missÃodoipeanavenezuela notatécnicapreliminar · incorporar a venezuela no projeto iniciativa...

33
'I" ..,. .•..• MISSÃO DO IPEA NA VENEZUELA Nota Técnica Preliminar A INTEGRAÇÃO DE INFRAESTRUTURA BRASIL-VENEZUELA: A URSA E O EIXO AMAZONIA-ORINOCO Resumo Executivo Objetivo Estratégico: Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (URSA) para viabiliza~ a integração da infraestrutura das regiões Norte do Brasil e Sul da Venezuela. Ações Prioritárias: 1. Substituição do Eixo Escudo Guianense pelo Eixo Amazônia-Orinoco no âmbito da URSA, com definição de projetos de integração de infraestrutura fundamentados na preocupação com o desenvolvimento nacional e soberano dos países, priorizando a integração dos dois países; 2. Integração do sistema de transportes: Reabilitação da Rodovia Manaus-Caracas. Recuperação da BR-174 no Brasil e .manutenção da Troncal10 na Venezuela. Intervenções nas hidrovias: rios Branco e Negro no Brasil e rios Orinoco e Casiquiare na Venezuela, incluindo melhoria de portos. Estudos para a integração (conexão fluvial) da Bacia Amazônica com a Bacia do Orinoco. Integração Aeroportuária: estudar e incentivar a possibilidade de voos diretos de cidades brasileiras (Brasília, Manaus, Rio de Janeiro) para a Venezuela (indo além dos voos existente partindo de São Paulo). Voos semanais Brasil-Venezuela, de passageiros e de carga, que conectem Manaus, Boa Vista e Puerto Ordaz. 3. Integração Energética: Expansão da linha de transmissão elétrica Guri-Boa Vista, e posterior ligação a Manaus e ao Sistema Interligado Nacional (SIN) brasileiro (a ligação de Manaus se realizará até 2012 com a construção da linha a partir de Tucuruí). Retomar estudos de viabilidade do Gasoduto Venezuela-Brasil-Argentina, com prioridade para o trecho da Área Gasífera de Paria (estado Sucre) a Manaus.

Upload: duongthien

Post on 10-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

'I" ..,. .•..•

MISSÃO DO IPEA NA VENEZUELA

Nota Técnica Preliminar

A INTEGRAÇÃO DE INFRAESTRUTURA BRASIL-VENEZUELA:

A URSA E O EIXO AMAZONIA-ORINOCO

Resumo Executivo

Objetivo Estratégico:

Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura

Regional Sul-Americana (URSA) para viabiliza~ a integração da infraestrutura das

regiões Norte do Brasil e Sul da Venezuela.

Ações Prioritárias:

1. Substituição do Eixo Escudo Guianense pelo Eixo Amazônia-Orinoco no âmbito da

URSA, com definição de projetos de integração de infraestrutura fundamentados na

preocupação com o desenvolvimento nacional e soberano dos países, priorizando a

integração dos dois países;

2. Integração do sistema de transportes:

• Reabilitação da Rodovia Manaus-Caracas. Recuperação da BR-174 no Brasil e

.manutenção da Troncal10 na Venezuela.

• Intervenções nas hidrovias: rios Branco e Negro no Brasil e rios Orinoco e

Casiquiare na Venezuela, incluindo melhoria de portos.

• Estudos para a integração (conexão fluvial) da Bacia Amazônica com a Bacia do

Orinoco.

• Integração Aeroportuária: estudar e incentivar a possibilidade de voos diretos de

cidades brasileiras (Brasília, Manaus, Rio de Janeiro) para a Venezuela (indo além

dos voos existente partindo de São Paulo). Voos semanais Brasil-Venezuela, de

passageiros e de carga, que conectem Manaus, Boa Vista e Puerto Ordaz.

3. Integração Energética:

• Expansão da linha de transmissão elétrica Guri-Boa Vista, e posterior ligação a

Manaus e ao Sistema Interligado Nacional (SIN) brasileiro (a ligação de Manaus se

realizará até 2012 com a construção da linha a partir de Tucuruí).

• Retomar estudos de viabilidade do Gasoduto Venezuela-Brasil-Argentina, com

prioridade para o trecho da Área Gasífera de Paria (estado Sucre) a Manaus.

Page 2: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

2

Nota Técnica

A INTEGRAÇÃO DE INFRAESTRUTURA BRASIL-VENEZUELA:

A URSA E o EIXO AMAZÔNIA-ORINOCO

1. Aproximação Brasil-Venezuela: marco político

o tradicional distanciamento entre o Brasil e a Venezuela começou a ser

modificado quando os presidentes José Sarney (1985-1990) e Jaime Lusinchi (1984-

1989) firmam o Compromisso de Caracas em 17 de outubro de 1987, "destinado a

estabelecer um eixo regional capaz de induzir o modemo processo de integração do

norte" (CERVO, 2001, p.10) do Brasil e da América do Sul. Essa iniciativa, no entanto,

não avançou de fato, tendo o Brasil logrado maior êxito e atenção às suas iniciativas

no Cone Sul. Nos anos 1990, há um novo ensaio de aproximação entre os governos,

com o lançamento da Iniciativa Amazônica pelo presidente Itamar Franco, em 1992, e,

posteriormente, com a assinatura do Protocolo de Guzmania, em 1994, pelos

presidentes Rafael Caldera e Itamar Franco, no qual se expressou uma visão

convergente sobre os problemas intemacionais e latino-americanos. A partir de então,

questões mais específicas foram tratadas pela Comissão Binacional de Alto Nível.

Segundo Paulo Vizentini, "A Comissão Binacional de Alto Nível, integrada pelos

respectivos Chanceleres, passou a tratar da negociação de acordos de

complementação econômica e de dupla tributação, cooperação fronteiriça, cultural,

questões vinculadas à mineração e atividades envolvendo as Forças Armadas de

ambos países. Além disso, aborda-se o combate conjunto ao narcotráfico,

demarcação de fronteiras, levantamento cartográfico, implementação do projeto

SIVAM/SIPAM, cooperação na área ambiental, estabelecimento de ligação

hidrográfica entre as bacias do Amazonas e do Orinoco e a ampliação do Acordo

de Transporte Terrestre de Carga" (VIZENTINI, 2003, p. 70, grifo nosso). Segundo

Amado Cervo (2001, p.20), também foi estabelecida "uma Comissão Científica

Conjunta, de um Mecanismo Político de Consultae de um Grupo de Trabalho sobre

Mineração lIegar. Essa aproximação viabilizou inclusive que o presidente Caldera

manifestasse o apoio da Venezuela ao assento permanente do Brasil no Conselho de

Segurança das Nações Unidas durante a XLIX Assembleia Geral das Nações Unidas.

Missão do IPEAna Venezuela - 18 de abril de 2011- Versão Preliminar

Page 3: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

,.'~'

.-,~:

3

Durante os mandatos de caldeira, Chávez e Cardoso, de 1994 a 2002, a

aproximação entre os países tornou-se mais consistente ao caminhar para a

integração na área de infraestrutura.O primeiro contrato para a construção da linha de

transmissão elétrica entre Guri e Roraima foi firmado entre os presidentes Fernando

Henrique Cardoso e Rafael Caldera, e foi inaugurado em agosto de 2001 pelos

presidentes Hugo Chávez e Fernando Henrique Cardoso. Ainda dentro desta

aproximação, em dezembro de 2002, o governo brasileiro prestou solidariedade e

apoio ao presidente Chávez ao enviar 525 mil barris de gasolina para contornar aescassez da produção local provocadapelo paro petro/ero.

As relações e as convergências estratégicas entre os dois países se

intensificaram no mandato do presidente Lula (2003-2010), quando o governo

venezuelano lançou iniciativascomo o Gasodutodo Sul (envolvendo Venezuela, Brasile Argentina) e a Petrosul (com Brasil, Argentina e, posteriormente, Uruguai). Tanto

para o governo brasileiro quanto para o venezuelano, as relações bilaterais setornaram estratégicas tanto no âmbito regional como no extrarregional. O novo status

das relações bilaterais para os dois países foi marcado com a definição de encontros

trimestrais, que ocorreram entre 2007 e 2010, quando as relaçõesforam intensificadas

através de programas de cooperação por meio de representações ou missões daCaixa, Embrapa e Ipea na Venezuela.

Do ponto de vista econômico, o principal resultado desta aproximação foi o

aumento do comércio bilateral, no qual o Brasil é fortemente superavitário. Em 2003, a

corrente de comércio bilateral foi de US$ 883 milhões, em 2008 alcançou a cifra de

US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma queda em 2009 para US$ 4,1 bilhões, e

uma recuperação em 2010 quando a corrente de comércio alcançou US$ 4,6 bilhões.

O Brasil mantém com a Venezuela o maior superávit comercial bilateral na região, quejá foi de US$ 4,6 bilhões em 2008 e fechou o ano de 2010 pouco acima de US$ 3

bilhões. Para a consolidação de longo prazo desta relação, é necessário que asexportações venezuelanas para o Brasil cresçam. Essa decisão política precisa vir

acompanhada de ações que viabilizem a integração produtiva e de infraestrutura, que

fortaleçam os laços entre os dois países e abram espaço para o crescimento das

exportações venezuelanas para o Brasil.

A oferta de infraestrutura é fundamental para a distribuição espacial das

atividades econômicas e da ocupação demográfica, proporcionando o

desenvolvimento, a ocupação e a integração de espaços. Entende-se que a

Venezuela encontrará maiores oportunidades para ampliar as suas exportações nos

mercados da região Norte do Brasil, para tanto é necessário que haja uma integração

Missão do IPEA na Venezuela -18 de abril de 2011- Versão Preliminar

Page 4: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

4

da infraestrutura de transportes que favoreça a formação de um espaço econômico

comum nas regiões Norte do Brasil e Sul da Venezuela, que somente pode ser

viabilizado pelo redirecionamento político nas concepções sobre a integração

física da região sul-americana que estiveram presentes na URSA, permitindo a

associação por parte da Venezuela a essas iniciativas.

A URSA (Iniciativa para Integração de Infraestrutura Regional Sul-Americana) foi

criada na Primeira Reunião de Presidentes da América do Sul, convocada pelo

presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2000. A Iniciativa foi concebida dentro da

proeminência ideológica e de governos com viés desestatizante, predominantes na

região1, sob a lógica do regionalismo aberto, como um projeto para formar uma área

de livre-comércio regional para sustentar a integração competitiva da região à ALCA

(Área de Livre-Comércio das Américas) e ao mercado global (IPEA, 2010). A URSA

seria a sustentação física da formação de um bloco de livre-comércio sul-americano e

juntamente com o Plano Puebla-Panamá2, outra iniciativa em curso que ligaria a

América Central à América do Norte, seria a coluna vertebral da integração física da

ALCA.

