morgan 1980 2005 paradigmas

13
  I RAE·CLASSICOS . PARADIGMAS METAFORAS E E S O L U ~ A O DE Q U E B R A · C A B E ~ A S NA TEORIA DAS O R G A N I Z A ~ i i E S PARADIGMAS METAFORAS E RESOLUCAO DE _ QUEBRA-CABECAS NATEORIA DAS ORGANIZACOES RESUMO o objetivo deste artigo ~ apn sentar os elementos da crftica humanista radical, que sugere que a disciplina de teoria das organizac,;oes tern sido ap risi ona da por suas metaforas, e estimular uma conscientizac,;ao por meio da qual ela poderia come c,;ar a se libertar. Este artigo explora os relacionamentos entr e parad igmas, metaforas e a resoluc,;ao de quebra-cabec;as, mostrando que a teo ria d as organiz ac,; oes e a pe sq ui sa em organizac,;oes sao construfdas sobre uma rede de suposic,;oes tid as como certas . Examinam-se a natureza metaf6rica da teoria e a implicac,;ao da metafora para a construc,;ao de teoria. Sugere-se urn pluralismo te6rico e metaf6rico, que pcrmita 0 dcsenvolvimento de novas perspectivas para a an< 1lise organizaciona1. Enquanto a ortodoxia esta baseada em algumas metaforas caracterfsticas do paradigma funcionalista, meL'if ora s caracterfsticas de outros paradigmas, que desafiam as supo si c, ;o es fundamen tais da ortodoxia, mostram que tern muito a oferecer. Gareth Morgan Schulich School of Business York University / BSTR CT The plllpose of this paper is to present the elements of a radical humanist critiqllC which suggests that the diSCipline of organization them) has been implisoned by its metaphors, and to stimulate an awareness through which it can b ~ g i n to set itselffrcc The p p explores the relationship among paradigms, metaphors, and puzzle solving showing how organization theory and research is constrUClt d upon a network of assumptions that are tahen-for-granted. The mctaphmicalnature of heory and the implications of metaphor for them) construction arc examined. A theoretical and methodological pluralism which allows the development of new perspectives for organizational analysis is suggested. \Vhilc orthodoxy is based upon a few metaphors characteristic of the functionalist paradigm, metaphors characteristic of other paradigms, which challenge the ground asswllptions of ortllOdoxy, are shown to have much to oifel: PALAVRA5-CHAVE Metafora, paradigma, constru<;;ao de teoria, teoria das organiza<;6es, humanismo radical. KEYWOR S MctaphOl; paradigm, build themy, organizational themy, radical humanism. f ~ 1 i RAt· \ ll 4' ~ \ 1

Upload: iaisa-magalhaes

Post on 03-Nov-2015

17 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Morgan 1980 2005 Paradigmas

TRANSCRIPT

  • ,

    ! I

    RAECLASSICOS . PARADIGMAS, METAFORAS E RESOLU~AO DE QUEBRACABE~AS NA TEORIA DAS ORGANIZA~iiES

    PARADIGMAS, METAFORAS E RESOLUCAO DE _ QUEBRA-CABECAS NATEORIA DAS ORGANIZACOES RESUMO o objetivo deste artigo ~ apn'sentar os elementos da crftica humanista radical, que sugere que a disciplina de teoria das organizac,;oes tern sido aprisionada por suas metaforas, e estimular uma conscientizac,;ao por meio da qual ela poderia comec,;ar a se libertar. Este artigo explora os relacionamentos entre paradigmas, metaforas e a resoluc,;ao de quebra-cabec;as, mostrando que a teo ria das organizac,;oes e a pesquisa em organizac,;oes sao construfdas sobre uma rede de suposic,;oes tid as como certas. Examinam-se a natureza metaf6rica da teoria e a implicac,;ao da metafora para a construc,;ao de teoria. Sugere-se urn pluralismo te6rico e metaf6rico, que pcrmita 0 dcsenvolvimento de novas perspectivas para a an

