n° 54377/2017 — gtlj/pgr sigiloso processo penal...

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria-Geral da República N ° 54377/2017 — GTLJ/PGR Relator : Ministro EDSON FACHIN Distribuição por conexão à Petição n ° 6530 SIGILOSO PROCESSO PENAL. PROCEDIMENTO SIGI- LOSO. TERMOS DE DECLARAÇÃO COLHI- DOS NO ÂMBITO DE ACORDOS DE COLABORAÇÃO PREMIADA. REFERÊNCIA AO ENVOLVIMENTO DE AUTORIDADE COM PRERROGATIVA DE FORO NO STF. FORTES INDÍCIOS DA PRÁTICA DOS CRI- MES DE CORRUPÇÃO E LAVAGEM DE DI- NHEIRO. MANIFESTAÇÃO PELA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO PARA APU- RAÇÃO DOS FATOS. Celebração e posterior homologação de acordos de colaboração premiada no decorrer da chamada "Opera- ção Lava Jato". Conjunto de investigações e ações pe- nais que tratam de esquema criminoso de corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro relacionados à sociedade de economia mista federal vinculada ao Mi- nistério das Minas e Energia como Petróleo Brasileiro S/A — PETROBRAS. Colheita de termos de declaração de colaboradores nos quais se relatam fatos em tese criminosos envol- vendo senador da República. Existência de indícios robustos de recebimento de vantagem indevida decorrente do esquema criminoso em questão. Suposta prática dos crimes de corrupção ativa, cor- rupção passiva, lavagem de dinheiro e fraude à licitação, em concurso de pessoas, conforme previsão dos artigos 317, capta, c/c 327, § 2", e 333 do Código Penal, artigo

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria-Geral da República

N° 54377/2017 — GTLJ/PGR Relator : Ministro EDSON FACHIN Distribuição por conexão à Petição n° 6530

SIGILOSO

PROCESSO PENAL. PROCEDIMENTO SIGI-LOSO. TERMOS DE DECLARAÇÃO COLHI-DOS NO ÂMBITO DE ACORDOS DE COLABORAÇÃO PREMIADA. REFERÊNCIA AO ENVOLVIMENTO DE AUTORIDADE COM PRERROGATIVA DE FORO NO STF. FORTES INDÍCIOS DA PRÁTICA DOS CRI-MES DE CORRUPÇÃO E LAVAGEM DE DI- NHEIRO. MANIFESTAÇÃO PELA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO PARA APU-RAÇÃO DOS FATOS.

Celebração e posterior homologação de acordos de colaboração premiada no decorrer da chamada "Opera-ção Lava Jato". Conjunto de investigações e ações pe-nais que tratam de esquema criminoso de corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro relacionados à sociedade de economia mista federal vinculada ao Mi-nistério das Minas e Energia como Petróleo Brasileiro S/A — PETROBRAS.

Colheita de termos de declaração de colaboradores nos quais se relatam fatos em tese criminosos envol-vendo senador da República.

Existência de indícios robustos de recebimento de vantagem indevida decorrente do esquema criminoso em questão.

Suposta prática dos crimes de corrupção ativa, cor-rupção passiva, lavagem de dinheiro e fraude à licitação, em concurso de pessoas, conforme previsão dos artigos 317, capta, c/c 327, § 2", e 333 do Código Penal, artigo

PGR

1° da Lei n° 9.613/1998 e art90 da Lei 8.666/1993, to-dos na forma do artigo 29 do CP.

5. Manifestação pela instauração de inquérito.

O Procurador-Geral da República vem perante Vossa Exce-

lência se manifestar pela INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO

em face do Senador HUMBERTO SÉRGIO COSTA LIMA

(PT/PE) e outros, nos seguintes termos.

2. Da contextualização dos fatos

O conjunto de investigações realindas a partir de fatos identi-

ficados nos Processos n. 5025687-03.2014.404.7000, n. 5001438-

85.2014.404.7000 e n. 5047229-77.2014.404.7000, em curso perante

a 13a Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná, em Curitiba, reve-

laram um complexo esquema de corrupção de agentes públicos e

lavagem de dinheiro relacionado com entes e órgãos públicos.

