mÉtodos de dosagens usuais dos principais tipos de

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA FILIPE MORAIS BORGES E TARIANNE TAVARES CARREIRO MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE CONCRETO: UMA REVISÃO TEÓRICA Palhoça 2017

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Page 1: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

FILIPE MORAIS BORGES E TARIANNE TAVARES CARREIRO

MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE CONCRETO:

UMA REVISÃO TEÓRICA

Palhoça

2017

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1

FILIPE MORAIS BORGES

TARIANNE TAVARES CARREIRO

MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE CONCRETO:

UMA REVISÃO TEÓRICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia Civil da Universidade

do Sul de Santa Catarina como requisito parcial

à obtenção do título de Bacharel em Engenharia

Civil.

Orientadora: Profª. Heloisa Regina Turatti Silva, Dr.

Palhoça

2017

Page 3: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE
Page 4: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

3

Dedico este trabalho a minha mãe, Nilza Pires

de Morais Borges, meu pai, Miguel Carlos

Borges, minha irmã, Beatriz Morais Borges e

minha namorada, Aline Edi Rogério.

Filipe Morais Borges.

Page 5: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

4

Dedico esse trabalho aos meus pais Italo

Carreiro da Silva e Irlei Tavares dos Santos,

meus irmãos Maicon Tavares Fernandes de

Souza, Bruno Tavares Fernades de Souza e

Thalía Tavares Carreiro, a minha avó materna

Célia Tavares e aos meus avós paternos

Adamásio Carreiro da Silva (in memorian) e

Sueli Augusto Carreiro (in memorian).

Tarianne Tavares Carreiro.

Page 6: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

5

AGRADECIMENTOS - FILIPE MORAIS BORGES

Ninguém vence sozinho, frente a isso, a cada conquista é uma necessidade do ser

humano agradecer. E é por isso, que agora prestes a receber o título de graduado que agradeço.

À Deus pelas benções e graças recebidas.

Aos meus pais, Nilza Pires de Morais Borges e Miguel Carlos Borges, pelo apoio

que sempre me deram, me incentivando a prosseguir os estudos, mesmo quando estava exausto.

À minha irmã, Beatriz Morais Borges e minha namorada Aline Edi Rogério, pelos

momentos em que tiveram que repartir minha atenção com os trabalhos acadêmicos e ainda

assim prevaleceram com paciência e carinho.

A instituição Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL por todo o

crescimento que me proporcionou durante a vida acadêmica universitária, em especial a todos

os mestres que compuseram o corpo docente neste período.

À minha colega de curso, que realizou este trabalho comigo, Tarianne Tavares

Carreiro, que sempre dispôs de muita paciência para entrarmos em consenso no que diz respeito

as diretrizes definidas para o mesmo.

Por fim, agradeço pela disposição da professora Drª. Heloisa Regina Turrati Silva,

que esteve na orientação deste trabalho de conclusão de curso, dispondo de todo seu

conhecimento para nos indicar os melhores caminhos a serem seguidos.

Page 7: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

6

AGRADECIMENTOS – TARIANNE TAVARES CARREIRO

Agradeço primeiramente à Deus, por me dar a vida e por me guiar em todas as

minhas caminhadas.

À Nossa Senhora Aparecida, por todas as graças e por toda proteção.

Aos meus amados pais, que tanto se sacrificaram para me proporcionar a chance de

um futuro melhor, que sempre estiveram presentes me dando apoio e me incentivando para que

eu continuasse. A eles que com toda sabedoria e dedicação me fizeram ser quem sou.

Aos meus irmãos, que se empenharam para suprir minha ausência, que me apoiaram

e torceram por mim todos os momentos.

Ao meu avô Adamásio (in memorian), que sempre me incentivou a estudar, mesmo

não estando presente durante esta caminhada, sei que está ao meu lado todos os dias, que está

olhando por mim. Eu o agradeço por ter feito parte da minha vida e por ter me amado tanto.

À minha avó Sueli (in memorian), que infelizmente a pouco nos deixou, mas que

sempre direcionou a mim muito carinho, dedicação, apoio e principalmente amor. Obrigado por

ter sido minha avó e principalmente minha amiga.

À minha avó Célia, que mesmo distante torce por mim, que sempre que nos vemos

demonstra muito amor e carinho.

As minhas cunhadas, que também me incentivaram e muitas vezes, junto aos meus

irmãos, tentaram suprir minha ausência.

Aos meus amigos e demais familiares, que de forma mais indireta contribuíram para

que eu chegasse até aqui.

Ao meu colega Filipe, por ter sido paciente, dedicado e principalmente por ter

confiado em mim para realizar este trabalho com ele.

Ao corpo docente da Unisul, que através de suas experiências e ensinamentos, me

proporcionaram conhecimento e grande crescimento pessoal.

E por fim, agradeço especialmente a professora orientadora deste trabalho, Drª.

Heloisa Regina Turrati Silva, por disponibilizar um pouco do seu tempo e enorme sabedoria

para nos auxiliar, para que pudéssemos desenvolver um trabalho do qual teríamos orgulho.

Page 8: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

7

“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um

objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas

admiráveis. ” (JOSÉ DE ALENCAR)

Page 9: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

8

RESUMO

Em meio a tantos modelos de dosagens de concreto apresentados por diversos autores, fica

difícil decidir qual usar quando se tem a necessidade de produzir concreto. Com o intuito de

facilitar a escolha do tipo de concreto e o cálculo da dosagem do mesmo, foi desenvolvido este

trabalho, onde reuniu-se o principal método de dosagem dos concretos mais usuais na

construção civil. O trabalho tratou dos diferentes tipos de dosagem dos concretos de acordo

com sua classificação, seja por resistência, nos casos do convencional e do de alta resistência,

ou pela forma como é consolidado em obra, na situação do auto adensável. Apesar de existirem

diversos métodos de dosagens descritos por diferentes autores, optou-se por apresentar somente

as metodologias mais usadas para cada um dos três tipos de concreto. Tal medida se justifica

perante a necessidade de acesso a um material sintetizado, disposto de modo a identificar mais

facilmente como se produz o concreto convencional, o de alto desempenho e o auto adensável.

Além disso, os métodos de execução e aplicação foram dispostos também de acordo com cada

classificação. Por tratar-se de um estudo unicamente teórico, o embasamento prático proveu-se

dos experimentos relacionados às pesquisas realizadas pelos autores de cada método. Os

referidos experimentos práticos são importantes pois comprovam a veracidade sobre a eficácia

do método desenvolvido, no âmbito do desempenho e da consistência que se deseja com o traço.

Os critérios para escolha dos métodos citados no trabalho, partiram da usualidade nos diversos

trabalhos comparativos pesquisados e estudados durante a produção deste.

Palavras-chave: Método. Dosagem. Concreto. Alta Resistência. Auto adensável.

Page 10: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

9

ABSTRACT

With so many models of concrete dosages, presented by several authors, it is difficult to decide

which one to use when there is a need to produce concrete. To facilitate this type of research,

this thesis was developed in order to put together the main method of dosage for the most used

type of concretes in the current civil construction sector. This thesis presents the different types

of concrete dosage according to its classification, either by resistance (conventional and high

performance concrete) or by the way the material is consolidated on site (self-compacting

concrete). Although there are several methods of dosages written by different authors, in this

thesis, only the most used method for each of the three types of concrete is presented. This is

justified by the need to access a synthesized material arranged in an easy way to identify how

conventional concrete, high performance concrete and self-compacting concrete are produced.

Furthermore, the execution and application methods are exposed, also according to each

classification. Since this is a theoretical study, the practical background comes from

experiments related to researches carried out by the authors of each method. The experiments

are important because they prove the efficiency of the developed method within the

performance and the consistency of the concrete recipe. The criteria used to choose the methods

mentioned in this paper was the frequent use of them in many comparative works that were

researched and studied to produce this thesis.

Key-words: Method. Dosage. Concrete. High Performance. Self-compacting.

Page 11: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Experimento de inchamento de areia feito por Helene e Terzian (1995) ............... 22

Figura 2 - Fluxograma do método ABCP de dosagem de concreto ........................................ 35

Figura 3 – Equipamento l-box test ........................................................................................... 58

Figura 4 – Equipamento U-box ............................................................................................... 59

Figura 5 – Equipamentos V-funnel ......................................................................................... 60

Page 12: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

11

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Comportamento do concreto com e sem aditivo .................................................. 25

Gráfico 2 – Curva de Walz ...................................................................................................... 31

Gráfico 3 - Resultado do experimento da UFRGS - método Mehta-Aitcin ............................ 43

Gráfico 4 – Resultado do experimento da UFRGS - método EPUSP/IPT modificado ........... 44

Page 13: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

12

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Funções da “pasta” de acordo com o estado físico do concreto ........................... 21

Quadro 2 –Limites de distribuição granulométrica do agregado miúdo ................................. 23

Quadro 3 – Limites de distribuição granulométrica do agregado graúdo ............................... 24

Quadro 4 – Normas complementares à NBR 12655:2015 ...................................................... 26

Quadro 5 – Classes de agressividade ambiental ...................................................................... 28

Quadro 6 – Correspondência entre classes de agressividade e o concreto .............................. 28

Quadro 7 – Requisitos para o concreto em condições especiais ............................................. 29

Quadro 8 – Consumo de água aproximado (L/m³) .................................................................. 32

Quadro 9 – Volume compactado seco de agregado graúdo por metro cubico de concreto .... 33

Quadro 10 – Proporcionamento de britas ............................................................................... 33

Quadro 11 – Características da areia ....................................................................................... 36

Quadro 12 – Características do agregado graúdo .................................................................... 36

Quadro 13 – Materiais usados no experimento da UFRGS - método EPUSP/IPT ................. 41

Quadro 14 – Materiais usados no experimento da UFRGS - método Mehta-Aitcin ............... 42

Quadro 15 – Resultado do experimento da UFRGS - método Mehta-Aitcin .......................... 42

Quadro 16 – Resultado do experimento da UFRGS - método EPUSP/IPT modificado ......... 43

Quadro 17 – Compostos químicos presentes no cimento Portland e na escória de auto forno 49

Quadro 18 – Aptidões dos ensaios de trabalhabilidade do CAA ............................................ 56

Quadro 19 – Resultados aceitos pela maioria dos autores ...................................................... 60

Page 14: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

13

LISTA DE SIGLAS

ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACI – American Concrete Institute

ASTM – American Society for Testing and Materials

CAA – Concreto auto adensável

CAR – Concreto de alta resistência

CC – Concreto convencional

EPUSP – Escola Politécnica do Estado de São Paulo

INT – Instituto Nacional de Tecnologia

ITERS – Instituto Tecnológico do Rio Grande do Sul

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas

MF – Módulo de finura

NBR – Norma Brasileira Regulamentadora

PCI – Portland Cement Institute

RS – Rio Grande do Sul

SNCF – Société Nationale des Chemins de Fer Français

UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Page 15: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

14

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16

1.1 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 16

1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 17

1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 17

1.2.2 Objetivos específicos ..................................................................................................... 17

1.3 PROBLEMÁTICA ............................................................................................................ 17

1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA ......................................................................................... 18

1.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ........................................................................................ 18

2 DOSAGEM ......................................................................................................................... 20

2.1 CONCEITO ....................................................................................................................... 20

