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Um olhar para o Universo O mundodas galáxias; educação; cultura; turismo; saúde e meio ambiente

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Page 1: Naturale 16a edição
Page 2: Naturale 16a edição
Page 3: Naturale 16a edição

3 Omundodasgaláxias

6 Ritmosastronômicosnaagriculturabiodinâmica

8 OCaminhodasEstrelas

10 NanoeletrônicanaMedicina:asaúdeporumfio

12 Impressão3DaplicadaàMedicinaeOdontologia

14 Hábitodechupardedoouchupeta.Comoperder estamania?

16 EfeitoEstufa,CamadadeOzônioeMudanças Climáticas:oquesignificam?

20 AquecimentoXResfriamenteo

21 Umidade—oquefazer?

22 Descubra-senos“CaminhosdoSuldeMinas”

24 Baependi

NaturaleéumapublicaçãodaDIAGRARTE EditoraLtda

CNPJ 12.010.935/0001-38 Itajubá/MG

Editora:ElaineCristinaPereira(Mtb15601/MG)

ColaboradoresArticulistas:AlvaroAntonioAlencardeQueiroz,Dra.GraciaCostaLopes,DonovanSoares,IvanCarlosFerreira,JoséEduardoTelles,MarcelodePaulaCorrêa,PauloJoséBrazRosas,PedroJovchelevich,RicardoLeonel,RogerRodriguesTorres,SâmiaReginaGraciaCalheiroseVanessaSilveiraCarvalho.

Revisão:MaríliaBustamanteAbreuMarier

Projeto Gráfico:ElaineCristinaPereira

Capa:CleusaGonçalves(ilustraçãoespecíficaparaaNaturale)

Vendas:DiagrarteEditoraLtda

Impressão:ResoluçãoGráficaLtda

Tiragem:2.500exemplaresimpressose10.000eletrônico

Distribuição Gratuita em mídia impressa e eletrônica

Osartigosassinadossãoderesponsabilidadedeseusautores.

Direitosreservados.Parareproduzirénecessáriocitarafonte.

VenhafazerpartedaNaturale,anuncie,envieartigosefotos.

Façapartedestacorrentepelainformaçãoepelobem.

Contate-nos:(35)9982-1806e-mail:[email protected]

Acesseaversãoeletrônica:www.diagrarte.com.br

ImpressonoBrasilcompapeloriginadodeflorestasrenováveisefontesmistas.

expediente

Apoio para distribuição

Caro leitor

Nesta edição somos convidados a dar “um olhar para oUniverso”.Océufascinaatodos.Quemnãoficouaadmirá-loporalgunsmomentos?Procurandoidentificarplanetas,obser-vandoobrilhodasestrelas,oseclipses,apassagemdecometaseaesperadeumaestrelacadente?

Fazemos parte de um mesmo Universo. Foi-se o tempoem que a humanidade acreditava que a Terra fosse o centrodouniverso,equeSolgiravaemtornodela.Hoje,temosoco-nhecimentodequeonossoSoléumaestrelaentreoutras100bilhõesequeaViaLácteaéumagaláxiaentreoutrascentenasdebilhõesdegaláxias.IssoampliaemudanossavisãodoUni-versoenossarelaçãocomele.

Aobservaçãodocéueestudossobreas influênciasdosplanetaseconstelaçõesnonossoplanetadatamdosprimór-dios da humanidade e algumas civilizações se destacaramnestacompreensão.Estasobservaçõesmostraramritmosein-fluênciasnosplantios,nocomportamentodasmarésedoserhumano,hajavistaosconhecimentosdeAstronomia,Astrolo-giaeFísicaQuântica.

O estudo do Universo amplia-se graças a pesquisas e asofisticaçãodeaparelhosquecaptam imagensdistantes,queproporcionamaoscientistasaconstataçãodequeoUniversoestáemconstanteexpansãoeéinimaginávelsuadimensão.

Interessante que ao olharmos para o céu vemos umaimagemquenãoestáemtemporeal,obrilhodestasestrelaspercorreuanos-luzparachegaraténóseestepercursodeespa-ço-temponostrazaimagemdeummomentoquejápassou.

Compreender a grandeza do Universo ou simplesmenteobservar o céu procurando identificar as estrelas e constela-çõesjánostransportaparaumavisãomaiordosignificadodavidaedenossaexistência.AnossacasaéoplanetaTerraedamesmaformaquecuidamosdanossacasadealvenaria,deve-mosteromesmocuidadocomestacasamaior,queéonossoplaneta,semesquecermosqueelaestásituadaemumagaláxiaqueporsuavezestádentrodeumsistemadegaláxiasinseridaemsistemasmaisamplos,quechamamosdeUniverso.Enfim,comonosreconhecemoscomohabitantesdoUniverso?

Deixamoscomvocêleitorestareflexão.

Boaleituraatodos!

ElainePereira

Naturale16aediçãoAgosto/Setembro-2012

ISSN 2237-986X

ViaLáctea

Page 4: Naturale 16a edição

Naturaleagosto/setembro-2012

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HomenagensàRevista

Naturale

“A Academia Itajubense de Letrastem a honra insigne de homenagear aRevistaNaturaleporpromoverasusten-tabilidade ambiental através de artigosqueapoiamaconservaçãoeapreserva-çãodosrecursosdaNatureza.”

MariadeLourdesMaiaGonçalves,PresidentedaAcademia

ItajubensedeLetras

“Os povos da antiguidade exalta-vamaNaturezanosrituaisdedicadosàMãeTerra.Preocupavam-secomaNatu-rezacomoumagrandefontederiqueza,porqueeradelaqueextraiamasuaali-mentação.Comodecorrerdos temposas pessoas passaram a se preocuparcom os bens materiais que a Naturezapodefornecer.Pensamapenasemsedarbemdequalquermaneira,esquecendo-se das consequências disso no futuro,e ainda, por descaso, acham que nãoaconteceránadacomelasesuafamília,porque,quaisquerquesejamosresulta-dos, somente acontecerão num futurolongínquo,esquecendo-sedecomoseusdescendentes sofrerão. Ao depararmoscom a degradação da Natureza, vemosclaramente que os rios e lagos estãosecando, a biodiversidade está em de-sequilíbrio, os animais silvestres estãosaindodoseuhabitatporqueoHomemestá invadindo seus territórios. Assim,o Homem deixando de preservar a Na-tureza, cava a sua própria sepultura. ANaturezaestámorrendoepedesocorro.FaltasensibilidadeaoHomemmoderno,porqueachaquepodeusurpar,dominar,desrespeitar as regras da preservaçãoambiental. Há um provérbio indígena

Nomêsde julho,aRevistaNaturale recebeu trêshomena-gens,adoCODEMA(ConselhoMunicipaldeConservação,DefesaeDesenvolvimentodoMeioAmbientede Itajubá), noticiadanaediçãoanterior,adaAcademiaItajubensedeLetraseadoGrupoEscoteirosdeItajubá.“Écommuitagratidãoealegriaquerecebe-mosestashomenagensenoscolocamosàdisposição,paraqueassuntosdeinteressepossamchegarcadavezmaisaummaiornúmerodeleitores,deformagratuita.Compartilhamosestasho-menagens com nossos parceiros, apoiadores e colaboradores”,disseaeditoradaNaturale.AseguirtranscrevemosaspalavrasdemembrosdaAcadêmiaItajubensedeLetrasedoGrupoEscoteiro.

queprevêoquepodeacontecercomoHomemlevadopelasuainsensatez,pelasua ganância, pela sua incompreensão:‘Somentedepoisdaúltimaárvorederru-bada, depois do último animal extinto,e quando perceberem o último rio po-luído,sempeixe,ohomemiráentenderquedinheironãosecome’.

OHomempassouadestruiraNa-tureza, talvezpormera ignorância, semteraconsciênciadequeasuadestruiçãopoderánoslevaraocaos.Cabeàquelesque têmconsciênciaemaiscompreen-sãodomalqueassolaoPlaneta,divulgar,ensinar,orientar,eassiméaRevistaNa-turale que busca trazer informações eorientação para a preservação ambien-tal,mostrandoemsuasmatériasoqueacontecedebomeruim,depreservaçãoedegradaçãodaNatureza.Sãoatitudescomoestasquenosdãoesperançaparaqueageraçãofuturapossausufruirdosbensnaturaisquesãodádivascelestiais.ParabénsNaturale,esseéocaminhodoensinamento com plena e total cons-ciência ecológica. O ciclo natural nãopodeserinterrompidoparaqueHomeme Natureza vivam em plena harmonia.E, ao depararmos com as folhas quecaem,quandoasárvoresadormecemeum simples galho brota e uma flor de-sabrocha, surgem os frutos que darãonovassementesparaacontinuidadedaespécie,podemosdizerqueaNaturezaaindabuscaseuciclodeexistência.EoHomemnãopodeenemdeveinterrom-peresseciclo,eéissoquearevistaNatu-raleexaltacomgalhardiaesabedoria.”

PauloRobertoTavaresPereiraVice-presidentedaAcademia

ItajubensedeLetras

“VenhocumprimentarElaineCristi-naPereirapeloexcelentetrabalhocomoeditorada revistaNaturale,hojehome-nageadaporestaCasa.

Elaine,sempresimpática,empreen-dedora, amiga da Academia ItajubensedeLetras,contribui,comsuarevistadefinaapresentaçãoepreciosoconteúdo,paraadivulgaçãodeinformaçõesvalio-sas sobre o meio ambiente e sobre asincontáveisriquezasnaturaisdoBrasil.”

PauloNogueira,MembrodaAcademiaItajubensedeLetras

“A União dos Escoteiros do Brasil,RegiãodeMinasGerais—DistritoSuldeMinas—GrupoEscoteiroItajubá04MGconfereàRevistaNaturaleoMéritopelosrelevantesserviçosprestados.”

ArevistaNaturaleéumapublicaçãodaDiagrarte Editora, dedistribuiçãogratuita.

Todasasediçõesestãodisponíveisnapáginawww.diagrarte.com.br.

