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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO PARÁ PROCURADORIA REGIONAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUIZA FEDERAL DA 2ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARÁ ACP nº 0024627-86.2013.4.01.3900 (Distribuição por Dependência) PA n o 1.23.000.002991/2018-42 O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do Procurador da República subscritor, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, com fulcro no art. 129, II e III da Constituição Federal, no art. 5º, V, a da Lei Complementar n° 75/93, bem como nos dispositivos pertinentes da Lei nº 7.347/85, vem perante Vossa Excelência promover o presente CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE SENTENÇA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA em face da UNIÃO , pessoa jurídica de direito público interno, representada, nos termos do art. 131 da Constituição Federal, do art. 75, I do Código de Processo Civil e da Lei Complementar nº 73/93, pela Advocacia Geral da União – AGU, que, no Estado do Pará, está localizada na Av. Boulevard Castilho França, nº 708, 4º, 5º e 6º andares do Ed. Banco Central, Comércio, Belém/PA; da UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA , autarquia federal, pessoa jurídica de direito público interno, representada, nos termos do art. 131 da Constituição Federal, do art. 75, IV do Código de Processo Civil, dos art. 2º, §3º e 17, I da Lei Complementar nº 73/93 e da Lei nº 10.480/02, pela Procuradoria Federal junto à UFPA, órgão vinculado à AGU, que, no Estado do Pará, está localizada na Rua Augusto Corrêa, 1 – UFPA – Prédio da Reitoria – 3º andar – CEP 66075-900; www.mpf.mp.br/pa

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA NO PARÁ

PROCURADORIA REGIONAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO

EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUIZA FEDERAL DA 2ª VARA FEDERAL DA SEÇÃOJUDICIÁRIA DO PARÁ

ACP nº 0024627-86.2013.4.01.3900 (Distribuição por Dependência)PA no 1.23.000.002991/2018-42

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do Procurador da

República subscritor, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, com fulcro no art. 129, II e

III da Constituição Federal, no art. 5º, V, a da Lei Complementar n° 75/93, bem como nos dispositivos

pertinentes da Lei nº 7.347/85, vem perante Vossa Excelência promover o presente

CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE SENTENÇA

EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA

em face da UNIÃO, pessoa jurídica de direito público interno, representada, nos termos do art. 131 da

Constituição Federal, do art. 75, I do Código de Processo Civil e da Lei Complementar nº 73/93, pela

Advocacia Geral da União – AGU, que, no Estado do Pará, está localizada na Av. Boulevard Castilho

França, nº 708, 4º, 5º e 6º andares do Ed. Banco Central, Comércio, Belém/PA;

da UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA, autarquia federal, pessoa jurídica de direito

público interno, representada, nos termos do art. 131 da Constituição Federal, do art. 75, IV do Código

de Processo Civil, dos art. 2º, §3º e 17, I da Lei Complementar nº 73/93 e da Lei nº 10.480/02, pela

Procuradoria Federal junto à UFPA, órgão vinculado à AGU, que, no Estado do Pará, está localizada

na Rua Augusto Corrêa, 1 – UFPA – Prédio da Reitoria – 3º andar – CEP 66075-900;

www.mpf.mp.br/pa

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do ESTADO DO PARÁ, pessoa jurídica de direito público interno, representado, nos termos do art.

132 da Constituição Federal e do art. 75, II do Código de Processo Civil, pela Procuradoria-Geral do

Estado do Pará – PGE/PA, com sede nesta Capital, na Rua dos Tamoios, nº 1671, Batista Campos; e

do MUNICÍPIO DE BELÉM, pessoa jurídica de direito público interno, representado, nos termos do

art. 132 da Constituição Federal, do art. 75, III do Código de Processo Civil e do art. 21, §2º da Lei

municipal nº 9.403/18, pela Procuradoria-Geral do Município de Belém – PGM/Belém, com sede

nesta Capital, na Travessa Primeiro de Março, 424, Campina – CEP – 66015-052,

tendo em vista a prolação de sentença definitiva de mérito por este MM. Juízo Federal, com

confirmação de tutela provisória, para condenar os Réus às seguintes obrigações:

Por todas essas razões, ratifico a decisão antecipatória dos efeitos da tutela, e,

com arrimo no art. 487, I, do CPC, julgo parcialmente procedentes os pedidos

elencados na inicial para determinar:

a) À UNIÃO que forneça todos os medicamentos e suplementos alimentares

necessários ao tratamento dos pacientes portadores de fibrose cística no âmbito do

Sistema Único de Saúde no Estado do Pará, na quantidade e frequência suficientes

a atender a demanda dos pacientes;

b) À UFPA, que garanta, por meio do Hospital Universitário João de Barros

Barreto, a execução regular do serviço de disponibilização dos medicamentos e

suplementos alimentares necessários ao tratamento dos pacientes portadores de

fibrose cística no âmbito do Sistema Único de Saúde no Estado do Pará, na

quantidade e frequência suficientes a atender a demanda de pacientes, nos termos

da fundamentação.

c) Ao ESTADO DO PARÁ, que disponibilize aos pacientes portadores de Fibrose

Cística das redes estadual conveniada ao Sistema Único de Saúde os EXAMES DE

ROTINA necessário ao acompanhamento clínico da patologia, na quantidade e

frequência suficientes a atender a demanda dos pacientes, (Teste do Suor, Teste

SWAB, Teste do Escarro ou qualquer outro de mesma finalidade);

Nos termos do celebrado em 22/03/2017, deve a UFPA garantir fornecimento

constante do serviço de diagnóstico da fibrose cística e acompanhamento clínico

dos pacientes portadores da moléstia, mediante a realização dos exames para esse

fim (Teste do Suor, Teste SWAB, Teste do Escarro ou qualquer outro com de mesma

finalidade), na quantidade e frequência e suficientes a atender a demanda de

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pacientes, junto ao Hospital Universitário João de Barros Barreto.

Nesse contexto, nos termos do art. 1.012 do Código de Processo Civil:

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos

imediatamente após a sua publicação a sentença que:

V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;

§ 2º Nos casos do § 1º, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento

provisório depois de publicada a sentença.

Nota-se, portanto, que a sentença prolatada nos autos da ACP 0024627-

86.2013.4.01.3900 tem eficácia imediata, devendo ser cumprida por todas as partes, o que ora se

requer.

I – DOS DOCUMENTOS ESSENCIAIS

Os documentos essenciais ao cumprimento provisório da sentença foram elencados no

art. 533, parágrafo único, do Código de Processo Civil:

Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição

dirigida ao juízo competente.

Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será acompanhada de

cópias das seguintes peças do processo, cuja autenticidade poderá ser certificada

pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal:

I - decisão exequenda;

II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;

III - procurações outorgadas pelas partes;

IV - decisão de habilitação, se for o caso;

V - facultativamente, outras peças processuais consideradas necessárias para

demonstrar a existência do crédito.

Por tal motivo, o MPF apresenta nesta oportunidade cópia de todas as decisões

prolatadas nos autos originários, extraídas diretamente do sítio eletrônico do Tribunal Regional

Federal na 1a Região, bem como demais documentos constantes nos autos que demonstram o

descumprimento da decisão por parte da UNIÃO e da UFPA.

Registra-se que fica dispensada a apresentação de procurações, tendo em vista que a

representação judicial das partes decorre de Lei e da Constituição, motivo pelo qual seus presentantes

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não necessitam de instrumento de mandato.

Quanto à certidão de interposição de recurso não dotado de efeito suspensivo, tendo

em vista a urgência da execução da sentença, o MPF requer nesta oportunidade a concessão do prazo

de 15 dias para sua apresentação. Ressalta-se que a expedição da mencionada certidão já foi

requerida nos autos originários.

