modelagem e anÁlise do processo de degomagem no refino de

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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE ÓLEO DE SOJA Gerusa de Oliveira Rosa Orientadores: Prof.Dr.Cid Marcos Gonçalves Andrade Prof. Dr. Paulo Roberto Paraíso Coorientador: Prof.Dr.Luiz Mario Matos Jorge

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Page 1: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

0

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

QUÍMICA

MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO

DE DEGOMAGEM NO REFINO DE ÓLEO DE

SOJA

Gerusa de Oliveira Rosa

Orientadores: Prof.Dr.Cid Marcos Gonçalves Andrade

Prof. Dr. Paulo Roberto Paraíso

Coorientador: Prof.Dr.Luiz Mario Matos Jorge

Page 2: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO

DE DEGOMAGEM NO REFINO DE ÓLEO DE

SOJA

Gerusa de Oliveira Rosa

Engenheira de Produção, UEM,2006

Orientadores: Prof.Dr.Cid Marcos Gonçalves Andrade

Prof. Dr. Paulo Roberto Paraíso

Coorientador: Prof.Dr.Luiz Mario Matos Jorge

Dissertação apresentada à Universidade

Estadual de Maringá, como parte das

exigências do Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Química, para

a obtenção do título de Mestrado em

Engenharia Química.

MARINGÁ – PR - BRASIL

Julho de 2012

Page 3: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

ii

Page 4: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE
Page 5: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Ao meu esposo Roberto Ferreira

Augusto com todo meu amor.

Page 6: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Agradecimentos

Meus sinceros agradecimentos a aqueles que em mim acreditaram e

contribuíram para a realização deste trabalho:

Primeiramente a Deus que concedeu pela sua honra e glória essa oportunidade;

Aos meus orientadores Paulo Paraíso e Cid Marcos pela ajuda, apoio e

compreensão;

Ao professor Luiz Mario Jorge pela ajuda e compreensão;

A equipe produção da Refinaria pela ajuda na coleta de dados.

Ao meu esposo pela paciência e compreensão.

A minha mãe e meu pai pelo incentivo.

v

Page 7: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

“Deficiências podem ser usadas como

desculpas, ou consideradas degraus a

ser galgado rumo a uma meta

estabelecida.”

Napolean Hil

vi

Page 8: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

7

MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO

DE ÓLEO DE SOJA

AUTOR: GERUSA DE OLIVEIRA ROSA

ORIENTADORES: PROF. Dr. CID MARCOS GONÇALVES ANDRADE.

PROF. Dr. PAULO ROBERTO PARAÍSO

Tese de Mestrado; Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química;

Universidade Estadual de Maringá; Av. Colombo 5790, Bloco E-46 - 09, CEP 87020-

900, Maringá – PR, Brasil, defendida em 27 de Julho de 2012.

RESUMO

A produção de óleo de soja é um importante setor do agronegócio mundial. O Brasil é

um grande produtor mundial deste produto, todavia, enfrenta grande concorrência no

mercado internacional de outros países produtores. Para ser competitivo neste mercado,

é necessário atuar intensivamente para produzir óleo com qualidade e baixo custo

operacional. No processo industrial, a degomagem garante a separação das gomas

presentes no óleo de soja. Este trabalho tem como principal objetivo modelar e analisar

a operação industrial de degomagem a fim de possibilitar a redução de perdas

operacionais e a geração de óleo de melhor qualidade. Para tanto, foi realizado um

estudo do processo para verificar a influência das variáveis e parâmetros envolvidos na

degomagem. Em seguida, foi desenvolvido o modelo matemático do processo que foi

convalidado com dados operacionais da indústria. Além disso, diversas simulações

desta operação foram aplicadas com o intuito de verificar as melhores condições do

processo. Os resultados obtidos foram satisfatórios e o modelo desenvolvido

representou bem o processo da degomagem.

Palavras-chave: degomagem, simulação, óleo de soja.

vii

Page 9: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

MODELING AND ANALYSIS OF THE DEGUMMING PROCESS SOYBEAN

OIL REFINING

AUTHOR: GERUSA DE OLIVEIRA ROSA

SUPERVISORS: PROF. Dr. CID MARCOS GONÇALVES ANDRADE.

PROF. Dr. PAULO ROBERTO PARAÍSO

Master Thesis; Chemical Engineering Graduate Program; State University of Maringa;

Av. Colombo, 5790, BL E46 – 09; CEP: 87020-900 – Maringá – PR, Brazil, presented

on July 27, 2012.

ABSTRACT

The soybean oil production is an essential worldwide agribusiness sector. Brazil is a

greater world producer of this product, but this country faces a powerful competition in

the international market of other producing countries. To be competitive in this market,

it is necessary to work intensively to produce oil with high quality and low operating

cost. In industrial process, the degumming guarantees the separation of the gums

present in the soybean oil. This paper has as principal aim to model and analyze the

industrial degumming operation to enable the reduction of operational losses and the

generation of a better quality of oil. To reach this objective, a detailed study of the

process to check the influence of variables and parameters involved in degumming was

made. Afterwards, the mathematical model of the process has been validated with

operational data in the industry. Moreover, several simulations of this operation were

conducted to determine the best conditions of the process. The results were satisfactory

and the model developed represented well the degumming process.

Key words: degumming, simulation, soybean oil.

viii

Page 10: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Sumário

RESUMO ....................................................................................................................... vii

ABSTRACT .................................................................................................................. viii

Lista de Figuras ............................................................................................................... xi

Lista de Tabelas ............................................................................................................. xiii

1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................1

1.1 COLOCAÇÃO DO PROBLEMA .....................................................................1

1.2 OBJETIVOS ......................................................................................................2

9.1 ESTRUTURA DO TRABALHO ......................................................................3

9.2 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO .......................................4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................5

2.1 ASPECTOS GERAIS ..............................................................................................5

2.2 A SOJA ..............................................................................................................5

2.3 COMPOSIÇÃO DO GRÃO DE SOJA .............................................................6

2.4 EXTRAÇÃO DO ÓLEO BRUTO DE SOJA ...................................................9

2.5 REFINO DE ÓLEO DE SOJA ........................................................................13

2.5.1 Definição do Óleo de Soja ...........................................................................15

2.5.2 Processo Industrial.......................................................................................20

2.5.3 Degomagem .................................................................................................22

2.5.4 Lecitina ........................................................................................................32

2.5.5 Neutralização ...............................................................................................34

2.5.6 Branqueamento ............................................................................................36

2.5.7 Desodorização .............................................................................................37

2.6 CONCLUSÃO SOBRE O CAPÍTULO 2 .......................................................37

3. MATÉRIAIS E MÉTODOS ....................................................................................39

3.1 MATERIAIS ...................................................................................................39

3.1.1 Equipamento industrial ................................................................................39

3.1.2 Aparato utilizado no laboratório ..................................................................40

3.2 LEVANTAMENTO DE DADOS EXPERIMENTAIS NA INDÚSTRIA .....42

3.2.1 Coleta e Preparação das Amostras ..............................................................42

ix

Page 11: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

3.2.2 Influência da Vazão de Entrada e água adicionada para hidratação no

processo de degomagem ..........................................................................................42

3.2.3 Influência da variação de temperatura .............................................................44

3.2.4 Influência da avaliação de Densidade e Viscosidade ......................................44

3.2.5 Influência da variação de Pressão no equipamento .........................................45

3.3 ANÁLISES REALIZADAS ............................................................................45

3.3.1 Umidade ......................................................................................................45

3.3.2 Fósforo .........................................................................................................46

3.3.3 Impurezas ....................................................................................................48

3.3.4 Determinação de Sabões..............................................................................49

3.3.5 Análise de Arraste de Óleo ..........................................................................50

3.3.6 Análise de Determinação da Viscosidade do Óleo Bruto e Lecitina de Soja

51

3.3.7 Análise de Determinação da Densidade do Óleo Bruto e Lecitina de

Soja- Método Intercit In. Adaptado .........................................................................52

4. MODELAGEM MATEMÁTICA ............................................................................53

4.1 BALANÇO DE FORÇAS NA CENTRIFUGAÇÃO DO ÓLEO BRUTO

DE SOJA 53

4.2 BALANÇO DE MASSA NA CENTRIFUGAÇÃO DO ÓLEO BRUTO

DE SOJA ..................................................................................................................59

5. RESULTADOS E DISCUSÃO ...............................................................................62

5.1 COMPOSIÇÃO DAS CORRENTES .............................................................62

5.1.1 Condições da Corrente de Entrada – Óleo Bruto ........................................62

5.1.2 Condições da Corrente de Óleo Degomado ................................................63

5.1.3 Condições da Corrente de Goma (Lecitina) ................................................63

5.2 INFLUÊNCIA DA QUANTIDADE DE ÁGUA PARA HIDRATAÇÃO .....64

5.3 ANÁLISE DA VAZÃO EM RELAÇÃO À QUALIDADE DO PRODUTO

FINAL 65

5.4 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NO PROCESSO DE SEPARAÇÃO .66

5.5 RESULTADOS DA VARIAÇÃO DE PRESSÃO .........................................70

6. SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE DEGOMAGEM DO ÓLEO BRUTO DE

SOJA................................................................................................................................72

Page 12: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

6.1 CONVALIDAÇÃO DO MODELO PROPOSTO...........................................72

6.2 SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE DEGOMAGEM ...................................75

7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS.....................82

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................84

Page 13: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Lista de Figuras

FIGURA 1 - ETAPAS DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO POR SOLVENTE. ................................... 10

FIGURA 2 – SISTEMA COMPLETO DE EXTRAÇÃO COM SOLVENTE ..................................... 13

FIGURA 3 - DIAGRAMA DE UM PROCESSO DE REFINO DE ÓLEO DE SOJA CONVENCIONAL. . 15

FIGURA 5 – INSTALAÇÃO DE DEGOMAGEM COM ÁGUA. ................................................... 26

FIGURA 6 - PROCESSO DE DEGOMAGEM ÁCIDA SIMPLES. ................................................. 27

FIGURA 7 - DEGOMAGEM ESPECIAL DA ALFA LAVAL. ..................................................... 28

FIGURA 8 - TOP DEGOMAGEM. ....................................................................................... 29

FIGURA 9 - DIAGRAMA DO FLUXO DO PROCESSO DE SUPER-UNI DEGOMAGEM. ................ 30

FIGURA 10 - DEGOMAGEM POR ULTRAFILTRAÇÃO ........................................................... 31

FIGURA 11 - CENTRÍFUGA COM TAMBOR DE DISCO. ......................................................... 40

FIGURA 12- CENTRÍFUGA MTD III PLUS. ......................................................................... 41

FIGURA 13 - VISCOSÍMETRO- DV- II + VISCOMETER BROOKFIELD. ................................ 41

FIGURA 14 – PONTO DE COLETA DE LECITINA .................................................................. 43

FIGURA 15 – PONTO DE COLETA DE ÓLEO DEGOMADO ..................................................... 44

FIGURA 16 – ESQUEMA DE DEGOMAGEM NO LABORATÓRIO ............................................ 44

FIGURA 17- PADRÃO DE UM ESPAÇO DE SEPARAÇÃO INDIVIDUAL ENTRE DOIS DISCOS. ... 58

FIGURA 18 – PROCESSO DE SEPARAÇÃO BINÁRIO ........................................................... 59

FIGURA 19 – COMPORTAMENTO DO ARRASTE DE ÓLEO NA LECITINA EM FUNÇÃO DA

QUANTIDADE DE ÁGUA DOSADA NA HIDRATAÇÃO. .................................................. 65

FIGURA 20 - COMPORTAMENTO DA QUALIDADE DO ÓLEO BRUTO E DEGOMADO DOS

EXPERIMENTOS. ....................................................................................................... 66

FIGURA 21 – COMPORTAMENTO DA SEPARAÇÃO DO FÓSFORO EM RELAÇÃO À

TEMPERATURA. ....................................................................................................... 67

FIGURA 22 – DEPENDÊNCIA DA VISCOSIDADE DO ÓLEO HIDRATADO COM A

TEMPERATURA. ....................................................................................................... 68

FIGURA 23 – DEPENDÊNCIA DA MASSA ESPECÍFICA DO ÓLEO HIDRATADO COM A

TEMPERATURA. ....................................................................................................... 68

FIGURA 24 – DEPENDÊNCIA DA VISCOSIDADE DA LECITINA COM A TEMPERATURA. ....... 69

FIGURA 25 – DEPENDÊNCIA DA DENSIDADE DA LECITINA COM A TEMPERATURA. .......... 69

FIGURA 26 – COMPORTAMENTO DA VELOCIDADE DE SEDIMENTAÇÃO E A TEMPERATURA 70

FIGURA 27 - VARIAÇÃO DA CONTRA PRESSÃO EM RELAÇÃO AO ÓLEO ARRASTADO. ........ 71

FIGURA 28 - MODELO SIMULADO FRENTE AOS DADOS EXPERIMENTAIS PARA A CORRENTE

DE SAÍDA DO ÓLEO DEGOMADO. ............................................................................... 72

FIGURA 29 - MODELO SIMULADO FRENTE AOS DADOS EXPERIMENTAIS PARA A CORRENTE

DE SAÍDA DA LECITINA. ............................................................................................ 73

FIGURA 30 - MODELO SIMULADO FRENTE AOS DADOS EXPERIMENTAIS. .......................... 74

FIGURA 31 - MODELO AJUSTADO E SIMULADO FRENTE AOS DADOS EXPERIMENTAIS. ...... 75

FIGURA 32 – ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA FRAÇÃO DE ÓLEO ARRASTADO EM

RELAÇÃO AO FATOR DE CORTE E A FRAÇÃO DE ÓLEO NA ENTRADA.......................... 76

FIGURA 33 - ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA FRAÇÃO DE PURIFICAÇÃO DO ÓLEO EM

RELAÇÃO AO FATOR DE CORTE E A FRAÇÃO DE ÓLEO NA ENTRADA.......................... 77

xii

Page 14: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

FIGURA 34 - ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO ÓLEO ARRASTADO - MODELO NÃO

AJUSTADO. ............................................................................................................... 78

FIGURA 35 - ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO ÓLEO DEGOMADO - MODELO NÃO

AJUSTADO. ............................................................................................................... 78

FIGURA 36 - ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO ARRASTE DE ÓLEO EM RELAÇÃO AO

FATOR DE SEPARAÇÃO E O FATOR DE CORTE. ........................................................... 79

FIGURA 37 – ANÁLISE DE PURIFICAÇÃO DO ÓLEO DEGOMADO EM RELAÇÃO AO FATOR DE

SEPARAÇÃO E AO FATOR DE CORTE. ......................................................................... 80

xii

Page 15: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Lista de Tabelas

TABELA 1 – COMPOSIÇÃO TÍPICA DO GRÃO DE SOJA. ................................................................................................ 7

TABELA 2- COMPOSIÇÃO MÉDIA DOS AMINOÁCIDOS CONTIDOS NAS PROTEÍNAS DA SOJA. ................................................ 8

TABELA 3 – CARACTERÍSTICAS DE QUALIDADE DO ÓLEO DE SOJA: BRUTO (ÚNICO), DEGOMADO (TIPOS 1, 2,3) E REFINADO (

TIPOS 1 E 2). ......................................................................................................................................... 16

TABELA 4 – COMPOSIÇÃO MÉDIA DO ÓLEO BRUTO E REFINADO. ............................................................................... 16

TABELA 5 – REPRESENTAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DO ÓLEO DE SOJA. ............................................................. 20

TABELA 6 – VELOCIDADE RELATIVA DE HIDRATAÇÃO DE DIFERENTES FOSFOLIPÍDIOS A 80°C. .......................................... 23

TABELA 7 - CONDIÇÕES DE DEGOMAGEM NA LITERATURA. ...................................................................................... 25

TABELA 8 - COMPONENTES DA LECITINA DE SOJA. ................................................................................................. 33

TABELA 9 - GORDURAS ÁCIDAS DA LECITINA. ........................................................................................................ 33

TABELA 10 - USOS E FUNÇÕES DE FOSFOLIPÍDIOS. ................................................................................................. 34

TABELA 11 - COMPOSTOS ABSORVIDOS NO BRANQUEAMENTO. ................................................................................ 36

TABELA 12 – ESCALA DE FATORES PARA DIFERENTES CENTRÍFUGAS. ........................................................................... 58

TABELA 13 - CARACTERÍSTICA DO ÓLEO BRUTO NA CORRENTE DE ENTRADA. ................................................................ 62

TABELA 14 - CARACTERÍSTICAS DA SAÍDA DE ÓLEO DEGOMADO DA CENTRÍFUGA........................................................... 63

TABELA 15 - CARACTERÍSTICAS DA CORRENTE DE SAÍDA LECITINA. ............................................................................. 64

TABELA 16 – DADOS EXPERIMENTAIS FRENTE AOS DADOS SIMULADOS PARA AS CORRENTES DE SAÍDA DO PROCESSO DE

DEGOMAGEM DE ÓLEO DE SOJA. ............................................................................................................... 73

TABELA 17 – CORREÇÃO DO FATOR DE SEPARAÇÃO. .............................................................................................. 74

xiv

Page 16: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

1

1. INTRODUÇÃO

1.1 COLOCAÇÃO DO PROBLEMA

É possível observar que o Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja,

estando atrás apenas dos Estados Unidos. Na Safra 2009/2010, a cultura ocupou uma

área de 23,6 milhões de hectares, o que totalizou uma produção de 68,7 milhões de

toneladas, sendo auto-suficiente na produção da soja e seus principais produtos. Sendo

assim, o óleo vegetal e o farelo abasteceram o mercado interno e ainda enviaram o

excedente ao mercado externo (MAPA, 2011).