Façavocêtambémpartedestacorrentedeinformaçãopelobem.Contate-nospelotelefone

(35)9982-1806oupeloe-mail:[email protected]

PauloRobertoTavaresPereira,vice-presidentedaAcademiaItajubensedeLetras;MariadeLourdesMaiaGonçalves,presidente;ElainePereira,

editoradarevistaNaturale,eTerezinhaOféliaNascimentoRennó,ex-presidentedaAcademiaItajubensedeLetras.

ChefeMichelRosaeElainePereira

Page 5: Naturale 16a edição

A astrofísica extragaláctica é a ciên-cia que estuda as galáxias distantes no universo, além de nossa própria Galáxia, a Via Láctea, onde reside nosso modesto Sol, uma estrela entre outras cem bilhões de estrelas.

Apenas no início do século XX come-çamos a identificar as nebulosas observadas como outros conglomerados de estrelas, bem além das dimensões de nossa Galáxia, estendendo o universo a dimensões lite-ralmente extragalácticas. Isso foi possível com a descoberta de técnicas de determi-nação de distâncias que permitiram, cada vez mais, o acesso ao universo distante, nos libertando do nosso conceito, até o século XIX, de um universo constituído de nosso sistema solar envolto por uma esfera celeste projetada sobre nós.

Edwin Hubble, astrônomo americano, que dá seu nome ao telescópio espacial, foi o primeiro a verificar o caráter extragalácti-co das nebulosas (que hoje sabemos serem galáxias externas), e também a determinar que a distância à galáxia Andrômeda era

bem maior que o tamanho de nossa própria Galáxia, aumentando a escala de tamanho do universo até então conhecida. Andrô-meda é a única galáxia de porte (tamanho e massa) parecida com a nossa Via Láctea no grupo local de galáxias constituído de poucas dezenas de outras galáxias meno-res que nos rodeiam. Andrômeda (Figura 1 — acima) se encontra a apenas dois milhões de anos-luz, enquanto hoje encontramos galáxias distantes a alguns bilhões de anos-luz da Terra. Estimamos que existam centenas de bilhões de outras galáxias no universo.

O telescópio espacial Hubble, lançado em 1990, tem dado grandes contribuições ao conhecimento astronômico em várias áreas, mas particularmente na nossa vi-são do universo distante. Um dos marcos importantes foi a imagem profunda do Hubble em meados da década de 1990, e posteriormente em 2004, a imagem ultra-profunda do Hubble (Figura 2). Esta imagem obtida, representa um momento onde a luz da maioria das galáxias que vemos foi

emitida quando o universo tinha aproxi-madamente metade de sua idade atual de 13,7 bilhões de anos. Como a luz tem uma velocidade finita (300.000 km/s), leva-se o tempo proporcional a distância do objeto emissor para que chegue até nós. Desta forma, ao olharmos para o universo vemos sucessivamente momentos mais anteriores quanto maior a distância. Portanto, o cam-po profundo do Hubble é uma fotografia do universo passado, enquanto que imagens de galáxias mais próximas correspondem a momentos do universo mais atual. Do uni-verso distante ao universo mais próximo temos um filme da evolução das galáxias no universo, e do próprio universo. Co-mo evoluem as galáxias e como evolui o universo como um todo é tema da Cosmo-logia Observacional Moderna.

Um dos pilares do nosso conheci-mento cosmológico atual vem também de Edwin Hubble com sua descoberta de um indicador de distâncias cosmológicas poderoso, a chamada Lei de Hubble. A Lei de Hubble diz que quanto maior a veloci-

Por José Eduardo Telles

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dade em que as galáxias se afastam, maior é a distância entre as galáxias. Já se conhecia do trabalho anterior de Vesto Slipher, no começo do século XX, que as nebulosas observadas estavam todas se afastando de nós, ou seja, tinham velocidades de recessão em relação a nós. Tudo se afasta, e as velocidades em que se afastam é proporcional às suas distâncias. O universo está se expandindo. Se retrocedermos esse filme, então, a Lei de Hubble tem uma conse- quência inevitável: o universo teve um início. Esta constatação le- vou ao modelo, atualmente aceito, sobre a origem do nosso uni- verso, apelidado de Big Bang. Esse apelido foi cravado involunta- riamente pelo famoso astrofísico Fred Hoyle, árduo opositor da ideia, como também o era Albert Einstein. Quando verificou que o universo realmente estaria se expandindo, Einstein lamentou ha-ver incluído em suas equações da relatividade geral uma constante cosmológica para que o universo fosse estático, como acreditava, afirmando que este havia sido seu maior erro. Mal sabia ele, que sua constante seria ressuscitada nos tempos modernos, com nova roupagem, e por outros motivos que discutirei brevemente abaixo.

A figura moderna sobre a origem do universo teve uma con-tribuição importante com a descoberta acidental da Radiação Cósmica de Fundo por Arno Penzias e Robert Wilson em 1965, que lhe conferiram o Prêmio Nobel em Física, em 1978. Essa radiação eletromagnética corresponde a um corpo negro com a tempera-

Figure 2. Campo Ultra-Profundo do Hubble (HUDF do inglês) é uma imagem observada pelo telescópio Hubble com a nova câmera avançada para buscas (ACS) com uma exposição de um milhão de segundos. A imagem revela as primeiras galáxias se formando no Universo distante e jovem.

tura de 2.7K, e já havia sido prevista em teoria anteriormente por George Gamov, Ralph Alpher e Robert Herman, em 1948. Em 2006, John Mather e George Smoot também foram aureolados pelo Prêmio Nobel, pela construção e lançamento do satélite da NASA Cosmic Background Explorer (COBE) e pelas suas contribuições para o esclarecimento da natureza e das anisotropias da radiação cósmica de fundo (Figura 3). Essas anisotropias correspondem a flutuações de densidade de matéria no universo primordial que deram origem às estruturas em larga escala que observamos no universo, desde seus primórdios até o universo próximo e presen-te. São as sementes das galáxias e aglomerados de galáxias que observamos. O estudo da evolução dessas estruturas desde que nasceram até chegarem ao estado atual permite acompanharmos a evolução do próprio universo, pois a distribuição, número e massa dessas estruturas, galáxias e aglomerados de galáxias, delineiam a estrutura do universo que dependem de suas propriedades inte-gradas, como sua geometria, conteúdo de matéria e energia. Aqui reside nossa ignorância atual.

Figura 3. Esta imagem de todo o céu do Universo recém-nascido feita pelo sa-télite Wilkinson (WMAP) mostra a radiação cósmica de fundo em microondas. A imagem revela as flutuações de temperatura (diferenças de cores) que cor-respondem às sementes de matéria que crescem para tornarem-se em galáxias. Essas flutuações são da ordem de 100.000 vezes menores que a temperatura integrada de 2,7K (1K = -273,15°C).

Sabemos o quanto não sabemos

Em 2011, novamente a astronomia foi reverenciada com o Prêmio Nobel de Física para os americanos Saul Perlmutter, Brian P. Schmidt e Adam G. Riess por seus trabalhos sobre a expansão ace-lerada do universo através da observação de estrelas supernovas distantes. Esses são eventos estelares explosivos que permitem a determinação de distâncias cosmológicas. Até então, entendia-se que o universo expandia desaceleradamente por efeito de sua autogravidade. Todo o conteúdo do universo o impedia de man-ter sua velocidade de expansão. No entanto, os estudos recentes mostram que as supernovas aparecem mais distantes que pode-

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riam estar num universo em expansão desacelerada, indicando então que o universo, ao contrário, está acelerando! Isso implica na inevitável conclusão de que além de toda matéria do universo há uma contribuição adicional à expansão, de uma energia contrá-ria à gravitação fazendo que ele acelere. Essa energia tem origem desconhecida, mas é responsável por 70% de toda energia contida dentro do universo. Por não conhecermos sua origem, a denomi-namos de Energia Escura. Na teoria, essa energia se comporta de forma similar ao efeito da constante cosmológica que Einstein ha-via abandonado, daí minha menção à sua ressurreição, já que ela é agora necessária para descrever o universo com uma componente de energia escura.

O desconhecimento da origem da energia escura vem se jun-tar a outro incômodo do conhecimento cosmológico já existente a quase um século: um tipo de matéria que, também, não sabemos sua origem. Desta forma, essa componente do universo também foi apelidado como Matéria Escura. Essa matéria é somente de-tectada através de efeitos gravitacionais indiretos, como as altas velocidades das galáxias em aglomerados de galáxias, indicando que o aglomerado possui mais massa do que a das próprias galá-xias. No entanto, essa massa não emite luz de nenhuma espécie. Essa matéria escura de origem desconhecida é responsável por cerca de 26% de toda energia contida dentro do universo. Por outro lado, o tipo de matéria que conhecemos e que constituem as estrelas, as galáxias, gás, poeira, eu e você, chamada Matéria Bariônica, consiste o restante de apenas 4% (Figura 4).

Matter and Energy in the Universe: A Strange Recipe

Como surgem as galáxias

No contexto cosmológico da teoria do Big Bang, o universo evolui de forma hierárquica, ou seja, cresce das pequenas estruturas às estruturas maiores. Esse crescimento se dá a partir das flutua-ções de densidade de matérias primordiais que são observadas na radiação cósmica de fundo, que dão origem a halos de matéria es-cura, dentro dos quais se condensa a matéria que conhecemos de gás e poeira para formar as estrelas e galáxias. A evolução do uni-verso e crescimento das estruturas em larga escala são dominadas pela gravitação e pela expansão acelerada. Pequenos halos de ma-téria escura são os berçários das primeiras estrelas, que colapsam gravitacionalmente, e posteriormente se fundem sucessivamente, através de colisões, para formarem as maiores estruturas como galáxias e aglomerados de galáxias, que vemos no universo local

Figura 4. Matéria e Energia no Universo: uma receita estranha. Este gráfico mostra que a matéria que conhecemos (Bárions) constitui apenas 4% de toda densidade de energia do Universo. Outras componentes desconhecidas domi-nam o conteúdo de todo Universo, a energia escura e a matéria escura com aproximadamente 67% e 29%, respectivamente.

(Figura 5). Neste modelo, quando olhamos para o universo distan-te, esperamos ver galáxias menores, e em processo de fusão. Essa previsão é confirmada através das observações modernas.

