mudanca na infraestrutura de transporte brasileira

MUDANAS NA INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE BRASILEIRA Daniele Dalla Barba Borges1

Estela Alves dos Anjos Franciele Mulek

Jean Francisco Zonta Juciany de Assis Endlich

Rafael da Cruz Passos Sabrina Nunes

Thiago Piloneto Saraiva Tatiane Cristiane Carvalho

Marcelo Rogrio Zitta2

RESUMO

Este artigo conceitua a logstica e sua aplicao no cenrio nacional, demonstrando de forma sucinta e esclarecedora as mudanas que ocorreram ao longo dos ltimos anos na infraestrutura de transporte brasileira e as mudanas previstas em curto, mdio e longo prazo. Com o passar do tempo, verificou-se um ntido processo de transferncia das operaes, da iniciativa pblica para a iniciativa privada, como consequncia da deteriorao da capacidade de investimento do setor pblico, resultando em concesses de direitos de explorao e arrendamentos de estruturas de transporte. Demonstra ainda como a logstica uma ferramenta importante e indispensvel para o desenvolvimento do pas e aponta como atravs desse instrumento possvel se tornar uma nao mais competitiva, distribuindo de forma rpida, econmica e segura as cargas a serem transportadas. Aborda tambm a distribuio dos modais na matriz de transporte de carga, onde possvel observar a sobrecarga do modal rodovirio e sua precariedade. Traz ainda informaes que se referem infraestrutura de transporte, de acordo com suas modalidades e acentua suas vantagens e desvantagens, indicando a utilizao da multimodalidade como uma das solues para a matriz de transporte de cargas existente. Por fim, os investimentos previstos se apresentam como insuficientes. extremamente necessrio maiores investimentos no sistema de transportes, proporcionando manuteno das rodovias, restaurando as ferrovias, atendendo a crescente demanda do modal areo e principalmente investir na utilizao de vias navegveis. Desta forma possvel melhorar as condies de vida da populao e tornar o pas cada vez mais competitivo no mercado mundial.

Palavras-chave: Logstica; transporte; infraestrutura; multimodalidade; investimentos.

ABSTRACT

This article conceptualizes the logistics and its application in the national scenario, demonstrating in a succinct andilluminating the changes that occurred over the last year in transportation infrastructure in Brazil and the expected changesin the short,

1 Graduandos do Curso de Administrao das Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba.

Correio Eletrnico: [email protected]

2 Mestre em Educao, Professor das Faculdades Santa Cruz de Curitiba.

Correio Eletrnico: [email protected]

medium and long term. Over time, there was a clear process of transferring the operations of the public initiative to the private sector, as a result of deteriorating ability of public sector investment, resulting in grants of royalties and rentals of transport infrastructure. Also shows how logistics is an important and indispensable tool for the development of the country and shows how using this tool you can become a nation more competitive, delivering quickly, economically and safely the loads to be transported. It also discusses the distribution of the modal matrix of cargo, where it is possible to observe the overhead of the highway and its precariousness. It also brings information that refers to thetransportation infrastructure in accordance with their terms and highlights its advantages and disadvantages, indicating the use of multimodality as a solution to the array of existing freight transportation. Finally, the planned investments are presented as insufficient. It is very necessary major investments in the transport system, providing maintenance of roads, restoring the railroads, given the growing demand for air mode and mainly invests in the use of waterways. Thus it possible to improve the living conditions of the population and make the country an increasingly competitive world market.

Key-words: Logistics, transportation, infrastructure, multimodality, investments.

INTRODUO

O objetivo das empresas destacar-se frente as suas concorrentes, visando modos que as tornem cada vez mais competitivas. Para tal, buscam os recursos mais produtivos para potencializar o seu negcio.

A logstica um processo essencial, onde envolve atividades que facilitam o fluxo dos produtos desde sua origem (aquisio da matria-prima) at seu destino (cliente final). Neste contexto poder ser o diferencial que trar competitividade para as organizaes. importante que as empresas tenham uma logstica eficaz, disponibilizando seus produtos para os clientes de forma a agregar valores como: tempo, lugar, qualidade e informao, promovendo um nvel maior de rentabilidade e melhor servio.

Segundo o Council of Logistics Management (Associao norte-americana para promoo da logstica e cadeia de abastecimento), entidade que agrega milhares de associados nos Estados Unidos e outros milhares em todo o mundo, adaptou a definio de logstica, aps o encontro internacional que foi promovido em Toronto no Canad em outubro (1999) para o texto a seguir:

Logstica a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja, implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens,

servios e informaes relacionadas, do ponto de origem ao ponto de consumo, visando atender os requisitos dos consumidores (CLM, 1999).

De acordo com essa citao, entende-se que com as enormes presses competitivas existentes, aliadas aos altos custos operacionais e administrativos, planejar as atividades envolvidas em todo o processo logstico torna-se fundamental objetivando sempre o melhor atendimento ao consumidor. Portanto, necessrio conhecer todas as etapas do processo, almejando o alinhamento de toda a cadeia. importante lembrar que preciso encontrar solues eficientes no que diz respeito a custos e eficcia na busca dos objetivos organizacionais. Para Martins e Alt (2000, p. 252), esse planejamento inicia no instante em que o cliente resolve transformar um desejo em realidade.

Segundo Filho (2001, p. 26):

No Brasil, a logstica surgiu no inicio da dcada de 80, logo aps a exploso da tecnologia da informao. Surgiram algumas entidades dando enfoque logstica como: ASBRAS (Associao Brasileira de Supermercados), ASLOG (Associao Brasileira de Logstica), IMAM (Instituto de Movimentao e Armazenagem), entre outras, que tinha a difcil misso de disseminar este novo conceito, voltado para as organizaes. (FILHO, 2001, p. 26).