Em uma projeção para 2020, segundo Abiove (2011), a América Latina será a

maior responsável pelo crescimento da oferta mundial, contribuindo com o que

corresponde à aproximadamente 45 milhões de toneladas. Neste contexto, o Brasil será

o país responsável pela maior parcela do crescimento, com expectativas de produção de

25 milhões de toneladas de soja.

Neste passo, a industrialização de oleaginosas constitui-se num dos mais

importantes setores do sistema agroindustrial pela importância de seus produtos nas

indústrias siderúrgicas, de cosméticos e da matéria prima no processamento de

alimentos para o consumo humano. Neste setor, inclui-se a industrialização da soja, a

qual passando pelo processo de extração obtém-se como principais produtos o farelo e o

óleo de soja.

Nota-se que das empresas brasileiras nos últimos dez anos, as mais

representativas do sistema produtivo da soja, como o grupo André Maggi e a Caramuru

Alimentos, sob a pressão competitiva das corporações globais, como Bunge, Cargil

ADM e Louis Dreyfus, realizaram investimentos de capacidade produtiva,

diversificação da produção integrada de grão e refinamento de soja (WILKINSON et al,

2009).

Destaca-se que a operação industrial de obtenção do óleo de soja em grande escala

normalmente utiliza solvente orgânico para a extração do óleo presente na semente. O

solvente é separado do óleo. Desta forma, como este óleo ainda contém substâncias

inadequadas para o consumo humano o mesmo passa por várias operações de refino.

Erickson (2000) assevera que o refino de óleo de soja possui a finalidade de eliminar as

impurezas solúveis no óleo a fim de adquirir melhores padrões de qualidade no sabor,

aparência e estabilidade, merecendo como consequência a aceitação do consumidor.

Page 17: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Dentre as operações de refino existe a degomagem, que segundo Dijkstra (1989),

possui a função de produzir um óleo livre de gomas, as quais implicam resíduos

indesejáveis, principalmente no transporte e armazenamento do óleo.

No que tange à operacionalização efetiva da degomagem, vê-se que esta exige

adição expressiva de água ao óleo que forma uma emulsão. Este material passa por um

processo de separação em centrífugas que gera duas correntes. Uma corrente é denominada

de óleo degomado e a outra corrente é formada pelas gomas também designada

industrialmente de lecitina. Ao concretizar esta operação de separação, ocorre um consumo

elevado de água e energia. Além disso, prevalece a preocupação constante com a qualidade

do óleo degomado. Portanto, é fundamental que a degomagem opere nas melhores

condições com o intuito de reduzir o consumo de água, de energia e aperfeiçoar os

parâmetros de qualidade do óleo.

Certamente, vários pesquisadores desenvolveram estudos relacionados à indústria

de óleo de soja para estabelecer as melhores condições operacionais dos processos com o

propósito de minimizar os custos e melhorar a qualidade do produto. Com efeito, Kemper

(1998) publicou um trabalho que quantificava as perdas de solvente na indústria de óleo de

soja, e ainda Kemper (2000) apresenta um trabalho com inovações para a redução do

consumo de energia no Dessolventizaor-Tostador. Paraíso (2001) desenvolveu um estudo

em que modela e analisa as principais operações de obtenção do óleo bruto para a redução

de custos operacionais do processo, e também Oliveira (2001) expôs um trabalho com o

escopo de otimizar a clarificação do óleo no refino.

1.2 OBJETIVOS

2 Este trabalho tem como objetivo geral contribuir para os estudos de refino de óleo

de soja, explorando por meio de simulações o processo de degomagem, com o foco

na identificação e quantificação das perdas que ocorrem no processo.

3 Os objetivos específicos são:

4 - Estudar experimentalmente os parâmetros que afetam as perdas indesejáveis do

arraste do óleo decorrente do processo de centrifugação e a qualidade do produto

final;

5 - Levantar dados operacionais da indústria;

Page 18: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

6 - Desenvolver um modelo matemático para o processo de degomagem do óleo que

confere a separação das gomas que seja compatível com os dados experimentais

obtidos nos ensaios;

7 - Validar o modelo com dados industriais;

8 - Avaliar o processo por meio de simulação matemática.

9

Este trabalho tem como objetivo geral contribuir para os estudos de refino de

óleo de soja, explorando por meio de simulações o processo de degomagem, com o foco

na identificação e quantificação das perdas que ocorrem no processo.

Os objetivos específicos são:

- Estudar experimentalmente os parâmetros que afetam as perdas indesejáveis do

arraste do óleo decorrente do processo de centrifugação e a qualidade do produto final

- Levantar dados operacionais da indústria.

- Desenvolver um modelo matemático para o processo degomagem do óleo que

confere a separação das gomas, que seja compatível com os dados experimentais

obtidos nos ensaios.

- Validar o modelo com dados industriais.

- Avaliar o processo por meio de simulação matemática.

9.1 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho encontra-se dividido em 7 capítulos. O presente capítulo

aborda a introdução, bem como as principais contribuições do estudo.

O capítulo 2 apresenta, por meio de uma revisão bibliográfica, os temas tratados

nesta dissertação, como a composição da soja e do óleo de soja; o processo de extração

do óleo bruto de soja e o refino de óleo de soja, com ênfase a degomagem por

hidratação.

No capítulo 3 são apresentados os materiais utilizados na indústria e no

laboratório para a coleta de dados; as metodologias analíticas para caracterização das

correntes de entrada e saída do processo; os experimentos realizados com variações de

parâmetros como dosagem de água, variação de pressão e temperatura;

No capítulo 4 os modelos matemáticos propostos de balanço de massa e forças.

Page 19: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

O capítulo 5 apresenta os resultados e discussão dos experimentos e das análises

realizadas.

No capítulo 6 consta a convalidação do modelo matemático proposto e a

simulação do processo.

O capítulo 7 aborda as conclusões do trabalho obtidas a partir dos resultados

mais relevantes. Também são apresentadas e considerações para trabalho futuros.

9.2 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO

Este trabalho visa contribuir cientificamente com análise e simulação do

processo de refino de óleo de soja, em específico a degomagem, de um modo geral,

pouco citado na literatura, porém importante para indústria de óleo de soja.

A modelagem desenvolvida poderá ser utilizada como ferramenta de melhoria

do processo de degomagem, bem como auxiliar nas análises e obtenção de informações

rápidas sobre o processo.

Analisando as dificuldades técnicas e econômicas deste ramo da indústria é que

se decidiu trabalhar ferramentas de análise com objetivo de propor melhorias ao

processo de degomagem, pois segundo Wilkinson (2009) competição na indústria

global de soja elegeu a China como o território de maior atração para investimentos,

tanto em aumento de escala de produção como em diversificação da produção,

ampliando seu escopo para farelo e óleo de soja. Logo, a indústria brasileira deverá cada

vez mais aperfeiçoar seus processos com objetivos de melhorar a qualidade e reduzir os

custos para que o produto se mantenha competitivo no mercado interno e externo.

A seguir, no próximo capítulo, será feita uma revisão bibliográfica com o intuito

de abranger alguns processos no contexto da industrialização de óleo de soja, bem como

colocar conceitos das técnicas e matérias envolvidos no processo.

Page 20: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ASPECTOS GERAIS

Neste capítulo, será apresentada uma revisão da literatura, com uma abordagem

dos aspectos de toda a cadeia produtiva do óleo de soja. A ênfase da revisão encontra-se

no processo de refino com foco na importância da etapa de degomagem, na busca de

diminuição de custos operacionais, que é de notável interesse da indústria de óleo de

soja.

A revisão bibliográfica elaborada engloba as principais características da soja e

as operações envolvidas na obtenção de óleo bruto e refinado de soja.

Erickson (1980) disciplina que o óleo de soja é um dos óleos vegetais mais

produzidos no mundo devido, além de sua excelente qualidade e baixo custo. Razões

por esta dominância incluem fatores como: características agronômicas favoráveis,

retornos razoáveis para produtores e processadores, alta qualidade na proteína, ser um

óleo comestível e apresentar oferta disponível a preços competitivos.

A produção e a utilização mundial de óleo de soja estão crescendo através do

tempo, superando outros óleos, pois sua utilização envolve uma ampla gama de

produtos, na qual podem ser citadas frituras, margarinas, emulsificante, entre outros,

conforme salienta Gupta (2000).

2.2 A SOJA

. É válido lembrar que antigos cultivadores chineses reconheceram o valor para a

saúde da soja há mais de 5.000 anos atrás, quando o mítico imperador Shen – Mong

declarou ser a primeira das 5 culturas sagradas (INRAM , 2003). A soja detém um

longo significado histórico através da introdução das rotas comerciais por mar e terra

como Ásia, Japão, Coreia e Sudeste da Ásia. Eventualmente, a soja foi introduzida na

Europa pelo Engelbert Karempfer, um cientista sueco que forneceu o nome científico,

Glycine Max, no qual Clycine significa meio gentil e max se refere aos grandes nódulos

da planta do grão de soja.

Pouzet (2000) destaca que o uso da soja por parte do homem remonta desde o

século XV antes de Cristo. Contudo, começou-se a cultivá-la em níveis internacionais

Page 21: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

durante o século XX, quando as sementes foram introduzidas nos Estados Unidos para

serem moídas em nível industrial. Posteriormente, foram incorporadas na Europa e no

Sul da América.

De extrema importância para o agronegócio brasileiro, a soja foi inserida no

Brasil em 1908, inicialmente na Região de São Paulo, por imigrantes japoneses. Teve

sua cultura iniciada no Rio Grande do Sul, por volta de 1914. Entretanto, o maior

desenvolvimento do cultivo desta leguminosa no estado gaúcho é da década de 1970,

segundo Amaral et al (2006).

Neste sentido, os Estados Unidos, o Brasil e a Argentina participam com 80% da

produção e 90% da comercialização mundial da soja. No Brasil, a partir dos anos 80 a

cultura da soja deixou de se concentrar apenas no Centro- Sul e expandiu-se para as

regiões Centro- Oeste, assim consolidando a cultura da soja como um dos setores mais

influentes do agronegócio brasileiro.

2.3 COMPOSIÇÃO DO GRÃO DE SOJA

O alto teor de proteína da soja proporciona múltiplas utilizações e a formação de

um complexo industrial destinado ao seu processamento. De acordo com Hammond et

al. (2005), as variações na composição do grão são afetadas por vários fatores

ambientais e geográficos.

A semente da soja em média possui 40% de proteínas, 20% de lipídios (óleo),

5% de minerais, 17% celulose e hemicelulose, 7% de açúcares como glicose, frutose e

sacarose, 5% de fibras brutas e 8% dos oligossacarídeos como rafinose e estaquiose

(ERICKSON, 1980). A média da composição do grão de soja avaliado nos Estados

Unidos se encontra na Tabela 1 abaixo:

Page 22: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Tabela 1 – Composição Típica do grão de soja.

Fonte: Adaptado- HAMMOND et al.(2005)

As definições dos principais componentes do grão de soja estão descritas nos

tópicos abaixo.

Proteínas

As proteínas da soja são constituídas principalmente de globulinas (as quais

representam 90% do total das proteínas e 36% do peso da semente). A presença da

lipoxigenase é decisiva para a qualidade e estabilidade do óleo de soja e também para o

sabor dos produtos derivados da soja em geral. As proteínas são compostas por

aminoácidos, conforme descrito na Tabela 2.

Proteína 40,69 +- 0,51

Lisina 2,56 +- 0,11

Metionina 0,57 +- 0,03

Cisteina 0,72 +- 0,06

Triptofano 0,52 +- 0,05

Thereonina 1,54 +- 0,07

Oléo 21,34 +- 0,64

Cinzas 4,56 +- 0,34

Carboidratos 29,4 +- 3,24

Composição Típica (wt% +- std.dev.) do grão de soja (base seca)

Page 23: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Tabela 2- Composição média dos aminoácidos contidos nas proteínas da soja.

Fonte: Adaptado - ERICKSON (1995) apud CUSTÓDIO (2003)

Carboidratos

Os grãos de soja contêm carboidratos em sua estrutura (representam

aproximadamente 10% do peso), principalmente açúcares solúveis e uma pequena

quantidade de amido (menos de 3% do peso da semente).

Segundo Inran (2003), carboidratos solúveis são compostos de dissacarídeos e

oligossacarídeos (sucrose, rafinose, estáquiose), com quantia de traços localizados de

monossacarídeos (glucose e arabiose).

A soja contém aproximadamente 35% de carboidratos, e a soja descascada e sua

farinha contém cerca de 17% solúveis e 21% de carboidratos insolúveis (PERKINS,

1995).

3,9

4,6

Tirosina

Valina

4,9

5,8

4,8

4,0

1,3

Prolina

Lisina

Serina

Treonina

Triptofano

4,1

18,9

Glicina

Ácido Glutânico

Fenilanina 5,3

2,2

2,0

2,7

4,2

6,9

Cistina

Metionina

Histidina

Isoleucina

Leucina

Aminoácidos Porcentagem média(%)

Alanina

Arginina

Ácido Aspartico

4,2

7,5

12,6

Page 24: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Óleo

O conteúdo total de lipídios varia entre 18 a 23 %. O óleo contém 88,1% de

lipídios neutros que consistem principalmente de triglicerídeos acompanhados de

pequenas proporções de ácidos graxos livres e esteróis. Cerca de 9,8% do óleo é

composto de fosfolipídios e 1,6% de glucolipídios.

Os principais componentes dos lipídios neutros, fosfolipídios e glucolípidios são

os ácidos palmítico, oléico e linoléico.

Tocoferóis

Os tocoferóis representam a vitamina E presente no óleo de soja. A vitamina E é

um dos mais importantes antioxidantes biológicos lipossolúveis. A vitamina E é

extremamente significativa, sendo produzida para ser adicionada à ração animal, na

fabricação de produtos farmacêuticos, no setor de alimentos e no setor de cosméticos.

DORSA (2004) esclarece que a vitamina E foi reportada no início dos anos 20, e

era associada com esterilidade e reprodução, sendo válido ressaltar que a palavra grega

“tocoferol” significa “responsável pela reprodução”.

Minerais e Elementos

As cinzas correspondem a cerca de 5% do grão de soja seco. O maior peso está

atribuído aos sulfatos, fosfatos, carbonatos e oxigênio presentes. Fatores como

variedades, localização do crescimento e irão influenciar no conteúdo de minerais no

grão de soja.

2.4 EXTRAÇÃO DO ÓLEO BRUTO DE SOJA

A produção do óleo bruto de soja basicamente era realizada através da

prensagem mecânica e extração, no entanto o constante aperfeiçoamento da técnica de

extração de óleo é marcado pela busca do aumento da capacidade, com simplificação do

sistema de trabalho, visando melhor qualidade e atenuação do custo.

Paraíso (2001) afirma que o processo de obtenção do óleo está relacionado com

a extração de lipídios das sementes vegetais, tendo como métodos comumente

empregados a prensagem, a extração por solvente ou o misto dos dois processos. No

Page 25: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

caso do uso de prensas de alta pressão, apesar de ser bastante flexível para operação de

diversas oleaginosas, este processo está totalmente ultrapassado, já que nunca deixa um

residual muito alto de óleo na torta (4 a 5%), além de consumir muita energia.

O processo de extração a base de solvente é composto das seguintes etapas: a

preparação do grão, a extração, a destilação da miscela (recuperação do solvente da

mistura óleo/solvente), a dessolventização do farelo (recuperação do solvente do farelo),

a recuperação do solvente da saída do ar e a separação do solvente e água. O material

empregado atualmente é a hexana com ponto de ebulição próxima 70°C, sendo que a

soja a ser extraída é previamente triturada e laminada para facilitar a penetração do

solvente.

Uma planta convencional de extração de óleos vegetais por solvente é

constituída pelos processos representados na Figura 1:

Figura 1 - Etapas do processo de extração por solvente.

Fonte: Adaptado- REZENDE (1998) apud CUSTÓDIO (2003)

Conforme apresentado na Figura 1, o processo de extração apresenta um preparo

inicial, no qual são de notável importância os controles da umidade e da temperatura do

material estocado. Geralmente, antes do beneficiamento da soja, os grãos são secos até um

teor de 13% de umidade e armazenados em um período de 1 a 5 dias para que a umidade do

grão entre em equilíbrio.

GRÃOS DO CAMPO

PRÉ-SECAGEM

ARMAZENAGEM LAMINAÇÃO

ARMAZENAGEM

CONDICIONAMENTO

A VAPOR

EXPANSÃOLIMPEZA

SÓLIDOS PARA O

EXTRATOR

QUEBRA E

DESCASQUE

Page 26: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Acasio (2005) enfatiza que a umidade é talvez o principal fator que afeta o

armazenamento da soja, pois, a soja com um teor de umidade maior que 13% deve ser seca

para minimizar o risco de deterioração causada pela respiração da semente, o ataque do

mofo, o aquecimento espontâneo e a germinação.

Quando se recebem grãos muito úmidos, devido às chuvas na época da colheita,

torna-se necessário a re-secagem, ou seja, o grão seco novamente fica armazenado em silos

verticais durante um determinado período para que se tenha uma migração da umidade para

superfície do grão e se estabilize. Em seguida, o grão é novamente seco. (DORSA 2004).

Outro fator de nobre importância, não só para a qualidade do produto, mas também

para a conservação da matéria-prima é a limpeza da soja. Nesta etapa, convém retirar

materiais que podem contaminar os produtos ou até mesmo limitar a capacidade de

extração.

Os materiais estranhos são geralmente removidos duas vezes, primeiro para o

armazenamento e novamente antes das sementes entrarem no processo contínuo. Os

materiais estranhos removidos consistem na combinação de sementes de ervas daninhas,

gravetos, vagens, poeira, terra, pedra e pedaços de metais.

De acordo com Moretto & Fet (1986) a pré- limpeza antes do armazenamento

diminui o risco de deterioração da soja e evita o uso indevido do espaço útil do silo.