  • -------~----

  • ,

    )

    na

    lor as,

    ~za

    no

    al. ta,

    ia,

    JC

    of d. Ie :h

    GARETH MORGAN

    Para 0 filho cle um camponcs que cresccu dentm das cs-treitas fronteiras cle seu vilarejo e que passa a vi cia IOcla no lugar em que nasceu, 0 moclo cle pensar e cle falar caracte-rislico clesse vilarejo e algo que ele tern inteiramente como ceno. Mas para 0 rapaz cia zona rural que vai para a cida-cle e graclualmente se aclapta a vicla urbana, a moclo cle viver e de pensar clo campo cleixa cle ser algo ticlo como certo. Ele ganhou urn certo "clistanciamcnto" clele e COI1S(-gue fazer agora uma clistinc;:ao, talvez bastante consciente, entre os moclos cle pensar e as icleias "rurais" e "urbanos". Nesse tipo cle clistinc;:ao repousa 0 inicio claquela aborcla-gem que a sociologia clo conhecimento procura clcscnvol-vcr cletalhadamentc. Aquilo que clentro de um determina-do grupo e accilll como absoluto parcel', para aqul'k qul' esta fora, conclicionaclo pela situac;:ao clo grupo e reconhe-cicio como algo parcial (nesse caso,"'rural"). Esse tipo cle conhecimento pressup6e uma perspectiva mais "clistan-ciacla". (MANNHEIM, 1936).

    Mannheim utiliza esse exemplo de urbanizac;:ao de um jo-vern camp ones como meio de ilustrar como os modos de pensar 0 mundo sao mediad os pelo ambiente social e como a aquisic;:ao de novos modos de pensar depende de urn afas-lamenlo da anliga visao de mundo. 0 exemplo C lUll ponlo de partida conveniente para uma analise da teoria das orga-nizm;oes, que busca examinar como os teoricos clas organi-zac;:oes tentam en tender seu objeto de estudo, e tambem como eles tentam alcanc;:ar certo distanciamento do modo ortodoxo de ve-Io. Os teoricos das organizac;:oes, assim como os cientistas de outras disciplinas, freqiientemente abordam seu objeto a partir cle uma estrutura cle referencias baseada em suposic;:ocs inqucstionavcis. Na meclicla cm qltC cssas suposic;:oes sao continuamente afinnaclas e rcforc;:aclas pe\os cientistas cia area e por outros com os quais os teoricos clas orgtltliza

  • RAE-CLASSICOS' PARADIGMAS, METAFORAS E RESOLUC;:AO DE QUEBRA-CABEC;:AS NA TEORIA DAS ORGANIZAC;:OES

    csla focada nC55C ni\cl. 15so inclui 0 que Kuhn (1962) dcstTc\,cu como "cicncia normal". Na teoria das organi-;:,\(;(1C5, por cxemplo, 0 livro de Thompson Organizations ill Actioll (1967) tornou-se modelo c ponto de partida para os IClJricos inlcressados na teoria da contingencia que clcsenvolvem ideias geradas pela metafora do orga-nismo (Burrell e Morgan, 1979). As numerosas propos-las apresenladas no livro de Thompson geraram grande quanlidade de pesquisas para resolU(;,:ao de quebra-cabe-cas, cm que as suposicoes metaforicas que fundamen-lam 0 modclo de Thompson sao inquestiomiveis como maneira de en tender as organizacoes.

    Analisando como as atividades especificas da resolu-

  • 5

    1

    GARETH MORGAN

    cal- reflete uma rede de escolas de pensamento relacio-nadas, diferenciadas na abordagem e na perspectiva, mas compartilhando suposic;;6es comuns fundamentais sobre a natureza da realidade de que tratam.

    o paradigma funcionalista e baseado na suposi

  • RAE.cLASSICOS PARADIGMAS, METAFORAS E RESOLUCfAO DE QUEBRACABECfAS NA TEORIA DAS ORGANIZACfOES

    ,cgllCIll .. \ ~itu,w,IO do conhecimento cientffico e vista, Illlrlantu. C0l110 t,Ill prohlematica quanto 0 conhecimen-to cotidi

  • GARETH MORGAN

    50S de compar:lC;,io, sllbstitui~'ao e intera~'ao enlrc as ima-gens de A e B atuando como geradores de um novo sig-nificado (Black, 1962).

