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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS LAISLA CRISLAYNE CÂMARA TAVARES NOVO RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES: UM ESTUDO SOBRE OS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA NAS COMPANHIAS LISTADAS NA BMF&FBOVESPA. NATAL-RN 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

LAISLA CRISLAYNE CÂMARA TAVARES

NOVO RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES: UM ESTUDO

SOBRE OS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA NAS COMPANHIAS

LISTADAS NA BMF&FBOVESPA.

NATAL-RN

2017

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LAISLA CRISLAYNE CÂMARA TAVARES

NOVO RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES: UM ESTUDO

SOBRE OS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA NAS COMPANHIAS

LISTADAS NA BMF&FBOVESPA.

Projeto de Monografia apresentado a Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: MSc. Felipe da Silva

Moreira

NATAL-RN

2017

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Tavares, Laisla Crislayne Câmara.

Novo relatório dos auditores independentes: um estudo sobre os principais assuntos de auditoria nas companhias listadas na BMF&FBOVESPA / Laisla Crislayne Câmara Tavares. - Natal, 2017.

46f.: il. Orientador: Prof. Me. Felipe da Silva Moreira. Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências Contábeis.

1. Auditoria - Monografia. 2. Novo Relatório de Auditoria - Monografia. . 3.

Principais assuntos de auditoria - Monografia. I. Moreira, Felipe da Silva. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/BS/CCSA CDU 657.6

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LAISLA CRISLAYNE CÂMARA TAVARES

NOVO RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES: UM ESTUDO

SOBRE OS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA NAS COMPANHIAS

LISTADAS NA BMF&FBOVESPA.

Essa monografia foi julgada para obtenção do grau de bacharel em

Ciências Contábeis e aprovada em sua forma final pelo Departamento de

Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Banca examinadora:

______________________________________

Prof. Felipe da Silva Moreira

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Orientador

__________________________________________________

Prof. Victor Godeiro de Medeiros Lima

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Membro

Prof. Ronaldo José Rego de Araújo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Membro

Natal, 26 de junho de 2017

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, que em todas as situações, foi

meu amigo, meu protetor e meu orientador espiritual. Obrigada, Pai.

Aos meu pais, Crisanto e Jaqueline, que me fizeram a pessoa que

sou hoje, contribuindo positivamente para a formação dos meus princípios, eles

quem me deram a oportunidade de acesso ao estudo desde cedo e nunca

pouparam esforços e dedicação pra meu crescimento pessoal e profissional.

Além disso, despertaram em mim o amor pela contabilidade e agora tornam-se

meus colegas de profissão.

Ao meu esposo ícaro Sena, que esteve a meu lado durante a

realização deste trabalho, segurou minha mão, me deu forças para seguir em

frente e chegar até aqui, não tenho palavras para agradecer seu apoio,

obrigada Caro.

Ao professor MSc. Felipe Moreira, agradeço por me orientar, por

ser sempre tão disponível e paciente comigo. Além de excelente professor, um

amigo que me inspira pessoal e profissionalmente. Tem minha admiração.

A todos vocês, muito obrigado!

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Aqueles que se sentem satisfeitos sentam-se e nada fazem

Os insatisfeitos são os únicos benfeitores do mundo. Walter S. Land

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RESUMO

O papel da auditoria é emitir opinião, por meio de relatório, sobre as demonstrações contábeis, baseando-se nas análises das conclusões alcançadas pelas evidências do trabalho do auditor. Assim, a auditoria tem papel fundamental na economia, com a função de trazer ao mercado uma maior transparência sobre a realidade patrimonial e a capacidade de geração de lucros das empresas. Diante disso, e sabendo ainda da crise econômica que o país enfrenta, onde o mercado é afetado pela corrupção e falta de transparência, ocasionando insegurança em toda sociedade e, principalmente, aos investidores, surge o NRA – Novo Relatório de Auditoria com aplicabilidade aos relatórios referentes às demonstrações contábeis de 31 de dezembro de 2016. O NRA busca aumentar o valor agregado do relatório de auditoria, tornando-o mais proveitoso e transparente aos usuários, reportando informações complementares às demonstrações, que antes eram desconhecidas pelos usurários, a fim apresentar mais claramente a realidade financeira e patrimonial da empresa auditada. Dentre as mudanças ocorridas, tem-se a inclusão do parágrafo de principais assuntos de auditoria, onde o auditor deverá relatar e destacar os principais assuntos auditados de acordo com o seu julgamento profissional, e deverá também indicar o motivo porque foi considerado como um assunto de maior importância para a auditoria. Levando em consideração que essa é uma temática recente e que esse é o primeiro ano de aplicabilidade no Brasil, faz-se necessário um estudo que aponte a atuação das empresas de auditoria em relação a essa mudança. Diante disso, o objetivo desse trabalho é apontar quais os principais assuntos de auditoria (PAA’s) nas companhias abertas brasileiras e avaliar possíveis descumprimentos da NBC TA 701 – Principais Assuntos de Auditoria. Para tanto, os dados foram coletados de uma amostra de 50 empresas de segmentos diversos da BM&F Bovespa e analisados qualitativamente. Para os resultados foram observados Reconhecimento de Receitas e Impairment como assuntos mais abordados e o descumprimento da NBC TA 701 em aspectos estruturais. Palavras-chave: Auditoria. Principais Assuntos de Auditoria. Novo Relatório de Auditoria. Relatório de Auditoria.

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ABSTRACT

The role of the audit is to express an opinion, by means of a report, on the financial statements, based on the analysis of the conclusions reached by the evidences of the auditor's work. Thus, auditing plays a fundamental role in the economy, with the function of bringing to the market greater transparency about the assets reality and the profitability of companies. Faced with this, and knowing the economic crisis that the country faces, where the market is affected by corruption and lack of transparency, causing insecurity in every society and, especially, investors, the NRA - New Report of Audit with applicability to reports Related to the financial statements of December 31, 2016. The NRA seeks to increase the added value of the audit report, making it more profitable and transparent to users, reporting supplementary information to the statements previously unknown to usurers in order to present more Clearly the financial and equity reality of the audited company. Among the changes that have taken place is the inclusion of the main audit subjects paragraph, where the auditor should report and highlight the main audited subjects according to his / her professional judgment, and should also indicate the reason why it was considered as a matter of Importance for the audit. Taking into account that this is a recent issue and that this is the first year of applicability in Brazil, a study is needed that points out the behavior of audit firms in relation to this change. Therefore, the objective of this paper is to identify the main auditing issues (PAA's) in Brazilian public companies and to evaluate possible noncompliance with NBC TA 701 - COMMUNICATING KEY AUDIT MATTERS IN THE INDEPENDENT AUDITOR’S REPORT. For that, the data were collected from a sample of 50 companies from diverse segments of BM & F Bovespa and analyzed qualitatively. For the results were observed Revenue Recognition and Impairment as subjects more addressed and non-compliance with ISA 701 in structural aspects. Keywords: Audit. Key Audit Matters. New Audit Report. Independet Auditor’s Report.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Empresas sem PAA................................................................. 28

Quadro 2 – Empresas analisadas ............................................................. 29

Quadro 3 – Relação de PAA por empresa................................................. 33

Quadro 4 – Empresas sem clareza no motivo do PAA.............................. 38

Quadro 5 – Empresas com Empréstimos consideráveis............................ 40

Quadro 6 – Empresas com Imobilizado consideráveis............................... 40

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Análise quantitativa dos PAA ................................................. 35

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BM&FBOVESPA - Bolsa de Mercadoria e Futuros & Bolsa de Valores de São

Paulo

IBRACON - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

NBC TA - Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas de Auditoria

FRC - Financial Reporting Council

UK – Reino Unido

NRA – Novo Relatório de Auditoria

PAA – Principais Assuntos de Auditoria

PDD – Provisão para Devedores Duvidosos

POC - Percentage of completion

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................12

1.1 QUESTÃO DA PESQUISA...............................................................14

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA.............................................................14

1.2.1 Objetivo Geral.........................................................................14

1.2.2 Objetivos Específicos.............................................................15

1.3 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA.....................................................15

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO..........................................................16

2. REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................17

2.1 RELATÓRIO DE AUDITORIA...........................................................17

2.2 NOVO RELATÓRIO DE AUDITORIA................................................20

2.3 PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA.......................................22

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................26

4. RESULTADO E ANÁLISE......................................................................30

4.1 EMPRESAS QUE NÃO DIVULGARAM PAA....................................30

4.2 ANÁLISE QUANTITATIVA DOS PAAs..............................................32

4.3 ANÁLISE DA ESTRUTURA DA NORMA..........................................38

4.4 COMPARAÇÃO COM DADOS FINANCEIROS................................40

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................42

REFERÊNCIAS............................................................................................44

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1. INTRODUÇÃO

Inseridos em um momento de crise econômica, o mercado é afetado

pela corrupção e falta de transparência, ocasionando insegurança em toda

sociedade e, principalmente, aos investidores que são diretamente afetados

por esse cenário econômico. Diante desse quadro desfavorável, pode-se

afirmar que a busca por maiores evidências de auditoria é essencial no sentido

de provocar confiabilidade aos stakeholders.