Na etapa de preparação, a soja passa inicialmente por moinhos quebradores, no qual

é reduzida, na primeira passagem a ½ grão e na segunda passagem a ¼ de grão. Quando se

deseja a produção de um farelo de alto teor proteico, é efetuada a separação das cascas entre

a primeira e segunda quebra, através de separadores por aspiração do tipo cascata (DORSA

2004).

As sementes quebradas são acondicionadas em cozinhadores a 70°C.

Posteriormente são laminadas a uma espessura de aproximadamente 0,3 mm, sendo

proveitoso lembrar que o termo “distorção de lâmina” é mais apropriado para esta

operação, porque a maioria das células se rompe, liberando a grande parte do óleo e

facilitando o processo de extração (ONG, 2005).

A etapa de laminação, segundo Moretto & Fett (1986), facilita o rompimento do

tecido e das paredes da célula, restringindo a distância entre o centro da semente e sua

superfície, maximizando assim a superfície de saída de óleo.

Kemper (2005) constata que a maioria dos materiais oleoginosos é expandida

antes da extração por solvente. A expansão distorce a estrutura celular do material e

diminui a distância que o solvente necessita para chegar ao óleo que está na célula do

material oleoginoso.

Page 27: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

A expansão do grão é realizada com a utilização de um expansor de grão,

baseado no equipamento da Andersen. De acordo com Brueske (2000) os expander

funcionam mediante uma combinação de pressão e vapor na torta formando pellets

porosos. Estes pellets, geralmente são conhecidos como collet, os quais tornam o

processo de extração mais fácil.

O extrator é o aparelho, no processo de extração com solvente, no qual a

fração de óleo do material oleaginoso é separado a partir da fração de alimentação do

material oleaginoso por dissolução da fração de óleo num solvente. (KEMPER, 2005)

Como resultado, a extração consiste em dois processos: um deles, o rápido e

fácil, que é o de “dissolução” e o mais demorado, o qual depende da “difusão” de óleo e

solvente através da parede celular semipermeável. A solução de óleo no solvente é

chamada “miscela”, sendo o fator que define a velocidade da extração, ou seja, é a

obtenção do equilíbrio no sistema óleo-miscela-solvente (MORETTO & FETT, 1986).

Nota-se que para a correta extração é necessária a quantidade satisfatória de

solvente limpo para manter a concentração da miscela suficientemente baixa. Isso

proporcionará retirar a maior quantidade de óleo em cada etapa da extração e conseguir

um bom contato e penetração, de maneira que o solvente entre em contato com o óleo e

seja capaz de extrair as partículas da matéria, bem como possa dispor do tempo hábil

para permitir que tenha lugar o processo de difusão. (BRUESKE,2000)

Dorsa (2004) corrobora que os extratores mais comuns são do tipo esteira

contínua, com ou sem caçambas (Lurgi, De Smet, Crown), ou do tipo Rotocel/Carrossel

(EMI, Krup, French).

Após o processo de extração, a miscela concentrada passa por uma unidade de

destilação para remoção dos finos, na qual o óleo é separado sob vácuo e aquecimento.

O hexano residual é dividido por evaporadores tubulares aquecidos a vapor. O conteúdo

de solvente pode ser reduzido até cerca de 5%, à temperatura de 70 a 90°C (MORETTO

& FETT ,1986).

Uma série de países exigem exames analíticos quanto ao armazenamento do

óleo, que determinam o “ponto de fulgor”, sendo uma forma de referência segura para a

característica de um óleo. Por exemplo, o ponto de fulgor de um óleo extraído na

Alemanha não deverá ser abaixo de 150°C.

Para possibilitar o uso do farelo de soja é necessário eliminar todo o hexano

absorvido, tostar o farelo para reduzir sua atividade ureática, resfriá-lo e estabilizar sua

Page 28: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

umidade em torno de 12%. Este processo é chamado de dessolventização e tostagem do

farelo.

Observa que a principal causa da perda de hexano no processo de extração de

óleo ocorre a partir da mistura incondensável formada entre seus vapores e o ar. A

recuperação do solvente existente nesta mistura acontece em uma unidade de

condensação formada por condensadores tubulares resfriados ou em instalações

modernas, por colunas de adorção com óleo mineral.

A Figura 2 apresenta um sistema completo de extração com solvente.

Figura 2 – Sistema completo de extração com solvente

Fonte: Adaptado – DORSA (2004)

2.5 REFINO DE ÓLEO DE SOJA

Dijkstra (2000) identifica que o refino de óleos comestíveis tem como objetivo

eliminar impurezas indesejáveis que afetam o sabor, o aroma, a aparência e a

capacidade de armazenamento.

Segundo Moretto e Fett (1986) os componentes que devem ser removidos são:

- Substâncias coloidais, proteínas, fosfatídeos e produtos de sua decomposição;

Page 29: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

- Ácidos graxos livres e seus sais, ácidos graxos oxidados, lactonas, acetais e

polímeros;

- Substâncias voláteis, tais como hidrocarbonetos, alcoóis, aldeídos, cetonas e

ésteres de baixo peso molecular;

- Substâncias inorgânicos tais como os sais de cálcio e de outros metais silicato,

fosfatos e outros;

- Umidade.

A finalidade do refino é apartar as impurezas solúveis no óleo, caracterizando-se

como indispensável para conseguir sabor, aparência e estabilidade aceitáveis pelo

consumidor. (ERICKSON 2000)

As operações unitárias envolvidas na purificação do óleo de soja são:

Degomagem, Neutralização, Branqueamento e Desodorização. Os fosfatídeos e

complexos metálicos são eliminados na degomagem. Os ácidos graxos livres são

retirados na neutralização. Durante o branqueamento os produtos de oxidação são

eliminados, juntamente com traços de gomas e sabões que restaram da neutralização.

A etapa final de desodorização serve para suprimir os ácidos graxos livres que

restaram das etapas anteriores, além de alguns pigmentos residuais, sabores e odores

indesejáveis. Dentre todas as substâncias que foram extintas durante o processo, existem

aquelas que são desejáveis que permanecem, pois sua presença valoriza o produto, tais

como as vitaminas lipossolúveis e os tocoferóis, que são substâncias antioxidantes, as

quais protegem o óleo contra a deterioração por oxidação.

A Figura 3 apresenta o fluxograma básico do processo de refino.

Page 30: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 3 - Diagrama de um processo de refino de óleo de soja convencional.

Fonte: Adaptado de HAMMOND et al. (2005).

2.5.1 Definição do Óleo de Soja

De acordo com a Portaria n. 795, de 15 de dezembro de 1993 do Ministério da

Agricultura, do Abastecimento e Reforma Agrária, “óleo de soja é o produto obtido por

prensagem mecânica e/ou extração por solvente, dos grãos de soja (Gluycine max. L

Merril), isento de misturas de outros óleos, gorduras ou outras matérias estranhas ao

produto” (BRASIL,1993).

A mesma portaria classifica o óleo de soja segundo o seu grau de elaboração:

Bruto ou cru: é o óleo tal qual foi extraído do grão;

Degomado ou purificado: é o óleo que, após sua extração, teve extraído

os fosfolipídeos;

Refinado: é o óleo que, após sua extração e degomagem, foi neutralizado,

clarificado e desodorizado.

As principais características de qualidade do óleo referente a está portaria

constam na Tabela 4.

Page 31: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Tabela 3 – Características de qualidade do óleo de soja: bruto (único), degomado (tipos

1, 2,3) e refinado ( tipos 1 e 2).

*1- límpido, isento de sedimento.

*2- odor e sabor característico do produto isento de ranço odores e sabores estranhos.

*3- límpido, ligeiramente turvo, isento de sedimentos.

*4- límpido, ligeiramente turvo.

Fonte: Adaptado - Portaria n°795 do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma

Agrária.

As composições dos óleos de soja brutos e refinados são apresentadas na tabela

4.

Tabela 4 – Composição média do óleo bruto e refinado.

Componentes Óleo Bruto Óleo Refinado

Triglicerídios (%) 95-97 >99

Fosfatídios (%) 1,5 – 2,5 0,003 – 0,045

Insaponificavéis(%) 1,6 0,3

Esteróis (%) 0,33 0,13

Tocoferóis (%) 0,15 – 0,21 0,11 – 0,18

Hidrocarbonetos (%) 0,014 0,01

Ácidos graxos livres (%) 0,3 – 0,7 < 0,05

Resíduos de metais

Ferro (ppm) 1 a 3 0.1 - 0.3

Bruto

1 2 1 2 3 Único

Apecto a 25°C *1 *1 *1 *3 *4 turvo

Propriedades Organolépticas * 2 * 2 _ _ _ _

Umidade e voláteis(máx.)(%) 0,03 0,06 0,2 0,3 0,5 0,5

Lecitina expressa em fósforo (máx.)(%) _ _ 0,02 0,02 0,03 0,1

Acidez Livre (FFA) expressa em ácido oléico 0,03 0,06 0,5 1 1,5 2

Ponto de fulgor (mín.)(°C) _ _ 121 121 121 _

Ponto de fumaça (mín.)(°C) 230 218 _ _ _ _

Matéria insaponificável (máx.)(%) 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5

Indíce de peróxido (máx.)(meq/Kg de óleo 2,5 5 _ _ _ _

Sabões (máx.)(ppm) 1 10 _ _ _ _

Impurezas ( ins. em éter de Petróleo (%)) 0,03 0,05 0,1 0,1 0,1 0,5

Parâmetro analisadoRefinado (tipo) Degomado (tipo)

Características de Qualidade

Page 32: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Cobre (ppm) 0,03 – 0,05 0,02 – 0,06

Fonte: Adaptado – ERICKSON (1980).

De acordo com Erickson (1980), o óleo de soja tem muitas vantagens e

desvantagens quando comparadas a outros óleos vegetais.

Entre as vantagens citadas pelo autor acima tem-se:

Alto nível de insaturação.

O óleo permanece líquido mesmo com oscilações relativamente grandes

de temperatura.

Pode ser seletivamente hidrogenado.

Os fosfatídeos, restos de metais e sabões podem ser removidos sem muita

dificuldade para obter um produto de alta estabilidade.

A presença de antioxidantes naturais (tocoferóis), os quais não são

completamente eliminados durante o processamento, também contribui para a sua

estabilidade.

As desvantagens segundo Erickson (1980):

Os fosfatídeos se encontram presentes em quantidades relativamente

altas (superiores a 2%) e devem ser eliminados no processamento.

O óleo de soja contém níveis relativamente altos (7 – 8%) de ácido

linoléico que é responsável pela reversão do seu sabor e odor. Algumas destas

desvantagens são contestadas visto que as “gomas” recuperadas constituem uma

fonte de obtenção de lecitina comercial e por meio de hidrogenação seletiva e parcial

do óleo, a concentração do ácido linoléico pode ser reduzida a menos de 3% dando

como resultado aumento da estabilidade. A partir da extração do óleo bruto da

semente de soja, o produto para ser utilizado na fabricação de óleo de cozinha, por

exemplo, precisa passar por um refinamento para ganhar estabilidade, se tornar puro

e nutritivo. A parte sólida extraída do processo de extração é destinada à

alimentação de animais como aves, suínos e gado de corte.

Page 33: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Ácidos Graxos

Os ácidos graxos são os ácidos carboxílicos encontrados na forma esterificada

nos lipídios naturais. Os ácidos graxos de números ímpares e carbono são encontrados,

por exemplo, na gordura do cabelo humano. Os ácidos graxos podem ser saturados,

monoinsaturados, poliinsaturados As insaturações variam na posição e na composição

das duplas ligações (FRÉ, 2009).

Para Scrimgeour (2005), os ácidos são ácidos graxos de cadeia quase

inteiramente retas carboxílicas alifáticas. A definição mais ampla inclui todos os

comprimentos de cadeia, mas a maioria de ácidos gordos naturais tem C4 a C22, C18

como formas mais comuns.

Os ácidos graxos de “saturados” são os que possuem todos os átomos de carbono

da cadeia hidrocarbonada ligados aos pelo menos dois átomos de hidrogênio. Por outro

lado, quando uma ou mais duplas ligações, gerando carbonos ligados a um só átomo de

hidrogênio eles são chamados ácidos “insaturados” (MORETTO & FETT, 1986).

Do ponto de vista metabólico e mesmo patológico, para Fré (2009), tem sido

importante precisar a posição da última dupla ligação dos ácidos graxos. A informação

fornecida está associada com grupos ou famílias de ácidos graxos, como exemplo,

família ômega-3, ômega-6, ômega- 9 os quais podem apresentar atividades biológicas

diferenciadas. A Tabela 5 mostra a composição média dos ácidos graxos e sua variação.

Erickson (1980) ensina que a composição do óleo de soja bruto possui uma

grande variação, particularmente pelo tipo de insaturação do ácido graxo, que depende

da variedade e das condições climáticas.

Não Glicerídeos

Moretto & Fett (1986) destacam que em todos os óleos e gorduras, encontramos

pequenas quantidades de componentes não glicerídeos: os óleos vegetais brutos contêm

menos de 5%, nos óleos vegetais refinados, menos de 2%. Na refinação, alguns desses

componentes são removidos completamente, outros parcialmente. Aqueles que

persistem no óleo acabado, ainda que em traços, podem afetar as características das

gorduras devido a alguma propriedade peculiar, como exemplo apresentar ação pró ou

antioxidante, ser fortemente odorífero, ter sabor acentuado, ser altamente colorido, entre

outros.

Page 34: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Os não glicerídeos que ocorrem com maior freqüência são os fosfatídeos no óleo

bruto entre 1,1 e 3,1%. O componente fosfatídico do óleo de soja consiste de 20% de

lecitinas, 31% de cefalinas e 40% de fosfatil inositol, conforme Fré (2009).

Conforme Moretto & Fett (1986), os esteróis, as ceras e os hidrocarbonetos

incolores são não glicerídeos de menor importância para as características dos óleos e

gorduras por serem incolores, inodoros, insípidos e relativamente inertes do ponto de

vista químico e não emprestam nenhuma propriedade organoléptica.

Sipos e Szuhaj (2000) salientam que a matéria do óleo de soja é composta por

vários componentes menores que tem valores comercias, tais como os fitosteróis e os

tocoferóis. Existem no mínimo sete tipos de tocoferóis no óleo de soja, no entanto o que

se encontra em maior quantidade é o gama tocoferol. O alfa tocoferol por sua vez possui

maior atividade de vitamina E, no entanto o sigma tocoferol funciona melhor como

antioxidante.

A composição aproximada dos esteróis no óleo de soja é 52% de Beta –

sitosterol, 25% de compesterol e 23% stigmasterol. No caso dos tocoferóis é de

aproximadamente de 7,6 % de alfa tocoferol, 1,5% de beta tocoferol, 67,8% de gama

tocoferol e 23,6% de sigma tocoferol. Há variações consideráveis entre variedades de

plantas e proporção da espécie molecular de esteróis e tocoferóis (HAMMOND et al,

2005).

No grupo dos não glicerídeos são destacados os carotenoides e a clorofila

responsáveis pelas colorações dos óleos e gorduras. Os carotenoides são os principais

responsáveis pela coloração amarelo/vermelho na maioria dos óleos e gorduras, já a cor

esverdeada é devido a clorofila (MORETTO & FETT, 1986).

As propriedades físicas de ácidos graxos podem variar de acordo com o seu

comprimento de cadeia, insaturação, outros substituintes e as alterações com a

temperatura. Inúmeras tentativas foram feitas para desenvolver equações que predizem

estas propriedades. As propriedades do óleo de soja devem refletir seus constituintes e,

principalmente, a sua composição em ácidos graxos e propriedades físicas, os quais têm

sido frequentemente medidos. (HAMMOND et al, 2005)

Através da Tabela 5 é possível verificar algumas propriedades típicas do óleo de

soja.

Page 35: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Tabela 5 – Representação das Propriedades Físicas do Óleo de Soja.

Propriedades Valor

Gravidade específica, 25 °C 0,9715

Indíce de Refração, nD25 1,4728

Refração específica, r20 0,3054

Viscosidade em centipoise 25 °C 50,9

Ponto de solidificação (°C) -10 a -16

Calor específico (cal/g a 19.7 °C) 0,458

Calor de combustão (cal/g) 9478

Ponto de fumo [°C (°F)] 234 (453)

Ponto de inflamação [°C (°F)] 328 (623)

Ponto de combustão [°C (°F)] 363 (685)

Fonte: Adaptado - SIPOS & SZUHAJ ( 2005)

2.5.2 Processo Industrial

Observa-se que o processo de refino é uma combinação de processos químicos e

físicos. Dentre as principais operações, a Neutralização com álcalis é um processo

químico, enquanto que os demais são processos físicos, de adsorção no branqueamento

e destilação na desodorização.

Pode-se classificar o processo de refino de óleos vegetais em processo de Refino

Físico e Processo de Refino Químico, no qual a principal diferença está no processo do

refino Físico que se divide em apenas três etapas: degomagem, branqueamento e

desodorização. A etapa de neutralização é eliminada e substituída pela destilação dos

ácidos graxos livres.

O processo de refino químico é o mais utilizado pelas indústrias no Brasil. Para

Erickson (2000), o óleo de soja refinado fisicamente nem sempre apresenta uma vida de

prateleira adequada. A incerteza em relação à duração de vida de prateleira

provavelmente está relacionada à quantidade de gomas- não hidratáveis que o óleo de

soja apresenta.

Page 36: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Segundo Sá (2007), no refino químico, durante a etapa de neutralização dos

ácidos graxos livres com soda cáustica, uma quantidade considerável de óleo neutro é

saponificada e arrastada com a formação de sabão.

De acordo com Moretto & Fett (1986), a contínua melhora de qualidade dos

óleos brutos, com decréscimo de acidez diminui as vantagens do processo físico.

