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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP LEILA YURI SUGAHARA Música e música na escola: um estudo das representações sociais de estudantes de pedagogia e de música a partir da escuta musical DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO São Paulo 2013

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

LEILA YURI SUGAHARA

Música e música na escola: um estudo

das representações sociais de estudantes de

pedagogia e de música a partir da escuta musical

DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

São Paulo

2013

Page 2: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

LEILA YURI SUGAHARA

Música e música na escola: um estudo

das representações sociais de estudantes de

pedagogia e de música a partir da escuta musical

DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

Tese apresentada à Banca Examinadora como

exigência parcial para obtenção do título de

Doutora em Educação: Psicologia da Educação

pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

sob a orientação da Professora Doutora Clarilza

Prado de Sousa.

São Paulo

2013

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BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

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Page 4: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

Dedicatória

Ao Cláudio pelo carinho, incentivo, paciência e pelas longas

conversas que contribuíram para a finalização desta tese.

À Bianca, minha filha, que também carinhosamente me apoiou

em todos os momentos.

À Cláudia Saud, amiga querida, companheira de doutorado.

(in memoriam)

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AGRADECIMENTOS

À Professora Doutora Clarilza Prado de Sousa pelos ensinamentos, pela paciência e

pela orientação firme e inspirada, que tornaram possível a realização deste trabalho.

Às Professoras Doutoras Ilza Zenker Leme Joly, Daniela Barros da Silva Freire

Andrade, Vera Maria Nigro de Souza Placco e Laurinda Ramalho de Almeida, pelas

preciosas sugestões por ocasião da qualificação.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Educação: Psicologia da

Educação, que contribuíram para a minha formação.

Ao Edson Aguiar pela paciência e disponibilidade.

Aos colegas de mestrado e doutorado, especialmente à Karina, Simone, Maria, Ivo,

Tarciso, Antonio, Dani e Frei Arthur pelo apoio e amizade.

À Adelina Novaes pelas conversas que contribuíram para a reflexão deste trabalho e

à Regina, à Uda, ao Thiago e à Andrea pela ajuda na transcrição e sistematização

dos dados.

Ao Peter Dietrich e aos participantes desta pesquisa, por contribuírem para a

reflexão sobre o processo formativo dos professores de música da Educação

Básica.

Ao Ari Pereira pela tradução.

Ao CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pela

bolsa concedida, que permitiu a realização desta pesquisa.

Page 6: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

SUGAHARA, Leila Yuri. Música e música na escola: um estudo das representações sociais de estudantes de pedagogia e de música a partir da escuta musical. Tese de doutorado, São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2013.

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo analisar as representações sociais de estudantes de licenciatura em música e de licenciatura em pedagogia sobre música e música na escola, tendo em vista que essa visão pode influenciar nas práticas futuras desses estudantes como professores na Educação Básica. A pesquisa permitiu identificar cinco eixos temáticos constituintes das representações sociais dos licenciandos sobre música: afetividade; movimento; comunicação; contexto; e formação. A categorização foi realizada a partir da escuta de três gêneros musicais: pop, jazz e world music. A metodologia adotada nesta pesquisa envolveu dois questionários: um de perfil, e outro contendo uma questão de associação livre a partir da escuta musical; questões abertas e fechadas; e classificação de imagens, aplicados a 81 (oitenta e um) licenciandos em pedagogia e 161 (cento e sessenta e um) licenciandos em música de uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo. As representações sociais de música revelaram que os cinco eixos temáticos estavam presentes em todos os grupos e para todos os gêneros de música apresentados na pesquisa, variando quanto ao nível de informação que cada grupo possuía sobre música. Os eixos da afetividade e do contexto se mostraram fundamentais para a compreensão do papel humanizador da música na educação. Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo, quanto como restrições nas representações sociais de música na escola, dependendo das visões que cada grupo pesquisado, licenciandos em pedagogia e em música, ingressantes e concluintes, possuía sobre escola e educação. A classificação das imagens indicou que existe uma concepção dionisíaca para o funk e o rock em contraposição ao caráter apolíneo do jazz. Para que a música tenha um papel transformador na educação, é necessário que a formação do futuro professor, no âmbito dos cursos de pedagogia e de música, ofereça as condições necessárias para a superação da dicotomia existente entre o caráter apolíneo e dionisíaco da música, e entre a música “fora da escola” e a música “própria” para o contexto da escola. Para se alcançar o ideal de uma prática reflexiva e, portanto, humanizadora, do ensino de música nas escolas, os cursos de pedagogia precisam contemplar disciplinas específicas ligadas à música, e os cursos de música, desenvolver projetos colaborativos com os cursos de pedagogia.

Palavras-chave: música; música na escola; escuta musical; representações sociais.

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S, L.Y. Music and music at school: a study of social representations of Pedagogy

students and of Music from musical listening. PhD thesis, SP: PUC-SP, 2013.

ABSTRACT

The present study had as its aim to analyse the social representations of music education students as well as pedagogy education ones about music and music at school, considering that this point of view can influence the future practices of these students with Primary and High Education teachers. This research allowed us to identify five thematic axles as part of social representations of students/future teachers in music: affectivity; movement; communication; context; and education. The categorization was done through the listening of three musical genders: pop, jazz, and world music. The chosen methodology throughout this research makes good usage of two questionnaires: one related to profile and the other related to question of free association from musical listening; open and closed questions; and image classification applied to 81 (eighty one) students in Pedagogy and 161 (one hundred and sixty one) students in music of one Institution of Superior Education in Sao Paulo. The social representations of music revealed that the five thematic axles were present in all the groups and for all musical genders presented throughout the research, varying its informational levels, which each group had about music. The axles of affectivity and context were revealed as extremely important for the comprehension of the music humanizer role in education. This way, the representations of music were presented as much as educational strength as restrictions of social representations in music at school, depending on the view that each researched group had about on school and education: beginners and last year students of pedagogy and music. The classification of images indicated that there is Dionisio concept for funk and rock in spite of the Apolo character of jazz. In order to give the music its important role into education, it is necessary that the education of the future teachers in regards to pedagogy and music courses offers the right conditions to overcome the present dichotomy in between the Apolo and Dionisio characters of music, as well as between the music outside school and the proper one at school for the school context. Aiming to reach the ideal into a reflexive practice and so humanized, the music teaching at schools, the courses of pedagogy need to contemplate specific disciplines linked to music and courses of music need to develop collaborative projects with the pedagogy courses.

Key words: music; music at school; musical listening; social representations.

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SUMÁRIO

Introdução .......................................................................................................................... 12

1. Música e música na escola: significados, usos e funções ......................................... 17

1.1. A música ................................................................................................................... 19

1.2. Gêneros, usos e funções sociais da música .............................................................. 24

1.3. Sobre a música e a afetividade.................................................................................. 33

1.4. A música na escola: um breve histórico ..................................................................... 41

1.5. A música nas escolas brasileiras ............................................................................... 46

2. Diretrizes teórico-metodológicas ................................................................................. 59

2.1. Estudos anteriores de representações sociais e música ........................................... 60

2.2. O estudo das representações sociais a partir da escuta musical .............................. 63

2.3. Metodologia ............................................................................................................... 69

2.3.1. O critério de escolha das músicas .................................................................. 71

2.3.2. O critério de escolha das imagens .................................................................. 74

2.3.3. Local da pesquisa e perfil dos cursos ............................................................. 80

2.3.4. Perfil dos participantes da pesquisa ............................................................... 81

2.3.5. Procedimentos para a análise dos dados ....................................................... 91

3. Análise dos resultados: as representações sobre música e música na escola de

estudantes de licenciatura em pedagogia e de licenciatura em música ....................... 97

3.1. 1ª Fase – Análise da centralidade das representações sobre música dos

estudantes de pedagogia e de música ..................................................................... 99

3.1.1. Etapa 1 – Análise das respostas do grupo de estudantes de pedagogia ........ 99

3.1.2. Etapa 2 – Análise das respostas do grupo de estudantes de música ........... 113

3.1.3. Etapa 3 – Representações dos estudantes de pedagogia e música sobre

música .................................................................................................................... 130

3.2. 2ª Fase – Análise das representações sobre música na escola dos estudantes de

pedagogia e de música .......................................................................................... 134

3.2.1. Etapa 1 – O pop, o jazz e o world music na escola ....................................... 135

3.2.2. Etapa 2 – O contexto, as funções e os usos da música na escola ................ 145

3.2.3. Etapa 3 – As imagens que os estudantes de pedagogia e de música constroem

sobre música na escola .......................................................................................... 154

3.2.4. Etapa 4 – Representações sociais sobre música na escola dos estudantes de

pedagogia e de música, ingressantes e concluintes .............................................. 162

4. Para finalizar ................................................................................................................ 166

Referências ...................................................................................................................... 172

Apêndices .......................................................................................................................... 179

Anexos .............................................................................................................................. 185

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Funk na escola .................................................................................................... 75

Figura 2: Show de rock na escola ....................................................................................... 75

Figura 3: Aula de percussão na escola ............................................................................... 76

Figura 4: Apreciação musical na escola .............................................................................. 77

Figura 5: Musicalização infantil ........................................................................................... 77

Figura 6: Música e movimento na escola ............................................................................ 78

Figura 7: Flauta-doce na escola .......................................................................................... 79

Figura 8: Ritmos africanos na escola .................................................................................. 79

Figura 9: Funk na escola .................................................................................................. 154

Figura 10: Show de rock na escola ................................................................................... 155

Figura 11: Aula de percussão na escola ........................................................................... 157

Figura 12: Apreciação musical na escola .......................................................................... 158

Figura 13: Musicalização infantil ....................................................................................... 159

Figura 14: Música e movimento na escola ........................................................................ 159

Figura 15: Flauta-doce na escola ...................................................................................... 160

Figura 16: Ritmos africanos na escola .............................................................................. 161

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Distribuição por sexo .......................................................................................... 81

Gráfico 2: distribuição por faixa etária ................................................................................. 82

Gráfico 3: Distribuição por instrumento musical que os estudantes tocam .......................... 83

Gráfico 4: Distribuição por tempo de prática instrumental ................................................... 84

Gráfico 5: Situações de aprendizagem ............................................................................... 85

Gráfico 6: Aulas de música na escola regular ..................................................................... 86

Gráfico 7: Participação em coral ......................................................................................... 86

Gráfico 8: Distribuição por tipos de corais citados pelos estudantes ................................... 87

Gráfico 9: Distribuição por turma dos que costumam cantar ............................................... 88

Gráfico 10: Distribuição por experiência como professor em escola regular ....................... 89

Gráfico 11: Tempo de magistério ........................................................................................ 89

Gráfico 12: Aceitabilidade da música pop na escola ......................................................... 135

Gráfico 13: Aceitabilidade do jazz na escola ..................................................................... 139

Gráfico 14: Aceitabilidade do world music na escola ........................................................ 142

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Frequência e ordem média de evocações para o pop por estudantes de

pedagogia .......................................................................................................................... 100

Quadro 2: Categorias a partir das justificativas e significações atribuídas ao pop pelo

grupo de estudantes de pedagogia .................................................................................... 101

Quadro 3: Frequência e ordem média de evocações para o jazz por estudantes de

pedagogia .......................................................................................................................... 105

Quadro 4: Categorias a partir das justificativas e significações atribuídas ao jazz pelo

grupo de estudantes de pedagogia .................................................................................... 106

Quadro 5: Frequência e ordem média de evocações para o world music por estudantes

de pedagogia ..................................................................................................................... 108

Quadro 6: Categorias a partir das justificativas e significações atribuídas ao world music

pelo grupo de estudantes de pedagogia ............................................................................ 109

Quadro 7: Frequência e ordem média de evocações para o pop por estudantes

de música .......................................................................................................................... 113

Quadro 8: Categorias a partir das justificativas e significações atribuídas ao pop pelo

grupo de estudantes de música ......................................................................................... 114

Quadro 9: Frequência e ordem média de evocações para o jazz por estudantes de

pedagogia .......................................................................................................................... 120

Quadro 10: Categorias a partir das justificativas e significações atribuídas ao jazz pelo

grupo de estudantes de pedagogia .................................................................................... 121

Quadro 11: Frequência e ordem média de evocações para o world music por estudantes

de pedagogia ..................................................................................................................... 124

Quadro 12: Categorias a partir das justificativas e significações atribuídas ao world music

pelo grupo de estudantes de pedagogia ............................................................................ 125

Quadro 13: A música na escola pública ............................................................................ 146

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INTRODUÇÃO

OU

PRELÚDIO

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo discutir o potencial formativo da

música a partir das representações sociais sobre música e música na escola dos

estudantes de licenciatura em pedagogia e de licenciatura em música, tendo em

vista que são esses estudantes, futuros professores, que atuarão no ensino de

música na Educação Básica.

A principal motivação, para a realização deste estudo, partiu da própria

trajetória profissional e acadêmica da autora. A atuação como professora formadora

em cursos de formação continuada em música, permitiu perceber que as

professoras da Educação Básica tinham uma atitude positiva com relação à música

no contexto escolar, principalmente no que diz respeito ao papel da música no

desenvolvimento integral da criança, mas encontravam dificuldades para transformar

as suas práticas no cotidiano da escola, apesar de terem frequentado esses cursos

de formação. Essa constatação levou à investigação realizada no mestrado

(SUGAHARA, 2008), pela qual se observou que as professoras entrevistadas

concebiam música e música na escola de maneira diferente. Quando indagadas se

levariam para a sala de aula (para os alunos escutarem) as músicas que gostavam

de ouvir no cotidiano, ficou claro que a maior preocupação foi com relação à letra

das músicas, se o conteúdo das letras seria adequado ou não para a faixa etária dos

seus alunos, e também para o ambiente escolar, indicando a existência de uma

concepção de música específica para o contexto da escola. Também foi possível

verificar que o desenvolvimento do gosto musical de uma pessoa está ligado,

principalmente, ao meio sociocultural em que essa pessoa está inserida e é

influenciado pela exposição aos meios de comunicação: rádio e televisão. O estudo

do mestrado evidenciou a necessidade de aprofundar a discussão sobre os usos e

as funções da música na escola e sobre a formação do professor que ensinará

música na escola. Essa temática mostrou-se pertinente e urgente, tendo em vista o

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recente retorno da música aos currículos escolares brasileiros1, como conteúdo

obrigatório em toda a Educação Básica.

A discussão no presente trabalho, parte da seguinte visão sobre música: a

música como fenômeno é invenção do homem, possui historicidade e encontra-se

socialmente inserida. Nesse sentido, a música deixa de ser apenas um agrupamento

de sons e/ou ruídos e/ou silêncios, pois depende da intencionalidade de quem a

produz que, por sua vez, depende do contexto social, cultural e histórico em que

essa música é produzida, disseminada, mantida ou transformada, de acordo com a

reação que é capaz de provocar e/ou dos usos e funções que dela se faz. Um

estudo sobre a música foi realizada no Capítulo I deste trabalho.

Até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB

n. 9.394 de 1996, os alunos da Educação Básica, no Brasil, foram privados durante

trinta anos do ensino de música na escola. Durante esse período, o ensino de arte

ficou restrito, na maioria das vezes, às técnicas de produção das artes visuais. Para

compreender esse processo, foi realizada uma breve retrospectiva histórica que

também consta no Capítulo I deste trabalho. O levantamento de literatura realizado

mostrou que a escola ainda não se ocupa dos aspectos estéticos sistematicamente,

e que, é necessário investigar o perfil de formação do futuro professor de música

das escolas de Educação Básica.

A análise documental de 15 projetos pedagógicos de licenciatura em música

no Brasil, realizada por Mateiro (2009), revelou que os cursos superiores de

formação de professores de música pesquisados privilegiam o conhecimento

científico básico (música), seguido do conhecimento aplicado (pedagogia) e em

menor proporção, o desenvolvimento das habilidades técnicas para o exercício

profissional. Em todos os projetos, as concepções de formação, as intenções das

ações pedagógicas e a estrutura curricular são basicamente as mesmas, o que não

contempla o perfil do aluno-egresso proposto, nem possibilita a sua plena atuação

nos múltiplos espaços profissionais.

Henriques (2011) buscou averiguar a presença da música como conteúdo da

disciplina Artes dos cursos de Pedagogia do Estado de São Paulo, também através

1 A Lei Federal 11.769/2008 alterou a LDB 9394/96 tornando o ensino de música obrigatório em toda

a Educação Básica.

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de uma pesquisa documental, e verificou que, de 199 cursos pesquisados, a música

estava presente como disciplina em apenas 6 desses cursos. Outros estudos

(Queiroz; Marinho, 2008; Aquino, 2007; Krobot, 2006; Scarambone, 2006; Diniz,

2006; Mateiro, 2003; Bellochio, 2003; Del Ben, 2001, 2003) indicam que tanto os

cursos de licenciatura em música quanto os cursos de pedagogia deixam lacunas no

que diz respeito às habilidades necessárias para a atuação plena como professor de

música na Educação Básica.

Partindo das considerações feitas até o momento, e da compreensão de que

a visão dos licenciandos em pedagogia e em música sobre música e música na

escola pode influenciar as suas práticas futuras, pretende-se discutir a temática a

partir das seguintes questões:

Quais são as representações sociais sobre música e música na escola

dos licenciandos em pedagogia e em música?

Quais são os elementos constitutivos dessas representações que

poderiam contribuir para o processo formativo?

Para tanto, recorre-se aos fundamentos oferecidos pela Teoria das

Representações Sociais de Serge Moscovici (2009, 2007, 2005, 1984, 1978), que

possibilita uma análise multidimensional, pois considera o pensamento construído

em um contexto de relações, isto é, na tensão entre o indivíduo e a sociedade. Além

de terem sido encontrados poucos trabalhos sobre música e representações sociais

(Arruda e Jamur, 2005; Duarte, 2002, 2004, 2005; Oliveira, 2008), foi observado que

um estudo sobre representações sociais a partir da escuta musical ainda não tinha

sido realizado, portanto, optou-se por uma abordagem metodológica, de apreensão

das representações dos estudantes de pedagogia e de música, a partir da escuta

musical. A pesquisa foi realizada em uma Instituição de Ensino Superior particular

da cidade de São Paulo. Participaram da pesquisa, 81 estudantes de licenciatura em

pedagogia, sendo 33 ingressantes e 48 concluintes; e 161 licenciandos em música,

dos quais, 123 ingressantes e 38 concluintes. Foram aplicados dois questionários:

um de perfil e outro contendo uma questão de associação livre a partir da escuta de

três músicas de gêneros diferentes, questões abertas e fechadas e uma questão de

classificação de imagens/ fotografias. Essas diretrizes teórico-metodológicas

encontram-se descritas no Capítulo II deste trabalho.

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A análise dos resultados será apresentada no Capítulo III deste trabalho e foi

realizada em duas Fases. Na 1ª Fase foi analisada a centralidade das

representações sobre música dos grupos de estudantes de licenciatura em

pedagogia e em música a partir da escuta de três músicas de gêneros diferentes:

pop, jazz e world music. Nesta fase não foi feita a diferenciação entre os estudantes

ingressantes e concluintes, dos cursos de licenciatura em pedagogia e em música,

tendo em vista que não houve diferenças significativas entre os grupos de

ingressantes e concluintes dos respectivos cursos. Na 2ª Fase, a análise das

representações sobre música na escola dos grupos de licenciandos em pedagogia e

em música, foi realizada diferenciando os grupos de ingressantes e concluintes dos

dois cursos. A análise da 2ª Fase partiu das seguintes questões: grau de aceitação

das músicas pop, jazz e world music no contexto escolar; o que os licenciandos

pensam sobre a escola pública; porque levar música para a escola; como ensinar

música na escola; e classificação das imagens/ fotografias sobre a música na

escola.

A análise da escuta musical permitiu a identificação de cinco Eixos Temáticos

constituintes das representações sociais sobre música dos licenciandos em

pedagogia e em música: afetividade, comunicação, movimento, contexto e

formação. Os eixos da afetividade e do contexto foram indicados como sendo os

mais significativos para a compreensão do papel humanizador da música na

educação. Dependendo da visão que os grupos de licenciandos em pedagogia e em

música, ingressantes e concluintes revelaram sobre a escola e a educação de modo

geral, as representações sobre “música” se apresentaram como potencial formativo

ou como restrições nas representações sobre “música na escola”.

A classificação das imagens evidenciou a existência de duas concepções

presentes nas representações sobre música na escola dos licenciandos: uma

apolínea, que tende à manutenção da ordem e do controle social, e uma dionisíaca,

que se revela ao atribuírem às músicas dos gêneros funk e rock, um papel pouco

educativo. Uma prática reflexiva e transformadora requer oferecer aos futuros

professores, as condições necessárias para a superação da dicotomia existente

entre o caráter apolíneo e dionisíaco da música, e entre a música do cotidiano e a

música “própria para a escola”, dilema que acompanha a história da música e da

educação ocidental, desde a antiguidade grega.

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MÚSICA E MÚSICA NA ESCOLA: SIGNIFICADOS, USOS E FUNÇÕES

TEMA E

VARIAÇÕES

Partitura de canto gregoriano

Espiral- John Cage

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1. MÚSICA E MÚSICA NA ESCOLA: SIGNIFICADOS, USOS E FUNÇÕES

Discutir música é sempre uma tarefa complexa, já que o seu conceito envolve

múltiplas significações e sua existência remonta à própria história da humanidade.

Não se pode precisar a sua origem, mas estudos especulativos a partir de objetos

encontrados em buscas arqueológicas sugerem que o homem já produzia sons

intencionalmente a partir de objetos de uso cotidiano, que por sua vez,

provavelmente, originaram os instrumentos musicais (Pahlen, s/d; Grunfeld, 1978).

Outra hipótese, levantada por Darwin (2012), seria a de que, possivelmente, o canto

tenha surgido da imitação dos gritos de animais ou como acreditava Rousseau

(1978, p. 186), como desdobramento da linguagem falada e articulada, diferenciados

pelo “ritmo e inflexões melodiosas dos acentos”. A música como linguagem criativa

e, portanto intencional, é exclusividade do homem. Lévi-Strauss (1991, p. 30), na

obra O cru e o cozido, afirma que, “[...] a natureza produz ruídos, e não sons

musicais, que são monopólio da cultura enquanto criadora dos instrumentos e do

canto. [...] Os sons musicais não existiriam para o homem se ele não os tivesse

inventado”.

Em algumas sociedades tribais africanas, a vida em comunidade está de tal

forma impregnada pela música, que não existe uma palavra para defini-la. A música

faz parte do todo da vida em comunidade e, consequentemente da educação,

possuindo uma ampla gama de possibilidades sonoras e de características conforme

os modos de vida de cada sociedade. Para os antigos chineses e indianos, a música

conjuntamente com o ensino da escrita, da matemática, agricultura, poesia, dança,

arquitetura, pintura e escultura, fazia parte da educação como um todo, estando

intimamente ligada à religião e à ordem social.

Ao iniciar seu texto, no livro A filosofia da música, Ridley (2008, p. 9)

esclarece que o escreveu a partir da convicção “de que a música é parte da vida”. O

autor afirma que “a música e os sons musicais são onipresentes” (p.10), pois se

fazem presentes mesmo aos que lhes são indiferentes na vida cotidiana, como por

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exemplo: “o rádio do vizinho, as vinhetas de TV, os sinos das igrejas, o muzak2 das

lojas, alguém que assobia, o som de carros que passam, secretárias eletrônicas,

juke boxes, jingles de publicidade, músicos de rua”. (p.10)

A música também tem historicidade, tendo em vista que os significados, as

funções e as concepções sobre música mudam com tempo. Nesse sentido, Ridley

(2008, p.10) ilustra e esclarece:

[...] onde agora temos computadores, certa vez tivemos crumhorns3 e, antes deles, liras e monocórdios. Os papéis musicais mudam: o lugar da música na dança tribal é diferente do seu lugar cristão, e tampouco é o mesmo que seu lugar no Albert Hall [...]. As concepções de música mudam: tivemos a metafísica pitagórica, a harmonia das esferas, a música devocional, a música como ornamento, a música como arte elevada, a música völkisch4, a música de protesto, a música mercadoria. O propósito da música, o que foi considerado música e a maneira como foi ouvida e como se pensou nela – todas essas coisas mudaram, o que significa que, para compreendermos a música e as experiências musicais que agora temos, elas terão de ser compreendidas historicamente, pelo menos em parte – como produtos complexos de acréscimo, assimilação, atrofia e decadência”.

A música é sempre socialmente inserida, já que não existe em um vácuo, não

vem de Marte, porque ela ocupa um “espaço conceitual” pela qual ela condiciona e é

condicionada, “nos interstícios de um conjunto indefinidamente maior e mutável de

outros interesses”, como por exemplo, “[...] por meio da dança, a música une-se

reciprocamente ao sexo e à sociabilidade, por meio dos hinos e cânticos religiosos à

saúde da alma, por meio das canções de ninar à brincadeira, por meio de marchas

ao exército, por meio dos hinos à solidariedade [...]”. (RIDLEY, 2008, p.10-11).

Seguindo raciocínio semelhante, em The Anthropology of Music, Alan Merrian

(1964, p.7, tradução nossa), define música da seguinte forma: “A música é um

2 Muzak - Música ambiente (nota nossa).

3 Crumhorn – “o mesmo que krumhorn; instrumento de palheta dupla encapsulada, com tubo

cilíndrico e a extremidade inferior recurvada em direção ao corpo [...]. O mais importante instrumento de palheta encapsulada durante o séc. XVI e início do séc. XVII, está ligado principalmente à Alemanha, à Itália e aos Países Baixos”. (Dicionário Grove de música, 1994, nota nossa).

4 Völkisch - o tradutor e o autor da citação preferiram manter a palavra no original alemão por se tratar

de um termo de difícil tradução. A princípio o termo völkisch poderia ser traduzido como popular, mas significa mais do que isso na língua alemã, significa: “o mais genuinamente alemão”. (MASKE, 2004, nota nossa).

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produto do comportamento humano e possui estrutura, mas sua estrutura não pode

ter existência própria se divorciada do comportamento que a produz”.

Para Wisnik (2007) a música se constitui de forma metafórica, como um

retrato ideológico da sociedade, como um paradigma utópico da sociedade em

harmonia, que busca ordenar os ruídos e sons do mundo, buscando apaziguar os

conflitos e o caos presentes na sociedade. Schafer (1997, p.138) define ruído como

“qualquer som indesejado [...] são música ou ruído depois que determinamos se

constam da mensagem que se quer ouvir ou se são interferências misturadas a ela”.

Para esclarecer a noção de ruído e sua implicação no campo da arte, Wisnik (2007,

p.33) descreve uma microfonia:

A microfonia é ruído, não só porque fere o ouvido, por ser um som penetrante, hiperagudo, agressivo e “estourado” na intensidade, mas porque está interferindo no canal e bloqueando a mensagem. Essa definição de ruído como desordenação interferente ganha um caráter mais complexo em se tratando de arte, em que se torna um elemento virtualmente criativo, desorganizador de mensagens/códigos cristalizados e provocador de novas linguagens. (grifo do autor).

A música como fenômeno é, portanto, invenção do homem, possui

historicidade e encontra-se socialmente inserida. Nesse sentido, a música deixa de

ser apenas um agrupamento de sons e/ou ruídos e/ou silêncios, pois depende da

intencionalidade de quem a produz, que por sua vez depende do contexto social,

cultural e histórico em que essa música é produzida, disseminada, mantida ou

transformada, de acordo com a reação que é capaz de provocar e/ou dos usos e

funções que dela se faz.

1.1. A música

A música: para melhor compreendê-la, faz-se necessário também, recorrer à

análise etimológica. A origem da palavra mousiké (música) vem de mousa, que

significa musa na língua grega e foi propagada pelos romanos para o mundo. O

termo grego mousiké compreendia o estudo simultâneo da música, da poesia e da

dança de forma integrada e não como atividades autônomas. Mais especificamente,

os gregos eram amantes da música, a arte das musas. Na mitologia grega, as

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musas são “as cantoras divinas, cujos coros e hinos alegram o coração de Zeus e

de todos os Imortais, já que sua função principal era presidir ao Pensamento sob

todas as suas formas: sabedoria, eloquência, persuasão, história, matemática,

astronomia” (BRANDÃO, 2002, p. 203).

A música ocupava lugar central na sociedade grega antiga de forma

complexa, já que também não era concebida dissociada de outros saberes. O

estudo da música envolvia o aprendizado da lira e de outros instrumentos musicais

como cítara e flauta, o canto e a declamação de poesias; estudo esse indissociável

da dança, que educava o corpo. Assim, a educação grega compreendia duas partes

essenciais: gymnastiké (ginástica) para o corpo e mousiké (música) para a alma.

Música se referia à cultura do espírito em geral, que não era separada da cultura

física, uma conduzia à outra, isto é, a música como expressão dos sentimentos era

capaz de guiar condutas e vontades. (MANACORDA, 1999).

Baseada no conhecimento musical dos egípcios e mesopotâmios, que

acreditavam na harmonia entre o universo (macrocosmo) e o ser humano

(microcosmo), representada pela música e pela origem dos números, os gregos

criaram a teoria musical ocidental. Essa teoria musical ainda não se constituía como

um sistema explicativo da música como um sistema autônomo, mas como um

princípio universal que encontrava correspondência entre os astros e os sons, entre

os sons e os números e regia a ordem social. O mito da harmonia das esferas

celestes (descrita no Livro X da República de Platão) seria então uma referência

ideal pela qual os planetas estavam dispostos no universo de forma ordenada e

equilibrada e encontravam correspondência com os sons musicais. Os sete planetas

da astrologia antiga: Lua, Sol, Vênus, Mercúrio, Marte, Júpiter e Saturno,

correspondiam às sete notas musicais, e as estrelas fixas representavam a essência

numérica do mundo. Essa correspondência entre astros, números e sons que só

existia no mundo ideal, era uma música silenciosa e é nesse sentido que se

constituía como uma teoria. Ao mesmo tempo, a harmonia das esferas era uma

ciência da alma, psykhé5, ou princípio vital, capaz de mover as coisas.

5 “Psykhé: Alma, psique; sopro de vida; princípio da vida; o vivente; caráter, temperamento; sede dos

desejos, sentimentos e pensamentos. Personificada, Psyché simboliza a imortalidade e é atormentada por Eros”. (CHAUÍ, 2002, p. 510).

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A natureza numérica da phýsis ou a estrutura harmônica do mundo ou kósmos está presente em todas as coisas e também na alma, psykhé. Segundo os doxógrafos6, Pitágoras e seus discípulos teriam dito que “a alma é harmonia” (portanto, unificação de muitos elementos e concordância dos contrários ou discordantes). Justamente por ser constituída pela mistura de muitos elementos discordantes, a alma precisa buscar a concordância entre eles e fazer com que os elementos superiores dominem os inferiores. Pitágoras afirmava o poder terapêutico da lira sagrada de Orfeu porque a harmonia de seus sons auxiliava o esforço da alma para ser, ela também, harmonia, estabelecendo a justa proporção entre os contrários que a constituem. Há, portanto, em Pitágoras uma ética deduzida da cosmologia. (CHAUÍ, 2002, p. 69).

A relação entre números, sons e ordem social já havia sido explorada pelos

antigos chineses, que associavam as notas musicais aos comprimentos de tubos e

cordas que as produziam, pelas quais os intervalos musicais consonantes de quarta,

quinta e oitava7, tornaram-se ponto de partida para diversos sistemas de escalas

musicais8. Mas para os chineses, a escala musical era interpretada como modelo

cosmogônico9 e político. Cada nota da escala pentatônica (escala de cinco notas)

corresponde a um componente da vida social: a nota Kong (fá) representa o

príncipe; Chang (sol) os ministros; kio (lá) o povo; tché (dó) os negócios e yu (ré) os

6 Escritores antigos que escreveram comentários a partir da leitura dos escritos originais dos pré-

socráticos, sobre as teorias propostas. Esses escritos são a única fonte de referência que existe até hoje. (Nota nossa).

7 O intervalo musical é a distância existente entre dois sons afinados no campo das alturas. O

intervalo consonante tem como característica, ser agradável ao ouvido. Essas propriedades do som já eram estudadas pelos gregos, chineses e outros povos, mas a sistematização desse conhecimento na tradição ocidental foi atribuída aos pitagóricos. O monocórdio, possivelmente inventado por Pitágoras, era um instrumento que consistia em uma corda estendida entre dois cavaletes sobre uma prancha que possibilitou uma série de experimentos pelos quais Pitágoras buscava associações entre as formações sonoras e uma ordem numérica e harmônica. Os experimentos permitiram observar, entre outras coisas, que pressionando a corda na metade de seu comprimento e tocando-a, era possível ouvir a sua repetição num registro mais agudo, ou seja, transpondo esse conhecimento para o sistema musical atual, uma oitava acima (se for a nota dó, por exemplo, a oitava será a mesma nota dó num registro mais agudo). Ao pressionar a corda num ponto situado a 2/3 de seu comprimento, ouvia-se uma quinta acima, (se o som original for dó, sua quinta seria a nota sol). O intervalo de quinta é considerado o mais consonante dentro do sistema de alturas. Pressionando a corda a 3/4 do comprimento forma-se o intervalo de quarta (no caso do som original ser a nota dó, a quarta seria a nota fá). (WISNIK, 2007; ABDOUNUR, 2003)

8 Escala é o “conjunto mínimo de notas com as quais se forma a frase melódica. [...] Não importa que a nossa tradição pense a escala como uma sequência de notas que vão do grave para o agudo, e que os gregos pensassem as suas escalas como um conjunto descendente indo do agudo para o grave. [...] é um estoque simultâneo de intervalos, unidade distintivas que serão combinadas para formar sucessões melódicas”. (WISNIK, 2007, p.71).

9 Cosmogônico – relativo à criação do universo.

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objetos. Cada elemento deve contribuir para manter o equilíbrio da ordem social

(metaforicamente e metonimicamente) através da associação de sons claros e

distintos (agudos) ou sons fortes e poderosos (graves) com cada uma das notas,

buscando não “perturbar” o equilíbrio dos cinco sons. (WISNIK, 2007).

Mas foram os gregos (principalmente os pitagóricos) que, a partir da

sistematização desse conhecimento, criaram a astronomia marcando definitivamente

a passagem do modelo de pensamento cosmogônico das culturas orientais para o

modelo cosmológico, caracterizado pela “explicação racional da origem do mundo”.

(CHAUÍ, 2002, p. 24).

Embora a filosofia de Platão e Aristóteles tenha sido claramente influenciada

pelo pensamento pitagórico, ela dá um novo sentido a esse modelo cosmológico e

ontológico para atender a uma nova ordem: garantir o bem estar do cidadão da

pólis10. Platão (2006) parte do modelo da harmonia das esferas para discursar sobre

a cidade ideal. Preocupado com a manutenção da ordem social da nova pólis,

recomendava a utilização dos instrumentos de Apolo11, como a lira e a cítara,

rejeitando os instrumentos de muitas cordas, como a harpa e o aulos (instrumentos

de Dionísio) que poderiam produzir harmonias12 indesejadas e, consequentemente,

comportamentos inadequados para o bom cidadão da pólis. Os guardiões deviam

ser os responsáveis por zelar pela boa música e pela boa educação, a fim de

garantir o equilíbrio da pólis.

Na obra República, Platão (2006) discute o papel pedagógico da poesia13 e

da música para a formação moral da criança, explicando que as fábulas contadas

10

“Pólis: Cidade; Cidade-Estado; reunião dos cidadãos em seu território e sob suas leis. Dela se deriva a palavra política (politikus: cidadão, o que concerne ao cidadão, os negócios públicos, a administração pública)”. (CHAUÍ, 2002, p.509).

11 Pela mitologia grega, Apolo era o Deus da luz e da palavra, patrono da filosofia, enquanto Dionísio

era o Deus do êxtase e do entusiasmo, considerado o protetor das belas artes e conhecido como Baco (latim).

12 O termo harmonia para os gregos tinha um sentido diferente da linguagem musical moderna. Está

relacionado à ideia desenvolvida por Platão de harmonia das esferas celestes. “Ele designa não só a relação e a disposição dos intervalos entre as notas da melodia, mas também a afinação, a altura do som, o andamento melódico, as cores, a intensidade, o timbre da música. Os diferentes grupos de harmonia compõem os ‘modos’ musicais”. (PLATÃO, 2006, p. 113 – Nota de rodapé de Daniel R.N. Lopes).

13 Platão faz uma crítica ao modelo de educação tradicional da Grécia dos séculos V e VI a.C.,

baseado nas poesias, principalmente as homéricas, que influenciavam as ações do homem. Os

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para as crianças deveriam ser escolhidas dentre aquelas que fossem as mais

adequadas à educação, “as mais belas e as mais apropriadas para ensinar-lhe a

virtude”. Segundo o pensador, as crianças ainda não conseguiriam distinguir o que

havia de verdade nas fábulas e justamente por isso: “a música deve vir antes da

ginástica”, para “moldar” o caráter dos futuros guardiões da cidade que devem

tornar-se “piedosos e semelhantes aos deuses na maior medida que mortais o

possam ser”. (PLATÃO, 2006, p.85-96, Livro II, 376e, 377a, 378e, 383c).

Aristóteles também estava preocupado com a função da música em seu

tempo, que como forma de diversão estava ligada aos “prazeres vulgares”, nos

banquetes e festividades, e acreditava que os músicos profissionais preocupavam-

se mais em “fazer música” para divertir os ouvintes do que necessariamente serem

bons músicos. E nesse sentido, deviam-se educar as crianças desde cedo para que

aprendessem a apreciar boa música, condição para serem bons cidadãos. A música

é descrita por Aristóteles em A política como forma de lazer e fonte de prazer do

homem livre, porque “é o princípio de todos os encantos da vida”. (ARISTÓTELES,

2006, Livro II, p.80).

Essa visão hedonista de Aristóteles sobre a música se estende também à

educação, tendo em vista que “a música é uma excelente parte da educação e deve

ser ensinada às crianças, senão como necessária ou útil para ganhar a vida, pelo

menos liberal e honesta. É a música a única no gênero dos talentos agradáveis [...]”.

(ARISTÓTELES, 2006, Livro II, p. 81).

De certa maneira, Platão e Aristóteles compartilhavam ideias semelhantes

acerca da educação ideal do jovem cidadão da pólis. Se antes do período clássico

grego, a música era considerada somente em sua função ritual, feita para os cultos a

Apolo e Dionísio, no período clássico de Platão e Aristóteles, passa a desempenhar

outras funções na vida social da pólis, dando um novo sentido ao termo mousiké. A

música cívica, de caráter apolínio se caracterizava como a música mais adequada

para a educação de jovens e crianças em detrimento da música de caráter

dionisíaco. Essa forma de pensar, mais tarde, mostrará seus reflexos com o

poemas homéricos representavam os ideais de uma pequena e hegemônica aristocracia da sociedade grega do século VII a.C., na figura de uma elite de guerreiros. (PLATÃO, 2006; KRAUS, 2007).

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desenvolvimento de duas vertentes musicais que coexistirão na tradição ocidental:

uma ligada à música praticada dentro das igrejas e monastérios (que dará origem à

música clássica), caracterizada pelo desenvolvimento de um “saber técnico/teórico

musical” e outra que se referia às músicas “profanas” e “populares”, de tradição oral.

A distinção entre os diferentes gêneros e funções da música será abordada a seguir.

1.2. Gêneros, usos e funções sociais da música

O sistema musical da Grécia antiga, baseada no modelo da harmonia celeste,

era composto por escalas ou modos que determinavam o caráter das músicas. De

um lado, existia uma música de caráter apolíneo, e de outro uma música dionisíaca,

que daria origem às músicas sacras e profanas na Idade Média e acabariam por

determinar os caminhos que seguiria o desenvolvimento da música ocidental, com a

invenção do tonalismo14, ou seja, da escala musical temperada, tal qual a

conhecemos hoje. Em contraposição à música ocidental, Wisnik (2007) chama de

música modal, a música surgida antes do advento do tonalismo. O mundo modal a

que se refere o autor, diz respeitos às sociedades pré-capitalistas, “englobando

todas as tradições orientais (chinesa, japonesa, indiana, árabe, balinesa e tantas

outras), ocidentais (a música grega antiga, o canto gregoriano e as músicas dos

povos da Europa), todos os povos selvagens da África, América e Oceania”.

(WISNIK, 2007, p. 34).

São as escalas, modos ou gamas15 que determinam as características ou

“sotaques musicais” das melodias. Em outras palavras, as melodias tornam-se

“reconhecíveis” a partir do uso recorrente dessas escalas dentro de um determinado

contexto cultural.

14

O tonalismo é caracterizado pela unificação do campo das alturas sonoras através de uma escala cromática. A escala cromática consiste em doze semitons (a menor medida intervalar padronizada entre dois sons) iguais no espaço entre as notas de uma escala. Seria o equivalente às sete notas brancas e as cinco pretas do teclado. Esse conhecimento foi sistematizado por J. S. Bach na obra O Cravo bem temperado – um livro de prelúdios e fugas escritas em 24 tons maiores e menores para o estudo de instrumentos de teclas.

15 Neste caso, serão tratados como sinônimos.

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As escalas variam muito de um contexto cultural para outro e mesmo no interior de cada sistema (os árabes e os indianos, por exemplo, têm um sistema escalar intrincado, composto de dezenas de escalas e centenas de derivados escalares). As escalas são paradigmas construídos artificialmente pelas culturas, e das quais se impregnam fortemente, ganhando acentos étnicos típicos. Ouvindo certos trechos melódicos, dos quais identificamos não conscientemente o modo escalar, reconhecemos frequentemente um território, uma paisagem sonora, seja ela nordestina, eslava, japonesa, napolitana, ou outra. (WISNIK, 2007, p.71-72).

No entanto, não é somente a melodia e o parâmetro das alturas que

determinam se uma música é deste ou daquele tipo. O emprego dos diferentes tipos

de sons também deve ser considerado, questão essa também relacionada ao

contexto histórico e social em que ocorre. Nesse sentido, Brito (2003) faz uma

observação importante:

O ruído, por exemplo, considerado durante muito tempo como não-som, ou som não musical, presente apenas nas produções musicais alheias ao modelo musical ocidental, foi incorporado e valorizado como elemento de valor estético na música ocidental do século XX. Se o parâmetro altura, com a ordenação de tons (sons com afinação determinada), predominou na música ocidental desde a Idade Média até o final do século XIX, o timbre tornou-se o parâmetro por excelência no século XX, pela ampliação das fontes sonoras que foram incorporadas ao fazer musical. (BRITO, 2003, p.25).

Os parâmetros sonoros são as qualidades intrínsecas do som: altura,

intensidade, duração e timbre. A altura está relacionada à criação das melodias, a

intensidade diz respeito à expressão dinâmica (sons fortes ou fracos), a duração

determina a organização da música no tempo (ritmo) e o timbre depende da sua

fonte de produção sonora. São essas características do som que são organizados

de acordo com o caráter que se quer dar à música. Como por exemplo, o território

modal, descrito por Wisnik (2007) como sendo ruidoso e ritualístico, com escalas

que remetem a uma circularidade cíclica, “capaz de exaltar, levar ao transe ou ao

êxtase, à meditação ou à dança, sem falar nas gradações sutis desses estados [...]”.

(p.83).

O que determina também de que música se está falando, são os usos e

funções que se atribuem a essa organização sonora. O canto gregoriano, por

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exemplo, tinha a função de causar introspecção, sendo assim, as melodias eram

sobrepostas de modo a se evitar o trítono16 considerado diabólico e capaz de

provocar comportamentos indesejados. As canções de ninar são de tradição oral,

estão presentes em quase todas as culturas e são entoadas pelas mães com o

intuito de fazer adormecer os bebês, seja pelo ritmo muitas vezes ditados pelos

versos da canção e pelo embalo provocado, seja pelas letras (no caso das cantigas

brasileiras) muitas vezes amedrontadoras para disciplinar o sono das crianças.

(MACHADO, 2012).

Falar sobre música e seus contextos, implica em falar sobre os gêneros

musicais. Segundo Fabbri (1981) um gênero musical é “um conjunto de eventos

musicais17 (reais ou possíveis) cujo curso é governado por um conjunto definido de

regras socialmente aceitas”.

Fabbri (1981) recorre à teoria dos conjuntos para definir o que seria um

gênero musical. Explica que um gênero só pode ser considerado em relação a outro

gênero ou subgênero, assim como um conjunto só pode ser considerado em relação

a outro conjunto ou subconjunto, ou ainda na intersecção dos conjuntos. Um evento

musical pode pertencer tanto a um ou a outro gênero, quanto a dois ou mais

gêneros ao mesmo tempo, constituindo-se como gênero ou subgênero dependendo

do consenso em relação ao conjunto de regras estabelecidas socialmente, que

determina e nomeia um gênero como sendo de um ou outro tipo. Esse conjunto de

regras pode ser de caráter genérico ou particular. O conjunto de regras genéricas

tem um caráter codificado e está associado com a regulação da relação entre os

níveis de expressão e de conteúdo do evento musical, que já se encontram

estabelecidos historicamente e mais amplamente aceitos socialmente. O caráter

particular dessas regras diz respeito aos novos acordos estabelecidos pelas

comunidades musicais (produtores/compositores/instrumentistas, mediadores/ meios

de comunicação/instituições econômicas, receptores/público/ouvintes), a partir dos

16

O trítono é o intervalo entre alturas de duas notas musicais, que possua exatamente três tons inteiros (simplificando e exemplificando, seria o equivalente a tocar as notas fá e si ao mesmo tempo), e constitui uma das dissonâncias mais complexas da música ocidental. Por causar sensação de tensão e movimento, o seu uso foi proibido pela igreja católica durante certo período.

17 Segundo Fabbri (1981, p. 52) “evento musical” é “qualquer tipo de atividade exercida em torno de

qualquer tipo de evento que envolva soar”. (trad. nossa).

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gêneros já existentes, dependendo do contexto em que ocorrem. O autor descreve

as seguintes regras que podem determinar um gênero musical: regras formais e

técnicas, regras semióticas, regras de comportamento, regras sociais e ideológicas,

e regras econômicas e jurídicas.

As regras formais e técnicas abarcam as convenções no nível da

composição e execução da música, estabelecidas e situadas historicamente, e que

determinam as escolhas quanto aos elementos musicais (melodia, harmonia, ritmo)

e/ou entre os elementos textuais e musicais, que mesmo sendo variáveis ou

relativos estabelecem uma referência.

As regras semióticas encontram-se no eixo da produção de sentidos do

texto musical, tanto para produtores quanto para os ouvintes. São códigos que criam

uma relação entre a expressão de um evento musical e o seu conteúdo, e são

estabelecidas pelo elemento textual ou pelo discurso musical determinando sua

função comunicativa (que o autor toma emprestado da linguística): referencial,

emocional, fática, imperativa, metalinguística ou poética. Um evento musical pode

ser analisado a partir da leitura de seu texto musical situando-o em seu

desenvolvimento histórico. Isso é possível porque as diferenças no conceito de

desenvolvimento musical de diferentes épocas e gêneros já estão bastante

codificados. As regras dos gêneros dependem da predominância existente entre as

diferentes funções comunicativas, como por exemplo: a função emocional para a

música de cinema ou os jingles publicitários; ou a função fática para a música de

fundo. Na função emocional, onde se destaca o emissor, outro exemplo seria o

modo de cantar de determinado intérprete que pode remeter a um gênero de música

pop romântica ou a um rock hardcore.

Diferentes canções e gêneros musicais apresentam timbragens, mixagens e dicções características; antes de se reconhecer quem ou o que se canta, a canção é endereçada ao ouvinte pelos “modos de cantar e tocar”. Assim, a vocalização e a interpretação de certa canção são “incorporações musicais”. Ouvir música é “incorporar” não só as vozes, mas também os instrumentos harmônicos e percussivos. (JANOTTI JUNIOR, 2006, p. 45).

As regras de comportamento são aquelas determinadas pelas reações

psicológicas e comportamentais codificadas para cada gênero. Nesse caso, diz

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respeito a certas regularidades encontradas, em relação à postura, aos gestos e

movimentos de certos cantores, instrumentistas, regentes, ouvintes ou até mesmo

de críticos musicais. Estão relacionadas ao grau de identificação das comunidades

musicais com determinado gênero.

Toda expressão musical da cultura popular massiva indica modos específicos de participação corporal diante da música. A maioria dos gêneros musicais midiáticos pode ser associada a determinado modo de dança, que aqui não significa somente uma expressão pública de certos movimentos corporais diante da música e, sim, a corporificação presente na própria música. Mesmo os gêneros musicais que remetem a uma espécie de audiência passiva em termos de movimentos corporais pressupõem alguma forma de relação rítmica com o corpo dos ouvintes. Quando dançamos (pelo menos em se tratando de danças codificadas socialmente), sujeitamos os movimentos de nossos corpos a regras musicais, o que revela um senso físico da produção de sentido diante da música. Dançar, como demonstram, por exemplo, o samba e o funk, é um modo codificado de processar a música. (JANOTTI JUNIOR, 2006 p.43)

Com relação às regras sociais e ideológicas, Fabbri (1981) explica que

cada gênero é definido por uma comunidade musical de estrutura variável, que

aceita as regras e cujos membros participam de várias formas, durante o curso de

um evento musical. Certos gêneros estão associados a grupos de determinada faixa

etária ou função social, como por exemplo: a música de protesto.

Já as regras econômicas e jurídicas se relacionam com as condições de

produção e disseminação dos gêneros musicais, que garantem a sua prosperidade e

sobrevivência .

O gênero musical, portanto, é determinado pelo processo de apropriação

dessas regras e códigos pelos atores sociais, mais especificamente, pela

comunidade musical, constituindo-se como um produto do uso dessas regras, dada

a sua função categorizadora. Os subgêneros são o resultado das hibridizações dos

gêneros. Por exemplo: um rock, um samba ou um jazz são gêneros facilmente

reconhecíveis a partir das regras genéricas descritas anteriormente, mas podem

constituir subgêneros como o samba-rock ou o jazz-rock cujos limites já não são tão

definidos e refletem o seu caráter particular. O mesmo se aplica a alguns gêneros

como o world music ou as músicas de tradição oral, isso sem falar nas músicas dos

DJs, realizadas a partir da mixagem de músicas de gêneros diversos, que no eixo da

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veiculação desses produtos, ganham rótulos que possam permitir o seu consumo.

Esse processo de “rotulação” leva a uma padronização e massificação dos gêneros,

atendendo assim, às necessidades mercadológicas da Indústria Cultural.

Observa-se que os gêneros musicais se constituem nos consensos ou

dissensos, conflitos ou contradições, entre o que é genérico ou particular, entre o

tradicional ou o novo, num processo dinâmico que, por sua vez, é determinado pelos

usos e funções que se fazem deles. Os usos da música se referem à forma como

ela é empregada na sociedade e as funções são os motivos pelos quais a música é

utilizada. Merrian (1964) propõe e discute dez usos e funções psicológicas e sociais

da música, que serão descritas a seguir:

Função de expressão emocional é a função pela qual a música pode

expressar uma gama variada de emoções, porque é capaz de promover “a liberação

de pensamentos e ideias de outro modo inexprimíveis, a correlação de uma grande

variedade de emoções e música, a oportunidade de desabafar e talvez, resolver os

conflitos sociais” 18. (p.222-223).

A função de prazer estético é uma questão discutível, pois depende do fator

cultural e se faz presente tanto para o produtor (compositor ou intérprete) quanto

para o receptor (audiência). Essa função pode estar presente na maioria das

culturas, principalmente na cultura ocidental, mas não estar presente “nas culturas

do mundo não letrado” [...]. “E só pode ser dito que a função de prazer estético é

claramente operatória em algumas culturas do mundo, e talvez presentes em

outros.” (p.223).

A função de entretenimento ou diversão está presente em todas as

culturas, mas “[...] uma distinção deve ser feita entre, provavelmente, puro

entretenimento, que parece ser uma característica particular da música na

sociedade ocidental, e entretenimento combinado com outras funções, que pode ser

uma característica mais predominante em sociedades não letradas”. (p.223).

A função de comunicação também depende da cultura e da compreensão

dos signos musicais presentes em cada cultura. Por exemplo, em uma canção com

letra, o idioma precisa ser compreendido para comunicar integralmente a

18

Tradução nossa de todas as citações de Merrian (1964).

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informação, as ideias e as emoções contidas em determinada música. Apesar de ser

uma atividade humana partilhada por todos os povos, “a música não é uma

linguagem universal, mas é moldada de acordo com a cultura de que faz parte [...] e

entre todas as funções da música, a função de comunicação é talvez a menos

conhecida e compreendida”. (p.223).

Quanto à função de representação simbólica, “há pouca dúvida de que a

música seja uma representação simbólica de outras coisas, ideias e

comportamentos”. (p.223).

Para Merrian (1964), a transmissão de informações musicais ou contidas nos

textos das canções (componente extramusical), como narrativas, valores ou ideias,

envolve a construção social do significado musical dentro de contextos culturais. O

autor descreve quatro níveis de simbolismo na música: “os signos e os símbolos

evidenciados nos textos da canção, o reflexo simbólico ou significado afetivo ou

cultural, as reflexões sobre o comportamento cultural e outros valores, e o

simbolismo profundo presente nos princípios universais”. (p.258).