Para Filho (2001), o ponto ainda vulnervel na logstica o capital humano, que apesar do conceito, relativamente novo no Brasil, em funo do pouco tempo, foi menos desenvolvido que as tecnologias. As organizaes chegam ao ponto de ruptura do desenvolvimento por falta destes profissionais. Somente ao final da dcada de 90 surgiram s graduaes e especializaes e at mesmo os cursos de aperfeioamento na rea.

1 INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE

O Brasil o 5 maior pas em rea territorial, com cerca de 8,5 milhes de km. Para percorrer essas distncias geogrficas preciso de uma infraestrutura de transporte adequada. O pas dispe de aproximadamente 2 milhes de quilmetros de rodovias, 50.000 quilmetros de hidrovias, 37 grandes portos, cerca de 4 mil

aeroportos sendo 34 internacionais e 30.000 quilmetros de ferrovias, dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte DNIT- (DNIT, 2011).

De acordo com o Centro de Estudos em Logstica COPPEAD (2010), alm de reduzida disponibilidade de transporte, percebe-se uma baixa qualidade naquela existente. Deste modo, preciso direcionar de forma imediata mais recursos para o desenvolvimento dos modais existentes no pas.

Ainda segundo o COPPEAD (2010), a infraestrutura de transporte disponvel no Brasil significativamente menor do que aquela existente em diversos pases em desenvolvimento e de grandes extenses territoriais.

No Brasil os modais de transporte so regulamentados pela Constituio Federal de 1988, como previsto no artigo 178:

A lei dispor sobre a ordenao dos transportes areo, aqutico e terrestre, devendo, quando ordenao do transporte internacional, observar os acordos firmados pela Unio, atendido o princpio da reciprocidade. (BRASIL, 2011, p.114)

Os modais utilizados no Brasil de acordo com Rodrigues (2004, p. 31), so: rodovirio, ferrovirio, aquavirio, areo e dutovirio.

A tabela 1 demonstra a participao dos modais na matriz de transporte de carga.

Tabela 1: Matriz de transporte de carga

Matriz de Transportes de Cargas Modal Participao (%) Milhes TKU

Rodovirio 61,1 485.625 Ferrovirio 20,7 164.809 Aquavirio 13,6 108.000 Dutovirio 4,2 33.300 Areo 0,4 3.169 Total 100 794.903 Fonte: CNT (Boletim Estatstico CNT, jan/2012)

TKU: Toneladas transportadas por quilmetro til.

Com base na tabela 1 podemos destacar a real utilizao do transporte brasileiro. possvel observar que a situao deste transporte no esta vinculada apenas aos custos operacionais e sim pela sua praticidade, uma vez que temos o modal rodovirio (segundo modal mais caro) como principal meio de transporte de cargas. Um dos fatores que acarreta este custo elevado o fato de que nem sempre os caminhes utilizam sua carga mxima, muitas vezes transitam pelas rodovias em viagens de volta vazio, fruto de uma m administrao logstica de cada empresa que usufrui do transporte brasileiro.

Neste cenrio observa-se tambm a participao dos modais: ferrovirio e aquavirio (ambos modais so mais baratos que o modal rodovirio), o percentual de participao desses dois modais juntos chega a 34,3%, um pouco mais que a metade do modal mais participativo da matriz de transporte. Ainda assim, no o suficiente para suprir as reais necessidades do pas em termos de transporte.

1.1 A IMPORTNCIA DA LOGSTICA NO TRANSPORTE

Parar Bowersox e Closs (2001, p.19), o objetivo da logstica tornar disponvel produtos e servios no local onde so necessrios e no momento em que so desejados. Com isso, pode-se afirmar que a logstica existe para suprir as necessidades dos clientes, porm, as empresas precisam disponibilizar recursos suficientes, para alcanar o nvel desejado de servio a fim de obter mais competitividade.

De acordo com Fleury (2003, p. 247), o transporte representa em mdia 64% dos custos logsticos, 4,3% do faturamento, e em alguns casos, mais que o dobro do lucro. preciso analisar todos os aspectos que possam comprometer sua cadeia produtiva antes de escolher os modais. Neste sentido, segundo Fleury (2002, p.01), estima-se que as organizaes devem levar em considerao tanto aspectos de custos como as caractersticas de servio oferecido pelo modal.

Na medida em que as empresas tratam o transporte como uma ferramenta indispensvel dentro do seu processo logstico, proporcionam aos seus clientes maior confiabilidade no servio oferecido, pois segundo Nazrio (2000, p.128), o servio de

transporte oferecido ao cliente um dos mais significativos, pois as principais exigncias de mercado esto relacionadas pontualidade do servio, a capacidade de oferecer um servio porta a porta, a flexibilidade em relao ao manuseio de grande variedade de produtos e no gerenciamento de riscos associados a roubos, danos e avarias.

2 MUDANAS NA INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE BRASILEIRA

Para Ballou (2001, p.119), o transporte um dos principais elementos que influenciam as composies dos custos logsticos e ainda a movimentao de fretes que absorve entre um a dois teros do total dos custos logsticos.

Neste cenrio importante esclarecer que, para as organizaes, a procura da matriz de transporte que atender suas necessidades, tanto no que tange os custos quanto no nvel de servio oferecido a seus clientes, garantir bons resultados.

Segundo Relatrio do Programa de Acelerao do Crescimento PAC II. (2010), rodovias, ferrovias, aeroportos, portos, hidrovias e aquisio de equipamentos, so aes predominantes do eixo transporte. O intuito de proporcionar ao Brasil uma rede logstica que atenda crescente demanda dos viajantes e das mercadorias. A tabela 2 demonstra quais sero os investimentos relacionados infraestrutura de transporte brasileira.

