Índices exportaÇÃo do agronegÓcio - usp · 2020. 3. 3. · fonte: cepea/esalq/usp; com base em...

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ÍNDICES EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO 2019

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    EXPORTAÇÃODO AGRONEGÓCIO

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    Em 2019, o volume de produtos agro-pecuários exportado pelo Brasil cresceu 5,7% frente ao ano anterior, enquanto os preços em dólares recebidos pelos exportadores nacionais caíram quase 8%. Esse cenário resultou em faturamento externo de US$ 97 bilhões, apro-ximadamente 4% menor do que o obtido em 2018. Em Reais, a queda na receita foi maior, de quase 9%, devido à valorização de quase 5% da moeda nacional. Em praticamente to-dos os meses de 2019, a quantidade embar-cada se manteve acima dos volumes mensais observados em 2018. O País superou, ainda, as expectativas de produção na safra 2018/2019 e colheu 242 milhões de toneladas de grãos, garantindo mais uma vez o atendimento do vo-lume recorde das demandas externa e interna. Cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostram que, embora o volume exportado pelo setor agrícola (IVE-Agro/Cepea) tenha cres-cido em 2019, especificamente em dezembro frente ao mesmo mês de 2018, as exportações recuaram 2%. No balanço de 2019, os embar-ques de carnes, milho, café e algodão aumenta-ram, mas os dos produtos do complexo da soja

    não conseguiram manter o mesmo desempenho do ano anterior e caíram em 2019 (Figura 1). Os preços médios em dólares (IPE-Agro/Cepea) recebidos pelos exportadores do setor permaneceram em tendência de queda no correr de 2019. Na média anual, houve recuo de quase 8%, enquanto no comparativo de dezembro/19 contra dezembro/18, a redução ficou próxima de 5%. Esse comportamento teve suporte da boa oferta mundial de alimentos neste ano (Figura 1). A taxa de câmbio efetiva real do agronegócio (IC-Agro/Cepea), calculada com base nas exportações brasileiras para seus 10 principais parceiros comerciais, oscilou um pouco ao longo do ano, mas esteve sem-pre abaixo dos patamares observados em 2018. Com isso, o Real se valorizou em 2019 e a taxa de câmbio efetiva acumulou que-da de 4,7% no ano e de 6,5% em dezem-bro/19 frente ao mesmo mês do ano anterior. O efeito de preços externos em bai-xa combinado com a valorização do Real, na média do ano, derrubou em mais de 13% a atratividade das vendas externas o se-tor, medida pelo Índice de Atratividade do Agronegócio (IAT-Agro/Cepea) – (Figura 1).

    Valor das vendas externas do agronegócio cai em 2019

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    Figura 1 - IPE-Agro, IVE-Agro, IAT-Agro e IC-Agro. Dados mensais de janeiro de 2018 a dezembro de 2019 (índice: jan/17=100).

    Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC

    Nos últimos 20 anos, o volume de pro-dutos exportados pelo agronegócio brasileiro (IVE-Agro/Cepea) apresentou crescimento forte e praticamente contínuo ao longo do tempo. A alta acumulada chegou a 354%, enquanto os preços médios em dólar (IPE-Agro/Cepea) ain-da mostram alta de 53%, apesar das quedas

    registradas desde 2011. A taxa de câmbio efeti-va real (IC-Agro/Cepea), por sua vez, caiu 51% nesse período e, como resultado dessa aprecia-ção cambial combinada com a alta dos preços externos no período, a atratividade das exporta-ções agro (IAT-Agro/Cepea) caiu 25% (Figura 2).

    Figura 2 - IPE-Agro/Cepea, IVE-Agro/Cepea, IAT-Agro/Cepea e IC-Agro/Cepea. Dados anualizados (Índice: 2000=100).

    Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

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    Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

    Figura3 - Evolução do saldo comercial do agronegócio brasileiro (índice:2000=100).

    Balança comercial Apesar do volume recorde de produtos embarcados em 2019, o setor agrícola brasilei-ro, que tem mostrado bom desempenho em seu comércio internacional desde 2000, registrou redução de aproximadamente 5% no valor de suas transações (balança de comércio) com o resto do mundo. A boa oferta agrícola desse ano, de cerca de 242 milhões de toneladas de grãos, segundo a Conab, foi fundamental para o setor atender com folga as demandas brasileira e internacional por alimentos, fibras e energia. Mais uma vez, o setor tem cumprido sua função de garantidor da estabilidade monetária, já que a boa oferta de produtos agrícolas contribuiu para a manutenção dos índices de inflação em níveis baixos, quando comparados com seu his-tórico ao longo do tempo. Além disso, o setor também deu importante contribuição para a estabilidade do câmbio, visto que gerou expres-sivo superávit em suas relações comerciais com