Considerando a baixa acidez e a dificuldade de sua satisfatória degomagem, o óleo de

soja não parece apresentar uma matéria–prima própria para refinação física.

A refinação química para óleos de baixa acidez como é o caso da soja,

normalmente é mais econômica que a refinação física considerando o processo de forma

global. (BLOCK, 2000)

A Figura 4 mostra uma comparação entre os dois processos, está incluída a etapa

de winterização, no entanto é somente aplicável para óleos que possuem uma grande

quantidade de ceras, como o óleo de girassol.

Figura 4 - Comparação dos Processos Químicos e Físicos de Refino

Fonte: Adaptado - EICKHOFF P. K. (2000)

Page 37: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

A seguir será detalhada a operação de degomagem.

2.5.3 Degomagem

Anderson (2005) observa as razões para realizar a degomagem de óleos são:

- Fornecer um óleo degomado para longo tempo de estocagem.

- Preparar o óleo para o refino físico e químico.

- Produzir lecitinas.

A degomagem é uma etapa de grande importância no processo de refino, pois

nesta etapa as gomas devem ser extraídas pelos seguintes motivos:

- Alto teor de gomas na neutralização leva a uma utilização em excesso de

agente neutralizador;

- No processo de refino que trabalha com neutralização simplificada, ocorre

hidratação destas gomas provocando o arraste de “óleo virgem” por oclusão baixando o

rendimento entre o óleo consumido e o óleo neutralizado;

- Durante a centrifugação na etapa de neutralização, ocorrerá mistura de várias

fases, como óleo, sabões, gomas e soda em excesso, o que prejudicará a separação e

trará teores altos de sabões.

Medina (1996) salienta que um óleo normal de boa qualidade proveniente de

uma extração convencional terá cerca de 90% de fosfatídeos hidratáveis e 10% de

fosfatídeos não hidratáveis e seu conteúdo total de fosfatídeos será na faixa de 1,1 a

3,2%. Dorsa (2004) reflete que é necessário prevenir problemas de decantação e

formação de um lodo durante a estocagem ou transporte. Está decantação ocorre devido

os fosfatídeos serem higroscópicos e se hidratarem com a umidade do ar.

Analisando os diferentes fosfolipídios presentes no óleo é possível verificar,

conforme exposto na Tabela 6 que a fosfatidilcolina (FC) e o fosfadilinositol (FI) possui

uma hidratação relativamente rápida. Já os sais de cálcio do ácido fosfatídico (AF) e a

fosfadiletanolamina (FE) são parcialmente hidratáveis.

Page 38: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Tabela 6 – Velocidade relativa de hidratação de diferentes fosfolipídios a 80°C.

Fontes: Adaptado - DIEZ (2000)

A degomagem é opcional no caso dos óleos, tais como, de amendoim ou babaçu,

que contém pequenas quantidades das chamadas “gomas”, mas geralmente é aplicado

ao óleo de soja cujo conteúdo de fosfatídeos alcança às vezes 3%. Estes fosfatídeos são

facilmente hidratáveis na presença de água e tornam-se insolúveis no óleo o que

possibilita sua remoção (MORETTO & FETT, 1986).

Dos componentes do óleo de soja, aproximadamente 2 a 2,5% são fosfolipídios,

dentro dos quais incluem as gomas conhecidas comercialmente como lecitina. Apesar

de a lecitina representar menos que 0,5% da soja, ela é um dos constituintes mais

interessantes e dinâmicos de todos que se encontram presentes, pois a utilização da

lecitina em tantos produtos alimentícios e nos alimentos faz com que ela seja um

subproduto muito importante da indústria processadora de soja. (SINRAM, 2000)

As especificações de comercialização de óleo de soja degomado são fixas para

um limite superior menor que 200 ppm para o fósforo residuais especificados pela

NOPA (National Oilseed Procesors Association), onde em contratos comerciais são

previstos aumentos de preço no óleo que excede este limite como forma de compensar

as indústrias nas perdas que terão nas etapas de refino.

Os principais métodos de degomagem utilizados pelas indústrias são: com água,

ácida, superdegomagem, enzimática e por membranas. Os dois primeiros são os mais

usados devidos seu baixo custo de operação e por obter resultados satisfatórios no

processo (RIBEIRO et al., 2008).

16

1

9

0,6

FE (Fosfatidiletanolamina)

FE (Sais de Ca)

AF ( Ácido Fosfatídico)

AF (Sais e Ca)

Fosfolípidio Velocidade hidratação

FC (Fosfatidilcolina)

FI ( Fosfatidilinositol)

FI ( Sais de Ca)

100

44

24

Page 39: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Degomagem por Hidratação

O objetivo principal da degomagem por hidratação, segundo Dijkstra (2000), é

produzir um óleo que não deposite resíduos durante o transporte e armazenagem e

cumpra as especificações comerciais sobre as quantidades máximas de fósforo e

produza lecitina comercial, visto que apenas 25% das gomas de soja existentes são

processadas como lecitina comercial.

De acordo com Erickson (2000), é comum que os processadores alcancem níveis

residuais menores que 100 ppm com a degomagem aquosa.

Comumente a operação de degomagem está interligada diretamente com o

processo de extração de óleo de soja. Assim o óleo que sai das colunas de destilação,

ainda quente, é submetido à operação de hidratação e degomagem.

Conforme List (1989), dois principais métodos são empregados. Nos Estados

Unidos é utilizado a degomagem em lotes e nas plantas da Europa é mais comum a

degomagem contínua.

A quantidade de água, a temperatura e a eficiência da centrifugação são os

fatores que mais influenciam na oclusão do óleo. Santos e Zaneti (1981) ensinam que se

utiliza 0,5 a 3% de água normalmente, determinando-se a proporção mais adequada

através de ensaios em laboratórios. Em linhas gerais a temperatura de separação situa-se

entre 55 e 82°C, sendo mais adequada a centrifugação a 75°C

A condição recomendada para a degomagem de óleo bruto varia muito entre as

literaturas conforme exposto na Tabela 7.

A maioria destas condições é aplicável a degomagem em lote que consiste

basicamente na adição de 1 a 3% de água ao óleo aquecido e agitação durante 20 a 30

minutos. Formando um precipitado que é removido por centrifugação. A água utilizada

no processo possui uma baixa concentração de cálcio e magnésio.

Independente do objetivo da degomagem aquosa, seja produção de lecitina ou

óleo degomado, o processo deve controlar a quantidade de água, intensidade e tempo

adequado para a centrifugação (ERICKSON, 2000)

A degomagem também pode ser efetuada de maneira contínua onde o óleo é

bombeado até um trocador de placas, onde é aquecido à temperatura desejada. O óleo

flui ao misturador centrífugo sobre a pressão de uma bomba, que possibilita um contato

íntimo entre a água e o óleo. O tempo de hidratação é reduzido há alguns minutos neste

processo e a hidratação deve ser da ordem em que as gomas separadas pela centrífuga

Page 40: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

tenham 50% de água e 50% de lecitina. A temperatura ótima para este processo está

entre 70 a 80°C. A Figura 5 é uma ilustração esquemática de uma instalação de

degomagem com água continua.

List (1989) realça que com o aumento da temperatura na degomagem consegue-

se um aumento no conteúdo de insolúveis em acetona (AI), por exemplo, degomango a

40°C, a lecitina contém de 63 a 65% de AI, acima de 60°C ocorre um aumento de 68 a

75%. Logo, a temperatura é um fator que influencia no comportamento dos

componentes separados no processo de degomagem, tornando-se uma variável relevante

a analisar, pois, se a mesma influência ocorrer no comportamento do óleo arrastado na

lecitina, compromete-se o rendimento do processo.

Tabela 7 - Condições de Degomagem na Literatura.

Fonte: Adaptado - LIST, R. (1989)

Carr (1976)

Braae (1976)

30-60 minutos

10-15 minutos

Andersen (1973)

Vigorosa

Agitação Mecânica

Bernadini (1973)

Carr (1976)

Craumer (1972)

32-49°C

50-70°C

65-75°C

70°C

Norris (1964)

Van Niewenhuyzen

Bernadini (1973)

Bernandini (19730

Norris (1964)

Carr (1976)

Braae (1976)

Andersen (1953)

Brian (1976)

3% do peso total

2% do peso total

1% do peso total

Igual ao peso das gomas

2-5% do peso total

Referência

Van Niewenhnyzen (1976)

Parâmetros

Água

Temperatura

Agitação

Tempo

Quantidades

75% do peso de gomas

1-2,5% do peso total

2-3% do peso total

Page 41: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 5 – Instalação de degomagem com água.

Fonte – DORSA (2004)

Degomagem ácida simples

Este processo é realizado quando existe a necessidade de remover os fosfatídeos

não hidratáveis, logo é preciso transformar os complexos metalicos e fosfatídeos em

sais metálicos insolúveis em óleo e ácido fosfatídico.

De acordo com Dijkstra (2000) o objetivo desta degomagem é decompor os

complexos de ácidos fosfátidico e fosfatidil etanolamina com íons bivalentes e

convertê-los em ácidos livres, o ácido do degomado deve ser suficiente forte, logo se

utiliza sua forma concentrada.

Segundo Givon e Tirtiaux (2000) este processo é realizado aquecendo o óleo

bruto a uma temperatura entre 80-90 °C e fazendo uma mistura com ácido fosfórico ou

cítrico, e com um tempo de retenção de aproximadamente 5 -20 minutos e então é

misturado com um percentual de água de 2-5% antes de enviar para centrifugação,

conforme Figura 6.

.

Óleo Bruto

-Acidez

-Umidade

-Fosfato

óleo degomado

+ - 55 ºCGomas

+ - 50% de Umidade

+ - 50% (+ - 68% Fosfatideos,

+ - 30% e + - 2% Umidade)

Trocador de Calor

CentrifugaÁgua Quente

-80 a 90ºC

+ - 3%

T500

Hidratador

+ - 35 min.

Bomba

80 a 85ºC

90 a 95ºC

Ejetor Vácuo

Secador a Vácuo

+ - 500 MMHg

30Ton

Vazão = 22 ton./h

Vazão mássica = 12,83 ton.

Condensador

Barométrico

Óleo degomado

Page 42: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 6 - Processo de degomagem ácida simples.

Fonte: Adaptado - GIVON & TIRTIAUX (2000)

Degomagem Especial

O processo de degomagem especial da Alfa-Laval exposto na Figura 7, também

chamado de refinação ácida foi desenvolvido para óleos com altos conteúdos de

fosfátideos como soja e girassol (GIVON & TIRTIAUX, 2000).

Neste processo os fosfatídeos não hidratáveis se decompõem primeiro com um

ácido suficientemente concentrado em íons metálicos bivalentes, como cálcio e

magnésio. Depois deste tratamento, o acido fosfatídico e o fosfatidil etanolamina se

encontram em sua forma ácida e dissociada (DIKSTRA, 2000).

Portanto, se neutraliza parcialmente com soda cáustica, e posteriormente há uma

etapa de hidratação com adição de 2% de água e agitação lenta durante 5- 15 minutos,

para permitir a aglomeração dos fosfatídeos. Finalmente, ocorre a centrifugação,

obtendo um óleo de 5 a 30 ppm de fósforo, o que depende da qualidade do óleo bruto.

(BLOCH, 2000)

Page 43: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 7 - Degomagem Especial da Alfa Laval.

Fonte: Adaptado - DIEZ (2000).

TOP (Total Degumming Process) Degomagem

No processo de Degomagem TOP o óleo bruto é aquecido de 90-105°C é

misturado intensamente com ácido fosfórico, depois de um tempo de retenção de

aproximadamente 3 minutos, o ácido fosfórico é parcialmente neutralizado com soda

cáustica diluída e os compostos são separados por meio de centrífugas (GIVON e

TIRTAUX, 2000). O processo está ilustrado na Figura 8.

Page 44: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 8 - TOP Degomagem.

Fonte: Adaptado - DIEZ (2000)

Este processo exposto na Figura 8 produz óleo com níveis de fósforo menores de

5 ppm, com alto rendimento, baixos custos e elimina problemas de poluição. O segundo

separador, um clarificador, opera de maneira diferente e produz um óleo praticamente

sem goma e uma fase de gomas (DIKSTRA 2000).

Super/Uni Degomagem

Dorsa (2004) afirma que estes processos têm as seguintes características:

- Refinação alcalina simplificada com considerável redução na poluição

ambiental.

Page 45: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

- Mínimo uso de terra clarificante para o refino físico.

- Hidrogenação sem prévio refino.

Na Super-degomagem, o óleo bruto degomado com água é aquecido a 70°C,

opcionalmente se adiciona lecitina modificada com o óleo e logo acrescenta uma

solução forte de ácido cítrico como ácido de degomagem para decompor os fosfatídeos

não hidratáveis (DIKSTRA,2000)

O este processo está exposto na Figura 9.

Figura 9 - Diagrama do fluxo do processo de super-uni degomagem.

Fonte: Adaptado – DIJKSTRA (2000).

Degomagem por Ultrafiltração

A degomagem com membrana consiste na formação de uma miscela quando o

óleo, rico em fosfolipídios, entra em contato com o hexano. A miscela se separa por

ultrafiltração. Na prática é muito inovador o processo, no entanto custoso em termos e

custos de inversão inicial e operação e por isso não é adequada à aplicação industrial

(GIVON & TIRTIAUX, 2000).

A Figura 10 demonstra o fluxo do processo, e segundo o mesmo autor citado

antes o óleo é aquecido e misturado com ácido para acondicionar os fosfatídeos, logo

Page 46: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

em seguida é esfriado num tanque de retenção, dosado com um agente de floculação e,

se for necessário, se adiciona água ao óleo antes de passar em um misturador no qual as

gomas se coagulam. Depois, o óleo é aquecido, centrifugado e eventualmente lavado e

centrifugado antes de entrar no branqueamento.

Figura 10 - Degomagem por ultrafiltração

Fonte: Adaptado - GIVON & TIRTIAUX (2000).

Não são encontrados na bibliografia informações sobre os resultados deste

processo quanto ao conteúdo final de fósforo, ferro, rendimentos, entre outros (DIEZ

2000).

Degomagem da planta de refino em análise

O processo de degomagem em análise é interligado a uma planta de extração de

óleos vegetais por meio da qual envia o óleo para degomagem a uma temperatura média

de 98°C. O óleo passa por um tanque onde é adicionado água para hidratação. Após a

Page 47: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

hidratação, o óleo passa por uma centrífuga de disco Alfa Laval onde ocorre a separação

da lecitina, logo o óleo degomado segue para um tanque flash para a secagem antes da

transferência para o processo de neutralização. Os controles de vazão e hidratação são

realizados via sistemas de supervisão.

Dentre todas as etapas descritas anteriormente no processo de degomagem, a

centrifugação é a etapa mais importante, pois é nesta operação que ocorre a eliminação

dos fosfatideos hidratáveis. A centrifugação é uma técnica antiga que se caracteriza

pela aplicação de forças centrifugas com a intenção de aumentar a velocidade de

sedimentação de partículas a serem separadas de uma mistura.

Segundo Foust et al (2000), este tipo de centrifugador de discos foi

inventado por Del Laval, em 1978, e é usado até desde então com grande generalidade,

numa ampla diversidade de aplicações como separação de creme de leite, separação de

catalisadores, refinação de óleos, etc.

Para Harten (2000) a centrífuga deve ser utilizada para separar líquidos de

densidades diferentes, nos quais são imiscíveis entre si. A mistura de líquido ingressa

num tambor rotativo e através de um tubo de alimentação estacionário. A distribuição

do mesmo é acelerada a uma velocidade angular e o recipiente envia o óleo bruto

hidratado para uma coluna de discos.

Geankoplis (2003) destaca que a fim de intensificar a eficiência de separação,

um separador centrifuga opera com vários discos cônicos empilhados. Os discos são

espaçados por meio de vedantes que podem ser longos ou curtos: longos vedantes ou

vedantes pontos, na maioria dos casos, os discos apresentam furos, que fazem

distribuição através de canais através dos quais a alimentação entra na pilha de discos.

Para Svarovsky (2000), a alimentação é introduzida através do centro, passa por baixo

da pilha de disco girando a uma determinada velocidade angular.

2.5.4 Lecitina

Em 1920 se produziu a primeira lecitina comercial a partir de sedimentos de

soja, mas foi em 1930 com a difusão da extração de óleos com solvente e a necessidade

de transportar o óleo com estabilidade é que estas gomas começaram a serem

produzidas em quantidades suficientes para comercialização. (BRAVERMAM, 2005).

Page 48: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

A variação entre os entre as composições dos fosfolipídios e as gorduras

ácidas da lecitina estão nas Tabelas 8 e 9.

Tabela 8 - Componentes da Lecitina de Soja.

Fonte: Adaptado- CHERRY & KRAMER (1989).

De acordo com Scheneider (1989), a lecitina é um complexo de mistura de

fosfatídeos insolúveis em acetona, combinados com várias quantidades de substâncias

como triglicerídeos, gorduras ácidas e carboidratos.

List (1989) salienta que a lecitina da centrifugação contém 25 a 30% de água

que deve ser removida rapidamente para evitar um processo de fermentação microbiana.

Segundo Sinram (2000), as gomas úmidas requerem um processamento rápido de

purificação, pois as mesmas contêm cerca de 40% de umidade e raramente é possível

vender gomas úmidas de maneira comercial, devido a sua instabilidade microbiológica.

Tabela 9 - Gorduras Ácidas da Lecitina.

Fonte: Adaptado- CHERRY & KRAMER (1989).

