modelos de comunicação

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Teorias e Modelos de Comunicação Modelos de Comunicação A comunicação é um aspecto importante das nossas vidas. É difícil imaginar uma vida onde não há absolutamente nenhuma comunicação, sendo mesmo impossível ter uma vida sem comunicação. Uma boa capacidade de comunicação é uma mais-valia e pessoas com boa capacidade de comunicação são um trunfo para qualquer sociedade empreendedora. Os seres humanos são considerados animais sociais. A comunicação é a base sobre a qual as sociedades podem ser construídas, uma vez que permite aos organismos interagir de forma produtiva. O termo é definido como o acto ou processo de troca de ideias, mensagens e informações, como a fala, sinais ou escrita. A qualidade da comunicação é marcada pela sua eficácia. Assim, a comunicação “ é o processo vital através do qual indivíduos e organizações se relacionam uns com os outros, influenciando-se mutuamente”, segundo Thayer; por sua vez e reportando outro autor, educação “ designa e engloba todos aqueles factores humanos nos quais se dá um processo de criação ou transmissão de informação e cujo protagonista é o homem que assimila tal informação’’. Estas duas definições estão fortemente ligadas, pois nenhuma das duas faria sentido sem o contributo de cada uma. Isto 1 Instituto Jean Piaget 2009/2010

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Page 1: Modelos de Comunicação

Modelos de Comunicação

A comunicação é um aspecto importante das nossas vidas. É

difícil imaginar uma vida onde não há absolutamente nenhuma

comunicação, sendo mesmo impossível ter uma vida sem

comunicação. Uma boa capacidade de comunicação é uma mais-valia

e pessoas com boa capacidade de comunicação são um trunfo para

qualquer sociedade empreendedora.

Os seres humanos são considerados animais sociais. A

comunicação é a base sobre a qual as sociedades podem ser

construídas, uma vez que permite aos organismos interagir de forma

produtiva. O termo é definido como o acto ou processo de troca de

ideias, mensagens e informações, como a fala, sinais ou escrita. A

qualidade da comunicação é marcada pela sua eficácia.

Assim, a comunicação “ é o processo vital através do qual

indivíduos e organizações se relacionam uns com os outros,

influenciando-se mutuamente”, segundo Thayer; por sua vez e

reportando outro autor, educação “ designa e engloba todos aqueles

factores humanos nos quais se dá um processo de criação ou

transmissão de informação e cujo protagonista é o homem que

assimila tal informação’’. Estas duas definições estão fortemente

ligadas, pois nenhuma das duas faria sentido sem o contributo de

cada uma. Isto denota-se no facto da educação não fazer sentido sem

haver comunicação sem a existência de actos da mesma; assim como

a comunicação não pode prescindir da educação, pois o indivíduo

precisa de ser munido da capacidade de desenvolver símbolos, para

se expor, comunicar e deste modo cooperar para a construção de

fundamentos culturais da sociedade.

1 Instituto Jean Piaget 2009/2010

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A comunicação constitui, assim a ferramenta mais importantes

que os professores têm à sua disposição para desempenhar as suas

funções de educadores e transmissores de conteúdos.

Vejamos agora o conceito de modelo: representa uma forma

ideal, nos modelos da comunicação abordados cada modelo procura

mostrar os principais elementos de qualquer estrutura ou processo e

as relações entre esses elementos.

Neste trabalho far-se-á uma abordagem sobre os seguintes

modelos de comunicação:

1. Modelos de base linear ou de informação

2. Modelos de base cibernética ou circular

3. Modelo de comunicação de Massas

4. Modelos culturais ou socioculturais

1. Modelos de Base Linear ou de Informação

Modelos lineares porque dissociam as funções do emissor e do

receptor e apresentam a comunicação como sendo a transmissão de

mensagens entre esses dois pontos e num único sentido.

