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CAMPO GRANDE - STEMBRO DE 2014 EM FOCO VIVÊNCIAS Ano XI - Edição Nº 167 Campo Grande, MS - Setembro de 2014 Capa: Agência +Comunicação 12 Musica Rock sul-matogrossense está em ascensão atraindo simpatizantes e adeptos do estilo em shows realizados na Capital Amantes do Rock sobre cenário musical falam Adriel Mattos Para quem respira cultura todos os dias, é um pouco desolador ver que há poucas e boas opções de música em Campo Grande. Sim, existem boas opções, e afirmo sem medo que somos um celeiro de talen- tos: Almir Sater, Renato Teixeira, Dombraz, entre tantos outros. In- felizemente – ou felizmente para alguns – a nossa querida Cidade Morena é dominada quase que por um só gênero: o sertanejo. Acho Campo Grande fraca, musicalmente falando”. Nas pa- lavras da estudante de Psicologia, Jennifer Reis, a cidade se define assim. Basta olhar para o futuro do projeto “Som da Concha” em 2014, que abriu espaço para um gênero que já tem uma divulga- ção excessiva e bons investimen- tos. Sim, estou falando do serta- nejo. Mas voltando à nossa estudante de Psicologia, uma jovem de 20 anos, bas- tante eclética e que se define como in- die. O dia é preenchido por uma vasta playlist: “Alicia Keys, A Banda Mais Bonita da Cidade, Emile Sandé, Filipe Catto, Marisa Monte, Norah Jones, Pink, Florence and the Machine”. A lista vai longe, mas ainda pode haver mais espaço. E ainda há esperança no rap para a jovem. Por trás deste discurso ferino existe um preconceito que conecta o rap à realidade crua que se vive nas ruas. Talvez as pessoas enxerguem al- gum tipo de apologia à marginalidade. Música é nada mais que poesia can- tada, e o funk não se encaixa aqui. Apesar das críticas, Jennifer não en- frenta problemas com os amigos com pre- ferências musicais adversas às suas. Mas recusa qualquer convite de ir a um bar sertanejo, e por isso, é taxada de antisso- cial. Mas nem por isso ela desanima. Re- petindo um verso de uma canção de uma das lendas da música mundial, The Bea- tles, ela segue a vida: Let it be. Let it be. Ao ser questionada do atual cenário musical de Campo Grande, a jornalista Daiane Líbero é enfática. “Aqui o sertane- jo é forte e tem recursos, mais do que ou- tros estilos. Qualquer dupla sertaneja con- segue patrocínio. No rock não é o mesmo. O cenário anda parado e na mesmice. Ban- das autorais estão sendo barradas de tocar nas casas de shows daqui. O cenário tá super ruim, tá faltando de tudo para o rock. Em outros cenários eu diria que falta es- paço”. Lyra, como costuma ser chamada, já definiu nesta afirmação do que realmente gosta: rock. A paixão é tamanha que já in- vestiu em bandas, sendo a primeira a Au- topilot. Não é tão ruim morar em Campo Gran- de para a jovem de personalidade marcan- te. É possível quebrar esses paradigmas. “O rock nada mais é do que essa quebra de paradigmas. Nos Estados Unidos, fa- lam que o rock luta contra o ‘Homem’. Ou seja, luta contra o sistema. É por isso que existem bandas de punk rock, hardcore, que têm letras politizadas. Porque muita gente sente que a música é um jeito de quebrar as coisas para atingir um futuro Horizonte - Cenário musical de Campo Grande precisa viver uma quebra de paradigmas para que possa sair da mesmice do sertanejo melhor. E no caso do nosso cenário morto musical, o único jeito de quebrar isso é fazendo shows e divulgando as bandas. Senão vamos ser um estado do sertanejo para sempre. As bandas precisam se mo- vimentar. A música tem esse poder”. Mas quando tocamos no assunto ser- tanejo, o tom muda. “Não consigo escutar sertanejo universitário. Aquele estilo de raiz até vai, você vê que as músicas guar- dam histórias e dizem algo. Mas, sertane- jo universitário me estressa, porque as me- lodias são ruins e as letras são horríveis, a maioria delas tratando a mulher mal, feito uma ‘coisa’. Acho ruim”. Como está envolvida nesse meio, Lyra diz que a palavra de ordem seria organiza- ção. “Só precisamos ser mais organizados. Poucos músicos aqui são. Temos um bom celeiro de bandas e músicos, mas vivemos numa onda de marasmo atualmente. Já foi mais fértil. Nosso cenário musical precisa criar novo fôlego”. Mas afinal de contas, Campo Grande é tão ruim assim? Não! A cidade pode mui- to mais. Basta os músicos quererem, o pú- blico querer e o poder público querer. Re- sumindo: precisamos de um novo fôlego. Show- Novas gerações trazem um novo fôlego para o rock de Mato Grosso do Sul Foto: Fernando Antunes Foto: Fernando Antunes Em_Foco_Gonzo_Costurado.pmd 27/11/2014, 17:41 1

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Page 1: Musica sobre cenário musical Amantes do Rock - site.ucdb.br · musicalmente falando”. Nas pa-lavras da estudan te de Psicologia, Jennifer Reis, a cidade se define ... Música é

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Ano XI - Edição Nº 167Campo Grande, MS -Setembro de 2014

Capa: Agência +Comunicação

12Mu s i c a

Rock sul-matogrossense está em ascensão atraindo simpatizantes e adeptos do estilo em shows realizados na Capital

Amantes do Rock sobre cenário musicalfalam

Adriel Mattos

Para quem respira cultura todos osdias, é um pouco desolador ver quehá poucas e boas opções de música

em Campo Grande. Sim, existemboas opções, e afirmo sem medoque somos um celeiro de talen-tos: Almir Sater, Renato Teixeira,Dombraz, entre tantos outros. In-felizemente – ou felizmente paraalguns – a nossa querida CidadeMorena é dominada quase quepor um só gênero: o sertanejo.

“Acho Campo Grande fraca,musicalmente falando”. Nas pa-lavras da estudante de Psicologia,Jennifer Reis, a cidade se defineassim. Basta olhar para o futurodo projeto “Som da Concha” em2014, que abriu espaço para umgênero que já tem uma divulga-ção excessiva e bons investimen-tos. Sim, estou falando do serta-nejo.

Mas voltando à nossa estudante dePsicologia, uma jovem de 20 anos, bas-tante eclética e que se define como in-die. O dia é preenchido por uma vastaplaylist: “Alicia Keys, A Banda MaisBonita da Cidade, Emile Sandé, FilipeCatto, Marisa Monte, Norah Jones,Pink, Florence and the Machine”. Alista vai longe, mas ainda pode havermais espaço.

E ainda há esperança no rap para ajovem. Por trás deste discurso ferinoexiste um preconceito que conecta orap à realidade crua que se vive nasruas. Talvez as pessoas enxerguem al-gum tipo de apologia à marginalidade.

Música é nada mais que poesia can-

tada, e o funk não se encaixa aqui.Apesar das críticas, Jennifer não en-

frenta problemas com os amigos com pre-ferências musicais adversas às suas. Masrecusa qualquer convite de ir a um barsertanejo, e por isso, é taxada de antisso-cial. Mas nem por isso ela desanima. Re-petindo um verso de uma canção de umadas lendas da música mundial, The Bea-tles, ela segue a vida: Let it be. Let it be.