De acordo com Attie (2010), a auditoria independente tem como

finalidade emitir opinião sobre a propriedade das demonstrações contábeis

através do parecer de auditoria. Sabe-se também que a auditoria tem papel

essencial na economia, com a função de trazer ao mercado uma maior

transparência sobre a realidade patrimonial e a capacidade de geração de

lucros das empresas.

No entanto, os relatórios de auditoria possuem um padrão engessado,

que é composto por, basicamente, dois pontos: a opinião do auditor

independente sobre as demonstrações financeiras e a outra parte do relatório,

com descrições perfeitamente padronizadas. Entretanto, esse modelo de

relatório de auditoria, o tradicional, vem levantando dúvidas nos usuários em

relação à existência de informações genéricas e a falta de informações

relevantes. Segundo Garcia (2016), diante da necessidade de informações

mais detalhadas, os investidores e analistas vem demandando mais

explicações aos auditores.

Movidos por essa necessidade, a partir de 31 de dezembro de 2016, os

relatórios de auditoria passaram a apresentar uma nova formatação, com o

intuito de aumentar o valor agregado do relatório do auditor independente e

torna-lo mais esclarecedor e objetivo para seus usuários.

Para colocar em prática o NRA – Novo Relatório de Auditoria – faz-se

necessário um conjunto de seis Normas Brasileiras de Contabilidade de

Auditoria Independente (NBC TA), são elas: NBC TA 260 (R2) – Comunicação

com os Responsáveis pela Governança; NBC TA 570 – Continuidade

Operacional; NBC TA 700 – Formação da Opinião e Emissão do Relatório do

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Auditor Independente sobre as Demonstrações Contábeis; NBC TA 701 –

Comunicação dos Principais Assuntos de Auditoria no Relatório do Auditor

Independente; NBC TA 705 – Modificações na Opinião do Auditor

Independente; e NBC TA 706 – Parágrafos de Ênfase e Parágrafos de Outros

Assuntos no Relatório do Auditor Independente.

Com a finalidade de atender melhor aos seus usuários, o NRA vem

trazer dentre as principais alterações a inclusão de um novo parágrafo

denominado de Principais Assuntos de Auditoria - PAA. Nessa parte do

relatório o auditor deverá relatar e destacar os principais assuntos auditados de

acordo com o seu julgamento profissional, e deverá também indicar o

motivo porque foi considerado como um assunto de maior importância para a

auditoria. Segundo Breda (2016), deverá ser incluído no PAA tudo que for

considerado importante de acordo com o julgamento do auditor.

Esse detalhamento terá obrigatoriedade para as empresas listadas,

embora seu cumprimento seja recomendado para as demais empresas, já que

colabora para a uniformidade entre relatórios.

Vale destacar que o esse modelo já é uma realidade em diversos

países, como por exemplo, o Reino Unido que já o aplica desde 2010, segundo

FRC (Financial Reporting Council) órgão regulador independente em UK. O

Novo Relatório de Auditoria – NRA - apresentará informações de maneira mais

esclarecedora e objetiva. Pouco conhecido até o momento, ele trará

observações apontadas diretamente pelos auditores sobre temas relevantes

que impactam o planejamento de auditoria.

Levando em consideração que essa é uma temática recente, sabendo

ainda que não existem estudos aprofundados sobre o assunto no Brasil e que

até os próprios auditores estarão buscando um melhor entendimento de como

e quais serão os PAAs (Principais Assuntos de Auditoria), faz-se necessário

um estudo que, aponte o comportamento dos auditores independentes nesse

primeiro ano do NRA no Brasil, relacionando e avaliando quais os assuntos

considerados como principais de acordo com julgamento dos auditores e se a

NBCTA 701 - Principais Assuntos está sendo atendida. O estudo pretende

auxiliar os trabalhos dos auditores independentes sobre o NRA, considerando

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que os resultados desta pesquisa levantam os assuntos mais abordados e de

que maneira a auditoria tem se planejado.

1.1 QUESTÃO DA PESQUISA

Levando em consideração essa temática recente e pouco explorada,

esta pesquisa visa direcionar os estudos na área, ampliando a visão dos

profissionais de auditoria independente, investidores e acionistas, companhias

listadas e dos órgãos reguladores, buscando responder ao seguinte problema:

Quais os principais assuntos de auditoria (PAA’s) nas companhias

abertas brasileiras?

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.2.1 Objetivo geral

O presente trabalho tem como objetivo geral identificar quais são os

Principais Assuntos de Auditoria das empresas listadas na BM&FBovespa,

buscando responder à questão de pesquisa mencionada anteriormente. Assim,

pretende-se colaborar, com o direcionamento dos profissionais de auditoria

independente sobre o enfoque do novo Relatório do Auditor, identificando quais

os assuntos mais relevantes e de que maneira estão sendo abordados.

Desse modo, o aprofundamento que será levantado sobre esse tema

tende a contribuir positivamente com a sociedade, já que virá a encabeçar os

estudos nessa área do Novo Relatório do Auditor, identificando os temas

abordados e assim, norteando as empresas de auditoria independente, como

também os órgãos reguladores. Além disso, tenderá a contribuir com a

valorização do papel do auditor no mercado de capitais, aumentando sua

credibilidade diante dos stakeholders, de modo a aumentar a transparência das

empresas, já que os investidores e os demais usuários serão beneficiados com

dados que antes não eram de conhecimento público.

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1.2.2 Objetivos Específicos

Já no tocante aos objetivos específicos, a presente pesquisa consiste

em:

a) Levantar o Relatório dos Auditores Independentes sobre as

demonstrações financeiras das empresas listadas na BM&F Bovespa;

b) Coletar os principais assuntos de auditoria mencionados no

relatório dos auditores independentes;

c) Realizar uma análise qualitativa dos principais assuntos de

auditoria

d) Averiguar possíveis descumprimentos normativos exigidos pela

NBC TA 701 – Principais Assuntos de Auditoria.

1.3 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

Com o surgimento do Novo Relatório do Auditor, surge também a

necessidade de entender como essas informações deverão ser abordadas, de

maneira que os objetivos de clareza e utilidade sejam alcançados, gerando

confiabilidade aos stakehoders.

O parágrafo de Principais Assuntos de Auditoria poderá ser um

importante passo no tocante à materialização da missão do auditor em

esclarecer aos usuários a realidade patrimonial e financeira da empresa

auditada. Nesse parágrafo serão elencados os temas mais relevantes no

processo de auditoria e os motivos pelos quais foram considerados relevantes.

Servirá, principalmente, como transparência aos usuários da informação.

Por se tratar de uma temática recente, nota-se a carência de amparo

bibliográfico, de modo que os auditores independentes estarão no primeiro ano

de aplicabilidade do NRA – Novo Relatório do Auditor. A pesquisa poderá servir

como base, para os auditores independes, a fim de observarem quais os PAAs

mais abordados, relacionando-os com os dados financeiros e com o segmento

das empresas auditadas, como também poderá vir a ser norteadora para os

órgãos reguladores, visualizando quais os principais descumprimentos da NBC

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TA 701 - Comunicação dos Principais Assuntos de Auditoria no Relatório do

Auditor Independente nesse primeiro ano de aplicabilidade no Brasil. A

pesquisa também poderá impulsionar na construção bibliografias dessa área

do NRA. Os primeiros relatórios publicados até 31 de março de 2017 serão

analisados, e será feito um levantamento dos principais assuntos mais

apontados nos relatórios dos auditores e de que maneira estão sendo

abordados pelas firmas de auditoria.

O tema do estudo, os assuntos mais abordados no Parágrafo dos

Principais Assuntos de Auditoria, torna-se relevante pelo fato de poder

contribuir com o aprofundamento do tema, auxiliando no conhecimento dos

conceitos e a aplicabilidade no NRA, levantando seus possíveis impactos e

analisando os primeiros relatórios publicados.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está estruturado em cinco tópicos, sendo eles:

Introdução, Referencial Teórico, Procedimentos Metodológicos, Resultados e

Análises e Considerações Finais. A Introdução traz uma sucinta

contextualização sobre o tema, questões da pesquisa, objetivos e relevância e

justificativa. O Referencial Teórico traz com a abordagem teórica sobre o

relatório do auditor, parágrafo de principais assuntos e o embasamento nas

NBC TAs. O terceiro tópico aponta os procedimentos metodológicos com

elucidações a respeito da coleta dos dados, universo e amostra, além do

modelo de análise que será utilizado. O quarto tópico, Resultados e Análises,

aborda sobre os principais resultados da pesquisa e o debate sobre as

evidências encontradas e principais contribuições. Por fim, as Considerações

Finais retoma os principais pontos discutidos, principais contribuições, limitação

e sugestões para pesquisas futuras.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 RELATÓRIO DE AUDITORIA

Anteriormente conhecido como parecer de auditoria, o relatório do

auditor independente é compreendido como a materialização final do trabalho

do auditor. De acordo com a NBCTA 700 os objetivos do auditor são: construir

uma opinião acerca das demonstrações contábeis tendo como base a análise

das conclusões obtidas pela evidência de auditoria obtida, e demonstrar

claramente sua opinião por meio de relatório por escrito.

