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[ 1 / 6 ] Boletim de Conjuntura Nº43 Maio 2018 Índice Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos p.1 Conjuntura Macroeconómica e Política p. 3 Conjuntura Legislativa e Regulamentar p. 4 Estudos e Publicações p.4 Destaques na Comunicação Social p. 4 Tema destaque – Retrato da Saúde: População e estado de saúde p. 5 Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos Mercado Ambulatório Evolução do Mercado Farmacêutico Em Maio, o mercado ambulatório registou crescimento face ao mês anterior, mas redução em termos homólogos, quer em valor, -4%, quer em volume, +4,1%, com vendas de 160,5 M€ (PVA), resultado da dispensa de 21,1 milhões de embalagens. No acumulado do ano, o mercado regista um crescimento homólogo de 1,7% em valor, em linha com o crescimento em volume de 1,4%, resultando num preço médio unitário de 7,48 euros, com uma dinâmica homóloga de +0,2%. Em termos absolutos estas variações traduzem-se num acréscimo de 12,3 milhões de euros e 1,5 milhões de embalagens vendidas. A dinâmica de crescimento em valor, no acumulado do ano de 2018, resulta do crescimento de ambos os segmentos de mercado, marca e genéricos, que contribuem com 0,45 p.p. e 1,24 p.p., respectivamente, para a variação homóloga em valor de 1,7 p.p. registada. As classes terapêuticas (ATC3) no Top 10 de vendas, em valor, são as que abrangem os medicamentos usados na terapêutica das doenças crónicas mais comuns, e totalizam 35,1% das vendas no YTD 2018. O destaque no mês de Maio mantêm-se na classe dos Anticoagulantes Orais, que assumindo 4,2% de quota em valor, registam um crescimento homólogo de 35,6%. Em sentido inverso, os Antihipertensores (ARAs), na sexta posição de vendas, registam uma redução de -13,0% em valor e de -3,4% em volume, e os Antidislipidémicos, que na 3ª posição, estão a reduzir -14,8% em valor, apesar crescerem em volume em 3,2%. Mercado (PVA) Mai.18 V.H. (%) YTD 2018 V.H. (%) M. Valor (M€) 160,5 -4,0% 805,2 +1,7% M. Volume (M. Emb.) 21,1 -4,1% 107,7 +1,4% Preço médio unitário 7,60 +0,1% 7,48 +0,2% Fonte: IMS; Valores a PVA Quota Valor Inibidores da DPP-IV 6,4% 2,9% Anticoagulantes Orais 4,2% 35,6% Antidislipidémicos 4,0% -14,8% Antidepressores 3,6% 2,2% Antipsicóticos 3,5% -1,4% Antihipertensores (ARA 3,2% -13,0% Insulinas 2,7% -0,9% Antireumáticos NE 2,6% 0,1% Antiasmáticos em asso 2,4% 3,3% Antiépiléticos 2,4% -2,7% V.H. (%)

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Page 1: Nº43 Maio 2018 Boletim de Conjuntura · 2018-07-20 · Boletim de Conjuntura Nº43 Maio 2018 Mercado de Genéricos e Mercado Generificado O mercado de genéricos registou, em Maio,

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Boletim de Conjuntura Nº43 Maio 2018

Índice Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos p.1

Conjuntura Macroeconómica e Política p. 3

Conjuntura Legislativa e Regulamentar p. 4

Estudos e Publicações p.4

Destaques na Comunicação Social p. 4

Tema destaque – Retrato da Saúde: População e estado de saúde p. 5

Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos

Mercado Ambulatório

Evolução do Mercado Farmacêutico

Em Maio, o mercado ambulatório registou crescimento face ao mês anterior,

mas redução em termos homólogos, quer em valor, -4%, quer em volume,

+4,1%, com vendas de 160,5 M€ (PVA), resultado da dispensa de 21,1

milhões de embalagens.

No acumulado do ano, o mercado regista um crescimento homólogo de 1,7%

em valor, em linha com o crescimento em volume de 1,4%, resultando num

preço médio unitário de 7,48 euros, com uma dinâmica homóloga de +0,2%.

Em termos absolutos estas variações traduzem-se num acréscimo de 12,3

milhões de euros e 1,5 milhões de embalagens vendidas.

A dinâmica de crescimento em valor, no acumulado do ano de 2018, resulta

do crescimento de ambos os segmentos de mercado, marca e genéricos,

que contribuem com 0,45 p.p. e 1,24 p.p., respectivamente, para a variação

homóloga em valor de 1,7 p.p. registada.

