modelo de roteiro para a produção do trabalho bimestral

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1 Roteiro: A Instituição Escolar LOBO NETO, Otávio Camargo. Roteiro: A Instituição Escolar Curitiba: 2010. Baseado no texto de Marilda Iwaya: A Instituição Escolar. (Marilda Iwaya A Instituição Escolar in Sociologia. Curitiba, SEED-PR, 2006. ) Parte Cena Narrativa e textos. C R É D I T O S I N I C I A I S Em primeiro plano aparece o título do livro didático público. Nesta cena aparece a saída da sala dos professores ao fim do intervalo, onde se mostra todo o caminho desta até a sala de aula. A trilha sonora Ramones “Rock'n'Roll High School”. Sobem os créditos no decorrer da cena. Até a chegada do título do curta. Produção, direção, pesquisa, voz e roteiro por Otávio Lobo Baseado no texto de Marilda Iwaya: A Instituição Escolar. A Instituição Escolar P R O B L E M A É mostrado o pai da educação moderna bem como o frontispício de sua obra pedagógica. Aparecem fotos que representam a educação antiga e medieval. Escorregam o primeiro à esquerda para a direita, e o segundo em sentido oposto, as fotos de Lev Vigostky e Jean Piaget. Aparecem em primeiro plano “Senso Comum” e “Educação?” Narrador (N): - A escola, tal como conhecemos hoje, intitulada pelos historiadores da educação como Escola Moderna, começou a se configurar em fins do século XVI e ao longo do século XVII. Antes disso, nas sociedades antigas e medievais, já havia a preocupação com a educação de seus jovens, os quais estudavam ou individualmente, sob a orientação de um mestre, ou em pequenos grupos, independentes de idade ou seriação. Adultos e crianças freqüentavam a mesma classe durante o tempo que desejassem ou precisassem, e isso não era considerado um problema. As teorias da psicologia da aprendizagem, que estabelecem etapas para o desenvolvimento humano, virão muitos anos depois. Mas o olhar que damos hoje à educação passa longe da análise sociológica. Pensem comigo: em termos de Senso Comum, como vemos a educação? C L I P E Nesta cena aparece uma série de notícias e fotografias mostrando como a grande mídia enxerga a educação. A música de fundo (O Fortuna dos Carmina Burana) imprime ritmo à passagem das notícias/ fotografias. I N T R O D U Ç Ã O O B J E Escorregam cenas de chaves e da Escolinha do prof. Raimundo. Mostra-se fotos que representem o capitalismo. Fotos de Intelectuais. (N)Vejam que se nos baseássemos no que diz o senso comum a escola seria pouca coisa além de um repositório de violência e absurdo. E não raro uma mistura entre os dois. Então percebam: Um dos principais objetivos do estudo da Sociologia é auxiliar a “desnaturalizar” os fatos sociais, a desconstruir alguns conceitos que, de tão repetidos que foram, parecem ser os únicos verdadeiros. Assim, desnaturalizar a instituição escolar

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O vídeo pode ser visto em:Parte 1 http://www.youtube.com/watch?v=_cwag_7AuiIParte 2 http://www.youtube.com/watch?v=5cQLwqLuSsM

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Page 1: Modelo de Roteiro para a produção do Trabalho Bimestral

1 Roteiro: A Instituição Escolar

LOBO NETO, Otávio Camargo. Roteiro: A Instituição Escolar Curitiba: 2010. Baseado no texto de Marilda Iwaya: A Instituição Escolar. (Marilda Iwaya A Instituição Escolar in Sociologia. Curitiba, SEED-PR, 2006. ) Parte Cena Narrativa e textos.

C R É D I T O S

I N I C I A I S

Em primeiro plano aparece o título do livro didático público. Nesta cena aparece a saída da sala dos professores ao fim do intervalo, onde se mostra todo o caminho desta até a sala de aula. A trilha sonora Ramones “Rock'n'Roll High School”. Sobem os créditos no decorrer da cena. Até a chegada do título do curta.

