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. PRISCILLA ALVES MASCARENHAS SEGGES ALTERAÇÕES NA APOPTOSE E NO CICLO CELULAR E SUA MODULAÇÃO PELO SISTEMA IMUNE NO LINFOMA DE HODGKIN CLÁSSICO PEDIÁTRICO Orientadora: Prof. Dra. Rocio Hassan RIO DE JANEIRO Junho - 2014 Ministério da Saúde Instituto Nacional de Câncer Coordenação de Pós-graduação Stricto sensu

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PRISCILLA ALVES MASCARENHAS SEGGES

ALTERAÇÕES NA APOPTOSE E NO CICLO CELULAR E SUA

MODULAÇÃO PELO SISTEMA IMUNE NO LINFOMA DE HODGKIN

CLÁSSICO PEDIÁTRICO

Orientadora: Prof. Dra. Rocio Hassan

RIO DE JANEIRO

Junho - 2014

Ministério da Saúde Instituto Nacional de Câncer Coordenação de Pós-graduação Stricto sensu

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INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER

Pós-Graduação em Oncologia

PRISCILLA ALVES MASCARENHAS SEGGES

ALTERAÇÕES NA APOPTOSE E NO CICLO CELULAR E SUA MODULAÇÃO

PELO SISTEMA IMUNE NO LINFOMA DE HODGKIN CLÁSSICO PEDIÁTRICO

Tese de doutorado apresentada ao Instituto Nacional de Câncer como parte dos requisitos

para obtenção do título de Doutor em Oncologia

Orientadora: Prof. Dra. Rocio Hassan

RIO DE JANEIRO

2014

Ministério da Saúde Instituto Nacional de Câncer Coordenação de Pós-graduação Stricto sensu

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S454a Segges, Priscilla Alves Mascarenhas.

Alterações na apoptose e no ciclo celular e sua modulação pelo sistema imune no Linfoma de Hodgkin clássico pediátrico. / Priscilla Alves Mascarenhas Segges. – Rio de Janeiro, 2014.

xxi, 166 f.: il. color.

Tese (Doutorado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, 2014.

Orientador: Rocio Hassan.

1. Linfoma de Hodgkin clássico 2. Ciclo celular. 3. Apoptose 4. Nucleofosmina 5. Microambiente tumoral. I. Hassan, Rocio (orient). II. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. III. Título.

CDD 616.99446

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INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER Pós-Graduação em Oncologia

PRISCILLA ALVES MASCARENHAS SEGGES

ALTERAÇÕES NA APOPTOSE E NO CICLO CELULAR E SUA MODULAÇÃO

PELO SISTEMA IMUNE NO LINFOMA DE HODGKIN CLÁSSICO PEDIÁTRICO

ORIENTADORA: Prof. Dra. Rocio Hassan

Aprovada em: _____/_____/_____

EXAMINADORES:

Prof. Dra. Eliana Saul Furquim Werneck Abdelhay – Presidente

Prof. Dra. Claudete Esteves Klumb

Prof. Dra. Cinthya Sternberg

Prof. Dra. Carolina Panis

Prof. Dra. Luciana Pizzatti Barbosa – Suplente I

Prof. Dr. André Luis Mencalha – Suplente II

RIO DE JANEIRO

2014

Ministério da Saúde Instituto Nacional de Câncer Coordenação de Pós-graduação Stricto sensu

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Ao meu avô

João Henrique Segges

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AGRADECIMENTOS

O espaço limitado, seguramente, não me permite agradecer, como devia, a

todas as pessoas que, ao longo do meu Doutorado me ajudaram, direta ou indiretamente, a cumprir os os meus objetivos e a realizar mais esta etapa da minha formação acadêmica. Desta forma, deixo apenas algumas poucas palavras e um profundo sentimento de agradecimento.

À minha orientadora Rocio Hassan, sou grata pela amizade, enorme

paciência e pela orientação, sempre com imensurável competência, determinação e disciplina. As palavras são insuficientes para demonstrar toda minha gratidão.

Ao Dr. Gerald Niedobiteck pela confiança e pelo aprendizado nesses 7 meses em Berlim.

A Maria Gabriela, muito obrigada pelo profissionalismo, pela sincera amizade e pela total disponibilidade que sempre revelou para comigo. O seu apoio foi determinante durante toda esta jornada.

Ao Dr. Mário Barros, pelo carinho, apoio e ensinamento durante minha estadia em Berlim.

A Bianca Gama, pela ajuda nos experimentos de clonagem e sequenciamento e por todo o carinho, conselhos valiosos e risadas diárias.

A Vanessa Emmel pelo carinho, ótimo convívio no laboratório e pelos estímulos constantes.

A Dra. Renata Binato, pela amizade, pela paciência em meu ouvir sempre e pelos inúmeros conselhos científicos e pessoais.

A Lorena pela amizade e carinho sem igual, por todo o apoio na bancada, incentivo e até pelos papos furados que ajudaram muito nas árduas horas de bancada.

A Nathalia Breder (bicho) pela amizade e por todo o apoio recebido nessa fase final de elaboração da tese

A Virgínia Pires, pela amizade, por me ensinar a não desistir e por ter sido um ombro amigo em momentos críticos.

Ao Gustavo Stefanoff pelo “sim” há 8 anos atrás, por todas as “ajudinhas”, alto astral e boa vontade sempre.

A Dra. Eliana Abdelhay e a equipe do Laboratório de Células Tronco, em especial a Dra. Luciana Pizzati, pelo apoio fornecido sempre.

Ao Dr. Esteban e ao Scott VanWier por terem gentilmente cedidos os BACs utilizados nesse trabalho e pela ajuda na confecção das sondas caseiras.

Ao Dr. Marcelo Pelajo pela oportunidade de utilizar as instalações do Laboratório de Patologia (FIOCRUZ) e ao Perdro Paulo pela ajuda na realização da técnica de microscopia confocal a laser.

Ao programa de Pós-Graduação em Oncologia do Instituto Nacional do Câncer e ao CEMO, pela oportunidade de aprendizado.

A Danielle e ao Rodrigo por todo o auxílio burocrático ao longo desse trabalho.

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Ao Vladimir pelo ombro amigo e o carinho sempre de pai. A minha irmã Lauren, pelo amor, carinho, e compreensão da minha ausência. Por estar sempre disposta a me ajudar e pelo seu apoio que me conforta e me deixa mais forte para superar meus desafios. A minha mãe pela dedicação, amor e compreensão da minha ausência. Por apoiar as minhas escolhas e estar ao meu lado me encorajando nas horas difíceis e aplaudindo nos momentos de glória. Ao meu avô, João Henrique, por tudo. Pelo seu apoio incondicional na minha jornada, por ter compartilhado todas as minhas idéias e nunca duvidar das minhas escolhas. E por último mas não menos importante, aos pacientes que participaram deste trabalho, pois sem eles nenhuma dessas páginas estaria completa.

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“O que prevemos raramente ocorre; o que menos

esperamos geralmente acontece.”

(Benjamin Disraeli)

