revista agropecuária catarinense - nº43 setembro 1998

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Revista RAC da EPAGRI sobre pesquisa agropecuária e extensão rural

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Page 1: Revista Agropecuária Catarinense - Nº43 setembro 1998
Page 2: Revista Agropecuária Catarinense - Nº43 setembro 1998

Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998 1

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

As matérias e artigos assinados nãoexpressam necessariamente a opinião da

revista e são de inteira responsabilidade

dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento,

mesmo que parcial, só será permitidamediante a citação da fonte e dos autores.

S e ç õ e s

Agrop. Catarinense, Florianópolis, SC, v.11, n.3, p.1-68, setembro 1998

3 e 59 e 10

1429 e 3040 a 46

6068

Novidades de Mercado .............................................................Agribusiness .........................................................................Lançamentos Editoriais .................................................................Flashes ................................................................................Registro ...............................................................................Pesquisa em Andamento ...............................................................Vida Rural - soluções caseiras .........................................................

6

11

15

19

23

47

52

58

T e c n o l o g i a

Daiane: Nova cultivar de macieira para colheita em marçoArtigo de Frederico Denardi e Anísio Pedro Camilo ..............................................

Jacatupé – planta medicinal e alimentícia da AmazôniaArtigo de Antônio Amaury Silva Júnior ................................................................

Remoção de macronutrientes na colheita de essênciasflorestais plantadasArtigo de Mauro Valdir Schumacher e Marcos Vinicius Winckler Caldeira ............

Avaliação dos efluentes da piscicultura durante a despescaArtigo de Osmar Tomazelli Jr. e Jorge de Matos Casaca ......................................

Aspectos técnicos e econômicos da erosão em um solo doOeste CatarinenseArtigo de Milton da Veiga, Carla Maria Pandolfo e Leandro do Prado Wildner ....

Bioesterqueira e esterqueira na armazenagem de dejetos de suínosArtigo de Hugo Adolfo Gosmann .........................................................................

Produção e qualidade de sementes de pimentão cultivar All-bigno Estado da ParaíbaArtigo de Carlos Pereira Gonçalves e Ademar Pereira de Oliveira ..........................

Diamante Negro e Pérola - novas cultivares de feijão em Santa CatarinaArtigo de Silmar Hemp, Roger Delmar Flesch, Aluízio Maia Martins,Antônio Domeval Alexandre, Gilson José Marcinichen Gallotti, Jack Eliseu Crispim eValdir Bonin .........................................................................................................

R e p o r t a g e m

Sanidade animal é destaque em Santa CatarinaReportagem de Paulo Sergio Tagliari ...............................................................

Palmeira-real impulsiona produção de palmito em Santa CatarinaReportagem de Paulo Sergio Tagliari ...............................................................

31 a 39

61 a 65

O p i n i ã o

O zoneamento agroecológico de Santa CatarinaEditorial ................................................................................................................

A sustentabilidade das mudanças institucionais na agriculturaArtigo de Sergio Leite Guimarães Pinheiro ...........................................................

Crédito rural e a agricultura familiarArtigo de Antônio Trevisan ...................................................................................

2

66

67

Esta é a quadragésima-terceira edição em sériedesta revista que chega em suas mãos trazendo oitoartigos técnicos e duas reportagens com temas bastanteatuais.

Os Estados de Santa Catarina e do Rio Grande doSul receberam o título, em âmbito internacional, únicono Brasil, de zonas livres da febre aftosa, motivode uma das reportagens desta edição.

Dos artigos técnicos, entre oito que são abordados,destacamos: Diamante Negro e Pérola – novas cultiva-res de feijão em Santa Catarina; Daiane – nova cultivarde macieira para colheita em março; Aspectos técnicose econômicos da erosão em um solo do Oeste Catari-nense e Avaliação dos efluentes da piscicultura durantea despesca.

Estes e os demais temas técnicos, também impor-tantes, abordam aquilo que é produto da missão daEpagri, apoiada pela Secretaria de Estado do Desenvol-vimento Rural e da Agricultura, e que caracteriza aeconomia estadual: a pequena propriedade familiar.

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2 Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998

Edi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia l

REVISTA TRIMESTRAL COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTA EDI-ÇÃO: Carlos Pieta Filho, Eloi Scherer, Fernando Soares Silveira,Faustino Andreola, Francisco Carlos Deschamps, Ivan TadeuBaldissera, Jean-Pierre Henri Joseph Ducroquet, João AfonsoZanini Neto, José Angelo Rebelo, Juarez José Vanni Muller,Osvino Leonardo Koller, Paulo Alfonso Floss, Renato CésarDittrich, Tássio Dresch Rech, Valmir José Vizzotto

JORNALISTA: Homero M. Franco (SC 00689 JP)

ARTE-FINAL: Janice da Silva Alves

DESENHISTAS: Vilton Jorge de Souza, Mariza T. Martins

CAPA: Osni Pereira

PRODUÇÃO EDITORIAL: Daniel Pereira, Janice da Silva Alves,Maria Teresinha Andrade da Silva, Marlete Maria da SilveiraSegalin, Rita de Cassia Philippi, Selma Rosângela Vieira

DOCUMENTAÇÃO: Ivete Teresinha Veit

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveira e Zulma MariaVasco Amorim - GMC/Epagri, C.P. 502, Fones (048) 239-5595 e 239-5536, Fax (048) 334-1024, 88034-901 Florianó-polis, SC.Assinatura anual (4 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE: Florianópolis: GMC/Epagri - Fone (048)239-5673, Fax (048) 334-1024 - São Paulo, Rio de Janeiro eBelo Horizonte: Agromídia - Fone (011) 259-8566, Fax (011)256-4786 - Porto Alegre: Agromídia Fone (051) 221-0530,Fax (051) 225-3178. Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) - Florianópolis:

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 -TrimestralEditada pela Epagri (1998- )1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa Catari-

nense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC. II. Empresade Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia de SantaCatarina, Florianópolis, SC.

15 DE SETEMBRO DE 1998

Impressão: Epagri CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação da Epagri- Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SantaCatarina S.A., Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, CaixaPostal 502, Fone (048) 239-5500, Fax (048) 334-1024,88034-901 Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, Internet: http://www.epagri.rct-sc.br, E-mail: [email protected]

EDITORAÇÃO: Editor-Chefe: Jorge Bleicher, Editores-Assis-tentes: Marília Hammel Tassinari, Paulo Sergio Tagliari

COMITÊ DE PUBLICAÇÕES:PRESIDENTE: Jorge BleicherSECRETÁRIA: Marília Hammel TassinariMEMBROS: Airton Rodrigues Salerno, Airton Spies, AntônioCarlos Ferreira da Silva, Celso Augustinho Dalagnol, EduardoRodrigues Hickel, Gilson José Marcinichen Gallotti, JeffersonAraújo Flaresso, Roger Delmar Flesch

A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura.

O zoneamento agroecológicoO zoneamento agroecológicoO zoneamento agroecológicoO zoneamento agroecológicoO zoneamento agroecológicode Santa Catarinade Santa Catarinade Santa Catarinade Santa Catarinade Santa Catarina

Dentro em breve a Epagripublicará o ZoneamentoAgroecológico e Socioe-conômico de Santa Catari-na. Esta publicação deveráse tornar um marco natecnologia agropecuária doEstado.

Por que da importânciade tal publicação? Em pri-meiro lugar, o zoneamentoagroecológico identifica asunidades homogêneas sob oponto de vista edafocli-mático. Cada zona agroe-cológica é uma área comcerta homogeneidade, ca-racterizando uma unidadeambiental. Esta unidadeambiental é uma unidade

básica de trabalho para a agri-cultura. Serve como a primei-ra subdivisão do espaço agrí-cola. Em segundo, porque éconsiderado o instrumentobásico para inserção dos com-ponentes socioeconômicos. Aanálise criteriosa da realida-de agrícola de cada zonaagroecológica permitirá o pla-nejamento do desenvolvimen-to desta região. O zoneamen-to tem a característica deser determinístico quandose faz a inferência das espé-cies em relação à aptidãoedafoclimática. É o instru-mento que permite o planeja-mento racional da agricultu-ra, a sustentabilidade dos

ecossistemas, a preserva-ção de áreas ricas em ter-mos de diversidade de florae fauna e o diagnóstico daquestão florestal do Estadoem termos de tipificação cli-mática e de potencial futu-ro.

Pela primeira vez é pos-sível pensar em es-pacialização da produçãoagrícola; aproveitar asvantagens competitivasque a ecologia oferece. Apartir do zoneamentoagroecológico e socioe-conômico poderá ser defi-nida uma política agrícolapara o Estado de Santa Ca-tarina.

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Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998 3

NOVIDADESDE MERCADO

Controle do ácaroControle do ácaroControle do ácaroControle do ácaroControle do ácaroda sarna atravésda sarna atravésda sarna atravésda sarna atravésda sarna através

da raçãoda raçãoda raçãoda raçãoda ração11111

O controle do ácaro da sarnacom um parasiticida premix 2

(endectocida em pó para mistu-rar na ração) pode melhorar ex-pressivamente a produtividadede suínos em fase de crescimen-to, mesmo quando ele é adminis-trado em animais com níveis bai-xos de infestação.

Essa conclusão tem comobase os resultados de um estudoconduzido no Brasil envolvendomais de 125 suínos parasitadosnaturalmente (fêmeas e machoscastrados), no qual os animaisforam divididos, aleatoriamente,em dois grupos: um não recebeutratamento e o outro recebeu oendectocida em pó misturado àração na dosagem recomendadade 100mcg por quilograma de pesocorporal, por dia, durante setedias consecutivos. Durante o pe-ríodo de oito semanas do estudo,os animais foram examinadosregularmente quanto à presençade lesões de dermatite e detecçãode ácaros da sarna.

Através de contagens de ovosnas fezes foi possível determinara ausência de parasitas internos.Também foi avaliada em todos osanimais a produtividade — efici-ência alimentar e ganho de pesodiário.

Os animais que receberamivermectin, via ração, tiveram efi-ciência 6,3% maior do que os nãotratados e ainda apresentaramum ganho diário médio mais alto.Outra observação importante éque a proporção de animais posi-tivos para a dermatite eranotadamente mais baixa nos ani-mais tratados. Dos 64 porcos tra-tados, somente nove apresenta-vam-se positivos, enquanto to-dos os 63 animais não tratadosapresentavam-se positivos. Mes-mo com cargas baixas de parasi-tas, o impacto do tratamento so-bre a produtividade do animalpode ser substancial. Atualmen-te muitos dos suínos vêm de li-nhas genéticas escolhidas com ascaracterísticas voltadas para aprodutividade, porém sem a ca-racterística de resistência contraas doenças.

É fundamental a adoção deprogramas estratégicos de con-trole parasitário para a reduçãodas cargas parasitárias e aumen-to da rentabilidade.

Mandioca éMandioca éMandioca éMandioca éMandioca ématéria-primamatéria-primamatéria-primamatéria-primamatéria-primapara “snacks”para “snacks”para “snacks”para “snacks”para “snacks”

A Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária -Embrapa , vinculada ao Ministé-rio da Agricultura e do Abasteci-mento, desenvolveu processoque permite obter “snacks” apartir da farinha de raspa demandioca. A novidade vai bene-ficiar principalmente produto-res que trabalham sob regime deagricultura familiar, pois aprodução do “snack” poderá serfeita em pequenas fábricas. Olançamento foi dia 28 de abril, nasede da Embrapa, durante a so-lenidade de comemoração dos25 anos da Empresa, em Brasília.

Os “snacks” — salgadinhosou aperitivos — podem ser fritosou assados em microondas. Anovidade é o uso de um produtotipicamente tropical, a mandio-ca, e que pode ser encontradoem todas as regiões do Brasil. Ospesquisadores desenvolveramuma técnica que pode substituirem até 100% a farinha de trigo,dando uma nova opção para aindústria.

Maiores informações conta-tar com Embrapa Agroindústriade Alimentos, Fone (021) 410-7400.

Texto do jornalista JorgeDuarte.

Zeneca lançaZeneca lançaZeneca lançaZeneca lançaZeneca lançadoisdoisdoisdoisdois

inseticidasinseticidasinseticidasinseticidasinseticidasA Zeneca, divisão Saúde Pú-

blica, está apresentando doisnovos produtos no mercado,os inseticidas ICON vet eMOSCAFIM plus, ambos de usoveterinário. ICON vet controlaum grande número de pragas,sendo composto pelaLambdocialotrina, um piretróide

de terceira geração. MOSCAFIMplus é uma isca para o controlede moscas, sendo que agora estámais eficiente e seguro, pois suanova fórmula é composta do in-seticida Azametifos.

Com o verão e o aumento docalor, moscas, baratas, pulgas eoutras pragas encontram condi-ções ideais para se reproduzi-rem e infestarem casas e insta-lações rurais. Seu controle éfundamental pois podem conta-minar alimentos e utensílios,além de causarem uma série deincômodos.

ICON vet é o inseticida idealpara aplicações através de pul-verizador costal ou motorizadonas instalações rurais (pocilgas,galinheiros, currais, cocheiras,haras, etc.), no combate a mos-cas, cascudinhos, baratas, pul-gas, entre outros. ICON vet éum pó molhável que vem acon-dicionado em envelopes de 25g,contendo dois saquinhoshidrossolúveis de 12,5g cada.Esta quantidade é suficiente paraa aplicação em 100 a 200 metrosquadrados.

Os envelopes hidrossolúveisgarantem a praticidade, dosa-gem correta e segurança nomanuseio do produto. ICON veté o único produto veterinário noBrasil embalado em plástico so-lúvel em água. Uma caracterís-tica importante do produto é seuefeito residual. Por não ser ab-sorvido por superfícies porosas(paredes de alvenaria, madeira,cimentados, terra batida, etc.),ele permanece ativo por muitomais tempo.

O MOSCAFIM plus é umaisca inseticida, amarela, açu-carada, com atrativo sexual(Muscamone) para moscas.MOSCAFIM plus pode serusado em pocilgas, galinheiros,currais, estábulos e instalaçõesrurais. As iscas devem serpostas em pequenos recipientesplásticos, que serão colocadosem locais estratégicos dos am-bientes onde as moscas ocor-rem.

Pensando na prevenção depossíveis incidentes, a Zenecaadiciona à fórmula do inseticida,BITREX, um componente degosto amargo, que evita aingestão humana.

A mosca doméstica é um dosmais importantes vetores mecâ-

nicos de diversas doenças como adisenteria amebiana, salmo-nelose, febre tifóide, pólio, tuber-culose, shigelose, cólera, etc.Causam disenteria em mamífe-ros, transmitem tênias, DCR ecoriza em aves. Em suínos sãovetores de encefalomielite e pestesuína clássica, brucelose, paratifoerisipela, meningite estrepto-cócica, feridas purulentas, doençade Aujeszky, habronemosecutânea, etc.

As baratas infestam restau-rantes, casas, cozinhas e redes deesgoto, caminhando sobre os ali-mentos. Podem transmitir cólera,difteria, carbúnculo, tétano, tu-berculose, diarréia, toxoplasmose,etc.

O cascudinho, um coleópteroque ataca os aviários de frangos,transmite a doença de Marek e éportador de patógenos de aviárioscomo vermes, micotoxinas, fun-gos (causadores entre outras, dedoenças como a aspergilose) e bac-térias.

Aranhas causam problemasdecorrentes de suas picadas (dor,mal-estar, vômitos, náuseas, fe-bre, tumores e, eventualmente,morte), atingindo principalmentecrianças. Uma infestação de ara-nhas pode causar problemas res-piratórios, pois elas trocam de pelecom muita freqüência.

Informações adicionais comX-Press Assessoria em Comuni-cação Ltda., Fone: (011) 536-0148,Fax (011) 542-7168.

Microgran, o novoMicrogran, o novoMicrogran, o novoMicrogran, o novoMicrogran, o novofertilizante dafertilizante dafertilizante dafertilizante dafertilizante da

SerranaSerranaSerranaSerranaSerrana

A Serrana apresentou naFenasoja, realizada em maio, oMicrogran, um novo fertilizantemicrogranulado desenvolvidopara todas as culturas, depoisde comprovado seu resultadoagronômico na safra de 1997. Oportfólio completo da empresainclui vários tipos de fertilizan-tes e o Foscálcio, único produtopara nutrição animal com ISO9002.

Maiores informações comG & A Comunicação Empresarial,Fone (011) 816-2344, Fax (011)212-6284.

1. Extraído de trabalho de ROPPA et al., apresentado no XIV Congresso Internacional da Sociedade de Veterinários de Suínos em julho de1996 na Itália.

2. IVOMEC® Premix.

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4 Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998

Novidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercado

Embrapa lançaEmbrapa lançaEmbrapa lançaEmbrapa lançaEmbrapa lançamilho para amilho para amilho para amilho para amilho para aagriculturaagriculturaagriculturaagriculturaagricultura

familiarfamiliarfamiliarfamiliarfamiliar

Os agricultores que traba-lham sob regime de agri-cultura familiar vão ganhar

uma variedade de milho quepermite dobrar a produção emsolos de baixa fertilidade na-tural em todas as regiões doBrasil. Trata-se da Sol da Ma-nhã NF, um dos lançamentosda Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária — Embra-pa.

A seleção da variedade teveinício em 1986 com a comu-nidade de agricultores Sol da

Manhã, de Seropédica, RJ, e apartir de 1992 a rede de en-saios envolvia 30 mil famíliase 42 organizações não-gover-namentais em dez Estados. Oresultado é um milho que podeser utilizado para condições deestresse do solo, em todo o paíse com rendimento melhor doque a média do mercado para es-sas condições.

Solos de baixa fertilidade ebaixo teorde nitrogê-nio limitama produtivi-dade e au-mentam anecessida-de de inves-t i m e n t o .Além disso,o uso dea d u b o snitrogenadosé conside-rado umadas maio-res fontesde poluiçãoambiental,a f e t a n d olençóis deáguas sub-terrâneas,lagos e açu-des. A novavariedadetorna possí-vel a produ-ção médiade 4 mil qui-los em soloscom faltade nitrogê-nio, quandoo normal éde 2 mil qui-los.Mas o

novo milhotem outrasvantagens.Ele é preco-ce, ou seja,pode ser co-lhido antesdas varie-dades tradi-cionais, ge-rando mai-or oferta nomercado em e l h o rpreço para oagricultor.Além disso,por tergrãos du-ros, é mais

resistente a pragas doarmazenamento e pode ser plan-tado em todo país.

O pesquisador Altair Macha-do, da Embrapa Agrobiologia(Seropédica, RJ), explica que otrabalho “é ainda muito maisamplo, pois envolve também oresgate de variedades locais quepossam estar sendo perdidas e aidentificação daquelas de me-lhor potencial”. O resultado estásendo considerado tão bom queo modelo de pesquisa passou aservir de exemplo para a Orga-nização das Nações Unidas paraAgricultura e Alimentação -FAO. Projetos semelhantes, deuso e conservação de varieda-des em comunidades agrícolas,estão sendo implantados comsucesso na América Latina, Áfri-ca e Ásia.

Altair Machado explica queos agricultores participaram detodas as etapas da pesquisa: res-gate de cultivares tradicionais,avaliação, caracterização, sele-ção, multiplicação e conserva-ção das variedades. O agricultorFlávio Lourenção chama a aten-ção para o fato de que sua comu-nidade, a Sol da Manhã, passoua realizar experiências com ou-tras espécies de plantas e ani-mais e com outros sistemas demanejo, criando um processocontínuo de aprendizado e utili-zando toda a biodiversidade exis-tente na região.

Maiores informaçõescontatar com Altair Machado,Fone (021) 682-1500.

Texto do jornalista JorgeDuarte.

Piso paraPiso paraPiso paraPiso paraPiso paraindústriaindústriaindústriaindústriaindústria

alimentíciaalimentíciaalimentíciaalimentíciaalimentícia

Tradicional fabricante deselantes para juntas de dilata-ção e retração para a indústriada construção civil, a Jeene Jun-tas e Impermeabilizações estádiversificando a empresa, sendoagora a Master distribuidora eaplicadora, com exclusividadepara o mercado brasileiro, daslinhas de revestimento de pisose paredes pertencentes à“holding” norte-americanaHarris Specialty Chemicals, Inc.

Um dos grandes destaquesnesta parceria Jeene-Harris é orevestimento epóxi para superfí-

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Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998 5

Novidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercado

cies de concreto denominadoSelby.

Considerada a mais comple-ta linha de sistemas de revesti-mento monolítico, os produtos etécnicas de aplicação Selby, des-de 1925, têm atendido às maisseveras exigências em quasetodos os tipos de construção eindústrias. Atualmente contacom mais de 70 produtos dife-rentes, feitos à base de resinasepóxi. O epóxi é um sistema bi-componente, sendo possível ob-ter diferentes características deacabamento liso, antider-rapante, colorido, flocado, etc.As distintas combinações de re-sina, endurecedor e cargas mi-nerais propiciam a resistênciatérmica, mecânica, física e quí-mica final ao piso.

Para o setor alimentício érecomendado o segmento Re-vestimento Monocromático Re-forçado, de excelente resistên-cia ao impacto, abrasão e produ-tos químicos, que conta com osseguintes itens:

• Selbaclad - apresenta-seem duas versões: autonivelantee argamassa; especialmenteadequado para ambientes de fa-bricação de alimentos e está dis-ponível em grande variedade deespessuras, técnicas de aplica-ção, texturas e cores.

• Selbatuf - revestimentocimentício modificado com

poliacrilato, resistente ao choquetérmico, altas temperaturas e con-dições de congelamento. Para usoexterior ou interior, é muito indi-cado para áreas de processamentode alimentos.

• Selbasite - revestimento desegurança à base de magnesitamonolítica, apresenta proprieda-des antichama e antiderrapantes,sendo indicado para uso em cozi-nhas, áreas de preparação de ali-mentos originalmente secos.

Os sistemas especiais Selbyapresentam, também, para a in-dústria alimentícia o Selbabiotic,uma proteção antimicrobianacontra fungos e bactérias.

Maiores informações sobre aempresa e/ou os produtos, podemser solicitados através dos fones:(011) 843-6262 e (011) 214-0909.

Texto da jornalista Maria Ali-ce Maluf.

LeiteLeiteLeiteLeiteLeitehiperimunizadohiperimunizadohiperimunizadohiperimunizadohiperimunizado

O leite materno contém osanticorpos que protegem os bebêscontra muitas doenças. Basean-do-se nesta capacidade imunoló-gica é que foi pesquisado e desen-volvido o leite hiperimunizadopara preservar a saúde humana.Agora esse benefício, antes exclu-

sivo aos bebês, está disponível atodas as idades através do produtoStolle Milk, um leite produzidocientificamente por vacas leitei-ras sadias e hiperimunizadas daNova Zelândia. É importante fri-sar que o produto não substitui oleite materno.

Stolle Milk é um leite naturalcom grande concentração deanticorpos e propriedades bioló-gicas. Contém 26 tipos deanticorpos que reagem com osmicroorganismos corresponden-tes, tornando-os inativos e elimi-nando-os para fora do corpo. Des-ta maneira, o leite hiperimunizadodeixa o organismo mais resisten-te às doenças.

O produto é um leite em pó,pesquisado e desenvolvido nosLaboratórios da Stolle Research,Ohio, Estados Unidos. É produzi-do pelo Dairy Board da NovaZelândia, país onde se encontramas melhores condições e o melhorrebanho leiteiro do mundo. StolleMilk foi lançado nos Estados Uni-dos como suplemento alimentarcom aprovação do FDA - Food,Drug, Administration e USDA -Ministério de Agricultura. Em1995 foi lançado no Japão e outrospaíses da Ásia e agora chega aomercado brasileiro através de im-portação e distribuição exclusivada empresa paulista PotentialComércio, Importação e Exporta-ção Ltda. e colaboração da empre-

sa Kanematsu Wellness Co. Ltd.- Tokyo - Japão.

Todo o processo de produ-ção do Stolle Milk é paten-teado, desde o seu início pelahiperimunização de vacasespecialmente selecionadas esujeitas a rigoroso controlede saúde, alimentação elactação, com controle bioló-gico em todas as etapas, até aconcentração e a evaporação fi-nal do leite.

O produto não é remédionem droga. É um suplementoalimentar que apresenta umamaior quantidade de anti-corpos e que contêm três vezesmais proteínas, lactose, vita-minas e sais minerais, como ocálcio, do que o leite comum,além de possuir baixa caloria porter menos gordura. Bastatomar um sachê de 45g dia-riamente, misturado em umcopo de água fria, pela manhã.Nunca se deve esquentar ouferver a água, nem mesmo dis-solver o leite em liquidificador.Isso garante as qualidadesterapêuticas, preventivas enutritivas do Stolle Milk, que évendido em embalagem comduas caixas de catorze sachêscada, quantidade suficiente paraum mês.

Maiores informações peloFone/Fax (011) 288-1960 ou(011) 289-7441.

FundagroFundação de Apoio ao Desenvolvimento Rural Sustentável

do Estado de Santa Catarina

Uma organização não-governamental para apoiar o setor agrícola público e privado do Estado de Santa Catarina.

• Diagnósticos rápidos.

• Pesquisas de opiniões e de necessidades do setor agrícola.

• Consultorias.

• Realizações de cursos especiais.

• Projetos para captação de recursos.

• Produção de vídeos e filmes ligados ao setor agrícola.

• Projetos de financiamento do Pronaf e outros.

• Serviços de previsão de tempo.

Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, C.P. 502, Fone (048) 334-0711, Fax (048) 334-1024, E-mail:

[email protected], 88010-970 Florianópolis, SC.

o

Page 7: Revista Agropecuária Catarinense - Nº43 setembro 1998

6 Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998

DeliciousKidd‘s Orange Red

Gala Cox Orange PippinGolden Delicious

Golden Delicious440249

Edgewood Y. NewtownDaiane NJ-56 55737

371349 Golden Del.Red Rome

NJ-39 35437Jonathan

Princesa Cox Orange PippinAdassia Red

AnnaGolden Delicious

Maçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivar

Daiane: Nova cultivar de macieiraDaiane: Nova cultivar de macieiraDaiane: Nova cultivar de macieiraDaiane: Nova cultivar de macieiraDaiane: Nova cultivar de macieirapara colheita em marçopara colheita em marçopara colheita em marçopara colheita em marçopara colheita em março

Frederico Denardi e Anísio Pedro Camilo

região Sul do Brasil produziu,na safra 1996/97, 606.650t de

maçãs, correspondendo a mais de 98%da produção nacional desta fruta (1).Deste total, mais de 88% correspondeàs frutas de apenas duas cultivares, aGala e a Fuji (2). A colheita destasduas cultivares é feita com intervalode, praticamente, um mês entre umae outra, com uma importante lacunadurante o mês de março (3). Muitoembora a grande maioria das cultiva-res comerciais tem maturação dosfrutos na meia-estação, correspon-dendo ao mês de março, não temos noBrasil sequer uma cultivar comercialimportante para colheita neste mês(4). Além disso, o mercado brasileirohabituou-se com o consumo de maçãsvermelhas e doces, caracterizadas pe-los frutos das cultivares Gala e Fuji.

Por outro lado, a produção nacio-nal de maçãs alicerçada em apenasduas cultivares comerciais implica,na época de colheita, intensa ativida-de para esta prática e forte pressão deoferta de maçãs, principalmente nosmeses de colheita. As conseqüênciasdisto são a dificuldade degerenciamento dos pomares e deprocessamento das frutas em nível depropriedade e o achatamento dos pre-ços de venda (5).

As nossas condições climáticas,caracterizadas por invernos amenos everões quentes, proporcionam umlongo período vegetativo, que pode seestender até a primeira quinzena demaio. Isto permite aumentar oescalonamento da colheita, desde oinício de janeiro até o final de abril, oque facilita as operações da colheitaao processamento dos frutos, regula-rizando melhor a distribuição da pro-dução na safra e encurtando o períodode frigoconservação dos frutos naentressafra.

O frio hibernal, como fator essen-

cial para a produção de maçãs de boaqualidade, não passa de 700 horas comtemperaturas iguais ou inferiores a7,2 oC nos grandes pólos produtores deFraiburgo, SC e Vacaria, RS (6). Ascultivares Gala e Fuji requerem, pelomenos, 800 horas (4). A colheita dosfrutos da ‘Gala’ é efetuada no mês defevereiro. Embora produza frutos demuito boa aceitação pelo mercado bra-sileiro, a conservação em frio conven-cional não passa de três meses (7). Osfrutos da ‘Fuji’ são colhidos a partir dofinal de março e armazenados paracomercialização no segundo semes-tre. Os frutos da cultivar Daiane (Epa-gri 410), que são colhidos em março,conservam-se bem por até quatromeses em frio convencional e por atéseis meses em atmosfera controlada,podendo, então, ser comercializadosno período de junho a setembro.

Origem

A cultivar Daiane foi obtida em1992, por meio de hibridação contro-lada realizada em 1987, envolvendo ascultivares Gala e Princesa. Originou-

-se de uma população inicial de 504plântulas, das quais foramselecionadas 54 seleções prelimina-res e, finalmente, 10 seleções.Estas seleções foram testadas emporta-enxerto comercial em nívelde coleções, em Caçador e emFraiburgo. Destas, três se destaca-ram pela produtividade e pela quali-dade dos frutos. Porém, duas flores-cem demasiadamente cedo para plan-tio nas regiões agroclimáticasindicadas para a maçã no Sul doBrasil. A outra, lançada como‘Daiane’, é uma importante opção parao Sul do Brasil como nova cultivarpara colheita dos frutos durante omês de março.

Na Figura 1 é apresentado o“pedigree” da cultivar de macieiraDaiane.

Características da planta

Na Tabela 1 são apresentadas asprincipais características fenológicase de fitossanidade das cultivares Gala,Daiane e Fuji.

As plantas desta nova cultivar lem-

Figura 1 - Pedigree da cultivar de macieira Daiane

A

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Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998 7

Tabela 1 – Características agronômicas e dados fenológicos das cultivares de macieiraGala, Daiane e Fuji – Estação Experimental de Caçador/Epagri, SC, 1998

Indicativo Gala Daiane Fuji

Características da plantaPorte da copa Semivigoroso Semivigoroso VigorosoHábito vegetativo Semi-aberto Fechado Semi-abertoExigência em frio Alta (>800h) Média (650 a 750h) Alta (>800h)Precocidade de produção Média (3o ano) Média (3o ano) Baixa (4o ano)

Suscetibilidade- À sarna Muito alta Alta Muito alta- Ao oídio Alta Média Baixa- À podridão amarga Alta Sem sintomas(A) Média- À mancha de glomerela Muito alta Sem sintomas(A) Baixa

Dados fenológicosInício de brotação 25/09 07/10 22/09

FloraçãoInício 28/09 10/10 25/09Plena 07/10 20/10 05/10Final 25/10 30/10 15/10Maturação frutos – início 28/02 05/03 28/03Potencial de produção Alta Média(B) Alta

(A) Esta nova cultivar não apresentou ataque desta doença, porém não foi submetida àinoculação artificial.

(B) As plantas ainda não haviam atingido a plena produção. Espera-se, porém, um potencialprodutivo próximo ao da cultivar Gala (30 a 50t/ha) em cultivo tecnológico normal.

Maçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivar

bram muito às da cultivar Gala noporte, no tipo de ramos e folhas e nohábito vegetativo (Figura 2). Porém,tendem a crescer verticalmente, ne-cessitando mais cuidados na forma-ção do ângulo de inserção dos ramos e

no arqueamento. Em virtude da fortetendência desta cultivar em emitirramos “ladrões” nos ramos lateraispróximos ao caule, estes ramos de-vem ser arqueados entre 45 e 60o emrelação ao líder central.

Em termos de frutificação, estacultivar produz principalmente embrindilas. Porém, além de frutificarem esporões laterais, pode tambémfrutificar em gemas axilares de ramosdo ano. Entretanto, os frutos produzi-dos nestas gemas axilares geralmen-te são pequenos e a sua permanênciaem ramos do ano prejudica a forma-ção de esporões e/ou brindilas de boaqualidade. Por isso, deve-se evitarmanter frutos nestas gemas.

Com tratamento químico para aquebra da dormência das gemas, emFraiburgo, a cultivar Daiane tem apre-sentado índices de brotação e defloração melhores que as cultivaresGala e Fuji. Estima-se que sua exi-gência em frio hibernal seja de, pelomenos, 650 horas com temperaturasiguais ou inferiores a 7,2oC. Em virtu-de das constantes oscilações das tem-peraturas durante o inverno no MeioOeste Catarinense, esta cultivar po-derá requerer tratamento químicopara a quebra da dormência.

Polinização

A floração da cultivar Daiane ébastante tardia, coincidindo com afloração da cultivar Golden Delicious.Outra cultivar que coincide emfloração com a Daiane é a Sansa (8).

Características dos frutos

Na Tabela 2 são apresentadas asprincipais características dos frutosdas cultivares Gala, Daiane e Fuji.

Os frutos da cultivar Daiane sãomuito semelhantes aos da cultivarGala em aparência (coloração daepiderme, formato e tamanho). Apre-sentam coloração vermelho-estriadasobre fundo amarelo, característicamuito atrativa (Figura 3). O sabor dofruto é mais doce do que o da ‘Gala’,pois apresenta relação SST/ATmaior, até mesmo do que a da cultivarFuji. O fruto da cultivar Daiane ébastante aromático e muito agradá-vel. Os frutos têm boa capacidade defrigoconservação, podendo ser manti-dos em boas condições de firmeza esabor por até quatro meses em atmos-fera convencional.

Figura 2 - Planta da cultivar de macieira Daiane com cinco anos de idade sobre oporta-enxerto MM-106 - Estação Experimental de Caçador/Epagri, SC, 1998 #

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8 Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998

Maçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivar

Tabela 2 – Dados comparativos das características dos frutos das cultivares Gala, Daianee Fuji. Estação Experimental de Caçador/Epagri, SC, 1998

Característica Gala Daiane Fuji

Cor da epiderme Vermelho-estriada Vermelho-estriada Vermelho-estriadaCor de fundo Amarela Amarela EsverdeadaFormato dos frutos Oblongo-cônico Cônico Globoso-cônicoPeso médio (g) 120 125 130Pedúnculo Médio Médio Curto e espessoCor da polpa Branco-creme Amarelo-creme Amarelo-cremeAçúcares – SST% 12,0 a 12,5 13,0 a 13,5 14,0 a 14,5Acidez Titulável – AT 6,0 a 6,5 4,0 a 4,5 5,0 a 5,5Relação SST/AT 1,8 a 2,0 3,0 a 3,5 2,5 a 3,0Firmeza da polpa (lb/cm2) 17,0 15,0 (A) 17,5Capacidade de conservação- Frio convencional 3 meses 4 meses 6 meses- Atmosfera controlada 5 meses 6 meses 10 meses“Russeting” – incidência Baixa Baixa (B) Média“Bitter pit” – incidência Média Baixa Baixa

(A) Após nove meses em frio convencional apresentou firmeza de 9,5lb/cm2.(B) A incidência de “russeting” está restrita à cavidade peduncular.

Vantagens sobre as outrascultivares comerciais

O mercado consumidor brasileiroestá habituado ao consumo de maçãsdoces, de epiderme vermelha. As cul-tivares comerciais plantadas no Suldo Brasil, cujos frutos amadurecemem março, apresentam problemaslimitantes. A cultivar GoldenDelicious, embora tenha bom balançoentre sólidos solúveis totais (açúca-

res) e acidez, é verde, não tendo porisso boa aceitação. Por outro lado, acultivar Melrose, embora tenhaepiderme vermelha, apresenta saborlevemente ácido, fator desfavorávelem relação aos frutos doces das culti-vares Gala e Fuji.

A cultivar Daiane não tem apre-sentado ataque de mancha de glo-merela (Colletotrichum sp) e sua exi-gência em frio é menor do que a da cul-tivar Gala. Por outro lado, a Daiane

Figura 3 - Frutos da cultivar de macieira Daiane - Estação Experimentalde Caçador/Epagri, SC, 1998

produz frutos de aparência e saborbastante semelhantes aos da Gala,porém com maturação em março, vin-do a suprir a principal lacuna atual nasafra de maçãs no Sul do Brasil.

Disponibilidade de material

A Estação Experimental de Caça-dor está multiplicando todo o materiallivre de vírus desta nova cultivar paradistribuição aos viveiristas devidamen-te registrados no Ministério da Agri-cultura a partir do inverno de 1999.Os contatos deverão ser feitos com aEstação Experimental de Caçador, pormeio da Caixa Postal 591, 89500-000Caçador, SC.

Literatura citada

1. MONDIN, V.P. Frutas de clima temperado – Situaçãoda safra 1996/97; Previsão da safra 1997/98.Videira, SC: EPAGRI/Estação Experimentalde Videira, 1997. 18p.

2. BORGES Jr., L. Produção de maçãs safra – 1996/97.Fraiburgo: Associação Brasileira de produto-res de maçã, 1998, 2p.

3. DENARDI, F.; CAMILO, A.P.; PEREIRA, A.J. Maçã.In: EPAGRI. Recomendação de cultivares para oEstado de Santa Catarina – 1997/98. Florianó-polis, 1997. 159p. (EPAGRI. Boletim Técnico,82).

4. RIBEIRO, P.A. Descrição e comportamento de algu-mas cultivares de macieira no sul do Brasil. In:EPAGRI. Manual da cultura da macieira. Flori-anópolis, 1986. p.59-91.

5. HENTSCHKE, R. Maçã: estudo da situação catarinensefrente ao Mercosul. Florianópolis: EPAGRI,1993. 70p. (EPAGRI. Documentos, 148).

6. PETRI, J.L.; PALLADINI, L.A.; SCHUCK, E.;DUCROQUET, J.P.H.J.; MATOS, C.S.; POLA,A.C. Dormência e indução da brotação de frutei-ras de clima temperado. Florianópolis, 1996.110p. (EPAGRI. Boletim Técnico, 75).