II – DO DESCUMPRIMENTO DA SENTENÇA

Nos autos originários, este MM. Juízo Federal determinou ao Senhor Oficial de Justiça

a realização de diligência para verificar os estoques de medicamentos do Hospital Universitário João

de Barros Barreto. Consta naqueles autos Relatório de Inspeção (anexado aos presentes autos) em que

se relata:

De acordo com informações da Sra. Júlia S. Souza Reis:

1. Os medicamentos constantes da Tabela nº 1 são de responsabilidade do

Município de Belém e são “medicamentos básicos”, isto é, não específicos da

fibrose cística;

2. Os medicamentos constantes da Tabela nº 02, que vinham sendo fornecidos

pela Secretaria de Saúde do Estado do Pará (SESPA), segundo informações da

referida Secretaria, serão repassados apenas enquanto durar o estoque em

virtude de decisão judicial que transfere a responsabilidade do fornecimento

para a União;

3. Referidos medicamentos são dispensados para os pacientes mês a mês.

Isto posto, nada mais havendo, devolvo o presente Mandado à Secretaria

competente para os ulteriores de direito.

O referido é verdade e dou fé.

Belém/PA, 13 de março de 2019.

RENATO DA CRUZ XERFAN

OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL

MATRÍCULA PA 1000705

Veja-se o conteúdo da Tabela nº 02, mencionada no Relatório:

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Destaca-se que também compareceram a esta Procuradoria da República, no dia

27/05/2019, e mães de

pacientes diagnosticados com Fibrose Cística e tratados no âmbito do Sistema Único de Saúde. Em

sua manifestação (DIGI-DENÚNCIA 20190039088/2019 – PR-PA-00024419/2019, anexada aos

autos), ambas relatam:

QUE vem ocorrendo a falta da medicação para tratamento de fibrose cística, de

nome ALFADORNASE 2,5 MG, bem como o suplemento alimentar de nome

FORTINI, conforme informação constante do recibo de dispensação de

medicamento (anexo); QUE ao comparecer ao Hospital Barros Barreto, em

21/03/2019 foi-lhe negado suplemento FORTINI, e, posteriormente, em

23/05/2019, foi-lhe negada a medicação ALFADORNASE 2,5 MG por não

constar em estoque, o que prejudica também todas as pessoas que fazem o mesmo

tratamento; QUE desde dezembro/2018 outras medicações para tratamento da

citada enfermidade também estão em falta, bem como suplementos alimentares

necessários ao tratamento, mesmo após ter havido sentença, em abril/2017, nos

autos do processo 24627-86.2013.4.01.3900, de autoria deste MPF (PA

1.23.000.001348/2012-4), que determinou que a "União forneça todos os

medicamentos e suplementos alimentares necessários ao tratamento dos pacientes

portadores de fibrose cística no âmbito do Sistema Único de Saúde no Estado do

Pará, na quantidade e frequência suficientes a atender a demanda de pacientes";

QUE solicitam a intervenção deste parquet a fim de que a decisão judicial seja

cumprida e que sejam fornecidos todos os medicamentos necessários, por meio de

compra EMERGENCIAL, uma vez que a denunciante teme que o procedimento de

compra regular demore meses; QUE vários pacientes que estão sendo lesados pela

falta dos medicamentos e suplementos estão comunicando o fato perante a DPU,

motivo pelo qual a denunciante pede que este MPF solicite a documentação lá

entregue por vários outros pacientes, que acusam a falta de outros remédios além

dos mencionados na presente representação.

Consta nos autos ainda NOTA TÉCNICA Nº 48/2019-CGEAF/DAF/SCTIE/MS

(anexada), expedida pela Coordenação-Geral do Componente Especializado da Assistência

Farmacêutica, órgão que integra a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do

Ministério da Saúde. Referido documento esclarece a distinção dos grupos de responsabilidade

regulamentar dos entes federados no contexto do Componente Especializado da Assistência

Farmacêutica.

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Referida distinção foi estabelecida pelo art. 49 do Anexo XXVIII da Portaria de

Consolidação MS/GM nº 02/2017 (Art. 3º da Portaria MS/GM no 1.554/2013):

Art. 49. Os medicamentos que fazem parte das linhas de cuidado para as doenças

contempladas neste Componente estão divididos em três grupos conforme

características, responsabilidades e formas de organização distintas:

I - Grupo 1: medicamentos sob responsabilidade de financiamento pelo

Ministério da Saúde, sendo dividido em:

a) Grupo 1A: medicamentos com aquisição centralizada pelo Ministério da

Saúde e fornecidos às Secretarias de Saúde dos Estados e Distrito Federal, sendo

delas a responsabilidade pela programação, armazenamento, distribuição e

dispensação para tratamento das doenças contempladas no âmbito do

Componente Especializado da Assistência Farmacêutica; e

b) Grupo 1B: medicamentos financiados pelo Ministério da Saúde mediante

transferência de recursos financeiros para aquisição pelas Secretarias de Saúde

dos Estados e Distrito Federal sendo delas a responsabilidade pela programação,

armazenamento, distribuição e dispensação para tratamento das doenças

contempladas no âmbito do Componente Especializado da Assistência

Farmacêutica;

II - Grupo 2: medicamentos sob responsabilidade das Secretarias de Saúde dos

Estados e do Distrito Federal pelo financiamento, aquisição, programação,

armazenamento, distribuição e dispensação para tratamento das doenças

contempladas no âmbito do Componente Especializado da Assistência

Farmacêutica; e

III - Grupo 3: medicamentos sob responsabilidade das Secretarias de Saúde do

Distrito Federal e dos Municípios para aquisição, programação, armazenamento,

distribuição e dispensação e que está estabelecida em ato normativo específico

que regulamenta o Componente Básico da Assistência Farmacêutica.

Feitos tais esclarecimentos, a Nota Técnica informa:

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Complementa, ainda, quanto à responsabilidade regulamentar pela aquisição dos

medicamentos:

Nesse contexto, verifica-se dos documentos ora juntados que a União nega-se a

fornecer quaisquer medicamentos que constem no Grupo 1A do Componente Especializado da

Assistência Farmacêutica. Destaque-se que o MPF já ajuizou Ação Civil Pública para compelir a

União a fornecer medicamentos constantes deste grupo em virtude de omissão no cumprimento de seu

dever, tendo este MM. Juízo Federal concedido parcialmente a tutela provisória requerida.

Também se verifica que o Estado do Pará deixou de adquirir medicamentos

constantes no Grupo 1B do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, que são de sua

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responsabilidade, alegando (equivocadamente) que a sentença prolatada por este MM Juízo Federal

transferiu a responsabilidade do fornecimento para a União.

Em meio à omissão das partes, os pacientes diagnosticados com Fibrose Cística e

tratados pelo Sistema Único de Saúde correm risco iminente de morte.

Cabe destacar que a fundamentação da sentença condenatória é clara em consignar a

SOLIDARIEDADE entre os entes federados no fornecimento de medicamentos:

É, portanto, responsabilidade do Estado, enquanto poder público (União, Estado,

Distrito Federal e Município), garantir aos cidadãos o fornecimento de

medicamentos e/ou tratamentos de saúde necessários à garantia do direito à

saúde.

A divisão administrativa de atribuições estabelecida pela Lei 8.080/1990 não

possui o condão de restringir a responsabilidade solidária da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios, mas serve apenas como parâmetro da

repartição do ônus financeiro da atuação estatal.

Nesse sentido, aliás, o Supremo Tribunal Federal fixou Tese de Repercussão Geral

no julgamento de Embargos de Declaração no Recurso Extraordinário nº 855.178 (Tema 793), no

último dia 22/05/2019:

Os entes da federação, em decorrência da competência comum, são

solidariamente responsáveis nas demandas prestacionais na área da saúde, e

diante dos critérios constitucionais de descentralização e hierarquização, compete

à autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as regras de

repartição de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o

ônus financeiro.

Nesse contexto, cabe relembrar o dispositivo da sentença prolatada nos autos da ACP

0024627-86.2013.4.01.3900 e cujo cumprimento ora se requer:

Por todas essas razões, ratifico a decisão antecipatória dos efeitos da tutela, e,

com arrimo no art. 487, I, do CPC, julgo parcialmente procedentes os pedidos

elencados na inicial para determinar:

a) À UNIÃO que forneça todos os medicamentos e suplementos alimentares

necessários ao tratamento dos pacientes portadores de fibrose cística no âmbito

do Sistema Único de Saúde no Estado do Pará, na quantidade e frequência

suficientes a atender a demanda dos pacientes;

Verifica-se, desse modo, que está a União obrigada pela sentença definitiva de mérito

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em pleno vigor a fornecer TODOS os medicamentos e suplementos alimentares necessários,

independentemente da existência de repartição administrativa de competências relativas a sua

aquisição.