Tabela 2 Previso preliminar de investimentos do PAC II

EIXOS 2011-2014 PS 2014 TOTAL (bilhes) RODOVIAS 48,4 2,0 50,4 FERROVIAS 43,9 2,1 46,0 PORTOS 4,8 0,3 5,1 HIDROVIAS 2,6 0,1 2,7 AEROPORTOS 3,0 - 3,0 EQUIPAMENTOS PARA ESTRADAS VICINAIS 1,8 - 1,8

TOTAL (bilhes) 104,5 4,5 109,0 Fonte: Relatrio do PAC (2010)

Neste sentido, entende-se que a rea de infraestrutura de transporte de carga e ser um dos grandes obstculos ao crescimento econmico do Brasil. necessria

uma ateno maior para o modal ferrovirio e modal hidrovirio, onde no bastam apenas investimentos iniciais, mas de suma importncia que os empreendimentos sejam mantidos. So necessrias providncias imediatas pelas autoridades governamentais, no sentido de viabilizar e planejar de forma eficiente a cadeia de suprimentos de infraestrutura do transporte.

2.1 MODAL DE TRANPORTE AREO

De acordo com Freitas (2010), aps a revoluo industrial, a necessidade de utilizao de meios de transporte ficou mais intensa, isto fez com que surgissem as locomotivas, posteriormente os automveis e por sua vez o avio. O transporte areo

utilizado para o deslocamento de pessoas e mercadorias. A partir da segunda guerra mundial houve a intensificao do uso dos avies como meio de transporte, pois o mesmo possibilita o deslocamento com maior rapidez independente do local de origem ou o destino final.

O transporte areo um modal gil e recomendado para mercadorias de alto valor agregado, pequenos volumes e encomendas urgentes. competitivo para produtos eletrnicos, como por exemplo, computadores, softwares, telefones celulares, etc., e que precisam de um transporte rpido em funo do seu valor, bem como de sua sensibilidade a desvalorizaes tecnolgicas (KEEDI, 2000, p. 209).

Com isso entende-se que o transporte areo pode levar mercadorias de forma mais rpida e segura. Sua capacidade menor comparada a alguns modais de transporte, porm este pode tornar os produtos, oferecidos pelas organizaes, cada vez mais competitivos atravs dos valores agregados como tempo e informao.

Para Keedi (2000), este tipo de modal apresenta vrias vantagens, incluindo a rapidez na expedio, transporte e recebimento, ideal para transporte de mercadoria com urgncia na entrega. Os aeroportos normalmente esto localizados prximos dos centros de produo, que j se encontram em grande nmero e distribudos praticamente por todas as cidades importantes do mundo ou por seus arredores. Em contra partida seu custo de transporte e de sua infraestrutura elevado em relao aos demais modais.

Segundo a Tecnologstica (2007), esse modal incentivado pelas novas exigncias das exportaes que vem crescendo bastante e por sua relao custo-benefcio. Antes, entre um frete martimo lento e barato e um areo rpido e caro, era fato que se escolhia o primeiro. Porm, com a competitividade, diversos outros fatores so observados antes da questo do valor do frete na escolha de um modal e a alternativa mais cara pode prevalecer.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada IPEA (2011), durante muitos anos, o Brasil no investiu o necessrio em obras de infraestrutura, devido ao baixo crescimento da economia que atingia particularmente o setor de transportes. medida que o Brasil retomou o crescimento econmico, os problemas na infraestrutura de transportes tornaram-se mais intensos.

Ainda neste contexto, as necessidades de investimentos em infraestrutura no modal aerovirio so de carter emergencial, mesmo no considerando os dois grandes eventos que ocorrero no pas em 2014 e 2016, a Copa do Mundo e as Olimpadas respectivamente.

Segundo o relatrio do Banco Nacional do Desenvolvimento - BNDES (2010), a expanso da infraestrutura existente se configura como a necessidade mais urgente do setor. Para solucionar os gargalos identificados, sero necessrios investimentos da ordem de R$ 25 a 34 bilhes, distribudos ao longo dos prximos 20 anos. O BNDS recomenda que tais investimentos sejam estruturados em trs frentes:

aes emergenciais: 13 dos 20 principais aeroportos brasileiros possuem gargalos imediatos que precisam ser solucionados no curtssimo prazo;

medidas estruturantes: para os 20 principais aeroportos so necessrios investimentos de maior porte para poder atender demanda projetada;

medidas pontuais para eventos (Copa do Mundo e Olimpadas): os aeroportos a serem mais utilizados durante a Copa de 2014 e as Olimpadas de 2016 exigem ateno especial.

De acordo com o IPEA (2011), o forte crescimento da demanda nos ltimos anos, sem o respectivo aumento da capacidade operacional dos aeroportos, se reflete no fato de que 14 dos 20 maiores terminais aerovirios funcionaram acima do limite

em 2010. A tabela 03 mostra os investimentos em aeroportos e controle de trfego areo no Brasil entre 2003 e 2010.

Tabela 03 Investimentos em aeroportos no Brasil de 2003 a 2010(valores em R$ milhes constantes de 2010)

Fonte: IPEA (2011)

Ainda segundo o IPEA (2011), visando a Copa do Mundo em 2014, o governo federal assegurou Infraero a disponibilidade de recursos para investir R$ 5,6 bilhes em 13 aeroportos de 2011 a 2014. Isso representa R$ 1,4 bilho ao ano, um valor bem acima que a mdia investida no perodo de 2003 a 2010 (R$ 430,3 milhes) e em 2010 (R$ 645,6 milhes).

Observa-se que a maior parte do investimento aplicado durante 2003 a 2010 (60,9%) deve-se ao oramento fiscal, que foi responsvel por R$ 5,4 bilhes. Somente a Infraero, aplicou R$ 3,4 bilhes durante os oito anos, o que representou 39,1% do total investido. A mdia anual de investimentos da Infraero foi de R$ 430,3 milhes. Constata-se que o investimento da Infraero em 2006 (R$ 766,9 milhes) foi o maior da srie histrica analisada.

Embora os investimentos pblicos no setor areo tenham se elevado de R$ 503 milhes em 2003 para mais de R$ 1,3 bilho em 2010, as informaes sobre as taxas de ocupao dos aeroportos mostram necessidades de investimentos futuros ainda maiores. Desta forma, algumas entidades privadas identificaram e apresentaram uma perspectiva de investimentos futuros exclusivamente em aeroportos como se observa na tabela 04.

