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NEGOCIAÇÃO COLETIVA SÚMULA 277, TST PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS NÚCLEO DE CONCILIAÇÃO DE COLETIVOS TRT 2ª Região Juíza do Trabalho Convocada do TRT da 2ª Região Patrícia Therezinha de Toledo

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NEGOCIAÇÃO COLETIVA

SÚMULA 277, TST

PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E

RESULTADOS

NÚCLEO DE CONCILIAÇÃO DE

COLETIVOS – TRT 2ª Região

Juíza do Trabalho Convocada do TRT da 2ª Região

Patrícia Therezinha de Toledo

NEGOCIAÇÃO COLETIVA E SEUS

DESAFIOS

Autoria: Desembargadora Ivani Contini Bramante

Juíza Convocada Patrícia Therezinha de Toledo

Negociação Coletiva

● Crise e Desemprego decorrente da Globalização

● Crescimento do mercado informal ● Direito produzido pela vontade dos atores em

contraposição ao direito imposto pelo empregador. Fortalecimento dos sindicatos

● Intervencionismo estatal para frear mercado

agressivo e exploração do homem ● Abismo entre legalidade e a realidade

Formas de solução de conflito

● AUTOCOMPOSIÇÃO Mediação Conciliação Negociação: Acordo e Convenção Coletivos ● HETEROCOMPOSIÇÃO Arbitragem Solução jurisdicional: Dissídio Coletivo ● AUTODEFESA Greve, piquetes, aliciamento, sabotagem,

ocupação de estabelecimento

Melhoria da condição social por negociação coletiva

● Patamar direitos mínimos aos trabalhadores– patamar mínimo civilizatório (Godinho)

● Mecanismos de melhoria da condição social do

trabalhador e efetividade dos direitos fundamentais

● Mecanismos de gestão da crise ● Melhor produtividade X maior lucratividade ● Relação custo X benefício.

Mecanismos de melhoria da condição social e de efetividade dos Direitos

● Autonomia privada coletiva ● Reconhecimento do poder social-juridico

dos Sindicatos A) de representação dos interesses da

categoria B) de autorregulamentação dos

interesses da categoria e C) de criação de direitos novos para

melhoria a condição social

O Direito a melhoria da condição social do trabalhador e de gestão da crise

● Solução pacífica das controvérsias (preâmbulo da CF)

● Dignidade humana (art.1º, III)

● Valor social do trabalho (art.1º, IV)

● Livre iniciativa (art.1º, IV)

● Igualdade (art.5º, caput)

● Reconhecimento dos acordos e convenções coletivas de trabalho (art.7º, XXVI)

● Princípio da melhoria das condições de trabalho ou da negociação in mellius (art.7º, caput)

● Princípio da adequação ou negociação de gestão de crise (art.7º, VI; XIII; XIV)

Outros mecanismos de gestão da crise

● DESREGULAMENTAÇÃO ● FLEXIBILIZAÇÃO ● FLEXISEGURANÇA (LIMITES) ● FLEXIPRECARIZAÇÃO (SEM LIMITES) ● FLEXIREARRANJO ● RECONTEXTUALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES

TRABALHISTAS

Fontes da Flexibilização

● CONSTITUCIONAL (art. 7º, VI, XII e XIV) ● LEGAL (Fgts, Banco de Horas, Terceirização, PL

5483 – Prevalência do negociado sobre o legislado)

● ADMINISTRATIVA (dupla visita da fiscalização,

atuação pedagógica e não punitiva) ● NEGOCIAL ● JURISPRUDENCIAL (Súmulas 85, 349, 423, 444, 449, TST)

Jurisprudência - POSSIBILIDADE RECURSO DE REVISTA. HORA NOTURNA REDUZIDA. FLEXIBILIZAÇÃO

POR MEIO DE NORMA COLETIVA. POSSIBILIDADE. A negociação coletiva é instituto valorizado e protegido pela ordem constitucional (CF, art. 7º, incisos VI, XIII, XIV, XXVI, art. 8º, III). Constitui opção legitimadora do regramento trabalhista. A mesma Constituição que consagra acordos e convenções coletivas de trabalho, fixa direitos mínimos para a classe trabalhadora, exigindo o resguardo da dignidade da pessoa humana e dos valores sociais do trabalho. Assim ocorre com a redução da hora noturna, que visa à proteção da higidez física e mental do trabalhador. Esta Corte, no entanto, em interpretação ao disposto no artigo 7º, XXVI, da Constituição da República, tem admitido a flexibilização de direitos legalmente previstos quando, na negociação coletiva, não há a só supressão da garantia, mas se vê, em contrapartida, a concessão de efetivos benefícios aos empregados. A fixação, em instrumento coletivo, de pagamento de adicional noturno superior ao estipulado pela legislação trabalhista (artigo 73, -caput-, da CLT), em justificativa para o elastecimento da hora noturna a sessenta minutos, legitima a negociação, razão pela qual deve ser prestigiada. Precedentes. Ressalva de ponto de vista do Relator. Recurso de revista conhecido e provido. (TST - RR: 2371020125090011 , Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento: 24/09/2014, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/09/2014)

Jurisprudência - IMPOSSIBILIDADE AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE

PERICULOSIDADE. BASE DE CÁLCULO. FLEXIBILIZAÇÃO POR NORMA COLETIVA. IMPOSSIBILIDADE. Demonstrado no agravo de instrumento que o recurso de revista preenchia os requisitos do art. 896, a, da CLT, quanto à base de cálculo do adicional de periculosidade do eletricitário, dá-se provimento ao agravo de instrumento, para melhor análise da arguição de contrariedade à Súmula 191/TST, suscitada no recurso de revista. Agravo de instrumento provido. RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. BASE DE CÁLCULO. FLEXIBILIZAÇÃO POR NORMA COLETIVA. IMPOSSIBILIDADE. A Constituição da República valorizou a autocomposição dos conflitos de trabalho, resultando o acordo ou convenção coletiva de livre manifestação de vontade das partes de transacionarem em torno de condições de trabalho. Entretanto, esta flexibilização deve ter limites, não podendo, em nenhuma hipótese, prevalecer sobre o interesse público, como dispõe o art. 8º da CLT. Deve estar, portanto, em consonância com o princípio protetor do Direito do Trabalho, que estabelece condições mínimas de proteção do empregado em questão de interesse público. Se a flexibilização deve adequar-se às normas de proteção mínima, resulta claro que nem todo direito trabalhista pode ser objeto de transação ou negociação coletiva - por isso foi tão bem cancelada a Súmula 364, II/TST.

Jurisprudência - IMPOSSIBILIDADE

Decorrendo o adicional de periculosidade de medida de saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 193, 1º, da CLT e 7º, XXII e XXIII, da CF), o direito ao seu pagamento torna-se absolutamente indisponível, não podendo ser flexibilizado por negociação coletiva, porquanto o seu caráter imperativo restringe o campo de atuação da vontade das partes. Tais parcelas são aquelas imantadas por uma tutela de interesse público, por constituírem um patamar civilizatório mínimo que a sociedade democrática não concebe ver reduzido em qualquer segmento econômico-profissional, sob pena de se afrontarem a própria dignidade da pessoa humana e a valorização mínima deferível ao trabalho (art. 1º, III e 170, caput, da CF/88). Saliente-se que, em relação à base de cálculo do adicional de periculosidade dos eletricitários, a jurisprudência desta Corte, consubstanciada tanto na parte final da Súmula 191/TST quanto na OJ 279/SBDI-1/TST, é no sentido da efetuação do cálculo sobre a totalidade das parcelas de natureza salarial, por força do comando emergente do art. 1º da Lei 7.369/85 (antes de sua revogação em dezembro de 2012 pela Lei nº 12.740, de 08.12.12). Recurso de revista conhecido e provido . (TST - RR: 3379820105030011 , Relator: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 04/12/2013, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 06/12/2013)

Negociação Coletiva - Princípios

1) PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA TUTELA SINDICAL (art. 8º, III e IV e releitura do art. 617 da CLT)

2) PRINCÍPIO DA BOA FÉ (disposição de

negociar, análise das propostas, fiel execução do pactuado)

Negociação Coletiva - Princípios

3) PRINCÍPIO DE ACESSO À INFORMAÇÃO – art. 5º, XIV, CF/88 : formulação adequada da pauta de reivindicações - permitir a compreensão de suas razões, gerar contrapropostas ou esclarecimentos – prova das condições econômicas da empresa e da necessidade de adequação

Negociação Coletiva - Princípios

4) PRINCÍPIO DA DEMOCRACIA INTERNA SINDICAL: assembleia expressiva e livre manifestação de vontade

5) PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE:

reivindicações justas e razoáveis

Negociação Coletiva - Princípios

6) PRINCÍPIO DA PAZ SOCIAL – Após negociação coletiva, cria-se uma justa expectativa das partes no sentido de que o conflito está pacificado.

7) PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO (vida, saúde,

segurança do trabalho, integridade moral, honra, boa fama, privacidade)

8) PRINCÍPIO IRRENUNCIABILIDADE DE

DIREITOS

Negociação Coletiva - Princípios

9) PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO ( Despedida coletiva, PDV)

10) PRINCÍPIO da primazia da

realidade nenhum interesse de classe deverá prevalecer sobre o interesse público.

Negociação Coletiva - Princípios

● Irrenunciabilidade – art. 468 da CLT veda as alterações consensuais prejudiciais. CF/88 (art.7º,VI).

● Questionamento – turno de revezamento –

trabalho mais penoso; intervalo intrajornada – não são normas de proteção a saúde do trabalhador e, portanto são normas de ordem pública, condições mínimas asseguradas ao trabalhador.

Parâmetros e limites da Negociação Coletiva

● Negociação coletiva não significa renúncia de direitos.

● Negociação coletiva envolve ganhos e

perdas recíprocas. ● Não há negociação sem uma

contrapartida para atender ao comando constitucional da melhoria da condição social.

Parâmetros e limites da Negociação Coletiva

● A negociação coletiva possui limites materiais retratados pelas normas de ordem pública absoluta imantadas pelo princípio da irrenunciabilidade e inalterabilidade lesiva pela vontade da partes, observando normas de assento constitucional e de legislação ordinária.

SÚMULA 277 TST

Súmula 277, TST – Redação Original

Sentença normativa. Vigência. Repercussão nos contratos de trabalho.

As condições de trabalho alcançadas por força de sentença normativa vigoram no prazo assinado, não integrando, de forma definitiva, os contratos.

Redação original - Res. 10/1988, DJ 01, 02 e 03.03.1988 Súmula mantida – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Súmula 277, TST – 1ª alteração

Sentença normativa. Convenção ou acordo coletivos. Vigência. Repercussão nos contratos de trabalho

I - As condições de trabalho alcançadas por força de sentença normativa, convenção ou acordos coletivos vigoram no prazo assinado, não integrando, de forma definitiva, os contratos individuais de trabalho.

