modalidades de obrigaes

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DIREITO CIVIL III - DAS OBRIGAÇÕES TURMA: 3º SEMESTRE DE DIREITO Profª. Silmara H. F. Saidel AULA 07 - OUTRAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES As várias modalidades de obrigações podem ser classificadas de diversas formas: quanto à exigibilidade, ao fim, ao momento de seu cumprimento, aos elementos acidentais, à liquidez, reciprocamente consideradas, obedecendo cada qual um regime próprio. Toda obrigação deve ser cumprida e quando cumprida, extingue-se. Quando a obrigação não for cumprida, nasce a responsabilidade, que é patrimonial, ou seja, o patrimônio do devedor passa a responder por suas obrigações. Para exigir o seu cumprimento pode o credor agir coercitivamente, valendo-se do Poder Judiciário. OBRIGAÇÃO CIVIL E OBRIGAÇÃO NATURAL Distinção entre obrigação civil e obrigação natural. A obrigação civil, também chamada de obrigação perfeita, é aquela que se encontra perfeitamente constituída de seus elementos, ou seja, sujeito, objeto e vínculo jurídico. Esse vínculo jurídico, oriundo de diversas fontes, representa a garantia do credor, pois sujeita o devedor a determinada prestação em seu favor, conferindo-lhe o direito, se a obrigação não for satisfeita, de exigir judicialmente o seu cumprimento, penhorando os bens do devedor. Obrigação civil, portanto, é aquela que encontra respaldo no direito positivo, podendo seu cumprimento ser exigido pelo credor, por meio de ação. Quando falta esse poder de garantia ou a responsabilidade do devedor, diz-se que a obrigação é natural, ou imperfeita, ou seja, obrigação natural é a obrigação sem garantia, sem sanção, sem ação para se fazer exigível. Sendo assim, concluímos que: na obrigação civil se o devedor ou terceiro realiza voluntariamente a prestação, o credor tem a faculdade de retê-lo a título de pagamento, e se não ocorrer o cumprimento voluntário, o credor poderá exigi-lo judicialmente e executar o patrimônio do devedor. Já na obrigação natural se o devedor cumprir voluntariamente o avençado, o credor poderá reter a prestação a título de pagamento, mas no entanto se o devedor não cumprir voluntariamente a obrigação, o 1

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AULA 07

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Page 1: Modalidades de Obrigaes

DIREITO CIVIL III - DAS OBRIGAÇÕESTURMA: 3º SEMESTRE DE DIREITO

Profª. Silmara H. F. Saidel

AULA 07 - OUTRAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES

As várias modalidades de obrigações podem ser classificadas de diversas formas: quanto à exigibilidade, ao fim, ao momento de seu cumprimento, aos elementos acidentais, à liquidez, reciprocamente consideradas, obedecendo cada qual um regime próprio.

Toda obrigação deve ser cumprida e quando cumprida, extingue-se.Quando a obrigação não for cumprida, nasce a responsabilidade, que é patrimonial, ou

seja, o patrimônio do devedor passa a responder por suas obrigações. Para exigir o seu cumprimento pode o credor agir coercitivamente, valendo-se do Poder

Judiciário.

OBRIGAÇÃO CIVIL E OBRIGAÇÃO NATURAL

Distinção entre obrigação civil e obrigação natural.

A obrigação civil, também chamada de obrigação perfeita, é aquela que se encontra perfeitamente constituída de seus elementos, ou seja, sujeito, objeto e vínculo jurídico.

Esse vínculo jurídico, oriundo de diversas fontes, representa a garantia do credor, pois sujeita o devedor a determinada prestação em seu favor, conferindo-lhe o direito, se a obrigação não for satisfeita, de exigir judicialmente o seu cumprimento, penhorando os bens do devedor.

Obrigação civil, portanto, é aquela que encontra respaldo no direito positivo, podendo seu cumprimento ser exigido pelo credor, por meio de ação.

Quando falta esse poder de garantia ou a responsabilidade do devedor, diz-se que a obrigação é natural, ou imperfeita, ou seja, obrigação natural é a obrigação sem garantia, sem sanção, sem ação para se fazer exigível.

