revista agropecuária catarinense - nº45 dezembro 1998

44
Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 1 NEST NEST NEST NEST NESTA EDIÇÃO A EDIÇÃO A EDIÇÃO A EDIÇÃO A EDIÇÃO As matérias e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da revista e são de inteira responsabilidade dos autores. A sua reprodução ou aproveitamento, mesmo que parcial, só será permitida mediante a citação da fonte e dos autores. S e ç õ e s Agrop. Catarinense, Florianópolis, SC, v.12, n.1, p.1-44, março 1999 3 4 20 27 36 a 38 44 Agribusiness .............................................................................. Flashes ..................................................................................... Novidades de Mercado .................................................................. Lançamentos Editoriais ................................................................. Registro ............................................................................... Vida Rural - soluções caseiras ......................................................... 5 8 11 15 17 39 T e c n o l o g i a Bagaço de mandioca: uma opção na alimentação de bovinos Artigo de Paulo Roberto Ramos e Ênio Rosa Prates ........................................... Dosagens de acaricidas em diferentes volumes de calda no controle do ácaro vermelho europeu em macieira Artigo de Luiz Antonio Palladini, Wilson Reis Filho e Márcia Mondardo .............. Avaliação do desempenho agronômico das forrageiras Tifton 85 e Missioneira Gigante, no Litoral Sul Catarinense Artigo de Simião Alano Vieira, Luiz Dal Farra, Darci Antônio Althoff e Augusto Carlos Pola ....................................................... Lesma: praga emergente no Oeste Catarinense Artigo de José Maria Milanez e Luís Antônio Chiaradia ........................................ Cultivar de videira EPAGRI 401-Villenave Artigo de Enio Schuck, Jean Pierre Rosier, Jean Pierre Doazan e Jean-Pierre H.J. Ducroquet ................................................................................ Prevalência de helmintos em animais de alto padrão zootécnico Artigo de Ana Paula A. Luiz, Valdomiro Bellato, Antonio Pereira de Souza, Ana Beatriz da Silva, Alison S. Cericatto e Marcelo Zandonadi ............................ R e p o r t a g e m Artesanato de lã de ovelha resgata cultura e valores comunitários Reportagem de Paulo Sergio Tagliari ............................................................... Tratamento da madeira preserva árvores e economiza dinheiro Reportagem de Paulo Sergio Tagliari ............................................................... Onze propostas da SDA para a agropecuária catarinense Reportagem de Homero M. Franco e Fotos de Hargolf Grasmann ................... 21 a 26 28 a 31 32 a 34 O p i n i ã o As exportações de Santa Catarina Editorial .................................................................................................................. Gestão agrícola – um foco para a assistência técnica Artigo de Airton Spies ............................................................................................ Conhecimento da realidade rural Artigo de Luiz Carlos Robaina Echeverria ............................................................... 2 42 43 Crianças e jovens em idade escolar envolvi- dos na produção artesanal de lã e as técnicas de tratamento que aumentam em até 20 anos a conservação da madeira são os destaques das reportagens desta edição. Nos artigos técnicos o leitor encontra infor- mações sobre controle de lesmas no Oeste Catarinense e do ácaro vermelho europeu em macieira, características agronômicas da culti- var de videira EPAGRI 401-Villenave, helmintoses em animais de alto valor zootécnico, desempenho das gramíneas Tifton 85 e Missioneira Gigante e alimentação de bovinos. Há ainda as seções tradicionais como Opi- nião, Conjuntura, Vida Rural, Flashes e outras que procuram aliar técnica, informação, entrete- nimento e cultura. Boa leitura e continue conosco!

Upload: danilo-pereira

Post on 29-Mar-2016

237 views

Category:

Documents


5 download

DESCRIPTION

Revista RAC da EPAGRI sobre pesquisa agropecuária e extensão rural

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 1

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

As matérias e artigos assinados nãoexpressam necessariamente a opinião da

revista e são de inteira responsabilidade

dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento,

mesmo que parcial, só será permitidamediante a citação da fonte e dos autores.

S e ç õ e s

Agrop. Catarinense, Florianópolis, SC, v.12, n.1, p.1-44, março 1999

34

2027

36 a 3844

Agribusiness ..............................................................................Flashes .....................................................................................Novidades de Mercado ..................................................................Lançamentos Editoriais .................................................................Registro ...............................................................................Vida Rural - soluções caseiras .........................................................

5

8

11

15

17

39

T e c n o l o g i a

Bagaço de mandioca: uma opção na alimentação de bovinosArtigo de Paulo Roberto Ramos e Ênio Rosa Prates ...........................................

Dosagens de acaricidas em diferentes volumes de caldano controle do ácaro vermelho europeu em macieiraArtigo de Luiz Antonio Palladini, Wilson Reis Filho e Márcia Mondardo ..............

Avaliação do desempenho agronômico dasforrageiras Tifton 85 e Missioneira Gigante, no Litoral Sul CatarinenseArtigo de Simião Alano Vieira, Luiz Dal Farra,Darci Antônio Althoff e Augusto Carlos Pola .......................................................

Lesma: praga emergente no Oeste CatarinenseArtigo de José Maria Milanez e Luís Antônio Chiaradia ........................................

Cultivar de videira EPAGRI 401-VillenaveArtigo de Enio Schuck, Jean Pierre Rosier, Jean Pierre Doazane Jean-Pierre H.J. Ducroquet ................................................................................

Prevalência de helmintos em animais de alto padrão zootécnicoArtigo de Ana Paula A. Luiz, Valdomiro Bellato, Antonio Pereira de Souza,Ana Beatriz da Silva, Alison S. Cericatto e Marcelo Zandonadi ............................

R e p o r t a g e m

Artesanato de lã de ovelha resgata cultura e valores comunitáriosReportagem de Paulo Sergio Tagliari ...............................................................

Tratamento da madeira preserva árvores e economiza dinheiroReportagem de Paulo Sergio Tagliari ...............................................................

Onze propostas da SDA para a agropecuária catarinenseReportagem de Homero M. Franco e Fotos de Hargolf Grasmann ...................

21 a 26

28 a 31

32 a 34

O p i n i ã o

As exportações de Santa CatarinaEditorial ..................................................................................................................

Gestão agrícola – um foco para a assistência técnicaArtigo de Airton Spies ............................................................................................

Conhecimento da realidade ruralArtigo de Luiz Carlos Robaina Echeverria ...............................................................

2

42

43

Crianças e jovens em idade escolar envolvi-dos na produção artesanal de lã e as técnicas detratamento que aumentam em até 20 anos aconservação da madeira são os destaques dasreportagens desta edição.

Nos artigos técnicos o leitor encontra infor-mações sobre controle de lesmas no OesteCatarinense e do ácaro vermelho europeu emmacieira, características agronômicas da culti-var de videira EPAGRI 401-Villenave,helmintoses em animais de alto valor zootécnico,desempenho das gramíneas Tifton 85 eMissioneira Gigante e alimentação de bovinos.

Há ainda as seções tradicionais como Opi-nião, Conjuntura, Vida Rural, Flashes e outrasque procuram aliar técnica, informação, entrete-nimento e cultura.

Boa leitura e continue conosco!

Page 2: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

2 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

Edi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia l

REVISTA TRIMESTRAL COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTA EDI-ÇÃO: Airton Rodrigues Salerno, Carlos Pieta Filho, César ItaquiRamos, Claudio Granzotto Paloschi, Edison Xavier de Almeida,Francisco Carlos Deschamps, Ildelbrando Nora, João AfonsoZanini Neto, Luiz Gonzaga Ribeiro, Mário Miranda, RenatoArcangelo Pegoraro

JORNALISTA: Homero M. Franco (SC 00689 JP)

ARTE-FINAL: Janice da Silva Alves

DESENHISTAS: Vilton Jorge de Souza, Mariza T. Martins

CAPA: Osni Pereira

PRODUÇÃO EDITORIAL: Daniel Pereira, Janice da Silva Alves,Maria Teresinha Andrade da Silva, Marlete Maria da SilveiraSegalin, Rita de Cassia Philippi, Selma Rosângela Vieira, VâniaMaria Carpes

DOCUMENTAÇÃO: Ivete Teresinha Veit

COLABORAÇÃO ESPECIAL : Alexandre Cechetto Beck

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveira e Zulma MariaVasco Amorim - GMC/Epagri, C.P. 502, Fones (048)239-5595 e 239-5536, Fax (048) 239-5597, 88034-901 Flo-rianópolis, SC.Assinatura anual (4 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE: Florianópolis: GMC/Epagri - Fone (048)239-5673, Fax (048) 239-5597 - São Paulo, Rio de Janeiro eBelo Horizonte: Agromídia - Fone (011) 259-8566, Fax (011)256-4786 - Porto Alegre: Agromídia Fone (051) 221-0530,Fax (051) 225-3178. Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) - Florianópolis:

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 -TrimestralEditada pela Epagri (1999- )1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa Catari-

nense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC. II. Empresade Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia de SantaCatarina, Florianópolis, SC.

15 DE MARÇO DE 1999

Impressão: Epagri CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação da Epagri- Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SantaCatarina S.A., Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, CaixaPostal 502, Fone (048) 239-5500, Fax (048) 239-5597,88034-901 Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, Internet:http://www.epagri.rct-sc.br, E-mail: [email protected]

EDITORAÇÃO: Editor-Chefe: Osmar de Moraes, Editores-Assis-tentes: Marília Hammel Tassinari, Paulo Sergio Tagliari

COMITÊ DE PUBLICAÇÕES:PRESIDENTE: Osmar de MoraesSECRETÁRIA: Marília Hammel TassinariMEMBROS: Airton Rodrigues Salerno, Airton Spies, AntônioCarlos Ferreira da Silva, Celso Augustinho Dalagnol, EduardoRodrigues Hickel, Gilson José Marcinichen Gallotti, JeffersonAraújo Flaresso, Roger Delmar Flesch

A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura.

As exportações de Santa CatarinaAs exportações de Santa CatarinaAs exportações de Santa CatarinaAs exportações de Santa CatarinaAs exportações de Santa Catarina

ma.Entretanto, a exportação dos

principais produtos do setorprimário de Santa Catarina,que em 1992 era de 638 milhõesde dólares, passou para maisde 1 bilhão de dólares em 1996.Um aumento de 40% em quatroanos. Os produtos que maiscresceram em termos de expor-tação foram: carne de frangoem pedaços, suínos e outrascarnes, soja e madeira emgeral. Em 18 produtos de nossapauta de exportação apenasum – o frango inteiro – mostroutendência negativa, demons-trando uma mudança de hábitodo consumidor que passou a pre-ferir um produto mais elabora-do.

Esses resultados, obtidos noperíodo em que a globalizaçãomais se acentuou, mostram quea agricultura catarinense, de

base familiar, tem potencialpara competir com produtosagrícolas de outros países. Ocomplexo agroindustrial con-solidado em Santa Catarina,a partir do modelo familiar deprodução, tem dado mostrasde grande capacidade de adap-tação aos mercados internaci-onalizados.

Contudo, é necessário es-tarmos alerta para a busca devantagens agroecológicas,que certamente existem, as-sim como para eventuais re-gras assimétricas (subsídios,barreiras sanitárias, barrei-ras sociais, etc.) estabelecidaspor determinados países emdetrimento dos demais. A agri-cultura de Santa Catarinaprecisa, acima de tudo, de re-gras justas para a competiçãoe para viabilizar suas expor-tações.

É fato reconhecido que aglobalização (economia inter-nacionalizada) afeta tambémo setor agrícola dos diversospaíses. Aqueles chamados"emergentes" vêem-se especi-almente afetados pela concor-rência dos países ricos, cujosprodutos em geral recebemsubsídios concedidos como"ajudas diretas" e em forma deprotecionismo aos respectivosagricultores.

Predominou assim o receiode que os produtos agrícolascatarinenses, por serem viade regra produzidos em pe-quenas unidades agrícolas fa-miliares (pequena escala), se-riam incapazes de concorrercom produtos de outros paísescomo a Argentina, por exem-plo, que dispõe de melhorescondições naturais de fertili-dade de solos, topografia e cli-

Page 3: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 3

AGRIBUSINESS

Nova geraçãoNova geraçãoNova geraçãoNova geraçãoNova geraçãode fertilizantesde fertilizantesde fertilizantesde fertilizantesde fertilizantespara sementespara sementespara sementespara sementespara sementes

e plantase plantase plantase plantase plantas

Os fertilizantes micro-nutrientes com base emmolibdênio e cobalto dispo-níveis no mercado, já tradi-cionais no uso emleguminosas (tais comosoja, feijão, etc.), apresen-tam formulações de baixaconcentração, como 3% deMo e 1% de Co. E, ainda,devido à complexidade dotratamento de sementes desoja em que são necessári-os fungicidas e inoculantes,houve a necessidade de sedesenvolver uma nova for-mulação com alta concen-tração, em razão da limita-ção de umidade no plantioda semente, sob pena de secausar danos à mesma e atéa perda de germinação emvirtude dos tratamentos se-rem via úmida.

Desde 1996 estão sendorealizadas pesquisas em la-boratórios privados, testese ajustes necessários de pro-dução no campo e, na safra1998, a nova formulação foitestada no mercado em vá-rias concentrações.

Com o intuito de se che-gar às performances pro-postas foram necessáriosdois reatores especiaisconstruídos em aço especi-al e revestidos de resina,para suportar a reação quí-mica, para se obter o fertili-zante fluído com base emmolibdênio, cobalto epoliácidos orgânicos, sur-gindo uma nova geração deprodutos de alta concentra-ção, com os seguintes be-nefícios: alta estabilidadedos nutrientes na fórmula;100% solúveis em água;100% assimiláveis pelaplanta, tanto via foliar quan-to radicular.

O novo complexo con-

templa um balanceamen-to de características quí-micas e físicas, envolven-do limpidez e densidade eproporcionando o manu-seio prático, o que facilitasua aplicação no campo,tanto no tratamento desementes quanto em pul-verizações terrestres eaéreas.

O ganho com o uso deMo 10% e Co 1,5% seráconfirmado pelos produto-res num breve espaço detempo.

Texto de ChristovamGarcia Prado Fernandes(diretor da Agroplanta). In-formações pelo Fone (016)610-0697.

Brasileiro éBrasileiro éBrasileiro éBrasileiro éBrasileiro éreeleitoreeleitoreeleitoreeleitoreeleito

presidente dapresidente dapresidente dapresidente dapresidente daFelasFelasFelasFelasFelas

O brasileiro JoséAmauri Dimarzio, 54, vice--presidente internacionalda Associação Brasileirados Produtores de Semen-tes – Abrasem e presidenteda Braskalb, uma das maisimportantes empresas desementes de milho híbridono Brasil, foi reeleito pre-sidente na nova diretoriada Federação Latino-ame-ricana de Associações deSementes – Felas. A elei-ção ocorreu durante o “XVISeminário Panamericanode Sementes”, realizadorecentemente em BuenosAires, Argentina, e vai va-ler para o biênio 98/2000.

Fundada em novembrode 1986, a Felas é umafederação apolítica, semfins lucrativos, filiada àFederação Internacional deSementes e membro efeti-vo da Associacion Latino--americana de Integracion– Aladi e do Comitê de Sa-nidade Vegetal do Cone Sul

– Cosave. A entidade re-presenta um contingentede mais de 4.000 empresasde sementes que faturammais de US$ 3 bilhões porano, cerca de 10% do mer-cado mundial.

A Felas representa osinteresses de membros naArgentina, Bolívia, Brasil,Chile, Colômbia, Equador,Guatemala, México,Paraguai, Uruguai eVenezuela, auxiliando namelhoria de suas relaçõese comunicações. Sua atua-ção também visa incenti-var o desenvolvimento docomércio intra-regional,apoiando o avanço da in-dústria sementeira em to-dos e em cada um dos paí-ses da área; prover um foroinstitucionalizado para ocontato, intercâmbio e de-senvolvimento de negó-cios na região, por meiodos Seminários Paname-ricanos de Sementes eRoda de Negócios; orien-tar as instituições oficiaise/ou privadas dos países queo solicitem, na definição depolíticas e estratégias queincentivem o desenvolvi-mento do setor sementeiro;promover a vinculação dosespecialistas em sementese favorecer o intercâmbiode conhecimentos, capaci-tação e integração; manterestreitas relações com ins-tituições, sociedades e em-presas que desenvolvamatividades afins tanto naci-onais quanto internacio-nais, públicas e/ou priva-das; proporcionar e apoiaros programas de capacita-ção científica, técnica e deintercâmbio dos membrosdas associações; organizare manter um banco de da-dos sobre as atividades dosetor sementeiro e publi-car e difundir trabalhos deinteresse para seus associ-ados.

Alfapress Comunica-ções, Fone (019) 232-0050.

Novo produtoNovo produtoNovo produtoNovo produtoNovo produtoMerialMerialMerialMerialMerial

A Merial Saúde Animal,resultado de joint ventureentre a Merck Sharp &Dohme e Rhône-Poulenc,líder mundial no setor vete-rinário e de vacinas animais,lançou um novo produto, oIvomec Gold, uma nova ge-ração do antiparasitárioIvomec, líder de mercado emseu segmento, lançado em1982.

O que faz a diferença doIvomec Gold é sua nova fór-mula tixotrópica (em des-canso o produto é mais den-so; agitado, adquire a so-lubilidade ideal para serinjetado) e o princípio ativo(ivermectina Merial) maisconcentrado, além da inova-dora formulação de apoio.Este conjunto de inovaçõesfaz com que o Ivomec Goldproteja pelo menos cincovezes mais o rebanho bovi-no contra bernes, carrapa-tos, piolhos, bicheiras esarna e por um prazo pelomenos três vezes superiorao de qualquer outroendectocida (produto queacaba com parasitas in-ternos) disponível no mer-cado.

Dependendo do nível detecnologia de manejo do gadoque o pecuarista possua e donível de infestação no meioambiente, com duas aplica-ções (preferencialmente an-tes das estações da chuva eda seca) é possível manterlimpo o rebanho pelo anotodo. O Ivomec Gold temapresentação inicial em fras-cos com 50, 200, 500 e1.000ml (4ml equivalem auma dose para um animalde 200kg) e é injetado subcu-taneamente.

Mais informações:WN&F Comunicação, comTheo de Souza, Fone (011)536-9339, Fax (011) 543-1786,E-mail: [email protected].

Page 4: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

4 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

Software avaliaSoftware avaliaSoftware avaliaSoftware avaliaSoftware avaliaimpacto deimpacto deimpacto deimpacto deimpacto de

chuvachuvachuvachuvachuva

O software lançado pela Em-presa Brasileira de PesquisaAgropecuária – Embrapa, vin-culada ao Ministério da Agri-cultura e do Abastecimento, écapaz de medir a força, tamanhoe impacto da chuva ou da águados sistemas de irrigação, aju-dando a estabelecer a provávelerosão do solo, informação es-sencial para seu planejamento euso.

O impacto de gotas na su-perfície do solo tem efeito im-portante na erosão e na infiltra-ção. Um dos métodos mais co-muns utilizados na determina-ção desse efeito é o cálculo apartir das propriedades físicasda gota de chuva. Até hoje, ostécnicos faziam manualmente aavaliação e necessitavam utili-zar o planímetro, equipamentocom margem de erro bem maiore bastante trabalhoso.

Para utilizar o software daEmbrapa, o técnico passa no“scaner” uma folha onde foramrecolhidas as gotas de chuva. Osoftware identifica na hora in-formações sobre a água e seupotencial de causar erosão nosolo.

A partir do reconhecimentodos volumes das gotas, pode-sedeterminar a distribuição porárea e o dimensionamento ne-cessário dos aspersores, além derealizar o ajuste da pressão desistemas de irrigação com maiorconfiabilidade e menor esforçomanual.

Maiores informações peloFone (061) 274-2477. Texto dojornalista Jorge Duarte.

CursoCursoCursoCursoCursoprofissionalizanteprofissionalizanteprofissionalizanteprofissionalizanteprofissionalizantede agroecologiade agroecologiade agroecologiade agroecologiade agroecologia

A chegada do terceiro milê-nio está trazendo transforma-ções que estão se fazendo sentirna economia, no meio ambienteou no próprio comportamentohumano. Algumas das princi-pais mudanças dizem respeito àmaior conscientização das pes-soas em relação à preservação

FLASHES

da natureza e à preferência pelosprodutos naturais. A produção dealimentos orgânicos ou ecoló-gicos vem tomando um grandeimpulso mercê da crescente de-manda gerada por consumi-dores em todos os lugares domundo. O conhecimento por par-te dos agricultores de que podemsubstituir os agrotóxicos e adu-bos químicos por técnicas eprodutos naturais não-poluentes,livres de venenos e, ainda porcima, de menor custo, tem au-mentado sensivelmente asáreas agricultáveis com culturasagroecológicas. Na Europa, os100 mil hectares de cultivos orgâ-nicos existentes na década de 80transformaram-se em mais de 600mil já no início da década de 90, enos Estados Unidos a comer-cialização dos produtos naturaisou alternativos atinge atualmen-te a cifra de 3 bilhões de dólaresanualmente e continua crescen-do ano após ano.

No Brasil, a agriculturaorgânica, após uma tentativafrustrada de crescimento no inícioda década de 80, está seestabelecendo definitivamente.Para se ter uma idéia, em SantaCatarina há dois ou três anos nãohavia mais que meia dúzia degrupos ou associações deprodutores agroecológicos; hojeeste número beira os 20.Agricultores de todo o Estadoestão demandando assistênciatécnica e pesquisas na área deprodução orgânica, e diante dessanova realidade a Epagri instalouem 1998 o primeiro CursoProfissionalizante de Agroeco-logia. O curso destina-sebasicamente a agricultores eprocura repassar a eles conceitos,princípios fundamentais daagricultura ecológica aliados atécnicas próprias do cultivoorgânico, bem como novidades dosetor. Entre os assuntos abordadosdestacam-se: educação ambiental,organização dos produtores, teoriada trofobiose, manejo do solo,adubação verde, rotação econsorciação de culturas ecompostagem e vermicom-postagem. Além desses tópicos, osagricultores também recebemnoções de manejo de ervasresidentes, pragas e doenças,biofertilizantes, caldas e extratos,custo-benefício, normas ecomercialização. O cursoprofissionalizante é ministradopor pesquisadores e exten-sionistas da Epagri, e para o anode 1999 está prevista a realização

de mais seis treinamentos, tendopor local o Centro de Treinamentode Itajaí da Epagri, situado naRodovia Antônio Heil, km 6, CaixaPostal 277, 88301-970 Itajaí, SC,Fone (047) 346-5244, E-mail:[email protected].

Milho criouloMilho criouloMilho criouloMilho criouloMilho crioulo

Com o patrocínio da Rede Pro-jetos Tecnologias Alternativas(Rede PTA), a AS-PTA acaba delançar o livro Milho crioulo, con-servação e uso da biodiversidade.A obra reconstitui e analisa osfundamentos, o processo e os re-sultados de uma experiência con-creta e extremamente rica derevalorização do patrimônio ge-nético, por meio do resgate, con-servação, melhoramento e difu-são de centenas de variedadeslocais ou “crioulas” de milho, adap-tadas às condições socioeco-nômicas e ambientais dos agricul-tores familiares.

O livro, com 185 páginas, temcomo organizadores os técnicos epesquisadores Adriano CampolinaSoares, Altair Toledo Machado,Breno de Mello Silva e Jean Marcvon Der Weid. Os interessadosem adquirir esta obra podemcontatar com a AS-PTA pelo Fone(021) 253-8317 ou E-mail:[email protected]. Texto de Sílviade Mendonça.

Produção deProdução deProdução deProdução deProdução depeixes de águapeixes de águapeixes de águapeixes de águapeixes de água

doce em SCdoce em SCdoce em SCdoce em SCdoce em SC

A produção de peixes de águadoce no Estado de Santa Cata-rina chegou a 12.368,93t em 1997.Este número é 31% maior do quea produção de 1996. Os dadosforam obtidos junto ao CentroIntegrado de Informações deRecursos Ambientais – Ciram eaos escritórios regionais e mu-nicipais da Epagri, às prefeiturase secretarias municipais de agri-cultura.

Em 1996, a produçãocatarinense chegou a 9.455.287kg,dos quais 508.964kg eram de pei-xes de águas frias (truta) e8.946.323kg de peixes de águasmornas. Em 1997, a produção detrutas foi de 476.400kg e os peixesde águas mornas atingiram

11.892.533kg.Entre as espécies, as campe-

ãs de cultivo são: a carpa comum(3.538.857kg), a tilápia(2.767.451kg), a carpa capim(1.325.553kg), o bagre africano(1.299.999kg) e a carpa cabeçagrande (912.436kg).

