modificações ambientais e sócio-econômicas decorrentes · bandas 3, 4 e 5 para o ano de 2004....

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54 Bahia Agríc., v.8, n. 1, nov. 2007 SOCIOECONOMIA Modificações ambientais e sócio-econômicas decorrentes do desenvolvimento da cafeicultura em Barra do Choça, Bahia Jacson Tavares de Oliveira* Ana Maria Souza dos Santos Moreau** Agna Almeida Menezes ** Arlicélio de Queiroz Paiva** Thiara Messias*** *Professor, MSc., do CEFET - Vitória da Conquista - BA; e-mail: [email protected] **Professores do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Ilhéus - BA; e-mail: [email protected] / [email protected] / [email protected] ***Geógrafa, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, Ilhéus - BA. Foto: Silvio Ávila - Editora Gazeta Santa Cruz O café foi introduzido no Brasil em 1727, no entanto, tornou-se artigo de ex- portação em meados do século XIX. As- sim, de 1850 a 1930, quase todos os fatos econômicos, sociais e políticos do Brasil se desenrolaram em função da lavoura cafeeira (SEAGRI, 2000). Na Bahia, a cafeicultura teve início na década de 1970, notadamente no perío- do que vai de 1975 a 1980. A introdução desta cultura, no Estado, deu-se em de- corrência dos seguintes fatores: constan- tes geadas que atingiram o centro-sul do país, diminuição da produtividade por causa da idade avançada dos cafezais, persistência da ferrugem, supervaloriza- ção das terras aptas ao cultivo e pressão de outras culturas mais rentáveis e de menor risco, sobretudo a soja (CEPLAB, 1979; SEAGRI, 2000; MATHIAS, 2003). Através do Plano de Renovação e Revi- goramento de Cafezais (PRRC), que pro- porcionou apoio em crédito e assistência técnica, a lavoura cafeeira atingiu 120 mil hectares em 1989, ocupando áreas da re- gião de planalto, abrangendo seis sub-re- giões: Vitória da Conquista, Jequié, Santa Inês, Barra da Estiva, Seabra e Morro do Chapéu. Com a melhoria dos preços a partir de 1994, novas áreas foram incor- poradas à cultura cafeeira, destacando-se o sul, extremo sul e oeste da Bahia, além do incremento nas áreas tradicionais do planalto (SEAGRI, 2000). Do ponto de vista sócio-econômico, o desenvolvimento da cafeicultura no Estado contribuiu para a fixação do ho- mem no campo e geração de emprego e renda, uma vez que o setor admite mão- de-obra com baixa escolaridade para o trabalho com os tratos culturais. Do ponto de vista ambiental, a incorporação de novas áreas para o desenvolvimento agrícola se traduziu em fragmentação de habitat e perda da biodiversidade. Mui- tas vezes, o avanço das áreas agrícolas

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54 Bahia Agríc., v.8, n. 1, nov. 2007

S O C I O E C O N O M I A

Modificações ambientais e sócio-econômicas decorrentes do

desenvolvimento da cafeicultura em Barra do Choça, Bahia

Jacson Tavares de Oliveira*Ana Maria Souza dos Santos Moreau**

Agna Almeida Menezes **Arlicélio de Queiroz Paiva**

Thiara Messias***

*Professor, MSc., do CEFET - Vitória da Conquista - BA; e-mail: [email protected]**Professores do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Ilhéus - BA; e-mail: [email protected] / [email protected] / [email protected]***Geógrafa, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, Ilhéus - BA.

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O café foi introduzido no Brasil em 1727, no entanto, tornou-se artigo de ex-portação em meados do século XIX. As-sim, de 1850 a 1930, quase todos os fatos econômicos, sociais e políticos do Brasil se desenrolaram em função da lavoura cafeeira (SEAGRI, 2000).

Na Bahia, a cafeicultura teve início na década de 1970, notadamente no perío-do que vai de 1975 a 1980. A introdução desta cultura, no Estado, deu-se em de-corrência dos seguintes fatores: constan-tes geadas que atingiram o centro-sul do país, diminuição da produtividade por causa da idade avançada dos cafezais,

persistência da ferrugem, supervaloriza-ção das terras aptas ao cultivo e pressão de outras culturas mais rentáveis e de menor risco, sobretudo a soja (CEPLAB, 1979; SEAGRI, 2000; MATHIAS, 2003). Através do Plano de Renovação e Revi-goramento de Cafezais (PRRC), que pro-porcionou apoio em crédito e assistência técnica, a lavoura cafeeira atingiu 120 mil hectares em 1989, ocupando áreas da re-gião de planalto, abrangendo seis sub-re-giões: Vitória da Conquista, Jequié, Santa Inês, Barra da Estiva, Seabra e Morro do Chapéu. Com a melhoria dos preços a partir de 1994, novas áreas foram incor-poradas à cultura cafeeira, destacando-se

o sul, extremo sul e oeste da Bahia, além do incremento nas áreas tradicionais do planalto (SEAGRI, 2000).

