mÚsica popular e produÇÃo intelectual nos anos 40

Upload: eduardo-vicente-usp

Post on 07-Apr-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    1/24

    Cadernos de Sociologia publicao do Programa de Mestrado em

    Sociologia do Instituto de Filosofia e Cincias Humanas da Universidade

    Estadual de Campinas, n 2 (jul/dez 1996) Campinas, UNICAMP/IFCH,

    1997 p: 157-172

    MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    Eduardo Vicente

    Abstract:Este texto se prope a analisar de que modo o debate em torno da questo da

    cultura - que teve grande proeminncia no cenrio do pensamento social brasileiro nas

    dcadas de 30 e 40 - se desenvolveu dentro do campo especfico da msica popular.

    Neste sentido, seu autor busca analisar alguns dos textos mais significativos acerca do

    tema publicados, no perodo, por intelectuais vinculados ao regime. Sua concluso a

    de que houve, efetivamente, um esforo destes intelectuais no sentido do direcionamento

    esttico e ideolgico desta forma de expresso popular. O autor sugere, ainda, que a

    atuao destes intelectuais acabou por influir na constituio de um novo gnero

    musical: o Samba-Exaltao, do qual apresenta algumas caractersticas.

    Este texto pretende demonstrar como as preocupaes

    poltico-ideolgicas predominantes durante o Estado Novo (1937-1945) manifestaram-se

    nas relaes dos intelectuais ligados ao regime com a msica popular. importante

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    2/24

    2

    lembrar que, no perodo, a necessidade de consolidao do Estado Nacional tornou-se

    predominante e, em funo disso, as questes relativas cultura e identidade nacionais

    acabaram por assumir particular relevncia. Neste sentido, entendo que foi desenvolvido

    o que pode ser definido como um processo de nacionalizao do popular - uma

    tentativa de disciplinarizao e conduo ideolgica da cultura popular no sentido da

    constituio de uma cultura nacional digna desse nome, que pudesse funcionar como

    fator de coeso poltica do pas e veculo propagandstico do regime.

    Para a realizao de minha anlise, procurei resgatar alguns dos artigos maissignificativos produzidos no perodo acerca do tema. Minha principal fonte de pesquisa

    foi, sem dvida, a revista Cultura Poltica (publicada de mar/1941 a fev/1945), de onde

    extra as longas citaes dos textos de lvaro Salgado (Radiodifuso, fator social) e

    Martins Castelo (O Samba e o Conceito de Trabalho) aqui includas. Mas antes da

    apresentao e discusso dos textos ser necessria uma descrio mais pormenorizada

    do cenrio poltico-ideolgico no qual eles foram produzidos, bem como do aparato

    desenvolvido pelo Estado Novo para sua atuao nas reas de produo musical e

    radiofnica.

    .....................................

    A dcada de 30 caracterizou-se como um momento de

    profundas mudanas polticas e econmicas na vida do pas tendo, por isso, fortes

    reflexos para o desenvolvimento de seu pensamento social. Foi um perodo de grande

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    3/24

    3

    expanso urbana e industrial, no qual o projeto de consolidao do Estado Nacional sob a

    gide de um poder centralizador - imposto tanto pelas novas relaes de fora que se

    estabeleciam no pas como pela prpria conjuntura mundial - assumiu particular

    importncia. Neste contexto, o tratamento que a questo racial vinha recebendo atravs

    das teorias do chamado racismo cientfico - que procuravam justificar as desigualdades

    sociais existentes no pas como consequncia da efetiva desigualdade entre seus povos

    constitutivos - perdeu qualquer viabilidade poltica. O imperativo da unificao nacional

    deveria passar, agora, pela questo da cultura, que tendia a assumir enorme significado.

    Para que possamos compreender melhor as razes pelas quais isto ocorreu, sernecessrio proceder abordagem de alguns aspectos da obra de Gilberto Freyre -

    notadamente Casa Grande & Senzala, de 1934 - que de capital importncia para a

    compreenso do debate intelectual e poltico que se processou no perodo.

