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Naturale 21a edição Qual destino escolhemos para os resíduos que geramos? Boas práticas para reciclagem na arte de educar e na música.

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Page 3: Naturale 21a edicao elet

2 A música em sinergia com o meio ambiente5 Uma abordagem sobre Bonecos Reciclados em sala de aula6 As embalagens plásticas descartáveis8 Os catadores de materiais recicláveis e a coleta seletiva10 Trupe Sapucaiaços Ultrassom para repelir insetos 11 A serviço dos animais12 O vestido de noiva dos seus sonhos14 Campos do Jordão, um Jardim Botânico disfarçado de cidade15 AENAI — 30 anos16 Encontro Nacional de Turismo17 Maior Pé-de-Moleque do Mundo

18 Barraca Vermelha — O tradicional Pé-de-Moleque de Piranguinho

20 Saúde Dental

22 Materiais odontológicos: possibilidades e benefícios para odontologia

Naturale é uma publicação da DIAGRARTE Editora Ltda

CNPJ 12.010.935/0001-38 Itajubá/MG

Editora: Elaine Cristina Pereira (Mtb 15601/MG)

Colaboradores

Articulistas: Camilla Toledo, Celem Mohallem, Cleber Marinho, Gilberto Andreotti, Dra. Gracia Costa Lopes, Jairo Bueno Chaves, José Maurício Carneiro da Silva, Marco Antonio, Marcos E. C. Bernardes, Marina Zan, Miriam Matsuda, Paula Abreu, Rafael Sol, Rossano Gimenes e Walter Vasconcellos.

Revisão: Marília Bustamante Abreu Marier

Projeto Gráfico: Elaine Cristina Pereira

Capa: Cleber Miranda (foto)

Vendas: Diagrarte Editora Ltda

Impressão: Gráfica Novo Mundo Ltda

Tiragem: 4.000 exemplares impressos e 10.000 eletrônico

Distribuição Gratuita em mídia impressa e eletrônica

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Direitos reservados. Para reproduzir é necessário citar a fonte.

Venha fazer parte da Naturale, anuncie, envie artigos e fotos.

Faça parte desta corrente pela informação e pelo bem.

Contate-nos: (35) 9982-1806 e-mail: [email protected]

Acesse a versão eletrônica: www.diagrarte.com.br

Impresso no Brasil com papel originado de florestas renováveis e fontes mistas.

expediente

Caro leitorNo mês de junho se comemora o Meio Ambiente e muitas ati-

vidades e palestras são realizadas neste período para despertar a consciência da preservação. A bem da verdade deveríamos ter pre-sente este espírito em todos os dias do ano. Moramos em um planeta que, apesar de não parecer, possui recursos naturais finitos, se não forem utilizados de forma correta. Nesta edição, a Naturale traz a questão da reciclagem na música, nas artes plásticas, em projetos educativos e na necessidade de fazermos nossa parte como con-sumidores conscientes, pois tudo o que produzimos não tem outro destino senão a própria Terra, ou seja, mesmo que não estejamos vendo para onde foi o "lixo ou resíduo" que descartamos, ele conti-nua no planeta, e como tudo o que existe, continua com seu ciclo de vida e suas interferências no meio ambiente.

Lembrei-me de um livro que li na infância "O menino do dedo verde", de Maurice Druon, escrito em 1957, ele conta a história de um menino que possuia o dom de transformar em flores tudo o que to-cava, ele transformou a realidade de sua cidade. Hoje, ser o "menino do dedo verde" pode representar o ato de transformar os "resíduos" em bens de consumo, em arte, em formas de recriar os bens fabri-cados e não apenas descartá-los. Muitos países já despertaram para isto e creio que cada um de nós deveria descobrir e por em prática o nosso "dedo verde". Que maravilha seria... tenho certeza que tería-mos uma cidade melhor de se viver, uma convivência mais feliz com as pessoas, além, é claro, de uma satisfação pessoal por colaborar de forma harmônica com o planeta. Talvez ai encontremos significa-do na frase "co-criadores com o universo".

Aproveito para parabenizar a AENAI, nossa parceira, pelos 30 anos de existência e desejar-lhe muitos anos de vida com o trabalho sério e valoroso que desenvolve.

Celebro também as novas parcerias firmadas com a Prefeitura de Campos do Jordão (SP) e com a Associação Comercial de Ouro Fino (MG). A todos os parceiros nosso agradecimento!

Bem, deixo a você leitor, o prazer de folhear as próximas páginas e encontrar inspiração para o seu "dedo verde".

Boa leitura.

Elaine Pereira

Naturale21a edição Junho/Julho - 2013

ISSN 2237-986X

Apoio para distribuição:

Caro leitor

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A música em sinergia com o meio ambiente

Por Marina Zan e Miriam Matsuda

A música é uma linguagem artística, uma manifestação cultural e étnica que tem em sua estrutura relações com outras áreas do conhecimento. Quem aprecia ou estuda música, desenvolve senso rítmico, percepção musical, harmonia e criatividade.

Hoje, a criatividade aliada à consciência ecológica une a música à preservação am-biental e à consciência do reaproveitamento e da reciclagem. Assim, contribui para a preservação do planeta e para o desenvolvimento humano.

A partir da utilização de materiais orgânicos como cabaça, bambu, madeira, pedra e materiais sintéticos como plástico, papel, borracha, metal, sucata, utensílios domésticos, garrafas pet e diferentes tubos e peças em PVC, podem ser criados diversos instrumentos musicais com uma grande variedade de sonoridades a serem exploradas.

O músico, compositor, multi- instrumentista, luthier, artista plás- tico e arte-educador Fernando Sar- do, nos apresenta uma gama de pos- sibilidades relacionadas à conscien- tização ambiental por meio da reci- clagem de materiais para a constru-ção de instrumentos musicais e para a musicalização das pessoas, o que vem transformando e aprimorando sistemas de aprendizagem da música para os mais variados públicos.

O trabalho de Sardo é fruto de uma pesquisa iniciada em 1980, em música e luteria étnica de diversas épocas e culturas. Esta pesquisa só foi possível devido ao fato do artista residir na cosmopolita Grande São Paulo, que possibilita o contato com colônias e músicas de várias culturas, entre elas: japonesa, árabe, indiana, africana, europeia, latino-americana e indígena brasileira. Deste conta-to surgiu uma grande variedade de instrumentos típicos que o artista reproduziu e estudou. A partir daí, foram concebidos e construídos mais de 160 instrumentos musicais entre corda, percussão e sopro, com matérias-primas alternativas orgâni-cas e sintéticas, além de esculturas e parques sonoros. Esta pesquisa se reflete constantemente em suas composições musicais que contém como característica sua extensa bus-ca por timbres e sonoridades pouco convencionais. Suas criações de-monstram diversas possibilidades de fazer música ou de simplesmente perceber o som produzido, seja por objetos do cotidiano, por objetos descartados (sucata), ou pelas es-

culturas sonoras e instrumentos artesanais.

Fernando Sardo ministra curso de luteria e música experimental por todo o Brasil, em casas culturais, empresas, escolas e universidades de arte, para um público varia-do, como crianças, adolescentes, adultos, artistas, educadores e arte-educadores. Estes cursos têm como objetivo incentivar a pesqui-sa e a construção de instrumentos musicais feitos com matéria-prima alternativa, estimulando a criativi-dade e a autoria. O trabalho convida para a busca coletiva por novas plasticidades, sonoridades e tim-bres. Para isso, Fernando propõe em seus cursos que se criem e cons-truam instrumentos com diferentes materiais e que, posteriormente, os alunos façam suas próprias me-lodias, sendo sensibilizados para explorar timbres nunca antes per- cebidos. Assim, se dá o lúdico mé-todo de musicalização criado por ele. Seus cursos são multidisciplina-res, ou seja, a música, a luteria e as artes visuais são relacionadas com outras áreas do conhecimento co-mo a matemática, a física, a história e os valores de consciência e pre-servação ambiental.

A partir dos anos 90, Fernando se dedicou a criar, além dos instrumentos musicais, esculturas sonoras que utilizou a princípio, em suas próprias composições musicais. No entanto, sua prática pedagógica apontou que as esculturas e instalações sonoras, por sua singularidade artística, seriam um ótimo recurso de interatividade, prática musical e convivência em grupo. Estas obras plástico-musicais são construídas artesanalmente e proporcionam ao público a aprecia-ção visual, aliada à interação artística e lúdica, por meio de fontes sonoras timbrísticas e melódicas.