Do ponto de vista sócio-econômico, o desenvolvimento da cafeicultura no Estado contribuiu para a fi xação do ho-mem no campo e geração de emprego e renda, uma vez que o setor admite mão-de-obra com baixa escolaridade para o trabalho com os tratos culturais. Do ponto de vista ambiental, a incorporação de novas áreas para o desenvolvimento agrícola se traduziu em fragmentação de habitat e perda da biodiversidade. Mui-tas vezes, o avanço das áreas agrícolas

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tem-se dado em áreas protegidas por lei e existem poucos estudos no Estado da Bahia que tratem dessa problemática.

Assim, numa tentativa de contribuir para esse debate, objetivou-se analisar o processo de desenvolvimento da lavoura cafeeira no município de Barra do Choça, na Bahia, e modifi cações sócio-econômi-cas e ambientais decorrentes da mesma, a partir da década de setenta.

Sobre o desenvolvimento da lavoura cafeeira naquele município e seu refl exo nos aspectos sócio-econômicos foi feito um levantamento de dados junto ao Ins-tituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e Superinten-dência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), no período evidenciado. Os dados coletados referem-se à área colhida, produtividade, crescimento po-pulacional e estrutura fundiária.

Para caracterizar a evolução do uso da terra tomou-se como referência a microba-cia do Rio Água Fria, que por seus atributos litológicos, climáticos, pedológicos e agrí-colas, representa o processo de desenvol-vimento da cafeicultura na região.

Para tal, foram utilizadas fotografi as aéreas, na escala 1:100 000, pancromá-

tica, SSRH V SA CS – 1974, da folha SD 24-Y-A-III-1975 e imagens de satélite do Sistema Landsat 5 TM, na escala 1:50 000, colorida, nas combinações das bandas 3, 4 e 5 para o ano de 2004. Esses materiais foram utilizados para a elabo-ração dos mapas temáticos sobre o uso da terra nos dois períodos por meio do uso de Sistemas de Informação Geográfi -ca (SIG), empregando-se o software Map Viewer 6.0.

O município de Barra do Choça está localizado na região Sudoeste da Bahia (Território de Identidade Vitória da Con-quista), à 27 km de Vitória da Conquista e a 527 km de Salvador, entre as coor-denadas planas 314959 – 345806 m E e 8332443 – 8368343 m N, possuindo em média 900 metros de altitude e uma área de 781,3 km2 (Figura 1).

Por estar situada em uma região onde as reservas hídricas são escassas, a microbacia do Rio Água Fria se desta-ca pelo seu potencial hídrico, favorecido pelas nascentes do Rio Água Fria e de seu principal afl uente, o Rio dos Monos. As barragens Água Fria I e II construídas nas décadas de 1960 e 1980, respecti-vamente, servem atualmente a mais de 300 mil habitantes, incluindo aí o núcleo

urbano de Vitória da Conquista. Trata-se de uma das primeiras áreas que foram se-lecionadas para a implantação do parque cafeeiro e sua expansão retrata, de forma fi el, o desenvolvimento da cafeicultura no município.

MODIFICAÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS DECORRENTES DA CAFEICULTURA EM BARRA DO CHOÇA, BAHIA

O município de Barra do Choça teve a implantação da lavoura cafeeira bem articulada à conjuntura política e econô-mica pela qual passava o país na época do chamado “milagre brasileiro”. Havia enorme interesse em aumentar a pau-ta de exportações a fi m de gerar divisas para fazer frente ao pagamento da dívida externa que crescia rapidamente. Nesse contexto, o Instituto Brasileiro do Café (IBC) pesquisou as condições naturais da região e as análises de solo, da topogra-fi a, dos índices pluviométricos e da altitu-de indicavam um ótimo potencial para o desenvolvimento da cafeicultura (COSTA, 1991, p. 16).

