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i.»V Biblíotlit*ca Naciòna ,... 3P %mm m%imímmm PUBLICAÇÃO QUINZENA!, Anno B Btrazll Rio de JaneSro 1883 Setembro 15 M. REFORMADOR Orgaiu evoliicionlftft ASSIGNATURÂS PARA 0 INTERIOR K EXTERIOR Semestre6jj(000 PAGAMENTO ADIANTADO ESCRIPT0R10 120 RUA DA CARIOCA 120 2.» andar —«:»— As assignaturâs terminam em Junho 6 Dezembro. Os trabalhos de reconhecido interesse geral serão publicados gratuitamente. 1883 Setembro 15. O FLUIDO UNIVERSAL III vimos que a electricidade era uma modificação do fluido universal. . A faculdade que ella tem de atra- vessar todos os corpos, quaesquer que sejam as densidades destes, nos indica ser ella uiagaz de extrema tenuidade, não deixando, por isso, de ser matéria e de ter um peso, comquanto seja este inapreciavel a nós, pelos meios de que ainda dispomos. Ella pôde receber e trannnittir o movimento, como vemos nos phenomenos de transportes chy- micos, e nos espantosos effeitos meca- nicos produzidos pelo raio; effeitos que não se podem dar senão pelo con- curso de uma velocidade e de uma massa; mas, como essa velocidade é enorme, concebe-se que o fluido ein questão é de tal tenuidade que, mesmo â vista dos algarismos que arepresen- tam, uma idéia segura a tal respeito escapa aos limites da nossa compre- hensão. O ar, que tem um peso pequeno, produz gravíssimos effeitos mecânicos, quando animado de uma velocidade de 46 metros por segundo, que é a do furacão; ora, a velocidade de trans- •lação da electricidade é cerca de seis e meio milhões de vezes maior que essa, e como todo trabalho mecânico tem por medida o producto da massa pelo quadrado da velocidade, segue- se que para, sob um mesmo volume, produzir o mesmo effeito, a densidade do fluido electrico é cincoenta tri- lhões de vezes menor qne a do ar. Derramado pelo espaço, esse fluido põe em commu nica ção os tantos e tão variados mundos que, em todos os rumos, navegam nos mares do infi- nito ; ao mesmo tempo em que, en- cerrado no seio de todos os corpos da natureza, elle prende os átomos e as moléculas formando as entidades dis- tinctas que occupam os infindos de- grãos da escala da criação. Neste segundo caso, porém, elle se modifica em contacto com as molecu- ias inertes dos corpos, e torna-se mais apto para atravessal-os com mais faci- lidade ; damos-lhe «Mão o nome de fluido magnético. Este varia de ura a outro corpo, se- gundo a natureza delles, sem comtudo perder suas propriedades essenciaes, que são as mesmas da electricidade. De modo que esses dois fluidos não são mais que um, e podemos dar-lhe a denominação de electro-magnetismo. No estado natural, sob a mesma pressão e nas mesmas condições hygro- métricas, todos os corpos encerram uma cpH<>, quantidade cio fluido efec- tvo-magnetico, constante para cada um, como os vasos fechados, sob a pressão atmospherica, encerram todos a mesma quantidade de ar. Mas, as- .sim como podemos nestes últimos, variando as pressões, augmentar ou diminuir a quantidade de ar contida, também podemos nos vasos naturaes do fluido electro-magnetico, que são os corpos todos, augmentar ou dimi- nuir a que cada ura contem. Disso resulta ura grande numero de effeitos distinctos, de modos de maui- festação differentes, que até certo tempo, foram considerados como for- ças, como entidades diversas. Quando o corpo contém a quanti- dade de fluido que lhe é natural, a presença deste -se manifesta pelos phe- nomenos das attracções e repulsões, devidos ás vibrações do fluido inter- molecular, o que occasiona no ar am- biente um desiquilibrio, donde uma difusão do fluido que entra na compo- sição deste. A este estado correspon- dem os phenomenos da affinidade, da cohesão, da gravidade, e, em geral, da gravitação universal. Se a quantidade de fluido fôr crês- cendo no corpo, elle tende a escapar- se, mas como encontra resistência na envolvente aérea, vibra no mesmo lugar, sendo a rapidez e as amplitudes das vibrações tanto maiores, quanto maior fôr a quantidade de fluido accu- mulado na superfície do corpo. A esta classe pertencem os effeitos que nos dão as sensações da luz, do som, do cheiro e do sabor, os das mu- danças . de estado dos corpos e os das composições edecomposiçõeschimicas. Afinal a tensão do fluido attinge ao ponto de poder vencer a resistência do meio, e então produzem-se as des- cargas. Pretendendo fallar mais extensa- mente da electricidade no estado em que produz as attracções e repulsões, quando occuparmo-nôs com a gravi- tação universal; passamos a fallar delia quando nos estados de vibração e de correntes. Quando o fluido electro-magne- tico emana de uma maquina ou de uma pilha, se lhe ofiterecermos um eonducto para escoar-se, cila o faz com uma velocidade extrema, cho- cando violentamente aos objectos que se lhe apresentam, e, nestas circum- stancias, elle produz invariavelmente os phenomenos da luz, calor som e cheiro. W Accumulado nas nuvens em grandes quantidades, elle lugar aos mes- mos phenomenos com uma intensidade considerável, que está, naturalmento, em relação oom a quantidade e a ten- são do fluido. Geralmente se admitte qne o som é um resultado das vibrações dos cor- pose que o ar é o vihiculo geral, pelo qual são ellas transmittidas ao nosso orgam auditivo. Se o som fosse devido ao ar ondulando com a velocidade de 340 metros por segundo, e com a am- plitude de oscillação que se lhe attri- oue, um tiro de canhão produziria um tal abalo que,á vista delle, seriam um brinco as agitações dos mais violentos ilações, cuja velocidade de transia- Çllí) não vae além de 50 metros por segado. . Ei a oioctricidade do ar que, por sua "^significam* densidade, pôde mover- se comtão espan,osa Telocidade, sem produzir uma acçá. mecaniCa que, ao certo, seria fatal ao uos.^ ta0 delicado orgam da audição e, mesmo, ao nosso organismo inteiro. E' pelo fluido que encerram, qL^ os corpos e o ar intervém na produc- ção e transmissão do som. Se, pelo choque ou pelo attrito, pu- zerraos em vibração sonora uma barra de ferro, e formos gradualmente aug- mentando a intensidade e a rapidez desse attrito, suas vibrações, e, por conseqüência, as do fluido que ella encerra,crescerão na mesma proporção. Chegará, porém, um instante em que as vibrações sonoras passarão os limites das que o nossso ouvido pôde perceber, e então dá-se na barra uma manifestação de calor que, com a ae- celeração das vibrações, irá não só- mente se tornando mais forte, como mesmo terá o acompanhamento de luz. Ao inverso, se, pelo aquecimento ou uma corrente electrica, puzermos uma barra de ferro no estado de vibração luminosa, e deixarmos que essas Vi- brações vão gradualmente se extiu- guindo, tomadas as necessárias pre- cauções para que ellas não sejam, no momento favorável; contrariadas pela approximação ou o contacto de outros corpos sólidos, veremos essa barra nos dar successivamente a impressão da luz branca e do calor, de uma ou mui- tas luzes coloradas com calor, de calor sem luz apparente, e, finalmente, de som e cheiro. - A sensação pela qual percebemos esses phenomenos, é o resultado de uma^incorporação e do abalo trans- mittido ao fluido dos nossos organs pelo fluido do ar, dependendo a natu- reza dessas sensações do numero das vibrações em um tempo dado, e sua intensidade da tensão desse fluido e da amplitude das vibrações. A luz nunca se nos apresenta sem o acompanhamento do calor, e se os nossos sentidos fossem maissubtis, re- conheceríamos também que jamais ha calor sem acompanhamento de luz. 7 Em geral, o calor é uma consequen- cia necessária de toda combnstão, ao passo que, para que a luz se nos torne apreciável, é preciso o concurso de in- fluencias especiaes, entre as quaes é a principal a de attingir a temperatura aura certo gráo. O brilho luminoso de um corpo tara- bem depende de seu poder einisssivo ou irradiante, o qual é máximo nos soli- dos e minimo nos gazes. Em uma combustão a luz provem das tênues partículas sólidas que na- dam no seio da chamraa, não sendo esta mais que o resultado da inflam- inação dos gazes e vapores desprendi- dos do corpo. Quando um raio luminoso encontra um corpo, elle se divide em duas par tes, das quaes uma se reflecte nas fa- cetas da superfície, esclarecendo o corpo e vindo reproduzir a sua ima- gem em nossa retina, e a outra, depois de penetrar no corpo, sabe delle em todos os sentidos, modificada e arras- tando tênues partículas do mesmo, dando ao nosso organismo as sensações da cor, do cheiro e do sabor, pelas mo- dificações que essas partículas impri- mem nas vibrações. O calor e a luz coexistem forçosa e distinctamente, como o som, elles pro- pagam-se, reflectem-se e refractam se ^•a-undo as mesmas leis. ¦ O r.., jf]0 eiectrico, no estado de ten- sao ou dbf,orrentei nog estadoã vibra_ tonos calor.filumiduz composições ou deu, icões []úm[_ cas. Reciprocamente, toaAom ic-0 ou decomposição chnnica piv; elei> tricidade, sob uma qualquer lias for- mas por que ella se nos costuma mani- festar-se. Como os gazes, o fluido elec- tro-magnetico entra em varias com- binações com todos os elementos ma- teriaes da natureza, concorre para que estes se approximem e formem novos compostos, occasiões em que elles se desprendem sob formas variadas que vem affectar os nossos sentidos. Elle é a fonte das acções chimicas que ob- servamos por toda parte. A tendência do fluido a collocar-se em equilíbrio nos corpos visinhos lugar ás correntes, as quaes, quando ha um meio fácil de escoamento, são calmas e silenciosas, e quando encon- tram resistências, se fazem com explu- são, com acompanhamento de luz, calor, som, cheiro, combinações e de- composições chimicas, e formidáveis effeitos mecânicos. Ellas se dirigem sempre do corpo mais rico ao menos rico em fluido, ar- rastando tênues partículas materiaes do primeiro para vir collocal-as na superfície do segundo. Terminando este artigo, que vae longo, diremos com o Padre Sec- chi : « A sciencia está hoje no caso de banir de sua nomenclatura os nomes de um grande numero de fluidos, que serviram para demorar-lhe odesen- volvimento. Todos elles reduzem-se ao simples ether (fluido cósmico, fluido universal) modificado. » Assim como é um o elemento primo universal, é um o agente que transmitte o movimento á criação in- teira. Um elemento : o fluido universal; uma força : a gravitação; uma fonte de direcção : Deus, criador e re- gularisador de tudo. #

