modelo de informaÇÕes estratÉgicas aplicadas a sistemas de inteligÊncia organizacional na...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO OVIDIO FELIPPE PEREIRA DA SILVA JÚNIOR MODELO DE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS APLICADAS A SISTEMAS DE INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL NA GESTÃO PÚBLICA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA: O CASO DA EPAGRI TESE DE DOUTORADO FLORIANÓPOLIS 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSCPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO

OVIDIO FELIPPE PEREIRA DA SILVA JNIOR

MODELO DE INFORMAES ESTRATGICAS APLICADAS A SISTEMAS DE INTELIGNCIA ORGANIZACIONAL NA GESTO PBLICA DE PESQUISA AGROPECURIA: O CASO DA EPAGRITESE DE DOUTORADO

FLORIANPOLIS 2006

OVIDIO FELIPPE PEREIRA DA SILVA JNIOR

MODELO DE INFORMAES ESTRATGICAS APLICADAS A SISTEMAS DE INTELIGNCIA ORGANIZACIONAL NA GESTO PBLICA DE PESQUISA AGROPECURIA: O CASO DA EPAGRI

Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito final para obteno do ttulo de Doutor em Engenharia de Produo. ORIENTADORA: Aline Frana de Abreu, Ph.D

FLORIANPOLIS 2006

FICHA CATALOGRFICA

S38m

Silva Junior, Ovdio Felippe Pereira da, 1959Modelo de informaes estratgicas aplicadas a sistemas de inteligncia organizacional na gesto pblica de pesquisa agropecuria : o caso da Epagri [manuscrito] / Ovdio Felippe Pereira da Silva Jnior. 2006. 232 f. : il. Color. Cpia de computador (Printout(s)). Tese (doutorado) Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo, 2006. Orientador: Prof. Aline Frana de Abreu, PhD. . Bibliografia: f. 200-208. 1. Agronegcios. 2. Inteligncia organizacional. 3. Administrao pblica I. Abreu, Aline Frana de. II. Ttulo. CDU: 658.012.2

Claudia Bittencourt Berlim CRB 14/964

OVIDIO FELIPPE PEREIRA DA SILVA JNIOR

MODELO DE INFORMAES ESTRATGICAS APLICADAS A SISTEMAS DE INTELIGNCIA ORGANIZACIONAL NA GESTO PBLICA DE PESQUISA AGROPECURIA: O CASO DA EPAGRIEsta tese foi julgada e aprovada para a obteno do titulo de Doutor em Engenharia de Produo no Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianpolis, 14 de julho de 2006.

_________________________________ Prof. Edson Pacheco Paladini, Doutor Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

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__________________________________

Aline Frana de Abreu, Ph.D. Orientadora

lio Holz, Doutor Universidade Federal de Santa Catarina Epagri Gerncia de Informaes

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Emilio Arajo Menezes, Doutor Universidade Federal de Santa Catarina UFSC

Jos Leomar Todesco, Doutor Universidade Federal de Santa Catarina UFSC

__________________________________

Pedro Felipe de Abreu, Ph.D Universidade Federal de Santa Catarina UFSC

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Antnio Maria Gomes de Castro, Ph.D Universidade de Braslia - UnB Embrapa Superintendncia de Pesquisa e Desenvolvimento

A minha esposa Rosria, aos meus filhos Caroline e Thales, e a todos os familiares (especialmente a v Nathalia falecida no dia anterior a defesa da minha tese) e amigos, que me apoiaram positivamente, com amor e carinho em todos os momentos deste trabalho.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos: A professora Aline Frana de Abreu, pela orientao e incentivo no

desenvolvimento desta Tese. A UFSC, pela oportunidade concedida para a realizao do Curso de Doutorado em Engenharia de Produo. Aos dirigentes da Epagri e CONSEPA, que contriburam com seus conhecimentos e experincias na realizao da anlise dos dados. Aos amigos do IGTI, que me apoiaram na concluso deste trabalho. Aos colegas da FTI Tecnologia e Informao, Portobello e UNIVALI, pela amizade e apoio durante este trabalho. Ao amigo Moacir Bet (em memria) e famlia. Aos meus pais, que me proporcionaram chegar neste momento. A todos os meus parentes pela ajuda constante. A minha esposa Rosria, e meus filhos Caroline e Thales, pelo amor, pacincia, carinho e compreenso. A Deus, sempre. A todos, meus sinceros agradecimentos.

Das utopias, Se as coisas so inatingveis ... ora! No motivo para no quer-las ... Que tristes os caminhos, se no fora a presena distante das estrelas! (Mrio Quintana Rua dos Cataventos e outros Poemas, 1997)

Nunca, jamais desanimes, embora venham ventos contrrios. (Santa Paulina Nova Trento, Brasil)

RESUMOSILVA JNIOR, Ovdio Felippe Pereira da. Modelo de informaes estratgicas aplicadas a sistemas de Inteligncia Organizacional na gesto pblica de pesquisa agropecuria: o caso da EPAGRI. 2006. 232 p. Tese (Doutorado em Engenharia de Produo) - Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, 2006.Esse estudo visa propor um Modelo Conceitual de Informaes Estratgicas como apoio a sistemas de Inteligncia Organizacional, aplicados no processo decisrio na gesto pblica de pesquisa agropecuria. Justifica-se pela importncia econmica do setor, que responde por cerca de um tero do PIB brasileiro; pela migrao dos governos, para uma administrao pblica gerencial focada em resultados; pela presso de solues, como o Governo Eletrnico; e pelo desafio enfrentado pelos gestores do agronegcio carentes de sistemas de informao para decises estratgicas. A pesquisa compreende uma ampla reviso bibliogrfica e como base o estudo de caso do Portal Gerencial da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa Catarina). Ainda, o estudo amplia-se a partir da verificao do modelo por especialistas de empresas do CONSEPA (Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuria) e da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria), atravs de questionrio semi-estruturado aplicado por entrevistas presenciais. Como resultado principal, pretende-se disponibilizar um modelo de referncia de informaes estratgicas adequado para as empresas pblicas de pesquisas agropecurias do Brasil. Assim, atendendo uma demanda crescente observada no setor pblico. Ainda, destaca-se como contribuio acadmica, a apresentao de pressupostos de percepes de anlise a partir do estudo de caso, produzindo reflexes conceituais sobre a implantao do Portal Gerencial. E no que tange a contribuies na gesto pblica, o modelo proposto permite reconhecer aspectos influenciadores, com vista a facilitar o desenvolvimento de sistemas de Bussines Intelligence para esse setor. Como resultados alcanados, h a percepo que o modelo melhorou a efetividade de gesto, pois apoiou as tomadas de deciso, a partir da sistematizao e da agilizao do processo de planejamento institucional (demandas e projetos) e do processo Oramentrio (reduo tempo e qualificao das informaes). Assim, considera-se o modelo pertinente e acessvel s OEPAs, pois percebeu-se resultados no estudo de caso, atendendo aos requisitos levantados pelos gestores da Epagri e referendado pelas empresas avaliadoras. Observase, como retorno aos stakeholders o acesso s informaes sobre as demandas, projetos, resultados oramentrios, resultados qualitativos, e outras vises de forma estruturada e organizada, at ento de difcil e quase inexistente disponibilizao de informaes. Palavras-chave: Business Intelligence, Gesto Pblica, Agronegcios. .

ABSTRACTSILVA JNIOR, Ovdio Felippe Pereira da. Strategic information model applied to Organizational Intelligence systems in the public management of agricultural research: the case of EPAGRI. 2006. 232 p. Thesis (Doctorate in Production Engineering) Post-Graduate Program in Production Engineering, Federal University of Santa Catarina, Florianpolis, 2006.This study aims to provide a Conceptual Model of Strategic Information to support Organizational Intelligence Systems, for use in the decision-making process, in the public management of farming research. It is justified by the economic importance of the sector, which makes up around one third of the Brazilian GDP; by the shift of governments towards a more results-focused managerial public administration; by the pressure for solutions, such as the e-Government; and by the challenge faced by agribusiness managers, who lack information systems for making strategic decisions. The study includes an extensive bibliographic review and is based on the Portal Gerencial (Management Portal) of Epagri (Agricultural and Rural Research Company of Santa Catarina). The study is also extended based on the views of the model offered by specialists from the companies of CONSEPA (National Council for State Systems in Agricultural Research) and EMBRAPA (Brazilian Agricultural Research Corporation), through a semi-structured questionnaire, which was applied in face-to-face interviews. The main result will be to provide a strategic information model which can be used by public farming research companies in Brazil, thereby meeting a growing demand observed in the public sector. It also makes an academic contribution, by presenting hypotheses on the perspectives analyzed, based on the case study, producing conceptual reflections on the implementation of the Management Portal. And in terms of its contribution to public management, the proposed model enables the recognition of influential aspects, in order to facilitate the development of Business Intelligence systems for this sector. As reached results, it has the perception that the model improved the management effectiveness, therefore supported the decision taking, from the systematization and of the agility of the process of organizational planning (demands and projects) and of the Budgetary process (reduction time and qualification of the information). Thus, the pertinent and accessible model to the OEPAs is considered, therefore it was perceived resulted in the case study, taking care of to the requirements raised for the managers of the Epagri and authenticated by the companies appraisers. It is observed, as return to stakeholders the access to the information on the demands, projects, resulted budgetary, qualitative results, and other visions of form structuralized and organized, until then of difficult and almost inexistent availability of information. Key-words: Business Intelligence, Public Management, Agribusiness

LISTA DE FIGURASFIGURA 1.1 FIGURA 1.2 FIGURA 2.1 FIGURA 2.2 FIGURA 2.3 FIGURA 2.4 FIGURA 2.5 FIGURA 2.6 FIGURA 2.7 FIGURA 2.8 FIGURA 2.9 ARQUITETURA DE INFORMAES ESTRATGICAS................................... 18 METODOLOGIA GERAL DE DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAO DE BI....... 29 VISO GERAL DA REVISO DA LITERATURA ............................................ 32 CLASSIFICAO DOS PROBLEMAS DE DECISO ..................................... 51 COMPARATIVO ENTRE OS PROCESSOS DE DECISO, MUDANA E APRENDIZAGEM .................................................................................. MODELO DE APURAO E AVALIAO DE RESULTADOS E DE DESEMPENHO .................................................................................... DIAGRAMA DOS NVEIS HIERRQUICOS DA INFORMAO ....................... MODELO DINMICO DE SISTEMAS DE INFORMAO ................................ OS TRS TIPOS DE SISTEMAS DE SUPORTE GERENCIAL ........................ 53 56 70 76 76

AS CINCO PERSPECTIVAS DA ARQUITETURA........................................... 62 CICLO DE INTELIGNCIA DE NEGCIOS ................................................. 71

