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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ GUILHERME ARTHUR SCHNEIDER Trabalho de Iniciação Científica NAFTA: UMA VISÃO GERAL DAS RELAÇÕES ECONÔMICAS ENTRE 1993 E 2013 ITAJAÍ 2015

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  • UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ GUILHERME ARTHUR SCHNEIDER

    Trabalho de Iniciação Científica NAFTA: UMA VISÃO GERAL DAS

    RELAÇÕES ECONÔMICAS ENTRE 1993 E 2013

    ITAJAÍ 2015

  • GUILHERME ARTHUR SCHNEIDER

    Trabalho de Iniciação Científica NAFTA: UMA VISÃO GERAL DAS

    RELAÇÕES ECONÔMICAS ENTRE 1993 E 2013

    Trabalho de Iniciação Científica desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Comércio Exterior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão da Universidade do Vale do Itajaí.

    Orientador: MSc. Bárbara Silvana Sabino

    ITAJAÍ 2015

  • Agradeço a todos que de alguma forma me auxiliaram durante esta

    jornada: minha família, minha orientadora Prof.ª. Bárbara Sabino e

    demais amigos.

  • “Eu não temo o homem que praticou dez mil chutes uma vez, mas eu temo o homem que praticou um

    chute dez mil vezes”. (Bruce Lee)

  • 5

    EQUIPE TÉCNICA

    a) Nome do estagiário Guilherme Arthur Schneider b) Área de estágio Negociações Internacionais c) Orientador de conteúdo Prof. MSc. Bárbara Silvana Sabino d) Responsável pelo Estágio Prof. MSc. Natali Nascimento

  • 6

    RESUMO

    O Tratado Norte-Americano de Livre Comércio é a maior área de livre comércio atualmente no cenário mundial. Esse trabalho apresenta os resultados de um estudo sobre as relações entre os países participantes do NAFTA. Além de comparar resultados obtidos após a assinatura do tratado, ele tem como objetivo localizar o tratado em seu contexto de criação e desenvolvimento, e apresentar os países participantes. Após vinte anos desde sua criação, já é possível analisar seus resultados e perceber sua efetiva importância nas relações entre os três países participantes. Assim, fundamentou-se bibliograficamente, através de pesquisas e resultados já publicados em livros e páginas da internet. Seu aspecto metodológico foi qualitativo, e quanto aos fins, foi bibliográfico. A análise dos dados apontou que apesar de incentivar as relações entre os Estados Unidos e México e entre os Estados Unidos e Canadá, a instituição do tratado ainda peca quanto ao objetivo de incentivar o desenvolvimento das relações comerciais entre México e Canadá, apresentando melhoras bastante discretas. Palavras-chaves: Tradado Norte-Americano de Livre Comércio. Relações Comerciais. Estados Unidos. Canadá. México.

  • 7

    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9 1.1 Objetivo geral .............................................................................................. 10 1.2 Objetivos específicos .................................................................................. 10 1.3 Justificativa da realização do estudo ........................................................... 10 1.4 Aspectos metodológicos ............................................................................. 10 1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados ..................................................... 11

    2 GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................... 12 2.1 Conceito e teoria ......................................................................................... 12 2.2 A formação de uma nova sociedade global ................................................ 14 2.3 Comércio internacional ............................................................................... 16 2.4 Blocos Econômicos ..................................................................................... 17

    Contextualização......................................................................................... 18

    Modalidades ................................................................................................ 18 2.4.2.1 Zona de Preferência Tarifária ........................................................... 19 2.4.2.2 Zona de Livre Comércio ................................................................... 20 2.4.2.3 União Aduaneira ............................................................................... 20 2.4.2.4 Mercado Comum .............................................................................. 21 2.4.2.5 União Econômica e Monetária ......................................................... 21

    3 NAFTA: NORTH AMERICAN FREE TRADE AGREEMENT .............................. 23 3.1 Contexto histórico e características ............................................................ 23

    Objetivos ................................................................................................. 24

    Gestão e sistemática de administração ................................................... 25 3.2 Acordos Paralelos ....................................................................................... 26

    North-American Agreement on Labor Cooperation (NAALC) .................. 27 3.2.1.1 Preâmbulo ........................................................................................ 27 3.2.1.2 Objetivos e Obrigações .................................................................... 28 3.2.1.3 Comissão para Cooperação Trabalhista e Consultas Cooperativas e Avaliações ...................................................................................................... 28 3.2.1.4 Resolução de Conflitos, Disposições Gerais e Disposições Finais .. 29

    North-American Agreement on Environment Cooperation (NAAEC) ....... 29 3.2.2.1 Preâmbulo ........................................................................................ 30 3.2.2.2 Objetivos e Obrigações .................................................................... 30 3.2.2.3 Comissão para a Cooperação Ambiental e Cooperação e Prestação de Informação ................................................................................................. 31 3.2.2.4 Resolução de Conflitos, Disposições Gerais e Disposições Finais .. 31

    3.3 Países membros ......................................................................................... 32

    Estados Unidos ....................................................................................... 32

    Canadá .................................................................................................... 34 3.2.3 México ................................................................................................. 36

    4 ANÁLISE DOS INDICADORES ECONÔMICOS DOS PAÍSES MEMBROS ...... 39 4.1 Economia, escassez e indicadores econômicos ......................................... 39

    Produto Interno Bruto .............................................................................. 40

    Inflação .................................................................................................... 41

    Taxa de desemprego ............................................................................... 42 4.2 Estados Unidos ........................................................................................... 42

  • 8

    4.3 Canadá ....................................................................................................... 51 4.4 México ......................................................................................................... 60

    5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 69 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 73 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS ...................................................................... 77

  • 9

    1 INTRODUÇÃO

    Cada vez mais a integração é vista como uma saída para a alta concorrência

    encontrada no mercado mundial. Apesar de não ser uma prática nova, intensificou-se

    após a Segunda Guerra Mundial como uma mudança necessária para um mundo

    marcado pelo excesso de protecionismo, e vem se desenvolvendo de forma rápida e

    constante até os dias de hoje.

    Seguindo uma tendência dos blocos atuais, onde economias mais fortes se

    unem a economias em desenvolvimento, o Tratado de Livre Comércio da América do

    Norte, ou em inglês, North-American Free Trade Agreement (NAFTA), surgiu em 1994

    como uma expansão de um tratado já existente entre Estados Unidos e Canadá

    (Canada – U. S. Free Trade Agreement), assinado em 1988, com planos futuros de

    inclusão do México, em uma tentativa de alavancar o país e desenvolver a menor

    economia do continente.

    Prometendo eliminar barreiras comerciais entre Estados Unidos, Canadá e

    México gradativamente, o tratado nunca chegou a ser unanimidade desde sua

    criação, principalmente entre os mexicanos, onde correntes afirmavam que o México

    seria explorado. Ainda que seja o foco principal, os objetivos do NAFTA vão além dos

    apenas econômicos, e a criação do bloco refletiu trazendo resultados para problemas

    sociais, ambientais e de infraestrutura, entre outros. Apesar da contestação, hoje o

    NAFTA já se consolidou entre os principais e mais ativos blocos econômicos do

    planeta, englobando uma população estimada de 470 milhões de habitantes.

    Mais de vinte anos após seu estabelecimento, o bloco é objeto de estudo deste

    trabalho, onde avaliaremos seus resultados e sua contribuição de fato para o

    desenvolvimento das relações internas da América do Norte através de seus países

    membros. Esse trabalho busca além de localizar o NAFTA em seu contexto de

    criação, apresentar o desenvolvimento das relações comerciais internas do bloco

    durante o período.

  • 10

    1.1 Objetivo geral

    Realizar uma comparação de resultados desde a formação do NAFTA,

    examinando os indicadores econômicos de seus países membros.

    1.2 Objetivos específicos

    Localizar o NAFTA em seu contexto histórico de criação e estabelecimento.

    Apresentar os indicadores econômicos dos países membros do bloco.

    Demonstrar o desenvolvimento apresentado pelos seus países membros

    através da comparação de seus resultados econômicos.

    1.3 Justificativa da realização do estudo

    Esta pesquisa apresenta importância para o acadêmico por ser um tema

    relevante aos interesses dele, e que permite o aprofundamento em uma área muito

    pertinente do comércio exterior.

    A pesquisa também apresenta um elevado nível de importância para a

    Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) por ser um tema interessante e pouco

    explorado em trabalhos anteriores, podendo servir como fonte de pesquisas não só

    para a universidade, mas para a sociedade em geral.

    1.4 Aspectos metodológicos

    Quanto ao aspecto metodológico, este trabalho utiliza o método qualitativo,

    visando construir a realidade sem esquecer-se dos aspectos sociais. Segundo

  • 11

    Richardson et al. (2007, p. 82), os estudos qualitativos permitem: “[...] em maior nível

    de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos

    indivíduos.”.

    No que tange aos meios, o escolhido foi o bibliográfico, que se substancia em

    material já publicado, e segundo Medeiros (2008, p. 39): “[...] busca o levantamento

    de livros e revistas de relevante interesse para a pesquisa que será realizada. Seu

    objetivo é colocar o autor da nova pesquisa diante de informações sobre o assunto de

    seu interesse.”.

    Este trabalho foi descritivo quanto aos fins, pretende descrever a realidade de

    um modo didático De acordo com Gil (2002, p. 42), o principal objetivo das pesquisas

    descritivas é “[...] a descrição das características de determinada população ou

    fenômeno.”.

    1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados

    O levantamento de dados foi realizado em livros, artigos, revistas e sites

    especializados. Segundo Oliveira (2000, p. 57) “O objetivo do estudo é apenas fazer

    uma reflexão sobre o problema com o auxílio de publicações e dados sobre o

    assunto.”.