Ao ser questionada do atual cenáriomusical de Campo Grande, a jornalistaDaiane Líbero é enfática. “Aqui o sertane-jo é forte e tem recursos, mais do que ou-tros estilos. Qualquer dupla sertaneja con-segue patrocínio. No rock não é o mesmo.O cenário anda parado e na mesmice. Ban-das autorais estão sendo barradas de tocarnas casas de shows daqui. O cenário tásuper ruim, tá faltando de tudo para o rock.Em outros cenários eu diria que falta es-paço”.

Lyra, como costuma ser chamada, jádefiniu nesta afirmação do que realmentegosta: rock. A paixão é tamanha que já in-vestiu em bandas, sendo a primeira a Au-topilot.

Não é tão ruim morar em Campo Gran-de para a jovem de personalidade marcan-te. É possível quebrar esses paradigmas.“O rock nada mais é do que essa quebrade paradigmas. Nos Estados Unidos, fa-lam que o rock luta contra o ‘Homem’. Ouseja, luta contra o sistema. É por isso queexistem bandas de punk rock, hardcore,que têm letras politizadas. Porque muitagente sente que a música é um jeito dequebrar as coisas para atingir um futuro

H o r i z o n t e - Cenário musical de Campo Grande precisa viver uma quebra de paradigmas para que possa sair da mesmice do sertanejo

melhor. E no caso do nosso cenário mortomusical, o único jeito de quebrar isso éfazendo shows e divulgando as bandas.Senão vamos ser um estado do sertanejopara sempre. As bandas precisam se mo-vimentar. A música tem esse poder”.

Mas quando tocamos no assunto ser-tanejo, o tom muda. “Não consigo escutarsertanejo universitário. Aquele estilo deraiz até vai, você vê que as músicas guar-dam histórias e dizem algo. Mas, sertane-jo universitário me estressa, porque as me-lodias são ruins e as letras são horríveis, amaioria delas tratando a mulher mal, feitouma ‘coisa’. Acho ruim”.

Como está envolvida nesse meio, Lyradiz que a palavra de ordem seria organiza-ção. “Só precisamos ser mais organizados.Poucos músicos aqui são. Temos um bomceleiro de bandas e músicos, mas vivemosnuma onda de marasmo atualmente. Já foimais fértil. Nosso cenário musical precisacriar novo fôlego”.

Mas afinal de contas, Campo Grande étão ruim assim? Não! A cidade pode mui-to mais. Basta os músicos quererem, o pú-blico querer e o poder público querer. Re-sumindo: precisamos de um novo fôlego.S h o w - Novas gerações trazem um novo fôlego para o rock de Mato Grosso do Sul

Foto: Fernando Antunes

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Em Foco – Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Católica DomBosco (UCDB)

Ano XI - nº 167 – Setembro de 2014 - Tiragem 3.000

Obs.: As matérias publicadas neste veículo de comunicação não representam opensamento da Instituição e são de responsabilidade de seus autores.

Chanceler: Pe. Dr. Gildásio Mendes dos SantosReitor: Pe. José MarinoniPró-reitoria de Ensino e Desenvolvimento: Conceição Aparecida ButeraPró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação: Hemerson Pistori

Oshiro, Ariel Ribeiro e Adriel Mattos.

Projeto Gráfico: Designer - Maria Helena Benites

Tratamento de imagens: Maria Helena Benites

Diagramação: Jacir Alfonso Zanatta

Impressão: Jornal A Crítica

Em Foco - Av. Tamandaré, 6000 B. Jardim Seminário, Campo Grande – MS.Cep: 79117900 – Caixa Postal: 100 - Tel:(067) 3312-3735

EmFoco On-line: www.emfoco.com.brE-mail: [email protected]

Pró-reitoria Extensão e Assuntos Comunitários: Luciane Pinho de AlmeidaPró-reitoria de Pastoral: Me. Gillianno Jose Mazzetto de CastroPró-reitoria de Administração: Ir. Altair Monteiro da Silva

Coordenador do curso de Jornalismo: Oswaldo Ribeiro da Silva

Jornalistas responsáveis: Jacir Alfonso Zanatta DRT-MS 108, Cristina RamosDRT-MS 158

Revisão, edição de títulos legendas e fios: Bianka Macário, Raiane Carneiro, ValescaConsolaro, Vanessa Ayala, Vitória Ribeiro, Suzana Serviam e Matheus Rondon.

Repórteres: Maicon Rocha, Caroline Merlo, Guilherme Mello, Graziela Alberti,Kimberly Teodoro, Glaucea Vaccari, Fernando de Oliveira, Ana Paula Duarte, Ana

Valorizandoprofissões

por suas virtudes

Estudante de jornalismo se surpreende ao viver a experiência de ser garçom por um diaRealidade vivida

T r a b a l h o

G a r ç o m - Trabalho que requer cuidado e desenvoltura aos que buscam viver da profissão

Foto: Arquivo Maicon RochaMaicon Rocha

Em uma segunda-feira vivenciei a ex-periência de ser um garçom em uma pi-zzaria. Cheguei lá meio tímido, com re-ceio de saber como seria a reação dos cli-entes que eu ia atender. Logo o dono mepassou as tarefas que eu tinha que execu-tar durante o trabalho: varrer o chão e emseguida arrumar as mesas e cadeiras emseus lugares e limpá–las. Até então mesenti bem tranquilo, passei para o próxi-mo processo de ser um garçom que foirepor canudos e guardanapos em seussuportes.

Os clientes foram chegando e fui aten-der: um deles, era um homem jovem emuito simpático, anotei seu pedido e oservi. Achei muito difícil equilibrar a ban-deja sem deixar cair tudo, mas conseguicom todo cuidado.

O engraçado de tudo é que sempre temalgum cliente para conversar com você eaté brincadeiras surgem entre um papo eoutro. Pergunta o time que você torce,sobre como está quente o clima, “bem quepoderia chover”.

Enquanto isso o trabalho como gar-çom foi me mostrando como é uma corre-ria essa profissão e ao mesmo tempo muitodivertida. Logo foi chegando ao fim e eufui ajudar a fechar a pizzaria, limpar me-sas e cadeiras, recolhê-las, guardá-las evarrer o chão. Aí fui ajudar a abastecer ofreezer de bebidas, limpar bandejas e la-var os panos que usamos para limpar asmesas, aí sobrou tempo ainda para co-mer um pedaço de pizza.

Como garçom eu percebi que o pa-trão sempre espera que você faça omelhor para atender os clientes. Osgarçons devem estar sempre com sor-riso no rosto para atender, ser bemeducado e sempre estar disposto a aju-dar no que for preciso. Vi como essaprofissão não é uma profissão fácil,porque equilibrar uma bandeja cheiade coisas em cima é bem difícil. É

sempre bom estar atento aos detalhes,os garçons devem ser detalhistas comas coisas e em uma pizzaria, principal-mente colocar os pratos e talheres arru-madinhos na mesa, não deixar faltarnada e atender com rapidez o que o cli-

ente quer.Eu confesso agora ter vivenciado uma

experiência incrível! Aprendi que deve-mos valorizar cada profissão porque cadauma tem seu valor e agora sei que sempreme lembrarei desse dia.

Jornalista não é robô. É fei-to de carne, osso e emoções.Sente, se indigna, se machuca,nem que seja emocionalmente,com as histórias que conta. Namaioria das vezes veste uma ar-madura onde as dores da rea-lidade batem e voltam para queo profissional consiga narraros acontecimentos com o má-

ximo de isenção. Afinal, im-parcialidade realmente nãoexiste, é uma lenda. Mas ainvenção foi tão bem feita,que ainda hoje, quando osprofissionais do jornalismomostram sua subjetividadeou exercitam a opinião emseus textos, recebem olha-res atravessados de estra-nhamento.