Santos (2007) acredita que o objetivo do auditor independente é emitir

uma opinião sobre as demonstrações contábeis com base na análise das

conclusões alcançadas pelas evidências de auditoria e consequentemente

formar sua opinião por meio de relatório de auditoria e esclarecendo a base

tomada para emissão da opinião.

Nesse caso, para a execução do trabalho do auditor, as demonstrações

contábeis devem possibilitar suficientemente uma análise sobre a situação

financeira da entidade auditada. Essas demonstrações devem ser completas,

incluindo Notas Explicativas que complementam as informações contábeis, e o

relatório da administração, que permitem a análise estrutural da empresa.

Assim, o relatório de auditoria traduz uma opinião sobre a adequação

das demonstrações, em consonância às normas brasileiras de contabilidade e

legislação específica (ALVES, ANTUNES & ANTUNES, 2006).

Executando um trabalho de forma planejada e programada, o auditor

cruza dados, realiza procedimentos, analisa controle interno, faz cálculos,

coleta informações e analisa também aspectos qualitativos das políticas

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contábeis da entidade, incluindo indicadores de possível tendenciosidade nos

julgamentos da administração.

Para Jund (2001) o relatório do auditor possui vantagens para todos os

usuários. Para a Administração, fiscalizando a eficiência dos controles internos,

dificultando desvios de bens materiais e opinando sobre a adequação das

demonstrações contábeis; para os Investidores, contribui para maior exatidão

das demonstrações contábeis, assegura maior exatidão dos resultados

apurados e possibilita melhores informações sobre a real situação patrimonial e

financeira da empresa; para o Fisco, colabora para a observância das leis

fiscais e para a Sociedade, dando credibilidade às demonstrações contábeis,

informando através das demonstrações contábeis do conjunto das empresas o

grau de evolução e solidez da economia nacional e, assegurando a veracidade

das informações, das quais dependerá a tranquilidade das empresas e a

garantia de empregos.

De acordo com a NBCTA 700, para formar sua opinião, o auditor deve

avaliar se obteve segurança razoável de que as demonstrações contábeis

estão livres de distorções relevantes, independente se causada por fraude ou

erro. Para essa conclusão deve-se levar em consideração: a conclusão do

auditor se foi obtida evidência de auditoria apropriada e suficiente à conclusão

do auditor se as distorções não corrigidas são relevantes, individualmente ou

em conjunto; e outras avaliações exigidas.

Ainda para a formação de opinião, o auditor deverá analisar se as

demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes,

de acordo com os requisitos da estrutura de relatório financeiro aplicável. Essa

avaliação deve incluir a consideração dos aspectos qualitativos das políticas

contábeis da entidade, incluindo indicadores de possível tendenciosidade nos

julgamentos da administração. (NBCTA 700, Formação da opinião sobre as

demonstrações contábeis)

Santos (2007) afirma que a estrutura do relatório do auditor

independente deverá ser por escrito e apresentar título, ser endereçado de

acordo com as circunstâncias do trabalho. Ele afirma ainda que o relatório do

auditor deve especificar a reponsabilidade e expressar opinião referente às

demonstrações contábeis baseado no trabalho realizado pela auditoria.

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Levando em consideração a NBCTA 700, o relatório do auditor deverá

seguir a seguinte estrutura:

Deverá ser por escrito;

O relatório do auditor deve ter título que indique claramente

que é o relatório do auditor;

O relatório do auditor deve ser endereçado conforme

exigido pelas circunstâncias do trabalho;

A primeira seção do relatório do auditor deve incluir a

opinião do auditor independente e deve ter “Opinião” como

título;

A seção “Opinião” do relatório do auditor também deve:

o identificar a entidade cujas demonstrações

contábeis foram auditadas;

o afirmar que as demonstrações contábeis foram

auditadas;

o identificar o título de cada demonstração que

compõe as demonstrações contábeis;

o fazer referência às notas explicativas, incluindo o

resumo das principais políticas contábeis; e

especificar a data ou o período de cada

demonstração que compõe as demonstrações

contábeis.

Logo após a seção “Opinião”, deverá ser incluída uma outra seção

com título de “Base para Opinião”. A NBCTA 700 aponta as seguintes

características para essa seção:

declare que a auditoria foi conduzida em conformidade com

as normas de auditoria;

referencie a seção que descreve as responsabilidades do

auditor segundo as normas de auditoria;

inclua a declaração de que o auditor é independente da

entidade de acordo com as exigências éticas relevantes

relacionadas com a auditoria e que ele atendeu às outras

responsabilidades éticas do auditor de acordo com essas

exigências. A declaração deve identificar a jurisdição de

origem das exigências éticas relevantes ou referir-se ao

Código de Ética do IESBA (International Ethics Standards

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Board for Accountants) da Federação Internacional de

Contadores (IFAC)

declare se o auditor acredita que a evidência de auditoria

obtida por ele é suficiente e apropriada para fundamentar

sua opinião.

Além das orientações expostas acima, o relatório de auditoria deverá

trazer ainda outras seções, como, “Outras informações”, “Continuidade

Operacional”, que, quando aplicáveis, deverão ser incluídas.

A NBCTA 700 orienta também a inclusão da seção “Responsabilidade

pelas demonstrações contábeis”, nesse caso o auditor não precisa fazer

referência especificamente à “administração”, mas deve usar o termo que é

apropriado no contexto da estrutura legal. Em algumas situações, a referência

apropriada pode ser os responsáveis pela governança.

Entende-se então, que o relatório de auditoria deve-se obedecer a

uma estrutura específica, analisando a particularidade da auditoria, e

remetendo às demonstrações contábeis. Com o objetivo de atender a todos os

usuários da melhor forma e emitindo confiança e credibilidade aos mesmos.

Ainda sobre o relatório de auditoria, olhando pela ótica dos

honorários cobrados pelas firmas, segundo Castro e Paleias (2014), em estudo

sobre determinantes dos honorários de auditoria, afirmam que pode-se

correlacionar alguns fatores, como no caso dos custos dos serviços, das horas

estimadas e outros fatores, como a qualificação técnica dos auditores. Nesse

caso, levando em consideração que a qualificação técnica do auditor contribui

para a formação dos honorários, estima-se que as mudanças ocorridas no

relatório do auditor, poderão vir a contribuir com a agregação do valor dos

serviços de auditoria, já que os auditores necessitam de estudo, análise e

aperfeiçoamento para a elaboração do NRA – Novo Relatório do Auditor.

2.2 NOVO RELATÓRIO DE AUDITORIA

Com o objetivo de atender melhor aos usuários da informação, para que

o relatório do auditor fornecesse além de que uma opinião de aprovação ou

reprovação, o International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB)

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emitiu novos requerimentos que fazem surgir o NRA – Novo Relatório do

Auditor.

Dentre as mudanças ocorridas, tem-se a Comunicação com

Responsáveis pela governança, atendida pela NBCTA 260. Segunda essa

norma, o papel dessa alteração é manter a comunicação recíproca entre o

auditor e a governança para que o trabalho de auditoria desenvolva de maneira

positiva. A norma destaca ainda que embora o auditor seja responsável pela

comunicação de assuntos exigidos por esta norma, a administração também

tem a responsabilidade de comunicar assuntos de interesse da governança aos

seus responsáveis, desse modo, a comunicação do auditor não exime a

administração dessa responsabilidade. Da mesma forma, a comunicação da

administração aos responsáveis pela governança de assuntos que o auditor

deve comunicar não isenta o auditor da responsabilidade de também

comunicá-los.

Outra alteração no NRA é a inclusão da seção “Continuidade

Operacional”, que segundo a NBC TA 570 os objetivos do auditor para alcançar

essa avaliação são: obter evidência de auditoria apropriada e suficiente com

relação à adequação do uso, pela administração, da base contábil de

continuidade operacional na elaboração das demonstrações contábeis;

concluir, com base na evidência de auditoria obtida, se existe incerteza

significativa em relação a eventos ou condições que podem levantar dúvida

significativa quanto à capacidade de continuidade operacional da entidade; e

emitir relatório de acordo com essa mesma NBCTA.

