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Monografia “USO RACIONAL DA ÁGUA EM EDIFICAÇÕES PÚBLICAS” Autora: Elizabeth Cândida de Araújo Marinho Orientadora: Prof. Paula Bamberg Belo Horizonte Escola de Engenharia da UFMG Dezembro/2007 Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Materiais e Construção Curso de Especialização em Construção Civil

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Monografia

“USO RACIONAL DA ÁGUA EM EDIFICAÇÕES PÚBLICAS”

Autora: Elizabeth Cândida de Araújo Marinho

Orientadora: Prof. Paula Bamberg

Belo Horizonte

Escola de Engenharia da UFMG

Dezembro/2007

Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia

Departamento de Engenharia de Materiais e Construção Curso de Especialização em Construção Civil

ELIZABETH CÂNDIDA DE ARAÚJO MARINHO

“USO RACIONAL DA ÁGUA EM EDIFICAÇÕES PÚBLICAS”

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Construção Civil

da Escola de Engenharia UFMG

Ênfase: Avaliações e Perícias

Orientadora: Prof. Paula Bamberg

Belo Horizonte

Escola de Engenharia da UFMG

Dezembro/2007

À minha família pelo apoio, carinho e compreensão.

AGRADECIMENTOS

Aos professores do Curso de Especialização em Construção Civil da Escola de

Engenharia da UFMG, pela competência e dedicação na transmissão de seus

conhecimentos.

À Prof. Paula Bamberg pela atenção na orientação deste trabalho.

Tudo nasceu da água!

Tudo é mantido pela água!

Oceano, concede-nos sejamos favorecidos

pelo teu eterno domínio!

Se tu não enviasses nuvens,

se não regulasses caudalosos riachos,

se não fizesses serpear os rios,

se não despejasses torrentes,

o que seria das montanhas, das planícies,

do mundo?

És tu que manténs o frescor da vida!

É de ti que brota o frescor da vida!

Tales de Mileto a Nereu no Fausto ll de J. W. Goethe

SUMÁRIO

Pág.

1.INTRODUÇÃO. 13

2. A ÁGUA NO MUNDO 18

2.1 A Água Doce no Planeta 18

2.2 A Crise da Água 21

2.3 Escassez da Água – Debate pela Comunidade Internacional 23

2.4 Panorama da Água no Brasil 26

2.5 O Uso Urbano da Água. 29

2.6 Regulamentação da Água. 31

2.6.1 Internacional 31

2.6.2 Nacional 32

3. CONSERVAÇÃO DA ÁGUA 34

3.1 Conceitos sobre Conservação da Água. 34

3.2 Programas de Conservação da Água 36

3.3 Programas de Conservação da Água no Brasil 37

3.4 Conservação de Água no Meio Urbano. 39

4. USO RACIONAL DA ÁGUA 42

4.1 Consumo da Água. 42

4.2 A Importância dos Aparelhos Sanitários no Consumo da Água 43

4.3 Aparelhos Sanitários Economizadores 48

4.3.1 Sistema de Descarga 48

4.3.1.1 Bacias Sanitárias 49

4.3.1.2 Aparelho Hidráulico de Descarga 51

4.3.2 Torneiras 54

4.3.3 Mictórios 54

4.4 Especificação de Equipamentos Hidráulicos 55

4.5 Manutenção Preventiva e Corretiva 61

4.6 Campanhas Educativas 65

5. CONCLUSÃO 67

BIBLIOGRAFIA 71

LISTA DE FIGURAS

Pág.

Figura 2.1: Ciclo Hidrológico 18

Figura 3.1: Efeitos da Urbanização no Ciclo da Água 40

Figura 4.1: Pontos de Consumo de Água 47

Figura 4.2: Bacia Sanitária de Ação Sifônica 50

Figura 4.3: Bacia Sanitária de Arraste 51

LISTA DE TABELAS

Pág.

Tabela 2.1: Distribuição de água através do Globo Terrestre 19

Tabela 2.2: Classificação da disponibilidade hídrica 20

Tabela 2.3: Países com mais e com menos água 21

Tabela 2.4: Produção hídrica das grandes regiões hidrográficas do Brasil 26

Tabela 2.5: Distritos sem coleta de esgotos sanitários 27

Tabela 2.6: Distritos com coleta de esgotos sanitários e com tratamento 27

Tabela 2.7: Distritos com coleta de esgotos sanitários e sem tratamento 27

Tabela 4.1: Comparativo entre produtos convencionais e economizadores 46

Tabela 4.2: Bacias sanitárias economizadoras 56

Tabela 4.3: Válvulas de descarga economizadoras 56

Tabela 4.4: Torneiras economizadoras 57

Tabela 4.5: Redutores de pressão 57

Tabela 4.6: Arejadores. 58

Tabela 4.7: Redutores de vazão 58

Tabela 4.8: Mictórios convencionais. 59

Tabela 4.9: Dispositivos de descarga para mictórios convencionais 59

Tabela 4.10: Mictórios sem água. 60

Tabela 4.11: Volumes estimados perdidos em vazamentos 64

Tabela 4.12: Defeitos dos aparelhos sanitários e intervenções necessárias 64

LISTA DE NOTAÇÕES, ABREVIATURAS

ANA – Agência Nacional de Águas

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

CLEAR WATER ACT – Ato das Águas Limpas

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

COPASA-MG – Companhia de Saneamento de Minas Gerais

CNJ – Conselho Nacional de Justiça

CPGA – Comissão Permanente de Gestão Ambiental

CNUMAD – Conferencia das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento

CPGA – Comissão Permanente de Gestão Ambiental

DNAEE – DEPARTAMENTO NACIONAL DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA

DTA – Documento Técnico de Apoio

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos

GWP – Global Water Partnership

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas

IRS – Instituto Roberto Simonsen

MMA – Ministério do Meio Ambiente

OMS – Organização Mundial de Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

PBQP – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade

PNCDA – Programa Nacional do Combate ao Desperdício de Água

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

Pró-Água UNICAMP – Programa de conservação de água da UNICAMP

PROSAB – Programa de Pesquisa em Saneamento Básico

PURA – Programa de Uso Racional da Água

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SESI – Serviço Social da Indústria

SINDUSCON – Sindicato da Indústria da Construção Civil

TRT – Tribunal Regional do Trabalho

UFBA – Universidade Federal da Bahia

UNCED – UN Conference on Environment

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

UNICAMP – Universidade de Campinas

UNICEF – Fundo das Nações Unidas para Infância

USEPA – Environmental Protection Agency

USP – Universidade de São Paulo

VDR – Válvula de descarga reduzida

WRI – World Resources Institute),

WWap = Programa das Nações Unidas World Water Assessment

RESUMO

Os grandes centros urbanos, principalmente nos países em desenvolvimento,

sofrem com a questão da escassez da água devido, principalmente, à elevada

concentração populacional. Ações de Conservação da Água têm sido adotadas,

em diferentes níveis no Brasil e no mundo. Exemplo de atuação no nível dos

sistemas prediais, o uso racional da água tem sido objeto de diversos estudos. O

volume de água consumido em uma edificação, constante na conta de água,

pode ser dividido em duas parcelas: o uso propriamente dito e o desperdício. O

desperdício pode ocorrer tanto pela ocorrência de vazamentos como pelo mau

uso desse insumo nas diferentes atividades realizadas. Em edificações públicas,

é freqüente o uso não racional desse insumo, uma vez que os usuários não são

os responsáveis diretos pelo pagamento da conta de água. Inserido nesse

contexto, o presente trabalho apresenta uma pesquisa bibliográfica que visa

subsidiar uma proposta para implantação de Programa de Uso Racional da Água

em edificações públicas, que deverá ocorrer em três etapas. A primeira ação

consiste na proposta de instalação de tecnologias economizadoras nos pontos de

consumo de água; a segunda é a elaboração de um manual de manutenção

hidráulica preventiva e corretiva e a terceira, a implantação de campanha

educativa para servidores e usuários dos prédios públicos em questão.

.

Palavras-chave: uso racional da água, equipamentos economizadores

ABSTRACT:

Large urban areas, specially those in the developing countries, suffer with the

issue of water scarcity, caused principally by the high concentration of the

population. Actions for the Conservation of Water have been adopted in different

levels in Brazil and in the world. As an example of an action in the level of Building

Systems, the rational use of water has been the object of several studies. The

volume of water used in a building , when it is constant in the water bill, can be

divided into two parts: the use itself and the waste. The waste can happen due to

leakages and the bad use of this component in different tasks being carried out. In

public buildings there is often the nonrational use of this resource, for the users

are not directly responsible for the payment of the water bill. In this context, the

present work presents a bibliographic research which aims to support a proposal

to implement a Program of Rational Use of Water in public buildings, comprising

three stages. The first one consists in the proposal to install saving technologies

in the places where water is used; the second one is the elaboration of a

handbook of corrective and preventive hydraulic maintenance. The third activity

consists in conducting educational campaigns for the conscious use of water,

aiming at both civil servants and users of public buildings.

Key words : rational use of water, water saving equipment

13

1. INTRODUÇÃO

Onde não há água, não há vida. É a água que nutre as colheitas e florestas,

mantém a biodiversidade e os ciclos do planeta. Desde que o homem aprendeu a

usar a água a seu favor, ele dominou a natureza: aprendeu a plantar e criar

animais para seu sustento, a gerar energia, dentre outras coisas. Grandes

civilizações do passado e do presente sempre dependeram e dependem de água

doce para sua sobrevivência e progresso cultural e econômico. A água doce é

essencial à sustentação da vida, e suporta também as atividades econômicas e o

desenvolvimento.

A história da água na Terra é complexa e está diretamente relacionada ao

crescimento da população humana, ao grau de urbanização e aos usos múltiplos

que afetam sua quantidade e qualidade. A história da água, seus usos e

contaminações também estão relacionados à saúde, pois muitas doenças que

afetam a espécie humana têm veiculação hídrica. Os usos da água geram

conflitos em razão de sua multiplicidade e finalidades diversas, as quais

demandam quantidades e qualidades diferentes: águas para abastecimento

público, hidroeletricidade, agricultura, transporte, recreação e turismo, disposição

de resíduos, indústria.

A Humanidade passou por várias e profundas transformações na sua História,

particularmente nos dois últimos séculos, com significativa evolução cultural e

técnica e, nas últimas décadas, apresentou revoluções tecnológicas.

“Um dos fatores que mais influenciam a qualidade de vida é a maneira pela qual o homem se utiliza da água. Como um dos elementos fundamentais para o desenvolvimento da vida, a água tem sido objeto de preocupação da humanidade desde os tempos mais remotos. É notável, na história das civilizações, o progresso tecnológico na utilização racional da água, para as mais diversas finalidades” (GRAÇA apud FREIRE, 1999).

O uso racional da água e o combate ao seu desperdício são hoje uma

preocupação mundial. Os problemas associados a este insumo estão

relacionados à sua distribuição geográfica desigual, ao aumento desordenado da

população e ao mau uso do recurso.

Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia

Departamento de Engenharia de Materiais e Construção Curso de Especialização em Construção Civil

14

Além disso, problemas climáticos, como a escassez de chuvas e a poluição dos

cursos de água, têm afetado o abastecimento de água nas grandes cidades do

Brasil e do mundo.

O crescente agravamento da falta de água deve levar as pessoas a

estabelecerem uma nova forma de pensar e agir, mudando seus hábitos e

desenvolvendo uma cultura da economia. Investimentos em educação ambiental

pública e pesquisas de desenvolvimento e aperfeiçoamento de equipamentos e

métodos economizadores têm sido a alternativa adotada por alguns países

desenvolvidos desde a década de 70.

No Brasil, essas questões começaram a ser estudadas recentemente. Para o

problema da demanda maior que a oferta, a solução adotada passa por medidas

estruturais tradicionais: ampliação ou construção de novas estações de

tratamento, que captam água em mananciais cada vez mais distantes dos centros

urbanos.

Um programa de uso racional de água contempla a associação de equipamentos

economiza dores a políticas apropriadas de manutenção preventiva, bem como

ao estabelecimento de rotinas e procedimentos específicos do uso da água na

edificação. O comportamento dos usuários envolvidos deve estar de acordo com

o novo padrão de consumo estabelecido, mantendo-se a qualidade das

atividades envolvidas.

É cada vez maior a utilização de aparelhos economiza dores de água no Brasil,

sobretudo em edifícios de uso público como shopping centers, teatros, cinemas,

estádios, aeroportos, escolas e outros, visto que seu emprego proporciona

diminuição do custo da conta de água e esgoto e de energia elétrica, além de

associar o local a valores ambientalistas que ganham espaço no nosso país,

dado o atual contexto de escassez crônica.

15

Quando se fala em “edificações de uso público”, neste trabalho, refere-se aos

edifícios ocupados por instituições públicas administrativas, com funcionamento

semelhante a empresas e escritórios. Todavia, difere de um prédio comercial ou

de escritório convencional na medida em que apenas uma instituição ocupa toda

a edificação. Há, portanto, dois perfis de usuário: os empregados/ servidores

daquela instituição, que utilizam as instalações diariamente, e o público que,

eventualmente, procura pelos serviços prestados por aquela instituição.