2.2 FATORES DETERMINANTES ....................................................................................... 21

2.2.1 Relação água/cimento ................................................................................................... 21

2.2.2 Agregados ...................................................................................................................... 22

2.2.2.1 Agregados miúdos ....................................................................................................... 22

2.2.2.2 Agregados graúdos ...................................................................................................... 23

2.2.3 Aditivos .......................................................................................................................... 24

2.3 NORMAS REGULAMENTADORAS ............................................................................. 26

3 DOSAGEM DE CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND (CONVENCIONAL) ... 30

3.1 DESCRIÇÃO DO MÉTODO ............................................................................................ 30

3.2 EXECUÇÃO E APLICAÇÃO .......................................................................................... 35

4 DOSAGEM DE CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO OU ALTA

RESISTÊNCIA ................................................................................................................... 38

4.1 DEFINIÇÃO ...................................................................................................................... 38

4.2 VANTAGENS ................................................................................................................... 38

4.3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO ............................................................................................ 38

4.4 PROCEDIMENTOS DA DOSAGEM .............................................................................. 39

4.4.1 Fixação da relação água/materiais secos .................................................................... 39

4.4.2 Cálculo da relação água/aglomerante ......................................................................... 39

4.4.3 Determinação do teor de argamassa (α) ..................................................................... 39

Page 16: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

15

4.4.4 Desdobramento do traço .............................................................................................. 39

4.4.5 Determinação da massa de material pozolânico correspondente à porcentagem

de substituição sobre o volume do aglomerante ........................................................ 40

4.4.6 Dosagem de aditivos redutores de água ...................................................................... 40

5 DOSAGEM DE CONCRETO DE AUTO ADENSÁVEL .............................................. 45

5.1 DEFINIÇÃO ...................................................................................................................... 45

5.2 HISTÓRICO ...................................................................................................................... 45

5.3 VANTAGENS ................................................................................................................... 46

5.4 MATERIAIS CONTITUINTES ....................................................................................... 46

5.4.1 Cimento Portland ......................................................................................................... 47

5.4.2 Adições minerais ........................................................................................................... 47

5.4.2.1 Cinza volante ............................................................................................................... 48

5.4.2.2 Escória granulada de alto forno ................................................................................... 48

5.4.3 Agregados ...................................................................................................................... 49

5.4.4 Aditivos .......................................................................................................................... 50

5.4.4.1 Superplastificantes ....................................................................................................... 51

5.4.5 Água ............................................................................................................................... 51

5.5 MÉTODO DE DOSAGEM – NAN SU ET AL. (2001) ................................................... 52

5.6 ENSAIOS .......................................................................................................................... 55

5.6.1 Slump flow test ............................................................................................................... 56

5.6.2 Slump flow T50 cm test ................................................................................................. 57

5.6.3 L-box test ........................................................................................................................ 57

5.6.4 U-box test ....................................................................................................................... 58

5.6.5 V-funnel test ................................................................................................................... 59

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 61

6.1 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 61

6.1.1 Conclusões gerais .......................................................................................................... 61

6.1.2 Conclusões específicas .................................................................................................. 61

6.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ............................................................. 62

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 63

Page 17: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

16

1 INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA

A partir da década de 1920, houve um grande desenvolvimento da engenharia

nacional e as obras de concreto armado passaram a assumir cada vez maior importância

(HELENE; TERZIAN, 1995). Desde então, o uso do concreto vem se difundido no Brasil, e

hoje prevalece por uma série de fatores, tais como a capacidade de ser moldado em uma

infinidade de formas, oferece boa resistência a compressão, dispor de mão de obra e ser

considerado um material barato.

Com o avanço da engenharia, começou a ser concebido o concreto de acordo com

as necessidades do mercado da construção civil. Surgiram classificações de acordo com suas

novas formas; no âmbito de resistência mecânica, com o concreto de alto desempenho e no que

diz respeito a consistência, criou-se o concreto auto adensável.

Perante tantas formas de aplicação do concreto na construção civil atual, hão

divergências entre suas dosagens e traços, trazendo cada uma sua peculiaridade especifica.

Contudo, para cada tipo de concreto, não há apenas uma forma de dosagem, cada autor dispõe

um método, porém, a base é a mesma. Estipulando essa dimensão, o concreto de cimento

Portland por exemplo, possui ao menos cinco métodos usados no Brasil: ABCP/ACI,

EPUSP/IPT, INT/Lobo Carneiro, ITERS/Petrucci e SNCF/Vallette (BOGGIO, 2000).

Considerando as diversas metodologias de dosagem e tipos de concreto, existe a

problemática da necessidade de se dosar o mesmo em obra. Quais métodos usar, e onde se

aplica melhor cada tipo de concreto, são perguntas que o técnico responsável por um dado

projeto pondera na hora de suas decisões, considerando suas necessidades e recursos.

O conhecimento dos métodos da produção de um material tão comum da construção

civil é necessário para que com os estudos a produção deste possa ser otimizada. A relação entre

as quantidades e as características de cada um dos elementos que constitui o concreto são

capazes de gerar misturas melhores e mais econômicas, considerando as texturas e os tamanhos

dos grãos do agregado, a disposição do fator água-cimento e a utilização ou não de aditivos na

mistura.

Sabe-se da existência de vasta bibliografia sobre dosagens de concreto, descrevendo

detalhadamente todos os métodos, de todos os tipos de concreto. Frente a essa gama de

informações, cabe a necessidade de estudos como essa pesquisa, para que se obtenha uma

Page 18: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

17

informação sintetizada, voltada principalmente a quem está aplicando seus conhecimentos no

mercado de trabalho. Sendo assim, essa pesquisa visa auxiliar estes profissionais trazendo o

principal método de cada um dos três concretos mais comuns na construção civil Brasileira;

concreto de cimento Portland, concreto de alto desempenho e concreto auto adensável.

1.2 OBJETIVO

1.2.1 Objetivo geral

Reunir em uma única obra como o método mais utilizado na dosagem de cada um

dos tipos mais comuns de concreto. Estes são classificados de acordo com seu desempenho,

consistência ou como é executado. Apesar de haver diversos métodos de se dosar o concreto,

por diversos autores, citaremos apenas um para cada concreto, com o intuito de se sintetizar a

obra.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Conceituar dosagem;

b) Definir os fatores que influenciam diretamente a dosagem;

c) Mostrar quais normas regulamentadoras da Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT) regem o assunto e abordar sua vigência;

d) Descrever os métodos utilizados para dosar o concreto de cimento Portland

(convencional), concreto de alto desempenho, concreto auto adensável e

concreto projetado, relatando sobre suas respectivas execuções e aplicações.

1.3 PROBLEMÁTICA

Como já citado previamente, dosagem de concreto é um assunto que dispõe de vasta

bibliografia disponível. Tendo isso em vista, essa pesquisa busca apresentar da maneira mais

sucinta possível o método mais comum dos três concretos mais usuais na construção civil

brasileira, de modo a que se referencie nos experimentos realizados pelos seus respectivos

autores. O acesso a estudos comparativos foi essencial na decisão de quais métodos escolher,

já que assim ficou facilitado observar quais métodos oferecem vantagens. Frente a isso, de

acordo com as relevâncias dos métodos, pode-se escolher e aprofundar nos de maior

Page 19: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

18

importância na execução dos três tipos de concreto citados na pesquisa, o convencional, o de

alto desempenho e o auto adensável.

De modo geral, os métodos visam sempre adaptar as condições disponíveis no

Brasil, no âmbito de manter critérios como o clima local, utilizar materiais fáceis de serem

encontrados e ponderar situações que realmente ocorrem no mercado atual da construção civil.

Buscou-se atenuar quanto as questões normativas, o que vige o assunto no Brasil. Foi explorado

gráficos e tabelas geradas a partir de experimentos realizados pelos autores, para que se pudesse

compreender de forma mais didática os resultados da execução dos métodos. A partir dessa

metodologia, espera-se que a pesquisa seja útil e simples para o entendimento de engenheiros

e acadêmicos engajados no assunto.

1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA

Esta monografia foi organizada em 6 capítulos, divididos na respectiva ordem.

No primeiro capítulo, tratamos da introdução da pesquisa, justificando a sua

importância, retratando seus objetivos, explicando sua estruturação e definindo limitações.

No segundo capitulo, será abordado a dosagem de um modo geral, conceituando-a

e definindo seus componentes; fator agua-cimento, agregados e aditivos. Ainda neste capitulo

entrarão as questões normativas, especificando quais normas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT) apresentam relações com a dosagem de concreto, direta ou

indiretamente.

O terceiro capitulo tratará do concreto de cimento Portland (convencional),

definindo sua dosagem pelo método ABCP/ACI.

O quarto capítulo aborda o concreto de alto desempenho, explicando sua dosagem

por meio do método IPT/EPUSP, e assim como no terceiro capitulo.

No quinto capitulo o concreto auto adensável entrará em pauta, com a dosagem

definida através do método NAN SU ET AL.

Por fim, o sexto e último capítulo apresenta as conclusões, subdivididas em gerais

e específicas.

1.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Esta pesquisa resulta da análise de algumas bibliografias, para que houvesse uma

escolha de quais métodos tratar, de modo a deixá-la o mais simples possível. A consulta de

Page 20: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

19

muitos trabalhos comparativos facilitou a escolha dos métodos mais usuais, bem como os

autores que predominam no âmbito de dosagem de concreto.

O estudo abordou os três tipos de concreto com maior disponibilidade no mercado:

o concreto de cimento Portland (convencional), o concreto de Alto desempenho (CAD/CAR) e

o concreto auto adensável (CAA), tratando do método mais usual de dosagem para cada tipo de

concreto.

O estudo é estritamente bibliográfico, portanto, na ausência de ensaios para avaliar

a funcionalidade de cada método, o embasamento se deu de acordo com o que os autores

referenciados realizaram e testaram em laboratório.

Page 21: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

20

2 DOSAGEM

2.1 CONCEITO

A dosagem do concreto trata do proporcionamento adequado dos materiais

constituintes da mistura, sendo eles: cimento, água, agregados e, em algumas situações,

aditivos. De acordo com RODRIGUES (1998, p.08), o produto dessas proporções deve atender

diretamente os seguintes requisitos: a) trabalhabilidade, no estado fresco; b) resistência, no

estado endurecido; c) boa relação custo-benefício.

Dentro dessas condições, compreende-se a dificuldade de dosar e produzir concreto

e a necessidade da experiência do profissional responsável. Percebe-se também que a qualidade

perante estes requisitos depende diretamente dos recursos e equipamentos disponíveis. Deve-

se levar em consideração a agressividade do ambiente, para que se tenha conhecimento de que

haverá ou não um risco de ataque químico ao concreto.

A demanda de projeto na qual será utilizado respectivo concreto, especificará qual

resistência mínima do mesmo. Normalmente, os projetos solicitam apenas a resistência a

compressão simples, a qual o concreto bem executado responde muito bem. Todavia, existem

os projetos especiais, que demandam ainda resistência aos esforções de trações e as

deformações.

Outro ponto importante, são as condições de cura as quais o concreto executado

está exposto. Na maioria das vezes o concreto não é produzido in loco, ele é feito em uma

concreteira e levado até o local de aplicação. Durante o transporte, já se inicia o processo de

cura do concreto, portanto cabe a consideração deste fator, já que ele afetará diretamente na

trabalhabilidade da mistura na obra.