A NBC TA 706 aponta outra alteração para o NRA, a inclusão dos

Parágrafos de Ênfase e Parágrafos de Outros Assuntos. O objetivo é chamar a

atenção dos usuários, quando necessário, por meio de comunicação e clara

para assunto que, apesar de apropriadamente apresentado ou divulgado nas

demonstrações contábeis, tem tal importância que é fundamental para o

entendimento das demonstrações contábeis pelos usuários, ou quando

apropriado, qualquer outro assunto que seja relevante para os usuários

entenderem a auditoria, as responsabilidades do auditor ou o seu relatório.

A seção de “Responsabilidade dos Auditores Independentes” também foi

objeto de alteração, a afirmação anterior desse parágrafo era que o auditor

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possui uma “segurança razoável de que as demonstrações financeiras estão

livres de distorção relevante”, entretanto, a palavra razoável pode não causar

tanta confiança. Portanto, agora o auditor deverá informar que o termo tem o

significado de alto nível de segurança.

Além das mudanças já citadas, o layout também fora alterado, da

maneira que parágrafo de opinião do auditor que, anteriormente, aparecia no

final do relatório agora irá aparecer na parte inicial. Isso porque, os assuntos

serão organizados em ordem decrescente de importância.

Por fim, dentre as mudanças ocorridas ao relatório do auditor, tem-se a

inclusão do parágrafo dos Principais Assuntos de Auditoria – PAA, objeto de

estudo desta pesquisa. Onde, segundo a NBC TA 701, o auditor deverá

determinar quais assuntos, entre aqueles comunicados aos responsáveis pela

governança, exigiram atenção significativa na realização da auditoria.

Entende-se que as mudanças citadas, tendem a contribuir positivamente

com o relatório de auditoria, aumentando seu valor agregado e tornando-o mais

proveitoso para os usuários da informação. Isso porque ele apresentará

informações antes desconhecidas, e que serão complementares aos dados

financeiros das companhias, aumentando assim a transparência a utilidade aos

usuários da informação.

2.3 PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA

A inclusão do parágrafo de Principais Assuntos de Auditoria foi uma das

mudanças que contribuíram para o NRA. De acordo com a NBC TA 701 –

Comunicação dos Principais Assuntos de Auditoria no Relatório do Auditor

Independente, a comunicação do PAA visa tornar o relatório de auditoria mais

informativo, fornecendo informações adicionais que foram consideradas mais

importantes na auditoria, auxiliando os usuários no entendimento acerca da

entidade auditada.

A aplicabilidade da NBC TA 701 é voltada para as empresas listadas em

bolsa de valores. A norma se aplica também quando o auditor é obrigado, por

meio de lei ou regulamento, a comunicar os principais assuntos de auditoria em

seu relatório sobre as demonstrações contábeis. O que não proíbe as demais

Page 24: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

22

empresas a incluírem essa aplicação em seus relatórios, pode-se dizer que a

inclusão do PAA em todas as empresas, até mesmo as não listadas, virá a

contribuir com uma possível padronização de relatórios, aumentando a

comparabilidade.

Entretanto, a NBC TA 705 – Modificação na Opinião do Auditor

Independente proíbe o auditor de incluir o PAA quando ele se abstém de

opinião, a menos que essa apresentação seja exigida por lei ou regulamento.

Esse aspecto será avaliado nessa pesquisa, visando analisar se a norma está

sendo cumprida em sua totalidade, no caso de abstenção de opinião.

De acordo com a definição trazida pela NBC TA 701, os Principais

assuntos de auditoria são os que, segundo o julgamento profissional do auditor,

foram os mais significativos na auditoria das demonstrações contábeis do

período em questão. E ainda, devem ser selecionados entre os assuntos

comunicados aos responsáveis pela governança.

A NBC TA 701 aponta que o auditor poderá selecionar os principais

assuntos considerando os seguintes pontos:

áreas avaliadas como de maior risco de distorção relevante

ou riscos significativos identificados, de acordo com a NBC

TA 315 – Identificação e Avaliação dos Riscos de Distorção

Relevante por meio do Entendimento da Entidade e do seu

Ambiente;

julgamentos significativos do auditor relativos às áreas das

demonstrações contábeis que também envolveram

julgamento significativo por parte da administração,

inclusive estimativas contábeis identificadas que

apresentam alta incerteza de estimativa

efeito sobre a auditoria de fatos ou transações significativos

ocorridos durante o período

Assim, o auditor deverá determinar quais os assuntos foram

considerados mais significativos na auditoria, e terá escolhido quais os

principais assuntos de auditoria de acordo com seu julgamento profissional.

A NBC TA 701 determina de que maneira deverá ser apresentado o

PAA. Primeiramente, ele será escrito em seção separada do relatório, com o

título de “Principais Assuntos de Auditoria”, com o seguinte texto de introdução:

“os principais assuntos de auditoria são aqueles que, segundo o julgamento

Page 25: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

23

profissional do auditor, foram os mais significativos na auditoria das

demonstrações contábeis do período corrente”. Em seguida serão apresentado

cada principal assunto em um subtítulo diferente, descrevendo o motivo pelo

qual o assunto foi considerado como um dos mais significativos na auditoria e,

portanto, determinado com principal assunto de auditoria e como o assunto foi

tratado na auditoria das demonstrações contábeis.

Vale destacar que a norma que trata esse tema, determina que o

assunto que deu origem à opinião modificada, ou à incerteza significativa

quanto à continuidade operacional da empresa, são naturalmente um PAA.

Entretanto, tais assuntos não devem ser descritos na seção “Principais

assuntos de auditoria” do relatório do auditor, o auditor deverá então que

incluir, na seção “Principais assuntos de auditoria”, uma referência à seção

“Base para opinião com ressalva (ou adversa)” ou à seção “Incerteza

significativa quanto à continuidade operacional”. Esse fator também será objeto

de análise nessa pesquisa, verificando se as empresas que apresentaram tais

situações estão obedecendo às determinações da norma.

Caso o auditor avalie, que não existem assuntos a serem tratados como

“Principais assuntos de auditoria”, ou que os únicos principais assuntos de

auditoria comunicados são aqueles relacionados como o assunto que deu

origem à opinião modificada, ou à incerteza significativa quanto à continuidade

operacional da empresa, ele deve incluir uma declaração nesse sentido em

seção separada do seu relatório, sob o título “Principais assuntos de auditoria”.

Esse fator também será objeto de análise nessa pesquisa, verificando se as

empresas que apresentaram tais situações estão obedecendo às

determinações da norma.

Diante das orientações e determinações propostas pela NBC TA 701,

entende-se que a inclusão da seção com os Principais Assuntos de Auditoria

tem a finalidade de tornar o relatório mais informativo e objetivo aos usuários

da informação. Caberá ao auditor a analisar, de acordo com seu julgamento

profissional, quais os assuntos mais importantes a serem apresentados nessa

nova seção.

Em material disponibilizado pelo IBRACON (Instituto de Auditores

Independentes do Brasil), visualizou-se resultado de estudo feito pelo FRC

Page 26: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

24

analysis (UK) em dois anos, analisando quais os Principais Assuntos de

Auditoria e a variação de um ano para outro. No ano 1 da pesquisa os

principais assuntos foram:

1º: Impairment de outros ativos

2º: Tributos

3º: Goodwill Impairment

4º: Fraude em Receitas

5º: Reconhecimento de Receitas

6º: Provisões

7º: Benefícios de Aposentadoria

8º: Alienações e Avaliações de Estoque

9º: Provisões – termos legais

10º: Capitalização de Juros

No ano 2 da pesquisa a colocação dos principais assuntos foram:

1º: Tributos

2º: Goodwill Impairment

3º: Reconhecimento de Receitas

4º: Provisões

5º: Impairment de outros ativos

6º: Aquisições e Alienações

7º: Benefícios de Aposentadoria

8º: Avaliações de Estoque

9º: Provisões – termos legais

10º: Fraude em Receitas

Considera-se razoável variação entre a disposição dos assuntos em

ordem de prioridade de um ano para outro. Nota-se que Fraude em Receitas

saiu de 5º para 10º colocação, o que se entende como considerável alteração.

Os demais assuntos não apresentam grandes variações.

Page 27: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

25

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia é a maneira utilizada para desenvolver uma

pesquisa. Método pode ser caracterizado como um conjunto de atividades

sistemáticas e racionais que com maior segurança e economia permite ao

pesquisador alcançar o objetivo. Neste sentido, através do método chega-se a

conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido,

detectando erros e auxiliando as decisões do cientista (LAKATOS, 2003).

Para Acevedo e Nohara (2013, p.71) “o objetivo da pesquisa

exploratória é proporcionar maior compreensão do fenômeno que está sendo

investigado, permitindo assim que o pesquisador delineie de forma mais

precisa o problema.

