mixdown - revista backstage · usar várias pistas, dentre elas midi, Áudio, algumas com samplers...

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TECNOLOGIA | SONAR 82 www.backstage.com.br Daniel Farjoun é autor do livro MIX – O poder da mixagem, e trabalha com mixagens para todo o Brasil pelo site: www.opoderdamixagem.com.br Mixdown Mixdown no Sonar m se tratando de mixagem esté- reo, podemos definir que mix- down é o nome do processo que reduz todas as pistas e clips ativos de sua mix em um arquivo mono ou estéreo (L+R). O intuito de se usar um pro- grama de gravação multipista como o Sonar é o de poder usar várias pistas (instrumentos, por exemplo) ao mes- mo tempo. Do contrário, poderia ser usado um programa como o Sound Forge, em que não existe o processo de mixdown nos conceitos que va- mos usar aqui, apenas se formos pas- sar uma música estéreo para mono. Justamente por termos a facilidade de usar várias pistas, dentre elas MIDI, ÁUDIO, algumas com samplers e gera- dores de som (Soft Synths) inseridos, efeitos externos (hardwares) proces- sados em tempo-real, subgrupos e mandadas de efeitos é que existe a ne- cessidade desta redução e do aprendi- zado para fazê-la da melhor forma pos- sível. A primeira coisa que você deve ter em mente para fazer o mixdown é: “O que vou fazer com este arquivo?”. Esta pergunta pode ser respondida de diversas formas, diante das inúmeras mídias e possibilidades de reprodução da sua criação sonora. Você pode fazer uma música para um CD, um jingle para rádio FM ou AM, uma trilha Olá Pessoal, Este mês darei uma atenção especial aos amigos leitores que necessitam das orientações corretas para transformar o projeto aberto do Sonar em um arquivo para tocar no CD, fazer parte da trilha sonora de um programa de TV, DVD ou disponibilizá-la na Internet. A este processo, damos o nome de “mixdown” E para tv aberta, uma trilha para tv di- gital, um áudio para DVD, disponibi- lizá-las na internet para streaming ou para download, colocá-las em seu MP3 player, Ipod, etc. As possibilida- des são realmente imensuráveis, uma vez que a cada dia, novas e novas tecnologias e suportes são inventa- dos. Dependendo da sua escolha, a resposta pode ser a geração de um ar- quivo final com diferentes profundi- dades de bits (bit depths) e taxas de amostragem (sampling rate). É o fa- moso 16 bits e 44.100 Hz ou 24 bits e 96 kHz, por exemplo. Se o resultado final for para ser toca- do em um CD de áudio, o arquivo ge- rado deverá estar em 16 bits e 44.1 kHz. Se for para rádio AM ou FM, po- derá ser mono ou estéreo, mas tam- bém em 16 bits e 44.1kHz. Se for para um DVD, o arquivo gerado poderá es- tar em 24 bits e 48 kHz, ou mesmo 24 bits e 96 kHz. Há DVD e áudio que trabalham com 24 bits e 192 kHz. Se o arquivo vai para Internet, 16 bits e 44.1 kHz está de ótimo tamanho. Como na Internet quanto menor o arquivo mais rápido o download, ar- quivos com extensões MP3 ou wav são ótimos para diminuir o tamanho final do arquivo e garantir uma quali- dade bem aceitável para a maioria dos Parte I

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TECNOLOGIA | SONAR

82 www.backstage.com.br

Daniel Farjoun é autor do livro MIX – O poder

da mixagem, e trabalha com mixagens para

todo o Brasil pelo site:

www.opoderdamixagem.com.br

MixdownMixdownno Sonar

m se tratando de mixagem esté-reo, podemos definir que mix-

down é o nome do processo que reduztodas as pistas e clips ativos de suamix em um arquivo mono ou estéreo(L+R). O intuito de se usar um pro-grama de gravação multipista como oSonar é o de poder usar várias pistas(instrumentos, por exemplo) ao mes-mo tempo. Do contrário, poderia serusado um programa como o SoundForge, em que não existe o processode mixdown nos conceitos que va-mos usar aqui, apenas se formos pas-sar uma música estéreo para mono.Justamente por termos a facilidade deusar várias pistas, dentre elas MIDI,ÁUDIO, algumas com samplers e gera-dores de som (Soft Synths) inseridos,efeitos externos (hardwares) proces-sados em tempo-real, subgrupos emandadas de efeitos é que existe a ne-cessidade desta redução e do aprendi-zado para fazê-la da melhor forma pos-sível. A primeira coisa que você deveter em mente para fazer o mixdown é:“O que vou fazer com este arquivo?”.Esta pergunta pode ser respondida dediversas formas, diante das inúmerasmídias e possibilidades de reproduçãoda sua criação sonora. Você pode fazeruma música para um CD, um jinglepara rádio FM ou AM, uma trilha

