2011.12.08 - comentário ao anteprojecto do cire - rsa - vf (pdf)

Upload: pcvalerio

Post on 14-Jul-2015

181 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

ANTEPROJECTO DE DIPLOMA QUE ALTERA O CDIGO DA INSOLVNCIA E RECUPERAO DE EMPRESAS COMENTRIO O presente Comentrio integra-se no mbito do perodo de audies, consignado pelo Ministrio da Justia, para anlise do Anteprojecto de diploma que altera o Cdigo da Insolvncia e Recuperao de Empresas. O exerccio assim expendido procura, pois, informar o Anteprojecto das consideraes que, estribadas na prtica forense, na doutrina e na jurisprudncia, possam contribuir, ainda que modestamente, para aperfeioar a filosofia subjacente ao regime jurdico da insolvncia e recuperao de empresas e para depurar o seu modelo sistemticoconceptual. Aqui se impem algumas notas preliminares. O actual enquadramento normativo apresenta uma estrutura dual. Assim, por um lado, o Cdigo da Insolvncia e Recuperao de Empresas (CIRE), de pendor marcadamente judicial e, por outro, o Procedimento Extrajudicial de Conciliao (PEC), regulado pelo Decreto-lei n316/98, de 20 de Outubro, com a redaco dada pelo Decreto-lei n201/2004, de 18 de Agosto, de ndole extrajudicial. Neste contexto, possvel optar por uma ou outra das vias dentro ou fora dos tribunais, portanto para lidar com a situao de insolvncia. Assinale-se, porm, que cada uma das vias apontadas tem finalidades distintas. Assim, o CIRE visa um processo de execuo universal, com vista satisfao dos credores, atravs da liquidao do patrimnio do devedor em termos expressamente regulados ou, alternativamente e em derrogao das prprias normas, atravs de um plano de insolvncia, susceptvel de alcanar os mesmos fins. Embora o CIRE mencione, tambm, que o plano de insolvncia possa dar lugar recuperao da empresa, facto que essa finalidade se apresenta como verdadeiramente residual. Seja pela quase nula relevncia que lhe dada ao longo do articulado; seja porque isso mesmo vem demonstrado na aplicao prtica do Cdigo. Por seu turno, o PEC, tendo como sujeito passivo toda a empresa em condies de requerer judicialmente a sua insolvncia, visa, exclusivamente, viabilizar a respectiva recuperao. 1

Nestes termos, seguro afirmar que, por regra, o recurso ao processo de insolvncia se aconselha, sobretudo, aos casos em que se pretenda a liquidao da empresa, com ou sem plano; ao passo que o PEC o instrumento indicado para a recuperao, at mesmo porque suspende o dever de apresentao insolvncia decorrente do artigo 18 do CIRE. Ora, nestas circunstncias, genericamente enunciadas, que surge o Anteprojecto de CIRE e que, acrescente-se, se aguarda uma proposta de reviso ao regime jurdico do PEC. Mas com que propsito? Cumpre, antes de responder, acrescentar um ponto ao contexto enunciado. Com efeito, poderia haver lugar, nesta sede, a manifestaes de menor ou maior afeio quanto ao carcter judicial ou extrajudicial do regime jurdico da insolvncia; tambm, eventualmente, quanto ao maior ou menor privilgio da recuperao em face da liquidao ou vice-versa, no actual Cdigo. Mas no nisso que nos deteremos. Verdadeiramente, o caderno de encargos para a presente reviso legislativa vem definido, sobretudo, por via dos compromissos assumidos com o Banco Central Europeu, a Comisso Europeia e o Fundo Monetrio Internacional, no quadro do programa de auxlio financeiro a Portugal. Observemo-los, nas suas linhas essenciais: 1. A fim de melhor facilitar a recuperao efectiva de empresas viveis, o Cdigo de Insolvncia ser alterado at ao fim de Novembro de 2011, com assistncia tcnica do FMI, para, entre outras, introduzir uma maior rapidez nos procedimentos judiciais de aprovao de planos de reestruturao. 2. Princpios gerais de reestruturao voluntria extra judicial em conformidade com boas prticas internacionais sero definidos at fim de Setembro de 2011. 3. As autoridades tomaro tambm as medidas necessrias para autorizar a administrao fiscal e a segurana social a utilizar uma maior variedade de instrumentos de reestruturao baseados em critrios claramente definidos, nos casos em que outros credores tambm aceitem a reestruturao dos seus crditos, e para rever a lei tributria com vista remoo de impedimentos reestruturao voluntria de dvidas.

2

4. Os procedimentos de insolvncia de pessoas singulares sero alterados para melhor apoiar a reabilitao destas pessoas financeiramente responsveis, que equilibrem os interesses de credores e devedores. 5. As autoridades lanaro uma campanha para sensibilizar a opinio pblica e as partes interessadas sobre os instrumentos de reestruturao disponveis para o resgate precoce de empresas viveis atravs de, por exemplo, formao e novos meios de informao. Veja-se, assim, que podemos destacar, quanto ao que aqui nos ocupa, trs sentidos cardeais para a reforma, determinados pelo vulgarmente designado MoU: (i) introduzir maior rapidez e eficcia nos procedimentos judiciais de aprovao de planos de reestruturao; (ii) estimular o recurso aos instrumentos de reestruturao voluntria extra judicial; (iii) melhorar o apoio reabilitao de pessoas singulares insolventes, financeiramente responsveis. Em termos mais prticos (e colocando, para j, de parte, a insolvncia de pessoas singulares, que o Anteprojecto quase desconsidera) o mesmo ser dizer que, no mbito judicial (CIRE), dever ficar mais fcil, depois da reforma em curso, aprovar planos de recuperao; e que, no plano extrajudicial, o PEC dever sair reforado. Este , pois, o caminho a seguir, por firme determinao internacional. Mas no diremos que tenha sido, rigorosamente, o caminho seguido pelo Anteprojecto. Seno vejamos. Quanto aprovao judicial de planos de recuperao, o Anteprojecto assinala uma inverso no modo de satisfao dos credores, colocando o plano de insolvncia frente da liquidao, mas em termos que, para alm de sistematicamente questionveis, no encontram devido desenvolvimento no restante articulado. Ou seja, a preferncia pelo plano que, nomeadamente, vise a recuperao da empresa, agora introduzida no artigo 1, apresenta-se como uma referncia formal, carecendo o Anteprojecto de medidas que, materialmente, introduzam maior rapidez e eficcia na aprovao de planos de insolvncia, que visem a recuperao. Pelo contrrio. Aponte-se, a ttulo exemplificativo, que julgamos difcil compatibilizar as alteraes propostas ao artigo 1 do CIRE, sobrelevando a importncia do plano de insolvncia, com a supresso, por iniciativa do juiz, da assembleia de apreciao do relatrio, tida esta como o momento charneira para que, no confronto dos vrios interesses em jogo e em face do relatrio elaborado pelo administrador de insolvncia, se possa optar, em

3

alternativa liquidao, pela elaborao de um plano. Cremos que, aqui, como em vrias passagens do Anteprojecto, a economia processual descaracteriza e faz soobrar algumas das virtualidades (algumas por explorar), do actual regime. Entendemos, pois, que no que respeita aprovao de planos de insolvncia que visem a recuperao da empresa, o Anteprojecto no apresenta desenvolvimentos significativos, ainda que o novo n3 do artigo 192 expressamente os refira como designados planos de recuperao. Questo diferente ser a anlise do tambm novo Procedimento Especial de Revitalizao (PER), mas que, quanto a ns, sendo til, no atende propriamente questo suscitada. Com efeito, o PER um caso parte. Por um lado, a natureza do PER no verdadeiramente extrajudicial, uma vez que apresenta uma marcada tutela do tribunal; por outro lado, no representa um incremento na facilidade de obteno de planos de recuperao, no mbito do processo judicial de insolvncia, propriamente dito. Por outras palavras, em virtude das suas caractersticas, o PER nem susceptvel de agilizar a aprovao de planos de insolvncia que visem a recuperao, nos termos dos artigos 1, n1 e 192, n3; nem se apresenta como uma mais valia, na categoria dos mecanismos de recuperao extrajudicial. O PER ficar, algures, entre esses dois desideratos. E a reside, cremos ns, (desde que adaptado nos termos que adiante proporemos), a sua principal virtude. Assim, a natureza do PER no h-de ser judicial, nem extrajudicial. Ser adequado caracteriz-lo, antes, como um instrumento parajudicial, que aproveita vantagens, quer do processo judicial, quer do procedimento extrajudicial. A questo que se coloca , portanto, a de saber em que medida este novo PER pode valer aos devedores e aos credores , em face das condies que j lhes so conferidas pelo CIRE e pelo PEC. J esclarecido, julgamos ns, que ele no responde, em rigor, queles compromissos com a Troika Internacional, que atrs enuncimos. Arriscamos responder que o PER cumprir a sua funo tanto melhor quanto for capaz de combinar a celeridade e flexibilidade da negociao extrajudicial, com a garantia

4

reforada dos direitos recprocos, que a interveno (moderada) do tribunal permite obter. O PER dever, pois, apresentar-se como uma fase prvia ao processo de insolvncia, susceptvel de atalhar caminho para a recuperao da empresa, mas em termos que no substituem, antes complementam, a possibilidade de fazer aprovar um Plano de Recuperao, nos termos do n3 do artigo 192; ou mesmo a possibilidade de recorrer ao PEC. Impe-se, claro, uma referncia ao PEC, cuja reviso se espera para breve e cujo aperfeioamente permitir responder adequadamente ao compromisso com a Troika, no sentido de estimular o recurso aos instrumentos de reestruturao voluntria extra judicial. A este respeito, a questo mais sensvel prende-se com a possibilidade de lhe ser atribudo o efeito de suspender o processo executivo, nos mesmos termos em que o suspende a pendncia do processo de insolvncia. Esse dever ser, quanto a ns, o caminho a seguir. Com efeito, o facto de no suspender o processo executivo o nico factor de resistncia ao PEC por parte das empresas e a alterao deste quadro ditar, estamos certos, um importante estmulo sua utilizao. Tanto mais quanto o Governo fez j aprovar, em benefcio dos mecanismos extrajudiciais de recuperao, de que o PEC o principal representante, a Resoluo do Conselho de Ministros n. 43/2011. Por outro lado, julgamos que um reforo do papel e dos poderes do IAPMEI, no domnio do PEC especialmente na negociao entre devedor e credores determinar maior diligncia e disciplina, entre as partes envolvidas. Uma palavra final quanto insolvncia de pessoas singulares, tambm uma preocupao da Troika, a que o Anteprojecto no deu relevncia de maior. Em parte, compreendemos a opo tomada, j que o regime actualmente em vigor, sobretudo atravs da exonerao do passivo restante, responde, com efeitos significativos, necessidade de melhorar o apoio reabilitao de pessoas singulares insolventes, financeiramente responsveis. Porm, cremos que merece avaliao suplementar o facto de, no actual regime, as dvidas tributrias no serem passveis de exonerao.