Nesta tipologia de edificação pública estão os prédios ocupados pelo Tribunal

Regional do Trabalho - 3ª Região: 1ª instância (maior número de público), 2ª

instância (mais servidores do que público) e unidades administrativas (quase que

exclusivamente servidores).

Ressalta-se que o Ministério do Meio Ambiente reforça o papel que os órgãos

públicos devem adotar com relação às questões socioambientais, por meio das

seguintes palavras:

“O governo é um grande consumidor de recursos naturais, bens e serviços nas suas atividades meio e finalísticas, o que, muitas vezes, provoca impactos socioambientais negativos. A adoção de critérios ambientais nas atividades administrativas e operacionais da Administração Pública constitui-se um processo de melhoramento contínuo que consiste em adequar os efeitos ambientais das condutas do poder público à política de prevenção de impactos negativos ao meio ambiente. Em outras palavras, a conservação racional dos recursos naturais e a proteção contra a degradação ambiental contar fortemente com a participação do poder público.” (MMA apud Comissão de Gestão Ambiental TRT-MG)

Já o Conselho Nacional de Justiça - CNJ, por meio da Recomendação nº. 11, de

22 de maio de 2007, recomenda que os Tribunais relacionados nos incisos II a VII

do art. 92 da Constituição Federal de 1988, dentre os quais os TRTs, adotem

políticas públicas, visando à formação e recuperação de um ambiente equilibrado,

além da conscientização dos próprios servidores e jurisdicionados sobre a

necessidade de efetiva proteção ao meio ambiente. Recomenda ainda, a

instituição de comissões ambientais para o planejamento, elaboração e

acompanhamento de medidas, com fixação de metas anuais, visando à correta

preservação e recuperação do meio ambiente.

16

Neste sentido, a Justiça do Trabalho de Minas Gerais, por meio da portaria n.º 31

de 04 de junho de 2007, criou a Comissão Permanente de Gestão Ambiental,

com o objetivo principal de elaborar o programa de gestão ambiental do Tribunal

do Trabalho da Terceira Região.

A Diretoria de Engenharia do TRT, juntamente com essa Comissão, deverá ser a

responsável pela implementação do Programa de Uso Racional de Água, através

da substituição dos equipamentos sanitários convencionais por equipamentos

economizadores, concomitantemente com a implantação de um programa de

manutenções preventivas e corretivas e campanha de conscientização

abrangente.

A implantação do programa de uso racional da água no TRT, conforme discutido

pela Comissão de Gestão Ambiental será desenvolvida e coordenada pela

Diretoria de Engenharia, por meio desta autora, e por dois membros da CPGA,

representantes das Comissões Permanentes de Economia e de Licitação.

Para o programa de implementação, serão selecionadas, na primeira fase, as

edificações que serão contempladas com o programa. A partir daí, serão

estudados e selecionados os equipamentos economizadores mais adequados,

tendo em vista a facilidade de instalação, já que as edificações são ocupadas e

têm utilização diária de trabalho. Serão analisados, ainda, o melhor-custo

benefício e padronização de equipamentos, uma vez que, por se tratar de

entidade pública, todas as compras do TRT devem ser feitas através de licitação

pública.

Antes da substituição dos equipamentos será realizada revisão geral das

instalações hidráulicas, e, após, programa de manutenção preventiva e corretiva.

Fará parte deste programa de Uso Racional de Água uma campanha de

conscientização, que será desenvolvida pela Assessoria de Comunicação Social

do TRT, com suporte da COPASA-MG na realização de palestras.

17

Ante todo o exposto, neste trabalho será apresentado o resultado de uma

extensa pesquisa bibliográfica realizada em livros, artigos de revistas técnicas,

teses, além de publicação e manuais de concessionárias de água que tem como

objetivo subsidiar a implementação do mencionado Programa. Procurou-se,

ainda, levantar a relação das principais instituições normatizadoras que atuam

nesta área.

18

2. A ÁGUA NO MUNDO

2.1 A Água Doce no planeta

A quantidade de água na Terra é praticamente invariável há 500 milhões de anos.

O que muda é sua distribuição, através do movimento contínuo e cíclico da água

nas fases sólida, líquida e gasosa. Este processo, o chamado “ciclo hidrológico”,

“é o princípio unificador fundamental de tudo que se refere à água.” (TUNDISI,

2003). É através dele que as águas do mar e dos continentes se evaporam,

formam nuvens e voltam a cair na terra sob a forma de chuva, neblina e neve.

Depois, escorrem para rios, lagos, ou para o subsolo e aos poucos voltam para o

mar, mantendo, desta forma, o equilíbrio do sistema hidrológico do planeta. A

fase de maior interesse é a líquida, fundamental para o uso e para satisfazer as

necessidades do homem e de todos os outros organismos, animais e vegetais.

Figura 2.1: Ciclo hidrológico Fonte: www.cetesb.sp.gov.br/Agua/rios/ciclo.asp

Eventuais “perdas” de água são causadas mais pela poluição e contaminação do

que pela redução do volume de água na Terra. A existência do Ciclo Hidrológico

19

é uma das provas de que o gerenciamento adequado dos recursos hídricos, e

não a “falta de água”, é o maior problema a ser enfrentado pela humanidade.

A idéia de que a água doce é abundante é ilusória. Do total de água existente na

terra, mais de 97% é salgada e menos de 3%, doce. Desta quantidade, 75% são

de águas congeladas das calotas polares e cerca de 10% estão reservadas nos

aqüíferos. Desta forma, apenas 15% de água doce do planeta estão disponíveis.

Tabela 2.1: Áreas e volumes totais e relativos de água dos principais reservatórios da Terra.

Reservatório Área

(10³ Km²)

Volume

(10³ Km³)

% do

volume total

% do volume

de água doce

Oceanos 361.300 1.338.000 96,5 -

Água subterrânea 134.800 23.400 1,7 -

Água doce 10.530 0,76 30,1

Umidade do solo 16,5 0,001 0,05

Calotas polares 16.227 24.064 1,74 68,7

Antártica 13.980 21.600 1,56 61,7

Groelândia 1.802 2.340 0,17 6,68

Ártico 226 83,5 0,006 0,24

Geleiras 224 40,6 0, 003 0,12

Solos gelados 21.000 300 0, 022 0,86

Lagos 2.058,7 176,4 0,13 -

Água doce 1.236,4 91 0, 007 0,26

Água salgada 822,3 85,4 0, 006 -

Pântanos 2.682,6 11,47 0, 0008 0,03

Fluxo dos rios 148.800 2,12 0, 0002 0, 006

Água na biomassa 510.000 1,12 0, 0001 0, 003

Água na atmosfera 510.000 12,9 0, 001 0,04

Totais 510.000 1.385.984 100 -

Total de água doce 148.800 35.029 2,53 100

Fonte: Shiklomanov, 1998, apud Tundisi, 2003

Através destes dados é possível verificar as grandes disparidades entre as

quantidades de água doce e salgada, principalmente entre quantidade de águas

subterrâneas e os pequenos volumes disponíveis em rios e lagos.

20

Os volumes de água doce estocados em rios e lagos são os mais facilmente

acessíveis, sendo também os mais utilizados para atendimento dos seres

humanos em suas atividades econômicas, de higiene, além da própria

necessidade de sua existência para o equilíbrio do ecossistema.

Devido às características climáticas diferenciadas, as águas doces não estão

distribuídas uniformemente pelo planeta. A disponibilidade hídrica varia entre os

continentes, países e regiões.

A disponibilidade hídrica é o potencial de água doce anual disponível relativo ao

número de habitantes, expressa em m³/hab/ano. A disponibilidade de água doce

por país inclui tanto as fontes superficiais quanto as subterrâneas.

Uma classificação do nível de disponibilidade hídrica foi formulada pela UNEP /

ONU e está relacionada na seguinte tabela:

Tabela 2.2: Classificação da Disponibilidade Hídrica

DISPONIBILIDADE HÍDRICA

(m³ per capita/ano)

CLASSIFICAÇÃO

Maior que 20.000 Muito alta

10.000 – 20.000 Alta

5.000 a 10.000 Média

2.000 – 5.000 Baixa

1.000 – 2.000 Muito baixa

Menor que 1.000 Catastroficamente baixa

Fonte: UNEP (2002) apud GONÇALVES et al (2006).

Estes dados foram deduzidos a partir de um estudo realizado para as condições

de abastecimento dos países membros das Nações Unidas, no qual se concluiu

que quantidade per capita seria a mínima possível para atender as necessidades

de vida das pessoas que vivessem em países moderadamente desenvolvidos.

Segundo TOMAZ (2001) “As Nações Unidas definiram que os países com índices

menores de 1000 m³/hab/ano estão com “estresse de água”. E “... com „escassez

de água‟ seriam aqueles que teriam índices menores que 500 m³/hab/ano.”

21

De acordo com WORD RESOURCES INSTITUTE (1999), apud SAUTCHÚK

(2004), 26 países possuem reservas internas inferiores a 1000 m³ per capita e

outros 28 países, apresentam disponibilidade hídrica inferior a 2000 m³/hab/ano.

Tabela 2.3: Países com mais água e países com menos água

Países com mais água (em m³/habitantes)

1º. Guiana Francesa 812.121

2º. Islândia 609.319

3º. Suriname 292.566

4º. Congo 275.679

25º. Brasil 48.314

Países com menos água (em m³/habitantes)

Kuwait 10

Faixa de Gaza (Território Palestino) 52

Emirados árabes Unidos 58

Ilhas Bahamas 66

Fonte: UNESCO (2003) apud TUNDISI (2003)

Os países desenvolvidos estão na sua maioria classificados como de elevado

potencial de água doce (suficiente ou rico). No entanto o nível de uso da água

nestes países é muito elevado. Sugerindo, desta forma, a existência de cenários

insustentáveis, o que justifica a necessidade de ações estruturantes no que diz

respeito ao uso da água, não apenas no aspecto quantitativo, mas também

qualitativo, de forma a utilizar os recursos existentes preservando suas

características de qualidade. O consumo de água per capita varia de país para

país e de lugar para lugar.

O gerenciamento integrado dos recursos hídricos baseia-se na percepção da

água como parte integral do ecossistema, recurso natural e bem social, cuja

quantidade e qualidade determinam a natureza de sua utilização.

2.2 A Crise da Água

O cenário de escassez deve-se não apenas à irregularidade na distribuição da

água e ao aumento das demandas – o que muitas vezes pode gerar conflitos de

uso – mas também ao fato de que, nos últimos 50 anos, a degradação da

qualidade da água aumentou em níveis alarmantes. Atualmente, grandes centros

urbanos, industriais e áreas de desenvolvimento agrícola com grande uso de

adubos químicos e agrotóxicos já enfrentam a falta de qualidade da água, o que

pode gerar graves problemas de saúde pública.

22

“Embora dependam da água para a sobrevivência e para o desenvolvimento econômico, as sociedades humanas poluem e degradam este recurso, tanto as águas superficiais quanto as subterrâneas. A diversificação dos usos múltiplos, o despejo de resíduos líquidos e sólidos em rios, lagos e represas e a destruição das áreas alagadas e das matas-galeria têm produzido contínua e sistemática deterioração e perdas extremamente elevadas em quantidade e qualidade da água. Como a água escoa, se não houver mecanismos de retenção na superfície – naturais e artificiais, tais como lagos, represas, florestas – perdem-se quantidades enormes e diminuem-se as reservas. Isso também ocorre nos aqüíferos subterrâneos cujas reservas são recarregadas pela cobertura vegetal natural”. (TUNDISI, 2003)

Pode-se atribuir a questão da escassez da água à variabilidade temporal e

espacial, ou seja, inadequada distribuição geográfica dos recursos, degradação

excessiva dos mananciais pela grande contribuição de efluentes lançados, uso

ilegal desse insumo, como, por exemplo, de águas subterrâneas, gerando

desequilíbrio ao ciclo hidrológico. Assim, a água passa a ser um recurso natural

limitado não somente por sua quantidade, mas também por sua qualidade e

localização.

Ainda, TUNDISI (2003), “As avaliações sobre a água, sua disponibilidade e seu

papel no desenvolvimento, estão mostrando a necessidade de mudanças

substanciais na direção do planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos –

águas superficiais e subterrâneas.”

Nos últimos relatórios do Instituto Mundial de Recursos (WRI – World Resources

Institute), do Programa das Nações para o Meio Ambiente (PNUMA-UNEP), apud

TUNDISI (2003), “os resultados de análises de especialistas sobre as bases

biogeofísicas da sustentabilidade, os volumes disponíveis de água e os efeitos

dos usos múltiplos apontam para uma crise sem precedentes na história da

humanidade.”

Amplia-se a percepção de que a água é um recurso finito, de que há limites em

seu uso e os custos do tratamento estão cada vez mais elevados. Além disso, os

custos da recuperação de lagos, rios e represas são também muito altos.

Esta realidade tem feito com que governantes e profissionais da área de meio

ambiente criem arcabouços legais e institucionais, com desenvolvimento

23

tecnológico específico, visando à preservação de mananciais com redução dos

níveis de poluição e a valorização da otimização do consumo de água.

