motivações para a violência no contexto escolar sob a Óptica do adolescente

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  • 7/23/2019 Motivaes Para a Violncia No Contexto Escolar Sob a ptica Do Adolescente

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    ISSN 2179-7692 Rev Enferm UFSM 2012 Jan/Abr;2(1):20-3120

    ARTIGO ORIGINAL

    MOTIVAES PARA A VIOLNCIA NO CONTEXTO ESCOLAR SOB A PTICA DO

    ADOLESCENTEREASONS FOR VIOLENCE IN SCHOOL IN ADOLESCENTS PERCEPTION

    RAZONES DE LA VIOLENCIA EN LA ESCUELA EN LA PERCEPCIN ADOLESCENTES

    Luciana de Lourdes Queiroga Gontijo Netto Maia1Alisson Arajo2

    Adelino da Silva Santos Jnior3

    RESUMO: Objetivos: compreender as motivaes que levam prtica de violncia no contextoescolar, sob a ptica dos adolescentes. Mtodo: utilizou-se o mtodo qualitativo, sendo osdados colhidos por meio de entrevista. Os dados foram avaliados por meio da anlise decontedo. Resultados: para os adolescentes, as motivaes para a violncia escolar foram:

    questes relacionadas relaes entre parceiros afetivos, desrespeito s caractersticas fsicase sociais dos sujeitos, resistncia imposio de regras, influncia da estrutura familiar e usode drogas. Consideraes finais: a pesquisa mostra que a origem da violncia tem razesmultifatoriais. Ressalta-se a necessidade de integrar aes de diversos setores ao contexto dasprticas no cotidiano da escola, na perspectiva de construo de uma rede que permitaprestar melhor assistncia e conseguir maior adeso dos adolescentes, direcionando aes paraempoder-los sobre seus direitos de acesso aos servios de promoo da sade.Descritores: Pesquisa qualitativa; Violncia; Adolescente; Estudantes; Educao.

    ABSTRACT: Obj ect iv e: to understand the motivations that lead to the practice ofviolence in the school context from the perspective of adolescents. Method:we used thequalitative method, and data collected through interviews. The data were evaluatedusing content analysis. Result s: for adolescents, the reasons for school violence were

    issues related to affective relations between partners, disregard for the physical andsocial characteristics of the subjects, resistance to the imposition of rules, influence offamily structure and drug use. Conclusion:the research shows that the source of violenceis multifactorial roots. We stress the need to integrate actions from various sectors in thecontext of everyday practices of the school, the prospect of building a network capable ofproviding better care and achieve greater compliance of adolescents, guiding actions toempower them on their access rights services of health promotion.Descriptors:Qualitative research; Violence; Adolescent; Students; Education.

    RESUMEN: Obj et iv os:entender las motivaciones que llevan a la prctica de la violencia en elmbito escolar desde la perspectiva de los adolescentes. Met odol oga:se utiliz el mtodocualitativo, y los datos recogidos a travs de entrevistas fueron evaluados mediante anlisisde contenido. Resultados:para los adolescentes, las razones de la violencia escolar fueron lasrelaciones afectivas, desconocimiento de las caractersticas fsicas y sociales de los sujetos,resistencia a la imposicin de normas, influencia de la estructura familiar y consumo dedrogas. Conclusin: la investigacin muestra que el origen de violencia es multifactorialraces. Destaca la necesidad de integrar acciones de varios sectores en el contexto de las

    1 Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela UFMG. Professora da Universidade Federal de So Joo Del [email protected]. Doutorando do Programa de Ps-Graduao em Sade da Criana e do Adolescente da Faculdadede Medicina da UFMG. Professor da Universidade Federal de So Joo Del Rei. [email protected] do Ensino Mdio. Bolsista da FAPEMIG PIBIC Jnior. [email protected]

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    prcticas cotidianas de la escuela, la perspectiva de construir una red capaz de ofrecer mejoratencin y lograr un mayor cumplimiento de los adolescentes, para orientar las acciones para

    fortalecerlas en sus derechos de acceso servicios de promocin de la salud.Descriptores: Investigacin cualitativa; Violencia; Adolescente; Estudiantes; Educacin.

