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Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Disciplina de Neuropediatria Ambulatório de Desvios da Aprendizagem - ADAN Lara Cristina Antunes dos Santos Neuropediatra- CRM 75844 Neurologia Infantil, Ensino e Inclusão - A Interface com a Educação Desafios do professor e Inclusão. Transdisciplinaridade e Neurologia Infantil.

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Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia

Disciplina de Neuropediatria – Ambulatório de Desvios da Aprendizagem - ADAN

Lara Cristina Antunes dos Santos – Neuropediatra- CRM 75844

Neurologia Infantil, Ensino e

Inclusão - A Interface com a

Educação

Desafios do professor e

Inclusão.

Transdisciplinaridade e

Neurologia Infantil.

Neurologia, ensino e inclusão

ADAN- Ambulatório de Desvios da Aprendizagem da Neuropediatria

Equipe de avaliação – programação de estratégias

Transdisciplinaridade

Psicologia/ Neuropsicologia Fonoaudiologia

Pedagogia Terapia Ocupacional

Ainda – terapias e estratégias Parceria com as escolas Escola, família, saúde

Prevenção

Parecer do Conselho Federal de Educação (36074 – relatório)

PROPÕE o sistema de avanços progressivos

[...] o sistema de avanços implica na adequação dos objetivos

educacionais às potencialidades de cada aluno, agrupando por

idade e avaliando o aproveitamento do educando em função de

suas capacidades. [...] Não existe reprovação. A escolaridade do

aluno é vista num sentido de crescimento horizontal; o

aproveitamento, numa linha de crescimento vertical. Pelo

regime de avanços progressivos, o aproveitamento escolar

independe da escolaridade, ou seja, do número de anos que a

criança frequenta a escola.

(SOUSA, 1998, p. 87)

ORGANIZAÇÃO NÃO SERIADA

LDB no 9.39496, artigo 23, fica instituída

possibilidade da implantação dos ciclos.

A educação básica poderá organizar-se em séries

anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância

regular de períodos de estudos,

grupos não-seriados, com base na idade, na

competência e outros critérios, ou por forma

diversa de organização, sempre que o

interesse do processo de aprendizagem assim o

recomendar

(LDB, 1996, artigo 23).

http://www.stellabortoni.com.br/index.php/artigos/628-iiilos-

paogaissao-iootiouaia-i-apaovaiao-automatiia Ciclos, Progressão Continuada e Aprovação

Automática:contribuições para a discussão

Educação: teoria e prática, Rio Claro, SP, Brasil - eISSN: 1981-8106

Progressão continuada – NÃO- REPROVAÇÃO

...o aluno passa automaticamente pelas séries, mas é avaliado ao longo e ao final

de um ciclo. Quem não aprende adequadamente deve passar pelos processos de

“aceleração”, também conhecido como recuperação.”

...”aprovação automática” dos alunos... a progressão foi adotada, no Brasil, sem

se mudar as condições estruturais, pedagógicas, salariais, de formação dos

professores e outras necessárias ao desenvolvimento de um verdadeiro projeto de

progressão continuada. Outros consideram um importante projeto para

solucionar o problema da reprovação e evasão dos alunos.

MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete progressão continuada. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível em: <http://www.educabrasil.com.br/progressao-continuada/>. Acesso em: 30 de mar. 2016.

ESCOLA: Dificuldade de aprendizagem Transtorno de Aprendizagem

TDAH Dislexia

Superdotação/Altas habilidades

Inclusão

Deficiente Intelectual

Físico

Sensorial

Autista

Superdotação

Deficiências Múltiplas

X APAEs

Diferença entre progressão continuada e

aprovação automática:

“[...] a criança avança em seu percurso

escolar em razão de ter se apropriado,

pela ação da escola, de novas formas de

pensar, sentir e agir”; e, na promoção

automática, a criança “[...] permanece na

unidade escolar, independentemente de

progressos terem sido alcançados”

(SÃO PAULO (Estado), 1998a, p. 2-3)

PROCURA POR ATENDIMENTOS- LAUDOS- ADAN

PASSAM DE ANO SEM APRENDER

PAIS PEDEM RETENÇÃO

APAE ENSINO REGULAR (saúde X educação)

MENOR INVESTIMENTO DE EDUCADORES (1 ANO COM O ALUNO)

Sem preparo para a recepção dos “especiais”