“Torna-se cada vez mais caro produzir água para consumo humano, principalmente em virtude dos mananciais mais próximos e mais baratos já terem sido explorados, sendo necessário buscar outros mais distantes e mais caros. O consumo de água não depende apenas do nível sócio econômico de um povo e do bem estar associado, mas também da eficiência das tecnologias e processos que a utilizam. É necessário dar ênfase para os usos finais, ou seja, do modo como a água está sendo utilizada. Propõem-se para tal, a avaliação de melhorias na eficiência de equipamentos hidráulicos no setor residencial”. GONÇALVES (1995)

De acordo com o panorama mundial de água, é cada vez mais evidente a

necessidade de serem estruturados planos de ação com ênfase na Conservação

da Água. Tais ações podem ser implementadas em diferentes níveis, desde

ações macro e meso, âmbito nacional, estadual e municipal, até ações no nível

micro considerando as edificações de diversas tipologias. Conceitos técnicas e

práticas que resultem no ato de conservar água devem ser aplicados a toda

edificação, preservando os suprimentos existentes e minimizando os volumes de

efluentes gerados, contribuindo para a preservação mundial.

2.3 Escassez da Água – Debate pela Comunidade Internacional

A universalização do acesso à água com qualidade adequada e quantidade

suficiente à população é um desafio enfrentado por diversos países, conforme se

depreende das estatísticas internacionais. GONÇALVES et al (2006) resume a

análise, realizada por BORN (2000), das principais iniciativas da comunidade

internacional referente à seguridade hídrica e seus efeitos no gerenciamento de

bacias hidrográficas e, em última instância, na cidadania.

A OMS e a ONU, por meio do PNUMA, desenvolvem, desde 1991, medidas

conjuntas no que tange ao gerenciamento global dos recursos hídricos. Esta ação

concentrada levou ao desenvolvimento de uma Estratégia Global voltada para a

Administração da Qualidade das Águas, com base no conceito de

desenvolvimento sustentável. Tem como objetivos a proteção da saúde pública, a

manutenção da integridade dos ecossistemas e o uso sustentado da água.

24

Aponta-se a necessidade da busca de um equilíbrio racional entre qualidade e

quantidade, com foco no gerenciamento ambiental, tendo em vista as

possibilidades de tratamento e reuso das águas. As principais diretrizes da

atuação recomendadas foram:

Política hídrica integrada

Reconhece a relação indissociável entre a quantidade e a qualidade das

águas, assim como sua importância para as ações de conservação dos

recursos hídricos. Como exemplo, podem ser citadas as diferentes formas

de reuso de águas residuárias, visando à sua conservação.

Ação integrada e ampla na bacia hidrográfica

A bacia de drenagem é reconhecida como a unidade hidrogeográfica ideal

para o gerenciamento dos recursos hídricos. Este gerenciamento requer

um aperfeiçoamento do arcabouço jurídico e institucional, sobretudo nos

casos das bacias compartilhadas por mais de um país.

Proteção dos recursos hídricos subterrâneos

O gerenciamento dos recursos deve considerar a proteção dos recursos

hídricos subterrâneos, principalmente nas regiões onde estes são vitais

para o abastecimento humano.

Ação conjunta internacional

Visa o aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão de bacias

compartilhadas por vários países, bem como a transferência de

experiências tecnológicas.

GONÇALVES (2006) ressalta ainda que a Cúpula da Terra ou Rio-92

(Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento –

CNUMDAD ou UNCED) apresentou um capítulo específico sobre sustentabilidade

hídrica das populações. Trata-se do Capítulo 18 da Agenda 21, intitulado:

“Proteção da qualidade e do abastecimento dos recursos hídricos; Aplicação de

abordagens integradas para o desenvolvimento, gestão e uso da água.”

Vários programas foram apresentados nesse sentido, compreendendo os

seguintes objetivos:

Desenvolvimento de novas fontes e alternativas de abastecimento de

água, como a dessalinização da água, a recarga artificial de aqüíferos

25

subterrâneos, o uso de águas com menor qualidade e o reuso de águas

residuárias para fins menos “nobres” e a reciclagem da água.

Promoção de práticas conservacionistas de água por meio de programas

mais eficientes de aproveitamento de água e de minimização do

desperdício, inclusive com o desenvolvimento de mecanismos que

resultem na poupança de água.

Na seqüência da Rio-92 a seguridade hídrica das populações foi um tema

recorrente nas diversas reuniões e conclaves da comunidade internacional sobre

meio ambiente e sustentabilidade no âmbito da ONU (Cairo-94, Copenhagen-95,

Roma-96, e Cúpula da Terra II). GONÇALVES, 2006.

A seguir, as principais metas internacionais estabelecidas:

redução, até 2015, de 50% do número de pessoas vivendo em condições

de extrema pobreza;

redução, até 2025, de dois terços da taxa de mortalidade infantil de

crianças até 5 anos, com base nos níveis de 1990;

adoção e implementação de uma Estratégia Nacional de Desenvolvimento

Sustentável, até 2005, de forma a garantir a reversão efetiva da

degradação ambiental, em níveis nacionais e global, até 2015;

redução de 50% do número de pessoas famintas e desnutridas até 2015.

A GWP – Global Water Partnership propôs metas com relação à seguridade

hídrica, a seguir apresentadas por BORN (2000) apud GONÇALVES et al (2006):

(a) Implementação de estratégias e políticas para o Gerenciamento

Integrado de Recursos Hídricos em 75% dos países até 2006 e 100% até 2015;

(b) Padrões (com base em indicadores biológicos) de avaliação sanitária de ecossistemas aquáticos estabelecidos em todos os países até 2005 e implementação de programas para melhoria da saúde ambiental de tais ecossistemas até 2015;

(c) Redução até um terço da proporção atual de pessoas sem acesso a estruturas sanitárias básicas até 2025;

(d) Redução de 50%, até 2015, da proporção atual de pessoas sem acesso à água segura;

(e) Redução de 50%, até 2015, de perdas humanas e prejuízos decorrentes de “acidentes” naturais.

26

2.4 Panorama da Água no Brasil

De acordo com TUCCI et al (2000) apud TUNDISI (2003), os recursos hídricos

do Brasil, superficiais e subterrâneos, são utilizados para abastecimento público

em área urbanas, irrigação, usos industriais, navegação, recreação, pesca e

piscicultura, aquacultura, hidroleletricidade, abastecimento em áreas rurais e

turismo, sendo que 90% somente para a produção agrícola, industrial e consumo

humano.

Tabela 2.4: Produção Hídrica das Grandes Regiões Hidrográficas do Brasil

Região Demográfica Vazão Média

(m³/s)

Porcentagem

total do Brasil

Densidade demográfica

Hab/km²

Amazonas 128.900 72 2 a 5

Tocantins 11.300 6 2 a 5

Parnaíba Atlântico Norte 6.000 3

Atlântico Nordeste 3.130 1,7

São Francisco 3.040 1,7 Varia entre 5 e 25

Atlântico Leste 670 0,3

Paraíba do Sul 3.170 1,8

Paraná até Foz 11.500 6,5 Varia entre 25 e mais de 100,

com média de 53

Paraguai – Foz do Apá 1.770 1,0

Uruguai – Foz Quarai 4.300 2,4

Atlântico Sudeste 4.570 2,5

Brasil 177.900 100

Brasil – Amazonas Total 251.000 140

Fonte: DNAEE (1985) apud REBOUÇAS et al (1999)

O Brasil destaca-se, no âmbito internacional, por possuir 53% da produção de

água da América do Sul e 12% do total mundial (REBOUÇAS et al, 1999).

No entanto, uma das questões que geram a escassez de recursos está

relacionada à disponibilidade hídrica em função da densidade demográfica. As

maiores disponibilidades hídricas encontram-se em bacias onde a densidade

demográfica é muito baixa, cerca de 2 a 5 hab/km².

27

Apesar da abundância, no Brasil há um grande problema de má distribuição dos

recursos hídricos. Somado ao crescimento exagerado de demandas localizadas,

gera degradação nos cursos d’água e problemas relativos à qualidade da água

demandada. Nas grandes cidades estes são cada vez mais acentuados.

Tabela 2.5: Distritos sem coleta de esgotos sanitários

Distritos sem rede coletora de esgoto

Principal solução alternativa

Região

Total de distritos

Total

Fossas sépticas e sumidouro

Fossas secas

valas

abertas

lançamento em cursos

d’água

outros

Sem Declara

ção

Brasil 9.848 5.751 2.776 2.431 197 143 185 19

Fonte: IBGE (2000) apud SAUTCHÚCK (2004)

Tabela 2.6: Distritos com coleta de esgotos sanitários e com tratamento

Distritos com coleta de esgoto sanitário

Com tratamento de esgoto sanitário

Região Tipo de corpos receptores

Total Total Rio Mar Lago ou Lagoa

Baía Outro Sem declaração

Brasil 4.097 1.383 1.111 32 101 16 116 12

Fonte: IBGE (2000) apud SAUTCHÚCK (2004)

Tabela 2.7: Distritos com coleta de esgotos sanitários e sem tratamento

Distritos com coleta de esgotos sanitários

Sem tratamento de esgoto sanitário

Região Tipo de corpos receptores

Total Rio Mar Lago ou Lagoa Baía Outro Sem declaração

Brasil 2.714 2.295 15 110 6 293 13

Fonte: IBGE (2000) apud SAUTCHÚCK (2004)

Analisando as tabelas 2.5, 2.6 e 2.7, SAUTCHÚCK (2004) faz a seguintes observações:

“... dos distritos brasileiros, mais de 58% não apresentam seus efluentes coletados por sistemas apropriados, o que contribui para o comprometimento de nossos recursos hídricos, além de gerar contaminação de solos e problemas de veiculação hídrica. Por outro lado, o número de distritos adequadamente atendidos por um sistema de coleta de esgotos é de 42%. No entanto, destes, apenas 33% possuem

28

tratamento de efluentes, demonstrando o déficit existente na questão relacionada à infra-estrutura sanitária nacional. Estes números permitem uma melhor compreensão da perda significativa de qualidade de nossos corpos hídricos.”

Cabe salientar que a visão do Brasil como um país de abundância de recursos

hídricos gerou efeitos danosos, como uso inadequado do insumo e desperdício.

Além da falta de compreensão por toda a sociedade de que a água é um bem de

valor econômico e que deve ser preservada, assim como a falta de

estabelecimento de políticas de gestão de demanda e oferta de água. Nos

últimos 10 anos, esta visão começou a ser revista e ações de uso racional e

gestão de ofertas começaram a ser discutidas pela sociedade.

“A despeito do engajamento do Brasil na condição de signatário dos mais diversos acordos e programas internacionais e em que pese a grande disponibilidade hídrica bruta renovável existente no país, a intermitência no abastecimento de água é uma realidade nas grandes e médias áreas urbanas do país, em especial nas áreas peri-urbanas de baixa renda. A obtenção de água para o abastecimento público é uma tarefa cada vez mais cara e complexa do ponto de vista tecnológico, seja pela distância cada vez maior dos mananciais, seja em função da poluição hídrica e a degradação ambiental dos corpos de água. O uso predatório se associa à degradação de mananciais como causas da escassez tanto nas áreas com pequena disponibilidade hídrica natural (semi-árido nordestino) como também nas micro-regiões, aglomerações urbanas e regiões metropolitanas.” (MARCKA, 2004 apud GONÇALVES et al, 2006)

A análise dos principais problemas referentes à quantidade e à qualidade dos

recursos hídricos no Brasil revela uma situação diversificada e complexa, que

exige avanços institucionais e tecnológicos para recuperação e proteção, além de

novas visões para a gestão preditiva, integrada e adaptativa, isto é, o conjunto de

ações estratégicas de planejamento, participação de usuários e organização

institucional, além da implementação de tecnologias diferenciadas, avançadas

(ecotecnologias) e de baixo custo.

29

2.5 O Uso Urbano da Água

A água é utilizada em todos os segmentos da sociedade e está presente no uso

doméstico, comercial, industrial, público e agrícola. “No Brasil, em 2003, 56% da

água eram utilizados na agricultura (irrigação), 21% para fins urbanos, 12% para

a indústria, 6% no consumo rural e 6% para dessedentação de animais” (ANA,

2003 apud GONÇALVES et al, 2006).

A questão da água de uso urbano é crítica. Normalmente, o crescimento

populacional real suplanta o crescimento estimado considerado para ampliação

do sistema de água tratada, situação agravada pelo projeto e dimensionamento

das redes de distribuição de água que não comportam manter as vazões

projetadas pelo aumento das novas ligações, que acompanham o crescimento

das cidades.

De acordo com TOMAZ (2000) apud GONÇALVES et al, (2006), nas áreas

urbanas, o uso da água pode ser dividido em três categorias:

Consumo residencial: relativo a residências unifamiliares e edifícios

multifamiliares;

Consumo comercial: relativo a restaurantes, hospitais, serviços de saúde,

hotéis, lavanderias, auto-postos, lava-rápidos, clubes esportivos, bares,

lanchonetes e lojas;

Consumo público: relativo aos edifícios públicos, escolas, parques

infantis, prédios de unidade de saúde pública, cadeias públicas e todos os

edifícios municipais, estaduais e federais existentes.

“O consumo de água em áreas urbanas também pode ser classificado nos

seguintes segmentos: residencial, não residencial (comercial + industrial de

pequeno porte + público) e grandes consumidores.”. (SILVA, 2004, apud

GONÇALVES et al, 2006).