    Ao falar sobre a produo dos ensastas brasileiros dos anos

    20 e incio dos anos 30, lide Rugai Bastos afirma que os autores que buscam resposta

    indagao: Afinal, o que o Brasil, que pas este? So marcados pela necessidade de

    discutir o problema da formao, caracterstico da produo intelectual dos pases

    perifricos. (...) Esses trabalhos assumem, no contexto em que foram produzidos, um

    carter imaginrio: procuram inventar a cultura para legitimar a inveno da

    identidade nacional. O autor que conseguir articular estes dois elementos ter decifrado o

    problema de todos e dar o salto para uma nova etapa dos estudos sociais. Tal proeza ser

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    4/24

    4

    realizada por Gilberto Freyre1. O que Freyre fz, em linhas gerais, foi buscar definir a

    nao brasileira a partir de seus aspectos distintivos. Assim, atravs da apresentao de

    uma impressionante coleo de dados acerca dos hbitos e tradies de populaes das

    diferentes regies do pas, Freyre faz emergir a imagem de uma nao onde o negro (e,

    numa certa medida, o indgena) no foi mero coadjuvante no processo de colonizao

    nacional, mo-de-obra inepta sem passado ou vontade mas, ao contrrio, importante

    agente na construo de nossa nacionalidade que, em no poucos casos, demonstrava

    cultura e refinamento superiores aos de seu senhor branco. Freyre cunha, por este

    itinerrio, o mito do negro civilizador, como o ativo colaborador do branco na criaoda nova nao2.

    preciso que captemos com bastante clareza as implicaes

    contidas na obra de Freyre: se o negro foi um elemento fundamental na construo de

    nossa cultura, se sua colaborao marca indelevelmente nossa identidade nacional, ento

    ele est perfeitamente integrado sociedade no havendo, portanto, excluso. Ora, se a

    escravido no foi excludente, a abolio no representou uma ruptura na ordem social e,

    portanto, o surgimento de um dilema. Se as teses racistas da virada do sculo buscavam

    fundamentar no discurso cientfico uma desigualdade que o discurso poltico no mais

    permitia afirmar, Gilberto Freyre opera no sentido oposto. Afirma uma igualdade (ou, ao

    1 BASTOS, Elide Rugai - Gilberto Freyre e a Formao da Sociedade Brasileira - Tese de Doutorado no

    publicada - SP - PUCSP - 19862 Vale acrescentar que Freyre traa um paralelo entre a histria brasileira e a da civilizao helnica -

    conforme relatada por Zimmern - onde os escravos brbaros so vistos como os agentes responsveis pela

    elevao da Grcia ao patamar de civilizao por ela alcanado.

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    5/24

    5

    menos, uma ambiguidade de papis) mesmo no perodo em que a oposio

    senhor/escravo era constitutiva de nossa sociedade.

    por essa via que o mito da democracia racial supera o

    impasse da identidade nacional: constri a viso de um pas unificado sob a gide de uma

    cultura comum a todos brasileiros (e, tambm, detentora de especificidades que a

    distinguem de qualquer outra cultura) e, ao mesmo tempo, afirma a participao de todos

    os segmentos da sociedade na sua criao. No dizer de Renato Ortiz, a obra de Gilberto

    Freyre vai responder a uma demanda social imposta pelo novo momento histrico,oferecendo ao brasileiro uma carteira de identidade (pois...) a ambiguidade da identidade

    do ser nacional forjada pelos intelectuais do sc. XIX no podia resistir mais tempo3. A

    msica - e a cultura popular de um modo geral - assumem, neste contexto, dois papis

    inter-relacionados. O primeiro deles o de levar ao homem comum o discurso ideolgico

    do Estado. O segundo o de fornecer elementos para a construo desta identidade

    nacional. Porm, como isso se processa? Como se opera junto produo cultural das

    classes subalternas esta transposio do popular para o nacional? Este o debate de

    fundo que orienta os artigos sobre msica popular e radiodifuso publicados pela revista

    Cultura Poltica que sero aqui analisados. Notaremos que a preocupao permanente

    ao longo dos textos citados acaba sendo a da disciplinarizao dessa produo e da

    elevao de seu patamar de cultura. Tal preocupao encontra-se associada quilo que

    Elide Rugai Bastos denomina como uma iluso ilustrada, que permeia a obra de

    diversos pensadores do perodo, ou seja, a idia de que precisamos alcanar um nvel de

    3 ORTIZ, Renato - Cultura Brasileira e Identidade Nacional - SP - Brasiliense - 1985

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    6/24

    6

    civilizao que nos torne pares das naes ocidentais4. Portanto, num primeiro

    momento, aceita-se o pas como dotado de uma cultura particular e, portanto, distinta,

    que deve ser assumida integralmente como nica possibilidade de superao de nosso

    atraso (h, neste sentido, todo um discurso nacionalista de recusa ao mimetismo, uma

    crtica imitao (que) envolve a recusa a certo progressismo que nada tem a ver com as

    razes brasileiras5). A seguir, diante do reconhecimento desse atraso, assume-se a

    necessidade de elevar o pas a um nvel de civilizao que este ainda no possui. Neste

    contexto, ao projeto de construo do Estado Nacional assumido pelo governo que se

    instala com a Revoluo de 30 e, de modo ainda mais determinado, pelo Estado Novo,associa-se uma misso civilizadora. Veremos que, dentro deste discurso, a preocupao

    com a elevao de patamar da cultura popular toma, frequentemente, a forma de sua

    miscigenao -entendida aqui no sentido do embranquecimento da contribuio oriunda

    das demais raas.

