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Renascimento - Classicismo 1527-1580

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Renascimento - Classicismo 1527-1580

O início do Renascimento é marcado

pelo retorno do escritor Sá de Miranda

da Itália e seu fim se dá com o domínio

espanhol.

MOMENTO HISTÓRICO

MOMENTO histórico • Portugal vivia seu momento de maior brilho, graças ao

monopólio do comércio marítimo na rota de Vasco da

Gama para as índias;

• O império se torna um empreendimento guerreiro e

comercial, o que fez com que a corte passasse a viver

num luxo e opulência nunca imaginados, graças à

corrupção, a violência, os saques, etc.;

• Desaparecimento do rei D. Sebastião na batalha de

Alcácer Quibir (Marrocos) dando origem ao mito do

Sebastianismo;

• Contra-Reforma, Inquisição e censura da Igreja;

CARACTERÍSTICAS

• Imitação dos autores gregos e latinos, modelos

de perfeição estética;

• Obediência às regras;

• Busca da perfeição formal das obras;

• Racionalismo; equilíbrio entre razão e emoção,

entre razão e imaginação;

• Impessoalidade;

• Universalismo de valores ideais do Bem, da

Beleza e da Verdade;

RENASCIMENTO

PORTUGUÊS

Convivência características medievais (prenúncios do

Barroco: expressão poética de conflitos interiores afetando

o equilíbrio entre razão e amoção);

Medida nova (versos decassílabos) em contraposição à

medida velha (redondilhas maior e menor);

Surgimento do soneto;

C A M Õ E S

• Luís Vaz de Camões (1524/25-1580);

• O maior poeta renascentista português e uma

das mais expressivas vozes de nossa língua.

• Biografia permeada de lendas;

• Morreu quase miserável;

• Como soldado perdeu o olho direito;

• Vida boêmia e agitada;

• Viveu na Índia e em Macau;

LÍRICA CAMONIANA

• Publicada postumamente em 1595, sob o título Rimas;

• Sua obra é considerada uma síntese entre a tradição poética portuguesa e as inovações renascentistas;

• Na medida velha, Camões eleva a tradição poética a um nível jamais alcançado pelos autores do Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende;

CANT I G A a este mote alheio:

Menina dos olhos

verdes,

por que não me

vedes?

Voltas:

Eles verdes são,

E têm por usança

Na cor, esperança

E nas obras, não. Vossa condição

Não é de olhos

verdes,

Isenções a molhos

Que eles dizem

terdes, Não são de olhos verdes,

Havia de ser,

Que uns olhos tão

belos

Porque me não vedes. Não se hão-de esconder;

Mas fazeis-me crer

Que já não são

verdes,

Porque me não vedes.

Nem de verdes olhos. Verdes não o são

Sirvo de giolhos, No que alcanço deles;

E vós não me credes Verdes são aqueles

Porque me não vedes. Que esperança dão.

Se na condição

Por que possa vê-los, Está serem verdes,

Por que me não

vedes?

A MEDIDA NOVA • Trata- se do ponto mais alto não apenas da lírica

camoniana, mas de todo o renascimento português;

• As características da lírica renascentista presentes em

Camões são instrumentos expressivos de uma vivência

profunda e intensa onde a razão não elimina a emoção;

• A partir de sua vivência, busca o sentido da vida;

• A partir do particular, busca o universal;

• Visão trágica e pessimista da vida causada pela

constante contraposição entre o ideal e a realidade;

• Concepção neoplatônica do amor (Amor = ideal

superior; amor = imitação do Amor ideal);

SONETOS Busque Amor novas artes, novo engenho,

para matar me, e novas esquivanças; que não pode tirar me as esperanças, que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!

Que Vede que perigosas seguranças!

an não temo contrastes nem mudanças,

dando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto onde esperança falta, lá me esconde Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.

Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente;

é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor?

A MUTABILIDADE E O

DESCONCERTO DO MUNDO

• Contraposição entre a perfeição do mundo

das ideias e as imperfeições do mundo

terreno;

• Visão extremamente pessimista da vida;

• Problemas existenciais do próprio autor, suas

frustrações e atribulações;

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança:

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança:

Do mal ficam as mágoas na lembrança,

E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,

Que já coberto foi de neve fria,

E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,

Outra mudança faz de mor espanto,

Que não se muda já como soía.