FIGURA 2.10 MODELO DE DECISO .......................................................................... 77 FIGURA 2.11 COMPONENTES DA FASE DE PLANEJAMENTO ......................................... 80 FIGURA 2.12 VISO GERAL DA ARQUITETURA DOS RELACIONAMENTOS EMPRESARIAIS.. 83 FIGURA 2.13 VISO GERAL DAS FERRAMENTAS DE UM AMBIENTE DE BI ...................... FIGURA 3.1 FIGURA 4.1 FIGURA 4.2 FIGURA 4.3 FIGURA 4.4 FIGURA 4.5 FIGURA 4.6 FIGURA 4.7 FIGURA 4.8 FIGURA 4.9 FIGURA 5.1 FIGURA 5.2 FIGURA 5.3 FIGURA 6.1 VISO GERAL DO TRABALHO ............................................................... 84 99

VISO GERAL DA METODOLOGIA ADOTADA NA EPAGRI........................ 117 VISO DOS PROCESSOS DA EPAGRI, ANLISE CADEIA DE VALORES ..... 120 VISO DOS PROCESSOS DE PLANEJAMENTO DA EPAGRI ..................... 121 VISO GERAL DA ESTRUTURA DE DECISO DA EPAGRI ....................... 122 ESTRUTURA DE DECISO DO PLANEJAMENTO INSTITUCIONAL 2002 ..... 123 ESTRUTURA DOS INDICADORES DE DESEMPENHO GERENCIAL ............... 124 ESTRUTURA DA REA DE RESULTADOS ................................................ 126 MODELO INFORMAES DE DEMANDAS ................................................ 131 MODELO INFORMAES DE PROJETOS ................................................ 134 PROPOSTA DO MODELO DE ANLISE E DISCUSSO ............................... 139 ARQUITETURA TECNOLGICA DO PORTAL GERENCIAL .......................... 159 ESTRUTURA DA FIGURA PROGRAMTICA DA EPAGRI ............................. 164 MODELO DE INFORMAES ESTRATGICAS APLICADAS A SISTEMAS DE INTELIGNCIA ORGANIZACIONAL PARA OEPAS ..................................... 192

LISTA DE QUADROSQUADRO 1.1 ORGANIZAES PBLICAS DE PESQUISA AGROPECURIA DO BRASIL..... QUADRO 2.1 OBJETIVOS DE UMA ARQUITETURA DA INFORMAO.............................. QUADRO 2.2 EVOLUO DO PAPEL DOS SISTEMAS DE INFORMAO NOS NEGCIOS. QUADRO 2.3 PRINCIPAIS TIPOS DE FERRAMENTAS FRONT-END................................. QUADRO 3.1 RESUMO DE CLASSIFICAES DA PESQUISA........................................ QUADRO 3.2 ESTRUTURA GERAL DA PESQUISA....................................................... QUADRO 3.3 ATIVIDADES DA ETAPA DE REFERENCIAL TERICO............................... QUADRO 4.1 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA EPAGRI........................................ QUADRO 4.3 QUADRO RESUMO DA METODOLOGIA ADOTADA NA EPAGRI................. QUADRO 5.1 INFRA-ESTRUTURA TECNOLGICA EM 2002......................................... 28 60 69 87 94 98 100 112 118 156

QUADRO 4.2 RESUMO DOS PRODUTOS E SERVIOS DA EPAGRI............................. 113

QUADRO 5.2 CENRIOS DE INFRA-ESTRUTURA TECNOLGICA.................................. 157

LISTA DE ABREVIATURASABC AI B2B B2C BI BSC CB 90 CI CONSEPA CRM DM DOLAP DSS DW EIS EMBR AP A EPAGRI ERP EVA FC S FH C GIN GTP HOLAP H T ML IA IB GE ID C IGTI KM LSU MAPA MEC MROLAP OCDE OEPAS OLAP PDCC P&D PE PPA PRM R OI ROLAP SAD SI SIG SSE TI TIR UFSC UNIVALI VPL WOLAP WWW ACTIVITY BASED COSTING ARQUITETURA DE INFORMAO BUSINESS TO BUSINESS BUSINESS TO CONSUMER BUSINESS INTELLIGENCE BALANCED SCORECARD COST BENEFIT ANALYSIS FOR THE 90S INTELIGNCIA COMPETITIVA (COMPETITIVE INTELLIGENCE), CONSELHO NACIONAL DOS SISTEMAS ESTADUAIS DE PESQUISA AGROPECURIA CUSTOMER RELATIONSHIP MANAGEMENT DATA MART DESKTOP OLAP DECISION SUPPORT SYSTEM DATA W AREHOUSE SISTEMA DE INFORMAO EXECUTIVA (EXECUTIVE INFORMATION SYSTEMS) EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECURIA EMPRESA DE PESQUISA AGROPECURIA E EXTENSO RURAL DE SANTA CATARINA SA ENTERPRISE RESOURCE PLANNING VALOR ECONMICO AGREGADO FATORES CRTICOS DE SUCESSO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO GERNCIA DE INFORMAES GERNCIA TCNICA E PLANEJAMENTO HYBRID OLAP HYPERTEXT MARKUP LANGUAGE INTELIGNCIA ARTIFICIAL INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICAS INTERNATIONAL DATA CORPORATION NCLEO DE ESTUDOS EM INOVAO, GESTO E TECNOLOGIA DE INFORMAO GERNCIA DO CONHECIMENTO (KNOWLEDGE MANAGEMENT), UNIDADES LGICAS DE SERVIO MINISTERIO DA AGRICULTURA, PECURIA E ABASTECIMENTO MINISTRIO DA EDUCAO E CULTURA MOBILE AND REMOTE OLAP ORGANIZAO PARA A COOPERAO E O DESENVOLVIMENTO ECONMICO ORGANIZAES ESTADUAIS DE PESQUISA AGROPECURIA ON LINE ANALYTIC PROCESSING PORTAIS DE CONHECIMENTO CORPORATIVOS PESQUISA E DESENVOLVIMENTO PLANEJAMENTO ESTRATGICO PLANO PLURIANUAL PARTNER RELATIONSHIP MANAGEMENT RETORNO DO INVESTIMENTO RELATIONAL OLAP SISTEMAS DE APOIO DECISO SISTEMA DE INFORMAO SISTEMAS DE INFORMAES GERENCIAIS SISTEMAS SUPORTE EXECUTIVO TECNOLOGIA DA INFORMAO TAXA INTERNA DE RETORNO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO VALE DE ITAJA VALOR PRESENTE LQUIDO WEB OLAP W ORLD W IDE W EB

SUMRIO

1 INTRODUO ............................................................................................ 15 1.1 CONTEXTUALIZAO DO TRABALHO ......................................................... 15 1.2 CARACTERIZAO DO PROBLEMA ............................................................ 1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA .......................................................................... 1.5 LIMITAES E PREMISSAS ......................................................................... 2 REVISO DE LITERATURA .................................................................. 2.1 CONSIDERAES INICIAIS .......................................................................... 2.2 GESTO PBLICA .......................................................................................2.2.1 Uma nova ordem estabelecida na gesto empresarial ............................... 2.2.2 A mudana de paradigma na administrao pblica brasileira .................. 2.2.3 A administrao pblica gerencial .............................................................. 2.2.4 Uso da Tecnologia da Informao na administrao pblica ..................... 2.2.5 Consideraes sobre Gesto Pblica ......................................................... 18 22

1.4 JUSTIFICATIVAS E ORIGINALIDADE ............................................................ 2328

1.6 ORGANIZAO DO TRABALHO ................................................................... 3132 32 35 35 40 42 45 47 49 49 53 55 59 64 66 68 68 73 82 90 93

2.3 PROCESSO DE TOMADA DE DECISO .......................................................2.3.1 O processo de deciso ............................................................................... 2.3.2 O perfil do decisor ....................................................................................... 2.3.3 Indicadores de desempenho gerencial ....................................................... 2.3.4 A arquitetura de informao estratgica ..................................................... 2.3.5 Modelo do processo decisrio na administrao pblica ........................... 2.3.6 Consideraes sobre Processo de Tomada de Deciso ............................

2.4 BUSINESS INTELLIGENCE ...........................................................................2.4.1 Contextualizando Business Intelligence ..................................................... 2.4.2 Metodologias de desenvolvimento .............................................................. 2.4.3 Ferramentas de suporte ao BI .................................................................... 2.4.4 Solues e experincias similares .............................................................. 2.4.5 Consideraes sobre BI ..............................................................................

3 METODOLOGIA DA PESQUISA .......................................................... 3.1 CARACTERIZAO DA PESQUISA .............................................................. 3.2 ESTRUTURA DA PESQUISA .........................................................................

94 94 98

3.2.1 Parte I Referencial Terico ...................................................................... 100 3.2.2 Parte II Estudo de Caso ........................................................................... 102 3.2.3 Parte III Anlise dos dados ...................................................................... 105 3.2.4 Parte IV Verificao do Modelo ............................................................... 109

4 MODELO CONCEITUAL DO CASO EPAGRI ................................... 111 4.1 CONSIDERAES INICIAIS .......................................................................... 111 4.2 PROCESSO DE PLANEJAMENTO ESTRATGICO E CADEIA DE VALORES 115 4.3 MODELAGEM DE NEGCIOS DO CASO EPAGRI .................................... 1224.3.1 Viso geral da estrutura de deciso ........................................................... 122 4.3.2 Estrutura dos indicadores de desempenho gerencial ................................. 124 4.3.3 Estrutura da rea de resultados .................................................................. 125

4.4 MODELAGEM DE INFORMAES ESTRATGICAS DO CASO EPAGRI .... 1274.4.1 Viso geral do modelo de informaes ....................................................... 127 4.4.2 Modelo de demandas ................................................................................. 4.4.3 Modelo de projetos ..................................................................................... 128 133 136

4.5 COMENTRIOS DO MODELO CONCEITUAL ..............................................

5 IMPLEMENTAO DO ESTUDO DE CASO ...................................... 138 5.1 PRESSUPOSTOS BSICOS .......................................................................... 138 5.2 PERCEPES DE ANLISES ....................................................................... 1425.2.1 Percepo da empresa ............................................................................... 142 5.2.2 Percepo dos processos ........................................................................... 146 5.2.3 Percepo da estrutura organizacional ...................................................... 5.2.4 Percepo da tecnologia ............................................................................ 152 155

5.2.5 Percepo das pessoas .............................................................................. 160 5.2.6 Percepo de sistema de informao ......................................................... 163

5.3 SNTESE DAS PERCEPES DE ANLISES ................................................ 168

6 VERIFICAO DO MODELO .................................................................. 171 6.1 PROCESSO DE VERIFICAO ..................................................................... 1726.1.1 Perfil das OEPAs ........................................................................................ 172 6.1.2 Consideraes gerais das OEPAs .............................................................. 178 6.1.3 Verificao das percepes de anlise ...................................................... 180 6.1.4 Verificao da aplicabilidade, pertinncia e viabilidade .............................. 187

