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do agronegócio BRASILEIRO Brazilian Agribusiness Cepea Report JULHO/2017 BOLETIM CEPEA

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Page 1: BOLETIM CEPEA do agronegócio BRASILEIRO · os preços em dólares (IPE-Agro/ Cepea) aumentaram como porque o Real se desvalorizou em relação às outras moedas. Nessa presente edição

do agronegócioBRASILEIRO

Brazilian Agribusiness Cepea Report JULHO/2017

BOLETIM CEPEA

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do Agronegócio BrasileiroBRAZILIAN AGRIBUSINESS CEPEA REPORT

O Boletim Cepea do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal, elaborada pelo Centro de Estu-dos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), que aborda aspectos da conjuntura e da estrutura do agronegó-cio brasileiro sob diferentes óticas, oferecendo um panorama completo a respeito do desempenho do setor. Em todas as suas edições mensais são apresentadas as mais recentes perspectivas e análises a respeito do PIB do agro-negócio brasileiro. Complementarmente, volumes trimestrais mais completos abordam também aspectos sobre o mercado de trabalho e o comércio internacional do setor. A cada semestre, há ainda textos de opinião, elaborados por analistas envolvidos no setor, visando tratar de problemas específicos relacionados ao agronegócio brasileiro. O agronegócio, setor foco deste boletim, é entendido como a soma de quatro segmentos: insu-mos para a agropecuária, produção agropecuária básica, ou primária, agroindústria (processamento) e agros-serviços. A análise desse conjunto de segmentos é feita também para o ramo agrícola e para o pecuário. Especificamente em relação ao PIB do Agronegócio Brasileiro, trata-se de resultado de pesquisa realizada em parceria entre o CEPEA e a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Pelo critério meto-dológico do Cepea, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado total des-te setor na economia, a preços de mercado. O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo a todas as de-mais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. Para a análise do PIB do setor, o Cepea cal-cula e analisa diferentes indicadores, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas: o PIB-volume Agronegócio, que é produto medido pelo critério de preços constantes; o Deflator do PIB do Agronegócio, ou índice de inflação do setor; o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo va-riações de volume e de preços reais; e os Preços relativos, que relacionam os deflatores do agronegócio e seus seg-mentos com o deflator do PIB nacional. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram o mesmo momento do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais compu-ta-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior). Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis – preços e produções observadas e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, é possível, portanto, que os resultados sejam alte-rados. Para detalhamento metodológico, acessar material completo: http://www.cepea.esalq.usp.br/br/metodologia.aspx. Em relação ao mercado de trabalho do agronegócio brasileiro, o Cepea passou a divulgar informações trimestrais con-templando o pessoal ocupado no setor, segundo seus segmentos. A pesquisa do Cepea utiliza como principal fonte de informações os microdados da PNAD-Contínua e, de forma complementar, dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS-MTE) e de pesquisas do IBGE. É importante mencionar que as análises do Cepea se baseiam na PNAD-Contínua, que não contempla indiví-duos que atuam no setor produzindo apenas para próprio consumo. A descrição metodológica do cálculo e o acompanhamento do mercado de trabalho do agronegócio podem ser obtidos mediante solicitação, contatando-se o e-mail [email protected]. Em relação ao setor externo, o Cepea elabora mensalmente quatro índices para acompanhamento do de-sempenho agregado das exportações do agronegócio brasileiro: o Índice de Preços em dólar (IPE-Agro/Cepea), o Ín-dice de Volume (IVE-Agro/Cepea), o Índice de Câmbio Efetivo do Agronegócio (IC-Agro/Cepea) e o Índice e Atrativida-de das Exportações Agro (IAT-Agro/Cepea), ou de Preços em Reais. O IPE-Agro/Cepea é um indicador dos preços, em dólares FOB, das exportações do agronegócio brasileiro, que inclui produtos agropecuários in natura e processados. É, portanto, um preço médio recebido pelos exportadores referente às 16 categorias de produtos acompanhadas pelo Cepea. O índice de volume agregado, IVE-Agro/Cepea, mede a evolução do volume físico de exportações do agrone-gócio brasileiro. Já o IC-Agro/Cepea é o índice de câmbio efetivo do agronegócio brasileiro, que representa uma mé-dia ponderada das taxas de câmbio, em valores reais, dos 10 parceiros comerciais mais importantes do Brasil. Da composição do IC-Agro/Cepea com o IPE-Agro/Cepea resulta o IAT-Agro/Cepea, que representa o preço em Reais das exportações do agronegócio nacional e mede a atratividade das exportações do setor, que pode crescer tanto porque os preços em dólares (IPE-Agro/ Cepea) aumentaram como porque o Real se desvalorizou em relação às outras moedas. Nessa presente edição do boletim, tem-se ainda uma seção dedicada a tratar brevemen-te da evolução dos custos de soja com defensivos agrícolas ao longo das últimas 10 safras colhidas.