7. ARGENTA, L.C.; DENARDI, F. Perdas físico-quími-cas mensais de maçãs ‘Gala’ e ‘Fuji’ durante aarmazenagem em atmosfera controlada e frioconvencional. Revista brasileira de Fruticultura,v.16, n.3, p.111-118, 1994.

8. YOSHIDA, Y.; HANIUDA, T.; TSUCHIYA, S.; SANA-DA, T.; MASUDA, T.; BESSHO. H.; McKENZIE,D.W. New Apple Cultivar ‘Sansa’. Marioka: FruitTree Research Station, 1988. 12p. (Bulletim,Series C, 15).

Frederico Denardi, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. 3.182-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de Caça-dor, C.P. 591, Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211,89500-000 Caçador, SC, e Anísio Pedro Camilo , eng.agr. Ph.D., Cart. Prof. 2.532-D, Crea-SC, Epagri/Embrapa – Estação Experimetnal de Caçador,C.P. 591, Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211,89500-000 Caçador, SC.

o

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Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998 9

AGRIBUSINESS

TTTTTratamentos dasratamentos dasratamentos dasratamentos dasratamentos dasinfecções dasinfecções dasinfecções dasinfecções dasinfecções das

vacas emvacas emvacas emvacas emvacas emlactação semlactação semlactação semlactação semlactação semdescarte dedescarte dedescarte dedescarte dedescarte de

leiteleiteleiteleiteleite11111

No mercado existem novasopções para o tratamento dasprincipais infecções de vacas emlactação. São antibióticos mo-dernos que reduzem a necessi-dade do descarte de leite dasvacas tratadas durante alactação.

Normalmente, a escolha deum antibiótico para o tratamen-to das vacas em lactação segue omesmo critério da escolha detratamento dos outros animaisdo rebanho. O antibiótico é esco-lhido com base na doençadiagnosticada, experiência pré-via com a droga, eficácia, custo edisponibilidade do medicamen-to. É muito rara a realização deexames laboratoriais para iden-tificação da bactéria e de suasensibilidade. Esta prática levaao descarte de leite das vacastratadas ou o envio de leite comresíduos para a indústria de la-ticínios.

Com a evolução da indústriade laticínios ocorrida nos últi-mos anos, aumentou a preocu-pação das empresas do setor comos resíduos de antibióticos noleite.

Cada tipo de antibiótico exi-ge um tempo diferente de des-carte, dependendo de sua for-mulação e princípio ativo. Para aindústria, os prejuízos causadospor resíduos decorrentes do tra-tamento de vacas em lactaçãocom antibióticos se devem à di-ficuldade de fermentação do lei-te para a produção de queijos ederivados do leite.

Para minimizar o problema,as indústrias e cooperativas vêmexigindo dos produtores a en-trega de leite sem resíduos. Oprejuízo para o produtor podeser desde o descarte de sua pro-dução do dia, ou pagamento doleite contaminado e até a redu-ção do valor pago pelo litro comoforma de punição.

A ingestão de leite com o

resíduo de antibiótico pode desen-cadear um processo, chamadopelos especialistas, de resistência,isto é quando se toma por muitotempo leite com resíduo de umdeterminado antibiótico, as bac-térias do organismo humano “cri-am” resistência a este tipo de an-tibiótico. Desta forma, quandouma infecção atacar esta pessoa eela for tratada com um antibióticoparecido ao que desencadeou aresistência, o tratamento não iráfuncionar.

Atualmente já é possível en-contrar no mercado produtos quediminuem ou até eliminam com-pletamente a necessidade de des-carte de leite, evitando problemaspara os consumidores, indústriade laticínios e produtores.

O Ceftiofur2 é um potente an-tibiótico injetável que trata as prin-cipais infecções dos bovinos(pododermatites, pneumonias,infecções uterinas e outras), sema necessidade de descartar o leitedas vacas em lactação. Outra van-tagem do Ceftiofur2 é que ele nãotem formulação para humanos e,por isso, não desencadeia o pro-cesso de resistência.

Uma das principais infecçõesdas vacas em lactação é a mastite,que, além de alterar as caracterís-ticas do leite, causa diminuição daprodução. Tradicionalmente sãorealizados tratamentos com asso-ciações entre antibióticosinjetáveis e intramamários. Essetipo de tratamento acarreta umgrande volume de leite descarta-do, com conseqüente aumento decusto para o produtor. A melhoralternativa para quem desejaminimizar o descarte de leite, é autilização de um produto com baseem Pirlimicina3 que exige menortempo de descarte de leite do mer-cado, além de outras vantagenscomo a boa eficiência em mastitescrônicas e de difícil tratamentocom os produtos convencionais. APirlimicina3 deve ser utilizada emduas doses intramamárias (apli-cação no teto), com intervalo de 24horas entre cada aplicação. O leiteprecisa ser descartado apenas 36horas (um dia e meio) após a últi-ma dose.

ExposiçãoExposiçãoExposiçãoExposiçãoExposiçãoCiência para aCiência para aCiência para aCiência para aCiência para a

VidaVidaVidaVidaVidaA Embrapa, vinculada ao Mi-

nistério da Agricultura e do Abas-tecimento, e a Quality Produções,

promoveram a Exposição deTecnologia Agropecuária - Ciên-cia para a Vida.

Participaram do evento im-portantes instituições de pesqui-sa nacionais e internacionais,empresas públicas e privadas liga-das ao agronegócio, universida-des e entidades representativasde produtores. Foram apresenta-das as mais recentes pesquisas etecnologias e demonstrados pro-dutos integrados ao consumo,hábitos e padrões de vida da popu-lação de diversos países. A exposi-ção, onde participaram represen-tantes de 23 países da AméricaLatina e Caribe, além de Espanhae França, foi aberta ao público emgeral e contou com 60 palestras e23 cursos.

Entre as tecnologias lançadasna exposição se destacaram:

• Variedade de Milho Sol daManhã NF

• Livros e vídeos• Processo de elaboração

“snacks” (pallets)• Derriçadora de café• Medidor granulométrico

automatizado para solos• Medidor automatizado de

expansão do milho pipoca• Sistema de telemetria para

dados edafo-ambientais• Sadgna - Sistema de análise

de gotas de chuva natural e arti-ficial

• Manga para os Cerrados:Alfa Embrapa 142 e RoxaEmbrapa 141

• Cultivares de pêssego Jubi-leu e Marfim

• Cultivar de maçã Rubiana• Processos de peletização de

agentes de controle biológico emapeamento digital como supor-te à gestão ambiental, em nívelmunicipal e regional

• Fórmula do “Sal Mineral”para bovinos

• Variedades de soja Celeste eCarla

• Cultivar de soja Embrapa 65- Itapoti.

O endereço da Embrapa Sedena Internet é http://www.embrapa.br.

Embrapa TEmbrapa TEmbrapa TEmbrapa TEmbrapa Trigorigorigorigorigoavaliaavaliaavaliaavaliaavalia

semeadoras desemeadoras desemeadoras desemeadoras desemeadoras detração animaltração animaltração animaltração animaltração animalO Centro Nacional de Pesqui-

sa de Trigo - Embrapa Trigo, emparceria com outras instituições,

como Emater-RS, CooperativaTritícola Regional de ErechimLtda. - Cotrel, indústrias fabri-cantes de equipamentos agríco-las e de insumos e prefeiturasmunicipais, implementou umprojeto de pesquisa, coordenadopelo pesquisador AntônioFaganello, com o objetivo de tes-tar, em nível de campo, semea-doras para plantio direto comtração animal.

As pequenas propriedades,em geral, estão localizadas emregiões com alta declividade deterreno e com solo extrema-mente pedregoso. Além daimpraticabilidade de operar commáquinas e tratores convencio-nais nessas áreas, o poder aqui-sitivo dos pequenos agricultoresinviabiliza a compra de tais equi-pamentos. Ainda deve ser leva-do em consideração que, emáreas muito declivosas, a perdade solo, quando adotado o siste-ma convencional de preparo desolo, é da ordem de 35 a 40t/ha/ano, enquanto com o sistemaplantio direto a perda de soloreduz-se para menos de 1t/ha/ano.

Dessa forma, a validação desemeadoras para plantio diretocom tração animal, conformeexplica Faganello, tem porobjetivos levar a pesquisa a fa-miliarizar-se com os equipa-mentos usados nas pequenaspropriedades; testar quatro se-meadoras de tração animal euma para tratores de baixa po-tência e baixo custo; humanizaro trabalho do homem do campo;socializar informações obtidaspela pesquisa; e assessorar osfabricantes de equipamentospara que estes melhorem seusprodutos. Para chegar a essesobjetivos, as instituições envol-vidas com o projeto elaboraramuma estratégia de realizar tes-tes de validação em cinco muni-cípios das regionais da Ematerde Passo Fundo e de Erechim.Nesses locais, as cinco semeado-ras foram testadas com a parti-cipação de agricultores da co-munidade, em plantio de verão,com a cultura de milho, na últi-ma safra.

As semeadoras testadasforam: Fitarelli, para traçãoanimal e duas linhas deplantio; Fitarelli, para traçãoanimal e cultivo mínimo;Fitarelli, tratorizada e comduas linhas de plantio; RYC,para tração animal e uma linhade plantio; e Mafrense, para tra-

1. Dr. Carlos André de Almeida Amos,médico veterinário da Equipe Téc-nica Merial.

2. EXCENEL®RTU.3. PIRSUE®. #

Page 11: Revista Agropecuária Catarinense - Nº43 setembro 1998

10 Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998

AgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusiness

ção animal e uma linha de plan-tio.

Faganello explicou que paravalidar o equipamento, foramobservados itens como: caracte-rização da área quanto à umida-de de solo, ao conteúdo de argilae às propriedades físicas e quí-micas; plantio de milho em duaspassadas (ida e volta); cada equi-pamento operado por cinco agri-cultores e avaliações subjetivasquanto à performance de cadasemeadora (estabilidade, peso,dirigibilidade, versatilidade eoutros). Os parâmetrosmensurados pela pesquisa cons-taram de corte de palha,quantificação de palha, embu-chamento, movimento de solo,profundidade de deposição deadubo e de sementes, distri-buição longitudinal de semen-tes e rendimento de grãos demilho.

Para o pesquisador RainoldoKochhann, as vantagens dessesequipamentos são inúmeras,mas a principal está relacionadaao menor esforço físico e tempodespendido pelo agricultor, umavez que o sistema tradicional,arado de tração animal, exigeque o operador caminhe até40km para lavrar 1ha, enquan-to no plantio direto são apenas10km caminhados para plantara mesma área. Assim sobratempo para o homem do campodedicar-se a outras atividades,ao lazer e à sua família. Outrofator decisivo diz respeito àconservação de solo, à maiorprodutividade, à uniformidadeda lavoura, ao menor esforçofísico e à melhoria de vida nocampo.

Maiores informações Fone(054) 311-3444, Fax (054)311-3617, Embrapa Trigo.

Texto de Liane Matzem-bacher.

NovoNovoNovoNovoNovoequipamentoequipamentoequipamentoequipamentoequipamento

agilizaagilizaagilizaagilizaagilizaconhecimentoconhecimentoconhecimentoconhecimentoconhecimento

sobre o solosobre o solosobre o solosobre o solosobre o soloA Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária –Embrapa lançou, durante asolenidade de comemoraçãodos seus 25 anos, dia 28 deabril, em Brasília, o analisa-dor granulométrico. É umequipamento inédito, que for-

nece informações sobre argila,silte e areia do solo. O ana-lisador da Embrapa utiliza oprincípio de atenuação da radi-ação gama e é totalmente auto-matizado, permitindo que sejammedidas até dez amostras de cadavez.

O pesquisador Victor BertucciNeto, da Embrapa Instru-mentação Agropecuária (SãoCarlos, SP),explica que“para o agri-cultor, o co-nhecimen-to da distri-buição dot a m a n h odas partícu-las é impor-tante na ca-racteriza-ção do solo,a j u d a n d ono seu ma-nejo e nautilizaçãode insu-mos”. Jápara os ci-entistas daárea, essec o n h e c i -mento éfundamen-tal para oe n t e n d i -mento doefeito datextura nasproprieda-des físicasdo solo.

O usodo métodoconvencio-nal levacerca de 24horas paraanálise decada amos-tra, en-quanto queo anali-sador gra-nulométri-co permiteque a mes-ma tarefaseja conclu-ída em cer-ca de 20 mi-n u t o s .Além disso,o analisa-dor daE m b r a p anão causaperturba-

ções na amostra, aumentando aconfiabilidade e a precisão.

O equipamento destina-seprincipalmente aos laboratóriosde análise de solo e instituiçõesenvolvidas em ciências do solo emeio ambiente. Mas o analisadorserá de grande utilidade tam-bém no dia-a-dia de engenhei-ros agrônomos. A previsão daEmbrapa é que ainda no primei-

ro semestre seja repassado àiniciativa privada para produ-ção em série e esteja dispo-nível no mercado até o final doano.

Maiores informaçõescontatar com a Embrapa Ins-trumentação Agropecuária,Fone (016) 274-2477.

Texto do jornalista JorgeDuarte.

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Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998 11

Jacatupé – planta medicinalJacatupé – planta medicinalJacatupé – planta medicinalJacatupé – planta medicinalJacatupé – planta medicinal

Jacatupé – planta medicinal e alimentíciaJacatupé – planta medicinal e alimentíciaJacatupé – planta medicinal e alimentíciaJacatupé – planta medicinal e alimentíciaJacatupé – planta medicinal e alimentíciada Amazôniada Amazôniada Amazôniada Amazôniada Amazônia11111

Antônio Amaury Silva Júnior

a região amazônica cresce es-pontaneamente uma planta co-

nhecida como Yeticopé ou Yacatupécuja etimologia tupi tem como acepção“raiz semelhante a um nabo” ou “bata-ta de casca fina”, respectivamente.Popularmente é conhecida como fei-jão-batata, feijão-inhame, feijão-de--batata, feijão-jacatupé ou ainda “lin-güiça vegetal”, pois é comumente de-fumada para ser conservada por longotempo.

O jacatupé (Pachyrhizus tuberosusSpreng.), da família das Papilionáceas,é praticamente desconhecido dos ha-bitantes dos Estados sulinos do Brasil.É planta autóctone da floresta amazô-nica, crescendo espontaneamente emáreas próximas a cursos d´água. Ocultivo praticamente inexiste. A ob-tenção do produto baseia-se essencial-mente no extrativismo, afetando dras-ticamente a variabilidade genética ecolocando a espécie em risco deextinção.

A planta é uma trepadeira herbá-cea, que cresce enroscando-se sobrequalquer suporte. Quando tutorada,alcança 3m de altura e produz grandesraízes tuberosas de reserva ou bata-tas (Figura 1 e 2). A folhagem é de cicloanual, mas a batata pereniza a plantano solo. Os ramos novos, pecíolos,inflorescências e cálices sãotenuamente recobertos por pêlos cur-tos e finos. As folhas são longo--pecioladas, com formato de coração,compostas de três folíolos grandes,ligeiramente revestidos de pêlos, sen-do que os laterais são assimétricos e oterminal obtuso. As flores são violácease vistosas, reunidas em cachos linea-res, em pares opostos (Figura 3). O

fruto é do tipo legume, linear, algoachatado, contraído entre as semen-tes, mais ou menos glabro, de 10 a15cm de comprimento e 2cm de largu-ra, contendo oito a nove sementes decor caramelo-clara.

Utilidades

A batata é utilizada na medicinapopular como diurética e para o trata-mento de tosses. É indicada aindapara o tratamento de doenças das vias

N

Figura 1 -Túberas de

jacatupé comquase 9kg de

peso

1. Pesquisa financiada pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente - MMA, 1996-1997.

Figura 2 -Túberas dejacatupé. À

esquerda, cortetransversal

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Page 13: Revista Agropecuária Catarinense - Nº43 setembro 1998

12 Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998

Jacatupé – planta medicinalJacatupé – planta medicinalJacatupé – planta medicinalJacatupé – planta medicinalJacatupé – planta medicinal

urinárias, acessos febris e nefrites.A raiz é comestível, apresentando,

na forma in natura, sabor adocicadoque lembra o de coco-da-bahia. NoMéxico, é consumida em fatias, crua,como se fosse maçã. Pode serconsumida cozida com sal ou açúcar.No exterior, é usada para o preparo desaladas exóticas e sofisticadas. Podeser defumada, à semelhança de lin-güiça, para ser conservada por umano (1).

A batata apresenta casca fina eproduz farinha fina e branca, cujoamido é sucedâneo da araruta. Asraízes, raladas e misturadas ao leite,servem para amaciar as mãos. Osprincipais componentes da batata são:água 87,1%; proteína 1,12%; matériagraxa 0,05%; açúcares 5,6%; fibra0,78% e sais minerais 0,32% (1). Oteor de matéria seca obtido nas condi-ções do Litoral Catarinense foi de15,1%. O conteúdo de sacarosecorresponde a 21% do carboidrato nãoestrutural, ou seja, 15% do peso secoda batata (2). O polvilho tem saborsuave e doce. Desse polvilho extrai-sea jacatupina, principal metabólito se-cundário produzido pela batata (3).

As folhas e caules são forrageirasmuito apreciadas pelo gado, contendo21,56% de proteínas. As sementesencerram rotenona, que é tóxica ainsetos e roedores (3).

Como cultivar?

A planta prefere solos leves, sol-tos, ricos em matéria orgânica e per-meáveis. Solos muito argilosos e/oucompactos deformam a batata e favo-recem à ocorrência de rachaduras.

A espécie desenvolve-se bem noclima tropical, com chuvas bem distri-buídas. Não tolera invernos rigorosose ventos frios.

A propagação da planta é feita atra-vés das sementes, que devem estarcom o tegumento externo duro, bri-lhante, seco e sem vestígios de fun-gos. A semeadura pode ser feita emcovas, diretamente no campo. Nãoobstante, a plântula recém-formada émuito sensível ao ataque da vaquinha(Diabrotica spp.), podendo ocorrermuitas perdas a campo. Para a obten-

ção de mudas mais vigorosas, sadias euniformes, procede-se a semeaduraem bandejas de isopor – tipo 128 célu-las. A emergência ocorre entre oito edez dias após a semeadura.

Procede-se a análise de solo e faz--se a aplicação de calcário com antece-dência mínima de três meses, caso fornecessário. A faixa ideal de pH para odesenvolvimento da planta é de 5,5 a6,0. A muda deve ser transplantadaquando apresentar quatro a seis fo-lhas definitivas. Utiliza-se oespaçamento mínimo entre plantasde 0,7m e 1,2m entrefilas. O plantiopode ser feito em covas ou em sulcos,de setembro a novembro. A adubaçãoconsiste na aplicação de 1 litro decama de aviário adicionada de 30g desuperfosfato triplo por cova de plan-tio. A cama de aviário deve estar bemcurtida e ser bem incorporada ao solojuntamente com o adubo mineral.

Quando as plantas estabelecidas acampo apresentarem cerca de oito adez folhas e iniciarem a emissão dasgavinhas, procede-se o tutoramentodas plantas, que consiste em se disporao lado de cada planta um suporteinclinado, em “V” invertido, ou eretopara a fixação e orientação do cresci-mento da planta. O não-tutoramentodas plantas favorece a ocorrência demicroorganismos fitopatogênicos epragas de solo que atacam folhas evagens. Além disso, o tutoramentofacilita os tratos culturais e incrementao rendimento das batatas e de se-

mentes.A cultura do jacatupé necessita de

uma a duas capinas, até a formação dacopa de ramagens. Com a formaçãodas primeiras gavinhas, é necessárioorientá-las para o crescimento ao lon-go dos tutores. A adubação em cober-tura com 20kg/ha de nitrogênio deveser feita aos 30 dias após o transplan-te. Para aumentar o tamanho da bata-ta, procede-se a eliminação dosprimórdios florais.

A fenologia da planta pode ser divi-dida em cinco estádios:

1o Formação da muda: 30 a 35 dias.2o Desenvolvimento de ramas: 50 a

70 dias.3o Florescimento: 75 a 90 dias.4o Frutificação: 95 a 120 dias.5o Maturação das vagens: 120 a 140

dias.Após a maturação das vagens, ocor-

re o secamento total da parte aérea eparalisação do crescimento da batata.Se a batata não for arrancada, podesobreviver no solo por muitos anos.

A maturação das vagens é demora-da e desuniforme. A produção de se-mentes por planta é de 380g, o queresulta numa produção de 4.524kg/ha. A maturação das sementes, du-rante longos períodos de chuva, favo-rece a ocorrência de fungos dentrodas vagens, afetando a qualidade dassementes.

Nas condições de cultivo do LitoralCatarinense, uma batata fresca pesacerca de 600 a 800g, quando se permi-

Figura 3 -Detalhe da

folhagem e dainflorescência

do jacatupé

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Jacatupé – planta medicinalJacatupé – planta medicinalJacatupé – planta medicinalJacatupé – planta medicinalJacatupé – planta medicinal

te a florada e a formação de vagens esementes. Com a prévia retirada dasflores, antecipa-se o ciclo para a pro-dução de batatas em cerca de 40 diase obtém-se um rendimento médio de3,0kg por batata, o que resulta numaprodutividade de até 35t/ha. As bata-tas mais pesadas atingem 8,5kg, po-dendo chegar até 15kg em regiõestropicais. Na região Norte do Brasil orendimento atinge 10t/ha (1). A bata-ta é macia até um ano de idade, a qualé ideal para o consumo direto. Depoisdisso fica fibrosa, servindo então paraa produção de polvilho de boa qualida-de.

O Banco de Sementes e Mudas dePlantas Medicinais, da Estação Expe-rimental de Itajaí, da Epagri, possuisementes do jacatupé e de outrasespécies de plantas medicinais (Tabe-la 1). A aquisição pode ser feita pormeio do seguinte endereço: CaixaPostal 277, 88301-970 Itajaí, SC, Fone(047) 346-5244.

O Banco de Germoplasma da Esta-ção Experimental de Itajaí, da Epagri,é considerado o segundo maior doBrasil e conta com cerca de 240 espé-cies de plantas medicinais nativas eexóticas. As plantas medicinais doBanco de Germoplasma foramidentificadas botanicamente e anali-sadas fenológica e agronomicamente,visando obter dados que viabilizem ocultivo destas espécies nas condiçõesde Santa Catarina.

Literatura citada

1. CORRÊA, P.M. Jacatupé. In: CORRÊA,P.M. Dicionário das plantas úteis doBrasil e das exóticas cultivadas. Rio deJaneiro: Globo/IBDF, 1969. v.4, p.402-405.

2. VAILLANT, V.; DESFONTAINES, L.Assimilate partitioning in Pachyrhizustuberosus under short days.Physiologia Plantarum, v.93, n.3, p.558-562, 1995.

3. JACATUPÉ. Globo Rural. Rio de Janeiro,v.7, n.75, p.60-63, jan. 1992.

Antônio Amaury Silva Júnior, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 3.161-D, Crea/SC, Epagri,Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277,Fone (047) 346-5244, Fax (047) 346-5255,88301-970 Itajaí, SC.

Tabela 1 – Banco de Sementes e Mudas de Plantas Medicinais

Espécie Nome científico Uso principal(A)

Açafrão-da-índia Curcuma longa Hepatite, micoses, corante e condimentoAgrião-do-brejo Nasturtium ficifolium Broncodilatador, béquicoAlecrim Rosmarinus officinalis Cardiotônico e anti-hipertensorAlfavaca-anisada Ocimum basilicum var. anisatum Carminativo, anti-espasmódico, febrífugoAlfavaca-chinesa Ocimum gralissimum Antisséptico bucal, anticolesterolêmicoAlfavaca-da-horta Ocimum basilicum var. latifolia Afecções respiratórias e renaisAnador Alternanthera pungens Distúrbios hepáticos e digestivosArnica-do-campo Wedelia paludosa AntiinflamatórioArruda Ruta graveolens ParasiticidaArtemísia-romana Tanacetum parthenium Emenagogo, antileucorréicoAveloz Euphorbia tirucalli Verrugas, anti-microbianoBabosa-de-botica Aloe vera Regenerador da pele e tônico capilarBabosa-de-socotra Aloe arborescens Imunoestimulante, purgante e colagogoBaleeira Cordia verbenacea Antiinflamatório, anti-reumáticoBálsamo-alemão Kalanchoe tubiflora Cicatrizante e balsâmicoBardana Arctium lappa Depurativo, diurético, desintoxicanteBeldroega-européia Portulaca oleracea Diurético, vulnerário, cicatrizanteBoa-noite Mirabilis jalapa Drástico, anti-herpético e antissifilíticoBoldão Plectranthus grandis Colagogo, colerético, hipotensorBoldo-japonês Tithonia diversifolia Distúrbios hepáticos e gástricosBucha Luffa cilindrica Purgativo, emético e vermífugoCabaça Lagenaria vulgaris Purgativo, emoliente e depurativoCalêndula Calendula officinalis Cicatrizante e antisséptico da peleCamomila Chamomilla recutita Cistite, conjuntivite, má digestãoCamomila-rauliveira Helenium alternifolium Hepático, febrífugo e digestivoCapim-limão Cymbopogon nardus Relaxante muscular, hipotensor , calmanteCapuchinha Tropaeolum majus Depurativo, antibiótico, afecções da peleCardo-mariano Silybum marianum Tônico, hipertensor, hepáticoCavalinha Equisetum hiemale Diurético, hemostático, mineralizanteChapéu-de-couro Echinodorus grandiflorus Depurativo, antilítico, antiartríticoCitronela Cymbopogon nardus Bactericida, febrífugo e insetífugoCoentro Coriandrum sativum Digestivo, carminativo, depurativoCordão-de-frade Leonotis nepetaefolium Febrífugo, peitoral, balsâmicoEndro Anethum graveolens Estimulante, carminativo, resolutivoErva-ciática Ranunculus repens Anti-reumático, anti-hemorroidárioErva-de-santa-maria Chenopodium ambrosiordes Vermífugo, amebicida, emolienteFáfia Pfaffia glomerata Imunoestimulante, antitumoral, tônicoFel-de-índio Vernonia condensata Desintoxicante hepático, antidiarréicaFuncho Foeniculum vulgare Lactogênico, carminativo, antidispéticoGervão-preto Stachytarpheta jamaicensis Inibidor da secreção gástrica, analgésicoGuaco Mikanta glomerata Broncodilatador, béquicoInsulina Cissus sicyoides Antidiabético, preventivo de derrameJacatupé Pachyrrhizus tuberosus Béquico e diuréticoJambuaçú Spillanthes acmella Analgésico tópico, excitante, antiasmáticoJoão-gomes Talinum racemosus Cicatrizante, vulnerário, béquicoKino Cucumis metuliferus Refrigerante, isotônico e nutritivoLágrima-de-nossa--senhora Coix lachryma-jobi Diurético, anti-hidrópico, analéptico,

antileucorréico, emolienteLipia Lippia alba Sedativo, fortificante cerebralMalva Malva parviflora Oftálmico, odontálgico, antiinflamatórioMalva-cheirosa Pelargonium graveolens Expectorante, calmante, adstringenteMalvão Plectranthus ambomicus Odontálgico, antiinflamatório, emolienteMarcela-do-campo Achyrocline satureoides Eupéptico, antisséptico, antiepiléticoMelão-de-são--caetano Momordica charantia Hipoglicêmico, laxante, vermífugoMelhoral Justicia pectoralis Analgésico, broncodilatador, sedanteMil-folhas Achillea milifolium Anticelulítico, emenagogo, antissépticoOra-pro-nobis Peireskia grandiflora e Nutritivo, regenerador celular, hidratante,

P. aculeata antiinflamatórioPenicilina Alternanthera brasiliana Antiinflamatório e béquicoRubim Leonurus sibirucus Febrífugo, estomático, antieméticoSabugueiro Sambucus nigra Sudorífico, antigripal, anti-hidrópicoSegurelha Salureja hortensis Digestivo, estimulante e antiespasmódicoTansagem Plantago major, P. hirtella e Inflamações bucofaringeanas, dérmicas,

P. australis renais e intestinais, litíase, gastriteUrucum Bixa orellana Anticolesterolêmico, depurativoYacon Polymnia sonchifolia Antidiabético e anticolesterolêmicoZedoária Curcuma zedoaria Úlcera gástrica, distúrbios hepáticos

(A) Tele-vendas: 0800-47-2247 (ligação gratuita).Nota: Maiores informações sobre as espécies e seu uso podem ser encontradas no CD-Rom de

Plantas Medicinais, editado pela Epagri.

o

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LANÇAMENTOSEDITORIAIS

Sistema de produção dearroz irrigado em Santa Ca-tarina (pré-germinado). Sis-temas de Produção nº 32. 80p.

Mais uma publicação da sé-rie Sistemas de Produção, ondeestão reunidas as principais tec-nologias recomendadas para acultura do arroz irrigado em sis-tema de cultivo que utiliza se-mentes pré-germinadas. O tra-balho contou com o apoio daAssociação Catarinense dos Pro-dutores de Sementes de Arroz— Acapsa e foi coordenado portécnicos, especialistas na cultu-ra do arroz, da Estação Experi-mental de Itajaí/Epagri.

O arroz é o terceiro produtoagrícola de Santa Catarina noValor Bruto da Produção, sendosuperado apenas pelo fumo emilho. No ano agrícola 1996/97,foram cultivados 130.182ha, comprodução de 736.669t. O parqueindustrial instalado em SantaCatarina tem capacidade para

absorver cerca de 1.350.000t/ano,superando em muito a produçãoestadual, o que leva os industriaisa valerem-se de importações parasuprir parte do déficit de grãos.

Utilização de esterco desuínos como fonte de nitrogê-nio: bases para adubação dossistemas milho/feijão e feijão/milho em cultivos de suces-são. Boletim Técnico nº 99. 49p.

Segundo o autor Eloi ErhardScherer, pesquisador do Centrode Pesquisa para Pequenas Pro-priedades/Epagri, Chapecó, o prin-cipal objetivo desse trabalho foideterminar a eficiência do estercode suínos no fornecimento de ni-trogênio para as culturas do milhoe feijão cultivados em diferentessistemas de produção. Outro ob-jetivo desse trabalho foi o de ava-liar o efeito residual do esterco edefinir a qualidade do esterco eadubo nitrogenado para cada cul-tura ou sistema de cultivo.

* Estas e outras publicações da Epagri podem ser adquiridas na sede da Empresa em Florianópolis, ou mediante solicitação ao seguinteendereço: GMC/Epagri, C.P. 502, Fone (048) 239-5500, 88034-901 Florianópolis, SC.

Armazenagem na pro-priedade. Boletim Didático nº 23.95p.

Este trabalho foi elaboradopelos engenheiros agrônomosDaniel Dusi, Edison Siminski,Osvaldir Dalbello e Romeu Flamia

com o intuito de difundir de for-ma simples e objetiva as tecno-logias preconizadas pelos técni-cos da Epagri nos cursos pro-fissionalizantes de armazena-gem.

A revista Agropecuária Catari-nense aceita, para publicação, artigostécnicos ligados à agropecuária, desdeque se enquadrem nas seguintes nor-mas:1. Os artigos devem ser originais e en-

caminhados com exclusividade àAgropecuária Catarinense.

2. A linguagem deve ser fluente, evi-tando-se expressões científicas e téc-nicas de difícil compreensão. Reco-menda-se adotar um estilo técnico--jornalístico na apresentação da ma-téria.

3. Quando o autor se utilizar de infor-mações, dados ou depoimentos deoutros autores, há necessidade deque estes autores sejam referen-ciados no final do artigo, fazendo-seamarração no texto através de núme-ros, em ordem crescente, colocadosentre parênteses logo após a infor-mação que ensejou este fato. Reco-menda-se ao autor que utilize nomáximo cinco citações.

4. Tabelas deverão vir acompanhadasde título objetivo e auto-explicativo,bem como de informações sobre afonte, quando houver. Recomenda-selimitar o número de dados da tabela,a fim de torná-la de fácil manuseio ecompreensão. As tabelas deverão virnumeradas conforme a sua apresen-

tação no texto. Abreviaturas, quandoexistirem, deverão ser esclarecidas.

5. Gráficos e figuras devem ser acom-panhados de legendas claras e obje-tivas e conter todos os elementos quepermitam sua artefinalização pordesenhistas e sua compreensão pe-los leitores. Serão preparados empapel vegetal ou similar, emnanquim, e devem obedecer às pro-porções do texto impresso. Dessemodo a sua largura será de 5,7 centí-metros (uma coluna), 12,3 centíme-tros (duas colunas), ou 18,7 centíme-tro (três colunas). Legendas claras eobjetivas deverão acompanhar osgráficos ou figuras.

6. Fotografias em preto e branco de-vem ser reveladas em papel brilhan-te liso. Para ilustrações em cores,enviar diapositivos (eslaides), acom-panhados das respectivas legendas.

7. Artigos técnicos devem ser redigidosem até seis laudas de texto corrido (alauda é formada por 30 linhas com70 toques por linha, em espaço dois).Cada artigo deverá vir em duas vias,acompanhado de material visualilustrativo, como tabelas, fotografi-as, gráficos ou figuras, num montan-te de até 25% do tamanho do artigo.Todas as folhas devem vir numera-das, inclusive aquelas que contenham

gráficos ou figuras.8. O prazo para recebimento de arti-

gos, para um determinado númeroda revista, expira 120 dias antes dadata de edição.

9. Os artigos técnicos terão autoria, cons-tituindo portanto matéria assinada.Informações sobre os autores, quedevem acompanhar os artigos, são:títulos acadêmicos, instituições detrabalho, número de registro no con-selho da classe profissional (CREA,CRMV, etc.) e endereço. Na impres-são da revista os nomes dos autoresserão colocados logo abaixo do títuloe as demais informações no final dotexto.

10.Todos os artigos serão submetidos àrevisão técnica por, pelo menos, doisrevisores. Com base no parecer dosrevisores, o artigo será ou não aceitopara publicação, pelo Comitê de Pu-blicações.

11.Dúvidas porventura existentes po-derão ser esclarecidas junto à Epagri,que também poderá fornecer apoiopara o preparo de desenhos e fotos,quando necessário, bem como na re-dação.

12.Situações imprevistas serão resolvi-das pela equipe de editoração da re-vista ou pelo Comitê de Publica-ções.

Normas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária Catarinense

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Essências florestaisEssências florestaisEssências florestaisEssências florestaisEssências florestais

Remoção de macronutrientes na colheita deRemoção de macronutrientes na colheita deRemoção de macronutrientes na colheita deRemoção de macronutrientes na colheita deRemoção de macronutrientes na colheita deessências florestais plantadasessências florestais plantadasessências florestais plantadasessências florestais plantadasessências florestais plantadas

Mauro Valdir Schumacher eMarcos Vinicius Winckler Caldeira

o Brasil a maioria dos solos sãode baixa fertilidade, tendo como

uma das principais causas as condi-ções de clima tropical, de elevadapluviosidade e temperaturas altas,agentes aceleradores do envelheci-mento dos solos. Desde a antigüidade,têm sido relegados à silvicultura ossolos menos férteis e, geralmente, degrande suscetibilidade à erosão. Podeser colocado como razão o menor va-lor econômico de aquisição desses solosaliado a suposições técnicas de que asessências florestais possuem peque-nas exigências nutricionais, bem infe-rior a das culturas agrícolas.

Na atualidade as pesquisas mos-tram que as essências florestais emdeterminados casos são mais exigen-tes que as culturas agrícolas e que asflorestas conseguem se manter devi-do ao ciclo geoquímico dos nutrientes– que envolve a transferência doselementos químicos para dentro epara fora do ecossistema florestal. Osnutrientes poderão entrar na florestaatravés da precipitação pluviométrica,da poeira, da adubação mineral e or-gânica e também através da fixaçãobiológica (no caso do nitrogênio) e dointemperismo da rocha matriz. Asaída dos nutrientes do ecossistemaflorestal pode ser através do escoa-mento superficial da água, dalixiviação profunda e através de quei-madas, estas em resíduos de colheita.Todavia, no caso de florestas planta-das, geralmente o maior fluxo de nu-trientes para fora do ecossistema ocor-re em função da colheita da biomassaarbórea, principalmente quando en-volve a exportação das árvores intei-ras (1).

Saída de nutrientes pelaexportação da biomassaaérea

A quantidade de nutrientes numecossistema florestal é representadapelo somatório dos nutrientes conti-dos nos diferentes componentes dasárvores (folhas, ramos, casca e lenho),vegetação do sub-bosque, serapilheirae solo. A remoção dos nutrientes deum determinado sítio, em função dacolheita florestal, deve-se principal-mente à exportação dos nutrientescontidos na biomassa arbórea. Poten-cialmente outras perdas podem ocor-rer em virtude da erosão ou dalixiviação após a retirada das árvores,quando o solo fica desnudo.

A exportação de nutrientes é sem-pre proporcional à quantidade debiomassa exportada. Todavia cadacomponente da árvore possui diferen-tes concentrações de elementos quí-micos em seus tecidos, havendo umgradiente que geralmente apresentaa seguinte seqüência: folhas casca ramos lenho. A concentração denutrientes varia ainda de espécie paraespécie e também em função da idadedas árvores. É preciso salientar aindaque ocorrem diferenças consideráveisentre as concentrações de nutrientesnos tecidos das diversas espécies flo-restais, e que algumas árvores podemser consideradas menos exigentes doque outras quanto à retenção dosnutrientes em seus componentes. Aquantidade de nutrientes acumuladospelas árvores está diretamente ligadaàs condições de fertilidade dos dife-rentes sítios.

Exportação demacronutrientes empovoamentos de Pinus

As florestas formadas porconíferas, tanto naturais quanto plan-tadas, quando comparadas com as flo-restas de folhosas, apresentam, demaneira geral, demanda menor denutrientes e principalmente de cál-cio, adaptando-se a solos mais ácidos.Entretanto são notadas grandes vari-ações em função do local e das carac-terísticas de cada espécie.

