monografia-sÃo-os-fenÔmenos-transpessoais-psicopatolÓgicos
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FACULDADE METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE
INSTITUTO RENASCER DA CONSCIÊNCIA
SÃO OS FENÔMENOS TRANSPESSOAIS
PSICOPATOLÓGICOS?
Selene Zaidan Leite
Belo Horizonte
2010
Selene Zaidan Leite
SÃO OS FENÔMENOS TRANSPESSOAIS
PSICOPATOLÓGICOS?
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Cursode Pós-Graduação em Psicologia Transpessoal daFaculdade Metropolitana de Belo Horizonte
Orientadora: Prof. Especialista Nádia Fernandes deSouza
Belo Horizonte
2010
SELENE ZAIDAN LEITE
SÃO OS FENÔMENOS TRANSPESSOAIS PSICOPATOLÓGICOS?
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Metropolitana de Belo
Horizonte como requisito parcial para a conclusão da Pós – Graduação lato sensu em
Psicologia Transpessoal.
Belo Horizonte, _____de_______________2010.
Nádia Fernandes de SouzaProfessora Especialista
Orientadora
AGRADECIMENTOS
Quero expressar minha profunda gratidão a Deus, pelas bênçãos derramadas sobre mim e queme proporcionaram o raciocínio para elaborar uma pesquisa como esta.
Quero agradecer à professora Gislaine D`Assunpção que idealizou e concretizou o curso dePós-graduação em Psicologia Transpessoal, dando-nos a oportunidade de aprimoramento.
Agradecer à professora Nádia Fernandes de Souza que, de maneira especial, se prontificou ame orientar, oferecendo suporte e credibilidade a meus esforços.
Agradecer aos novos amigos e colegas das turmas I e II que se somaram e me aceitaram comoamiga e colega.
Agradecer à Cândida, Maria Neide e a todos os voluntários que fizeram um bom trabalho,para que nossa estada no Instituto Renascer da Consciência fosse o mais agradável possível.
Agradecer a todos os professores e professoras que me auxiliaram a abrir as portas interiores,permitindo-me transformar junto deles.
Agradecer especialmente ao meu marido, Élcio, que, com seu bom-humor, aguardoupacientemente o término deste trabalho.
Agradecer a Adilton Pugliese que, carinhosamente, sugeriu-me uma extensa referência,dizendo-me que estaria montando uma biblioteca “à Alexandria”.
Agradecer novamente ao professor Douglas que me ajudou no mesmo sentido.
E, enfim, agradecer a todos os autores que me permitiram conhecer ainda mais a PsicologiaTranspessoal.
“A alegria da descoberta é certamente a mais viva que amente do homem pode experimentar.” Claude Bernard
RESUMO
Através desta pesquisa, comprova-se que a Psicologia Transpessoal se utiliza de ideias etécnicas integradas e ampliadas para criar oportunidades que facilitem ao homem a vivênciade sua totalidade. A respiração holotrópica revelou-se muito potente para a exploração do eu epara a cura de neuroses e psicoses. Ela permite o acesso aos domínios transpessoais daconsciência. Dentre as experiências transpessoais, são citadas por Grof as embrionárias, asancestrais, as coletivas ou raciais, as filogenéticas ou de identificação com plantas, animais, asde reencarnações passadas, as arquetípicas, as de reencontros com diversas divindades e as desequências mitológicas completas. Pretende-se que, por meio dessa abordagem, o indivíduoobtenha a cura de seus problemas psicológicos e, ainda, possa vivenciar estados transpessoaisde consciência. Daí, a importância deste trabalho no sentido de apresentar uma contribuição àcomunidade científica da Faculdade Metropolitana de Belo Horizonte e do Instituto Renascerda Consciência, abrindo espaço para discussão, troca e crescimento.
Palavras-chave: Psicologia Transpessoal; respiração holotrópica; psicopatologia; mente-
cérebro, paradigma holístico.
ABSTRACT
Through this research, we have been able to confirm that the TranspersonalPsychology makes use of integrated and expanded ideas and techniques to create opportunity to facilitate for man to experience his wholeness. Holotropic breathing provedvery powerful for the exploration of self and to cure neuroses and psychoses. It allows accessto the fields of transpersonal consciousness. Among the transpersonal experiencescited by Grof are the embryonic, the collective or racial ancestry or the identification withanimals, the ones of past incarnations, the archetypal, the ones of reencounters with several ofthe deities and the ones of complete mythological sequences. It is intended that through thisapproach, the individual obtains the cure for his psychological problems and can alsoexperience transpersonal states of consciousness. Hence the importance of this work topresent a contribution to the scientific community of the Faculdade Metropolitana de BeloHoriozonte and the Instituto Renascer da Consciência, opening space for discussion, exchangeand growth.
Keywords: Transpersonal Psychology, Holotropic Breathwork; psychopathology; mind-brain, holistic paradigm.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 09
2 O APROFUNDAMENTO DO ESTUDO SOBRE MENTE-CÉREBRO ............................... 11
3 BREVE ENSAIO SOBRE A PSICOPATOLOGIA ................................................................ 183.1 Psicopatologia Experimental ...................................................................................................... 193.2 Psicopatologia Behaviorista ....................................................................................................... 193.3 Psicopatologia Cognitiva ............................................................................................................ 193.4 Psicopatologia Biológica ............................................................................................................. 203.5 Psicopatologia Existencialista ..................................................................................................... 203.6 Psicopatologia Social ou Psiquiatria Social 203.7 Psicopatologia Psicanalítica ........................................................................................................ 213.8 Psicopatologia Fenomenológica 213.9 Principais Métodos de Investigação da Psicopatologia ............................................................... 22
3.9.1 Fenomenológica ............................................................................................................ 233.9.2 Psicodinâmica ............................................................................................................... 233.9.3 Analítico Existêncial...................................................................................................... 233.9.4 Neurociências................................................................................................................. 23
4A EMERGÊNCIA ESPIRITUAL: COMPREENSÃO E TRATAMENTO DAS CRISES DETRANSFORMAÇÃO .............................................................................................................. 254.1 Mapa Concêntrico da Consciência .............................................................................................. 294.2 Conceitos Cartográficos da Consciência ..................................................................................... 30
4.2.1 Consciência de Vigília ................................................................................................... 304.2.2 O Pré-Consciente ........................................................................................................... 304.2.3 O Inconsciente Psicodinâmico....................................................................................... 314.2.4 O Inconsciente Ontogenético ........................................................................................ 31
4.2.4.1 Matrizes Perinatais ...................................................................................... 334.2.4.1.1 Matriz Perinatal I: União Primordial com a Mãe ............... 344.2.4.1.1.2 Consequências Associadas da Vida Pós–nata ..................... 354.2.4.1.2 Matriz Perinatal II: Engolfamento Cósmico e sem Saída ou Inferno.......... 354.2.4.1.2.1 Consequências Associadas na Vida Pós–natal..................... 354.2.4.1.3 Matriz Perinatal III: A Luta de Morte-Renascimento........... 364.2.4.1.3.1 Consequências Associadas na Vida Pós-Natal.................... 364.2.4.1.4 Matriz Perinatal IV: A Experiência de Morte-Renascimento......... 374.2.4.1.4.1 Consequências Associadas na Vida Pós-Nata .................... 37
4.2.5 O Inconsciente Transindividua ..................................................................................... 384.2.6 O Inconsciente Filogenético .......................................................................................... 384.2.7 O Inconsciente Extraterreno ......................................................................................... 384.2.8 O Supraconsciente ........................................................................................................ 394.2.9 O Vácuo ......................................................................................................................... 39
5 IMPLICAÇÕES E APLICAÇÕES .......................................................................................... 415.1 Drogas ......................................................................................................................................... 415.2 Meditação .................................................................................................................................... 415.3 Psicose ......................................................................................................................................... 425.4 O Morrer e a Morte ..................................................................................................................... 44
6 TRATAMENTO DE EMERGÊNCIAS ESPIRITUAIS........................................................... 45
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 55
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Mapa Concêntrico da Consciência............................................................. 29
Figura 2 – Psicose – Mapa concêntrico da consciência............................................... 42
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1 INTRODUÇÃO
A presente pesquisa é o resultado do trabalho de conclusão de curso da pós-graduação em
Psicologia Transpessoal e de meu anseio por responder à questão formulada no final da
monografia da graduação, a qual é intitulada “O que é Psicologia Transpessoal”. Nesta sugeri
que a pesquisa prosseguisse no sentido de se investigarem as influências da Psicologia
Transpessoal no reconhecimento de teorias e práticas psicoterápicas em processos
psicopatológicos. Dessa proposta, nasceu a pergunta que é o título deste trabalho de conclusão
de curso: são os fenômenos transpessoais psicopatológicos?
Devido à necessidade de novas respostas às questões sobre a saúde psíquica, no sentido de se
elucidarem os problemas profundos da personalidade, é necessária uma reformulação dos
conceitos em torno do conhecimento científico. Será que o intelecto pode apreender as ideias,
uma vez que aquele é incorpóreo como estas?
Por meio de uma extensa pesquisa bibliográfica, torna-se possível hipotetisar que a 4ª Força
em Psicologia surgiu para ampliar o esquema de interpretação do psiquismo e solucionar os
enigmas predominantes em pacientes psicóticos. Será que toda experiência transpessoal faz
parte da Psicopatologia? Será que os postulados científicos estão sofrendo abalos em suas
bases estruturais, diante da concepção dos estados alterados de consciência, que deixaram de
ser patológicos para se confirmarem como sendo de natureza transpessoal? Patologizar
poderia ser um modo de transformar a consciência individual em um objeto científico e
explicá-lo sob a ótica de uma doença do cérebro, separando-o dos fenômenos?
Para atingir seus objetivos, este trabalho é dividido em quatro partes: a primeira descreve a
mudança dos conceitos cartesiano-newtonianos a respeito do aprofundamento do estudo sobre
mente-cérebro e uma reflexão contemporânea da impossibilidade de se reduzir o fenômeno
humano a padrões e previsibilidades objetivas. A segunda parte apresenta a história da
Psicopatologia, sua epistemologia, objeto, método e aplicação. A terceira parte da pesquisa
trata da emergência espiritual: compreensão e tratamento das crises de transformação. A
última parte trata da análise das hipóteses apresentadas.
Além de satisfazer um desejo pessoal à questão proposta pelo trabalho de conclusão de Curso,
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o tema poderá trazer ganhos à comunidade científica, no sentido de se avançar na ampliação
do conhecimento do ser pensante, não redutível à soma de modelos tradicionais, e sim
superando-se na demonstração de mais um espetáculo para o novo cenário, o qual podemos
admirar através do novo paradigma transpessoal.
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2 O APROFUNDAMENTO DO ESTUDO SOBRE MENTE-CÉREBRO
O progresso recente das neurociências, que culminou com a declaração dos anos 90 como a
‘Década do Cérebro’, permitiu que o conhecimento das funções do sistema nervoso avançasse
a uma velocidade muito grande. (CAVALHEIRO apud Ciência Hoje, volume 18, nº 84).
Crick e Koch (2001) afirmam que, aquilo que conhecemos como mente está intimamente
relacionado a certos aspectos do comportamento do cérebro, e não ao coração, como pensava
Aristóteles. Seu aspecto mais misterioso é a consciência, que pode assumir várias formas, da
experiência de dor à consciência de si mesmo. (CIENTIFICA AMERICAN, Edição Especial
nº 4, 2001, p.13).