As classes terapêuticas (ATC3) no Top 10 de vendas, em valor, são as que

abrangem os medicamentos usados na terapêutica das doenças crónicas

mais comuns, e totalizam 35,1% das vendas no YTD 2018. O destaque no

mês de Maio mantêm-se na classe dos Anticoagulantes Orais, que

assumindo 4,2% de quota em valor, registam um crescimento homólogo de

35,6%. Em sentido inverso, os Antihipertensores (ARAs), na sexta posição

de vendas, registam uma redução de -13,0% em valor e de -3,4% em

volume, e os Antidislipidémicos, que na 3ª posição, estão a reduzir -14,8%

em valor, apesar crescerem em volume em 3,2%.

Mercado (PVA) Mai.18 V.H. (%) YTD 2018 V.H. (%)

M. Valor (M€) 160,5 -4,0% 805,2 +1,7%

M. Volume (M. Emb.) 21,1 -4,1% 107,7 +1,4%

Preço médio unitário 7,60 +0,1% 7,48 +0,2%

Fonte: IMS; Valores a PVA

Quota Valor

Inibidores da DPP-IV 6,4% ↑ 2,9%

Anticoagulantes Orais 4,2% ↑ 35,6%

Antidislipidémicos 4,0% ↓ -14,8%

Antidepressores 3,6% ↑ 2,2%

Antipsicóticos 3,5% ↓ -1,4%

Antihipertensores (ARAs) 3,2% ↓ -13,0%

Insulinas 2,7% ↓ -0,9%

Antireumáticos NE 2,6% ↑ 0,1%

Antiasmáticos em associação2,4% ↑ 3,3%

Antiépiléticos 2,4% ↓ -2,7%

V.H. (%)

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Boletim de Conjuntura Nº43 Maio 2018

Mercado de Genéricos e Mercado Generificado

O mercado de genéricos registou, em Maio, vendas de 31,9 milhões de euros (a PVA), correpondente a um crescimento homólogo de 1,5%, resultado da dispensa de 6,6 milhões de embalagens, o que corresponde também a um crescimento homólogo de 0,4%.

No YTD 2018, o mercado dos medicamentos com classificação formal de genéricos cresce, totalizando 159,7 M€, com a venda 33 milhões de embalagens, que equivale a variações. O preço médio unitário, no

YTD subiu para os 4,85 €, V.H. de +1,7%.

A Quota de Mercado Generificado, no mercado ambulatório comparticipado, que abrange os medicamentos formalmente classificados como “genéricos”, e ainda as “cópias” e “originais” cuja patente já expirou, atingiu, no 1º trimestre de 2018, os 86%, em termos de volume unitário.

Evolução dos Encargos do SNS

De acordo com os dados disponibilizados pelo CEFAR, os encargos do SNS

com medicamentos dispensados na farmácia totalizaram, em Abril de 2018,

100,6 M€, a que corresponde um aumento homólogo de 7% mas a uma

redução -5,4% face ao mês anterior. A evolução em termos de volume foi

similar, com a dispensa de 12,9 milhões de embalagens e uma V.H. de 6,1%.

Em Abril, o número médio de embalagens por receita médica manteve-se

em 1,77, o que representa uma redução homóloga de -1,0%. Já o encargo

médio por receita de 14,02 € representa uma variação de 0,1% em termos

homólogos.

Desta forma, nos primeiros 4 meses de 2018, os encargos do SNS com

medicamentos no ambulatório totalizam 412 M€, com a dispensa de 53,5

milhões de embalagens e uma taxa média de comparticipação de 64,0%. Em

termos homólogos, estes valores representam crescimentos de 2,7% em

valor e volume, resultando num preço médio unitário de 7,70 euros, valor

igual ao do mesmo período do ano transacto.

Mercado Hospitalar

Evolução do Mercado Hospitalar do SNS

De acordo com o relatório mais recente do INFARMED, de monitorização

do consumo de medicamentos hospitalares, verifica-se que no

acumulado de 2018, a Abril, os encargos somam 414 M€, a que

corresponde uma variação homóloga de +7,8%, i.e., +30 M€. Apesar das

flutuações mensais, a tendência de crescimento mantêm-se.

No que se refere aos gastos por área de prestação, verifica-se que 80,5%

do valor é gasto no ambulatório hospitalar, já em termos de gastos por

áreas terapêuticas, verifica-se que a oncologia, o HIV e Artrite

reumatóide/Psoríase, constituem o top 3, totalizando 55,3% to total dos

encargos.

