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INSOLVÊNCIA DE PESSOAS SINGULARES EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE CIRE - Artigos 235º e seguintes

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INSOLVÊNCIA DE PESSOAS SINGULARES

EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE

CIRE - Artigos 235º e seguintes

O PROBLEMA DA INSOLVÊNCIA DE PESSOAS SINGULARES

• Crise!• Endividamento excessivo!

� Impossibilidade de cumprir as obrigações vencidas[situação de insolvência] – art. 3º, nº 1, do CIRE.

DEVER DE APRESENTAÇÃO

• Princípio geral: dever de apresentação à insolvênciadentro dos 60 dias seguintes ao conhecimento ou da dataem que devesse conhecê-la.em que devesse conhecê-la.

• Excepção: pessoas singulares que não sejam titulares deuma empresa.

[dever ou vantagem da apresentação] – art. 18º, do CIRE

PROCESSO DE INSOLVÊNCIA

• Conceito: execução universal que vise a liquidação dopatrimónio do insolvente ou a satisfação dos credorespela forma prevista num plano.pela forma prevista num plano.

• Às pessoas singulares foi reconhecido o princípio do"FRESH START” ou a apresentação de plano depagamentos. (art. 251º, do CIRE).

[exoneração dos créditos sobre a insolvência] – art. 235º, doCIRE

EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE

Princípio Geral: atribuição aos devedores singularesinsolventes da possibilidade de se libertarem de algumasdas suas dívidas, e assim lhes permitir a sua reabilitaçãodas suas dívidas, e assim lhes permitir a sua reabilitaçãoeconómica – Fresh start.

CONTEÚDO DO PRINCÍPIO

Possibilidade de ser concedida ao devedor pessoasingular a exoneração dos créditos sobre a insolvênciaque não forem integralmente pagos no processo deinsolvência ou nos cinco anos posteriores aoinsolvência ou nos cinco anos posteriores aoencerramento deste.

PRESSUPOSTO DA OBTENÇÃO DO BENEFÍCIO

Que o devedor permaneça por um período de cinco anos– designado período de cessão – ainda adstrito aopagamento dos créditos da insolvência que não hajamsido integralmente satisfeitos.sido integralmente satisfeitos.

OUTRAS OBRIGAÇÕES DO DEVEDOR

• Ceder o seu rendimento disponível a um fiduciário.

VANTAGEM DO BENEFÍCIO

No termo do período de cessão, tendo o devedorcumprido, para com os credores, todos os deveres quesobre ele impendiam, é proferido despacho deexoneração, que liberta o devedor das eventuais dívidasexoneração, que liberta o devedor das eventuais dívidasainda pendentes de pagamento.

TRAMITAÇÃO DO PROCEDIMENTO

• Art. 235º - Princípio Geral• Art. 236º - Pedido de Exoneração

do Passivo Restante• Art. 237º - Processamento

subsequente

• Art. 241º - Funções• Art. 242º - Igualdade dos credores• Art. 243º - Cessação antecipada do

procedimento de exoneração• Art. 244º - Decisão final da subsequente

• Art. 238º - Indeferimento liminar

• Art. 239º - Cessão do rendimento disponível

• Art. 240º - Fiduciário

• Art. 244º - Decisão final da exoneração

• Art. 245º - Efeitos da exoneração• Artº 246º - Revogação da exoneração• Art. 247º - Publicação e registo• Art. 248º - Apoio judiciário

PEDIDO (Art.236º do CIRE)

Legitimidade: o pedido é feito pelo devedor.

Prazo: em simultâneo com o requerimento inicial ou nos10 dias posteriores à citação*, sendo sempre rejeitado sefor deduzido após a assembleia de apreciação dorelatório.relatório.

* Quando a iniciativa do processo de insolvência seja de terceiro.

Conteúdo: a declaração de que o devedor preenche osrequisitos e de que se dispõe a observar todas ascondições exigidas, nos termos Legais.

NOTA: Quando o devedor tenha apresentado um plano de pagamentos aos credores,só pode beneficiar da exoneração do passivo restante se tiver declarado querer valer-se da exoneração, para o caso de o plano não vir a ser aprovado.