Estudos sobre o efeito da colheitatotal das árvores (2), usando coníferasde diferentes espécies, na fertilidadedo solo, comprova que a colheita tra-dicional da madeira não empobre-ce o solo, uma vez que o teor denutrientes na madeira é muito baixo.No desbaste, a permanência dos resí-duos da colheita no talhão tem funçãode adubo. Em regiões de clima frio odesbaste promove um aumento datemperatura do solo, causando umamobilização mais rápida dos nutrien-tes da camada de húmus. Com o au-mento da idade, a maior reserva denutrientes móveis da árvore está li-mitada na biomassa da copa. O cortefinal provoca uma súbita mudança naciclagem de nutrientes, quando umagrande quantidade de matéria orgâni-ca retorna ao solo. Como a vegetaçãorasteira da área de corte não é capazde utilizar suficientemente os nutri-entes disponíveis do sistema, ocorreum aumento da lixiviação. A quanti-dade de nutrientes exportados com amadeira retirada depende da idadedas árvores. No início da formação do

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Essências florestaisEssências florestaisEssências florestaisEssências florestaisEssências florestais

cerne, parte dos nutrientes móveiscomo N, P e K são transferidos paraoutras partes da árvore, através dociclo biológico dos nutrientes, enquan-to o Ca acumula-se no caule. Conse-qüentemente, as quantidades de N,P, K exportadas por unidade de volu-me de madeira são maiores na madei-ra jovem que na antiga.

Os resíduos das operações de des-baste na ciclagem de nutrientes têmgrande importância, entre eles, terefeito de adubo; em regiões de climafrio, os resíduos chegam a aumentara temperatura do solo, acelerando amobilização dos nutrientes e au-mentando a atividade dos micro-organismos de decomposição na ca-mada de húmus. O aumento do cres-cimento das árvores remanescentesé, em parte, devido à manutenção notalhão dos resíduos da operação dedesbaste (2).

Em comparação com a colheitaque remove apenas a madeira comer-cial do talhão, a colheita total da árvo-re resulta numa perda de nutrientesao final da rotação que varia de 2 a 4vezes para o N; de 2 a 5 vezes para oP; de 1,5 a 3,5 vezes para o K e de 1,5a 2,5 vezes para o Ca (2). Dependendodas condições do sítio, alguns destesnutrientes poderão ser fatoreslimitantes para o crescimento dasárvores na próxima rotação (2). Emestudo realizado na Índia com Pinuspatula foi estimado, aos 34 anos deidade do talhão, um acúmulo debiomassa de 381,2t contendo 1.911kgde N, 285kg de P, 478kg de K, 2.101kgde Ca e 875kg de Mg (3).

Após o corte final e retirada damadeira de um povoamento de Pinusradiata, com 33 anos de idade, foiestimada a quantidade de 222kg/ha deN na manta orgânica e nos resíduosda colheita e de 8.746kg/ha de N nosolo mineral de 0 a 90cm de profun-didade (4). O fogo disseminado namanta orgânica e nos resíduos dacolheita removeu 139kg/ha de N e aoperação de enleiramento removeu212kg/ha de N da área a ser plantadaem seguida. De acordo com estudosrealizados (4), quando se usou apenasa retirada da madeira comercial doterreno (apenas os resíduos lenhosos

são removidos dos talhões), proporci-onou-se acesso suficiente para o plan-tio e o solo superficial e a mantaorgânica, que são ricos em nutrien-tes, ficarão intactos.

Estudando a distribuição de nutri-entes dos componentes da parte aé-rea de um povoamento de Pinus kesiyacom 16 anos de idade, na região deItirapina, SP, diversos autores (5)verificaram que em termos quantita-tivos, o macronutriente mais abun-dante foi o N, vindo a seguir Ca, K, S,Mg e P.

Exportação demacronutrientes empovoamentos deEucalyptus

O gênero Eucalyptus, ao contráriodo gênero Pinus é mais exigente noque diz respeito ao aspecto nutricional.As florestas de eucaliptos, devido aoseu alto incremento, acumulam ele-vadas quantidades de nutrientes nasua biomassa arbórea. Por essa razãodurante a colheita florestal deve-seretirar somente o tronco e de prefe-rência sem casca, deixando esta e osdemais componentes (ramos, folhas,etc.) sobre o solo do talhão. A perma-nência de toda esta serapilheira ajudaa repor parte dos nutrientes retiradosdo solo, visando manter a produtivida-de do sítio.

Vários autores (6) estudaram abiomassa e a distribuição de nutrien-tes em uma floresta natural deEucalyptus , entre eles o Eucalyptusmarginata , no sudoeste da Austrália,e foi observada que a concentração denutrientes nas folhas e na casca variade acordo com a localização das árvo-res. Cálculos efetuados através dasárvores abatidas evidenciaram que afitomassa total continha por hectare:321kg de N, 13kg de P, 309kg de K,402kg de Ca, 199kg de Mg e 52kg de S.Ficou evidenciado também que o solo,sob a floresta, continha por hectareuma elevada quantidade de elemen-tos químicos totais. Todavia, os nutri-entes na forma disponível, até 1m deprofundidade, achavam-se em quanti-dades bastante limitadas, ou seja: 15kg

de P, 63kg de K, 147kg de Ca, 225kg deMg e 29kg de S. Estes autores salien-tam ainda o perigo de um desequilíbrionutricional em função da exportaçãointensiva da biomassa.

No Rio Grande do Sul (7), foramapresentados os resultados de diver-sas pesquisas com as estimativas debiomassa e conteúdo de nutrientesnum povoamento florestal deEucalyptus saligna aos quatro e oitoanos de idade. Estes autores salien-tam que aos quatro anos a biomassaarbórea acima do solo era de 38,4tcontendo as seguintes quantidades deelementos: 171kg de N, 24,9kg de P,173,8kg de K, 202kg de Ca e 43kg deMg. Aos oito anos a biomassa arbóreado mesmo talhão era de 124,6t/hacontendo 211kg de N, 33kg de P,262kg de K, 334kg de Ca e 75kg de Mg.Outros autores (1) estudaram afitomassa acima do solo num estandeformado por árvores de Eucalyptussaligna com oito anos plantados emAreias Quartzosas, no interior do Es-tado de São Paulo e chegaram a umaestimativa de 106,2t/ha contendo osseguintes nutrientes: 218kg de N,28,5kg de P, 176,3kg de K, 186,2kg deCa e 41,9kg de Mg. Estes autoreschamam a atenção para o baixo con-teúdo de nutrientes disponíveis nosolo até 1m de profundidade e salien-tam a necessidade de uma adubaçãomais racional e de um correto manejodo solo para que a produtividade dosítio seja mantida nas rotações futu-ras.

Através de trabalho de pesquisarealizado na Austrália, em florestasnaturais de Eucalyptus obliqua, esti-mou-se que um determinado po-voamento aos 50,7 anos de idadeapresentava 298t de biomassa por hec-tare, assim distribuídas: 6,9t de fo-lhas, 19,3t de ramos, 44t de casca e227,8t de lenho. Os nutrientes esta-vam contidos na biomassa acima dosolo nas seguintes quantidades porhectare: fósforo 26,7kg, potássio231,6kg, cálcio 309,6kg e magnésio187,3kg (8).

Na Austrália, diversos autores es-timaram a fitomassa nos diversos com-ponentes de uma floresta plantada deEucalyptus grandis com 27 anos,

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Essências florestaisEssências florestaisEssências florestaisEssências florestaisEssências florestais

totalizando 394t/ha e contendo 435kgde N, 25kg de P, 315kg de K, 973kg deCa e 162kg de Mg (9). Estes autoressalientam que o cálcio foi o elementomais extraído pelas árvores devido aogrande acúmulo na casca e sugeremque a colheita das árvores deveria serevitada antes dos quinze anos de ida-de, devido ao elevado teor de nutrien-tes ainda contidos no lenho.

Efetivamente, o teor de nutrientesnos tecidos do tronco vai diminuindoa medida em que as árvores envelhe-cem. Neste aspecto, também a expor-tação de nutrientes por unidade debiomassa retirada da floresta é pro-porcionalmente menor nos talhõesmais antigos, em relação aos maisjovens. Alguns procedimentos pode-riam ser utilizados para minimizar asaída de nutrientes de uma florestaatravés da biomassa e dentre elespoderíamos citar a não utilização defolhas e se possível até da casca.

Em estudo sobre a avaliação daprodução de biomassa e remoção denutrientes em Eucalyptus citriodorae Eucalyptus saligna (10), foramverificadas que as maiores concentra-ções de macronutrientes ocorrem nasfolhas, exceto para cálcio, cuja maiorconcentração está na casca. Os nu-trientes que apresentam maior con-centração na árvore para todos oscomponentes em ordem decrescentesão N > K > Ca > Mg > P.

Diversos autores (10) afirmam queem relação à exportação de nutrien-tes pela planta, o nitrogênio é o nutri-ente mais exportado pela colheita docaule, sendo que o menos extraído é ofósforo. Para todos os macronutrien-tes verifica-se que há grande acumu-lação nas folhas, galhos e casca, porisso durante a colheita deve-se procu-rar não realizar a colheita total daárvore e sim deve-se deixar os compo-nentes acima citados no solo. NasTabelas 1 e 2 é possível verificar adisponibilidade dos macronutrientesnos diversos componentes da árvore.

Diversos autores (1) verificaramque, em geral, as concentrações denutrientes são semelhantes às apre-sentadas em outros estudos (11) paraplantações de Eucalyptus grandis, emsolos de cerrado. Estes autores en-

contraram: galhos e folhas consti-tuem 15,6% da biomassa total, com4,66% dos nutrientes (338kg/ha); ostroncos contêm 388,9kg/ha; o nitrogê-nio é o nutriente altamente acumula-do na copa e o potássio, no tronco.Comparando o conteúdo dos nutrien-tes na biomassa acima do solo do

povoamento de Eucalyptus grandis,como é mostrado na Tabela 3, com osnutrientes do solo (Tabela 4) a umaprofundidade de 0 a 120cm é possívelobservar que este solo não suportapor longo tempo uma plantação flo-restal intensivamente explorada.

Por meio deste trabalho (1), verifi-

Tabela 1 – Quantidades médias de N, P, K, Ca e Mg, em kg/ha, acumuladas pelosdiversos componentes de árvores de Eucalyptus saligna, cultivados na região de Curvelo,

MG, no espaçamento de 3 x 2m, aos nove anos de idade

Componente da árvore N P K Ca M g

------------------------------kg/ha----------------------------------

Tronco 87,82 22,89 60,77 40,51 43,55Casca 59,97 12,93 29,39 142,63 31,98Galho 49,96 5,27 23,04 86,41 28,80Folha 183,74 15,26 27,94 90,99 46,79

Total 381,74 56,35 141,14 360,54 151,12

Tabela 2 – Quantidades médias de N, P, K, Ca e Mg, em kg/ha, acumuladas pelosdiversos componentes de árvores de Eucalyptus citriodora, cultivados na região de

Curvelo, MG, no espaçamento de 3 x 2m, aos nove anos de idade

Componente da árvore N P K Ca M g

------------------------------kg/ha----------------------------------

Tronco 87,82 22,89 60,77 40,51 43,55Casca 59,97 12,93 29,39 142,63 31,98Galho 49,96 5,27 23,04 86,41 28,80Folha 183,74 15,26 27,94 90,99 46,79

Total 381,74 56,35 141,14 360,54 151,12

Tabela 3 – Média do conteúdo de nutrientes (g) por árvore de Eucalyptus grandis aosdois anos e meio de idade

Componente da árvore N P K Ca M g

------------------------------(g)----------------------------------

Tronco 26,4 1,6 9,3 8,4 2,8Casca 5,0 0,4 4,0 2,8 0,4Galho 31,4 2,0 13,3 11,2 3,2Folha 20,3 3,2 31,2 12,2 2,8

Tabela 4 – Quantidade de nutrientes do solo na profundidade 0 a 120cm

P K Ca M g

Nutrientes do solo -----------------------kg/ha------------------------

33 99 312 220

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Essências florestaisEssências florestaisEssências florestaisEssências florestaisEssências florestais

cou-se que 9% da biomassa está conti-da nas folhas, 7% nos galhos e 83% nostroncos. Todavia 37% dos nutrientesestão contidos nas folhas, 10% nosgalhos e 53% nos troncos. Diversosautores (1) recomendam que seriaoportuno evitar a remoção de folhas,galhos e casca do sítio.

A quantia de nutrientes em umecossistema é a soma do conteúdo dosnutrientes da árvore, sub-bosque, pisoflorestal e componentes do solo. Osnutrientes são removidos em colhei-tas primeiramente dos componentesda árvore, com perda potencial deoutros componentes devido à erosão,ao fogo ou à colheita de produtosflorestais menores. Colheitas de rota-ções curtas removem grandes e eleva-das proporções de nutrientes contidosno alburno e casca. Há diferençasentre espécies, não-somente em con-centração de nutrientes de compo-nentes específicos mas também emrazão da acumulação de nutrientes.Notavelmente são relativamente bai-xos os níveis de P em muitas espéciesde árvores na Austrália, há elevadaacumulação de Ca em alguns compo-nentes e diferença entre cerne ealburno. As quantias de nutrientesremovidos durante o corte de árvorespodem ser afetadas para o povoamen-to, em particular no que concerne àfreqüência de derrubada e os compo-nentes removidos (12)

Considerações finais

• Pode-se afirmar que uma dasquestões cruciais na atividade flores-tal é aquela relativa à manutenção daprodução do sítio e, se possível, à daelevação da produtividade. O manejodas florestas em regime sustentadodepende, dentre outros fatores, dadisponibilidade de nutrientes do siste-ma para o crescimento contínuo dasárvores até a colheita, bem como deuma reserva de nutrientes suficien-tes para a próxima rotação.

• Através da exportação de galhos,folhas e casca amplia-se consideravel-mente a saída dos nutrientes doecossistema. Especialmente em solosde baixa fertilidade, onde vêm sendoimplantadas as floresas no Brasil, a

utilização dos chamados “resíduos flo-restais” acelera o empobrecimento dosítio em matéria orgância e nutrien-tes.

• Dependendo das característicasdo solo e das espécies arbóreas utiliza-das, são necessários estudos específi-cos e práticas silviculturais adequa-das para que possam ser prevenidospossíveis desequilíbrios que, a médioe a longo prazos, poderiam compro-meter a produtividade florestal.

• As rotações (cortes da floresta)deveriam variar de acordo com amagnitude de remoção dos nutrien-tes, através da exportação da biomassaarbórea e de acordo com as taxas dereposição natural ou artificial dosnutrientes no ecossistema florestal.

Literatura citada

1. POGGIANI, F.; REZENDE, G.C.; FILHO,N.S. Efeito do fogo na brotação e cres-cimento de Eucalyptus grandis após ocorte raso e alterações nas proprieda-des do solo. IPEF, Piracicaba, v.24, p.33-42, 1983.

2. MÄLKÖNEN, E. Effect of whole-treeharvesting on soil fertility. SilvaFernnica, v.10, n.3, p.157-64, 1976.

3. SING, B. Nutrient content of standing cropand biological cycling in Pinus patulaecosystem. Forest ecology andManagement, Amsterdam, v.4, p.317-32, 1982.

4. HALL, M. Establishment of radiata pine ona high altitude second rotation site. 1 –Effect of site preparation on nutrientcapital. Australian Forestry, Camberra,v.47, n.3, p.194-198, 1984.

5. TIMONI, J.L.; PAGANO, S.N. Caracteriza-ção e quantificação de elementos mine-rais de um povoamento de Pinus kesiyaRoley Ex. Gordon no município deItirapina (SP). Silvicultura, v.11, n.41,p.69, 1986.

6. HINGSTON, F.J.; DIMMOCK, G.M.;TURTON, A.G. Nutrient distributionin a jarrah ecosystem in south – westernAustralia. Forest ecology andManagement, Amsterdam, v.3, n.3,p.183-207, 1981.

7. ANDRAE, F.; KRAPFENBAUER, A. In-

ventário de um reflorestamento deAraucária de 17 anos em Passo Fundo,RS. Parte II: Inventário de nutrientes.In: UFSM. Pesquisas Astro-Brasileiras1973-1982 sobre Araucariaangustifolia, Padocarpus lambertti eEucalyptus saligna. Santa Maria, 1983.P.30-55.

8. ATTIWILL, P.M. Nutrient cycling in aEucalyptus obliqua forest: 3 – growthbiomass and net primary production.Australian Journal of Botany, Mel-bourne, v.27, p.439-458, 1979.

9. TURNER, J.; LAMBERT, M.J. Nutrientcycling whithin a 27-year-oldEucalyptus grandis plantations in newsouth wales. Forest Ecology andManagement, Amsterdam, v.6, n.2,p.155-168, 1983.

10. PEREIRA, A.R.; ANDRADE, D.C.; LEAL,P.G. L.; TEIXEIRA, N.C. Produção debiomassa e remoção de nutrientes empovoamentos de Eucalyptus citriodorae Eucalyptus saligna cultivados na re-gião de cerrado de Minas Gerais. Revis-ta Floresta, Curitiba, v.15, n.1/2, p.8-15,1984.

11. BELLOTE, A.F.J. Concentração, acumu-lação e exportação de nutrientes peloEucalyptus grandis (Hill ex Maiden)em função da idade. Piracicaba: ESALQ,1979. 129p. Tese Mestrado.

12. TURNER, J. Nutrient supply in relationsto immobilization in biomass andnutrient removal in harvesting. In:AUSTRALIAN FOREST NUTRITIONWORKSHOP; Productivity inPerpetuity, 1981. Proceedings...Camberra: CSIRO, 1981. P.263-273.

Mauro Valdir Schumacher, eng. florestal,Dr., professor adjunto do Departamento deCiências Florestais/Centro de Ciências Ru-rais/Universidade Federal de Santa Maria,Fones (055) 220-8444 e 220-8913, Fax (055)220-8695, 97105-900 Santa Maria, RS eMarcos Vinicius Winckler Caldeira, eng.florestal, pós-graduado em Engenharia Flo-restal (área de concentração – silvicultura),Curso de pós-graduação em Engenharia Flo-restal/Departamento de Ciências Florestais/Centro de Ciências Rurais/Universidade Fe-deral de Santa Maria, Fones (055) 220-8444 e220-8336, Fax (055) 220-8695, 97105-900Santa Maria, RS.

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PisciculturaPisciculturaPisciculturaPisciculturaPiscicultura

AAAAAvaliação dos efluentes da pisciculturavaliação dos efluentes da pisciculturavaliação dos efluentes da pisciculturavaliação dos efluentes da pisciculturavaliação dos efluentes da pisciculturadurante a despescadurante a despescadurante a despescadurante a despescadurante a despesca

Osmar Tomazelli Jr. e Jorge de Matos Casaca

produção de peixes de água doceem Santa Catarina, no ano de

1996, foi de 9.455.287kg, uma evolu-ção significativa se comparada com aprodução de 1985 que foi de 207.000kg(1). Neste mesmo período, a áreaalagada, que era de 1.595ha, passoupara 7.554ha. Estes números demons-tram que o aumento de hectares ala-gados somados principalmente aoaumento da produtividade foram osresponsáveis pelo incremento da ati-vidade. Outro fator relevante nesteperíodo foi a adaptação dos sistemasde produção desenvolvidos no Estado,através da piscicultura orgânica(policultivo de peixes integrados aresíduos de animais, oriundos princi-palmente da suinocultura). Esta novaatividade vem obtendo produtivida-des que variam de 2.000 a 6.000kg/ha/ano.

Como regra geral, o sistema semi--intensivo de cultivo de peixes inte-grado a resíduo animal tem um im-pacto positivo ao meio ambiente (2),por reciclar dejetos de alto poderpoluidor, como é o caso dos dejetos desuínos. No entanto, devido à elevadademanda de oxigênio do esterco, exis-te um limite máximo de dejetos possí-vel de ser aportado nos viveiros.

Na região Oeste de Santa Catarinautilizam-se 60 suínos/ha de áreaalagada, com o aporte médio de 35kgde matéria seca/ha/dia, obtendo-seuma conversão de 2 a 4kg de matériaseca/kg de peixe produzido para umabiomassa média final de 5.000kg depeixe.

Para que os nutrientes sejam ade-quadamente removidos do sistema,através da predação pelos peixes oupela reutilização através do metabo-

lismo de organismos tanto planctônicosquanto bentônicos, é necessária umapequena renovação de água (3). Nascondições locais para um viveiro com1ha de área alagada, a água de todo oviveiro é renovada de 45 a 90 dias, atépara viveiros cujo abastecimento deágua é suficiente apenas para repor asperdas por evaporação e infiltração,porque na maioria dos casos são utili-zadas águas provenientes de verten-tes de baixa vazão.

O maior aporte, tanto de nutrien-tes quanto de sedimentos ao meioambiente, se dá durante a drenagempara a despesca. Os nutrientesaportados, como compostos de nitro-gênio inorgânico (principalmenteamônia total), matéria orgânica e ou-tros poluentes em potencial, acumu-lam-se no fundo do viveiro durante operíodo de cultivo, podendo ser libera-dos ao meio ambiente durante as re-novações de água e a drenagem paraa despesca (4).

A despesca vem sendo tradicional-mente realizada na região Oeste coma drenagem total do viveiro e coletamanual dos peixes concentrados emum pequeno volume de água. Um dosfatores que mais chamam atenção é agrande concentração de solo em sus-pensão na água. Interessa saber nes-te momento, se estes efluentes obede-

cem aos parâmetros citados pela le-gislação ambiental em vigor, paraemissão de efluentes líquidos.

O objetivo deste trabalho é iniciarestudos sobre a qualidade do efluenteemitido em viveiros de cultivo depeixes integrado à suinocultura du-rante a despesca.

Material e métodos

Foram estudados três viveiros (Ta-bela 1) escavados em solo argiloso. Ocultivo desenvolvido foi o tradicional-mente utilizado por produtores ruraisna região. A estocagem de alevinos de30g foi realizada com as seguintesespécies: carpa comum (Cyprinuscarpio),carpas chinesas (Hipophthal-michthys molitrix,Aristichthys nobilise Ctenopharyngodon idella), tilápianilótica (Oreochromis niloticus ) e“catfish” africano (Clarias sp.). Oaporte diário de matéria orgânica foireferente a 60 suínos/ha, com a ma-nutenção dos suínos sobre os viveiros1 e 3 (aporte vertical) e com a canaliza-ção dos dejetos de suínos provenien-tes da construção (chiqueiro) situadaa 40m do viveiro 2 (modelo horizon-tal).

As amostras de água foramcoletadas dentro do viveiro, com gar-rafa coletora tipo Van Dorn, em um

Tabela 1 - Características dos viveiros estudados

Área Profundidade Peixes estocados(ha) (m) (no)

1 Vertical 0,09 1,00 4052 Horizontal 0,16 1,15 7203 Vertical 0,16 1,20 720

Viveiro Aporte

A

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PisciculturaPisciculturaPisciculturaPisciculturaPiscicultura

ponto intermediário entre o aporte dematéria orgânica e o sistema de esco-amento, a 30cm da superfície. Asamostras do efluente gerado foramcoletadas externamente aos viveiros,junto ao ponto de saída da tubulação.As coletas iniciaram com os viveiroscheios e as subseqüentes foram reali-zadas a cada um terço de rebaixamen-to do nível de água. Finalizou-se coma coleta de água em cota residual, to-talizando oito amostras por viveiros.

As análises realizadas foram: ni-trogênio amoniacal, pelo método deNessler; oxigênio dissolvido, pelométodo de Winkler modificado pelaazida sódica; pH, determinado compHmetro digital Digimed; tempera-tura, através de um termômetro defilete de álcool colorido e materiaissedimentáveis, determinados peloCone de Inhof com sedimentação du-rante 1 hora. As amostras de águapara análise microbiológica foramcoletadas assepticamente e em segui-da encaminhadas ao laboratório demicrobiologia do Senai, onde foramrealizados os ensaios do número maisprovável (NMP) para coliformes to-tais e fecais (5).

Resultados e discussão

A produção de peixes dospolicultivos foram de 437, 765 e 842 kgpara os viveiros 1, 2 e 3, respectiva-mente, por um período de cultivo de240 dias.

A concentração máxima de mate-riais sedimentáveis permitida paraefluentes pela legislação ambiental(6) é de 1ml em Cone de Inhof, condi-ção esta satisfeita para os três vivei-ros durante a drenagem de 70% dovolume total. A concentração de ma-teriais sedimentáveis aumentou rapi-damente a partir da penúltima cole-ta, quando restou 30% do volume deágua do viveiro, atingindo a máximaconcentração com a água na cota resi-dual (Figura 1). Isto deve-se à concen-tração dos peixes em um pequenovolume de água e às atividades depessoas realizando a despesca. Amaior quantidade observada de ma-teriais sedimentáveis foi no viveiro 1,com 350ml, possivelmente devido a

Figura 1 - Materiais sedimentáveis, em Cone de Inhof, no efluente

este viveiro sofrer forte assoreamento,apresentando uma grande camada deargila no fundo. Na cota residual osviveiros 2 e 3 apresentaram 60 e 50ml,respectivamente. Este é um dos prin-cipais parâmetros que sinalizam anecessidade de se realizar algum tipode manejo em fase final de drenagempara enquadrar estes efluentes aosparâmetros citados na legislaçãoambiental.

A concentração de amônia total,na primeira coleta com o viveiro cheio,foi similar tanto no cultivo quanto noefluente para os três viveiros. Duran-te a drenagem houve uma tendênciade aumento tanto para o cultivo quan-to para o efluente a partir do terçofinal de água (Figura 2). Este aumento

é devido à suspensão da matéria orgâ-nica e amônia acumulada no fundo. Amaior concentração de amônia obser-vada foi de 2,36mg/litro no viveiro 1.A resolução do Conama 86 (7) admitea concentração de amônia total para aemissão de efluentes líquidos de até5mg/litro.

O pH mostrou uma tendência dediminuição à medida que os viveiroseram drenados. Com a suspensão dematéria orgânica acumulada nofundo ocorre um aumento da ativida-de das bactérias em relação às algaslevando a condições de diminuição dopH (Figura 3). O maior e menor valorobservado do efluente foi de 5,8 e 8,0para o viveiro 1. Os valores de pHadmitidos para efluentes estão na fai-

Figura 2 - Amônia total no efluente

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PisciculturaPisciculturaPisciculturaPisciculturaPiscicultura

Figura 3 - pH no efluente

Figura 4 - Oxigênio dissolvido no efluente

Figura 5 - Coliformes fecais no efluente

xa de 5 a 9 (6).A diferença na concentração de

oxigênio dissolvido nas primeiras trêscoletas do viveiro 1 em relação ao 2 e3 se deve ao fato de a despesca desseviveiro ter sido efetuada no período datarde (a ação fotossintética aumenta aconcentração de oxigênio), enquantoque nos outros dois viveiros a despescaocorreu nas primeiras horas da ma-nhã (Figura 4). Para os três viveiros,a partir da drenagem do 1 /3 final dacoluna de água, aumentou o consumode oxigênio, principalmente pela sus-pensão da matéria orgânica deposita-da no fundo e pelo acúmulo dos peixes,chegando a ser menor que 1mg/litrono momento em que se realiza acoleta manual dos peixes (Figura 4).Este é o ponto crucial onde ocorreestresse e mortalidade de peixes, sen-do inadequada esta prática principal-mente quando o objetivo é transportede peixes vivos.

Os microorganismos do grupo doscoliformes não são patogênicos (em-bora algumas linhagens o sejam) esua importância se deve ao fato deserem indicadores de contaminaçãofecal. Os coliformes totais não sãobons indicadores para a piscicultura,uma vez que existem no meiosaprófitas de vida livre (8), não indi-cando necessariamente contaminaçãofecal. Os coliformes fecais indicam aocorrência de uma microflora varia-da, na qual predomina Escherichiacoli, tendo seu habitat exclusivo notrato intestinal. Nos viveiros 2 e 3, aconcentração de coliformes fecais fi-cou abaixo de 1.000NMP/100ml, tan-to para o cultivo quanto para oefluente, elevando-se somente comágua residual na última coleta (Figu-ra 5). Porém, no viveiro 1, enquantose observava a suspensão do materialde fundo, a concentração máxima decoliformes fecais encontrados dentrodo viveiro foi de 5.400NMP/100ml,aumentando para 16.000/100ml comágua residual. No efluente a concen-tração máxima foi de 5.400NMP/100mlno viveiro 2 no final da despesca (Fi-gura 5). Isto não significa que estesefluentes irão impor uma concentra-ção de coliformes nos corpos recepto-res adjacentes, em desacordo com a#

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PisciculturaPisciculturaPisciculturaPisciculturaPiscicultura

legislação ambiental. A legislação es-tabelece os seguintes padrões paracoliformes fecais para o corpo recep-tor (riachos que recebem os efluentes):concentração máxima de 1.000NMP/100ml para águas de classe II e4.000NMP/100ml para águas de clas-ses III e IV. Em estudos anterioresforam relatados valores de coliformesfecais em efluentes da pisciculturaintegrada à suinocultura durante ocultivo, demonstrando valores abaixodos estabelecidos pela legislação paraos rios, ou seja, inferiores ao limite de1.000NMP/100ml de coliformes fecais(9).

Conclusão

Durante a despesca a qualidade daágua diminui rapidamente a partirdos últimos 30% de drenagem, princi-palmente com a elevação da demandaem oxigênio e materiaissedimentáveis. Este último parâmetronão permite que o efluente seja libe-rado ao meio ambiente sem trata-mento prévio, conforme a legislaçãoambiental de Santa Catarina.

Recomendações

Sugere-se capturar a maior parte

possível dos peixes com redes apro-priadas. Deixar a água em repouso atése observar a sedimentação do mate-rial em suspensão. Baixar o nível daágua até o volume residual, interrom-per a drenagem e capturar o rema-nescente de peixes. Após, drenar estevolume residual para uma bacia desedimentação construída a jusante doviveiro ou não liberar esta água aomeio ambiente e proceder ao preparodo viveiro para uma nova etapa decultivo.

Novos estudos devem ser realiza-dos para determinar as concentra-ções de nutrientes deste lodo residuale a sua utilização na agricultura.

Literatura citada

1. EPAGRI. Aquicultura em Santa Catarina;dados de produção. Florianópolis, 1997.Não publicados.

2. KESTEMONT, P. Different systems of carpproduction and their impacts on theenviroment. Aquaculture, 129. N.1/4.p.347-372, 1995.

3. ZANIBONI FILHO, E. O desenvolvimentoda piscicultura brasileira sem a dete-rioração da qualidade de água. RevistaBrasileira de Biologia. No prelo.

4. SCHWARTZ, M. F.; BOYD, C. E. Effluentquality during harvest of channel catfish

from watershed ponds. The ProgressiveFish-Culturist, n. 56, p. 25-32, 1994.

5. APHA. Standard methods for theexamination of water and masterwater.18ed. Washington: APHA/WEF/AWWA, 1992. 1v.

6. SANTA CATARINA, Decreto n. 14.250 de5 de junho de 1981. Regulamenta dispo-sitivos da lei n. 5.793 de 15 de outubrode 1980, referentes à proteção e amelhoria da qualidade ambiental. Diá-rio Oficial de Santa Catarina. Floria-nópolis, 9. jun. 1981.

7. BRASIL. Resolução Conama n. 20, de 18 dejulho de 1986. Diário Oficial (da Repú-blica Federativa do Brasil) Brasília,30 jul. 1986.

8. SHIREMAN, J.V.; CICHRA,C.E. Evaluationof aquaculture effluents. Aquaculture,v.123, p.55-68, 1994.

9. TOMAZELLI JUNIOR, O.; CASACA, J. M.Impacto ambiental da piscicultura noOeste de Santa Catarina. In:REUNIÃO ESPECIAL DA SBPC, 3.1996, Florianópolis, SC. Programa eanais. Florianópolis: SBPC/UFSC, 1996.p. 122 - 125.

Osmar Tomazelli Júnior, oceanógrafo,Epagri/Centro de Pesquisa para PequenasPropriedades, C.P. 791, Fone (049) 723-4877,Fax (049) 723-0600, 89801-970 Chapecó, SCe Jorge de Matos Casaca, méd. vet., Epa-gri, Centro de Pesquisa para Pequenas Pro-priedades, C.P. 791, Fone (049) 723-4877, Fax(049) 723-0600, 89801-970 Chapecó, SC.

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Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998 23

Erosão do soloErosão do soloErosão do soloErosão do soloErosão do solo

Aspectos técnicos e econômicos da erosão emAspectos técnicos e econômicos da erosão emAspectos técnicos e econômicos da erosão emAspectos técnicos e econômicos da erosão emAspectos técnicos e econômicos da erosão emum solo do Oeste Catarinenseum solo do Oeste Catarinenseum solo do Oeste Catarinenseum solo do Oeste Catarinenseum solo do Oeste Catarinense11111

1. Trabalho executado com recursos da FAO/ONU, Projeto Microbacias/Bird e Fepa.

Milton da Veiga, Carla Maria Pandolfo eLeandro do Prado Wildner

erosão provoca redução na pro-dutividade por degradar as ca-

racterísticas químicas, físicas e bioló-gicas do solo. Um dos efeitos diretosda erosão é a redução da fertilidade dosolo, porque remove seletivamenteas partículas mais finas (argila e ma-téria orgânica) e/ou camadas superfi-ciais do solo, as quais apresentam, emcondições de lavoura, maior fertilida-de. A erosão também traz alguns efei-tos físicos, tais como encrostamento,compactação e redução da capacidadede retenção de água no solo, todoscom conseqüências deletérias para ocrescimento das plantas (1).

Existem vários métodos para esta-belecer a relação entre erosão e pro-dutividade do solo. A simulação deerosão, por meio da retirada artificialde camadas de solo, é um deles, apre-sentando baixo custo de execução,rapidez e bom controle sobre as va-riáveis externas (2). Este método,porém, apresenta algumas limitações,sendo que as principais são: não re-produz a seletividade de remoção departículas mais finas e férteis, comoocorre no processo de erosão hídrica,e não possibilita que ocorram os pro-cessos regenerativos naturais do solo(3). Muitos trabalhos foram desenvol-vidos no sentido de estabelecer a rela-ção erosão/produtividade do solo. Con-tudo, a maioria deles, limitaram-se aanálises dos aspectos de perda de soloe de água e produção das culturas, nãosendo efetuada uma análise econômi-ca desta relação.

O objetivo deste trabalho foi avali-ar o efeito da erosão simulada sobre aprodutividade do solo e seu impactoeconômico.

Metodologia

Para atender ao objetivo proposto,foi instalado um experimento noCentro de Pesquisa para PequenasPropriedades – CPPP – Chapecó, cominício em agosto de 1992 e término emmarço de 1996. Este experimentofez parte de uma Rede Internacionalde Pesquisas coordenada pela Or-ganização das Nações Unidas paraAgricultura e Alimentação (FAO/ONU), com assessoria técnica da Uni-versidade East Anglia (Norwich, In-glaterra).

A área onde foi instalado o experi-mento apresenta declividade médiade 14% e vinha sendo utilizada comculturas anuais há mais de dez anos.O preparo do solo era efetuado nosistema convencional, com aração egradeações. As adubações utilizadasnas culturas anteriores eram efetuadasde acordo com a recomendação da

Rolas, e a última aplicação de calcáriohavia sido efetuada cinco anos antesda instalação do experimento.

Foram simulados quatro níveis deerosão. Para isso, removeu-se manu-almente camadas superficiais de solo,equivalentes a 0, 5, 10 e 20cm deprofundidade. As profundidades deremoção de solo (tratamentos) foramefetuadas em parcelas de 5 x 17m, emtrês repetições (blocos casualizados),constituindo-se nas parcelas princi-pais. Cada parcela principal foi dividi-da em três partes (subparcelas), nasquais foram aplicados os seguintessubtratamentos: sem calcário e semadubo (-Calc -NPK); com calcário esem adubo (+Calc -NPK) e com calcárioe com adubo (+Calc +NPK). Uma vistageral de uma parcela, após a remoçãodo solo e aplicação de calcário, é apre-sentada na Figura 1.

As quantidades de calcário e defertilizantes foram aplicadas confor-

A

Figura 1 -Vista geral deuma parcela,

após a remoçãodo solo e

aplicação decalcário

#

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24 Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998

Erosão do soloErosão do soloErosão do soloErosão do soloErosão do solo

me a recomendação da Rolas (4), combase em análises do solo efetuadas emamostras coletadas com trado, emcada parcela, na profundidade de 0 a20cm, após a remoção de solo. Foiutilizada a recomendação que previaa adubação corretiva com P e K (4),pois objetivava-se atingir bons ren-dimentos desde o primeiro cultivo. Ocalcário, o fósforo e o potássio, apli-cados de forma corretiva, foram in-corporados por meio de aração egradeação. O preparo do solo, nosanos subseqüentes, foi realizadopor meio de escarificação e gradea-ção. Na safra 1995/96 (milho), foi apli-cado apenas esterco nossubtratamentos +Calc -NPK e +Calc+NPK, na dose de 10t/ha de cama deaviário (base seca).

Como culturas indicadoras foramutilizados milho (safra 1992/93,safrinha 1994 e safra 1995/96), feijão(safra 1993/94) e soja (safra 1994/95).A semeadura das culturas foi efe-tuada manualmente, utilizando-seespaçamento entre fileiras de 1,00mpara o milho e 0,50m para o feijãoe a soja. Foi utilizada densidade desemeadura projetando-se populaçõesfinais por hectare de 50 mil plantaspara o milho, 200 mil para o feijão e600 mil para a soja. Os tratos cultu-rais, exceto a adubação, foram iguaispara todos os tratamentos esubtratamentos.