Os regulamentos expedidos pelo Ministério da Saúde não podem, por óbvio, servir de

justificativa para o descumprimento da sentença proferida nestes autos, especialmente porque o

referido julgado, na linha da jurisprudência pretoriana, impôs à União obrigação solidária de garantia

de regularidade do fornecimento dos medicamentos.

Ainda mais no caso em apreço, em que a União é responsável também pelo

financiamento dos medicamentos integrantes do Grupo 1B do Componente Especializado da

Assistência Farmacêutica, não é possível ao ente central eximir-se do cumprimento do mandamento

judicial.

III – DA EFETIVAÇÃO DA TUTELA JURISDICIONAL

Conforme relatado, a União tem sistematicamente se omitido no cumprimento da

obrigação imposta por sentença no sentido de fornecer todos os medicamentos e suplementos

alimentares necessários ao tratamento dos pacientes portadores de fibrose cística no âmbito do Sistema

Único de Saúde no Estado do Pará, na quantidade e frequência suficientes a atender a demanda dos

pacientes.

Não bastasse isso, também é sabido que a UNIÃO tem sistematicamente se omitido

no cumprimento de decisões judiciais, deixando de adquirir e fornecer medicamentos ainda após a

determinação do juízo, como se verifica em consultas à jurisprudência dos diversos tribunais regionais

e também do Superior Tribunal de Justiça.

Nesse contexto, impõe-se ao Poder Judiciário a adoção de medidas coercitivas que

garantam a efetivação da tutela jurisdicional pretendida, como, aliás, estabelecido pelo Código de

Processo Civil:

Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar

adequadas para efetivação da tutela provisória.

Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas

referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber.

Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada

mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra

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alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do

direito.

Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer,

o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou

determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo

resultado prático equivalente.

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de

obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a

requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de

tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas

necessárias à satisfação do exequente.

(grifos nossos)

Cabe destacar que não há vedação legal à aplicação de medidas coercitivas para a

garantia da execução de tutela específica imposta à Fazenda Pública, de modo que o juízo está

autorizado a determinar qualquer medida que se mostre necessária à efetivação da tutela

jurisdicional.

3.1. Da possibilidade de fixação de astreintes contra a Fazenda Pública

Dentre as medidas constritivas disponíveis para a efetivação da tutela específica,

destaca-se inicialmente a possibilidade de fixação de multa cominatória (astreintes), com fundamento

no art. 536, §1o do Código de Processo Civil:

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de

obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a

requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de

tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas

necessárias à satisfação do exequente.

§ 1º Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre

outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção

de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade

nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial.

(grifos nossos)

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Conforme já destacado, a Lei não exclui a Fazenda Pública quando estabelece a

possibilidade de tutela específica, inclusive por meio da fixação de astreintes, o que autoriza dua

aplicação em consideração à urgência e à essencialidade do direto ora tratado, tal qual é o direito

constitucional à saúde. Nesse sentido fixou-se a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,

conforme decidido no julgamento do Resp-Repetitivo 1474665/RS, sob a sistemática do art. 543-C,

§7º do Código de Processo Civil de 1973 (art. 976 do Novo CPC):

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE

CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC/1973. AÇÃO ORDINÁRIA DE

OBRIGAÇÃO DE FAZER. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO

PARA O TRATAMENTO DE MOLÉSTIA. IMPOSIÇÃO DE MULTA

DIÁRIA (ASTREINTES) COMO MEIO DE COMPELIR O

DEVEDOR A ADIMPLIR A OBRIGAÇÃO. FAZENDA PÚBLICA.

POSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO DO CONTEÚDO NORMATIVO

INSERTO NO § 5º DO ART. 461 DO CPC/1973. DIREITO À SAÚDE E À

VIDA.

1. Para os fins de aplicação do art. 543-C do CPC/1973, é mister delimitar o

âmbito da tese a ser sufragada neste recurso especial representativo de

controvérsia: possibilidade de imposição de multa diária (astreintes) a ente

público, para compeli-lo a fornecer medicamento à pessoa desprovida de

recursos financeiros.