    II - MSICA POPULAR E RADIODIFUSO

    A importncia da radiodifuso para os interesses do regime

    de Vargas no deve ser menosprezada: num pas de dimenses continentais, malha viria

    precria e com ndices de analfabetismo bastante altos (56,4% da populao adulta em

    1940), o rdio tendia a se tornar, naturalmente, o instrumento privilegiado da propaganda

    4 BASTOS, Elide Rugai - op. cit. - pg. 108

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    7/24

    7

    oficial. Alm disso, deve-se recordar que Getlio no baseou seu poder na estrutura de

    um partido poltico forte. Ao contrrio, extinguiu os partidos (a 2/12/1937) e deu ampla

    importncia a propaganda oficial atravs da criao de um poderoso rgo de

    comunicao social: o DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda (criado pelo

    decreto-lei 1915, de 27/12/1939), encarregado de centralizar, orientar e superintender a

    propaganda nacional6. Posteriormente, a 4/09/1940, foram criados os DEIPs -

    Departamentos Estaduais de Imprensa e Propaganda, encarregados de desenvolver,

    dentro de cada unidade da federao, as atividades determinadas pelo DIP7.

    Coube a Diviso de Rdio do DIP a criao e

    implementao daquele que talvez tenha sido o mais importante veculo ideolgico do

    regime: o programa A Hora do Brasil que, irradiado diariamente das 20:00 s 21:00hs

    em cadeia nacional, levava a todos os pontos do Brasil a certeza de nossa unidade social

    5 IDEM Ibidem - pg. 996 A criao do DIP foi, na verdade, a resultante final das sucessivas reorganizaes porque passaram os

    rgos de comunicao criados pelo regime Vargas desde a Revoluo de 30. Sua trajetria d uma idia

    da importncia que seu governo conferiu a esta rea: o primeiro rgo foi o DOP - Depto Oficial de

    Publicidade, criado a 02/07/31, seu sucessor foi o DPDC - Depto de Propaganda e Difuso Cultural, criado

    a 10/06/34 que, por sua vez foi substituido pelo DNP - Depto Nacional de Propaganda j sob o Estado

    Novo, em 1938, ao qual sucedeu o DIP (conf. GOULART, Silvana - Sob a Verdade Oficial: Ideologia,

    Propaganda e Censura no Estado Novo - RJ - Marco Zero/CNPq - 1990 - pg. 55 a 57)

    7 Para assinalar a estreita relao que se estabeleceu entre muitos dos intelectuais paulistas ligados ao

    Movimento Modernista e o Estado Novo, vale notar que o DEIP de So Paulo contou, ao longo de sua

    existncia, com a presena de Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo e Cndido Motta Filho como seus

    diretores gerais conf. GOULART, Silvana - Sob a Verdade Oficial: Ideologia, Propaganda e Censura no

    Estado Novo - RJ - Marco Zero/CNPq - 1990 - pg. 79

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    8/24

    8

    e poltica8. Alm dos noticirios polticos, constava de A Hora do Brasil um

    programa musical, como parte acessria e ilustrativa do noticirio, porm apresentado

    sempre dentro de normas nitidamente nacionalistas e educativas9. No ano de 1943, por

    exemplo, em 301 irradiaes do programa A Hora do Brasil, foram realizados 52

    programas dedicados a msica popular brasileira10.

    A Diviso de Rdio do DIP exerceu, tambm, ampla

    atividade de censura sobre a produo musical e radiofnica. Apenas em 1940, 370canes e 100 programas de rdio foram vetados total ou parcialmente por seus censores

    11. Alm deste poder de censura, preciso ter em mente que a macia presena estatal

    dentro da economia do pas proporcionava ao DIP meios de atuar diretamente na rea de

    produo fonogrfica, tendo o rgo patrocinado a gravao de discos de diversos

    artistas.

    Em relao a atuao do Estado Novo no mbito da

    radiodifuso o caso da Rdio Nacional merece, sem dvida, uma ateno especial.

    8

    SILVEIRA, Dcio P. in Revista Cultura Poltica n. 20 - out/42 - pg. 146

    9 IDEM, ibidem - pg. 146

    10 Cultura Poltica n. 47 - dez/44 - pg. 271

    11 KRAUSHE, Valter - Msica Popular Brasileira - Brasiliense - SP - 1983 - pg. 42

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    9/24

    9

    Incorporada ao patrimnio da Unio em 8/03/1940 (decreto-lei n. 2073), a rdio teve

    extraordinria importncia tanto para a criao e consolidao de um padro radiofnico

    nacional - ajudando a formar toda uma gerao de msicos populares, tais como Ary

    Barroso, Carmen Miranda, Francisco Alves e Lamartine Babo entre outros - quanto para

    a divulgao de suas obras por todo o territrio nacional e, posteriormente, tambm a

    outros pases (j que a rdio passou a contar, a partir de 31/12/42, com alguns dos mais

    poderosos transmissores de ondas curtas do mundo).