Mais informações pelo Fone(048) 239-8046, Fax (048) 239-8028. Texto do jornalista RicardoFiegenbaum.

Mensagem daMensagem daMensagem daMensagem daMensagem daCooperalfaCooperalfaCooperalfaCooperalfaCooperalfa

O Centro de Pesquisa paraPequenas Propriedades – CPPP,da Epagri, em Chapecó, SC, re-cebeu uma homenagem espe-cial do Jornal da Cooperalfa, porocasião das comemorações dos50 anos de atividades de geraçãode tecnologias no OesteCatarinense.

A mensagem da Cooperalfaé um modo concreto de expres-sar o reconhecimento da coope-rativa e da comunidade oestinapelos contínuos trabalhos doCentro em prol da agropecuáriacatarinense com ênfase na pe-quena agricultura familiar.

Page 5: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 5

Alimentação animalAlimentação animalAlimentação animalAlimentação animalAlimentação animal

Bagaço de mandioca: uma opção naBagaço de mandioca: uma opção naBagaço de mandioca: uma opção naBagaço de mandioca: uma opção naBagaço de mandioca: uma opção naalimentação de bovinosalimentação de bovinosalimentação de bovinosalimentação de bovinosalimentação de bovinos

Paulo Roberto Ramose Ênio Rosa Prates

baixa digestibilidade das pasta-gens subtropicais limita a sua

utilização como fonte de energia naalimentação de ruminantes. A ener-gia pode ser considerada o componen-te de maior custo na dieta de bovinos.Este problema pode ser superado emqualquer época do ano através desuplementação energética, feita prin-cipalmente com a utilização de con-centrados e milho em grão. No entan-to, o fornecimento de concentradosenergéticos para bovinos pode se tor-nar inviável em função do custo domilho, abrindo caminho para que vá-rios outros produtos possam ser utili-zados para esse fim. Entre eles,podemos citar o bagaço da mandioca,o qual vem sendo utilizadoempiricamente por criadores de bovi-nos, principalmente no Sul do Estadode Santa Catarina. O bagaço de man-dioca é um subproduto da industriali-zação da mandioca para a produção defécula (polvilho doce ou azedo), poden-do representar entre 10 e 20% do pesodas raízes. Ainda pode conter, depen-dendo do processo de extração, até60% de amido (1).

Em Santa Catarina as feculariasproduzem efluentes com demandaquímica de oxigênio em torno de25.000mg de oxigênio por litro,correspondendo à poluição causadapor 460 habitantes por dia (2). O volu-me de bagaço de mandioca produzidoanualmente em Santa Catarina é deaproximadamente 20 mil toneladas(3). Considerando um teor de umida-de desse produto em torno de 82%, aprodução total de matéria seca debagaço de mandioca seria de 3.600tpor ano.

Dessa maneira, o bagaço de man-dioca pode se constituir em um impor-tante suplemento energético para ali-mentação animal, contribuindo so-bremaneira para a redução da polui-ção ambiental.

O presente estudo foi desenvolvidocom o objetivo de determinar os efei-tos da substituição do milho por baga-ço de mandioca na composição doconcentrado, sobre o ganho de peso ea digestibilidade das frações nutriti-vas da dieta fornecida a bovinos emcrescimento.

Material e métodos

O trabalho foi conduzido noLaboratório de Ensino Zootécnico(LEZO) do Departamento de Zootecniada Faculdade de Agronomia daUFRGS. O período experimentaliniciou em 23/10/95 e encerrou em24/12/95, sendo as análises labo-ratoriais complementadas em abril

de 1996.Foram estudados quatro tratamen-

tos, com quatro animais por trata-mento (com um peso médio de 215kg),consistindo de quatro níveis de subs-tituição do milho por bagaço de man-dioca nas proporções de 0%, 33%, 66%e 99%, em suplementação ao feno deaveia/azevém. Em todos os tratamen-tos o feno de aveia/azevém foi forneci-do à vontade para 16 terneiros ma-chos inteiros, cruzas (zebu x europeu)com diferentes graus de sangue.

O concentrado utilizado emsuplementação ao feno era compostode milho, farelo de soja, sal e calcário.Nos tratamentos onde houve a inclu-são de bagaço de mandioca tambémfoi adicionada uréia ao concentrado,de modo a manter as dietas isopro-téicas, com teor de proteína bruta dosconcentrados em torno de 23%.

O bagaço de mandioca foi armaze-nado em um silo de superfície reves-tido de lona plástica.

Tabela 1 – Participação percentual dos alimentos utilizados na composição dosconcentrados e teores de proteína bruta (PB) fornecidos (dados expressos na

matéria seca – MS)

Tratamentos

T1 T2 T3 T4

MS PB MS PB MS PB MS PB% % % % % % % %

Milho 58,00 4,64 38,86 3,11 19,47 1,56 0,58 0,05Bagaço de mandioca - - 19,14 0,41 38,94 0,90 57,42 1,32Farelo de soja 38,20 19,10 37,70 18,85 36,70 18,35 36,72 18,36Calcário 2,80 - 2,80 - 2,80 - 2,80 -Sal 1,00 - 1,00 - 1,00 - 1,00 -Uréia - - 0,50 1,36 1,09 2,94 1,48 4,01

Total 100 23,74 100 23,73 100 23,75 100 23,74

Alimentos

A

#

Page 6: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

6 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

Alimentação animalAlimentação animalAlimentação animalAlimentação animalAlimentação animal

Na Tabela 1 encontram-se os re-sultados sobre a participaçãopercentual dos alimentos utilizadosna composição dos concentrados, bemcomo o percentual de proteína brutados concentrados.

Os animais foram confinados emgaiolas individuais, onde houve con-trole da alimentação fornecida diaria-mente e coleta total das fezes naúltima semana do experimento para adeterminação da digestibilidade dadieta. A alimentação foi fornecida emduas refeições diárias: às 8h30min eàs 16h30min. O concentrado seco(milho + farelo de soja + calcário + sal+ uréia) foi misturado com o bagaço demandioca a cada refeição e fornecidoaos animais na quantidade média de0,88kg de matéria seca (MS) por ani-mal por refeição. No total a ofertamédia diária de concentrado foi de1,76kg de MS por animal, equivalen-do a uma oferta média de concentradode 0,83% do peso vivo. O feno foifornecido 30 minutos após o forneci-mento do concentrado, para que hou-vesse tempo de os animais consumi-rem todo o concentrado e não havermistura dos alimentos na pesagemdas sobras.

O trabalho constou de dois perío-dos experimentais com uma duraçãode 28 dias em média e seis dias de

intervalo entre eles.

Resultados e discussão

A Tabela 2 apresenta a composiçãobromatológica do bagaço de mandiocautilizado neste trabalho emcomparação com valores relatados poroutros autores (4 e 5).

Analisando-se a Tabela 2, pode-seobservar que a composiçãobromatológica do bagaço de mandiocautilizado no presente trabalho nãodiferiu muito de análises realizadasem outros trabalhos. Com base nes-sas análises e na prática de manejocom o bagaço de mandioca no traba-lho em questão, é possível afirmarque, apesar do seu bom valorenergético, a utilização do bagaço demandioca tem algumas limitações.Uma delas é o seu alto teor de umida-de. Para uma melhor conservaçãodeste resíduo é necessário secá-lo aosol ou em forno, ou então proceder àensilagem do material. O teor eleva-do de umidade dificulta o fornecimen-to de uma quantidade controlada deMS aos animais, pois mesmo dentrodo silo o bagaço vai perdendo umpouco de umidade diariamente, sendonecessário conferir periodicamente oseu teor de MS, principalmente se operíodo de utilização do material for

além de 30 dias.Os níveis de substituição de milho

por bagaço de mandioca não influenci-aram os coeficientes de digestibilidadeaparente da matéria seca, da matériaorgânica, da fração fibrosa e da ener-gia bruta da dieta (8).

Observou-se que, com a substitui-ção do milho por bagaço de mandioca,houve um aumento no consumo deMS até um máximo de 48,74% desubstituição (8), quando o consumoatingiu um máximo de 88,53g de MSpor Unidade de Tamanho Metabólicoou, aproximadamente, 2,2% do pesovivo.

Aumentos no consumo de MS ge-ralmente estão ligados à menordigestibilidade da dieta (9), sendo esteefeito mais evidente em dietas mistasou concentradas do que em dietasbaseadas apenas em volumosos (10).É possível que esse efeito tenhaocorrido neste trabalho, mas a dimi-nuição da digestibilidade das fraçõesnutritivas com o aumento do consu-mo, apesar de ter ocorrido, não foidetectada como estatisticamente sig-nificativa.

Quanto ao ganho de peso (GPDM),este não foi diferente entre ostratamentos T1, T2 e T3, os quaisapresentaram valores médios de1,05kg/animal/dia. Porém, o trata-mento T4 apresentou um GPDMinferior ao T1 e T3, mas semelhanteao T2 (P < 0,05) (Tabela 3).

O baixo GPDM, em relação aosdemais tratamentos, observado quan-do foram substituídos 99% do milhopor bagaço de mandioca possivelmen-te não foi influenciado pelo consumode energia, uma vez que não houvediferença significativa entre os trata-mentos quanto ao consumo de ener-gia digestível e de energia metabo-lizável.

Como a redução do consumo de MSe de proteína bruta (PB) só ocorreu apartir de 48,74% e 43,75% respectiva-mente, de substituição do milho porbagaço de mandioca (8), é possível queaté o nível de 66% de substituição (T3)os efeitos da redução de consumo nãotenham afetado o GPDM. No entanto,quando o nível de substituição subiupara 99% a redução no consumo foimuito grande, a ponto de causar umaredução significativa no GPDM.

Tabela 2 – Composição químico-bromatológica do bagaço de mandioca utilizado nestetrabalho comparada com valores relatados por outros autores

Neste Trabalhotraba- de Freitas Trabalho de Cereda

Nutriente (A) lho et al.

Silagem Silagem Farelo – SP(B) Farelo – MG(B) Farelo – PR(B)

MS (%) 17,23 26,40 90,58 85,18 90,48MO (%) 95,74 98,80 99,17 96,23 99,34FB (%) - 19,20 11,08 7,81 14,88PB (%) 2,30 1,90 1,50 11,62 2,00FDN (%) 34,90 - - - -FDA (%) 29,36 27,00 - - -Lignina (%) 5,93 4,20 - - -EM (kcal/kg) - 2.537,97 2.809,50(C) 2.984,49(C) 2.606,35(C)

(A) MS = matéria seca; MO = matéria orgânica; FB = fibra bruta; PB = proteína bruta; FDN= fibra em detergente neutro; FDA = fibra em detergente ácido; EM = energiametabolizável.

(B) Valores de farelo de bagaço de mandioca oriundos de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.(C) Valores adaptados: %NDT = 95,45 – 1,5 x %FB (6). EM (kcal/kg) = %NDT x 3.564/100 (7).

Page 7: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 7

Alimentação animalAlimentação animalAlimentação animalAlimentação animalAlimentação animal

Conclusões

É possível substituir até 66% domilho do concentrado sem reduzir oGPDM dos animais.

O bagaço de mandioca é uma boaalternativa de suplementaçãoenergética para bovinos, sendo que aopção de substituir todo o milho doconcentrado por bagaço de mandiocavai depender de uma análise de mer-cado. Se o preço do milho estivermuito alto e a distância entre a propri-edade e a fecularia não for muitogrande, pode ser mais econômico subs-tituir totalmente o milho por bagaçode mandioca, mesmo com um menorganho de peso dos animais.

Literatura citada

01. BUTRIAGO, J.A.A. La yuca en la

alimentation animal. Cali: CIAT, 1990.446p.

02. ANRAIN, E. Tratamento de efluentes defecularia em reator anaeróbico de fluxoascendente e manta de lodo. In: CON-GRESSO BRASILEIRO DE ENGE-NHARIA SANITÁRIA AMBIENTAL,12, 1983, Balneário Camboriú, SC.Anais. Balneário Camboriú: FATMA,1983. p.1-21.

03. DUFLOT, J.H. Levantamento sobre ali-

mentos alternativos encontrados na

região Sul de Santa Catarina.Urussanga, SC: Epagri/Estação Expe-rimental de Urussanga. 1992. (nãopublicado).

04. FREITAS, E.A.G. de; DUFLOTH, J.H.;GREINER, L.C. Tabela de composição

químico-bromatológica e energética dos

alimentos para animais ruminantes em

Santa Catarina. Florianópolis: EPAGRI,1994. 333p.

05. CEREDA, M.P. Resíduos da industrializa-

ção da mandioca no Brasil. São Paulo:

Tabela 3 – Valores médios do ganho de peso vivo diário médio (GPDM) por tratamento,expresso em kg/animal/dia

Tratamento GPDM (A)

T1 (0%)(B) 1,10 aT2 (66%) (B) 0,95 abT3 (66%) (B) 1,12 aT4 (99%) (B) 0,75 b

Desvio-padrão 0,17

CV% 17,30

(A) Médias seguidas de letras iguais não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P >0,05).

(B) Níveis de substituição do milho por bagaço de mandioca no concentrado.Nota: CV% = Coeficiente de variação.

Seu anúncio na revista

Agropecuária Catarinense atinge as

principais lideranças agrícolas do

Sul do Brasil.

Anuncie aqui e faça bons negócios.

Paulicéia, 1994, 174p.

06. LARSEN, H. Nutrição de ruminantes.Porto Alegre: UFRGS/Faculdade deAgronomia, 1967. 186p.

07. MINISTRY OF AGRICULTURE,FISHERIES AND FOOD. Energy

allowances and feed systems for

ruminants . London, 1977. 79p.(Technical Bulletin, 33).

08. RAMOS, P.R. Utilização do bagaço de

mandioca como alimento energético

para bovinos. Porto Alegre: UFRGS,1996. 105p. Tese Mestrado.

09. MERCHEN, N.R. Digestion, absortionand excretion in ruminants. In:CHURCH, D.C. (Ed). The ruminant

animal: digestive physiology andnutrition. Englewood Cliffs: Prentice--Hall, 1988. p.172-201.

10. JOANNING, S.W.; JOHNSON, D.E.;BARRY, B.P. Nutrient digestibilitydepressions in corn silage-corn grainmixtures fed to steers. Journal Animal

Science, Champaign, v.53, n.4, p.1095-1103, 1981.

Paulo Roberto Ramos, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. 26.082-8, Crea-SC. Epagri/Esta-ção Experimental de Lages, C.P. 181, Fone/fax (049) 224-4400, 88502-970 Lages, SC,E-mail: [email protected]. Ênio RosaPrates, eng. agr. Ph.D., bolsista do CNPq,professor do Departamento de Zootecnia daFaculdade de Agronomia/UFRGS, Av. BentoGonçalves, 7.712, C.P.776, Fone (051) 316-6059, 91540-000 Porto Alegre, RS.

o

Page 8: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

8 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

Maciei raMaciei raMaciei raMaciei raMaciei ra

Dosagens de acaricidas em diferentesDosagens de acaricidas em diferentesDosagens de acaricidas em diferentesDosagens de acaricidas em diferentesDosagens de acaricidas em diferentesvolumes de calda no controle do ácarovolumes de calda no controle do ácarovolumes de calda no controle do ácarovolumes de calda no controle do ácarovolumes de calda no controle do ácaro

vermelho europeu em macieiravermelho europeu em macieiravermelho europeu em macieiravermelho europeu em macieiravermelho europeu em macieira

Luiz Antonio Palladini, Wilson Reis Filhoe Márcia Mondardo

ma das pragas mais importan-tes, nas regiões produtoras de

maçã é o ácaro vermelho europeuPanonychus ulmi. Entre os danos cau-sados por esta praga estão redução daclorofila das folhas, taxa detranspiração, queda prematura de fo-lhas e redução dos botões florais, dafrutificação e do tamanho dos frutos(1).

O ácaro vermelho europeu é en-contrado mais freqüentemente na pá-gina inferior das folhas, onde as fê-meas depositam seus ovos. Atualmen-te, em macieira, o controle do ácaro érealizado com o uso de acaricidas quecontrolam as formas móveis, aplica-dos a volumes alto e médio. Muitostrabalhos têm mostrado que é possí-vel melhorar significativamente a efi-ciência do processo de aplicação dosprodutos fitossanitários para pragas edoenças em pomares. O controle depragas e doenças por pulverizaçõesdepende da deposição e da quantidaderetida por unidade de superfície-alvo.

O sistema de condução das plantasde macieira pode influenciar na depo-sição. Outros fatores, tais como tipode equipamento, vento, velocidade dedeslocamento do pulverizador, distân-cia do pulverizador até o alvo, tipo debicos, tamanho de gotas, volume deágua utilizado, tamanho de plantas edensidade e formato de plantas, tam-bém influenciam significativamentena deposição (2). O problema de uni-formidade na deposição é menor emplantas pequenas, conduzidas no sis-

tema de líder central. Esta modifica-ção na configuração dos ramos eenfolhamento facilita a penetração dojato de pulverização no interior dasplantas (3). O uso de volume alto empomares de tamanhos menores pro-move uma maior contaminação doambiente. Diversos estudos têm sidorealizados para determinar a interaçãoentre planta e volumes através dadeposição, distribuição de produtosdentro das plantas, diminuição deperdas e contaminação ambiental.

Este trabalho foi realizado com oobjetivo de comparar a eficiência dediferentes dosagens de acaricidas nocontrole do ácaro vermelho europeu,em diferentes volumes de calda.

Material e métodos

O experimento foi realizado emum pomar comercial da cultivar Fuji,sobre porta-enxerto MM-106, com dozeanos de idade, localizado no municípiode Fraiburgo, SC, implantado noespaçamento de 5m entre filas e 2,5mentre plantas. O delineamento expe-rimental foi inteiramente ao acaso,com cinco tratamentos e seis repeti-ções, em parcelas de sete plantas. Osacaricidas utilizados foram: cyhexatin0,25 litro/ha, de ingrediente ativo, nociclo 1993/94; azocyclotin, 0,50 litro/ha, de ingrediente ativo, no ciclo 1994/95 e amitraz, 0,4 litro/ha, de ingredi-ente ativo, no ciclo 1995/96.

Os produtos foram aplicados emvolumes de 430 e 950 litros/ha, utili-

zando-se a dosagem recomendada ecom uma redução de 30%. Os trata-mentos foram: 1) 430 litros/ha, 100%da dosagem recomendada; 2) 430 li-tros/ha, 70% da dosagem; 3) 950 li-tros/ha, 100% da dosagem; 4) 950 li-tros/ha, 70% da dosagem; 5) testemu-nha, sem tratamento. Os tratamen-tos foram realizados no dia posteriorà pré-avaliação utilizando-se, em to-dos os ciclos e produtos, umturboatomizador marca Jacto ARBUS/850, na velocidade de 5,6km/h, com apressão de trabalho de 200 ibf/pol 2,com bicos JA-2 nos tratamentos com430 litros/ha e J5-2 nos tratamentoscom 950 litros/ha.

A amostragem foi composta de 20folhas por repetição, sendo coletadasno terço basal de ramos de ano. Asavaliações foram realizadas semanal-mente, removendo-se os ácaros dasfolhas através da máquina de escovarácaros “brushing machine”, deposi-tando-os sobre placas de vidro trans-parentes, untadas com vaselina econtando-os ao microscópio este-reoscópico. Para efeito de análise devariância, os dados foram transfor-mados em x + 0,5 e as médias deácaro/folha foram comparadas peloteste de Tukey ao nível de 5% deprobabilidade.

Resultados e discussão

A avaliação da população inicial dePanonychus ulmi, realizada nos dife-rentes ciclos e tratamentos, eviden-

U

Page 9: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 9

Tabela 2 – Número médio de Panonychus ulmi por folha no tratamento com azocyclotin, em diferentesvolumes de calda e dosagens, no ciclo 1994/95

Dosa- Pré-ava- 1a ava- 2a ava- 3a ava- 4a ava- 5a ava- 6a ava-gem de i.a. liação liação(A) liação(A) liação(A) liação(A) liação(A) liação(A)

(litros/ha) 29/11 6/12 14/12 20/12 27/12 3/1 11/1

430 0,50 3,03 0,00a 0,03a 0,16a 0,14a 0,09a 5,67a430 0,35 2,73 0,00a 0,03a 0,67a 0,59ab 0,88b 17,47bc950 0,50 3,53 0,00a 0,00a 0,32a 0,24ab 0,14a 9,06ab950 0,35 3,79 0,01a 0,03a 0,75a 0,73b 0,56ab 14,63bTestemunha 3,25 3,30b 3,92b 6,47b 5,16c 5,38c 27,46c

C.V. (%) 13,39 31,17 15,70 12,96 16,77 20,32

(A) Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Maciei raMaciei raMaciei raMaciei raMaciei ra

ciou uniformidade na distribuição deácaros, com uma média acima de 2,5ácaros por folha, utilizada como nívelde controle da praga. Os dados refe-rentes ao ciclo 1993/94 estão apresen-tados na Tabela 1, mostrando umamesma redução no número de ácarospor folha em ambos os volumes decalda utilizados, tanto na dosagemrecomendada quanto na dosagem re-duzida. Verifica-se também que o pe-

ríodo residual de controle do ácaro foio mesmo para os diferentes volumese dosagens. A redução de dosagem evolume de calda, para o controle deTetranychus urticae, com o cyhexatin,em volumes de 560 e 56 litros/ha,apresentou eficiência com até umquarto da dosagem recomendada (4).

No ciclo 1994/95, utilizou-se oacaricida azocyclotin (Tabela 2) e ob-servou-se o mesmo controle nas três

primeiras semanas nos diferentesvolumes e dosagens. Após este perío-do de avaliação, os tratamentos com adosagem reduzida apresentaram umnúmero de ácaros por folha sempremaior que o dobro, em relação aostratamentos com a dosagem recomen-dada. No entanto, verifica-se que,mesmo assim, na última avaliaçãotodos os tratamentos apresentarammédia de ácaros por folha acima donível de controle, indicando que operíodo residual de controle foi omesmo, independente do volume decalda e concentrações utilizadas. Deacordo com os resultados, observa-setambém que mesmo não apresentan-do diferenças no período residual, amédia de ácaros por folha nas dosa-gens reduzidas foi 3,1 e 1,6 vezesmaior, nos volumes de 430 e 950litros/ha, respectivamente. Para ocontrole de Panonychus citri, comeste produto, utilizando a dosagemrecomendada e uma redução de 25%(5), também obteve-se níveis equiva-lentes de controle.

Os resultados do ciclo1995/96, com o amitraz (Ta-bela 3), também evidenci-am que houve controle,mostrando uma média deácaros por folha semelhan-te nos diferentes volumesde calda e dosagens utiliza-das, em todo o período deavaliação. O número mé-dio de ácaro por folha com33 dias após a aplicação(em 06/02), nos tratamen-tos com 430 e 950 litros/ha,na dosagem recomendadae reduzida, respectivamen-

Tabela 1 – Número médio de Panonychus ulmi por folha no tratamento com cyhexatin,em diferentes volumes de calda e dosagens, no ciclo 1993/94

Dosagem Pré-ava- 1a ava- 2a ava- 3a ava-de i.a. liação liação(A) liação(A) liação(A)

(litros/ha) 21/12/93 28/12/93 4/1/94 13/1/94

430 0,250 15,13 0,03a 0,00a 9,46a430 0,175 9,10 0,04a 0,05a 7,16a950 0,250 8,35 0,01a 0,00a 9,13a950 0,175 10,10 0,06a 0,10a 8,11aTestemunha 15,45 6,21b 9,65b 26,43b

C.V. (%) 33,36 25,56 14,00

(A) Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey a5% de probabilidade.