5

Bem se entende que aquelas tm uma natureza especial e que os credores pblicos o so, involuntariamente. Porm, nos casos de liquidao de empresas em processo de insolvncia, com venda de estabelecimento frequentemente viabilizada pelos credores pblicos, na assembleia de credores , o devedor acaba por se extinguir e o terceiro adquirente reabilita o negcio sem ficar obrigado ao pagamento de quaisquer dvidas tributrias. Ora, indirectamente e na prtica (so correntes as vendas de estabelecimento por valor insusceptvel de liquidar as dvidas tributrias, com fundamento na continuao da actividade econmica e na manuteno dos postos trabalho), o devedor, extinguindo-se, fica exonerado do pagamento daquelas dvidas. Nestes termos e no actual contexto de crise, talvez faa sentido sobrelevar superiores interesses sociais, permitindo a exonerao do passivo restante por dvidas fiscais s pessoas singulares que, pela sua prpria natureza, no podem recorrer ao expediente acima descrito. E ainda sobre isto, sempre se acrescentar ser duvidosa a coerncia entre o Estado Legislador, que impe generalidade dos credores a exonerao do passivo restante e o Estado Credor, que se furta a essa posibilidade. So estas, enfim, as notas imanentes aos comentrios que se seguem. No pretendendo ser exaustivos, antes procurmos dar por dever de ofcio e recomendao cvica - um contributo construtivo para o aperfeioamento do regime jurdico da insolvncia, matria que, hoje, talvez como nunca, ganha uma centralidade decisiva e em muito determinar, estamos certos, o sucesso da prpria recuperao econmica nacional. Lisboa, 9 de Dezembro de 2011 Antnio Raposo Subtil Paulo Valrio

6

[ARTIGO 1] Redaco actual Artigo 1 Finalidade do processo de insolvncia O processo de insolvncia um processo de execuo universal que tem como finalidade a liquidao do patrimnio de um devedor insolvente e a repartio do produto obtido pelos credores, ou a satisfao destes pela forma prevista num plano de insolvncia, que nomeadamente se baseie na recuperao da empresa compreendida na massa insolvente. Anteprojecto Artigo 1 Finalidade do processo de insolvncia 1 - O processo de insolvncia um processo de execuo universal que tem como finalidade a satisfao dos credores pela forma prevista num plano de insolvncia, baseado, nomeadamente, na recuperao da empresa compreendida na massa insolvente, ou, quando tal no se afigure possvel, na liquidao do patrimnio do devedor insolvente e a repartio do produto obtido pelos credores. 2 Estando o devedor em situao econmica difcil, ou em situao de insolvncia meramente iminente, este pode, antes de se apresentar insolvncia, requerer ao tribunal a instaurao de processo especial de revitalizao, de acordo com o previsto nos artigos 17.-A e 17.-I.

COMENTRIO: 1. Admitimos que as alteraes introduzidas no n1 do artigo 1 visem dois efeitos essenciais: por um lado, reforar a ideia de satisfao dos credores como finalidade do processo de insolvncia, j nsita no anterior regime; por outro lado, inverter a prioridade, no que respeita ao modo de obter aquela satisfao. Quanto a esta inverso, facto que as alteraes em apreo fazem decair a liquidao do patrimnio do devedor como modo primordial de 7

satisfao dos credores (e tpico de um processo de execuo universal), em face da aprovao de um plano de insolvncia com vista, nomeadamente, recuperao da empresa. 2. Assim, mantendo intacto o conceito de Plano de Insolvncia1, o Anteprojecto em apreo vem admitir, como regra (?), a possibilidade de derrogao das suas prprias normas, designadamente no que respeita ao pagamento dos crditos sobre a insolvncia, liquidao da massa insolvente e sua repartio pelos titulares daqueles crditos e pelo devedor (vide, conceito de Plano de Insolvncia previsto no artigo 192 do CIRE). 3. Pretender-se-, porventura, dar prioridade ao acordo entre os credores, conferindo-lhes amplos poderes de disposio quanto conformao e satisfao dos respectivos interesses. Trata-se, porm, de uma opo sistemtica de duvidosa coerncia face globalidade do regime do CIRE que, no texto do Anteprojecto, seja em matria de liquidao, seja em matria de aprovao de plano, no apresenta alteraes significativas (regressaremos ao tema adiante). 4. Importar, ainda, salientar que, ao contrrio das expectativas criadas e, tambm, ao contrrio do que a alterao sugere, primeira vista ainda que o plano de insolvncia ganhe aparente flego nesta nova redaco, o mesmo no se poder dizer quanto ao desiderato da recuperao da empresa, dado que a mesma apresentada como um propsito do plano de insolvncia, entre outros possveis, nomeadamente. 5. E, verdade seja dita, o plano de insolvncia, conforme previsto no CIRE, no tem, originariamente, uma qualquer preferncia pela recuperao da empresa, no se conhecendo proposta de alterao do conceito ou dos critrios que lhe esto subjacentes. 6. Julgamos, assim, que, sem alteraes de maior ao regime de liquidao e do plano de insolvncia (tema que retomaremos, adiante), melhor seria que se mantivesse intacta a anterior redaco, antes introduzindo maior facilidade para a aprovao de planos de insolvncia visando a recuperao da empresa (os designados Planos de Recuperao, conforme alterao proposta ao n3 do artigo 192) e reforando os incentivos a essa aprovao.

Cfr. art. 192, n1: O pagamento dos crditos sobre a insolvncia, a liquidao da massa insolvente e a sua repartio pelos titulares daqueles crditos e pelo devedor, bem como a responsabilidade do devedor depois de findo o processo de insolvncia, podem ser regulados num plano de insolvncia em derrogao das normas do presente Cdigo.

1

8

7. De outro modo, o texto apresentado enviesa o modelo sistemtico e conceptual do CIRE, em moldes que se adivinham prejudiciais sua aplicao e sem qualquer efeito prtico. 8. Tambm a insero de um novo n2, no presente artigo, nos suscita algumas reservas, uma vez que se recupera o conceito de situao econmica difcil, anteriormente plasmado no CPEREF, sem que este conceito seja devidamente aclarado e em moldes que se confundem com o conceito de insolvncia meramente iminente. 9. Por outro lado, o advrbio de modo meramente s faz sentido em contraste com o conceito de insolvncia actual, conforme vertido no n4. do artigo 3 do CIRE. Quanto a este ponto, melhor seria que o referido advrbio fosse suprimido do texto proposto. 10. Veja-se, ainda, quanto ao n2, que a ideia de configurar uma fase prvia, mas autnoma, face ao processo de insolvncia, traduzida no procedimento especial de revitalizao no se compatibiliza com a expresso antes de se apresentar insolvncia contida no texto, uma vez que, assim, o procedimento de revitalizao surge, no como fase prvia e autnoma, mas como preliminar da insolvncia, apresentando-se esta como uma sua consequncia necessria. 11. Julgamos, na verdade, que seria mais adequada a no insero sistemtica deste tema no presente artigo. Na verdade, sendo prvio (e alternativo) ao processo de insolvncia, o procedimento especial de revitalizao no poder apresentar-se como Finalidade do processo de insolvncia. Melhor seria, talvez, uma sua primeira insero no artigo 18 do CIRE, mencionando-o, desde logo, como causa de suspenso do prazo para o cumprimento do dever de apresentao, mas sem sujeio, como pressuposto de admissibilidade, aos conceitos de insolvncia iminente ou situao econmica difcil, deixando ampla liberdade ao devedor. 12. A este tema voltaremos no comentrio ao procedimento especial de revitalizao e sua articulao, seja com o CIRE, seja com o regime aplicvel ao Procedimento Extrajudicial de Conciliao. 13. Finalmente, admitindo que seja essencial, no plano poltico, um registo (alterao do articulado do CIRE) de que o processo de insolvncia no exclusivamente uma forma de liquidao em benefcio de todos os credores (execuo universal), o que impe uma referncia, no presente artigo, recuperao do devedor/empresa (dado que a nica meno a recuperao

9

da empresa consta do ttulo do Cdigo), sugerimos que o n2 do artigo 1 passe a apresentar a seguinte redaco: 2 Sem prejuzo da especial natureza do processo de insolvncia, os interessados na revitalizao da empresa podem recorrer ao procedimento especial de revitalizao, ao procedimento extrajudicial de conciliao e a outros instrumentos de recuperao expressamente previstos na lei, cabendo ao juiz, na falta de previso expressa, articular o mesmo com o regime do processo de insolvncia.

[ARTIGO 10] Redaco actual Artigo 10. Falecimento do devedor No caso de falecimento do devedor, o processo: a) Passa a correr contra a herana jacente, que se manter indivisa at ao encerramento do mesmo; b) suspenso pelo prazo, no prorrogvel, de cinco dias, quando um sucessor do devedor o requeira e o juiz considere conveniente a suspenso. Anteprojecto Artigo 10. Falecimento do devedor No caso de falecimento do devedor, o processo: a) []; b) suspenso pelo prazo, no prorrogvel, de cinco dias, iniciando-se o prazo no dia em que tenha ocorrido o bito.

COMENTRIO: 1. Releva a este respeito o confronto e articulao entre os regimes jurdicos do fenmeno sucessrio e do processo de insolvncia. Convir firmar um ponto prvio, em linha com o que vem defendendo a doutrina.

10

2. A soluo nsita na al. a) do artigo, que no sofre alteraes, continua a no se conformar com o regime do fenmeno sucessrio. De facto, releva para o prosseguimento do processo de insolvncia que a herana esteja indivisa, mas no se vislumbra qualquer motivo para que a mesma no possa, entretanto, ter sido aceite ou repudiada. Assim, a referncia herana jacente (assim como, de resto, no artigo 2 do CIRE) parece inadequada, sendo prefervel a meno herana jacente ou j aceite, mas indivisa, como sujeito passivo do processo de insolvncia. 3. Por outro lado, a compatibilizao entre a al. a) e a al. b) do artigo apresentase, no texto actual, difcil, pelas exactas razes expendidas. Encontrando-se a suspenso dependente de requerimento, designadamente, do sucessor e implicando esta qualidade a aceitao no poderamos continuar a falar de herana jacente. 4. Ora, a opo legislativa que se nos apresenta, ao invs de alterar a al. a), conforme devia, no nosso entender, vem antes retirar a legitimidade do pedido ao sucessor do devedor e determinar a suspenso imediata, por cinco dias, sem qualquer ponderao do juiz. 5. Tero presidido, supe-se, critrios de economia processual, evitando a suspenso do processo, a todo o momento, por requerimento do sucessor o que, em face da prtica judiciria, se nos apresenta como soluo equilibrada. 6. Porm, mantm-se o pecado original deste normativo, deitando por terra uma boa oportunidade para melhor o conformar com o regime aplicvel ao fenmeno sucessrio.

[ARTIGO 18] Redaco actual Artigo 18. Dever de apresentao insolvncia 1 - O devedor deve requerer a declarao da sua insolvncia dentro dos 60 dias seguintes data do conhecimento da situao de insolvncia, tal como descrita no n. 1 do artigo 3., ou data em que devesse conhec-la. 2 - Exceptuam-se do dever de apresentao insolvncia as pessoas singulares que no sejam titulares de uma empresa na data em que incorram em situao de insolvncia.