Em termos de utilização verifica-se também um aumento em termos

homólogos de 2,7%, para um total de 85,2 milhões de unidades CHNM.

Fonte: INFARMED e CEFAR (valores a PVP);

Fonte: INFARMED I.P.

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Boletim de Conjuntura Nº43 Maio 2018

Dívida das Entidades Públicas à Indústria Farmacêutica

O valor da dívida das entidades públicas à Industria Farmacêutica,

monitorizada pela APIFARMA junto das suas associadas, registou em

Abril nova redução de valor, ainda reflexo dos pagamentos

extraordinários iniciados em Março, levando o valor da dívida total para

838,1 M€ e da dívida vencida para os 600,7 M€, a qual continua a ser a

grande parcela, representando 71,7% do total. O prazo médio de

recebimento desceu assim para os 312,6 dias, continuando todavia

muito acima do prazo definido pela Directiva.

De acordo com a DGO, os pagamentos em atraso dos hospitais EPE a

fornecedores externos reduziram em mais 51 M€ em Abril, totalizando

655 M€.

Conjuntura Macroeconómica e Política

Evolução dos Indicadores Económico-Financeiros

A variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor em Maio de

2018 foi de 1%, taxa superior em 0,6 p.p. à do mês anterior. A aceleração

do IPC reflecte a dissipação do efeito de base associado ao calendário da

Páscoa em 2017, e também a evolução recente dos preços dos

combustíveis. A variação média dos últimos doze meses fixou-se em 1,0%.

O PIB registou no 1º trimestre de 2018 uma taxa de variação homóloga de

2,1%. A procura externa líquida apresentou um contributo mais negativo

para a variação homóloga do PIB, passando de -0,1 p.p. no 4º trimestre

para -0,4 p.p., tendo as Exportações de Bens e Serviços a desacelerado

mais que as Importações de Bens e Serviços. O contributo da procura

interna aumentou ligeiramente para 2,6 p.p. (2,5 p.p. no 4º trimestre),

reflectindo a ligeira aceleração do consumo final e do Investimento,

resultado do comportamento da Variação de Existências, visto que a FBCF

abrandou. Na Zona Euro a V.H. do PIB foi de 2,5% e 2,4% na EU28.

De acordo com a DGO, a execução orçamental do SNS, no acumulado

a Abril, tem um saldo de -107,7 M€, representando uma melhoria de 60,7

milhões de euros face ao período homólogo, e que se traduz num aumento

de 5,8% da receita, superior em 2,3 p.p. ao da despesa.

O maior contributo para o aumento da despesa ficou a dever-se aos

fornecimentos e serviços externos (2,5 p.p.) – onde se destaca a despesa

com produtos farmacêuticos (0,8 p.p.), os meios complementares de diagnóstico e terapêutica (0,4 p.p.) e os produtos vendidos em farmácias

(0,3 p.p.) – e às despesas com pessoal (0,6 p.p.). Já a variação positiva na

receita resultou, essencialmente, das transferências correntes.

A dívida em Abril voltou a reduzir, ainda sob o efeito da injecção

extraordinária de capital, com os pagamentos em atraso do SNS a

totalizarem 664 M€.

Fonte: APIFARMA - empresas associadas (medicamentos e de DiV)

Dívida das Entidades Públicas à Indústria Farmacêutica (M€)

Fontes: INE, DGO e ACSS

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Boletim de Conjuntura Nº43 Maio 2018

Conjuntura Legislativa e Regulamentar

Legislativa

Despacho n.º 4429/2018, de 7 de Maio - Foi publicado o Despacho

que estabelece o modelo de governação aplicável ao Plano Nacional

de Saúde (PNS) e aos Programas de Saúde Prioritários integrados no

Plano.

Decreto-Lei n.º 33/2018 – O Decreto estabelece as normas de

execução do Orçamento do Estado para 2018.

Regulamentar

Medicamentos Comparticipados - Lista dos novos medicamentos

comparticipados com início de comercialização a 1 de Maio, fornecida

pela Direcção de Avaliação das Tecnologias de Saúde (DATS) do

INFARMED.