Perante a dificuldade de avaliar todos os parâmetros para dosar um concreto, tem-

se a necessidade de produzir alguns traços experimentais antes da dosagem final. Diante disso,

é possível fazer algumas correções e facilitar a visualização do traço que harmoniza melhor

com as condições mais importantes a serem atendidas por determinação de projeto.

Page 22: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

21

2.2 FATORES DETERMINANTES

2.2.1 Relação água/cimento

No início do século XX, o engenheiro civil norte-americano, Duff Andrew Abrams,

desenvolveu a partir de suas pesquisas o conceito água-cimento. Abrams tinha como principal

propósito, investigar a influência dos componentes do concreto na resistência final dele a partir

de testes.

Segundo Helene e Terzian (1995, p.232), a relação água cimento é o parâmetro mais

importante do concreto e, por isso, deve ser o primeiro dado a ser considerado na dosagemda

mistura. Depois de definido este valor, a resistência e durabilidade do concreto passam a ser

únicas. Logo, a definição da mesma é o primeiro parâmetro a ser pautado na dosagem do

concreto.

Este parâmetro é a razão entre o peso de água e cimento disposto no referido traço.

Logo, com menor relação água-cimento será produzido um concreto com propriedades de

resistência otimizadas. Tendo isso em vista, há um impasse econômico incumbido no assunto;

quanto mais fluído o concreto, mais cimento será necessário para que se atenda a resistência

desejada, sendo este, o elemento mais caro da mistura, podendo representar até 60% do custo

total.

Porém, o aumento do consumo de cimento não corresponde diretamente a um

aumento de água na mistura para manter a plasticidade constante. A plasticidade do concreto

se dá devido as partículas do cimento, que são muito finas e acabam por exercer a função de

“rolamentos”.

Nos constituintes do concreto, o somatório de água e cimento denomina-se “pasta”,

cujas funções estão dispostas conforme tabela 1.

Quadro 1 – Funções da “pasta” de acordo com o estado físico do concreto

Concreto em estado fresco Concreto em estado endurecido

Envolver os agregados Aglutinar os agregados

Preencher os vazios Conferir impermeabilidade

Promover a trabalhabilidade e fluidez à

mistura

Oferecer resistência mecânica e durabilidade

Fonte: Elaborada pelos autores (2017)

Page 23: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

22

2.2.2 Agregados

2.2.2.1 Agregados miúdos

Estes elementos do concreto são diretamente proporcionais a plasticidade da

mistura, devido a sua elevada área específica. Teores elevados deste material conduzem a

maiores consumos de água e cimento, sendo este o componente de maior custo na mistura.

De acordo com Helene e Terzian (1995, p.226), as características mais importantes

dos agregados miúdos são:

a) granulometria - proporção relativa dos grãos, age na compacidade e resistência

do concreto;

b) módulo de finura - área superficial do agregado. Regula a velocidade da reação

de hidratação;

c) massa unitária – relação entre massa e volume de determinada quantidade de

grãos;

d) massa específica - relação entre a massa de uma porção compactada e o volume

ocupado por ela;

e) aumento de volume - volume de água absorvida pelos agregados; e

f) apreciação petrográfica - conhecimento da natureza dos agregados.

Ainda, a obra de Helene e Terzian (1995, p.227), representa a ação da umidade em

três amostras idênticas de areia no estado seco. A alteração do volume foi apresentada no

experimento conforme figura 1.

Figura 1 - Experimento de inchamento de areia feito por Helene e Terzian (1995)

Fonte: Helene e Terzian (1995, p.227).

AREIA

SECA

UMIDADE

3%

UMIDADE

5%

Page 24: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

23

A norma brasileira regulamentadora NBR 7211 (2009), estabeleceu uma

classificação para os agregados miúdos conforme o material passante nas peneiras, com seus

tamanhos padrões, conforme o quadro 2.

Quadro 2 –Limites de distribuição granulométrica do agregado miúdo.

Fonte: Norma brasileira regulamentadora (NBR) 7211:2009

.

2.2.2.2 Agregados graúdos

Este elemento do concreto dispõe de partículas arredondadas, cúbicas e lamelares

ou alongadas, cada uma com suas peculiaridades. As arredondadas, favorecem a plasticidade

da mistura, porém, a ligação entre matriz-agregado no estado endurecido do concreto é

comprometida. Já as cúbicas, por apresentarem texturas superficiais rugosas e maior área

específica, exigem maior consumo de água no traço. As lamelares acabam precisando de maior

quantidade areia, para que se atinja uma dada plasticidade, o que consequentemente aumenta o

fator água cimento do concreto.

Quanto maior a dimensão do agregado graúdo, menor o consumo de areia, tendo

em vista da sua menor área especifica. A adoção de maiores partículas causaria economia no

consumo de cimento, porém, há uma perda de resistência do concreto endurecido, devido à

menor área de aderência entre a pasta e o agregado. Além disso, concretos dispostos com

Page 25: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

24

agregados graúdos em excesso geram misturas frescas com pouca coesão, causando

dificuldades no lançamento e adensamento.

A norma brasileira regulamentadora, NBR 7211 (2009), estabeleceu os limites da

composição granulométrica do agregado graúdo conforme quadro 3.

Quadro 3 – Limites de distribuição granulométrica do agregado graúdo

Fonte: Norma brasileira regulamentadora (NBR) 7211:2009.

2.2.3 Aditivos

Na construção civil, existem situações onde surge a necessidade de retardar a pega

do concreto, seja para ganhar tempo para execução ou por algum eventual imprevisto. Nesse

contexto, entra o uso dos aditivos, compostos químicos plastificantes. Outra situação rotineira

em obra, da qual os mesmos servem de ferramenta indispensável, é no auxílio de adensamento

em fôrmas pequenas, ou com ferragem muito densa.

Além disso, os profissionais usufruem do uso dos aditivos com a intenção de

tornarem o concreto mais barato, elas reduzem o fator água-cimento, comprometendo a

trabalhabilidade e, para melhorar a consistência, aplica-se um aditivo.

De acordo com Helene e Terzian (1995, p.231), quando se aplica um determinado

aditivo em um concreto deve se levar em consideração três fatores; massa especifica, aspecto e

Page 26: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

25

desempenho, para que, posteriormente o valor real e o desejado sejam avaliados em vista desta

característica, retratando a condição de qualidade da mistura.

Ainda a obra de Helene e Terzian (1995, p.274), apresenta em um gráfico (gráfico

1) que relaciona concretos com aditivos e concretos sem adições, mostrando seu

comportamento frente o consumo de água e cimento com as suas respectivas consistências

(abatimento).

Gráfico 1 – Comportamento do concreto com e sem aditivo.

Fonte: Helene e Terzian (1995, p.274)

O gráfico retrata o consumo de cimento em quilograma por metro cúbico de

concreto, paralelo ao uso ou não de aditivo, representados por C1 e C2 como pontos da curva.

C1 representa o concreto sem aditivos e C2 o concreto com adições, onde podemos observar

um consumo de cimento menor por parte de C2.

Page 27: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

26

2.3 NORMAS REGULAMENTADORAS

Na dosagem de um concreto, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),

recomenda seguir as diretrizes da Norma Brasileira Regulamentadora (NBR) 12655:2015,

intitulada “Concreto de cimento Portland - Preparo, recebimento e aceitação - Procedimento”.

Ela estabelece três requisitos básicos: a) propriedades do concreto fresco e endurecido; b)

composição, preparo e controle do concreto; e c) aceitação e recebimento do concreto.

Existem outras normas que compõe e complementam esta Norma Brasileira

regulamentadora (NBR), bem como representado no quadro 4, em consulta ao catálogo da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Quadro 4 – Normas complementares à NBR 12655:2015

Número Título

ABNT NBR 5732: 1991 Cimento Portland comum

ABNT NBR 5733: 1991 Cimento Portland de alta resistência inicial

ABNT NBR 5735: 1991 Cimento Portland de alto-forno

ABNT NBR 5736: 1991 Cimento Portland pozolânico

ABNT NBR 5737: 1992 Cimento Portland resistente a sulfatos

ABNT NBR 5738: 2003 Concreto – Procedimento para moldagem e cura de

corpos de rpova

ABNT NBR 5739: 2007 Concreto – Ensaios de compressão de corpos de prova

cilíndricos

ABNT NBR 6118: 2014 Projeto de estruturas de concreto – Procedimento

ABNT NBR 7211: 2009 Agregados para concreto – especificação

ABNT NBR 7212: 2012 Execução de concreto dosado em central –

Procedimento

ABNT NBR 7680: 2007 Concreto – Extração, preparo, ensaio e análise de

testemunhos de concreto

ABNT NBR 8953: 2009 Concreto para fins estruturais – Classificação pela

massa específica, por grupos de resistência e

consistência

ABNT NBR 9062: 2006 Projeto e execução de estruturas de concreto pré-

moldado

Page 28: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

27

ABNT NBR 9778: 2005 Argamassa e concreto endurecidos – Determinação da

absorção de água, índice de vazios e massa específica.

ABNT NBR 9833: 2008 Concreto fresco – Determinação da massa específica,

do rendimento e do teor de ar pelo método

gravimétrico.

ABNT NBR 11578: 1991 Cimento Portland composto – Especificação

ABNT NBR 11768: 2011 Aditivos químicos para concreto de cimento Portland

– Requisitos

ABNT NBR 12653: 2014 Materiais pozolânico – Requisitos

ABNT NBR 12989: 1993 Cimento Portland branco – Especificação

ABNT NBR 13116: 1994 Cimento Portland de baixo calor de hidratação –

especificação

ABNT NBR 13956-1: 2012 Sílica ativa para uso com cimento Portland em

concreto, argamassa e pasta – Parte1: Requisitos

ABNT NBR 15577-1: 2008 Agregados – Reatividade álcali-agregado – Parte 1;

Guia para avaliação da reatividade potencial e

medidas preventivas para uso de agregados em

concreto.

ABNT NBR 15823-1: 2010 Concreto auto adensável – Parte 1: Classificação,

controle e aceitação no estado fresco.

ABNT NBR 15823-2: 2010 Concreto auto adensável – Parte 2: Determinação doo

espalhamento e do tempo de escoamento – Método do

cone de Abrams

ABNT NBR 15823-3: 2010 Concreto auto adensável – Parte 3: Determinação da

habilidade passante – Método do anel J

ABNT NBR 15894-1: 2010 Metacaulim para uso com cimento Portland em

concreto, argamassa e pasta – Parte 1: Requisitos

ABNT NBR 15900-1: 2009 Água para amassamento do concreto – Parte

1:Requisitos

ABNT NBR NM 33: 1998 Concreto – Amostragem de concreto fresco

ABNT NBR NM 67: 1998 Concreto – Determinação da consistência pelo

abatimento do tronco do cone

ASTM C1218/C1218M: 2008 Test method for water-soluble chloride in mortar and

concrete.

Fonte: Norma brasileira regulamentadora (NBR) 12655:2015, adaptada pelos autores, 2017.

É na NBR 12655:2015 que são encontrados critérios importantes para o projeto de

dosagem na construção civil, como as classes de agressividade ambiental, fatores estes que são

Page 29: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

28

cruciais na escolha do concreto a ser utilizado em obra. Este fator é definido por meio de tabelas

definidas na norma técnica, conforme quadro 5 e 6.

