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Nesta EdiçãoCapaCapa – O Cunho Simbólico da Iniciação.................................CapaEditorialEditorial.........................................................................................2 Matéria da Capa –Matéria da Capa – O Cunho Simbólico da Iniciação.................3Destaques Destaques – A Ordem dos Oculistas.........................................4 Informe CulturalInforme Cultural – IV Seminário Maçônico de Jacarepaguá-RJ....5Academia da LeituraAcademia da Leitura – Transa Gramatical...............................5

Trabalhos Trabalhos - Os Cinco Tipos de Discípulo...................................................7 - Consciência Maçônica..............................................................8 - A Desigualdade na Vida........................................................10ReflexõesReflexões – Passe de Mágica......................................................13LançamentosLançamentos – Livros.................................................................14

Editorial"Há tempos, imaginávamos como poderíamos contribuir para uma Maçonaria melhor."Há tempos, imaginávamos como poderíamos contribuir para uma Maçonaria melhor. Intuídos, certamente, pelos Mestres Espirituais, fomos levados a criar esta Revista. AoIntuídos, certamente, pelos Mestres Espirituais, fomos levados a criar esta Revista. Ao

comemorarmos cinco anos de profícua existência, podemos afirmar, sem medo decomemorarmos cinco anos de profícua existência, podemos afirmar, sem medo de errar, que estamos fazendo a nossa parte! errar, que estamos fazendo a nossa parte!

(Feitosa – Revista Arte Real )(Feitosa – Revista Arte Real )

á pouco tempo, vivíamos a expectativa de como seria o mundo no ano 2000. Articulavam-se na mídia de então, diversas previsões sobre o fim dos

tempos. Presenciamos absurdos como suicídios em massa e as mais loucas atitudes de indivíduos sem consciência dos desígnios de Deus. Novamente, a história se repete com a entrada de 2012 e a divulgação na Internet de mensagens apocalípticas, verdadeiro terrorismo emocional. Tal multidão, ainda inconsciente, pergunta se vai cumprir-se a interpretação de alguns “pseudoprofetas” sobre o Calendário Maia.

HH

É interessante notarmos, ao revermos a história, que boa parte da humanidade, sempre, portou-se assim: descrente e longe dos ensinamentos dos Avataras, ofuscada pelo falso brilho das coisas materiais.

O dia 21 de dezembro deste ano, para esses, será o final do mundo, tomando-se por base as previsões catastróficas que insistem em veicular nos mais diversos meios de comunicação, implantando um desequilíbrio emocional nos mais desavisados.

A falta de entendimento em assuntos como Vida pós-Morte, Lei do Carma e da Reencarnação, dentre outros, faz esse “rebanho” ser conduzido como gado, atendendo a interesses de alguns. Sem vontade própria, permite ser manipulado pelo comércio sacerdotal de algumas religiões, que o levam a buscar fora o que, sempre, esteve dentro de cada um de nós.

Preguiçoso que é, aceita o engodo de sua “salvação”, depositando oferta, dízimo, ou o nome que queiram dar, submetendo-se a simpatias, sacrifícios, ou, até mesmo, a

autoimolação, como se Deus quisesse seu sacrifício, e não a manifestação de sua bondade para o próximo.

Como na Atlântida, caso se confirmem as previsões terroristas de tal Armagedon, morrerá abraçada ao seu patrimônio efêmero, conquistado com o sacrifício de toda uma vida, implorando por salvação. Pobre humanidade em seu caminhar a lugar nenhum!

Sinceramente, também, esperamos que chegue o fim do mundo. Sim, mas desse mundo materialista,

consumista e descrente, onde o “ter”, cada vez mais, sobrepõe-se ao “ser”. Onde o acúmulo de bens, mesmo à custa da vida de outrem, é o que mais importa.

A natureza vem cobrando seu preço, e a conta a ser paga não é pequena.

Mas é claro que esse assunto só receberá a devida atenção de alguns, após o Carnaval.

Afinal, tudo, na terra do samba e do futebol, só começa após a semana do Carnaval.

Provavelmente, com a vinda de um novo Avatara, anunciado por uns como “a volta do Cristo”, “Maitreia”, “o Cristo Universal”, corre-se o grande risco, novamente, de tal humanidade matá-lo.

Enfim, folheando as páginas do Livro da Vida, vamos ler a mesma história. De novo, alguns serão chamados, e poucos vão ser escolhidos. Eis a razão da existência de uma Escola de Iniciação como a nossa: buscar, na grande massa, aqueles que têm potencial de consciência para serem despertados, a fim de que, através de sublimes ensinamentos, possam ser guiados no caminho “de volta à Casa do Pai”.

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Por esse mesmo motivo, escolhemos como Matéria da Capa “O Cunho Simbólico da Iniciação”, de autoria do meu querido Irmão João Camanho, Revisor desta Revista, para abrilhantar esta edição e conscientizar nossos leitores quanto à importância da Iniciação. Ainda, dentro deste enfoque, a coluna Informe Cultural anuncia a palestra, que estaremos ministrando no Seminário do R∴E∴A∴A∴, promovido pela ARLS Isabel Domingues nº 109, GLMERJ, em Jacarepaguá, no Oriente do Rio de Janeiro, “A Iniciação Maçônica Comentada Esotericamente”. Corroborando com o tema, estamos publicando, também, na coluna Trabalhos, as matérias “Os Cinco Tipos de Discípulos” e “Consciência Maçônica”.