Volume(litros/ha)

Tabela 3 – Número médio de Panonychus ulmi por folha no tratamento com amitraz, em diferentes volumesde calda e dosagens, no ciclo 1995/96

Dosa- Pré-ava- 1a ava- 2a ava- 3a ava- 4a ava- 5a ava- 6a ava- 7a ava-gem de i.a. liação liação(A) liação(A) liação(A) liação(A) liação(A) liação(A) liação(A)

(litros/ha) 28/12 3/1 9/1 17/1 23/1 30/1 6/2 14/2

430 0,40 2,57 0,13a 0,97a 0,80a 0,67a 0,70a 2,70a 4,42a430 0,28 2,88 0,42a 1,28a 1,18a 0,98a 0,85a 2,23a 4,93a950 0,40 2,62 0,23a 1,42a 0,72a 0,53a 0,43a 2,20a 3,05a950 0,28 3,45 0,05a 0,17a 0,50a 0,30a 0,72a 2,88a 3,82aTestemunha 4,07 5,58b 23,65b 19,15b 26,53b 14,08b 28,87b 35,38b

C.V.(%) 27,72 22,84 21,31 23,90 18,48 21,27 21,77

(A) Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Volume(litros/ha)

#

Volume(litros/ha)

Page 10: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

10 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

Maciei raMaciei raMaciei raMaciei raMaciei ra

te, alcançou o nível de controle. Nosoutros dois tratamentos observa-seum nível próximo ao do controle. Naúltima avaliação, aos 44 dias após aaplicação, verificou-se que a popula-ção do ácaro nos demais tratamentostambém atingiu o nível de controle.Assim, ficou evidente que o poderresidual dos diferentes volumes e do-sagens, foi semelhante no controle deP. ulmi. Estes dados confirmaram osresultados obtidos com os demais pro-dutos utilizados nos ciclos anteriores.

Os resultados similares de eficiên-cia verificados nos três ciclos, comdiferentes volumes de calda por hec-tare, confirmam os resultados obtidosno controle de Panonychus ulmi, va-riando-se o volume de 16 a 1.300litros/ha (6). No controle do ácarovermelho europeu e ácaro rajado,utilizando-se volumes entre 200 e 800litros/ha, também não foram encon-tradas diferenças na eficiência (7).Isto pode ser explicado pelos estudoscomparativos de deposição com volu-mes de calda, de 301 e 718 litros/ha,que proporcionaram o mesmo nívelde deposição (8). Contudo, utilizando--se acaricida ovicida em experimen-tos conduzidos na França, Itália, Paí-ses Baixos e Reino Unido, onde setestou clofentezine aplicado em volu-mes de 100, 250, 500, 1.250 e 1.500litros/ha, foi observada que a quanti-dade de ingrediente ativo nas folhasdiminuiu com o aumento do volume,no entanto, a distribuição mais homo-gênea e o controle de Panonychusulmi foram mais consistentes comvolumes acima de 1.250 litros/ha. Combase nesses resultados, os autoresdeste experimento (9) citam que volu-mes abaixo de 1.000 litros/ha nãodevem ser encorajados.

O sucesso na redução de doses evolumes de aplicação requer ummonitoramento cuidadoso de pragase doenças, além de uma estratégiapara acertar na escolha dos produtose freqüência na aplicação. Diversassão as vantagens da utilização de vo-lumes reduzidos, tais como diminui-ção do tempo no deslocamento paraabastecimento, diminuição do tempogasto para o tratamento das áreas,possibilidade de redução do número

de equipamentos, diminuição de cir-culação do equipamento dentro dopomar, disponibilidade do trator paraser utilizado em outras atividades,além da redução dos custos de depre-ciação do conjunto trator/pulveriza-dor e conseqüentemente do custo deprodução. A redução no volume decalda de 1.100 para 550 litros/ha pro-porciona diminuição no custo de pro-dução de 1,73% e uma economia de35,19%, no tempo gasto por hectare(10). No entanto, a redução de volumee dosagem por hectare em relaçãoa aplicações a volume alto requermaior atenção com o equipamento depulverização, pela necessidade de umaexata calibração e dosagem, e com ohorário de aplicação, pelo risco dederiva e de evaporação das gotas.

Conclusão

A redução de 30% na dosagem re-comendada dos acaricidas cyhexatin,azocyclotin e amitraz, aplicados nosvolumes de 430 e 950 litros/ha, man-tém o mesmo período residual decontrole para o ácaro vermelho euro-peu da macieira.

Literatura citada

01. KOVALESKI, A. Aspectos biológicos e

preferenciais para a alimentação e

ovoposição de Panonychus ulmi (Koch,1836) (Acari: Tetranichidae) em cul-

tivares de macieira. Piracicaba: ESALQ,1988. 122p. Tese de Mes-trado.

02. BYERS, R.E.; HOGMIRE, H.W.; FERREE,D.C.; HALL, F.R. Spray chemicaldeposits in high density and trellis appleorchards. HortScience, v.24, n.6, p.918-920, 1989.

03. HALL, F.R. Influence of canopy geometryin spray deposition and IPM.HortScience, v.26, n.8, p.1012-1017,1991.

04. WHAN, J.H.; SMITH, I.R.; MORGAN,N.G. Effect of spraying techniqueson the brown rot of peach fruit, andon black spot, powdery mildew andthe two-spotted mite of appletrees. Pesticide Science, v.14, n.6,

p.609-615, 1983.

05. RAETANO, C.G. Condições operacionais

de turboatomizadores na distribuição e

deposição da pulverização em citros.Piracicaba: ESALQ, 1996. 93p. TeseDoutorado.

06. PALLADINI, L.A.; REIS FILHO, W. Efici-ência de diferentes volumes de calda nocontrole do ácaro Panonychus ulmi

(Koch) da macieira. Anais da Sociedade

Entomológica do Brasil, Jaboticabal,v.25, n.1, p.161-164, 1996.

07. WICKS, T.J.; NITSCHKE, L.F. Control ofapple diseases and pests with low sprayvolumes and reduced chemical rates.Crop Protection, v.5, n.4, p.283-287,1986.

08. HALL, F.R.; RICHARD, D.L.; KRUEGER,H.R. Effects of spray volume and nozzlepressure on orchard spray deposits.Journal of Economic Entomology, v.74,n.4, p.461-465, 1981.

09. PEREGRINE, D.J.; DOUGHTON, N.E.;SOUTHCOMBE, E.S.E. The influenceof application volume on the efficacy ofclofentezine used early season for thecontrol of Panonychus ulmi (Koch) onapples. In: BRITISH CROPPROTECTION CONFERENCE –PESTS AND DISEASES, 1986,Brighton: Proceedings. Brighton:BCPC, 1986. p.307-314.

10. PALLADINI, L.A.; KREUZ, C.L. Reduçãodos custos de produção da macieira commédio volume de calda nos tratamen-tos fitossanitários. Agropecuária

Catarinense. Florianópolis, v.8, n.1,p.48-49, 1995.

Luiz Antonio Palladini, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. 4.780-D, Crea-SC, Epagri/EstaçãoExperimental de Caçador, C.P. 591, Fone(049) 663-0211, Fax (049) 663-3211, WilsonReis Filho, eng. agr., Cart. Prof. 10.327-D,Crea-PR, Epagri/Estação Experimental deCaçador, C.P. 591, Fone (049) 663-0211, Fax(049) 663-3211 e Márcia Mondardo, eng.agr., Cart. Prof. 21.640-D, Crea-PR Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591,Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211.

o

Page 11: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 11

ForrageirasForrageirasForrageirasForrageirasForrageiras

AAAAAvaliação do desempenho agronômicovaliação do desempenho agronômicovaliação do desempenho agronômicovaliação do desempenho agronômicovaliação do desempenho agronômicodas forrageiras Tdas forrageiras Tdas forrageiras Tdas forrageiras Tdas forrageiras Tifton 85 e Missioneira Gigante,ifton 85 e Missioneira Gigante,ifton 85 e Missioneira Gigante,ifton 85 e Missioneira Gigante,ifton 85 e Missioneira Gigante,

no Litoral Sul Catarinenseno Litoral Sul Catarinenseno Litoral Sul Catarinenseno Litoral Sul Catarinenseno Litoral Sul Catarinense

Simião Alano Vieira, Luiz Dal Farra, Darci Antônio Althoffe Augusto Carlos Pola

pesquisa em plantas forrageiras,em geral, avalia os genótipos

que apresentam bom potencialforrageiro, o que permite recomen-dar para plantio aqueles que se desta-cam quanto a produção de forragem,valor nutritivo e demais característi-cas agronômicas desejáveis.

Sabemos, todavia, que é comumem praticamente todas as atividadesagrícolas, os produtores aventurarem--se na exploração de algum produtosem uma prévia avaliação técnica,desnecessariamente correndo riscosde prejuízos em suas explorações.

Recentemente, a mídia, em nívelnacional, fez intensa propaganda so-bre uma nova cultivar de gramíneado gênero Cynodon (Tifton 85), prove-niente dos Estados Unidos da Améri-ca. As informações técnicas davam aentender que essa forrageira era qua-se milagrosa quanto ao valor nutriti-vo, produtividade, tolerância ao frio,etc.

Esse fato causou e ainda vem cau-sando uma grande euforia entre ospecuaristas, levando-os a pagarem caropelas primeiras mudas e a plantarextensas áreas, sem maiores infor-mações locais sobre o comportamen-to da nova espécie. Infelizmente, emmenos de um ano, alguns produtoresjá começaram a sentir os primeirosresultados negativos, especialmenteaqueles que implantaram a Tifton 85em áreas de pouca fertilidade.

Com objetivo de comparar o de-sempenho agronômico da Tifton 85com a Missioneira Gigante (Axonopusjesuiticus (Araújo) Valls), foi conduzi-do durante dois anos um trabalho de

pesquisa na Epagri/Estação Experi-mental de Urussanga.

Metodologia

O experimento foi instalado a cam-po, nas dependências da Estação Ex-perimental de Urussanga, Urussanga,SC, situada a uma altitude média de48m, latitude de 28 o 31 ’, Sul e longitu-de 49o 10’, Oeste. A área experimentalficou localizada em solo PodzólicoVermelho Amarelo, cujas caracterís-ticas químicas inicias e finais constamna Tabela 1.

A comparação da cultivarMissioneira Gigante com a Tifton 85

foi feita através de seis tratamentos(Tabela 2), delineados em blocos aoacaso, com fatorial sendo duas culti-vares x três intervalos de corte, qua-tro repetições, em parcelas medindo6,00m2 (2,0 x 3,0m).

A implantação do experimento como plantio das mudas de Missioneira ede Tifton foi em maio de 1995. Até acompleta formação da pastagem (co-bertura total do solo), as parcelasexperimentais foram mantidas livresde plantas invasoras. Em 4 de janeirode 1996 fez-se um corte de uniformi-zação a 7cm do solo e 20 dias apósiniciaram-se as avaliações.

A adubação de manutenção anual

Tabela 1 – Dados de análise de solo inicial e final, na área experimental. Epagri/EstaçãoExperimental de Urussanga. Urussanga, SC, 1998

pH Índice P K MO Al Trocável Ca M gÁgua SMP (ppm) (ppm) (%) (me/dl) (me/dl) (me/dl)

Valor inicial

5,4 5,8 4,0 394 2,5 0,2 6,8 2,0

Valor final

5,6 5,5 1,8 191 2,0 0,0 6,4 1,2

Tabela 2 – Tratamentos estudados na cultivar Missioneira Gigante e na Tifton 85.Epagri/Estação Experimental de Urussanga. Urussanga, SC, 1998

Intervalo de corte (dias)Tratamentos Cultivares

20 40 60

1 Tifton 85 x2 Tifton 85 x3 Tifton 85 x4 Missioneira Gigante x5 Missioneira Gigante x6 Missioneira Gigante x

A

#

Page 12: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

12 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

ForrageirasForrageirasForrageirasForrageirasForrageiras

foi feita de acordo com a Rede Oficialde Laboratórios de Análise de Solos(Rolas), correspondendo a 175kg denitrogênio, 110kg de fósforo e 55kg/hade potássio. A adubação potássica foiintegralmente aplicada em janeiro decada ano; a fosfatada, metade emjaneiro e o restante em setembro, e anitrogenada foi dividida em seis vezes(janeiro, fevereiro, março, setembro,outubro e novembro).

A determinação da matéria verde(MV) foi feita em uma área útil de1,00m 2 (em duas subamostras de0,50m2) e a da matéria seca (MS) apartir de 100g de MV, desidratada emestufa elétrica a 68oC. A análise daproteína bruta (PB), da digestibilidadein vitro da matéria orgânica (DIVMO)e dos nutrientes digestíveis totais(NDT) foi feita pelo Laboratório deNutrição Animal de Lages/Epagri.

Em setembro de 1997, 22 mesesapós o início das avaliações, fez-sevisualmente a determinação dopercentual de plantas invasoras pre-sentes em ambas as cultivares, emnível de parcela.

A evapotranspiração potencial(ETP) e a evapotranspiração real(ETR) foram calculadas segundoPenman em intervalos de cinco dias,sendo a deficiência hídrica determi-nada para uma capacidade dearmazenamento de água no solo de40mm (Figura 1).

Resultados obtidos

Clima

Na Figura 1 consta o balanço hídricopentadal de 1996 e 1997, período emque foi desenvolvido o trabalho depesquisa. Observa-se que tanto a esti-agem quanto o excesso de chuvaspodem ter prejudicado a produção debiomassa.

As precipitações pluviométricas,num período de cinco dias, acima de75mm, ocorreram nos meses de ja-neiro, fevereiro, março, junho, julho,agosto, setembro e outubro (1996);janeiro, fevereiro, julho, agosto, se-tembro, outubro e novembro (1997).As deficiências hídricas mais acentu-adas foram observadas em novembroe dezembro (1996); março, abril, maio,setembro e dezembro (1997).

Produção de matéria seca (MS)

As produções anuais de MS daMissioneira Gigante e da Tifton 85,nos diferentes intervalos de corte,estão na Tabela 3.

O rendimento foi igual entre asduas cultivares de acordo com o testede Duncan ao nível de 5% de probabi-lidade, independentemente do inter-valo de corte. Verificou-se uma levetendência de valores mais elevadospara os intervalos de cortes maisamplos (40 e 60 dias). Em trabalhosemelhante feito em São Paulo com acultivar Brachiaria brizantha, obser-vou-se também um pequeno aumentona produção de MS no intervalo de 56dias entre cortes, em comparação com28 dias (1). No Rio Grande do Sul, o

Figura 1 – Precipitação pluviométrica e deficiência hídrica pentadal (mm) em

capacidade de água disponível = 40mm, observada na Estação Experimental de

Urussanga, em 1996 e 1997. Epagri/Estação Experimental de Urussanga.

Urussanga, SC, 1998

Page 13: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 13

ForrageirasForrageirasForrageirasForrageirasForrageiras

rendimento de MS em uma misturade forrageiras também foi maior nointervalo de cortes de 42 dias emrelação ao de 28 (2).

A produção de biomassa da Tifton85, especialmente no final do segundoano, passou a dividir espaço de manei-ra significativa com diversas espéciesde plantas invasoras. Apesar de terfechado o solo bem mais rápido do quea Missioneira Gigante e apresentadomaior crescimento inicial, a forrageiraTifton 85 começou também a apre-sentar rápida degradação logo apóso estabelecimento. O Paspalumconjugatum (capim azedo) foi a espé-cie invasora mais significativa emnúmero e em agressividade (Tabela 4e Figura 2). Já o estabelecimento daMissioneira foi mais lento, porém pro-gressivo até o final da avaliação.

O capim azedo estabeleceu-se nasparcelas experimentais via semente ese expandiu rapidamente através deseus estolões. Pode-se observar naTabela 4, que a quantidade de plantasinvasoras diminuiu, à medida queaumentaram os intervalos de corte.Diante da invasão das plantas dani-nhas, a produção de MS da cultivarTifton 85 ficou parcialmente compro-metida em termos de qualidade equantidade, especialmente nas avali-ações finais do trabalho.

A Missioneira Gigante teve umcomportamento bem distinto em rela-ção às plantas invasoras (Figura 3).Observou-se apenas a presença espo-rádica de alguns inços de folha larga(Tabela 4). A melhor competitividadeda Missioneira decorre, provavelmen-te, da sua característica de mantermelhor a cobertura do solo, em todosos intervalos de corte, embora tenhadiminuído um pouco do maior para omenor intervalo, o que está de acordocom dados obtidos com o Andropogon,no Brasil Central (3).

Observações visuais preliminares(em nível de pesquisa) e em algumaspropriedades rurais, vêm mostrandoque a Tifton é muito exigente emfertilidade do solo, especialmente na-queles bem providos de matéria orgâ-nica. Por outro lado, as informações eobservações pessoais dos produtoressobre a Missioneira Gigante, vemmostrando que esta espécie tem

Tabela 3 – Valores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), digestibilidade in vitro damatéria orgânica (DIVMO) e nutrientes digestíveis totais (NDT), das cultivares

Missioneira Gigante e Tifton 85, cortadas de 20 em 20, 40 em 40 e 60 em 60 dias, noperíodo de 1996 a 1997. Epagri/Estação Experimental de Urussanga.

Urussanga, SC, 1998

Valores das determinações

Missioneira Gigante Tifton 85Parâmetros

Intervalo de corte

20 40 60 Média 20 40 60 Média

MS (t/ha) 15,30a 15,62a 15,04a 15,32 14,40a 15,57a 15,98a 15,32PB (%) 13,68 12,21 10,90 12,26 16,00 14,25 13,25 14,50DIVMO (%) 55,36 58,35 52,90 55,54 59,50 58,40 56,55 58,15NDT (%) 52,67 53,70 49,20 51,56 53,10 52,60 50,90 52,20

Nota: Valores seguidos da letra a, na primeira linha, não apresentam diferenças significativasao nível de 5% pelo Teste de Duncan.

Tabela 4 – Percentagem de plantas invasoras observadas nos diferentes tratamentos deMissioneira Gigante e de Tifton 85, 22 meses após o início das avaliações. Epagri/Estação

Experimental de Urussanga. Urussanga, SC, 1998

Missioneira Gigante Tifton 85

Parâmetros Intervalo de corte (dias) Intervalo de corte (dias)

20 40 60 20 40 60

Folhas estreitas (%) 0 0 0 72,4 50,0 36,1Folhas largas (%) 1,0 - 0 1,0 - 1,0

Figura 2 – Aspecto visual da Tifton 85 (cor verde-escura), em maio de 1998,

mostrando a espécie invasora Paspalum conjugatum (cor verde-amarelada).

Epagri/Estação Experimental de Urussanga. Urussanga, SC, 1998

#

Page 14: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

14 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

apresentado ampla adaptação aos maisdiferentes tipos de solos (quanto a fer-tilidade e umidade), aos mais variadosclimas (do Litoral ao Planalto) e éaltamente apetecida pelos bovinos.

Valor nutritivo

De uma maneira geral, verificou--se uma tendência de diminuição devalor dos parâmetros qualitativos ava-liados em decorrência do aumento dointervalo de corte das plantas (Tabela3), o que está de acordo com dadosobtidos em outros trabalhos de pes-quisa (1, 4).

O teor médio de PB e DIVMO daTifton 85 foi ligeiramente maior doque o da Missioneira Gigante, respec-tivamente 14,50 e 58,15 contra 12,26e 55,54%. Já o valor dos NDTs foipraticamente igual para as duasforrageiras: 51,56% (Missioneira Gi-gante) e 52,20% (Tifton 85). Este últi-mo parâmetro mostra que as duasespécies, provavelmente, devem apre-sentar o mesmo desempenhonutricional nos bovinos.

As forrageiras tropicais geralmen-te apresentam pouca digestibilidade ealto teor de fibras. Estes fatores po-

Figura 3 – Aspecto visual da Missioneira Gigante, em maio de 1998,

sem a presença de plantas invasoras. Epagri/Estação Experimental de

Urussanga. Urussanga, SC, 1998

dem explicar o baixo consumo animaldessas espécies, enquanto o alto con-sumo estaria relacionado com o altoteor de PB (5). Teores baixo de PB emalgumas forrageiras tropicais podemestar relacionados com baixos valoresde matéria orgânica (6). A elevaçãodessa variável pode ser conseguidacom a aplicação de nitrogênio (1,7). Osdados obtidos neste trabalho quanto àqualidade (Tabela 3), mostram que oproblema do baixo percentual de PBnão está necessariamente nasforrageiras tropicais, mas na quanti-dade de nitrogênio disponível.

Conclusões

Não há diferenças significativas naprodução de MS da Missioneira Gi-gante e da Tifton 85.

O teor de PB da Tifton 85 é ligeira-mente superior ao da Missioneira Gi-gante.

O valor nutritivo da MissioneiraGigante e da Tifton 85, considerandoos NDTs, são praticamente iguais.

A Missioneira Gigante apresentagrande persistência e competitividadeem relação às plantas invasoras. Situ-ação inversa foi observada com a Tifton85.

Literatura citada

1. RUGGIERI, A. C.; FAVORETTO, V.;MALHEIROS, E. B. Efeito de níveis denitrogênio e regimes de corte na distribui-ção, na composição bromatológica e nadigestibilidade “in vitro” da matéria secada Brachiaria brizantha (Hochst Stapf cvMarandú. Revista da Sociedade Brasileirade Zootecnia, Viçosa, MG, v. 24, n.1, p.20-30, jan./fev., 1995.

2. MOOJEN, E. L.; SAIBRO, DE J. C. Efeito deregimes de corte sobre o rendimento equalidade de misturas forrageiras de esta-ção fria. Pesquisa Agropecuária Brasileira,Brasília, v.16, n.1, p.101-109, jan., 1981.

3. DRUDI, A.; FAVORETTO, V.; REIS, R. A.Influência da altura e da freqüência de cortesobre algumas características da rebrotado capim-Andropogon. PesquisaAgropecuária Brasileira, Brasília, v.21, n.4,p.409-416, abr., 1986.

4. RUGGIERI, A. C.; FAVORETTO, V.;MALHEIROS, E. B. Efeito de níveis denitrogênio e regimes de corte na distribui-ção, na composição bromatológica e nadigestibilidade “in vitro” da matéria secada Brachiaria brizantha (Hochst) Stapf cvMarandú . Revista Brasileira de Zootecnia,Viçosa, MG, v.24, n.2, p.222-232, mar./abr., 1995.

5. MINSON, S. J. Effect of chemical and phisicalcomposition of herbage eaten upon intakein. HACKER, J.B. (ed). Nutrition limits toanimal production from pastures Austria.Farnham Royal, Slough, Common-WealthAgricultural Bureaux, 1982. p.162-182.

6. VIEIRA, S.A.; POLA, A.C. Avaliação de dezcultivares de capim-elefante no Litoral SulCatarinense. Agropecuária Catarinense,Florianópolis, v.10, n.3, p.42-46, set., 1997.

7. FERRARI JÚNIOR, E.; RODRIGUES, L. R. deA.; REIS, R. A.; COAN, O.; SCHAMMASS,E. A. Avaliação do capim coast cross paraprodução de feno em diferentes idades eníveis de adubação de reposição. Boletimda Indústria Animal, Nova Odessa, v.50,n.2, p.137-145, jul./dez., 1993.

Simião Alano Vieira, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 6.307-D, Crea-SC, Embrapa/Epagri/Esta-ção Experimental de Urussanga, C.P. 49, Fone/fax (048) 465-1209, 88840-000 Urussanga, SC;Luiz Dal Farra, eng. agr., Cart. Prof. 573-D,Crea-SC, Epagri/Estação Experimental deUrussanga, C.P. 49, Fone/fax (048) 465-1209,88840-000 Urussanga, SC; Augusto CarlosPola, eng. agr., M.Sc, Cart. Prof. 6.917-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de Urussanga,C.P. 49, Fone/fax (048) 465-1209, 88840-000Urussanga, SC e Darci Antônio Althoff, eng.agr., M.Sc, Cart. Prof. 846-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de Urussanga, C.P. 49,Fone/fax (048) 465-1209, 88840-000 Urussanga,SC.

o

ForrageirasForrageirasForrageirasForrageirasForrageiras

Page 15: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 15

LesmaLesmaLesmaLesmaLesma

Lesma: praga emergente no Oeste CatarinenseLesma: praga emergente no Oeste CatarinenseLesma: praga emergente no Oeste CatarinenseLesma: praga emergente no Oeste CatarinenseLesma: praga emergente no Oeste Catarinense

José Maria Milaneze Luís Antônio Chiaradia

s lesmas são moluscos perten-centes à família Veronicellidae.

Nas Américas, já foram constatadas43 espécies desses animais e outrasainda necessitam de estudos mais de-talhados para serem classificadas (1).Alimentam-se de grande variedade devegetais e podem causar danos emlavouras de feijão, milho, soja e man-dioca, além de atacar plantas frutífe-ras, jardins, hortas caseiras e comer-ciais.