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RESUMO O linfoma de Hodgkin clássico (LHc) caracteriza-se por apresentar 1-2% de células tumorais (Hodgkin e Reed-Sternberg, H-RS), em meio de um infiltrado inflamatório. As células H-RS são caracterizadas por alterações simultâneas e ainda não bem entendidas no ciclo celular e apoptose, e uma alta dependência das células imunes infiltrantes, tendo inclusive estas alterações sido associadas ao desfecho clínico. O objetivo deste trabalho foi investigar alterações no ciclo celular e apoptose das células H-RS e a sua relação com a resposta imune local, definida pela composição do microambiente tumoral, em casos de LHc pediátricos, visando identificar cross-talks potenciais entre os dois componentes do tumor. Para isto, foram analisadas por imunohistoquímica (IHQ) os marcadores p53, p21, MDM2, nucleofosmina (NPM) H2AX, ATM, a cinética populacional (Ki-67, Histona H3, número de H-RS, uni e multinucleação), BCL2, caspase-3 (CASP3) e SURVIVINA e a fragmentação de DNA (ensaio de TUNEL) nas células H-RS, em um grupo de 87 pacientes com LHc pediátrico. Estas alterações foram analisadas em relação ao status do vírus Epstein-Barr (EBV), as sub-populações celulares do MAT e a sobrevida livre de progressão (SLP) e global (SG). Uma alta taxa de proliferação (IPC; Ki-67>50% nas H-RS) e taxa mitótica (IM; histona H3>25% nas H-RS) foram observados em 75,9% e 37,5% dos casos, sem associação com o número de células tumorais, enquanto que a expressão de p53, p21, MDM2, ATM ,H2AX, BCL2, CASP3 e SURVIVINA foram observadas em 13,4%, 69%, 83,6%, 59%, 72,7%, 56,6%, 71,4% e 52% dos casos, respectivamente. Quanto a NPM, foi identificada a expressão citoplasmática da proteína (NPMc+) em 66,2% dos casos, posteriormente confirmada por imunoflorescência e por microscopia confocal a laser. Por ser uma observação inédita no LHc, realizamos a análise mutacional em H-RS de 2 casos (NPMc+) obtidas por microdissecção e em 4 casos por subclonagem (141 subclones), mas não identificamos mutações no exon 12 do gene NPM1. A análise por FISH através de sondas não comercias não identificou alterações cromossômicas no gene NPM1. Neste estudo, a expressão de CASP3 foi um preditor independente de resposta terapêutica, com impacto na SG (P= 0,002) e SLE (P= 0,035) enquanto que a presença da NPMc+ mostrou impacto favorável na SG (P= 0,01). No grupo EBV-, associado a uma pior sobrevida, a presença da NPMc+ reverteu o impacto, sendo associada a uma melhor SG (P=0,006). Com relação ao cross-talk entre as células H-RS e as células infiltrantes, os casos com uma maior expressão de CASP3 nas H-RS exibiram menor número de células T reguladoras (FOXP3+) e linfócitos T CD3+, enquanto que um maior número de células H-RS em proliferação associaram-se com um elevado número de linfócitos CD4+ e MAF+ e um menor número de linfócitos T CD3+ e B (CD20+). A expressão de p21 associou-se a um número menor de linfócitos Th2. A NPMc+ foi correlacionada a um maior número de células dendríticas CD83+ e FOXP3+ e menor número de macrófagos tipo-M2 no MAT. Já um número maior de macrófagos tipo-M1 foi associado a uma maior taxa de apoptose nas células H-RS (proCASP3+, CASP3+ e TUNEL+). Este estudo é o primeiro a identificar a localização aberrante da proteína NPM no LHc. Além disso, a expressão de CASP3 foi capaz de predizer a resposta terapêutica na doença pediátrica. Nossos resultados também sugerem a existência de um cross-talk entre as células imunes e as proliferação e apoptose das células H-RS, que, pode explicar em parte o desfecho clínico associado a algumas populações infiltrantes no LHc pediátrico.

Palavras chaves : Linfoma de Hodgkin clássico (LHc), ciclo celular, apoptose, nucleofosmina, microambiente tumoral.

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ABSTRACT

Classical Hodgkin lymphoma (cHL) is a B-cell neoplasm characterized by two components, the malignant (Hodgkin-Reed-Sternberg, H-RS) cells which comprise 1-2% of the tumor mass, and an intense inflammatory infiltrate, the tumor microenvironment. H-RS cells exhibit simultaneous alterations in cell cycle and apoptosis and a strong dependence on infiltrating immune cells. The objective of this study was to investigate alterations of H-RS cell cycle and apoptosis and their relationship with the local immune response, defined by the TME composition, aiming to identify a potential cross-talk between the two components of the tumor, in a series of pediatric cHL. For this, different markers were analyzed by immunohistochemistry (IHC), such as H-RS population kinetics (Ki-67, histone H3, number of H-RS, uni and multinucleation), p53, p21, MDM2, nucleophosmin (NPM), pH2AX, pATM, BCL2, caspase-3 (CASP3), survivin and DNA fragmentation (TUNEL assay) in H-RS cells. These results were analyzed in respect of Epstein-Barr virus (EBV) status, TME cell subpopulations and survival. A high proliferation rate (IPC; Ki-67>50% in H- RS) and mitotic rate (IM; histone H3>25% in H-RS) were seen in 75.9% and 37.5% of cases, without association with the number of tumor cells, while the expression of p53, p21, MDM2, ATM, H2AX, BCL2, CASP3, and SURVIVIN were seen in 13.4%, 69%, 83.6 %, 59%, 72.7%, 56.6%, 71.4% and 52% of cases, respectively. NPM was aberrantly localized to the cytoplasm (NPMc+) in 66.2% of cases, confirmed by immunofluorescence and confocal laser scanning microscopy. In order to disclose the causes of the aberrant localization, exon 12 mutation analysis was performed from H-RS microdissected cells (2 NPMc+ cases) and by subcloning of total DNA (4 NPMc+ cases), and no mutation were identified. FISH analysis with non-commercial probes did not identify any chromosomal translocation in the NPM1 gene. In this study, the expression of CASP3 was an independent predictor of a favorable response to treatment, with impact on overall survival (OS, P=0.002) and progression-free survival (PFS, P=0.035). The presence of NPMc+ was associated to a longer OS (P=0.01). With respect to the cross-talk between the H-RS cells and infiltrating cells, cases with increased expression of CASP3 in H-RS showed lower number of regulatory T cells (Treg, FOXP3+), while a high number of proliferating H-RS cells was associated with lower numbers of T (CD3+) and B (CD20+) lymphocytes and high numbers of CD4+ and MAF+ lymphocytes. p21 expression was associated with low numbers of Th2 lymphocytes. Cytoplasmic NPM was correlated with increased numbers of dendritic (CD83+) and Treg (FOXP3+) cells an lower numbers of M2-type macrophages. A larger number of M1 macrophages was associated with an increased rate of H-RS apoptosis (proCASP3+, CASP3+ and TUNEL+ cells). This study is the first to identify the aberrant localization of NPM protein in cHL. Furthermore, the expression of CASP3 could predict response to therapy in pediatric disease. Our results suggest the existence of a cross-talk between immune cells with the proliferation and apoptosis in the H-RS cells, which may partly explain the clinical outcome associated with some infiltrating populations in pediatric cHL.

Keywords : Classical Hodgkin lymphoma, cell cycle, apoptosis, nucleophosmin, tumor microenvironment.

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SUMÀRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................1

1.1. O Linfoma de Hodgkin Clássico.....................................................................................................1 1.2. Alterações envolvendo o ciclo celular no Linfoma de Hodgkin clássico........................................6 1.2.1 O controle da progressão do ciclo celular e o Linfoma de Hodgkin clásico ........................8 1.3. Alterações envolvendo a apoptose no Linfoma de Hodgkin clássico..........................................12 1.4. Plausiabilidade do envolvimento da nucleofosmina na patobiologia do Linfoma de Hodgkin clássico................ ...............................................................................................................................13 1.5. Prognóstico associado à proliferação e apoptose no Linfoma de Hodgkin clássico ...................18 1.6. O microambiente tumoral no Linfoma de Hodgkin clássico.........................................................19 1.7 Cross-talk entre as células de Reed-Sternberg e as células infiltrantes no Linfoma de Hodgkin clássico................................................................................................................................................24

2. OBJETIVOS .......................................... .....................................................................................26

2.1. Objetivo geral ...............................................................................................................................26 2.2. Objetivos específicos ...................................................................................................................26

3. MATERIAL E MÉTODOS................................. ..........................................................................27

3.1. Pacientes......................................................................................................................................27 3.2.Dados Clínico-Epidemiológicos............................................................................................28 3.3. Linhagens celulares e cultura de Células ....................................................................................28 3.4. Preparação de lâminas histológicas ............................................................................................28 3.5. Estudo imunohistoquímico ...........................................................................................................29

3.5.1 Construção do “Tissue Micro-Array” (TMA) ..................................................................29 3.5.2 Construção de blocos celulares a partir de linhagens celulares ...................................29 3.5.3 Imunohistoquímica (IHQ)...............................................................................................30 3.5.4 Método de Dupla Marcação ..........................................................................................31 3.5.5 Avaliação e ponto de corte.............................................................................................32 3.5.6 Estudo do microambiente tumoral.................................................................................32 3.5.7 Análise Microscópica Computacional Assistida ............................................................33

3.6. Hibridização in situ para EBER-1 (EBER-ISH).................................................................33 3.7. Avaliação da morte celular pelo ensaio de TUNEL .....................................................................35 3.8. Avaliação da proteína Nucleofosmina 1 (NPM1) no LHc.............................................................36