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Page 1: %mm m%imímmm Kardec... · de ferro, e formos gradualmente aug-mentando a intensidade e a rapidez desse attrito, suas vibrações, e, por conseqüência, as do fluido que ella encerra,crescerão

i.»V

Biblíotlit*ca Naciòna

,...

3P

%mm m%imímmmPUBLICAÇÃO QUINZENA!,

Anno B Btrazll — Rio de JaneSro — 1883 — Setembro — 15 M. 1»

REFORMADOROrgaiu evoliicionlftft

ASSIGNATURÂSPARA 0 INTERIOR K EXTERIOR

Semestre 6jj(000PAGAMENTO ADIANTADO

ESCRIPT0R10

120 RUA DA CARIOCA 1202.» andar

—«:»—

As assignaturâs terminam em Junho 6Dezembro.

Os trabalhos de reconhecido interessegeral serão publicados gratuitamente.

1883 — Setembro — 15.

O FLUIDO UNIVERSAL

III

Já vimos que a electricidade erauma modificação do fluido universal.

. A faculdade que ella tem de atra-vessar todos os corpos, quaesquer quesejam as densidades destes, nos indicaser ella uiagaz de extrema tenuidade,não deixando, por isso, de ser matériae de ter um peso, comquanto seja esteinapreciavel a nós, pelos meios de queainda dispomos. Ella pôde receber etrannnittir o movimento, como vemosnos phenomenos de transportes chy-micos, e nos espantosos effeitos meca-nicos produzidos pelo raio; effeitosque não se podem dar senão pelo con-curso de uma velocidade e de umamassa; mas, como essa velocidade éenorme, concebe-se que o fluido einquestão é de tal tenuidade que, mesmoâ vista dos algarismos que arepresen-tam, uma idéia segura a tal respeitoescapa aos limites da nossa compre-hensão.

O ar, que já tem um peso pequeno,produz gravíssimos effeitos mecânicos,quando animado de uma velocidade de46 metros por segundo, que é a dofuracão; ora, a velocidade de trans-•lação da electricidade é cerca de seise meio milhões de vezes maior queessa, e como todo trabalho mecânicotem por medida o producto da massapelo quadrado da velocidade, segue-se que para, sob um mesmo volume,produzir o mesmo effeito, a densidadedo fluido electrico é cincoenta tri-lhões de vezes menor qne a do ar.

Derramado pelo espaço, esse fluidopõe em commu nica ção os tantos e tãovariados mundos que, em todos osrumos, navegam nos mares do infi-nito ; ao mesmo tempo em que, en-cerrado no seio de todos os corpos danatureza, elle prende os átomos e asmoléculas formando as entidades dis-tinctas que occupam os infindos de-grãos da escala da criação.

Neste segundo caso, porém, elle semodifica em contacto com as molecu-ias inertes dos corpos, e torna-se mais

apto para atravessal-os com mais faci-lidade ; damos-lhe «Mão o nome defluido magnético.

Este varia de ura a outro corpo, se-gundo a natureza delles, sem comtudoperder suas propriedades essenciaes,que são as mesmas da electricidade.De modo que esses dois fluidos não sãomais que um, e podemos dar-lhe adenominação de electro-magnetismo.

No estado natural, sob a mesmapressão e nas mesmas condições hygro-métricas, todos os corpos encerramuma cpH<>, quantidade cio fluido efec-tvo-magnetico, constante para cadaum, como os vasos fechados, sob apressão atmospherica, encerram todosa mesma quantidade de ar. Mas, as-.sim como podemos nestes últimos,variando as pressões, augmentar oudiminuir a quantidade de ar contida,também podemos nos vasos naturaesdo fluido electro-magnetico, que sãoos corpos todos, augmentar ou dimi-nuir a que cada ura contem.

Disso resulta ura grande numero deeffeitos distinctos, de modos de maui-festação differentes, que até certotempo, foram considerados como for-ças, como entidades diversas.

Quando o corpo contém a quanti-dade de fluido que lhe é natural, apresença deste -se manifesta pelos phe-nomenos das attracções e repulsões,devidos ás vibrações do fluido inter-molecular, o que occasiona no ar am-biente um desiquilibrio, donde umadifusão do fluido que entra na compo-sição deste. A este estado correspon-dem os phenomenos da affinidade, dacohesão, da gravidade, e, em geral,da gravitação universal.

Se a quantidade de fluido fôr crês-cendo no corpo, elle tende a escapar-se, mas como encontra resistência naenvolvente aérea, vibra no mesmolugar, sendo a rapidez e as amplitudesdas vibrações tanto maiores, quantomaior fôr a quantidade de fluido accu-mulado na superfície do corpo. A estaclasse pertencem os effeitos que nosdão as sensações da luz, do som,do cheiro e do sabor, os das mu-danças . de estado dos corpos e os dascomposições edecomposiçõeschimicas.

Afinal a tensão do fluido attinge aoponto de poder vencer a resistência domeio, e então produzem-se as des-cargas.

Pretendendo fallar mais extensa-mente da electricidade no estado emque produz as attracções e repulsões,quando occuparmo-nôs com a gravi-tação universal; passamos já a fallardelia quando nos estados de vibraçãoe de correntes.

Quando o fluido electro-magne-tico emana de uma maquina ou deuma pilha, se lhe ofiterecermos umeonducto para escoar-se, cila o fazcom uma velocidade extrema, cho-cando violentamente aos objectos quese lhe apresentam, e, nestas circum-stancias, elle produz invariavelmenteos phenomenos da luz, calor som echeiro.W Accumulado nas nuvens em grandesquantidades, elle dá lugar aos mes-mos phenomenos com uma intensidade

considerável, que está, naturalmento,em relação oom a quantidade e a ten-são do fluido.

