No Brasil colonial o leite era um alimento bastante raro e valorizado, portanto exclusivo aos senhores de engenho e às elites, já a manga era um fruto abundante e consumido largamente pelos escravos. Na intenção de evitar que os escravos consumissem o leite a classe dominante disseminou a ideia de que consumir leite e manga fazia mal, podendo levar à morte. Esse Mito logo passou a fazer parte do senso

comum, e nos chega até hoje como sendo uma verdade na qual muitas pessoas ainda acreditam, aceitam e agem de forma a não combinar esses dois alimentos, mesmo quando esta combinação está presente na preparação de sorvetes e mousses, por exemplo. Apesar da relação de causa e efeito presente tanto nas Superstições como nos Mitos consideramos que a crença que pode se chegar à morte ao consumir manga e leite é um de fato um Mito por ter sido uma informação narrada por um locutor que inspirava autoridade. Outro fato que pode ter colaborado com a criação e manutenção deste mito é o possível baixo consumo de manga pelas classes dominantes devido a esta fruta estar associada aos escravos e às pessoas de classes mais baixas. O fato de o locutor inspirar confiança nos leva a origem grega do termo Mito, que está relacionada com fato de uma pessoa de confiança divulgar uma informação, um fato ou explicar a origem de algum evento e ou fenômeno. O Mito se apresenta dentro de um discurso e aqueles que o ouvem acreditam em seu conteúdo graças a confiança depositada no orador. Ainda o Mito, segundo a concepção grega, traz consigo a possibilidade de recompensas para quem o obedece e de punição para aqueles que o desafia, neste caso da manga com leita era a diferença entre a vida e a morte. A má reputação dessa mistura, consumo de manga com leite, pode, de alguma maneira, ser considerado um exemplo de Mito, pois, a credibilidade de quem estava proferindo essa informação era aceita quer seja pela autoridade de conhecimento que supostamente possuía quer seja pelo autoritarismo característico dos senhores de escravos. Assim sendo, filosoficamente observamos que, neste caso, mito, senso comum e, de alguma forma, superstição estão intimamente relacionados. Saiba mais: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/abpa/article/view/16714/15521 http://www.scielo.br/pdf/epsic/v14n3/a03v14n3 http://www.revistas.usp.br/letrasclassicas/article/view/73726 https://xa.yimg.com/kq/groups/17759431/562040409/name/4+Introdu%C3%A7ao+pensamento+complexo.pdf