muros de berlim

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Instituto Superior de Engenharia de Lisboa Departamento de Engenharia Civil Processos de Construção e Edificações I Paredes de Berlim (Monografia) Monografia – Paredes de Berlim Disciplina: Processos de Construção e Edificações I 1

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Page 1: Muros de Berlim

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

Departamento de Engenharia Civil

Processos de Construção e Edificações I

Paredes de Berlim(Monografia)

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

Departamento de Engenharia Civil

Processos de Construção e Edificações I

Paredes de Berlim(Monografia)

Docente:

Professor Carlos Manuel Martins

Aluna:

Marta Soraia Ribeiro Patrício

Nº 35724

3º ano – 5º Semestre do ano lectivo 2010/2011

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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ÍNDICE GERAL

1. Introdução 9

2. Campo de aplicação das paredes de Berlim 11

3. Metodologia construtiva 12

4. Materiais e Equipamentos utilizados 23

5. Vantagens e desvantagens 24

6. Caso prático da utilização da contenção definitiva tipo Berlim 26

7. Conclusão 31

8. Bibliografia 33

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 7: Muros de Berlim

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Disposição em planta de perfis metálicos verticais colocados ao longo de uma contenção periférica tipo Berlim 15

Figura 2 – Escavação do primeiro nível de painéis primários e banquetas para os painéis secundários

16

Figura 3 – Painéis primários executados e banquetas para os painéis secundários 18

Figura 4 – Esquema ilustrativo em corte da parede de Berlim construída 28

ÍNDICE DE Fotografias

Fotografia 1 – Execução da furacão 14

Fotografia 2 – Colocação do perfil vertical metálico 1 15

Fotografia 3 – Colocação do perfil vertical metálico 2 15

Fotografia 4 – Execução da viga de coroamento 16

Fotografia 5 – Escavação geral para a execução dos primeiro nível de painéis primários 17

Fotografia 6 – Preparação para betonagem dos painéis primários 18

Fotografia 7 – Negativo para a ancoragem 18

Fotografia 8 – Painéis primários executados com a localização para posicionamento da futura ancoragem

20

Fotografia 9 – Execução dos painéis secundários do primeiro nível 20

Fotografia 10 – 1º nível de painéis executado (painéis primários e secundários), ancoragem dos painéis primários já realizada e furacão dos painéis secundários para ancoragem 20

Fotografia 11 – Selagem dos cabos de ancoragem 21

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Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Fotografia 12 – Pormenor de uma cabeça de ancoragem 21

Fotografia 13 – Execução dos painéis 2 os do 2º nível 21

Fotografia 14 – Execução do 2º nível (painéis 1os e 2os) 21

Fotografia 15 – Furacão dos painéis secundários do 2º nível da parede para ancoragem 22

Fotografia 16 – Primeiro e segundo níveis da parede de Berlim finalizados 22

Fotografia 17 – Execução dos painéis secundários do terceiro nível da parede de Berlim 22

Fotografia 18 – Ancoragens do 3º nível de painéis da parede de Berlim 22

Fotografia 19 –Alçado da parede de Berlim existente na IC17 CRIL-Sublanço Buraca/Pontinha-Nó de Alfornelos 22

Fotografia 20 – Parede de Berlim em fase de finalização 28

Fotografia 21 – Rotura e levantamento do pavimento de uma divisão 29

Fotografia 22 – Deslocamento do topo de um edifício, patente na junta de dilatação 29

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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1. Introdução

A presente monografia foi elaborada no contexto da disciplina de Processos de

Construção e Edificações I, cadeira integrante do 3º ano da Licenciatura de

Engenharia Civil do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa.

Como tema a abordar na presente monografia, optou-se por desenvolver um dos tipos

de contenções periféricas adoptadas na construção civil – as Contenções do tipo

Berlim. A escolha do tema a abordar deveu-se não só à importância deve tipo de

contenções no suporte de escavações urbanas em Portugal, mas também ao meu

interesse em adquirir maior conhecimento relativamente a este tipo de estruturas.