Geralmente se admitte qne o somé um resultado das vibrações dos cor-pose que o ar é o vihiculo geral, peloqual são ellas transmittidas ao nossoorgam auditivo. Se o som fosse devidoao ar ondulando com a velocidade de340 metros por segundo, e com a am-plitude de oscillação que se lhe attri-oue, um tiro de canhão produziria umtal abalo que,á vista delle, seriam umbrinco as agitações dos mais violentosilações, cuja velocidade de transia-Çllí) não vae além de 50 metros porsegado.

. Ei a oioctricidade do ar que, por sua"^significam* densidade, pôde mover-se comtão espan,osa Telocidade, semproduzir uma acçá. mecaniCa que, aocerto, seria fatal ao uos.^ ta0 delicadoorgam da audição e, mesmo, ao nossoorganismo inteiro.

E' só pelo fluido que encerram, qL^os corpos e o ar intervém na produc-ção e transmissão do som.

Se, pelo choque ou pelo attrito, pu-zerraos em vibração sonora uma barrade ferro, e formos gradualmente aug-mentando a intensidade e a rapidezdesse attrito, suas vibrações, e, porconseqüência, as do fluido que ellaencerra,crescerão na mesma proporção.

Chegará, porém, um instante emque as vibrações sonoras passarão oslimites das que o nossso ouvido pôdeperceber, e então dá-se na barra umamanifestação de calor que, com a ae-celeração das vibrações, irá não só-mente se tornando mais forte, comomesmo terá o acompanhamento de luz.

Ao inverso, se, pelo aquecimento ouuma corrente electrica, puzermos umabarra de ferro no estado de vibraçãoluminosa, e deixarmos que essas Vi-brações vão gradualmente se extiu-guindo, tomadas as necessárias pre-cauções para que ellas não sejam, nomomento favorável; contrariadas pelaapproximação ou o contacto de outroscorpos sólidos, veremos essa barra nosdar successivamente a impressão daluz branca e do calor, de uma ou mui-tas luzes coloradas com calor, de calorsem luz apparente, e, finalmente, desom e cheiro. -

A sensação pela qual percebemosesses phenomenos, é o resultado deuma^incorporação e do abalo trans-mittido ao fluido dos nossos organspelo fluido do ar, dependendo a natu-reza dessas sensações do numero dasvibrações em um tempo dado, e suaintensidade da tensão desse fluido e daamplitude das vibrações.

A luz nunca se nos apresenta sem oacompanhamento do calor, e se osnossos sentidos fossem maissubtis, re-conheceríamos também que jamais hacalor sem acompanhamento de luz.

7 Em geral, o calor é uma consequen-cia necessária de toda combnstão, aopasso que, para que a luz se nos torneapreciável, é preciso o concurso de in-fluencias especiaes, entre as quaes é aprincipal a de attingir a temperaturaaura certo gráo.

O brilho luminoso de um corpo tara-bem depende de seu poder einisssivo ouirradiante, o qual é máximo nos soli-dos e minimo nos gazes.

Em uma combustão a luz provemdas tênues partículas sólidas que na-dam no seio da chamraa, não sendoesta mais que o resultado da inflam-inação dos gazes e vapores desprendi-dos do corpo.

Quando um raio luminoso encontraum corpo, elle se divide em duas partes, das quaes uma se reflecte nas fa-cetas da superfície, esclarecendo ocorpo e vindo reproduzir a sua ima-gem em nossa retina, e a outra, depoisde penetrar no corpo, sabe delle emtodos os sentidos, modificada e arras-tando tênues partículas do mesmo,dando ao nosso organismo as sensaçõesda cor, do cheiro e do sabor, pelas mo-dificações que essas partículas impri-mem nas vibrações.

O calor e a luz coexistem forçosa edistinctamente, como o som, elles pro-pagam-se, reflectem-se e refractam se^•a-undo as mesmas leis.

¦ O r.., jf]0 eiectrico, no estado de ten-sao ou dbf,orrentei nog estadoã vibra_tonos calor.fi lumi duzcomposições ou deu, icões []úm[_cas. Reciprocamente, toaAom ic-0ou decomposição chnnica piv; -« elei>tricidade, sob uma qualquer lias for-mas por que ella se nos costuma mani-festar-se. Como os gazes, o fluido elec-tro-magnetico entra em varias com-binações com todos os elementos ma-teriaes da natureza, concorre para queestes se approximem e formem novoscompostos, occasiões em que elles sedesprendem sob formas variadas quevem affectar os nossos sentidos. Elleé a fonte das acções chimicas que ob-servamos por toda parte.

A tendência do fluido a collocar-seem equilíbrio nos corpos visinhos dálugar ás correntes, as quaes, quandoha um meio fácil de escoamento, sãocalmas e silenciosas, e quando encon-tram resistências, se fazem com explu-são, com acompanhamento de luz,calor, som, cheiro, combinações e de-composições chimicas, e formidáveiseffeitos mecânicos.

Ellas se dirigem sempre do corpomais rico ao menos rico em fluido, ar-rastando tênues partículas materiaesdo primeiro para vir collocal-as nasuperfície do segundo.

Terminando este artigo, que já vaelongo, diremos com o Padre Sec-chi :

« A sciencia está hoje no caso debanir de sua nomenclatura os nomesde um grande numero de fluidos, quesó serviram para demorar-lhe odesen-volvimento. Todos elles reduzem-se aosimples ether (fluido cósmico, fluidouniversal) modificado. »

Assim como é um só o elementoprimo universal, é um só o agente quetransmitte o movimento á criação in-teira.

Um só elemento : o fluido universal;uma só força : a gravitação; uma sófonte de direcção : Deus, criador e re-gularisador de tudo.

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llMWttUML-t l»4ftll mm» f §$£ — *<>i eiuliro — 15

7 £># SETEMBRO

Salve ! Oh grande dia de Setembro, anni-versario da emancipação poliiica do Bra-zil !

Salve! Oh grandiosos vultos que, in-cendidos no sacrosanto fogo do amor ápátria, devastes sem medo o brado s.ubli-me de independência ou morte !

Amedrontado á vista de tantos scéptròsdespedaçados, aos pés do heróe laureadopela fortuna, nos campos de Jena, Frie-dland, Marengo e Austerlits, o velho chefeda casa de Bragança deixa saudoso a ca-pitai luzitana, e vem"no seio de sua flores-cente colônia, buscar um asylo seguro,contra os vôos arrojados e ambiciososdaquelle, a quem a sorte parecia promettero império do mundo.

Estava dado o primeiro impulso; e dahia nossa inteira separação da metrópolenão havia mais que um passo. Uma vezretirada a corte para Europa, bastava-nospara dal-o um homem de vontade firmee inabalável. Foi o papel pela Providenciadestinado ao próprio herdeiro das duascoroas, rodeado desses anciãos venerandospara sempre immorredouros nos annaes danossa historia.

O medonho estampido do desastre de"Waterlôo, varrendo os ares como um fu-ração desenfreado, dispersou as nuvensamontoadas no céo das velhas monarchias,e no Armamento azulado o mundo con-templou, pasmo, o astro fulgurante doImpério do Cruzeiro.

O gigante que até ahi dormia descuidado,á sombra de suas florestas seculares, coma fronte reclinada nas alcatifadas praiasdo Amazonas, despertando ao grito levan-tado nas margens do Ypiranga, sacode nscadeias que lhe arrochavam os pulsos, e,livre e magostoso, caminha para oecuparo seu lugar no banquete das nações.

Empreguem embora seus esforços paraimpedir-lhe a marcha aquelles que buscamem um nome pomposo e, muitas vezes,vasio de sentido, a mais segura garantiada liberdade e do pregresso ; vel-o-hãosempre sereno, magnânimo e generoso, sedirigindo ao fim que por Deus lhe é indi-gitado.