Enfim, chegamos a 60ª edição ininterrupta, em um período de 5 anos de muito trabalho, iniciado em 24 de

fevereiro de 2007. O aniversário é nosso, mas o presente, sempre, será de vocês, que nos acolhem, carinhosamente, a cada edição.

Rogamos ao G∴A∴D∴U∴ que nos conceda a oportunidade, a consciência e a sabedoria, para estarmos à frente deste altruístico trabalho pelo tempo que possamos ser útil aos nossos Irmãos, informando e, principalmente, conscientizando-os nos mais diversos assuntos. Consciente de que somos, apenas, um canal dos ensinamentos dos excelsos Mestres de Sabedoria, vimos agradecer, humildemente, esta oportunidade de poder bem servir nossa Ordem, assim como a todos nossos Colaboradores e Parceiros Culturais, que viabilizam este nobre trabalho!

Encontrar-nos-emos na próxima edição! ?

Matéria da CapaO CUNHO S IMBÓLICO DA INICIAÇÃO

João Camanho eus Irmãos, as provas iniciáticas, a que somos submetidos, revestem-se de um cunho altamente simbólico, que nos compete entender.MM

Vamos tentar elucidar o momento mais importante da Iniciação. No nosso modesto ponto de vista, é quando somos colocados na Câmara de Reflexões, um lugar escuro, uma caverna, representando um dos elementos da natureza: a terra. Esse local é um símbolo de alta transcendência, revelando um salto no nosso interior e apontando-nos que devemos morrer para o mundo profano, a fim de renascermos para o mundo subjetivo. Em outras palavras, simbolicamente, mergulhamos no misterioso plano abstrato, buscando conectar-nos com nosso_Eu Verdadeiro, nossa Individualidade, nosso Espírito, essa Centelha Divina, que arde em todas as coisas e nos permitirá livrar-nos dos grilhões do nosso eu ilusório, nossa personalidade, que, infelizmente, aferra-nos aos aspectos transitórios do mundo objetivo.

A relevância do estudo desse Simbolismo é, justamente, proporcionar-nos as ferramentas com que poderemos desbastar a pedra bruta, estado em que a grande maioria da humanidade se encontra. Tal prática nos dará a possibilidade de entender que os símbolos não são mera decoração dos Templos, como muitos pensam. Ao contrário, são a alma dinâmica de todo ensinamento iniciático. Voltaire, filósofo francês do Século das Luzes, reconheceu a importância do Simbolismo, ao dizer que tal Instituição

“evitou sempre a queda do homem na mais degradante animalidade”. Os símbolos contam-nos, por exemplo, a vida do ser humano, entendendo-o como uma réplica do universo (a unidade na diversidade), já que o Macrocosmo está contido no microcosmo. No dizer de Hermes Trismegisto: “Assim como é em cima é embaixo”.

É nesse esforço continuado de aprendizagem da Sabedoria Iniciática das Idades (Doutrina Esotérica), de uma forma velada, contida nos símbolos, muito além do conhecimento acadêmico, é nele que reside o único meio de nos transformarmos, na senda maçônica, em novos seres a caminho da luz. Aliás, tal metamorfose já era apontada, há milênios, pelos Mistérios da Grécia no portal do Templo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”. Tal inscrição levou o grande filósofo Sócrates a escolhê-la como lema de seus profundos ensinamentos.

Permitam-me, caríssimos Irmãos, concluir nossa palestra com um belíssimo e sagrado texto, carregado de alta tradição esotérica:

“Assim como uma torrente de água pura, que despenca do alto de uma montanha e vai brilhando, cada vez mais, à medida que se expõe aos gloriosos raios do Sol, assim, também, nossa consciência será mais bem iluminada, à proporção que a dirigimos para a luz”. ?

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DestaquesA ORDEM DOS OCULISTAS*

e tempos em tempos, sociedades secretas extintas, que viveram ocultas nas sombras, são trazidas à tona por pesquisadores que encontram artefatos

ou localizam documentos. Recentemente, um grupo de pesquisadores, finalmente, conseguiu decifrar um manuscrito de uma das mais misteriosas da história: a Ordem dos Oculistas.

DDSurgida no que, hoje, é a Alemanha, nos anos 1700, tal

Ordem era uma Sociedade cujos membros fascinados trocavam experiências sobre cirurgias oculares. Logo depois da Guerra Fria, quando a Alemanha Oriental e a Ocidental voltaram a ser uma só, cientistas puderam circular pela Berlim Oriental. Em uma visita, encontraram um documento deixado por esse clã.

Trata-se de um manuscrito feito sobre papel de brocado (um tecido ricamente confeccionado e decorado, usado para gravar conteúdos importantes por muitas civilizações), de cor verde e dourada. O documento apresenta, no total, 105 páginas e mais de 75 mil caracteres. São 90 tipos diferentes de símbolos. Além das 26 letras do alfabeto romano, o nosso alfabeto convencional, há caracteres desconhecidos cujo significado, ainda, não havia sido revelado.

Uma equipe internacional de pesquisadores resolveu decodificar o documento. O modo como eles trabalharam é uma verdadeira aula de criptografia. A primeira tentativa para atingir a meta, como conta um professor da Universidade da Califórnia (EUA), foi a mais óbvia: isolar as letras do alfabeto, uma por uma, do resto do texto com caracteres desconhecidos, e juntá-las para ver se formavam um texto coerente. Mas isso não funcionou.