II - Ressalva-se da regra enunciado no item I o período compreendido entre 23.12.1992 e 28.07.1995, em que vigorou a Lei nº 8.542, revogada pela Medida Provisória nº 1.709, convertida na Lei nº 10.192, de 14.02.2001.

Redação alterada na sessão do Tribunal Pleno em 16.11.2009 (Res. 161/2009, DEJT 23, 24 e 25.11.2009)

Súmula 277, TST Precedentes da última redação

CLÁUSULA PREEXISTENTE. CONQUISTA DA CATEGORIA. A Constituição da República, no art. 114, § 2º, com a redação introduzida pela Emenda Constitucional nº 45/04, dispõe que no julgamento do dissídio coletivo de natureza econômica, pode a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. Na hipótese, a garantia de emprego ao empregado portador de doença profissional ou ocupacional é um direito reconhecido à categoria, conquistado desde 1985, conforme revela a prova produzida nos autos. Nesse contexto, em que pese a norma coletiva imediatamente anterior possuir natureza heterônoma (sentença normativa), é plausível, do ponto de vista social e jurídico, a manutenção da cláusula de garantia de emprego que vem sendo convencionada ao longo dos anos pelas partes, constando, inclusive, nas normas coletivas autônomas celebradas individualmente com integrantes da categoria econômica, sobretudo quando se constata que os sindicatos suscitados postulam a exclusão sem apresentar razões de cunho econômico, social ou mesmo operacional que inviabilizem a manutenção do direito. Precedentes. Recurso ordinário conhecido e não provido. (TST, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, RODC 2010000-68.2008.5.02.0000, Rel. Min. Walmir Oliveira da Costa, publicado em 30/04/2010).

Súmula 277, TST – Redação Atual

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. EFICÁCIA. ULTRATIVIDADE

As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho.

Redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012 (Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012)

Súmula 277, TST Modulação de efeitos

RECURSO DE REVISTA – FERROVIÁRIO - HORAS DE JANELA – CONDIÇÃO ESTABELECIDA EM NORMA COLETIVA – SÚMULA Nº 277 DO TST – SOPESAMENTO – PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. A evolução do entendimento jurisprudencial consolidado na Súmula nº 277 do TST, quanto à aderência das normas coletivas aos contratos de trabalho, deve ser sopesada com o princípio da segurança jurídica, motivo pelo qual a alteração do entendimento deve ter seus efeitos aplicados às situações ocorridas a partir de sua publicação, e não retroativamente às situações já consolidadas sob o entendimento anterior. Dessa forma, uma vez que a pretensão tem origem em norma estabelecida no regulamento da empresa, Plano de Cargos e Salários, posteriormente suprimida, por meio de acordo coletivo, cuja cláusula foi posteriormente submetida à apreciação em dissídio coletivo, não se há de falar em alteração deste, restando intacto o art. 468 da CLT. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR-37500-76.2005.5.15.0004, 4ª Turma, Relator Ministro Vieira de Mello Filho, publicado em 07/12/2012)

Súmula 277, TST Aplicação – Dissídio Individual

RECURSO DE REVISTA. BENEFÍCIOS PREVISTOS EM ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. ULTRATIVIDADE. NOVA REDAÇÃO DA SÚMULA N° 277 DO TST. INAPLICABILIDADE AOS INSTRUMENTOS COLETIVOS COM PRAZO DE VIGÊNCIA EXAURIDO. 1. O Pleno do Tribunal Superior do Trabalho, reunido na sessão do dia 14.09.2012, conferiu nova redação à Súmula n° 277 do TST, passando a reconhecer a eficácia ultrativa das cláusulas normativas e, consequentemente, a sua aderência aos contratos individuais de trabalho, de modo a somente poderem ser modificadas ou suprimidas por negociação coletiva posterior. 2. Constituindo fonte autônoma de direito, as normas coletivas fazem lei entre as partes no período de vigência. Assim, a nova redação da Súmula n° 277 do TST não tem aplicação retroativa para alcançar os instrumentos coletivos que tiveram seu prazo de vigência exaurido anteriormente à sua publicação em 25/09/2012, quando passou a viger no mundo jurídico. 3. A observância do critério temporal da norma coletiva assenta-se no princípio da segurança jurídica, que objetiva conferir estabilidade às relações sociais, quanto à certeza das regras a serem observadas no tempo. Recurso de revista parcialmente conhecido e provido. (TST – RR 1308100-19.2006.5.09.0016, 1ª Turma, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, Publicação 07/06/2013)

Súmula 277, TST Aplicação – Dissídio Individual

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. AUXÍLIO-TRANSPORTE. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. VIGÊNCIA. NOVA REDAÇÃO DA SÚMULA Nº 277 DO TST. O Regional concedeu ao reclamante o auxílio-transporte, mas limitou a condenação ao período compreendido entre 1º/5/2008 e 30/4/2011, que corresponde ao lapso de vigência dos ACTs 2008/2010 e 2010/2012. Nota-se, portando, que a Corte a quo aplicou o entendimento contido na antiga redação da Súmula nº 277, I, do TST, o qual consagrava a tese de aderência limitada pelo prazo. Nesse caso, em se tratando de norma coletiva firmada anteriormente à publicação da Resolução nº 185/2012, não há falar em aplicação da nova redação da citada súmula, por obediência ao princípio da segurança jurídica. Precedentes. Agravo de instrumento conhecido e não provido. (TST-AIRR-1051-58.2012.5.08.0202, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, publicado em 05/05/2014)