As esculturas sonoras, instalações mu- sicais e parques sonoros de autoria de Fer-nando podem ser encontradas em várias regiões do Brasil. O “Sabina — Escola Par-que do Conhecimento” em Santo André (SP), inaugurado em 2006, é exemplo de um espaço multidisciplinar que privilegia a popularização da ciência e das artes de forma interativa. Neste local está dispos-ta a instalação sonora “Sons Recicláveis”, que contém fontes sonoras de sopros,

À esquerda violino confeccionado com lata, cabo de vassoura, colher e madeira. À direita violoncelo feito com tubos, conexões e caixa de inspeção de PVC.

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percussão e cordas. A obra foi construída com plástico, latas e mangueiras, que pro-porcionam completa interação do público. Já na cidade de Ouro Preto (MG), o “Vagão Sonoro Ambiental”, localizado na estação de trem de Ouro Preto, é uma obra criada para o desenvolvimento de conteúdos artísticos, sociais e ambientais, que recebe estudantes de diversas idades, bem como o público em geral. O antigo vagão contém duas salas: na primeira está a instalação sonora “Sons Recicláveis” que oferece aos visitantes diversas possibilidades de interação com instrumentos musicais de corda, sopro e percussão, criados e construídos com sucata de plástico, madeira, papel e metal. A segunda sala, por sua vez, é devidamente equipada para a realização de cursos de música, criação e construção de instrumentos musicais. Os materiais utili-zados nas oficinas são recicláveis e o Vagão Sonoro conta com um projeto educativo desenvolvido por monitores treinados pelo próprio artista para abordar conceitos de ecologia, música e luteria.

Fernando projetou e construiu também “brinquedos sonoros” e instrumentos musicais para Parques Sonoros que possibilitam interatividade e proporcionam con-vívio com a música, as artes visuais e, naturalmente, sugerem lazer e recreação. Estes podem ser encontrados em espaços públicos ou privados e fazem parte de projetos educativos e sociais. Por meio deles são notados ganhos expressivos na educação musical, estímulo à criatividade e aprendizado na área de luteria, ciência, arte e eco-logia. Um exemplo é o “Parque Lúdico Musical” que, assim como o “Vagão sonoro ambiental” citado acima, faz parte do “Projeto Trem da Vale – Fundação Vale do Rio Doce”, um projeto de revitalização das estações e linha de trem de Ouro Preto e Mariana (MG). Localizado na cidade de Mariana, o parque faz parte hoje da rota cul-tural da cidade. Parte do material utilizado na construção dos brinquedos musicais é sucata da própria ferrovia, o que demonstra que a preservação do meio-ambiente, as artes e a recreação podem ser atividades complementares.

Já em São Caetano do Sul (SP) o “Parquinho Sonoro” foi construído para crianças com necessidades especiais. Alguns dos instrumentos foram concebidos para usuá-rios com deficiência auditiva. Nestes, as mãos são posicionadas para que a vibração do som seja sentida pelo tato. Outros instrumentos foram projetados para crianças

Gangorra pau de chuva com adaptação para cadeirante.

Na móia o deficiente auditivo coloca as mãos nas laterais dos tambores para sentir a vibração sonora produzida pela mola.

Vagão Sonoro Ambiental — Projeto Trem da Vale, em Mariana/MG.

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com necessidades de locomoção. A gan-gorra, por exemplo, produz um som similar ao pau de chuva indígena, que ecoa de acordo com o movimento do brinquedo, e possui em um dos lados uma cadeira com encosto e apoio para os pés.

Hoje, com mais de 160 diferentes ins-trumentos musicais e esculturas sonoras criados, Sardo os utiliza em suas com-posições para apresentações musicais e trilhas sonoras para espetáculos de dança, teatro, cinema e televisão, que realiza com o grupo GEM (Grupo Experimental de Mú-sica), fundado por ele em 2003. O grupo participou em 2011, do Festival Europália Brasil, na Bélgica, em Antuérpia e Gent, com a apresentação do show “O Som e a Matéria”. Este trabalho reproduzido em CD, assim como o disco “Bambuzais” (1999), é elaborado somente com compo-sições musicais próprias, instrumentos e esculturas sonoras de sua criação.

Sardo também integra o projeto “Reciclar é show” que tem o apoio do Maestro João Carlos Martins e a participação da arte-educadora Flávia Maia do grupo Barbatu-ques. Esta é uma iniciativa da Tang, que inclui a fabricação de instrumentos musicais a partir de materiais reciclados e permite que os alunos aprendam a tocar os instru-mentos fabricados por suas próprias mãos. Cerca de 50 mil estudantes de mais de 100 escolas da rede pública de ensino do Brasil participarão deste projeto.

Muito se pode fazer pelo meio ambiente e pelo desenvolvimento humano. Fer-nando o faz pela música, pela criatividade e pela integração de diversos segmentos que resultam em obras de arte memoráveis.

Legenda: O “Quero-Quero” é feito com ma-deira de eucalipto e aço inox. Suas penas são representadas por 16 flautas, oito de cada lado, afinadas em uma escala de Dó Maior Diatônica. Cada flauta está conecta-da a uma bomba de ar que representa a cauda do pássaro. O público interage com a escultura tocando as flautas, movimen-tando as bombas de ar. Esta escultura está instalada no SESC Bertioga/SP.

Fernando Sardo e suas criações.

Ideias simples para criação de brinquedos

com materiais recicláveis

Carrinho de embalagem de desinfetante com rodinhas de PET.

Avião de pregador e palito de sorvete.

Carrinhos de rolo de papel higiênico.

Mobile de colher.Fonte: internet

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Uma abordagem sobre Bonecos Reciclados em sala de aula

A educação ambiental hoje vai muito além de conscientizarmos as pessoas sobre o uso correto da energia e dos bens naturais, ela avança do campo teórico para o prático e interage de forma construtiva com a utilização de materiais reci-cláveis como forma criativa de aprendizado.

O Grupo Tamanduá Sem Bandeira, de Belo Horizonte/MG, traz vários exem-plos de como a reciclagem pode desenvolver a criatividade. Transformar garrafas pets, embalagens plásticas, Treta Pak e papéis em bonecos abre portas para a criação de textos, desenvolve a dramaturgia, a cenografia, a oralidade, o voca-bulário, a concentração, a memória, a coordenação motora e a desinibição de forma lúdica e espontânea.

O Projeto Pequenos Bonequei-ros se dá através de oficinas onde as crianças iniciam o trabalho re-colhendo materiais que possam ser reciclados e aprendem a con-feccionar bonecos (fantoches) e brinquedos. Durante o processo de confecção, os alunos são convida-dos a pensarem em um nome para o boneco, sua profissão, idade, on-de mora, o que ele gosta de fazer, assim, quando o boneco ficar pron-to, já terá personalidade e contexto para criação de um enredo. Este personagem passa a interagir com o de outras crianças e uma história vem à tona com o objetivo de mon-tar um espetáculo teatral. Assim, aspectos literários, artísticos, cul-turais, geográficos, ambientais e até matemáticos fazem parte do pro-cesso criativo. Um mundo de magia e encantamento revela-se onde o pensar e o fazer são a base para o desenvolvimento e continuidade do

processo de aprendizagem. Um ins- trumento importante para educado-res, que podem propor temas que facilitem a explanação de matérias didáticas, provocando assim novos "capítulos" para a história em curso e facilitando o aprendizado, já que o mesmo se dá de forma interativa e lúdica.

Ao observar e respeitar as di-ferenças nas elaborações coletivas, conviver com a diversidade, intera-gir com a individualidade do outro, este trabalho também é base para o desenvolvimento pessoal de cada um, tanto no que diz respeito aos seus valores como para a descober-ta de sua vocação.

Considerando a Educação res-ponsabilidade de toda a sociedade, e sabendo que a criança precisa de instrumentos motivadores para uma aprendizagem mais prazerosa, este projeto contribui para desper-tar e criar bons hábitos.

A conscientização e a educa-ção ambiental abordadas de forma leve e integrada ao cotidiano, visam a diminuição de resíduos jogados

Por Rafael Sol

pelas ruas e rios, a responsabilidade ambiental, o consumo consciente, a eficiên-cia da coleta seletiva, dentre outros aspectos e são temas de diálogos durante a oficina. Assim, os participantes experimentam e criam novos brinquedos, impri-mem seus valores, gostos, ideias e vivências, interagem com o restante do grupo e se beneficiam com a troca de experiências. A reciclagem traz em si inclusão social, desperta a criatividade e promove um mundo melhor.

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Por Celem Mohallem

Plásticos são materiais formados pela união de grandes cadeias mole-culares chamadas polímeros, que, por sua vez, são formadas por moléculas menores, chamadas monômeros. A plasticomania vem tomando conta do planeta desde que o inglês Alexander Parkes inventou o primeiro plástico, em 1862.