A função de resposta física ou reação fisiológica é apresentada com

alguma hesitação por Merrian (1964). A música provoca resposta física e é utilizada

pelas diferentes sociedades, mas as respostas podem ser diferentes conforme as

convenções culturais. “A produção de resposta física parece, claramente, ser uma

função importante da música; a questão é saber que esta resposta biológica primária

pode ser provavelmente substituída, pelo fato de que ela é moldada culturalmente”.

(p.224).

A Função de impor conformidade às normas sociais é descrita como uma

das maiores funções da música. “A música para o controle social é parte importante

de um número substancial de culturas, tanto para alertar diretamente os membros

da sociedade, quanto para estabelecer um comportamento considerado adequado”.

(p. 224). Um exemplo disso são as canções escolares que “ditam regras” de

comportamento.

Função de validação de instituições sociais ou de rituais religiosos é a

função pela qual a música é utilizada para expressar as ideologias das instituições

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sociais ou preceitos religiosos, dizendo o que as pessoas devem ou não fazer.

(p.225).

A Função de contribuição para a continuidade e estabilidade da cultura

tem como pressuposto que, “se a música permite a expressão das emoções e a

comunicação, oferece prazer estético e entretenimento, elicia respostas físicas e

valida as instituições sociais e religiosas, fica claro que a música contribui para a

continuidade e estabilidade da cultura”. (p.225). Não se trata de uma função

exclusiva da música, mas poucos elementos da cultura oferecem ao mesmo tempo,

a oportunidade para a expressão das emoções, para o entretenimento, para a

comunicação, entre outras coisas. Exemplo dessa função são as canções

folclóricas.

Na função de contribuição para a integração da sociedade, a música

promove um ponto de convergência no qual os membros da sociedade se agrupam

em torno de atividades que requerem cooperação e solidariedade, como por

exemplo: canções de trabalho e canções nacionais. (p.226).

Em 1999, Hargreaves e North fizeram uma revisão das categorias de Merrian

(1964) e afirmam que pesquisas (Sloboda, 1991; Hargreaves e North, 1997)

confirmam que a música como expressão das emoções tem uma função social

explícita, já que as respostas à música dependem do fator cultural. “A música

através de suas funções cognitivas, emocionais e sociais é um veículo essencial

através do qual o patrimônio cultural é passado de uma geração para a seguinte”.

(HARGREAVES e NORTH, 1999, p. 75 – tradução nossa).

Swanwick (2003) também atesta a utilidade da categorização das funções da

música realizada por Merrian (1964), tendo em vista as possibilidades que essa

categorização oferece para os estudos sobre a educação musical. Mas alerta quanto

ao caráter de manutenção e reprodução cultural dos quatro últimos itens listados por

Merrian (1964), ao reforçar a conformidade com as normas sociais, validar as

instituições sociais e religiosas, contribuir para a continuidade e estabilidade da

cultura e integrar a sociedade, limitando assim, as possibilidades criativas e

transformadoras oferecidas pela música. Nesse sentido, Swanwick (2003) afirma

que as funções da música não são as mesmas da educação musical, já que “educar

musicalmente” significa ter como foco os processos do “fazer musical”, que aí sim,

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implica em “dar sentido ao contexto, seja histórico, social, biográfico, acústico ou

outro”. (p.50).

Swanwick (2003) defende uma educação musical transformadora e dialógica.

E para isso, o “fazer musical” precisa ser considerado como expressão emocional,

prazer estético, comunicação e representação simbólica. Todas essas categorias

são formas simbólicas que possibilitam “um realinhamento metafórico”, mesmo que

tenham algum componente reprodutivo.

Isso quer dizer que, de certo modo, elas podem envolver elementos do que Piaget chama representação interna, a manipulação de imagens, a produção de relações entre essas imagens, a criação e desenvolvimento de vocabulários compartilhados e a negociação e troca de ideias com outros. (SWANWICK, 2003, p.49).

Uma das principais funções da educação musical é justamente dar acesso a

uma forma de expressão simbólica que possibilite a expressão de coisas, situações

e emoções que de outra forma seriam difíceis de ser expressas, tanto no campo da

produção (criação/ composição/ interpretação), quanto da mediação (reprodução/

disseminação) e da recepção (apreciação/audiência) da linguagem musical. O “fazer

musical” envolve tanto o processo de produção quanto o de recepção. Ao ouvir

música, o sujeito reconstrói simbolicamente a escuta, e é nesse sentido, que a

pessoa “faz música”. Esse “fazer musical” é social e cultural, pois é do meio social

que são selecionados os elementos necessários para esse “fazer musical” e é no

contexto cultural que esse processo ocorre. A função social da música está então,

subordinada ao processo do “fazer musical”.

Atualmente, com o desenvolvimento da tecnologia, o acesso à música tornou-

se extremamente amplo, podendo ser encontrada nos meios de comunicação de

massa (rádio e televisão), na internet, em gravações de CD, em aparelhos portáteis

(MP3, MP4, Ipod, etc.), nos bares e restaurantes, nos supermercados e shopping

centers, na rua, na igreja, em casa, entre tantos outros meios e lugares. A música

está por toda parte, como diria Schafer (1997), mas ainda se faz pouco presente nas

escolas brasileiras.

Se formar pessoas integralmente, em todas as suas dimensões: cognitiva,

motora, afetiva e social é também função da escola, seria necessário que todas as

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formas de conhecimento fossem contempladas no contexto escolar e nesse sentido,

Paulo Freire (2002, p.78) explica que:

Especificamente humana a educação é gnosiológica, é diretiva, por isso política, é artística e moral, serve-se de meios, de técnicas, envolve frustrações, medos, desejos. Exige de mim, como professor, uma competência geral, um saber de sua natureza e saberes especiais, ligados à minha atividade docente.

Com relação à música, o domínio da afetividade pode englobar também as

funções de: expressão das emoções (alegria, tristeza), prazer estético (fruição) e

reação fisiológica (dança/movimento) pelo modo com o sujeito é afetado ou afeta o

meio pela música; comunicação, por ser o fator de interação; e entretenimento por

ser fonte de prazer. Essas funções do domínio da afetividade são também condições

para a humanização. Portanto, dentre as funções sociais da música na educação,

será abordada com maior ênfase a função afetiva da música, tendo em vista que,

a música na escola possibilita trabalhar a dimensão humanizadora19 do processo

ensino-aprendizagem.

1.3. Sobre a música e a afetividade

Voltando à perspectiva da inserção social da música, é possível afirmar que

um fenômeno sonoro torna-se música quando os membros, de cada grupo social

consensualmente, determinam ou nomeiam este fenômeno sonoro como sendo

música. Ainda assim, determinar e nomear não são tarefas óbvias ou muito menos

simples, quando se trata de música, pois:

[...] a música não refere nem nomeia coisas visíveis, como a linguagem verbal faz, mas aponta com uma força toda sua para o não-verbalizável; atravessa certas redes defensivas que a consciência e a linguagem cristalizada opõem à sua ação e toca em pontos de ligação afetivos do mental e do corporal, do intelectual e do afetivo. (WISNIK, 2007, p. 28).

19

O termo humanizador é utilizado no sentido dado por Paulo Freire (1982; 2002) ao se referir a uma educação emancipadora.

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A afirmação de Wisnik (2007) indica que a música, diferentemente da

linguagem verbal, não cria imediatamente imagens passíveis de nomeação,

dependendo assim, de outros sistemas de significação, ao mesmo tempo em que

reforça a ideia de que, por isso mesmo, age em todas as dimensões do humano.

O conteúdo da música só pode ser articulado através do som. [...] Não podemos definir música como algo que tem apenas conteúdo matemático, poético ou sensual. Trata-se de tudo isso e muito mais. Relaciona-se à condição humana, porque a música é escrita e executada por seres humanos que expressam seus pensamentos íntimos, sentimentos, impressões e observações. (BARENBOIM, 2009, p. 18).

Ao afirmar que, “a música se assemelha ao mito”, Levi-Strauss (1991) parte

da ideia que a mitologia e a música acionam estruturas mentais comuns no ouvinte

(citando Baudelaire), mantendo clara a distinção entre o sistema musical e a

linguagem articulada, como sendo “diametralmente opostas”, colocando a mitologia

numa posição mediana entre os dois sistemas, mas procurando aproximar o mito da

música. Ambos – mito e música – operam simultaneamente em dois domínios, como

um duplo contínuo: um externo, de ordem material, dado pelo meio (cultural) e outro

interno, de ordem psicofisiológica.

Um externo, cuja matéria é constituída, num caso, por acontecimentos históricos ou tidos como tais, formando uma série teoricamente ilimitada de onde cada sociedade extrai, para elaborar seus mitos, um número limitado de eventos pertinentes; e no outro caso, pela série igualmente ilimitada dos sons fisicamente realizáveis, onde cada sistema musical seleciona a sua escala. O segundo contínuo é de ordem interna. Tem seu lugar no tempo psicofisiológico do ouvinte, cujos fatores são muito complexos: periodicidade das ondas cerebrais e dos ritmos orgânicos, capacidade da memória e capacidade de atenção. (LEVI-STRAUSS, 1991, p.25)

O autor procura transcender a oposição entre o sensível e o inteligível,

mostrando como estes se exprimem um através do outro. (LEVI-STRAUSS, 1991,

p.24-25)

Na música [...] a mediação da natureza e da cultura, que se realiza no seio de toda linguagem, torna-se hipermediação: de ambos os lados, as ancoragens são reforçadas. Instalada no ponto de encontro entre os dois domínios, a música faz com que sua lei seja respeitada

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muito além dos limites que outras artes evitariam ultrapassar. Tanto do lado da natureza quanto da cultura, ela ousa ir mais longe do que as outras. Assim se explica o princípio (quanto não a gênese e a operação, que continuam sendo, como dissemos, o grande mistério das ciências do homem) do poder extraordinário que possui a música de agir simultaneamente sobre o espírito e sobre os sentidos, de mover ao mesmo tempo as idéias e as emoções, de fundi-las numa corrente em que elas deixam de existir lado a lado, a não ser como testemunhas e como respondentes. (LEVI-STRAUSS, 1991, p.35)

Em Psicologia da Arte, Lev Vigotski (2001) faz um estudo sobre o papel social

da arte e a descreve como potencialmente capaz de suscitar emoções no âmbito

pessoal sem, contudo, deixar de ser social, afirmando que [...] “a arte é o social em

nós [...] o social existe até onde há apenas um homem e suas emoções pessoais...”

(p.315).

A refundição das emoções fora de nós realiza-se por força de um sentimento social que foi objetivado, levado para fora de nós, materializado e fixado nos objetos externos da arte, que se tornaram instrumento da sociedade. De igual maneira, a arte é uma técnica social do sentimento, um instrumento de sociedade através do qual incorpora ao ciclo da vida social os aspectos mais íntimos e pessoais do nosso ser [...] mas torna-se pessoal, quando cada um de nós vivencia uma obra de arte [...] sem com isto deixar de continuar social. (VIGOTSKI, 2001, p.315)

Vigotski (2001) explica que os efeitos da arte sobre as reações afetivas não

são de ordem direta, chamando a atenção para a complexidade do fenômeno,

justificando que as emoções estéticas são diferentes das emoções reais, pois as

emoções estéticas não se manifestam de forma imediata em ações práticas sendo,

portanto, potenciais. Isso não quer dizer que a arte, não tenha o “poder” de mover

para a ação. Na mesma obra, Vigotski (2001) cita como exemplo disso, uma

descrição sobre os efeitos da música feita por Tolstói na novela Sonata a Kreutzer20,

na qual explica que no caso específico da música, sua ação ocorre de forma

catártica ou coerciva. Identifica nessa descrição, os dois traços a seguir, sendo que

o primeiro indica que:

[...] a música nos motiva para alguma coisa, age sobre nós de modo excitante porém mais indefinido, ou seja, de um modo que não está

20

A novela de Lev Tolstói Sonata a Kreutzer, publicada em 1981, foi inspirada em obra homônima de Beethoven, composta em 1803.

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diretamente vinculado a nenhuma reação concreta, a nenhum movimento ou atitude. Nisto vimos a prova de que ela age simplesmente de modo catártico, ou seja, elucidando, purificando o psiquismo, revelando e explodindo para a vida potencialidades imensas até então reprimíveis e recalcadas. Mas isso já é conseqüência e não ação da arte, é antes vestígio que efeito. (VIGOTSKI, 2001, p.319)

E o segundo relaciona a música ao seu poder coercivo:

O segundo traço corretamente ressaltado nessa descrição consiste em reconhecer para a música certo poder coercivo, e o autor tem razão quando diz que a música deve ser assunto do Estado. Com isso ele quer apenas dizer que a música é uma questão social. (Idem, 2001, p.319)

Posto dessa maneira, a música pode ser descrita como afetiva, no âmbito da

experiência subjetiva, sem deixar de ser social, pois a arte carrega em potência, as

múltiplas formas de realização do comportamento cotidiano.

[...] a música, por si mesma e de forma imediata, não está mais isolada do nosso comportamento cotidiano, não nos leva diretamente a nada, mas cria tão-somente uma necessidade imensa e vaga de agir, abre caminho e dá livre acesso a forças que mais profundamente subjazem em nós, age como um terremoto, desnudando novas camadas [...]. A arte é antes uma organização do nosso comportamento visando ao futuro, uma orientação para o futuro, uma exigência que talvez nunca venha a concretizar-se, mas que leva a operar acima da nossa vida o que está por trás dela. (Ibidem, 2001, p.320)

A teoria psicogenética de Henri Wallon (2005) indica que a emoção é

contagiante, pois afeta os que estão no mesmo campo de percepção e ação.

Segundo Wallon (2005, p. 141) “o contágio das emoções é facto comprovado

frequentemente. Depende do poder expressivo delas, no qual se basearam as

primeiras cooperações de tipo gregário, e que incessantes permutas e, sem dúvida,

ritos colectivos transformaram de meios naturais em mímica mais ou menos

convencional”.

Considerando que pessoas em todas as culturas cantam e dançam juntas,

provavelmente há milênios, pode-se especular que a música possui esse “poder”

expressivo que leva a reunir pessoas e criar laços entre elas. Muitas danças e

cantos comunitários muitas vezes acabam em estado de transe, confirmando a

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hipótese de que a música teria poder catártico. A música pode ser recurso de

catarse, pois possibilita que o fluxo de emoções e sentimentos, que não se

consegue expressar verbalmente, possa ser levado para fora.

O estudo de Vigotski (2001) sobre a arte também ressalta a importância da

inserção da arte na educação, indicando que os processos conscientes e

inconscientes encontram-se imbricados no ato criador.

O nosso estudo descobriu que o ato artístico é um ato criador e não pode ser recriado por meio de operações puramente conscientes; contudo, se o mais importante na arte se reduz ao momento inconsciente e criador, significaria isto que todos os momentos e forças conscientes foram inteiramente suprimidos desse momento? Ensinar o ato criador da arte é impossível, entretanto, isto não significa, em absoluto, que o educador não pode contribuir para a sua formação e manifestação. Através da consciência penetramos no inconsciente, de certo modo podemos organizar os processos conscientes de maneira a suscitar através deles os processos inconscientes, e todo mundo sabe que qualquer ato artístico incorpora forçosamente como condição obrigatória os atos de conhecimento racional precedentes, as concepções, identificações, associações, etc. (VIGOTSKI, 2001, p.325)

Se a música pode expressar ideias que seriam difíceis de serem expressas

verbalmente, provoca contágio no nível das emoções, e é capaz de provocar

catarse, também se mostra como uma forma de conhecimento necessária para a

escola, principalmente porque possibilita uma educação humanizadora na escola.

O processo de humanização, ou seja, de dar à criança e ao jovem as ferramentas para se tornar um membro da humanidade, aqui e agora, se faz nos diferentes ambientes e grupos pelos quais transitam. Nos grupos, o aluno terá a experiência de exercer papéis diferentes, aprenderá a assumir e a dividir responsabilidades, respeitar regras, administrar conflitos, compreender a necessidade do vínculo e da ruptura, e conviver. (MAHONEY e ALMEIDA, 2011, p.207 – tradução nossa).

Em pesquisa (SUGAHARA, 2008) realizada anteriormente, no mestrado, foi

possível perceber que a música na escola permite um olhar para o processo ensino-

aprendizagem de forma integral, envolvendo todas as dimensões: afetiva, cognitiva,

motora e social. Isso se aplica tanto ao aluno quanto ao professor e ao coordenador

pedagógico. A insistência na temática se deve ao fato que, a formação humana no

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contexto escolar ainda enfatiza o aspecto cognitivo do conhecimento em detrimento

das outras dimensões. A dimensão afetiva e motora é negligenciada, pelo menos no

âmbito dos conteúdos disciplinares, principalmente a partir do Ensino Fundamental,

tendo seu espaço diminuído, restando-se apenas as disciplinas de educação física e

artes, ministradas geralmente em uma ou duas aulas semanais. A integração entre

as disciplinas ainda é pouco contemplada. Uma escuta musical foi proposta na

pesquisa e revelou que a escolha das músicas a serem utilizadas no contexto da

escola, tinha como referência: o gosto musical das professoras e das coordenadoras

pedagógicas, desenvolvido de acordo com as experiências vividas; o modo como

são afetadas pela música; as possibilidades que a música oferece para o

desenvolvimento da criança e as possibilidades que a música oferece como recurso

pedagógico. Alunos, professoras e coordenadoras pedagógicas demonstraram ter

preferência por músicas conhecidas. O discurso das entrevistadas revelou que o

gosto musical é formado a partir das experiências vividas e das lembranças e

sensações que a música provoca, e é influenciado pelos meios de comunicação,

principalmente: o rádio e a televisão. Observou-se um consenso entre as

professoras e coordenadoras pedagógicas, de que a música traz benefícios para o

desenvolvimento dos alunos e melhora as interações entre os membros da

comunidade escolar. Mas poucas mudanças práticas puderam ser observadas com

relação à escolha do repertório e das estratégias de ensino de música por parte das

professoras entrevistadas. Nesse sentido, a música mostrou claramente ter um

impacto afetivo, mas não plenamente humanizador, pois sua prática mostrou-se

muitas vezes reprodutora e pouco reflexiva.

As reflexões do educador francês George Snyders (1997) sobre o

compromisso democrático e cultural da música na escola evidenciam a relação

existente entre a música, a escola e as emoções. Esse educador defende a ideia

que a escola deve propiciar alegrias progressivas do encontro dos jovens com a

música, partindo das músicas de preferência do cotidiano desses jovens ou da

cultura de massa, em direção às obras-primas. O sentido dado às obras-primas é o

sentido de democratização ao acesso aos bens culturais que não se encontram

disponíveis com facilidade no cotidiano dos jovens. Para que isso ocorra, é

necessário que o professor também tenha acesso a esses bens culturais, mais

especificamente, a um conhecimento musical que permita uma escolha consciente e

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crítica do repertório musical a ser trabalhado na escola. Snyders (1997) explica que

a alegria na escola deve ser vivida no momento presente e não somente como

promessa futura, na qual a escola é vista somente como preparação para o futuro,

porque as alegrias culturais estão disponíveis para os jovens, o tempo todo, fora da

escola: “[...] na TV, no diálogo com seus pares, na vida familiar e em suas múltiplas

experiências de vida”. (p. 15).

Segundo Snyders (1997), a escola tem a função de colocar ao alcance dos

jovens todo o arcabouço de conhecimento humano, ou nas palavras do autor: “a

especificidade da escola é ser o local de encontro, de interação entre os alunos e o

genial”. (p. 15). Para o autor, a educação musical visa proporcionar a alegria

estética, fazer viver uma alegria a partir da experiência musical, sem desconsiderar

os gêneros apreciados pelos jovens, pois:

O ensino tem por objetivo preparar o encontro do aluno com a obra-prima, levando em conta o que são, num determinado momento, em determinadas circunstâncias, determinados grupos de alunos. (p.16)

Levar música para o contexto escolar é importante na medida em que parece

existir uma grande influência da mídia no processo de construção das

representações sociais sobre música pelos jovens. Oliveira (2008) argumenta que,

[...] pela vasta inserção da música no cotidiano e nos diversos meios de comunicação, que a colocam como um objeto de grande consumo, ela também promove/reflete um processo de massificação, que pode apontar para certa homogeneização dos gostos e práticas musicais na sociedade. Porém, apesar desta possível homogeneização das preferências e desgostos musicais apresentados pelos grupos e indivíduos, os seus processos de escolha do que ouvir, onde e como e a motivação de buscar experiências relacionadas à música seja como receptor ou como criador, podem apresentar significados e funções diferentes entre os mesmos. (OLIVEIRA, 2008, p.20)

Além disso, na escola, a educação artística ou a disciplina de artes ainda

privilegia o ensino das artes visuais, pelo próprio processo histórico por que passou

a educação brasileira, que retirou do currículo o ensino da música. Sendo assim, a

música ainda não é trabalhada nas escolas de forma abrangente, isto é, permitindo

que a pessoa aprecie a arte em toda a sua dimensão humanizadora, e que

possibilite uma experiência ao mesmo tempo estética, crítica e subjetiva,

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restringindo-se muitas vezes, ao ensino dos aspectos mais técnicos da arte ou a

práticas artísticas reprodutoras. Conhecer a visão dos professores e dos alunos

pode oferecer uma possibilidade de atuar no sentido de apontar perspectivas de

mudanças dessas práticas.

Segundo Paulo Freire (2002, p. 78) é papel da escola, promover a reflexão

que possibilite uma prática transformadora. Para Freire (1982), o processo de

humanização ocorre a partir da expressão do mundo e da comunicação entre os

homens. Se a música permite uma forma de expressão diferente da verbal, também

pode possibilitar a partir de seu “fazer”, tanto como ouvinte quanto como produtor

dessa música, uma forma de participação colaborativa na constituição de um mundo

mais humanizado. Ou seja, se a música pode expressar também o não dizível, pode

ter um papel importante no encontro das consciências a que se refere Freire (1982)

e contribuir para a construção de uma práxis libertadora e transformadora.

Portanto, uma educação humanizadora requer considerar no processo

educativo, todas as dimensões do ser humano: cognitiva, motora, afetiva e social,

que no plano de sua prática, se realiza a partir do processo dialógico e

intersubjetivo. Jovchelovitch (2007) aponta da seguinte forma, para a possibilidade

de transformação das representações a partir de uma prática dialógica:

O entendimento de que sistemas de saber expressam códigos culturais, identidades, práticas e recursos está no centro do encontro dialógico, pois é este entendimento que traz à tona o imperativo ético de reconhecer o Outro e de engajar-se em um encontro dialógico em que as perspectivas podem ser compreendidas, negociadas e, finalmente, transformadas. (JOVCHELOVITCH, 2007, p. 252).

Duarte (2005, p. 1367) afirma que “[...] a música é a linguagem que melhor

expressa e comunica emoções, é a condição para a vida (social) do professor e é a

manifestação que melhor resume toda a existência”. Explica que, ao estudar a

“sócio-gênese do conceito de música construído pelos professores”, conclui que a

representação social de música repercute no conteúdo da representação das

funções da música na escola e dos saberes profissionais dos professores.

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1.4. A música na escola: um breve histórico

Para compreender melhor as funções atribuídas à música no contexto

escolar, buscou-se fazer uma breve retrospectiva histórica da música na educação a

partir da Idade Média na Europa. O currículo da educação medieval foi inspirado no

modelo grego21 e era composto pelo estudo da música, juntamente com a aritmética,

a geometria e astronomia. Essas quatro disciplinas formavam o quadrivium, que era

dirigido ao ensino superior, contemplando as ciências da natureza e junto com o

trivium (gramática, retórica e dialética), o currículo mais comum da época,

compunham as Sete Artes Liberais. (CAMBI, 1999; FONTERRADA, 2003;

GAUTHIER, 2010; TOMÁS, 2005).

O pensamento aristotélico e platônico, foi recuperado, na Roma medieval, a

partir da tradução dos escritos gregos, por Boécio22, Cassiodoro23, Santo

Agostinho24 e tradutores árabes, mas ainda estava longe de ser uma reprodução fiel

do conhecimento grego, já que não se sabe em que condições essas traduções

teriam sido realizadas. De qualquer maneira, a música continuava a ocupar um lugar

de destaque no pensamento medieval, sendo que a prática musical ainda mantinha

um teor moralizante e a sua teoria era vista como ciência e se constituía como um

ramo da filosofia. Além desses traços deixados pela cultura grega, a música na

Idade Média, com o advento do cristianismo e a dissolução do politeísmo, passa a

ser expressão da fé cristã, sob a ação da hegemonia do monoteísmo religioso. A

21

O modelo de educação proposto por Platão previa o estudo das disciplinas de: música, ginástica e gramática no nível elementar e no nível secundário de: aritmética, astronomia, geometria e música. Aristóteles aprofundou os estudos sobre a música no período em que frequentou a Academia de Platão, e posteriormente, ao fundar o seu próprio Liceu (335 a.C.), organizou um currículo que levasse a atingir a virtude da sophia e para tanto, os homens livres (os únicos que tinham direito à educação), deviam ser educados “a viver no ócio”. Essa educação previa o “controle do corpo e dos apetites” antes de “passar à instrução” e “sete anos [...] seguindo quatro disciplinas (gramática, ginástica, música, desenho) serviam como ‘propedêutica’ para a filosofia”. (CAMBI, 1999, p. 92).

22 Boécio (480 d.C.-525 d.C.) “em seu tratado De institutione musica, reúne tudo o que fora escrito até

então a respeito de música, sistematizando diferentes teorias”. (FONTERRADA, 2003, p.24).

23 Cassiodoro (480 d.C.-575 d.C.), teólogo e escritor, organizou um compêndio das Sete Artes

Liberais que se tornou um verdadeiro manual nos mosteiros.

24 Santo Agostinho (354 d.C.-430 d.C.) foi um dos principais responsáveis pela síntese entre o

pensamento filosófico clássico e o cristianismo, iniciando a tradição platônica no surgimento da filosofia cristã.

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ideia de escola como unidade de ensino, se consolidou na Europa durante a Idade

Média, e tinha como característica, ser “um meio moral organizador”, cuja direção

moral era a de cristianizar. (GAUTHIER, 2010). Inicialmente, a música era ensinada

nos mosteiros e para “suprir a necessidade de seus coros”, as instituições cristãs

arregimentavam as crianças com boa voz. Formavam-se assim, as primeiras escolas

de ensino de música, as scholae cantori, que eram voltadas, prioritariamente, para a

formação de cantores. (FONTERRADA, 2003, p.30).

Segundo Fonterrada (2003, p. 30), a partir da invenção da notação musical25

pelo monge beneditino Guido D’Arezzo (século XI), “o aprendizado teórico-prático

prepondera sobre o teórico, invertendo a ênfase dada por Boécio à teoria sobre a

prática. O que é ‘científico’ é, agora, descartado”.

A notação musical permitiu a manutenção dos registros da música litúrgica

produzida desse período, que eram guardadas nos mosteiros e garantiram o

desenvolvimento, tanto da teoria musical ocidental, quanto da música vocal. Já a

música profana, de caráter pagão, era quase que exclusivamente de tradição oral, e

incluía a prática do canto, do alaúde, da flauta e da lira. Os instrumentos musicais

apenas acompanhavam a música vocal, dobrando-a ou substituindo algumas delas.

Não havia um critério definido ou um modelo a ser seguido para a utilização desses

instrumentos em grupos musicais. Esse “modelo” só existia para o ensino da música

vocal. Somente após o desenvolvimento da polifonia26 e do aperfeiçoamento das

obras corais é que ocorrerá também o desenvolvimento da música instrumental,

mudando consequentemente, o lugar da música na educação. (FONTERRADA,

2003; TORRES, GALLEGO, ALVAREZ, 1997).

No período renascentista (séc. XVI), surgiram, na Itália, as primeiras escolas

de formação básica em música, cujo currículo tinha um grande número de

disciplinas que objetivavam a formação profissional e ficaram conhecidas como

conservatórios. Os conservatórios também eram chamados de Ospedale (hospitais) 25

Guido d’Arezzo criou o nome das notas musicais a partir das sílabas iniciais dos versos de um hino a São João Batista. Ut queant laxis (Que os teus servidores cantem)/ Resonare fibris (Em voz vibrante)/ Mira gestorum (Os gestos admiráveis)/ Famuli tuorum (das tuas grandes ações)/ Solve polluti (Perdoa falhas graves)/ Labii reatum (De seus lábios vacilantes)/ Sancte Johannes (São João). Por não acabar em vogal, a sílaba ut foi substituída por Dó, de Dominus (Senhor) e a nota si formou-se da junção do S de Sancte com o i de Johannes (j=i).

26 Polifonia significa “vozes múltiplas, para a música em que duas ou mais linhas melódicas (i.e.,

vozes ou partes) soam simultaneamente”. (Dicionário Grove de música, 1994).

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e eram, “na verdade”, orfanatos que, além de abrigarem as crianças, funcionavam

como escolas de música. Fonterrada (2003) explica que [...] “o aparecimento dos

Ospedali destinados à educação musical de crianças e jovens acompanha a

tendência da época e a visão de mundo da sociedade, que reconhece sua

responsabilidade na formação de seres humanos”. (p.39).

É no século XVI que a música instrumental ganha autonomia no mundo

ocidental, constituindo os primeiros passos em direção à música orquestral. A

música passa a ser pensada, pelos compositores, independente da existência de um

texto para servir de “guia” ou referência para as suas criações sonoras musicais,

“valendo-se exclusivamente de seus recursos técnicos e seus meios expressivos”.

(TORRES, GALLEGO, ALVAREZ, 1997, p. 110, tradução nossa).

A música religiosa católica era baseada na polifonia vocal contrapontística, na

qual as melodias simultâneas deviam ser cantadas buscando-se um todo

harmonioso. A única exceção era para o órgão, dada a sua utilização como

instrumento privilegiado pela igreja católica, para o acompanhamento da liturgia. No

entanto, o sistema musical proposto pelas instituições católicas condenava o uso de

alguns intervalos, principalmente o trítono27, considerado pela igreja, desde a Idade

Média, o “som do diabo”, capaz de provocar reações comportamentais indesejadas

e consideradas inadequadas no contexto da doutrina católica. Além disso, não havia

a possibilidade de participação da comunidade nos cânticos da igreja, que ficaram

restritos ao coro, desde a implantação do canto gregoriano no século VI. Uma

importante mudança ocorre a partir da Reforma Protestante, promovendo

transformações tanto na música quanto na educação. (MEDAGLIA, 2008; WISNIK,

2007).

Martinho Lutero28 (1483-1546) foi a figura central da Reforma Protestante,

iniciada na Alemanha, que contribuiu para o desenvolvimento dos ideais de

democratização do acesso e laicização da educação, já que Lutero defendia que a

responsabilidade pela educação deveria ser transferida da Igreja para o Estado e ser

27

Cf. Nota 15 28

Martinho Lutero era monge da ordem de Santo Agostinho, foi professor de teologia e principal figura da Reforma Protestante. Em 1517, Lutero contestou através de 95 teses, diversos pontos da doutrina da Igreja Católica. O Papa Leão X e o Imperador Carlos V pediram para que retirasse seus escritos, e a recusa de Lutero resultou em sua excomunhão e condenação.

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de caráter obrigatório. Atribuía grande importância à música e incentivava a

participação ativa da comunidade, através do canto durante os cultos.

Diferentemente do canto gregoriano, a música protestante era composta por

melodias simétricas e regulares, fáceis de serem cantadas e era constituída por

muitas canções populares com textos religiosos ou cantos gregorianos modificados

e cantados em alemão. A participação da comunidade nos cantos litúrgicos

protestantes não deixava de ser uma forma de educação musical, ainda que

elementar. A participação musical nos cultos tornava essa “educação musical”, de

certa forma, acessível a todos. (CAMBI, 1999; MEDAGLIA, 2008).

A Reforma Luterana influenciou a música na França e na Inglaterra, mas não

na Itália, que permanecia sob a influência da Igreja Católica. No mesmo período,

fora do âmbito das igrejas, a música profana também revelava a sua importância e

se desenvolvia patrocinada pela nobreza, nesse caso, mesmo na Itália. Medaglia

(2008) explica que os músicos italianos já haviam criado, no século XIV, uma forma

de composição polifônica profana, chamada balada, inspirada em melodias

tradicionais dos trovadores, além do madrigal italiano, cantado a duas vozes ou

tocado por um instrumento. Torres, Gallego e Alvarez (1997) afirmam que o Madrigal

procurava acentuar o sentido dramático e poético dos textos, constituindo um novo

gênero lírico-cênico-musical: o melodrama, precursor da ópera. Seguindo este

percurso, novas formas musicais profanas surgiram no Renascimento, com

características próprias e diferentes das vocais, conforme os instrumentos musicais

foram se desenvolvendo, ganhando uma complexidade cada vez maior. Os

instrumentos mais utilizados na música profana eram o alaúde, o órgão e o cravo,

além de pequenos conjuntos. O ensino da música profana era realizado na forma de

mestre e discípulo.

A música do período barroco atingiu o seu ápice com as obras de Johann

Sebastian Bach (Eisenach 1685 – Leipzig 1750), considerado o pai do tonalismo29

moderno e Georg Friedrich Händel (Halle 1685 – Londres 1759). Com o surgimento

do violino, compositores como Antonio Vivaldi (1678-1741), Arcangelo Corelli (1653-

1713), Tommaso Albioni (1671-1750) e Giuseppe Tartini (1692-1770) passaram a

compor para este instrumento de forma a privilegiá-lo em suas obras, levando a

29

Cf. Nota 13

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45

música a um novo nível: a busca pela virtuosidade técnica. (FONTERRADA, 2003;

MEDAGLIA, 2008; TORRES, GALLEGO, ALVAREZ, 1997; WISNIK, 2007).

Os acontecimentos que culminaram na Revolução Francesa (1789)

provocaram mudanças importantes no campo da educação e consequentemente, da

educação musical. É a partir da Revolução Francesa que a música passa a ter

realmente seu lugar na escola, uma escola laica e pública, voltada para a educação

do povo. Esse processo se inicia em 1762, com um decreto da realeza francesa

proibindo a Companhia de Jesus de ter escolas na França e interditando todos os

prédios administrados pelos padres jesuítas, que passaram a ser públicos. Nesse

mesmo ano, Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) publicou o Emílio, uma obra

sobre educação, na qual descreve uma educação que deve se constituir a partir da

natureza da criança, propondo um retorno às chamadas virtudes naturais. Nesse

sentido, a música se mostrava como um recurso adequado para o desenvolvimento

da sensibilidade, contemplando também: a moral, o intelecto, a sociabilidade, a

sensação e a estética. (CAMBI, 1999; FONTERRADA, 2003; FUCCI-AMATO, 2012).

Segundo Fonterrada (2003), além de Rousseau, Pestalozzi (1746 -1827)

Friedrich Herbart (1776 -1841) e Froebel (1782 -1852) defenderam a presença da

música na escola e fizeram propostas de educação centradas na criança. Eles foram

os precursores dos métodos ativos30 em educação musical.

A primeira escola particular de ensino profissionalizante de música foi

inaugurada na França em 1794, o Conservatório Nacional Superior de música e

Dança de Paris. Esse modelo de escola de música se espalha por toda a Europa a

partir do século XIX, chegando aos Estados Unidos, Canadá e Brasil.

30

Uma explicação mais detalhada, sobre os métodos ativos, encontra-se adiante.

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1.5. A música nas escolas brasileiras

A educação musical se faz presente no Brasil desde a vinda dos Jesuítas, em

1549, trazidos pelos primeiros colonizadores portugueses. A música era utilizada

para catequizar os indígenas que, em pouco tempo, assimilaram a tradição musical

erudita europeia. Essa assimilação foi facilitada porque as manifestações tribais,

culturais e os rituais tinham forte ligação com a música, mas isso não isentou os

missionários da Companhia de Jesus31, da surpresa com a facilidade com que os

indígenas aprendiam os cânticos dos autos e das celebrações das missas. A

educação musical era parte importante na educação proposta pelos Jesuítas. As

escolas dos jesuítas seguiam o modelo pedagógico proposto no documento escrito

por Santo Inácio de Loyola (Fundador da Companhia de Jesus), o Ratio Studiorum,

que além de normatizar o currículo, continha orientações para a formação dos

professores. A música era componente obrigatório do currículo em toda a formação

básica e sua prática foi mencionada nos autos preservados da Companhia de Jesus.

(FUCCI-AMATO, 2012; MANACORDA, 1999; MEDAGLIA, 2008).

Com a Reforma Pombalina32 e a expulsão dos Jesuítas do Brasil, em 1759, o

ensino de música realizado nos colégios inacianos, passou a ser incumbência dos

mestres de capela33 organizados em irmandades, já que eram poucos os padres-

músicos. No período após a Reforma, a música começou a ser vista como um

conhecimento específico, de ordem prática, que devia ser ensinado em

conservatórios, escolas confessionais e em aulas particulares nas residências da

elite e não mais, na escola. As manifestações musicais no período colonial tinham a

influência indígena, negra e europeia. E o seu ensino visava à formação moral e

profissional (para os ofícios da igreja) dos indígenas, e para os negros, a preparação

31

A Companhia de Jesus foi fundada em 1534, por Santo Inácio de Loyola, com um forte propósito de enfrentar as críticas reformistas e a expansão do protestantismo. A educação foi o caminho seguido pelos Jesuítas para reagir e ganhar novos adeptos do catolicismo.

32 A Reforma Pombalina diz respeito a uma série de medidas tomadas por Marquês de Pombal,

procurando modernizar a administração pública do Brasil e entre elas, a proclamação da libertação da escravidão de todos os índios do Brasil, em1755 e a expulsão dos Jesuítas, em 1759.

33 Os mestres de capela eram os responsáveis pela música nas igrejas e não precisavam ser

necessariamente, religiosos. Mais tarde, o termo passou a designar a função do maestro de uma orquestra ou coro. A função previa inclusive os cuidados administrativos referentes às atividades musicais.

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para as festividades solenes e religiosas. Vários compositores e músicos mestiços

surgiram na Capitania de Minas Gerais, cuja obra constitui hoje, um importante

acervo de música erudita brasileira. (FUCCI-AMATO, 2012; MATEIRO, 2003;

MEDAGLIA, 2008).

A vinda de D. João VI para o Brasil em 1808, trouxe também um novo e bom

momento para a música e para a educação musical. A Capela Real era composta

por uma orquestra erudita, com 100 instrumentistas e 50 cantores, e uma orquestra

popular, com músicos mulatos. O padre da Capela Real José Maurício Nunes Garcia

(1767-1830), brasileiro mulato, mestre de música, compositor, regente e organista,

foi o criador do curso de música que formou musicalmente Dom Pedro I e Francisco

Manuel da Silva (compositor do Hino nacional brasileiro). O padre José Maurício

funda o Imperial Conservatório de Música no Rio de Janeiro, que será dirigido por

Francisco Manuel da Silva, em 1848. Em 1890, com a Proclamação da República,

passa a se denominado como Instituto Nacional de Música, posteriormente, Escola

Nacional de Música e a partir de 1965, Escola de Música da Universidade Federal

do Rio de janeiro. Em São Paulo, foi fundado em 1906, o Conservatório Dramático e

Musical de São Paulo, que se tornaria a grande referência do modelo de ensino

europeu musical, principalmente do piano. (FUCCI-AMATO, 2012; LOUREIRO,

2008).

Após a Proclamação da República, a sociedade brasileira passa por

profundas transformações e a educação passa a ser instrumento de regeneração e

moralização das massas e formação do novo cidadão. Nesse sentido, a educação

estética foi considerada fundamental para a formação desse novo cidadão, e

envolvia as mais variadas formas de expressão: literatura, trabalhos manuais,

desenho, dança, música e teatro. Foi nesse período também que a música passou a

fazer parte do currículo das Escolas Normais, através da prática do canto coral.

Portanto, a educação musical realizada nas escolas tinha por objetivo educar para a

civilidade, através do ensino de canções que continham alto teor ideológico, feito por

imitação, como um prenúncio do canto orfeônico34. (SUGAHARA, 2008; TANURI,

2000).

34

O termo “orfeão” (orpheón) – teve origem na França, no século XIX, e designava o canto coletivo como atividade obrigatória nas escolas parisienses. O canto orfeônico difere do canto coral erudito por não exigir conhecimento musical ou habilidade vocal dos participantes. “Trata-se de uma prática

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48

O currículo do Curso Normal ganha maior complexidade a partir do Decreto

7.247, de 19/4/1879 (Reforma Leôncio de Carvalho) e de acordo com Tanuri (2000,

p. 67):

O currículo deveria abranger as seguintes matérias: língua nacional; língua francesa; aritmética, álgebra e geometria; metrologia e escrituração mercantil; geografia e cosmografia; história universal; história e geografia do Brasil; elementos de ciências físicas e naturais e de fisiologia e higiene; filosofia; princípios de direito natural e de direito público, com explicação da Constituição Política do Império; princípios de economia política; noções de economia doméstica (para as alunas); pedagogia e prática do ensino primário em geral; prática do ensino intuitivo ou lição de coisas; princípios de lavoura e horticultura; caligrafia e desenho linear; música vocal; ginástica; prática manual de ofícios (para os alunos); trabalhos de agulha (para as alunas); instrução religiosa (não obrigatória para os acatólicos). (Grifo nosso).

Goldemberg (1995, p. 105) explica que “o movimento do canto orfeônico já

havia sido deflagrado no início do século por João Gomes Junior com orfeões

compostos de normalistas na Escola Normal de São Paulo, futuro ‘Instituto Caetano

de Campos’”. Mas a obrigatoriedade do canto orfeônico como disciplina nos

currículos escolares, só foi instituída a partir do Decreto n.19.890 de 1931 e da

criação da Superintendência de Educação Musical e Artística (SEMA) em 1932, sob

a direção do compositor Heitor Villa-Lobos. Como o número de professores de

música era insuficiente para atender à demanda imposta pelo decreto, a SEMA criou

cursos rápidos para preparar professores “aptos” para o ensino da disciplina em

apenas um mês. A prática do canto orfeônico ia ao encontro dos interesses do

Estado Novo ao promover grandes manifestações orfeônicas nas datas cívicas. Mas

a proposta de educação musical de Villa-Lobos, apesar de seu teor cívico e

disciplinador, também corroborava com alguns princípios da escola nova. (FUCCI-

AMATO, 2008; GOLDEMBERG, 1995).

A partir do século XIX e início do século XX, surge o movimento da escola

nova35 que visava à formação integral do aluno: intelectual, moral e física. Para isso,

da coletividade em que se organizam conjuntos heterogêneos de vozes e tamanho muito variável”. (GOLDEMBERG, 1995, p. 105).

35 O movimento da escola nova no Brasil se fez presente a partir do Manifesto dos Pioneiros de

Educação Nova, redigido em 1932, por 26 intelectuais entre os quais: Anísio Teixeira, Lourenço Filho,

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através de métodos ativos deveria dar-se “mais ênfase aos processos do

conhecimento do que necessariamente ao produto”, através de atividades práticas

centradas nos alunos, tais como: “jogos, exercícios físicos e práticas de

desenvolvimento da percepção e da motricidade”, a fim de “estimular o interesse

sem cercear a espontaneidade”. (ARANHA, 2000, p.172).

Villa-Lobos trouxe, das viagens que fez à Europa, ideias de caráter

revolucionário e nacionalista, como a metodologia musical ativa de Zoltán Kodály,

que tinha como características: “o uso de material folclórico e popular da própria

terra; a ênfase no ensino da música através do canto coral [...]; o uso da manossolfa

– conjunto de sinais manuais destinados a exercitar a capacidade de solfejar dos

alunos”. (FONTERRADA, 2003, p.196).

Os métodos musicais ativos que mais influenciaram o ensino de música no

Brasil, no século XX, foram desenvolvidos pelos seguintes músicos, comprometidos

com a educação musical: Émile-Jacques Dalcroze (1865-1950), Edgar Willems

(1890-1978), Zóltan Kodály (1882-1967), Carl Orff (1895-1982), e Shinichi Suzuki

(1898-1998). Todos esses educadores tinham em comum o desejo de democratizar

o ensino de música e promover o desenvolvimento humano, tendo como

pressuposto que a música poderia ser apreciada e aprendida por qualquer pessoa.

Para eles, a prática deveria preceder o conhecimento formal e teórico da música.

Nesse sentido, Dalcroze, educador musical suíço, propunha um trabalho

sistemático de educação musical baseado no movimento corporal e na habilidade da

escuta. Para Willems, belga, radicado na Suíça e ex-aluno de Dalcroze, a música

deveria ser ensinada a partir dos três anos de idade, através da participação ativa

dos alunos em torno de canções, movimentos rítmicos com o corpo e exercícios

auditivos, para se estabelecer as bases psicológicas pela qual a musicalidade e o

conhecimento musical seriam desenvolvidos. Kodaly, músico húngaro, dava ênfase

ao canto coletivo e à capacidade de leitura e escrita, a partir de um sistema de

leitura de alturas relativas e uso da manossolfa. Orff, nascido na Alemanha,

priorizava a expressão e a criação, através do movimento e da improvisação,

partindo de canções simples e de fácil assimilação pelas crianças. Criou um

Roquette Pinto, Cecília Meireles, entre outros. Propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita.

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conjunto de instrumentos adequados à educação musical, composto por uma família

de xilofones36 (soprano, contralto, tenor e baixo), uma família de metalofones,

tambores, pratos, platinelas, pandeiros, maracas, outros instrumentos de percussão

pequenos, violas de gamba e flautas doces. Suzuki, educador musical japonês,

afirmava que a capacidade de aprender música é semelhante ao modo que a

criança aprende a falar a língua de seu país. Ficou conhecido pelo ensino coletivo

de violino. (FONTERRADA, 2003).

As propostas de educação musical ativas estavam presentes na educação

musical brasileira, a partir da década de 1960, nas escolas especializadas de

música, atingindo a educação pública apenas indiretamente. Segundo Fucci-Amato

(2012), embora as ideias de Dalcroze, Orff e Kodály e de alguns educadores

musicais brasileiros, tivessem chegado à escola, mesmo que de forma assistemática

e irregular, prevalecia o modelo de ensino tecnicista. Fonterrada (2003) afirma que,

entre os educadores musicais brasileiros que foram influenciados pelos métodos

ativos, destacam-se: Anita Guarnieri, Isolda Bacci Bruch, Liddy Chiafarelli Mignone,

Sá Pereira, Gazy de Sá, Lorenzo Fernandes, Ernst e Maria Aparecida Mahle. Em

1937, o professor Hans Joaquim Koellreutter chegou ao Brasil, trazendo as ideias e

os procedimentos da música nova. Koellreutter trouxe novas ideias também sobre a

educação musical, que segundo Fonterrada (2003), “refletiam a nova postura diante

da arte contemporânea, e abriu um campo voltado à pesquisa e à experimentação”.

(p. 199). Nesse mesmo período, uma “segunda geração” de educadores musicais

surgiu na Europa e na América do Norte, mais precisamente, em meados da década

de 1950 e início de 1960, entre eles: George Self, John Paynter, Murray Schafer e

Boris Porena.

Os educadores musicais desse período alinham-se às propostas da música nova e buscam incorporar à prática da educação musical nas escolas os mesmos procedimentos dos compositores de vanguarda, privilegiando a criação, a escuta ativa, a ênfase no som e suas características, e evitando a reprodução vocal e instrumental do que denominam “música do passado”. (FONTERRADA, 2003, p165).

36

Xilofone é o nome genérico para vários instrumentos musicais, mais precisamente idiofones percutidos, que consistem em várias lâminas de madeira dispostas cromaticamente. O metalofone é parecido com o xilofone, mas tem lâminas de metal no lugar da madeira.

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Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -

LDB n.4.024 de 1961, o canto orfeônico passa a ser considerado como prática

educativa e não mais uma disciplina e a fazer parte do que o Conselho Federal de

Educação chamou de atividades complementares de iniciação artística, juntamente

com modelagem, escultura, desenho de expressão e pintura. No lugar do canto

orfeônico, foi instituída a Educação Musical como uma disciplina. Sendo que a

Educação Musical possuía um caráter mais teórico e o canto orfeônico mais prático,

o que criou uma dicotomia entre a teoria e a prática no ensino da música na escola.

Poderiam atuar como professores de Educação Musical: professores de instrumento

ou de canto formados em nível superior e professores de canto orfeônico formados

em nível médio. Não existia exigência legal de diploma para ministrar Educação

Musical, sendo apenas dada a preferência ao profissional de instrução mais sólida.

(FUCCI-AMATO, 2012; LIMA, 2002).

Em 1971, uma nova LDB extinguiu a Educação Musical dando lugar à

disciplina de Educação Artística que passou a ser componente curricular obrigatório

nas escolas de 1º e 2º graus e o ensino de música foi praticamente banido das

escolas públicas. Com as mudanças curriculares, foi necessário criar os cursos de

Licenciatura em Educação Artística, oferecida nas seguintes modalidades: música,

artes plásticas, artes cênicas e desenho. Esses cursos também podiam ser de curta

duração de cunho profissionalizante, as chamadas Licenciaturas Curtas, que

habilitavam o professor para dar aulas no 1º. Grau de forma generalista, trazendo

como consequência, uma formação muitas vezes superficial e tecnicista na

abordagem dos conteúdos de cada área artística. Sendo assim, as atividades

escolares, no que tange à arte, limitavam-se a técnicas de trabalhos artísticos sem

fundamentação teórica que considerasse a arte como uma linguagem socialmente e

historicamente construída. Essas atividades serviam, muitas vezes, apenas como

apoio para o reforço do conteúdo de outras disciplinas. As atividades envolvendo

música restringiam-se ao ensino de rudimentos teóricos da música, canções com

letras modificadas para celebrar datas comemorativas (dias das mães, por exemplo),

ensinar noções de higiene ou exaltar a brasilidade. (FUCCI-AMATO, 2012; LIMA,

2002; PENNA, 2004).

É importante lembrar que nesse período (1964-1985), o Brasil vivia sob o

regime político ditatorial militar, adotando uma diretriz desenvolvimentista, cujo auge

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da popularidade foi alcançado na década de 1970, com o “milagre brasileiro”, no

mesmo momento em que os meios de comunicação eram censurados e artistas

eram perseguidos e exilados. A repressão policial contra estudantes, intelectuais e

artistas esvaziou a dimensão política dos festivais de música veiculados pela

televisão. Até 1968, “sendo a música popular um meio privilegiado de representação

da consciência política estudantil e da sensibilidade artística do país, não poderia

ignorar as tensões político-sociais do momento. Os festivais seriam o ambiente

ideal”. (MELLO, 2003, p.273).

Com o cerceamento da liberdade de expressão, especialmente a partir de

dezembro de 1968, quando foi promulgado o Ato Institucional nº5 (AI5), e o ideário

desenvolvimentista, o Brasil mostrou-se um terreno fértil para o avanço da

massificação da cultura, que se reflete na produção, veiculação e consumo de

gêneros musicais padronizados, produtos da indústria cultural. De acordo com Ortiz

(1991, p.114), “Em termos culturais essa reorientação econômica traz

consequências imediatas, pois, paralelamente ao crescimento do parque industrial e

do mercado interno de bens materiais, fortalece-se o parque industrial de produção

de cultura e o mercado de bens culturais”.

Nas escolas públicas, a música se fazia presente com a formação de

fanfarras, geralmente dirigidas por militares, através de canções cívicas ou em festas

nas datas comemorativas. A implantação das disciplinas de: Educação Moral e

Cívica e Educação Artística foram reflexos desse contexto.

O processo de redemocratização do Brasil, após um longo período de

ditadura militar, leva às discussões que culminaram na LDB de 1996 e redefine o

papel da Arte na Educação. O artigo 26, parágrafo 2º da Lei 9.394/96, de 20 de

dezembro de 1996, dispõe que:

O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. (BRASIL, 1996).

O retorno da música aos currículos escolares, após a implantação da LDB

9394/96, se dá a partir das orientações dos documentos curriculares de referência

para a Educação Infantil – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

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(RCNEI), para o Ensino Fundamental - Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e

para o Ensino Médio – Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio

(PCNEM). A LDB 9394/96 também determina que a Educação Infantil passe a fazer

parte do sistema regular de ensino, compondo com o Ensino Fundamental e Médio,

os três níveis da Educação Básica.

O RCNEI (BRASIL, 1998a) propõe que a música na educação infantil seja

abordada no âmbito do Conhecimento de Mundo37, significando que o ensino na

educação infantil deve abranger as relações que as crianças estabelecem com o

objeto de conhecimento, mais especificamente, ligados às seguintes áreas:

Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade

e Matemática. O PCN-Arte (BRASIL, 1997; BRASIL, 1998b) para o Ensino

Fundamental destaca quatro linguagens da Arte a serem desenvolvidas na escola:

Artes Visuais, Dança, Música e Teatro. No Ensino Médio, a música consta na Parte

II do PCNEM no âmbito das Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. O PCNEM

propõe a “continuidade aos conhecimentos de arte desenvolvidos na educação

infantil e fundamental em música, artes visuais, dança e teatro, ampliando saberes

para outras manifestações como as artes audiovisuais”. (BRASIL, 2000, p.46).