    IV - OS TEXTOS

    A revista Cultura Poltica foi, sem dvida, o mais

    importante veculo impresso de divulgao cultural e poltica e ideolgica do Estado

    Novo. Dirigida por Almir de Andrade ela contou, ao longo de sua existncia com a

    colaborao regular de alguns dos principais intelectuais do regime, como FranciscoCampos, Azevedo Amaral, Lourival Fontes, Rosrio Fusco, etc. Alm disso, tambm

    acabou por publicar artigos de intelectuais das mais diversas tendncias, reunindo nomes

    do porte de Gilberto Freyre, Nelson Werneck Sodr, Cassiano Ricardo, Graciliano

    Ramos, Jos Maria Bello, Brito Broca, Prudente de Moraes Neto e outros12. A revista, de

    periodicidade mensal, teve 48 nmeros publicados, circulando de mar/1941 a fev/1945.

    Na rea de radiodifuso e msica popular seus principais colaboradores foram Dcio

    Pacheco Silveira e Martins Castelo, crticos musicais e produtores de radiofnicos que

    foram responsveis pela seo Rdio daquela revista.

    12 conf. GOULART, Silvana - op. cit. - pg. 89-90

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    10/24

    10

    As posies governamentais acerca de msica e

    radiodifuso so deixadas claras j no primeiro nmero de Cultura Poltica, onde Dcio

    Pacheco Silveira assinala que Se a vastido do territrio nacional no um entrave para

    a evoluo social de nosso povo, , no entanto, certo que a grande extenso de nosso pas

    no deixa de ser, indiscutivelmente, um srio obstculo para que a ao governamental se

    faa sentir em sua plenitude e eficincia, na alta funo de preparar a nacionalidade para

    os seus gloriosos destinos

    13

    . E destaca, ainda, a importncia que o rdio assume do ponto de vista da consolidao dos liames que formam a estrutura social e moral da

    Ptria. Porque, propugnando pelos interesses primordiais da nacionalidade, propaga e

    incentiva o culto da nossa msica, divulga as realizaes da nossa arte, reverencia as

    nossas mais sagradas tradies e enaltece a vida e a obra de nossos grandes homens,

    mostrando, enfim, o Brasil aos brasileiros, o Brasil que se agiganta e se afirma na sua

    punjana, para manter o lugar proeminente no quadro das naes civilizadas do

    planeta14. Temos aqui, portanto, uma ratificao tanto da importncia estratgica do

    rdio como veculo de divulgao oficial, quanto da ideologia nacionalista e civilizadora

    que norteava a ao do Estado. Mas estes pontos j me parecem suficientemente claros. A

    questo que eu quero destacar aquela que se refere ao modo como estes intelectuais

    encaravam a msica popular urbana (caracterizada, basicamente, pelo samba, pela

    13 SILVEIRA, Dcio P. in Revista Cultura Poltica n. 1 - mar/41 - pg. 293

    14 IDEM, ibidem - pg. 294

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    11/24

    11

    marchinha e pelo maxixe) diante de tal postulao ideolgica. Nesta direo, apresento a

    seguir 3 citaes que me parecem bastante interessantes. Na primeira delas, Martins

    Castelo assinala que passando-se em revista as melodias momescas, verificamos a

    pobreza dos motivos, substituidos por um simples trao caricatural e inconsequente. Os

    autores, falando pela boca dos folies, tem apenas a preocupao do amor e da vida fcil,

    conciliados no conformismo das Amlias. E, se o estilo o assunto, as letras refletem a

    mesma preocupao mnima na sua alarmante vulgaridade. Para que tcnica e bom

    gosto? Domina a convico de que os carnavalescos gostam mesmo dos hits inferiores,

    com refres onomatopaicos, exclamativos e monossilbicos

    15

    . Afinal, como jassinalava este mesmo autor em artigo anterior, o rdio d preferncia msica de

    multido. No respeita o bom gosto das camadas mais cultas de sintonizadores. E , de

    fato, aflitivo sermos obrigados a escutar, na rua ou em casa, atravs do receptor do

    vizinho, esses programazinhos de terceira ordem, com msica inferior, imoral e

    dissolvente16. Porm, o que fazer em relao a este tipo de msica? Deve ser, pura e

    simplesmente, eliminado das rdios? lvaro Salgado responde a esta questo com muita

    clareza: Manuel da Nbrega dizia: com a msica eu serei capaz de trazer a mim todos

    os indgenas da Amrica. A nosso turno adiantamos que, outrossim, todos os indivduos

    analfabetos, broncos, rudes de nossas cidades so, muitas vezes, pela msica, atrados

    civilizao.