  • 12

    2 GLOBALIZAÇÃO

    Nesse capítulo são abordados aspectos referentes à globalização, seu

    conceito e impactos no modo de vida. Entender o conceito e as implicações da

    globalização é fulcral para o entendimento do mundo atual e da pesquisa que se

    segue.

    2.1 Conceito e teoria

    Globalização é, sem dúvida, uma das palavras mais utilizadas nos últimos

    tempos e com toda a certeza continuará a ser utilizada pelos próximos anos.

    Intrinsecamente forte, é utilizada em diversas oportunidades e por ser tão passível de

    interpretações pode cumprir sem preocupações o papel de causa ou efeito em

    variados temas.

    Talvez como consequência de sua própria existência, o conceito de

    globalização é algo relativo, estando em frequente mudança. Segundo Sodré (2004,

    p. 21), suas definições: “[...] podem variar de um indivíduo para outro, de uma região

    do mundo para outra, ou mesmo de um curto período de tempo para outro.”.

    Ao utilizar esta expressão, deve-se saber ao mínimo o seu conceito amplo.

    Apesar de tão relativas e variáveis, consegue-se extrair uma constante dentro de suas

    várias interpretações. O conceito de globalização remete diretamente a um

    aprofundamento das relações entre os países, em todas as vertentes. Não é raro ver

    o termo “globalização” sendo relacionado a expressões do tipo ‘aldeia global’ e

    ‘sociedade global’. Todas elas remetem ao mesmo processo de interdependência do

    globo.

    Pode ser considerado como resultado de diversos processos socioeconômicos

    presenciados pelo mundo nos últimos anos, principalmente após a Guerra Fria,

    quando o mundo deixou de apresentar uma forte e profunda segregação entre o

    socialismo e o capitalismo, para um pós-guerra que trouxe a expansão do capitalismo

    e o enfraquecimento do socialismo incapaz de fazer frente a ele. Tido como marco do

  • 13

    fim da guerra entre o socialismo e o capitalismo, a queda do muro de Berlim é

    encarada por alguns historiadores como fim de uma Era e reinício de uma nova

    organização no mundo. Marca-se ali o fim de um planeta polarizado e o início de um

    mundo capitalista com resquícios socialistas. (IANNI, 1999). O predomínio da visão

    capitalista praticamente impôs sua aceitação, tornando-se parte integrante do

    processo civilizatório dos países neste novo cenário mundial.

    Em uma visão interessante, Ramonet (1997, apud LIMOEIRO-CARDOSO,

    2000, p. 97) traz sua percepção sobre globalização e o resultado do fortalecimento do

    capitalismo:

    [...] ela se funda sobre a ideologia do pensamento único, a qual decretou que somente uma política econômica é possível de agora em diante e que somente os critérios de neoliberalismo e do mercado (competitividade, produtividade, livre-troca, rentabilidade, etc.) permitem a uma sociedade sobreviver num planeta que se tornou uma selva concorrencial.

    Limoeiro-Cardoso (2000, p. 97-98) utiliza o pensamento de Ramonet para definir

    sua acepção de globalização como uma ideologia:

    Tal globalização é apresentada como equivalente a “modernidade”. Por que é inevitável, não resta senão se adaptar. Aqueles que não o fazem se arriscam a ser ignorados pelo crescimento econômico que a “globalização”, e somente ela, podem propiciar, sucumbindo à também inevitável pobreza. [...] Com essa concepção de globalização estamos no campo próprio das ideologias que, acompanhando uma força social que se torna dominante, visam produzir convencimento e adesão às ideias que difundem, dando assim consistência ideológica à dominação.

    Segundo Beck (1999), a globalização não é um termo novo, já é vivido há

    tempos em uma sociedade global que existe hoje, no sentido de que a ideia de

    ‘espaços isolados’ não são mais viáveis. Um país, independentemente de sua

    dimensão, não pode se isolar dos outros e continuar seu desenvolvimento no mesmo

    ritmo. Em diversas oportunidades, o autor utiliza o termo ‘sociedade mundial’ focando

    no sentido das relações sociais que se sobrepõem à política do Estado nacional. Ao

    utilizá-lo, explica:

    “Mundial”, na expressão “sociedade mundial”, designa então diferença, diversidade, e “sociedade” designa não-integração, de tal forma que se pode compreender [...] a sociedade mundial como diversidade sem unidade. (BECK, 1999, p. 29-30).

  • 14

    Retira-se deste conceito um exemplo de uma das principais consequências da

    globalização: a interferência externa. Talvez a principal, levando-se em consideração

    que a globalização tornou mais fácil o acesso à informação.

    […] os processos, em cujo andamento os Estados nacionais veem a sua soberania, sua identidade, suas redes de comunicação, suas chances de poder e suas orientações sofrerem a interferência cruzada de atores transnacionais. (BECK, 1999, p. 30)

    Sobre esta interferência externa, Giddens (1991, p. 69) aponta para uma

    intensificação das relações sociais, que agora atingem um âmbito mundial, e: “[...]

    ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados

    por eventos que ocorrem a muitas milhas de distância, e vice-versa.”.

    Em suma, independente de como seja vista, a globalização se faz presente no

    mundo atual. Fundamental no constante desenvolvimento presenciado todos os dias,

    as consequências que traz consigo são incontáveis.

    2.2 A formação de uma nova sociedade global

    Segundo Ianni (1999), a História recomeçou após a queda do Muro de Berlim.

    No lugar das sociedades nacionais, surgiu uma sociedade mundial. Em lugar do

    mundo dividido entre os sistemas capitalista e socialista, um mundo capitalista em sua

    maioria, mas ainda multipolarizado impregnado de dispersos experimentos

    socialistas.

    As necessidades do mundo atual obviamente não são as mesmas de

    antigamente. Necessidades de hoje dependem de realizações e produções de terras

    e climas diferentes. Não há como um país ser autossuficiente. Classificar os países

    entre agrários ou industrializados, colônias ou metrópoles, dependentes ou potências

    se torna mais complicado. Após a Segunda Guerra Mundial, estas definições foram

    enfraquecendo até chegarmos ao estágio de hoje, no qual as relações são globais e

    todas as esferas da vida das pessoas sofrem interferência direta pelos impactos da

    globalização.

    Neste cenário, a globalização se encontra como principal facilitador das

    mudanças exigidas no mundo. E segundo Ianni (1999, p. 39):

  • 15

    As sociedades contemporâneas, a despeito as suas diversidades e tensões internas e externas, estão articuladas numa sociedade global. Uma sociedade global no sentido de que compreende relações, processos e estruturas sociais, econômicas, políticas e culturais, ainda que operando de modo desigual e contraditório. Nesse contexto, as formas regionais e nacionais evidentemente continuam a subsistir e atuar. Os nacionalismos e regionalismos sociais, econômicos, políticos culturais, étnicos, lingüísticos, religiosos e outros podem até ressurgir, recrudescer. Mas o que começa a predominar, a apresentar-se como uma determinação básica, constitutiva, é a sociedade global, a totalidade na qual pouco tudo o mais começa a parecer parte, segmento, elo.

    Se levarmos em consideração essa nova sociedade global, o poder do Estado

    se relativiza, suas decisões e planos são diretamente influenciados por um objetivo

    maior, sejam econômicas, políticas, culturais ou sociais. O fenômeno da globalização

    influencia na desterritorialização. As tradições e costumes deixam de ser locais e a

    cultura é propriedade de todos.

    Neste cenário, as empresas multinacionais começam a exercer um papel

    político importante, haja vista que tomam decisões de grande alcance, envolvendo

    diferentes regiões e nações. A economia é global, a especulação é mundial, os

    movimentos de capital, tecnologia e força de trabalho são fortemente impulsionados

    por grandes corporações mundiais e criam uma dependência dos países à

    dominância de uma sociedade global.

    Na Europa, na Ásia e na América, os mercados já desgastaram as soberanias nacionais e deram origem a uma nova cultura […] das empresas multinacionais. São os novos soberanos de um mundo em que os Estados-nações não são mais capazes de regrar sua própria economia e menos ainda de controlar os movimentos de capitais nos mercados planetários. (BARBER, 2004, p. 43).

    Uma das consequências e características deste novo modo é a mundialização

    do que outrora era local. A cultura agora é exportada para vários outros lugares,

    muitas vezes se unindo com outros costumes e criando novos.

    A globalização impacta inclusive na formação de novas civilizações, na

    reeducação e desenvolvimento das já existentes, tornando suas possibilidades

    infinitas. É um processo em andamento e um fenômeno ainda não totalmente

    compreendido, por isso talvez não explorado ao máximo. Um dos pontos a ser

    desenvolvido ainda e sem dúvidas uma das principais possibilidades trazidas pela

    globalização é a abertura das fronteiras, que influi diretamente nas negociações com

    outros países.

  • 16

    Percebe-se que desde a pesquisa dos potenciais de mercados, a obtenção de

    possíveis clientes, a efetiva negociação, a continuidade e facilidade de comunicação,

    até as uniões e acordos entre nações, todos os processos foram facilitados pela

    globalização. Isto estimulou consideravelmente o desenvolvimento do comércio

    exterior mundial.

    2.3 Comércio internacional

    A importância e a necessidade do comércio internacional crescem de maneira

    diretamente proporcional aos níveis da globalização como consequência da

    integração econômica dos países. Diversos fatos ajudam este crescimento, entre os

    quais destacam-se a queda de barreiras comerciais e o aumento da liberdade do fluxo

    de divisas. (HARTUNG, 2002).

    O desenvolvimento do comércio exterior trouxe aos países um aumento de sua

    eficiência, permitindo-os a especialização em determinado setor ou produto,

    conseguindo ainda suprir suas necessidades por meio da troca ou comércio com

    outras partes. Os benefícios são vários, entre os quais Keedi (2012) cita, entre outros,

    o aprofundamento das relações entre países, comerciais e políticas, e o

    desenvolvimento da concorrência interna.

