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Naturale fevereiro/março - 2016 2 Mulheres na produção científica Mulheres são apenas 28% das pesquisadoras em todo o mundo A ONU celebrou, pela primeira vez, o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, no dia 11 de fevereiro de 2016. Para a UNESCO, o cenário de desigualda- de precisa de mudanças profundas para promover a participação das mulheres na ciência. A instituição da data foi comemo- rada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Em relatório recente, a agência da ONU revelou que, no mundo, as mulheres representam apenas 28% do conjunto de pesquisadores. O índice se torna menor conforme é avaliada a participação des- se público em posições hierárquicas mais elevadas e atreladas à tomada de decisões. As mulheres também teriam menos acesso a financiamento, redes e cargos de desta- que, conjuntura que as coloca em desvan- tagem para a publicação científica de alto impacto. Outro estudo das Nações Unidas, con- duzido em 14 países, identificou tendências distintas entre homens e mulheres, no que tange à qualificação e formação superiores. Segundo a pesquisa, as probabilidades de uma mulher obter um diploma de bacharel, mestre e doutor em campos relacionados à ciência seriam de, respectivamente, 18%, 8% e 2%. Para os estudantes homens, os valores aumentariam, chegando a 37%, 18% e 6%. Esse cenário “pede mudanças profun- das e duradouras, começando nos primei- ros anos através de uma participação apri- morada das mulheres e meninas na edu- cação para a ciência, nas atividades de pesquisa e treinamento em todos os níveis”, afirmou a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, que convocou governos e parceiros a redobrar seus esforços para empoderar aquelas que desejarem contribuir para o desen- volvimento científico. Segundo a dirigente da agência, o acesso do público feminino à Ciên- cia, Tecnologia, Engenharias e Matemáticas “não pode ser vislumbrado quando mulheres e meninas continuam sendo a maioria das crianças fora da escola e dos jovens e adultos analfabetos. Esse abismo apenas lança sociedades inteiras na penumbra, uma vez que nenhum país pode avançar com apenas metade de sua criatividade, de sua energia e de seus sonhos”. Bokova destacou ainda que a Agenda 2030 só poderá ter suas pro- messas cumpridas caso investimentos no empoderamento feminino sejam feitos, e convoca todos os parceiros e todos os governos a redobrar os esforços nesta ação. “A igualdade de gênero é uma prioridade global na UNESCO e a promoção das mulheres e meninas na ciência encontra-se no coração dessa ação: a instituição do Dia Internacional das Mulheres e Me- ninas na Ciência”, disse. Fonte: ONU MULHERES Brasil. Participação de mulheres e meninas em atividades de pesquisa deve ser estimulada e promovida em todos os níveis, segundo a UNESCO. Foto: WikiCommons (CC) / Argonne National Laboratory / George Joch.

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Naturalefevereiro/março - 2016

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Mulheres na produção científicaMulheres são apenas 28% das pesquisadoras em todo o mundo

A ONU celebrou, pela primeira vez, o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, no dia 11 de fevereiro de 2016. Para a UNESCO, o cenário de desigualda-de precisa de mudanças profundas para promover a participação das mulheres na ciência. A instituição da data foi comemo-rada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

Em relatório recente, a agência da ONU revelou que, no mundo, as mulheres representam apenas 28% do conjunto de pesquisadores. O índice se torna menor conforme é avaliada a participação des-se público em posições hierárquicas mais elevadas e atreladas à tomada de decisões. As mulheres também teriam menos acesso a financiamento, redes e cargos de desta- que, conjuntura que as coloca em desvan-tagem para a publicação científica de alto impacto.

Outro estudo das Nações Unidas, con-duzido em 14 países, identificou tendências distintas entre homens e mulheres, no que tange à qualificação e formação superiores. Segundo a pesquisa, as probabilidades de uma mulher obter um diploma de bacharel, mestre e doutor em campos relacionados à ciência seriam de, respectivamente, 18%, 8% e 2%. Para os estudantes homens, os valores aumentariam, chegando a 37%, 18% e 6%.