No decorrer das investigações foi constatado o envolvimento

de diversas pessoas detentoras de prerrogativa de foro o que gerou

a instauração de vários inquéritos no Supremo Tribunal Federal

para apuração dos fatos criminosos.

Esse conjunto de investigações ficou conhecido como "Ope-

ração Lava Jato" e hoje tem curso na Justiça Federal de Curitiba,

Justiça Federal do Rio de Janeiro, Superior Tribunal de Justiça e no

Supremo Tribunal Federal.

De modo geral o esquema criminoso funcionava com a parti-

cipação de políticos, empresários, agentes públicos e operadores fi-

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nanceiros os quais atuavam cada qual em um núcleo específico, da

seguinte forma:

O núcleo político, formado por partidos e por seus inte-

grantes, principalmente parlamentares, os quais indicavam e

mantinham funcionários de alto escalão na Administração Pú-

blica, recebendo vantagens indevidas pagas pelas empresas

componentes do núcleo econômico;

o núcleo econômico, formado pelas empreiteiras carteli-

zadas que eram contratadas pela Administração Pública e que

pagavam vantagens indevidas a funcionários de alto escalão e

aos componentes do núcleo político;

O núcleo administrativo, formado pelos funcionários de

alto escalão da Administração Pública, os quais eram indica-

dos pelos integrantes do núcleo político e recebiam vantagens

indevidas das empresas cartelizadas componentes do núcleo

econômico; e, finalmente;

o núcleo financeiro, formado pelos operadores tanto do

recebimento das vantagens indevidas das empresas carteliza-

das integrantes do núcleo econômico como do repasse dessa

propina aos componentes dos núcleos político e administrati-

vo, mediante estratégias de ocultação da origem desses valo-

res.

A atuação do Núcleo Econômico era intrinsecamente depen-

dente da atuação do Núcleo Político, uma vez que este era respon-

sável por indicar e manter um Núcleo Administrativo nos órgãos

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públicos contratantes voltados para a realização dos interesses ilíci-

tos. O Núcleo Econômico pagava vantagens ilícitas aos integrantes

do Núcleo Político, seja para se beneficiar das contratações públi-

cas seja para obter proteção politica.

Essa "proteção politica" na realidade consistia em favores e

vantagens pessoais podendo-se mencionar a título de exemplo: a)

Proteção contra a convocações em Comissões Parlamentares de

Inquérito e comissões permanentes do Congresso Nacional,

particularmente as comissões de fiscalização financeira e controle;

b) proteção contra a atuação do Tribunal de Contas da União; c)

aprovação de medidas legislativas que beneficiariam determinada

empresa ou o respectivo setor em que as empresas estavam

inseridas e d) omissão no dever de fiscalização, ínsita à condição de

todo parlamentat

Essas quatro situações mencionadas a título de exemplo são

casos concretos revelados no curso da Lava Jato.

O dinheiro público oriundo das empresas estatais ingressava

no patrimônio das empresas, amparado pelos contratos públicos.

O passo seguinte era fazer o dinheiro ilícito chegar ao núcleo

político e administrativo da organização criminosa. Para tanto, o

grupo criminoso valia-se basicamente de quatro modalidades de

pagamento:

a) A primeira forma — uma das mais comuns entre os políti-

cos — consistia na entrega de valores em espécie que era feita

por meio de empregados ou prepostos dos operado s, os

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quais faziam viagens principalmente em voos comerciais, com

valores ocultos no corpo ou em voos fretados. Dependendo

do montante envolvido, a entrega era feita por meio de veícu-

los de passeio conduzidos pelos operadores e seus associados

que transportavam os valores entre diversos Estados da Fede-

ração;

A segunda forma era a reali7ação de transferências eletrô-

nicas para empresas ou pessoas indicadas pelos destinatários

(laranjas) ou, ainda, o pagamento de bens ou despesas dos be-

neficiários;

A terceira forma ocorria por meio de transferências e de-

pósitos em contas no exterior em nome de empresas offshores

de responsabilidade dos agentes públicos, de seus familiares

ou de operadores financeiros (doleiros);

A quarta forma era a realinção de supostas doações elei-

torais "oficiais", devidamente declaradas, pelas empresas do

núcleo econômico, diretamente para os políticos ou para o di-

retório nacional ou estadual do partido respectivo, as quais,

em verdade, consistiam em propinas pagas e disfarçadas do

seu real propósito.