3.8.1 Imunofluorescência aplicada a tecidos impregnados em parafina-FFPE......................36 3.8.2 Análise através de microscopia confocal .......................................................................38 3.8.3 Análise da expressão proteica da NPM em linhagens derivadas de LHc ....................38 3.8.4 Hibridização in situ Fluorescente (FISH) .......................................................................40 3.8.4.1 Confecção das sondas para o gene NPM1.............................................................41 3.8.4.2 Extração de BACs em Grande Escala (Maxiprep) ..................................................42 3.8.4.3 Marcação do DNA e preparação das sondas não comerciais ................................43 3.8.4.4 Avaliação da especificidade das sondas.................................................................43 3.8.5 Análise de mutações no gene NPM1...............................................................................44 3.8.5.1 Extração de DNA....................................................................................................44 3.8.5.2 Microdissecção a laser ...........................................................................................45 3.8.5.3 Extração de DNA das células H-RS e amplificação genômica ..............................45 3.8.5.4 Análise mutacional do gene NPM1 ........................................................................46 3.8.5.5 Sequenciamento automático de DNA ....................................................................47 3.8.6 Análise da expressão gênica da NPM ............................................................................49

3.9 Definições de desfecho clínico......................................................................................................51

3.10 Análise Estatística .......................................................................................................................51

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4. RESULTADOS ........................................ ..................................................................................56

4.1 Caracteristicas Epidemiologicas e Clínico-laboratorias ................................................................56 4.2 Resposta ao tratamento e sobrevida do grupo estudado .............................................................58 4.3 Caractrização das alterações no ciclo celular e nas célilas H-RS ................................................59 4.4 Caracterização do envolvimento da proteína NPM na patobiologia do LHc ................................69

4.4.1 Caracterização da alteração na localização sub-celular da NPM no LHc ..........................71 4.4.1.1 Confirmação da localização celular da NPM...............................................................71 4.4.1.2 Análise de anormalidades cromossômicas no gene ...................................................76 4.4.1.3 Análise de mutações no gene NPM1 ..........................................................................80 4.4.1.4 Análise dos níveis de expressão gênica de NPM1 .....................................................84 4.4.1.5 Análise da expressão de NPM em linhagens celulares de LHc ..................................85

4.5 Caracterização das alterações apoptóticas nas células H-RS .....................................................90 4.6 Correlação entre as alterações no ciclo celular e na apoptose com a resposta terapêutica no linfoma de Hodgkin clássico................................................................................................................94 4.7 Descrição do microambiente tumoral no grupo estudado ............................................................99 4.7.1Células mieloídes no LHc pediátrico: linhagem monocítica, macrófagos e células dendríticas.......... ...............................................................................................................................101 4.8 Associação entre as alterações no ciclo celular e a apoptose nas células de Hodgkin-Reed Sternberg e a composição do MAT no LHc pediátrico......................................................................106 4.8.1 Populações linfócitarias .....................................................................................................106 4.8.2 Associações entre monócitos, macrófagos e células dendríticas do MAT e marcadores nas células H-RS ................................................................................................................................... 111

5. DISCUSSÃO ............................................................................................................................115

6. CONCLUSÃO.......................................... .................................................................................143

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................... ...............................................................145

8. ANEXOS...................................................................................................................................165

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Tabela de anticorpos primários utilizados na técnica de Western Blot...........................................................................................................................39

Tabela 3.2 Ensaios utilizados para PCR em tempo real quantitativo......................50

Tabela 3.3 Anticorpos utilizados na caracterização imunohistoquímica das células neoplásicas e inflamatórias do microambiente tumoral do linfoma de Hodgkin clássico.....................................................................................................................53

Tabela 3.4 Tabela de iniciadores utilizados neste trabalho.....................................55

Tabela 4.1 Características epidemiológicas, clínico-laboratóriais e associação com o vírus EBV no grupo de pacientes com LHc pediátrico..........................................57

Tabela 4.2 Descrição da caracterização das alterações no ciclo celular no LHc pediátrico................................................................................................................. 60

Tabela 4.3 Análise da localização sub-celular da nucleofosmina nas células H-RS por IHQ e IF............................................................................................................. 73

Tabela 4.4 Sumário do sequenciamento de clones contendo o segmento analisado do gene NPM1.........................................................................................................80

Tabela 4.5 Análise combinada da expressão de TUNEL/CASP3.......................... 93

Tabela 4.6 Regressão de Cox das variáveis clínicas, histológicas e imunohistoquímicas associadas estatisticamente com a sobrevida livre de eventos.....................................................................................................................96

Tabela 4.7 Regressão de Cox das variáveis clínicas, histológicas e imunohistoquímicas associadas estatisticamente com a sobrevida global .............96

Tabela 4.8 Descrição da população de linfócitos do microambiente tumoral no grupo de pacientes com LHc pediátrico, previamente caracterizados e incluídos nesse estudo..........................................................................................................100

Tabela 4.9 Descrição das populaçoes de células monocíticas, macrófagos, células dendríticas e do estado de polarização dos macrófagos no MAT do LHc pediátrico e sua associação com a sobrevida livre de progressão e sobrevida global......................................................................................................................102 Tabela 4.10 Associação entre as alterações no ciclo celular e a apoptose nas células H-RS e as populações linfocitárias do microambiente tumoral.................................................................................................................. 106 Tabela 4.11 Associação entre as alterações no ciclo celular e a apoptose nas células H-RS e as células infiltrantes no LHc pediátrico....................................... 112

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LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 Esquema geral da hipótese de origem das H-RS de células B do centro germinativo pré-poptóticas........................................................................................ 5

Figura 1.2 Esquema do papel de p53 no controle da progressão do ciclo celular.... .................................................................................................................................. 9

Figura 1.3 Domínios funcionais da proteína NPM...................................................15

Figura 1.4 Representação esquemática das translocações e mutações no gene NPM1 nas leucemias e linfomas............................................................................. 16

Figura 1.5 Composição do microambiente tumoral e interações patogênicas entre células H-RS e células infiltrantes no LHc ............................................................. 21

Figura 3.1 Desenho esquemático do cromossomo 5 e da região gênica 5q35, contendo o gene de interesse e a localização da sonda de FISH utilizada............ 42

Figura 3.2 Isolamento das células H-RS por microdissecção a laser.................... 46

Figura 4.1 Detecção do vírus Epstein-Barr através da técnica de hibridização in situ........................................................................................................................... 58

Figura 4.2 Exemplos de imunomarcação para avaliação do índice de proliferação celular...................................................................................................................... 61

Figura 4.3 Exemplos de imunomarcação para avaliação do índice mitótico.......... 61

Figura 4.4 Exemplos de imunomarcação para avaliação da expressão de p53 e p21.......................................................................................................................... 63

Figura 4.5 Exemplo de imunomarcação para MDM2............................................ 64 Figura 4.6 Exemplo de imunomarcação para pH2AX............................................ 65 Figura 4.7 Figura 4.7 Histograma de frequência dos casos com LHc de acordo com os níveis de expressão da pH2AX nas células H-RS............................................. 66 Figura 4.8 Sobrevida livre de eventos no LHc pediátrico em relação à expressão de H2AX nas células H-RS, estratificada de acordo ao tratamento incluir ou não radioterapia (RTX)................................................................................................... 67 Figura 4.9 Exemplo de imunomarcação para pATM.............................................. 68 Figura 4.10 Imunolocalização sub-celular da proteína NPM com anticorpo monoclonal.............................................................................................................. 70 Figura 4.11 Distribuição da expressão de NPMc+ no grupo estudado.................. 70 Figura 4.12 Imunolocalização sub-celular da proteína NPM com anticorpo monoclonal.............................................................................................................. 71

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Figura 4.13 Avaliação por dupla marcação imunofluorescente da localização da NPM nas células H-RS............................................................................................ 73 Figura 4.14 Avaliação por dupla marcação imunofluorescente da localização da NPM nas células H-RS............................................................................................ 74 Figura 4.15 Avaliação por dupla marcação imunofluorescente da localização da NPM nas células H-RS............................................................................................ 74 Figura 4.16 Avaliação por dupla marcação imunofluorescente da localização da NPM nas células H-RS............................................................................................ 75 Figura 4.17 Avaliação por dupla marcação imunofluorescente da localização da NPM nas células H-RS............................................................................................ 76 Figura 4.18 Confirmação da localização cromossômica das sondas para FISH do gene NPM1............................................................................................................. 77 Figura 4.19 Análise por FISH do gene NPM1. ..................................................... 78 Figura 4.20 Confirmação da localização cromossômica das sondas para FISH do gene NPM1/KIF2..................................................................................................... 79 Figura 4.21 Análise por FISH do gene NPM1........................................................ 79 Figura 4.22 Alinhamento das sequências nucleotídicas do intron 11/exon 12 do gene NPM1 em células H-RS................................................................................. 81 Figura 4.23 Eletroferogramas ilustrando a junção exon12/intron 11 de NPM1...... 82 Figura 4.24 Alinhamento das sequencias nucleotídicas do intron 11/exon 12 do gene NPM1 em amplificações de DNA tumoral de um caso de LHc.......................83 Figura 4.25 Distribuicao da expressão gênica representada pela quantificação relativa obtidos para NPM para cada um dos pacientes no grupo estudado.......... 84 Figura 4.26 Comparação entre a expressão gênica representada pela quantificação relativa obtida para NPM1 nos grupo de casos com < 5 células H-RS NPMc+ /mm2 e os casos com ≥ 5 células H-RS+/mm2..........................................85 Figura 4.27 Imunolocalização sub-celular da proteína NPM por IHQ nas linhagens de LHc..................................................................................................................... 86 Figura 4.28 Análise da expressão das proteínas p53 e NPM no extrato total protéico das linhagens de LHc................................................................................ 87 Figura 4.29 Análise da expressão das proteínas p53 e NPM nas frações citoplásmatica e nuclear das linhagens de LH........................................................ 88