Produção, direção, pesquisa, voz e roteiro por Otávio Lobo Baseado no texto de Marilda Iwaya: A Instituição Escolar. A Instituição Escolar

P R O B L E M A

É mostrado o pai da educação moderna bem como o frontispício de sua obra pedagógica. Aparecem fotos que representam a educação antiga e medieval. Escorregam o primeiro à esquerda para a direita, e o segundo em sentido oposto, as fotos de Lev Vigostky e Jean Piaget. Aparecem em primeiro plano “Senso Comum” e “Educação?”

Narrador (N): - A escola, tal como conhecemos hoje, intitulada pelos historiadores da educação como Escola Moderna, começou a se configurar em fins do século XVI e ao longo do século XVII. Antes disso, nas sociedades antigas e medievais, já havia a preocupação com a educação de seus jovens, os quais estudavam ou individualmente, sob a orientação de um mestre, ou em pequenos grupos, independentes de idade ou seriação. Adultos e crianças freqüentavam a mesma classe durante o tempo que desejassem ou precisassem, e isso não era considerado um problema. As teorias da psicologia da aprendizagem, que estabelecem etapas para o desenvolvimento humano, virão muitos anos depois. Mas o olhar que damos hoje à educação passa longe da análise sociológica. Pensem comigo: em termos de Senso Comum, como vemos a educação?

C L I P E

Nesta cena aparece uma série de notícias e fotografias mostrando como a grande mídia enxerga a educação. A música de fundo (O Fortuna dos Carmina Burana) imprime ritmo à passagem das notícias/ fotografias.

I N T R O D U Ç Ã O

O B J E

Escorregam cenas de chaves e da Escolinha do prof. Raimundo. Mostra-se fotos que representem o capitalismo. Fotos de Intelectuais.

(N)Vejam que se nos baseássemos no que diz o senso comum a escola seria pouca coisa além de um repositório de violência e absurdo. E não raro uma mistura entre os dois. Então percebam: Um dos principais objetivos do estudo da Sociologia é auxiliar a “desnaturalizar” os fatos sociais, a desconstruir alguns conceitos que, de tão repetidos que foram, parecem ser os únicos verdadeiros. Assim, desnaturalizar a instituição escolar

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2 T I V O S

Bem como a de Durkheim e de Adorno

significa saber que ela foi pensada e construída por pessoas como professores, religiosos ou governantes que tinham interesses e necessidades próprias daquele momento histórico. E que, antes desse modelo escolar, existiram outras formas criadas pelas sociedades para transmitirem às suas crianças e jovens os saberes necessários para a vida social. Para compreender o que estou dizendo, vamos olhar a escola que você estuda e, a partir daí, ver duas teorias sociológicas que tentam compreender o que seja isto: a escola.

D E S E N V O L V I M E N T O

C A R A C T E R I S T I C A S

Fotos de Livros de chamada, livros didáticos, etc.

(N) A escola tem as seguintes características que estamos cansados de saber: a preocupação em separar os alunos em classes seriadas, de acordo com a faixa etária a divisão sistemática dos programas de acordo com cada série; os níveis de estudos passam a ter um encadeamento: a escola elementar (ler, escrever e contar), com a escola média ou profissional e os estudos superiores; o tempo para o estudo e para o cumprimento dos programas para uma determinada série também passam a ser preestabelecidos. Não será mais o ritmo de aprendizado do aluno que dirá de quanto tempo ele necessita para aprender, mas sim o ritmo imposto pela instituição. Outros elementos muito comuns em nossa prática escolar também passaram a ser utilizados, como o registro das aulas, o controle de freqüência (chamada), a elaboração de textos simplificados para cada disciplina (livros didáticos). Junto com isso teremos maior rigor disciplinar, com a criação de normas e regimentos de conduta. Enfim, são práticas que têm a função de organizar, disciplinar e controlar. Mas por que isso? Qual seria o interesse para uma sociedade em organizar, disciplinar e controlar os mais jovens?