    15 CASTELO, Martins in Cultura Poltica n. 13 - mar/42 - pg. 292

    16 CASTELO, Martins in Cultura Poltica n. 6 - ago/41 - pg. 331

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    12/24

    12

    De Portugal e da frica vieram, com os colonizadores, a

    saudade, a nostalgia e o sensualismo que domina nas nossas msicas. (...) O negro reagiu

    imediatamente contra o meio social que lhe impuseram: cantou; cantou e danou.

    Nos dias que correm, a msica que reage contra o negro.

    a distilao que ela sofre no alambique da civilizao e do progresso. O sensualismo

    das gentes dos morros torna-se latente por 300 dias. Nos meses, porm, de Janeiro eFevereiro, vem para as ruas, e samba, e grita, e canta, e gesticula, e saracoteia, e ginga,

    num rodopiar, rodar, danar, sapatear, entre a transpirao dos corpos, o cheiro ativo dos

    lana-perfumes e o desbotar das serpentinas e confetes.

    Dia vir, estamos certos, em que o sensualismo que,

    agora, busca motivo e disfarce nas fantasias do Carnaval, seja a caricatura, o fantoche, o

    palhao, o alvo ridculo dessa festa pag. E conclue: Enquanto no dominarmos esse

    mpeto brbaro, intil e prejudicial combatermos no broadcasting o samba, o maxixe,

    a marchinha e os demais ritmos selvagens da msica popular. Seria contrariarmos as

    tendncias e o gosto do povo17.

    17 SALGADO, lvaro F. in Cultura Poltica n. 6 - ago/41 - pg. 84/85

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    13/24

    13

    Gostaria, agora, de me referir

    a um gnero especfico de samba que, sem dvida, constituiu-se numa das preocupaes

    centrais dos censores e crticos ligados ao regime.Este gnero representava, dentro das

    favelas, talvez a principal forma de resistncia a tica do trabalho que se buscava impor.

    Refiro-me, claro, ao samba-malandro, que teve em Wilson Batista um de seus

    representantes mais destacados. A figura do malandro, num meio onde o negro liberto

    tinha de optar entre continuar trabalhando nas mesmas condies que antes, com um

    status formal de cidado, ou reagir a tudo o que o trabalho desqualificado pela prpriaescravido significava, passando a viver na ociosidade e no desregramento18 acabava

    por assumir propores hericas. Em um texto institulado O Samba e o Conceito de

    Trabalho, Martins Castelo tenta dar conta das condies histricas que determinaram o

    surgimento deste gnero musical bem como, na sua viso, da ausncia de motivos para

    sua continuidade: Os nossos autores tem se entregue, na verdade, com excesso, ao

    elogio da vadiagem, exaltao do vagabundo de camisa listrada. Quem no se recorda

    daquela crtica de Sinh ao honesto Claudionor, que, para sustentar a famlia, foi fazer

    fora na estiva, carregando fardos de 60 kgs.? (...) A figura de seu Oscar s apareceu

    mais tarde, com as leis que reconhecem e amparam os direitos do operariado, bem como

    com a derrubada das favelas. Estes dois acontecimentos assinalam, mesmo, uma nova

    etapa na evoluo do samba, que veio respirar um ar diferente da atmosfera dos barraces

    do morro (...). Os versos das favelas significam um estado de esprito que exprime as

    razes histrico-sociais dessas coletividades. O capadcio, o capoeira e o malandro, trs

    18 CARDOSO, Fernando H. - Capitalismo e Escravido no Brasil Meridional - SP - Difel - 1962 - pg. 85

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    14/24

    14

    geraes de desajustados, so o enquistamento urbano do xodo das senzalas no perodo

    imediatamente posterior emancipao dos escravos. Torna-se por isso mesmo lgico,

    nesses grupos humanos, o repdio ao trabalho erigido em norma moral. Desprezando as

    realizaes materiais, fugindo a labuta de sol a sol, mostram-se ainda em oposio ao

    eito. E, por inrcia social, os versos dos netos livres continuaram distilando a amargura

    das existncias sem liberdade.

    Agora, porm, no existe mais motivo para que osmalabaristas da cuca e do tamborim fiquem batendo na fanhosa tecla. O samba desceu as

    ladeiras do morro para o asfalto das avenidas. E a certeza de que o trabalho representa a

    primeira condio humana chegou tambm ao reduto dos compositores19.