Por isso, caro leitor, nãose sinta culpado se achar ostextos das próximas pági-nas do Em Foco um poucodiferentes dos que você estáacostumado no jornalismodiário dos jornais comerci-ais. Nossos futuros jorna-

listas estão exercitando forma-tos de gêneros que flertam coma literatura, com a subjetivida-de, com o diversional.

Muitos optaram em fazertextos no estilo Gonzo. Um jei-to de fazer jornalismo que foicriado na década de 60 do sé-culo passado pelo estaduni-dense Hunter S. Thompson, ocara que estampa a nossa capa.Esses textos são peculiares porque contam a realidade pormeio da visão do jornalista, quese transforma no principal per-sonagem da história que nar-ra. Completamente envolvidos,os repórteres experimentam vi-vências de personagens e situ-ações inéditas em suas vidas.

11L e i t u r a

Estudo e dedicação contribuem para ampliar a criatividade

Foco e pesquisa são

partes de uma peçaAriel Ribeiro

Quem pertence ao meu nem tão vas-to círculo de amigos, sabe que eu meapresento como ator, cantor e dançari-no. Sim, também sou jornalista em po-tencial, mas não é esse o foco, não dessavez.

Depois de um bom período sem uminsight adequado, para ‘viver’, tiveuma luz. Eu, enquanto pessoa mil euma utilidades, faço parte de um pro-jeto voluntário que, tenta, com muitavontade, passar para jovens de esco-las públicas um pouquinho da paixãopelas artes.

Nesse ano, colocamos como temapara um espetáculo o grandioso nomede Elvis Presley. Escolhidas as músi-cas, feitas as coreografias, em períodode ensaios, me ocorreu que faltava umroteiro. Faltava uma história, um fioque ligasse aquelas músicas e dessesentido aquilo tudo.

Meu diretor tinha um livro escritopor Priscilla Presley, além de que hoje,todos temos acesso à internet. Logopedi licença para poder escrever.

Para quem pensa que é fácil e queeu não suei para fazê-lo. Engana-se ru-demente. Enquanto ator o meu papel éabusar da semiótica e compreenderuma única personagem, o que me fordado, mas enquanto roteirista e autorde qualquer coisa, você tem que enten-der como as histórias que compõe avida de vários personagens se ligam emuma coisa só.

Como meus pupilos são iniciantesna atuação, comecei por delimitar al-gumas características. Simples, curtoe completo. Isso seria remotamente pos-sível?

Ignorando a minha dúvida de co-meço de pesquisa, mergulhei nos rela-tos de Priscilla Ann Beaulieu Presley.À medida em que eu lia, eu anotava eassociava com uma das canções esco-lhidas para compor o espetáculo. Dorde cabeça, folhas amassadas, risca da-qui, risca de lá, se arrepende do queriscou, olha o facebook. Muita coisapara fazer.

O prazo é curto, a estreia é para no-vembro e eu escrevera uma cena. O li-

vro é muito detalhado. Tem páginas deamor, de drama, de loucuras e nada éfictício, estamos falando de Elvis, umser real, que existiu encantou milhõesde pessoas. Esse é o maior peso de seescrever algo assim, conseguir honrarum nome gigantesco como esse.

Continuei a conversar com Prisci-lla e quanto mais eu implorava pormais informações, mais as páginas deElvis e Eu, me davam o que escrever.

Leitura feita, era hora de definir deonde partiria, onde terminaria a histó-ria e digo mais, onde e como se encai-xariam as músicas.

Rabiscos desordenados, setas paratodos os lados, post-it em todas as fo-lhas, era como ver o funcionamento demeu próprio cérebro bem ali, nos pa-péis atirados na minha frente.

Tanta coisa escrita e ao mesmo tem-po nada. Tive que recorrer aos amigosque gostam de escrever. Martin e Bru-no, que nunca nem sequer se encon-traram, me ajudaram paralelamente,virtual e pessoalmente a ter ideias paracenas. Era bom externar o que estavanos meus papéis e verificar o impactoda cena e somar as contribuições.

Mas a arte final ainda era minha eeu tinha que fazer. Por fim, escolhi umamúsica, me apeguei a uma ideia balbu-ciada pelo meu diretor, a tudo o que aex- senhora Presley me contara por seulivro e fechei os olhos.

Eu vi acontecer, vi a cena pronta,os figurinos, as vozes em harmonia, osrostos dos jovens atores iniciantes. Na-quele momento me senti como DerekWills, o diretor rabugento da sérieSMASH, lembro de gostar muito dascenas em que ele tinha esses repentesna série.

Ao fim da primeira cena que eu fi-nalmente, depois de horas havia escri-to, senti como se tivessem me atrope-lado. Era como se eu tivesse parido ecriado vários filhos em uma página só.Uma página, uma cena e eu estavaexausto.

Há quem vá ler o meu relato e dizerque “foi fácil para mim, porque eu jáfaço teatro”, mas não foi nem um pou-co. Como disse anteriormente, eu meapresento como “ator, cantor e dança-

rino” e não diretor, roteirista e criadorde peças.

Espero que as próximas cenas ve-nham e que as pessoas para quem es-tas são direcionadas gostem. Só pararegistrar, a minha insegurança é a mes-ma lá do início, de quando pensei empegar esse “job”.

Esqueleto montado! Agora peço a

benção de Deus e de Elvis para quetudo aconteça como aconteceu naminha mente enquanto escreviaaquela primeira cena.

Dado o pontapé inicial para queas coisas aconteçam, me reservo odireito de tentar (ênfase aqui) pen-sar como um criador. Corta, impri-me, segue em frente.

L e i t u r a - Livros são essenciais para instigar a criatividade dos diretores de teatro

Foto: Arquivo Ariel Ribeiro

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Afeto e cuidado fazem parte do ensino da Juliano Varela

Crianças conquistam

coração de estudante

D e s c o n t r a ç ã o - Sorriso capaz de conquistar e acolher as crianças

Caroline Merlo

Olhares curiosos, atentos, ligeiros,interessados. Ou não. Alguns extrema-mente enérgicos, outros mais calmos.Carinho, beijo, abraço, e gestos de retri-buição como quem diz “obrigado por sededicar por mim”, são fatores incontes-táveis para quem decide ser educador.Considero educação uma palavra muitoforte, que deve, ou pelo menos deveria,estar no “topo” das prioridades. E poresta razão, escolhi passar pela experiên-cia de professora por um dia na EscolaJuliano Varela. Esta escola é uma insti-tuição filantrópica, especializada em pes-soas com a Síndrome de Down.

Apesar de parecer “limitado”, o localé muito acolhedor, uma espécie de re-canto energizado. Para os que me conhe-cem, sabem que, há anos, desde que co-nheço a instituição, tenho enorme pai-xão por este “refúgio sagrado”. Porém,conhecer por conhecer não se compara

ao fato de participar da aprendizagem,acompanhar a evolução e ver de perti-nho o potencial de cada um.

Durante a vivência, fui assistente daprofessora Manuela, que é a responsá-vel por uma das salas da educação in-fantil no período da manhã. Naqueledia, era aula de informática. Antes mes-mo que eu me apresentasse, e sem qual-quer palavra trocada, fui recepcionadacom um “abraço de urso” da pequenaNádia. E não pense você que foi um gestode carinho do tipo “tia, me dá uma bala”.É um abraço como quem diz “que bomque você está aqui, independente do quevá fazer”. Por isso uma dica: se estivercarente, com baixa estima ou qualquercoisa que envolva tristeza, procure pas-sar por uma experiência como essa. Empoucos minutos passei a ser competidaentre cada um dos alunos que, queriammostrar para a “tia” o que eram capazesde fazer.