Portanto, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, a música passa a

constituir uma área de conhecimento, componente da Arte, mas ainda não se

constitui como uma disciplina específica.

Penna (2004) faz uma reflexão sobre o texto normativo dos PCN que prevê

várias modalidades artísticas e delega às escolas a forma de abordá-las, fazendo

com que muitas vezes se privilegie uma modalidade em detrimento de outra no

37

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998a) é composto por três volumes:

Volume 1 - “Introdução, que apresenta uma reflexão sobre creches e pré-escolas no Brasil, situando e fundamentando concepções de criança, de educação, de instituição e do profissional, que foram utilizadas para definir os objetivos gerais da Educação Infantil e orientaram a organização dos documentos de eixos de trabalho que estão agrupados em dois volumes relacionados aos seguintes âmbitos de experiência: Formação Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo”;

Volume 2 - “Relativo ao âmbito de experiência Formação Pessoal e Social que contém o eixo de trabalho que favorece, prioritariamente, os processos de construção da Identidade e Autonomia das crianças”;

Volume 3 - “Relativo ao âmbito de experiência Conhecimento de Mundo que contém seis documentos referentes aos eixos de trabalho orientados para a construção das diferentes linguagens pelas crianças e para as relações que estabelecem com os objetos de conhecimento: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática”.

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contexto da escola. Essa “extrema liberdade” e a indefinição do papel do professor

de Arte na escola permite:

[...] todo tipo de prática educativa: desde a atuação do professor em função do calendário de datas comemorativas até atividades sem direcionamento, em nome da expressão criativa espontânea, passando por programas de desenho geométrico ou história da arte, nos moldes do ensino tradicional, com aulas expositivas e por vezes incluindo até mesmo a cópia de textos passados no quadro. (p.12).

Com relação à formação dos professores de Arte no contexto da LDB

9394/96, Pires (2003), ao investigar a identidade dos cursos de licenciaturas na área

de música, encontrou uma multiplicidade de nomes para os cursos, que segundo a

autora, leva “a perpetuação da concepção de polivalência” que se reflete nas

práticas políticas e pedagógicas das escolas públicas “porque o germe da integração

traz consigo a concepção de arte como lazer, tornando o ensino de música nas

escolas públicas uma mera atividade de recreação, sobretudo quando se refere às

quatro primeiras séries do Ensino Fundamental” (p.88).

Finalmente, em 18 de agosto de 2008, a partir do decreto da Lei Federal nº

11.769/2008 que altera a Lei nº 9.394/96, o ensino de música torna-se obrigatório, e

segundo esse decreto, os sistemas de ensino teriam 3 (três) anos letivos para se

adaptarem à Lei:

O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o: A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. (BRASIL, 1996).

A obrigatoriedade do ensino de música traz à tona a problemática relacionada

à formação do profissional que deve lidar com esse conteúdo, já que os documentos

oficiais não determinam como deve ser a formação desse professor. Na Educação

Infantil e nos primeiros anos do Ensino Fundamental, geralmente é o professor

polivalente que precisa dar conta de todos os conteúdos curriculares e a formação

desses professores é realizada nos cursos de pedagogia.

Henriques (2011) contatou que, o espaço destinado ao ensino da música nos

cursos de pedagogia do Estado de São Paulo, é ainda muito pequeno, tendo em

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55

vista que dentre “os 199 cursos que oferecem disciplinas artísticas foi possível

localizar as ementas e os conteúdos programáticos referentes a apenas 15 delas [...]

destes 15 cursos, foi possível identificar a presença da música em seis das

disciplinas”. (p. 85-86).

A necessidade de instrumentalizar o professor das séries iniciais para lidar

com a música fez crescer o número de cursos de formação continuada38. Figueiredo

(2005) discute essa questão e afirma que, não se trata de substituir o professor

especialista em música, mas de instrumentalizar o professor das séries iniciais “para

compreender a importância da música na educação dos indivíduos para além da

diversão e do entretenimento”. (p.26).

Nos últimos anos do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, é o professor

de Arte que irá lidar com o conteúdo Música. Nesse caso, a questão é se esse

professor deve ter uma formação geral nas várias linguagens artísticas, ou se deve

ter uma formação específica em música. Além disso, os cursos de formação de

professores de Arte levam, desde a década de 1970, a um predomínio do ensino

das artes plásticas nas escolas públicas. (FUCCI-AMATO, 2012; PENNA, 2004;

PIRES, 2003).

A partir de um levantamento realizado no sistema e-MEC39, observou-se uma

heterogeneidade da nomenclatura referente às Licenciaturas em Arte no Brasil:

Artes; Artes Plásticas; Artes Visuais; Belas Artes; Educação Artística; Intercultural

Indígena em Línguas, Artes e Literatura; Teatro; Artes Cênicas; Dança; Música;

Educação Musical; Música Popular Brasileira; Educação artística com habilitação

em: música, instrumento musical, educação musical ou artes cênicas. Esse

resultado mostra que a situação da multiplicidade dos nomes dos cursos apontada

por Pires em 2003, não mudou em 2012. Também foi possível perceber que os

cursos de licenciatura em Belas Artes, Artes Plásticas e Visuais (200 cursos),

somando-se aos cursos que não especificam a especialidade artística (22 cursos),

38

Uma reflexão sobre a importância da música na escola, a partir dos cursos de formação continuada foi realizada na dissertação de Mestrado de Sugahara (2008).

39 O sistema e-MEC disponibiliza a consulta pública das Instituições de Educação Superior e cursos

cadastrados no Ministério da Educação (MEC). http://emec.mec.gov.br/. Acesso em 10 de fevereiro de 2013.

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predominam sobre os outros cursos: Música (152 cursos), Teatro e Artes Cênicas

(57 cursos) e Dança (31 cursos).

Mateiro (2009) analisou os Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) de 15

cursos de formação docente em educação musical no Brasil, buscando

“compreender os valores e as concepções de formação, assim como as intenções

das ações pedagógicas”. (p. 65). A autora explica que por se tratar de uma pesquisa

documental, seria necessário uma investigação empírica para se ter uma visão mais

realista dos programas desses cursos, mas os resultados indicam que:

As concepções de formação, as intenções das ações pedagógicas e a estrutura curricular são praticamente as mesmas em todos os projetos, o que acaba por resultar em um único modelo de profissional. Idealiza-se uma mesma formação para todos os professores de música. [...] se o curso pretende formar profissionais com diferentes perfis deveria oferecer meios para tal, pois os professores que irão trabalhar na Educação Infantil estão recebendo a mesma formação daqueles que serão regentes de corais adultos – ou qualquer outra especialidade. (MATEIRO, 2009, p. 65).

A pesquisa de Mateiro (2009) mostrou que, em todos os projetos, as

concepções de formação, as intenções das ações pedagógicas e a estrutura

curricular são basicamente as mesmas, o que não contempla o perfil do aluno-

egresso proposto, nem possibilita a sua plena atuação nos múltiplos espaços

profissionais. Todos os documentos analisados por Mateiro (2009) afirmam que o

aluno-egresso deve ser professor de música, mas indicam também outros perfis

profissionais, como: músico, regente coral, coordenador de escolas livres, educador,

entre outros; podendo atuar em escolas da rede pública e privada de ensino; escolas

livres de música e conservatórios; escolinhas de arte; universidades; instituições

culturais; organizações não-governamentais; rádio; agências de publicidade;

estúdios de gravação; orquestras; e outros espaços não formais de educação.

Outros estudos (Queiroz; Marinho, 2008; Aquino, 2007; Krobot, 2006;

Scarambone, 2006; Diniz, 2006; Mateiro, 2003; Bellochio, 2003; Del Ben, 2001,

2003) indicam que tanto os cursos de licenciatura em música quanto os cursos de

pedagogia deixam lacunas no que diz respeito às habilidades necessárias para a

atuação plena como professor de música na Educação Básica.

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O presente estudo tem justamente esta preocupação, de contribuir para o

desenvolvimento da prática dos professores dos cursos de licenciatura em música e

pedagogia. Para tanto, compreende-se como fundamental, analisar a visão que os

estudantes dos respectivos cursos têm sobre música e música na escola, tendo em

vista que essa visão pode influenciar nas práticas futuras desses estudantes como

professores na Educação Básica.

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Siciliano - Sylvano Bussoni (1962)

DESENVOLVIMENTO

DIRETRIZES TEÓRICO-METODOLÓGICAS

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2. DIRETRIZES TEÓRICO-METODOLÓGICAS

Neste estudo, a visão dos estudantes sobre a música e a música na escola foi

analisada a partir da Teoria das Representações Sociais. Esta teoria permite a

análise dos processos simbólicos e interpretativos, pelos quais os conhecimentos

criados e elaborados socialmente no âmbito das práticas cotidianas, são

internalizados de acordo com a percepção de cada sujeito, a partir das suas próprias

experiências afetivas e cognitivas, e também, dos significados constituídos

socialmente em sua relação com os grupos em que se encontra inserido.

A representação social é um corpus organizado de conhecimentos e uma das atividades psíquicas graças às quais os homens tornam inteligível a realidade física e social, inserem-se num grupo ou numa ligação cotidiana de trocas, e liberam os poderes da imaginação. (MOSCOVICI, 1978, p.28).

A construção de uma representação social envolve dois processos:

objetivação e ancoragem. Moscovici (1978, 2007) explica a objetivação como um

processo pelo qual conceitos abstratos são materializados, se constituindo como

imagem. A ancoragem é o processo de transformação do não familiar, em algo

familiar, ao inserir o novo objeto no arcabouço de conhecimentos já existentes.

Jodelet (1990) explica que o processo de objetivação envolve as seguintes

fases: seleção e descontextualização; formação de um núcleo figurativo e a

naturalização. Na seleção e descontextualização, as informações relativas ao objeto

de representação são escolhidas e utilizadas a partir de critérios normativos e

culturais. Forma-se então o núcleo figurativo que passa a reproduzir-se na forma de

um complexo de imagens. Aos elementos do núcleo figurativo é atribuída a

qualidade de natureza, ocorrendo assim, a naturalização, pelo qual esses elementos

passam a ser elementos da realidade.

A ancoragem é o mecanismo que transforma algo estranho e perturbador, em

algo familiar, procurando compará-lo a algum conhecimento pré-existente, buscando

acomodá-lo em alguma categoria, a fim de classificar e dar nome ao que era

desconhecido e ameaçador. A categorização parte de modelos existentes na

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memória que permite a comparação do novo, com esse modelo, ou modelos pré-

existentes, estabelecendo entre essas ideias, uma relação positiva ou negativa, que

leva às generalizações e particularizações no processo de ancoragem.

Segundo Guareschi e Jovchelovitch (1994/2008) é o caráter ao mesmo tempo

regulador e dinâmico presentes na noção de representações sociais, que revelam as

dimensões afetiva, cognitiva e social, e tem em sua base, a tríade dialética Eu-

Outro-Objeto, constituintes do constructo psicossocial. É nesse sentido que

Jovchelovitch (2007) indica a natureza polivalente da representação, segundo a

qual, “as representações são construções ontológicas, epistemológicas,

psicológicas, sociais, culturais e históricas”. (p.74).

2.1. Estudos anteriores de representações sociais e música

Arruda e Jamur (2005) estudaram o universo do funk proibido de facção no

Rio de Janeiro, a partir da análise das letras das músicas, da observação

participante e de entrevistas com jovens de classes sociais diferentes sobre este tipo

de gênero musical. A pesquisa objetivou compreender a construção e a difusão de

um universo de valores e práticas dos jovens do Rio de Janeiro. O elemento mais

presente nas letras das músicas foi a explicitação das fronteiras físicas e simbólicas

estabelecidas pelos grupos do tráfico, que se refletem nas representações e nas

práticas dos jovens moradores das favelas cariocas. O estudo mostrou que os

jovens participantes da pesquisa manifestaram preferência pela música da facção

que domina a área em que vive.

Os estudos de Duarte (2002, 2004, 2005) e Duarte e Mazzotti (2006) buscam

articular a Teoria das Representações Sociais com teorias argumentativas e

retóricas, cujo enfoque encontra-se no caráter discursivo das representações sociais

e na análise de figuras de linguagem. Duarte (2004, 2005) investigou as

representações sobre música de professores de música do Ensino Básico e concluiu

que as representações desses professores foram elaboradas a partir de metáforas

como “música é vida” e da relação da música com outras áreas de conhecimento,

pela qual “a matemática está para a razão, assim como a música está para a

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emoção”. As representações sociais de música por esses professores de música

denotaram uma visão dicotômica do conhecimento, separada entre razão e emoção,

e indicaram também uma visão determinista com relação à atuação do professor de

música na escola, apoiada nos seguintes discursos: “os professores são inaptos

para o trabalho na educação básica ou os alunos não possuem o 'dom' para a

música; [...] ou os alunos de classes econômicas desfavorecidas não têm

capacidade para entender a ‘boa’ música”. (DUARTE, 2005, p.1368).

Duarte (2002, 2004) explica como os processos de objetivação e ancoragem

ocorrem na criação e recepção de objetos musicais. A pesquisadora afirma que no

processo de objetivação, tanto a criação quanto a recepção são recriações dos

objetos musicais, pois os elementos sonoros são selecionados e depois

descontextualizados dependendo do sentido dado a esses sons, e que por sua vez,

são baseados em critérios culturais e normativos. Os elementos selecionados e

descontextualizados são organizados e estruturados, na forma e no conteúdo e

passam a compor o núcleo figurativo. A partir daí, o objeto passa a ser “real”, fazer

parte do cotidiano, é naturalizado. É no processo de naturalização que os objetos

musicais deixam de ser objetos simbólicos e passam a ser entendidos como reflexo

da realidade. Duarte explica também como as diferentes execuções ou

interpretações de uma mesma obra são percebidas de forma diferente por um

determinado grupo social, pois no processo de objetivação, ocorrem as seguintes

interferências nos conteúdos da representação: distorção, suplementação e

desfalque, que Jodelet (1990) chama de decalagem. Na distorção, os atributos do

objeto são acentuados ou minimizados; na suplementação se atribuem

características que não pertencem ao objeto e no desfalque, os atributos são

suprimidos. A objetivação do objeto musical é que determina a qual categoria

pertence esse objeto, nomeando-o, dando-lhe significado. Segundo Duarte (2002,

2004), o sujeito criador estabelece a seleção dos elementos sonoros de acordo com

os diferentes usos do objeto musical, como por exemplo: ao se referir ao produto

como sendo uma sinfonia ou, ao escolher determinado improviso ou passagem

como sendo adequado para determinado tipo de música. No processo de

ancoragem descrito pela pesquisadora, o objeto musical que emerge na

representação de cada sujeito social através de sua percepção, seleção e

organização do material sonoro, adquire sentido e torna-se acessível ao

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conhecimento e interpretação desse sujeito, possibilitando a determinação desse

objeto musical em uma categoria que ao se acomodar ao esquema sociocognitivo,

pode ser interpretado de maneira a se tornar familiar. É o significado atribuído ao

objeto, derivado da categoria que se atribuiu no processo de ancoragem que

determinará a conduta do sujeito social com relação a esse objeto musical.

Oliveira (2008) realizou um estudo sobre como as representações sociais de

música se apresentavam em grupos de ouvintes e músicos, e o modo com que

esses grupos se relacionavam em torno da música, a partir da análise de elementos

gramaticais que permitiram a identificação dos processos de objetivação e

ancoragem dessas representações. Para contemplar o modo como se relacionavam

com o objeto “música”, foram elaboradas perguntas distintas para os dois grupos:

para os ouvintes foi perguntado sobre os gostos musicais e como descreveriam

esses estilos musicais e para os músicos foi pedido para que descrevessem a

música que produziam. Também foi elaborada uma questão comum para os dois

grupos, na qual foi pedido para que escreverem o que quisessem sobre o que é

música. A análise foi realizada a partir da identificação dos tipos de elementos da

estrutura gramatical utilizados na comunicação sobre as definições e descrições da

música. A identificação desses elementos gramaticais (substantivos, verbos,

adjetivos e advérbios) permitiu a categorização pela qual o pesquisador relacionou

os elementos e processos envolvidos nas representações sobre música de ouvintes

e músicos. O pesquisador explica que não pretendeu dar conta de toda a

complexidade dos fenômenos das representações sociais, nem de como os grupos

ou indivíduos as elaboram, e apenas indica que os músicos tenderam a respostas

que representam a música como algo além do humano, quase cosmogônico,

podendo ser equiparado à própria vida, corroborando com as representações sobre

música por professores de música, descritas por Duarte (2004). Os resultados da

pesquisa de Oliveira (2008) apontaram para uma repetição pouco explicativa sobre a

música e para o uso de aspectos como o animismo, presentes tanto nas falas dos

músicos quanto dos não músicos. O animismo se fez presente ao se referirem à

música como sendo o próprio sentimento humano de alegria. Oliveira (2008)

observou que as emoções e os sentimentos são o principal elemento pelo qual a

música é descrita pelos sujeitos e especula que, uma música que não expresse ou

provoque emoções/sentimentos não pode ser considerada como música. Deixa

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também uma agenda para novas pesquisas, principalmente no âmbito da educação

relacionada à música, pela qual sugere investigar:

Que tipos de audições e conhecimentos se busca estabelecer em torno da música, o que se pode fazer para se pensar e ouvir música através de outras concepções e inclusive com um maior uso de raciocínio formal? Em que medida a audição musical pode auxiliar nos modos de se pensar, perceber e refletir sobre o mundo, de uma forma geral? Estas são perguntas que deixamos como forma de estimular novas pesquisas e para propiciar debates sobre o tema. (OLIVEIRA, 2008, p. 175-176).

Oliveira (2008) também indicou a necessidade de aprofundar os estudos

sobre a emoção no campo das representações sociais, tendo em vista que as

pesquisas de representações sociais são enfocadas a partir do conteúdo objetivo

das respostas e não pela forma com que são elaboradas. Aceitando o desafio

proposto por Oliveira (2008), no qual sugere uma reflexão sobre “em que medida a

audição musical pode auxiliar nos modos de se pensar, perceber e refletir sobre o

mundo” e que tipos de audição e conhecimentos se buscam estabelecer em torno da

música, torna-se necessário explicar como as representações sociais se formam a

partir da escuta de uma música.

2.2. O estudo das representações sociais a partir da escuta musical

Sá (2002, p. 29) explica que “o termo representações sociais designa tanto

um conjunto de fenômenos quanto o conceito que os engloba e a teoria construída

para explicá-los, identificando um vasto campo de estudos psicossociológicos”.

Moscovici (1978) estabelece que as representações se configuram a partir de

três dimensões: informação, campo de representação ou imagem e atitude. A

dimensão da informação “relaciona-se com a organização dos conhecimentos que

um grupo possui a respeito de um objeto social” (p. 67); o campo de representação

remete “à ideia de imagem, de modelo social, ao conteúdo concreto e limitado das

proposições atinentes a um aspecto preciso do objeto da representação” (p. 69) e a

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dimensão da atitude focaliza “a orientação global em relação ao objeto da

representação social” (p. 70).

Moscovici (1978) afirma também que as representações sociais são sempre

de alguém e de alguma coisa, e sendo assim, uma representação social de “música”

só pode ser apreendida a partir do contexto em que essa música ocorre e de quem

“fala” sobre essa música. Para um estudo sobre representação social de música a

partir da escuta musical, torna-se necessário apreender como as representações se

constituem em grupos específicos (no caso, estudantes de pedagogia e música), a

partir dessa escuta. Retomando as dimensões constitutivas das representações

sociais propostas por Moscovici (1978), pode-se dizer que o nível de informação

sobre determinada música depende da disponibilidade dessa música no meio social

e cultural em que a pessoa se insere, e do grau de aproximação e identificação

dessa pessoa com a música ou com o gênero musical, o que liga a dimensão

informacional à dimensão atitudinal. A dimensão da atitude é que determina a

proximidade ou afastamento da pessoa com relação a uma determinada música ou

a um gênero musical, que por sua vez, pode determinar o nível de informação que

essa pessoa tem a respeito dessa música ou desse gênero musical. O autor explica

que:

[...] a atitude é a mais frequente das três dimensões e, talvez, geneticamente primordial. Por conseguinte, é razoável concluir que uma pessoa se informa e representa alguma coisa unicamente depois de ter adotado uma posição e em função da posição tomada. (MOSCOVICI, 1978, p. 74).

No campo de representação ou imagem, a questão é como sons podem gerar

imagens. Duarte e Mazzotti (2006) descrevem esse processo como um processo

metafórico pela qual uma informação sonora é selecionada parcialmente, de acordo

com os condicionantes culturais (acesso diferenciado às informações) e critérios

normativos (sistema de valores do grupo), para gerar uma imagem sonora coerente

e reconhecível do objeto perceptivo. Ao recontextualizar, “os sujeitos dão valor e

significado aos elementos selecionados”. (p. 1286).

Segundo Duarte e Mazzotti (2006), esse produto estruturado e organizado de

forma hierárquica, resultado do processo de percepção ou criação desenvolvido pelo

sujeito, constitui-se como uma metáfora, que “por suas características, é uma

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condensação de significados produzida a partir da analogia, sendo, por isso,

considerada uma analogia condensada” (p. 1287) e, por conseguinte, ao ser

naturalizada, torna-se reflexo do real.

Sem desconsiderar esse aspecto metafórico da construção de uma

representação de música, torna-se necessário acrescentar no processo de

significação da música, além do processo de seleção, classificação e

recontextualização da informação sonora, de acordo com o seu arcabouço cultural e

critérios normativos ou grau de identificação com a música, a ativação dos

mecanismos de emoção, memória, imaginação e atenção, presentes nesse

processo.

A emoção é o primeiro nível perceptivo dessa informação sonora, pois é pela

emoção, pelo modo como o sujeito é afetado pelo som que é desencadeado o

processo de significação dessa informação sonora. Ao nomear e classificar a

emoção provocada pelo som, uma reação física passa a ser representada, tendo em

vista o processo cognitivo envolvido no ato de classificar e nomear essa emoção.

Mas nem toda música é passível de representação, porque a reação à escuta de

uma música pode se apresentar apenas em um nível físico, além disso, uma mesma

emoção ou reação física a uma escuta musical pode ser interpretada de diferentes

formas pelos sujeitos, dependendo do arcabouço cultural que possuem, dos critérios

normativos do grupo a que pertencem, das suas experiências musicais anteriores,

das suas condições no momento da escuta e do contexto em que ocorre essa

escuta. Essa emoção pode ser considerada no âmbito social, quando é concebida

como uma emoção compartilhada socialmente. Nesse sentido, a teoria walloniana

traz uma contribuição importante, ao considerar a emoção contagiosa. As músicas

rituais das sociedades modais, por seu caráter cíclico, provocam essas emoções

compartilhadas, nas danças e nos movimentos coordenados entre os participantes

dessas danças. O mesmo pode ser observado nas cantigas de ninar ou nas cantigas

de trabalho. Rimé (2005) explica de forma semelhante como ocorre o contágio das

emoções:

[...] o contágio das emoções ocorre quando uma pessoa estende sua risada para o seu grupo, ou quando sua reação desencadeia lágrimas e tristeza em outros, ou quando se espalha medo em seu grupo social. O contágio emocional, portanto, designa eventos que se desenvolvem no modo automático em harmonia com os membros da mesma

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espécie. Ele pode invadir o indivíduo sem que seja imediatamente clara consciência das causas da sua condição. (RIMÉ, 2005, p.120 - tradução nossa).

Falar sobre música a partir da lembrança de uma música é diferente de falar

sobre música a partir de uma experiência imediata de escuta musical. Pode-se dizer

que existem diferentes níveis de escuta. No primeiro caso, a escuta encontra um

ponto de ancoragem na memória, enquanto no segundo, a escuta musical encontra

apoio na percepção num primeiro plano. Esses processos não ocorrem de forma

isolada, nem em um caso, nem em outro. Estão inter-relacionados e apoiam-se

mutuamente, retroalimentando-se. Para melhor compreensão, vamos recorrer

novamente aos mitos. Kalampalikis (2009, p.89) discorre sobre os mitos e as

representações sociais e afirma que “além do papel dos mitos como ponto de

ancoragem da memória coletiva, encontra-se dentro da mitologia grega uma

divinização da memória como faculdade mental”. Curiosamente, “Mnémosyne, [...]

considerada como uma faculdade mental identificada ao conhecimento, à sabedoria

e à ciência” (KALAMPALIKIS, 2009), era mãe das Musas, as cantoras divinas.

Assim como o mito, a música também se processa a partir de transformações

metafóricas, isto é, ganha significações à medida que as ideias se desenvolvem,

partindo da percepção imediata até se fundirem às experiências prévias das

pessoas que a vivenciam. A memória é social na medida em que, é a partir da

lembrança das sensações e situações vividas que se elabora uma representação, e

esta experiência subjetiva é social, pois não ocorre num vácuo, está sempre inserida

dentro de um contexto social e cultural.

“Pelo entendimento de como funciona a memória social podemos entender também a construção dos repertórios de saber, de crenças sociais e sentidos simbólicos que nos são acessíveis no presente, normalmente organizados como a identidade cultural e as representações sociais de uma comunidade”. (JOVCHELOVITCH, 2007, p.144).

A música já carrega uma série de significações pessoais, históricas e sociais,

que serão resignificadas pelo sujeito no momento da escuta, dependendo do

conhecimento que possui sobre a música, do contexto vivido e trazido à lembrança

pela música, das relações que estabelece com a lembrança que essa música

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produz. Por exemplo, as músicas de protesto podem ser representativas como

música de contestação para um grupo, que viveu a época da ditadura no Brasil, e

ser apenas uma música de entretenimento para um grupo de jovens dos dias atuais.

Ou ainda, um determinado gênero musical pode trazer à lembrança uma situação

específica, como um relacionamento romântico e ser representado pelo sujeito como

uma música romântica, por associação e generalização, imagem essa, que por sua

vez, pode ser representativa de um determinado grupo social.

Para explicar o papel da imaginação no processo de constituição de uma

representação social, será necessário recorrer ao processo de objetivação descrito

por Jodelet (1990), pelo qual ocorrem as seguintes interferências nos conteúdos da

representação, que a autora chama de decalagem: distorção, suplementação e

desfalque. Na distorção, os atributos da música são acentuados ou minimizados

dependendo da ênfase que se dá aos elementos que compõem uma determinada

música, como a letra ou os aspectos mais sonoros propriamente ditos: timbre, altura,

intensidade, duração dos sons e a forma como se organizam dentro da música. A

imaginação a partir de uma escuta musical interfere na maneira como uma pessoa

acentua ou minimiza esses atributos na música. Na suplementação, são atribuídas

características que não pertencem ao objeto e, novamente, é pela imaginação que

uma pessoa pode atribuir características não pertencentes ao objeto. No desfalque,

a imaginação não tem qualquer papel no processo, já que os atributos do objeto são

suprimidos, e está relacionado ao foco de atenção. Um exemplo relacionado ao

objeto musical, de desfalque, seria quando uma pessoa focaliza só a letra da música

ou só a música, durante uma escuta musical. A atenção é responsável pela

formação da imagem a partir da escuta de uma música, dependendo do aspecto que

esta pessoa focaliza na música. O foco de atenção pode se concentrar mais no som

ou mais na letra. Uma pessoa pode focalizar mais a música como conjunto de sons

musicais, organizados melodicamente, em seus atributos e na forma como se

estruturam, ou focalizar mais o conteúdo da letra da música.

No entanto, essas interferências, que ocorrem nos conteúdos das

representações no processo de objetivação, não são exclusividade do processo

imaginativo ou da atenção e dependem também do grau de conhecimento, de

experiência ou de identificação que o ouvinte tem com a música (memória afetiva).

Esses processos garantem que uma informação sonora se constitua como imagem,

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como campo de representação, quando uma emoção é expressa por seu

componente representacional, como sentimento; e a memória social, a imaginação e

a atenção, possibilitam a categorização e classificação da informação sonora de

maneira que possam ser nomeadas e significadas. Halbwachs (2006) explica que,

[...] para garantir a conservação e a lembrança das obras musicais, não se pode recorrer a imagens e idéias, como acontece no teatro, ou seja, ao significado, pois essa ou aquela sequência de sons não tem nenhum outro significado senão ela mesma. Devemos então lembrar dela exatamente como é, por inteiro[...] a música é a única arte a que se impõe esta condição, porque ela se desenvolve toda no tempo, não se prende a nada que tenha permanência e, para retomá-la, é preciso recriá-la sempre. Como não existe nenhum exemplo em que possamos perceber mais claramente, não é possível guardar muitas lembranças com todas as nuances e em seus detalhes mais precisos, a não ser que utilizemos todos os recursos da memória coletiva. (HALBWACHS, 2006, p.222)

Se “todos os recursos da memória coletiva” a que se refere Halbwachs,

envolve todos os códigos culturais de determinado grupo, seus hábitos, costumes,

lugares, relações interpessoais estabelecidas entre membros, acontecimentos, fatos,

experiências, histórias, cores, cheiros, sons, ainda assim, o caminho a ser percorrido

necessita evidenciar os aspectos complexos das relações intergrupais, que

caracterizam a sociedade contemporânea. Além disso, o desenvolvimento

tecnológico mudou o conceito de fronteiras geográficas, tornando-as menos

definidas, criando-se a necessidade de se recorrer a um conceito mais amplo de

memória como recurso à apreensão do significado musical. Nesse sentido,

Jedlowski (2005) afirma que a esfera pública, na modernidade, está se tornando

uma esfera pública mediada, e sendo assim, “a construção da memória pública foi

transferida em grande medida para a mídia”. (p. 94).

Conhecer as representações sociais de música dos estudantes de pedagogia

e música é fundamental para compreender de que maneira e em que medida essas

representações influenciam no modo como constroem as representações de música

na escola. As escolhas do repertório a ser trabalhado na escola, bem como das

estratégias de seu ensino, dependem das representações que os professores

possuem sobre música, ao mesmo tempo em que essas escolhas organizam os

universos de socialização no qual os estudantes estão inseridos, que por sua vez,

Page 69: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

69

podem reforçar ou transformar as representações sobre música e música na escola

desses estudantes.

Os modos de escuta na escola e fora da escola são diferentes, mesmo que os

estudantes possam escolher as músicas que querem ouvir, o grupo já está

determinado dentro da escola. Fora da escola, uma escuta musical depende

também do grupo a que pertence o ouvinte. Segundo Zampronha (2004) o modo de

escuta de um determinado grupo de ouvintes, em uma determinada época, cria

condições particulares de sínteses específicas. Essas sínteses dependem dos

consensos partilhados por um grupo maior de ouvintes, mesmo que as sínteses

sejam individuais e tenham diferenças entre os indivíduos do grupo. Esse seria o

caso dos gêneros musicais já amplamente estabelecidos com gêneros específicos.

Esses gêneros já se encontram bastante codificados e a sua escuta partilha também

os valores e atitudes implícitas na música. Na escola, os grupos de escuta se

constituem em outras bases de referência e podem apresentar-se de modo bem

mais heterogêneo. Esta pesquisa busca contemplar também o aspecto de como os

grupos se constituem como grupos de escuta musical. A seguir serão explicitados os

procedimentos metodológicos desta pesquisa.

2.3. Metodologia

No presente trabalho buscou-se apreender as representações sociais sobre

música e música na escola de estudantes de licenciatura em pedagogia e música a

partir da escuta musical.

Segundo Guareschi (2000) uma pesquisa em representações sociais precisa

contemplar os diversos aspectos ligados aos modos e aos meios pelo qual as

representações se apresentam, incluindo-se a utilização dos sons e da música.

Veja-se, por exemplo, a questão dos sons. Apesar de pouco conhecida, há muita literatura sobre diversos tipos de música (russa, alemã, brasileira) que pode servir como representação de uma nação. A música se torna, assim, uma forma representacional que ajuda a construir um cenário, evocar sentidos, recordar imagens. (GUARESCHI, 2000, p. 254).

Page 70: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

70

Bauer (2004) afirma que apesar de existir um potencial na utilização de sons

e músicas para o campo da pesquisa social, não foram desenvolvidas ainda, “uma

metodologia eficiente, e uma massa crítica de pesquisa”.

A predominância dos dados verbais nas ciências sociais deixa o som e a música como recursos geralmente subexplorados para pesquisa social. A expansão atual e o poder emocional dos sons, e da música como um meio de representação simbólica, parecem sugerir que eles podem ser uma fonte útil de dados sociais. (p.385).

Como instrumento de coleta dos dados foram aplicados dois questionários40:

um questionário de perfil; e um questionário de pesquisa contendo uma questão de

associação livre a partir da escuta de três músicas de gêneros diferentes (pop, jazz

e world music), uma pergunta fechada, uma questão de completar, duas perguntas

abertas e uma questão de classificação de imagens (fotografias).

De acordo com Abric (1994), o caráter espontâneo da técnica de associação

livre por meio da evocação de palavras a partir de um estímulo, permite o

levantamento dos elementos constitutivos do conteúdo de uma representação,

mostrando-se adequada ao estudo das representações sociais. Essa técnica foi

adaptada para contemplar os objetivos da presente pesquisa, utilizando-se um

estímulo musical ao invés de uma palavra indutora. Sendo assim, foi solicitado ao

participante que escrevesse três palavras que viessem à sua mente ao escutar uma

música e, nesse momento, a música foi tocada na íntegra num aparelho de som.

Esse mesmo procedimento foi repetido três vezes, uma para cada música: pop, jazz

e world music. Com isso, busca-se a verificação da centralidade das respostas dos

participantes a partir dos elementos constituintes das representações sobre música.

As outras questões foram elaboradas para o levantamento dos elementos

constituintes das representações sobre música na escola. Foi perguntado para os

participantes, se levariam as músicas apresentadas na pesquisa para o contexto

escolar (questão fechada com justificativa da resposta); o que pensavam sobre a

música na escola pública (questão de completar); os motivos pelos quais a música

40

O Questionário de perfil, o Questionário de pesquisa e o Termo de consentimento livre e esclarecido constam dos Apêndices deste trabalho, respectivamente como: Apêndice A, Apêndice B e Apêndice C.

Page 71: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

71

deveria ser ensinada na escola e como ensinaria música na escola (perguntas

abertas). Foi elaborada também uma questão de classificação de imagens

(fotografias) sem título, que consistiu em oito imagens que deveriam ser

classificadas de 1 a 8 de acordo com a maior ou menor proximidade com a ideia de

música na escola, sendo 1 a mais próxima e 8 a menos próxima, às quais deveriam

também dar um título (para cada uma dessas imagens). Com o objetivo de

complementar as informações das perguntas diretas (pergunta fechada com

justificativa, questão de completar e pergunta aberta) e apreender as atitudes dos

participantes em relação à música na escola, optou-se pela utilização de imagens

que pudessem ilustrar diferentes situações em que a música poderia estar inserida

no contexto escolar.

Como é a informação, a atitude e o campo de representação ou imagem que

definem os processos de compreensão e interpretação da música, procurou-se

identificar esses elementos nas representações sobre música dos grupos de

estudantes de pedagogia e de música. Como não foram encontradas diferenças

significativas entre as respostas de estudantes ingressantes e concluintes, na

análise das representações sobre música, só foram consideradas as diferenças

entre cursos: música e pedagogia. Na análise dos dados sobre música na escola

foram diferenciados, além dos cursos, os grupos de estudantes ingressantes e

concluintes.

2.3.1. O critério de escolha das músicas

A música é um produto cultural e existem tantas músicas quanto existem

diferentes sociedades e comunidades. Os diferentes tipos de música podem ser

classificados a partir de um conjunto de regras compartilhadas socialmente que

passam a constituir os diferentes gêneros musicais41. Determinados gêneros

possuem um conjunto de regras genéricas com um caráter bastante codificado, que

já se encontra estabelecido historicamente e mais amplamente aceito socialmente.

(FABBRI, 1981).

41

Uma discussão sobre gêneros musicais foi realizada no capítulo I deste trabalho.

Page 72: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

72

Os diferentes gêneros musicais podem revelar os elementos constituintes das

representações compartilhadas por um determinado grupo social ou comunidade, no

caso, grupo de estudantes de pedagogia e grupo de estudantes de música,

implicados no contexto vivido, nos valores e nas atitudes dos participantes desta

pesquisa. Dentre os gêneros musicais, foram escolhidos para esta pesquisa: uma

música pop, um jazz e um world music. Os três gêneros musicais possuem

elementos da cultura ocidental, sendo que a música pop é globalmente conhecida, o

jazz é menos veiculado pelos meios de comunicação de massa e o world music é

um gênero musical híbrido, que embora menos conhecido, também é produto da

indústria cultural. Para que o foco se mantivesse nos aspectos mais musicais

propriamente ditos durante a escuta musical, e não na letra da canção, não foram

escolhidas músicas com letra em português. As características de cada gênero

escolhido para esta pesquisa serão explicitadas a seguir, bem como a música

escolhida de cada gênero para ser apresentada aos participantes no momento da

coleta de dados.

O gênero musical pop é um produto da indústria fonográfica do século XX e

como tal, tem o seu conteúdo pré-selecionado a partir de uma multiplicidade de

outros gêneros musicais como: a música clássica, o jazz ou as manifestações

musicais populares de tradição oral, que são retrabalhadas para produção em

massa, transformadas em fonogramas e produzidas em linha de montagem, para

finalmente serem comercializadas. Para ser mais facilmente comercializado, o

gênero de música pop precisa agradar ao público e, portanto, precisa ser de fácil

compreensão e adequado às condições impostas pelo mercado consumidor. A

música do gênero pop escolhida para ser apresentada aos participantes desta

pesquisa foi:

“Rolling in the deep”42 interpretada pela cantora inglesa Adelle, foi uma das

músicas mais veiculadas pela mídia mundial no ano de 2011 e também foi

42

Os arquivos com todas as músicas constam em formato digital, anexo deste trabalho. As músicas também podem ser acessadas pela internet e estão disponíveis em: http://musica.com.br/artistas/adele/m/rolling-in-the-deep/traducao.html

Page 73: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

73

tema da novela brasileira “Morde e assopra” veiculada pela Rede Globo no

mesmo ano.

O jazz como um gênero musical é, fundamentalmente, uma música para

entretenimento. Embora tenha dado origem à música pop, o jazz tem características

distintas da música pop. Uma das diferenças é que o jazz, em sua origem, não tinha

a preocupação em agradar o público. O jazz nasceu como um gênero musical para

pessoas pobres e tinha como objetivo proporcionar momentos de relaxamento em

bares, sendo produzido em pequena escala. Assim, o jazz ficou, em sua fase inicial,

à margem dos grandes empreendimentos da indústria cultural. Hobsbawm (1989)

elencou cinco características do jazz: uso de escalas africanas e europeias (a mais

conhecida é a escala blues43); apoio em outro elemento africano, o ritmo (swing),

cuja batida é constante e uniforme e possui uma ampla gama de variações sobre

esta batida principal, tornando-o complexo; emprego de cores vocais e instrumentais

próprias, proporcionadas por instrumentos derivados de instrumentos incomuns na

música erudita (saxofone, trompete, bateria, etc.) e instrumentos “exóticos”

(vibrafones, bongôs, maracas, etc.), tocados como se fossem vozes e pelos

primeiros músicos de jazz, de forma autodidata; desenvolvimento de certas formas

(blues e balada) e repertório (standards44) específicos; é uma música de

executantes, subordinada à individualidade dos músicos, sendo criada e usufruída

por seus executantes cada vez que é tocada. Ainda segundo Hobsbawm, o

desenvolvimento histórico do jazz, fez com que este gênero se tornasse uma música

para um público restrito, emergindo economicamente e intelectualmente no

http://www.johncoltrane.com/videos.html http://www.radio.uol.com.br/#/letras-e-musicas/tinariwen/imidiwan-ma-tennam/2631851 Para este trabalho, o acesso foi realizado em 10 de dezembro de 2012. 43

A escala blues é uma escala de seis notas e tem muitas variações, mas todas são derivadas do sistema escalar da música ocidental. Quando comparada com uma escala maior, a escala blues é construída sobre os graus da escala de sete notas da seguinte maneira: 1, b3, 4, b5, 5, b7 . Por exemplo: nota dó (1), mi bemol (b3), fá (4), sol bemol (b5), sol, si bemol (b7). O bemol é a nota abaixada em ½ tom da nota original.

44 Jazz Standards é uma composição musical que constitui um tema amplamente conhecido, que se

torna parte do repertório básico do músico de jazz. Muitos Standards de jazz foram baseados em canções populares, Musicais da Broadway, temas de filmes de cinema de Hollywood ou músicas registradas no Great American Songbook que reúne as músicas consideradas como as melhores canções do século XX (de 1920 a 1960). Fonte: http://www.greatamericansongbook.org/ acesso em 12 de fevereiro de 2013.

Page 74: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

74

mercado, à medida que o seu público também ficou mais velho, deixando de ser

uma forma de entretenimento “dançável”, passando a ser um tipo de música voltado

para uma apreciação mais consciente e, portanto, mais cara. A música do gênero

jazz escolhida para a presente pesquisa foi:

“My favorite things” um jazz instrumental gravada em 1961 pelo saxofonista

John Coltrane, foi originalmente composta por Richard Rogers (música) e

Oscar Hammerstein (letra) em 1959 para o musical da Broadway “The sound

of music” e transformado em filme homônimo em 1965, conhecido no Brasil

como “A Noviça Rebelde” interpretado por Julie Andrews.

O world music se caracteriza por se constituir a partir da mistura de gêneros

musicais já criados, com elementos advindos de tradições locais, cujas

manifestações musicais não se enquadram no universo cultural global da música

pop. Essa hibridização confere nova roupagem e arranjos modernos às

manifestações musicais locais genuínas, e como afirma Valente (2003), trata-se de

um reflexo da pós-modernidade (a mistura para torná-la global) e uma estratégia de

marketing das gravadoras, ao transformá-la em música fácil e vendável. Para o

world music foi escolhida a seguinte canção:

“Imidiwan ma tennam” é cantada em idioma Tamashek-berber/Tuareg, e

significa “O que você tem a dizer, meus amigos?”. A música é faixa do álbum

Tassili (Deserto) composta e interpretada pelo grupo nômade de música

Tuareg contemporânea, chamada Tinariwen.

2.3.2. O critério de escolha das imagens

As imagens foram selecionadas de maneira a ilustrar as diferentes situações

em que a música poderia estar presente na escola, em todos os níveis de ensino:

Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A seguir, uma breve

descrição das oito imagens/ fotografias45 selecionadas para este trabalho.

45

No questionário, as imagens/ fotografias foram apresentadas sem nenhuma descrição, nem título.

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75

Imagem 1

Figura 1 – Funk na escola

(Fonte: Site picasaweb - Crédito da foto: José Patrício/ Agência Estado/ AE - Disponível em:

https://picasaweb.google.com/lh/photo/LMpSSbal2HTrth_By_6ixtMTjNZETYmyPJy0liipFm0

Acesso em 23 de fevereiro de 2012)

A Imagem 1 retrata um baile funk realizado em uma escola pública. Segundo

Arruda et al (2010) o funk representa hoje uma das manifestações musicais mais

conhecidas e comentadas principalmente no Brasil, pois encontra-se presente em

todos os lugares do Brasil e em todas as camadas sociais, até mesmo em festas de

universitários e aniversários de crianças de classe média e alta. A Imagem 1 foi

escolhida com o objetivo de apreender as representações dos participantes sobre o

universo da música ligada aos jovens (alunos do Ensino Médio) e o seu grau de

aceitação.

Imagem 2

Figura 2– Show de rock na escola

(Fonte: Revista Nova Escola on-line. Disponível em:

http://rockcontraocrack.blogspot.com/2009/10/escola-moises-bezzi.html#!/2009/10/escola-moises-

bezzi.html - Acesso em 23 de fevereiro de 2012)

Page 76: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

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A Imagem 2 foi feita durante um show de rock que aconteceu em uma escola,

como parte de uma ação de conscientização contra o uso de drogas, intitulada

“Rock contra o crack”. Esta imagem também foi escolhida para apreender as

atitudes em relação à cultura musical juvenil. De acordo com Janotti Junior (2003)

“parte da energia e das expressões do rock passam por valores que envolvem os

desejos, as frustrações e os medos presentes na adolescência”. (p. 21). Além disso,

levou-se em consideração que grande parte dos estudantes de licenciatura em

música também é, ou pretende ser, músico profissional e, nesse sentido, muitas

vezes reproduzem as suas práticas no âmbito da escola ou lecionam em cursos

livres de música, local que privilegia a prática de banda ou o ensino de gêneros

populares entre os jovens, como o rock.

Imagem 3

Figura 3 – Aula de percussão na escola

(Fonte: Revista Nova Escola on- line. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-

pedagogica/corpo-musical-429664.shtml - Acesso em 23 de fevereiro de 2012).

A Imagem 3 é uma foto ilustrativa de uma matéria do site da Revista Nova

Escola, intitulada “O corpo como instrumento musical”. Trata-se de uma preparação

para uma banda de lata na escola com atividades de percussão corporal. Através

dessa imagem busca-se apreender como os participantes da pesquisa concebem as

atividades musicais possíveis de serem realizadas no contexto escolar.

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77

Imagem 4

Figura 4 – Apreciação musical na escola

(Fonte: Revista Nova Escola on-line

http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/escola-novo-ritmo-493329.shtml

Acesso em 25 de fevereiro de 2012)

Esta imagem foi escolhida para ilustrar a possibilidade que a música oferece

para o exercício da apreciação musical na escola. A apreciação musical é muito

valorizada nos cursos de formação de professores de música, visando à ampliação

do repertório musical e cultural dos alunos desses cursos. A Imagem 4 é uma

ilustrativa de uma matéria sobre Gestão Escolar do site da Revista Nova Escola,

intitulada “uma escola trocou a sirene por música”.

Imagem 5

Figura 5 – Musicalização infantil

(Fonte: Arquivo pessoal)

A Imagem 5 ilustra uma aula de musicalização em uma escola particular no

contexto da Educação Infantil. Segundo Penna (2008) musicalizar significa oferecer

os instrumentos perceptivos necessários para sensibilizar musicalmente uma

pessoa, tornando o material sonoro significativo. Não se trata, portanto, de um

Page 78: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

78

processo necessário e importante apenas para crianças, pois a musicalização deve

fazer parte da educação musical de qualquer pessoa, em qualquer idade, mas a sua

prática no contexto da educação musical no Brasil, encontra-se muito associada ao

ensino de música para crianças. Busca-se apreender os elementos que podem

constituir a representação que os participantes venham a ter da música no contexto

do ensino de música para crianças.

Imagem 6

Figura 6 – Música e movimento na escola

(Fonte: Revista Nova Escola on-line http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-

anos/entre-roda-ciranda-movimento-danca-538400.shtml Acesso em 25 de fevereiro de 2012)

A Imagem 6 ilustra uma dança divertida proposta como atividade de música e

movimento em uma escola pública de Educação Infantil. A escolha dessa imagem

tem por objetivo verificar se os participantes desta pesquisa consideram o

movimento como sendo parte da música no contexto escolar, bem como identificar a

atitude com relação ao movimento e à música na escola. Algumas metodologias

musicais ativas, como as propostas de Dalcroze ou Orff citadas por Fonterrada

(2003), propõem uma educação musical pela qual o movimento é parte fundamental

do processo de musicalização. O RCNEI46 (BRASIL, 1998) também propõe uma

abordagem conjunta da música e do movimento.

46

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

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79

Imagem 7

Figura 7 – Flauta-doce na escola

(Fonte: Revista Nova Escola on-line http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-

anos/musica-aprender-se-divertir-422851.shtml Acesso em 25 de fevereiro de 2012)

A Imagem 7 retrata uma professora ensinando flauta-doce para uma turma de

1ª série. A escolha por essa imagem se deve ao fato que o ensino de flauta-doce na

escola é uma das práticas mais conhecidas e disseminadas nas escolas brasileiras,

principalmente a partir do Ensino Fundamental.

Imagem 8

Figura 8 – Ritmos africanos na escola

(Fonte: Revista Nova Escola on-line http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-

anos/pesquisa-ritmo-466966.shtml Acesso em 25 de fevereiro de 2012)

A Imagem 8 ilustra uma pesquisa realizada com ritmos africanos por uma

professora e seus alunos de Educação Infantil em uma escola pública. A música

como cultura também precisa contemplar os aspectos históricos e contextuais em

que se insere. A Imagem 8 foi escolhida visando contemplar esses aspectos na

construção das representações dos participantes desta pesquisa.

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80

2.3.3. Local da pesquisa e perfil dos cursos

A pesquisa foi realizada em uma Instituição de Ensino Superior particular

localizada na Zona Norte da Cidade de São Paulo, que possui os dois cursos:

licenciatura em pedagogia e licenciatura em música.

A grade curricular47 do curso de licenciatura em pedagogia não possui

nenhuma disciplina específica em música e o componente Artes consta apenas

como disciplina ligada ao contexto da Educação Infantil, dada no 4º semestre do

curso. Para efeito de análise, foram consideradas as seguintes disciplinas que

possivelmente poderiam ter elementos ligados à música no contexto escolar:

Ensino-aprendizagem das Artes; Brinquedos e Brincadeiras na Educação Infantil -

aspectos metodológicos; Educação e Movimento.

Observou-se que a grade curricular do curso de licenciatura em música

possui as seguintes disciplinas pedagógico-musicais: Prática de Ensino e Formação

de Professores; Prática de Ensino e Contexto Escolar; Repertório Didático e Infantil,

Música Brasileira, Folclore e Jogos; Psicologia da Educação; Prática de Ensino –

Notação e Teoria Musical; Prática de Ensino Musical - conjunto instrumental; Prática

de Ensino Musical - linguagens e expressões artísticas e culturais; Prática de Ensino

Musical - orquestração. Uma especificidade deste curso de música, é que não há a

exigência de conhecimento prévio de música para o seu ingresso.

O critério de escolha dos participantes desta pesquisa considerou a

disponibilidade dos horários para a sua realização pelos professores dos respectivos

cursos. A coleta dos dados foi realizada por turma e por período. Os dois

questionários foram aplicados no mesmo momento. O tempo médio de aplicação

dos dois questionários foi de 50 minutos. No dia 14 de março de 2012, o

questionário foi aplicado para as estudantes do curso de pedagogia: no período da

manhã para 48 estudantes concluintes (4º ano/ 7º semestre) e no período noturno

para 33 estudantes ingressantes (1º ano/ 1º semestre). No dia 26 de março de 2012,

foi aplicado para os estudantes do curso de música: no período da manhã para 38

estudantes concluintes (3º ano/ 5º semestre) e no período noturno para 56

estudantes ingressantes (1º ano/ 1º semestre). No dia 27 de março de 2012, para 67

47

A grade curricular completa dos dois cursos consta do Anexo deste trabalho: Anexo A – grade curricular da licenciatura em pedagogia e Anexo B grade curricular da licenciatura em música.

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81

estudantes da turma de música do 1º semestre (ingressantes) do período da manhã.

A aplicação do questionário para duas turmas do 1º semestre de música foi uma

exigência do coordenador do curso, tendo em vista o planejamento de aulas do

professor que cedeu o horário para a realização desta pesquisa.

2.3.4. Perfil dos participantes da pesquisa

Participaram desta pesquisa 242 estudantes, sendo: 81 estudantes do curso

de licenciatura em pedagogia (33 estudantes ingressantes e 48 estudantes

concluintes) e 161 estudantes do curso de licenciatura em música (123 estudantes

ingressantes e 38 estudantes concluintes).

1) Sexo

Gráfico 1 – Distribuição por sexo

Do total da amostra de 242 estudantes participantes desta pesquisa, 122

(50%) são estudantes em música do sexo masculino, 39 (16%) são estudantes em

música do sexo feminino e 81 (34%) são estudantes em pedagogia do sexo feminino

(nesta pesquisa, todos os participantes do curso de pedagogia são do sexo

feminino). Considerando o total da amostra, sem diferenciação entre os cursos, 50%

dos participantes são do sexo masculino e 50% são do sexo feminino.

122 = 50%

39 = 16%

81 = 34% Música/ Homens

Música/ Mulheres

Pedagogia/ Mulheres

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2) Idade

Gráfico 2 – Distribuição por faixa etária

Com relação à idade dos participantes da pesquisa, 45% do total de 242

sujeitos são jovens de 17 a 25 anos de idade; 39% têm entre 26 e 35 anos de idade,

14% têm entre 36 e 45 anos de idade e apenas 2% tem mais de 45 anos. No curso

de pedagogia, as jovens de 17 a 25 anos de idade compõem 49% do total de 81

estudantes, 32% têm entre 26 e 35 anos de idade, 17% têm entre 36 e 45 anos e

apenas uma participante tem mais de 45 anos. No curso de licenciatura em música,

33% do total de 161 estudantes são jovens do sexo masculino têm entre 17 e 25

anos de idade, 33% têm entre 26 e 35 anos, 9% têm entre 36 e 45 anos e dois

estudantes têm mais de 45 anos. Das estudantes de música 9% têm de 17 a 25

anos, 10% têm de 26 a 35 anos, 3% têm entre 36 e 45 anos e três estudantes têm

mais de 45 anos de idade.

