edição 232 - revista backstage - o som de cada pazeiro

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O som de cada PAzeiro - Ricardo Vidal e Marcos Sabóia revelam como conseguem uma sonoridade própria no PA | Iluminação - Nova turnê do Rappa aposta na projeção mapeada concebida por Danny Lonal | Tecnologia - Logic Pro - Descubra o que a nova funcionalidade Drummer pode fazer por você | Apollo Twin - Veja como ter acesso a plug-ins de referência na simulação de processamento de sinal analógico | Gigplace: Douglas da Costa e a profissão de técnico de monitor | Baixo: conheça os captadores tesla | Ableton - Agrupe efeitos para ter um multi-instrumento | Pro-tools - Explore as opções que vêem de fábrica

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SOM NAS IGREJAS

Sumário

Umas das característicasque quase todo

profissional adquire aolongo de sua experiência édeixar sua marca pessoalnos trabalhos que realiza.

Nesta edição entrevistamosMarcos Sabóia e Ricardo

Vidal, técnicos das bandasSorriso Maroto e O Rappa,

que contam comexclusividade como

buscam uma identidadeprópria na sonoridade de

cada banda.

SumárioAno. 20 - março / 2014 - Nº 232

14 Vitrine

Selecionamos alguns produtoslançados na Winter NAMM e

apresentamos outras novidadesque chegam ao mercadobrasileiro.

20 Rápidas e Rasteiras

Fernanda Terra é a novaendorsee da Yamaha e aitaliana RCF tem novo distri-buidor oficial no Brasil.

26 Gustavo Victorino

Fique por dentro do queacontece nos bastidores domercado de áudio.

28 Gigplace

Nesta edição, o entrevistadoé Douglas da Costa, que falasobre a profissão de técnicode monitor.

34 Um pouco de tudoO músico, compositor, arranja-dor e produtor Reinaldo Barri-ga fala de sua trajetória entre

os diversos estilos musicais, quevão do rock ao sertanejo.”

“ 66 Baixo elétricoNa hora de fazer um upgrade no equi-pamento, a primeira questão é me-

lhorar a sonoridade. Para isso, há di-versos modelos de pickups no mer-cado. Os captadores Tesla, que che-gam ao mercado brasileiro, podemser uma opção.

70 Cubase - produção musicalAlunos do 36° Curso Internacional deVerão, em Brasília, assistiram à disci-

plina Criação e Produção Musical econteúdo prático em técnicas de mi-crofonação e gravação.

74 Black Sabbath e a JBLTécnico de PA da lendária bandade rock and roll, Greg Price aprova osistema VTX, da JBL, e Vertec du-rante o show em São Paulo.

96 Vida de ArtistaAs memórias do quinto disco da du-pla Sá & Guarabyra, Dez Anos Jun-tos, que apesar do sucesso foi reco-lhido das lojas por conta de um pro-cesso judicial.

NESTA EDIÇÃO

Estúdio para independentesCriado para atender e fomentar a cena independente fluminense,o estúdio Tomba, em Niterói, chega aos 15 anos atendendo tam-

bém o mercado corporativo que foge do convencional.

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CADERNO TECNOLOGIA

58 Ableton Live

Sonho de muitos músicos

performáticos, o Ableton dá aopção de agrupar instrumentos eefeitos em cadeia para formar ummulti-instrumento.

62 Mixagem na monitoração

Uma das fases mais importantes

para uma boa mixagem é a

monitoração, mas como cadacaixa tem sua particularidade, éimportante escolher a que melhorse adapta ao seu trabalho.

78 Vitrine

Leve e prático, o Gobo Zoom

Projector é o projetor de gobos comcontrole DMX ideal para projeçõesde logos e nomes. A linha MAC, daMartin, vem trazendo produtos commais brilho e perfeição, ideais paraaplicações mais exigentes.

CADERNO ILUMINAÇÃO

80 Cenários e tendências

Com a conquista de vez dos

LEDs no setor de eventos

culturais e musicais, é hora deavaliar algumas tendências paraos projetos de iluminação cênica.

48 Tecnologia

A Universal Audio lança sua nova

Apollo Twin, interface compacta que

oferece a mesma qualidade sonoraconsagrada da família Apollo.

52 Logic Pro

Desvendamos o drummer para

você, uma das mais novas funcio-

nalidades do Logic Pro X.

56 Pro Tools

Repleto de opções que são habilita-

das de fábrica para facilitar a vida dousuário, nesta edição, conheça maisum pouco sobre as principais

preferências do sistema.

Cores do RappaNova turnê do grupo, Nunca Tem Fim..., adota novo conceito de ilumi-nação e faz uso de projeções mapeadas. Projeto, desenvolvido por

Danny Nolan, foi adaptado também para a estrada pelo lightingdesigner da banda, Leonardo Detomi.

Expediente

Os artigos e matériasassinadas são de respon-sabilidade dos autores.É permitida a reproduçãodesde que seja citada afonte e que nos seja envia-da cópia do material. Arevista não se responsa-biliza pelo conteúdo dosanúncios veiculados.

DiretorNelson [email protected] administrativaStella [email protected]@backstage.com.brCoordenadora de redaçãoDanielli [email protected]ãoHeloisa BrumTraduçãoFernando CastroColunistasCezar Galhart, Cristiano Moura, GustavoVictorino, Jorge Pescara, Lika Meinberg,Luciano Freitas, Luiz Carlos Sá, MarcelloDalla, Ricardo Mendes e Vera MedinaColaboraram nesta ediçãoAlexandre Coelho e Ricardo SchottEdição de Arte / DiagramaçãoLeandro J. Nazá[email protected] Gráfico / CapaLeandro J. NazárioFoto: Divulgação

Publicidade / AnúnciosPABX: (21) [email protected]

Webdesigner / MultimídiaLeonardo C. [email protected] AlvesPABX: (21) [email protected] de CirculaçãoErnani [email protected] de CirculaçãoAdilson SantiagoCrí[email protected]

Backstage é uma publicação da editoraH.Sheldon Serviços de Marketing Ltda.

Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - JacarepaguáRio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549CNPJ. 29.418.852/0001-85

Distribuição exclusiva para todo o Brasil pelaFernando Chinaglia Distribuidora S.A.

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atenderá aos pedidos de números atrasados enquantohouver estoque, através do seu jornaleiro.

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siga: twitter.com/BackstageBr

morte do repórter cinematográfico da TV Bandeirantes, SantiagoAndrade, no início do mês de fevereiro, vem suscitando uma série

de questionamentos e ações em torno do tratamento que deve receberquem pratica crimes contra jornalistas no Brasil. Uma delas é a propostade federalização das investigações de crimes cometidos contra repórte-res, fotógrafos e cinegrafistas, defendida por membros da AssociaçãoBrasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e da FederaçãoNacional dos Jornalistas (Fenaj).

Uma das principais discussões dos jornalistas no Brasil e no mundo é afalta de atenção por parte das autoridades e entidades de classe sobre ainsegurança no exercício da profissão. No entanto, sabemos que res-guardar o direito de quem está em pleno exercício da profissão não étradição no Brasil, haja vista que as ações somente são pensadas e as dis-cussões retomadas quando o país está diante de alguma tragédia, como aque ocorreu em Santa Maria, na boate Kiss, em janeiro de 2013.

As más condições de trabalho que a maioria dos repórteres, fotógrafos ecinegrafistas encontram no dia a dia não são, infelizmente, exclusivasdessa classe. Enquanto apenas nesse ano de 2014 (e até o fechamentodessa edição) três jornalistas já haviam sido mortos no Brasil – o quesignifica três vidas perdidas em menos de dois meses –, entre novembrode 2013 e fevereiro de 2014, cinco pessoas perderam suas vidas duranteo trabalho nos estádios da Copa, só para citar os casos mais famosos.

Agora, se decidirmos olhar e contabilizar acidentes e mortes por falta desegurança em eventos que acontecem pelo Brasil, por exemplo, prova-velmente esse número irá triplicar. Só para citar mais dois casos recen-tes, temos o do jovem que morreu após um trio elétrico pegar fogo nointerior da Paraíba e do cantor sertanejo Valdemir Resplandes Freires,vítima fatal de choque elétrico quando se apresentava em um bar nacidade de Araguaína (TO).

Tragédias calam tragédias, que se sobrepõem umas às outras e são esque-cidas de acordo com os interesses mercantilistas dos envolvidos. É pre-ciso entender que não basta termos expertise e bons profissionais, sejameles em qualquer área, porque um mercado de trabalho saudável e com-petitivo não se faz apenas com bons salários, mas também com cuidadoe respeito pela vida de cada profissional.

Boa Leitura,

Danielli Marinho

CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

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EWDMX IPwww.elationlighting.com

O equipamento é um transmissor/receptorDMX sem fio integrante da nova geraçãode controladores DMX sem fio daElation Professional. Compatívelcom todos os produtos EWDMX eW-DMX da marca, esse novo produ-to oferece um suporte completoRDM e vem em um gabinete IP65embutido para uso em área externa. OEWDMX IP usa o protocolo G4 W-DMX para funcionamen-to em dual band, uma maneira fácil de conectar equipamentos remotos paraum sistema DMX. Ele oferece ainda uma forma rápida e fácil de conectar e configurar um sis-tema de iluminação e é especialmente útil para um sistema de iluminação com dispositivos elétricos em queseja dispensável a necessidade de cabos. Mesmo com um alto nível de tráfego sem fio, o EWDMX IP funciona deforma confiável graças à tecnologia Adaptive Frequency Hopping, que usa apenas canais não utilizados por outroW-LAN e qualquer outro equipamento nas frequências de bandas de 2.45 GHz ou 5.8 GHz. O resultado é umaconexão muito mais confiável e sem interferências.

MIDAS M32www.proshows.com.br

Lançada na Namm 2014, o novo console digital MIDAS, a M32, engloba conceitos da Behringer e vem com ele-mentos de design inspirados na Bentley de Rajesh Kutty, com assinatura identificada com as clássicas MIDAS.Possui uma estrutura física bem simples e elegante para revolucionar a experiência de mixagem ao vivo. Entre ascaracterísticas do instrumento estão performance ao vivo e em estúdio de gravação, com até 40 canais de entradasimultâneos; 32 premiados pré-amps MIDAS (linha PRO); 25 bus de saída (configuráveis); networking AES50,que permite até 96 entradas e 96 saídas; arquitetura aberta para a futura operação 96 kHz; ADC 192 kHz e DACconversores para excelente desempenho de áudio e estrutura de fibra de carbono de alta performance, alumínioe aço de alto impacto, entre outras.

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ROLAND FA-06 E FA-08www.roland.com

A empresa lançou na WinterNAMM 2014 duas workstationsdesenvolvidas para operar intuiti-vamente independentemente doambiente musical. Elas vêm comgrandes seleções de sons da Roland, um sequencer de 16 tracks, um sampler fácil de usar além de uma integraçãoDAW perfeita. A série FA reinventa completamente a estação de trabalho de música para que se faça o mínimode esforço em tempo real, com máximo fluxo de trabalho e máxima versatilidade. Ao contrário de estações detrabalho típicas de teclado que limitam o processo criativo com características complexas, a série FA simplificadapermite aos usuários explorar profundamente e desenvolver ideias musicais com menos esforço.

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LEXSEN PX-1505A KITwww.proshows.com.br

A Lexsen PX- 1505A kit é um sistema de caixas acústicaspara uso profissional com baixa distorção, amplo alcancee alta sensibilidade. É ideal para trabalhos e instalaçõesem que o reforço de som é mais requisitado. Conta comduas caixas PX -1504A / PX-1505P. É um produto comexcelente custo-benefício, fácil montagem e não precisade técnico para instalação. Possui entrada SD/USB, siste-ma 400W RMS e vem com cabo Speakon.

KURZWEIL SP4-8www.equipo.com.br

O Kurzweil SP4-8 é o sucessor do best seller SP88 que combina a qualidade sonora Kurzweil com portabilidade eacessibilidade sem precedentes. O novo SP4-8 oferece muito mais em um instrumento elegante, leve e extrema-mente simples de operar. Ele vem com 88 teclas com ação de martelo, display de 16 caracteres, LCD, com ajustede contraste no painel frontal; polifonia de 64 vozes, com alocação dinâmica; e ainda 128 programas de fábrica,extraídos dos sons do aclamado PC3. Controles Pitch Wheel, Modulation Wheel, 1 knob no painel frontal, 1entrada para pedal sustain e 1 entrada para pedal de expressão são outras características do produto.

D80www.decomacbrasil.com

O novo amplificador D80 da d&b conta com 4 canais de alta densidadede potência e incorpora processador de sinal digital (DSP) que oferececonfigurações das caixas e funções específicas. Ele foi projetado parauso com qualquer um dos sistemas d&b e tem entradas e saídasanalógicas e digitais, bem como controle remoto (via computador),recursos de monitoramento e proteção de circuitos sofisticados. É umamplificador classe D projetado especificamente para fornecer energiaa baixas cargas de impedância entre 4 e 16 ohms. Ele também usa uminterruptor on e off com Power Factor Correction (PFC), adequadopara 100-127V/20B tensões - 240V, 50-60 Hz.

ARRAY PLANE 10www.taigar.com.br

O line array modelo Array Plane 10 possui alto-falan-tes B&C 2x10" + 1 driver neodímio como bobina de3” e qualidade acima de tudo. Destacam-se ainda comocaracterísticas do produto 610W RMS AES, coberturaH: 130º, resposta de frequência de 85 Hz - 20k Hz +/-3dB, SPL 1W / 1m: MF 101,5 dB / HF 108 dB e dimen-são de A315 x P510 x L810 mm.

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BENSON LP 55 GOLDwww.proshows.com.br

A Benson Custom LP 55 Gold veio para impressionar os músicos dos mais diversos estilose gostos. Esta versão possui corpo Alder e braço em Canadian Hard Maple. Escala emRosewood com 22 trastes, ponte Tune-o-matic e ferragens Gold. Seu diferencial está noscaptadores Seymour Duncan Seth Lover – SH 55 que, por conta dos componentes de suaconstrução, permanecem fiéis ao desenho e ao timbre vintage P.A.F original. Ultra-autên-tico, Alnico2, P.A.F. - estilo humbucker. Excelente para country, jazz, blues, classic e rock.

KOSS KC25www.equipo.com.br

Adaptador de 6,3 mm, arco intercambiável para melhoradaptação, almofadas com acolchoamento isolante edesign durável. Somados a essas características, o novofone de ouvido da Koss KC25 ainda possui uma respostade frequência entre 20 Hz – 18 kHz, impedância de 32ohms, sensibilidade de 90 dB SPL/1mW e, para maisconforto e adaptação, cabo de 1,20 metros.

THR10Xwww.yamaha.com.br

A Yamaha Musical do Brasil acaba de aumentar a famíliade amplificadores portáteis com o lançamento doTHR10X. O produto chega ao mercado para suprir asnecessidades dos guitarristas de heavy metal que bus-cam distorções pesadas, graças à capacidade de respostas

dinâmicas. O THR10X apresenta a mesma performance dos melhores amplificadores valvulados, mas em um tamanhocompacto e versátil, com apenas 2,8kg. O novo amplificador vem com adicionais como cabos USB e mini estéreo,adaptador AC e DVD Cubase AI. O THR10X vem na cor verde escura e funciona com duas pilhas alcalinas AA.

MICROFONES VOKALwww.sonotec.com.br

A Vokal apresenta nova linha de microfones para 2014. Construídos com materiais resis-tentes ao alto impacto e desenvolvidos dentro do mais alto padrão de confiabilidade, osnovos modelos lançados são VM-500, VMM-100 e KL-5. O microfone VM-500 agoratem uma nova opção com três unidades. Trata-se de um kit com três microfones com fio,reunindo ótimo acabamento, resposta de frequência de 50Hz a 15kHz, captação dinâmicae impedância de 400 ohms, além de uma chave Liga/Desliga e cabos P10 e XLR de 5metros cada. O microfone VMM-100 é uma das principais novidades da Vokal para 2014e é indicado para púlpitos e plenários, como igrejas e câmaras legislativas. Já o KL-5 ofere-ce captação dinâmica, chave Liga/Desliga e um cabo P10 e XLR de 5 metros.

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Modernizaçãono sistema do Teatro SesiO teatro do Sesi, no Centro do Riode Janeiro, inaugurou um novo sis-tema de sonorização com equipa-mentos da Meyer Sound. O projetofoi desenhado pela empresa SealTelecom, especializada na implan-tação e dimensionamento de sis-temas de comunicação, cuja preo-cupação era não prejudicar a estru-tura do teatro, por se tratar de umprédio antigo. A solução foi o uso

de caixas acústicas Meyer Soundda MINA, que, por se tratar deum equipamento compacto e fle-xível na montagem, otimizam oespaço, sem perder a qualidadesonora. A mesa de som que inte-gra o sistema é a CL5 da Yamaha.As caixas acústicas MINA foramutilizadas do Festival Internaci-onal de Jazz, em Montreal, a pro-duções da Broadway.

D&B NO PINK CADILLAC

O restaurante Pink Cadillac, em Moscou, que ficou famoso em umadas cenas do filme Pulp Fiction, ganhou um sistema de som da d&b. Odiretor geral Alexander Evstratov, da AE Consulting, empresa res-ponsável por recomendar a d&b para o projeto de som do restaurante,explica que foram usados o software de simulação Array Calc com ascaixas d&b T-Series e T-Subs configurados em arranjos.

NOVO DISTRIBUIDOR OFICIAL RCF NO BRASILA rede de lojas Ninja Som é o novo distribuidor oficial dos produtos de áudio

profissional da marca italiana RCF. Mais informações e catálogos de produtos pelo

site www.ninjasom.com.br ou pelo telefone (11) 3362-8000.

LUCAS BRANDÃO É NOVOCOMPOSITOR DACIRCUITO MUSICALO compositor sul-matogrossense

Lucas Brandão se juntou à Circuito

Musical, que além de produtora

também é selo musical e editora.

Administrada pela Universal Music,

conta com autores como Toquinho,

Mutinho, Teroca, Tião Carvalho, An-

tonio Skármeta, Kabelo e Tom Cu-

nha, entre outros.

FERNANDA TERRA É ANOVA ENDORSEE DAYAMAHAA Yamaha Musical do Brasil acaba

de ganhar mais uma integrante em

sua família de endorsees. Trata-se de

Fernanda Terra, baterista da banda

Kombato e professora de bateria do

Instituto Everdream, que utilizará em

seus shows as baterias eletrônicas

DTX562K. Fernanda toca bateria

desde os treze anos de idade, influ-

enciada por nomes como Chad

Smith, Iggor Cavalera e Keith Moon.

Ela também ministrou aulas de bate-

ria no primeiro Girls Rock Camp no

Brasil, além de diversas outras ofici-

nas de música e festivais.

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AVID NO GRAMMY

Na cerimônia que aconteceu no dia26 de janeiro em Los Angeles, os ce-lebrados prêmios por excelência namúsica foram concedidos a váriosartistas, produtores e engenheirosque utilizam as soluções de áudio daAvid. Profissionais do áudio, usuári-os de soluções Avid, criaram traba-lhos premiados incluindo o Álbumdo Ano para Random Access Me-

mories do Daft Punk, Single do Anopara Get Lucky do Daft Punk e Phar-rell Williams e Música do Ano paraRoyals de Joel Little e Ella YelichO’Connor (Lorde).Outros projetos de artistas, produ-tores e engenheiros que usam as

soluções Avid e que foram premia-dos pelo Grammy incluem Radio-

active do Imagine Dragons (MelhorPerformance de Rock), Unorthodox

Jukebox de Bruno Mars (MelhorÁlbum Vocal Pop) e The Heist deMacklemore & Ryan Lewis (Me-lhor Álbum de Rap).“É uma grande honra saber quegrandes talentos do áudio profissi-onal mundial escolhem Pro Toolse a completa linha de soluções deáudio da Avid para gravar e produ-zir as melhores músicas em umaampla gama de gêneros,” comen-tou o Presidente e CEO da Avid,Louis Hernandez, Jr.

AES E ABRIPjuntas em maio

A AES – Sociedade de Engenharia deÁudio (Brasil) – e a ABRIP – Associa-ção Brasileira de Iluminação Profissio-nal – firmaram um acordo de coopera-ção que trará novidades para o mercadobrasileiro de áudio, iluminação, tec-nologia e instalações especiais na 18ªAES Brasil Expo, que acontece entre13 e 15 de maio. Estão previstas diver-sas palestras voltadas aos profissionaisde iluminação e demonstrações de

equipamentos e treinamento em mesasde iluminação no Expo Center Norte,em São Paulo. Durante os três dias daAES Brasil Expo, as empresas associadasà ABRIP também demonstrarão equi-pamentos, palcos, estruturas, movinglights, lasers, fibras e tubos ópticos, pro-jetores, lâmpadas, canhões, refletores epainéis com tecnologia LED, bem comosistemas de conexão, programação econtrole por consoles ou wi-fi.