Quando os clarins guerreiros o chama-ram a defender seus direitos nos camposde batalha, vistes, inspirados de um fogosanto, erguerem-se seus filhos como umsú homem, e formarem com seus pei*j9um baluarte para cobrir a bandeiçp'4"e>tantas vezes rasgada pela metralb^' tantasvezes banhada no sangue de ixyf valentes,ergueu-sevictoriosa em.Riaçy1*, °> luyllt;.v'Lomas, Itororó.^-< e alf"al1 tremulouplantada ms •Jíres da caPltal do Para"

Que essa bandeira se eleve sempre ido-latrada, por todos os que sentem no peitopulsar um coração brazileiro. Erga-se ellabem alto, não só nos ensangüentados cam-pos de batalha, mas ainda nessa lueta,mais porfiosa e mais nobre, da intelligen-cia e do progresso.

Aos hymnos que entoamos agora, ouvi,vem unir-se um cântico doce e sublime,descido das alturas.

São as vozes de nossos tantos passadosillustres que nos bradam :

« Filhos de Santa Cruz, não esmoreceina jornada! Avançai seguros, que Deusvos protegerá!»

Avancemos com firmeza e resolução.E'vasta a estrada que se estende diante

de nós ; neila não tropeçaremos nos restosdispersos de civilisações* caducas.

Possa o Brazil, sem soffrer demora emsua marcha e sem corar com a lembrançade seu passado, no dia em que atroarnos ares as trombetas dos archanjos doSenhor, concorrer com suas irmãs para aassignatura do convênio, em que hadefirmar-se para sempre a paz, a amizade ea fraternidade universal.

— —•fyV.W'V\XV*mmmm,

O SPIRITISMO E O APÓSTOLO

A manifestação do espirito de Pio IX,

publicada na secção livre do nosson. 15, cahio como uma bomba juntoao leito do Apóstolo, que, relativa-mente a nós, dormia profundo somno,lia bons três raezes, e fel-o erguer-sefurioso para, no seu numero de 29 do

passado, chamar-nos ainda ao campoda liça.

Estremecemos , acreditando queviesse munido de taes argumentos quenos fosse impossível resistir-lhe. Mas,ohl desillusãol Sempre os mesmos

palavrões, sempre a mesma pretençãode pregar aos homens o ódio em nomede um Deus de amor, de dar ao Es-

pirito Santo a responsabilidade de

quantos absurdos tem os padres in-ventado, para trazer o mundo jungidoao seu carro triumphal.

Temos vos dito e vos repetimos :Não combatemos os princípios ele-

vados pregados por Jesus; é estudandoseus ensinos que colhemos elementos,

para repellir as interpretações quevossa igreja lhes deu ; é com as suas

próprias palavras e as de seus inspi-rados apóstolos que vos combatemos.

Não aceitamos a infallibilidade pa-pai, porque o próprio Jesus declarou

que elle, o symbolo da pureza, não

possuía esse attributo, que era exclu-sivo do Pae, o só Deus verdadeiro.

Se Jesus não se dizia infallivel,como quereis que o vosso chefe tem-

poral o seja?Citaes Caussette que diz :« Para ter o direito de impor a

crença sob pena de morte eterna, um

poder deve estar certo de não se eu-

ganar ou será uma tyrannia inepta. »Esse argumento é todo contra vós.Onde encontrareis esse homem 4o-

tado da faculdade de jamais sqpn-

ganar? ^Poderá uma assembl^ 'ae homens

decretal-a a favor j^ta ou daquelle

de seus membro*Não o yodendo fazer, o que quereis

firni"'" no mundo é o domínio de umat/rannia inepta.

Não vos parece irrisório que, noultimo quartel do século XIX, doséculo das luzes e da liberdade, hajaalguém que tenha a inqualificável

pretenção de querer impor a fé?Não vos lembraes que o apóstolo

João disse :« Estudae, buscae distinguir o que

vem do céo do que vem do espirito dementira ? »

Não serão essas palavras dirigidasaos homens todos?

Com que direito quer o clero ter, só,a faculdade de pensar ?

Não achaes que a pena de morteeterna, ds que falia Caussette, é umabsurdo e vae de encontro aos attri-butos de justiça, bondade e miseri-cordia infinitas do Creador?

Como quereis que o Soberano Se-nhor dos mundos seja um simpleschanceller do homem, muitas vezes,cheio de paixões, a quem as eventua-lidades de um escrutínio, ás vezes tãoeivado de fraude, collocaram nothrono papal ?

Em nome do dogma da remissão dospeccados, nós protestamos contra essapena de morte eterna, acariciada porvós que vos dizeis os defensores dosdogmas.

Lavrastes, impensadamente, umacondemnação contra todos aquelles

que tem cíngido a tiara, quando dis-sestes :

« Imagine-se um chefe de re iigião

que conderane os que não lhe fazemactos de fé, não será isso a maismons-truosa barbaria firmada sobre a maismonstruosa loucura ? »

O que vedes senão isso, a cada passo,nas vidas dos chefes da igreja ro-mana?

Nós nos apossamos desse vosso ar-

gumento, tende paciência, e o faze-mos nosso ; respondei-o se puderdes,vamos, neg*ae o que dissestes.

Chegámos agora ao ponto mais sé-rio do vosso artigo.

Jesus, o missionário divino, insti-tuio Pedro chefe de sua igreja (igrejaespiritual, entendamo-nos bem),e mal

podia pensar que dezoito séculos de-

pois, vos erguerieis para protestarcontra a sua escolha, allegando que oescolhido não tinha superioridade na-tural alguma que explicasse sua pre-eminência no meio do collegio aposto-li co.

Deveis concluir, portanto, que Jesusnão foi justo, errou, não foi infallivel.

Enganais-vos. Pedro era superioraos outros na fé, na humildade, nasimplicidade; pedras fundamentaesda igreja do Christo e que vós nãoempregaes na construccão da vossa,

que é toda de pompa e ostentação.Agora \os pedimos quo xsttmostreis

onde disse Jesus que o poder que eíí*conferia a Pedro, seria transferido aoschefes da igreja romana, ou de qual-quer outra seita sabida do christia-nismo ?

Os apóstolos eram homens hurail-des e virtuosos e, por isso, tornavam-se dignos da inspiração dos bons es-

piritos, com cujo auxilio elles liamnas mentes dos homens seus mais se-cretos pensamentos; e se elles absol-viam ou condemnavain, não era porsi mesmos que o faziam, mas sim porlhes serem taes sentenças dictadas

pelos mensageiros do Senhor, de quemelles não eram mais que os arautos.

Procurai os suecessores de Pedroentre os pequenos e humildes, e nãoentre os que vivem cercados da maisluxuosa pompa mundana.

De todo o vosso artigo uma sócousamagoou-nos, foi o dizerdes que, emvez de discutir princípios, vos dirigi-mos ataques pessoaes.

Sois injustos.Lede os artigos com que vos temos

respondido, comparaios com os vossos,e decidi qual de nós discute princi-pios, qual de nós se limita a insultar.

Quando errarmos, chamae-nos acontas, nós vos agradeceremos, por-que queremos a verdade, só a verdade

Em Gerona um grande numero de insec-tos ihvadio as hortas das immediaçües dacidade.

O cura não quiz perder tão boa occasião,para produzir um milagre de que é tãopródiga a seita que representa, e, para-mentarlo, fulminou a eterna maldição sobreos animaculos.

O poderoso effeito da inspirada lem-branca do apostólico prelado não se fezesperar, logo que os condemnados não ti-veram mais com que satisfazer seu vorazapetite.

-—«:» —

Deixou o envoltório material o illus-trádp Spirita Sr. Nicolas Jadot, chefe devia e obras da companhia dos caminhosde ferro, Flandres Occidental.

Seu ente.rramènto foi extraordinária-mente concorrido, acompanhando o feretroo estandarte da União Spiritualista deLiége e grande numero de representantesde grupos e sociedades spirítas.

Recitaram discursos no cemitério o Di-rector da Estrada de que o desencarnadoera empregado, Presidente da AssociaçãoLiberal, Redactor do jornal Spiríta LeMessaqe» e outros.

FESTA SPIRÍTAO Centro da União Spiríta, em comme-

ração ao anniversario do nascimento deAllan-Kardec, resolveu fazer uma sessãosolemne no dia 3 do mez próximo futuro.