O Daniel se revezava em me dar

C a r i n h o - Cuidado e zelo pelo outro fazem parte da rotina e das atividades da escola

Foto: Arquivo Caroline Merlo

um beijo e jogar no computador. AAlice, apaixonada por música, me cha-mava para ensinar a dança da Anita,seu ídolo do momento. A Nádia tenta-va acompanhar a dança da colega Ali-ce e mostrar suas unhas pintadas derosa até o momento em que chamei-aspara brincar com as letras do alfabeto.Enquanto isso, a Yasmin, com seu jei-tinho tímido e meigo, se recusava aparticipar, mas observava tudo atenta-mente. E assim fluía a manhã. Comatividades, brincadeiras, música, lan-che, e mais beijos e abraços. Até queme perdi e me perguntei quem ali es-tava ensinando quem, quase como umareciprocidade involuntária.

Não discriminando as outras profis-

sões, imagino que ser educa-dor, por tamanha responsabi-lidade, seja algo encantador,porém bastante complexo. Econcluo com o que julgo ser amelhor definição produzida porRubem Alves: “Educar não é en-sinar matemática, física, quími-ca, geografia e português. Essascoisas podem ser aprendidas noslivros e nos computadores. Edu-car é outra coisa.[...] O educadoré um corpo cheio de mundos.[...] Agindo como um mago e nãocomo um mágico. Não como al-guém que ilude e sim como al-guém que acredita e faz crer, quedeve fazer acontecer”.

A f e t o - Um abraço capaz de mostrar a importância da sensibilidade humana

Foto: Arquivo Caroline Merlo

Foto: Arquivo Caroline Merlo

Mu d a n ç a s

Lembranças fazem parte da vida e os objetos nos fazem lembrar dos momentos e dos lugares por onde passamos

Ajuda facilita o recomeçodos a

mig

os

Ana Oshiro

Muitos dizem que mudanças sem-pre são boas, trazem novos ventos enovos ares, mas esquecem de dizer

que elas também são complica-das e que dão certo trabalho. Em18 anos de vida eu nunca haviamudado de casa, isso mudou nocomeço de 2013 quando sai deonde cresci, onde construi mi-nha vida e fui para outro lugarcompletamente diferente do queestava acostumada.

Enquanto arrumávamos ascoisas para levar até o novo lo-cal, não nos preocupamos mui-to com a história de cada obje-to, simplesmente embrulhamose colocamos tudo nas caixas, sóqueríamos terminar aquele tra-balho chato e desgastante. Che-gando ao novo local é inevitá-vel que a nova casa vire umapequena ‘zona’, com tudo ba-

gunçado e misturado pelos cômodosainda vazios e sem vida. No primei-ro momento ajeitamos o principal,a cama, algumas roupas para a se-mana e os produtos de higiene maisbásicos.

Com o tempo tudo vai indo parao seu lugar certo, os livros voltam àestante, as fotos vão para as paredese enquanto desembrulhamos, vamoslembrando as memórias que aqueleobjeto carrega. Um enfeite simples eque tem muita história pode nos fa-zer chorar facilmente, as roupasmais velhinhas nos trazem recorda-ções da época em que eram usadas,por aí vai e relembrando cada peda-ço da sua vida você monta a novacasa e traz a vida aquelas paredestristes.

Falar da minha experiência comoalguém que mudou de casa é fácil,mas e ajudar outras pessoas a fazeressa mudança?! Outros objetos, ou-tras roupas, outras fotos e outrashistórias, outras coisas que não per-tencem à nossa vida, que não fazemparte das nossas memórias, mas quepodem sim desencadear lembranças,ainda mais se quem está mudando éum par de amigas queridas.

Carregar cama, sofá, malas e cai-xas pela escadaria do novo aparta-mento fica fácil com a ajuda dos ami-gos, fica mais rápido, mais barato e

até menos cansativo limpar os móveise guardar as coisas no lugar. Por maisque as lembranças não sejam nossas, éimpossível não parar e imaginar o queaquele objeto significa e significou navida do dono, as roupas e detalhes vãotrazendo impressões e nos ajudam asaber mais sobre a vida de quem usou

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tudo aquilo. E com o tempo aquela casae aquelas pessoas também vão constru-indo novas histórias e tudo se ajeita noseu lugar.

Mudar não é fácil! É pesado e cansati-vo, mas com certeza ajuda a construir avida de quem passa por isso. É difícilsair de onde você cresceu e deixar aquela

casa para trás, partir para algo desconhe-cido. Mas é bom para dar um empurrãoem projetos parados, em vontades deixa-das de lado, sair da mesmice e criar umaoutra história. No começo dá um certomedo de saber se tudo vai dar certo, masse não arriscarmos e irmos com vontade,nunca saberemos a verdade.

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S04 P r o f i s s i o n a l

Jovens almejam cada vez mais autonomia econômica

Sebrae apoia futuros

empreendedoresGuilherme Mello

Para muitas pessoas, e demodo especial os brasileiros,em certos momentos passa pelacabeça mudar de vida, princi-palmente quando o assunto éligado ao aspecto profissional.Rotinas, cansaço e desmotiva-ção de fazer as mesmas ativida-des quase todos os dias, juntoa oportunidades alimentadaspela esperança de um futuromelhor e um melhor retorno fi-nanceiro faz com que o interes-se em empreender seja maiseminente.

Em comum, os jovens têmquase sempre pouca experiên-cia e dúvidas de sobra quantoao que vão escolher como pro-

fissão, a maioria ainda estudando ejá emana a vontade de ter coisas pró-prias conquistadas por seu esforçoe gerando assim sua autonomia.Nesta situação pode surgir um em-preendedor, situação onde as adver-sidades como a falta de tempo inte-gral para um trabalho convencionalaliado à alguma habilidade pode sera ocasião propícia para arriscar emum empreendimento.

Sendo assim, assumi o propósi-to de me colocar em situação de um

aprendiz no ramo. E então acompanheide perto, os principais procedimentospara quem deseja alcançar o tão esperadosonho de ser dono do seu próprio negó-cio.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Mi-cro e Pequenas Empresas – Sebrae, é umaempresa que existe para que os pequenosempresários tenham sucesso. Para apoiarquem ainda sonha em abrir o próprio ne-gócio, já está no mercado de maneira in-formal ou é autônomo, lá pode-se tirardúvidas sobre o empreendedorismo e sãoapresentados produtos e serviços criadosespecialmente para este público: são cur-sos, palestras, consultorias, cartilhas emuitas outras soluções para vender mais,atrair mais clientes e enfim cuidar melhordo negócio próprio.

Um dado do Sebrae, aponta que atual-mente existem mais de três milhões deMEIs (MEI é a abreviação do termo, MicroEmpreendedor Individual) e neste textoresolvi dar mais atenção a este público.

Tive uma boa impressão pelo fato deque a maioria dos cursos são ofertadosgratuitamente, porém vale ressaltar que amaioria deles é breve e auxilia apenas demaneira superficial, no entanto os profis-sionais aparentam ter bom currículo e do-mínio do assunto. Participei de algumaspalestras como: SEI VENDER, SEI CON-TROLAR O MEU DINHEIRO, SEI PLA-NEJAR, SEI EMPREENDER e por último

participei percebi que o público tinha fai-xa etária de 25 a 35 anos, e compostopor pessoas que já trabalham ou comcarteira assinada como eu e ainda assimpretendem empreender ou já atuam emalgum ramo e pretender se formalizar.