O Ministério Público Federal, no decorrer das investigações

da Operação Lava Jato, firmou acordos de colaboração premiada

com 77 (setenta e sete) executivos e ex-executivos do Grupo Ode-

brecht, havendo protocolizado, em 19.12.2016, diversos requeri-

mentos visando à homologação dos referidos acordos, nos termos

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do disposto no art. 4", § 7°, da Lei 12.850/2013.

Em decorrência dos referidos acordos de colaboração, foram

prestados por seus respectivos colaboradores centenas de termos

de depoimento, no bojo dos quais se relatou a prática de distintos

crimes por pessoas com e sem foro por prerrogativa de função no

Supremo Tribunal Federal.

A Ministra Presidente, em 28.1.2017, homologou os acordos

de colaboração em referência e, após, vieram os autos à Procurado-

ria-Geral da República "para manjfestação sobre os termos de depoimento

veiculados nestes autos, no prazo de até 15 (quinze) dias".

3. Do caso concreto

Os dados a respeito do presente objeto de investigação en-

contram-se no termo de depoimento n° 1, de ROGÉRIO SAN-

TOS DE ARAÚJO; n°2, de MÁRCIO FARIA DA SILVA; n°2, de

CESAR RAMOS ROCHA; n° 1, de HILBERTO MASCARE-

NHAS ALVES DA SILVA FILHO; n° 14, de LUIZ EDUARDO

DA ROCHA SOARES; n° 41, de MARCELO ODEBRECHT.

ROGÉRIO SANTOS DE ARAÚJO, executivo da ODEBRE-

CHT, afirma ter sido procurado por ALUISIO TELLES, gerente

da área internacional da PETROBRÁS, para ajustarem acordo ilíci-

to consistente na facilitação de contrato da PETROBRÁS com a

ODEBRECHT, em troca de percentual do seu valor, referente ao

"PAC SMS", projeto da PETROBRÁS de recuperação e certifica-

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ção (ambiental e de segurança) de ativos da empresa, localizados

em 9 (nove) países. Esse foi o objeto ao redor do qual orbitaram as

tratativas e práticas criminosas de agentes públicos e privados.

Segundo ROGÉRIO SANTOS DE ARAÚJO, o PAC-SMS

trata de um contrato celebrado pela CNO e Petrobras, em

26/10/2010, para realização de diversos serviços de certificação de

meio ambiente e segurança que eram necessários em vários ativos

da Petrobras no exterior Durante a fase de estruturação do projeto,

ou seja, da definição dos países e dos respectivos escopos dos pro-

jetos, ROGÉRIO ARAÚJO se reuniu por diversas vezes, a partir

do segundo semestre de 2009, com ALUISIO [LUES em sua sala

na Petrobras, no Edifício Ventura, ocasiões em que ele lhe passava

algumas informações privilegiadas sobre o projeto, dando a ideia

do escopo e da forma de contratação.

MÁRCIO FARIA DA SILVA, superior hierárquico de RO-

GÉRIO ARAÚJO na ODEBRECHT, destacou, por sua vez, que

alguns meses antes do lançamento da carta convite, foi informado

por ROGÉRIO ARAÚJO que ele havia sido procurado por Aluísio

Telles, gerente da Diretoria Internacional da Petrobras, e que este

havia solicitado a Rogério o pagamento de 3% do valor do contrato

caso a CNO ganhasse a concorrência. Em troca da propina, Aluísio

prometera a Rogério acesso a informações antecipadas do projeto

da Petrobras. MÁRCIO DA SILVA autorizou Rogério a aceitar a

proposta de Aluísio. Essas informações privilegiadas consistiam em

documentos que comporiam o edital, facilitando o desenvolvimen-

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to da proposta pela CNO.

Esclarece ainda ROGÉRIO SANTOS DE ARAÚJO que ou-

tro ponto que favoreceu a CNO foi uma solicitação feita para que o

prazo de apresentação de propostas fosse o menor prazo possível,

de forma a desestimular outras empresas, particularmente as inter-

nacionais, e beneficiar a CNO na medida em que ela havia recebido

informações confidenciais anteriormente ao lançamento da licita-

ção.