Tabela 04 Perspectivas de investimentos em aeroportos

Fonte: IPEA (2011)

Algumas das demandas para o setor de carga area so: o estabelecimento de acordos de cooperao e aliana estratgica com empresas do ramo, para que o setor trabalhe em maior sinergia, a reavaliao das horas disponveis de vo de forma que sejam melhores utilizadas e a acelerao de processos de Lei que geram atrasos na liberao dos investimentos (ABSA, 2007).

Segundo Ballou (1993), o transporte areo tem mostrado um crescimento bem elevado, principalmente aps 1960. Somente entre 1960 e 1982 ele cresceu 517%. um modal que promete crescimento dramtico no futuro, mas ainda assim representa pouco em termos globais, onde nos Estados Unidos, por exemplo, representa 0,2% das toneladas transportadas. Se for analisado pela questo de valor transportado, o transporte areo j salta de ltimo para a segunda posio.

De acordo com o relatrio do PAC II (2010), os investimentos nos aeroportos tm como principal objetivo adequar o pas nova demanda de passageiros, que se encontra em um estgio de crescimento, ampliando ou construindo novos terminais de passageiros e cargas, alm de preparar o Brasil para grandes eventos internacionais.

A garantia da qualidade no atendimento aos viajantes, o aumento da segurana e o aumento da capacidade de armazenagem e distribuio de cargas, tambm so metas serem cumpridas. Segundo o relatrio do PAC II haver empreendimentos como: estruturas modulares para atendimento emergencial de demanda, reformas e construo de pistas, ptio de aeronaves e torres de controle, modernizao tecnolgica de sistemas operacionais (transporte de bagagens), pontes de embarque, entre outros.

A tabela 5 demonstra a quantidade de investimento previsto para cada empreendimento, no total sero 22 empreendimentos em 14 aeroportos, com um custo de 03 bilhes.

Tabela 5 Investimentos previstos para aeroportos pelo PAC II

EMPREENDIMENTOS QUANTIDADE Terminais de passageiros 11 Terminais de passageiros estrutura modular 04 Pista, ptio e torre de controle 05 Estudos e projetos 02

Fonte: Relatrio do PAC (2010)

Neste sentido o intuito garantir atendimento crescente demanda, conforme os padres de segurana e conforto, e ainda fortalecer a estrutura de armazenagem e distribuio de cargas.

2.2 MODAL DUTOVIRIO

De acordo com Bertaglia (2003, p. 287), essa modalidade de transporte compreende a movimentao de gases, lquidos, gros e minrios por meio de tubulaes. possvel identificar diferentes denominaes desta modalidade, muitas vezes referindo-se diretamente ao material que esta sendo movimentado, como gasoduto, quando transporta gases; oleoduto, quando transporta derivados do petrleo.

Neste sentido, o trabalho exigido para este tipo de movimentao bastante grande, uma vez que as linhas de tubos passam por vales, rios, montanhas e mesmo pelo oceano. Os testes so fundamentais antes do incio da operao a fim de evitar vazamentos. necessrio monitorar permanentemente esses dutos durante a vida operacional das tubulaes.

Segundo Bertaglia (2003, p.287):

Conclui que o transporte dutovirio uma forma eficiente e segura de transporte. No Brasil, essa rea tem evoludo, e a busca da segurana primordial para responder a um mercado cada vez mais competitivo. A

adoo de uma automao industrial fundamental para monitorar a eficincia deste tipo de transporte.

Neste contexto, entende-se que o modal dutovirio apresenta um elevado custo de implantao, baixo custo operacional e possui pequena flexibilidade.

Segundo Bowesox e Closs (2001), a natureza de uma dutovia singular, se comparada a todos os outros tipos de transporte. Os dutos operam 24 horas, sete dias por semana, com restries de funcionamento apenas durante a mudana do produto transportado e manuteno. Os dutos apresentam o maior custo fixo e o menor custo varivel entre todos os tipos de transporte. O alto custo fixo resulta do direito de acesso, da construo e da necessidade de controle das estaes, alm da capacidade de bombeamento. Como os dutos no necessitam de mo-de-obra intensa, o custo operacional varivel baixo, aps sua construo. Uma de suas desvantagens que, os dutos no so flexveis e so limitados quanto aos produtos a serem transportados.

O transporte Dutovirio pode ser dividido em: oleodutos: os produtos transportados so em sua maioria petrleo,

gasolina, diesel, lcool, GLP, querosene, nafta e outros; minerodutos: os produtos transportados so sal-gema, minrio de ferro e

concentrado fosftico; gasodutos, cujo o produto transportado o gs natural. Neste sentido, esta modalidade de transporte vem se revelando como uma das

formas mais econmicas de transporte para grandes volumes principalmente de leo, gs natural e seus derivados, especialmente quando comparado com o modal rodovirio e ferrovirio.

Ainda segundo o Ministrio do Transporte (2012), a ANTT articula com as entidades relacionadas rea, visando criao de um cadastro nacional de dutovias, eficiente e seguro, que sirva para orientar suas aes e projetos.

Segundo o relatrio do PAC I e II, no h nenhum investimento neste modal de transporte, e tambm no h previso. Neste contexto, em virtude do descaso por parte do poder pblico para com o modal dutovirio, grande parte dos minrios, combustveis e derivados, acaba por sobrecagarregar o transporte rodovirio.

3.3 MODAL HIDROVIRIO

De acordo com o Ministrio do Transporte (2012), hidrovia, aquavia, via navegvel, caminho martimo ou caminho fluvial so demoninaes sinonmicas. As hidrovias so utilizadas para transportar mercadorias e passageiros em rios, lagos ou lagoas navegveis.