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA (CEPEA). BOLETIM CEPEA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO. PIRACICABA, V. 1, N.3, 2017.

EQUIPE RESPONSÁVEL: Coordenação Geral: Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, Ph.D, Pesquisador Chefe/Coordenador Científico do Cepea/ Esalq/USP;Equipe técnica: MSc. Nicole Rennó Castro, MSc. Leandro Gilio, Dra. Adriana Ferreira Silva, Dr. Arlei Luiz Fachinello, Dr. Alexandre Nunes de Almeida, Dra. Andréia Cristina de Oliveira Adami, Msc. Gustavo Ferrarezi Giachini e Ana Carolina de Paula Morais.Especial Custos Agrícolas: Fábio Francisco de Lima

Notas Metodológicas - BOLETIM CEPEA

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PIB do Agronegócio Brasil | JULHO/2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

Notas Metodológicas - BOLETIM CEPEA

Sendo um ano em que as adversidades climáticas não tiveram efeito negati-vo destacado sobre o agronegócio, em

2017, o setor manteve sua tendência normal de ganhos de produtividade e crescimento da produção. Então, como observado nas últimas quatro décadas¹, em 2017, o agronegócio proporcionou à sociedade e à economia bra-sileira um cenário de produção crescente a preços decrescentes e de geração de divisas. A safra recorde no campo que, por sua vez estimulou a atividade também de outros segmentos, resultou na avaliação de crescimen-to interanual de 5,81% no PIB-volume do agro-negócio, impactando positivamente no produ-to gerado pela economia brasileira. Segundo as informações mais recentes divulgadas pelo IBGE, o PIB brasileiro recuou ligeiro 0,04% na comparação dos primeiros semestres de 2017 e de 2016 – queda que seria bastante superior não fossem os resultados da agricultura. Já pela ótica dos próprios agentes inseridos no agro-negócio, o que se verificou foi uma perda da rentabilidade apesar da elevada produção, com os preços do setor em decréscimo de 7,8% com relação aos da economia como um todo no pe-ríodo (frente aos primeiros sete meses de 2016). Neste contexto, destaca-se que os re-levantes ganhos de produção no agronegócio, sobretudo na agropecuária, não refletiram em aumento do emprego no setor. Ao contrário, no primeiro semestre de 2017, houve queda de 3,1%, ou mais de 580 mil pessoas, no total de ocupações. De modo geral, as principais re-duções no número de ocupações ocorreram na própria agropecuária e para trabalhadores atu-ando por conta própria e com baixa escolarida-de. Ao mesmo tempo, e como resultado desse movimento, os rendimentos médios do trabalho auferidos no agronegócio tiveram ganho real na comparação entre semestres. A queda das