— »:» —

Extrahimos de uma correspondeu-cia de S. Petersburgo para a RevueSpirite o seguinte :

« A celebre médium americanaSra. Retty Fox, a que principiou em1848, o movimento contemporâneo doSpiritismo, acha-se em S. Peters-burgo.

Os jornaes Rebus, e Noveau Temps,oecupam-se largamente delia.

O artigo deste ultimo diário estáfirmado pelo notável propagandistaSpiríta na Russia,o professor Wagner.

O dedicado acadêmico, Boutterof,prometteu realisar três conferênciaspublicas sobre inediunidades.

O prograrama dessas conferênciaspublicado nos jornaes é de grandeinteresse, porém consta que foram in-terditos pela censura eclesiástica,comocontrários á hygiene moral, queos doutores ortodoxos do santo Sinodoprescrevem a seus subordinados.

De todo o modo a mencionada cor-respondencia espera melhores tempos -para n Spiritismo na Rússia, tendo áfrente homens de talento e mereci-mento como Boutterof, Wagner ee Abesa Roff, auxiliados pela notávelmédium á Sra. Fox.

—«:»—

Ha já algum tempo o Bispo deHuescae ultimamente o de Balbastro pronuncia-ram sentenças de excommunhão contra ojornal spiríta El Íris re Paz, do qual éredactor o Visconde Torres Solanot.

E' incrível que ainda existam homensem quem a razão seja tão c?ga, ou que,então, cubando seus conselhos, acreditemque a humanidade esteja ainda em talgráo de atraso que possa tomar* ao serioessa comedia, em que um homem procuraimpor asüa vontade á omnipotencia cria-dora, expellindo este ou aquelle indivi-duo, muitas vezes, por motivos ridículos epuramente filhos de interesses pessoaes,da partilha dos dons que o Criador concedea todas as suas criaturas.

Vai longe o tempo em que se cria queo excommungado era considerado comoum indivíduo ferido de um mal contagioso,de quem todos fugiam.

O mundo hoje conhece assaz o moveique conduz os que, se dizendo continua-dores dos Apóstolos do Christo, obramcom tão pouca caridade com seus irmãos,procedem de um modo tão contrario aosconselhos e ensinos desse modelo de amore devotamento, que Deus enviou-nos hadezoito séculos.

Barateando-a e empregando-a sem cri-terio, elles mesmos inutilisaram essa armaque tanto concorreu para o augmento deseu poder, nos tempos da infância da nossahumanidade.

Hoje a excommunhão provoca o riso, eseu emprego nada mais faz que chamar oridículo sobre os que crôm poder com elladeter a humanidade em sua marcha pro-gressiva.

A razão ha de elevar o Christianismomuito acima do terreno em que lutaesdesesperadamente, para conservar as mi-galhas de um poder que se vos escapa dasmãos.

—«:»—

A sociedade—La Illustracion Obre-ra, de Tarragona — creada com o in-tuito de diffundir a instrucção naclasse operaria, acaba de conferir otitulo de sócios beneméritos aos dis-tinetos Redactores dos órgãos spirítasEl Critério Spiritista, de Maárid, eLa Luz dei Christianismo, de Alcalá-la-Real.

Cumprimentamos aos illustres agra-ciados.

Page 3: %mm m%imímmm Kardec... · de ferro, e formos gradualmente aug-mentando a intensidade e a rapidez desse attrito, suas vibrações, e, por conseqüência, as do fluido que ella encerra,crescerão

**

ttEFOltlIADOIt — 1883 — Setembro — t.»

A. morte sob o ponto cie vistaNp i fita

CAPITUI.0 DESTACADO D'UM LIVRO EM VIA. DEPUBLICAÇÃO SOBRE A DOUTRINA SPIRÍTA

pelo

DR. WAHUTp*dnzidn do Monithcr de Uruiellas

(Continuação)

Os Indous, Gregos,Romanos e Gau-lezes queimaram seus mortos.

Qual a razão por que não faremoscomo elles ?

A hygiene nos diz : que o homemdeve desapparecer, porém que quandoabandona seu envolucro material,estenão deve apodrecer, porque em apo-drecendo torna-se em perigo eminentepara os vivos.

Qual o melhor modo de fazer desap-parecer, sem prutrefacção, o corpohumano ?

Ha só um e esse é a cremação, oucombustão.

Certos theologos e mesmo a maiorparte delles seguem as palavras do Ge-nesis da Bíblia ; Tu comerás o pão como suor de teu rosto, até que voltes á terradonde sahiste.

Esses theologos partem desse prin-cipio para provar que é irreligiosoqueimar os corpos.

Preferem que só sepultem e queapodreçam, como se pratica com osaniraaes domésticos (como cães,burros,etc.)

Eis abi palavras mal comprehen-didas, porque o verdadeiro sentido daspalavras publicadas, é que os elementosmateriaes do corpo humano, tendosido tirados dos elementos do planetaqne habita, este corpo, desde que aalma o abandona, deve reentrar parao reservatório commum.

Ora, não estamos mais no tempo emque a terra era um dos quatro elemen-tos, e a chyraica nos mostra que umcorpo humano pesando por exemplo 74kilos, não comtém senão 12 kilos e192 grammas (isto é, uma 6* parte só-mente de matérias sólidas, phosphatode cal, carbonato de cal, etc), que seconservam na terra, desde que a de-composição do corpo está terminada,emquanto que as outras 6" partes con-sistem em gazes (oxigênio 750 metroscúbicos, pesando 55 kilos; hydrogenio3,000 metros cúbicos pesando 7 kilos ;azoto 1 1/2 metro cúbico) voltam paraa atmosphera.

te E OMITI 11!

O QUARTO DA AVO'ou

A felicidade na familiaPOR

Melle. MONNIOT

Ordeno-vos rjue vos imeumutuamente,

(EvANi:. S. Joio, XV, li).

TRADUZIDO POR H. G.

Nada se nota abi de irreligdoso, amenos que se queira comprehenderque, dando á natureza pela combustãorápida esses 3.151 metros cúbicos degaz, que infallivelmente parávella de-vera vobtar,e que atual mente nos nossoscemitérios não voltam senão por umalenta decomposição pútrida (a qual narealidade só é uma lenta combustão)causa,inapercebida na maior parte doscasos, de doenças e morte.

E' bom notar, que os gazes de queacabo de fallar não podem ter ne-nhuma influencia perniciosa, desdeque se tornem em um estado de purezapela combustão rápida do corpo, em-quanto que,quando são o resultado dadecomposição pútrida, formam com oenxofre, o phosphoro, etc., contidosno corpo humano, combinações chi-raieas muito perigosas a respirar-se.

Parece pois que é querer lutar in-consideradamente com o progresso dahygiene publica, continuar a ajun-tar a podridão dos corpos ao aspectojá tão repugnante da morte do corpo.

No estado actual das cousas e sobretudo quando se professa um granderespeito aos mortos, trata-se exacta-mente, como já disse anteriormentecom os animaes domésticos: enterram-os era uma medíocre profundidade eahí os deixam apodrecer.

Quer se trate da sepultura de umapessoa rica, que se enterra com grandeapparato em carneira de familia, ouda valia commum onde se enterramos cadáveres dos pobres, o resultadoé absolutamente o mesmo.

Esse cadáver, que mormente nospaizes quentes, tem-se difficuldade deconservar na casa mortuaria, duranteo tempo legal, visto como a decompo-siç.ão se accelera, enteira-se afim deque não envenene os vivos, o que nãoimpede inteiramente de envenenal-os,pois que os gazes fétidos e nocivosatravessam os próprios muros dassepulturas e abi se decompõem, con-diçõesque inspiram horror e o desgosto

E' abi immediatamente invadido pormilhares de vermes de toda a espécie,attraídos pela putrefação, e que dissovivem.

: Com certeza não haverá mãe, ma-rido ou parente que deseje contemplar,ainda que por cinco minutos, uma sóvez o corpo do ser que lhe era tão caro,depois de estar enterrado.