Limites de composição

Fosfatidilcolina

Componentes

-

-

-

-

29,6

-

-

-

14,3-15,4

Superior(%)

41,0-46,0

31,0-34,0

19,0-21,0

14

Lysofosfatidiositol

Lysofosfatidilserina

Ácido Lysofosfatidico

Fitoglicolipidios

Intermediário(%)

29,0-39,0

20,0-26,3

13,0-17,5

5,0-9,0

5,9-6,30,2

0,4-1,8

1

1

-

Fosfatidietonalamina

Fosfatidilinositol

Fosfatidilserina

Lysofosfatidilcolina

Inferior (%)

12,0 -21,0

8,0 -9,5

1,7-7,0

0,2-1,5

Limites de composição

Mirísitico

Araquidico 1,4-2,3 - -

Linoleico 17,1-20,0 37,0-40,0 55,0-60,8

Linolênico 1,6 4,0-6,2 9,2

Esteárico 3,7-4,3 9,3-11,7 -

Oléico 6,8-9,8 17,0-25,1 39,4

Palmítico 11,7-18,9 21,7-26,7 42,7

Palmitoléico 7,0-8,6 - -

Inferior (%) Intermediário(%) Superior(%)

Componentes

0,3-1,9 - -

Page 49: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Sob o aspecto de utilização da lecitina de soja podemos segmentar o mercado

bem como a sua aplicação e função na Tabela 10.

Tabela 10 - Usos e Funções de Fosfolipídios.

Fonte: ERICKSON (1995).

2.5.5 Neutralização

Destaca-se que a neutralização é obtida pelo tratamento do óleo de soja com uma

solução aquosa alcalina (mais comumente, hidróxido de sódio) para neutralizar os

ácidos graxos livres de um lote ou de um sistema contínuo (HAMMOND et al, 2005).

O processo de neutralização visa basicamente a diminuir os ácidos graxos livres,

que provocam mau cheiro e desprendimento de gases quando aquecidos. A acidez é um

fator que varia com a qualidade da matéria prima, com o tempo de estocagem, com a

presença de gomas, que ao fermentarem pela ação de enzimas, acidificam ainda mais o

produto. Corantes, indesejáveis e esteróis podem ser removidos.

Produto Função

Alimento

Alimento Instanâneo Agente umedecedor e dispersante, emulsificante

Panificação Modificação das propriedades de panificação,emulsificante; antixiodante

Chocolate Redução da viscosidade; antioxidante

Margarina Emulsificante, agente antirrespingos; antioxdante

Dietéticos Suplemento Nutritivo

Nutrientes

Substituto de leite Emulsificante; agente umedecedor e dispersante

Indústria

Inseticidas Emulsificante; agente dispersante, substância ativa

Tintas Agente dispersante, estabilizador

Fitas Magnéticas Agente dispersante, emulsificador

Couro Agente amaciante, óleo penetrante

Têxtil Amaciante; Lubrificante

Cosméticos

Cabelos Estabilizador de espuma, emoliente

Pele Emulsificante; emoliente, umectante, umedecedor

Farmacêuticos

Nutrição parental Emulsificante

Supositórios Agente atenuador, veículo

Cremes, loções Emulsificante, facilitador de penetração

Usos e Funções dos Fosfolípideos

Page 50: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Para Moretto & Fett (1986), a neutralização ocorre na interface do óleo e solução

alcalina. Sendo estas fases não intersolúveis, a neutralização exige uma dispersão de

solução alcalina em óleo.

A solução aquosa de NaOH em óleo forma o sistema óleo-água-sabões ou seja,

emulsificantes que ocasionam a perda de óleo. Portanto, esta etapa merece atenção

porque pode haver a saponificação indesejável de triglicerídeos, conseqüente perda do

óleo neutro produzindo mono-glicerídeos e di-glicerídeos (OLIVEIRA, 2001).

A mistura de gomas hidratadas e insolúveis em óleo forma uma pasta

denominada de “sopstock” (sabões) que pode absorver alguns pigmentos arrastando-os

durante a separação do óleo.

O processo de neutralização pode ser do tipo:

1) Descontínuo (Bateladas): Processo ultrapassado, devido à lentidão, alto

índices de perdas favorecidas pela arraste do óleo nos sabões e por ser um processo

pouco automatizado.

2) Contínuo: O processo de neutralização contínua pode ser do tipo:

a) Químico: soda cáustica, soda cáustica-soda barrilha, neutralização por

processo Zenith; refinação física; neutralização em miscela.

b) Físico: Refinação por destilação em corrente de vapor à pressão

reduzida.

O processo básico consiste em um aquecimento do óleo até cerca de 90°C, pré-

tratamento com ácido fosfórico (85% de concentração) para possibilitar a eliminação de

fosfatídeos remanescentes, a neutralização com soda cáustica diluída (16 a 20 °Bé) e

separação dos sabões (Dorsa, 2004).

O óleo neutralizado é submetido a duas lavagens com 10-20% de água aquecida

à temperatura de 80 – 90°C e novamente à centrifugação, para remover o sabão residual

(Moretto & Fett, 1986).

Segundo Amaral et al (2006), no processo de neutralização com o método

Zenith depois de aquecer o óleo a 95°C, o óleo bruto sobe em forma de gotículas através

de uma coluna de solução alcalina diluída, pré-aquecida também a 95°C. O sistema

consiste em três unidades, das quais a primeira trata o óleo aquecido com ácido

fosfórico, a segunda age como neutralizador, onde o óleo é transformado em gotículas e

entra em contato com a solução de hidróxido de sódio por meio de um dispositivo de

Page 51: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

alertas, a terceira elimina os traços dos sabões no óleo neutralizado, pela adição de ácido

cítrico.

Como subproduto deste processo tem-se a borra de neutralização, separada do

óleo neutro em uma centrífuga, conforme citado acima. Para Eickhoff (2000), a borra de

neutralização é uma mistura de sais de sódio, ácidos graxos, óleo neutro, água, gomas,

álcali livre e outros componentes resultantes da reação entre álcali e várias impurezas no

óleo que pode ser separada em ácidos graxos e água ácida, através da adição de ácido

sulfúrico em uma instalação à parte.

2.5.6 Branqueamento

Observa-se que o branqueamento destina-se a remoção de compostos coloridos

visando obter-se uma cor aceitável dos óleos vegetais. O processo de degomagem já

remove certa quantidade de corantes presentes no óleo. A neutralização com álcalis

também exibi um efeito branqueador devido à coagulação e ação química (FRÉ, 2009).

Para Mag (2000), o branqueamento é hoje reconhecido como um dos passos

mais importante da refinação, compreendendo muito mais que a remoção de pigmentos

dos óleos, conforme a Tabela 11.

Tabela 11 - Compostos absorvidos no branqueamento.

Fonte: Adaptado - MAG K. (2000).

Ainda Mag (2000) o branqueamento é efetuado mediante um processo de

adsorção. Os materiais polares nos quais estão dissolvidos ou suspendidos no óleo em

concentrações relativamente baixas são adsorvidos na superfície de um material

adsorvente.

Compostos absorvidos no branqueamento

Pigmentos

Carotenóides

Clorofiloídes

Outros

Produtos de oxidação primária (decomposição)

Produtos de oxidação secundária

Ferro, níquel

Sabões

Compostos fosfatídicos

Poliaromáticos

Page 52: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

A quantidade de terra que é utilizada neste processo depende da qualidade do

óleo neutro, e das expectativas do mercado em relação a cor do refinado. Quando se

processa o óleo de girassol, quantidades de terra de 0,15 a 0,3% são normais. No caso

do óleo de soja a quantidade é normalmente 0,5% (Eichkoff, 2000).

2.5.7 Desodorização

A desodorização é um processo para eliminar substâncias que provocam odores

ou sabores indesejáveis ao óleo. Quando se tem estas substâncias contidas no óleo, tem-

se um produto final de baixa qualidade conhecido como “rançoso”.

Óleos e gorduras degomados, neutralizados, clarificados e hidrogenados são

considerados praticamente como não comestíveis sem a etapa de desodorização. A

desodorização é importante porque é uma etapa decisiva nas propriedades sensoriais do

óleo refinado (OLIVEIRA, 2001).

A finalidade da desodorização é a remoção das substâncias voláteis que formam

sabores e odores não desejados ao óleo. No caso do Refino Físico, os ácidos graxos

livres são eliminados em conjunto com as sustâncias odoríferas (CAMPRO, 2000).

A desodorização elimina as substâncias indesejáveis do óleo através da

destilação, em corrente de vapor, no qual as substâncias voláteis se separam do óleo não

volátil.

As etapas do processo de desodorização são constituídas pelas etapas:

desaeração, aquecimento, retenção e resfriamento (DORSA, 2004).

2.6 CONCLUSÃO SOBRE O CAPÍTULO 2

A revisão apresentada neste capítulo permite obter as seguintes conclusões:

a falta de trabalhos mais abrangente sobre alguns assuntos,

principalmente no que se refere ao processo de degomagem;

nas operações envolvidas, principalmente a degomagem, o consumo de

água é elevado e ocorre perda de óleo justificando estudos mais aprofundados para

minimizar o consumo de água e a perda de óleo.

Page 53: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

o processo de degomagem é importante para manter a qualidade do óleo

estocado e proporcionar um processo de refino com menos perda de óleo no arraste

dos processos e melhor qualidade.

Nos próximos capítulos a operação de degomagem será mais bem detalhada com

finalidade de estabelecer os modelos que serão utilizados na modelagem e análise do

processo, bem como os métodos analíticos utilizados para obter a composição das

correntes do processo e a avaliação dos parâmetros que influenciam no melhor

desempenho na obtenção do óleo degomado.

Page 54: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

3. MATÉRIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo, serão apresentadas as descrições dos equipamentos e as

metodologias utilizadas nos ensaios de degomagem de óleo de soja, realizados na

indústria, em escala laboratorial e o modelo proposto.

3.1 MATERIAIS

Nesta seção, serão descritos os equipamentos usados para a degomagem do óleo

bruto.

3.1.1 Equipamento industrial

Conforme já descrito anteriormente, para que ocorra a operação de degomagem

na indústria é adicionado ao óleo a ser degomado quantidades expressivas de água. A

água acrescentada possui a função de contribuir para a hidratação das gomas e a

formação de uma mistura que possa ser facilmente separada em duas partes: o óleo

degomado e as gomas. Esta separação é realizada por meio de centrífugas, como é

mostrado a seguir.

O equipamento industrial típico empregado na separação da mistura mencionada

é uma centrífuga de disco da marca Alfa Laval, conforme ilustrado na Figura 11.

Page 55: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 11 - Centrífuga com tambor de disco.

Fonte: Adapatado- HARTEN (2000).

3.1.2 Aparato utilizado no laboratório

Com o objetivo de simular em laboratório a etapa de degomagem do óleo de soja

em condições de variação de temperatura, visto que a planta analisada não permite esta

variação, por receber o óleo direto da extração, ensaios foram realizados em grandes

quantidades para a coleta de dados. Para este propósito, adotou se uma centrífuga

modelo Mtd III Plus de tubos da marca Metroterm utilizada na centrifugação de

líquidos, na qual o princípio de funcionamento baseia-se em aplicar o líquido nos tubos

e controlar o tempo e rotação do equipamento. A centrífuga empregada está ilustrada na

Figura 12.

Alimentação

Descarga da fase pesada

Válvula de abertura para fundo deslizante

Descarga da fase leve

Água de fundo

Bomba centrípeta para fase pesada

Bomba centrípeta para fase leve

Distribuidor

Coluna de discos

Orifício de

injeção de

sólidos

Espaço de

retenção de

sólidos

Méio refrigerante

Água

Câmara final

Fundo

deslizante

Válvula de controle e ar

Pistão dosador

Água

final

Page 56: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 12- Centrífuga Mtd III Plus.

Para obter o comportamento de viscosidade do óleo bruto hidratado e da lecitina

em função da temperatura foi usado o viscosímetro DV- II + Viscometer Brookfield, um

instrumento empregado na indústria para medição das viscosidades de fluidos, e para

obter a densidade destes compostos foi utilizado o método Intercit Inc. Assim sendo, o

método de determinação de viscosidade e o método Intercit Inc. serão descritos no item

3.3.

O viscosímetro utilizado é mostrado Figura 13.

Figura 13 - Viscosímetro- DV- II + Viscometer Brookfield.

Page 57: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

3.2 LEVANTAMENTO DE DADOS EXPERIMENTAIS NA INDÚSTRIA

Salienta-se que para a realização dos experimentos e análises, foi escolhida a

prática industrial comum de degomagem por hidratação, já em análise, foram utilizadas

as metodologias recomendadas pela Aocs (1998), que fornecem mais de 400 métodos

oficiais relacionados às tecnologias de óleos, gorduras e sabões, bem como algumas

práticas desenvolvidas pelas indústrias.

3.2.1 Coleta e Preparação das Amostras

A obtenção de dados operacionais referentes às correntes de alimentação e saída da

centrífuga foi concretizada na planta industrial e no laboratório de uma indústria

processadora de óleos vegetais localizada na região noroeste do Paraná. Os procedimentos

são compostos de medidas de vazão, água adicionada para hidratação, pressão e

temperatura, e por amostras que determinam a composição dessas correntes.

.

3.2.2 Influência da Vazão de Entrada e água adicionada para hidratação no

processo de degomagem

Para avaliar o comportamento de alguns parâmetros do processo industrial de

separação do óleo, o ensaio na planta industrial foi composto de conjuntos de amostras

formadas por óleo bruto, óleo degomado e lecitina, que foram coletadas num intervalo

de 1 hora. Destarte, cada conjunto de amostra foi preparado da seguinte forma:

1) Regulou-se a vazão de entrada de água para hidratar o óleo com

concentrações num intervalo de 7 a 4,5 % na corrente de alimentação da centrífuga.

Aguardou-se em torno 1 hora entre cada variação do percentual de hidratação até que o

processo estivesse em condição de regime permanente.

2) Ajustou-se a vazão de óleo bruto para operar com vazões de 11.800 a

14.500 Kg/h.

3) Retirou-se uma amostra de óleo bruto no tanque de alimentação do

processo de degomagem a cada experimento.

Page 58: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

4) Recolheu-se uma amostra de lecitina e de óleo degomado. Assim, as

análises realizadas estão descritas no item 3.3 e os pontos de coleta estão indicados nas

Figuras 14 e 15, respectivamente.

Figura 14 – Ponto de coleta de lecitina

Page 59: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 15 – Ponto de coleta de óleo degomado

Os resultados estão expostos na seção 4.

3.2.3 Influência da variação de temperatura

O ensaio foi executado por meio de uma amostra de aproximadamente 3 litros de

óleo bruto coletada, na alimentação da planta de refino, juntamente com 1 litro de água

aplicada nesta planta para hidratação.

A partir das amostras de óleo e água coletadas foram preparadas amostras com

hidratação de óleo de 4%, sendo que cada amostra passou por um agitador por 5

minutos e posteriormente foi aquecida sob agitação manual. As temperaturas

trabalhadas foram de 25 a 100°C para obter resultados próximos das temperaturas

citadas pela literatura.

Cada amostra foi submetida à centrifugação por 10 minutos, considerando que

foram separadas as fases de óleo degomado da lecitina para análise, segundo o esquema

da Figura 16. Com efeito, o objetivo foi coletar as amostras para elaborar as análises do

item 3.3.

Figura 16 – Esquema de degomagem no laboratório

Os resultados estão expostos na seção 4.

3.2.4 Influência da avaliação de Densidade e Viscosidade

Para melhor avaliar o comportamento dos componentes envolvidos no processo

em função da temperatura, foi preparada uma amostra de óleo bruto hidratada a 4% e

aquecida às temperaturas de 25 a 70°C. Nesta amostra, foi verificado o comportamento

rotação 10

minutos

óleo bruto + 4% de água óleo degomado fósforo

fósforo impureza

umidade umidade

impureza sabões

sabões

lecitina

arraste de óleo

umidade

Page 60: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

da viscosidade utilizando o equipamento viscosímetro já apresentado no item 3.1 e o

comportamento da densidade do óleo bruto hidratado, empregando o método Intercit

em função da temperatura. O mesmo procedimento descrito anteriormente foi efetuado

para a amostra de lecitina coletada na planta, variando as temperaturas de 25 a 70°C.

Dessa forma, os resultados desta avaliação estão expostos na seção 4.

3.2.5 Influência da variação de Pressão no equipamento

Kreisner (1981) assevera que as centrífugas de disco permitem controlar o

arraste de uma fase para outra por meio de controladores de pressões, colocados na

saída das máquinas. Nesse sentido, vê-se que o ensaio foi elaborado com 5 pontos em

uma centrífuga com capacidade de 5000 Kg/h pelo seguinte procedimento:

1) A pressão de contra corrente de alimentação de óleo bruto hidratado da

centrífuga foi variada por meio dos controladores de pressão na faixa de 0,9 a 1,9 bar, e

aguardou-se o tempo de 30 minutos para a obtenção de condições de regime

permanente.

2) As análises das composições das correntes foram consumadas junto das

amostras de variação da pressão, com o objetivo de compor os balanços materiais para

cada experimento.

3.3 ANÁLISES REALIZADAS

Com o intuito de avaliar a quantidade de componentes existentes nas correntes

de entrada e de saídas de produto, nos ensaios de degomagem na planta industrial e no

laboratório, foram elaboradas as análises de umidade, fósforo, sabões, impurezas e

análise de óleo arrastado. Além disso, foram realizadas as análises de densidade e

viscosidade.

3.3.1 Umidade

Também, utilizou-se uma parte do conjunto de amostra (óleo bruto+ lecitina+

óleo degomado) para executar a análise de determinação de umidade e voláteis em base

Page 61: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

úmida )(Xbu , de acordo com a equação 3.1, medindo a massa das amostras antes e

depois da secagem pelo método clássico de secagem à massa constante.