30

“Assim como o consumo residencial, o consumo não residencial apresenta variação proporcional à variação populacional, acompanhando a expansão urbana. Por outro lado, os grandes consumidores industriais apresentam consumo de água intrinsecamente atrelado ao processo industrial, o que não possui relação direta com o crescimento demográfico ou a expansão urbana”. (GONÇALVES et al, 2006)

O índice mais comum relativo ao uso da água em áreas urbanas é o “consumo

per capita”, expresso em litros por habitante por dia (l/hab/dia).

TSUTIYA(2005) apud GONÇALVES et al (2006) estima um consumo médio de

água nas residências de 200 l/hab/dia, com oscilações que podem ir de 50

l/hab/dia a 600 l/hab/dia. Estudos realizados pelo Ministério das Cidades, no

âmbito do Programa de Modernização do Setor de Saneamento, mostraram no

Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto de 2003 que o consumo per capita

médio no Brasil é de 141 l/hab/dia. Naquele estudo, a região Sudeste apresentou

um consumo per capita de 174 l/hab/dia, superior à média do país. Os valores de

consumo per capita médio das regiões Norte (111,7 l/hab/dia) e Nordeste (107,3

l/hab/dia) são muito inferiores, denotando que a melhoria do padrão de vida das

populações traz como conseqüência um aumento na demanda de água.

Em muitos países, incluindo o Brasil, a escassez de recursos hídricos não se

traduz em âmbito nacional, mas ocorre em certas regiões, em algumas épocas do

ano, em períodos prolongados de seca. Como tendência para os próximos anos,

com um aumento ainda maior do consumo da água devido à demanda do

crescimento populacional acentuado e desordenado, principalmente nos grandes

centros, a água disponível será insuficiente.

O Brasil apresenta 80% da população em áreas urbanas. Nos estados mais

desenvolvidos, esse número atinge cerca de 90%. As grandes concentrações

urbanas brasileiras apresentam condições críticas de sustentabilidade devido ao

excesso de cargas de poluição doméstica, industrial e a ocorrência de enchentes

urbanas, que contaminam mananciais, associadas a uma forte demanda de água.

De acordo com TUNDISI (2003) a ocupação do espaço de forma inadequada

acaba causando alterações no ciclo hidrológico gerando danos como, enchentes

31

urbanas, problemas na coleta e disposição de lixo urbano, o que resulta em

contaminações dos aqüíferos e águas superficiais, além de perdas na distribuição

Nos últimos 30 anos, a produção de esgoto aumentou excessivamente. TUNDISI

ainda afirma: “A ocupação desordenada e irregular de mananciais nas áreas

periurbanas é uma das principais causas da deterioração de recursos hídricos em

grandes metrópoles brasileiras, assim como em municípios de médio porte.”

Um dos principais desafios para o Brasil no século XXI será garantir o suprimento

adequado de água para as regiões metropolitanas e urbanas. Em muitas cidades

de pequeno e médio porte, o suprimento de água é adequado, mas o aumento no

custo de tratamento de água e esgoto exigirá grandes investimentos.

2.6 Regulamentação da Água

2.6.1 Internacional

Em muitas áreas, a água é regulamentada e distribuída pelos governos. Nos

Estados Unidos, a preocupação do uso e poluição das águas, fizeram com que o

governo instituísse , em 1972, o Ato das Águas Limpas – CLEAR WATER ACT –

estabelecendo a estrutura básica de regulamentação de descarga de poluentes

nos rios dos Estados Ungidos da América.

Outro ato instituído pelo governo dos EUA foi o FEDERAL ENERGY POLICY

ACT, em 1992 – EPact – criando pela primeira vez, em esfera nacional para

aquele país, normas padronizadas de eficiência do uso da água para bacias

sanitárias, mictórios, chuveiros e torneiras fabricados após janeiro de 1994. A

base de ação desse Ato foi calcada em três componentes: o estabelecimento de

padrões máximos do uso da água por equipamentos hidráulicos, requisitos de

marcação dos produtos e recomendações de programas de incentivo estaduais e

locais para substituição dos equipamentos.

32

Na Inglaterra, a partir de 1976, a conservação da água se tornou efetivamente

importante. Contudo, através de várias citações anteriores a esta época, já é

evidenciada a preocupação com a Conservação da Água nas leis Inglesas.

Vários países já criaram incentivos e/ou regulamentações visando programas de

conservação de água, como por exemplo, o Japão, onde foram alteradas as

regras da construção civil. Assim os condomínios, hotéis e hospitais passaram a

ser construídos com sistemas particulares de reaproveitamento de águas. A água

que sai pelo ralo do box, ou da banheira, segue por canos independentes até um

pequeno reservatório que abastece os vasos sanitários da edificação. Só então

vira esgoto que, em algumas cidades é tratado e reutilizado em processos

industriais.

2.6.2 Nacional

O Brasil, apesar de possuir água em abundância é, também, um dos países onde

há maior desperdício. Aqui o uso da água vai na direção contrária à dos países

desenvolvidos, que, desde a década de 70, vêm adotando programas de

conservação. Vários países tornaram obrigatória, por exemplo, a adoção de

equipamentos sanitários mais econômicos.

A Legislação Ambiental relacionada à qualidade das águas atua no âmbito

federal, estadual e municipal. Cada região do país possui seu arcabouço de leis

estaduais e municipais vigentes e diretrizes de usos específicos. A seguir são

apresentadas algumas leis, decretos e resoluções federais:

Decreto n.º 24.643, de 10 de julho de 1934 – Código das Águas.

Dispõe os usos da água para diversos fins.

Resolução CONAMA n.º 20, de 18 de junho de 1986

Cria a classificação das águas doces, salobras e salinas do território nacional

Resolução CONAMA n.º 01, de 23 de janeiro de 1986.

33

Dispõe sobre a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e respectivo

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) – Determina que tipo de atividade deve

possuir o EIA.

.

Lei n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de

Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e

altera o art. 1.º da Lei nº. 8.001 de 13 de março de 1990, que modificou a Lei. n.º

7.990, de 28 de dezembro de 1989 Institui, ainda, o Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos, disciplinando sua outorga, a cobrança por

seu uso (derivação e lançamento de efluentes), rateio de custos e institui

penalidades.

Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 – Lei de Crimes Ambientais.

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e

atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Lei n.º 9.984, de 17 de julho de 2000

Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas – ANA, entidade federal

de implementação da Política de Recursos Hídricos e de coordenação do

Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras

providências.

Portaria MS 518, de 2004

Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativas ao controle de

vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de

potabilidade.

34

3. CONSERVAÇÃO DA ÁGUA

3.1 Conceitos sobre Conservação da Água

De acordo com a doutrina de BAUMAN et al, citado por MONTENEGRO e

SILVA, (1987, a conservação da água é definida como “qualquer redução de uso

ou de perda de água que implique benefícios líquidos positivos”. Segundo os

autores, a referência a benefícios positivos contempla a preocupação com duas

situações. Em primeiro lugar, o benefício líquido positivo configura-se quando a

agregação de todos os ganhos de uma ação ou de um programa de redução do

uso da perda excede a agregação de todos os efeitos adversos (custos e

benefícios negativos) ocasionados por ela. Além disso, considera-se que a

conservação de água não pode ser enfocada de forma unilateral, a despeito dos

demais recursos. Se a conservação de um recurso implica dilapidação de outro,

não existe uma ação verdadeiramente conservacionista.

Outra definição de conservação da água é dada pela USEPA (Environmental

Protection Agency), de maneira simples e concisa, porém abrangente na sua

aplicação. Segundo essa agência, a conservação de água é entendida como

qualquer redução benéfica nas perdas deste recurso, desperdício ou uso

(USEPA, 1998).

Segundo TOMAZ, (2001) a conservação da água é um conjunto de atividades

com o objetivo de:

Reduzir a demanda de água;

Melhorar o uso da água e reduzir as perdas e desperdícios da mesma;

Implantar práticas agrícolas para economizar a água.

Resultando nos seguintes benefícios:

Economia de energia elétrica;

Redução de esgotos sanitários;

Proteção do meio ambiente nos reservatórios de água e nos mananciais

subterrâneos.

35

É importante considerar os conceitos de gestão de oferta e de demanda. Tais

conceitos tiveram papel central nas políticas de serviços públicos de saneamento

e corresponderam a significativas mudanças ocorridas nas décadas de 70 e 80.

A gestão da oferta foi praticada durante muito tempo pelos serviços públicos de

abastecimento de água e correspondeu ao crescimento generalizado das

companhias ou serviços públicos de saneamento e, eventualmente, dos seus

ganhos, dependendo da política adotada.

Um fator ambiental deu suporte a essa prática durante um largo período: a

disponibilidade de água, próxima e em quantidade suficiente para abastecer os

centros urbanos. Entretanto, em certo momento as situações da disponibilidade

hídrica começaram a se alterar. Mananciais tornaram-se impróprios, dada a

poluição, e outros mais adequados situavam-se a distâncias muito grandes.

Dessa forma, o investimento necessário ao crescimento da oferta tornou-se muito

maior, ficou mais caro ofertar água.

Nessas circunstâncias, ficaram aparentes as possibilidades e vantagens de

exercitar a gestão da demanda. Essa ótica explora as possibilidades de

ampliação do uso da quantidade de água já existente. Referem-se às tecnologias

adequadas à redução do consumo, das perdas e ao uso mais eficiente das

águas, às mudanças de comportamento dos usuários e do prestador de serviço.

O Documento Técnico de Apoio (DTA) A1 do Programa Nacional do Combate ao

Desperdício de Água (PNCDA) considera que a gestão da demanda residencial e

não residencial de água é “toda e qualquer medida voltada a reduzir o consumo

final dos usuários do sistema, sem prejuízo dos atributos de higiene e conforto

dos sistemas originais.” (SILVA et al, 1999). As mudanças de hábitos são

esperadas a partir das ações de educação ambiental e por meio dos estímulos

forçados pela política tarifária. No que se refere à adoção de aparelhos

poupadores, o mesmo DTA considera duas situações: a adoção auto-estimulada

e a externamente incentivada, por meio de subsídios à substituição.

36

A conservação da água na escala residencial pode representar economia

sensível de recursos financeiros, pela redução dos encargos devido à utilização

da água e à produção de esgoto sanitário, sem que haja degradação da

qualidade de vida. Do ponto de vista ambiental, a crescente conscientização da

sociedade de que os recursos hídricos são finitos aumenta as exigências pela

conservação.

3.2 Programas de Conservação da Água

As soluções que preservam a quantidade e a qualidade da água passam

necessariamente por uma revisão dos métodos e sistemas relacionados com o

uso da água pelas populações, tendo como meta a sua conservação. Segundo o

WUCB (1999), citado em GONÇALVES et al (2006), a conservação de água pode

ser definida como qualquer ação que:

Reduza a captação de água nos mananciais,

Reduza os usos consuntivos,

Reduza o desperdício ou as perdas de água,

Aumente a eficiência do uso da água,

Aumente a reciclagem ou o reuso,

Previna a poluição da água.

Consequentemente, os programas de conservação da água potável constituem-

se em importante ferramenta para assegurar a oferta de água potável, por evitar

o desperdício e racionalizar o uso.

Tais programas, de acordo com GONÇALVES et al (2006)

“(...)compreendem ações que resultam em economia de água, incidindo não somente sobre domicílios, as redes de distribuição e em outras partes do sistema de abastecimento, mas também sobre os mananciais, através da criação de áreas de preservação, do combate à poluição na origem e ao desmatamento. Na prática, busca-se a racionalização do uso através de técnicas e procedimentos que resultem na conservação do recurso, sem que haja comprometimento dos usos fundamentais que mantém a vida nas áreas urbanas. Objetivamente, a conservação de água atua de maneira sistêmica sobre a demanda e a oferta de água.”

37

Para OLIVEIRA (1999), citado por GONÇALVES et al (2006), o gerenciamento do

recurso “água” deve ser realizado nos seguintes níveis:

Nível macro: as ações de gerenciamento atingem a escala das bacias

hidrográficas.

Nível meso: refere-se aos sistemas urbanos de abastecimento de água e de

esgotamento sanitário.

Nível micro: relativo às edificações de uma maneira geral.

A conservação de água compreende o uso racional da mesma, que pressupõe o

uso eficiente, e o uso de fontes alternativas. A utilização de fontes alternativas é,

portanto, uma importante medida de racionalização, por evitar a utilização das

fontes convencionais de suprimento (mananciais subterrâneos ou superficiais).

Para a efetiva redução do consumo de água, são práticas particularmente

eficientes a eliminação ou a redução extrema de água potável como meio de

transporte para os dejetos humanos e, num segundo momento, sua substituição

por águas menos nobres provenientes, por exemplo, de componentes não

sanitários da edificação.

Soluções que preservam a quantidade e a qualidade da água passam

necessariamente por uma revisão do uso deste insumo nas residências, tendo

como meta a redução do consumo de água potável e, concomitantemente, da

produção de águas residuárias.

3.3 Programas de Conservação de Água no Brasil

O Brasil, apesar de grande disponibilidade bruta de recursos hídricos, possui

diversas regiões que se encontram atualmente sob stress hídrico. A escassez

nesses casos pode ser de origem quantitativa, decorrente de períodos de maior

escassez hídrica, ou de origem qualitativa, resultante, por exemplo, de

modificações da qualidade da água pela poluição. Programas voltados para o

incremento da eficiência no uso da água visam evidentemente à redução de

38

vazões captadas e da poluição, contribuindo para preservação da disponibilidade

e das reservas estratégicas de recursos.