Considerando os objectivos da disciplina em que a presente monografia se insere, o

conteúdo desenvolvido na mesma não pretendeu abordar aspectos relacionados com o

dimensionamento destas estruturas, visando antes dar conhecimento acerca da

aplicabilidade deste tipo de solução (Capítulo 2), do processo construtivo associado

ao mesmo (Capítulo 3), dos equipamentos e materiais necessários à sua aplicação

(Capítulo 4) e ainda das vantagens e desvantagens da escolha da sua utilização

(Capítulo 5). No Capítulo 6 é feita referência a um caso real em que a execução

incorrecta de uma parede de Berlim acarretou danos graves em habitações adjacentes.

Por fim, no capítulo 7, efectua-se uma breve conclusão relativamente aos aspectos

desenvolvidos no âmbito do trabalho.

É ainda importante salientar que se procurou ao longo da presente monografia

acompanhar, sempre que possível, os conteúdos teóricos desenvolvidos com fotografias

ou figuras que permitam uma melhor compreensão dos aspectos abordados.

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Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 10: Muros de Berlim

2. Campo de aplicação das paredes de Berlim

Com o desenvolvimento dos meios urbanos assistiu-se à procura de novo espaço

para o crescimento das áreas edificadas, ao aumento da procura de espaços comerciais

e à expansão da rede de transportes terrestre, tendo-se verificando, por conseguinte, a

necessidade de criação de mais espaço, onde o existente já esta incontornavelmente

condicionado.

Como solução para estes problemas têm-se recorrido ao subsolo e à volumetria que

se torna disponível com a remoção de solo abaixo da cota superficial. Aliado às

operações de grandes escavações para a obtenção de maior espaço disponível, surgiu a

necessidade de estabilização do terreno circundante. Assim, com excepção de raros

casos em que as intervenções se realizam em locais isolados que não justificam a

adopção de técnicas mais complexas, na generalidade das situações, este tipo de

procedimentos é condicionado ou pela existência de estruturas adjacentes que

obrigatoriamente não podem ser afectadas ou de infra-estruturas cujos danos ou

simples interrupção do seu funcionamento se traduziria uma situação muito onerosa.

Para fazer face à questão da estabilidade do terreno adjacente a uma escavação, ao

longo dos anos têm sido adoptadas várias soluções de suporte, melhoradas

função da evolução da técnica e dos materiais disponíveis, as quais visam garantir,

dentro dos limites razoáveis, que a acção de escavação a desenvolver não perturba a

situação existente.

A contenção do tipo de Berlim é uma das soluções de suporte existentes e é uma

técnica aplicável em solos com características boas a médias e com pouca água no

subsolo. É uma solução frequentemente utilizada em Portugal, nomeadamente para a

contenção de escavações para túneis rodoviários e do metropolitano, passagens

desniveladas, parques de estacionamento sobre áreas públicas ou em caves de vários

níveis em terrenos urbanos.

O tipo de contenção em estudo consiste, genericamente, na instalação no terreno de

perfis metálicos verticais, geralmente da série HE, separados entre si a uma

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 11: Muros de Berlim

determinada distância, entre os quais são moldados painéis em betão armado. A

estabilização destas contenções é efectuada provisoriamente através de elementos

metálicos, tais como ancoragens e escoramentos, os primeiros instalados geralmente no

centro dos painéis.

Monografia – Paredes de Berlim

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Page 12: Muros de Berlim

Esta página foi deixada propositadamente em branco

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 13: Muros de Berlim

3. Metodologia construtiva

Previamente ao desenvolvimento das fases de construção propriamente ditas, é

necessário desenvolver-se um conjunto de operações prévias, as quais são

essenciais para o bom funcionamento das etapas seguintes. Deve ainda

estabelecer-se a plataforma de trabalho. Assim, antecipadamente à construção da

parede de Berlim deve:

Proceder-se ao reconhecimento do local, com vista à definição de

processos adequados para a remoção de eventuais obstáculos que

possam vir a intervir com o desenvolvimento das etapas construtivas

seguintes;