Em alguns países das AméricasCentral e do Sul são consideradaspragas de importância econômica. NoBrasil, foram observadas atacando acultura do feijoeiro nos Estados deMinas Gerais, Sergipe e São Paulo.No ano de 1993, na região Oeste doEstado de Santa Catarina, mais espe-cificamente no município de NovaItaberaba, foi constatada a presençade lesmas atacando várias espécies deplantas, sendo que no ano de 1995 foiobservado ataque severo desta praga

nas culturas de feijão e soja, naquelemunicípio. Na ocasião, alguns espéci-mes foram enviados ao professor Dr.José Willibaldo Thomé da PontifíciaUniversidade Católica do Rio Grandedo Sul, que os classificou como per-tencentes à espécie Serasinulalinguaeformis (Molusca, Veroni-cellidae) (2).

Descrição e hábito

As lesmas são pouco estudadasquanto à sua biologia. Possuem corpocarnoso de aspecto gelatinoso e parase deslocar expelem um muco que, aosecar, deixa um rastro característico.São hermafroditas, ou seja, apresen-tam órgãos genitais masculinos e fe-mininos, podendo autofecundar-se.

Adultos de S. linguaeformis podemmedir até 10cm de comprimento ecerca de 2,5cm de largura. Possuemcoloração parda com manchas maisescuras no dorso (Figura 1).

Foi observado que a espécieSerasinula plebeia (Molusca,Veronicellidae) coloca até 80 ovos agru-pados, posicionando-os embaixo derestos vegetais ou junto ao solo. Osovos são translúcidos e o período deincubação médio é de 24 dias, quandoa temperatura é mantida a 27oC. Nocaso dessa espécie, em condições deestiagem, os ovos podem permanecerviáveis no solo por até seis meses. Aslesmas atingem a maturidade sexualnum período que varia de dois a cincomeses, tornando-se aptas para se re-produzir. A longevidade dos adultosvaria de 12 a 20 meses (3).

Nas horas mais quentes do diacostumam ficar abrigadas embaixo derestos vegetais, madeiras e outrosentulhos, saindo nos períodos maisamenos para se alimentar. Tempera-turas médias próximas de 25oC e umi-dade relativa em torno de 80% são

condições favoráveis para o seu de-senvolvimento. No inverno tem-seobservado que as lesmas se enterramno solo, sendo encontradas em pro-fundidades até de 40cm.

Importância como praga evetora de doença

Na cultura do feijoeiro as lesmasconsomem as folhas e danificam asvagens. Nos estágios iniciais de de-senvolvimento da cultura podem con-sumir as plântulas reduzindo sensi-velmente o seu “stand”. Cada lesmaadulta pode consumir no período deuma noite até 20% das folhas de umaplanta, com conseqüente redução deaté 16% no rendimento da cultura.Por isso, o nível de dano econômicoestabelecido para esta praga na cultu-ra do feijão é de uma lesma/m2 e/ou acaptura média de uma lesma/armadi-lha/noite (1).

Moluscos da família Veroni-cellidae, em altas populações, podemser vetores de parasitoses humanas.Assim, foi verificado que a espécie S.plebeia é hospedeira intermediáriado nematóide Angiostrongyluscostaricencis , parasita do tecidoendotelial do intestino humano. Aforma infestante desse parasita é libe-rada através do muco secretado pelaslesmas e as pessoas podem adquiriresse verme pela ingestão de produ-tos hortifrutigrangeiros contamina-dos (4).

Controle

Essas pragas exigem “manejo inte-grado de controle”, uma vez que me-didas isoladas não têm resolvido oproblema. Neste sentido, é indicadoevitar o acúmulo de pedaços de te-lhas, tijolos, tábuas, lixo e outros ti-pos de entulho, pois servem de abrigo

Figura 1 – Adulto de Sirasinulalinguaeformis

A

#

Page 16: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

16 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

LesmaLesmaLesmaLesmaLesma

para esses animais (Figura 2). Damesma forma, deve ser dado destinoadequado aos restos vegetais e dejetosanimais, pois esses moluscos tambémse alimentam dessas substâncias.

As lesmas encontram nos lugaressombreados e úmidos as condiçõesideais para se desenvolver. Comomedida profilática, deve-se arejar osambientes e facilitar a insolação, prin-cipalmente nas proximidades dasedificações e das lavouras. Eliminarou reduzir as plantas hospedeiras pre-ferenciais da praga, que sejam semimportância econômica para as pro-priedades, é outra prática recomen-dada.

Os agricultores de Nova Itaberabatêm protegido suas hortas do ataquedas lesmas, espalhando cal ao redordos canteiros (Figura 3). Aconselha--se ainda a matança sistemática delesmas com estacas ou estiletes pon-tiagudos, com a finalidade de reduzirsua população inicial.

Na natureza existem alguns agen-tes que controlam biologicamente aslesmas, como lagartos, aves (patos egansos) e besouros da famíliaLamperidae, que são predadores, emoscas da família Sciomyzidae quesão citados como parasitóides. Noentanto, o controle dessas pragas pe-los inimigos naturais não tem apre-sentado a eficácia necessária (5).

O controle químico recomendadopara estes moluscos é através de iscasatrativas formuladas com metaldeído,substância que provoca a paralisaçãomuscular dos indivíduos. Apesar daboa eficiência desse produto no con-trole dessas pragas, esse ingredienteativo tem o inconveniente de apre-sentar pequeno efeito tóxico residualem condições de elevada umidade,geralmente encontrada nos locais pre-ferenciais de permanência das les-mas. O uso de iscas atrativas formula-das com outros ingredientes ativosnão tem mostrado eficiência no con-trole desses animais.

Ensaios preliminares desenvolvi-dos no Centro de Pesquisa para Pe-quenas Propriedades da Epagri emChapecó, SC, mostraram que iscascaseiras formuladas à base de farinhade milho em mistura com ácido bóricoa 10% tiveram boa eficiência no con-

trole dessa praga. Constatou-se aindaque pulverização de sulfato de cobre(2%), realizada diretamente nas fo-lhas de repolho, inibiram a alimenta-ção das lesmas. Aplicações tópicas desal amoníaco (3%) e de hipoclorito desódio (2,5%) também causaram mor-talidade de lesmas.

Literatura citada

1. THOMÉ, J.W. Estado atual da sistemática dosVeronicellidae (Molusca; Gastropoda) ame-ricanos, com comentários sobre sua impor-tância econômica, ambiental e na saúde.Biociências, Porto Alegre, v.1, n.1, p.61-75,dez., 1993.

2. MORO, L.; HEMP, S. Ocorrência de lesmas naRegião Oeste Catarinense. In: CONGRES-SO BRASILEIRO DE MALACOLOGIA,14, 1995, Porto Alegre, RS. Resumos. PortoAlegre: SBMa, 1995. p.106.

3. CARDONA, C. Insetos y otras plagasinvertebradas en frijol en America Latina.In: CORRALES, M.P.; SCHWRTZ, H.F.(Eds.) Problemas de produción del frijol enlos trópicos. Cali: CIAT, 1994. p.577-652.

4. GRAEFF-TEIXEIRA, C.; CAMILLO-COURA,L.; LENZI, H.L. Angiostrongilíase abdomi-nal – Nova parasitose no Sul do Brasil. R.Amerigs, Porto Alegre, v.35, n.2, p.91-98,abr./jun., 1991.

5. LATORRE, B.A. Plagas de las hortalizas:manual de manejo integrado. Santiago,Chile: FAO, 1990. 520p.

José Maria Milanez, eng. agr., Dr., Cart. Prof.14.539, Crea-SC, Epagri/Centro de Pesquisa paraPequenas Propriedades, C.P. 791, Fone (049)723-4877, Fax (049) 723-0600, 89901-970Chapecó, SC, E-mail: [email protected] eLuís Antônio Chiaradia, eng. agr., M.Sc, Cart.Prof. 11.485, Crea-SC, Epagri/Centro de Pesqui-sa para Pequenas Propriedades, C.P. 791, Fone(049) 723-4877, Fax (049) 723-0600, 89901-970Chapecó, SC, E-mail: [email protected].

Figura 2 –Lesmas

abrigadas

embaixo

de umpedaço de

telha

Figura 3 –Proteção com cal ao

redor de

canteiros da horta,para prevenir o

ataque de lesmas.

Nova Itaberaba,

SC

o

Page 17: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 17

VideiraVideiraVideiraVideiraVideira

Cultivar de videira EPCultivar de videira EPCultivar de videira EPCultivar de videira EPCultivar de videira EPAGRI 401-VAGRI 401-VAGRI 401-VAGRI 401-VAGRI 401-Villenaveillenaveillenaveillenaveillenave

Enio Schuck, Jean Pierre Rosier, Jean Pierre Doazane Jean-Pierre H.J. Ducroquet

cultura da videira em SantaCatarina ocupa uma área plan-

tada de 4.293ha (1), sendo que 90%dos vinhedos estão localizados nasmicrorregiões de Joaçaba, de Criciúmae de Tubarão (2).

Da produção anual de uva paravinho, 8,1% é proveniente de uvasviníferas (Vitis vinifera), 78,7% decultivares americanas (Vitis labrusca)e 12,5% de uvas híbridas (1).

A partir de 1970, com a criação doProjeto de Fruticultura de ClimaTemperado – Profit (3) o plantio decultivares de videira de origem euro-péia teve um incentivo técnico efinanceiro respaldado pelo poderpúblico estadual visando a melhoriada qualidade enológica dos vinhosproduzidos no Estado. Com taismedidas diversos vinhedos foramimplantados com estas cultivareschegando a representar 10% de todaa área plantada com uva em SantaCatarina (3). No entanto, esta áreade cultivo foi diminuindo gradati-vamente para se tornar irrisória nomomento.

Vários fatores contribuíram paraque os viticultores abandonassem ocultivo das uvas viníferas, optandopor outras mais rústicas: falta de umaestrutura adequada de vinificação ecomercialização para valorizar estamatéria-prima e sensibilidade exces-siva às doenças fúngicas, que além deaumentarem drasticamente o custode produção pioram a qualidade dauva, a qual acaba sendo colhidaantes de completar a maturação.Para a produção de vinhos finosbrancos foram plantadas, princi-palmente, as cultivares Riesling Itáli-co e Moscato Branco, as quais, sendosensíveis à incidência de doenças

fúngicas (antracnose e míldio) e àocorrência de podridões nos cachos noperíodo da maturação, têm a produti-vidade e a qualidade da uva diminuí-das.

A Estação Experimental de Videi-ra, da Epagri, a partir de meados dosanos 80, iniciou a implantação de no-vas coleções de cultivares visando abrirum novo e original caminho para avitivinicultura catarinense alicerçadona exploração dos híbridos de novageração, particularmente apropriadosàs condições climáticas do Estado,caracterizadas por excesso de precipi-tações pluviométricas durante o pe-ríodo vegetativo da cultura, especial-mente nos meses de crescimento ematuração da uva. Foram feitas vá-rias introduções de cultivares e/ouseleções de videira para produção devinhos, introduções estas oriundas dediversos centros de pesquisa do Brasile do exterior, cujos trabalhos de me-lhoramento de uva visam a obtençãode materiais tolerantes e/ou resisten-tes às doenças e de produtoras dematéria-prima similar às melhorescultivares de Vitis vinifera. Entre asmais de 200 cultivares e seleções devideiras testadas, destacou-se, nosúltimos anos, a seleção 9216, proveni-ente do INRA, de Bordeaux-França, aqual foi denominada de Villenave emhomenagem ao município onde estásediado o Centro de Pesquisa do INRA,criador deste material.

Origem

A seleção 9216 é resultante de umcruzamento de um seedling produtorde uvas brancas, resistente ao míldio(Plasmopara viticola), de origem com-plexa, codificado de “7489”, com a

cultivar Riesling Renano (4).Esta seleção foi introduzida na

Estação Experimental de Videira, daEpagri, em abril de 1987 e enxertadasobre o porta-enxerto Paulsen 1103em julho do mesmo ano.

Durante os trabalhos forammantidas dez plantas na coleção decultivares, plantadas no espaçamentode 3 x 2m (filas x plantas) e conduzidasno sistema de sustentação em latada,tradicional da região.

As plantas da EPAGRI 401-Ville-nave foram avaliadas em termos defenologia, produtividade e composi-ção química dos frutos (Tabela 1) equalidade do vinho obtido com asmicrovinificações. Além disso, foramfeitas observações de incidência dedoenças fúngicas.

No nível de campo, a cultivarVillenave tem apresentado ótimo de-sempenho, possui média suscetibi-lidade à antracnose (Elsinoe ampelinaShear), resistência ao míldio(Plasmopara viticola Berk)) e peque-na suscetibilidade à podridão dos ca-chos (Boytrytis cinerea Pers. ex. Fr.),associados à estrutura solta dos mes-mos (Figuras 1 e 2). Estas caracterís-ticas de resistência e/ou tolerância àsprincipais doenças permitem que oscachos atinjam a plena maturação,passando para o mosto o máximo deseu potencial.

As principais características dacultivar em termos de fenologia, pro-dutividade e composição química dosfrutos, avaliadas durante vários anos,estão apresentadas na Tabela 1. Amédia de produtividade, após o tercei-ro ano, está acima de 30t/ha, enquan-to cultivares como Riesling Itálico eGewurztraminer apresentam produ-tividades inferiores a 20t/ha.

A

#

Page 18: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

18 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

VideiraVideiraVideiraVideiraVideira

Das principais análi-ses realizadas no mostodestacam-se médias de17,2oBrix, acidez total de102,2meq/l, pH de 3,08,3,0g/l de ácido tartáricoe 1,5g/l de ácido málico.Estes dados foram obti-dos em anos nos quais apluviosidade média defevereiro, mês dematuração da cultivar,foi acima de 200mm,atestando o grande po-tencial deste materialpara elaboração de vi-nho, mesmo em condi-ções adversas àmaturação dos frutos.

O bom desempenhono nível de campo, emcondições semelhantesde cultivo, reflete-se naprodução de vinhos bran-cos de alta qualidade,apresentando na degus-tação resultados superi-ores aos dos vinhos das tradicionaiscultivares viníferas (de difícil cultivo),como Riesling Itálico, Chardonnay,Gewurztraminer e Moscato Branco.

Os testes de prensagem, com pren-sa pneumática, permitiram um rendi-

Tabela 1 – Características fenológicas, produtividade e composição química dos frutos da cultivarEPAGRI 401-Villenave na coleção de cultivares de videira, Estação Experimental de Videira, Epagri

Fases da Anoscultura/características 1989/90 1990/91 1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98

BrotaçãoInício 19/9 12/9 10/9 12/9 20/9 24/9 10/9 30/9 4/9

FloraçãoInício 5/11 28/10 15/10 19/10 20/10 18/10 16/10 26/10 10/10Final 14/11 9/11 31/10 6/11 1/11 3/11 2/11 9/11 26/10

Colheita 13/2 13/2 4/2 2/2 3/2 6/2 27/1 13/2 27/1

Produçãokg/planta 1,9 6,1 16,1 30,3 26,2 22,9 14,4 25,1 11,4(A)

kg/ha 3.165 10.162 26.822 50.479 43.649 38.151 23.999 41.816 19.000

AçúcaroBrix 17,1 20,9 16,5 17,1 17,2 16,0 13,8 14,4 18,3

Acidez total(meq/l) 106 68 94 108 106 102 104 122 118

pH - - - 3,09 - 2,91 - - 3,15

(A) Na safra 1997/98 o vinhedo foi atingido por duas chuvas de granizo, comprometendo a produtividade.Nota: Na coleção de cultivares são mantidas dez plantas por cultivar, plantadas no espaçamento de 3 x 2m.

mento de 78% em mosto.A matéria-prima, isenta de podri-

dões, proporcionou, via de regra, mos-to pouco oxidado, de fácil limpeza,sendo que em média obteve-se 60NTU após a debourbagem.

Seus vinhos podem ser elaboradoscom maceração parcial das cascas por12 horas, ou com separação imediatadas películas, debourbagem e fermen-tação com temperatura controlada de18 a 20oC.

Com a utilização de técnicas ade-quadas esta uva permite a elaboraçãode vinhos de cor amarelo-clara, inten-so aroma floral, bem equilibrado emacidez, estrutura e corpo.

Os vinhos desta cultivar têm suapreferência organoléptica baseadaprincipalmente na intensidade aro-mática e no equilíbrio gustativo. Suascaracterísticas são próprias para con-sumo na forma de vinho ainda jovem,servido a temperatura que pode va-riar entre 8 e 12oC, acompanhandopratos leves, peixes e frutos do mar,sendo também apropriado para serconsumido fora das refeições.

Material paramultiplicação

A Estação Experimental de Videi-ra, da Epagri, possui plantas matrizesda cultivar Villenave cujo materialestá disponível aos viveiristas e pro-

Figura 1 – Característica de cacho da cultivar EPAGRI 401-Villenave. Detalhes

dos cachos soltos

Page 19: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 19

VideiraVideiraVideiraVideiraVideira

dutores interessados na formação demudas e implantação de novos vinhe-dos. Para maiores informações,contatar com a Estação Experimentalde Videira, Rua João Zardo, s/n o, Cai-xa Postal 21, 89560-000 Videira, SC,Fone (049) 566-0054 e Fax (049) 566-0391.

Literatura citada

01. ROSIER, J.P.; LOSSO, M. Cadeias produ-

tivas do Estado de Santa Catarina:

vitivinicultura. Florianópolis: EPAGRI,1997. 41p. (EPAGRI. Boletim Técnico,83).

02. IBGE. Censo demográfico 1991; resulta-dos do universo relativos às caracterís-ticas da população e dos domicílios. Riode Janeiro, 1991. 209p.

03. ACARESC. Fruticultura de clima tempe-

rado: relatório 1990. Florianópolis, 1990.23p.

04. DOAZAN, J.P.; KIM, S.K. Recherche degénotypes résistants au mildiou dansdes croisements interspécifiques. In:SYMPOSIUM INTERNATIONAL SURL’AMÉLIORATION DE LA VIGNE, 2.,1977, Bordeaux . Genetique et

amelioration de la vigne. Paris: INRA,1978. P.243-249.

Enio Schuck, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.2.270-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experi-mental de Videira, C.P. 21, Fone/fax (049)566-0054, 89560-000 Videira, SC; JeanPierre Rosier, eng. agr., Dr., Cart. Prof.5.517-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experi-mental de Videira, C.P. 21, Fone/fax (049)566-0054, 89560-000 Videira, SC; Jean PierreDoazan, eng. agr., Dr., INRA/Stationd’Arboriculture Fruitière et Viticulture deBordeaux, França e Jean-Pierre H.J.Ducroquet, eng. agr., Dr., Cart. Prof. 17.954-D, Crea-PR, Epagri/Estação Experimental deVideira, C.P. 21, Fone/fax (049) 566-0054,89560-000 Videira, SC.

Figura 2 – Característica de cacho da

cultivar EPAGRI 401-Villenave

FundagroFundação de Apoio ao Desenvolvimento Rural Sustentável

do Estado de Santa Catarina

Uma organização não-governamental para apoiar o setor agrícola público e privado do Estado de Santa

Catarina.

• Diagnósticos rápidos.

• Pesquisas de opiniões e de necessidades do setor agrícola.

• Consultorias.

• Realizações de cursos especiais.

• Projetos para captação de recursos.

• Produção de vídeos e filmes ligados ao setor agrícola.

• Projetos de financiamento do Pronaf e outros.

• Serviços de previsão de tempo.

Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, C.P. 1391, Fone (048) 234-0711, Fax (048) 239-5597,

E-mail: fundagro@climerh. rct-sc.br, 88010-970 Florianópolis, SC.

o

Page 20: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

20 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

NOVIDADESDE MERCADO

Arixos, o repolhoArixos, o repolhoArixos, o repolhoArixos, o repolhoArixos, o repolhode cabeçade cabeçade cabeçade cabeçade cabeçapequenapequenapequenapequenapequena

A Royal Sluis do Brasil estácolocando no mercado brasilei-ro uma nova cultivar de repolhoque tende a inovar o segmento.É o repolho híbrido Arixos, quedesenvolve uma cabeça bemmenor que os demais repolhosexistentes e por isso atende auma nova tendência de merca-do. De coração também peque-no, bastante firme, o novo híbri-do é muito resistente à rachadu-ra e ao transporte a longas dis-tâncias. Por apresentar folhasmais cerosas resiste melhor àsdoenças foliares. Arixos já foibastante testado e adaptado àscondições climáticas do Brasil eestá agradando a produtores,comerciantes e consumidores.

A planta possui também ta-manho mais reduzido, fator quepermite cultivar 80 mil plan-tas/ha, quando normalmentesão cultivadas 60 mil/ha. Comeste maior adensamento, pode--se obter maior produtividade erendimento econômico. Apesarde possuir cabeça menor (cercade 1,5kg), este menor volume écompensado pelo maior núme-ro de plantas por área, qualidadedo produto e peso da cabeça, queapesar de pequena é proporcio-nalmente mais pesada. Outravantagem é o ciclo mais precoceque permite a colheita com dezdias de antecedência em relaçãoaos demais repolhos.

O engenheiro agrônomoJosé Ricardo Machado explicaque o tamanho da cabeça secompatibiliza com uma nova re-alidade de consumo. “As famí-lias estão ficando cada vez me-nores e exigem produtos comtamanhos proporcionais às suasnecessidades de consumo. Orepolho é uma hortaliça que nãopode ser vendida em pedaços,por isso, o ideal é ter cabeçasmenores, que podem ser adqui-ridas e consumidas por inteiro,sem o risco de perdas.

Para o comerciante as vanta-gens são muitas. Além de traba-lhar com um produto bastanteuniforme, firme e pesado, ele es-tará mais afinado com as necessi-dades dos clientes mais exigentesem termos de tamanho e qualida-de.

Maiores informações pelo te-lefone (019) 253-0731, com MariaAparecida Ramos.

Nova semeadoraNova semeadoraNova semeadoraNova semeadoraNova semeadorade precisão dade precisão dade precisão dade precisão dade precisão da

EmbrapaEmbrapaEmbrapaEmbrapaEmbrapaO Centro Nacional de Pesqui-

sa de Trigo – Embrapa Trigo de-senvolveu a Semeadora Uniflux,equipamento de precisão com con-trole eletrônico do sistema de do-sagem de sementes, para as cul-turas de milho, soja, feijão e giras-sol, podendo ser adaptada paracereais de inverno (trigo, cevada,aveia e triticale) apenas substitu-indo-se o prato dosador. SegundoJosé Antônio Portella, engenhei-ro mecânico responsável pelo pro-jeto, a grande vantagem que onovo equipamento proporciona éa distribuição apropriada de se-mentes no solo, mantendo a uni-formidade da distância entre elas.Este é um parâmetro importantedesejado na busca do aperfeiçoa-mento de semeadoras, visando àotimização da produtividade dasculturas. A distribuição adequadade sementes promove o plenoaproveitamento, pela planta, denutrientes, de água e de luz, au-mentando consideravelmente aprodutividade da lavoura.

O sistema de precisão incor-porado à Semeadora Uniflux ébaseado no transporte unitário degrãos em dutos de pequeno diâ-metro, levando em conta princí-pios pneumáticos para dosar edistribuir sementes, agregandoainda o controle eletrônico daperformance de distribuição.

Portella explica que o controleeletrônico foi desenvolvido emparceria entre a Embrapa Trigo ea Faculdade de Engenharia Elé-trica da Universidade de PassoFundo, RS, e consiste emmonitorar a velocidade da roda dasemeadora por meio de sensoresóticos cujos sinais são enviados aum software, que, por sua vez,aciona um pequeno motor elétri-co ligado diretamente ao eixo dosdosadores de sementes.

O mais interessante no equi-pamento, na visão de Portella, é a

relação de transmissão (RT), quenas semeadoras atuais é total-mente mecânica e sabidamentegera erros na dosagem de semen-tes. Essa RT foi substituída porum código impresso no micro-controlador do software e é con-trolada fisicamente por um con-junto de oito chaves, que definema cultura a ser semeada. Para oagricultor, a operacionalidade doprocesso inovador se resume emselecionar uma chave, quecorresponde à cultura a sersemeada, em vez das constantestrocas de engrenagens hoje reali-zadas nas máquinas convencio-nais.

Mais informações podem serobtidas pelo Fone (054) 311-3444ou Fax (054) 311-3617. Texto deLiane Matzenbacher.