1.1. Modelo de Base Linear de Lasswell

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Toda a investigação que está interligada com a comunicação foi

marcada por um artigo onde se descreve o acto de comunicar,

publicado em 1948 pelo americano Harold Lasswell. Este mesmo

artigo dividia o acto da comunicação em 5 partes, sendo cada parte

representada por um elemento. Segundo Lasswell descrever o

processo de comunicação é seguir um trajecto unidireccional, é

responder as seguintes questões: a quem, diz o quê, por que canal, a

quem e com que efeito. Quem, diz respeito ao emissor, aos factores

que dão início e orientam o acto; Diz o quê, é a mensagem, aqui

integra-se uma análise do conteúdo; por que canal, é o meio, com

esta pergunta e através de uma análise dos meios ficamos a saber se

são meios interpessoais ou de massas; a quem, são as pessoas

atingidas por esses meios, esta pergunta envolve uma análise da

“audiência”; e por último, com que efeito, diz respeito ao impacto

exercido pela mensagem sobre a “audiência”.

Figura 1- Fórmula de Lasswell com os elementos correspondentes do processo de comunicação.

Figura 2- Fórmula de Lasswell com os correspondentes campos da investigação no domínio da comunicação.

1.2. Modelo Linear de Shannon e Weaver

Quase na mesma altura que Lasswell apresentou as cinco

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perguntas, os teóricos Shannon e Weaver surgem com novos estudos,

sendo estes influenciados pelo primeiro.

A teoria destes é essencialmente matemática, esta vai permitir

estudar a quantidade de informação que uma mensagem é detentora

e a capacidade de transmissão de um determinado canal.

O modelo de Shannon e Weaver é também um modelo linear,

constituído por seis elementos, estes foram inicialmente gerados para

apresentar aspectos técnicos das telecomunicações mas

posteriormente foram alargados às ciências sociais e humanas.

Segundo esta teoria matemática a comunicação estabelece-se

perante uma fonte de informação sendo esta o momento da produção

da mensagem, esta mensagem é transformada pelo transmissor para

posteriormente prosseguir com o envio dessa mensagem por um

canal, aqui surge um novo termo a fonte de ruído, esta não é

desejada pela fonte, pois vai distorcer a mensagem. De seguida a

mensagem é enviada para o receptor, este recebe o sinal transmitido

pela fonte para poder alcançar o ponto de achegada, o destino.

Figura 3- Modelo matemático de Shannon e Weaver descreve a comunicação como um processo linear, unidireccional.

2. Modelos de Base Cibernética ou Circulares

Os modelos referidos de seguida são aqueles que integram a

retroacção ou feedback como elemento regulador da circularidade da

informação. O facto de serem considerados cibernéticos é o de

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Sinal recebido

Sinal

MensagemFonte de

informação

Transmissor

Receptor DestinoMensa

gem

Fonte de Ruído

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incluírem no seu processamento da informação o elemento da

retroacção.

2.1. Modelo de comunicação Interpessoal de Schramm

Os modelos que se enquadram neste contexto de comunicação

traduzem uma comunicação numa situação de interacção face-a-face,

consistindo em eventos de comunicação oral e directa.

Figura 4- Processos de comunicação interpessoal.

Schramm acrescenta aos modelos lineares uma nova dimensão,

na medida em que através da retroacção vai haver um intercâmbio e

inter-influência que cada um exerce sobre o outro. De acordo com

Schramm o acto comunicativo é interminável, afirma que é erróneo

evidenciar que o processo de comunicação tem um início e um fim

determinado.

Neste modelo, tanto o emissor como o receptor são capazes de

“codificar” e “descodificar”, ou seja, ambos conseguem emitir e

interpretar as mensagens. O conceito de feedback equipara-se ao de

reacção, na medida em que quando se recebe a mensagem vai-se

reagir de acordo com o que recebeu.

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Figura 5- Modelo de Schramm que faz a transição entre os modelos lineares para os

modelos cibernéticos.

2.2. Modelo Circular de Jean Cloutier

Jean Cloutier é o autor mais representativo desta corrente

comunicativa, este teórico defende que o esquema de Emerec não é

estático e que assenta no seguinte: em primeiro lugar, Jean Cloutier

afirma que todos os esquemas são orientados a partir de cada

Emerec, ou seja, a partir de cada indivíduo que recebe ou emite

informação. Informação que só consegue ser concretizada se a

linguagem e a mensagem estiverem indissociáveis, pois é a

linguagem que permite encarnar uma mensagem. Defende também

que é fulcral a existência do médium, ou meio, visto que só através

deste é possível transportar as mensagens no tempo e no espaço

3. Modelos da Comunicação de Massas

Foram inseridos nos modelos de base cibernética devido ao

facto dos meios de comunicação se basearem na retroacção como

elemento regulador da sua boa aceitação por parte dos seus públicos.