6.2 MODELO REVISADO .................................................................................... 189 7 CONCLUSO .............................................................................................. 194 REFERNCIAS ............................................................................................... 200 APNDICES .................................................................................................... 209APNDICE I Casos de agronegcios pesquisado ........................................... 210 APNDICE II Casos de experincias similares no setor pblico ...................... 212 APNDICE III Protocolo de Verificao a partir das Percepes de Anlise ... 213 APNDICE IV Modelo de Recursos Humanos ... 214 APNDICE V Modelo Econmico-Financeiro .... 216 APNDICE VI Modelo dos Processos Internos . 220 APNDICE VII Outras Vises de Resultados . 226 APNDICE VIII Formulrio Especificao Modelo Funcional e Informaes.... 227 APNDICE IX Mapa de Extrao dos Dados Portal Gerencial ........................ 228 APNDICE X Questionamentos e Sugestes no Portal Gerencial .................. 231

CAPTULO 11. INTRODUO 1.1 CONTEXTUALIZAO DO TRABALHOUm dos desafios gerenciais do inicio do sculo XXI como fazer uso da Tecnologia da Informao (TI) para projetar e gerenciar corporaes competitivas e eficientes. Como parte integrante deste cenrio, os Sistemas de Informao (SI) se tornaram vitais e extremamente importantes para o gerenciamento, organizao e operao das empresas (ABREU, 2004). O propsito bsico da informao o de habilitar a empresa a alcanar seus objetivos pelo uso eficiente dos recursos disponveis, nos quais se inserem pessoas, materiais, equipamentos, tecnologia, dinheiro, alm da prpria informao (ABREU; ABREU, 2003). O valor da informao um conceito muito relativo: nem todas as informaes apresentam a mesma importncia para uma deciso e, por melhor que seja a informao, se no for comunicada s pessoas interessadas em forma e contedo adequados, ela perde todo o seu valor (MCGEE; PRUSAK, 1994). Nesse contexto, esse estudo busca contribuir com discusses sobre o papel do modelo conceitual de informao como suporte ao processo de deciso, explorando um estudo de caso (Epagri) tanto de uma viso terica quanto prtica. Assim, algumas motivaes relacionadas a vivncias especficas do pesquisador, apoiaram a seleo do tema da pesquisa, tais como: A evoluo dos estudos acadmicos, dando continuidade ao tema de pesquisa de dissertao, na rea de Sistemas de Informaes Gerenciais: Avaliao dos Sistemas de Informaes Executivas nos processos decisrios das instituies universitrias do Brasil (SILVA JNIOR, 2000). Atravs de experincias profissionais, como consultor de Sistemas de Informaes Gerenciais, observam-se carncias de modelos na fase de concepo que venham a facilitar a metodologia de desenvolvimento deste tipo de sistema. Pois, esse tema vem sendo objeto de estudos e experincias do pesquisador tanto na rea acadmica, bem como em trabalhos de consultorias para empresas pblicas e privadas.

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Outra motivao passa pela experincia no desenvolvimento do Portal Gerencial da Epagri Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa Catarina S.A. Esse projeto realizou-se sob a coordenao do IGTI Ncleo de Estudos em Inovao, Gesto e Tecnologia de Informao, vinculado ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo, do Centro Tecnolgico, da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC, na rea de Inteligncia Organizacional (na linha de Inteligncia de Negcios), do qual o pesquisador faz parte. A motivao do projeto de pesquisa vem da continuidade do estudo realizado na Epagri, sendo que a estrutura proposta para o Portal surgiu dos mapeamentos: da cadeia de valor; dos processos, subprocessos e indicadores de desempenho gerenciais. Como resultado, procurou-se desenvolver um modelo de Arquitetura de Informaes Estratgicas e verificou-se a carncia de modelos especficos para gesto pblica para o atendimento do modelo organizacional com essas caractersticas. Ainda, como motivao pessoal, essa pesquisa visa contribuir para a ampliao e sistematizao da produo cientfica na rea proporcionando subsdios no apenas para o setor acadmico, mas, sobretudo, para o meio organizacional. Portanto, alinhando-se s reas de interesse como: pesquisador, consultor e professor universitrio. E como pesquisador do IGTI, em projetos e estudos em Tecnologia da Informao: inteligncia de negcios; gesto do conhecimento; inteligncia competitiva; comrcio eletrnico; desenvolvimento e implantao de sistemas de informaes gerenciais; sistemas de informao; e gesto e planejamento de TI. Pertinente s discusses desenvolvidas nesse estudo.

Nesse sentido, atravs de experincias e observaes pessoais identifica-se, uma evoluo do uso da informao, migrando do uso transacional (enfoque mais operacional) para um uso mais inteligente da informao (voltados para os processos de anlises e decises das organizaes). Estes fatores motivaram a busca de contribuies que resultem em aplicaes prticas ou como referncia para outras pesquisas, pois se identifica a carncia de bibliografia especfica, que envolva de forma integrada os temas desta

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investigao: sistemas de informaes gerenciais, processo decisrio e gesto das empresas pblicas brasileiras do setor agropecurio. Assim, o presente trabalho orienta-se por uma evoluo das motivaes apresentadas, especificamente procurando pesquisar contribuies para construo de um Modelo de Informaes Estratgicas aplicvel no processo de desenvolvimento de sistemas de Business Intelligence (BI) para empresas pblicas de pesquisa agropecuria (como base para o estudo explora-se o caso da Epagri). Segundo Abrucio (1997), Bresser Pereira (1997), MARE (1998) e MPOG (2000), os princpios de uma nova administrao pblica so: definio clara dos objetivos organizacionais, analisados em sua essncia institucional; forma de controle baseada em resultados, ao contrrio da burocracia que era baseada em atividades; confiana, ao contrrio da desconfiana generalizada da burocracia; descentralizao da deciso, das funes e descentralizao poltica e administrativa; formas flexveis de gesto e horizontalizao de estruturas; adoo de mecanismos de controle social direto e de contratos de gesto para acompanhar indicadores de desempenho; trabalho em rede e equipes; e gesto da informao. Entende LIMA et al. (2005), que para responder aos desafios do desenvolvimento do Brasil, as organizaes de pesquisas agrcolas vo cada vez mais necessitar da capacidade de tomar decises estratgicas, vinculadas s demandas do desenvolvimento (social, econmico e ambiental), respondendo s peculiaridades regionais e nacionais nessa poca de globalizao. As capacidades de vinculao ao contexto, de antecipao e viso de futuro, de tomada de deciso com participao interna e externa iro diferenciar organizaes apoiadas pela sociedade e organizaes isoladas (expostas e politicamente vulnerveis). Dentro deste contexto, entende-se como fundamental disponibilizar modelos de informaes para decises, para que as gestes se mantenham organizadas, direcionadas s necessidades presentes e futuras. Essa tese orienta-se para o estudo da gesto pblica (caso Epagri), que visa o atendimento das demandas da sociedade em relao a pesquisas relacionadas ao agronegcio. O modelo de gesto pblica, tambm, volta-se a uma orientao por processos e indicadores de resultados caracterizados pelos fatores ilustrados no ambiente da Figura 1.1.

18-N o rm a s / / -N o rm as R e g u la m e n to s R e g u la m e n to s E x te rrn o s E x te n o s --Le is L e is M e rc a d o C o n c o rrrr n c iia --Me rc a d o C on co n c a -N o rrma s -N o m a s -P o ltic a s -P o ltic a s -C u ltu rras -C u ltu a s IN T E R N A S IN T E R N AS

C o n te x to d o s N e g c io s C o n te x to d o s N e g c io s

G e st o E m p re s a ria ll G e st o E m p re sa ria

PROCESSO S PRO CESSO S

A R Q U IT E T U R A A R Q U IT E T U R A DE DE IN F O R M A E S IN F O R M A E S E S T R A T G IC A S E S T R A T G IC A S

RESULT ADO S RESULTADO S

C o m p e titiv id a d e C o m p e titiv id a d e A g ilid a d e A g ilid a d e F le x ib ilid a d e F le x ib ilid a d e Q u a lid a d e In fo rm a o Q u a lid a d e In fo rm a o

G e re n c ia m e n to d e ris c o s G e re n c ia m e n to d e ris c o s e o p o rtu n id a d e s d e n e g c io s e o p o rtu n id a d e s d e n e g c io s

FIGURA 1.1: ARQUITETURA DE INFORMAES ESTRATGICAS.Fonte: SILVA JNIOR, ANJOS, ABREU (2000).

A informao, ainda, a mais concreta ferramenta para o processo decisrio. Desde que sejam disponibilizadas informaes teis, corretas e entregues na hora certa, para as pessoas certas, contrabalanando as informaes externas com as internas, e que seja definido precisamente quais as informaes que so fundamentais na manuteno e na expanso da organizao (SILVA JNIOR; ANJOS; ABREU, 2000).

1.2 CARACTERIZAO DO PROBLEMANos ltimos anos, as empresas concentraram seus esforos e oramentos na atualizao tecnolgica. Os executivos acreditavam que poderiam ter os negcios melhor administrados investindo em sistemas integrados mais estveis e que pudessem atender s mudanas constantes dos processos internos e externos. Uma vez resolvidas s questes bsicas, percebeu-se que as empresas continuavam sem informaes gerenciais em tempo hbil e com a exatido necessria. Nesse sentido, que surgem as aplicaes de gesto do conhecimento (Knowledge Management KM) e inteligncia nos negcios (Business Intelligence BI). Na essncia, BI significa: um conjunto de metodologias, mtricas, processos e sistemas de informao usados no s para mapear as informaes, mas tambm para monitorar e gerenciar o desempenho dos negcios. Esses so sistemas de informao que do suporte anlise de dados do processo decisrio, propiciando para organizao a obteno de vantagens competitivas, e empregando tecnologias

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como datawarehouse, olap e datamining para o suporte nos nveis ttico e estratgico (RUBIN, 2003; AUDY; ANDRADE; CIDRAL, 2005). No sentido das Organizaes Estaduais de Pesquisa Agropecuria (OEPAs) aplica-se o termo Sistema de Inteligncia Organizacional, por considerar-se mais apropriado para o mbito dessas instituies, embora seguir o mesmo conceito de sistemas de BI. Para efeito das justificativas e fundamentaes tericas dessa tese, aplica-se o termo BI, por tratar-se do padro encontrado na literatura. O conceito de BI, geralmente associa-se gesto de resultados focados em alta competitividade. Porm, se direciona o tema abordado como Inteligncia Organizacional, pois atende a cultura da gesto de Cincia e Tecnologia, especialmente s empresas pblicas de pesquisas agrcolas. Essas orientam seus resultados para sustentabilidade ambiental, o desenvolvimento scio-econmico, eficcia dos projetos de pesquisas e extenso para as demandas sociais. Dessa forma, com outra viso do conceito padro de gesto de negcios do setor privado, que se direciona prioritariamente para a competitividade. Assim, procura-se adequar a terminologia, porm resguardando a essncia da fundamentao de BI e suas tecnologias inerentes, a serem aplicadas nessa abordagem. Dessa forma, segundo Informationweek (2004), vive-se um paradoxo em relao s solues de Sistemas de Informao de Suporte Gerencial. De um lado, segundo pesquisas do IDC (International Data Corporation) prev-se que para os prximos anos os investimentos em TI sero direcionados principalmente para solues de BI, sistemas para inteligncia dos negcios. De outro lado, pesquisa realizada pelo Gartner Group (Informationweek, 2003a), mostra que a tecnologia ainda subutilizada. A pesquisa revela, que cerca de 2 mil companhias no mundo no esto adotando metodologias adequadas para alcanar todos os benefcios oferecidos pelos softwares de BI. Ainda, prev-se a permanncia desse mau uso medida que as empresas se esforam para determinar as melhores prticas, metodologias, arquiteturas e tecnologias adequadas ao Business Intelligence. Contudo, o sucesso pode ser definido pela habilidade de agregar percepes reais aos negcios e alavancar os processos relacionados s tomadas de deciso. Os melhores resultados so mais provveis quando a rea de sistemas de informao e os usurios finais esto igualmente empenhados em