Consta do termo de depoimento de MÁRCIO FARIA DA

SILVA que os então candidatos DELCIDIO DO AMARAL, vulgo

"Ferrari", e HUMBERTO SÉRGIO COSTA LIMA, vulgo "Drácu-

la" souberam do ajuste criminoso e a ele aderiram, solicitando, a

pretexto de campanha, uma pane da propina que seria paga pela

ODEBRECHT.

CESAR RAMOS ROCHA, executivo da ODEBRECHT, no

seu termo de depoimento n" 2, afirma que, de fato, foi aberto pro-

grama de pagamento de propina para o codinome "Drácula". CE-

SAR RAMOS ROCHA apresentou planilha indicando o pagamen-

to de uma parte desse valor (mais precisamente R$ 591.999,00) ao

atual senador HUMBERTO SÉRGIO COSTA LIMA, vulgo "Drá-

cula", o que foi realizado em setembro de 2010, em São Paulo, pelo

operador de codinome "Paulistinha" (cf. PAC SMS_Anexo2.D.1),

pessoa que, segundo o termo de depoimento ri° 1 de HILBERTO

MASCARENHAS ALVES DA SILVA FILHO, era ÁLVARO

JOSÉ NOVES, sobrinho de dois ex-diretores da ODEBRECHT,

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ÁLVARO NOVIS e PEDRO NOVIS.

Também confirmam o esquema "PAC SMS": LUIZ EDUAR-

DO DA ROCHA SOARES (termo de depoimento n° 14) e MAR-

CELO ODEBRECHT (termo de depoimento n° 41).

Há, ainda, menção de participação do atual presidente da Re-

pública MICHEL TEMER, à época candidato à Vice-Presidência

da República, junto com EDUARDO CUNHA e HENRIQUE

EDUARDO ALVES em uma das reuniões sobre o ajuste, ocorrida

em 15/7/2010, na cidade de São Paulo. Consta também que

DILMA ROUSSEFF e GRAÇA FOSTER tomaram conhecimento

dos eventos (termos de depoimento n" 1 de ROGÉRIO ARAÚJO;

n°2 de MÁRCIO FARIA; n°41 de MARCELO ODEBRECHT).

Quanto às pessoas aqui indicadas, a investigação deve tramitar

em conexão com a do senador HUMBERTO COSTA, com exce-

ção do atual presidente da República, MICHEL TEMER. Isso por-

que ele possui imunidade temporária à persecução penal, conforme

entendimento do Supremo Tribunal Federal.

A Constituição da República é expressa ao consignar, no arti-

go 86, § 4", que

Art. 86 - Admitida a acusação contra o Presidente da Repú-blica, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Fede- ral, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Fede-ral, nos crimes de responsabilidade. [...]

§ 4o- O Presidente da República, na vigência de seu manda- to, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

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Significa que há impossibilidade de investigação do presidente

da República, na vigência de seu mandato, sobre atos estranhos ao

exercício de suas funções.

A respeito dessa regra constitucional, o Supremo Tribunal Fe-

deral já se manifestou:

Presidente da República: responsabilidade penal por crimes comuns estranhos ao exercício de suas funções: histórico da questão no constitucionalismo republicano; solução vigente: imunidade processual temporária (CF 88, art. 86, § 4°): con-sequente incompetência do STF pata a ação penal eventual-mente proposta, após extinto o mandato, por fato anterior à investidura nele do ex-Presidente da República; problema da prescrição.

1. O que o art. 86, § 4°. confere ao Presidente da República não é imunidade penal, mas imunidade temporária à perse-cução penal: nele não se prescreve que o Presidente é irres-ponsável por crimes não funcionais praticados no curso do mandato, mas apenas que, por tais crimes, não poderá ser responsabilizado, enquanto não cesse a investidura na presi-dência. (...)