Walter Ulmann (AES Brasil), Esteban Risso (ABRIP) e Joel Brito (AES Brasil)

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FUNARTE DISTRIBUI INSTRUMENTOS

A Fundação Nacional de Artes(Funarte) realizou a primeiraetapa da entrega dos instrumen-tos de sopro às bandas contem-pladas com o Prêmio Funarte de

Apoio a Bandas de Música 2013,no dia 11 de fevereiro, na SalaFunarte Sidney Miller, no Cen-tro do Rio de Janeiro. A segundaetapa foi programada para ser emBelo Horizonte, no dia 13 de fe-vereiro, com a entrega de 134instrumentos para bandas dascidades de Antônio Carlos,Joaíma, Ouro Preto e Ubá. Aterceira etapa, dia 20 de feverei-ro, na capital paranaense, bene-ficiou sete bandas e a entregados instrumentos foi no Audi-

tório Itibirê, da Secretaria deEstado de Cultura do Paraná,no centro de Curitiba.A edição de 2013 do PrêmioFunarte de Apoio a Bandas deMúsica contemplou 187 proje-tos, de vários estados, das cincoregiões do país, com a distribui-ção gratuita de instrumentos desopro. Cada concorrente partici-pante pôde escolher até cincoinstrumentos entre bombardinoem si b; bombardão tuba ¾ em sib; clarineta 17 chaves em si b;saxofone alto em mi b; saxofonetenor em si b; trompete em si b;trombone de Vara em si b; flautatransversa em dó; trompa cro-mática em Fá/si b.

Paraná Clubetem novo sistema de som

O salão de eventos da sede social doParaná Clube, em Curitiba (PR), pas-sou recentemente por uma reforma,ganhando novos sistemas de sono-rização e de iluminação. O projeto desom ficou a cargo da empresa AmercoBrasil, que utilizou equipamentosVertical Array (Colunas) e o DoubleArray (Sistema de Pista), ambos damarca Italiana Peeckersound, e paraos subgraves foram adicionados ele-

mentos da também Italiana X-TremeAudio. O sistema no local ficou com-posto por: (PA) 02 x PSUT8AE + 02x PSUT8TE + 4 x XTHPS36/A;(Delay) 02 x PSUT8AE + 2 x PSUT-8TE; (PISTA) 4 x AS4L + 4 x AS16-MH; (Side-Fill) 2 x PSUTBASE/A+ 2 x PSUT-ST70 + 2 x PSUT8TE.Todo esse sistema é controlado pelosseus respectivos e dedicados proces-sadores e amplificadores.

BAR NA MALÁSIA TEMSISTEMA NEXT-PROAUDIOA Next Integration Engineering, a

distribuidora da NEXT-Proaudio na

Malásia, projetou o sistema de

sonorização do famoso Q-BAR, em

Sibu, na Malásia. O desafio era ins-

talar um sistema de som que atingis-

se alto nível de pressão sonora e

qualidade compatível com os con-

ceitos do Q-BAR, inspirado no estilo

lounge club nova-iorquino, com

uma diversidade de noites te-

máticas e DJs residentes. A equipe

de engenheiros da Next Integration

Engineering optou pelos X-line, LA

Series e MA series, incluindo 4-X15,

2-X12, 2-XS118, 4 –LAS218. Todo o

sistema é potencializado pelas

MA3200 e MA3800 e controlado

por um 2-NSound DP240.

MIDAS CLASSNo dia 12 de fevereiro, a ProShows

promoveu em São Paulo o Midas

Class, um treinamento de áudio

profissional ministrado por Emerson

Duarte, especialista em produtos

da marca. O evento teve como prin-

cipal objetivo capacitar os profissio-

nais de áudio com suportes for-

mativos na operação da família

Midas Pro Series. O treinamento ca-

racterizou-se pelo tratamento de

toda a parte operacional dos con-

soles Midas, abrangendo a configu-

ração dos stage box via AES50,

Patching, salvamento de cenas,

shows e presets, Chanel Strip, efei-

tos e automação do console; o que

habilita o profissional a não só fazer

mixagem, como também a operar

toda a configuração do sistema. O

Midas Class contou com a presen-

ça dos técnicos Valtinho, João

Libarino, Luis Siqueira, Pardal, Flá-

vio, Kadu Mello e Luizão.

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EQUIPO RECEBE VISITA DE EXECUTIVOS DA CORT

Os diretores Juliano e EvertonWaldman, da Equipo – importa-dora e distribuidora exclusiva demais de 20 grandes marcas deinstrumentos musicais, equipa-mentos de áudio profissional eiluminação – se reuniram, noinício do mês, com o executivoda marca Cort, Jun Park, na sededa empresa. Em sua primeira visi-ta ao país, o executivo, além dediscutir com os diretores da Equi-po algumas estratégias comerci-ais para 2014, conheceu de pertoa realidade e as dificuldades domercado brasileiro de instru-mentos musicais, visando nãosomente compreender o setorcomo também estudar meios decontribuir ainda mais para o

crescimento da marca no Brasil.Jun Park visitou um dos princi-pais centros de comercializaçãode instrumentos musicais da cida-de de São Paulo, como as regiõesda Teodoro Sampaio e SantaIfigênia, e ficou extremamentesatisfeito com a exposição damarca, já prevendo novas açõesde marketing no decorrer do ano.Há mais de 50 anos, a Cort produzguitarras, violões e baixos e ofere-ce ampla linha de instrumentos,com modelos dedicados aos maisdiferentes estilos e preferências,todos cuidadosamente desenvol-vidos de forma quase artesanal. AEquipo é a distribuidora exclusi-va da marca no país. Mais infor-mações: www.equipo.com.br

Os consoles Midas Pro Series estive-ram presentes no Festival PlanetaAtlântida 2014. Tanto na edição deSanta Catarina como no Rio Grandedo Sul foram usados Midas Pro2 ePro6 como consoles de monitor, PA econsole master do F.O.H.A equipe do Só Pra Contrariar con-tou com consoles Midas Pro2 paramixagem do PA, operado pelo técni-co Ivan Cunha, o Batata. No PlanetaRS, o técnico Daniel Lima, responsá-vel pela mix da banda ComunidadeNin Jitsu, utilizou a Midas Pro2 no

Midas no Planeta Atlântida

PA. A Midas Pro6 foi usada comoconsole para os monitores in-ears dabanda The Offspring. No palco alter-nativo do Planeta Atlântida RS –“Palco do Pretinho” – todos os técni-cos que por lá passaram, tiveram aoportunidade de fazer suas mixes comMidas Pro2. Segundo o especialistade produtos de áudio Pro da Pro-Shows, Emerson Duarte, o sistemaMidas Pro Series é bastante intuitivoe segue com uma linha de raciocíniovoltada à mix em consoles analó-gicos, como os Midas Xl4.

PROLIGHT+SOUNDA ProLight+Sound e a Musikmesse,

feiras internacionais de áudio, ilumina-

ção, instrumentos musicais, software

e hardware de música, partituras e

acessórios acontece entre os dias 12

e 15 de março de 2014, em Frankfurt,

Alemanha. O evento, que apresenta

todos os anos uma programação

que inclui concertos, concursos de

bandas, entrega de prêmios, work-

shops, sessões de autógrafos e de-

monstrações ao vivo, oferece des-

conto para quem comprar o ingresso

antecipadamente. O passaporte

para todos os dias sai a • 46 na pági-

na www.tickets.messefrankfurt.com

e dá direito a acesso gratuito à rede

de transporte público de Frankfurt

durante os dias de feira.

JOÃO ROCKDIVULGA LINEUP 2014O festival de rock que acontece esse

ano dia 31 de maio, em Ribeirão Pre-

to (SP), já tem atrações confirmadas.

O evento terá três palcos, que rece-

berão grandes nomes da música

como Nando Reis, Jorge Ben Jor, Zé

Ramalho, Os Paralamas do Sucesso,

CPM 22, Nação Zumbi e O Rappa,

que se revezam em dois palcos, sem

intervalos. No Palco Universitário, se

apresentam paralelamente Nem

Liminha Ouviu, Ponto de Equilíbrio,

Vanguart, Raimundos e Vespas Man-

darinas. Além das atrações musicais,

a produção prepara uma grande es-

trutura que garantirá conforto aos ro-

queiros de plantão. Uma área de es-

portes radicais, com apresentações

de diferentes modalidades como

Bungee Jump, Motocross, Skate, en-

tre outras será destaque no evento,

que abrigará também área de alimen-

tação, camarotes e pista premium.

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FRAUDEA onda vintage não pára de fazer vítimasaqui e lá fora. Produtos vendidos como ori-ginais antigos são muitas vezes falsificaçõesfeitas com extremo cuidado e precisão.Notadamente no segmento de instrumen-tos de corda e amplificadores, as falsifica-ções chegam ao requinte de ter peças origi-nais adquiridas no mercado informal deusados. Especialistas estimam que mais dametade das guitarras vendidas como anti-gas e vintage são falsificadas. Em recente vi-agem a Londres, a amiga Lorreyne, experi-ente guitarrista, me mostrou uma Gretschantiga autêntica e uma detalhadamentefalsificada. Confesso que tive dificuldadeem distinguir uma da outra. Uma valia me-nos de dois mil euros, a outra passa fácil dosvinte mil no mercado vintage.

HUMILDADE ERESPEITO RECÍPROCOSRafael Bittencourt, guitarrista do Angra eum dos grandes instrumentistas brasilei-ros, recebeu uma mensagem de CaldasNovas assinada pelo pequeno João Vitorde apenas 10 anos. O menino humilde-mente pedia para ter algumas aulas com oseu ídolo e mandou um video para ser ava-liado. Assistindo ao video, o guitarristatomou um susto com o talento do meninoe não escondeu a alegria ao perceber que aguitarra brasileira estará sempre em boasmãos. “O que eu vou ensinar para estemenino?” - disse o músico. A mesma hu-mildade e respeito direcionado pelo me-nino ao seu ídolo foi retribuída nas pala-vras do guitarrista que demonstrou sensi-

bilidade e caráter ao divulgar o fato. Quevenham algumas aulas tão sonhadas pelomenino. Long life for rock and roll...

NAS ALTURAS, AGAINO preço das passagens aéreas voltou a dis-parar, e agora com o pretexto da Copa doMundo. Os produtores e contratantes es-tão ficando outra vez de cabelos em pé.Quem tem show agendado nesse primeirosemestre pelo Brasil deve ir se preparan-do. Esse custo adicional será inevitável.

OPORTUNISMOO deputado federal Romário meteu ospés pelas mãos ao tentar de forma opor-tunista regulamentar algumas atividadesligadas à produção do hip hop. A comu-nidade que faz esse tipo de música (?!?)não gostou da intromissão do baixinho edetonou o intelectual pela rede. Enquan-to isso, milhares de músicos talentososque fazem música de verdade lutam parater sua profissão reconhecida e adequa-damente regulamentada e fiscalizada.Deve ser porque nenhum faz discursoboboca de pseudo movimento social.

DINHEIRO NA MÃO É VENDAVALRoberto Medina vendeu 50% da marcaRock In Rio para uma empresa america-na. A compradora é a SFX, presidida pelocaliforniano Robert Sillerman. Voltadapara o show business e grandes eventosde música eletrônica, a empresa admiteque fará das próximas edições do festival,previstas para 2015, uma plataformapara expandir ainda mais o bate-estacade computador empurrado por um aper-tador de botão que se acha músico. Dos50% das ações restantes, Medina rema-nejou 20% para a IMX de Eike Batistapara faturar mais alguns trocados. A boanotícia é que Medina será mantido nafunção de gestor e cabeça pensante damarca. Até contrariar um gringo, claro...

AGONIAO declínio do axé parece ter mobilizadoa Bahia e seus seguidores. Discursos in-flamados e entrevistas comoventes deestrelas do gênero pedindo mais espaço

Os desmandos e aslambanças

praticadas com anossa economia já

mostram as unhas nomercado. A retração

de início de anoaguarda fatos novos

que recoloquemalguma confiançatão necessária aosinvestimentos. Em

ano eleitoral, asverdades

governamentais sãorelativas e a mentira

acobertada poríndices manipulados

anda solta pela mãosda propagada paga apeso de ouro. Diga-se

de passagem, o“nosso” ouro.

GUSTAVO VICTORINO | [email protected]

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chega a soar hilário. Pedem aten-ção dos empresários, mídia para osnovatos, criticam a música gringa edesdenham o resto do Brasil comose as aulas de aeróbica que divulgamfosse o supra sumo musical. Falamem renovação, mas mantêm as le-tras das músicas com as 20 palavrasda brincadeira que circula pela in-ternet (com 20 palavras você mon-ta sua própria música baiana...). Eparece que até no carnaval a coisa táafundando.

MARKETINGPARA OTÁRIOSUm video mostrando a pianistaportuguesa Maria João Pires apa-vorada porque a orquestra come-çou a tocar uma música diferenteda que ela tocaria como solista éuma das maiores baboseiras que jávi em termos de marketing pesso-al. No vídeo, a moça se faz de cho-cada e depois de alguma encenaçãocomeça a tocar a música executadapela orquestra como se a soubessetambém e, acreditem, não errauma nota. O absurdo começa nofato de que nenhum solista sobe aopalco com uma orquestra sem an-tes ensaiar muitas vezes o espetá-culo, principalmente se a orques-tra for a holandesa AmsterdamConcertgebouw, conduzida pelomaestro Riccardo Chailly, extre-mamente exigente e profissional.Não bastasse esse absurdo, a peçatocada era o Concerto para Piano Nº

20 em D Maior, K466 de W. A.Mozart, uma obra tão complicada elonga que somente Mozart a toca-va sem partitura ou ensaio. Nota-damente ela improvisou. Conhe-cida em Portugal por suas jogadasde marketing, a moça parece terido longe demais na encenação.

NÍVEL INTERNACIONALChega de espírito vira lata! Está nahora de alguém gritar bem alto queo Brasil tem condições técnicas de

sonorizar qualquer evento dentrodos melhores padrões internacio-nais de qualidade. Técnicos prepa-rados, equipamentos de última ge-ração e experiência em todo o tipode espetáculo são fatores que preci-sam afastar de vez um passado emque técnicos estrangeiros nos hu-milhavam simplemente porque ti-nham acesso a equipamentos maismodernos. Mau profissional ou ser-viço ruim existe em qualquer lugar.Há muito tempo que o nosso país jáestá no primeiro time da sono-rização mundial. Pronto, falei...

DEFORMAÇÃOAs leis de incentivo à cultura co-meçam a se deformar Brasil a fora.Partindo da boa idéia de financiara cultura e novos artistas, o con-ceito está virando uma nebulosamáquina de fazer dinheiro para al-guns governos estaduais. Além definanciar majoritariamente artistasque não precisam de financiamentoe com o pretexto de criar um caixapara financiar artistas sem expres-são e iniciantes, algumas leis esta-duais exigem que o interessado pa-gue ao estado um percentual adici-onal sobre o que ele já vai financiar.Tem taxa que chega a 25% do valorincentivado. Como todos sabem oque acontece com dinheiro na mãodo poder público, as empresas co-meçam a “amarelar” na hora de fi-nanciar novos projetos. Parece quea sede de fazer dinheiro não tem li-mites no nosso país.

NÃO DECOLAO vale-cultura tão comemoradoquando de sua aprovação pareceestar com dificuldades para deco-lar. Ainda não identifiquei o moti-vo, mas bem que o governo poderiadar um empurrãozinho na idéia eusar os próprios artistas para di-vulgar a lei que regulamenta a ma-téria. Uma oportuna manobra po-lítica na Festa Nacional da Música

de 2012 inseriu também a comprade instrumentos musicais e aces-sórios na lei. Mas isso parece tam-bém que ninguém notou...

ADEUSNico Nicolaiewsky, um dos criado-res da genial peça Tangos & Tragédias

foi um dos maiores músicos gaúchosde todos os tempos. Maestro, humo-rista, compositor e produtor, Nicoera uma usina de criatividade e ta-lento que, com sua partida, deixauma lacuna na música feita no sul dopaís. Das muitas entrevistas e con-versas informais, fiquei sempre coma impressão de que ele tinha uma ca-pacidade única de se renovar a cadadia. Há duas décadas toquei ao seulado numa festa da amiga em co-mum, a jornalista Lilian Reid, noRio de Janeiro. Com o também sau-doso amigo Cesar Conti na bateria,montamos uma banda de base para ogenial artista desfilar seu enorme ta-lento e generosidade para com osparceiros de palco. Noite inesquecí-vel para mim. O espetáculo Tangos &

Tragédias completaria 30 anos de su-cesso em 2014. O destino não quis ecom apenas 56 anos de idade levouNico para tocar no céu ao lado deLupicínio Rodrigues e Elis Regina.A música do Rio Grande do Sul cho-ra. Descanse em paz, maestro!

SAMPLERSPassadas quase três décadas dosurgimento dos samplers comoferramenta musical, os tribunaismundo a fora ainda patinam nasdecisões que envolvem direitosautorias sobre as obras parcial-mente copiadas. Uma rápida olha-da na jurisprudência dos tribunaisamericanos, os mais procuradospara dirimir esse tipo de lide, indi-ca que a matéria está longe de serpacificada. No Brasil, o problemacai na vala comum da bagunça queé a nossa legislação, se refletindonas decisões dos nossos tribunais.

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ouglas, vamos falar sobre o seuinício no áudio. Qual a sua forma-

ção, quais foram as empresas e bandasem que você já trabalhou?Parece que foi ontem, quando eu e os Dj’sPezão, Shedonay, Nego Sid, Mario Loko eoutros nos juntávamos nos finais dastardes de sábado apenas para ouvir músi-ca. Um trazia um toca-discos, outro ummixer, outro um amplificador e a brinca-deira virava literalmente uma festa.Quanto à minha formação, cursei até o

[email protected]

Fotos: Arquivo pessoal / Divulgação

Profissões do

backstage’backstage‘R O B E R T O D A C O S T A

T É C N I C O D E M O N I T O R

DNesta série de entrevistas, cuja ideia é trilhar osbastidores de todas as produções aonde haja

profissionais trabalhando, seja ele do áudio ouiluminação, ou mesmo em funções que nunca

imaginamos que existam, mas que direta ouindiretamente estão ligadas ao dia a dia do

entretenimento, trazemos uma reportagem comDouglas “Dodo” Roberto da Costa e a profissão de

Técnico de Monitor.

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primeiro ano do ensino médio, fiz al-guns cursos, mas nada relacionado àmúsica, e no fim ela estava comigo: amúsica. Acabei envolvido com elamesmo nos bastidores. Trabalhei emalgumas empresas de áudio como SomTime, ZN Eventos, TukaSom, Jeffer-son Equipamentos, MBS, Up Som,André Som e Luz, Spessoto Eventos,mas na maioria delas como freelancer.Logo depois fui trabalhar com algumasbandas tais como Edson & Hudson,Du Casco, Jeito Moleque, Banda Épo-ca, Roger & Robson, Eder Miguel eatualmente com o cantor Belo.

Como você mesmo comentou, no iní-cio da carreira você foi DJ – naquelaépoca discotécario. Conte-nos algu-mas aventuras desse período.Nossa, tenho várias. Certa vez, tí-nhamos uma domingueira (baile) emum bairro afastado chamado Humai-tá, saímos com uma Kombi carregadade equipamentos de som e luz, e a ditacuja atolou porque a estrada era deterra e chovia muito. Tivemos quesair na chuva para desatolar, e comotodos sabem, o “Show não pode pa-rar”... Imagina como trabalhamos na-quela noite! Todos cheios de lama.

Mas não deixamos o povo na mão,mesmo com lama até os cabelos (ri-sos). Outra vez foi fazendo outro bai-le. Por algum motivo todas as altas(tweeter) do sistema queimaram nomeio do baile. Pensa em alguém (EU)no meio do povo trocando os reparos.

Como foi essa migração das festi-nhas para os shows com banda eequipamentos profissionais? Quaisforam os seus padrinhos que o inicia-ram no shows?Essa transição foi bem complexa, atéporque eu tinha a cabeça de DJ. Ou seja,só pensava em música, beats etc. Fun-damentos técnicos eram muito escas-sos, e neste recomeço conheci algumaspessoas, tais como o Bambu, atualmen-te trabalhando na Veritas; Luiz Juvenal,Marquinhos, Ricardo Santista, Ale-xandre – atualmente na Jefferson Equi-pamentos, que me ensinaram coisasboas, o básico. E o restante eu fui apren-dendo no dia a dia mesmo.

Nessa etapa, como era o seu co-nhecimento sobre os equipamen-tos? Você já tinha alguma base te-órica, ou tudo era um grande jogode armar?

Da esquerda para a direita, Paride S. (Gago), José (Zé Negão) e Douglas

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Como eu respondi na pergunta anterior,o meu conhecimento não era vasto –pra não dizer nenhum (risos) -, mas ha-via e há uma grande vontade de apren-der, de ouvir, de ler, como toda vez que proponho a fazer algo novo. Fico encan-tado com tudo, com sede de aprender eentender todas as coisas novas e o por-quê delas. Repare, era tudo muito novo:PAs enormes, muita amplificação, grid,bumper etc., toda uma nova nomencla-tura e tecnologia, o que me fascinou.