2. A função das astreintes é justamente no sentido de superar a

recalcitrância do devedor em cumprir a obrigação de fazer ou de não

fazer que lhe foi imposta, incidindo esse ônus a partir da ciência do

obrigado e da sua negativa de adimplir a obrigação voluntariamente.

3. A particularidade de impor obrigação de fazer ou de não fazer à

Fazenda Pública não ostenta a propriedade de mitigar, em caso de

descumprimento, a sanção de pagar multa diária, conforme prescreve o

§ 5º do art. 461 do CPC/1973. E, em se tratando do direito à saúde, com

maior razão deve ser aplicado, em desfavor do ente público devedor, o

preceito cominatório, sob pena de ser subvertida garantia fundamental.

Em outras palavras, é o direito-meio que assegura o bem maior: a vida.

Precedentes: AgRg no AREsp 283.130/MS, Relator Ministro Napoleão

Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 8/4/2014;

REsp 1.062.564/RS, Relator Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJ de

23/10/2008; REsp 1.062.564/RS, Relator Ministro Castro Meira, Segunda

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Turma, DJ de 23/10/2008; REsp 1.063.902/SC, Relator Ministro Francisco

Falcão, Primeira Turma, DJ de 1/9/2008; e AgRg no REsp 963.416/RS,

Relatora Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJ de 11/6/2008.

4. À luz do § 5º do art. 461 do CPC/1973, a recalcitrância do devedor

permite ao juiz que, diante do caso concreto, adote qualquer medida que se

revele necessária à satisfação do bem da vida almejado pelo jurisdicionado.

Trata-se do "poder geral de efetivação", concedido ao juiz para dotar de

efetividade as suas decisões. 5. A eventual exorbitância na fixação do valor

das astreintes aciona mecanismo de proteção ao devedor: como a cominação

de multa para o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer tão

somente constitui método de coerção, obviamente não faz coisa julgada

material, e pode, a requerimento da parte ou ex officio pelo magistrado, ser

reduzida ou até mesmo suprimida, nesta última hipótese, caso a sua

imposição não se mostrar mais necessária.

Precedentes: AgRg no AgRg no AREsp 596.562/RJ, Relator Ministro Moura

Ribeiro, Terceira Turma, DJe 24/8/2015; e AgRg no REsp 1.491.088/SP,

Relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, DJe 12/5/2015.

6. No caso em foco, autora, ora recorrente, requer a condenação do Estado

do Rio Grande do Sul na obrigação de fornecer (fazer) o medicamento

Lumigan, 0,03%, de uso contínuo, para o tratamento de glaucoma primário

de ângulo aberto (C.I.D. H 40.1). Logo, é mister acolher a pretensão

recursal, a fim de restabelecer a multa imposta pelo Juízo de primeiro grau

(fls. 51-53).

7. Recurso especial conhecido e provido, para declarar a possibilidade

de imposição de multa diária à Fazenda Pública.

Acórdão submetido à sistemática do § 7º do artigo 543-C do Código de

Processo Civil de 1973 e dos arts. 5º, II, e 6º, da Resolução STJ n.

08/2008.

(REsp 1474665/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA

SEÇÃO, julgado em 26/04/2017, DJe 22/06/2017)

(grifos nossos)

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3.2. Da possibilidade da fixação de multa pessoal ao agente público

Ainda, cabível também o é, em nome da eficácia do decisum e da relevância do tema

discutido, a fixação de multa pessoal ao agente público responsável pela condução da máquina, uma

vez que, se o serviço não vem funcionando como deveria, o agente público possui parcela de culpa e

deve ser responsabilizado em caso de inércia frente ao mandamento judicial. Desse modo entendeu

esta própria Seção Judiciária do Pará, consoante é possível observar no trecho extraído da decisão do

Excelentíssimo Senhor Juiz Federal Arthur Pinheiro Chaves, exarada nos autos do processo no

2008.39.00.006479-9, que tramita perante a 1ª Vara Federal da SJ/PA:

“(...) Ante o exposto, presentes os requisitos, DEFIRO O PEDIDO DE

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA para determinar que a UNIÃO, o