Porém, independente destas causasparticulares de horror e desgostos, haaja

IVESCOLHA DE UMA CAZA

(Continuação)

Estava tudo decidido.A separação decretada em pouco seria

executada.A Elvza só restava resignar-se e foi o

que ella tentou fazer.Entregue como outr'ora á sua solidão

junto a sua avó, pois que a Sra. A*e suaqíilhas passavam os dias fora e as noitesno andar térreo.

Elyza aceitou silenciosamente e semmurmurar a perda das doces illusões quetinham oor. um instante encantado e...perturbado sua vida.

Redobrou de attentos cuidados para comsua avó, de affectuosas attenções paracom seus jovens primos, cuja petulância súella conseguia diminuir, para trazel-osmais socegados ao quarto de sua venera-vel avó.

Quando ella os via acariciar a Sra. Vai-brum ou receber delia seus affagos, comuma alegria infantil e encantadora, quando

ella mesma, como que aquecida ou reani-mada pelos raios de amor que, escapando-se do olhar materno a envolviam em umaatmosphera de paz e ternura, pergun-tava:

Que desejarei mais além disto queme resta?Sim, meu Deus, respondeu ella, suf-focandoum suspiro, sim, sou feliz ainda...

Que vossa vontade seja feita!

VFANNY NO QUARTO DE SUA AVÓ

A. Sra. A" e Mathilde tinhim já recebidomuitos convites para partidas e concertos.

Nesteannò, a boa cidade de Ba" pareciamais animada que do costume.Nossa joven parisiense ouvia repetir,com tanta maior satisfação, quanto emseu secreto orgulho, ella iião estava longede attribuir esta animação anormal á pre-sença de sua mãe e á síia própria.

> Entretanto, as duas senhoras ainda nãotinham aceitado um só desses convites :esperavam que estivessem estabelecidosem sua casa e em circumstancias de poderretribuir em parte as amabilidades quelhes eram prodigalisadas.Um grande baile, dado na perfeitura,tnumphou, porém, de seus escrúpulos.

Esse, sem duvida alguma, devia ser obaile mais esplendido da estação.Além disso, essa era a occasião de apre-

sentar-se com esplendor á cidade inteira,de firmar de um só golpe a reputaçãobrilhante que se mereci-*.

Realmente seria loucura, perder-se, esteensejo talvez único e tão propicio!...Assim, ao menos, raciocinava Mathilde,

que sem difficuldade conseguio que suamãe aceitasse o convite.Começaram então os preparativos de

vistuarios, negocio esse tão importante,

as da insalubrídade das populações ;insalubridade que resulta da maiorou menor agglomeração de cadáveres,em maior ou menor g-ráo de decompo-sição, era cemitérios situados a poucadistancia das cidades e villas.

Por pais que se faça, não se pôdeimpedir que exista 'continuamente

dentro d'um cemitério urna atmos-phera prejudicial aos viventes ; e dequalquer lado da cidade ou villa quese estabeleça o cemitério, o vento emuma época certa e, muitas vezes, du-rante dias inteiros levará as emana-ções do cemitério para o centro dapopulação.

>' Objectar-se-ha talvez que nos ce-miterios, existem numerosas planta-ções, e que as arvores sobretudo sa-neiam o ar.

E' um grave erro."Ellas desprendem o oxigênio du-

rante o dia e gaz ácido carbônico du-rante a noite, tornam portanto duranteo dia o ar mais respira vel, e mais vitalem toda a parte mais do que nos ce-miterios.

Nos cemitérios, desprendem igual-mente o oxigênio, porém esse oxige-nio não neutraliza, de fôrma alguma,os gazes nocivos e os miasmas queemanam da putrefacção constante.

Que não se argua do pequeno nu-mero relativo de enterros que se fazdiariamente ou mensalmente, é neces-sario não esquecer que na maior partedos terrenos a decomposição cadave-rica dura quatro a cinco aíinos e, mui-tas vezes, mais.

Temos portanto de soffrer constan-temente em todas as localidades asinfluencias perigosas de todos os ca-daveres enterrados durante os quatroou cinco annos precedentes.

Todos os motivos que acabo de ex-por, obrigam-nos a abandonar o syste-ma deinhumação que inspira desgostoe que exerce tão funestas influenciassobre os vivos.

E' aos Spirítas, elles que compre-hendem tão bem o que se liga ao serhumano, que convém lutar a favorda cremação.

Finalmente, se depois de milharesde annos, a insíneração 7'ornar-se usogeral e exclusivo na Europa, e quealguém venha propor continuar como uso de enterrar-se e por conseguintefazer apodrecer os corpos (esta pro-posta seria muito mal acceita), os ar-gumentos a favor da cremação o con-

ao que parece, que essas senhoras a ellese entregaram com o mais vivo interesse.Antes, durante e depois das refeições,

únicos niomentos em que Elyza via'suatia e primas, ella não ouvio mais fallarsenão de modas e fazendas.

E quem poderia descrever as agitações,os toimentos e os incommodos causadospor esses frivolos assumptos !

Mathilde perdera o somno e o apetite.Nossas fe-rinaldas da loja de Nattier,não chegarão em tempo! dizia ella fre-quentemente á Sra. A\ Encontraremosaqui um bom cabelleireiro? Não vos pa-rece, minha mãe que faremos bem, con-tentando-nos com Lodoiska? Ella sahir-se-ha melhor sempre do que um artista deprovíncia.Elyza, perguntou a Sra. A*, qual ea costureira da Sra. de Chelles? Ella veste-se sempre muito bem.E melhor saber qual a da Sra. P*.minha mãe, replicou Mathilde; porémjduvido que Elyza, nol-o possa dizer.Não, minha pri ma, nada sei realmentea tal respeito.

Que contrariedade! disse Mathildecom impaciência.

Suas contrariedades não ficaram ahi.As difficuldadesde encontrar tudoo queera preciso para uma vestimenta completa,

Mathilde, nada encontrando assaz novoentre os vestidos de que ella já se tinha.servido"; o vagar das costureiras ; as demo-ras das remessas de Pariz; algumas or-dens mal comprehendidas ou talvez maldadas e que oceasionaram novos contra-tempos; todos esses enfados, todos essesdissabores torturavam a pobre Mathilde.

Elyza perguntava de si para si se o pra-zor que esperava sua prima compensariatantos trabalhos.

Fanny perguntava-o alto e em bom som,escarnecendo de sua irmã, que partilhavaas inquietações de Mathilde.

tra o enterro abundariam e seriamfacilmente acceitos.

Qual a razão de não admittir-sehoje essas opiniões?

Porque não adoptar-se-ha uma pra-tica que só offerece vantagens, e tãoserias como sejam a salubridade pu-blica e a diminuição das causas demortalidade, e porque conservar-se-hao uso actual qoe tem tantos inconve-nientes e tão graves?

Sei que a pratica daencineração dosmortos encontrará muitos obstáculoscom o andar do tempo, por causa dospreconceitos.

Assim, por exemplo, os christãosrecusam-na adoptar porque dizemelles qué é um costume pagão._E' muito singular que se mostrem

tao contra a idéia da cremação, queelles qualificam de'paga. guando ellesmesmos imitaram os costumes dos pa-gãos e não temeram tirar dos judeusos psalmos que cantam em suas Igre-jas, copiaram da Biblia judia o Ge-nesis, a legenda de Adão e Eva, deNoe, do dilúvio, etc, herdaram dosjudeus a agua-santa, a água lustrai,e imitaram-os nas vestes sacerdotaes,etc.

Encontro no jornal A Plustração de15 de Agosto de 1874, o artigo se-guinte :

« Os mais temíveis adversários dacremação na Inglaterra são os mem-bros do corpo ecclesiastico, por teme-rem que, se tal medida fôr adoptada.venham perder uma das melhores par-tes de suas rendas.

Só na cidade de Londres as despezascom iuhumações montam annualmentea mais de vinte e cinco milhões defrancos, da qual o clero anglicano per-cebe pouco mais de um terço.

Ha muito pouco» tempo, o Bispo deLincoln fez um grande sermão, mos-trando com o auxilio da Escriptura(Biblia) e dos Evangelhos que a creinação é obra paga, incompatível coma dourtina christã e, por conseguinte,condemnada por Deus.