Além desses fatores, colaborou a pro-ximidade com Vitória da Conquista (27 km) que em 1975 já contava com mais de 170 mil habitantes e uma infra-estrutura urbana razoável, bem como a existência de uma malha viária representada pelas BRs 116 e 415, capazes de escoar a pro-dução.

Aliado aos fatores físicos e de infra-estrutura urbana e viária, havia na região uma mão-de-obra abundante e disposta a trabalhar nas lavouras de café.

Durante o período em que vigorou o PRRC (1971/1981), a área colhida de café passou de 2750 ha em 1974 para 14300 ha, em 1980 (Gráfi co 1). Os preços da saca de 60 kg no mercado internacional contribuíram para essa expansão, já que, em 1977, alcançou US$ 258,74, valor ja-mais superado até hoje. De 1981 a 1999, a área colhida sofreu um processo de es-tagnação e até mesmo de redução, em função da falta de crédito e das incerte-zas do mercado internacional. Além dis-so, o valor da saca exportada pelo Brasil Figura 1 – Localização do município de Barra do Choça e da Microbacia do Rio Água Fria.

LEGENDA

0 2 4 6Scale in Kilometers

BAHIA

3151 29

323 085

3 3104 1

338 99

6

3 463 06

8332206

8339508

8346811

8354113

8361415

8368717

BARRADO CHOÇA

BarraNova

VITÓRIA DACONQUISTA PLANALTO

CAATIBA

ITAMBÉ

Sede

DistritoRios

Base Cartográfica:Folha SD 24-Y -A-III-1975

Microbacia dorio Água Fria

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começou a declinar, fi cando abaixo de US$ 100,00.

A partir de 1999, verifi ca-se uma re-tomada expressiva da área colhida, com um crescimento de 58% no período de 1999 a 2001. Tal crescimento pode estar relacionado ao crédito agrícola e a alta dos preços do café nos anos de 1997 e 1998, uma vez que, o valor da saca de 60 kg que vinha oscilando abaixo de US$ 100,00 saltou para US$ 189,00 em 1997 e US$ 140,00 em 1998.

No referido município, registrou-se, a partir do ano 2000, uma nova onda de crescimento da cafeicultura, no entanto, com diferenças marcantes em relação à implantação da lavoura no período de 1972 a 1981. Naquele período, à medida que a cafeicultura avançava pelo Territó-rio, houve diminuição no efetivo do gado bovino, de 18 mil cabeças no início da década de 1970 (DGE, 1972) para algo em torno de 10 mil cabeças em 1981 (CEI, 1985), ano em que PRRC foi extinto. Com a crise da cafeicultura verifi cada a partir dos anos 80, houve retomada da pecuária no município e, assim, enquan-to a área de lavoura permanecia estagna-da (em torno de 12.000 ha), o rebanho bovino foi para 27.984 cabeças em 1994 (SEI, 1996).

Conforme os dados da Tabela 1 veri-fi ca-se que em 1970, portanto antes da implantação da cafeicultura, o município de Barra do Choça apresentava o menor contingente populacional (8953 habitan-tes), quando comparado com os municí-pios vizinhos. Segundo o Departamento de Geografi a e Estatística - DGE (1972), 83% da população residia na zona rural. As atividades econômicas eram, basi-camente, a pecuária extensiva e a agri-cultura de feijão, milho e mandioca que atendia às necessidades da população e o excedente era comercializado nas loca-lidades próximas (SANTOS, 1987).

Com relação ao crescimento popula-cional em Barra do Choça e municípios vizinhos (Gráfi co 2), percebe-se que en-tre 1970 e 1980, período no qual a área colhida com café aumentou de 20 para 14.300 ha, o município registrou 132% de crescimento populacional, superando os

-30

0

30

60

90

120

150

1970/80 1980/91 1991/03

Períodos

Cres

cim

ento

Pop

ulac

iona

l (%

)

Barra do Choça

Vit. Conquista

Planalto

Itambe

Caatiba

Gráfi co 2 Taxas de crescimento populacional de Barra do Choça e municípios vizinhos - 1970/2003.

Fonte: DGE, 1972; CEPLAB, 1979; CEI, 1985; SEI, 1996-2003.

Fonte: CEPLAB, 1979; CEI, 1985; SEI, 1996-2003; REVISTA GLOBO RURAL, 1991; COOPMAC, 1997; COFFEE BUSINESS, 2001; MICELI, 2005.