    Outro ponto a se destacar é a segurança, pois como escreve Keedi (2012, p.

    22):

    [...] a diluição de riscos é de grande importância, pois estar focado em apenas um mercado, o interno, poderá trazer problemas na medida em que a economia nacional poderá sofrer abalo com crises cíclicas ou inesperadas. A importação de mercadorias de vários países poderá eliminar ou minimizar os problemas nacionais, assim como a exportação também ampliará os mercados para o escoamento de uma produção que poderá ter seu consumo diminuído em seu mercado interno.

    Apesar de vários pontos positivos, a abertura ao comércio internacional

    necessita atenção especial por seus riscos. Antes de entrar neste novo patamar das

    empresas importadoras e exportadoras vários cuidados devem ser tomados, pois

    apesar de uma área interessante, apresenta elevados riscos. Desde o diferente

  • 17

    idioma, passando por costumes, culturas, a riscos econômicos, políticos e ambientais,

    cada país apresenta individualidades que exigem cuidados.

    Um dos pontos que merece atenção são as barreiras impostas pelo governo

    local, visando proteger seu mercado interno. Estas barreiras podem ser tarifárias ou

    não tarifárias, esta segunda definição possuindo uma vertente ainda mais específica,

    as chamadas ‘barreiras técnicas’. Facilmente identificadas, as barreiras tarifárias

    constituem-se das barreiras que incidem diretamente sobre o valor do produto, por

    meio de impostos, visando controlar a entrada de determinado produto no mercado

    interno. As barreiras não-tarifárias são aquelas que não incidem diretamente no valor

    do produto, mas tratam de restrições na quantidade, procedimentos burocráticos,

    direitos antidumping, inspeção prévia, entre outras exigências. Estas barreiras são

    justificadas principalmente pela intenção de desenvolvimento das indústrias nacionais

    incapazes de competir com o mercado externo

    Existem ainda as barreiras técnicas, que podem ser encaradas como um

    aprofundamento das barreiras não tarifárias. Atualmente reguladas pelo Instituto

    Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), o próprio site da instituição

    define:

    “Barreiras técnicas, considerando o estipulado pela OMC, são barreiras comerciais derivadas da utilização de normas ou regulamentos técnicos não-transparentes ou não-embasados em normas internacionalmente aceitas ou, ainda, decorrentes da adoção de procedimentos de avaliação da conformidade não-transparentes e/ou demasiadamente dispendiosos, bem como de inspeções excessivamente rigorosas.” (INMETRO, 2012)

    Visando facilitar esta interação sem abrir mão das barreiras necessárias, o

    comércio entre países é comumente regulamentado por acordos que podem envolver

    dois ou mais países, onde são negociadas as barreiras que serão mantidas ou

    descartadas entre os países participantes.

    2.4 Blocos Econômicos

    Visando uma inserção no mercado mundial cada vez mais competitivo, os

    países muitas vezes são incapazes de encararem sozinhos a concorrência, não tendo

    poder de barganha suficiente para negociações. A necessidade obriga os países a se

  • 18

    reunirem em blocos, cujos participantes se concedem vantagens mútuas e defendem

    interesses em comum. Nesta seção serão abordados os blocos econômicos, através

    de suas definições, modalidades, profundidades e exemplos.

    Contextualização

    Blocos econômicos são acordos realizados entre dois ou mais países, visando

    o crescimento coletivo de seus associados, geralmente fortalecendo economias

    fracas e desenvolvendo ainda mais as economias já fortes.

    Embora a designação de “bloco regional” possa ser aplicada a qualquer grupo de países vinculados pela contigüidade geográfica (blocos asiático, africano ou latinoamericano) ou ligados por acordos intergovernamentais, de tipo econômico ou político, o termo, em sua acepção restrita, refere-se usualmente aos agrupamentos de caráter comercial resultando de um projeto político integracionista. (ALMEIDA, 2003, p. 1).

    Mas como descrito, a formação de um bloco não apresenta exclusivamente um

    objetivo econômico. Dathein (2007, p.2) corrobora, afirmando que:

    Os processos de integração econômica possuem objetivos e razões que muitas vezes são menos econômicos que políticos ou estratégicos. Por outro lado, devem ser entendidos fundamentalmente em seus objetivos de alcançar melhorias em termos de bem estar social via maior crescimento econômico e em termos de sua capacidade de promover a superação do subdesenvolvimento e da pobreza em países economicamente atrasados.

    Assim, infere-se que a criação de um bloco é um efeito direto do processo de

    integração entre os Estados, que veem na possibilidade da união uma possibilidade

    de fortalecimento tanto internamente quanto em um cenário externo.

    Modalidades

    Importante destacar que existem várias modalidades de blocos econômicos.

    Segundo Almeida (2003): “O conceito de integração econômica aplica-se a entidades

    de natureza política diversa, com realidades econômicas diferenciadas entre si, mas

  • 19

    pode ser melhor percebido se considerado como um processo em etapas

    sucessivas.”.

    Quanto mais profunda a integração, certamente mais complexas serão as

    mudanças exigidas. É mais seguro e comum que uma integração entre países se

    estabeleça gradativamente, passando por todos seus estágios. As modalidades de

    blocos vão desde a mais simples, a chamada área de preferência tarifária, até a

    complexa união econômica, que pode ser acompanhada, ou não, de uma união

    política, e consequente unificação de territórios e nações, algo bem mais complicado

    e raro atualmente, mas com exemplos na história.

    Essa seção se subdivide em cinco partes, que descrevem as modalidades de

    zona de preferência tarifária, zona de livre comércio, união aduaneira, mercado

    comum e união econômica e monetária.

    2.4.2.1 Zona de Preferência Tarifária

    A primeira etapa alcançada quando se visualiza uma integração entre dois

    países é a zona de preferência tarifária, que consiste basicamente em reduzir ou

    isentar o imposto de importação entre os países, mas apenas para um grupo de

    produtos. (BAUMANN; CANUTO; GONÇALVES, 2004).

    Não exige maiores mudanças e cada país continua independente com relação

    a sua política comercial para com os outros países não participantes, (KEEDI, 2012)

    mas permite aos países participantes estabelecerem barreiras diferenciadas sem

    profundas alterações na economia.

    Um ponto a se destacar é a ausência de necessidade da proximidade

    geográfica dos países acordados, fato que possibilita várias zonas de preferência

    tarifárias existirem entre países geograficamente distantes, como por exemplo, as

    concessões entre os Estados Unidos e Israel.

  • 20

    2.4.2.2 Zona de Livre Comércio

    O segundo nível de integração entre dois países é chamado de zona ou área

    de livre comércio, quando segundo Keedi (2012, p.65):

    [...] os países envolvidos concordam em permitir o trânsito de mercadorias entre eles sem a cobrança de Impostos de Importação, ditos direitos alfandegários. Com relação aos impostos alfandegários, significa que as mercadorias saem do país vendedor e entram no país comprador como se estivessem circulando normalmente.

    Países entram em um acordo para eliminar todas as barreiras sobre o

    comércio recíproco, mas ainda sem mudar suas políticas com terceiros externos aos

    participantes. (CARVALHO; SILVA, 2004).

    Se diferencia e aprofunda da zona de preferência justamente pela eliminação

    total da tarifa, e não apenas diminuição. O principal objetivo desta isenção é fazer

    com que as mercadorias vindas de países participantes do acordo consigam, com a

    diminuição de custos, entrar no mercado com preço menor do que as importadas de

    terceiros, estimulando o comércio dos países dentro do bloco.

    Os países ainda preservam sua autonomia na política comercial com outros

    países, e continuam com seus controles burocráticos na alfândega, sendo tratadas

    como mercadorias provenientes de outros países. O NAFTA é um exemplo de área

    de livre comércio.

    2.4.2.3 União Aduaneira

    Quando uma integração ultrapassa o nível de área de livre comércio,

    unificando suas barreiras externas em relação a países não membros, atinge-se o

    nível de união aduaneira. Neste estágio, os países participantes do acordo discutem

    em conjunto as ações e tarifas para os países não membros. (BAUMANN; CANUTO;

    GONÇALVES, 2004).

    Como define Paiva (2010, p. 39):

  • 21

    Além de contemplar a eliminação das barreiras previstas na área de livre comércio, os países participantes decidem adotar a mesma tarifa para os países de fora da união, ou seja, é estabelecida uma Tarifa Externa Comum (TEC), aplicável a países de fora da região. Um exemplo de união aduaneira é o Mercosul, formado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

    Neste nível já se faz necessária a criação de uma Tarifa Externa Comum

    (TEC), uma tarifa externa única adotada e utilizada por todos os países envolvidos na

    união quando negociam com terceiros não pertencentes ao bloco. Não é permitido

    que nenhum dos participantes dê preferência isolada a algum outro país

    2.4.2.4 Mercado Comum

    Torna-se agora necessária a criação de instituições supranacionais. Quando

    atingido a fase de mercado comum, as normas trabalhistas, previdenciárias e de

    capital são integradas, e o controle destas políticas por negociações entre os

    governos traria um nível de complicação desnecessário, pois:

    Um Mercado Comum (MC) consiste em uma UA [União Aduaneira] acrescida de plena mobilidade de fatores de produção entre os países participantes. Assim, além do comércio livre entre os participantes, da adoção de barreiras externas comuns, de negociar em conjunto com terceiros países, agora os fatores produtivos podem se deslocar livremente entre os diversos países. Forma-se gradualmente um mercado único de fatores na região, e não mais em nível nacional. (BAUMANN; CANUTO; GONÇALVES, 2004, p. 107).

    Por fatores produtivos, entende-se capital e mão de obra. Não havendo

    barreiras em relação ao investimento de um país em outro, as fronteiras são

    praticamente eliminadas. A mão de obra circula livremente entre os países

    participantes e as ofertas de emprego são preenchidas por trabalhadores de outro

    país, suprindo possíveis carências na mão de obra local. (KEEDI, 2012).