Professores devem buscar parcerias com médicos e outros profissionais; (Reis & Camargo, 2008) Lidar com esses alunos sentimentos intensos (irritação, impaciência, receio, cansaço, perplexidade, perturbação) estranhamento e desconforto

ideal Visão parcial posição de espera por uma solução externa Forma com que lida determina o desenvolvimento psicológico do aluno e o crescimento da comunidade escolar. (Landskron & Sperb , 2008)

“...educadores, o único grupo profissional no qual parte dos entrevistados (uma parcela

expressiva) afirmou que o TDAH não é uma doença...para 77% dos

educadores, a prática do esporte é mais vantajosa para o hiperativo do

que o uso de medicamentos. É preocupante que grupos em posição privilegiada para triar e encaminhar

possíveis casos de TDAH para especialistas não estejam

adequadamente informados: a eficácia da prática de esportes não é respaldada por estudos científicos”

(Gomes, Palmini, Barbirato, Rohde & Mattos, 2007)

Porém:

Prejuízo na qualidade de vida maior ansiedade

Impacto significativo na qualidade de vida

e saúde psicossocial Menor percepção de bem estar do que doenças

crônicas como câncer e diabetes

(Zambrano-Sánchez, Martínez-Cortés, del Río-Carlos, Dehesa-Moreno & Poblano, 2012).

No mesmo

espaço/tempo :

Desajustes emocionais, psiquiátricos, familiares, socioeconômicos, religiosos, fome, preconceito, desatenção, epilepsia, ADNPM, hiperatividade, dislexia, retardo mental, deficiências, TDAH, encefalopatias, s. genéticas, anemia, alergia, abuso, infecções, drogas, delinquência, superdotados, bullying, avaliações, ensino especial

ÍNDICES BÔNUS (mudança recente)

AEE / Sala de recursos

http://www.educacao.sp.gov.br/reorganizacao-progressao-continuada

2014:

Municípios X Estado

Ao ser promovido para o sexto ano

APAE – não pode haver “recuo de série”

Estado – algumas cidades não oferecem o mesmo suporte das escolas do município

Alunos que frequentam somente sala de recursos pedem atestado para não perderem a bolsa

Caso 1:

N., femin., 10 anos de idade.

Surdez progressiva , leitura labial , uso de aparelho auditivo, intérprete

Bom rendimento escolar, quadro de Síndrome de Tourette

Boa resposta à medicação

Reforço escolar

Caso 2 J., masc., 15 a, APAE desde 1 ano de idade. Aos 13 anos ensino inclusivo (RM Leve) com monitor. Não tem notas, provas, tarefas.

Depressão, involução, TOC.

Foi matriculado no sexto ano, sem a mãe saber 2016- sem monitor, então não pode ir

APAE não aceita por conta do recuo de série

Mãe diz: armadilha; escola enviou à APAE quem tem alteração de comportamento. Se falta, o conselho vai na casa...

A mãe que tem de ficar na escola Deram cigarros para um menino

A menina que se perdeu em dois quarteirões Não podem levar no contraturno, nem às terapias,

então não frequentam Pedidos aos promotores

Querem somente a sala de recursos

REJEIÇÃO

INCLUSÃO??

Quais são os indivíduos a serem incluídos

•O que cada um deles precisa?

• Como saber o que cada um precisa?

• Como proporcionar o que é de cada um por direito ?

• = “Desafios da inclusão”

Parcerias são necessárias para definir “diagnósticos” e estratégias

Professor- escola Equipe

Família- aluno Rede de suporte

Não bastam: falta a inclusão ser inclusiva =

admitir exceções

Desenvolver o máximo de suas potencialidades

• É um direito de todos

• E um dever de todos proporcionar condições para tal

• Sem preconceito e discriminação

• Requer comprometimento,estudo, aprofundamento… …e amor!

• Juntos, continuamos fazendo o nosso máximo

• A professora pergunta à menina:

-”O que você está desenhando?”

-”Deus”.

-”Mas ninguém sabe como Deus é!”

-”Saberão em instantes”...

A melhor forma de aprender é

brincar! Uma forma de

amar é ensinar...