Segundo a Agncia Nacional de Transporte Aquavirio ANTAQ (2008), o Brasil possui cerca de 13 mil km de vias navegveis utilizadas para o transporte de cargas e passageiros, podendo atingir cerca de 44 mil km navegveis, caso seja realizadas obras de infraestrutura em outros 29 mil km de vias naturalmente disponveis.

Para Martinez (2010), as hidrovias so muito teis principalmente para transportar cargas de grandes toneladas a grandes distncias. O transporte hidrovirio bem mais barato comparado ao modal rodovirio e ferrovirio, em termos de custo, capacidade de carga e tambm de menor impacto ambiental. Uma grande limitao do uso de navios de grande porte a infraestrutura porturia que seja capaz de receb-los.

Segundo o Ministrio dos transportes (2010), o transporte hidrovirio contribuiu de forma significativa para a reduo do fluxo de caminhes, o que por sua vez diminui acidente de trnsito e tambm possibilita a reduo dos gastos com manuteno dos corredores rodovirios j saturados.

Segundo Bertaglia (2003, p. 302):

Os investimentos na infraestrutura hidroviria seguramente iro contribuir para a diminuio do custo do frete no escoamento da produo agrcola isso dever aumentar a renda dos produtores brasileiros e a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.

Pode-se afirmar que o transporte hidrovirio vem sendo amplamente discutido em cenrio nacional como uma das tentativas de evitar o caos rodovirio que se aproxima.

Dados da Secretaria dos Portos (2012) mostram que, existem 37 portos pblicos no territrio brasileiro e ainda 42 terminais privados e 03 complexos porturios que so operados sob o regime de concesso.

De acordo com Murilo Barbosa diretor da ANTAQ (2007), apesar de grande potencial da malha hidroviria brasileira, a ausncia de um nvel adequado de investimentos no setor, tem resultado em prejuzos para a viabilidade econmica das vias navegveis, concorrendo para o desbalanceamento da matriz de transporte e para o agravamento das deficincias na intermodalidade com os demais modais.

Ainda segundo o diretor Murilo Barbosa da ANTAQ (2007), o aproveitamento adequado das vias navegveis depende da realizao de obras de infraestrutura, tais como: dragagem; transposio de trechos no navegveis, por meio de eclusas e canais artificiais de transposio; derrocamentos de obstculos naturais; balizamento e sinalizao. Alm das obras de manuteno das condies de navegabilidade da hidrovia, destaca-se a necessidade de investimentos em portos e terminais fluviais intermodais.

De acordo com a ANTAQ (2010), as hidrovias tm cerca de 14% de participao na matriz de transporte de carga. Esta porcentagem despretensiosa comparada com o percentual do modal rodovirio, que tem 61% de participao. Estima-se, que so transportadas pelas hidrovias brasileiras cerca de 45 milhes de toneladas de carga por ano, enquanto o potencial identificado pelo menos quatro vezes maior. Desta maneira possvel afirmar que a ampliao da utilizao do modal hidrovirio agrega benefcios ambientais, econmicos e sociais.

Conforme o relatrio do PAC I (2010), portos e hidrovias so um dos sistemas que recebero ateno do PAC II. Est previsto aes de ampliao, recuperao e modernizao de portos, isto ir contribuir para a reduo dos custos logsticos, o aumento da competitividade, e por sua vez melhorar a eficincia operacional porturia.

A tabela 6 relata os investimentos previstos para cada empreendimento. Est previsto 47 empreendimentos em 21 portos, com o custo de R$ 5,1 bilhes:

Tabela 6 Investimentos porturios previstos pelo PAC

Empreendimentos Quantidade Dragagem de aprofundamento 11 Infraestrutura porturia 24 Inteligncia logstica 05 Terminais de passageiros - Copa 2014 07


Os empreendimentos que sero realizados nas hidrovias buscam melhorar a navegabilidade dos rios brasileiros, para aumentar a segurana de navegao, diminuir o custo de frete desta modalidade de transporte e planejar o crescimento da navegao nos rios brasileiros. A tabela 7 mostra que sero 48 empreendimentos, e o custo previsto de R$ 2,7 bilhes:

Tabela 7 Investimentos previstos para a hidrovia pelo PAC

Empreendimento Quantidade Estruturao de corredores hidrovirios dragagem, derrocagem, sinalizao e terminais de carga. 07

Terminais hidrovirios 34 Estudos hidrovirios 07


Os investimentos iro combinar a expanso das malhas rodovirias, e ferrovirias e sua integrao com portos. Os aeroportos e as hidrovias tornaram a matriz logstica multimodal e menos poluente. Alm disso, haver equipamentos para conservao das estradas vicinais, importantes para o escoamento da produo e para a segurana do trfego nos pequenos municpios.

Simulaes realizadas pelo Plano Nacional de Logstica e Transporte PNLT- (2007), indicaram que a implantao de alguns corredores hidrovirios como a Hidrovia do Teles Pires-Tapajs e a Hidrovia do Tocantins apresentaram elevada viabilidade, com taxas internas de retorno superiores a 18%, mesmo considerando na anlise, apenas a reduo do custo logstico. Benefcios ambientais e socioeconmicos ainda no foram considerados.

Em termos econmicos, a opo hidroviria possibilita a reduo de tarifas e fretes na circulao de pessoas e cargas, potencializando diversas atividades produtivas.

De acordo com o Ministrio dos Transportes (2010), no que concerne ao investimento pblico em hidrovias, observa-se que os montantes tm crescido ao longo desta dcada. Porm, a atual situao ainda reflete o quadro geral de estagnao que perdurou na navegao fluvial brasileira durante os anos 80 e 90. Neste perodo, o

corpo tcnico de planejamento de transportes foi drasticamente reduzido e os nveis de investimento em infraestrutura de transportes despencaram de 2% para menos de 0,4% do PIB, resultando em dotaes oramentrias, insuficiente at mesmo para a manuteno da malha rodoviria existente.