Sendo assim, concluímos que: na obrigação civil se o devedor ou terceiro realiza voluntariamente a prestação, o credor tem a faculdade de retê-lo a título de pagamento, e se não ocorrer o cumprimento voluntário, o credor poderá exigi-lo judicialmente e executar o patrimônio do devedor.

Já na obrigação natural se o devedor cumprir voluntariamente o avençado, o credor poderá reter a prestação a título de pagamento, mas no entanto se o devedor não cumprir voluntariamente a obrigação, o credor não dispõe de ação alguma para exigir judicialmente o seu cumprimento, não podendo executar coercitivamente a obrigação.

Conceito e Características da Obrigação Natural.

A obrigação natural não constitui relação de direito, mas relação de fato.Obrigação Natural é relação não jurídica, que só irá adquirir eficácia jurídica em caso de

adimplemento, ou seja, é a obrigação que não confere o direito de exigir seu cumprimento, mas se cumprida espontaneamente, autoriza a retenção do que foi pago.

Nessa modalidade o credor não tem o direito de exigir a prestação, e o devedor não está obrigado a pagar, mas em contrapartida, se o devedor voluntariamente, efetua o pagamento, não tem direito de repeti-lo, ou seja, não cabe ao devedor o direito de pedir restituição da importância paga em razão da retenção do pagamento pelo credor.

O cumprimento espontâneo da obrigação natural é considerado como pagamento de um débito, e, portanto, é negado ao que cumpriu o remédio da condictio indebiti, pelo qual o sujeito que paga sem ser devedor pode obter a restituição.

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A principal característica das obrigações naturais consiste, no fato de que seu inadimplemento não dá ensejo à pretensão de uma execução, mas o seu cumprimento espontâneo é válido, não comportando repetição (restituição).

Natureza Jurídica da Obrigação Natural.

A natureza jurídica da obrigação natural é questão controvertida, que vem desafiando a opinião e a inteligência dos doutrinadores ao longo do tempo.

Poucos são os códigos que a disciplinam, dedicando-lhe normas específicas, alguns silenciam completamente sobre essa modalidade de obrigação e outros, como o estatuto civil brasileiro, só se referem a ela apenas incidentalmente, ao legislar sobre a repetição do pagamento indevido.

Inúmeras teorias surgiram a respeito da natureza jurídica da obrigação natural, tais como: teoria clássica, teoria do dever moral, teoria da relação de fato, teoria mista, teoria da dívida sem responsabilidade.

A mais aceita pela doutrina é a teoria clássica ou tradicional, que considera a obrigação natural uma obrigação imperfeita.

Sustentam os seus adeptos que a obrigação natural é obrigação civil desprovida de ação judicial e de toda e qualquer exigibilidade.

Casos de Obrigação natural no direito brasileiro.

Os casos de obrigações naturais típicas no nosso diploma são dois: dívidas de jogo (art. 814) e dívidas prescritas (art. 882), que são inexigíveis.

O art. 814 do C.C. dispõe que: “As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito”.

A dívida resultante da perda no jogo quer seja lícito, quer seja ilícito, constitui obrigação natural: o ganhador não dispõe, no ordenamento, de ação para exigir seu pagamento. Pontes de Miranda ensina que “ninguém deve por perder em jogo proibido, ou em aposta proibida. Quem perdeu em jogo não proibido, ou em aposta não proibida, deve, porém, contra essa pessoa não há pretensão nem ação”.

Mas, se o pagamento foi feito voluntariamente não pode ser recobrado (art.882- CC), salvo se tiver inexistido livre consentimento do perdedor (caso de dívida de jogo ganha com dolo ou em caso de menor ou interdito).

Tal regulamentação estende-se, também, a qualquer contrato que encubra ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo, porque não se pode reconhecer, novar ou afiançar obrigação que juridicamente não exista. Mas a nulidade resultante não pode ser oposta ao terceiro de boa-fé (art.814, § 1º, segunda parte).

É carecedor de ação o apostador que se tenha tornado credor por cheque ou outro título de crédito, emitido para pagamento de dívida proveniente de jogo ou aposta, não o sendo, porém o terceiro de boa-fé, a quem o título ao portador foi transmitido, desde que este desconheça a origem da dívida.