Quadro 5 – Classes de agressividade ambiental

Fonte: Norma brasileira regulamentadora (NBR) 12655:2015.

O quadro 5 orienta quanto às classificações agressivas do ambiente, para subsidiar

as decisões do projetista. A partir da leitura da mesma, associa-se com a realidade de seu

respectivo projeto, para prosseguir a consulta no quadro 6.

Quadro 6 – Correspondência entre classes de agressividade e o concreto

Fonte: Norma brasileira regulamentadora (NBR) 12655:2015.

Page 30: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

29

Munido da classe de agressividade que atende ao dado projeto, com o quadro 6

pode coletar os fatores da relação água/cimento, a classe do concreto, o consumo de cimento

por metro cúbico, especificado ainda se o concreto será para uso em elementos de concreto

armado, ou para uso em elementos de concreto protendido.

Se o concreto for exposto a situações extremas, tem-se ainda um padrão disposto

pela NBR 12655:2015, representado na tabela 7, que apresenta máxima relação água cimento,

valor de resistência mínima a compressão em Mega Pascal. Tratam de condições com baixa

permeabilidade a água, gelo/degelo e exposição à agua salgada.

Quadro 7 – Requisitos para o concreto em condições especiais.

Fonte: Norma brasileira regulamentadora (NBR) 12655:2015

Page 31: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

30

3 DOSAGEM DE CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND (CONVENCIONAL)

Sendo o concreto mais utilizado em toda a construção civil, o concreto de cimento

Portland, terá sua metodologia de dosagem apresentada a partir do método ABCP/ACI, modelo

americano adaptado as condições brasileiras pela Associação Brasileira de Cimento Portland

(ABCP).

3.1 DESCRIÇÃO DO MÉTODO

Perante uma extensa gama de métodos dispostos nas bibliografias em todo o

mundo, a Associação Brasileira de cimento Portland (ABCP) define seu próprio método, o que

será apresentado nesta pesquisa. A associação baseou-se nos métodos da American Concrete

Institute (ACI) e na Portland Cement Institute (PCI), adaptando-os às condições brasileiras.

Em autoria do engenheiro Públio Firme Rodrigues, o método foi publicado em 1984, sob o

título do estudo técnico intitulado “Parâmetros de dosagem do concreto”. Nesta metodologia,

deve-se obrigatoriamente executar uma mistura experimental com o intuito de verificar se as

quantidades desejadas foram atingidas (RODRIGUES, 1998, p.16).

O método preocupa-se diretamente com a trabalhabilidade do concreto, através do

domínio das informações relativas a ele, como citadas nos itens abaixo, do estudo técnico do

engenheiro Públio Firme Rodrigues:

a) materiais:

- massa especifica e resistência do cimento empregado;

- massa especifica e Análise granulométrica dos agregados;

- massa unitária compactada do agregado graúdo.

b) concreto:

- dimensão máxima característica admissível;

- consistência do concreto fresco (Slump Test);

- resistência à dosagem do concreto.

Alcançando o domínio dessas informações, fixa-se o fator água-cimento. Esta

relação é definida a partir de parâmetros do projeto, como durabilidade e resistência mecânica.

Quanto a durabilidade, o fator água-cimento pode ser determinada com o apoio da NBR

12655:2015, disposta no quadro 6. Já para efeito de resistência, pode-se utilizar a Curva de

Walz, uma aproximação da Curva de Abrams, conforme disposto no gráfico 2.

Page 32: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

31

Gráfico 2 – Curva de Walz

Fonte: Rodrigues (1998, p.18)

Após concluída esta etapa, determina-se uma aproximação para o consumo de água

do concreto. Há uma ligação direta com as características dos materiais utilizados,

principalmente dos agregados, sendo que normalmente os de superfície mais lisa e formas mais

arredondadas diminuem o consumo de água. Frente a heterogeneidade dos materiais

disponíveis no Brasil, é praticamente impossível dimensionar a quantidade por um método

matemático. Sendo assim o desenvolvedor do método criou uma tabela (quadro 8) que relaciona

o consumo de água, com o tamanho dos grãos dos agregados, a partir de experimentos medidos

com o abatimento do cone.

Page 33: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

32

Quadro 8 – Consumo de água aproximado (L/m³)

Abatimento do tronco

do cone (mm)

Dimensão máxima característica do agregado graúdo

9,5 mm 19,0 mm 25,0 mm 32,0 mm 38,0 mm

40 a 60 220 195 190 185 180

60 a 80 225 200 195 190 185

80 a 100 230 205 200 195 190

Fonte: RODRIGUES, 1998, p.20.

Estimado o consumo de água, calcula-se o consumo de cimento, por meio de uma

relação simples,

𝐶 =𝐶𝑎

𝑎/𝑐 (eq.1)

Sendo,

C= consumo de cimento

𝐶𝑎= consumo de água

a/c= fator agua-cimento.

O consumo de agregados, é dado após as quantidades de água e cimento serem

definidos, portanto, se dão perante o volume necessário faltante para compor 1 metro cubico de

concreto. Porém, vale a ressalva de que os agregados são compostos por miúdo e graúdo,

necessitando cuidados no proporcionamento de cada um.

Segundo a ABCP, relaciona-se o teor ótimo de agregado graúdo com sua dimensão

máxima característica e do módulo de finura (MF) de areia. A partir de experimentos, foi

desenvolvido um quadro onde se obtém diretamente o consumo estimado de agregado graúdo,

representado no quadro 9 (RODRIGUES, 1998, p.21 e 22).

Page 34: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

33

Quadro 9 – Volume compactado seco de agregado graúdo por metro cubico de concreto.

MF 𝐷𝑚á𝑥(mm)

9,5 19,0 25,0 32,0 38,0

1,8 0,645 0,770 0,795 0,820 0,845

2,0 0,625 0,750 0,775 0,800 0,825

2,2 0,605 0,730 0,755 0,780 0,805

2,4 0,585 0,710 0,735 0,760 0,785

2,6 0,565 0,690 0,715 0,740 0,765

2,8 0,545 0,670 0,695 0,720 0,745

3,0 0,525 0,650 0,675 0,700 0,725

3,2 0,505 0,630 0,655 0,680 0,705

3,4 0,485 0,610 0,635 0,660 0,685

3,6 0,465 0,590 0,615 0,640 0,665 Fonte: Rodrigues (1998, p.22)

Na realização desses experimentos, a ABCP observou que a mistura de dois

agregados diminuía os volumes de vazios, o que causa um impacto econômico interessante no

concreto, em vista da redução do consumo de cimento. Frente a isso, foi dimensionado um

proporcionamento das misturas de britas, conforme quadro 10.

Quadro 10 – Proporcionamento de britas

Britas utilizadas Proporção

B0, B1 30% B0 e 70% B1

B1, B2 50% B1 e 50% B2

B2, B3 50% B2 e 50% B3

B3, B4 50% B3 e 50% B4 Fonte: Rodrigues (1998, p.23)

Por fim, o consumo de agregado miúdo se dá a partir da subtração do volume de

água, cimento e agregado graúdo de 1m³ de concreto como disposto na fórmula abaixo:

𝑉𝑚 = 1 − (𝐶

𝜌𝑐+

𝐶𝑏

𝜌𝑏+

𝐶𝑎

𝜌𝑎) (eq.2)

Onde:

𝑉𝑚=volume de agregado miúdo, em m³;

𝐶= consumo de cimento, em kg;

𝜌𝑐 = massa especifica do cimento, em kg/m³;

𝐶𝑏= consumo de agregado graúdo, em kg;

𝜌𝑏= massa especifica do agregado graúdo, em kg/m³;

Page 35: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

34

𝐶𝑎= consumo de água, em kg;

𝜌𝑎= massa especifica da água, em kg/m³.

Logo, o consumo de agregados miúdos será 𝐶𝑚=𝜌𝑚 x 𝑉𝑚, sendo 𝜌𝑚 a respectiva

massa especifica.

Após todas essas definições, o traço é apresentado na seguinte disposição; Cimento:

agregado miúdo: agregado graúdo: relação agua-cimento, onde se quantifica a porção

necessária de cada elemento para uma unidade de cimento.

1:𝐶𝑚

𝐶:

𝐶𝑔

𝐶:

𝐶𝑎

𝐶 (eq.3)

Perante tantos procedimentos, Boggio (2000) apresenta em sua dissertação de

mestrado, “Estudo comparativo de métodos de dosagem para concretos de cimento Portland”

um fluxograma que sintetiza todos esses processos, conforme figura 2.

Page 36: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

35

Figura 2 - Fluxograma do método ABCP de dosagem de concreto

Fonte: Boggio (2000, p.49)

3.2 EXECUÇÃO E APLICAÇÃO

Para efeito de exemplo de aplicação, retrata-se o modelo usado por Rodrigues

(1998) em seu estudo técnico do método. Ele simula um material que deve apresentar as

seguintes características:

𝑓𝑐28 = 24 𝑀𝑃𝑎

𝐷𝑚á𝑥 = 25,0 𝑚𝑚

Abatimento (a) = 60 mm

Page 37: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

36

Materiais a serem usados:

a) Agregado miúdo

Quadro 11 – Características da areia

Peneiras ABNT (mm) % retida acumulada

4,8

2,4

1,2

0,6

0,3

0,15

0

6

20

52

84

97

MF 2,6

𝜌 (kg/m³) 2650

Absorção (%) 0,4

Fonte: Rodrigues (1998, p.26)

b) Agregado graúdo

Quadro 12 – Características do agregado graúdo

Peneira ABNT (mm) % Retida acumulada

Brita 1 Brita 2

32

25

19

12,5

9,5

4,8

2,4

1,2

0,6

0,3

0,15

0

0

3

59

74

100

100

100

100

100

100

0

6

58

97

99

100

100

100

100

100

100

𝐷𝑚á𝑥(mm) 19 32

𝑀𝑢(kg/m³) 1450 1470

𝜌(kg/m³) 2650 2650

Absorção (%) 0,5 0,3

Fonte: Rodrigues (1998, p.27)

Page 38: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

37

c) Cimento: Tipo Portland comum

Resistência aos 28 dias= 35 Mpa

𝜌=3100 kg/mª

Perante essas informações, o engenheiro Rodrigues (1998) soluciona o problema

em 6 etapas:

1) Fixação da relação água-cimento

Consulta-se o gráfico 2, e obtém-se o valor de 0,63.

2) Determinação do consumo de água

Consulta-se a tabela 7, e obtém-se o valor aproximado de 190 L/m³

3) Determinação do consumo de cimento

Relaciona-se a etapa 2 e 1. Resulta em aproximados 300 kg/m³

C= 190

0,63= 300 𝑘𝑔/𝑚³

4) Determinação do consumo de agregado graúdo

Consulta-se a tabela 8 e obtém-se 𝑉𝑐 = 0,715 𝑚³. O consumo é o produto do

volume com a massa especifica do agregado (1500 kg/m³), logo:

𝐶𝑏=0,715𝑥1500 = 1700𝑘𝑔/𝑚³, aproximadamente.