ESTADO DO PARÁ e o Município de Belém, no prazo de 15 (quinze)

dias, garantam, aos menores JARDEL LEÃO FEITOSA e JOSÉ

HENRIQUE RODRIGUES DE LIMA, o fornecimento ininterrupto, até o

final decisão, dos medicamentos denominados Insulina Glargina e Insulina

Lispro ou Aspart, as agulhas descartáveis da caneta e fitas reagentes de

glicosímetro, nas quantidades prescritas pelos médicos, bem como, a

TODOS que deles necessitarem, o fornecimento ininterrupto, até final

decisão, de TODOS OS MEDICAMENTOS E MATERIAIS destinados ao

adequado e eficiente tratamento de pacientes diabéticos, em quantidade e

qualidade necessários, de acordo com a respectiva prescrição médica.

Estabeleço multa diária no valor de R$10.000,00 (dez mil reais), a ser

revertido em favor dos doentes de diabetes na rede pública de saúde do

ESTADO DO PARÁ, na forma do art. 461, §5º do CPC (astreintes), bem

como multa pessoal aos Srs. Secretário de Saúde do ESTADO DO PARÁ

e Secretário de Saúde do Município de Belém, em caso de

descumprimento da presente decisão, no prazo de 15 (quinze dias), no

valor de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa (art. 14, V e

parágrafo único do CPC). (...)”.

3.3. Da possibilidade do bloqueio de valores de contas públicas por meio do BACEN/JUD para a

efetivação de tutela específica

Por outro lado, também se afigura possível o bloqueio de valores diretamente de

contas públicas, por meio do convênio BACEN/JUD, com fundamento no poder geral de efetivação

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das tutelas jurisdicionais e aplicando-se o procedimento específico à execução de dívidas de valor:

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,

incumbindo-lhe:

IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais

ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem

judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;

(grifos nossos)

Nesse sentido, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do

Resp-Repetitivo 1.069.810/RS, fixou o entendimento de que é possível o bloqueio de verbas

públicas diretamente de contas de entes federados para a efetivação de tutela jurisdicional que

determine o fornecimento de medicamentos:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.

ADOÇÃO DE MEDIDA NECESSÁRIA À EFETIVAÇÃO DA TUTELA

ESPECÍFICA OU À OBTENÇÃO DO RESULTADO PRÁTICO

EQUIVALENTE. ART. 461, § 5o. DO CPC. BLOQUEIO DE VERBAS

PÚBLICAS. POSSIBILIDADE CONFERIDA AO JULGADOR, DE

OFÍCIO OU A REQUERIMENTO DA PARTE. RECURSO ESPECIAL

PROVIDO. ACÓRDÃO SUBMETIDO AO RITO DO ART. 543-C DO

CPC E DA RESOLUÇÃO 08/2008 DO STJ.

1. Tratando-se de fornecimento de medicamentos, cabe ao Juiz adotar

medidas eficazes à efetivação de suas decisões, podendo, se necessário,

determinar até mesmo, o sequestro de valores do devedor (bloqueio),

segundo o seu prudente arbítrio, e sempre com adequada fundamentação.

2. Recurso Especial provido. Acórdão submetido ao regime do art.

543-C do CPC e da Resolução 08/2008 do STJ.

(REsp 1069810/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,

PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2013, DJe 06/11/2013)

(grifos nossos)

Justifica-se desse modo a efetivação da tutela específica por todos os meios

possíveis.

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IV - DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Ante o exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requerer a Vossa

Excelência:

4.1. a autuação e a distribuição do presente Cumprimento Provisório de

Sentença de Ação Civil Pública, por dependência à ACP nº 0024627-

86.2013.4.01.3900, à 2ª Vara Federal da Seção Judiciária do Pará, com a

apensação do Procedimento Administrativo no 1.23.000.002991/2018-42 e

a juntada dos demais documentos que seguem anexados;

4.2. a concessão do prazo de 15 dias para a juntada de certidão de

interposição de recurso não dotado de efeito suspensivo, já requerida nos

autos do processo originário, considerando-se a urgência que o caso requer;

4.3. a dispensa do pagamento das custas, emolumentos e outros encargos,

tendo em vista o disposto no art. 18 da Lei n° 7.347/85;

4.4. a intimação da DPU para, querendo, integrar o feito, tendo em vista sua

condição de assistente litisconsorcial do autor da Ação Civil Pública

originária;