Os plásticos são produzidos através de um processo químico cha-mado polimerização, que proporciona a união química de monômeros para formar polímeros. Os polímeros po-dem ser naturais ou sintéticos. Os naturais, tais como algodão, madeira, cabelos, chifre de boi, látex, entre ou-tros, são comuns em plantas e animais. Os sintéticos, tais como os plásti-cos, são obtidos pelo homem através de reações químicas. O tamanho e estrutura da molécula do polímero de-terminam as propriedades do material plástico. A matéria-prima do plástico é o petróleo. Este é formado por uma complexa mistura de compostos. Pelo fato destes compostos possuírem di-ferentes temperaturas de ebulição, é possível separá-los por meio de pro-cessos conhecidos como destilação ou craqueamento. Da fração nafta do petróleo nasce o eteno. Este deriva-do está presente em praticamente todos os plásticos. Os plásticos são utilizados em quase todos os seto- res da economia, tais como: cons-trução civil, agrícola, de calçados, móveis, alimentos, têxtil, lazer, tele- comunicações, eletroeletrônicos, au- tomobilísticos, médico-hospitalar e distribuição de energia. O setor de embalagens para alimentos e bebidas vem se destacando pela utilização crescente dos plásticos, em função de suas excelentes características, entre elas: transparência, resistência, leveza e quase total atoxidade.

Reciclagem

O lixo brasileiro contém de 10 a 15% de plásticos, conforme o local. São materiais que, como o vidro, ocu-pam um considerável espaço no meio ambiente. O ideal seria se eles fossem recuperados e reciclados. A recicla-gem do plástico exige cerca de 10% da energia utilizada no processo de fabri-cação original.

Do total de plásticos produzidos no Brasil, só reciclamos 15%. Um dos empecilhos é a grande variedade de ti-pos de plásticos. Uma das alternativas seria definir um tipo específico nas em-balagens descartáveis para facilitar a reciclagem. Outro fator determinante é o preço baixo da matéria prima virgem (polietileno) em relação à reciclada.

Plásticos recicláveis são potes de to-dos os tipos, sacos de supermercados (menos os chamados oxibiodegra-dáveis), embalagens para alimentos, vasilhas, recipientes e artigos domés-ticos, tubulações de PVC e garrafas PET que, convertidos em grânulos, são usados para a fabricação de cordas, fios de costura, cerdas de vassouras e escovas. A fabricação de plástico reciclado economiza 70% de energia, considerando todo o processo desde a exploração da matéria-prima primá-ria até a formação do produto final. O plástico reciclado pode ser utilizado para fabricação de garrafas e frascos até de alimentos e remédios (recen-temente liberado pela Anvisa); baldes, cabides, pentes e outros artefatos

As correntes marítimas levam o lixo descartado nos rios e praias para o centro dos ocean

Aves e animais marinhos confundem o lixo com alimento e morrem ao ingeri-los.

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produzidos pelo processo de injeção; madeira-plástica; cerdas, vassouras, escovas e outros produtos que sejam produzidos com fibras.

Sobre as sacolinhas plásticas

O Brasil é, definitivamente, o pa-raíso dos sacos plásticos. Todos os supermercados, farmácias e boa parte do comércio varejista embalam em sa-quinhos tudo o que passa pela caixa registradora. Não importa o tamanho do produto que se tenha à mão, aguar-de a sua vez porque ele será embalado num saco plástico. O pior é que isso já foi incorporado na nossa rotina co-mo algo normal, como se o destino de cada produto comprado fosse mesmo um saco plástico. Nossa dependência é tamanha, que quando ele não está disponível, costumamos reagir com re-clamações indignadas.

Quem recusa a embalagem de plástico é considerado, no mínimo, exótico, “ecochato ou biodesagradá- vel”. O novo material sintético redu- ziu os custos dos comerciantes e in-

crementou a sanha consumista da civilização moderna. Mas, os estragos causados pelo derrame indiscrimina-do de plásticos na natureza tornou o consumidor um colaborador passivo de um desastre ambiental de gran- des proporções. Como salientado an- teriormente, esses sacos não são bio-degradáveis e levam séculos para se decompor na natureza.

Usando a linguagem dos cientis- tas, esses saquinhos são feitos de cadeias moleculares inquebráveis e é impossível definir com precisão quan-to tempo levam para desaparecer no meio natural. No caso específico das sacolas de supermercado, por exem-plo, a matéria-prima é o plástico filme, produzido a partir de uma resina cha-mada polietileno de baixa densidade (PEBD). No Brasil, são produzidas 250 mil toneladas anuais de plástico fil-me, que já representa 9,7% de todo o lixo do país. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, em 2011, foram produzidas 16 BILHÕES DE SACOLI-NHAS. Abandonados nas ruas, esses sacos plásticos impedem a passagem da água, retardam a decomposição dos materiais biodegradáveis e difi-cultam a compactação dos detritos nos aterros sanitários, quando exis-tem. Outro aspecto nada desprezível é que os animais terrestres e aquáticos, principalmente aquáticos, confundem os plásticos com alimento. Sugerimos que os leitores vejam o vídeo dispo-nível no link http://www.midwayfilm.com/. Também estão disponíveis na in-ternet as informações sobre a “Ilha de Plástico” do Pacífico. Trata-se de uma porção daquele oceano em que flutua uma “sopa” de plásticos levados pelas correntes marinhas e oriunda do lixo gerado pelos países do hemisfério nor-te. A “ilha” tem o tamanho do Estado do Amazonas! Há indícios de forma-ção de outra ilha no Atlântico Sul perto das Malvinas. Essa realidade que tanto preocupa os ambientalistas no Brasil, já justificou mudanças importantes na legislação – e na cultura – de vários países europeus. Na Alemanha, por exemplo, a “plasticomania” deu lugar à

“sacolamania”, ou seja, o consumidor leva sua própria sacola para colocar as compras. No Brasil, exemplos como o de Belo Horizonte precisam se multi-plicar. Depois da aprovação de uma lei restritiva, só no comércio supermerca-dista, a redução das sacolas foi de 490 mil por dia para 30 mil!

Não há desculpas para nós, ou- tros brasileiros, não estarmos igual- mente preocupados com a multiplica-ção indiscriminada de sacos plásticos na natureza. O país que sediou a Rio-92 (Conferência Mundial da ONU sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente) e que tem uma das legislações ambien-tais mais avançadas do planeta. Na lei federal 12.305/2010, que institui a logística reversa, reside a nossa espe-rança, já que a maioria dos municípios resiste em criar legislações restritivas. É preciso declarar guerra contra a plas-ticomania. Há muitos interesses em jogo. Qual é o nosso? O que pensamos deixar para as gerações futuras?

Celem Mohallem, Técnico de Sistemas In-dustriais da Petrobrás aposentado, Secretário da Aearsi e Presidente do Comitê da Bacia Hi-drográfica do Rio Sapucaí.

O lixo também provoca anoma-lias no desenvolvimento dos ani-mais, a exemplo desta tartaruga que quando jovem teve um anel metálico entalado em seu corpo.

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Faça sua parte!Utilize sacolas retornáveis

quando for às compras. Assim, contribuirá ativamente para a preservação do meio ambiente,

da vida marinha, de aves e animais silvestres.

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os e formam Ilhas de Lixo, como a do Pacífico.

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Os catadores de materiais recicláveis e a coleta seletiva

Por Marcos E. C. Bernardes

Quando compramos algo, seja um eletrodoméstico, uma roupa ou um alimento, parte ou todo esse material em breve virará o que chamamos de “lixo”, algo sem valor aparente. Com a durabilidade cada vez menor des-ses produtos, eles se tornam cada vez mais descartáveis. Consequentemen-te, procuramos nos livrar desse “lixo” para adquirir mais e mais bens, que terão o mesmo destino dos demais. Esperamos que, como em um passe de mágica, esse material suma das nossas vidas o mais rápido possível. Entretan-to, devemos nos lembrar que o que jogamos fora continuará a existir, em algum lugar, seja dentro de um rio, seja em locais como lixões e aterros sanitá-rios. Será que esse “lixo” tem valor? E quem leva esse material embora?

Para responder a estas perguntas, devemos nos lembrar que há várias respostas para cada uma das ques-tões. Afinal, por um lado, pagamos pela coleta desse material na porta das nossas casas. Quem faz esse serviço normalmente são as prefeituras, que nos cobram impostos para contratar empresas que o realizam. Portanto, podemos imaginar que pagamos pa-ra enterrar riquezas, que chamamos erroneamente de “lixo”, pois nesse conjunto de materiais que descarta-mos, há desde aquilo que não pode ser reaproveitado, o lixo “úmido”, co-mo material de higiene pessoal – papel higiênico, absorventes, até materiais recicláveis, como latas de alumínio, papel e plástico. Em outras palavras, na coleta convencional de “lixo”, todo esse material será transportado sem distinção, reduzindo a vida útil dos aterros sanitários e aumentando os custos da limpeza urbana. Mais uma vez, pagaremos a conta.