Estudos e Publicações

Spring European Economic Forecast - Segundo as Previsões

Económicas de Primavera, da Comissão Europeia, Portugal irá

registar um crescimento real do PIB de 2,3% e 2,0% em 2018 e 2019,

respectivamente (revisão em alta de 0,1 p.p. para ambos os anos face

às previsões de Inverno). Quanto à inflação, a CE prevê que esta se

situe em 1,2% em 2018 e 1,6% em 2019 (previsão revista em baixa

em 0,4 p.p. em 2018 e revista em alta em 0,1 p.p. para 2019 face às

previsões de Inverno). A taxa de desemprego deverá diminuir para

7,7% em 2018 e 6,8% em 2019 e a Balança Corrente deverá

apresentar um excedente de 0,6% do PIB em ambos os anos.

Relativamente à situação orçamental, a previsão é de um défice de

0,9% e 0,6% para 2018 e 2019, respectivamente. A CE prevê um

crescimento real do PIB para 2018 e 2019, respectivamente, de 2,3%

e 2,0% para a Zona Euro e para a UE28.

Retrato da Saúde 2018 – Na publicação do Ministério da Saúde,

apresentada no âmbito do Dia Mundial da Saúde, é analisada a

melhoria ao estado de saúde dos portugueses, que se tem verificado

nos últimos dez anos, e o sistema de saúde, enquadrado no espaço

europeu. Os indicadores demográficos mostram que Portugal segue

a tendência dos países ditos desenvolvidos.

50 anos de progresso da saúde global – A IFPMA divulgou relatório

que traça o progresso global da saúde nos últimos 50 anos, através

dos principais avanços científicos alcançados pela Indústria

Farmacêutica.

World Competitiveness Yearbook 2018 - No ranking global de

competitividade 2018, publicado pelo Institute for Management

Development (IMD), Portugal ocupa a 33ª posição numa lista de 63

economias. Esta é a melhor posição que Portugal alcançou desde a

edição de 2004 (edição em que atingiu a 32ª posição). Portugal é, a

par da Eslovénia, o país que subiu mais posições face ao ranking de

2017 (6 posições). Entre os 27 Estados-Membros da União Europeia

considerados (não inclui Malta), Portugal é o 15.º, subindo 3 posições

em relação a 2017. A Holanda é o país da UE melhor classificado,

ocupando a 4.ª posição, o 1º lugar é dos EUA.

Portugal: The Nation’s Health 1990 – 2016 – O Relatório efectuado

pelo IHME, a partir dos resultados do estudo da carga global da

doença, explora o progresso que o país vivenciou nos últimos 26

anos, no que se refere à saúde e bem-estar, e retrata a situação

actual.

Destaques na Comunicação Social

O mês de Maio registou um número pouco habitual de seis dias de

greve na Saúde. As duas estruturas sindicais dos médicos que

convocaram a greve acusam o Governo de não negociar com os

médicos e pediram que o parlamento interceda no processo. O

bastonário da Ordem dos Médicos afirmou que existe um consenso

na classe médica relativamente às motivações para a greve, referindo

que é preciso responsabilizar o ministro da Saúde pelos problemas

existentes. Por sua vez, Adalberto Campos Fernandes relativizou a

greve dos médicos, considerando-a “um processo e afirmação de

vontade e expectativas” que o Governo respeita.

Também o Sindicato Nacional dos Farmacêuticos manteve os dias de

greve em Maio, apesar da assinatura de um “protocolo negocial” com

os sindicatos sobre a regulamentação das carreiras farmacêuticas.

As contas do Serviço Nacional de Saúde foram também notícia.

Praticamente todos os hospitais públicos falharam no último ano as

metas para redução dos prazos de pagamento de dívidas. Além disso,

foram raros os que não agravaram o já muito tempo que normalmente

demoram a pagar aos fornecedores: em média, quase 9 meses, mas

há hospitais que demoram mais de um ano.

Nota ainda para a proposta de um grupo de personalidades para uma

nova Lei de Bases da Saúde, apresentada no dia 7 de Maio. Os 44

subscritores do documento defendem que o espírito da proposta é de

abertura e pedem sistema de saúde aberto, que olhe para a realidade

do país e esteja centrado nas pessoas, "quer do ponto de vista dos

profissionais, quer do ponto de vista da cobertura do país ao nível das

instalações de saúde".

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Boletim de Conjuntura Nº43 Maio 2018

Tema Destaque – Retrato da Saúde: População e estado de saúde

Em Maio, no âmbito da comemoração do Dia Mundial da Saúde, o

Ministério da Saúde fez publicar o “Retrato da Saúde 2018” e o

relatório elaborado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation

(IHME) “Portugal: The Nation’s Health 1990 – 2016.