Súmula 277, TST Aplicação – Dissídio Individual

Adicional normativo por tempo de serviço. Sabesp. Previsão em instrumento normativo cuja vigência já se expirou antes da alteração da redação da Súmula 277 do TST. Impossibilidade de aplicação retroativa do novo entendimento sumulado. O Tribunal Superior do Trabalho, ao modificar seu entendimento e declarar a ultratividade das normas coletivas, conforme a atual redação da Súmula 277 do TST, modulou seus efeitos, e declarou a impossibilidade de aplicação da nova redação sobre instrumentos normativos cuja vigência se expirou antes da alteração. Prevista a parcela de adicional normativo por tempo de serviço em norma coletiva anterior à alteração da Súmula 277 do TST, impossível o reconhecimento de sua integração ao contrato de trabalho (TRT-2ª Região - RO-00007687820115020447, 6ª Turma, Desembargador Rafael E. Pugliese Ribeiro, publicado em 08/04/2014)

Precedente 120 - TST

SENTENÇA NORMATIVA. DURAÇÃO. POSSIBILIDADE E LIMITES (positivo) - (Res. 176/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011)

A sentença normativa vigora, desde seu termo inicial até que sentença normativa, convenção coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho superveniente produza sua revogação, expressa ou tácita, respeitado, porém, o prazo máximo legal de quatro anos de vigência.

Jurisprudência – Aplicação em Dissídio Coletivo Econômico

PRELIMINAR DE FALTA DE COMUM ACORDO. DEVER CONSTITUCIONAL DO JUDICIÁRIO DE DECIDIR O CONFLITO. ACOLHIMENTO DA PRELIMINAR QUE NÃO LEVA NECESSARIAMENTE À EXTINÇÃO DO PROCESSO. RELEITURA DO ART. 114 § 2º, DA CF/88. O acolhimento da preliminar de falta de comum acordo, para a instauração do Dissídio Coletivo Econômico, não leva necessariamente à extinção do processo, sem julgamento do mérito, mas inibe tão só o exercício do Poder Normativo do Judiciário Trabalhista na fixação de cláusulas novas de condições de trabalho. Não exclui, contudo, o dever constitucional do Poder Judiciário de solucionar o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção do trabalho e as convencionadas anteriormente. Assim, impõe-se a manutenção do status quo ante, pela declaração de manutenção das cláusulas e condições de trabalho preexistentes, e que vem sendo praticadas entre as partes, pela aplicação da Sumula nº 277 do TST; bem como a fixação dereajuste salarial, previsto na Lei 10.192/2001 (artigos 9, 10, 11, 12 e 13), que estabelece o direito subjetivo dos trabalhadores ao reajuste salarial, na data base, pelo índice do INPC e, ipso iure, a correção das demais cláusulas de natureza econômica. (TRT-2ªRegião – SDC – 00021363720135020000, Relatora Desembargadora Ivani Contini Bramante, Julgamento em 11/09/2013)

Comentários de Ministros do TST

“A ultra-atividade da norma coletiva, agora retratada na Súmula nº 277 do TST, concilia a jurisprudência com os princípios regentes do Direito do Trabalho, com o pressuposto legal da continuidade normativa e em especial com a regra textualmente consagrada no art. 114, §2º, da Constituição.

Os precedentes do STF referidos pela jurisprudência que serviu à elaboração da Súmula nº 277 do TST, bem assim aqueles mencionados em julgamentos recentes do próprio STF, remetem, em última análise, ao texto da Emenda Constitucional nº 1 de 1969, que estabelecia apenas uma regra de competência. A base jurídica de tais precedentes não foi, portanto, a Constituição Federal em vigor.

Comentários de Ministros do TST

A jurisprudência que emana da Seção de Dissídios Coletivos

do Tribunal Superior do Trabalho já sinalizava um claro dissenso com a orientação predominante nos órgãos fracionários que, inspirados na antiga redação da Súmula nº 277, afastavam a eficácia da norma coletiva após seu prazo de vigência, ainda que outra norma coletiva não houvesse surgido a reger as relações coletivas de trabalho correspondentes.

A nova redação da Súmula nº 277 do TST não cria direitos e benefícios. Permite, ao invés, que as regras coletivas se desenvolvam sobre os pontos relevantes, ou seja, a propósito dos direitos não regidos pela norma coletiva de trabalho precedente, salvo se há a intenção de modificá-los ou suprimi-los.

Comentários de Ministros do TST Além disso, atende à lógica prevista no art. 7º da CF quando

trata da preservação dos direitos que visem à melhoria das condições sociais dos trabalhadores. Leva, enfim, ao equilíbrio de forças, absolutamente essencial à negociação coletiva no contexto de um estado democrático (princípio da equivalência entre os contratantes coletivos).

A ultra-atividade condicional, ou seja, aquela que faz a norma

coletiva prevalecer até que a cláusula de interesse seja eventualmente derrogada por norma coletiva posterior, promove a harmonia entre os atores coletivos da relação laboral, impondo a negociação coletiva de trabalho como um modo necessário de rever conquistas obreiras, sem o artifício de tê-las suprimidas pela mera passagem do tempo.”

Ministros Augusto César Leite de Carvalho, Kátia Magalhães Arruda e

Maurício Godinho Delgado Fonte: sítio do TST

PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS

Histórico “A participação nos lucros é uma decorrência da função

social da propriedade, que a sujeita a algumas restrições. Traduz um instrumento de integração entre capital e trabalho, além de ser um incentivo à produtividade.(...)