    INTRODUO

    A violncia considerada um fenmeno complexo, pois atinge tanto o espaopblico quanto o privado na sociedade. Percebe-se que no ocorre um ato denominadoviolncia, mas violncias, as quais se configuram como expresses da exacerbao deconflitos sociais, cujas especificidades precisam ser conhecidas1. A violncia, e maisespecificamente aquela que ocorre no contexto escolar, constitui um fenmeno de dimensoestrutural, social e cultural que, segundo estudiosos, pode ter sua origem e dinmicacentradas em razes que perpassam pela ordem da cultura, do social, do econmico e dopsicolgico, ampliando sua possibilidade de atingir todos os estratos da sociedade.2-3

    O direcionamento dos estudos acerca da violncia que afeta, principalmente, apopulao infantil tem se tornado cada vez mais constante, com trabalhos que abordamdesde a investigao da vitimizao direta da violncia, passando para questes deviolncia que acontece entre os pais e, chegando tendncia atual da abordagem dosmltiplos fatores envolvidos nesse contexto. Diversos estudos abordam os tipos deviolncia contra crianas e adolescentes, os quais ocorrem em ambientes distintos como aescola, o mbito domstico e a comunidade, utilizando para isso diferentes formas eabordagens metodolgicas.4-5

    Perante o exposto, fundamental atuao do profissional de sade compreendera dinmica do processo gerador de violncia para atuar na tentativa de prevenir maioresagravos decorrentes dos atos de violncia, bem como detectar precocemente situaespossivelmente deflagradoras desse processo.6

    No que tange ao fenmeno da violncia na escola, h ainda um agravante que reside no

    fato de que os alunos so vitimados em um ambiente socioculturalmente considerado seguro,onde a exposio aos fatores motivadores do ato de violncia so constantes. Diante disso, ainstituio escolar, que considerada como responsvel pela educao e proteo dosadolescentes, acaba por envolver-se direta ou indiretamente em prticas excludentes eviolentas para essa populao vulnervel, nos aspectos fsico e psicolgico do desenvolvimentohumano e no aspecto legal de autonomia para o cuidado de si.

    Esse paradoxo entre ambiente de proteo e exposio pode ser explicado pelaimposio de regras e pelas fortes relaes de poder construdas no interior da escola emconfronto direto com uma caracterstica tpica da adolescncia, qual seja: a necessidadede contestao e transgresso de normas pr-estabelecidas.7Soma-se a fase de formaoda identidade, reconhecimento grupal entre os pares e de experimentao diante dosentir-se invulnervel.8

    consenso que os danos das situaes violentas na vida e na integridade fsica emental de crianas e adolescentes, decorrentes da pouca confiana no ambiente em quevivem e convivem, podem atingir negativamente o processo de desenvolvimento doadolescer, gerando, por exemplo: dificuldade para expresso, dficit de ateno,hiperatividade, comportamentos antissociais, baixa autoestima e pouca ambio. Isso podedesembocar no desenvolvimento de comportamentos agressivos ou defensivos,manifestando-se em retraimento e depresso4,9com prejuzos severos qualidade de vidainfantil e alto risco de desajustamentos futuros, com repercusses na vida escolar, social efamiliar.4,10

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    Apesar de bastante comuns, os estudos ainda so inconsistentes e necessitam demaior aprofundamento, pois desvelam algumas facetas da complexidade das relaes entre o

    contexto de violncia e a vulnerabilidade da criana exposta a essas situaes. Destaca-se ocontexto escolar, no qual essas situaes nem sempre so vistas de forma clara, at mesmopelos envolvidos diretamente na situao. Esse desconhecimento pelas partes envolvidasdificulta e at mesmo impede que sejam implantadas/implementadas aes de proteo vida e ao desenvolvimento das crianas e adolescentes no sentido de prevenir situaes deviolncia, bem como de minimizar seu impacto na vida dos expostos e desenvolver o cuidado sua sade. Nesse sentido, torna-se necessrio questionar quais os motivos para asviolncias na escola. Assim, o objetivo dessa pesquisa foi compreender as motivaes quelevam prtica de violncia no contexto escolar, sob a ptica dos adolescentes.

    MTODO

    Pesquisa de abordagem qualitativa, coerente com a investigao de conceitos e

    motivaes.11

    Para tanto, foram abordados adolescentes, alunos de uma escola pblica doensino fundamental e mdio do municpio de Divinpolis, Regio Centro-Oeste do Estadode Minas Gerais, Brasil. Os adolescentes foram selecionados, aleatoriamente, segundo oscritrios: estar matriculado e frequente no ensino fundamental e mdio da referida escolae ter entre 10 e 19 anos de idade. Esses adolescentes foram convidados a participar doestudo e entrevistados pelos autores desta pesquisa, em sala reservada, na prpria escola.Foi utilizado um roteiro de perguntas que tratavam das motivaes que levam um membroda comunidade escolar a praticar um ato de violncia.

    Por se tratar de pesquisa envolvendo sujeitos menores de idade, todos osresponsveis legais dos adolescentes entrevistados que aceitaram participar da pesquisaassinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e os adolescentes assinaram otermo de assentimento livre e esclarecido, aps explicaes acerca dos objetivos dapesquisa. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa da

    FUNEDI/UEMG sob Parecer n. 56/2010, de 04/10/2010.Os nomes dos entrevistados foram substitudos pelo cdigo E seguido de

    numerao sequencial determinada aleatoriamente, a fim de garantir o anonimato. Apesquisa foi conduzida de acordo com padres ticos exigidos pela Resoluo 196/96 doConselho Nacional de Sade, respeitando os critrios de equidade, confidencialidade dasinformaes, voluntariedade, beneficncia e no maleficncia.