A margem bruta foi determinadacalculando-se a receita bruta e oscustos variáveis para cada cultivo. Areceita bruta foi obtida a partir da

produção de grãos por hectare e dopreço mínimo da respectiva culturapara a safra 1997/98. O custo variávelcorrespondeu aos valores da Plani-lha Referencial de Custeio do Bancodo Brasil para a mesma safra (5),excluindo-se os fertilizantes. O custodo calcário, dos fertilizantes e do es-terco de aves, por sua vez, foramcalculados a partir dos dados levanta-dos pelo Instituto Cepa, em SantaCatarina, no mês de outubro/97 (6).Os custos do calcário e dos fertilizan-tes aplicados de forma corretiva (P eK) foram distribuídos entre os cincocultivos.

Neste trabalho serão apresenta-dos resultados de análise do solo, cole-tado no início e no terceiro ano decondução do experimento, do rendi-mento de grãos de milho, de feijão e desoja em rotação de culturas e da mar-gem bruta (renda bruta - custos vari-áveis) para cada cultivo.

Erosão simuladax características químicasdo solo

Na Tabela 1 são apresentados osresultados analíticos das amostras,coletadas após a remoção das cama-das de solo, na profundidade de 0 a20cm. Verifica-se que houve conside-rável alteração nas característicasquímicas do solo, notadamente nostratamentos cujas camadas de soloremovidas equivaleram a 10 e 20cm.Quando se removeu uma camada de10cm, os teores de fósforo e de potás-

sio do solo remanescentes foram re-duzidos para 50 e 45% do teor original,respectivamente. Já a remoção de20cm de solo reduziu os teores defósforo e de potássio para apenas 30 e25% do teor original, respectivamen-te. O teor de alumínio trocável au-mentou em função do menor valor depH encontrado nos tratamentos comremoção de solo. O pH e a matériaorgânica foram as variáveis menosafetadas pela remoção de camadas desolo. Estas alterações são explicadaspelo fato de que, tendo-se removido acamada superficial do solo, parte daamostra foi coletada na camada situ-ada abaixo da camada corrigida e adu-bada nos cultivos anteriores. Destaforma, nas parcelas onde foi removidauma camada de 20cm de solo, pratica-mente toda a amostra foi coletadaabaixo da camada corrigida anterior-mente.

Mesmo não havendo uma correla-ção direta entre a erosão natural esimulada (remoção de camadas desolo), pode-se considerar que os trata-mentos simulam graus de erosão leve,moderado, severo e muito severo.Desta forma, pode ser feita umacorrelação dos resultados obtidos nes-te experimento, com situações de la-vouras que apresentem diferentesníveis de degradação do solo.

A Tabela 2 mostra os resultadosanalíticos do solo após três anosde experimentação. Verifica-se quea aplicação de calcário na doserecomendada para cada parcela(subtratamentos +Calc -NPK e

+Calc +NPK)elevou o pHpara valorespróximos de6,0, elimi-nando o alu-mínio trocá-vel e elevan-do os teoresde cálcio +magnésio. Osteores de po-tássio trocávele de fósforoextraível tam-

Tabela 1 - Resultados analíticos de amostras de solo coletadas na profundidade de 0 a 20cm, após a remoçãoartificial de camadas de solo, em quatro níveis de erosão simulada, em um Latossolo Roxo Distrófico. CPPP/Epagri,

Chapecó, SC, 1997(A)

Profundidade deremoção de solo

(cm)

0 5,2 10 155 4,4 0,7 8,25 5,1 11 109 4,1 0,9 7,1

10 5,0 5 69 3,6 1,3 5,920 4,7 3 39 3,3 2,9 3,9

(A) Médias de três repetições.Nota: mg/litro = ppm, Cmolc/litro = meq/100g.

pH água P disponível K trocável % MO Al trocável Ca+Mg trocável1:1 mg/litro mg/litro m/v Cmolc/litro Cmolc/litro

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Erosão do soloErosão do soloErosão do soloErosão do soloErosão do solo

Tabela 2 - Resultados analíticos de amostras de solo coletadas na profundidade de 0 a 20cm, por ocasião do florescimento da soja(terceiro ano após remoção de camadas de solo), em quatro níveis de erosão simulada e três níveis de correção/adubação do solo.

CPPP/Epagri, Chapecó, SC, 1997(A)

Profundidade Nível de pH água P disponível K trocável % MO Al trocável Ca+Mg trocável(cm) correção 1:1 mg/litro mg/litro m/v Cmolc/litro Cmolc/litro

0 -Calc -NPK 5,3 7 124 3,3 1,2 8,75 5,1 6 84 3,6 1,5 8,0

10 5,0 3 71 3,2 2,2 6,320 4,8 1 63 3,0 2,9 4,8

0 +Calc -NPK 6,2 7 146 3,4 0,0 13,75 6,0 5 104 3,3 0,0 14,1

10 6,2 3 79 3,1 0,0 14,620 6,3 2 61 3,0 0,0 15,0

0 +Calc +NPK 6,1 14 179 3,5 0,0 15,95 6,1 8 143 3,5 0,0 14,5

10 6,0 12 173 3,4 0,0 14,220 6,0 7 187 3,4 0,0 13,2

(A) Médias de três repetições.Notas: a) -Calc -NPK:sem calcário e sem NPK.

b) +Calc -NPK: com calcário e sem NPK.c) +Calc +NPK: com calcário e com NPK.

bém foram aumentados com as adu-bações corretiva e de manutenção(subtratamento +Calc +NPK). Ao fi-nal de três anos, em função das dife-rentes doses aplicadas, os teores pra-ticamente se equivaleram entre ostratamentos. Analisando-se aquelesdados pode-se concluir que, indepen-dente do grau de erosão simulada, afertilidade do solo foi restabelecida aofinal dos três anos de cultivo, nosubtratamento +Calc +NPK. Nestesubtratamento, até mesmo o teor dematéria orgânica foi parcialmenterecuperado, por causa da maior pro-dução de fitomassa e aporte dos resí-duos ao solo.

Erosão simuladax produção

As produções de grãos de milho(três cultivos), de feijão e de soja,obtidas nos quatro níveis de erosãosimulada e três níveis de correção/adubação do solo, são apresentadasna Figura 2. Nota-se que a produçãode todas as culturas foi sensivelmen-

te afetada pela remoção de camadasde solo. A redução na produção foiproporcional à camada de solo remo-vida, sendo a cultura do milho a maisafetada, tanto na safra 92/93 como nasafrinha 94. Nesta cultura, com aremoção de uma camada de 20cm,sem a aplicação de fertilizantes e/oucalcário, a produção foi muito baixa. Ogrande efeito da remoção de solo (ero-são simulada) sobre a produção demilho está relacionado ao fato deter sido removida a camada super-ficial de solo, onde se acumula o ma-terial orgânico mais grosseiro. Coma mineralização desse material sãoliberados nutrientes, principalmentefósforo e nitrogênio, sendo esteúltimo muito exigido pela cultura domilho. Na Figura 3, pode-se obser-var visualmente o efeito da remoçãode 10cm de solo sobre a cultura domilho.

Com a aplicação de calcário houveaumento da produção das culturas,mas esse aumento foi menor para omilho do que para a soja e o feijão, oque confirma a melhor resposta das

leguminosas à aplicação de calcário.Quando foi aplicado também NPK,a produção aumentou sensivelmen-te em todas as profundidades deremoção de solo, havendo maior res-posta no milho. No entanto, mesmocom a recuperação das principais ca-racterísticas químicas do solo, comaplicação de calcário e NPK, a produ-ção nos tratamentos com remoção desolo não atingiu os níveis do trata-mento sem remoção. Isso implica di-zer que a produtividade não pode serrecuperada para os níveis de produti-vidade do solo sem erosão apenas coma aplicação de corretivos e fertilizan-tes químicos nas quantidades reco-mendadas, fato também constatadopor outros autores (2 e 7).

Esta hipótese é confirmada pelaprodução de milho obtida no quartoano de experimentação (safra 1995/96), quando foi aplicado, nossubtratamentos + Calc -NPK e + Calc+ NPK, 10t/ha de esterco de aves.Neste ano, a produção de milho foibem menos afetada pela profundidadede remoção de solo, comparativamen-#

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Erosão do soloErosão do soloErosão do soloErosão do soloErosão do solo

te aos anos anteriores, quando haviasido aplicado calcário e fertilizante. Oúnico tratamento onde houve redu-ção significativa da produção foi comremoção de 20cm de solo e aplicaçãoapenas de calcário nos anos anterio-res, onde havia níveis baixos de fósfo-ro e potássio. A recuperação da produ-

tividade nos tratamentos com remo-ção de solo está relacionada aos efei-tos da adição de grande quantidade dematerial orgânico, tanto nos aspectosde suprimento de macro e micronu-trientes, quanto na melhoria das ca-racterísticas físicas e aumento da ati-vidade microbiana.

Aspectos econômicos daerosão simulada

A Figura 4 mostra as margensbrutas (renda bruta - custos variáveis)das culturas obtidas nos quatro níveisde erosão simulada e três níveis decorreção/adubação. Pode-se observar

Figura 2 - Produção de grãos de milho (três cultivos), de feijão e de soja em quatro níveis de erosão simulada e três níveis decorreção/adubação do solo, em um Latossolo Roxo Distrófico (CPPP/Epagri, Chapecó, SC)

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Erosão do soloErosão do soloErosão do soloErosão do soloErosão do solo

que a exposição das ca-madas mais profundasdo solo (remoção de 10 e20cm) resultou na de-gradação das caracterís-ticas químicas do soloremanescente. Este, porconseqüência, necessi-tou de maior quantida-de de corretivos e ferti-

Figura 3 -Aspecto dacultura domilho com aremoção de10cm de solo

Figura 4 - Margem bruta (receita bruta - custos variáveis) de milho (três cultivos), de feijão e de soja em quatro níveis de erosãosimulada e três níveis de correção/adubação do solo, em um Latossolo Roxo Distrófico (CPPP/Epagri, Chapecó, SC)

lizantes para recuperar as caracterís-ticas químicas. Isto implicou em au-mento nos custos variáveis, o que,associado ao menor rendimento dasculturas, resultou em menor mar-gem bruta. Observou-se grande redu-ção da margem bruta à medida queuma camada mais espessa de solo foiremovida, atingindo, em muitos ca-sos, valores negativos. Todavia, se

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28 Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998

o

Erosão do soloErosão do soloErosão do soloErosão do soloErosão do solo

fossem computados os custos fixos,outras combinações de camada remo-vida e nível de correção/adubação tam-bém teriam apresentado valores ne-gativos. A aplicação de calcário e fer-tilizantes, mesmo tendo recuperadoparcialmente a produção, apresentouvalores negativos de renda bruta coma remoção de 20cm de solo nos quatroprimeiros cultivos.

A cultura do milho foi a mais afe-tada, principalmente o milho cultiva-do na safrinha. Neste caso, a mar-gem bruta foi positiva apenas ondenão foi removido solo e com remoçãode 5cm, com aplicação de calcário eNPK. Extrapolando-se essa observa-ção, pode-se inferir que o milho culti-vado na safrinha somente apresenta-rá margem bruta positiva em lavou-ras com solos com bom nível de con-servação e de produtividade. No mi-lho da safra 1992/93, a margem brutafoi positiva também com a remoçãode 10cm de solo, com aplicação decalcário e de NPK. No cultivo demilho efetuado com aplicação de es-terco de aves (safra 1995/96), a mar-gem bruta foi alta em todas as combi-nações de camada removida e níveisde correção/adubação, exceto nosubtratamento -Calc -NPK, onde nãofoi aplicado esterco. As culturas defeijão e de soja, mesmo sendo menosafetadas que o milho, também apre-sentaram combinações de camadasremovidas e níveis de correção/adu-bação com receita insuficiente paracobrir os custos variáveis de produ-ção.

Desta forma conclui-se que éantieconômica a produção de grãosonde ocorreu erosão severa nestetipo de solo, apenas com a aplicaçãode calcário e adubos químicos. Outrasformas de recuperação da produ-tividade do solo devem, então, serempregadas. Entre estas opções des-tacam-se a utilização de esterco deanimais (aves, suínos e bovinos), bemcomo a de culturas para cobertura erecuperação do solo. A utilização deesterco de aves na dose de 10t/hamostrou-se tecnicamente eficiente eeconomicamente viável. Após a recu-

peração da produtividade do solo, ouseja, da recuperação de suas caracte-rísticas químicas, físicas e biológi-cas, deve-se dar especial atenção àmanutenção dessas característicaspor meio da utilização de práticasculturais e mecânicas de controle daerosão.

Conclusões

• A simulação da erosão, por meioda remoção artificial de camadas desolo, é uma ferramenta importantepara o estudo da relação erosão xprodutividade;

• A produção das culturas reduz-seproporcionalmente ao aumento daespessura da camada de solo removi-da, nos três níveis de correção/aduba-ção;

• A aplicação de calcário e NPKnas doses recomendadas melhora ascaracterísticas químicas do solo, masnão é suficiente para recuperar a pro-dutividade nos tratamentos com re-moção de solo;

• A recuperação do solo degra-dado, utilizando-se apenas calcárioe NPK, é economicamente inviá-vel.

• A utilização de 10t/ha deesterco de aves possibilita a recu-peração da produção de grãos de mi-lho nos tratamentos com maior remo-ção de solo, mostrando-se uma alter-nativa técnica e economicamente viá-vel.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Organiza-ção das Nações Unidas para Agri-cultura e Alimentação (FAO/ONU),pelo suporte financeiro e pelaconsultoria prestada pelo Dr. MichaelStocking (DEV/ODG - UniversidadeEast Anglia).

Literatura citada

1. STOCKING, M. Erosion-induced loss insoil productivity: a review. Roma:

FAO/AGLS, 1984. 103p. (Consultant’s

Working Paper, 1).

2. SPAROVEK, G.; TERAMOTO, E.R;

TORETA, D.M.; ROCHELE, T.C.P.;

SHAYER, E.P.M. Erosão simulada e a

produtividade da cultura do milho.

Revista Brasileira de Ciência do

Solo, Campinas, v. 15, n. 3, p. 363-368,

1991.

3. TENGBERG, A.; STOCKING, M.A.;

VEIGA, M. da. The impact of erosion on

the productivity of a Ferralsol and a

Cambissol in Santa Catarina, southern

Brazil. Soil Use and Management,

Oxford, v.13, p.90-96, 1997.

4. TRIGO E SOJA. Manual de adubação e

calagem para cultivares agrícolas do

Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Porto Alegre: Fecotrigo, n. 56, jul./ago.

1981. 34p.

5. BANCO DO BRASIL. Planilha referencial

de custeio. Campos Novos, 1997, n.p.

6. INSTITUTO CEPA/SC. Mercado agrícola:

Preços pagos e recebidos pelos agricul-

tores em Santa Catarina. Florianópolis,

outubro de 1997. 46p.

7. DEDECECK, R.A. Efeitos das perdas e

reposições de camadas de solo na pro-

dutividade de um Latossolo Vermelho-

-Escuro dos cerrados. Revista Brasilei-

ra de Ciência do Solo. Campinas, v.11,

n.3, p.323-328, 1987.

Milton da Veiga, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.

7.290-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experi-

mental de Campos Novos, C.P. 116, Fone

(049) 541-0748, Fax (049) 544-1748, 89620-

000 Campos Novos, SC, Carla MariaPandolfo, enga agra, M.Sc., Cart. Prof. 7.289-

D, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de

Campos Novos, C.P. 116, Fone (049) 541-

0748, Fax (049) 544-1748, 89620-000 Campos

Novos, SC e Leandro do Prado Wildner,

eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. 42.856-D, Crea-

RS, Epagri/Centro de Pesquisa para Peque-

nas Propriedades, C.P. 791, Fone (049) 723-

4877, Fax (049) 723-0600, 89801-970 Chapecó,

SC.

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Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998 29

Prefeitura apóiaPrefeitura apóiaPrefeitura apóiaPrefeitura apóiaPrefeitura apóiapequenospequenospequenospequenospequenosprodutoresprodutoresprodutoresprodutoresprodutores

ruraisruraisruraisruraisrurais

A inquestionável importân-cia do médio e pequeno produ-tor rural como alavanca de pro-gresso e desenvolvimento dosmunicípios brasileiros tem sidocada vez mais reconhecida.Um bom exemplo disto noschega de Monte Alegre dos Cam-pos, RS, onde a prefeitura, pormeio da Secretaria Municipal deAgricultura, promove a melhoriado nível de vida dos trabalhado-res rurais com diversos progra-mas que demonstram a preocu-pação em desenvolver e fomen-tar a economia agrícola do mu-nicípio.

Monte Alegre dos Camposfica na região dos Campos deCima da Serra, foi emancipadaem 22 de outubro de 1995 efundada em 28 de dezembro domesmo ano. Com cerca de 2.800habitantes, dentre os quais maisde 750 produtores rurais, possuiclima temperado, de inverno ri-goroso, e economia baseada naprodução agropecuária, comdestaque na produção de maçã(quarto maior produtor do Esta-do), uva, pêra, ameixa, figo ebovinocultura.

Segundo informa o enge-nheiro agrônomo Marco Auré-lio Pinto Manozzo, que prestaassistência técnica à Secretariade Agricultura do Município ejunto aos produtores rurais, osprogramas de incentivo rural jáem andamento no municípiosão:

• Programa terra lavrada,que visa o preparo do solo parafuturas plantações.

• Programa de eletrificaçãorural, com financiamento dogoverno do Rio Grande doSul.

• Reflorestamento, com for-necimento de mudas a baixo cus-to, do Viveiro Municipal.

• Programa de piscicultu-ra, em parceria com a Emater-RS;

• Troca-troca do milho,

onde as sementes financiadas sãopagas com equivalente-produto.

• Financiamento de calcário,com custo reduzido e valor con-vertido em quilos de milho.

• Incentivo à análise de solo.• Financiamento de mudas

frutíferas e de arame para insta-lação de pomares, sendo o valor dadívida convertido em quilos deuva.

Além destes trabalhos, o en-genheiro agrônomo desenvolveprogramas de rádio, com infor-mações técnico-agrícolas e reu-niões com agricultores, onde sãodebatidos temas como cuidadoscom os agrotóxicos, custo de im-plantação e manutenção de po-mares e metodologia para realiza-ção de análise de solo. Os técnicosdão atenção especial à capacitaçãoe conscientização quanto à utili-zação dos agrotóxicos e ao uso deequipamentos de proteção indivi-dual (macacão, máscara, luvas,botas e óculos) sempre que hou-ver necessidade de aplicação des-tes produtos.

IV CongressoIV CongressoIV CongressoIV CongressoIV CongressoEstadual deEstadual deEstadual deEstadual deEstadual deEngenheirosEngenheirosEngenheirosEngenheirosEngenheirosAgrônomosAgrônomosAgrônomosAgrônomosAgrônomos

A Associação de EngenheirosAgrônomos de Santa Catarina —Aeasc, o Sindicato dos Enge-nheiros Agrônomos de SantaCatarina — Seagro/SC e o Con-selho Regional de Engenharia,Arquitetura e Agronomia —Crea/SC, atendendo a uma rei-vindicação da classe agronômicacatarinense, realizaram de 8 a11 de setembro, em Florianó-polis, o IV Congresso Estadual deEngenheiros Agrônomos, queteve como temática básica: meioambiente, agricultura familiare agronegócios — oportunidadese desafios para Santa Catarina.

O evento contou tambémcom diversos painéis, entre osquais se destacam: o exercícioprofissional e o mercado de traba-lho do engenheiro agrônomo emSanta Catarina; o debate comengenheiros agrônomos candida-

tos aos cargos de vice-governa-dor, senador, deputado federal eestadual e a apresentação doscandidatos ao cargo de governa-dor do Estado. Se destacou, porocasião do Congresso, a Feira deMateriais e Produtos Agroin-dustriais, um evento institucionalcom expositores como a SouzaCruz, a Macedo Koerich, a Aeasc/Seagro/Uneagro, o Crea/SC e aSecretaria de Estado do Desen-volvimento Rural e da Agricultu-ra.

O IV Congresso Estadual deEngenheiros Agrônomos atingiuseus objetivos ao mobilizar a cate-goria agronômica e formalizaruma proposta de política agrícolapara o Estado de Santa Catarina,identificando as grandes metas aserem alcançadas para o próximogoverno.

Plantio diretoPlantio diretoPlantio diretoPlantio diretoPlantio direto

O III Encontro Estadual dePlantio Direto na Palha e o I Semi-nário Regional de Plantio Diretoforam realizados em Criciúma,nos dias 6 e 7 de agosto, promo-vidos pela Epagri, Seagro-SC,Aeasc e Prefeitura Municipalde Criciúma. Entre os principaisassuntos debatidos destacaram-se:

• Plantio direto na palha noscontextos da agroecologia e daglobalização da agricultura.

• Uso da cobertura e manejode plantas espontâneas em plan-tio direto.

• Manejo da fertilidade no sis-tema de plantio direto.

• Sistemas de cultivos queutilizam o preparo reduzido noLitoral Sul, SC: entraves e pers-pectivas.

• Depoimento de produtoressobre o uso do plantio direto.

• Dia de campo.A erosão da camada mais fér-

til dos solos, a compactação e ocontínuo aumento do custo deprodução, devido à utilização ex-cessiva de agrotóxicos e adubosquímicos, são alguns dos prin-cipais problemas que atingemhoje o pequeno produtor ruralcatarinense.

Protegendo o solo contra os

efeitos da erosão, por manteruma cobertura vegetal perma-nente sobre o terreno e elimi-nando grande parte das opera-ções tradicionais, o plantio dire-to contribui para a recuperaçãoda estrutura e fertilidade dosolo. Ao diminuir a oscilação tér-mica e conservar a umidade doterreno, esta prática promoveum aumento da atividademicrobiana e propicia um me-lhor desen-volvimento do siste-ma radicular das culturas, quese tornam menos suscetíveis asecas e a doenças.

Considerado um sucesso pororganizadores e público, o IIIEncontro Estadual contou com420 participantes, entre autori-dades estaduais e municipais,representantes de empresas,técnicos e agricultores de di-versas regiões do Estado e mo-tivou uma maior adesão da uti-lização do plantio direto emSanta Catarina. Devido à exce-lente receptividade, houve, porparte dos participantes, solicita-ções por novos eventos destanatureza na região e noEstado, além de eventos muni-cipais sobre o assunto. Segundoo depoimento de produtoresrurais que já utilizam esta formade cultivo em suas proprieda-des, o plantio direto é uma prá-tica irreversível e não existeoutro caminho para utilizaçãodo solo de maneira eficiente esustentável.

EmbrapaEmbrapaEmbrapaEmbrapaEmbrapainstalainstalainstalainstalainstala

laboratóriolaboratóriolaboratóriolaboratóriolaboratóriopioneiro nospioneiro nospioneiro nospioneiro nospioneiro nos

Estados UnidosEstados UnidosEstados UnidosEstados UnidosEstados Unidos

A Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária -Embrapa, vinculada ao Ministé-rio da Agricultura e do Abasteci-mento, vai instalar um laborató-rio virtual nos Estados Unidos.Para isso, foi assinado, no dia 28de abril, convênio com o USDA,departamento de agriculturadaquele país, como parte das

FLASHES

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comemorações dos 25 anos deEmbrapa.

O objetivo do LaboratórioVirtual da Embrapa no Exte-rior - Labex - é ampliar a coope-ração científica e tecnológica,explorando novas oportunida-des em pesquisa e negóciosagrícolas entre os dois países. Olaboratório, além de ser a pri-meira experiência para o Brasil,também é inédito em suas ca-racterísticas nos Estados Uni-dos.

O laboratório da Embrapavai permitir identificação deoportunidades e acompanha-mento de avanços científicos.Os pesquisadores brasileiros vãopriorizar estudos em áreas es-tratégicas como biotecnologia,agricultura de precisão e mane-jo integrado de pragas e doen-ças.

O coordenador do Labex é opesquisador da Embrapa SilvioCrestana. Ele explica que “aprospecção do Labex tambémocorrerá na área de planeja-mento estratégico institucio-nal, na análise da relaçãoentre o público e o privado dosnovos modelos de organizaçõesde pesquisa agrícola”. Crestanarevela que a participação de pes-quisadores brasileiros em pro-gramas de pós-graduação emáreas previamente definidastambém é prioritária. Em umaetapa posterior, outras institui-ções do Sistema Nacional de Pes-quisa Agropecuária poderãoparticipar das atividades doLabex.

A escolha dos Estados Uni-dos para instalação do primeirolaboratório virtual brasileirono exterior deve-se a váriosmotivos. Cerca de 35% de todapesquisa científica e tecnoló-gica desenvolvida no mundo éfeita naquele país. Os EstadosUnidos têm a liderança mundialem pesquisa para agricultura declima temperado e o Brasil paraa de clima tropical. Além dissoexiste tradição de cooperaçãoentre os dois países na área agrí-cola, inclusive pela similaridadeem vários aspectos dos sistemas

de produção.Contatos pelo fone (061) 348-

4113.Texto do jornalista Jorge

Duarte.

LaboratóriosLaboratóriosLaboratóriosLaboratóriosLaboratóriosiniciam análisesiniciam análisesiniciam análisesiniciam análisesiniciam análisesde qualidade dede qualidade dede qualidade dede qualidade dede qualidade de

água eágua eágua eágua eágua eagrotóxicosagrotóxicosagrotóxicosagrotóxicosagrotóxicos

Preservar os recursos natu-rais de nosso planeta tem sido ogrande desafio do homem nasúltimas décadas, já que a humani-dade não soube fazer bom uso dasriquezas ambientais postas à suadisposição. Dentre os recursosmais importantes, sem dúvida ne-nhuma a água é fundamental paraa sobrevivência do homem. O usoinadequado e a poluiçãoindiscriminada dos mananciaisnaturais têm reduzido sensivel-mente a disponibilidade de águapotável. Pensando nisso, a Epa-gri, com o apoio do Bird/ProgramaMicrobacias/Governo do Estadoestá implantando em suas unida-des experimentais (Estação Ex-perimental de Itajaí, CPPP/Chapecó, E.E. de Ituporanga, E.E.Caçador e E.E. de Urussanga)uma série de modernos laborató-rios destinados à análise de águae efluentes, capazes de atendertanto as demandas de pesquisa edesenvolvimento, quando as deprestação de serviços à comuni-dade.

Com estes laboratórios aEpagri espera tornar possível aobtenção de resultados de análi-ses de água muito mais rapida-mente, sem a necessidade deenviar amostras para fora do Es-tado, como ocorre em muitos ca-sos. Além disso, com omonitoramento da qualidade daágua no meio rural vai ser possí-vel usar mais adequadamente osagroquímicos e reduzir as descar-gas de produtos industriais noci-vos ao meio ambiente, bem comoa poluição por dejetos animais ehumanos. Como conseqüência,

haverá mais preservação dasfontes naturais de água e umaprodução de alimentos menosagressiva à natureza. As análisesdisponíveis conduzidas nos labo-ratórios são: nitrogênio total eamoniacal, nitrato, nitrito, fósfo-ro total e fosfato (orto), ferro,cloro, potássio, pH, temperatura econdutividade, turbidez, oxigêniodissolvido, demanda bioquímicade oxigênio (DBO) e coliformestotais e fecais. Além destas análi-ses, a E.E. Itajaí e também o CPPP/Chapecó estão implantando umcomplexo sistema para análise deresíduos de agrotóxicos utilizan-do inicialmente o método deCromatografia Líquida de AltaEficiência - CLAE. Numa se-gunda etapa, estes laboratóriosserão ampliados com novos equi-pamentos específicos para análi-se de outros resíduos deagrotóxicos não contemplados naprimeira etapa.

Para mais informações, osinteressados podem contatar aE.E. Itajaí, C.P. 277, 88301-970Itajaí, SC, Fone (047) 346-5244,Fax (047) 346-5255 e E-mail:eeitajai@ melim.com.br e asoutras estações através do siteda Epagri na Internet:www.epagri.rct-sc.br.

Cursos emCursos emCursos emCursos emCursos emagroecologiaagroecologiaagroecologiaagroecologiaagroecologia

A Associação ECO, com sedeem Florianópolis, que há doisanos desenvolve trabalhos comprodução e comercialização deprodutos orgânicos em SantaCatarina, promoveu recentemen-te um curso de produção de açú-car mascavo orgânico, tendo porlocal o município de Paulo Lopes,com aulas teóricas e práticas. Ospróximos cursos em produçãoagroecológica em Santa Catarinaserão:

• Curso de fruticultura orgâ-nica, nos dias 26 e 27 de setembro,tendo por local o município dePaulo Lopes. Palestrante a serdefinido.

• Curso de horticultura or-

gânica, nos dias 24 e 25 deoutubro, em Florianópolis, compalestrante a ser definido.

A taxa de inscrição para cadacurso é de R$ 20,00. Informa-ções sobre os cursos (e tambémconsultorias sobre agriculturaorgânica e biodinâmica, plane-jamento e certificação) podemser obtidas no Comitê Técnicoda Associação ECO, fones (048)334-8717 (Marcelo de Cunto) e(048) 981-1280 (Guilherme Go-mes).

I EnfruteI EnfruteI EnfruteI EnfruteI Enfrute

A Epagri e a Universidade doContestado realizarão, emFraiburgo, SC, de 29/09 a 01/10,o Encontro Nacional sobre Fru-ticultura de Clima Temperado -I Enfrute com a finalidade deatualizar tecnicamente produ-tores, técnicos e estudantes en-volvidos no setor.

No encontro serão apresen-tados os avanços tecnológicospara as culturas da macieira epereira, destacando-se:Epidemiologia doC o l l e t o t r i c h u mgloeosporioides , e daBotryosphaeria dothidea ; Ma-nejo e controle de doenças deverão; Controle biológico deácaros; Eficiência de acaricidasno controle de ácaros; Lagartaenroladeira; Calibração eregulagem de pulverizadores;Porta-enxertos - tendências eperspectivas; O uso de porta-enxertos; Cultivares de maciei-ra promissoras para o Sul doBrasil; Manejo de pomares emalta densidade; Práticas para amelhoria da qualidade da fruta;Raleio químico; Perdas físico-químicas na armazenagem demaçãs; Distúrbios fisiológicos depós-colheita; Aspectos fisiológi-cos na nutrição de fruteiras; Nu-trição de pomares - a visão dapesquisa e Tecnologia para pro-dução de peras japonesas no Suldo Brasil, entre outros. As apre-sentações ficarão a cargo de téc-nicos e pesquisadores do Iapar,Epagri, Embrapa, Jica, UFSM eUFGRS.

Mais informações pelo fone(049) 663-0211.

o

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Sanidade animal é destaqueSanidade animal é destaqueSanidade animal é destaqueSanidade animal é destaqueSanidade animal é destaqueem Santa Catarinaem Santa Catarinaem Santa Catarinaem Santa Catarinaem Santa Catarina

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

Após vários anos de intensas vacinações dos rebanhos animais e umaestratégia modelar de combate às doenças, Santa Catarina atingiu a

privilegiada posição de zona livre de febre aftosa, o que lhe abreas portas do mercado mundial de carnes. Como o Estado chegou a estepatamar e o funcionamento de sua estrutura de vigilância e inspeção

sanitária animal são os principais assuntos desta reportagem.

Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os primeiros Estados a eliminar a febreaftosa dos rebanhos

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uitos se lembram, alguns anosatrás, os enormes prejuízos cau-

sados ao rebanho suinícola catarinensepela peste suína que se alastrou pelaprincipal área produtora do Estado,obrigando o abate de milhares de ani-mais. Recentemente, há dois anos, naInglaterra, surgiu a terrível doençada “vaca louca”, que além de atacar orebanho bovino, causando perdas demilhões de dólares, contagiou perigo-samente os seres humanos, levando,inclusive, à morte de pessoas. E, logono final do ano passado, dezenas demilhares de aves domésticas foramsacrificadas na Ásia em decorrênciade outra enfermidade avassaladora.Diante dessas epidemias e das perdaseconômicas daí decorrentes, cada vezmais os governos dos países e Esta-dos, junto ao segmento produtivo,preparam-se para o desafio de contro-lar e erradicar doenças complexasque requerem um aparato técnicosofisticado e equipes de profissionaisaltamente capacitados e especia-lizados. Em Santa Catarina, esta mis-são vem sendo coordenada pela Se-cretaria de Estado do DesenvolvimentoRural e da Agricultura, através daDiretoria de Vigilância, Defesa e Fis-calização e operacionalizada pelaCidasc - Companhia Integrada de De-senvolvimento Agrícola de Santa Ca-tarina. Graças ao bom desempenhodessa estrutura, Santa Catarina aca-bou de ser reconhecida (também como Estado do Rio Grande do Sul), pelaOrganização Internacional deEpizootias (OIE) - órgão vinculado àOrganização Mundial do Comércio(OMC) - como Zona Livre de FebreAftosa, com Vacinação. Afora os no-mes pomposos, a verdade é que estereconhecimento é concedido a poucasregiões no mundo e no Brasil somen-te estes dois Estados estão nesta situ-ação. E o que é mais importante,permite que estes Estados possamexportar produtos de origem animal(bovinos, aves e suínos), trazendo va-liosos dólares para revitalizar a eco-nomia local. Para se ter uma noçãodos valores envolvidos, basta saberque até 1995 o Brasil exportava nomáximo 20 mil toneladas anuais decarne suína, passando para 65 mil no

ano passado (48 mil com origem emSanta Catarina), e para este anoestão previstas 90 mil toneladasentre os dois Estados, com receitade 190 milhões de dólares, sendo 70mil toneladas exportadas de terri-tório catarinense. Mas não páram poraí os resultados. Este e outros avan-ços ligados à sanidade animal serãoapresentados a seguir nesta reporta-gem.

Legislação moderna eeficaz

A importância da produção animalem Santa Catarina é representada apartir de alguns números de desta-que. O Estado é o primeiro produtornacional de carne de aves e de suínos,somando mais de 1 milhão de dólaresno Valor Bruto da Produção - VBP, oque representa praticamente 39% dototal da produção agropecuária esta-dual. Com apenas 1,12 % do territórionacional, Santa Catarina produziu 13%da produção brasileira de carnes em1997, avaliada em 11 milhões de tone-ladas. A eficiente agroindústriacatarinense participa com 60% dasexportações brasileiras de carne deaves e 80% da carne suína. Estesprodutos fazem do Brasil um grande

M exportador mundial. E com a classifi-cação dos dois Estados do Sul comoárea livre de febre aftosa, estima-seque as exportações de suínos em qua-tro anos atinjam a invejável marca de500 milhões de dólares anuais. Para omédico veterinário Roni Barbosa, quecomanda a Diretoria de Vigilância,Defesa e Fiscalização, responsável peloplanejamento, coordenação e super-visão de todo o trabalho de sanidadeanimal em Santa Catarina, uma gran-de vitória para a sociedade foi a pro-mulgação da Lei no 10.366, de 24 dejaneiro de 1997, que estabelece a po-lítica de defesa sanitária animal noEstado. “Até há pouco nos baseáva-mos numa legislação federal datadade 1934, que já estava ultrapassada.Com esta lei mais moderna, e maisabrangente, aliada ao decreto no 2.919,de 01 de junho de 1998, que regula-menta a lei, podemos tomar medidasmais eficazes no controle de doenças,transporte de animais e seus produ-tos, e apreender e destruir cargascontaminadas, entre outras ações sa-nitárias. Foi um caminho longo edemorado para termos esta lei, masvaleu a pena”, comenta satisfeito. Alei estabelece medidas de combate àsdoenças transmissíveis e parasitáriasdos animais, prevê ações educativas e

Santa Catarina pretende aumentar consideravelmente a exportação de carne suínanos próximos anos

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de controle do trânsito de animais eseus produtos, para evitar riscos dedifusão das doenças no rebanho esta-dual, e estabelece a obrigatoriedadeda fiscalização do comércio e do uso deprodutos veterinários em todo oterritório estadual. Mas um dos pon-tos fortes da nova lei diz respeito àspunições que são rigorosas. Porexemplo, estão previstas multas deaté 100 mil Ufirs (R$ 96.110,00),interdição da propriedade rural,apreensão de animais e de seus pro-dutos e até sacrifício sanitário dosanimais (eliminação), caso infectados.Ainda, o artigo 6 o do decretoregulamentador da lei registra que“os médicos veterinários do Progra-ma Estadual de Defesa Sanitária Ani-mal terão livre acesso às proprieda-des rurais, aos estabelecimentos ou aquaisquer lugares onde possam exis-tir animais, seus despojos, produtos esubprodutos animais ou de uso veteri-nário a inspecionar, devendo execu-tar todas as medidas necessárias dedefesa sanitária animal previstas nalegislação”. E, mais adiante, no artigo14º, consta: “Os animais, seus produ-tos e subprodutos que forem encon-trados no território do Estado de San-ta Catarina em desacordo com a legis-lação sanitária federal ou estadual, ou

desacompanhados de certificação sa-nitária serão apreendidos juntamen-te com os veículos transportadores,devendo os produtos e subprodutosanimais serem destruídos e os ani-mais encaminhados para abate ousacrifício sanitário, não cabendo inde-nização ao proprietário”. As doençasabrangidas prioritariamente pela leisão: febre aftosa, estomatite vesicular,raiva, doença de Aujeszky, tuberculo-se, brucelose, carbúnculo hemático,anemia infecciosa eqüina,encefalomielite eqüina, peste suínaclássica, doença de Neswcastle,pulorose, tifose, salmonelose,micoplasmose e leptospirose. “A lei édura, mas tem que ser assim, casocontrário teremos sempre que correratrás do prejuízo’’, sustenta o Secretá-rio do Desenvolvimento Rural e daAgricultura, Francisco Rzatki, eemenda, “tudo isto foi concebido paratermos condições sanitárias competi-tivas no mercado nacional e internaci-onal e, ao mesmo tempo, contribuirpara a saúde pública de Santa Catari-na”.