No geral, minha impressão é quehouve muitos avanços quanto ao ní-vel assistencial, porém ainda assim émuito burocratizado como a maioriados serviços públicos e gratuitos quejá sabemos como funciona. O pontopositivo fica pelo ambiente muito bemorganizado e aparentemente bem geri-do, com quadro razoavelmente bom defuncionários disponíveis para atenderao público. Em resumo vejo e pensoque o Brasil é um país com um imen-so potencial empreendedor mesmoquando comparado a países de primei-ro mundo, entretanto quanto ao apro-veitamento deste potencial, mais umavez ficamos em desvantagem equipa-rando-se ao quadro internacional eisso é mais uma fator lamentável e queprecisa se aperfeiçoar muito.Fa c i l i d a d e - Sebrae oferece cursos breves, palestras, consultorias e cartilhas gratuitamente para o público em geral

Foto: Arquivo Guilherme Mello

COMO SER UM MEI. Estas palestrasacontecem normalmente nos três perío-dos e são abertas ao público em geral.Porém na maioria das palestras em que

D e s t a q u e - Brasil é um país com potencial empreendedor se comparado à Europa

Foto: Arquivo Guilherme Mello H om e n a g emUm dia como costureira fez jornalista relembrar infância

Profissão com poder de

encantar uma meninaAna Paula Duarte

Tinha tudo para ser meu primeiropasso no mundo da moda, ou não. Tal-vez o primeiro passo seja com as roupaspara barbies, apenas com linha e agu-lha. É possível através da customizaçãoe muito mais prazeroso fazer uma peçaoriginal com tesoura, linha e agulha. Re-solvi aprender com uma profissional quedesde os 15 anos até então só trabalhacom moda, já produziu desfiles e agoraé técnica no assunto, começou na facul-dade de Design de Moda.

“Maria Costureira” como é conhecidapraticamente me viu nascer, produziu asroupas de solteira da minha mãe, os meusconjuntinhos. Sobre costurar, ou melhor,respirar tecidos, ela volta a dizer que meencaixo melhor como manequim, depoisde um dia de aula de corte e costura meparece que é a definição apropriada.

Antes de começar só uma coisa me fi-cava na cabeça - como moda tende a pare-cer encantadora, tão quanto cachorros oubebês. Quando criança eu acompanhavaminha mãe só para ficar lendo as revistasManequim, Marie Claire ou Moda Moldesquerendo tudo da maneira mais inocente.Eis que chegou a hora: tantas máquinas,tantas linhas, estampas, tecidos, roupas,moldes. Foi difícil associar tudo à primei-ra vista.

Começamos com a escolha das roupas,claro que eu queria os vestidos minima-listas de alfaitaria, mas me contetei com as

blusinhas de malha do nível fácil, indica-va uma estrela. Fácil? Pra quem eu tô men-tindo? Exige pa-ci-ên-cia.

O objetivo era fazer de uma malha flu-orescente virar uma regata, pensei comi-go, então é só cortar e pregar os lados?Não. Primeiro você tem que entender omapa-mundi, mais ou menos encontraruns pontinhos rosas nele e ligar. Isso levaum tempão, tempo pra respirar e cortar,respirar e cortar sem errar a tesoura.

Recortado o molde, tem que fazer omesmo no tecido. São etapas muito lon-gas, mas mesmo assim eu não acho justovender uma regata por R$20,00. Só o teci-do dá pra fazer duas e custou menos queesse valor. Esquecendo o lado pão duro eem meio ao faça você mesmo, a costureirafoi me contando sobre as modas das últi-mas revistas de um jeito tão simples e aomesmo tempo apontava a pilha de sacolasque a aguardava.

Passada a parte da tesoura, era hora departir para máquina. Meus olhinhos bri-lharam porque acreditava que o melhor es-tava no final. Mal sabia que também era amais complicada, qualquer erro de mãoou pé tudo estaria comprometido.

Overlok, essa foi a máquina da tortu-ra, ops fechadura. Sim era só fechar mili-metricamente os lados. Foi bem assim quea minha blusa passou de P para PP.

Irônico a blusa ser para mim, né? “Amáquina de fazer a barra deu problema.Deixa pra depois Ana Paula”. Por mim ves-tiria a blusa assim.

Foto: Jéssoca Espinosa

C o s t u r e i r a - Sendo desafiada pela primeira vez por uma máquina de costura

É bom lembrar de agradecer em dobroas costureiras que consertam de maneiratão delicada as roupas, haja fôlego paradomar a linha no palheiro. Cheguei a con-clusão de que moda é como aquele velhoditado “Procurar agulha no palheiro”, temque ir sem pressa, com cuidado e não de-sistir. Todo cuidado que você tem que tercom a máquina, eu não consegui absorverem poucas horas, uma travada e tem queabrir tudo. Maria é técnica em tudo e mexecomo ninguém, não arrisco colocar o dedonela porque engole sem medo. Com seuportunhol corrido, a vida dela segue o mes-mo ritmo e o amor pela profissão só am-plia os trabalhos agendados. Uma festapara próxima semana é o que lembra o te-cido vinho.

Uma mera jornalista querendo fazeruma coisa que ela levou a vida inteira praaprender, tão irônico. E olha que eu pro-curei entender com o senhor google antesde praticar, mas são vários nomes. “Vocêlembra desse aqui?” dizia ela avançandopara próxima etapa. Eu toda confusa pen-sava: claro, balançando a cabeça.

Minha mãe orgulhosa com o meu em-penho pensou até em comprar uma má-quina ou investir em um curso, mas abrio jogo: É complicado, meu negócio é jor-

nalismo! Assistir todas temporadas deAmerican Next Top Model, FashionStar ou SPFW deixava uma pontinhanesse mundo volátil. Só que a práticaexige tempo e dedicação, não é só que-rer ser estilista, tem que viver. Maria éo meu exemplo mais próximo.

Sem querer derramar um balde deágua fria sobre os amantes do tema, amatemática faz parte quando se é pre-ciso criar a partir das medidas, vocêvê a peça pronta a seu gosto. E os ajus-tes então, eu pensei: eles devem ser oápice da moda.

É dificíl abandonar algo pela meta-de, mas terminar uma blusinha demalha foi complicado. Tô sem tempopra moda. Maria costureira está sem-pre pronta para ensinar e acreditar emquem quer aprender. Por um momen-to eu quiz. Sabe a customização? Acei-to encomendas. Sabe o Jornalismo Li-terário? Aceito encomendas.

Pensei, quem sabe quando pas-sar a correria de jornalista posso co-locar uma plaquinha na porta de casaescrita “Costureira: Consertos e re-formas de roupas em geral”, a vizi-nhança agradece. Afinal, quem é quenão gosta de uma roupa na medida?E s p a ç o - Cercada de linhas, agulhas e retalhos a jovem produz sua primeira roupa

Foto: Jéssoca Espinosa

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Page 5: Musica sobre cenário musical Amantes do Rock - site.ucdb.br · musicalmente falando”. Nas pa-lavras da estudan te de Psicologia, Jennifer Reis, a cidade se define ... Música é

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Graziela Alberti

5, 4, 3, 2, 1... quadril encaixado,abdômen contraído, ombros para bai-xo mas pra trás, pescoço pra cima. Apa-rentemente simples. Que leia-se bem:aparentemente. Demorei cerca de dezminutos para conseguir assimilar e dei-xar meu “corpo preso”. Quando encai-xava o quadril esquecia do pescoço. Oucontraía o abdômen, mas ficava com apostura do Corcunda de Notre Dame,com os ombros lá embaixo. Mas, carosleitores, relevem o fato da jornalista empotencial que vos fala possuir um pe-queno déficit de atenção, sendo assimesquecia todos os movimentos. Todahora.