Por outro lado, alternativas ao mo-delo de coleta tradicional passam por

programas de coleta seletiva, em que a sociedade assume um papel de dividir a responsabilidade pelos resíduos que gera. Até recentemente imperceptíveis pela maior parte da sociedade, os ca-tadores de materiais recicláveis vêm se destacando como elo essencial na cadeia da reciclagem, demonstrando que há soluções mais sustentáveis, do ponto de vista financeiro, ambiental e social, no trato dessas riquezas que desperdiçamos diariamente. Os cata-dores simbolizam a possibilidade de reinserção social a partir daquilo que a sociedade descarta, pois mesmo antes da instituição da coleta seletiva país afora, eles já atuavam na seleção dos materiais recicláveis nos lixões. Assim, reinventam a si e a toda a sociedade, por nos ensinar como podemos ge-rar vida e bem-estar a partir de algo aparentemente inservível, exatamente como a natureza realiza seus proces-sos de reciclagem de energia há tanto tempo. Ao mesmo tempo, esse cami-nho não é construído sem percalços ou desafios. Ao contrário da coleta tradicional, o serviço de coleta e trans-porte de material reciclável, prestado por esses agentes ambientais não é

remunerado na maior parte das ci-dades brasileiras. Portanto, a renda que os catadores obtêm para sobre-viver é proveniente exclusivamente da revenda dos materiais recicláveis, mesmo que minimizem a quantidade de material que seria enterrado país afora, especialmente para a reciclagem de alumínio, plástico, papel e vidro. Essa coleta gratuita realizada pelos catadores explica parte da insatisfa-ção da população, que por vezes se depara com alguém revirando o seu “lixo”, atrás de materiais recicláveis com maior valor de revenda. A ação dos catadores aumenta a vida útil dos aterros sanitários e reduz a chance desses materiais chegarem a locais inadequados, como ruas e rios. Em su-ma, com a contribuição dos catadores de materiais recicláveis, economiza-mos matéria-prima para produção de novos produtos e gastamos menos no gerenciamento daquilo que não nos serve mais.

A relevância sócio-econômica dos catadores de materiais reciclá-veis no Brasil vem sendo impulsionada pela organização dos mesmos em as-sociações e cooperativas. Desta forma,

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esses grupos organizados conseguem aumentar a quantidade e qualidade dos materiais recicláveis. Portanto, obtêm melhores valores pela venda e reduzem o grau de dependência em relação aos intermediários da cadeia da reciclagem. Paralelamente, políticas públicas têm tido um papel estratégico no fomento à organização desses gru-pos de catadores, pois em diferentes instâncias legais, tem se dado priori-dade às associações e cooperativas de catadores para programas de coleta seletiva em municípios, órgãos públi-cos, etc., além de linhas de crédito e outras formas de apoio à formalização desses grupos. Instituições de ensino superior e organizações não gover-namentais têm sido fundamentais na capacitação e apoio à constituição político-administrativa de grupos for-mais de catadores. O exemplo mais abrangente e concreto desse apoio foi estabelecido pela PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), pro-mulgada pela Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010. A PNRS tem como um de seus principais objetivos estimular a implantação da coleta seletiva no Brasil, a partir da participação priori-tária de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de mate-riais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda.

De acordo com dados do IBGE, nos últimos 20 anos, a destinação adequada de lixo no Brasil passou, na média nacional, de menos de 30% do montante total gerado em 1989 para pouco menos de 70% em 2008, en-quanto em Minas Gerais essa média ficou em torno de 58%. No ano 2000, apenas 8,2% dos municípios brasilei-

ros possuíam coleta seletiva em pelo menos parte da cidade (por exemplo, zona urbana central), passando para 19,5% em 2008. Ou seja, observa-se que o Brasil ainda está distante de atin-gir níveis universais de coleta comum de resíduos em geral, e muito menos no tocante à coleta seletiva. Para o ca-so de Minas Gerais, observa-se que há apenas cinco anos, aproximadamente 6 em cada 10 municípios do estado ofereciam algum tipo de destinação adequada dos seus resíduos, enquan-to apenas 2 em cada 10 municípios possuíam a coleta seletiva implemen-tada, sendo que desses, menos de 0,7 (ou em torno de 30%) ofereciam coleta seletiva em toda a área de abrangên-cia do município. Portanto, além de ser um desafio para o país, a gestão adequada e responsável dos resíduos coloca-se como um desafio estratégi-

Proporção de material reciclado em atividades industriais no Brasil, de 1993 a 2009 (Fonte: IBGE, 2012).

Fontes: Associação Brasileira de Alumínio (ABAL); Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA); Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (ABIVIDRO); Associação Brasileira de Indústria do PET (ABIPET); Associação Brasileira de Embalagem de Aço (ABEAÇO); Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV) e Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE).

co ao desenvolvimento do estado de Minas Gerais.

Assim, percebe-se o papel impres-cindível que os catadores de materiais recicláveis têm na base da cadeia da reciclagem no país. Por outro lado, é inegável que ainda há muito o que se aprimorar na coleta seletiva no Brasil e que tal mudança deve envolver o poder público, indústrias, comércio e a população em geral, o que inclui os próprios catadores. Afinal, todos nós devemos enfrentar o desafio da mudança de hábitos, de abandonar-mos nossas zonas de conforto, de modo que entendamos que a susten-tabilidade passa pela incorporação de práticas colaborativas e articuladas em detrimento da segmentação e do indi-vidualismo.

Marcos E. C. Bernardes, Diretor de Tecno-logias Sociais da PROEX/UNIFEI.

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Ultrassom para repelir insetos

Por Marco Antonio

Você sabia que podemos repelir pernilongos, morcegos, ratos, formi- gas e aranhas sem ter que utilizar in-seticidas e venenos?

A boa notícia vem da criação de um repelente eletrônico, fabricado pela Sisvoo, uma empresa itajuben-se, no Sul de Minas Gerais.

O repelente eletrônico é um aparelho que utiliza tecnologia de ultrassom na frequência entre 55 a 65 kHz. O ultrassom gerado pelo aparelho não é percebido pelo ou-vido humano e imita o som emitido pelo pernilongo macho, o que faz com que as fêmeas já fecundadas (as únicas que picam) se afastem do ambiente onde o aparelho estiver li-gado.

No caso dos morcegos, os mes-mos perdem o senso de orientação devido à interferência causada pelo ultrassom, e acabam por abandonar o ambiente. Da mesma forma, ratos, camundongos, formigas e aranhas se afastam por causa do incômodo causado pelo ultrassom. Segundo o fabricante ele é inofensivo para os animais domésticos.

O aparelho com baixo consumo de energia, deve ficar ligado o tempo todo e não utiliza refil, ou seja, vene-no. Uma boa opção para manter os insetos longe de casa.

ERRATAA Prefeitura de Piranguçu faz um complemento aos créditos das fo-tos da capa e das página 1, 3 e 15, da 19a edição da revista Naturale: "Fotos: Arquivo da Prefeitura de Pi-ranguçu/ADITIM/Hérika Nogueira".

A Prefeitura de Piranguinho faz um complemento ao crédito da foto da Praça, na página 12 e da Apiar-te, na página 13, da 19a edição da revista Naturale: "Fotos: Arquivo da Prefeitura de Piranguinho/ADITIM/Hérika Nogueira".

A Trupe Sapucaiaços de Pedral-va/MG, apresenta, em sua brincadeira dançante, uma proposta de educação ambiental e valorização da cultura por meio das rodas, cantorias e histórias. O repertório é dedicado prioritaria-mente às músicas e histórias autorais, de compositores regionais ou folcló-ricos.

O grupo formado por educado-res e músicos (Dalton Hadd, Daniel Andrade, Fernando Carneiro e Paula Abreu), comprometidos em ensinar e aprender o Brasil, exploram o lúdi-co com elementos confeccionados a partir da reutilização e reciclagem de rejeitos caseiros, como o Boitatá feito de garrafa Pet e máscaras de animais

Trupe SapucaiaçosPor Paula Abreu

Mata Atlântica feitas com papel machê. As crianças são envolvidas em um

universo de magia, encantamento, respeito à natureza e espírito de amizade entre os po-

A Trupe Sapucaiaços e integrantes do Grupo GEMA.

vos, desenvolvendo assim, suas opiniões e sentimentos de responsabilidade moral e social.