    Martins Castelo j destacava, um ano antes, que a Diviso

    de Rdio do Departamento de Imprensa e Propaganda vem realizando, sem

    desfalecimento, uma obra digna de encomios. Probe o lanamento das composies que,

    aproveitando a gria corruptora da lngua nacional, fazem o estpido elogio da

    malandragem20. Mas a censura, por si s, no poderia resolver esta questo, cuja

    soluo estava, para lvaro Salgado, na elevao do nvel artstico e intelectual das

    19 CASTELO, martins - O Samba e o Conceito de Trabalho in Cultura Poltica n. 22 - dez/42

    20 CASTELO, Martins in Cultura Poltica n. 6 - ago/41 - pg. 331

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    15/24

    15

    massas. Isso s se conseguir - acrescenta - muito paulatinamente, porque, em arte,

    como em tudo, o Brasil s muito tarde teve voz ativa. Alis, vimos conseguindo essa

    perfeio em uma marcha lenta, contudo, firme, certa, nacionalista. To mais difcil

    essa evoluo quando cogitamos do tamanho de nossa Ptria to rica e to acolhedora.

    Tudo aqui se aclimata, se ambienta e se integra21.

    Temos ento, a apresentao de um problema e da via para

    a sua soluo. Cabe aqui uma importante observao. Quando o autor sustenta que asupresso do samba intil (porque seria contraria s tendncias e gostos do povo)

    torna claro o seu reconhecimento da importncia constitutiva da herana negra para a

    cultura nacional. Mas, ao afirmar a necessidade de integrao, de elevao do nvel

    cultural e artstico das massas, implicitamente prope a necessidade do

    embranquecimento, da arianizao dessa herana. preciso, portanto, notar que esta

    aceitao da cultura negra no implica, necessariamente, na inexistncia de racismo. O

    que se aceita nesta produo , antes de tudo, sua condio ou, ao menos, sua

    potencialidade de cultura nacional. Continuando a leitura do texto de lvaro Salgado,

    esta circunstncia se apresenta com clareza: O interesse despertado pelo broadcoasting

    fez surgir, entusiasmados, os nossos compositores que, no af da concorrncia, disputam

    a primazia dos favores pblicos. Com a radiodifuso, a poesia dos bares, das confeitarias

    e dos cafs viu fugirem os ltimos poetas bomios - seus amantes, ricos de verve, de

    inspirao e de popularidade.

    21 SALGADO, lvaro in Cultura Poltica n. 6 - ago/41 - pg. 85

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    16/24

    16

    Pobre, essa musa vadia procurou outros espritos que a

    sustentassem. E l se foi, maltrapilha e suja, aos morros, bater porta dos barraces.

    Trouxe, consigo, a mocidade sadia de uma raa incapaz do esprito de Emlio de

    Menezes, mas, soberba de ritmos, de amor e de sofrimento. Substituiu a pena pelo chapu

    de palha e foi, madrugada adentro pelas ruas da cidade, ensaiar seus primeiros sucessos.

    E venceu.22

    Porm, assinala o autor, no lhes abriram logo as portas. O

    estrugir dos ritmos marcantes dos sambas fizeram primeiro vibrar a matria que, depressa

    fatigada, dava lugar a revolta do esprito civilizado ante as harmonias brbaras daquela

    msica.

    Esse choque at hoje se verifica.

    O samba, que traz em sua etmologia a marca do

    sensualismo, feio, indecente, desarmnico e arrtmico. Mas, pacincia: no repudiemos

    esse nosso irmo pelos defeitos que contm. Sejamos benvolos: lancemos mo da

    22 SALGADO, lvaro in Cultura Poltica n. 6 - ago/41 - pg. 85

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    17/24

    17

    inteligncia e da civilizao. Tentemos, devagarinho, torn-lo mais educado e social. E

    acrescenta: Pouco se nos importa de quem seja ele filho... o samba nosso; como ns

    nasceu no Brasil. a nossa msica mais popular. (...) No toleramos os moleques

    peraltas dados a traquinagens de toda espcie. Entretanto, no os eliminamos da

    sociedade: pedimos escola para eles. A marchinha, o samba, o maxixe, a embolada, o

    frevo, precisam, unicamente, de escola23.