OS LUSÍADAS

Poema destinado a imortalizar os grandes feitos do povo português,

mas publicado em 1572, apenas oito anos antes de

Portugal perder sua independência;

Segue os modelos clássicos de Homero (a Ilíada e a Odisseia) e,

sobretudo, de Virgílio (a Eneida);

Versos decassílabos heroicos (8 816 versos)

Estrofes de oitava-rima (de 8 versos –

1102 estrofes)

Sempre no esquema ABABABCC;

Em dez cantos de extensão irregular;

ENREDO

• Inicia-se quando os navegadores já estão em Melinde, no oceano índico;

• Os deuses fazem uma primeira reunião para decidir o destino dos navegantes e Baco se opõe ao feito, que diminuirá sua glória como senhor do Oriente;

• Vênus, deusa do amor, e Marte, deus da guerra, colocam-se a favor dos portugueses. Júpiter concorda com os dois. Mercúrio, o mensageiro, é enviado para garantir que o povo selvagem de Melinde seja hospitaleiro com os portugueses;

• O capitão do navio, Vasco da Gama, narra ao rei de Melinde a história de Portugal, em que se inserem as figuras de grandes heróis da história portuguesa e os episódios de Inês de Castro, do Velho do Restelo e do Gigante Adamastor;

• A caravela continua sua viagem, atravessando o oceano Índico. Nessa parte da trajetória, um dos tripulantes, o marinheiro Veloso, narra a seus companheiros o episódio dos Doze de Inglaterra;

• O deus dos oceanos, Netuno, recebe a visita de Baco, que o convence a aliar-se contra os portugueses, argumentando que depois daquela viagem os homens iriam perder o temor dos mares. Toda a força dos ventos invocados por Netuno atinge a embarcação de Vasco da Gama;

• Sob a proteção de Vênus e das Nereidas, as

ninfas marinhas, os portugueses sobrevivem,

mas seu navio sofre inúmeras avarias, chegando

a Calecute, na Índia, graças a correntes

marítimas invocadas em seu auxílio, uma vez

que o mastro da embarcação estava partido.

• Em Calecute, os portugueses são envolvidos em

mais uma trama de Baco, que havia induzido o

Samorim (líder local) a separar Vasco da Gama

de seus companheiros e prendê-lo. O capitão

consegue escapar mediante o pagamento de

suborno, o que vale uma crítica do narrador à

corrupção dos homens pelo dinheiro;

• A última aventura dos argonautas portugueses é

sua visita à Ilha dos Amores, já no retorno a

Portugal. Na ilha, estão ninfas que foram

flechadas por cupido. Ao avistarem os

navegantes, elas imediatamente ficam

apaixonadas. Começa, então, uma verdadeira

perseguição erótica, em que são exaltadas as

qualidades do amante português. Depois de um

banquete no qual todos ouvem previsões sobre o

futuro de cada um, a deusa Vênus mostra a

Vasco da Gama uma esfera, mágica e perfeita: a

maravilhosa Máquina do Mundo.

• Após a volta tranqüila dos aventureiros a

Portugal, o poeta termina seu livro em tom de

lamento. Queixa-se de que sua opinião não seja

levada em conta pela “gente surda e endurecida”

e oferece ao rei dom Sebastião uma solução para

impedir a decadência do Império: uma grande

empresa em direção ao Oriente, buscando a

salvação de muitos infiéis e resgatando a glória

do heróico povo português.

Trecho do texto onde Vasco da Gama fala de Inês

de Castro: Tu só, tu, puro amor, com força crua Que os corações humanos tanto obriga, Deste causa à

molesta morte sua,

Como se fora pérfida inimiga.

Se dizem, fero Amor, que a sede tua

Nem com lágrimas tristes se mitiga,

É porque queres, áspero e tirano, Tuas aras banhar em sangue humano.

Estavas, linda Inês, posta em sossego

De teus anos colhendo doce fruito,

Naquele engano da alma ledo e cego,

Que a fortuna não deixa durar muito,

Nos saudosos campos do Mondego,

De teus fermosos olhos nunca enxuito, Aos montes ensinando e às ervinhas, O nome que no peito escrito tinhas.