(HC n. 83.154-SP, Plenário, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 11.9.2003, publicado no DJ em 21.11.2003)

4. Da tipificação

As condutas noticiadas acima apontam para a possível prática

de crimes de corrupção ativa (por parte dos funcionários da ODE-

BRECHT), corrupção passiva majorada (por parte dos políticos

envolvidos, dentre os quais o Senador HUMBERTO COSTA), la-

vagem de dinheiro (ao que tudo indica, o pagamento da propina foi

reali7ado mediante ocultação e dissimulação) e fraude à licitação,

assim tipificados:

Código Penal

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Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funci-onário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retar-dar ato de oficio:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda- ção dada pela Lei n° 10.763, de 12.11.2003)

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de oficio, ou o pratica infringindo dever funcio-nal.

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de as-sumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

(• • .) Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunera-ção, exerce cargo, emprego ou função pública.

§ 1' - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem traba-lha para empresa prestadora de serviço contratada ou con-veniada para a execução de atividade típica da Administra-ção Pública. (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)

5 2" - A pena será aumentada da terça parte quando os auto-res dos crimes previstos neste Capitulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessora-mento de órgão da administração direta, sociedade de eco-nomia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei 006.799, de 1980).

(•••)

Lei n°9.613/1998

Art. 1°-Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localiza-ção, disposição, movimentação ou propriedade de bens, di-reitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)

(• • .) Lei 8.666/1993

Art 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combina o

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ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação:

Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Dessa forma, necessária a instauração de inquérito para apro-

fundar a investigação dos fatos e colher outros elementos de prova.

5. Dos Requerimentos

Em face do exposto, o Procurador-Geral da República requer:

a) a instauração de inquérito em face do Senador Humberto

Sérgio Costa Lima e das outras pessoas mencionadas, excetu-

ando-se, por ora, o Presidente da República MICHEL TEMER,

nos termos do art. 86, §4", da Constituição Federal, com prazo ini-

cial de 30 (trinta) dias para que sejam adotadas as seguintes provi-

dências sem prejuízo de outras que a autoridade policial entender

pertinentes:

oitiva do senador HUMBERTO SÉRGIO COSTA

LIMA;

oitiva de MÁRCIO FARIA DA SILVA;

oitiva de CESAR RAMOS ROCHA;

oitiva de HILBERTO MASCARENHAS ALVES

DA SILVA FILHO;

oitiva de DELCIDIO DO AMARAL;

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a.6) oitiva de ÁLVARO JOSÉ NOVIS, o "Paulistinhan

juntada aos autos de cópia dos Termos de depoimento n°

1, de ROGÉRIO SANTOS DE ARAÚJO; n°2, de MÁRCIO FA-

RIA DA SILVA; no 2, de CESAR RAMOS ROCHA; n°1, de HIL-

BERTO MASCARENHAS ALVES DA SILVA FILHO; n° 14, de

LUIZ EDUARDO DA ROCHA SOARES; n° 41, de MARCELO

ODEBRECHT, bem como dos documentos por eles apresentados,

aí incluídos os dados extraídos do sistema "Drousys" em relação

aos pagamentos feitos entre 2010 e 2012 ao senador HUMBERTO

SÉRGIO COSTA LIMA, o "Drácula";

o levantamento do sigilo em relação aos termos de depoi-

mento aqui referidos, uma vez que não mais subsistem motivos

para tanto2.

Brasilia (DF), 13 de e 2017.

Rodrigo Janot ro de Barros

Procurador-G'tal da República

SB / FA/AC/CN

1 Recentemente preso na operação Eficiência, no Rio de Janeiro.

2 "É certo que a Lei 12.850/2013, quando trata da colaboração premiada em investigações criminais, impõe regime de sigilo ao acordo e aos procedimentos correspondentes (art. 7", sigilo que, em principio, perdura até a decisão de recebimento da denúncia, se for o caso (art. 70, § 35. Essa restrição, todavia, tem como finalidades precípuas (a) proteger a pessoa do colaborador e de seus próximos (art. 5°, II) e (b) garantir o êxito das investigações (art 7°, § 2°). No caso, o desinteresse manifestado pelo órgão acusador revela não mais subsistirem razões a impor o regime restritivo de publicidade". (Pet 6121, Relator(a): Min. TROEI ZAVASCKI, julgado em 25/10/2016, publicado em DJe-232 DIVULG 28/10/2016 PT_IBLIC 03/11/2016).

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