Picture TPicture TPicture TPicture TPicture Tel eel eel eel eel eSiemens fechamSiemens fechamSiemens fechamSiemens fechamSiemens fecham

acordo com aacordo com aacordo com aacordo com aacordo com aEmbrapaEmbrapaEmbrapaEmbrapaEmbrapa

A Embrapa vai equipar 39centros de pesquisa agropecuáriaespalhados pelo Brasil com o sis-tema de videoconferência PictureTel/Siemens. A rede vai estar liga-da diretamente com a sede daEmbrapa, em Brasília.

O investimento objetiva in-tensificar a troca de experiênciascientíficas e de treinamento, alémde reduzir substancialmente oscustos operacionais.

Atualmetne, a Embrapa rea-liza 16 programas de pesquisa,que reúnem 500 projetos destina-dos à pesquisa por todo o Brasil,em parceria com universidades,centros de pesquisa e empresasprivadas do setor agropecuário.Também está em curso um calen-dário para treinamento de pes-soal na área gerencial, de pesqui-sa e tecnologia.

Com o sistema Picture Tel/Siemens de videoconferência serápossível integrar todos os centrosde pesquisa e treinamento on line,em reuniões virtuais. Ao derru-bar as barreiras do tempo e dadistância, os programas de pes-quisa e treinamento serão execu-tados ao mesmo tempo e com amesma linguagem, por todo o ter-ritório nacional.

Outro bom exemplo é o PlanoNacional de Pesquisa – PNP, quereúne por ano 16 grupos de pes-quisadores, em Brasília. Com aaparelhagem de videoconferênciasão quase eliminados os gastos de

transporte, passagem aérea,hospedagem, alimentação, alu-guel de salas e demais materiaisde apoio. Além disso, economizatempo e reduz as operações ad-ministrativas de apoio.

O fim do deslocamento inte-restadual aumenta a possibili-dade de reunir mais pessoas porencontro. A facilidade de agru-par os pesquisadores vai permi-tir um maior número de encon-tros para pesquisa, cursos e trei-namentos. Mais importante ain-da: os maiores especialistas dosetor agropecuário vão poderfalar com uma base de técnicosampliada. Tudo isso deve gerarum salto no desenvolvimentotecnológico da Embrapa

Mais informações pelo Fone(011) 866-5626.

Fermento paraFermento paraFermento paraFermento paraFermento parasilagem nosilagem nosilagem nosilagem nosilagem nomercadomercadomercadomercadomercadonacionalnacionalnacionalnacionalnacional

A Chr. Hansen Biosystems– empresa líder mundial em pro-dutos microbiológicos para osetor de saúde animal – planejalançar, para a próxima safra, oBiomax, inoculante para silagemque atua na manutenção dosníveis nutricionais da forrageme evita a proliferação demicroorganismos indesejáveisno processo de ensilagem.

O inoculante pode ser apli-cado em todas as culturas, como,por exemplo, alfafa, capim-ele-fante, sorgo, girassol e milho. Apulverização do Biomax sobre asilagem compactada irá contro-lar a fermentação anaeróbica daforragem, inibindo a flora indí-gena (microorganismos pró-prios de cada cultivo) e evitandoo problema com bactériasbutíricas, as quais provocam aputrefação na silagem e tornamo leite impróprio para a produ-ção de queijos.

O gerente geral da Chr.Hansen Biosystems, HansHenrik Knudsen, explica que oBiomax produz uma silagem decheiro agradável, o que resultanuma total aceitação do gado. “Orebanho, dessa forma, irá co-mer mais e com maior qualida-de. O fermento permite somen-te a proliferação de microor-ganismos desejáveis, evitandoas perdas no silo”, finaliza.

Informações pelos Fones(019) 243-3739 e (019) 243-2389.

Page 21: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 21

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Artesanato de lã de ovelha resgata cultura eArtesanato de lã de ovelha resgata cultura eArtesanato de lã de ovelha resgata cultura eArtesanato de lã de ovelha resgata cultura eArtesanato de lã de ovelha resgata cultura evalores comunitáriosvalores comunitáriosvalores comunitáriosvalores comunitáriosvalores comunitários

Um projeto pioneiro que aproveita mão-de-obra e produtos locaisdas comunidades rurais está mudando a situação econômica e

cultural de alguns municípios catarinenses. Por meio de técnicas artesanais detratamento de lã, professores treinados de escolas rurais repassam

os ensinamentos aos alunos, crianças, jovens e alguns adultos,preparando-os para uma nova alternativa de renda familiar.

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

Crianças da Escola Municipal de Avenquinha, em Campo Alegre, mostram os

trabalhos realizados com a lã de ovelha

#

Page 22: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

22 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

s atividades agrícolas tradicio-nais como o cultivo anual de

milho, feijão, arroz, fumo, a criaçãode gado de corte e/ou leite, etc. cadavez mais deixam de ser interessantesou rentáveis para o produtor rural,que vem se descapitalizando ano apósano. A falta de alternativas econômi-cas e incentivos para o meio rural temacelerado o êxodo de milhares de agri-cultores que vão tentar melhor sorteengrossando a fila de favelados e de-sempregados nas cidades. Mas feliz-mente começam a surgir opções deatividades que, além de gerarem ren-da familiar, também resgatam a cul-tura e a tradição das comunidadesrurais. Um exemplo disso é o artesa-nato de lã, uma prática abandonadahá tempo e que agora, mercê de esfor-ços de técnicos, entidades governa-mentais, escolas e comunidades, res-surge vigorosamente. A reportagemda revista Agropecuária Catarinensepercorreu uma região de SantaCatarina onde o destaque na produ-ção artesanal de lã são as crianças e osjovens em idade escolar.

Valorizando a cultura e aeducação

O município de Campo Alegre, no

Planalto Norte de Santa Catarina, éuma região de belas paisagens e pre-serva ainda muitas das matas de pi-nheiro e imbuia originalmente en-contradas no Planalto Sul brasileiro.Além disso, conta com pontos turísti-cos bastante visitados, como cachoei-ras e picos de grande altitude, ondeem dias claros é possível vislumbrar oOceano Atlântico, apesar da cidadeestar distante cerca de 100km do mar.Neste cenário pitoresco, a preserva-ção da natureza é bastante forte eainda se observam muitas áreas dematas e campos nativos. Em algumascomunidades do município verifica-seque a criação de ovelhas é uma práticatradicional dos produtores locais. Em1996, a área de profissionalização ru-ral da Epagri, com o apoio da Socieda-de Alemã para Cooperação TécnicaInternacional - GTZ, a do Governo doEstado e da Prefeitura Municipal deCampo Alegre, iniciou pioneiramenteo Projeto Piloto de Artesanato de Lãde Ovelha nas Escolas Rurais, cujasmetas envolviam o resgate da ativida-de artesanal no meio rural, valorizan-do a cultura local e a matéria-primaexistente no município, com apro-veitamento dos recursos nativos.“Mas o grande objetivo do projeto é oenvolvimento das crianças que estu-

dam nas escolas rurais, pois assimdespertamos nelas habilidades ma-nuais e artísticas, exercitamos o cé-rebro, e mesmo que não venham adesenvolver este trabalho no fu-turo, elas já de certa forma estãotreinadas, preparadas para novos de-safios e tarefas”, relata a extensionistaRenata Muehlhausen, responsávelgeral pelos cursos de profissionalizaçãode agroindústria artesanal da Epagrie dedicada incentivadora do arte-sanato em lã para crianças e jovensem Santa Catarina. Ela aponta aindaque a diminuição do êxodo rural pelanova alternativa de ocupação econô-mica e a reunião de entidades quepossam contribuir para a educação eformação da população rural sãotambém alvos do Projeto Piloto.Além de Campo Alegre, onde os tra-balhos estão sendo bem desenvol-vidos, par-ticipam escolas rurais dosmunicípios de Correia Pinto, LebonRégis e Monte Carlo. Vale men-cionar, que a Epagri já vem desen-volvendo o artesanato em lã deovelha para adultos desde 1994, apartir de cursos nos Centros deTreinamento de São Joaquim,Canoinhas e Campos Novos. Até omomento já foram treinados nestesCentros cerca de 1.638 alunos. Amaioria são mulheres, esposas de agri-cultores, porém também participamhomens e jovens.

As atividades com o Projeto emCampo Alegre iniciaram em fevereirode 1996, com a capacitação de oitoprofessores no Centro de Treinamen-to da Epagri, em Canoinhas. Os as-suntos envolvidos abrangeram noçõesbásicas sobre a lã ovina, como tipos deovelha, velo, propriedades da lã elavação. Além desses, o curso básicoensina técnicas de tingimento quími-co e natural, cardação, fiação e uso dominitear e tripa-de-mico. Em março,com a presença dos professores játreinados, foram realizadas as pri-meiras reuniões de comunidade comos professores repassando as técnicasde artesanato aprendidas. Até o mêsde novembro, desenvolveram-se ostrabalhos com os alunos e tambémcom as merendeiras das escolas. Asatividades, incluídas inicialmente em

A

Mulheres aprendem a lidar com tear de renda no Centro de Treinamento

de São Joaquim

Page 23: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 23

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

nove escolas comunitárias como ma-téria curricular, envolviam os seguin-tes tópicos: classificação da lã, lava-gem, cardação, tingimento, fiação emanuseio do minitear e boneco detripa-de-mico. Mas o projeto não pa-rou por aí. Em junho do mesmo ano,professores e merendeiras foram ca-pacitados em tingimento vegetal, des-ta vez no próprio município de CampoAlegre. E para provar que a novaatividade veio mesmo para ficar, emnovembro de 1996 realizou-se a 1a

Mostra de Trabalhos em Artesanatode Lã, que incluiu um dia de campo naCabanha Recanto Verde, do criadorde ovelhas Sr. Luiz Eugênio Duvoisin,visita à Fundação Educacional de Cam-po Alegre - Fecampo e à Cascata,ponto turístico localizado perto docentro de Campo Alegre, envolvendo180 alunos, 11 professores e as 9escolas pioneiras. Em 1997 e 1998 oProjeto continuou crescendo em ati-vidades, com novas exposições e trei-namentos, destacando-se a 1a FestaEstadual da Ovelha, em Campo Ale-gre, onde o artesanato em lã apresen-tou grande variedade de trabalhosexpostos, como almofadas, colchas,bolsas, chinelos, estojos, tapetes, co-letes, etc.

Avós ensinam os netos

Atualmente seis escolas rurais deCampo Alegre participam do projeto,comprendendo 170 alunos e com aparticipação de 10 professores e 7merendeiras. A reportagem da revis-ta Agropecuária Catarinense estevevisitando algumas destas escolas,acompanhada, além da extensionistaRenata Muehlhausen, responsávelestadual lotada em Florianópolis, deAraci Ruppel, extensionista local deCampo Alegre, e dos técnicos da Se-cretaria Municipal de EducaçãoMaurene Cubas e José Carlos Cor-deiro. A professora Lindamir da Luzdos Santos Drefahl, responsável pelaEscola Municipal Adão Trischiak, daComunidade de Mato Bonito, revelaque não só as crianças abraçaramcom entusiasmo o artesanato em lã,mas também os pais, principalmenteas mães, têm participado nas práticas

Crianças da Escola Municipal Adão Trischiak demonstram curiosidade no

tingimento de lã com ervas naturais...

como lavação da lã, tingimento,cardação, etc. Algumas das práticassão feitas nas casas dos alunos. “Cadaetapa do aprendizado é algo novo ecurioso para as crianças que espe-ram ansiosas as aulas semanais deartesanato”, revela a professora.Fato marcante no projeto é o encon-tro de gerações, isto é, os avós que játinham alguma experiência em arte-sanato, e que não passaram a seus

...e avô e neta aproximam as gerações por meio do artesanato

filhos as técnicas, agora têm a opor-tunidade de ensinar seus netos. Umexemplo disso é o Sr. André Simõesde Farias, cuja neta, a Leci Grosskopf,fez o curso de artesanato e aprendeutambém algumas técnicas com ele.“Quando eu era criança aprendi atrabalhar com lã com meu tio, istojá faz cerca de 50 anos. Aprendi afazer bacheiro, rede, meia de lã eoutros produtos”, conta o Sr. André, e

#

Page 24: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

24 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

emenda: “na época tudo era feito ma-nualmente, trabalhávamos à noite, àluz de vela ou lampião, não tinham asnovelas de televisão que hoje atraemas mulheres de toda idade”.

Outro local onde o projeto está devento em popa é a Escola MunicipalCarlos Telma, da Comunidade deQueimados, dirigida pelo professorValdenir Lader, que já participou dastrês etapas (1996, 1997, 1998) de trei-namento em artesanato de lã. Ele falacom orgulho que a escola tem partici-pado das principais festas, exposiçõese feiras do gênero na região com aspeças elaboradas pelos alunos, taiscomo tapetes, forrações, almofadas,chapéus, cestinhas, bolsas, coletes,tudo isto feito com a tripa-de-mico,instrumento simples de madeira usa-do pelas crianças e que serve paratecer a partir de um fio da lã, algodão,barbante, fibras, etc. As crianças maiscrescidas já estão aprendendo a usaro minitear com o qual confeccionamtapetes, blusas e colchas. Mas a espe-cialidade da escola é a feltragem, queconsiste em juntar pedaços de lãcardada (desfiada e penteada), lavarem água morna (30 a 40oC) e passarem sabão neutro para juntar as fibrasformando o feltro. Outra técnica queas crianças de todas as escolas apreci-am muito é o tingimento da lã comcorantes naturais, como folhas deeucalipto, de beterraba, e também deervas do campo, como caruru, mariamole, etc.

Maior renda, menorêxodo

A próxima parada é a Escola Muni-cipal de Avenquinha de Santo Anto-nio, na Comunidade de Avenquinha,que é uma escola nucleada abrangen-do quatro comunidades: Avenquinha,Salto, Capinzal e Avencal do Rio Ne-gro. Silvanira Telma Hruschka, commais outros três professores, coorde-nam cerca de 50 alunos nas diversasfases de ensino em turnos da manhãe da noite. Esta escola iniciou o proje-to de artesanato em lã somente em1998, mas os trabalhos com as crian-ças não deixam nada a dever em rela-

Dona Ernestina: artesanato em lã contribui para a

renda familiar

Sra. Zilka Hasselmann, entre a extensionista Aracy e os técnicos da Secretaria

de Educação de Campo Alegre: atividade trabalhosa mas apaixonante

ção às outras escolas deCampo Alegre. A meren-deira Olívia Englert tra-balha em casa fazendoacolchoados e aproveitasua experiência para aju-dar no treinamento dascrianças. A professoraSilvanira ressaltou que aterceira etapa decapacitação dos professo-res realizada em julho de1998 foi importante, poisreforçou o aprendizadoanterior e ensinou novastécnicas de tramas, emen-das e acabamentos, asquais foram repassadas aoutros professores e me-rendeiras que não estive-ram no último ou nosdemais treinamentos.

Quem já tem uma boacapacitação é a DonaErnestina FerreiraKatzmann, da Comunida-de de São Miguel, queparticipou das três eta-pas de treinamento emcursos profissionalizantesda Epagri. “Ela é uma das30 pessoas de Campo Ale-

Page 25: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 25

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

gre, além de professores e merendei-ras, que aderiu aos cursos para apren-der uma nova atividade e que lhepossibilita uma fonte alternativa derenda”, informa a extensionista AracyRuppel, e esclarece ainda que o arte-sanato em lã, além de contribuir paraa renda familiar e fixar as pessoas emsuas comunidades, evitando o êxodorural, é um instrumento valioso paraunir gerações e recuperar os valoresfamiliares, hoje ameaçados peloconsumismo desenfreado e pelo de-semprego crescente. A DonaErnestina, assim como o Sr. AndréSimões de Farias, já tinha conheci-mentos básicos em trabalho com a lãe também tem uma neta, a PatriciaKatzmann, que está aprendendo naescola as técnicas de artesanato. Aracyrevela ainda que as mulheres partici-pantes dos cursos, a maioria donas decasa, acabam gostando tanto dos trei-namentos e do ambiente tão envol-vente e acolhedor que se forma, quechegam a não querer voltar para casatão cedo ao fim do curso, sempreansiando por estudar mais um pouco.

O entusiasmo e a vontade de apren-der algo novo tomou conta de muitascomunidades de Campo Alegre. “Me-xer com a lã suja das ovelhas, limpá--la, trabalhar com ela, colori-la é umfeito e tanto para as crianças, semcontar com os adultos e idosos quetambém aderiram a esta apaixonanteatividade”, comenta orgulhosa a Sra.Zilka de França Hasselmann, Secre-tária de Educação do município, eprossegue: “estou bastante satisfeita,estamos atingindo os nossos objeti-vos. O José Cordeiro e a MaureneCubas, nossos técnicos da educação,gostam do que fazem e ainda conta-mos com o apoio fundamental e açãoconstante da Epagri”. RenataMuehlhausen exemplifica o sucessodo projeto de artesanato em lã comum fato notado nos poucos municípiosdo Estado que vêm adotando estanova técnica nas escolas: “em SãoJoaquim, SC, uma professora que par-ticipou dos primeiros cursosprofissionalizantes afirmou que, aoincluir em suas aulas noções de tece-lagem, a freqüência dos alunos, queera baixa, aumentou”. Luiz Duvoisin: preço da lã se recupera no mercado mundial

Não é por acaso que o município deCampo Alegre está se transformandonum pólo de produção de lã. As geraçõespassadas já possuíam a tradição dacriação de ovelhas, só que de maneiraempírica, em algumas comunidades.Porém, de uns dez anos para cá,começou um melhoramento de raçascomo Ille de France, Corriedale,Hampshire Down e Sufolk,introduzidas no município peloPrograma Estadual de Incentivo àOvinocultura. Mas foi em 1995 que aovinocultura deslanchou em CampoAlegre, quando sediou o VI EncontroEstadual de Ovinocultura, ocasião emque foram introduzidos 500 animaisde alta qualidade. Atualmente omunicípio possui um rebanho deaproximadamente 3.000 animais,distribuídos em 40 propriedades rurais,onde os maiores criadores são:Cabanha Recanto Verde, de LuizEugênio Duvoisin, Fazenda Stein, deRenato Stein, e Cabanha Schofland,de Valdir Rudnick. O comércio da lã deovelha desde 1995 está sendo feito pormeio do Sindicato Rural, onde em1998 foram comercializados em tornode 4.000kg de lã.

Um dos produtores que mais estáapoiando o trabalho de artesanatocom lã de ovelha é Luiz EugênioDuvoisin. Ele gerencia sua cabanhacom todo o capricho e bastante técnica.Do total de 120 animais que possuiatualmente, 84 são matrizes e 24 sãoborregas, tendo ainda 10 borregos e 2carneiros. A qualidade do rebanho senota pelos índices zootécnicos: 87% defertilidade, 12% de mortalidade e 125%de natalidade (de 105 cordeirosnascidos, morreram somente 13, edas 84 fêmeas só 11 não criaram).Ainda, 45 fêmeas têm registro PO,63 com RGB e 12 machos têm regis-tro PO, totalizando 120 animaisadultos, que somados a 92 cordeirosao pé com registro PO/RGB atingem212 cabeças.

A raça criada na Cabanha RecantoVerde é a Ille de France, que LuizDuvoisin explora tanto na vendade reprodutores quanto nacomercialização de carne e lã. Navenda dos reprodutores ele conse-gue em média de R$ 300,00 a R$500,00 por cabeça, ao passo que na lãele está conseguindo R$ 1,50/kg. Jáquanto ao animal vendido para corte,

#

Ovinocultura melhora a qualidadeOvinocultura melhora a qualidadeOvinocultura melhora a qualidadeOvinocultura melhora a qualidadeOvinocultura melhora a qualidade

Page 26: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

26 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

o valor está em torno de R$ 1,00/kg.“O preço da lã está reagindo aos poucos,depois de longo tempo de vacasmagras”, lembra o produtor, e seguecomentando: “o povo europeu, porexemplo, dentro desta nova tendênciamundial por produtos naturais, estávoltando a usar materiais de vestuáriocom base em algodão e lã, forçando ademanda. Some-se a isto o fato de queos estoques de tradicionais produtorescomo a Austrália e a Nova Zelândiaestão em baixa, logo o preçoglobalmente está se elevando, o quefavorece os criadores”.

Em relação ao manejo, o criadordeixa os animais a campo durante odia comendo o pasto nativo, pensacolae a missioneira no período de verão,enquanto no inverno a dieta fica nabase do cornichão, trevo, aveia eazevém com suplementação desilagem. À noite, em qualquer estação,as ovelhas recebem rolão de milho.Quanto aos filhotes, estes recebemsuplementação de rolão com ração. Aépoca de cruza vai de janeiro ajunho, e os filhotes nascem sadios,sem bicheiras. A descorna é feita comanel de borracha e não é feita acastração. O proprietário da CabanhaRecanto Verde informa que 20% dosmachos são selecionados parareprodutores e o restante vai paraabate.

Para gerenciar a Cabanha, Luiz

Sra. Natália Dziedciz mostra a tradicional roca

Eugênio conta com aexperiência de seucapataz, Heitor deAlmeida Pereira, quecuida do plantio econstruções na pro-priedade, enquanto aesposa, dona LourdesPereira, toma conta dasovelhas. O Sr. Heitorfez curso de artesanatoem lã – feitura de pele-go – e sua esposaterminou recentemen-te o curso completoprofissionalizante, noCentro de Treinamentode Canoinhas da Epagri,que envolve várias etapase processos emartesanato da lã. “Paranós adultos e pais éimportante ver ascrianças de nossa regiãoe município terem o gostoe habilidades no manuseioda lã. É um resgaste deuma tradição e culturaque já estava seperdendo”, comenta oprodutor, e reforça: “comisso valorizamos tambéma lã, oferecendo umaalternativa de renda à comunidade,unindo a família, desenvolvendo aregião. Sem dúvida o apoio da Epagri,

da prefeitura e de outras entidadestem sido fundamental para atingirmosesses objetivos”.

o

Assine e leia

AGROPECUÁRIA CATARINENSE

Uma das melhores revistas de agropecuária do país!

Page 27: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 27

LANÇAMENTOSEDITORIAIS

Normas técnicas para ocultivo da videira em SantaCatarina. Sistemas de Produ-ção nº 33. 50p.

Mais uma publicação da sé-rie Sistemas de Produção, edita-

da pela Epagri, com o objetivo dedivulgar as técnicas de cultivo maisadequadas à cultura da videira.

Análise econômica de cul-tivos intensivos: enfoque tra-dicional X enfoque sistêmico.Boletim Técnico nº 101. 35p.

Este trabalho tem um propó-sito didático e destina-se a pesqui-sadores e técnicos não-familiari-zados com a área de produçãoagrícola. Os autores, engenhei-ros agrônomos Irceu Agostini eAntônio Carlos Ferreira da Silva,pretendem mostrar as deficiên-cias das análises econômico-finan-ceiras tradicionais e estabelecerum confronto destas com as aná-lises em nível de sistemas de pro-dução, com o propósito de aproxi-mar o ponto de vista do técnico doponto de vista do produtor e demostrar até quanto pode chegar adiferença na renda entre uma eoutra análise.

Cadeias produtivas do Es-tado de Santa Catarina: Tri-go. Boletim Técnico nº 102. 30p.

A revista Agropecuária Catari-nense aceita, para publicação, artigostécnicos ligados à agropecuária, desdeque se enquadrem nas seguintes nor-mas:1. Os artigos devem ser originais e en-

caminhados com exclusividade àAgropecuária Catarinense.

2. A linguagem deve ser fluente, evi-tando-se expressões científicas e téc-nicas de difícil compreensão. Reco-menda-se adotar um estilo técnico--jornalístico na apresentação da ma-téria.

3. Quando o autor se utilizar de infor-mações, dados ou depoimentos deoutros autores, há necessidade deque estes autores sejam referen-ciados no final do artigo, fazendo-seamarração no texto através de núme-ros, em ordem crescente, colocadosentre parênteses logo após a infor-mação que ensejou este fato. Reco-menda-se ao autor que utilize nomáximo cinco citações.

4. Tabelas deverão vir acompanhadasde título objetivo e auto-explicativo,bem como de informações sobre afonte, quando houver. Recomenda-selimitar o número de dados da tabela,a fim de torná-la de fácil manuseio ecompreensão. As tabelas deverão virnumeradas conforme a sua apresen-

tação no texto. Abreviaturas, quandoexistirem, deverão ser esclarecidas.