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Figura 4.30 Análise da expressão das proteínas p53 e NPM nas frações citoplasmática e nuclear das linhagens L428 e L1236............................................ 88 Figura 4.31 Imunolocalização por dupla IHQ da NPM nas linhagens celulares de LHc. Em azul NPM e em castanho demais marcadores..........................................89 Figura 4.32 Exemplo de imunomarcação para BCL2............................................. 91 Figura 4.33 Exemplos de imunomarcação para a SURVIVIA................................ 91 Figura 4.34 Exemplos de imunomarcação utilizada no estudo da apoptose no LHc ................................................................................................................................ 92 Figura 4.35 Avaliação da fragmentação de DNA pela reação de TUNEL.............. 94 Figura 4.36 Sobrevida global e livre de eventos no LHc pediátrico em relação à presença de NPMc+ nas células H-RS.................................................................. 97 Figura 4.37 Sobrevida global e livre de eventos no LHc pediátrico em relação a expressão de CASP3.............................................................................................. 98 Figura 4.38 Exemplo de imunomarcação para GATA3 e MAF.............................101

Figura 4.39 Exemplos de imunomarcação utilizada na identificação de macrófagos tipo-M1 e tipo-M2 no LHc pediátrico..................................................................... 103

Figura 4.40 Sobrevida global e livre de eventos no LHc pediátrico em relação a expressão de macrófagos .....................................................................................105

Figura 4.41 Distribuição da expressão de PHH3 e Ki-67 nas células H-RS, de acordo ao perfil Th ou com predomínio B do microambiente tumoral....................108

Figura 4.42 Padrões de expressão de pH2AX nas células H-RS, de acordo ao número de sub-populações CD4+ no microambiente tumoral.............................. 109

Figura 4.43 Distribuição da expressão de CASP3 ativada e BCL2 nas células H-RS, de acordo ao perfil T regulatório ou citotóxico do microambiente tumoral...................................................................................................................111

Figura 4.44 Distribuição da expressão de CASP3/TUNEL nas células H-RS, de acordo com a proporção de macrófagos CD163+pSTAT1+ (tipo-M1) no microambiente tumoral.......................................................................................... 113

Figura 4.45 Distribuição da expressão de NPMc+ nas células H-RS, de acordo com a proporção de células CD163+ e CD68+ e o estado de polarização (M1 ou M2) dos macrófagos microambiente tumoral............................................................... 114

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

µg: Micrograma

µl: Microlitro

µm: Micrômetro

µM: Micromolar

aas: Aminoácidos

ALK: Quinase do linfoma anaplásico

AID: Cistadina diaminase induzida por ativação

BACs: Cromossomos artificiais de bactérias

BCR: Receptor de células B (do inglês, B-cell receptor)

BSA: Albumina sérica bovina

Ca: Cálcio

CASP3: Caspase-3

CCLE: do inglês: Cancer Cell Line Encyclopedia

CDKs: Cinase Dependentes de Ciclina

cDNA: DNA complementar

CEMO: Centro de Transplante de Medula Óssea

CG: Centro germinativo

CGA: Campo de grande aumento

CM: Celularidade mista

CSC: Células-tronco tumorais (do inglês cancer stem cells)

CTL: Linfócitos T citotóxicos

DAB: Diaminobenzidina

DAPI: 4,6-diamino-2-phenyndole

DHL: Desidrogenase lática

DIPAT: Departamento Integrado de Anatomia Patológica.

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DL: Depleção linfocitária

DMSO: Dimetilsulfóxido

DNA: Ácido desoxirribonucleico

dNTPs: Desoxirribonucleotídeos Fosfatados

DP: Desvio-padrão

EBER: Pequeno RNA viral do Epstein-Barr (do inglês, Epstein-Barr viral small RNA)

EBNA: Antígeno nuclear viral do Epstein-Barr (do inglês, Epstein-Barr viral nuclear

antigen)

EBV: Vírus Epstein-Barr

EN: Esclerose nodular

Eo: Eosinófilo

FC: Fração de crescimento tumoral

FFPE: Tecidos fixados em formalina e preparados em parafina (do inglês formalin-

fixed paraffin-embedded)

FIP: Fixado e incluído em parafina

FISH: Hibridização in situ por fluorescência

FT: Fator de transcrição

GRD: Genes de referência

GRZB: Granzima B

H: Células de Hodgkin

HE: Hematoxilina e Eosina.

HIV: Vírus da imunodeficiência humana

H-RS: Células de Hodgkin e Reed-Sternberg

HMS: Hipermutação somática

IF: Imunoflourescência

IFN: Interferon

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Ig: Imunoglobulina

IHQ: Imuno-histoquímica

IL10: Interleucina 10

INCA: Instituto Nacional do Câncer

IPC: Índice de proliferação celular

IM: índice mitótico

IPS: Escore Prognóstico Internacional (do inglês International Prognostic Score)

ISH: Hibridização in situ

iNOS: Óxido nítrico sintase induzida

kDa: Kilodalton

LA: Linfoma anaplásico

LH: Linfoma de Hodgkin

LHc: Linfoma de Hodgkin clássico

LHPLN: Linfoma de Hodgkin predomínio linfocítico nodular

LIF: Fator Inibidor Leucêmico (do inglês, leukemia inhibitory factor)

LLC: Leucemia Linfocítica Crônica

LMA: Leucemia Mielóide Aguda

LMP: Proteína latente de membrana (do inglês, Latent membrane protein).

MAT: Microambiente tumoral

miRNAs: Micro-RNAs

mM: Milimolar

mRNA: RNA mensageiro

NES: Sinal de exportação nuclear

NF-kB: Via de fator de transcrição nuclear kB

NK: Células natural killers

NMN: Célula neoplásica multinucleada

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NPM: Proteína nucleofosmina

NPM1: Gene que codifica a proteína NPM

NPMc+: Proteína nucleofosmina com localização citoplasmática

NPMn: Proteína nucleofosmina com localização nucleolar

NUN: Célula neoplásica uninucleada

NO: Óxido nitrico

OMS: Organização Mundial de Saúde

PARP: Poli (ADP- ribose) polimerase 1

PC: Proliferação celular

PBS: Tampão fosfato-salino

PCNA:Aantígeno nuclear de proliferação celular

PCR: Reação em cadeia da polimerase

pH2AX: Histona H2AX fosforilada

pHH3: Histona H3 fosforilada

proCASP3: Pro caspase-3

RARa: Receptor alfa do ácido retinóico

RL: Rico em linfócitos

RNA: Ácido ribonucleico (do inglês rybonucleic acid)

RNAm: RNA mensageiro

RPM: Rotações por minuto

RS: Células de Reed-Sternberg

RT-qPCR: Reação em cadeira da polimerase em tempo real

SDS-PAGE: Eletroforese em gel de poliacrilamida com dodecil sulfato de sódio

SFB: Soro fetal bovino

SG: Sobrevida global

SLD: Sobrevida livre de doença

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SLE: Sobrevida livre de eventos

SP: Sangue periférico

SRT: do inglês short tandem repeat

TAM: Macrófagos associados ao tumor

TCR: Receptor de células T

Th: Células T auxilares

TMA: Arranjo Tecidual em Matriz (do inglês: Tissue Micro-Array)

TNFR: Receptor do fator de necrose tumoral

TREg: Linfócitos T reguladores

TUNEL: Marcação in situ de nucleotídeos (TdT)

UKB: Unfallkrankenhases Berlin

WB: Western blot

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1. INTRODUÇÃO

1.1 O Linfoma de Hodgkin Clássico

O linfoma de Hodgkin (LH) corresponde a 30% dos linfomas em adultos, e é a

terceira neoplasia mais prevalente no grupo de linfomas da infância, representando

cerca de 10 a 30% dos casos (FARRELL, K. e cols., 2011). No Brasil, os linfomas

representam a segunda neoplasia na infância, atrás das leucemias agudas, sendo

o LH diagnosticado em aproximadamente metade dos casos com linfoma

(INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2011;

(FERREIRA, J.M. e cols., 2012).