A partir desta perspectiva, a trupe deixa seu legado ao estimular crianças e adultos durante as apresentações, com uma mensagem para o bem comum, na busca de um futuro mais saudável e equilibrado.

Em parceria com o Grupo GEMA (Grupo Estratégico de Meio Ambiente) formado pelas empresas Alfresa, Alstom, Balteau, Cabelauto, Fania, Helibras, Mahle, PKC Group e Stabilus, associadas ao SIMMMEI, a Trupe Sapucaiaços realizou na Praça Theodomiro Santiago, em Itajubá/MG, um trabalho de cons-cientização ambiental nas comemorações do Dia do Meio Ambiente. Este tipo de parceria com a indústria é um exemplo do bom desenvolvimento de ações sociais junto à comunidade.

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A serviço dos animaisPor Gilberto Andreotti

A associação RESGACTI (Rede Solidária entre Grupos Ambientais, Culturais e Trabalhos Intelec- tuais), com sede em Itajubá, atua também nas cida-des de Piranguinho, Piranguçu e São José do Alegre, no Sul de Minas Gerais. Trata-se de uma instituição sem fins lucrativos e sem vínculos políticos partidários, que tem como uma de suas atividades mestras o cuida-do e a preservação da vida animal. Há quatro anos, a Resgacti trabalha com animais de rua e promove cam-panhas de castração e de doação de cães e gatos, com o objetivo de diminuir, e se possível “zerar”, o número de animais abandonados.

A associação oferece à população de baixa ren-da, o trabalho de negociação de castrações com custo baixo, para evitar que crias indesejadas sejam aban-donadas nas ruas. Além deste trabalho preventivo, socorre animais abandonados e lhes oferece abrigo.

Como órgão do terceiro setor, a Resgacti conta com doações financeiras e trabalho voluntário. Vale ressaltar que além da ajuda financeira a Ong precisa de pessoas para visitar e limpar os canis e gatis, ou ainda, abrigar em seus lares um animal, enquanto este aguarda adoção.

As doações de ração são de suma importância para atender os animais sob custódia. Hoje, são 55 cães que consomem mensalmente 500 kg de ração e 47 gatos que consomem 150 kg. Além do alimento, es-tes bichanos necessitam de vacinas, medicamentos e de serem castrados, juntamos aqui as despesas ope-racionais. Este montante não tem sido coberto pela arrecadação mensal dos contribuintes, então, caso vo-cê possa contribuir com ração ou de outra forma entre em contato pelo telefone (35) 9945-0494 ou pelo e- mail: [email protected]

Neste período de inverno, a Resgacti recebe tam- bém doações de madeira, materiais afins e mão-de- obra para confecção de bancos, para que os animais possam dormir sem a friagem do contato direto com o chão.

A Resgacti promove eventos culturais e gastronômicos para arrecadar fundos para as castrações, iniciativa muito bem-vinda, pois coloca em evidência grupos ligados à músi-ca, dança e cultura local.

Outra forma de ajudar, é na produção de mudas de ár-vores, de preferência nativas, em seu domicílio. Em parceria com os CODEMAs dos municípios e com alunos e professores da UNIFEI, a Resgacti gerencia o plantio destas árvores em locais adequados. Desta forma cumpre a missão de ajudar os animais, de proteger a natureza e de melhorar as relações entre as pessoas. Faça você também parte deste trabalho!

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O vestido de noiva dos seus sonhos

Para escolher o vestido de noiva você deverá observar o horário e o local da cerimônia, a estação do ano, os tecidos, suas características físicas, mas o principal sempre será sua preferência pessoal.

Cerca de um ano a onze meses antes do casamento, comece a pesquisa, ana-lise os modelos e as possibilidades de corte e cores adequadas.

Marque alguns dias para conhecer as lojas especializadas e selecione as que possuem o estilo próximo ao que procura. Na hora de experimentar e realizar a decisão final, leve sua mãe ou outra pessoa intima que respeite seu gosto e peça opiniões. Imagine-se na situação e como se sentirá com o modelo. O vestido deve ser bonito, mas principalmente confortável. Preste atenção em todos os detalhes, estude o caimento e se o modelo realça suas qualidades.

A suavidade da noiva está associada à utilização de tecidos mais finos, leves e delicados. Por isso, mesmo no inverno, as soluções ficam por conta das mangas longas, feitas em tecido com tramas um pouco mais fechadas, mas que permitem que a noiva conserve uma aparência final de delicadeza.

Respeitar suas características físicas é fundamental para a escolha certa.Se for baixa e magra, dê preferência para modelos sem mangas com corte eva-

sê e cintura alta. Este tipo de vestido deixará a silhueta mais esguia e valorizará suas medidas. Procure tecidos de tramas verticais e véus longos, eles alongam o visual.

Se você for baixa e estiver acima do peso, evite modelos volumosos com saias franzidas, eles acentuam as formas. Prefira uma opção em crepe ou cetim com corte evasê de cintura baixa. O véu deverá ser simples e com caimento reto.

Se pertence ao grupo das mulheres altas e magras, a variedade de opções é maior. Tanto vestidos volumosos quanto os justos têm um bom caimento. Os mo-delos de saias mais amplas e com cintura marcada são mais indicados. Aproveite para usar caudas longas e tecidos mais encorpados.

Se for alta e estiver acima do peso, escolha tecidos mais firmes como zibeline ou gorgurão de seda. Os vestidos com corte evasê ou reto, que acompanham a silhueta de seu corpo, são ideais. Apenas evite modelos volumosos, saias rodadas e corte sereia, que costuma evidenciar quadris. Outra sugestão é escolher uma mo-delagem com recorte abaixo do busto e saia fluída em corte godê ou evasê. Ela vai disfarçar os volumes do abdômen e afinar a silhueta.

O horário da cerimônia também influi na escolha. Nas cerimônias matinais predominam os vestidos de noiva com clima de romantismo. O comprimento pode ser curto, chanel ou longo e de preferência sem cauda. A discrição é um ponto forte neste horário, tome cuidado com os tecidos, bordados e brilhos.

À tarde é indicado manter o romantismo em seu vestido de noiva, porém per-mite um pouco mais de liberdade para ousar. Já é possível utilizar tecidos mais sofisticados, bordados e um pouco de brilho, sem abusar.

Já à noite, entra em cena todo o glamour que a ocasião merece. Tecidos, bri-lhos, bordados, refletem sofisticação e requinte. Vestidos de noiva longos, rodados, caudas e véus longos e tecidos mais nobres. Tudo deve obedecer ao gosto e estilo da noiva e do noivo. Penteado, maquiagem e acessórios acompanham a sofisti-cação e estilo do vestido e do horário. Penteados incrementados com grinaldas e coroas podem levar strass, pérolas e outros tipos de pedrarias, assim como jóias.

Bem, como viu são vários os ítens a serem obervados para a escolha do vestido de noiva de seus sonhos, e certamente ele tornará seu dia ainda mais inesquecível!

Por Camilla Toledo

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Encontro Nacional de Turismo

Por José Maurício Carneiro da Silva

Na ocasião, o Ministro de Estado do Turismo, Sr. Gastão Dias Vieira, as-sinou a portaria nº 105 de 16 de maio de 2013, que institui o Programa de Re-gionalização de Turismo, aprovado pelo Decreto nº 7.994, de 24 de abril de 2013, cujo objetivo é promover a convergência e a articulação das ações do Ministério do Turismo e do conjunto das políticas públicas setoriais e locais, tendo como foco a gestão, a estruturação e a pro-moção do turismo no Brasil, de forma regionalizada e descentralizada.

Foram considerados oito eixos de atuação do Programa de Regionaliza- ção do Turismo: gestão descentraliza- da do turismo; planejamento e posi- cionamento de mercado; qualificação profissional, de serviços e da produ- ção associada ao turismo; empreen- dedorismo, captação e promoção de investimentos; infraestrutura turística; promoção e apoio à comercialização; monitoramento e avaliação.

O modelo de gestão descentrali- zada adotado pelo Programa foi des- taque neste evento. Este modelo está alicerçado sob a ótica da gestão com- partilhada, descentralizada, coordenada e integrada, proporcionando a partici- pação, democratização, consensos e

acordos, envolvendo a multiplicidade e diversidade de empresas e entidades, insti- tuições de ensino, agentes econômicos e sociedade civil organizada.