Ser bailarina requer postura impe-cável, disciplina, esforço, dedicação ealta concentração. Ah, e sem esquecerde uma capacidade incrível de supor-tar a dor. Dor nos pés, nas costas, nopescoço. Se quiser fazer aulas de Bal-let tenha isso em mente: você vai sen-tir dor em algum momento. Principal-mente quando começar a utilizar a tãotemida sapatilha de ponta. Mas quemjá faz há alguns anos e tem paixão peladança como a bailarina Daniele Mar-ques, minha cunhada e ajudante destamissão jornalística, afirma que vale apena. A compensação é maior que o pédolorido.

Vesti o collant, a meia-calça, o fofãoe a sapatilha de meia-ponta. Tudo comomanda o figurino. Me olhei no espe-lho, me estranhei por um momento eachei até mesmo engraçado como mi-nha protuberância abdominal ficavaum pouco mais evidente com aquelestrajes. Mas resolvi abstrair e me diver-tir com a situação. Claro, levando tudoa sério.

Cheguei no Allegro Estúdio de Dan-ça, um espaço aconchegante e gostosoque fica no bairro Mata do Jacinto, umpouco encabulada e ansiosa. Experiên-cias novas dão aquele friozinho gosto-so na barriga e o Ballet era um ambien-te totalmente inexplorado por mim atéentão.

Lembra daquele exercício borboletaque seu professor de educação físicaexigia em toda aula e que você odiavafazer? Este mesmo. Cinco minutos domesmo já deixam o corpo aquecido epropício para os alongamentos mais es-pecíficos. Dani me ajudou nesta parte.Alongamos os músculos das pernas ejuntamente os dos pés. A queimação

05M o v i m e n t o

Ballet: pela delicadeza dos movimentos

Dançar com dor e sorrir o tempo todo faz parte do dia-a-dia de quem pretende seguir a carreira como bailarina

busca

D a n ç a - Ser bailarina requer postura, disciplina, esforço, dedicação e concentração

nos mesmos é natural e necessária. É si-nal de que o alongamento está funcionan-do e de que sua flexibilidade está sendoexplorada.

Após este processo havia chegado ahora de aprender algumas posições essen-ciais. Da primeira à sexta. Dos pés e dosbraços. Tudo com o bendito “corpo encai-xado”. Os movimentos eram leves, preci-sos e serenos. O mais curioso é que meolhando no espelho ao realizar cada posi-ção me percebi muito delicada. E este, ameu ver, é um dos maiores benefícios que

o Ballet pode trazer a uma mulher:ele a torna graciosa e com ótima pos-tura. E desde o dia de minha expe-riência venho me atentado mais àminha postura, tentando acertá-lasempre que percebo que estou lar-gada. Faz bem ao corpo e à vaida-de.

Estava indo bem, achando rela-tivamente fácil realizar as posiçõesprincipais quando me foram apre-sentados o “pliê” e o “grand pliê”,movimentos de flexão do joelho.

Confesso que nesta hora aflorou umleve receio em mim. Tenho água nojoelho e exatamente por isso o mes-mo dói frequentemente. Às vezesisso me impossibilita de realizar al-guns exercícios mas nada muito sé-rio. Devo dizer que meu pliê foium desastre e o grand pliê ver-gonhoso. Mas foi mais cômicodo que qualquer outra coisa.

Mais para o final da aulafiquei sentada em um cantoda sala apenas observando asmeninas porque estava nahora de aprender uma coreo-grafia nova para a apresenta-ção de final de ano. No mo-mento não havia compreendi-do que era uma coreografianova e isso nem seria possí-vel porque em questão dequinze minutos todas esta-vam executando-a por com-pleto. Com algumas dificul-dades, claro, mas completa.

Então entendi o quão con-centrada uma bailarina deveser. E como é grande seu esforço eforça de vontade. Algumas das ga-rotas reclamavam de dor nos pésmesmo com várias camadas de es-paradrapo fazendo uma coberturacompleta dos mesmos. E ainda as-sim elas dançavam maravilhosa-mente bem. Com uma expressãocompenetrada e leve de quem estáusando sapatos feitos de algodão,não uma sapatilha dura. Linda,com toda certeza. Mas dura.

Ser bailarina não é fácil. Entre-tanto não é de forma alguma im-possível. E naquele dia eu perce-bi, não somente por minha experi-ência, mas através da Sophia, Ka-rina, Vitória, Leila, Daniele e daprofessora Franciane Cabrera oquanto aquilo tudo é compensador.O esforço é máximo com coreogra-fias super elaboradas, movimentoscomplicados, dor nos pés, calos ebolhas. Porém isso tudo é apenasum por cento do que é de fato suagrande paixão. E mesmo parecen-do um pouco “ogra” em torno da-quelas lindas bailarinas senti oamor e a emoção que elas passam acada giro, a cada momento em cimada ponta. É mágico e delicioso po-der mostrar ao mundo todos os sen-timentos possíveis através de algotão incrível quanto a dança.

Foto: Daniele Marques

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Dietas requerem atenção e força de vontade dos que se propõe a fazer para que obtenham resultado a longo prazo

Sacrifícios em prol da beleza levam

jovens a adotar novo estilo de vida

Disciplina faz a diferença

Glaucea Vaccari

A Dieta Atkins é uma dasnovas dietas da moda, bastan-te adotada por celebridades eque promete emagrecimento emum curto espaço de tempo. Aperda de peso prometida va-ria entre 4,5 a 7,5 quilos emduas semanas, podendo vari-ar de acordo com o metabolis-mo de cada pessoa. Com 68,2quilos, testei a dieta para sa-ber se realmente funciona.

O primeiro passo foi pes-quisar. Nos vários resultados,as informações eram muito de-sencontradas, alguns diziamque podia uma coisa e no ou-

tro dizia que não podia. Encontreium grupo de pessoas que faz a die-ta no Facebook e a recomendaçãoera a mesma: leia o livro. De fato, olivro “A nova dieta revolucionáriado Dr. Atkins” é o guia ideal paraquem pretende fazer o regime.

A dieta consiste basicamente emcortar os carboidratos da alimenta-ção. Proteínas e gorduras podem seringeridas a vontade, enquanto oscarboidratos devem ser consumidosno máximo 20 gramas por dia. Se-gundo o livro, quando se corta ocarboidrato, o corpo entra em pro-cesso de cetose, queimando a gor-dura acumulada para usar comofonte de energia.

Os primeiros dias foram maisfáceis, já que não dá para sentirfalta de nada ainda. E também nãoé uma dieta onde se passa fome,pois não limita a quantidade decomida, mas é muito restritiva emrelação ao que comer. Além do car-boidrato alguns ingredientes sãoproibidos, como maltodextrina,frutose, lactose entre outros. Fi-quei meio neurótica com rótulos deprodutos no supermercado, con-sultando ingredientes e tabelasnutricionais para saber o que equanto eu podia comer de cada coi-sa para não ultrapassar os 20 gra-mas de carboidrato.