De acordo com Fialho (1992), enquanto os psicólogos tiveram que abandonar o estudo da
consciência para serem aceitos dentro do paradigma existente, os neurocirurgiões começaram
a se interessar pelo assunto. Alexander Luria propunha o cérebro como sendo uma
constelação funcional, onde cada faculdade decorreria não de um, mas de vários sistemas
corticais.
Sabe-se, de acordo com Luria (1991), que o problema da relação dos processos psíquicos com
o cérebro e dos princípios de trabalho deste, enquanto substrato material da atividade
psíquica, teve soluções diferentes em períodos diversos da evolução da ciência.
Para Luria (1991), as tentativas de localização direta das funções psíquicas em áreas limitadas
do cérebro inspiravam os estudiosos. Descobertas deram aos pesquisadores fundamentos para
distinguir no córtex cerebral as áreas que passaram a ser consideradas “centros de saída”,
“centros de cálculos” e “centros de conceitos”.
Isso foi uma tentativa de localização direta das complexas funções psíquicas nas áreas
limitadas do córtex cerebral, pois tais tentativas refletiam o esforço de fazer um enfoque
materialista dos processos psíquicos e seu substrato cerebral. Elas logo mostraram sua
inconsistência e deixaram de satisfazer aos estudiosos. (LURIA, 1991, p. 87).
Luria (1991) afirma que isso gerou uma crise das concepções anteriores da localização direta
dos processos psíquicos nas áreas limitadas do córtex cerebral e levou vários pesquisadores a
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lançarem a ideia de que os processos psíquicos são função de todo o cérebro e não podem ser
“localizados” nas áreas limitadas do córtex cerebral.
De acordo com Fialho (1993), ao se integrar ao Todo, o ser humano acessa fontes de
informações e formas de conhecer que transcendem qualquer ciência. E quando se faz ciência,
procuram-se os processos decorrentes da criação. Forma-se um mandala capaz de despertar no
ser os arquétipos, o qual o qualificaria a repetir os feitos do Criador.
Para Neubern (2009), no aprofundamento do estudo sobre mente-cérebro, deduz-se que é
impossível reduzir o fenômeno humano a padrões de previsibilidades objetivas.
No passado, frequentemente se considerava, como em Descartes, que a mente seria algo
imaterial, separada do cérebro, mas interagindo com ele de algum modo.
Hoje, a maioria dos cientistas acredita que é possível explicar todos os aspectos da mente,
inclusive seu atributo mais enigmático – a consciência – de maneira mais materialista, como o
comportamento de redes neuronais agindo em concerto.
Conforme Fadiman e Frager (1986), William James afirma que a consciência não é uma
entidade, e sim um processo de pensamento, assim como é experimentado ou percebido por
um indivíduo.
É importante ressaltar que, para Luria (1991), a Psicologia tem como propósito estabelecer as
leis básicas da atividade psicológica, estudar as vias de sua evolução, descobrir os
mecanismos que lhe servem de base e descrever as mudanças que ocorrem nessas atividades
nos estados patológicos.
Na visão holística descrita por Wilber (1997), onde o mundo é um todo, mesmo assim as
pessoas o vêem fragmentado num dualismo absoluto e relativo, com seus inúmeros filhos
bastardos, que são o problema mente/corpo, até destino/livre arbítrio e consciência/cérebro.
Wilber (2000) questiona se o mundo é holístico e, então, por que mais pessoas não percebem
isso? Por que tantas especialidades acadêmicas negam veemente esse fato?
De acordo com Fialho (1993, p. 308), o cérebro humano é o reduto onde, segundo os
materialistas modernos, jaz a mente aprisionada. Esta visão, restrita a uma dimensão física,
está no cerne dos paradigmas vigentes. Isso responderia às questões de Ken Wilber.
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É importante salientar que o novo paradigma da ciência, o modelo holográfico, iniciou-se na
década de 1970 através de descobertas de alguns cientistas como os físicos Alain Aspect e
David Bohm, o biólogo Rupert Sheldrake, os neurofisiólogos Karl Pribam e Jacobo Grimberg,
entre outros. (ROBLES, 2008, p. 97).
Fialho (1993) descreve que o húngaro Dennis Gabor, Prêmio Nobel de 1971, desenvolveu, em
1948, a teoria de um processo capaz de reproduzir um objeto em três dimensões. Em 1960,
com a invenção do laser, foi possível colocar em prática sua teoria.
Um holograma é o registro, em determinado meio, dos padrões de interferência provocados
num raio laser pelo objeto que se deseja representar. Como um holograma contém ‘registros
de interferência de vibrações’, ele é uniforme em toda a sua extensão, ou seja, cada parte sua é
capaz de reproduzir todo um objeto, perdendo-se apenas foco e luminosidade (FIALHO,
1993, p. 324).
De acordo com Saldanha (2004), foi através da holografia que o neurofisiologista Karl Pribam
e o físico David Bohm propuseram um modelo conceitual que engloba tanto a pesquisa acerca
do cérebro quanto a física teórica.
Com a descoberta de Gabor, Pribam imaginou o cérebro humano como um holograma. O
pensamento e os processos mentais funcionariam por meio de padrões de interferências
vibratórias. As imagens seriam decodificações desses padrões, que conteriam toda a
informação. Cada parte do cérebro conteria toda a memória humana (FIALHO, 1993, p. 325).
Karl Pribam, de acordo com Di Biase (2002), estabeleceu que a informação se lança em
diversas direções no cérebro por um processo semelhante à holografia, onde sua distribuição
se realiza por meio de interações de ondas em todo o córtex cerebral. Essas ondas decorrem
de um holograma que se constitui de ondas de comprimento muito mais curto com origem em
nível subatômico.
Saldanha (2004) ressalta que, no começo dos anos de 1970, Pribam questiona se o cérebro
adquire efetivamente o conhecimento juntando os hologramas e transformando
matematicamente frequências vindas de outros lugares. O que no cérebro interpreta esses
hologramas? Onde está a identidade que se serve do cérebro? Quem é aquele que conhece as
respostas?
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Durante uma conferência, Pribam sugeriu que a resposta pode ter a ver com a Psicologia da
Gestalt, uma teoria psicológica que sustenta que tudo o que percebemos como externo é
isomorfo, idêntico aos processos cerebrais (SALDANHA, 2008, p. 17).
Conforme (Fadiman e Frager, 1986), não há equivalente em Português para a palavra alemã
gestalt, o que seria uma organização específica de partes que constitui o todo. As partes de
uma gestalt não mantêm sua identidade quando estão separadas de sua função e lugar no todo.
De acordo com Schultz e Schultz (1981), a ‘fórmula’ fundamental da teoria da Gestalt poderia
ser expressa da seguinte maneira: existem totalidades cujo comportamento não é determinado
por um dos seus elementos individuais, mas nos quais os processos parciais são eles mesmos
determinados pela natureza intrínseca do todo.
Para Robles (2008), um dos problemas centrais no estudo da fisiologia cerebral é o de
encontrar um lugar específico de armazenamento da informação. Os estudiosos tinham a ideia
de que a informação era guardada numa região do lóbulo temporal.
Di Biase (2002) cita Von Neumann, que calculou que durante a vida humana o cérebro deve
armazenar cerca de 2,8 x 10 bits de informação. Esta ordem de grandeza vertiginosa só
poderia ser estocada por meio de sistemas holográficos, os quais possuem uma capacidade
fantástica de armazenagem de informação.
Hoje, através do modelo holográfico, sabemos que a informação se encontra codificada nas
redes de interconexão neuronal, da mesma forma que o emaranhado holográfico contém a
informação do todo, o que leva a concluir que, quando armazenamos informação, o fazemos
no total do sistema nervoso e muito provavelmente no total das células do corpo (ROBLES,
2008, 102)
Robles (2008) ressalta que apenas em momentos específicos é que podemos ter acesso à
informação existente e que nos permite chegar a outros níveis de consciência. Quando
chegamos a esses níveis é que podemos ter acesso a toda essa informação, adquirindo desse
modo uma visão da realidade que as ciências tradicionais não podem explicar (ROBLES,
2008, p. 102).
Robles (2008) considera que a evidência disso é que, quando se recorda, recorda-se com todo
o corpo. Sabe-se que as funções cerebrais não se encontram localizadas em áreas específicas,
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mas no extenso padrão de impulsos nervosos que se entrelaçam na rede neuronal, da mesma
forma que se encontram entrelaçados no holograma os raios que projetam uma imagem.
Bohm postula que os fenômenos são divididos em dois níveis de expressão: os que partem da
informação disponível e que operativamente são úteis para explicá-lo (ordem desenvolvida) e
aqueles que a partir de outras unidades de análise ou variáveis, que talvez neste momento não
se conhecem, são muito mais reais, quanto menos objetiváveis (ordem implícita) (ROBLES,
2008, p. 94).
O neurofisiólogo Jacobo Grimberg estabelece que todo o Universo se constitui de um ‘campo
informacional’ de enorme complexidade que contém em si, em cada uma de suas partes, toda
a informação. E o processo que leva a cabo na intricada rede de interconexões neuronais do
cérebro, para interpretar a informação, constitui o campo neuronal (ROBLES, 2008, ps. 95,
96).
A esta estrutura de alta coerência os físicos quânticos chamaram ‘A Rede’ e consideram que é
a estrutura fundamental do Universo e que unifica o espaço e o tempo. Este campo
informacional que Bohm chama de ordem implícita Grimberg o denomina ‘campo sintérgico’
(ROBLES, 2008, ps. 95, 96).
Fialho (1993) faz referência ao modelo proposto por Bohm, que evidencia que a realidade em
que vivemos é um holomovimento pertencente à ordem explícita. Neste, cada um de nós, sem
perda da individualidade, é também o todo.
Esse novo paradigma facilita a compreensão de muitos fenômenos impossíveis de serem
compreendidos, dentro do formalismo acadêmico predominante (FIALHO, 1993, p. 325).
Para Fialho, (1993), se toda a informação é dominada pela consciência, fenômenos como
telepatia e clarividência são facilmente explicáveis. O fato de não se ter detectado emissão de
energia entre agente e receptor, até hoje, nos experimentos telepáticos, explica-se pelo fato de
que a informação sempre esteve em poder do receptor.
Como afirmou Grimberg com sua Teoria Sintérgica, esses fenômenos são processados na rede
de interconexões neuronais do cérebro as quais interpretam a informação através dos
receptores sensoriais (ROBLES, 2008, p. 96).
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Robles (2008) cita que o biólogo Rupert Sheldrake propôs a existência de “campos
morfogenéticos” ou “campos que moldam as formas”, semelhantes a campos magnéticos que
estabelecem uma ordem. Isto supõe a existência de uma “memória primordial” ou coletiva, na
qual se encontra contida toda a informação do existente, sem perda de intensidade através do
espaço e do tempo.
Esse campo mórfico se assemelha muito ao princípio do campo informacional a que os físicos
quânticos chamam de A Rede e que Bohm denomina de ordem implícita (e Kardec chama de
períspírito). O campo mórfico implica um tipo especial de memória, uma memória coletiva
que inclui o ser humano e todos os seres viventes. Essa memória existe e sempre existiu
(ROBLES, 2008, p. 103).
Essa teoria coaduna com o que Carl Gustav Jung (1875-1961) postulou acerca do inconsciente
coletivo.