D E S E N V O L V I M E N T O

D U R K H E I M

Escorrega à direita alguém jogando guitar Hero. E à esquerda alguém estudando. Mostra-se a foto e as data de nascimento e morte de Durkheim.

(N) Pensem na seguinte hipótese: você está em casa Tranquilo. E tem duas possibilidades: ou estuda ou joga vídeo game. Qual dessas possibilidades você estaria mais inclinado à fazer? Parte de vocês iria imediatamente ao vídeo-game sem pestanejar. Então percebam: Estes que foram jogar vídeo-game estão mais preocupados em se divertir, ou seja, se guiar pelo próprio prazer do que se preocupar com o próprio futuro. Por esse exemplo, nós conseguimos compreender a perspectiva de Durkheim. Segundo ele, a escola, assim como as demais instituições sociais, tem a função de imprimir sobre as novas gerações valores morais e disciplinares que visam à perpetuação da sociedade tal como ela está organizada quanto à ordem e no respeito aos valores dominantes. Durkheim trata a sociedade como se essa fosse uma

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3 Trechos de Vídeos retirados do filme Capitalism: A Love story de Michel Moore Foto de Durkheim e o escrito “Teoria Funcionalista” deslizam em primeiro plano.

entidade externa aos indivíduos, acima dos conflitos sociais, das lutas por interesses diversos. A sociedade é assim entendida como um corpo harmônico, com valores e à qual só nos resta a adaptação. Pois bem! Para Durkheim a escola não é alvo de críticas, pois funciona adequadamente à sociedade na qual está inserida. Para ele, todos os indivíduos e instituições têm uma função a cumprir, que uma vez, bem desempenhada contribuirá para o progresso e à harmonia social. Os conflitos sociais não resultam das desigualdades provindas da sociedade de classes, mas são espécies de “doenças”, e como tais devem ser “tratadas”. Sua tese fica conhecida como Teoria Funcionalista, porque entende a escola como uma função dentro do corpo social. A função da escola segundo ele seria então, organizar os jovens com vistas à, discipliná-los nos valores sociais correntes e controlar os impulsos que seriam contrários à ordem social vigente.

D E S E N V O L V I M E N T O

I T E R M E Z Z O

Algumas fotos de “harmonia” em sala de aula. Trechos extraídos do Arquitetura da Destruição de Peter Cohen. Trechos extraídos do Triunfo da Vontade de Leni Riefenstahl. Trechos extraídos do Documentário da BBC: Auschwitz – Nazis and the final solution

(N) Então pensemos assim: a escola consegue controlar todos esses impulsos e, portanto, condicionar todos os homens a seguirem esses valores sociais. Mas se a sociedade se guiar por valores que não sejam os melhores? Pior: e se esses valores forem criminosos? Como vocês já sabem ocorreu no século XX um sistema político social que era flagrantemente criminoso: O totalitarismo Nacional Socialista Alemão. Quando o nazismo toma o poder da Alemanha em 1933, eles tomam conta não só da máquina do estado como pretendem controlar os corações e mentes de sua população. Para tanto Hitler e seus asseclas utilizaram de critérios pseudo-científicos para a manipulação da massa. Segundo o ideário nazista, a raça ariana seria uma das três grandes raças humanas, e este termo (ariano) serviria para designar a raça branca, descendente das antigas tribos que se originaram numa região ao sul do que hoje é a Rússia, há cerca de sete ou oito mil anos, e se expandiram por toda a Europa no curso da história. Mas para além de um discurso, a intenção era educar toda a população nestes valores arianos. Então vejam, para que isso funcionasse Hitler foi diretamente aos mais jovens para pregar seu novo sistema social. Esses estudantes foram conhecidos como Juventude Hitlerista. Sua pretensão da nazificação da cultura alemã, ou seja, de moldar a Alemanha segundo sua ideia de sociedade e de homem, passava por uma “higienização” da Alemanha. Daí a “necessidade” de exterminar os não-arianos. O resto vocês já sabem: segue-se a construção dos campos de concentração com vista ao extermínio das raças inferiores, o projeto que ficou conhecido como: a solução final.