Esse cenário “pede mudanças profun- das e duradouras, começando nos primei- ros anos através de uma participação apri- morada das mulheres e meninas na edu-cação para a ciência, nas atividades de

pesquisa e treinamento em todos os níveis”, afirmou a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, que convocou governos e parceiros a redobrar seus esforços para empoderar aquelas que desejarem contribuir para o desen-volvimento científico.

Segundo a dirigente da agência, o acesso do público feminino à Ciên- cia, Tecnologia, Engenharias e Matemáticas “não pode ser vislumbrado quando mulheres e meninas continuam sendo a maioria das crianças fora da escola e dos jovens e adultos analfabetos. Esse abismo apenas lança sociedades inteiras na penumbra, uma vez que nenhum país pode avançar com apenas metade de sua criatividade, de sua energia e de seus sonhos”.

Bokova destacou ainda que a Agenda 2030 só poderá ter suas pro-messas cumpridas caso investimentos no empoderamento feminino sejam feitos, e convoca todos os parceiros e todos os governos a redobrar os esforços nesta ação. “A igualdade de gênero é uma prioridade global na UNESCO e a promoção das mulheres e meninas na ciência encontra-se no coração dessa ação: a instituição do Dia Internacional das Mulheres e Me-ninas na Ciência”, disse.

Fonte: ONU MULHERES Brasil.

Participação de mulheres e meninas em atividades de pesquisa deve ser estimulada e promovida em todos os níveis, segundo a UNESCO. Foto: WikiCommons (CC) / Argonne National Laboratory / George Joch.

Naturalefevereiro/março - 2016

Mulheres cientistasApresentamos aqui algumas mulheres que fazem parte da história cientí-

fica mundial em nome das quais homenageamos a todas as Mulheres.

Hipátia de Alexandria (350-415) Tida como a primeira mulher cientista da história, Hipátia (ou Hipácia) estudou sobre matemática e geometria. Viveu em Alexandria no auge intelectual, artísti-co e científico.

Ada Lovelace (1815- 1852) Inglesa, pioneira nos estudos da compu- tação. Foi a primeira pessoa a ter escrito o primeiro algoritmo pro- cessado por uma máquina. A primeira pro-gramadora da história.

Elizabeth Blackwell (1821-1910) Física ame-ricana que se tornou conhecida por ser a primeira mulher a praticar medicina nos Estados Unidos. Fundou a Universidade Médica da Mulher.

Annie Jump Cannon (1863–1941) A norte- americana, criou um sistema de classificação de estrelas através de seu espectro e compilou mais de 200 mil referên-cias sobre esses astros. Foi a primeira mulher em Oxford a receber o título de doutor honoris.

Mathilde Krim (1926) Citogeneticista italiana realizou estudos sobre os vírus causadores de câncer. Fundou a 'Aids Medical Foundation' em 1982, principal institui-ção de pesquisa sobre a síndrome no mundo.

Marie Curie (1867-1934) Física e química polonesa estudou a radioatividade. Ganhou o Prêmio Nobel de Fí-sica de 1903 e o Nobel de Química de 1911, foi a primeira pessoa a conquistar o Nobel duas vezes e em duas áreas diferentes.

Emmy Noether (1882-1935) Física e matemática alemã rea-lizou pesquisas sobre a Teoria dos Anéis e Álge-bra Abstrata. Elaborou o Teorema de Noether, que explica as relações entre simetria e as leis de conservação da física teórica.

Nise da Silveira (1905- 1999) Psiquiatra brasilei- ra, tratou sobre a crimi- nalidade feminina. Pio-neira na pesquisa sobre o tratamento da doença mental através da arte- terapia, é reconhecida internacionalmente.

Thaisa Storchi Berh-mann (1955) Brasileira, recebeu o prêmio da Unesco 2015 por es-tudos sobre buracos negros. Provou que a matéria também pode escapar desses corpos estelares.

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