Febre aftosaé derrotada

Não é a toa que os médicos veteri-

nários catarinenses comemoram avitória sobre a febre aftosa. Foi umlongo e árduo trabalho, medido emanos de visitas, reuniões, inspeções,vacinações e convencimento de pro-dutores que não acreditavam no valordas vacinas. Conhecida desde o séculopassado, a febre aftosa causava gran-des prejuízos a Santa Catarina. Em1952, com a criação da Secretaria daAgricultura, foi criado também o Ser-viço Estadual de Defesa SanitáriaAnimal que passou a combater a febreaftosa. Em 1963, com a instituição daCampanha Nacional de Combate àFebre Aftosa pelo Ministério da Agri-cultura, o Estado passou a contar commaior apoio técnico. Em dezembro de1965, o então Governador Celso Ra-mos assinou a Lei 3.783, estabelecen-do a obrigatoriedade do combate àdoença. Isto resultou que, em 1971,todos os municípios do Estado fizes-sem parte da campanha de combate.Com a criação da Cidasc, em 1979, aela foi delegada a execução docombate à febre aftosa. Até 1983 fo-ram feitas três vacinações anuais norebanho bovino, diminuindo paraduas a partir de 1984. Com a intensi-ficação da vacinação, houve reduçãogradativa dos focos, culminando, em1991, com o último foco detectado daenfermidade. Desde então a vacina-ção é feita de propriedade em propri-edade por vacinadores comunitários.Como resultado de tudo isso, SantaCatarina está sem febre aftosa nosúltimos sete anos, sendo reconheci-da, portanto, como Zona Livre deFebre Aftosa, com Vacinação. Estaposição privilegiada permite que oEstado comercialize suas carnes empaíses que antes proibiam a entradado produto catarinense, além de abrirnovas fronteiras, como é o caso daItália, Japão e Rússia.

O Gerente Estadual de Pecuáriada Cidasc, o médico veterinário EdsonVeran, que comanda as ações de vigi-lância e fiscalização sanitária no Esta-do, explica que a maior preocupaçãoagora é manter a condição de ZonaLivre. A vigilância sanitária e o con-trole do trânsito de animais suscetí-veis e de seus produtos devem serintensificados. A vacinação semestral

Posto de fiscalização do trânsito de animais e produtos de origem animal em SãoLourenço do Oeste, na divisa com o Paraná

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do rebanho bovino deve continuar pormais algum tempo, até que a situaçãosanitária do Paraná, São Paulo e MatoGrosso do Sul não represente maisrisco de reintrodução da enfermidadeem Santa Catarina. Para combateresta e outras doenças, a defesa sanitá-ria animal abrange as áreas debovinocultura, avicultura, suinocul-tura, piscicultura e outros animais.Além disso, a Cidasc possui um labo-ratório junto com a Embrapa paraexames microscópicos e conta com oPosto Agropecuário de InseminaçãoArtificial de Indaial. Veran esclareceque a Organização Internacional deEpizootias, com sede em Paris, Fran-ça, exige que sejam controladas ouerradicadas uma série de doençaspara que determinado país possaexportar seus produtos animais. OCódigo Zoosanitário Internacionalapresenta a Lista A e a Lista B dedoenças. No primeiro rol estão asenfermidades consideradas mais pe-rigosas, como por exemplo a febreaftosa, estomatite vesicular, pestebovina, peste suína, dermatosenodular contagiosa, entre outras. Nosegundo grupo, estão moléstias me-nos perigosas, mas também restriti-vas, como a doença de Aujeszky,raiva, tuberculose, brucelose,cisticercose, e assim por diante. As-

sim que um foco de uma das doençaslistadas for descoberto, a OIE deter-mina que em 24 horas seja comunica-do ao Ministério da Agricultura, emBrasília, DF, e este tem mais 24 horaspara relatar à OIE. A recíproca tam-bém é verdadeira, qualquer um dos152 países que atualmente fazem par-te da Organização devem comunicaràs outras nações.

Operação BateCascos

Tudo isso requer um eficiente ebem montado sistema de informa-ções, com postos de controle, unida-des móveis, pessoal capacitado. Atu-almente, existem catorze barreirassanitárias fixas instaladas nas divisascom o Estado do Paraná, operando

Figura 1 - Situação sanitária da América do Sul com relação à febre aftosa

Carimbo de inspeção sanitária garante qualidade do produto

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nas 24 horas do dia, e são auxiliadaspor mais 70 unidades móveis de con-trole do trânsito de animais e seusprodutos no interior do Estado. Em1997 foram implantadas 23 Unidadesde Saúde Animal e, em 1998, mais 60unidades locais serão instaladas,dotadas de infra-estrutura de in-formática, veículos e outros equipa-mentos, além de treinamento de pes-soal. Para completar o atendimento aexigências da OIE quanto à manuten-ção de eficaz sistema de vigilância edefesa sanitária, a Cidasc conta com220 médicos veterinários e 160 auxili-ares agropecuários, além de 70 auxi-liares contratados especialmente paraas barreiras sanitárias a partir demaio de 1997.

“Todo o cuidado é pouco”, diz omédico veterinário Edson Veran,mostrando que o vírus da aftosa so-brevive dois anos no aparelho esôfagofaríngeo, sem se manifestar, e sete

meses na medula óssea. Santa Catari-na importa ainda 30% de carne bovi-na, e grande parcela entra pelo Paraná.Por exemplo, se vierem animais deSão Paulo ou Mato Grosso do Sul,uma série de documentos e procedi-mentos são necessários. Tem que tero acompanhamento na origem porum veterinário credenciado, por nomínimo catorze dias, e se vier de árealivre sem vacinação (Uruguai ou Chi-le), os animais têm que ser vacinadosno Estado.

A população catarinense pôde com-provar recentemente a eficiência des-te poderoso esquema de vigilância,através da chamada “Operação BateCascos”, que mobilizou cerca de 250pessoas no período de 60 horas segui-das, iniciadas às 18 horas de sexta--feira do dia 24 de julho e terminandoàs 6 horas da manhã de segunda--feira, dia 27. O objetivo foi o controleda febre aftosa, com a fiscalização dotrânsito de carne com osso e animaisprovenientes do Paraná. Como resul-tado, os técnicos da Cidasc, auxiliadospela polícia estadual e federal, apre-enderam 1.800kg de carne com ossoem Joinville, mais 4.500kg de carneirregular em Rio do Sul e 21 bois vivosforam sacrificados e incinerados em

Figura 2 - Aeroportos, portos e postos de fiscalização na zona livre(Santa Catarina e Rio Grande do Sul)

Nova legislação sanitária permite maior controle e rigor. Na foto, animaiscontaminados com febre aftosa sendo incinerados

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aterro sanitário no município deÁgua Doce. Todas as cargas que pas-saram pelos postos de fiscalização,nas 60 horas da operação, foram visto-riadas e tiveram que apresentar cer-

tificado sanitário. Além das apreen-sões, foram emitidas multas no valoraproximado de R$ 2 mil para os propri-etários das carnes e animais irregula-res. Afora esta mobilização relâmpa-go, a Cidasc está fazendo vistoriasperiódicas nos frigoríficos eabatedouros em todas as regiões doEstado.

Não é só a febre aftosa que estáerradicada, a tuberculose e a bruceloseestão em vias de serem também eli-minadas. Este ano, segundo o diretorda Secretaria Roni Barbosa, será im-plantado o programa que prevê aidentificação de animais infectados, osacrifício e a indenização aosproprietários. Também não há re-gistro de ocorrência de peste suínadesde 1990. Conforme o Ministérioda Agricultura, o Estado é área livredesde 1992. Mas não é só isso, araiva canina já está controlada e asgranjas de suínos receberam o certi-ficado de Granja de Suínos com umMínimo de Doenças (GSMD). Tudoisso culmina com a aprovação sani-tária da exigente Comunidade Euro-péia para exportação de carne de bovi-nos, suínos e aves para os países dacomunidade. Vale ressaltar que este

aval sanitário serve como referencialpara todos os mercados internacio-nais.

Inspeção garante aqualidade do produto

Uma etapa fundamental no pro-cesso de sanidade animal é a questãoda qualidade dos produtos. A vigilân-cia sanitária controla as doenças e ainspeção sanitária visa controlar oabate, a transformação e acomercialização. Nesta fase, atua emtodo o Estado de Santa Catarina aGerência de Inspeção de Produtos deOrigem Animal, chefiada pelo médicoveterinário Paulo Garcia que é asses-sorado pelos médicos veterináriosAdelino Renúncio (setor de carne) eHogeniano Pohlod (setor de leite).“Estamos sempre trabalhando entrea cruz e a espada”, desabafa AdelinoRenúncio, referindo-se à missão daCidasc em orientar e fiscalizar o pro-dutor que quer produzir o máximo deum produto ao custo mínimo e venderao maior preço, enquanto na outraponta está o consumidor, exigente emqualidade e em garantias à saúde e, éclaro, com o menor preço possível.Para realizar esta difícil tarefa, ostécnicos se valem de uma legislaçãofederal que dita normas sobre inspe-ção de produtos de origem animal eque, apesar de meio antiga (datada de1950), ainda “atende adequadamenteàs necessidades da inspeção”, susten-ta o veterinário. Mais recentemente,o Decreto Lei Federal 7.889, de 1989,alterou os artigos 4º e 7º da lei ante-rior, concedendo aos Estados e muni-cípios a competência de legislar, po-rém baseado na lei maior federal.

Renúncio chama a atenção que ainspeção dos alimentos está direta-mente ligada à saúde humana e osgovernos criam instituições compe-tentes para ditar preceitos legais, vi-sando, em última análise, a melhorqualidade de vida do ser humano e obem estar do consumidor. Então, as-sim como a Organização Internacio-nal de Epizootias, ligada à Organiza-

Caixas separadoras de tratamento de efluentes para abatedouros ou frigoríficos,uma das exigências da inspeção sanitária

Higiene e segurança são exigências dainspeção para atender o consumidor

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ção Mundial do Comércio, deliberanormas internacionais que o Ministé-rio da Agricultura, em Brasília, repas-sa aos Estados, da mesma forma oCodex Alimentarius, entidade inter-nacional ligada à Organização Mundi-al da Agricultura e Alimentação - FAO,contata o Ministério da Saúde pararepassar padrões de procedimentos,visando a melhor qualidade dos pro-dutos. Este, por sua vez, articula-secom as vigilâncias sanitárias estadu-ais e estas com as municipais. “Istotudo visa o consumidor”, garante omédico veterinário, e segue explican-do que a Organização Mundial da Saú-de - OMS, outro importante órgãointernacional, classifica os produtosde origem animal como sendo produ-tos de alto risco, “e ela tem uma sábiarazão para isso’’, diz Renúncio. “Comosão produtos de alto teor de nutrien-tes para o homem, também são umótimo meio de cultura para o desen-volvimento de toda a forma demicroorganismos, inclusivepatogênicos”, adverte. Ele esclareceque só no leite se desenvolvem cercade 150 espécies diferentes de micróbi-os, e na vaca que apresenta o proble-ma de mastite nas tetas, dificilmentedeixa-se de encontrar menos de 80tipos de germes.

As principais doenças ligadas aomanejo inadequado de produtos esubprodutos de origem animal comunsao homem são denominadas dezoonoses e se dividem em:

• zoonoses parasitárias — cisti-cercose, hidatidose e toxoplasmose;vermes ou parasitas que têm noanimal doméstico (cães, gatos,bovinos, suínos, ovinos) seus hospe-deiros, transmitindo ao homem a en-fermidade através do simples contatocom as fezes, ou ingestão das suascarnes;

• zoonoses microbianas — leptos-pirose, erisipela, listeriose, aftosa,carbúnculo hemático e tuberculose.

Tem ainda outro grupo, as intoxi-cações alimentares como o botulismo,estafilococos, salmoneloses, clostri-dioses. Estas acontecem geralmentecom alimentos mal conservados ou

mal preparados, por exemplo, as mai-oneses que no verão intoxicam famíli-as inteiras em festas, as latas de con-servas estufadas, vidros mal fechadose ainda o preparo anti-higiênico deprodutos que atraem as bactériaspatogênicas. Adelino Renúncio aindaalerta para outra característica des-tes microorganismos, os quais possu-em espécies que sobrevivem às maisdiferentes temperaturas, desde os -15até + 85 oC.

Outro problema comum encontra-do pela inspeção da Cidasc são asinstalações inadequadas ou maldimensionadas. “Tivemos um dono deabatedouro que construiu tudo dentrodas normas de higiene, mas mantevea altura em 4m, quando o certo seria7m no local do abate do bovino. Alémdisso, ele colocou azulejo até os 4m,quando até 2m já seria suficiente.Assim ele desperdiçou dinheiro, poisuns 3m a mais de coluna de concretoe um pouco a mais de tijolo não enca-receria tanto como os 2m a mais derevestimento cerâmico”, lamenta oveterinário. Ele orienta ainda quepara os pequenos agricultores não éinteressante investir em abatedouros,que são estruturas caras e necessitamtratamento de efluentes, anexos (ba-nheiros, vestiários, instalações admi-nistrativas, etc.), equipamentos sofis-ticados. Um abatedouro médio não saipor menos de R$ 250 mil, calculaAdelino Renúncio. Ele aconselha aosminiprodutores investirem em peque-nas fábricas de embutidos (custo mé-dio é de R$ 25 mil), pois aí o micro-empresário pode agregar valor à ma-téria prima, que geralmente é produ-to barato — sal, farinha, carne desegunda, açúcar, farinha de rosca,etc. E uma ótima notícia chegou paraos pequenos agricultores catari-nenses. O governador Paulo AfonsoEvangelista Vieira assinou, no mês dejulho, a Regulamentação das NormasSanitárias para a Comercialização deProdutos Artesanais Comestíveis deOrigem Animal e Vegetal, a chamadaLei da Agroindústria Artesanal.Esse documento vai garantir a insta-lação de pequenas unidades de

beneficiamento, gerando empregos enovas fontes de renda em Santa Cata-rina.

O serviço de inspeção da Cidascnão teve tréguas este ano. De janeiroa maio foram inspecionados: 23 indús-trias de laticínios, 88 matadouros,mais de 3 milhões de animais abati-dos, 32 fábricas de embutidos e 1,5milhão de quilos de derivados de leite.Ao mesmo tempo foram condenados79 bovinos, 344 suínos e 13.754 aves.Por fim, Adelino Renúncio salientaque hoje já existe em Santa Catarinacapacidade instalada para que todosos produtos de origem animal consu-midos pela população possam serinspecionados.

Doenças que atacam oDoenças que atacam oDoenças que atacam oDoenças que atacam oDoenças que atacam orebanhorebanhorebanhorebanhorebanho

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Curar os rebanhos catarinensesdas suas doenças não significa sósalvar a vida de animais, o que já éalgo obviamente recomendável, mastambém é recuperar ou prevenir oprejuízo do pecuarista e, ainda maisimportante, proteger a saúde do serhumano. O combate e a prevenção àsenfermidades são missõesprioritárias da Cidasc. Os médicosveterinários Luis Carlos CelestinoKirinus, Alfeu Sandrin e ClaudineiMartins, pertencentes à GerênciaEstadual de Pecuária da Cidasc, rela-tam as características das principaisdoenças infecto-contagiosas (algumasjá erradicadas como a aftosa e a pestesuína africana), para esta reporta-gem.

Atualmente em Santa Catarina,entre os bovinos, as doenças maismarcantes são: raiva, aftosa,estomatite vesicular, tuberculose,brucelose, e endo e ectoparasitoses. Araiva já foi uma doença proble-mática no passado, mas há dez anosestá sob controle. Existe dois tipos deraiva: a raiva urbana, transmitida#

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pela mordedura de cachorro e a raivados herbívoros (mais importante eco-nomicamente), provocada pelo mor-cego hematófago que ao sugar o san-gue do animal (bovino, eqüino, ovino,etc.) transmite o vírus causador desintomas nervosos. Por exemplo, nocavalo há perda de controle dos movi-mentos das patas traseiras e andacom as ancas no chão, é o chamado“mal da bunda caída”. O vírus ataca osistema nervoso central, causandodistúrbios nervosos, e ao atingir ocentro respiratório, o animal pára derespirar e morre. Do aparecimentodos sintomas até a morte, geralmentepassam oito a dez dias. Atualmente aCidasc possui dez equipes de controledo morcego, atuando nos mais diver-sos locais, desde cavernas até o sótãodas casas. Com o crescente desma-tamento, os morcegos deixam as flo-restas e passam a ocupar locais urba-nos.

A aftosa (só não ataca os eqüinos)também é transmitida por vírus, sóque este atinge o sistema epitelial, ouseja, a epiderme, a área externa docorpo. Os sintomas são lesões noscascos, feridas (vesículas) nos úberes,aftas na língua, salivação, febre alta.O animal fica estressado, perde o ape-

mitidas por bactérias), classificadascomo antropozoonoses, o que signifi-ca que contaminam os animais e sãopassadas para o homem, e vice-versa.A brucelose ataca basicamente os sis-temas reprodutivos, causando, entreoutros problemas, aborto, retençãode placenta, infertilidade, metrite, etc.Já a tuberculose ataca o sistema res-piratório. É fundamental realizar asinspeções dos locais de abate, porqueo manuseio e o manejo inadequadodos animais podem causar sérios pre-juízos ao homem. Deve-se evitar to-talmente dar os restos de abates paracães e outros animais domésticos,que ao comerem material infectadopodem transmitir moléstias ao serhumano. Caso sejam identificadas asdoenças, o procedimento recomenda-do é a pronta eliminação dos animaisreagentes (portadores). Atualmenteas duas doenças estão controladas noEstado, mas não eliminadas.

Quanto às endo e ectoparasitoses(parasitas internos e externos), fazemparte deste grupo as fascioloses everminoses, os carrapatos, a mosca--dos-chifres, etc. A Cidasc combateestes problemas através da educaçãosanitária, orientando os produtores,por meio de visitas, reuniões, seminá-rios técnicos e assim por diante.Um dos aspectos destacados nosencontros com pecuaristas é aeconomicidade de vermífugos. Apa-rentemente caros, alguns custam emtorno de R$ 180,00 o frasco, a dose poranimal não sai mais do que R$ 8,00 aR$ 10,00 e, infelizmente, existem al-guns que preferem poupar sódesverminando uma parte do reba-nho. “Isto não funciona”, adverte omédico veterinário Luis Carlos Kirinuse justifica: “os animais que não rece-bem a dose, aparentemente sadios,acabam sendo infestados pelos outrosanimais”.

Entre os suínos, as doenças maispreocupantes são a peste suína e adoença de Aujeszky, ambas transmi-tidas por vírus. A chamada pestesuína clássica já foi um grandeproblema em Santa Catarina, quan-do houve grande mortalidade de

tite, diminui o peso. Controlar a aftosatem uma importância vital para qual-quer Estado ou país que quer exportarcarne e seus derivados. O vírus temgrande capacidade de se disseminar,já foi encontrado até em grãos decereais, onde ele se mistura com resí-duos de terra, no chão dos caminhõesde transporte, etc. Por isso é impor-tante ter uma boa estrutura de fisca-lização e defesa sanitária presente emdiversos locais e em pontos estratégi-cos. De quebra, outras doenças tam-bém passam a ser melhor controla-das.

A estomatite vesicular confunde--se com a febre aftosa. Os sintomassão parecidos e infecta os eqüinostambém. Para saber qual a doençaque está atacando os animais, os vete-rinários necessitam de um diagnósti-co diferencial. Os procedimentos depraxe são: coleta de material, ou seja,os epitélios afetados e o sangue, osquais são remetidos para um centroespecializado em doenças vesiculares(que formam vesículas, bolhas, cavi-dades) e que no Brasil é o Laboratóriode Referência para Doenças Vesicu-lares, em Recife, PE.

Outras duas doenças importantessão a brucelose e tuberculose (trans-

Um dos sintomas de febre aftosa: tetas da vaca apresentam aftas,ulcerações generalizadas

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animais há alguns anos atrás. Ossintomas são febre alta, os porcosse amontoam. Na necrópsia (exa-me pós-morte) observa-se lesõeshemorrágicas em vários órgãos: rins,bexigas, fígado, etc. Hoje a peste suínajá está controlada, apesar de às vezesela voltar em alguns locais onde nãotem havido vacinação periódica. Atu-almente existe uma outra forma depeste suína, a denominada formaatípica, que se manifesta no cicloreprodutivo, o vírus ataca o feto antesde nascer, podendo ocorrer absorçãofetal, baixo número de nascimentos,os leitões ficam trêmulos, etc. Pelossintomas esta enfermidade é confun-dida com outras, como a brucelose,parvovirose, doença de Aujeszky. Sóexame laboratorial pode identificarcom precisão a doença.

A doença de Aujeszky é complica-da. Ela causa alta mortalidade de lei-tões, também problemas repro-dutivos. A complicação é que o vírus édo tipo herpes, semelhante ao do ho-mem, ou seja, ele se instala na célula.O suíno é vacinado, mas ficaportador, quer dizer, não pode ir paraoutra propriedade, ter contato comoutros animais, só pode ir para abate.Atualmente a Cidasc e o Centro de

Feto abortado em decorrência da brucelose bovina

Suínos e Aves da Embrapa, em Con-córdia, estão trabalhando em conjun-to para eliminar a doença no Estado,através de abate sanitário (animaissão mortos, mas aproveitados, dife-rente de sacrifício sanitário, em queos animais são destruídos). Atualmen-te estão sendo acompanhadas 40 pro-priedades onde foi detectada a doença.

No caso das aves, as enfermidadesde destaque são a doença deNewcastle, a bronquite infecciosa, e adoença de Gumboro. A Newcastle háquinze anos não aparece em territó-rio catarinense, todavia a Cidascestá atenta, pois se deixar livre, osprejuízos econômicos são enormes.A sintomatologia é a nervosa, istoé, a ave fica trêmula, prostrada,perde a coordenação motora e, na fasemais adiantada, entorta o pescoço. Amortalidade é alta, a causa é umvírus. Outro vírus é a causa da bron-quite infecciosa, também com altoíndice de mortalidade. A sinto-matologia é nervosa e apresenta pro-blemas respiratórios. Detectada a do-ença, é feito o sacrifício sanitário nolote todo. As duas doenças são contro-ladas (prevenção) por vacinação. E,por fim, a doença de Gumboro, igual-mente causada por vírus, só que nãoapresenta tanto problema econômicoaos criadores como as duas anterio-res. O microorganismo ataca o siste-ma imunológico do animal, diminuin-do a resistência, favorecendo a entra-da de outros agentes infecciosos comobactérias, etc. A ave tem diárreia,fraqueza geral. Possui vacina especí-fica.Fígado bovino com fascíola hepática (baratinha do fígado)

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Formigas: indesejáveisFormigas: indesejáveisFormigas: indesejáveisFormigas: indesejáveisFormigas: indesejáveise necessáriase necessáriase necessáriase necessáriase necessárias

As formigas estão presentes emquase todas as partes do planeta,habitando inclusive regiões áridascomo o deserto; apenas não foramencontradas nos pólos gelados. Esti-ma-se que existam cerca de 15.000espécies de formigas; destas, cercade 3.000 vivem nas Américas do Sule Central.

Dentre as milhares espécies deinsetos, as formigas, juntamente comas abelhas e vespas, são considera-das as mais evoluídas. Organizam-seem sociedades com perfeita distri-buição de tarefas e vivem numa es-pécie de regime monárquico, onde arainha comanda seus súditos que seconstituem em castas inferiores (ope-rárias), as quais, vivem e morremem função da rainha, única respon-sável pelo aumento populacional doformigueiro. Todas levam o trabalhomuito a sério e, para começar, nadade sexo, somente a rainha é fecunda-da por vários machos, por ocasião doseu vôo nupcial. Durante toda suavida põem ovos. A rainha da formigasaúva pode viver até vinte anos. Asdemais formigas que habitam o for-migueiro são estéreis.

As formigas possuem regime ali-

mentar bastante variado.A grande maioria dasespécies são predadoras(carnívoras), ou seja, ali-mentam-se de outras es-pécies de insetos, caso dasformigas conhecidas como“lava-pés” muito comumem nossos jardins. Assaúvas, tidas como a prin-cipal praga da nossa agri-cultura, alimentam-se deuma espécie de fungo, quecultivam no interior dosformigueiros, adubando-os com as folhas que cor-tam das plantas e carre-gam para o formigueiro.Ao contrário do que sepensa elas não são vege-tarianas, pois não conse-guem digerir a celulose.

Existem ainda algumas espéciesde formigas chamadas de “doceiras”,que têm uma dieta alimentar líquidae se adaptaram perfeitamente ao nos-so convívio, vivendo em construçõescomo casas, restaurantes e hospitais.Possuem uma exigência nutricionalpróxima àquela do homem, necessi-tando de carboidratos como fonte deenergia para suas atividades e de pro-teínas e vitaminas para sua reprodu-ção e crescimento da colônia.

Embora tenham uma imagem ne-gativa e sejam consideradas pragas,

as formigas têm pa-pel importante noecossistema terres-tre, influenciando avida animal e vege-tal, modificando dire-ta e indiretamente olocal onde vivem. Asnefastas saúvas, quefazem ninhos subter-râneos, são agentesorgânicos da forma-ção dos solos e contri-buem para sua fertili-zação, à medida queincorporam matériasvegetais, além de fa-cilitar sua aeraçãocom a construção degalerias.

Algumas espécies

desempenham papel importante nocontrole biológico natural de lagar-tas desfolhadoras que atacam as cul-turas, e outras são essenciais napolinização de flores e na dissemina-ção de sementes. São importantesna cadeia trófica alimentar, sendofonte de alimento para outros ani-mais como pássaros, sapos, rãs,macacos, tatus e tamanduás. Curio-samente, as formigas podem aindafazer parte do cardápio alimentar dealguns povos. As içás ou tanajurassão muito apreciadas pelas pessoasdo nordeste, que consomem seusabdomens “torrados” como acompa-nhante de aperitivos.

Existem, ainda, algumas referên-cias sobre a utilidade da formiga namedicina. Os índios utilizavam aspoderosas mandíbulas das saúvas(soldados) como suturas deferimentos. O próprio veneno de for-migas do gênero Pseudommyrmexpode ser útil no tratamento de artri-te reumática. Algumas secreçõesácidas de formigas do gênero Atta(saúvas) e Myrmica, possuem pro-priedades antibióticas.

Esses pequenos animaizinhos,que podem parecer criaturas insig-nificantes, têm muita importância einfluenciam a vida na terra, portan-to, merecem ser estudadas para quepossamos cada vez mais compreendê-

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-las no papel que desempenham. As-sim, é necessário se fazer um balan-ço crítico dos aspectos benéficos enão benéficos dessas formigas, que,muitas vezes, por interferência dopróprio homem em seus habitas, setornam pragas ocasionais.

Com relação às formigas umacoisa é certa, jamais conseguiremosexterminá-las, mesmo que possamosdesenvolver as mais poderosas ar-mas químicas. Se quisermos tê-lascomo inimigas, é bom sabermos queelas já habitavam a terra há pelomenos 300 milhões de anos antes dopróprio homem e, portanto, estãomuito mais preparadas e adaptadasàs nossas condições e, sem dúvida,por isso sobreviverão à existência dahumanidade.

Texto de José Maria Milanez, pes-quisador do Centro de Pesquisa paraPequenas Propriedades/Epagri,Chapecó, SC.

I Encontro Estadual deI Encontro Estadual deI Encontro Estadual deI Encontro Estadual deI Encontro Estadual deEngenheiros AgrônomosEngenheiros AgrônomosEngenheiros AgrônomosEngenheiros AgrônomosEngenheiros Agrônomos

do Projetodo Projetodo Projetodo Projetodo ProjetoMicrobacias/BirdMicrobacias/BirdMicrobacias/BirdMicrobacias/BirdMicrobacias/Bird

O I Encontro de EngenheirosAgrônomos do Projeto Microbacias/Bird contratados pelas prefeiturasmunicipais em convênio com a Epa-gri, promovido pelo Sindicato dosEngenheiros Agrônomos de SantaCatarina – Seagro-SC, foi realizadono dia 30 de julho, na sede da Epagri,em Florianópolis. Neste encontroforam apresentados os resultados doprojeto até a presente data, a atualsituação do produtor rural catari-nense e os planos em andamentopara o Projeto Microbacias II. Osagrônomos, por sua vez, tiveramoportunidade de discutir as dificul-dades e os problemas profissionaisatuais, de forma a buscar soluçõespara o futuro, e de apresentar suges-tões para o novo projeto.

Considerado um divisor de águasna agricultura catarinense, o Proje-to Microbacias/Bird veio ao encontrode uma conscientização crescente da

necessidade de conservação do solo,água, fauna e flora pela sociedade, quepercebeu o quanto o mau uso dosrecursos naturais se reflete em preju-ízos ambientais, econômicos e sociais,seja pela falta de água potável, enchen-tes, custo e qualidade dos alimentosou o crescimento do número e tama-nho de favelas nas grandes cidades.

O Projeto Microbacias/Bird, que seencerra em dezembro deste ano, jásuperou as expectativas em termosde resultados alcançados. Foram 534microbacias trabalhadas, 546.600hacom utilização conservacionista dosolo, atingindo 206 municípios e qua-se 90.000 famílias de agricultores.Grande parte destes ótimos resulta-dos se deve aos 126 engenheiros agrô-nomos do convênio Epagri/Prefeitu-ras Municipais, que atuam junto aosagricultores promovendo a adoção domanejo sustentável dos recursos na-turais, o aumento da produtividade ea melhoria do nível de vida nas peque-nas propriedades. Este trabalho, ini-ciado em 1991, possibilitou um maiorcontato de pesquisadores e técnicoscom a realidade do meio rural, com oretorno dos resultados de pesquisa elevantamento de questões e proble-mas não previstos no projeto inicial.Permitiu também avaliar com preci-são a dimensão dos problemas da agri-cultura familiar.

Os resultados alcançados junta-mente com a boa receptividade porparte dos produtores e com o conheci-mento acumulado em todos estesanos, resultaram na elaboração deum novo plano em microbacias. Comnovo financiamento internacional, oProjeto Microbacias/Bird II tem comoprincipais objetivos dar continuidadeao trabalho que está sendo realizadoem conservação ambiental e à valori-zação das famílias rurais, atuando emnível de educação, infra-estrutura,saneamento, incremento da renda eorganização da agricultura familiar,visando com isso reverter o processode empobrecimento rural e criar pers-pectivas de futuro, principalmente parajovens.

Entre as propostas deste primeiroencontro de engenheiros agrônomosconveniados estão: o pagamento do

salário mínimo profissional; a valo-rização da experiência na execuçãodo Projeto Microbacias/Bird II; oacompanhamento de representan-tes do grupo na equipe do Plano-Tarefa, encarregada da elaboraçãodeste projeto; melhores condiçõesde trabalho e estabilidade profissio-nal. Ficou decidido também a reali-zação do segundo encontro, que acon-tecerá por ocasião do IV CongressoEstadual de Engenheiros Agrôno-mos, de 8 a 11 de setembro, emFlorianópolis. Foi sugerido, ainda, oencaminhamento de um documentoao Governo Estadual propondo que oProjeto Microbacias ganhe a condi-ção de programa oficial permanentena Secretaria de Estado do Desen-volvimento Rural e da Agricultura.

Plantas medicinais éPlantas medicinais éPlantas medicinais éPlantas medicinais éPlantas medicinais étema de jornadatema de jornadatema de jornadatema de jornadatema de jornada

científica emcientífica emcientífica emcientífica emcientífica emSanta CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaSanta Catarina

A perspectiva de que nas flores-tas tropicais pode ser encontrada acura para diversos tipos de câncer,da Aids e de muitas doenças queacometem o ser humano e animaisabre espaço para que governos, enti-dades privadas e governamentais,universidades, institutos de pesqui-sa invistam em estudos detalhadosda flora medicinal. E, tendo em vistaque o alto custo dos remédios tradi-cionais tem discriminado a popula-ção mais carente, a OrganizaçãoMundial da Saúde – OMS conclamoutodos os países membros, entre eleso Brasil, a pesquisarem e utilizarema flora nativa como forma alternati-va de terapia. Para se ter uma idéia,segundo a OMS, mais de 3 bilhões depessoas em todo o mundo estão mar-ginalizadas quanto ao uso dosfármacos convencionais, sendo queno Brasil já são mais de 50 milhõesde pessoas. Estas informações, en-tre outras, foram reveladas por oca-sião da I Jornada Catarinense dePlantas Medicinais, realizada re-centemente pela Universidade do#

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Sul de Santa Catarina, em Tubarão,SC. Este evento teve como entidadesrealizadoras, entre outras, Epagri,Cidasc, Ceasa e Instituto Cepa (em-presas da Secretaria de Estado doDesenvolvimento Rural e da Agri-cultura, mais a Câmara Setorial dePlantas Medicinais e Ornamentais),Secretaria de Estado da Saúde, Fun-dação Viva Vida do Governo do Esta-do de Santa Catarina, Centro deCiências Agrárias/Centro de Ciên-cias Biológicas da Universidade Fede-ral de Santa Catarina – UFSC, Uni-versidade do Vale do Itajaí – Univali(Faculdade de Farmácia e Bioquími-ca), Universidade do Extremo Sul deSanta Catarina – Unesc, Centro deCiências Exatas e Naturais da Furb– Blumenau, Secretaria do Meio Am-biente de Balneário Camboriú e,como promotora, a Universidade doSul de Santa Catarina – Unisul, atra-vés dos cursos de agronomia, farmá-cia, enfermagem e serviço social.

O evento contou com a presençade renomados especialistas em plan-tas medicinais que debateram temascomo: extrativismo e domesticaçãode plantas medicinais, biotecnologiade plantas medicinais, etnobotânicae etnofarmácia, fitoquímica, toxico-logia e farmacologia, fitoterapia em

saúde pública, mercado de plantasmedicinais, manipulação de plantasmedicinais, produção e controle dequalidade de fitoterápicos, entre ou-tros. Na opinião do engenheiro agrô-nomo e pesquisador Antônio AmaurySilva Jr., pesquisador da Epagri ecoordenador técnico-científico do even-to, a I Jornada foi um marco pioneiro

Plantas como o maracujá têm princípios ativos medicinais ao alcance da populaçãomais carente

A capuchinha contém um antibiótico natural

para o desenvolvimento da área emSanta Catarina. O pesquisador reve-lou também que o evento promoveuo encontro e a integração de técni-cos, pesquisadores, cientistas, pro-fessores, acadêmicos, produtores, co-merciantes, editores, expositores,industriários e a comunidade emgeral. Procurou também resgatar eestabilizar a credibilidade, com rigortécnico e científico, do uso seguro deplantas medicinais, fazendo com queos usuários sejam beneficiados como uso correto. Segundo Amaury Sil-va Jr., houve a preocupação de esti-mular e ampliar o relacionamentoda área técnico-científica e produto-res com a indústria farmacêutica,herbanários e congêneres. Ainda,procurou-se promover e divulgar tra-balhos e ações que visem a preserva-ção de recursos genéticos nativos,evitando o extrativismo, bem como oconhecimento de suas respectivaspropriedades fitoquímicas e terapêu-ticas.

CD-ROM

Um dos pontos altos da I Jornadafoi o lançamento de um CD-ROMintitulado Plantas Medicinais, de au-toria do pesquisador Amaury Jr. –

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que há dois anos realiza pesquisas naárea – e do programador ÁlvaroConstâncio, responsável direto portodas as etapas de informatização,programação e multimídia do CD--ROM. É a obra mais completa dogênero no Brasil. O trabalho reúnecerca de 400 páginas de informaçõesagronômicas, fitológicas, etnobo-tânicas, farmacológicas e toxi-cológicas de mais de 200 plantas me-dicinais nativas e exóticas, muitasdelas comprovadas cientificamentecom base farmacológica e clínica. OCD reúne ainda um acervo de quase350 fotos ilustrando a planta inteira,flores, frutos ou outras estruturasespecializadas da planta.

As pessoas interessadas em maisinformações sobre o evento e emcomo adquirir o CD-ROM sobre plan-tas medicinais poderão contatar opesquisador da Epagri no seguinteendereço: Estação Experimental deItajaí, Rodovia Antônio Heil, km 6,C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, Fone(047) 346-5244, Fax (047) 346-5255.

Agricultor vende diretoAgricultor vende diretoAgricultor vende diretoAgricultor vende diretoAgricultor vende diretoem feira agroecológicaem feira agroecológicaem feira agroecológicaem feira agroecológicaem feira agroecológica

Cada vez mais o consumidor bra-sileiro está a exigir qualidade nosprodutos e alimentos comercializadosem feiras, supermercados, etc. Umapesquisa realizada entre julho e de-zembro de 1997, na região de Lages,SC, mostrou que os consumidorestêm maior aceitação por produtossem agrotóxicos e adubos químicos,alegando como principal vantagemdestes alimentos a questão da saúdeindividual. Além disso, a pesquisamostrou que os pequenos agriculto-res familiares estão dispostos a saí-rem de suas propriedades, uma vezpor semana, para venderem suasproduções diretamente aos consu-midores urbanos.

Com o crescimento da produçãoorgânica ou agroecológica, produtosmais saudáveis e nutritivos são colo-cados à disposição da população e, aomesmo tempo, começam a surgir

novas possibilidades de comercia-lização dos produtos ditos alternati-vos para os pequenos produtores, queassim agregam valor à sua produçãoagropecuária. Um dos principais ca-nais que estão se abrindo são as feirasagroecológicas que possibilitam o con-tato direto dos agricultores e consu-midores, evitando a intermediação aqual normalmente acresce os custosdos produtos. Para verificar a viabili-dade de comercializar produtosagroecológicos (frutas e hortaliças) ecoloniais (melado, mel, pães, salame,queijo, etc.) de agricultores familiaresdo Planalto Serrano Catarinense emfeira no município de Lages, SC, trêsentidades não-governamentais – As-sociação de Desenvolvimento e Incen-tivo à Pequena Agricultura de Grupo(Adipagru), Centro Vianei de Educa-ção Popular (Vianei), Centro de Estu-dos e Promoção da Agricultura deGrupo (Cepagro) – encomendaramuma pesquisa de opinião com os habi-tantes da referida cidade e um levan-tamento de dados para verificar ointeresse dos agricultores em partici-par de uma feira municipal. Foramelaborados dois questionários, um parao mercado consumidor e outro para omercado produtor, com perguntas fe-chadas e de caráter intencional. Cercade 150 pessoas de Lages que freqüen-

tavam os principais supermercadose o mercado público local foram en-trevistadas, visando identificar astendências dos consumidores quan-to à possibilidade de adquirir produ-tos agroecológicos. Os 30 agriculto-res consultados foram indicados pe-las organizações demandantes e poroutras instituições apresentadas porelas. A investigação foi realizada porCarlos María Pérez, sociólogo e mes-tre em sociologia política, e por Os-car José Rover, agrônomo emestrando em sociologia política naUniversidade Federal de Santa Ca-tarina.