Não se pode também exigir reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta, no ato de apostar ou jogar (art. 815), para que a dívida se torne incobrável é necessário que o empréstimo tenha ocorrido no momento da aposta ou do jogo, como o efetuado pelo dono de cassino para que o mutuário continue a jogar, podendo, no entanto, serem cobrados os empréstimos contraídos posteriormente, para o pagamento de tais dívidas.

Os jogos regulamentados por lei, como o turfe (destinado a incrementar a raça cavalar) e as diversas loterias, autorizadas em geral para a obtenção de recursos direcionados a obras sociais, geram obrigações civis, pois recebem a proteção jurídica, permitindo a cobrança judicial da recompensa (art. 814, § 2º, segunda parte), bem como, os prêmios ofertados ou prometidos para o vencedor em competição esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se submetam às prescrições legais e regulamentares ( art. 814, § 3º).

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As dívidas prescritas são consideradas obrigações naturais. Em sua origem, são obrigações civis que, por força da prescrição, transformam-se em naturais, sendo denominadas também obrigações civis degeneradas, pois o Código Civil estabelece que a partir da consumação do prazo prescricional é que a dívida se torna natural, ou seja, inexigível.

Efeitos da Obrigação Natural.

O principal efeito da obrigação natural consiste na validade de seu pagamento. Outro efeito da obrigação natural é a irrepetibilidade do pagamento, se o devedor, que

não está obrigado a pagá-la, vier a solvê-la voluntariamente, o seu ato torna-se irretratável, não cabendo repetição.

DAS OBRIGAÇÕES DE MEIO, DE RESULTADO E DE GARANTIA.

Quanto ao fim a que se destina, a obrigação pode ser de meio, de resultado e de garantia.

Obrigação de meio e de resultado.

A obrigação é de meio quando o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios e técnicas para a obtenção de determinado resultado, sem no entanto responsabilizar-se por ele.Ex: Os advogados, que se propõe a defender seu cliente, mas não poderá garantir o êxito do processo;

Os médicos, que se propõe a tratar de um doente, mas não poderá garantir a cura do paciente.

Se a obrigação assumida por esses profissionais fosse de resultado, seriam eles responsabilizados civilmente se a causa não fosse ganha ou se o paciente viesse a falecer.

Quando a obrigação é de resultado, o devedor dela se exonera somente quando o fim prometido é alcançado, ou seja, a obrigação de resultado é aquela em que o devedor se compromete não apenas a empreender a sua atividade, mas a produzir o resultado esperado pelo credor.Ex: Contrato de transporte, onde o devedor se obriga a levar o passageiro ou a carga com segurança, até um destino.

Cirurgião plástico, que se compromete a realizar uma cirurgia plástica estética tem a obrigação de alcançar o resultado.

O traço distintivo entre essas duas modalidades de obrigação encontra-se nos efeitos do inadimplemento.

Na obrigação de meio, em que o devedor se propõe a desenvolver a sua atividades e as suas habilidades para atingir o objetivo almejado pelo credor, e não a obter o resultado, o inadimplemento somente acarretara a responsabilidade do profissional se restar demonstrada a sua negligência ou imperícia no emprego desses meios.

Já na obrigação de resultado, em que o objetivo final é da essência do ajuste, o devedor inadimplente responderá pelos prejuízos causados pelo insucesso, salvo prova de algum fato inevitável, como força maior ou culpa exclusiva da vítima, poderá o devedor exonerar-se por não ter atingido o fim a que se propôs,

Obrigação de Garantia.

Obrigação de garantia é aquela que visa a eliminar um risco que pesa sobre o credor, ou as suas conseqüências.Ex: Segurador, fiador, a do vendedor em relação aos vícios redibitórios, etc.

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Em regra, a obrigação de garantia se apresenta como subespécie da obrigação de resultado, pois o vendedor, sem que haja sua culpa, estará obrigado a indenizar o comprador pelos vícios redibitórios do veículo; a seguradora terá a obrigação de indenizar o segurado, mesmo que o incêndio do bem segurado tenha sido provocado dolosamente por terceiro.

O devedor não se libera da prestação mesmo em caso de força maior, uma vez que o conteúdo da obrigação é de eliminação de um risco, que, por sua vez, é um acontecimento casual, alheio à vontade do obrigado.