11

3 - Quando o devedor seja titular de uma empresa, presume-se de forma inilidvel o conhecimento da situao de insolvncia decorridos pelo menos trs meses sobre o incumprimento generalizado de obrigaes de algum dos tipos referidos na alnea g) do n. 1 do artigo 20. Anteprojecto Artigo 18. Dever de apresentao insolvncia 1 - O devedor deve requerer a declarao da sua insolvncia dentro dos 30 dias seguintes data do conhecimento da situao de insolvncia, tal como descrita no n. 1 do artigo 3., ou data em que devesse conhec-la. 2 []. 3 []

COMENTRIO: 1. Remisso (cfr. comentrio ao artigo 1, ponto 13.); 2. A alterao introduzida, reduzindo o prazo para cumprimento do dever de apresentao insolvncia, de 60 para 30 dias, pressupe a ideia de que a apresentao ocorre, normalmente, em momento tardio face efectiva verificao da situao de insolvncia. Por outro lado, assenta na convico de que a reduo do prazo impor maior diligncia aos obrigados, quanto ao cumprimento daquele dever. 3. Sucede, porm, que se a apresentao tardia insolvncia pode comprometer o interesse dos credores e do comrcio em geral, sobretudo nos casos em que a liquidao o nico fim possvel; uma eventual precipitao naquela apresentao poder redundar, por um lado, na liquidao extempornea de empresas viveis e, por outro, numa (ainda) maior sobrecarga dos tribunais, com processos de insolvncia. 4. Ocorre, tambm, que o objectivo de forar a apresentao insolvncia por parte do devedor, em devido tempo, seria melhor cumprido mediante a clarificao (e eventual agravamento) da figura da qualificao da insolvncia, para os casos em que o prazo de apresentao no seja cumprido, do que atravs da proposta de reduo do mesmo, sem quaisquer outras consequncias.

12

5. Com efeito, seguindo-se diferente caminho, cremos que ambos os prazos (sejam de 30, sejam de 60 dias) no sero (como no so hoje) cumpridos, sem que da resulte alguma vantagem ou melhoria do sistema. 6. A isto acrescer que, nos casos em que se pretenda obter a recuperao da empresa, melhor ser o incentivo a procedimentos, sobretudo extrajudiciais, de recuperao. Assim, quanto ao Procedimento Extrajudicial de Conciliao e, de modo diferente, quanto ao Procedimento Especial de Revitalizao (vide, 1 supra). 7. Ou seja, uma meno/divulgao pedaggica quanto s vantagens do PER e do PEC pode ser mais til e vivel do que a alterao do prazo em apreo.

[ARTIGO 20] Redaco actual Artigo 20. Outros legitimados 1 - A declarao de insolvncia de um devedor pode ser requerida por quem for legalmente responsvel pelas suas dvidas, por qualquer credor, ainda que condicional e qualquer que seja a natureza do seu crdito, ou ainda pelo Ministrio Pblico, em representao das entidades cujos interesses lhe esto legalmente confiados, verificando-se algum dos seguintes factos: a) Suspenso generalizada do pagamento das obrigaes vencidas; b) Falta de cumprimento de uma ou mais obrigaes que, pelo seu montante ou pelas circunstncias do incumprimento, revele a impossibilidade de o devedor satisfazer pontualmente a generalidade das suas obrigaes; c) Fuga do titular da empresa ou dos administradores do devedor ou abandono do local em que a empresa tem a sede ou exerce a sua principal actividade, relacionados com a falta de solvabilidade do devedor e sem designao de substituto idneo; d) Dissipao, abandono, liquidao apressada ou ruinosa de bens e constituio fictcia de crditos; e) Insuficincia de bens penhorveis para pagamento do crdito do exequente verificada em processo executivo movido contra o devedor; f) Incumprimento de obrigaes previstas em plano de insolvncia ou em plano de pagamentos, nas condies previstas na alnea a) do n. 1 e no n. 2 do artigo 218.;

13

g) Incumprimento generalizado, nos ltimos seis meses, de dvidas de algum dos seguintes tipos: i) Tributrias; ii) De contribuies e quotizaes para a segurana social; iii) Dvidas emergentes de contrato de trabalho, ou da violao ou cessao deste contrato; iv) Rendas de qualquer tipo de locao, incluindo financeira, prestaes do preo da compra ou de emprstimo garantido pela respectiva hipoteca, relativamente a local em que o devedor realize a sua actividade ou tenha a sua sede ou residncia; h) Sendo o devedor uma das entidades referidas no n. 2 do artigo 3., manifesta superioridade do passivo sobre o activo segundo o ltimo balano aprovado, ou atraso superior a nove meses na aprovao e depsito das contas, se a tanto estiver legalmente obrigado. 2 - O disposto no nmero anterior no prejudica a possibilidade de representao das entidades pblicas nos termos do artigo 13. Anteprojecto Artigo 20. Outros legitimados 1 []. 2 []. 3 O Ministrio Pblico junto do tribunal onde correu termos a execuo deve requerer a insolvncia do devedor inscrito na lista pblica de execues, seguindo o processo de insolvncia os termos previstos no artigo 39.

COMENTRIO: 1. A presente proposta de alterao vem aditar o n3 ao art. 20, impondo ao MP que requeira a insolvncia do devedor inscrito na lista pblica de execues. 2. A lista pblica de execues identifica executados em relao aos quais no se conseguiu encontrar bens penhorveis suficientes para pagar as dvidas (existe a informao de que a mesma no est devidamente actualizada).

14

3. Sob pena de manifestas injustias, este procedimento deveria, em qualquer dos casos, estar suportado numa actualizao e validao da lista pblica de execues, o que admitimos no se verificar. 4. Por outro lado, duvidosa a vantagem desta medida, numa perspectiva global do sistema judicirio, num momento em que os tribunais apresentam elevadssimas pendncias. 5. Julgamos, assim, que a iniciativa dever caber, antes, aos credores e no ao Ministrio Pblico, sob pena de se poder provocar grave perturbao nos processos executivos pendentes. 6. Acresce que a insolvncia no est qualificada como sano (mesmo de natureza cvel), nem de interesse pblico, pelo que a interveno do Ministrio Pblico ser, tambm, no plano constitucional, discutvel. Veja-se que, muitas vezes, a incluso na lista pblica de execues no resulta do no pagamento de crditos insuficincia de bens aos credores cujos interesses esto legalmente confiados ao Ministrio Pblico.

[ARTIGO 36] Redaco actual Artigo 36. Sentena de declarao de insolvncia Na sentena que declarar a insolvncia, o juiz: a) Indica a data e a hora da respectiva prolao, considerando-se que ela teve lugar ao meio-dia na falta de outra indicao; b) Identifica o devedor insolvente, com indicao da sua sede ou residncia; c) Fixa residncia aos administradores do devedor, bem como ao prprio devedor, se este for pessoa singular; d) Nomeia o administrador da insolvncia, com indicao do seu domiclio profissional; e) Determina que a administrao da massa insolvente ser assegurada pelo devedor, quando se verifiquem os pressupostos exigidos pelo n. 2 do artigo 224.; f) Determina que o devedor entregue imediatamente ao administrador da insolvncia os documentos referidos no n. 1 do artigo 24. que ainda no constem dos autos; g) Decreta a apreenso, para imediata entrega ao administrador da insolvncia, dos elementos da contabilidade do devedor e de todos os seus bens, ainda que arrestados,

15

penhorados ou por qualquer forma apreendidos ou detidos e sem prejuzo do disposto no n. 1 do artigo 150.; h) Ordena a entrega ao Ministrio Pblico, para os devidos efeitos, dos elementos que indiciem a prtica de infraco penal; i) Declara aberto o incidente de qualificao de insolvncia, com carcter pleno ou limitado, sem prejuzo do disposto no artigo 187.; j) Designa prazo, at 30 dias, para a reclamao de crditos; l) Adverte os credores de que devem comunicar prontamente ao administrador da insolvncia as garantias reais de que beneficiem; m) Adverte os devedores do insolvente de que as prestaes a que estejam obrigados devero ser feitas ao administrador da insolvncia e no ao prprio insolvente; n) Designa dia e hora, entre os 45 e os 75 dias subsequentes, para a realizao da reunio da assembleia de credores aludida no artigo 156., neste Cdigo designada por assembleia de apreciao do relatrio. Anteprojecto Artigo 36. Sentena de declarao de insolvncia 1 - Na sentena que declarar a insolvncia, o juiz: a) []; b) []; c) []; d) []; e) []; f) []; g) []; h) []; i) Caso no disponha de elementos que justifiquem a abertura do incidente de qualificao da insolvncia, declara provisoriamente o carcter fortuito da insolvncia, mas sempre que disponha daqueles elementos, declara aberto o incidente de qualificao, com carcter pleno ou limitado, sem prejuzo do disposto no artigo 187.; j) []; l) []; m) [];

16

n) Designa dia e hora, entre os 45 e os 60 dias subsequentes, para a realizao da reunio da assembleia de credores aludida no artigo 156., neste Cdigo designada por assembleia de apreciao do relatrio. 2 A faculdade conferida pela parte final da alnea n) do nmero anterior no se aplica nos casos em que for requerida pelo devedor no momento da apresentao insolvncia a exonerao do passivo restante. 3 Caso o juiz tenha decidido no realizar a assembleia de apreciao do relatrio, qualquer interessado pode, no prazo para apresentao das reclamaes de crditos, requerer no tribunal a sua realizao, devendo, neste caso, o juiz fixar dia e hora para realizar a reunio, publicitando o facto no Portal Citius. 4 Nos casos em que o juiz tenha decidido no realizar a assembleia de apreciao do relatrio, os prazos previstos neste Cdigo, contam-se por referncia ao quadragsimo quinto dia subsequente data de prolao da sentena de declarao de insolvncia. 5 O juiz que tenha decidido no realizar a assembleia de apreciao do relatrio deve, logo na sentena, adequar a marcha processual a tal factualidade, tendo em conta o seu caso concreto.

COMENTRIO: 1. A al. i) do n1 rege sobre o modo de abertura do incidente de qualificao. 2. Ao contrrio do que sucede no regime actual, que determina sempre a abertura, com a sentena, do incidente de qualificao de insolvncia, com carcter pleno ou limitado, sem prejuzo do disposto no artigo 187., a alterao proposta vem permitir que, no dispondo o juiz de elementos que justifiquem a abertura do incidente de qualificao da insolvncia, o mesmo possa declarar, provisoriamente, o seu carcter fortuito. 3. Assim se procura eliminar a abertura do incidente de qualificao em casos de falta de informao, poupando a tramitao subsequente, por razes que se adivinham de economia processual. 4. Esta matria ser, porm, objecto de uma anlise mais aprofundada, adiante no comentrio ao artigo 188 do CIRE. 5. Por seu turno, a alnea n) do, agora, n1, apresenta duas alteraes que merecem ateno. Uma primeira, que reduz o limite mximo do intervalo temporal fixado para que se realize a assembleia de credores, o que cumpre, julgamos que de modo razovel, o objectivo de que a mesma ocorra to cedo quanto possvel; uma segunda, cujos efeitos merecem apreciao com maior 17