Quantitativamente, essas previsões provêm de modelos computacionais que a partir das sementes da evolução de estru-turas, e com prescrições da física da gravitação, produzem um modelo de evolução de estruturas em larga escala. Esses modelos são bastante complexos, pois praticamente, criam um universo no computador e fazem com que ele evolua dentro das regras da gravitação, e dos efeitos dos outros constituintes do universo, co-mo matéria bariônica (que conhecemos como gás e poeira), e os efeitos de troca de energia das estrelas durante suas vidas ou nas suas mortes. Mais recentemente, os efeitos energéticos de grandes buracos negros supermassivos que surgem em núcleos de galá-xias, também parecem ter grande importância para o crescimento e destino das estruturas neste universo em expansão.

Em resumo, o universo surgiu de um momento inicial, onde todo espaço e tempo foi criado há 13,7 bilhões de anos. Desde en-tão ele continua em expansão. Recentemente descobriu-se tratar de uma expansão acelerada devido à presença de uma componente misteriosa de energia que não conhecemos a origem ou nature-za, a energia escura. As galáxias, suas estrelas e aglomerados de galáxias surgem do crescimento de halos de matéria escura, que também não conhecemos sua origem ou natureza. O crescimento se dá do colapso gravitacional dos halos escuros, em competição com o crescimento do espaço devido à expansão do universo, e fusões de halos escuros pequenos formando estruturas cada vez maiores.

O destino deste universo em expansão acelerada e suas estruturas dependerá das propriedades destes componentes des-conhecidos que compoem o universo, a energia escura e a matéria escura. Desta forma, estudarmos as propriedades das galáxias em cada época do universo, e associarmos ao que observamos hoje no universo local, nos permite restringirmos os modelos cosmo-lógicos, tornando-os cada vez mais precisos, e consequentemente permitindo que nosso conhecimento avance. Essa é uma das prin-cipais razões para o estudo em Astronomia Extragaláctica.

José Eduardo Telles, Pesquisador Titular do Observatório Nacional – Rio de Janeiro. PhD em Astrofisica pela University of Cambridge (Inglaterra).

Figura 5. Representação artística dos momentos evolutivos do Universo, desde seu início o Big Bang até as galáxias observadas no Universo local e presente.

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Ritmosastronômicosnaagriculturabiodinâmica

Hojeemdia,amaiorpartedaspessoasvivenascida-des,epoucasaindaconhecemalgumaconstelaçãonocéu.Ahistóriadasgrandescivilizaçõesdopassado(egípcios,ba-bilônios,gregos, incas,astecas,etc.)mostraa importânciadosritmosastronômicos,nãoapenasnaagricultura,masemtodasasatividadescotidianas.

Aagriculturabiodinâmicavalorizaesseconhecimentopopulareoamplia,incorporandoosoutrosritmosdaluaeomovimentodosplanetas,relacionadoscomasatividadesagrícolasemgeral.SegundoSteiner:“nãohácompre-ensãoalgumadavidavegetal,amenosqueseconsideredeal-gumaformaquetudoquees-tásobreaterraéemrealida-deapenasumreflexodoqueocorrenocosmos”.

Nomovimentobio-dinâmicointernacional,ocalendárioastronômico/agrícolamaisconhecidofoidesenvolvidoporMariaThun,oqualétraduzidopa-raváriaslínguas.Elateveaideiadesemearrabanetesto-dososdiaseobservouque,quandooscolhia,elesnãoes-tavamiguais,apesardeseorigi-naremdasmesmassementesese-remsubmetidosaomesmomanejodosolo.Algunstinhamfolhasmaisdesenvolvidas,outrosfloresciammaisrápidoealgunstinhambelasraízes.Apartirdaí,durantealgunsanos,repetiuessesplantiosse-quenciaiscomoutrasplantas,atédescobrirainfluênciadociclosideraldaLua.

Umdosprincípiosbásicosdessecalendárioestárela-cionadoàmovimentaçãodaLuaaoredordaTerraeporsuapassagem através das diversas regiões do Zodíaco. O Zo-

díacoéoconjuntodeconstelaçõesdiantedasquaisaLuaetodososplanetasdesenvolvemsuasórbitas.Emcadaumdessesdias,asplantasrecebemestímulosqueatuamsobreo desenvolvimento de seus diferentes órgãos constituintes(raiz,caule,folhas,floresefrutos).Osnodoslunares,perigeu,eclipses, fases da lua e determinadas posições planetáriascomoconjunçõeseoposiçõestambéminterferemnodesen-volvimentovegetal.

Sevocêsabereconhecerconstelaçõesnocéu,podepelaobservaçãosaber,porexemplo,emqual

constelaçãoaLuaestáemdeterminadodia.SeaLuaestáemLeão,então,ela

transmitecertainformaçãoàsplan-tas,noestímuloàproduçãode

sementesefrutos.Jáparasa-berquandoocorrenodos,pe-rigeu,eclipse,oposiçõespla-

netárias,deve-seconsultarumcalendárioastronômi-

co.Perigeu,porexemplo,éomomentoemqueaLua

estámaispertodaTerra.Is-toocorreumavezpormês,eestedianãoéaconselhá-

velparaatividadesagrícolas,entãopodemosnosdedicara

atividadesdeadministração,cons-truçãoouparaodescanso.

Quemtemcontatocomagricultoresquerealmentevivemdaterra,sempreouverelatos

queatravessamgeraçõessobreasrelaçõesdaLuacomaépocadeplantio,poda,mas,principalmente,sobreassuasfasesquepermeiamoritmomaisvisíveldessesatélite.Emculturasancestraisindígenas,aindaencontramosobser-vaçõesmaisapuradasdocéu.

Valelembrarquenãoadiantaaplicaressecalendárioemterrasmaltratadas,semmatériaorgânica,queutilizamadu-bossolúveiseagrotóxicos.Somenteumsolovivopodereagir

PorPedroJovchelevich

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aosimpulsosdocosmosetransmiti-losàsplantas.Essavivificaçãodosoloéoobjetivodaagriculturabiodinâmica.Biodinâmicaéumaagricultura inerenteànatureza,que im-pulsionaosciclosvitaispormeiodeadubaçãoverde,compostoserotaçõesdeculturas,agrossilviculturaeestruturaçãodapaisagemagrícolacomoumorganismo.Baseia-senoconhecimentoenaaplicaçãodosritmosformativospeloagricultoredecrescimentodana-

tureza,oque,napráticaagrícola,ocorre pelo uso dos preparadosbiodinâmicos e pela observânciadosritmosastronômicos.

O calendário M. Thun é ocalendário agrícola mais popularnomovimentobiodinâmico.Masexistemoutrasformasdeusodosritmos astronômicos. Na litera-tura mundial, ainda há poucaspesquisas científicas nessa área,concentradas,principalmente,naAlemanha. Devemos sempre fri-sarqueocalendárioM.Thunsebaseianaastronomia,nãotendorelação alguma com indicaçõesastrológicas.

Essecalendárionãoencerraoassuntodainfluênciadosritmoscósmicosnavida,masmostraumfascinante caminho para novasdescobertasnomundodinâmicoevivodaagriculturaemharmoniacomanatureza,sejaelabiodinâ-mica,orgânicaounatural.

Pedro Jovchelevich,AssociaçãoBiodinâmica

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OCaminhodasEstrelasPorChefeDonovanSoares

Aorientaçãopelasconstelaçõeséumdosméto-dosnaturaismaisantigosdesedeslocar,utilizadoportodasascivilizações.OsímbolodoMovimentoEsco-teiro,AFlordeLis, foi adotadopelo fundador LordeRobert Stephenson Smith Baden-Powell, pois sempreaparecia representando o norte a ser seguido na ro-sadosventosemsuascartas.Eesseeraseudesejo,proporcionarumadireção,umnorteaos jovenseaoescotismo,“OBomCaminhoquetodoEscoteirohádeseguir”.

Hoje,dispomosdeinúmerosdispositivosparaau-xiliar-nosemnossasexcursões.Porém,nafalhaeventualdetaisaparelhos,devemossemprecontarcomnossoconhecimento e experiência em observar os indíciosnaturaiseusá-losanosso favor,mantendosempreacalmaparaquenossossentidoseinstintosprimordiaisestejamaguçadosedespertos, traçocomuma todososanimaiseantepassadosexploradores.

Naobservaçãodenossocéu,destaca-seoCruzei-rodoSul,queéaconstelaçãomaisconhecidaedefácilreconhecimentodohemisfériosul.Suaposiçãocentralocupaomesmolugardedestaqueemnossaauriflamaetambémnobrasãodasarmasnacionais,poiséamaisconhecidadas88constelações.

Por sua grande importância, tal constelação foiescolhidaparaconfeccionaromaisaltodistintivoqueoLobinho(6,5a10anosdeidade)podeconquistar:ainsígniado“CruzeirodoSul”.

Éumdistintivoquadradodetecidoazulmarinho,com quatro centímetros de lado, dentro do qual es-tábordadoumcírculoamarelo com três centímetrosemeiodediâmetro,debruadoemamarelo, tendoaocentrooCruzeirodoSul,tambémbordadoemamarelo;usadoacimadobolsoesquerdodacamisa,acimadasestrelasdeatividade.Estedistintivopodeserusadoatéojovemconquistarodistintivo“LisdeOuro”,ou,casoistonãoaconteça,atésuasaídadoRamoEscoteiro.

Contudo, esta conquista depende da criançapassar pelo quinto trecho do caminho da Jungle, “OCaminhodasEstrelas”,antecedidopeloscaminhosdointegrar,dodescobrir,dorastrearedocaçar.Nestaúlti-mapartedocaminho,acriançabuscanovoshorizontes,poisestádeixandoomundodafantasiaecaminhandorumoaomundodoshomens,ondedeslumbraránovasaventuras.Aconquistadependedocumprimentodastarefascorrespondentesàscincoestrelasdaconstela-ção,alémdesaberseorientarpeloCruzeirodoSulouCruxAustralis.

Estrelas do Cruzeiro do Sul e atividades corres-pondentes:

Alfa ou Estrela de Magalhães:Conquistadetodasascompetên-ciasdasegundafase(atividadedotrechorastrearecaçar).