Algumas das principais experiências brasileiras no sentido da conservação de

água são:

Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água – PNDCA

É o principal programa brasileiro voltado para a conservação de água potável.

Instituído em 1997, é coordenado pela Secretaria Especial de Desenvolvimento

Urbano da Presidência da República. Seu objetivo principal é promover o uso

racional da água de abastecimento público nas cidades brasileiras, como suporte

às ações de saúde pública, de saneamento ambiental e de eficiência dos

serviços.

Programa de Uso Racional da Água (PURA – SABESP)

Foi instituído em 1995 e vem sendo implementado pela SABESP em parceria

com o IPT. Tem como principal objetivo, através da política de incentivo ao uso

racional da água e conscientização da população, garantir o fornecimento de

água e a qualidade de vida.

Programa de conservação de água da UNICAMP (Pró-Água UNICAMP)

Instituído em 1999, é um projeto de melhorias da infra-estrutura de pesquisa,

financiado pela FAPESP. O objetivo desse programa foi o aumento da eficiência

do uso da água nos edifícios da Cidade Universitária Professor Zeferino Vaz.

Programa de Uso Racional de Água da UFBA (ÁGUA PURA UFBA)

Este programa, implementado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) tem

como principais objetivos:

1 - redução do consumo de água na UFBA, através da minimização das perdas e

desperdícios;

2 - difundir em toda a comunidade UFBA conceitos do uso racional da água;

3 - implantação de tecnologias limpas.

39

PROAGUA/ Semi-árido

Esse programa, adotado pela Agência Nacional de Águas (ANA), incentiva a

captação de água de chuva no semi-árido brasileiro, objetivando o

desenvolvimento sustentável da região através da ampliação da oferta de água

de qualidade e da promoção de seu uso racional.

PROSAB (Programa de Pesquisa em Saneamento Básico )

Foi implementado em 1996, pela FINEP, CNP e Caixa Econômica Federal.

Constitui-se no principal programa brasileiro de pesquisa e desenvolvimento de

tecnologia que tem como objetivo o desenvolvimento de soluções para os

problemas das populações menos favorecidas.

3.4 Conservação de Água no Meio Urbano

A introdução da temática conservacionista da água no meio urbano no Brasil deu-

se no início da década de 80. Os conceitos de gestão de oferta e de demanda

tiveram papel central nas políticas de serviços públicos de saneamento e

corresponderam a significativas mudanças ocorridas nas décadas de 70 e 80.

SILVA citado por GONÇALVES et al (2006) considera que a gestão da demanda

residencial e não residencial de água é “toda e qualquer medida voltada a reduzir

o consumo final dos usuários do sistema, sem prejuízo dos atributos de higiene e

conforto dos sistemas originais”.

Sobre os conceitos de gestão de oferta e de demanda é importante ressaltar que

esses conceitos tiveram papel preponderante nas políticas de serviços públicos

de saneamento e corresponderam a importantes mudanças ocorridas nas

décadas de 70 e 80.

A conceituação sobre a gestão da oferta e da demanda levou GONÇALVES

(2003) à formulação de uma terminologia sobre esses conceitos:

Conservação da Água tem enfoque na demanda e na oferta, “Otimização da

demanda somada ao uso de ofertas alternativas de água, empregando água

40

„menos nobre‟ para fins „menos nobres‟”, ou seja, oferta de fontes alternativas,

como aproveitamento de água de poços, de águas pluviais e o reúso de águas.

Uso Racional da Água, tem enfoque na demanda, “Otimização em busca do

menor consumo de água possível mantidas, em qualidade e quantidade, as

atividades consumidoras” incluindo redução de perdas, sistemas e equipamentos

economizadores e otimização dos sistemas hidráulicos.

Diante dessa questão, os programas de economia de água de uso urbano,

incluídos os programas específicos em edificações, destacam-se como

alternativas necessárias para o uso adequado desse recurso natural,

disponibilizando o excedente e gerando benefícios sociais.

As atividades desenvolvidas nas cidades devem passar por adaptações para se

adequarem à utilização racional da água (figura 3.1), os efeitos da urbanização no

ciclo da água. Tecnologias inovadoras de aperfeiçoamento de aparelhos e peças

de utilização econômica devem ser estimuladas para que se possa aproveitar de

forma plena e racional a água nas cidades.

Figura 3.1: Efeitos da urbanização no ciclo da água

Fonte: Revista Téchne, edição 114 – setembro/2006

41

A partir da contextualização de Programas de Uso Racional da Água na

crescente escassez deste recurso, com qualidade, nos grandes centros urbanos,

conclui-se que eles atendem à demanda de ações no nível dos sistemas prediais,

inserindo-se na mudança de paradigma da exclusiva gestão da oferta para a

gestão também da demanda de água.

42

4. USO RACIONAL DA ÁGUA

4.1 Consumo da Água

É notório o aumento do consumo individual de água, sobretudo nos grandes

centros urbanos, onde já se enfrentam problemas de escassez e de ordem

econômica, em função das maiores distâncias de mananciais e da necessidade

de tratamentos mais intensos causados pela poluição da água. Isto implica a

necessidade de ampliação de sistemas de produção de água e de disposição

final de esgoto sanitário.

Para as empresas concessionárias dos serviços de abastecimento de água e de

esgotamento sanitário, um melhor aproveitamento das infra-estruturas existentes

e, consequentemente, sensíveis economias, poderão ser atingidos através da

racionalização do uso da água. Considerando-se o desenvolvimento urbano,

investimentos em obras poderão ser evitados ou postergados ao se evitar, nos

casos possíveis, a necessidade de ampliação dos sistemas de abastecimento de

água e esgotamento sanitários.

O uso racional da água vem sendo implementado nos centros urbanos como

forma de evitar o desperdício e atenuar os problemas relacionados às limitações

das fontes de abastecimento deste insumo.

Para a redução do desperdício de água em edifícios podem-se adotar as

seguintes medidas:

ações econômicas – incentivos e desincentivos econômicos. Os primeiros

podem ser oferecidos por meio de subsídios para a aquisição de sistemas e

componentes economizadores de água e de redução de tarifas. Já os

desincentivos podem ser consistir na elevação das tarifas de água;

ações sociais – campanhas educativas e de conscientização dos usuários,

visando à edução de consumo por meio da adequação de procedimentos

relativos ao uso da água e da mudança de comportamento individual;

43

ações tecnológicas – substituição de sistemas e componentes convencionais

por economizadores de água, implantação de sistemas de medição setorizada do

consumo de água, detecção e correção de vazamentos, reaproveitamento de

água e de reciclagem de água servida.

O entendimento do conceito de desenvolvimento sustentável torna o momento

propício para o surgimento de novas tecnologias para redução do consumo de

água. O desenvolvimento destas tecnologias, aliado à adequação das atividades

consumidoras, à conscientização dos usuários e ao pleno domínio e gestão dos

sistemas hidráulicos, contribuem sobremaneira para a diminuição das perdas e

do desperdício, implicando significativa redução dos índices de consumo de água.

Em se tratando do consumo de água em edificações, os ambientes sanitários têm

participação efetiva.

Das ações tecnológicas, as mais acessíveis aos usuários são a substituição de

componentes convencionais por economizadores de água e o controle de

desperdícios. No que diz respeito a componentes, em sua grande maioria, a

redução do consumo é alcançada independentemente da ação do usuário. Além

disso, em geral, proporcionam ambientes sanitários mais limpos quando o

acionamento de descargas é automático, além de evitar perdas de água

decorrentes do mau fechamento de componentes convencionais.

Com relação ao controle de desperdícios, ação de fundamental importância para

a estabilização dos valores mínimos de consumo alcançados pelos componentes

economizadores e convencionais, podem-se utilizar vários equipamentos com

tecnologia de ponta para facilitar a execução dessa tarefa. Assim, neste trabalho

são enfatizadas as ações tecnológicas, exceto as ações relacionadas a

reaproveitamento e reciclagem de água, que merecem metodologias específicas.

4.2 A importância dos Aparelhos Sanitários no Consumo de Água

Denomina-se genericamente “aparelhos sanitários”, o conjunto de peças e

equipamentos, utilizados em ambientes onde normalmente se usa água:

44

banheiros, cozinhas, áreas de serviço, áreas verdes, garagens, em edifícios de

usos diversos, residências, escritórios, comércios, serviços públicos, indústrias,

O objetivo da substituição dos componentes convencionais por economizadores

de água é reduzir o consumo independentemente da ação do usuário ou da sua

disposição em mudar de comportamento. Deve ser implementada quando o

sistema estiver totalmente estável, ou seja, sem nenhuma perda de água por

vazamento.

A redução do consumo de água no uso doméstico teve forte impulso a partir da

década de 80 e se firmou no presente momento. Atualmente, continuam os

estudos relativos ao funcionamento dos aparelhos sanitários e do comportamento

do usuário.

No Brasil, o estudo de demanda e utilização de água teve início em 1995, com

um acordo entre o IPT e a SABESP. Dados mostram que uma pessoa no Brasil

gasta cerca de 200l de água por dia em chuveiros, bacias sanitárias, lavatórios,

pias e tanques. Empresas do Brasil vêm produzindo há algum tempo dispositivos

economizadores. Torneiras hidromecânicas, restritores de vazão, válvulas de

acionamento automático nasceram da necessidade mundial de economizar água.

Paralelamente ao desenvolvimento de estudos e consolidação tecnológica,

observa-se um forte impulso de ações conservacionistas no uso doméstico,

especialmente no caso de edifícios de uso público (shopping centers, aeroportos,

estações rodoviárias, edifícios públicos), bem como edifícios de moradia de alto

padrão que incorporam programas de conservação de espectro.amplo.

Na pesquisa sobre o consumo de água em aparelhos sanitários, trabalhos que

visam estabelecer o perfil do consumo doméstico são de fundamental

importância. Tratam-se de estudos que buscam determinar a quantidade de água

usada em cada aparelho sanitário e sua relação com o volume total consumido

na residência. Estudos dessa natureza, realizados na década de 70 e 80, tiveram

papel determinante no desenvolvimento de aparelhos sanitários economizadores.

45

De acordo com GONÇALVES et al (2006)

“(...) ou Estudos realizados na Grã-Bretanha e nos EUA mostraram que o consumo de água nas habitações daqueles países tinha uma participação acentuada do uso das bacias sanitárias. As necessidades colocadas pela escassez e alto custo da água levaram ao desenvolvimento de aparelhos economizadores. Dada a alta incidência da bacia no consumo residencial, estabeleceu-se um amplo programa de desenvolvimento de alternativas para redução do consumo nesses aparelhos”.

Esse processo, iniciado em meados da década de 80, culminou com a adoção,

em âmbito internacional, da bacia de baixo volume de descarga. “Essa bacia

opera com volume aproximadamente de 6 l por descarga em contraposição aos

12 l, 15 l ou 20 l a 25 l observados em alguns países na década de 70 e 80.”

O mesmo autor completa:

“(...)por conta da incidência relativamente alta no consumo doméstico observado na Grã-Bretanha e nos EUA, a bacia tornou-se um dos principais exemplos de aparelhos sanitários para os quais se buscam soluções de racionalização do consumo trabalhando-se sobre a redução do volume de água descarregada em cada operação de uso.”

No Brasil, com participação intensa do IPT, os estudos e desenvolvimentos

acompanharam a evolução das bacias sanitárias. Em meados da década de 80, o

IPT e um grupo de fabricantes de louças sanitárias desenvolveram bacias cuja

descarga variava entre 4 l e 5 l de água. Hoje a normatização brasileira

contempla apenas a bacia de baixo volume de descarga, operando com 6,8l.

De acordo com GONÇALVES et al (20O6),

“a quantidade de água potável consumida em aparelhos sanitários é função de um grande número de variáveis que, num largo panorama, vão do local e da época do ano em que se dá o uso, passam pelo tipo de instalação predial e tecnologias envolvidas e chegam ao campo da cultura humana e correspondentes hábitos.”

Através do PURA, a SABESP e fabricantes de equipamentos hidráulicos, tem

buscado produtos que gastem menos água sem deixar a desejar no conforto e

saúde de seus usuários.