A primeira certeza que colocou a equipe de pesquisadores perto de um resultado foi a descoberta de que todos os símbolos convergiam para formar palavras em alemão antigo. Depois de nada menos que 80 tentativas, conseguiram decodificar as duas primeiras expressões de todo o documento: “Cerimônias de Iniciação” e “Sociedade Secreta”.

O texto todo fala sobre isso: funcionamento interno da Ordem dos Oculistas, seus objetivos políticos e sociais. Depois que as primeiras expressões foram decodificadas, apareceram padrões que ajudaram a decifrar o resto. Descobriu-se, com surpresa, que as letras em alfabeto romano não significavam absolutamente nada; eram ardis para enganar quem tentasse decifrar o documento e podiam ser descartadas dele.

Para saber o que cada símbolo desconhecido queria dizer, os pesquisadores mapearam todos os pontos em comum entre os caracteres. Todos os símbolos que levavam um acento circunflexo (^), por exemplo, significam a letra “e”, ou seja, a diferença entre símbolos era só mais um engodo para disfarçar. Um conjunto fixo de caracteres, por sua vez, representa o som “cht”, comum no alemão. A partir de deduções acertadas como essas, o manuscrito foi sendo destrinchado.

No campo histórico, as revelações dessas mensagens têm valor de pesquisa: ajudam a entender como, e até que ponto, sociedades secretas, como essa, influenciaram episódios da humanidade. No campo específico da criptografia, como explicam os decifradores da Ordem dos Oculistas, cada nova descoberta aperfeiçoa as técnicas para descobrir o que há por trás de mensagens em código que, ainda, são um mistério. ?*extraído do site http://www.hypescience.com

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Informe CulturalIV SEMINÁRIO MAÇÔNICO PARA A REGIÃO DE JACAREPAGUÁ-RJ

Francisco Feitosa

Loja Maçônica Isabel Domingues nº 109, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro, promoverá, no próximo dia 03

de março, o IV Seminário Maçônico para a Região de Jacarepaguá. O evento, que já faz parte do calendário maçônico carioca, tem reunido centenas de Irmãos de diversas Lojas da região, ligados às três Potências regulares (GGLL, GOB, COMAB), destacando-se autoridades, pertencentes à Alta Administração de tais Potências e do Supremo Conselho do Grau 33º do REAA da Maçonaria para a República Federativa do Brasil.

AA

Nesses Seminários são proferidas palestras do mais alto nível, apresentando, como palestrantes, grandes ícones da cultura maçônica, membros de Academias Maçônicas, escritores e maçonólogos, que se destacam por suas obras e se predispõem a espargir seus ensinamentos aos participantes.

Nessa 4ª edição, tivemos a grata honra de, mais uma vez, ser convidado pela equipe organizadora para falar sobre o tema único do IV Seminário: “A Iniciação Maçônica Comentada Esotericamente”, quando aproveitaremos a singular oportunidade para expor e debater, através de

multimídia, tópicos, como: a origem da Iniciação; a definição do termo Iniciar + ação; os tipos de Iniciação; a “recepção” na Maçonaria Operativa; a influência de outras Ordens no processo iniciático maçônico; origem de símbolos usados na Maçonaria; o Homem e suas vestes sutis; os Chacras e a ritualística; o Templo e o Homem Cósmico; a Iniciação Simbólica e Iniciação Real.

O tema, muitíssimo oportuno, serve perfeitamente para conscientizar nossos Irmãos do quanto é importante o processo iniciático em nossas vidas e da responsabilidade assumida por cada um, ao aceitar trilhar tão estreita vereda do saber.

Convido a todos a prestigiarem a quarta edição desse Seminário, quando teremos enorme prazer em recebê-los, a fim de abordarmos tão importante tema, quando, com certeza, aprenderemos juntos.

O templo da Loja Isabel Domingues fica situado na Rua Cônego Felipe, 246, no bairro Taquara, em Jacarepaguá, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. O evento terá início às 08h do primeiro sábado de março.

Temos um encontro marcado em Jacarepaguá!

Academia da LeituraTRANSA GRAMATICAL

coluna Academia da Leitura brinda nossos leitores com um belo texto, cuja autora, uma aluna do Curso de Letras da UFPE – Universidade Federal de Pernambuco – venceu um concurso interno, promovido pelo Professor Titular da Cadeira de

Gramática Portuguesa. A ideia da publicação do texto é mostrar que escrever é, de fato, uma arte. Dá para imaginar o deslizar de seu grafite, quando da construção do texto, desenhando um lindo bailado, construindo o cenário que, com certeza, levará o leitor ao encantamento.

AASegue abaixo o texto Transa Gramatical:

“Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.

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Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E, sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu esse pequeno índice...

De repente, o elevador para: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar; só que em vez de descer, sobe e para justamente no andar do substantivo.

Ele usou de toda a sua flexão verbal e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou, outra vez, a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e, rapidamente, chegaram a um imperativo; todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto. Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente; se abraçaram numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que, ainda, era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais; ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta. Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular. Ela era um perfeito agente da passiva; ele, todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.

Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou dando conjunções e adjetivos aos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.

Mas, ao ver aquele corpo jovem numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício.

O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente! Aquilo não era nem

comparativo, mas um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo, claramente, uma mesóclise-a-trois.

Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que se poderia transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção

coordenativa conclusiva”.

Que a leitura do texto sirva ao leitor de inspiração, estimulando-o a produzir textos tão criativos quanto este.