53

53

14

2

15

16

5

3

40

26

14

1

108

95

33

6

0 20 40 60 80 100 120

17 a 25

26 a 35

36 a 45

acima de 45

Total

Pedagogia (mulheres)

Música (mulheres)

Música (homens)

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3) Qual instrumento musical você toca?

Gráfico 3 – Distribuição por instrumento musical que os estudantes tocam

Do total de 123 estudantes ingressantes no curso de música, apenas quatro

estudantes (3%) declararam que não tocavam nenhum tipo de instrumento musical e

dos 38 estudantes do 5º semestre, apenas um assinalou que não tocava nenhum

instrumento, mas que cantava. Mesmo sem a exigência de experiência musical

prévia para o ingresso no curso de música, a maioria dos estudantes ingressantes

declarou que tocam algum instrumento musical. Entre as 81 estudantes do curso de

pedagogia, 68 (83%) declararam que não tocavam nenhum instrumento musical.

Portanto, 13 estudantes do curso de pedagogia tem algum conhecimento musical.

Os outros instrumentos citados foram: DJ, canto, escaleta, clarinete, flauta-

transversal, gaita, saxofone, bateria, pandeiro, rebolo, trompa, trombone, trompete,

tuba, violino, viola, contrabaixo, viola caipira, cavaquinho, banjo, bandolim, baixo.

4

12

50

31

70

1

6

22

10

17

26

2 3 3 2

42

0 0 2

4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Nenhum (2)flauta (3)violão (4)teclas (5)outro(s)

Música 1S

Música 5S

Pedagogia 1S

Pedagogia 7S

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4) Há quanto tempo você toca?

Gráfico 4 – Distribuição por tempo de prática instrumental

Do total de estudantes que especificou há quanto tempo tocam algum

instrumento musical: 36,5% toca há mais de 10 anos, 17,5% tem uma experiência

de 5 a 9 anos, 11% de 2 a 4 anos e 4% toca há menos de dois anos.

5) Onde aprendeu a tocar um instrumento musical?

Dos estudantes ingressantes no curso de licenciatura em música, apenas um

mencionou a faculdade como o local onde aprendeu a tocar algum instrumento

musical e dos concluintes, seis declararam que aprenderam a tocar um instrumento

musical na faculdade. Considerando que 24 estudantes de música assinalaram mais

de duas situações de aprendizagem musical, temos como resultados:

4 5

20

34

60

1 2 6 6

23 27

2 0 1

3

43

1 1 1 2

0

10

20

30

40

50

60

70

não toco menos de 2 anos

de 2 a 4 anos de 5 a 9 anos mais de 10 anos

Música 1S

Música 5S

Pedagogia 1S

Pedagogia 7S

Page 85: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

85

Gráfico 5 – Situações de aprendizagem

O estudo autodidata foi a situação de aprendizagem musical de um

instrumento musical mais citada pelos estudantes ingressantes do curso de música,

seguido em menor proporção por Escola de música e Professor particular. Entre os

estudantes de música concluintes, foram assinalados em igual proporção: Escola de

música e Professor particular, seguido por aprendizagem autodidata e na faculdade.

Entre as estudantes de pedagogia, tanto ingressantes quanto concluintes,

predominam as declarações de que nunca estudaram música. As situações de

aprendizagem musical citadas pelas estudantes de pedagogia foram: Aprendi

sozinho, Escola de música, Professor particular e outros.

As outras situações de aprendizagem citadas pelos estudantes de música e

pedagogia foram: na escola (7 estudantes); na igreja (5 estudantes); com amigos (2

estudantes); na fanfarra (2 estudantes); no coral (1 estudante).

6

78

25

1

19

6

0

7

16

6

16

2

22

2 1 0 0

7

41

1 1 0 1 2

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Nunca estudei música

Aprendi sozinho

Escola de música

Na faculdade

Professor particular

Outro

Música 1S

Música 5S

Pedagogia 1S

Pedagogia 7S

Page 86: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

86

6) Você teve aulas de música na escola? Onde?

Gráfico 6 – Aulas de música na escola regular

O total de respostas negativas foi de 209 contra 33 afirmativas. Portanto,

apenas 14% dos estudantes tiveram aulas de música na escola. As escolas citadas

pelos participantes, onde tiveram aulas de música: Colégio Progresso até o 5º ano;

CIE de Brasília; Colmeia Colégio Santana; Escola Municipal de 1º Grau Pedro

Teixeira; Escola Oswaldo Q. Simões; Escola Gastão Coutinho; EEPSG Tito Prates

da Fonseca na década de 1980; Externato Elvira Brandão; Fanfarra na 8ª série; na

Escola Estadual, flauta-doce e canto; no Colegial; na Rede Pública na 4ª série; no

Ensino Fundamental na década de 1970; em Escola Particular Primária; no Antigo

Primário.

7) Canta ou já cantou em coral? Onde?

Gráfico 7 – Participação em coral

13 6 6 8

110

32 27

40

0

20

40

60

80

100

120

Música 1S Música 5S Pedagogia 1S Pedagogia 7S

Sim

Não

75

28

16 18

48

10 15

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Música 1S Música 5S Pedagogia 1S Pedagogia 7S

Sim

Não

Page 87: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

87

Mais da metade do total de participantes desta pesquisa (57%) já cantaram

em algum coral. Uma estudante de pedagogia declarou que é regente de um coral

Gospel. A prática do canto coral mostra-se uma prática musical significativa tanto

para o grupo de estudantes de música, quanto para o de pedagogia. Observando-se

o gráfico 8 abaixo, percebe-se que a igreja é um ambiente privilegiado para a prática

do canto coral. Nesse sentido, não se pode negar o seu papel no processo da

aprendizagem musical.

Gráfico 8 – Distribuição por tipos de corais citados pelos estudantes

52%

12%

5%

8%

10%

10%

3%

Corais de...

Igreja

Faculdade

Escola

Projetos (ONG/Município/Estado)

Escolas de música

Institucional

Grupo vocal independente

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88

8) Costuma cantar? Em que situação?

Gráfico 9 – Distribuição por turma dos que costumam cantar

Do total de participantes desta pesquisa 78% responderam que costumam

cantar. Os estudantes de licenciatura em Música cantam: profissionalmente em

apresentações (eventos, shows, concertos, palestras), como solista, em corais, nos

cultos na igreja, em casa, nos ensaios, estudando, em grupos musicais (banda,

grupo de tradições populares), dando aulas, na faculdade, na rua, no chuveiro, nas

horas de lazer, quando toca um instrumento musical, sempre ou em todos os

momentos, porque é uma necessidade e trabalhando.

As estudantes de Pedagogia cantam: fazendo teatro, na escola com os

estudantes, na igreja, na rua, no carro, no karaokê, no lazer ou nos dias de folga, no

trabalho, nos ensaios, para aliviar a tensão ou descontrair, para ter satisfação e

prazer, quando está calma, quando está feliz ou alegre, no chuveiro ou no banheiro,

quando está sozinha, quando está tranquila, quanto está à toa ou nas horas livres e

sempre que pode. Uma estudante de Pedagogia declarou que já cantou

profissionalmente, como backing vocal de uma banda. As respostas das estudantes

de pedagogia tendem a ser de cunho mais afetivo do que as respostas dos

estudantes de música.

94

33

23

38

29

5 10 10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Música 1S Música 5S Pedagogia 1S Pedagogia 7S

Sim

Não

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89

9) Você dá ou já deu aula em escola regular? Onde? Por quanto tempo?

Gráfico 10 – Distribuição por experiência como professor em escola regular

24% dos estudantes de música e 19% do total das estudantes de pedagogia

dão ou já deram aulas em escola regular.

Gráfico 11 – Tempo de magistério

As escolas mais citadas foram: CEUs (Centro de Educação Unificado da

Prefeitura de São Paulo), EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil) e escolas

particulares de Educação Infantil.

28

11 4

12

95

27 29 36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MÚSICA 1S MÚSICA 5S PEDAGOGIA 1S

PEDAGOGIA 7S

SIM

NÃO

5

18

8

4

0

2

4

6

1

1

0 5 10 15 20

menos de 1 ano

1 a 2 anos

3 a 5 anos

mais de 5 anos

eventualmente

Pedagogia

Música

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90

10) Você já levou música para a sala de aula? Descreva o que fez.

Essa questão pretendia verificar a experiência prévia dos estudantes de

ambos os cursos com relação ao ensino de música na escola. Do total de 123

estudantes ingressantes no curso de música, sete não responderam à questão, 74

responderam negativamente e 42 afirmaram que já levaram música para a sala de

aula. Com exceção de um estudante, que relatou ter dado aulas de musicalização

na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, mas não descreveu o que fez, todos

os outros trabalharam a música fora do contexto da educação formal ou como

atividade extracurricular, revelando que esses estudantes tem pouca experiência

com o ensino de música na escola. As atividades descritas pelos estudantes foram

as seguintes: demonstrações de instrumentos musicais; canto coral; apresentações

e shows na hora do intervalo ou em bares e restaurantes; aulas particulares de

instrumento; banda de formatura; fanfarra e sensibilização musical.

Dos 38 estudantes concluintes do curso de música, um não respondeu à

questão, 19 responderam negativamente e 18 declararam que já utilizaram música

na sala de aula. Uma estudante relatou que foi oficineira cultural no CEU por um ano

e hoje leciona na Rede Estadual de Ensino, a disciplina de Arte tendo como foco

principal a música. Antes disso, essa estudante lecionou por cinco anos em escolas

livres de música. A trajetória profissional dessa estudante parece ilustrar o caminho

percorrido pelos estudantes que optam pelo curso de licenciatura em música. Os

estudantes concluintes do curso de música descreveram as seguintes atividades:

cantar com acompanhamento de violão; ensinar flauta-doce; dançar diversas

músicas; bandinha rítmica; aulas de canto particular; aula de prática de ensino na

faculdade; brincadeira musical utilizando elementos rítmicos; festa cultural;

apresentação dos instrumentos musicais de uma big band; aulas de canto em grupo

(igrejas e empresas); aulas de musicalização através da apreciação, leitura e

execução; aulas de percepção e teoria; prática do canto coral; trabalho com as

propriedades do som para depois tocar junto com os estudantes, músicas de natal e

fim de ano.

Page 91: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

91

Entre as 33 estudantes de Pedagogia ingressantes, apenas cinco levaram

música para a sala de aula. As estudantes descreveram as seguintes atividades:

colocar musica clássica para acalmar os alunos da faixa etária de 3 a 6 anos; em

aulas de catequese, por facilitar a interiorização dos conceitos e tornar o

aprendizado mais interessante; ensinar a letra da música e tocar o cd com a canção

para os estudantes memorizarem; utilizar canções folclóricas para cantar e dançar

com as crianças.

Do total de 48 estudantes concluintes do Curso de pedagogia, 21 estudantes

responderam que já levaram música para a sala de aula a partir de atividades como:

roda de música, reciclagem de materiais de sucata para criar instrumentos musicais

e utilização de canções do grupo musical Palavra Cantada. Também relataram que

utilizam música em datas comemorativas, para a realização de atividades

envolvendo o movimento e em atividades de leitura e jogos elaborados a partir de

parlendas e letras de cantigas infantis. As estudantes de pedagogia concluintes

demonstram ter uma atitude favorável com relação à música na escola, mas todas

as atividades descritas por elas foram desenvolvidas no contexto da educação

infantil.

2.3.5. Procedimentos para a análise dos dados

A análise dos dados foi realizada em duas fases: na primeira fase foi

analisada a centralidade das representações sobre música de estudantes de

Pedagogia e de Música; na segunda fase foi analisada a centralidade das

representações sobre música na escola dos estudantes de pedagogia e de música,

ingressantes e concluintes.

Na primeira fase foram analisados os resultados das evocações a partir da

escuta das músicas: “Rolling in the deep” (pop); “My favorite things” (jazz) e

“Imidiwan ma tennam” (world music) e as justificativas para a escolha da palavra que

foi considerada como sendo a mais importante dentre as três palavras evocadas a

partir de cada música, visando apreender a centralidade das representações sobre

música dos estudantes de pedagogia e de música. A sistematização das respostas

Page 92: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

92

dadas pelos participantes foi realizada através do software (programa

computacional) EVOC48 e pela análise de conteúdo (BARDIN, 2008; FRANCO,

2005; BAUER, 2002).

As palavras evocadas pelos grupos de estudantes de licenciatura em

pedagogia e de licenciatura em música, a partir de cada uma das três músicas,

foram transcritas e processadas no software EVOC. O processamento dos dados

pelo software resultou nos seis conjuntos de relatórios49 analisados nesta Fase 1. O

EVOC é composto por vários programas, dentre os quais serão descritos apenas os

utilizados nesta análise: o programa RANGFRQ gera uma figura contendo a

organização das palavras de acordo com a frequência e a ordem de evocação

dessas palavras e o relatório LISTVOC fornece a lista das palavras evocadas em

seu contexto original. As figuras originais fornecidas pelo EVOC foram transcritas em

Quadros, para facilitar a leitura, que se encontram no corpo do texto da análise, no

Capítulo 3 deste trabalho. Segue um exemplo deste Quadro:

Quadro – Exemplo explicativo

48

EVOC – Ensemble de Programmes Permettant L’Analyse des Evocations

49 Os relatórios do EVOC utilizados nesta análise encontram-se no anexo deste trabalho (em formato

digital).

Ordem média de evocação

Frequência Inferior a 2,5 Superior a 2,5

Maior que N

(N = número de

ocorrências)

Palavras que foram

evocadas com maior

frequência e maior

prontidão

Palavras que foram

evocadas com maior

frequência e menor

prontidão

Menor que N

Palavras que foram

evocadas com

menor frequência e

maior prontidão

Palavras que foram

evocadas com menor

frequência e menor

prontidão

Page 93: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

93

As palavras que se encontram no quadrante superior esquerdo podem indicar

a centralidade das representações sobre a música apresentada, por terem sido

evocadas com maior frequência e mais prontamente pelos participantes. Os

quadrantes, superior direito e o inferior esquerdo, contém as palavras que compõem

o núcleo periférico das representações e o quadrante inferior direito reúne as

palavras mais distantes do núcleo central das representações. Neste trabalho,

buscou-se compreender a dinâmica das relações que podem ser estabelecidas entre

as palavras evocadas pelos participantes, de acordo com o nível e a frequência de

ocorrência dessas palavras a partir de cada escuta musical.

Para a análise das justificativas foi utilizada a técnica de análise de conteúdo

proposta por Bardin (2009) e Franco (2005). Todas as justificativas dadas pelos

participantes desta pesquisa para as palavras de maior centralidade, foram

transcritas em uma Planilha Excel, e a seguir, foi realizada uma leitura de cada uma

dessas justificativas, buscando apreender as suas significações. As significações

dizem respeito ao modo como as músicas foram descritas nas justificativas. Essas

significações foram categorizadas segundo seus usos e funções. Portanto, a

categorização foi feita a posteriori. Os Quadros contendo as justificativas, as

significações e a categorização encontram-se no capítulo de análise, no corpo do

texto.

A análise das significações atribuídas a cada uma das justificativas

possibilitou a definição de 13 categorias iniciais, que depois foram agrupadas em

Eixos Temáticos. As categorias iniciais são:

1. Função de expressão emocional – a música é descrita como veículo de

expressão das emoções e como sendo capaz de trazer à lembrança coisas,

pessoas ou situações (função mnemônica);

2. Função catártica – a música é descrita como capaz de provocar uma catarse;

3. Valorativa – a música é descrita como um valor ou como uma atitude;

4. Reação física – a música é descrita como provocadora de reações físicas;

5. Função de comunicação – a música é descrita como tendo a função de

comunicar algo (fala sobre);

Page 94: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

94

6. Descritiva contextual – esta categoria reúne as justificativas que apresentam

uma descrição das condições pela qual a música emerge de acordo com o

gosto ou desgosto, ou pela influência dos meios de comunicação de massa;

7. Descritiva reflexiva – a música é descrita como capaz de suscitar

questionamentos;

8. Função socializadora - a música é descrita como tendo uma função de

agregar as pessoas.

9. Função de entretenimento – a música tem a função de entreter as pessoas,

funcionando como “pano de fundo” para outras atividades ou como música

ambiente;

10. Cultura do outro – a música é descrita como pertencente à outra cultura que

não a sua;

11. Função pedagógica – a música é descrita como tendo uma função

pedagógica;

12. Saberes específicos – ao descrever a música, mobiliza saberes específicos

da área de música;

13. Nível de escuta diferenciado – respostas que descrevem a música com

vocabulário específico musical e também sentimentos e valor estético.

As categorias acima descritas foram agrupadas em 5 (cinco) Eixos Temáticos,

que nortearão a análise da primeira fase e serão apresentados no Capítulo 3 deste

trabalho:

1) Afetividade - função de expressão emocional; função catártica e valorativa;

2) Movimento - reação física;

3) Comunicação – função de comunicação;

4) Contexto – descritiva contextual; descritiva reflexiva; função socializadora;

função de entretenimento; cultura do outro;

5) Formação – função pedagógica; nível de escuta diferenciado; saberes

específicos.

Na segunda fase foram analisadas as seguintes questões relativas à música

na escola:

Page 95: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

95

1) Você levaria a música que ouviu para a sala de aula? (pop, jazz e

world music);

2) Música na escola pública é… (questão de completar);

3) Porque aprender música na escola;

4) Como você ensinaria música na escola;

5) Classificação de imagens sobre música na escola.

O procedimento de análise desta segunda fase envolveu, inicialmente, a

transcrição dos questionários em uma Planilha Excel. Todas as questões foram

analisadas utilizando-se a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin

(2009) e Franco (2005).

Para a análise da questão que envolvia a classificação das imagens/

fotografias (sem título) realizou-se uma seleção das respostas, tendo em vista que

as respostas incompletas não poderiam ser analisadas. Portanto, foram

selecionadas apenas as respostas que continham todos os títulos atribuídos pelos

participantes às imagens, e cuja classificação havia sido realizada corretamente.

Sendo assim, o índice de descarte do total de questionários, para essa questão, foi

de 12%. Em seguida, foram construídos oito Quadros50 (um para cada imagem)

contendo o número de ordem atribuída à imagem/fotografia e o título dado à mesma.

Os títulos foram classificados de acordo com a atitude em relação à imagem e o

contexto da escola, se positiva, negativa ou indiferente. A análise desses dados

procura contemplar as seguintes dimensões: a identificação da imagem mais

próxima de música na escola por cada grupo participante desta pesquisa (pedagogia

ingressante, pedagogia concluinte, música ingressante e música concluinte) e a

atitude com relação às imagens.

Com a análise das duas fases desta pesquisa, espera-se fazer o

levantamento dos elementos constitutivos das representações dos estudantes de

pedagogia e música sobre música e música na escola, nos níveis da atitude, da

imagem ou campo da representação e da informação, necessários ao estudo das

representações sociais.

50

Os Quadros com a classificação das fotografias constam no Anexo E deste trabalho.

Page 96: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

96

SINFONIA

CONCERTANTE

ANÁLISE DOS RESULTADOS: AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE

MÚSICA E MÚSICA NA ESCOLA DE ESTUDANTES DE LICENCIATURA EM

PEDAGOGIA E LICENCIATURA EM MÚSICA

Page 97: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

97

3. ANÁLISE DOS RESULTADOS: AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE

MÚSICA E MÚSICA NA ESCOLA DE ESTUDANTES DE LICENCIATURA EM

PEDAGOGIA E LICENCIATURA EM MÚSICA

Neste capítulo será apresentada a análise das representações sobre música

e música na escola dos estudantes de licenciatura em pedagogia e licenciatura em

música51, bem como dos elementos que as constituem, em duas fases.

1ª Fase: em que se analisa a centralidade das representações sobre

música dos estudantes de pedagogia e de música, apresentada nesta

1ª Fase em três Etapas:

1ª Etapa – Análise das respostas do grupo de estudantes de pedagogia

para cada uma das três músicas apresentadas nesta pesquisa: pop,

jazz e world music;

2ª Etapa – Análise das respostas do grupo de estudantes de música

para cada uma das três músicas: pop, jazz e world music;

3ª Etapa– Representações sociais de estudantes de pedagogia e de

música sobre música.

2ª Fase: em que se analisa a centralidade das representações sobre

música na escola dos estudantes de pedagogia ingressantes e

concluintes, e de música ingressantes e concluintes, apresentada em

quatro Etapas:

51

Como não foram encontradas diferenças significativas entre as respostas de estudantes ingressantes e concluintes, na análise das representações sobre música, só foram consideradas as diferenças entre cursos: música e pedagogia.

Page 98: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

98

Etapa 1 – Análise do grau de aceitação pelos estudantes de pedagogia

e de música, ingressantes e concluintes, dos gêneros musicais pop,

jazz e o world music no contexto escolar e os seus motivos;

Etapa 2 – Análise do contexto, dos usos e das funções da música na

escola a partir das seguintes questões:

a) O que se pensa sobre a música na escola pública;

b) Porque aprender música na escola;

c) Como ensinar música na escola.

Etapa 3 – Análise das imagens que os estudantes de pedagogia e de

música ingressantes e concluintes constroem sobre a música na

escola;

Etapa 4 – Representações sociais de estudantes de pedagogia e de

música, ingressantes e concluintes, sobre música na escola.

Page 99: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

99

3.1. 1ª FASE - Análise da centralidade das representações sobre música dos

estudantes de pedagogia e de música

A análise desta 1ª Fase foi realizada, em 3 Etapas, a partir dos 5 (cinco) Eixos

Temáticos obtidos a partir da categorização das justificativas das escolhas das

respostas do EVOC:

Eixo da Afetividade reúne as categorias de: Função de expressão

emocional, Função catártica e Valorativa;

Eixo do Movimento diz respeito à categoria de Reação Física;

Eixo da Comunicação discute a Função de comunicação;

Eixo do Contexto agrupa as categorias: Descritiva contextual,

Descritiva reflexiva, Função socializadora, Função de entretenimento e

Cultura do outro;

Eixo da Formação discute as categorias de: Função pedagógica, Nível

de escuta diferenciado e Saberes específicos.

3.1.1. Etapa 1 - Análise das respostas do grupo de estudantes de

Pedagogia

Nesta Etapa 1 serão analisadas as respostas das estudantes de pedagogia

para a escuta de cada uma das três músicas a seguir: pop, jazz e world music.

Música pop

A análise das respostas das estudantes de pedagogia à questão de

associação livre foi submetida ao software EVOC, que organizou as palavras de

acordo com a frequência e a ordem média de evocações. As palavras mais

frequentemente citadas e com maior prontidão e que, portanto, se revelaram mais

centrais, a partir da escuta da música pop, pelas estudantes de pedagogia, foram:

alegria, amor, dançar, festa, letra e sucesso. Essas palavras estão localizadas no

quadrante superior esquerdo do Quadro 1 a seguir:

Page 100: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

100

Quadro 1 - Frequência e ordem média de evocações para o Pop por estudantes de pedagogia

A leitura do relatório LISTVOC, fornecido pelo software EVOC, permitiu

perceber que todas as palavras que apareceram neste quadrante superior esquerdo

estão relacionadas entre si. Essas palavras parecem indicar que as estudantes de

pedagogia tem uma atitude positiva com relação à música pop. No entanto, ao

analisar as palavras que se revelaram como sendo as mais centrais, no contexto

original de sua evocação, observou-se que a palavra juventude, que aparece no

quadrante inferior esquerdo, se ligava à maioria delas. As palavras que aparecem no

quadrante inferior esquerdo correspondem àquelas que apesar de terem sido

evocadas com menor frequência, foram citadas também com maior prontidão. A

palavra juventude também apareceu ligada às palavras descontração, revolta, droga

e liberdade indicando que a música pop é vista como uma música para jovens. E a

imagem de música para a juventude está associada às ideias de descontração,

revolta, droga e liberdade.

A seguir será apresentada a análise das justificativas das palavras mais

centrais para a música pop pelo grupo de estudantes de pedagogia, que ajudará a

elucidar os resultados das evocações.

Ordem média de evocação

Frequência Inferior a 2,5 Superior a 2,5

Acima de 10 20 alegria 17 dançar 15 amor 14 letra 11 festa 10 sucesso

De 3 a 9 7 animação 7 ritmo 5 tristeza 4 amizade 4 depressão 4 descontração 4 energia 4 solidão 3 coração 3 desabafo 3 juventude 3 sair 3 voz

4 revolta

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101

Quadro 2 – Categorias a partir das justificativas e significações atribuídas ao pop pelo grupo de estudantes de pedagogia

Justificativas

Significações

Categorias

Alegria porque ela mostra que ela está feliz em certo momento (26) Alegria porque a música é a expressão de um sentimento de uma pessoa sofrendo (30) Alegria pelo toque romântico, porém alegre, mas mostra que teve decepção e alegria (5) Amor, porque me lembra emoção, alguém especial(34)-concluinte

O modo de cantar da intérprete mostra felicidade A música transmite ao mesmo tempo um sentimento de alegria e de sofrimento A música transmite sentimentos contraditórios A música faz lembrar alguém (memória e emoção)

Função de expressão emocional EIXO AFETIVIDADE

Alegria, pois através da música podemos sair do estado de tristeza para o estado alegre em segundos. Isso é ótimo (14) Alegria porque faz você esquecer tudo de ruim e só querer curtir a vida e a música (40)-concluinte Dança porque através da dança a pessoa se expressa e liberta a alma (36) – concluinte

A música provoca catarse

Função catártica EIXO AFETIVIDADE

Alegria porque a vida é tão estressante e corrida que um pouco de alegria faz bem para o espírito (31) Alegria porque é importante a alegria em tudo que fazemos com alegria tudo fica melhor (8) – concluinte Amor porque é através dele que nossa vida é movida, sem amor não somos nada (15) Amor porque é a base, quando se está bem, se tem amor correspondido ficamos bem, se não, tudo fica abalado (13) Amor, pois acredito que ele move o mundo (16) Amor deve estar presente por toda vida, caso queira ser feliz. Amar o próximo sobre todas as coisas (33) Amor porque o amor é tudo (33) Amor porque temos que ter amor em tudo que fazemos (47)

Tem valor transcendental Tem valor intrínseco: sentimento de alegria Atribui valor ao amor (vida, tudo) Atribui valor ao amor (base) - amor correspondido x não correspondido (abalado) Atribui valor ao amor (poder de mover o mundo) – ATITUDE

Valorativa EIXO AFETIVIDADE

Dançar porque o som, o toque te faz mexer, se movimentar (10) Dançar porque provoca movimento, expressão corporal (28) Agito (dançar), porque o tom e as batidas da música faz o corpo dançar automaticamente (43)-concluinte Dançar porque a música tem um ritmo que nos leva ao movimento, contagiante (10)-concluinte Dançar porque música com batidas fortes que faz dançar, mesmo que seja uma letra melancólica (32)-concluinte

A música transmite sensação de movimento ou dá vontade de dançar Foco na música ou no som, mais do que na letra.

Reação física EIXO MOVIMENTO

Amor porque eu acho que fala de amor esta música (5)-concluinte Amor porque é importante devido as músicas transmitirem romantismo (7)-concluinte Letra - Como a música é em inglês, eu não

A música “fala” de/sobre A música transmite ideias/ conceitos A letra e o idioma foram considerados como fatores importantes para a

Função de comunicação EIXO COMUNICAÇÃO

Page 102: Música e música na escola: um estudo das representações ... Yuri Sugahara.pdf · Nesse sentido, as representações de música se apresentaram tanto como potencial formativo,

102

As justificativas foram inicialmente categorizadas e organizadas segundo os 5

Eixos Temáticos propostos. Conforme pode ser observado no Quadro 2, os

aspectos ligados à Afetividade, ao Movimento, à Comunicação e ao Contexto foram

os mais significativos na construção das representações das estudantes de

pedagogia sobre a música pop. No entanto, para a escuta do pop, o Eixo da

Formação não foi contemplado pelas estudantes de pedagogia.

EIXO DA AFETIVIDADE

No âmbito da afetividade, o grupo de estudante de pedagogia atribuiu à

música uma função de expressão emocional, pela qual a música poderia “mostrar

um sentimento” ou “fazer lembrar” de alguém ou de alguma situação. O “tom”

afetivo foi atribuído à voz/ timbre da cantora. Essa função coincide com a função de

expressão emocional descrita por Merrian (1964) como capaz de promover “a

liberação de pensamentos e ideias de outro modo inexprimíveis, a correlação de

uma grande variedade de emoções e música, a oportunidade de desabafar e talvez,

resolver os conflitos sociais”. (p.222-223, trad. nossa).

A função catártica foi atribuída, pelas estudantes de pedagogia, ao afirmarem

que a música pode fazer mudar o humor “repentinamente”, que faz esquecer coisas

ruins ou ainda, que dá uma sensação de “libertação”. Nesse sentido, a música

entendo, gostaria de saber a tradução (21) Baby – Letra - Baby (garota) é o que repete na musica (27)

compreensão da música

Popular (sucesso), porque é uma música que todo mundo gosta (33) Sucesso porque traz à lembrança o sucesso das músicas dessa cantora (19)

Comenta sobre gosto da música Comenta sobre lembrança da música porque é sucesso

Descritiva contextual EIXO CONTEXTO

Sucesso queria entender como a mídia pode influenciar e contaminar a grande massa em tão pouco tempo (20)

Indaga sobre o poder da mídia

Descritiva reflexiva EIXO CONTEXTO

Alegria porque parece uma musica de confraternização (18) Alegria porque é agitada, não é uma música para se ouvir e sim para dançar junto (15) – concluinte Alegria porque as pessoas que vão para balada relacionam a música com a vida (22) Alegria - sem ela é impossível viver bem consigo mesmo e as pessoas em sua volta(13)

Atribui função socializadora à música Função social - música - festa - balada - vida - pode ser uma dimensão metafórica A alegria é a amálgama da relação – alegria/ música como fator de interação social.

Função socializadora EIXO CONTEXTO

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possibilita que o fluxo das emoções e dos sentimentos, que não podem ser

expressos verbalmente, possa ser levado “para fora”. Vigotski (2001) explica essa

função, ao indicar que a arte “[...] age simplesmente de modo catártico, ou seja,

elucidando, purificando o psiquismo, revelando e explodindo para a vida potencialidades

imensas até então reprimíveis e recalcadas”. (p.319).

Na categoria valorativa, a música foi nomeada como alegria ou amor e

descrita como valores ou atitudes relacionadas à vida, expressas como: “amor ao

próximo” ou “viver com alegria”. As estudantes de pedagogia também descreveram

valores transcendentais, ao dizer que, “alegria faz bem para o espírito”.

EIXO DO MOVIMENTO

A música também foi descrita como capaz de provocar movimentos. Ao

descrever a música, as estudantes utilizaram os seguintes termos: “te faz mexer”,

“faz o corpo dançar automaticamente”, “é contagiante”. Na categoria de reação

física, o foco da escuta se volta aos aspectos rítmicos da música, revelados pela

descrição da reação física à escuta: “o som, o toque te faz mexer; o tom e as batidas

da música faz o corpo dançar automaticamente; um ritmo que nos leva ao

movimento, contagiante; batidas fortes que faz dançar”.

EIXO DA COMUNICAÇÃO

Uma música só é capaz de comunicar algo ou transmitir conceitos, na medida

em que uma mensagem pode ser identificada pelo ouvinte, como ilustra a seguinte

justificativa: “A música é em inglês, eu não entendo”. Quando a música tem uma

letra, como no caso desta música pop, mas seu idioma não é totalmente

compreendido, pode ocorrer uma mudança no foco de atenção do ouvinte. Não

encontrando elementos que possam dar sentido ao que se escuta, como uma letra

inteligível, o ouvinte pode passar a focar a sua atenção aos aspectos mais musicais

propriamente ditos, como pode ser observado na categoria de reação física. Ou

ainda, não encontrar nenhum sentido e simplesmente, repetir o que escutou: “Baby

(garota) é o que repete na música”.

Ao justificarem que as músicas podem “transmitir romantismo”, observa-se

que uma escuta leva o ouvinte a buscar em suas experiências musicais anteriores,

referências para dar sentido ao que escuta, para depois nomeá-la. O sentido dado

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aos sons depende da cultura: o que é romântico em uma cultura pode não ser em

outra, podendo variar entre pessoas diferentes de um mesmo grupo, de acordo com

as experiências vividas por cada um.

EIXO DO CONTEXTO

O gênero pop padrão, como produto da indústria cultural, é concebido para

criar uma identificação com o público consumidor. É produzido para ser facilmente

aceito pelo maior público possível, pois tem como objetivo ser uma música

consumível, vendável. Para que isso ocorra, a música é trabalhada e padronizada

com o objetivo de ser facilmente reproduzida e reconhecida, com melodias fáceis de

serem cantadas ou acompanhadas. Com relação à letra, a temática também é

pensada de forma a criar essa empatia com o público a quem se destina a música, o

que facilitaria posteriormente o seu consumo.

“[...] a principal novidade da indústria da música pop é a descoberta que os devaneios ou as lembranças sentimentais (uma forma inversa de devaneio) são o bem isolado mais vendável”. (HOBSBAWAM, 2009, p. 219).

Para as estudantes de pedagogia, “a música é popular e faz sucesso porque

todo mundo gosta”. Esta justificativa (categoria descritiva contextual) é um exemplo

de como a música pop é vista pelas estudantes, descrita como uma música “fácil”.

A justificativa para a escolha da palavra “mídia”, questionando: “como a mídia

pode influenciar e contaminar a massa em pouco tempo?”, revela certo grau de

consciência crítica (categoria descritiva reflexiva) pelo grupo de estudantes

pedagogia.

Uma função socializadora foi atribuída à música pop pelas estudantes de

pedagogia, reveladas pelas seguintes justificativas “É música de confraternização;

de balada; para dançar junto”. A música pop foi descrita também como alegria, que

por sua vez, foi justificada como sendo a amálgama das relações ou um fator de

interação social.

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Música jazz

A análise das respostas das estudantes de pedagogia à associação livre,

submetidas ao EVOC, indicou que as palavras evocadas mais prontamente e com

maior frequência a partir da música jazz pelas estudantes de pedagogia foram:

ambiente, paz e tranquilidade, conforme se pode observar no Quadro 3 a seguir.

Quadro 3 – Frequência e ordem média de evocações para o jazz por estudantes de

pedagogia

O jazz foi descrito como expressão de paz e tranquilidade, associado à

palavra ambiente. Para a palavra ambiente foram encontradas as seguintes

associações a partir da leitura dos resultados em contexto: clássico, cultura, antiga,

sofisticação, tranquilidade e filme. Essas associações indicam que os sentidos que

as estudantes de pedagogia atribuem à função de entretenimento, para o jazz e para

o pop, são diferentes. Enquanto a música pop padrão é vista como uma música para

ser dançada, o jazz é descrito como uma música sofisticada, clássica, culta e

tranquila. A palavra filme pode ter sido mencionada porque esse jazz apresenta um

tema muito conhecido de um filme feito para cinema. Uma síntese das categorias e

significações das justificativas para as palavras mais centrais evocadas a partir da

música jazz pelas estudantes de pedagogia será apresentada no Quadro 4 que

segue:

Frequência Inferior a 2,5 Superior a 2,5

Acima de 9 35 tranquilidade 12 paz 9 ambiente

De 3 a 8 8 clássico 8 dançar 8 relaxar 7 instrumental 7 sofisticação 5 som 4 amor 4 cultura 4 refletir 3 alegria 3 antiga 3 concentração 3 harmonia 3 jazz 3 lentidão 3 silêncio

4 ouvir 3 pensar

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Quadro 4 – Categorias a partir das justificativas e significações atribuídas ao jazz pelo grupo de estudantes de pedagogia

As justificativas foram categorizadas segundo os 5 Eixos Temáticos

propostos, no entanto, a análise das respostas das estudantes de pedagogia foram

descritas em apenas dois Eixos: Afetividade e Contexto. Não foram contemplados os

Eixos do Movimento, da Comunicação e da Formação.

EIXO DA AFETIVIDADE

O grupo de estudantes de pedagogia parece associar a música instrumental

ao sentimento de bem-estar, por trazer paz e tranquilidade. O grupo atribui as

seguintes qualidades à música: é suave, agradável e relaxante. O jazz também teria

Justificativas

Significações

Categorias

Paz porque essa musica dá esta sensação, por ser só instrumental (29) Paz porque é uma música suave (11) Tranquilidade, pois é um toque suave (12) Paz, quando nós ouvimos esta música nós sentimos uma paz interior (2) – concluinte Paz, pois em algumas situações somente uma boa música pode trazer paz. Momento para refletir (14) concluinte Paz, pois transmite paz e tranquilidade ao ouvinte (24) concluinte Paz - a música transmite paz e porque numa vida agitada e corrida o que mais almejo é paz (34) concluinte Tranquilidade/ Serena, pois a música traz serenidade para quem ouve (3) concluinte Tranquilidade - é uma música tranquila, um som mais ambiente, por isso me trouxe tranquilidade (17) concluinte Tranquilidade - momento para refletir (39) concluinte Tranquilidade porque traz um som suave, agradável e relaxante (46) concluinte

Ritmo ou toque suave – serve para relaxar - atribui função de relaxamento Transmite sensação de paz Música serve para refletir

Função de expressão emocional EIXO AFETIVIDADE

Paz porque é um ritmo suave que ajuda a relaxar, traz paz de espírito (17) Paz interior porque a música nos traz o sentimento de estar viva no espírito santo e de não temer nada (33) concluinte

Atribui valor transcendental

Valorativa EIXO AFETIVIDADE

Ambiente porque o som me faz imaginar eu estar com alguns amigos em um ambientezinho, ouvindo musica, curtindo o som (16) Ambiente, espera por atendimento de algumas operadoras, que por minutos nos fazem ouvir esta música (37) concluinte

Música de fundo

Função de entretenimento EIXO CONTEXTO

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o poder de trazer paz interior e promover a reflexão. As estudantes de pedagogia

também atribuíram um valor transcendental ao jazz, justificando que a música traz

paz de espírito e ao utilizarem termos religiosos como espírito santo.

EIXO DO CONTEXTO

A análise das justificativas confirma os resultados do EVOC para o jazz que

foi descrito como música ambiente pelas estudantes de pedagogia. A música

ambiente não é uma música feita para ser apreciada, mas para funcionar como

distração. Schafer (1997) explica que para atenuar os efeitos do caos sonoro do

mundo moderno, a música de fundo funcionaria como um analgésico, uma espécie

de “áudio-analgesia”, isolando os ruídos externos.

É importante, a esse respeito, perceber que essas máscaras sonoras não pretendem ser ouvidas conscientemente. Assim, a indústria do Moozak52 escolhe deliberadamente músicas que não sejam favoritas de ninguém e as submete a uma orquestração inócua, com a intenção de produzir um invólucro do “belo” destinado a mascarar as perturbações desagradáveis e correspondendo, assim, às atrativas embalagens dos modernos merchandising, que disfarçam conteúdos de qualidade frequentemente inferior. (SCHAFER, 1997, p.142).

O jazz, tradicionalmente, surgiu como uma música de entretenimento.

Segundo Hobsbawn (2009) o jazz surgiu em New Orleans na era pré-industrial e se

desenvolveu no início da industrialização como uma diversão urbana para pobres.

Para os músicos, o jazz era um trabalho, uma profissão que proporcionava

entretenimento e relaxamento aos trabalhadores das indústrias, nos bares. O jazz

pode ser considerado como a origem da música pop. Criou-se a necessidade de

massificar a produção da música para torná-la acessível à grande massa de

trabalhadores/ consumidores. Por outro lado, o desenvolvimento do jazz afastou-o

do pop padrão, tornando o jazz uma música para um público “especializado” e essa

imagem foi reforçada em filmes clássicos americanos, principalmente a partir da

década de 1950.

52

Música de fundo, música ambiente. (N.T) – (SCHAFER, 1997, p.142)

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World music

A análise das respostas das estudantes de pedagogia à associação livre,

submetidas ao EVOC, indicou que as palavras evocadas mais prontamente e com

maior frequência a partir do world music foram: dançar, cultura, chata, dadada53 e

tribal. As palavras dançar, cultura e tribal encontram-se associados, bem como

algumas palavras do quadrante inferior esquerdo, como: batidas, filme, áfrica e

árabe. A palavra cultura pode estar associada à sonoridade reconhecida como

sendo de outra cultura, como a africana ou árabe, a partir de imagens formadas

pelos filmes. Segue abaixo, o Quadro 5 que apresenta uma síntese dos resultados

para as estudantes de pedagogia à escuta do world music.

Quadro 5 – Frequência e ordem média de evocações para o world music por estudantes de pedagogia.

Da,da,da são as onomatopeias utilizadas pelas estudantes para o som que

escutaram e portanto, não tem um significado, mas foi possível verificar o sentido

dessas onomatopeias a partir das justificativas apresentadas para a escolha dessas

onomatopeias.

53

No momento da preparação do material a ser processado no software Evoc, todas as onomatopeias foram substituídas por dadada (som descrito por uma das participantes para o world music), tendo em vista que tiveram outras descrições de sons sem significado e a necessidade de se agrupar termos e palavras de acordo com a semelhança ou que tivessem o mesmo sentido para uma análise de centralidade.

Ordem média de evocação

Frequência Inferior a 2,5 Superior a 2,5

Acima de 6 16 dançar 14 cultura 7 chata 6 dadada 6 tribal

De 2 a 5 5 África 5 árabe 5 batidas 5 filme 5 religião 5 violão 4 instrumento 4 relaxar 3 conhecimento 3 descontração 3 linguagem 3 reflexão

3 tranquilidade 2 comemoração 2 energia 2 envolvente 2 estranha 2 liberdade 2 orgulho 2 viajar

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Ao analisar o relatório LISTVOC verificou-se que a palavra chata foi evocada

juntamente com esquisita, estranha e enjoativa. A dificuldade em reconhecer o world

music pode ter levado às estudantes de pedagogia a rejeitarem esta música

descrevendo-a como chata.

O Quadro 6 a seguir explicita as categorias e as significações das

justificativas atribuídas às palavras mais centrais a partir do world music pelas

estudantes de pedagogia.

Quadro 6 – Categorias a partir das justificativas e significações atribuídas ao world music pelo grupo de estudantes de pedagogia

Justificativas

Significações

Categorias

Chata porque não gostei de ouvir, não consegui sentir a musica (29) Chata porque música parada não alegra o ambiente (40) concluinte

Não conseguiu sentir Não transmitiu alegria

Função de expressão emocional EIXO AFETIVIDADE

Dançar - o ritmo da música é boa para dançar e tem uma movimentação suave (43) concluinte Dançar porque é um ritmo de música que tem uma certa sensualidade, dá para dançar (11) concluinte Dançar - com essa música dá para fazer diversos movimentos (4) concluinte Dançar - movimento - numa vida corrida esquecemos de movimentar o corpo (34) concluinte

O ritmo serve para dançar

Reação física EIXO MOVIMENTO

DADADA - da.da.da... Porque a música eu não conseguir entender (5) concluinte DADADA - tele-lê-lê - o som que eu identifiquei (44) concluinte Chata porque desconheço a língua que foi cantada a musica, tornou-se chato de ouvi-la (32) concluinte Chata porque a música é parada demais, língua esquisita, que não se entende (13) concluinte

Não entendimento da letra

Função comunicativa EIXO COMUNICAÇÃO

Dançar - dança do ventre, dançava muito esse tipo de música em uma novela (10)

Lembrou-se de novela

Descritiva Contextual EIXO CONTEXTO

Cultura porque é legal conhecer a cultura de outros países, outros povos (5) Cultura porque é como se expressasse a cultura de um povo (9) Cultura porque é um ritmo cultural de um país, e importante para conhecer os costumes do local (6)

Cultura do outro

Cultura do outro EIXO CONTEXTO

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Cultura porque embora não saiba a origem da música, acho que devemos valorizar as outras culturas (10)- concluinte Cultura por ser uma música diferente da qual estou acostumada a ouvir, e por se tratar de uma música de outro país (18) concluinte Cultura - uma pessoa que se recorda ou vive em sua cultura nativa (27) concluinte Cultura, pois a música chama a atenção por se tratar de um estilo diferente do que estamos acostumados a ouvir (29) concluinte Cultura pois a música expressa a cultura de determinadas regiões e países (36) concluinte Cultura porque é uma música de cultura diferente do Brasil, exótica, calma, gostosa de ouvir (37) concluinte Tribal porque me lembra os índios porque o dialeto é diferente(7) Tribal porque a imaginação vai até as tribos indígenas nas rodas de dança (28) Cultura - pessoas são de todas as raças, religião e cultura, cada um tem seus costumes e seu ponto de vista(15) Cultura - a cultura é muito importante, pois vivemos em um mundo de diferentes culturas e saberes onde devemos respeitar as diferenças e culturas de cada um(8) concluinte

Cultura porque é uma música diferente da que somos apresentados pela cultura de massa (12) concluinte Dançar porque o ritmo é contagiante, pode tranquilamente fazer parte do repertório de músicas brasileiras (20) concluinte Cultura porque é uma música que me faz pensar na pluralidade cultural, nas diferenças (28) concluinte

A música permite reflexões sobre a cultura de massa, o repertório e a pluralidade cultural Ritmo contagiante é igual à música brasileira

Descritiva reflexiva EIXO CONTEXTO

Dançar porque trabalha a coordenação (47) concluinte Cultura, pois traz outras maneiras e línguas para serem estudadas, os instrumentos, etc. (26) concluinte

Atribui função pedagógica

Função pedagógica EIXO FORMAÇÃO

A análise do world music para o grupo de estudantes de pedagogia será

realizada a partir dos cinco Eixos Temáticos propostos: Afetividade, Movimento,

Comunicação, Contexto e Formação.

EIXO DA AFETIVIDADE

As estudantes de pedagogia acharam o world music chato e não gostaram,

por não alegrar o ambiente ou por não conseguirem sentir a música.

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EIXO DO MOVIMENTO

O world music foi descrito pelas estudantes de pedagogia como uma música

que serve para dançar e é sensual. O ritmo foi o elemento identificado pelas

estudantes como provocadora do movimento.

EIXO DA COMUNICAÇÃO

A dificuldade na compreensão da letra levou à rejeição da música. Essa falta

de compreensão da letra gera uma interferência na comunicação da mensagem.

Dadada ou telelele revelam uma dificuldade em nomear a música, pois faltam

elementos que permitam o seu reconhecimento.

EIXO DO CONTEXTO

Categoria – Cultura do outro - A música world music é vista como estranha,

exótica e diferente pelas estudantes de pedagogia. Foi descrita como uma música

que pertence à cultura do outro, serve para dançar e lembra rituais tribais: “a

imaginação vai até as tribos indígenas nas rodas de dança”.

Cambria (2008) ao discutir a relação entre música e alteridade, afirma que no

caso do world music, de um lado, a alteridade é desejada, criada ou inventada, e de

outro, é globalizada, homogeneizada, causando a dissolução dessa alteridade. Essa

perspectiva traz de um lado, o world music como uma música pertencente a um

“outro” estranho e exótico, e por outro lado, uma música reconhecida como parte

integrante de sua própria cultura. Essa característica do gênero world music está

presente nas seguintes justificativas das estudantes de pedagogia: “é uma música

de cultura diferente do Brasil, exótica, calma, gostosa de ouvir; o ritmo é contagiante,

pode tranquilamente fazer parte do repertório de músicas brasileiras”.

Categoria descritiva contextual - O world music é uma música pouco

veiculada nos meios de comunicação de massa no Brasil, e sendo assim, não faz

parte do cotidiano das estudantes de pedagogia. Quando este gênero de música é

veiculado, é como tema musical de alguma novela televisiva, o que se pode

observar na seguinte justificativa: “dança do ventre, dançava muito esse tipo de

música em uma novela”.

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Categoria – descritiva reflexiva - O world music foi descrito como uma música

que permite fazer reflexões sobre a cultura de massa, o repertório e a pluralidade

cultural: “é uma música diferente da que somos apresentados pela cultura de massa;

é uma música que me faz pensar na pluralidade cultural, nas diferenças”. Ao

perceber a música como sendo contagiante fizeram associações como a “música

brasileira tem um ritmo contagiante”, aproximando-a do seu universo cultural.

EIXO DA FORMAÇÃO

A música como função pedagógica só foi descrita para este gênero musical

pelas estudantes de pedagogia. A música serviria para desenvolver a coordenação

motora, porque provoca movimento e também como meio para ensinar outros

conteúdos. Esse resultado pode indicar que o curso de pedagogia do qual essas

estudantes fazem parte, abordam a música apenas como fator de desenvolvimento

e como meio para o ensino do conteúdo de outras disciplinas. Ao analisar o currículo

desse curso de pedagogia, foi possível observar que este currículo não possui

nenhuma disciplina específica de música. Não foi possível ter acesso ao conteúdo

programático das disciplinas, que pudesse elucidar melhor esta questão. As

disciplinas relacionadas à Arte ou em que, possivelmente, a música poderia estar

presente, desse curso de pedagogia, são as seguintes: Ensino-aprendizagem das

Artes; Brinquedos e Brincadeiras na Educação Infantil - aspectos metodológicos;

Educação e Movimento.

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3.1.2. Etapa 2 - Análise das respostas do grupo de estudantes de Música

Nesta Etapa 2 serão apresentados os resultados dos estudantes de música

para a escuta das três músicas a seguir: Pop, Jazz e World Music.

Música pop

A análise das respostas dos estudantes de música à questão de associação

livre foi submetida ao software EVOC, que organizou as palavras de acordo com a

frequência e a ordem média de evocações. As palavras mais centrais para os

estudantes de música foram: sucesso, ritmo, voz, festa e alegria. O Quadro 7 a

seguir sintetiza os resultados para os estudantes de música.

Quadro 7 – Frequência e ordem média de evocações para o pop por estudantes de música

Todas as palavras que apareceram nos dois quadrantes do Quadro 7 acima

são de tonalidade agradável. Com base no relatório LISTVOC, observa-se que todas

as cinco palavras encontram-se relacionadas umas às outras. Com relação à

palavra voz, o LISTVOC permitiu observar que está relacionada, ao ritmo, à emoção

e à personalidade, enquanto a palavra ritmo se relaciona com dançar, festa, alegria,

Ordem média de evocação

Frequência Inferior a 2,5 Superior a 2,5

Acima de 18

29 sucesso 23 ritmo 22 voz 21 festa 18 alegria

De 5 a 17 13 dançar 13 rock 11 liberdade 10 pulsação 10 viagem 9 emoção 9 energia 8 amor 7 beleza 7 melodia 6 força 6 prazer 6 sentimento 5 felicidade 5 pop

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amor, solidão. Esses dois elementos: voz e ritmo, parecem se destacar dentre as

palavras evocadas, pelo seu caráter especificamente musical. Voz se refere ao

timbre, e nesse caso, é atribuída ao timbre uma função afetiva no contexto da

música pop, enquanto o ritmo está relacionado ao movimento.

Sucesso encontra-se relacionado às palavras: história, letra, internacional,

animação, agradável, alegria, amor, diversão, morte, depressão. Não é possível

saber se as palavras evocadas dizem respeito à letra da música, ou à intérprete e

sua história de vida. Os estudantes de música parecem associar o sucesso ao estilo

de vida das cantoras do gênero pop.

O Quadro 8 que segue abaixo apresenta as categorias e as significações

atribuídas ao pop pelos estudantes de música.

Quadro 8 – Categorias a partir das justificativas e significações atribuídas ao pop pelo grupo de estudantes de música

Justificativas

Significações

Categorias

Alegria - é o sentimento que eu tive ao escutar esta música, porque deu vontade de pular (41) Alegria porque aumenta a estima, é o que eu gostaria de sentir sempre(44) Alegria porque parece que ela ao cantar fala de um grande acontecimento alegre (47) Alegria, pois a música nos faz ficar para cima (50) Alegria porque o ritmo marcante e alto astral da música remete a uma ótima sensação (64) Alegria é a fase que estou vivendo no momento (48) Amor porque é essencial para ser agradável. Nem sempre, mas na sua grande maioria (7) Amor porque fala sobre restaurar o amor, essa música faz parte de mim (38)

A música transmite alegria porque dá vontade de pular. Transmite alegria Sensação boa Lembrança Agradável

Função de expressão emocional EIXO AFETIVIDADE

Festa, porque a música transmite uma agitação contínua, de balada e curtição (16) concluinte

Descreve a música como festa, a partir da sensação percebida de agitação.