Assegurar uma superfície de trabalho mais ou menos horizontal, livre de

obstáculos, com altura suficiente para a operação dos equipamentos;

Drenagem adequada da superfície do terreno de forma a evitar eventuais

alagamentos no decorrer dos trabalhos resultantes de eventuais períodos

de precipitação;

Afastamento ou eliminação de todas as estruturas e ou redes enterradas ,

tais como redes de abastecimento de água e de esgotos,

telecomunicações, restos de fundações, raízes, que possam interferir com

os trabalhos a desenvolver, bem como as que possam afectar a

estabilidade do terreno durante as operações de escavação;

Recepção de materiais e máquinas , bem como a implantação e

piquetagem ou marcação das posições correctas onde serão colocados os

perfis da cortina;

Na eventualidade da escavação a realizar poder comprometer a

estabilidade de estruturas limítrofes, deverão ser efectuados os

necessários escoroamentos e ou reforços;

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 14: Muros de Berlim

Realizadas as operações prévias e estabelecida a plataforma de trabalho,

dá-se início à construção da parede de Berlim. As fases construtivas

desenvolvidas durante este tipo de contenção são descritas nos parágrafos

seguintes, apresentando-se igualmente, sempre que possível, fotografias tiradas

em contexto real, mais especificamente na obra da contenção periférica de Berlim

existente ao longo da via rodoviária “IC17 CRIL - Sublanço Buraca / Pontinha - Nó de

Alfornelos”.

Assim sendo, a primeira etapa para a construção de uma parede de Berlim, consiste

na execução de furos para colocação dos perfis verticais metálicos. A distância

entre furos pode variar com o terreno ou com as solicitações das construções

vizinhas.

Fotografia 1 – Execução da furacão

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 15: Muros de Berlim

Após a execução dos furos, procede-se à colocação dos perfis metálicos, soldados

topo a topo, com ajuda de uma grua. No fundo faz-se a selagem com calda de

cimento para garantir o encastramento no fundo. Serão os perfis metálicos que

resistirão ao esforço vertical produzido pelas ancoragens, peso das entivações e

pela componente vertical do impulso das terras e eventualmente a sobrecarga

provinda de edifícios vizinhos.

Nas 2 fotografias seguintes, pode observar-se a colocação sequencial de dois perfis

verticais metálicos na parede de Berlim construída na “IC17 CRIL - Sublanço Buraca

/ Pontinha - Nó de Alfornelos”. Por sua vez, a Figura 1 ilustra esquematicamente um

exemplo da disposição em planta de perfis metálicos de uma contenção do tipo

Berlim.

Fotografia 2 – Colocação do perfil vertical

metálico 1

Fotografia 3 – Colocação do perfil vertical

metálico 2

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 16: Muros de Berlim

Figura 1 – Disposição em planta de perfis metálicos verticais colocados ao longo de uma

contenção periférica tipo Berlim

Colocados os perfis verticais metálicos, é realizada a escavação da vala para a

execução da viga de coroamento. Segue-se à escavação da vala, a execução da

referida viga de coroamento, a qual tem por objectivo ligar os diversos perfis já

cravados no terreno.

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 17: Muros de Berlim

Fotografia 4 – Execução da viga de coroamento

Findada a execução da viga de coroamento dos perfis, procede-se à escavação

geral para a execução do primeiro nível de painéis primários. Esta escavação é

realizada deixando apenas a área correspondente à execução dos painéis primários

acrescida dos espaço necessário à implantação dos varões de espera para os

painéis secundários (laterais) e painel primário seguinte (cota inferior). Nas zonas

dos painéis secundários são deixadas banquetas, de forma a se garantir a

estabilidade da escavação (ver Fotografia 5).

Figura 2 – Escavação do primeiro nível de

painéis primários e banquetas para os painéis

secundários

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 18: Muros de Berlim

Fotografia 5 – Escavação geral para a execução dos

primeiro nível de painéis primários

Segue-se a execução dos painéis primários, etapa em que é montada a armadura

dos painéis, seguida de cofragem e, por fim, da betonagem dos painéis.