5) Determinação do consumo de agregado miúdo

Utiliza-se a equação:

𝑉𝑚 = 1 − (𝐶

𝜌𝑐+

𝐶𝑏

𝜌𝑏+

𝐶𝑎

𝜌𝑎) (eq. 4)

𝑉𝑚 = 1 − (300

3100+

1070

2650+

190

1000) = 0,3095𝑚³

𝐶𝑚 = 0,3095𝑥2650 = 820 𝑘𝑔/𝑚³, aproximadamente

6) Apresentação do traço

Utilizando a equação:

1:𝐶𝑚

𝐶:

𝐶𝑔

𝐶:

𝐶𝑎

𝐶 (eq. 5)

1:820

300:

1070

300

Logo, 1: 2,73: 3,57

C= 300 kg/ m³

a/c=0,63

Page 39: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

38

4 DOSAGEM DE CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO OU ALTA RESISTÊNCIA

4.1 DEFINIÇÃO

Existem variações quanto a definição do concreto de alta resistência (CAR),

segundo Domone e Soutsos (1994, apud ALVES, 2000), é considerado concreto de alta

resistência aquele que apresente resistência igual ou superior a 80 MPa, enquanto que Alaejos

e Cánovas (1992, apud ALVES, 2000), definem como CAR o concreto cuja resistência

característica à compressão aos 28 dias supere os 45 MPa.

4.2 VANTAGENS

As principais vantagens do uso do CAR em relação ao concreto convencional são:

a) diminuição das dimensões das peças estruturais;

b) diminuição do número de vigas, permitindo a utilização de elementos mais

esbeltos e de maior comprimento;

c) redução do peso da estrutura, e por consequência, da carga nas fundações;

d) redução de deformações instantâneas, consequência de um maior módulo de

elasticidade;

e) aumento da durabilidade das estruturas;

f) diminuição de deformações a longo prazo;

g) Maior rapidez de execução.

4.3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO

O método EPUSP/IPT, apesar de ter sido desenvolvido para a dosagem de CC,

passou por algumas adaptações para que pudesse ser utilizado na dosagem do CAR.

O método propõe as seguintes considerações:

a) Fixação de baixa relação água/materiais secos (H);

b) Determinação do teor de argamassa (α);

c) Utilização de pozolanas como substituição de parte do material cimentante.

Page 40: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

39

4.4 PROCEDIMENTOS DA DOSAGEM

4.4.1 Fixação da relação água/materiais secos

Fixando os teores de água relacionados a materiais secos (H) logo no início, tem-se

a garantia de um concreto de alto desempenho, já que esse parâmetro é indispensável na

dosagem. O fator água/materiais secos deve estar abaixo de 8,5 %, valores acima deste são

utilizado para concreto convencional. O valor comum adotado está entre 5 e 6% (CREMONINI

et al., 2001, p.4). Assim, deve-se propor valores de H menores que 6%.

4.4.2 Cálculo da relação água/aglomerante (a/agl)

Com o valor de H já determinado, calcula-se então a relação a/aglomenrante através

da “Lei de Lyse”, conforme as equações 6 e 7. Determinam-se traços com diferentes relações

1: m (material aglomerante: agregados secos totais, em massa).

Para cada valor de “m” calcula-se um valor de a/agl, sendo que 3 ≤ m ≤ 6.

𝐻(%) =

𝑎

𝑎𝑔𝑙

1+𝑚 (eq. 6)

𝑎

𝑎𝑔𝑙= 𝐻(%) ∗ (1 + 𝑚) (eq. 7)

4.4.3 Determinação do teor de argamassa (α)

O teor de argamassa é determinado de acordo com os materiais dispostos na região

(quando adequados), através de experimentos. Helene e Terzian (1995) denotam a realização

desse procedimento com um traço piloto 1:m, define-se a quantidade de argamassa arbitrando

valores e fazendo testes até obter a homogeneidade ideal para a mistura.

4.4.4 Desdobramento do traço

A partir do momento em que se conhece o teor de argamassa e de agregados secos

totais, consegue-se determinar o traço unitário, conforme o seguinte padrão; 1:a:p, onde

Page 41: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

40

respectivamente são as massas de, material aglomerante, agregado miúdo e agregado graúdo.

Para determinar a e p utiliza-se as equações 8 e 9.

𝑎 = 𝛼 ∗ (1 + 𝑚) − 1 (eq. 8)

𝑝 = 𝑚 − 𝑎 (eq. 9)

4.4.5 Determinação da massa de material pozolânico correspondente à porcentagem de

substituição sobre o volume do aglomerante

Tendo o conhecimento que o aglomerante no CAR é composto por cimento mais

material pozolânico. Determina-se o teor deste com as equações 10 e 11 (CREMONINI et al.,

2001, p.6).

𝑚𝑎 = (𝐴𝛾𝑎

𝐴𝛾𝑎+𝐵𝛾𝑏+(1−𝐴−𝐵)𝛾𝑐) 𝑚𝑎𝑔𝑙

(eq. 10)

𝑚𝑏 = (𝐵𝛾𝑏

𝐴𝛾𝑎+𝐵𝛾𝑏+(1−𝐴−𝐵)𝛾𝑐)𝑚𝑎𝑔𝑙 (eq.11)

Onde

𝑚𝑎= Massa do pozolânico “A”;

A= Porcentagem de substituição do pozolânico “A” relativo ao volume do

aglomerante;

𝛾𝑎= Massa especifica do pozolânico “A”;

𝛾𝑐=Massa especifica do cimento;

𝑚𝑎𝑔𝑙 = Massa do material aglomerante;

𝑚𝑏= Massa do pozolânico “B”;

B= Porcentagem de substituição do pozolânico “B” relativo ao volume do

aglomerante;

𝛾𝑏= Massa especifica do pozolânico “B”

4.4.6 Dosagem de aditivos redutores de água

No CAR utilizam-se quantidades mínimas de água nas relações a/agl, por isso a

consistência desejada é alcançada utilizando-se aditivos superplastificantes, escolhidos com

Page 42: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

41

base no custo, na eficiência e compatibilidade com os demais materiais. Ainda assim, a

dosagem deve resultar nos menores teores possíveis.

Para comprovar a eficiência na aplicação do método EPUSP/IPT, no estudo de

“Desenvolvimento de um método de dosagem de concretos de alta resistência com baixo

consumo de cimento”, do Núcleo Orientado para a Inovação na Edificação da UFRGS, foi

realizado um comparativo com outra metodologia muito usual na produção de concreto de alto

desempenho, denominado Mehta-Aitcin. O referido método busca a produção de concretos com

resistência na faixa entre 60 a 120 MPa, utilizando agregados naturais e aumentando a

resistência da pasta de cimento através do controle do consumo de água e das adições.

Foram realizados ensaios de resistência à compressão em corpos-de-prova

(10x20cm) utilizando os dois métodos e os mesmos materiais, disponíveis na região de Porto

Alegre, RS. No método EPUSP/IPT utilizou-se 6% de água/materiais seco, traços (1:m) 1:5;

1:3,5 e 1:3 e teor de argamassa igual a 50%. Os dois métodos empregaram 10% de sílica ativa

no aglomerante.

Nos quadros 13 e 14 apresentadas abaixo, estão indicados os materiais utilizados

nos ensaios dos métodos EPUSP/IPT e Mehta-Aitcin, nesta ordem.

Quadro 13 – Materiais usados no experimento da UFRGS - método EPUSP/IPT

Fonte: Cremonini et al. (2001, p.7)

Page 43: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

42

Quadro 14 – Materiais usados no experimento da UFRGS - método Mehta-Aitcin

Fonte: Cremonini et al. (2001, p.7)

Os autores utilizaram em ambos os métodos cimento Portland de alta resistência

inicial (CP V-ARI), massa especifica 3,11 kg/dm³, sílica ativa de massa especifica 2,22 kg/dm³,

aditivo superplastificantes à base de éter carboxílico com massa especifica igual a 1,09 kg/dm³.

Areia média com dimensão máxima característica de 4,8 mm, módulo de finura de 2,74 e massa

especifica 2,62kg/dm³ e agregado graúdo de dimensão máxima característica de 19 mm e

módulo de finura 6,84 e massa especifica 2,8 kg/dm³.

Após romper os corpos de prova, obtiveram os seguintes resultados, dispostos nos

quadros 15 e 16 e também nos gráficos 3 e 4.

Quadro 15 – Resultado do experimento da UFRGS - método Mehta-Aitcin

Fonte: Cremonini et al. (2001, p.8)

Page 44: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

43

Gráfico 3 - Resultado do experimento da UFRGS - método Mehta-Aitcin

Fonte: Cremonini et al. (2001, p.8)

Quadro 16 – Resultado do experimento da UFRGS - método EPUSP/IPT modificado

Fonte: Cremonini et al. (2001, p.9)

Page 45: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

44

Gráfico 4 – Resultado do experimento da UFRGS - método EPUSP/IPT modificado

Fonte: Cremonini et al. (2001, p.9)

Comparando a tabela 15 com a 16, e o gráfico 3 com o 4, podemos observar que o

concreto produzido no método EPUSP/IPT atingiu resistência a compressão maior, mais rápido

que o produzido pelo método Mehta-Aitcin, ficando pouco abaixo, porém muito próximo,

apenas do ensaio de 7 e 28 dias do concreto projetado para 100 Mpa de resistência a

compressão. Todavia, denotamos a vantagem do uso do método EPUSP/IPT quando

comparamos os quadros 14 e 15, onde encontramos um consumo de cimento, material mais

caro do concreto, menor em duas das três misturas utilizadas no experimento.

Page 46: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

45

5 DOSAGEM DE CONCRETO DE AUTO ADENSÁVEL

5.1 DEFINIÇÃO

O termo concreto auto adensável (CAA) identifica uma categoria de material

cimentício que pode ser moldado nas fôrmas e preencher cada espaço exclusivamente através

de seu peso próprio, sem necessidade de qualquer compactação ou vibração externa

(COPPOLA, 2000; BARBOSA et al., 2002; BMA e DIETZ, 2002; ARAÚJO et al., 2003; HO

et al., 2002 apud TUTIKIAN, 2004).

Só é considerado auto adensável o concreto que apresentar essas três propriedades:

fluidez, habilidade passante e resistência à segregação (EUROPEAN FEDERATION FOR

SPECIALIST CONSTRUCTION CHEMICALS AND CONCRETE SYSTEMS, 2002 apud

TUTIKIAN, 2004).

Fluidez é a capacidade do concreto auto adensável de fluir dentro da fôrma e

preencher todos os espaços (FURNAS, 2004a apud TUTIKIAN, 2004). Habilidade passante

caracteriza a capacidade do CAA de escoar pela fôrma, passando por entre as armaduras sem

obstrução do fluxo ou segregação (FURNAS, 2004b apud TUTIKIAN, 2004). E resistência à

segregação que é a propriedade que caracteriza a capacidade do CAA de se manter coeso ao

fluir dentro das fôrmas, passando ou não por obstáculos (EFNARC, 2002 apud TUTIKIAN,

2004).

5.2 HISTÓRICO

O concreto auto adensável começou a ser estudado no Japão por volta de 1983 para

resolver o problema da baixa durabilidade de construções em concreto armado. As pesquisas

foram coordenadas por Hajime Okamura (1997 apud TUTIKIAN, 2004).