    Creio que a soma destes textos sugere que a idia danacionalizao do popular implicava tanto na descaracterizao ideolgica dessa

    produo (como vimos na proposio de Martins Castelo acerca do equvoco dosamba

    malandro), quanto na sua sofisticao formal. Ocorre, assim, uma espcie de

    desapropriao cultural pois, como observa Renato Ortiz, na medida em que a sociedade

    se apropria das manifestaes de cor e as integra no discurso unvoco do nacional, tem-se

    que elas perdem sua especificidade. (...) Ao se promover o samba ao ttulo de nacional, o

    que efetivamente ele hoje, esvazia-se sua especificidade de origem, que era ser uma

    msica negra24. Para este autor, isto pode ajudar a compreender porque, para alguns

    movimentos negros brasileiros o soul (ou, para atualizarmos a questo, o rap) seja um

    gnero melhor para a afirmao de sua negritude do que o prprio samba.

    23 SALGADO, lvaro in Cultura Poltica n. 6 - ago/41 - pg. 85/86

    24 ORTIZ, Renato - op. cit. - pg. 43

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    18/24

    18

    Porm, voltando ao roteiro proposto para o samba por estes

    intelectuais, sabemos que muitos dos sambistas-malandros foram cooptados pelo Estado

    a produzir obras mais compatveis com o iderio oficial, e de fato o fizeram. Porm, estas

    obras, no representaram inovaes formais na produo destes artistas nem se

    constituiram em tendncia permanente25.

    J em relao a outros gneros de samba - e no pretendodiscutir aqui at que ponto a influncia da intelectualidade oficial e do Estado foram

    decisivas para tal - houve, efetivamente, uma mudana qualitativa na produo. Isto se

    deu, tanto em termos formais quanto ideolgicos, atravs do surgimento do chamado

    samba-exaltao que, caracterizado por temtica ufanista e grande sofisticao

    meldica e harmnica, teve na Aquarela do Brasil (1940), de Ary Barroso, seu exemplo

    paradigmtico. Martins Castelo se referia aos artistas que se dedicavam ao gnero como

    compositores conscientes, entre os quais j se esboa uma reao contra os nmeros

    de terceira ordem, fabricados em srie pelos msicos de caixa de fsforos. No h mais

    lugar para o elogio da malandragem, nem existe, de outra parte, a obrigao de se insistir

    no comentrio das tragdias domsticas. (...) Os novos lyrics pem em destaque as

    25 Jos Miguel Wisnik, a esse respeito, aponta para o carter ambguo que o ritmo sincopado empresta ao

    samba e que inviabiliza, por isso, qualquer mensagem afirmativa, como era o caso dos sambas dos

    malandros regenerados - WISNIK, Jos M. e SQUEFF E. - O Nacional e o Popular na Cultura

    Brasileira - SP - Brasiliense - 1982. Tambm a respeito dos sambistas malandros merece destaque o

    trabalho de MATOS, Cludia - Acertei no Milhar - RJ - Paz e Terra - 1982

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    19/24

    19

    vantagens do trabalho. Ou ento, voltando-se para os problemas da atualidade, exaltam a

    polticapanamericanista defendida pelo Presidente Getlio Vargas26.

    Para a produo e divulgao destes novos sambas, a

    Rdio Nacional forneceu dois instrumentos eficazes. Um deles foi sua enorme potncia

    de transmisso, que permitia levar estas obras a todos os cantos do pas, bem como a

    outros pases. O outro foram sua orquestra e arranjadores, principalmente Radams

    Gnatalli e Lrio Panicalli, que forneceram os complexos arranjos instrumentais queemolduraram estes sambas. Vale destacar que, neste processo, tambm a msica de

    cinema teve considervel importncia (o cinema sonoro, importante lembrar, chegara

    ao Brasil em 1929), j que as trilhas sonoras das produes cinematogrficas norte-

    americanas, bem como as bandas de jazz que visitaram frequentemente o pas durante a

    poltica do Goodwill, de Roosevelt, forneceram um importante referencial de

    modernidade musical a nossos arranjadores e compositores.

    O crtico de rdio Pedro Ansio ao descrever, em nov/1943,

    as transformaes pelas quais o samba havia passado nos oferece - em texto que produziu

    para o Boletim dos Servios de Transmisso da Rdio Nacional - uma viso bastante

    interessante de todo o processo de civilizao do samba. Seu texto, a meu ver,

    26 CASTELO, Martins in Cultura Poltica n. 13 - mar/42 - pg. 292

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    20/24

    20

    praticamente sistematiza todas as pretenses oficiais em relao ao tema e o utilizarei,

    por isso, para encerrar o conjunto de citaes que aqui reuni:

    O samba vestia-se pela figura humilde dos regionais simplrios

    - flauta cavaquinho e violo - das serestas dos bairros pacficos, ou pelo porte das escolas

    - coro, tamborim, pandeiros e cucas.

    Ary Barroso comeou a vestir o samba. Tirou-o das esquinas e

    terreiros para lev-lo ao municipal. Ary Barroso vestiu a primeira casaca no samba. Osamba ganhou o smoking da orquestra.