    A metafora parece exercer uma importante influencia no desenvolvimento da linguagem (Muller, 1897); a medida que 0 significado se transfere de uma situac.;ao a outra, novas palavras e novos significados, criados como significados-raiz, sao metaforicamente utilizados para captar novas aplicac.;oes. 1550 e bem ilustrado, por exem-plo, na hist6ria da palavra "organizac.;ao". 0 Dicionario Oxford de Ingles indica que anterionnente a 1873 0 ter-mo "orgariizac;:ao" era utilizado principal mente para des-creveI' a ac;:ao de organizar ou 0 estado de estar organiza-do, particularmente em urn sentido biol6gico. Em 1816 o termo foi utilizado para organizac.;ao e coordenac;:ao das partes em um todo sistemico. Por volta de 1873 Herbert Spencer utilizou 0 termo para se rcferir a "um corpo, sistema ou sociedade organizados". 0 estado de estar organizado em um sentido biol6gico foi a base da meta-fora da organizac;:ao e coordenac.;ao em urn sentido geral e da metafora de urn corpo, sistema ou sociedade em um sentido geral. A utilizac.;ao do termo "organizac.;ao" para ilustrar uma instituic;:ao social e bastante moderna e cria 1II11 novo significado por meio de ampliac.;ilcs Illctafliri-cas designificados antigos.

    A metafora tambem mostra possuir um importante papel no uso da linguagem, no desenvolvimento cognitivo e na maneira geral como os seres humanos for-mam concepc.;oes sobre suas realidades (Burke, 1945, 1954; Jakobson e Halle, 1956; Ortony, 1979). Uma con-sideravel atenc.;ao tem se dado ao papel da metafora no desenvolvimento da ciencia e do pensamento social (Berggren, 1962, 1963; Black, 1962; Schon, 1963; Hesse, 1966), e Brown (1977) fornece uma analise da influcn-cia da metafora sobre a sociologia.

    o trabalho de pesquisa dcssestcllricos contrihui para uma visao da investigac;:ao cientifica como um processo criativo em que os cientistas enxergam 0 mundometafo-rical11ente por mcio da linguagel11 e dos conccitos que filtram e estruturam suas percepc.;oes sobre seus objetos de estudo, e por meio de l11etaforas que ell'S implicita ou explicitamente escolhem para desenvolver suas estrutu-ras de referencia para analise. Esse artigo esta focado nesta ultima utilizac;:ao das metaforas com a intenc.;ao de mos-trar como as escolas de pensamenlo da Leoria das organi-zac;:oes se baseial11 em ideias associadas a diferentes 111e-taforas para 0 estudo das organizac.;oes e como a logica das metaforas possui importantes implicac.;oes para 0 pro-cesso de construc;:ao de teoria.

    A utilizac;:ao de metaforas serve para gerar uma ima-

    gem para se esludar ohjeto. Essa illlagcm ]lodc lornc-cer a base para uma pesquisa cientifica fundada nas ICIl-tativas de descobrir ate que ponto as caraclerislicas da metafora podem ser encontradas no objelo de invesliga-c;:ao. Boa parte da atividade de resolucao de quebra-cahc-cas da ciencia normal e desse tipo, com os cicntisLas Lcn-tando examinar, operacionalizar e mcdir impliGl~'iil's do insight metaforico sobre 0 qual suas ]lesquisas cstao im-plicita ou explicitamente baseadas. Tal conl"inamcnLo dc atenc.;ao requer grande quantidade dc compromcLimento anterior e um tanto irracional com a illlagclll do ohjeLo de investigac;:ao, ja que qualquer insight llletaforico for-nece uma visao parcial e unilateral do fenomeno ao qual e aplicado.

    o potencial criativo da metafora depende da existen-cia de um grau de diferenc;:a entre os objetos envolvielos no processo metafClrico. Por exemplo, lllll boxeador pode ser elescrito como "urn tigre no ringue". Ao escolher 0 termo "tigre", ressaltamos as impressoes especificas de urn animal feroz se movendo agressivamente com poder, forc.;a e velocidaele, ele forma elegante e furtiva, em dire-c.;ao a sua presa. Por implicac;:ao, a metafora sugere que 0 boxeador possui essas qualidades quando luta com seu oponcnte. A utilizac.;ao dessa meLarora rcquer que a pele de listras laranja e pretas do tigre, suas quatrCl'-pernas, suas garras, seus dentes caninos e seu rugic10 ensurc1ece-dor sejam ignorados em favor de lIllla cnfasc nas carac-teristicas que 0 boxeador e 0 tigre possuem em comum. A melafora C, entao, baseada em ullla realidade parcial; ela requer das pessoas que a utilizem uma abstrac.;ao um tanto unilateral em que determinac1as caracteristicas se-jam enfatizadas e outras, suprimidas, em uma com para-c.;ao seletiva. A Figura 3 ilustra a significancia crucial das diferenc.;as em uma metafora. Se os dois objetos sao per-cehidos como completamcnte dislinlos, pOI' n:clllplo 0 boxeador e uma panda (Iigura 3a), Oll s,io viSIOS COI1HI quase identicos, como por exemplo () hoxeador l' lIlll homl'1ll (Figura 3c), 0 proccsso 1l1l'lai'