“Com relação ao emprego do método ou abordagem qualitativa esta

difere do quantitativo pelo fato de não empregar dados estatísticos como centro

do processo de análise de um problema”. (Moretti, 2008 p.21)

Para Chizzotti (2008) a Análise de Conteúdo consiste em relacionar

a frequência de citação de alguns temas, palavras ou ideias em um texto para

Page 28: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

26

medir o peso relativo atribuído a um determinado assunto. É o tipo da análise

da comunicação que pretende garantir a imparcialidade objetiva.

Levando em consideração as afirmações acima, pode-se apontar o

presente trabalho como sendo uma pesquisa que se baseia na ideia de análise

de conteúdo, sendo ela também exploratória e qualitativa.

O presente trabalho analisa o universo das empresas da

BM&FBOVESPA, escolhendo uma amostra de 50 empresas de segmentos

diversos, tendo em vista que se pretende uma análise geral e não restritiva.

Os dados foram coletados por meio de acesso eletrônico ao site da

BM&FBOVESPA, realizando também consultas diretas aos sites das empresas

da amostra, no campo de Relações com Investidores, com intuito de buscar

informações adicionais.

Foram coletados os dados dos relatórios de auditoria e das

demonstrações contábeis com a finalidade de extrair informações dos PAAs

(Principais Assuntos de Auditoria), além de informações adicionais como:

firmas de auditoria e tipos de opinião, como também informações financeiras.

Nas informações financeiras, foram levantados o: ativo total, imobilizado,

intangível, passivo total, empréstimos e financiamentos, patrimônio líquido total,

capital social, receita e lucro líquido, foram consideradas os valores das

demonstrações financeiras.

Após a realização da coleta de dados das empresas negociadas na

Bovespa, as informações foram ajustadas e compiladas, compondo a amostra

da pesquisa em um total de 50 companhias abertas.

A partir da coleta, foi realizada a tabulação dos dados extraídos em

planilha eletrônica do Microsoft Excel, sendo separado em duas abas, sendo

uma aba para as informações gerais da empresa contendo: nome, segmento,

firma de auditoria, tipo de parecer, ativo total, contas a receber, imobilizado,

intangível, passivo total, empréstimos e financiamentos, patrimônio líquido,

capital social, receita, lucro líquido e tópicos dos Principais Assuntos de

Auditoria; a segunda aba agrupando os parágrafos completos dos PAAs. Com

separação de informações foi feita a comparação entre PAAs e os dados

financeiros da empresa, avaliando se aquele assunto caberia ter sido

considerado como importante, e se há algum dado financeiro que aponte um

Page 29: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

27

principal assunto que não foi abordado pelo auditor em seu relatório. Com a

organização de todos os parágrafos de principais assuntos em uma aba

separada foi possível analisar se os relatórios de auditoria das empresas da

amostra obedeceram a NBC TA 701 no tocante à estrutura determinada.

Logo após a tabulação, foi realizada uma análise geral e identificou-

se 6 empresas que não apresentaram o parágrafo de principais assuntos.

Essas empresas foram organizadas na planilha em uma aba separada, a fim

de avaliar se dois itens da NBC TA 701 estão sendo atendidos, são eles: o item

5 que proíbe o auditor de publicar os principais assuntos quando se abstém de

opinião; e o item 16 da mesma norma, que determina que quando o auditor, de

acordo com seu julgamento, entenda que não existem principais assuntos de

auditoria a serem reportados, ele devem incluir uma declaração em seção

separada do relatório com o título de “Principais assuntos de auditoria”. O

Quadro 1 detalha quais as empresas da amostra que não apresentarem PAA.

Quadro 1: Empresas sem PAA

EMPRESA FIRMA OPINIÃO

CABINDA PARTICIPACOES S.A. PWC Sem Ressalva

GRUCAI PARTICIPAÇÕES S.A. PWC Sem Ressalva

LONGDIS S.A. BKR Sem Ressalva

ITAITINGA PARTICIPAÇÕES S.A. PWC Sem Ressalva

OCTANTE SECURITIZADORA S.A. KPMG Sem Ressalva

VIVER INCORPORADORA E CONSTRUTORA S.A. BDO RCS Auditores Independentes SS Abstenção de Opinião

FIBAM COMPANHIA INDUSTRIAL S.A. JPPS Auditores Com Ressalva Fonte: dados da pesquisa, 2017.

Organizando as 7 empresas sem PAA separadamente, resta um

grupo de 44 empresas a serem analisados o parágrafo de principais assuntos

de auditoria.

Page 30: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

28

Os tópicos dos PAAs foram agrupados em outra aba totalizando um

montante de 112 tópicos. Os PAAs foram separados pelos seus tópicos para

que pudessem ser analisados quantitativamente. Os tópicos foram

classificados em 15 categorias: Ágio, Estoque, Imobilizado, Impairment,

Impostos, Impostos a Recuperar, Intangíveis, Investimentos, Obrigações

Financeiras, Casos peculiares da companhia, Partes relacionadas, PDD,

Provisões, Reconhecimento de Receita e Situação Financeira da companhia.

Com essa organização analisou-se a porcentagem de cada PAA em relação ao

total de 112, verificando o PAA mais abordado e avaliou-se a média de PAA

que as empresas da amostra apresentaram.

O Quadro 2, abaixo, relaciona as empresa que tiveram seus PAAs

analisados

Quadro 2: Empresas Analisadas

EMPRESA FIRMA PARECER BR HOME CENTERS S.A. PWC Sem Ressalva CAMBUCI S.A. SAX AUDITORES Sem Ressalva CEMIG DISTRIBUIÇÃO S.A. Deloitte Sem Ressalva DOHLER S.A. VGA AUDITORES Sem Ressalva FUTURUTEL S.A. Grant Thornton Auditores Sem Ressalva GENERAL SHOPPING BRASIL S.A. Grant Thornton Auditores Sem Ressalva HOTÉIS OTHON S.A. ACAL AUDITORES Sem Ressalva LIBRA TERMINAL RIO S.A PWC Sem Ressalva M DIAS BRANCO S.A. PWC Sem Ressalva IDEIASNET S.A. Grand Thornton Auditores I Sem Ressalva IGB ELETRONICA S.A VACC Sem Ressalva IGUTAEMI S.A. KPMG Sem Ressalva J. MACEDO S.A. KPMG Sem Ressalva JHSF PARTICIPAÇÕES S.A KPMG Sem Ressalva JOÃO FORTES ENGENHARIA S.A. KPMG Sem Ressalva JOAQUIM OLIVEIRA S.A. PARTICIPAÇÕES Baker Tilly Brasil Auditores Sem Ressalva KARSTEN S.A. Deloitte Sem Ressalva BOMBRIL S.A. BDO RCS Auditores Com Ressalva NATURA COSMÉTICOS S.A. ERNST & YOUNG Sem Ressalva NEWTEL PARTICIPAÇÕES S/A Grand Thornton Auditores Sem Ressalva ALPARGATAS S.A ERNST & YOUNG Sem Ressalva ALTUS SISTEMA DE AUTOMAÇÃO S.A KPMG Sem Ressalva AMBEV S.A. Deloitte Sem Ressalva AMPLA ENERGIA E SERVIÇOS S.A BDO RCS Auditores Sem Ressalva AZUL S.A ERNST & YOUNG Sem Ressalva BRASIL BROKERS PARTICIPAÇÕES S.A. Grand Thornton Auditores Sem Ressalva DTCOM - DIRECT TO COMPANY S.A. BDO RCS Auditores Sem Ressalva

Page 31: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

29

ENEVA S.A. PWC Sem Ressalva HELBOR EMPREENDIMENTOS S.A. PWC Sem Ressalva RANDON S.A. IMPLEMENTOS E PARTIC KPMG Sem Ressalva RUMO S.A. KPMG Sem Ressalva SARAIVA S.A. Grant Thornton Auditores Sem Ressalva SCHULZ S.A. MARTINELLI AUDITORES Sem Ressalva SMILES S.A ERNST & YOUNG Sem Ressalva SUZANO PAPEL E CELULOSE SA KPMG Sem Ressalva TECNISA S.A. Deloitte Sem Ressalva TELEFÔNICA BRASIL S.A. ERNST & YOUNG Sem Ressalva TIM PARTICIPAÇÕES S.A. BDO RCS Auditores Sem Ressalva ULTRAPAR PARTICIPACOES S.A. Deloitte Sem Ressalva VALE S.A. KPMG Sem Ressalva ANDRADE GUTIERREZ CONCESSOES S.A. KPMG Sem Ressalva

Fonte: dados da pesquisa, 2017.

Toda a análise foi realizada com o objetivo de responder a questão

da pesquisa de apontar quais os principais assuntos de auditoria (PAA’s) nas

companhias abertas brasileiras e detectar possíveis descumprimentos

normativos da NBC TA 701.

4. RESULTADOS E ANÁLISE

4.1 EMPRESAS QUE NÃO DIVULGARAM PAA

Foi realizada análise nas 7 empresas da amostra que não

reportaram os Principais Assuntos de Auditoria no relatório do auditor. A

análise foi feita para avaliar se a NBC TA 701 em seu item 16 foi atendida.