    2.4.2.5 União Econômica e Monetária

    Tido como o ápice do aprofundamento nos níveis de integração, a união

    econômica e monetária mantém todas as características da fase de Mercado Comum,

  • 22

    mas unifica sua economia, emitindo a mesma moeda e tomando suas decisões

    monetárias para os participantes como um todo. (BAUMANN; CANUTO;

    GONÇALVES, 2004).

    Há a eliminação da moeda nacional, tanto para uso interno quanto externo do

    bloco, o que exige a criação de um Banco Central, para controle e emissão da moeda

    única, e de um Parlamento, para normalizações conjuntas (KEEDI, 2012).

    Os acordos não se limitam aos movimentos de bens, serviços e fatores de produção, mas buscam harmonizar políticas econômicas para que os agentes possam operar sob condições semelhantes nos países constituintes do bloco econômico. (CARVALHO; SILVA, 2004, p. 229)

    Apenas são mantidas aqui as fronteiras físicas e seus sistemas políticos,

    porém com uma perda significativa de autonomia das autoridades nacionais, levando

    diversas economias a manterem uma coletividade em suas decisões. Um exemplo de

    União Monetária é a União Europeia, que desde 2002 adotou o Euro como sua

    moeda única, apesar de não unânime entre os participantes.

    Caso ainda haja um aprofundamento na união econômica, unificando-se todas

    as políticas econômicas (fiscal, monetária, comercial, cambial e renda), ultrapassando

    o nível de união econômica, chega-se a uma união política, também chamada de

    união econômica total, com a fusão de dois Estados e a formação de uma nova

    nação. Exemplo desta união é a unificação de territórios independentes que formaria

    a Itália e da Confederação Germânica que formaria a Alemanha, no século XIX.

    (PAIVA, 2010).

  • 23

    3 NAFTA: NORTH AMERICAN FREE TRADE AGREEMENT

    Em janeiro de 1994 o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (em inglês,

    North American Free Trade Agreement: NAFTA) entrou em execução. No seu

    vigésimo aniversário, consolida-se como a principal área de livre comércio do mundo,

    compreendendo 450 milhões de habitantes. Este capítulo apresenta sua formação e

    alguns dados, além de seus países membros.

    3.1 Contexto histórico e características

    O logotipo oficial é também adotado como a bandeira do NAFTA. É uma

    bandeira formada pela junção das bandeiras oficiais dos três países participantes,

    Estados Unidos, México e Canadá, nesta ordem.

    Figura 1 - Bandeira e logotipo do NAFTA

    Fonte: commons.wikimedia.org (2014)

  • 24

    O processo de criação e estabilização de uma área de livre comércio entre os

    três países da América do Norte começou em 1985, quando o Canadá propôs aos

    Estados Unidos a criação de uma área de livre comércio compreendendo ambos os

    países.

    Após dois anos de negociação, em outubro de 1987 o Canada-U.S. Free Trade

    Agreement finalizou suas tratativas, sendo assinado em janeiro de 1988 e entrando

    em vigor um ano depois, no dia primeiro de janeiro de 1989. Importante salientar que

    o tratado era apenas uma estabilização de um acordo formal, pois os dois países já

    apresentavam relações estáveis e duradouras economicamente.

    Como citado em seu preâmbulo, o acordo entre o Canadá e os Estados Unidos

    procurava, entre outros objetivos, reforçar as relações entre os dois países, aumentar

    a produtividade e o número de empregos, criar um mercado mais seguro para bens e

    serviços nos territórios, contribuir para o desenvolvimento mundial e dar mais poder

    para as duas economias em um âmbito global. Elementos chaves do tratado incluíam

    a eliminação de tarifas e redução de barreiras não tarifárias. Foi um dos primeiros

    tratados a constar sobre serviços, e ainda trazia um mecanismo de resolução de

    disputas, que funcionava como uma alternativa à justiça doméstica dos países.

    (NAFTANOW.ORG, 2009).

    Desde o início das negociações do FTA já se visualizava uma integração mais

    abrangente do continente Norte-americano em sua totalidade, e o acordo se mostrou

    como um primeiro passo para esse rumo. Foi questão de tempo para que o México

    iniciasse suas conversas para entrar no bloco. Em 1990, com o presidente George

    Bush assumindo o governo norte-americano, iniciaram-se também as tratativas para a

    criação do NAFTA, que acabou sendo assinado no dia 17 de dezembro de 1992,

    entrando em vigor em primeiro de janeiro de 1994.

    Objetivos

    A criação de um bloco geralmente objetiva uma facilidade de negociação

    interna entre os participantes e um fortalecimento dos países como um todo em

    relação ao mercado externo. Com o NAFTA não é diferente, e em sua redação

  • 25

    encontramos em diversos pontos informações sobre seus objetivos. Oficialmente,

    mais precisamente no seu artigo 102:

    Artigo 102: Objetivos 1. Os objetivos do presente acordo, conforme estabelecido mais especificamente através dos seus princípios e regras, incluindo o tratamento nacional, tratamento da nação mais favorecida e da transparência, são os seguintes: a) Eliminar as barreiras ao comércio, e facilitar a circulação transfronteiriça de bens e serviços entre os territórios das Partes; b) promover condições de concorrência leal na área de comércio livre; c) aumentar substancialmente as oportunidades de investimento nos territórios das partes; d) Garantir a proteção e aplicação adequadas e efetivas dos direitos de propriedade intelectual no território de cada parte; e) criar procedimentos eficazes para a implementação e aplicação do presente Acordo, para sua administração conjunta e para a resolução de disputas; e f) Estabelecer um quadro para o reforço da cooperação trilateral, regional e multilateral para expandir e ampliar os benefícios do presente Acordo. 2. As Partes devem interpretar e aplicar as disposições do presente Acordo à luz de seus objetivos estabelecidos no parágrafo 1 e em conformidade com as regras aplicáveis de direito internacional. (NAFTA-SEC-ALENA.ORG)

    Além do exposto no artigo, em outras seções do tratado são encontradas

    informações facilmente classificadas como objetivos e intenções. No preâmbulo o

    texto informa a intenção de reforçar os laços de amizade e cooperação entre os

    países, fortalecer os três no cenário comercial mundial, criar um mercado seguro de

    bens e serviços para todos, reduzir as dificuldades de negociação, facilitar o controle

    sobre o comércio entre os participantes, expandir as possibilidades de criação de

    emprego e melhorar as condições dos já existentes, entre outras.

    O NAFTA ainda tem como acordo um código de conduta, dividido em sete

    partes, objetivando a manutenção das discussões sempre íntegras e imparciais.

    Gestão e sistemática de administração

    Atualmente o NAFTA possui três sedes, uma em cada país participante. As

    sedes são localizadas nas capitais dos três países, em Washington, Ottawa e Cidade

    do México. Na sua redação oficial, o tratado vincula a criação de duas instituições

    supranacionais para a administração do bloco. Os artigos 2001 e 2002 imputam a

  • 26

    criação da Free Trade Commission (FTC) e do secretariado, respectivamente. É uma

    estrutura minimalista, mas suficiente.

    A Free Trade Commission (FTC) é responsável por supervisionar a

    implementação e desenvolvimento do bloco, intervindo com o texto legal quando

    necessário. É o órgão máximo, incumbido de dirimir qualquer disputa que possa

    ocorrer entre os três membros. Deve convocar uma reunião pelo menos anualmente,

    segundo redação oficial. É composta por funcionários de alto escalão dos três,

    incluindo o Ministro de Comércio Internacional do Canadá, o representante de

    Comércio Americano (órgão máximo de consulta do país) e o Secretário de Economia

    Mexicano. (INTERNATIONAL.GC.CA, 2014).

    O Secretariado do NAFTA, por sua vez, é composto pelas três sedes,

    localizadas nas capitais de cada um dos países participantes. Operacionalmente,

    serve com um suporte em nível nacional à FTC.

    (INTERNATIONALDEMOCRACYWATCH.ORG, 2012).

    3.2 Acordos Paralelos

    Concomitantemente à assinatura do NAFTA, dois outros acordos foram

    assinados envolvendo os Estados Unidos, México e Canadá. O North-American

    Agreement on Labor Cooperation (NAALC), Acordo Norte-Americano de Cooperação

    sobre o Trabalho, e o North-American Agreement on Environment Cooperation

    (NAAEC), Acordo Norte-Americano de Cooperação sobre o Meio Ambiente.

    Como explícito em seus nomes, o NAALC trata sobre questões

    majoritariamente trabalhistas, enquanto o NAAEC versa sobre temas ambientais.

    Ambos tratados apresentam uma redação semelhante, divida em oito partes

    principais que são detalhadas a seguir.

  • 27

    North-American Agreement on Labor Cooperation (NAALC)

    O NAALC é uma extensão do NAFTA, e assim como este, implica a criação de

    dois órgãos absolutos para sua administração. A Comissão para Cooperação

    Trabalhista (Commission for Labor Cooperation) e o Secretariado oficial surgem como

    organizações internacionais responsáveis pela implementação e administração deste

    tratado.

    Segundo seu site oficial, a Comissão para a Cooperação Trabalhista é uma

    organização internacional criada no âmbito do Acordo Norte-Americano sobre

    Cooperação Trabalhista (NAALC). É formada por um Conselho de Ministros composto

    por três ministros do trabalho (ou seus representantes) responsáveis pela definição de

    políticas e tomada de decisões, e um Secretariado envolvendo os três países, que

    fornece suporte ao Conselho e às comissões de avaliação de peritos independentes.

    A Comissão trabalha em estreita colaboração com os serviços nacionais criados por

    cada governo dentro do seu próprio ministério do trabalho para implementar o

    NAALC. (NEW.NAALC.ORG, 2014).