Schultz e Schultz (1981) escrevem que Jung usava o termo psique para referir-se à mente
que, segundo ele, consistia de três níveis: a consciência, o inconsciente pessoal e o
inconsciente coletivo. Logo abaixo da consciência está o inconsciente pessoal, pertencente ao
indivíduo, que abarca todas as lembranças, impulsos e desejos que foram suprimidos.
Importante considerar que incidentes do inconsciente pessoal podem ser trazidos com
facilidade à percepção consciente, o que indica que esse nível de inconsciência não é muito
profundo.
Abaixo do inconsciente pessoal se encontra o terceiro e mais profundo nível da psique, o
inconsciente coletivo, que o indivíduo não conhece e que contém as experiências acumuladas
de todas as gerações precedentes, incluindo nossos ancestrais animais. A universalidade do
inconsciente coletivo podia ser explicada pela teoria da evolução, mediante a semelhança de
estruturas cerebrais presentes em todas as raças humanas (SCHULTZ e SCHULTZ, 1981, p.
363).
De acordo com Robles (2008), ainda quando a informação está ali, o cérebro humano só pode
ter acesso a ela dependendo de como focaliza sua consciência. Daí sua divisão em níveis, e
esses níveis de consciência dependem do funcionamento individual e do acesso aos diferentes
níveis ou estados de consciência.
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Di Biase (2002) afirma que a compreensão da natureza holográfica do funcionamento cerebral
revelou que o cérebro e o Universo são parte de um mesmo sistema informacional. Os
padrões quânticos do cérebro são parte ativa da rede (mente) auto-organizadora universal. Isso
faz uma interface com o dito do astrônomo inglês Sir James Jean: “O Universo começa a se
parecer cada vez mais com uma grande mente, do que com uma grande máquina”.
Nesse sentido, sabe-se através de Shultz e Shultz (1981), que o relógio era a metáfora perfeita
para o espírito mecanicista do século XVII. Devido à sua visibilidade, regularidade e precisão,
perguntava-se se o próprio mundo não poderia ser “um vasto relógio construído pelo
Criador”.
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3 BREVE ENSAIO SOBRE A PSICOPATOLOGIA
Para Calderoni (2006), a Psicopatologia tem mais de um fundador, ainda que a Karl Jaspers,
psiquiatra e fenomenólogo, tenha cabido o título oficial.
Conforme Calderoni (2006), pela importância da escola patológica francesa, considera-se que
a Psicopatologia nasceu com Claude Bernard, que mostrou na Fisiologia a continuidade entre
os fenômenos normais e patológicos.
Por outro lado, Théodule Ribot foi o criador do método patológico, para quem a fisiologia e a
patologia não se opõem como dois contrários, mas como duas partes de um mesmo todo
(RIBOT apud CALDERONI, 2006).
Importante ressaltar que Ribot influenciou pesquisadores franceses das gerações seguintes
como Alfred Binet e Pierre Janet, que foi um dos fundadores da Psicopatologia Dinâmica
francesa.
Janet acreditou como Freud na existência de processos inconscientes, considerando as
patologias psíquicas como formas de regressão a um estado evolutivo anterior, dando
importância à dimensão social da conduta humana (JANET apud CALDERONI, 2006).
De acordo com Calderoni (2006), somente no início do século XX, foi criado um método
patológico para compreender a psicologia normal pelo estudo do fato patológico. Antes da
Psicopatologia, o sofrimento psíquico já era objeto de reflexão e tratamento.
O Houaiss (2006), dicionário da língua portuguesa, sugere significados para o termo psique e
entre eles estão a alma ou o espírito, distintos do corpo.
O mesmo dicionário propõe que psicopatologia seria o ramo da medicina que temcomo objetivo fornecer a referência, a classificação e a explicação para asmodificações do modo de vida, do comportamento e da personalidade de umindivíduo, que se desviam da norma e/ou ocasionam sofrimento e são tidas comoexpressão de doenças mentais (HOUAISS, 2206).
Calderoni (2006) explica que Páthos tem o sentido etimológico de passividade e sofrimento e
é, por isso, que se diz que o doente padece. Páthos é sinônimo de paixão. Logia vem de logos,
razão e se refere à ciência ou estudo sobre os fenômenos patológicos do psiquismo.
Conclui-se que os dois vocábulos se mesclam em sentido, e a história da Psicopatologia é um
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inexaurível campo de pesquisa.
Conforme Mussel (2005), hoje são encontrados dois grupos claros na psicopatologia: aqueles
que se interessam pela investigação básica dos processos psicopatológicos subjetivos e
aqueles interessados na prática clínica a qual procura evitar os modelos etiológicos.
Nos últimos, há o interesse pelas técnicas e procedimentos diagnósticos a partir de uma
posição próxima da fenomenologia.
Os diferentes enfoques ou abordagens atuais na Psicopatologia, de acordo com Mussel
(2005) que cita Ionescu são:
3. 1 Psicopatologia Experimental
Pavlov utiliza pela primeira vez este termo em 1903. É a abordagem dedicada ao estudo
experimental do comportamento patológico (MUSSEL, 2005).
3. 2 Psicopatologia Behaviorista
Os comportamentos anormais e normais são adquiridos e mantidos por mecanismos idênticos
e segundo leis gerais de aprendizagem. Rejeita-se toda causa interna como causa última do
comportamento e ligam o aparecimento de todo o comportamento ao ambiente do sujeito
(MUSSEL, 2005).
3. 3 Psicopatologia Cognitivista
Visa explicar os transtornos mentais, levando em conta os processos pelos quais uma pessoa
adquire informações sobre ela e seu meio e as assimila para pautar seu comportamento.
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A mente é entendida como um sistema de processamento de informação, o qual, como o
computador, recebe, seleciona, transforma, armazena e recupera dados. Os transtornos podem
ser explicados a partir de um mau funcionamento de alguns componentes (MUSSEL, 2005).
3. 4 Psicopatologia Biológica
A ênfase é colocada sobre a influência das modificações morfológicas ou funcionais do
sistema nervoso sobre a gênese dos transtornos mentais.
A tese de que as afecções mentais possuem um substrato orgânico é antiga, e a obra de
Kraepelin é considerada como o apogeu da psiquiatria organicista (MUSSEL, 2005).
3. 5 Psicopatologia Existencialista
Percebe o paciente tal como é enquanto ser no mundo e não como uma simples projeção de
teorias. Interessados pela decisão e vontade humana, os existencialistas insistem sobre o fato
de que o ser humano pode influir em sua relação ao seu destino.
Coloca-se em questão a fronteira entre a normalidade e a patologia, fazendo com que se
descubra uma psicopatologia da média (MUSSEL, 2005).
3. 6 Psicopatologia Social ou Psiquiatria Social
É o estudo do papel dos fatores sociais na etiologia das manifestações psicopatológicas ou a
sociogênese dessas e as repercussões da doença mental sobre as relações do paciente com seu
meio ambiente (MUSSEL, 2005).
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3. 7 Psicopatologia Psicanalítica
Teria por marca específica a pesquisa da dimensão subjetiva, única do sofrimento psíquico, a
ser investigada a partir de uma relação direta com o sujeito, em que será escutado em sua
busca de reencontrar a verdade de seu desejo subjacente a seu padecer mental (PEREIRA,
2006).
3. 8 Psicopatologia Fenomenológica
Origina-se da filosofia alemã e das obras de Husserl e de Heidegger. Há dois métodos: o
primeiro, que se pode qualificar de descritivo de Biswanger, e o de Karl Jaspers.
Nesse caso, a psicopatologia ocupa-se, sobretudo, do que os doentes vivem, estuda seus
estados de espírito e visa a desvelar significações (MUSSEL, 2005).
Ressalta-se que Jaspers situa a Psicopatologia como disciplina científica, não-médica,
mergulhada na experiência íntima do sofrimento individual, mas preocupada em produzir
proposições de caráter geral sobre o padecer psíquico (JASPERS apud CALDERONI, 2006).
Jaspers afirma que seu objeto é o ‘homem todo em sua enfermidade’ e que todo fenômeno
psíquico que se possa apreender em conceitos de significação constante e com possibilidade
de comunicação faz parte da Psicopatologia.
Ainda assim, sempre perderá aspectos essenciais do humano, pois ‘nunca’ é possível reduzir
inteiramente o ser humano a conceitos psicopatológicos (JASPERS apud CALDERONI,
2006)
Pierre Fédida, um dos idealizadores da Psicopatologia, refere-se às bases epistemológicas das
disciplinas científicas heterogêneas, que têm em comum a preocupação com o sofrimento
psíquico, e cujo objeto é o fato pático (FÉDIDA apud CALDERONI, 2006). Questiona-se
qual é a diferença entre pático e patológico:
A concepção pática é encontrada na tragédia grega e diz que a paixão é um
22
sofrimento que traz consigo a possibilidade de se transformar em sabedoria. Acondição de tal transformação é que este sofrimento possa ser compartilhado,escutado por um outro que “sustente a palavra do sofredor até que ele atinja osextremos de autoengendramento de um sujeito”. Na tragédia teatral Agamenon, deÉsquilo, temos a afirmação de que Zeus deu aos homens esta lei: pathei mathos, ouseja, “sofrer para aprender”. Algo como uma permissão para que a sabedoria possasurgir do cerne do sofrimento humano. Pático se refere, pois ao que é possívelaprender na paixão, no sofrimento e na doença, enquanto que patológico enfatizaexclusivamente suas dimensões negativas (FÉDIDA apud CALDERONI, 2006).
A partir de Jaspers, da visão da psicanálise e da concepção pática se propõe o resgate da
implicação subjetiva constituída do sofrimento psíquico e as perspectivas clínicas decorrentes.
Nancy Andreasen, médica americana, assevera, de acordo com Calderoni (2006), que o único
objetivo de uma psicopatologia científica é identificar os mecanismos neurais dos processos
cognitivos normais e compreender como são afetados nas doenças mentais.
Para ela, a mente é expressão da atividade cerebral.
Em 1801, Emil Kraepelin, deu a segunda contribuição para a constituição da Psicopatologia.
Como principal responsável pela descrição apurada e classificação criteriosa dos transtornos
mentais, sua perícia de observação e classificação permanece influente na forma como se
descrevem e se classificam os transtornos mentais nos sistemas diagnósticos DSM e CID
(KRAEPELIN apud CALDERONI, 2006).
De acordo com Calderoni (2006), do ponto de vista clínico e específico da Psicopatologia,
com Kraepelin, ficou assentado que não existem sintomas psicopatológicos totalmente
específicos de um determinado transtorno mental.
O diagnóstico psicopatológico repousa sobre a totalidade dos dados clínicos no exame
psíquico e evolutivos na anamnese.
3.9 Principais Métodos de Investigação da Psicopatologia
É importante ressaltar que os principais métodos de investigação da Psicopatologia são:
23
3.9.1 Fenomenologia
Apreender os dados imediatos da consciência tais como eles se apresentam; utiliza a
compreensão empática.
O fenomenólogo busca colocar-se no lugar do paciente, a fim de sentir como ele se sente, em
sintonia e consonância com ela. Transcreve as vivências patológicas e descreve as condutas
anormais, indagando sempre a essência dos fenômenos apresentados.
3.9.2 Psicodinâmica
Valoriza o papel do inconsciente, buscando o significado do sintoma e levando em conta os
fenômenos de transferência.