Foi descrito em 1932 por Thomas Hodgkin (HODGKIN, T., 1832), e, devido à

variabilidade do seu fenótipo histológico e a suas manifestações sistêmicas,

denominado "doença de Hodgkin" até 1990, quando a Organização Mundial de

Saúde (OMS) o definiu como neoplasia. É caracterizado por ser uma doença

heterogênea tanto do ponto de vista histopatológico quanto epidemiológico e, com

base nas diferenças morfológicas e fenotípicas das células tumorais e da

composição do infiltrado celular, o LH é dividido em duas entidades distintas: o

linfoma de Hodgkin predomínio linfocítico nodular (LHPLN), uma entidade rara que

representa cerca de 5% do total de casos de LH; e a forma “clássica” da doença

(SWERDLOW, S.H., CAMPO, E.,, 2008), que é objeto desta tese.

O linfoma de Hodgkin clássico (LHc) é uma neoplasia de células B cuja

população neoplásica é composta por células mononucleadas, denominadas

células de Hodgkin (H), ou multinucleadas, denominadas células de Reed-

Sternberg (RS) (KUPPERS, R. e cols., 1998, KUPPERS, R. e cols., 2002) que

representam apenas 1 - 2% da massa tumoral, sendo o resto do tumor formado por

células do estroma e células inflamatórias benignas, tais como células T, células B,

macrófagos, eosinófilos, fibroblastos, entre outras (DREXLER, H.G., 1992). Com

base nas diferenças morfológicas e fenotípicas das células do linfoma e da

composição do infiltrado celular, a forma clássica é subclassificada em esclerose

nodular (EN), celuridade mista (CM), rico em linfócitos (RL) e depleção linfocitária

(DL) (SWERDLOW, S.H., CAMPO, E.,, 2008).

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2

Na tentativa de se estabelecer uma terapia risco-específica, o LH é dividido em

grupos de risco, combinando-se o estadiamento clínico com a presença dos

sintomas “B”. Dois grandes grupos são reconhecidos pela maioria dos protocolos

de tratamento: desfavorável (estadiamentos IIB, IIIB e IV) e favorável (demais

estadiamentos) (VASSILAKOPOULOS, T.P. e cols., 2005).

O tratamento do LHc é baseado em quimioterapia, podendo ou não ser

utilizada a radioterapia (SPECHT, L. e cols. 1992). Os regimes quimioterápicos

atuais são baseados na utilização de antraciclinas e agentes alquilantes em baixas

doses. A radioterapia como tratamento exclusivo é aplicado em 10 à 15% dos

pacientes, sendo bastante controversa a sua utilização no grupo pediátrico

(SPECHT, L. e cols., 1992). É utilizada na maioria dos protocolos de tratamento em

pacientes com estadios avançados como consolidação da quimioterapia e nos

estadios precoces apenas quando há doença residual após a quimioterapia

(PUNNETT, A. e cols., 2010)

A utilização destes protocolos tem garantido uma sobrevida livre de

eventos (SLE) em 5 anos que varia entre 75 a 97% (VASSILAKOPOULOS, T.P. e

cols., 2005). Entretanto, cerca de 20 a 30% dos pacientes podem apresentar uma

recaída ou progressão da doença, sendo que para estes casos não existem opções

terapêuticas definidas e eficazes (DIEHL; THOMAS; RE, 2004). Todavia, o

tratamento de sucesso ocasiona efeitos adversos graves em longo prazo que

incluem doenças cardíacas e neoplasias secundárias (EVENS, A.M. e cols., 2008).

Assim, na terapêutica do LHc, um dos grandes desafios é o tênue equilíbrio

entre uma alta eficácia do tratamento e os efeitos tardios provocados pela alta

toxidade da quimioterapia e radioterapia utilizadas (KLUMB, C.E. e cols., 2007,

YEH, J.M. e cols., 2012). Além da toxidade das drogas, é preciso remarcar a baixa

idade da maioria dos pacientes com LHc. Por esta razão, a busca por marcadores

terapêuticos para uso na estratificação de pacientes ao diagnóstico e, na

adequação da intensidade das terapias administradas, tem sido objeto de

constante estudo.

Por suas características únicas, o LHc é uma doença cuja patobiologia

permaneceu obscura durante muito tempo. A origem das células de Hodgkin e

Reed-Sternberg (H-RS) foi controversa por vários anos visto que estas apresentam

um fenótipo único, incomum a qualquer outra linhagem do sistema hematopoiético

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(KUPPERS, R. e cols., 2002). Estudos imunológicos e moleculares em células

tumorais isoladas por microdissecção demonstraram que estas são de natureza

clonal, de origem linfóide, derivadas de células B do centro germinativo (CG) visto

que apresentam os genes da imunoglobulina (Ig) com hipermutação somática

(INGHIRAMI, G. e cols., 1994, KANZLER, H. e cols., 2000, KUPPERS, R. e cols.,

1994). Entretanto, as células H-RS são caracterizadas por apresentar um programa

de diferenciação B defectivo, caracterizado pela: (i) baixa expressão de

marcadores da linhagem B, entre eles, CD20, CD19, CD79, o fator de transcrição

de células B PAX-5 e o receptor de células B (BCR) e, (ii) a expressão dos

marcadores CD30, CD15 e o receptor do fator de necrose tumoral (TNFR)

(FARRELL, K. e cols., 2011, HERTEL, C.B. e cols., 2002, SCHWERING, I. e cols.,

2003).

O vírus Esptein-Barr (EBV), membro da família gamma Herpesvíridae, é um

agente etiológico reconhecido no LHc, associado a uma fração variável dos LHc,

sendo nesses casos sua infecção clonal detectada em todas as células H-RS

(KAPATAI, G. e cols., 2007). Sua associação com o LHc é bastante variável,

dependendo da idade, do subtipo histológico e do status sócio-econômico dos

pacientes (ARMSTRONG, A.A. e cols., 1998, CHABAY, P.A. e cols., 2008), sendo

mais comum no subtipo CM, nas crianças e adultos mais velhos, e nas regiões

subdesenvolvidas. O EBV possui distintos programas de expressão gênica,

chamados de “padrões de latência”, tendo dentro das células H-RS um padrão de

latência víral específico, denominado de latência II, onde são expressos os genes

virais EBERs, EBNA1, LMP1 e LMP2 (KLEIN, G. e cols., 2010).

Um papel causal do EBV na patogênese do LHc, foi demonstrado em

modelos in vivo, e está relacionado às funções das duas proteínas de membrana:

LMP1 e LMP2 em relação à célula de origem do LHc, que seria uma célula B do

CG pré-apoptotica devido a defeitos nos genes de imunoglobulina (Fig. 1.1). Nesta

situação, a LMP2 é capaz de mimetizar o sinal tônico funcional de BCR (KAPATAI,

G. e cols., 2007, KUPPERS, R., 2009). Assim, no caso de uma expressão não

funcional de BCR, a expressão do EBV leva a um “drible” dos sensores de

apoptose e ocasiona a sobrevivência dessas células. Já a proteína LMP1,

considerada o principal oncogene viral, mimetiza o receptor de membrana ativo

CD40, que é essencial para ativação das células B e a passagem pelo CG

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(MASSINI, G. e cols., 2009). Ao contrário de CD40, LMP1 está ativa

constitutivamente, independente da presença de um ligante e é o maior efetor das

alterações celulares induzidas pelo EBV, visto que é capaz de fornecer um

estímulo constante na ativação da via NF-kB (ARMSTRONG, A.A. e cols., 1998,

FAULKNER, G.C. e cols., 2000).

A baixa expressão de BCR nas células H-RS é ocasionada por alterações na

transcrição (75% dos casos) ou por mutações sem sentido (do inglês, nonsense)

(25% dos casos) nos genes da Ig (STAUDT, L.M., 2000). Em células linfóides

normais, a perda da capacidade de expressar o BCR teria como conseqüência o

fenômeno de apoptose. No entanto, as células H-RS são capazes de escapar da

apoptose e proliferar (STAUDT, L.M., 2000, THOMAS, R.K. e cols., 2004) (Fig.