Houve um período turbulento em suavida, você poderia compartilhar oque houve e como superou esse mo-mento difícil?Houve sim, aos meus 18 anos de idade.Minha mãe me colocou para fora de casa,por causa de um grande amor que ela jul-gava ser eterno. Dormi alguns dias na rua,outros dias em casa de amigos, outros emum fundo de uma oficina que, quandochovia, parecia mais que eu estava do ladode fora. Comi comida estragada, tomeiconta de carro em porta de nitghclub(casa das primas, ou de tolerância) emtroca de um prato de comida, vendi cartãode estacionamento, lavei carro na ruaapenas com um balde (não sei como eufazia, pois hoje eu tento e não consigo -risos). Depois de quase 10 anos, a minhamãe me procurou, pois ela acabou desco-brindo que o amor da vida dela só queriasaber de beber e dar maus tratos a ela. Mereencontrou e me pediu ajuda, e hoje a aju-do da maneira que posso. Foi um períodoruim, mas graças a Deus passou.

Depois de superado os problemas,novamente pessoas o ajudaram evocê pôde literalmente dar uma gui-nada pessoal e profissional. Comofoi essa etapa?Cara, só tenho a agradecer. Na verdade,foram várias pessoas: minha ex-sograMíriam e seu esposo Dylan, DJ João(dormi na casa dele uns dias, mesmocontra a vontade da mãe dele); David,que me cedeu os fundos da oficina;Serginho, hoje motorista de ônibus queme trouxe várias vezes o que comer;

Adriana (Adrianinha), que me cedeu acasa dela para morar um tempo, e mui-tos outros. No lado profissional, sempretrabalhando à noite em casas noturnas edepois em locadoras, ai sim me encon-trei trabalhando com shows ao vivo.

Qual foi a primeira banda que o con-vidou para trabalho e como foi a ex-periência de estar do outro lado, olado do cliente?A primeira banda de expressão nacionalque me chamou para trabalhar foi a duplaEdson & Hudson. Eu estava totalmentecru, sem experiência alguma para lidarcom essa nova realidade, sempre monta-va o equipamento e aguardava o início eo fim de cada show, me sentia totalmentedeslocado na posição de “cliente”, mas aexperiência foi de grande valia para omeu aprendizado profissional.

Atualmente você está com o cantorBelo. Como surgiu o convite e comoé fazer o monitor para este artistaem particular?O convite partiu do ex-produtor doBelo e meu eterno amigo Carlos Cruz(Papai, Carlão) e Douglas Chagas -Iluminador na época que eu entrei naequipe - devido ao gosto pessoal do Belo.A produção viajava com 24 monitoresSM400, e a banda tinha alguns músicosrenomados, tais como Wilson Prateado(antes de aceitar o convite me falaram:

À direita, Celso (Celsinho)

“A primeira bandade expressão

nacional que mechamou para

trabalhar foi adupla Edson &

Hudson. Eu estavatotalmente cru, semexperiência algumapara lidar com essa

nova realidade...

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o problema lá é o baixista - risos). Ejusto ele me deu muitos ensina-mentos. Aprendi com a convivên-cia a respeitá-lo como músico epessoa. Rick, batera na época; Lay-se Sapucay, Alexandre Lucas (Fan-sine), entre outros. Bem, voltandoao Belo, ele queria pressão no palco(SPL ao máximo), e com a logísticade produção atual das bandas emgeral, sobra pouco tempo para ali-nhar um sistema deste tamanho.Todos nós da estrada sabemos quequando o ônibus ou o avião atrasasomos nós da técnica que tiramos adiferença de horário. Resumindo,com a saída de um técnico re-nomado, do qual sou fã até hoje,passaram outros cinco técnicosantes de mim, me convidaram paraum teste e fui ficando. Parece quedeu certo. Fazer monitor para oBelo não é um bicho de sete cabe-ças, ele é bem direto: se estiverruim, ele fala. Se não falar nada, éporque está bom.

Falando de monitores, sempre fa-lam que 50% do trabalho é purapsicologia e 50% técnica. Vocêconcorda com essa máxima?Eu tenho algo a agregar nessa frase:50% técnica e 50% psicologia, paci-ência, atenção, amor pelo que se estáfazendo. Essa é a fórmula perfeita.

E você, pessoalmente, gosta maisde fazer PA ou Monitor e por quê?Eu, em particular, gosto de som,seja no PA, seja no monitor. Amomeu trabalho.

Com os avanços do áudio, inclu-indo mesas digitais, in-ears etc., avida de quem opera monitores fi-cou mais fácil?Eu, particularmente, adoro os aná-logicos, o som é indiscutivelmentemelhor. Porém, ficamos reféns dospen drives. No meu caso, nem sei oque seria de mim sem meu DSP(rack PM5D) e sem os in-ears (16transmissores e 20 body packs)com que ando hoje nessa tour.Muitas vezes tenho 2 shows nanoite, às vezes 3, já cheguei a fazer 4em um dia. Sem essa modernidade,isso seria quase impossível.

Para você, qual será o futurodos monitores?Eu acho que eles ainda continua-rão existindo, pois para o músico osom da caixa sempre será o som “dacaixa”. Ele pode até se adaptar aofone, mas o som da caixa é a suainteração com o ambiente, é uma

coisa inimitável. Já converseicom vários músicos e até hojenão ouvi nenhum deles dizer queprefere o fone.

Além de técnico de monitor deBelo, você acumula a função deProdutor Técnico. A seu ver, es-sas são tarefas compatíveis, umavez que o técnico de monitor temque ser multitarefa e lidar com si-tuações de crise ?Na verdade, eu já fazia este traba-lho. Mesmo sem ter o título de pro-dutor técnico, eu falava com algu-mas pessoas. Às vezes chegava maiscedo, assumia algumas responsabi-lidades, mas agora vejo as coisas deoutra forma também, mais um de-grau, mais um aprendizado. Acho,sim, que as funções se ligam, o téc-nico de monitor está sempre ligadoem tudo o que acontece no palco ecomo elas interagem no seu traba-lho, e produção tem muito disso.Fora o fato de ter que tentar dormircom celular e rádio ligados, tocandoa noite inteira (risos).

Nesses anos de carreira, qual oshow ou evento que representou

À direita, José Luiz (Ze Heavy)

Em Portugal (Lisboa) com Gilvan Pereira (Gil), à esquerda, e Carlos Cruz (Papai)

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Para saber online

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www.facebook.com/DODO.AUDIO

um grande passo em sua carreirae por quê?Na verdade tiveram vários e vou citaraqui dois momentos:Em um dos meus primeiros trabalhosna Jefferson Equipamentos, eu estavaresponsável pelo PA com uma MidasHeritage, a queridinha da firma. Eraum festival com três dias de show.Montamos e fizemos o primeiro dia deshows, fomos embora, colocamos lonaem tudo, como de praxe, até por que oevento era ao ar livre, e quando retor-namos no dia seguinte e retirei as lo-nas que estava sobre a console, tive aingrata surpresa de ver a mesa toda en-sopada, pois tinha chovido muito nanoite passada. Pense em uma pessoaque queria sumir. Pensei: ele (Jeffer-son) vai me mandar embora, e com ra-zão, pois eu faria o mesmo; mas não,ele me manteve e me ensinou muitasoutras coisas. Aprendi, neste dia, a darsempre uma segunda chance.Outra situação foi durante uma tourde uma artista consagrada nacional-mente. Estávamos fazendo três showsdireto sem dormir para não atrasarnada, eu e meu amigo, hoje meu com-padre Argemiro. Estávamos morren-do de fome, pois não podíamos nemparar para comer devido ao poucotempo para montagem e entrega doequipamento. Eis que veio um técni-co de monitor chamado Lazzaro di-zendo: hoje eu vou pagar a janta paravocês. Nós nem acreditamos. Imagi-namos que ele iria nos levar no cama-rim, o que pra nós já estava ótimo,mas depois de uns 30 minutos, che-gou um motoboy com 3 filés a par-megiana, o filé mais delicioso que jácomi (risos). Eu nunca vou me esque-cer disso, podem se passar mil anos.

Não pelo filé, nem pelo dinheiro, maspela atitude. Aprendi que todos so-mos amigos de estrada e quem está nalocadora ou na casa de show não émelhor e nem pior, é apenas igual amim, um colega de profissão.

O que falta ainda ao Douglas, paraque ele se torne um profissional ain-da melhor?Aprender sempre, pois aprendernunca é demais. Sempre ter a humil-dade de ouvir, de querer crescer, masnunca esquecendo de agradecer elembrar de onde vim. Sempre visan-do o futuro, mas nunca esquecendo opassado. Assim, agregando esses va-lores, tenho certeza que vou ser umapessoa melhor tanto na vida pessoalcomo na profissional.

Quais os seus planos para o futuro,onde você pretende estar daqui a 10anos, quais são seus planos profissi-onais e pessoais?Não me vejo em outra profissão que nãoseja ligada ao áudio, aos shows, talvezem outra vertente, TV, estúdio, grava-ções ao vivo, produção de eventos, ouaté mesmo de artistas. No pessoal, sóser feliz. Com tudo que Deus me derdaqui para frente já estarei no lucro,não peço nada, só agradeço a cada diatudo que Ele me proporciona.

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NO ROCK

SERTANEJO

le é conhecido no meio musicalcomo “Barriga”, mas não se trata de

um apelido: é seu sobrenome do meio.Reinaldo Barriga (ou Reinaldo B. deBrito, nome que aparecia em vários ál-buns dos anos 80), 64 anos, surgiu na eradas bandas de baile, passou de sapato altopelo rock brasileiro dos anos 80 (produ-zindo dos popstars Engenheiros doHawaii e Camisa de Vênus ao under-

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Ricardo Schott / [email protected]

Fotos: Reinaldo Barriga / Divulgação

ground De Falla) e caiu na música serta-neja, como produtor e como composi-tor. Compôs sucessos como Festa de ro-

deio, gravada por Leandro & Leonardo.Em seu currículo estão dois Grammyscom Chitãozinho & Xororó (com osDVDs Clássicos sertanejos e Vida marva-

da). Esteve recentemente por trás delançamentos de nomes como PaulaFernandes e o novato Danilo Dyba, que

Músico, compositor,arranjador e

produtor, ReinaldoBarriga veio do

universo dos bailese fez faculdade norock, bem antes de

abraçar os sonscaipiras e

participar deverdadeiras

inovações no estilo.

NO ROCK

SERTANEJOcom os pés

Reinaldo Barriga no estúdio

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acaba de lançar o primeiro CD pelaUniversal e foi finalista do The VoiceBrasil - e permanece montando“maquetes” de grandes hits do serta-nejo em seu próprio estúdio, o Mara-cangalha. A Backstage bateu umpapo com ele e conta sua história.

Como começou sua carreira deprodutor musical e músico?A gente já nasce músico. Desde pe-queno eu já tocava e na adolescên-cia, tinha um conjunto de baile, OsMoscas. Fazia muitos shows e umdia tive a oportunidade de entrarnum estúdio para gravar uma de-mo. Gostei do ambiente. Até en-tão não tivera a oportunidade deentrar num estúdio de gravação,não tinha a noção de onde nascia amúsica. Vivia aquela coisa dos bai-les, onde a gente tocava e copiava,copiava, fazia cover. Resolvi que ti-nha que fazer algo naquele meio ecomecei a trabalhar como músicode aluguel. Trabalhei com arranja-dores importantes.

Isso foi em São Paulo?Não, eu nasci no Rio e ainda mora-va lá. Na época, com Os Moscas, eucomecei a trabalhar no programaSílvio Santos, que ainda era naRede Globo. Acompanhava os ga-lãs musicais que iam no programadele, como Antonio Marcos, Wan-derley Cardoso. O pessoal que hojeforma a banda do “Programa do Jô”acompanhava os calouros. Geral-mente o artista nem ensaiava di-reito e precisávamos trabalhar rá-pido. A gente chegou a gravarcompactos na RCA (hoje Sony) efazia bailes com repertório maisvoltado para o pop-rock: Procol-Harum, Led Zeppelin. Eu tocavaguitarra e violão.

Você chegou a ser empregado dealguma gravadora nessa época?Por volta de 1975, 1976, comecei atrabalhar na antiga Top Tape. Vi

que precisaria estudar mais sobrecomo funcionavam os estúdios,para começar a trabalhar direito.Fui gravar discos de gente comoChristian, Terry Winter, SteveMcLean, os brasileiros que grava-vam em inglês. Usávamos estúdioscomo o da Gazeta (em São Paulo) e

já usávamos um monte de novida-des tecnológicas. Ganhei muito di-nheiro com meu pedal wahwah, quecomprei na época (rindo). A TopTape lançava os discos da Motown eacabei conhecendo todo mundo dagravadora quando vieram ao Brasil,como os Jackson Five.

Você estava nos discos da AliceStreet Gang, entre 1975 e 1976,que foram grandes sucessos daTop Tape nessa época, certo?

Sim, sim. Esses discos foram mi-nha grande oportunidade, na ver-dade. Fazíamos releituras de hinosde times de futebol, de Na Baixa do

Sapateiro (Ary Barroso). Os arran-jos foram feitos pelo grande maes-tro Daniel Salinas. Um cara quemerece todas as honras. Foi um in-

centivo para mim e para toda umageração. Na época, o produtor des-ses discos teve um desentendi-mento qualquer lá na gravadora e,como eu já estava totalmente en-trosado com os arranjos, eu mesmoassumi a tarefa. Na época a funçãodo produtor era bem outra...

Como assim?Ele não precisava nem ser muitobom de música. Era um cara queficava sentado. Era quase como

Gostei do ambiente. Até então não

tivera a oportunidade de entrar num

estúdio de gravação, não tinha a noção de

onde nascia a música.

Reinaldo Barriga em produção no estúdio

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um empresário, um coordenador, umafigura quase decorativa. Resolvi assu-mir e fazer diferente, metendo a mão.Os discos foram lançados no exterior,algumas músicas viraram temas deprogramas como Amaral Neto, o Repór-

ter (Globo). Algumas vinhetas e riffsapareciam lá. Depois disso, virei músi-co acompanhante.

Com quem mais você trabalhou?Pete Dunaway, Fabio Junior, SilvioBrito. Fiz demos do Fabio, como MarkDavis e já como Fabio Junior. Eu eramuito amigo dele nessa época, e ele e oSilvio Brito tinham um programa na TVTupi, o Halleluia (em 1975). A banda queos acompanhava no programa era OsMoscas. Também fiz outros trabalhos, co-mo o single Mylife, do Michael Sullivan.

Você esteve na RGE depois. Como foiessa fase?Depois que saí da Top Tape, migrei comum bom salário para a RGE e lá fazíamosde tudo. O Cazuza, com 18 anos, eradivulgador no Rio. Lembro dele com gar-rafa de uísque no bolso, naquela época! Fizde A a Z, incluindo aí Harmony Cats, Car-los Alexandre, Pedrinho Mattar, PatrickDumont. Nos anos 80 um amigo tinhauma banda de baile e, no coral, estavamDudu França, Ralf e um cara chamadoJessé. Ele tinha gravado em inglês comoTony Stevens e o sonho dele era gravarem português com o nome dele.

E ele gravou Porto solidão...Na época, faziam muito sucesso as ba-ladas do Queen, como We are the

champions. E Jessé tinha um potencialvocal absurdo, poderia fazer o mesmo.Recebi Porto solidão , que era umaguarânia de um compositor chamadoZeca Bahia (imita o andamento com avoz). Pegamos um piano e fizemosuma versão balada. Mandei o cassetepara o Guto Graça Mello no festivalMPB 80. Jessé entrou no festival e ga-nhou o prêmio de melhor intérprete.Tenho muita saudade até hoje do Jes-sé, que morreu em 1993.

Na sua época de RGE, você produziuo Batalhões de estranhos, segundodisco do Camisa de Venus (1985),que tinha o sucesso Eu não matei

Joana D’Arc. Como foi trabalhar comeles? Foi seu primeiro produto de rockdos anos 80, inclusive.Bom, o Camisa de Venus tinha sido con-tratado da Som Livre. O João Araújo eraaté amigo do Marcelo Nova (vocalista),gostava dele, mas não queria a banda lá.Eles acabaram indo para a RGE, que ha-via sido comprada pela Som Livre e erauma espécie de purgatório deles (risos).O que não dava certo lá, mandavampara a gente. Lembro que fui pegar abanda no aeroporto com um Fiat 147.Foi todo mundo apertado no carro, nemcabiam todos os músicos. O Marceloolhou para o Karl Hummel (guitarrista)e disse: “Tô achando que vamos ter pro-blemas com esse produtor” (risos). Nocomeço, foi complicado. Botei a bandapara tocar num estúdio super moderno.Achei o resultado muito ruim e chegueia falar: “Ah, vou embora. Não quero pe-gar esse trampo, não”. Mas depois entreina vibe deles e deu certo”.

Você ainda fez uma série de coisasna RCA, como De Fal la , Repl i -cantes, Engenheiros do Hawaii (aestreia Longe demais das capitais, de1986, e o sucesso A revolta dos

dândis, de 1987)...No fim dos anos 80 recebi o convitepara ir para lá. Na época, o rock brasilei-ro era um fenômeno: a CBS tinha oRPM, o Luis Carlos Maluly era o produ-tor. E foi ele quem me recomendou paraa RCA. Nos conhecíamos dos corredo-res das gravadoras. Virei diretor artísti-co e já havia alguns desgastes. Já diziam

Reinaldo acompanha Danilo Dyba

“O que não davacerto lá,

mandavam para agente. Lembro quefui pegar a bandano aeroporto comum Fiat 147. Foi

todo mundoapertado no carro,nem cabiam todos

os músicos

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que a BMG (gravadora alemã) compra-ria a RCA, o que de fato aconteceu.Acabei coordenando um projeto cha-mado Rock Grande do Sul, que virou umLP com cinco bandas: Engenheiros,TNT, De Falla, Replicantes, Garotos daRua. Foi um dos grandes momentos quepassei lá. Deixava que as bandas tocas-sem do jeito que elas eram. Os Repli-cantes tinham Surfista calhorda e a gen-te morria de rir. Como conduta musicaltambém era algo novo.

Conta-se que a gravadora aposta-va mais nos Replicantes e nos Ga-rotos da Rua, mas quem se deubem foram os Engenheiros...Sim. Eu achava o Humberto Ges-singer um gênio. Ele sempre foi um

cara meio ácido, meio jocoso. Todoseram meio toscos naquela geração dorock gaúcho, era uma coisa da perso-nalidade deles. Mas o marketing nãoera muito bem feito. O Humberto sa-bia já se posicionar e obter resultados.Tem que levar em conta que São Pau-lo, onde eu já morava, era mais uptodate e o Rio era mais Califórnia. NoRio, tinha o Miguel Plopschi, que vi-nha desse lance mais Fevers. Eles ado-ravam o Garotos da Rua no Rio. A ge-ração do Sul trazia referenciais com-pletamente diferentes para o rock na-cional. Depois veio o selo Plug. Cadabanda que tinha gravado no LP Rock

Grande do Sul gravaria um LP, entãoeram cinco álbuns. Passava o dia intei-ro gravando. Produzi bandas como DeFalla, o TNT.

E como começou seu envolvimentocom o sertanejo?Como eu havia trabalhado na RGE,tinha muito sertanejo que eu já fazialá. O primeiro que fiz foi Christian& Ralf. A gente trabalhava no seg-mento popular, que era coberto pelaRGE, Copacabana, Continental.Chitãozinho & Xororó eram expo-entes desse segmento. Comecei acompor algumas coisas, e fui ten-tando modernizar. Pus guitarra nosarranjos, isso foi começando a fazersentido para essa geração que já ti-nha uma produção mais bem cuida-da. Eu gosto muito de country mu-sic e fui pondo essa sonoridade nasmúsicas que fazia ou produzia. Aprimeira que compus foi Festa de

rodeio, que foi gravada pela duplaCésar & César em 1991 e, anos de-pois, por Leandro & Leonardo.Hoje, faço uma maquete da músicano meu estúdio em casa, o Mara-cangalha. Tenho aqui tudo que umbom estúdio precisa ter: bons mi-crofones, captadores. A coisa já saidaqui pronta.

O que você tem de equipamento noseu estúdio?Eu uso o Maracangalha mais comocomplemento de outros estúdios.Mas tenho o principal: microfoneNeumann U-87 com pré-amplifi-cador Manley Vox Box, Neve 9098e Pro Tools. E violões Martin eTakamine, guitarras Fender, Gib-son e Hofner.