Como de praxe, disponibilizamos mais um livro virtual para download. “ O Malho e o Cinzel” de Luiz Caramaschi, editado pela Editora Sociedade Filosódica Luiz Caramaschi, Piraju-SP – 2006. Clique no título, baixe-o e boa leitura!

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TrabalhosOS C INCO T IPOS DE D ISCÍPULO

Sálvio Albenor Oliveira iniciação é um processo aberto a todas as pessoas, independentemente de

sexo, idade, raça, cor, formação, profissão, religião e condição social ou cultural. É lógico que uma pessoa que tem a mente mais trabalhada leva vantagem, desde que o orgulho, vaidade e a prepotência não estejam à espreita para atrapalhar.

AA

A idade mínima para começar os estudos e práticas não está fixada, mas é óbvio que é aquela onde o entendimento, discernimento e absorção do conhecimento, mesmo que de forma parcial, possam existir. A idade mínima para ingresso em Iniciação, suportada por Ordens Secretas, Escolas Iniciáticas e Movimentos Iniciáticos, depois dos Graus iniciais de preparação, é de 18 anos completos, onde a maioridade é usual, a menos que autorização específica seja concedida pelo iniciador ao neófito. Assim, com toda essa abertura, cinco tipos de pessoas procuram a iniciação. Vamos ver então, a seguir, em que tipo você se classifica.

O Curioso.A sua curiosidade o leva

para saber o que é Iniciação e, também, toda essa história de esoterismo, ocultismo e de segredos escondidos. A curiosidade é importante no início para adentrar a Iniciação, mas, se a curiosidade predominar e for o mais importante, o curioso acaba indo aqui, indo ali, procurando lá em cima, lá embaixo, nessa e naquela dependência, perguntando e cutucando a tudo e a

todos. Mas, como tudo é oculto, não acha nada, acaba desistindo e saindo da iniciação. A curiosidade busca descobrir o oculto nas salas, nos livros, nas pessoas, nas dependências da instituição, nas reuniões fechadas, nos graus maiores, e não busca o oculto dentro de si mesmo, exatamente onde Deus escondeu a Verdade. O curioso, assim, afasta-se, e sua curiosidade o leva para outras bandas.

O Indiferente. É aquele do “tanto fez, como tanto faz”, do “se der deu, se não der não deu”,

do “o que vier é lucro”, do “não tenho nada a perder”, do “vamos esperar para ver o que acontece”. O indiferente entra na Iniciação porque foi convidado, porque tem carona, para acompanhar alguém, ou porque tem tempo disponível para preencher com qualquer coisa. A indiferença não permite a sua fixação na Iniciação e muito menos criar vínculos e compromissos; da mesma maneira que sua indiferença o fez entrar, da mesma maneira o fará sair, com um saco de conhecimento mais vazio do que aquele com que entrou.

O Cético. Na Iniciação, o cético fica mais perdido que cachorro em dia de mudança; já está

perdido por princípio, pois duvida de tudo e não pode aceitar nada. Assim, não tem certeza alguma, nem mesmo a de que é cético. Ao duvidar de tudo, fecha as suas portas ao entendimento e, cada vez que duvida, mais se encobre com a escuridão do ceticismo e com o manto da ignorância. Fica pouco tempo, pois, como não aceita nada, vai aceitar muito menos ainda aquilo que é oculto. Assim, afasta-se para duvidar de outras coisas.

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O Fanático. Esse é terrível. Entra com tudo e, com os dois pés,

envolve-se totalmente, cresce muito, sobe a escada do conhecimento rapidamente até um patamar, onde estaciona o seu fanatismo, pois joga tudo o que tem no pouco que o seu fanatismo permite enxergar da Verdade e da Iniciação. Fica nesse patamar e não sai, pensando ter chegado já próximo ao final. Nesse patamar, faz da Iniciação a sua religião e das práticas as ferramentas para garimpar as pepitas ou ouro falso, pensando ser ouro puro. E aí cria suas raízes, nunca mais sai, perturbando a tudo e a todos, como um especialista sem especialidade alguma, muito menos em Iniciação. Vai se metendo nas Iniciações dos outros e, quanto mais quer ajudar, mais consegue atrapalhar. É triste, mas é a realidade.

O Que Busca a Verdade. Você deve estar pensando, que é você. Parabéns por

achar, pois esse é o verdadeiro discípulo da Iniciação, aquele que busca a verdade e que segue a regra de ouro, que diz:O discípulo não deve aceitar nada, absolutamente nada do que lê, do que ouve e do que é falado na Iniciação, por mais claro que se mostre ao entendimento, pois, se simplesmente aceitar, poderá estar aceitando uma inverdade, não porque se trata de uma inverdade, mas de algo verdadeiro, mascarado com dogmas, opiniões e preconceitos, cuja aceitação cega não

permite distinguir e enxergar como verdade pura;– Da mesma maneira que não deve aceitar nada,

também, não deve duvidar de nada, por mais absurdo, por mais fantástico e por mais incrível que se mostre ou transpareça a um primeiro momento ou contato, pois, se recusar diretamente, pode estar fechando as portas para o entendimento de grandes verdades, com isso, atrasando sua Iniciação.