A tabela 8 demonstra os valores investidos nas hidrovias e uma previso at 2014.

Tabela 8 Investimentos em Hidrovias

104273 206

1.236

2.700

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Perodo (R$ milhes)

1995/1998 1999/2002 2002/2006 2006/2010 2011/2014

Valor mdio anual

Investimentos em Hidrovias

Srie1

104273 206

1.236

2.700

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Perodo (R$ milhes)

1995/1998 1999/2002 2002/2006 2006/2010 2011/2014

Valor mdio anual

Investimentos em Hidrovias

Srie1

Fonte: Ministrio do Transporte (2010)

Com relao participao do setor privado, observa-se que o referido setor no foi capaz de compensar as deficincias de investimento do poder pblico, salvo em situaes pontuais, de pequena escala ou em situaes particulares, quando consegue alcanar elevados nveis de eficincia.

Outro obstculo para o desenvolvimento da navegao interior no Brasil o recorrente conflito para garantia do uso mltiplo dos recursos hdricos, em especial decorrentes da construo de empreendimentos hidreltricos sem as obras de transposio desses barramentos. Apesar de considerar a implantao de usinas hidroeltricas como essencial para o desenvolvimento sustentvel do pas fundamental que a expanso hidreltrica no inviabilize o desenvolvimento da navegao interior no Brasil.

Por fim, possvel destacar que o desenvolvimento do setor hidrovirio no Brasil tambm depende da definio e da modernizao das atuais normas vigentes que regulamentam aspectos importantes, tais como o licenciamento ambiental de intervenes hidrovirias, o transporte multimodal e o papel das administraes hidrovirias.

2.4 MODAL FERROVIRIO

De acordo com a ANTT (2012), o modal ferrovirio caracterizado principalmente pela capacidade de transportar grandes volumes com eficincia, em deslocamentos de mdias e grandes distncias, demonstrando maior segurana em relao ao modal rodovirio. Apresenta ainda um pequeno ndice de acidentes e menor incidncia de roubos e furtos. Ainda neste contexto a ANTT (2012) indica quais as cargas tpicas do modal ferrovirio.

produtos siderrgicos;

gros;

minrio de ferro;

cimento e cal;

adubos e fertilizantes;

derivados de petrleo;

calcrio;

carvo mineral e clinquer;

contineres.

Neste cenrio a ANTT (2011), relata que o sistema ferrovirio nacional o maior da Amrica Latina em transporte de cargas, atingindo 162.2 bilhes de TKU.

De acordo com pesquisas realizadas pela Associao Nacional de Usurios do Transporte de Carga ANUT (2010), o nvel de insatisfao dos donos de cargas de 90%, porm o trem o melhor modal para transporte de safras, commodities, insumos agrcolas e minrios. Existem 28 mil km de linhas em operao no pas, mas com amplo espao para expanso. O Plano Nacional de Viao Ferroviria incluiu mais oito mil quilmetros de vias frreas malha nacional. Nesta malha esto: a

Norte-Sul, unindo o Norte e o Sul do pas, a Centro-Oeste, que ligar Gois a Mato Grosso e Rondnia, a Oeste-Leste, entre Ilhus na Bahia e Figueirpolis no Tocantins e por fim a Transnordestina. A meta concluir essas obras at 2013.

De acordo com a Revista Ferroviria (2011), obras como a Transnordestina, a Ferrovia de Integrao Centro-Oeste, a Centro-Atlntica, Carajs (da Vale) e a Norte Sul desenham o novo mapa ferrovirio do Brasil. A Norte-Sul (iniciada nos anos 80 ainda no governo do ex-presidente Jos Sarney) ao longo de seus 2.200 quilmetros ter ligado os estados do Par, Maranho, Tocantins, Gois interligando ainda Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, So Paulo, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. Haver benefcios para a economia e retorno social, os custos sero reduzidos, desafogar o modal rodovirio, alm disso, a competitividade dos nossos produtos ir expandir, a cadeia produtiva aumentar a produo, contratar mais gente, e o consumo interno haver aumento. Com a presena da iniciativa privada na explorao dos servios de transportes principalmente de carga, o modal ferrovirio vem tendo grandes transformaes. Alm dos ganhos financeiros, este modal beneficia tambm a natureza. Um trem de carga com 100 vages tira das estradas aproximadamente 360 caminhes, o que reduz a poluio e diminui os acidentes.

Segundo a Associao Nacional dos Transportadores Ferrovirios ANTF - (2011), a malha ferroviria em operao no Brasil para o transporte de cargas totaliza 28.476 km, divididos em 12 concesses, que esto sob a responsabilidade de 10 concessionrias, sendo 09 delas privadas: Amrica Latina Logstica (Malha norte, oeste, paulista, sul) ALL; Ferrovia Centro-Atlntica; Ferrovia Tereza Cristina; MRS Logstica; Transnordestina Logstica; e Vale.

De acordo com o relatrio do PAC II, haver investimentos no setor de ferrovias, quase 3,5 mil km de obras esto em andamento. Ferrovias como a Norte-Sul e a Nova Transnordestina esto em obras. O objetivo do PAC com essas obras de expandir a malha ferroviria. Esta expanso ocorrera atravs de:

construo de ferrovias de bitola larga;

o desenvolvimento de moderno sistema ferrovirio integrado e de alta capacidade;

ligao de reas de produo agrcola e mineral aos portos, indstrias e mercado consumidor.

O relatrio do PAC II tambm prev a criao de um ambiente competitivo no transporte de cargas, incentivo a utilizao plena da capacidade da infraestrutura, estimular novos investimentos e garantir carteira de projetos para ampliao e melhor utilizao da malha ferroviria, integrada aos demais modais de transporte.

Existem tambm estudos para a viabilidade de trens de alta velocidade, interligando importantes centros urbanos das regies sul e sudeste do pas, proporcionando melhorias relacionadas mobilidade, segurana, tempo e conforto. Esse investimento estima um custo de R$ 46 bilhes:

A tabela 9 demonstra os empreendimentos previstos para otimizar as ferrovias, segundo o relatrio do PAC II.