Primeiramente, Okamura (1997, p.50) pensou em adaptar para as estruturas

convencionais, os concretos submersos resistentes à lixiviação, que já eram utilizados na época

para resolver este problema. Este material possuía ótima resistência à segregação devido ao

aditivo modificador de viscosidade, porém, o mesmo não atendia a todos os requisitos. A grande

viscosidade impedia a eliminação de bolhas de ar do concreto e a compactação deste em áreas

altamente reforçadas com armaduras era complicada (TUTIKIAN, 2004).

Page 47: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

46

Para o concreto fluir uniformemente através de barras de aço, a tensão de

cisalhamento da argamassa deve ser pequena, para isso a relação água/aglomerante (a/agl) deve

ser aumentada. O problema é que aumentando a relação a/agl, aumenta-se a fluidez, mas,

diminui a viscosidade. Por isso, na produção de CAA, é extremamente importante o uso de

superplastificantes para aumentar a fluidez e de modificadores de viscosidade para aumentar a

viscosidade.

Em 1988, Ozawa desenvolveu o primeiro concreto auto adensável e em 1993, ele

junto à Okamura e Mackawa publicou o primeiro livro na área, o High Performance Concrete

(TUTIKIAN, 2004).

5.3 VANTAGENS

A descoberta do CAA é considerada como revolucionária já que proporciona

vantagens, diretas e indiretas, como:

a) aceleração da construção, como já foi citado anteriormente o CAA não necessita

ser vibrado, isso faz com que o processo de concretagem seja mais rápido.

b) redução da mão-de-obra, assim como a não vibração do concreto auto adensável

acelera a construção, ele também reduz a quantidade de envolvidos no processo.

c) aumento da durabilidade, visto que, a resistência à segregação aliada a fluidez

elimina as bolhas de ar, macro defeitos e falhas de concretagem, diminuindo as

perdas de desempenho mecânico do concreto e aumentando sua durabilidade.

d) eliminação do ruído da vibração, Bartos e Söderlind (2000), em experimento

realizado, concluíram que o ruído captado quando utilizado o CAA, é de,

aproximadamente, um décimo do ruído quando utilizado o concreto

convencional.

e) liberdade na escolha das formas, como o CAA apresenta grande deformidade no

estado fresco, ele pode ser moldado facilmente com a ação da gravidade, e,

principalmente se forem aplicadas forças externas.

5.4 MATERIAIS CONTITUINTES

Os materiais que compõem o CAA são os mesmos utilizados para a produção do

concreto convencional, mas existem diferenças nas dosagens e também nos aditivos

acrescentados.

Page 48: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

47

5.4.1 Cimento Portland

Existem diversos tipos de cimento Portland e todos eles podem ser utilizados na

produção do CAA, porém, assim como nos concretos convencionais, cada tipo proporciona

características específicas ao produto final.

A finura do cimento é de grande importância para o CAA. Quanto maior a área

especifica, livre para hidratação, maior é a viscosidade da mistura, pois o número de partículas

presente é maior, havendo diminuição da distância e aumento da colisão entre elas (NUNES,

2001 apud KLEIN, 2008).

5.4.2 Adições minerais

Adições minerais são definidas como materiais silicosos finamente moídos,

adicionados ao concreto em quantidades relativamente grandes, em geral na faixa de 20% a

100% da massa do cimento Portland (MEHTA e MONTEIRO, 1994 apud KLEIN, 2008).

As vantagens em se adicionar esses materiais ao concreto são várias, e incluem

muitos aspectos. Financeiramente, as adições de minerais substituem parte do cimento utilizado

na mistura, isso faz com que haja uma diminuição no custo do material final, já que o cimento

é o material mais expressivo neste sentido.

Nos aspectos ambientais também há ganhos, pois, a produção de cimento Portland

é um processo que causa inúmeros impactos ao meio ambiente. Deve-se considerar ainda, que

muitas das adições na produção de concretos são produtos industriais, gerados em grande escala

e descartados em aterros, causando problemas de poluição.

As adições minerais são classificadas em três grupos:

a) material pozolânico, definido como material silicoso ou sílico-aluminoso que

possui pouca ou nenhuma propriedade cimentícea, mas que quando finamente

dividido e na presença de umidade reage com o hidróxido de cálcio, a

temperatura ambiente, formando compostos com propriedades cimentantes

(ABNT NBR 12653, 1992);

b) material cimentante, não necessita do hidróxido de cálcio para formar produtos

cimentantes, porém, a quantidade destes compostos formada, como o C-S-H,

por exemplo, é em geral, insuficiente para aplicação desses materiais para fins

estruturais e sua hidratação e normalmente lenta. Quando o material cimentante

é usado como adição, em substituição de parte do cimento Portland, o hidróxido

Page 49: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

48

de cálcio e a gipsita presentes no cimento, aceleram sua hidratação (DAL

MOLIN, 2005);

c) fíler, uma adição mineral finamente dividida que atua, principalmente, através

do efeito físico microfíler e como pontos de nucleação no momento da

hidratação (DAL MOLIN, 2005 apud KLEIN, 2008).

5.4.2.1 Cinza volante

É o material finamente dividido proveniente da queima do carvão pulverizado, cujo

objetivo é a geração de energia, em usinas termoelétricas (ACI, 2001 apud KLEIN, 2008).

A ASTM C 618 (2003), classifica os materiais pozolânicos em três classes. A

primeira é chamada classe N, e contempla pozolanas naturais. A segunda classe é chamada

classe F, essa apresenta atividade pozolânica e engloba materiais provenientes da queima do

antracito ou carvão betuminoso. A última classe, chamada classe C, se refere a cinzas volantes

provenientes da queima do lignito ou carvão sub-betuminoso. Estas cinzas possuem atividades

pozolânicas e também propriedades cimentíceas. Segundo Dal Molin (2005), as cinzas da

referida classe F são as mais utilizadas no Brasil neste seguimento (KLEIN, 2008).

A cinza volante pode conferir melhora da trabalhabilidade ao concreto e redução na

demanda de água, porém, se a cinza apresentar elevada quantidade de carbono, o controle da

quantidade de ar incorporado ao concreto pode ser dificultado.

No estado fresco, o uso das cinzas colabora para a redução da exsudação e

segregação e melhora da consolidação do concreto nas fôrmas. Considerando o concreto no

estado endurecido, o uso desse material proporciona o aumento da resistência à compressão, a

idades avançadas.

Em função da permeabilidade do concreto, verifica-se que esta é diminuída com o

uso das cinzas e por consequência, obtêm-se o aumento da resistência contra-ataques de

substâncias químicas.

5.4.2.2 Escória granulada de alto forno

É um subproduto do tratamento de minério de ferro, em alto forno, de modo que

sua obtenção sob forma granulada ocorre por resfriamento brusco. A escória é constituída,

principalmente, de silicatos e aluminos-silicatos de cálcio (NBR 5735/1991 apud KLEIN,

2008).

Page 50: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

49

A escória se forma pela fusão das impurezas do minério de ferro com o calcário e

a dolomita. Após este processo, a forma de resfriamento sofrida pela escória ira influir nas

características apresentadas por esta, sendo necessário um resfriamento brusco para que seja

formada a escória granulada de alto forno (DAL MOLIN, 2005 apud KLEIN, 2008).

A escória é um material bastante reativo, considerado um material cimentante, que

quando moído, pode ser utilizado na fabricação de cimento, substituindo o clínquer, ou como

adição ao concreto (ACI, 2001 apud KLEIN, 2008).

Segundo a norma ASTM C 595 (1994), a fabricação de cimentos compostos pode

apresentar substituição de até 70% do clínquer por escória granulada de alto forno. No Brasil,

a NBR 11578/1991 define teores de 6 a 34% de escória para cimento Portland composto com

escória (CP II E). Já para o cimento Portland de alto forno (CP III) a NBR 5735/1991, prevê de

35 a 70% de escória em relação à massa de aglomerantes (KLEIN, 2008).

Os compostos químicos constituintes na escória são os mesmos presentes nos

cimentos, mas em proporções distintas (KLEIN, 2008), como mostra a tabela 17.

Quadro 17 – Compostos químicos presentes no cimento Portland e na escória de auto forno

Fonte: ACI E3-01, 2001 adaptado por Klein (2008)

5.4.3 Agregados

A qualidade do agregado é de extrema importância, sendo em algumas situações,

componente limitante da resistência mecânica do concreto endurecido. Além disso, as

características dos agregados podem ter grande influência sobre a durabilidade e o desempenho

estrutural (NEVILLE e BROOKS, 1990 apud KLEIN, 2008, p.20).

Para a produção do CAA, existe a necessidade de minimizar a porcentagem do

agregado graúdo utilizado, dando lugar as partículas finas para obtenção da viscosidade

Page 51: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

50

adequada. O volume total, assim como a proporção entre os agregados graúdo e miúdo tem

muita influência nas propriedades reológicas do concreto (MELO, 2005 apud KLEIN, 2008).

Os agregados utilizados para produção de concreto são classificados quanto a sua

origem, dimensão dos grãos e massa unitária.

Em relação à origem os agregados podem ser classificados em naturais, britados,

artificiais e reciclados. Os agregados naturais são aqueles encontrados na natureza já prontos

para o uso sem outro tipo de beneficiamento que não seja a lavagem, sendo provenientes das

rochas existentes na crosta e que não estão sujeitas a processos de intemperismos (SBRIGHI

NETO, 2005 apud KLEIN, 2008).

Agregados britados são os provenientes de processos de fragmentação mecânica de

rochas. Esses materiais são produzidos em pedreiras instaladas nos entornos de rochas,

utilizando técnicas de desmonte, seguida por britagem e seleção granulométrica.

Agregados artificiais são os derivados de processos industriais, como a argila

expandida. Já os reciclados são resíduos com características adequadas ao uso, submetidos ou

não a beneficiamento.

A NBR 7211/2009 é a norma que classifica a dimensão dos grãos em agregado

graúdo e miúdo. São considerados agregados graúdos os que tem grãos passantes pela peneira

de 75 mm e ficam retidos na peneira 4,75 mm. Já os agregados miúdos são aqueles cujos grãos

passam pela peneira 4,75 mm, mas ficam retidos na peneira 150 µm.

Ainda sobre a dimensão dos grãos, a NBR 9935/2005 classifica de filer o material

granular passante na peneira 150 µm e de material pulverulento as partículas com dimensão

inferior a 75 µm.

Quanto a massa unitária, tem-se os agregados naturais que apresentam massa

unitária entre 1520 e 1680 kg/m³, esses são utilizados para produzir concretos normais com

massa especifica próxima de 2400 kg/m³. Existem também os agregados leves com massa

unitária inferior a 1120 kg/m³ e os agregados pesados com massa unitária superior a 2080 kg/m³,

esses dois tipos de agregados são para finalidades especiais (MEHTA e MONTEIRO, 1994

apud KLEIN, 2008).

5.4.4 Aditivos

Paillére et al (1992 apud KLEIN, 2008) define aditivos como materiais orgânicos

ou inorgânicos, líquidos ou sólidos, adicionados aos concretos, argamassas ou pastas em

quantidades não superiores a 5% sobre a massa de cimento ou materiais cimentíceos. Os

Page 52: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

51

aditivos influenciam na hidratação do cimento, através de efeitos químicos ou físicos, alterando

uma ou mais propriedades do concreto, argamassa ou pasta em estado fresco ou endurecido.