ocupações na agropecuária, caracterizada por menor rendimento frente aos demais segmen-tos, e das ocupações de trabalhadores menos instruídos frente às com maior grau de instru-ção, explica o aumento do rendimento médio no setor. De modo geral, diante da diversidade socioeconômica e tecnológica da agropecuária, não se espera uma associação importante entre oscilações do PIB e do pessoal ocupado (PO). E, para o cenário do primeiro semestre de 2017 (último dado disponível), tem-se indicativos de que a redução do PO se deu essencialmente em atividades de menor importância econômica. No setor externo, verificou-se elevação de 6% no faturamento em dólares do agro-negócio frente ao primeiro semestre de 2016. Mas, na mesma comparação, o Índice da Taxa de Câmbio Efetiva Real do Agronegócio retraiu 17,8% e, em termos de volume, a maioria dos produtos apresentou redução nos embarques. Nesse cenário, o faturamento do setor em reais recuou cerca de 9%. São exceções no que diz respeito à redução de volume embarcado a soja em grão, óleo de soja, frutas, celulose, açúcar e madeira. A soja em grão foi o destaque dos em-barques do semestre, com o valor em dólar de suas vendas para o exterior representando mais de 33% do faturamento do setor no período. Na seção especial sobre custos agrí-colas da soja deste boletim, foram apresenta-dos ainda aspectos sobre o relevante aumento dos gastos com defensivos agrícolas ao longo das últimas 10 safras nas principais regiões produtoras do País. Além do encarecimento dos inseticidas e fungicidas no período, o seu maior uso também foi responsável pelo au-mento do custo, diante de pressões como o aparecimento da lagarta Helicoverpa sp, ata-ques de percevejos e aparecimento de ferru-gem asiática como consequência do El niño.

INTRODUÇÃO

¹ Para mais informações, ver Barros (2010) e Barros (2016), disponíveis em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/Liv-ro_agriculturabrasileira.pdf e http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/160725_agricultura_transformacao_produtiva.pdf

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PIB do Agronegócio Brasil | JULHO/2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

Considerando-se as informações disponíveis até julho/17, estima-se retração interanu-al de 2,5% no PIB-renda do agronegócio

brasileiro (Tabela 1). Conforme já apontado em análises anteriores, a renda do setor segue pres-sionada pelo movimento de preços desfavorável: na comparação de janeiro a julho de 2017 com o mesmo período de 2016, os preços do agronegó-cio apresentaram decréscimo relativo de 7,8% em relação aos preços da economia como um todo². No ramo agrícola se verificou a queda mais acentuada nos preços relativos, de 10,7%, influenciada, principalmente, pelo movimento desfavorável observado no segmento primário. Tal piora teve forte influência dos preços da soja e do milho. Segundo avaliação de pesquisadores do Cepea, para ambos os grãos, a grande dispo-nibilidade no mercado foi o principal responsável pela pressão sobre as cotações. No caso do milho, o clima mais seco em julho permitiu o bom avan-ço da colheita da segunda safra, principalmente na região Centro-Sul do País. Já para a soja, o excelente desenvolvimento da oleaginosa atre-lou-se ao comportamento favorável do clima em praticamente todas as regiões produtoras do País,

e o próprio avanço da colheita de milho, que tem efeito sobre a oferta da oleaginosa em função da necessidade de se liberar armazéns, também influenciou na maior disponibilidade do grão. No ramo pecuário, as reduções nos pre-ços relativos foram mais amenas, e de magnitudes semelhantes entre os segmentos. Tanto no seg-mento primário como no agroindustrial, a pres-são sobre os valores atrelou-se à cadeia da bo-vinocultura de corte. Segundo pesquisadores do Cepea, o reduzido patamar de preços na cadeia no semestre deveu-se a alguns fatores, entre eles os maiores investimentos realizados por pecua-ristas em períodos anteriores e a demanda ainda sem fôlego para absorver o excedente produzido. Já para o PIB-volume do agronegó-cio, indicador comparável as variações do PIB nacional divulgadas pelo IBGE, a expectativa para o ano se mantém em relevante elevação, de 5,8%. O impulso advém do ramo agrícola, para o qual se espera crescimento de 8,7% no ano. Neste ramo, destaca-se a alta de 26,2% do segmento primário, o que se reflete também no crescimento do segmento de agrosserviços. Entre os segmentos do agronegócio, apenas

PIB DO AGRONEGÓCIO

SAFRA RECORDE SUSTENTA PIB BRASILEIRO, MAS RELAÇÃO DESFAVORÁVEL DE PREÇOS PRESSIONA RENDA DO AGRONEGÓCIO

² Sendo considerada a relação entre o deflator do PIB do agronegócio e o deflator implícito do PIB nacional. ³ Para mais informações, ver Carta de Conjuntura, número 36, 3º trimestre de 2017, disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntura/170822_secao_agro.pdf

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PIB do Agronegócio Brasil | JULHO/2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

O movimento de queda dos preços relati-vos, ou seja, valor negativo na relação entre os deflatores do agronegócio e

da economia como um todo, expressa a perda de rentabilidade da produção do setor frente à média da economia. Tal fato, porém, reflete-

-se positivamente em indicadores econômicos e na sociedade como um todo, dada a contri-buição do setor no controle da inflação e na disponibilidade de alimentos, fibras e energia a um menor custo de compra no mercado inter-no e para a competitividade das exportações.