    o resto do mundo, proporcionando significativa entrada de divisas no País, que compensaram o déficit comercial proveniente de outros setores produtivos. Enquanto o saldo comercial dos ou-tros setores ficou negativo em quase US$ 36 bi-lhões em 2019, o superávit gerado pelo agrone-gócio foi superior a US$ 83 bilhões no ano, mais que compensando o déficit gerado pelos outros setores da economia brasileira (dólar). Nesse cenário, a balança comercial brasileira fechou o ano com superávit superior a US$ 46 bilhões. A participação do agronegócio nas ex-portações totais do País foi de 43%, superando a do ano anterior. No acumulado dos últimos 20 anos (de 2000 a 2019), o saldo comercial do agronegócio brasileiro (receitas das expor-tações menos gastos com importações em dólares) aumentou mais de cinco vezes, apre-sentando crescimento de 442% (Figura 3).

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    Em 2019, os produtos responsáveis pelo crescimento das exportações (volume) do agronegócio brasileiro (IVE Agro/Cepea) foram o milho; o algodão em pluma; as car-nes suína, bovina e de aves; café, frutas, e os produtos do setor florestal. Os produtos do

    complexo da soja, não atingiram o mesmo desempenho de 2018 e apresentaram quedas significativas. Outros produtos que também apresentaram redução das vendas ao exterior foram o suco de laranja e o açúcar (Figura 4).

    Desempenho dos principais setores agroexportadores

    Figura 4 - Volume das Exportações para Produtos Específicos (IVE-Agro/Cepea) – variações percentuais referentes às exportações de 2019 em comparação com o ano de 2018.

    Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

    O preço em dólar (IPE-Agro/Cepea) caiu para a grande maioria dos principais produ-tos exportados pelo agronegócio brasileiro em

    2019, frente ao ano de 2018. Nesse período, apenas as carnes suína, de aves e bovina conse-guiram preços maiores que os de 2018 (Figura 5).

    Figura 5 - Preços de Exportação para Produtos Específicos (IPE/Cepea) – variações percentuais referentes a 2019 em comparação com 2018.

    Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

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    Figura 6 - Índices de Atratividade da Exportação de Produtos Específicos (IAT/Cepea) – variações percentuais referentes ao ano de 2019 em comparação com 2018.

    Principais destinosA China continua sendo o principal desti-

    no dos produtos agrícolas brasileiros. Em 2019, as exportações da carne brasileira para o país asiático aumentaram, principalmente de carne bovina. Por outro lado, as compras chinesas dos produtos do complexo da soja não conseguiram se manter nos mesmos patamares de 2018 e a participação do país asiático no total das expor-tações agro brasileiras ficou em 32% (Figura 7). A soja em grão continua sendo o principal pro-duto enviado ao país, que adquiriu 78% de toda soja em grão exportada pelo Brasil em 2019. O país asiático também é o principal destino das carnes bovina (35%) e suína (39%) e o segun-do principal destino das carnes de aves (18%). A Europa, considerando-se apenas os países que fazem parte da zona do Euro,

    é o segundo destino mais importante para os produtos brasileiros (Figura 7). Esses paí-ses demandaram 16% do valor total expor-tado pelo agronegócio brasileiro em 2019. Os Estados Unidos são o tercei-ro destino das exportações do agronegó-cio brasileiro, mantendo a participação pró-xima de 7% nos últimos anos (Figura 7). Outros países asiáticos que têm au-mentado sua participação são: Japão, Irã, Hong Kong e Coreia do Sul. A participação do grupo dos “demais países” absorveu 35% das vendas externas brasileiras de produtos agrícolas – esse grupo engloba 189 países com pequena parti-cipação individual, mas que, juntos, tiveram a segunda maior relevância em 2019 (Figura7).

    A valorização do Real tirou atrati-vidade das vendas externas dos produtos agrícolas em 2019, limitando o desempenho

    do setor. Assim, apenas a carne suína con-seguiu preços internalizados em reais (IAT--Agro/Cepea) maiores em 2019 (Figura 6).

    Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

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    Figura 7 - Principais destinos das exportações do agronegócio brasileiro em 2019, de acordo com participação no fatura-mento em dólar.

    Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

    Em relação aos destinos dos princi-pais produtos do agronegócio, o Japão foi responsável por demandar 15,7% do total ex-portado de milho pelo Brasil, seguido por Irã (13,6%), Espanha (7,2%) e Egito (7,5%). Os principais destinos dos embarques do etanol foram majoritariamente os Estados Unidos, com 63% das exportações brasileiras do produ-to, Coreia do Sul com 25% e Japão com 3%. No caso do mercado do farelo de soja, os destaques em termos de destino das expor-

    tações nacionais foram os Países Baixos, que compraram 16% do produto, a Tailândia, que adquiriu 11%, Indonésia com 9% e Coreia do Sul, com 9%. A Índia tem sido o destino mais im-portante para o óleo de soja, demandando 39% desse derivado brasileiro, e a China aparece em segundo lugar de destaque, com 20% do total exportado deste produto. Em relação ao açúcar, os países mais relevantes foram Argélia (12,3%), Bangladesh (9%), China (7%) e Índia (4%).

    Principais setoresEm 2019, a receita em dólar obtida com

    os produtos do complexo da soja ficou 11% abaixo do montante de 2018. Ainda assim, esse setor se manteve na liderança, com participa-ção de quase 34% na pauta das exportações do agronegócio. O setor de pecuária (todas as carnes em seu conjunto) conquistou o segundo lugar em termos de participação na pauta de exportações agro, representando 17% de tudo o que foi exportado em 2019. Em seguida, des-taca-se o setor florestal, com participação supe-rior a 13%; seguido pelo setor de cereais, fari-

    nhas e preparações, cujo produto de destaque é o milho, que gerou receita de US$ 8,1 bilhões e participação superior a 8%, ultrapassando, as-sim, o tradicional setor sucroalcooleiro, que ficou com participação de 6,5%. O café ficou na sexta posição, com 5% de participação, e o setor têx-til, que inclui o algodão, na sétima. O milho e o algodão em pluma foram os destaques em ter-mos de volume nesse, visto que apresentaram as maiores taxas de crescimento das vendas externas entre todos os produtos pesquisados.

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    Foto: Mauro Osaki/Cepea

    Em 2019, o setor agroexportador brasi-leiro apresentou bom desempenho quantitati-vo, com crescimento dos embarques de quase 6%, mas a queda superior a 8% nos preços médios derrubou o faturamento em dólar do setor, que caiu mais de 4%. Os produtos que mais contribuíram para o aumento das vendas em volume foram o milho, algodão em pluma, o café e as carnes. O faturamento em Reais caiu mais de 13%, já que, além da queda dos preços médios em dólar, a apreciação da mo-eda nacional também contribuiu para reduzir a atratividade das vendas externas do setor. A boa colheita brasileira, contudo, favoreceu o crescimento do volume exportado, enquanto a inflação doméstica se manteve comportada. As vendas brasileiras para a China con-tinuam em patamar elevado. A participação chinesa nas exportações totais do setor ficou em 32%, e a soja em grão continua sendo o produto mais importante da relação comercial entre os dois países. Além disso, o setor de pecuária se beneficiou da ocorrência da Peste Suína Africana (PSA) no país asiático, uma vez que os chineses incrementaram as compras de carnes bovina, suína e de aves do Brasil. Em 2019, a participação da China caiu um pouco frente a 2018. Com isso, ou-tros destinos, como Zona do Euro, Estados

    Unidos, Japão e Irã, aumentaram a participa-ção na pauta das vendas externas dos pro-dutos do agronegócio brasileiro. Hong Kong e Coreia do Sul também se destacaram como importantes parceiros comerciais do Brasil. O ano de 2020 inicia com muita in-certeza. De um lado, há questões das relações comerciais entre EUA e China, que ainda não foram totalmente resolvidas. De outro, a epi-demia de coronavírus na China e, que tem se espalhado pelos demais países, tende a afetar a economia do país asiático, trazendo entra-ves para fluxos comerciais entre praticamente todos países. Como consequência, várias ta-xas de câmbio em relação ao dólar iniciaram 2020 em níveis superiores aos observados no fechamento de 2019. Além disso, a se confir-mar uma redução de comércio, o movimento de queda dos preços dos alimentos observado em 2019 pode se manter ao longo de 2020. Por outro lado, eventos climáticos ad-versos, cada vez mais frequentes, podem res-tringir a oferta dos produtos agrícolas ao longo do ano, dando suporte aos preços de mercado, que iniciaram o ano com alguma recuperação. Desse modo, qualquer previsão para 2020 pra o comércio internacional e nível de pre-ços deve considerar elevado potencial de erro.

    COORDENAÇÃO GERAL: Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, Ph.D, Pesquisador Chefe/Coordenador Científico do Cepea-Esalq/USP PESQUISADORA DO CEPEA: Andréia Cristina de Oliveira Adami, Dra. EQUIPE TÉCNICA: Frederico Ilenburg, graduando em Ciências Econômicas

    CONTATOS: (19) 3429-8836/37 • [email protected] INFORMAÇÃO: www.cepea.esalq.usp.br

    EXPEDIENTE

    CONCLUSÕES