detalhe, a faculdade conferida ao juiz de prescindir da realizao da mencionada assembleia. 6. Com efeito, excepcionados os casos em que for requerida a exonerao do passivo restante (cfr. n2), a assembleia de apreciao do relatrio pode no se realizar, se o juiz assim decidir e se, dentro do prazo fixado para a reclamao de crditos, nenhum interessado o requerer (cfr. n3). 7. Ora, julgamos difcil compatibilizar as alteraes propostas ao artigo 1 do CIRE, sobrelevando a importncia do plano de insolvncia, baseado, nomeadamente, na recuperao da empresa, com a supresso, por iniciativa do juiz, da assembleia de apreciao do relatrio, tida esta como o momento charneira para que, no confronto dos vrios interesses em jogo e em face do relatrio elaborado pelo administrador de insolvncia, se possa optar, em alternativa liquidao, pela elaborao de um Plano. 8. Com a soluo agora propugnada e com outras, patentes ao longo de todo o Anteprojecto devemos sublinhar que se opera um significativo recuo na desjudicializao que vinha nsita no CIRE (actualmente atribuindo amplos poderes ao credores) e que tambm recomendao no mbito do programa de auxlio financeiro a Portugal, outorgado com o Banco Central Europeu, a Comisso Europeia e o Fundo Monetrio Internacional. 9. Nos presentes termos, em boa medida, o decurso do processo de insolvncia passar a satisfazer o interesse dos credores, no pelo modo que estes determinem, mas pelo modo determinado pelo juiz, a quem caber, ou no, viabilizar a realizao da assembleia que, precisamente, permite analisar e colocar em confronto os diferentes caminhos possveis para o devedor, em situao de insolvncia, na presena de todos os interessados. 10. Nesse sentido, possvel afirmar que o que o legislador vem dar com uma mo, no artigo 1 do CIRE (ainda que apenas formalmente, sublinhe-se), retira com a outra, ao permitir, designadamente, que a assembleia de apreciao do relatrio deixe de ser a regra, para se convolar na excepo. 11. Enigmtica , porm, a formulao constante do novo n5 do artigo em apreo, em que, o dever de adequar a marcha processual no realizao da Assembleia, tendo em conta o caso concreto, entreabre outras faculdades, supe-se que discricionrias, ao juiz, relativamente tramitao processual. Mas a formulao escolhida no parece susceptvel de iluminar, com suficincia, o seu alcance, carecendo, a nosso ver, de maior concretizao.

18

[Artigo 37] Redaco actual Artigo 37. Notificao da sentena e citao 1 - Os administradores do devedor a quem tenha sido fixada residncia so notificados pessoalmente da sentena, nos termos e pelas formas prescritos na lei processual para a citao, sendo-lhes igualmente enviadas cpias da petio inicial. 2 Sem prejuzo das notificaes que se revestem necessrias nos termos da legislao laboral, nomeadamente ao Fundo de Garantia Salarial, a sentena igualmente notificada ao Ministrio Pblico, ao requerente da declarao de insolvncia, ao devedor, nos termos previstos para a citao, caso no tenha sido citado pessoalmente para os termos do processo e, se este for titular de uma empresa, comisso de trabalhadores. 3 - Os cinco maiores credores conhecidos, com excluso do que tiver sido requerente, so citados nos termos do n. 1 ou por carta registada, consoante tenham ou no residncia habitual, sede ou domiclio em Portugal. 4 - Os credores conhecidos que tenham residncia habitual, domiclio ou sede em outros Estados membros da Unio Europeia so citados por carta registada, em conformidade com os artigos 40. e 42. do Regulamento (CE) n. 1346/2000, do Conselho, de 29 de Maio. 5 - Havendo crditos do Estado, de institutos pblicos sem a natureza de empresas pblicas ou de instituies da segurana social, a citao dessas entidades feita por carta registada. 6 O disposto nos nmeros anteriores no prejudica a possibilidade de notificao e citao por via electrnica, nos termos previstos em portaria do Ministro da Justia. 7 Os demais credores e outros interessados so citados por edital, com prazo de dilao de cinco dias, afixado na sede, nos estabelecimentos da empresa e no prprio tribunal e por anncio publicado no Dirio da Repblica. 8 Os editais e anncios referidos no nmero anterior devem indicar o nmero do processo, a dilao e a possibilidade de recurso ou deduo de embargos e conter os elementos e informaes previstos nas alneas a) a e) e i) a n) do artigo anterior, advertindo-se que o prazo para recurso, os embargos e a reclamao dos crditos s comea a correr depois de finda a dilao, e que esta se conta da publicao do anncio referido no nmero anterior.

19

Anteprojecto Artigo 37. Notificao da sentena e citao 1 []. 2 []. 3 - []. 4 - []. 5 - []. 6 []. 7 Os demais credores e outros interessados so citados por edital, com prazo de dilao de cinco dias, afixado na sede ou na residncia do devedor, nos seus estabelecimentos e no prprio tribunal, por anncio publicado no Citius. 8 []..

COMENTRIO: Sem comentrios, assinalando-se apenas a substituio do Dirio da Repblica pela Plataforma Citius.

[ARTIGO 39] Redaco actual Artigo 39. Insuficincia da massa insolvente 1 - Concluindo o juiz que o patrimnio do devedor no presumivelmente suficiente para a satisfao das custas do processo e das dvidas previsveis da massa insolvente e no estando essa satisfao por outra forma garantida, faz meno desse facto na sentena de declarao da insolvncia e d nela cumprimento apenas ao preceituado nas alneas a) a d) e h) do artigo 36., declarando aberto o incidente de qualificao com carcter limitado. 2 - No caso referido no nmero anterior: a) Qualquer interessado pode pedir, no prazo de cinco dias, que a sentena seja complementada com as restantes menes do artigo 36.;

20

b) Aplica-se citao, notificao, publicidade e registo da sentena o disposto nos artigos anteriores, com as modificaes exigidas, devendo em todas as comunicaes fazer-se adicionalmente referncia possibilidade conferida pela alnea anterior. 3 - O requerente do complemento da sentena deposita ordem do tribunal o montante que o juiz especificar segundo o que razoavelmente entenda necessrio para garantir o pagamento das referidas custas e dvidas, ou cauciona esse pagamento mediante garantia bancria, sendo o depsito movimentado ou a cauo accionada apenas depois de comprovada a efectiva insuficincia da massa, e na medida dessa insuficincia. 4 - Requerido o complemento da sentena nos termos dos ns 2 e 3, deve o juiz dar cumprimento integral ao artigo 36., observando-se em seguida o disposto nos artigos 37. e 38., e prosseguindo com carcter pleno o incidente de qualificao da insolvncia. 5 - Quem requerer o complemento da sentena pode exigir o reembolso das quantias despendidas s pessoas que, em violao dos seus deveres como administradores, se hajam abstido de requerer a declarao de insolvncia do devedor, ou o tenham feito com demora. 6 - O direito estabelecido no nmero anterior prescreve ao fim de cinco anos. 7 - No sendo requerido o complemento da sentena: a) O devedor no fica privado dos poderes de administrao e disposio do seu patrimnio, nem se produzem quaisquer dos efeitos que normalmente correspondem declarao de insolvncia, ao abrigo das normas deste Cdigo; b) O processo de insolvncia declarado findo logo que a sentena transite em julgado, sem prejuzo da tramitao at final do incidente limitado de qualificao da insolvncia; c) O administrador da insolvncia limita a sua actividade elaborao do parecer a que se refere o n. 2 do artigo 188.; d) Aps o respectivo trnsito em julgado, qualquer legitimado pode instaurar a todo o tempo novo processo de insolvncia, mas o prosseguimento dos autos depende de que seja depositado ordem do tribunal o montante que o juiz razoavelmente entenda necessrio para garantir o pagamento das custas e das dvidas previsveis da massa insolvente, aplicando-se o disposto nos ns 4 e 5. 8 - O disposto neste artigo no aplicvel quando o devedor, sendo uma pessoa singular, tenha requerido, anteriormente sentena de declarao de insolvncia, a exonerao do passivo restante. 9 Para os efeitos previstos no n1, presume-se a insuficincia da massa quando o patrimnio do devedor seja inferior a 5000. 21

Anteprojecto Artigo 39. Insuficincia da massa insolvente 1 - Concluindo o juiz que o patrimnio do devedor no presumivelmente suficiente para a satisfao das custas do processo e das dvidas previsveis da massa insolvente e no estando essa satisfao por outra forma garantida, faz meno desse facto na sentena de declarao da insolvncia e d nela cumprimento apenas ao preceituado nas alneas a) a d) e h) do n1 do artigo 36., e consoante os casos, declara provisoriamente o carcter fortuito da insolvncia, ou declara aberto o incidente de qualificao com carcter limitado, aplicando-se, com as necessrias adaptaes, o disposto na alnea i) do n1 do artigo 36. 2 - No caso referido no nmero anterior: a) Qualquer interessado pode pedir, no prazo de cinco dias, que a sentena seja complementada com as restantes menes do n1 do artigo 36.; b) []. 3 []. 4 - Requerido o complemento da sentena nos termos dos ns 2 e 3, deve o juiz dar cumprimento integral ao artigo 36., observando-se em seguida o disposto nos artigos 37. e 38., e prosseguindo com carcter pleno o incidente de qualificao da insolvncia, sempre que ao mesmo haja lugar. 5 []. 6 - []. 7 - []. 8 Quando o devedor, sendo uma pessoa singular, tenha requerido anteriormente sentena de declarao de insolvncia, a exonerao do passivo restante, o disposto neste artigo aplicvel com as seguintes adaptaes: a) Na sentena de declarao de insolvncia, o juiz d ainda cumprimento, com as necessrias adaptaes, ao disposto nas alneas f), g), l), m) e n) do n1 do artigo 36; b) No so aplicveis as alneas a), c) e d) do nmero anterior. 9 [].

COMENTRIO:

22

Sem comentrios, assinalando-se apenas as adaptaes em face do novo texto do artigo 36 e a clarificao, no novo n8, do regime concretamente aplicvel aos casos em que tenha sido requerida a exonerao do passivo restante.

[ARTIGO 52] Redaco actual Artigo 52 Nomeao pelo juiz e estatuto 1 - A nomeao do administrador da insolvncia da competncia do juiz. 2 - Aplica-se nomeao do administrador da insolvncia o disposto no n. 1 do artigo 32., podendo o juiz ter em conta as indicaes que sejam feitas pelo prprio devedor ou pela comisso de credores, se existir, cabendo a preferncia, na primeira designao, ao administrador judicial provisrio em exerccio de funes data da declarao da insolvncia. 3 - O processo de recrutamento para as listas oficiais, bem como o estatuto do administrador da insolvncia, constam de diploma legal prprio, sem prejuzo do disposto neste Cdigo. Anteprojecto Artigo 52 Nomeao pelo juiz e estatuto 1 []. 2 - []. 3 - []. 4 Excepcionalmente, caso o processo assuma grande complexidade, o juiz pode, a requerimento de qualquer interessado, nomear mais do que um administrador da insolvncia, sendo do requerente a responsabilidade de propor, fundamentadamente, o administrador da insolvncia a nomear, bem como remunerar o administrador da insolvncia que haja proposto, caso o mesmo seja nomeado. COMENTRIO: 1. Preceito inovador o que resulta do novo n4 do artigo 52.