Ramos Segmentos PIB-volumePreços

Relativos*PIB-renda

Ramo agrícola

Insumos 2,4% -7,2% -5,0%

Primário 26,2% -13,8% 8,8%

Indústria 0,3% -6,3% -6,1%

Agrosserviços 5,9% -9,4% -4,1%

Ramo agrícola total 8,7% -9,6% -1,8%

Ramo pecuário

Insumos 2,8% -1,7% 1,0%

Primário -0,6% -3,0% -3,5%

Indústria -1,4% -3,8% -5,1%

Agrosserviços -1,0% -3,4% -4,4%

Ramo pecuário total -0,8% -3,3% -4,0%

AGRONEGÓCIO

Insumos 2,5% -5,3% -2,9%

Primário 17,1% -10,7% 4,5%

Indústria -0,1% -5,8% -5,9%

Agrosserviços 3,6% -7,5% -4,2%

Agronegócio 5,8% -7,8% -2,5%

Tabela 1 - PIB do Agronegócio: taxas de variação anual

avaliadas de janeiro a julho de 2017 Fonte: Cepea/Esalq-USP e CNA. *Relação entre os deflatores do agronegócio e de

seus segmentos e o deflator do PIB Nacional

para a agroindústria estima-se estabilidade no PIB-volume. Para os segmentos de insu-mos, primário e agrosserviços, as estimativas são de crescimento anual. A Tabela 1 apre-

senta os resultados detalhados por ramos e segmentos para as variações anuais do PIB--volume, dos Preços Relativos e do PIB-renda.

4 Participação calculada pela relação entre os valores adicionados na agropecuária e total da economia. Fonte: IBGE – Contas Nacionais Trimes-trais.

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PIB do Agronegócio Brasil | JULHO/2017

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Tabela 2 - Variação do PIB e valor adicionado setorial, no

primeiro semestre de 2017* (em %) Fonte: IBGE – Contas Nacionais Trimestrais.

*Em relação ao mesmo período do ano anterior - %

PIB TOTAL -0,04

Agropecuária 15,04

Indústria -1,59

- Indústria de Transformação -1,03

Serviços -1,01

Ao observar a Tabela 3, verifica-se que, pela ótica das despesas, o único agre-gado a impulsionar o PIB brasileiro no

período foi a exportação, com avanço de 2,2%, diante de retrações para o consumo das famí-lias e do governo, e forte baixa nos investimen-tos. Sendo o agronegócio um setor determi-nante no desempenho exportador total do País

(respondendo por 46% do total exportado em 2016 ), destaca-se o papel relevante dos maio-res embarques de soja e derivados, frutas, celu-lose, açúcar e madeira no primeiro semestre do ano para esse resultado. Mais informações so-bre as exportações do agronegócio no período são discutidas no terceiro tópico desse boletim.

Tabela 3 - Variações do PIB nacional e seus componentes, no

primeiro semestre de 2017 (em %) Fonte: IBGE – Contas Nacionais Trimestrais.

*Em relação ao mesmo período do ano anterior - %

Agregado PIBConsumo

das Famílias

Consumo do

Governo

Formação Bruta de

Capital FixoExportação Importação

Variação no semestre*

-0,04 -0,6 -1,9 -5,1 2,2 2,9

5DAC/SRI/ Mapa a partir de dados do Agrostat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC.