Assim, relativamente à montagem da armadura, é importante fazer referência à

amarração dos varões superiores da viga de coroamento à armadura dos painéis e

ao facto de que na zona inferior do painel é usual e aconselhável deixarem-se

varões de espera dentro de uma caixa de areia, a qual após a escavação do nível

seguinte se desmorona por acção da gravidade deixando visíveis os varões para

amarração do painel seguinte.

Relativamente à cofragem, para permitir a entrada do betão a parte superior desta

deve ser inclinada, resultando restos “cachimbos” de betão que são demolidos de

imediato aquando da execução das lajes.

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 19: Muros de Berlim

Previamente às operações de betonagem devem ser deixados negativos da

ancoragem (utilização de, por exemplo, um tubo de plástico), de forma a que exista

um furo que permita localizar o posicionamento da futura ancoragem (ver um

negativo em pormenor na Fotografia 7 e o posicionamento da futura ancoragem

após betonagem na Fotografia 8).

Nas zonas onde se realizam as ancoragens as armaduras podem ser reforçadas por

meio de contrafortes para evitar que se dê o fenómeno de punçoamento. Este

procedimento adopta-se, por exemplo, junto a avenidas de grande movimento onde

qualquer assentamento teria consequências bastante graves.

Fotografia 6 – Preparação para betonagem

dos painéis primários

Fotografia 7 – Negativo para a ancoragem

Por fim, a betonagem dos painéis, é a operação que finaliza a etapa de execução

dos painéis primários.

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 20: Muros de Berlim

Figura 3 – Painéis primários executados e

banquetas para os painéis secundários

Findada a execução dos painéis primários, realizam-se as ancoragens e a colocação

de escoras nos painéis primários. A ancoragem é essencialmente um elemento

estrutural que transmite uma força de tracção da estrutura principal a uma zona do

terreno adjacente, mobilizando a resistência ao corte desse terreno.

As ancoragens são aplicadas no terreno através de cabos de aço de alta resistência,

sendo efectuada a selagem destas ao terreno através de calda de cimento (à base

de água e cimento). A operação de selagem tem como objectivos a ligação da

armadura ao terreno na zona de amarração, a protecção contra a corrosão na zona

de amarração e ainda o preenchimento dos vazios do terreno que possam consentir

perda de calda envolvente, principalmente na zona de selagem. O processo de

ancoragem compreende as fases seguintes:

Perfuração dos furos para a colocação dos cabos de ancoragem (pode

ver-se no lado direito da Fotografia 10 a realização da perfuração de um

painel);

Colocação dos cabos de aço (conforme mostra a Fotografia 10, nos 8

primeiros painéis da sequência implementada);

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 21: Muros de Berlim

Selagem através da injecção da calda de cimento (primária e secundária)

– a sua injecção é feita de forma continua e sem interrupções na zona de

selagem até se obter a pressão de injecção adequada (ver Fotografia 11);

Aplicação do pré-esforço – o cabo de aço é sujeito a tensionamento,

sendo impedida a sua recuperação através da utilização de cunhas de

ancoragem. Normalmente o tensionamento dos cabos de ancoragem é

feita normalmente 7 dias após a ultima injecção de calda. Este período

pode no entanto ser reduzido para cerca de 4 quando aplicado o

acelerador de endurecimento da calda de cimento.

Terminada a execução dos painéis primários e efectuadas as ancoragens e

colocação de escoras nos painéis primários, estão reunidas as condições a remoção

das banquetas, ficando, por conseguinte, toda a plataforma ao mesmo nível (ver

Fotografia 8).

Fotografia 8 – Painéis primários executados com

a localização para posicionamento da futura

ancoragem

Removidas as banquetas, fica concluída a escavação do primeiro nível de painéis,

sendo executados em seguida os painéis secundários do primeiro nível, de forma

idêntica à enunciada para os painéis primários (ver Fotografia 9).