Olá Pessoal,Este mês darei umaatenção especial aosamigos leitores quenecessitam dasorientações corretaspara transformar oprojeto aberto doSonar em um arquivopara tocar no CD,fazer parte da trilhasonora de umprograma de TV, DVDou disponibilizá-la naInternet. A esteprocesso, damos onome de “mixdown”

E para tv aberta, uma trilha para tv di-gital, um áudio para DVD, disponibi-lizá-las na internet para streaming oupara download, colocá-las em seuMP3 player, Ipod, etc. As possibilida-des são realmente imensuráveis, umavez que a cada dia, novas e novastecnologias e suportes são inventa-dos. Dependendo da sua escolha, aresposta pode ser a geração de um ar-quivo final com diferentes profundi-dades de bits (bit depths) e taxas deamostragem (sampling rate). É o fa-moso 16 bits e 44.100 Hz ou 24 bits e96 kHz, por exemplo.Se o resultado final for para ser toca-do em um CD de áudio, o arquivo ge-rado deverá estar em 16 bits e 44.1kHz. Se for para rádio AM ou FM, po-derá ser mono ou estéreo, mas tam-bém em 16 bits e 44.1kHz. Se for paraum DVD, o arquivo gerado poderá es-tar em 24 bits e 48 kHz, ou mesmo 24bits e 96 kHz. Há DVD e áudio quetrabalham com 24 bits e 192 kHz. Seo arquivo vai para Internet, 16 bits e44.1 kHz está de ótimo tamanho.Como na Internet quanto menor oarquivo mais rápido o download, ar-quivos com extensões MP3 ou wavsão ótimos para diminuir o tamanhofinal do arquivo e garantir uma quali-dade bem aceitável para a maioria dos

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ouvidos dos “simples mortais” (usuá-rios comuns). Normalmente, os arqui-vos em MP3 ficam aproximadamente10 vezes menores que os seus originaisem wav (sem compressão). Por exem-plo: um arquivo wav de 4 minutos deduração em 16 bits e 44.1 kHz ocupaaproximadamente 40MB (megabytes)de espaço. Este mesmo arquivo emMP3 com 128kbps ocupa apenas 4MB.Estes são alguns tipos de arquivos queo Sonar permite salvar como resultadodas “reduções”: wave, broadcast wave,windows media advanced streamingformat, MP3, aiff (mac), W64 (sony),dentre outros.

Arquivos .wav são os originais que dãoorigem a um CD de áudio (aqueles quetocam no carro, no microsystem, etc).São bons porque te permitem fazer tes-tes de sua mixagem em outros lugaresaté que você chegue à sua mixagem de-finitiva. Em um CD de áudio, em que osdados são armazenados sem compres-são (chamado de PCM - Pulse CodeModulation), os dados são transferidos

a uma taxa de 1411,2 Kbps, ou seja, cadasegundo de áudio ocupa 176,4 KB.1411,2 divididos por 8 (bits) =

176,4Kb.

Cada minuto ocupa cerca de 10 MBde espaço. Não foi preciso fazer mui-tas contas para saber que uma músicade 4 minutos ocupa 40MB dentro de

seu HD ou CD, por exemplo. Oproblema é que quando faze-mos o mixdown, ainda precisa-mos fazer uma série de mudan-ças nestes arquivos para deixaro CD homogêneo. Depois des-te processo da mixagem, aindaexiste a pré-masterização (amasterização é um processoquímico que só acontece de-pois, lá na fábrica).Os arquivos que vão para apré-masterização devem estarainda na qualidade original dagravação, ou seja, se você gra-vou em 24 bits e 44.1 kHz, façao mixdown para o mesmo for-mato. Se gravou em 24 bits e96 kHz, mantenha o formato e

faça o mixdown para 24 bits e 96 kHz.Você pode estar se perguntando: maspor que devo deixar tudo na mesmaqualidade do original?A resposta é muito simples: se vocêainda não terminou de fazer alteraçõesnos áudios, mantenha sempre a maisalta qualidade possível. Tudo o quevocê mexer (alteração de volume, efei-tos, etc) vai modificar o sinal e muitas

vezes diminuindo a qualidade. Quan-to mais alto você está, mais você podedescer e continuar apreciando a vista.É mais ou menos o que acontece com oáudio. Se você reduz a qualidade, qual-quer alteração pode diminuir a quali-dade do áudio e te fazer perder a “belapaisagem” que você curtia.Por outro lado, se você não for man-dar masterizar fora a sua mix e pre-tende usá-la em CD, Internet ou tele-visão, por exemplo, terá que conver-ter o arquivo final para o formato pa-drão do CD (16 bits e 44.1 kHz). Nor-malmente as gravações de hoje estãosendo feitas com taxas de amos-tragem superiores a 44.1 kHz, en-quanto o CD de ÁUDIO só funcionacom 44.1 kHz. Além do mais, o seuáudio deve ter sido gravado em 24bits enquanto a profundidade de bitsdo CD é de 16 bits. Estes valores nãoforam citados por acaso. É graças aoteorema de Nyquist que usamos estesvalores. Você conhece este teorema?Sabe o que afirma?Segundo Nyquist, a taxa de amos-tragem deve ser pelo menos duas vezesmaior que a maior freqüência que sedeseja registrar. Em outras palavras:uma vez que o ouvido humano captade 20 Hz a 20 kHz, devemos ter umataxa de amostragem duas vezes maiorque a maior freqüência (20 kHz). Ouseja, uma taxa de pelo menos 40 kHzdeve ser usada para que todas as fre-qüências possam ser representadas.