  • l

    HI\E-CII\SSICOS' PARADIGMAS, METAFORAS E RESOLUCAO DE QUEBRA-CABECAS NA TEO RIA DAS ORGANIZACOES

    lima ~II1IC~C sohre c(lI1!~ecimentos basieos limitados. Di-krcllIcs 1l11'laforas podl"lll consLiLuir c capLar a naLureza da vida organizacional dc diferentes maneiras, eada uma gcrando lipos dc il\Si.~ltt poderosos, distintos, mas essen-riallllCIlIl' parriais. i\ Iligica aqui sugere que novas meL.i-fllras podcm ser utilizadas para criar novos modos de vcr as llrganiza

  • GARETH MORGAN

    tam 0 trabalho de teoricos tao diferentes pretendam ser-vir a diferentes fins, is to e, a melhoria da eficiencia na teoria classica da Administrac;ao e a nossa compreensao da sociedade na teoria de Weber, as duas linhas de pen-samento se fundiram para fornecer as bases da teoria organizacional moderna. 0 imaginario medinico e mui-to claro. As maquinas sao racionalmente concebidas para trabalhar perseguindo fins especificos; a metafora e1a maquina na teo ria e1as organizac;oes expressa esses fins como metas, e a relac;ao meios-fins como racionalidade intencional. De fata, os modelos da organizac;:ao como maqllina muitas vezes tern sido descritos na literatura e1a teoria das organizac;oes como "model os de racionalida-de" (Gou1dner, 1959; Thompson, 1967) e "model os e1e metas" (Georgiou, 1973; Etzioni, 1960). Os e1etalhes e1es-ses modelos de maquinas sao tirados de conceitos meca-nicos. Por exemplo, dao crucial importancia aos concei-tos de estrutura e tecnologia na definic;:ao das caracteris-ticas organizacionais. As maquinas sao entidaeles tecno-logicas cujos elementos const~tuintes se relacionam em forma de estrutura. Na teo ria organizacional classic a e burocratica, da-se maior enfase a analise e ao design e1a estrutura formal da organizac;:ao e sua tecnologia. De fato, essas teorias constituem essencialmente urn esque-ma para tal design; elas procuram desenhar as organiza-c;oes como se fossem maquinas, e os seres humanos que trabalham ness as estruturas mecanicas sao avaliados por suas habilidades instrumentais. A concepc;:ao de Taylor de homem economico e 0 conceito de Weber do buro-crata despersonalizado ampliam os principios da meta-fora da maquina para definir uma visao da natureza humana mais de acordo com a maquina organizacio-nal. De fato, como sugere Weber, 0 modo burocratico de organizac;ao desenvolve mais perfeitamente esse modo de organizac;ao - a maquina organizacional - so-bre a natureza das atividades da vida. Elimina dos ne-gocios oficiais 0 amor, 0 odio e todos os elementos pu-ramente emocionais, irracionais e pessoais (Weber, 1946, p. 216). AI em do mais, 0 funcionamento de toda empresa burocratica e julgado em termos de eficiencia, outro ~onceito derivado da concepc;ao mecanica das organizac;oes como instrumento para 0 aicance de fins predeterminados.

    A outra grande metafora na teoria das organizac;oes e a do organismo. 0 termo "organismo" e utilizado para referir qualquer sistema de partes mutuamcnte intcrli-gadas e dependentes, constituidas para compartilhar uma vida comum, e focaliza sua atenc;ao na natureza das ati-vidades da vida. Urn organismo e tipicamente visto como uma combinac;ao de elementos, diferenciados mas inte-