No Brasil, a matéria foi inserida, inicialmente, na

Constituição de 1946 e mais tarde reproduzida nas Constituições de 1967 e 1988. As Medidas Provisórias editadas a partir do final de 1994 tentaram regulamentar a participação nos lucros ou resultados, até que a Lei n.º 10.101, de 19 de dezembro de 2000, dispôs sobre a temática.”

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr,

2012

Art. 7º, XI, da CF

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

XI – participação nos lucros, ou resultados,

desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;

Lei 10.101/2000 de 19/12/2000

Art. 1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição.

Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de

negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo:

I - comissão paritária escolhida pelas partes, integrada,

também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria;

II - convenção ou acordo coletivo.

Lei 10.101/2000 de 19/12/2000

§ 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições:

I - índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II - programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade

sindical dos trabalhadores. (...)

Lei 10.101/2000 de 19/12/2000

Art. 4o Caso a negociação visando à participação nos lucros ou resultados da empresa resulte em impasse, as partes poderão utilizar-se dos seguintes mecanismos de solução do litígio:

I - mediação; II - arbitragem de ofertas finais, utilizando-se, no que couber,

os termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. § 1o Considera-se arbitragem de ofertas finais aquela em que

o árbitro deve restringir-se a optar pela proposta apresentada, em caráter definitivo, por uma das partes.

§ 2o O mediador ou o árbitro será escolhido de comum

acordo entre as partes.

Lei 10.101/2000 de 19/12/2000

Art. 4o Caso a negociação visando à participação nos lucros ou resultados da empresa resulte em impasse, as partes poderão utilizar-se dos seguintes mecanismos de solução do litígio:

I - mediação; II - arbitragem de ofertas finais, utilizando-se, no que couber,

os termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. § 1o Considera-se arbitragem de ofertas finais aquela em que

o árbitro deve restringir-se a optar pela proposta apresentada, em caráter definitivo, por uma das partes.

§ 2o O mediador ou o árbitro será escolhido de comum

acordo entre as partes.

Lei 10.101/2000 de 19/12/2000

§ 3o Firmado o compromisso arbitral, não será admitida a desistência unilateral de qualquer das partes.

§ 4o O laudo arbitral terá força normativa, independentemente

de homologação judicial. Art. 5o A participação de que trata o art. 1o desta Lei,

relativamente aos trabalhadores em empresas estatais, observará diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo.

Parágrafo único. Consideram-se empresas estatais as

empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas e demais empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto.

(...)”

Súmula 251, TST - CANCELADA

PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS, NATUREZA SALARIAL.

A parcela participação nos lucros da empresa, habitualmente paga, tem natureza salarial, para todos os efeitos legais.

(Res. 17/1985, DJ 13.01.1986. Cancelada - Res. 33/1994, DJ 12.05.1994. Referência: art. 7º, XI, CF/1988)

Súmula 451, TST PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS.

RESCISÃO CONTRATUAL ANTERIOR À DATA DA DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS. PAGAMENTO PROPORCIONAL AOS MESES TRABALHADOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA.

Fere o princípio da isonomia instituir vantagem mediante acordo coletivo ou norma regulamentar que condiciona a percepção da parcela participação nos lucros e resultados ao fato de estar o contrato de trabalho em vigor na data prevista para a distribuição dos lucros. Assim, inclusive na rescisão contratual antecipada, é devido o pagamento da parcela de forma proporcional aos meses trabalhados, pois o ex-empregado concorreu para os resultados positivos da empresa.

Conversão da Orientação Jurisprudencial nº 390 da SBDI-1 (Res. 194/2014, DEJT

divulgado em 21, 22 e 23.05.2014)

Jurisprudência – Dissídios Individuais

“PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. DISPENSA ANTES DE CONCLUÍDO O EXERCÍCIO. DIREITO DO EMPREGADO AO PAGAMENTO PROPORCIONAL. A autora teve seu contrato rescindido antes da conclusão do período estipulado para pagamento da parcela PLR, resultando malferido o princípio de isonomia. O direito à parcela proporcional se enquadra no teor do verbete 390 da SDI-I do C.TST. Com efeito, é do espírito precípuo do instituto da PLR a colaboração ativa dos trabalhadores da empresa para a auferição de lucros. Logo, no período de apuração dos lucros, para os quais o empregado concorreu ativamente, ainda que dispensado antes do prazo estipulado para sua distribuição, faz jus o trabalhador à sua parcela de forma proporcional, vez que colaborou para o atingimento de metas traçadas com vistas à consecução dos lucros que são divididos. Caso contrário, sua parcela nos lucros ficaria para outros trabalhadores ou seria destinada para a própria empresa, ao arrepio do que foi coletivamente negociado e em detrimento do direito daquele que também engajou-se nas metas fixadas pela empresa para tanto. Escorreita, portanto, a decisão de piso, que deferiu à obreira a PLR proporcional do ano de 2012” (TRT-2ª Região – 0000575-49.2013.5.02.0332, Desembargador Relator RICARDO ARTUR COSTA E TRIGUEIROS, 4ª Turma, em 10/10/2014)

Jurisprudência – Dissídios Individuais

“Programa de Participação nos Resultados. Acordo que exclui o direito à percepção do benefício quando o empregado pedir demissão antes de completar o período da apuração dos resultados. Disposição que fere o princípio da isonomia. O empregado que contribuiu para a obtenção dos resultados positivos da empresa, ainda que não tenha trabalhado durante todo o período de apuração dos resultados, tem direito ao recebimento da parcela referente à participação nos lucros de forma proporcional aos meses trabalhados (TST, Súmula 451)”. (TRT-2ª Região – 00011090520125020016, Desembargador Relator RAFAEL E. PUGLIESE RIBEIRO, 6ª Turma, em 10/10/2014)