“O amor, para auxiliar, aprende a

repetir”

Sistema Nervoso

Central:

Embriologia

Anatomia

Fisiologia

Neuroplasticidade

ÍNDICE:

• 1-INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC)

• 2-ASPECTOS ANATÔMICOS E FUNCIONAIS DO NEURÔNIO, SINAPSES E IMPULSO NERVOSO

• 3-ORGANIZAÇÃO ANATÔMICA E FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO

• 4-PRINCIPAIS SISTEMAS SENSORIAIS DO ORGANISMO

• 5-SISTEMA MOTOR SOMÁTICO

• 6-DESENVOLVIMENTO ONTOGENÉTICO E FILOGENÉTICO DO SNC

EMBRIOLOGIA

• 7-NEUROPLASTICIDADE CEREBRAL

• 8-APRENDIZAGEM, MEMÓRIA E SUAS RELAÇÕES COM A NEUROPLASTICIDADE

• 9-EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS EM NEUROPLASTICIDADE E RELAÇÕES COM APRENDIZAGEM

NEUROCIÊNCIAS: TENTATIVA DE COMPREENDER o cérebro:

DESENVOLVIMENTO, QUÍMICA, ESTRUTURA, FUNÇÃO E PATOLOGIA DO SISTEMA

NERVOSO.

OBJETIVO: EXPLICAR O MECANISMO USADO PELO CÉREBRO PARA CONTROLAR AS

FUNÇÕES MENTAIS(SUPERIORES)/AÇÕES.

CLASSIFICAÇÃO: MOLECULAR (NEUROQUÍMICA)

CELULAR (NEUROCITOLOGIA)

SISTÊMICA (SISTEMAS FUNCIONAIS):

-NEUROANATOMIA (HISTOLOGIA)

-NEUROFISIOLOGIA (ASPECTOS FUNCIONAIS)

COMPORTAMENTAL (PSICOBIO/FISIOLOGIA)

COGNITIVA (NEUROPSICOLOGIA)

(Multi/Inter/Transdisciplinaridade) LENT,2010

1- Introdução:

#O SNC pode ser estudado de vários modos, com objetivos

diferentes e através de diversos enfoques.

#TUDO que nos individualiza está sendo processado no CÉREBRO.

#TUDO que está sendo processado gera mudanças, transitórias ou

não.

Aprendizagem:

-processo neurológico

-produz modificações para melhor

adaptação do indivíduo ao seu meio

como resposta à solicitação interna ou

externa.

-ocorre no “SNC”.

Injúrias X SNC em desenvolvimento

Motivos/objetivos:

- Compreender a aprendizagem e seus desvios com enfoque Científico. - Conhecimento = combate ao preconceito.

2 -ASPECTOS ANATÔMICOS E

FUNCIONAIS DO NEURÔNIO;

-SINAPSES E

IMPULSO NERVOSO

Dicionário

Neurônios – aspectos anatômicos

Unidade morfofuncional fundamental do SNC: Produz e veicula sinais elétricos = informações codificadas. Gliócito: unidade de apoio que interfere na Comunicação entre os neurônios Tipos de glia:

Astrócitos-SNPeriférico=Cél. de Schwann. Oligodendrócitos-> bainha de mielina. (macroglia) Microgliócitos- microglia= Sistema Imunitário do SN.

Corpo neuronal-> dendritos (“pequenos ramos de árvore”): recebem informações.

Axônio (fibra nervosa)->Telodendro (“ramos distantes”): único; saída de informações. Formam tratos ou feixes.

Bainha de mielina: isolante; maior velocidade de condução = (20m/s=72km/h): da medula-> pé: 20 milésimos de segundo.

Botões de contato

Redes neuronais

Canais moleculares da membrana neuronal

Impulso nervoso

Aspectos funcionais

DRA. NIURA AP. MOURA R. PADULA

Impulso Nervoso:

Sinais elétricos: diferença de potencial: impulso

nervoso ou potencial de ação (corpo neuronal: centenas por segundo) = sinais de um código (Principal).

Sinapse: região de contato entre um terminal de

uma fibra nervosa e um dendrito ou o corpo (ou axô- nio) de uma segunda célula, com poder de modulação dos sinais elétricos (bloqueio parcial ou completo, mul- tiplicação (Transfere e transforma). Milhares para cada neurônio.

Sinapse:

-Liberação de

neurotransmissores

-Progressão do estímulo

modificado ou não.

DIFICULDADE EM TAREFAS COM ESFORÇO MENTAL

CONTINUADO

3-Organização anatômica e funcional do SN:

SN-> funções: sensora, efetora, integradora e reguladora.