23

2. A complexidade do processo fundamentar, assim, excepcionalmente, a possibilidade de, a requerimento de qualquer interessado, poder o juiz nomear mais do que um administrador de insolvncia. 3. Esta possibilidade suscita-nos, porm, o seguinte: em face do que j dispe o artigo 55, n3, o administrador da insolvncia, no exerccio das respectivas funes, pode ser coadjuvado sob sua responsabilidade por tcnicos ou outros auxiliares, remunerados ou no, incluindo o prprio devedor, mediante prvia concordncia da comisso de credores ou do juiz, na falta dessa comisso. Desta forma, o actual CIRE salvaguarda a necessidade de reforar os recursos disposio do administrador de insolvncia, permitindo-lhe recorrer a tcnicos ou (quaisquer) outros auxiliares. Deste modo, no se vislumbra a utilidade da norma em apreo, desde logo porque a especial complexidade do processo j pode ser atendida nos termos sobre expostos. 4. Por outro lado, o administrador de insolvncia um rgo da insolvncia, cujo modo de designao e as funes acometidas, bem como as respectivas responsabilidades, esto legalmente definidos. Nesta perspectiva, ser difcil distribuir, em concreto, aquelas funes e responsabilidades por mais do que um administrador de insolvncia, circunstncia a que o Anteprojecto no logrou dar, pelo que nos dado a conhecer, a devida relevncia. Nos mesmos termos, a nomeao do administrador de insolvncia (suplementar), a requerimento de qualquer interessado (e de um s interessado, presume-se), cremos que desfigura o regime consagrado para a nomeao de administrador de insolvncia, que determina a regra da sua nomeao pelo juiz, a partir da lista oficial; ou, excepcionalmente, por eleio da assembleia de credores. 5. Quanto possibilidade de nomeao pela assembleia de credores, o facto de o artigo 53 do CIRE j permitir, tambm, a eleio de outro administrador, que no o designado pelo juiz e ainda que no inscrito na lista oficial, em casos de especial dimenso da empresa compreendida na massa insolvente, de especificidade do ramo de actividade da mesma ou da complexidade do processo, tambm parece retirar sentido norma ora proposta. 6. Em face do que ficou dito, cremos que com a aprovao desta alterao permitiramos que um qualquer interessado pudesse, aps proposta fundamentada, certo, fazer perigar a independncia e iseno do (de um dos) administrador de insolvncia a nomear o que, sendo o interessado um credor, por mero exemplo, desde logo implicaria, tambm, julgamos, a violao do princpio da igualdade entre credores.

24

7. No entanto, ser de admitir a possibilidade de indicao de administrador de insolvncia pelo devedor que requeira o procedimento especial de revitalizao, assumindo os respectivos encargos, dado que essa nomeao pressupe a prestao de servios tcnicos anteriores e efectuada em articulao com a estrutura orgnica da empresa. Assim se incentivar, pois, o recurso ao procedimento especial de revitalizao. 8. Em face do exposto, sugerimos a seguinte redaco para o n4: 4 Excepcionalmente, pretendendo o devedor requerer o procedimento especial de revitalizao ou um plano de insolvncia, no mbito do processo, poder apresentar ao juiz proposta de nomeao de administrador judicial, declarando assumir os encargos da respectiva remunerao, aplicando-se ao caso o disposto no artigo 53 do CIRE, com as devidas adaptaes.

[ARTIGO 55] Redaco actual Artigo 55. Funes e seu exerccio 1 - Alm das demais tarefas que lhe so cometidas, cabe ao administrador da insolvncia, com a cooperao e sob a fiscalizao da comisso de credores, se existir: a) Preparar o pagamento das dvidas do insolvente custa das quantias em dinheiro existentes na massa insolvente, designadamente das que constituem produto da alienao, que lhe incumbe promover, dos bens que a integram; b) Prover, no entretanto, conservao e frutificao dos direitos do insolvente e continuao da explorao da empresa, se for o caso, evitando quanto possvel o agravamento da sua situao econmica. 2 - O administrador da insolvncia exerce pessoalmente as competncias do seu cargo, no podendo substabelec-las em ningum, sem prejuzo dos casos de recurso obrigatrio ao patrocnio judicirio ou de necessidade de prvia concordncia da comisso de credores. 3 - O administrador da insolvncia, no exerccio das respectivas funes, pode ser coadjuvado sob a sua responsabilidade por tcnicos ou outros auxiliares, remunerados ou no, incluindo o prprio devedor, mediante prvia concordncia da comisso de credores ou do juiz, na falta dessa comisso.

25

4 - O administrador da insolvncia pode contratar a termo certo ou incerto os trabalhadores necessrios liquidao da massa insolvente ou continuao da explorao da empresa, mas os novos contratos caducam no momento do encerramento definitivo do estabelecimento onde os trabalhadores prestam servio, ou, salvo conveno em contrrio, no da sua transmisso. 5 - Ao administrador da insolvncia compete ainda prestar oportunamente comisso de credores e ao tribunal todas as informaes necessrias sobre a administrao e a liquidao da massa insolvente. 6 - A requerimento do administrador da insolvncia, o juiz oficia quaisquer entidades pblicas e instituies de crdito para, com base nos respectivos registos, prestarem informaes consideradas necessrias ou teis para os fins do processo, nomeadamente sobre a existncia de bens integrantes da massa insolvente. Anteprojecto Artigo 55. Funes e seu exerccio 1 []. 2 - Sem prejuzo dos casos de recurso obrigatrio ao patrocnio judicirio ou de necessidade de prvia concordncia da comisso de credores, o administrador da insolvncia exerce pessoalmente as competncias do seu cargo, podendo substabelecer, por escrito, a prtica de determinados actos em administrador da insolvncia com inscrio em vigor nas listas oficiais. 3 - []. 4 - []. 5 - []. 6 - []. 7 A remunerao do administrador da insolvncia substituto da responsabilidade do administrador da insolvncia que haja substabelecido, sendo deste a responsabilidade por todos os actos praticados por aquele ao abrigo do substabelecimento mencionado no n2.

COMENTRIO:

26

1. Sugerimos que o substabelecimento previsto no novo n2 seja feito, com reserva, pelo que o artigo dever mencionar isso mesmo. 2. Por seu turno, relativamente ao n7, consideramos que o administrador da insolvncia apresentado como substituto, deve figurar como substabelecido, passando a norma a apresentar a seguinte redaco, a saber: 7 A remunerao do administrador da insolvncia substabelecido da responsabilidade do administrador da insolvncia nomeado, sendo deste a responsabilidade por todos os actos praticados por aquele ao abrigo do substabelecimento mencionado no n2.

[ARTIGO 59] Redaco actual Artigo 59. Responsabilidade 1 - O administrador da insolvncia responde pelos danos causados ao devedor e aos credores da insolvncia e da massa insolvente pela inobservncia culposa dos deveres que lhe incumbem; a culpa apreciada pela diligncia de um administrador da insolvncia criterioso e ordenado. 2 - O administrador da insolvncia responde igualmente pelos danos causados aos credores da massa insolvente se esta for insuficiente para satisfazer integralmente os respectivos direitos e estes resultarem de acto do administrador, salvo o caso de imprevisibilidade da insuficincia da massa, tendo em conta as circunstncias conhecidas do administrador e aquelas que ele no devia ignorar. 3 - O administrador da insolvncia responde solidariamente com os seus auxiliares pelos danos causados pelos actos e omisses destes, salvo se provar que no houve culpa da sua parte ou que, mesmo com a diligncia devida, se no teriam evitado os danos. 4 - A responsabilidade do administrador da insolvncia prescreve no prazo de dois anos a contar da data em que o lesado teve conhecimento do direito que lhe compete, mas nunca depois de decorrido igual perodo sobre a data da cessao de funes. Anteprojecto Artigo 59. 27

Responsabilidade 1 []. 2 - []. 3 - []. 4 - []. 5 A responsabilidade do administrador da insolvncia encontra-se limitada aos factos danosos ocorridos aps a sua nomeao.

COMENTRIO: 1. O n5 do artigo em apreo vem introduzir uma clarificao que vinha sendo reclamada h algum tempo. Assim se procura explicitar, muito em especial, as matrias constantes da Circular n1/2010, emitida pela Administrao Fiscal, com base na qual vrios Servios de Finanas vm imputando responsabilidade subsidiria tributria aos Administradores da Insolvncia, pelas dvidas fiscais da massa insolvente, originadas por factos anteriores anteriores sua nomeao. 2. Esta responsabilidade, agora expressamente limitada aos factos danosos ocorridos aps a nomeao, alis a nica consentnea com o regime de responsabilidade que resulta dos nmeros precedentes, que permanecem inalterados e que configuram uma concepo de responsabilidade aquiliana baseada na violao culposa dos deveres que impendem sobre o Administrador, o que se revela incompatvel com aquela responsabilidade subsidiria tributria, sugerida, designadamente, pela Administrao Fiscal.

[ARTIGO 64] Redaco actual Artigo 64. Julgamento das contas 1 - Autuadas por apenso as contas apresentadas pelo administrador da insolvncia, cumpre comisso de credores, caso exista, emitir parecer sobre elas, no prazo que o juiz fixar para o efeito, aps o que os credores e o devedor insolvente so notificados por ditos de 10 dias afixados porta do tribunal e por anncio publicado no Dirio da Repblica para, no prazo de 5 dias, se pronunciarem.

28

2 - Para o mesmo fim tem o Ministrio Pblico vista do processo, que depois concluso ao juiz para deciso, com produo da prova que se torne necessria. Anteprojecto Artigo 64. Julgamento das contas 1 - Autuadas por apenso as contas apresentadas pelo administrador da insolvncia, cumpre comisso de credores, caso exista, emitir parecer sobre elas, no prazo que o juiz fixar para o efeito, aps o que os credores e o devedor insolvente so notificados por ditos de 10 dias afixados porta do tribunal e por anncio publicado no Portal Citius para, no prazo de 5 dias, se pronunciarem. 2 [].

COMENTRIO: Sem comentrios, apenas se assinalando a alterao introduzida no n1 do artigo 64, que visa substituir o suporte de publicao, que deixa de ser o Dirio da Repblica para passar a ser o Portal Citius.

[ARTIGO 65] Redaco actual Artigo 65. Contas anuais do devedor O disposto nos artigos anteriores no prejudica o dever de elaborar e depositar contas anuais, nos termos que forem legalmente obrigatrios para o devedor. Anteprojecto Artigo 65. Contas anuais do devedor

29

1 - O disposto nos artigos anteriores no prejudica o dever de elaborar e depositar contas anuais, nos termos que forem legalmente obrigatrios para o devedor, sempre que o insolvente seja uma empresa. 2 da responsabilidade do administrador da insolvncia elaborar e depositar os documentos de prestao de contas respeitantes ao perodo que medeia entre a sua nomeao e a cessao da actividade da empresa e a sua liquidao, deliberada em assembleia de credores, ou, quando tal deliberao no tenha sido adoptada, o encerramento do processo de insolvncia.