Pus guitarra nos arranjos, isso

foi começando a fazer sentido para

essa geração que já tinha uma

produção mais bem cuidada.“

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CENTRALCENTRAL

experiência do músico Bruno Mar-cus, de 38 anos, vem do under-

ground carioca e das antigas fitinhascassete - e do gosto por criar, produzir,gravar e reproduzir com facilidade.“Adorava o ritual de pensar na arte, deescrever, gravar. Depois tudo evoluiupara CD e fui evoluindo junto”, explicaBruno, com passagens por bandas quefizeram história no circuito roqueiro deNiterói (onde mora) como I Believe InSanta Claus e Enzzo. Em 1999, ele pôsna rua o selo-estúdio Tomba Records -

A

Ricardo Schott

[email protected]

Fotos: Estúdio Tomba / Divulgação

abrigado na casa em que nasceu e foi cri-ado, no bairro de Santa Rosa. E, da inici-al produção de bandas novas e do desejode lançar novos artistas, outros objeti-vos foram surgindo durante esses 15anos de existência.Um deles é o de criar trilhas para o mer-cado corporativo que fujam da unifor-mização e tenham cara própria. “Queroque tudo que saia daqui pareça que te-nha sido tocado pela gente mesmo, enão baixado da internet, copiado e cola-do, como se vê muito por aí. Que não

de criação independenteO estúdio Tomba,

em Niterói, jáchega a 15 anos deexistência e é umausina de sons que

partiu dounderground e

chegou ao trabalhocorporativo.

Equipe de músicos da Tomba

39

seja pasteurizado. Nas produçõesque fazemos, uso parceiros nossosque sabem entender vários tiposdiferentes de música. Fizemos umsamba de roda para uma empresada Bahia que tem mesmo cara desamba de roda”, conta ele, que tra-balhou como paisa-gista antes de abraçaros sons e o estúdio.Além de criador doestúdio e do selo (res-ponsável pelo lança-mento de artistas co-mo o rapper De Leve,que estreou em 2003e ganhou as páginasdos jornais), ele ain-da é sócio da GraveMusic, empresa debranding sonoro com a qual realizajingles para eventos como o FashionRio, e que se utiliza das instalaçõesdo estúdio. Das salas da gravadoraTomba saem também trilhas devídeos e muitas produções de artis-tas novos, num lugar bastante di-ferente e aconchegante - é umacasa de três andares, mas efetiva-mente só o de cima é usado para oestúdio. São duas salas de gravaçãoe uma sala técnica, tudo bastanteespaçoso. Há também um terraçoque é usado para alguns lançamen-tos de discos. O local ainda ofereceaulas de home studio, utilizando ossoftwares Cubase 5, Nuendo 4, ProTools 10, Reason 5, Vegas 8, Sound-Forge 9 e Ableton Live 8.”As pessoas quando vêm aqui cur-

tem bastante o astral da casa. É óti-mo poder usar esse ambiente. Sefosse imóvel alugado não daria, se-ria impeditivo”, conta. O fato de oestúdio estar em Niterói não é umproblema para que apareçam no-vos trabalhos. “Quem quer desco-

brir a gente, acaba descobrindo dequalquer jeito. E, por outro lado, àsvezes é bom não estarmos na bada-lação, estarmos meio escondidos.Quem mora em Niterói ou conhe-ce a área e quer um serviço bem fei-to, também chega aqui com facili-dade”. O trabalho de formiguinhaganhou fama, de início, a partir dohip hop: a Tomba lançou álbuns do

rapper De Leve e do grupo QuintoAndar, em 2003. Se o primeiro che-gou às páginas dos jornais, o segundoconseguiu lançamento em bancas dejornal por intermédio da finada re-vista do cantor Lobão, Outracoisa.“Não era nenhum objetivo nosso

trabalhar com hip hop, mas no co-meço era mais fácil, pois estávamoscomeçando e tínhamos poucos re-cursos. Eu usava uma mesa de somBehringer, um PC - PC mesmo,nem era Mac - que para a época erabom. Mas fomos aprendendo a tra-balhar com as limitações e com averdade musical, com a coisa artís-tica. Hoje há estúdios que têm até

Quero que tudo que saia daqui pareça que

tenha sido tocado pela gente mesmo, e não

baixado da internet, copiado e colado, como se vê

muito por aí (Bruno)

Bruno Marcus no estúdioGilber T

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Lista de equipamentos

Pré-amplificadores

Canil Pro AudioReliquia (2 canais)

ART DPS II (2 canais)

ADA 8000_Behringer (8 canais)

Interface de áudio

RME Multiface - 24bits/96kHz

Compressor Bus Stereo By Pedro Garcia

Computador

Processador Core i5 2,90GHz

Memória RAM 8GB

Sistema de Gravação Pro Tools 10 e Nuendo 4

Monitores Vídeo LCD 20" e 19"

Monitores de áudio

TannoyReveal

Amplificadores para fones

2 Power Click f10

Power Click DB05S

Power Click 1 in x 4out

Fones

Stagg SHP4500

Stagg SHP3500

Behringer HPM1000

Amplificadores

Lanney ML100 (valve-guitarra)

Acedo 296 (valve-guitarra)

Meteoro RX100 (baixo)

Bateria

MapexVenus (22", 14", 12", 13", 16")

Instrumentos

Piano Digital Yamaha P-95

Guitarra Epiphone Wildkat

Baixo Washburn XB100

Guitarra Fender Squier

Violão Folk Cort

Piano Kemble

Banjo Rozini

Monitores de áudio

Tannoy Reveal

JBL S26BE

Microfones

01 - CAD Trion 8000 (valve)

01- AA CM87SE (Condencer)

01 - AKG C2000 (Condencer)

02 - MXL 603S (Condencer)

02 - Superlux PRA 268A (Condencer)

01 - AKG D112 (Dynamic)

02 - Shure SM 57 (Dynamic)

01 - Shure PG52 (Dynamic)

01 - Shure PG56 (Dynamic)

01 - Beyerdynamics TG-X47 (Dynamic)

01 - Superlux PRO 258 (Dynamic)

01 - Cascade Victor (Ribbon)

Festa de lançamento de cd na Tomba

Bruno Marcus Gilber Chavão, Paulinho Guitarra e Bruno Marcus

“Buscamossatisfazer a nós

mesmos e aocliente, mas

fazemos mesmo é oque pode ser melhor

pela música. Quetudo saia bastante

orgânico e bemfeito.

(Bruno)

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mais aporte financeiro do que o nosso, mas chegamos a re-sultados como os deles”, diz Bruno. “Buscamos satisfazer anós mesmos e ao cliente, mas fazemos mesmo é o que podeser melhor pela música. Que tudo saia bastante orgânico ebem feito”, completa.

O Tomba é um estúdio de gravação. O trabalho feito lá temo dedo de Bruno em todas as etapas. Não se trata de umestúdio feito apenas para servir de ensaio e de ponto deencontro entre bandas e artistas. “Desisti de estúdio de en-saio porque era só aporrinhação e destruição de equipa-

“Desisti de estúdio de

ensaio porque era só

aporrinhação e destruição de

equipamentos (Bruno)“

Sala de gravação da Tomba

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Para saber online

http://www.tombarecords.com

[email protected]

mento. Também já fui sócio de outro es-túdio com um amigo”, conta. Entre ume outro trabalho corporativo, Brunoaproveita para produzir artistas novoscomo Nino Navarro e o grupo DivâIntergaláctico. Ou amigos como GilberChavão, da banda Gilber T, que é umdos maiores parceiros que Bruno tem nahora de criar trilhas e jingles. “Trabalhotambém com uma DJ daqui de Niterói, aTatá Ogan”, diz Bruno, sempre prepara-do para brigar no mercado, como reza opróprio nome da sua empresa. “O nomesurgiu meio nonsense, mas me lembraaquela coisa de cair e não ficar lá, levan-tar. Depois um amigo criou a logomarcado João Teimoso, que tem a ver comisso: pode até cair, mas levanta. E nosrepresenta. Rolam dificuldades, masestamos na batalha”.

TOMBA ORQUESTRAO lado de lançamento de artistas da Tom-ba corre paralelo ao de trabalhos cor-porativos. “O selo foi ficando como umacoisa mais passional, de lançar amigos eartistas que eu curto. Invisto dinheiro naprodução de discos sempre que dá”, dizBruno. O próximo projeto da gravadora éa Tomba Orquestra, cujo primeiro álbumsai em janeiro. O time reúne músicos queforam importantes na história da grava-

dora e na trajetória pessoal de Bruno - no-mes como Sérvio Túlio, Mauricio Bongo,Gilber Chavão, Luciana Lazzuli. “Nossosom é inspirado em trilhas de filmes, que éuma coisa que eu adoro. Sempre quis meaproximar mais disso”, relata.

CENTRAL DE ARTISTASEntre os artistas que já usaram os serviçosda Tomba ou lançaram discos pelo selo,estão nomes como a banda feminina ca-rioca Doidivinas (cuja guitarrista, FlaviaCouri, toca baixo no Autoramas), DivãIntergaláctico, Nino Navarro, Seu Ma-druga, Coyote Valvulado. Além de BNegão e Black Alien, ambos ex-PlanetHemp. Bruno também tem seu trabalhosolo, que pode ser acompanhado emhttp://www.brunomarcus.com.br/.

Divâ Intergalático com Leonardo Rivera (selo astronauta, antepenúltimo na foto) e Bruno Marcus (penúltimo)

“O selo foi ficandocomo uma coisa

mais passional, delançar amigos e

artistas que eu curto.Invisto dinheiro naprodução de discos

sempre que dá(Bruno).

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experiente técnico de estúdio Mar-

cos Sabóia, atualmente, é respon-sável por mixar o PA do grupo Sorriso

Maroto, além de gravar e mixar o ma-terial do grupo desde o segundo ál-

bum. Com a tendência atual de os ar-tistas e gravadoras optarem por mui-

Alexandre Coelho

[email protected]

Revisão Técnica:

José Anselmo “Paulista”

Fotos: Arquivo Pessoal

Danielli Marinho / Divulgação

O tos CDs e DVDs ao vivo, as duas fun-

ções acabam se confundindo. Nadademais, para quem acumula 35 anos de

experiência profissional.Em seu caso, Sabóia usa a vivência em

estúdio no palco, e acaba, assim, che-gando a uma sonoridade bastante par-

O somDE CADA PA

O somDE CADA PADo pagode do Sorriso

Maroto ao rocksuingado do Rappa,

os técnicos MarcosSabóia e Ricardo

Vidal,respectivamente,

contam como buscamuma identidadeprópria na sua

sonoridade,trabalhando com

artistas tão diferentes.

Marcos Sabóia

45

ticular. “Sempre tento colocar to-dos os instrumentos bem definidos

e tenho a certeza de que é um somdiferente. Isso pode não ser um som

de PA, mas é assim que faço, devidoao fato de trabalhar há 35 anos em

estúdio. Não sei se é bom ou ruim,mas é diferente. Tento trazer o que

faço em estúdio para as minhasmixagens no PA”, explica.

Depois de trabalhar durante anoscom artistas da MPB, Sabóia enca-

rou o desafio de trabalhar com pes-soas que vinham da escola do sam-

ba. A transição não foi das mais fá-ceis, em função da resistência de al-

guns produtores da área. Mas o téc-nico acabou emprestando um pouco

da sonoridade que havia adquiridoda MPB ao samba.

“Quando comecei a mixar samba,tentei trazer o que eu sempre fiz nos

álbuns de MPB, e isso foi meio malvisto por alguns produtores. Tirei

um pouco do som do samba antigo

para ser mais pop, e isso foi um im-pacto muito grande para os ouvi-

dos”, conta.Há nada menos de 18 anos traba-

lhando com a banda O Rappa, o téc-nico de PA da banda, Ricardo Vidal,

já trabalhou com os grupos Reggae Be Razão Brasileira, e com a cantora

Wanessa, além de ter mixado o áu-dio do festival Planeta Atlântida.

Segundo Vidal, o que melhor definea sua sonoridade como técnico de

áudio é o fato de ele ter sido músicoe de já ter trabalhado em estúdio, o

que confere musicalidade às suasmixagens.

“O uso das baixas frequências noPA e os efeitos psicodélicos tam-

bém são características do meu som.Claro que cito esses aspectos devi-

do ao fato de eu estar há tanto tem-po com O Rappa”, justifica Vidal,

referindo-se à sonoridade da banda,que abusa dos graves e de efeitos em

seus shows.A adaptação a cada trabalho e estilo

musical, para Vidal, é algo simples deacontecer. De acordo com o técnico,

a melhor coisa a se fazer é procurarsempre conversar com o artista an-

tes de realizarem o primeiro traba-lho juntos. “Cada artista, um som.

Quando solicitado, eu vejo uma pos-sibilidade de colaborar, eu faço isso,

seja com efeitos, timbres, ou de qual-quer outra maneira”, ilustra.

Vidal admite que já foi solicitado amudar as características pessoais da

sua mixagem, para uma melhor ade-

quação ao som do artista, mas dizque esse é um fato raro em sua car-

reira, uma vez que a maioria dos ar-tistas com quem trabalha já conhe-

ce seu estilo. Tecnicamente, Vidalatribui sua sonoridade própria ao

fato de ter trabalhado em locadora,entre outros aspectos.

“Acho que tenho um diferencialpor toda a minha experiência na épo-

ca de locadora, onde tive a chancede observar diversos técnicos, mas

também pela musicalidade, a carade pau e por não ter medo de errar.

Quando comecei a mixar samba,

tentei trazer o que eu sempre fiz nos

álbuns de MPB, e isso foi meio mal visto

por alguns produtores (Sabóia)

““

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Eu adoro o que faço, principalmente

depois que desci do palco, já que eraartista, para ser ‘da graxa’. Eu sempre

quis trabalhar com música”, admite.Marcos Sabóia também já precisou

mudar sua forma de sonorizar um tra-balho, não pelo artista, mas pelo pro-

dutor, na época em que deixou de tra-balhar com MPB e passou a circular

pelo mundo do samba. “O samba tinhaum som antigo e já me falaram que mi-

nhas mixagens não eram boas. Sei quenão existe mixagem boa ou ruim, o que

temos são gostos diferentes. Então,tem espaço para todos”, acredita.

Para chegar ao som que é a sua marcapessoal, Sabóia diz que não tem nenhum

grande segredo. Na estrada, segundo ele,não usa nada demais, apenas não se sepa-

ra dos plug-ins da Waves. “A sonoridademuda da água para o vinho. Já haviam me

falado isso e não acreditei, mas é outracoisa. Devido a usar os mesmos plug-ins

no estúdio, é muito mais fácil de traba-lhar e achar o som ideal”, revela.

Sabóia conta que, na estrada, não costu-

ma levar nenhum outro equipamentopróprio. Já na sala de mixagem, ele usa no

master um compressor da SSL, e “es-quenta” o som com um Summing, da

Phoenix. Já Ricardo Vidal aposta nosefeitos analógicos, com os quais ele possa

mudar os parâmetros durante a operaçãode maneira musical. O técnico do Rappa

só não abre mão da sua Digico SD8, quelhe permite diversas maneiras de perso-

nalizar o controle do jeito que melhorlhe convém.

Na hora de alinhar o PA, Vidal usa umiPod e o velho SM58. Ele costuma mutar

as vias do processador, escutá-las separa-damente e, em seguida, vai abrindo os

graves, médios e as altas. Se necessário,faz algum ajuste de nível de saída entre

elas, alguma correção de frequência noequalizador e verifica a fase.

“Atualmente, está bem mais fácil dealinhar, com a evolução dos sistemas

de PA e com técnicos mais bem prepa-rados e equipados. O porte da banda

Ricardo Vidal

“Atualmente, estábem mais fácil de

alinhar, com aevolução dos

sistemas de PA ecom técnicos maisbem preparados e

equipados(Ricardo Vidal)

47

com que trabalho já filtra as loca-doras menos preparadas e equi-

padas. Tenho por costume usar sóum canal para o iPod, para não

acontecer de novo um fato curio-so e que me deu trabalho: o cabo

estéreo estava com defeito e eupensava que o problema era do

sistema. Agora, dou ‘play’ noiPod, escuto as minhas músicas

de referência e ando pelo ambi-ente para escutar em diversos lu-

gares. Depois, dou um ‘1, 2, 3, tes-tando som’ e por aí vai”, detalha.

Sabóia, por sua vez, conta que,normalmente, já encontra os PAs

alinhados pelas empresas res-ponsáveis pelo aluguel dos equi-

pamentos de áudio. Sua única in-terferência, de uma maneira ge-

ral, é pedir para o técnico da em-presa diminuir os graves. “Hoje,

há uma tendência muito grandede mixagens de PA com um grave

em excesso, e como venho de es-túdio, acho muito estranho. Mas

não desgosto não, só não faço nasminhas mixes de PA”, pondera.

Sabóia não é do tipo que tenhauma trilha preferida para compa-

rar o som do PA antes e depois dealinhado. Quando precisa lançar

mão desse artifício, usa um CDdo próprio Sorriso Maroto, por já

estar acostumado com o som dogrupo (gravado por ele próprio, e

que ele já sabe como soa no estú-dio). Além disso, pelo fato de tra-

balhar com um conjunto de sam-ba, para Sabóia, de nada adianta

usar um CD de música pop paraconferir o alinhamento do PA.

Ricardo Vidal, por outro lado,tem a sua trilha favorita para

checar o alinhamento do PA. Elecita a música General, da banda

gaúcha Ultramen, e a cantoraAlicia Keys, entre outras menos

cotadas. Já na passagem de som,atualmente, Vidal tanto passa

com os roadies quanto se vale dosoundcheck virtual.

“Antigamente era só com os roadies,mas agora, com a Digico, uso tam-

bém o virtual. Todos os shows sãogravados usando o UB Madi. Basta

um simples toque na tela e pronto:os artistas estão lá, à minha dis-

posição, e com a vantagem de quequem dá o ‘play’ ou o ‘stop’ sou eu.

Também me divirto com os fãs dabanda procurando o Falcão no palco

(durante a passagem)”, brinca.Marcos Sabóia lamenta não tra-

balhar com soundcheck virtual,mas diz que a passagem de som

com os roadies não compromete.“Depois que inventaram a mesa

digital, é muito difícil ter passa-gem de som com os músicos, que

dirá com os artistas. Mas façoquestão de passar o som com os

roadies todas as vezes. O alinha-mento da firma ‘A’ nunca é igual

ao da firma ‘B’. Então, como vouespetar meu pen drive e o som vai

estar igual ao do dia anterior? Open drive não faz milagres, apenas

te dá um ponto de partida bem

Ricardo Vidal

Em dezembro de 2013, completou

18 anos com a banda O Rappa. An-

tes, trabalhou durante três anos e

meio com a banda Razão Brasileira.

Também trabalhou com a cantora

Wanessa, na transição que ela fez

do sertanejo para o pop-rock e o

hip-hop. Participou ainda do Louco-

motivos, projeto paralelo do cantor

do Rappa, Falcão; e do Reggae B,

do baixista Bi Ribeiro, dos Pa-

ralamas do Sucesso. Paralelamen-

te, sempre trabalhou em estúdio

como técnico e como produtor.

Antes de trabalhar com esses artistas,

porém, atuou como gerente da em-

presa Viger, de Pelotas, e, antes dis-

so, como músico. Na época de loca-

dora, operou o áudio para diversos

artistas nacionais e festivais de músi-

ca no Rio Grande do Sul. Mixou o

áudio do festival Planeta Atlântida

para a RBS (rádio e TV) e para o

Multishow, onde também mixou o últi-

mo show do Exaltasamba.

Marcos Sabóia

Tudo começou por volta de 1977 no

estúdio do pai, Ed Lincoln, no Rio de

janeiro. Em 1990 foi convidado a tra-

balhar no estudio Impressao Digital

na Barra da Tijuca.

A partir daí, o trabalho com grandes

artistas começaram. Simone, Elba

Ramalho, Ze Ramalho, Adriana

Calcanhoto, Gal Costa, Tim Maia,

Ivete Sangalo, entre outros. Por volta

de 1996 começou a fazer shows para

o grupo Roupa Nova. Em 2002 foi

convidado a fazer parte do quadro

de técnicos do estúdio Tambor. “Lá

gravávamos de tudo e foi aí que caí no

samba. O primeiro álbum de samba

que mixei foi o grupo Revelação”. De-

pois gravou o Grupo Sorriso Maroto

no segundo álbum da banda pela

gravadora. “Com isso fui convidado a

mixar o PA do grupo e estou ate hoje

na estrada”. Paralelamente, Sabóia

tem uma sala de mixagem (Blue

Room) e atualmente está mixando o

DVD da cantora pop Anitta.

adiantado na passagem de som, evocê faz os ajustes finos”, ensina.

No fim das contas, cada qual com seumétodo de trabalho. Para Marcos

Sabóia o que vale é o técnico ter perso-nalidade. “Sempre falo isso: você pode

ter uma referência, admirar o trabalhode outros técnicos, mas nunca ficar

copiando. Crie algo novo”, sugere.Ricardo Vidal concorda. Segundo,

ele, não existe, por exemplo, umamaneira correta de timbrar um bum-

bo. Uns gostam mais grave; outros,mais agudo. Por isso, a importância

de o técnico ter sua identidade. As-sim, fica a cargo do artista ou do dire-

tor musical procurar aquele que me-lhor se encaixará no trabalho.