3.1. Modelo Geral de Comunicação – Gerbner

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Gerbner é o teórico de um modelo apresentado pela primeira

vez em 1956, este caracteriza-se pelo poder de apresentar formas

diferentes em função do tipo de situação de comunicação que

descreve.

Este modelo tem a vantagem de poder ser utilizado para

variados fins, pode descrever a comunicação mista entre humanos e

máquina bem como pode ser usado para diferenciar áreas de

investigação e construção teórica.

Figura 6- Modelo geral de comunicação de Gerbner.

3.2. Modelo da Comunicação de Massas de Schramm

No modelo deste teórico as mensagens são inúmeras mas

idênticas, o emissor é colectivo, são ao mesmo tempo, o organismo e

os mediadores que dele fazem parte. As operações de codificação,

interpretação e descodificação existem e são obra de vários

especialistas que utilizam fontes exteriores (por exemplo num jornal

serão os despachos das agências, as informações recolhidas pelos

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jornalistas) e têm em conta a retroacção ou o feedback induzido

(dando o mesmo exemplo do jornal, tal será observado pelas cartas

dos leitores ou pelo numero de tiragem).

Figura 7- Modelo de Schramm adaptado à comunicação de massa.

3.3. Modelo do Processo de Comunicação de Massas –

Maletzke

Através deste modelo, Maletzke evidencia a extensão do

processo de comunicação de massas com base nas suas implicações

sociopsicológicas.

Maletzke no seu esquema apresenta alguns elementos já

abordados anteriormente, Comunicador, Mensagem, Meio e Receptor,

adicionando mais dois elementos que surgem entre o meio e o

receptor. Um deles é a pressão ou constrangimento causado pelo

meio, este teórico defende que o dia-a-dia do receptor é

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completamente influenciado pelas características, princípios e

conteúdos do meio. O outro é a imagem que o receptor tem desse

mesmo meio influência a sua escolha relativamente aos conteúdos.

4. Modelos Culturais ou Socioculturais

4.1. Modelo Cultural de Edgar Morin

Ao contrário dos modelos anteriores, os investigadores

franceses centram a comunicação tendo em conta a vertente da

cultura de massas e na sociedade em si, visam uma concepção

sociocultural. Um desses investigadores foi Edgar Morin, este foca-se

na cultura de massas, bem como no fenómeno do consumo cultural,

segundo este teórico, a cultura de massas é gerado através do

processo dialéctico englobado em três elementos inteiramente

relacionados, criação, produção e consumo.

4.2. Modelo Cultural de Abraham Moles

O modelo deste investigador insere-se numa perspectiva

cibernética, ele defende que estamos perante uma sociodinâmica da

cultura, na medida em que há uma interacção constante entre a

cultura e o meio a que ela pertence.

Segundo Abraham Moles a comunicação está envolvida em

quatro elementos, o macro-meio representa a sociedade em si,

integrado nela está o criador, este é aquele que age, tem como

objectivo desenvolver ideias novas, desempenhando assim actividade

em todos os ramos em função de um micro-meio, sendo este

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entendido como um sub-conjunto da sociedade, através dos mass-

media.

Bibliografia:

http://www.bocc.ubi.pt/pag/fidalgo-semiotica-modelos.html

http://www.iep.uminho.pt/tcei/material/powerpoint%20%20modelos%20comunica%C3%A7%C3%A3o%20.pdf

Freixo, Manuel João Vaz, Teorias e Modelos de Comunicação, Lisboa:

Instituto Piaget, 2006

Trabalho realizado, no âmbito da disciplina de Teorias e Modelos de

Comunicação, integrada na Pós-Graduação de Tic:

Sabina Valente, nº44608

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