3.9.3 Analítico-Existencial
Retira o foco da essência dos fenômenos para a existência dos pacientes em obediência aos
preceitos da filosofia existencial e também do método psicanalítico.
Confere especial importância às formas de existências patológicas, às noções de tempo em
nossa vida psíquica e aos modos de adoecer mentalmente.
3.9.4 Neurociências
Aporte da psicofarmacologia, possibilitando melhor conhecimento bioquímico dos transtornos
mentais.
24
De acordo com Calderoni (2006), ao se estudarem sintomas psicopatológicos, são enfocados a
forma dos sintomas, ou seja, sua estrutura básica, semelhante em diversos pacientes e seu
conteúdo, que preenche a alteração estrutural (conteúdo de culpa, religioso, e de perseguição).
Geralmente, o conteúdo é pessoal e do universo cultural e personalidade prévia ao
adoecimento.
Calderoni (2006) afirma que, na prática clínica, passa-se a crer que a memória, a senso-
percepção, a consciência do eu, a vontade, afetividade etc, são áreas autônomas e naturais,
separadas umas das outras e com vida própria.
Esquece-se de que são construções aproximadas da Psicologia e da Psicopatologia, que
permitem uma comunicação mais fácil e melhor entendimento dos fatos.
Nesse sentido, não existem funções psíquicas isoladas e alterações psicopatógicas
compartimentalizadas desta ou daquela função. É sempre a pessoa em sua totalidade que
adoece.
Sob essa ótica, conclui-se que não se pode compreender, analisar ou explicar tudo o que existe
num homem por meio de conceitos psicopatológicos. Sempre resta algo que transcende à
Psicopatologia e mesmo à ciência, e permanece aberto às investigações futuras
(CALDERONI, 2006).
25
4 A EMERGÊNCIA ESPIRITUAL: COMPREENSÃO E TRATAMEN TO DAS
CRISES DE TRANSFORMAÇÃO
Grof e Grof (Orgs) (1995) empregaram o conceito de emergência espiritual para designar
episódios de estados incomuns de consciência, considerados como um potencial positivo,
dado que essas experiências podem resultar em processo de cura e causar efeitos benéficos
naqueles que passam pela crise. Esses episódios são definidos como potencial positivo e
sugerem dois sentidos: emergência como “urgência”, sendo uma oportunidade de ascensão a
um novo nível de consciência e também emergência como “elevação”.
O conceito de emergência espiritual integra descobertas de muitas disciplinas,incluindo-se entre elas a psiquiatria clínica e experimental, a moderna pesquisa daconsciência, as psicoterapias experienciais, os estudos antropológicos, aparapsicologia, a tanatologia, a religião comparada e a mitologia. As observações,em todos esses campos, sugere, de modo consciente, que as emergências espirituaistêm um potencial positivo, não devendo ser confundidas com enfermidades de causabiológica (Grof e Grof (Orgs) p. 11 1995).
Sabe-se, de acordo com Grof e Grof (Orgs) (1995), que existem consideráveis diferenças
entre os episódios de estados incomuns de consciência e as neuroses. Os primeiros, de
espectro muito amplo, vão de estados espirituais puros, sem nenhum vestígio de patologia, a
condições de natureza claramente biológica, que exigem tratamento médico. Os distúrbios da
capacidade de perceber o mundo em termos normais, de pensar e de responder, em termos
emocionais, de uma maneira cultural e socialmente aceitável, e de comportar-se e comunicar-
se de modo apropriado englobam as desordens mentais chamadas psicoses.
Grof e Grof (Orgs) (1995) afirmam que conteúdos experienciais ocorridos em meio aos
estados de consciência extraordinários, contrariamente ao que se acredita, não são produtos de
funções cerebrais alteradas. São manifestações dos recessos remotos da psique humana a que
não se tem acesso e que o transbordar desse material inconsciente à consciência pode ser
curativo e transformador quando ocorrem nas circunstâncias corretas. As emergências
espirituais com potencial positivo devem ser acolhidas por pessoas com orientação
especializada que passaram por algum tipo dessas experiências e que saibam trabalhar com
elas, para que não tragam algum tipo de perigo ao indivíduo.
26
Grof e Grof (Orgs) (1995) advogam que há causas desencadeadoras das emergências
espirituais, como por exemplo um fator preponderantemente físico, uma doença, acidente,
uma operação, um esforço físico extremo ou insônia prolongada. No caso das mulheres, um
parto ou aborto espontâneo ou provocado. Outro fator pode ser desencadeado depois de uma
forte experiência emocional. Em geral, o conteúdo dessas experiências parece incluir-se em
três categorias, sendo que no primeiro grupo destaca-se a questão da história de vida da
pessoa, chamada categoria biográfica. O segundo grupo denominou-se perinatal, devido às
experiências caracterizadas pela questão da morte e do renascimento. A terceira categoria,
sendo de capital importância, ultrapassa em muito os limites da experiência humana comum,
não tendo relação com o inconsciente coletivo. A esta categoria das emergências espirituais
dá-se o nome de experiências transpessoais, porque envolvem imagens e motivos que
parecem originar-se fora da história pessoal do indivíduo.
Às crises psicoespirituais, assim também chamadas, Grof denominou: crises xamânicas;
despertar da kundalini, episódios de consciência unitiva (experiências de pico); renovação
psicológica através do retorno ao centro; crises de abertura psíquica; experiências de vidas
passadas; comunicação com guias espirituais e “canalização”; experiências de quase-morte
(EQM); encontros com óvnis e experiências de abdução por alienígenas; estados de possessão
e alcoolismo e drogadição como emergência espiritual.
Grof e Grof (Orgs) (1995) postulam que a palavra transpessoal refere-se à transcendência das
fronteiras usuais da personalidade e inclui muitas vivências denominadas místicas, espirituais,
religiosas, ocultas, mágicas ou paranormais. Muitas emergências espirituais têm como
componente significativo experiências dessa terceira categoria, pois num estado transpessoal
não há diferenciação entre os mundos da realidade consensual e o mundo cotidiano
contemporâneo e o reino mitológico de formas arquetípicas.
Weil (2003) descreve o percurso que Stanislav e Cristina Grof perfizeram até chegarem à
autenticidade das informações obtidas em estados transpessoais e seu potencial terapêutico e
transformador.
Stanislav Grof, psiquiatra e psicanalista tcheco, vivia e clinicava em Praga, onde o exercício
da psicanálise era proibido por causa do comunismo. O LSD, palavra alemã para a dietilamida
do ácido lisérgico, estava autorizado e era vendido nas farmácias como medicamento contra
esquizofrenia (WEIL , 2003).
27
Grof empregou os meios pertinentes para realizar e gravar três mil sessões com pacientes sob
o efeito do LSD. Esta pesquisa mostrou que os estágios de evolução e de regressão
descobertos por Freud eram reencontrados nessas sessões (STANISLAV; GROF 2003, apud
WEIL, 2003, p.140).
Grof entreviu que havia uma memória que ia muito além do estágio oral, havendo
possibilidade de regredir e reviver o nascimento, a vida intra-uterina, a fecundação, a vida
pré-uterina, em nível da família, de vidas passadas, nos estágios animal, vegetal, mineral,
molecular, subatômico e da vacuidade luminosa. (WEIL, 2003, 140).
Conforme Tabone (1995), “as matrizes perinatais são um fato clínico e representam marcas
ancestrais, estruturas filogenéticas ou matrizes arquetípicas, no sentido junguiano. Seu estudo
está profundamente ligado às síndromes psicopatológicas de ansiedade, depressão, tendência
incoercível ao suicídio, de agressão, e outras”.
Grof elaborou o conceito de Matrizes Perinatais para descrever o significado das experiências
relacionadas ao nascimento. Matrizes, por serem as primeiras, por constituírem uma espécie
de modelo para experiências posteriores e porque marcam e modulam a vida emocional
posterior da pessoa.
Grof dá bastante valor à influência das matrizes perinatais básicas, onde ele situa aorigem da violência atual, entre outros sintomas. Ao ter de emigrar para os EstadosUnidos, ele encontrou uma situação inversa. Lá, a psicanálise era autorizada, mas oLSD constava da lista das drogas proibidas. Ele recebeu autorização especial dogoverno americano para prosseguir em suas pesquisas e substituiu o LSD por ummétodo de hiperventilação, inspirado por Leonardo Orr, acompanhado de músicaadequada e de desenhos de mandalas. Chamou esse método de terapia holotrópica.(WEIL, 2003, p.140).
Stanislav e Christina Grof (2003) “perceberam que muitas reações observadas durante a
terapia holotrópica eram idênticas às crises psicóticas clássicas.
Daí nasceu a ideia de tratar as últimas como crises espirituais, dando-lhes o mesmo
acolhimento e interpretação regressiva da terapia holotrópica. Muitos dos chamados “doentes
mentais” voltaram para casa “curados”” (WEIL, 2003, p. 140).
Tais descobertas levaram Grof a montar um mapa da regressão que permite ao clínico
diagnosticar em que nível se encontra a vivência neurotizante ou psicotizante (WEIL, 2003,
140).
28
Capra (1982) ressalta que uma das conquistas da psicologia é a adaptação da abordagem
boostrap, que significa que não há uma teoria capaz de explicar o espectro total dos
fenômenos psicológicos para compreensão da psique.
Da mesma forma que os mapas são como cartas geográficas que indicam localizações,
também são usados mapas para se conhecer a consciência na abordagem da Psicologia
Transpessoal.
Para Tabone (1995), é possível que a mais objetiva contribuição da Psicologia Transpessoal
para a renovação dos conceitos da Psicologia Contemporânea seja a elaboração das
“cartografias” da consciência.
Para a descrição dos mapas da consciência, foram desenvolvidas cartografias a partir de
descobertas independentes de vários pesquisadores que se propuseram a investigar, por
diferentes procedimentos científicos, as regiões localizadas em níveis mais profundos, além
da consciência comum (TABONE, 1995)
Diversos autores foram responsáveis por um mapeamento da consciência: Ken Wilber; Jorge
Andréa (visão Espírita); Roberto Assagioli (Psicossíntese); John Lilly (Escola Arica – Oscar
Ichaso); Robert S. de Ropp (Psicologia Criativa – Gurdjiieff) e Fischer-Hoffman (Teoria da
Quaternidade) (FIALHO, 1993).
De acordo com Paim (1975) “considera-se a atenção como um processo psicológico, mediante
o qual se contrata a atividade psíquica sobre o estímulo que a solicita. Seja este uma sensação,
percepção, representação, afeto ou desejo, a fim de fixar, definir e selecionar as percepções, as
representações, os conceitos e elaborar o pensamento”.
William James, para facilitar o estudo da atenção, compara a estrutura daconsciência como um tiro ao alvo. O centro desse alvo corresponde ao grau máximode consciência. Os círculos concêntricos mais próximos exprimem os processossubconscientes. Os círculos mais afastados simbolizam o inconsciente. O conjuntodos círculos que rodeiam o foco se denomina franja da consciência e correspondemaos processos subconscientes e inconscientes, não havendo entre os mesmos limitesde nítida demarcação (JAMES apud PAIM, 1975, p. 132).
Como James, Ring (1978) propôs um mapa, construído a partir do trabalho de outros
estudiosos, o qual possa servir de base para maiores investigações teóricas e empíricas no
campo da Psicologia Transpessoal.