Precedente Normativo n.º 35 - SDC TRT – 2ª Região

PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS: 1. Empregados e empregadores terão o prazo de 60 (sessenta) dias para

a implementação da medida que trata da participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das empresas, sendo que para tal fim deverá ser formada em 15 (quinze) dias, uma comissão composta por 3 (três) empregados eleitos pelos trabalhadores e igual número de membros pela empresa (empregados ou não) para, no prazo acima estabelecido, concluir estudo sobre a Participação nos Lucros (ou resultados), fixando critérios objetivos para sua apuração, nos termos do artigo 7º, inciso XI, da Constituição Federal, sendo assegurada aos Sindicatos profissional e patronal a prestação da assistência necessária à condução dos estudos.

2. O desrespeito aos prazos acima pelo empregador importará em multa diária de 10% (dez por cento) do salário normativo até o efetivo cumprimento, revertida em favor da entidade sindical dos trabalhadores.

3. Aos membros da Comissão eleitos pelos empregados será assegurada estabilidade no emprego por 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data da eleição.

Jurisprudência – Dissídios Coletivos PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS.NEGOCIAÇÃO

COLETIVA DE APURAÇÃO DOS RESULTADOS PELA MÉDIA SEMESTRAL. META SEMESTRAL NÃO ATINGIDA PORQUE ATRELADA AO RISCO. PARCELA INDEVIDA. PRINCIPIO DA UNIDADE DA CONTRATAÇÃO. 1) A Participação em resultados, em regra, é negociada tendo em conta metas que dependem do comportamento, das ações e do controle dos trabalhadores. Se os trabalhadores optaram em negociar meta única e exclusiva atrelada às incertezas do mercado econômico ( faturamento liquido (relação receita/custo fixo e variável), ficam sujeitos aos choques macroeconômicos, consoante notoriamente verificado no segundo semestre do ano de 2008. 2) Se restou demonstrado que as metas previstas no PPR eram atingíveis, porque foram cumpridas no primeiro semestre do ano e pagas; e se não foram atingidas no segundo semestre porque atreladas a critérios de riscos, impossível o pagamento, de forma proporcional, descontando-se o mês de dezembro,para fins de apuração média semestral do IPG. 3) Isto porque, tal procedimento implicaria em fixar uma nova regra, não querida e nem desejada por ambas as partes, distinta daquela oriunda da vontade coletiva, em verdadeira alteração judicial das bases do pactuado, em malferimento ao principio da unidade da contratação coletiva e desprestígio da força normativa dos acordos e convenções coletivas de trabalho, assegurada pelo art. 7º, inciso XXVI, da Carta Federal. Parcela semestral de participação nos resultados indevida. (TRT-2ªRegião – SDC – 20058-2009-000-02-00-5, Relatora Desembargadora Ivani Contini Bramante, Julgamento em 26/08/2009)

NÚCLEO DE CONCILIAÇÃO DE COLETIVOS

Introdução A criação do NCC atendeu às determinações contidas

na Resolução nº 125/2010 do CNJ e ao princípio da conciliação, vetor da Justiça do Trabalho e do Direito Processual Trabalhista, tendo sido efetivada pelo Ato GP 03/2011, que criou o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos no âmbito do TRT da 2ª Região. Posteriormente, foi regulamentada por ato próprio o Núcleo de Coletivos - Ato GP n. 05/2013, tendo sido efetivado pelo Ato GP n. 21/2013.

Trata-se de mais uma ação pioneira concretizada pelo

E. TRT da 2ª região-SP, respaldada em Resolução do CNJ e que tem se mostrado eficaz na pacificação dos conflitos coletivos.

Introdução

Com efeito, cabe ao Judiciário estabelecer política pública de tratamento adequado dos problemas jurídicos e dos conflitos de interesses, de forma a organizar, em âmbito nacional, não somente os serviços prestados nos processos judiciais, como também os que possam sê-lo mediante outros mecanismos de solução de conflitos, em especial dos consensuais, como mediação e a conciliação.

É sabido que a conciliação e a mediação são

instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios.

Introdução Consoante os termos da legislação trabalhista, os dissídios

individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação (CLT, art.764) e para os efeitos deste artigo, os Magistrados e Tribunais do Trabalho deverão empenhar todos os seus esforços para convencer as partes a encontrarem uma solução conciliatória para o conflito (art. 764, §1º).

Ressalte-se que a negociação coletiva é objeto de fomento

pela OIT, nos termos da Convenção n° 98, aprovada pelo Decreto-Legislativo 49, de 27.8.1952 e publicada pelo Decreto 42.288, de 19.9.1957, Convenção 151 promulgada pelo Decreto 7.944, de 06.3.2013 e Convenção 154, ratificada pelo Brasil em 10.07.1992, promulgada pelo Decreto n.º 1.256 de 29.09.1994.

Introdução Podem ser submetidos ao NCC dissídios coletivos de

greve, ações civis públicas ou outras ações coletivas. Tendo em vista que o objeto destas ações envolvem

interesses coletivos com grande repercussão do fato, exige-se uma vasta negociação por meio da mediação do Tribunal.

