a Carta-Circular n.º 1/2013/DET,

de 4 de Fevereiro.

A Carta Circular n.º 94/2016/DET, de 27 de Dezembro de 2016, comunica que, a partir de

2 de Janeiro de 2017, ficará disponível para todos os utilizadores da aplicação GOLD que

tenham subscrito o serviço “Consultas on-line de operações de tesouraria”, uma nova

funcionalidade denominada “Módulo de Registo de Excedentes de Moeda Metálica”, para

reporte e partilha de informação.

B. Direito dos Seguros: institucional e material

Norma regulamentar da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões n.º

11/2016-R - D.R. n.º 215/2016, Série II de 9 de Novembro de 2016

A Norma Regulamentar que tem por objecto a regulamentação dos procedimentos de recolha

dos dados indispensáveis ao cumprimento das obrigações da Autoridade de Supervisão de

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Seguros e Fundos de Pensões relativas à informação para a regularização de sinistros

automóvel e ao controlo do cumprimento da obrigação de seguro de responsabilidade civil

automóvel.

Norma regulamentar da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões n.º

12/2016-R - Diário da República n.º 230/2016, Série II 30 de Novembro de 2016

Aprova as condições gerais uniformes do seguro de colheitas de frutas e produtos hortícolas

para a Região Autónoma da Madeira.

Norma regulamentar da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões n.º

13/2016-R - Diário da República n.º 241/2016, Série II 19 de Dezembro de 2016

Estabelece os índices trimestrais de actualização de capitais para as apólices do ramo

«Incêndio e elementos da natureza» com início ou vencimento no primeiro trimestre de 2017.

Regulamento de Execução (UE) 2016/1976 da Comissão, de 10 de Novembro de 2016

Que estabelece as informações técnicas para o cálculo das provisões técnicas e dos fundos

próprios de base para efeitos do relato com uma data de referência compreendida entre 30 de

Setembro e 30 de Dezembro de 2016, em conformidade com a Directiva 2009/138/CE do

Parlamento Europeu e do Conselho relativa ao acesso à actividade de seguros e resseguros e

ao seu exercício.

C. Valores mobiliários e mercado de capitais

Regulamento de Execução (UE) 2016/1800 da Comissão, de 11 de Outubro de 2016

Estabelece normas técnicas de execução sobre a classificação das notações de crédito das

agências de notação externas segundo uma escala objectiva de níveis de qualidade de crédito

em conformidade com a Directiva 2009/138/CE do Parlamento Europeu e do Conselho.

Regulamento de Execução (UE) 2016/1801 da Comissão, de 11 de Outubro de 2016

Estabelece normas técnicas de execução no que respeita ao mapeamento das avaliações de

crédito de instituições externas de avaliação de crédito para as titularizações, em conformidade

com o Regulamento (UE) n.º 575/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho.

Regulamento de Execução (UE) 2016/1868 da Comissão, de 20 de Outubro de 2016

Altera e rectifica o Regulamento de Execução (UE) 2015/2450 que estabelece normas técnicas

de execução no respeitante aos modelos para a apresentação de informações às autoridades

de supervisão em conformidade com a Directiva 2009/138/CE do Parlamento Europeu e do

Conselho.

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Regulamento Delegado (UE) 2016/2020 da Comissão, de 26 de Maio de 2016, publicado no

Jornal Oficial em 19 de Novembro

Que complementa o Regulamento (UE) n.º 600/2014 do Parlamento Europeu e do Conselho,

relativo aos mercados de instrumentos financeiros, no que respeita a normas técnicas de

regulamentação sobre os critérios aplicáveis para determinar se os derivados sujeitos à

obrigação de compensação devem ser igualmente sujeitos à obrigação de negociação.

Regulamento Delegado (UE) 2016/2021 da Comissão, de 2 de Junho de 2016, publicado no

Jornal Oficial em 19 de Novembro

Que complementa o Regulamento (UE) n.º 600/2014 do Parlamento Europeu e do Conselho,

relativo aos mercados de instrumentos financeiros, no que respeita às normas técnicas de

regulamentação sobre o acesso aos índices de referência.

Regulamento Delegado (UE) 2016/2022 da Comissão, de 14 de Julho de 2016, publicado no

Jornal Oficial em 19 de Novembro

Complementa o Regulamento (UE) n.º 600/2014 do Parlamento Europeu e do Conselho no

que respeita às normas técnicas de regulamentação sobre as informações necessárias para o

registo das empresas de países terceiros e o formato das informações a prestar aos clientes.

Regulamento Delegado (UE) 2016/2251 da Comissão, de 4 de Outubro de 2016.

Completa o Regulamento (UE) n.º 648/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho relativo

aos derivados do mercado de balcão, às contrapartes centrais e aos repositórios de

transacções, às contrapartes centrais e aos repositórios de transacções, no que diz respeito às

normas técnicas de regulamentação relativas às técnicas de atenuação do risco para os

contratos de derivados do mercado de balcão não compensados através de uma contraparte

central.

Banco Central Europeu

Parecer do Banco Central Europeu, de 12 de Setembro de 2016, sobre uma proposta de

Regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho que altera o Regulamento (UE) n.º

345/2013 relativo aos fundos europeus de capital de risco e o Regulamento (UE) n.º 346/2013

relativo aos fundos europeus de empreendedorismo social.