“Primeiramente, o técnico tem queconhecer a sonoridade que o artista

quer e perceber se a sua identidadeprofissional soma ao produto final.

No Rappa, cada show é diferente dooutro. A banda não é tão rígida em

tocar suas músicas como foram gra-vadas. E, além de tudo, tem os

dubs”, completa.

TECN

OLOG

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.com

.br

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ouco comum naquela época, porém

presente em todos os atuais mode-los de computadores da Apple, esse pro-

tocolo de transmissão de dados permitea comunicação a taxas de 10 Gbps (co-

nexão 12 vezes mais robusta que a Fire-wire 800 e 20 vezes mais que a USB 2),

resultando, entre outros benefícios,menor latência do sistema (1,1 ms.

operando em 96kHz/24 Bits), valoresreduzidos de buffer e maior quantidade

de instâncias de plug-ins operando si-

P

Luciano Freitas é técnico de áudio

da Pro Studio americana com for-

mação em ‘full mastering’

APOLLO TWINAPOLLO TWINANALÓGICO E DIGITAL

EMBALADOS PARA VIAGEM

No início de 2012,a Universal

Audio lança aApollo, a

primeira interfacede áudio

profissional domercado capaz dese comunicar com

os computadorespela porta

Thunderbolt.

multaneamente (quando comparada à

performance das comunicações Firewiree USB, protocolos geralmente utilizados

nas demais interfaces de áudio).No ano seguinte foi a vez de apresentar

ao mercado a Apollo 16, uma versão doequipamento que oferece o dobro das

conexões de áudio do modelo Apollooriginal, podendo operar em cascata (2

unidades) para alcançar 32 canais deentradas (não possuem pré-amplifica-

dores) e saídas analógicas simultâneas,

49

além de conexões digitais no formato AES/EBU. Paranão fugir à regra, a Universal Audio começa 2014 con-

quistando uma significativa fatia do mercado com a suanova Apollo Twin, uma interface compacta que oferece a

mesma qualidade sonora, bem como toda potencialidade,fatores que consagraram a família Apollo entre os profis-

sionais mais exigentes por um preço que cabe no orça-mento da maioria dos home-studios.

APOLLO TWIN

O grande diferencial das integrantes da família Apolloperante as outras interfaces existentes no mercado é a

sua capacidade de alimentar o processamento dosplug-ins com tecnologia UAD Powered (proces-

samento não compatível com plug-ins de outros fabri-cantes), operando de modo similar a uma placa

aceleradora de DSP (UAD, da própria UniversalAudio; PowerCore, da TC Electronics; Liquid Mix, da

Focusrite; Duende DSP, da SSL entre outras). Com omesmo poder (capacidade) de processamento de plug-

ins das placas dedicadas UAD 2 SOLO CORE (com

Apollo Twin - Aplicativo Console

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um processador SHARC 21469) e UAD2 DUO CORE (com dois processadores

SHARC 21469), respectivamente paraas versões da interface Apollo Twin

SOLO e Apollo Twin DUO, o usuárioterá acesso a plug-ins (nos formatos VST,

AU, RTAS e AAX64) aclamados pelaindústria do áudio profissional como re-

ferência na simulação (emulação) deprocessamento de sinal analógico. Base-

ados no conceito de modelagem física, osplug-ins UAD Powered são capazes de

reconstruir no mundo digital (virtual-mente) hardwares analógicos lendários

das empresas Neve, SSL, Pultec, Tele-tronix, Fairchild, Studer, Lexicon,

DBX, Roland, MXR, Harrison, EmpiricalLabs, Manley, Ampex entre outras, repro-

duzindo, além da sonoridade “quente” tí-pica desses equipamentos, seu comporta-

mento nas mais diferentes configura-ções. Acompanha os dois modelos da

interface Apollo Twin (SOLO e DUO)o pacote “Realtime Analog Classics”,

Apollo Twin - Plug-ins View

51

Para saber online

[email protected]

contendo as licenças dos plug-ins LA-2A, 1176LN e1176SE, Pultec EQP-1A e Real Verb Pro (demais li-

cenças podem ser adquiridas na webstore da UniversalAudio). Veja na tabela a quantidade de instâncias de

plug-ins que operam simultaneamente em cada mode-lo da Apollo Twin (valores referentes a uma sessão em

44.1 kHz/24 Bits - para sessões em 96 kHz divida os va-lores por 2 e para sessões em 192 kHz divida os valores

por 4). (veja a tabela anter)ior)Além dos tradicionais plug-ins que simulam proces-

sadores de sinal, a Universal Audio debuta na ApolloTwin a tecnologia UnisonTM, criando uma categoria

própria de plug-ins dedicados à modelagem de pré-am-plificadores clássicos. Ao invés de simplesmente fil-

trar frequências do sinal de áudio para aproximá-lo dascaracterísticas sonoras de um pré-amplificador famo-

so (como geralmente ocorre em outras simulações),essa tecnologia estabelece uma comunicação bidi-

recional entre o plug-in e o circui-to do pré-amplificador, permitin-

do ao usuário ajustar parâmetroscomo a sua impedância e a sua es-

trutura de ganho analógico paracoincidir com a do modelo de pré-

amplificador desejado. Inicial-mente, nesta categoria, a Univer-

sal Audio disponibiliza aos usuári-os das interfaces Apollo o plug-in

610-B, capaz de recriar virtual-mente a sonoridade do lendário

pré-amplificador valvulado LA-610, imortalizado em gravações de artistas como Van

Halen, Beach Boys e Frank Sinatra.Também está disponível no pacote que acompanha a

Apollo Twin o aplicativo “Console”. Com um visualsimilar ao encontrado nos mixers analógicos, este

aplicativo (software instalado no computador) permi-te ao usuário configurar todo o equipamento remota-

mente, ajustando seus níveis de sinal, panorâmicos, asferramentas dos pré-amplificadores, mandadas de

efeito (dois canais auxiliares) e para a saída de fones deouvido, além de possibilitar a inserção, em cada canal

de entrada (analógica ou digital) da interface, de atécinco plug-ins simultâneos (um deles com a tecno-

logia UnisonTM) no modo Realtime UAD Processing(tecnologia FPGA, a qual substitui, na interface

Apollo, o Live Track Mode, presente nas placas UAD).Neste modo, os plug-ins operam no sistema com a mí-

nima latência possível (independente da quantidadede instâncias inseridas, a latência do canal se mantém

fixa), atingindo um desempenho não encontrado emoutros sistemas nativos. Ou seja, agora é possível im-

primir nas gravações digitais as características sônicasde equipamentos analógicos como a dos gravadores de

fita Studer A800, equalizadores 1073 da Neve e com-pressores UREI 1176 entre outros sem qualquer nível

de latência perceptível (também é possível apenasmonitorar o sinal processado, sem que este seja regis-

trado no momento da gravação). O usuário ainda con-ta com o plug-in “Console Recall” que, com um único

botão, é capaz de recuperar toda a configuração utiliza-da na interface no momento da gravação de um deter-

minado projeto (proporcionando agilidade na mani-pulação de projetos similares).

Já na sua seção física (hardware), a Apollo Twin ofere-ce 10 entradas (2 delas analógicas, com pré-amplifica-

dores Burr-Brown PGA2500 para microfones e JFETna entrada de alta impedância + 8 digitais no formato

ADAT lightpipe) e 4 saídas (mais a dedicada aos fonesde ouvido) de áudio simultâneas. Os canais analógicos

oferecem, individualmente, Low Cut Filter (filtro de

passagem de altas frequências), inversor de polaridade(1800), alimentação phantom power (+48 volts), Pad

(-20 dBs) e a função “Link”, que vincula os ajustes dosseus parâmetros. A tecnologia de conversão e a preci-

são dos medidores de sinal empregados na ApolloTwin derivam do famoso Conversor 2192 da Universal

Audio. Operando em taxas de até 192 kHz/24 Bits, aApollo Twin oferece conversão A/D que permite obter

uma sonoridade natural, aberta e transparente (poden-do o usuário “colorir” artisticamente o sinal utilizando

os plug-ins Realtime UAD) e uma meticulosa conver-são D/A, que traduz toda a clareza, profundidade e pre-

cisão na reprodução dos sinais captados.

Mais informações sobre o equipamento podem serconseguidas com o seu importador oficial no Brasil:www.quanta.com.br

... a Universal Audio debuta na Apollo Twin

a tecnologia UnisonTM, criando uma categoria

própria de plug-ins dedicados à modelagem de

pré-amplificadores clássicos.““

TECN

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com

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ravar sessões de bateria é uma tarefaque demanda bastante tempo, en-

volvimento e um estúdio bastante equi-librado e preparado. Técnicas de mi-crofonação, kits de bateria de boa quali-dade, afinação são alguns dos fatores quehoje fazem com que alguns produtoresutilizem samples de bateria para produ-ções em vez de gravar sessões específicas.Obviamente, gravar um set real para umprojeto é diferente de programar numaDAW, mas os resultados de programaçãopodem ser bem convincentes.Com tudo isso em mente, o Logic Pro Xincorporou o Drummer como um recur-so que, se bem utilizado, pode criar re-sultados bem realísticos, considerandoque as performances disponíveis são re-sultado de gravações com os bateristastop de mercado, utilizando recursos deestúdio de alto nível.

Abra o Logic Pro X e logo na entra-da ao abrir a janela New Tracks, es-colha Drummer (Figura 1). Duas re-giões de bateria são criadas automa-ticamente (Figura 2).

GEntre váriasnovas

funcionalidadesdo Logic Pro X,

algumas sedestacam por

trazer umagrande agilidade

na vida dosprodutores. ODrummer, um

baterista virtual,traz uma série de

inovações paraquem quer ter

trilhas de bateriadinâmicas, e sem

ter queprogramar tanto.

Vera Medina é produtora, cantora,

compositora e professora de canto e

produção de áudio

DRUMMERVAMOS DESVENDAR O QUE É E PARA QUE SERVE!

Figura 1

Figura 2

Figura 3

53

Vá para a janela do baterista e, clicandosobre a foto, vários outros bateristasaparecerão como opção de estilo (Figu-ra 3). Você poder escolher opções de ba-terista do mesmo estilo (Figura 4), ouvocê pode optar por outro estilo e bate-ristas no menu de estilos (Figura 5).

Escolha uma região e os parâ-metros do Drummer se ilumina-rão (Figura 6). Vamos executar al-gumas alterações. Continuandono mesmo estilo e baterista, épossível escolher primeiramentevários presets na coluna Presetsno painel do Drummer. Já o painelseguinte possui 4 variáveis e fun-ciona como um eixo x,y, possibili-tando ajustar 2 parâmetros de exe-cução: Volume (Loud para cima eSoft para baixo) e Complexidade(Simple para a esquerda e Complexpara a direita). Faça alguns testes everificará que a onda de áudio daregião selecionada vai se alterandoconforme a localização da bolinhaneste eixo. Ao lado, ainda no paineldo Drummer, temos a seleção daspeças. Aquelas que estão sendo to-cadas aparecem iluminadas e pos-suem variações. Tente mudar osajustes nas peças e veja o resultadofinal. E totalmente à direita do pai-nel, podem ser ajustados Fills eSwing. As opções de Fill são beminteressantes para ajustar sua ex-tensão e complexidade, procuretestar várias posições. Cabe ressal-tar que estas alterações podem serexecutadas em tempo real, ou seja,você pode ajustá-las numa per-formance ao vivo, tornando a exe-cução bastante dinâmica.Cabe ressaltar que cada projetopode conter apenas uma pista doDrummer. Se você já tiver umaem seu projeto, ao clicar em NewTracks, a opção do Drummer esta-rá desativada (Figura 7).

Figura 4

Figura 5

Figura 6

Figura 7

TECN

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com

.br

54

Ao mudar o baterista de sua perfor-mance, aparecerá um menu com a se-guinte mensagem:“Changing the drummer will replace changes

you have made to the regions settings on this

track. To keep these changes, select ‘Keep

settings when changing drummers in the

Presets pop-up menu in the Drummer Edi-

tor’.” (Figura 8 e Figura 9).Isto significa que, ao mudar o baterista, asmudanças que possam ter sido feitasnuma região serão desconsideradas. Paramanter as alterações efetuadas é necessá-rio escolher a opção “Keep settings when

changing drummer”, ou seja, manter asconfigurações ao mudar de baterista, nopop-up de Presets na janela do editor doDrummer. Assim como você só pode teruma pista de Drummer funcionandopara um projeto, esta trilha só pode con-ter um baterista, mas vários presets econfigurações podem ser aplicadas emtempo real, ou na produção.Para visualizar o conteúdo da região,clique sobre a região e aperte a tecla Z(Zoom). Você terá uma visualização se-melhante à Figura 10. Note que nestaregião temos o Kick, Snare e Hi-Hat ati-vos. Na figura, a representação gráficado Bumbo e Caixa (Kick e Snare) apare-ce na região inferior, enquanto a repre-

sentação do Hi-Hat aparece acima. Vejana Figura 11 como a representação ficadiferente se o Snare for desativado, dei-xando somente o bumbo. É possívelfatiar regiões, lembrando que, sempreque fizer isto, o final de cada parte serápreenchido com um Fill. Basta alterar obotão de Fills e você poderá fazê-lo de-saparecer ou mudar sua complexidade.Ainda, você pode adotar configuraçõesdiferentes em cada região (mantendo o

mesmo baterista), mas alterando estilose demais parâmetros. Sugiro que vocêutilize cores diferentes para regiões di-ferentes para facilitar sua visualizaçãodo projeto (Figura 12).

Figura 8

Figura 9

Figura 10

Figura 11

Para saber online

[email protected]

www.veramedina.com.br

Figura 12

“Assim como vocêsó pode ter uma

pista deDrummer

funcionandopara um projeto,

esta trilha sópode conter um

baterista, masvários presets e

configuraçõespodem ser

aplicadas emtempo real, ou na

produção

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PRO

TOOL

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utras, que já vêm habilitadas, são deextrema importância conhecermos

para garantir um bom funcionamentodo Pro Tools. Neste artigo, vamos a-prender mais sobre as principais prefe-rências do sistema.

Organização de plug-insPor padrão, plug-ins são organizados deacordo com sua categoria. Eq, Dyna-mics, Reverb e assim por diante. É umbom ponto de partida, mas para quemtem muitos plug-ins de outros fabrican-

tes existe uma opção mais conveniente.Na aba “Display”, temos a opção “Orga-nize plug-in menus by” (fig. 1) e alte-rando a opção para “Category & Manu-

OO Pro Tools é

repleto de opçõesque são habilitadas

de fábrica parafacilitar o contato

inicial dousuário, porém, são

bem-vindas nasmãos de usuáriosmais experientes.

facturer” teremos uma lista organizadatambém pelo fabricante. (fig. 2).

Colorindo Markers

Marker é uma ferramenta essencialnum projeto que tem como premissa aorganização da sessão.Ainda na figura 1, podemos habilitar afunção “Always Display Marker Colors”e sua visualização torna-se melhor ain-da, pois cada trecho apresentará umacor diferente.

Cristiano Moura é produtor, en-

genheiro de som e ministra cur-

sos na ProClass-RJ

PREFERÊNCIAS DO

PRO TOOLSOPÇÕES QUE VOCÊ PRECISA CONHECER

Fig. 1 - Organização de Plug-ins e Markers

Fig. 2 - Lista organizada de plug-ins

57

Para saber online

[email protected]

http://cristianomoura.com

Configurando tipos de Fade comSmart Tool

Com a função Smart Tool ativa-da (fig. 3), é possível criar fadein, fade out ou crossfade exata-mente no clip se o mouse estiverno canto superior esquerdo, su-perior direito ou inferior es-querdo, respectivamente.Porém, o padrão do Pro Tools é cri-ar um fade linear (chamado tam-bém de “equal gain”), que quasenunca é o ideal.

Na aba Editing podemos ajustarisso. Principalmente o crossfade,vale a pena alterar para a opção“Equal Power” (fig. 4).

Mantenha seu EQ e Compressorpredileto por perto

Para quem tem um equalizador ecompressor predileto e que seja usa-do na maioria das situações, é bomdeixá-lo mais acessível. Na aba“Mixing” existe a opção “DefaultEq” e “Default Dynamics”.Uma vez selecionado, eles estarão logono início da lista de plug-ins. (fig. 5).

Suppress Automation “Write

to...” WarningsUsuários do Pro Tools HD tem aces-so à função Manual Write, que acele-ra e muito o processo de automação.O problema é que, por padrão, oPro Tools sempre vai enviar umacaixa de diálogo perguntando sevocê quer mesmo executar a fun-ção. Isto é importante, pois depen-dendo do contexto, este processopode deletar toda a automação quejá foi escrita.Depois de pegar experiência comesta função, vale muito a penadesativar este aviso, já que ele setorna irrelevante e dispersivo sevocê já domina bem a função.

Garantindo uma cópia no Au-dio Files

Ao arrastar um áudio pelo Win-dows Explorer, Finder ou Workspa-ce, por padrão, o áudio continua nolocal original e apenas um link é fei-to no Pro Tools. A idéia é que o pro-cesso seja o mais ágil possível.Porém esta não é a opção mais segu-ra. Como os arquivos não são copia-dos para a pasta Audio Files, se ousuário simplesmente copiar a pastada sessão num HD e tentar levarpara outro estúdio, por exemplo, elaestará incompleta e o Pro Tools iráacusar que arquivos estão offline.Por via das dúvidas, pode-se confi-gurar o Pro Tools de outra forma, for-çando-o a sempre fazer uma cópia doáudio na pasta Audio Files e, destaforma, todos os arquivos da sessãoestarão sempre num local único.

Para isso, na aba “Processing”, acio-ne a opção “Automatically Copy Fi-les on Import”.

Backup SeguroPela questão acima e muitas outras,recomenda-se usar o comando SaveCopy In para fazer um backup, aoinvés de simplesmente copiar a pas-ta da sessão para seu HD de backup.

O Elastic Audio nosso de cada dia

Se você é usuário frequente doElastic Audio, recomenda-se ati-var a função “Enable Elastic Au-dio on New Tracks”, localizada naaba “Processing”. Desta forma, to-dos os tracks novos de áudio virãocom Elastic Audio habilitado.

Click nosso de cada diaA mesma coisa acontece com oclick. Se o Pro Tools está sendousado num ambiente de produçãomusical, pode-se estipular para oPro Tools criar sessões novas jácom o Click Track. Para isto, acessea aba “MIDI” e habilite a função“Automatically Create Click Tra-ck in New Sessions”.Sem dúvida, existem muitas outraspreferências que devem ser levadasem consideração.Recomendo investir um pouco doseu tempo de estudo por dia paratentar conhecer aos poucosmais preferências.Abraços, e até a próxima!

Fig. 3 - Smart Tool

Fig. 4 - Crossfade Equal Power

Fig. 5 - Eq e Comp sempre a mão

ABLE

TON

LIVE

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ABLETON LIVE

o invés de levar para o palco cente-nas de quilos em equipamentos,

basta um Laptop competente.O ABLETON LIVE já oferece uma

gama de RACKS prontos...

Abra o programa, clique no triângulocinza no alto à esquerda, Instruments.

A

ABLETON LIVE

Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor,

sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de

Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee

College of Music em Boston.

- Instrument Rack (seta vermelha) e ar-raste para o MIDI Track e use à vontade!Mas nós queremos os nossos Racks comnossos plug-ins de instrumentos e efei-tos, não é mesmo?!Clique com o mouse (e mantenhaclicado) no ícone Instrument Rack e ar-

INSTRUMENT RACK

A capacidade doAbleton Live em

agrupar instrumentos(plug-ins) e efeitos em

cadeia (chain) paraformar um multi-instrumento comefeitos e patches

personalizados, ondevocê pode desenhar

sons em camadas(layers), fazer divisão

de teclado (splitpoints) no velho estilo

Modulo Rack, é umsonho realizado para

muito músicosperformáticos.

Instrument - Instrument Rack

59

raste como mostra na imagem (po-de arrastar para qualquer MIDItrack também).Agora nós temos um InstrumentRack vazio, pronto para receber seusplug-ins de instrumentos ou efeitos.

O que acontece agora é que vocêpode agrupar seus plug-ins simples-mente arrastando um por um paraaquele local indicado no círculo.

Cada plug-in terá os seus parâmetrosindividualmente preservados ondepoderemos mapeá-los, e programarautomações com MIDI devices.Muito bem. Agora arraste qualquerdos seus milhares de plug-ins (hehe... eu sei!) e clique nesse ícone queparece uma ferramenta (chave)para esconder o plug-in. (Seta ver-melha ao centro embaixo).

Claro que vamos discutir só a fun-cionalidade do Instrument Rack, obom gosto em suas combinações éuma assunto pessoal.