    O texto oficial do NAALC é divido em oito partes: Preâmbulo, Objetivos,

    Obrigações, Comissão para Cooperação Trabalhista, Consultas Cooperativas e

    Avaliações, Resolução de Conflitos, Disposições Gerais e Disposições Finais.

    3.2.1.1 Preâmbulo

    O NAALC recorda em seu preâmbulo objetivos iniciais do NAFTA e cita-os

    como fundamento para sua criação, dentre os quais destacamos criar novas

    oportunidades de emprego e melhorar as condições de trabalho e padrões em seus

    respectivos territórios, e proteger, melhorar e fazer valer os direitos básicos dos

    trabalhadores.

    Nesta seção, além das motivações e expectativas, é informado que o tratado

    pretende, entre outras ações, investir no desenvolvimento contínuo dos recursos

    humanos, promover oportunidades de carreira e segurança de emprego para todos os

  • 28

    trabalhadores, promover um maior diálogo entre as organizações de trabalhadores e

    empregadores e encorajar os empregadores e empregados em cada país para

    cumprir com as leis trabalhistas e trabalhar em conjunto na manutenção de um

    ambiente de trabalho progressivo, justo, seguro e saudável.

    3.2.1.2 Objetivos e Obrigações

    Na primeira seção, Objetivos, é informado de maneira mais específica o que se

    espera com a implementação do tratado. Podem-se destacar entre os sete objetivos

    descritos a intenção de incentivar a publicação e troca de informações,

    desenvolvimento de dados e coordenação, e estudos conjuntos para melhorar o

    entendimento mutuamente benéfico das leis e instituições que regem o trabalho no

    território de cada uma das partes e fomentar a transparência na administração do

    direito do trabalho. Nota-se a intenção de sempre manter transparência e publicidade

    nas atitudes tomadas.

    A segunda seção, com o título de ‘Obrigações’ traz alguns deveres que as

    partes assumem ao assinar o tratado. Mais especificamente, fala sobre a proteção e

    soberania das leis nacionais, ações que os governos devem tomar e publicidade de

    seus atos e decisões, entre outros.

    3.2.1.3 Comissão para Cooperação Trabalhista e Consultas Cooperativas e Avaliações

    Nessas duas seções encontram-se as normas para criação e funcionamento

    da Comissão para Cooperação Trabalhista, além de suas responsabilidades. No

    primeiro dos dois capítulos a redação traz as estruturas de seu conselho e

    secretariado, e periodicidade de suas reuniões. Lista também as funções legais do

    conselho e do secretariado e discorre ainda sobre os escritórios administrativos e os

  • 29

    comitês nacionais. Por fim, informa as línguas oficiais da comissão, que são inglês,

    francês e espanhol.

    O segundo capítulo discorre sobre os órgãos consultivos que o tratado cria, e

    a cooperação esperada entre as partes nas resoluções de conflitos, exigindo uma

    cooperação e um trabalho em conjunto.

    3.2.1.4 Resolução de Conflitos, Disposições Gerais e Disposições Finais

    Regras para a resolução legal de conflitos, desde a iniciação dos

    procedimentos até as punições, passando pelo registro, parecer dos peritos,

    implementação de acordos entre as partes interessadas e revisão.

    Nos últimos dois capítulos, demais informações relevantes sobre definições de

    termos utilizados, data de entrada em vigor e informações sobre anexos.

    North-American Agreement on Environment Cooperation (NAAEC)

    Assim como o NAALC, este tratado surgiu com a entrada em vigor do NAFTA,

    e foca exclusivamente em questões de cunho ambiental, visando acompanhar o

    desenvolvimento do bloco de maneira eficaz sem causar grandes alterações ao meio

    ambiente.

    A NAAEC estabelece uma organização intergovernamental, chamada

    Comissão para a Cooperação Ambiental, para apoiar a cooperação entre os parceiros

    do NAFTA para tratar de questões ambientais de interesse continental. A Comissão

    compreende um Conselho, um Secretariado e um Comitê Consultivo Público.

    O Conselho é o órgão de gestão da Comissão e compreende em nível de

    gabinete (ou equivalentes) representantes de cada país. A Secretaria fornece suporte

    técnico, administrativo e operacional ao Conselho. O Comitê, formado por cinco

    cidadãos de cada país, auxilia o Conselho sobre qualquer questão no âmbito da

    NAAEC. (CEC.ORG, 2015).

  • 30

    Sua redação é dividida em oito partes, com um arranjo semelhante ao texto do

    NAALC. São elas: Objetivos, Obrigações, Comissão para a Cooperação Ambiental,

    Cooperação e Prestação de informação, Consulta e Resolução de Conflitos,

    Disposições Gerais e Disposições Finais, além do preâmbulo.

    3.2.2.1 Preâmbulo

    Do preâmbulo, destaca-se que os três países se organizaram para criar o

    tratado tendo como referências duas declarações, a Declaração de Estocolmo,

    declaração da Organização das Nações Unidas (ONU) assinada em Estocolmo no

    ano de 1972 focada na preservação do meio ambiente, e a Declaração do Rio,

    assinada em 1992 na cidade do Rio de Janeiro em outra conferência sobre o meio

    ambiente dirigida pela ONU.

    Reafirmando as duas declarações supracitadas, o NAAEC informa ainda em

    seu capítulo inicial a intenção de manter o desenvolvimento do bloco sem prejudicar o

    meio-ambiente dos países.

    3.2.2.2 Objetivos e Obrigações

    Em seu segundo capítulo, destacamos que entre seus objetivos específicos

    estão promover a proteção e melhoria do ambiente para o bem estar das gerações

    presentes e futuras, promover o desenvolvimento sustentável baseado na cooperação

    e políticas ambientais, fortalecer a cooperação no desenvolvimento e aprimoramento

    de leis ambientais, reforçar o cumprimento e aplicação das normas, leis e

    regulamentos ambientais e promover políticas e práticas de prevenção da poluição.

    No capítulo das obrigações a redação do tratado traz os deveres dos

    participantes, como o de fazer relatórios periódicos sobre a situação ambiental e

    promover divulgação de ações. Informa também que prezando sempre pela

    publicidade cada parte deve ser transparente com qualquer medida proposta e deve

  • 31

    sempre dar oportunidade de manifestação aos interessados em tais medidas. O

    capítulo ainda discorre sobre as ações esperadas de cada governo para colocar em

    uso o tratado.

    3.2.2.3 Comissão para a Cooperação Ambiental e Cooperação e Prestação de Informação

    Seu quarto capítulo fala sobre a Comissão para Cooperação Ambiental, que

    compreende um Conselho, um Secretariado e o Comitê Público (deixando facultada a

    criação de outras comissões caso julgar necessário). O capítulo informa a estrutura e

    obrigações de cada órgão, além da sistemática de funcionamento. Nele ainda

    constam as línguas oficiais da comissão, que são as três línguas oficiais dos três

    países participantes, inglês, francês e espanhol.

    No capítulo quinto o tratado apenas reafirma a necessidade de interação e

    cooperação dos participantes para a correta implantação dele, providenciando

    informações relevantes sempre que solicitados pelo conselho e pelo Secretariado.

    3.2.2.4 Resolução de Conflitos, Disposições Gerais e Disposições Finais

    Seu antepenúltimo capítulo lista o procedimento legal para resolução de

    possíveis disputas legais. Os procedimentos são um padrão e semelhantes nos dois

    tratados (NAAEC e NAALC).

    Nos últimos dois capítulos, demais informações relevantes sobre definições de

    termos utilizados, proteção de informação, relação com outros tratados ambientais e

    informações sobre anexos.

  • 32

    3.3 Países membros

    Como o próprio nome indica, o Tratado de Livre Comércio da América do Norte

    é composto apenas pelos países norte-americanos. Os Estados Unidos, o Canadá e o

    México são apresentados nesta parte do trabalho, seus dados básicos e econômicos

    do ano de 2013.

    Estados Unidos

    Os Estados Unidos da América, país comumente chamado apenas como

    Estados Unidos, ou E.U.A., é uma república situada no continente norte-americano.

    Formado por cinquenta estados e um distrito federal, a maioria de seu território se

    situa na parte central do continente, com exceção dos estados do Alasca e Havaí. É o

    quarto maior país do mundo em extensão territorial, com uma área total de 9.161.923

    km², e o terceiro em população, com mais de 316 milhões de habitantes. (Instituto

    Brasileiro de Geografia e Estatística, 2014).

  • 33

    Figura 2 - Mapa dos Estados Unidos

    Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2014).

    O Quadro 1 mostra alguns dados básicos sobre o país, como as principais

    cidades, moeda e idioma. Destaca também a quinta posição no ranking mundial do

    Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) alcançada pelos E.U.A.

    Quadro 1 - Dados básicos dos Estados Unidos

    Nome oficial Estados Unidos da América

    Superfície 9.161.923 Km²

    Continente América do Norte

    Capital Washington DC

    Principais cidades Nova Iorque, Los Angeles, Chicago, Dallas-Fort Worth, Houston, Philadelphia, Washington DC, Miami

    Idioma oficial Inglês

    Moeda Dólar (US$)

    População 316,4 milhões de habitantes Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    A seguir, uma tabela com os principais dados econômicos do país, como seu

    Produto Interno Bruto (PIB), inflação, taxa de desemprego, entre outros.

  • 34

    Tabela 1 - Dados econômicos dos Estados Unidos em 2014

    PIB

    Crescimento real 1,88%

    PIB nominal US$ 16,7 trilhões

    PIB nominal "per capita" US$ 53.101

    PIB PPP (Paridade do Poder de Compra) US$ 16,7 trilhões

    PIB PPP (Paridade do Poder de Compra) "per capita" US$ 53.101

    Origem do PIB

    Agricultura 1,10%

    Indústria 19,50%

    Serviços 79,40%

    Outros indicadores

    Inflação (fim do período) 1,524%

    Taxa de desemprego 7,35%

    Expectativa de vida 78,9 anos

    Ranking IDH 5º

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Na Tabela 1, entre os principais indicadores econômicos da maior economia do

    mundo, notamos um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$16,8 trilhões no ano

    de 2013, e uma expectativa de vida de 78,9 anos. Com uma taxa de IDH de 0,914, se

    encontra em na faixa dos países com IDH muito alto.