INDEFERIMENTO LIMINAR - (Art. 238º do CIRE)

O pedido é liminarmente indeferido se:

• Foi apresentado fora de prazo.

• O devedor, com dolo ou culpa grave, tiver fornecido por• O devedor, com dolo ou culpa grave, tiver fornecido porescrito, nos três anos anteriores à data do início doprocesso de insolvência, informações falsas ouincompletas sobre as suas circunstâncias económicas,com vista à obtenção de crédito ou de subsídios deinstituições públicas ou a fim de evitar pagamentos ainstituições dessa natureza.

• O devedor tiver já beneficiado da exoneração do passivorestante, nos 10 anos anteriores à data do início doprocesso de insolvência.

• O devedor tiver incumprido o dever de apresentação àinsolvência ou, não estando obrigado a se apresentar, se

• O devedor tiver incumprido o dever de apresentação àinsolvência ou, não estando obrigado a se apresentar, setiver abstido dessa apresentação nos seis mesesseguintes à verificação da situação de insolvência, comprejuízo em qualquer dos casos para os credores, esabendo, ou não podendo ignorar sem culpa grave, nãoexistir qualquer perspectiva séria de melhoria da suasituação económica.

• Constarem já no processo, ou forem fornecidos até aomomento da decisão, pelos credores ou peloadministrador da insolvência, elementos que indiciemcom toda a probabilidade a existência de culpa dodevedor na criação ou agravamento da situação deinsolvência, nos termos do artigo 186º.insolvência, nos termos do artigo 186º.

• O devedor tiver sido condenado por sentença transitadaem julgado por algum dos crimes previstos e punidosnos artigos 227º a 229º do Código Penal nos 10 anosanteriores à data da entrada em juízo do pedido dedeclaração de insolvência ou posteriormente a esta data.

• O devedor, com dolo ou culpa grave, tiver violado osdeveres de informação, apresentação e colaboração quepara ele resultam do CIRE, no decurso do processo deinsolvência.

CONCESSÃO EFECTIVA DO BENEFÍCIO (Art. 237º do CIRE)

• Não exista motivo para o indeferimento liminar dopedido.

• O juiz profira despacho declarando que a exoneração• O juiz profira despacho declarando que a exoneraçãoserá concedida uma vez observadas pelo devedor ascondições previstas no artigo 239.º (Cessão dorendimento disponível) durante os cinco anosposteriores ao encerramento do processo de insolvência.

• Não seja aprovado e homologado um plano deinsolvência.

• Após os cinco anos mencionados supra, e cumpridas que• Após os cinco anos mencionados supra, e cumpridas quesejam efectivamente as referidas condições, o juiz emitadespacho decretando a exoneração definitiva.

CESSÃO DO RENDIMENTO DISPONÍVEL(Art. 239º do CIRE)

• Durante os cinco anos subsequentes ao encerramento doprocesso de insolvência, o rendimento disponível que odevedor venha a auferir considera-se cedido a entidade,devedor venha a auferir considera-se cedido a entidade,designada fiduciário.

• Integram o rendimento disponível todos osrendimentos que advenham a qualquer título aodevedor, com exclusão:

1º Dos créditos futuros emergentes de contrato de trabalhoou de prestação de serviços, ou direito a prestações

1º Dos créditos futuros emergentes de contrato de trabalhoou de prestação de serviços, ou direito a prestaçõessucedâneas futuras, cedidos a terceiro anteriormente àdeclaração de insolvência, pelo período em que a cessãose mantenha eficaz.

2º Do que seja razoavelmente necessário para,designadamente, o sustento minimamente digno dodevedor e do seu agregado familiar, limitado a três vezes osalário mínimo nacional e o exercício pelo devedor da suaactividade profissional.

• Durante o período da cessão, o devedor fica aindaobrigado a:

1º Não ocultar ou dissimular quaisquer rendimentos.

2º Exercer uma profissão remunerada e a procurardiligentemente tal profissão.