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MERCADO DE TRABALHO6

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PIB do Agronegócio Brasil | JULHO/2017

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MERCADO DE TRABALHO

SEGMENTO PRIMÁRIO REDUZ NÚMERO DE OCUPADOS NO AGRONEGÓCIO EM 2017

No primeiro semestre de 2017, menos pes-soas estiveram ocupadas nas atividades que compõem o agronegócio brasileiro,

na comparação com o mesmo semestre de 2016. A queda nas ocupações do agronegócio, de 3,1%, foi superior à observada para o total do Brasil, de -1,2% – ver Figura 1. Em termos absolutos, a redução de ocupações no agrone-gócio foi superior a 580 mil pessoas. Desagre-

gando a análise para os segmentos que com-põem o setor, verifica-se que a redução das ocupações se atrelou exclusivamente ao pri-mário, para o qual a diminuição na população ocupada (PO) foi de 7,7% na comparação entre semestres, ou de 702 mil pessoas. Já o nível de ocupações nos segmentos de insumos, agroin-dustrial e agrosserviços aumentou no período, em 3,4%, 0,6% e 1,7%, respectivamente.

Figura 1 - Variação na população ocupada (PO) no agronegócio, seus segmentos e no Brasil

como um todo, na comparação entre o primeiro semestre de 2017 e o mesmo período de 2016 Fonte: Cepea/Esalq-USP, a partir de informações dos microdados

da PNAD-Contínua e de dados da RAIS.

Insumos 3,4%

Primário -7,7%

Agroindústria 0,6%

Agrosserviços 1,7%

Agronegócio Total -3,1%

Brasil total -1,2%7

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PIB do Agronegócio Brasil | JULHO/2017

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Analisando as mudanças semestrais no mercado de trabalho do setor, verifica--se, ainda, que a redução mais relevante

no total do ocupados se deu para trabalha-dores por conta própria no agronegócio, de 8,7% ou 566 mil pessoas (Figura 2A). O total de empregos com carteira assinada também diminuiu em cerca de 2% (133 mil pessoas), com elevação em magnitude próxima (+2,3%) no total de empregos sem carteira assinada. O total de empregadores do agronegócio no

primeiro semestre de 2017 foi 15% supe-rior ao patamar do primeiro semestre do ano passado. Pela ótica dos graus de instrução, a tendência do semestre foi mais marcante: forte redução de 35,5% nas ocupações sem nenhuma instrução (877 mil pessoas), mas aumento de 5,5% no total de ocupações com ensino superior, completo ou incompleto (qua-se 129 mil pessoas) – ver Figura 2B. Também se verificou elevação no total de ocupados com ensino médio, completo ou incompleto.

Figura 2 - Variação na PO do agronegócio por classes de posição na ocupação e categorias

de emprego e de níveis de instrução (primeiro semestre 2017/primeiro semestre 2016) Fonte: Cepea/Esalq-USP, a partir de informações dos microdados da PNAD-Contínua e de dados da RAIS.

*completo ou incompleto; ** ”outros” inclui trabalhadores familiares auxiliares e militares e servidores

(A): Variação na PO do agronegócio por classes de posição na ocupação de categorias de emprego

(1º semestre 2017/1º semestre 2016)

Emp. c/ carteira -2,0%

Emp. s/ carteira 2,3%

Empregador 15,0%

Conta-própria -8,7%

Outros** -2,4%

(B): Variação na PO do agronegócio por classes de nível de instrução(1º semestre 2017/1º semestre 2016)

Sem instrução -35,5%

Fundamental* -0,3%

Médio* 3,4%

Superior* 5,5%

Em tendência contrária à do número de pessoas ocupadas, os rendimentos do tra-balho do agronegócio tiveram ganho real

médio frente ao primeiro semestre de 2016, como se observa na Figura 3. Para os empre-gados no setor, a variação positiva foi de 2,9%, com o rendimento médio mensal passando de R$ 1.621 para R$ 1.668 (a preços do segun-

do trimestre de 2017). Para os empregadores do setor, verificou-se ganho mais expressivo, de 9%, com os rendimentos médios passando de R$ 4.998 para R$ 5.445. Também para os trabalhadores por conta própria, para os quais tem-se o menor rendimento médio mensal no setor, verificou-se ganho real de 4,7% na com-paração entre semestres.

EXPORTAÇÕES

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PIB do Agronegócio Brasil | JULHO/2017

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Figura 3 - Variação real* e rendimentos médios do trabalho no agronegócio, para empregados,

empregadores e conta própria, na comparação entre o primeiro semestre de 2017 e o mesmo período de 2016

Fonte: Cepea/Esalq-USP, a partir de informações dos microdados da PNAD-Contínua e de dados da RAIS.