Se o auditor determinar, dependendo dos fatos e circunstancias

pertinentes à entidade e à auditoria que não existem assuntos a

serem reportados como “Principais assuntos de auditoria” ou que

os únicos principais assuntos de auditoria comunicados são

aqueles relacionados com o item 15, ele deve incluir uma

declaração nesse sentido em seção separada do seu relatório

sob o título “Principais assuntos de auditoria”. (NBC TA 701 item

16)

Page 32: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

30

Na análise das 7 empresas da amostra sem PAA, obteve-se os

seguintes resultados: a empresa VIVER INCORPORADORA E

CONSTRUTORA S.A., foi auditada pela BDO RCS Auditores Independentes

SS e apresentou relatório de auditoria com abstenção de opinião, e, de acordo

com a NBC TA 701, no caso de abstenção de opinião, o auditor estará proibido

de divulgar os principais assuntos de auditoria. Então, entende-se que a norma

foi atendida nessa empresa.

As empresas Cabinda Participações S.A., Gruçaí Participações S.A

e Itaitinga Participações S.A apresentaram parágrafo de ênfase chamando

atenção para o fato de que as empresas estão em fase pré-operacional, ambas

auditadas pela Pricewaterhousecoopers – PWC, apresentaram relatórios

seguindo um mesmo padrão e na seção de PAA emitiram o seguinte texto “Não

existem PAA a comunicar em nosso relatório”. Como determina a NBC TA 701,

ao final do relatório, emitiram a seguinte declaração:

“As normas de auditoria requerem que divulguemos

principais assuntos de auditoria em nosso relatório, a menos

que lei ou regulamento tenha proibido divulgação pública de

algum assunto, ou quando, em circunstâncias

extremamente raras, determinamos que o assunto não deve

ser comunicado em nosso relatório porque as

consequências adversas de tal comunicação, podem, dentro

de uma perspectiva razoável, superar os benefícios da

comunicação para o interesse público. Dos assuntos que

foram objeto de comunicação aos responsáveis pela

governança, julgamos que não há principais assuntos de

auditoria a serem comunicados em nosso relatório de

auditoria das demonstrações financeiras do exercício

corrente.”

Entende-se então, que as 3 empresas atenderam a norma no tocante

à não divulgação do PAA, já que apresentaram uma declaração sobre o

assunto. O único ponto que não foi atendido foi o fato de que a declaração final

deveria ter o título de “Principais Assuntos de Auditoria”, e as empresas não

colocaram título nessa parte do relatório. É valido apontar também, que as 3

empresas estão em fase pré-operacional, o que possivelmente esse fato pôde

Page 33: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

31

contribuir para não terem nenhum assunto que seja tratado como principal para

divulgação.

A empresa LONGDIS S.A., auditada pela BRK Lopes e Machado,

apresentou seção destacando a incerteza relevante relacionada a continuidade

operacional, nesse caso, a NBC TA em seu item 15, determina que deve-se

incluir, na seção “Principais assuntos de auditoria”, uma referência à seção “Base

para opinião com ressalva (ou adversa)” ou à seção “Incerteza significativa quanto

à continuidade operacional”, e no caso da LONGDIS, esse item não foi atendido.

No parágrafo de principais assuntos, a auditoria apenas mencionou que não

foram identificados principais assuntos de auditoria a comunicar em seu

relatório, sem fazer referência à seção Incerteza significativa quanto à

continuidade operacional. Nessa companhia, percebe-se que a norma não foi

atendida em seu item 16, pelo fato de o parágrafo de PAA não fazer referência a

Incerteza significativa quanto à continuidade operacional da empresa.

A empresa FIBAM COMPANHIA INDUSTRIAL S.A, auditada pela

JPPS Auditores Independentes S/S, que apresentou opinião com ressalva e

parágrafo de Incerteza relacionada a continuidade operacional, fez menção na

seção de PAA, à esses dois parágrafos, com o seguinte texto: “Além dos assuntos

descritos na seção “Base para opinião com ressalva” e “Incerteza relacionada à

continuidade operacional”, não existem outros principais assuntos de auditoria a

comunicar em nosso relatório.” Entende-se então que a norma foi plenamente

atendida em seu item 15.

Por último, nessa avaliação, foi analisada a Octane Securitizadora

S.A, auditada pela KPMG Auditores Independentes. Identificou-se que a

auditoria não incluiu a seção de principais assuntos, não teve opinião

ressalvada, não apresentou seção de incerteza relevante relacionada a

continuidade com a operacional e não apresentou declaração final sobre o

PAA. Notou-se que a companhia não atendeu a norma em nenhum aspecto,

pois não divulgou o PAA, e não apresentou declaração final sobre o assunto.

Assim, dessa amostra de 7 empresas conclui-se que, no tocante a NBC TA

701 em seus itens 15 e 16, 2 empresas atenderam completamente, 3

empresas atenderam parcialmente e 2 empresas não atenderam a norma. O

que nos chama a atenção para o fato de empresas de auditoria como a KPMG,

Page 34: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

32

uma Big Four, que auditou a Octane Securitizadora S.A, não atendeu a norma

em nenhum aspecto nessa empresa, e que a PWC, também Big Four, atendeu

parcialmente à norma nas 3 empresas da amostra, fazendo perceber que até

mesmo as grandes firmas de auditoria estão em fase inicial de aplicabilidade

do NRA

4.2 ANÁLISE QUANTITATIVA DO PAA

Com a separação dos PAAs por tópicos e a classificação por

categorias, pôde-se fazer análise quantitativa dos PAAs. Os tópicos foram

classificados em 15 categorias: Ágio, Estoque, Imobilizado, Impairment,

Impostos, Impostos a Recuperar, Intangíveis, Investimentos, Obrigações

Financeiras, Casos peculiares da companhia, Partes relacionadas, PDD,

Provisões, Reconhecimento de Receita e Situação Financeira da companhia.

Quadro 6 relaciona as empresas analisadas e os seus PAAs.

Quadro 3: Relação de PAA por empresa

EMPRESA PAA BR HOME CENTERS S.A. Impairment Situação Financeira Estoque CAMBUCI S.A. Obrigações Financeiras Reconhecimento de Receita Investimentos CEMIG DISTRIBUIÇÃO S.A. Reconhecimento de Receita DOHLER S.A. Impairment Imobilizado Provisões FIBAM COMPANHIA INDUSTRIAL S.A. Casos peculiares da companhia FUTURUTEL S.A. Impostos a Recuperar Provisões GENERAL SHOPPING BRASIL S.A. Investimentos Obrigações Financeiras Partes Relacionadas PDD HOTÉIS OTHON S.A. Impostos Imobilizado Partes Relacionadas LIBRA TERMINAL RIO S.A Impairment Impairment Situação Financeira M DIAS BRANCO S.A. Reconhecimento de Receita

Page 35: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

33

Intangíveis Provisões IDEIASNET S.A. Impairment IGB ELETRONICA S.A Casos peculiares da companhia Impostos a Recuperar Impairment Provisões IGUTAEMI S.A. Impairment Provisões Impairment J. MACEDO S.A. Provisões JHSF PARTICIPAÇÕES S.A Casos peculiares da companhia Casos peculiares da companhia Impairment Investimentos Impairment JOÃO FORTES ENGENHARIA S.A. Reconhecimento de Receita Casos peculiares da companhia JOAQUIM OLIVEIRA S.A. PARTICIPAÇÕES Obrigações Financeiras KARSTEN S.A. Reconhecimento de Receita Impairment Provisões BOMBRIL S.A. Impostos a Recuperar Reconhecimento de Receita Impairment Provisões NATURA COSMÉTICOS S.A. Intangíveis Reconhecimento de Receita Impostos NEWTEL PARTICIPAÇÕES S/A Impostos a Recuperar Provisões ALPARGATAS S.A Reconhecimento de Receita Ágio Casos peculiares da companhia ALTUS SISTEMA DE AUTOMAÇÃO S.A Impostos a Recuperar Impairment Impairment Reconhecimento de Receita AMBEV S.A. Reconhecimento de Receita Partes Relacionadas AMPLA ENERGIA E SERVIÇOS S.A Reconhecimento de Receita Obrigações Financeiras Impairment PDD Casos peculiares da companhia Casos peculiares da companhia AZUL S.A Reconhecimento de Receita Obrigações Financeiras Casos peculiares da companhia Partes Relacionadas Intangíveis

Page 36: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

34

BRASIL BROKERS PARTICIPAÇÕES S.A. Reconhecimento de Receita Provisões Impairment DTCOM - DIRECT TO COMPANY S.A. Impairment ENEVA S.A. Impairment Situação Financeira Casos peculiares da companhia HELBOR EMPREENDIMENTOS S.A. Reconhecimento de Receita Provisões RANDON S.A. IMPLEMENTOS E PARTICIPAÇÕES Imobilizado Impostos a Recuperar RUMO S.A. Impostos a Recuperar Impairment SARAIVA S.A. Estoque Ágio Impostos a Recuperar Casos peculiares da companhia Estoque SCHULZ S.A. PDD Casos peculiares da companhia Estoque Estoque SMILES S.A Reconhecimento de Receita Reconhecimento de Receita SUZANO PAPEL E CELULOSE SA Casos peculiares da companhia Impostos a Recuperar Impostos a Recuperar TECNISA S.A. Reconhecimento de Receita Casos peculiares da companhia Casos peculiares da companhia Casos peculiares da companhia Partes Relacionadas TELEFÔNICA BRASIL S.A. Ágio Reconhecimento de Receita TIM PARTICIPAÇÕES S.A. Provisões Reconhecimento de Receita Reconhecimento de Receita Impairment ULTRAPAR PARTICIPACOES S.A. Ágio Casos peculiares da companhia Casos peculiares da companhia VALE S.A. Impairment Obrigações Financeiras Provisões Imobilizado Impostos

ANDRADE GUTIERREZ CONCESSOES S.A. Impairment Fonte: dados da pesquisa, 2017.