Entre outras cousas, disse aos par-tidarios da cremação que seu fim nãoé uma empreza de salubridade pu-blica, mas sim o de especular com ascinzas de seus pães. »

Desde que uma religião chega aoponto em que seus] ministros portam-se desse modo, è signal de que ella vaemal encaminhada.

(Continua).

Entretanto, quando chegou emflm ogrand* dia, estava tudoprompto : osbellosornamentos das duas senhoras ficavam-lheperfeitamente.

Lodoiska tinha brilhado no penteado.A phisionomia (osemblante^ de Mathildebrilhara de satisfação; porém', as esperan-ças de vaidade mal dissimuladas, prejudi-cavam essa fronte de deseseis annos ondesó deveria transparecer a candura e amodéstia.

A moça, que tornara-se amável, tendo-se tranquilisado, despediose graciosamentede sua irmã.Quanto a Fanny, mostrava-se pouco abor-recida, respondendo apenas ás ternas ins-tancias de Elyza, que, não querendo dei-xal-a só, dizia-lhe:

Sobe comigo ao quarto de vovó. As-sim passaremos juntos alguns instantesantes de deitarmo-nos.Por fim Elyza convenceu-a : mas Fannvrepetia com máo humor:Mamãe e Mathilde não se importamcomigo : comtanto que ellas se divirtamnão querem saber de mais nada.Oh! não falles assim de tua mãe.Fanny : isso é feio, muito feio, disse Elyza.Além disso podes sentir não compartilhar

esses prazeres, quando não cessaste dezombar de Mathilde, por causa do baile.Não me lastimo por causa do baile '•

porém aborreço-ine por ficar só, isto é'sem mamãe nem Mathilde.Vais vèr nossa cara avó e tão poucasvezes tens essa satisfação .

« Além disso tua visita tornal-a-ha con-tente : quanto a mim, eu já o estou só porlevar-te junto a ella.Tu estás tão acostumada á reclusão...Sim, interrompeu sorrindo-se Elyzae como não o estou a tua companhia tam-bem haverá festa para nós.

(Continua).

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4 RsEFOltllADOIt — Ittrtft — Setembro — 15

SECÇÃO ECLÉTICA

O <|UO é O M|>ÍB>!dB.*-|BM4»

Intrvducção ao conhecimento do mundoinvisível pela manifestação dos espi-ritos contendo o resumo dos princípiosda doutrina spiríta e a resposta ásprincipaes objecções. *

ALLAN-KARDEC¦Sem caridade não ha salràçãci

CAPITULO IPEQUENA CONFERÊNCIA SPIRÍTA

2..° DIALOGOO SCRVTICO

(Con tina a ção)OS INCRÉDULO» NÃO PODEM VER PARA

CONVENCEREM-SE

Visitante.—São factos positivos queos incrédulos desejariam vêr, que pe-dem, e que as mais das vezes não selhe pôde fornecer.

Se todo o mundo podesse ser teste-munha desses factos, a duvida nãoseria mais permittida.

Como suecede, pois, que tantaspessoas nada tenham podido vêr,apezar de sua boa vontade?

Oppõe-se-lhes, dizem elles, sua faltade fé; a isso elles. respondem comrazão que não podem ter uma fé ante-ei pada, e que se se quizer que ellescreiam, é mister dar-lhes os meiosde crer.

Allan-Kardec. — A razão disso ébèm simples.

_ Elles querem os factos â sua dispo-sição e os espíritos não obedecem áimposição; é necessário esperar suaboa vontade.

Não basta, pois, dizer : — Mostrae-metal facto, e eu acreditarei; é misterter a vontade da perseverança, deixaros factos produzirem-se espontânea-mente, sem pretender forçal-os oudirigil-os; aquillo que desejaes, seráprecisamente talvez o que não obte-reis; mas apresentar-se-ão outros, eaquelle que quereis virá no momentoem que menos o esperardes.

Aos olhos do observador attento eassíduo, dahi surgem massas que secorroboram umas ás outras mas aquelleque julga que basta voltar uma ma-nivellapara fazer andar uma machina,engana-se extraordinariamente.

Que faz o naturalista que quer es-tudar os costumes d'um animal?

Ordena-lhe elle que faça tal ou talcousa para ter todo o vagar de obser-val-o á sua vontade ?

Não, porque sabe perfeitamente queelle não lhe obedecerá; elle espreitaas manifestações espontâneas de seuintineto; elle as espera e dellas seapossa de passagem.

O simples bom senso mostra quecom mais forte ra-ião deve suecedero mesmo aos espíritos, que são intel-ligencias muito mais independentesque as dos animaes.

E' um erro crer que a fé seja neces-saria* mas a boa-fé é outra cousa;ora, ha scepticos que negam até aevidencia, e a quem prodigios nãopodem convencer.

Quantos não ha que, depois de tervisto, não persistam menos em expli-car factos á sua maneira dizendo queisso nada prova !

Essas pessoas não servem senãopara levar a desordem ás reuniões,sem proveito para si; é por isso quenós os desviamos dellas, e que nãoqueremos perder nosso tempo comellas.

Alguns ha até que ficariam bemdesgostosos por se verem obrigados acrer, porque seu amor próprio soffreriaem convir que elles se enganaram.

Que responder ás pessoas que nãovêm por toda parte mais que illusâoe charlatanismo ?

Nada, deve-se deixal-os tranquillose dizer, emquanto elles quizerem,queelles nada viram ou mesmo que nadase lhe fez vêr.

A par desses scepticos obstinados,estão os que querem vêr a seu modo;que, tendo formado unia opinião,querem tudo por ella explicar, ellesnão comprehendem que phenonienosnão possam obedecer á sua vontade ;não sabem ou não querem collocar-senas condicções necessárias.

Aquelle que quer observar de boafé, deve, não digo crer sob palavra,mas dispir-se de toda a idéia precon-cebida; não quer assimilhar cousasincompatíveis: deve esperar, seguir,observar com uma paciência infatiga-vel; essa mesma condição é em favordos adeptos, pois (pie ella prova quea sua convicção não é formada preci-pitadamente.

Tendes essa paciência?Não; dizeis vós, não tenho tempo.Então não vos oecupeis disso, não

falleis mais * ninguém a isso vosobriga.

BOA OU MÁ VONTADE DOS ESPÍRITOS PARACONVENCEU

V.—Entretanto, os Espíritos devemtomara peito fazer proselytos ; porquenão se prestam elles melhor do queo fazem aos meios de convencer certaspessoa%- cuja opinião seria d'umagrande influencia'?

A.-K.— Apparentemente elles nãoprocuram, por ora, convencer certaspessoas cuja importância elles nãomedem como ellas próprias.

Isso é pouco lisongeiro, convenho,mas não impõem a opinião delles;os Espíritos têm uma maneira de jul-gar as cousas que nem sempre é anossa ; elles pensam e obram de con-formidade com outros elementos; em-quanto nossa vista é circumscriptapela matéria, limitada pelo estreitocirculo em cujo centro nos achamos,elles abrangem tudo ; o tempo, quenos parece tão long-o, è para elles uminstante ; a distancia não é mais queum passo; certos detalhes, que nosparecem de extrema importância, sãoa seus olhos puerilidades; e por con-trapeso elles julgam importantes cou-sas cujo alcance não penetramos.

Para comprehendel-os, é misterelevar-se pelo pensamento acima donosso horisonte material e moral, ècollocar-nos em seu ponto de vista ;não compete a elles descer até nós, éa nós qne compete subir até elles, eeis a que nos conduzem o estudo e aobservação.

Os espíritos amam os observadoresassiduos e conscienciosos; para esteselles multiplcain as fontes de luz; oque os afasta, não é a duvida quenasce da ignorância, é a fatuidadedesses pretendidos observadores quenada observam, que pretendem collo-cal-os sobre a barquinha e fazel-osdançar como bonecos; é sobretudo osentimento de habilidade c diffamaçãoque elles trazem, sentimento que estáno seu pensamento, se não está emsuas palavras.

A'quelles,os EpiritÒs nada fazem epouco se incommodam com o que ellespodem dizer ou pensar, porque che-gará a sua. vez.

E' a razão porque eu disse que nãoé a fé que é necessária, mas sim aboa fé.