Reação física EIXO MOVIMENTO

Voz - as palavras transmitem uma mensagem, apesar de estar em inglês (73)

Comenta a interpretação da cantora - expressividade da voz se sobrepõe ao significado da letra

Função de comunicação EIXO COMUNICAÇÃO

Sucesso porque quando a música é sucesso, conhecida atualmente, logo se entende que faz sucesso (30) – concluinte Sucesso porque é uma canção muito famosa, que toca muito (2) – concluinte Sucesso porque é o hit do momento, tenho

Faz referência à influência da mídia – O participante se reconhece como músico

Descritiva contextual EIXO CONTEXTO

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feito muito esta música em meus trabalhos, a ponto de não gostar mais dela (90) Sucesso - fenômeno de sucesso pela facilidade com que divulgou a música via meios de comunicação (31) – concluinte Sucesso porque a cantora se tornou uma novidade por explodir e se manter no ápice dos meios de comunicação (53) Sucesso porque acho popular, pois a Adelle é uma cantora que caiu nas graças do povo, aqui e lá fora (113)

Sucesso - essa música está no sucesso, ela pode nem ser "boa", mas de tanto tocar, fica gravado e acaba sendo aceita pela maioria das pessoas (3 ) concluinte Sucesso - música bonita, porém exposta demais pelos veículos de comunicação (19) concluinte Sucesso - a cantora possui um grande repertório de músicas mais relaxantes, porém essa, por ser mais pop, foi mais demonstrada (87) Sucesso porque é uma música que está sendo executada em senso comum constantemente(63) Sucesso da mídia, pois ela determina muito os gostos e valores da sociedade(108)

Faz referência à influência da mídia - propagadora/ reprodutora - CRÍTICA/ REFLEXIVA

Descritiva reflexiva EIXO CONTEXTO

Ritmo porque é o ritmo que vai dizer se é envolvente, dançante, ou simplesmente para ouvir (80) Ritmo porque é de onde sai o tempo da música (109) Ritmo marcado e constante, o tempo todo presente na música pop, é que a torna uma música dançante (34) concluinte Voz - boa voz - não adiantaria um bom arranjo se não tivesse uma boa voz (61) Voz a cantora possui um timbre marcante, inconfundível (92) Voz - o timbre da cantora tem uma característica muito marcante, como de grandes nomes da música pop internacional (97) Voz - achei o timbre da voz da cantora muito diferente e penetrante (123) Ritmo porque a música pop tem um groove legal, muito característico (89) Ritmo porque além do cultural, considero importantíssimo, uma música rítmica e agradável (29) Voz porque é uma voz forte bem desenhada (21) – concluinte Voz porque é uma voz expressiva (1) - concluinte

Mobiliza saberes específicos musicais (ritmo) - ELEMENTOS MUSICAIS. Utiliza linguagem específica musical (groove) - ELEMENTOS MUSICAIS

Saberes específicos EIXO FORMAÇÃO

Voz - o domínio técnico e a interpretação da cantora levou a música a uma intensidade única , cantada com a alma (19) Voz - a voz marcante, a interpretação repleta de emoção característica da música soul (36) concluinte

Comenta a interpretação da cantora - expressividade da voz

Nível de escuta diferenciado EIXO FORMAÇÃO

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Alegria - a segunda parte da música quando fica mais forte me traz alegria (31) Voz - canto - achei importante porque o tom da voz e a técnica da cantora faz lembrar de momentos inesquecíveis (15)

As justificativas foram categorizadas segundo os 5 Eixos Temáticos propostos

neste gênero musical pop. A análise das respostas dos estudantes de música para o

pop contemplou todos os 5 Eixos: Afetividade, Movimento, Comunicação, Contexto e

Formação.

EIXO DA AFETIVIDADE

No Eixo da Afetividade, foi identificada apenas a função de expressão

emocional nas respostas dos estudantes de música ao pop. A música pop foi

descrita pelos estudantes de música como capaz de provocar “alegria porque dá

vontade de pular”. O ritmo presente na música pop foi indicada como provocadora

da vontade de se movimentar, e essa vontade foi representada pelos estudantes

como sentimento de alegria. Os estudantes também descreveram os sentimentos e

as lembranças que a música suscitou no momento da escuta: “Alegria é a fase que

estou vivendo no momento; Amor porque fala sobre restaurar o amor, essa música

faz parte de mim”.

EIXO DO MOVIMENTO

A reação física à música pop foi descrita pelos estudantes de música como

festa, balada e curtição. O ritmo da música provocou a sensação de movimento, e

este movimento foi representado como festa.

EIXO DA COMUNICAÇÃO

A seguinte afirmação, “as palavras transmitem uma mensagem, apesar de

estar em inglês”, revela uma tendência dos estudantes de música a considerar a

mensagem transmitida por uma música, não só pela letra contida na canção, mas

também por outros elementos sonoros que compõem uma música.

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117

EIXO DO CONTEXTO

Ao descreverem a música pop como sucesso, os estudantes de música

fizeram referência aos meios de comunicação como responsáveis pela propagação

e divulgação da música, se reconhecendo como músicos e parte desse processo.

Como justifica um estudante de música: “porque é o hit do momento, tenho feito

muito esta música em meus trabalhos, a ponto de não gostar mais dela”. Esses

estudantes se reconhecem tanto como produtores dessa música quanto como

ouvintes. Demonstraram ter uma visão mais crítica da música pop, reconhecendo-a

como produto da indústria cultural. Essa visão pode ser observada nas seguintes

afirmações: “ela (a música) pode nem ser boa, mas de tanto tocar, fica gravado e

acaba sendo aceita pela maioria das pessoas; sucesso da mídia, pois ela determina

muito os gostos e valores da sociedade”.

EIXO DA FORMAÇÃO

Os estudantes de música, ao justificarem a escolha pelas palavras ritmo e

voz, demonstraram possuir saberes específicos da área de música. Esses saberes

se revelaram ao destacarem os elementos que compõem a música e as suas

características, sendo capazes de nomearem e classificarem a música por seu estilo

ou gênero. Esses saberes estão presentes nas seguintes justificativas: “o timbre da

cantora tem uma característica muito marcante, como de grandes nomes da música

pop internacional; ritmo marcado e constante, o tempo todo presente na música pop,

é que a torna uma música dançante; ritmo porque a música pop tem um groove

legal, muito característico”.

Swanwick (2003, p. 30) explica que no primeiro nível de escuta musical, “a

transformação de notas em melodias vai depender de graus de decisões de

performance, envolvendo escolha de velocidade, peso sonoro, acentuação e

equilíbrio, entre os vários componentes e outros elementos de articulação”, exigindo

do ouvinte uma “postura interpretativa”. Ou seja, o que se escuta depende também

da forma como cada indivíduo a escuta. Ou ainda, que como “similaridade” e não

“cópia direta de sentimentos e acontecimentos”, essa percepção da música atua

como metáfora musical, e consiste em “transferência de padrões de comportamento

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de notas para padrões de comportamento do corpo humano”, na qual “movimento e

tensão são base da expressão musical”, traduzindo assim, sonoridade em gestos

expressivos.

Swanwick (2003) descreve um segundo nível metafórico que ocorre durante

uma escuta musical, pelo qual as formas expressivas são percebidas, a partir da “[...]

associação e realinhamento de imagens sugestivas, elementos de brincadeiras

internas e especulação musical” (p.31). Nesse nível de escuta, uma música pode ser

ouvida várias vezes e sempre de modo diferente, já que as relações que se

estabelecem durante a audição parecem “sofrer mudança por justaposição,

realinhamento e transformação”, porque nossa atenção oscila entre semelhanças de

sentimentos (percebidos nas escutas anteriores) e essas mesmas semelhanças

entrelaçadas em novas combinações. O reconhecimento dos temas se dá por

semelhanças a partir da repetição percebida dos blocos ou frases sonoras e as

transformações são percebidas a partir da familiaridade que se tem da música ou

tipo de música que está sendo ouvida. Isso permite que se possa especular sobre

uma sequência musical, mas não se saiba exatamente como a música prosseguirá.

“Nesse processo metafórico dinâmico e aberto, a música parece quase sempre ter

vida por si própria”, pois a cada escuta, novas relações se estabelecem e a música é

percebida de forma diferente. (SWANWICK, 2003, p.32). Nesse nível metafórico, o

ouvinte passa a “imaginar” e antecipar sequências musicais. Esse nível de escuta

pressupõe que as melodias ou as formas expressivas dos sons, sejam percebidas

também em sua forma, o que permite que se estabeleçam novas relações dentro de

uma música, durante a sua escuta. Swanwick (2003) cita como exemplo, os temas

de improvisação que se baseiam em repetição e mudança, como ocorre na maioria

dos idiomas africanos, pela qual um percussionista pode prover como uma base

estável, um ritmo repetitivo, que tornam claros os ritmos que mudam.

Os resultados para os estudantes de música indicaram uma escuta que ativou

além desses dois primeiros níveis metafóricos da escuta, descritos por Swanwick

(2003), um terceiro, pelo qual demonstraram possuir um nível de escuta diferenciado

para a música pop, ao identificarem os elementos musicais e interpretarem esses

elementos dando também um sentido estético à música, como por exemplo: “a voz

marcante, a interpretação repleta de emoção característica da música soul; a

segunda parte da música quando fica mais forte me traz alegria”.

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119

No terceiro nível metafórico da escuta musical, a “música informa a vida do

sentimento”. É o nível que, segundo Swanwick (2003), que cita Chernoff (1979),

permite uma verdadeira experiência estética, e oferece significado ao valor da

música.

Na música, os ritmos contrastantes, densamente organizados, são poderosos – poderosos porque existe conflito de vitalidade e de ritmo, poderosos precisamente porque pessoas são afetadas e se comovem. Quando as pessoas participam de uma situação musical, elas medeiam o conflito, e sua presença direta dá poder a uma forma pessoal; então, elas têm a possibilidade de se relacionar com ela. (CHERNOFF, 1979 apud SWANWICK, 2003, p.33)

Nesse nível de escuta musical, os sentimentos que afloram transcendem a

experiência imediata. No primeiro nível metafórico da escuta musical, os sons são

transformados em melodias ou gestos; no segundo nível, essas melodias e gestos

são transformados em estruturas e no terceiro, as estruturas simbólicas são

transformadas em experiências significativas. Portanto, o terceiro nível metafórico de

escuta musical pressupõe que “todos os três níveis do processo metafórico estejam

ativados”. (SWANWICK, 2003, p. 33).

Música Jazz

A análise das respostas dos estudantes de música à associação livre,

submetidas ao EVOC, indicou que as palavras evocadas mais prontamente e com

maior frequência a partir da música jazz pelas estudantes de pedagogia: jazz,

ambiente, tranquilidade, sofisticação e sax, conforme se pode observar no Quadro 9

a seguir, que sintetiza os resultados do jazz para o grupo de estudantes de música.

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Quadro 9 – Frequência e ordem média de evocações para o jazz por estudantes de música

A palavra jazz, segundo o relatório LISTVOC, foi evocada juntamente com as

palavras: ambiente, tranquilidade, sofisticação e sax. Todas essas palavras

encontram-se presentes no 1º quadrante do Quadro 9. As outras palavras evocadas

com a palavra jazz, com menor frequência, mas com maior prontidão, são as

seguintes: filme, paz, noite, andamento, improviso, suavidade, instrumental,

América, harmonia, suspense.

Ao analisar as justificativas para as palavras filme e América, observou-se

que alguns estudantes de música reconheceram a origem do gênero jazz como um

gênero de música norte-americano e também que a música apresentada neste

trabalho é tema de um filme (A Noviça Rebelde). Algumas características do jazz

também foram destacadas, tais como: o improviso e o suspense.

No Quadro 10 a seguir, serão apresentadas as justificativas das palavras

mais centrais a partir da escuta do jazz pelos estudantes de música.

Ordem média de evocação

Frequência Inferior a 2,5 Superior a 2,5

Acima de 15 33 jazz 19 ambiente 18 tranquilidade 17 sofisticação 15 sax

De 3 a 14 12 improviso 12 relaxar 11 instrumental 10 harmonia 10 suspense 9 beleza 9 liberdade 8 andamento 8 leveza 8 noite 8 suavidade 7 paz 7 tristeza 6 America 6 filme 6 piano 6 riqueza 5 bem-estar 5 complexidade 5 dançar 5 ritmo

7 alegria 4 bateria 4 melodia 3 amizade 3 emoção 3 sentimento

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Quadro 10 – Categorias a partir das justificativas e significações atribuídas ao jazz pelo grupo de estudantes de música

Justificativas

Significações

Categorias

Sax é melodioso e suave, relaxa (1) – concluinte Tranquilidade porque é gostosa de ouvir, um sentimento de paz (21) concluinte Sax, pois como saxofonista admiro o som produzido por este instrumento, o que me traz sentimentos bons (32) concluinte

Utiliza termo melodioso e faz atribui função expressiva Reconhece-se (função identitária) como saxofonista

Função de expressão emocional EIXO AFETIVIDADE

Sax – porque ao ouvir conseguimos ser levados a outros horizontes(92) Sofisticação - uma música culta é importante porque passa algo bom que está escondido, que não é visto nem ouvido normalmente (30) concluinte

Atribui valor transcendente Atribui valor - Música culta

Valorativa EIXO AFETIVIDADE

Ambiente-restaurante, pelo seguinte motivo, a música é capaz de estimular os sentimentos, é muito agradável para o ambiente (36) Ambiente-restaurante, sempre janto ouvindo jazz ou blues (38) Ambiente-lounge porque a música traz a sensação de que estou no lounge de um bar (57) Ambiente-bar: pois parece uma música para ser ouvida em um bar, enquanto conversa com os amigos (77) Ambiente-restaurante, devido ao prazer de estar em boa companhia, comendo uma boa comida, ouvindo uma boa música (119) Ambiente-restaurante, bar, lembra um lugar tranquilo e aconchegante onde estou jantando com meu amado (9) concluinte Ambiente-piano-bar porque foi a sensação que tive quando a música começou: de estar em um piano bar(14) – concluinte Ambiente-piano-bar porque é um local que pode se ouvir boa música (25) concluinte Sofisticação porque a música me faz sentir um "cuidado" com a satisfação, ideal para um encontro (19) concluinte Sofisticação porque me lembra pessoas em restaurantes, vinho, cassino e lazer (29) concluinte

Música ambiente/ entretenimento - sentimento bem-estar Lugar para ouvir boa música Interação: Imagem de bar Imagem de restaurante

Função de entretenimento EIXO CONTEXTO

Jazz porque é o músico que mais me inspira e um dos melhores em minha opinião (46) Sofisticação-requinte, pois essas músicas tem uma riqueza de detalhes e não há espaço para pensar em nada vulgar(91) Sofisticação porque é um jazz, estilo em que para executar exige muita dedicação(27) concluinte Sofisticação - sofisticado musicalmente, restrito a um nível "superior" ou específico de conhecimento musical (31) concluinte Jazz - por causa da liberdade que este estilo

Faz referência ao músico e atribui valor (um dos melhores) – CLASSIFICA Riqueza de detalhes (referindo-se à música) Estilo, executar, dedicação (estudo) Exige nível de conhecimento avançado Liberdade (improvisar) para tocar Riqueza de detalhes

Saberes específicos EIXO FORMAÇÃO

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As justificativas foram categorizadas segundo os 5 Eixos Temáticos

propostos, no entanto, a análise das respostas dos estudantes de música

contemplou apenas três desses Eixos: da Afetividade, do Contexto e da Formação.

EIXO DA AFETIVIDADE

No eixo da afetividade, estão presentes as categorias: função de expressão

emocional e valorativa, a partir das respostas dos estudantes de música para a

escuta do jazz.

dá (7) Jazz- estilo riquíssimo que influenciou 90 por cento da música atual(41) Jazz - como a canção tem um gênero bem definido remete fortemente ao jazz(72) Jazz - estilo musical que poderia ter área ampliada no Brasil(78) Jazz: pelo ritmo "quebrado", sincopado(97) Jazz - a música é um jazz muito elaborado em tema e improvisação(110) O jazz é a maior manifestação artística do século XX(2) concluinte Sax - todos os instrumentos são importantes mas o que mais se destaca é o saxofone(73) Jazz é o estilo musical apresentado(60) Sofisticação - sofisticado, pois o som é agradável, mas parece ter um grau técnico de execução que exige estudo(4) Sofisticação - a música passa riqueza nos movimentos, bem estruturada, estimula curiosidade (19) Sofisticação - o tipo de arranjo, introdução bem elaborada, e tema sofisticado(35) Sofisticação-a qualidade sonora é incrível, desde o tema proposto, à escolha de cada nota(64) Sofisticação, pois me atrai algo com requinte de preparo, como um bom vinho (13) concluinte

(referindo-se à música) Estilo, gênero e canção Ritmo sincopado, quebrado Tema e improvisação Manifestação artística do século XX Seleciona e identifica um instrumento (saxofone) a partir da escuta Faz menção à técnica necessária para tocar (estudo) Bem estruturada e movimentos. Arranjo, introdução e tema Bem executado

Jazz é o gênero desta música. Também porque gosto muito de jazz. Esse solo de sax está demais!(113) Jazz - formação característica do estilo jazzista, bela improvisação do instrumento solista, me fez ficar feliz (36) concluinte Sofisticação porque senti tudo muito bem executado, pensado, elaborado para um determinado fim, o que faz a música ser bonita e sofisticada (6) concluinte Sax, é o solo que dá expressão à música, um sentimento de beleza (93)

Gênero e solo de sax - gosto - valor afetivo Bem executado Seleciona e identifica um instrumento (saxofone) a partir da escuta e relaciona com sentimento de beleza Relaciona termos técnicos musicais e valor estético

Nível de escuta diferenciado EIXO FORMAÇÃO

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Quando os estudantes identificam um instrumento que sabem tocar na

música que escutam, se reconhecem como intérpretes e afirmam que isso traz um

sentimento bom, como pode ser observado na justificativa a seguir: “sax, pois como

saxofonista admiro o som produzido por este instrumento, o que me traz

sentimentos bons”.

Um valor transcendente foi atribuído à escuta do jazz: “porque ao ouvir

conseguimos ser levados a outros horizontes”. Também consideram o jazz uma

música sofisticada, justificando a escolha do termo sofisticado dizendo que “uma

música culta é importante porque passa algo bom que está escondido, que não é

visto nem ouvido normalmente”.

EIXO DO CONTEXTO

Neste Eixo, as respostas dos estudantes de música para o jazz, foram

categorizadas como função de entretenimento. Os estudantes de música

identificaram o jazz como um gênero musical geralmente tocado em bares e

restaurantes, corroborando com a descrição feita por Hobsbawn (1989) que se

refere ao jazz como uma música fundamentalmente de entretenimento, tocada em

bares para promover o relaxamento e a diversão. As justificativas que seguem,

ilustram essa função de entretenimento do jazz descrita pelos estudantes de música:

“pois parece uma música para ser ouvida em um bar, enquanto conversa com os

amigos; piano-bar porque é um local que pode se ouvir boa música”.

EIXO DA FORMAÇÃO

Este Eixo abarca as funções de: saberes específicos e nível de escuta

diferenciado. O conhecimento específico que os estudantes de música possuem,

permitiu a identificação de alguns elementos musicais que caracterizam o jazz, como

a improvisação e o ritmo sincopado, presentes nas seguintes justificativas: “a música

é um jazz muito elaborado em tema e improvisação; jazz, pelo ritmo quebrado,

sincopado”. Os estudantes de música também demonstraram possuir um nível de

escuta diferenciado para o jazz, ao indicarem que podem identificar e interpretar os

elementos musicais dando um sentido estético à música, nas seguintes afirmações:

“formação característica do estilo jazzista, bela improvisação do instrumento solista,

me fez ficar feliz; é o solo que dá expressão à música, um sentimento de beleza”.

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World music

A análise das respostas dos estudantes de música à associação livre,

submetidas ao EVOC, indicou que as palavras evocadas mais prontamente e com

maior frequência a partir da música jazz pelos estudantes de música foram: cultura,

oriente, regionalidade55, dançar e tribal, que se encontram descritos no Quadro 11 a

seguir:

Quadro 11 – Frequência e ordem média de evocações para o world music por estudantes de música

54 “A regionalidade pode ser definida como uma dimensão espacial de um determinado fenômeno

tomada como objeto de observação. Isto implica em admitir que o mesmo fenômeno, visto sob a perspectiva da regionalidade, pode ser visto sob outras perspectivas. A existência de uma rede de relações de tipo regional num determinado espaço ou acontecimento não os reduz a espaços ou acontecimentos puramente regionais. Serão regionais enquanto vistos em sua regionalidade”. (POZENATO, 2006, p.6) 55

Após uma análise das justificativas, e para possibilitar a utilização do software EVOC com um melhor aproveitamento, as seguintes evocações: regional, rural, raiz, campo, faroeste, Texas, foram substituídas pelo termo regionalidade.

Ordem média de evocação

Frequência Inferior a 2,5 Superior a 2,5

Acima de 20 27 cultura 26 oriente 25 regionalidade

54

24 dançar 20 tribal

De 4 a 20 16 india 16 ritmo 14 percussão 13 ritual 12 violão 11 arabia 6 africa 5 deserto 5 misterio 5 tristeza 5 voz 4 diferente 4 estilo 4 estranheza 4 mantra 4 relaxar 4 religião

6 beleza 5 alegria 4 diversidade 4 instrumental 4 linguagem

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A análise do relatório LISTVOC permitiu observar que as palavras agrupadas

no 1º quadrante (superior esquerdo) encontram-se relacionadas entre si, indicando a

centralidade das representações dos estudantes de música para o world music,

como um gênero que remete à ideia de cultura do oriente e dança tribal. As palavras

contidas no quadrante inferior esquerdo podem indicar o que os estudantes de

música entendem por Oriente. As seguintes palavras evocadas no contexto do world

music: Índia, Arábia, África, ritual, deserto, mistério, tristeza, diferente, estranheza,

mantra e religião, indicam como os estudantes de música possivelmente

representam o Oriente. As músicas tradicionais iraniana, árabes e indianas têm em

comum o fato de não terem como modelo a escala diatônica ocidental, pertencendo

ao que Wisnik (2007) chama de mundo modal, o que pode explicar porque as

palavras Índia, Arábia e África, foram evocadas para o world music.

A categorização das justificativas para a escolha das palavras consideradas

as mais centrais, pelos estudantes de música, para a escuta do world music, segue

no Quadro 12 abaixo:

Quadro 12 – Categorias a partir das justificativas e significações atribuídas ao world

music pelo grupo de estudantes de música

Justificativas

Significações

Categorias

Dançar - é alegre e dançante (3) concluinte

A música é descrita como alegria

Função de Expressão emocional EIXO AFETIVIDADE

Dançar - mostra os movimentos que posso imaginar nesta música(9) Dançar – porque imagino que leva a movimentos de dança do ventre (9) concluinte

Provoca movimento Música como forma de expressão Remete à ideia de oriente (sonoridade) – movimento

Reação física EIXO MOVIMENTO

Cultura - pelo não entendimento da língua no qual a música está sendo executada (5)

Língua como fator da cultura (no caso, cultura do outro)

Função de comunicação EIXO COMUNICAÇÃO

Cultura - essa canção nos faz lembrar de certas culturas (39) Cultura - cultural, pois mostra a cultura de determinada tribo (12) Cultura - não temos praticamente nenhum costume em ouvir esse tipo de música (20) Cultura - é o estilo musical de um povo, mas com influência cultural de outros povos (11) – concluinte Regionalidade – faroeste, a canção me dá a sensação de raiz, de raça, de rito (21)

Música como produto de uma cultura diferente Música como forma de expressão - cultura do outro - música típica (relacionar com regionalidade) Música como forma de expressão

Cultura do outro EIXO CONTEXTO

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Regionalidade – Texas, tem uma sensação de algo característico de uma região do Texas USA (30) Regionalidade – Faroeste, a música me remete à imagens rurais dos EUA(36) Regionalidade – Interior, senti que o som tinha as qualidades do homem do campo (6) concluinte Regionalidade – Campo, me parece uma boa música para exemplificar o som típico ou folclórico de uma determinada região(2)

Cultura porque é uma música mais cultural (3) Cultura - mais conhecimento (67) Regionalidade – Regional - neste caso a música pode nos transmitir o folclore, as características do país (56) Cultura – pela música dá para conhecer a cultura de outros países e nos torna consciente sobre o mundo (10) concluinte Cultura musical - elemento fundamental para identidade de um povo (66)

Manutenção ou transmissão de saber Fator identitário e regionalidade

Descritiva contextual EIXO CONTEXTO

Oriente - essa música me remeteu ao oriente. Apesar de ser uma música "mais moderna", ela me traz a estranheza de não fazer parte da minha cultura, pode ser um world music (23) Oriente - para nós, ocidentais, essas músicas são tão características que nos faz pensar mais na região do que nos sentimentos que possam passar , o que é importante para conhecer a cultura do outro(8) concluinte

Reconhece o gênero world music Faz uma reflexão sobre a cultura do outro (não rejeita a cultura do outro)

Descritiva reflexiva EIXO CONTEXTO

Cultura -essa música nos leva a querer conhecer outras culturas já que vem usando percussividade não muito usada (50) Oriente-eu adoro musicas orientais e um dia pretendo fazer especialização em musicas orientais (8) Oriente-música oriental. Tipos de instrumentos (37) concluinte Oriente -a música remete diretamente ao oriente (25) concluinte Oriente -traz a idéia de música oriental, talvez algo árabe (33) concluinte Oriente – parece ser uma música feita totalmente voltada para o povo indu ou de onde for (22) Tribal - por causa dos tambores (7) Tribal - é como se estivesse em uma tribo, um som bem contínuo (14) Tribal - ritual, pois a música remete a canções indígenas (4) Tribal - por que senti algo meio tribalista como músicas indígenas (24) Regionalidade – Regional - o canto junto aos instrumentos percussivos expressam uma característica regional presente e incisiva (63)

Sonoridade oriental Sonoridade diferente da conhecida - cultura do outro - utiliza termo específico musical (percussividade) Orientalismo Expressão pela percussão Som contínuo

Saberes específicos EIXO FORMAÇÃO

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As justificativas foram categorizadas segundo os 5 Eixos Temáticos propostos

e a análise das respostas dos estudantes de música para o world music foram

agrupados nesses 5 Eixos Temáticos: Afetividade, Movimento, Comunicação,

Contexto e Formação.

EIXO DA AFETIVIDADE

A música foi descrita, pelos estudantes de música, como dança que provoca

alegria. O movimento neste caso está ligado ao fator afetivo.

EIXO DO MOVIMENTO

Os estudantes de música descreveram que o world music leva a imaginar os

movimentos de uma dança. O cenário descrito foi o da dança do ventre, como se

pode observar nas seguintes justificativas: “mostra os movimentos que posso

imaginar nesta música; dançar porque imagino que leva a movimentos de dança do

ventre”.

EIXO DA COMUNICAÇÃO

A justificativa para a palavra cultura, como sinônimo de idioma não

compreendido, indica uma tendência dos estudantes de música em nomear como

cultura qualquer aspecto de uma cultura desconhecida ou pouco conhecida.

Revelada pela seguinte justificativa: “cultura, pelo não entendimento da língua no

qual a música está sendo executada”.

Cultura -música típica de um determinado país, isso a torna única e expressiva (64) Cultura - ao ouvir essa música parece que a cultura oriental invade minha mente e me leva para lá (6) Cultura -música típica de um determinado país, isso a torna única e expressiva (64) Regionalidade – Raiz -música de raiz, ao ouvir, minha mente se transportou no imaginário para o mundo árabe(5) Tribal - me remete à um sentimento de essência cultural, regionalismo, etnias diversas(19) concluinte

Identifica a expressividade pela sonoridade Apreciação estética do gênero

Nível de escuta diferenciado EIXO DA FORMAÇÃO

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EIXO DO CONTEXTO

Cultura do outro – regionalidade e tribal - As justificativas ao termo

regionalidade indicam que o world music despertou o imaginário dos estudantes de

música para o contexto ao qual esse gênero poderia “pertencer”. Essas

representações se fazem presentes nas seguintes justificativas: “a canção me dá a

sensação de raiz, de raça, de rito; tem uma sensação de algo característico de uma

região do Texas USA; a música me remete à imagens rurais dos EUA; senti que o

som tinha as qualidades do homem do campo; me parece uma boa música para

exemplificar o som típico ou folclórico de uma determinada região”.

Descritiva contextual - O world music foi descrito também como uma música

que possibilita o exercício da alteridade, através do conhecimento da “cultura do

outro”: “pela música dá para conhecer a cultura de outros países e nos torna

consciente sobre o mundo”. Ao se referirem ao world music como uma “música que

pode transmitir o folclore” ou “como elemento fundamental para a identidade de um

povo”, os estudantes de música fizeram uma descrição que coincide com uma das

funções da música elencadas por Merrian (1964), de contribuição para a

continuidade e estabilidade da cultura. O world music não é um gênero musical que

possa ser considerado genuinamente uma manifestação musical local ou de tradição

oral. O world music é um gênero criado pela indústria cultural, a partir das músicas

da cultura popular, mas hibridizadas com gêneros e elementos da música moderna.

E nesse sentido, promove a dissolução da identidade cultural e não permite a

estabilidade da cultura.

Descritiva reflexiva - Um estudante de música nomeou este gênero musical,

como world music e descreveu uma de suas características, a de ser um gênero

híbrido: “Essa música me remeteu ao oriente e apesar de ser uma música ‘mais

moderna’, ela me traz a estranheza de não fazer parte da minha cultura, pode ser

um world music”. A justificativa a seguir, mostra que a escuta do world music

permitiu fazer uma reflexão sobre a cultura do outro: “para nós, ocidentais, essas

músicas são tão características que nos faz pensar mais na região do que nos

sentimentos que possam passar, o que é importante para conhecer a cultura do

outro”.

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EIXO DA FORMAÇÃO

Saberes específicos - Os estudantes de música, assim como as estudantes

de pedagogia, descreveram o world music como um produto de uma cultura

diferente da sua, como forma de expressão ou música típica da “cultura do outro”.

Para os estudantes de música, a sonoridade da música é o principal elemento que

permite o seu reconhecimento como uma música advinda de uma cultura diferente

da sua, como pode ser observado nas seguintes frases: “ao ouvir essa música

parece que a cultura oriental invade minha mente e me leva para lá; essa música

nos leva a querer conhecer outras culturas já que vem usando percussividade não

muito usada; música típica de um determinado país, isso a torna única e

expressiva”. Essas justificativas, ligadas à sonoridade do outro, foram dadas para

as palavras: Oriente, cultura, regionalidade e tribal.

Said (1996) explica que a ideia de Oriente é, antes de tudo, uma

representação, que nada tem de natural.

[...] todo orientalismo está fora do Oriente, e afastado dele: que o orientalismo tenha qualquer sentido depende mais do Ocidente que do Oriente, e esse sentido é diretamente tributário das várias técnicas ocidentais de representação que tornam o Oriente visível, claro e “lá” no discurso sobre ele. E essas representações utilizam-se, para seus efeitos, de instituições, tradições, convenções e códigos consentidos, e não de um distante e amorfo Oriente. (SAID,1996, p.33).

No caso do world music ter sido representado como tribal, a sonoridade foi

descrita como sendo um som contínuo e percussivo. Wisnik (2007) ao se referir à

música tradicional indiana, explica que a ritualidade do fluxo sonoro presente na

recorrência dos ciclos constituídos por suas escalas e por um pulso métrico que se

repete de forma constante, é capaz de produzir, segundo os teóricos da música

indiana, uma música que pode levar ao transe, ao êxtase, à meditação ou à dança.

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3.1.3. Etapa 3 – Representações sociais de estudantes de pedagogia e de

música sobre música

As representações sociais de estudantes de pedagogia e de música sobre

música podem ser descritas a partir dos cinco Eixos Temáticos: Movimento,

Afetividade, Comunicação, Contexto e Formação. No entanto, esses elementos

constitutivos são diferentemente percebidos nos três gêneros: pop, jazz e world

music. As representações sociais sobre música se apresentam de forma mais ou

menos estruturada, segundo as informações que cada grupo possui com relação ao

objeto musical.

O Movimento é uma característica presente na representação social sobre

música, tanto das estudantes de pedagogia quanto dos estudantes de música. Essa

característica da representação social sobre música dos estudantes de pedagogia e

de música está claramente descrita como constitutiva das músicas pop e world

music. Os dois grupos indicaram o aspecto rítmico como fator de movimento, na

descrição tanto do pop quanto do world music. Apesar dos dois gêneros terem sido

descritos como música para dançar, o grupo de estudantes de música ressaltou

também o aspecto timbrístico, percebido no modo de cantar da intérprete da música

pop. Nesse sentido, os estudantes de música possuem mais informação do que as

estudantes de pedagogia.

A Afetividade mostrou-se constitutiva da representação social sobre música

dos dois grupos, nos três gêneros: pop, jazz e world music. O grupo de estudantes

de pedagogia apresentou uma tendência a respostas mais afetivas ao pop do que o

grupo de estudantes de música. Apesar da afetividade ser um elemento constitutivo

das representações sociais dos dois grupos, a expressão emocional de alegria e

amor, foi descrita pelas estudantes de pedagogia por expressões como: “amor é

tudo, ter amor em tudo; a música faz esquecer tudo de ruim; com alegria tudo fica

melhor; sem amor não somos nada”. Esse aspecto da representação de música, que

se apresenta através de um discurso hiperbólico e que encarna a própria noção de

vida, corrobora com os resultados das pesquisas de Duarte (2005) e Oliveira (2008),

em que a emoção, ao se referir à música, se apresenta na forma de um discurso

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131

exagerado. O jazz foi descrito pelas estudantes de pedagogia como expressão de

tranquilidade e paz. A ausência de letra, no jazz apresentado nesta pesquisa, leva à

focalização da atenção nos elementos sonoros musicais, que se revelam em

respostas de predominância afetiva. O grupo de estudantes de música também

descreveu o jazz como tranquilidade, no entanto, como esses estudantes possuem

informações e experiências específicas da área musical, outros elementos das

representações passam a “interferir” na constituição dessa representação, como por

exemplo: “sax, pois como saxofonista admiro o som produzido por este instrumento,

o que me traz sentimentos bons”. Neste eixo da afetividade, a centralidade das

respostas do grupo de estudantes de pedagogia à escuta do world music se

apresentou apenas como um adjetivo: chata. Essas estudantes justificaram a

resposta, dizendo que não conseguiram “sentir a música” ou que “a música não

alegrava o ambiente”. O aspecto afetivo para a escuta do world music, na

representação do grupo de música se apresentou como alegria, por provocar a

vontade de dançar, revelando como este aspecto afetivo se liga ao do movimento.

A Comunicação é constituinte da representação social sobre música dos dois

grupos, e está presente na escuta de dois gêneros: pop e world music. As respostas

onomatopaicas das estudantes de pedagogia indicaram como a falta de informação

impede a objetivação da música. A centralidade das respostas dos estudantes de

música indicou que o conhecimento específico, que possuem sobre música

(informação), possibilita a objetivação a partir de outros elementos além da letra da

canção. Sendo assim, mesmo que uma letra não seja compreensível, existe a

possibilidade de acesso a uma mensagem musical.

O Contexto se apresenta como um importante elemento constituinte da

representação social sobre música tanto para o grupo de estudantes de pedagogia,

quanto para grupo de estudantes de música, em todos os três gêneros: pop, jazz e

world music. As categorias contextuais indicaram que as estudantes de pedagogia

entendem que o gosto por determinada música é formado a partir do que é

veiculado pela mídia, mas não sabem como isso ocorre. Já os estudantes de música

demonstraram possuir uma visão mais crítica da música, bem como a consciência

do papel da indústria cultural na produção e disseminação da música. A música pop

padrão foi vista pelas estudantes de pedagogia como uma música para ser dançada

e o jazz como uma música para relaxar e ser ouvida, aos quais foi atribuída uma

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função socializadora, como amálgama das relações sociais ou como fator de

interação social. O world music foi visto pelas estudantes de pedagogia como cultura

do “outro”, reconhecível a partir de referências midiáticas, tais como: filmes e

novelas televisivas; pelas quais a dança e a religião foram as imagens mais

descritas.

Jedlowski (2005) explica que “memórias comuns” são formadas por conjuntos

de memórias “que cada membro da sociedade partilha com outros somente pelo fato

de terem sido expostos às mesmas mensagens da mídia”. (p. 91).

O grupo de estudantes de pedagogia parece significar a escuta musical a

partir das memórias comuns e das experiências de escuta anteriores. O grupo de

estudantes de música também apoia a escuta musical nas memórias comuns e nas

experiências de escuta anteriores, mas se diferenciam pelo fato de terem um

conhecimento específico musical. Como os estudantes de música se reconhecem

como músicos, as escutas musicais também se apresentam de forma diferenciada.

Segundo Jedlowski (2005), é justamente essa pluralidade de “memórias

comuns” entrelaçadas às experiências compartilhadas no cotidiano, o que possibilita

a passagem de uma “memória comum” para uma memória compartilhada.

[...] a diferenciação dos gêneros da mídia e das audiências causa a constituição de uma pluralidade de memórias comuns: os amantes de pop têm uma memória comum parcialmente diversa daquela das audiências de telenovelas; os que acompanham notícias políticas compartilham memórias com aqueles que possuem o mesmo interesse, e estas memórias não podem ser compartilhadas com pessoas que assistem predominantemente a programas esportivos. [...] as memórias da vida pessoal e as memórias de imagens e sons mediados interagem, e estão profundamente entrelaçados. (JEDLOWSKI, 2005, p. 91-92).

Os estudantes de música descreveram as escutas musicais a partir de termos

específicos da área de música, como: improvisação e ritmo sincopado para a escuta

do jazz; e som contínuo e percussivo para o world music, apontando para uma das

características da música do mundo modal. Também demonstraram reconhecer o

world music como um gênero híbrido, criado pela indústria cultural a partir das

músicas da cultura popular. Para os estudantes de música, a sonoridade da música

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133

é o principal elemento que permite o reconhecimento dessa música como advinda

de uma cultura diferente da sua.

De acordo com Swanwick, os sons musicais são percebidos como linhas

contínuas em movimento, fazendo uma analogia com luzes que piscam intermitentes

em volta de anúncios luminosos, por exemplo. Isso significa desistir “de prestar

atenção nos sons isolados” (ibidem, 2003, p.30). Mas o próprio autor esclarece que

“melodia” tem significado amplo, como por exemplo:

“[...] formas atonais e não-tonais que compõem a música dita ‘séria’ de meados do século XX, da tabla indiana e motivos de tambores africanos. Mesmo uma simples nota pode ser ouvida como uma frase, como a nota ‘lá’ do trompete no começo da abertura Rienzi, de Wagner, que é percebida de forma muito diferente do ‘lá’ usado para a afinação da orquestra”. (SWANWICK, 2003, p. 30)

O que permite um pronto reconhecimento de determinada melodia é a sua

ressonância em algum sistema de noções pré-existente. Segundo Swanwick (2003),

o canto de um muezim do Oriente ou o canto dos pigmeus do Gabão, seriam

exemplos de melodias de difícil reconhecimento, pois essas melodias não fazem

parte do sistema tonal característico da música ocidental. Inclusive no interior de

uma mesma cultura, esse sistema de noções pré-existente pode variar.

A Formação é constitutiva da representação social sobre música de

estudantes de pedagogia e de música, mas se apresentaram de forma diferenciada

nos dois grupos. Na representação social sobre música das estudantes de

pedagogia, o Eixo da formação só se apresenta no gênero world music; e dos

estudantes de música, nos três gêneros: pop, jazz e world music. As estudantes de

pedagogia indicaram a possibilidade de se utilizar a música como um meio para o

desenvolvimento de atividades que envolvam o movimento e para ensinar outros

conteúdos disciplinares. A escuta da música de gênero world music poderia

possibilitar uma abertura para reflexões sobre: a escolha do repertório; a cultura de

massa; e a pluralidade cultural. Os saberes específicos da área musical, que os

estudantes de música possuem, permitiram a identificação dos elementos que

compõem uma música e as suas características, o que por sua vez, permitiu que

esses estudantes pudessem nomear e classificar uma música por seu estilo ou

gênero, além de apresentarem um nível de escuta diferenciado.

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134

3.2. 2ª FASE – Análise das representações sobre música na escola dos

estudantes de pedagogia e de música

Nesta 2ª fase foram analisadas as questões referentes à música na escola

com o objetivo de apreender os elementos constituintes das representações sociais

dos estudantes de licenciatura em pedagogia e de licenciatura em música sobre

música na escola. A análise desta 2ª Fase considerou as diferenças entre

estudantes ingressantes e concluintes. Esta análise será apresentada em quatro

Etapas a seguir:

Etapa 1 – O pop, o jazz e o world music na escola – apresenta a análise da

aceitabilidade das músicas apresentadas nesta pesquisa, no contexto da

escola;

Etapa 2 – O contexto, as funções e os usos da música na escola – aborda os

seguintes aspectos:

a) A música na escola pública - que analisa a atitude dos estudantes com

relação ao ensino da música na escola pública;

b) As razões do ensino da música no contexto escolar;

c) As estratégias de ensino da música.

Etapa 3 - As imagens que os estudantes de pedagogia e de música

constroem sobre a música na escola – refere-se à análise das imagens/

fotografias relacionadas à música na escola, tendo em vista a proximidade ou

o afastamento dessas imagens em relação ao contexto da escola.

Etapa 4 – Representações sociais de estudantes de pedagogia e de música,

ingressantes e concluintes, sobre música na escola

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3.2.1. Etapa 1 - O Pop, o Jazz e o World Music na escola

Indagado aos participantes se levariam as músicas apresentadas nesta

pesquisa, para a escola, observou-se que há uma diferenciação segundo os cursos

e entre ingressantes e concluintes.

Pop na escola

A observação do Gráfico 12, apresentado a seguir, permite perceber que o

grupo de estudantes que apresentou maior aceitabilidade da música pop na escola,

foram o dos estudantes de música concluintes e de pedagogia ingressantes.

Observa-se, no entanto que, entre os grupos de estudantes de pedagogia

concluintes e de música ingressantes (sendo que estes últimos, em menor

proporção) houve certa rejeição em levar a música pop para a escola.

Gráfico 12 – Aceitabilidade da música pop na escola56

As estudantes de pedagogia ingressantes apresentaram um grau de

aceitação maior da música pop do que as estudantes concluintes. Ao se analisar os

motivos para a aceitação da música pop na escola, percebeu-se que as estudantes

de pedagogia ingressantes descreveram o pop como uma música fácil e alegre, que

tem como função, o entretenimento, ou seja, é própria para os momentos de lazer.

56

Porcentagem calculada a partir do total de respostas de cada curso.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Pedagogia Ingressantes

Pedagogia concluintes

Música ingressantes

Música concluintes

SIM

NÃO

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136

Tem uma melodia fantástica e fácil de qualquer pessoa gostar. (estudante de pedagogia ingressante)

É alegre, desperta a pessoa, dá vontade de dançar. (estudante de pedagogia ingressante)

É animada, e seria legal para as pessoas que estão sem ânimo. (estudante de pedagogia ingressante)

É uma música que passa alegria e agitação. Então, porque não levar essa música para um final de aula em uma sexta-feira? (estudante de pedagogia concluinte)

As estudantes de pedagogia, tanto ingressantes quanto concluintes, que

rejeitaram a música pop, entendem que o ensino de música no contexto escolar seja

prioritariamente para a educação de crianças pequenas. Sendo assim, veem a

dificuldade na compreensão da letra. As respostas apontaram que a música de

determinado gênero, como o pop que foi apresentado, encontra-se associada à ideia

de agitação, o que para elas, não favorece a educação. O que as justificativas

parecem indicar é que haveria uma “música certa”, mais adequada para a escola.

Eu não entendo o significado da letra que está em inglês, então as crianças não entenderiam. (estudante de pedagogia ingressante)

Embora a música seja muito boa, a tradução é forte para ser apresentada ao ensino fundamental. (estudante de pedagogia concluinte)

Não acho apropriada para crianças. Não conheço a linguagem. (estudante de pedagogia concluinte)

Não representa algo que pudesse ser explicado ou passado a crianças de 5 anos ao meu ver. (estudante de pedagogia concluinte)

As músicas apresentadas não fazem parte do mundo infantil, área a qual me dedico. (estudante de pedagogia concluinte)

Não acredito que seja educativo para estar trabalhando em sala de aula, esses tipos de músicas são muito agitadas. (estudante de pedagogia concluinte)

As estudantes concluintes que indicaram as possibilidades de utilização da

música pop na escola, a descreveram apenas como um meio para promover a

interação e a expressão corporal, para o desenvolvimento de valores morais e para

ensinar outros conteúdos disciplinares.

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137

Pois com certeza os alunos, principalmente os adolescentes, já conhecem, podendo ser trabalhada a diversidade. (estudante de pedagogia concluinte)

Trabalharia interação e expressão corporal com as crianças. (estudante de pedagogia concluinte)

Trabalharia o respeito com o próximo. (estudante de pedagogia concluinte)

Através destas músicas o professor poderia trabalhar diversos conteúdos, língua inglesa, movimento, dança. (estudante de pedagogia concluinte)

Os estudantes ingressantes do curso de música apresentaram um índice de

rejeição maior para a música pop na escola do que os estudantes de música

concluintes. Um dos fatores apontados pelos estudantes de música ingressantes,

para a rejeição da música pop na escola, está relacionado à formação musical

recebida antes de ingressar no curso (apesar de não ser requisito para o ingresso,

97% dos estudantes ingressantes no curso de música, já possuíam algum

conhecimento musical). Os estudantes ingressantes explicam que o arranjo e o

conteúdo da música pop apresentada não são adequados para o ensino de música

no contexto escolar. Esse resultado parece indicar que os estudantes ingressantes

tem uma representação de educação musical tradicional, que é voltada para o

ensino de um instrumento musical, geralmente feito de forma individual. Assim como

os grupos de estudantes de pedagogia (ingressantes e concluintes), o grupo de

estudantes de música ingressantes também indicou que a música pop não seria

adequada para crianças pequenas, por causar agitação. Além disso, afirmaram que

a música pop já era muito tocada na mídia e, portanto, não seria necessário ensiná-

la na escola. O gosto musical também foi citado como fator de escolha do repertório

a ser levado à escola.

Para a iniciação é muito difícil, não é fácil de tocar. (estudante de música ingressante)

Incitaria as crianças, a sair do comportamento normal. (estudante de música ingressante)

Os estudantes já ouvem com facilidade no carro, em casa com frequência. (estudante de música ingressante)

Porque não é bom elas ouvirem, além do mais em qualquer lugar ou rádio elas ouvem isso. (estudante de música ingressante)

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138

Não gosto do estilo, apesar de reconhecer que é uma ótima cantora. (estudante de música ingressante).

Essas representações parecem mudar durante o processo formativo (no

curso de licenciatura de música), tendo em vista que o índice de rejeição à música

pop diminui consideravelmente entre o grupo de estudantes de música concluintes e

as justificativas desses estudantes para a aceitação dessa música se apresentam de

forma diferente. Os estudantes de música concluintes descreveram as

possibilidades que a música pop oferece para o processo formativo tanto de

crianças quanto de jovens no contexto escolar, através do desenvolvimento de

atividades como apreciação musical e jogos envolvendo movimento. A popularidade

da música pop foi apontada como fator facilitador na aceitação da música no

contexto escolar, além de possibilitar uma leitura crítica deste gênero musical.

Além de ser uma música atual, o ritmo e a linha melódica cativante ajudaria aos estudantes se interessarem pela matéria. (estudante de música concluinte)

Focaria a aula em pulsação, dança e movimento com a música. (estudante de música concluinte)

Posso explicar sobre os instrumentos ali contidos, além de explicar acerca de sons fortes e fracos entre outras coisas. (estudante de música concluinte)

Pois é importante analisar também as músicas famosas acessíveis. (estudante de música concluinte)

Ilustra a variedade de gêneros existentes em diversas aplicações – mídia. (estudante de música concluinte)

Podemos tirar elementos musicais de qualquer estilo e é bom trabalhar com o que eles conhecem para mostrar algo novo, principalmente falar do papel da mídia na formação do gosto e fazer com que conheçam coisas novas. (estudante de música concluinte)

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Jazz na escola

Gráfico 13 - Aceitabilidade do jazz na escola

O Gráfico 2 mostra que a aceitabilidade do jazz é maior entre os estudantes

concluintes de música, semelhantes entre os estudantes de música ingressantes e

as estudantes de pedagogia concluintes e menor entre as estudantes de pedagogia

ingressantes.

As justificativas apresentadas pelas estudantes de pedagogia ingressantes e

concluintes, para a rejeição do jazz no contexto escolar, foram semelhantes. As

respostas das estudantes de pedagogia, tanto ingressantes quanto concluintes,

indicaram que a ausência de letra nesta música, parece dificultar a sua

compreensão. Não gostar, achar que os estudantes não vão gostar ou achar o jazz

uma música difícil ou antiga, foram outros motivos apontados para a rejeição do jazz

no contexto escolar. As estudantes que rejeitaram o jazz encontraram dificuldades

também em identificar e nomear a música como sendo do gênero jazz, chamando-o

de clássico. O jazz foi considerado um gênero de música para adultos e, portanto,

não adequado para o ensino de música para crianças. Novamente, o ensino de

música parece estar associado somente à educação de crianças pequenas.

Achei a música confusa porque não tem letra. (estudante de pedagogia concluinte)

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Pedagogia Ingressantes

Pedagogia concluintes

Música ingressantes

Música concluintes

SIM

NÃO

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140

Porque não são todas as pessoas que curtem musica nesse estilo, meio clássica. (estudante de pedagogia ingressante)

Parece-me bem antiga e ultrapassada, por isso clássico, sempre existirá. (estudante de pedagogia ingressante)

A música clássica é para ser ouvida em casa. (estudante de pedagogia concluinte)

O jazz foi considerado pelas estudantes de pedagogia tanto ingressantes

quanto concluintes, como uma música a ser utilizada para promover o relaxamento

no contexto da escola, associada à sensação de bem-estar provocada pela escuta

da música. A música foi vista como parte dos momentos de lazer e entretenimento

ou como auxiliar no processo educativo. O gosto pessoal, com relação à música,

parece ser um fator importante na escolha do repertório a ser utilizado na escola. As

estudantes de pedagogia concluintes descreveram com maior precisão os fatores

para a aceitação do gênero jazz na escola, entre eles: a possibilidade que o jazz

oferece para abordar músicas de diferentes épocas, para trabalhar a criação musical

a partir dos sons dos instrumentos e do desenvolvimento da percepção auditiva.

Animada, mas ao mesmo tempo tranquila, divertida, mas só para diversão. (estudante de pedagogia ingressante)

Talvez, acalmaria as crianças agitadas. (estudante de pedagogia ingressante)

Adorei a musica, levaria para sala de aula e para a minha vida. (estudante de pedagogia ingressante)

É um tipo de música que tem variações de instrumento, que oferece possibilidade para trabalhar e criar sons parecidos com a música escutada. (estudante de pedagogia concluinte)

É um tipo de música que dá para se trabalhar sem se preocupar com o que está sendo dito já que é instrumental. (estudante de pedagogia concluinte)

Aumento de repertório musical, relaxamento, desenvolvimento da percepção auditiva, dos vários instrumentos em harmonia. (estudante de pedagogia concluinte)

Os estudantes aprenderão apreciar os instrumentos e isto possibilita um maior conhecimento dos mesmos. (estudante de pedagogia concluinte)

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141

O gênero jazz foi descrito como facilitador no processo de expressão musical

tanto pelos estudantes ingressantes quanto pelos estudantes concluintes do curso

de música, já que possibilita a improvisação. Por outro lado, os estudantes

ingressantes, que rejeitaram o jazz no contexto escolar, descreveram esse gênero

como sendo de difícil compreensão.

É um tanto complexo, difícil de compreender. (estudante de música ingressante)

É uma música pouco compreensível para a idade infanto-juvenil. (estudante de música ingressante)

Nenhum dos estudantes saberia apreciar de forma adequada a música instrumental. (estudante de música ingressante)

A análise dos dados indicou que o processo formativo dos estudantes de

música promove uma ampliação do repertório musical destes estudantes, o que

favorece a diversificação do repertório a ser trabalhado no contexto da escola.

É algo específico de determinados ambientes, pois, assim como as crianças são incentivadas a comer vários tipos de prato, na música as crianças devem conhecer inúmeros gêneros. (estudante de música ingressante)

Apesar de não ser nacional, é de uma melodia linda, tema de um filme bárbaro, que possibilita a expressão e a improvisação. (estudante de música ingressante)

É possível ensinar trazendo o desconhecido para eles ouvirem e trabalhar os elementos musicais. (estudante de música concluinte)

É uma música rica, tanto na parte harmônica e melódica, como na estrutura rítmica, um bom exemplo para apresentar aos estudantes um estilo que não se ouve nas rádios. (estudante de música concluinte)

É interessante ouvir vários estilos e instrumentação a fim de ampliar a escuta musical. (estudante de música concluinte)

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World music na escola

Gráfico 14 - Aceitabilidade do world music na escola

Ao observar o Gráfico 3, nota-se que a aceitação do world music na escola

aumenta entre os concluintes dos dois cursos: pedagogia e música, mas a

aceitabilidade do world music é menor entre as estudantes de pedagogia.

A rejeição da música pelas estudantes de pedagogia ingressantes, por

considerá-la triste e cansativa, reforça a ideia de que a música no contexto da

escola, para essas estudantes, precisa ser alegre.