46

Tabela 4.1: Comparação entre produtos convencionais e produtos economizadores de água

Equipamento

Convencional Consumo

Equipamento

Economizador Consumo Economia

Bacia com caixa acoplada 12 litros/descarga Bacia VDR 6 l/descarga 50%

Bacia com válvula bem regulada

10 litros/descarga Bacia VDR 6 l/descarga 40%

Ducha (água quente/fria) - até 6 mca

0,19 litros/seg Restritor de vazão

8 l/min 0,13 l/seg 32%

Ducha (água quente/fria) - 15 a 20 mca

0,34 litros/seg Restritor de vazão

8 l/min 0,13 l/seg 62%

Ducha (água quente/fria) - 15 a 20 mca

0,34 litros/seg Restritor de vazão

12 l/min 0,20 l/seg 41%

Torneira de pia até 6 mca

0,23 litros/seg Arejador vazão

cte 6 l/min 0,10 l/seg 57%

Torneira de pia - 15 a 20 mca

0,42 litros/seg Arejador vazão

cte 6l/min) 0,10 l/seg 76%

Torneira uso geral/tanque até 6 mca

0,26 litros/seg Regulador de

vazão 0,13 l/seg 50%

Torneira uso geral/tanque 15 a 20 mca

0,42 litros/seg Regulador de

vazão 0,21 l/seg 50%

Torneira uso geral/tanque até 6 mca

0,26 litros/seg Restritor de vazão 0,10 l/seg 62%

Torneira uso geral/tanque 15 a 20 mca

0,42 litros/seg Restritor de vazão 0,10 l/seg 76%

Torneira de jardim 40 a 50 mca

0,66 litros/seg Regulador de

vazão 0,33 l/seg 50%

Mictório 2 litros/uso Válvula autom. 1 l/seg 50% - Torneira de Pia - abertura 1 volta

- Ducha - abertura total

- O regulador de vazão permite o usuário regular de acordo com sua necessidade

Fonte: Relatório Mensal 3 Projeto de Pesquisa Escola Politécnica / USPxSABESP - Junho/96 e informações técnicas da ASFAMAS.

Os equipamentos economizadores de água trazem grande vantagem para a

redução do consumo de água, mas o valor percentual de economia pode variar

em função da pressão do ramal de alimentação, do número de usos (freqüência),

tempo de acionamento e hábitos dos usuários. Desta forma, os valores

apresentados na tabela abaixo são dados pontuais que quando aplicados a

alguma edificação podem apresentar variações.

47

Tem influência no consumo dos aparelhos sanitários, tanto a tecnologia do

equipamento, ou suas características próprias de construção e funcionamento,

como a vazão de água de determinado aparelho, e ainda o comportamento

decorrente dos hábitos pessoais associados a um certo usuário.

Para a aquisição de equipamentos economizadores de água ou de baixo

consumo a serem utilizados, é importante observar o seguinte:

Os produtos ofertados devem obedecer às especificações técnicas;

Todos os produtos devem ter garantia mínima de 05 anos contra defeitos

de fabricação de qualquer peça fora dos padrões exigidos nas

especificações técnicas e garantia sua reposição imediata.

As especificações técnicas dos componentes economizadores de água devem

ser realizadas considerando-se as seguintes questões: pressão hidráulica

disponível nos pontos de utilização; conforto do usuário; higiene; atividade do

usuário; risco de contaminação; facilidade de manutenção; facilidade de

instalação, considerando-se a adequação do sistema; avaliação técnico-

econômica e, no caso de prédios públicos, meio cultural de quem o utiliza e ações

vandalismo.

Figura 4.1: Gráfico - Pontos de consumo de água. Fonte: Estudo IPT/USP, 2002

No Brasil, o estudo de demanda de utilização da água dentro das residências é

recente, é de 1.995, em um estudo de parceria do IPT (USP) com a SABESP.

“Por conta da incidência relativamente alta no consumo doméstico observado na Grã-Bretanha e nos EUA, a bacia tornou-se um dos principais exemplos de aparelhos sanitários para os quais se buscam soluções de racionalização do consumo trabalhando-se sobre a redução do volume de água descarregada em cada operação de uso.” (GONÇALVES et al, 2006)

48

Tanto nas edificações públicas quanto nas comerciais a utilização da bacia

sanitária é mais significativa, acima de 60% do consumo total.

4.3 Aparelhos Sanitários Economizadores

A utilização deste equipamento é feita juntamente com um aparelho de descarga,

instalado à montante para fornecer determinada quantidade de água, necessária

e suficiente, para efetuar a limpeza da superfície da bacia, removendo dejetos

líquidos e sólidos do poço e transportá-los a uma distância adequada.

Os aparelhos sanitários comumente utilizados em edificações públicas são: bacia

sanitária, lavatório, ducha higiênica, mictório, pia, tanque, torneira de jardim e

outras torneiras em garagens, pátios e similares.

4.3.1 Sistema de Descarga

Os sistemas de descarga são compostos basicamente pela bacia sanitária e pelo

aparelho de descarga que é utilizado para liberação da água, podendo ser uma

válvula de descarga, caixa acoplada ou caixa suspensa. Também fazem parte do

sistema o ramal de esgoto e sua ventilação, onde todos estes componentes

devem funcionar harmoniosamente para o seu perfeito funcionamento

Bacias sanitárias e válvulas de descarga são por excelência os focos de projetos

de racionalização de consumo. As bacias sanitárias são responsáveis por cerca

de 30% do consumo em residências. Em edifícios comerciais e públicos, esse

índice chega a mais de 60%, em alguns casos. O dispositivo de descarga deve

liberar a quantidade de água necessária para que a bacia sanitária faça o arraste

dos dejetos pela tubulação. As bacias convencionais faziam o arraste com, no

mínimo, 9l. Outras chegavam a consumir 12 l de água.

Um convênio firmado entre as empresas fabricantes do setor e o PBQP

(Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade) determinou que todas as

49

bacias sanitárias produzidas no Brasil apresentem um volume nominal de 6 l.

“Esse valor deve ter uma tolerância para cima ou para baixo”, afirma

GONÇALVES et al (1999).

Este mesmo autor explica que o arraste depende da sifonagem da bacia

sanitária. Se a válvula de descarga solta 6l de água por acionamento e a bacia só

promove o arraste com 6,5 l, o usuário terá que acionar uma segunda vez a

válvula. “O que era para economizar acaba gerando desperdício.”

4.3.1.1 Bacias Sanitárias

As bacias fabricadas no Brasil devem ter suas dimensões em conformidade com

os valores limites estabelecidos pela norma NBR 15099/2004, que padroniza as

dimensões relativas ao corpo da bacia (e da caixa acoplada, quando pertinente),

entrada de água (para as bacias independentes), fixação da bacia e do assento.

Para que haja um perfeito funcionamento do sistema de descarga, a bacia

sanitária deve ser desenvolvida para:

Haver remoção dos dejetos líquidos e sólidos na bacia;

Oferecer a limpeza da superfície interna da bacia;

Transportar os dejetos até o sistema de coleta principal;

Tipos

As bacias sanitárias disponíveis são de três tipos: acoplada, integrada e

convencional. A bacia convencional, tipo mais utilizado no Brasil, é

comercializada sem o aparelho de descarga, que pode ser qualquer caixa ou

válvula de descarga também comercializada de forma independente.

As bacias sanitárias integradas e acopladas são do tipo em que a caixa de

descarga é fornecida junto com a bacia. A integrada é um tipo de bacia que forma

com a caixa de descarga uma peça monolítica. Na acoplada, a bacia e a caixa

50

são peças diferentes e, na instalação, a saída da caixa fica posicionada sobre a

entrada da bacia.

Classificação

As bacias sanitárias são classificadas em:

a) convencional: volume médio de descarga entre 9 e 12 litros;

b) baixo consumo: volume médio de descarga entre 6 e 9 litros;

(c ) volume de descarga reduzido: volume médio de descarga inferior a 6,0 litros

Bacia sanitária de ação sifônica

Neste tipo de bacia, a água da descarga é introduzida no interior do poço através

de um colar de distribuição situado na parte superior do vaso. Orientado pela

inclinação das paredes da bacia, o fluxo de água converge para o fundo do poço.

A energia hidrodinâmica resultante do volume e vazão da descarga põe em

movimento a massa constituída por líquidos e sólidos, depositada no interior da

bacia, transferindo-a para o sifão situado no interior da bacia. Processa-se então

o fenômeno da sifonagem, segundo o qual o restante do conteúdo do poço da

bacia é sugado para baixo para o interior da tubulação de esgoto situada abaixo

do piso, conforme observado abaixo:

Figura 4.2: bacia de ação sifônica Fonte: www.deca.com.br

51

Bacia sanitária de arraste

É o tipo de bacia utilizada em banheiros racionais, nos quais a tubulação de

esgoto é instalada no interior das paredes acima do nível do piso. O sistema de

funcionamento por arraste pode direcionar o fluxo tanto no sentido horizontal

como para baixo e podem ser apoiadas no chão ou suspensas, isto é, fixadas na

parede do banheiro.

Figura 4.3: bacias sanitárias de arraste Fonte: www.deca.com.br

4.3.1.2 Aparelho hidráulico de descarga

Através do acionamento do aparelho de descarga é que será realizada a remoção

e o transporte dos dejetos líquidos e sólidos da bacia sanitária podendo

apresentar-se em três versões: válvula de descarga, caixa acoplada e caixa

suspensa.

Válvula de descarga

A válvula de descarga proporciona vazão de água instantânea para a limpeza da

bacia sanitária e sua instalação ocupa menos espaço interno, uma vez que a

bacia chega a ser 10 a 15cm menor do que uma bacia com caixa acoplada. Por

isso, muitas vezes, ela acaba sendo a solução para pequenos espaços.

O seu tempo de uso é determinado pelo período em que o usuário aciona a

válvula, sendo bastante utilizada em ambientes públicos devido a sua

inviolabilidade e maior vida útil de seus componentes. Este tipo de sistema é o

grande responsável pelo desperdício de água dentre os modelos de aparelho de

52

descarga apresentados, pois em poucos segundos de acionamento libera grande

quantidade de água.

Uma das mais utilizadas é a válvula de controle de fluxo, a chamada “válvula

hidra”. Proibida nos Estados Unidos e Europa há 30 anos, esse sistema

possibilita uma vazão de 1,9 litros de água por segundo. Enquanto o usuário

estiver acionando a válvula, a água sai sem nenhum controle, o que provoca

desperdício.

Por enquanto, não existe nenhuma lei no Brasil que regule o uso da válvula hidra,

mas a ABNT criou normas que regulam a fabricação de sistemas de descarga de

volume definido para permitir vazão de 6 litros por uso.

Em geral, o aparelho sanitário traz, à vista, inscrição indicando a capacidade de

uso. Assim, independentemente do tempo pelo qual a válvula for apertada, a

descarga liberará apenas o volume exato de seis litros. Para que seja liberado um

novo fluxo, o botão deve ser acionado novamente. Este tipo de funcionamento

caracteriza o ciclo fixo no qual, para garantir um volume fixo de água por

descarga, é necessária a regulagem da vazão da válvula, através do registro

acoplado na mesma.

Estas válvulas, geralmente, apresentam acabamento externo metálico, cromado e

em aço inoxidável, o que as tornam mais resistentes. Ademais, não podem ser

desmontadas por pessoas não habilitadas, eis que são necessárias ferramentas

apropriadas para tanto.

Há no mercado modelos em que o fluxo de água só é liberado após o término do

acionamento do usuário, ou seja, após o mesmo retirar a mão do equipamento,

momento em que ocorre o retorno do êmbolo.

53

Caixa acoplada

Muito utilizada e de fácil manutenção e regulagem. Possui sistema de

funcionamento hidráulico através de membrana que garante boa exatidão do

volume da descarga.

Estes tipos de aparelhos devem ser bem regulados com vistas a evitar

vazamentos de água que, dependendo da magnitude, podem ser considerados

invisíveis para o usuário. Todavia, se não houver reparo, ao longo do tempo o

volume de água consumido atingirá valores significativos. Os vazamentos em

bacias sanitárias ocorrem por meio do escoamento de água pelos furos do colar,

principais pontos de entrada de água para todos os modelos de bacia sanitária.

Podemos identificar tais vazamentos através da realização de teste da cinza de

cigarro, teste do corante, dentre outros.

O teste da cinza de cigarro é muito simples e pode ser realizado nas bacias com

caixa de descarga e nas bacias com válvula de descarga. Consiste em jogar

cinza de cigarro no vaso sanitário, se não houver vazamento, a cinza ficará

depositada no fundo do vaso; caso contrário, é sinal de que há vazamento.

O teste do corante pode ser realizado tanto em bacias sanitárias com caixa de

descarga como em bacias sanitárias com válvula de descarga. O corante pode

ser em solução, em pó ou em tablete. A solução azul de metileno é bastante

utilizada em laboratório, mas para uso doméstico deve ser substituída por café

solúvel, refresco em pó ou xarope de cor forte como, por exemplo, o de groselha

ou de uva, uma vez que a solução azul de metileno causa muitas manchas na

louça sanitária. O teste é feito da seguinte forma:

Preparação da solução corante em um copo de água dissolvendo bem;

Adição da solução na bacia sanitária até a cor da água ficar bem escura;

Retirada, com o auxílio de um copo incolor, de uma amostra-padrão;

Espera-se pelo menos trinta minutos. Compara-se a cor da água da bacia

com a cor da amostra-padrão. Caso a água da bacia esteja mais clara, há

vazamento.

54

4.3.2 Torneiras

As torneiras são usadas nos mais diversos pontos de uma edificação: lavatórios

(banheiros), pias (cozinhas), tanques (área de serviço), nos jardins e garagens.

As torneiras proporcionam as mais diversas utilizações da água, desde a ingestão

humana até a lavagem de pisos.

O consumo de água na torneira é proporcional à sua vazão de escoamento e ao

tempo de utilização pelo usuário. De acordo com GONÇALVES et al (2006):

“a diversidade de usos da água obtida em torneiras torna difícil buscar soluções de redução do consumo nesses equipamentos, em especial através da alteração do projeto das torneiras, como o caso das bacias sanitárias. Mesmo com essa dificuldade intrínseca, é possível dotar as torneiras de arejadores.”