5. Gráficos e figuras devem ser acom-panhados de legendas claras e obje-tivas e conter todos os elementos quepermitam sua artefinalização pordesenhistas e sua compreensão pe-los leitores. Serão preparados empapel vegetal ou similar, emnanquim, e devem obedecer às pro-porções do texto impresso. Dessemodo a sua largura será de 5,7 centí-metros (uma coluna), 12,3 centíme-tros (duas colunas), ou 18,7 centíme-tro (três colunas). Legendas claras eobjetivas deverão acompanhar osgráficos ou figuras.

6. Fotografias em preto e branco de-vem ser reveladas em papel brilhan-te liso. Para ilustrações em cores,enviar diapositivos (eslaides), acom-panhados das respectivas legendas.

7. Artigos técnicos devem ser redigidosem até seis laudas de texto corrido (alauda é formada por 30 linhas com70 toques por linha, em espaço dois).Cada artigo deverá vir em duas vias,acompanhado de material visualilustrativo, como tabelas, fotografi-as, gráficos ou figuras, num montan-te de até 25% do tamanho do artigo.Todas as folhas devem vir numera-das, inclusive aquelas que contenham

gráficos ou figuras.8. O prazo para recebimento de arti-

gos, para um determinado númeroda revista, expira 120 dias antes dadata de edição.

9. Os artigos técnicos terão autoria, cons-tituindo portanto matéria assinada.Informações sobre os autores, quedevem acompanhar os artigos, são:títulos acadêmicos, instituições detrabalho, número de registro no con-selho da classe profissional (CREA,CRMV, etc.) e endereço. Na impres-são da revista os nomes dos autoresserão colocados logo abaixo do títuloe as demais informações no final dotexto.

10.Todos os artigos serão submetidos àrevisão técnica por, pelo menos, doisrevisores. Com base no parecer dosrevisores, o artigo será ou não aceitopara publicação, pelo Comitê de Pu-blicações.

11.Dúvidas porventura existentes po-derão ser esclarecidas junto à Epagri,que também poderá fornecer apoiopara o preparo de desenhos e fotos,quando necessário, bem como na re-dação.

12.Situações imprevistas serão resolvi-das pela equipe de editoração da re-vista ou pelo Comitê de Publica-ções.

Normas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária Catarinense

Este documento reflete a con-juntura atual do processo produ-

tivo do trigo. Segundo os auto-res, os engenheiros agrônomosda Epagri José RivadaviaJunqueira Teixeira e Esta-nislao Díaz Dávalos, este traba-lho tem como objetivo identi-ficar as oportunidades e amea-ças do mercado, bem como osprincipais pontos de estrangula-mento da cadeia produtiva dotrigo.

Curso profissionalizantede processamento da carneovina. Boletim Didático nº25.19p.

A finalidade deste documen-to é a de ampliar o conhecimentode pessoas interessadas sobre ouso de carne ovina na arte culi-nária. A publicação com-plementa os cursos ministradospela Epagri, por meio do Progra-ma Catarinense de Profis-sionalização de Produtores Ru-rais.

Page 28: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

28 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

TTTTTratamento da madeira preserva árvores eratamento da madeira preserva árvores eratamento da madeira preserva árvores eratamento da madeira preserva árvores eratamento da madeira preserva árvores eeconomiza dinheiroeconomiza dinheiroeconomiza dinheiroeconomiza dinheiroeconomiza dinheiro

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

uando Cabral descobriu o Brasilhá 500 anos, nem imaginou que

a densa e vistosa floresta tropical, quelevara milhões de anos para se formare que ele recém encontrara, estariaquase desaparecida nos quatro sécu-los seguintes. Hoje, no limiar do sécu-lo XXI, apesar de todo o avançotecnológico conquistado pelo homem,a humanidade ainda continua derru-bando árvores, matas nativas em todo

Com o desmatamentoindiscriminado,a madeira escasseou e oseu preço vem subindoconstantemente.A preservação desterecurso natural éimprescindível para oprodutor rural que agoratem à sua disposiçãotécnicas que possibilitamtratar a madeira,tornando seu uso maisprolongado.

o globo terrestre. Na região Sul doBrasil, como em outras áreas do país,a preservação da Mata Atlântica e daMata de Montana (no Planalto e Oes-te) é uma necessidade imperiosa peloque ela representa para a sobrevivên-cia das espécies animais e vegetais etambém para o bem-estar do homem.Para evitar, ou pelo menos amenizar,o desmatamento acelerado, algumasempresas privadas e governamentais

estão oferecendo alternativas aos agri-cultores e pecuaristas que demandama utilização mais intensa de madeiraem suas propriedades, tais como cons-truções, mourões para cerca, móveis,etc.

Preservação chegaa 25 anos

Um dos projetos mais interessan-

Funcionário da empresa Tratasul maneja autoclave para otratamento de mourões

Q

Page 29: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 29

tes neste campo é o tratamento damadeira por meio de técnicas de con-servação que utilizam substâncias quí-micas. Quando tratadas adequada-mente com produtos preservativos,as madeiras de reflorestamento tipoeucalipto, pínus, etc. duram 20 a 25anos, contra apenas 2 ou 3 sem trata-mento. Esta é a proposta dos irmãosAdemar Fontana Cardoso e IvoFontana Cardoso, da firma Tratamen-to de Madeira Ltda. - Tratasul, emAraranguá, município no Litoral Sulde Santa Catarina, às margens da BR101. “Quem preserva a madeira evitaos cortes de árvores, seja nativa oureflorestada, além de fazer uma gran-de economia, pois, por exemplo, aoinvés de trocar mourões cada doisanos, o produtor rural consegue man-ter a madeira num tempo dez vezesmaior, sem contar a mão-de-obra pou-pada para substituição dos postes”,esclarece o empresário Ademar, quecomeçou este novo negócio há menosde um ano.

Quem não se lembra dos postes demadeira com iluminação nas ruas demuitas de nossas cidades aqui no Bra-sil? E as casas e chalés que resistem àchuva e neve por muitos anos empaíses como Estados Unidos, Canadá,Suécia e assim por diante? Pois bem,estas madeiras resistiram e resistemlongo tempo porque passaram poralgum tipo de tratamento. Um dosprodutos mais utilizados atualmenteé o CCA, tecnicamente falando é oarseniato de cobre cromatado, queconsome 2% do seu produto ativo nasolução para tratar mourões deeucalipto ou 1,2% nos postes de pinus,informa o engenheiro agrônomoVicente Sandrini Pereira, da Epagri,que presta assistência aos irmãosCardoso. O processo de tratamento damadeira, conforme explica o técnico,utiliza uma autoclave industrial naforma de um cilindro onde a madeiraseca e descascada é introduzida (Figu-ra 1). Sob vácuo a solução do preserva-tivo é transferida para o cilindro e sobalta pressão consegue ser absorvidapela madeira até a saturação. Posteri-ormente, a solução restante é retira-da e é feito um rápido vácuo paraextrair o excesso de produto que ficana superfície da madeira. “Apesar do

Fonte: Revista Arquitetura & Construção, fevereiro de 1995.

Figura 1 – Processo de tratamento por autoclave

produto em si ser tóxico, após a suafixação total nas fibras e células damadeira (em torno de oito dias emtempo quente e catorze dias em clima

frio) as pessoas podem manusear comsegurança os materiais autoclavados,e após fixados no lugar definitivo nãocontaminam o ambiente”, asseguram

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

1 – Após a secagem e o preparo, a ma-deira é introduzida na autoclave.

2 –Inicia-se a operação de vácuo para aretirada da maior parte do ar existen-te nas células da madeira.

3 – Ainda sob vácuo, a solução do pre-servativo é transferida para aautoclave.

4– Sob alta pressão, a solução é injeta-da na madeira até a saturação.

5 – A seguir, a pressão é aliviada e asolução excedente é transferida devolta ao tanque.

6 –É executado um rápido vácuo finalpara a retirada do excesso de produ-to da superfície da madeira.

#

Page 30: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

30 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

os empresários Ademar e Ivo.Um dado que chama a atenção é

fornecido pela revista mensal Arqui-tetura & Construção, em sua ediçãode fevereiro de 1995. Ali está registra-do que os Estados Unidos tratam anu-almente cerca de 17 milhões de metroscúbicos de madeira, ao passo que noBrasil este processo se limita a so-mente 300 mil metros cúbicos.

A Tratasul faz não só o tratamentoda madeira, como também vende amadeira já tratada. Os preços variamconforme o diâmetro e o comprimen-to das peças. Por exemplo, o trata-mento de um mourão de 2m com 9 a10cm de diâmetro custa R$ 0,90, e sea Tratasul fornecer a madeira fica porR$ 1,80. Já um mourão mais grosso,14 a 17cm de diâmetro, o custo dotratamento sobe para R$ 2,15 e R$3,65 com a madeira. A autoclave daTratasul possui o cilindro com com-primento de 5m, podendo tratar nãosó postes, mas quase todo tipo demadeira, tais como forros, estacas,quiosques, caixas de abelha, móveisrústicos, portões, dormentes, e assimpor diante. “O limite para tratar di-versos tipos de madeira é a criatividadedas pessoas”, observa Ademar Cardo-so, que dá quinze anos de garantia aoseu tratamento. Para contatos com a

Após tratamento, madeiras duram de 20 a 25 anos

Tratasul, o endereço é: Sítio SantaClara, Estrada Geral do Lagoão,Araranguá, SC, Fone (048) 524-2345.

Tratamento artesanal

Para os produtores que quiseremeconomizar um pouco mais, existeum tratamento mais artesanal damadeira, um pouco mais demorado,

mas que propicia também uma boapreservação. A Epagri, por meio doseu Curso Profissionalizante emDesenvolvimento Florestal, vemorientando os produtores sobretratamento de mourões. O objetivo docurso é orientar sobre a técnica depreservação de palanques de eucalipto,que consiste basicamente emsubstituir a seiva do mourão verderecém-cortado por uma mistura deprodutos químicos em solução. Trata--se de uma forma prática e econômicade agregar valores. Sem tratamento,a madeira tem baixa resistência àdeteriorização biológica, ou seja, aoapodrecimento por ataque de fungos einsetos. Segundo o engenheiroagrônomo José Antonio CardosoFarias, do Centro de Treinamento daEpagri em Araranguá e um dosinstrutores do curso, um palanquecomum sem tratar dura no máximotrês anos, enquanto o tratado podedurar 15 a 20 anos. O custo porpalanque tratado é de R$ 1,00 emmédia.

Para o tratamento os mourõesdevem ser obtidos de árvores retas,roliças, com poucos galhos ou nós.Espécies de eucalipto, por seu rápidocrescimento e forma do tronco, estãoentre as mais adequadas. As árvoresmais novas, com espessura de 10 a15cm de diâmetro, são as mais

Figura 2 – Posição dos mourões no tanque de tratamento: A – do primeiro

ao sétimo dia; B – do oitavo ao décimo quarto dia

Page 31: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 31

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Tabela 1 – Quantidade de mourões que podem ser tratados com 100 litrosde solução

Diâmetro dos mourões(cm)

8 9 10 11 12 13 14 15

1,80 44 33 27 21 18 16 14 12

2,00 38 29 24 20 17 14 12 10

2,20 34 27 22 18 15 13 11 09

2,50 30 24 19 16 13 11 10 08

apropriadas. Para cada 100 litros desolução são utilizados 900g dedicromato de potássio ou de sódio,850g de sulfato de cobre e 620g deácido bórico. Estes produtos sãodissolvidos em 15 a 20 litros de água.A mistura resultante é despejada emum recipiente ou tanque comcapacidade superior a 100 litros e éadicionada água até completar 100litros. Recomenda-se acrescentar25ml de ácido acético glacial paraestabilizar a solução e um copo de óleoqueimado para evitar a evaporação.Os mourões são colocados em pé,amarrados na parte superior,permanecendo nesta posição por setedias, quando são virados epermanecem mais sete dias na solução(ver Figura 2 e Tabela 1). Os mourõesadquirem uma coloração esverdeada,são retirados da solução e postos parasecar por 30 dias. Ao se manipular asolução, José Antonio Farias alerta osusuários para terem bastante cuidadocom os produtos químicos, pois trata-

-se de substâncias tóxicas e perigosas.Estando secos os mourões após os 30dias, não haverá mais problemasquanto ao manuseio.

Como parte do Projeto deDesenvolvimento Florestal executadopela Epagri na região Sul do Estado,foram executados até o momento 10

treinamentos, envolvendo mais de 200agricultores. Para informações maisdetalhadas, os interessados podem sedirigir ao Centro de Treinamento deAraranguá da Epagri, rodovia BR 101,km 412, C.P. 408, bairro Cidade Alta,88900-000 Araranguá, SC, Fone (048)522-0894, Fax (048) 524-1677.

Alturadosmourões(m)

o

Nossa contribuição ao meio ambiente de

Santa Catarina se escreve assim:

Conhecimento, tecnologia e extensão

rural para o desenvolvimento de

Santa Catarina em benefício

da sociedade. Governo do Estado de Santa Catarina

Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural

e da AgriculturaEmpresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão

Rural de Santa Catarina S.A.

7.877 esterqueiras construídas*pelo Programa Microbacias

*Até julho/98

Page 32: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

32 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Onze propostas da SDA para aOnze propostas da SDA para aOnze propostas da SDA para aOnze propostas da SDA para aOnze propostas da SDA para aagropecuária catarinenseagropecuária catarinenseagropecuária catarinenseagropecuária catarinenseagropecuária catarinense

Reportagem de Homero M. FrancoFotos de Hargolf Grasmann

secretário do DesenvolvimentoRural e da Agricultura cata-

rinense, deputado Odacir Zonta, an-tes de completarem-se os primeiros60 dias à frente da pasta, já haviadiscutido com a comunidade interes-sada os onze pontos que segundo a suavisão “criarão oportunidade detrabalho e renda para a melhoriade vida das famílias dos agricul-tores e pescadores do Estado”.

Em Itajaí, onde a reporta-gem foi encontrá-lo durante opériplo por ele realizado ao visi-tar todas as regiões catarinenses,Zonta lotou o auditório da Esta-ção Experimental da Epagri comservidores do Estado, represen-tantes de agricultores e pesca-dores, prefeitos, vereadores edirigentes de cooperativas, ten-do recolhido manifestaçõescomo esta de um secretáriomunicipal de Agricultura: “no-vamente estamos ouvindo a au-toridade falar no pequeno pro-dutor e trazendo coisas simples,factíveis e imediatas”.

Nessa ocasião, fizeram-se ou-vir as expectativas de floriculto-res, citricultores, prefeitos, pes-cadores, dirigentes de coopera-tivas, produtores de arroz e téc-nicos interessados em aproxi-mar o serviço público agrícolado seu público-alvo. Telefonia emoradia rural, redução da buro-cracia bancária, escola rural,associativismo, comercializaçãodas safras, agregação de valor,foram alguns dos assuntos le-vantados durante o Seminário

Macrorregional do Plano de Desen-volvimento Rural de Santa Catarina,presidido por Zonta e realizado emtodas as regiões do Estado.

As onze alternativas da Secretariado Desenvolvimento Rural e da Agri-cultura – SDA para superar a grave

crise enfrentada pela agropecuária doEstado, apresentadas por Zonta, são:

1. Sistema troca-troca

Além de reativar e modernizar osistema troca-troca, já consagrado em

administrações passadas, a Se-cretaria pretende estender osseus efeitos para as áreas dosinvestimentos coletivos e indivi-duais, principalmente quando osprojetos se destinarem à agrega-ção de valor aos produtos primá-rios. Os agricultores e pescado-res poderão financiar a sua ativi-dade amortizando os emprésti-mos com o produto transforma-do em moeda, cuja correção mo-netária seja o próprio valor demercado do produto comprome-tido.

2. Plano diretor dapropriedade rural

O plano diretor da proprieda-de rural será elaborado preven-do a organização da propriedadeabrangida pelo Microbacias IIampliado, acrescentando às ati-vidades de conservação dos re-cursos naturais as ações volta-das para a geração de trabalho erenda, onde se encaixam as açõesdestinadas a agregar valor aosprodutos primários. Nenhumprodutor atingido pelo serviçopúblico agrícola estará sujeitoaos improvisos; terá a sua ativi-dade pautada pelo plano diretor.

O

Odacir Zonta dirigiu onze seminários em igual número

de regiões do Estado

Page 33: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 33

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

3. Juventude é qualidadeessencial na agriculturae na pesca

A alternativa proposta pelaSecretaria para conter o maisacentuado êxodo rural, o dos jovens, éapoiar a expansão das casas familiaresrural e do mar, capacitando,motivando, organizando e oferecendorenda aos jovens para quepermaneçam no meio rural e evitemo colapso total do setor a médio prazo.

4. Trabalho, renda,agregação e agroturismo

O secretário Zonta tem usado aexpressão agronegócio para definir asações de sua pasta na extensa avenidapercorrida pelos negócios queenvolvem a ciência e a arte de produzirbens primários. A alternativa seráoferecer pesquisa de mercado,tecnologias, financiamento, sanidade,marca, selo de qualidade,comercialização, formação de redesinterativas de parcerias para compras,investimentos, processamento,marketing, distribuição em todas asáreas de interesse: carnes, laticínios,frutas, hortigranjeiros, peixes,

moluscos, madeira, artesanato, flores,plantas ornamentais e medicinais, etc.Preconiza também a integração dapropriedade produtiva com oagroturismo, criando-se o “produtocolonial de Santa Catarina” com vistasaos mercados local, regional, nacionale externo.

5. Produtos de baseflorestal

O minifúndio sem acesso aomercado e as demais propriedades,cuja topografia seja desfavorável aoscultivos anuais, receberão incentivopara reflorestar, em paralelo com acriação de associações de produtorespara o processamento de produtos debase florestal, gerando empregos egarantindo renda. Os incentivosdeverão alcançar 40 mil famíliasantecipando a renda futura doempreendimento florestal. Tambémserá mantido e resgatado o projetoanterior, que oferece R$ 200,00 porhectare reflorestado e havia paradode contribuir. Para maior sucessodesta alternativa, serão desenvolvidasparcerias com instituições públicas eprivadas, principalmente as indústriasde base florestal e as cooperativas.

6. Acesso à terra

A Secretaria vai ampliar o créditofundiário em parceria com o Banco daTerra, habilitando as cooperativas decrédito como agentes repassadores derecursos para financiar a aquisição daterra e da infra-estrutura básica parao desenvolvimento das atividadesrurais. Todo agricultor financiado, depreferência jovem, estará incluído noprograma associativo e de agregaçãode valor ao produto primário.

7. Associação e cooperação

A Secretaria da Agricultura e suasempresas, bem como os servidoresdestas, trabalharão para a expansão eo fortalecimento de cooperativas eassociações de produtores, por meiodas quais os financiamentos para osetor serão prioritariamenteviabilizados. Será por meio daassociação e da cooperação que osprodutores catarinenses atingirão omercado e obterão maior rentabi-lidade de sua atividade.

8. Oferta e qualidade daágua

Serão quatro as principais ações dogoverno do Estado quanto à água, umbem escasso e comprometido em SantaCatarina: redução do lançamento dedejetos animais e industriais noscursos d’água; perfuração de poços econstrução de açudes; educaçãoambiental para agricultores, pesca-dores e escolares; viabilização do ICMSecológico.

9. Milho

Para que o Estado economizedivisas, será incentivada a produçãode milho em níveis capazes de cobrira demanda interna e melhorar aposição catarinense nas exportaçõesque dependam do milho como matéria--prima ou ração.

10. Seguro agrícola

A Secretaria realizará estudos eparcerias para viabilizar a implantaçãoAuditórios lotados e muito interesse na discussão do futuro da agricultura #

Page 34: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

34 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

do seguro agrícola, já em 2000 com acultura do milho e gradativamentecom os demais produtos.

11. Atendimento

Pesquisa, extensão rural, assis-tência técnica e serviços serãoadequados para promover um

atendimento mais efetivo aosagricultores e pescadores. Estudos einformações (a cargo do InstitutoCepa), pesquisa e extensão (a cargoda Epagri), prestação de serviços (acargo da Cidasc e da Ceasa), bem comoa garantia de qualidade sanitáriaanimal e vegetal, deverão marcarépoca no serviço público agrícola. A

pesquisa será aplicada, de imediatoaproveitamento; a extensão será nocampo; a horticultura organizadaabastecerá prioritariamente omercado local e regional. “Forta-leceremos as empresas”, disse Zonta,“e cuidaremos para que as questõestrabalhistas ajuizadas não atuemautofagicamente”.

Secretário e diretores assumem na AgriculturaSecretário e diretores assumem na AgriculturaSecretário e diretores assumem na AgriculturaSecretário e diretores assumem na AgriculturaSecretário e diretores assumem na Agricultura

Com o objetivo de trabalhar em favordos trabalhadores rurais, dos pescadorese da sociedade como um todo, os novosdirigentes da Secretaria doDesenvolvimento Rural e da Agriculturae de suas empresas vinculadasassumiram seus postos criando boasexpectativas e esperanças renovadaspara os catarinenses.

À frente da Secretaria contamos coma capacidade empreendedora do de-putado estadual Odacir Zonta, ex-pre-feito e ex-presidente da CooperativaAgropecuária de Concórdia, auxiliado deperto pelo oficial de gabinete e assis-tente especial, contador Ivan Ramos.Seu secretário-adjunto, o engenheiroagrônomo Otto Luiz Kiehn, é funcionárioda Epagri, natural de Joinville, conheci-do por todos pela seriedade e competên-cia. Os diretores da Secretaria da Agri-cultura, já trabalhando com força total,são: engenheiro agrônomo Pedro LinoMachado – Administrativo Financeiro;Edésio Oenning – Promoção e Desenvol-vimento Rural; técnico agrícolaValdemar Lorenzetti – Assuntos

Fundiários; médico veterinário AdelinoRenúncio – Fiscalização, Defesa e Vigi-lância - e engenheiro civil Adroaldo Paganida Silva – Recursos Naturais.

Empresas vinculadas

Para presidir a Cidasc foi escolhido oengenheiro agrônomo Fernando Cesar G.Driessen, ex-presidente da Epagri, ex-prefeito de Caçador e funcionário daEpagri/Caçador. À frente do InstitutoCepa está o engenheiro agrônomoDjalma Rogério Guimarães, funcionárioda Epagri/Ituporanga, e para a Ceasa foichamada a professora Marli Marçal, deSão José.

Coube ao médico veterinário DionísioBressan Lemos a grande responsabilida-de de presidir uma empresa do porte daEpagri, importante referência mundialnas áreas de pesquisa agropecuária e ex-tensão rural. Dionísio é natural de Tuba-rão, já tendo sido secretário municipal deAgricultura daquele município, além depresidente da Coopagro (1989/98) e atualconselheiro da Ocesc, entre outras ativi-

dades.Para ajudá-lo na importante mis-

são, chamou os seguintes nomes para adiretoria da Epagri: Gilmar GermanoJacobowski, engenheiro agrônomo, na-tural de Massaranduba, com quinze anosde experiência na Epagri, tendo sido ge-rente regional de Joinville e precursor einstrutor do curso de floricultura emSanta Catarina. É presidente da Funda-ção 25 de Julho de Joinville; Ainor Fran-cisco Lotério, engenheiro agrônomo, na-tural de Vidal Ramos, já foi prefeito domunicípio de Camboriú. Atuou em Cam-pos Novos em juventude rural, pró-crian-ça e fundo de terras e, também, na cen-tral de rádio da Epagri em Florianópolis,no programa Panorama Agrícola. Temexperiência de 18 anos como exten-sio-nista rural; ainda, o engenheiro agrôno-mo José Milton Scheffer, natural de Som-brio, extensionista rural há dez anos, jáfoi secretário municipal de Agriculturade Sombrio, coordenador do projeto derecuperação ambiental do Sul de SantaCatarina e instrutor de profissio-nalização em silvicultura.