Beta ou Mimosa:Participaçãoem três acampamentos em localondeseestabeleçambarracasoutendas, geralmente com proximi-dade à natureza, em que todaa infraestrutura é levada, ou emacantonamentosondegeralmentesão utilizadas construções provi-sórias, especialmente adaptadasparaessefim,oupermanentes,pú-blicas ou privadas, devendo serdevidamenteadquiridasourequi-sitadas,ededuasboasaçõesco-letivascomsuaAlcateia.

Delta ou Pálida:Conquistadecinco especialidades de três ra-mosdeconhecimentosdiferentes(Ciência e Tecnologia, Cultura,Desportos,ServiçoseHabilidadesEscoteiras).

Gama ou Rubídea: Ter a In-sígniaMundialEscoteiradoMeioAmbiente.

Epsilon ou Intrometida: Serrecomendado pelos velhos lobose pela roca do Conselho por serumlobinhodedicado,frequenteàsatividadesdaAlcateiaecumpridordaleiedapromessadolobinho.

Quando a criança perfaz ocaminho das estrelas, está maispreparada para entender e acei-tar novas responsabilidades, comuma bagagem enorme de conhe-cimentosparacolocarempráticanasuavida.Quandoelapassadoramo lobinho para o ramo esco-teiro,éumpoucotriste,poisdei-xará saudades o amiguinho debrincadeirasedescobertas,porémémuitomaior a satisfação, saberque fizemos parte de seu desen-volvimento, da formação de seusvaloreseajudamosaconstruirseucaráter,quelevaráfortesideaisportodasuavida.

Chefe Donovan Soares,AkeláeChefedo Ramo Lobinho do Grupo EscoteiroItajubá04MG.

www.escoteiroitajuba.orgTel:(35)9950-2786/8447-8817

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Nanoeletrônicanamedicina:asaúdeporumfio

“Ensina-me a contar os meus dias e quando eu envelhecer saberei como viver” (Sl90:12)

PorDr.AlvaroAntonioAlencardeQueiroz

Figura1.Ilustraçãodenanocristaisfotônicos.Polímeroscomestru-turasaltamenteordenadas(A)sãodepositadosemumalâminadevidro(B)constituindoumdispositivobiossensorquereconhecees-péciesmolecularesnosangueepodematuaraomesmotemponaliberaçãocontroladadefármacos.

Figura2.Nanofiosdepolímerocondutor(A)edestaquedonanofiodepolímerocondutorhibridizadocomcomponentesbiológicos(B).Osnanofioshibridizadossãosensíveisàconcentraçãodeglicosenosangue. A corrente elétrica produzida nos nanofios é diretamenteproporcionalàconcentraçãodeglicosenosangue(mMsignificami-limolar,umaunidadedeconcentraçãoutilizadaemquímica).

Atualmente,chegaràvelhiceéumarealidadepopulacionalmes-mo nos países mais pobres, ainda que a melhora substancial dosparâmetrosdesaúdedaspopulaçõesobservadaatravésdosséculosestejalongedesedistribuirhomogeneamentenosdiferentespaísesecontextossocioeconômicos.Portanto,envelhecernãoémaisprivilé-giodepoucos.NocritériodaOrganizaçãoMundialdaSaúde(OMS),éconsideradoidosoohabitantedepaísemdesenvolvimentocom60anosoumaiseohabitantedepaísdesenvolvidocomouacimade65anos.

Estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) apontamque,em2050,aexpectativadevidanospaísesdesenvolvidosseráde87,5anosparaoshomense92,5paraasmulheres.Jánospaísesemde-senvolvimento,seráde82anosparahomense86paramulheres.Estefenômenoocorredevidoàreduçãonastaxasdefecundidadeemorta-lidadeinfantil,ampliaçãodosaneamentobásicoeprincipalmentepelousodevacinas,antibióticoseodesenvolvimentodemedicamentosedispositivosmédicosmaiseficazes.

Comrelaçãoaoscuidadosmédicos,osidososnãotêmnecessaria-mentemenoradesãoatratamentodoqueadultosmaisjovens.Porém,asdeficiênciassensoriais(visão,porexemplo)edecapacidadecogniti-vacontribuem,respectivamente,paradificuldadedeleituradebulaseesquecimentodaprescrição,oqueresultaemusoinadequadoouaban-donodotratamento.Portanto,osidososnecessitamquedispositivosinteligentes ou autocontrolados de administração de fármacos sejamdesenvolvidos.Taisdispositivospodemsercontroladosporumcom-putadorousistemaeletrônicopré-programávelpelomédicodeacordocomarespostaindividualdecadapaciente.

Avançosconsideráveisforamobtidosnamedicinaquantoaode-senvolvimento de sistemas de liberação de fármacos controlado pormicrocontroladores. Um dos avanços mais notáveis foi atingido namelhoriadaspropriedadesterapêuticasde fármacosemedicamentosatravésdesuaincorporaçãoemsistemasdeliberaçãocontrolada.Ossistemasdeliberaçãodefármacosapresentaminúmerasvantagens,en-treelasacapacidadedeprolongarecontrolaraliberaçãodasubstânciaativa,protegerasmoléculascontradegradaçãonomeiofisiológico,vei-cularfármacoshidrofóbicospelaviaparenteral,econduziràreduçãodosefeitoscolaterais indesejáveisdecorrentesdas flutuaçõesplasmáticascausadaspelaadministraçãodeváriasdosesdiáriasdomedicamentooudaampladistribuiçãodofármaconoorganismo.

AuniãoentreaEngenharia,QuímicaeaMedicinanosdáopri-vilégiodetestemunharumaverdadeirarevoluçãodaciênciamédica.Dispositivos químicos integrados com a eletrônica e fotônica mole-cular são as mais recentes novidades da medicina e são utilizadosatualmentenaliberaçãodemedicamentosousimplesmentemonito-ramaconcentraçãodemetabólitosnosangue,aexemplodaglicose,colesterol,ureiaouenzimascardíacasassociadasaoinfartoagudodomiocárdio.

RecentementeospesquisadoresdoCentrodeEstudoseInovaçãoemMateriaisBiofuncionaisAvançados(CEIMBA)daUniversidadeFede-raldeItajubá(UNIFEI)têmprojetadosistemasquímicosintegradoscomdispositivoseletrônicosparaoreconhecimentomoleculardeespéciesexistentesnosanguehumano(colesterol,glicoseeureia),transportedefármacoseasinalizaçãodetumores(Figura1).

As pesquisas estão concentradas na área de nano-eletrônica para a construção de dispositivos híbridos emnanoescalacapazesdecontrolaraliberaçãodefármacosebiossensoresimplantáveisnocorpohumanoparaadosagemdoshemometabólitoscolesterol,ureiaeglicosenosangue.Define-senanoeletrônicacomoaaplicaçãodananotecnolo-giaadispositivoseletrônicos.Taláreaenvolvedispositivoseletrônicos,optoeletrônicos,spintrônicos,eletrônicamole-cular,eastécnicasdenanofabricaçãodessasestruturas,suaintegraçãoemmicrosistemaseseuempacotamento.

OsesforçosdaspesquisasconduzidasnoCEIMBA/UNI-FEIecoordenadaspeloprof.AlvaroA.A.deQueiroznaáreadenanoeletrônicavisamaoaperfeiçoamentodedispositivosjá existentese à criaçãode sistemas inovadoresbaseadosemprincípiosfísicosatéentãonãoexplorados.

Nocasodosbiossensoresdehemometabólitos,apes-quisa realizada jádesenvolveunanofioshíbridosorgânicossensíveisàglicose,colesteroleureia.Odispositivodesen-volvido é integrado à uma rede neural artificial (RNA) quetraduz instantaneamentea respostaelétricadodispositivoapósocontatocomosanguedopacienteemconcentraçãodoshemometabólitospresentesnosangue(Figura2).

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Figura3.Ilustraçãodeumwaferdesilícioqueso-freu o processo de nano-maquinagem: atravésdeumprocessofísico-químicoadequadocriam-secanaisquepodematuarcomoreservatóriosdefármacos.

Figura4.Ilustraçãoidealizadadeum dispositivo híbrido para a li-beraçãocontroladadefármacos:o silício micro/nanomaquinadoproduzidonoCEIMBA/UNIFEI(A)éformadoporcanaisquecontémemseuinteriormicro/nanotubos(B)transportadoresdefármacos.O sistema forma um dispositivoeletrônico (C) que após receberumsinaleletrônicoliberaatravésde micro/nanoagulhas (D) o fár-maco desejado diretamente nacorrente sanguínea do paciente.Todoosistemaécontroladoele-tronicamenteporumaRNA.

RNA são técnicas computacionaisqueapresentamummodelomatemáticoinspiradonaestruturaneuraldocérebrohumano. Uma RNA pode ter centenasou milhares de unidades de processa-mento; que ao receber um sinal (nessecaso elétrico) faz diretamente a classi-ficação em espécie e concentração dehemometabólitos. O dispositivo criadonos laboratórioséumsistemadecole-tadedadosclínicos“inteligente”comointuitodeadquiririnformaçõesdometa-bolismodopacienteemtemporeal.OspesquisadoresdaUNIFEIjádepositaramnoINPI(InstitutoNacionaldeProprieda-de Industrial) a patente do dispositivodesenvolvido.

Quanto aos sistemas de liberaçãocontrolada de fármacos, estão sendodesenvolvidas pesquisas que abrangemas nanotecnologias no silício. Os pes-quisadores estão atuando na nano-ma-quinagem no silício de modo a se criardispositivoscapazesde liberar fármacosdiretamente na corrente sanguínea dopaciente (Figura3).Anano-maquinagemnosilícioconsistenautilizaçãodetécni-casparacriarpadrõesem“bolachas”(wa-fer)desilíciodemodoasecriarestruturastridimensionais de ordem nanométrica,integrando-se no mesmo dispositivo aeletrônica, sensores e atuadores e, umreservatóriodefármaco.