MU

MSMUXbu

(3.1)

No qual, )(MU é a massa da amostra úmida e )(MS é a massa da amostra seca.

É válido ressaltar que este método é aplicável para todos os tipos de óleos

vegetais, sendo que os aparelhos utilizados são:

- Estufa com circulação de ar forçado;

- Placa de Petri em alumínio;

- Dessecador contendo agente dessecante eficiente.

Preparação da amostra:

Devido à água tender a decantar nas amostras, deve-se tomar cuidado de agitar

vigorosamente as amostras para distribuir a água uniformemente. Esta agitação poderá

ser manual ou feita com a utilização de um misturador.

Após a preparação da amostra segue:

Pesar cuidadosamente 5,0 g da amostra em uma placa de Petri tarada e que tenha

sido previamente seca e esfriada em dessecador. Colocar em uma estufa, esfriar à

temperatura ambiente em dessecador e por último, pesar.

3.3.2 Fósforo

Constatou-se que a análise de fósforo foi baseada no método oficial AOCS Ca

12-55 que determina o equivalente em fosfatídeos, contido na amostra calcinada na

presença de óxido de zinco, seguido da medida espectrofotométrica de fósforo com

complexo azul ácido fosfomolíbdico. O cálculo do percentual de fósforo em cada

amostra de óleo bruto e óleo degomado foram obtidos pela equação 3.2, pesando a

massa de fósforo contido na amostra )(Fs , a massa de fósforo contido no branco )(Fa ,

a massa da amostra )(M e o volume da alíquota )(Va .

000.10**

)(10%

VaM

FsFaFósforo

(3.2)

Page 62: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

É possível observar que este método é aplicável para óleos vegetais: bruto

degomado e refinado. Os aparelhos empregados no procedimento são:

- Cadinho de porcelana de 50 ml, resistente à temperatura de 600°C;

- Chapa de aquecimento;

- Forno mufla;

- Funil de vidro com haste curta, (50 mm de diâmetro);

- Papel de filtro com 15 cm de diâmetro;

- Pisseta, frasco lavador com capacidade para 500 mL;

- Balões volumétricos de 50 mL e 100 mL;

- Pipetas graduadas de 2 mL, 5 mL e 10 mL;

- Espectrofotômetro;

Os reagentes utilizados são:

- Solução de ácido clorídrico (1/1) v/v;

- Óxido de zinco PA;

- Solução de hidróxido de potássio 50% m/v;

- Solução de molibato de sódio 2,5% m/v;

- Solução de sulfato de hidrazina 0,015% m/v;

O procedimento consiste nas seguintes etapas:

1) Pesar 1,5g da amostra em um cadinho de porcelana. Adicionar 0,5g de

Óxido de Zinco, homogeneizar e deixar calcinar em chapa de aquecimento, tomando o

devido cuidado para não perder a amostra devido à fervura;

2) Após prévia calcinação em chapa, transferir o cadinho para Mufla 600ºC

e deixar por 2 horas, ou até completa calcinação da amostra. Remover e esfriar à

temperatura ambiente;

3) Adicionar 10 mL de Solução de ácido clorídrico (1/1) a cinzas;

4) Cobrir o cadinho com vidro de relógio e aquecer a fervura suave por 5

minutos;

5) Filtrar a solução no sistema (papel filtro + funil + balão volumétrico de

100 mL). Lavar a parte interna do vidro de relógio e as paredes do cadinho com

Page 63: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

aproximadamente 10 mL de água destilada quente. Purificar o cadinho e o papel filtro

com 4 porções de 10 mL de água destilada quente;

6) Esfriar a solução à temperatura ambiente e neutralizar até a turbidez com

a adição de hidróxido de potássio a 50%;

7) Adicionar ácido clorídrico (1/1) até que o óxido de zinco precipitado

tenha se dissolvido, então adicionar mais duas gotas, e completar o volume do balão

volumétrico para 100mL;

8) Pipetar 10 mL dessa solução (do balão volumétrico de 100 mL) e

transferir para um balão volumétrico de 50mL;

9) Adicionar 8 mL da solução de sulfato de hidrazina e 2 mL da solução de

molibdato de sódio;

10) Tampar e homogeneizar. Afrouxar a tampa e aquecer o balão por 10

minutos em um banho de água fervente;

11) Remover do banho e deixar esfriar a +/- 25ºC;

12) Completar o volume do balão volumétrico de 50 mL e homogeneizar.

Transferir a alíquota para a cubeta de 10 mm e realizar a leitura com a absorbância de

650nm;

13) Preparar um branco reagente sem adição de óleo, seguindo o

procedimento descrito de 1 a 12.

3.3.3 Impurezas

É importante salientar que para determinar impurezas nas amostras de óleo bruto

e de óleo degomado, seguiu-se o método oficial AOCS Ca 3a-46, que analisa

substâncias estranhas insolúveis em querosene, bem como em éter de petróleo.

O cálculo da impureza é feito pela equação 3.3, pesando a massa do preparado

seco )(Ms , a massa com o resíduo seco )(Mrs e a massa da amostra )(MA .

100*%Im

MA

MsMrspurezas

(3.3)

Este método é aplicável para todos os óleos e gorduras. Os aparelhos utilizados

são:

- Cadinhos de Gooch preparado;

- Kitasato com adaptador para cadinho de Gooch;

Page 64: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

- Bomba de vácuo;

- Provetas de 25 e 50 mL;

- Estufa com circulação de ar a 130 °C;

- Dessecador com sílica gel.

Os reagentes utilizados são:

- Éter de petróleo PA;

- Querosene PA;

- Álcool etílico;

Nesse passo, os procedimentos consistem nas seguintes etapas:

1) Preparar o cadinho Gooch antes do uso (colocar no cadinho de Gooch o

filtro de fibra de vidro sem matéria orgânica, lavar com água, álcool e éter, secar em

estufa até atingir o peso constante, esfriar em dessecador à temperatura ambiente, pesar

e anotar a massa);

2) Usar o resíduo da determinação do teor de umidade e matéria volátil, ou

uma amostra preparada da mesma maneira;

3) Adicionar 50 mL de querosene ao resíduo e aquecer num banho de água

para solubilizar a gordura;

4) Filtrar no cadinho de Gooch preparado usando a bomba de vácuo. Lavar

com 5 porções de 10 mL de querosene quente, deixando cada porção secar antes de

adicionar a próxima;

5) Lavar com 30 mL de éter de petróleo para remover toda a querosene;

6) Secar o cadinho Gooch em estufa de circulação de ar até obter o peso

constante. Após retirar da estufa, esfriar em dessecador à temperatura ambiente e pesar.

3.3.4 Determinação de Sabões

Os sabões no óleo de soja bruto foram determinados pela equação 3.4, utilizando

o método oficial da AOCS Cc 17-95 por meio da titulação com a solução de ácido

clorídrico (0,005M) )(G e a massa da amostra )(MA .

MA

GppmSabões

522,1*)( (3.4)

Page 65: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Os aparelhos adotados na análise são:

- Erlenmeyer de 250 mL;

- Proveta de 50 mL;

- Titulador semiautomático ou bureta de 25 mL;

Os reagentes empregados são:

- Solução de ácido clorídrico 0,005 M;

- Solução de hidróxido de sódio 0,1 M;

- Solução acetônica com indicador azul de bromofenol.

O procedimento experimental consiste nas seguintes etapas:

1) Pesar amostra no erlenmeyer de 250 mL;

2) Adicionar 50 mL de solução acetônica;

3) Homogeneizar e deixar separar as camadas. Se houver sabão, a camada

superior apresentará uma coloração verde escuro ou azul;

4) Titular com solução de ácido clorídrico 0,005 M até que a coloração

verde escuro ou azul seja eliminada, permanecendo apenas a coloração amarela.

3.3.5 Análise de Arraste de Óleo

Nota-se que parte da amostra de lecitina foi aproveitada para determinar o

conteúdo total de óleo presente na amostra pelo método de extração com acetona e os

cálculos de óleo presentes na amostra foram produzidos pelas Equações 3.5 e 3.6.

100*)()(

(%)PA

PBVPBOABU

(3.5)

100*100/)%([

)()((%)

umidadePAPA

PBVPBOABS

(3.6)

Onde )(PBO representa o peso balão volumétrico com óleo, )(PBV o peso do

balão volumétrico vazio, )(PA o peso da amostra, )(ABU teor de óleo arrastado na base

úmida e )(ABS teor de óleo arrastado na base seca.

Os aparelhos utilizados são:

Page 66: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

- Béquer de 150 mL;

- Bastão de vidro;

- Balão de soxhlet 250 mL, junta 24x40;

- Papel filtro;

- Funil analítico raiado pequeno;

- Bolinhas de vidro.

Os reagentes utilizados são:

- Acetona de boa procedência, refrigerada;

- Sulfato de Sódio Anidro.

O procedimento fundamenta-se nas seguintes etapas:

1) Pesar aproximadamente 2,5g da amostra vigorosamente homogeneizada;

2) Adicionar aproximadamente 10g de Sulfato de Sódio Anidro e

homogeneizar com o auxílio de um bastão de vidro;

3) Acrescentar aproximadamente 50 mL de Acetona refrigerada,

homogeneizar e esperar sedimentar os sólidos;

4) Filtrar o sobrenadante em papel filtro previamente umedecido com

Acetona. Recolher o filtrado no balão de Soxhlet de 250 mL, contendo bolinhas de

vidro, seco e tarado;

5) Efetuar extrações com porções de 20 mL de Acetona, até a micela estar

incolor;

6) Utilizar o sistema soxhlet para recuperar acetona (balão de 250 mL). Após

evaporar, secar o balão na estufa a 130ºC +/- 3ºC por 1 hora. Retirar da estufa e

finalmente, resfriar em dessecador.

3.3.6 Análise de Determinação da Viscosidade do Óleo Bruto e Lecitina de Soja

Nota-se que este procedimento determina a resistência ao escoamento do

produto expressando o resultado em centiPoise.

Os aparelhos empregados são:

- Viscosímetro Brookfield RVDV - II+;

Page 67: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

- Béquer de 1000 mL;

- Termômetro.

O procedimento é alicerçado nas seguintes etapas:

1) Medir aproximadamente 1Kg de amostra.

2) Ligar o aparelho e esperar estabilizar. Pressionando qualquer tecla,

aparecerá no visor a solicitação de auto zero. O aparelho poderá ser calibrado para o

zero, também ao pressionar uma das teclas;

3) Depois de estabilizado e calibrado para o zero, utilizar a haste nº2 para

realizar a medição da viscosidade;

4) Colocar a barra de proteção da haste, programar o aparelho para uma

rotação de 20rpm;

5) Efetuar a leitura em cP (centi Poise) diretamente no visor.

3.3.7 Análise de Determinação da Densidade do Óleo Bruto e Lecitina de Soja-

Método Intercit In. Adaptado

Este método analítico é alternativo à análise com picnômetro. A densidade de

um composto ou solução é definida pela relação entre sua massa e volume. Assim,

pode-se determinar a densidade de um composto ou solução pesando-se um volume

conhecido, em balança analítica, fazendo uso de uma pipeta volumétrica para este fim.

Deve-se salientar que o procedimento correto para esta análise é utilizar um picnômetro,

porém, quando não se exige grande precisão, pode-se aplicar a pipeta volumétrica para

medição do volume a ser pesado.

Os aparelhos envolvidos são:

- Banho de água a 20o C +/- 0,2ºC.

- Becker de 100 ml.

- Pipeta volumétrica de 50 ml.

- Balança analítica com sensibilidade de 0,1mg.

O procedimento consiste nas seguintes etapas:

1) Colocar o becker seco e limpo na balança analítica e tarar;

Page 68: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

2) Pipetar 50ml da amostra a 20ºC +/- 0,2ºC com auxílio da pipeta

volumétrica, deixando escoar na parede do becker em velocidade constante;

3) Anotar o peso.

volume

massaDensidade (3.7)

4. MODELAGEM MATEMÁTICA

É válido esclarecer que a modelagem desenvolvida neste trabalho baseia-se em

equações de conservação de massa e quantidade de movimento. Foust et al (2000)

propuseram um modelo baseado em balanços de forças que possibilita prever diversas

propriedades envolvidas no processo de centrifugação. Bird et al (2005) indicaram um

modelo respaldado no balanço de massa binário macroscópico, que permite estimar as

composições das correntes de saída envolvidas no processo.

4.1 BALANÇO DE FORÇAS NA CENTRIFUGAÇÃO DO ÓLEO BRUTO DE

SOJA

De acordo com Foust et al (2000), no escoamento de um fluido em regime

permanente, sobre um corpo sólido, formam-se camadas limites e o fluido exerce uma

força sobre o sólido. Esta força é uma combinação de arraste pela camada limite e o

arraste devido à forma, que pode ser expresso em termo de um coeficiente de arraste AC

Pela equação 4.1, o coeficiente de arraste é:

SV

FC

cl

AA

2

2 (4.1)

Onde AF é a força que atua sobre o sólido, clV é a velocidade da corrente livre

em relação à partícula, e S é a área de seção reta na direção normal ao escoamento.

Uma partícula em movimento linear através de um fluido age sob a ação de uma

força externa. Esta força pode ser à força de gravidade, ou a força de um campo de

forças centrífugas. A teoria básica do movimento dos sólidos através dos fluidos está

centrada no conceito do movimento dos corpos livres na equação 4.2:

dt

dvmFgc (4.2)

Page 69: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Onde cFg é a força resultante que atua sobre qualquer corpo, dtdv é a

aceleração do corpo, e é a massa do corpo. Assim, o balanço de força é dado por:

dt

dvmgFFF cBAE )(

(4.3)

Nesta equação, as forças que atuam sobre o corpo em queda são a força externa

)( EF , a força do empuxo )( BF e a força de arraste )( AF devido ao atrito do fluido na

direção da velocidade relativa entre o fluido e a partícula.

A força externa )( EF pode ser expressa pela lei de Newton sob a forma da

equação 4.4.

EcE magF

(4.4)

Onde Ea é a aceleração da partícula resultante da força externa. A força de

arraste é obtida pela equação 4.5.

2

2SVC

gF clAcA

(4.5)

Onde é a densidade do fluido e clV é a velocidade relativa entre a partícula e o

fluido. O princípio de Arquimedes fornece o empuxo. A massa do fluido deslocado é

sm , onde s e são as densidades do sólido e do fluido, respectivamente. Portanto,

a equação 4.4 torna-se a equação 4.6.

E

s

cB am

gF

)( (4.6)

Combinando as Equações 4.1 a 4.6 obtém-se:

m

SVCaa

dt

dv clA

s

EE

2

2

(4.7)

Se a força externa for à gravidade, Ea é igual à aceleração da gravidade g a

equação 4.7 fica assim:

m

SVCg

dt

dv clA

s 2)1(

2

(4.8)

Page 70: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Se a força externa é proveniente de um campo centrífugo, 2raE , onde r é o

raio no ponto da trajetória e é a velocidade angular, em radianos por segundo. A

equação 4.8:

m

SVCr

dt

dv clA

s 2)1(

2

2

(4.8)

A equação 4.9 representa o balanço de forças fundamental em torno de uma

partícula que cai em um campo centrífugo.

Na maioria das vezes, as partículas movem-se com velocidades bastante

pequenas para que o escoamento seja laminar e entãoRe24 NCA . Fazendo esta

substituição na equação 4.9 e considerando a equação para partículas esféricas,

encontra-se a equação 4.10.

6

4

4

6

2

3

ps

p

sp

sD

D

D

S

V

S

m

(4.10)

pss

s

Dr

dt

dv2

2 18)(

(4.11)

Então, considerando-se a velocidade em qualquer posição, ; todavia,

em qualquer instante do movimento de uma única partícula, é positiva.

Portanto, considerando uma posição fixa, e equação 4.11 reduzem à

equação 4.12:

18

)( 2

2

2p

R

DrV

(4.12)

Onde: = velocidade terminal de partículas esféricas de diâmetro no ponto

de raio num campo centrífugo cuja velocidade angular de rotação é .

A distância radial percorrida pela partícula pode ser obtida multiplicando-se a

equação 4.12 pelo elemento infinitesimal de tempo :

dtDr

drdtVp

R

18

)( 2

2

2

(4.13)

A Equação 4.13 integrada fica:

Q

VDD

r

r psps *18

)(

18

)(ln

2222

1

2

(4.14)

Page 71: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Onde:

V =volume do material presente na centrífuga

Q =taxa volumétrica de alimentação da centrífuga

QV =tempo de residência de uma partícula no centrifugador

O diâmetro que aparece na equação 4.14 é o de uma partícula que cai entre e

durante o tempo de residência que lhe é próprio.

Q

VDrxtV

ps

R *18

)(22

(4.15)

Onde x é a distância radial percorrida por uma partícula de diâmetro pD durante

o tempo de residência disponível.

Se x for igualado à meia-espessura da camada líquida, 2)( 12 rr , a metade das

partículas com certo diâmetro pD conseguirá sedimentar-se nas paredes, enquanto a

outra metade fica em suspensão até o fluido deixar a centrifugadora. Este diâmetro pD

é o “diâmetro crítico”. As partículas com diâmetros maiores que pD sedimentarão

preferencialmente da fase líquida, e as partículas com diâmetros menores que pD

permanecerão preferencialmente na suspensão. Resolvendo a equação 4.15 para pD e

substituindo x por 2)( 12 rr , o diâmetro crítico das partículas será dado pela equação

4.16:

r

rr

V

QD

s

p12

2.

)(

9

(4.16)

Onde 12 rr é a espessura da camada líquida e pD o diâmetro crítico das

partículas.

Resolvendo a equação 4.16 em Q , inserindo-se ao mesmo tempo a aceleração da

gravidade temos a equação 4.17.