COMENTRIO: 1. Relativamente alterao introduzida no agora n1 do artigo 65, corporizada na meno sempre que o insolvente seja uma empresa, excluem-se as pessoas singulares da responsabilidade de elaborao e apresentao de contas anuais. Mas julgamos que melhor, porque mais segura e rigorosa, seria a meno sempre que o insolvente seja entidade legalmente obrigada elaborao e depsito de contas, e isto apesar da ampla noo de empresa que vem prevista no artigo 5 do CIRE. 2. Por outro lado, vem o novo n2 clarificar uma matria que suscita ainda alguma controvrsia, na redaco actual. Especialmente se atendermos determinao os rgos sociais do devedor mantm-se em funcionamento aps a declarao de insolvncia, resultante do art. 82 do CIRE, no claro a quem compete a responsabilidade de elaborar e apresentar as contas impostas no n1. 3. Nos termos da redaco agora proposta, clarifica-se que cabe ao administrador da insolvncia tal responsabilidade, soluo que merece o nosso aplauso. No obstante, fica a faltar uma ressalva para os casos em que a administrao fique a cargo do devedor, nos termos dos artigos 223 e 224. Essa , de resto, a soluo que expressamente consagra o artigo 226, n6. 4. Assim, melhor seria que o novo n2, em apreo, iniciasse com Salvo o previsto no n6 do artigo 226, []. 5. Nos termos expendidos, propomos a seguinte redaco para o artigo em anlise, assinalando a negrito as principais alteraes:

30

Artigo 65. Contas anuais do devedor 1 - O disposto nos artigos anteriores no prejudica o dever de elaborar e depositar contas anuais, nos termos que forem legalmente obrigatrios para o devedor, sempre que o insolvente seja entidade legalmente obrigada elaborao e depsito de contas. 2 Salvo o previsto no n6 do artigo 226, da responsabilidade do administrador da insolvncia elaborar e depositar os documentos de prestao de contas respeitantes ao perodo que medeia entre a sua nomeao e a cessao da actividade da empresa e a sua liquidao, deliberada em assembleia de credores, ou, quando tal deliberao no tenha sido adoptada, o encerramento do processo de insolvncia.

[ARTIGO 75] Redaco actual Artigo 75. Convocao da assembleia de credores 1 - A assembleia de credores convocada pelo juiz, por iniciativa prpria ou a pedido do administrador da insolvncia, da comisso de credores, ou de um credor ou grupo de credores cujos crditos representem, na estimativa do juiz, pelo menos um quinto do total dos crditos no subordinados. 2 - A data, hora, local e ordem do dia da assembleia de credores so imediatamente comunicados, com a antecedncia mnima de 10 dias, por anncio publicado no Dirio da Repblica e por editais afixados na porta da sede e dos estabelecimentos da empresa, se for o caso. 3 - Os cinco maiores credores, bem como o devedor, os seus administradores e a comisso de trabalhadores, so tambm avisados do dia, hora e local da reunio, por circulares expedidas sob registo, com a mesma antecedncia. 4 - O anncio, os editais e as circulares previstos no nmero anterior devem ainda conter: a) A identificao do processo; b) O nome e a sede ou residncia do devedor, se for conhecida; c) A advertncia aos titulares de crditos que os no tenham reclamado da necessidade de o fazerem, se ainda estiver em curso o prazo fixado na sentena para as reclamaes de crditos, informando-os de que a reclamao para mero efeito da 31

participao na reunio pode ser feita na prpria assembleia, se tambm na data desta tal prazo no estiver j esgotado; d) Indicao dos eventuais limites participao estabelecidos nos termos do n. 4 do artigo 72., com informao da possibilidade de agrupamento ou de representao. Anteprojecto Artigo 75. Convocao da assembleia de credores 1 []. 2 - A data, hora, local e ordem do dia da assembleia de credores so imediatamente comunicados aos interessados, com a antecedncia mnima de 10 dias, por anncio publicado no Dirio da Repblica e por editais afixados na porta da sede ou da residncia do devedor e dos seus estabelecimentos. 3 - []. 4 - O anncio, os editais e as circulares previstos nos nmeros anteriores devem ainda conter: a) []; b) []; c) []; d) [].

COMENTRIO: Sem comentrios a assinalar.

[ARTIGO 76] Redaco actual Artigo 76. Suspenso da assembleia O juiz pode, por uma nica vez, decidir a suspenso dos trabalhos da assembleia e determinar que eles sejam retomados num dos cinco dias teis seguintes. Anteprojecto 32

Artigo 76. Suspenso da assembleia O juiz pode decidir a suspenso dos trabalhos da assembleia, determinando que eles sejam retomados num dos 15 dias teis seguintes.

COMENTRIO: 1. A alterao projectada vem facilitar a possibilidade de suspenso dos trabalhos da assembleia, que pode agora ocorrer por mais do que uma vez, alargando igualmente o prazo em que a mesma pode retomar, de 5 para 15 dias. 2. Procura-se, assim, viabilizar maior ponderao nas deliberaes da assembleia de credores, sempre que seja possvel obt-la mediante a suspenso dos trabalhos, por iniciativa (sublinhe-se, uma vez mais) do juiz. 3. No entanto, considerando que os prazos judiciais nem sempre so respeitados, na economia do Anteprojecto e por no se tratar de uma alterao estrutural, sugerimos maior ponderao sobre a eventual vantagem desta alterao.

[ARTIGO 84] Redaco actual Artigo 84. Alimentos ao insolvente e aos trabalhadores 1 - Se o devedor carecer absolutamente de meios de subsistncia e os no puder angariar pelo seu trabalho, pode o administrador da insolvncia, com o acordo da comisso de credores, ou da assembleia de credores, se aquela no existir, arbitrar-lhe um subsdio custa dos rendimentos da massa insolvente, a ttulo de alimentos. 2 - Havendo justo motivo, pode a atribuio de alimentos cessar em qualquer estado do processo, por deciso do administrador da insolvncia. 3 - O disposto nos nmeros anteriores aplicvel a quem, encontrando-se na situao prevista no n. 1, seja titular de crditos sobre a insolvncia emergentes de contrato de trabalho, ou da violao ou cessao deste contrato, at ao limite do respectivo montante, mas, a final, deduzir-se-o os subsdios ao valor desses crditos.

33

Anteprojecto Artigo 84. Alimentos ao insolvente, aos trabalhadores e a outros credores de alimentos do insolvente 1 - []. 2 - []. 3 []. 4 Estando o insolvente obrigado a prestar alimentos a terceiros nos termos do disposto no artigo 93, deve o administrador da insolvncia ter esse facto em conta na fixao do subsdio a que se refere o n1.

COMENTRIO: 1. As alteraes introduzidas no presente artigo vm resolver um dos constrangimentos verificados no texto actual, no domnio da prestao de alimentos. 2. Com efeito, h muito que a doutrina vinha apontando a inconstitucionalidade da interpretao do n1 deste artigo, segundo a qual a atribuio do subsdio deveria ter apenas em conta as carncias do devedor, desconsiderando aqueles que dele dependem e contrariando, pois, a proteco da famlia nuclear. O n4, agora aditado, vem, avisadamente, recompor a formulao actual, em termos que se julgam mais adequados.

[ARTIGO 88] Redaco actual Artigo 88. Aces executivas 1 - A declarao de insolvncia determina a suspenso de quaisquer diligncias executivas ou providncias requeridas pelos credores da insolvncia que atinjam os bens integrantes da massa insolvente e obsta instaurao ou ao prosseguimento de

34

qualquer aco executiva intentada pelos credores da insolvncia; porm, se houver outros executados, a execuo prossegue contra estes. 2 - Tratando-se de execues que prossigam contra outros executados e no hajam de ser apensadas ao processo nos termos do n. 2 do artigo 85., apenas extrado, e remetido para apensao, traslado do processado relativo ao insolvente. Anteprojecto Artigo 88. Aces executivas 1 []. 2 []. 3 As aces executivas suspensas nos termos do n1 extinguem-se quanto ao executado insolvente, logo que ocorra uma das seguintes situaes: a) O processo de insolvncia seja encerrado por insuficincia de bens da massa insolvente; b) Seja deliberada em assembleia de credores a liquidao da massa insolvente. 4 Compete ao administrador da insolvncia comunicar por escrito e, preferencialmente, por meios electrnicos, ao agente de execuo nomeado as execues afectadas pela declarao de insolvncia, que sejam do seu conhecimento, a ocorrncia dos factos descritos no nmero anterior.

COMENTRIO: 1. A extino automtica das aces executivas suspensas nos termos do n1 no contempla a possibilidade de, findo o processo por uma das formas previstas nas alneas a) e b) do n2, poder surgir, na esfera do devedor, patrimnio susceptvel de execuo. 2. A este propsito, sempre se dir que a extino das concretas aces executivas suspensas no obstar a que, durante o perodo em que as dvidas se encontrem por prescrever e sobrevindo novos bens ao patrimnio do devedor, este no possa ser objecto de execuo. Ressalvam-se, aqui, os casos enquadrados pela exonerao do passivo restante. 3. Da que esta matria deva merecer o tratamento que decorre do Cdigo de Processo Civil ou invs de o CIRE lhe reservar um tratamento de excepo,

35

sendo que, se a suspenso das execues faz sentido na lgica do processo de insolvncia, o mesmo no se dir quanto extino automtica, ora proposta. 4. Finalmente, consideramos desprovido de sentido o que dispe o artigo 4, dado que no se justifica atribuir ao administrador de insolvncia o nus de comunicar ao agente de execuo factos ocorridos relativamente a uma execuo que se encontra suspensa, com fundamento na insolvncia, nem se vislumbram quaisquer vantagens de natureza processual.

[Artigo 93] Redaco actual Artigo 93. Crditos por alimentos O direito a exigir alimentos do insolvente relativo a perodo posterior declarao de insolvncia s pode ser exercido contra a massa se nenhuma das pessoas referidas no artigo 2009. do Cdigo Civil estiver em condies de os prestar, e apenas se o juiz o autorizar, fixando o respectivo montante. Anteprojecto Artigo 93. Crditos por alimentos O direito a exigir alimentos do insolvente relativo a perodo posterior declarao de insolvncia s pode ser exercido contra a massa se nenhuma das pessoas referidas no artigo 2009. do Cdigo Civil estiver em condies de os prestar, devendo, neste caso, o juiz fixar o respectivo montante.

COMENTRIO: 1. A proposta ora apresentada vem dar resposta alegao de inconstitucionalidade que se vinha apontando ao facto de o administrador poder lanar mo de um juzo de oportunidade para a concesso do subsdio, em termos insusceptveis de impugnao. 2. Ora, nos casos em que se verifique uma efectiva carncia alimentar, sem que os alimentos possam ser prestados por alguma das pessoas referidas no artigo 36

2009 do Cdigo Civil, cremos que a tutela alimentar dever imperar sobre o interesse dos credores, ficando o administrador adstrito efectiva concesso do subsdio. Por isso, vem, quanto a ns bem, suprimida a referncia autorizao do juiz, ainda patente no regime actual, considerando-se a prestao de alimentos um dever, quando preenchida a hiptese da norma.

[ARTIGO 120] Redaco actual Artigo 120. Princpios gerais 1 - Podem ser resolvidos em benefcio da massa insolvente os actos prejudiciais massa praticados ou omitidos dentro dos quatro anos anteriores data do incio do processo de insolvncia. 2 - Consideram-se prejudiciais massa os actos que diminuam, frustrem, dificultem, ponham em perigo ou retardem a satisfao dos credores da insolvncia. 3 - Presumem-se prejudiciais massa, sem admisso de prova em contrrio, os actos de qualquer dos tipos referidos no artigo seguinte, ainda que praticados ou omitidos fora dos prazos a contemplados. 4 - Salvo nos casos a que respeita o artigo seguinte, a resoluo pressupe a m f do terceiro, a qual se presume quanto a actos cuja prtica ou omisso tenha ocorrido dentro dos dois anos anteriores ao incio do processo de insolvncia e em que tenha participado ou de que tenha aproveitado pessoa especialmente relacionada com o insolvente, ainda que a relao especial no existisse a essa data. 5 - Entende-se por m f o conhecimento, data do acto, de qualquer das seguintes circunstncias: a) De que o devedor se encontrava em situao de insolvncia; b) Do carcter prejudicial do acto e de que o devedor se encontrava data em situao de insolvncia iminente; c) Do incio do processo de insolvncia. Anteprojecto Artigo 120. Princpios gerais

37

1 - Podem ser resolvidos em benefcio da massa insolvente os actos prejudiciais massa praticados ou omitidos dentro dos dois anos anteriores data do incio do processo de insolvncia. 2 []. 3 - []. 4 - []. 5 - []. 6 So insusceptveis de resoluo por aplicao das regras previstas no presente captulo os negcios jurdicos celebrados no mbito de procedimento extrajudicial de revitalizao de devedor em situao econmica difcil ou de procedimento previsto em legislao especial, cuja finalidade seja prover o devedor de meios de financiamento suficientes para viabilizar a sua recuperao.