Dos vários temas abordados, destacamos os dados que mostram o

desafio demográfico e epidemiológico que o país terá de saber

enfrentar.

De facto, em Portugal está a ocorrer uma profunda mudança do perfil

demográfico e epidemiológico, à semelhança do que acontece nos

outros países europeus, mas de forma mais acentuada. Hoje Portugal

tem uma população envelhecida e com um aumento significativo de

doenças crónicas.

Demografia

A pirâmide etária tem vindo a inverter-se, com a base a estreitar e o topo a alargar-se, resultado de sucessivos saldos naturais negativos, aliado ao

aumento da esperança média de vida à nascença, que em 2016, era em termos globais de 81,3 anos, o que compara bem com os 81 anos da União

Europeia, mas a idade média, em Portugal, em 2017, era de 44,4 anos, mais 1,6 anos que a média da EU.

Desta forma, o rácio de dependência +65 anos atingiu os 32,5%, em 2017, valor superior ao da média europeia e que vai agravar-se em 2020, para

os 34,6%, aumentando o hiato para com a média da EU.

Estado de saúde da População

Das várias formas possíveis de analisar o estado de saúde de uma população, destacamos 3 indicadores: i) a morbilidade (viver com uma doença),

avaliada em termos de DALYs (números de anos de vida saudável perdidos), e que permite avaliar a carga da doença, ii) a mortalidade e iii) esperança

média de vida aos 65 anos.

I) Morbilidade: De acordo com o IHME, a doença com maior carga, avaliada em termos de DALYs, em 2016, em Portugal, foi de longe o

Cancro, quando englobados todos os diferentes tipos, (sendo que existem bastantes diferenças entre os vários tipos de cancro, quer em

termos de carga, quer da sua evolução, com o Pulmão e Colorectal nos 1º e 2º lugar), seguido das doenças musculosqueléticas (lombalgias

e cervicalgia) e em 3º lugar da doença isquémica.

O top 20 das doenças em termos de carga representou 86,4% do total de DALYs em 2016, sendo que a sua evolução entre 2007 e 2016 é

bastante diferenciada, com doenças como o Alzheimer a aumentarem muito e em oposição os Acidentes de viação, o VIH e as doenças

cerebrovasculares a reduzirem substancialmente a sua carga.

PIRÂMIDE ETÁRIA DA POPULAÇÃO, 2007 E 2016

Fonte: INE, 2018

RÁCIO DE DEPENDÊNCIA +65 ANOS

Fonte: Eurostat, 2018

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Boletim de Conjuntura Nº43 Maio 2018

II) Mortalidade: Já no que se refere às doenças que mais matam em

Portugal, o ranking altera-se um pouco, existindo doenças com

grande carga mas baixa mortalidade.

Em 2016, das 110,9 mil mortes, o conjunto das doenças cérebro-

cardiovasculares foram responsáveis por 30% das mortes e os

tumores malignos por 25%.

III) Esperança de vida aos 65 anos: No que se refere à população

idosa (+65 anos) portuguesa, o que se verifica é que apesar de ter

igual esperança média de vida que a média europeia, desse

período, os anos de vida saudável são menores, ou seja,

apresentam mais doenças durante mais tempo. Tomando como

exemplo o caso das mulheres, os dados do Eurostat mostram que,

dos 21,8 anos de esperança média de vida aos 65 anos, apenas

6,4 anos, ou seja 29% do tempo, serão vividos com saúde, já em

termos do valor médio europeu, 46,2% dos 21,6 anos serão

saudáveis.

Estes dados são corroborados pelas conclusões de um estudo

recente, o maior estudo sobre envelhecimento realizado na

Europa, o Do Health, que envolveu mais de meia centena de

investigadores de vários países, e que concluem que os idosos

portugueses são dos menos saudáveis a todos os níveis. Por

exemplo, à primeira visita clínica 58% dos idosos são considerados

saudáveis na Áustria, 51% na Suíça, 38% na Alemanha, 37% em

França e em Portugal apenas 9%.

A Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA) foi fundada em 1975, sucedendo ao Grémio Nacional dos Industriais de Especialidades Farmacêuticas, instituição

criada em 1939. Actualmente, representa mais de 120 empresas responsáveis pela Produção e Importação de Medicamentos para Uso Humano, Vacinas, e Diagnósticos In Vitro

ESPERANÇA MÉDIA DE VIDA AOS 65 ANOS – TOTAL E SAUDÁVEL

Fonte: IHME 2018

Fonte: INE

Fonte: Eurostat