29
4.1 Mapa Concêntrico da Consciência
Vazio
Superconsciente
Extraterreno
FF F
Vigília
1
1 Fig. 1 Mapa concêntrico da consciência
Filogenético
Trans-individual
Ontogenético
Psicodinâmico
Pré-consciente
30
4.2 Conceitos Cartográficos da Consciência
De acordo com Ring (1978), verifica-se no mapa uma estrutura piramidal, do alto para baixo,
na qual a consciência de vigília comum está no ápice e os outros níveis se situam em forma
descendente. Os conceitos cartográficos da consciência são consciência de vigília, pré-
consciente, inconsciente psicodinâmico, ontogenético, filogenético, extraterreno e o vácuo.
4.2.1 Consciência de Vigília
Durante a maior parte do tempo, a maioria das pessoas funciona neste chamado estado normal
de consciência de vigília, que será o ponto de referência em relação a todos os outros estados
de consciência, que serão considerados como “alterados”.
Conforme Saldanha (1997), somente através da expansão de consciência de vigília nas linhas
de demarcação entre o real e o que não é objetivo é que se pode acessar uma Ordem Mental
Superior. O estado de vigília sob certo ponto de vista é limitado e incapaz para se alcançar o
cerne dos conflitos e solucioná-los.
4.2.2 O Pré-Consciente
“Esta região está intimamente ligada à consciência de vigília normal. O termo pré-consciente
se encontra na teoria freudiana, onde ele caracteriza conteúdos que estão momentaneamente
fora do campo da consciência, mas poderiam tornar-se conscientes a qualquer hora”.
O fato de se relembrar algo que surge de repente vem de um conteúdo pré-consciente, que
passa para a região da consciência.
31
4.2.3 O Inconsciente Psicodinâmico
É o inconsciente freudiano, fonte de memórias, impulsos, desejos, cargas negativas fortes,
material reprimido, pulsões.
É necessário muito esforço para estes conteúdos se tornarem conscientes. Geralmente, quando
liberados, são acompanhados de fortes descargas emocionais. Atualmente, tem-se como certo
que esse inconsciente é a fonte de memórias, impulsos e desejos importantes que levam carga
emotiva.
4.2.4 O Inconsciente Ontogenético
De acordo com Fialho (1993), ontogênese significa a série de transformações sofridas pelo
indivíduo, desde a fecundação do óvulo até tornar-se um ser adulto.
Quando se alcança esta região do mapa, o inconsciente ontogenético, depara-se com
fenômenos que não podem ser abordados dentro da estrutura freudiana, porque são fenômenos
transpessoais. O nível ontogenético são as águas divisórias das regiões mapeadas onde estes
fenômenos são vivenciados.
As regressões podem levar a pessoa às regiões ontogenéticas. Os conteúdos desse nível são
relacionados aos fenômenos descritos por Grof nas quatro Matrizes Perinatais, momentos
cruciais da vida intra-uterina por que passamos todos nós. Expressam questões ligadas à dor
física, agonia, ao parto etc. Nesta região da cartografia da consciência, é definido onde se
iniciam os fenômenos transpessoais.
O terreno do Ontogenético vai desde a fecundação ao parto, contando a história da gênese do
ser.
Tabone (2005) considera que, em nível transpessoal, o homem já experimenta e reconhece em
si mesmo a existência de alguma instância superior a seu próprio e limitado ego.
32
Para Weil (2003), a experiência transpessoal é justamente a revelação de quem somos
realmente, ou seja, somos além de um ego e pertencemos a “algo” muito maior, de onde a
expressão transpessoal advém.
Experiência transpessoal, fenômeno transpessoal e fenômenos psíquicos ou espíritas e
fenômenos parapsicológicos são a mesma realidade e, de acordo com Fialho (1993, p. 169),
“podem ocorrer numa região ‘fora do espaço-tempo einsteiniano’, nessa região metaetérica
preconizada por Frederic Myers, ou mesmo em um nível subquântico, como diriam alguns
físicos contemporâneos”.
De acordo com Fialho (1993, p. 168), os fenômenos psíquicos são aqueles a que sejam
incluídos todos os processos de informação e/ou troca de energia que envolvam a consciência
dos seres, quer estes pertençam ao reino dos vivos ou não ou ao reino da evolução humana ou
não.
Para Tabone (1995), “os fenômenos transpessoais têm como denominador comum a expansão
da consciência dita “normal”. Durante uma vivência transpessoal, o senso de identidade do
indivíduo se expande para além da identificação com sua imagem corporal. Além disso, as
fronteiras perceptuais espaciais e temporais limitadas à mediação dos órgãos sensoriais são
transcendidas”.
Conforme (WEIL, PIERRE; DEIKMAN; ARTHUR J.;RING, KENNETH, 1978, p 49), os
fenômenos transpessoais são experiências que ultrapassam as vias sensoriais, as ideias e as
memórias costumeiras. São descritos por João da Cruz, Walter Hilton e outros como não
sendo um estado inexpressivo ou vazio, mas um estado repleto de uma percepção intensa,
profunda e nítida, que eles consideram como o objetivo final da via mística.
Deikman (1978 p. 49) cita Ehrenzweig (1964, p. 382) que propõe que “a inexpressividade
mística se deve a uma limitação estrutural: ...a verdadeira prece mística torna-se vazia,
embora seja plena de experiência... Este vazio pleno... é o resultado direto da falha da nossa
consciência em alcançar a imaginação formada em níveis mais primitivos de diferenciação”.
Os tipos de experiência que refletem a influência dessa região, contudo, foram elaborados,
pelo menos em parte, por alguns psicanalistas, como Otto Rank (1929), que a denominou
fenômenos perinatais.
33
Diversos pesquisadores propuseram a classificação desses fenômenos perinatais para explicá-
los e um deles foi Allan Kardec:
Conforme, Neubern (2009, p. 329), “ Allan Kardec, pedagogo francês, discípulo dePestalozzi, Hyppolite Rivail, interessou-se pelos fenômenos espíritas e, com oauxílio de vários médiuns, codificou uma doutrina, o Espiritismo, que procuravaunificar religião, ciência e filosofia. É possível que as influências do magnetismoespiritualista de Lyon, sua terra natal, tenham tido um papel preponderante naconcepção do Espiritismo. A obra de Kardec, além de muitos aspectos, foi objeto deestudo de importantes nomes do século XIX e XX, como Charles Richet, PierretJanet, Cesare Lombroso e William Crookese. Pode ser considerada como umaprecursora da metapsíquica e da parapsicologia, mesmo que estas não possuam umcaráter religioso.
Fazendo um paralelo com alguns preceitos da ciência Espírita, em O Livro dos Espíritos,
Parte II, capítulo III - Da Volta do Espírito à Vida Corporal, União da Alma com o Corpo -
parece que os achados das experiências de Grof demonstram a possibilidade de que o Espírito
se liga ao corpo na hora da concepção, ou seja, no momento em que o espermatozóide
encontra o óvulo, e a consciência universal se instala no indivíduo que encarna a vida.
Vejam-se as questões 344 e 345 de O Livro dos Espíritos:
Em que momento a alma se une ao corpo? “A união começa na concepção, mas só écompleta por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espíritodesignado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vezmais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que orecém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos deDeus.” Questão 345. É definitiva a união do Espírito com o corpo desde o momentoda concepção? Durante esta primeira fase, poderia o Espírito renunciar a habitar ocorpo que lhe está destinado? “É definitiva a união, no sentido de que outro Espíritonão poderia substituir o que está designado para aquele corpo. Mas, como os laçosque ao corpo o prendem são ainda muito fracos, facilmente se rompem e podemromper-se por vontade do Espírito, se este recua diante da prova que escolheu. Emtal caso, porém, a criança não vinga.”
Saldanha (1997, p. 63) assevera que Grof relacionou esse nível às matrizes perinatais básicas.
4.2.4.1 Matrizes Perinatais
De acordo com Grof (2000), as memórias emocionalmente relevantes não ficam guardadas no
inconsciente como um mosaico, mas em forma de complexas constelações dinâmicas a que
denomina Sistemas COEX , ou seja, sistemas de experiência condensada.
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Um sistema COEX consiste de memórias com carga emocional, de diferentes períodos da
vida, que se assemelham pela qualidade da emoção ou sensação física que compartilham.
Cada COEX tem um tema básico que permeia todas as suas camadas e que representa seu
denominador comum (GROF, 2000, p. 37).
Grof (2000) afirma que matrizes perinatais, reforçadas por experiências emocionais
significativas da infância e da vida adulta e organizadas em sistemas COEX, podem moldar a
percepção de mundo, influenciar o comportamento diário e contribuir para o desenvolvimento
de várias desordens emocionais e psicossomáticas.
Grof (2000) descreve que, na escola coletiva, podem-se encontrar ecos das matrizes perinatais
na religião, na arte, na mitologia, na filosofia e em várias formas de psicologia e
psicopatologia social e política.
Desta forma, ele descreve a fenomenologia das matrizes perinatais individuais.
4.2.4.1.1 Matriz Perinatal I: União Primordial com a Mãe
Esta matriz se refere à existência intra-uterina anterior ao início do trabalho do parto. O
universo de experiências deste período pode ser chamado de universo amniótico. O feto não
tem percepção de fronteiras e não diferencia entre o interno e o externo.
As experiências intra-uterinas positivas também podem ser associadas a visões arquetípicas da
Mãe Natureza, incondicionalmente nutridora, como um útero bom. Nas experiências intra-
uterinas negativas, revivem-se episódios de perturbações, memórias do “útero mal”, e há
sensação de ameaça obscura e sente-se que se está sendo envenenado.
É possível que se vejam imagens retratando águas poluídas e depósitos de lixo tóxicos. Isto
reflete o fato de muitas perturbações pré-natais serem causadas por mudanças tóxicas no
corpo da mãe grávida.
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4.2.4.1.1.2 Consequências Associadas da Vida Pós–natal
Aspecto positivo: relacionam-se intimamente com memórias da união simbiótica com o seio
materno, positivos sistemas COEX e lembranças de situações associadas com paz de espírito,
satisfação, relaxamento e belos cenários naturais.
Aspecto negativo: tendem a associar-se com certos sistemas COEX negativos
correspondentes elementos transpessoais também negativos.
Síndromes psicopatológicas relacionadas: psicoses esquizofrênicas (sintomatologia paranóide,
sentimentos de união mística, encontros com forças maléficas metafísicas; hipocondrialgia
(baseada em sensações físicas estranhas e bizarras); alucinações histéricas e devaneios
confusos com a realidade.
4.2.4.1.2 Matriz Perinatal II: Engolfamento Cósmico e sem Saída ou Inferno
Revivenciar este estágio do nascimento é uma das piores experiências que se pode ter durante
a auto-exploração que envolve estados holotrópicos. Há o sentimento de se estar preso dentro
de um monstruoso pesadelo claustrofóbico, onde se fica exposto a dores físicas.
Também conhecida como “inferno sem saída”, é o momento próximo ao parto, quando o bebê
é grande, o espaço no útero é pequeno e as contrações começaram, mas a saída ainda não se
mostra possível. Esta etapa é sempre percebida como difícil. As memórias intra-uterinas desta
matriz nos remetem a sensações de estarmos sendo esmagados por rolos compressores,
engolidos por feras gigantescas ou presos nos tentáculos de enormes polvos.