Tabela 9 Empreendimentos previstos pelo PAC

EMPREENDIMENTO KM EXPANSO 4.696 ESTUDOS 2.985 TREM DE ALTA VELOCIDADE TAV 1.991


Nesse mbito, o DNIT (2010), tem como responsabilidade a elaborao de projetos e obras referentes s linhas frreas e construo de contornos ferrovirios. Com investimentos de mais de R$ 153 milhes para 2010, que ser direcionado a empreendimentos como contornos, viadutos, variantes e adequaes.

2.5 MODAL RODOVIRIO

Segundo Ballou (2001, p. 124) O modal de transporte rodovirio aquele realizado atravs de rodovias por caminhes, carretas, entre outros. Ainda para Ballou (2001) o transporte rodovirio no Brasil teve seu marco na dcada de 50 com o governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira. Neste perodo o setor rodovirio teve um crescimento acelerado com a construo de novas rodovias e o advento da indstria automobilstica que aumentou a demanda deste meio de transporte. A ampliao da

malha rodoviria tornou-se crescente devido ao menor custo de implementao e maior agilidade em relao aos outros modais de transporte.

Neste contexto possvel afirmar que o modal rodovirio indicado principalmente para distribuio aos centros urbanos, na qual as transferncias so feitas em pequenas distncias e h facilidade de ligao com outros modais. Porm, apresenta dentre todos os modais, o maior custo operacional e oferta de servio nas estradas, principalmente nos perodos de entressafra. Esta cadeia logstica de infraestrutura de transporte de carga no Brasil est quase toda sustentada pelo modal rodovirio, pois aquele que tem maior participao.

De acordo com o COPPEAD (2010), embora o valor do frete seja relativamente baixo, o custo para a manuteno dos veculos e das rodovias muito alto, por isso, desde 1993 que as rodovias federais passaram a ser privatizadas, procurando arrecadar recursos para a conservao das demais estradas brasileiras. Com a transferncia das rodovias para o setor privado, cresce o nmero de pedgios, e o consequente aumento do valor das tarifas. Mas por outro lado, as condies de segurana, sinalizao e estado de piso de rodagem so superiores mdia nacional e de outras rodovias que no dispem do sistema de pedgios.

Sabe-se ainda, que o investimento para a construo de cada quilmetro de rodovia relativamente alto. Este custo maximizado devido extenso territorial do pas. Por isso o custo do transporte rodovirio 80% maior do que com outros modais.

Para as rodovias o relatrio do PAC II (2010), prev a construo de quase 8 mil km de rodovias e obras de manuteno em outros 55 mil km. At o primeiro semestre de 2011 acontecero obras de duplicao em alguns trechos das rodovias BR 101 no nordeste e em Santa Catarina, BR-262 e BR-050 (ambas em Minas Gerais) e BR-386 (no Rio Grande do Sul), outros 4.859 km de rodovias esto em fase de construo e pavimentao. Ainda no sistema rodovirio o PAC II, disponibilizar recursos para a compra de equipamentos, como motoniveladoras e retroescavadeiras, para auxiliar na recuperao das estradas do interior do Brasil e, consequentemente, melhorar a produo e a circulao de produtos e mercadorias em 1.299 municpios com at 50 mil habitantes. A previso de gastos com os empreendimentos de

expanso, manuteno e projetos para melhoria nas vias, de R$ 50,4 bilhes. A tabela 10 demonstra os empreendimentos que o PAC II realizar.

Tabela 10 Empreendimentos para as rodovias previstos pelo PAC

EMPREENDIMENTO KM

EXPANSO 7.917 MANUTENO 55.000 PROJETOS 12.636


possvel ressaltar que desde o ano de 2003, foram executados servios de manuteno em 38,1 mil km da malha rodoviria federal, onde neste mesmo ano apenas 18% das rodovias federais foram classificadas como em boas condies para o trfego. Em 2006, a execuo dos servios de manuteno da malha, considerando tambm as obras de restaurao emergencial, alcanou 45,1 mil km. E em 2010, a extenso da malha rodoviria federal sob contratos de manuteno atingiu mais de 53,7 mil km. Foram concludos aproximadamente 2,7 mil km de novas vias. Com a finalidade de realizar o controle de velocidade nos trechos rurais das rodovias e de promover o controle ostensivo de velocidade (barreiras eletrnicas), fiscalizar o avano de sinal vermelho e a parada sobre faixas de pedestres nas reas urbanas das rodovias, foi licitado, em 2010, e esto sendo instalados 2,7 mil equipamentos para monitorar 5,4 mil faixas de trnsito pelo prazo de cinco anos.

Nesse sentido, entende-se que o modal rodovirio est sobrecarregado e por mais que os investimentos em novas rodovias e obras de manuteno sejam constantes, no conseguir desafogar este modal se, em paralelo, investimentos em outros modais no acontecerem. A inteno melhorar a qualidade do modal, pois este o mais utilizado e tambm aquele que facilita o transporte porta-a-porta, onde o objetivo da logstica nas empresas atender o cliente final com eficcia, reduzindo o tempo de entrega e garantindo a integridade do produto.

3 CONCLUSO

Face ao exposto, a cadeia logstica est baseada em uma matriz de transporte de carga onde os modais esto sendo subempregados. Nesta cadeia a participao da hidrovia, praticamente inexistente, o modal rodovirio est saturado, a malha ferroviria apresenta um ineficiente processo de desenvolvimento, o transporte areo pouco utilizado devido ao alto custo e por fim, o modal dutovirio sofre pela baixa diversidade de produtos serem transportados.

Para a Secretaria de Poltica Nacional de Transporte SPNT (2010)3, os baixos nveis de investimento em infraestrutura geram problemas a serem superados.