Consumidor preocupa-secom a saúde

No início da entrevista, os consu-midores foram esclarecidos sobre adiferença entre produtos convencio-nais e agroecológicos (não utilizamagrotóxicos e adubos solúveis). Apesquisa mostrou que o item saúdeindividual foi o mais apontado pelosconsumidores e a porcentagem au-mentava à medida que crescia o graude escolaridade e de renda dos entre-vistados. Mesmo nos níveis maisbaixos de instrução formal e renda, asaúde individual é o benefíciodeterminante que faz qualquer dos

Consumidores lageanos já têm a seu dispor feira de produtos agroecológicos #

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entrevistados preferir os produtosagroecológicos. Estes dados são pa-recidos com os do levantamento fei-to por mestrandos do curso deagroecossistemas do Centro de Ci-ências Agrárias, da UFSC, em su-permercados de Florianópolis, em1996, estudo que foi publicado poresta revista na edição de dezembrodo mesmo ano. Outra informaçãoimportante da investigação é o fatorproximidade e comodidade para com-pra de hortifrutigranjeiros. Preço,qualidade e proximidade são os mo-tivos que mais levam os consumido-res ao seu local de compra, sendo ossupermercados os que reúnem esteconjunto de preferências. Não querdizer, no entanto, que apenas ossupermercados podem satisfazer es-tas demandas dos consumidores, massim que, das possibilidades coloca-das, são eles que melhor respondema tais requisitos. Neste sentido, olevantamento mostrou que a pers-pectiva apresentada pelos agriculto-res entrevistados e suas organiza-ções para estruturação de uma feirapode ter potencial, desde que se con-sidere alguns fatores do mercadoconsumidor, quais sejam: proximi-dade de um número substancial deconsumidores, qualidade de serviçosa eles oferecidos e preço. E foi istoque aconteceu. Segundo informa oagrônomo Oscar Rover, hoje já estámontada em Lages a primeira feirade produtos agroecológicos e colo-niais, aos sábados, em local de bomafluxo de pessoas, o bairro Coral.Uma das vantagens da feira é que ospreços não são maiores que os prati-cados nos supermercados e quitan-das da cidade.

Após concluída a investigação, quetambém apresentou outros dados in-teressantes, as entidades contra-tantes, diversos agricultores asso-ciados e representantes da associa-ção do bairro Coral realizaram emLages um seminário regional paradiscutir os resultados da pesquisaque levou à estruturação da referidafeira. Carlos Maria Pérez e OscarJosé Rover entendem que a questãoda comercialização e agregação devalor aos produtos são pontos funda-

mentais para os agricultores organi-zados. Eles recomendam que, além dafeira, as organizações representativae de assessoria dos agricultores deve-riam discutir e analisar a possibilida-de de constituir esquemas decomercialização de seus produtos tam-bém com os supermercados, restau-rantes e quitandas. Isto, aliado a umtrabalho de assessoria aos agriculto-res que garanta maior qualidade emelhor distribuição dos produtos aolongo do ano, pode ampliar considera-velmente o mercado para produtoshortifrutigranjeiros e coloniais na re-gião, dinamizando o mercado e o de-senvolvimento regional.

BaculovirusBaculovirusBaculovirusBaculovirusBaculovirus controla controla controla controla controlamandarová da mandiocamandarová da mandiocamandarová da mandiocamandarová da mandiocamandarová da mandioca

A pressão da sociedade organizadae as demandas da população por ali-mentos mais saudáveis e um meioambiente (solo, água e atmosfera) li-vre de poluições têm levado governose indústrias a desenvolverem produ-tos de mínimo ou nenhum risco ambi-ental, a exemplo do controle biológicode pragas. Em Santa Catarina, a Esta-ção Experimental de Itajaí da Epagri,em trabalho pioneiro da pesquisadoraÁurea Teresa Schmitt, constatou apresença, na década passada, no Lito-ral Sul do Estado, de um vírus queataca a lagarta da mandioca, terrívelpraga da cultura. A pesquisadora veri-ficou que o vírus recolhi-do das lagartas mortas earmazenado adequada-mente poderia ser utili-zado no combate à lagar-ta (também chamada demandarová oumarandová), substituin-do os agrotóxicos nor-malmente utilizados.Esta nova técnica pro-vou ser eficiente e bara-ta, sendo inofensiva aohomem e à natureza.Passado mais de umadécada desde a descober-ta, agora Áurea está pre-parando o registro defi-

nitivo deste produto biológico juntoao Ministério da Agricultura parapossibilitar a sua multiplicação, ven-da e manuseio adequado.

A cultura da mandioca ocupa umlugar de muita importância social eeconômica em Santa Catarina, poisapresenta uma produção estimadade 431 mil toneladas e envolve maisde 69 mil agricultores em regime depequena propriedade familiar. Al-guns inseticidas químicos utilizadospelos agricultores, além de tóxicos,não possuem registro no Ministérioda Agricultura para controle da la-garta, cientificamente denominadaErinnyis ello ello, o que fortaleceainda mais a necessidade de um con-trole biológico. O primeiro contatoda pesquisadora da Epagri com ovírus foi feito na safra de 1980/81,nos municípios de Içara e Jaguaruna,no Sul do Estado. O vírus foi posteri-ormente identificado tecnicamentee passou a ser chamado deBaculovirus erinnyis. Devido aosmais de dez anos de experiência nouso do vírus em Santa Catarina, osataques de mandarová diminuírambastante. Agora outros Estados epaíses próximos, que apresentamproblemas com a praga, estão inte-ressados em adotar a técnica desen-volvida pela Estação Experimentalde Itajaí.

Como aplicar o Baculovirus

O Baculovirus provoca uma do-ença no mandarová, causando sua

O marandová da mandioca desfolha a planta e causaprejuízos econômicos relevantes

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morte. Quando as lagartas comemas folhas da mandioca contaminadaspelo vírus contraem a doença. Apóstrês ou quatro dias, começam a per-der sua capacidade de locomoção ede alimentação, ficando com o corpoamolecido e desbotado. As lagartasmortas pelo vírus ficam dependura-das nos pecíolos de cabeça para bai-xo. O Baculovirus é obtido através doesmagamento das lagartas recém--mortas, cujo suco, misturado comágua, é coado com um pano limpo emuma vasilha, ou passado em umapeneira fina, para não entupir o bicodo pulverizador que vai espalhar ovírus diluído na lavoura. Logo queobtido, o Baculovirus pode ser apli-cado ou guardado no congelador oufreezer até por um ou dois anos. Adose para pulverizar 1ha é obtidaatravés de 20ml do líquido filtrado (7a 10 lagartas grandes com 7 a 9cm detamanho ou 22 lagartas pequenascom 4 a 6cm), diluído em água sufici-ente para molhar as plantas. As pul-verizações podem ser realizadas compulverizador costal, com trator, comavião ou com sistema de pivô cen-tral. Para se ter uma idéia, recente-mente grandes empresários do Mato

Grosso e Minas Gerais, com áreascultivadas ao redor de 2 mil hectaresde mandioca, solicitaram à pesquisa-dora Áurea Schmitt orientaçõessobre como aplicar o vírus. Além dis-so, a Estação Experimental de Itajaímantém um intercâmbio constantecom o município de Paranavaí (tradi-cional produtor de mandioca noParaná), enviando amostras doBaculovirus, recebendo informaçõessobre a eficiência do produto, etc.Fato interessante revelado pela pes-quisadora da Epagri é que, na regiãode Paranavaí, os agricultores estãovendendo o vírus armazenado em gar-rafas de refrigerante de 2 litros aopreço de R$ 70,00. Também a Estaçãotem recebido pedidos do produto doMato Grosso do Sul, Rio Grande doNorte, Espírito do Santo e de países daAmérica do Sul (Venezuela, Colôm-bia, Paraguai). Ainda, estudantes uni-versitários na Inglaterra se interessa-ram pelo trabalho da pesquisadorabrasileira e estão desenvolvendo in-vestigações com o Baculovirus naEuropa .

Registro do produto

Os trabalhos com o Baculovirusentram agora numa nova etapa. É quepara uso em larga escala, os Ministé-rios da Agricultura, Saúde e MeioAmbiente exigem o registro oficial doproduto. Para isto, explica Áurea, sãonecessários estudos aprofundadospara avaliar a viabilidade, dispersão,persistência, composição qualiquan-titativa do produto, avaliação ambien-tal, além da multiplicação e estoquedo vírus macerado e/ou formuladopara uso dos produtores. Um aspectoque vai auxiliar muito o trabalho demultiplicação do vírus é a sua formu-lação em pó ou liofilizado, o que faci-litará no transporte, manuseio e con-servação do produto. Estes estudospara registro do Baculovirus deverãoser financiados pelo Pronaf, e a Epa-gri conta com as colaborações doCentro Nacional de Pesquisa da Soja- CNPSOJA da Embrapa, em Londri-na, PR, do Instituto Biológico de Cam-pinas, SP, e do Cenargem da Embrapaem Brasília, DF. Os testes de camposerão realizados em municípios tra-

dicionais produtores de mandioca emSanta Catarina e no Paraná. Umanovidade é que, além da cultura damandioca, há uma grande tendênciade uso do Baculovirus também parao controle do mandarová da serin-gueira.

Para mais informações sobre esteassunto, os interessados podemcontatar os pesquisadores ÁureaTeresa Schmitt e Renato ArcangeloPegoraro, na Estação Experimentalde Itajaí da Epagri, Rodovia AntônioHeil, km 6, Caixa Postal 277, 88301-970 Itajaí, SC, Fone (047) 346 5244,Fax (047) 346 5255, E-mail:eeitajaí@epagri.rct-sc.br.

Agricultura em grupoAgricultura em grupoAgricultura em grupoAgricultura em grupoAgricultura em grupotem mais sucessotem mais sucessotem mais sucessotem mais sucessotem mais sucesso

Apesar da estabilização dos pre-ços em geral no Plano Real, umsensível aumento no custo dosinsumos agrícolas e a queda do valorde muitos produtos agropecuáriostêm levado à descapitalização daspequenas e médias propriedades ru-rais em várias regiões do país. Parafazer frente a esta realidade, a buscade novas alternativas de produçãotem sido uma constante entre osagricultores, assim como a formaçãode associações e grupos de produto-res com vistas a aprimorar o proces-so de comercialização dos alimentos.É o que está acontecendo com diver-sos grupos de agricultorescatarinenses orientados por ONGs,universidades e o serviço de exten-são rural estadual. Dois exemplosdestes grupos nasceram no municí-pio de Papanduva, no Planalto Nortede Santa Catarina, incentivados peloengenheiro agrônomo Jaciel R. S. deLima do Escritório Local da Epagri.

Tudo começou nos idos de 1993quando ocorreu a fundação daAssociação de Pequenos ProdutoresRurais de Papanduva, entidade ligadaao Sindicato dos TrabalhadoresRurais com 1.400 associados. A partirdaí, surgiu a idéia de implantar algogrupal nas comunidades, o que

Pesquisadora Áurea Teresa Schmittcom amostra de largatas mortas pelo

baculovírus #

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46 Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998

Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

resultou na criação do GrupoPratinha, reunião de várias famíliasda comunidade do mesmo nome. Em1995, estas famílias, cansadas deperder dinheiro com as tradicionaisculturas de milho, feijão e fumo,decidiram apostar em duas novasalternativas, a horticultura e apiscicultura. Assessoradas peloagrônomo da Epagri, e apóslevantamentos, análises de custos ede viabilidade, resolveram buscarapoio creditício junto a um bancolocal.O gerente do banco aconselhoua divisão do Grupo Pratinha em doissubgrupos, a fim de evitar a hipotecadas terras de cada família. Em 1996surgiram, então, os subgrupos SolNascente e Estrela Dalva, com seisfamílias cada. Com os projetos finaisaprovados e com o dinheiro liberado,partiram para a construção de açudespara a piscicultura e as estufas decultivo protegido para as hortaliças.No mês de setembro iniciaram oplantio escalonado das hortaliças ejá em dezembro as doze famíliasestavam entregando os produtos nosmercados da região, tais como osmunicípios de Mafra e Canoinhas.No mês de fevereiro de 1997, chegoua vez de povoar os açudes. E oempreendimento decolou.

Trabalho em mutirão

À primeira vista pode parecerfácil convencer os produtores,organizá-los e fazê-los ganhar dinhei-ro. Porém, na agricultura existem

inúmeros exemplos de projetosassociativistas que falharam, apesarda boa vontade inicial e entusiasmodos participantes. “Mas só isso nãobasta”, alerta o agrônomo Jaciel, “épreciso, entre outras coisas, capaci-tar, treinar os agricultores, o própriotécnico tem que estar preparado tam-bém, atualizado tecnicamente, teruma boa visão de mercado”, acrescen-ta. Para fazer esta mudança em suasatividades, as famílias visitaram pro-jetos semelhantes em outros municí-pios e passaram por cursos profissio-nalizantes da Epagri, incluindo admi-nistração rural, piscicultura, indús-tria artesanal de peixes, indústria ca-seira de alimentos, cultivo protegido eolericultura geral. Mesmo com todaesta bagagem técnica, os percalçossempre vão existir. A comunidade daPratinha, onde moram as doze famíli-as, está localizada num vale e recente-mente ventos fortes atingiram as es-tufas de cultivo protegido, arrancandoos plásticos quase totalmente edesprotegendo as hortaliças. Mas osagricultores estão decididos a prosse-guir na nova empreitada. “Antes des-se projeto, trabalhávamos duro e nãovíamos melhora. Mesmo o fumo, nos-sa maior renda agrícola, nos últimosanos não tem dado o retorno espera-do”, desabafa Evaldo Greim Duffeck, olíder do subgrupo Sol Nascente quetem ainda a participação de mais trêsirmãos, um genro e dois primos. Logoadiante, na comunidade, está osubgrupo Estrela Dalva, que tem comolíder o Sr. Nelson Graneman dos Pas-

sos e conta ainda comum irmão, um filho casa-do, um genro e dois vizi-nhos. “Parece que o pa-rentesco e a proximida-de das famílias na comu-nidade são aspectos posi-tivos que colaboram nofortalecimento dos gru-pos”, aponta Jaciel eacresce: “eles se ajudammutuamente, cadasubgrupo tem um depó-sito conjunto dosinsumos, dos materiaisde trabalho, etc., e istodiminui custos, agiliza e

torna mais eficiente o trabalho”.Mas é na contabilidade do negó-

cio que se pode ter uma idéia, umaanálise do sucesso ou não do empre-endimento. As propriedades pos-suem de 10 a 30ha, cultivam milho,feijão e aipim para o gasto, têmalgumas cabeças de gado, além dashortaliças e da piscicultura; o fumonão cultivam mais. Nas olerícolascultivam tomate, pimentão, pepino,abobrinha, cenoura, beterraba, re-polho e couve-flor. As famílias traba-lham em regime de mutirão e atual-mente a comercialização das hortali-ças é feita em conjunto pelos doissubgrupos no mercado regional etambém nas Ceasas de Curitiba eSão Paulo. Quanto à piscicultura, asfamílias dos dois subgrupos pos-suem açudes em todas as proprieda-des, perfazendo 8ha alagados, produ-zindo o “catfish” (bagre americano).Dois sócios de cada subgrupo, devi-damente capacitados através de cur-so profissionalizante, são os respon-sáveis pelo manejo de água earraçoamento diário dos peixes. Se-gundo o extensionista da Epagri, aidéia é que as rendas das hortaliçascubram a sobrevivência das famíliase os custos variáveis totais, enquan-to as receitas da piscicultura consti-tuem-se em renda líquida para asfamílias. Exemplificando, este ano50 mil peixes “catfish” estão sendovendidos a um preço médio de R$2,60/kg vivo a pesque-pagues de SãoPaulo, o que resulta em um valoraproximado de R$ 125.000,00 bruto,menos R$ 30.000,00 de custos variá-veis, sobrando, portanto, R$ 95.000,00de margem bruta anual. Como sãodoze famílias, isto dá R$ 7.916,67 derenda líquida por produtor. O enge-nheiro Jaciel informa ainda que osrecursos de implantação dos proje-tos, financiados pelo Proger Rural,somaram R$ 68.500,00 para cadasubgrupo, com prazo de cinco anos ejuros de 6%, mais TJLP. Para maisinformações sobre os projetos, osinteressados podem contatar o eng.agr. Jaciel R. S. de Lima, EscritórioLocal da Epagri, Rua Simão A.Almeida s/nº, C.P. 71, 89370-000Papanduva, SC, Fone (047) 653-2215.

Família Greim do subgrupo Sol Nascente: hortaliçaspagam as despesas e piscicultura traz a renda

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Manejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetos

Bioesterqueira e esterqueira na armazenagemBioesterqueira e esterqueira na armazenagemBioesterqueira e esterqueira na armazenagemBioesterqueira e esterqueira na armazenagemBioesterqueira e esterqueira na armazenagemde dejetos de suínosde dejetos de suínosde dejetos de suínosde dejetos de suínosde dejetos de suínos11111

1. Extraído da dissertação do autor.

Hugo Adolfo Gosmann

rebanho suinícola catarinense,com 3,7 milhões de cabeças, pro-

duz diariamente cerca de 32 mil metroscúbicos de dejetos. Deste volume, ape-nas parte é manejado corretamente,através de tratamento ou dearmazenamento para posterior apro-veitamento.

Várias são as formas de aproveita-mento dos dejetos de suínos, sendo aprincipal o uso como fertilizante, oque representa uma forma de contro-le da poluição ambiental em benefícioda produção agrícola. No caso da re-gião Oeste Catarinense, as principaisculturas agrícolas adubadas comdejetos de suínos são o milho e ofeijão.

Dos sistemas de tratamento earmazenamento de dejetos existen-tes, a bioesterqueira (1) e a esterqueirasão as mais usadas, apresentando umafreqüência de 91% no Oeste de SantaCatarina (2). Apesar da grande fre-qüência destes dois sistemas de arma-zenagem nas proprieda-des, faltam informaçõesquanto à eficiência na pro-moção da degradação damatéria orgânica e quan-to à preservação do poten-cial de adubação.

O trabalho teve comoobjetivo obter informaçõesa respeito destes dois sis-temas de armazenamentode dejetos de suínos.

Metodologia

O estudo foi conduzidonas dependências do Cen-

tro de Treinamento da Epagri - Cetre,localizado em Florianópolis, SC, emduas épocas, sendo a primeira, dejulho a novembro de 1996 (inverno -primavera) e a segunda de novembrode 1996 a março de 1997 (primavera -verão).

Foi construída uma instalaçãocontendo o sistema de bioester-queira e o sistema de esterqueira(Figura 1), objeto do estudo compara-tivo, sendo:

• a bioesterqueira em formato re-tangular, com câmara de fermenta-ção contendo dois compartimentos,cada um com um volume útil de 0,9m 3

e um depósito com 3,2m 3 para oefluente da câmara de fermentação,totalizando 5m3.

• a esterqueira, com volume útilda ordem de 3m3, para um tempo deretenção hidráulico (TRH) de 120 dias,também em formato retangular, ane-xo à bioesterqueira.

A infra-estrutura de apoio junto à

unidade de pesquisa e da criação desuínos constou de uma caixa dehomogeneização dos dejetos e de duascaixas de medida do volume de ali-mentação e de descarte, sendo umapara cada sistema.

Depois da introdução do inóculo departida (dejetos de suínos fermenta-dos de depósito do Cetre), na base de10% do volume total dos sistemas, foifeita a alimentação, sendo três vezespor semana na primeira época e diari-amente na segunda época. Foi adicio-nado o equivalente diário a 40 litros e25 litros de dejetos, respectivamente,na bioesterqueira e na esterqueira,para permitir um tempo total dearmazenamento de 120 dias, em am-bos os sistemas. Antes de cada ali-mentação, os dejetos foram devida-mente homogeneizados. O volume dedejetos acrescentado foi calculado ba-seado em um período de retenção de45 dias para a câmara de fermentaçãoda bioesterqueira e de 120 dias na

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Figura 1 - Esquema da unidade experimental na qual foi conduzido o estudo comparativo comesterqueira e bioesterqueira (Cetre, Florianópolis)

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esterqueira. Ao final da primeira épo-ca o depósito da bioesterqueira foitotalmente esvaziado, permanecen-do a câmara de fermentação in-tacta, enquanto a esterqueira foi par-cialmente esvaziada, deixando-se re-manescente 10% do volume comoinóculo para a segunda época do estu-do.

No local do experimento e nos diasde alimentação dos sistemas, medi-ram-se nos diversos compartimentosa temperatura, o pH, o potencial deoxirredução (Eh), a densidade e o vo-lume de dejetos produzidos. Ao finalda primeira época e na segunda épocatambém foi avaliada a produção debiogás. No laboratório foram deter-minadas as seguintes variáveis: 1)Pelo Método American Oil ChemistsSociety: NT (nitrogênio total -Kjeldahl); NH 4 (amônio); 2) PeloStandard Methods: MS (matéria seca);MO (matéria orgânica); cinzas; DQO(Demanda Química de Oxigênio) to-tal; DQO solúvel; DBO5 (DemandaBioquímica de Oxigênio) solúvel; 3)Pelo Método Marino Tedesco: P2O5(fósforo) total, P2O5 extraível, K2O(potássio) total e K2O extraível. Asamostras para laboratório foramcoletadas, mediante o uso de coletorespecialmente desenvolvido, de for-ma composta, em cinco pontos naesterqueira e no depósito dabioesterqueira e em dois pontos nascâmaras de fermentação. Também foicoletado material para análise decoliformes fecais e totais (MétodoColilert).

Resultados

Temperatura

A temperatura do ambiente exter-no, entre 8 e 9 horas no local doexperimento, apresentou uma médiade 18,2oC na primeira época (inverno-primavera) e de 25,2oC na segundaépoca (primavera-verão). Consideran-do que a temperatura ótima para adigestão anaeróbia fica na faixa de 30a 35oC e que durante o dia, principal-mente no período das 11 às 15 horas,a temperatura é ainda maior, a se-gunda época foi mais favorável à di-

Manejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetos

gestão anaeróbia com conseqüentemelhor degradação da matéria orgâ-nica.

Nos compartimentos de estocagema temperatura se mostrou seme-lhante à temperatura ambiente. Istocomprova que na digestão anaeróbia,a temperatura no interior dos reato-res está em função da temperaturaexterna.

pH

Na bioesterqueira, o pH se apre-sentou diferente nos dois comparti-mentos. Na câmara de fermentaçãofoi registrado os menores valores depH (6,7 na primeira época e de 7,1 nasegunda época), o que sugere a ocor-rência da hidrólise e da acidogêneseneste compartimento (3). No depó-sito da bioesterqueira foi registradoum pH médio de 6,9 e 7,6, respectiva-mente, na primeira e na segundaépoca. Na esterqueira o pH foi maisestável, sempre superior a 7 e médiageral de 7,5.

Potencial de oxirredução

O potencial de oxirredução (Eh) semostrou idêntico nos dois siste-mas estudados, apresentando ummeio redutor, condições de anae-robiose, variando de Eh-233mV aEh-370mV.

Matéria seca (MS), matériaorgânica (MO) e cinzas

Conforme esperado, a redução damatéria seca (MS) foi devido à redu-ção da matéria orgânica (MO), en-quanto houve a estabilidade dascinzas.

No início da primeira época houveum aumento na concentração de MSdevido à diluição do inóculo de parti-da. Na bioesterqueira, o fluxo hidráu-lico promoveu um arrasto da MS apartir do primeiro compartimento dacâmara de fermentação (CCF1) emdireção ao depósito. Esta ocorrênciajuntamente com a baixa tempera-tura do período, mascarou os resulta-dos da eficiência na redução da maté-ria orgânica e da evolução dosparâmetros na bioesterqueira da pri-meira época. Na segunda época, cor-rigido o fluxo hidráulico e com melho-res condições climáticas, o funciona-mento da bioesterqueira melhorou(Figura 2).

Conforme Tabela 1, ao final daprimeira época, no depósito dabioesterqueira a concentração deMS (29,9g/kg) representou umaredução de 9,1% em relação aosdejetos frescos (32,9g/kg). Naesterqueira a concentração de MS(22,9g/kg) representou uma reduçãode 30,4%.

Ao final da segunda época, com

Figura 2 - Evolução da MS (matéria seca) na bioesterqueira

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Manejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetos

melhores condições de temperatura,a eficiência foi maior em relação aprimeira época e semelhante nos doissistemas: redução de 52,1% nabioesterqueira (Tabela 1 e Figura 2) e55,5% na esterqueira (Tabela 1 e Fi-gura 3).

A evolução da matéria orgânica(MO) foi semelhante àquela da maté-ria seca (MS), naturalmente em con-centrações menores.

Conforme Tabela 1, ao final daprimeira época, foi registrada umaredução da MO da ordem de 15,4% na

Tabela 1 – Eficiência na redução do teor das variáveis de degradação da matéria orgânicano depósito da bioesterqueira e da esterqueira no último dia

Último dia

Variáveis Bioesterqueira Esterqueira(g/kg)

% de % deredução redução

MS Inverno-primavera 32,9 29,9 9,1 22,9 30,4Primavera-verão 32,6 15,6 52,1 14,5 55,5

MO Inverno-primavera 25,4 21,5 15,4 14,6 42,5Primavera-verão 25,4 9,0 65,8 8,0 69,6

Cinzas Inverno-primavera 7,5 8,4 - 8,2 -Primavera-verão 6,9 6,6 - 6,4 -

DQO Total Inverno-primavera 43,1 36,3 15,8 23,3 45,9Primavera-verão 44,7 13,4 70,0 13,4 70,0

DQO Solúvel Inverno-primavera 21,0 16,0 23,8 12,0 42,9Primavera-verão 16,8 1,9 88,7 2,3 86,3

DBO5 Solúvel Inverno-primavera - - - - -Primavera-verão 12,4 0,8 93,5 0,4 96,8

Figura 3 - Evolução da MS (matéria seca) na esterqueira

Esterco Esterco

ÉpocasDejetosfrescos(Média)

bioesterqueira e de 42,5% naesterqueira.

A eficiência ao final da segundaépoca foi maior (próximo de 70%),apresentando uma redução de MO de65,8% na bioesterqueira e de 69,6% naesterqueira (Tabela 1).

Demanda química de oxigênio(DQO)

A DQO bruta dos dejetos frescosapresentou uma média de 43,1g/kg naprimeira época e 44,7g/kg na segunda

época.A evolução da DQO bruta se mos-

trou semelhante a MS e MO, apresen-tando ao final da primeira época umaredução de 16% na bioesterqueira e46% na esterqueira, em relação aosdejetos frescos. Ao final da segundaépoca a eficiência na bioesterqueira ena esterqueira foi semelhante, atin-gindo 70% na redução da DQO emrelação aos dejetos frescos. Isto evi-dencia que a digestão anaeróbiaapresenta um melhor funcionamentoquando submetido a temperaturasmais adequadas, próximas de 30 a35oC (3), como foi o caso da segundaépoca (período de primavera-verão).Na primeira época (período deinverno-primavera) a temperatura foimais baixa e inadequada para um bomfuncionamento da digestão anaeró-bia.

Em concentrações menores, a evo-lução da DQO solúvel e da DBO5 solú-vel foi semelhante a da DQO bruta,entretanto a eficiência foi maior: su-perior a 80% na DQO solúvel e supe-rior a 90% na redução da DBO 5 solú-vel, em relação aos dejetos frescos, nasegunda época, tanto na bioes-terqueira quanto na esterqueira.

Nitrogênio total (NT)

A concentração de NT nos dejetosfrescos foi estável e próximo de 3g/kgdurante todo o experimento (Tabela2).

Nos compartimentos da bioester-queira, a evolução foi influenciadapela introdução do inóculo e dos dejetosfrescos, apresentando uma concen-tração média de 2,8g/kg, tanto naprimeira quanto na segunda época(Figura 4).

Na esterqueira a evolução e a con-centração foi semelhante ao registra-do na bioesterqueira e ao registradonos dejetos frescos, indicando a ma-nutenção do NT ao longo da armaze-nagem (Figura 5).

Nitrogênio amoniacal (NH4+)

A concentração de NH4+ nos dejetos

frescos também variou ao longo dotempo. A média de 1,8g/kg ao final das

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Manejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetos

duas épocas indicou 58% de NH4+ em

relação ao NT dos dejetos frescos(3,1g/kg).

Nos dois sistemas (bioesterqueirae esterqueira), a concentração de NH4

+

em relação ao NT foi da ordem de 78%ao final da estocagem com evoluçãosemelhante ao longo do tempo. Istomostra a atividade biológica com atransformação do nitrogênio orgâni-co em nitrogênio mineral, pronta-mente disponível para a planta sobforma de NH4

+, ao longo da estocagem(4). Neste caso, quando aplicado nosolo como forma de adubo em cultu-ras em andamento, o nitrogênio mi-neral é absorvido, enquanto o nitro-gênio orgânico remanescente conti-nua no processo de mineralização paraaproveitamento futuro.

Fósforo (P2O5)

O fósforo avaliado através da con-centração de P2O5 total (2,2g/kg nosdejetos frescos) e P2O5 extraível (1g/kg nos dejetos frescos), conformemostrado na Tabela 2, apresentou umcomportamento semelhante ao nitro-gênio. Ao longo do experimento, oteor de P2O5 total e de P 2O5 extraívelfoi da mesma ordem de grandeza aodos dejetos frescos.

Potássio (K2O)

Quanto ao potássio (K2O) não-so-mente os teores de saída dos tanquesforam semelhantes aos dos dejetosfrescos (1,8g/kg ao longo do experi-mento), como não foi observado gra-diente de concentração nas diferentescâmaras.

A semelhança na evolução e nofinal do período de armazenamento,através das variáveis analisadas, indi-ca semelhança nos dois sistemas es-tudados e comprova a manutenção dopoder fertilizante para o aproveita-mento dos dejetos na agricultura semdiferença entre bioesterqueira eesterqueira.

Relação DQOtotal/NT

A evolução da relação DQOtotal/NT (mesma ordem de grandeza da

Tabela 2 – Teor das variáveis de nutrientes contidos nos dejetos frescos (média) e noúltimo dia no depósito da bioesterqueira e na esterqueira

Último dia

Bioesterqueira Esterqueira

Nitrogênio total Inverno-primavera 3,2 3,3 2,9Primavera-verão 3,0 2,3 2,4

NH4 Inverno-primavera 1,9 2,5 2,3Primavera-verão 1,7 1,9 1,8

P2O

5 Total Inverno-primavera 2,2 2,5 2,4

Primavera-verão 2,2 1,1 1,6P2O5 Extraível Inverno-primavera 1,0 1,3 1,1

Primavera-verão 1,0 0,4 0,6K2O Total Inverno-primavera 2,0 2,3 2,5

Primavera-verão 1,5 1,8 1,7K

2O Extraível Inverno-primavera 1,6 2,1 1,9

Primavera-verão 1,4 1,6 1,5

ÉpocasDejetosfrescos(Média)

Variáveis(g/kg)

Figura 4 - Evolução de nitrogênio total (NT) na bioesterqueira

Figura 5 - Evolução de nitrogênio total (NT) na esterqueira

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Manejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetosManejo de dejetos

relação C/N) mostrou a degradação damatéria orgânica ao longo do períodode estocagem em que parte dos ele-mentos fertilizantes passaram para aforma mineral, ocorrendo o que já foicomentado no NH4

+. Nos dejetos fres-cos esta relação foi próxima de 15/1 esemelhante nas duas épocas.

Na bioesterqueira a média na pri-meira época foi de 11/1, contra 6/1 nasegunda época quando o funciona-mento foi melhor.

Na esterqueira foi registrada umarelação de 9/1 na primeira e de 5/1 nasegunda época, portanto semelhanteao ocorrido na bioesterqueira.

Coliformes

Apesar de não representativo, ape-nas indicativo em razão do pequenonúmero de análises realizadas, a con-centração de coliformes totais (14.108)e coliformes fecais (17.107) nos dejetosfrescos foi próxima à encontrada nointerior dos compartimentos deestocagem. Isto confirma que oarmazenamento anaeróbio éineficiente na eliminação decoliformes.

Custos

Sob o ponto de vista de custos,considerando um mesmo volume ar-mazenado, o custo da esterqueira é20% inferior à bioesterqueira, tendoambas a mesma eficiência na reduçãoda matéria orgânica e na manutençãodo poder fertilizante.

Conclusões erecomendações

Apesar da expectativa inicial deum melhor funcionamento dabioesterqueira em relação àesterqueira, os resultados mostraramque na armazenagem a evolução dosdejetos foi semelhante. Enquantoocorreu a degradação ou redução damatéria orgânica, representada pelaDQO, MS e MO, foi preservado opoder fertilizante, representado porN, P e K.

A diferença ficou por conta do cus-to de implantação e dos cuidados de

operação e de manutenção.O custo de uma bioesterqueira é

20% superior ao da esterqueira, sendovantagem a construção da esterqueiraquando se tratar de armazenamentode dejetos.

Quanto à operação e manutenção,a bioesterqueira é mais exigente, de-vendo-se ter o cuidado de controlar ofluxo de entrada dos dejetos de talforma a não ocorrer retenção, nemarrasto de sólidos ou matéria seca(MS) a partir da câmara de fermenta-ção.

Um dos cuidados de grande impor-tância na operacionalização dos siste-mas é quando da retirada dos dejetosdos depósitos. Enquanto nabioesterqueira deve ser mantidointacta a câmara de fermentação, po-dendo o depósito ser esvaziado total-mente, na esterqueira deve ficar reti-do pelo menos 10% do volume. Estaprática manterá parte da biomassaativa dos sistemas, garantindo a con-tinuidade do processo de fermenta-ção.

Tanto a esterqueira quanto abioesterqueira devem ser entendidasapenas como sistemas dearmazenamento e não de tratamen-to, tendo em vista que a redução dopoder poluente fica aquém do reco-mendado pelos organismosambientais. Havendo necessidade,como é o caso da produção de dejetosacima da capacidade de aproveitamen-to, devem ser construídos sistemasadequados de tratamento para a pre-servação do meio ambiente.

Os resultados indicaram que asvantagens e as desvantagensverificadas nos sistemas dearmazenamento de dejetos de suínosdo tipo bioesterqueira e do tipoesterqueira foram idênticas. Enquan-to a eliminação da fração orgânica(DQO, ST ou MS e SV ou MO) ocorreude forma semelhante, foi preservadoo valor fertilizante dos dejetos (N, P eK) para uso na agricultura, durante operíodo de armazenagem naesterqueira e na bioesterqueira. As-sim, para as condições em que ocor-reu o experimento, é mais interessan-te ao agricultor o uso de esterqueiraporque apresenta um custo de im-

plantação 20% menor em relação àbioesterqueira. Recomenda-se, entre-tanto, uma validação de campo desteestudo nas regiões produtores desuínos para a confirmação dos resul-tados.

Literatura citada

1. CHRISTMANN, A. Manejo dos dejetos desuínos em bioesterqueira em SantaCatarina. Florianópolis: Acaresc, 1989.1v.

2. GOSMANN, H. A. Estudos comparativoscom bioesterqueira e esterqueira paraarmazenagem e valorização dos dejetosde suínos. Florianópolis: UFSC, 1997.126p. Tese Mestrado.

3. BELLI FILHO, P. Stockage et odeurs desdejetions animales, cas du lesier deporc. Rennes. França: L’Université deRennes I, 1995. 181p. Tese Doutorado.

4. EPAGRI. Aspectos práticos do manejo dedejetos de suínos. Florianópolis: EPA-GRI. Concórdia: EMBRAPA-CNPSA,1995. 106p.

Hugo Adolfo Gosmann, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. 20.096, Crea-SC 4.832, Epagri/Gerência Regional de Concórdia, C.P. 44,Fone/fax (049) 442-2984, 89700-000 Concór-dia, SC.

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agropecuária dopaís!

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SementesSementesSementesSementesSementes

Produção e qualidade de sementes de pimentãoProdução e qualidade de sementes de pimentãoProdução e qualidade de sementes de pimentãoProdução e qualidade de sementes de pimentãoProdução e qualidade de sementes de pimentãocultivar All-big no Estado da Paraíbacultivar All-big no Estado da Paraíbacultivar All-big no Estado da Paraíbacultivar All-big no Estado da Paraíbacultivar All-big no Estado da Paraíba

Carlos Pereira Gonçalves eAdemar Pereira de Oliveira

pimentão (Capsicum annuum L.)é uma das hortaliças economi-

camente mais importantes do Brasil,destacando-se o Sudeste como a prin-cipal região produtora. Por ser umaplanta tipicamente tropical, apresen-ta-se como uma excelente alternativade produção em áreas irrigadas e desequeiro do semi-árido nordestino,com opção de consumo tanto domésti-co quanto industrial. Entretanto, aregionalização dessa olerácea estána dependência de uma melhorprodução, adaptação e qualidade desuas sementes nas regiões produto-ras (1).

Desde a fecundação até o momen-to do plantio, a semente está sujeita auma série de condições adversas quedeterminam o seu nível de qualidade,sendo refletido positiva ou negativa-mente na produtividade agrícola (2).A alta qualidade da semente refletediretamente na cultura resultante emtermos de uniformidade de popula-ção, do alto vigor das plântulas e demaior produtividade (3).