COMENTRIO: 1. Quanto diminuio, de quatro para dois anos, do prazo anterior ao incio do processo de insolvncia em que podem ser resolvidos actos prejudiciais em benefcio da massa, pretender-se- afastar o risco de resoluo para certos actos ainda praticados num prazo tido por razovel. 2. Com efeito, o perodo suspeito actualmente fixado, abrangendo os quatro anos anteriores ao incio do processo de insolvncia, apresenta-se demasiado longo e susceptvel de fazer recair a resoluo sobre actos de gesto fundamentais, designadamente, com vista recuperao do devedor e ao seu saneamento econmico e financeiro. 3. Assim, em especial, no respeitante constituio de garantias com vista obteno de financiamento por parte do devedor, sobretudo se atendermos hodierna dificuldade em aceder ao crdito, por parte da economia nacional. 4. Corolrio da filosofia subjacente alterao introduzida no n1 do artigo ser, com efeito, o novo n6. Com a sua incluso, pretende-se afastar o risco de resoluo (mesmo que durante o perodo suspeito) para os negcios jurdicos celebrados no mbito de procedimento extrajudicial de revitalizao de devedor em situao econmica difcil ou de procedimento previsto em legislao especial, cuja finalidade seja prover o devedor de meios de financiamento suficientes para viabilizar a sua recuperao. 5. Parece-nos, porm, inadequada a redaco deste n6. Por um lado, observando a referncia a um procedimento extrajudicial de revitalizao, quando a nica 38

figura prxima supomos ser, na verdade, o Procedimento Especial de Revitalizao previsto nos novos artigos 17 - A e ss.; por outro lado, j que quando se refere procedimento previsto em legislao especial melhor seria a meno expressa ao Procedimento Extrajudicial de Conciliao, regulado pelo Decreto-lei n316/98, de 20 de Outubro, com as alteraes previstas no Decreto-lei n201/2004, de 18 de Agosto, se for essa a inteno do legislador. Seja como for, nenhuma das referncias aos dois instrumentos identifica, adequada e expressamente, qualquer deles, o que deve merecer correco. 6. Sem prejuzo, sempre se dir que as opes ora firmadas apresentam alguma preocupao do legislador no sentido de incentivar o recurso a instrumentos legais tendentes revitalizao/recuperao da empresa, de natureza tendencialmente extrajudicial, que merecem saudao.

[ARTIGO 125] Redaco actual Artigo 125. Impugnao da resoluo O direito de impugnar a resoluo caduca no prazo de seis meses, correndo a aco correspondente, proposta contra a massa insolvente, como dependncia do processo de insolvncia. Anteprojecto Artigo 125. Impugnao da resoluo O direito de impugnar a resoluo caduca no prazo de trs meses, correndo a aco correspondente, proposta contra a massa insolvente, como dependncia do processo de insolvncia.

COMENTRIO: 1. As alteraes introduzidas no artigo 120, j objecto de comentrio, vm diminuir o mbito objectivo dos negcios jurdicos susceptveis de resoluo em benefcio da massa. 39

2. Em face daquelas alteraes, o legislador parece encontrar na reduo do prazo para impugnar a resoluo de seis para trs meses um contrapeso para equilibrar as posies relativas do devedor e do (s) credor (es), ao mesmo tempo que procura cingir, no tempo, a discusso destas matrias, em benefcio da celeridade do processo de insolvncia. 3. Temos dvidas quanto articulao entre estas duas vertentes (perodo de suspeio/prazo para impugnao da resoluo), assim como quanto aos fundamentos da reduo do prazo, mas admitimos que exista informao estatstica que possa validar a opo tomada.

[ARTIGO 128] Redaco actual Artigo 128. Reclamao de crditos 1 - Dentro do prazo fixado para o efeito na sentena declaratria da insolvncia, devem os credores da insolvncia, incluindo o Ministrio Pblico na defesa dos interesses das entidades que represente, reclamar a verificao dos seus crditos por meio de requerimento, acompanhado de todos os documentos probatrios de que disponham, no qual indiquem: a) A sua provenincia, data de vencimento, montante de capital e de juros; b) As condies a que estejam subordinados, tanto suspensivas como resolutivas; c) A sua natureza comum, subordinada, privilegiada ou garantida, e, neste ltimo caso, os bens ou direitos objecto da garantia e respectivos dados de identificao registral, se aplicvel; d) A existncia de eventuais garantias pessoais, com identificao dos garantes; e) A taxa de juros moratrios aplicvel. 2 - O requerimento endereado ao administrador da insolvncia e apresentado no seu domiclio profissional ou para a remetido por via postal registada, devendo o administrador, respectivamente, assinar no acto de entrega, ou enviar ao credor no prazo de trs dias, comprovativo do recebimento. 3 - A verificao tem por objecto todos os crditos sobre a insolvncia, qualquer que seja a sua natureza e fundamento, e mesmo o credor que tenha o seu crdito reconhecido por deciso definitiva no est dispensado de o reclamar no processo de insolvncia, se nele quiser obter pagamento. 40

Anteprojecto Artigo 128. Reclamao de crditos 1 []. 2 - O requerimento endereado ao administrador da insolvncia e apresentado no seu domiclio profissional ou para a remetido por via postal registada ou por correio electrnico, devendo o administrador, respectivamente, assinar no acto de entrega, ou enviar ao credor no prazo de trs dias, comprovativo do recebimento, sendo o envio efectuado pela mesma forma utilizada na reclamao. 3 [].

COMENTRIO: 1. O recurso ao correio electrnico nas comunicaes com/do administrador de insolvncia dever ser acompanhado da correspondente obrigao, por parte daquele, de dispor, efectivamente, de um endereo de correio electrnico profissional. Esta matria poder vir a ser regulada no mbito do respectivo Estatuto.

[ARTIGO 129] Redaco actual Artigo 129. Relao de crditos reconhecidos e no reconhecidos 1 - Nos 15 dias subsequentes ao termo do prazo das reclamaes, o administrador da insolvncia apresenta na secretaria uma lista de todos os credores por si reconhecidos e uma lista dos no reconhecidos, ambas por ordem alfabtica, relativamente no s aos que tenham deduzido reclamao como queles cujos direitos constem dos elementos da contabilidade do devedor ou sejam por outra forma do seu conhecimento. 2 - Da lista dos credores reconhecidos consta a identificao de cada credor, a natureza do crdito, o montante de capital e juros data do termo do prazo das reclamaes, as

41

garantias pessoais e reais, os privilgios, a taxa de juros moratrios aplicvel e as eventuais condies suspensivas ou resolutivas. 3 - A lista dos credores no reconhecidos indica os motivos justificativos do no reconhecimento. 4 - Todos os credores no reconhecidos, bem como aqueles cujos crditos forem reconhecidos sem que os tenham reclamado, ou em termos diversos dos da respectiva reclamao, devem ser disso avisados pelo administrador da insolvncia, por carta registada, com observncia, com as devidas adaptaes, do disposto nos artigos 40. a 42. do Regulamento (CE) n. 1346/2000, do Conselho, de 29 de Maio, tratando-se de credores com residncia habitual, domiclio ou sede em outros Estados membros da Unio Europeia que no tenham j sido citados nos termos do n. 3 do artigo 37. Anteprojecto Artigo 129. Relao de crditos reconhecidos e no reconhecidos 1 []. 2 - []. 3 - []. 4 - []. 5 A comunicao referida no nmero anterior pode ser feita por correio electrnico nos casos em que a reclamao de crditos haja sido efectuada por este meio.

COMENTRIO: Vide comentrio supra ao artigo 128.

[ARTIGO 136] Redaco actual Artigo 136. 42

Saneamento do processo 1 - Junto o parecer da comisso de credores ou decorrido o prazo previsto no artigo anterior sem que tal juno se verifique, o juiz designa dia e hora para uma tentativa de conciliao a realizar dentro dos 10 dias seguintes, para a qual so notificados, a fim de comparecerem pessoalmente ou de se fazerem representar por procuradores com poderes especiais para transigir, todos os que tenham apresentado impugnaes e respostas, a comisso de credores e o administrador da insolvncia. 2 - Na tentativa de conciliao so considerados como reconhecidos os crditos que meream a aprovao de todos os presentes e nos precisos termos em que o forem. 3 - Concluda a tentativa de conciliao, o processo imediatamente concluso ao juiz, para que seja proferido despacho, nos termos previstos nos artigos 510. e 511. do Cdigo de Processo Civil. 4 - Consideram-se sempre reconhecidos os crditos includos na respectiva lista e no impugnados e os que tiverem sido aprovados na tentativa de conciliao. 5 - Consideram-se ainda reconhecidos os demais crditos que possam s-lo face aos elementos de prova contidos nos autos. 6 - O despacho saneador tem, quanto aos crditos reconhecidos, a forma e o valor de sentena, que os declara verificados e os gradua em harmonia com as disposies legais. 7 - Se a verificao de algum dos crditos necessitar de produo de prova, a graduao de todos os crditos tem lugar na sentena final. Anteprojecto Artigo 136. Saneamento do processo 1 - Junto o parecer da comisso de credores ou decorrido o prazo previsto no artigo anterior sem que tal juno se verifique, o juiz pode designar dia e hora para uma tentativa de conciliao a realizar dentro dos 10 dias seguintes, para a qual so notificados, a fim de comparecerem pessoalmente ou de se fazerem representar por procuradores com poderes especiais para transigir, todos os que tenham apresentado impugnaes e respostas, a comisso de credores e o administrador da insolvncia. 2 []. 3 - []. 4 - []. 5 - []. 6 - []. 43

7 - []. 8 Caso o juiz entenda que no se mostra adequado realizar a tentativa de conciliao, profere de imediato o despacho previsto no n3.

COMENTRIO: 1. A alterao ora introduzida d ao juiz a possibilidade de realizar, ou no, uma tentativa de conciliao, ao contrrio do que sucede no regime actual, que impe ao juiz essa marcao. 2. Preside aqui, julgamos que bem, um critrio de economia processual, tendente a anular uma fase at agora necessria, mas bastas vezes infrutfera, em face da composio dos interesses em confronto. 3. Como corolrio, o novo n 8, que determina ao juiz, no caso de no haver tentativa de conciliao, o dever de proferir despacho saneador. 4. Restar apenas sublinhar que, podendo o juiz optar, em certa condies, pela no realizao de assembleia de apreciao do relatrio; e podendo ainda suprimir a tentativa de conciliao, como agora vemos, ser oportuno falar, mais uma vez, numa reforada judicializao do processo de insolvncia, outorgando ao juiz a faculdade de favorecer, ou no, uma eventual concertao entre as partes. 5. Sem concertao, nos casos em que o juiz possa impedi-la, julgamos abrir-se, na prtica, uma via verde para a liquidao em termos aparentemente conflituantes com as alteraes formais introduzidas na finalidade do processo de insolvncia.