Page 37: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

35

Com um total de 122 tópicos de principais assuntos obteve-se o

seguinte resultado, demonstrado pela Tabela 1:

Tabela 1: Análise quantitativa

PAA QUANTIDADE %

Impairment 22 18%

Reconhecimento de Receita 20 16%

Casos peculiares da companhia 18 15%

Provisões 13 11%

Impostos a Recuperar 10 8%

Obrigações Financeiras 6 5%

Estoque 5 4%

Partes Relacionadas 5 4%

Ágio 4 3%

Imobilizado 4 3%

Impostos 3 3%

Intangíveis 3 3%

Investimentos 3 3%

PDD 3 2%

Situação Financeira 3 2% Fonte: dados da pesquisa, 2017

A categoria Casos peculiares da companhia agrupa os assuntos que

só apareceram apenas 1 vez ou que são específicos da companhia, são eles:

Incerteza relacionada à continuidade operacional, Recuperação Extrajudicial,

Investigação Polícia Federal, Estimativa dos custos de construção e percentual

de conclusão da Obra ("POC"), Valor líquido realizável dos imóveis a

comercializar, Operações Descontinuadas, Reconhecimento de Benefícios Pós

Emprego, Reconhecimento de Ativos e Passivos Regulatórios, Reservas de

Manutenção, Combinação de negócios, Cláusulas restritivas (“covenants”),

Contingências trabalhistas, Mensuração ao valor justo de ativos biológicos,

Realização dos imóveis a comercializar, Distratos, Cumprimento de cláusulas

restritivas, Processos administrativos instaurados pelo Conselho Administrativo

de Defesa Econômica – CADE e Incêndio no terminal em Santos. O grande

percentual desse PAA pode-se associar com o objetivo de trazer ao usuário

informações relevantes não só ao operacional da companhia auditada, mas

Page 38: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

36

também à situações específicas da empresa que podem dizer muito a respeito

da mesma.

Reconhecimento de Receita, em suma, foi apontando como PAA

pelos seguintes motivos: ter montante significativo, como é o caso da

companhia Cambuci S.A que apresentou um receita líquida de R$

276.389.000,00, que representa 123% em relação ao seu ativo de R$

224.018.000,00; possuir risco de fraude no reconhecimento da receita levando

em consideração a possibilidade da administração burlar o controle interno,

como o caso da empresa CEMIG – Cia Energética de MG; o risco de

inadequação no reconhecimento e mensuração da receita, como na empresa

M DIAS BRANCO que a receita ocorre na entrega do produto; e casos que a

empresa utiliza o método de Porcentagem de Conclusão (“POC” – “Percentage

of completion”) para contabilizar as receitas de vendas de imóveis, que em

função da complexidade na mensuração dos orçamentos dos

empreendimentos imobiliários, associada ao inerente grau de imprevisibilidade

da atividade de engenharia, como é a realidade da empresa JOÃO FORTES

ENGENHARIA S.A.

Na categoria Impairment foi agrupado todos os tipos de recuperação

de valores de todos os ativos. No caso de avaliação de valor recuperável de

tributos, foi mencionado o envolvimento de julgamentos baseados em

premissas operacionais e financeiras, a fim de determinar o valor em uso das

Unidades Geradoras de Caixa (“UGCs”) da Companhia, por isso considerado

um PAA. No caso de valor recuperável de contas a receber, foi citado que a

companhia poderá fazer julgamentos significativos relacionados aos critérios,

premissas e dados usados na determinação do valor do contas a receber e da

PDD – Provisão para devedores duvidosos.

Percebe-se que os 4 assuntos mais abordados foram Impairment,

Reconhecimento de Receita, Provisões e Impostos a recuperar. Nota-se que a

relação entre esses 4 assuntos está ligada exatamente ao reconhecimento e

mensuração dos valores, podendo a própria companhia interferir na

determinação desses números, seja por erro contábil, erro de controle interno,

erro operacional ou até mesmo, fraude. Entende-se claramente como PAA

esses grupos de contas que podem apresentar erros ou distorções na

Page 39: MONOGRAFIA LAISLA FINAL.../$,6/$ &5,6/$

37

mensuração e reconhecimento dos valores, considerando válido os esses 4

assuntos mais abordados, já que poderá direcionar o usuário da informação

para situação que podem ser manipuladas ou errôneas. Comparando com o

estudo publicado pelo Ibracon, realizado pelo FRC em UK, tem-se um

resultado semelhante, já que no ano 1 o estudo aponta Impairment como

assunto mais apontado pelos auditores, e no ano 2, Reconhecimento de

Receita aparece como 3º assunto mais reportado pelas firmas de auditoria.

Com essa comparação tende-se a pensar se as firmas de auditoria brasileiras

poderiam ter tomando como base os trabalhos no Reino Unido.

Ainda nessa análise quantitativa pode-se observar a quantidade

média de PAAs apontados nos relatórios de auditoria das companhias da

amostra. Com um total de 43 empresas e 122 PAAs, obtivemos o seguinte

resultado: 5 empresas apresentaram somente 1 PAA, 9 empresas

mencionaram 2 assuntos como principais, 17 empresas apresentaram 3

principais assuntos, 6 companhias apontaram 4 assuntos como principais, 4

empresas apresentaram 5 PAAs e apenas 2 empresas apresentaram 6

principais assuntos de auditoria. Ficando com uma média de 2,97 PAA por

empresa, analisando a amostra selecionada, esse resultado pode ser

observado no Quadro 3.

4.3 ANÁLISE DA ESTRUTURA DA NORMA

A análise realizada acerca da estrutura da norma contemplou 5

pontos estruturais propostos pela NBC TA 701: o título “Principais Assuntos de

Auditoria”, o texto de introdução à essa seção, o título por tópico de cada PAA,

a explicação do motivo pelo qual foi considerado um principal assunto e como o

assunto foi tratado pela auditoria.

Sobre o título de principais assuntos, sobre o texto introdutório e

sobre o título para cada tópico de PAA, todas as 43 empresas da amostra

cumpriram esses aspectos da norma. Os títulos utilizados foram “Principais

assuntos de auditoria” exatamente como propõe a norma, e o texto introdutório

também foi exatamente o determinado pela norma.

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No tocante a explicação do motivo pelo qual foi considerado um PAA,

todas as 43 empresas da amostra apresentaram esse esclarecimento.

Entretanto, 11 empresas não apresentaram essa explicação de forma clara e

direta, não utilizando as expressões “esse assunto foi significativo para nossa

auditoria pelo motivo de”, “por isso nossa auditoria considerou esse assunto

como principal” ou “porque é um PAA”, conforme o Quadro 4 abaixo:

Quadro 4: Empresas sem clareza nos motivos dos PAA

EMPRESA FIRMA OPINIÃO

AMPLA ENERGIA E SERVIÇOS S.A BDO RCS Auditores Independentes Sem Ressalva

AZUL S.A ERNST & YOUNG Sem Ressalva BRASIL BROKERS PARTICIPAÇÕES S.A. Grand Thornton Auditores Indep Sem Ressalva

DTCOM - DIRECT TO COMPANY S.A. BDO RCS Auditores Independentes S.S. Sem Ressalva

HOTÉIS OTHON S.A. ACAL AUDITORES INDEPENDENTES S/S Sem Ressalva

IDEIASNET S.A. Grand Thornton Auditores Indep Sem Ressalva IGB ELETRONICA S.A VACC Sem Ressalva NEWTEL PARTICIPAÇÕES S/A Grand Thornton Auditores Indep Sem Ressalva SCHULZ S.A. MARTINELLI AUDITORES Sem Ressalva SMILES S.A ERNST & YOUNG Sem Ressalva

TIM PARTICIPAÇÕES S.A. BDO RCS Auditores Independentes SS Sem Ressalva

Fonte: dados da pesquisa, 2017.