1.1). Por isso, os mecanismos de escape da apoptose e sobrevivência das células

H-RS representam uma questão central na oncogênese do LHc.

Diversos fatores anti-apoptóticos e sinais proliferativos têm sido descritos nas

células H-RS, entre eles a ativação da vias de NF-kB (BARGOU, R.C. e cols.,

1997, BARGOU, R.C. e cols., 1996, HINZ, M. e cols., 2001, IZBAN, K.F. e cols.,

2001), NOTCH (JUNDT, F. e cols., 2002, SCHWARZER, R. e cols., 2012) e STAT

(KUBE, D. e cols., 2001, SKINNIDER, B.F. e cols., 2002a, SKINNIDER, B.F. e

cols., 2002b), assim como a desregulação dos mecanismos envolvidos no controle

do ciclo celular e apoptose (LAURITZEN, A.F. e cols., 1999, MESSINEO, C. e cols.,

1998).

A ativação da via de fatores de transcrição nuclear kB (NF-kB) funciona como

um importante sinal de sobrevivência para as células H-RS e representa um evento

comum no LHc (IZBAN, K.F. e cols., 2001, RE, D. e cols., 2005). Tanto a via

canônica quanto a via não canônica de NF-kB estão fortemente ativadas devido a

sinalização mediada por diversos receptores como CD40, CD30, TACI, BCMA,

RANK e NOTCH1 (BARGOU, R.C. e cols., 1997, HINZ, M. e cols., 2001, MATHAS,

S. e cols., 2002, SCHWARZER, R. e cols., 2012), ganhos genômicos em

reguladores como REL e NIK (MARTIN-SUBERO, J.I. e cols., 2002, OTTO, C. e

cols., 2012) e por alterações genéticas envolvendo os reguladores negativos da

via, tais como IKBα e A20, este último descrito como supressor de tumor

recentemente no LHc e inativado devido a mutações e deleções bialélicas em 40%

dos casos (HONMA, K. e cols., 2009, JUNGNICKEL, B. e cols., 2000, LAKE, A. e

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cols., 2009, SCHMITZ, R. e cols., 2009). Como descrito anteriormente, em

aproximadamente 40% dos casos a expressão da oncoproteína viral LMP1, é

responsável pela ativação da via NF-kB (ARMSTRONG, A.A. e cols., 1998).

Figura 1.1 Esquema geral da hipótese de origem das H-RS de células B do centro germinativo pré-apoptóticas. Células B naive são ativadas quando entram quando em contato com o antígeno coagnato. Células B ativadas migram para dentro do folículo, proliferam e se diferenciam em centroblastos, estabelecendo se no centro germinativo (CG). Células B do CG sofrem hipermutação somática; e as células portadoras de mutações desfavoráveis são eliminadas pelo processo de apoptose através da via do FAS-FASL, enquanto que as células cujo receptor de células B (BCR) possui alta afinidade pelo antígeno sobrevivem e deixam o CG para se diferenciarem em células B de memória ou células plasmáticas. Células B portadoras do BCR não funcional são encaminhas a apoptose mas, podem ser resgatadas por mecanimos envolvendo vírus EBV e/ou alterações genéticas primárias (via de NF-kB). Tais células podem ser as progenitoras das células H-RS. Adaptado de KAPATAI e cols., 2007.

A ativação e desregulação da via de JAK/STAT (Janus quinase/sinal

transdutor e ativador da transcrição protéica) representa outro importante

mecanismo atribuído a imortalização e proliferação das células de H-RS, cuja

ativação é devida à expressão de várias citocinas (incluindo IL-13 e IL-21) que

podem ser produzidas tanto pelas células do infiltrado tumoral, como também pelas

próprias células H-RS (estimulação autocrina) (MURRAY, P.J., 2007) e por ganhos

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cromossômicos no gene JAK2, em aproximadamente 20% dos casos de LHc

(JOOS, S. e cols., 2000). Além disso, SOCS1, o principal inibidor de STAT, é

afetado por mutações em cerca de 40% dos casos de LHc (WENIGER, M.A. e

cols., 2006).

Estudos recentes demonstraram que as células H-RS exibem vários fatores

de transição associados à ativação e diferenciação celular linfocitária T, tais como

NOTCH-1 e GATA3, que nas células H-RS se encontram constitutivamente

expressos (HSU, S.M. e cols., 1994, JUNDT, F. e cols., 2008, JUNDT, F. e cols.,

2002, STANELLE, J. e cols., 2010) e atuam como reguladores negativos do

programa de diferenciação B nas células H-RS, e como um importante regulador

upstream da via de sinalização NF-κB no caso de NOTCH-1 (SCHWARZER, R. e

cols., 2012).

Interessantemente, as células H-RS são caracterizadas por um alto índice de

proliferação celular (IPC), medido pela expressão de proteínas clássicas envolvidas

no ciclo, como o antígeno Ki-67, PCNA, Topoisomerase II, sem levar a um aumento

do número efetivo de células tumorais (ABELE, M.C. e cols., 1997, GERDES, J. e

cols., 1986, STEIN, H. e cols., 1985), o sugere que o controle do ciclo celular está

gravemente afetado no LHc. Sendo assim, estudos adicionais que possam

esclarecer esta questão são necessários na doença.

1.2 Alterações envolvendo o ciclo celular no Linfom a de Hodgkin clássico

O conjunto de células malignas H-RS é composto por duas populações

neoplásicas distintas, uma constituída por células que mantém sua capacidade

proliferativa, as células de Hodgkin, e uma população que perdeu a capacidade de

proliferar, as células RS. A origem destas foi inicialmente proposta como sendo um

estágio final de diferenciação das células Hodgkin (DREXLER, H.G. e cols., 1989,

HSU, S.M. e cols., 1988). Análises moleculares descartaram a fusão celular de

células de Hodgkin e de estas com outros tipos celulares como mecanismo de

formação das células RS (DREXLER, H.G. e cols., 1989, KUPPERS, R. e cols.,

2001) e a mitose acitocinética (divisões mitóticas incompletas que ocasionam

células binucleares ou multinucleares) passou a ser a hipótese aceita.

TZANKOV, T. e cols. em 2005 reportaram evidências de um ciclo mitótico

abortivo no LHc, todavia, nenhum estudo havia sido capaz de elucidar este

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mecanismo até pouco tempo, quando RENGSTL, R. e cols. (2013) demonstraram

que as células de RS são geradas pela re-fusão de pequenas células progenitoras

mononucleadas de origem clonal comum e que mantém uma conexão persistente

dada através de uma rede de microtúbulos.

Além da compreender a origem das células H-RS, outra questão central no

estudo do LHc reside em elucidar como as células H-RS adquirem resistência à

apoptose e auto-suficiência dos sinais de sobrevivência.

As células H-RS exibem alterações nas principais vias do ciclo celular.

Entretanto, estas alterações são pouco elucidadas e ainda pouco estudadas,

principalmente devido a um número de células neoplásicas muito baixo, que limita

a utilização de técnicas moleculares e impõem um desafio de abordagem teórico-

funcional. Além disso, o único modelo experimental disponível atualmente são as

linhagens celulares que não representam a doença em sua totalidade, por serem

derivadas de casos grau IV (com invasão de tecidos extranodais) e resistentes à

terapia (DREXLER, H.G. e cols., 1989).

No entanto, importantes avanços na compreensão dessas questões foram

realizados através de estudos com material in situ. Diversos estudos, através da

técnica de imunohistoquímica (IHQ) identificaram que as células H-RS, em uma

grande proporção dos casos com LHc, são caracterizadas por expressar

marcadores de proliferação celular (Ki-67, PCNA, TOP2A), sugerindo que um alto

número de células H-RS entram no ciclo celular (BAI, M. e cols., 2005, MORENTE,

M.M. e cols., 1997, SPINA, D. e cols., 1996). Entretanto, esta alta expressão de

antígenos de proliferação está associada com a ausência de progressão normal

através da mitose (SPINA, D. e cols., 1996). Isto sugere que, nas células H-RS, a

indução da replicação do DNA é desacoplada da divisão celular conduzindo a

aberrações no ciclo celular, tais como desordem na fase S, freqüentes aneuploidias

e mitoses aberrantes (LEONCINI, L. e cols., 1996, LEONCINI, L. e cols., 1997a,

LEONCINI, L. e cols., 1997b, SPINA, D. e cols., 1996, TZANKOV, A. e cols., 2005).