A IIRSA foi concebida como um projeto regional capitaneado por instituições

multilaterais, que formam seu Comitê de Coordenação Técnica (CCT): CAF

(Corporação Andina de Fomento), FONPLATA (Fundo para o Desenvolvimento da

Bacia do Prata) e BID (Banco Interamericano de Deserwolvimento), que tem nos EUA

seu principal acionista3. Por um lado, os governos buscavam aproveitar a maior

agilidade e flexibilidade destas agências, driblando restrições orçamentárias e legais

internas aos Estados, o que permitiu o avanço e a continuidade do projeto, malgrado o

IAlém de Cardoso, os outros Presidentes presentes foram: Argentina, Fernando De la Rúa; Bolívia, HugoBánzer Suárez; Chile, Ricardo Lagos Escobar; Colômbia, Andrés Pastrana Arango; Equador, GustavoNoboa; Guiana, Bharrat Jagdeo; Paraguai, Luis Angel González Macchi; Peru, Alberto Fujimori Fujimori;Suriname, Runaldo Ronald Venetiaan; Uruguai, Jorge Batlle Ibafiez; e Venezuela, Hugo Chávez.2 Atualmente foi redefinido como Projeto Mesoamérica.3 Vale sublinhar a estrutura institucional da IIRSA. As diretrizes e prioridades estabelecidas pelosgovernos são transmitidas à IIRSA a partir de um conselho de ministros de planejamento e de infra-estrutura que formam o Comitê de Direção Executiva (CDE), que se reúne urna vez ao ano. Acoordenação dos trabalhos e dos grupos técnicos (GTEs, responsáveis pela execução dos trabalhos) cabeàs agências financeiras multilaterais (BID, CAF e FONPLATA) que formam o CCT, estabelecido cornosecretaria executiva do CDE. A partir do agrupamento de projetos realizado pelo GTE, o CCT, baseadoern diagnósticos de identificação das principais atividades econômicas e de seus fluxos de comércioexistentes e potenciais, e seguindo os princípios da IIRSA, realiza um processo técnico de hierarquizaçãodos projetos e encaminha ao CDE para análise. O CCT é ainda o responsável pela contratação de estudose consultorias para orientar a tornada de decisão dos governos sobre os projetos e avanços do processo deintegração fisica. Os EUA têm peso de 30% no total de votos nas decisões do BID, provenientes de suaparticipação no fundo. É interessante notar que as instituições do CCT atuaram corno promotoras daALCA. Um Plano de Ação elaborado pelo BID - que contou amplamente com aportes da CAF e cominsumos de outros organismos regionais relevantes e dos países sul-americanos - apresentou sugestões epropostas, com um horizonte de dez anos.

Missão do IPEAna Venezuela - 18 de abril de 2011- Versão Preliminar

, I

'f' I

Page 5: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

5

baixo grau de institucionalidade (COUTO, 2009). Por outro lado, delegava-se

demasiada influência a essas agências, que oscilam entre decisões estritamente

técnicas e seus interesses próprios na região. A Iniciativaavançou de forma flexível e

descentralizada. Os investimentos são eleitos principalmente por sua capacidade de

conseguir financiamento (projetos "mais maduros"),dentro das supostas restrições de

envolvimento dos Estados. Busca-se identificar fórmulas inovadoras de apoio

financeiro de maneira a estimular a participaçãode investidoresprivados e a mobilizar

todos os recursos possíveis. A URSAagrupa projetos selecionados e enviados pelos

governos dos países da região em uma ampla carteira, chamada Agenda

Implementação Consensuada4• A carteira serve como referência de projetos

demandados para a integração e pelos países, incluindo em grande parte projetosdirecionados a questões internas dos países e ã conexão ao mercado global, que

ganham o "selo URSA".Assim, o impacto regional dos projetos não é uma variávelrelevante na hierarquizaçãoda carteira ou priorizaçãode projetos.

A IIRSA foi estruturada em dez eixos geoeconômicos sub-regionais,denominados Eixos de Integração e Desenvolvimento (ElO), que seriam espaços

multinacionais ("franjas multinacionais") eleitos a partir da identificação de fluxos

econômicos atuais potenciais, sob as lógica do regionalismoaberto e da geoeconomia

de facilitação de fluxos, formando corredoresvoltados para fora da América do Sul.

O lugar da Amazônia na URSAse resume ã construção de uma infraestrutura

de conexão viária voltados para as exportaçõesextrarregionais,especialmente para o

Pacífico e incluindo um eixo bioceânico, intemacionalizandomais facilmente o acesso

aos recursos da região - aos Estados Unidos e aos países asiáticos (com destaque

para China e India), colocando-os a serviço da acumulação de poder e capital destes

países, em detrimento da integração econômica, política e social sul-americana. Na

URSA, basicamente quatro ElO proporcionam a interligação da Amazônia para a

costa: o eixo bioceânico do Amazonas; o eixo Andino; o eixo Peru-Brasil-Bolívia; oeixo do Escudo Guianense, sendo que o primeiroé o principal.

O eixo do Escudo de Guianense abarca a Região Oriental da Venezuela (os

Estados de Anzoátegui, Bolívar, Delta Amacuro, Distrito Capital, Nueva Esparta,

Guárico, Miranda, Monagas, Sucre e Vargas), o arco norte de Brasil (Amapá, Roraima,

Amazonas e Pará) e a totalidade dos territórios da Guiana e do Suriname,

eminentemente no sentido oeste-leste. Assim, esse eixo envolve a integração do

Brasil com a Venezuela, além de outros espaços. Valendo-se de sua lógicageoeconômica, no seu Grupo 3 de projetos são propostas obras de facilitação de

4 Instrumento que definiu os 31 projetos prioritários entre os mais de 500 presentes na carteira da URSA.Missão do IPEAna Venezuela -18 de abril de 2011- Versão Preliminar

Page 6: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

6

fluxos entre Venezuela-Guiana-Suriname, um corredor de exportação, ignorando o

contencioso histórico e questões geopolíticas entre a Venezuela e a Guiana, sobre a

região a oeste do rio Essequibo. Os projetos do seu Grupo 1, intitulado Interconexão

Venezuela-Brasil, são destacados corredores de integração que interligam o norte do

Brasil ao Sul da Venezuela. Embora não se tenha salientado a importância geopolítica

desse espaço, especificamente da interconexão Amazonas-orinoco, ou dado a ele o

devido destaque, estão colocados importantes projetos, como a reabilitação da rodovia

que liga Manaus a Caracas, incluindo a BR-174 e a navegabilidade da hidrovia do rio

Negro até a fronteira com a Venezuela. Seus grupos 2 e 4 apresentam projetos de

corredores de exportação, ainda que favoreçam o comércio intrarregional. O Grupo 2,

Interconexão Brasil-Guiana, apresenta projetos que buscam articular os estados

brasileiros do Amazonas e Roraima ao porto de Georgetown (capital da Guiana),

partindo de Boa Vista. No grupo 4, Interconexão Guiana-Suriname-Guiana Francesa-

Brasil, vale destacar dois projetos que interligam a Amazônia brasileira ao território

ultramarino francês: a ponte sobre o rio Oiapoque e a rodovia Macapá-Oiapoque

(tramo Ferreira Gomes-Oiapoque).

Nos dez anos de URSA esse foi o Eixo que registrou menos projetos relevantes

apresentados/executados (apenas a ponte que liga o Brasil a Guiana) e a Venezuela

sequer tem tentado pautar os debates atuais sobre o redirecionamento da URSA. O

baixo grau de adesão da Venezuela à URSA é revelado tanto no número de

participantes enviados às reuniões das instâncias da Iniciativa (COE, Coordenadores

Nacionais e GTEs), como no escalão dos funcionários de governo venezuelanos

enviados5•

Apesar do pouco desenvolvimento dos projetos do Eixo Escudo Guianense,

eles são centrais tanto para o Brasil como para a Venezuela, pois abrem espaço para

transformações sócio-produtivas em regiões de baixo desenvolvimento. No caso

brasileiro, as regiões Norte e Nordeste são as que apresentam os piores Indices de

Desenvolvimento Humano (IDH), enquanto no caso da Venezuela esta é a realidade

da região Sul. Mostra-se assim a complexidade do problema e a oportunidade de

avançar em um processo de integração desenvolvimentista e sustentável que promova

soluções conjuntas. Além disso, o espaço Amazônia-Orinoco é destacado pela

5 Nas reuniões ministeriais anuais do CDE, somente na 48 reunião, realizada em Caracas em julho de2003, o governo Venezuelano enviou Ministros e grande número de participantes. Nas 68 e 7" reuniões,respectivamente em 2004 e 2005, enviou somente dois representantes; na 88 reunião, em 2006, nãoparticipou; nas 9" e lOS reuniões (2007 e 2008) enviou somente um representante; na 118 reunião de 2009não enviou representante. Nas reuniões de Coordenadores Nacionais, que começou a ganhar importânciacrescente a partir de 2006, o país não enviou representantes para a sexta reunião e décima reunião,respectivamente de julho de 2005 e de 2007, e a partir de junho de 2008, na décima-segunda reunião, nãoparticipou mais das reuniões.

Missão do IPEAnaVenezuela-18 de abril de 2011- Versão Preliminar

, I

Page 7: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

7

quantidade e qualidade de recursos que reúne: biodiversidade, bacias hidrográficas,

energia, minério de ferro, entre outros. Brasil e Venezuela compartilham grande parte

da Amazônia, espaço de crescente importância no quadro geopolítico regional e

internacional que desperta diversos interesses e enfrenta uma crescente

complexidade de atores. A integração, ocupação e desenvolvimento da Amazônia são

fundamentais e os países que a compartilham não têm sido capazes de levar isto

adiante por meio da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCAt O

potencial de transporte hidroviário do Orinoco, o potencial agrícola, de mineração e

industrial da região Sul, e os recursos energéticos e projetos associados que envolvem

a Faixa Petrolífera do Orinoco, revelam o interesse da Venezuela no desenvolvimento

e segurança desta região. O que reforça a necessidade do planejamento de

localização de projetos produtivos e de infraestrutura.

A criação e contemplação do eixo estratégico Amazônia-Orinoco no âmbito da

11RSA, relevando sua importância geoestratégica e as políticas públicas específicas

que esse espaço demanda, é fundamental para despertar o interesse e impulsionar

maior participação do Estado venezuelano na Iniciativa. Em junho de 2010, a IIRSA se

tomou órgão técnico do Conselho de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan) da

União das Nações Sul-Americanas (Unasul), passando a receber diretrizes políticas

dos países da Unasul e reduzindo a influência do trio BID-CAF-Fonplata. A orientação

da Unasul e do Cosiplan são de que este busque uma dinâmica interativa com o

CEAS (Conselho de Energia) em temas de interesse e planejamento comum. Faz-se

necessária, portanto, uma maior coordenação dos esforços de Brasília e de Caracas

no âmbito do Cosiplan, Ceas e da Unasul. O eixo estratégico Amazônia-Orinoco

poderia cumprir a função de estruturar a integração Brasil-Venezuela e incorporar

definitivamente a Venezuela na agenda regional de integração de infraestrutura,

inclusive com projetos propostos pelo país em outros âmbitos.

Para o Brasil, a consolidação do eixo estratégico Amazônia-Orinoco cria uma

nova fronteira de aproximação do Brasil com os países da bacia do Caribe em um

contexto em que a política extema para a integração regional amplia sua área de

atuação da América do Sul para outras regiões da América Latina e do Caribe. O

empenho brasileiro na criação e fortalecimento da Comunidade dos Estados

Latinoamericanos e Caribenhos (CELAC) é concretização dessa tendência, que seria

fortalecida com o eixo Amazônia-Orinoco e a integração da infraestrutura até o Caribe,

6 O Tratado de Cooperação Amazônica foi assinado em 1978, em 1998 foi criada a Organização, que foiimpulsionada em 2004 com o Plano Estratégico 2004/2012.

Missão do IPEA na Venezuela -18 de abril de 2011- Versão Preliminar

Page 8: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

8

ampliando-se as possibilidades de cooperação e, especialmente, integração produtiva

com esses países.

2. Diagnóstico: integração física insuficiente

A integração rodoviária entre Brasil e Venezuela encontra-se deteriorada,

devido à interligação do lado brasileiro feita pela rodovia BR-174 que se encontra em

condição ruim7. A rodovia passa pelos estados de Mato Grosso, Amazonas e Roraima,

cruzando Manaus e encontrando a Venezuela em Pacaraima (Roraima). No estado de

Roraima o estado geral é ruim, com classificações: ruim para pavimento, péssimo para

sinalização e ruim para geômetra da via. De Manaus (Amazonas) a Boa Vista

(Roraima), o estado geral da BR-174 (e também da BR-174/AMT-174) é ruim, com

classificações: ruim para pavimento, péssimo para sinalização, e ruim para geômetra

da via. Esta rodovia segue pelo lado venezuelano até Caracas pela Troncal 10, em

melhores condições, mas que necessita recursos para sua permanente manutenção.