3º Entregar imediatamente ao fiduciário, quando por sirecebida, a parte dos seus rendimentos objecto de cessão.

4º Informar o tribunal e o fiduciário de qualquer mudança4º Informar o tribunal e o fiduciário de qualquer mudançade domicílio ou de condições de emprego.

5º Não fazer quaisquer pagamentos aos credores dainsolvência a não ser através do fiduciário.

FUNÇÕES DO FIDUCIÁRIO (Arts. 240º e 241º do CIRE)

• A remuneração do fiduciário e o reembolso das suasdespesas constitui encargo do devedor.

• São aplicáveis ao fiduciário, com as devidas adaptações,• São aplicáveis ao fiduciário, com as devidas adaptações,os nºs 2 e 4 do artigo 38.º, os artigos 56.º, 57.º, 58.º, 59.º e62.º a 64.º; é também aplicável o disposto no n.º 1 doartigo 60.º e no n.º 1 do artigo 61.º,devendo a informação revestir periodicidade anual e serenviada a cada credor e ao juiz.

ATENÇÃO (afectação dos rendimentos):

� O fiduciário notifica a cessão dos rendimentos dodevedor àqueles de quem ele tenha direito a havê-los, eafecta os montantes recebidos, no final de cada ano emque dure a cessão:

1º Ao pagamento das custas do processo de insolvência1º Ao pagamento das custas do processo de insolvênciaainda em dívida.

2º Ao reembolso ao Cofre Geral de Tribunais dasremunerações e despesas do administrador dainsolvência e do próprio fiduciário que por aqueletenham sido suportadas.

3º Ao pagamento da sua própria remuneração já vencida e despesas efectuadas.

4º À distribuição do remanescente pelos credores dainsolvência, nos termos prescritos para o pagamento aosinsolvência, nos termos prescritos para o pagamento aoscredores no processo de insolvência.

ATENÇÃO (responsabilidade do fiduciário)

� O fiduciário mantém em separado do seu patrimóniopessoal todas as quantias provenientes de rendimentoscedidos pelo devedor, respondendo com todos os seushaveres pelos fundos que indevidamente deixe de afectaràs finalidades indicadas no número anterior, bem comohaveres pelos fundos que indevidamente deixe de afectaràs finalidades indicadas no número anterior, bem comopelos prejuízos provocados por essa falta de distribuição.

� A assembleia de credores pode conferir ao fiduciário atarefa de fiscalizar o cumprimento pelo devedor dasobrigações que sobre este impendem, com o dever de ainformar em caso de conhecimento de qualquer violação.

IGUALDADE DOS CREDORES (Art. 242º do CIRE)

• Não são permitidas quaisquer execuções sobre os bensdo devedor destinadas à satisfação dos créditos sobre ainsolvência, durante o período da cessão.

• É nula a concessão de vantagens especiais a um credorda insolvência pelo devedor ou por terceiro.

• A compensação entre dívidas da insolvência eobrigações de um credor sobre a insolvência apenas élícita nas condições em que seria admissível durante apendência do processo.

CESSAÇÃO ANTECIPADA DO PROCEDIMENTO(Art. 243º do CIRE)

Fundamentos:

1º Violação dolosa ou com negligência grave das obrigaçõesdecorrentes do artigo 239º, prejudicando a satisfação doscréditos da insolvência.decorrentes do artigo 239º, prejudicando a satisfação doscréditos da insolvência.

2º Existência de alguma das circunstâncias referidas nasalíneas b), e) e f) do n.º 1 do artigo 238.º, se apenas tiversido conhecida pelo requerente após o despacho inicialou for de verificação superveniente.

3. A decisão do incidente de qualificação da insolvênciativer concluído pela existência de culpa do devedor nacriação ou agravamento da situação de insolvência.

NOTA:

O juiz, oficiosamente ou a requerimento do devedor oudo fiduciário, declara também encerrado o incidentelogo que se mostrem integralmente satisfeitos todos oscréditos sobre a insolvência.