4.5. a citação dos Réus para integrar o feito, por meio de sua representação

judicial, já indicada na parte preambular desta petição;

4.6. a notificação da UNIÃO, na pessoa do Coordenador-Geral de Gestão de

Demandas Judiciais em Saúde – CGJUD/MS, e da UNIVERSIDADE

FEDERAL DO PARÁ – UFPA, na pessoa do seu Reitor, para dar

cumprimento integral e imediato à sentença definitiva de mérito, com

confirmação de tutela provisória, para:

4.6.1. que a UNIÃO forneça todos os medicamentos e suplementos

alimentares necessários ao tratamento dos pacientes portadores de fibrose

cística no âmbito do Sistema Único de Saúde no Estado do Pará, na

quantidade e frequência suficientes a atender a demanda dos pacientes;

4.6.2. que a UFPA garanta, por meio do Hospital Universitário João de

Barros Barreto, a execução regular do serviço de disponibilização dos

medicamentos e suplementos alimentares necessários ao tratamento dos

pacientes portadores de fibrose cística no âmbito do Sistema Único de Saúde

no Estado do Pará, na quantidade e frequência suficientes a atender a

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demanda de pacientes, nos termos da fundamentação;

4.6.3. que a UNIÃO e a UFPA comprovem, no prazo de 72h (setenta e duas

horas) o devido cumprimento da sentença;

4.7. em caso de descumprimento da sentença definitiva de mérito, adotar

todas as medidas executivas que se mostrarem necessárias para garantir a

efetivação da tutela jurisdicional, incluindo, mas não se restringindo:

4.7.1. à cominação de MULTA DIÁRIA individual a cada um dos Réus, no

valor de R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS) por paciente desatendido;

4.7.2. à fixação de MULTA PESSOAL ao Ministro de Estado da Saúde e

ao Reitor da UFPA;

4.7.3. à determinação do BLOQUEIO PREVENTIVO, por meio do

sistema BACEN/JUD, da quantia de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais),

da Conta Única do Tesouro Nacional, para garantir o financiamento e a

aquisição dos medicamentos indicados no item 4.6.1, supra, ainda que

executada por outro Réu, sem prejuízo da efetivação de novos bloqueios caso

tal providência se mostre necessária;

4.7.4. à designação de audiência de conciliação, com a consequente

notificação para comparecimento:

4.7.4.1. do MPF e da DPU;

4.7.4.2. da UNIÃO, com a presença de Advogado da União e do Secretário

de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos – SCTIE, preferencialmente,

ou de representante do Ministério de Estado da Saúde que tenha poderes para

transigir e condições de prestar informações qualificadas, inclusive com

participação por meio do sistema de videoconferência (carta precatória

eletrônica) com a Seção Judiciária do Distrito Federal – SJ/DF;

4.7.4.3. da UFPA, com a presença de Procurador Federal, do Reitor e de

representantes do Hospital Universitário João de Barros Barreto com

condições de prestar informações qualificadas;

4.7.4.4. do ESTADO DO PARÁ, com a presença de Procurador do Estado e

de representantes da Secretaria de Estado da Saúde com poderes para

transigir e condições de prestar informações qualificadas; e

4.7.4.5. do MUNICÍPIO DE BELÉM, com a presença de Procurador do

Município e de representantes da Secretaria de Saúde Municipal com

poderes para transigir e condições de prestar informações qualificadas;

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4.8. a produção de todas as provas em direito admitidas, incluindo mas não

se restringindo à juntada posterior de documentos, à oitiva de testemunhas,

ao depoimento pessoal de agentes públicos integrantes do Poder Executivo

dos Réus, à realização de perícias e até mesmo de inspeções judiciais que se

fizerem necessárias ao pleno conhecimento dos fatos e à garantia do efetivo

cumprimento da tutela jurisdicional já deferida; e

4.9. a condenação dos Réus ao pagamento dos ônus sucumbenciais.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Belém/PA, 30 de maio de 2019.

PAULO ROBERTO SAMPAIO ANCHIETA SANTIAGOProcurador da República

Procurador Regional dos Direitos do Cidadão

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