Presidente Dionísio e os diretores Gilmar, José Milton, Ainor e Zanatta, à frente dos destinos da Epagri

o

Page 35: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 35

Page 36: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

36 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

Produto biológicoProduto biológicoProduto biológicoProduto biológicoProduto biológicomelhora produção demelhora produção demelhora produção demelhora produção demelhora produção de

morangomorangomorangomorangomorango

Apesar da crescente demanda eprodução de alimentos agroecológicosou orgânicos no Brasil nos últimosanos, são poucas ainda as pesquisasagronômicas nesta área. A utiliza-ção de produtos naturais ocorrentesnas propriedades rurais para o supri-mento de nutrientes e o controle dedoenças nas diferentes culturas agrí-colas está se tornando comum entreos agricultores ecologistas brasilei-ros e catarinenses. Porém tudo éfeito ainda empiricamente, poucossão os trabalhos que enfocam o usode produtos biológicos, adubos orgâ-nicos, bioestimulantes e biocidas(pesticidas) naturais. Um destes es-tudos está sendo desenvolvido com acultura do morango, bastante susce-tível ao ataque de doenças e exigenteem adubação e agrotóxicos. Trata-sede uma experimentação científicaconduzida pelos pesquisadores EloiErhard Scherer e Luiz AugustoFerreira Verona, do Centro de Pes-quisa para Pequenas Propriedades –CPPP, da Epagri, em Chapecó, SC,em parceria com a Universidade doOeste de Santa Catarina – Unoesc. O

estudo está sendo conduzido numapequena propriedade rural, com a par-ticipação ativa do produtor e de esta-giários do curso de Agronomia. Oobjetivo da pesquisa é testar produtosquímicos e biológicos na produção domorango e avaliar a performance dacultura, tais como produtividade, to-lerância a doenças e insetos.

No primeiro ano de teste, na safra1997, os técnicos constataram que umproduto natural, o Biolocal (formula-ção caseira com base em esterco bovi-no fresco, vísceras, cinzas, leite eovos), foi o de melhor rendimento demorango (39t/ha) entre os produtostestados. Além de produzir 14t/ha defrutos a mais do que a testemunha, aaplicação do produto Biolocal reduziua incidência de doenças dos frutos de13 para 8%. Os resultados encontra-dos até o momento comprovaram quetécnicas agronômicas apropriadas,como escolha de cultivares, cultivoprotegido, manejo de irrigação, dimi-nuição de fonte de inóculo de doenças,adubações adequadas, entre outras,permitem uma produção com reduçãosensível ou sem uso de agrotóxicos.

Natureza contra doenças epragas

No experimento os pesquisadores

utilizaram a cultivar Tangi e o plan-tio foi feito em canteiros comespaçamento de 30cm entre plantas.Como cobertura do solo foi adotada afolha de pínus e a irrigação foi feitapor sistema de aspersão. Não foramutilizados agrotóxicos para controlede doenças e pragas, porém os técni-cos empregaram a técnica da retira-da de folhas e frutos doentes comoforma de diminuir a fonte de inóculos.Para controle de pulgões, utilizou-sepulverização com uma mistura deágua, fumo e sabão. Circundando aárea experimental, foram plantadasespécies vegetais atrativas de inse-tos, como caruru, sálvia, azedinha, eespécies repelentes, como salsa, alho--porro, hortelã-pimenta, camomila,cebolinha e cravo-de-defunto.

O produto Biolocal, utilizado pe-los pesquisadores da Epagri na for-ma de adubo foliar orgânico, exercenão só função nutricional, como tam-bém, pela presença de aminoácidos,proteínas, enzimas e ácidos orgâni-cos, função fitoormonal. O efeitopositivo do Biolocal no controle dasdoenças do morango está, segundoos técnicos, relacionado provavel-mente à reação alcalina do produto(pH 8,1), requisito que favorecegrandemente o controle de doençasfúngicas.

A Teoria da Trofobiose, bastanteconhecida dos agroecologistas, se ba-seia na defesa natural das plantas,adquirida quando há um equilibradosuprimento de nutrientes. Uma plan-ta bem nutrida apresenta maior ca-pacidade de defesa contra pragas edoenças. Segundo o autor da teoria,o cientista francês Chaboussou, essamaior resistência a pragas e doençassó é alcançada na plenitude quando ofornecimento de nutriente é via adu-bação orgânica. Nesta forma, os nu-trientes são disponibilizados maislentamente às plantas, havendo umamineralização gradual dos compo-nentes orgânicos, ao contrário dosfertilizantes químicos industriais,que são mais solúveis e facilmenteperdidos.

Na agricultura convencional, ocontrole de pragas e doenças é nor-malmente feito com pesticidas quí-

REGISTRO

Pesquisador Eloi Scherer ao lado da parcela experimental tratada com Biolocal

Page 37: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 37

Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

micos, os agrotóxicos, que, na suagrande maioria, não apresentammaior seletividade sobre os inimigosnaturais, fauna e flora. A utilizaçãocontínua de biocidas químicos emmonocultivos provoca desequilíbriosecológicos, podendo levar aosurgimento de novas pragas e doen-ças. Além dos agrotóxicos, oshormônios sintéticos e os fertilizan-tes químicos também interferem noequilíbrio natural dos sistemas decultivo. A interferência do homemcom biocidas e pesticidas químicosaltera o equilíbrio da populaçãomicrobiana do solo e da planta, cri-ando condições favoráveis aosurgimento de novas raças resisten-tes. Diante dessas situações, os pro-dutores que praticam a agriculturaecológica entendem que a reciclagemde nutrientes, o controle biológico ea utilização de inseticidas e fungicidasnaturais são formas de produção dealimentos sem contaminantes quí-micos. É uma das estratégias para sechegar a sistemas agrícolas susten-táveis, melhorando a saúde do pro-dutor e do consumidor. Neste senti-do, o estudo desenvolvido pelos pes-quisadores do CPPP/Epagri estámostrando que é possível produzirmorangos de qualidade, saborosos esem utilização de agrotóxicos.

Mais detalhes sobre esta pesqui-sa estarão brevemente à disposiçãona homepage da Epagri –www.epagri.rct-sc.br – e os interes-sados podem contatar os pesqui-sadores do CPPP, C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, Fone (049) 723-4877, Fax (049) 723-0600, E-mail:[email protected] [email protected].

Pesquisa aponta meiosPesquisa aponta meiosPesquisa aponta meiosPesquisa aponta meiosPesquisa aponta meiosde controlar poluiçãode controlar poluiçãode controlar poluiçãode controlar poluiçãode controlar poluiçãono Oeste Catarinenseno Oeste Catarinenseno Oeste Catarinenseno Oeste Catarinenseno Oeste Catarinense

O Oeste Catarinense é a regiãoonde se concentra a produção desuínos e aves e, por conseqüência, éonde há grande volume de estrumeanimal. Este fertilizante orgânicovem sendo utilizado cada vez maispelos agricultores catarinenses para

substituir total ou parcialmente a adu-bação química em lavouras como a demilho, feijão, etc. Mas uma boa partedeste fertilizante orgânico, além do debovinos, é ainda mal aproveitada, egrande volume é perdido indo conta-minar os rios e córregos, bem como olençol freático. Esta poluição vem ocor-rendo há muito tempo e existem vá-rios trabalhos técnicos em andamen-to visando estancar ou minorar osefeitos adversos da contaminação daágua. Agora já existe um estudo queprocura identificar quais tipos de solosão mais aptos para utilizar os fertili-zantes orgânicos oriundos de animaisem confinamento e que tem tambémo propósito de subsidiar técnicos eprodutores na tomada de decisão so-bre estratégias de aplicação dos ferti-lizantes orgânicos ao solo de cultivos.Trata-se do Comunicado Técnico Ap-tidão de solos da Bacia Hidrográfica doRio do Peixe para aporte de fertilizan-tes orgânicos, de autoria dos enge-nheiros agrônomos Nelson FredericoSeiffert e Carlos Cláudio Perdomo,pesquisadores da Embrapa-Suínos eAves, em Concórdia, SC. Nesta publi-cação, além de caracterizar os tipos desolo que recebem os fertilizantes deorigem animal, os referidos técnicoscomentam sobre o processo de polui-ção causado, bem como recomendammedidas de manejo para o melhoraproveitamento do fertilizante orgâ-nico e conseqüente diminuição da con-taminação da água.

Esterco animal é poluidor

Segundo relatam os pesquisado-res, os principais constituintes do es-terco animal que afetam a água super-ficial são matéria orgânica, nutrien-tes, bactérias fecais e sedimentos. Osresíduos de efluentes, gerados pelasinstalações de confinamento que atin-gem a rede de drenagem, elevamtambém o nível de sólidos suspensos emodificam a coloração da água, sejapelo resíduo sólido em si, seja peloestímulo à produção de algas. Assim,o impacto que estes contaminantestêm sobre o ecossistema aquático estárelacionado à quantidade e tipo decada poluente que é introduzido e às

características do sistema aquáticoreceptor.

As observações feitas pelos técni-cos da Embrapa revelam que os se-dimentos transportados pela águada chuva, oriundos de áreas querecebem resíduos animais em gran-des quantidades por longos períodos,podem causar elevada poluição deáguas superficiais. Isto ocorre emcondições de aplicação de grandesvolumes de esterco, da sua não-in-corporação ao solo, da aplicação emsolos declivosos ou áreas com inade-quadas medidas de controle de ero-são. Medidas de controle de erosãoeficazes são essenciais para áreasque recebem adubações com resí-duos animais, principalmente aque-las muito perto de cursos d’água.

Os pesquisadores esclarecemtambém que a excreta de animais desangue quente contém inúmerosmicroorganismos, incluindo bacté-rias, vírus, parasitos e fungos. Al-guns são patogênicos. Os estudos depotabilidade utilizam as bactériascoliformes como um indicador dapoluição. Diversas características fí-sicas e químicas do solo afetam amovimentação de bactérias fecais nosolo e restringem o seu deslocamen-to para o lençol de água, podendo sermencionadas a filtração e a adsorção,que podem remover até 90% do totalde bactérias aplicadas por meio deresíduos e efluentes, nos primeiros2cm de solo. A não-incorporação doesterco aplicado ao solo; a ocorrên-cia de chuvas pesadas após a aplica-ção de esterco em lavouras e o con-seqüente transporte de sedimentose partículas orgânicas; a lavagem daperiferia dos estábulos, das instala-ções de confinamento e dos depósi-tos de resíduos orgânicos, pelas chu-vas e pelo escoamento superficial daágua, são os principais processos quecausam o transporte de organismosfecais para a rede de drenagem econseqüente contaminação dos ma-nanciais.

Como controlar acontaminação

Os solos da região da Bacia do Rio#

Page 38: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

38 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

do Peixe (abrange quase todo o Oes-te e Centro Oeste Catarinense), queapresentam uma profundidade su-perior a 50cm e que se situam emterrenos de 0 a 20% de declividade,são considerados como preferenciaispelos pesquisadores Nelson Seifferte Claudio Perdomo para a utilizaçãode fertilizantes orgânicos, aplicadosna forma de esterco. Solos localiza-dos em terrenos de 20 a 45% dedeclividade apresentam restrições àaplicação constante de estrumesanimais, entendem os investigado-res. Para eles, nestes solos devemser seguidas orientações prévias se-veras para controle da erosão, antesque seja efetuada a aplicação de fer-tilizantes orgânicos. Já os solos situ-ados em terrenos montanhosos (45 a75% de declividade) e a uma distân-cia inferior a 30m da margem de riose córregos são apontados pelos pes-quisadores da Embrapa como impró-prios para receber os fertilizantesorgânicos.

A prevenção para que umcontaminante originado pela aplica-ção de fertilizante orgânico não atin-ja um manancial de água deve consi-derar o tipo de solo, a necessidade deser efetuada uma só aplicação emgrande volume ou, se for possível, oparcelamento em pequenas aplica-ções ao longo da estação de cresci-mento e a incorporação ao solo ime-diatamente após a aplicação, aconse-lham os pesquisadores. Outras me-didas também são recomendadas,como a manutenção de áreas de la-voura com cobertura vegetal perma-nente e o cultivo mínimo a jusantedo local de aplicação de esterco e deinstalações de confinamento. Estaspráticas ajudam a controlar o movi-mento de água superficial de chuvasque transportam poluentes em seudeslocamento nas pendentes. Apli-cações de esterco com 30 dias deantecedência sobre a cobertura ve-getal, antes de iniciar as operaçõesde plantio direto, são tambémindicadas pelos pesquisadores.

Por fim, os engenheiros agrôno-mos da Embrapa ressaltam que di-versas práticas de manejo vegetativaspodem ser usadas para interromper

o transporte de contaminantes. Fai-xas de culturas permanentes comgramíneas (pastagens) situadas ajusante do local de aplicação retématé 70% de sedimentos e nutrientestransportados pela água de escoamentosuperficial de chuvas. A manutençãode uma faixa de vegetação ribeirinha(mínimo de 30m para cada margem)pode reter até 90% de nutrientes esedimentos contidos na água de esco-amento, antes que atinja o curso deágua.

Para mais informações sobre apesquisa, interessados podem contataros responsáveis pelo estudo junto àEmbrapa Suínos e Aves, Caixa Postal121, Vila Tamanduá, 89700-000Concórdia, SC, Fone (049) 442-8555,Fax (049) 442-8559, E-mail:[email protected].

Arroz irrigado atingeArroz irrigado atingeArroz irrigado atingeArroz irrigado atingeArroz irrigado atingealtas produtividadesaltas produtividadesaltas produtividadesaltas produtividadesaltas produtividades

Santa Catarina tem se destacadono cenário nacional como produtordos melhores grãos e sementes dearroz irrigado. Contribuem para istoas características do sistema de culti-vo pré-germinado, o tamanho reduzi-do das propriedades rurais e a dedica-ção do orizicultor catarinense que, jáno início do século, começou o sistemade cultivo com sementes pré-germi-nadas na região do Médio Vale do RioItajaí-Açu.

Atualmente o Estado detém asmaiores produtividades do país nacultura, atingindo na safra 1996/97 acifra média de 5,67t/ha, um recordehistórico, bem acima das 2,3tconseguidas na safra 1975/76, data deinício das pesquisas (Tabela 1). Alémdisso, existem produtores catarinensesque produzem em torno de 10 miltoneladas, rendimentos só compará-veis aos maiores do mundo, encontra-dos em regiões orizícolas do Japão eItália. Mas isso não é tudo, os pesqui-sadores da Epagri prometem que paraas próximas safras as produtividadestendem a crescer ainda mais, em vistade novas cultivares de melhor quali-dade e utilização de modernastecnologias.

Os trabalhos de pesquisa com ar-roz na Epagri visam primordialmente

Tabela 1 – Evolução da cultura de arrozirrigado em Santa Catarina

Produ-Ano tividade

(t/ha)

1976 75.226 172.017 2,281981 83.693 270.294 3,221986 92.233 378.339 4,101991 104.748 574.748 5,481996 129.503 692.969 5,351997 129.600 736.000 5,67

Fonte: Instituto Cepa/SC.

o desenvolvimento de novas varie-dades de arroz irrigado e detecnologias para o cultivo, com baseem três objetivos gerais: aumentar aprodutividade, melhorar a qualidadede grãos e reduzir o custo de produ-ção. Além de variedades criadas poroutras instituições nacionais e in-ternacionais e que foram avaliadas erecomendadas para Santa Catarina,a pesquisa catarinense desenvolveuvariedades próprias, a partir de li-nhagens adaptadas aos sistemas decultivo locais. Até o momento, aEpagri já lançou dez novas varieda-des no mercado local. As variedadesdesenvolvidas pela Empresa estãosendo cultivadas não só em SantaCatarina, mas também em outrosEstados do Brasil e em países daAmérica do Sul, que aqui adquiremsuas sementes. A Epagri produz se-mentes genéticas e básicas das culti-vares de todas as variedades lançadase recomendadas.

Para mais informações, osinteressados podem contatar asseguintes entidades: EstaçãoExperimental de Itajaí, Fone (047)346-5244, Fax (047) 346-5255, E-mail:[email protected]; EstaçãoExperimental de Urussanga, Fone(048) 465-1209, Fax (048) 465-1933,E-mail: [email protected];Coordenação do Serviço Estadual deProdução de Sementes Básicas,Mudas e Plantas Matrizes, Fone (048)239-5568, Fax (048) 239-5597, E-mail:[email protected]; AssociaçãoCatarinense de Produtores deSementes de Arroz, Fone/fax (048)525-0141; Sindicato da Indústria deArroz de Santa Catarina, Fone (047)386-1021, Fax (047) 386-1245.

Área Produção(ha) (t)

o

Page 39: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 39

Sanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animal

Prevalência de helmintos em animais de altoPrevalência de helmintos em animais de altoPrevalência de helmintos em animais de altoPrevalência de helmintos em animais de altoPrevalência de helmintos em animais de altopadrão zootécnicopadrão zootécnicopadrão zootécnicopadrão zootécnicopadrão zootécnico

Ana Paula A. Luiz, Valdomiro Bellato, Antonio Pereira de Souza,Ana Beatriz da Silva, Alison S. Cericatto

e Marcelo Zandonadi

ntre os fatores que interferemna produção pecuária, destacam-

-se as helmintoses, as quais muitasvezes adquirem um caráter crônico,ocasionando retardo no crescimentoe diminuição do ganho de peso e daprodutividade. Na forma aguda podeocasionar mortalidade, principalmen-te em animais jovens.

Em trabalhos utilizando-seterneiros após o desmame no PlanaltoCatarinense, foi constatado (1) quetratamentos a cada 45 dias com anti--helmínticos reduziram em um ano emeio a idade dos animais para atingir380kg. A utilização de trêstratamentos anuais (fevereiro, junhoe outubro) reduziu em um ano a idadedos animais para atingir o mesmopeso.

Esses prejuízos estão relacionadoscom a resistência e idade dos animais,o estado de nutrição, número e espé-cies de parasitas. Por outro lado aocorrência de diferentes espéciesparasitando os animais, em cada re-gião geográfica, depende principal-mente de fatores climáticos.

Em Santa Catarina, na regiãodos Campos de Lages, constatou-seque os principais parasitas emovinos foram Haemonchus spp,Trichostrongylus spp, Ostertagia spp,Oesophagostomum spp, Trichuris ovise Muellerius spp (2).

Em termos de prevalência e graude infecção, os gêneros e espéciesmais importantes em rebanho de gado

de corte no Planalto Catarinense fo-ram Ostertagia ostertagi, Cooperiapunctata , Cooperia oncophora eTrichostrongylus axei . A intensidademédia de infecção pelo gêneroTrichostrongylus foi superior aos de-mais. O Dictyocaulus spp é um parasi-ta de importância pela sua prevalênciae as maiores infecções foramverificadas no final do inverno e inícioda primavera, quando a umidade rela-tiva estava mais elevada (3).

Mediante levantamento epide-miológico, através de exame de fezesem bovinos de exploração leiteira ecultivo de larvas realizado nos anos de1980 e 1981, nas regiões do Vale doItajaí e Litoral Catarinense (4), verifi-cou-se que a prevalência de larvasinfectantes de nematóides foram deTrichostrongylus spp, Cooperia spp,Haemonchus spp, Oesophagostomumspp e Strongyloides spp.

Através de exames de fezes reali-zados no Laboratório de Parasitologiae Doenças Parasitárias do Centro deCiências Agroveterinárias – CAV/Udesc, Lages, SC, em animais dediferentes raças, cruzamentos e ida-des, constatou-se que, nas 1.052 amos-tras de ovinos, 564 de bovinos, e 131de eqüinos 52,32%, 37,76% e 34,36%respectivamente apresentavam ovosda ordem Strongylida (5 e 6).

Estudo realizado durante aExpointer, 1992, em Esteio, RS, pes-quisadores (7) observaram a presençade ovos de nematóides em 74% e

47,63% dos caprinos e ovinos, respec-tivamente. Em ovinos o número deovos por grama de fezes (OPG) varioude 100 a 73.200 ovos da ordemStrongylida. Os gêneros maisprevalentes nos cultivos de larvas fo-ram Haemonchus spp e Ostertagiaspp em caprinos e Haemonchus sppem ovinos.

Embora haja tecnologias apropria-das para o controle das helmintoses,poucos são os criadores que as utili-zam de maneira correta, o que temocasionado sérios problemas. Alémda diminuição dos índices de produti-vidade, tem havido o aparecimento deresistência dos helmintos aos anti--helmínticos. Este último fato vemsendo estudado em várias regiões domundo. No Sul do Brasil foi demons-trado resistência do Haemonchus aothiabendazole (8); do Haemonchuscontortus, Trichostrongyluscolubriformis e Ostertagia spp aolevamisole (9); do Haemonchuscontortus ao invermectin (10), todosno Rio Grande do Sul. Em SantaCatarina foi avaliada a eficácia dealguns anti-helmínticos utilizados parao controle de nematódeos gastrin-testinais de ovinos, em quatro pro-priedades do município de Lages,SC (11), e constatada a resistênciado Haemonchus contortus aoivermectin (12).

A preocupação com a possibilidadede introdução de espécies exóticas dehelmintos de animais em diferentes

E

#

Page 40: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

40 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

propriedades e principalmente decepas resistentes durante acomercialização de animais, nas feirase exposições motivou a realizaçãodeste trabalho, objetivando verificara prevalência de helmintosgastrintestinais, hepáticos,pancreáticos e pulmonares emruminantes e eqüinos de alto padrãozootécnico.

Material e métodos

Foram coletadas, no período de 3 a9 de outubro de 1995, 136 amostras defezes de animais de alto padrãozootécnico de diferentes raças, sexose idades, correspondendo a 21,9% dosanimais participantes da Expolages,sendo 73 de bovinos, 32 de ovinos e 31de eqüinos. As coletas foram individu-ais, diretamente da ampola retal, emsacos plásticos com posterior identifi-cação.

As amostras fecais foram trans-portadas ao Laboratório deParasitologia e Doenças Parasitáriasdo Centro de Ciências Agrove-terinárias, submetidas a técnicas paraavaliação do OPG de helmintosgastrintestinais; para helmintos he-páticos e pancreáticos; para pulmona-res; para obtenção e identificação delarvas infectantes.

Resultados e discussão

Os resultados dos exames de fezesdos animais de alto padrão zootécnico,para helmintos gastrintestinais, en-contram-se na Tabela 1.

Do total de positivos, em quatrobovinos, onze eqüinos e nove ovinos oOPG da ordem Strongylida foi supe-rior aos índices recomendados para otratamento (300 OPG para bovinos eeqüinos e 500 OPG para ovinos).

Somente na espécie bovina opercentual de animais parasitados foimenor do que os resultados obtidos na

rotina do Laboratório de Parasitologiae Doenças Parasitárias (5 e 6), nasomatória de dois anos. Os percentuaisde animais parasitados encontradospelos autores foram: 37,76%; 34,35%e 52,32% em bovinos, eqüinos e ovi-nos, respectivamente. O percentualde ovinos com parasitas internos foimaior do que o encontrado por outrosautores (7) em exames realizados du-rante a Expointer em Esteio, RS, to-davia com menor taxa parasitária.Estas diferenças estão relacionadas

com o local de procedência dos ani-mais, idade, raça, cruzamento, resis-tência, alimentação, manejo, épocado ano, freqüência de tratamentos eprodutos utilizados. Na maioria dasvezes, os proprietários de animais dealto padrão zootécnico utilizam me-lhor as tecnologias existentes para ocontrole das parasitoses. Todavia, ascondições de manejo, tais comomelhoria das pastagens e aumento dalotação, proporcionam maiores facili-dades para que os parasitas encon-

Tabela 1 – Percentagem de animais de alto padrão zootécnico com endoparasitas enúmero médio de ovos por grama de fezes (OPG) da ordem Strongylida

No de No de Médiaexaminados positivos (OPG)

Bovina 73 19 26,0 80 50 a 2.150Ovina 32 20 62,5 500 100 a 5.400Eqüina 31 19 61,3 506 50 a 2.350

Tabela 3 – Percentagem larval dos gêneros da ordem Strongylida, em ovinos de altopadrão zootécnico provenientes de diferentes municípios do Estado de Santa Catarina e

do Rio Grande do Sul

Haemonchus Ostertagia Cooperia Trichostrongylus

1 Lages 68 28 04 02 Lages 43 54 0 033 Lages 67 08 22 034 Lages 75 01 24 05 Painel 83 06 11 06 Campo Alegre 92 02 06 07 Bom Retiro 84 15 0 018 Triunfo 77 04 19 09 Vacaria 0 60 29 1110 Vacaria 64 15 21 0

Tabela 2 – Percentagem larval dos gêneros da ordem Strongylida em bovinos de altopadrão zootécnico provenientes de diferentes municípios do Estado de Santa Catarina

Haemonchus Ostertagia Cooperia Trichostrongylus

1 Lages 99 01 0 02 Lages 05 09 86 03 Lages 20 04 76 04 Lages 14 03 61 255 Lages 05 66 29 06 Lages 32 0 64 047 Lages 0 16 82 028 Lages 27 0 67 069 Chapecó 64 02 34 010 Otacílio Costa 13 69 18 011 Anita Garibaldi 23 31 46 012 Salete 62 02 04 29

Propriedades(n

o/local)

Propriedades(n

o/local)

Espécie % Amplitude

Sanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animal

Page 41: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 41

Sanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animal

trem os hospedeiros.Observam-se, nas propriedades

examinadas, variações nas percenta-gens larvais e na ocorrência de gêne-ros de helmintos da ordem Strongylidaem bovinos (Tabela 2) e em ovinos(Tabela 3), fatos estes relacionadosprincipalmente aos diferentes mane-jos e tratamentos utilizados. Todaviaos gêneros diagnosticados estão entreaqueles constatados na região do Pla-nalto Catarinense (2 e 3) e no Litoral(4).