Tabela 1Incremento populacional de Barra do Choça e municípios vizinhos - 1970/2003.

Fonte: DGE, 1972; CEPLAB, 1979; CEI, 1985; SEI, 1996-2003.

Barra do Choça 8953 20770 26068 45739 410,9Vitória da Conquista 127528 173312 242472 274016 114,9Caatiba 13387 10720 9473 17295 29,2Itambé 28319 26348 23386 32991 16,5Planalto 19766 22532 23828 21147 7

2003 % crescimento 1970/2003

------------------ hab ------------------

M unicípios 1970 1980 1991

0

5000

10000

15000

20000

1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003Anos

Áre

a (h

a)

0

50

100

150

200

250

300

US$

/sac

a 60

kg

Área Colhida

Preço

Gráfi co 1 Evolução da área colhida (em ha) com café no município de Barra do Choça – BA, comparada aos

preços da saca de 60 kg, do produto, no mercado internacional

municípios de Vitória da Conquista (36%) e Planalto (14%). No entanto, na década de 1980, a crise pela qual passava a eco-nomia brasileira refl etiu em escassez de crédito e extinção dos programas gover-namentais de estímulo à produção cafe-eira que, associados aos baixos preços do café no mercado internacional, contribu-íram para a diminuição na área colhida e, por conseguinte, em menores taxas de crescimento.

No fi nal da década de 1990, a estabi-lização da economia e a recuperação dos preços do café serviram como estímulo para a retomada da cafeicultura e das ta-xas de crescimento populacional no mu-nicípio. A área colhida, que em 1990 es-tava em 11.312 ha foi para 19.000 ha em 2001 e o crescimento demográfi co que foi de 25% na década de 1980 subiu para 75% na década seguinte. Quanto aos de-mais municípios, os dados mais recentes

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ha da microbacia do Rio Água Fria, se ex-pandiram para 1959,45 ha, em 2004. Isso dá um crescimento de 229%, no período estudado. Elas avançaram sobre as áre-as originais de fl oresta e de vegetação secundária e quando os preços não são favoráveis, muitas lavouras são abando-nadas ou convertidas em pastagens até que se verifi que uma nova alta dos preços.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento da lavoura cafe-eira em Barra do Choça, via participação do Estado (IBC-PRRC), foi o fator respon-sável pelo seu espetacular crescimento entre 1970 até a presente data, refl etindo na mudança da estrutura fundiária e ex-pansão da pecuária.

No período 1972/1981 o desenvol-vimento da cafeicultura se deu com a redução da pecuária de bovinos. Na dé-cada de 1980, a crise do café contribuiu para a estagnação do parque cafeeiro e retomada da pecuária no município. A partir de 2000 verifi ca-se a expansão das duas atividades.

sobre população mostram uma redução no crescimento de Vitória da Conquista e Planalto, com sensível retomada em Itambé e Caatiba.

A estrutura fundiária, que já apre-sentava concentração em 1970, pouco mudou no período de implantação da cafeicultura, como demonstra a Tabela 2. Enquanto os estabelecimentos peque-nos (< 20 ha) sofreram decréscimo de aproximadamente 39% no número de imóveis rurais e 50% em área no período 1970/1980, os demais grupos cresceram ou se mantiveram dentro dos valores apresentados em 1970. Assim, na evolu-ção da estrutura fundiária, o movimento mais importante foi a diminuição da pe-quena propriedade rural e o aumento dos estabelecimentos de 20 a 100 ha.

EVOLUÇÃO DO USO DA TERRA NA MICROBACIA DO RIO ÁGUA FRIA

Conforme as informações na Tabela 3 e Figura 2, observa-se que em 1974, no início da cafeicultura na região, a maior parte da microbacia (44,5%) era ocupada por fl oresta. Os remanescentes fl orestais foram reduzidos a pouco mais de 700 hectares, distribuídos em 59 fragmentos pequenos e descontínuos, incapazes de sustentar a riqueza vegetal e animal que existia no início da década de 1970. O maior remanescente fl orestal que ainda resiste está em torno de 105 hectares e apresenta problemas de conservação. O resultado disso é que, em 2004, a micro-bacia registrava apenas 11,4% de sua área coberta por fl oresta (Tabela 3 e Figura 3), o que permite observar que houve uma redução de 74,4% em 30 anos.