    Como instrumento de pesquisa utilizou-se a entrevista semi-estruturada individualaberta e gravada, conduzidas pela questo norteadora: Conta pra mim, em sua opinio,quais so os motivos que levam a ocorrer a violncia na escola?. Todos os alunosconsentiram a gravao e nenhum se ops a esse procedimento.

    Para determinao do nmero de entrevistados foi usado o critrio de saturao.Para anlise, as entrevistas foram transcritas e aps analisadas pelo contedo, objetivandomaior entendimento do pesquisador na anlise de material qualitativo, adquirindo umamelhor compreenso e classificao dos depoimentos, desvelando os aspectos maisrelevantes com fidedignidade na traduo dessas narraes.12

    A anlise do contedo das falas dos adolescentes resultou em cinco categorias,que foram identificadas e organizadas por seus ncleos de sentido, apresentadas ediscutidas a seguir: questes relacionadas a relaes entre colegas e parceiros afetivos;desrespeito s caractersticas dos sujeitos; resistncia imposio de regras, influncia daestrutura familiar e uso de drogas e marginalidade.

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    RESULTADOS E DISCUSSO

    Questes relacionadas a relaes entre parceiros afetivos e colegasMuitas so as motivaes para a prtica de violncia no cotidiano dos adolescentes,

    no contexto escolar, envolvendo aspectos ligados s relaes afetivas e aos colegas.Nesse estudo pode-se compreender que existe diferena entre os motivos

    apresentados pelos meninos e pelas meninas para a prtica da violncia, independente dotipo, se fsica, psicolgica, danos ao patrimnio ou outra. Mesmo sendo considerado ummotivo injustificvel para os adolescentes, pelos discursos, nota-se que as relaes entreparceiros afetivos constituem-se na principal motivao para a violncia fsica. Destaca-seque as meninas tm assumido a liderana no rankingdas brigas por este motivo:

    [...]ultimamente t tendo muita briga aqui na escola de mulher,no de homem. (E8)

    Provavelmente por causa de homem. Normalmente a violncia entre as meninas. No vi meninos brigando por meninas.Normalmente so as meninas que brigam por causa dos meninos. Osmeninos brigam por outros motivos. (E2)

    Uma menina gosta de um menino e acha que ele tem que ficar com ela.Vai que o menino no gosta dela e fica com outra? A ela fala que vaibater na outra e bate no final da aula, de fora da escola. (E1)

    A fala dos adolescentes deixa clara a diferena entre fatores motivacionais para aviolncia, principalmente fsica, entre os pares. Houve diferena de gnero (meninas emeninos) e de idade entre o grupo de adolescentes. Enquanto entre as meninas deflagra-se

    violncia por questes relacionadas afetividade, entre os meninos a violncia umaforma de estabelecer uma relao de domnio e poder com os demais. Para eles, aviolncia uma tentativa de se firmar como lder, inclusive, usando atributos fsicos paraeste fim. Mesmo quando se trata de relacionamentos afetivos a motivao masculina recaiainda sobre a conquista, ou seja, propriedade e no afetividade.13

    Para os adolescentes, a motivao da violncia passa por caractersticas do grupoque influenciam nas relaes com o outro:

    O motivo de briga deles diferente, os meninos mais novos brigam maispor questes, ah deu um empurrozinho, encostou, a eles no aceitame j brigam. As meninas por volta de quinze, quatorze anos por causade meninos ou seno por mostrar pras amigas mesmo [...].(E8)

    Motivo? Os dois sempre tinham andado estressados assim, um com ooutro, por causa de namorada, alguma coisa assim. [...]Os meninosbrigam mais por causa disso mesmo tambm, por causa de um falado outro, a o outro no aceita as coisas assim. (E4)

    Ele grando. Ele tem um metro e oitenta. A comeou a briga.Depois quando o menino saiu da sala [...] j sabia que no iaaguentar, foi embora. [...]Tava dentro da escola, fugiu e chegou l

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    na casa dele, ele tava com trinta e oito de febre. Todo mundo temmedo dele. Menos um menino grando l. (E5)

    A ameaa do novo, sem identificao com o grupo j formado, o abuso de poderdaqueles que so considerados mais fortes, que tm mais idade e/ou que representammais autoridade na escola, tambm podem ser considerados motivos para a violncia.14