Exemplos de dispositivos de silício micro/nano-maquininados são as micro/nano-agulhasacopladasamicrobombasdosadorasdefármacos.Taissistemassãoacopladosasensoresouatuadoresqueaoreceberemumsinalbiológicoliberamofármacodireta-mentenacorrentesanguínea(Figura4).Taisdispositivosjásãocomumenteutilizadosnafabricaçãodedispositivosparaaadministraçãodeinsulinaouquimioterápicosdiretamen-tenacorrentesanguíneadopaciente.

Oprolongamentodavidaéumaaspiraçãodequalquersociedade.Noentanto,sópodeserconsideradocomoumarealconquistanamedidaemqueseagreguequali-dadeaosanosadicionaisdevida.Assim,qualquerpolíticadestinadaaosidososdevelevaremcontasuacapacidadefuncional,anecessidadedeautonomia,departicipação,decuidadoedeautossatisfação.

As políticas governamentais dos países desenvolvidos têm aberto campo paraapossibilidadedeatuaçãodo idosoemvárioscontextos sociais, aomesmo tempotem incentivado nos meios acadêmicos e sociais um amplo debate sobre os novossignificadosparaavidanaidadeavançada.Nessespaíses,osprojetosdesenvolvidosfundamentalmenteparaaprevenção,ocuidadoeaatençãointegralàsaúdeenvolveumagrandeinterfaceentreasuniversidadeseosgovernosemsuasváriasescalasmu-nicipal,estadualefederal.

Averdadeéquenossopaísenvelhecerápidodemaiseosrecursosalcançadosquantoaodesenvolvimentodesistemasqueproporcionemaqualidadedevidadese-jadaestámuitoaquémdoqueobservamosnospaísesdesenvolvidos;principalmentequandoabordamosapopulaçãomaiscarente.Mas,comopesquisadores/professoresénossopapelnãodesistiremostrarquecadadiavividovaleàpena.Éumaoportunidadeúnicadeevolução.Sofremosaolongodenossacurtaexistênciainúmerasdesilusõesnodecorrerdenossavida.Mas,enxergamosnesseesforçohercúleoemdesenvolverciênciaetecnologia,comospoucosrecursosquenosoferecem,osmesmosgestosdeamorqueencontramosaolongodenossaexistência.

Dr. Alvaro Antonio Alencar de Queiroz,CoordenadorCientíficodoCentrodeEstudoseInovaçãoemMateriaisBiofuncionaisAvançados,UNIFEI.

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Impressão3Daplicada

àMedicinaeOdontologia

Aimpressão3Daplicadaàcriaçãode protótipos que, na engenharia, sãopeças fabricadas a partir de especifica-çõesouprojetos,comobjetivodetesteseavaliaçõesantesdaproduçãoemlargaescala,passoutambémaserumaferra-mentaparamédicos,dentistasepesqui-sadoresnaproduçãodosBiomodelos.

OsBiomodelossãoprotótiposbio-médicos obtidos a partir de imagenstomográficas,principalmentedotipohe-licoidal ou volumétrico, em 3D ou porexamesderessonânciamagnética.Apósaobtençãodasimagensesuaconversãoemummodelo virtual tridimensional, aconstrução do Biomodelo é obtida porimpressão 3D, construído em resinaplásticadealtaresistênciacomaltíssimaprecisãodimensional.

PorRicardoLeonel

A aplicação dos Biomodelos nasdiversas áreas da medicina estende-sedesdeaproduçãodaréplicadeumfetocomoobjetivodeavaliarmáformação,lesõesexternas,fendaseproblemasnosmembrosoucolunaatéareproduçãodequalquerpartedoesqueletoenglobandomandíbula, arcada dentária, ou mesmotodoocrânio.

Membros e órgãos podem ser im-pressos para objetivos diversos, ressal-tandoagrandeaplicaçãoemplanejamen-toscirúrgicos,reconstruções,criaçãodepróteseseimplantodontia.

ProfissionaisdaSaúdepodemteremsuasmãos,réplicasperfeitas,emmate-rialdealtaresistência,dequalquerpartedocorpodeseuspacientes,permitindoaconstrução de próteses, simulação de enxertos, visualização da região afetada ouavaliaçãodomelhorprocedimentoaseradotado,antesmesmodacirurgiaacontecer.Comisso,otempodoprocedimentocirúrgicoéreduzidodeformaexpressivacompotencialaumentodaqualidadeeresultadofinal.

Arcadasdentáriaspodemserimpressasem3D,facilitandodiagnósticoseestu-dosdesoluçõesparaortodontia,implantesereconstruções.Simulaçõeseestudosdeposicionamentodeaparelhosortodônticos,bemcomodeprocedimentosparaimplantes,podemserefetuadosdiretamentesobreaarcadaimpressa,semaneces-sidadedapresençadopaciente,aumentandoaeficiênciaediminuindootempodeatendimento.

Dispositivoseacessóriospodemserdesenvolvidoseimpressosparaaplicaçõesespecíficasemprocedimentoscirúrgicosdeacordocomaanatomiadopaciente.Ricardo Leonel,EspecialistaemEngenhariadeProdutoseGerentedaRimaProjetoseConsultoria.

Crâniocomfraturaecolunavertebral

ArcadadentáriaMandíbula Parteósseadopé

Guiajustaósseoparacirurgiadeimplantes,obtidoapartirdeimpressão3D

FetoBiomodelosparaaplicaçãonaodontologia

Crânioimpressoparaestudodereconstrução

Mão Cinturapélvia(bacia)

Impressão3Daplicada

àMedicinaeOdontologia

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Hábitodechupardedoouchupeta.

Comoperderestamania?

O hábito de sucção surge quandoobebêaindaestánabarrigadamãeeseprorrogarpormuito tempopode terváriascausaseconsequênciasseveras.

Para o recém-nascido, a sucçãooral instintivapromoveasuasatisfaçãonutricional.Nomomentodasucçãododedo,lábios,línguaeoumucosaoral,acriança experimenta uma sensação deprazerqueconstróiasprimeirasfunçõespsicológicaseasrelações interpessoais(mãe-filho),permitindoaexploraçãodoentornosocioambiental.

Estafase,podeseestenderemmé-diaatéostrêsanosdeidade.Asucçãofazpartedodesenvolvimentonormaldacriança, atuando no fortalecimento damusculatura eno crescimentodentofa-cial. É a primeira atividade coordenadadainfância.

Entretanto, a persistência dos há-bitosdesucçãoapósessa fase,écon-sideradaprejudicialaodesenvolvimentodosossosdafaceepodeserindicativade problemas comportamentais. Combasenacomplexidadequeenvolvetan-to a instalação como o prolongamentodos hábitos de sucção não nutritiva, etendoemvistaanecessidadedeadotarmedidaspreventivasparaesseshábitosdesucção,faz-senecessárioinvestigarafrequênciacomqueesseseventosocor-rem.

Muitaspesquisascomprovaramqueoshábitosoraisdesucçãopodeminter-ferir no padrão regular de crescimento

edesenvolvimentodosossosdafaceenoequilíbriodasestruturasefunçõesdosistema estomatognático (conjunto deestruturasbucaisquedesenvolvemfun-çõescomuns,tendocomocaracterísticaconstanteaparticipaçãodamandíbula),trazendoalteraçõesimportantesnamor-fologiadopalatoduro.Asconsequênciasdehábitosoraisdeletériosnoaparelhoestomatognáticodependemdevariáveiscomo intensidade, duração, frequência,relação com o padrão de crescimentodoindivíduo,idade(estágiodetransiçãodentária)erelacionamentosocial.

Para se obter resultados eficientesnaretiradadeumhábitooraldeletério,énecessárioagirnacausadoproblema,ou seja, investigar junto ao paciente oqueolevaapraticartalhábito,evitando,assim,queeleapenassubstituaumhábi-toporoutro.Acriançapodeserajudadaaeliminarohábitodesucção,semcoa-çãoecomreforçopositivo.Esteauxíliodeveserfeitodeformaeficazeprecoce,sendonecessáriaacompreensãoeaco-laboraçãodacriança.

PelaDra.GraciaCostaLopes

Atualmente, profissionais buscamtécnicasquevisemaremoçãodohábitopor vontade própria. O esclarecimentoe a conscientização sobre as sequelaspodemsersuficientesparaadecisãodeabandoná-lo, caso contrário pode sernecessárioousodeaparelhoortodônti-co.Porém,demodogeral,aaceitaçãodacriançaeacolaboraçãodospaisoures-ponsáveiséfundamentalparaosucessodo tratamento, prevenindo ou minimi-zandoaspossíveisconsequências.

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EfeitoEstufa,CamadadeOzônioeMudançasClimáticas:oquesignificam?

VanessaSilveiraBarretoCarvalho,SâmiaReginaGarciaCalheiros,MarcelodePaulaCorrêa,RogerRodriguesTorres

TemasrelacionadosàsCiênciasAt-mosféricascomoefeitoestufa,mudançasclimáticaseaquecimentoglobal,cama-dadeozônio,dentreoutros,têmobtidograndedestaquenamídiaenasociedadecomoumtodo.Masoquerealmenteca-daumdestestermossignifica?Porquesóagoraessestemasganharamdestaque?Existe realmente fundamento cientificoportrásdisso?

Camada de Ozônio

Antes de falarmos sobre a cama-dadeozônio,éimportantelembrarmosque o ozônio é um gás raro, isto é, asconcentraçõesdessegásnoplanetaTer-ra representam apenas 0,0000006% detodoovolumedaatmosfera.Ouseja,acada10milhõesdelitrosdear,apenas6litrossãodeozônio,aproximadamente.Paratermosumaideiadoqueissorepre-senta,sepudéssemosconcentrartodooozôniodaatmosferaemum recipiente,de um metro por um metro de lado, aaltura da camada de ozônio seria algoentre2a5milímetros.Portanto,quandofalamosdeozônio,estamos falandodeum gás cujas concentrações são muitopequenas.Porém,mesmonessasquan-tidades,trata-sedeumgásfundamentalparaqueavidanoplanetaexistanafor-macomoaconhecemos.