Bem, esse é o nosso pequeno Rack, evamos começar a explorá-lo.Primeiro, vamos apertar esse botãoKEY bem no centro do lado do Vel.Aha!! Interessante, hein?!Aqui programamos a tessitura decada instrumento e, arrastandocom o cursor do mouse, a partir doscantos dessa barra verde, estipula-se onde, no seu teclado ou con-

trolador, determinado som come-ça a tocar. Como padrão, a progra-mação vem em camadas (layers),mas você pode precisar fazer com-binações (splits), divisões para oseu som. Como já fiz, arrastando abarra verde do primeiro plug-in(Jupiter8) da esquerda até o C3.Aqui esse plug-in só começa asoar a partir do C3. O outro soa oteclado inteiro.Agora aperte o Botão VEL, deVelocity...Aqui você pode determinar a quevelocidade e a que sensibilidadeseus instrumentos ou sons começa-rão a soar. Nesse caso, o primeiroplug-in só começa a soar a partir dosValores (Velocity) 56~96. Em qual-

Drag Rack

Instrument Rack

Drag mais um instrumento

Jupiter

Janela Rack

Key

Velocity

Cada plug-in terá os seus

parâmetros individualmente preservados

onde poderemos mapeá-los, e programar

automações com MIDI devices

ABLE

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Para saber online

Facebook - Lika Meinberg

www.myspace.com/lmeinberg

quer parâmetro fora dessa grade elenão funciona, não toca. Esse é um bomtruque para Sample ou efeito que vocêqueira que soe somente a determinada

pressão (56~96). Os valores MIDI degrade vão de 0~127.Agora aperte esse botão indicado pelaseta vermelha.

MACRO!!Aqui você pode fazer uma automaçãointerna do seu Rack ao mapear esses bo-tões a parâmetros específicos: DeviceON/OFF, por exemplo!!Selecione o plug-in que você desejamapear (em azul no caso).Clique nesse ícone MAP (centro dolado direito do nome Instrument Rack)Repare os espaços prontos para ma-peamento (em verde). Agora siga aseta vermelha e, com o botão direito,clique nesse ícone (uma janela seabre) e selecione Map to Macro 1(como mostra a imagem).Após o mapeamento, você pode co-mandar pelo seu Controler MIDI es-ses botões programados para ligar edesligar seus plug-ins (melhor doque simplesmente mutá-los, pois,assim, não se usa processamento daCPU do computador).Clicando com o botão direito em

cima do botão mapeado (Device On –primeiro da esquerda), você pode fa-zer um ajuste fino nos parâmetros dagrade e especificar a que ponto entre

0~127 (valor MIDI) o device entraem funcionamento.É evidente que esses macros podemser utilizados para automatizar qual-

quer parâmetro automatizável dosseus devices, e o limite é a sua capaci-dade criativa e, claro, a qualidade doseu equipamento.Paramos por aqui com esse tutorial ealerto que o assunto CHAIN seráabordado em matéria específica sobreEffects Rack. Aguardem.Boa sorte a todos!

Macro Botton

Map to Macro

Device Mapeado

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PROD

UÇÃO

MUS

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s caixas NS-10 da Yamaha (eu con-fesso que tenho um par delas) são

provavelmente o sistema de monito-ração mais utilizado de todos os tempos.Desde home studios até os maiores (emais caros) estúdios do mundo utilizamesse sistema. Apesar de serem amplamen-te utilizadas, ainda estão longe de ser umsistema com resposta totalmente plana.As NS-10 ressaltam bastante as frequên-

A cias médias. Veja no gráfico abaixo como aNS-10 é tudo, menos uma caixa plana,tendo uma acentuação considerável naregião entre 1.000 Hz e 2.000 Hz:Todas as caixas, assim como as NS-10,têm a sua curva de resposta. Isso signifi-ca que não existe o sistema perfeito.Então como fazer para termos uma refe-rência de monitoração que seja confiá-vel? A resposta é: tenha mais de um

REFERÊNCIAS NA MIXAGEM

MONITORAÇÃORicardo Mendes é produtor,

professor e autor de ‘Guitarra:

harmonia, técnica e improvisação’

Uma das coisas maisimportantes para uma

boa mixagem é amonitoração. A verdade

é que cada caixa desom tem as suaspeculiaridades.

Nenhum modelo soaigual a outro. E isso

pode ser umaarmadilha na hora de

avaliar uma mixagem.A caixa de monitoração

ideal seria uma quereproduzisse

exatamente o sinal quesai da workstation, não

adicionando colorido(graves, médios ou

agudos) algum. Masainda não existetecnologia para

produzir um sistema dealto-falantes que seja

absolutamente flat. Porisso é comum, ao ouviras nossas mixagens em

outro sistema demonitoração, encontrar

erros que nãopercebemos enquantoestávamos mixando.

NS10 Curva

63

sistema de monitoração. Chequesempre a sua mixagem em mais deuma fonte de monitoração. Se vocêpuder observar, mesmo que sejaatravés de fotos, os maiores e me-lhores estúdios do mundo temmais de um sistema. Normalmentevocê irá ver um par de “near-field”(monitoração próxima) – sendo asNS-10 as campeãs de audiência, mastambém outras como as MackieHR824, Yamaha HS80, DynaudioDBM50, Genelec 8050B, dentre vá-rias outras –, porém você também iráconstatar outras caixas maiores,normalmente embutidas na pare-de do estúdio. Estas caixas são bemmais potentes e são chamadas de“main monitors” (aqui no Brasilchamamos de som de cliente, porque são potentes e ao colocarmos osom alto, o cliente fica impressio-nado). No entanto não é uma boaideia fazer uma mixagem toda em

cima deste sistema. Alguns estúdi-os também têm sistemas “mid-field”, que ficam entre as near-field e as main monitors. Outros

estúdios também utilizam uma pe-quena caixa Auratone, que podeser usada em mono ou estéreo.É verdade que nem sempre pode-mos dispor disso tudo em nossoshome studios, mas podemos nosutilizar da lógica de raciocínio

que os estúdios grandes usam. Voupassar para vocês como resolvi oproblema aqui no meu: eu tenhoum par de NS-10, um de HS-80,

um de HHB Circle Five, um par decaixas de computador Creative,um headphone AKG K240 e ou-tro AKG K44.O meu estúdio, e acredito que amaioria dos home studios tam-bém, não tem espaço para um main

É verdade que nem sempre podemosdispor disso tudo em nossos home studios, maspodemos nos utilizar da lógica de raciocínio queos estúdios grandes usam

PROD

UÇÃO

MUS

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64 monitor daqueles de fazer tremer o chão.Mas eu sinto falta de ouvir a mixagem àdistância. Para isso coloquei as HHBCircle Five mais afastadas e com o volu-me um pouco mais alto, simulando o“som de cliente”. Na verdade, neste casoeu não estou buscando volume para ba-lançar a casa, mas sim escutar como amixagem está soando ouvida um poucomais de longe. A HHB acaba funcionan-do como um “mid-field” para mim. Parao near-field eu tenho as NS10 e as HS80,mas a verdade é que eu uso as HS80 paragravar e editar e “guardo” as NS10 para amixagem. Praticamente faço toda amixagem nas NS10 porque sou muitoacostumado a elas, mas sempre estouchecando a mix nas outras caixas.Qual é o grande dilema que se instaura?Eu nunca escuto o que eu realmente gos-taria de escutar. Por exemplo: se eu acharque a equalização das guitarras comoverdrive estão boas nas HS80, prova-velmente sentirei um excesso de médi-os quando mudar para as NS10. Se euachar que o baixo está no volume certonas Creative, quando eu passar para asNS10 ele vai estar um pouco alto, e sepassar para as HS80, ele vai estar muitoalto. Como as HS80 têm corte de baixas

no seu painel traseiro, eu cortei para queela se aproximasse um pouco das NS10.Quando já estou considerando a mixa-gem finalizada ainda dou uma conferidanos headphones. O AKG K240 é maispreciso e ressalta bem os agudos. Já oK44, um modelo bem mais barato, émenos agudo. Ouço também nos dois.Os headphones são muito bons parachecar a distribuição do estéreo, poiscada lado é isolado um do outro. O mes-mo não acontece com as caixas de som,que, à medida que nos afastamos da fon-te, o som de estéreo vai se tornandogradativamente em mono.Assim vou tentando ajeitar a mix paraque ela soe bem em qualquer um dos sis-temas. Fica fácil perceber que se fizer-mos uma mix “perfeita” ouvindo ape-nas um sistema de monitoração, ela nãoestará perfeita ao trocarmos para outrosistema. O meu próximo projeto vai serpuxar um cabo para a garagem mandan-do a minha mixagem para o som do car-ro e ouvir como ela fica dentro do carro.No próximo mês, vamos falar sobre ouso de referências.

Para saber [email protected]

“Os headphones sãomuito bons para

checar adistribuição do

estéreo, pois cadalado é isolado um

do outro. O mesmonão acontece comas caixas de som,

que, à medida quenos afastamos da

fonte, o som deestéreo vai se

tornandogradativamente em

mono

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CAPTADORES

ikola Tesla é o famoso físico, enge-nheiro mecânico e elétrico, inven-

tor e cientista que desenvolveu o siste-ma de eletricidade simples e a modernacorrente alternada (AC). Além de tercriado um sistema de distribuição deenergia livre e gratuita para a humani-dade. Mas como isto foi abafado pela“história”, deixemos este fato para ou-tra ocasião. Nos tempos de hoje, Tesla étambém o nome da logomarca de umaempresa asiática de captadores e afins.

N

TESLA

Criada em 2002 a partir das experiênciasde um sul-coreano aficionado em eletrô-nica e instrumentos musicais de corda,que desde 1972 desenvolvia protótiposartesanais de captadores em sua própriaresidência, a Tesla está rapidamente sedesenvolvendo e expandindo seu mer-cado com escritórios na Europa, Améri-ca do Norte e Brasil.Nossas facilidades, aqui no Brasil, co-meçam com Glauco Campestre, umatencioso e bem falante pequeno em-

Jorge Pescara é baixista, artista da

Jazz Station e autor do ‘Dicionário

brasileiro de contrabaixo elétrico’

Hora de fazer umupgrade no

instrumento. Aprimeira questão

que nos vem àmente para melhoré: a sonoridade! Enisto os principaisfocos são os pick-

ups! Há váriasopções no mercado,para todos os bolsos

e gostos. Entãopegamos uma

marcainternacional

recém-chegada aomercado brasileiro

para descrever atransformação desom de seu baixo

para melhor.

Captador Tesla VR-MM4 Polivalente

67

Corona

Humbuckerow Tesla AH-1

presário que di-rige a Tuning GuitarParts (www.teslapicku-ps.com.br), em Americana, umabucólica cidade do interior paulista.Lá, nosso anfitrião divide-se entre aTesla e a Gotoh (empresa de hardwarepara guitarras e baixos), atendendo lo-jistas e luthiers nas suas encomendas.Os pick-ups de baixo elétrico contémmodelos para 4, 5 ou 6 cordas (como alinha Corona e a VR com suas diversasvariantes, por exemplo), uma linha decaptadores diversificada, abrangendodesde os passivos clássicos (jazz bass,strato etc.), passando por captadoressoapbars, de baixa, média e alta im-pedância, além de passivos e ativos demodelos diversos. Cada qual com suaparticularidade de timbre, sonoridade,impedância, número de cordas abran-gidas, e por aí vai. Na parte das guitar-ras a Linha Plasma, seguida pela VRcom seus single coils, contracenamcom seus irmãos humbuckers de mes-mos nomes. Tudo isto na linha passiva,pois quando o assunto é captadores

ativos há outras variadasopções para baixo

e guitarra

com sonoridade surpreendentes. Ou-tros hardwares que a Tesla fabricasão dampers, ou abafadores de corda(ideais para manter a definição eclareza do toque, ao abafar as cordasna região anterior do headstock),além de um modelo de pré-amplifi-cador ativo com 3 bandas de equa-lização e um pedal de boost para en-venenar o som dos instrumentos.Os captadores que a Tesla oferece abran-gem a gama de formatos e tipologia dosmais requisitados e utilizados no mundo.Com tal disponibilidade e preços que pa-recem ser bem competitivos, pode seruma pedida e tanto pro final de ano,dando um upgrade sonoro em seubaixo predileto.Vejamos uma breve descrição de al-gumas das opções disponíveis nomercado brasileiro. *Os modelos de-monstrados são para baixos elétricos de4 cordas, porém as especificações técni-

cas (afora as dimensões) são as mesmaspara 5 ou 6 cordas.

Todos os captadoresda linha Tesla sãocuidadosamente fa-bricados com enro-lamento Formvarcopper wire, possu-em 5 pólos magné-ticos de Alnico euma bobina de fi-bra de carbono re-

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Tesla AH-1

Paschalis 4Bass Tesla VR-MM4

coberta. Na cor preta. Ideal para:rock, jazz, blues, pop ou country.

VR-B1

Este single coil proporci-ona a sonoridade originalvintage dos anos 1960 noestilo Jazz Bass.O pickup tem um graveprofundo e um claro, bri-lhante e suave agudo.

VR-B4

Produz tons poderosos eabundantes em ampla fai-xa de frequências. Estecaptador estilo Jazz Bass é

recomendado para a posição próximo àponte por conta da potência sonora.Ótima opção para ser usado em conjuntocom o VR-B3 na posição do braço.

VR-MM4

Humbucker especialmente desenhadopara baixos modelo Music Man StingRay4-String Bass, apresenta 5 pólos magnéti-cos expostos embaixo de cada corda combalanceamento otimizado em tom e som.Conecte um par de VR-MM4 em série sepreferir um profundo e pesado som grave,ou a original ligação em paralelo para so-noridades mais leves.

CORONA-B1

Este pick-up tem uma sonoridade tradi-cional aliada a um eficiente sistema in-

Para saber online

[email protected]

http://jorgepescara.com.br

terno redutor de ruídos o qual produzum som brilhante e balanceado. Oscaptadores são totalmente vedados eblindados para não sofrer influência deruídos externos.O Opus-JB é um Jazz Bass Single Pickup,que possui um único e caloroso timbre-resultado de sua confecção e bobina-mento 100% feita à mão. As posições deponte e braço são posicionadas em oposi-ção para criar cancelamento de ruídosquando usados em par.No atual mercado mundial, altamentecompetitivo, há sempre que se inovar e tra-balhar cada vez mais para manter e abrirespaço. Com um atendimento de prontaentrega e a manutenção permanente docontato com os clientes, a Tuning GuitarParts já, de cara, mostra a que veio. Querexperimentar novas possibilidades sono-ras, com custo acessível e objetividade?Tesla é a resposta… Tuning Guitar Partsé a solução! Paz Profunda .:.

VR-B3

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LEIT

URA

DINÂ

MIC

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CRIAÇÃO ECRIAÇÃO EPRODUÇÃO MUSICALPRODUÇÃO MUSICAL

eunindo 1.300 alunos de todas as re-giões, o CIVEBRA é um dos maiores

evento de educação musical do paíscom disciplinas diversas nas áreas demúsica erudita, música popular, jazz,produção musical, educação musical,práticas de conjunto, regência, musica-lização etc. Ao todo, 80 professores na-cionais e estrangeiros proporcionaram,durante 12 dias, um ambiente educaci-onal e artístico que tomou conta detoda a cidade com apresentações diáriasgratuitas e abertas ao público.

R

Marcello Dalla

[email protected]

Fotos: Divulgação

Este ano, Marcello Dalla conferiu umconteúdo essencialmente prático à suadisciplina “Criação e Produção Musi-cal” com técnicas de microfonação egravação. “Procurei abordar as princi-pais situações de gravação aplicandotécnicas diversas de adaptação a ambi-entes favoráveis e desfavoráveis. Tive-mos um “estúdio-laboratório” em salade aula”, falou. A empresa Midi House,por iniciativa de seu proprietário Beni-valdo Júnior, montou a sala de gravaçãoe forneceu os difusores e painéis acústi-

Seguindo atradição anual,aconteceu maisuma edição do

CursoInternacional

de Verão deBrasília (36ºCIVEBRA),

realizado de 14a 26 de janeiro

de 2014.

NO 36º CURSO INTERNACIONAL DE VERÃO DE BRASÍLIA

Foto 1 - Aulas sobre tipos de microfones

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cos fundamentais para o ambientede trabalho. A empresa Matrix –de propriedade de Denis Torre –forneceu um arsenal de ótimosequipamentos incluindo microfo-nes, pré-amplificadores classe A,monitores e amplificadores de ins-trumento, além de 2 assistentes

(Galego e Maurílio). “Enfim, tudoo que precisávamos para nossos 12dias de aprendizado intenso. Quan-do tínhamos metade do curso trans-corrido fomos convidados pelo di-retor da Escola de Música de Bra-

sília, Maestro Ayrton Pisco,para gravar o concerto da Or-questra Sinfônica dos alunosdo 36º CIVEBRA”, completouMarcello Dalla.Uma das aulas teóricas sobreconstrutividade e tipos de mi-crofones, deu todo um embasa-mento teórico como prepara-ção para a prática (foto 1).A foto 2 mostra a sessão emCubase 7.5 da gravação de voz

projetada para os alunos na sala deaula para que visualizassem todos oprocedimentos na workstation.Uma webcam foi colocada no estú-dio para simularmos a situação degravação à distância, como se a can-tora estivesse em outra cidade, porexemplo. O sistema VST Connect

permite este tipo de interatividademesmo com outras workstationscomo Pro Tools e Logic.A foto 3 mostra a gravação do duode violino ( Gustavo Fechus ) e vi-olão (Gustavo Souza). “Uma situa-

ção de performance ‘ao vivo,valendo take 1’ onde lidamoscom características deste tipode gravação, com os vazamen-tos entre microfones e o equi-líbrio com a sonoridade doambiente”, explica Dalla. Noviolino, o Studio Project T3(Condenser valvulado) e oRoyer 121 (fita). No violão,uma formação muito utilizadaem gravações de estúdio: AKG414 ULS posicionado na jun-

ção braço/corpo, ligado ao préAvalon 737 e um par de Shure SM81. “Gravamos em Cubase 7.5 to-dos os canais em 96 KHz 24 bits ena mixagem dos microfones ob-servamos nossas opções de sono-ridade trazendo mais de um ou deoutro. Somente quando necessá-rio aplicamos alguma equalização.Na gravação, os músicos executa-ram Choro Pro Zé do compositorGuinga. Os arquivos de áudio denossas gravações estão disponí-veis no Facebook: cubasebrasil”,completa Dalla.Na foto 4, Oswaldo Amorim emperformance no baixo elétricopara a aula de captação de instru-mentos amplificados. Com umShure SM57 no amplificador, ob-servam-se elementos importantesna construção do timbre do instru-mento, como o efeito de proximi-dade (ênfase das frequências gra-ves), ataque e mudanças com o des-locamento em relação ao eixo do

alto-falante do amplificador.A foto 5 mostra a gravação da violacaipira do aluno Pedro em técnicastereo MS (mid-Side). O SM 57(Mid) e o AKG 414 (Side) propor-cionaram uma sonoridade rica e

Foto 2 - Sessão em Cubase 7 da gravação de voz.Detalhe da web cam do sistema VST Connect

Foto 3 - Duo de violino (GustavoFechus) e violão(Gustavo Souza) em gravação

Uma webcam foi colocada no

estúdio para simularmos a situação de

gravação à distância, como se nossa cantora

estivesse em outra cidade

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Foto 4 - Performance do Baixista OswaldoAmorim em nossa aula prática de gravaçãode instrumentos amplificados

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trouxeram a assinatura da sala de grava-ção ambientando a viola naturalmente.Em meio às práticas de estúdio, surgiu oconvite do diretor da Escola de Músicade Brasília, Maestro Ayrton Pisco, para

o desafio de gravar a Orquestra Sinfôni-ca dos alunos do CIVEBRA. “Conteicom o apoio de Carlos de Andrade, daVisom Digital (Rio de Janeiro), e deGetsemane Silva e André Uesato da

TV/Rádio Câmara Brasília. A Visomnos cedeu um maravilhoso microfoneestéreo Schoeps em configuração ORTF,fabuloso para gravação de orquestras queveio diretamente do Rio para o teatro da

Escola de Música em cima da hora damontagem pelas mãos de Renata Dalla ede Hervé Huré. A Rádio Câmara nos ce-deu 4 microfones Neumann U87, trêsdos quais utilizamos na técnica DeccaTree e um na cobertura da sessão dos bai-xos. Além disso, tivemos como reforçoem nossa equipe de alunos o apoio de 4

Foto 7 - Com os alunos e a harpista Arícia Ferigato

posicionando os mics na harpa

Foto 8 - Orquestra se posiciona. Microfones de cobertura das seções são conferidos e ajustados

Foto 5 - Gravação de viola caipira em MS (Mid-Side). Aluno: Pedro Augusto

Foto 6 - Montagem do Decca Tree com 3 NeumannU87 da Rádio Câmara

“Foram montadosdois sistemas comCubase 7.5. Duas

estaçõesindependentes

gravando um totalde 16 canais em

redundância. Ouseja, dois

computadoresgravando os

mesmos 16 canais

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Com Vagner de Oliveira, montagem dos 2 sistemas

Cubase 7,5, gravação de 16 canais comredundância (duas máquinas independentes)

técnicos da Rádio e TV Câmara: Fideldos Santos, Tony Ribeiro, Delcy e Gil-son Teixeira. Vamos então aos deta-lhes”, explica Dalla.A foto 6 mostra a montagem da con-figuração Decca Tree, muito utilizadana gravação de formações orques-trais. Três microfones Neumann U87

Detalhe dos microfones de cobertura. Regência:maestro Ricardo Rocha

Os dois sistemas Cubase 7,5 gravando

Palestra sobre acústica: Júnior, Midi House

chaveados em omnidirecional for-mando um triângulo atrás do maestro(60 cm) e acima dele (aprox. 2 me-tros). Entre os 2 microfones da basedo triângulo, distância de 2 metrose 1,5 metros, entre eles e o microfo-ne vértice.Na foto 7, os alunos e a harpistaArícia Ferigato posicionam os mi-crofones na harpa. Cobertura funda-mental para completar o trabalhodos microfones estéreo.