*2

)(*

9

)(

12

22

t

psv

rrg

rVgDQ

(4.17)

Onde tv é a velocidade de sedimentação é apresentado na Equação 4.18 e é o

poder de separação representado na Equação 4.19.

Page 72: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

18

)(2

ps

t

gDv

(4.18)

)( 12

2

rrg

rV

(4.19)

A velocidade de sedimentação está relacionada com as características do produto

a ser centrifugado e o poder de separação está relacionado com a engenharia do

equipamento.

No caso do centrifugador a discos, a fórmula do poder de separação está

representada na equação abaixo:

tan3

)(2 23

1

3

2

g

rrn

(4.20)

Onde: n =número de espaços entre os discos da pilha, 1r e 2r = raio externo e

interno da pilha de discos e = ângulo de abertura do cone.

De acordo com Lammarino et al (2007), o tamanho mínimo da partícula que

uma centrífuga pode remover é uma função das propriedades do líquido, taxa de

alimentação de centrifugação, geometria da bacia e velocidade de rotação. A velocidade

de rotação e a geometria são consideradas pelo fator Sigma para centrífuga. Este

fator indica a área de um tanque de sedimentação gravitacional necessário para atingir a

mesma quantidade de clarificação como a centrífuga.

Foust et al (2000) assevera que o poder de separação de uma centrífuga

representa a área equivalente de um tanque estático de decantação. O é uma

característica da própria centrífuga e não do sistema que está sendo separado. A escala

de fatores está na Tabela 12.

Page 73: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Tabela 12 – Escala de fatores para diferentes centrífugas.

Fonte: Adaptado- PERRY’S e CHILTON, 1984.

Os parâmetros relativos ao produto seguem a Lei de Stokes para determinação

do rendimento da capacidade da centrífuga. Já os parâmetros relacionados com a

máquina são chamados de área equivalente de clarificação, utilizada para comparação

das centrífugas de discos expressando o tamanho de um tanque de sedimentação

(HARTEN, 2000).

A Figura 17 ilustra um fluxo de separação entre dois discos individuais,

considerando que uma partícula sólida de um componente pesado do líquido tenha sido

separada quando a partícula alcança a superfície inferior do disco superior.

Figura 17- Padrão de um espaço de separação individual entre dois discos.

Fonte (HARTEN, 2000)

Para Couson e Richardson (1968) a introdução de discos cônicos na bacia da

centrífuga permite que o fluxo do líquido possa ser dividido em um grande número de

camadas muito finas e desta forma, permite uma bacia de maior diâmetro.

Tipos de CentrifugasDiâmetro de

dentro (in)

Diâmetro do

Disco (in)N° de Disco

Velocidade

r/min

Valor do Σ em

104 ft²

Tubular 1,75 - - 23000 0,32

Tubular 4,125 - - 15000 2,7

Tubular 4,9 - - 15000 4,2

Disco - 4,1 33 10000 1,1

Disco - 9,5 107 6500 21,5

Disco - 12,4 98 6250 42,5

Disco - 13,7 132 4650 39,3

Disco - 19,5 144 4250 105

Transportador Helicoidal 6 - - 6000 0,27

Transportador Helicoidal 14 - - 4000 1,34

Transportador Helicoidal 20 - - 3350 40

Transportador Helicoidal 25 - - 3000 6,1

Líquido ingressante sem tratamento

Líquido Clarificado

Sedimento

Page 74: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Segundo Dorsa (2004), a velocidade de decantação de sólidos na separação

centrífuga aumenta com o acréscimo na diferença de densidade entre partículas sólida e

óleo, há o aumento do diâmetro da partícula sólida, com a diminuição da viscosidade do

óleo e a aceleração efetiva da centrífuga.

Somente a aceleração efetiva é influenciada pela construção do equipamento, logo a

separação no seio do líquido dependerá da rotação escolhida, ou seja, de um fator de

separação que será dado pela relação entre a aceleração centrífuga e gravitacional,

fornecido pela equação abaixo.

g

r 2*

(4.21)

Perry’s e Chilton (1984) mencionam que uma centrífuga de disco com diâmetro de

13 a 24 polegadas tem um fator de separação de 5.500 a 10.400.

4.2 BALANÇO DE MASSA NA CENTRIFUGAÇÃO DO ÓLEO BRUTO DE

SOJA

No que tange à principal etapa do processo de degomagem, esta se trata da

separação das gomas presente no óleo de soja através de centrifugação. Assim, a

modelagem desenvolvida foi realizada apenas no equipamento centrífuga, considerando

que o processo operando em regime estacionário.

O modelo matemático desenvolvido para representar a centrifugação foi obtido

observando o balanço de massa e equações constitutivas referentes à centrífuga. O volume

de controle do sistema em estudo é apresentado na Figura 18.

Figura 18 – Processo de Separação Binário

Alimentação F,z

Resíduo W, x

Produto P,y

Page 75: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

O balanço de massa global na centrifuga para etapa de degomagem do óleo de soja

é dada pela Equação:

Balanço de massa global

PWF (4.22)

Balanço de massa no componente óleo de soja:

yxz PWF (4.23)

Considerando uma mistura binária de óleo e goma que entra na centrifuga em uma

corrente de alimentação a uma taxa mássica F , e pelo mecanismo de separação, a

centrífuga é dividida em um fluxo de produtos mássico P e um fluxo mássico de resíduo

(goma) W . A fração mássica do óleo de soja (o componente desejado) no fluxo de

alimentação é z , e as frações mássicas de óleo no produto e no resíduo são y e x ,

respectivamente.

Assim, define-se uma razão de corte FP das taxas do fluxo do

produto, onde se tem (óleo degomado) e de alimentação (óleo bruto). Substituindo a razão

de corte na equação 4.22 e eliminando W na equação 4.23, tem-se:

xyz )1( (4.24)

Agora, escrevendo a relação entre a alimentação e composição de resíduos, a

Equação que relaciona as composições das duas correntes de saída, é:

XY (4.25)

Onde é o fator de separação, Y e X são razões mássicas, definidas pelas

Equações:

Page 76: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Em termos de frações mássicas, pode-se escrever a equação 4.27 como:

x

xy

)1(1

(4.28)

ou

y

yx

)1(

(4.29)

As Equações (4.24) e (4.28) ou (4.29) descreve a operação de separação do óleo de

soja com a lecitina. Para esta situação define-se um separador ideal em termos de uma

operação na qual o produto e fluxos de resíduos são sistemas ideais. Mas, mesmo para

situações de sistemas não ideais, as mudanças relativamente lentas da composição para

separadores reais pode-se definir um termo de correção empírico como um fator de

correção, sendo:

* E (4.30)

Onde,* é o fator de separação para o modelo ideal, e E é um fator de correção

que representa um sistema atual para atender o comportamento ideal.

O modelo proposto para um balanço de massa macroscópico pode ser utilizado para

diferentes processos de separação, por exemplo, difusões térmicas, centrifugações, entre

outros. A Equação 4.31 define o fator de separação.

)1(1

yx

xy

(4.31)

Assim, a equação do balanço material para uma dada alimentação de óleo bruto

produzido pelo separador é uma função do fator de corte e do fator de separação .

Assim combinando as Equações (4.24) e (4.28) e tem-se:

y

yyz

)1()1(

(4.32)

A Equação 4.32 define o modelo matemático para a separação centrifuga.

Page 77: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

5. RESULTADOS E DISCUSÃO

Neste capítulo são apresentados os resultados das análises das correntes do

processo de degomagem de óleo vegetal de soja, gerados a partir da metodologia

descrita no Capítulo 3.

5.1 COMPOSIÇÃO DAS CORRENTES

5.1.1 Condições da Corrente de Entrada – Óleo Bruto

Amostras coletadas na corrente de entrada de óleo bruto estão listadas na Tabela

14, a qual fornece dados sobre principais componentes do óleo de soja bruto em

percentuais: fósforo (fosfatídeos hidratáveis e não hidratáveis) 0,079 a 0,101, sabões

(sais de ácidos graxos) 0,152 a 0,205, impurezas 0,011 a 0,258, água utilizada na

hidratação 4,826 a 7,129, considerando que o óleo bruto a ser degomado apresentou

uma concentração de óleo de 92,552 a 94,845%.

Tabela 13 - Característica do óleo bruto na corrente de entrada.

13791 6,176 0,194 0,079 0,015 93,536

12500 5,623 0,189 0,083 0,028 94,078

13780 6,191 0,205 0,103 0,089 93,411

12750 5,736 0,160 0,082 0,080 93,943

12779 6,610 0,202 0,088 0,077 93,022

13764 6,158 0,175 0,100 0,015 93,552

13341 6,416 0,191 0,110 0,014 93,269

11810 7,129 0,228 0,074 0,018 92,552

13425 4,852 0,178 0,101 0,054 94,815

12632 5,775 0,152 0,098 0,258 93,717

12704 6,603 0,193 0,088 0,211 92,906

13351 6,364 0,152 0,093 0,011 93,379

14672 4,826 0,158 0,101 0,110 94,008

14618 5,591 0,190 0,094 0,093 93,126

14703 6,496 0,190 0,079 0,018 94,642

14176 5,094 0,168 0,092 0,032 93,801

14200 5,880 0,195 0,086 0,050 95,168

% oleo Vazão de

Entrada kg/h

% água de

água de

hidratação

% sabões % fosforo % impurezas

Page 78: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

5.1.2 Condições da Corrente de Óleo Degomado

Os dados da corrente de saída do óleo degomado estão expostos na Tabela 14,

mostrando uma redução nos compostos indesejáveis do óleo bruto: fósforo a uma média

de 0,023%, sabões a 0,010%, umidade a 0,519% e impurezas a 0,026%. A concentração

do óleo degomado foi em média 99,432%.

Tabela 14 - Características da saída de óleo degomado da centrífuga.

5.1.3 Condições da Corrente de Goma (Lecitina)

De acordo com Santos e Zanetti (1981) a lecitina bruta apresenta um teor de óleo

de 17% e 50% de água. Nos experimentos foi obtida uma média de 55% para umidade,

valor próximo do exposto pelos autores anteriores, no entanto, o arraste de óleo na

lecitina está bem elevado com uma média de 41,7%, logo se conclui que o processo

possui oportunidades de melhoria. Os resultados estão na Tabela 15.

12.413 0,487 0,007 0,027 0,022 99,457

11.245 0,500 0,011 0,025 0,028 99,435

12.310 0,528 0,011 0,024 0,022 99,414

11.517 0,510 0,010 0,030 0,020 99,430

11.380 0,505 0,009 0,025 0,024 99,437

12.400 0,420 0,009 0,021 0,017 99,534

12.029 0,516 0,009 0,023 0,021 99,430

10.375 0,503 0,011 0,027 0,018 99,441

12.481 0,468 0,010 0,020 0,019 99,484

11.310 0,530 0,012 0,020 0,032 99,406

11.361 0,488 0,014 0,020 0,097 99,381

11.940 0,527 0,008 0,021 0,024 99,420

13.379 0,538 0,011 0,022 0,000 99,429

13.234 0,577 0,012 0,018 0,021 99,371

13.107 0,478 0,009 0,021 0,002 99,490

12.967 0,510 0,010 0,020 0,040 99,420

12.854 0,527 0,010 0,021 0,030 99,411

13.363 0,512 0,014 0,021 0,024 99,429

Vazão de Saída

kg/h% umidade % sabões % fosforo % impurezas % oleo

Page 79: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Tabela 15 - Características da corrente de saída lecitina.

5.2 INFLUÊNCIA DA QUANTIDADE DE ÁGUA PARA HIDRATAÇÃO

Observa-se que a quantidade de óleo arrastada pelas gomas parece ter relação

muito estreita com a quantidade de água empregada, pois quando se adiciona água ao

óleo, os fosfatídeos, as proteínas e as impurezas do tipo coloidal se hidratam e

aumentam de peso formando coágulos separáveis por centrifugação, de acordo com

Santos e Zanetti (1981).

Para Anderson (1965) é bastante importante ter a proporção correta de água, pois

se agregar pouca quantidade de água ao óleo resultará em uma baixa hidratação,

portanto, a eliminação incompleta de fosfatídeos, e também é necessário lembrar que ao

se agregar muita água pode apresentar problemas de emulsificação e perda de óleo.

Para melhor mensuração do comportamento da quantidade de água utilizada na

hidratação, os experimentos com uma vazão próxima de 14500 kg/h, que é a vazão

nominal desta planta, foram correlacionados com o comportamento do arraste de óleo

na lecitina. Nos experimentos, o percentual de água de aplicada para hidratação foi

variado de 4,5 a 6,5% e, nesta vazão o histórico do valor de arraste de óleo com 3,5% de

água utilizada na hidratação é de 33%. Os resultados dos diferentes comportamentos da

1.378 57,700 40,196 553,907 4,294

1.255 51,473 46,064 577,951 4,915

1.470 53,610 43,141 634,168 4,927

1.233 54,500 42,687 526,327 4,394

1.399 56,277 40,832 571,149 4,805

1.364 57,974 39,187 534,623 4,152

1.312 60,476 36,776 482,481 3,878

1.435 54,931 42,728 612,953 5,608

944 62,801 33,087 312,348 2,454

1.322 50,839 45,052 595,588 5,031

1.343 58,303 38,134 512,188 4,340

1.411 55,711 42,271 596,528 4,785

1.293 53,617 47,771 617,872 4,480

1.384 55,857 42,726 591,351 4,344

1.596 54,235 40,881 652,650 4,690

1.209 57,020 43,406 524,856 3,947

1.346 50,822 40,209 541,090 4,004

% Perda de Óleo Vazão kg/h % umidade% Óleo

arrastado

Oleo arrastado

Kg/h

Page 80: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

água de dosagem correlacionados ao arraste de óleo na lecitina são mostrados na Figura

19.

Figura 19 – Comportamento do Arraste de Óleo na lecitina em função da quantidade de

água dosada na hidratação.

Não foi possível testar a dosagem de água com valores menores que 3,5 % no

processo devido ao fato do controlador de dosagem de água da planta não realizar

dosagens com valores inferiores. No entanto, Dorsa (2004) entende que a quantidade de

água adicionada neste processo deve ser igual ao conteúdo de fosfatídeos e os mesmos são

determinados a partir de uma relação entre o conteúdo de fósforo conforme a equação 5.1:

FósforosFosfatídeo %*30% (5.1)

Bloch (1983) disciplina que o método oficial da Ca 12-55 da AOCS prescreveu um

fator de conversão do teor de fósforo elementar a fostatídeos igual a 30.

De acordo com o teor de fósforo do óleo analisado na corrente de entrada, é

possível calcular a partir da equação 5.1 que teoricamente as dosagens de água devem ser

de 2,5%. Logo, é possível obter uma redução no consumo de água, se realizar uma

melhoria no controlador de dosagens para operar com quantidades menores, sem perder a

qualidade do produto final e influenciar no arraste de óleo.

5.3 ANÁLISE DA VAZÃO EM RELAÇÃO À QUALIDADE DO PRODUTO

FINAL

Durante o experimento o processo sofreu diversas alterações nas vazões e dosagens

de água, mantendo-se a temperatura e pressão constante, no entanto, foi possível verificar

R² = 0,947

0

10

20

30

40

50

60

2 3 4 5 6 7

% d

e ó

leo

arr

asta

do

na

leci

tin

a

% de dosagem de água

Page 81: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

que a qualidade do produto final permaneceu em termos industriais de modo constante.

Logo se concluiu que o processo de purificação está em regime permanente e o

equipamento em termos de qualidade do produto final opera com vazão média de 14500

Kg/h, obtendo uma purificação tão eficiente comparada quando há vazões menores.

Na Figura 20, está exposto o comportamento da qualidade do óleo degomado e do

óleo bruto da alimentação.

Figura 20 - Comportamento da qualidade do óleo bruto e degomado dos experimentos.

5.4 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NO PROCESSO DE SEPARAÇÃO

No experimento realizado, devido à capacidade de centrifugação pequena do

laboratório, não foi possível realizar análise de arraste de óleo na lecitina, pois a

quantidade produzida foi insuficiente para a análise de óleo arrastado, no entanto, foi

possível analisar os componentes do óleo degomado, em especial o fósforo, sendo este um

dos componentes que determinam a qualidade final do óleo na comercialização. Na Figura

21 está expressa a influência da temperatura em função da separação do fósforo, deixando

evidente a influência da temperatura no arraste de componentes deste componente do óleo.

0,92

0,93

0,94

0,95

0,96

0,97

0,98

0,99

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

% d

e ó

leo

da

corr

en

te

Experimentos

% Corrente de saída

% Corrente de Entrada

Page 82: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 21 – Comportamento da Separação do Fósforo em relação à Temperatura.

Bockisch (1998) explica que os fatores relativos ao produto podem por vezes

também ser alterados, melhorando assim a separação centrífuga. Se, por exemplo, os

sólidos têm que ser removidos do óleo, a diferença de densidade pode ser ampliada por

meio de um tratamento com água. Se os sólidos são capazes de absorver a água, a

diferença de densidade é geralmente maximizada. A viscosidade e densidade do óleo

podem então ser reduzidas aquecendo-o; porque ao baixar a viscosidade, aumenta-se a

eficiência do transporte do líquido.

De acordo com a teoria de centrifugação, a velocidade de sedimentação na

centrifugação é alterada conforme a densidade e viscosidade dos componentes envolvidos

no processo.

Para Gupta e Muralidhara (2002), altas temperaturas devem ser escolhidas para

baixar a viscosidade da mistura. Logo, foram realizadas avaliações destes parâmetros em

relação à variação da temperatura com o objetivo de avaliar o comportamento da

velocidade de sedimentação. Nesse sentido, os resultados dos comportamentos da

viscosidade e densidade em relação à temperatura realizadas no laboratório do óleo bruto

hidratado e da lecitina estão expostos nas Figuras 22 a 26.