Depois do segundo dia comecei asentir um pouco de fraqueza e tontu-ra pela manhã. O Dr. Atkins recomen-da que quem fizer a dieta tome umcomplexo vitamínico, já que a restri-ção de alimentos pode restringir tam-bém algumas vitaminas importantes.Não tomei porque só encontrei vita-mínicos caros e que vêm em embala-gens para vários meses. Como só pre-tendia fazer uma semana, optei pornão tomar, mas quem pretende levar adieta por mais tempo deve ter esse cui-dado com a saúde.

Também a partir do terceiro dia co-mecei a sentir falta de doces e até depão, que eu nem costumo comer tan-to. Não aguentava mais comer só car-ne e salada e nesse sentido, aquelemesmo grupo do Facebook ajudoubastante. As pessoas sempre postamreceitas de doces e salgados usandoingredientes permitidos e é de grandeajuda. Uma das sugestões é tomar cafécom manteiga pela manhã, já que agordura é fonte de energia e ajuda nafraqueza que eu citei. Onde eu ia meimaginar tomando café com manteiga?Depois de torcer o nariz umas 40 ve-zes, eu tomei e achei muito gostoso.

O ponto mais difícil foi no quintodia, quando fui a um casamento. En-tre entradas, salgados, doces, bolo e atésorvete fica difícil resistir à tentação.Mas, uma coisa que é primordial nadieta Atkins, é não comer um docinhocom a desculpa de ‘só um não faz mal’,porque quando você ingere acima dopermitido de carboidratos, o corpo saido processo de cetose e precisa de doisdias para voltar. Então, sofri e passeivontade, mas mantive o foco e comiuma saladinha sem graça de alface.

Não é uma dieta difícil de seguir,mas em longo prazo imagino que devaser enjoativo comer sempre as mesmascoisas, com poucas variações. E a per-gunta mais importante: funciona? Sim,funciona. Ao fim de uma semana che-guei a 65,85. Com dois quilos e 350gramas a menos, a dieta Atkins cum-priu o prometido e deu resultado. Se amédia é 4,5kg a menos em duas sema-nas, estou no caminho certo.

Fernando de Oliveira

A dieta de Atkins é baseada no bai-xo consumo de carboidratos, baixo mes-mo, quase zero. Fui desafiado a prati-car essa tortura, segundo as informa-ções sobre a dieta, posso dizer que elaé mágica, pois promete eliminar pelomenos quatro quilos em até um mês.

Todos querem estar no peso ideal,com a saúde em dia, não é mesmo? Co-migo não é diferente, ainda mais por-que preciso, um pouco, mas preciso.Já estava até fazendo planos de vestiraquela camiseta que eu gosto e está aper-tada. O primeiro dia de dieta foi umamaravilha, segui passo a passo as re-gras, estava muito animado.

Em um certo momento, já no segun-do dia, pensei: porque não alinhar adieta a exercícios físicos? Fiz isso, meanimei ainda mais e os planos de ves-tir roupas antigas aumentaram. Mas,sempre tem um “mas”, ainda no segun-do dia, uma pequena recaída aconte-ceu, comi pão, fiquei chateado e estra-

D I E TA

guei tudo, já que estava tudo destruí-do, me programei para recomeçar no diaseguinte e no jantar comi muito arroz.

Carboidratos deixam saudade, nun-ca pensei que fosse ruim viver longedeles assim, ainda chateado pela recaí-da, pensei, posso maneirar nos carboi-dratos, mas aumentar as atividades físi-cas, de nada adiantou. No outro dia,minha vó, quase finalizando o almoço,me chama até a cozinha, quando chegolá, vejo que ela preparou uma macarro-nada, sabemos que macarronada de vóé praticamente irresistível, e claro, alémda carne de acompanhamento, tinha obom e velho arroz, para completar aqueda do soldado, meu pai chega emcasa com refrigerante.

Nesse dia vi que ainda não estavapreparado para uma dieta tão radical as-sim, mas conheço quem teve discipli-na, logo, teve resultado. Estou procu-rando outras formas de eliminar os qui-linhos a mais, mas essa dieta, por maisque seja boa, está eliminada da minhalista.

D e t e r m i n a ç ã o - Jovens adotam medidas drásticas na busca por um corpo perfeito

Foto: http://www.imulher.com

P e r s e v e r a n ç a

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S0706 I n t e r c â m b i o

Trabalho Social um novo olhar para o mundoConheça as perspectivas dos voluntários que deixam sua terra natal para ajudar outras pessoas em lugares distantes do país onde nasceram e que possuem culturas diferentes

Foto: Raimundo Alves Filho

Kimberly Teodoro

Há quase quatro anos me prepara-va para prestar vestibular, sentia o pesoda expectativa, não só a minha, porcolocar à prova os conhecimentos de

anos de estudo, como também ada minha família que sempre viua universidade como o caminhopara um futuro brilhante. Na épo-ca ganhei de uma tia um guia doestudante, uma forma de incenti-vo nessa fase tão importante paraqualquer estudante que conclui oensino médio, e este é um dospresentes dos quais vou sempreme lembrar, pois ela teve o cuida-do de marcar algumas das profis-sões que via como promissoras,jornalismo não estava entre elas.

“Se você não quer exatas, porque então não cursa Direito?” ,“Você vai trabalhar com o que de-pois de formada? Pra ser jornalis-ta nem precisa mais de diploma!”,eram frases que ouvia com fre-

quência depois de anunciar a decisãode ser Jornalista, sem esquecer é claroda opinião mais otimista vinda da mi-nha avó: “Minha neta vai apresentar oJornal Nacional”. Vai com calma vó, serjornalista não é só trabalhar na Globo.Hoje, já na reta final do curso o dis-curso familiar mudou e no lugar deguias do estudante, a aposta é em apos-tilas para concurso público.

Atualmente, eu não culpo nenhumdeles, não é só a teimosia que levoupelos caminhos do jornalismo. A ques-tão é que, citando Zygmunt Bauman:“Eu acredito (e não vejo razão válidapara rever essa crença) que é possívelum mundo diferente e de alguma for-ma melhor do que o que temos agora”.E para um mundo melhor, nós é queprecisamos ser agentes de mudança.Foi no jornalismo que encontrei essapossibilidade, a de dar voz aos invisí-veis, a de conhecer outras pessoas quepodem fazer a diferença, a de contarhistórias que podem mudar o mundoe o poder de nunca deixar de acredi-tar. Jornalismo é uma profissão paraos que de espírito, serão sempre jo-vens. Jornalismo é o eterno caso deamor com a folha em branco. Jornalis-mo é a curiosidade que nunca morre.Jornalismo é a porta que abre sua men-te para o mundo e é principalmente oamor incompreendido por aqueles quenão sentem o mesmo.

Minha intenção era contar mais uma veza história de outras pessoas e o farei, masontem o acaso mais uma vez deu sua opi-nião e decidi que também deveria falar so-bre a esperança de um mundo melhor (queé o agente da história que vem a seguir) eonde a paixão por ser jornalista influencianisso: a questão é que sempre tive vontadede viajar, conhecer outros países, pessoas,cultura e depois dividir isso com outraspessoas de alguma forma. Durante o cursode jornalismo, encontrei a respeito diver-sos livros na biblioteca da universidade quesó reafirmaram isso, entre eles o livro SemPauta, do jornalista Luiz Cesar Pimentel,que além de transmitir suas incríveis ex-periências pelo mundo, chama atenção parapaíses quase invisíveis para a maioria dosestudantes que pretendem realizar intercâm-bio e mostra a riqueza cultural de lugarescomo Índia, China, Vietnã, Tailândia, Ne-pal, entre outros. É através da narrativa deLuiz Cesar que chega a compreensão deque o mundo é muito maior que o trajetode casa até a faculdade, percorrido diaria-mente. A opinião do acaso nessa matéria,foi encontrar esse livro em promoção aopassar por uma livraria na tarde de onteme ao reler, entendi como tudo se encaixoudesde o início.