*Deflacionados pelo IPCA (IBGE).

2016 2017 %

Empregados e outros R$1.621 R$1.668 2,9%

Empregadores R$4.998 R$5.445 9,0%

Conta própria R$1.155 R$1.209 4,7%

EXPORTAÇÕESFATURAMENTO EXTERNO CRESCE MESMO

COM VOLUME EM QUEDA NO 1º SEM/17

As vendas externas do agronegócio brasi-leiro começaram 2017 em alta. No pri-meiro semestre do ano, o faturamento

em dólar do setor subiu mais de 6% quando comparado ao mesmo período de 2016, atin-gindo US$ 48 bilhões. No entanto, quando convertido para Real, o faturamento do setor recuou cerca de 9% no mesmo período, devido à apreciação da moeda nacional. O desempe-nho favorável das exportações no primeiro se-mestre de 2017, em termos de receita em dó-lar, se deveu à apreciação dos preços de quase

todos os principais produtos exportados pelo País, menos para a celulose. Por outro lado, a maioria dos produtos apresentou redução nos embarques, com exceção da soja em grão, óleo de soja, frutas, celulose, açúcar e madeira, que tiveram crescimento de 14,1%, 8,2%, 5,8%, 2,4%, 2,2% e 1,2%, respectivamente. A soja em grão foi o destaque dos embarques do semestre, pois o valor em dólar gerado com as vendas para o exterior representou mais de 33% do faturamento do setor no perío-do. A China segue na liderança como destino

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PIB do Agronegócio Brasil | JULHO/2017

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dos produtos do agronegócio, absorvendo mais de 30% das exportações brasileiras. O volume exportado pelo agronegó-cio brasileiro (IVE-Agro/Cepea) iniciou 2017 com crescimento expressivo entre março e maio, período de maior concentração dos em-barques da soja em grão. Em junho, atingiu o maior patamar na comparação mensal entre 2016 e 2017, com elevação de quase 14% em relação ao observado no mesmo mês do ano anterior. No entanto, ao serem compa-rados os seis primeiros meses de 2017 com o mesmo período de 2016, observa-se que-da de 5,9% no volume exportado (Figura 4). Em relação aos preços médios em dólares dos produtos exportados pelo agro-negócio brasileiro (IPE-Agro/Cepea), após altas entre janeiro e março 2017, houve re-cuo a partir de abril deste ano. Ainda assim, observa-se elevação de quase 2,15% no comparativo de junho/17 com junho/16 e, ao comparar os seis primeiros meses de 2017 com o mesmo período de 2016, o aumen-to foi de aproximadamente 15% (Figura 4). Quanto ao Índice da Taxa de Câmbio

Efetiva Real do Agronegócio (IC-Agro/Cepea), a partir de março de 2017, o Real interrom-peu o período de valorização que teve início em 2016 e passou a se desvalorizar em re-lação às moedas de seus principais parceiros comerciais. Mesmo assim, na comparação en-tre os primeiros semestres de 2017 e 2016, a moeda nacional manteve valorização de aproximadamente 17,8% (em termos reais) – Figura 4; já no comparativo mensal (ju-nho/17 frente a junho/16), ainda há valoriza-ção real da moeda brasileira, de quase 1,7%. Em consequência de os preços em dólar estarem maiores em 2017 na compa-ração com 2016, os preços das exportações em reais (IAT-Agro/Cepea) também seguem tendência de alta observada a partir de ja-neiro deste ano. Em junho, este indicador au-mentou 0,43% frente ao mesmo mês do ano passado. Contudo, em função principalmente do Real mais valorizado no primeiro semes-tre de 2017 frente ao primeiro semestre de 2016, observa-se queda de 4,23% dos pre-ços em Reais na média do período (Figura 4).

