morreu herberto helder, o poeta dos poetas - pÚblico

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    Morreu Herberto

    Helder, o poeta dospoetasISABEL COUTINHO , HUGO PINTO SANTOS , ISABEL LUCAS e LUS MIGUEL QUEIRS

    24/03/2015 - 11:21 (actualizado s 15:21)

    O maior poeta portugus da segunda metade do sculoXX morreu aos

    84 anos.

    Herberto Helder morreu esta segunda-feira, aos 84 anos, em Cascais. O

    poeta, nascido em 1930 no Funchal, morreu em casa, e as causas da morte

    no foram reveladas. Era considerado por muitos o maior poeta portugus

    da segunda metade do sculo XX. A cerimnia fnebre realiza-se na

    quarta-feira e vai ser reservada famlia, segundo comunicado da Porto

    Editora.

    No ano passado, em Junho, publicouA Morte Sem Mestre, pela chancela

    da Porto Editora numa edio que inclua um CD com cinco poemas

    ditos pelo autor. Em 2013 havia publicado

    (http://www.publico.pt/temas/jornal/herberto-helder-a-arte-de-ser-

    unico-26642124) (http://www.publico.pt/temas/jornal/herberto-helder-

    a-arte-de-ser-unico-26642124)Servides

    (http://www.publico.pt/temas/jornal/herberto-helder-a-arte-de-ser-

    unico-26642124). Desde a publicao deA Faca No Corta o Fogo, em

    2008, tornou-se um caso de consenso crtico quase absoluto. Tal como osanteriores livros de Herberto Helder,A Morte Sem Mestreteve apenas

    uma edio, tendo esgotado rapidamente.

    "Herberto Helder foi um poeta poderoso, a sua obra foi um centro de

    atraco e um horizonte em relao ao qual todos os seus contemporneos

    tiveram de se situar. Como antes tinha acontecido com Fernando Pessoa,

    tambm houve um 'efeito Herberto Helder'", diz ao PBLICO o crtico

    Antnio Guerreiro.

    http://www.publico.pt/temas/jornal/herberto-helder-a-arte-de-ser-unico-26642124http://www.publico.pt/temas/jornal/herberto-helder-a-arte-de-ser-unico-26642124http://www.publico.pt/temas/jornal/herberto-helder-a-arte-de-ser-unico-26642124http://www.publico.pt/temas/jornal/herberto-helder-a-arte-de-ser-unico-26642124http://www.publico.pt/temas/jornal/herberto-helder-a-arte-de-ser-unico-26642124http://www.publico.pt/temas/jornal/herberto-helder-a-arte-de-ser-unico-26642124http://www.publico.pt/temas/jornal/herberto-helder-a-arte-de-ser-unico-26642124http://www.publico.pt/autor/luis-miguel-queiroshttp://www.publico.pt/autor/isabel-coutinho
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    Pouco depois de saber da notcia da morte de Herberto Helder, a escritora

    Maria Velho da Costa estava visivelmente emocionada." Morreu o maior

    poeta portugus depois de Lus de Cames", disse ao PBLICO."No

    estava com ele h algum tempo, mas recebia todos os seus livros. O

    ltimo,A Morte Sem Mestre, " um longo poema, belssimo". E terminou

    com um quase pedido: "Se as minhas palavras tivessem alguma influncia,

    eu propunha um dia de luto nacional."

    "Quando morre um poeta com a dimenso de Herberto Helder o que

    sentimos que no apenas morreu um poeta mas a poesia", declarou ao

    PBLICO o tambm poeta madeirense Jos Tolentino Mendona, falando

    de um luto difcil. "Nestes casos o luto torna-se insuportvel e, ao mesmo

    tempo, este luto faz-nos perceber que Herberto Helder imortal com a

    sua obra. Daqui a mil anos, se subsistir um falante de lngua portuguesa a

    poesia de Herberto Helder subsistir".

    Entre os muitos poemas do poeta que comeou a ler na adolescncia,

    Tolentino Mendona lembra aquele que comea com o verso "No sei

    como dizer-te que a minha voz te procura". o incio de um poema do

    livroA Colher na Boca, de 1961.

    Jos Tolentino Mendona lembra que comeou muito novo a ler Herberto,

    e que nessa leitura esteve presente um facto biogrfico, "o de tambm ele

    ter emergido no contexto insular, na Ilha da Madeira". Isso, continua, "era

    um vnculo forte para um adolescente que comeava tambm na poesia a

    procurar razes para a prpria vida. E essa descoberta foi a primeira

    viagem."

    Sublinha a insularidade como um trao permanente na poesia de

    Herberto. Uma insularidade que no seu sentido "est talvez mergulhada a

    muitas lguas de profundidade do que essa palavra. No uma

    dimenso muito explcita, mas ler Herberto Helder na Ilha da Madeira

    tem uma ressonncia e uma vitalidade que no se esquece", refere,

    sublinhando um aspecto que considera marcante. "Quando se ouvia

    Herberto Helder falar, mesmo muitos anos depois de ter sado da ilha,

    continuava com a pronncia de um habitante do Funchal. Era um

    funchalense claramente identificvel. E isso era uma nota afectiva de

    grande impacto."

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    Num testemunho recolhido pela agncia Lusa, o crtico e poeta Pedro

    Mexia considera que o lugar de Herberto Helder na literatura portuguesa

    equivaler ao de Fernando Pessoa na primeira metade do sculo XX, algo

    que, acrescenta, se comeou a dizer h algum tempo e que se tornar,

    com o tempo, uma coisa pacfica, sem prejuzo dos grandes poetas da

    gerao dele que houve em Portugal.

    Numa nota de pesar enviada s redaces, o secretrio de Estado da

    Cultura, Jorge Barreto Xavier, escreveu: Poucos foram os que durante os

    ltimos cem anos tanto fizeram pela construo da lngua portuguesa e

    to influentes foram na organizao da linguagem potica

    contempornea. E acrescentou: A sua concentrao em torno do seu

    ofcio, ignorando e recusando formas de espao pblico para l da sua

    escrita, so um dos sinais da sua determinao relativamente a um

    discurso sobre o seu trabalho e sobre a sua presena.

    Em 1994, foi-lhe atribudo o Prmio Pessoa pela sua obra que, segundo o

    jri, iluminava a lngua portuguesa. Herberto Helder, no entanto, recusou

    a distino, uma das mais importantes atribudas em Portugal, e pediu ao

    jri que no o anunciassem como vencedor e dessem o prmio a outro.

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