Foi movida pelas paixões do jornalis-mo, principalmente a curiosidade, a von-tade de conhecer e mudar o mundo, queencontrei a Aiesec e as pessoas que terãosuas histórias contadas nesta matéria.

“Essa gente deve saber quem somos econtar que estivemos aqui”,e é com estecompromisso, expressado por uma cita-ção de Neil Gaiman, sem o menor vestí-gio de imparcialidade (porque odeio sero tipo de pessoa que fica em cima domuro), que começo minha história dosoutros.

Uma história sobre a maior organi-zação formada por jovens do mundo:Aiesec. Achar que podemos mudar omundo, é uma característica dos jovens,fazer alguma coisa para mudar o mundo,é o que diferencia esses jovens. Após ofim da segunda guerra mundial, estudan-tes de sete países europeus deram o pri-meiro passo para a integração de diferen-tes culturas, dando início a AssociationInternationale des Estuiantes en Scien-ces Economiques et Commerciales (Aie-sec), hoje presente em 113 países, pro-movendo através da experiência de inter-câmbio, interação entre estudantes, gover-nos e empresas, para que dessa forma seusmembros desenvolvam seu potencialhumano, se tornem agentes de mudançae causem impacto positivo na sociedade.

Se o objetivo ao contar essa históriafosse resumir a organização em uma úni-ca palavra, eu usaria: liderança. Um ob-jetivo que começa do crescimento indivi-dual de cada um, do trabalho em equipee das responsabilidades assumidas, paraque seja possível mudar o indivíduo,mudar o próprio meio e mudar o mun-

do. Processo que faz parte da construçãoda consciência de Aiesec.

Sem fins lucrativos, o programa de Ci-dadão Global é uma porta para intercâm-bio voluntário, que além da vivência in-ternacional, proporciona a experiência deliderança, desenvolvimento de habilidadesmultifuncionais, responsabilidade social,auto-consciência, pensamentos e açõessustentáveis, buscando sempre a excelên-cia humana.

Por meio do Programa de cidadão glo-bal, a Aiesec traz até Campo Grande pes-soas dispostas a sair da sua zona de con-forto e encarar desafios para construir ummundo melhor. E foi desafiando os pró-prios limites que a história de uma jovemcolombiana, cruzou com a de uma estu-dante de jornalismo do Brasil e com a his-tória de muitos outros jovens engajadosna mesma causa.

Com um espanhol praticamente inexis-tente, vou até o Instituto Sul Matogrossensepara Cegos “Floriano Vargas” (Ismac), ondeencontro minha entrevistada, a colombia-

na Juliana Rios de 18 anos, intercambistada AIESEC. Juliana é uma jovem simpáti-ca, de longos cabelos castanhos, e feiçõesexpressivas, que está no Brasil há poucomais de dois meses e não faz da diferençacultural uma barreira. É capaz de compre-ender meu português e contribuir parameu espanhol em formação.

Acompanho Juliana em seu trabalho noIsmac, onde sou muito bem recebida pelaterapeuta ocupacional Raquel CarolineFantussi, que me explica que para ser aten-dida pelo Ismac, as crianças devem serencaminhadas pelo oftalmologista, tendodeterminado grau de cegueira. Dentro doprojeto os pequenos são atendidos porpsicólogos e recebem atenção de voluntá-rios como Juliana, que contribuem para seudesenvolvimento, proporcionando ativida-des recreativas e educacionais.

Durante o trajeto explico que meu ob-jetivo é mostrar um pouco do trabalhovoluntário que ela realiza no Brasil e abor-dar a perspectiva de alguém que deixouseu país abrindo a mente para uma nova

cultura, se dispondo não apenas a se adap-tar a nossos costumes, mas também a aju-dar com recursos humanos. Nesse novopaís e aos poucos as barreiras comunica-cionais começam a se quebrar, ela me con-ta que é uma pessoa muito sentimental efala sobre o peso que as responsabilida-des assumidas têm sobre seu crescimentopessoal. “Em meu primeiro dia, tive mui-to medo e não sabia o que fazer”, confessaela ao falar sobre o projeto, mas durante aconvivência com as crianças, outros vo-luntários e professores do instituto con-seguiu confiança para atuar de maneira po-sitiva lá dentro. Antes de vir para CampoGrande, Juliana esteve em São Carlos,onde trabalhou em escolas públicas, comadolescentes de 13 a 17 anos.

Juliana conheceu a Aiesec através deum amigo e não demorou a se interessarpelo trabalho da organização, conta queteve total apoio da família e que consi-dera importante a vivência internacio-nal promovida por uma organização decredibilidade. A escolha do Brasil pararealizar seu trabalho voluntário, veio coma imagem positiva que amigos que já vi-sitaram o país passavam sobre nossa cul-tura e nosso povo, depois disso foi sóescolher os projetos em que seu perfilse encaixava, optando por trabalhar comcrianças.

Saindo do Ismac, vamos ao encon-tro do Host (anfitrião) de Juliana, o es-tudante da Universidade Federal deMato Grosso do Sul (UFMS), CaíqueCoelho. O local marcado é a casa quedivide a colombiana. O programa deHost, faz parte das experiências queoferecidas pela Aiesec. “Receber al-guém de outro país é como fazer umintercâmbio sem sair de casa”, contaCaíque, que escolheu ser Host porquepela integração cultural, desenvolveuma segunda língua e contribui parauma mudança positiva na sua comu-nidade. Ao mesmo tempo, diz que re-ceber um intercambista é uma formade crescimento pessoal que vem ao li-dar com as diferenças.

Caíque é membro da Aiesec CampoGrande, um jovem aparentemente sério,que se revela muito simpático à medidaque a conversa progride e que ao mesmotempo transmite todo o profissionalismode um membro que conhece a responsa-bilidade de ser um Aisecer. Ele explicaque para participar do programa de Hosté necessário se inscrever no site da orga-nização, deixando seus dados um mem-bro da Aiesec entra em contato e uma reu-

D e d i c a ç ã o - Colombiana contribui atendendo de forma voluntária no Ismac

nião de alinhamento é marcada, onde ocandidato passa por uma entrevista e sãoesclarecidas dúvidas e estabelecidos com-binados, depois disso o perfil do Host edo intercambista são alinhados, para quea experiência seja a melhor possível.

E apesar de levar a sério a entrevista epassar objetivos e valores da organização,o ambiente é descontraído e é notável aintegração entre intercambista e Host, queformam um vínculo de amizade que pro-vavelmente ficará para a vida toda.

Naquele dia, ao me despedir desses

dois personagens, que agora fazemparte não apenas desta matéria,mas também da minha própria his-tória e passar pelo portão da casaque recebeu de braços abertos a co-lombiana, tive a certeza de que es-tou onde deveria estar, entendi quetodos os motivos que me levarama amar o jornalismo, também sãoos mesmos que levaram até a Aie-sec e que, se tenho esperança deum mundo feito por todos e paratodos, não estou sozinha.

A j u d a - Programa de intecâmbio possibilita o desenvolvimento da responsabilidade social

Pa i x ã o -Jovens buscam projetos para fazer a diferença e contribuir com as mudanças no mundo atual

Foto: Kimberly Teodoro

Foto: Kimberly TeodoroFoto: Kimberly Teodoro

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