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 22: Muros de Berlim

Terminada a execução dos painéis secundários, são realizadas as ancoragens e a

colocação de escoras nestes painéis (ver Fotografia 10).

Fotografia 9 – Execução dos painéis

secundários do primeiro nível

Fotografia 10 – 1º nível de painéis

executado (painéis primários e

secundários), ancoragem dos painéis

primários já realizada e furacão dos

painéis secundários para ancoragem

Fotografia 11 – Selagem dos cabos de

ancoragem

Fotografia 12 – Pormenor de uma cabeça de ancoragem

Finalizado o primeiro nível da contenção definitiva, prossegue-se com a execução

da parede até à cota de fundação, adoptando em cada um dos níveis de escavação

previstos os procedimentos descritos anteriormente.

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 23: Muros de Berlim

Por fim, procede-se à escavação e à execução das sapatas dos painéis

correspondentes ao último nível, no caso de ser aplicável uma solução de fundação

superficial, ou realiza-se uma maciço de encabeçamento de estacas, no caso se ser

necessário uma fundação profunda. Concluídas as fases anteriores, procede-se à

desactivação das ancoragens estabelecidas.

Em seguida apresentam-se algumas fotografias que apresentam algumas das

etapas da construção dos 3 níveis de painéis que fizeram parte da parede de Berlim

existente, na já referida obra, “IC17 CRIL - Sublanço Buraca / Pontinha - Nó de

Alfornelos”.

Fotografia 13 – Execução dos painéis 2 os do

2º nível

Fotografia 14 – Execução do 2º nível (painéis

1os e 2os)

Fotografia 15 – Furacão dos painéis

secundários do 2º nível da parede para

Fotografia 16 – Primeiro e segundo níveis da

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 24: Muros de Berlim

ancoragem parede de Berlim finalizados

Fotografia 17 – Execução dos painéis

secundários do terceiro nível da parede de

Berlim

Fotografia 18 – Ancoragens do 3º nível de

painéis da parede de Berlim

Fotografia 19 –Alçado da parede de Berlim existente na IC17 CRIL-Sublanço

Buraca/Pontinha-Nó de Alfornelos

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 25: Muros de Berlim

4. Materiais e Equipamentos utilizados

Para a execução das fases construtivas referidas no capítulo anterior, é necessário um

conjunto de equipamentos e materiais, de entre os quais se destacam pela sua

importância os seguintes:

Trado para furacão dos espaços onde serão colocados os perfis verticais

metálicos. Quando em presença de solo rochoso o trepano é utilizado

para a colocação dos perfis ou para executar as ancoragens;

Perfis verticais metálicos da série HE , sendo por vezes utilizados perfis

com secções circulares;

Grua para auxilio da colocação dos perfis metálicos verticais;

Escavadora para as operações de escavação a realizar. Se o terreno for

rochoso a escavadora é equipada com um martelo;

Martelo pneumático para destruição do cachimbo da betonagem;

Especificamente para a realização das ancoragens são utilizados:

Equipamento de furacão;

Elementos de fixação e ancoragens – os elementos de fixação

existentes são de diversos tipos, porém têm de apresentar uma

composição e resistência apropriadas às forças e pressões e

pressões que são aplicadas tanto em fase de colocação como em

fase posterior, devendo suportar as acções do terreno, podendo

ou não ser agravadas na fase de colocação;

Ferramentas diversas de furacão tais como varas, martelo de

fundo de furo, martelo de superficie; “caisng”, bits de furacão;

Compressor ;

Calda de cimento ;

Bomba de injecção para a injecção da calda de cimento na zona

de selagem e misturadora de alta turbulência para a calda de

cimento, de forma a garantir a uniformidade na qualidade da

calda;

Bomba de água , se necessária;

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 26: Muros de Berlim

Equipamento de pré-esforço : Macaco hidráulico e bomba de pré-

esforço;

Máquina de soldar .