Obrigação de garantia, portanto, é aquela que se destina a propiciar maior segurança ao credor, ou eliminar risco existente em sua posição, mesmo em hipóteses de caso fortuito ou força maior.

OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E CONTINUADA.

Quanto ao momento em que devem ser cumpridas, as obrigações classificam-se em:

a) de execução instantânea ou momentânea, a que se consuma num só ato, sendo cumprida imediatamente após sua constituição, como na compra e venda à vista;

b) de execução diferida, cujo cumprimento deve ser realizado também em um só ato, mas em momento futuro, como no caso de alienação em que o objeto deverá ser entregue em determinada data posterior;

c) de execução continuada, periódica ou de trato sucessivo, que se cumpre por meio de atos reiterados, como sucede na prestação de serviços, na compra e venda a prazo ou em prestações periódicas.

Teoria da Imprevisão.

A relevância da distinção entre as três modalidades mencionadas é incontestável, principalmente na obrigação de execução diferida e na obrigação de execução continuada, onde a importância se dá no tocante à chamada teoria da imprevisão, inspirada em razões de equidade e de justo equilíbrio entre os contratantes, tendo sua justificativa na radical mudança da situação econômica e no extremo de absoluta imprevisibilidade.

O código civil de 2002, de maneira inédita em nosso direito positivo, consagra expressamente, no art. 478, a teoria da imprevisão, que permite ao devedor, uma vez preenchidos os requisitos ali previstos, ou seja, acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, que tornem a prestação de uma das partes excessivamente onerosa, pedir a resolução da avença, impossível seria a sua aplicação nas obrigações cuja execução ocorra num só momento, instantaneamente.

OBRIGAÇÕES PURAS E SIMPLES, CONDICIONAIS, A TERMO E MODAIS.

Os negócios jurídicos são formados por elementos essenciais e acidentais.Elementos essenciais são os estruturais, indispensáveis à existência e validade do

negócio jurídico, tais como: a declaração de vontade nos negócios em geral e a coisa, o preço e o consentimento, na compra e venda.

Elementos acidentais consistem em estipulações acessórias, que as partes podem facultativamente adicionar ao negócio, para modificar alguma das conseqüências naturais, como a condição, o termo e o encargo ou modo.

Os elementos essenciais são determinados pela lei e os elementos acidentais dependem da vontade das partes, uma vez convencionados, têm o mesmo valor dos elementos estruturais e essenciais, pois passam a integrá-lo, de forma indissociável.

No direito brasileiro, são três os elementos acidentais do negócio jurídico:- A condição;- O termo;- O encargo ou modo.

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Quanto aos elementos acidentais, as obrigações classificam-se em:

- Obrigações Puras e Simples;- Obrigações Condicionais (art. 121-CC);- Obrigações a Termo (art. 131- CC);- Obrigações Modais ou com Encargo (art. 136-CC).

Obrigações Puras e Simples.

As Obrigações Puras e Simples são aquelas que não estão sujeitas a condição, termo ou encargo, ou seja, quando não condicionada a evento futuro e incerto.Ex: Obrigação do vendedor entregar a coisa vendida;

Obrigação do comodatário em restituir a coisa emprestada.

Obrigações Condicionais.

As Obrigações Condicionais são aquelas que contem cláusula que subordina seu efeito a evento futuro e incerto. Ex: Contrato de compra e venda com reserva de domínio, só se efetivará se realmente a condição de que depende o integral pagamento do preço;

Doação de certa soma em dinheiro se “A”, campeão de futebol, jogar no próximo torneio;

Se um comprador dispuser no contrato que só efetuará o pagamento da coisa adquirida, se conseguir revendê-la.

Condição é o acontecimento futuro e incerto de que depende a eficácia do negócio jurídico (art. 121 –CC). Da sua ocorrência depende o nascimento ou a extinção de um direito.

Os requisitos ou elementos para que haja a condição na acepção técnica são:a) que a cláusula seja voluntária;b) que o acontecimento a que se subordina a eficácia ou a resolução do ato jurídico

seja futuro;c) que também seja incerto.