As estratégias de implantação do Programa de Regionalização do Turismo são: o mapeamento em parceria com os Estados, que identificará as regiões e municípios turísticos brasileiros; o diagnóstico, com base numa matriz, para identificar o estágio de desenvolvimento turístico das regiões e municípios; a categorização, em níveis, de acordo com o estágio detectado no diagnóstico; a formação, ou capacitação, através de ação articulada entre as entidades do Sistema Nacional de Turismo e as instituições de ensino; o fomento, principalmente por meio de chamadas públicas de projeto, orientadas pelos Eixos de Atuação citados anteriormente, consideran-do a categorização definida; a comunicação e a divulgação, através da produção de instrumentos e ferramentas que promovam o Programa como instrumento político essencial à consolidação dos destinos turísticos; o monitoramento e a avaliação, fun-damentados nos seus Eixos de Atuação, acima descritos.

A revisão do mapeamento das regiões turísticas brasileiras foi considerada pri-mordial, bem como o estabelecimento de critérios para a definição e categorização dos municípios e regiões turísticas. Assim, os indicadores gerados serão as ferramen-tas de apoio à tomada de decisões técnicas e políticas.

Com isto, fica clara a proposta do Programa de Regionalização do Turismo de fortalecer a base operativa, ampliando e melhorando a interlocução entre os entes federados e a capacidade técnica e operacional dos atores – públicos e privados. A promoção de qualificação, a troca de experiências e a implantação da cultura de monitoramento e avaliação visam integrar os colegiados, em seus diversos níveis, aprofundando o entendimento para a elaboração e a implantação de políticas pú-blicas com um plano de desenvolvimento sustentável do turismo, promovendo a compreensão dos papéis dos diversos setores – público, privado e comunidade or-ganizada – alinhando suas respectivas políticas para o turismo, com o olhar voltado para o Município e sua Região de abrangência. Outro importante resultado será dimi-nuir os efeitos dos discursos dissociados de ações práticas.

Uma dica do Ministério do Turismo para os presentes no Encontro foi ressaltar a importância da articulação dos colegiados locais e regionais com os políticos, que tem emendas parlamentares para o turismo e cuja base eleitoral esteja no Municí-pio ou em sua Região, apresentando projetos que comprovem a necessidade desses recursos para aumentar a atratividade e o desenvolvimento sustentável do turismo.

Finalmente, foram apresentadas ações emergenciais, para os próximos meses: 1. Sensibilização dos gestores públicos e privados; 2. Oficinas de cooperação e trabalho em rede; 3. Criação e fortalecimento da rede; 4. Levantamento e análise da situação atual dos destinos e roteiros; 5. Realização de pesquisas presenciais; 6. Elaboração de diagnóstico; 7. Elaboração de plano de inteligência mercadológica; 8. Melhoria da gestão empresarial dos empreendimentos turísticos; 9. Realização de campanhas lo-cais de sensibilização para formalização classificação e qualificação; 10. Implantação de novas experiências em empreendimentos turísticos dos destinos; 11. Realização de cursos de qualificação de gestores públicos, privados e de profissionais da linha de frente; 12. Ações de benchmarking (boas práticas); 13. Infraestrutura (especialmente centros de informações); 14. Melhoria da acessibilidade.

Concluindo, percebemos a preocupação técnica, mercadológica e política do Ministério do Turismo para que o Brasil possa se destacar nacional e internacional-mente no desenvolvimento sustentável através da atividade turística. Por isto, o foco das ações serão os Municípios, os gestores e os empreendedores que participam do processo ‘na ponta’, onde e com quem o turista vivencia e avalia sua experiência fo- ra do lar. Este é o momento de focar os investimentos públicos e privados em ações que favoreçam o bem-estar, a felicidade e o encantamento daquele que vem nos visi-tar. Assim, estarão investindo diretamente na qualidade de vida daqueles que moram no Município, das comunidades locais e regionais.

O Presidente do Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas (CTCSM), Zeca Maurício, participou em Brasília do Encontro Nacional de Turismo, dias 15 e 16 de maio de 2013, realizado para comemorar os 10 anos do Ministério do Turismo e para apresentar as diretrizes do Programa de Regionalização do Tu-rismo, que passou por um processo de avaliação e reformulação.

Zeca Maurício, Jussara Rocha, Gláucia Olivei-ra e Francisco Melo, na abertura do Encontro Nacional de Turismo.

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Maior Pé-de-Moleque do Mundo é atração em Piranguinho

Por Cleber Marinho

Ao misturar a tradição das festas juninas e o símbolo maior da cultura gastronômica do município, Piranguinho realiza entre os dias 14 e 16 de junho a VIII Festa do Maior Pé-de-Moleque do Mundo.

O sabor tradicional do famoso pé-de-moleque en-contrado em barracas coloridas ao longo das rodovias BR 459 e MG 295 durante todo ano, é destaque nesses dias através da confecção do maior pé-de-moleque do mundo, saboreado por todos os presentes, enquanto apreciam as apresentações culturais, danças típicas e shows diversos realizados na Praça Cel. Braz.

Barracas com comidas típicas da cultura mineira são montadas na praça de alimentação, com o que há de me-lhor em nossa culinária. O artesanato local também se faz presente, oferecendo aos visitantes belíssimos produtos.

Piranguinho recebe nos dias da festa milhares de visi-tantes, o que leva o nome do município e sua tradição para todo Brasil, seja através dos turistas que por aqui passam ou pelas reportagens exibidas pelas emissoras de televisão que se fazem presentes na festa.

O envolvimento de 11 produtores de pés-de-moleque é o que faz a atração principal da festa. No ano de 2006, quando realizou-se a primeira edição, o pé-de-moleque gi-gante contou com 11 metros, sendo um metro doado por cada produtor. Desde então, a cada ano, foi-se aumentan-do o tamanho do doce em um metro e a festa cresceu mais que a proporção do doce. Em 2010, o pé-de-moleque gi-gante foi homologado pelo Rank Brasil, o livro dos recordes brasileiro, como o maior pé-de-moleque do Brasil, tendo 15 m de comprimento, 60 cm de largura, 2 cm de altura com 232 kg. Para 2013, segundo os produtores do doce, chegará a marca dos 18 metros.

Pelo forte apelo cultural e atrativos oferecidos aos tu-ristas que buscam apreciar apresentações e gastronomia típica regional, o Circuito Turístico Caminhos do Sul de Mi-nas denominou a Festa do Maior Pé-de-Moleque do Mundo como um evento âncora para o desenvolvimento turístico regional, tendo como principal fator o aspecto econômico.

O ápice da festa acontece no sábado, dia 15, quando é con-feccionado em praça pública o Maior Pé-de-Moleque do Mundo. Uma exposição na Casa da Cultura traz objetos que fizeram parte da história do município. Estrutura de parque de diversão com brinquedos infláveis fará a diversão das crianças. A noite será animada por shows musicais.

Piranguinho tem se destacado no cenário turístico e cultural na região do Sul de Minas, é referência regional na promoção de eventos, na valorização da cultura local e na preservação da história e da memória de seu povo.

O maior pé-de-moleque é feito em praça pública por integrantes das várias barracas que produzem o doce.

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Saúde DentalPela Dra. Gracia Costa Lopes

A busca de um sorriso atraente e agradável tem levado as pessoas a procura-rem, cada vez mais, os profissionais de Odontologia; obter um belo sorriso, além de melhorar a autoestima, é considerado uma característica estética de extrema impor-tância para a sociedade.

Conheça algumas dicas para preservar um sorriso harmonioso e saudável.

Como prevenir as cáries e ter dentes saudáveis

ª Comece a limpar a boca do bebê mesmo antes do primeiro dentinho nascer, assim ele já vai se acostumando. A limpeza pode ser feita com gaze ou uma fraldinha de pano molhada em água filtrada. Esta é uma boa maneira de habituar seu filho a esse ritual e evitar que ele recuse a escovação no futuro.

ª Escove os dentes da criança desde o aparecimento do primeiro dente na arcada e após cada refeição.

ª Evite dar comida para a criança na mesma colher que você ou outra pessoa esteja usando, evite beijá-la na boca, estes procedimentos podem ser formas de contágio da cárie e outras doenças. A cárie é uma doença infecto-contagiosa e portanto facil-mente transmissível.

ª Tenha cuidados ao comprar a escova de dentes (dê preferência para escova macia, ou a recomendada pelo seu den-tista).

ª Use sempre creme dental com flúor e menos abrasivos (com poucos grânu-los), para não desgastar o esmalte dos dentes.

ª Dê preferência a alimentos saudáveis como queijo, leite, cereais, frutas e ver-duras.

ª Evite alimentos que aumentam o ris-co de cárie (cariogênicos), carboidratos conhecidos como açúcares. Exemplos: refrigerantes, chicletes, melado, balas, mel, sorvetes, chocolates e outros. Caso venha a comer algum destes alimentos, procure sempre escovar os dentes logo em seguida.