-Central (encéfalo e medula) -Periférico (nervos espinhais e cranianos) Hemisférios cerebrais Corpo caloso Tronco cerebral Lobos cerebrais Cerebelo (lobos) Crânio Meninges Ventrículos- Líquor SNP: Autônomo (SNA) Somático (fibras sensitivas/motoras) Aferentes/eferentes

Aferentes e eferentes somáticas: medeiam reflexos musculares esqueléticos. SNAutônomo: (visceral) impulsos sensitivos viscerais<-> motores viscerais. Sistema nervoso simpático / parassimpático.

4-Sistemas sensoriais:

4- Sistema Sômato-Sensorial:

Sensação Somática: tato, dor, temperatura e propriocepção

(Percepção consciente: L. Parietal).

Receptores sensoriais(mecano e termorreceptores,

nociceptores).

Trajeto ascendente das fibras sensoriais.

Pontos de cruzamento; Áreas corticais.

O Sist. Sômato-sensorial é independente: cada trato medeia

uma modalidade sensorial com organização somatotópica.

Espino-talâmico anterior:

Tato difuso do corpo

5-Sistema motor somático:

-Controle motor voluntário -Musculatura estriada esquelética

Organização somatotópica do

córtex motor

Desenvolvimento filo e ontogenético:

Filogênese do SNC - representa a história do desenvolvimento do SNC segundo as espécies. Ontogênese do SNC - representa a história do desenvolvimento do SNC segundo um determinado indivíduo. Lei de Haeckel - os estádios evolutivos da ontogênese recapitulam as grandes etapas evolutivas da filogênese.

Telencefalização - migração evolutiva dos centros de integração de informação para as estruturas filogenéticas mais recentes. Girencefalia - plissamento e enrugamento dos hemisférios. Cerebração - processo histológico que conduz à estratificação da camada cinzenta cortical.

Embriologia Embrião – até 8 semanas

Feto- de 8 semanas ao nascimento

Ectoderme- pele, cabelos, olhos e SNC

5- 8 semanas- 250 mil neurônios por minuto

Até 12 semanas- audição

Até 20 semanas- cordas vocais funcionam

27 semanas- abertura pálpebras

Estímulo (informação

sensorial)-> Processamento

-> modificações

->Resposta (ato motor)->

Memória

6-Aprendizagem e memória: relação com a neuroplasticidade, Experiências práticas e relação com a Educação:

Atenção: Orientação Motora

Orientação do corpo e direcionamento dos

sentidos para manter o estímulo em foco.

Modulada por:

• Córtex parietal posterior

• Gânglios basais

• Córtex fronto – parietal

• Tálamo

Anormalidade nas conexões fronto- estriatais e intercorticais (corpo caloso): Desregulação da atividade parieto-cortical inibitória, predominantemente noradrenérgica (inibe os estímulos indesejáveis que levam à dispersão) - Sistema Posterior da Atenção (seleção e orientação para estímulos adequados)

Sistema límbico:

• Hipocampo: Memória

• Amígdala: Alarme

• Núcleo Acumbens: Prazer

Desregulação da atividade fronto-

estriatal, predominantemente

dopaminérgica (processamento das

informações detectadas e elaboração da

resposta adequada) - Sistema Anterior da

Atenção (processo executivo da atenção)

• Leva a déficits na resposta inibitória e

outros déficits na função executiva.

(Zametkin, J Am Acad Child Adolesc Psychiatry 1987; Pliszka SR et al, J Am Acad Child Adolesc Psychiatry 1996;35:264-272).

Tomografia de emissão de pósitron (PET scan) mostrando

baixo nível de proteínas transportadora de dopamina no

nucleus accumbens de um paciente com TDAH, quando

comparado com um sujeito controle (Imagem do

DOE/Brookhaven National Laboratory).

Funções do Córtex Pré-frontal • Atenção

• Perseverança

• Julgamento

• Controle do impulso

• Organização

• Automonitorização e supervisão

• Resolução de problemas

*Pensamento crítico

*Pensamento antecipado

*Aprender com a experiência

*Habilidade de sentir e de

expressar emoções

*Interação com o sistema límbico

*solidariedade

Neuroplasticidade

Avaliação Neurológica

Anamnese

Exame físico e neurológico

EEG e Neuroimagem