(Continua).

LOUCURA E OBSEDAÇÃO

Todas as percepções do mundo physiconos são fornecidas' pelos sentidos, por in-termedio do cérebro, centro do nossso sys-tema nervoso.

Uma alteração nos organs da visão pôdeprivar o cérebro da sensação correspon-dente, e o espirito da faculdade de vêr.

Soffrimento idêntico em outro orgamimpossibilita-o de transmittír ao centronervoso as impressões que elle possa re-ceber do mundo material, e o indivíduo

assim ferido fica fora do caso de conheceras propriedades dos corpos que o cercam.

Se fôr o cérebro n parte enferma, as im-pressões vindas dos sentidos serão nellealteradas e, assim com municiadas ao espi-rito, o arrastam a formar idéias falsas so-breu mundo physico; e, se eom ellas qui-zer conformar seus actòs, praticará despa-rate?, segundo o julgar daquelles que seacham no estado normal.

Dá-se, assim, a loucura, quando o cere-bro se acha physicamerite ferido.

Nesse caso, porém, a loucura não podeter intermittoncias, e o indivíduo, umavez desapparecida a lesão, ficará inteira-mente curado.

Existe, porém, n loucura com momentoslúcidos, durante os quaes d enfermo nosespanta com o acerto de suas idéias e aregularidade de seu modo de obrar.

Se examinarmos o cadáver de um infelizque tenha soffrido desta segunda espéciede loucura, encontraremos todos os seusórgãos perfeitos.

Isto nos leva a admittir que a causa domal não está no corpo.

O homem é um espirito servido por or-garis; se estes estão sãos, a causa do soifri-mento está no sujeito mesmo, isto é noespirito.

A sciencia moderna começa apenas alevantar o véo que nos esconde o mundoinvisível.

Hoje sabemos que é pelo cérebro quenosso espirito transmitte suas determina-ções ao corpo, e recebe as impressões vin-das dos sentidos.

Vae-se tornando conhecido o poder im-mènsõ do magnetismo, fluido que reúneem um só todo a totalidade da creação.

W por meio desse fluido que os espíritosse communicam uns com os outros.

Por elle um espirito máo ou atrasado,visto que a maldade não é mais que umamanifestação do atraso moral, pôde influirsobre um outro encarnado, fazendo-lhe tersensações desagradáveis e contrarias,áquel-Ias que seus organs lhe transmittem, eassim levando-o a praticar actos que dãolugar a que o classifiquem de louco.

A acção desse espirito pôde não ser con-tinua e produzir assim y.s intermittenciaslúcidas.

Perguntarão, sem duvida, como permittea divina justiça que o espirito obscurecidopela carne, esteja assim sujeito aos cri-minòsos caprichos dos que erram no es-paço.

íiesponder-lhes-hemos que, antes deencarnar-se, o espirito pede as provas porque tem de passar.

Nos momentos lúcidos o homçm pôdejulgar que defeitos moiaes o collocam soba acção desses irmãos soffredores e, corri-gindo-se, conseguirá afastal-oa de si.

Com a oração, com o esforço feito paramelhorar-se,

'póde-se ficar curado da ob-

sedacão.

GÊNESE ESPIRITUAL

UNIÃO DO PRINCIPIO ESPIRITUAL E DAMATÉRIA

(Continuação)

Devendo ser a matéria o objecto dotrabalho do Espirito para o desenvol-vimento de suas faculdades, era pre-ciso que elle podesse actuar sobre ella,motivo porque veio nella residir,comoo lenhador reside na matta.

Devendo ser a matéria ao mesmotempo o objecto é o instrumento dotrabalho, Deus, em vez de unir o Es-pirito á pedra rigida, creou, para seuuso, corpos organisados, flexíveis, ca-pazes de receber todos os impulsos desua vontade, e de se prestar a todosos seus movimentos.

O corpo é ao mesmo tempo o envo-lucro e o instrumento do Espirito, e ámedida que este adquire novas apti-does, reveste um envolucro apropriadoao novo gênero de trabalho que deverealisar, como se dá á um operárioutencilios menos grosseiros á propor-ção que elle se torna habilitado á fa-zer um trabalho mais delicado.

Para mais exactidão, deve-se dizerque o próprio Espirito é quem fabricaseu envolucro e o apropria á suas no-vas necessidades; elle o aperfeiçoa, odesenvolve e completa o organismo ámedida que sente a necessidade demanifestar novas faculdades ; em re-sumo, adapta-o á sua intellig-encia ;Deus lhe fornece os materiaes :á ellecompete pol-os em obra; é assim queas raças adiantadas têm um organismo,ou melhor, um arsenal cerebral maisaperfeiçoado do que ás raças primiti-vas.

Assim se explica igualmente o ou-hhò especial que o caracter do Espi-rito imprime aos traços da phisiono-mia e nos gestos do corpo.

; Desde que um Espirito enceta avida espiritual, deve, para seu adian-tamento, fazer uso de suas faculdades,em começo rudimentarias : razão por-que reveste um envolucro corporalapropriado á seu estado de infânciaintellectnal, envolucro que deixa pararevestir um outro à proporção que suasforças crescem.

Ora, como em todos os tempos houvemundos, e que esses mundos deramnascimentos á corpos organisados pro-prios á receber Espíritos, em todos ostempos os Espíritos acharam, qualquerque fosse o gráo de seu adiantamento,os elementos necessários á sua vidacarnal.

Sendo exclusivamente material, ocorpo passa pelas vicissitudes da ma-teria-

Depois de ter fuuccionado por ai-gum tempo, se desorganisa e se de-compõe; o principio vital, não achandomais elementos para a sua actividade,extingue-se e o corpo morre.

O espirito, para quem o corpo pri-vado de vida é dahi em diante semutilidade, o deixa, como se deixa umacasa em minas ou uma veste impres-tavel.

O corpo é pois apenas um envolucrodestinado a receber o Espirito; desdeentão, pouco importa sua origem e osmateriaes de que è construído.

Seja ou não o corpo do homem umacreação especial, nem por isso deixade ser formado dos mesmos elementosque o dos animaes, animado do mesmoprincipio vital, aquecido pelo mesmofogo, como é esclarecido pela mesmaluz, sujeito ás mesmas vicissitudes eás mesmas necessidades : é um pontosobre o qual não pôde haver contes-tação.

A não considerar senão a matéria,fazendo abstração do Espirito, o ho-mem não tem pois nada que o dis-tinga do animal; mas tudo muda deaspecto si se faz uma distineção entrea habitação e o habitante.

Um grande senhor, n'uma choupanacom as vestes de um aldeão, é sempreum grão senhor.

O mesmo acontece com o homem ;não são as suas vestes de carne que oelevam acima do bruto e o faz um será parte : é o seu ser espiritual, seuEspirito.

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CoiiimuiticaeSes «Balemii oi mulo

Amigos e companheiros.— A luta seapproxima de um ponto, em que 6 neces-sario que, cada um que queira seguir ocaminho indicado por Christo, se resolvaa romper com essas vaidades, esses nadaspelos quaes o homem tem sacrificado ofuturo de gosos que Deus lhe destinava.

E' preciso muito amor para se ser Spi-rita.

Preparae-vos para a luta.Estai alerta, trabalhai e orai.

Osório.

Filhos. — Muito soffre na Terra quemmuito tem a pagar.Crêde que tado na vida é provas pedidaspelo espirito, antes de encarnar-se, parareparar e progredir.

O espirito atrasado que se lança, cego,sobre seus irmãos, pecca, compromette-seaos olhos de Dens e torna-se credor de umcastigo, ao mesmo tempo em que, sem oquerer, concorre para o cumprimento dasprovas daquelles a quem persegue.Não os odieis,compadecei-vos, orai muitopor elles; é só perdoando e fazendo-lheso bem pelo mui que merecereis tambémde Deus o perdão de vossas culpas.

Filhos! Não vem longe o tempo em quea verdade triumphará aos oHios de todos,em que todos, grupados em torno do es-tandarte do Redemptor do mundo, mar-charemos unidos para a verdade, presospelos laços da fraternidade e do amor.

Orai, crêde e esperai.Daniel.

Typooraphia do REFORMADOR