[ARTIGO 146] Redaco actual Artigo 146.

44

Verificao ulterior de crditos ou de outros direitos 1 - Findo o prazo das reclamaes, possvel reconhecer ainda outros crditos, bem como o direito separao ou restituio de bens, de modo a serem atendidos no processo de insolvncia, por meio de aco proposta contra a massa insolvente, os credores e o devedor, efectuando-se a citao dos credores por ditos de 10 dias. 2 - O direito separao ou restituio de bens pode ser exercido a todo o tempo; porm, a reclamao de outros crditos, nos termos do nmero anterior: a) No pode ser apresentada pelos credores que tenham sido avisados nos termos do artigo 129., excepto tratando-se de crditos de constituio posterior; b) S pode ser feita no prazo de um ano subsequente ao trnsito em julgado da sentena de declarao da insolvncia, ou no prazo de trs meses seguintes respectiva constituio, caso termine posteriormente. 3 - Proposta a aco, a secretaria, oficiosamente, lavra termo no processo principal da insolvncia no qual identifica a aco apensa e o reclamante e reproduz o pedido, o que equivale a termo de protesto. 4 - A instncia extingue-se e os efeitos do protesto caducam se o autor, negligentemente, deixar de promover os termos da causa durante trs meses. Anteprojecto Artigo 146. Verificao ulterior de crditos ou de outros direitos 1 - Findo o prazo das reclamaes, possvel reconhecer ainda outros crditos, bem como o direito separao ou restituio de bens, de modo a serem atendidos no processo de insolvncia, por meio de aco proposta contra a massa insolvente, os credores e o devedor, efectuando-se a citao dos credores por meio de edital electrnico publicado no portal Citius, considerando-se aqueles citados cinco dias aps a data da sua publicao. 2 - O direito separao ou restituio de bens pode ser exercido a todo o tempo, mas a reclamao de outros crditos, nos termos do nmero anterior: a) []; b) S pode ser feita nos seis meses subsequentes ao trnsito em julgado da sentena de declarao da insolvncia, ou no prazo de trs meses seguintes respectiva constituio, caso termine posteriormente. 3 []. 4 - A instncia extingue-se e os efeitos do protesto caducam se o autor, negligentemente, deixar de promover os termos da causa durante 30 dias. 45

COMENTRIO: 1. Para alm de alguns acertos formais, regista-se, em especial, a diminuio do perodo em que possvel a reclamao de outros crditos, findo o prazo das reclamaes, de um ano para seis meses. 2. Igualmente, assinala-se a reduo do perodo de inrcia processual admitido ao reclamante at que se extinga a instncia e caduquem os efeitos do processo. 3. Ambas as alteraes procuram, julgamos, conferir maior celeridade ao processo de insolvncia, assumindo uma desproteco, ainda que mitigada, dos credores que se encontrem em condies de recorrer verificao ulterior de crditos.

[ARTIGO 147] Redaco actual Artigo 147 Falta de assinatura do protesto ou caducidade dos seus efeitos Se o autor no assinar termo de protesto ou os efeitos deste caducarem, observa-se o seguinte: a) Tratando-se de aco para a verificao de crdito, o credor s adquire direito a entrar nos rateios posteriores ao trnsito em julgado da respectiva sentena pelo crdito que venha a ser verificado, ainda que de crdito garantido ou privilegiado se trate; b) Tratando-se de aco para a verificao do direito restituio ou separao de bens, o autor s pode tornar efectivos os direitos que lhe forem reconhecidos na respectiva sentena passada em julgado, relativamente aos bens que a esse tempo ainda no tenham sido liquidados; se os bens j tiverem sido liquidados, no todo ou em parte, a venda eficaz e o autor apenas embolsado do respectivo produto, podendo este ser determinado, ou, quando o no possa ser, do valor que lhe tiver sido fixado no inventrio; c) Para a satisfao do crdito referido na ltima parte da alnea anterior, o autor s pode obter pagamento pelos valores que no tenham entrado j em levantamento ou

46

rateio anterior, condicional ou definitivamente, nem se achem salvaguardados por terceiros, em virtude de recurso ou de protesto lavrado nos termos do artigo anterior e que, por isso, existam livres na massa insolvente, com respeito da preferncia que lhe cabe, enquanto crdito sobre a massa insolvente. Anteprojecto Artigo 147 Caducidade dos efeitos do protesto Se os efeitos do protesto caducarem, observa-se o seguinte: a) []; b) []; c) [].

COMENTRIO: Nos termos do artigo 146, a secretaria, oficiosamente, lavra termo no processo principal da insolvncia no qual identifica a aco apensa e o reclamante e reproduz o pedido, o que equivale a termo de protesto, pelo que a meno assinatura no tem justificao no actual texto da lei.

[ARTIGO 158] Redaco actual Artigo 158. Comeo da venda de bens 1 - Transitada em julgado a sentena declaratria da insolvncia e realizada a assembleia de apreciao do relatrio, o administrador da insolvncia procede com prontido venda de todos os bens apreendidos para a massa insolvente, independentemente da verificao do passivo, na medida em que a tanto se no oponham as deliberaes tomadas pelos credores na referida assembleia. 2 - Mediante prvia concordncia da comisso de credores, ou, na sua falta, do juiz, o administrador da insolvncia promove, porm, a venda imediata dos bens da massa insolvente que no possam ou no se devam conservar por estarem sujeitos a deteriorao ou depreciao. 47

Anteprojecto Artigo 158. Comeo da venda de bens 1 []. 2 - O administrador da insolvncia promove, porm, a venda imediata dos bens da massa insolvente que no possam ou no se devam conservar por estarem sujeitos a deteriorao ou depreciao. 3 Logo que decida promover a venda antecipada de bens nos termos do nmero precedente, o administrador da insolvncia notifica desse facto o devedor, a comisso de credores, sempre que exista, e o juiz, pelo menos, dois dias antes da realizao da venda e publica-a no portal Citius. 4 O juiz, por sua iniciativa ou a requerimento do devedor, da comisso de credores ou de qualquer um dos credores da insolvncia ou da massa insolvente, pode impedir a venda antecipada dos bens referida no n2, devendo comunic-la de imediato ao administrador da insolvncia, ao devedor, comisso de credores, bem como ao credor que a tenha requerido, sendo tal deciso insusceptvel de recurso. 5 No requerimento a que se refere o nmero anterior o interessado deve, fundamentadamente, indicar as razes que justificam a no realizao da venda e deve apresentar, sempre que tal se afigure possvel, uma alternativa vivel operao pretendida pelo administrador da insolvncia.

COMENTRIO: 1. Com a presente alterao, fundamentalmente, inverte-se o momento de escrutnio por parte dos credores e do juiz, relativamente venda pelo administrador da insolvncia dos bens da massa insolvente que no possam ou no se devam conservar por estarem sujeitos a deteriorao ou depreciao. 2. Se, at agora, esse escrutnio era prvio e necessrio ou seja, o administrador s procedia mediante autorizao e caso esta existisse a proposta em anlise vem ditar um mero dever de notificao, ao qual os interessados podero reagir atravs de comunicao que se oponha venda. 3. No silncio daqueles, o negcio prosseguir, produzindo plenos efeitos. 4. Uma vez mais, a economia processual em parte, tambm, a preservao do patrimnio que integra a massa insolvente dita as novas regras. 48

[ARTIGO 172] Redaco actual Artigo 172. Pagamento das dvidas da massa 1 - Antes de proceder ao pagamento dos crditos sobre a insolvncia, o administrador da insolvncia deduz da massa insolvente os bens ou direitos necessrios satisfao das dvidas desta, incluindo as que previsivelmente se constituiro at ao encerramento do processo. 2 - As dvidas da massa insolvente so imputadas aos rendimentos da massa, e, quanto ao excedente, na devida proporo, ao produto de cada bem, mvel ou imvel; porm, a imputao no exceder 10% do produto de bens objecto de garantias reais, salvo na medida do indispensvel satisfao integral das dvidas da massa insolvente ou do que no prejudique a satisfao integral dos crditos garantidos. 3 - O pagamento das dvidas da massa insolvente tem lugar nas datas dos respectivos vencimentos, qualquer que seja o estado do processo. 4 - Intentada aco para a verificao do direito restituio ou separao de bens que j se encontrem liquidados e assinado o competente termo de protesto, mantida em depsito e excluda dos pagamentos aos credores da massa insolvente ou da insolvncia, enquanto persistirem os efeitos do protesto, quantia igual do produto da venda, podendo este ser determinado, ou, quando o no possa ser, do valor constante do inventrio; aplicvel o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 180., com as devidas adaptaes.

Anteprojecto Artigo 172. Pagamento das dvidas da massa 1 [] 2 []. 3 []. 49

4 - Intentada aco para a verificao do direito restituio ou separao de bens que j se encontrem liquidados e lavrado o competente termo de protesto, mantida em depsito e excluda dos pagamentos aos credores da massa insolvente ou da insolvncia, enquanto persistirem os efeitos do protesto, quantia igual do produto da venda, podendo este ser determinado, ou, quando o no possa ser, do valor constante do inventrio; aplicvel o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 180., com as devidas adaptaes.

COMENTRIO: Vide comentrio ao artigo 146, supra.

[ARTIGO 188] Redaco actual Artigo 188. Tramitao 1 - At 15 dias depois da realizao da assembleia de apreciao do relatrio, qualquer interessado pode alegar, por escrito, o que tiver por conveniente para efeito da qualificao da insolvncia como culposa. 2 - Dentro dos 15 dias subsequentes, o administrador da insolvncia apresenta parecer, devidamente fundamentado e documentado, sobre os factos relevantes, que termina com a formulao de uma proposta, identificando, se for o caso, as pessoas que devem ser afectadas pela qualificao da insolvncia como culposa. 3 - O parecer vai com vista ao Ministrio Pblico, para que este se pronuncie, no prazo de 10 dias. 4 - Se tanto o administrador da insolvncia como o Ministrio Pblico propuserem a qualificao da insolvncia como fortuita, o juiz profere de imediato deciso nesse sentido, a qual insusceptvel de recurso. 5 - No caso contrrio, o juiz manda notificar o devedor e citar pessoalmente aqueles que, segundo o administrador da insolvncia ou o Ministrio Pblico, devam ser afectados pela qualificao da insolvncia como culposa para se oporem, querendo, no prazo de 15 dias; a notificao e as citaes so acompanhadas dos pareceres do

50

administrador da insolvncia e do Ministrio Pblico e dos documentos que os instruam. 6 - O administrador da insolvncia, o Ministrio Pblico e qualquer interessado que assuma posio contrria das oposies pode responder-lhe dentro dos 10 dias subsequentes ao termo do prazo referido no nmero anterior. 7 - aplicvel s oposies e s respostas, bem como tramitao ulterior do incidente da qualificao da insolvncia, o disposto nos artigos 132. a 139., com as devidas adaptaes. Anteprojecto Artigo 188. Tramitao 1 - At 15 dias depois da realizao da assembleia de apreciao do relatrio, qualquer interessado pode alegar, por escrito, o que tiver por conveniente para efeito da qualificao da insolvncia como culposa, cabendo