A maturação da semente compre-ende todas as mudanças morfológicase fisiológicas que ocorrem desde afertilização do óvulo até que a semen-te atinja condições ideais para a co-lheita. Dentre outras, ocorrem mu-danças no teor de umidade, no tama-nho, no peso seco, na germinação e novigor (4).

A semente adquire maior qualida-de na maturidade quando ainda con-tém teores elevados de umidade. Apartir deste ponto, o teor de umidadedecresce rapidamente e a qualidadeda semente tende a declinar por causade sua deterioração no campo e conse-

qüente perda de vigor. Para muitasespécies, tem sido comprovado o efei-to da época de semeadura sobre aqualidade fisiológica e a produção desementes. Tal efeito tem sido atri-buído, na maioria das vezes, às con-dições ambientais que ocorrem du-rante o período de permanência dacultura no campo. Contudo, a épocade semeadura e a colheita são fatoresimportantes na elaboração de umsistema de produção de sementes dealta qualidade (5). Teoricamente, oponto ideal para realizar a colheitaseria o momento em que a sementeatingisse o ponto de maturidade fisio-lógica (6). Porém, nem sempre estaprática pode ser a mais adequada,pois, neste estádio, normalmente asemente ainda apresenta alto teor deumidade, trazendo sérias dificulda-des, principalmente para a operaçãode colheita.

Os estádios de maturidade fisioló-gica de máximo vigor e de máximapercentagem de germinação são pra-ticamente coincidentes para muitasespécies, quando então, teoricamen-te, deveria ser feita a colheita (7).Contudo, pesquisas têm mostrado quemesmo antes da completa maturaçãodos frutos de pimentão, ou seja, antesda sua completa mudança de cor, assementes atingem o ponto dematuração fisiológica, que corres-ponde à época de maior peso seco,germinação e vigor (8). Dessa forma,a determinação do ponto ou intervaloadequado de colheita de frutos paraprodução de sementes no pimentão éfundamental para o sucesso na pro-gramação de produção de sementesdesta hortaliça. Estudo realizado no

Brasil (9), confirma que a melhor épo-ca de colheita do pimentão para pro-dução de sementes varia de 55 a 65dias após a antese, fase caracterizadapela mudança de cor dos frutos. Já naÍndia (10), diversos autores verifica-ram que sementes obtidas em frutoscolhidos 52 dias após a antese apre-sentaram elevada percentagem degerminação. Portanto, as informaçõesjá obtidas sobre a época ideal de co-lheita do fruto de pimentão necessi-tam ter melhor aprimoramento oumesmo ser complementadas por es-tudos detalhados, inclusive no que dizrespeito à qualidade fisiológica eprodução das sementes. Neste con-texto, este trabalho teve como obje-tivo determinar a época ideal decolheita do fruto do pimentão cultivarAll-big para a produção de semente,através do estudo do desenvolvimen-to e da maturação fisiológica da se-mente após a antese.

Material e métodos

O experimento, em fase de campo,foi conduzido na Fazenda Chã de Jar-dim, no Centro de Ciências Agráriasda Universidade Federal da Paraíba,em Areia, a 6o58’ de latitude Sul,35 o42’ de longitude Oeste deGreenwich e altitude média de574,62m. Segundo classificação deKöppen, a região possui clima do tipoAS quente e úmido, com chuvas deoutono-inverno. A temperatura mé-dia anual oscila entre 23 e 24oC e aprecipitação pluviométrica médiaanual é de 1.400mm. O solo da área foiclassificado como Podzólico Verme-lho Amarelo Eutrófico, com pH 6,1;

O

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SementesSementesSementesSementesSementes

51,0 ppm de fósforo; 210,0 ppm depotássio; 0,04meq/100ml de Al+3;3,50meq/100ml de Ca+2 + Mg+2 e 1,02%de matéria orgânica.

A cultivar empregada foi All-big. Acondução da cultura seguiu as reco-mendações usuais para o pimentão,com controle de plantas daninhas,pragas, doenças e irrigação por asper-são. A formação de mudas foi emsementeira com posterior transplan-tio. A semeadura foi realizada em10/10/96 e o transplantio em 25/11/96,utilizando-se plântulas com 45 dias deidade espaçadas de 1,00 x 0,50m emparcelas experimentais com 3,00m2

de área. A adubação de plantio cons-tou da aplicação de 500kg/ha desuperfosfato simples e 160kg/ha decloreto de potássio, enquanto a adu-bação de cobertura constou doemprego de 600kg/ha de sulfato deamônio parcelados aos 30 e 60 diasapós o transplantio. Também efetuou--se a aplicação de 30t/ha de estercobovino, quinze dias antes dotransplantio.

Após o transplantio inicou-se aetiquetagem de flores, no dia daantese, com cordões de cores diferen-tes, perdurando por oito dias consecu-tivos, para obtenção do número sufi-

ciente de frutos, que foram colhidosaos 20, 30, 40, 50, 60 e 70 dias após aantese (Figura 1). Das quatro repeti-ções, de cada tratamento, colheram-se 40 frutos, que foram transportadosao Laboratório de Análise de Semen-tes. Inicialmente os frutos foram ava-liados quanto ao comprimento, diâ-metro e peso. A extração das semen-tes foi realizada manualmente, quan-do determinou-se o número e a produ-ção média de sementes por fruto.Determinou-se também o grau deumidade pelo método da estufa a105oC, simultaneamente com o con-teúdo de matéria seca (mg/100 se-mentes), sendo tomadas 50 sementespor repetição.

Para o Teste Padrão de Germina-ção – TPG, instalado após a extraçãodas sementes, utilizou-se “Gerbox”com as sementes sobre papel à tempe-ratura alternada de 20 e 30oC. Foramutilizadas quatro repetições de 50 se-mentes para cada idade de fruto. Aprimeira contagem foi realizada aosseis dias e a última, aos quatorze.Ainda na realização do TPG, atravésde contagem diária de sementesemergidas, determinou-se o Índice deVelocidade de Emergência – IVE, emlaboratório.

O IVE em campo foi obtido com asemeadura de quatro repetições de 50sementes por tratamento, em cantei-ros previamente preparados, regular-mente providos de água, através daleitura de plântulas emergidas. Fo-ram consideradas plântulas emergidas

aquelas cujas folhas cotiledonares jáse apresentavam expandidas. O com-primento da radícula foi medido emteste entre papel, com duas folhasinferiores e uma superior envolvendoas sementes. As folhas foramumedecidas e enroladas conveniente-mente e inclinadas em aproximada-mente 80o, com dez sementes e qua-tro repetições, nas mesmas condiçõesdo TPG. A avaliação foi realizada dezdias após a instalação do teste. Osdados foram analisados estatis-ticamente com delineamento inteira-mente casualizado, com seis trata-mentos em quatro repetições. Os da-dos de percentagem foram transfor-mados em arco seno da raiz quadradade x/100.

Resultados e discussão

Houve efeito da idade sobre o com-primento, diâmetro e peso de frutos.Os frutos de pimentão já haviam atin-gido o máximo desenvolvimento, emtermos de dimensões e peso, aos 50dias de idade, pois as mudanças nosvalores destas características forammuito pequenas até os 70 dias (Tabela1). Sendo assim, até 50 dias após aantese é o período ideal para colheitade frutos de coloração verde para con-sumo in natura , adequando a produ-ção para o mercado com a produçãopara sementes. A remoção de algunsfrutos provavelmente não prejudica aprodução de sementes, em razão dodesenvolvimento de outros frutos, que

Figura 1 - Etiquetagem de flores depimentão após a antese. Areia, PB,

CCA - UFPB, 1997

Tabela 1 – Comprimento, diâmetro, peso de frutos, número e teor de umidade desementes de pimentão cultivar All-big em função da idade (dias após a antese) Areia, PB,

CCA-UFPB 1997

Compri- No de Teor demento sementes umidade(cm) (A) (por frutos)(A) (%)(A)

20 5,87 b 5,40 b 49,25 c 151 a 90,0 a30 6,96 ab 5,33 b 59,25 c 190 a 85,0 b40 6,32 ab 5,13 b 90,75 b 179 a 77,0 c50 8,05 a 6,92 a 107,25 a 147 a 55,0 d60 8,09 a 6,82 a 124,25 a 152 a 53,0 e70 7,19 a 6,45 a 111,75 a 142 a 50,0 f

CV (%) 4,77 3,41 4,64 6,62 0,63

(A) Valores seguidos da mesma letra, na coluna, não diferiram entre si pelo teste de Tukey,a nível a = 0,05.

Idade de fruto Diâmetro Peso(dias) (cm)(A) (g)(A)

#

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são naturalmente desbastados pelacompetição por nutrientes. Todavia,para obtenção de boas sementes depimentão é recomendada a colheitados primeiros frutos formados e bemmaduros (11).

Um importante fator observado foia coloração dos frutos com auxíliovisual, na determinação da melhorépoca de colheita, conforme Figuras 2a 7. A mudança de cor dos frutosprogrediu dos 40 até os 70 dias. Aos 50dias de idade, os frutos apresentaram--se com pequenas manchas averme-lhadas, mas com predominância dacor verde; aos 60 dias de idade, já seencontravam avermelhados, com al-gumas manchas verdes, e aos 70 diastinham coloração totalmenteavermelhada. Em casa-de-vegetação,com outra cultivar (9), foram observa-dos resultados semelhantes quandoa mudança da cor dos frutos, deverde para totalmente avermelhados,ocorreu aos 60 dias após a antese. Éprovável que a diferença de dez dias amais, verificada neste trabalho, de-veu-se à realização em condições decampo. Não foi detectada diferençapara o número de sementes por frutocom o avanço da idade dos frutos(Tabela 1), demonstrando que o nú-mero de sementes no fruto do pimen-tão é função da menor ou maior taxade polinização, não estando relaciona-do à idade do fruto. Quanto à produçãode sementes em dez frutos, os resul-tados ajustaram-se a uma equaçãoquadrática (Figura 8). A produçãoaumentou até a idade de 51 dias,alcançando valor máximo de 3,19g,permitindo concluir que o peso médioda semente do pimentão cultivar All-big não está relacionado com o núme-ro de sementes formadas, haja vistaque este número já é definido a partirde 20 dias após a antese (Tabela 1). Éprovável que para outras cultivaresnão ocorra o mesmo pois, segundoestudos (12), o rendimento de semen-tes de pimentão varia em função dacultivar. A umidade das sementes ébastante elevada aos 20, 30 e 40 diasde idade (90, 85 e 77%, respectiva-mente) (Tabela 1). A partir de 50 diasa umidade é reduzida de forma acen-tuada, alcançando 55% aos 50 dias,

Figura 2 -Coloração de

frutos depimentão aos

20 dias após aantese. Areia,

PB, CCA -UFPB, 1997

Figura 3 -Coloração de

frutos depimentão aos

30 dias após aantese. Areia,

PB, CCA -UFPB, 1997

Figura 4 -Coloração de

frutos depimentão aos

40 dias após aantese. Areia,

PB, CCA -UFPB, 1997

SementesSementesSementesSementesSementes

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Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998 55

Figura 5 -Coloração defrutos depimentão aos50 dias após aantese. Areia,PB, CCA -UFPB, 1997

Figura 6 - Coloração de frutos depimentão aos 60 dias após a antese.

Areia, PB, CCA - UFPB, 1997

Figura 7 -Coloração defrutos depimentão aos70 dias após aantese. Areia,PB, CCA -UFPB, 1997

53% aos 60 dias e 50% aos 70 dias,diferindo dos dados obtidos em outroestudo (9), em pimentão. O pontoideal para colheita da semente é quan-do ela atinge a maturidade fisiológica,porém nem sempre esta prática podeser a mais adequada, pois neste está-dio, normalmente a semente apre-senta alto teor de umidade (6). Asemente necessita de secagem cuida-dosa em temperaturas baixas, deven-do atingir 6 a 8% de umidade. A redu-ção da umidade é de suma importân-cia na conservação e armazenamentodas sementes, pois permite reduzirsuas atividades metabólicas, princi-palmente a respiração a níveis com-patíveis.

O peso da matéria seca das semen-tes, pela curva ajustada a partir daequação de regressão polinomial (Fi-gura 9), atingiu o máximo (7,67mg/100 sementes) no período ótimo esti-mado de 55 dias após a antese, embo-ra menor teor de umidade na semen-te foi verificado em frutos colhidos aos70 dias (Tabela 1), demonstrando quemesmo antes da completa maturaçãodo fruto, ou seja, antes da mudança desua coloração, as sementes atingem oponto de maturação fisiológica e umelevado teor de matéria seca, pois aos55 dias de idade os frutos não apresen-taram coloração totalmente averme-

Idade de frutos(dias após a antese)

Pro

duçã

o m

édia

de

sem

ente

s(g

/10

fru

tos)

Figura 8 - Produção desementes de pimentãocultivar All-big (g/10frutos) em função deidades de frutos (diasapós a antese). Areia,

PB, CCA - UFPB,1997

#

SementesSementesSementesSementesSementes

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SementesSementesSementesSementesSementes

lhada. No entanto, as condições cli-máticas e a cultivar podem contribuircom a alteração deste ponto. Maiorpeso seco em sementes de pimentãocultivar California Wonder, foi verifi-cado aos 52 dias após a antese (10).Porém, em casa-de-vegetação, com acultivar Avelar, a melhor época decolheita de frutos de pimentão podevariar de 55 a 65 dias, após a antese(9).

Em relação aos resultados de per-centagem de germinação das semen-tes, aos 40 dias, algumas sementes jáapresentam capacidade de germinarem condições de campo e laboratório(Tabela 2), todavia sem condições degerminarem plântulas normais. Apartir desta idade, os valores foramaumentando, obtendo-se maiores per-centagens aos 60 e 70 dias nas duascondições. Baixo teor de umidade emaior peso seco verificados em se-mentes colhidas a partir de 55 dias(Tabela 1 e Figura 9) possivelmentetenham contribuído para estes resul-tados. Em pimentão, o maior pesoseco da semente corresponde à eleva-ção na germinação.

Quanto ao teor de vigor, o IVE emlaboratório e campo demonstrou quefrutos colhidos aos 60 e 70 dias após aantese fornecem sementes mais vigo-rosas (Tabela 3). O comprimento daradícula acompanha a idade do frutode pimentão (Figura 10), indicandoque sementes colhidas de frutos apartir de 60 dias após a antese atingi-ram maturação fisiológica e podemdesempenhar funções vitais, o que secaracteriza, além da germinação, pelovigor. Em pimentão, a maturação dofruto está altamente relacionada como vigor da semente (9).

Conclusão

Os resultados obtidos neste traba-lho, aliados aos já existentes na litera-tura, permitem concluir que a melhorqualidade da semente do pimentãocultivar All-big foi obtida com a colhei-ta dos frutos a partir de 60 dias após aantese, quando uma coloraçãoavermelhada cobria quase que total-mente a superfície dos frutos e que acoloração pode ser utilizada comoindicativo visual do ponto de maturi-

Tabela 2 – Percentagem de germinação, em laboratório e campo, de sementes de pimentãocultivar All-big em função de idades de frutos (dias após a antese) Areia, PB,

CCA-UFPB, 1997

Percentagem de germinação

Idade de fruto Laboratório Campo(dias)

Dados Dados Dados Dadosreais transformados(A) reais transformados(A)

20 - 0,58 c - 0,58 b30 - 0,58 c - 0,58 b40 2,00 7,10 c 6,50 12,73 b50 54,00 47,37 b 36,00 36,80 a60 81,50 64,71 a 43,50 41,03 a70 86,50 68,95 a 51,00 45,60 a

CV (%) - 15,41 - 30,64

(A) Valores seguidos da mesma letra, na coluna, não diferiram entre si pelo teste de Tukey,a nível a = 0,05.

Nota: Dados transformados em arc sen x + 100.

Tabela 3 – Índice de velocidade de emergência, em laboratório e campo, de sementes depimentão cultivar All-big em função de idades de frutos (dias após a antese) Areia, PB,

CCA-UFPB, 1997

Índice de Velocidade Índice de Velocidadede Emergência (laboratório) de Emergência (campo)

Dados Dados Dados Dadosreais transformados(A) reais transformados(A)

20 - 0,71 c - 0,71 b30 - 0,71 c - 0,71 b40 0,17 0,81 c 0,25 0,86 b50 3,44 1,97 b 1,67 1,47 a60 5,94 2,54 a 1,90 1,53 a70 5,90 2,53 a 2,23 1,64 a

CV (%) - 8,17 - 12,96

(A) Valores seguidos da mesma letra, na coluna, não diferiram entre si pelo teste de Tukey,a nível de a = 0,05.

Nota: Dados transformados em x + 0,50.

Idade de frutos(dias após a antese)

Pes

o de

mat

éria

sec

a de

100

sem

ente

s (m

g/10

0 se

men

tes)

Idade de fruto(dias)

Figura 9 - Peso damatéria seca desementes de pimen-tão cultivar All-bigem funçãode idades de frutos(dias após a antese).Areia, PB,CCA - UFPB, 1997

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Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998 57

SementesSementesSementesSementesSementes

dade fisiológica pelo produtor de se-mentes.

Literatura citada1. NASCIMENTO, W.M. Produção de semen-

tes olerícolas. Pelotas: UFPel, 1991, 5p.Trab. Apres. no Encontro sobre Avan-ços em Tecnologia de Sementes.

2. CAMARGO, C.P. Pesquisa em sementes noBrasil. São Paulo: Agiplan, 1975. 65p.

Figura 10 - Comprimento da radícula de sementes de pimentão cultivar All-big emfunção de idades de frutos (dias após a antese). Areia, PB, CCA - UFPB, 1997

3. POPINIGIS, F. Fisiologia de sementes.Brasília: Ministério da Agricultura/SãoPaulo: Agiplan, 1977. 289p.

4. POPINIGIS, F. Fisiologia de sementes.Brasília: Ministério da Agricultura/SãoPaulo: Agiplan, 1974. 78p.

5. PAOLINELLI, G.P.; TANAKA, M.A.S.; RE-ZENDE, A.M. Influência da época desemeadura sobre a qualidade fisiológi-ca e sanitária de sementes de soja.

Revista Brasileira Sementes, Brasília.v.6, n.1, p.39-50, 1984.

6. NAKAGAWA, J. Produção de sementes. In:ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EN-SINO AGRÍCOLA SUPERIOR. Semen-tes – curso de especialização por tutoriaa distância. Brasília, 1987. 40p. (MóduloII parte 2).

7. DELOUCHE, J.C. Seed maturation. In:Handbook of seed technology.Mississipi: Mississipi State University,1971, p.17-23.

8. ZANIN, A.C.W. Produção de sementes depimentão. São Paulo: 1990. 18p.

9. MANTOVANI, E.C. Estudo sobre o desen-volvimento e a maturação fisiológicade sementes de pimentão (Capsicumannuum L.). Viçosa: Minas Gerais, 1979.57p. (Tese de Mestrado).

10. DHARMATTI, P.R.; KULKARNI, G.N.Physiological maturation studies in bellpepper (Capsicum annuum L. grossumsendt). South-Indian. Horticulture,Índia., v.35, n.5, p.395-396, 1987.

11. CORDEIRO, J. Cultura do pimentão.Mundo Agrícola. São Paulo, v.13, n.151,p.45-48, 1964.

12. GEORGE, R.A.T. Vegetable seed pro-duction. London: Longman, 1985.318p.

Carlos Pereira Gonçalves, eng. agr., M.Sc.,Escola Agrícola Assis Chateaubriand, UEPB,Fone (083) 366-1244, Fax (083) 366-1244,58117-000 Lagoa Seca, PB e Ademar Perei-ra de Oliveira , eng. agr., Doutor em agrono-mia, Professor adjunto do Departamento deFitotecnia, CCA/UFPB, Fone (083) 362-2300,Fax (083) 362-2259, 58397-000, Areia, PB.

o

Idade de frutos(dias após a antese)

Com

prim

ento

da

radí

cula

(cm

)

Nossa contribuição ao meio ambiente de Santa Catarina se escreve assim:

7.877 esterqueiras construídas*pelo Programa Microbacias

*Até julho/98

Conhecimento, tecnologia e extensão

rural para o desenvolvimento de

Santa Catarina em benefício

da sociedade.

Governo do Estado de Santa CatarinaSecretaria de Estado do Desenvolvimento Rural

e da Agricultura

Empresa de Pesquisa Agropecuária e ExtensãoRural de Santa Catarina S.A.

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58 Agrop. Catarinense, v.11, n.3, set. 1998

Cultivares de feijãoCultivares de feijãoCultivares de feijãoCultivares de feijãoCultivares de feijão

Diamante Negro e Pérola - novas cultivares deDiamante Negro e Pérola - novas cultivares deDiamante Negro e Pérola - novas cultivares deDiamante Negro e Pérola - novas cultivares deDiamante Negro e Pérola - novas cultivares defeijão em Santa Catarinafeijão em Santa Catarinafeijão em Santa Catarinafeijão em Santa Catarinafeijão em Santa Catarina

Silmar Hemp, Roger Delmar Flesch, Aluízio Maia Martins,Antônio Domeval Alexandre, Gilson José Marcinichen Gallotti,

Jack Eliseu Crispim e Valdir Bonin

Estado de Santa Catarina temexpressiva participação na pro-

dução de feijão, produzindo anual-mente em torno de 300 mil toneladas,que representam 10 a 11% da produ-ção nacional (1). O feijão é cultivadoem todas as regiões do Estado, desta-cando-se o Oeste e o Planalto Catari-nense, predominantemente em pe-quenas propriedades familiares. Aimportância econômica da culturapara o Estado fica evidente, tendo emvista que em torno de 60% da produ-ção estadual é comercializada em ou-tros Estados, principalmente São Pau-lo.

A cultura do feijão apresenta desa-fios à pesquisa, à assistência técnica eaos agricultores, o que se manifestano fato de que a produtividade daslavouras em nível estadual está mui-to aquém do potencial da cultura. Sãovários os fatores envolvidos que afe-tam a produtividade, tais como mane-jo do solo, qualidade da semente,manejo da cultura e, ainda, reduzidonúmero de opções de cultivares reco-mendadas.

A avaliação de novas linhagens ecultivares de feijão tem sido uma açãoconstante da Epagri, na busca decultivares que apresentam as caracte-rísticas preferidas pelos agricultoresquanto a rendimento, resistência adoenças, arquitetura das plantas,aceitação comercial e com boaqualidade de grãos e que atendam apreferência dos consumidores. Neste

sentido, os pesquisadores da Epagriverificaram que as cultivares de feijãoDiamante Negro (preto) e Pérola (tipoCarioca) preenchem as característicasnecessárias para serem indicadas paracultivo em Santa Catarina.

Histórico

A cultivar Diamante Negro é origi-nária do cruzamento das linhagensXAN 87 x A 367, realizado no CentroInternacional de Agricultura Tropical- CIAT, na Colômbia. A seleção foirealizada no Centro Nacional de Pes-quisa de Arroz e Feijão - CNPAF/Embrapa, sob condições de inoculação

artificial em nível de campo, com oagente causador do crestamentobacteriano comum. Foi realizadauma geração de seleção massal de F

3para F4 e conduzida por pedigree de F4a F

6, originando a linhagem CB 720160

(2).A cultivar Pérola (linhagem LR

720982 CPL 53) é proveniente de sele-ção de linhas puras na cultivar Aporé,realizada pelo CNPAF/Embrapa. Atra-vés dos Ensaios Nacionais de Feijão -ENS, esta linhagem foi colocada àdisposição do Sistema Nacional dePesquisa Agropecuária - SNPA paraavaliação em diversos Estados do Bra-sil (3).

O

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Ambas as cultivares foramintroduzidas em Santa Catarina peloCentro de Pesquisa para Pequenas

Propriedades – CPPP/Epagri, emChapecó, SC. A cultivar DiamanteNegro participa dos ensaios estaduais

desde 1995/96 e a cultivar Pérola,desde 1996/97.

Resultados

Conforme os dados da Tabela 1,dentre as cultivares de feijão preto, aDiamante Negro apresentou índicerelativo de produtividade de grãosequivalente a 91% em relação à culti-var Barriga Verde, mais produtiva nocultivo da “safra”, cuja semeaduraocorreu nos meses de setembro anovembro, dependendo do local. Nocultivo da “safrinha”, com semeaduraem janeiro e fevereiro, a cultivar pre-ta mais produtiva foi a FT Nobre, emrelação à qual a cultivar DiamanteNegro obteve índice relativo de pro-dutividade de 94%; sendo, porém, maisprodutiva que a cultivar Barriga Ver-de (Tabela 2). A produtividade da cul-tivar Diamante Negro está muito pró-xima das cultivares mais produtivas,tendo característica de grãos com boaaceitação comercial e qualidade, tor-nando-se assim mais uma alternativade feijão preto a ser cultivado naslavouras catarinenses.

A cultivar Pérola, que apresentagrãos do tipo Carioca e cujos dadostambém constam nas Tabelas 1 e 2,apresentou produtividade média degrãos superior à cultivar Carioca nasduas épocas de cultivo. No cultivo da“safrinha” a diferença foi inexpressiva(3%), enquanto na “safra” foi de 15%.Até esse momento, a cultivar Cariocatem sido a mais cultivada no Estado;ressaltando-se que a cultivar Pérolaapresenta melhor arquitetura dasplantas, característica essa que favo-rece a uma melhor qualidade dosgrãos.

Na Tabela 3 consta a reação àsdoenças, em ocorrência natural nosensaios das duas novas cultivares,salientando-se que ambas se equiva-lem. A reação intermediária a algu-mas doenças foi observada apenas noslocais mais favoráveis à ocorrênciados patógenos; mas, na maioria doslocais, apresentaram resistência àsmesmas.

Tendo sido avaliada a boa

Tabela 1 – Produtividade de grãos das cultivares de feijão obtidas em diferentes regiõesde Santa Catarina, no cultivo da “safra” (águas), nos períodos 1996/97 e 1997/98

Produtividade de grãos(kg/ha)

1996/97 1997/98 ÍndiceMédia relativo

CN(A) CAN(A) SJ(A) CH(A) CN(A) CAN(A) (%)

Feijão pretoBR 6-Barriga Verde 2.364 1.648 3.447 1.423 2.330 2.336 2.258 100FT Nobre 2.593 1.946 2.178 1.797 2.586 2.207 2.218 98Diamante Negro 2.283 1.406 2.358 1.568 2.278 2.465 2.060 91IAPAR 44 2.613 1.914 2.038 1.670 1.770 1.860 1.978 88Rio Tibagi 2.307 1.493 2.099 1.548 1.571 1.358 1.729 77

Feijão de corPérola 2.524 1.678 2.777 1.666 2.638 2.517 2.300 100Carioca 2.417 1.680 2.451 1.542 1.660 1.978 1.955 85

(A) CN = Campos Novos; CAN = Canoinhas; SJ = São Joaquim; CH = Chapecó.

Tabela 2 – Produtividade de grãos das cultivares de feijão obtidas em diferentes regiõesde Santa Catarina, no cultivo da “safrinha” (seca), no período 1997-98

Produtividade de grãos(kg/ha)

1997 1998 ÍndiceMédia relativo

CH (A) ITUP(A) URUS (A) CH(A) ITUP(A) URUS(A) (%)

Feijão pretoFT Nobre 1.152 2.828 1.661 1.114 1.864 1.718 1.723 100Diamante Negro 1.366 2.500 1.668 1.000 1.353 1.862 1.625 94BR 6-Barriga Verde 1.278 2.418 1.581 1.048 1.291 1.592 1.535 89IAPAR 44 1.060 2.176 1.818 907 750 1.569 1.380 80Rio Tibagi 1.131 2.090 1.616 851 938 1.408 1.339 78Feijão de corPérola 1.318 2.465 1.654 1.106 1.458 1.675 1.613 100Carioca 1.518 2.528 1.937 958 782 1.692 1.569 97

(A) CH = Chapecó; ITUP = Ituporanga; URUS = Urussanga.

Cultivar

Tabela 3 – Reação a doenças observada nas cultivares de feijão Diamante Negro e Pérola,em ocorrência natural, nos ensaios conduzidos pela Epagri em diferentes regiões de

Santa Catarina, no período de 1996-98

Reação(A)

DoençaDiamante Negro Pérola

Antracnose Intermediária IntermediáriaBacteriose Intermediária IntermediáriaFerrugem Resistente ResistenteMancha angular Intermediária IntermediáriaMosaico comum Resistente Resistente

(A) Conforme escala proposta pelo Ciat (4).

Cultivar

Cultivares de feijãoCultivares de feijãoCultivares de feijãoCultivares de feijãoCultivares de feijão

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Tabela 4 – Principais características agronômicas das cultivares de feijão DiamanteNegro e Pérola

ObservaçãoCaracterística

Diamante Negro Pérola

Grupo comercial Preto CariocaCor da flor Violeta BrancaCor do hipocótilo Pigmentada VerdeCor da vagem na colheita Amarelo-areia Amarelo-areiaCor do tegumento Preta Bege clara com estrias

marrom clarasPorte Ereto Semi-eretoHábito de crescimento Indeterminado (tipo II), Indeterminado (entre

com guias médias tipos II/III), comguias médias

Vagens por planta (A) 6 a 10 6 a 13Grãos por vagem(A) 4 a 6 4 a 7Floração (50%)(B) 44 dias após emergência 44 dias após emergênciaMaturação de colheita (B) 88 dias após emergência 89 dias após emergênciaPeso de mil grãos (B)

(com 13% de umidade) 206g 258g

(A) Dados dos ensaios estaduais em Chapecó 1996/97 e 1997/98.(B) Média dos ensaios estaduais em Chapecó e Campos Novos 1996/97 e 1997/98.

performance das cultivares Dia-mante Negro e Pérola nos ensaiosde campo, quanto à produtividade,reação a doenças, características dosgrãos e arquitetura das plantas, aEpagri passa a indicar estasnovas cultivares em todo o Estadode Santa Catarina a partir da safra1998/99.

Características dascultivares

As principais características dascultivares Diamante Negro e Pérolaconstam na Tabela 4, ressaltando-seque as informações referentes àfenologia e componentes de produçãopodem variar com as condiçõesambientais e manejo da cultura.

Literatura citada

1. INSTITUTO CEPA/SC. Síntese anual daagricultura de Santa Catarina - 1996 .Florianópolis, 1997. 152p.

2. MORAES, E.A.; DEL PELOSO, M.J.; COS-TA, J.G.C. da; RAVA, C.A.; SILVA, C.C.da; SILVA, L.O. e. Diamante Negro:nova cultivar de feijão preto para oEstado de Goiás. In: REUNIÃO NACI-ONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO, 4.,1993, Londrina, PR, Resumos: Londri-na: IAPAR, 1993. p.107.

Cultivares de feijãoCultivares de feijãoCultivares de feijãoCultivares de feijãoCultivares de feijão

o

3. EMBRAPA. Pérola. Goiânia-GO, 1996.n.p. (Folder).

4. SCHOONHOVEN, A. Van; PASTOR-CORRALES, M.A. (Comp.) Sistemaestándar para la evaluación degermoplasma de frijol. Cali, Colombia:CIAT, 1987. 56p.

Silmar Hemp, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.2.382-D, Crea-SC, Epagri/Centro de Pesqui-sa para Pequenas Propriedades, C.P. 791,Fone (049) 723-4877, Fax (049) 723-0600,89801-970 Chapecó, SC; Roger DelmarFlesch , eng. agr., Ph.D., Cart. Prof. 1.298-D,Crea-SC, Epagri/Centro de Pesquisa paraPequenas Propriedades, C.P. 791, Fone (049)723-4877, Fax (049) 723-0600, 89801-970Chapecó, SC; Aluízio Maia Martins, eng.agr., Cart. Prof. 2.030-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de Ituporanga, C.P.98, Fone (047) 833-1409, Fax (047) 833-1364,88400-000 Ituporanga, SC; AntonioDomeval Alexandre, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 858-D, Crea-SC, Epagri/Estação Expe-rimental de Campos Novos, C.P. 116, Fone(049) 541-0748, Fax (049) 541-0777, 89620-000 Campos Novos, SC; Gilson JoséMarcinichen Gallotti, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 6.919-D, Crea-SC, Epagri/Estação Ex-perimental de Canoinhas, C.P. 216, Fone(047) 624-1144, Fax (047) 624-1079, 89460-000 Canoinhas, SC; Jack Eliseu Crispim,eng. agr., Ph.D., Cart. Prof. 759-D, Crea-SC,Epagri/Estação Experimental de Urussanga,C.P. 49, Fone (048) 465-1209, Fax (048) 465-1933, 88840-000 Urussanga, SC e ValdirBonin, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. 3.262-D,Crea-SC, Epagri/Estação Experimental deSão Joaquim, C.P. 81, Fone/Fax (049) 233-0324, 88600-000 São Joaquim, SC.

PESQUISA EMANDAMENTO

Calagem em plantioCalagem em plantioCalagem em plantioCalagem em plantioCalagem em plantiodiretodiretodiretodiretodireto

O plantio direto avança rapida-mente, ocupando extensas áreasno mundo. Hoje, em todo o Estado,já são cultivados neste sistema cer-ca de 685.405ha.

Do conceito simples de não ararmais o solo até o conhecimento dascomplexas relações biológicas, quefazem a verdadeira fertilidade dosolo, é possível, hoje, praticar-seuma agricultura de custos cada vezmais baixos, consumindo menosagroquímicos.

Um dos fatores de redução doscustos da produção consiste na apli-cação de corretivos, no caso ocalcário, na camada superficial dosolo, sem o revolvimento do mes-mo, conforme preconiza o sistemade plantio direto.

Com os objetivos de avaliar oefeito da não incorporação docalcário nas propriedades quí-micas e físicas do solo e nas produ-tividades do milho, soja e triticale;avaliar economicamente oparcelamento de calcário quandocomparado à aplicação total do cor-retivo e determinar a resposta dasculturas ao parcelamento ou nãoda calagem estão sendo conduzidostrabalhos de pesquisa no municípiode Campos Novos e Chapecó.

Nestas pesquisas o sistema decultivo é o de semeadura direta. Ocalcário foi aplicado antes da cultu-ra de inverno, que serviu de cober-tura para as culturas seguintes,num sistema de rotação que envol-ve o triticale/soja e ervilhaca/mi-lho.

Estes trabalhos estão sendo con-duzidos sob a responsabilidade dapesquisadora da Epagri, Carla Ma-ria Pandolfo, da Estação Experi-mental de Campos Novos, Fone(049) 541-0748, Fax (049) 544-1777,C.P. 116, 89620-000 Campos No-vos, SC.

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Palmeira-real impulsiona produção de palmitoPalmeira-real impulsiona produção de palmitoPalmeira-real impulsiona produção de palmitoPalmeira-real impulsiona produção de palmitoPalmeira-real impulsiona produção de palmitoem Santa Catarinaem Santa Catarinaem Santa Catarinaem Santa Catarinaem Santa Catarina

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

m todo o mundo ele é apreciadoe considerado uma iguaria. De

sabor suave e macio ao mastigar, opalmito – pode-se dizer que é “diet”por natureza e saudável – contém emcada 100g apenas 18 calorias e 0,1g degordura. Além disso, é rico em fibras,o que é bom para o intestino e empotássio, um mineral necessário parao funcionamento do coração, entreoutras importantes funções no orga-nismo humano. E para completar,tem baixo teor de açúcares, um ali-mento adequado para os diabéticos,além da presença de outros mineraiscomo cálcio, fósforo, sódio e as vitami-nas B1, B2, C e niacina. Estas infor-mações constam da revista Saúde, de

Com a crescente difi-culdade na exploraçãodo palmito nativo, queestá em fase de extinção,industriais, agricultorese técnicos voltam suaatenção para uma pal-meira exótica que mos-tra ter um grande poten-cial.

Nesta reportagem sãoabordados os métodos decultivo, a produção e aopinião de produtores etécnicos.

E junho deste ano, a qual revela tam-bém que o palmito – gema apical,embrião das novas folhas, encontradono cerne da parte superior da maioriadas palmeiras – só é comestível esaboroso em poucas palmáceas, entreas quais a palmeira açaí (Euterpesoleracea ) e a pupunha (Bactrisgasipaes ), ambas do Norte do Brasil, eo juçara (Euterpes edulis), ocorrentena mata atlântica, principalmente noSul.

Mas nem tudo é macio e suave navida dos palmiteiros. Por se trataremde árvores nativas, ocorrentes nasflorestas tropicais, desde a década detrinta os palmitos são extraídos paraserem enlatados, sem maiores cuida-

dos em sua regeneração (replantio), oque levou o Ibama a adotar medidasrestritivas em sua exploração. Maisrecentemente, universidades e insti-tutos de pesquisa iniciaram estudospara a produção comercial da pupunha,cujo crescimento é o mais rápido detodos – dois anos, contra oito a dezanos do juçara e açaí. Pararelamentea estes trabalhos, uma novidade sur-giu no Sul do país. A Epagri, em SantaCatarina, está pesquisando umapalmácea exótica, a palmeira-real-da--austrália (Archontophoenix spp), ori-ginária das regiões de Queensland eN.S.Wales, da Austrália. Porém, an-tes mesmo do início das pesquisas hádois anos, já na década de 70, o saudo-so padre e botânico Raulino Reitz, doHerbário Barbosa Rodrigues, de Itajaí,SC, apontava o potencial desta pal-meira para plantio no Estado, comamplas possibilidades de substituir opalmiteiro (E. edulis), pois produzmais massa e palmito de ótimo pala-dar. Além disso, o seu crescimento émais rápido que o juçara, ou seja, comtrês anos e meio a quatro, já pode sercortado. É tudo que os agricultores eempresários catarinenses queriam.Hoje, indústrias de conservas, peque-nos e médios agricultores já estãocultivando a palmeira-real com óti-mos desempenhos, como veremosadiante nesta reportagem.