As células H-RS são caracterizadas pelo aumento da expressão de ciclinas e

CDKs envolvidas na transição de G1/S e G2/M, tais como ciclinas D, A, B1, e E,

CDK2, e CDK6 (BAI, M. e cols., 2004, GARCIA, J.F. e cols., 2002, KOLAR, Z. e

cols., 2000, LEONCINI, L. e cols., 1997b, TZANKOV, A. e cols., 2008). A expressão

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da ciclina D1, no entanto, é incomum no LHc sendo detectada em apenas 20% dos

casos (BAI, M. e cols., 2004, GARCIA, J.F. e cols., 2002).

Ainda através de estudos por IHQ, foi averiguado que nas células H-RS a

inativação da supressão tumoral é conseqüência de alterações nas vias

p14ARF/MDM2/p53/p21WAF1, p27KIP1 e p16INK4a/Rb (BAI, M. e cols., 2005, GARCIA,

J.F. e cols., 2002, SANCHEZ-ESPIRIDION, B. e cols., 2010).

Estudos mais recentes de expressão gênica mostraram que o LHc é

caracterizado por um aumento da expressão de genes reguladores do ciclo celular

e que alterações nestes genes são capazes de definir uma “assinatura” genética

associada a uma resposta desfavorável à terapia no LHc (GARCIA, J.F. e cols.,

2003, SANCHEZ-ESPIRIDION, B. e cols., 2010, SANCHEZ-ESPIRIDION, B. e

cols., 2009, STAEGE, M.S. e cols., 2008).

1.2.1 O controle da progressão do ciclo celular e o Linfoma de Hodgkin

clássico

Em condições normais, o principal mecanismo que conduz ao arresto do ciclo

celular em G1 é a via de p53 (WEI, J. e cols., 2012). O gene TP53, codifica uma

fosfoproteína nuclear, em condições de normalidade é expressa em níveis

celulares baixos devido a sua meia vida curta (PETERSEN, L. e cols., 2010),

contudo, em resposta aos sinais de estresse tanto intracelulares como

extracelulares (MICHAEL, D. e cols., 2003).

A proteína p53 é rapidamente ativada por fosforilação, e em seguida regula a

transcrição de genes efetores que podem promover a parada do ciclo celular via

preponderantemente a expressão de p21 também conhecida como inibidor 1 de

quinase dependente de ciclina (CDK1), o reparo do DNA ou, caso o dano persista,

a indução a apoptose, via a expressão das proteínas BAX, NUMA e NOXA

(ARROWSMITH, 1999, ASKER e cols., 1999, NIGRO e cols., 1989) (Fig 1.2).

A meia vida de p53 é regulada predominantemente por ubiquitinação e

degradação mediada pela proteína HDM2 (a forma humana do gene murine double

minute 2 protein, MDM2). Eventos como o stress genotóxico ou celular podem

desencadear uma serie de modificações pós-traducionais na proteína p53 que

contribuem para sua estabilização, acumulação nuclear e ativação bioquímica

(MICHAEL, D. e cols., 2003). A ativação de p53 por radiação ionizante ou stress

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genotóxico é mediada pela atividade de cinase da proteína ATM (do inglês, ataxia

telangectasia mutated). Após a ativação, p53 e seus efetores downstream (por

exemplo, p21), regulam respostas diferentes, incluindo a progressão do ciclo

celular, apoptose e senescência prematura (SIPS, stress-induced premature

senescence) (MIRZAYANS, R. e cols., 2012).

Figura 1.2 Esquema do papel de p53 no controle da progressão do ciclo celular. Erros na replicação, danos causados ao DNA (radiação ou agentes químicos) ou alteração endógena ou exógena da expressão de oncogenes celulares que possam comprometer a integridade celular culminam na ativação de p53. A ativação de p53 causa a parada do ciclo celular em G1 via a indução de p21, que liga-se e inibe a atividade dos complexos ciclina-CDK2 ou -CDK4 até que o dano seja reparado ou que a célula seja eliminada pelo processo de apoptose. Adaptado de GILLHAM e cols. (2007).

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A inativação da via de p53 é a alteração mais comumente encontrada em

neoplasias malignas humanas (BOSARI, C. e cols., 1995, CHEN, D. e cols., 1999,

IKAWA, B. e cols., 1999, NIGRO, A. e cols., 1989, SOLOMON e cols., 2011, WEI e

cols., 2012). Aproximadamente 50% dos cânceres possuem mutações no gene

TP53 e acredita-se que em parte dos 50% restantes, a via de p53 esteja

comprometida por outros mecanismos, como por exemplo, alterações em proteínas

chaves que interagem diretamente com p53 na manutenção do controle de

progressão celular, tais como MDM2, p14ARF e p21 estão alteradas (GARCIA, J. e

cols., 2002, LIN, T. e cols., 2011, OLINER, O. e cols., 1992).

O acúmulo da proteína p53 é indicativo de inativação e já foi relatada nas

células H-RS (BAI, M. e cols., 2005, BARROS, M.H. e cols., 2010, CHILOSI, M. e

cols., 1993, SANCHEZ-BEATO, M. e cols., 1996, SMOLEWSKI, P. e cols., 2000b,

TZARDI, M. e cols., 1996), todavia, não parece resultar de mutações, visto que a

incidência de mutações em p53 no LHc foi reportada como extremamente baixa

(CHILOSI, M. e cols., 1996, LAURITZEN, A.F. e cols., 1999, MONTESINOS-

RONGEN, M. e cols., 1999), mas sim da inativação da via de

p14ARF/MDM2/p53/p21WAF1 já que as células H-RS possuem a super expressão

freqüente das proteínas p53, MDM2 e p14 (BAI, M. e cols., 2005, CHILOSI, M. e

cols., 1994, GARCIA, J.F. e cols., 2002, SANCHEZ-BEATO, M. e cols., 1996).

A concentração celular de p53 é controlada por MDM2, capaz de se ligar a

p53 inibindo sua atividade. A amplificação gênica e a super expressão de MDM2 já

foram descritas em diversos tumores humanos, incluindo o LHc (GARCIA e cols.,

2002, LIN e cols., 2011, OCIEPA e cols., 2010, WEAVER e cols., 2009),

associadas a presença de transcritos cujo domínio de ligação a p14ARF (capaz de

competir com p53 pela interação com MDM2) e sinal de exportação nuclear (NES)

foram perdidos (GARCIA, J.F. e cols., 2002). Este seria um dos mecanismos

propostos para a inibição da atividade transcricional de p53 por MDM2 no LHc e

também em outras neoplásias hematológicas (WATANABE, T. e cols., 1994).

Os mecanismos de controle do ciclo celular podem ser ativados devido a

diferentes estímulos endôgenos (expressão oncogênica, estresse genotóxico,

estresse proteico e do retículo endoplasmático, etc) e exôgenos, via estímulos do

microambiente, como fatores de crescimento e contato célula-célula ou célula-

matriz extracelular (Fig 1.2).

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Em resposta ao estresse genotóxico e a formação de quebras de dupla fita

de DNA (DSB), as cinases da família PI3K (fosfatidilinositol 3-cinase) (ATM, ATR e

DNA-PK) desempenham um papel central, pois são ativadas e fosforilam a histona

H2AX na serina 139 (denominada de γ-H2AX). Assim, um dos primeiros eventos

detectados nos sítios DSB, é a fosforilação da histona H2AX na serina 139, que

promove uma alteração da conformação da cromatina no local, permitindo o

recrutamento da maquinaria do reparo (RIBALLO, E. e cols., 2004). Em seguida, a

parada do ciclo celular em G1 regulada por ATM é obtida através da fosforilação

diversos substratos, entre eles p53, MDM2, CHK1 e CHK2 (MAYA, R. e cols.,

2001, MORGAN, S.E. e cols., 1997).

Devido a sua função, ATM está envolvido em diversos mecanismos de

tumorigênese. Mutações do tipo non-sense (produzem uma proteína truncada) e

missense (codifica um aminoácido diferente) no gene já foram descritas em casos

de linfoma difuso de grandes células B, linfoma folicular, leucemia prolinfocítica de

células T e linfocítica crônica de células B (BULLRICH. L. e cols., 1999,

GRONBAEK, M. e cols., 2002, , B. e cols. 1999, STANKOVIC e cols.,1999; 2002).

No LHc, mutações no gene ATM foram relatadas como raras (OFFIT, L. e cols.,

2002) e não há estudos que tenham investigado possíveis alterações envolvendo

esta proteína.