    Sabe-se que o fenmeno da violncia no contexto escolar no pode ser dissociadoda violncia que acontece na sociedade em geral. A misria, a excluso, a corrupo, adesigualdade, o autoritarismo, a falta de tica e a concentrao de renda e poder, chagascomplexas de nossa sociedade, esto intimamente articuladas e inter-relacionadas manuteno da violncia no nosso cotidiano. A violncia decorre desse contextomulticausal de fragilidade social, onde o abuso e desrespeito aos direitos humanos sontidos e banalizados e at mesmo legitimados e naturalizados pela sociedade. Essasfragilidades acabam por favorecer a exposio dos adolescentes a situaes evitveis derisco para a sua sade e at mesmo para a sua vida.6

    Por outro lado, alguns alunos dos ltimos semestres do ensino mdio, apontamainda que a tenra idade com sua maturidade ainda em construo pode acabar por facilitara ocorrncia de violncia, no por motivo direto, mas por no conseguir frear ossentimentos que levam a cometer o ato violento, justificando a maior frequncia deviolncia nos primeiros anos do ensino fundamental:

    Porque j so mais maduros, n [...] tenta passar por cima dascoisas, j v que o motivo que eles brigavam antes era muito banalpra brigar hoje em dia, n [...] que no h necessidade de umabriga para resolver uma situao. Apesar que eu acho que no temmotivo nenhum, n, isso vai de cada pessoa. (E8)

    [...]nem acontece com eles mais, minha sala nem d vexame mais,

    mas assim, era falta de maturidade tambm, mas tambm porque assim : - a gente era novo, num [...]agora a gente no terceiroano, a gente v que aquilo l ridculo [...].(E9)

    O processo de maturidade dos sujeitos um processo natural e s se desenvolveao longo do tempo, deixando para trs propriedades como irresponsabilidade eimaturidade inerentes aos adolescentes, origem da riqueza do pensamento criativo, daao por impulso e da liberdade de ideias.15

    Mesmo assim, apesar da idade, alguns adolescentes ainda relatam a existncia deviolncia deflagrada por motivos fteis, por coisa toa, onde o ato se torna mais umaconsequncia da incapacidade de suportar presses a que esto submetidos e frustraesdo seu dia-a-dia. O sentimento de impotncia diante de fatos da vida reflete na escola soba forma de atos violentos sem justificativa:

    Elas procuram briga por coisa toa, os meninos pegam a borracha,jogam l em baixo pela janela. A, no sei o que que tem, vou tepegar no final da aula, c vai ver comigo[...].(E1)

    O motivo eu no sei, s sei que eu no procuro ficar por dentrodisso, mas se fala que vai pegar na porta da escola acontecemesmo, vem gente de outra escola tambm, s vezes. (E2)

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    a as mulheres chega tirando satisfao de coisa pequena [...]que para mostrar pras amigas que ela manda, que ela a chefona [...].(E8)

    Estabelecer limites e desenvolver a capacidade de se relacionar com o prximopode ser difcil ao se considerar que esses valores no foram, por vezes, construdos nombito familiar, onde os padres de educao construdos so contrrios s normas deconvivncia e respeito para com o outro.1

    Apesar da convivncia cotidiana com a violncia, os adolescentes aindareconhecem que se trata de um ato desnecessrio e deplorvel ao ser humano, mostrandoque ainda h tempo para mudar esse cenrio, mesmo que, inicialmente, apenas nocontexto escolar, como relatado na fala a seguir:

    [...]os dois eram to gente boa um com o outro. No achei o queeles fizeram legal. (E5)

    Essa indignao deve ser aceita e usada de forma produtiva. Acreditar que aviolncia no benfica o primeiro passo para reconhec-la enquanto problema emnossa sociedade, partindo para apresentao de propostas para trabalhar esse problemanas escolas com objetivo de eliminar/minimizar seus efeitos deletrios.

    Desrespeito s caractersticas dos sujeitos

    A violncia psicolgica encontra motivao, principalmente, no preconceitoreferente aos aspectos fsicos, emocionais, comportamentais e de personalidade, s relaestnicas, de idade e de gnero, s carncias afetivas ou s condies sociais, econmicas,culturais, polticas e religiosas dos sujeitos.6,16 Essas caractersticas so utilizadas para finsescusos e inaceitveis, denegrindo a imagem destes, gerando apelidos e tornando o sujeito

    motivo de gozao, discriminando-o e afastando-o do convvio com os demais:

    Pode at ter sido por ele ser afeminado, porque sempre rolaum tiquinho de preconceito nisso e s vezes arrumou umadesculpa qualquer e comeou a bater nele. (E3)

    Os meninos estavam falando voc oreiudo, voc no joga bemfutebol. A eu falei: voc pequenininho, voc dentuo, eu sougrande. A comeou (o desentendimento), a no final da aula , ele:e agora quem dentucinho!? Oc! at hoje voc no mesurpreende. A comeou a briga, a. (E5)

