motivações e práticas de turismo em espaço rural: o parque

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A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. Motivações e práticas de turismo em espaço rural: o parque de campismo "Chave Grande" (Ferreira de Aves - Sátão) Autor(es): Pinto, Acácio Publicado por: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra URL persistente: http://hdl.handle.net/10316.2/40377 Accessed : 11-Jul-2022 06:24:41 digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

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Page 1: Motivações e práticas de turismo em espaço rural: o parque

A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis,

UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e

Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos.

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acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s)

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Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito

de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste

documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por

este aviso.

Motivações e práticas de turismo em espaço rural: o parque de campismo "ChaveGrande" (Ferreira de Aves - Sátão)

Autor(es): Pinto, Acácio

Publicado por: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

URLpersistente: http://hdl.handle.net/10316.2/40377

Accessed : 11-Jul-2022 06:24:41

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Cadernos de Geogra{ia, N° 21123 • 2002·2004 Colmbra, FWC • pp. 217·218

Motiva~oes e praticas de turismo em espa~o rural 0 parque de campismo "Chave Grande" (Ferreira de Aves- Satao) 1

Acacio Pinto

0 tempo livre, o lazer e o turismo sao, nesta sociedade terciarizada em que vivemos, conceitos centrais que tem vindo a merecer um olhar atento par parte dos agentes econ6micos, sociais e politicos. Tal facto deve-se, basicamente, ao crescente numero de actividades que se desenvolvem em seu torno e a influencia que exercem nas comunidades locais e na organiza~ao e consume de espa~o onde ocorrem. Face a tal relevancia entendemos efectuar este trabalho na area do turismo, com a finalidade de constituir a disserta~ao de mestrado em Geografia (especializa~ao de Ordenamento do Territ6rio e Desenvolvimento) e cuja apresentac;ao a Faculdade de Letras da Universi ­dade de Coimbra ocorreu em 2003.

No decurso das ultimas decadas o turismo tem sido uma das actividades humanas de maior releviin ­cia, tendo, inclusivamente, sido responsavel pelas maiores mobilidades ao Iongo da hist6ria da humani· dade e par insubstimaveis impactos econ6micos, sociais e ambientais, uns mais positives do que outros. Estas mobilidades e estes impactos, que aconteceram, essencialmente, a partir da segunda guerra mundial, sao bem visiveis, de modo mais explicito, nas orlas costeiras e em todas aquelas areas em que este fen6-meno era pensado e projectado para dar resposta a uma procura cada vez mais generalizada e mais massi­ficada, correspondente ao paradigma dominante de turismo de sole praia.

Paralelamente a massifica~ao, o turismo, nas ultimas decadas' tem vindo a ten tar percorrer novas caminhos em busca de urn novo paradigma, um para­digma emergente e alternative com capacidade para ajudar o turismo a encontrar outras dimens6es e outros destines.

Podemos dizer que estamos a assistir a uma maior aten~ao a novas formas de turismo, perspecti ­vadas numa l6gica de equilibria e de respeito, pelas vertentes natural, social e psicol6gica. E: a busca de um turismo mais etico e tambem mais livre, muito melhor repartido no tempo e no espac;o, uma vez que muitos turistas come~am a valorizar mais o conteudo,

' Esta dlsserta~ao foi publicada e m llvro pela Pallmage Edltores

(Viseu) em 2004 com o titulo Turismo em espar;o rural : motivor;tles e

protica. Holandeses em Ferreiro de Aves · Sdtdo.

a aventura, a diferenciac;ao, a autenticidade e a inser· c;ao na vida simples das comunidades visitadas. E: a ruptura, ou o inicio da ruptura, com as organizac;oes e OS locais estandardizados e estereotipados, isto e, massificados, e o inicio de um percurso turistico que devera dar resposta, a estas novas exigencias de um publico mais informado e critico, atraves da diferenciac;ao, especializac;ao e segmenta~ao dos mercados.

Atentos a esta nova realidade, os agentes insti· tucionais e os investidores privados viram neste novo conceito de procura turistica, que se tem vindo a consolidar, uma forma de descongestionamento de algumas areas fortemente massificadas. Simultanea­mente, entenderam-no como urn instrumento de desenvolvimento de areas econ6mica e socialmente deprimidas, atraves dos efeitos multiplicadores que gera a jusante e, igualmente, uma forma de organizar uma nova oferta que de resposta a procura deste produto turistico.