A atuação do Núcleo pode ser solicitada pelo suscitante,

quer na petição inicial, quer em qualquer fase processual antes do julgamento, bem como pelo suscitado também em qualquer fase processual antes do julgamento. Ao Magistrado responsável pelo processo e ao Ministério Público do Trabalho é facultada a indicação do processo para a mediação ou conciliação no núcleo de dissídios coletivos.

Introdução A atuação do Núcleo pode ser suscitada pelo

suscitante, quer na petição inicial, quer em qualquer fase processual antes do julgamento, bem como pelo suscitado também em qualquer fase processual antes do julgamento. Ao Magistrado responsável pelo processo e ao Ministério Público do Trabalho é facultada a indicação do processo para a mediação ou conciliação no núcleo de dissídios coletivos.

A atuação do NCC também constou da Ata da

Correição Ordinária presidida pelo Excelentíssimo Senhor MINISTRO IVES GANDRA DA SILVA MARTINS FILHO, Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, conforme publicação no DOE de 05.12.13, em que restou consignado:

Introdução

"(...) mas queria destacar da parte descritiva duas iniciativas que seriam interessantes de serem exatamente louvadas nesse momento: a Justiça itinerante, levada pela Dra. Desembargadora Ivani Bramante, a Juíza Patrícia que recentemente até conseguiu um acordo em relação a isso, via TAC, então está registrada na parte descritiva. E a outra, o grupo de Conciliação de Dissídios Coletivos, pela Desembargadora Rilma, também é outra iniciativa do Tribunal que tem conseguido 64 % de acordo".

Introdução

Ademais, o formato do NCC foi incluído no Prêmio Innovare, deste ano, aguardando deliberações sobre o vencedor.

Aproveitamos para destacar o apoio incondicional da

Presidente do Tribunal da 2ª Região, Desembargadora Maria Doralice Novaes, da Vice-Presidente Judicial, Desembargadora Rilma Aparecida Hemetério, e do Presidente da SDC, desembargador Rafael Pugliese, sem o qual os excelentes resultados obtidos não teriam sido alcançados.

Dados Históricos

A primeira Reunião do NCC foi realizada em 06 de dezembro de 2012 no Gabinete da Exma. Sra. Desembargadora Vice-Presidente Judicial envolvendo o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Suscitante, e Banco Santander S/A, Suscitada, designado para a Desembargadora Vice-Presidente Judicial Rilma Aparecida Hemetério em conjunto com as Desembargadoras Ivani Contini Bramante e Lilian Lygia Ortega Mazzeu, bem como a Juíza Patrícia Therezinha de Toledo, encerrado com acordo entre as partes.

Dados Históricos

Da primeira reunião do NCC até 06.08.14, foram recebidos 58 processos, atingindo-se o percentual médio de 70% na conciliação, inclusive com empresas públicas.

Releva notar que é possível a submissão ao NCC de

dissídios coletivos, ações coletivas e ações civis públicas, citando como exemplo de sucesso uma ACP que denunciava trabalho análogo ao de escravo interposta pelo MPT em face da empresa Gregory, com êxito conciliatório.

Normatização O NCC é coordenado pela Vice-Presidente Judicial do Tribunal

Regional do Trabalho da 2ª Região. O NCC é composto da seguinte forma: I. Desembargadora Vice-Presidente Judicial - Coordenação; II. dois Desembargadores integrantes da Seção Especializada em

Dissídios Coletivos, indicados pela Vice-Presidência Judicial; III. um Desembargador integrante da Seção Especializada em

Dissídios Coletivos, indicado pelo Presidente da respectiva Seção;

IV. dois Juízes Titulares, convocados para atuar no 2º Grau na

forma do art. 36 do Regimento Interno, indicados pela Vice-Presidência Judicial; e

V. um representante da Escola Judicial.

Atribuições dos Membros do Núcleo

a) aproximação das partes; b) incentivo à solução negociada; c) oferta de propostas alternativas; d) mediação compartilhada, auxiliando às partes a

formularem a própria pretensão; e) subsídios jurídicos a uma solução consentânea

com a ordem jurídica.

Procedimentos

Independentemente das tentativas de conciliação previstas na Consolidação das Leis do Trabalho, todos os dissídios coletivos e ações coletivas estão aptos à mediação e conciliação perante o NCC, que poderão ocorrer mediante:

I. requerimento na petição inicial do Dissídio Coletivo

ou da Ação Coletiva; II. manifestação de interesse da(s) parte(s) através de

inscrição endereçada ao Coordenador do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos Coletivos ou ao Magistrado responsável pelo processo;

Procedimentos III. manifestação de interesse da(s) parte(s) através de

inscrição a ser feita na página eletrônica deste Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, em formulário próprio, que será permanentemente disponibilizado;

IV. indicação a ser feita pelo Magistrado responsável

pelo processo; V. solicitação das partes em reunião, audiência ou

sessão; VI. indicação do membro do Ministério Público do

Trabalho; VII. outros procedimentos que vierem a ser definidos.

Procedimentos Antes do sorteio do Relator, por meio de requerimento

da parte ou de triagem feita pela Vice-Presidência Judicial, o feito pode ser encaminhado ao NCC.

Havendo sessão de julgamento designada para o

Dissídio Coletivo ou Ação Coletiva, se for manifestado o interesse das partes na mediação e conciliação, por qualquer meio, caberá ao Magistrado responsável pelo processo, juntamente com o Coordenador do NCC, a análise quanto à pertinência do envio do processo ao NCC.

As atividades do NCC cessam com a celebração de

acordo entre as partes ou com o término da realização da audiência conciliatória.