    Tem uma sala aqui que chama PAV, at o nome j diz: - pavilho,

    assim, muito feio eu no sei pra que tem esse nome [...] Pavilho[...] Cadeia! Parece um bando de sem educao, pessoas difceis,mas se voc continuar tratando elas dessa mesma maneira elas novo mudar, sabe [...]falam que no vai levar a sala pra um tipo depasseio. Os professores j falam: - nossa, agora eu vou l pro PAV!Eu acho que os alunos so difceis mesmo, mas se continuarcolocando essa presso, falando como eles so ruins, pra que elesvo melhorar!? At os professores lembram pra eles como eles soruins. No tem ningum apoiando [...]eu acho que [...] tem aluno

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    [...]que [...]quer sair da sala. Eu acho que o professor [...]temaluno l, [...]que tem dificuldade, mas no questo de baguna,

    muito calado. Ningum tenta mudar ele [...] ele saiu e voltou denovo pra escola, quando ele voltou, eles no queriam ele na salamelhor, eles queriam l no PAV. Ento, ele tem vontade demelhorar [...] mas [...]quando voc v esse menino com um montede aluno que tambm no quer nada, isso dificulta. Eu acho que[...] se eles comearem a generalizar a sala toda, a que pioramesmo a situao de quem quer, sabe!? (E10)

    Estudos mostram que ao se sentir estigmatizado, o sujeito, apesar da desvantagemdecorrente do estigma, reage instintivamente e procura retirar alguma vantagem da suasituao, partindo para o enfrentamento junto aos demais, demarcando e impondo o seuespao pelo poder, pelo medo, pela fora e pela violncia, na tentativa de se afirmar e serreconhecido perante o grupo.16

    Esse tipo de violncia, representada pela falta de respeito e de tolerncia com ooutro, pela coisificao, pela negao do outro, somadas falta de solidariedade,humildade, companheirismo e violao dos direitos humanos, embora no seja de formageneralizada, so valores que encontram dificuldade de manuteno na sociedadecontempornea. Isso faz com que a sociedade clame por mudanas, mesmo que de formapouco audvel maioria. Se simplesmente fecharmos os olhos e continuarmosdesrespeitando as diferenas que so to salutares para os seres humanos acabaremosseguindo submissos rumo barbrie.14

    No demais lembrar que, muitas vezes, essa violncia psicolgica iniciada naescola gera a violncia fsica, tanto no interior como fora do ambiente escolar. Da mesmaforma que atos de violncia na escola podem ser uma forma de descarregar a violnciasofrida em casa, na famlia. Assim, a violncia na escola pode ter sua origem em processosgerados no interior da escola, partir de conflitos internos inerentes ao ambiente e

    dinmica escolar e deflagrar processos e atos violentos dentro e fora do espao da escola(violncia de dentro para fora). Pode ainda ser reflexo de uma violncia que acontece nasociedade que penetra o ambiente escolar afetando-o (violncia de fora para dentro). 14

    Resistncia imposio de regras

    Compreende-se que, em alguns momentos, a motivao para a violncia instaladano cotidiano da vida escolar esteve ligada ao comportamento e papel do sujeito,principalmente, nas relaes entre professor e aluno, onde o aluno desafia a figuradominante do poder do professor no interior da escola e at mesmo dentro da sala de aula:

    Na minha sala tem um professor que meio burro. Ele falou uma

    coisa mais sem noo em relao ao comportamento do aluno. Oprofessor tinha falado e o aluno no tinha aprendido. A o aluno foie respondeu com um palavro. Ento o professor mandou ele descere assinar a ocorrncia. (E1)

    Fiquei sabendo que o professor pegou o menino para colocar ele dolado de fora da sala e a ele bateu a cabea na parede. Ele estavasegurando o menino e ele virou pro lado assim e quando ele estavasaindo na porta, ele bateu por que olhou pro lado. S estava

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    segurando, nem segurando tava no, s colocando a mo nas costasassim do menino. (E6)

    Esse que ficou nervoso e pegou a pedra, foi em relao a ele. Faloualguma coisa criticando ele, o jeito dele ser, alguma coisa assim, eele passava por muito problema em casa, ele j era muito nervosoa no aceitou no. Ento queria agredir a professora. (E8)

    Sabe-se que o descontentamento com a interao mantida com os professores levaos alunos a optarem por prticas de agresso, sobretudo verbais, na sala de aula. 16 Umfator importante apresentado pelos adolescentes para a manuteno dessas arestas, nasrelaes interpessoais entre professor e aluno, est na certeza da impunidade do agentecontraventor das regras estabelecidas pela instituio escolar, visto que nessas situaes oaluno encaminhado diretoria para assinar uma ocorrncia.