    Radams Gnatalli deu uma orquestra ao samba, a Orquestra

    Brasileira. Nunca o samba chegara a sonhar com uma orquestra assim. E tratado pela

    cultura e bom gosto de Radams, o samba comeou a viajar pelo mundo afora, atravs

    das ondas curtas da Radio Nacional.

    Agora o samba j possui seu lugar definitivo entre as

    msicas populares dos povos civilizados, digno e elegante representante do esprito

    musical de nossa gente indo visitar, pelas emissoras de ondas curtas da Rdio Nacional,

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    21/24

    21

    os lares do mundo inteiro, entrando neles de casaca e cartola, gentleman, rapaz de

    tratamento 27.

    V - CONSIDERAES FINAIS

    Como afirmei na introduo deste artigo, meu objetivo aqui

    foi o de analisar, atravs de textos produzidos no perodo, as preocupaes dos

    intelectuais ligados ao regime estado-novista em relao a msica popular. Neste sentido

    eu fui, ao produzi-lo, movido por uma dupla pretenso. Sob o ngulo da formao do

    pensamento social brasileiro acreditei que, por se dedicar ao estudo de um exemplo

    concreto (no caso, a msica popular), ele poderia fornecer uma boa ilustrao do debate

    intelectual e das concepes ideolgicas que predominaram durante a poca em questo.No contexto de um estudo da msica popular brasileira, ele poderia nos oferecer novos

    ngulos para o estudo de seu desenvolvimento ao longo dos perodos subsequentes ao

    advento do Estado Novo. Neste sentido, indicaes que nos ajudassem a extraordinria

    sofisticao que a msica popular brasileira tem ostentado desde o movimento da Bossa-

    Nova (de meados da dcada de 50), talvez seja devida, em parte, tambm s

    preocupaes civilizadoras que, num certo momento, o Estado e alguns de seus

    intelectuais dedicaram a ela. Creio que a questo no tenha sido, ainda, devidamente

    27 conf. SAROLDI, Luiz C. e MOREIRA, Snia V. in Rdio Nacional: O Brasil em Sintonia - RJ -

    FUNARTE - 1984 - PG. 49-50

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    22/24

    22

    explorada, e acredito que uma reflexo mais atenta sobre o tema possa nos auxiliar a uma

    melhor compreenso dos rumos que a produo musical brasileira tem trilhado nas

    ltimas quatro dcadas.

    BIBLIOGRAFIA

    BASTOS, Elide Rugai - Gilberto Freyre e a Formao da Sociedade Brasileira -

    Tese de Doutorado no publicada - SP - PUCSP - 1986

    CARDOSO, Fernando H. - Capitalismo e Escravido no Brasil Meridional - SP - Difel -

    1962

    CASTELO, Martins - O Samba e o Conceito de Trabalho in Cultura Poltica n. 22 -dez/42

    CASTELO, Martins -Rdio VIin Cultura Poltica n. 6 - ago/41

    CASTELO, Martins -Rdio XIIIin Cultura Poltica n. 13 - mar/42

    CHAU, Marilena - Conformismo e Resistncia - SP - Brasiliense - 1986

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    23/24

    23

    GOLDEFEDER, Miriam - Por Trs das Ondas da Radio Nacional - RJ -

    Paz e Terra - 1980

    GOULART, Silvana - Sob a Verdade Oficial: Ideologia, Propaganda e Censura no Estado

    Novo - RJ - Marco Zero/CNPq - 1990

    KRAUSHE, Valter - Msica Popular Brasileira - Brasiliense - SP - 1983

    MATOS, Cludia - Acertei no Milhar - RJ - Paz e Terra - 1982

    ORTIZ, Renato - Cultura Brasileira e Identidade Nacional - SP - Brasiliense - 1985

    SALGADO, lvaro F. - Radiodifuso, fator socialin Cultura Poltica n. 6 - ago/41

    SAROLDI, Luiz C. e MOREIRA, Snia V. in Rdio Nacional: O Brasil em Sintonia -

    RJ - FUNARTE - 1984

    SILVEIRA, Dcio P. -Radio XXin Revista Cultura Poltica n. 20 - out/42

    SILVEIRA, Dcio P. -Rdio Iin Revista Cultura Poltica n. 1 - mar/41

    TOTA, Antnio Pedro - O Samba da Legitimidade - dissertao de mestrado no

    publicada - SP - USP - 1980

  • 8/4/2019 MSICA POPULAR E PRODUO INTELECTUAL NOS ANOS 40

    24/24

    WISNIK, Jos M. e SQUEFF - O Nacional e o Popular na Cultura

    Brasileira - SP - Brasiliense - 1982