NOTA:

Nos casos referidos nos nºs 1 e 2, o juiz deve ouvir odevedor, o fiduciário e os credores da insolvência; aexoneração é sempre recusada se o devedor, semmotivo razoável, não fornecer no prazo que lhe sejamotivo razoável, não fornecer no prazo que lhe sejafixado informações que comprovem o cumprimento dassuas obrigações, ou, devidamente convocado, faltarinjustificadamente à audiência em que deveria prestá-las.

Legitimidade para requerer a cessação:

a) Credor da insolvência.b) Administrador da insolvência, se estiver ainda em

funções.funções.c) Fiduciário, caso este tenha sido incumbido de fiscalizar o

cumprimento das obrigações do devedor.

Prazo/Prova:

� Princípio geral: dentro do ano seguinte à data em que orequerente teve ou poderia ter tido conhecimento dosfundamentos invocados, devendo ser oferecida logo afundamentos invocados, devendo ser oferecida logo arespectiva prova.

DECISÃO FINAL E EFEITOS(Arts. 244º e 245º do CIRE)

� O juiz decide nos 10 dias subsequentes ao período de 5anos, sobre a concessão ou não da exoneração dopassivo restante do devedor, ouvido este, o fiduciário eos credores da insolvência.os credores da insolvência.

� A exoneração é recusada pelos mesmos fundamentos ecom subordinação aos mesmos requisitos por que opoderia ter sido antecipadamente, nos termos do artigoanterior.

� A exoneração do devedor importa a extinção de todos os créditos sobre a insolvência que ainda subsistam à data em que é concedida.

A exoneração não abrange, porém:

1º Os créditos por alimentos.2º As indemnizações devidas por factos ilícitos dolosos

praticados pelo devedor, que hajam sido reclamadaspraticados pelo devedor, que hajam sido reclamadasnessa qualidade.

3º Os créditos por multas, coimas e outras sançõespecuniárias por crimes ou contra-ordenações.

4º Os créditos tributários.

REVOGAÇÃO DA EXONERAÇÃO (Art. 246º do CIRE)

• Fundamentos: A exoneração do passivo restante érevogada provando-se que o devedor incorreu emalguma das situações previstas nas alíneas b) e seguintesdo n.º 1 do artigo 238.º, ou violou dolosamente as suasobrigações durante o período da cessão, e por algumdo n.º 1 do artigo 238.º, ou violou dolosamente as suasobrigações durante o período da cessão, e por algumdesses motivos tenha prejudicado de forma relevante asatisfação dos credores da insolvência.

• Prazo: A revogação apenas pode ser decretada até aotermo do ano subsequente ao trânsito em julgado dodespacho de exoneração; quando requerida por umcredor da insolvência, tem este ainda de provar não tertido conhecimento dos fundamentos da revogação até aomomento do trânsito.

• Procedimento: Antes de decidir a questão, o juiz deveouvir o devedor e o fiduciário.

• Efeitos: A revogação da exoneração importa areconstituição de todos os créditos extintos.reconstituição de todos os créditos extintos.

PUBLICAÇÃO E REGISTO (Art. 247º do CIRE)

� Os despachos iniciais, de exoneração, de cessaçãoantecipada e de revogação da exoneração são publicadose registados, nos termos previstos para a decisão deencerramento do processo de insolvência, nos termosencerramento do processo de insolvência, nos termosdos arts. 37º e 38º do CIRE.

APOIO JUDICIÁRIO (Art. 248º do CIRE)

O devedor que apresente um pedido de exoneração dopassivo restante beneficia do diferimento do pagamentodas custas até à decisão final desse pedido, na parte emque a massa insolvente e o seu rendimento disponíveldurante o período da cessão sejam insuficientes para odurante o período da cessão sejam insuficientes para orespectivo pagamento integral, o mesmo se aplicando àobrigação de reembolsar o Cofre Geral dos Tribunais dasremunerações e despesas do administrador dainsolvência e do fiduciário que o Cofre tenha suportado.

• Sendo concedida a exoneração do passivo restante, éaplicável ao pagamento das custas e à obrigação dereembolso referida, o disposto no artigo 65.º do Códigodas Custas Judiciais, mas sem subordinação ao períodomáximo de 12 meses previsto no respectivo n.º 1.