Foram montados dois sistemas comCubase 7.5. Duas estações indepen-dentes gravando um total de 16 ca-nais em redundância. Ou seja, doiscomputadores gravando os mesmos16 canais. Esta configuração permite

confiabilidade, pois, em casode qualquer falha de um siste-ma, o outro continua gravan-do. “Não queríamos correr ris-cos em um concerto ao vivo,sem direito a take 2 e com lon-ga duração”, enfatiza Dalla. Nafoto 8, a Orquestra se posicio-na. Neste momento, já com osistema de gravação funcio-nando e com o roteamentodefinido, foram ajustadas asposições dos microfones decobertura. Detalhe dos mi-crofones estéreo em relaçãoà orquestra.Espero que tenham curtido amatéria. Os áudios, vídeos efotos do que descrevemosaqui estão no Facebook ate-

liedosom ou cubasebrasil.

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omo engenheiro de PA do BlackSabbath por um longo tempo, Greg

Price sabe dos desafios enfrentados acada noite. “É heavy metal, então nãoserá a coisa mais agradável para os ouvi-dos se não for feito da maneira correta,”declarou. “Tento me manter focado nasorigens da banda e ser fiel ao som deles.Quero preencher o espaço entre os fãsmais antigos da banda, que a seguem pordécadas, e os fãs mais jovens, que tambémsão significativos. Esse é o desafio de tra-balhar com um grupo que está por aí hámais de 40 anos”, ressaltou Price.Isso significa oferecer a mais alta quali-dade de som para garantir que todos, jo-

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[email protected]

Fotos: MRossi / Divulgação

vens e antigos, curtam uma excelenteexperiência em áudio. “Até mesmo emespaços para 85 mil pessoas ou mais,quero que todos sintam como se estives-sem na sala de casa”, apontou. “Essa éuma turnê mundial, o que significa queeu não estou sempre utilizando meu PAfavorito, pois não vamos carregar umsistema completo pelo mundo por doisanos. Nós utilizamos o que está disponí-vel na região e eu estou satisfeito por usaro sistema VTX em São Paulo. Estou sem-pre feliz em trabalhar com a Gabisom”,obervou o engenheiro de som.O sistema principal de PA do show reuniuum total de 108 VTX V25 full size array,

BLACK SABBATH AGITA

Lenda viva nomundo do heavy

metal, o BlackSabbath está emturnê sem pausa

por quase dois anose, recentemente,

tocou para umpúblico de 77 mil

pessoas no Campode Marte, em São

Paulo. Para oevento, a empresa

Gabisomdisponibilizou os

line arrays JBLProfessional VTX eVERTEC, além dos

amplificadoresCrown I-Tech HD.

ALTO ALTO

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SÃO PAULO COM SISTEMA VTX30 VTX S28 subwoofers, 40 G28subwoofers empilhados com noveVERTEC full size line array parapreenchimento frontal e alto-fa-lante VT4889. Todos os alto-fa-lantes VERTEC foram utilizadoscom o JBL V5 DSP. Os amplifica-dores Crown I-Tech 12000 HD e4x3500 HD reforçaram o sistema.Price recentemente gravou e mi-xou o DVD de um show da banda,que será lançado em breve, e re-produziu esse som no sistema VTXdo show de São Paulo. “Quando eucoloquei no VTX, descobri algunselementos que nunca tinha ouvido

antes. Senti como se tivesse volta-do ao estúdio, isso mostra comopude escutar cada detalhe presen-te,” afirmou.

Price escutou pela primeira vez osistema VTX nos escritórios daMaryland Sound em Baltimore,onde o presidente da Maryland

Quando eu coloquei no VTX,

descobri alguns elementos que nunca

tinha ouvido antes. Senti como se tivesse

voltado ao estúdio (Greg Price)

E BOM E BOMRock and rollRock and roll

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Sound, Bob Goldstein, e o experienteengenheiro Ken “Pooch” Van Drutentocaram algumas faixas ao vivo doshow do Linkin’ Park, que Van Dru-ten mixou. “Nós estávamos escutan-

do em um espaço muito grande e eusenti como se estivesse ouvindo em umpar de monitores de estúdio. Eu nãopude acreditar quão detalhado e limpoo som do sistema VTX era”, disse.Price também comentou sobre aconsistência da performance doVTX independente do ambiente.“Nós estávamos em um ambientedescoberto no show em São Paulo ea variedade de condições climáti-

cas pode impactar a qualidade dosom, mas não impactou nada comesse sistema”, apontou. “O DiretorAssociado da JBL Profissional, PaulBauman, fez um trabalho incrível

com o VTX”, salientou.“A equipe daGabisom está entre as melhores domundo no que eles fazem. O show emSão Paulo foi um dos melhores showsque eu já fiz em meus 38 anos demixagem”, completou Greg.

Nota da redação: a reportagem foielaborada com base nas informaçõesapuradas junto à assessoria de im-prensa da Harman do Brasil.

Ozzy durante apresentação em São Paulo

Banda está há 40 anos na estrada Sistema VTX agradou engenheiro de som da banda

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GOBO ZOOM PROJECTORwww.projetgobos.com.br

Leve, prático, e de fácil locomoção, com controleDMX, o projetor de gobos, GOBO ZOOMPROJECTOR, chegou para facilitar sua vida, ali-ando qualidade com praticidade, para a projeçãode nomes ou logomarcas em seus eventos. Tam-bém muito utilizado em iluminação arqui-tetural, para projeções em vitrines e lojas.

LINHA MACwww.martin.com

A linha MAC, da Martin, apresenta precisão, versatilida-de, uma paleta de cores líder de mercado e uma mistura uni-forme para o desenvolvimento das aplicações mais exigen-tes, oferecendo brilho e perfeição. Combinando uma im-pressionante potência em LED RGBW com tecnologiaóptica de ponta, garante o desempenho confiável da marcacom resultados superiores. Destaque para os modelos MACViper Profile, MAC Aura e MAC 101.

XLED 250 SPOT E XLED 336 BEAMwww.proshows.com.br

A PR trouxe ao mercado brasileiro de iluminação uma du-pla para fazer a diferença: o XLED 250 SPOT e o XLED 336BEAM. O 250 SPOT é de LED com tecnologia CBT 90W,possui 11 canais DMX e tem disco de gobo com 11 gobos. Jáo XLED 336 BEAM vem com vantagens incomparáveiscomo 36 LEDs Osram 3W, 16 canais DMX e ângulo deabertura de 8°. Ambos são excelentes para iluminação de-corativa e casas noturnas, pois são compactos, super leves,rápidos e de alto brilho, além do baixo consumo de energia.

XP 5R BEAMwww.proshows.com.br

O XP 5R Beam, da ACME, impressiona desde oprimeiro momento. Com um design moderno ecompacto, esse Beam com lâmpada Phillips MSDPlatinum 5R possui 17 gobos, 14 cores dicróicas,ângulo de raio de 3,8° em 20 metros de projeção,além de material plástico resistente ao fogo. Des-tacam-se ainda como suas características filtroFrost, strobo com ajuste de velocidade desse efei-to, controle DMX 20/19/16 canais, foco eletrôni-co, efeito “shaking” super rápido e consumo deenergia de 290 watts.

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orna-se inquestionável a evoluçãodos diodos emissores de luz – ou

LEDs, como são conhecidos - nas últi-mas duas décadas. Se o século 21 inicioucom uma maior participação dos LEDscomo fontes alternativas de ilumina-ção, limitadas em potência e comporta-mento luminoso, atualmente, LEDsmais evoluídos e aprimorados estãopresentes de maneira decisiva e defini-tiva em diversos instrumentos de ilu-minação cênica, em praticamente todasas manifestações artísticas e culturais –nas apresentações teatrais, espetáculosde dança, shows e festivais musicais, en-tre outros eventos.A diversificação desses instrumentos,originalmente identificados pelas ca-racterísticas únicas e obtidas somentecom o uso de lâmpadas halógenas oulâmpadas de descarga, são atualmentedesenvolvidos de forma exclusiva como uso de lâmpadas LEDs.

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CENÁRIOS E TENDÊNCIAS NA

Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de even-

tos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design

de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba. Pesquisa-

dor em Iluminação Cênica, atualmente cursa Pós-Gra-

duação em Iluminação e Design de Interiores no IPOG.

Surge assim o conceito de iluminaçãoecossustentável ou iluminação respon-sável (relacionada à questão da respon-sabilidade ambiental). A filosofia quecontempla a busca de soluções para aredução dos impactos ambientais sesoma à necessidade de eficiência ener-gética, fundamental para projetos deiluminação cênica, pela redução doscustos e também dos riscos.Nesse contexto, dois cenários se desta-cam: por um lado, a indústria oferece erapidamente produz uma diversidade emultiplicidade de equipamentos e ins-trumentos de iluminação com LEDs.Inicialmente, houve uma produção deprojetores reduzida em modelos e mar-cas, e a desconfiança era inversamenteproporcional à aplicabilidade.Mesmo com as premissas destacadas naúltima edição da Backstage (E os LEDsentram em cena – e nos palcos!!! – Edi-ção n.º 231 de fevereiro de 2014), e com

Na últimaconversa, a

evolução dos LEDsera apresentada

como umaconsequência

natural nodesenvolvimento

tecnológico dasfontes de luz

usadas nosinstrumentos de

iluminação cênica.Teriam os LEDs

conquistadodefinitivamente omercado e o setor

de eventos culturaise musicais? Nesta

coluna, serãoidentificados

alguns cenários (emtodos os sentidos do

termo) e algumastendências para os

projetos deiluminação cênica.

CÊNICACÊNICAILUMINAÇÃOILUMINAÇÃO

PARTE 1

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muitas vantagens, uma parcela domercado – aqui analisada pela com-posição dos projetistas e as empre-sas fornecedoras – lentamente assi-milou essas perspectivas para a ado-ção dos instrumentos exclusiva-mente constituídos por fontes deiluminação com LEDs.As principais vantagens se resu-miam na diversidade de cores e fa-

cilidades de operação, principal-mente pelo uso do protocolo DMX512. Isso conduziu muitos doslighting designers a buscarem,com essas condições, percepçõesadequadas e adaptadas às caracte-rísticas e particularidades dos ins-trumentos com LEDs.Assim, neste primeiro cenário,pode-se analisar que o mercado

ainda não assimila as inovaçõescom a mesma velocidade que a in-dústria produz.Por outro lado, há redução nas des-vantagens – ou fatores que impediamo uso de instrumentos com LEDs, emampla escala -, e maior aproximaçãodas inovações de forma a atenderemas expectativas e necessidades doslighting designers. Nesse contexto,como requisito elementar, atual-mente os LEDs possuem Índices deReprodução de Cores (IRC) comvalores mais próximos àqueles ob-tidos com lâmpadas halógenas emelhor eficácia. Como exemplo, aOsram Sylvania lançou em 2012 aULTRA HD Professional SeriesLED, linha de lâmpadas PAR comIRC 95. Como exemplo, os mode-los PAR 38 com esse IRC estão dis-poníveis nas temperaturas de corde 2700K e 3000K.Em outro exemplo prático, a em-presa italiana L.D.R. - Luci dellaRibalta – lançou em 2013 um re-fletor elipsoidal (modelo ALBA-18/36) com lâmpada de 200WLED (formada por um LED Array– matriz de LEDs, arranjados deforma otimizada e com métodos

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Figura 1: Palco da “360º Tour” do U2 – Soluções ecossustentáveis; resultados impressionantes

Figuras 2-3: Espetáculo do Ballet Raymonda no Vanemuine Theatre (Tartu, Estônia). Projeto de palco com 52 Refletores do tipo Elipsoidal ALBA18/36 da L.D.R.

Fonte

: L.D

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definidos para o melhor direciona-mento e intensidade luminosa), dura-bilidade de 50 mil horas e IRC superiora 90 – com resultado similar àqueleproduzido por uma lâmpada incan-descente halógena, além de controleDMX integrado. (figuras 2 e 3)Assim, na outra ponta, as avaliaçõespassam também pela viabilidade técni-ca, financeira e operacional. A indús-tria deverá trilhar um caminho quecontemple instrumentos com me-lhores respostas de brilho, eficácia nadimerização (controle de intensida-de, com suavidade e respostas maislentas) e com custos mais acessíveis.Nesta perspectiva, nota-se claramen-te que a necessidade de desenvolvi-mento dos instrumentos tradicionaistambém deve ser considerada. Não háperspectivas de substituição total daslâmpadas tradicionais pelos LEDs,pois a evolução daqueles recursos tam-bém se faz presente na atualidade, comconsiderável redução no consumo (emrelação a lâmpadas mais antigas), e as-sim maior eficiência energética.

OUTROS CENÁRIOSEm princípio, foi esse o raciocínio quemuitos desenvolvedores tiveram aoproduzirem os primeiros projetores dotipo PAR com LEDs, ao mesmo tempoem que os primeiros Moving Headscom High-Power LEDs também foramconstruídos. As características princi-pais deveriam ser preservadas, parauma melhor eficiência energética pro-piciada com esses dispositivos.Neste segundo cenário, a absorção dasinovações é também conduzida pelaspercepções dos lighting designers apartir das respostas que a indústria eseus produtos fornecem, e também deacordo com as regras do mercado.Outros aspectos também podem e de-vem ser considerados. O Brasil já seconfigura em “parada obrigatória” paramuitas turnês internacionais, com pro-duções onerosas e uma infinidade de es-tilos, estruturas e propostas de “cenári-os” múltiplos – no que se refere apenas

às questões de iluminação cênica -, al-gumas mais simples e outras extrema-mente complexas. Com isso, o mercadonacional rapidamente se atualizou, e asprincipais empresas fornecedoras deequipamentos e serviços de iluminaçãoatendem às demandas dessas produ-ções. Às produtoras, o atendimento dosrequisitos e demandas dos shows inevi-tavelmente contempla custos (além deuma carga tributária exagerada) que sãotransferidos aos expectadores, o queatribui com isso os elevados valores deingressos (mesmo que tais valores nãosejam justificados).Assim, outros cenários “mercado-lógicos” também surgem e acompa-nham as dinâmicas e evoluções deuma sociedade, mesmo que muito he-terogênea, cada vez mais informada emais exigente para determinados gru-pos que também “consomem” a ilu-minação cênica como um elementodiferenciado e um fator decisivo naaquisição do ingresso de um show.Com essa análise, o direcionamentodos esforços do mercado tambémconduz as produções (assim comoprodutoras, fornecedores e profissio-nais diversos) a atenderem necessida-des e demandas, identificarem opor-tunidades e, principalmente, anteci-parem tendências.Estas últimas também se estabelecemem (pelo menos) duas direções: na pri-meira, projetos que contemplem as so-luções ecossustentáveis, prioritaria-mente. Neste caminho, a responsabi-lidade ambiental e outros princípios(tais quais a redução da emissão de car-bono) podem estar alinhados às neces-sidades conceituais e ideológicas dasdemandas por iluminação cênica. Al-gumas bandas e artistas se manifestam(inclusive contratualmente) de ma-neira favorável a esta realidade.Na outra direção, a possibilidade depura criação, e amplo uso dos recursosexistentes. Se este caminho pudesse serdividido, ele teria duas convicções emmente: a primeira, conduzida pelo re-pertório do lighting designer, e todos os

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elementos a ele atribuídos (experiência,conhecimento, capacitação, influênci-as). Nessa condição, o uso de instrumen-tos convencionais e tradicionais se mis-tura às novidades do setor. A relação de-sempenho versus eficiência energéticatambém fará parte do processo criativo,adquirindo maior participação confor-me a evolução tecnológica dos instru-mentos de iluminação proporcione osmesmos resultados esperados.Para a segunda convicção, a busca in-cessante de novidades e inovações daindústria e do mercado. À primeira(indústria), a capacidade de produzirnovas e mais diversificadas opções –inclusive, para novos formatos e ma-teriais empregados. Ao segundo (omercado), a capacidade de absorçãonessas novidades e oferta desses re-cursos, para venda e locação.Com essas inovações tecnológicas,relacionadas ao desenvolvimento denovos instrumentos de iluminação –ou de novas fontes de iluminação - ena produção de painéis de projeção,novos conceitos surgem (e surgirão).Para os instrumentos, com novas per-cepções e constante aprimoramento.Isso ficou mais evidente nos últimoscinco anos, com diversas tecnologias,

tais como lâmpadas de plasma, SmartLEDs e outros dispositivos e pesquisascom o auxílio da nanotecnologia.Para os painéis, pelas possibilidades decriação incrementadas com a evoluçãodo mapeamento de pixels, diversifi-cando as possibilidades no controle deintensidade e dinâmicas de exposiçãoe composição dos projetos de ilumina-ção cênica. Cenários virtuais, assim,poderão ser mixados a outros recursosde projeção – em telas de formatos edimensões também diversificados –permitindo uma infinidade de possibi-lidades. Tecnologias como OLEDs enovos dispositivos LCD evoluem con-sideravelmente nesta direção.Finalmente, dinâmicas e interaçõesna operação de recursos inovadores sesomam a outros tradicionais – taiscomo os canhões seguidores. Nestesentido, novas perspectivas para o usodesses contrastantes recursos possibi-litarão uma gama inimaginável deefeitos e performances. Assuntos essesque serão analisados em outro mo-mento, com mais novidades.Abraços e até a próxima conversa!

Para saber mais

[email protected]

Figura 4: Show de Roger Waters no Live Earth (Giants Stadium, East Rutherford, NJ, EUA) no dia 07 de julho de

2007. Viabilização realizada com diversas parcerias

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a estrada desde setembro do anopassado, a mais recente turnê da

banda carioca O Rappa – intituladaNunca Tem Fim... – aportou na cidadenatal do grupo, mais precisamente naFundição Progresso, nos dias 31 de janei-ro, 1º e 2 de fevereiro. Entre as novidadesdo novo show da banda, os destaques fo-ram a iluminação e a arte cênica, que in-

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Mais recenteturnê da banda

carioca aposta naforça da

iluminação e dacenografia, quecapricha no uso

de projeçõesmapeadas e

outros efeitos

Alexandre Coelho

[email protected]

Fotos: Danielli Marinho / Divulgação

cluíram o uso de imagens de contêinerescomo pano de fundo, projeções mapeadase outros efeitos de primeiro mundo.O cenário do show foi uma criação de arteda empresa DUO2, que já fez palcos paraninguém menos do que Ozzy Osbourne eRod Stewart, em parceria com CássioAmarante, responsável pela direção dearte de filmes como Central do Brasil,

RAPPARAPPAAS NOVAS CORES DO

Projeção mapeada com imagens

de contêineres que parecem semexer durante o show

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Som e Fúria e O Ano em que Meus

Pais Saíram de Férias. A iluminaçãodo espetáculo, por sua vez, ficou acargo de Danny Nolan, que tem nocurrículo o projeto de luz do showde 30 anos do The Police, e que, nodia da estreia do Rappa no Rio, es-tava em Chicago cuidando da ilu-minação de um show de Sting comPaul Simon.A ideia de usar imagens de contêi-neres como pano de fundo vem aoencontro de algumas das temáticasmais caras à banda, como a críticasocial e um tipo de poesia marginal,que vem das ruas e se reflete no somdo grupo através de influênciascomo o rap, o rock e o reggae, entreoutras. Não por acaso, em determi-nado momento do show, surge notelão montado no fundo do palco aimagem de um game em que o “jo-gador” procura pelo ajudante de pe-dreiro Amarildo de Souza, mortopor policiais militares na Favela daRocinha, no ano passado.Todo esse aparato criado por ferasda iluminação e da cenografia estásendo comandado na turnê pelotécnico de iluminação do grupo,Leonardo Detomi, o “Simpson”.Ex-integrante da equipe da banda

Charlie Brown Jr., Leonardo chegouà trupe do Rappa no início da turnê,em setembro de 2013. Ele explicaque, na prática, o cenário é formadopor placas com formas de contêi-neres e exibindo imagens de contêi-neres, que foram fotografados de talmaneira que apareçam tanto suasferragens quanto as sombras.“A projeção mapeada incide sobreessas telas. Ela mapeia exatamenteos contornos dos contêineres. E aimagem se sobressai em cima das

sombras e sobre as ferragens doscontêineres. Os efeitos trabalhamem cima disso. Então, você tem,por exemplo, a impressão de que ocontêiner vem para frente, de queele se move, de que as portas seabrem, de que as portas caem. Temtambém um vídeo que simula um‘game’, no qual ‘você’ vai andandocom uma arma. Tem outro vídeoque interage, ele ‘bate’ no fundo evem como um Lego para fora. Sãovários formatos. É isso que nósmapeamos no cenário e projeta-mos. Não é um 3D, mas a intençãoé quase essa”, define.