Pondera-se, entretanto, que uma rodovia pavimentada com classificação ruim na

Amazônia brasileira já está em condições melhores que padrão da região, que é

rodovia não pavimentada e que periodicamente se tomam intransitáveis em função

das chuvas.

A integração ferroviária entre os países é inexistente. Ambos os países

apresentam uma baixa densidade ferroviária. No caso do transporte ferroviário na

Venezuela, destaca-se o ambicioso Plan de Desarrollo Ferroviário Nacional 2030

constituído pelo Instituto Ferroviário do Estado (IFE), que busca a integração

ferroviária de todo território venezuelano. No âmbito deste Plano estão previstas linhas

férreas que promovem a interconexão das áreas da Faixa Petrolífera do Orinoco e do

Estado de Sucre (incluindo portos de águas profundas) ao Norte do Brasil, de acordo

com os projetos: Linea Nororiental, Ciudad Guayana - Manicuare, 527,2 Km; Linea

Suroriental, Ciudad Guayana - Santa Elena de Uairén (fronteira com Roraima), 591

Km.

A integração hidroviária entre os países é feita de forma inadequada e demanda

significativas intervenções.

O rio Orinoco apresenta limitações para o transporte de cargas geradas em Ciudad

Guayana e o norte do Brasil, especialmente se o desenvolvimento industrial adicional

for impulsionado nestas regiões e relevando-se os períodos (estação) de baixo calado.

7 Segue-se a classificação de rodovias conferida pela Confederação Nacional de Transportes (CNT) doBrasil.

Missão do IPEAna Venezuela -18 de abril de 2011- Versão Preliminar

~J .

Page 9: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

9

o rio Casiquiare naturalmente liga, nos seus 370 km de extensão, a Bacia do

Orinoco com a Bacia Amazônia, mais especificamente, o rio Orinoco com o rio Negro.

Este é um rio singular no planeta, justamente por ligar de forma natural duas bacias

hidrográficas distintas. O Casiquiare nasce no Orinoco e de sua confluência com o

Guainía resulta o rio Negro, que, por sua vez, centenas de quilômetros depois, se

junta com o Solimões para formar o Amazonas. O rio nasce com 200 a 300 m3/s e

chega ao Negro com 2790 m3/s. Conforme CAF (1998), o Casiquiare tem uma

navegação difícil e limitada por algumas condições. O rio tem muitas pedras e

corredeiras, além de seu percurso sinuoso com curvas bastante fechadas. Nas águas

mais baixas, a navegação melhora bastante em função do maior volume de água. No

restante do rio, durante o verão, é possível a passagem apenas de barcos até 1,5 ou 2

pés de calado, sempre com a presença na embarcação de um bom conhecedor do rio.

Nos períodos de cheia, é possível a navegação com barcos de 4 a 6 pés de calado,

não muito compridos, em função das sinuosidades do curso do rio.

O rio Negro forma uma bacia própria de 715 mil km2 entre Colômbia, Brasil e

Venezuela. Na sua origem, na confluência com o Casiquiare, tem uma largura de 700

m, enquanto na confluência com o Amazonas chega a uma largura de 30 km.

Conforme apresenta CAF (1998), as águas acima de Tupuruquara ou Santa Isabel até

as grandes cachoeiras de São Gabriel, o rio Negro tem muitas pedras, cachoeiras e

violentas corredeiras, com um desnível de 14,5 m em um trecho de quase 49 km, o

que representa quase O,3m1km.Para evitá-Ias, de Camanaus se pode ir a São Gabriel

por uma estrada de cerca de 230 km. Para que esse trecho seja navegável, seria

necessário uma hidroelétrica perto de São Gabriel da Cachoeira e outra perto de

Santa Isabel. Já na sua parte baixa, o declive do rio Negro, desde sua desembocadura

até a barra do rio Curicuari, por cerca de 995km, é muito baixo (3cm/km). De acordo

com CAF (1993: p. 108), quanto à navegação, nos períodos de águas médias e altas,

o rio Negro é navegável por 1160 km desde a desembocadura até próximo à fronteira

com Colômbia e Venezuela, na localidade de Santana. Nos períodos de águas baixas

(outubro a março), há restrições de profundidades da água acima da cidade de São

Gabriel da Cachoeira, a partir da qual, a profundidade nos períodos de estiagem

chega a ser inferior a 1,2m. Desde a desembocadura até a cidade de Tauapeçaçu, é

possível a navegação de barcos de alto-mar. O rio Branco, principal afluente do rio

Negro que chega até Boa Vista, é navegável sobre uns 600 km desde Caracaraí até

sua desembocadura, necessitando intervenções para melhor conexão hidroviária ao

extremo norte do Brasil.

Missão do IPEA na Venezuela - 18 de abril de 2011- Versão Preliminar

Page 10: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

10

o Porto de Manaus está localizado na margem esquerda do rio Negro, perto de

sua desembocadura. O porto tem um canal de acesso de 500 metros de largura e 35

metros de profundidade, o que permite o acesso de navios de qualquer calado. Os

cais são flutuantes, de maneira que se adéquam a altura das águas em suas grandes

flutuações. O porto tem instalações modemas, com um grande pátio para contêineres,

estaleiros para assistência técnica e terminais privados especializados em diferentes

cargas (cereais, minerais, produtos químicos ...). Para uma adequada integração

marítima (cabotagem) entre os países, são necessárias intervenções nos portos do

norte do Brasil, especialmente nos portos: Vila do Conde (Pará), Belém (Pará) e

Santarém (Pará). Além disso, demanda-se a construção de porto de águas profundas

no Nordeste da Venezuela e a melhoria em suas vias e acesso ao Norte do Brasil.

Quanto à interconexão aérea, a única cidade brasileira que possui vôos diretos

para Caracas é a de São Paulo no Sudeste brasileiro (em trajeto de 6 horas),

realizados somente por duas companhias aéreas - Tam e Gol-, cada uma delas com

uma saída por dia em cada direção, custando aproximadamente 450 dólares a

passagem de ida e volta. A partir das demais cidades brasileiras, dentro de um país

continental de longas distâncias, é necessário passar (fazer pelo menos uma parada)

por São Paulo, Lima (Peru) ou Cidade do Panamá. Partindo de Manaus (Amazonas),

importante cidade amazônica do Norte do Brasil e relativamente próxima à Venezuela,

não existe vôo direto, as passagens custam pelo menos o dobro, e o trajeto pode levar

no mínimo 7 horas (com 1 parada no Panamá, pela companhia Copa) ou 12 horas

(com 1 parada em São Paulo, pela companhia Tam). Não há vôos que conectem

diretamente o Norte do Brasil com o Sul da Venezuela.

Sobre a integração energética, existe uma importante interconexão elétrica

através da linha de transmissão Guri - Boa Vista, de 676 km (191 km no Brasil), em

230kV, que possibilita o abastecimento desta região brasileira que se encontra isolada

do Sistema Interligado Nacional (SIN). Inexistem interconexões de gasodutos e

oleodutos entre os países, apesar de todo potencial energético e de

complementaridade energética entre os países, e entre estes países e os demais da

América do Sul.

3. Propostas de Integração da Infraestrutura

Integração do sistema de transportes:- Reabilitação da Rodovia Manaus-Caracas. Recuperação da BR-174 do lado

brasileiro e manutenção da Troncal 10 no lado venezuelano.

Missão do IPEAna Venezuela - 18 de abril de 2011- Versão Preliminar

;,

Page 11: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

11

- Ferrovia, partindo de Caracas e de Guanta (Sucre), passando pela Segunda Ponte

sobre o rio Orinoco, seguindo o trajeto proposto no Plan de Desarrol/o Ferroviario

Nacional 2006-2030, até Santa Elena de Uairén, entrando por Pacaraima, seguindo

pela BR-174 até Manaus. Etapa prioritária; sistema de transporte bimodal Puerto

Ordaz - Santa Elena de Uairén, seguindo por Boa Vista pela BR174. O mesmo

documento prevê a construção dos seguintes trechos: Linea Nororiental, Ciudad

Guayana - Manicuare, 527,2 Km; Linea Suroriental, Ciudad Guayana - Santa Elena de

Uairén (fronteira com Roraima), 591 Km.

- Intervenções nas hidrovias: Rio Branco e Rio Negro (Bacia Amazônica); rios Orinoco

e Cassiquiare.

- Estudos para a integração da Bacia Amazônica com a Bacia do Orinoco.

- Melhoria de Portos no Norte do Brasil.

- Construção de porto de águas profundas no Nordeste da Venezuela (ou melhoria do

porto de Guanta), e suas vias e acesso ao Norte do Brasil.

- Integração Aeroportuária: estudar e incentivar a possibilidade de voos diretos de

outras cidades brasileiras (Brasília, Manaus, Rio de Janeiro) para a Venezuela. Voos

semanais Brasil-Venezuela, de passageiros e de carga, que conectem Manaus, Boa

Vista e Puerto Ordaz. Para isto, é necessário realizar estudos sobre rotas aéreas.

Integração Energética:

- Estudos e construção do gasoduto da Área Gasífera de Paria até Manaus.

- Expansão da linha de transmissão Guri - Boa Vista, e posterior ligação a Manaus e

ao Sistema Interligado Nacional (SIN) brasileiro (a ligação de Manaus se realizará até

2012 com a construção da linha a partir de Tucuruí).

- Desenvolver projetos conjuntos para a eficiência e diversificação das matrizes

energéticas, com base no Memorando de Entendimento sobre Cooperação em

Matéria de Energia Elétrica.

- Retomar estudos de viabilidade do Gasoduto Venezuela-Brasil-Argentina, com

prioridade para o trecho da Área Gasífera de Paria a Manaus.

Missão do IPEAna Venezuela -18 de abril de 2011- Versão Preliminar

Page 12: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

12

Referências bibliográficas citadas:

CAF (1998). "Los rios nos unen: Integración Fluvial Sudamericanan• caracas: CAF.

CERVO, Amado Luiz (2001). "A Venezuela e os seus vizinhosn• Revista Cena

Internacional. 3 [1]: 5-24.

COUTO, Leandro F. (2009). "A institucionalização do multilateralismo regional e as

diferentes estratégias da política externa brasileira para a América do Sul, de Cardoso

a Lulan• Congresso ISAlABRI. Rio de Janeiro: julho de 2009.

IPEA (2010). "A Integração Sul-Americana, Além das Circunstâncias: do Mercosul àUnasur In: Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas.

Brasília: IPEA, pp. 443-464.

VIZENTINI, Paulo G. F. (2003). A politica externa da Venezuela frente à globalização.

In: GUIMARÃES, Samuel Pinheiro. (Org.). Venezuela: Visões brasileiras. Brasília:

IPRI, pp. 55-80.

Missão do IPEAna Venezuela - 18 de abril de 2011- Versão Preliminar

Page 13: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

. ('

Proyectos Prioritarios para el Plan de Trabajo PDVSA-IPEA 2011-2012

La Misión ''transitoria y administrativa" deI IPEA en Venezuela fue instituida el

6 de septiembre dei 2010, fruto deI Acta de Compromiso SAE-Menpet dei 27 de mayo

y deI Acuerdo IPEA-PDVSA dei 6 de agosto deI mismo afio. La oficina fue abierta el 7

de septiembre y viene funcionando de manera bastante satisfactoria. Todas las

actividades previstas en el Acuerdo PDVSA-IPEA deI 6 de agosto fueron cumplidas,

excepto la definición deI Plan de Trabajo conjunto para el afio 2011.