    grados, que procuram sobreviver no eontexlO dc lim ambiente mais amplo (Spencer, 1873, 1876 - 1896). S~IO fortes e claras as ligac;oes entre a mctafora e10 organismo e boa parte da teo ria das organizac;:oes contemponinea A principal enfase da abordagem e10s sistemas abcrlos, por exemplo, e 0 estreito relacionamento interativo entre a organizac;ao e 0 ambiente, e 0 fato e1e que a vida ou so-brevivencia da organizac;:ao e1epenelc e1e urn relacionamen-to apropriado. Tambem se enfatiza a ieleia e1e que a orga-nizac;ao tern necessidades ou func;:oes imperativas que devem ser satisfeitas para que ela aicance esse tipo e1e relacionamento com 0 ambiente. Os estuelos e1e Hawthorne (Roethlisbergcr c Dickson, 1939), as teorias estruturais funcionalistas de Selznick (1948) e Parsons (1951, 1956), a abordagem dos sistemas sociotecnicos (Trist e Bamforth, 1951), a abordagem dos sistemas ge-rais (Katz e Kahn, 1966) e boa parte da teoria moderna da contingencia (Burns e Stalker, 1961; Lawrence e Lorsch, 1967) sao baseados no dcscnvolvimcnto da mc-tafora do organismo. Enquanto na metafora da maquina o conceito de organizac;ao code lima estrutura lim tanto estatica e fechada, na metafora clo organismo 0 conccito de organizac;ao code uma entidade viva, em constante mutac;:ao, interagindo com seu ambiente na tentativa cle satisfazer suas necessidades. 0 relacionamenle'entre or-ganizac;:ao e ambiente enfatiza que cleterminados tipos de organizac;ao possuem mais aptidao para sobreviver em determinados ambientes do qlle outros. 0 foco nas nc-cessidades e func;:oes imperativas permitiu que os leori-cos identificassem atividades essenciais para a sustenta-c;ao da vida. 0 imperativo de satisfazer as necessidades pSicologicas dos membros cia organizac;:ao (Trisl e Bamforth, 1951; Argyris, 1952, 1957), e de adolar estilos apropriados de gerenciamento (McGregor, 1960; Likert, 1967) e de tecnologia (Woodward, 1965), modos de e1i-ferenciac;:ao, integrac;:ao e resoluc;:ao de conflitos (Lawrence e Lorsch, 1967), e modos de escolha estrategica e con-trole (Child, 1972; Miles e Snow, 1978), [oram todos in-corporados a teo ria cle contingencia contemponinea, que em essencia leva as implicac;:oes da metafora do organis-mo as suas conclusoes logicas. Dcssa perspectiva. as or-ganizac;:oes sao vistas nao somente em termos de reeics de relacionamentos que caracterizam a estrutura interna dos organismos, mas tambem em termos clos rclaciona-mentos que existem entre a organizac;:ao (organismo) e seu ambiente.

    A distinc;:ao entre maquina e organismo tem sido a base para um continuum das formas organizacionais (Burns e Stalker, 1961) e tern inl1uenciaelo divcrsas lcnlalivas dc medir earaeterfsticas organizacionais. Desdc 0 !"inal dos

  • l

    RAEC!ASSiCOS PARADIGMAS, METAFORAS E RESOLU~AO DE QUEBRACABE~AS NA TEORIA DAS ORGANIZA~OES

    al1o-. Il){O, pOl' CXCI11,l!O as pcsquisas sobrc organiza-(;(lCS lL'111 skin dominad'l' pelas tentativas de conduzir cSludos cillpiricos dClalhados de varios aspectos da abor-dagcm conlingcncial, como indicam as volumes da 1\(/111 ill isl m/ivc Sciellcc Quarterly (ASQ) nos ultimos lO 'lllOS. Apcsar dc esses cSludos terem gerado numerosas icil'ias, quc informam nossa compreensao das organiza-('(lL'S C0l110 1l1'\quinas Oll organismos, c importante no tar quc 0 tipo dc idCia gerada c limitado pelas metaforas em quc sc hasciam. RCCenlC1llente os teoricos das organiza-('lCS reconilcccral1l isso c pcrccbcram que vcr as organi-zac.;ocs com base cm novas metaforas torna possivel cntende-Ias de novas maneiras. Ver as organizac;oes siste-maticamente como sistemas ciberneticos, sistemas frou-xamentc acoplados, sistemas ecol6gicos, teatros, culturas, sistemas jlOlilicos,jogos dc linguagem, textos, realizac.;oes, rcprcselltac.;(ics, prisClcs psiquicas, instrumentos de domi-nac.;ao, sistemas em fragml.'ntac.;ao e catastrofes traz novas c1imcnsiics, ricas c criativa~;, a teoria das organizac.;oes.