    Permeia entre os adolescentes, que no so aplicadas as penalidades de suspenso

    e desligamento da escola no caso de reincidncia de trs ocorrncias do aluno. Essaspenalidades no vm ocorrendo, pois existe um movimento humanitrio e de direitosestabelecidos no Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA) que extrapolam o poder daescola em manter afastado o aluno contraventor, fato que no acontecia em um passadorecente. Hoje o aluno , por vezes, obrigado a frequentar a escola por ordem judicial oupor necessidade de manuteno de acesso a recursos do governo, como a bolsa-escola,mesmo contra a sua vontade e de seus familiares e tambm da comunidade escolar.

    Esse motivo apresentado por muitos alunos, mas alguns tentam generalizar asituao como sendo problema de outros colegas, retirando de si a responsabilidade pelosatos que levam assinatura de uma ocorrncia, hoje considerada uma medida semimpacto sobre os alunos. Isto pode ser visto nas falas a seguir:

    Quando teve bem uns dez minutos de briga a Diretora chega para

    acabar com a briga. Cada um foi pra um lado. Os dois assinaramocorrncia. (E5)

    Eu acho que na poca quando eu era mais [...]quando a pessoa mais nova assusta, pensa que uma coisa muito sria, depois quevoc vai vendo que no vai levar em nada, porque muita gente aquij assinou vrias ocorrncias e no aconteceu nada [...] eles vovendo que no t mudando nada, eles perdem o medo, acontinuam fazendo baguna, no muda nada [...]. (E8)

    Essa sensao de impunidade que perpassa o imaginrio coletivo no contexto escolar fruto de avanos nos processos de reconhecimento e proteo do adolescente com base naConstituio Federal do Brasil e no ECA e da produo capitalista que acabam provocandotransformaes na estrutura familiar, reforando o papel da escola e do Estado na educao aservio da ordem social.6H de se ter cautela quando da tomada de decises que envolvamno s a escola, mas o indivduo e sua famlia mediada pela justia ou pelo poder de polcia,para evitar que a preservao do direito de um acabe por invadir o direito de outrem.

    Influncia da estrutura familiar

    A busca por sanar a necessidade humana bsica de pertencimento, a identificaocom determinado grupo, o reforo da autoestima e a proteo faz com que o adolescente

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    procure grupos especficos com os quais se identifique e se sinta protegido, mesmo queeste no seja a sua famlia. Assim, outra questo presente na configurao da

    problemtica da violncia no universo escolar a violncia familiar.

    14

    A influncia daestrutura familiar por vezes desfigurada, a falta de instruo dos familiares e o convviocom pessoas de m ndole tambm foram considerados pelos adolescentes como motivospara a violncia na escola, uma vez que ficam sob a influncia de grupos de referncia devalores, crenas e comportamentos por vezes desruptivos:

    Eu acho que bastante coisa vai da educao que a gente tem emcasa, e depende muito da educao que voc tem, o que o seu pai ea sua me te ensinam. O que voc v em casa o que voc faz narua. E aqui na escola, por exemplo, os meninos so muito violentos,ento qualquer coisinha motivo de briga, e pra mim essa violnciana escola o que voc aprende em casa. O que o seu pai e a sua mete ensinam o que voc vai demonstrar na rua. Eu acho que uma

    falta de uma base na famlia, uma falta de um pai, uma me parapoder corrigir, para poder falar que isso no est certo. o que vocv em casa, o que voc v seu pai e sua me fazendo o que voc vaifazer tambm, no s na escola, mas na rua tambm, o que voc vem casa o que voc faz, a educao que voc recebe. (E3)

    Com certeza isso vem de casa j, n? Falta de exemplo da famlia,falta de instruo. A pessoa violenta vem moldada de casa [...]. No que ela vai aprender isso em casa, mas os pais no instruam. Asamizades [...]aprende muita coisa com amizade errada tambm. (E4)

    S que eu acho que a questo da violncia na escola vem de casa,infelizmente, s vezes os princpios que os alunos tiveram em casa,

    a educao que tiveram. Acho que a escola hora nenhuma ocausador, porque muitas pessoas dizem que o aluno que faz aescola, porque se o aluno realmente quiser estudar ele vai terpessoas disposio de ajudar ele, a entender as matrias. Agora oproblema que s vezes ele no vem para a escola pensando emestudar, mas devido educao que ele teve em casa ele vem svezes meio revoltado e a qualquer coisinha que acontece acabafazendo alguma coisa sem pensar. Os jovens no tem aquelafirmeza emocional ainda, eles no sabem controlar muito asemoes, ento acabam fazendo alguma tragdia na escola. (E8)