4.2.4.1.2.1 Consequências Associadas na Vida Pós-natal:
Aspecto integrado: capacidade para enfrentar situações difíceis da vida, como doenças,
assaltos, acidentes, etc.
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Síndromes psicopatológicas relacionadas: psicoses esquizofrênicas (elementos de torturas
infernais, experiências de um “um mundo de papelão” sem sentido), severas depressões
endógenas, sensações irracionais de culpa e inferioridade, alcoolismo, psoríase, úlcera
péptica.
4.2.4.1.3 Matriz Perinatal III: A Luta de Morte-Renascimento
Ligada ao terceiro estágio clínico do parto, a expulsão final do canal de parto e corte do
cordão umbilical, quando experimentada, completa-se o difícil processo anterior de propulsão
pelo canal de parto.
Memórias concretas que incluem a experiência da anestesia, as pressões do fórceps e
sensações associadas a várias manobras obstétricas ou intervenções pós-natais. Conhecida
como “inferno com saída”, trata-se do momento do parto propriamente dito. É o momento em
que o colo do útero se abre e o bebê fará o esforço necessário para atingir a liberdade.
Esta fase é extraordinariamente rica e dinâmica. As memórias nesta fase são associadas com
batalhas, cenas sangrentas de violência, confronto com impulsos sexuais, cenas de orgias,
sabat de feiticeiras em uma mistura de excitação, ansiedade, agressão, dor e contato com
materiais biológicos normalmente repulsivos.
É um importante momento de encontro com os impulsos obscuros de nossa personalidade, a
sombra, descrita por Jung.
4.2.4.1.3.1 Consequências Associadas na Vida Pós-Natal:
Aspecto integrado: sexualidade positiva, reintegração da “sombra”, capacidade de gerar
autoconfiança e confiança em seu processo, positividade diante da vida, consciência de seus
potenciais e força interior.
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Síndromes psicopatológicas relacionadas: psicoses esquizofrênicas (elementos
sadomasoquistas e escatológicos, desvios sexuais em geral, automutilação, comportamento
sexual anormal); depressão agitada; desvios sexuais (sadomasoquismo, homossexualidade
masculina, tomar urina e comer fezes); neurose obsessiva compulsiva: asma psicogênica,
tiques e gagueira; histeria de conversão e de ansiedade; frigidez e impotência; neurastenia;
neuroses traumáticas; neuroses orgânicas; enxaqueca, enurese e encopreses.
4.2.4.1.4 Matriz Perinatal IV: A Experiência de Morte-Renascimento
Esta matriz está relacionada com o terceiro estágio clínico do parto, a expulsão final do canal
de parto e o corte do cordão umbilical. Quando essa matriz é experimentada, completa-se o
difícil processo anterior, de propulsão pelo canal de parto, atinge-se uma liberação explosiva e
se emerge para a luz.
O local escuro e protegido, alimentado por um cordão, morre, dando lugar a um ser terrestre e
independente, que respira e se alimenta às suas próprias custas e vive na luz.
Aspectos negativos são observados quando após tanto esforço, morte e renascimento a criança
é rejeitada ou não pode ter contato imediato com a mãe e precisa ir para encubadeira; ou
mesmo por negligência sobre a importância deste momento e, principalmente, pela falta de
conhecimento de que estes registros ficarão marcados na memória daquele ser.
4.2.4.1.4.1 Consequências Associadas na Vida Pós-Natal
Aspecto integrado: capacidade de vencer obstáculos, sensação de saciamento, contentamento
diante da vida, capacidade de gerar fé na existência e boa vontade.
Síndromes Psicopatológicas: psicoses esquizofrênicas (experiências de morte-renascimento,
delírio messiânico, elementos de destruição e recriação do mundo, salvação e redenção,
identificação com Cristo); sintomatologia maníaca; homossexualidade feminina;
exibicionismo.
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4.2.5 O Inconsciente Transindividual
Em nível transindividual, existem vários subtipos diferentes de experiências que têm como
elemento comum a transcendência dos limites do ego – o sine qua non da experiência
transpessoal – e a identificação com outras pessoas ou tipos universais (aquilo que Jung
denominou arquétipos).
Os principais subtipos das experiências transindividuais são experiências ancestrais,
experiências de encarnações passadas, experiências coletivas e raciais e experiências
arquetípicas.
De acordo com Saldanha (1997, p. 65), experiências de encarnações passadas transcendem os
limites do ego e do próprio indivíduo e são constituídas por experiências dramáticas de outro
tempo e lugar [...].
4.2.6 O Inconsciente Filogenético
Para Fialho (1993), filogênese quer dizer a evolução pela qual as formas vivas inferiores
foram se modificando através dos tempos, para produzirem outras cada vez mais elevadas.
Este domínio da consciência leva o sujeito totalmente para além das formas humanas, como a
vida animal, vegetal e a recapitular experiencialmente toda a sequência evolutiva da vida
neste Planeta.
4.2.7 O Inconsciente Extraterreno
Neste domínio da consciência, ocorre uma variedade de experiências que envolvem elementos
difíceis de serem coordenados com o plano físico e com as chamadas leis naturais como são
compreendidas. Os fenômenos principais desta região são de acordo com Saldanha, (1997):
• experiências de estar fora do corpo, incluindo o encontro com entidades espirituais e
39
guias e viagens para outros locais do Universo;
• fenômenos de percepção extra-sensorial, como telepatia e clarividência; e
• fenômenos mediúnicos, como escrita automática e possessão por espírito.
4.2.8 O Supraconsciente
Nestas regiões mais externas no mapa, tem-se cada vez menos a se dizer, pois enquanto se
alcança o próprio limite da consciência, as experiências se tornam sempre mais inefáveis. A
natureza das experiências nesse domínio envolve êxtase espiritual.
A descrição dessa experiência é que o indivíduo sente a sua consciência fundida com a da
Mente Universal.
Diz-se que a experiência é infinita existência, sabedoria e bem-aventurança. Durante o tempo
em que se permanece nesse estado, todo o processo da criação pode ser compreendido.
4.2.9 O Vácuo
Ring cita Grof (1978), que afirma que o vácuo é experienciado como subjacente a toda a
criação, ou seja, é um estado sem qualquer conteúdo.
Grof (2000) enfatiza que nem toda experiência de vácuo encontrada durante estados
holotrópicos se qualifica como o vazio, descrito como uma sensação desagradável de falta de
sentimento, de iniciativa ou de significado.
Para merecer o nome de vazio, esse estado deve corresponder a critérios específicos.
Deparando-se com o vazio, surge a vacuidade primordial de relevância e proporções
cósmicas. Embora não contenha qualquer forma concreta ou manifesta, parece compreender
toda a existência em potencial.
O vazio transcende as categorias usuais de tempo e espaço, é imutável e se encontra além de
todas as dicotomias, até mesmo existência e não-existência. (GROF, 2000, p. 264).
40
Grof (2000) relata que a compreensão total do Vazio requer uma experiência pessoal e direta.
As pessoas o descrevem como de supracósmico e metacósmico, indicando que esse vazio e o
nada primordial parecem ser o princípio que subjaz ao universo dos fenômenos, tal como se
conhece e que, ao mesmo tempo, supra-ordena-o.
41
5 IMPLICAÇÕES E APLICAÇÕES
De acordo com Saldanha (1997), toda a cartografia apresentada por Kenneth Ring revela
dimensões muito além do inconsciente pessoal, inserindo a perspectiva de interação com
outros níveis extracorpóreos, sendo que os diferentes estados de consciência abrangem
patologias para o enfoque das psicoterapias behaviorista e analítica e que, no entanto para a
Psicologia Transpessoal, são estados inerentes ao ser humano.
“O poder integrativo do mapa conscêntrico de Ring pode ser expresso através de
considerações breves de quatro estados de consciência diferentes: estados induzidos por
drogas, meditações, psicoses e a morte”. (RING, 1978, P. 90).
5.1 Drogas
A pesquisa de Grof revelou que todas as regiões distinguidas pelo mapa, incluindo ovácuo, eram acessíveis via LSD ou outros psicodélicos. Além de ser relativamenteincontrolada, a viagem com a droga é frequentemente contaminada por váriosefeitos químicos colaterais, alguns dos quais podem ser incorretamente identificadoscomo atributos do domínio da consciência que a droga abriu para o indivíduo.Finalmente, com as drogas, a viagem é de duração limitada. A pessoa sempre vemabaixo ou retorna. (WEIL, PIERRE; DEIKMAN; ARTHUR J.;RING, KENNETH,1978, p. 91)
A droga toma a consciência daquele que a utilizou e a atira para um domínio desconhecido da
consciência. Sem uma preparação adequada, o viajante pode se sentir totalmente
desorientado. Em princípio, não existe limite do número de regiões em que se pode entrar
usando drogas.
5.2 Meditação
O ato da meditação propicia uma jornada mais lenta, sistemática, porém propiciadora de
insights que surgem na viagem. Com os anos, este tipo de integração parece ocorrer quase
que automaticamente, de acordo com a velocidade das mudanças no sistema nervoso do
meditante e com seu desenvolvimento psicológico. Quando a meditação se torna constante,
42
aprende-se a dirigir a consciência de uma para outra região.
De acordo com Saldanha (1997), através da meditação, refina-se a consciência e, com isso,
surge a percepção do frescor e inovação de cada momento da experiência que se apresenta
através de capacidades intuitivas. A autora classifica a meditação, a concentração, a
contemplação e o relaxamento como técnicas transpessoais importantes para acompanhar o
trabalho terapêutico.
5.3 Psicose
Conforme a figura 2, observa-se como o mapa da consciência pode ser usado para elucidar os
fenômenos associados à psicose.
Figura 2 – Psicose – Mapa concêntrico da consciência
Três categorias psiquiátricas convencionais foram relacionadas a diferentes domínios no
mapa: normalidade, neurose e psicose.
Supõe-se que o comportamento normal parta das três regiões centrais: a consciênciacomum de vigília, o pré-consciente e o inconsciente psicodinâmico (freudiano). Esta
43
última região também inclui desordens neuróticas; o mesmo se diga ao inconscienteontogenético. Este portão de entrada para os domínios transpessoais exteriores, bemcomo o inconsciente psicodinâmico, que “dão passagem nas duas direções”, sãotambém fontes de alguns distúrbios psicóticos, especialmente com relação àesquizofrenia. (WEIL, PIERRE; DEIKMAN; ARTHUR J.;RING, KENNETH,1978, p. 92).
Este é o ponto principal no mapa onde as características psicóticas são assumidas pelo autor
como localizadas nas regiões transpessoais da consciência.
A Psicologia Transpessoal sustenta existirem múltiplos estados de consciência, sem negar os
estados atualmente classificados, e afirma que o estado comum do homem é deficiente por
fornecer uma percepção distorcida da realidade e por não ser capaz de reconhecer essa
distorção.
De acordo com (Walsh e Vaughan 1980), para as psicologias ocidentais tradicionais somente
há uma gama limitada de estados de consciência, como por exemplo o estado desperto, o
estado onírico, a intoxicação e o delírio. Essa concepção considera quase todos os estados
alterados como condições deficientes, vendo a “normalidade” como condição de excelência.
Como cada estado de consciência revela seu próprio quadro de realidade, a realidade tal como
se conhece em última instância é apenas relativamente real, o que corrobora a teoria de
Einstein, que sustenta que toda realidade é relativa. Isso se aplica a todos os outros aspectos
do cosmos. Despertar de uma dada realidade é reconhecer sua realidade relativa. Em outras
palavras, a psicose é o apego a qualquer realidade.