Não entendi nada dela, acho que não me identifiquei. (estudante de pedagogia ingressante)

Muito lenta até acalma, mas é esse tipo de música é um pouco triste para o contexto da escola. (estudante de pedagogia ingressante)

Além de ter um ritmo cansativo, a linguagem da letra também causa desconforto, então não levaria para os meus estudantes esse tipo de música. (estudante de pedagogia ingressante)

A escolha do repertório depende do modo como o professor é afetado pela

música, causando-lhe sensação de bem-estar ou mal-estar, o que por sua vez, pode

determinar a representação que ele tem sobre um determinado gênero musical. A

afetividade é um dos elementos constitutivos das representações sobre música das

estudantes de pedagogia.

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%

Pedagogia Ingressantes

Pedagogia concluintes

Música ingressantes

Música concluintes

SIM

NÃO

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143

É uma música alegre e que dá para se ouvir. Todos os estudantes devem conhecer todos os estilos musicais. (estudante de pedagogia ingressante)

Utilizar de músicas mais animadas chama mais a atenção das crianças. (estudante de pedagogia concluinte)

Levaria para a escola, porque o ritmo da música me passou prazer e tranquilidade. (estudante de pedagogia concluinte)

As possibilidades que o gênero world music pode oferecer para promover

questionamentos e para o estudo de diversos elementos de culturas diferentes das

que os estudantes já conhecem, foram descritos como fatores para a aceitação do

world music na escola, pelas estudantes de pedagogia, tanto ingressantes quanto

concluintes. As estudantes de pedagogia indicaram o gênero world music como

favorável para o desenvolvimento da temática da diversidade e para o exercício da

alteridade no ambiente escolar.

Esse tipo de música proporcionaria questionamento, e isso é bom em sala de aula. (estudante de pedagogia ingressante)

Já faria as pessoas pensarem um pouco sobre o ritmo e o idioma, e origem. (estudante de pedagogia ingressante)

É uma forma das crianças conhecerem outra cultura e aprender a respeitá-la. (estudante de pedagogia concluinte)

Trabalharia as diferenças musicais e as diferenças de cada indivíduo. (estudante de pedagogia concluinte)

Aborda outra linguagem e daí pode se trabalhar a cultura e diversidade em sala de aula. (estudante de pedagogia concluinte)

Os estudantes de música ingressantes afirmaram que tanto o tipo de música,

quanto o seu ensino na escola, deve ser fácil para facilitar também a sua

compreensão. Nesse caso, os estudantes que rejeitaram o world music na escola,

consideraram este gênero musical difícil. A falta de informação sobre o gênero leva

à sua rejeição, ou seja, de acordo com esses estudantes, se não se conhece a

música, a sua utilização na escola é dificultada.

É de difícil compreensão e no ensino ainda não podemos colocar algo de difícil compreensão. (estudante de música ingressante).

As músicas tem que ser mais simples. (estudante de música ingressante).

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Mostraria para as crianças os diversos dialetos e línguas, mas achei difícil. (estudante de música ingressante).

Não tenho conhecimento sobre este tipo de musica, então não levaria. (estudante de música ingressante).

As respostas dos estudantes de música indicaram que, quando se tem pouca

informação sobre determinado gênero musical, existe uma tendência em buscar

apoio nos elementos afetivos da música, para determinar se uma música serve, ou

não, para o contexto a que se destina, no caso, a escola. Esses elementos afetivos

dizem respeito aos que promovem sensação de bem-estar.

É diferente, interessante para eles ouvirem e descobrir que sensações lhe trazem a música. (estudante de música ingressante).

É interessante saber que não existem barreiras para a música, e ouvir algo de outro país que não sejam aqueles que são de nosso costume, quando passa uma coisa boa. (estudante de música ingressante).

São os elementos da informação sobre a música, da disposição para a escuta

e do grau de identificação afetiva com determinado gênero musical, que determinam

as escolhas que os estudantes fazem, da música a ser levada para o contexto

escolar. As justificativas dos estudantes de música concluintes revelaram também

que uma formação específica possibilita o desenvolvimento desses elementos, o

que leva a uma melhor delimitação das estratégias de ensino de música a serem

utilizadas na escola.

Acho importante aprender música de outras culturas e integrar música e dança que é outra manifestação artística. (estudante de música concluinte)

A percussão aparece bastante e com isso trabalharia instrumentos de percussão variados. (estudante de música concluinte)

A melodia da voz, e o timbre dos instrumentos, transmitem calma, e a música permite estudar outros aspectos musicais e instrumentais. (estudante de música concluinte)

Serviria para falar sobre identidade musical de um povo. (estudante de música concluinte)

Para trabalhar ritmo e movimento com o grupo. Esse tipo de música promove integração. (estudante de música concluinte)

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3.2.2. Etapa 2 – O contexto, as funções e os usos da música na escola

A análise desta Etapa 2, apresenta os resultados das seguintes questões:

A música na escola pública é... (questão de completar) – refere-se à atitude

dos estudantes pesquisados em relação à música na escola pública;

Porque aprender música na escola – descreve as razões apontadas pelos

estudantes desta pesquisa para se aprender a música na escola;

Como ensinar música na escola – descreve as estratégias que esses

estudantes, futuros professores, utilizariam para ensinar música na escola.

A música na escola pública

Tendo em vista a importância da escola pública no contexto da educação

brasileira, verificou-se a atitude dos estudantes com relação à música na escola

pública, por se tratar de um espaço de atuação privilegiado do licenciado. A música

na escola pública foi considerada como sendo importante e essencial pelos quatro

grupos pesquisados: estudantes de pedagogia e estudantes de música,

ingressantes e concluintes. As razões pelas quais a música na escola pública se

mostra necessária são reveladas pelas seguintes palavras: cultura, arte, educação,

futuro, começo, formação, meio, bom, ótimo, criatividade, transformação, prazer,

diversão, lazer, saudável, estímulo, interessante, direito, aprendizagem e alegria.

O Quadro 13 a seguir apresenta uma síntese dos resultados para a questão

de completar: A música na escola pública é (...).

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146

Quadro 13 – A música na escola pública (frequência calculada em números absolutos de respostas dadas).

As respostas dos estudantes ingressantes e concluintes, dos dois cursos,

revelaram uma atitude positiva em relação à música na escola pública. Os

estudantes reconhecem a importância da música na escola pública, mas indicam

que a sua prática é desvalorizada, o que faz com que seja pouco praticada e seja de

qualidade ruim. O termo obrigatório, citado pelos estudantes, pode ser um reflexo da

Lei 11.769/2008 que tornou a música conteúdo obrigatório em toda a Educação

Básica.

MÚSICA 1S Freq.

MÚSICA 5S Freq.

PEDAGOGIA 1S Freq.

PEDAGOGIA 7S Freq.

fundamental 19

meio 9

cultura 8

meio 9

essencial 15

importante 5

importante 6

essencial 7

cultura 11

essencial 4

educação 5

importante 5

Arte 10

desafio 3

conhecimento 3

cultura 4

necessária 10

desvalorizada 3

ótimo 3

fundamental 4

importante 9

educação 3

diversão 2

necessário 3

conhecimento 7

fundamental 3

fundamental 2

alegria 2

educação 6

arte 2

lazer 1

aprendizagem 2

futuro 4

futuro 2

alegria 1

futuro 2

começo 3

necessária 2

arte 1

bagunça 1

formação 3

cultura 1

desvalorizada 1

desvalorizada 1

meio 3

obrigatório 1

estimulo 1

direito 1

novidade 3

ótimo 1

interessante 1

educação 1

Bom 2

maravilhoso 1

funcional 1

criatividade 2

motivação 1

interessante 1

oportunidade 2

necessário 1

novidade 1

qualidade 2

pouco praticada 1

obrigatório 1

Ruim 2

saudável 1

prazer 1

trabalho 2

vida 1

transformação 2

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147

Porque aprender música na escola

A análise da questão sobre as razões, pelas quais se deveria aprender

música na escola, indica que existem algumas semelhanças nas respostas das

estudantes de pedagogia e dos estudantes de música, tanto ingressantes quanto

concluintes. A semelhança reside na ideia que a música é benéfica para o

desenvolvimento do aluno, porque que auxilia no processo ensino-aprendizagem, o

que justificaria a sua inserção no contexto escolar. Foi descrita como um meio ou

ferramenta que possibilita a expressão de sentimentos e que favorece o

desenvolvimento.

Ajuda muito os alunos em outras matérias, podendo trabalhar a música na matemática, português, artes, etc.(estudante de pedagogia ingressante).

Para treinar a voz e assim ajudar na escrita, porque o jeito que cantamos e lemos, é o jeito que escrevemos. (estudante de pedagogia concluinte).

Para que o educando tenha a oportunidade de se desenvolver plenamente, pois a música ajuda na socialização, cognição, afetivo, físico e etc.(estudante de pedagogia concluinte). Porque é algo que ajuda a desenvolver mais o aluno, desperta a sensibilidade, ajuda na coordenação e na concentração do aluno. (estudante de música ingressante)

Pois com a música trabalhamos várias outras matérias: matemática, física, português, desenvolvemos a coordenação motora, rítmica e melhoramos a atenção. (estudante de música concluinte)

Para aprender não só as propriedades do som, mas também despertar sentimentos que estão ocultos, como autoestima, amor, compreensão, paz e alegria. (estudante de música concluinte)

Porém, foram encontradas diferenças significativas nas respostas entre os

estudantes ingressantes e concluintes dos dois cursos no que diz respeito à

possibilidade de aprendizagem da música, se é um dom inato ou uma habilidade a

ser desenvolvida. Uma das justificativas que os estudantes ingressantes de

pedagogia e de música deram para o ensino de música na escola, seria a

possibilidade oferecida pela inserção da música na escola, para se “descobrir” dons

e talentos. Descobrir significa revelar o que já existe, no caso, o suposto dom da

música. Existe aí, uma concepção inatista de aprendizagem da música, pela qual só

aprende música quem tem talento, ou só desenvolve a musicalidade quem já a

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possui, o que pode dificultar a sua inserção no contexto escolar, ou relegar o seu

ensino apenas àqueles que, supostamente, possuem um dom ou talento musical. A

ideia inatista de dom ou talento é revelada pela utilização dos verbos descobrir,

possuir, ter e ser e encontra-se presente nas seguintes respostas:

Para descobrir novos dons e talentos, incentivar a cultura no Brasil, e para o aluno começar a fazer crítica do tipo de música que a sociedade está ouvindo. (estudante de pedagogia ingressante).

Porque muitas pessoas tem um dom de cantar e elas não têm oportunidades de mostrar seu talento. (estudante de pedagogia ingressante)

Para descobrir um talento que talvez esteja escondido e porque a música também serve para controlar as emoções. (estudante de pedagogia ingressante).

Para ver se ela possui algum dom para a música, talvez ate mesmo seguir carreira dando aula ou numa banda. (estudante de música ingressante).

Para descobrir talentos escondidos, e apresentar um conceito em música que nem todos têm acesso, e assim, ajudar quem tem um dom para a música. (estudante de música ingressante)

Porque melhora as pessoas, faz bem ao intelecto. Porque também muitos têm aptidão e não tem acesso, são talentos que virão a ser descobertos com o investimento familiar (tempo e dinheiro). O músico no Brasil demora a se desenvolver por isso. (estudante de música ingressante).

Parece que o conhecimento adquirido ao longo dos dois cursos, amplia o

repertório de possibilidades de inserção da música na escola e muda a concepção

inatista de que música é só para quem tem dom. Os termos dom e talento são

substituídos por aptidões e habilidades e a música passa a ser vista como uma

forma de conhecimento, que depende de um meio favorável para o seu

desenvolvimento, o que é revelado pela utilização dos verbos desenvolver e

aprender.

Porque é uma forma de arte, para desenvolver aptidões e habilidades, para descontrair. (estudante de pedagogia concluinte)

Para desenvolver, preservar e valorizar a inteligência musical, sinestésica, espacial, artística, além de suavizar conteúdos e currículos escolares. (estudante de pedagogia concluinte)

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Para aprender a ouvir, a cantar, a dançar no ritmo, causa grande prazer e desenvolve a coordenação motora e equilíbrio. (estudante de pedagogia concluinte)

Porque é uma forma de conhecimento, é uma matéria como qualquer outra. (estudante de música concluinte)

Porque é o primeiro passo para aprender a arte da música, desenvolver a percepção, noção de tempo, equilíbrio, sobre a história e os novos conceitos musicais. (estudante de música concluinte)

Os estudantes de música ingressantes e os estudantes de música

concluintes descreveram objetivos diferentes com relação ao ensino de música no

contexto escolar. Os estudantes ingressantes declararam que o ensino de música

tem como fim a capacidade de execução de um instrumento musical, enquanto os

estudantes concluintes parecem conceber o ensino de música de forma mais

abrangente, indicando como foco do ensino o desenvolvimento da musicalidade do

aluno, e o fornecimento das ferramentas que permitam uma escuta crítica da

música.

É um ambiente frequentado todo dia e sendo assim, você cria uma perspectiva para um aluno que não pode ter oportunidade de pagar um curso de instrumento (estudante de música ingressante).

Para aumentar o raciocínio lógico-matemático e para despertar a musicalidade (estudante de música concluinte).

Para que tenham contato com o universo sonoro de maneira analítica. (estudante de música concluinte).

Para adquirir conhecimento musical suficiente para o próprio aluno decidir se uma música e boa para ele ou não. (estudante de música concluinte).

Como ensinar música na escola

A análise dessa questão, relacionada às estratégias de ensino de música na

escola, apresentou resultados bem diferentes entre os grupos de estudantes de

pedagogia e de estudantes de música e entre ingressantes e concluintes.

As estudantes de pedagogia ingressantes enfatizaram estratégias utilizando a

letra das canções, a construção de instrumentos com materiais recicláveis e a

escuta de músicas gravadas. As atividades relacionadas à escuta musicais mais

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citadas foram: a identificação do timbre dos instrumentos e o acompanhamento

rítmico das gravações através da dança ou de instrumentos musicais.

Mandaria os alunos fazerem uma lista de músicas que eles gostem e ouvem, então começaria a trabalhar em cima da letra, incentivando o aprendizado do instrumento que ele gosta.

Através de danças, coreografias, aprender a ouvir, parar para ouvir e se expressar.

Eu colocaria músicas suaves, onde a criança tivesse que identificar os instrumentos nelas utilizadas.

Como aprendi, com instrumentos musicais artesanais, elaborar o instrumento e depois ensinar a tocar.

Primeiro colocaria a música para as crianças, segundo pediria para cada um trazer qualquer instrumento para que todos possam fazer um ritmo de batida.

Do total de respostas deste grupo, apenas 50% respondeu corretamente à

questão, ao descrever estratégias de ensino de música. Os outros 50% de

respostas, se referiam aos recursos necessários para a aula de música (levaria Cd,

usaria instrumento) e às respostas não especificas, tais como: não sei; da melhor

forma possível, de um jeito que eles entendessem, de forma lúdica; de acordo coma

idade e a necessidade do aluno.

Ao analisar as respostas das estudantes de pedagogia concluintes, observou-

se que essa porcentagem de respostas não específicas diminuiu para 25%. O perfil

das respostas das estudantes concluintes aponta para uma maior diversificação das

estratégias de ensino de música, compreendendo atividades de: interpretação da

letra das canções; escuta de músicas diversas (não especificaram o gênero);

exploração livre dos sons (do ambiente do entorno e de instrumentos musicais);

identificação de timbres (de instrumentos musicais, de sons de animais e sons do

cotidiano); associação entre timbres e figuras (desenho da fonte sonora); construção

de instrumentos musicais com sucata; organização de show de talentos e karaokê;

brincadeiras com parlendas e cantigas de roda; dança; demonstração de ritmos e

dos parâmetros sonoros pelo professor tocando instrumentos musicais (não

especificam quais).

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Levaria para a sala de aula letras de músicas e até mesmo um aparelho em que os alunos escutassem essas músicas e explicaria o assunto que cada música está explicando.

Por exemplo, se fosse uma aula sobre animais colocaria um cd, com sons dos animais. Para crianças aprenderem através dos sons também. Poderia ser feito uma brincadeira também, para as crianças escutarem os sons e colocar no papel a que animal refere aquele som.

Através dos próprios gostos dos alunos faria uma proposta como um karaokê, ou depois uma proposta para criação de autorias próprias, trocar ritmos.

Através de coreografias ou instrumentos produzidos pelos próprios alunos.

Primeiramente apresentando alguns ritmos, os sons curtos e longos, usando alguns instrumentos.

Uma estudante de pedagogia reconhece a necessidade da presença de um

professor especialista em música: “Elas escutariam músicas diversas, próprias para

elas e teriam aulas com profissionais”.

E outra estudante, assinalou a importância de ter uma sala apropriada para o

ensino de música: “Levando as crianças para uma sala apropriada, onde tenha

vários instrumentos e que lá elas possam explorá-los para que criem gosto também

pela música”.

A estudante de pedagogia que declarou, no questionário de perfil, ter

conhecimento musical (toca violino), apresentou uma resposta semelhante ao dos

estudantes de música, indicando que possui uma representação de ensino

tradicional de música, na qual as aulas de prática e teoria musical são realizadas

separadamente, como pode ser observado na seguinte frase: “Através de aulas

práticas e teóricas, que, claro, dependeria do nível de cada criança”.

Dos estudantes de música ingressantes, 18% não responderam ou não

especificaram a resposta, declarando, por exemplo: não sei; ensinaria bem; de

maneira envolvente; de forma que todos aprendam. 18% dos estudantes descreveu

uma atitude: com muita calma; com paciência; respeitando a individualidade; de um

jeito alegre; com dedicação; com tranquilidade; com amor; com interação e da

melhor maneira possível, foram algumas das respostas. 10 % responderam dizendo

que deve ser lúdico e 6,5% disse que deve ser simples. Parece existir uma

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representação para este grupo, que aprender música é difícil e, portanto, o seu

ensino deve ser simples e lúdico.

De uma forma bem lúdica, para que as questões teóricas fiquem mais simples.

Primeiro passaria as notas para eles aprenderem, passaria exercícios bem dinâmicos, para que aprendam brincando.

Com práticas básicas e simples que faça o desenvolvimento ocorrer de modo fácil.

De uma forma atrativa e alegre envolvendo a todos com exemplos fáceis.

Os estudantes ingressantes têm como principal referência, o modelo de

ensino dos conservatórios musicais ou das escolas especializadas de música, cujo

foco é a aprendizagem de um instrumento musical. A concepção tradicional de

ensino de música nos conservatórios é baseada na separação entre a teoria e a

prática. Observou-se também um predomínio de atividades de apreciação musical e

percussão corporal nas respostas dos estudantes de música ingressantes,

provavelmente devido à presença das disciplinas de Apreciação musical e de

Percussão corporal na grade curricular57 do 1º semestre do curso.

Aulas teóricas e práticas, na mesma forma que eu aprendi.

Ensinando termos técnicos e depois apreciação.

Acredito, pois não tenho as ferramentas adequadas, introduzindo músicas (que fazem parte do cotidiano do aluno e não o fazem) e ensinando a teoria musical.

Com o uso de instrumentos diferentes, ouvindo músicas, com o uso do corpo como instrumento.

Através de inúmeras ferramentas como instrumentos musicais e com o próprio corpo no caso da percussão corporal.

Através do ensino que estou adquirindo. Durante o curso de musica, levando musicas novas, percussão corporal musical.

Se caso fossem alunos de 6-7 anos de idade, começaria com a percussão corporal (palmas, bater o pé no chão e voz).

57

A grade curricular consta do Anexo B deste trabalho.

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153

Os estudantes concluintes de música descreveram estratégias que incluem as

metodologias ativas de educação musical e atividades coletivas de ensino de

música. A análise das respostas indica que o curso de licenciatura em música

amplia o repertório musical e as possibilidades de inserção da música no contexto

escolar a partir da mudança de algumas representações que os estudantes

possuíam no início do curso. Sendo assim, os estudantes percebem que a música,

como forma de conhecimento e expressão, pode ser ensinada coletivamente, tendo

como foco o desenvolvimento da musicalidade e do senso crítico. Também

demonstram ter conhecimento das teorias de desenvolvimento e aprendizagem. A

participação ativa dos estudantes nas aulas de música e o movimento passam a ser

vistos como parte importante nesse processo.

Com instrumentos adequados a cada idade, sala, contando histórias e sonorizando, criando uma paisagem sonora.

Primeiramente com musicalização e diversos elementos e brincadeiras musicais, depois com contextos contemporâneos, construção de instrumentos e canto.

Musicalizando através de brincadeiras cantadas, grupos de percussão, contando a história da música e associando a que período da história da humanidade ela está associada.

Estimulando a percepção e desenvolvendo o senso crítico, para que os alunos ganhem a capacidade de perceber o que tem qualidade técnica e criativa e assim, poderem fazer escolhas entre o bom e o ruim.

Utilizando vários recursos de diferentes métodos ativos a fim de alcançar o objetivo proposto que é ensinar música.

Tratando esta matéria como as outras e mostrando que há teoria, fundamentos e músicas que merecem ser conhecidos, pois estudamos as metodologias ativas que mostram isso.

Foi possível observar uma ampliação do repertório de atividades relacionadas

com música, desde o início dos cursos até o final, nos dois grupos: pedagogia e

música. A principal mudança observada, diz respeito à conscientização quanto à

importância do ensino de música na escola, entre os estudantes concluintes dos

dois cursos. Os estudantes de música falaram da importância do professor

especialista e de ter uma sala adequada para o ensino de música, e os estudantes

de música mostraram conhecer as metodologias ativas em educação musical e

passaram a valorizar o ensino coletivo de música.

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3.2.3. Etapa 3 - As imagens que estudantes de pedagogia e música constroem

sobre a música na escola

Análise da Imagem 1

Figura 9 – Funk na escola

(Fonte: Site picasaweb - Crédito da foto: José Patrício/ Agência Estado/ AE - Disponível em:

https://picasaweb.google.com/lh/photo/LMpSSbal2HTrth_By_6ixtMTjNZETYmyPJy0liipFm0

Acesso em 23 de fevereiro de 2012)

A Imagem 1 foi considerada a imagem mais distante de música na escola em

94% do total de respostas válidas. Apesar desse grande índice de rejeição do funk

na escola, os títulos dados pelos participantes revelam que existe certo nível

atitudinal positivo com relação ao funk, ao se atribuir a esse gênero musical, uma

função de expressão das emoções, função de entretenimento ou diversão e uma

função de reação física. Para ilustrar essa atitude positiva com relação ao funk,

seguem alguns títulos atribuídos à Imagem 1: Liberdade de expressão; Expressão

corporal; Versatilidade; Brincadeira musical, Expressão musical no intervalo. O

gênero funk é aceito no contexto escolar, como uma forma de lazer, mas apenas no

horário do intervalo.

Apesar de o funk ser atualmente muito conhecido e disseminado entre os

jovens de todos os níveis sociais, ainda encontra-se associado à imagem da

marginalidade. Segundo Arruda et al (2010),

Funqueiro, antes apenas designativo de alguém que frequenta bailes funk para se divertir, dançar, “azarar”, se torna um termo estigmatizante justamente durante esse conturbado período, pela associação de sua imagem às favelas e periferias, espaços dos quais a elite carioca queria se afastar e distinguir; o termo passa a ser sinônimo de “pivete”, “favelado” e outras denominações ligadas à “marginalidade”. (p. 413).

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Essa representação do funk é revelada pelos seguintes títulos atribuídos à

Imagem 1: Violência, Pornografia, Indução à prostituição, Música desprovida de

instrução,Transtorno, Briga na favela.

Como um gênero musical, o funk surgiu na década de 1960, na América do

Norte, cujas características são o ritmo bem marcado e arranjos transgressivos. O

funk foi introduzido no Rio de Janeiro, no início da década de 1970, nos chamados

“Bailes da Pesada”, promovidos pelo DJ Ademir Lemos e pelo MC Big Boy e eram

realizados inicialmente na Casa de espetáculos “Canecão”. Esses bailes foram

posteriormente transferidos para o subúrbio, multiplicando-se pelos bairros de classe

baixa, dando origem a todo um contexto cultural ligado ao movimento “Black”.

(ESSINGER, 2005).

Os estudantes de música parecem considerar esse contexto ao escreverem

que: Funk também é música; Questões culturais; Ritmo atual; Cultura de região. E o

conhecimento sobre o gênero funk é revelado pelo seguinte título: Deturpação de

um grande estilo.

O reconhecimento de que este gênero musical faz parte do universo cultural

do aluno possibilita a aproximação do professor com esse aluno e permite que se

façam escolhas mais conscientes do repertório a ser trabalhado em sala de aula, de

forma crítica, permitindo o desenvolvimento das estratégias adequadas que possam

promover a ampliação do repertório cultural dos alunos.

Análise da Imagem 2

Figura 10 – Show de rock na escola

(Fonte: Revista Nova Escola on-line. Disponível em:

http://rockcontraocrack.blogspot.com/2009/10/escola-moises-bezzi.html#!/2009/10/escola-

moises-bezzi.html - Acesso em 23 de fevereiro de 2012)

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A Imagem 2 também foi indicada como distante da ideia de música na escola,

principalmente pelas estudantes de pedagogia concluintes, tendo em vista que 52%

classificaram como 7 em uma escala de 1 a 8, sendo 8 o mais distante de música na

escola. Mas os títulos atribuídos à Imagem 2, mesmo os classificados como

distantes da ideia de música na escola, indicam uma atitude positiva quanto à

atividade musical representada pela imagem: descobrindo o gosto pela música,

descobrindo talentos, a música e a formação do aluno, descobrindo talentos, prazer

na escola.

As atividades relacionadas à Imagem 2 pelas estudantes de pedagogia são

indicadas pelos seguintes títulos: festival de música, rock, música pop, oficina da

musica, coral infantil, show promovido por alunos, show escolar, apresentação de

rock na escola.

O potencial formativo da atividade musical representada na Imagem 2 é

revelado pelas seguintes associações: música é igual à juventude, jovens também é

emoção, forma jovens, música aprendiz, trabalhando em equipe, organização,

aprendizagem, prazer do que faz, vivenciar a musica, forma de se expressar.

As estudantes de pedagogia, tanto ingressantes quanto concluintes, parecem

reconhecer o potencial formativo da atividade representada na Imagem 2,

principalmente para os jovens, mas ainda não a aceitam como uma atividade própria

para o contexto escolar, ou pelo menos, não como uma atividade curricular.

Nenhum estudante de música concluinte considerou a Imagem 2 como

próxima de música na escola. Os títulos atribuídos pelos estudantes de música dos

dois grupos, ingressantes e concluintes se aproximam, na medida em que revelam a

ideia de que uma apresentação musical é vista como um produto final e não como

parte de um processo educativo musical ou como um divertimento e como atividade

extracurricular, como escreveram os estudantes: show não é ensino, entretenimento,

atividade complementar, festa entre colegas, um dia de estrela, banda de garagem,

divertir-se, festival de bandas, sarau de bandas, rock fest escola.

Essa ideia é muito comum nos cursos livres de música, na qual os estudantes

“treinam” durante certo período e apresentam o resultado desse “treino” na forma de

apresentação pública, como pode ser observado nesses títulos dados pelos

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estudantes de música: recital bimestral para alunos e mestres, apresentações do

show, audição, ensaio geral, apresentação final, treinando instrumentos populares.

Análise da Imagem 3

Figura 11 – Aula de percussão na escola

(Fonte: Revista Nova Escola on- line. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-

pedagogica/corpo-musical-429664.shtml - Acesso em 23 de fevereiro de 2012).

A imagem 3 foi considerada como sendo distante da ideia de música na

escola por 43,5% dos estudantes de música ingressantes. Essa porcentagem cai

entre os estudantes concluintes (19,5%), indicando uma mudança de postura com

relação às atividades envolvendo a percussão no decorrer do curso.

Os títulos atribuídos à Imagem 3, como sendo próxima de música na escola

revelam que os estudantes de música consideram a atividade retratada nessa

imagem possível de ser realizada na escola: noções rítmicas, jogos musicais,

música com sons do dia-a-dia, conhecendo a música, primeiros passos,

improvisação, todo mundo participando, percussão na escola, música na escola,

sons do corpo, musicalização em grupo.

O termo percussão não foi citado nenhuma vez pelas estudantes de

pedagogia. Os títulos atribuídos pelas estudantes de pedagogia à imagem 3, foram

os seguintes: fanfarra, Hino Nacional, batucada, bandinha, Olodum, timbalada,

capoeira, ritmo, música regional, música cultural, movimento cultural. Esses títulos

revelam quais são as referências musicais que as estudantes de pedagogia

possuem, bem como as atividades que conhecem, relacionadas à música no

contexto escolar.

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Análise da Imagem 4

Figura 12 – Apreciação musical na escola

(Fonte: Revista Nova Escola on-line

http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/escola-novo-ritmo-493329.shtml

Acesso em 25 de fevereiro de 2012)

Os títulos atribuídos à Imagem 4 pelas estudantes de pedagogia ingressantes

e concluintes, revelam uma atitude positiva com relação à escuta musical na escola.

Essa atitude positiva é revelada pelos seguintes títulos atribuídos à Imagem 4:

“formando as aulas criativas, levando recursos musicais; diferentes formas de

musica; boas referencias musicais; usando a criatividade; ampliação de repertório;

ritmos brasileiros na sala de aula; ensinar com música”.

Os gêneros e estilos musicais citados pelas estudantes nos títulos foram:

música brasileira, jazz, clássico, música jovem, música urbana e grupo musical

Palavra Cantada.

Observou-se uma predominância na menção de atividades relacionadas à

apreciação musical nos títulos atribuídos à Imagem 4 pelos estudantes de música,

tanto ingressantes, quanto concluintes, revelada pelos seguintes títulos: “apreciação

musical; escuta musical; escuta apurada; análise de músicas; aprendendo a escutar

música na escola; apreciação de gêneros diversos; conhecendo compositores;

desenvolvendo o gosto musical; apresentação de estilos musicais”.

O único gênero musical explicitado nos títulos, pelos estudantes de música,

foi o gênero MPB (Música Popular Brasileira).

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Análise da Imagem 5

Figura 13 – Musicalização infantil

(Fonte: Arquivo pessoal)

Do total de respostas válidas (estudantes de música e de pedagogia,

ingressantes e concluintes), 67,3% indicaram a imagem 5 como sendo a mais

próxima de música na escola. Esse resultado indica que tanto o grupo de estudantes

de música, quanto o de pedagogia, associa o ensino de música na escola ao

contexto da educação para crianças.

O termo musicalização infantil foi o mais citado nos títulos atribuídos pelos

estudantes de música e as estudantes de pedagogia descreveram as seguintes

atividades com música na escola: roda de música e relaxamento.

Análise da Imagem 6

Figura 14 – Música e movimento na escola

(Fonte: Revista Nova Escola on-line http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-

anos/entre-roda-ciranda-movimento-danca-538400.shtml Acesso em 25 de fevereiro de 2012)

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A imagem 6 foi indicada por 53% do total das estudantes de pedagogia

ingressantes e concluintes como próxima de música na escola. Os títulos atribuídos

pelas estudantes de pedagogia à Imagem 6 revelam que, para essas estudantes, o

ensino da música está associado ao movimento. Entre as atividades observadas a

partir dos títulos, destacam-se: brincadeiras e cantigas de roda; coreografias em

ritmos musicais; relaxamento em grupo; expressão corporal. O grupo de estudantes

de música concluintes também associou a música ao movimento. Os resultados

revelam que o movimento é aceito como parte do trabalho de música na escola tanto

pelas estudantes de pedagogia ingressantes e concluintes, quanto pelos estudantes

de música concluintes, mas prioritariamente em situações em que exista controle.

Análise da Imagem 7

Figura 15 – Flauta-doce na escola

(Fonte: Revista Nova Escola on-line http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-

anos/musica-aprender-se-divertir-422851.shtml Acesso em 25 de fevereiro de 2012)

Do total de estudantes de música (ingressantes e concluintes), 54% indicaram

a imagem 7 como sendo próxima de música na escola. Os estudantes de música

consideram a flauta-doce um instrumento adequado para o ensino de música na

escola, o que pode ser observado nos seguintes títulos atribuídos à Imagem 7:

“música na escola; aula de música; musicalização em massa; percebendo a altura

das notas; apresentando a disciplina musical; desenvolvendo noções de altura;

relação grave e agudo”. As estudantes de pedagogia fizeram algumas associações

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segundo as referências que dispõem, como o canto, por exemplo, observáveis nos

seguintes títulos: “solte a voz; afina a corda vocal; flauteando e cantando”.

Análise da Imagem 8

Figura 16 – Ritmos africanos na escola

(Fonte: Revista Nova Escola on-line http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-

anos/pesquisa-ritmo-466966.shtml Acesso em 25 de fevereiro de 2012)

A análise das respostas para a Imagem 8 apontou para um consenso dos

dois grupos, de pedagogia e de música, ingressantes e concluintes, ao atribuírem os

seguintes títulos: “quadrilha de São João; folclore; festa junina; dança regional;

dança típica”.

A análise das imagens confirmou que tanto estudantes de pedagogia quanto

os estudantes de música possuem representações diferentes para a música dentro

da escola e fora da escola, principalmente no que diz respeito à música como

componente curricular. Para as estudantes de pedagogia, ingressantes e

concluintes, as imagens mais próximas de música na escola foram: a imagens 5

(musicalização infantil) e a imagem 6 (música e movimento). Os estudantes de

música, ingressantes e concluintes, indicaram as imagens 5 (musicalização infantil)

e 7 (flauta-doce na escola) como sendo as mais próximas de música na escola.

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3.2.4. Etapa 4 – Representações sociais sobre música na escola de estudantes

de pedagogia ingressantes e concluintes e de música ingressantes e

concluintes

Há uma característica comum nas representações sociais sobre música na

escola, dos quatro grupos de estudantes pesquisados, que é a presença de

elementos restritivos na constituição dessas representações.

A representação social sobre música na escola do grupo de estudantes de

pedagogia ingressantes, a partir da análise do grau de aceitação dos gêneros

musicais pela escuta, é a de que ela deve servir apenas para a educação de

crianças pequenas, e como um meio auxiliar para o ensino de outros conteúdos

disciplinares. Os elementos que compõem essa visão restritiva são os seguintes:

idade do aluno; letra da música; grau de dificuldade atribuído à música; e movimento

provocado pela música.

Para as estudantes de pedagogia concluintes, a música na escola apresenta

as mesmas restrições indicadas pelas estudantes ingressantes, no entanto, as

estudantes concluintes tem uma atitude mais favorável em relação à música no

contexto escolar, do que as estudantes ingressantes. As estudantes concluintes

apontaram para a possibilidade que a música oferece para o desenvolvimento de

valores morais, para trabalhar com questões ligadas à diversidade cultural e também

para trabalhar a criatividade. Atividades específicas musicais também foram

descritas pelas estudantes concluintes, tais como: apreciação e criação musicais.

A representação social de música na escola dos estudantes de música

ingressantes apontou como elementos restritivos: a experiência como músico

instrumentista; a idade dos alunos; o movimento provocado pela música; o ensino

coletivo de um instrumento musical; o grau de dificuldade atribuído à música; o grau

de popularidade do gênero musical. Este grupo afirmou que a música favorece a

expressão das emoções quando provoca a sensação de bem-estar, e neste caso,

serviria para o contexto da escola. Assim, buscam o apoio na afetividade, na

sensação de bem-estar, para escolher o repertório, quando não possuem

informações suficientes sobre determinados gêneros musicais.

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163

A única restrição apresentada pelos estudantes de música concluintes foi não

conhecer a música que levariam para a escola. Esses estudantes descreveram as

seguintes atividades musicais que poderiam ser desenvolvidas na escola:

apreciação musical; expressão corporal com música; e jogos envolvendo o

movimento corporal a partir da música. O grupo de estudantes de música

concluintes indicou também que a popularidade de um determinado gênero musical

pode possibilitar uma leitura crítica desse gênero no contexto escolar.

A representação social sobre música na escola pública de estudantes de

pedagogia e de música, tanto ingressantes quanto concluintes, é concebida como

forma de conhecimento e como meio para o desenvolvimento do aluno do Ensino

Básico. Todos os grupos demonstraram possuir uma atitude positiva com relação à

música na escola pública, mas os resultados indicaram que a música na escola

ainda é pouco valorizada, fazendo com que seja, também, pouco praticada nas

escolas públicas. Esta análise evidenciou a existência de um elemento comum nas

representações sociais sobre música na escola, dos quatro grupos pesquisados: a

aceitação do ensino da música na escola, no entanto, estamos diante de quatro

representações distintas, tendo em vista as restrições feitas pelos grupos sobre o

ensino da música na escola.

Foi observada também entre as características, a representação sobre

música como sendo um dom, dos estudantes ingressantes dos dois cursos, que

interfere nas representações sobre música na escola. Se a música é um dom, seu

ensino deve ser apenas para aqueles que o possuem. Essa representação muda

entre os estudantes concluintes dos dois cursos, sendo substituída pela visão de

que a música é uma habilidade que pode ser desenvolvida.

Outra característica da representação sobre música na escola dos estudantes

de música, diz respeito à experiência que possuem como músicos. No início do

curso, esses estudantes de música têm como foco principal, o ensino de um

instrumento musical, baseado na própria experiência desses estudantes, como

alunos de música. A formação dos músicos, como instrumentistas, antecede a sua

formação como professores de música. A representação que possuem sobre

professor de música, é a de professor de um determinado instrumento musical, cujo

ensino é realizado de forma individual. Sendo assim, apresentam como elementos

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restritivos, o ensino coletivo de música e a escolha do repertório, na constituição da

representação da música na escola.

A análise das estratégias de ensino da música na escola revelou que

mudanças significativas ocorrem nas representações dos dois grupos, de pedagogia

e de música, ao longo dos respectivos cursos, apontando para uma diminuição dos

elementos restritivos que constituem as representações sobre música na escola.

Com a análise das imagens/ fotografias foi possível perceber que os quatro

grupos pesquisados rejeitaram o funk e o rock como integrantes de uma atividade

curricular, ainda que as estudantes de pedagogia reconheçam um potencial

formativo no rock e os estudantes de música reconheçam a dimensão cultural do

funk. Esta análise das imagens confirmou também que as representações desses

quatro grupos, são a de que a música na escola é principalmente para a educação

infantil. O movimento é aceito na educação infantil como forma de expressão. No

entanto, na Educação de crianças maiores ou de jovens, este movimento só é aceito

em situações em que exista algum tipo de controle. Nesse sentido, atividades como

a fanfarra, a quadrilha, a cantiga de roda e as danças coreografadas, são aceitas.

Interessante observar que, para as estudantes de pedagogia, o que seria impeditivo

da música na escola, é justamente um de seus eixos constituintes: o movimento.

Parece, portanto, que o movimento que a música produz impede de ser utilizada em

sala de aula. Nesses termos se justifica a escolha de música “controlada”.

A análise das representações sociais sobre música na escola indicou que

existem outras representações, que interferem na visão dos estudantes de

pedagogia e de música sobre a música na escola. Para o grupo de estudantes de

pedagogia, tanto ingressantes quanto concluintes, são as possíveis visões sobre

escola e as representações sobre música que interferem nas representações que

possuem sobre música na escola. E para os estudantes de música, essas

interferências dizem respeito, além, das representações de escola e música, às

representações que possuem sobre professor de música. Portanto, as

representações sociais sobre música na escola dos grupos de estudantes de música

e pedagogia se constituem no conflito entre as representações que possuem como

estudantes dos respectivos cursos, e as representações trazidas da experiência com

a música no cotidiano fora do contexto escolar.

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Estúdio People Too

CODA

PARA FINALIZAR

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166

PARA FINALIZAR

Este estudo permitiu observar que as representações sociais de música estão

presentes em todos os grupos, para todos os gêneros de música apresentados na

pesquisa. O que varia é o nível de informação que cada grupo possui sobre música,

como foi possível perceber a partir da análise dos Eixos Temáticos: Afetividade,

Movimento, Comunicação, Contexto e Formação; que constituem essas

representações.

O estudo sobre as representações sociais de música e música na escola de

estudantes de pedagogia e de música também revelou que para esses grupos,

existe claramente, um potencial formativo e humanizador na música. No entanto, as

representações sobre música na escola, dos grupos de estudantes dos dois cursos,

apontam para a existência de elementos restritivos que impedem que esse potencial

se realize plenamente.

Tanto estudantes de pedagogia quanto os de música, indicaram que a música

oferece a possibilidade do desenvolvimento da dimensão afetiva na escola, tendo

em vista que essa dimensão se mostrou presente nas representações desses dois

grupos de estudantes, nos três gêneros musicais apresentados nesta pesquisa.

Mas, para que a dimensão afetiva da música possa contribuir de forma efetiva no

processo formativo dos alunos da Educação Básica, a formação dos estudantes das

licenciaturas, futuros professores de música, precisaria contemplar os aspectos

emancipadores e reflexivos da educação pela música.

Isso implica na superação da dicotomia existente entre o caráter apolíneo e

dionisíaco da música, e na reflexão sobre os elementos que interferem nas

representações sobre música na escola, dos estudantes de pedagogia e de música.

De um lado, temos uma representação sobre música, apresentada tanto pelas

estudantes de pedagogia quanto pelos estudantes de música, ingressantes e

concluintes, pela qual a música fora da escola é fonte de prazer e de entretenimento,

portanto, de caráter dionisíaco. De outro, uma representação sobre música na

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escola que revela o caráter apolíneo da música atribuído principalmente pelos

estudantes ingressantes dos dois cursos e pelas estudantes de pedagogia

concluintes, ao indicar a existência de uma música adequada para o contexto

escolar, ou seja, aquela que não provoque agitação nos alunos. Esses três grupos

apontam para uma visão mais coerciva da música, pela qual a música na escola

teria a função de impor conformidade às normas sociais. A falta de informações

específicas sobre as possibilidades que a música oferece para a educação, bem

como das metodologias e estratégias de ensino de música, dificultam a sua inserção

no currículo da escola.

As informações ou o conhecimento que se tem sobre música, podem

determinar as escolhas quanto ao que se quer ou gosta de ouvir, cantar ou tocar.

Esse conhecimento não é adquirido apenas quando se estuda música formalmente.

A escuta musical é um processo que não ocorre igualmente para todas as pessoas.

Para alguns, a música é apenas “pano de fundo” para outras atividades. Nesse nível

de escuta, o corpo reage às vibrações produzidas pela música, induzindo ao

movimento ou relaxamento. Em um nível de escuta mais atenta, é possível destacar

os elementos que compõem a música, como por exemplo, a melodia ou a forma,

permitindo sua reprodução através do canto. Um nível de escuta mais profundo

requer o desenvolvimento da capacidade de escuta atenta, que leve a uma

apreciação consciente, a partir de uma prática reflexiva, permitindo que se façam

livremente as escolhas do que se quer escutar. A educação musical deveria ter

como foco a apreciação musical, no sentido de desenvolver no aluno uma escuta

atenta e crítica, e não somente, a formação específica de um músico instrumentista.

O interesse em aprender a tocar um instrumento musical seria, portanto, uma

consequência desse processo de apropriação da linguagem musical.

Harnoncourt(1990) defende que “o ouvinte precisaria também aumentar e

abranger seus conhecimentos” (p.31), para não ser um ouvinte passivo, que aceita

ingenuamente os sons que estão à sua volta. Segundo o autor, a falta de informação

faz com que a “beleza” e o “sentimento” sejam “os únicos componentes aos quais se

reduzem a percepção e compreensão musicais”. (p.31). Nesse sentido, Harnoncourt

(1990) defende uma educação musical que possa despertar para aquilo que ainda

não se conhece, “seja antigo ou novo [...] e recuperar a significação do efeito da

música [...] que atua sobre nosso espírito e nosso corpo”. (p.33).

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Creio que quando conseguirmos que os músicos aprendam a linguagem, ou melhor, as várias linguagens dos vários estilos musicais e que, na mesma medida, os ouvintes possam ser levados, por sua formação, a compreender esta linguagem, esta prática musical enbrutecedora e estetizante não será mais aceita, bem como a monotonia dos programas de concertos [...]. Como consequência lógica, a separação entre “música popular” e “música séria”, assim como entre a música e seu tempo, desaparecerá, e a vida cultural irá encontrar novamente sua unidade. (HARNONCOURT, 1990, p 33).

Para Moscovici (1978) as três dimensões que configuram as representações

sociais: atitude, informação e campo da representação ou imagem; fornecem a visão

global do conteúdo e do sentido das representações. A falta de informação altera a

atitude e a imagem que os licenciandos têm da música. Por exemplo: as estudantes

de pedagogia que responderam “dá, dá, dá”, isto é, apenas reproduziram o que

ouviram, não tinham informação suficiente que possibilitasse o reconhecimento da

música world music apresentada, fazendo com que essas estudantes rejeitassem a

música. Essa atitude de rejeição, restringe o repertório musical a ser trabalhado no

contexto da escola.

Foi observado também, que outras representações que os estudantes

possuem sobre música, educação e escola, interferem nas representações sobre

música na escola. Uma das representações, diz respeito ao movimento provocado

pela música, que só é aceito na sala de aula, como parte da educação infantil. Fora

desse contexto, o movimento é visto como uma interferência negativa no processo

de aprendizagem, o que denota uma visão de educação voltada prioritariamente

para o desenvolvimento cognitivo, apesar desses estudantes reconhecerem a

necessidade de um ensino que integre também as dimensões afetivas, motoras e

sociais.

A música foi descrita como um meio favorável para o desenvolvimento

integral do aluno, por todos os grupos pesquisados. No entanto, os estudantes de

pedagogia ingressantes e concluintes, e os estudantes de música ingressantes,

indicaram que, se a música pode provocar movimento ou agitação, não pode fazer

parte do contexto da sala de aula de crianças mais velhas e de jovens, sendo aceita

apenas em atividades extracurriculares (festivais, apresentações ou nas festividades

escolares) ou que ocorram em espaços fora da sala de aula, como em aulas de

educação física ou teatro na escola. Essa visão limita o acesso dos alunos à música

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e não permite que se possa desenvolver uma prática reflexiva da música, tendo em

vista que essas representações podem influenciar a escolha do repertório a ser

trabalhado na escola. Nesse sentido, as representações se apresentam em conflito,

entre um caráter ao mesmo tempo apolíneo e dionisíaco da música, e entre a

música “fora da escola” e a música para o contexto escolar, mais especificamente,

própria para o contexto da sala de aula. A superação dessa dicotomia depende da

aceitação do movimento como parte da educação também de crianças mais velhas

e de jovens no contexto escolar, da ampliação do repertório musical desses

estudantes, do conhecimento das metodologias e das estratégias de ensino de

música e, no caso dos estudantes de música ingressantes, da mudança de uma

visão tecnicista de ensino de música, que privilegia o ensino de um instrumento

musical.

Os cursos de pedagogia precisariam ter disciplinas que contemplassem o

movimento e a afetividade como componentes da música, não só no âmbito da

Educação Infantil, mas também para todo o ciclo da Educação Básica, até o Ensino

Médio. A apreciação musical é um caminho possível para se atingir esse objetivo,

tendo em vista que possibilita tanto a ampliação do repertório cultural e musical dos

estudantes, futuros professores, quanto permite também a ampliação dos modos de

escuta da música. Sendo assim, a escuta musical passaria de passiva, para ativa e

reflexiva, o que por sua vez poderia refletir nas práticas musicais a serem realizadas

na escola.

O grupo de estudantes de música concluintes demonstrou possuir uma

representação de música na escola, transformadora, ao aceitarem o movimento na

escola e reconhecerem a necessidade de uma educação ativa e criativa em música,

reveladas pela descrição das atividades musicais possíveis de serem realizadas na

escola, tais como a apreciação ativa da música e a criação musical. Esse grupo de

estudantes é o que menos apresentou restrições sobre a representação de música

na escola.

Escutar é obviamente algo que vai mais além da possibilidade auditiva

de cada um. Escutar, no sentido aqui discutido, significa a

disponibilidade permanente por parte do sujeito que escuta para a

abertura à fala do outro, ao gesto do outro, às diferenças do outro.

(FREIRE, 2002, p. 135).

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O futuro professor precisa ter a disponibilidade para escutar o outro. Nesse

sentido, conhecer e escutar a música do outro, possibilitaria uma abertura para o

diálogo, necessário também no processo de educação musical. Ensinar a escutar

música musicalmente, significa passar de uma escuta passiva para uma escuta

crítica e reflexiva. O repertório trazido pelo aluno, de seu cotidiano, permitiria uma

discussão sobre os aspectos que envolvem desde o processo de criação da música,

passando pelo processo de difusão desta música pelos meios de comunicação de

massa, até o seu consumo. Através da escuta, poderiam ser desenvolvidos também

os aspectos musicais, tanto técnicos quanto estéticos, de cada gênero conhecido

pelos alunos.

Sendo assim, o professor de música poderia, além de tornar consciente esse

“fazer musical”, criar um caminho para a escuta de gêneros musicais pouco

conhecidos pelos alunos. Para que isso seja possível, seria necessário que os

futuros professores, tivessem acesso a um repertório de informações acadêmicas

específicas, durante os cursos de licenciatura, envolvendo aspectos técnicos

musicais, estratégias de ensino de música e apreciação de gêneros musicais

diversos de forma crítica e contextualizada. Sugere-se uma ampliação das

possibilidades formativas que permita a inserção da música na escola de forma mais

abrangente e colaborativa entre os profissionais da área de pedagogia e de música,

constituindo-se como um espaço de reflexão sobre a formação e a prática nos

respectivos cursos.

A escola deve ser o espaço privilegiado para a democratização do acesso a

todo o patrimônio musical que se encontra também fora da mídia de massa, através

do desenvolvimento de uma escuta mais crítica e emancipada da música, que leve à

realização do potencial humanizador da música.

Para finalizar, seria importante assinalar que o estudo realizado é ainda um

passo a ser dado na construção de uma prática de música na escola. No entanto,

esta prática não será desenvolvida sem que se conheçam as visões, as

representações sobre o objeto, no caso a música, daqueles que irão desenvolver

essas práticas. Este trabalho pretendeu contribuir para esta compreensão.

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Allegro non molto - Antonio Peticov

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Morning song - Antonio Peticov

APÊNDICES

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APÊNDICE A – Questionário de perfil

1. Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

2. Idade _________

3. Qual instrumento você toca?

( ) Nenhum ( ) Flauta-doce ( )Violão ou guitarra ( )Piano ou teclado

( ) Outro Qual? ___________________________________________

4. Há quanto tempo você toca?

( ) Menos de 2 anos ( ) De 2 a 4 anos ( ) De 4 a 9 anos ( ) De 5 a 9 anos ( ) Mais de 10 anos

5. Onde aprendeu?

( ) Nunca estudei música ( ) Aprendi sozinho ( ) Escola de música ou Conservatório musical ( ) Na faculdade ( ) Professor particular ( ) Outro Qual? ___________________

6. Você teve aulas de música na escola?

( ) Não ( ) Sim Onde? ___________________________________

7. Canta ou já cantou em coral?

( ) Não ( ) Sim Onde? ___________________________________

8. Costuma cantar?

( ) Não ( ) Sim Em que situação? ___________________________

9. Você dá ou já deu aulas em escola regular?

( ) Não ( ) Sim Onde?_____________________________________

10. Você já levou música para a sala de aula?

( ) Não ( ) Sim

Onde?_______________________

Por quanto tempo?_____________

Se afirmativo, descreva o que fez:

____________________________________________________________________

__________________________________________________________________

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APÊNDICE B – Questionário de pesquisa: Música por alunos de música e pedagogia

1.1. Escreva três palavras que venham à sua mente ao ouvir a Música (A):

1. __________________________________

2. __________________________________

3. __________________________________

Circule a palavra que você considera ser a mais importante e justifique a sua escolha:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

1.2. Escreva três palavras que venham à sua mente ao ouvir a Música (B):

1. __________________________________

2. __________________________________

3. __________________________________

Circule a palavra que você considera ser a mais importante e justifique a sua escolha:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

1.3. Escreva três palavras que venham à sua mente ao ouvir a Música (C):

1. __________________________________

2. __________________________________

3. __________________________________

Circule a palavra que você considera ser a mais importante e justifique a sua escolha:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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2. Você levaria as músicas que você ouviu para a sala de aula?

Música A ( ) Não ( ) Sim

Porque___________________________________________________________

_______________________________________________________

Música B ( ) Não ( ) Sim

Porque___________________________________________________________

_______________________________________________________

Música C ( ) Não ( ) Sim

Porque___________________________________________________________

_______________________________________________________

3. Complete a frase a seguir:

Música na escola pública é_________________________________________

4. Por que aprender música na escola?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

__________________________________________________

5. Como você ensinaria?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

__________________________________________________

6. Olhe as fotos a seguir e numere de 1 a 8, (1) para a mais relevante, até (8) para

a menos relevante, em relação à Música na escola. Dê um título para cada foto.

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1.____________________________ 2.___________________________

3. ____________________________ 4.____________________________

5.____________________________ 6.______ _____________________

7.___________________________ 8.______________________________

Agradecemos a sua colaboração!