Mas,porqueoozônioétãoimpor-tante?Poissetratadoprincipalrespon-sávelpelaabsorçãodaradiaçãoultravio-

leta(R-UV)emitidapeloSol.Emgrandesquantidades,essetipoderadiaçãopodeserfatalparaquasetodoservivo,sendoinclusiveutilizadaparaesterilizaráguaemateriaiscirúrgicos.Porém,acamadadeozônioabsorvecomgrandeeficiênciaaporçãomaisnocivadaR-UV.Apenasumapequena fração desse tipo de radiaçãoatinge a superfície terrestre e, por essemotivo,ousodeprotetoressolaresére-comendadopelosmédicos.Afinal,ées-se tipo de radiação a responsável pelocâncer de pele, queimaduras solares,dentre outras enfermidades da pele edosolhos.

Uma vez conhecidas as principaiscaracterísticasdoozônio,voltemosàca-madaquelevaseunome.Acamadadeozônioéonomeatribuídoaumaregiãodealtaconcentraçãodessegás,localiza-danaestratosferaterrestre,istoé,entre20e40kmdealtitude.Entre85a90%de todo o volume de ozônio presentena atmosfera terrestre está concentra-donestaregião.Osoutros10a15%sedistribuemapartirdasuperfície,ondeoozônio pode apresentar concentraçõesrazoavelmenteelevadas,porém,inferio-resàspresentesnacamadadeozônio.

Esta camada manteve-se pratica-mente inalterada durante milhares deanos,umavezqueosciclosdeproduçãoededestruiçãodessegásmantiveram-sebem equilibrados. Porém, em experiên-cias realizadas nas regiões polares em

meados da década de 1980, cientistasobservaram que a camada de ozôniosofriaumafortediminuiçãodeseucon-teúdonoiníciodaprimavera,retornandoaosníveisnormaisnoiníciodoverão.Piorainda,dadosdesatélitesmostravamqueoozôniosofriaumapequenadiminuiçãoemsuaconcentraçãoemtodooplaneta.Ouseja,umasituaçãoquepoderiaexporossereshumanosagrandesquantidadesdeR-UV.Aessadiminuiçãodrásticaesa-zonal(sazonaldizrespeitoàvariaçãodasestaçõesnodecorrerdoano)doozônioem regiões polares, deu-se o nome deburacodacamadadeozônio.

Diversas hipóteses foram formula-dasparaexplicarofenômeno,masumadas teorias mostrava que um conjuntodegasesartificiais,criadoseamplamen-teutilizadospelohomemdesdeosanos1960, era o principal responsável peloproblema. Esses gases, conhecidos co-moCFCs(siglaparaclorofluorcarbonos),quando atingem a atmosfera, se disso-ciam e liberam cloro (Cl) que destrói oozôniocomumaeficiênciaassustadora.A liberaçãodocloropeloCFCdependedesituaçõesatmosféricasbemcaracte-rísticas:a)temperaturasmuitobaixas;b)luzsolar;e,c)tempoparaqueareaçãoocorra. Ou seja, situações comuns nasregiões polares, principalmente na pri-mavera,poisapesardapresençade luzsolar, as temperaturas da estratosferaaindaestãomuitobaixas.

EfeitoEstufa,CamadadeOzônioeMudançasClimáticas:oquesignificam?

EfeitoEstufa,CamadadeOzônioeMudançasClimáticas:oquesignificam?

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Asituaçãoeracrítica,poistodososrefrigeradores,congeladores,apare-lhosdear-condicionado,sprayseaerossóis,dentreoutros,eramproduzidoscomessetipodegás.O“buraco”,antesrestritoaospolos,estavaseexpan-dindoepoderialevaroplanetaaumasituaçãodeperigo.Comacomprovaçãodestateoria,em1987umtratadointernacionalfoiassinadoporquasetodosos países da Organização das Nações Unidas (ONU) e entrou em vigor em1989.Essetratado,denominadoProtocolodeMontreal,proibiuafabricaçãodeCFCsepropôsasubstituiçãoporoutrastecnologias.Esseexemplodecoo-peraçãointernacionalpossibilitouaregressãodasemissõesdeCFCsemtodooplaneta,acontençãodaexpansãodadestruiçãodoozônioe,omais im-portante,équeosestudoscientíficosmostramqueosníveisdeozônioestãogradativamentevoltandoàsituaçãooriginal.

Efeito Estufa

Adefiniçãodotermoefeitoestufaestárelacionadacomoprincípiodefuncionamentodeumaestufa,queseriaumaestruturadesenvolvidapararetercalor.O termoéutilizadodesdeo séculoXIXparadescreverum fenômenonatural associado à propriedade de que alguns gases possuem de absorverradiaçãodeondalonga,istoé,aqueletipoderadiaçãoassociadacomasen-saçãodecalor.Essesgases,denominadosgasesdeefeitoestufa (GEE),sãoovapord’água,odióxidodecarbono(CO2),ometano(CH4),oóxidonitroso(N2O),oozônio(O3)eosclorofluorcarbonos(CFCs).Essaabsorçãodaradiaçãoemitidapelasuperfícieepelaprópriaatmosferaéfundamentalparaoaque-cimentodoplaneta.Semoefeitoestufa,avidanaTerranãoseriapossível,pois,semeste,atemperaturamédianasuperfícieseriade,aproximadamente,-18ºC.Portanto,essesgasessãofundamentaisparamanteroplanetaemcon-diçõesdeabrigartodososseresvivos.

Contudo,nasúltimasdécadas,oefeitoestufapassouaterumaconota-çãonegativa,sendoassociadocomasmudançasclimáticaseoaquecimentoglobal.Issosedeveaofatodeque,comaintensaecrescenteemissãodeGEEpelasatividadeshumanas,oefeitoestufatem-seintensificado,fazendocomqueatemperaturadoplanetaaumenteealgumasmudançasnoclimadaTerraocorram.Desdearevoluçãoindustrial(1850)atéosdiasatuais,aconcentra-çãodosGEEtemaumentadosignificativamente.Porexemplo,aconcentraçãodeCO2aumentouemmaisde35%,enquantoqueadeCH4aumentoumaisde2,5vezes.

Ahrens,C.D.EssentialsofMeteorology,AnInvitationtotheAtmosphere.Belmont:Brooks/Cole,2000.464p.

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nhadordoprêmioNobeldeQuímicaem1995.

Comoobjetivodemelhorentenderetentarprojetarasmudançasclimáticasparaaspróximasdécadas,aOrganizaçãoMeteorológicaMundialeoProgramadasNações Unidas para o Meio Ambientecriaramem1988oPainel Intergoverna-mentaldeMudançasClimáticas(dasiglaem inglês, IPCC). O IPCC constitui-sede um grupo de centenas de cientis-tas, de diferentes origens ao redor domundo, que se reúnem periodicamenteparadiscutir sobre as mudanças climá-ticas. Nessas reuniões são avaliados oconhecimentoatualsobreotemaesãoelaborados relatórios técnicos sobrepossíveisimpactosdasmudançasclimá-ticasnohomemenabiodiversidadedoplaneta,tentandoauxiliarospolíticosetomadoresdedecisãonodelineamentode medidas adaptativas e sustentáveisparaodesenvolvimentodospaíses.

Segundo as informações contidasnoquartoeúltimorelatóriodoIPCC,pu-blicadoem2007,oscientistasconcluemque,muitoprovavelmente,asemissõesdegasesdeefeitoestufaantropogênicosafetaramoclimadaTerranoséculoXXecontinuarãoafazê-lodemodocadavezmaisacentuadonesteséculo.Atempera-turamédiaglobalnosúltimoscemanosaumentou em aproximadamente 0,7ºC,estando a maior parte deste incremen-tosituadonaúltimametadedoséculo,acompanhando o enorme aumento deemissõesantrópicasnesseperíodo.Se-gundo as projeções climáticas para ofinaldoséculoXXI,contidasnesterela-tório,oaumentodatemperaturamédiapoderá atingir entre 1 a 4ºC, acompa-nhado de um aumento de precipitaçãoem tornode2 a6%.Alémdisso, estasprojeções indicam também que boapartedessasmudançasna temperaturaeprecipitaçãoao redordoplaneta virá

naformadeeventosextremosmaisfre-quentes,taiscomoondasdecalor,secasechuvasintensas,quecausamenormesprejuízosparaaeconomiaepopulaçãoemgeral.

OBrasilestáentreasregiõesdopla-netaquemaispoderãoserafetadaspelasmudanças climáticas projetadas para ofinal deste século. Esta região é vulne-rável aos extremos climáticos atuais epoderáserprofundamenteafetadanestaperspectivadeaquecimentoglobal.Comuma economia fortemente baseada naexportação de produtos agrícolas, umamatriz energética dominada por ener-gias renováveis altamente susceptíveisàsvariaçõesclimáticasecominúmerosproblemas socioambientais associa-dosaospadrõesdedesenvolvimentoetransformações do espaço, essa regiãosofre constantemente com eventos ex-tremos de temperatura e precipitaçãoquecausamenormesdanoseconômicoseinúmerasperdashumanas.Recorrenteschuvasedeslizamentospresenciadosnaregião sudeste, sucessão de intensassecas e enchentes na região amazôni-ca e Nordeste, e recorrência anual deepidemiasdedengueportodooBrasil,revelamquãodespreparadoopaísestáparaenfrentarosproblemasdecorrentesdeumapossívelmudançaclimática.Talfatoreforçaa importânciadadiscussãodo tema na sociedade brasileira, de talforma que mudanças de costume nousodos recursosnaturaisdoplanetaemedidas adaptativas para redução devulnerabilidade devam ser tomadas omais rápido possível para que maioresprejuízossejamevitados.Dra. Vanessa Silveira Barreto Carvalho,dou-tora em Ciências Atmosféricas pela USP; Dr. Marcelo de Paula Correa, doutor em Ciên-ciasAtmosféricaspelaUSP;Dra. Sâmia Garcia Calheiros,doutoraemMeteorologiapeloINPE;MSC. Roger Rodrigues Torres,mestreemMe-teorologia pelo INPE. Professores do InstitutodeRecursosNaturais-UniversidadeFederaldeItajubá.