Em animais de duas propriedadesa percentagem larval correspondenteao gênero Haemonchus foi superior a90% (Tabelas 2 e 3). Considerando queos exames foram realizados no mês deoutubro, quando a incidência destegênero é menor, existe suspeita deseleção genérica pelo uso de anti--helmínticos e possível desenvolvimen-to de resistência. No caso de bovinos,as poucas citações de resistência es-tão relacionadas a criações conjuntascom ovinos e à ocorrência de infecçãocruzada com cepas de Haemonchus

spp de origem ovina.Este fatos indicam a necessidade

de recomendar que sejam exigidos,quando da aquisição de reprodutoresou de animais de reposição, certifica-dos de que são negativos aos examesparasitológicos de fezes.

Os exames realizados para a pes-quisa de Fasciola spp,Paramphistomum spp e Eurytrema

spp apresentaram resultados negati-vos e para helmintos pulmonares foiencontrado o gênero Muellerius sppem apenas um ovino.

Literatura citada

01. RAMOS, C.I.; PALOSCHI, C.G.; RAMOS,

J.C. Sistemas de tratamento anti-

-helmínticos para terneiros desmama-

dos no Planalto Catarinense .

Florianópolis: EMPASC, 1984. 23p.

(EMPASC. Boletim Técnico, 25).

02. RAMOS, CI.; PALOSCHI, C.G.; PE-RUSSOLO, S.; FREITAS, R.H. de S.

Gastrintestinal and pulmonary

helminths in sheep on the Santa

Catarina Plateau. In: CONFERENCE

WORLD ASSOCIATION FOR THE

ADVANCEMENT OF VETERINARY

PARASITOLOGY. 11, 1985, Rio de Ja-

neiro, RJ. Abstracts. Rio de Janeiro:

WAAP, 1985, p.24.

03. RAMOS, C.I., PALOSCHI, C.G. Epide-

miologia das helmintoses de bovinos de

corte do Planalto Catarinense.

Florianópolis: EMPASC, 1986. 38p.

(EMPASC. Boletim Técnico, 37).

04. BECK, A.A.H. Verminose bovina. Flo-

rianópolis: EMPASC, 1985. 23p.

(EMPASC. Boletim Técnico, 30).

05. SOUZA, A.P.; SARTOR, A.A. Parasitologia

animal, assistência técnica, diagnóstico

de rotina. In: UDESC. Relatório de

extensão: (projetos e eventos de exten-

são). Florianópolis, 1993. p.73-73.

06. SOUZA, A.P.; SARTOR, A.A. Parasitologiaanimal, assistência técnica, diagnóstico

de rotina. In: UDESC. Relatório de

extensão: (projetos e eventos de exten-

são). Florianópolis, 1994. p.80-81.

07. MATTOS, M.J.T. de; FUCHS, F.L.S.;SCHMIDT, V.; SANTOS, A.R.; CAS-

TRO, E.S.; BASTOS, C.D.; OLIVEIRA,L.; KARAN, I.; LOPES, D.V. Verminose

ovina em animais expostos naEXPOINTER 1992. In: CONGRESSO

ESTADUAL DE MEDICINA VETERI-NÁRIA, 12, e CONGRESSO DE MEDI-

CINA VETERINÁRIA DO CONESUL,1, 1994, Porto Alegre, RS. Anais. Porto

Alegre: Sovergs, 1994. p.50.

08. SANTOS, V.T.; FRANCO, E.G. O apare-cimento de Haemonchus resistente

ao radical benzimidazole emUruguaiana, RS. In: CONGRESSO

LATINOAMERICANO DE PARASI-TOLOGIA, 1, 1967, Santiago, Chile.

Anais. Santiago: FederacionLatinoamericana de Parasitólogos,

1967. p.105.

09. SANTIAGO, M.A.M.; COSTA, V.C. Re-

sistência do Haemonchus contortus,

Trichostrongylus axei e Ostertagia spp

ao levamisol. Revista do Centro de Ci-

ências Rurais, Santa Maria, v.9, n.3,

p.315-318, 1979.

10. ECHEVARRIA, F.A.M.; TRINDADE,

G.N.P. Anthielmintic resistance by

Haemonchus contortus to ivermectin

in Brazil: a preliminary report.

Veterinary Record, Londres, v.124.

p.147-148, 1989.

11. VICENTINI, A.; SOUZA, A.P.; BELLATO,

V. Avaliação da eficácia de alguns anti-

-helmínticos utilizados para o controle

de nematódeos gastrintestinais de ovi-

nos. In: SEMINÁRIO CATARINENSE

DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 3, 1993,

Florianópolis. Anais. Florianópolis:

UDESC/UFSC, 1993, p.157.

12. SOUZA, A.P.; BELLATO, V.; RAMOS, C.I.

Resistência do endoparasita

Haemonchus contortus ao ivermectin

e ao albendazole em um rebanho ovino.

Agropecuária Catarinense, Floria-

nópolis, v.9, n.1, p.38-39, mar., 1996.

Ana Paula A. Luiz, méd. vet., professora de

Parasitologia e Doenças Parasitárias, Centro

de Ciências Agroveterinárias – CAV/Udesc,

C.P. 281, Fone (049) 225-2866, 88520-000

Lages, SC, Valdomiro Bellato, méd. vet.,

Dr., professor de Parasitologia e Doenças

Parasitárias, Centro de Ciências

Agroveterinárias – CAV/Udesc, C.P. 281, Fone

(049) 225-2866, 88520-000 Lages, SC, Anto-

nio Pereira de Souza, méd. vet., Dr., pro-

fessor de Doenças Parasitárias, Bolsista do

CNPq, Centro de Ciências Agroveterinárias

– CAV/Udesc, C.P. 281, Fone (049) 225-2866,

88520-000 Lages, SC, Ana Beatriz da Silva,

acadêmica do curso de Medicina Veterinária

do CAV/Udesc, C.P. 281, 88520-000 Lages,

SC, Alison S. Cericatto, acadêmico do curso

de Medicina Veterinária do CAV/Udesc, C.P.

281, 88520-000 Lages, SC e Marcelo

Zandonadi, acadêmico do curso de Medicina

Veterinária do CAV/Udesc, C.P. 281, 88520-

000 Lages, SC.o

Page 42: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

42 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

OPINIÃO

Gestão agrícola –Gestão agrícola –Gestão agrícola –Gestão agrícola –Gestão agrícola –um foco para aum foco para aum foco para aum foco para aum foco para a

assistência técnicaassistência técnicaassistência técnicaassistência técnicaassistência técnicaAirton Spies

ecentemente, ao prestar consultoriapara uma cooperativa de Santa

Catarina, deparamos com uma situação queé sintomática para o serviço de assistênciatécnica prestado aos agricultores por órgãospúblicos e empresas privadas. A propriedaderural analisada vinha recebendo assistênciatécnica intensiva de três técnicos da coope-rativa a qual o produtor está associado. Umtécnico era especialista na cultura da laran-ja, outro na bovinocultura de leite e o tercei-ro, especializado em lavouras de grãos. Ocor-re que, apesar de receber visitas periódicase freqüentes dos técnicos, à semelhança demilhares de outros agricultores, este produ-tor tinha uma renda baixa, estava excessiva-mente endividado por ter feito investimen-tos sem viabilidade econômica e por tertomado empréstimos sem ter capacidade depagamento. Além disso, a propriedade apre-sentava grandes potencialidades (não-apro-veitadas) de aumentar sua renda, sem ne-cessidade de expressivos investimentos adi-cionais.

A situação deste produtor denuncia umproblema de baixa eficácia da assistênciatécnica prestada aos agricultores, especial-mente aos pequenos, que possuem sistemasde produção complexos e diversificados. Oesforço é alocado na assistência técnica porproduto, focado no provimento de orienta-ções técnicas para aumentar a produtivida-de das lavouras, hortas, pomares e criações,onde cada profissional tem a responsabilida-de de orientar o agricultor nos produtos desua especialidade. Assim, a exemplo do queocorreu com o caso supra-relatado, um de-terminado agricultor pode estar sendo assis-tido por vários técnicos, dependendo do nú-mero e do tipo de atividades que desenvolve.A questão da gestão do agronegócio comoum todo, via de regra, tem ficado em segundoplano, quando não ignorada. Nenhum dostécnicos tem uma visão holística doagronegócio e entende o funcionamento dosistema de produção que deveria orientar.Ou seja, presta-se assistência aos suínos enão ao suinocultor.

Há cada vez menos tolerância aos errose desperdícios, exigindo mais eficiência eadministração profissionalizada. Aglobalização da economia mundial e dosmercados trouxe um aumento da competi-ção por preços, mercados e tecnologias. Estefato, somado à gradativa redução de subsídi-

os, fez os agricultores experimentar constan-tes quedas na margem de lucratividade deseus negócios. A concorrência com os produ-tos importados, a exigência de mais qualidadee as leis ambientais e sanitárias cada vez maisrígidas colocam novos desafios para o agricul-tor, para os quais a maioria não está prepara-da.

Os agricultores estão necessitando de ori-entações sobre a gestão de seus negócios, poisé nisso que estão menos capacitados. O ModusOperandi atual dos técnicos com base “nademanda e produto” tem se mostrado onerosode um lado, uma vez que cada agricultor évisitado por vários técnicos, e ineficaz deoutro. Sem orientação sobre administraçãofinanceira, mercado, recursos humanos elegislação, muitos agricultores têm feito in-vestimentos de viabilidade econômica duvi-dosa, utilizado mal o crédito rural, se subme-tido a níveis de endividamento insuportáveise inviabilizado suas propriedades. Além dissoobservam-se muitas oportunidades de rendanão--aproveitadas, por falta de uma análisemais profunda dos recursos e fatores de pro-dução disponíveis e das potencialidades domercado e da família.

A administração rural é uma ferramentaessencial para o alcance do sucesso na agricul-tura cada vez mais competitiva que enfrenta-mos. Na Nova Zelândia, país que tem atual-mente a agricultura exportadora mais com-petitiva e não-subsidiada do mundo, todo otrabalho da assistência técnica é centrado naconsultoria em administração rural.Para os técnicos e produtores deste país,praticar administração rural é operar eficaz-mente um sistema de produção, fazendo certoas coisas certas na propriedade. Portanto, aadministração rural envolve também atecnologia mais adequada para cada caso, deacordo com as variáveis conjunturais quedeterminam o nível ótimo de sua aplicação.

Um dos objetivos do projeto Melhoria dosSistemas Produtivos da Agricultura Familiarde Santa Catarina, conduzido pela Epagri emparceria com empresas privadas, é promoverassistência técnica com enfoque na gestão dapropriedade como um todo, fortalecendo ocompromisso do técnico com seu assistido. Aestratégia parte do diagnóstico completo dapropriedade e do planejamento das suas ati-vidades, uma vez ao ano, incluindo a matriz demão-de-obra e o orçamento financeiro. Sãodefinidas as atividades e o cronograma detarefas e um fluxo de caixa, para todo o anoagrícola, visando determinar os gargalos demão-de-obra e de recursos financeiros. Asculturas e criações e seu dimensionamentopara o sistema levam em conta a busca doaumento da margem bruta total da pro-priedade , considerados os fatores de produ-ção disponíveis, as preferências do agricultore as condições do mercado e da conjuntura.

Nas visitas ao longo do ano agrícola (cujointervalo não deve ser superior a 45 dias emmédia), o técnico faz uma análise do desen-volvimento do projeto anual do produtor,orienta sobre as tecnologias, discute os ajus-tes e correções de rumo necessárias. Sealgum problema técnico mais específico deuma cultura ou criação assim o requerer, otécnico responsável pela propriedade chamao apoio do colega mais especializado naqueleproduto para intervir no caso. Esta práticaabre um espaço importante para os pesqui-sadores especializados participarem direta-mente da solução de problemas do agricul-tor.

Visando aumentar a abrangência do tra-balho dos consultores, para os produtoresque não podem ser acompanhados com visi-tas freqüentes e com o planejamento do seuagronegócio é recomendável o atendimentogrupal. Estes são assistidos por meio daformação de grupos de discussão com-postos por dez a quinze produtores que têmsistemas de produção assemelhados. A cadamês, os participantes se reúnem na propri-edade de um dos membros do grupo paratrocar experiências e discutir aspectos detecnologia e gestão da propriedade. O técni-co atua como um facilitador nessas reuniões.Esta prática é muito comum em países de-senvolvidos, como a Nova Zelândia, e seconstitui num dos principais meios de difu-são de tecnologias.

A consultoria em administração ruralque está sendo proposta muda o enfoque doproduto para o produtor e seuagronegócio. Como a agricultura e o agri-cultor estão mudando para ser competitivos,é natural que o técnico que lhe presta assis-tência também tenha que mudar para con-quistar e manter sua credibilidade. O perfildos técnicos de sucesso nesta área é o deprofissionais bem treinados em administra-ção rural, informática, mercado e que acom-panham a conjuntura econômica sistemati-camente. Devem ter acesso facilitado àsinformações sobre todas as cadeias produti-vas do setor. Aos agricultores deverão serfornecidos cursos de profissionalização emadministração rural, recursos para registrose controles de dados essenciais das ativida-des e do sistema de produção. Embora adecisão final sempre caiba ao produtor, opapel do técnico é o de oferecer informaçõese alternativas para a tomada de decisão e oseu trabalho estará reconhecido quando oagricultor passar a chamá-lo de “meu técni-co”.

Airton Spies , eng. agr., administrador de em-presas, M.Sc., Cart. Prof. 30.737-1-D, Crea-SC,Epagri, C.P. 502, Fone (048) 239-5566, Fax(048) 239-5597, 88034-901 Florianópolis, SC,E-mail: [email protected].

R

Page 43: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999 43

CONJUNTURA

Conhecimento daConhecimento daConhecimento daConhecimento daConhecimento darealidade ruralrealidade ruralrealidade ruralrealidade ruralrealidade rural

Luiz Carlos Robaina Echeverria

conjuntura atual, estigmatizadapela globalização e conceitos de

competitividade, estimula a uma buscaincessante de informações por parte deindivíduos, empresas privadas e insti-tuições públicas, visando, principalmen-te, conhecer, posicionar-se e sobrevivernesse contexto. Isto não é diferente paraalguns municípios catarinenses, princi-palmente novos municípios, que estãoencontrando dificuldades em obter in-formações atualizadas e confiáveis so-bre a situação do seu meio rural, emgeral, e das propriedades rurais (produ-tores), em particular. Para suprir essasnecessidades de informação, algumasbastante específicas para atender a de-terminados objetivos, esses municípiosestão realizando censos rurais. É impor-tante mencionar que os municípios (queadotaram ou que estão adotando estetipo de levantamento de dados) estãoconscientes de que terão em mãos pode-roso instrumento para embasar um qua-lificado diagnóstico municipal. Tambémestão conscientes de que o diagnósticoquantitativo rural (censo) é apenas umaetapa de um processo de planejamentomunicipal mais qualificado, que temcomo produto importante o Plano Muni-cipal de Desenvolvimento Rural. Masnão é só isso. Este processo tem movi-mento circular e irá gerar novas neces-sidades de conhecimentos e informa-ções mais detalhadas em determina-das áreas ou setores, o que vai permitirum contínuo aperfeiçoamento das capa-cidades das equipes técnicas munici-pais para estabelecer estratégias decurto, médio e longo prazos de desenvol-vimento rural do município.

Para a realização do diagnóstico quan-titativo (censo) esses municípios con-tam com a assessoria da Epagri e doInstituto Cepa/SC, que são parceirosnesta empreitada. Essa assessoria, jun-tamente com os agentes técnicos de de-senvolvimento (ATDs), envolve a prepa-ração, o fornecimento do instrumento decoleta (questionário) e o treinamentodos recenseadores. Para tanto, foi de-

senvolvido um software paraprocessamento e análise das informações.

Num segundo momento envolve o trei-namento dos técnicos municipais para ainterpretação e análise dos diagnósticos,levantamento de problemas epotencialidades do município. E, a partirdaí, implementar projetos e ações pormeio da elaboração de planos municipaisde desenvolvimento rural melhores quali-ficados.

Na prática, os censos rurais munici-pais geram os seguintes produtos:

• Cadastro de produtores – estecadastro contém uma listagem de todos osprodutores e informações da unidade deprodução, tais como mão-de-obra, máqui-nas e equipamentos, benfeitorias e insta-lações, produção animal, produção vege-tal e outras.

• Relatórios – esses relatórios sãodisponibilizados por linha, por comunida-de, por microbacia, por tipo de proprieda-de e global por município. Alguns exem-plos desses relatórios são: a) condição deposse da terra e faixa etária do produtorsegundo os estratos de área; b) utilizaçãodas terras por estrato de área; c) mão-de--obra: efetivo por categoria (família e con-tratada, permanente e temporária), se-gundo o sexo e a faixa etária; d) inventáriodas instalações e benfeitorias; e) inventá-rio das máquinas e equipamentos; f) pro-dução agrícola: área cultivada (colheita),quantidade produzida, rendimento, preçomédio, valor bruto da produção (VBP) erelação quantidade vendida/produzida; g)produção animal: bovídeos e eqüídeos:efetivo, matrizes, animais vendidos paraabate, vendidos para outra finalidade,leite produzido, leite vendido, fêmeas or-denhadas, produção de queijo. Suínos:número de matrizes, número de termina-dos, número de integrados, tipos de siste-mas de produção, produção de dejetos evolume das esterqueiras. Aves: capacida-de dos aviários e número de lotes produzi-dos. Peixes: área com açudes, produção equantidade vendida de peixes. Apicultu-ra: número de colmeias, produção e quan-tidade vendida de mel; h) associativismoe condições de habitabilidade; i) conserva-ção do solo e da água: sistema de abaste-cimento de água, tipos de fontes protegi-das, tipos de instalações sanitárias, prin-cipal destino das águas usadas, principaldestino do lixo doméstico e principal des-tino do lixo tóxico.

• Tipificação das propriedadesrurais – forma grupos de propriedadeshomogêneas segundo algumas variáveissocioeconômicas e de produção.

• Identificação e localização geo-gráfica das propriedades – tem comofinalidade principal fornecer ao municí-pio condições de estabelecer endereçospostais e outros. Com esses dados levan-tados o município terá maiores possibi-lidades de conhecer sua realidade, po-dendo dispor de um tratamento quanti-tativo, para estabelecer referências maisqualificadas, quando da elaboração deum plano de ação municipal.

Concluindo-se, e com base nos resul-tados de alguns municípios, pode-se cons-tatar que a realização do censo rural e aconseqüente tipificação das proprieda-des rurais permite, num primeiro mo-mento, fazer uma análise dos dados le-vantados. Com isso, mostrar a situaçãoatual da agropecuária municipal, iden-tificando os principais problemas epotencialidades.

Partindo dessas informações é pos-sível identificar os tipos de propriedaderural e sua importância socioeconômica,os sistemas de produção predominan-tes, os problemas e potencialidades decada tipo de propriedade rural. Obser-vou-se que os técnicos municipais come-çam a mudar a metodologia de trabalho,passando a atuar de forma mais objeti-va e com projetos estabelecidos de acor-do com os problemas e potencialidadesapontados pelo censo rural.

Também o governo municipal tendea modificar sua forma de aplicação derecursos públicos, tanto ao público a serbeneficiado quanto aos valores e às ati-vidades a serem subsidiadas ou finan-ciadas.

Por outro lado, os produtores ruraiscomeçam a perceber a diferença de pos-tura quanto à priorização dos investi-mentos e seus respectivos benefícios.Esta diferença baseia-se no fato de queestes investimentos são feitos a partirde critérios claramente definidos,objetivando atender os diferentes gru-pos, respeitando suas carências e dife-renças.

Luiz Carlos Robaina Echeverria, eng.agr., M.Sc., Cart. Prof 5.394-D, Crea-SC,Epagri, C.P. 502, Fone (048) 239-5610, Fax(048) 239-5597, 88034-901 Florianópolis, SC.

A

Page 44: Revista Agropecuária Catarinense - Nº45 dezembro 1998

44 Agrop. Catarinense, v.12, n.1, mar. 1999

VIDA RURALSOLUÇÕES CASEIRAS

Secadores para produção de passas, temperos e chásSecadores para produção de passas, temperos e chásSecadores para produção de passas, temperos e chásSecadores para produção de passas, temperos e chásSecadores para produção de passas, temperos e chás

Uma forma de conservaralimentos de origem vegetal é peloprocesso de desidratação. Desidratarsignifica perder ou retirar água deuma substância.

O alimento desidratado tem umaatividade microbiana muito baixa e,em conseqüência, tem suaspropriedades químicas e nutricionaispreservadas por muito mais tempodo que os alimentos in natura. Estaforma de conservação é muitointeressante para o aproveitamentode frutas na época da safra, porexemplo. Frutas sazonais, como auva e a maçã, podem ser conservadasna forma de passas por um períodode até seis meses, em condiçõesadequadas.

O processo de desidratação, co-nhecido por secagem, é também im-portante na conservação de tempe-ros e na confecção de chás, facilitan-do muito a armazenagem, o trans-porte e o manuseio destes produtos.

Existem diversos tipos de seca-dor que você mesmo pode construirem casa. Secadores solares são fá-ceis de fazer e dispensam energiaelétrica. Eles aproveitam o calorgerado pelo sol para desidratar osmateriais, enquanto a circulaçãonatural do ar retira a umidade dedentro do secador. Não devem serutilizados para a produção comercialpor apresentarem limitações: nãofuncionam em dias chuvosos, muitonublados, úmidos ou à noite.

Secadores que combinam ener-gia solar e elétrica são mais eficien-tes, pois podem prescindir do solpara o processo de secagem (Figura1). Apresentam limitações quando aumidade relativa do ar for elevada, oque dificulta o processo de secagemdo material vegetal.

Quando o objetivo for a produçãode passas, temperos e chás em maiorescala, os técnicos da Epagri reco-mendam utilizar um secador queestá tendo ótimos resultados e émuito prático, seguro e de baixocusto, utilizando uma secadora deroupas de parede.

De posse da secadora (Figura 2),constrói-se uma caixa de madeira comas dimensões internas adequadas aoseu tamanho e potência. Esta caixadeve ter uma porta, que deve ficarbem vedada durante o funcionamen-to, furos na parte inferior, para saídado ar úmido, e abertura na partesuperior, para instalação da secadora(Figura 3). Para uma boa vedação,utiliza-se borracha entre a caixa e o

Agradecimento: Eng. agr. Alexan-dre Cechetto Beck.

Receita de passas de banana:Descascar, raspar e mergulhar ba-nanas bem maduras em suco delimão (para evitar escurecimento).Colocar nas bandejas e levar aosecador, até ficarem bem secas, decor caramelada.

Lâmpadas

Abertura telada para saídado ar com umidade

aparelho elétrico.Desta forma, pode--se ter em casa umeficiente secadorde vegetais, inde-pendente da luz so-lar e bastante efi-caz em passas etemperos. Pode-seusar até cinco ban-dejas de cada vez(Figura 4).

Por meio do pro-grama de profis-sionalização rural,a Epagri promovecursos sobre a fa-bricação de passas,

secagem de temperos e chás e outrosprocessos de conservação ebeneficiamento de alimentos.

Caixa de madeira

Figura 1

Figura 4

Maiores informações nas gerên-cias regionais e centros de treina-mento da Epagri, ou pelo Fone (048)239-8074, com Salete.

50cm80cm

30cm

Bandeja telada suportedos produtos

Abertura teladapara entrada do ar

Caixa de madeirapintada de preto

Tampa com plásticotransparente resistente

Secadora de roupas adaptada

46,5cm51cm

Prateleiras

Furos para saída

do ar úmido

75cm

Bandeja suportedos vegetais

Secadora de roupas

Figura 2

Figura 3