En el inicio de febrero deI 2011, durante la visita deI Ministro de Relaciones

Exteriores y deI Asesor Especial de la Presidencia de la República deI Brasil, fueron

definidas las directrices para las instituciones oficiales brasileras en Venezuela (IPEA,

Embrapa, Caixa). Actuar de forma articulada entre si y producir resultados concretos a

diciembre 2012 en tres áreas prioritarias, a saber: desarrollo agrícola, programas

habitacionales e integración deI Norte de Brasil con el Sur de Venezuela.

Según la evaluación deI IPEA, los proyectos presentados a continuación son los

que tienen mayor posibilidad de concretización en corto plazo y son capaces de

demonstrar la importancia de la cooperación internacional como uninstrumento de

desarrollo. En todos los proyectos, el IPEA buscará identificar los mecanismos que

favorezcan la integración productiva entre el Norte de Brasil y Venezuela.

Los proyectos prioritarios para el plan de trabajo PDVSA-IPEA 2011-2012 son:

Faja Petrolífera dei Orinoco:

- Proyecto Agrícola Integral para Producción de Proteína Animal:

Área entre 100 Y200 mil ha aI sur deI Orinoco para la producción de Soya. Plantas para

la producción de pollos y aceites. Consttucción de entre 800 y 1500 viviendas.

Asesoría técnica de Embrapa para producción agrícola. Asesoría técnica por parte de

IPEA y Caixa para la sustentabilidad urbanística social y económica deI proyecto de

vivienda. Asesoría deI IPEA para eI desarrollo de actividades productivas asociadas.

- Planificación Territorial San Diego de Cabrutica:

Constrocción de viviendas, definida por el PSO, con integración productiva (estudio

IPEA, ejecución empresa privada brasileiia, posibilidad de fmanciamiento público

IPEA-Misión en Venezuela18 de abril de 2011 Versión Preliminar

Page 14: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

brasileiío) con el estado Roraima y asesoría técnica por parte de IPEA y Caixa para la

sustentabilidad urbanística social y económica deI proyecto.

Asesoría técnica de Embrapa para el desarrollo de proyectos agrícolas en la periferia de

San Diego de Cabrutica, defmidos por el PSO.

Estado Sucre:

- Planificación territorial para el desarroUo urbano y productivo

Cumana-Araya: asesoría por parte de IPEA y Caixa para la sustentabilidad urbanística,

social y económica deI proyecto de construcción de entre 1000 Y 2000 viviendas

asociadas a la construcción deI Astillero deI ALBA (ejecución por parte de la misma

empresa que está ejecutando la obra deI astillero) y profundización de estudios por parte

deI IPEA para proyectos productivos asociados a la industria naval.

Güiria: asesoría por parte de IPEA y Caixa para la sustentabilidad urbanística, social y

económica deI proyecto <;teconstrucción de entre 1000 Y2000 viviendas (posibilidad de

ejecución por empresa privada brasileiía y posibilidad de fmanciamiento público

brasileiío) y profundización de estudios por parte deI IPEA para proyectos productivos

asociados a la industria gasífera. Asesoría técnica de Embrapa para proyecto de manejo

sustentable de madera.

- DesarroUo Productivo e Integración entre el Norte de Brasil y el Sur de

Venezuela (hay informe técnico producido por el IPEA sobre el tema)

Pequiven: Hubo algunas conversaciones sobre la posibilidad de exportación de

fertilizantes de Venezuela para Brasil. Sin embargo, todavía no ha sido elaborado un

proyecto de negocio que pueda ser formalizado en un acuerdo en el encuentro

presidencial. Seria importante que PDVSA indicase una persona de Pequiven que

pudiese tratar deI tema con nosotros para defmir un proyecto y un acuerdo antes deI

encuentro presidencial deI 10 de mayo.

Bariven: La experiencia brasileiía en políticas de desarrollo productivo través de

compras gubernamentales es muy importante, y seria posible para el IPEA asesorar para

una política convergente en la actuación de Bariven y de la PDVSA Industrial (y mismo

de los ministerios que buscan el desarrollo industrial e productivo integrado de

Venezuela) para promover la industrialización y diversificación productiva en las

regiones de la Faja deI Orinoco y deI Estado Sucre. Pero las reuniones arregladas con

Bariven fueran canceladas algunas veces. Para que tengamos un acuerdo en esta

temática antes deI encuentro presidencial de 10 de mayo, seria necesario que PDVSA

nombrase una persona para elaborar el proyecto con el IPEA.

IPEA-Misión en Venezuela I 8 de abril de 2011 Versión Preliminar

Page 15: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

~- .. ----

Infraestructura (hay informe técnico producido por el IPEA sobre el tema):

Estudios para la integración de la infraestructura deI Sur de Venezuela y Norte de Brasil

para desarrollar la integración productiva, energética, comercial y de comunicaciones de

las dos regiones.

los

Costos 18mesesUS$ 516.000yBsF 1.190.000

A ser definidoEmbra a

Caixa

- Responsabilidades de Organizaciones Gubernamentales Brasileõas enPro ectos entre .uUo de 2011 diciembre de 2012:Or anización FunciónIPEA Análisis de las políticas públicas para el desarrollo

social y económico de las regiones y formulaciónde políticas para el desarrollo de nuevasactividades roductivasAsesoría técnica para sustentabilidad urbanística, A ser definidosocial e económica deI ro ecto de viviendasAsesoría técnica ara roducción a 'cola

Costos anuales dei IPEA en Venezuela:El titular de la misión cuyo salario es pago por Ipea.9 becarios-investigadores con maestria en su área de actuaci6n (con doctorado el costoes de US$ 1.000 por mes por bequista-investigador). 3 bequistas investigadoresquedarían en Caracas y 6 cerca de los proyectos.

BsF 200.000BsF 360.000BsF 100.000BsF 20.000BsF 170.000US$ 72.000US$ 72.000US$ 72.000US$ 36.000US$ 72.000

US$ 7.000US$13.000PDVSA

- Preparatorio ai Encuentro Presidencial:Viaje: con Embrapa, Caixa y la empresa privada brasileiia que desarrollaría el proyectode integración productiva para la construcción de casas en Roraima-Bolívar, día 27,28o 29 de abrilReuniones: Necesidad de una reunión antes de la visita presidencial, con la Embajadade Brasil, día 2 o 3 de mayo.

IPEA-Misión en Venezuela18 de abril de 2011 Versión Preliminar

Page 16: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

PRESIDENCIA DE LA REPÚBLICA FEDERATIVA DE BRASILSECRETARÍA DE ASUNTOS ESTRATÉGICOS

INSTITUTO DE INVESTIGACIÓN ECONÓMICA APLICADA - IPEA

MISIÓN DEL IPEA EN VENEZUELA

Región Norte de Brasil y Sur de Venezuela:Esfuerzo binacional para Integración de las cadenas productivas

INFORME TÉCNICO PRELIMINAR - 23 DE MARZO 2011

El proceso de integración productiva de Sudamérica debe ser impulsado por acciones

coordinadas por los Estados nacionales en el sentido de promocionar la industrialización, la

integración de cadenas productivas y el comercio intrarregional. La cooperación debe

establecer políticas comunes, de inversiones en industrias, infraestructura y en elenfrentamiento a los desequilibrios.

Existen grandes posibilidades para avanzar en ese sentido. Juntos, los países de

América dei Sur poseen capacidadesproductivas, recursosnaturales y mano de obra suficientes

para satisfacer casi plenamente sus necesidades actuales, con pocas excepciones,

particularmente en el sector de bienes de capital de alta tecnología.

Nivel de autosuficiencia de Sndamérica, en porcentajeFueoles: ONU, BIRD Yproyeccilnes de la SociedadBras~ de Economia Físra (SBEF)

Alimentos EnergeUcos MaD1Ú8cturadosCereaIes 123 Petróleo cndo 142 Maquinarias yeq~s 50Carnes 123 Petróleo remado 100 AuloDllvilesycamiJnes 70Pescados Ymariscos 188 TexIiles 105Lecbes yderivados 105 Produtos búlcosFIUlasYveroUlllS 115 Fer1ilizmIles 70 Metales búlcos

Pesti::iIas 45 HieIToy acero 100Mlnerales Medí;:ammIos 30 Cobre 282Mineml de bieIro 257 ~ 100 Alnnioi> 120Mineml de cobre 128 FilIaS sinléti::as 85 PIoDll 123Bauxila 183 Zix 104~ 161 Materias primas Es1afto 114A21dre 97 Pildm ilslõri:a 45 Nfquel 100CaIbón Yroque 40 PotassD <10CroDll 73 Soda causti::a 73Tttamo <lO~ <lO

En el caso de Brasil y de Venezuela igualmente existe un considerable potencial de

complementación productiva. Observando específicamentelas regiones deINorte de Brasil y el

Sur de Venezuela se puede evidenciar que son muy grandes las posibilidades de articulación en

el área industrial. El aislamiento relativo de estas regiones de las principales áreas industriales,

Page 17: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

•'I'P' e'"a" Instituto de Pesquisa" "," EconGmka Aplicada

2

tanto deI Sureste brasileíio como deI área industrial deI estado Carabobo, en Venezuela, debe

ser interpretado como un factor positivo para promover la integración y plena utilización deI

Eje Orinoco-Amazonía. En este sentido, es necesario realizar un estudio que identifique

sectores económicos de posible complementación, tomando como base el cruce de las

demandas y de las ofertas de cada uno de los países y regiones.

A través de un análisis preliminar, se observa en la tabla a continuación que durante

2010 la región Norte de Brasil exportó hacia Venezuela cerca de US$ 788,6 millones e importó

US$ 31,7 millones. Por 10 tanto, se identificó una fuerte asimetría, mayor de la existente entre

los dos países. Según los datos deI sistema Aliceweb deI Ministério do Desenvolvimento,

Indústria e Comércio Exterior (MDIC-Brasi/), en 2007, Brasil vendió a Venezuela 13,7 veces

más de 10 que le compró. En 2010, esa proporción cayó a 4,6 veces. La reducción de la

asimetría es resultado deI incremento de las importaciones brasileilas, especialmente de naftas

para petroquímica, coque de petróleo y hulla bituminosa, utilizadas sobretodo en las regiones

Sur y Sudeste de Brasil.

Comercio de la regi6n Norte con Venezuela en 2010, uS$ - MOle

Export Import saldo Corrente

BRASIL 3.853.971.840 832.585.434 3.021.386.406 4.686.557.274

Regl6n Norte 788.658.848 31.745.113 756.913.735 820.403.961

Pará 640.797.809 17.608.272 623.189.537 658.406.081Amazonas 98.318.115 9.145.171 89.172.944 107.463.286Rondônia 36.578.020 943.173 35.634.847 37.521.193Tocantins 10.494.676 O 10.494.676 10.494.676Roraima 2.392.735 4.048.497 -1.655.762 6.441.232Acre 77.493 O n,493 n,493Amapá O O O O

Además, es posible notar que gran parte deI intercambio de la región Norte con el país

vecino se debe a la participación deI Estado Pará, que realiza 80% das exportaciones y 60% de

las importaciones, y deI Estado Amazonas. El estudio que se viene desarrollando por el Ipea

inc1uye una observación pormenorizada de las compras y de las ventas de cada uno de los

estados brasileíios que integran la región Norte hacia Venezuela. En el cuadro abajo

presentamos las exportaciones deI estado Pará hacia el país vecino en 2010. Esas

informaciones pueden ser suministradas con el código de la Nomenclatura Común deI

Mercosur (NCM), en dólares, en quilogramos y en número de unidades comercializadas. Se

Page 18: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

•I'p.e' .a....Instituto de PeSquIsa.' . ". ~lmkaApIlcâda

3

observa, por ejemplo, que un 93,8% de las ventas son de "Otros bovinos vivos", en ese caso,bufalinos.