A variedade de aditivos existentes é bastante vasta, porém os mais utilizados são os

redutores de água ou plastificantes, redutores de água de alta efetividade ou superplastificantes,

aceleradores de pega, retardadores de pega e incorporadores de ar (MEHTA e MONTEIRO,

1994 apud KLEIN, 2008).

A seguir, serão apresentados aspectos dos aditivos superplastificantes, pois são os

mais utilizados na produção do CAA.

5.4.4.1 Superplastificantes

Aditivos superplastificantes permitem reduzir a quantidade de água de

amassamento necessária ao concreto sem alterar a consistência do material no estado fresco ou,

aumentar a fluidez do concreto fresco sem que para isso seja aumentada a quantidade de água

presente na mistura (NEVILLE, 1997 apud KLEIN, 2008).

Segundo Collepardi (1998 apud KLEIN, 2008), os aditivos superplastificantes

podem reduzir até 30% da água de amassamento, enquanto os plastificantes permitem reduções

de somente 10 a 15%.

Um aspecto importante na utilização de aditivos é a quantidade utilizada. Sabe-se

que a viscosidade da pasta de cimento diminui com o aumento de superplastificante, porém,

existe um teor ótimo para o uso desse chamado ponto de saturação, que é quando se obtém a

dispersão máxima das partículas de cimento. Doses maiores de aditivo podem causar efeitos

negativos como o atraso na pega, segregação e aumento do custo do concreto (AITCIN et. al.

1994; RONCERO e GETTU, 1998 apud KLEIN, 2008).

5.4.5 Água

A qualidade da água de amassamento utilizada é fundamental para a produção de

concretos de adequado desempenho, pois a presença de impurezas pode ser responsável por

efeitos negativos na resistência mecânica final da mistura, por causar manchas na superfície

deste material ou até mesmo provocar corrosão das armaduras.

Page 53: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

52

5.5 MÉTODO DE DOSAGEM – NAN SU ET AL. (2001)

O objetivo deste método é obter uma mistura de CAA, cuja principal consideração

é o preenchimento do vazio do esqueleto dos agregados graúdos pouco compactados com

argamassa. Com este método é necessário somente seguir o passo-a-passo para se obter um

CAA com elevada fluidez e resistência à segregação, segundo as especificações da Japanese

Society of Civil Enginnering (JSCE) apud Su et al. (2001).

Passo 1: cálculo das quantidades de agregados miúdo e graúdo.

A partir das equações 12 e 13, pode-se calcular as massas dos agregados.

𝑀𝑔 = 𝐹𝑉 ∗ 𝑀𝑢𝑛𝑖𝑡𝑔 ∗ (1 −𝑆

𝑚) (eq. 12)

𝑀𝑎 = 𝐹𝑉 ∗ 𝑀𝑢𝑖𝑛𝑡𝑎 ∗ (1 −𝑆

𝑚) (eq. 13)

Sendo que:

Mg e Ma são, respectivamente, as massas de agregados graúdo e miúdo (kg/m³).

FV e a fração de volume dos agregados compactados.

Munitg e Munita são, respectivamente, as massas unitárias dos agregados

graúdo e miúdo no estado solto.

S/m é o fator de agregados miúdos em relação ao total de agregados, que varia

entre 50 a 57%.

A dimensão máxima do agregado graúdo deve ser de 15, 20,25 mm, mas a de 20

mm é a mais comum.

Passo 2: cálculo do consumo de cimento

O cálculo do consumo de cimento é feito através da equação 14, mas os autores

recomendam que seja utilizado no mínimo 270-290 kg/m³ para garantir a durabilidade, porém,

deve-se tomar cuidado, pois a alta quantidade a retração do concreto.

𝐶 =𝑓′𝑐

0.14 (eq. 14)

Sendo que:

Page 54: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

53

C é o consumo de cimento (kg/m³).

f ’c é a resistência à compressão requerida (MPa).

Passo 3: cálculo da quantidade de água na mistura

Com a quantidade de cimento já determinada, deve-se estabelecer a relação

água/cimento em função das solicitações locais, e calcular através da equação 15.

𝐴 = (𝑎

𝑐) ∗ 𝐶 (eq. 15)

Sendo que:

A é a quantidade de água (kg/m³).

a/c é a relação água/cimento.

C é a quantidade de cimento (kg/m³).

Passo 4: cálculo da quantidade de cinza volante e escória de alto forno

Este método utiliza a relação a/c e a quantidade de cimento para alcançar as

características de projeto, e a cinza volante e escória de alto forno para garantir a resistência à

segregação e elevar a porcentagem da pasta. Como já se tem as quantidades de todos os outros

componentes do CAA, o volume que falta para completar 1m³ pertence a estas duas adições,

como ilustra a equação 16.

𝑉𝑝𝑐𝑣 + 𝑉𝑝𝑒𝑠 = 1 −𝑀𝑔

1000∗𝑀𝑒𝑠𝑝𝑔−

𝑀𝑎

1000∗𝑀𝑒𝑠𝑝𝑎−

𝐶

1000∗𝑀𝑒𝑠𝑝𝑐−

𝐴

1000∗𝑀𝑒𝑠𝑝𝑎− 𝑉𝑎𝑟

(eq. 16)

Sendo que:

Vpcv é o volume de cinza volante.

Vpes é o volume de escória de alto forno.

Mespg é a massa especifica do agregado graúdo.

Mespa é a massa especifica do agregado miúdo.

Mespc é a massa especifica do cimento.

Mespa é a massa especifica da água.

Page 55: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

54

Var é o ar incorporado ao CAA (%).

Pode-se afirmar que a massa total destes dois materiais pozolânicos é Mt (kg/m³),

onde a porcentagem de cinza volante é CV% e a de escória de alto forno é ES% em massa, as

relações água/adições é a/cv e a/es, Mespcv é a massa especifica da cinza volante e Mespes é a

massa especifica da escória de alto forno, assim tem-se a equação 17.

𝑉𝑝𝑐𝑣 + 𝑉𝑝𝑒𝑠 = (1 +𝑎

𝑐𝑣) ∗ 𝐶𝑉% ∗

𝑀𝑡

1000∗𝑀𝑒𝑠𝑝𝑐𝑣+ (1 +

𝑎

𝑒𝑠) ∗ 𝐸𝑆% ∗

𝑀𝑡

1000∗𝑀𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠

(eq. 17)

Os autores consideram que a relação a/c é igual a relação a/cv e a/es, as massas

especificas se obtém através de ensaios normalizados pela NBR NM 23 (ABNT, 2001a) e CV%

e ES% são definidos por experiência profissional ou pelas características dos materiais. O

cálculo das massas das adições é realizado a partir das equações 18 e 19.

𝑀𝑐𝑣 = 𝐶𝑉% ∗ 𝑀𝑡 (eq. 18)

𝑀𝑒𝑠 = 𝐸𝑆% ∗ 𝑀𝑡 (eq. 19)

A água necessária para a mistura devido a estes materiais é dada pelas equações 20

e 21.

𝐴𝑐𝑣 =𝑎

𝑐𝑣∗ 𝑀𝑐𝑣 (eq. 20)

𝐴𝑒𝑠 =𝑎

𝑒𝑠∗ 𝑀𝑒𝑠 (eq. 21)

Passo 5: cálculo da quantidade total de água

A quantidade total de água é obtida através da soma da água requerida pelo cimento,

cinza volante e escória de alto forno, para calcular se utiliza a equação 22, e se recomenda que

o valor fique entre 160 e 185 kg/m³.

𝐴𝑡 = 𝐴𝑐 + 𝐴𝑐𝑣 + 𝐴𝑒𝑠 (eq. 22)

Page 56: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

55

Passo 6: cálculo da dosagem de aditivo superplastificante (SP)

O aditivo é composto por partículas sólidas (m%) e água (Asp), a qual deve ser

descontada da água da mistura. A dosagem do SP é igual a n% da massa dos aglomerantes,

assim as equações 23 e 24 permitem o cálculo da massa do aditivo (Msp) e da quantidade de

água presente (Asp).

𝑀𝑠𝑝 = 𝑛% ∗ (𝐶 + 𝑀𝑐𝑣 + 𝑀𝑒𝑠) (eq. 23)

𝐴𝑠𝑝 = (1 − 𝑚%) ∗ 𝑀𝑠𝑝 (eq. 24)

Passo 7: ajuste da quantidade de água

A quantidade de água deve ser ajustada caso os agregados utilizados sejam úmidos.

Passo 8: primeiras misturas e testes de trabalhabilidade

Os primeiros traços devem ser submetidos a produção para análise de conformidade

para com o planejado e também para que se realize os ensaios de trabalhabilidade, ou seja, o

slump flow, u-box, l-box e v-funnel. Para que o traço seja aceito, a exsudação e segregação

devem ser satisfatórias, a relação a/agl deve satisfazer os requisitos de desempenho e

durabilidade e o ar incorporado deve estar de acordo com o planejado.

Passo 9: ajuste final da mistura

Se eventualmente algum dos requisitos citados anteriormente não estejam sendo

atendidos, devem ser feitos os ajustes necessários para que o concreto se enquadre nos limites

de auto adensabilidade.

5.6 ENSAIOS

Page 57: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

56

Por apresentar uma característica peculiar no estado fresco, o CAA exige a

execução de ensaio para averiguar sua trabalhabilidade. Existem muitos ensaios, dos quais

apresentam eficiências maiores ou menores para cada propriedade a ser avaliada, conforme

apresentada no quadro 18.

Quadro 18 – Aptidões dos ensaios de trabalhabilidade do CAA

Laboratório Canteiro Fluidez Hab. Passante Coesão

Slump flow PR PR AR N PR

Slump flow T50cm PR PR AR N PR

V-funnel PR PR R N PR

L-box PR N N AR R

U-box PR N N AR R

EnsaiosUtilização Propriedades

Fonte: Adaptado pelos autores com base em Petersen (1999) e Tutikian (2004)

AR – altamente recomendo; R – recomendado; PR – pouco recomendado; N – não recomendo;

5.6.1 Slump flow test

Este teste é utilizado para medir a capacidade do CAA de fluir livremente sem

segregar, pode ser realizado por apenas uma pessoa e exige poucos materiais, o que facilita seu

uso em canteiros de obra.

É composto por uma base 1000x1000 mm, que não absorva água e nem provoque

atrito com o concreto, e por um tronco de cone com materiais de mesmas características da

base. Sobre a base deve-se marcar um círculo de 200 mm de diâmetro, para colocação do cone.

Este deve ter 300 mm de altura, diâmetro interno de 100 mm e externo de 200 mm. É necessário

também para a execução deste teste uma espátula, uma concha côncava e uma trena.

Deve-se umedecer a placa e o tronco de cone para que estes não absorvam água do

concreto durante o ensaio. Após, colocar a placa sobre um chão firme e nivelado, e o tronco de

cone no centro da base, segurando-o firmemente sobre o círculo de 200 mm. Serão necessários

em média seis litros de concreto e o mesmo deve ser coletado de acordo com a NBR NM 33

(ABNT, 1998a apud TUTIKIAN, 2004).

Com a concha, preencher o cone com concreto e com a espátula retirar o excesso

do topo. Remover também qualquer excesso de concreto na placa de base. O adensamento de

ser feito exclusivamente pela força da gravidade.