Sob uma perspectiva ampla (Walsh e Vaughan 1980) definem a psicose como um apego a
qualquer estado de consciência.
É importante ressaltar que os sintomas tradicionais da psicose como ouvir vozes, ter visões,
adotar sistemas ilusórios de crenças, sentir-se possuído, pretender poderes divinos etc., são,
também, todos explicados como fenômenos transpessoais.
No mapa conscêntrico da consciência existem orientações para o estado induzido na psicose
que distinguem esse tipo de viagem da do uso de drogas ou meditação:
1) A jornada psicótica parece ultrapassar o domínio psicodinâmico, levando oindivíduo diretamente para as regiões transpessoais do espaço interior. As rotas dadroga e da meditação envolvem uma passagem através da zona psicodinâmcia. 2) Oviajante geralmente para em algum ponto. Ele não pode retornar nem continuar. Opsicótico está perdido no espaço. 3) Ao contrário das drogas e da meditação, aviagem psicótica é empreendida involuntariamente (WEIL, PIERRE; DEIKMAN;ARTHUR J.; RING, KENNETH, 1978, p. 93).
Infelizmente, de acordo com Ring (1978), os mapas do espaço para este tipo de viagem são
44
muito pobres porque os psiquiatras, sem compreendê-lo, tentam parar o indivíduo através de
um desejo de cura, com terapêutica medicamentosa, unicamente.
5.4 O Morrer e a Morte
A morte anuncia uma variedade de experiências numinosas, que vão desde a visão do inferno
às indescritíveis delícias do céu.
Ring (1978) afirma que a evidência fenomenológica coletada de muitas fontes independentes
por muitos pesquisadores do século XX, baseada em experiências de quase-morte, de
projeções astrais, visões de médiuns e clarividentes, psicografia, é impressionantemente
congruente com os antigos ensinamentos religiosos associados com diversas doutrinas
diferentes.
Conclui-se por esta lógica que a consciência continua após a morte do corpo físico, que em
algum sentido viaja para outro plano, encontrando diversas entidades espirituais, e que possa
vir a residir numa esfera em que o tempo parece não existir, e cujas outras propriedades
oferecem uma semelhança notável com a concepção cultural de céu que o indivíduo possui.
Conforme Ring (1978), “para colocar esta jornada da alma dentro da estrutura do mapa,
propõe-se que, ao se aproximar da morte e ao experienciá-la, a consciência do indivíduo se
liberta do seu centro de vigília comum e, ao invés de cessar, é propelida para a região
extraterrestre do espaço interior”.
Ring (1978) cita Sutich (1973) quando este afirma que, em cada indivíduo existe um impulso
para a autotranscendência e para a aquisição daquilo que só insatisfatoriamente pode ser
chamado de estado último. Isso indica que o mapa conscêntrico da consciência deverá ser
utilizado na viagem que todo ser humano, algum dia, está destinado a fazer, para as regiões
distantes do espaço interior (WEIL, PIERRE; DEIKMAN; ARTHUR J.; RING, KENNETH,
1978, p. 93).
45
6 TRATAMENTO DE EMERGÊNCIAS ESPIRITUAIS
Grof (2000) descreve que o tratamento para as emergências espirituais deva ser estruturado no
modelo da psique ampliado, que inclua as dimensões perinatal e transpessoal. A intensidade
do processo psicoespiritual é que vai nortear a terapêutica a ser oferecida. Em casos de uma
emergência espiritual em sua forma mais branda, será oferecido à pessoa uma oportunidade
para discutir o processo com um terapeuta de orientação transpessoal, que a ajudará a integrar
suas experiências à vida diária. Se o processo for mais ativo, o processo terapêutico deverá
ser feito de forma regular com terapia experiencial para facilitar a emergência do material
inconsciente e a expressão de emoções e energias físicas bloqueadas. Indica-se a respiração
holotrópica nesse caso, se não houver resistência psicológica. Havendo, deverão ser aplicados
trabalhos corporais de liberação, como se faz no final das sessões de respiração.
Técnicas para se completarem as sessões experienciais intensivas: prática da Gestalt, a caixa
de areia junguiana de Dora Kalff, trabalho corporal com um terapeuta com bastante
experiência prática em psicologia, escrever um diário, pintar mandalas, praticar danças
expressivas, correr, nadar ou praticar outras atividades esportivas, leituras de orientação
transpessoal.
Em crises intensas e dramáticas que não podem ser tratadas, a não ser que as pessoas estejam
internadas, é preciso acompanhamento supervisionado constante.
46
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pudemos observar com a pesquisa que “a evolução do cérebro, sua organização estrutural e
fisiológica parece ser um modelo da estrutura e organização daquilo que se chama Universo”.
(Robles, 2008).
Viu-se que as questões inexplicáveis para a ciência, relativas à consciência e à psicopatologia,
contradizem-na porque seu melhor instrumento para estudo, o cérebro, é também um objeto
de estudo ainda incompreensível como um todo.
Atualmente, à luz do novo paradigma holístico e das descobertas dos diversos campos da
ciência e, em particular, da física moderna, da neurociência, da biologia e da psicologia
transpessoal, surgem os novos modelos explicativos do Universo e das interações entre suas
partes.
A Psicologia Transpessoal, que tem como um de seus objetos de estudo a consciência
humana, atesta que esta não pode ser limitada ao cérebro, pelo qual não pode ser apreendida
em sua totalidade. Também, a Psicologia Transpessoal não pretende solucionar toda a
fisiologia cerebral através da hipótese holográfica (GROF, 1978).
Entretanto, foi demonstrado na pesquisa, no mapa conscêntrico da consciência e
especialmente na região do inconsciente filogenético, que os fenômenos transpessoais, que
podem mais facilmente ser relacionados com a teoria holonômica, são aqueles que envolvem
elementos da realidade objetiva: identificação com outras pessoas, animais, plantas e
realidade inorgânica do passado, presente e futuro.
Estudando o novo paradigma holístico, percebem-se alguns fatos científicos:
• há fenômenos associados à paranormalidade;
• o fato de que as propriedades de um corpo, como massa, etc., não serem
fixas, mas relativas;
• a constatação de que matéria e energia são a mesma coisa;
• o fato do espaço não ser um vazio, mas uma entidade que pode sofrer
deformação; e
47
• a necessidade de uma quinta dimensão, a consciência, que, atuando pela
observação, faz entrar em colapso pacotes de ondas probabilísticos,
determinando o agora e, por conseguinte, o passado e o futuro. (FIALHO,
1993, p. 326).
Ao se estudar mente-cérebro, concorda-se com Platão (1996), que o intelecto pode apreender
as ideias, porque ele é incorpóreo como elas.
Quando se enxerga, o cérebro transforma as vibrações de luz em pulsações rítmicas. Quando
se ouve, a frequência das moléculas de ar são transformadas em sons assimiláveis pelo
intelecto. A percepção do odor parece estar baseada em frequências cósmicas. A realidade é
uma contínua dança rítmica e os sentidos traduzem algumas de suas vibrações para modelos
de frequências que podem ser processados pelo cérebro. (FIALHO, 1993, p. 150).
Balduino relata (1993) que de acordo com biógrafos, Beethoven teria “ouvido” o tema do
quarto movimento da sinfonia “Coral” e, da sacada de seu quarto em frente a uma praça em
Amsterdam, Rembrant teria “visto” a magnífica cena retratada na obra “Última Ceia”.
Percebeu-se com a pesquisa que o que caracteriza uma pessoa com transpessoalidade é a
vivência da experiência de consciência cósmica ou êxtase e o retorno dessa pessoa aos seus
afazeres do cotidiano com facilidade e transformada positivamente.
Assim fizeram e fazem os grandes santos, lamas, e pessoas de sensibilidade saudáveis
psicologicamente. Este é um critério plausível para aferição da saúde psíquica.
Para Saldanha (1997), é necessário rever toda a conceituação tradicional da psicopatologia,
inserindo as vivências dos estados modificados de consciência.
De acordo com Tabone (1992), o misticismo é visto como totalmente patológico e parecido
com a esquizofrenia. As experiências místicas vistas como eventos normais na Psicologia
Transpessoal são tratadas pela cultura como anormais. O comportamento dos xamãs, tais
como transes e ataques físicos, em culturas não–industriais, provavelmente levariam à
hospitalização, e as visões místicas medievais, entendidas como um sinal da graça divina,
seriam consideradas como alucinações.
Conforme Balduino (1993), a comunidade científica não vê com bons olhos essa
contaminação mística da ciência, em relação aos fenômenos mediúnicos, místicos, descritos
48
no mapa conscêntrico da consciência em nível do Inconsciente Extraterreno.
Balduino (1993) cita James: “vivências religiosas autênticas formam “um continuum” com a
vida psíquica normal e patológica”.
Balduino (1993) afirma que, ao codificador da Ciência Espírita, não passaram despercebidas
as possíveis ligações diretas entre fenômenos transpessoais e fenômenos psicopatológicos.
Kardec formula a seguinte questão há mais de um século, na segunda parte de O Livro dos
Médiuns, no capítulo XVIII, intitulado Dos Inconvenientes e Perigos da Mediunidade, na
questão 221:
5ª Poderia a mediunidade produzir a loucura?
"Não mais do que qualquer outra coisa, desde que não haja predisposição para isso, em
virtude de fraqueza cerebral. A mediunidade não produzirá a loucura, quando esta já não
exista em gérmen; porém, existindo este, o bom-senso está a dizer que se deve usar de
cautelas, sob todos os pontos de vista, porquanto qualquer abalo pode ser prejudicial.".
Saldanha afirma que parece que se vive uma emergência em relação à ampliação da
consciência além do estado de vigília, que o intelecto não é o estágio final da evolução
humana como espécie e que o ser humano continua desenvolvendo outros níveis de percepção
de realidade além do racional, um nível de consciência além do pessoal. (SALDANHA, 1997,
p. 82).
Pelo observado na pesquisa, ao se situar a Psicopatologia como disciplina científica,
mergulhada na experiência íntima do sofrimento individual e preocupada em produzir
proposições de caráter geral sobre o padecer psíquico, patologizar poderia ser um modo de
transformar a consciência individual em um objeto científico e explicar este objeto sob a ótica
de uma doença do cérebro. Isso seria separar o objeto dos fenômenos.
O conhecimento científico se baseia nos elementos fornecidos pelas percepções e, com o
auxílio da abstração, criam-se ideias e conceitos gerais que exprimem o desenvolvimento da
natureza. Sem os órgãos do sentido, não há condições de conhecer o mundo objetivo. (PAIM,
1975, p. 25).
Uma distinção deve ser feita entre estados alterados de consciência e as experiências
49
transpessoais, pois nem todos os estados alterados atingem o critério para serem transpessoais,
embora todas as experiências transpessoais ocorram em estados alterados de consciência.
(TABONE, 1995, p. 39).
Para Tabone (1995), são exemplos de estados alterados de consciência não necessariamente
transpessoais as experiências estéticas (LSD), as experiências resultantes do uso de técnicas
de fantasias afetivas induzidas, as experiências de revivência vívida e complexa de uma
memória infantil.