NCM01029090

01029011

26020090

99980201

2606DD11

02023000

44123200D9D411oo

23099010

4408909033049910

4821900044187900

4413DDDD

4818300033049990

33059000

33052000

94016900

94036DDD4419DDDD

39232190

Exportaclones dei estado de Panl hacla Venezuela 8ft 2010 - MDleDescrIpcl6n

OTROS 8OVINOS VIVOSOTROS BOVINOS PARA REPRODUCCIO,PRERADos O CON CRIAOTROS MINERIOS DE MANGANESOCONSUMO DE BORDO - QQ.OTRA MERCANCA P/EMBARCACONESBAUXITA NO CALONADA (MINERAl DE ALUMINIO)CARNES DESOSADAS DE 80VINO,CONGELADASMAD.COMP.FACE D/MAD.F1 CONIF,ESPESURA<6MMPIMIENTA "P1PER",SECAAUMENTOS COMPUESTOS COMPLETOS,PARA ANIMAlESHOJAS DE OTRAS MADERASPASTAS DE BEUfZA,CREMES NUTRmV05 E lOCOES TONICASOTRAS ETIQUETAS DE PAPEl O CARTONOTROS PANElES MONTADOS P/PISOSMADERA "DENSIFICADA",EN BlOQUES.PlANCHAS,LAMINAS,PERFllESTOAlLAS E SERVllLETAS,DE PAPEl,DE MESAOTROS PRODUCTOS DE BEllE2A O MAQUllLAGE PREPARADOS,ETCOTRAS PREPARACONES CAPILARESPREPARS.P/ONDULAOON/AUSAMIENTO/PERMANENTES,DE CASEllOSOTROS ESPALDAlES C/ARMAOON DE MADERAOTROS MUEBlES DE MADERAARTEFACTOS DE MADERA,PARA MESA O CDaNAOrROS PAQUETES,BOlSAS YCARTUCHOS,DE POlIMEROS DE ETILENO

US$601.046.467

23.184.556

9.107.348

2.336.4D8

1.756.5131.551.004

566.450

453.975

289.662

225.190

146.502

47.59327.23719.728

12.839

9.544

4.725

4.688

3.5571.9381.868

17

AI mismo tiempo, el estudio en marcha incluye la realización de un análisis de las

exportaciones y de las importaciones venezolanas con origen y destino en Brasil y en el

mundo, a través deI recién creado Sistema de Consulta de Estadísticas de Comercio Exterior

deI Instituto Nacional de Estadísticas de Venezuela (INE). De esta forma, será posible conocer

exactamente cual es la oferta exportable de los dos países, así como sus necesidades de

importaciones. A su vez, es viable identificar de donde están siendo comprados y hacia donde

están siendo vendidos determinados bienes. La elaboración de este trabajo ofrece un

importante instrumento para el disefiode políticas públicas para la complementación industrial

en el Eje Orinoco-Amazonía.

Tomando en cuenta el real interés de estimular la integración binacional en el Eje

Orinoco-Amazonía, es fundamental que el trabajo desarrollado esté ya orientado a promover la

articulación de las cadenas productivas. De esta forma, existe un inmenso potencial a

desarrollarse en conjunto con la Zona Franca de Manaus, especialmente en el Polo Industrial,

que concentra cerca de 450 industrias, muchas de las cuales de alta tecnología. De igual

manera, son muchas las posibilidades de articulación con el Polo Agropecuario, que desarrolla

proyectos orientados a la producción de alimentos y madera, entre otras. La Empresa

Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa)ha ejercidoun rol esencial en ese proceso.

Esta complementaciónpodría garantizar a Venezuelaun gran mercado consumidor para

los productos de la región Guayana, lo que le permitiria obtener considerables economías de

Page 19: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

•'Ip.. e,a' Instituto de Pesquisa,. Ec.on6mka Aplicada

4

//

• Proyectos - Alumina• Proyectos-HierroIAcero• Proyectos - Oro• Proyectos- PetroqtJImiC05• Proyectos. Agroprodudivos

escala. Además de esto, esa relación también podría estimular el incremento deI valor agregado

de los productos venezolanos, la expansión y satisfacción de su demanda interna e incluso la

,..,<',

.., -,.~

." ,) ,..'ruptura con el histórico ciclo de exportaciones de productos primarios. Siguiendo esa

formulación, Venezuela podría desarrollar una amplia cadena productiva y de proveedores para

el abastecimiento seguro y rápido de insumos industriales hacia el Norte de Brasil, asociando a

su producción interna la expansión de la industria brasilefia.

Es bajo esta óptica que el gobierno brasilero viene adoptando el Programa de

Sustitución Competitiva de Importaciones (PSCI), desde 2003, el primer afto deI gobierno de

Lula da Silva. Ese programa tiene el objetivo de impulsar el comercio entre el Brasil y los

demás países sur-americanos, sustituyendo, siempre que sea posible y a precios competitivos,

las importaciones brasilefias de terceros mercados por importaciones provenientes de los

vecinos deI Sur. Los resultados han sido exitosos, ya que las compras brasileíias de productos

sudamericanos crecieron de US$ 7,7 millardos para US$ 25,8 millardos en 2010.

EI cuadro a continuación, con datos deI MDIC, demuestra la evolución de las

importaciones brasilefias de los países sudamericanos entre 2003 y 2010 (con datos

acumulados hasta el mes de Noviembre).

Page 20: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

• 5Ipea InstitUtode,,-•. .. ..... EâlIIOínIai~

Importaclone5 de Brasil eon origen en Sudamérlca y mundo - entre 2003 y nov12010 (USS millardos)

Creclmlento2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2003-2010

Argentina 4,7 5,6 6,2 8,1 10,4 13,3 11,3 13,1 2,8BoUvla 0,5 0,7 1,0 1,4 1,6 2,9 1,7 2,0 4,0Chile 0,8 1,4 1,7 2,9 3,5 4,0 2,7 3,7 4,6Col6mbla 0,1 0,1 0,1 0,2 0,4 0,8 0,6 1,0 9,7Equador 0,0 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 2,5Paraguai 0,5 0,3 0,3 0,3 0,4 0,7 0,6 0,6 1,1Peru 0,2 0,3 0,5 0,8 1,0 1,0 0,5 0,8 4,0Uruguai 0,5 0,5 0,5 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 2,8Venezuela 0,3 0,2 0,3 0,6 0,3 0,5 0,6 0,7 2,5Am.SuJ 7,7 9,3 10,7 15,0 18,5 24,1 19,2 23,3 3,0Mundo 48,3 62,8 73,6 91,4 120,6 173,0 127,7 166,1 3,4

En este mismo sentido y con mayor intensidad, en 2008, el Ministerio de Desarrollo,

Industria y Comercio Exterior (MDIC) anunció la Política de Desarrollo Productivo (PDP), en

la que una de las líneas de acción trata exactamente de estimular las compras brasileiias de

América deI Sur. Esta iniciativa posee acciones estratégicas, entre las cuales está la Integración

Productiva de América Latina y el Caribe. Entre los grandes objetivos de la PDP está la

promoción de la integración de cadenas productivas, el estímulo a la exportación de países

latino-americanos y caribeiios bacia Brasil, el apoyo aI financiamiento y a la capitalización de

empresas latinoamericanas y caribeiias y la promoción de la integración de infraestructura

logística y energética.

A continuación, se presenta un mapa, que une las informaciones de diversos Ministerios

e instituciones públicas venezolanas sobre la localización de los proyectos industriales, en

ejecución o planificados, en los sectores merro-acero, alumínio, petroquimica, agro-industrial y

mineria. EI objetivo fue condensar en un solo mapa los principales proyectos. Se observa una

gran concentración espacial en tomo a la Faja Petrolífera deI Orinoco y la ciudad de Puerto

Ordaz, espacios geográficos estratégicos por su cercanía con Brasil.

Como reflejó la presentación sobre las posibilidades de complementación industrial

realizada por el Ipea, en el Seminario para la Integración dei Eje Orinoco-Amazonía, en los

días 9 y 10 de Noviembre deI 2010, en Manaos, fueron presentadas para los presentes las

siguientes propuestas:

a) Estimular cadenas industriales conjuntas para el desarrollo económico de laszonas fronterizas, tomando en cuenta las unidades productivas instaladas y las dealto potencial, en los siguientes sectores: metalmecánica, agroindustria y vidrio.

b) Promover incentivos económicos, incluyendo la evaluación de los posiblesmecanismos que posibiliten y faciliten el financiamiento de corto y largo plazo yla ejecución de proyectos productivos conjuntos.

Page 21: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

•I.p.ea.. Instituto de PesquIsa.... ... EconOmka Aplicada

6

c) Reactivar la cooperación entre la Zona Franca de Manaos y la Zona Franca dePuerto Ordaz, considerando que en 2002 ambas instituciones firmaron undocumento con este objetivo.

d) Considerar algunos sectores de interés comÚll: fertilizantes, alimentos,automotor, habitacional y materiales de construcción, higiene personal ylimpieza, farmacéutico, petroquímico, turístico y minero.

Se entiende que hay muchas otras posibilidades de profundizar el proceso de

integración productiva entre las dos regiones. Abajo, son presentadas, de forma general, tres

iniciativas que contribuirían para una mayor complementación industrial:

1) Alianza para la ampliación de la producción de coque y azufre en el área de la

Faja Petrolífera deI Orinoco. En el afio 2010, las importaciones brasileilas de coque de

petróleo venezolano alcanzaron US$ 119,9 millones (14,5% de todas las compras brasileilas

con origen en el país vecino). Las importaciones de azufre fueron de US$ 5,2 millones. Las

compras de urea fueron de US$ 7,7 millones, en cuanto a las de hulla sumaron US$ 63,5

millones. Parece importante garantizar la producción de estos insumos para el suministro deI

mercado venezolano y la exportación de los excedentes para el Brasil. Podría haber una

asoCÍaCÍón binacional para la creaCÍón, en el estado Bolívar, de un Instituto de Coque y de

Azufre, ya previsto en los Planes de PDVSA.

2) Acuerdo entre el Servicio Geológico de Brasil (Companhia de Pesquisa de

Recursos Minerais - CPRM) y el Instituto Nacional de Geologia y Minería de Venezuela

(INGEOMIN). Es fundamental buscar una mayor participación brasilefia para la elaboración

de proyectos de cooperación binacional, con el objetivo de fortalecer el Eje Puerto Ordáz-Boa

Vista, pasando por Upata, El Callao, Tumeremo, Guasipati, El Dorado, Las Claritas y Santa

Elena de Uayrén. En un primer momento los principales atractivos serían la extracción de oro y

minerales no metálicos, aunado a las industrias de cemento, cerámica y vidrios.

3) Asociación binacional para la producción de fertilizantes destinados a la

producción agrícola y el fortalecimiento deI Eje Orinoco-Amazonía. Según informaCÍones

deI Instituto Brasileílo de Minería (Ibram), Brasil, pese a su gran producción, importó deI

mundo en 2010 cerca de US$ 4,9 millardos en fertilizantes, especialmente de Marruecos,

Egipto, Ucrania y Rusia. Solamente US$ 8 millones fueron importados de Venezuela. Además

de eso, eI país importa la mitad dei fosfato que consume anualmente. AI mismo tiempo, de

acuerdo con la Petroquímica de Venezuela (pequiven), se están cuantificando significativas

reservas de fosfato en Navay, estado Táchira. Los yacimientos alcanzarían 100 millones de

toneladas y superarían con creces a los de Riecito, en el estado Falcón. En ese sentido, el Ipea

Page 22: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

propone la realización de estudios para dos acciones: una comercial y otra productiva. La

primera, de corto plazo, trata de analizar la viabilidad de la exportación venezolana de

fertilizantes para Brasil a través de la frontera entre los eSúldos Bolívar (Venezuela) y Roraima

(Brasil), potencializando el Eje Orinoco-Amazonía. Serian productos fosfatados, nítrogenados

y sales potásicas. En reunión preliminar, técnicos de Pequiven presentaron dos posibilidades:

que Venezuela le venda a Brasil su excedente exportable o que opere como intermediaria aI

comprar productos de otros países y transformarlos en el estado Bolívar antes de venderIos

hacia Brasil.