Page 4: Modelo de Roteiro para a produção do Trabalho Bimestral

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D E S E N V O L V I M E N T O

A D R O R N O

Fotos de Adorno. Fotos de campos de concentração da segunda guerra mundial. Cena retirada do filme Triumph des Willens de Leni Riefenstahl.

(N) O mais famoso desses campos foi o de Auschwitz. Theodor Adorno escreve um texto intitulado “Educação após Auschwitz”. Neste ensaio, Adorno vincula a educação como instrumento de formação de pessoas que podem cometer atrocidades a serviço de um sistema xenofóbico. Para Adorno, a principal tarefa da educação é evitar um novo Auschwitz. Ou seja, temos que discutir o que significa organizar, disciplinar e controlar em sala de aula. Porque afinal, a barbárie Nazista fez exatamente isso. Organizou a sociedade segundo sua ideologia. Disciplinou militarmente a sociedade alemã. E por fim controlou-a. Para que possamos evitar um novo Auschwitz é necessário que se eduque criticamente. Com vistas não ao confronto, mas à conciliação.

C O N C L U S A O

Aparecem imagens relativas ao clipe que será mostrado ao final. Aparece gradualmente o vídeo-clipe da música Another Brick in the wall (part II) legendado.

(N) Em Another Brick in the Wall do grupo Pink Floyd, o vídeo-clipe nos dará a chave para compreendermos os dilemas da educação. É mostrado ali a história de como as humilhações vividas pelo personagem geram sua revolta. A tal ponto, que ele destruiria sem pestanejar o sistema que possibilita essas humilhações. Também é representado no vídeo, o próprio sistema educacional. Que retira dos estudantes sua expressividade mais singular. O sistema é então representado por uma máquina de moer carne. Já a perda da identidade, é representada pelas máscaras utilizadas pelos escolares. O que nos mostra o próprio dilema da educação hoje: “Como educar a tal ponto onde as crianças sejam guiadas por valores, mas que consigamos fazê-las críticas a esses valores”.

C R É D I T O S

F I N A I S

Ao som de Ramones “Rock'n'Roll High School” (legendado). Onde aparecerá em primeiro plano o clipe 1 desta música. Este clipe torna-se menor até ocupar o canto inferior esquerdo, quando subirão os créditos finais. No canto superior direito aparecerá um trecho retirado de um filme com o mesmo nome da música. Ao final do clipe 1, este sairá de cena e o clipe 2 ocupará todo o enquadramento. Nos instantes finais este começará a desaparecer, sobrevindo o fim.

Textos: Marilda Iwaya A Instituição Escolar in Sociologia. Curitiba, SEED-PR, 2006. Theodor Adorno Educação após Auschwitz in Educação e Emancipação. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1995. Produção, direção, pesquisa, voz e roteiro por Otávio Lobo. Filmagens dos estudantes e professores foi realizada no Colégio Dona Branca do Nascimento Miranda no dia de Novembro de 2010. Prof. Otávio Lobo em sua respectiva residência. Trechos dos filmes: Capitalism: A Love Story de Michel Moore; Triumph des Willens - Leni Riefenstahl; Auschwitz – Nazis and the final solution – BBC; Arquitetura da Destruição - Peter Cohen. Trechos de vídeos Guitar Hero III: You Tube Imagens variadas: Google Imagens. Músicas O Fortuna - Carmina Burana - Carl Orff Por Seiji Ozawa e Berliner Philharmoniker. Another Brick in the Wall (part II) Pink Floyd Retirado do Filme The Wall de Alan Parker. Baseado na obra homônima do grupo Pink Floyd. Rock'n'Roll High School The Ramones Clipes www.youtube.com Tradução: letras.terra.com.br/