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APÊNDICE C - Termo de consentimento livre e esclarecido

Prezado(a) aluno(a),

Você está sendo convidado(a) para participar da pesquisa intitulada: Música por

alunos de música e pedagogia – um estudo psicossocial, que visa conhecer quais são e

como são formadas as Representações Sociais de Música e como essas representações se

articulam ao potencial transformador da música na área educacional. Este é um estudo

baseado em uma abordagem psicossocial, utilizando como métodos: o questionário,

associação livre e a entrevista coletiva.

Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum

momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário

exemplificar determinada situação, sua privacidade será assegurada uma vez que seu nome

será substituído de forma aleatória. Os dados coletados serão utilizados apenas NESTA

pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou revistas científicas.

Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a

responder qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua

recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a Instituição

que forneceu os seus dados, como também na que estudo ou trabalha. Sua participação

nesta pesquisa consistirá em responder as perguntas a serem realizadas sob a forma de

questionário ou entrevista. Você não terá nenhum custo ou quaisquer compensações

financeiras. Não haverá riscos de qualquer natureza relacionada à sua participação. O

benefício relacionado à sua participação será de aumentar o conhecimento científico para a

área de Educação.

Você receberá uma cópia deste termo onde consta o celular/ e-mail do pesquisador

responsável, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a

qualquer momento. Desde já agradecemos!

São Paulo, ____ de março de 2012.

Pesquisador responsável: _________________

Leila Yuri Sugahara

Declaro estar ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e estou de acordo

em participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento,

sem sofrer qualquer punição ou constrangimento.

Participante da pesquisa: ___________________________________________________

Nome completo/ Assinatura

R.G.:____________________________ C.P.F.:________________________________

Testemunha 1:____________________

Testemunha 2:____________________

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ANEXOS

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ANEXO A - GRADE CURRICULAR DOS CURSO DE

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

1º Semestre - História da Educação - Sociologia da Educação - Filosofia da Educação - Prática de ensino e a formação de professores - Comunicação e Expressão

5º Semestre - Prática de Ensino nas Séries Iniciais - Metodologia do Ensino da Geografia - Metodologia do Ensino da Matemática - Educação e Meio Ambiente - Teorias e práticas pedagógicas - Estágio Supervisionado - Atividades Acadêmico-científico-culturais - Atividades Aprofundamento – Pedagogia Hospitalar - Disciplina optativa

2º Semestre - Cognição, afetividade e desenvolvimento - Prática de ensino e o contexto escolar - Psicologia da educação - Saúde e educação - Ética e responsabilidade social.

6º Semestre - Tecnologia aplicada à Educação - Metodologia do ensino de Ciências - Metodologia no ensino de Língua Portuguesa - Metodologia do ensino de História - Projetos e pesquisas integradoras - Atividades de aprofundamento - Pedagogia Empresarial - Disciplina optativa - Estágio supervisionado - Atividades Acadêmico-científico-culturais

3º Semestre - Prática de Ensino-Diversidade e as Diferentes Linguagens - Fundamentos da lingüística aplicada - Linguagem e desenvolvimento - Inclusão: aspectos éticos-políticos-educacionais - Princípios da Alfabetização

7º Semestre - Prática de ensino e projetos comunitários na Educação Básica - Prática de ensino: projetos comunitários na educação básica - Avaliação educacional - Fundamentos da gestão educacional - Educação de jovens e adultos - Educação Brasileira - Estrutura e funcionamento - Estágio supervisionado - Atividades Acadêmico-científico-culturais - Atividades Aprofundamento Pedagogia e o Terceiro Setor

4º Semestre - Prática de Ensino na Educação Infantil - Ensino-aprendizagem das Artes - Brinquedos e Brincadeiras na Educação Infantil - Aspectos Metodológicos - Educação e Movimento - Literatura Infantil - Introdução aos Estudos da Educação Infantil - Estágio Supervisionado

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ANEXO B - GRADE CURRICULAR DO CURSO DE

LICENCIATURA EM MÚSICA

1º Semestre -Apreciação Musical e Introdução à Teoria; - Linguagem da Canção; - Percussão Corporal; - História da Arte; - Comunicação e Expressão; - Prática de Ensino e Formação de Professores.

4º Semestre - Treinamento Auditivo Aplicado; - Violão Complementar; - Princípios e Técnicas; - Flauta doce complementar; - Arranjo - Psicologia da Educação; - Prática de ensino musical - conjuntos instrumentais - Estágio Supervisionado.

2º Semestre - Harmonia Funcional Popular; - Rítmica e Solfejo; - Metodologia de Pesquisa em Música; - Interpretação Vocal; - Ética, Cidadania e Responsabilidade Social; - Prática de Ensino e Contexto Escolar.

5º Semestre - Harmonia Avançada; - Violão Complementar - Gêneros e Repertório; - Canto Coral; - Prática de Ensino musical - Linguagens e expressões artísticas e culturais; - Repertório Didático e Infantil, Música Brasileira, Folclore e Jogos- Didática; - Estágio Supervisionado

3º Semestre - Harmonia e Arranjo; - Percussão Instrumental; - Repertório Didático e Infantil e Música Brasileira, Folclore e Jogos; - História da Música Popular; - Prática de Ensino e Diversidade e Língua Brasileira de Sinais; - Didática.

6º Semestre - Canto Coral e Regência Coral; - Softwares musicais; - Técnicas Teatrais e Corporais; - Prática de Ensino - Notação e Teoria Musical; - História da Música Ocidental; - Prática de ensino musical - Orquestração; - Educação Brasileira - Estrutura e Funcionamento; - Estágio Supervisionado.

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ANEXO C – Porque aprender música na escola?

Part. Por que aprender música na escola? - Pedagogia ingressantes Categorização

23 porque ajuda a estimular as crianças, a definir o gosto pela música e sua característica nela conhecer música

13 a música complementa o aprendizado, mostrando as diversas culturas do mundo, e nos leva além da imaginação

despertar o interesse pela cultura

14 e uma cultura e deveria ser disciplina nas escolas. Porque a música nos faz conhecer as origens e a pensar, viver o que se esta ouvindo

despertar o interesse pela cultura

15 para descobrir novos talentos, incentiva a cultura no Brasil, é o aluno começar a fazer criticas do tipo de música que a sociedade esta ouvindo

despertar o interesse pela cultura

17 por ser um cultura e além de trazer uma descontração, te faz seguir carreira

despertar o interesse pela cultura

27 porque muitas pessoas tem um dom de cantar e elas não tem oportunidades de mostrar seu talento dom/ oportunidade

25 para colocar o dom, aptidões em pratica, relaxar e ficar calmo dom/ relaxar

1 porque música e uma fonte de conhecimento, que eu aprecio muito particularmente é conhecimento

11 porque faz parte de nossa cultura é cultura

33 porque música e cultura é cultura

12 pois e um modo de ensino interessante é meio para ensinar

16 para treinar a voz e assim ajudar na escrita, porque o jeito que cantamos e lemos, é o jeito que escrevemos

é meio para ensinar

26 porque e um estimulo para você aprender a entender mais a vida estímulo

3 porque é algo que vem do coração, a vida da gente é uma música que deve ser cantada e todos gostam de música

expressa sentimentos/todos gostam

9 algumas letras de canções expressam o sentimento alheio, cotidiano, desejos, sonhos e ilusões

expressa sentimentos/todos gostam

22 algumas músicas ajudam a educar, refletir, conseguir que o professor toque o interior do aluno

expressa sentimentos/todos gostam

19 porque traz mais interesse aqueles alunos com mais dificuldades, de forma descontraida

facilita a aprendizagem

20 música e uma ferramenta para o educador, ela vai ajudar a criança com a concentração

facilita a aprendizagem

7 porque acho que seja uma forma de estimulação hoje em dia favorece o desenvolvimento

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24 porque, deveríamos aprender de tudo um pouco na realidade, principalmente música, e uma aula que desenvolve muito uma crianca

favorece o desenvolvimento

29 porque ajuda na convivência entre alunos, ajuda no desenvolvimento social, ajuda a se expressar, comunicação

favorece o desenvolvimento

31 e uma disciplina que faz bem para a saúde mental, e isto ajuda o aluno se interessar mais pela escola

favorece o desenvolvimento

30 faz parte da educação interior de cada um de nos, historia, amor, vida faz parte da educação

8 porque tem músicas que nos levam a refletir sobre os nossos valores, e até nos torna pessoas melhores. música e cultura, e arte Humaniza

10 a música nos ensina. Varias coisas, talvez incentivaria as crianças a vir a escola. Por gostar de música

Incentiva a ir para a escola

2 alem de se divertir, as crianças ficam mais soltas e tem a liberdade para aprender e descontrair para diversão

4 porque desestressa o aluno, não fica só no escrever, e sim na pratica relaxa

28 para desestressar o aluno e o professor relaxa

5 porque e dai que os alunos vão ver se tem ou não vontade de tocar ou cantar

tornar a música acessível

6 porque a fase escolar é a melhor que tem, onde a criança, está gerando seu caráter musical, seu aspecto de vida no futuro

tornar a música acessível

18 para que no futuro quando precisar saber pelo menos as notas musicais e seus tons

tornar a música acessível

21 para descobri um talento que talvez esteja escondido e porque a música tambem serve para controlar as emoções

tornar a música acessível

32 a música da uma sensacao prazerosa traz prazer

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Part. Por que aprender música na escola? – pedagogia concluintes

4 a música estimula e favorece a aprendizagem auxilia na aprendizagem

7 para que fosse ensinado o quanto ela (música) é um meio de educação benéfico para o ensino de vários assunto preocupantes atualmente

auxilia na aprendizagem

14 como disse anteriormente, para favorecer no aprendizado. Dessa forma os alunos participam das aulas

auxilia na aprendizagem

17 pois, existem músicas que carregam mensagens de aprendizado e também, podemos ensinar e aprender com base em músicas

auxilia na aprendizagem

21 como na questão anterior é um conhecimento e uma forma de ajudar aqueles que possuem mais dificuldade

auxilia na aprendizagem

23 para socializar a criança, aprender novas palavras e é uma forma de fixar o aprendizado

auxilia na aprendizagem

24 primeiro para trabalhar as diversas inteligências segundo Gardner, como também ampliar o repertório

auxilia na aprendizagem

25

principalmente na educação infantil, as crianças aprendem com mais facilidade diversas coisas como os animais, o conceito de abrir fechar entre outros

auxilia na aprendizagem

30 desperta o interesse dos alunos, além de ser prazeroso e de muita valia na aprendizagem

auxilia na aprendizagem

31 porque inclui a criança em uma atividade deixando as crianças interessadas em aprender e não ficar fora da escola

auxilia na aprendizagem

32 pois acredito que com música podemos influenciar, ajudar e melhorar o desempenho dos alunos

auxilia na aprendizagem

35 para desenvolver, preservar e valorizar a inteligência musical, sinestésica, espacial, artística,além de suavizar conteúdos e currículos escolares

auxilia na aprendizagem

46

para concentrar-se melhor, interagir com os colegas, professores e família. Aprender outras culturas, estimular a imaginação e expressão corporal

auxilia na aprendizagem

47 ajuda muito os alunos em outras matérias, podendo trabalhar a música na matemática, português, artes etc

auxilia na aprendizagem

2 porque pode desenvolver habilidades musicais das crianças desenvolver habilidades

1 porque é uma forma de arte, para desenvolver aptidões e habilidades, para descontrair é arte e diversão

9 porque é importante que os alunos conheçam sobre assuntos diferentes como música, pois música é cultura é cultura

12 para entendermos a diversidade cultural e a nossa é cultura

45 faz bem para a mente e por conhecer um pouco de cultura é cultura

19 para socialização, desenvolver o lado artístico da criança, momentos de descontração é diversão

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43 através da música, as crianças desde pequena começam a se socializar com o mundo, podendo virá algo de divertido é diversão

8 porque as crianças precisam ter espaço e oportunidade para se expressarem

é forma de expressão

29

para entender as diversas formas de sua arte, valorizar o sentimento que ela pode passar, conhecer-se e expressar-se, trabalhar emoções, interagir com o outro

é forma de expressão

20 a música tráz um jeito prazeroso de se aprender diversas coisas. Amplia visão de mundo. Desenvolve inúmeras habilidades é prazer

42 porque além de ser prazeroso música é cultura é prazer

44 porque desperta o ego para algo de bom ! é prazer

5 estimular as crianças em sala de aula estimula

11 porque estimula habilidades nas crianças estimula

3 música na escola é bom para o desenvolvimento da criança e a música é cultura também

favorece o desenvolvimento

10 para um desenvolvimento integral, social e físico favorece o desenvolvimento

16 porque música muitas vezes influencia na vida de um ser humano favorece o desenvolvimento

18

para que o educando tenha a oportunidade de se desenvolver plenamente, pois a música ajuda na socialização, cognição, afetivo, físico e etc

favorece o desenvolvimento

26 para adquirir diversas habilidades como audição, a coordenação motora e a cultura

favorece o desenvolvimento

27 um dos princípios, seria coordenação motora, sonora e visual favorece o desenvolvimento

28 para que o aluno se sinta estimulado, criar laços com sua realidade, favorecer a concentração, a atenção

favorece o desenvolvimento

33 para absorver melhor todos os pontos positivos que ela possa nos transmitir, descontração, desenvolvimento mental etc

favorece o desenvolvimento

34 porque a música desenvolve a capacidade de atenção, a psicomotricidade, utilizando as duas mãos etc

favorece o desenvolvimento

36

porque os alunos poderão desenvolver diversas habilidades, coordenação e expressão corporal. E essas capacidades prodigiosas poderão influenciá-los em suas profissões

favorece o desenvolvimento

37 porque desenvolve a inteligência, a socialização com o mundo, com o que é novo, desenvolve a habilidade auditiva etc

favorece o desenvolvimento

38 para o desenvolvimento da oralidade, do intelecto, social, moral e cognitivo, além da interação

favorece o desenvolvimento

39 independente da idade a música ajuda no desenvolvimento da fala, não só na fala, mas em muitos desenvolvimentos

favorece o desenvolvimento

48 aprender a ouvir, a cantar, a dançar no ritmo, causa grande prazer e desenvolve a coordenação motora e equilíbrio

favorece o desenvolvimento

41 porque música faz parte do cotidiano da criança, e elas adoram faz parte do cotidiano

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6

além de ser um complemento no desenvolvimento, também é um ensino a mais, e com criatividade de reconhecer os sons dos instrumentos e saber definir

para conhecer música

13 acredito que sirva para explorar os sentidos das crianças, conhecendo instrumentos, aprendendo músicas, momento de relaxar

para conhecer música

15 para saber diferenciar diversos sons musicais para conhecer música

22 acredito que serviria para selecionar melhor e aprender a ouvir música de verdade

para conhecer música

40 para as crianças saberem que existe muitos tipos de música que faz bem para elas

para conhecer música

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Part. Por que aprender música na escola? - Música ingressantes Categorização

90 e na escola que a crianca e o adolescente cria seu circulo de amigos e se desenvolve e passa a maior parte do tempo a escola é lócus privilegiado

77 para que os alunos possam presenciar desde pequeno, o que eles irão ouvir a vida toda conhecer a música

74 para ver se ela possui algum dom para a música, talvez ate mesmo seguir carrera dando aula ou numa banda descobrir o "dom" musical

117 para descobrir talentos escondidos, e apresentar um conceito em música que nem todos tem acesso

descobrir talentos/ tornar acessível

36 para estimular a sociedade a ter sentimento desenvolver a sensibilidade

37 desenvolve a percepção e a sensibilidade desenvolver a sensibilidade

38 Assim como todo tipo de arte, a música desenvolve os sentidos e educa trazendo consigo uma carga cultural desenvolver a sensibilidade

67 os benefícios são muitos, mas o mais importante para mim é o quanto a música torna as pessoas mais sensíveis desenvolver a sensibilidade

70 para melhorar a cultura em termos de arte e para formarmos alunos mais sensiveis e melhores desenvolver a sensibilidade

75 para despertar a sensibilidade dos alunos, agucar sua curiosidade e aumentar seu potencial desenvolver a sensibilidade

114

porque desta forma, podemos atraves desta linguagem formar pessoas com maior sensibilidade na escuta, fazer parte do caráter dela

desenvolver a sensibilidade na escuta

65 para estimular um lado criativo, aumentar a sensibilidade. Tirar um pouco da euforia demasiada dos alunos

desenvolver a sensibilidade/acalmar

34 acredito que ela deixa as pessoas mais sensíveis desenvolver sensibilidade

81 traz de forma natural conceitos, importantissimos, que não são mais levados com seriedade, como respeito desenvolver valores

93 para incentivar a cultura, e a arte e ensinar o caminho para aqueles que desejam tocar um instrumento e ser musicos

desperta o interesse pela cultura

97 e um meio de aproximar as pessoas da cultura folclorica e popular do nosso país

desperta o interesse pela cultura

98 para trabalhar a coordenacao motora, para fazer com que as pessoas conhecam mais nossa cultura atraves da música

desperta o interesse pela cultura

101 para que a cultura venha fazer parte da vida dos jovens que infelizmente estao se perdendo

desperta o interesse pela cultura

99 para um desenvolvimento cultural e se tornarmos mais humanas

desperta o interesse pela cultura/humanizar

9 é muito importante ter música nas escolas pois isso aumentaria o grau de conhecimentos e cultura, para as crianças

despertar o interesse pela cultura

11 despertar o interesse pela cultura despertar o interesse pela cultura

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15 melhorar a nossa cultura e resgatar modos de vida do passado despertar o interesse pela cultura

24

porque a música trabalha sentidos que são de muita importância saber no dia a dia e aumentarão a bagagem cultural das pessoas

despertar o interesse pela cultura

33 motivar as crianças e os jovens, a explorar o mundo da arte despertar o interesse pela cultura

43

a música abrange questões sociais e culturais, permite que o aluno desenvolvam habilidades manuais e aflorem o lado artístico

despertar o interesse pela cultura

45 porque música é uma arte assim como teatro e outras, deve contribuir de alguma forma

despertar o interesse pela cultura

57

para desenvolver cultura, diversidade, mostrar diversas danças de povos de outras culturas e desenvolver a coordenação motora

despertar o interesse pela cultura

66 faz parte da cultura e realização pessoal do individuo despertar o interesse pela cultura

69 para conseguirmos transmitir cultura para as criancas através do som

despertar o interesse pela cultura

72

para agregar cultura ao ensino. Fortalece a interacao e o relacionamento interpessoal. Aumenta a concentracao e a capacidade de aprender

despertar o interesse pela cultura

119

porque ela contribui para a formacao cultural, individual e intelectual do aluno, possibilita acessar informacao sobre o aluno com uma abortagem diferente

despertar o interesse pela cultura

118 porque música e uma arte que deixamos de lado há muito tempo e nossa cultura iria enriquecer é arte

122 e uma nova formula de arte , uns para os outros é arte

68 para ter novos conhecimentos, destrezas, habilidades, criar desafios pessoais é conhecimento

102 porque nos faz enxergar o mundo de uma forma diferente é conhecimento

26

porque é na escola " talvez" o lugar que mais deva exercer a capacidade de criação, ampliar a interlocução do ser com o mundo

é lócus privilegiado para aprender

73 a música nos leva ao mais alto grau de espiritualidade é transcedental

79 música nos faz entrar em outros universos desconhecidos, nos faz pensar é transcedental

76 porque a música é arte de manifestar diversos afetos de nossa alma e de outras pessoas mediante o som expressar os sentimentos

78

música é o que motiva os alunos a quererem ampliar os seus caminhos, a mostrar e expressar os seu sentimentos atraves dos sons expressar os sentimentos

82 porque música e arte, sendo arte os alunos não só prestariam atencao mas teriam um motivo a mais para aprender

facilitador no processo de aprendizagem

2 para desenvolver todas as habilidades, que a música facilita, como coordenação motora, audição, etc favorece o desenvolvimento

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4 porque aprendendo a ouvir músicas, se aprende a ouvir, falar, pensar e viver melhor favorece o desenvolvimento

7 para o aluno ter auto confiança, auto estima, e se dar valor favorece o desenvolvimento

8

porque já foi comprovado cientificamente que quem aprende música tem um nível mais elevado de concentração, educação, respeito... favorece o desenvolvimento

12 para desenvolver coordenação motora, mostrar o que a música pode transmitir favorece o desenvolvimento

13 para desenvolvimento cognitivo, sensorial favorece o desenvolvimento

14

para ter um melhor desempenho motor, desenvolvendo na criança um raciocínio mais amplo para novas informações e também transformando seres humanos melhores favorece o desenvolvimento

18 porque o aluno tem mais disciplina e motivação, porque a maioria das crianças tem desejo de aprender música favorece o desenvolvimento

19 para estimular os sentidos favorece o desenvolvimento

20 ajuda socialização, melhorar a concentração do estudo das matérias favorece o desenvolvimento

21 para desenvolver questões mecânicas e de concentração favorece o desenvolvimento

29 para melhorar o humor e ativar a coordenação, aguçar a sensibilidade favorece o desenvolvimento

35 desenvolvimento do raciocínio e formação profissional favorece o desenvolvimento

44 usá-la para mudar conceitos, aumentar a inteligência, dedicação favorece o desenvolvimento

46

porque é algo que ajuda a desenvolver mais o aluno, desperta a sensibilidade, ajuda na coordenação e na concentração do aluno favorece o desenvolvimento

47 ajuda a ter boa concentração e motiva a pessoa a desejar a ampliar seus conhecimentos favorece o desenvolvimento

51 a música na escola tem influência em vários sentidos na formação intelectual, cultural e motora dos alunos favorece o desenvolvimento

53

a música pode nos oferecer possibilidades culturais, intelectuais e talvez um campo de trabalho. Creio que música no ensino básico é a base de qualquer grande nação favorece o desenvolvimento

61 a música trabalha coma capacidade de raciocínio, desenvoltura favorece o desenvolvimento

62 para melhorar a integração, auto-estima, coordenação rítmica, conscientização social, memorização favorece o desenvolvimento

71 porque a música ajuda o raciocinio humano, dando estimulo a areas do cerebro favorece o desenvolvimento

92 atraves da música, podemos desenvolver muitas habilidades, tais como, expressao corporal, concentracao favorece o desenvolvimento

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94

para melhorar entendimento, concentracao, diminuir, precoceitos e mitos, acabar com a timidez das criancas de hoje, e unir mais as tribos favorece o desenvolvimento

96 desenvolve cultura costumes, coordenacao motora, postura corporal, respeito, limites favorece o desenvolvimento

100 por que a música tem o poder de desenvolver, relaxar e concentrar quem estuda, motivando o aprendizado pela cancao favorece o desenvolvimento

104 despertar e descobrir criancas, sejam com dotes musicais, seja com dificuldades favorece o desenvolvimento

107 a música como disciplina escolar pode ser definitivo na questao cognitiva de qualquer pessoa favorece o desenvolvimento

109 para desenvolver o raciocinio e recreacao favorece o desenvolvimento

110 pois a música ajuda no desenvolvimento social, intelectual e motor favorece o desenvolvimento

111 cultura, desenvolver no aluno a arte que ele tem e não sabe, melhora o desenvolvimento, percepcao, coordenacao favorece o desenvolvimento

112 a música ajuda melhorar o raciocinio, a cordenacao motora, e servi como meio de inclusao na sociedade favorece o desenvolvimento

113

para ter um cidadao mais atento, concentrado, responsavel e menos agressivo. A música tem um poder muito grande de acalmar o espirito favorece o desenvolvimento

115 porque melhora muito o desempenho do aluno, concentracao, disciplina favorece o desenvolvimento

116 desenvolver a coordenacao motora, o gosto pela arte e o conhecimento músical favorece o desenvolvimento

121 porque assim como outras materias, música tambem ajuda no desenvolvimento da pessoa (cultura, respeito e atitude) favorece o desenvolvimento

123 a música amplia as capacidades da crianca, tornando-a mais apta para a aprendizagem favorece o desenvolvimento

120

para sermos jovens mais responsaveis, desenvolver, disciplina, sensibilidade, educar o ouvido a outros generos músicais, torna-lo um adulto com mais comprometimento com a sociedade

favorece o desenvolvimento/humanizar

83 a música rodeia nossas vidas e temos de entender o poder que essa linguagem tem faz parte da vida

91 porque faz parte da nossa vida tanto quanto outras materias faz parte da vida

106

porque música faz parte da nossa vida, se estamos tristes, ouvimos música choramos, se estamos felizes ouvimos e ficamos mais felizes faz parte da vida

103 porque música e arte e faz parte do nosso dia a dia mesmo quando não estamos percebendo faz parte do cotidiano

40 para formar cidadãos mais preparados emocionalmente e intelectualmente para o mundo formar cidadãos/valores

17 para ser um cidadão melhor formar cidadãos/valores

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16 para se ter melhor formação, não só na música quanto na vida melhorar a formação geral

1

para que as pessoas tenham mais conhecimento e referência músical. E também para que a própria profissão seja valorizada e seu executores reconhecidos

para a valorização da música

3 para melhor valorização dessa fonte de mensagem para a valorização da música

5 para termos um atendimento melhor do mesmo para a valorização da música

23

porque melhora as pessoas, faz bem ao intelecto. Porque também muitos tem aptidão e não tem acesso, são talentos que virão a ser descobertos com o investimento familiar (tempo e dinheiro). O músico no Brasil demora a se desenvolver por isso...

para a valorização da música

49 para incentivo ao alunos à vida, para ter uma escolha a mais no seu futuro

para a valorização da música

50 para poder estimular nos alunos um despertar para a música e para aprimorar o conhecimento

para a valorização da música

55

porque será uma forma de levar os alunos a descobrirem novas formas de lazer e cultura através da música. Tirar o preconceito de que música não é profissão

para a valorização da música

63 porque música é a arte universal de comunicação entre os sentidos do ser - humano

para a valorização da música

84 para estimular o interesse do assunto nos alunos desenvolvendo-os profissionalmente um dia

para a valorização da música

22 para disciplinar alunos que as vezes de outra maneira não se sentem tão bem para disciplinar (Merrian)

25 para se tornar um individuo mais íntegro, sociável na sociedade que vive para disciplinar (Merrian)

56 para o desenvolvimento do aprendizado de outras matérias, e a educação do seu dia a dia

para ensinar outros conteúdos

80 porque ser musicalizado ainda na infância é muito importante para tornar a música acessivel

59 porque a música auxilia na formação do aluno e o torna mais sensível ao meio ambiente sonoro sensibilizar músicalmente

39 para ter um ótimo relacionamento com o restante da população socializar

6

para potencializar a importância de viver em grupo, trazer conhecimento dos instrumentos musicais para os alunos e para levá-los à compreensão musical tornar a música acessível

48 apresentar para as crianças outros estilos de música tornar a música acessível

52 para aprimorar a percepção e como forma de contestação tornar a música acessível

54 para termos uma igualdade do conhecimento musical e para uma aprendizagem melhor das outras disciplinas tornar a música acessível

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58 é uma forma de mostrar que existem outros gêneros musicais além da que os alunos já conhecem tornar a música acessível

60 o primeiro contato é muito importante. Depois os que se identificam seguem em frente tornar a música acessível

64

a escola é o primeiro veículo de informação real, música é cultura e arte, o contato na infância enriquece a criança para a vida inteira tornar a música acessível

10 para tomar consciência da importância que a música possa fazer algo concreto em relação a vida do individuo

tornar a música acessível - para a vida

88

e um ambiente frequentado todo dia e sendo assim, voce cria uma perspectiva para um aluno que não pode ter oportunidade de pagar um curso de instrumento

tornar a música acessível/a escola é lócus privilegiado

105 porque tem muita gente que gostaria de aprender, mas não tem ensino e nem dom, mas é bastante interessada tornar acessível

108 para mudar os atos do individuo transformar

85

pois a música nos acompanhara por toda nossa vida, e nos ajuda a desenvolver sentidos e nos ajuda como pessoa devido precisar de muita disciplina para aprender

traz benefícios para outras áreas da vida

86 para um maior crescimento como pessoa, cultural, bem estar, convivencia em grupo, e organizacao de sobre-vida

traz benefícios para outras áreas da vida

87 pelos beneficios que a música traz em todas as outras areas da vida

traz benefícios para outras áreas da vida

95 porque além de fazer, parte da grade curricular. Ela vai trazer mais animo aos alunos, mais incentivo

traz benefícios para outras áreas da vida

89

porque pode despertar um interesse maior que faz desenvolver caráter, descobrir mais sobre si mesmo e despertar a atencao para o mundo cultural

valores/desperta o interesse pela cultura

Obs.: 7 participantes deste grupo (música ingressantes) não responderam.

A música ainda é vista por esse grupo como dom, talento e voltada para o ensino de um

instrumento musical.

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Part. Por que aprender música na escola? – Música concluintes Categorização

17 para que o aluno desenvolva uma série de outras qualidades que beneficiariam durante sua vida aprende valores

33 para ajudar no desenvolvimento do caráter do aluno, no que diz respeito a si próprio e do próximo aprende valores

37

para aprender não só as propriedades do som, mas também despertar sentimentos que estão ocultos, como auto-estima, amor, compreensão, paz e alegria

aprender conceitos musicais e desenvolver valores

1 é na escola que o sujeito desenvolve o conhecimento tanto cognitivo quanto social é conhecimento

2 é uma área de conhecimento como qualquer outra e deve ser tratada como tal é conhecimento

8 para ter contato com a cultura, a arte, aprender uma nova linguagem e se tornar uma pessoa mais consciente é conhecimento

11 porque a música é uma disciplina tão importante para o desenvolvimento do ser humano quanto para as outras é conhecimento

16

a música educa e transforma as pessoas, a música e matemática, cientifica e física e por incrível que pareça medicinal é conhecimento

23 é uma forma de conhecimento, é uma matéria como qualquer outra é conhecimento

5 música é terapia e para se conhecer a história de um país tem que se conhecer a sua música é conhecimento e terapia

19 porque a música traduz com facilidade sentimentos naturais ao ser humano, ao mesmo tempo que apresenta outros desafios expressar sentimentos

3 ajuda a desenvolver o raciocínio, a coordenação motora e tudo que é base na formação do bom cidadão

favorece o desenvolvimento/formar cidadão

4

porque toda criança melhora o seu desenvolvimento motor através da criatividade da música em si, alunos mais criativos , espertos e com raciocínio rápido favorece o desenvolvimento

9 é uma maneira das pessoas interagirem entre si, de cultura e também ajuda no raciocínio lógico-matemático favorece o desenvolvimento

15 não só para expandir o conhecimento musical, mas perceber que a musica poderá auxiliar o amadurecimento pessoal favorece o desenvolvimento

18 melhora a parte cognitiva, cultural, sentimental e perceptiva da criança favorece o desenvolvimento

20 desenvolver a formação psicomotor e todos os sentidos favorece o desenvolvimento

21 para desenvolver todos os sentidos favorece o desenvolvimento

25 a música desenvolve diversas faculdades e pode ser um ótimo recurso para o desenvolvimento geral do aluno favorece o desenvolvimento

26

porque ela contribui muito no desenvolvimento de aluno, trazendo melhoras significativas nos resultados de evolução e progressão do estudante favorece o desenvolvimento

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27 para o desenvolvimento intelectual, cultural é uma forma de usar essa ferramenta para transformar o individuo favorece o desenvolvimento

28 para desenvolver a atenção, a coordenação, interação, mostrando diferentes culturas favorece o desenvolvimento

29

é um meio comprovado que música acrescenta na aprendizagem, convivência social e estimula positivamente no meio psicológico favorece o desenvolvimento

30 para aumentar o raciocínio lógico, matemático e para despertar a musicalidade favorece o desenvolvimento

31 porque música faz parte do desenvolvimento global e auxilia no aprendizado como um todo favorece o desenvolvimento

32

porque desenvolve vários aspectos no indivíduo, tais como o raciocínio lógico, a coordenação motora, a percepção auditiva entre outros favorece o desenvolvimento

34 para a contribuição do desenvolvimento em todos os sentidos favorece o desenvolvimento

38

a música é uma ferramenta eficiente no processo de educação. Além de trabalhar várias faculdades na pessoa como memória, coordenação motora, senso de estética, dentre outros, ainda promover integração favorece o desenvolvimento

7 porque faz parte da nossa vida e pode acrescentar muito no ensino da criança, através da familiarização com a música faz parte da vida

6 desenvolver o lado humano humaniza

35 para desenvolver respeito, conhecimento e entendimento a respeito da música e dos profissionais da música

para a valorização da música

24

pois com a música trabalhamos várias outras matérias: matemática, física, português, desenvolvemos coordenação motora, rítmica, melhoramos a atenção

para ensinar outros conteúdos

13 para o aluno ter mais uma ferramenta de grande importância na evolução do intelecto e relacionamento social socializar

36 porque amplia a visão de mundo do indivíduo e a leitura do mesmo torna mais crítico

10

primeiro passo para aprender a arte da música, desenvolver a percepção, a noção de tempo, equilíbrio, sobre história e novos conceitos musicais tornar a música acessível

12 para que tenham contato com o universo sonoro de maneira analítica tornar a música acessível

22 adquirir conhecimento suficiente para o próprio aluno decidir se uma música e boa para ele ou não tornar mais crítico

14 porque a música faz com que a pessoa se torne um ser humano de grande valor transformar

Obs. Neste grupo não aparece a ideia de que a música é um dom inato ou que o ensino de música é

para tocar um instrumento

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ANEXO D – Como você ensinaria música na escola?

Pedagogia ingressantes - Como você ensinaria música na escola? Categorização Explicitação

11 sem musica a vida seria muito chata atitude vida chata sem música

33 através do ritmo conteúdo ritmo

6

a musica e ensinada de varias formas, tudo depende da faixa etária do aluno. Então conforme a idade e explicando dentro da idade do aluno depende da idade do aluno

22 de acordo com a idade e a necessidade da sala depende

da idade do aluno e das necessidades da sala

31 eu ensinaria de uma maneira que agradasse aos alunos, de acordo com a idade e ritmos que agradam depende

da idade do aluno e do que gostam

1 a principio com instrumentos de percussão para os menores e talvez canto e flauta para os maiores estratégia

percussão, canto e flauta

2 com desenhos, letras de cantigas eu acho bem legal isso estratégia desenhos, letras das músicas

3 através de danças, coreografias, através de aprender a ouvir, parar para ouvir e dali se expressar estratégia

danças, aprender a ouvir, expressão pela música

4 sei lá, levaria um instrumento, colocaria um som na sala como você fez estratégia

colocar música para ouvir, levar um instrumento musical para a sala de aula

5 como aprendi, com instrumentos musicais artesanais, elaborar o instrumento e depois ensinar a tocar estratégia

construção de instrumentos musicais

10 ensinaria através de um instrumento musical, porque cada um tem um gosto. Usaria a criatividade de cada um estratégia

através do ensino de um instrumento musical de acordo com o gosto de cada aluno

12 eu colocaria musicas suave, onde a criança tivesse que identificar os instrumentos nela utilizada estratégia

discriminação de sons de instrumentos a partir da escuta de música suave

15

mandaria os alunos fazerem uma lista de musicas que eles gostem e ouvem, então começaria a trabalhar em cima da letra, incentivando o aprendizado do instrumento que ele gosta estratégia

utilizando letra de músicas escolhidas pelos alunos

18 eu começaria pelo do-ré-mi-fá para saber qual seria o tom da voz da pessoa estratégia

identificando o tom da voz dos alunos

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19 desenvolveria pesquisas do que a maioria entendeu e do que eles lembram ao entender a origem de cada letra estratégia

Através da letra das músicas

23

eu ensinaria primeiro a ouvir, depois cantar, e dizer a elas o seu significado e aprimorar porque ouvir musica e tao bom estratégia

cantar e buscar o significado da música - letra da música

25 ouvindo a musica e pedindo esclarecimento sobre o que significa e sente na vida estratégia

ouvir e buscar o significado da música - letra da música

26

primeiro colocaria a musica para as crianças, segundo pediria para cada um trazer qualquer instrumento para que todos possamos fazer um ritmo de batida estratégia

acompanhar o ritmo de uma canção

28

seria nas segundas ou sextas feiras, com os alunos e eu caracterizados e depois pediria uma atividade como tema exposto estratégia

dias específicos para aulas de música - música como auxiliar no ensino

30 mostrando varias musicas e explicando cada sentido delas estratégia letra da música

8

ensinaria de uma forma divertida e espontânea. De uma maneira que não fosse uma obrigação e sim uma atitude espontânea dos alunos lúdica

divertida e espontânea

27 levando instrumentos para sala de aula, CDs etc. material levando instrumentos e cds

29 usaria instrumentos e canto material instrumentos e canto

20

colocaria nas primeiras aulas para acordar a criança, ajudar na concentração, desenvolver seu relacionamento com outras crianças meio

música como fator auxiliar no desenvolvimento

7 ainda não sei, mas procuraria pesquisar e estudar antes n.e.

14

usaria a musica sempre e por onde eu for, nas aulas através dela posso ensinar tantas coisas. Eu adoro musica e acredito que ela seja muito importante n.e.

16 eu tentaria passar uma forma que através da musica, eles entendessem a aula n.e.

21 não sei n.e.

24

pesquisaria quais os melhores métodos para ensinar, ate porque não são todos os alunos que estão habituados a ter tal aula n.e.

32 gosto de ouvir musica, mas precisaria de apoio para isso, so canto no banheiro n.e.

13

sinceramente eu teria que pesquisar o que interessa para os alunos hoje, para assim tornar mais fácil o aprendizado deles simples

Obs. 2 participantes não responderam

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203

SUJEITO Pedagogia concluintes - Como você ensinaria música na escola? Categorias Explicitação

8 de forma dinâmica, criativa onde as crianças tenham oportunidade de conhecer outras culturas atitude dinâmica e criativa

5 com músicas para a idade delas depende da idade dos alunos

45 dependendo do seu publico alvo uso minha criatividade depende público-alvo

25

tenho experiência somente em educação infantil e por isso posso dizer que em roda e todos conseguindo se enxergar fica mais fácil de se aprender e também mais prazeroso em grupo

roda na educação infantil

2 através de show de talento estratégia show de talento

6 pegaria cinco tipos de músicas diferenciadas, e faria mais agradáveis, os tipos de instrumentos existentes estratégia

utilizando músicas diferenciadas

7

levaria para sala de aula letras de músicas e até mesmo um aparelho em que os alunos escutassem essas músicas e explicaria o assunto que cada música está explicando estratégia

significado das letras das músicas

9 com instrumentos e explicando sobre os tipos e as origens das músicas estratégia

características dos gêneros musicais

10 usando ritmos para uma expressão corporal e a letra para expressão poética estratégia

letra (poesia) e ritmos (expressão corporal)

11 elas escutariam músicas diversas, próprias para elas e teriam aulas com profissionais estratégia

apreciação musical e aulas com profissionais

13

levando as crianças para uma sala apropriada, onde tenha vários instrumentos e que lá elas possam explorá-los para que criem gosto também pela música estratégia

exploração de instrumentos em sala apropriada

14

por exemplo, se fosse uma aula sobre animais colocaria um cd, com sons dos animais. Para crianças aprenderem através dos sons também. Poderia ser feito uma brincadeira também, para as crianças escutarem os sons e colocar no papel à que animal refere aquele som estratégia

relacionando sons com conteúdo da aula

15 com algum instrumento que chamasse a atenção dos alunos e despertasse algum interesse pela música estratégia

instrumento que chame a atenção

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17 começando por músicas do ensino infantil até a dos dias atuais, selecionando estilos e gêneros estratégia

apreciação de músicas de gêneros e estilos diferentes

18

ensinaria cantando as músicas, pedindo para que confeccionassem instrumentos musicais, que apresentassem gêneros que gostem estratégia

canto, construção de instrumentos e repertório do gosto do aluno

19 com músicas que usassem sons de animais, sons conhecidos, com palmas e movimento do corpo estratégia

percussão corporal, movimento e timbres

22 começaria através dos sons dos instrumentos estratégia sons de instrumentos

23 abordaria uma música e confeccionaria com as crianças os instrumentos estratégia

construção de instrumentos

24 partir do que os alunos conhecem e apresentá-los outros tipos musicais estratégia

apresentar repertório novo a partir do que já conhecem

26 através de roda de música, utilizando de instrumentos musicais, etc estratégia

roda de música e instrumentos musicais

27 não possuo este dom mas apenas de ouvir conseguiria despertar a imaginação estratégia

ouvir música para despertar a imaginação - música é vista como dom

28

através dos próprios gostos dos alunos faria uma proposta como um karaokê, ou depois uma proposta para criação de autorias próprias, trocar ritmos estratégia

karaokê, criação e arranjo (trocar ritmos)

29

através de ritmos diferentes, letras com significados importantes, utilizando expressão corporal e verbal e tornando o ambiente mais descontraído e amigo estratégia

através de ritmos diferentes, letras com significados importantes, utilizando expressão corporal e verbal - música torna o ambiente amigável

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30

primeiro ouviria meus alunos. Saber estilos musicais preferidos, assim como cantores, cantoras, bandas, entre outros. E depois desenvolveria atividades estratégia

Desenvolvendo atividades a partir do gosto dos alunos: estilos musicais preferidos, cantores,bandas

31

levaria diversos tipos de instrumentos como flauta, piano, entre outros que desperte a curiosidade de cada um, preparando-os para tocar em outros lugares ou eventos estratégia

instrumentos musicais para despertar o interesse - tocar em eventos

32 com oficinas de instrumentos, associando figuras de instrumentos e sons que emitem estratégia

oficinas de instrumentos, associando figuras de instrumentos e sons que emitem

33 cantando com os alunos, dançando, explicando sua importância e etc estratégia

canto, dança, explicação sobre a importância da música

34 aulas práticas ou teóricas, claro que dependeria do nível de cada criança estratégia prática e teoria

36 através de coreografias ou instrumentos produzidos pelos próprios alunos estratégia

dança e construção de instrumentos

38 de forma tranquila, ouvindo, dançando, cantando, escrevendo a letra na lousa etc. estratégia

escuta, canto, danças, letra da música

39 cantando juntamente com os alunos, pois a música faz com que tudo aconteça estratégia canto

40

levaria para a sala de aula uma música de roda onde iremos usar alguns instrumentos para as crianças interagirem e conhecerem as músicas do bem estratégia

música de roda, instrumentos para interação - conhecer "músicas do bem"

41

na educação infantil através de parlendas e cantigas de roda. E para as maiores inserindo os ritmos brasileiros estratégia

ed. Infantil com partlendas e cantigas e para os maiores, ritmos brasileiros

42

eu levaria para sala de aula variados estilos de músicas para as crianças poderem perceber as diferenças de cada música e optar por outros estilos além do funk estratégia

levar estilos variados de música para fazer com que optem por outros estilos além do funk

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43 primeiramente apresentando alguns ritmos, os sons curtos e longos, usando alguns instrumentos estratégia

apresentando ritmo, duração e utilização de instrumentos

44 através de som e instrumentos estratégia sons e instrumentos

46

colocaria diversas músicas e pediria que as crianças pesquisassem qual a origem, pois, língua daquelas musicas, assim estariam conhecendo outros povos de forma descontraída estratégia

Pesquisa sobre músicas: origem, idioma, para aprender sobre outros povos

47

utilizando instrumentos de sons e mostrando que podem sair sons. Se um quadrado com pedrinhas sai som estratégia

Mostrando como os instrumentos produzem sons

48 levaria para sala, instrumentos, rádios, cd e iria apresentar cada um deles estratégia

instrumentos, rádios, cd para conhecer

1 de forma lúdica e divertida, indo de encontro com as preferências dos alunos lúdica

20

na verdade não ensinaria música, trabalharia com ela em prol de diversos objetivos que não estariam atrelados a aprender somente ela, isto seria um ganho a mais e não um foco ne

21 prepararia uma aula reflexiva, embasada num assunto de atualidades ne

35

ensinaria os alunos a apreciarem a música que mais os agrade e respeitarem as demais como forma de cidadania e ética ne

3

eu ensinaria com os recursos que estivesse ao meu alcance e ensinaria da melhor forma possível pois a música na escola é tudo de bom ne

4 contextualizando sempre com as aulas teóricas ne

12 boa pergunta, no momento sem resposta ne

16 escolheria um dia do mês e o reservaria para tal ne

37 certamente ne

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Música ingressantes - Como você ensinaria música nas escola? Categorização Explicitação

7 com muita calma, e não cobrar o que o aluno não conhece e momento presente atitude calma/sem cobranças

9 com toda paciência do mundo e conhecimento que tenho atitude com paciência

19 provocando curiosidade e instigando as diversas maneiras de expressões musicais atitude provocando curiosidade

25 com estímulo das sensações, permitindo e respeitando o "eu" de cada um atitude

respeito à individualidade

29 com participação e interação, descobrindo e mostrando todos horizontes da prática instrumental atitude

música como fator de interação

79 com muita dinâmica e mostrando o amor que sinto pela musica atitude

de forma dinâmica mostrando o amor pela música

80

com bastante dinamismo e tentando passar o mesmo amor que eu sinto pela musica para a educação do meu aluno atitude

de forma dinâmica mostrando o amor pela música

85

com a maior alegria por fazer o que eu gosto, poder expressar e também extrair dos meus alunos talentos múltiplos atitude

com alegria, mostrando o meu gosto pela música

87 de forma pratica e estimulante, focando na performance atitude

foco na performance musical

90

primeiro respeitando o que eles gostam e inserindo aos poucos gêneros para não assustar. Sendo dinâmica e amando muito tudo isso atitude

respeito ao gosto dos alunos, dinamismo, mostrando o amor pela música

92 com dedicação, zelo, atenção atitude dedicacao, zelo, atencao

101 de forma pratica e alegre. Para fazer com que todos pudessem ter cada vez mais prazer em ter aula atitude

de forma prática/com alegria/ dar prazer

103 de um jeito alegre e descontraído atitude com alegria e descontração

104 tranquilidade, amor, ter atenção, tornar prazeroso atitude

tranquilidade, amor, ter atencao, tornar prazeroso

107 ensinando musica por si só, livre de preconceitos e com amor atitude

com amor e sem preconceitos

16

da melhor maneira possível e tentar ensinar a aprender também com eles da melhor maneira possível atitude

ensinar e aprender com os alunos

61 procuraria sempre trabalhar de uma forma eclética e bastante interação atitude

música como fator de interação

108 baseado em métodos de grandes professores e com interação dos alunos atitude

música como fator de interação

111 colocando os alunos a interagirem com a musica de varias formas, e por final avaliar o desempenho atitude

música como fator de interação

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120 de uma forma interativa, colhendo depoimentos e ajudando o aluno a cultivar apreço pela arte da musica atitude

música como fator de interação

56 através de participação de grupos, envolvendo todos os alunos, com o professor atitude

música como fator de interação

105 ensinaria primeiro as notas maior e menor com toda a paciência atitude paciência

38

eu usaria elementos do dia a dia e complementaria com elementos conhecidos dentro da música erudita, área para qual sou voltada conteúdo

música erudita e elementos do cotidiano

1 tudo depende de como será a recepção dos alunos e metodologia a ser aplicada conforme os mesmos depende

dos alunos/ metodologia

58 depende da faixa etária depende faixa etária

70 de varias maneiras possíveis. Depende da escola, da turma e da classe depende da escola ou turma

73

primeiro, teria que analisar para que grupo estaria sendo destinado o envio musical e quais os objetivos da escola depende do grupo/ dos objetivos

64

o primeiro passo é ouvir e entender o que a criança pensa e acha sobre a música na sua vida. A partir desta informação trabalhar na iniciação musical depende

do que pensa o aluno sobre música

20

depende da proposta de cada escola, mas começar tocando um instrumento, é mais animador. Depende da idade de quem vai aprender depende

da escola/ da idade dos alunos

2 com o uso de instrumentos diferentes, ouvindo músicas, com o uso do corpo como instrumento estratégia

percussão corporal apreciação musical

4 ensinando termos técnicos e depois apreciação estratégia apreciação musical ensinar termos técnicos

6 com exercícios, pouca lousa e música boa. estratégia exercícios com pouca lousa e música boa

11

através de inúmeras ferramentas como instrumentos musicais e com o próprio corpo no caso da percussão corporal estratégia

percussão corporal tocar instrumentos

17 passando ritmos, teoria estratégia passando ritmos teoria

18 aulas teóricas e praticas, na mesma forma que eu aprendi estratégia

aulas teóricas e práticas (como aprendi) - educação de conservatório

21 aplicando jogos e através de exercício de canções estratégia jogos e exercícios com canções

22 dando aulas práticas e teóricas estratégia aulas teóricas e práticas

23

acredito, pois não tenho as ferramentas adequadas, introduzindo músicas (que fazem parte do cotidiano do aluno e não o fazem) e ensinando a teoria musical estratégia

teoria musical e introduzindo músicas

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24 partiria de princípios básicos como a percepção e teoria até a parte da execução em algum instrumento estratégia

percepçao, teoria e execução instrumental

26

de forma lúdica, cantando, tocando, ouvindo, movimentando o corpo...desenvolvendo...através dos jogos estratégia

de forma lúdica, cantando, tocando, ouvindo, movimentando o corpo através dos jogos

33

traria um assunto perante a sala, e faria conexões com a música, Para que vejam que a música está presente em quase todo momento da vida estratégia

música como fator auxiliar para outras disciplinas - promovendo reflexões através da música

34 com muita cautela, começando com apreciação, compreensão, prática estratégia apreciação musical

37 abordagem práticas , cantigas de rodas e brincadeiras dinâmicas estratégia

abordagem práticas , cantigas de rodas e brincadeiras dinâmicas

47

falaria principalmente da nossa cultura. Faria com que meus alunos vissem o lado grandioso e eclético do nosso País estratégia

música como fator auxiliar para outras disciplinas - promovendo reflexões através da música

51

trabalharia basicamente focando a parte rítmica, sentido de pulsação e também a diversidade cultural e a relação com as formas de se fazer música estratégia

Percepção rítmica, trabalho com a diversidade cultural

53

utilizando gráficos para diferenciação de graves e agudos, músicas comum a todos, instrumentos de percussão estratégia

ensino coletivo de música - utilização de gráficos de altura, instrumentos de percussão, músicas conhecidas pelos alunos

55 através de instrumentos de sucata, bandinha rítmica e flauta doce, pois são mais populares e acessíveis estratégia

Ensino coletivo de música - através de instrumentos de sucata, bandinha rítmica e flauta doce, pois são mais populares e acessíveis

57

para crianças menores com músicas folclóricas e histórias e teatros, para as maiores com um pouco de teoria aplicada ao instrumento estratégia

músicas folclóricas, histórias e teatro (p/ os pequenos) teoria musical e prática instrumental

60 o básico teórico. Prática intensa estratégia teoria musical e prática

62 através de aulas práticas e teóricas simultaneamente, com exemplos visíveis estratégia teoria musical e prática

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210

65

primeiramente iria procurar uma forma de fazer a música ser sentida, depois passar as noções musicais e fazer com que o aluno perceba e entenda o mundo através dessa arte estratégia sensibilização musical

67 colocaria sempre músicas para eles escutarem estratégia apreciação musical

68

ritmo com expressões e rítmicas corporais, alfabetização musical, diante de lousa e avaliação, brincadeiras, historias e muitas conversas estratégia

atividades rítmicas corporais e alfabetização musical utilizando a lousa, avaliação

69

colocando em questão o que os alunos pensam e conseguem sentir através das musicas e o que ou como se sentem ao se expressar com som. estratégia sensibilização musical

72 com audições primeiramente, depois teoria e por fim pratica estratégia

apreciação e teoria musical

75

teria de ser algo parecido com uma terapia do tipo ouça a musica e desenhe, fale, ou dance o que sentiu ou algo nessa linha estratégia

música com outras linguagens artísticas

77

através do ensino que estou adquirindo. Durante o curso de musica, levando musicas novas, percussão corporal musical etc estratégia apreciação e percussão

78

se caso fossem alunos de 6-7 anos de idade, começaria com a percussão corporal (palmas, bater o pé no chão e voz) estratégia percussão corporal

81

mostrando o que realmente e a musica, qual a diferença entre uma arte e algo que ensina a falar errado, a usar drogas estratégia

música como meio para ensinar valores

82

tentaria ensinar da maneira mais simples, primeiro escutando a musica, depois explicando o que e a musica estratégia apreciação musical

83 estimulando a pratica musical, sendo execução, escuta ou criação estratégia

execução, escuta e criação

84 diversidade da musica (gêneros, estilos), teoria musical, desenvolvimento pratico estratégia teoria musical e prática

88

procuraria um ponto em comum e com o tempo estimularia eles a apreciar uma boa musica, a tocar e também a escrever uma boa canção estratégia

apreciação, execução, composição

91

tentaria envolve-los através da realidade musical atual, introduzindo aos poucos uma cultura musical mais rica e mais diversificada estratégia

apresentando repertório musical novo

95 com teoria básica depois com instrumento (flauta doce, por ex) estratégia

teoria musical e prática (flauta-doce) - ensino coletivo de música

97

instrumentos: canto, percussão corporal e flauta doce, historia e repertorio voltado para musica brasileira, e que não impede de conhecer gêneros estrangeiros, mas o foco e o Brasil estratégia

canto, percussão corporal, flauta-doce, apreciação musical, história

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99 através de sons musicais, leituras que incentivam a arte e cultura, jogos musicais com a pratica etc. estratégia jogos musicais

100 ensinaria através de jogos e gincanas estimulando os alunos a cantar e tocar estratégia

jogos e gincanas para cantar e tocar

102

traria materiais que prendessem a atenção dos alunos, e a pratica com instrumento, instrumentos improvisados, tudo isso com seriedade e paciência estratégia prática instrumental

106 começaria com as crianças, flauta doce estratégia ensinando flauta-doce

109 comparando com a matemática estratégia comparando com a matemática

110

usando recursos diversos como: instrumentos, jogos musicais, interpretação, percussão corporal e instrumental, movimento (dança) estratégia

usando recursos diversos como: instrumentos, jogos musicais, interpretacao, percussao corporal e instrumental, movimento (dança)

113

musica se ensina com musica. Como sou cantora, exploraria mais o lado vocal, com formação de corais, como fui musicalizada na infância estratégia através do canto coral

114 começaria falando da nossa musica brasileira estratégia falando sobre música

115 usando jogos musicais, musicas do dia a dia, brincadeiras estratégia

jogos musicais, músicas do cotidiano

119 através de atividades percussivas e jogos educativos sempre com um tema critico e atual estratégia

atividades percussivas e jogos educativos

121

alem da pratica e da teoria traria para aula relatos de pessoas que foram mudadas (transformadas) através da musica estratégia teoria musical e prática

122 eu ensinaria teoria, o canto, a arte de expressão de linguagem estratégia teoria musical e canto

123

através de jogos, brincadeiras e ludicidade. Em uma linguagem fácil, com contato direto a instrumentos, reciclagem e criação musical estratégia

experimentação dos instrumentos, reciclagem e criação musical

59 a partir da vivência, do fazer musical e depois viria a contextualização estratégia

vivência, prática e contextualização

43 através de dinâmicas divertidas, boas músicas de se ouvir etc. estratégia apreciação musical

3 de forma lúdica lúdica não especifica

13 de forma lúdica lúdica não especifica

39 brincando lúdica não especifica

46 de uma forma didática e divertida, tentando fazer a música ser algo divertido, que o aluno sinta falta lúdica

o lúdico como facilitador da aprendizagem

48 ensinaria de uma forma bem lúdica. Com dança lúdica Dança/ lúdico é movimento

52 de forma dinâmica, divertida e com objetivo lúdica dinâmica e divertida

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54 de uma forma bem lúdica, para que as questões teóricas fiquem mais simples lúdica

lúdico como facilitador da aprendizagem

74

ainda não sei, estou aprendendo, mas eu tenho mais facilidade de aprender quando a aula e com perguntas e respostas bem descontraída, divertida, assim que eu gostaria de ensinar lúdica

lúdico como facilitador da aprendizagem

86 usaria um método lúdico para envolver os mesmos lúdica não especifica

89 de forma atraente e diversificado. No ar livre, no chão, etc. montando um mundo diferente e aplicativo lúdica ao ar livre, no chão

93

primeiro passaria as notas para eles aprenderem, passaria exercícios bem dinâmicos, para que aprendam brincando lúdica

exercícios dinâmicos, brincando

112 com uma metodologia mais amiga, faria jogos musicais, nada muito conservador lúdica

jogos musicais/ nada muito conservador

5 não sei, estou me aprimorando n.e.