Como se observa en el mapa, después de llegar por carretera hasta Boa Vista, los

productos venezolanos podrían seguir por vÍa fluvial hasta las ciudades de Porto Velho (estado

brasilefio de Rondonia) y Río Branco (estado brasilefio de Acre), a través de los rios Branco,

Negro, Amazonas y Madeira. Aunque el mapa pequefio demuestre solamente la frontera

agrícola de la producción de soja en Brasil, se puede afrrmar que las operaciones garantizarían

el suministro de fertilizantes desde Amazonía hasta Mercosur. El transporte por la vía fluvial

abarataria de manera considerable los costos y aumentaría mucho la competitividad de los

productos venezolanos frente a las otras ofertas deI Sudeste brasilefio, que son transportadas

por dos mil kilómetros de carreteras desde las costas deI océano Atlántico. No obstante, la

realización de esa propuesta depende fundamentalmente de los volúmenes de carga

venezolana, que deben ser grandes para garantizar las economÍas de escala. El segundo estudio

propuesto estaría relacionado con un proyecto de inversión con participación de Brasil para el

7•Ipe',a..,"11iStitUto. PesqUIsa. .,' '" . .... . Econ6ln1ca Aplicada

Page 23: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

•IP.ea.. InstJtIdo de PesquIsa.. ... Econ6mIca Aplicada

8

desarrollo deI proyecto en Navay. La cooperaci6n podria ser técnica e incluso garantizar

financiamientos. Para los dos temas se hace necesaria la conformaci6n de una mesa de trabajo

compuesta por instituciones de los dos países. Además de la Embrapa, el tema puede ser de

interés de Petrobras, la Superintendencia de la Zona Franca de Manaus (Suframa) y el CPRM,

que coordina el programa estatal Fosfato Brasil.

Page 24: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

o BANCO DO SUL E O BRASIL NA AGENDA DANOVA ARQUITETURA FINANCEIRA REGIONAL

André Bojikian Calixtre*Pedro Silva Barros*

No processo de integração financeira sul-americana, tema que ganhou importância no dea>rrerda crise internacional iniciada em 2008, observa-se o dilema brasileiro entre, de um lado,avançar unilateralmente nos investimentos - tendo o Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) como principal instrumento financiador dos megaprojetosregionais de empresas brasileiras - e, de outro, optar multilateralmente pela constituiçãodefinitiva de um banco regional de desenvolvimento econômico e social, o Banco do Sul.

A primeira alternativa garantiria o absoluto controle das ações pelo Brasil, mas poderiaestimular posicionamentos "antibrasileiros" por parte de outros países (como ocorreu nocaso da Odebrecht no Equador).! Outras consequências poderiam ser a contestação daliderança brasileira na região e o aprofundamento de assimetrias econômicas entre os países.A segunda alternativa poderia limitar, num primeiro momento, o poder brasileiro sobre a

alocação de recursos, porém, potencialmente, aumentaria a legitimidade do país como líderregional, sem se excluírem ações complementares do BNDES, e possibilitaria uma melhordistribuição do investimento entre os membros da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).A superação deste dilema pela constituição plena do Banco do Sul significaria grande avançona integração regional e na solução de problemas estruturais que o Brasil, unilateralmente,não seria capaz de solucionar.

América do Sul: lócusda política externa brasileira

Nos anos 1990, num momento de abertura econômica, desregulamentação e hegemoniado conceito de regionalismo aberto, houve uma percepção por parte dos atores da política

• Técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Relações Econômicas e Polfticas Intemadonais (Deint) do lpea.Os autores agradecem a Wladedro Camillo Menegassi, Marcelo Carcanholo e Marcos Antônio Macedo Cintra pelos comentários pertinen-tes à elaboração deste artigo.1. Em 2001, inidou-se o processo de concessão de empréstimo para que o Equador contratasse a empreiteira brasileira Norberto Odebre-cht para construção da hidrelétrica de San Frandsco.As obras começaram em 2004, quando o montante de US$ 243 milhões foi disponi-bilizado para a concretização do empreendimento. Em 2008, após problemas estruturais serem comprovados. a obra e o pagamento doempréstimo contrafdo junto ao BNDES foram suspensos. Na ocasião, o presidente equatoriano Rafael Correa afirmou que o pagamentoda obra (entre Odebrecht e BNDES) ser realizado no Brasil seria uma "grave irregularidade". Os projetos da Odebrecht no Equadorinduem ainda um aeroporto, duas outras hidrelétricas e um sistema de irrigação. A internadonalização da empresa na América do Sul,acentuada na década de 2000, tem forte respaldo do BNDES. O decreto do presidente Rafael Correia sobre o impasse está disponfvel em<http://mediaJolha.uol.com.br/mundol2008l09124/deaeto_equador.pdf>eanotadaOdebrechtpodeserlidaem<http:/Jwww1.folha.uol.com .brlfolha/mundo/ult94u448612.shtml>.

Page 25: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

20 Boletim de Economia e Polrtica InternacionalO Banco do Sul e o Brasil na Agenda da Nova Arquitetura Financeira Regional

Deint

externa brasileira de que um bloco comercial (área de livre comércio) hemisférico seriainevitável. Por ser a América Latina, historicamente, o espaço regional prioritário dasexportações de produtos industrializados brasileiros, tornou-se premente a integraçãoregional como forma de proteger os setores industriais da concorrência mais acirrada comos países desenvolvidos e os asiáticos. No mesmo período, o Mercado Comum do Sul(Mercosul), constituído em 1991, apresentava resultados positivos no que diz respeito aoaumento do comércio entre seus quatro membros e à integração produtiva, particularmenteentre Brasil e Argentina no setor auto motivo.

Ainda na primeira metade da década de 1990, com a perspectiva de consolidar aaproximação com os vizinhos antes de um acordo formal com os EUA, o presidente ItamarFranco propôs a Área de Livre Comércio Sul-Americana (Alesa), projeto que não avançou.Em 2000, no auge das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), ospresidentes dos 12 países da América do Sul, reunidos em Brasília, firmaram a Iniciativapara a Integração da Infraestrutura Sul-Americana (URSA), conglomerado de mais de 300projetos, organizados em dez eixos, objetivando integrar as estruturas de comércio, energiae comunicações, com um claro mote de fortalecer os corredores de exportação. O finan-ciamento inicial da URSA ficou a cargo de três instituições de fomento regionais (o BancoInteramericano de Desenvolvimento, BID, a Cooperação Andina de Fomento, CAP, e oFundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata, Fonplata - de início sem aparticipação de nenhuma instituição nacional), e a execução dos projetos seria preferen-cialmente sob o conceito de parcerias público-privadas (PPP). Ap6s dez anos, apenas doisprojetos foram concluídos. O malogro da iniciativa teve três causas: mudança do quadropolítico da região e da prioridade de seus governos; busca demasiada de exportações extra-bloco, sem ênfase à integração intrabloco; e inadequação da forma de financiamento e degestão de projetos à realidade sul-americana.2

No início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, com a prioridade conferida às relaçõesSul-Sul na política externa, a América do Sul deixou de ser vista pelo Brasil apenas comomercado cativo, passando a ser o espaço legitimador de investidas maiores, tais como a atuaçãono G-20 comercial e no G-20 financeiro e as conquistas para a realização dos Jogos Olímpicose Copa do Mundo (iniciativas que contaram com o apoio do conjunto dos países da região).Este movimento coincide com a crise do paradigma livre-cambista de integração (cujo ápiceseria atingido com a proposta da Alca), e que foi simbolicamente engavetado na Cúpula deMar del Plata (2005).3 Antes mesmo de aparecerem novas iniciativas de integração - como aComunidade Sul-Americana de Nações (Casa, depois Unasul) e o Conselho Sul-Americanode Defesa -, o BNDES e a Petrobras intensificavam sua atuação regional.

2. O tempo de maturação de investimentos em infraestrutura para a integração regional sul-americana é muito grande vis-à-visas condições de crédito disponfveis ao setor privado. Deixados ao mercado, os critérios de rentabilidade e de tempo de retorno doinvestimento, elementos que compõem o cálculo da taxa interna de retorno (TIR), tornariam estas obras inviáveis, a menos que o Estadocrie as condições de financiamento de longo prazo (que o setor privado nao possui).3. No item 19 da Declaraç30 de Mar Del Plata, reconhece-se o caráter inoportuno da Alca. Além disso. atesta-se, ao longo do documento,a primazia do desenvolvimento econômico sobre a integração Iivre-cambista.

i',.j(:mefO?

:u!ho )010 ipea

Page 26: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

----~l-."-------------------------------------------- ---I

Deint

o Banco do Sul

Boletim de Economia e Polftica InternacionalO Banco do Sul e o Brasil na Agenda da Nova Arquitetura Financeira Regional 21

A criação do Banco do Sul foi defendida pdo presidente venezuelano Hugo Chávez, em2005, ainda no funbito da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), posteriormenterenomeada Aliança Bolivariana para a Nossa América - Tratado de Comércio dos Povos(Alba-TCP). No ano seguinte, a ideia foi encampada pelo presidente argentino NéstorKirchner, e ampliada pelo presidente equatoriano Rafael Correa em 2007. Na agenda di-plomática brasileira, o processo de negociação do Banco do Sul somente entrou em debatedois anos após essa proposição de Chávez. Naquele momento, acentuava-se a necessidadede construir uma integração financeira sul-americana4 que fosse autônoma em relação aos

fluxos financeiros internacionais e que servisse de instrumento regulador das economiasdomésticas, particularmente no que concerne ao investimento. A proposta inicial apontavapara um fundo monetário sul-americano, emprestador de última instância.