• Se a exoneração for posteriormente revogada, caduca aautorização do pagamento em prestações, e aosmontantes em dívida acresce a taxa de justiçaequivalente aos juros de mora calculados como se obenefício previsto no n.º 1 não tivesse sido concedido.

• O benefício previsto no n.º 1 afasta a concessão dequalquer outra forma de apoio judiciário ao devedor,salvo quanto à nomeação e pagamento de honorários depatrono.patrono.

REQUERIMENTO INICIAL

EXMO. SENHOR JUIZ DE DIREITO DOS JUÍZO DO COMÉRCIO DO TRIBUNAL DA COMARCA DE [•]

[•], casado, BI [•], NIF [•], residente na [•] vem ao abrigo do disposto nos artºs 18º e segs. do Código da Insolvência e Recuperação de Empresas (CIRE), REQUERER A SUA APRESENTAÇÃO À INSOLVÊNCIA, nos termos e com os fundamentos seguintes: I – PETIÇÃO DE INSOLVÊNCIA

1.º O Requerente exerceu o cargo de vogal do Conselho de Administração da sociedade [•].

2.º Data em que foi declarada a respectiva insolvência no âmbito do processo que, sob o n.º [•] corre os seus termos pelo Juízo do Comércio do Tribunal Judicial da Comarca da [•] e que foi requerido pela própria [•] (cf. Doc. 1 que se junta e cujo conteúdo aqui se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais).

3.º No âmbito da sua actividade, a [•] solicitou diversos financiamentos bancários, tendo a Banca, em vários casos, condicionado a respectiva concessão à prestação de aval por parte do aqui Requerente e de outros administradores.

4º Assim foi com […];

5º Foi porque em meados de 2009 a [•] se viu na impossibilidade de cumprir as suas obrigações vencidas, que esta empresa decidiu apresentar-se à insolvência. obrigações vencidas, que esta empresa decidiu apresentar-se à insolvência.

6º Tendo, porém em vista, não o seu encerramento, mas a sua recuperação,

7º Na qual acreditava, tal como o aqui Requerente, contanto para o efeito contasse do apoio dos seus credores.

8º […]

II – PEDIDO DE EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE

31º O estado de insolvência em que o Requerente se encontra, resulta, unicamente, dos avais prestados à [•].

32º O Requerente não tem, por isso, culpa na sua insolvência, como não teve a [•], cuja insolvência foi declarada fortuita – Cf. Doc. 5 , que se junta e cujo conteúdo aqui se dá por insolvência foi declarada fortuita – Cf. Doc. 5 , que se junta e cujo conteúdo aqui se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais.

33º Assiste ao Requerente o direito de peticionar a este Tribunal a concessão do benefício da exoneração do passivo restante, ex vi artigos 235.º e 236.º, n.º 1 do CIRE.

34º O agregado familiar do Requerente é composto por si, sua esposa, um enteado ([•]) e um filho ([•]) o primeiro com 11 anos de idade e o segundo com 5.

35º Como já acima se referiu, o Requerente prevê vir a auferir uma remuneração média mensal líquida de € 1.940,00, sendo que não aufere de quaisquer outros rendimentos.

36º Nos últimos 3 anos o Requerente foi proprietário dos seguintes bens:

• Veículo automóvel, da marca [•], com a matrícula [•], que se encontrava registado em nome do Requerente mas que foi adquirido com recurso a crédito liquidado com fundos quer do Requerente quer da sua esposa, [•]; em Fevereiro de 2009 o Requerente cedeu esse veículo à sua esposa que dele necessitava para efeitos de suas deslocações a [•], onde labora (cf. documento que protesta juntar).

• 3.550 acções do [•] e 200 acções do [•], que cedeu a sua esposa [•], em [•], como modo de compensá-la pelos maiores encargos que vinha suportando com o agregado familiar, em virtude da ausência de rendimentos do com o agregado familiar, em virtude da ausência de rendimentos do Requerente. Tais acções, como é do conhecimento público, têm, neste momento, como já tinham naquela altura, um valor perfeitamente residual (cf. documento que protesta juntar).