    Corroborando o que foi encontrado neste estudo, autores encontraram em seusresultados de pesquisa que, em relao famlia, a violncia, normalmente, est associada presena de doena mental, uso de substncias psicoativas (lcool e drogas), a culturafamiliar, histria de violncia na famlia, ausncia de um dos pais, dificuldade de acesso sestruturas de suporte social e jurdico, situaes de pobreza, desemprego, desigualdadesocial, aceitao da cultura de violncia e baixa escolaridade dos pais.6Nesse nterim, nota-seque os fatores individuais so reforados por questes histricas, polticas, econmicas,culturais e sociais mais abrangentes, que, num processo de inter-relao se associam com aviolncia na escola e contribuem para a manuteno desse panorama at os dias atuais. 14

    Partindo do pressuposto que a histria construda a partir dos sujeitos, cuja viso domundo, valores e sentimentos so moldados pela poca e cultura em que vivem6, torna-se

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    prioritrio reforar, de imediato, a cultura da paz e o reconhecimento e valorizao da crianae do adolescente enquanto sujeitos de direito na tentativa de reverter esse quadro.

    Uso de drogas e marginalidade

    O afastamento de colegas usurios de drogas tambm foi apontado pelos adolescentes,caracterizando-os como colegas pouco confiveis nas relaes com maior intimidade:

    O nosso amigo que estudava aqui, ele mexia com droga. Ele erasuper gente boa. [...]Era ele pra l, na rua. Todo mundo sabia, sque ele era muito na dele, entendeu? Claro que era umaconvivncia diferente do que com as outras pessoas, n? Nocontava nossa intimidade nem nada pra ele, nem saamos com ele.A relao era s aqui dentro da escola mesmo, s cumprimentando.Sentimento? Era como amizade mesmo. A gente sempre ficava

    falando: no, larga isso, voc muito gente boa, no mexe com issono. Ele falava que no prejudicava ele em nada a a gente nemtocava no assunto mais. (E2)

    De maneira especfica, com relao s drogas e ao narcotrfico, a motivao paraa violncia o no pagamento do produto consumido, gerando dvidas que acabam sendoquitadas com a morte do aluno drogado:

    S que ele foi comprando, comprando, deixando a dvida aumentare fizeram o que fizeram com ele (mataram ateando fogo). A gentenem tocava no assunto nem nada, entendeu? Era uma coisa assimmuito particular dele. (E2)

    Outros adolescentes apontam o furto de pequenos objetos como sendo motivopara a violncia, normalmente a fsica:

    J vi homens brigando na porta da escola. Porque tem um meninoque estuda aqui que ele DJ e o outro tambm comeou a ser epegou a msica desse outro, pra poder tocar e isso gerou briga,entendeu? (E2)

    Porque tava roubando meus lpis de cor, eu tava emprestando eno tava devolvendo. A eu fui e bati nele. (E7)

    Para essas trs ltimas situaes h que se valorizar o contexto da violncia e usode drogas. Estes dados encontram respaldo em um levantamento histrico realizado em2001 que apresenta a escola enquanto uma instituio permevel influncia do crimeorganizado e do narcotrfico. As regies marcadas pela presena desse fator social acabamevidenciando no s o poder exercido pelas lideranas criminosas no cotidiano das pessoas,mas as mltiplas relaes decorrentes da forma individualista da sociabilidade direcionadapara o consumo, que afeta, de modo particular, os adolescentes.16 Este estudo apontaainda que a criminalidade e a insegurana possuem influncia direta no clima escolar, comefeitos deletrios nas relaes entre os membros da comunidade escolar, tornando comunsprticas de incivilidade como brigas, agresses fsicas e verbais e danos ao patrimnio.

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    CONSIDERAES FINAIS

    Este estudo mostra que a origem da violncia tem razes multifatoriais queenvolvem situaes vivenciadas no interior da escola, mas tambm em fatos eacontecimentos na famlia e na comunidade. O desvelamento das motivaes de violncia,na percepo do adolescente, indica uma reviso indispensvel quanto ao sentido dasprticas educativas na escola destinadas aos adolescentes.

    Diante dessa perspectiva multidimensional de extrema complexidade econscientes dos limites da ao da escola, reforamos a necessidade de integrar aes dediversos setores (sade, educao, esporte, cultura), bem como organizaesgovernamentais e no-governamentais ligadas ao contexto das prticas no cotidiano daescola. Nesse sentido, so bem-vindas aes que levem em considerao a perspectiva dearticulao, construo e estruturao de uma rede social que permita prestar melhorassistncia e conseguir maior adeso dos adolescentes a essa prticas.

    Estabelecer mltiplas parcerias com diversos setores e atores sociais e da

    sociedade civil, das reas da sade e educao para reduo da morbidade e mortalidadede adolescentes em decorrncia de atos e situaes de violncia um dever a sercumprido pela sociedade atual.