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 27: Muros de Berlim

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Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 28: Muros de Berlim

5. Vantagens e desvantagens

Como em qualquer processo construtivo, as contenções de Berlim apresentam

vantagens e desvantagens na sua aplicação. Como vantagens da execução deste

tipo de contenção definitiva destacam-se as seguintes:

É uma solução com custos moderados quando o desnível de terras a

conter não é superior a cerca de 12 m e quando os terrenos a conter

apresentam média a elevada compacidade e/ou coesão;

Não exige grande área de estaleiro nem pessoal e tecnologia

especializada;

comparativamente a outros tipos de contenção, como sejam as paredes

moldadas, em lotes muito estreitos, as paredes de Berlim apresentam

vantagem, já que o equipamento utilizado pode operar em áreas com

pouco espaço;

Facilidade na execução da construção deste tipo de contenção,

permitindo bons rendimentos diários em área de parede;

Permitem em simultâneo a realização da escavação e a execução da

contenção;

Dispensam acabamentos finais relevantes, como os necessários por

exemplo em cortinas de estacas;

Por outro lado, a aplicação deste tipo de contenção definitiva apresenta como

principais desvantagens as seguintes:

possibilidade de poder ocorrer a descompressão dos terrenos durante as

operações de escavação, podendo acarretar, por conseguinte,

assentamentos em edifícios vizinhos;

não devem ser utilizadas em solos incoerentes ou de nível freático

interferente com a contenção;

a sua aplicação é relativamente limitada em termos de profundidade;

requerem espaço para além da escavação para as ancoragens:

a cravação dos perfis metálicos pode produzir vibrações indesejáveis.

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 29: Muros de Berlim

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Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 30: Muros de Berlim

6. Caso prático da utilização da contenção definitiva tipo Berlim

No capítulo 3, foi apresentado o faseamento construtivo associado às contenções

de Berlim, ilustrando-se o processo com fotografias da sua aplicação em contexto

real, mais especificamente na contenção de terras na via rodoviária IC17 CRIL -

Sublanço Buraca / Pontinha - Nó de Alfornelos”. A aplicação deste tipo de estrutura

de suporte foi implementada com sucesso para os objectivos a que se destina, à

semelhança do que se verifica em grande parte das obras em que estas soluções

são aplicadas.

Porém, em algumas situações, a execução destas estruturas podem acarretar

prejuízos em áreas adjacentes à sua área de implementação, conforme foi já

referido como desvantagem do processo no capítulo 5, nomeadamente se os

procedimentos a adoptar para a sua execução não forem adequados. Assim, no

presente capítulo apresenta-se um exemplo de um caso real em que a incorrecta

execução da obra de contenção de Berlim, entre outros factores, acarretou sérios

danos nas habitações adjacentes à área em que a mesma foi implementada.

Em 1997, numa urbanização de Queluz, no concelho de Sintra, foi efectuada uma

escavação com cerca de 15 metros de altura para a construção de um silo-auto, o qual

visava resolver os problemas de estacionamento existentes na zona. Durante 2 anos a

escavação permaneceu a céu aberto, não tendo sido construída qualquer estrutura de

suporte que minimizasse a descompressão do maciço resultante da escavação e que

garantisse a segurança dos edifícios adjacentes.

Após 2 anos da abertura da escavação, foi decidido pelo Dono de Obra construir uma

contenção do tipo de Berlim para garantir a estabilidade dos terrenos e de toda a

urbanização. A parede de contenção periférica, com 4 níveis de painéis principais, não

foi construída de forma alternada, sendo o maciço escavado de uma única vez para

cada nível de painel, sem ser de forma faseada com painéis betonados alternados com

banquetas de maciço por escavar. Paralelamente, apenas se efectuaram ancoragens

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 31: Muros de Berlim

nos segundos e terceiros níveis de painéis, ficando os restantes desprovidos de

travamento.

Passados 3 meses do início das operações, a parede com 15 metros de altura e

aproximadamente 70 metros de desenvolvimento estava concluída. A Figura 4

apresenta um esquema da parede construída em corte, ilustrando a Fotografia seguinte

a contenção em fase de finalização.