A condição pode ser suspensiva ou resolutiva. A condição suspensiva impede que o ato produza efeitos até a realização do evento

futuro e incerto.Ex: Dar-lhe-ei tal bem, se passares no vestibular (Não se terá adquirido o direito, enquanto não se verificar a condição suspensiva)

A condição resolutiva é a que extingue, resolve o direito transferido pelo negócio, ocorrido o evento futuro e incerto.Ex: O beneficiário de doação, depois de receber o bem, casa-se com a pessoa que o doador proibiu, tendo este conferido ao eventual casamento o caráter de condição resolutiva.

Obrigações a Termo.

As Obrigações a Termo ou a prazo são aquelas em que as partes subordinam os efeitos do negócio jurídico a um evento futuro e certo.

Termo é o dia em que começa ou se extingue a eficácia do negócio jurídico. Ex: Contrato de locação com prazo de 30 meses, iniciando no dia 01/ 05/2009;

Pagamento de uma dívida em determinado dia (termo final certo).

Termo é a cláusula contratual que subordina a eficácia do negócio a evento futuro e certo, não podendo ser confundido com condição, que subordina a evento futuro e incerto.

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Apesar dessa distinção, pode ocorrer que o termo, embora certo e inevitável no futuro, seja incerto quanto a data de sua verificação.Ex: Determinado bem passará a pertencer a tal pessoa, a partir da morte de seu proprietário.

A morte é certa, mas não se sabe quando ocorrerá (a data é incerta).Sendo assim, o termo pode ser dividido em incerto, como no exemplo acima, e certo,

quando se reporta a determinada data do calendário, ou a determinado lapso de tempo.O termo pode ser também inicial ou suspensivo (dies a quo) e final ou resolutivo (dies ad

quem)Ex: Se for celebrado um contrato de locação no dia 20 de determinado mês, para ter vigência no dia primeiro do mês subseqüente, esta data será o termo inicial e se também ficar estipulada a data em que cessará a locação, esta constituirá o termo final.

O termo inicial suspende o exercício, não à aquisição do direito (art. 131 CC)Por suspender o exercício do direito, assemelha-se à condição suspensiva, que produz

também tal efeito, porém não podem ser confundidos, porque a condição suspensiva, além de suspender o exercício do direito, suspende também a sua aquisição, já o termo não suspende a aquisição do direito, tão somente protela o seu exercício.

Termo também não pode ser confundido com prazo, pois prazo é o intervalo do termo a quo e o termo ad quem (art. 132 a 134 –CC).

Na contagem dos prazos, exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento, se este cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o dia útil seguinte.

A inserção de termo no contrato tem relevância na apuração das conseqüências da inexecução da obrigação, pois tendo sido fixado a data para o pagamento, o seu descumprimento acarreta automaticamente, sem necessidade de qualquer providência do credor, a mora do devedor, dispensando-se nesse caso a notificação do devedor para positivar-se a sua mora.

No entanto, se não for determinada a data do vencimento, o devedor não estará em mora enquanto não for feita a sua notificação.

Obrigações Modais ou com encargos.

A Obrigação Modal ou com encargos são aquelas que por cláusula acessória se encontram oneradas com um modo ou encargo, ou seja, quando se impõe um ônus ao beneficiário de determinada relação jurídica.Ex: Em caso de doação, a obrigação imposta ao donatário de construir no terreno doado uma escola.

Em caso de testamento, a obrigação do herdeiro em cuidar dos animais de estimação do testador para poder receber uma pensão mensal de R$ 10.000,00.

Trata-se de pacto acessório às liberalidades (doações, testamentos), pelo qual se impõe um ônus ou obrigação ao beneficiário.

É admissível também, em declarações unilaterais de vontade, como na promessa de recompensa, e raramente nos contratos onerosos (pode ocorrer na compra e venda de um imóvel, com ônus de franquear a passagem ou a utilização de terceiros).

Modo é o encargo imposto àquele em cujo proveito se constitui um direito por ato de mera liberalidade. Nela, a pessoa que promete a outrem alguma coisa limita sua promessa, determinando a forma por que deve ser usada.

O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito.Ex: Aberta a sucessão, o domínio e a posse dos bens transmitem-se desde logo aos herdeiros, com a obrigação de cumprir o encargo a eles impostos, se esse encargo não for cumprido, a liberalidade poderá ser revogada.