    Aliado a essa rede assistencial e de apoio, direcionar aes para empoderar osadolescentes sobre seus direitos de acesso aos servios de promoo da sade tambm fundamental nesse processo. Nessa direo, hora de acionar o nosso protagonismo na lutapela cidadania, para mudana nesse cenrio, fazendo valer a cidadania dos adolescentes.

    Essas estratgias de ao devem ter como objetivo interromper as (re)vitimizaes pela violncia, assim como as suas consequncias no cotidiano atual e na vidafutura dessas crianas e adolescentes, propiciando condies para o dilogo e o trabalhopacfico entre pessoas, instituies, empresas, potencializando as aes do Estado nabusca da melhoria da qualidade de vida e felicidade para os nossos jovens cidados.

    Enfim, este estudo aponta importantes subsdios para que os profissionais dasade e educadores possam intervir de forma positiva na preveno da violncia,principalmente, entre os adolescentes. Agora caminhar na direo do estabelecimentode uma cultura de paz que integre o ambiente escolar aos demais eixos correlatos dinmica de vida do adolescente, a saber: a famlia, os grupos de amigos, a equipe desade e a comunidade.

    REFERNCIAS

    1. Brasil. Ministrio da Sade. Impacto da violncia na sade das crianas e adolescentes:preveno de violncias e promoo da cultura de paz. Braslia: Ministrio da Sade; 2009.

    2. Ricas J, Donoso TV. Maus tratos na infncia: reflexes. Reme rev min enferm.2006;10(3):306-10.

    3. Melo MCB. Abordagem da criana e do adolescente vtima de maus-tratos [internet][acesso em 2010 fev 22]. Disponvel em:http://www.medicina.ufmg.br/spt/saped/maus_tratos.htm.

    4. Avanci JQ, Assis SG, Oliveira RVC, Pires TO. Quando a convivncia com a violnciaaproxima a criana do comportamento depressivo. Cinc sade coletiva. 2009abr;14(2):383-94.

    5. Rogers MJ, Holmbeck GN. Effects of interparental aggression on children's adjustment:the moderating role of cognitive appraisal and coping. J Fam Psychol. 1997;11:125-30.

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    ISSN 2179-7692 Rev Enferm UFSM 2012 Jan/Abr;2(1):20-3131

    6. Ricas J, Donoso MTV. Aspectos histricos da educao no Brasil versus violncia fsica nainfncia: reflexes. Rev md Minas Gerais. 2010;20(2):212-7.

    7. Donoso MV, Ricas J. A prtica do castigo fsico em crianas na viso dos perpetradores.Rev enferm Cent-O Min [peridico na internet]. 2011 [acesso em 2010 fev 22];1(2):[10telas]. Disponvel em:http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/article/view/17/148.

    8. Erikson EH. Identidade: juventude e crise. 2 ed. Cabral A, tradutor. Rio de Janeiro:Zahar; 1976.

    9. Finkelhor D, Ormrod RK, Turner HA. Re-victimization patterns in a national longitudinalsample of children and youth. Child Abuse & Neglect. 2007;31(5):479-502.

    10. Harrington R, Rutter M, Fombonne E. Developmental pathways in depression: multiplemeanings, antecedents and endpoints. Development and Psychopatology 1996;8:601-16.

    11. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em sade. 11 ed. So

    Paulo: Hucitec; 2008.12. Bardin L. Anlise de contedo. 4 ed. Lisboa: Edies 70; 2009. 281 p.

    13. Seffner F. Gnero, sexualidade, violncia e poder. In: BRASIL. Ministrio da Educao.Secretaria de Educao a Distncia. Educao para a igualdade de gnero. Programa 1.2008 nov;XVIII(26):15-9.

    14. Candau VM. Direitos, violncia e cotidiano escolar. DHnet Rede Direitos Humanos eCultura [online]. [acesso em 2010 ago 18]. Disponvel em:http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/veracandau/candau_dhviolencia.html.

    15. Levisky DW, organizador. Adolescncia e violncia: aes comunitrias na prevenoconhecendo, articulando, integrando e multiplicando. So Paulo: Casa doPsiclogo/Hebraica; 2001.

    16. Sposito P. Um breve balano da pesquisa sobre violncia escolar no Brasil. Educ pesq[peridico na internet]. 2001[acesso em 2010 fev 22]; jun;27(1):87-103. Disponvel em:http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/298/29827107.pdf

    Data de recebimento: 23/09/2011Data de aceite: 10/01/2012

    Contato com autor responsvel: Luciana NettoEndereo postal: Rua Sebastio Gonalves Coelho, 400 sala 301.4 Bloco D Chanadour Divinpolis MG CEP 35.501-296E-mail: [email protected]