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promover a anlise inteligente dentro da empresa e trabalham juntos para prover informaes valiosas e slidas s solues de BI (INFORMATIONWEEK, 2003a). Nesse sentido, algumas empresas quando procuram por um sistema de BI, freqentemente, fazem comentrios como os nmeros nunca batem ou nunca tenho as informaes no tempo em que preciso. O grande problema, na maioria das vezes, no a falta de um software especfico de BI, mas o desconhecimento do processo de definio e estruturao das informaes necessrias. Um conceito importante que vem se fortalecendo na arquitetura desses sistemas a estruturao dos indicadores de desempenho e a criao de metodologias para sua avaliao por meio do Balanced Scorecard (BSC). O conceito de difcil implementao, a primeira recomendao definir claramente os indicadores por rea da empresa. Como tudo em tecnologia, a construo de um modelo de indicadores um processo contnuo de aprendizagem e deve ser iniciado apenas com os parmetros mais importantes e utilizados (PISSARDO, 2003). Outro problema comum na implementao pensar que a questo do BI est relacionada tecnologia e no ao modelo de negcios. O nvel conceitual deve ser cada vez mais trabalhado porque se apresenta, de um lado, baixa maturidade, carncia de conhecimentos e de competncia tcnica de BI e falta de prontido das empresas e de seus modelos de gesto (RUBIN, 2003). Do outro lado, o avano das ferramentas tecnolgicas com disponibilidade no mercado. Com a incerteza das perspectivas econmicas, os executivos direcionam suas anlises para os aspectos internos das empresas e querem que as ferramentas de inteligncia ajudem na avaliao dos processos de negcios, visando reduzir custos e operar de modo mais eficiente. O pr-requisito para que uma implementao de BI alcance os resultados planejados entender a cadeia de valor da informao para toda a organizao. Por isso, as empresas devem se conhecer melhor e saber detectar suas reais necessidades (RUBIN, 2003). Considerando a gesto pblica, os agentes do governo comeam a explorar suas fontes inesgotveis de dados e a entender o benefcio de entregar algumas informaes das suas bases para os cidados. Embora tenha uma quantidade incalculvel de dados, ainda so poucas as iniciativas do governo de explorlos. Um menor nmero j consegue reunir as informaes numa base de dados nica e trabalh-la em prol de uma melhor administrao pblica. Mas essa

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conseqente vantagem est sendo percebida pelos rgos do governo, que acreditam que todo governo vai pensar em BI. Mas antes devem observar seus sistemas operacionais e a infra-estrutura para depois chegar melhor medida, que so os indicadores de gesto. Assim, o setor governamental tambm tem necessidade de indicadores para gesto poltica (MESQUITA, 2003). Portanto, a partir do panorama apresentado, demonstra-se uma tendncia de solues de BI para atender o processo de deciso nas organizaes. Essas solues devem ser suportadas por Modelos de Informaes Estratgicas, que supram as necessidades reais dos modelos de negcio em questo. E considerando o foco do estudo, para atender a administrao pblica, onde h ainda poucas iniciativas exploradas no Brasil. Nesse sentido, formula-se a seguinte questo de pesquisa, a qual orienta o trabalho de investigao cientfica: Qual o Modelo Conceitual de Informaes Estratgicas adequado para apoiar o desenvolvimento de sistemas de Inteligncia Organizacional utilizados no processo de deciso de empresas pblicas de pesquisa do setor agropecurio? Modelos de BI sempre tiveram como objetivo final o entendimento ideal das informaes, de modo a permitir planejamentos e estratgias corretas e lucrativas. Em essncia, modelos de inteligncia corporativa possuem valores diferenciados, que podem servir de inestimvel contribuio competitiva. Permitem analisar dados, informaes, processos ou diretrizes por diversos prismas e que tenham impacto direto nas reas corporativas. Isso significa que possvel o entendimento integral de reas outrora estanques, chegando ao real entendimento de uma ponta sempre sensvel: o prprio cliente (cidado) (INFORMATIONWEEK, 2003b). O uso do conceito de BI, aplicado nessa tese centra-se na esfera pblica para no contexto da gesto de C&T (Cincia e Tecnologia) para OEPAs. Ou seja, administrao para alcance de resultados de sustentabilidade ambiental, desenvolvimento scioeconmico, eficcia dos projetos de pesquisas e extenso, atendendo demandas da sociedade e stakeholders. Diferente do conceito padro de gesto de negcios para o setor privado, que se direciona prioritariamente para a competitividade.

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1.3 OBJETIVOS DA PESQUISAEste estudo como objetivo geral visa: Propor um modelo conceitual de informaes estratgicas, para apoiar o processo de desenvolvimento de sistemas de Inteligncia Organizacional, aplicados na tomada de deciso em empresas pblicas de pesquisa agropecuria. Como objetivos especficos a pesquisa ocupou-se de: a) Fundamentar conceitualmente: a gesto empresarial com nfase na administrao pblica; o processo de tomada de deciso; sistemas de informao voltados para executivos; e, as caractersticas dos modelos do processo decisrio na gesto pblica especificamente das OEPAs (Organizaes Estaduais de Pesquisa Agropecuria); b) Identificar as necessidades de informaes para apoiar a criao do modelo de informao estratgica, tendo como referncia experincias da Epagri Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa Catarina S.A.; c) Definir um modelo conceitual de informaes estratgicas como apoio ao desenvolvimento de sistemas de Inteligncia Organizacional; d) Verificar a aplicabilidade do modelo junto a Epagri, EMBRAPA e algumas empresas do CONSEPA, atravs de entrevistas semi-estuturadas e workshop, com vistas a sua reviso e consolidao.

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1.4 JUSTIFICATIVAS E ORIGINALIDADEQuanto relevncia econmica se destaca a rea de aplicao do projeto, empresas pblicas de pesquisas agropecurias, tratando-se de um setor econmico de fundamental importncia para o Brasil. Assim, procura-se justificar a seguir: a representatividade do setor agropecurio; a importncia para o crescimento da economia atualmente e projees de longo-prazo de crescimento. Segundo o Ministrio da Agricultura do Brasil, o agronegcio um dos principais setores da economia brasileira e fundamental para o crescimento do Pas. Em 2003, contribuiu com 42% do total das exportaes brasileiras, gerando o maior saldo comercial agrcola do mundo e o faturamento bruto cresceu 13%. Em 2004, representou 33% do PIB (crescimento de 8,13%). O Brasil o primeiro produtor mundial de caf, acar, suco de laranja, carne bovina e de frango. A produtividade cresce e a disponibilidade de terras agricultveis para expanses mais do dobro da rea atual plantada (INDICADORES RURAIS, 2003). As exportaes e vendas internas de produtos da cadeia do agronegcio no pram de crescer. Em 2003, o Brasil como o maior exportador mundial conquistou a liderana tambm para a carne bovina, carne de frango e no complexo de soja. A Conferncia das Naes Unidas para Comrcio e Desenvolvimento (UNCTAD) prev que o Brasil ser em 12 anos o maior pas agrcola do mundo (GANDRA, 2003). Ainda, sobre a internacionalizao de mercados e de produo agrcolas, Lima et al. (2005, p. 97), relatam a tendncia da realizao de processos de produo e comercializao fora do Brasil, com aumento significativo nas ltimas dcadas, sendo considerado o agronegcio a grande fora exportadora do pas. Em 2001, obtve um supervit comercial que superou o dficit consolidado dos outros segmentos e propiciando o primeiro saldo comercial positivo desde 1994. Assim, justifica-se o contexto econmico e sua relevncia ao qual insere-se o estudo, onde o suporte de informaes estratgicas visando o acompanhamento e decises so essenciais. Sobre a relevncia quanto ao Processo de Deciso em empresas pblicas de pesquisas agropecurias, observa-se que h necessidades de modelos de informaes estratgicas de forma mais estruturada, que facilitem o acesso a decises. De outro lado, o prprio perfil do gestor pblico, est em

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processo de mudana, para um modelo mais gerencial e menos burocrtico. As organizaes pblicas sofrem os efeitos destes novos tempos e suas rpidas mudanas, passando de uma administrao pblica burocrtica para uma administrao pblica gerencial, mais capaz de oferecer eficincia e qualidade aos servios pblicos, respondendo de forma adequada s novas demandas e expectativas geradas pela sociedade (MARE, 1998; BRESSER PEREIRA, 1997). Da mesma forma que as organizaes privadas encontraram meios de se tornar mais competitivas no mercado globalizado, tambm as organizaes pblicas, perante as ameaas e oportunidades que as rodeiam, comearam a buscar formas de lidar com as presses da sociedade. Por conseguinte, passando a gerenciar as suas informaes estratgicas. Uma gesto eficiente deste tipo de informao propicia aos governos uma enorme capacidade de mudar e inovar, melhorando a execuo e o acompanhamento de suas aes (CAMPOS, 2003). A capacidade de transformar os dados internos e externos organizao em informao til, bem como utilizar esta informao para desenvolver aplicaes prticas, trazem mudanas para gesto pblica, que resultam numa melhor qualidade em seus processos de trabalho, com evidentes benefcios ao cidado. O diferencial, portanto, gerenciar sistematicamente os processos de gesto, cabendo organizao fornecer o contexto apropriado para facilitar as atividades em grupo e para a criao e acmulo dos conhecimentos em nvel individual (NONAKA; TAKEUCHI, 1997), adotando prticas gerenciais coordenadas nos planos organizacionais e individuais (TERRA, 2000). Neste contexto, observa Lima et al. (2005, p. 111), desenvolvimentos na rea de informtica sero cada vez mais presentes, nos diversos processos das cadeias produtivas do agronegcio. O desafio est em utilizar estas ferramentas eficientemente sobre as informaes gerenciais (resumidas, viso estratgicas, informaes externas) nos processos de deciso (anlises, acompanhamento, monitoramento) (LAUDON; LAUDON, 2004; OBRIEN, 2001; DAVENPORT, 2002). Tudo isso, de forma que represente o modelo adequado de negcio e informao de agronegcios na gesto pblica. Alm da mudana na esfera pblica de uma gesto burocrtica, para uma administrao pblica gerencial, destaca-se a presso e movimentao da aplicao de TI no setor pblico. A evoluo das ferramentas da TI e os conceitos associados ao processo de deciso permitem que, os processos administrativos