Tendo em vista que, por meio da tecnologia, a redução do consumo de água nas

torneiras é pequeno, a alternativa para economia, neste caso, é de caráter

comportamental.

4.3.3 Mictórios

Os mictórios podem ser individuais, fabricados em louça sanitária, ou coletivos,

em chapa de aço ou alvenaria revestida com azulejos ou pintura especial. De um

modo geral, os equipamentos de controle do suprimento de água para limpeza

dos mictórios são:

registro de pressão, instalado na tubulação de alimentação da água, para

controlar a limpeza de um único ou um grupo de mictórios;

válvula de descarga geral, instalada para alimentar um ou vários mictórios;

válvula de descarga específica para ser usada em um único mictório e de

acionamento foto elétrico;

caixa de descarga de acionamento periódico e automático para um ou

mais mictórios.

55

Há, ainda, os mictórios que não usam água na sua lavagem, sendo conectados à

instalação predial de esgoto sanitário para coleta de urina. Sua utilização está

em franca expansão na Europa e América do Norte, tendo grande utilização em

escolas, bancos, restaurantes, etc.

“Neste equipamento, a urina passa por ação da gravidade através de um dispositivo dotado de selo líquido, composto por uma substância oleosa que funciona como barreira. A urina, sendo mais pesada do que o óleo, flui através de selo oleoso e escoa pelo dreno. O óleo geralmente é odorante, e quase que totalmente biodegradável”. (GONÇALVES et al 2006)

Segundo o mesmo autor, sua manutenção é realizada da mesma maneira que

em um mictório convencional. Pelo fato de que ocorre depósito de sedimento no

fundo do dispositivo com selo oleoso, sua limpeza se faz necessária com

freqüência de 5000 a 7000 visitas, de acordo com fabricantes de selo oleoso.

Alguns fabricantes fornecem produtos bactericidas para aspersão diária no

mictório, com o objetivo de se evitar mau cheiro.

Outros equipamentos que têm utilização nas edificações públicas são as duchas

higiênicas. Os dispositivos economizadores para esses equipamentos são os

aeradores, similares aos de torneira.

4.4 Especificação de Equipamentos Hidráulicos

Deve-se considerar que os equipamentos economizadores são os mais

adequados para o uso público ou coletivo. Dessa forma, em instalações

existentes recomenda-se a substituição de equipamentos convencionais e em

novas edificações o projeto já deve prever exclusivamente aqueles mais

apropriados para o uso racional da água.

A seguir, nas tabelas 4.2 a 4.10, apresenta-se uma relação resumida dos

equipamentos sanitários com dispositivos economizadores mais utilizados em

edificações públicas. A fonte dos mencionados quadros é o trabalho

“Conservação e Reúso da Água em Edificações”, realizado por: FIESP, SESI,

SENAI, IRS, SINDUSCON, ANA e Ministério do Meio Ambiente ( junho/2005).

56

Tabela 4.2: Arejadores

Tipo Características Principais

Arejadores

Dispositivo regulador e abrandador do fluxo de saída de água usualmente montado na extremidade de torneira e bicas em geral, destinado a promover o direcionamento do fluxo de água, evitando dispersões laterais e amortecendo o impacto do jato de água contra as partes que estão sendo lavadas. É também um componente que propicia a redução de consumo de água sem comprometimento das operações de lavagem em geral, desde o uso doméstico até cozinhas industriais. Os arejadores funcionam pelo princípio de Venturi incorporando considerável quantidade de ar ao fluxo de água e reduzindo a vazão e o volume de água utilizado. É indicado para instalação nas torneiras convencionais. O arejador de vazão constante além das características de um arejador convencional possui um dispositivo que limita a vazão de torneiras em 6 l/min, reduzindo o consumo em torno de 30% quando comparado com os convencionais, além de aumentar o conforto do usuário.

Fonte: Conservação e Reuso da Água em Edificações – ANA et al – junho de 2005

Tabela 4.3: Torneiras Economizadoras

Tipo Características Principais

Hidromecânica

O controle de vazão é obtido pela regulagem de um registro regulador de vazão, ou seja, os usuários não interferem na vazão, que é convenientemente regulada em função da pressão existente no ponto. A temporização do ciclo de funcionamento também resulta na redução do consumo de água. Este tempo não deve ser muito curto, para evitar que o usuário tenha que acioná-lo várias vezes em uma única operação de lavagem, além de causar desconforto.

Sensor

(eletrônica

convencional)

O comando e ciclo de funcionamento destes equipamentos se dá pela ação de um sensor de presença. O sensor capta a presença das mãos do usuário, quando este as aproxima da torneira, liberando assim o fluxo d’água. A alimentação elétrica do sistema pode-se dar pelo uso de baterias alcalinas ou pela rede de distribuição elétrica local. A presença do sensor no corpo da torneira é uma solução adequada quanto ao vandalismo.

Eletrônicas embutidas (parede)

Possuem o mesmo princípio de funcionamento das torneiras eletrônicas convencionais (de sensor), porém por ficarem embutidas na parede possuem grande resistência a vandalismo e podem ser utilizadas em lavatório tipo coletivo, tornando-se o produto ideal para locais como estádios de futebol, escolas, centros cirúrgicos.

Funcionamento por

válvula de pé

Este sistema é caracterizado pela presença de um dispositivo de acionamento instalado no piso, de frente à torneira propriamente dita. Este sistema é adequado a ambientes onde não se deseja o contato direto das mãos nos componentes da torneira, como em determinadas áreas de hospitais, cozinhas e laboratórios, devendo ser instalado apenas onde se espera que os usuários o usem de forma consciente e correta.

57

Funcionamento por

pedal

Este sistema é caracterizado pela existência de um pedal em forma de alavanca. O pedal libera o fluxo de água até a torneira. Este sistema é geralmente utilizado quando as tubulações são aparentes. O corpo da válvula onde a alavanca é instalada pode ser fixado na parede ou no piso, de forma aparente. O fluxo de água ocorre durante o tempo em que é feito o acionamento

Fonte: Conservação e Reuso da Água em Edificações – ANA et al – junho de 2005

Tabela 4.4: Redutores de Pressão

Tipo Características Principais

Válvula redutora

depressão

Caso uma determinada área da edificação apresente uma pressão elevada, pode ser mais conveniente a instalação de uma válvula redutora de pressão na tubulação de entrada de água da área. Estes dispositivos mantêm a vazão constante numa faixa de pressão, em geral, de 100 a 400KPa (10 a 40 mca)

Fonte: Conservação e Reuso da Água em Edificações – ANA et al – junho de 2005

Tabela 4.5: Bacias Sanitárias Economizadoras

Tipo Características Principais

Com válvula de

descarga de ciclo seletivo

As bacias sanitárias para instalação com válvulas que hoje são encontradas no mercado caracterizam-se por necessitar de apenas 6 litros para propiciar a limpeza completa.

Com caixa acoplada

Funcionamento com 6 litros, podendo ser sifônico ou de arraste.

Fonte: Conservação e Reuso da Água em Edificações – ANA et al – junho de 2005

58

Tabela 4.6: Válvulas de Descarga Economizadoras

Tipo Características principais

Válvula de

descarga de ciclo seletivo

A válvula de descarga de ciclo de funcionamento seletivo, a mais comum em instalações sanitárias, caracteriza-se por proporcionar ao usuário a possibilidade de descargas de 2 a 7 litros conforme o material existente na bacia sanitária. No caso de material líquido ou pequenos dejetos (90% do uso), o volume de água necessário para limpeza da bacia situa-se entre 3 e 4 litros, o que pode representar considerável economia com relação a sistemas com volume de descarga fixo. Para maior eficiência essas válvulas possuem um registro integrado que convenientemente regulado propicia a vazão ideal para o completo sifonamento da bacia,

Válvula de

descarga de ciclo fixo

O acionamento se dá por um dispositivo, presente no corpo da válvula, em forma de alavanca. O usuário aciona esta alavanca, resultando na descarga. Por mais que o usuário permaneça acionando, somente o volume previamente regulado para a descarga será liberado. Para liberação de novo volume de água, a alavanca deverá ser acionada novamente.

Válvula de

descarga de duplo acionamento

Existem dispositivos conhecidos como “duo-flush” que possibilitam dois tipos de acionamento da válvula de descarga. A válvula contém dois botões: um deles, quando acionado, resulta em uma descarga completa para o arraste de efluente com sólidos. O outro botão, resulta em uma meia descarga, geralmente de 3 litros, para limpeza apenas de efluente líquido na bacia sanitária.

Válvula de

descarga por sensor

Outro tipo de válvula é com acionamento por sensor de presença. A alimentação elétrica deste sistema pode ser feita com o uso de baterias alcalinas ou por rede elétrica, 127/220 v. O usuário deve permanecer por um período de tempo mínimo no raio de alcance do sensor, normalmente 5 segundos, para que o sistema se arme e após a saída do usuário do alcance é efetuada a descarga pela válvula solenóide. O volume por descarga pode ser regulado para 6 litros de água.

Fonte: Conservação e Reuso da Água em Edificações – ANA et al – junho de 2005

Tabela 4.7: Redutores de Vazão

Tipo Características Principais

Registro regulador

de vazão para lavatórios

Além dos registros reguladores de vazão para chuveiros, estão também disponíveis no mercado os registros reguladores de vazão para lavatórios, que podem ser aplicados, tanto para torneiras como para misturadores. Esses registros possibilitam reduções muito significativas quando regulados adequadamente e instalados com as torneiras de fechamento automático de funcionamento hidromecânico.

Fonte: Conservação e Reuso da Água em Edificações – ANA et al – junho de 2005

59

Tabela 4.8: Mictórios Convencionais

Tipo Características Principais

Individual

Os mictórios individuais são aqueles utilizados por um único usuário por vez. Estes mictórios são, caracteristicamente, fabricados industrialmente em série, em geral em louça cerâmica. A maioria dos mictórios comercializados hoje no Brasil são deste tipo. Têm a vantagem de propiciar mais economia e higiene que o coletivo, pois o acionamento do aparelho é individual. Existem também mictórios individuais com entrada de água posterior eliminando a existência do flexível utilizado para alimentar os mictórios convencionais, o que elimina vandalismos (arrancar o flexível) e aumenta a facilidade de limpeza total da peça tornando-se o produto ideal para locais como estádios de futebol, escolas, hospitais etc.

Fonte: Conservação e Reuso da Água em Edificações – ANA et al – junho de 2005

Tabela 4.9: Dispositivos de Descarga para Mictórios Convencionais

Tipo Características Principais

Válvula de

acionamento hidromecânico

Esta válvula é caracterizada por um corpo metálico externo que controla e conduz a água até o mictório. Para o acionamento da descarga, o usuário deve pressionar o acionador da válvula liberando o fluxo de água para a bacia do mictório. Após o acionamento pelo o usuário, ocorre o fechamento temporizado pela ação hidromecânica da válvula.

Válvula

temporizada

Este é um sistema em que os produtos são vendidos separadamente, sendo necessária a montagem dos componentes pelo instalador. A descarga deste tipo de equipamento pode ser obtida por um sistema de temporizador eletrônico. Pode ser facilmente encontrado no mercado e adaptado às instalações existentes. No temporizador eletrônico pode ser feita a regulagem do intervalo entre descargas e do tempo de duração da descarga. O temporizador envia um sinal a uma válvula solenóide elétrica que faz a liberação do fluxo de água conforme os parâmetros definidos no temporizador. Este sistema pode ser empregado em mictórios coletivos e em baterias de vários mictórios individuais. Tem a desvantagem de não diferenciar picos e vales de fluxo de usuários.

60

Tabela 4.9: Dispositivos de Descarga para Mictórios Convencionais - Continuação

Tipo Características Principais

Válvula de

acionamento por sensor de presença

Neste equipamento, quando o usuário se aproxima e se posiciona de frente ao mictório, o sensor que emite continuamente um sinal imperceptível ao usuário, infravermelho ou ultra-som, detecta a sua presença. Em geral, na maioria dos equipamentos, o fluxo de água só é liberado após o afastamento do usuário, o que garante um menor consumo de água. O sensor associado a um microprocessador, emite um sinal até uma válvula do tipo solenóide, de funcionamento elétrico, que libera o volume de água da descarga. Neste tipo de equipamento, o tempo médio de acionamento dos produtos encontrados no mercado encontra-se em torno de 5 a 6 segundos. O sistema elétrico do equipamento pode ser alimentado por baterias alcalinas de 6 e 9 VDC, ou pelo próprio sistema predial elétrico de 127/220 v. Estas características devem ser observadas quando da aquisição do equipamento e em função das características físicas do local a ser instalado. Uma das principais vantagens deste sistema frente aos demais é quanto à questão da higiene do usuário, uma vez que este não entra em contato com nenhum componente do sistema. Existem também válvulas eletrônicas que por serem embutidas na parede possuem grande resistência a vandalismo e permitem higienização completa do mictório.