Dentre essas 11 empresas, 3 foram auditadas pela BDO RCS

Auditores Independentes SS e 3 foram auditadas pela Grand Thornton

Auditores Independentes.

Analisando as empresas da amostra que foram auditadas pela

Grand Thornton Auditores Independentes, totalizando 6 empresas auditadas

por essa firma, percebe-se uma oscilação no padrão dos relatórios. As 6

empresas auditadas pela Grand Thornton Auditores Independentes foram:

FUTURUTEL S.A., IDEIASNET S.A., GENERAL SHOPPING S.A, NEWTEL

PARTICIPAÇÕES S/A, BRASIL BROKERS PARTICIPAÇÕES S.A. e SARAIVA

S.A. As empresas GENERAL SHOPPING S.A e SARAIVA S.A. explicaram o

motivo dos PAAs de maneira clara; no relatório da GENERAL SHOPPING S.A

foi incluído um subtópico com o título “Motivo pelo qual o assunto foi

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considerado um PAA”, já na SARAIVA S.A foi utilizada a expressão “Este

assunto foi considerado um PAA, devido(...)”; avaliando essas duas empresas,

percebe-se a inexistência de uma padrão dos relatórios de auditoria, onde uma

organizou em forma de subtópico e a outra organizou na forma de parágrafo.

Além disso, as outras 4 empresas auditadas pela Grand Thornton Auditores

Independentes não explicaram os motivos dos PAA de maneira clara. Entende-

se então que a firma de auditoria em questão não segue um padrão do relatório

e oscila entre as empresas auditadas.

Por fim, no tocante ao ponto de como o PAA foi tratado pela

auditoria, todas as 43 empresas da amostra atenderam esse aspecto da

norma.

Observa-se então que a estrutura da norma foi atendida em sua

totalidade, ficando apenas a particularidade de clareza não sendo atendida no

ponto de explicação de porque o assunto foi considerado um PAA. Esse ponto

não atendido não está expresso na NBC TA 701, mas entende- se que, como

objetivo do NRA é atender à clareza e a transparência, afim de tornar o

relatório de auditoria mais proveitoso para os usuários, esse é um ponto que o

presente trabalho considera importante em abordar.

4.4 COMPARAÇÃO COM DADOS FINANCEIROS

Sabendo que os PAAs são aqueles assuntos mais importantes e

significativos para o trabalho de auditoria, analisou-se os dados financeiros das

43 empresas da amostra afim de avaliar os grupos de contas de valores mais

consideráveis verificando se eles foram apontados como PAA.

Observou-se que do grupo de 43 empresas, 9 possuem o grupo de

Empréstimos e Financiamentos médio equivalente a 58% do total de passivo,

caracterizando um saldo relevante no grupo em questão, mas que não foram

considerados um PAA a ser apontado. Essas empresas estão apresentadas no

Quadro 5 abaixo:

Quadro 5: Empresas com Empréstimos consideráveis e não abordados no PAA

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EMPRESA FIRMA PASSIVO EMPRÉSTIMOS % BR HOME CENTERS S.A. PWC 210.451.000,00 87.800.000,00 42 %

LIBRA TERMINAL RIO S.A PWC 800.934.000,00 679.488.000,00 85 %

IGUTAEMI S.A. KPMG 5.230.634.000,00 1.434.797.000,00 27 %

JOÃO FORTES ENG S.A. KPMG 2.641.547.000,00 884.094.000,00 33 %

KARSTEN S.A. Deloitte 314.602.000,00 345.476.000,00 109 %

NATURA COSMÉTICOS S.A. ERNST & YOUNG 8.421.579.000,00 4.390.171.000,00 52 %

ALTUS SIST DE AUTOMAÇÃO S.A KPMG 61.064.000,00 39.323.000,00 64 %

DTCOM S.A. BDO RCS 24.604.000,00 15.585.000,00 63 %

RANDON S.A. KPMG 3.430.294.000,00 1.804.758.000,00 52 % Fonte: dados da pesquisa, 2017.

Percebe-se que outros assuntos foram apontados como PAA,

assuntos considerados importantes para o trabalho da auditoria, entretanto,

nessas empresas que os montantes do grupos de empréstimos mostram-se

significativos seria válido a apresentação desse ponto como PAA.

Avaliando ainda os dados financeiros, constatou-se que 4 empresas

apresentaram Imobilizados com média de 42% em relação ao seu ativo total,

porém não foram apontados como PAAs, essas empresas estão apresentadas

no Quadro 6.

Quadro 6: Empresas com Imobilizados consideráveis e não abordados no PAA

EMPRESA FIRMA ATIVO IMOBILIZADO % BR HOME CENTERS S.A. PWC 210.451.000,00 47.995.000,00 22 % DOHLER S.A. VGA AUDITORES 641.824.000,00 329.996.000,00 51 % LIBRA TERMINAL RIO S.A PWC 800.934.000,00 454.184.000,00 56 %

M DIAS BRANCO S.A. PWC 5.861.045.000,00 2.297.077.000,00 39 % Fonte: dados da pesquisa, 2017.

Tomando como base o fato de que nas 4 empresas o imobilizado é

um item importante na sua operacionalidade, considera-se um item

interessante a se tratar como PAA. Entretanto, não se sabe o motivo pelo qual

a auditoria não julgou significativo o item para ser divulgado como PAA.

Sabe-se que a escolha dos PAAs vai além do seu montante em

valores, deve ser avaliando aspectos como riscos e possíveis fraudes, e

levando em consideração o julgamento do auditor em relação aos assuntos

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que foram mais significativos nos trabalhos de auditoria. Entretanto, é válido

ressaltar que o NRA tem o objetivo de demonstrar clareza e passar

transparência aos usuários, nesse caso, grupos importantes de contas, sempre

que julgados importantes, deverão ser publicados nos relatórios de auditoria.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabendo a atual situação do país, de crise econômica e corrupção, a

sociedade como um todo preza cada dia mais pela transparência e

credibilidade dos fatos. Diante disso, a auditoria coloca-se em posição de

grande responsabilidade, com a tarefa de emitir em seu relatório informações

satisfatórias aos usuários, aumentando a credibilidade principalmente dos

investidores.

Nesse contexto, surge o NRA – Novo Relatório de Auditoria, que

apresenta importantes mudanças, dentre elas a inclusão de um novo parágrafo

de Principais Assuntos de Auditoria, que de acordo com a NBC TA 701 –

PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA, é onde os auditores deverão

reportar quais foram os assuntos mais significativos e importantes para o

trabalho de auditoria, explicando ainda o motivo pelo qual foi reportado como

PAA e de que maneira foi tratado pela auditoria.

O presente estudo foi motivado levando em consideração que esse é o

primeiro ano de aplicabilidade de NRA no Brasil e que existem poucos estudos

na área, fazendo-se necessário uma análise sobre o comportamento das firmas

de auditoria em relação ao NRA, avaliando ainda possíveis descumprimentos

da NBC TA 701 e comparando os PAAs com os dados financeiros das

empresas da amostra.

Para tanto, foi levantada uma amostra de 50 empresas listadas na

BM&FBOVESPA, de segmentos diversos. Dessa amostra foram levantados os

relatórios de auditoria e os dados financeiros das companhias referentes ao

ano de 2016 e compilados em planilha de Excel. Essa organização foi realizada

de maneira a proporcionar a análise os PAAs, comparando-os com os dados

financeiros e verificando se a NBC TA 701 foi cumprida em seus aspectos

estruturais e técnicos.

Os resultados obtidos a partir das análises levantadas na pesquisa,

apontaram Impairment e Reconhecimento de Receita como os PAAs mais

reportados pelas firmas de auditoria nas empresas da amostra. Em relação aos

aspectos estruturais e técnicos da NBC TA 701, observou-se que os auditores

vem se adequando bem à aplicabilidade da norma, deixando apenas de

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cumprir em casos em casos de não divulgação dos PAAs. Constatou-se ainda,

que grupos de contas significativos, numericamente, não foram reportados

como PAAs.

Ainda sobre os resultados da pesquisa, não foi possível avaliar se os

assuntos apontados como PAAs foram escolhidos dentre os assuntos

reportados à governança pela auditoria, conforme orientado pela NBC TA 701.

Nesse sentido, tem-se uma limitação para o trabalho, diante da impossibilidade

de avaliação desse aspecto somente pelo relatório do auditor.

Desse modo, como sugestão de pesquisas futuras sugere-se realizar

estudos de caso que acompanhem todo o processo dos trabalhos de auditoria

avaliando se os PAAs escolhidos para serem publicados nos relatórios são

realmente significativos e, se existe algum assunto que deveria ser publicado

como PAA e pelo julgamento do auditor, não ocorreu.

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