Balduino (1995) nos relata que na obra “Autobiografia de um Yogue”, Paramahansa
Yogananda, grande mestre hindu, descreve suas lembranças da infância, em que a
fermentação psicológica que não encontrava possibilidade de se expressar através de seu
corpo imaturo de criança dava origem a muitas crises de choro, que provocam confusão no
ambiente familiar.
“..Minhas recordações mais antigas abrangem traços anacrônicos de uma encarnação anterior.
Lembro-me claramente de uma existência longínqua – a de um iogue entre as neves do
Himalaia” (Balduino 1995 apud Yogananda, p. 53).
Os estados alterados de consciência psicopatológicos são também outro exemplo de uma
subcategoria de estados não-ordinários de consciência, que precisam ser diferenciados ou
relacionados com as experiências transpessoais (TABONE, 1995, P. 39).
Conforme Paim (1975) cita Lopez Ibor, a tendência da Psicologia contemporânea é considerar
a percepção como a apreensão de uma situação objetiva baseada em sensações, acompanhada
de representações e frequentemente de juízos, num ato único, o qual somente pode ser
decomposto por meio de análise.
O termo percepção é empregado correntemente para designar em Psicologia o ato pelo qual se
toma conhecimento de um objeto do meio exterior, considerado real, isto é, como existente
fora da própria atividade perceptiva (PAIM, 1975, p. 21).
A maior parte das percepções provêm do meio externo, pois as sensações que os órgãos
internos proporcionam ao indivíduo são confusas e desempenham papel limitado na
elaboração do conhecimento do mundo exterior. (PAIM, 1975, p. 21).
De acordo com Tabone (1995), a Psicologia Transpessoal mostra que os estados alterados de
50
consciência tidos como patológicos também dão origem a manifestações que significam
expansão da consciência além das limitações normais do ego e de tempo/espaço.
Paralelamente às alucinações, delírios, ilusões etc., que ocorrem nos estados alterados de
consciência psicopatológicos, há outros fenômenos como a clarividência, a premonição, a
autoscopia (out-of-body experience), o transe místico, o contato com arquétipos, que ocorrem
nas experiências de processos transpessoais.
Levando em conta os estudos de Grof, nas psicoses, ocorre uma manifestação espontânea de
níveis de abertura do centro de percepções extrasensoriais. São tramas disformes, vivenciados
na multidimensionalidade do ser, caracterizando experiências atemporais, extracorpóreas do
eu e não-eu, impedindo a estruturação do ego no aqui agora.
Os fenômenos mediúnicos que, no mapa conscêntrico da consciência de Ring, estão
localizados na região do Inconsciente Extraterreno, estão ligados a uma questão de senso-
percepção.
Danucalov e Simões (2009) citam que o psiquiatra Sérgio Felipe de Oliveira, mestre em
Ciências pela Universidade de São Paulo, diretor clínico do Instituto Pineal Mind e diretor
presidente da Associação Médico-Espírita de São Paulo – AMESP, tem defendido a
veracidade das manifestações mediúnicas, apoiando-se em suas pesquisas para respaldar sua
opinião.
A pineal, no que diz respeito à mediunidade, capta o campo eletromagnético impregnado de
informações como se fosse um telefone celular. Mas, tudo isso tem de ser interpretado em
áreas encefálicas, como por exemplo o córtex frontal. (DANUCALOV E SIMÕES, 2009, p.
319).
Como fenômenos ligados à questão senso-perceptiva, estes, com todas as variedades de
apresentação, são todos explicáveis como fenômenos transpessoais. (WEIL, DEIKMAN E
RING, 1978, p. 92).
Dessa forma, confirma-se a Síntese Energética de Grimberg, sobre o campo neuronal, onde
perpassa o processo que se leva a cabo, na intricada rede de interconexões neuronais do
cérebro, para interpretar a informação dos receptores sensoriais.
Uma das hipóteses apresentadas neste trabalho seria a que supõe que toda a experiência
51
transpessoal faz parte da Psicopatologia.
Calderoni (2006) cita Beauchesne, que esclarece a proposição ao afirmar que conhecer o
normal através de estudo patológico é uma diretriz que separa a Psicopatologia de outras
disciplinas, pois dela decorre que há um “patológico” no psiquismo não redutível ao
organismo ou ao ambiente.
A organização Mundial de Saúde define normal como o bem-estar físico, psíquico e social.
Pelo observado, a resposta seria negativa, porque para a Psicopatologia, a alma, o psíquico, no
sentido de espírito, não pode adoecer e, desse modo, é impróprio falar de enfermidades da
alma. Só existe enfermidade no biológico, ou melhor, no antropológico. Os fenômenos
psíquicos são patológicos somente quando sua existência está condicionada por alterações
patológicas do corpo. (SCHNEIDER apud PAIM, 1975, p. 11).
É importante ressaltar que a psiquiatria clínica constitui uma ciência aplicada às alterações
psíquicas e seus problemas correlatos, como o diagnóstico, o tratamento e a profilaxia das
doenças mentais, enquanto a Psicopatologia tem um âmbito mais restrito, visando conhecer os
fenômenos psíquicos patológicos e sua origem, mecanismo íntimo e futuro desenvolvimento.
(PAIM, 1975, p. 12).
Certifica-se que a nova cartografia da psique esboçada no presente trabalho inclui dois
domínios adicionais: o perinatal, relacionado com trauma do nascimento e o transpessoal,
compreendo memórias ancestrais, raciais, coletivas e filogenéticas, experiências cármicas e
dinâmicas arquetípicas. Essa ampliada compreensão da psique é aplicada a várias desordens
emocionais e psicossomáticas que não têm base orgânica “psicopatologia psicogênica”
(GROF, 2000, p. 12).
Para explicar essas condições, a psiquiatria tradicional usa um modelo limitado a traumas
biográficos pós-natais na infância, na adolescência e na vida adulta. A nova compreensão
sugere que as raízes de tais desordens têm um alcance muito mais profundo e inclui
contribuições significativas do nível perinatal e dos domínios transpessoais da psique (GROF,
2000, p. 12).
Soube-se com a pesquisa que, há mais de quarenta anos, Grof descobriu, como voluntário
para uma experiência com LSD, uma substância com notáveis propriedades psicoativas,
descoberta pelo químico suíço, Albert Hofmann, nos laboratórios farmacêuticos Sandoz em
52
Basel. (GROF, 2000, p. 9).
Naquela sessão em que Grof foi voluntário usando LSD, durante a qual teve uma experiência
cósmica, nele manifestou-se um interesse intenso e vitalício em estados não comuns de
consciência. (GROF, 2000, 9).
Faz quatro décadas que Grof se dedica à pesquisa da consciência e isso têm sido para ele uma
aventura extraordinária de descoberta e autodescoberta.
Grof atestou aos poucos que a chamada doença mental e as alucinações são, muitas vezes,
fenômenos paranormais ou transpessoais que expressam outros níveis de realidade em outros
estados de consciência, desconhecidos pelo paciente, pelo público leigo e pelo médico, que
coloca nesses fenômenos o rótulo de esquizofrenia ou psicose maníaco-depressiva. (WEIL,
2003, p. 77).
Acompanhou-se na pesquisa, com as descobertas de Grof, não que os postulados científicos
estejam sofrendo abalos em suas bases estruturais diante da concepção dos estados alterados
de consciência, mas esses postulados deixaram de ser patológicos para se confirmarem como
de natureza transpessoal. Todavia, o paradigma atual está em vias de ser superado, porque
qualquer teoria deve ser vista como um limite de até onde se pode ser capaz de se conhecer e
de se transmitir o saber.
Fialho (1993) cita Franco: “a reação a uma ideia é sempre proporcional à sua importância”.
(FIALHO apud Franco, 1993, p. 226).
Assim sendo, Weil (2003) cita Grof no trabalho que este organizou, com a ajuda de inúmeros
terapeutas. Estes montaram uma rede de organismos que cuidam do que ele chamou de
spiritual emergencies. Esses terapeutas recebem e acompanham as pessoas dominadas por
uma crise até que elas a transformem em um processo de individuação. O chamado surto
psicótico nunca mais aparece e a pessoa passa a cuidar conscientemente de seu processo de
evolução. (WEIL, 2003, p. 78).
Pelo observado na pesquisa, a 4ª Força em Psicologia, a Psicologia Transpessoal, surgiu para
ampliar o esquema de interpretação do psiquismo e solucionar os enigmas predominantes em
pacientes psicóticos, confirmando o conceito de “emergência espiritual” para os indivíduos
em crise de transformação.
53
Para Tabone (1995), é importante ressaltar que a Psicologia Transpessoal pode ser entendida
como a união da moderna pesquisa científica da consciência com as tradições esotéricas em
seus aspectos fundamentais, que têm em comum a visão integradora do homem, do Universo
e da própria relação homem/Universo.
A partir desta pesquisa, reconhece-se que o estudo das leis que regem o Universo promoveu o
desenvolvimento de uma linha materialista de estudo. À medida que se aperfeiçoaram novos
métodos e aparelhos científicos, verificou-se que a consistência da matéria é ilusória e, na
verdade, o que existe são partículas energéticas e o vazio.
Com a Psicologia Transpessoal, percebe-se o homem como uma totalidade na interação de
seus níveis de consciência físico, emocional, mental, existencial e espiritual.
Atesta-se que essa abordagem surgiu para redefinir a concepção do velho paradigma, onde o
homem é visto como fragmentado e reducionista, orientado pelo modelo mecanicista.
O verdadeiro estado transpessoal é aquele em que o mundo da dualidade é transcendido, o
mundo interior e exterior são vistos como totalidades, abrangendo o mundo relativo, o
dualista pessoal e o estado absoluto transpessoal.
Como podemos perceber através da Cartografia de K. Ring, existem vários níveis de
Consciência e, portanto, de realidade. O acesso aos níveis transpessoais se dá de muitas
formas e também apresentam graus de ampliação variados de consciência.
Atesta-se com a pesquisa que os fenômenos transpessoais não são psicopalógicos, dado que
seu substrato não é físico e, como Weil (2003) descreve, a experiência transpessoal é
justamente a súbita revelação de quem somos realmente. Além de um ego, somos ou
pertencemos a “algo” muito maior, de onde nasce a expressão transpessoal, o que é além da
pessoa.
Para finalizar o presente trabalho, será dito que a diferença de um fenômeno transpessoal para
um fenômeno psicopatológico está no conteúdo das experiências e na forma como a pessoa
retoma a realidade e volta a “funcionar”, assumindo sua vida cotidiana ou não. Em verdade, o
desencadear de uma emergência espiritual é bastante rico, envolvendo emoções intensas,
inclusas em quaisquer das três categorias estudadas e que não podem ser explicadas como
produto de processos neurofisiológicos, baseados numa ciência mecanicista que sustenta estar
a consciência baseada no cérebro humano.
54
Sugere-se, portanto, que a pesquisa possa prosseguir no sentido de se investigarem as
influências da Psicologia Transpessoal na compreensão dos estados de consciência, do estado
de consciência do self, onde o mundo da dualidade deixa de existir. O estado onde o ego se
transforma em autônomo, como sujeito do desejo, onde se consegue ser livre e não depender
mais da opinião do outro, o nível de consciência teo antrópica ou consciência teândrica, que
não separa mais Deus do homem.
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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_________________; FRANCO, Divaldo Pereira. Vida: desafios e soluções. Salvador:Livraria Espírita Editora, 1997.
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