Fonte: Conservação e Reuso da Água em Edificações – ANA et al – junho de 2005

Tabela 4.10: Mictórios sem Água

Tipo Características Principais

Individual

É um sistema que não utiliza água na operação. O mictório sem água é constituído dos seguintes componentes: bacia cerâmica, suporte do cartucho, cartucho, líquido selante, chave para troca do cartucho – opcional. O líquido selante é uma substância composta por mais de 90% de álcoois graxos e o restante de biocida e corantes. Sua cor predominante é o azul e apresenta densidade menor que a da água e da urina, permanecendo em suspensão nas mesmas. O líquido selante se localiza em suspensão na primeira câmara do cartucho. A urina entra pelos orifícios da parte superior do cartucho, penetrando na primeira câmara através do líquido selante que está em suspensão e preenchendo toda a superfície superior do líquido desta câmara. Pelo sistema de vasos comunicantes, a urina é expelida pelo orifício de saída do cartucho, sendo coletada pelo copo do suporte e de lá para a rede de esgoto. A manutenção requerida é a substituição periódica do cartucho, que se trata de uma peça descartável. A durabilidade do cartucho está associada à obstrução de suas cavidades por material bioquímico que se acumula em seu interior e pelo carreamento do líquido selante.

Fonte: Conservação e Reuso da Água em Edificações – ANA et al – junho de 2005

61

4.5 Manutenção – Preventiva e Corretiva

O funcionamento correto do sistema hidráulico é fundamental para evitar perdas

e desperdícios de água. Para o adequado funcionamento do sistema, deve ser

estabelecido um Plano de Manutenção, ou seja, um conjunto de ações

destinadas a manter o sistema, ou suas partes, em condições adequadas de uso.

Além de evitar perdas e desperdício de água desnecessários, um Plano de

Manutenção traz ainda como conseqüências a redução do número de colapsos, a

redução do tempo gasto para reparos, a minimização dos custos operacionais e o

aumento da vida útil do sistema.

A manutenção do sistema hidráulico pode ser entendida como o conjunto de

atividades necessárias para garantir o controle do uso adequado do sistema um

programa contínuo de ações capazes de evitar e/ou corrigir anomalias, com o

objetivo de garantir o seu funcionamento eficiente. Um sistema de manutenção

divide-se em manutenção preventiva, manutenção corretiva/emergência.

A manutenção preventiva tem por finalidade diminuir a probabilidade de

ocorrência de desempenho abaixo de valores mínimos preestabelecidos. São

providências que buscam prevenir e/ou evitar qualquer anormalidade no

funcionamento do sistema. Na manutenção preventiva está incluída a atividade

de inspeção física das partes do sistema, buscando sinais de deterioração.

A manutenção corretiva é aquela conduzida no sentido de se atingir um

determinado desempenho. A forma de intervenção é recomendada em cada

caso, em função do tipo de problema envolvido e dos remanejamentos

necessários. Compreende também os serviços de atendimento a reparos de

acidentes ocorridos inesperadamente e que prejudicam o funcionamento normal

do sistema.

62

A manutenção do sistema hidráulico e seus componentes deverá ser realizada

periodicamente, visando à sua condição plena de desempenho. A redução de

perdas em sistemas hidráulicos especiais é obtida por meio da manutenção

adequada, evitando-se perdas por vazamento, mau desempenho do sistema ou

por negligência do usuário.

O primeiro passo desse processo é a correção dos vazamentos detectados, visto

que eles são a principal causa do desperdício de água. Os vazamentos podem

ocorrer pelo desgaste normal dos componentes hidráulicos em uso,

principalmente porque a vida útil desses componentes é menor do que a do

edifício.

A correção de vazamentos é uma das ações mais eficientes na redução do

consumo de água em um sistema. É de fundamental importância, por exemplo, a

correção de vazamentos antes da substituição de componentes convencionais

por economizadores de água, como forma de evitar resultados enganosos. Além

disso, o permanente controle de desperdícios no sistema tende a deixá-lo o mais

próximo de suas condições plenas de desempenho.

Os vazamentos não visíveis são descobertos fazendo-se alguns testes que

deverão estar incluídos dentro de um programa de manutenção periódica.

OLIVEIRA (1999) e SILVA(2004) apud NUNES (2006) sugerem alguns métodos

para a detecção de vazamentos não-visíveis nas instalações:

Teste do hidrômetro – utilizado em alimentador predial;

1. Manter aberto o registro do cavalete;

2. Fechar todas as torneiras e não utilizar sanitários;

3. Fechar as torneiras de bóia das caixas, não permitir a entrada de água;

4. Marcar a posição do ponteiro maior do hidrômetro e, após 1 hora,

verificar se ele se movimentou;

5. Caso afirmativo, há vazamento no ramal da rede da Concessionária.

63

Teste da sucção – utilizado em alimentador predial, quando há dificuldade

de acesso ao reservatório;

1. Feche o registro do cavalete;

2. Abra uma torneira alimentada diretamente pela rede (jardim ou tanque);

3. Espere até a água parar de correr;

4. Coloque um copo cheio de água na boca da torneira;

5. Se houver sucção da água do copo pela torneira, é sinal que existe

vazamento no cano alimentado diretamente pela rede.

Teste do reservatório – para a verificação de infiltração no reservatório;

1. Fechar o registro de saída do reservatório do subsolo;

2. Fechar completamente a torneira da bóia;

3. Marque no reservatório o nível da água e, após 1 hora, ver se ele baixou;

4. Em caso afirmativo, há vazamento no reservatório, ou na canalização ou

nos sanitários alimentados pela caixa

Teste do corante – utilizado em bacias sanitárias;

Este teste foi indicado no item: 4.3.2.1, parágrafo12.

As medidas de prevenção contra vazamentos visíveis/não-visíveis indicadas, são:

Atualizar sempre os projetos hidráulicos que contemplem a acessibilidade

do sistema, para facilitar a realização de manutenções preventiva e

corretiva, como em barriletes e reservatórios;

Controlar a pressão hidráulica estática no sistema, não ultrapassando o

valor recomendado pela NBR 15097 (2004), que é de 400kpa;

Monitorar o consumo de água, através de leituras diárias no hidrômetro,

sempre no mesmo horário. O aumento do consumo de água sem causa

justificada é sempre um forte indício de vazamento no sistema.

Abaixo estão indicadas duas tabelas, 2.19 e 2.20, onde se resume as perdas de

água por diversas formas de vazamento em cada tipo de equipamento sanitário,

e em outra tabela, os defeitos e falhas encontrados em cada tipo de equipamento

e as intervenções necessárias.

64

Tabela 4.11: Volumes estimados perdidos em vazamentos

Aparelho / equipamento sanitário Perda estimada

Gotejamento lento 6 a 10 litros/dia

Gotejamento médio 10 a 20 litros/dia

Torneiras Gotejamento rápido 20 a 32 litros/dia

(lavatórios, pias, uso geral) Gotejamento muito rápido > 32 litros/dia

Filete d= 2 mm > 114 litros/dia

Filete d= 4 mm > 333 litros/dia

Vazamento no flexível 0,86 litros/dia

Filetes visíveis 144 litros/dia

Mictório Vazamento no flexível 0,86 litros/dia

Vazamento no registro 0,86 litros/dia

Filetes visíveis 144 litros/dia

Bacia sanitária Vazamento no tubo de

alimentação

144 litros/dia

Com válvula de descarga Válvula disparada qdo acionada 40,8 litros/dia

(válvula aberta p/ período de

30 seg., vazão de 1,6l /seg.)

Fontes: OLIVEIRA (1999) e GONÇALVES et al (2005) apud ANA et al (2005)

Tabela 4.12: Defeitos / Falhas dos aparelhos sanitários e intervenções necessárias

Aparelho Sanitário Defeitos / Falhas Encontrados Intervenção

Bacia sanitária c/ Vazamento na bacia Troca de reparos

Válvula Vazam. externo na válv. descarga

Bacia sanitária com

caixa acoplada

Vazamento na bacia

Regul. da bóia ou troca de reparos

Troca/ limpeza da comporta e sede

Troca ou regulagem do cordão

Torneira convencional Vazamento pela bica Troca do vedante ou do reparo

(lavatório, pia, tanque,

uso geral)

Vazamento pela haste Troca do anel de vedação da haste

ou do reparo

Torneiras

Tempo de abertura inadequado

(fora da faixa compreendida entre

6 e 12 seg)

Troca do pistão ou êmbolo da

torneira

hidromecânicas

(lavatório, mictório)

Vazão excessiva Ajuste da vazão através do registro

regulador

Vazamento na haste do botão

acionador

Troca do anel de vedação da haste

ou do reparo

Fontes: OLIVEIRA (1999) e GONÇALVES et al (2005) apud ANA et al (2005)

65

A partir do diagnóstico realizado, pode-se elaborar o plano de intervenção, cujas

ações devem ser iniciadas pelo ponto crítico do sistema e, em geral, pela

correção dos vazamentos detectados. Na execução de um plano de intervenção

para reduzir o consumo de água é indispensável à avaliação das ações

implementadas, que pode ser feita após a implantação de cada uma delas ou ao

final do plano de intervenção.

4.6 Campanhas Educativas

Paralelamente à implantação de um programa de manutenção, deve-se propor a

divulgação de uma campanha educativa e de conscientização ambiental.

Há diferentes expectativas e comportamentos nos diversos segmentos sócio-

econômicos em relação à economia de água. Tais diferenças devem ser levadas

em conta, quando se programa uma campanha de conscientização para uma

determinada comunidade ou grupo social, seja ele de uma indústria, de uma

escola, de um condomínio residencial, de uma edificação comercial ou de

administração pública.

O grande desafio de um programa de educação ambiental é torná-lo eficaz, o que

significa atingir o público alvo, fazendo com que mude de comportamento. Desta

forma, quando da divulgação do conteúdo da campanha, é importante seguir uma

determinada linha de ação, de acordo com o seguinte:

Enfocar claramente os objetivos a serem alcançados pelo programa;

Escolher o melhor método para transmitir as mensagens ao público alvo;

Definir o conteúdo segundo os objetivos e o nível de instrução do grupo;

Utilizar adequadas técnicas e estratégias de marketing de comunicação

persuasiva;

Apresentar os resultados do programa para garantir a continuidade das

mudanças comportamentais.

66

Os trabalhos deverão ser desenvolvidos por profissionais especialistas na área de

conservação de água. Dentro do enfoque ambiental e de conservação da água

no qual o programa será direcionado, é importante que sejam incluídos:

Cursos específicos sobre vazamentos, ministrados pela concessionária

local ou por outras entidades;

Palestras de procedimentos para higienização de utensílios de cozinha e

preparação de alimentos (cantinas, lanchonetes e restaurantes, se existir);

Palestras que abordem procedimentos de limpeza geral, limpeza de

reservatórios e irrigação de jardins;

Sensibilizar o público para os problemas decorrentes da não-conservação,

enfatizando a escassez, o uso incorreto da água, os custos envolvidos na

produção da água e de tratamento dos esgotos;

Esclarecer e eliminar resistências ou impressões equivocadas como perda

de conforto ou de saúde, pela falta de conhecimento no assunto;

Finalmente, a Instituição deverá definir claramente suas metas de

conservação, informando ao público-usuário os procedimentos adotados e os

benefícios ganhos com a implantação do programa. A cooperação voluntária

do público somente acontecerá se os mesmos julgarem corretos os

procedimentos da Instituição. A credibilidade nos resultados do programa é

fundamental para a adesão de todos.

67

5. CONCLUSÃO

A água não é um recurso inesgotável e o seu desperdício tem sérias

conseqüências. O que parecia no passado uma fonte sem limites, hoje caminha

para um quadro de escassez.

O crescente agravamento da falta de água tem levado as pessoas a estabelecer

uma nova forma de pensar e agir, inclusive mudando seus hábitos, usos e

costumes. Racionalizar o uso da água não significa privar-se deste recurso, mas

usá-lo sem desperdício, considerá-lo uma prioridade social e ambiental, para que

a água tratada, saudável, nunca falte em nossas torneiras.

Neste trabalho foi possível perceber a importância da conservação da água e a

preocupante escassez nas fontes de abastecimento, o consumo excessivo e o

desperdício nos sistemas prediais. Dentro desse contexto, a pesquisa elucidou

conceitos sobre o uso racional e a importância da conservação deste insumo.

Da mesma forma, esta pesquisa enfatizou as vantagens na instalação de

equipamentos sanitários economizadores e a implementação de programas de

manutenção. Além disto, salientou o importante papel das campanhas educativas

no processo de conscientização das pessoas.

Em princípio, qualquer edifício pode implantar um programa de Uso Racional de

Água. Algumas medidas educativas, que alterem velhos hábitos, já bastam para

reduzir o valor da conta de água no final de cada mês.

A pesquisa realizada neste trabalho servirá como base para um programa de

implantação de uso racional da água nos prédios do Tribunal do Trabalho da

Terceira Região e num segundo momento, para a dissertação de mestrado desta

autora, que pretende avaliar os resultados da economia obtida com este

programa.

68

Importante ressaltar que, com a adoção de medidas economizadoras, além de

ganhos econômico-financeiros, as empresas, as pessoas e a sociedade obtêm

substanciais lucros ambientais, como a diminuição da necessidade de

implantação de novos reservatórios, e, conseqüentemente, a redução do

desmatamento de florestas nativas, além de preservar a água, um bem cada vez

mais escasso e de elevado custo.

69

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