    Canadá

    Localizado na América do Norte, é o segundo maior país do mundo em

    extensão, com 9.984.670 km². É formado por dez províncias (Alberta, Colúmbia

    Britânica, Manitoba, Nova Brunswick, Terra Nova e Labrador, Nova Escócia, Ontário,

    Ilha do Príncipe Eduardo, Quebec e Saskatchewan) e três territórios (Territórios do

    Noroeste, Nunavut e Yukon). Possui dois idiomas oficiais, o inglês e o francês. No

    ranking de 2013 ocupou a 8ª posição no IDH. (Instituto Brasileiro de Geografia e

    Estatística, 2014).

  • 35

    Figura 3 - Mapa do Canadá

    Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

    O Quadro 2, com dados básicos sobre o Canadá, tem como destaque a sua

    imensa superfície terrestre, contrastando com sua população relativamente baixa em

    comparação.

    Quadro 2 - Dados básicos do Canadá

    Nome oficial Canadá

    Superfície 9.984.670 Km²

    Continente América do Norte

    Capital Ottawa

    Principais cidades Toronto, Montreal, Vancouver, Calgary, Ottawa, Edmonton, Quebec, Winnipeg e Hamilton.

    Idioma oficial Inglês e francês

    Moeda Dólar canadense (C$)

    População 35,16 milhões de habitantes Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    A Tabela 4 a seguir traz os principais dados econômicos do Canadá.

  • 36

    Tabela 2 - Dados econômicos do Canadá em 2014

    PIB

    Crescimento real 2,02%

    PIB nominal US$ 1,83 trilhões

    PIB nominal "per capita" US$ 52.037

    PIB PPP (Paridade do Poder de Compra) US$ 1,518 trilhões

    PIB PPP (Paridade do Poder de Compra) "per capita" US$ 43,235

    Origem do PIB

    Agricultura 1,7%

    Indústria 28,4%

    Serviços 69,9%

    Outros indicadores

    Inflação (fim do período) 0,90%

    Taxa de desemprego 7,1%

    Expectativa de vida 81,5 anos

    Ranking IDH 8º

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Destaque para a expectativa de vida, 81,5 anos, a maior do continente norte

    americano e uma das maiores do mundo.

    3.2.3 México

    O México, oficialmente nomeado Estados Unidos Mexicanos, é uma república

    localizada ao sul do continente norte-americano. É o décimo quarto país do mundo

    em extensão territorial, com 1.964.375 km². Com uma população de 118,4 milhões de

    habitantes, ocupou a 71ª posição no ranking do IDH em 2013. (Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatística, 2014).

  • 37

    Figura 4 - Mapa do México

    Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2014).

    O Quadro 3 traz dados básicos sobre o México, com destaque para o fato de

    ser o único país do continente com o espanhol como língua oficial.

    Quadro 3 - Dados básicos do México

    Nome oficial Estados Unidos Mexicanos

    Superfície 1.964.375 Km²

    Continente América do Norte

    Capital Cidade do México

    Principais cidades Cidade do México, Guadalajara, Monterrey, Puebla.

    Idioma oficial Espanhol

    Moeda Peso ($)

    População 118,40 milhões de habitantes Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

  • 38

    Tabela 3 - Dados econômicos do México em 2014

    PIB

    Crescimento real 1,06%

    PIB nominal US$ 1,26 trilhões

    PIB nominal "per capita" US$ 10.630

    PIB PPP (Paridade do Poder de Compra) US$ 1,84 trilhões

    PIB PPP (Paridade do Poder de Compra) "per capita" US$ 15.563

    Origem do PIB

    Agricultura 3,6%

    Indústria 36,6%

    Serviços 58,9%

    Outros indicadores

    Inflação (fim do período) 4,0%

    Taxa de desemprego 4,9%

    Expectativa de vida 77,14 anos

    Ranking IDH 71º

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Na Tabela 3, com dados econômicos do México, destaca-se a taxa de

    desemprego, a menor do continente. O México é o único país da América do Norte a

    apresentar um IDH apenas alto, diferente do Canadá e dos Estados Unidos,

    considerados muito altos.

  • 39

    4 ANÁLISE DOS INDICADORES ECONÔMICOS DOS PAÍSES MEMBROS

    O capítulo é iniciado com as definições de termos importantes para o

    entendimento do que segue, e após a compreensão destes termos são apresentados

    dados estatísticos dos países que compõem o NAFTA, traçando-se comparativo

    histórico. Mas antes de analisar os dados comerciais, serão mostrados dados da

    evolução do PIB, da inflação e da taxa de desemprego no período estudado para

    comparação. Ao fim do capítulo pretende-se proporcionar embasamento suficiente

    para que o leitor possa criar sua opinião sobre a relevância do tratado no

    desenvolvimento dos países membros.

    4.1 Economia, escassez e indicadores econômicos

    O entendimento da economia está diretamente ligado ao entendimento da

    escassez. A escassez talvez seja o principal motivo para se estudar economia, pois

    onde não há escassez, não há a necessidade de preocupação sobre como gastar os

    abundantes recursos disponíveis.

    Escassez pode ser entendida como demanda superior à oferta, quando há

    mais desejos do que bens disponíveis para satisfazê-los. Um cenário de escassez

    não descarta a possibilidade de se ter uma quantidade elevada de bens,

    diferenciando-se, portanto, do conceito de pobreza. Mesmo com uma grande

    quantidade de bens, se a demanda for maior haverá escassez. Ela existe porque as

    necessidades dos seres humanos são infinitas e ilimitadas, ao contrário dos recursos

    produtivos. (NOGAMI, PASSOS; 2003).

    Como qualquer sociedade tem suas necessidades, a escassez se torna um

    problema sério. Aí entra a economia, tendo como a escassez seu principal objeto de

    estudo. A economia é o estudo da escassez, de como a sociedade decide o quê,

    como e para quem produzir. (BEGG, DORNBUSCH, FISCHER; 2003).

  • 40

    Importante destacar que o estudo da Teoria Econômica se divide em duas

    vertentes, a microeconomia e a macroeconomia. Nogami e Passos (2003, p. 70)

    explicam:

    A Teoria Microeconômica, ou Microeconomia, preocupa-se em explicar o comportamento econômico das unidades individuais de decisão representadas pelos consumidores, pelas firmas e pelos proprietários de recursos produtivos. Ela estuda a interação entre firmas e consumidores e a maneira pela qual produção e preço são determinados em mercados específicos.

    Enquanto a microeconomia trabalha com conceitos individuais, a

    macroeconomia estuda a economia como um todo.

    Ela estuda o que determina e o que modifica o comportamento de variáveis agregadas, tais como a produção total de bens e serviços, as taxas de inflação e desemprego, […] etc. (NOGAMI, PASSOS; 2003, p. 70)

    Procurando possibilitar a mensuração de dados econômicos a fim de entendê-

    los, foram criados indicadores que são estudados e utilizados para qualificar a

    economia dos países. O Produto Interno Bruto (PIB), a inflação, e a taxa de

    desemprego são indicadores importantes e recebem atenção neste trabalho.

    Produto Interno Bruto

    O Produto Interno Bruto (PIB) nada mais é do que a soma de todos os bens e

    serviços produzidos em determinada região por um certo período de tempo,

    independentemente da nacionalidade do produtor. (SEADE.GOV.BR, 2015) É um dos

    indicadores mais utilizados para estudo, e tem como objetivo medir a atividade

    econômica de uma região.

    Difere-se do Produto Nacional Bruto (PNB), quando a nacionalidade do

    produtor é o que importa para a qualificação. Uma empresa brasileira situada na

    China contribui para o cálculo do PNB, mas não do PIB brasileiro. Esta mesma

    empresa contribui para o cálculo do PIB chinês.

    Um conceito importante no contexto do Produto Interno Bruto de um país é o

    PIB per capita. Aqui o valor total do PIB é dividido pelo tamanho da população do

  • 41

    país, analisando grosseiramente a média de riqueza do habitante daquela região.

    (ESTADAO.COM.BR, 2013)

    Outro conceito utilizado na realização do trabalho foi o PIB Paridade do Poder

    de Compra (PPC, ou Purchasing Power Parity, PPP). A Paridade de Poder de

    Compra é encarada como uma forma justa de cálculo, pois mede o valor real de uma

    moeda, levando em consideração o preço dos produtos e a inflação dos países,

    relacionando o valor com o custo de vida local.

    Inflação

    A inflação é o constante aumento dos preços das mercadorias no país, e a

    consequente perda de valor da moeda local. O índice de inflação reflete a real

    desvalorização da moeda durante aquele período. Num país que apresenta um índice

    de inflação de 2% em determinado mês, uma cesta básica que custava R$100,00

    passa a custar R$102,00.

    Segundo Nogami e Passos (2003, p. 499):

    O fenômeno macroeconômico inflação pode ser definido como o processo persistente de aumento do nível geral de preços, o que resulta em perda do poder aquisitivo da moeda. A inflação é considerada um fenômeno generalizado, pois os aumentos dos preços não ocorrem apenas sobre um pequeno conjunto de preços ou sobre um setor específico da economia.

    Cabe registrar, o Brasil conta atualmente com diferentes índices que medem a

    inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Nacional de

    Preços ao Consumidor (INPC) são medidos pelo IBGE. O Índice Geral de Preços

    (IGP) é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Índice de Preços ao

    Consumidor (IPC) é medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

    (BRASIL.GOV.BR, 2014).