Figura 4 - Variação percentual do IPE-Agro/Cepea, IVE-Agro/Cepea, IAT-Agro/Cepea e IC-Agro/

Cepea. Comparação entre as médias de janeiro a junho de 2016 com as de janeiro a junho 2017 Fonte: Cepea/Esalq/USP, com base em dados do MDIC.estatutários

IPE-agro 15,8%

IVe-Agro -5,9%

IC-Agro -17,8%

IAT-Agro -4,2%

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PIB do Agronegócio Brasil | JULHO/2017

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ESPECIAL CUSTOS DE PRODUÇÃO SOJA

GASTOS COM INSETICIDAS E FUNGICIDAS QUASE DOBRARAM NOS ÚLTIMOS 10 ANOS

O custo de produção da soja brasileira subiu ao longo das últimas 10 safras (de 2006/07 a 2016/17). Os principais

fatores dessa evolução estiveram atrelados ao maior uso e à valorização dos defensivos agrícolas, sobretudo os inseticidas e fungici-das. Juntos, esses dois insumos ficaram 95% mais caros nesse período, em termos reais. Considerando-se o custo de produ-ção da soja nas principais regiões produtoras dos estados de Mato Grosso, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia e Maranhão, foi obser-vado que, entre as temporadas 2006/07 e 2016/17, o gasto real por hectare com inse-ticidas ficou 160% maior e, para fungicidas, esteve 65% mais elevado no mesmo período. Com os inseticidas, o custo aumentou principalmente a partir da safra 2011/12, com grandes saltos nos gastos com controle de lagartas nas duas temporadas subsequentes. Para dimensionar melhor essa evolução, entre as safras 2006/07 e 2011/12, o custo de in-seticidas havia crescido 24% em termos reais e, somente da safra 11/12 para a 12/13, esse gasto ficou 66% maior, tendo ainda se elevado

mais 47% na temporada 2013/14. Os dois últi-mos saltos ocorreram devido ao aparecimento da Helicoverpa sp. Essa praga, além de aumen-tar o volume de produtos aplicados, exigiu pro-dutos específicos mais caros para seu controle. Com o aumento do custo com inseti-cidas nas safras 12/13 e 13/14, este passou a ser o maior dispêndio com defensivos do sojicultor brasileiro, posto que, antes, era dos fungicidas. Na temporada 14/15, os inseticidas ficaram mais baratos, com o gasto chegando a recuar 8% em relação à safra anterior. Na sa-fra seguinte (2015/16), o custo com inseticida voltou a subir, 5% frente à temporada anterior. Nessa última temporada, o ataque de perceve-jos trouxe o aumento da quantidade de pro-dutos necessários para o controle de insetos. Resumidamente, nas últimas 10 sa-fras brasileiras de soja, o gasto com inseticidas cresceu não somente pelo maior número de pulverizações, mas também pela maior quanti-dade de produto por aplicação e pelo encareci-mento dos produtos para controle de lagartas. Quanto aos fungicidas, o impacto so-bre o custo apareceu na safra 2014/15. Entre as safras 2006/07 e 2011/12, o custo com contro-

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6Deflacionados pelo IGP-DI para junho/17.

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Page 12: BOLETIM CEPEA do agronegócio BRASILEIRO · os preços em dólares (IPE-Agro/ Cepea) aumentaram como porque o Real se desvalorizou em relação às outras moedas. Nessa presente edição

PIB do Agronegócio Brasil | JULHO/2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

le de doenças caiu 18%, chegando a se estabi-lizar nas duas safras seguintes. No entanto, na temporada 2014/15, o gasto com fungicidas do sojicultor se elevou em 24% em compara-ção à safra anterior. Nessa temporada, obser-vou-se o uso de novas moléculas de fungicidas, que apresentavam melhor controle, mas com preço muito superior ao dos produtos antigos. Na temporada 2015/16, os fungicidas passaram os inseticidas no posto de maior gasto com defensivos da oleaginosa, tornan-do-se 31% mais caros que na safra anterior (e 69% mais caros que na de 2006/07). Na safra 15/16, as regiões sulistas tiveram forte influên-

cia do fenômeno El Niño, elevando a incidência de ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi), devido ao alto volume de chuvas. Nas regiões do Cerrado, apesar do clima seco, o custo com fungicidas também subiu, visto que o dólar em alta encareceu o produto no mercado interno. Além desta publicação, o Cepea divul-ga, em parceria com a CNA, uma análi-se detalhada voltada especificamente ao PIB-renda do agronegócio: https://www.cepea.esalq.usp.br/upload/kceditor/files/Rela-torio%20PIBAGRO%20Brasil_JULHO_CNA.pdf

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