– A verdadeira postura do discípulo, em qualquer grau de iniciação, é não aceitar nada e não duvidar de nada, mas absorver e armazenar tudo dentro de si e deixar maturar, até que sua própria consciência conclua e registre, no devido tempo, como sendo verdade pura, pois batendo com a verdade, não existe a mentira, sendo excluída essa

automaticamente, e, com isso, a Verdade passa a ser Realidade, a Realidade passa a ser Consciência e a Consciência passa a ser Deus manifestado.

Esperamos com toda a expectativa e com todo o amor possível, que você seja, realmente, este quinto tipo de pessoa, buscadora da Iniciação, ou seja, Buscadora da Verdade. E fico feliz, pois, com certeza, cresceremos juntos e poderemos ajudar muitas e muitas pessoas a terem resposta aos maiores questionamentos: De onde vim? O que aqui faço? Para onde vou?

CONSCIÊNCIA MAÇÔNICA

“Seja você a transformação que você quer no mundo!”(Mahatma Ghandi.)

Francisco Feitosa Maçonaria é o reflexo do que acontece no mundo! Não poderia ser diferente, pois é dele que extraímos as pedras para serem lapidadas e esquadrejadas para a Grande Construção. É do mundo que escolhemos pessoas livres e de bons costumes para a

edificação da Obra do Grande Arquiteto do Universo.AA

Portanto, todo esse processo de convulsão por que passa o planeta e a humanidade, consequentemente, reflete-se, de certa forma, dentro dos Templos Maçônicos. O ideal seria que não acontecesse, mas, quando falamos que, do mundo, “escolhemos” aqueles que chamaremos de Irmão, talvez, seja onde, em parte, resida o problema.

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Escolher é selecionar entre outros; é manifestar preferência. Daí, deparamos com a responsabilidade do Padrinho. Esse deverá ter consciência da Ordem de que participa; de suas responsabilidades como Iniciado Maçom; do trabalho que dele se espera na Maçonaria junto à sociedade; principalmente, de que não entramos para a Ordem com o objetivo de tirar vantagens pessoais, e sim de oferecer ao mundo a oportunidade de dias melhores, nos transformando e, consequentemente, transformando o mundo.

Desde a fase Operativa, a Maçonaria, sempre, teve critérios para admissão de seus membros. Nos primórdios, o processo de Iniciação não existia, sendo os pedreiros-livres admitidos através do processo de “recepção”. Embora fosse uma cerimônia formal, as informações sobre o caráter do trabalhador da pedra eram fundamentais para sua recepção, não bastando, tão somente, suas habilidades com o maço e o cinzel.

Na segunda metade do século XVI e início do século XVII, momento preponderante de alteração estrutural da Maçonaria, nossa Ordem sofria perseguições acirradas do clero, motivando o rei da França, Francisco I, a revogar os privilégios dos Franco-Maçons, abolindo guildas, cantarias e demais fraternidades. Na Inglaterra, a rainha Isabel renovava uma ordenação de 1425, que proibia qualquer assembleia ilegal, sob pena de ser considerada rebelião. Com isso, a Maçonaria foi perdendo seu objetivo principal e transformando-se em uma associação de auxílio mútuo, o que motivou a entrada dos chamados “Maçons Aceitos”.

O Grande Incêndio de Londres, em 1666, que destruiu a cidade, foi um divisor de águas na época. Foram os pedreiros livres, perseguidos pela Igreja e pelos governantes, que tiveram a responsabilidade de reconstruir as 40 mil casas e 83 igrejas, sob a direção do arquiteto Cristopher Wren, sendo sua obra principal a Igreja de São Paulo, em cujo adro se desenvolveria e estabeleceria, em 1691, uma Loja de fundamental importância para a Maçonaria moderna, a Loja de São Paulo (assim chamada, em alusão à Igreja de São Paulo), ou a Loja da Taberna “O Ganso e a Grelha”, que, mais tarde, uniu-se a outras três, dando origem à Grande Loja de Londres, início do sistema obediencial maçônico.

Formada pelos Maçons de Ofício, que reconstruíram Londres, a Loja de São Paulo, até então, não permitia a admissão em seus Quadros dos chamados “Aceitos”, mas,

com sua recepção pelas demais Lojas, a partir de 1703, rendeu-se à nova formatação maçônica. Embora saibamos que esse processo se iniciou em 1600, em Edimburgo, na Escócia, com a entrada do Maçom Aceito John Boswell – o Lorde de Aushunleck - na Loja Saint-Mary’s Chapell.

Nessa oportunidade, o movimento rosacruciano, na Europa, e a chegada dos chamados ritos alquímicos deram uma nova roupagem à Maçonaria. Antes Operativa, formada, exclusivamente, por construtores, passava para o que ficou conhecido por Maçonaria Especulativa (em particular, considero um termo um tanto pejorativo), com a entrada dos Maçons Aceitos e, com eles, vários intelectuais da época, ligados, principalmente, a diversos segmentos místicos e esotéricos, trazendo um grande avanço em conhecimentos das civilizações antigas e de várias culturas, como a Caballah, o Hermetismo, o Rosacrucionismo, a Alquimia, a Numerologia, a Astrologia, dentre outras.

O processo de admissão à Ordem passava da simples “Recepção” para a cerimônia ritualística de “Iniciação”, com ingredientes próprios, levando os candidatos a mergulharem no seu íntimo, renascendo como Iniciados.

O primeiro templo maçônico, o “Freemason’s Hall”, construído em 1776, na Inglaterra, foi baseado no Parlamento Inglês e não tinha cunho místico ou espiritual. Com o passar do tempo, os templos foram redecorados com uma simbologia de profundos significados, ligando nossa Ordem às culturas da Antiguidade, levando o Maçom a buscar o arquétipo do símbolo e, nessa busca, encontrar seu Mestre, seu Deus Interno.