Mudanças Climáticas

Desdeasuaformação,cercade4,6bilhõesdeanosatrás,aTerrasofreuinú-merasmudançasemseuclima,nasquaiso homem não exerceu nenhuma inter-ferência. Essas mudanças, ditas comonaturais, foram devidas principalmentea variações na estrutura e composiçãoda Terra durante sua formação, derivadoscontinentes,variaçõesnosparâme-trosorbitais(porexemplo,nainclinaçãodoseueixode rotaçãoe/oucaracterís-ticasdaórbitaqueaTerra fazao redordoSol)eerupçõesvulcânicas,devidoaolançamentodepartículasqueficamsus-pensasnoarporatéváriosmeses.Taisvariações,cíclicasnamaioriadoscasos,implicaram em grandes mudanças natemperaturadoplaneta,eforamrespon-sáveis,porexemplo,pelasErasGlaciaisouErasdoGelo.Noentanto,excetoparaaserupçõesvulcânicas,estasmudançasocorreram a cada dezena de milharesdeanos,ouseja,muito lentasparase-rempercebidasduranteavidadossereshumanos.Poressa razão, asmudançasclimáticasqueoscientistasvêmobser-vando nas últimas décadas são maisintensasdoqueaquelasobservadasporalgumfatornaturalconhecido.

Comoavançodosestudossobreotemanosúltimosanos,agrandemaio-riadoscientistasaoredordomundodácomocertoofatodequeasatividadeshumanassãoasprincipaisresponsáveispelas mudanças climáticas observadas.Tais mudanças são conhecidas comomudanças climáticas antropogênicas. Ainfluênciadossereshumanosnasmodi-ficaçõesdacomposiçãodaatmosferaedasuperfíciedoscontinentes (litosfera)durante os últimos séculos tornou-setãomarcanteapontodeconstituirumanovaerageológicaconhecidacomo“an-tropoceno”, termo criado pelo famosoquímicodaatmosferaPaulCrutzen,ga-

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Desde novembro de 2010, está em plena atividade o Instituto Helibras, es-trutura organizacional responsável por todo o Investimento Social Privado (ISP) da empresa. Este ano, o Instituto está se dedicando a um complexo projeto, que irá trazer para Itajubá uma mudança expressiva no âmbito da relação entre a população da cidade e o meio ambiente que a cerca.

Em parceria com a Prefeitura, a em-presa vai construir um parque ecológico com acesso gratuito. O futuro Parque Municipal de Itajubá foi projetado para atender aos exigentes requisitos ambien-tais e de sustentabilidade, promovendo o equilíbrio entre meio ambiente e socie-dade. Para tanto, conta com o projeto da EIF Arquitetura e Engenharia Ltda e com o gerenciamento da Hoss Construtora Ltda, ambas sediadas na capital paulista e conhecidas pela seriedade e competên-cia. Essas empresas também projetaram e construíram o novo hangar da Helibras, em Itajubá.

Futuro Parque Municipal

estimulará a preocupação com o

meio ambiente e a qualidade de vida

Empreendimento sustentável

A construção tem seu início previsto para 2013, em terreno localizado em frente ao Centro Administrativo Municipal Presidente Tancredo Neves. A área de mais de 200 mil metros quadrados será destinada a atividades esportivas e de lazer para a população da cidade e da região. Contempla, por exemplo, lagos que circundarão o córrego existente no local, que servirão como regulador da vazão das águas nas cheias. As coberturas dos prédios terão a capacidade de captar as águas pluviais, que serão conduzidas até um reservatório de reuso e reaproveitadas na limpeza geral, lavagem de pisos e irrigação externa.

As edificações terão amplas aberturas para entrada de luz natural e ventilação: interligados por pérgulas ou por terraços cobertos, permitirão a circulação contínua e a integração visual com a natureza. Placas termossolares aquecerão a água dos chu-veiros nos vestiários e na cozinha, e painéis e placas fotovoltaicas serão posicionados para minimizar o uso de energia elétrica em muitos pontos da iluminação externa.

O espaço contará com pistas para caminhadas e ciclovias. Para esta finalidade, foi aproveitada a topografia, com trechos em aclives e declives, perfeitos para intensi-ficar a atividade física dos visitantes. E também terá áreas de quiosques, playgrounds, viveiros de plantas e miniusinas de compostagem, entre outras inovações. “Além da estrutura física disponível, o espaço do parque também será aproveitado para a abor-dagem de questões ambientais e sociais, e o fomento do convívio e do bem estar das pessoas que o frequentarem”, afirma Lia Maciel, gerente de Responsabilidade Social da Helibras.

Este é um dos projetos que o Instituto Helibras está realizando, por meio de parcerias públicas e privadas, em benefício da comunidade na qual a Helibras mantém suas atividades.

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Naturaleagosto/setembro-2012

Aquecimento X Resfriamento

No Congresso Nacional de Enge-nhariadoCONFEA,realizadoemFloria-nópolis-SC,emsetembrode2012,ome-teorologista brasileiro Molion partici-poudeumdebatesobreas tendênciasdo clima do Planeta Terra. Luiz Car-los Baldiero Molion é formado em Físi-capelaUSP,PhDemMeteorologiapelaUniversidade de Wisconsin-EUA, possuiPós-DoutoradonaInglaterra,éMembrodo Instituto de Estudos Avançados deBerlim,RepresentantedaAméricaLatinanaComissãodeClimatologiadaOrgani-zaçãoMeteorologiaMundialeProfessordoDepartamentodoClimadaUniversi-dadeFederaldeAlagoas(UFAL).Durantesuaapresentação,Molionmanifestou-secontrário ao relatório do Painel Inter-governamental de Mudança Climática–IPCCdasNaçõesUnidas,oqualprevêqueatemperaturaterrestretendeaau-mentarde2a4ºCaolongodospróximos100anos,causandooderretimentodasgeleiraspolares,oquepodecausarumaelevaçãodoníveldomar,comriscoderecrudescimento dos acidentes climáti-coscomfuracõeseinundações.OIPCCafirma que o aquecimento do planetaé causadopelo consumoexageradodecombustíveisfósseispelohomeme,parasalvaroclimadaTerra,ahumanidadete-

ráquediminuirde50a80%asemissõesdedióxidodecarbono(CO2),atéame-tadedesteséculoXXI.Com40anosdeexperiênciaemestudosdoclimaterres-tre,Molionafirmaqueonossoplanetaestáiniciandoumafasederesfriamentoenãodeaquecimento.Segundoele,es-tamosentrandonumanovaeraglacialenumprocessode resfriamento,quandoosolvaiiniciarumafasedeatividademí-nimaeooceanovaiesfriar.

O Sol, que é a fonte principal deenergiaparatodoosistemaclimáticodaTerra,emite radiaçõeseletromagnéticase um grande percentual dessa energiaé absorvida pela superfície terrestre.Os registros da atividade solar indicamque o sol passa por atividades máximaemínima.OclimadaTerradependedemuitosfatoresenãoexclusivamentedaemissãodeCO2antropogênico.Onossoclimaémuitocomplexoedependedasoscilaçõesdetudoqueocorrenoplane-taenouniverso.

As conclusões dos meteorologis-tas do IPCC são baseadas em estudosutilizando modelos matemáticos que,possivelmente,nãoconseguemabrangertodasasvariaçõesqueocorremnoclimaterrestre.Molionafirmaqueaaçãohu-manaéincapazdecausarumaalteração

climática.AemissãodeCO2eoutrospo-luentescausadospelohomemnadatema ver com o aquecimento da Terra. Osfluxosnaturaisdosoceanos,polos,vul-cões,vegetação,emitemumtotalde200bilhõesdetoneladasdeCO2porano.

O homem emite 6 bilhões de ton/ano, que representa apenas 3%, e issonão muda absolutamente nada o climaglobal.AmídiacolocaoCO2comoumpoluente, porém, de acordo com Mo-lion, ele é muito útil para a fertilizaçãodas plantas. Quanto maior concentra-çãodeCO2naatmosfera,maior será aprodutividadedasplantas.ÉobvioqueaatividadehumanageraalgumimpactosobreoecossistemadaTerra,principal-mente por ter o seu desenvolvimentoeconômico baseado na exploração dosrecursosnaturais.Oenxofre,porexem-plo, contido no carvão mineral e nopetróleoéaltamentetóxico.Noentanto,aconservaçãoambientaldoplanetaTer-ra tem de ser feita independentementedo seu aquecimento ou resfriamento.Molion encerrou a sua participação nodebate afirmandoqueoCO2nãopodeserconsideradoumpoluentee simumgásdavida.Edeumaformabemhumo-rada,elecompletou:“EuamooCO2”.

Aquecimento X Resfriamento

PorPauloJoséBrazRosas

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Umidade—oquefazer?

Aumidadepode ter váriasorigenseéprejudicialnãoapenasparao localafe-tado, danificando paredes, pisos e tetoscomotambémdesenvolveasbactériasdobolor,prejudicialàsaúde.

Saberidentificardeondeelaveméoprimeiropassoparasetomaraprovidênciacorreta.Equantoantesoreparoforfeito,melhor.

Émuitocomumaparecerumidadenaparteinferiordasparedes,issosedápelocontatodiretocomaáguaoucomosoloúmido.Asparedesabsorvemaáguaouaumidadede forma rápida,normalmenteaumidade sobe mais rápido pelas paredesdoqueseevapora,especialmenteseocli-maforúmido.

Então ao construir, cuide para quea fundação seja impermeabilizada. PasseNeutrolemtodaasuperfíciedasvigasdafundação,assimteráumapelículaisolanteparaqueaumidadenãosubaparaaspare-des.Eutilize impermeabilizantenamassadocontrapiso.

Caso a parede fique encostada em

ummorro,emcontatocoma terra,podeutilizar na face externa reboco com im-permeabilizante e depois aplicar Neutrole colocar ainda plástico preto em toda aextensão. Outra opção é utilizar a mantaasfáltica, mas esta deve ser aplicada pormão de obra especializada, pois uma fa-lha na aplicação pode inutilizar todo otrabalho. Já nas paredes acima do solo éimportante aplicar impermeabilizante noreboco externo, se não quizer fazê-lo emtoda a parede, aplique pelo menos até1,20 m de altura. Agora, se este tipo deumidadeapareceuemumaparedeprontaquenãoteveimpermeabilizaçãoduranteaconstrução,seráprecisodescascá-la,tapareventuaisburacoserefazerorevestimentocomimpermeabilizante.