Neste sentido a SPNT (2010), relata que os problemas nas ferrovias esto relacionados com invases de faixa de domnio, quantidade excessiva de passagens de nvel e tambm uma extenso e cobertura insuficiente da malha. Entende-se que, o gradual crescimento do setor ferrovirio deixou claro o benefcio que este modal trar para a economia quando ele for compatvel com as reais necessidades do pas.

Segundo a Tecnologstica (2007), a participao do modal areo na matriz de transporte do Brasil ainda insignificante, porm quando se fala em produtos mais caros e urgentes, a dependncia do avio de 30% do total de cargas. O modal areo de cargas tem grande capacidade para expanso e fortalecimento. O pas no dispe de aeroportos apropriados para a demanda existente, pois o custo de sua infraestrutura tambm elevado. Sua capacidade de carregamento menor comparado a alguns modais como o hidrovirio e o ferrovirio.

No que diz respeito s rodovias a SPNT (2010) identificou que h nveis insuficientes de conservao e recuperao, dficit de capacidade da malha em regies desenvolvidas, inadequao de cobertura nas regies em desenvolvimento. Compete, portanto ao modal rodovirio suprir as lacunas dos outros modais na matriz de transporte. Por essa razo este modal sofre uma demanda elevada, o que propicia um baixo retorno e que por consequncia induz o operador da modalidade (motorista) a

3A Secretaria de Poltica Nacional de Transporte (SPNT) Promove a articulao das polticas de transportes do governo federal com as diversas esferas de governo e setor privado, com vistas a compatibilizar polticas, aperfeioar os mecanismos de descentralizao e otimizar a alocao de recursos.

oferecer uma baixa eficincia na qualidade do servio prestado. Essa ineficincia se d pela falta de recursos suficientes para a manuteno apropriada dos seus veculos, jornadas de trabalho excessivas e carregamento com sobrepeso, que danifica cada vez mais as condies das vias.

Nos portos a SPNT (2010), relata que h limitaes ao acesso martimo. O modal hidrovirio a chave para a reduo de custo no transporte rodovirio e uma resposta eficiente para a lentido, acidentes e outros percalos que ocorrem nas rodovias brasileiras. Por outro lado os fatores que impedem o crescimento deste meio de transporte so: a impossibilidade de entrega de produtos transportados at seu destino final, a necessidade quase obrigatria de haver uma estrutura multimodal interligando o porto ao destino final da carga e fatores climticos que podem tornar as hidrovias intransitveis em pocas de secas.

Conclui-se ento que em longo prazo, se atitudes voltadas para a infraestrutura do transporte no forem tomadas pelo poder pblico, e o setor privado no der a ateno devida ao assunto, o crescimento do pas ficar limitado e refm das condies precrias na infraestrutura de transporte ora disponvel. Em curto prazo, v-se como soluo o emprego da multimodalidade e da intermodalidade, que apresenta um link entre os modais e por sua vez reduz o custo final dos transportes.

Bertaglia (2003, p.290), define o transporte multimodal como sendo o movimento de cargas que utiliza de maneira combinada diferentes modos de transporte.

Neste sentido a multimodalidade tem vrios benefcios, como a reduo de custos, diminuio no prazo de entrega e otimizao de rotas. As empresas podem compartilhar rotas, potencializando o transporte, fazendo com que o modal opere com carga completa, diminuindo o nmero de viagens, e como consequncia reduzindo os custos e a sobrecarga do modal. Este mecanismo tambm pode ser utilizado de forma reversa, j que o monitoramento de rotas permite o planejamento dos trechos a serem percorridos, fazendo com que o veculo no retorne vazio. O prazo de entrega tambm reduzido j que as entregas so feitas com mais frequncia e com cargas menores, atendendo a demanda do cliente final em menor tempo.

Segundo Bertaglia (2003, p. 30) o processo de distribuio tem sido foco permanente das organizaes, uma vez que os custos nele so elevados e as oportunidades so muitas. Desta forma, entende-se que o maior desafio enfrentado pelas empresas a reduo de custo com transporte e o cumprimento do prazo de entrega estimado. Portanto, sua otimizao o ponto forte para um transporte eficaz dentro da empresa e este o resultado que as empresas buscam.

Para Fleury (2001, p.145) a integrao pode ocorrer entre vrios modais: aqurio-ferrovirio, areo-rodovirio, aqurio-rodovirio, ferrovirio-rodovirio, ou ainda mais de dois modais. Neste contexto para a escolha dos modais a serem utilizados so analisadas as caractersticas do produto que ser transportado, a rota a ser percorrida e o custo da operao. Para que o sistema de transporte no pas seja mais eficiente, investimentos e obras de manuteno so fundamentais em todos os modais, para que assim at mesmo a utilizao da multimodalidade seja explorada e gere os resultados esperados.

Ainda que no haja investimentos suficientes na infraestrutura do transporte brasileiro, a multimodalidade j empregada por diversas empresas, e seu desenvolvimento e crescimento j passa a ser uma soluo para a deficincia dos modais de transporte no Brasil. A infraestrutura do sistema de transporte de carga brasileiro, tal como se encontra, acarreta perda de competitividade.

At o presente momento, no existe uma real soluo para os problemas enfrentados pela estrutura de transporte brasileira de cargas. No h fontes seguras que indiquem que as medidas tomadas solucionaro a ineficincia deste sistema. Visto que a maior parte os investimentos realizados nos ltimos tempos so direcionados ao turismo no pas, como investimentos para atender a Copa do mundo e as Olimpadas que ocorrer no Brasil em 2014. Quanto a investimentos realizados para a construo de novas vias, obras de manuteno, construes de aeroportos, ampliao, recuperao e modernizao do transporte ferrovirio e transporte aqutico, no foram encontradas anlises a respeito que indiquem a proporo dos investimentos e quais as melhorias reais necessrias para que a distribuio dos produtos e servios nacionais seja eficaz.

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mudanca na infraestrutura de transporte brasileira

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