Hábitos que escurecem os dentes!

ª Chocolate, café e refrigerantes a ba-se de cola, podem ajudar a manchar os dentes por conta dos corantes.

ª O Flúor quando aplicado em excesso em crianças e adolescentes, causa fluo-rose dental, que provoca manchas em tons amarelados.

ª As pessoas que respiram com a bo-ca aberta tem uma probabilidade maior de ter manchas nos dentes; por conta da desidratação da boca, o esmalte fica mais poroso.

ª A Nicotina do cigarro faz mal para milhares de coisas como sabemos, in-clusive para os dentes.

ª Hemorragias internas no dente cau-sadas por quedas ou batidas podem acarretar manchas nos dentes.

ª Outro causador de manchas nos den-tes são os tratamentos de canal caso tenham apresentado algum problema.

ª As microfissuras provenientes da mastigação de gelo ou outros objetos duros podem provocar manchas que são difíceis – ou geralmente, impossíveis – de serem retiradas.

Sensibilidade dentária; como previnir

Sensibilidade dentária é um proble-ma que afeta 25% da população adulta. Se após comer ou beber algo quente ou frio, doce ou amargo, você ficar com uma sensação dolorosa nos dentes é porque sofre de sensibilidade nos dentes.

As causas da hipersensibilidade dentária são variadas, mas têm um fa-tor em comum: a exposição da dentina, camada do dente que normalmente fica protegida pelo esmalte.

ª A erosão do esmalte do dente, que protege a dentina é uma causa comum para ter dentes sensíveis (hipersensibili-dade dentária). Escovação muito forte e

consumo excessivo de refrigerantes, frutas cítricas e bebidas isotônicas são os prin-cipais vilões. As frutas cítricas são boas para o organismo, mas, se consumidas em excesso, fazem mal para o dente.

ª Outra causa frequente de hipersensibilidade dentária é a retração gengival (quan-do a gengiva se desloca, deixando a dentina exposta).

ª O esmalte também pode ser desgastado por microfraturas. O bruxismo (hábito de apertar e ranger os dentes), por exemplo, pode ser outro responsável por casos de dentes sensíveis.

ª Desgaste na superfície dos dentes devido à idade, com o passar dos anos existe uma perda natural da camada de esmalte do dente.

ª Doenças periodontais (gengivais) e escovação inadequada com escova de cerdas muito duras ou usando muita força, fazem com que a gengiva se retraia. Com a idade, também é comum haver uma retração fisiológica leve ou moderada.

ª É comum também que as pessoas se queixem de dentes sensíveis após pas-sarem por tratamentos clareadores. Os clareadores contêm ácido e, se usados em concentrações altas por um longo período, podem causar uma sensibilidade passageira, que em pouco tempo, volta ao normal.

Portanto, procure sempre seu dentista. A idade ideal para a primeira visita ao dentista é por volta dos três anos, quando poderá ser feita a primeira aplicação de flúor gel e começar a se familiarizar com o consultório dentário.

A visita periódica ao dentista (de seis meses a um ano) é importante porque só ele é capaz de detectar lesões nos dentes e gengiva e avaliar as condições de sua saúde bucal. Nessa ocasião aproveite para fazer a limpeza dos dentes e aplicação de flúor gel.

Escovação muito forte e consumo excessivo de

refrigerantes, frutas cítricas e bebidas isotônicas são

os principais vilões da hipersensibilidade dentária. As frutas cítricas são boas

para o organismo, mas, se consumidas em excesso,

fazem mal para o dente.

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Materiais odontológicos: possibilidades e benefícios para odontologia

Por Dr. Rossano Gimenes

Embora possamos imaginar que nossa arcada dentária sofreu profundas modificações durante nossa evolução, possuímos uma dentição muito pareci-da aos nossos ancestrais primatas. Por exemplo, chipanzés também possuem 32 dentes em duas arcadas, com cani-nos maiores e mais especializados na função de cortar e rasgar. Pequenas di-ferenças como essas são contrastantes se considerarmos a grande diferença nos hábitos, principalmente nos alimentares.

No entanto, grande diferença há de se notar nos quesitos de higiene bucal e na possibilidade de reparar os dentes quando algo errado ocorre... afinal, não é comum se deparar com um primata sentado numa cadeira de dentista. En-quanto a perda da totalidade ou parte dos dentes para a maioria dos animais culmina com sua morte, o homem usou a sabedoria para moldar os materiais disponíveis e substituir ou restaurar os dentes prolongando sua existência.

Neste sentido, é inegável a contri-buição da odontologia para o aumento da expectativa de vida do ser humano, bem como para proporcionar menos dor, maior conforto, evitar doenças e até mesmo melhorar a estética dos dentes.

Muitas vezes, atribuímos somente aos dentistas o rótulo de dentes perfei-tos, mas existem centenas ou milhares de profissionais das mais diversas especiali-dades (engenheiros, químicos, físicos, biólogos, médicos e, claro, dentistas) envolvidos na formulação e validação de produtos destinados à odontologia.

Fig. 1. Imagem comparativa das arcadas den-tárias de chipanzé (esquerda) hominídeo A. Afarensis (ao centro) e do homem moderno (direita). Nota-se que os caninos são mais prolongados nos nossos ancestrais, prova-velmente devido à função de rasgar alimentos mais duros e não cozidos, além da necessida-de de serem imponentes nos primatas como animais altamente competitivos e territoria-listas. Outra pequena diferença é vista nos molares: nos humanos estes dentes possuem cinco saliências, enquanto que nos maca-cos quatro saliências são encontradas. O tamanho da mandíbula também difere, prin-cipalmente devido aos hábitos alimentares. Adaptado de <http://www.wwow.com.br/por-tal/revista/revista.asp?secao=6&id=18 >.

Muito antes de Fauchard (1678-1761), considerado por muitos como o “pai da odontologia”, publicar um tratado descrevendo vários tipos de res-taurações dentárias em 1728, materiais odontológicos foram utilizados por po-vos antigos, tais como fenícios (2.500 a.C.) e etruscos (800 a.C.) que utilizaram fragmentos e fios de ouro para confec-ção de dentaduras parciais. Existem registros do uso de implantes confeccio-nados pelos Maias utilizando conchas marinhas datando de cerca de 600 d.C. Aliás, Maias e Astecas tinham por hábito decorar os dentes utilizando ouro mar-telado e pedras. Incas dominaram a arte

de manipular ouro para construir próte-ses dentárias.

Pouco se evoluiu desde os Astecas, Maias e Incas até as próteses de Cha-mant, patenteadas em 1792, as quais utilizavam peças cerâmicas de porcelana para confeccionar dentes. Mas o grande salto da odontologia teve início no sé-culo XIX quando a amálgama dental foi introduzida, uma liga metálica (a base de mercúrio) que apresenta grande adesão à polpa e cumpre os principais requisitos de esforços mecânicos do processo de mastigação. Nessa época, em 1895, G. V. Black iniciava seus trabalhos que iriam dar início à odontologia restauradora e a avanços tecnológicos fantásticos que culminariam em centenas de produtos odontológicos.

Fig. 2. À esquerda, retrato do Dr. Pierre Fau-chard (1678-1761), considerado por muitos como o pai da odontologia. À direita, uma estátua em homenagem ao Dr. Greene Vardi-man Black (1836-1915) localizada no Lincoln Park em Chicago. Adaptado de: <http://www.fauchard.org/history/articles/bdj/v199n09_nov05/fauchard_obturators_bdj199_9.html> e <http://www.galter.northwestern.edu/gvbla-ck/testgv4.htm>

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Minha empreitada nesta área co-meçou numa conversa com a dentista durante um procedimento onde ela iro-nizando disse: “Você deveria inventar um zíper para boca, isso sim iria facilitar mi-nha vida”. Esta brincadeira protagonizou meu interesse por desenvolver mate-riais que cumpram diversos requisitos para serem aplicados na odontologia: propriedades mecânicas adequadas pa-ra suportar cargas aplicadas durante a mastigação, resistência química pa-ra suportar o ambiente quimicamente agressivo da boca, biocompatibilidade, afinal um material odontológico não deve liberar substâncias ou fragmentos nocivos à saúde, ou ainda que liberem íons que ajudem a manter a saúde bu-cal e evite surgimento de cáries e que apresentem estética semelhante às es-truturas naturais (dentes, gengiva)... e ainda, com custo acessível.

Para cumprir estes requisitos, cien-tistas do mundo todo, associados a escolas de odontologia ou a fabricantes de materiais odontológicos conduzem intensas rotinas baseadas na formulação de materiais e ensaios (clínicos ou labo-ratoriais) a fim de validar materiais para aplicações específicas.