Asumidadesnalajeounapartesupe-riordasparedespodemserdecorrentesdetelhasquebradasoumalposicionadas,en-tupimentodacalhaoualgumvazamentonatubulação.Comeceverificandoo telhado.Atualmentetem-seutilizadocomfrequên-cia as mantas de cobertura, importantes

não só para evitar a penetração d’águada chuva, mas também como isolamentetérmico. Bem, identificada a causa, retiretodootipodemusgosoubolor,lavandoaregiãocomáguasanitária,atéremoverporcompleto.Quandoasuperfícieestiverbemseca,issopodelevaralgunsdias,apliqueoimpermeabilizante,masseorebocoestiversolto,seránecessáriodescascararegiãoerefazerorebococomimpermeabilizante.

Parasaberseovazamentovemdeal-gumcano,umadicaéverificaroregistrodeentradad’águaanotandoseuvalorànoi-te,interrompendoporesteperíodoouporalgumashorasoconsumo.Aoamanhecer,antesde iniciaroconsumod’água, verifi-que se os valores continuam os mesmosousetevealteração.

É sempre bom contar com um pro-fissional especializado para ajudar nodiagnósticoeindicaçãodamelhorsoluçãoaseraplicadaemcadacaso.Maslembre-se, quanto antes solucionar o problema,melhorparaasaúdedasuacasaedesuafamília.

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Naturaleagosto/setembro-2012

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Descubra-senos“CaminhosdoSuldeMinas”

www.caminhosdosuldeminas.com.br

Av.Cel.CarneiroJúnior,1921ºandar

Itajubá/MG(35)3621-1859

EmmeioàpaisagemdaSerradaMantiqueira,noEstadodeMinasGe-rais, abrem-se os caminhos que des-vendamumadasregiõesmaisbelasdoBrasil.EisoCircuitoTurísticoCaminhosdoSuldeMinas, lugardemontanhasíngremes, riquezas culturais e gentehospitaleira, que transforma sonhosemvivências inesquecíveiseenrique-cedoras.

A região é conhecida pela sofis-ticaçãodoartesanato,desenvolvimen-tode tecnologia,qualidadedas insti-tuições de ensino e autenticidade daculináriatípica,ofertandoaosvisitan-tes,ávidospor“subirmontanhasparagarimpar estrelas”, grande variedadedeatrativosemTurismodeAventura,Rural,Cultural edeNegócios,nos11municípios que integram o CT Cami-nhosdoSuldeMinas.

Conceição das Pedrasestálocaliza-da nos contrafortes da Mantiqueira,na Serra da Pedra Branca. Tem comoprodutostípicosoqueijoeacachaça.Possuiexuberantescachoeiraseseusmirantes possibilitam uma bela visãodaregião.

Cristina,a“CidadeImperatriz”,retra-tahistóriaselendasdoséculoXIXnasfazendasecasas-sedeoriginais.Oar-tesanatoeoscafésespeciaistambémfazem de Cristina uma cidade com acaradointeriordeMinasGerais!

Delfim Moreira, “Encanto da Man-tiqueira”, é uma das cidades maisfrias do Estado. Tem rica truticultura,produção de orgânicos e olericulturapromissora.OmunicípioseenvaidececomaKraemerbierhaus,únicacerveja-riaSulMineira.

Itajubá é conhecida por seu parqueindustrial, sua forte vocação na área

educacional, suas belas paisagens,riquezas culturais e naturais. O Turis-moReligiosoérepresentadopeloSan-tuário de Nossa Senhora da Agonia,úniconoBrasilesegundonomundo.

Marmelópolis é marcada pelas co-resdoBrasil:verdeeamarelo.Locali-zada ao pé da Mantiqueira, oferecetranquilidade para quem quer paz esossego,eadrenalinaparaquemgostadeseaventurarnastrilhasecológicas,escaladasecachoeiras.

Pedralvaéumacidadeinterioranadearquitetura histórica, natureza exube-ranteedegentesimpleseacolhedora.Rodeadademontanhas,situa-seentreduasformaçõesrochosasideaisparaapráticadeesportesdeaventura:oPe-drãoeaPedraBranca.

Piranguçu é a cidade da grandepedra vermelha, de cavalgadas, ca-choeiras e trilhas, uma terra de bele-zasnaturaisqueatraicontempladorese preservadores do meio ambiente epraticantesdevoolivre,bikers,escala-doresemotociclistasoff-road.

Piranguinho,“CapitaldoPédeMole-que” e terra da boa cachaça mineira,reúne as belezas das montanhas e osabordeseupreciosodoce,Patrimônio

ImaterialdeMinasGerais.Anualmente,emjunho,promovea“FestadoMaiorPédeMolequedoMundo”.

Santa Rita do Sapucaí, “O Vale daEletrônica”, possui condições favo-ráveis para o desenvolvimento doTurismo de Negócios, Científico-Tec-nológico,Religioso,Cultural,deAven-tura, Ecoturismo e Turismo Rural,unindotradiçãoeinovação.

São José do Alegreéconhecidapelasingularidadedesuahistóriaepeloen-cantodesuasbelezasnaturais.Éumaterra acolhedora que recebe a todosdebraçosabertos.

Wenceslau Braz reserva encantose histórias, como o cemitério dosescravos,ruínasefontesdeáguasbor-bulhantes.InstaladaentreosvalesdaMantiqueira,acidadeintegraarotaderomeiros que seguem para AparecidadoNorte(SP).

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CircuitodasÁguasdeMinasGerais

Baependi

PorIvanCarlosFerreira

“AbençoadaporDeusebonitapornatureza”

AsprimeirasreferênciassobreBaependidatamdoséculoXVII.Segundocertosau-tores,abandeiradeAndréLeão,partiudeSãoPauloem1601,seguiuocursodoParaíbaegalgandoaSerradaMantiqueira,rumouparaondehojeseinstalamosmunicípiosdePousoAltoeBaependi.Apartirdestadata,Baependicomeçaaaparecernosrelatosdossertanistas.Quantoaopovoamento,umaantigatradiçãodizque,em1692,AntoniodaVeiga,seufilhoJoãodaVeigaeManuelGarciapartiramdeTaubatérumoaosertãoparaacapturadesilvícolas.EmpolgadosporinformaçõesdaexistênciadeouroalémdaSerradaMantiqueira,penetrarampeloRioVerdeederamaumtributáriodeste,onomeBaependi.Depois, atraídospelanotíciadadescobertadeouro,outros colonizadorescomeçaramumapequenapovoação,aquedenominaramBaependi.Sabe-sequeentreosprimeirospovoadoresestãoToméRodriguesNogueiradoÓ,naturaldeFunchal,IlhadaMadeira,esuaesposaMariaLemedoPrado.Toméconstruiuumacasanolocaldenominado“Enge-nho”eergueuumacapelasobainvocaçãodeNossaSenhoradoMontserrate,éporissoconsideradoofundadordacidade.Em1814oarraialfoielevadoàcategoriadevila,comdenominaçãodeSantaMariadeBaependy,umadas13primeirasvilasdeMinasGerais.

Em2demaiode1856,foielevadaàcategoriadecidade.Atualmentecompopulaçãode18.292habitanteseáreade754Km2,temtemperaturamédiade20a35°Cnoverãoe5°Cnoinverno,oclimaétropicaldealtitude,orelevoédemontanhaseavegetaçãocircundanteédearaucáriasnativas,ondeaindaseencontraopapagaiodopeito-roxo,animalemextinção.OmunicípioabrangequasemetadedaáreadoParqueEstadualdoPapagaio.Sãováriasasopçõesdepasseios,dosmaisacessíveisaosreservadosaexpe-rientes aventureiros.As trilhas levama cachoeiras e a imponentesmontanhas.Obelocenárioatrai turistasadeptosdosesportes radicais como: trekking,mountain-bike, canyo-ning,rapel,montanhismo,alpinismo,cavalgadas.Dentreasinúmerascachoeiraspodemoscitar: Caixão Branco, Inferninho, Itaúna, Honorato Ferreira, Funil, Caldeirão, Liberdade,Índio,Canudo.Paraosamantesdascaminhadas,háinúmerasopçõescomoaSerradaCareta,SerradoCanjica,PicodoGarrafãoeTocadosUrubus.

Oartesanatodebambu,palhademilho,cipó,fibradebananeira,árvoredecafé,édestaquenaeconomialocal.Sãoconfeccionadascercade100milpeçaspormês.Apro-duçãoédistribuídaemtodoBrasileexportadaparapaísesdaAméricaeEuropa.

Baependiéricaematrativosreligiosos.AIgrejaMatrizdeNossaSenhoradoMont-serrat, localizadanaPraçaMonsenhorMarcos,comconstruçãodoséculoXVIII,possuicaracterísticasdobarroco,rococóeneoclássico,tombadapeloIphan(InstitutodoPatri-mônioHistóricoeArtísticoNacional).MerecedestaqueascerimôniasdaSemanaSantaeapreservaçãodopatrimôniohistórico,queincluiigrejasecasarões.

Noturismoreligioso,oSantuáriodaConceição,localondeseencontramosrestosmortaisdeFranciscaPauladeJesusIsabel,carinhosamenteconhecidaporNháChica.ElanasceuemSãoJoãoDelReyem1810,mudando-separaBaependiem1818.Criadaporparentes,sempremeigaevirtuosa,levouavidasolitária,recusou-seacasar,dedicou-seàféeàcaridade.SuaféafezconstruirumaigrejasobainvocaçãodeNossaSenhoradaConceição,iniciadaem1867econcluídaem1898,trêsanosapósasuamorte.Afamadesuasvirtudescresceu,tornando-aconhecidapelopovoquedepositouconfiançaepassouaconsultá-lasobresuasrevelaçõesclarividentes.Emjunhode2012,suaSantidadeoPapaBentoXVIassinouodecretodesuabeatificação.

CachoeiradoCaldeirão

MatrizdeNossaSenhoradoMontserrat

SantuáriodaConceição

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