    A metMora eibernetica encoraja os te6ricos a ver as organizac.;oes como padriics de informac;ao e mostra que os estados de equilibrio homeostatico podel11 ser sus ten-tados por processos dc aprendizagem baseados em IcC//Jach ne~llivo. Alguns tec)ricos estudam as in.1plica-c.;oes dessa I11ctafora para as organizac;oes e a Adl11inis-trac.;ao (Buckley, 1967; Hage, 1974; Argyris e Schon, 1978), e a cibernctica cst,\ sendo amplamente utilizada para I11clhorar sistemas de controle organizacional (Lawler e Rhode, 1976). A metafora de um sistema frou-xamentc acoplado, intwLiuzida na teoria das organiza-c.;oes por Weick (1974, 1':76), procura especificainente contrapor as supOsic.;OC5 i;nplicitas nas metaforas da ma-quina e do organismo de .Iue as organizac;oes sao siste-mas ajustados, eficientes e bem coordenados. A metafo-ra da ecologia populacional (Hannan e Freeman, 1977) rcvela que c importanlc focalizar a compcti

  • c;oes ma-

    dem Jdos lade rela-

    ~ or-

    Jles-ode , sis-cio-, de e as

    mas

    'Co e nis-. As tico no

    odo Ides des sao

    ~nte for-)(.'m udo as-

    ; de

    da-ruf-:io-de

    a 0

    nta ~ue lica tu-os

    de ca-

    sse

    in-m-

    ca.

    urn

    de he-m-

    GARETH MORGAN

    ceitos organizacionais que dao forma as noc;oes de ra-cionalidade, estrutura burocratica, delegac;ao e contro-lc sao conceitos gercnciai~ (Bittner, 1965) que rolulam e concebem urn mundo em que os administradores po-dem atuar como administradores. De modo semelhan-te, 0 conceito e a Iingllagcm detalhada de lideranc;a cri-am e definem a natureza da lideranc;a como um proces-so continuo (Pondy, 1978). Vistas em termos.da meta-fora do jogo de linguagem, as organizac;oes sao criadas e sustentadas como padroes de atividade social pelo uso da linguagem. Constituem nao mais do que lima forma especifica de discurso.

    A metafora do texto (Ricoeur, ]97 I) sllgerc qlle 0 teti-rico das organizac;oes deveria ver a atividade organiza-cional como lim documento simb6lico e empregar me-todos de amilises hermeneuticos como meio de decifrar sua natureza e seu significado. Os textos dao forma a tipos especificos de jogos de linguagem, explicam temas e usam expressoes metaf6ricas para transmitir padroes de significado importantes. Uma vez elaborado, 0 texto e sujeito a interpretac;ao e a traduc;ao de outros individuos, que podem revesti-Io com oUlros signifieados e lima im-portancia nao pretendidos pelo autor. Todas essas qua-lidades sao evidentes no dia-a-dia da vida organizacio-nal; onde todos sao tanto autores quanta leitores, embo-ra alguns de maneira mais significativa do que outros. 0 te6rico das organizac;oes que adota a metafora do texto esta preocupado em entender como as atividades orga-nizacionais sao elaboradas, lidas e traduzidas, e 0 modo de a estrutura do discurso explorar determinados temas-chave e desenvolver tipos especificos de imagens. A me-tafora pode ser utilizada para a analise de documentos da organizaC;ao (Huff, 1979) e de conversas e ac;oes orga-nizacionais (Manning, 1979).

    As metaforas cia realizaC;ao (Garfinkel, 1967) e da pro-dur;:ao de sentido por meio de representar;:oes mentais (Weick, 1977) constituem duas outras abordagens re-presentativas do estudo das organizar;:oes. A etnometodologia de Garfinkel revela como os seres hu-manos realizam e sustentam situac;oes socia is inteligf-veis para si mesmos e para os outros. A metafora da produc;ao de sentidos de Weick desenvolve ideias rela-ci~nadas, enfatizando que as realidades sao reprcsenta-das peIos individuos por racionalizac;oes a posteriori dos eventos ocorridos. Vistas em termos dessas metaforas, as realidades organizacionais sao entendidas como cons-truc;oes sociais contfnuas, surgindo de realizac;oes ha-bilidosas pelas quais os membros organizacionais se impoem aos seus mundos para criar estruturas signifi-cativas e sensiveis. Como outras metaforas interpreta-

    tivistas, revelam que as rotinas, aspectos da vida orga-nizacional tido como certos, s

  • RAE-CL ,,~OS' PARADIGMAS, METAFORAS E RESOLU(fAO DE QUEBRACABE(fAS NA TEORIA DAS ORGANIZA(fDES

    organizacillnal radical. ,. ;rada em metaforas como ados instrllnientos de clomill,I(.I0, dos sistemas em fragmen-ta(;;ill e da cat;istrofe. A analise classic a de Weber da bu-rocracia como tim modo ell' domina