Iluminação teve projeto de Danny Nolan e mapa adaptado para a estrada por Detomi

Projeção mapeada incide sobre as telas

Cenografia do show é rigorosamente sincronizada à programação de iluminação do show

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Toda essa tecnologia empregada na ce-nografia do espetáculo tem que ser rigo-rosamente sincronizada à programaçãoda iluminação do show, que, por sua vez,acompanha o roteiro sonoro do espetá-culo. De acordo com Leonardo Detomi,além da precisão no sincronismo dos

dois aspectos do show, tudo é apenasuma questão de as partes agirem de for-ma integrada, sem que uma invada o es-paço da outra.“Nós ‘soltamos’ tudo junto. O trabalho éseparado, mas ambas são ‘soltas’ juntas.A luz é toda marcada. Ela não sai dos

músicos, nem do palco, nem pega a par-te cênica. Então, é tudo trabalhadoconjuntamente. Há vídeos em que a luznão aparece, em outros momentos a luzatua praticamente sozinha... Então,tem que ser tudo coordenado, bem sin-cronizado”, explica.

Da mesma forma que são dois projetosseparados, mas coordenados, para produ-zirem um efeito conjunto único, a ilumi-nação e as projeções são comandadas porequipes e equipamentos distintos. Mas,ressalta Leonardo, tudo precisa ser feitode forma rigorosamente sincronizada.

Leonardo Detomi comanda a luz da house mix Ricardo Vidal, PA do Rappa, comanda a Digico SD8

Programação de iluminação do show também acompanha o roteiro sonoro

“Há vídeos em que aluz não aparece,

em outrosmomentos a luz

atua praticamentesozinha... Então,tem que ser tudo

coordenado, bemsincronizado

(Leonardo Detomi)

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iluminação e cenografia

- 20 movings Robe Pointe

- 01 console Avolites Tiger Touch

- 20 PAR LED de 3W

- 08 Atomic 3000

- 06 mini-bruts

- 06 projetores de 20 mil lúmens

- Cenário de 3m x 5m x 12m telas

projetáveis

Áudio e luz em perfeita sincronia

Se sincronizar a iluminação e os aspectos cênicos do novo show do Rappa já é um

desafio à parte, adaptar os dois ao roteiro sonoro do espetáculo dá ainda mais

trabalho. Principalmente quando se leva em conta que o show inclui loops, progra-

mações e agrega novos timbres à já complexa mistura musical da banda.

De acordo com o produtor técnico do grupo, Edu Cunha, no entanto, a ponte

entre o mais recente disco do Rappa e o palco é feita com naturalidade. “Toda a

sonoridade do disco novo é levada ao show pelo set do Marcelo Lobato (teclados

e samplers), do Marcos Lobato (teclado) e do DJ Negralha (samplers, loops e

scratches)”, conta.

Para isso, os integrantes da banda se valem de um pequeno arsenal sonoro.

Marcelo Lobato usa um teclado Kronus X, da Korg; vibrafone Mallet Kat Pro

Express; um Monotron, da Korg; e um Microkorg, também da Korg. Marcos

Lobato ataca de Kronus X e de MS2000, ambos da Korg. Já o DJ Negralha usa

equipamentos como Live, Seratto e MPD 26. O guitarrista Xandão lança mão dos

pedais Strymon Timeline e Mobius. Enquanto que o baixista Lauro utiliza um

Envelop Filter e distorção.

Mesmo com toda a tecnologia à sua disposição, a banda, como qualquer outra,

enfrenta as incertezas da estrada, já que cada local de show oferece uma situação

diferente dos demais. Para evitar problemas, a trupe segue o mesmo modelo da

turnê anterior e viaja com a maior parte do áudio necessário, além do backline

completo e dos moving lights.

“A empresa que já viaja com O Rappa há alguns anos é a Audio Company, de

Volta Redonda (RJ). Nosso maior desafio nesta tour é o cenário, que é composto

de placas de metalon forrados de tela tipo ortofônica, simulando containeres

empilhados. Usamos, então, projetores para a projeção mapeada com a utiliza-

ção do software Watchout. Como são placas, dependendo do tamanho do palco

e do pé-direito, temos que fazer algumas adaptações, e às vezes não podemos

montar o cenário completo”, ilustra Edu Cunha.

Mas, para o produtor técnico da banda, no fim das contas, com cada parte do

espetáculo sendo realizada com eficiência, a sincronização de todo o show –

nesse caso, em especial, áudio e cenografia – acaba acontecendo sem maiores

sustos. “O áudio é independente da cenografia. Eles se aproximam apenas no

contexto das letras das músicas e das imagens”, minimiza.

A relação dos equipamentos de áudio usados na turnê Nunca Tem Fim... inclui

ainda uma mesa de PA Digico SD8, mesa de monitor Soundcraft VI 1, monitores

de palco D&B M2, microfones Sennheiser e Pre Avalon 737.

“Eu comando a luz da house mix. Asprojeções são comandadas do palco.Existe um equipamento que ‘solta’essas projeções de lá. Até daria parafazer junto, mas nós fazemos separa-damente, para não haver problema.Nós resolvemos dividir essas fun-ções”, revela o técnico de iluminação.Sobre a luz do show, especifica-mente, Leonardo conta que, com aturnê passando de cidade em cida-de, é ele quem pensa nos efeitosque serão usados, monta e joga paraos playbacks. Como cada músicatem um contexto diferente, asconfigurações já ficam todas pro-gramadas. E, efeito colateral de umshow que está na estrada, aconte-cem apenas alguns ajustes em cadaparada da viagem, de acordo com otamanho de cada palco, para que aposição dos equipamentos sejaadaptada para cada local.

Imagem se sobressai em cima das sombras e sobre as ferragens dos contêineres

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Assim como a luz, a parte cênica tam-bém precisa ser adaptada para os dife-rentes tamanhos e formatos de palcoque a banda encontra pelo caminho.São seis telões ao todo: dois laterais,dois na frente e dois no fundo (esse,maior, usa dois projetores), dispostos deforma a criar a imagem dos contêineres.Mas, sempre que possível, a equipe que

acompanha a banda procura montar aestrutura mais próxima do ideal, dadasas condições de cada local. “Varia muito,mas nós tentamos montar o show todo.Às vezes não cabe, mas nós adaptamos,tentamos levar o show inteiro sempre. Àsvezes, com dimensões um pouco menores,mas tentando levar sempre o mesmoshow a todos os lugares”, assegura.Leonardo Detomi garante que a con-cepção da turnê Nunca Tem Fim..., criadapor profissionais tão bem conceituadosem suas respectivas áreas, não o assusta.Nem mesmo o fato de pouco ter conver-sado com eles antes de a banda cair naestrada, pelo fato de ter se unido à equi-pe já no início da turnê, em setembro.“Quando eu entrei na equipe, o cenáriojá estava pronto. O projeto inicial foi doDanny Nolan. Eu trabalhava com oCharlie Brown Jr., e entrei na equipe doRappa em setembro, no início da turnê,com o cenário já pronto. Eu readaptei omapa para a estrada, para nós viajarmoscom o show. Essa foi a minha contribui-ção, além da luz, que foi programada pormim. Mas os fãs podem ir ao show tran-quilos, porque é um show top, nívelgringo, de primeiro mundo, com relaçãoàs projeções de imagens, à luz e ao som. Éentretenimento na certa!”, convida.”

“O projeto inicial foido Danny Nolan.

Eu trabalhava como Charlie Brown

Jr., e entrei naequipe do Rappa

em setembro, noinício da turnê, como cenário já pronto.

Eu readaptei omapa para a

estrada, para nósviajarmos com o

show(Detomi)

Movings são comandados da house mix

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CADERNO ILUMINAÇÃOLE

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LUCAS FERREIRALUCAS FERREIRA

om total liberdade para a gravação,Leonardo adaptou ideias e imprimiu

seu estilo para iluminar o espaço indus-trial escolhido para a gravação. O design

de iluminação criado pelo LD incluiubasicamente 50 Robe ROBIN Pointe e

40 Robe ROBIN LEDWash 600. Leonar-do, que foi convidado pelo produtor Ivan

Miyazato para desenvolver a iluminaçãodo show de Lucas Ferreira, contou ainda

com a empresa de locação de equipa-mentos Showdesign, de São Paulo, para a

montagem e suporte.

ESTRUTURANo teto da boca de cena foram monta-

das três estruturas com oito Pointe e

C

LANÇA PRIMEIRO [email protected]

Fotos: Divulgação

sete LEDWash 600 em cada uma e, naslaterais, cinco LEDWash 600 montados

em duas estruturas especiais, tanto naesquerda, quanto na direita do palco. Os

nove LEDWash 600 restantes foramusados para fazer a luz de frente da bocade cena do palco.

No chão de cada lateral foi colocadauma linha com seis Pointe e, no centro

do palco, mais oito Pointe. Para finali-zar, na posição de FOH, mais uma linha

com seis Pointe. Os movings da Robeforam usados para fazer os attacks de luz

e criar o clima necessário para cada mú-sica. “Sempre trabalho com Robe, então

toda vez que posso pedi-los fico despre-ocupado, pois sei que são confiáveis”,

O cantor brasileirode sertanejo

universitário LucasFerreira gravou oprimeiro DVD de

sua carreira, aovivo, em Lençóis

Paulista, nointerior de SãoPaulo. O lugar

escolhido, umdepósito no distrito

industrial dacidade, serviu comopano de fundo para

o projeto deiluminação

desenvolvido pelolighting designer

Leonardo Oliveira.O primeiro

trabalho do cantorteve ainda aparticipação

especial da duplaMunhoz &

Mariano.

93

disse Leonardo. Sobre os Pointe, Oli-

veira destaca a agilidade e a precisãodos equipamentos. “Os Pointe atua-

ram da forma desejada. Usamos mui-to frost no show justamente para ter

uma abertura maior com os attacksdirecionados para as câmeras. O re-

sultado foi excelente”, completou.Leonardo programou e operou a

iluminação usando um consolegrandMA2 Light e também fez uso

de timecode para disparar as cenas

por dois motivos. “Pri-

meiro, pela complexida-de do show, que tinha

bastante cues de luz e,segundo, por ter sincro-

nismo com o conteúdode vídeo”, explicou. O

diretor de fotografia Rogério “Ca-rioca” Fernandez e 14 técnicos da

Showdesign trabalharam no proje-to em três dias de montagem, um

dia de ensaio e um de gravação.

Além da mesa grandMA2 light,um command wing também foi

colocado em rede e um VPU daMA Lighthing foi usado para ge-

renciar a reprodução do vídeo, quefoi transmitido simultaneamente

em dois painéis de LED de 4,2 x 6m– um em cada lateral do palco. No

fundo do palco havia ainda 10 blo-cos de painéis de LED, cada um

medindo 1,92 x 1,28 m, mostrandoo conteúdo pré-gravado.

Da esq. para a dir.: Rogério “Carioca” Fernandez, Leonardo “Maçã” Oliveira e Everaldo Zator

Iluminação foi comandada por uma grandMA2 Light

Foram usados 50 Robin Pointe na apresentação

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LUIZ

CAR

LOS

SÁ |

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r96 omo os leitores habituais da coluna já sabem, ve-

nho contando em sequência a história dos discosda minha carreira. Depois de Passado, Presente, Fu-

turo e do Terra - ambos do trio Sá, Rodrix &Guarabyra - e dos quatro primeiros da dupla, chego

ao quinto de Sá & Guarabyra, o...DEZ ANOS JUNTOS

A Som Livre não gostou nem um pouquinho da demo-ra nas mixagens do disco de 1979, o Quatro. Os custos

subiram, o disco acabou ficando caro demais e o depar-tamento financeiro da gravadora falou mais alto que o

artístico. Em consequência, recebemos um delicado“bilhete azul” e fomos viver do nosso estúdio - o Vice

Versa, em São Paulo - e de alguns shows. Digo “alguns”porque naquela época a banda que não tivesse ônibus e

equipamento próprios sofria sérias restrições de mobi-lidade e venda, uma vez que os custos de passagens aé-

reas e aluguel de PA e luz eram determinantes para queos artistas tivessem condições de atender com regula-

ridade os pedidos de shows de um país continentalcomo o nosso. Como persistíamos em levar a equipe

completa, sofríamos a forte concorrência daqueles quetinham pronto seu esquema próprio de viagem ou de

outros que se conformavam em reduzir seu espetáculoao mínimo possível. Assim, carregando o estigma de

artistas “caros” e pouco propensos a dançar conformealguma música que eventualmente nos fosse imposta,

penamos quase três longos anos sem uma gravadoradisposta a jogar suas fichas em nós. De repente, o

Grande Acaso – deidade inventada e professadacontritamente por meu parceiro Guarabyra e que tem

C em mim um de seus devotos mais praticantes– fez com

que uma concentração de conjuminâncias positivasnos dessem um empurrão espetacular na carreira. Pri-

meiramente, surgiu diante de nós a figura de MauroMagdaleno, um cara cheio de ideias, ideias que ele

proativamente fazia acontecer em cascata com espan-tosa facilidade. Como diz a velha piada, Mauro era ca-

paz de vender geladeira pra pinguim, só que a geladeiradele sempre chegava cheia de boas surpresas lá dentro,

não importando quão exigente fosse o pinguim...Mauro era extremamente inteligente, articulado e

articulador. Se não tivesse partido tão cedo, certamen-te estaria hoje no topo da lista dos dez mais criativos

do management musical, inimigo de morte que era damediocridade e do óbvio. Colado a ele veio Herbert

Lucas, rápido aprendiz do dinamismo de Mauro, queno futuro viria a ser nosso empresário por muitos anos

e aventuras. Mauro e Herbert formavam uma daquelasduplas que têm o que eu chamo de “acoplamento auto-

mático”, semelhante ao de estações espaciais, satélitese semelhantes: a coisa faz um “clic” e funciona. Mauro

saiu-se logo com a bolação de um novo show: 10 Anos

de Sá & Guarabyra. Fiz ver a ele que na realidade esses

dez anos incluíam dois de trio com Zé Rodrix e sugerientão a mudança do nome para Dez Anos Juntos, o que

era expressão da verdade, e tocamos em frente. Masquando ele apareceu com a sugestão de estrear no Tea-

tro Paulo Eiró, um ponto sem tradição e meio que es-quecido no distante bairro de Santo Amaro, quase de-

sanimei. Morando no Rio, longe da realidade pau-listana, eu tinha Santo Amaro como um lugar remoto

OS DISCOS DA MINHA VIDAOS DISCOS DA MINHA VIDA“Dez Anos Juntos”

97

[email protected] | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM

e inacessível para o nosso público. Com sua fantásticacapacidade de argumentação e conhecimento de cau-

sa, Mauro não demorou muito a me convencer do con-trário. E ele estava certo: logo na primeira das duas se-

manas (ou foram quatro?) de temporada, para minhatotal surpresa, lotamos o Paulo Eiró até o teto e deixa-

mos uma multidão de fora.O boca a boca funcionou rapidamente e fez aparecer

diante de nós mais uma dupla de “acoplamento auto-mático”. Foi assim: recebi um telefonema urgente de

Guarabyra convocando-me para uma reunião em suacasa (quase um sítio!) no então tranquilo Parque

Fernanda, onde conheci Lyzandro Antonio e JohnnyMagalhães, mais conhecido este como Johnny B.

Goode (é com “e” no fim mesmo, como Chuck Berryescreveu!). Lembro-me até hoje da minha chegada na

mansão guarabírica, eu subindo a rampa que passavapor baixo do arco de cimento – o cachorródromo - que

Guarabyra construíra para que seus muitos cães conse-guissem vigiar a casa por todos os lados, vendo mais

acima as figuras sorridentes de Johnny e Lyzandro, que- embora eu então ainda não pudesse supor – acabari-

am por ser no futuro próximo e distante dois dos meusmais queridos amigos entre os muitos que fiz na des-

vairada paulicéia. Lyzandro, alto, com um pouco desobrepeso, olhos rasgados, barba, bigode e ralos cabe-

los louros, gargalhada fácil e boa de se ouvir, contrasta-va com a cara de índio boliviano de Johnny, estatura

média, longos cabelos negros e cacheados, olhos pene-trantemente azuis, aparentemente (só aparentemen-

te, como descobrimos depois...) mais sério e desconfia-do que o parceiro. Eles traziam uma proposta da RCA:

gravar ao vivo o show do Paulo Eiró.Como isso aconteceu, acho, tipo segunda-feira, tínha-

mos pouco mais de 48 horas pra armar o circo, já que oshow acontecia de quinta a domingo. Corremos atrás

do nosso diretor de áudio favorito, Ricardo “Fran-jinha” Carvalheira, e na quinta as máquinas de grava-

ção da RCA já estavam na coxia. Entendam que em1982 isso era uma proeza, visto que não havia no Brasil

um protocolo decente para gravações ao vivo em tãocurto prazo. Era um improviso peitado pela coragem de

artistas, técnicos e produtores. Piorando a parada, naquarta-feira minha voz desapareceu da garganta, como

se uma praga me tivesse sido rogada por um fantasma daópera que habitasse os cafundós do Paulo Eiró. Atendi-

do por mais uma dupla “clic”, o otorrino Luc Weckx(primeiro amigo belga da minha vida!) e aquela mistura

fantástica de amiga, psicóloga e fonoaudióloga que éMara Behlau, fui posto de volta ao jogo em menos de 24

horas conseguindo sair do zero de voz e gravar o discocom cerca de 75% de meu potencial vocal, Luc e Mara

me dando força ali mesmo na coxia do teatro.Como a RCA queria fazer o lançamento a tempo das

compras de Natal, 10 Anos Juntos é um disco de com-pleta correria e improviso. Foi mixado direto na coxia

e mandado assim mesmo para a fábrica. Teve um custoirrisório, mesmo contando com uma equipe de primei-

ra linha, como nossos parceiros de fotos e layout dodisco anterior, Ella Durst e Gernot Stiegler, que saíram

correndo atrás do prejuízo dos prazos exíguos e conse-guiram, pelo menos, fazer um encarte à altura da sua

capacidade profissional. A capa, que a RCA exigiu serfeita ao vivo também, ficou meio no susto, desfocada,

vistas as más condições de iluminação do Paulo Eiró,mas expressando ao mesmo tempo a intensidade da

comemoração. Na base de apoio, a banda Ponte Aérea:Constant Papineanu (teclados), Pedro Jaguaribe, o Ja-

guar (baixo), Nonato “Nonô”(bateria), Betto Martinse Johnny Flavin (guitarras).

Para nosso maior espanto, contado o improviso e opouquíssimo tempo de produção possíveis, o disco saiu

queimando nas paradas: em menos de uma semana delançado já era um dos mais executados nas rádios do

sudeste, pilotado por Vem Queimando a Nave Louca eSete Marias. De repente, instada por sabe Deus que ad-

vogado de porta de estúdio, parte da banda resolveuprocessar a RCA por nebulosos “direitos de imagem”

sobre as fotos de capa, na qual aliás só Jaguar e Bettofiguravam. O disco foi recolhido das lojas em pleno

boom de vendas e o resultado foi catastrófico para to-dos, pois as portas da RCA fecharam-se para os músi-

cos e perdemos muito nas vendas de lançamento. Masa coisa não degringolou de todo: resolvidas as penden-

gas judiciais e arquivado o processo por improcedên-cia, o 10 Anos voltou às lojas a todo vapor, escorado em

surpreendentes números de execução radiofônica, da-dos o improviso e a falta de recursos técnicos com que

foi gravado, com o Franja fazendo milagres nas velhasAmpex da RCA deslocadas para o teatro. A maioria

das músicas que figuraram no repertório já era conhe-cida do público, a única inédita era O Bando na Dança.

Mas nele registramos pela primeira vez nossas versõespara Caçador de Mim (Sá - Sérgio Magrão), gravada an-

teriormente pelo 14 Bis e por Milton Nascimento, e aminha Jeito de Viver, que entrara antes em discos do

grupo vocal Som Livre e de Tavito.Chega a ser irônico o fato de que nosso disco mais ba-

rato, mais corrido e com menos recursos seja até hojeo mais vendido de nossa carreira, tendo durado mais

de vinte anos em catálogo e ultrapassado o milhão decópias. Periga ter sido – algum dia vou tirar isso a lim-

po... – um dos produtos de melhor custo-benefício dafonografia brasileira.

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