Fotografia 20 – Parede de Berlim em fase de

finalização

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 32: Muros de Berlim

Figura 4 – Esquema ilustrativo em corte da parede de

Berlim construída

Durante os 2 anos em que a escavação esteve sem suporte, as habitações adjacentes

sofreram alguns danos, tais como ligeiros assentamentos das fundações dos edifícios,

fissurações nos revestimentos das paredes e pavimentos e de fendilhações nas

cantarias aplicadas.

No decorrer da construção da obra de contenção, o alívio de tensões provocado pela

escavação, associado ao ritmo acelerado de construção da parede e à forma como a

mesma foi executada, acarretaram a evolução rápida das fissurações e fendilhações já

registadas nos edifícios, e, ainda mais grave, levaram a cabo diversos escorregamentos

de terreno, tendo os edifícios contíguos à escavação sido seriamente danificados. Como

danos decorrentes da construção incorrecta da obra de contenção destacam-se os

seguintes:

assentamentos diferenciais nos edifícios;

fissurações;

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 33: Muros de Berlim

fendilhações;

rotura dos pavimentos térreos com aparecimento de calda de cimento;

inclinação de 6 cm no topo de um dos edifícios no sentido da escavação,

devido aos movimentos de terras (ver Fotografia 22).

Fotografia 21 – Rotura e levantamento do

pavimento de uma divisão

Fotografia 22 – Deslocamento do topo de

um edifício, patente na junta de dilatação

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 34: Muros de Berlim

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 35: Muros de Berlim

7. Conclusão

O crescimento urbano e a necessidade de criação de mais espaço levou à crescente

utilização do subsolo para suprir as carências de espaço existentes. A utilização do

subsolo acarreta que se façam grandes escavações, as quais requerem, por

conseguinte, a estabilização do terreno circundante.

As contenções definitivas de Berlim são uma das soluções de suporte existentes e têm

vindo a ser frequentemente adoptadas no nosso Pais, em áreas com solos com

características boas a médias e com pouca água no subsolo.

São várias as etapas que consubstanciam a construção de uma parede de Berlim, sendo

o início desta obra marcado pela operação de furacão para a colocação de perfis

verticais metálicos, espaçados a uma determinada distância entre si e ligados

posteriormente através de uma viga de coroamento. Após a viga de coroamento, segue-

se a etapa de escavação, betonagem e eventual ancoragem ou escoramento de painéis

primários do primeiro nível, deixando-se banquetas no segundo nível. Executada esta

fase, a construção prossegue com a remoção das banquetas e execução dos painéis

secundários do primeiro nível, de forma idêntica aos painéis primários. Executa-se a

parede de contenção até à cota de fundação, adoptando em cada nível os

procedimentos descritos para o primeiro nível. A escavação e a execução das fundações

dos painéis correspondentes ao último nível e a desactivação das ancoragens

estabelecidas marcam o final da empreitada de construção da obra de suporte em

estudo.

Como vantagens deste tipo de contenção destaca-se o custo moderado associado à sua

execução, a sua adaptabilidade a zonas urbanas com pouco espaço e a dispensa de

acabamentos finais relevantes, como os requeridos noutras soluções, como sejam por

exemplo as cortinas de estacas. Por outro lado, a possibilidade de poder ocorrer a

descompressão dos terrenos durante as operações de escavação, com consequentes

assentamentos em edifícios vizinhos é a principal desvantagem associada às

contenções do tipo de Berlim.

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Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Por fim, importa ainda salientar que é de extrema importância a execução de estudos

geológicos e geotécnicos que procedam o projecto de escavações e contenções

periféricas, e a correcta execução das fases construtivas associadas à implementação

da contenção em apreço, de forma a se minimizarem as desvantagens associadas a

uma obra desta natureza, e, a evitar, por conseguinte, danos em habitações ou infra-

estruturas adjacentes como é o caso do exemplo descriminado no capítulo anterior.

Monografia – Paredes de Berlim

Disciplina: Processos de Construção e Edificações I

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Page 37: Muros de Berlim

8. Bibliografia

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