• Duas apólices de complemento de reforma que detinha junto da [•], que resgatou em Fevereiro de 2009 e que lhe renderam € 20.810,00 (cf. documento que protesta juntar).

• Apólice [•] que detinha junto da [•], que resgatou em Fevereiro de 2009 e que lhe rendeu € 3.102,16 (cf. documento que protesta juntar).

37º O Requerente usa circular de carro, usando, para o efeito, o veículo automóvel da marca [•], com a matrícula [•], de propriedade da [•]. e dada em leasing à empresa [•], da qual é sócio e gerente não remunerado (cfr. documento que protesta juntar).

38º O último rendimento regular que o Requerente auferiu foi enquanto administrador da sociedade [•].

39º Desde que esta entrou em insolvência o Requerente tem sobrevivido (comparticipado no encargos do seu agregado familiar e suportado as despesas inerentes à sua actividade profissional) com recurso:

• A um maior esforço de sua esposa no suporte dos encargos do agregado familiar;

• Com o produto do resgate das apólices de seguro que detinha na [•] e que se encontram acima referidos.

• Com a venda, em Dezembro de 2009, de 1185 acções da [•], que lhe rendeu • Com a venda, em Dezembro de 2009, de 1185 acções da [•], que lhe rendeu € [•] (cf. documento que protesta juntar);

• Com as devoluções de IRS referentes aos anos de 2008 e 2009, nos montantes de € [•] e € [•] (cf. documento que protesta juntar)

• Com recurso a diversos empréstimos e ao uso de cartões de crédito (cf. indicado na relação de credores, nomeadamente: i) [•]; ii) dívidas de cartão de crédito a [•],[•],[•] e cartão [•]).

40º

Sua esposa aufere actualmente a quantia líquida de € 1.253,01 (cf. Doc. 6 que se junta e cujo conteúdo aqui se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais).

41º

Pelo que o rendimento líquido mensal do seu agregado familiar será de aproximadamente € 3.193,00.

42º São despesas necessárias ao sustento minimamente digno do seu agregado familiar, as seguintes:

• Despesas de Supermercado (alimentação e outros produtos para o lar) – cerca de € 500 mensais;

• Despesas escolares com seu filho [•] - € 240 mensais (cf. Doc. 7 que se junta e cujo conteúdo aqui se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais); conteúdo aqui se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais);

• Despesas escolares com seu Enteado [•] - € 60 mensais; • Despesas de saúde - € [•] mensais; • Despesas relacionadas com a casa morada de habitação (empréstimo habitação e

seguros associados) - € 787,10 mensais (cf. Doc. 8); • Água, luz e electricidade - € 150,00 mensais. • Despesas de deslocações e alimentação da esposa do Requerente, que com este

reside em [•] e que trabalha no [•], nas Caldas da Rainha, para onde se desloca diariamente - € 600,00 mensais.

43º Desde já se requerendo a V. Exa. se digne excluir do rendimento disponível a entregar ao fiduciário, para efeitos de exoneração do passivo restante, a quantia necessária para fazer face às despesas acabadas de referir.

44º Comprometendo-se o insolvente a entregar ao fiduciário que este Tribunal designar a totalidade do seu rendimento disponível, conforme este Tribunal decidir.

45º 45º O Requerente compromete-se a cumprir, escrupulosamente, com todas as prescrições contidas no artigo 239.º, n.º 4 do CIRE.

46º Não ocorrem quaisquer das circunstâncias que motivam o indeferimento liminar do pedido de exoneração, plasmadas no artigo 238.º, n.º 1 do CIRE.

47º Nos termos do disposto no artigo 236.º, n.º 3 do CIRE, o Requerente expressamente declara cumprir todos os requisitos para a concessão do benefício e estar disposto a observar todas as condições que, para o efeito, se encontram previstas no CIRE.