Em 2007, o Brasil, cujo banco defomento detém a maior carteira de investimentos naAmérica do Sul,5 aceitou negociar o Tratado Constitutivo do Banco do Sul desde que estefinanciasse a URSA, que já contava com aportes principais do BNDES, além do BID, daCAF e do Fonplata. Apesar de esta vinculação ter sido excluída, critérios de rentabilidade,de definição da atividade do banco como fomento ao desenvolvimento e de restrição à suaabrangência apenas aos países sul-americanos foram incorporados ao tratado. No momentoem que o BID, a CAF e o Fonplata apresentavam limitações no financiamento dos projetosdemandados pelos Estados da região e os investimentos privados em infraestrutura regionaleram insuficientes, o Tratado Constitutivo do Banco do Sul firmou-se em Buenos Aires(dezembro de 2007) por ocasião da posse da presidente Cristina Kirchner. O tratado foiassinado por Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai, Venezuela e Uruguai (note-seque Chile, Peru e Colômbia não são membros fundadores). Sediado em Caracas, o Bancodo Sul ainda não iniciou suas operações.6

No funbito da Unasul, a partir da crise financeira internacional de 2008, surgiu o projetoda Nova Arquitetura Financeira Regional (NAFR), que tem por objetivos: i) diminuir adependência dos países sul-americanos do dólar; ii) reduzir custos e facilitar a obtenção de

4. Para ser mais preciso, pode-se dizer que o debate sobre a integração financeira entrou em evidência durante o perfodo de 2005 a 2008.Além de a Declaração de Mar Del Plata estabelecer a reforma do sistema financeiro para o desenvolvimento econômico como uma priorida-de hemisférica (Artigos 15 e16), a letra (do Artigo 3° do Tratado ConstilUtivo da Unasul (maio de 2008) consolidou, como objetivo da re-gião, "a integração financeira mediante a adoção de mecanismos compatfveis com as políticas econômicas e fiscais dos Estados membros".5. Segundo declaração do presidente do BNDES, Ludano Coutinho, em setembro de 2009, o banco detinha uma carteira na Américado Sul de US$ 15,6 bilhões, a maioria como investimentos em infraestrutura (Leo, 2009). O BID, no mesmo ano, operou com umacarteira de apenas US$ 8,25 bilhões nos pafses da região, exclufdo o Brasil (BID, 2009). Outras instituições de fomento regionais sãoimportantes, porém menores: a CAF. apesar de possuir capital autOrizado expressivo de US$ 10 bilhões, operou em 2009 com uma carteirade investimentos de US$ 4,8 bilhões (segundo dados disponíveis na página eletrônica <http://www.caf.com>); o Fonplata possui aportetotal de capital de menos de US$ 490 milhões e uma carteira de investimentos, em 2009, de aproximadamente US$ 421 milhões (ver<http://www.fonplata.org>).6. Para uma análise do processo de constituição do Banco do Sul, ver Carvalho et aI., 2009. Se ao leitor interessar uma discussão sobre ospadrões de integração financeira sul-americana, inclusive abordando mecanismos de finandamento de curto prazo como o Fundo LatinoAmericano de Reservas (Fiar) e a Câmara de Convênio de Pagamentos e Crédito Redproco (CCR), indica-se Biancareli (2008).

ipea Número 3'ulho 2010

Page 27: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

22 Boletim de Economia e Polltica InternacionalO Banco do Sul e o Brasil na Agenda da Nova Arquitetura Financeira Regional

Deint

divisas para o comércio; e iii) financiar o desenvolvimento econômico da região, buscandoautonomia dos órgãos financiadores tradicionais, como o BID e o Banco Mundial. Para aconsecução do primeiro e do segundo objetivo, foi defendida a criação de mecanismos únicosde liquidação de reservas e de convergência comercial, além da instituição de um fundomonetário sul-americano e de uma moeda única de curso regional.? O terceiro objetivo, noqual este trabalho concentra-se, requer o Banco do Sul como coordenador de políticas deinvestimento na região voltados para o desenvolvimento econômico e social.

Às características apresentadas, outras se somaram no processo de negociação do Bancodo Sul. Delimitada pelo Tratado Constitutivo, a estrutura de votos - apesar de, conformese verá, as quotas-partes serem desiguais entre os países membros - segue o sistema "umpaís, um voto". Tal sistema, além de garantir a participação dos menores, impede, assimcomo nos sistemas de deliberação por consenso, o poder de veto dos grandes. Isto guardareferência com as críticas (propagadas, particularmente, pelos países emergentes) ao sistemadesigual de votos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, nos quaishá ponderação pelas quotas-partes, considerada pelos países da região um elemento quereforça as desigualdades na aplicação dos recursos.

Outro aspecto importante é a proposta até então acordada sobre o aporte de capital desti-nado às operações do banco, demonstrado no quadro 1. O total de US$ 10 bilhões de capitalsubscrito (que é a parcela a ser depositada pelos países) dividir-se-ia entre grupos distintos depaíses fundadores e demais membros da Unasul, de acordo com sua capacidade contributiva.8

QUADRO 1Banco do Sul: composição de aportes de capital

Países fundadores

Grupo País Aportes por país (US$ milhões) Prazo de capitalização

Argentina

1 Brasil 2.000 Sanos

Venezuela

3Equador

400Uruguai

10 anosBolívia

4 100Paraguai

Total (subsalto) 7.000(Continua)

7. £ importante salientar que essas propostas encontraram pouco avanço por parte do Brasil. que tem preferido criar canais bilateraisde curso regionalizado para o real, ao contr~rio dos países participantes da Alba (Venezuela, Equador. Cuba, Nicar~gua e Bolívia), quecriaram o Sistema Único Regional de Compensação de Pagamentos, com uma moeda única, denominada sucre (Iastreada em dólares) emhomenagem à antiga moeda equatoriana.8. Entre os membros fundadores. o grupo 1 abarca os países de grande porte, o grupo 3, os de médio porte, e o grupo 4, os de pequenoporte; entre os membros não fundadores, porém pertencentes à Unasul, o grupo 2 contém os países médios e o grupo 4, os países pequenos.

[\J(I!Tlero;

jUlho 2010 ipea

Page 28: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

Deint

(Continuação)

Boletim de Economia e Polftica InternacionalO Banco do Sul e o Brasil na Agenda da Nova Arquitetura Financeira Regional

Demais pafses da Unasul

23

Grupo

2

5

Pais

Colômbia

Chile

Peru

Guiana

Suriname

Total (subsaito)

Total de capital autorizado

Aportes por pais (US$ milhões)

970

45

3.000

20.000

Prazo de capitalização

5 anos

10 anos

Fonte: Comlsión Técnica PresidenciaVNuevaArquitectura Ananciera Regional- aPINAFR (20tO).

Para O capital subscrito, no mínimo 90% das ações devem-se denominar em d6lares,e o restante, em moedas locais. Destas ações, pelo menos 20% devem estar integralizadascomo capital efetivo (divisas) e o restante como garantias soberanas (títulos públicos),divididas em classes: A, para Estados membros da Unasul; B, para Estados não membros daUnasul; e C, para ações de bancos centrais, organizações multilaterais de crédito e entidadesfinanceiras públicas ou mistas, desde que com participação acionária majoritariamente estatal.O capital autorizado da instituição, ou seja, o limite do valor das operações do banco sem quese tenha que recorrer à autorização prévia do 6rgão político (Unasu1), é de US$ 20 bilhões.

O Banco do Sul entrará em operação quando as seguintes condições forem satisfeitas:dep6sito do instrumento de ratificação do Tratado Constitutivo por pelo menos quatrodos sete membros fundadores; aporte de capital subscrito na ordem de dois terços do totalcorrespondente aos países fundadores; e participação de ao menos dois países pertencentesao grupo 1 mais dois países médios (grupo 2), ou de dois países do grupo 1 mais um paísmédio e um pequeno (CTPINAFR, 2010).

Considerações finais

Na configuração apresentada, o Banco do Sul poderá superar a presença do BID na Américado Sul como o principal6rgão multilateral de fomento. Resta saber como o BNDES, que,ainda assim, será o maior banco soberano na região, articu1ar-se-á com esta nova instituição.Em princípio, o Banco do Sul e o BNDES são instituições de natureza e alcance distintos,porém com um objetivo comum: fomentar o desenvolvimento com critérios de rentabilidadeadequados a empréstimos de longo prazo, sem deixar de privilegiar setores dinâmicos daatividade econômica.9 No caso de controvérsias, o caráter da alocação dos recursos investidos

9. Os dois bancos preveem empréstimos não reembolsaveis para áreas estratégicas. Porém, o critério de rentabilidade determina que, nolongo prazo, os bancos devem ser autossustentáveis, ou seja, não apenas devem promover o desenvolvimento econômico, mas estar pertodeste e privilegiar setores dinãmicos, o que provoca um problema de concentração dos recursos. A solução para este problema deve estarde acordo com a competência das instituições: o Banco do Sul para os Estados sul-americanos, e o BNDES para os brasileiros.

ipea Numero 3:ulho 2010

Page 29: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

24 Boletim de Economia e Política InternacionalO Banco do Sul e o Brasil na Agenda da Nova Arquitetura Financeira Regional

Deint

pode ser mais bem trabalhado em âmbito regional pelo Banco do Sul do que pelo BNDES,restrito à soberania brasileira. Ademais, este pode operar apenas com empresas brasileiras noexterior. o que. conquanto impulsione extraordinariamente a sul-americanização das empresasbrasileira, é. ao mesmo tempo. fator de instabilidade nas relações do Brasil com seus vizinhos.

Caso o Brasil ratifique o Tratado Constitutivo e integralize os capitais subscritos, issodemonstraria imponante avanço nacional em direção a uma arquiterura financeira sul-americana que, a um só passo, amenize a dependência dos países de recursos internacionaistanto para investimentos quanto para o comércio, e potencialize os centros dinâmicosconcomitantemente à redistribuição dos efeitos do investimento sobre as cadeias produtivas,integrando de fato a região. O dilema na escolha dos instrumentos de inserção do Brasil naAmérica do Sul. entre aruação soberana e construção da legitimidade. não se resolveria com oBanco do Sul, mas ganharia imponante espaço de transbordamento e redistribuição dos frutosdo progresso para o bloco da Unasul. marcado pela fone heterogeneidade de seus integrantes.

REFER~NCIAS

BIANCARELI, A M.. Inserção externa e financiamento: notas sobre padrões regionais einiciativas para a integração da América do Sul. Cadernos do Desenvolvimento, Centro Inter-nacional Celso Funado de Políticas para o Desenvolvimento, v. 5, p. 127-177. 2008.

BID. Banco Interamericano de Desenvolvimento. Annual Report, 2009. Disponível em:<http://www.iadb.orglar/2009/index.cfin?lang=en>.

CARVALHO, C. E. et ai. Banco do Sul: a proposta, o contexto. as interrogações e os desafios.Cadernos PROLAMIUSP, Ano 8, v. 2. p. 113-135.2009.

CTP/NAFR, Comisión Técnica Presidencial/ Nueva Arquiteetura Financiera Regional. BancoDel Sur & Sistema Unitário de Compensación Regional de Pagos. República Del Ecuador:Ministério de Coordinacción de La PoUtica Econ6mica. 2010. mimeo.

LEO, S. Carteira do BNDES na América do Sul soma US$ 15,6 bilhões. Valor Econ6mico,27 de agosto de 2009.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

ALVARADO, J. F. R. El Banco dei Sur: concepción sin pecado original. CADTM. 23 deseptiembre. 2007. Disponível em: <www.cadtm.orglspip.php?article2847>

ARIAS, J. A. Deuda externa, e1 estado de la cuestión y alternativas para la coosuucciónde una nueva arquiteetura financiera internacional. CADTM, 20 de septiembre. 2007.Disponível em: <www.cadtm.orglspip.php?article2844 >.

BRULEZ. S. El Banco dei Sur debe ser independiente de mercados ttaosnacionales. 17 deagosto. 2007. Disponível em: <www.cadtm.orglspip.php?article2780>.

CADTM. Movimientos y organizaciones sociales de América Latina y e1mundo se pro-nuncian sobre la creación dei Banco dei Sur. CADTM. 8 de diciembre. 2007. Disponívelem: <www.cadtm.orglspip.php?article2977>.

CUMBRES de las AMÉRICAS. Declaração de Mar Del Plata. In: IV Cúpula das Américas.Mar Del Piara. Argentina: 5 de novembro de 2005. Disponível em: <http://www.surnmit-americas.orgliv _summitliv _summicdec_pt.pdf>.

ipea

Page 30: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

Deint Boletim de Economia e Polltiea InternacionalO Banco do Sul e o Brasil na Agenda da Nova Arquitetura Financeira Regional 25

EMANUELSSON, D. El Banco deI Sor debe ser un banco para financiar una economiasocialista. Agência Prensa Rural, 9 de mayo, 2007. Disponível em: <http://www.prensaruraLorglspip/spip.php?article412> .

JOURNAL OF POST KEYNESIAN ECONOMICS. Edição Especial Banco do Sul. VoI. 32nO02. 2009.

KIESEL, V. El Banco dei Sor en la Iínea de largada. CADTM, 16 de mayo, 2007. Dis-ponível em: <www.cadtm.orglspip.php?article2646>.