Nesse século, o Iluminismo trouxe, de fato, a luz ao mundo, originando os movimentos libertários e culminando com a Queda da Bastilha. Todos os demais feudos, um a um, caíram na virada do Século da Luz para o posterior, e seus efeitos adentraram a América, trazendo a Maçonaria ao Brasil, através das Sociedades Literárias.

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Não se faz necessário narrar aqui os feitos da Maçonaria Brasileira, já bem conhecidos por todos. Esse breve e superficial passeio pela história da Maçonaria visa, tão somente, a conscientizar a quem nos honra, lendo essas humildes e pretensiosas linhas, de que a Maçonaria nunca foi e tampouco será um clubinho de serviços, como muitos a querem transformar, utilizando-se de seu ingresso para atender a interesses pessoais, ostentar títulos e manutenir vaidades.

Somos uma Escola de Iniciação, e a etimologia deste termo é “a ação ou resultado de Iniciar”, ou seja, de iniciar uma ação interna, permitindo-se uma transformação moral e superando os maus e velhos hábitos, para que haja a verdadeira metástase, a eucaristia, unindo a personalidade (matéria) à individualidade (espírito).

No passado, os Maçons Operativos eram chamados a construir templos de pedra. Hoje, a Obra é bem outra! O homem é a Obra mais perfeita já edificada na face da Terra. Propositalmente, seu Criador o construiu incompleto, a fim de que o próprio homem, através da Iniciação, de uma ação

interna, dê continuidade a sua Obra.Sem essa consciência dos propósitos de uma

verdadeira Escola de Iniciação, continuaremos a apadrinhar pessoas descomprometidas com os objetivos de nossa Ordem,

transformando a Grande Obra do G∴A∴D∴U∴ em um amontoado de pedras imperfeitas e eternamente brutas, mal-empilhadas, propensas a desmoronar, pois a argamassa utilizada, nesse caso, é composta pela vaidade, pelo orgulho, pelos interesses pessoais e pela falta de consciência, portanto, jamais dará liga.

O mundo está em convulsão, mas, se nos comprometermos a pensar e agir como Iniciados, transformando-nos em Templos Vivos e não nos comportando como profanos, pedras mortas, não correremos o risco de ouvir, novamente, da boca do Mestre que, “(...)desses, não sobrará pedra sobre pedra”.

De posse da trolha de nossa consciência, continuemos, denodadamente, nesse evolutivo trabalho de conclusão de nossa eterna construção!

Fiquemos por aqui!

A DESIGUALDADE NA V IDA

Cícero dos Santos or que são os homens sujeitos à desigualdade na vida? Onde a razão de nascerem alguns, destinados a uma

instalação faustosa no mundo, e outros a arrastarem as cadeias da vergonha e da miséria, que esse mesmo mundo lhes impõe? Se são todos filhos de um mesmo Pai, por que só alguns são tratados com amor e carinho e o resto, com crueldade e desprezo?

PP

Três explicações são apresentadas pela Ciência e pela Religião. A primeira deriva-se da Criação Especial, a segunda da Hereditariedade ou Atavismo, e a terceira da Reencarnação. Vejamos os fatos arguidos em cada uma dessas hipóteses e examinemos qual delas satisfaz melhor à razão e à lógica.

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A Criação Especial – onde, segundo uma Vontade Superior, cujos desígnios escapam à nossa compreensão (tornando-nos impossibilitados de intervir no nosso próprio destino), é criada uma alma para cada corpo;

A Hereditariedade – que faz de cada homem uma vítima fatal da herança biológica dos seus antepassados e, portanto, sujeita à mesma... impotência de dirigir os seus destinos;

A Reencarnação – segundo a qual cada homem faz, na sua vida atual, não só a colheita do que semeou na existência passada, como uma nova semeadura para o seu futuro, destino.

A primeira explicação é uma negação peremptória da Justiça Divina, eterna e infalível, pois essa é crença de um caráter relativo à alma com que foi presenteado. Se, devido à posse dessa alma (que ninguém escolhe), lhe couber uma vida de torturas e privações, terá a criatura de se conformar com a sua sorte. No caso contrário, se a pessoa foi contemplada com uma existência de felicidades materiais e morais, também, não a solicitou, nem nada fez para a merecer.

No caso em que a vida seja dada para que a alma se eduque pelo valor e pela experiência, como se explica que um corpo nasça e morra sem ter aproveitado a única oportunidade que lhe ofereceram para isso? Tal explicação não resiste por muito tempo às investigações do raciocínio porque este, no fim de todas elas, é obrigado a reconhecer as injustiças da criação, fazendo do homem o único ser sem finalidades e sem progresso.

Hoje, que a evolução está considerada como uma lei universal, não seria momento próprio para isentar a criatura humana, que, sem um “passado” responsável pelas suas venturas ou desditas, não teria um “futuro” compensador, obrigando-o a increpar o Criador como um déspota arbitrário e inconsciente. No mínimo, a hipótese da Criação Especial tornaria toda a humanidade descrente.