Nestes termos, e nos melhores de direito, deve a presente acção ser julgada procedente, por provada e, em consequência ser declarada a insolvência do Requerente e, nos termos do disposto no artigo 239.º, n.º 1 do CIRE, proferido despacho inicial de concessão do benefício da exoneração do passivo restante.

Para o desempenho do cargo de Administrador da Insolvência sugere-se a Exma. Sra. Dra. [•].

Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo). Junta: procuração forense e comprovativo do pagamento da taxa de justiça. Junta no prazo legal - 8 documentos, Relação de credores, Relação de Bens, Relação de Processos Judiciais instaurados contra o Requerente, Documento elaborado nos termos do disposto no artigo 24.º, n.º 1, c) do CIRE, que somente não seguem junto à presente dado a sua dimensão exceder os 3Mb suportados pela plataforma CITIUS.

O ADVOGADO

DESPACHO DE EXONERAÇÃO

CONCLUSÃO - [•]-[•]-[•](Termo electrónico elaborado por Escrivão [•])

=CLS=[•], veio simultaneamente com o pedido de declaração da insolvência, pedirque lhe seja concedida a exoneração do passivo restante, nos termos dodisposto nos artigos 235º e segs. do Código da Insolvência e da Recuperaçãode Empresas (C.I.R.E.).de Empresas (C.I.R.E.).Foi realizada a assembleia de apreciação do relatório, ouvidos os credores e oSr. Administrador da Insolvência.

Vieram os credores [•] e [•] opor-se ao deferimento do pedido formulado.Compulsados os autos não se verifica, porém, nenhuma das causas que nos termos dodisposto no artigo 238º nº 1 do CIRE determina o indeferimento liminar do pedido deexoneração do passivo restante.Assim e ao abrigo do disposto nos artigos 237º b) e 239º nº 1 do CIREpassa-se a proferir despacho inicial relativamente ao pedido de exoneração dopassivo restante, nos seguintes termos:

Concede-se ao devedor [•] a exoneração do passivo não pago integralmente no presenteprocesso de insolvência, desde que venham a ser por ele observadas as seguintescondições previstas nos nºs 3 e 4 do artigo 239º do CIRE, durante o período de cessão,correspondente aos cinco anos subsequentes ao encerramento do processo deinsolvência:

a) Ceder ao fiduciário a final designado, o rendimento disponível que venha a auferir, nele se integrando todas e quaisquer quantias que advenham ao seu património e queexcedam mensalmente duas vezes o valor do salário mínimo nacional estabelecido paracada ano civil, actualmente fixado em € 485,00 mensais (cfr. Decreto-Lei 143/2010, de 31excedam mensalmente duas vezes o valor do salário mínimo nacional estabelecido paracada ano civil, actualmente fixado em € 485,00 mensais (cfr. Decreto-Lei 143/2010, de 31de Dezembro);

b) Não ocultar ou dissimular quaisquer rendimentos que aufira por qualquer título, ainformar o Tribunal e o fiduciário sobre os seus rendimentos e o património na forma eno prazo em que isso lhes seja requisitado;

c) Exercer uma profissão remunerada, não a abandonando sem motivo legítimo;

d) Entregar imediatamente ao fiduciário, quando por si recebida, a parte dos seusrendimentos objecto de cessão;

e) Informar o Tribunal e o fiduciário de qualquer mudança de domicílio ou de condiçõesde emprego, no prazo de 10 dias após a respectiva ocorrência, bem como, quandosolicitado e dentro de igual prazo, sobre as diligências realizadas para a obtenção deemprego;

f) Não fazer quaisquer pagamentos aos credores da insolvência a não ser através dofiduciário e a não criar qualquer vantagem especial para algum desses credores.Como fiduciário nomeio o Dr. [•], com domicílio profissional em [•].

Notifique, publicite e registe em conformidade com o disposto no artigo 38º nº 2 e 4 doCIRE, aplicáveis por força do disposto no artigo 240º nº 2 do mesmo diploma legal.

Texto elaborado em computador e integralmente revisto pela signatária.

[•],[•] de [•] de 2010

O/A Juiz de Direito,

Obrigado.

António Raposo Subtil