Page 58: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

57

Para obter o resultado, basta erguer verticalmente o cone e permitir que o concreto

flua livremente, então se deve medir o diâmetro do espalhamento em duas direções

perpendiculares. A média destas duas medidas é o valor do Slump flow test.

5.6.2 Slump flow T50 cm test

Este teste é uma variação do Slump flow, o procedimento e os materiais são os

mesmos, as únicas alterações são a marcação de um círculo de 500 mm de diâmetro no centro

da base, a necessidade de um cronômetro e a presença de duas pessoas.

É realizado simultaneamente ao Slump flow. Assim que o cone for erguido, a

segunda pessoa deve cronometrar o tempo em que o concreto alcança a marca dos 500 mm.

5.6.3 L-box test

O l-box mede a fluidez do concreto ao mesmo tempo que a habilidade passante. O

equipamento utilizado consiste em uma caixa em forma de “L”, com uma porta móvel

separando a parte vertical da horizontal e, junto a esta divisória, barras de aço que simulam

armaduras reais da estrutura, criando um obstáculo, conforme figura 4. É necessário também a

utilização de uma pá côncava, uma espátula, uma trena e, se desejado um cronômetro para a

medição do tempo em que o concreto chega aos 20 cm e aos 40 cm. São necessários 12 litros

de concreto fresco coletado seguindo a NBR NM 33 (ABNT, 1998a apud TUTIKIAN, 2004).

Deve-se fixar o equipamento em solo firme e nivelado, umedecer as paredes e testar

o portão. Preencher a parte vertical e deixar o material em repouso por 1 minuto. Após, erguer

o portão e cronometrar os períodos citados anteriormente. Em seguida, medir as alturas inicial

H1 e final H2, indicadas na figura 02, onde H2/H1 é o valor procurado, que deve ser entre 0,80

e 1,00.

Page 59: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

58

Figura 3 – Equipamento l-box test

Fonte: EFNARC (2002 apud TUTIKIAN, 2004)

5.6.4 U-box test

Também chamado de box shaped test, serve para medir a fluidez e a habilidade

passante do concreto. O equipamento ilustrado na figura 4 exibe dois compartimentos separados

por um portão móvel e barras de aço de diâmetro 12,5 mm espaçadas entre si em 40,6 mm.

Para a realização deste ensaio são necessários uma concha côncava, uma espátula,

uma trena e cerca de 16 litros de concreto no estado fresco, coletados de acordo com a NBR

NM 33 (ABNT, 1998a apud TUTIKIAN, 2004). Primeiramente se umedece o equipamento e

testa o portão, então, o concreto é colocado sem vibração ou compactação externa no

compartimento da esquerda do aparato, com o portão fechado. O equipamento deve estar sobre

um chão firme e nivelado e após o preenchimento, a mistura deve descansar por 1 minuto e só

então o portão pode ser aberto, fazendo escoar o concreto através das armaduras até o outro

compartimento. Assim que o movimento estiver estabilizado, deve-se medir as alturas R1 e R2,

respectivamente a altura do material que ficou no compartimento da esquerda e da direita, e

determinar o valor R1-R2.

Quanto mais fluida for a mistura, mais próximo de zero esta subtração resultará,

sendo que o limite máximo pode variar de 24.2 mm até 80mm de diferença.

Page 60: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

59

Figura 4 – Equipamento U-box

Fonte: EFNARC (2002)

5.6.5 V-funnel test

Para a realização deste ensaio são necessários um funil, representado na figura 5,

uma espátula, uma base para deixar o equipamento suspenso, uma concha côncava e um

cronômetro, por causa da cronometragem do tempo também são necessárias duas pessoas para

executar o teste.

Inicialmente deve-se fixar, nivelar e umedecer o equipamento. Com a concha,

encher o funil com concreto de acordo com a NBR NM 33 (ABNT, 1998a, TUTIKIAN, 2004),

sem compactação ou vibração de espécie alguma, e, com a espátula, nivelar o topo do aparelho

e retirar o excesso de concreto. Abrir a porta localizada na parte inferior do equipamento,

permitindo que o material escoe. O tempo que o material leva para escoar completamente é o

resultado. Após a execução do ensaio, pode-se encher o funil novamente com o mesmo

material, e depois de aguardar 5 minutos, pode-se repetir o procedimento, para testar a

resistência à segregação.

Page 61: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

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Figura 5 – Equipamentos V-funnel

Fonte: Gomes (2002) adaptado por Tutikian (2004)

Os resultados aceitáveis podem variar dependendo do autor, no entanto, alguns

valores são aceitos pela maioria dos autores, valores estes apresentados na tabela 19.

Quadro 19: Resultados aceitos pela maioria dos autores.

Mínimo MáximoSlump flow milímetro 600 750

Slump flow T50cm segundo 3 7

V-funnel segundo 6 12

L-box (h2/h1) 0,8 1

U-box (h2-h1) mm 0 30

Valores Ensaio Unidade

Fonte: Tutikian (2004) adaptada pelos autores (2017)

É importante respeitar os valores de resultados aceitáveis para o método utilizado,

só assim será possível garantir um concreto de qualidade e com todas as propriedades desejadas.

Page 62: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

61

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.1 CONCLUSÕES

6.1.1 Conclusões gerais

Os métodos de dosagem estudados nessa pesquisa mostram o quanto a engenharia

trabalha no sentido de produzir o melhor, com o menor recurso possível. Os concretos

desenvolvidos nestes métodos buscaram sempre o menor consumo de cimento, com o melhor

desempenho, a partir do proporcionamento adequado dos seus respectivos materiais.

A união dos métodos mais comuns para se dosar o concreto convencional, o de alto

desempenho e o auto adensável em um único trabalho, é interessante porque consegue retratar

ao responsável técnico o que cada um dos concretos consome mais, e o que cada um traz de

vantagem na sua dosagem. Sendo assim, o profissional pode comparar e avaliar o que será mais

vantajoso para o seu projeto, perante os recursos disponíveis.

6.1.2 Conclusões específicas

Em meio a tantos materiais consultados para a produção desta pesquisa, pode-se

perceber o quanto são citados os pesquisadores, Helene e Terzian (1995), autores do livro

“Manual de Dosagem e controle do concreto”. Afere-se, que no diz respeito a dosagem de

concreto no Brasil, os dois são referências no assunto.

Como todo procedimento de engenharia, as dosagens de concreto são padronizadas

por normas regulamentadoras. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),

desenvolve esse papel essencial de estabelecer as diretrizes de uma série de fatores que

influenciam na dosagem do concreto, como a granulometria dos grãos dos agregados, fatores

da relação água e cimento de acordo com a classe de agressividade ambiental, além de tratar do

processo de dosagem propriamente dito.

Em cada um dos métodos citados na pesquisa, os autores buscaram realizar um

procedimento posterior a dosagem teórica desenvolvida, que realizasse um traço piloto, para

que se pudesse avaliar a eficácia das respectivas doses de materiais determinadas. Além disso,

eles recomendam que quem realize a produção de um concreto através de seu método, repita o

Page 63: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

62

traço experimental, analise a consistência do traço, verifique se ele coincide com a solicitada

com o seu dado projeto.

A escolha dos métodos apresentados nessa pesquisa, intitulados como mais usuais,

foi feita de forma empírica, para que se trouxesse à tona um conhecimento básico de como se

produz o concreto convencional, o de alto desempenho e o auto adensável. Portanto, se o

objetivo for produzir concreto para um fim muito específico, cabe a busca a outros métodos

aqui não citados, avaliando seus recursos disponíveis.

6.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

Considerando que esse trabalho trata de três diferentes tipos de concreto e que não

foram abordados todos os temas e métodos de dosagem referente a eles, ficam disponíveis

muitas opções de pesquisas a serem desenvolvidas.

Em relação ao concreto convencional, pode-se direcionar estudos para o

melhoramento do mesmo através de aditivos. Também é interessante pesquisar substituições de

agregados que possam diminuir o custo do concreto na obra.

Para o concreto de alta resistência é bastante interessante o estudo de possíveis

materiais a serem adicionados em sua produção, assim como é importante a pesquisa e

adequação dos métodos de dosagem aos materiais aditivos em cada região. Pode-se direcionar

análises ao custo/benefício na utilização desse concreto em relação aos demais.

Sabendo-se as muitas vantagens do concreto auto adensável, é de grande valor que

se estude a viabilidade da utilização do mesmo quando comparado ao CC. A análise dos custos

para a produção desse tipo de concreto também é uma questão importante, pois, influencia

muito na hora da escolha. Pode-se também estudar o teor ideal de argamassa para desenvolver

um CAA de qualidade atendendo melhor aos requisitos impostos a ele.

Para todos os concretos apresentados é necessário um estudo dos métodos

existentes, incluindo os indicados nesse trabalho, para verificar qual realmente atende as

expectativas econômicas e de desempenho. Indica-se também pesquisar a durabilidade de cada

concreto.

Por último, sugere-se a análise dos métodos existentes, e se, necessário a adequação

dos mesmos ou até o desenvolvimento de novos métodos para facilitar cada vez mais a escolha

e também garantir o desempenho do concreto.

Page 64: MÉTODOS DE DOSAGENS USUAIS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE

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REFERÊNCIAS

ALVES, Martha Figueiredo. Estudo comparativo de métodos de dosagem para concretos

de alta resistência. 2000. Dissertação (Mestrado em Engenharia civil) - Curso de Pós-

graduação em Engenharia civil, Universidade Federal do Rio Grande Do Sul, Porto Alegre,

2000.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT Catálogo.

Disponível em:< http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=329285>. Acesso em: 18

out. 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Norma brasileira

regulamentadora (NBR) 12655:2015.

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regulamentadora (NBR) 12655:2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Norma brasileira

regulamentadora (NBR) 7211:2009.

BOGGIO, Aldo. Estudo comparativo de métodos de dosagem de concretos de cimento

Portland. 2000. Dissertação (Mestrado em Engenharia civil) - Curso de Pós-graduação em

Engenharia civil, Universidade Federal do Rio Grande Do Sul, Porto Alegre, 2000.

CLUBE DO CONCRETO. Abrams – A Relação Água / Cimento. Disponível

em:<http://www.clubedoconcreto.com.br/2013/08/a-relacao-aguacimento-abrams.html>.

Acesso em: 13 out. 2017.

CREMONINI, R. A. et al. Desenvolvimento de um método de dosagem de concreto de alta

resistência com baixo consumo de cimento. Núcleo orientado para inovação na edificação

(NORIE)/ UFGRS. Porto Alegre, 2001. Disponível em: <https://s3.amazonaws.com/

academia.edu.documents/43213181/Desenvolvimento_de_um_Mtodo_de_Dosagem_d201602

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f >. Acesso em: 20 out. 2017.

HELENE, Paulo; TERZIAN, Paulo. Manual de dosagem e controle do concreto. São Paulo:

Pini, 1995.

KLEIN, Nayara Soares. Influência da substituição da areia natural pela areia de britagem

no comportamento do concreto auto-adensável. 2008. Dissertação (Mestrado em

Engenharia Civil) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de edificações e saneamento,

Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.

RODRIGUES, Públio Firme. Parâmetros de dosagem do concreto. São Paulo: Associação

Brasileira de Cimento Portland, 1998.

TUTIKIAN, Bernardo Fonseca. Método para dosagem de concretos auto-adensáveis.

2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.