Espécie promissora

Em Santa Catarina, o município deGuaramirim, situado no Vale doItapocu, perto da industrializadaJaraguá do Sul, destaca-se pela diver-sidade de sua agropecuária, onde oarroz irrigado é o produto mais forte,seguido da banana, olericultura, avi-cultura de corte e gado de leite. Várias

Palmeira exótica produz na metade dotempo do palmito nativo

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

indústrias de conservas de pequeno,médio e grande porte estão localiza-das na cidade. Mas a atividade quemais tem crescido nos últimos trêsanos, sem dúvida, é o cultivo da pal-meira-real. E quem tem acompanha-do de perto este crescimento é o téc-nico agrícola Alcibaldo PereiraGermann, extensionista local da Epa-gri. Tudo começou, conta ele, porvolta de 1994, quando as liderançasagropecuárias locais e as empresas deconserva do município, através daAssociação Comercial, Industrial eAgrícola de Guaramirim – ACIAG,entenderam que a exploração do pal-mito nativo estava chegando num poçosem fundo, onde leis ambientais rigo-rosas e a baixa produção,inviabilizariam a exploração do con-corrido produto. Diante dessa realida-de, começaram a procurar informa-ções e ajuda, culminando com a reali-zação, em novembro de 1995, de umseminário técnico sobre palmáceas,que visava buscar alternativas, comoa pupunha, palmitos híbridos, etc. Oevento teve o apoio da prefeitura,Epagri, empresários e produtores ru-rais e contou com a presença de pes-quisadores, professores e especialis-tas do Estado e de outras regiões dopaís. No final, entre as várias espéciesde palmeiras, a escolhida foi a palmei-ra-real que, após a apresentação deinformações de campo e teste deprocessamento industrial numa em-presa local, convenceu a todos de suasboas características para produção ecomercialização, o que confirmou os

dados do botânico RaulinoReitz. A partir daí iniciou--se uma nova etapa, bus-cando-se identificar as me-lhores variedades, técni-cas de plantio, etc. Aomesmo tempo, a EstaçãoExperimental de Itajaídeu início a pesquisas paraorientar com mais preci-são os produtores rurais eindústriais no cultivo danova espécie.

Alcibaldo confessa quenão tinha visto ainda umcultivo agrícola tão pro-missor como esta palmei-ra. “É uma ótima alterna-tiva para qualquer tamanho de propri-edade agrícola. Além de ser uma plan-ta ornamental, muitas casas e sítios autilizam para enfeitar as entradas ecaminhos, ela pode ser plantada emlocais íngremes ou no plano, até su-porta a alta umidade, quer dizer, asáreas menos nobres da propriedadepodem ser aproveitadas. O cultivo nãoexige muitos cuidados, é uma plantarústica, não encontramos nenhumapraga ou doença que comprometa oseu desenvolvimento”, revela o técni-co. Ele conta também que tem recebi-do, de vários Estados, pedidos de in-formações e de remessa de sementese também recebe visitas de jornalis-tas ávidos para divulgar este novoempreendimento que despontou noSul do país.

“Não temos uma tecnologia defini-tiva para recomendar com precisão

aos produtores, a pesqui-sa está testando ainda, en-tretanto na prática do dia--a-dia, algumas coisas va-mos conhecendo”, comen-ta Alcibaldo. Ele explicaque, em média, dá para seter cerca de 10 mil plantaspor hectare. Testes preli-minares indicam que épossível envasar um vidroe meio de palmito por pé,o que daria 15 mil vidrospor hectare. Consideran-do que o produtor podevender em torno deR$ 1,20 a R$ 1,50 por vi-dro, logo, aproximando

Irineu (esquerda) e Tomaz (direita) pretendem plantarmais de 200 mil mudas da palmeira-real

para R$ 1,35, resultaria numa rendabruta de R$ 20.250,00 por hectare. Otécnico ressalta que o cultivo da pal-meira-real é uma renda de longo pra-zo, quer dizer, o agricultor deve pro-curar administrar sua propriedadebuscando alternativas de renda fre-qüente, de médio e de longo prazos.“Só assim o produtor conseguirá sesustentar e desenvolver-se economi-camente”, argumenta o extensionista.

Agricultores e empresáriosaprovam

Na mira deste precioso dinheiroestão os agricultores de Guaramirim,entre os quais os sócios Irineu Valli eTomaz Savulski, da Comunidade dePutanga. Aproveitando uma área decapoeira em um morro, os dois agri-cultores estão ampliando o plantio de76 mil mudas já implantadas, e que-rem introduzir mais 150 a 200 milmudas. “A limpeza das capoeiras étrabalhosa, mas compensa”, comen-tam Irineu e Tomaz. “Os maiorescustos”, diz Alcibaldo, “estão no prepa-ro do terreno e limpezas iniciais,evitando as ervas-daninhas. A pal-meira-real não tolera competição”. Areportagem perguntou aos dois pro-dutores qual o tipo de adubo utilizado,e a resposta foi nenhum. “Temos ob-servado que a maioria dos agriculto-res, para economizar, não utiliza afertilização e mesmo assim a plantacresce frondosa, permitindo a colhei-ta normal dos palmitos. Provavelmen-te teremos que adubar no futuro, por

Palmeira-real é rústica e se adapta em diversoslocais e solos

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enquanto está dando certo sem adu-bo, mas vamos ficar de olho no com-portamento da palmeira. Outro agri-cultor, o Sr. Atílio Rossi, da Comuni-dade de Rio do Meio, em Camboriú,SC, estava colhendo os seus palmitosquando a reportagem chegou à suapropriedade. O Sr. Atílio está colabo-rando com a Epagri, que está fazendotestes de preparo artesanal do palmi-to para conserva. A idade de suasárvores está em torno dos três e meioa quatro anos e o solo é arenoso eencharcado em algumas áreas. “Dápena cortar estas árvores, eu tenhoacompanhado o desenvolvimento des-tas palmeiras todos estes anos”, con-versa o agricultor, e completa “nãotenho queixa desta planta, é fácil oseu manejo, é só plantar que ela vemsozinha, não precisa fazer desbaste,nem adubar, aprovou cem por cento.”

Quem também está aprovando anova palmeira é o empresário ElóiSoter Correa Neto, diretor presidenteda Indústria e Comércio de ConservasJuriti Ltda., a pioneira da região, com36 anos de fundação. Assim como aJuriti, empresas locais como a Roja,Verde Vale e outras apostaram napalmácea e não se arrependeram

senta uma proeminência típica nabase do estipe (caule das palmáceas).A outra espécie apresenta porte me-nor, alcançando no Estado de 15 a20m de altura e tem a base do estipemenos grossa. Floresce e frutifica nomesmo período que a espécie anteri-or. As flores recém-formadas mos-tram coloração roxo-lilás e os frutossão igualmente de cor vermelha. Assementes são cobertas com fibras gros-sas e soltas.

As recomendações apresentadas aseguir são baseadas em normas técni-cas elaboradas em conjunto porextensionistas, pesquisadores, técni-cos de empresas privadas e produto-res. Não quer dizer que sejam defini-tivas, na verdade são o fruto das ob-servações e experiências até agoravivenciadas e reforçadas com pesqui-sas, ainda em andamento, na EstaçãoExperimental de Itajaí.

Apesar desta palmeira se adaptar avários tipos de solos e locais, reco-menda-se que em solos argilosos pres-te-se atenção aos problemas decompactação e excesso de umidade.As sementes devem ser colhidas ma-duras, geralmente nos meses de se-tembro a dezembro, provenientes deplantas matrizes com boas caracterís-ticas para produção de palmito, evi-tando colher em plantas isoladas. Umatécnica usada pelos agricultores émergulhar as sementes em uma vasi-lha com água durante dez dias para adespolpa, dali são colocadas em umsaco de aniagem úmido por dez a vintedias, onde germinam. Logo em segui-da são colocadas em saquinhos plásti-cos pretos com substrato (argila, areia,esterco curtido e coberto com algummaterial inerte, que na região é acasca de arroz carbonizada dos enge-nhos). A emergência das plantas ocor-rerá de 30 a 60 dias após a semeadura,dependendo da época. As mudaspermanecem nos saquinhos de seis aoito meses, protegidas de sol direto (oideal, após a emergência das planti-nhas, é intercalar sombra e sol, parajá acostumá-las) e só então vão acampo no local definitivo.

A cova de plantio deve ter dimen-sões de 20 a 25cm de abertura por 25a 30cm de profundidade. No início serecomendava colocar cinco a oito plan-

Industrial Elói Neto: palmeira-realajuda a escalonar a produção e a

comercialização

“Para nós da indústria, a palmeira--real vem cobrir uma lacuna impor-tante, pois estamos tendo muita difi-culdade com o palmito nativo, ele estáem extinção, há muitas exigênciaslegais para sua extração, que édificultosa, aumentando os custos paraa empresa”, declara Elói Neto, e emen-da “a palmeira-real é mais precoceque o nosso palmito nativo, seu saboré semelhante, podemos agoraescalonar nossa produção e comercia-lização, sem os altos e baixos que atéhoje apresenta a exploração do palmi-to juçara”. A Juriti tem uma área nomunicípio com plantio de 2 milhões deárvores, e espera ter nos próximosanos um total de 4 milhões de plantas,ou seja, perto de 400ha para colheita.Segundo ainda o diretor da Juriti, quevende palmito até para o Japão, ameta da empresa é baratear tambémo custo para o consumidor, reduzindoo preço do vidro de palmito em 15%.

Técnicas de cultivoTécnicas de cultivoTécnicas de cultivoTécnicas de cultivoTécnicas de cultivo

As espécies de palmeira-real-da--austrália são palmáceas amplamentecultivadas em todos os trópicos esubtrópicos como plantas ornamen-tais. Em Santa Catarina vêm sendocultivadas em quase todos os municí-pios do Litoral e Médio Vale do Itajaí,igualmente para fins ornamentais. Sónos últimos anos, entretanto, é quecomeçou o interesse no plantio co-mercial, a partir da região do LitoralNorte, difundindo-se para as demaisregiões do Litoral e Vale do Itajaí.Existem basicamente duas espéciesem cultivo no Estado, a Archonto-phoenix alexandrae e a Archonto-phoenix cunninghamiana. A primeiraé a mais plantada, podendo alcançaraté 30 a 32m de altura no auge docrescimento, sendo mais comum emSanta Catarina atingir 25m de altura.Floresce e frutifica de agosto a abril, apartir do quinto ano. As flores recém-formadas apresentam coloração bran-ca ou creme-clara, e os frutos têmcoloração vermelha. As sementes sãocobertas com fibras firmes e tênues. AA. alexandrae possui uma variedade,a beatricae, de menor porte, e apre-

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tas por cova, mas hoje sabe-se que nomáximo deve haver duas a três, oideal parece ser uma. O espaçamentoentre linhas pode variar entre 1,5 e2,5m, dependendo do equipamentoutilizado para roçadas. Posteriormen-te, por ocasião da colheita, planta-seas novas mudas nas entrelinhas e napróxima volta-se ao local anterior eassim sucessivamente. O espaçamentoentre plantas é de 0,5 a 1,0m. Quantoà adubação de base, é recomendado100 a 200g/cova de superfosfato sim-ples e 5 a 8 litros/cova de cama deaviário curtida. O fósforo é o nutrien-te mais importante no plantio, indi-cando-se 5 ppm como nível crítico donutriente no solo. Como adubação decobertura, orienta-se o uso de fórmu-las que reforcem os nutrientes nitro-gênio e potássio, aplicando-se de trêsou quatro vezes ao ano.

O controle de inços é importante,devendo-se manter a planta livre deervas até que as próprias palmeiraspor sombreamento limitem a germi-nação e o crescimento de outras plan-tas indesejáveis. Uma boa prática é autilização de adubos verdes como co-bertura, pois servirão como adubaçãoorgânica ou como forrageira, além deproteção do solo. Quanto à colheita, aprática tem mostrado que, dependen-do das condições de fertilidade e dispo-nibilidade de água no local, já aos trêsa três anos e meio pode ser colhido opalmito. A planta deverá ter umaaltura de 2,15 a 3,20m e o estipe

(caule) de 1,20 a 2,0m. O local ondeestá o palmito é chamado de “cabeça”,logo acima do estipe, e deve ter de 0,90a 1,0m de comprimento. O rendimen-to esperado de palmito por cabeça é de380 a 800g de tolete (o palmito quevemos no vidro de conserva) e de1.080 a 1.900g o total, quer dizer otolete mais as partes menos nobres,denominadas comercialmente de pi-cadinho.

Pesquisas em andamento

Os trabalhos de pesquisa agronô-mica com a palmeira-real-da-austráliasão coordenados e executados pelopesquisador Milton Geraldo Ramos daEstação experimental de Itajaí, daEpagri. Milton explica que a preocu-pação inicial da pesquisa é coletar efornecer sementes de boas plantasmatrizes para a formação dos poma-res comerciais. Atualmente como ospomares da pesquisa não estão aindana fase de coleta de sementes, o jeitoé buscar em áreas selecionadas ondeexistem árvores florescendo. As se-mentes da cultivar A. alexandrae ,adaptada a baixas altitudes, sãocoletadas na região do Litoral e MédioVale, ao passo que as sementes da A.cunninghamiana , que prefere altitu-des maiores, são colhidas no Sul doEstado e Alto Vale do Itajaí. O pesqui-sador revela que os pedidos de semen-tes e informações sobre a palmeira--real são bastante constantes, não só

do Estado, mas também de todo oBrasil.

Em relação aos experimentos, ostrabalhos iniciaram enfocando a se-mente (qualidade, armazenamento,produção de muda, efeito do tamanhoda muda, etc.). Quanto às densidadesou arranjos de plantio, o pesquisadoranuncia que, dos espaçamentos testa-dos (2 x 1m com 6 a 8 mudas por cova,2 x 1m com 2 a 3 mudas por cova, 2 x1m com uma muda por cova, 2 x 0,5mcom uma ou duas mudas por cova,etc.), o que está melhor se destacandoé o de 2 x 0,5m, resultando numadensidade de 10 a 12 mil plantas porhectare. Outros testes valiosos têmsido os dos substratos utilizados nossaquinhos plásticos e os tipos de co-berturas nos solos ao redor da plantae nas entrelinhas. Nos experimentosde cobertura, Milton mostrou à repor-tagem alguns aspectos que se sobres-saem, como as áreas cobertas comresíduos ou cascas de arroz que aba-fam os inços e conservam a umidadedo solo. As mudas com este tipo decobertura, pelo menos o que se obser-vou até o momento, destacam-se emrelação a outras que são capinadas aoredor ou que recebem outro tipo dematerial.

Milton Ramos entende que muitasinformações ainda necessitam ser tes-tadas, porém já se tem certeza devários pontos. Ele esclarece tambémque, paralelo aos experimentos naestação, a pesquisa também acompa-

Pesquisador Milton Ramos: coberturas no solo ao redor dasplantas e entrelinhas ajudam no desenvolvimento da

palmeira-realPalmeira-real-da-austrália em fase de corte para palmito

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

nha pomares já estabelecidos por agri-cultores, ampliando, assim, o lequede observações e experiências. Entreas técnicas consideradas aprovadasestá o uso do saquinho plástico pretopara as mudinhas, que provou sersuperior a copos, potes, cascas demadeira, entre outros. O uso de com-ponente orgânico no substrato dossaquinhos (esterco curtido, compos-tagem, vermicompostagem, etc.) pro-vou ser importantíssimo para o bomdesenvolvimento da muda. Falando-se em muda, também já se sabe que otamanho de 12cm é o ideal para plan-tio a campo, bem como está se descar-tando a semeadura direta no campo,pois, de maneira geral, existe muitaperda e as mudinhas demoram paracrescer, inviabilizando um plantiocomercial bem conduzido.

Industrialização caseira

O palmito, ao ser colhido, tende aescurecer por ação enzimática, quan-do em contato das partes comestíveiscom o oxigênio do ar. Por isso a impor-tância de utilizar produtos que man-tenham a sua cor natural e as condi-ções ideais para processá-los por umperíodo razoável. Este processamentoa indústria de conservas conhecemuito bem, mas os agricultores po-dem também preparar artesa-nalmente suas próprias conservas,desde que sigam algumas técnicasbásicas. Pensando nisso, a Epagrireuniu um grupo de extensionistasespecializados em industrializaçãocaseira e mais o pesquisador MiltonRamos para avaliar, entre diversasopções, uma tecnologia já disponívelpara a pupunha (boletim Bene-ficiamento Caseiro de Palmito, edita-do pela Comissão Executiva do Planoda Lavoura Cacaueira – Ceplac), a seraplicada para a palmeira-real.

O engenheiro agrônomo ArnaldoContessi, especialista em processa-mento de alimentos, ressalta que aparte mais nobre do palmito é o tolete,cortado de 9 em 9cm em um gabaritode madeira com sulcos para facilitar ocorte da faca. O restante são brotosfoliares no ápice, e a parte caulinar, abase, mais dura e fibrosa, requer umpré-processamento térmico para mai-

or aproveitamento e rendimento. Es-tas partes também são aproveitadas,mas como picadinho. Imediatamenteapós o corte, os toletes são colocadosem solução de espera (salmouraacidificada) para evitar que escure-çam, até que o processamento tenhaprosseguimento. Segundo Arnoldo, opH final (de equilíbrio) do produtoenvasado não pode em hipótese algu-ma ser superior a 4,6 (o pH ideal seriade 4,3) sob risco do desenvolvimentoda bactéria Clostridium botulinum,que produz uma potente toxina letalcausando o botulismo. Nos vidros deconserva, normalmente com capaci-dade de 300g, os palmitos são cuidado-samente colocados, separando-se ostoletes dos picados, juntando-se a sal-moura acidificada até 1cm da tampa.Leva-se para banho-maria, manten-do-se por 10 minutos os recipientesabertos, a fim de eliminar o máximode ar do interior dos vidros e paraaquecimento da salmoura. Recomen-da-se colocar uma grade de madeirano fundo da panela para evitar trincasnos vidros pelo contato direto dosmesmos com o fundo quente da pane-la. Após esta fase, os vidros hermeti-camente fechados sofrem uma esteri-lização caseira por 30 minutos embanho-maria, seguida de resfriamento.Esta operação visa inativar osmicroorganismos nocivos à saúdehumana. Por fim, retiram-se os potesda panela e arrumam-se-nos sobreuma mesa para continuar oresfriamento. Os vidros são etique-tados para registrar a data doprocessamento. Daí por diante, apóscolocar os potes em local adequado,protegidos da luz, os técnicos da Epa-gri vão acompanhar o comportamen-to das conservas, observando periodi-camente os produtos para verificar seo processamento deu bom resultado.Arnaldo Contessi diz que, assim queos resultados destes testes estiveremanalisados e as técnicas comprovadas,então a Epagri poderá divulgar aosagricultores. Por enquanto, é só expe-riência.

E, para finalizar a reportagem, valeregistar o alerta da revista Saúde aosconsumidores. Ao comprar uma con-serva nos supermercados, armazémou feira, procurar sempre aquelamarca de uma empresa ou de produ-tor idôneo, conhecido, e, confiar nocontrole feito pela Vigilância Sanitá-

ria. Não dá para saber pelo visual se oproduto contém todos os toletes maci-os ou se o produto não está contami-nado. O melhor jeito é comprar prefe-rencialmente a marca que coloca norótulo o número de atendimento aoconsumidor, um sinal de respeito aocliente e maior probabilidade de pal-mitos macios.

Corte da árvore no pomar

Corte dos toletes de palmito

Potes de palmito em toletes e picadinhosprontos para armazenamento

o

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OPINIÃO

A sustentabilidadeA sustentabilidadeA sustentabilidadeA sustentabilidadeA sustentabilidadedas mudançasdas mudançasdas mudançasdas mudançasdas mudanças

institucionais nainstitucionais nainstitucionais nainstitucionais nainstitucionais naagriculturaagriculturaagriculturaagriculturaagricultura

Sergio Leite Guimarães Pinheiro

tualmente as instituições do setorpúblico agrícola passam por um

processo de mudança: da visão predomi-nantemente reducionista e produtivistapara a busca do desenvolvimento susten-tável, o qual procura integrar objetivoseconômicos, ambientais e sociais. Paraestas transformações darem certo, nãobasta apenas usar métodos gerenciaiscomo planejamento estratégico e quali-dade total. Estas são ferramentas neces-sárias, mas não suficientes.

Mudanças institucionais não são fá-ceis. Para que efetivamente se realizem,é preciso que elas comecem pelas pró-prias pessoas que organizam e manejamas instituições – seus técnicos, diretorese funcionários em geral, principais agen-tes de ligação entre as organizações e asociedade. Entretanto os seres humanossão conservadores por natureza e resis-tentes a mudar a forma com que tradici-onalmente vivem e trabalham, seja pordesconhecimento do “novo”, por insegu-rança e medo do “incerto” ou até por merocomodismo. Em muitas organizações, aresistência à mudança aumenta a dis-tância entre a instituição e a sociedade.A menos que as empresas – sejam elaspúblicas ou privadas – desenvolvammeios de entender e atender eficiente-mente a dinâmica das demandas soci-ais, perderão gradativamente apoio soci-al, político e econômico – conseqüente-mente, tenderão a desaparecer. Um dossintomas disso é a crescente falta desuporte financeiro que muitas institui-ções públicas estão experimentando –cada vez mais os recursos estão sendocanalizados para ONGs consideradasmais “responsivas” à sociedade. Dimi-nuir a “distância social” tem se tornadoo principal desafio de muitas empresasque pretendem sobreviver numa econo-mia cada vez mais competitiva – e anecessidade de sobrevivência por si sóoferece uma oportunidade de mudança.

Algumas ações que facilitam mudan-ças de forma sustentável nas institui-ções são: o desenvolvimento de sistemasparticipativos e descentralizados dogerenciamento e a construção de parce-rias interinstitucionais e cooperação comgrupos sociais organizados. No setor agrí-cola estas ações se tornam necessárias

porque:• Os desafios para a pesquisa, ensino,

extensão e desenvolvimento rural estão setornando cada vez mais complexos (ex.desenvolvimento sustentável).

• Recursos governamentais estão fi-cando cada vez mais limitados (e disputa-dos).

• Sistemas de aprendizado e conheci-mento necessitam considerar diversasrealidades e experiências (e não apenas atécnica-científica).

• Problemas sócio-ambientais não selimitam à cerca da fazenda, ao portão dainstituição ou à fronteira municipal ouregional e, conseqüentemente, nem assoluções.

Uma discussão mais detalhada a res-peito das ações sugeridas acima foge aosobjetivos deste texto. Contudo, gostaría-mos de destacar que estas ações paraserem desenvolvidas não necessitam re-cursos financeiros adicionais, podendo serrealizadas dentro dos orçamentos exis-tentes. Basicamente elas representamuma transformação no estilo gerencial emconseqüência de uma mudança deparadigmas que se inicia pelas própriaspessoas de dentro da instituição.

Infelizmente ainda em muitos casosas mudanças são impostas de cima parabaixo, o que geralmente gera insatisfa-ções e resistências – conseqüentemente,as transformações não se sustentam amédio-longo prazo. Uma das formas deajudar a construir mudanças genuínas evoluntárias (e conseqüentemente susten-táveis) nas pessoas é oferecer a elas expe-riências alternativas e encontros com in-divíduos de outros sistemas sociais. Emsíntese, interações que viabilizem a ex-ploração de paradigmas alternativos, es-timulando uma reflexão sobre as tradi-ções culturais e mitos que limitam asteorias correntes. Isto pode ser feito atra-vés da organização e participação em even-tos técnico-científicos, principalmenteaqueles que procuram promover o inter-câmbio de novas idéias, fontes de inspira-ção e entusiasmo.

Um exemplo recente foi o III Encontroda Sociedade Brasileira de Sistemas deProdução – SBS, realizado em Florianó-polis, entre 26 e 28 de maio, do qual aEpagri foi uma das instituições promoto-ras. A SBS tem se constituído num dosmais importantes fóruns de promoção,discussão e troca de experiências na áreade ensino, pesquisa, extensão e desenvol-vimento rural com enfoque sistêmico,participativo e sustentável. Neste IIIEncontro, destacaram-se duas experiên-cias em termos de inovação, ousadia eamplitude dos resultados alcançados. Pri-meiro, a pesquisa participativa denomi-nada “Agricultores-experimentadores” li-derada pela América Central e conduzida

em parceria entre técnicos e produtores.Pesquisas envolvendo a participação deagricultores não são nenhuma novidade,mas geralmente se limitam a projetosisolados e de alcance limitado, depen-dentes de técnicos e recursos governa-mentais para seguirem adiante. A expe-riência centro-americana impressionapela abrangência dos resultados e pelofato de estar sendo construída por umaassociação de agricultores que desenvol-veu uma forma de organização e comuni-cação de dimensões continentais. A se-gunda experiência que surpreendeu posi-tivamente foi o programa australiano deextensão denominado “Landcare”, o qualenvolve a participação comunitária napreservação ambiental em microbaciashidrográficas. Este projeto começou comovários outros espalhados pelo mundo (umexemplo é o projeto microbacias que te-mos aqui em Santa Catarina), mas aforma de participação social e repercus-são dos resultados o destacou de manei-ra a ser apontado como maior exemplo desucesso em nível mundial. Hoje existemmais de 2.500 grupos comunitários (ru-rais e urbanos) desenvolvendo o projeto,o qual deixou de depender somente dainiciativa governamental e passou a serplanejado, implementado e monitoradopela própria sociedade, contando com ogoverno como parceiro.

Estas e outras experiências apresen-tadas e discutidas no III Encontro daSBS ofereceram aos participantes a pos-sibilidade de reflexão sobre novas opçõesde ensino, pesquisa, extensão e desenvol-vimento rural. Alguns grupos de interes-se comum foram formados (muitos decaráter interinstitucional envolvendo di-versas formas de organizações sociais) eestão procurando se estruturar para de-senvolver projetos a partir de novasidéias e paradigmas. O desafio institucio-nal é oferecer todo o apoio e incentivo paraestas iniciativas, que são as oportunida-des para que as transformações ocorramde forma sustentável, a partir dos pró-prios funcionários e com a participaçãoda sociedade. Os dois casos citados nestetexto são exemplos de como é possível,através da valorização da diversidade derealidades e tipos de conhecimento exis-tentes, aliada a uma maior distribuiçãode poder e responsabilidade entre osparticipantes, explorar a prática do diá-logo, da cooperação, da solidariedade eda cidadania, aspectos essenciais para abusca do desenvolvimento sustentável.

Sérgio Leite Guimarães Pinheiro, eng.agr., Ph.D., Cart. Prof. 7.650-D, Crea-SC,Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P.277, Fone (047) 346-5244, Fax (047) 346-5255, 88301-970 Itajaí, SC. E-mail:[email protected].

A

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CONJUNTURA

Crédito rural e aCrédito rural e aCrédito rural e aCrédito rural e aCrédito rural e aagricultura familiaragricultura familiaragricultura familiaragricultura familiaragricultura familiar

Antônio Trevisan

Decreto no 1.946 de 28 de junho de1996 criou o Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar –Pronaf com a finalidade de promover odesenvolvimento sustentável do segmentorural constituído pelos agricultores familia-res, de modo a propiciar-lhes o aumento dacapacidade produtiva, geração de empregose a melhoria de renda. A Resolução no 2.310de 29 de agosto de 1996 consolidou as nor-mas aplicáveis aos financiamentos concedi-dos ao amparo do Pronaf. Estas medidascontribuem para o fortalecimento dos agri-cultores classificados como familiares.

São beneficiários do Pronaf — Assistên-cia Financeira – os produtores rurais queatendam simultaneamente aos seguintesquesitos: explorem parcela de terra na con-dição de proprietários, posseiros, arrenda-tários ou parceiros; mantenham até doisempregados permanentes; não detenham,a qualquer título, área superior a quatromódulos fiscais; possuam 80%, no mínimo,de sua renda bruta anual proveniente daexploração agropecuária e/ou extrativa eresidam na propriedade ou em comunida-des rurais.

Anterior à publicação deste decreto, to-dos os beneficiários ao crédito rural eramclassificados como: miniprodutores — quan-do a renda agropecuária bruta era inferiora R$7.500,00; pequenos produtores — quan-do a renda agropecuária bruta se enquadra-va entre R$7.5000,00 e R$22.000,00; demaisprodutores — quando a renda agropecuáriabruta anual era superior a R$22.000,00.

Com o surgimento do Pronaf, estabele-ceu-se novas linhas de apoio e financiamen-to diferenciadas aos agricultores classifica-dos como familiares. Nesta matéria apre-senta-se, resumidamente, as principais li-nhas de financiamento amparadas peloPronaf, hoje disponibilizada em nível na-cional.

Crédito Pronaf

Crédito para custeio

Para esta finalidade há duas linhas definanciamento: Custeio convencional ounormal e custeio especial (Pronafinho)

• Custeio convencional ou normalTrata-se de uma linha de crédito, utiliza-

da pelo Banco do Brasil S/A, a qual recebeua denominação de Rural Rápido.

O acesso a esse recurso é feito direta-mente nos agentes financeiros, sendo o li-mite de crédito R$5.000,00 por agricultor. Ojuro desta linha de crédito é de 5,75% ao ano.

• Custeio especial (também conhe-cido por Pronafinho)

Iniciada em 1997, é uma linha que visaatender aqueles agricultores cuja renda bru-ta da propriedade não ultrapassa à R$8.000,00por ano.

O limite de financiamento é de no mínimoR$500,00 e no máximo R$1.500,00. O governoconcede ao agricultor um subsídio de R$200,00por empréstimo. Isto significa que se o valordo empréstimo for de R$1.000,00, o agricultorirá pagar apenas R$800,00, acrescido do jurode 5,75% ao ano aplicado sobre o valor totalfinanciado (R$1.000,00).

Não é obrigatório apresentação de projetotécnico para acessar esta linha de crédito.

Crédito para investimento

Conta também com duas linhas de finan-ciamento: Crédito de Investimento Conven-cional e Crédito de Investimento Especial(Pronafinho investimento)

Os encargos financeiros são: juros de6,0% ao ano mais Taxa de Juros de LongoPrazo (TJLP) dividido por dois, ou seja , obeneficiário pagará 50% dos encargos finan-ceiros. Neste caso é obrigatória a apresenta-ção de projeto técnico.

• Crédito de investimento conven-cional

Para ser enquadrado nesta linha de cré-dito, o agricultor não poderá possuir rendabruta anual superior a R$28.000,00. No casode avicultores, piscicultores, suinocultores,olericultores e sericicultores o valor da rendabruta não poderá ultrapassa a R$56.000,00.

O limite de financiamento é de R$15.000,00e para associações de agricultores, ou seja,crédito solidário, o valor máximo é deR$75.000,00, respeitando o limite deR$15.000,00 por agricultor.

• Crédito de investimento especial(também conhecido por PronafinhoInvestimento)

A renda bruta anual do agricultor e suafamília não poderá ser superior a R$8.000,00.Os limites de empréstimo são: no mínimoR$1.500,00 e no máximo de R$3.000,00.

Nesta linha de financiamento há umasubvenção do governo de R$700,00 ao agri-cultor.

Novas linhas

• AgregarEm julho de 1998, foi criado o Pronaf

Agroindustrial para Agregação de Renda àAtividade Rural (Agregar) — trata-se de linhade crédito ao amparo do Pronaf, com a finali-dade de atender investimentos, inclusive eminfra-estrutura que visem: o beneficiamento,processamento e comercialização da produ-ção agropecuária ou de produtos artesanaisdesenvolvidos por famílias rurais, de formaisolada ou grupal e a exploração de turismo elazer rural.

O limite máximo de crédito individual éR$15.000,00 e do coletivo é R$75.000,00.

• Proger RuralNo âmbito do Proger Rural foi criada uma

linha de financiamento rural custeio, namodalidade de crédito rotativo, que a princípio

deverá ser operacionalizada pelas agênciasdo Banco do Brasil S/A e destinada ao Cus-teio Agrícola e Pecuário. O limite do cré-ditoé de R$15.000,00 por beneficiário e o prazoé de dois anos, podendo ser renovado.

Crédito geral custeio einvestimento

Além do Pronaf há outras linhas definanciamento que atendem custeio e in-vestimento.

No caso do custeio, independente daclassificação do beneficiário (agriculturafamiliar ou não), os juros cobrados são de8,75% ao ano, nas operações contratadas apartir de julho de 1998.

No caso do financiamento para investi-mento, a partir de julho de 1998, os jurosforam estabelecidos em 8,75% ao ano.

Desenvolvimento e créditorural

Será necessário que os agricultores seconscientizem que, além do estabelecimen-to de linhas especiais de crédito, é funda-mental estarem organizados para que efe-tivamente os recursos necessários sejamalocados em quantidades suficientes e emépocas oportunas.

É preciso que os agricultores se apropri-em de uma parcela maior da renda geradapela cadeia de produção, transformação ecomercialização, hoje controladas ou domi-nadas por atravessadores ou pela grandeindústria.

Fala-se muito de um novo modelo dedesenvolvimento sustentável, baseado es-pecialmente na agricultura familiar, paraisso será necessário um forte apoio do Esta-do na transformação dos padrões atuais deincentivos ao setor rural e isso não se pro-cessará em um curto prazo de tempo. Inves-timentos em habitação, energia elétrica,saneamento básico, abastecimento de água,transporte, saúde, comunicação, educação,lazer e instalação de agroindústrias não sóelevarão de imediato o nível de vida nocampo, como também gerarão novos em-pregos, diversificados, e com melhor distri-buição da renda.

O apoio do Estado em linhas de crédito(como o Pronaf), em assistência técnica, empesquisa, em incentivos à implantação deagroindústrias no meio rural será funda-mental na construção de um modelo dedesenvolvimento mais eqüitativo entre cam-po e cidade.

Literatura consultada

1. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Manual de nor-mas e instruções - crédito rural. Brasília, [19..].1v.

2. BRASIL. Ministério da Agricultura. Departamen-to de Assistência Técnica e Extensão Rural.Manual operacional do Pronaf: Programa Na-cional de Fortalecimento da Agricultura Fa-miliar. Brasília, 1996. 46p.

Antônio Trevisan, eng. agr., Cart. Prof. 1.113-D,Crea-SC, Epagri, C.P. 502, Fone (048) 239-5567, Fax(048)334-1024, 88034-901 Florianópolis, SC.

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VIDA RURALSOLUÇÕES CASEIRAS

Defumador Tipo CPATU

O defumador Tipo CPATU foi desen-volvido pela Embrapa, em Belém, PA. Defácil construção e de baixo custo, é utilizadocom sucesso na defumação de queijos tipoprovolone, peixes, camarões, carnes de por-co, toucinhos e lingüiças.

A serragem ou lenha colocadas noqueimador (tambor de 20 litros), por com-bustão parcial, provocam uma corrente defumaça que penetra em um tubo interligadocom outro tambor, de 200 litros, onde sãocolocadas as peças dos alimentos que sedeseja defumar. A emanação da fumaçasobre a superfície dos alimentos proporcio-na a formação de uma película protetoracontra uma variedade de tipos de fungos emicroorganismos, dando ao produto maiordurabilidade e melhor sabor e aroma.

Materiais necessários

• Um tambor (ou lata) de 200 litros,vazio e limpo;

• Um tambor de 20 litros, vazio e limpo;• Um pedaço de folha de latão com 1m

de comprimento e 35cm de largura;• Dois pedaços de madeira de 75cm de

comprimento por 8cm de largura e 2cm deespessura;

• Pregos de 1" e de 2½”;• Duas telas de 58cm de diâmetro, sendo

uma com 3cm e a outra com 7mm de malha,de plástico, náilon ou arame.

Modo de construir

• Retirar a tampa do tambor de 200litros com o auxílio de uma talhadeira elavar muito bem. Recomenda-se colocar nofundo do tambor 100ml de álcool e riscarum fósforo, deixando inflamar até a com-bustão completa.

• Cortar o tambor de 20 litros no sentidocircular 4cm abaixo da superfície da tampa(Figura 1). Com um martelo, rebater asbordas internas para que a parte cortada seencaixe como uma tampa (Figura 2).

• Enrolar a folha de latão, soldando-se assuas extremidades, a fim de obter um cilindrocom 10cm de diâmetro por 1m de compri-mento (Figura 3).

• Fazer um buraco de 10cm de diâmetro,16cm acima da base inferior do tambor de 20litros, soldando-se no buraco o cilindro domesmo diâmetro. No lado oposto do tambor,onde foi fixado o cilindro, abre-se um buracode 3cm de diâmetro, localizado a 6cm da basedo mesmo (Figura 4).

• No tambor de 200 litros é feito umburaco de 10,5cm de diâmetro, distante dabase 16cm, a fim de conectar o tubo fixado notambor de 20 litros. Quatro ressaltos de ma-deira, situados a 10cm abaixo da borda datampa, deverão ser fixados dois a dois, demaneira a ficarem em distâncias equivalen-tes entre si. Os ressaltos servirão para susten-tar as telas, quando forem defumados peixesou camarões (Figura 5).

• Fazer um sulco de 8cm de comprimen-to por 1cm de espessura, passando pelocentro dos dois pedaços de madeira de 75cmde comprimento (Figura 6).

• Fixar, por meio de quatro pregos de 1",os dois pedaços de madeira, de modo a for-mar uma cruzeta. Fixar oito pregos de 2½”,espaçados de 5 em 5cm, a partir do centro dacruzeta para as extremidades (Figura 7).

• A tampa do tambor de 200 litros podeser de qualquer material, com qualquerforma geométrica, desde que tenha um pe-queno ressalto no lado interno da mesma,para facilitar a saída do excesso de fumaça.

A Figura 8 mostra o defumador pronto.

Nota: A cruzeta que é colocada na partesuperior do defumador pode ser substituí-da por pedaços de madeira roliça, dispostosparalelamente de forma a facilitar aindamais o manuseio das peças.

Fonte: EMBRATER. Fichário de tecnologi-as adaptadas. Fascículo no 23, 1985.

Figura 1

Figura 2

Figura 3

Figura 4

Figura 6

Figura 7

Figura 8

Figura 5