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no-repetitivos, podero ser substitudos por processos em que uma documentao bsica acessada simultaneamente por diferentes reas que devem opinar sobre eles, ganhando em tempo e eficcia (CASTOR, 2004). Castro (2002), justifica solues de TI para agronegcio, ressaltando que h presso para formao de base de dados e sistemas de informao sobre comportamento dos indicadores do agronegcio. Desde estatsticas de mercados (internacional e domstico), preos, produo, rendimento, consumo etc at desenvolvimento de estudos especficos sobre segmentao do setor produtivo, respectivos custos, coeficientes tcnicos e padres tecnolgicos. Por outro lado, Sanchez (2003) aborda, sobre um fato que rapidamente, est produzindo intensas mudanas nas estruturas das sociedades, apontando, de certa forma, um caminho irreversvel. O advento e utilizao intensiva das novas TI, a chamada era digital, esto modificando a forma de produzir, de comunicar-se e de relacionar-se entre os agentes sociais, e que teriam potencial para elevar valores democrticos, tais como a participao e o controle sobre o Estado, se utilizados convenientemente. A esfera pblica, enquanto ator, no ficou como ente passivo neste processo, pelo contrrio, sua presena na sociedade da informao se est dando na forma de ente ativo, atravs do uso intensivo das modernas Tecnologias da Informao nas inmeras atividades que realiza. E esta interveno, convencionou-se denominar como forma inovadora nas administraes pblicas sob a etiqueta de Governo Eletrnico (FUGINI; MAGGIOLINI; PAGAMICI, 2005). Em sntese, se por um lado, com o uso intensivo da TI simplificaram processos, por outro, permitiu a criao de ferramentas para o inicio de um verdadeiro controle, pois permitiu grande domnio da informao. Neste aspecto em particular que o uso intensivo da TI consolida-se, atravs do Governo Eletrnico. Ela pode ajudar a minimizar o problema de informao entre burocracia/governo e entre Estado e sociedade. Com a posse desses instrumentos, destaca-se a experincia do Estado de So Paulo, onde foram criados sistemas de informaes gerenciais como: o Sistema Estratgico de Informaes (SEI), para controle sobre a administrao (rede informatizada intranet); e o Controle Interno Gerencial (CIG), para o controle do presente e do futuro (SANCHEZ, 2003; FUGINI; MAGGIOLINI; PAGAMICI, 2005). As organizaes pblicas oficiais de pesquisa agropecuria do Brasil, participantes do CONSEPA Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de

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Pesquisa Agropecuria esto inseridas nesta nova realidade. Lima et al. (2005), afirmam que nesse momento exigem esforos para reduo do altssimo grau de incerteza que caracteriza uma mudana de poca. Muitos coordenadores e gerentes de sistemas nacionais pblicos e privados de pesquisa agrcola e de desenvolvimento rural querem iniciar processos de inovao institucional, porm nem todos compreendem o contexto atual das vulnerabilidades (forma; manifestao e impactos). Relatam que sem uma viso prospectiva do contexto estes gerentes tm dificuldade de desenvolver estratgias relevantes para a sustentabilidade institucional de suas organizaes e atividades. Ainda, destacam que a gesto estratgica a chave para a sustentabilidade institucional das organizaes de pesquisa agrcola (LIMA et al., 2005; CASTRO et al., 2005). Portanto, formas de gesto eficiente se apresentam como o melhor fator para manter e melhorar a qualidade de seus servios. Pelas caractersticas das OEPAs, existe uma grande e variada gama de informaes dispersas dentro da organizao. No entanto, a falta de uma correta gesto destas informaes, acabam trazendo prejuzos para a organizao, tais como: dificuldade em encontrar as informaes necessrias dentro da vasta gama de base e aplicaes disponveis; consumo de tempo excessivo para um gestor resolver um problema que, muitas vezes, j foi resolvido por algum; falta de informaes com o mnimo de estrutura para anlises gerenciais; redundncias de informaes gerenciais e geralmente com valores e interpretaes diferentes; carncia de comparao de informaes internas com as externas; custos maiores nas operaes por baixa produtividade; entre outras dificuldades encontradas. A TI, nos processos de gesto das empresas, auxilia a organizao, no acesso e manipulao de informaes do tipo gerencial, principalmente atravs de sistemas de informao classificados como Business Intelligence (LAUDON; LAUDON, 2001; OBRIEN, 2000; DAVENPORT, 2002). Assim, qualquer rgo pblico deve saber obter a informao, saber us-la, gerenci-la e decidir a partir dela. A qualidade dos sistemas de informao deve ser melhorada, tornando a ao do governo mais confivel, precisa e rpida. Para tanto, necessria uma gesto eficiente da informao estratgica capaz de permitir o sucesso deste novo modelo de administrao.

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Em relao ao ineditismo do projeto, considera-se que a pesquisa se apresenta como no trivial em termos de sua abordagem, na integrao das abordagens do modelo de processo de deciso em OEPAs, sustentado por uma arquitetura de informaes estratgicas. Conforme observaes iniciais no CONSEPA, constatou-se a carncia de estudos, literaturas e experincias, que operacionalizem Modelos de Informaes Estratgicas para sistemas de BI. O Apndice I ressalta este fato, pois apresenta algumas referncias pesquisadas em relao a casos de uso de TI, aplicadas ao agronegcio. Como resultados especficos no foram identificados trabalhos no escopo de pesquisa dessa tese. Tambm, quanto metodologia de desenvolvimento de BI (Apndice II), encontram-se estudos direcionados para a fase de construo do software, com carncia de abordagens voltadas s modelagens de prticas de negcios (anteriores a esta fase) e em especfico para organizaes de Pesquisa Agropecuria. Por fim, a importncia do projeto justifica-se tambm, a partir da pesquisa do Gartner Group (INFORMATIONWEEK, 2004), relevando que nos pases em desenvolvimento, particularmente o Brasil, so poucas as grandes empresas que possuem sistemas organizados para uso na inteligncia dos negcios. Neste estudo, destacam-se os seguintes pontos: a crise econmica conduz a um melhor aproveitamento das informaes da empresa; o nvel mdio de profissionais elevado requer tomada de deciso mediante informaes mais consistentes; a abundncia de informao demanda identificar e utilizar somente o que relevante; os sistemas de maior potencial no curto prazo so as solues de BI, que devem estar consolidadas em menos de 02 anos; o crescimento baseado em usurios revela que as organizaes que j possuem alguma soluo de BI implementada disponibilizar a mesma para um nmero de usurios cinco vezes maior, em 1,5 ano. Resumindo, sustentado pelos levantamentos apresentados nos Apndices I e II, observa-se uma carncia de estudos e experincias de modelos especficos de gesto de informaes em OEPAs, que se adapte s necessidades e a realidade do contexto brasileiro. Justificada, pela presso que estas instituies vm enfrentando pelos desafios e exigncias da economia moderna globalizada. Portanto, atravs das avaliaes desenvolvidas neste trabalho, pretende-se identificar e definir as bases do modelo de arquitetura de informaes estratgicas para suporte aos gestores destas organizaes.

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1.5 LIMITAES E PREMISSASConsiderando os limites dessa pesquisa, os estudos caracterizam-se como uma pesquisa qualitativa. A pesquisa prope-se a identificar, para um conjunto determinado de organizaes, os fatores essenciais que sirvam de referncia para modelagem de uma arquitetura de informaes estratgicas. O modelo procurar refletir a percepo dos participantes da pesquisa, e servir como apoio a implementao de solues de Business Intelligence para estas organizaes. O estudo delimita-se ao contexto das organizaes pblicas de pesquisa agropecuria do Brasil (Quadro 1.1), componentes do CONSEPA:EstadoRio Grande do Sul Santa Catarina Paran So Paulo Rio de Janeiro Esprito Santo Minas Gerais

Empresa

Sitewww.fepagro.rs.gov.br www.epagri.rct-sc.br www.iapar.br www.apta.sp.gov.br www.pesagro.rj.gov.br www.incaper.es.gov.br www.epamig.br www.empaer.mt.gov.br www.agenciarural.go.gov.br www.unitins.br www.ebda.ba.gov.br www.emdagro.se.gov.br www.ipa.br www.emepa.org.br www.emparn.rn.gov.br www.embrapa.gov.br

FEPAGRO Fundao Estadual de Pesquisa Agropecuria Epagri Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de SC S.A IAPAR Instituto Agronmico do Paran APTA Agncia Paulista de Tecnologia dos Agronegcios PESAGRO Empresa de Pesquisa Agropecuria do Estado do RJ INCAPER Instituto Capixaba de Pesquisa e Extenso Rural EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas Gerais IDATERRA Instituto de Desenvolvimento Agrrio, Pesquisa, Assistncia Mato Grosso do Sul Tcnica e Extenso Rural do Mato Grosso do Sul EMPAER Empresa Mato-Grossense Pesq., Assistncia e Extenso Rural Mato Grosso Agncia Rural Empresa Assistncia Tcnica e Extenso Rural de Gois Gois UnitinsAgro Fundao Universidade do Tocantins Tocantis EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrcola Bahia Sergipe EMDAGRO Empresa de Desenvolvimento Agrop. do Estado de Sergipe DIPAP Diretoria de Pesquisa Agropecuria e Pesqueira Alagoas IPA Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuria Pernambuco EMEPA Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuria da Paraba S.A. Paraba Rio Grande do Norte EMPARN Empresa de Pesquisa Agropecuria do Rio Grande do Norte Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecurias Embrapa (*)

QUADRO 1.1: ORGANIZAES PBLICAS DE PESQUISA AGROPECURIA DO BRASIL. Ainda, as limitaes da tese prendem-se aos seguintes aspectos:

Fonte: www.consepa.org.br - Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuria. (*) A Embrapa no faz parte da CONSEPA, porm participa no contexto da pesquisa.

- O estudo no se limita a modelar uma metodologia de gesto especfica, como Balanced Scorecard (BSC) ou outra, contudo o modelo de informaes a ser gerado contribuir para o entendimento do segmento de negcio investigado. E desta forma, contribuindo como premissa para o desenvolvimento de qualquer abordagem de gesto por resultados. - Da mesma forma, conforme se destaca na Figura 1.2, a pesquisa limita-se fase de especificao da metodologia de desenvolvimento de solues de Business Intelligence. A partir das premissas que se discute a seguir, considerando a aplicao no modelo de organizao em estudo. - Assim, limita-se fase de planejamento em relao ao ciclo da informao.

O processo de desenvolvimento e implantao da soluo de BI demanda a utilizao de metodologia apropriada. Para obteno dos resultados deste tipo de

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projeto, so seguidas etapas de especificao, desenvolvimento e implementao que envolve homologao das necessidades, validao do modelo, construo, instalao e treinamento, conforme demonstra a Figura 1.2. FASE DE ESPECIFICAO FASE DE DESENVOLVIMENTO FASE DE IMPLANTAOLEVANT AMENTODO S INDICADORES E DIMENSES

HOMOLOGAODAS NECESSIDADES

VALIDAODO MODELO

DESENVOLVIMENTO

INSTALAOE

TREINAMENTO

FIGURA 1.2 - METODOLOGIA GERAL DE DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAO DE BI.Fonte: Adaptado de ECS (2004).