Com estes novas conceitos de turismo, assisti­mos a uma estruturac;ao de oferta turistica em torno dos elementos "rural", "campo", "montanha", "natu­reza" e, consequentemente, estamos perante a demanda de areas onde outrora o turismo pratica· mente nao chegava.

lmporta, pais, dedicar uma especial atenc;ao a esta nova oferta/procura por forma a que as respostas que venham a surgir sejam as mais adequadas.

No trabalho que efectuamos, abordamos, basi· camente, a vertente das motivac;oes de escolha destes novas espac;os turisticos e a da avaliac;ao feita pelos turistas as condic;6es e aos recursos encontrados nes· ses destines. 0 trabalho de campo desenvolveu-se em torno do fen6meno turistico que, desde 1996, se veri­f ica em Casfreires, aldeia da freguesia de Ferreira de Aves, concelho de Satao (NUT Ill Dao-Laf6es). Ali urn cidadao holandes construiu um parque de campismo ("Chave Grande") que se tornou o motor deste surto turistico. De seguida, nas imedia~6es do parque, alguns dos turistas (sobretudo os aposentados), depois de comec;arem a f requentar esta regiao, enveredaram pel a constru~ao/ aquisic;ao de residencias secundarias que ocupam durante varios meses ao Iongo do ana.

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l · m -. .1

~-· ~ografia

Atraves de entrevistas efectuadas aos frequen­tadores do Parque de Campismo e aos proprietaries das residencias pudemos constatar que os motivos que estao na base da desloca<;ao destes turistas, essen­cialmente holandeses, ·para este territ6rio do interior de Portugal, tem a ver com elementos naturais e culturais (clima, conhecimento da regiao, espa<;o rural). De igual modo, quando pedimos aos turistas que avaliassem as condi<;6es turisticas encontradas, os elementos que mereceram melhor avalia<;ao foram simflares (p.e. clima, sossego, paisagem, bons itinera­ries a pe, simpatia da popula<;ao) e quando solicitamos que indicassem uma palavra que exprimisse aquilo de que mais gostaram localmente, o resultado foi na mesma linha (sossego, clima, simpatia, paisagem, natureza).

Estas motiva<;6es, que estao na linha de muitos outros estudos desenvolvidos, devem-nos consciencia­lizar, sobretudo em termos institucionais, para a importancia da preserva<;ao deste patrim6nio turistico e para a relevancia que o ordenamento do territ6rio podera e devera desempenhar neste ambito.

Por outro lado, tentamos perceber o motivo subjacente a exclusividade, quase absoluta, de turis­tas holandeses associados a este parque de campismo. A conclusao esta relacionada com o facto de o investi­dor e proprietario do parque ser de nacionalidade holandesa e dai ter conseguido (trata-se de um

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Acacia Pinto

pequeno empreendimento turistico) "seduzir" turistas, essencialmente holandeses, para virem ate este empreendimento durante os seus periodos de ferias.

Constatamos, alias, que para alem deste par­que, ha um outro parque de campismo em Soure ("0 tamanco"), tambem propriedade de holandeses, que e quase exclusivamente frequentado por cidadaos holandeses. Ha, pois, aqui um fen6meno de identidade dos campistas para com parques geridos pelos seus conterraneos.

Quanto as residencias secundarias, os pressupos­tos motivacionais dos holandeses que as adquiriram sao da mesma ordem de razao (clima, paisagem, simpatia das gentes, patrim6nio). A grande diferen<;a e que a faixa etaria e muito superior e os rendimentos sao mais elevados.

Diremos para finalizar que este fen6meno, ape· sar de em pequena escala, se esta a constituir local­mente como um factor de dinamiza<;ao econ6mica e de desenvolvimento, sobretudo, das comunidades locais envolventes. De registar ainda que os turistas tem uma estada media de 10 dias, valor bastante elevado face aos indicadores nacionais disponiveis, e que durante esse periodo de tempo ainda efectuam bastantes visitas aos concelhos limitrofes bem como a outros locais mais distantes da regiao, de consagrado interesse turistico, como sejam a paisagem duriense, a Serra da Estrela e a cidade de Coimbra.