A segunda explicação – a Hereditariedade – não é menos inconsistente. Ela pode servir para explicar, algumas vezes, a transmissibilidade das qualidades físicas dos pais nos

filhos, mas não é capaz de sustentar esta explicação quanto às qualidades de caráter, nem dar as razões por que o filho de um justo pode ser um perverso e o de um sábio, um idiota. Darwin, com a sua teoria, tangenciou esta explicação, mas deixou inexplicável a procedência das virtudes sociais através da luta pela vida.

A hereditariedade satisfaria, no máximo, às pesquisas científicas sob o ponto de vista animal da criação. Assim, por exemplo, ela explica que o alcoólatra transmite à sua prole organismos predispostos à aquisição das mais horríveis moléstias, porém é omissa quanto aos motivos por que, a tais desventuradas crianças, é reservada a herança infeliz deste legado. Que conceitos farão de Deus os desgraçados que trouxeram ao mundo os estigmas de tal degenerescência?

Ficarão conformados com a explicação da hereditariedade?

Já a terceira explicação diz que cada alma humana inicia sua carreira no mundo, num estado embrionário de conhecimento e saber. Pelo que sofre e pelo que goza numa existência, desenvolve as suas faculdades morais e intelectuais,

construindo, destarte, o caráter de que é portadora em cada nascimento. Este caráter traz, sempre, o limite máximo de evolução alcançado na sua última encarnação, isto é, na sua derradeira existência.

Todas as virtudes e qualidades nobres, que acentuam a distinção íntima dessa alma, são recompensas e vitórias alcançadas à custa de grandes esforços e de perigosas lutas. Do mesmo modo, defeitos e fraquezas, vícios e crimes, constituem os primeiros passos no caminho do progresso, e todos, porém, começarão lutando e acabarão vencendo, de modo a cada um ser lícito recolher o que plantou.

Pela explicação da Reencarnação, a felicidade é o resultado de uma conduta anterior, exemplar, e o sofrimento indica o corretivo de uma existência pecaminosa. A criança, que morre antes de se desenvolver, salda uma dívida que contraiu no passado e volta depois para continuar as experiências.

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O corpo de um idiota, de um estropiado, seja pela intemperança dos pais, seja por motivos outros aparentemente inexplicáveis, é destinado a receber uma alma que, pelo martírio e pelo sofrimento, aprenderá a corrigir a sua vida anterior. E assim, ininterruptamente, vai-se fazendo a ascenção progressiva do homem até Deus.

Contra a doutrina da reencarnação, por enquanto, a única que nos explica razoavelmente o porquê da vida, existe a fraca objeção da intervenção do livre arbítrio para contrariar a doutrina evolucionista da alma. Essa objeção não contraria, antes, a justifica. Se o livre arbítrio é esse poder que tem o homem de escolher, conscientemente, a prática do bem ou do mal, é claro que cada um sabe distinguir, perfeitamente, o valor de suas ações.

O homem, que, num momento de cólera, levanta o braço criminoso para ferir o seu semelhante, é vítima de um ímpeto que não soube ou não quis sopitar. Um segundo de reflexão evitaria o desatino, mas o impulso é animal, é instintivo, ao passo que a reflexão é humana, é inteligente e sujeita a uma evolução que demanda grande esforço e perseverante treino.

Se o homem, prestes a tornar-se um assassino, pensar no abismo em que vai precipitar-se, com certeza, abaixará o seu braço quase homicida e não onerará o seu débito moral com mais esse compromisso. Entre outras muitas coisas em que pensará no momento psicológico do atentado, figurará a idéia do fatal pagamento que, dele ou de seus filhos, será infalivelmente exigido.

Ora, os esforços inauditos praticados para o nosso aperfeiçoamento são pequenos descontos feitos nas nossas dívidas. Desde que, pelo livre arbítrio, procuramos praticar o bem e a caridade, ativando os nossos conhecimentos na ânsia da perfeição e do progresso e desembaraçando-se, espontaneamente, dos desejos e prazeres, resgatamos, de algum modo, a dívida contraída. Esta dívida e seus parciais descontos, os espiritualistas chamam de “karma”, ou seja, a lei de causa e efeito.

Se, pela explicação inteligente do nosso livre arbítrio, não anularmos totalmente essa lei, poderemos reduzi-la grandemente, sem, com isso, alterar-se os desígnios da Criação. É na lei de Karma que repousam os sólidos alicerces da Reforma Social. Desde que uma sociedade não distribua pelos indivíduos que a constituem, o indispensável conforto e bem-estar, deverá ser reformada de modo a assegurar-lhes a

felicidade que eles não têm.E a nova legislação, que venha estabelecer o equilíbrio

da riqueza social, a sua distribuição equitativa pelo povo, realizando com fatos a democratização dos governos, só encontrará base firme na aceitação da doutrina, promovendo o despertar da consciência humana, estimulando a atividade da sua espiritualidade e o aperfeiçoamento do seu caráter.

Despertada essa consciência que, no nosso povo, sempre, viveu latente ou adormecida, não será difícil reconhecer que a vida é um prêmio ou um castigo transitórios, e daí o dizer-se “que cada povo tem o governo que merece”.

Poderemos, ainda, relembrar que as leis de causa e efeito não se aplicam, somente, aos indivíduos, mas, ainda, às coletividades, constituídas pelas famílias, pelas cidades, pelas nações, etc.

No entanto, o nosso único desejo atual é frisar que a verdadeira felicidade humana só poderá ser desfrutada pelo conhecimento da lei da reencarnação, após o despertar da nossa consciência.