  • 42

    Taxa de desemprego

    A taxa de desemprego é calculada levando-se em consideração a População

    Economicamente Ativa. Esta é constituída pelas pessoas que estão, teoricamente,

    prontas para o mercado de trabalho, separadas em grupos de ocupados e

    desocupados. Ocupados englobam os empregados, autônomos (trabalham por conta

    própria), empregadores e não-remunerados. Desocupados são os que na ocasião

    estão a procura de emprego, mas no momento se encontram desempregados. A taxa

    de desemprego se dá na relação entre os desocupados com a População

    Economicamente Ativa. Pode ser facilmente entendida por meio da equação:

    TD = D/PEA x 100

    (Leia-se: TD = Taxa de Desemprego, D = Índice de Desocupados e PEA =

    População Economicamente Ativa). (IBGE.GOV.BR, 2014)

    4.2 Estados Unidos

    Os Estados Unidos consolidaram-se como um dos principais mercados

    mundiais. No ano de 2013 os E.U.A. exportaram um total de 1,58 trilhões de dólares,

    enquanto suas importações chegaram a 2,33 trilhões.

  • 43

    Gráfico 1 - Crescimento anual do PIB americano (%) – 1993/2013

    Gráfico 2 - Inflação anual americana (%) – 1993/2013

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Como se vê no Gráfico 1, o PIB americano apresentou um crescimento muito

    irregular durante o período. Seu ápice foi no ano de 1999, onde apresentou um

    crescimento de 4,80% em comparação ao ano anterior, passando de U$9 trilhões

    para U$9,6 trilhões. Em contrapartida, no ano de 2009, devido à crise que ocorrera, o

    PIB americano caiu 2,8% em comparação à 2008, indo de U$14,7 trilhões para

    U$14,4 trilhões , Em 2013 o país apresentou um crescimento de 2,20% em relação ao

    ano de 2012, com seu PIB chegando ao valor de 16,7 trilhões de dólares.

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

  • 44

    O Gráfico 2 traz o resultado anual do índice de inflação norte americano. Nota-

    se pouca variação, com as máximas de 3,8% em 2008 e -0,40% em 2009. Em 2013

    os Estados Unidos apresentou uma inflação de 1,50%.

    Chama a atenção o índice apresentado em 2009, -0,40%. O que ocorre

    quando o índice anual fica negativo é chamado de Deflação. Deflação é o contrário da

    inflação, pois neste os preços apresentam um crescimento, enquanto naquele os

    preços caem de forma constante. Apesar de passível de interpretação, a deflação não

    é boa para a economia, mas na verdade ruim. Está geralmente associada com

    períodos de recessão, como o de 2008 e 2009, e esteve presente na crise de 1929.

    Reissman (2010) aponta:

    O termo deflação está intimamente associado ao fenômeno da queda

    nos lucros empresariais e da repentina e substancialmente maior dificuldade

    em se quitar dívidas, cuja consequência direta é a propagação das

    insolvências e das falências. A queda dos lucros e o agudo e repentino

    aumento no fardo das dívidas são, obviamente, os principais sintomas de

    uma depressão.

    Uma depressão, vale a pena enfatizar, é caracterizada não apenas

    por uma queda nos preços, mas também por uma forte redução nos lucros

    (os quais podem até se tornar negativos no agregado) e por um aumento

    acentuado nas dificuldades em se quitar as dívidas. Um desemprego em

    massa também é característica inequívoca de uma depressão.

    (MISES.ORG.BR, 2010)

    As causas e efeitos da deflação podem se misturar, criando um ciclo de difícil

    controle. Com preços baixos, as empresas lucram menos. Lucrando menos, não

    conseguem manter o mesmo ritmo de produção, o que geralmente ocasiona cortes e

    demissões. Com mais mão de obra desempregada, menor fica a demanda de

    produtos no mercado, pois o poder aquisitivo de um trabalhador desempregado é

    consideravelmente menor. Com menos demanda, diminui-se a oferta, que se vê

    desnecessária ou obrigada a baixar o preço.

  • 45

    Gráfico 3 - Índice de desemprego americano (%) – 1993/2013

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    O Gráfico 3 apresenta o índice de desemprego americano durante o período

    estudado, isto é, a porcentagem da população economicamente ativa que não se

    encontra empregada no momento. Destaque para o crescimento vertiginoso do ano

    de 2008 para 2009, saltando de 5,8% para 9,3%, e chegando ao seu pico em 2010,

    com 9.6%. Em 2000 o país apresentou o índice mais baixo durante o período, 4%.

    A Tabela 2 traz que o principal destino das exportações americanas são os

    países integrantes do NAFTA, mostrando que um dos objetivos iniciais do bloco, de

    incentivar e fortalecer as relações internas, vem obtendo êxito.

    Tabela 4 - Destino das exportações americanas - 2013

    Destino das Exportações US$ bilhões % do total

    Canadá 300,2 19,0%

    México 226,2 14,3%

    China 122,0 7,7%

    Japão 65,1 4,1%

    Reino Unido 47,3 3,0%

    Alemanha 46,9 3,0%

    Brasil 44,1 2,8%

    Países Baixos 42,7 2,7%

    Hong Kong 42,4 2,7%

    Coreia do Sul 41,6 2,6%

    Subtotal 978,5 62,0%

    Outros países 599,5 38,0%

    Total 1578 100,00% Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

  • 46

    Gráfico 4 - Participação no total das exportações americanas (%) - 1993/2013

    Nota-se que o Brasil aparece em sétimo lugar, com 2,8% do total, sendo o

    único representante sul-americano entre os dez principais importadores. Por

    continente, seus vizinhos norte-americanos (Canadá e México) formam o principal,

    seguidos dos países asiáticos com 31% e da União Europeia com 17%.

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    O Gráfico 4 traz um histórico da participação de Canadá e México no total das

    exportações americanas como destino, e notam-se dois cenários inversos.

    Enquanto o Canadá apresentava-se como destino de 21,56% das exportações

    norte americanas no ano da instituição do tratado, em 1993, em 2013 foi destino

    de 19,02% do total exportado pelos Estados Unidos, um decréscimo de mais de

    2% na sua participação. Veremos a seguir que apesar do decréscimo na

    participação, os valores brutos exportados apresentaram um grande crescimento.

    Quanto ao México, ocorre o inverso. Destino de 8,95% das exportações norte

    americanas, em 2013 o país surgiu como destino de 14,33% de tudo o que é

    exportado pelos EUA. após 19 anos de um crescimento irregular, se estabiliza

    como segundo principal destino.

  • 47

    Gráfico 5 - Exportações americanas para o Canadá (US$ Milhões) - 1993/2013

    Gráfico 6 - Exportações americanas para o México (US$ Milhões) - 1993/2013

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Como informado anteriormente, o Gráfico 5 informa que o total exportado dos

    Estados Unidos para o Canadá quase triplicou. Em um crescimento mais regular,

    passou de cerca de 100 bilhões de dólares em 1993 para mais de 300 bilhões em

    2013. Destaque para a queda apresentada em 2009, reflexo da crise ocorrida

    entre 2008 e 2009.

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

  • 48

    A entrada no NAFTA promoveu um grande desenvolvimento nas relações

    comerciais entre o México e os Estados Unidos. Vê-se no Gráfico 6 que o total

    exportado dos EUA com destino ao México cresceu mais do que cinco vezes. De

    41 bilhões em 1993, passou para 226 bilhões em 2013. Apesar do crescimento

    considerável, as relações também sentiram o reflexo da crise em 2009.

    No Gráfico 7 a seguir, os principais produtos exportados pelo país. Vê-se uma

    predominância do setor de máquinas, com as mecânicas (13,5%) e as elétricas

    (10,5%). Combustíveis (10,5%), automóveis (8,5%) e instrumentos de precisão

    (5,3%) completam os cinco primeiros lugares da lista.

    Gráfico 7 - Principais produtos exportados pelos Estados Unidos (US$ bilhões) - 2013

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Nas importações, a China rouba o primeiro lugar dos parceiros do NAFTA

    sendo a origem de 19,8% dos bens importados pelos Estados Unidos., conforme a

    Tabela 5.. É seguida pelo Canadá, com 14,5%, e México, com 12,2%. O Brasil não

    figura entre os dez primeiros, sendo a origem de 1,2% e ocupando a 16º posição

    no ranking de origem dos bens importados pelos E.U.A. Do continente asiático

    saem 44% dos bens importados pelos E.U.A.

  • 49

    Gráfico 8- Participação no total das importações americanas (%) - 1993/2013

    Tabela 5 - Origem das importações americanas - 2013

    Origem das Importações US$ bilhões % do total

    China 460 19,80%

    Canadá 336,7 14,50%

    México 283 12,20%

    Japão 142,1 6,10%

    Alemanha 116,9 5,00%

    Coreia do Sul 65 2,80%

    Reino Unido 53,6 2,30%

    Arábia Saudita 53,1 2,30%

    França 46,3 2,00%

    Índia 43,3 1,90%

    Subtotal 1600,0 71,2%

    Outros países 728,2 28,8%

    Total 2328,2 100,00% Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Entre os bens mais importados pelos Estados Unidos, quando comparados

    aos exportados, os seis primeiros só mudam a ordem na classificação, como pode

    ser comparado no Gráfico 9. Combustíveis aparecem em primeiro, com 16,7% do

    total, seguido por máquinas mecânicas (13,4%), máquinas elétricas (13%),

    automóveis (10,9%) e instrumentos de precisão (3,1%).

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

  • 50

    Gráfico 9 - Principais produtos importados pelos Estados Unidos (US$ bilhões) - 2013

    Conforme o Gráfico 8, a participação no total das importações americanas

    como origem segue a tendência semelhante à participação nas exportações, com

    canadense e crescimento mexicano. Cabe destaque na informação de que até

    2006 o Canadá era o primeiro colocado da lista, como origem de 16,04% das

    importações americanas. Em 2007 a China assumiu seu posto, pulando de

    15,93% para 16,86%.