R² = 0,9539

0

50

100

150

200

250

0 20 40 60 80 100 120

pp

m d

e F

ósf

oro

Temperatura em °C

Page 83: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 22 – Dependência da Viscosidade do Óleo Hidratado com a Temperatura.

Figura 23 – Dependência da massa específica do Óleo Hidratado com a Temperatura.

O resultado da viscosidade do óleo obtido por Noureddinin (1992) foi

compatível com o resultado expresso na Figura 22, que pode ser expresso por:

CT

BA

ln (5.2)

Na qual é a viscosidade expressa em centipoises, A, B e C são constantes e T

é a temperatura do óleo.

y = 62,873e-0,013x

R² = 0,9882

0

10

20

30

40

50

60

70

0 20 40 60 80 100

Tem

pe

ratu

ra (°

C)

Viscosidade 20 RPM (cP)

y = -0,0005x + 0,9295R² = 0,9952

0,89

0,895

0,9

0,905

0,91

0,915

0,92

0,925

0 10 20 30 40 50 60 70 80

De

nsi

dad

e (

Kg/

L)

Temperatura (°C)

Page 84: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 24 – Dependência da Viscosidade da Lecitina com a Temperatura.

Figura 25 – Dependência da Densidade da Lecitina com a Temperatura.

Através destes comportamentos dos componentes, em relação à temperatura e do

Balanço de Forças descrito na seção 4, foi calculado o comportamento da velocidade de

sedimentação em relação à variação da temperatura utilizando a Equação 4.18. Os

resultados estão expostos na Figura 26.

y = -1E-10x3 + 7E-06x2 - 0,1563x + 1179,1R² = 0,9834

0

10

20

30

40

50

60

70

80

10000 15000 20000 25000 30000

Tem

pe

ratu

ra (°

C)

Viscosidade 20 RPM(cP)

y = -0,0006x + 1,0568R² = 0,998

1,015

1,02

1,025

1,03

1,035

1,04

1,045

0 10 20 30 40 50 60 70 80

De

nsi

dad

e (

Kg/

L)

Temperatura (ºc)

Page 85: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 26 – Comportamento da velocidade de sedimentação e a temperatura

A partir desta avaliação do comportamento da velocidade de sedimentação fica

evidente a importância da temperatura no processo de degomagem, pois pela teoria de

centrifugação o aumento da velocidade de sedimentação é diretamente proporcional ao

aumento da vazão de produção do equipamento.

Na planta em análise, a utilização do óleo quente vindo da extração de óleo para

realizar a degomagem é uma estratégia bastante importante, visto que minimiza o

consumo de energia para aquecê-lo, conforme comumente é realizado em plantas que

não possuem esta opção de integração energética.

5.5 RESULTADOS DA VARIAÇÃO DE PRESSÃO

Nesta análise, foram mantidas constantes a vazão de alimentação de óleo bruto, a

composição do mesmo e a quantidade de água de hidratação, variando-se apenas a pressão

contra corrente do óleo entre 0,9 a 2 bar. Os resultados estão expostos na Figura 28.

Foi verificada uma forte correlação o entre aumento da pressão e o arraste do

óleo. Conforme Erickson (1987), a eficiência de separação pode ser alcançada durante a

operação por meio de ajustes da pressão da contra corrente do óleo.

y = 3E-11e0,0632x

R² = 0,9793

0,00E+00

2,00E-10

4,00E-10

6,00E-10

8,00E-10

1,00E-09

1,20E-09

1,40E-09

1,60E-09

1,80E-09

0 10 20 30 40 50 60 70

Ve

loci

dad

e d

e S

ed

ime

nta

ção

Kg/

m.s

Temperatura em °C

Page 86: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 27 - Variação da contra pressão em relação ao óleo arrastado.

A equação 4.35 que relaciona o fator de separação com a variação de pressão

não pode ser validada, pois o equipamento permitiu ajustar apenas a pressão de contra

corrente e não realizar a medição da variação da pressão interna, que está envolvida no

cálculo da equação sugerida. Logo, foi apenas evidenciado, conforme já previsto na

literatura, que a pressão de contra corrente afeta o controle do arraste, porém sem um

modelo matemático convalidado com dados experimentais.

.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0,000 0,500 1,000 1,500 2,000

Óle

o a

rras

tad

o K

g/h

Pressão em bar

Page 87: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

6. SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE DEGOMAGEM DO ÓLEO BRUTO

DE SOJA

A simulação da modelagem proposta possui a finalidade de obter as

concentrações das correntes de saída da centrífuga a partir de um conjunto de dados de

entrada para atingir a convalidação do modelo frente aos dados industriais e buscar

simular o comportamento da operação em relação às mudanças de parâmetros. O

simulador foi estruturado no Excell inicialmente, e assim, os resultados obtidos

alimentaram a ferramenta Response Surface do programa estatístico Minitab.

6.1 CONVALIDAÇÃO DO MODELO PROPOSTO

Para a convalidação do modelo foi utilizado o fator de separação calculada pela

equação 4.20, exposta na seção 4, através das medidas realizadas do raio dos discos e da

velocidade angular, obtendo assim um fator de separação de 9880. Os dados foram

simulados considerando uma temperatura constante. Os resultados dos dados simulados

frente aos dados experimentais estão expostos nas Figuras 29 e 30.

Figura 28 - Modelo simulado frente aos dados experimentais para a corrente de saída do

óleo degomado.

9.000

9.500

10.000

10.500

11.000

11.500

12.000

12.500

13.000

13.500

14.000

9000 10000 11000 12000 13000 14000

Va

zão

de

Óle

o D

eg

om

ad

o S

imu

lad

o (K

g/h

)

Vazão de Óleo Degomado Experimental (Kg/h)

+1%

-1%

Page 88: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Nesta comparação entre os dados simulados e os dados experimentais da Figura

30, o modelo obteve dados satisfatórios com erros inferiores a 5% para a corrente de

saída de do óleo.

Figura 29 - Modelo simulado frente aos dados experimentais para a corrente de saída da

lecitina.

Na Figura 30, os dados simulados e os experimentais resultaram em erros

inferiores a 5%. A comparação entre os dados simulados e os experimentais para a

composição das correntes entradas e saídas do processo estão na Tabela 16.

Tabela 16 – Dados experimentais frente aos dados simulados para as correntes de saída

do processo de degomagem de óleo de soja.

Realizando a variação da corrente de entrada do óleo bruto e do fator de

separação nos intervalos que o processo de degomagem opera com o fator de separação

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

1500

1600

1700

1800

800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700

Vaz

ão d

e Le

citi

na

Sim

ula

do

(Kg/

h)

Vazão de Lecitina Experimental (Kg/h)

+5%

- 5%

x - Fração mássica de óleo na

Lecitina (%)

RESULTADOS EXPERIMENTAISCORRENTES DE SAÍDA

W - Vazão de Lecitina (Kg/h)

P - Vazão de Óleo Degomado

(Kg/h)13106,52

1596,48

y - Fração mássica de óleo (%) 0,9949

0,402 5,80%

RESULTADOS SIMULADOS

13056,264

1646,7136

0,9998

0,380

% Erro

0,38%

3,10%

0,50%

Page 89: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

proposto, foi obtido o comportamento do modelo em relação aos experimentais para as

frações de óleo nas correntes de saída do óleo degomado e lecitina na Figura 30.

Figura 30 - Modelo simulado frente aos dados experimentais.

Nesta comparação, entre os dados simulados e os dados experimentais, o modelo

adquiriu um comportamento satisfatório. Entretanto, com o objetivo de ajustar o modelo,

um novo fator de separação foi calculado através da equação 3.40 com os dados

experimentais, obtendo uma correção do fator de separação conforme a Tabela 17.

Tabela 17 – Correção do Fator de Separação.

Os dados simulados com o fator de separação corrigido frente aos dados

experimentais estão na Figura 31.

0,98188

0,98388

0,98588

0,98788

0,98988

0,99188

0,99388

0,99588

0,99788

0,99988

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

% d

e ó

leo

pu

rifi

cad

o

% arraste de óleo na lecitinaDados Simulados

Dados Experimentais

α Ajustado Fator de Correção E

272,56 0,0276

206,04 0,0209

223,75 0,0226

234,35 0,0237

255,93 0,0259

331,16 0,0335

300,14 0,0304

238,29 0,0241

389,64 0,0394

204,06 0,0207

260,63 0,0264

234,05 0,0237

190,45 0,0193

211,85 0,0214

282,34 0,0286

223,36 0,0226

251,15 0,0254

207,28 0,0210

Page 90: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 31 - Modelo ajustado e simulado frente aos dados experimentais.

Analisando todos os resultados simulados frente aos dados experimentais o modelo

está convalidado para o processo de degomagem de óleo vegetais, pois o fator de separação

obtido através do balanço de forças aderiu ao modelo de separação binário com resultados

satisfatórios. Portanto, este modelo pode ser aplicado para análise do processo de

degomagem no âmbito industrial.

6.2 SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE DEGOMAGEM

Observa-se que cada centrífuga possui um poder de separação, e este é um

parâmetro projetado na construção do equipamento. Considerando uma centrífuga com

o fator de separação ajustado fixo, foram realizadas simulações dos parâmetros do fator

de corte e da fração de óleo bruto na corrente de alimentação, e obtiveram-se as faixas

de trabalho que possibilitam prever o óleo arrastado na lecitina e o óleo purificado, a

partir do controle das variáveis de processo tais como concentração do óleo bruto de

entrada, fator de corte. As faixas de trabalho estão expostas nas Figuras 32 e 33.

0,97

0,975

0,98

0,985

0,99

0,995

1

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

% d

e ó

leo

pu

rifi

cad

o

% de óleo arrastado na lecitina

Dados Simulados

Dados Experimentais

Page 91: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 32 – Análise do comportamento da fração de óleo arrastado em relação ao fator

de corte e a fração de óleo na entrada.

Fato

r d

e C

ort

e d

o P

roce

sso

Fração Mássica de Óleo na Corrente de entrada

Page 92: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 33 - Análise do comportamento da fração de purificação do óleo em relação ao

fator de corte e a fração de óleo na entrada.

Analisando as faixas de operação obtidas nas Figuras 32 e 33 quando a operação

é realizada para um fator de corte pequeno com uma fração de óleo maior, o arraste de

óleo aumenta. Em contrapartida, nas mesmas condições a purificação do óleo se

mantém mais estável.

O ideal é que se busque uma faixa de trabalho com arraste reduzido e boa

purificação do óleo. No equipamento simulado, a faixa de concentração de óleo de 0,95

a 0,97, que são concentrações com dosagem de água recomendadas, e fator de corte de

0,94 e 0,96 é possível alcançar uma faixa de trabalho que traz ambos os benefícios para

o processo.

A mesma análise foi realizada com o fator de separação não ajustado e foram

obtidos os comportamentos seguintes expostos nas Figuras 34 e 35.

Fato

r d

e C

ort

e d

o P

roce

sso

Fração Mássica de Óleo na Corrente de entrada

Page 93: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 34 - Análise do comportamento do óleo arrastado - Modelo não ajustado.

O comportamento das faixas no intervalo sugerida acima de operação também

proporciona uma boa faixa de operação no modelo não ajustado.

Figura 35 - Análise do comportamento do óleo degomado - Modelo não ajustado.

Fato

r d

e C

ort

e d

o P

roce

sso

Fração Mássica de Óleo na Corrente de entrada

Fato

r de

Cor

te d

o Pr

oces

so-Ѳ

Fração Mássica de Óleo na Corrente de entrada

Page 94: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Avaliando a influência do fator de separação no processo em relação ao fator de

corte para uma concentração de óleo em torno de 0,95, novamente tem-se que

independente do fator de separação, fatores de corte pequenos aumentam o arraste de

óleo, conforme, pode ser conferido na Figura 36.

Figura 36 - Análise do comportamento do Arraste de óleo em relação ao fator de

separação e o fator de corte.

Contudo, o comportamento de arraste do mesmo fator de corte para diferentes

fatores de separação não sofre alteração tão elevada. A purificação do óleo com o

variável fator de corte e fator de separação também não passou por uma alteração

elevada, quando foram avaliados diferentes fatores de separação, conforme Figura 37.

Fator de Separação do Processo

Tet

a

400350300250200

0,98

0,96

0,94

0,92

0,90

0,88

>

< 0,05

0,05 0,15

0,15 0,25

0,25 0,35

0,35 0,45

0,45

x

Fato

r d

e C

ort

e d

o P

roce

sso

Fator de Separação do Processo-α

Page 95: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Figura 37 – Análise de Purificação do Óleo Degomado em relação ao fator de separação

e ao fator de corte.

A partir destas simulações, percebe-se que o modelo é sensível quando se refere

à concentração de entrada do óleo e ao fator de corte, logo as atuações nestas variáveis,

concentração do óleo e fator de corte podem promover ganhos em rendimentos na

operação de separação. O comportamento da simulação é coerente com a teoria de

centrifugação, exposta no Capítulo 4 onde o rendimento de uma centrífuga pode ser

melhorado quando se alteram as propriedades do produto como densidade e

viscosidade, ou seja, neste caso quando ocorre o ajuste com a hidratação do óleo a ser

degomado.

A vazão do equipamento, segundo a teoria, leva em conta o produto e o

dimensionamento mecânico do mesmo, logo o fator de corte deve ser trabalhado

juntamente com a concentração de óleo para não reduzir o tempo de residência do

produto, pois segundo Salte et al (2006) apud Boychyn et al. (2000), para centrífugas

de discos o tempo médio de residência de um sólido em uma área da centrífuga (Ac) é

dado por :

Teta

Fat

or

de

Sep

araç

ão d

o P

roce

sso

0,9600,9450,9300,9150,900

400

350

300

250

200>

< 0,975

0,975 0,980

0,980 0,985

0,985 0,990

0,990 0,995

0,995 1,000

1,000

degomado

y - óleo

Fato

r d

e Se

par

ação

do

Pro

cess

o-α

Fator de Corte do Processo-Ѳ

Page 96: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

Onde Q é vazão volumétrica e ф é a fração da vazão volumétrica do sólido.

Portanto, o modelo é utilizado como uma ferramenta que permite ajustar os parâmetros

de concentração da vazão de entrada e a própria vazão de entrada quando se ajusta o

fator de corte, a fim de conseguir um óleo com boa purificação e perda de arraste

esperada na temperatura na qual este processo foi analisado.

Page 97: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

Pelas considerações apontadas denota-se que o processo de degomagem foi

representado satisfatoriamente pelo modelo matemático desenvolvido, apresentando

resultados entre a fração mássica de óleo degomado e o arraste de óleo na lecitina.

O fator de separação teórico contribuiu com os resultados de convalidação,

sendo possível ajustá-lo no processo e obter melhorias. Logo, este modelo pode ser

usado para análise do processo de degomagem no âmbito industrial permitindo, uma

vez conhecido o fator de separação do equipamento, ajustar a concentração adequada do

óleo, o fator de corte que permite uma faixa de purificação e um arraste de óleo

desejado.

Também é pertinente destacar a dosagem de água que exerce influência

significativa sobre o arraste de óleo como previsto na literatura, sendo que no modelo

matemático foi evidenciado nas simulações que a variável concentração do óleo

interfere no resultado do processo.

Na planta industrial, onde foram coletados os dados, diante dos resultados existe

uma oportunidade de redução na quantidade de água utilizada na hidratação, visto que a

mesma está operando com a faixa de 3,5%, partindo do princípio que a purificação do

óleo se manteve em regime permanente e o teor de fosfatídeos encontrados nas análises

possui uma média de 2,5%. Assim, através de melhoria no controlador de dosagem de

água para hidratação, a planta pode operar com dosagens próximas a 2,5%.

Observa-se que a planta em análise possui uma integração energética importante

onde o óleo de alimentação da refinaria já entra no processo de degomagem aquecido,

não havendo necessidade de aquecer, economizando energia nesta etapa, pois segundo

as análises realizadas em laboratório e conforme a teoria exposta, a temperatura tem

uma influência muito importante na purificação do óleo degomado, o que foi

comprovado quando se avaliou um teor de fósforo menor às temperaturas maiores de

centrifugação.

Além disso, foram evidenciadas as alterações nas densidades e viscosidades do

óleo bruto com o aumento da temperatura, consequentemente a velocidade de

sedimentação, que é um fator determinante no dimensionamento da centrífuga, possui

uma grande correlação com a temperatura do processo.

No que diz respeito à contrapressão neste equipamento, as pressão próximas a 1

bar contribuiu para o menor arraste, e este parâmetro pode ser aplicado sem perdas na

Page 98: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

escala de produção de degomagem. Assim, como sugestão de trabalho futuro, pode-se

sugerir a validação do modelo com a combinação proposta do ajuste do fator de

separação envolvendo a variação de pressão descrita no capítulo 4, pois durante os

experimentos não foi possível medir a pressão interna do equipamento impossibilitando

a validação do mesmo.

Outra sugestão de trabalho futuro seria uma melhoria no modelo que

contemplasse também a influência da temperatura nas simulações, visto que a

convalidação ocorreu à temperatura constante, mas foi comprovada a importância deste

fator na velocidade de sedimentação.

Mesmo havendo algumas dificuldades industriais para validar o parâmetro

pressão, dosagens menores de água e a influência da temperatura no arraste em escala

industrial, o modelo se mostrou promissor, uma vez que os dados gerados podem

contribuir para o melhor entendimento do processo de degomagem.

Destarte, este trabalho apresenta uma contribuição para os estudos de

processamento de óleos vegetais, uma vez que são limitadas as informações sobre a

modelagem de processamento de óleos, em específico o processo de degomagem.

Page 99: MODELAGEM E ANÁLISE DO PROCESSO DE DEGOMAGEM NO REFINO DE

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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