Eis as palavras que lançamos no coração de todos os brasileiros, tendo os olhos voltados para a imagem dulcíssima do Supremo Mestre, quando fazia à turba que o acompanhava, o célebre Sermão da Montanha, referindo-se ao Semeador:

“Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves e comeram-na. E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu porque não tinha terra funda; mas, vindo o sol, queimou-se porque não tinha raiz. E outra caiu em espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na. E outra caiu em terra boa e deu fruto: um grão produziu cem, outro sessenta e outro trinta. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. (Math. 13.3.8.)

Que esta mesma imagem do Senhor de Compaixão projete a Sua Sombra calma e confortadora pelo campo em que procuramos semear. Que a Sua Infinita Bondade vibre suavemente sobre todos os bons semeadores... Que Ele derrame as Suas Bençãos Misericordiosas sobre os germens, agora, espalhados, a fim de fazê-los crescer e multiplicar... Que, finalmente, permita o desabrochar da consciência brasileira até agora adormecida, iluminando os olhos anuviados dos Filhos dessa Terra de Promissão e afinando os seus desacautelados ouvidos!...

*Matéria extraída da Revista Dhâranâ nº 0 – 2º semestre de 1925, órgão oficial de divulgação da Sociedade Brasileira de Eubiose.

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ReflexõesPASSE DE MÁGICA

Armando Correa desejo é uma parte importante da realização. Ajunte-se à lista, ainda, conhecimento, atitude empreendedora, persistência e espírito crítico para

mudar quando necessário. Saber, querer e fazer são condições para se alcançarem metas. A questão, contudo, diz respeito à forma de se desejar. O que se espera comumente é que as coisas aconteçam conforme a crença pessoal, sem se considerar o que cada objetivo requer verdadeiramente. Embora a pessoa acredite que esteja plantando corretamente, a semente não vinga, e a colheita falha.

OO

Um trabalhador, por exemplo, se esforça por determinado período para chegar mais cedo, ser simpático com os colegas, agradar ao chefe, na expectativa de obter promoção e aumento de salário. Mas não investe em si, para adquirir mais conhecimento, autonomia e responsabilidade pessoal. Não se leva em conta o que é imprescindível, mas o que é conveniente. E o resultado esperado, porém, sequer passa perto das possibilidades. Então, a boa vontade cai, fazendo elevar o descaso.

O aluno quer o diploma e a festa de formatura. Todavia, não estuda e quer que seus exames resultem favoravelmente com boas notas. Não é assíduo e protesta, julgando-se injustiçado ao constatar as faltas registradas. Conversa durante a aula e estranha o desconhecimento acerca do tema apresentado. Demora a iniciar um trabalho e se diz vítima da falta de tempo. Atira pra baixo e reclama de acertar o próprio pé.

Uma pessoa abre seu negócio sem observar o mercado e perde informações que poderiam lhe render a sobrevivência, quiçá, o progresso. Pouco se dispõe a mudanças, não se atualiza, torna-se obsoleta e pouco competitiva. Não se mexe, apenas, aguarda e, ainda, lamenta-se da maré de azar. É como lançar o anzol sem a isca.

O esbanjador tropeça na perna da imprevidência, mas se queixa da falta de dinheiro. Gasta sem se preocupar com o futuro. No entanto, quando o porvir lhe chega, faz do seu presente motivo de abominação. Usa o cartão de crédito livre e alegremente até a fatura lhe causar tristeza.

De um jeito ou de outro, não basta querer para obter. É preciso mais. Não há mágica. Mas pode existir ilusão. É possível crer, com veemência, que dará certo aquilo que, se analisado à luz da consciência, mostra-se claramente improvável. O devaneio pinta o cenário com lindas cores, o esboço, que mal saiu dos contornos de carvão. É crer que as parcelas do seguro-desemprego não se acabam. O bolo não queima. A desculpa resolve. O tanque reserva é suficiente. O tempo espera. A droga não vicia. Nada atrapalha. A saúde é inabalável... A lista é interminável, e cada um a escreve à sua moda.

Eis o risco: se autoiludir na certeza de controlar a ilusão. Negar a existência do engano sem percebê-lo em si mesmo.

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“O Mito Jesus – A Linhagem e a Descendência do Mestre!” - O autor apresenta, em três livros, um trabalho sério de 15 anos de pesquisas, baseado em documentos, sobre a identidade, a genealogia e a relação do Mestre Jesus com diversas personalidades do mundo atual.

Um trabalho único e ousado, já que pouquíssimos autores ousaram adentrar nessa linha de pesquisa que, com certeza, vai de encontro a “verdade” imposta pelo Vaticano!

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rte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada em 24 de fevereiro de 2007, com registro na ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se apresenta como mais um canal de informação, integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, gratuitamente, via Internet, hoje, para 24.000 e-mails de

Irmãos de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas particulares de nossos leitores. Sentimo-nos muitíssimo honrados em poder contribuir, de forma muito positiva, com a cultura maçônica, incentivando o estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos Irmãos repensarem quanto à importância do momento a que chamamos de “Quarto de Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho!

AAEditor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33ºRevisão Ortográfica: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ - 33º Colaboradores nesta edição: Armando Correa – Cícero Santos – João Camanho – Sálvio Albenor.Contatos: MSN - [email protected] / E-mail – [email protected] / Skype – francisco.feitosa.da.fonseca / (35) 3331-1288 / 8806-7175

Suas críticas, sugestões e considerações são muito bem-vindas. Temos um encontro marcado na próxima edição!

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