Neste

contexto,

quanto

s

premissas

da

pesquisa,

consideram-se

principalmente as dificuldades das prticas atuais de desenvolvimento de sistemas de informao para inteligncia dos negcios. Para Cassarro (2003), a fase de especificao (que envolvem atividades de levantamentos e anlises) a etapa mais importante de todo o trabalho de desenvolvimento e implementao de sistemas. O autor destaca que, a grande maioria dos problemas e ineficincias apresentadas por quaisquer sistemas, quando da sua implementao e, mesmo, desenvolvimento, diz respeito a falhas de levantamento e anlises do sistema (situao) atual. Assim, os objetivos desta etapa passam por conhecer a situao atual, em todos os seus detalhes e a estrutura de recursos que o mesmo utiliza; e, avaliar a eficincia da situao atual, de modo a poder sugerir um modelo com providncias de melhorias ou uma reformulao. Dessa forma, consideram-se as seguintes premissas, quanto ao modelo de informaes estratgicas como resultado desta pesquisa:o que o tempo de desenvolvimento da soluo de BI para as organizaes em estudo tende a reduzir-se, pois o modelo a ser produzido servir como referncia; o busca-se um consenso dos tipos de informaes, que possam ser aplicadas s empresas do CONSEPA; o considera-se o alinhamento com o processo de deciso, a aderncia do modelo de informaes com os negcios da empresa. Pode ser definida como a

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forma particular da tecnologia da informao adotada por uma organizao para atingir determinados objetivos ou desempenhar determinadas funes; o considera-se que o perfil de prticas e padres da aplicao para OEPAS, no so tradicionais em solues de BI. As solues padres so baseadas em modelo de decises para industriais, varejos e instituies financeiras.

Concluindo quanto aos resultados esperados e contribuies para academia, esta pesquisa visa contribuir para a evoluo e organizao das teorias e da produo cientfica. Entende-se que esse estudo integra conceitos de gesto (quando se aborda a necessidade da explicitao de um modelo de negcio), e da rea de Informtica, na medida que esta cincia pode viabilizar ferramentas de apoio s gestes. Porm, os casos de sucesso j evidenciados nos relatos descritos nas justificativas ressaltam o alinhamento desses aspectos, quais sejam: construir modelo de negcios, que venham apoiar ao desenvolvimento de sistemas de BI, em reas de prticas de negcios at ento pouco exploradas (reas pblicas). As contribuies acadmicas, ainda se justificam alm de aspectos tericos, tambm por razes prticas. Na medida que um modelo de informaes, represente as dimenses esttica e dinmica dos casos investigados (Epagri, algumas empresas do CONSEPA e EMBRAPA), permitindo compreender especificamente as variveis (Apndice III - Protocolo de Verificao a partir das Percepes de Anlise) que influenciam na construo de um modelo pertinente a essas realidades. Assim, proporcionando subsdios no apenas para o setor acadmico, mas como uma proposta prtica para apoio gesto dessas empresas pblicas. Assim, reforando a originalidade do trabalho, pois a referida discusso da forma como esta sendo colocada, no abordado pela literatura verificada at o presente momento (Apndices I e II). Sendo que, a pesquisa baseia-se nos mtodos e nos modelos de realizao da mesma, com a sua natureza, a forma de abordagem do problema, os objetivos, as fases, os contructos, as variveis e outros aspectos metodolgicos descritos na Metodologia da Pesquisa (Captulo 3).

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1.6 ORGANIZAO DO TRABALHOO captulo 1 apresenta o tema em estudo, atravs de sua contextualizao, a definio do problema, os objetivos da pesquisa, as justificativas e relevncia do tema, as limitaes do trabalho, as premissas iniciais do estudo e os resultados esperados. Enfatiza-se, no problema de pesquisa, a carncia de modelos de processo de deciso de empresas pblicas de pesquisas agropecurias para sistemas de informao de inteligncia nos negcios. Apresenta-se tambm o objetivo deste estudo que consiste em propor um modelo conceitual de informaes estratgicas, com vistas a fornecer apoio nos processos de desenvolvimento de sistemas de BI, aplicados na tomada de deciso em empresas pblicas de pesquisa agropecuria. No captulo 2 apresentada a Reviso de Literatura, que traz a abordagem dos temas: gesto pblica (uma nova ordem estabelecida na gesto empresarial, a mudana de paradigma na administrao pblica brasileira, aspectos quanto administrao pblica gerencial, e o uso da TI na esfera pblica); o processo de tomada de deciso (caractersticas do processo de deciso, o perfil do gestor, indicadores de desempenho gerencial, a arquitetura de informao estratgica, e o modelo do processo decisrio no setor pblico). Ainda, o captulo aborda o tema Business Intelligence enfocando: a conceituao de BI e seu contexto, sobre metodologias de desenvolvimento de sistemas de BI, as ferramentas de suporte ao BI, e algumas solues e experincias similares ao foco da pesquisa. No captulo 3 apresentada a metodologia de pesquisa, caracterizando a estrutura geral da pesquisa e as etapas de desenvolvimento do projeto. O captulo 4 apresenta o modelo conceitual, iniciando com algumas consideraes sobre a Epagri. E, alguns aspectos do projeto do Portal Gerencial da Epagri: modelagem de negcios, estrutura da informao e modelo de informaes estratgicas do caso especfico. No captulo 5, discutem-se aspectos da implementao do estudo de caso, apresentando os pressupostos bsicos de anlise, as percepes de anlises e uma sntese de pontos para refinamento do modelo proposto. O captulo 6 trata do processo de verificao do modelo e apresenta o modelo de informaes revisado. E concluindo, no captulo 7 ressalta-se a realizao das atividades e objetivos propostos na pesquisa, sugestes para trabalhos futuros, e contribuies proporcionadas pela pesquisa no mbito da empresa e acadmico.

CAPTULO 22. REVISO DE LITERATURA 2.1 CONSIDERAES INICIAISEste captulo trata da fundamentao dos principais temas de suporte ao problema pesquisado, no que tange a sistemas de informaes e gesto empresarial. Como o assunto bastante abrangente, optou-se por discutir aqueles que permitiram um embasamento especfico ao tema proposto. Portanto, alguns autores e bibliografias clssicas foram pesquisados e organizou-se a reviso de literatura conforme o diagrama da Figura 2.1:PROCESSO DE TOMADA DE DECISO - O processo de deciso - O perfil do decisor - Indicadores de desempenho gerencial - Arquitetura de Informao Estratgica - Modelo de processo decisrio na adm. pblica

GESTO PBLICA - Novos paradigmas de gesto empresarial - Paradigmas na gesto pblica brasileira - Administrao pblica gerencial - Uso da TI na administrao pblica

BUSINESS INTELLIGENCE - Contextualizao de Business Intelligence - Metodologias de Desenvolvimento de SI - Ferramentas de apoio ao BI - Solues e experincias similares

FIGURA 2.1 - VISO GERAL DA REVISO DA LITERATURA. O modelo da estrutura geral da literatura representa a distribuio de trs grupos, focando os grandes assuntos revisados e a interligao dos temas. O desafio na reviso acaba sendo correlacion-los, buscando a fundamentao necessria para o desenvolvimento da tese. Desta forma, atravs de leituras e anlises foram coletadas algumas teorias e conceitos relacionados aos temas em estudo, conforme as consideraes que seguem:

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a) Gesto Pblica Novos paradigmas de gesto empresarial abordam-se conceituaes procurando evoluir a seguinte estrutura de pensamento: fundamentos sobre as novas ordens estabelecidas na administrao para gesto empresarial, o uso do pensamento estratgico, direcionado gesto de resultados, que exigem das organizaes processos de inovao e aprendizagem contnuos, com o suporte essencial da informao estratgica e ferramentas de TI que a viabilizam. A mudana de paradigma na gesto pblica brasileira a partir das novas exigncias organizacionais da gesto pblica brasileira, caracteriza-se as reformas administrativas no Estado brasileiro, a crise do modelo burocrtico e o direcionamento para uma administrao pblica gerencial, atendendo a nova ordem na gesto de empresas privadas ou pblicas. Administrao pblica gerencial - busca-se estabelecer o entendimento do contexto da administrao pblica gerencial, modelo adotado no final do sculo XX para gesto pblica do Brasil e remetendo para necessidade de instrumentos de apoio para atendimento dos desafios desse modelo gerencial. Uso da TI na administrao pblica - levanta-se o papel da TI na reforma do Estado, trazendo fundamentaes a cerca das caractersticas de projetos para o setor pblico como: sistemas de informao, o governo eletrnico, gesto do conhecimento, e como devem se preparar para absorver novas tecnologias. b) Processo de Tomada de Deciso O processo de deciso busca-se obter uma viso conceitual geral sobre tomada de deciso; os tipos de problemas e nveis de deciso; estrutura do processo de deciso; os elementos do processo de tomada de deciso; e, as armadilhas ocultas na tomada de deciso. O perfil do decisor revisa-se autores, sobre o processo de aprendizagem da tomada de deciso; caractersticas gerais do decisor; caractersticas do decisor pblico; necessidades de ferramentas de apoio ao decisor. Indicador de desempenho gerencial nessa seo aborda-se o conceito de indicadores de desempenho gerencial, ferramentas de apoio e integrao ao modelo de deciso.

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Arquitetura de informao Estratgica - no estudo desta rea, destacam-se referncias vinculadas aos seguintes temas: necessidades de sistematizao do processo de deciso, Arquitetura de Informao Estratgica, Modelo integrado deciso x sistema de apoio informao estratgica. Modelo de processo de deciso na administrao pblica complementando o estudo levanta-se: o modelo de deciso e caractersticas no setor pblico, e um sucinto relato sobre o modelo da EMBRAPA. c) Business Intelligence Contextualizao de Business Intelligence - estuda-se o conceito do BI evoluindo os seguintes assuntos: evoluo do papel dos sistemas de informao nos negcios, a Cadeia do Processo de Inteligncia, nveis de hierarquia da informao, o processo de inteligncia nos negcios, e a conceituao de BI. Metodologias de desenvolvimento de sistemas de informao procura-se revisar o conceito de SI e posicionamento de BI dentro das diversas classificaes e definies a cerca dessa teoria, ainda, enfoca-se os Fatores Crticos de Sucesso e caractersticas em relao s metodologias de desenvolvimento de BI, alm das fases e estgios de desenvolvimento. Ferramentas de suporte ao BI nessa seo relata-se os seguintes tpicos: uma viso geral da arquitetura dos relacionamentos; uma viso geral das ferramentas de um ambiente de BI; as ferramentas de construo (back-end), gerncia e de uso (front-end) de BI. Solues e experincias similares concluindo comenta-se sobre algumas solues e experincias, que envolvem casos sobre agronegcios e no setor pblico compatvel com o foco da pesquisa.

