poetas gaúchos
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"Quem inventou fronteiras e divisas
não conhecia as aves e os ventos.
Nem aprendeu com o sol e as estrelas
que a liberdade é mais que um documento;
que, por andar, se alargam territórios;
que um fogo-morto ou uma cruz de estrada
dizem mais do que notas registradas,
com nomes e traçados, nos cartórios"
Trecho de "Fronteiras", de Colmar Duarte
Fotos de Eduardo Amorim, disponíveis na internet
“Formada por várias cores,
Deus lhe deu a cor da aurora
quando o sol, surgindo, chora
no serenal das pastagens,
e, com seus pêlos e imagens
na tela do pensamento,
Deus e o guasca, dois pintores,
Usaram todas as cores
Pra um crioulo cruzamento”
Trecho de “Minha quadrilha”, de Edilberto Teixeira
Foto: Rosário do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil
"Das Palmas ao Jaguarão,
conheço sangas e grotas,
do Camaquã ao São Luiz
dos Três Serros ao Candiota
gastei o aço do estribo
na curvatura da bota.”
Trecho de "De a cavalo", de Eron Vaz Mattos
Foto: Santa Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul, Brasil
“Geada vestiu de noiva
os galhos da pitangueira
Ainda caso com Rosa
caso ela queira ou não queira
Pra domar o meu destino,
comprei um buçal de prata
Nenhum pesar me derruba,
qualquer paixão me arrebata.”
Trecho de “Cordas de espinho”, de Luiz Coronel
Foto: São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul, Brasil
“Este baio corcoveava
mesmo que boi tafoneiro,
pois já estava acostumado
a corcovear o dia inteiro
Bombeei pra um oitão dum rancho,
vi uma prenda me espiando,
o baio não via nada
e continuava corcoveando.”
Trecho de “Décima do potro baio”, Folclore Riograndense
Foto: Bagé, Rio Grande do Sul, Brasil
Trecho de “De terra, campo e galpão”, de Alex Silveira
Tropilha Jacaquá, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil
“Me criei numa estância,
lidando com a ‘cavaiada’,
flor de tropilha apoderada,
que ‘escramuçando’ ventena,
me despenteia a melena,
quando monto um desbocado,
pois tenho Deus no costado
me benzendo as nazarenas”
“As ovelhinhas são nuvens
que não precisam de pontes,
descem do céu para a terra
pelas portas do horizonte
Vão balindo as ovelhinhas,
vão balindo entre as flores,
quem entende estas conversas
são os anjos e os pastores”
“As ovelhas são nuvens”, de Luiz Coronel
Foto: Guarda Velha, Pinheiro Machado, Rio Grande do Sul, Brasil
“Brotei do ventre da Pampa,
que é Pátria, na minha terra,
sou resumo de uma guerra
que ainda tem importância
e, diante de tal circunstância,
segui os clarins farroupilhas
e, devorando coxilhas,
me transformei em distância.”
Trecho de “Eis o homem” de Marco Aurélio Campos
Foto: Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil
“Pátria, querência e nação,
trindade que hoje revivo,
e essa Pátria quem governa
é a força das minhas pernas
e as botas firmes no estrivo
Sou mais um dos campeadores
que fez a Pátria num basto,
sou parte desse universo,
sou um pedaço de verso
e do Rio Grande sou rastro,
tenho minha pátria num basto.”
Trecho de “Pra quem faz Pátria num Basto”, de Gujo Teixeira
Foto: Santana do Livramento, Rio Grande do Sul, Brasil
"Como a aurora precursora
do farol da divindade,
foi o Vinte de Setembro
o precursor da liberdade
Mostremos valor, constância,
nesta ímpia e injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas
de modelo a toda terra"
Trecho do Hino Riograndense, de Francisco Pinto da Fontoura
Foto: Cerrito, Rio Grande do Sul, Brasil