III JURISPRUDÊNCIA RELEVANTE

Supremo Tribunal de Justiça, Acórdão de 22 de Novembro de 2016, Processo n.º 454/14.8

No contexto dum contrato de mútuo celebrado com um Banco, este concedeu aos Autores um

empréstimo, no montante de €5,400.000,00, para garantia do qual os Autores celebraram

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com o Banco três contratos de penhor, sendo que, de acordo com o clausulado pelas partes,

estaria em causa um penhor das carteiras de títulos compostas pelas importâncias e/ou activos

financeiros existentes nas suas contas de investimento. Ficou ainda acordado que o Banco se

obrigava a comunicar aos Autores sempre que qualquer das prestações do contrato de mútuo

se encontrasse em mora e que os penhores se tornavam imediatamente exigíveis logo que

notificados os Autores dessa circunstância. Tendo existido um incumprimento por parte dos

Autores, mas sem que os mesmos tivessem sido notificados pelo Banco de tal circunstância,

procedeu a entidade bancária à transferência de quantias presentes nas contas dos Autores

para a sua titularidade exclusiva.

Entendeu o Tribunal que, aquando das transferências das quantias das contas dos Autores

pelo Banco, já se encontrava vencida a prestação mensal do contrato mútuo, ainda que não

se mostrasse vencida a obrigação da garantia do penhor assumida pelos Autores que dependia

da notificação pelo Banco àqueles do início da mora no pagamento de qualquer das prestações

do contrato de mútuo celebrado.

Assim, concluiu o Tribunal que não se tendo tornado exigíveis as prestações dos devedores da

obrigação de garantia dos penhores, haviam sido intempestivas as transferências das referidas

quantias das contas dos Autores, sem fundamento legal e, portanto, ilícitas e,

presumivelmente, culposas, ocasionando os correspondentes danos da falta de disponibilidade

imediata desses montantes nos patrimónios dos Autores, com a inerente privação do

rendimento do dinheiro e consequente responsabilidade civil contratual do Banco para com os

Autores.

Supremo Tribunal de Justiça, Acórdão de 3 de Novembro de 2016, Processo n.º 73/14.9

Nestes autos estava em causa um acidente entre dois veículos ligeiros, sendo que o seguro do

veículo que originou o acidente estava viciado por falsas declarações. A questão que se colocou

perante o Tribunal foi a de saber se a anulabilidade do contrato de seguro, viciado por falsas

declarações, seria oponível ao lesado ou a quem a ele se sub-rogue.

Considerou o Tribunal que, não obstante o contrato de seguro ser anulável, tal anulabilidade

não seria oponível ao lesado, porquanto o Decreto-Lei n.º 291/2007, de 21 de Agosto, prevê

um regime restritivo de oponibilidade de excepções aos lesados. Não seria óbice a este

entendimento o disposto no art. 147.º do Regime Jurídico do Contrato de Seguro, na medida

em que o disposto nesse preceito não se aplicaria aos seguros obrigatórios de responsabilidade

civil, sendo inadmissíveis disposições legais ou contratuais que excluam, em determinadas

circunstâncias, a prestação do segurador.

Supremo Tribunal de Justiça, Acórdão de 22 de Novembro de 2016, Processo n.º 38/12.5

Neste acórdão, o Tribunal clarificou que a letra e a livrança podem ser validamente

transmitidas a terceiros, quer através do endosso, quer mediante cessão ordinária de créditos

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(arts. 77.º e 11.º da LULL), sendo esta a única forma de transmissão caso tenham inscritas as

palavras “não à ordem” ou expressão equivalente.

Por outro lado, o Tribunal realçou que a cessão de créditos está regulamentada nos arts. 577.º

e seguintes do CC e tem efeitos distintos do endosso, nomeadamente, o cedente não é

responsável perante o cessionário pela satisfação do crédito pelo devedor, a não ser que a

cessão preencha a figura da “datio pro solvendo” (art. 840.º do CC), o devedor pode opor ao

cessionário, ainda que este os ignorasse, todos os meios de defesa que lhe seria lícito invocar

contra o cedente (art. 585.º do CC) e, por fim, frisou o Tribunal que, na falta de convenção

em contrário, a cessão de créditos importa a transmissão para o cessionário das garantias e

outros acessórios do direito transmitido.

Assim, determinou o Tribunal que, na medida em que cedido o crédito resultante do negócio

subjacente à subscrição da livrança (mútuo oneroso), igualmente se transmite a livrança como

acessório de garantia do pagamento do mesmo crédito e atendendo à legitimação material

conferida pela escritura pública de cessão de créditos, a exequente é portadora legítima da

livrança, podendo, com base nela, executar os seus subscritores pela falta do pagamento.

Tribunal da Relação do Porto, Acórdão de 13 de Outubro de 2016, Processo n.º 2513/14.8

No contexto de um depósito junto de um Banco, foram efectuadas transferências bancárias

fraudulentas por meio da utilização do sistema home banking.

Considerou-se que no que concerne às fraudes bancárias via sistemas informáticos

disponibilizados pelos Bancos, recai sobre estes o ónus de que a falta de cumprimento ou o

cumprimento defeituoso da obrigação correspondente à transferência ou pagamento abusivo

de valores em conta de depósito através do home banking não procede de culpa sua, mas do

cliente, pois que os perigos de falha do sistema informático utilizado não podem ser, sem mais,

imputados ao cliente e têm de correr por conta do Banco. Pelo que, não se provando qualquer

culpa do ordenante na efectivação da operação, o Banco deve assumir a responsabilidade pelo

reembolso das quantias objecto de transferências não autorizadas.

Concluiu o Tribunal que o cliente actuou com culpa leve ou levíssima, motivo pelo qual deve o

Banco responder pelos danos patrimoniais causados em tudo quanto esteja para além de

€150,00, recaindo os valores abaixo deste montante sobre o cliente, devido à quebra da

confidencialidade.

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