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2.2 GESTO PBLICA2.2.1 Uma nova ordem estabelecida na gesto empresarial Numa breve abordagem, descreve-se sobre os conceitos da gesto empresarial que vm subsidiando as reformas administrativas e teorias que lhes do suporte. As novas ordens estabelecidas (paradigmas da administrao do final do sculo XX) remetem ao uso do pensamento estratgico, voltado gesto de resultados, o que conduz as empresas inovao e aprendizagens contnuas, suportados pelo uso da informao aplicada de forma estratgica (processo de transformao de dados em conhecimentos). Em relao aos desafios ordem estabelecida, o controle burocrtico substitudo pelo controle do cliente, por controles formais automatizados, a necessidade de staffs orientados para o controle da empresa fortemente diminuda. Em alguns casos, a funo de controle foi transferida para os consumidores e os pares; em outros, o fluxo de informao computadorizada automatizou o sistema formal de controle. Assim, o perfil do staff precisa ser adequado para uma atitude pr-ativa e numa busca continua de solues para problemas, agregando valor e reduzindo custos (GALBRAITH; LAWLER, 1995). Neste contexto, a sociedade atual, cada vez mais globalizada e dinmica, tem exigido das organizaes um comportamento diferente daquele que elas tm adotado at hoje. Isso levando a repensarem seu modo de atuao, buscando se adequar a esta nova realidade (SILVA, 2001). As novas tecnologias (tecnologia da informao, computao aberta), o novo ambiente empresarial (dinmico, aberto e competitivo), a nova empresa (organizao aberta atuando em rede, fundamentada na informao) e a nova ordem geopoltica so mudanas de paradigmas que tm impacto sobre as organizaes atuais (TAPSCOTT; CASTON, 1995). Estas mudanas afetam, tambm, a gesto pblica que passa a sofrer os efeitos destas rpidas mudanas, tendo que responder s novas demandas e expectativas geradas na sociedade. Isto trouxe a tona os problemas associados a uma Administrao Pblica Burocrtica. Como alternativa surge a Administrao Pblica Gerencial, fortemente orientada pela eficincia e qualidade na prestao de servios pblicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial.

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Desta forma, exigindo o desenvolvimento do pensamento estratgico, como forma de pensar no futuro, integrada no processo decisrio, com base em procedimento formalizado e articulador de resultados e em uma programao (MINTZBERG, 1983). A estratgia refere-se aos planos da alta administrao para alcanar resultados consistentes com a misso e os objetivos gerais da organizao (WRIGHT et al., 2000, p.24; ADIZES, 1990). A estratgia uma maneira de perceber o mundo, um conceito, que resulta de dois tipos diferentes de atividades inteligentes: enquanto algumas decises estratgicas so motivadas por problemas que despontam, outras resultam da busca ativa de novas oportunidades. Hall (1984) enfatiza que o ambiente entra na organizao sob a forma de informao. Como toda informao est sujeita aos processos de interpretao, de tomada de deciso e de comunicao, o processo de escolha influenciado pelos aspectos que a organizao decide selecionar do ambiente. O pensamento estratgico um processo seqencial de resoluo de problemas aplicado em praticamente qualquer situao. Pontuando os cenrios internos e externos nos quais as organizaes esto inseridas. As organizaes para se manterem sustentveis e competitivas, necessitam de uma agilidade estratgica para monitorar constantemente a concorrncia, detectar as mudanas no ambiente externo, e identificar as oportunidades de em novos nichos de mercados. Para criar e desenvolver Inteligncia Estratgica imprescindvel que os gestores dediquem mais tempo para conhecer as informaes do ambiente, como: tecnologias, custos e benefcios; as mudanas na economia; as razes do sucesso dos concorrentes; comportamento dos consumidores; o que o governo pensa do setor. Os sistemas de informao estratgicos que enfatizam a procura e a seleo de informaes externas um excelente meio para desenvolver a Inteligncia Estratgica (PINA, 1994). O pensamento estratgico praticado com base nas relaes entre ambientes, estratgia e capacitao; seguindo primeiro conhecer o ambiente; segundo, encontrar a estratgia adequada para o ambiente; terceiro, desenvolver a capacitao que possibilita a estratgia. A inteligncia estratgica surge e cresce na compreenso e na prtica dessas relaes. Desta forma, conclui-se que para a prtica do pensamento estratgico, devese considerar o estilo de gesto (organizao, sistemas de informao, produtos ou de processos, desenvolvimento de RH, sistemas de planejamento e controle, modelo

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de gesto etc). O estilo de gesto forja a cultura organizacional, onde se encontram as prticas de poder, a poltica, a comunicao, as formas de resolver problemas e o grau de centralizao, ou seja, o exerccio do Processo Decisrio (PINA, 1994). Os processos decisrios sustentados por Gesto por Resultados, onde Etzioni (1989) observa que a grande quantidade de informaes que os executivos recebem atualmente no tem resultado em uma maior compreenso dos assuntos sobre os quais devem decidir. Por esse motivo e, tambm, por que o comportamento dos executivos mais informal e menos reflexivo do que as teorias administrativas supem (MINTZBERG; QUINN, 2001; TENRIO, 2002), questiona-se e investigase, hoje, a eficcia dos Sistemas de Informaes Gerenciais e sua efetiva capacidade de otimizar o desempenho das organizaes. Nessa perspectiva, a construo de sistemas de apoio gesto se d pela anlise da dinmica organizacional na perspectiva de seus atores intervenientes, e so esses que daro sentido informao e no somente seus atributos tcnicos. No Brasil, a gesto por resultados na administrao pblica estrutura-se a partir das orientaes do Decreto 2.829/98 (Plano Plurianual 2000 2003) e oramentos relacionados, que consolida as experincias positivas no Brasil em Ao. Bresser Pereira e Spink (1999) observam que a nova gesto do Estado fundamental uma gesto empreendedora baseada numa avaliao contnua, com maior autonomia e flexibilidade aos gerentes para a realizao das tarefas, mas responsabilidade pelos resultados alcanados. O novo modelo oramentrio brasileiro pautado na gesto por resultados apresenta uma viso estratgica, com estabelecimento de objetivos; identificao dos problemas a enfrentar ou oportunidades a aproveitar, objetivando tornar realidade essa viso estratgica; e atribuio de indicadores aos objetivos, produtos e metas (OLIVEIRA, 2000). Embora a gesto por resultados possua um escopo muito mais amplo e complexo que um conjunto de medidas de performance possam refletir, esse conjunto de medidas, estruturadas na forma de um sistema de mensurao de performance, imprescindvel operacionalizao de um modelo.Um sistema de medio de desempenho um conjunto de medidas referentes organizao como um todo, s suas parties (divises, departamento, seo, etc.), aos seus processos, s suas atividades organizadas em blocos bem definidos, de forma a refletir certas caractersticas do desempenho para cada nvel gerencial interessado (MOREIRA, 2001).

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Todas as empresas sejam elas com finalidades lucrativas ou no, possuem algum tipo de sistema de mensurao de desempenho, geralmente calcado em informaes econmico-financeiras. Entretanto, a ascenso dos estudos relacionadas a qualidade dos processos de produo e gerncia passaram a incorporar tambm indicadores no financeiros no suporte e mensurao do desempenho que at h pouco tempo no eram considerados relevantes. Outro fator que influenciou o surgimento de diversas abordagens relacionadas com a construo de indicadores de performance, foi o movimento ligado qualidade total e melhoria dos processos de trabalho que trouxeram inclusas, em suas metodologias, diversas abordagens de indicadores. Ainda, as empresas para consolidarem-se necessitam de constantes mudanas que garantam competitividade. Assim, surgiu o uso de uma nova Organizao de Aprendizagem, o conceito baseia-se em um modelo de aprendizagem contnua para desenvolver a criatividade individual, estimulando a interao entre as pessoas, possibilitando criar, motivar, aprender a aprender uns com os outros, e, o somatrio, significar buscar novo conhecimento, uma nova soluo para o sucesso da empresa (ALVES FILHO; SALM, 2000). Uma organizao para ser sustentvel se tornar, conforme Galbraith e Lawler (1995), comunidades eficientes no aprendizado e inovao. A organizao que aprender a executar eficientemente sobreviver, aprender ser a vantagem competitiva. Ento, incorporando esses conceitos, acredita-se que as empresas pblicas passam a capacitar-se a criar melhorias de gesto, que tendem a obter resultados sociais. Para Galbraith e Lawler (1995), a mudana organizacional de uma burocracia vertical para uma estrutura horizontal demanda uma organizao em torno do processo e no da tarefa, hierarquia horizontal, gerenciamento em equipe, medida do desempenho pela satisfao do cliente, participao nos lucros e resultado da empresa, estreitamento das relaes com os fornecedores e clientes e treinamentos continuados em todos os nveis organizacionais. Segundo Galbraith e Lawler (1995) para uma perfeita harmonia e equilbrio devero incluir nos processos de integrao, entre outros fatores a ligao de vrias reas da organizao e indivduos, atravs do uso integrativo de Sistemas de Informao. O desafio para os administradores, portanto, consiste em reconhecer e reagir mudana no ambiente antes de sentir a dor da crise. Segundo De Geus (1988),

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isso exatamente que as empresas duradouras conseguiram fazer: ter capacidade de institucionalizar a mudana. Uma organizao orientada para a aprendizagem aquela que aceita cometer erros e aprender com esses erros (LAMPEL, 1998). E, salienta-se a necessidade de mecanismos de apoio que sustentem esse conceito, como recursos de Tecnologia da Informao. Concluindo, entre os fatores da nova ordem estabelecida na gesto, destacase o uso da Tecnologia da Informao. Uma empresa um conjunto de pessoas, equipamentos, dados, recursos, polticas, e procedimentos que existem para o suprimento de produtos ou servios, freqentemente com o objetivo de obter lucro. A informao o alimentador e o catalisador para o efetivo funcionamento deste, possibilitando um livre fluxo e integrao de procedimentos em rea distinta. E, a TI permite projeto de processos de negcios, de rede de negcios, ou a redefinio do escopo do negcio. O design de processos de negcios refere-se a aplicaes nas quais o processo a automatizar redesenhado na medida que o sistema desenvolvido. O design de redes de negcios se refere sistemas que englobam como mltiplas empresas se relacionam, trabalham em conjunto. Para organizaes flexveis e dinmicas precisam que a informao seja transmitida livremente. As organizaes horizontais precisam de movimentao de informao no sentido horizontal com pouca dependncia do controle hierrquico sobre o fluxo. Da mesma forma, as organizaes de alto movimento requerem um fluxo horizontal da informao, e precisam que os empregados de escales inferiores tenham acesso a uma grande parcela da informao tradicionalmente disponvel somente para a cpula. Em geral, as novas formas organizacionais representam um potencial competitivo somente se forem capazes de administrar o novo mundo da complexidade informativa (GALBRAITH; LAWLER, 1995). Essa habilidade requer um novo paradigma de raciocnio sobre a informao e de sua movimentao na organizao, um paradigma cuja essncia abundncia e disponibilidade de informao. Enfim, para Galbraith e Lawler (1995, p. 263) na essncia, existe toda uma lgica nova para a organizao, que exige que novas prticas sejam associadas a todos os seus sistemas de administrao. A direo geral sobre as mudanas representa um distanciamento significativo do modelo dominante desde o incio da Revoluo Industrial.