A área de vegetação secundária, que era de 15,2% (1045,6 ha) em 1974 dimi-nuiu para apenas 2,9% em 2004, apresen-tando uma redução de 81,1% no período analisado, signifi cando que no processo de desenvolvimento da agropecuária na microbacia, essa cobertura vegetal foi sendo incorporada às lavouras de café e pecuária de bovinos.

Enquanto as formações vegetais pri-mitivas diminuíram de tamanho, as áreas de café que, em 1974, ocupavam 595,76

Imóveis Área Imóveis Área Imóveis Área

< 20 16 2,8 22,2 2,7 9,8 1,420 a 100 63,8 25,1 55,2 29,8 70,6 31,4

100 a 500 18 39,4 20,3 47,7 17,7 37,2500 2,2 32,7 2,3 19,8 1,9 30

Total 100 100 100 100 100 100

----------------------------------- % ----------------------------------

Classes de área(ha)

1970 1975 1980

Fonte: SANTOS, 1987

Tabela 2 Evolução da estrutura fundiária no município de Barra do Choça no período de 1970 a 1980.

A estrutura fundiária evoluiu para a redução das pequenas propriedades ru-rais e aumento dos estabelecimentos en-tre 20 e 100 ha, sendo que 19,6% do total de imóveis rurais detêm 67,2% da área.

A microbacia do Rio Água Fria, em Barra do Choça, representa bem o pro-cesso de desenvolvimento da cafeicultu-ra no município, que avançou nas áreas de fl oresta e vegetação secundária, resul-tando em destruição e fragmentação de habitats.

A área tem importância estratégica por ser responsável pelo abastecimento de água para mais de 300 mil habitantes na Região Sudoeste da Bahia e necessita da adoção de políticas públicas ambien-tais que promovam o refl orestamento das margens dos rios, das nascentes e dos reservatórios.

A área de fl oresta, na microbacia do Rio Água Fria, em Barra do Choça, sofreu uma redução de 74,4% entre 1974-2004 e a de área de café cresceu em torno de 229%.

Fonte: Cálculo de áreas feito no software Mapviewer 6.0 com base em Fotografi a Aérea – SSRH V SACS – 1974 e Imagem de satélite TM – Landsat 5 – 2004.

Tabela 3Evolução do uso da terra na microbacia do rio Água Fria no período 1974/2004.

58 Bahia Agríc., v.8, n. 1, nov. 2007

S O C I O E C O N O M I A

Foto

: Silv

io Á

vila

- Ed

itora

Gaz

eta

Sant

a Cr

uz

Figura 3 - Uso da terra na Microbacia do Rio Água Fria – 2004.

PASTAGEMFLORESTAVEG SECUNDÁRIA

ESPELHO D'ÁGUA

MOSAICO(PEC - AGRIC - VEG)

DISTRITORIO

CAFÉ

MICROBACIA DORIO ÁGUA FRIABARRA DO CHOÇA - B A

USO DA TERRA EM 2004

Base CartográficaLANDSAT 5IMAGEM TM - 2004Folha SD 24-Y-A-III-1975Barra

Nova

0.00 2.00 4.00Scale in Kilometers

322041

324407

326774

329140

331506

333872

333872

8342438

8344872

8347306

8349740

8352174Água Fria I I

Mon

os

Água Fria I

CAFÉ

FLORESTA

VEG SECUNDÁRIA

ESPELHO D'ÁGUA

MOSAICO(PEC -AGRIC - VEG)

MICROBACIA DORIO ÁGUA FRIABARRA DO CHOÇA - BA

USO DA TERRA EM 1974

Base Cartográfica:Fotografia AéreaSSRH V SA CS - 1974Folha SD 24-Y-A-III-1975

BarraNova

POVOADORIO

322041

324407

326774

329140

331506

333872

333872

8342438

8344872

8347306

8349740

8352174

0.00 2.00 4.00Scale in Kilometers

Água Fria I

Mon

os

Figura 2 – Uso da terra na Microbacia do Rio Água Fria – 1974.

REFERÊNCIAS

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Janeiro, v. 6, 2001.

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Cooperativa Mista Agropecuária Conquistense, 1997.

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vida dos “bóias-frias” na região de Barra do Choça

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grafi a) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,

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em: < http://www.agrolink.com.br/cotacoes/pg_ana-

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e dos Solos na Bacia de Captação da Barragem Água

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na cafeicultura... 1987. Dissertação — Universidade

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SEAGRI. Diagnóstico da Cafeicultura Baiana. Salvador: Se-

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tendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia,

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