O encargo difere da condição suspensiva, porque esta impede a aquisição do direito, enquanto o encargo não suspende nem a aquisição, nem o exercício do direito.

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A condição suspensiva é imposta com o emprego da partícula “se”, e o encargo com as expressões “para que”, “com a obrigação de”,

OBRIGAÇÕES LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS.

Obrigação Líquida é a obrigação certa, quanto a sua existência e determinada quanto ao seu objeto.

Essa modalidade é expressa por uma cifra, por um algarismo, quando se trata de dívida em dinheiro, mas pode também ter por objeto a entrega ou a restituição de outro objeto certo, como, por exemplo, um veículo ou determinada quantia de cereal.

Obrigação Ilíquida é aquela que seu objeto depende de prévia apuração, pois o valor ou o montante apresenta-se incerto, ou seja, é a obrigação que depende da apuração de seu valor para ser exigida, carece de especificação do seu “quantum”.

Deve ela converter-se em obrigação líquida, para que possa ser cumprida pelo devedor.Essa conversão poderá ser obtida em juízo pelo processo de liquidação, quando a

sentença não fixar o valor da condenação ou não lhe individualizar o objeto.Quando na sentença há uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover

simultaneamente a execução da obrigação líquida e a liquidação da obrigação ilíquida.A obrigação ilíquida não é incerta quanto a existência do crédito, mas somente quanto

ao seu valor.A liquidação visa apenas apurar o quantum devido.

Também não podemos confundir obrigação ilíquida com obrigação de dar coisa incerta, embora em ambas haja a existência da incerteza sobre o objeto da prestação, na obrigação de dar coisa incerta, a incerteza nasce com a própria obrigação, sendo característica inerente à sua existência, e na obrigação ilíquida a incerteza não é originária, pois o devedor sabe o que deve, faltando apenas apurar o seu montante.

OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS.

Obrigação Principal (autônoma) é aquela que existe por si só, sem qualquer dependência a outras relações jurídicas.Ex: Contrato de compra e venda, onde o vendedor se obriga a entregar a coisa ao comprador.

Contrato de locação, onde o inquilino tem a obrigação de restituir a coisa locada, findo o prazo do contrato.

Obrigação Acessória é aquela que tem sua existência subordinada a outra relação jurídica, ou seja, depende da obrigação principal.Ex: Fiança, cláusula penal, juros.

O princípio de que o acessório segue o destino, a condição jurídica do principal, foi acolhida pela nossa legislação em virtude do art. 92 – CC, que preceitua “principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal”.

Por sua vez, o art. 184, 2ª parte diz que: “a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal”

O caráter acessório ou principal da obrigação é uma qualidade proveniente da vontade das partes ou da lei, podendo ser convencionada de acordo com a vontade das partes de forma conjunta ou posterior à celebração da obrigação principal.

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Efeitos:

Várias conseqüências de ordem jurídica decorrem da regra que o acessório segue sempre o principal.

Primeiramente, a extinção da obrigação principal, em regra, implica no desaparecimento da obrigação acessória, mas a extinção da acessória nem sempre vai implicar no desaparecimento da obrigação principal.Ex: Nulo o Contrato de Empreitada, nula será a cláusula penal nele estipulada, mas se for nula a cláusula penal (acessória) o contrato de empreitada será válido.

Prescrição da obrigação principal, ficam prescritas também as obrigações acessórias, porém poderá ocorrer a prescrição da obrigação acessória, sem que ocorra a prescrição da obrigação principal.

Espécies de Obrigações Acessórias.

Há várias modalidades de obrigações acessórias, tais como a fiança, os juros, e outras como:

a) a concernente aos direitos reais de garanti (penhor, anticrese, hipoteca), que sempre pressupõem a existência de um direito de crédito, cuja satisfação asseguram;

b) a atinentes aos vícios redibitórios (vícios ocultos), visto que a obrigação de por eles responder depende de outra obrigação;

c) a relativa a cláusula penal, que constitui um pacto acessório em que se estipula uma multa para a hipótese de inadimplemento total da obrigação, cumprimento imperfeito ou retardamento;

d) a decorrente de cláusula compromissória, pela qual as partes se obrigam a submeter-se à decisão do juízo arbitral, a respeito de qualquer dívida que porventura venha surgir no cumprimento da obrigação.

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