Os materiais dentários são empre-gados para substituir ou tratar dentes ou partes específicas como a dentina, o esmalte, o cemento, o tecido pulpar, o ligamento periodontal, a cartilagem e o osso alveolar. Os empregos des-tes materiais vão desde a obturação com a prevenção de cárie dental, trata-mento de canais, terapia das doenças periodontais até a reconstrução total ou parcial de estruturas orais ausentes (dentes extraídos) danificadas ou com-prometidas, oferecendo desde dentes artificiais cerâmicos a pinos de ligas me-tálicas específicas com revestimentos que mimetizam o osso a fim de esta-

belecer integração óssea da mandíbula com a peça implantada. Certos materiais específicos, tais como membranas pe-riodontais, quando associadas a osso desmineralizado ou apatitas (minerais ricos em fosfato) podem promover o crescimento do osso da mandíbula, pro-piciando volume ósseo suficiente para integração de pinos e próteses.

Sintetizamos em nosso laborató- rio na UNIFEI em parceria com a Uni- versidade Estadual Paulista uma mem- brana periodontal baseada num com-pósito (material que associa polímeros e cerâmicas) constituído dos polímeros PVDF-TrFE, PCL, PHB e das cerâmicas BaTiO3 e BKBT. Esta incrível membrana (ilustrada abaixo) tem a capacidade de liberar cargas elétricas que estimulam a adesão, reposicionamento e prolifera- ção de células ósseas jovens (osteo- blastos) quando esta membrana é implantada sobre osso (alveolar). En-saios in vitro realizados na faculdade de odontologia de Ribeirão Preto (USP) utilizando osteoblastos humanos evi-denciaram o potencial desta membrana em favorecer a expressão de genes rela-cionados ao processo de diferenciação osteoblástica, tais como Run2, BSP, ALP, OC, BAX, SUR.

Estes interessantes resultados de- monstram que esta membrana apeli-dada de MPiezo poderá ser empregada no tratamento de defeitos e doenças periodontais tais como defeitos de fur-ca, fenestrações, aumento de rebordo alveolar ou na técnica cirúrgica de rege-neração óssea guiada. Estamos também estudando a possibilidade do emprego deste material para correção do retrog-natismo (tipo de patologia caracterizada pela diferença no tamanho e posição do maxilar superior).

Outro material odontológico sinte-tizado em nosso laboratório trata-se de

Fig. 3. Fotografia da membrana Mpiezo em embalagem estéril ao lado de um dos pre-cursores utilizados em sua composição, a cerâmica BaTiO3. Abaixo, imagem de tomo-grafia da calota craniana (calvária) de ratos oito semanas após a cirurgia de implante. Na primeira, o defeito ósseo crítico não foi re-generado pelo organismo, mas na segunda, é possível observar a regeneração do osso cobrindo totalmente o defeito ósseo que recebeu a MPiezo. Experimento realizado na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, pela equipe do Prof. Márcio M. Beloti.

uma resina composta fotocurável ba- seada nos monômeros (precursor de um polímero) Bis-GMA, TEGDMA e vidro alumino-boro-silicato silanizado. A mis- tura destes componentes com um com-posto fotoativador, a conforo-quinona permite, após incidir luz ultravioleta so-bre o material que ocorra uma série de reações químicas envolvendo radicais livres as quais conduzem o processo de polimerização dos monômeros e

Naturalejunho/julho - 2013

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endurecimento do compósito dentá-rio. Este tipo de material é amplamente utilizado por milhares de dentistas no mundo todo em restaurações. A inova-ção realizada por nosso grupo, com a participação da aluna de mestrado Ali-ne Aguiar e do estudante de engenharia química Guilherme Limeira envolveu a síntese das partículas de vidro por mé-todos alternativos aos utilizados na indústria de materiais odontológicos. Este método apelidado de química doce emprega precursores que possibilitam a síntese do vidro em temperaturas bran-das... também utilizamos microondas (igual a estes que temos em casa) com pequenas modificações para sintetizar estes vidros.

As resinas compostas ou resinas odontológicas foram propostas por Bo- wen em 1962, e apresentam uma van- tagem enorme em relação à amálgama dentária quando consideramos aspec- tos estéticos e tóxicos, pois não há co- mo negar que as restaurações realiza- das com amálgamas apesar de funcio- narem muito bem, ficam horríveis prin- cipalmente se realizadas nos dentes an-teriores. Estas resinas são atualmente uma espécie de “pau para toda obra” no consultório do dentista, já que podem ser aplicadas em praticamente qualquer tipo de restauração com ótimo resultado estético, facilidade de manipulação do material, boas propriedades mecânicas e muito menos tóxicas que as amálgamas.

Apesar destas resinas compostas serem amplamente empregadas pelos dentistas, são recorrentes as reclama-ções destes profissionais e de pacientes em relação à durabilidade das restau-rações utilizando resinas. Não é à toa que a indústria de materiais odontoló-gicos investem milhares de dólares no mundo todo para desenvolver mate-riais quimicamente mais ativos na união dente-material ou esmalte-material. Afi-

nal, durante o processo de mastigação podem ser aplicadas cargas mecânicas da ordem de 700 N (força equivalente a levantar um bloco de 70 kg) são apli- cadas nos dentes diariamente, num am- biente hostil (corrosivo). Aliado a isto, este supermaterial deve ser fácil de ser manipulado e moldado pelo dentista e deve apresentar suas propriedades me- cânicas finais em poucos minutos ou se- gundos após sua aplicação... afinal, nin-guém quer ficar com a boca aberta por horas a espera do material endurecer.

Fig. 4. À esquerda acima, fotografia do gel pre-cursor do vidro alumino-boro-silicato obtido pelo método de síntese denominado quími-ca doce. O gel é queimado em temperaturas da ordem de 400ºC para se obter partículas micrométricas e nanométricas de vidro, as quais após a silanização (reação química entre vidro e silano) são incorporadas aos monômeros Bis-GMA e TEGDMA e canforo- quinona resultando no compósito dentário mostrado na foto à direita. Este compósito é então acondicionado em embalagem que evita o contato com a luz (bisnaga), já que a mesma pode endurecer o produto antes do consumo e está pronto para uso pelo den-tista, que pode aplicar o mesmo diretamente à cavidade preparada. A fotografia inferior da esquerda são corpos de prova destinados a ensaios mecânicos de tração e compressão obtidos pelo endurecimento da resina com-posta fotocurável utilizando luz halógena irradiada durante 45 segundos.

Neste movimento, nosso grupo tem procurado desenvolver uma resina utilizando polímeros alternativos aos comumente empregados (BisGMA, UDE-MA, DMAEMA, TEGDMA). A aluna de doutorado Lidiane Gomes e o Eng. Quí-

mico Raphael Felca vem desenvolvendo uma nova classe de polímeros hiper- ramificados repletos de grupos químicos funcionais (ativos quimicamente) que prometem aderir com maior intensidade ao esmalte e dentina, propiciando uma restauração estável por vários anos.

Outro material interessante no qual trabalhamos recentemente em colabora-ção com o Dr. Marcio Bertolini (UNESP) são os chamados cimentos ionômeros de vidro. Os ionômeros são muito uti-lizados nas restaurações em crianças já que apresentam boas qualidades estéticas, mecânicas e liberam íons Fluoreto (flúor) continuamente, evitando assim o surgimento de cárie. O ionôme-ro desenvolvido por nosso grupo leva na composição do pó, um vidro alumino- silicato niobato de potássio e fluorsili- cato de cálcio sintetizado pelo método da química doce (que empregam tempe-raturas brandas de síntese). No líquido, a composição leva uma mistura de áci-do poliacrílico, ácido tartárico, e ácido itacômico. Quando misturados ocorre uma reação tipo ácido base e a presa ini-cial (endurecimento) do material ocorre 3 minutos após a manipulação, tempo suficiente para o dentista moldar o ma-terial na cavidade.

Na rotina de busca por proprieda-des específicas para desenvolver certos materiais odontológicos, lembro-me muitas vezes da minha dentista, aquela que propôs ironicamente inventarmos um zíper para boca... pois estamos dia-riamente tentando formular e modificar quimicamente os mais diversos tipos de materiais (polímeros, vidros, cerâmicas, monômeros) em busca de preencher os requisitos impostos por nossos maravi-lhosos colegas dentistas.

Dr. Rossano Gimenes, Professor da Universi-dade Federal de Itajubá e Pesquisador do Centro de Investigação e Inovação de Materiais Biofun-cionais Avançados

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