LUCITA, E. En busca de autonomía financiera. CADTM, 29 de diciembre, 2007. Dis-ponível em: <www.cadtm.orglspip.php?atticle3000>.

MARCHINI, J. Banco deI Sue tuna propuesta utópica o una perspectiva inmediata im-prescindible para América latina? CADTM, 29 de octubre, 2007. Disponível em: <http://www.cadtm.orglspip.php?article2650>.

MINISTROS DE FINANZAS. Declaración de Quito, 7 de mayo, 2007. Disponível em:<www.cadtm.orglspip.php?article2630>.

PATINO, R. Banco dei Sor: una nueva alternativa financiera, la propuesra ecuatoriana. 20 deseptiembre, 2007. Disponível em: <www.cadtm.orglspip.php?article2845>.

RIERA, M. BM: jManos arriba, esto es un atraco!. Barcelona: Revista El Viejo Topo, n. 232,Mayo, 2007. Disponível em: <www.cadtm.orglspip.php?atticle2692>.

TeleSUR. Nació Banco deI Sor en Buenos Aires. CADTM, 11 de diciembre, 2007. Dis-ponível em: <www.cadtm.orglspip.php?article2986>.

TOUSSAINT, E.; MILLET, D. Banco Mundial. Uegó la hora de bajar la cortina. CADTM,2 de mayo, 2007. Disponível em: <www.cadtm.orglspip.php?atticle2615>.

TOUSSAINT, E. Sobre las circunstancias que afectan a la creación deI Banco deI Sor.CADTM, 20 de mayo, 2007. Disponível em: <www.cadtm.orglspip.php?atticle2657>.

___ o Banco deI Sor, marco internacional y alternativas. CADTM, 5 de agosto, 2006.Disponível em: <www.cadtm.orglspip.php?article2001>.

___ o De la crisis de la deuda ai Banco de Sor. CADTM, 4 de agosto, 2007. Disponívelem: <http://www.cadtm.orglspip.php?artide2758>.

UGARTECHE, O. Brasil versus Banco dei Sor. CADTM, 26 de agosto, 2007. Disponívelem: <http://www.cadtm.orgl spip.php?attide2797 >.

___ o Banco dei Sue la lucha de los grandes contra los chicos. CADTM, 11 de enero,2008. Disponível em: <http://www.cadtm.orglspip.php?artide3025>.

ipea Númere 3~\.JlhQ2010

Page 31: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

I., ~~

Informe sobre as Atividades da Missão do IPEA na Venezuelal(Versio Preliminar)

Caracas, Venezula5 de abril de 2011

A Missão "transitória e administrativa" do IPEA na Venezuela foi instituída em 6 de setembrode 2010, fruto da Ata Compromisso SAE-Menpet de 27 de maio e do Acordo IPEA-PDVSAde 6 de agosto do mesmo ano. O escritório foi aberto em 7 de setembro e tem funcionado demaneira bastante satisfatória. Todas as atividades previstas no Acordo PDVSA-IPEA de 6 deagosto foram cumpridas, exceto a definição de Plano de Trabalho conjunto para o ano de 2011.

No início de fevereiro de 2011, durante a visita do Ministro das Relações Exteriores e doAssessor Especial da Presidência da República do Brasil, foram definidas as diretrizes para asinstituições oficiais brasileiras na Venezuela (IPEA, Embrapa, Caixa e ABDI). Atuar de formaarticulada entre si e produzir resultados concretos até dezembro de 2012 em três áreasprioritárias, a saber: desenvolvimento agrícola, programas habitacionais e integração do Nortedo Brasil com o Sul da Venezuela.

Abaixo são apresentadas as atividades desenvolvidas pelo IPEA, de acordo com as atribuiçõesdefinidas pelo artigo segundo do Acordo IPEA-PDVSA. As atividades marcadas com asterisco(*) dependem de aprovação do Plano de Trabalho IPEA-PDVSA.

Atividades realizadas e em curso:

1. Estreitar vínculos institucionais com organizações governamentais e de pesquisa daVenezuela:

Banco Central da Venezuela (BCY):- Estabelecido entendimento para cooperação sobre inflação e cooperação fmanceira.- Reunião técnica nos dias 17 e 18 de março de 2011 com a participação de dois técnicosdo IPEA vindos do Brasil, do presidente, vice-presidentes e diretoria do Banco Central.- Acordado plano de pesquisa técnica conjunta e seminário a ser realizado em 2 de junho de2011 com a presença do presidente do IPEA, presidente e diretoria do Banco Central eministros da área econômica.- Acompanhamento por parte de representantes do BCV do seminário sobre Alba eMercosul realizado pela Universidade Bolivariana da Venezuela e pelo IPEA.

Universidade Central da Venezuela NCY): .- Palestra sobre a Política Externa Brasileira do Governo Dilma Rousseff para o curso derelações internacionais.- Foram definidas para os próximos meses duas palestras, uma sobre á política externabrasileira e outra sobre a macroeconomia do Brasil para o curso de pós-graduação emeconomia. Ambas as apresentações serão acompanhadas de artigos acadêmicos a serempublicados na Revista Venezolana de Analisis de Conyuntura da Faculdade de Economia eCiências Sociais da UCV.

1 Pedro Silva Barros é o titular da Missão do IPEA na Venezuela. Os bolsistas Aragon Érico Dasso Jr., CorivalAlves do Carmo, Felipe Teixeira Gonçalves, Luciano Wexell Severo e Raphael Padula dão suporte às atribuiçõesda Missão. A Assistência Executiva está a cargo de Ruth Behrends, designada pela PDVSA.

Page 32: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

•Ipea Instituto de Pesquisa. Econ6mica Aplicada

2

Curso IPEA sobre Mercosul:- Será realizado pela missão do IPEA na Venezuela o curso gratuito sobre os 20 anos doMercosul para funcionários de diversos ministérios e órgãos de governo e professores eestudantes de universidades venezuelanas. Serão oito sessões durante o mês de junho comoparte dos eventos comemorativos do bicentenário da independência da Venezuela.

2. Assessoria em políticas públicas (particularmente para o Plan Siembra Petrolera):Projeto Executivo de Cooperacão PDVSA-IPEA sobre o Planejamento Territorial para oDesenvolvimento Integral da Faixa Petrolífera do Orinoco e do Estado Sucre:- Entregue em 20 de dezembro de 20102

• No Projeto Executivo consta um diagnósticosobre a realidade analisada, uma apresentação das experiências brasileiras em cada área epropostas concretas de cooperação. Após a entrega do Projeto Executivo houveapresentação e debate em Caracas, que geraram a conformação de quatro macropropostasque foram posteriormente apresentados como post-scriptum. No mês de janeiro, o ProjetoExecutivo e as quatros macropropostas foram discutidos em Puerto la Cruz, Cumaná e comCorporação Venezuelana de Petróleo (CVP)/Projeto Socialista Orinoco (PSO), em Caracase Puerto Ordaz.- A partir dos resultados apresentados no Projeto Executivo, dar continuidade aos estudos eassessorar o desenvolvimento de cadeias produtivas relacionadas à indústria naval emAraya e à produção de gás em Güiria (*) e relacionadas à produção petrolífera e minera naFaixa Petrolífera do Orinoco (*) (ver nota técnica sobre integração produtiva em anexo).

Programas Habitacionais (em articulacão com a Caixa Econômica Federal):- Cooperação para a sustentabilidade urbana, econômica e social de projetos habitacionaisem Araya e em Güiria (*).- Cooperação para a sustentabilidade urbana, econômica e social de projetos habitacionaisem em San Diego de Cabrutica e Soledad, com possível integração produtiva com o estadode Roraima (*).- Por demanda da PDVSA Desarrollos Urbanos, foi feito diagnóstico e proposta deassessoria para sustentabilidade urbana, econômica e social dos projetos habitacionais emMorón (Estado Carabobo) e Chichiriviche (Estado Falcón) (*).

Desenvolvimento Agrícola (em articulacão com a Embrapa):- Por demanda da CVP e PDVSA Agrícola está sendo desenvolvido projeto para aprodução de proteína animal na margem sul do Orinoco, no Estado Bolívar (*).- Cooperação para os projetos agrícolas em Soledad e San Diego de Cabrutica (*).- Cooperação para o manejo sustentável da produção de madeira na região de Güiria (*).

3. Organização de cursos de formação em políticas públicas e planificação:Participação durante 8 semanas, no final de 2010, de dois técnicos do MCTII em curso noIPEA em Brasília.

Curso sobre cooperação técnica em ciência, tecnologia e inovação a ser realizado emconjunto com a Cepal para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Indústrias Intermediárias,em junho de 2011.

2 Produto da pesquisa de campo dos 10 pesquisadores/especialistas - realizada entre os dias 11 e 30 de outubro de2010.

Page 33: MISSÃODOIPEANAVENEZUELA NotaTécnicaPreliminar · Incorporar a Venezuela no projeto Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ... US$ 5,6 bilhões, e com a crise houve uma

•Ipea..Instituto de PesquisaECon6mica Aplicada

3

o IPEA oferecerá cursos de planejamento e políticas públicas na Venezuela de acordo comos projetos a serem executados com a PDVSA.

4. Organização de estudos e seminários para impulsionar a integração entre o Norte doBrasil e o Sul da Venezuela:

Elaboração de nota técnica sobre a integração produtiva (ver em anexo).

Elaboração de nota técnica sobre a integração de infraestrutura (ver em anexo).

Realização de Seminário Integração Amazônia-Orinoco, em cooperação com osMinistérios das Relações Exteriores do Brasil e da Venezuela e a ABDI, em Manaus, nosdias 9 e 10 de novembro de 2010. Também contou com a participação de vários órgãosgovernamentais de ambos os países. A segunda fase do Seminário ocorrerá em PuertoOrdaz, no final de junho de 2011.

Será realizada visita técnica à Santa Elena do Uairén e Pacaraima entre 25 e 28 de abril de2011 para identificar os problemas e os estudos a serem realizados para viabilizar aintegração fronteiriça.

5. Estudo para o desenvolvimento de cadeias produtivas associadas à atividadepetroleira:

A partir de fevereiro, em consonância com as novas diretrizes para a cooperação bilateral,buscou-se focalizar as propostas de cooperação nos temas de habitação, desenvolvimentoagrícola e integração do Norte do Brasil com o Sul da Venezuela. O IPEA, acompanhadoda Caixa, Embrapa, e Embaixada do Brasil se reuniu com a mesa de trabalho da Vice-presidência de Economia Produtiva. E posteriormente, com cada um dos ministériosdiretamente relacionados com esta área temática.

Conversas com Pequiven, MffiAM e Bariven (esta a ser realizada dia 12/04) para definirpropostas de integração produtiva. Ver nota sobre integração produtiva em anexo, e tópicosobre MCTI.

6. Estudos sobre integração regional e comparativos:Universidade Bolivariana da Venezuela NBy):- Estabelecimento de grupo de pesquisa Alba e Mercosul e realização de dez semináriosquinzenais, entre os meses de março e julho, sobre diferentes aspectos da constituição, eanálise da situação atual e prospectiva do Mercosul e da Alba, o papel dos blocos naconsolidação da Unasul, e as consequências do ingresso da Venezuela no Mercosul para ospaíses dos dois blocos. O seminário é acompanhado por pesquisadores e membros dogoverno da Venezuela. Ao fmal das dez seções será editado um livro com as apresentaçõese os resultados do seminário.

Sistema Econômico Latinoamericano e do Caribe (SELA):- Acompanhamento permanente de todas as atividades (reuniões e eventos) realizados peloSELA.- Realização de pesquisa acerca do funcionamento do SELA. Serão produzidos umrelatório e um artigo acadêmico com os resultados da pesquisa.- Assessoramento da representação brasileira junto ao SELA.