Procedimentos Exaurida a atuação do NCC, os autos serão

encaminhados para o responsável pelo processo para deliberações.

Releva notar que desde a instalação do NCC, os

elementos humanos indispensáveis ao sucesso sempre foram disponibilizados com o apoio da Secretaria de Dissídios Coletivos e da Vice-Presidência Judicial, cujos servidores destacados sempre demonstraram eficiência com o intuito de otimizar os trabalhos.

Outrossim, os próprios Sindicatos têm peticionado no

sentido de se utilizar do NCC para a resolução dos conflitos, o que demonstra a eficiência e a eficácia da solução por meio da conciliação qualificada.

Conciliação Por se tratar de conflitos de interesses coletivos, com

pautas reivindicatórias clausuladas, as reuniões perante o NCC são extensas e muitas vezes são designadas para outras datas, no caso de haver possibilidade de acordo.

Com o intuito de que o processo continue no NCC, as

partes estabelecem perante o Juízo a cláusula de paz, o que favorece a composição e a paz social.

A cláusula de paz é um compromisso bilateral, através do

qual os trabalhadores se comprometem a suspender o movimento paredista, e a empresa, por sua vez, a não praticar qualquer ato anti-sindical, punição ou dispensa de trabalhadores, exceto nos casos do artigo 482 da CLT.

Conciliação

Tal cláusula de paz favorece o ambiente, para a negociação, bem como torna prejudicados os pedidos de liminares apresentados por ambas as partes.

Em havendo acordo, os autos são

encaminhados ao Relator do processo na SDC para homologação ou, então, o autor desiste da ação e com a concordância da ré, deposita o termo junto ao Ministério do Trabalho e Emprego para homologação do Acordo Coletivo de Trabalho.

Termo de Reunião do NCC

Ata de Reunião no Núcleo de Conciliação de Coletivos. Abrangência de vários Dissídios Coletivos de Greve e Ação

Cautelar entre Sindicato dos Trabalhadores e CPTM. Após diversas reuniões e tentativas de conciliação, finalmente,

no dia 10/09/2014, sob a Presidência da Desembargadora IVANI CONTINI BRAMANTE, e da Juíza PATRÍCIA THEREZINHA DE TOLEDO, do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos Coletivos, foi realizada a seguinte conciliação:

“TERMO DE REUNIÃO Nº 056/14 Processo TRT/SP nº 1000616-88.2014.5.02.0000 (...)

Termo de Reunião do NCC

Após longo debate, atendendo à sugestão do Núcleo, através da Exma. Sra. Desembargadora IVANI CONTINI BRAMANTE e da Exma. Sra. Juíza PATRÍCIA THEREZINHA DE TOLEDO, as partes se conciliaram, referente ao tema “PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS – PPR” e neste ato, assinam as minutas dos Acordos escritos que apresentam e, ainda, deixam expressamente consignado que faz parte dos Acordos de PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS – PPR o constante na reunião anterior quanto à cláusula 5ª, parágrafo 3º, com a seguinte redação, fruto da interpretação exarada na ata anterior:

Termo de Reunião do NCC

“- Quanto à Cláusula 5ª, parágrafo 3º, que trata da Garantia de Pagamento Mínimo de R$ 3.548,00, uma vez cumpridas as metas objetivas e que dependam exclusivamente do desempenho dos trabalhadores, referem-se especificamente aos seguintes Indicadores e Metas:

- O previsto no item 1.4 letra “a” da Cláusula 3ª com a seguinte redação: “Passageiros Transportados: Mede a quantidade de passageiros transportados no período de 01 ano”;

- O previsto no item 1.5 letra “a” da cláusula 3ª, com a seguinte redação: “Assiduidade: Mede a relação percentual estabelecida entre os dias de efetivo exercício do empregado e o total de dias do período de avaliação do programa”. Quanto a este indicador, a aferição é individual, por empregado, vale dizer, caso o empregado, isoladamente considerado, não cumpra este indicador, somente ele não será beneficiado na aferição do cômputo geral do PPR.

Termo de Reunião do NCC

“- A garantia mínima do PPR levará em consideração a proporcionalidade do atingimento da Meta de Passageiros Transportados. Após calculada a proporcionalidade, em relação aos passageiros transportados, aplicar-se-á a Meta da Assiduidade. Fica esclarecido que o pagamento integral da garantia mínima somente se dará caso atingidos 100% de ambas as Metas.

- Os demais Indicadores e Metas, previstos na Cláusula 3ª, são indicadores subjetivos que não dependem exclusivamente do desempenho dos trabalhadores, portanto, não podem ser levados em consideração, para fins do pagamento mínimo de R$ 3.548,00.”

Conclusão A melhor ferramenta para a solução dos conflitos trabalhistas é

a negociação coletiva direta, valorizando-se o papel fundamental dos Sindicatos dos Trabalhadores e Sindicatos Patronais.

O Poder Judiciário também abraçou, através do Conselho Nacional

de Justiça, a ênfase à conciliação, cujo Núcleo de Conciliação do TRT da 2ª Região tem representado a valorização das conciliações, no âmbito coletivo.

A dinâmica do procedimento permite que os dissídios coletivos

sejam tratados de maneira eficaz, permitindo às partes a conciliação, consagrando-se a cláusula de paz que produz a harmonia social.

Ademais, as CONCILIAÇÕES realizadas perante o Núcleo de

Conflitos Coletivos têm gerado grande redução do volume de processos levados a julgamento perante a SDC, bem como representa sensível economia de recursos humanos e financeiros do Estado.