15 ainda não sei dizer n.e.

35 utilizando conhecimento da carreira profissional, pessoal ou acadêmico n.e.

36 ensinaria muito bem n.e.

44 com método, plano de ensino n.e.

45

não posso definir ainda! Porque ainda sou aluno também. Ao me formar farei aquilo que me foi ensinado n.e.

49 com os meus conhecimentos já adquiridos e os que vou adquirir com um planejamento de aula n.e.

63 com maneiras distintas e objetivas de aplicar um conceito, seja ele artístico ou não n.e.

66 usando recursos disponíveis que estão ao meu alcance n.e.

94 isso eu ainda não sei dizer, estou buscando informacoes para essa resposta n.e.

116 de maneira que envolva a todos n.e.

117 de uma forma que todos absorvam o que passar n.e.

8

elevaria meus atos e pensamentos em busca de uma didática inovadora e simples para desenvolver de acordo com a idade dos alunos simples

10 com práticas básicas e simples que faça o desenvolvimento ocorra de modo fácil simples

14

aplicando a educação musical associada a didáticas que levarão as crianças a absorverem a música de forma simples mas completa simples

71 de uma forma atrativa e alegre envolvendo a todos com exemplos faceis simples

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76 de um forma agradável, fácil e alegre, para que todos ficassem a vontade na sala simples

96

tentaria trazer o aluno a ser mais seletista naquilo que ouve ou faz. Daria iniciação musical e investimento a coisas que nem pensam mais simples

98 da forma mais fácil possível, de fácil entendimento, talvez usando brincadeiras simples

118 do jeito mais simples e didático possível simples

Obs: 10 participantes deste grupo não responderam

n.e. = não especifica

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Música concluintes - Como você ensinaria música

na escola? Categorização Explicitação

19

acredito que usando a técnica apenas como apoio, priorizando a emoção, sentimento, me preocupando em agregar a música na formação do caráter do educando atitude

música para formação do caráter

33

ensino com seriedade e compromisso, de que a música é uma disciplina que contribui para o caráter do cidadão, e isso refletirá na sociedade atitude

música para formação do caráter

18 mostrar ao aluno timbres, estilo e sons conteúdo timbres, estilo e sons

27 principalmente eu iria trabalhar a questão de repertório, para ter o ponto de partida conteúdo

repertório como ponto de partida

28 a partir de um repertório que aborda-se tanto propriedades sonoras, quanto a parte cultural conteúdo

repertório para ensinar propriedades do som e cultura

3 de forma acessível e pensando em cada momento da vida do aluno, que ele precisa aprender naquela idade depende da idade do aluno

9 primeiro faria um plano de aula, verificando como posso ensinar de acordo com a realidade do lugar depende

de acordo com a realidade do aluno

14 usando teorias e métodos de educadores que me identifico e que se adapta a situação e cultura da sala depende

da situação e cultura da sala

17

apresentando músicas e utilizando métodos adaptados para o contexto da escola em questão, focando na necessidade do aluno e suas dificuldades depende

do contexto da escola e da necessidade do aluno

26 de acordo com a faixa etária, mas priorizaria a musicalização depende da idade do aluno

32

depende da escola e de onde ela se encontra. Em cada região as pessoas tem costumes diferentes, mas no geral, ensinaria através de exemplos práticos com atividades descontraídas depende

da escola, da cultura local

5 trabalharia sempre em grupo, buscando a interação entre os alunos em grupo em grupo

11 de forma a levar todos os alunos a participarem em grupo em grupo

15 brincando, interagindo entre si, para que tenham maiores participações entre eles em grupo em grupo

4

com instrumentos adequados a cada idade, sala, contando histórias e sonorizando, criando uma paisagem sonora estratégia paisagem sonora

6

troca de experiências musicais, respeitando o gosto de cada um e procurando ver o que cada um tem como proposta estratégia

troca de experiências musicais

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215

7

levando músicas de forma que os alunos pudessem percebê-las profundamente e estudá-las, levando um instrumento harmônico e rítmico, ensinando teoria estratégia

apreciação musical, teoria musical e prática instrumental

8

o aluno precisa treinar o ouvido, conhecer as múltiplas possibilidades musicais e então, tendo contato com várias, escolher um ou mais instrumentos para se expressar estratégia

percepção musical, apreciação musical

10

analisaria a sala e procuraria conhecer o gosto musical dos alunos para dar início à apreciação teórico e na prática estratégia

apreciação musical, teoria musical e prática instrumental

13

primeiramente com musicalização e diversos elementos e brincadeiras musicais, depois com contextos contemporâneos, construção de instrumentos e canto estratégia

musicalização, brincadeiras musicais, construção de instrumento, canto

16 fazendo música se aprende música, logicamente que tem os aspectos teóricos e práticos estratégia

fazendo música teoria e prática

20 a base teórica, percepção auditiva, corporal, como trabalhar em grupos estratégia

teoria, percepção, auditiva e corporal, em grupo

22

apresentaria os diversos assuntos relacionados à música de forma gradativa e colocaria os alunos para praticar estratégia teoria e prática

24

musicalizando através de brincadeiras cantadas, grupos de percussão, contando a história da música e associando a que período da história da humanidade ela está associada estratégia

brincadeiras cantadas, percussão, história da música

25

através de exercícios auditivos, respeitando a realidade dos alunos, se num segundo momento usar essa referência para exercícios práticos estratégia

percepção auditiva, exercícios práticos

30 uniria a teoria à prática no instrumento estratégia teoria e prática

37

através de brincadeiras como corrida de obstáculos, jogos, movimentos com o corpo, pesquisa e tocata em roda estratégia

brincadeiras, jogos musicais, movimentos do corpo, pesquisa

38

procuro utilizar jogos interativos que incluam movimento e alegria. Além disso trabalho a música que é pouco divulgada pelos canais de mídia estratégia

jogos interativos de movimento

12

buscando criar interesse nos alunos, utilizando exemplos do cotidiano, explorando os sons do cotidiano e improvisando estratégia

exploração sonora de sons de cotidiano, improvisação

21 explorando toda a sensibilidade dos alunos através do movimento e do ritmo estratégia

sensibilização através de movimento e ritmo

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31

resgatando a importância da música, contextualizando. Trocando experiências e valorizando a improvisação e o movimento estratégia

contextualizando, trocando experiências, improvisão e movimento

35

tratando esta matéria como as outras e mostrando que há teoria, fundamentos e músicas que merecem ser conhecidos, pois estudamos as metodologias ativas que mostram isso metodologia metodologias ativas

36

utilizando vários recursos de diferentes métodos ativos afim de alcançar o objetivo proposto que é ensinar música metodologia métodos ativos

34 através de uma metodologia rica, do conhecimento e da prática, com um repertório variado. metodologia

repertório variado, metodologia rica, conhecimento e prática

29

ensino o que conheço, meu interesse e meta é despertar o interesse no aluno de expressar sua musicalidade objetivo

despertar o interesse do aluno

1 falaria do respeito ao próximo, ensinaria o relacionamento coletivo, aprender a ouvir o som

objetivo de ensinar

ensinar valores, escutar, socializar

2

estimulando a percepção e desenvolvendo o senso crítico, para que os alunos ganhem a capacidade de perceber o que tem qualidade técnica e criativa e assim, poderem fazer escolhas entre o bom e o ruim

objetivo de ensinar

percepção, senso crítico

23 de forma simples e objetiva simples simples

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FOTO 1 - BAILE FUNK EM UMA ESCOLA PÚBLICA TURMA MÚSICA 1S TURMA MÚSICA 5S TURMA PEDAGOGIA 1S TURMA PEDAGOGIA 7S

4 na balada I 7 funk também é musica P 7 funk I 3 versatilidade P

6 participação P 7 funk I 7 aprendendo as dancas P 8 indisciplina N

6 cultura na favela carioca P 7 pintando o 7 P 8 pancadao I 8 não traz nenhuma educação N

7 dança P 8 pancadão funk I 8 sem cultura alguma N 8 usar a música de forma errada N

7 perdidos na noite N 8 funk I 8 musica do mundo de hoje I 8 funk I

7 falta muita informacao N 8 deturpação de um grande estilo N 8 pior dos piores N 8 funk I

7 baile funk I 8 festa P 8 ritual de magia I 8 agressividade e desinteresse N

8 expressão musical no intervalo P 8 não é música N 8 sem nocao de musica N 8 baladas prazerosas P

8 cenas de funk I 8 apocalipse N 8 os vulgares N 8 música em grupo P

8 musica sem pudor N 8 aula de dança, funk e ritmo P 8 funk I 8 funk I

8 bagunça no intervalo N 8 violência N 8 inducao a prostituicao N 8 decadência N

8 música e dança P 8 cultura inútil N 8 funk não o faca N 8 música mundanas N

8 não construtivo N 8 baile I 8 festa de rua P 8 festa não escolar N

8 questões culturais P 8 mentes despreparadas N 8 aprendendo com a musica P 8 baile funk I

8 esta tudo errado N 8 sem fundamento N 8 pornografia N 8 pancadão I

8 funk I 8 depravação N 8 a perdicao N 8 aprenda dançando P

8 vergonha N 8 funk carioca N 8 baile funk I 8 funk I

8 baile funk na escola I 8 será que dá tempo? N 8 brincar e dancar P 8 nem tudo é música N

8 outra realidade I 8 liberdade expressão P 8 sem contexto N 8 a realidade nos dias de hoje I

8 funk na escola I 8 expressão corporal P 8 pegacao N 8 desagradável N

8 funk pornografia do Rio N 8 falta de respeito N 8 musica extravagante N 8 modismo N

8 inadequado a sala de aula N 8 Dança P 8 dança explícita N

TURMA MÚSICA 1S TURMA MÚSICA 5S

TURMA PEDAGOGIA 7S

8 o que é música I 8 ritmos atuais P 8 absurdo N

LEGENDA: I = Indiferente

N = Negativo ANEXO E P = Positivo

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8 brincando P 8 funk I 8 absurdo N

8 desordem N 8 festa P 8 baile funk I

8 inútil N 8 indecente N 8 tristeza musical N

8 funk I 8 funk I 8 abuso sexual N

8 funk não N 8 desvalorização moral N 8 vulgarizar N

8 funk carioca I 8 apela para o lado sexual N 8 depreciação N

8 imoralidade N 8 péssimo N 8 vulgaridade N

8 baile funk I 8 não necessária N 8 não se nomeia música N

8 parece "baderna" N 8 desnecessário N 8 educação física P

8 brincadeira musical P 8 a dança manifestação cultural P 8 pancadão I

8 o poder da música P 8 balada I 8 realidade I

8 orgia na música N 8 distração I 8 pancadão I

8 expressões de moda I 8 cultura de massa I

8 vulgaridade N 8 danças periféricas I

8 incentivo a prostituição N 8 agressão N

8 desce até o chão, ensino N 8 baile funk I

8 festa I 8 funk: um ritmo musical I

8 baile funk I 8 funk I

8 nunca serão! N 8 valorização da musica P

8 balada I 8 a vulgaridade presente! O funk! N

8 banalização N 8 palavrões N

8 cultura de região P 8 batidão I

8 baile funk I 8 funk I

8 festa funk I

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TURMA MÚSICA 1S

TURMA MÚSICA 1S (continuação)

TURMA MÚSICA 1S (cont.)

8 depravação N 8 balada I 8 não vejo nada aproveitavel N

8 sem cultura musical N 8 baile funk I 8 funk I

8 o dispensável N 8 que dança e essa? N 8 periferia I

8 baile funk I 8 funk I 8 polemica N

8 interação entre alunos P 8 festa I 8 exposicao ao ridiculo N

8 baile I 8 diversao P 8 baile funk I

8 baile funk I 8 sem futuro N

8 a luta N 8 baile funk I

8 pancadão N 8 acabando aos 18 I

8 funk I 8 balada I

8 inversão de valores N 8 baile funk I

8 o baile funk I 8 loucura total N

8 dispensável N 8 o que eles pensam I

8 briga na favela N 8 precariedade N

8 transtorno N 8 a falta de educacao musical N

8 negação à educação N 8 musica desprovida de instrucao N

8 apologia ao sexo N 8 imoral N

8 baile funk I 8 distracao urbana I

8 funk I 8 pancadao I

8 funk I 8 inevitavel N

8 desmoralizacao social N 8 brasil/prostituicao N

8 dança I 8 isso não e bom N

8 improprio N 8 ignorando o que aprendeu N

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FOTO 2 - SHOW DE ROCK EM UMA ESCOLA, COMO PARTE DE UMA AÇÃO DE CONSCIENTIZAÇÃO CONTRA O USO DE DROGAS

TURMA MÚSICA 1S TURMA MÚSICA 5S TURMA PEDAGOGIA 1S TURMA PEDAGOGIA 7S

1 coordenada P 2 saraus P 1 musica ao vivo P 1 a música a formação do aluno P

1 ensaio P 2 comunidade P 2 incentivadores P 1 ciranda P

1 formação de grupos/ integração P 3 aula de canto P 2 rock P 1 trabalhando em equipe P

1 recital bimestral para alunos e mestres P 3 canto na escola P 2 prazer do que faz P 3 expressão de jovens P

1 essencial P 3 prática de banda P 3 acontecendo a estimulacao P 3 apresentação da banda P

1 bela iniciativa P 3 boa expressão P 3 conjunto harmonico P 3 música livre P

2 prática e conjunto P 4 banda P 4 cantando na escola P 4 organização P

2 apresentações do show P 4 pratica de conjunto P 4 hora do show P 4 apresentação P

2 para todos P 4 festivais de música P 4 novos talentos P 4 aprendizagem P

2 audição P 4 apresentação P 5 festival de musica P 4 música pop P

2 oficina musical P 5 ensaio geral P 6 oficina da musica P 5 adolescente P

2 prática de grupo na música P 5 incentivando alunos P 6 jovens talentos P 5 coral infantil P

2 festa entre colegas P 5 banda P 6 musica aprendiz P 6 equipe P

2 voce quem manda I 5 interação P 7 show escolar P 6 trabalhando com a criatividade P

2 como serao I 5 banda P 7 vivenciar a musica P 6 desenvolvimento social P

2 talentos P 5 desperta interesse P 7 forma jovens P 6 apresentação P

2 expor o que aprende P 6 banda P 7 cantando P 6 música para todas as idades P

2 apresentacao de alunos P 6 concentração P 7 show promovido por alunos P 6 forma de se expressar P

2 calouros escolar P 6 diversão P 7 desenvolvendo relacionamento P 6 prática na música P

2 projeto aprender P 6 apresentação P 7 apresentacao de rock na escola P 6 agitando a escola P

2 banda de rock P 6 interessante P 7 descubra seu talento P 6 amostra de talentos P

2 dedicacao P 6 criatividade P 7 rock P

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TURMA MÚSICA 1S TURMA MÚSICA 5S TURMA PEDAGOGIA 1S TURMA PEDAGOGIA 7S

3 pratica de banda P 6 auto estima P 7 apresentação de instrumento P

3 show não é ensino N 7 pop ao ar livre P 7 show na escola P

3 apresentação P 7 prática de banda P 7 apresentação musical P

3 estúdio P 7 momento de exibição P 7 banda de rock P

3 festivais de música no colégio P 7 um dia de estrela P 7 pop P

3 apresentação P 7 banda de escola P 7 a música e a formação do aluno " descobrindo talentos" P

3 musica e socialização P 7 entretenimento P 7 prazer na escola P

3 bandas P 7 divertir-se P 7 descobrindo talento P

3 integração P 7 vamos tocar P 7 moda N

3 ensaio geral P 7 amostra de trabalho P 7 oportunidade P

3 audição P 7 show na escola P 7 futilidade N

3 festival de bandas P 8 banda de garagem P 7 mostro aquilo que conheço I

3 audição P 8 apresentação P 7 Música é igual à juventude I

3 arte musical P 7 canto (voz) P

3 show de rock na escola P 7 show P

3 ensaio P 7 rock P

3 apresentação final P 7 descobrindo talentos P

3 ritmo e instrumentação P 7 jovens também é emoção P

3 apresentacoes musicais P 7 rock P

3 apresentacao P 7 descobrindo o gosto pela música P

4 treinando instrumentos populares P 7 atenção presente no ritmo P

4 recital de alunos P 7 oportunidade P

4 prática musical em grupo P 7 cantando sem limites P

4 pratica P 7 show P

4

Ensaio P

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TURMA MÚSICA 1S TURMA MÚSICA 1S (cont.) TURMA MÚSICA 1S (cont.)

4 profissionais na musica P 7 apresentação P 6 inicio de apresentação P

4 voce e capaz I 7 apresentacao P 7 manifestação cultural P

4 evento de musica P 7 arriscando no sonho P 7 entretenimento P

4 apresentacao de grupos P 7 show de rua I 7 ensaiando com os alunos P

4 festival P 7 egocentrismo N

5 show nas escolas P 7 praticando conhecimento P

5 banda P 7 instrumentacao P

5 sarau de bandas P 7 musica jovem P

5 pratica de conjunto (banda) P 7 amar e se expressar P

5 show comunitário P 7 entretenimento P

5 atividade complementar P 7 show na comunidade P

5 música, expressão e valores P 7 apresentacao de banda P

5 muito som P 6 criatividade musical P

5 pratica em conjunto P 6 apresentacao P

5 show na escola P 6 formacao de musicos P

5 interacao P 6 show de talentos na escola P

5 jovens talentos P 6 show alternativo P

5 incentivo P 6 inicio P

6 pratica em conjunto P 7 audição P

6 banda P 7 festivais P

6 pequenas bandas P 7 tocando ao vivo P

6 grupos para aprender P 7 "mostra cultural" P

6 expressão P 7 manifestação cultural P

6 rock fest escola P 7 entretenimento P

6 aula de instrumentos P 7 ensaiando com os alunos P

6 inicio P 7 bandas e convivência P

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FOTO 3 - PREPARAÇÃO PARA UMA BANDA DE LATA NA ESCOLA TURMA MÚSICA 1S TURMA MÚSICA 5S TURMA PEDAGOGIA 1S TURMA PEDAGOGIA 7S

1 noções rítmicas P 1 musicalização em grupo P 1 ritmos e cultura P 2 aprender brincando P

1 sons naturais P 1 estímulo P 2 musicas e batidas P 2 gosto do que aprendi P

1 arte da percussao P 1 vivência P 2 brasil precisa disso P 2 brincando na hora errada P

1 jogos musicais P 1 percussão e rítmica P 3 bandinha P 2 capoeira P

1 garoto percussao P 1 interação musical P 3 cantando o hino nacional P 3 divertimento P

1 aprendizagem P 2 percussão I 5 musicas regionais P 3 ritmo P

2 aula de percussão P 2 ritmo P 5 cultural P 3 a banda P

2 ritmo P 2 percussão corporal P 5 cada um mostrando sua dança P 3 sentir a música P

2 instrumentos musicais P 3 escola P 5 todos juntos na musica P 3 timbalada I

2 percussao na escola P 3 percussão corporal P 6 musica em grupo P 3 liberdade de expressão P

2 percussao I 3 expressão corporal P 6 aprendendo a tocar P 4 inovação P

3 música com sons do dia a dia P 4 percussão corporal P 6 musica alegria de viver P 4 fanfarra P

3 conhecendo a música P 4 rítmo P 6 olodum I 5 sala de aula aluno cantador P

3 aulas de percussão P 4 culturas regionais P 6 musica com aprendizado P 5 variedades de músicas P

3 som e cultura P 4 bandinha P 6 ensinando ritmos P 5 ritmo P

3 primeiros passos P 4 rítmo, pulso P 7 batucada I 5 na batida do tambor P

3 formas de percussao P 4 percussão corporal P 7 olha o meu talento P 5 música coletiva P

3 percussao, ritmica e inovacao P 4 grupo rítmico P 7 diversao P 5 conhecendo instrumentos P

3 percussao I 5 bate lata I 7 sem caminho N 5 movimento cultural P

3 todo mundo participando P 5 brincando com música P 7 um por todos P 5 diversidade P

3 improvisacao P 5 batuque P 7 musica cultural P 5 coordenação motora P

3 percussao em sala P 5 ritmo I 5 prazer P

4 diversão P 5 transporta ritmicamente para um instrumento P 5 capoeira P

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TURMA MÚSICA 1S TURMA MÚSICA 5S TURMA PEDAGOGIA 1S TURMA PEDAGOGIA 7S

4 batuque I 6 ritmo e corpo P 5 olodum P

4 o som do corpo P 6 ritmo é sempre bom P 5 fanfarra P

4 integração instrumental P 6 socialização P 5 cantando o hino nacional P

4 apresentacoes P 6 tambor P 5 através do toque P

4 aula de percussao P 6 rítmica P 6 música e imitação P

4 trabalho em grupo P 6 atenção P 6 hino nacional e outras músicas P

4 hinos,juramentos e arte P 6 estudo rítmico P 6 interação com a música P

4 expressao P 6 popular I 6 talento P

4 bom garoto P 7 diversão P 6 minha comunidade P

4 conjunto P 7 ginastica e alongamento P 6 novidade na escola P

4 musica na escola P 7 talvez I 6 olodum P

5 cantando e batucando P 7 sincronia P 6 capoeira P

5 música na periferia I 6 paixão pela música P

5 percussão corporal P 6 movimentos P

5 amostra pratica P 7 talento só assim P

5 liberdade para expressar seus movimentos P 7 alegria em conjunto P

5 relação corpo música P 7 descontração P

5 cultura e música P 7 fanfarra P

5 batuque I 7 venha aprender comigo P

5 expressão corporal P 7 hábil - instrumental P

5 incentivo a musica P 7 respeito a música P

5 formando opiniões P 7 movimente-se P

5 percussão na sala P 8 limites I

5 os timbaleiros I

5

desenvolvimento rítmico P

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TURMA MÚSICA 1 S

TURMA MÚSICA 1S (CONT.)

TURMA MÚSICA 1S (cont)

5 percussão corporal P 7 musicalizando P 7 cidadania P

5 musica em meio a dificuldades P 7 percussao I 7 bagunça N

5 criatividade P 7 alegria as criancas P 7 percussão I

5 falta de recursos N 7 aula de percussao corporal P 7 integração P

5 mexa e remaxa P 7 percussao I

6 ritmo P 7 percussao I

6 sem mestre não há aprendiz P 8 percussão I

6 o coral do batuque axé I 8 crianças na escola P

6 maneiras diferentes P 8 cívicos ou não P

6 musicalizando P 7 batuques I

6 batucação I 7 ensinar o que as crianças gostam P

6 estudando cultura P 7 percussão corporal P

6 música informal I 7 povão N

6 sons funcionais P 7 desordem na classe N

6 integração P 7 respeito P

6 percussao I 7 metodologia arcaica N

6 artes marciais I 7 baderna não é musica N

6 percussao corporal P 7 coisa de criança N

6 percussao corporal P 7 patriotismo I

6 sensacao de prazer P 7 brincadeira de criança N

6 ritmos P 7 artes marciais com música P

7 honra a musica P 7 o juramento I

7 percussão e ritmo P 7 expressão corporal P

7 artes marciais I 7 expressão rítmica P

7 percussão corporal P 7 corporal P

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FOTO 4 - UMA ESCOLA TROCOU A SIRENE PELA MÚSICA

TURMA MÚSICA 1S TURMA MÚSICA 5S TURMA PEDAGOGIA 1S TURMA PEDAGOGIA 7S

1 comece ouvindo bons CDS P 1 a história de um país P 2 usando a criatividade P 1 cds palavra cantada P

1 mostras de artistas e músicas P 1 musica na sala P 2 a arte de cantar P 3 cds musicais P

2 adolescentes e a música P 2 audição musical P 2 musica tradicional P 4 amor no que faz P

2 a velha história I 2 apreciação P 3 pula na cadeira I 4 música para todos os gostos P

2 apreciação P 2 audição de musicas diferentes P 3 cultura P 4

formando as aulas criativas, levando recursos musicais P

2 apreciacao musical P 2 ouvir P 4 boas referencias musicais P 4 música popular P

2 persistencia P 2 percepção P 4 cd multimidia I 4 dança P

3 comércio da música N 3 apreciação musical P 4 cds classicos P 4 jazz P

3 apresentação de estilos musicais P 3 repertório P 4 a conquista P 5 propaganda N

3 material de suporte P 4 audição P 5 ouvindo musica P 5 cds recomendados pelos educadores P

3 escolha P 4 bom P 5 criatividade P 5 propaganda N

3 percepcao musical P 4 variedade de repertório P 6 diferentes formas de musica P 5 divulgação musical N

3 conhecimento musical P 5 saída P 6 cds na escola P 5 a música perfeita P

3 conhecimento musical P 5 divulgação I 6 levando cds para ouvir P 5 coleção musical P

3 mpb P 5 escuta apurada P 6 qual voce prefere P 5 ensinar com música P

4 música e mercado fonográfico I 6 audição P 6 aula com cds P 5 musica urbana I

4 ouvindo CD P 6 contato P 6 e bom aprender P 5 saber P

4 desenvolvendo o gosto musical P 6 conhecendo compositores P 7 musica jovem P 5 propaganda N

4 produção dos alunos P 6 apresentando músicas P 7 satisfacao P 5 bom começo para os jovens P

4 escute música P 6 diminuindo distâncias P 7 realizacao P 5 venda de cds P

4 apreciação P 6 aprovação musical P 7 superacao P 6 atenção faz parte da música P

4 música no intervalo P 6 apreciação musical P 6 sala de aula P

4 você é o que ouve I 6 conhecimento musical P 6 aprendendo com música P

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4 ouvindo música P 6 apreciação de diversos gêneros P 6 momento musical P

4 ouvir música P 6 propaganda do CD N 6 propaganda P

4 aprendendo escutar música na escola P 7 apreciação P 6 ampliação de repertório P

4 escutar musica P 7 ouvindo canções P 6 aprendendo a boa música P

4 demos I 7 trabalho P 6 diversidade P

5 ouvindo músicas P 7 merchandising N 6 adolescentes P

5 projeto minha música P 7 individualismo N 6 sou seletiva para meus alunos P

5 audição P 7 professora I 6 explorar música P

5 ouvir-pesquisar P 7 apreciação de cd P 6 música P

5 apreciação musical P 7 desinteresse N 6 realizando o sonho P

5 ensino com aulas de videos P 7 divulgando algo N 6 identidade de cada aluno P

5 audição P 8 divulgação N 6 ritmos brasileiros na sala de aula P

5 ouvindo música P 6 a música presente P

5 análise de músicas P 6 ensinar com a música P

5 escuta musical P 6 dança P

5 incentivando P 7 divulgação I

5 ouvir cds P 7 cultura brasileira P

5 gravacoes musicais P 7 variedades musicais P

5 aprendendo arte P 7 cd I

5 musicas novas P 7 aprendendo a ouvir P

5 divulgacao de cd's N 7 preparação do professor P

5 analise P 7 conhecer o novo P

5 apreciacao musical P 7 ritmos P

5

vendendo cultura N

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TURMA MÚSICA 1 S

TURMA MÚSICA 1S (CONT.)

TURMA MÚSICA 1S (cont)

5 exemplificar sempre P 6 educar ouvido P 7 propaganda é tudo N

5 audicao P 6 popular I 7 sessão de autógrafos I

5 comercial de cds N 6 a arte de ouvir P 7 gravando cd I

5 o que ouvimos hoje! P 6 estudar e bom P 7 o sentido crítico da audição P

6 biblioteca musical P 6 divulgacao de cds N 7 distribuindo cultura P

6 apreciação P 7 referências musicais P 7 fim de uma apresentação P

6 desenvolvimento P 7 arte é para todos I 7 compulsão artística I

6 indicações de CDS P 7 música no ensino médio P

6 música popular P 7 a importância de ouvir boas músicas popular P

6 ouvir musica sempre é aprender P 7 música completa/resultado de um trabalho P

6 cd I 7 audição P

6 inteligência P 7 saber P

6 espaço da música P 7 divulgação N

6 música para relaxar P 7 apreciação/percepção P

6 incentivo a cultura musical P 7 apreciacao musical P

6 gostos pessoais e a escuta P 7 producao de cds I

6 vamos ouvir música P 7 apreciacao P

6 dia de escuta na escola P 7 devemos participar P

6 interação P 7 realizacao P

6 apreciação musical P 7 eu venci P

6 ouca em casa P 7 apreciacao P

6 aprendendo ser melhor P 7 realizacao P

6 ouvindo cancoes na escola P 8 apreciação P

6 limitado N 8 apresentacao de cd P

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FOTO 5 - AULA DE MUSICALIZAÇÃO EM ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL

TURMA MÚSICA 1S TURMA MÚSICA 5S TURMA PEDAGOGIA 1S TURMA PEDAGOGIA 7S

1 iniciação infantil P 1 musicalização P 1 musicalizacao infantil P 1 dedicação P

1 canto coral infantil P 1 musicalização P 1 as primeiras cantigas P 1 começo de tudo P

1 som para criança P 1 nada como aprender ouvindo e reproduzindo P 1 desenvolvimento P 1 roda de música P

1 musicalização infantil P 1 aula de concentração P 1 calmaria sim P 1 a importância do ouvir P

1 musicalização infantil P 1 iniciação musical P 1 cantiga de ninar P 1 a importância da música P

1 introdução à música P 1 musicando P 1 professor e musica P 1 roda de música P

1 inicio musical P 1 descobrindo a música P 1 vamos relaxar P 1 construindo habilidades P

1 desenhe cantando P 1 musicalização P 1 estimulando P 1 construindo conhecimento P

1 motivação P 1 musicando P 1 comeco de tudo P 1 trabalhar desde a infância P

1 música é respeito P 1 violão P 1 aprendizagem P 1 aprender a ouvir P

1 rodinha P 1 canção de ninar P 2 aprendendo desde cedo P 1 conhecendo os instrumentos P

1 musicando (musica+educando) P 1 musicalização infantil P 2 qualidade de ensino P 1 reflexão P

1 história com música P 1 musicalização P 2 professor ensinando a musica P 1 ritmos: violão P

1 iniciação musical P 1 musicalização com apoio de instrumento P 3 musica com violao P 1

a importância da música na educação infantil P

1 musicalização P 1 início P 3 comecando bem P 1 trabalho de imaginação P

1 bê a bá musical P 1 primeiros contatos P 3 musicas infantil P 2 violão e estimulação P

1 pequeninos e um violão P 1 música no jardim II P 3 musica educativa P 2 a música com grande importância P

1 aula de violão P 2 serenata P 4 sertanejo I 2 aula de violão na educação infantil P

1 iniciando despertar musical P 2 musicalização P 4 distracao N 2 relaxamento P

1 musicalização infantil P 2 musicalização P 4 ouca e aprenda P 2 som da paz P

1 recreação P 2 um meio de contagiar P 6 um sonho P 2 aprender a ouvir P

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1 aula de violão popular P 2 ótimo P 2 aproximidade com a criança P

1 o soar do acorde P 3 musicalização infantil P 2 violão, canto e marcação P

1 início P 3 ENSINO P 2 imaginação P

1 musica com interação P 3 ação P 2 apreciar a arte musical P

1 musicalização P 3 contato P 2 dança - fanfarra P

1 contato com musica P 3 musicalização P 2 violão P

1 cantoacompanhado ao violao P 3 aulas de violão P 2 professora maluquinha P

1 aula de violao P 4 folclore musical P 2 pensamento lógico P

1 iniciacao P 4 envolvimento P 2 a arte de educar com música P

1 aprendendo musica P 5 terapia P 2 interagindo P

1 musicalizacao P 5 recursos P 3 a música para todos P

1 desenvolvimento P 5 harmonia P 3 música em sala P

1 introducao a musica P 6 jogos musicais P 3 aprendendo e criando com música P

1 ambiente alegre P 7 cantando histórias P 3 a história através da música P

1 fantasia, alegria P 3 cantando e aprendendo P

1 cantar e sonhar P 3 aula de violão P

1 musica na infancia P 4 aprendizagem P

1 contato mais direto P 4 harmonia P

1 musicalizando P 4 vocal P

1 musicalizacao infantil P 4 tocar junto faz parte P

1 aprendendo com musica P 4 ambiente agradável P

1 introducao a musica P 4 harmonia P

2 fazendo música P 4 conhecimento P

2 jogo musical P 4 ritmo P

2 despertando o interesse musical P 7 musica ao vivo P

2 jogos de música infantil P

2 musicalização P

2 musicalização em grupo P

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TURMA MÚSICA 1 S

TURMA MÚSICA 1S (CONT.)

TURMA MÚSICA 1S (cont)

2 cantar P 3 a arte da música P 4 estimulo musical P

2 ciranda de roda P 3 música e brincadeira P 4 as lúdicas músicas infantis P

2 interação P 3 educação musical infantil P 4 jogo da musica P

2 a escrita e o ensino P 3 musicalização infantil P 4 e de cedo que a gente comeca P

2 despertando o interesse P 3 a canção P 4 arte P

2 musicalização infantil P 3 percepção/canto P 4 lazer P

2 cantando com as crianças P 3 ensinando musica P

2 inicialização musical P 3 cancao na aprendizagem P

2 climatização P 3 musicando P

2 cantando para as crianças P 4 cantando P

2 música no primário P 4 cante comigo P

2 aprender brincando com a música P 4 iniciação P

2 estimulo para criação P 5 eu toco e você ouve P

2 vivência musical P 5 vamos colorir cantando P

2 brincando com a música P 5 ouvindo e aprendendo P

2 familiarização P 5 contato com musica desde pequeno P

2 harmonizacao P 5 sensibilidade P

2 iniciando P 5 criatividade P

2 didatica P 6 imaginacao P

2 conforto P 6 cantigas de roda P

2 atividades e introducao a musica P 7 como sera ensinado P

2 aprendendo com figuras P 7 desenho dos sons P

2 cantando P 5 história cantada P

2 estimulo P 4 estimulo musical P

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FOTO 6 - DANÇA DIVERTIDA - ATIVIDADE DE MÚSICA E MOVIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

MÚSICA 1S

MÚSICA 7S

PEDAGOGIA 1S

PEDAGOGIA 7S

1 música em movimento P 1 percepção corporal P 1 alegria, alegria P 1 música e movimento P

1 expressão corporal P 1 diversão P 1 canto e passos P 1 coordenação corporal P

1 alegria de criança P 1 participação P 1 dancando em grupo P 1 desenvolvimento P

1 andar pelo espaço, o som do corpo P 1 cantiga de roda P 1 dança em conjunto P 1 liberdade corporal P

1 brincadeira P 1 interação P 1 brincadeiras de roda P 1 fazer P

1 recriação musical P 2 dança P 1 relaxamento P 1 interação através da dança P

1 ciranda P 2 duversão P 1 brincadeiras musicais P 1 coletivo P

1 expressão rítmica e corporal P 2 coordenação P 2 coreografias em ritmos musicais P 1 liberdade P

1 expressando o som P 2 expressão corporal P 2 alunos e musica P 1 brincadeiras de roda P

1 interacao P 2 socialização P 2 de asas a imaginacao P 1 brincando e cantando é que aprende P

1 diversidade P 2 brincando com música P 3 sensibilidade da musica P 1 movimento e ação P

1 nocoes de espaco P 2 musica para socialização P 3 balao magico P 1 interação musical P

2 musica na escola P 2 musicalizar brincando P 3 relaxamento em grupo P 1 coordenação motora P

2 cantigas P 2 o movimento e a música P 5 alegria P 1 a música presente na aula P

2 ciranda, cirandinha P 2 ritmo e andamento P 5 musica e dança P 1 dança equilíbrio P

2 musicando P 3 diversão musical P 5 diversao P 2 liberdade P

2 coordenação e lateralidade P 3 brincar P 5 musica relaxante P 2 desenvolvimento P

2 expressao corporal P 3 importante P 6 cantigas de roda P 2 alegria de aprender P

2 liberdade P 3 explorar os sons do corpo P 6 cantigas de roda P 2 oficina de música P

2 musica e movimento P 4 brincadeira no pátio P 6 as atletas P 2 dinâmica com música P

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2 sentir P 4 interação P 8 a forma de passo e etc P 2 dançando com as nuvens P

2 livre para voar P 4 brincar com música P 2 dançando conforme a música P

2 conhecendo espacos P 4 brincar de música é importante P 2 movimente-se P

2 crianca feliz P 4 dança P 2 expressão corporal P

3 brincando de roda P 4 recreação P 2 liberdade corporal P

3 dança musical P 4 esportivo P 3 ouvir e brincar na escola P

3 jogos P 5 recreação P 3 dança P

3 interatividade P 5 voa aviãozinho P 3 a contribuição da música no desenvolvimento da criança P

3 cantiga de roda P 5 brincadeira de roda P 3 roda de canto P

3 danças de roda P 5 brincar, interagir P 3 som e movimento P

3 dança P 5 aulas de dança P 3 liberdade de expressão P

3 brincadeira de roda P 5 brincadeira de criança P 3 diversão P

3 ritmo corporal P 6 educação física e dança P 3 música e brincadeiras P

3 atividade fisica P 6 exercícios P 3 balé P

3 arte em primeiro lugar P 7 dança P 3 autonomia P

3 educacao fisica com musica P 3 explorando o espaço através da música P

3 liberdade musical P 3 dança corporal P

3 a arte na dança P 4 coordenação P

3 socializacao P 4 dança corporal P

3 organizacao P 4 terapia dançante P

4 música e movimento P 5 sincronia P

4

faria movimento também em grupo. Aprender a trabalhar em equipe P 5 brincadeiras com música P

4 ritmo P 6 motricidade(lateralidade) P

4 dançar também é música P 6 interação P

4 eu e a música P 7 dança P

4 musica e expressão P 7 expressão corporal P

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MÚSICA 1 S

MÚSICA 1S(CONT)

MÚSICA 1 S (CONT)

4 ciranda P 5 jogos musicais P 7 brincadeira de roda P

4 atividades com crianças P 5 movimentando P 7 música e dança artes irmãs P

4 distração I 5 jogos P 7 musica de roda P

4 dançando com a música P 5 dança P 7 brincando na escola P

4 atividades com o corpo P 6 gincana infantil P 7 educacao fisica P

4 motivando P 6 corrida na escola P 7 atividade ed. Fisica P

4 dança P 6 rítmica P 7 ginastica P

4 ser crianca P 6 voando P 8 desenvolvimento P

4 interacao com musica P 6 vôo do pássaro P 8 fisica P

4 brincadeira de crianca P 6 jogos musicais P

4 educacao fisica P 6 aquecendo a imaginação P

5 entrosamento P 6 a dança P

5 dança na escola P 6 dançando a música P

5 vôo da gaivota P 6 a expressão do corpo P

5 o corpo fala P 6 dança P

5 consciência corporal P 6 atividade física P

5 sinta e movimente P 6 o sentido do giro P

5 cirandando com a música P 6 expressao corporal P

5 atividade física P 6 descontracao P

5 coreografia P 6 artes cenicas e interpretacao P

5 expressão corporal com música P 6 alegria P

5 diversão P 6 musica e roda P

5 sentido P 7 atividade e dança P

5 musica com movimento P 7 brincadeira de roda P

5 brincando P 7 música e dança artes irmãs P

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FOTO 7 - PROFESSORA ENSINANDO FLAUTA-DOCE PARA TURMA DE 1ª SÉRIE

MÚSICA 1S

MÚSICA 7S

PEDAGOGIA 1S

PEDAGOGIA 7S

1 apreciação musical P 1 fundamento musical P 2 flauta doce P 1

aula de flauta no ensino fundamental P

1 iniciação musical P 1 aulas práticas P 2 classica P 1 música doce e suave P

1 musicalização infantil P 1 musicalização infantil P 2 paz P 1 iniciação musical P

1 musicalização infantil P 1 preciso P 2 unidos P 1 conhecendo P

1 percebendo as alturas das notas P 2 aula de flauta P 3 tocando flauta P 1 aula flauta doce P

1 musicalização em massa P 2 flauta doce é essencial P 3 inovacao P 1 flauta P

1 interação P 2 aula de sopro P 3 professora ensinando a tocar P 1 só leveza P

1 orquestra de flauta P 2 flauta P 3 show algo bom ou ruim I 2 aula de flauta P

1 educação infantil P 2 flauta doce P 3 o som da flauta P 2 instrumentos de sopro P

1 vivência P 2 dor de cabeça N 4 tocar flauta P 2 os flautistas P

1 introduzindo a música P 2 treinamento auditivo P 4 aprender a utilizar instrumentos musicais P 2

importância dos instrumentos de sopro P

1 musica na escola P 2 música na prática P 4 aula instrumental P 2 conhecimento P

1 o ensino musical P 2 flauta doce P 4 raiz cultural P 2 flauta P

1 aula de flauta P 2 concentração P 4 ensinando suas notas P 2 flauta na escola P

1 ensinando música P 3 música P 4 lazer P 3 satisfação P

1 arte de tocar P 3 tia N 5 aprendo mesmo P 3 concentração e equilíbrio P

1 musicalizando P 3 aula de instrumento P 5 orquestra P 3 música e aprendizagem P

1 música na escola P 3 musicalizando P 5 aula de flauta P 3 superação P

1 iniciação musical P 3 aula de flauta-doce P 6 Flauteando e cantando P 3 paciência P

1 flautista concentrado P 4 tocando P 6 solte a voz P 3 desenvolvimento motor P

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1 iniciação musical P 4 melodia P 4 musica suave P 3 habilidade com a flauta P

1 primeiros passos P 4 descobrindo o instrumento P 3 aprendendo com instrumento P

1 primeiro sopro P 4 apresentando a disciplina musical P 4 aula de música P

1 ensinando flauta doce P 5 aula de flauta P 4 descobrindo talentos P

1 aula de musica P 5 paciência P 4 sentindo a música P

1 garoto de ouro P 5 flauta doce P 4 a música na ed. Infantil P

1 praticando P 5 flauta doce P 4 ensinar cultura P

1 musicalidade P 5 técnica musical P 4 aprender a cada dia P

1 musicalizacao infantil com instrumento P 5 flauta P 4 tranquilizador P

2 pratica de instrumento P 6 desenvolver noções de altura P 4 aprendendo a tocar P

2 apresentação instrumento P 7 tradicionalismo N 5 atenção P

2 musicalização infantil P 7 relação grave agudo P 5 afina a corda vocal P

2 musicalização nível 2 P 7 tocar um instrumento P 5 flauta P

2 ensinando flauta P 7 excelente ensino P 5 diversidade musical P

2 música é vida P 7

a flauta doce como instrumento de musicalização P 5 individualismo N

2 introdução ao instrumento P 5 ficamos mais próximos P

2 flauta mágica P 5 concentração P

2 teoria e prática P 5 trabalho de concentração P

2 disciplina P 5 concentração P

2 flauta doce P 6 aprendendo P

2 ensino instrumental P 6 música através da flauta P

2 prática do instrumento P 6 orquestra P

2 flautas pedagógicas P 6 percepção auditiva P

2 aula de flauta P 6 desenvolvimento P

2 o contato com o instrumento P 6 aprendendo a tocar flauta P

2 musicalização em sala P 7 instrumentos de sopro P

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MÚSICA 1 S

MÚSICA 1 S (CONT)

MÚSICA 1 S (CONT)

2 inicialização a flauta doce P 3 vontade de aprender P 6 teoria musical P

2 aula de flauta doce P 3 aprendendo musica P 6 notacao musical grupal P

2 aula de flauta doce P 3 aula de flauta P 6 praticar P

2 precisão melódica P 3 flauta doce P 7 flauta desafinada N

2 música na prática P 3 aula de flauta doce P 7 atencao P

2 musicalizacao P 4 inicialização para instrumentos de sopro P 8 o que realmente sera P

2 aula de flauta-doce P 4 ensino P

2 aula de flauta P 4 simplicidade de aprender P

2 aprendizagem P 4 musicando com o professor P

2 conhecendo um instrumento P 4 estudo do instrumento P

2 doce flauta doce P 4 fazer musical P

2 aula de flauta doce P 4 tocando flauta P

2 educacao musical P 4 aula pratica P

2 ensinando musica com flauta P 4 pratica P

2 afinacao P 4 primeiros acordes P

3 aprendizagem P 4 ensinando tocar flauta P

3 prática musical P 5 aprendendo o instrumento P

3 tocar P 5 aula P

3 ensino de música P 5 leitura/ regência P

3 dedicação P 5 iniciacao P

3 perspectiva P 5 aula de flauta e percepcao musical P

3 pratica P 5 estudo para a vida P

3 iniciando instrumento P 5 ajuda P

3 dor de ouvido N 6 visão musical P

3 pratica (empolga) P 6 flauta e respiracao P

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FOTO 8 - PESQUISA SOBRE RITMOS AFRICANOS COM ALUNOS DE EDUCAÇÃO INFANTIL - ESCOLA PÚBLICA

MÚSICA 1 S

MÚSICA 5S

PEDAGOGIA 1 S

PEDAGOGIA 7S

1 interação da criança com a música P 1 interação P 1

ampliando o conhecimento P 1 cultura P

1 teatro na escola P 2 cultura musical P 1 musica tipica P 1 conhecendo as origens da música P

1 musica e cultura P 3 aprendendo brincando P 2 dancas culturais P 1 teatro P

1 cultura popular regional P 3 interação P 2 cantiga de roda P 2 diversidade cultural P

2 brincadeiras com objetos P 3 ritmo P 2 dança folclore P 2 cultura P

2 dança regionais P 3 musica folclorica P 3 dancas folcloricas P 2 representando a música através da dança P

2 cultura P 3 folclore P 3 queridos P 2 teatro infantil P

2 folclore atraves da musica P 3 atividade P 3 quadrilhas P 2 promovendo a socialização P

3 diferentes culturas P 3 musicando o regional P 4 tudo misturado P 2 aprender com diversão P

3 ensinando a dança de determinada tribo P 3 dança P 4 ritmo P 2 relacionar P

3 música e dança P 3 cultura em aspecto P 4 crescendo e aprendendo P 2 movimento P

3 trabalhar em grupo P 3 folclore, raiz cultural P 4 amigos em dança P 2 explorando ritmos de todos os cantos P

3 dança P 3 integração P 4

como esta nossas criancas e adolescentes hoje? P 3 cultura P

3 dança na escola P 4 folclore P 4 uma brincadeira boa P 3 música à caráter P

3 musica e culturas P 4 arte P 5 musica e coreografia P 3 folclore P

3 folclore musical P 4 associação P 5 musicas e tradicionais P 3 aula de teatro P

3 quadrilha de são joão P 4 dança folclore P 5 dancas tradicionais P 3 cultura brasileira P

3 música através da dança P 4 ensino de ritmos brasileiros P 5 vamos brincar P 3 cultura P

3 música, ritmo e diversão P 4 conhecer P 5 dança P 3 representação dirigida P

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3 ensinando a dança P 4 aprender gêneros novos P 5 ensinando dancas P 3 danças folclóricas P

3 dança e música P 5 dança P 5 comemoracao P 3 dança e movimento P

3 cultura musical P 5 DANÇA P 4 aprendendo com criatividade P

3 ensinando P 5 folclore popular P 4 aulas agradáveis e divertidas utilizando a música P

3 dança P 5 dança e canto P 4 a música na comunidade P

3 criatividade P 5 como ferramenta P 4 festa cultural P

3 conhecendo culturas P 5 festa junina P 4 diversidade P

3 ritmos e movimento P 6 festa junina P 4 interagindo P

3 interagir P 6 folclore P 4 cultura P

3 jogos de fixacao P 6 festa típica P 4 teatro P

3 cultura P 6 quadrilha P 4 a diversidade cultural P

4 jogos musicais P 6 dança comigo P 4 respeitar outras culturas P

4 data comemorativa P 6 expressando dança P 4 danças típicas P

4 dança P 7 sala de aula P 4 festa na escola P

4 incentivo a cultura P 7 dança P 4 a dança presente P

4 teatro infantil P 7 dança P 4 trabalho cultural P

4 arte na sala de aula P 4 além da imaginação P

4 danças temáticas P 5 alegria da vitoria P

4 interatividade P 5 revelando culturas P

4 dançar P 5 encenação P

4 teatro e músicas P 5 festa P

4 dança como arte P 5 cultura P

4 interagindo P 5 valsa P

4 dança caipira P 6 criatividade P

4 interpretando a música P 6 a música é uma fantasia P

4 música e cultura P 6 desenvolve lado esquerdo e direito P

4 vamos dançar P 7 pensamento lógico P

4 dança folclórica P

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MÚSICA 1 S

MÚSICA 1S (CONT)

MÚSICA 1S (CONT)

4 musica regional P 5 trabalhando ludico P 7 mapeando P

4 ciranda P 5 ensaio de festa junina P 7 comportamento musical P

4 representação P 5 arte e musica P 7 teatro P

4 dance comigo P 5 apresentacao de dança P 7 dia comemorativo P

4 dança P 5 festa junina P 7 teatro musical P

4 arte envolvida P 6 nos conhecendo P 7 dança P

4 culturas musicais P 6 dança regional P 8 educação e música P

4 teatro na escola P 6 danças regionais P 5 festa folclore P

4 comemoracao P 6 cultura P 7 cultura e música P

4 cultura P 6 conhecimento de costumes folclóricos P

4 arte P 6 teatro P

4 vivendo musica P 6 aula de educação artística P

4 movimento P 6 desinteresse N

5 música e desenho P 6 trabalhos manuais P

5 folclore P 6 trocas de conhecimento P

5 cultura P 6 lazer com musica P

5 festa folclórica P 6 teatro P

5 dramaturgia P 6 aprendendo dança de qualidade P

5 festa junina P 6 praticando artte P

5 teatro musical P 6 dança P

5 a importância do folclore P 6 feira da escola P

5 dança típica P 6 musica regional P

5 a música em contraste com a dança P 6 sincronismo P