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Com o Brasil, os Estados Unidos movimentaram um total de US$60,66 bilhões

    no ano de 2013, sendo um de nossos principais parceiros econômicos. Em

    comparação com 2012, onde o intercâmbio comercial havia sido de US$59,06

    bilhões, houve um crescimento de 2,7%.

  • 51

    Gráfico 10 - Intercâmbio comercial Estados Unidos x Brasil (US$ bilhões FOB) - 2013

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Conforme o Gráfico 10, dos US$60,66 bilhões movimentados, US$24,65 bilhões

    foram exportados dos Estados Unidos para o Brasil, enquanto US$36,01 bilhões

    foram de importações norte-americanas. Os dados demonstram uma participação

    muito ativa dos Estados Unidos no cenário mundial, com seus parceiros do NAFTA e

    com o Brasil.

    4.3 Canadá

    No ano de 2013 o Canadá se firmou como 11ª economia mundial. Foi o 12º

    maior exportador e o 13º maior importador. Apesar disso, sua balança comercial

    fechou deficitária em 2013, com uma diferença de US$ 5,4 bilhões.

  • 52

    Gráfico 11 - Crescimento anual do PIB canadense (%) – 1993/2013

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    No Gráfico 11 encontram-se os índices de crescimento do PIB canadense no

    período de 1993 até 2013. Nota-se um crescimento inconstante, com variações

    positivas e negativas regulares. Destaque para o ano de 2000, com um crescimento

    relativo de 5,1%, passando de U$674 bilhões para U$739 bilhões. Em 2009, mais

    reflexos da crise americana, apresentando um decréscimo de 2,70% em relação ao

    ano de 2008, indo de U$1,54 trilhões para U$1,37 trilhões. Em 2013 o Canadá

    apresentou um crescimento de 2% em relação à 2012, fechando com um PIB de

    U$1,826 trilhões.

  • 53

    Gráfico 12 - Inflação anual canadense (%) – 1993/2013

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    O Gráfico 12 traz a inflação anual do Canadá durante o período estudado, e

    destaca-se o controle, com pouca variação. A linha de tendência formada não sai da

    casa dos 2%, por exemplo. Detalhe para os extremos de 0,20% em 1994, em mais

    um cenário de deflação, e 2,90% em 2011. Em 2013 o Canadá fechou com uma

    inflação de 0,90%.

    Já no Gráfico 13 encontramos o índice de desemprego do mesmo período. O

    primeiro ano estudado aparece com o maior índice de desemprego, mostrando que

    no geral o índice apresentou uma queda relativa e constante até o ano de 2007, onde

    chegou ao seu menor valor, 6%. Mais uma vez encontramos destaque no ano de

    2009, com uma alta considerável.

  • 54

    Gráfico 13 - Índice de desemprego canadense (%) – 1993/2013

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    A seguir na Tabela 6 conheceremos os principais destinos das exportações

    canadenses, com total predominância de seu principal parceiro, os Estados Unidos. O

    outro parceiro do NAFTA, México, figura apenas na quinta posição.

    Tabela 6 - Destino das exportações canadenses - 2013

    Destino das Exportações US$ bilhões % do total

    Estados Unidos 345,7 75,8%

    China 19,9 4,4%

    Reino Unido 13,6 3,0%

    Japão 10,4 2,3%

    México 5,3 1,2%

    Hong Kong 4,8 1,0%

    Países Baixos 3,5 0,8%

    Coréia do Sul 3,3 0,7%

    Alemanha 3,3 0,7%

    França 2,9 0,6

    Subtotal 412,7 90,5%

    Outros países 43,7 9,5%

    Total 456,4 100,00% Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Graças à participação dos Estados Unidos, os vizinhos da América do Norte

    aparecem como destino principal das exportações canadenses, com quase 77% do

    total. Na sequência aparecem os países asiáticos, com 11,8%, e Europa, com 8,2%.

    Com apenas 0,5% do total, o Brasil aparece na 13ª colocação.

  • 55

    Gráfico 14 - Participação no total das exportações canadenses (%) - 1993/2013

    Gráfico 15 - Exportações canadenses para os EUA (US$ Milhões) - 1993/2013

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Nota-se pelo Gráfico 14 a grande importância dos Estados Unidos nas

    exportações do Canadá, com 75.7% do total. Destaque também para a pouca

    participação mexicana, apenas pouco mais de 1%. Apesar de apresentar um

    crescimento constante, as interações entre Canadá e México não acompanham o

    crescimento das interações entre os países e os Estados Unidos.

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

  • 56

    Gráfico 16 - Exportações canadenses para o México (US$ Milhões) - 1993/2013

    No Gráfico15 encontram-se os valores totais exportados para os Estados

    Unidos provenientes do Canadá. Dos U$116 bilhões em 1993 para os U$345 bilhões

    em 2013, o valor total mais que dobrou. Ainda recuperando-se da queda em 2008,

    onde o total foi de U$353 bilhões, o valor de 2013 não foi o maior encontrado no

    período de tempo estudado,

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    De acordo com o Gráfico 16, as exportações do Canadá com destino ao

    México multiplicaram-se quase nove vezes durante o período pesquisado. Apesar de

    impressionante, continua pouco significativo, haja vista que os valores iniciais eram

    muito baixos. Em 1993 o Canadá exportou para o México U$636 milhões, longe dos

    U$5,5 bilhões exportados em 2011, maior valor do período. Seguindo a constante, em

    2008 os valores apresentaram uma queda considerável, mas vão se recuperando, e

    fecharam 2013 com um total de U$5,2 bilhões exportados.

    A seguir, veremos no Gráfico 17 as exportações canadenses divididas por

    produtos, elencando os dez mais significativos. Em primeiro aparecem os

    combustíveis, com mais de um quarto do total (26,3%). Na sequência, automóveis

    (13%), máquinas mecânicas (6,8%), ouro e pedras preciosas (4,7%) e máquinas

    elétricas (3,1%).

  • 57

    Gráfico 17 - Principais produtos exportados pelo Canadá (US$ bilhões) - 2013

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Seu principal parceiro (EUA) segue predominando nos rankings de interação

    comercial como origem de 52,1% das importações canadenses. Neste ranking, o

    México, outro integrante do NAFTA, aparece em terceiro, com 5,6%, logo atrás da

    China (11,1%), como pode ser visto na Tabela 7.

    Tabela 7- Origem das importações canadenses - 2013

    Origem das Importações US$ bilhões % do total

    Estados Unidos 240,7 52,1%

    China 51,2 11,1%

    México 25,9 5,6%

    Alemanha 15,0 3,2%

    Japão 13,3 2,9%

    Reino Unido 8,2 1,8%

    Coréia do Sul 7,1 1,5%

    Itália 5,6 1,2%

    França 5,2 1,1%

    Taiwan 4,6 1,0%

    Subtotal 376,8 81,6%

    Outros países 85,02 18,4%

    Total 461,82 100,0% Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

  • 58

    Gráfico 18 - Participação no total das importações canadenses (%) - 1993/2013

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Sobre o histórico de participação, o Gráfico 18 informa que a participação

    americana como origem das importações canadenses não se encontra em seus

    maiores dias. Em 1998 os EUA apareciam como origem de 68,19% do total. Nos anos

    posteriores, apresentou queda constante, e apesar de melhoras nos últimos dois

    anos, fechou o período estudado com 52,12%. O México por sua vez continua pouco

    ativo, apesar de mostrar uma evolução regular, passando de 2,12% em 1993 para

    5,61% em 2013.

    Conforme o Gráfico 19, suas importações são compostas em sua maioria por

    automóveis (15,5%) e máquinas mecânicas (14,2%), seguidos por combustíveis

    (10,9%), máquinas elétricas (9,8%) e plásticos (3,3%).

  • 59

    Gráfico 19 - Principais produtos importados pelo Canadá (US$ bilhões) - 2013

    Gráfico 20 - Intercâmbio comercial Canadá x Brasil (US$ bilhões FOB) - 2013

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    No ano de 2013 o Canadá movimentou um total de US$5,7 bilhões com o

    Brasil, sendo US$ 2,7 bilhões em exportações e US$3 bilhões em importações, sendo

    o nosso 18º principal parceiro econômico, como mostram os dados no Gráfico 20.

    Quando comparado com 2012, o intercâmbio total apresentou uma queda de 7,3%.

  • 60

    Gráfico 21 - Crescimento anual do PIB mexicano (%) - 1993/2013

    4.4 México

    Em 2013 o México movimentou US$761,3 bilhões somando suas importações e

    exportações. Mais precisamente, importou US$381,2 bilhões e exportou US$380,1,

    totalizando um saldo deficitário de US$1,1 bilhão.

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    Quando o Gráfico 21 é analisado, nota-se um crescimento bastante irregular do

    PIB mexicano durante o período. Com extremos de -5,8% em 1995, quando

    despencou de U$527 bilhões para U$343 bilhões, e de 7% em 1997, subindo de

    U$397 bilhões para U$480 bilhões. Em 2013, após apresentar um crescimento de

    1,1%, fechou com um PIB de U$1,26 trilhões.

  • 61

    Gráfico 22 - Inflação anual mexicana (%) - 1993/2013

    Gráfico 23 - Índice de desemprego mexicano (%) - 1993/2013

    Fonte: Elaborado pelo acadêmico com dados do MRE/DPE/DIC e Banco Mundial (2014).

    A Inflação mexicana apresentou seu maior índice durante o período estudado

    no ano de 1995, chegando aos 35%, de acordo com o Gráfico 22. Foi se controlando

    ao passar dos anos seguintes, atingindo seu menor valor em 2011, 3,4%. O país

    fechou o período estudado com uma inflação de 3,8% em 2013.

    Fonte: Elaborado pelo acadêm