Os arquivos que vão para a pré-masterização devem estarainda na qualidade original da gravação, ou seja, se você

gravou em 24 bits e 44.1 kHz, faça o mixdown para omesmo formato. Se gravou em 24 bits e 96 kHz, mantenha

o formato e faça o mixdown para 24 bits e 96 kHz

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Taxas maiores permitem o uso de filtros com decaimentosmais suaves que causam menos distorções de fase, especial-mente nas freqüências mais agudas. Por isso, a taxa de 44.1kHz foi adotada para os CDs.Ok! Mas se temos um áudio gravado em 24 bits e 48 kHz(ou mais), em algum momento será preciso passar para 16bits e 44.1 kHz certo? Certíssimo, mas tem um porém...Nesta transformação de bits e taxa de amostragem, muitainformação tem que ser jogada fora. Para que você possa fa-zer a conversão com a melhor qualidade possível, é muito im-portante a escolha e o uso correto do dither. Em poucas pala-vras, dither é a adição de um ruído aleatório ao sinal paraminimizar os “d”efeitos auditivos causados pela redução (er-ros de quantização). O dither deve ser aplicado na últimaetapa da conversão, após a pré-masterização. Na verdade, sevocê vai pré-masterizar no seu estúdio, deverá aplicar odither sempre que for passar para CD para testar suamixagem em outros sistemas. Se você quer se aprofundar naquestão dither e erro de quantização, encontrará estes e ou-tros assuntos no meu livro MIX – O poder da mixagem, lan-çado pela Editora H. Sheldon.(www.opoderdamixagem.com.br)

CUIDADO COM O CLIPPING!

É sempre bom lembrar que o sinal nunca deve passar de 0dB (no Sonar é indicado em todas as pistas de áudio e busesno VU – quando ultrapassa a barreira de 0 dB, aparece a luzvermelha, indicando que o sinal “clipou”). Você estará da-nificando o sinal e terá um resultado pior do que qualquererro de quantização que possa ocorrer. Veja o gráfico paraentender o que acontece com a onda quando o sinal ultra-passa o limite máximo de representação dos bits.

Um sistema digital de 16 bits comporta 65.536 níveis dequantização. O menor deles é o 0000000000000001 e o maiordeles o 1111111111111111. Isto quer dizer que é impossívelregistrar níveis acima de 1111111111111111. Se por algumdescuido o sinal da gravação ou da sua mix ultrapassar 0 dBFS,o sistema irá simplesmente ignorar aquela informação extra

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(real) e registrará apenas o que ele é ca-paz (1111111111111111). O que nosistema analógico gera um ceifamentomuitas vezes amigável, no digital oclipping gera uma distorção no sinal ex-tremamente desagradável. É claro que ésempre bom ter estes conhecimentos(em alguns casos até fundamental,como no caso do clipping), mas jamaisse limite a estas questões e deixe de fa-zer alguma coisa criativa. Não se limiteao seu equipamento. Pense que a arte émuito maior que zeros e uns. Tecno-logia não é e nunca foi barreira para sefazer música de qualidade. Uma boacomposição será boa SEMPRE.Agora que você já sabe onde irá usareste arquivo e quais as medidas a se-rem tomadas para poder fazer ummixdown com qualidade, apresenta-

rei algumas das situações que vere-mos na próxima edição.

- Como preparar o projeto para omixdown – mute, solo e seleção.- Entender a janela do mixdown(menu file / export / áudio).

e-mail para esta coluna:

[email protected]

Não se limite ao seuequipamento. Pense que a

arte é muito maior que zerose uns. Tecnologia não é enunca foi barreira para sefazer música de qualidade.Uma boa composição será

boa SEMPRE

- Como fazer o mixdown de projetosque possuam apenas pistas de áudio,subgrupos e plug-ins.- Como fazer o mixdown de projetosque possuam soft synths funcionan-do em tempo-real.- Como configurar o Sonar para omixdown de projetos que possuamprocessadores de efeitos externosfuncionando em tempo-real.- Como exportar apenas um trechodo projeto.- Como exportar todas as pistas doprojeto em arquivos separados.- Como exportar o projeto sem os plug-ins,sem ter que deletar ou dar um bypass emcada um deles e outras possibilidades.