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2.2.2 A mudana de paradigma na administrao pblica brasileira Portanto, contextualizou-se a evoluo das teorias administrativas, refletidas pelo estabelecimento de uma nova ordem na gesto das empresas, destacadas principalmente pelo desenvolvimento do pensamento estratgico, gesto por resultados, inovao e aprendizagem contnua e o uso da informao aplicados aos processos estratgicos nos processos de deciso. Alinhadas a estas exigncias organizacionais da gesto pblica no Brasil, caracterizam-se as reformas administrativas no Estado brasileiro, a crise do modelo burocrtico e o direcionamento para uma administrao pblica gerencial, atendendo a nova ordem na gesto de empresas privadas ou pblicas. Em relao s reformas administrativas do Estado, presente na agenda poltica nacional e internacional dos governos, nos anos 90, as transformaes de ordem econmica, poltica e a dinmica tecnolgica condicionaram a reforma dos aparelhos de Estado no mundo. A queda no crescimento da economia, a crise fiscal e o descontrole inflacionrio (anos 80) constituram os sintomas mais aparentes do esgotamento do modelo de desenvolvimento baseado na substituio de importaes, vigente a partir dos anos 30 no Brasil, o qual deu suporte administrao pblica contempornea. Assim, se relata a seguir, as reformas administrativas entre os anos 30 e o incio dos anos 90, com as caractersticas das mudanas at as propostas no Plano Diretor da Reforma do Aparelho de Estado do Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2004) (RIBEIRO, 1997). Em fins da dcada de 80, com as crises do modelo desenvolvimentista e do socialismo no mundo, verificou-se o recrudescimento da ideologia neoliberal e ganharam relevo propostas de reduo do papel do Estado. Os programas de desestatizao integraram a agenda das reformas econmicas e a se constiturem numa ameaa burocracia estatal na prestao de bens e servios pblicos. No Brasil, os projetos e/ou discursos de reforma administrativa dos anos 90, incidem sobre a estabilidade das estruturas burocrticas vigentes no setor produtivo do Estado. Assim, constituindo-se na essncia do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado do governo Fernando H. Cardoso (1995 -2004). Para Bresser Pereira (1997), a crise da administrao pblica no Brasil comeou no regime militar, mas agravou-se a partir da Constituio de 1988 que trouxe um enrijecimento

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burocrtico ao extremo para o governo, tendo como resultados o alto custo e a baixa qualidade da administrao pblica (ABRUCIO, 1997). A reforma do Estado brasileiro se demonstrava a cada dia mais urgente. Nos anos 90, evidenciou-se a crise do modelo de desenvolvimento e ressurgiu a discusso sobre o papel do Estado. O Governo Collor buscou empreender aes para a modernizao da economia e lanou um discurso contra a burocracia, que foi acusada de ser responsvel pela ineficincia do setor pblico. A administrao pblica burocrtica foi adotada para substituir a patrimonialista, que caracterizou as monarquias absolutas, na qual o patrimnio pblico e o privado eram confundidos. Surge a organizao burocrtica capitalista, com base na centralizao das decises, hierarquia traduzida no princpio da unidade de comando, estrutura piramidal do poder, rotinas rgidas, controle passo a passo dos processos administrativo. Surge a burocracia estatal formada por administradores profissionais. As rpidas mudanas do mundo globalizado afetam tambm a gesto pblica que passa a sofrer os efeitos das mudanas e tendo que responder s novas demandas e expectativas da sociedade. Isto trouxe tona os problemas associados a uma administrao pblica burocrtica. Como alternativa surge a administrao pblica gerencial. Assim, resumidamente, a administrao pblica, conforme MPOG (1995), evoluiu atravs de trs modelos, formas estas que se sucedem sem que, no entanto, qualquer delas seja inteiramente abandonada ou substituda pela outra:Administrao Pblica Patrimonialista: o Estado nada mais que uma extenso do poder do soberano o patrimnio pblico e o privado se confundem. O nepotismo e a corrupo so inerentes a este tipo de administrao. A partir do capitalismo e da democracia, passou-se a distinguir o pblico e o privado, no se aceitando situaes deste tipo. Administrao Pblica Burocrtica: respondendo ao nepotismo e corrupo do patrimonialismo, a burocracia tem como princpios: profissionalizao do funcionrio pblico; a rgida hierarquia funcional; a centralizao poltica e administrativa; a impessoalidade; o formalismo, traduzido em normas, processos e rotinas rgidos; e controle sobre todos atos administrativos. A desconfiana de tudo e de todos, como contraponto ao patrimonialismo, era regra da burocracia. Aos poucos, por causa do excesso de controle, o Estado comea a voltar-se para si mesmo, controlando abusos, defeitos e ineficincias, tornando-se incapaz de servir a sociedade e aos cidados.

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Administrao Pblica Gerencial: um novo tipo de administrao pblica comeou a se delinear para suprir as deficincias da burocracia. A eficincia da administrao, a necessidade de reduo de custos e a melhora na qualidade dos servios prestados se tornam essenciais. A administrao pblica gerencial est apoiada na burocracia, conservando alguns dos seus princpios, como necessidades de controle, profissionalizao do funcionrio, hierarquia, mas flexibilizando-os. A diferena principal est na forma de controle, antes baseada nos processos e agora concentrada nos resultados.

O governo FHC (1995) reacelera o processo de privatizao e, dentro de um contexto de reforma do Estado, prope uma reforma administrativa que tem como eixo central a redefinio das relaes entre Estado e Sociedade. Assim, predomina a tendncia do estabelecimento de um modelo de administrao pblica gerencial, onde suas caractersticas destacam-se na prxima seo. 2.2.3 A Administrao pblica gerencial Em um momento em que o tema da mudana ganha espao na abordagem institucional dos estudos organizacionais, parece oportuna a realizao de estudos que tenham como objeto as recentes transformaes na gesto pblica brasileira. A proposta indicar pontos de aproximao entre estudos organizacionais e gesto pblica em uma perspectiva institucionalista, j que a sensao de que h espao para mais comunicao entre ambos (SCHOMMER, 2003, p. 102). Observando o caso brasileiro, defende-se que possvel superar

caracterstica que, a priori, impediriam o avano das prticas de gesto pblica. Apesar do aumento do poder da burocracia estatal, estava clara "a necessidade de adotar novas formas de gesto da coisa pblica, mais compatvel com os avanos tecnolgicos, mais geis e flexveis, descentralizadas, mais voltadas para o controle de resultados" (MARE, 1998, p. 41). A busca pela eficincia e a qualidade na prestao dos servios pblicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial (MPOG, 1995) levam o Estado brasileiro a esta nova modalidade de administrao pblica, mais condizente com as mudanas ocorridas no mundo. Os princpios desta nova administrao, segundo Abrucio (1997), Bresser Pereira (1997), MARE (1998) e MPOG (1995, 2000) entre outros aspectos baseiamse: definio clara dos objetivos organizacionais, analisados em sua substncia e

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no em seus processos; forma de controle baseada em resultados, ao contrrio da burocracia que era baseada em processos; descentralizao da deciso, das funes e descentralizao poltica e administrativa; formas flexveis de gesto e horizontalizao de estruturas, com diminuio dos nveis hierrquicos; adoo de mecanismos de controle social direto e de contratos de gesto para acompanhar indicadores de desempenho; trabalho em rede e equipes; e gesto da informao. O surgimento de uma nova administrao pblica, capaz de reverter o Estado, colocando-o em condies de responder aos papis dos novos tempos deve, segundo Kliksberg (1992), atender demandas, como: desenvolvimento das capacidades para gerenciar complexidades; reconstruo dos sistemas de informao; transformaes estruturais na gesto das empresas pblicas. Assim, procurando a reinveno do governo, que tanto a eficincia quanto a efetividade so importantes. Enquanto a eficincia mede o custo (quantidade) de cada unidade de produo ou servio a efetividade mede a qualidade dos resultados. Portanto, medir a eficincia nos permite saber os custos da produo, j a efetividade indica se o investimento valeu a pena, se atingiu os resultados. preciso um governo mais eficiente, mas mais desejvel ainda que o governo seja efetivo, que atendam entre outros tpicos: concentrar seus maiores esforos no processo decisrio e na estratgia a seguir, deixando a execuo dos servios a quem tiver maior competncia para isto; ser um governo de resultados, fortemente baseado em avaliaes de desempenho, sem as quais no h como distinguir sucesso de insucesso, no havendo tambm como recompensar os que alcanam o sucesso. Tambm possibilita que vejamos o sucesso e aprendamos com ele, bem como reconheamos o fracasso e possamos corrigi-lo; o governo empreendedor deve gerar receitas ao invs de despesas, deve buscar o lucro, mas sempre para reverter em benefcios pblicos. Para que isto se concretize a mudana do paradigma imprescindvel, j que o modelo burocrtico no permite esta reinveno. Em 1995, a partir de Osborne e Gaebler e de outras bibliografias, o ministro Bresser Pereira elaborou o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, buscando atacar a administrao pblica burocrtica, ao mesmo tempo em que defendia as carreiras de Estado e o fortalecimento da capacidade gerencial do

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Estado (BRESSER PEREIRA, 2000). Este plano estabeleceu as diretrizes para a implantao de uma administrao pblica gerencial no Brasil. O governo no pode ser uma empresa, mas pode se tornar mais empresarial (CAIDEN, 1991). Voltado cada vez mais para si mesmo, o modelo burocrtico tradicional vem caminhando para o contrrio dos anseios dos cidados. No Brasil, o termo administrao gerencial tem sido empregado com referncia a um novo paradigma de gesto. No que diz respeito a sua articulao, poderamos dizer que o discurso sobre a administrao gerencial no Plano Diretor ecltico, com o predomnio da orientao para a diminuio de custos, e a incorporao marginal de valores tais como qualidade, accountability, cidadania. Mas, a reforma envolve principalmente, assegurar a responsabilizao atravs da administrao por objetivos (RIBEIRO, 1997; BRESSER PEREIRA, 1999). Orientar-se por objetivos, e no por regras e regulamentos. Os desafios para a administrao pblica do sculo XXI, tm como as principais tendncias: ampliar a introduo de mecanismos de avaliao de desempenho, baseados em indicadores de qualidade e produtividade; Planejamento estratgico. A administrao pblica gerencial apia-se na burocrtica, da qual conserva, alguns dos seus princpios fundamentais. A diferena fundamental est na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados (LIMANA, 2002). comum que solues em gesto pblica que do certo em uma determinada cultura ou contexto, sejam adaptadas e aplicadas em vrios locais pelo mundo como modelos de sucesso a serem copiados. A ansiedade pelas frmulas de excelncia, benchmarks de competncia ou modelos de sucesso do mundo dos negcios tem invadido o setor pblico nos ltimos anos, gerando a tendncia padronizao. Mas os modelos, conceitos e prticas cada vez mais disseminados podem no significar uniformidade ou opresso, j que Estados nacionais, organizaes e gestores no so esponjas que absorvem tudo ou bonecos que apenas