O estudo de alterações envolvendo o ciclo celular no câncer é importante no

entendimento dos mecanismo de resistência a drogas. O conceito de resistência a

drogas mediado pelo ciclo celular pode ser definido como uma insensibilidade

relativa a um agente quimioterapêutico, devido à “posição” das células neoplásicas

no ciclo celular (SHAH, M.A. e cols., 2001), isto é, a fase do ciclo em que cada

célula se encontra. Os fatos anteriormente expostos apontam para a existência de

grupos com distintas propriedades cinéticas celulares no LHc. Além disso, um alto

índice de proliferação e um baixo número de células H-RS apoptóticas ou

susceptíveis a apoptose tem um impacto clínico desfavorável na doença o que

corrobora com um conceito importante, e ainda não provado, de que alterações no

ciclo celular podem mediar a aquisição de um fenótipo de resistência a drogas no

LHc.

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1.3 Alterações envolvendo a apoptose no Linfoma de Hodgkin clássico

Através de estudos por IHQ, foi averiguado que as células H-RS possuem

alterações nas vias apoptóticas extrínseca e intrínseca, as duas principais vias

envolvidas no controle da apoptose em linfócitos. A via extrínseca (iniciada por

receptores na superfície celular) acontece por meio da interação receptor-ligante,

como por exemplo o FAS e o receptor de TNF (ou FAS/CD95). Isso ativará uma

cascata de proteínas adaptadoras, que também culminará na ativação das

caspases. Já a via intrínseca (ou mitocondrial) é regulada por membros da família

BCL2, ativando moléculas pró-apoptóticas, como o citocromo c. Além disso, há a

participação do gene supressor p53. Tudo isso culmina na ativação de caspases

iniciadoras (caspase-8 e caspase-9) e efetoras (caspase-3 e caspase-7), levando

às alterações celulares e à morte.

Nos casos de LHc, tanto as células H-RS quanto os linfócitos adjacentes,

possuem uma forte expressão das proteínas CD95 e CD95 ligante (CD95L) cuja

consequência deveria ser a morte celular. Todavia, os efeitos da ativação

FAS/CD95 nas células H-RS parace ser inibido pela super-expressão da proteína

anti-apoptótica c-FLIP (enzima conversora da IL-1β ligada ao FADD) (MATHAS, S.

e cols., 2004, VERBEKE, C.S. e cols., 2001).

O escape da apoptose nas células H-RS também é consequência da super

expressão das proteínas anti-apoptóticas BCL2 e BCLXL e de níveis baixos de

expressão da pró-apoptótica BAX, associada ao aumento da expressão de

p65/RelA nuclear (GARCIA, J.F. e cols., 2003, ROMAGNOLI, M. e cols., 2007,

SUP, S.J. e cols., 2005). Portanto, é sugerido que a sobrevivência das células H-

RS é subordinada ao balanço entre os os níveis de expressão de proteínas anti-

apoptóticas e pró-apoptóticas (BAI, M. e cols., 2007).

Já com relação à família IAP de proteínas inibidoras da apoptose, as células

de H-RS possuem alta expressão de SURVIVINA, XIAP e cIAP2, capazes de

proteger as células da apoptose mediada por caspase-3 (CASP3) (KASHKAR, H. e

cols., 2003, MATHAS, S. e cols., 2004).

A CASP3 é a principal efetora da apoptose e ponto de convergência das vias

de apoptose extrínseca e intrínseca (PORTER e cols., 2006). A CASP3 reside na

célula sob a forma inativa (pro-caspase-3) e após modificações pós-traducionais se

torna ativa e capaz de clivar diversos substratos celulares, dentre eles MDM2.

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A clivagem de MDM2 pela CASP3 tem como consequência a liberação de

p53 (até então retido no citoplasma), que se transloca para o núcleo e ativa a

transcrição de genes pró-apoptóticos como BAX (JOSHI e cols., 2007). Tendo em

vista a execução do apoptose depende do funcionamento adequado de seus

efetores, a presença de CASP3 nas células está relacionada a um correto

funcionamento da maquinaria apoptótica, e conseqüentemente a células mais

sensíveis à quimioterapia.

No LHc, BAI e cols. (2007) identificaram a expressão de CASP3 em 67% dos

casos de LHc, enquanto que DUKERS e cols. (2002) relatam a expressão de

CASP3 em apenas 35% dos casos, sendo esta associada a expressão p21 e p53

por IHQ. Tendo em vista que há poucos estudos e resultados controversos, esta

proteína precisa ser mais bem compreendida no contexto da doença de Hodgkin.

1.4 Plausibilidade do envolvimento da nucleofosmin a no patobiologia do Linfoma de Hodgkin clássico

Tendo em vista que a inativação da via da p53 não parece resultar de

mutações, as alterações descritos, tomadas em conjunto, apontam para uma

perturbação estrutural ou topológica de proteínas nucleares, tais como MDM2 e

p14ARF, que regulam a estabilidade de p53. Assim sendo, proteínas relacionadas a

supressão tumoral através da via de p53 e ao ciclo celular precisam ser melhor

investigadas no contexto do LHc.

A nucleofosmina (NPM, também denominada B23 ou numatrina) é uma

fosfoproteína nucleolar multifuncional com cerca de 37 kDa, que transita entre o

núcleo e citoplasma durante diversos processos celulares e interage com diversas

proteínas (NAOE, T. e cols., 2006). Posto que a NPM é capaz de: (a) regular a

atividade do supressor de tumor de p53 através da interação com p14ARF, MDM2

ou mesmo p53, protegendo-o da degradação mediada por MDM2 pode promover o

arresto do ciclo celular via ARF; (b) é uma chaperona da proteína anti-apopótica

BAX (c) e é alvo de CDK2/ciclina durante a duplicação centrossômica; é possível

que a proteína possa estar envolvida na desregulação do ciclo celular no LHc.

O gene NPM1, localizado na região 5q35.1, possui 12 exons e codifica duas

isoformas da proteína, B23.1 (NPM1.1) e B23.2 (NPM1.2), geradas a partir de um

mecanismo de splicing alternativo e com diferentes níves de RNAm e de expressão

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protéica (NAOE, T. e cols., 2006). A isoforma NPM1.1 é mais abundante e

prevalente em todos os tecidos, possui 294 aminoácidos (aas) e é encontrada

predominantemente no nucléolo. Já a isofoma NPM1.2 difere da NPM1 pela

ausência de 35 aas na região C-terminal, é menos expressa e pode ser encontrada

tanto no nucléolo quanto no nucleoplasma e no citoplasma (GRISENDI, S. e cols.,

2006) (Fig. 1.3). Uma isoforma truncada com a ausência dos exons 11 e 12 gerada

por splicing alternativo do gene NPM1 foi também descrita (DALENC, F. e cols.,

2002, WANG, D. e cols., 1993).

A NPM esta envolvida na tumorigênese humana, dependendo dos níveis de

expressão e de dosagem gênica, bem como da localização sub-celular. Os papeis

da NPM no câncer são complexos e ainda não completamente conhecidos,

podendo funcionar tanto como um oncogene quanto como um supressor de tumor

(GRISENDI, S. e cols., 2006).

Há dois modelos delineados até o momento para a contribuição da NPM no

processo de tumorigênese: (i) através da super expressão da proteína em tumores

sólidos com diversas origens histológicas (ovário, próstata, cólon e bexiga), e (ii)

alterações na localização sub-celular da proteína nas neoplasias hematológicas

devido a alterações genéticas, como translocações cromossômicas, no linfoma

anaplásico (LA) ou mutações, na leucemia mielóide aguda (LMA).

Nos tumores sólidos, a super expressão da NPM possui correlação com o

índice mitótico e o índice de proliferação celular (YUNG, B.Y., 2007) e a hipótese

atual é que esta expressão esteja associada ao papel da NPM na biogênese

ribossomal e na síntese de proteínas. Como não há relatos da amplificação do

gene NPM1, a superexpressão poderia ocorrer em conseqüência da atividade do

oncogene Myc, uma vez que o gene NPM é um alvo direto de Myc. Até o momento,

não há modelos transgênicos da super expressão da NPM disponíveis para que se

possa confirmar in vivo que a super expressão da NPM é por si só suficiente para

desencadear o processo de tumorigênese (COLOMBO, E. e cols., 2011,

GRISENDI, S. e cols., 2006).

Nas neoplásias hematológicas, o gene NPM1 está envolvido em

translocações cromossômicas que levam à formação de proteínas de fusão, entre

elas a t(2:5)(p23;q35) com o gene ALK (do inglês anaplasic lymphoma kinase) em

aproximadamente metade dos casos de linfoma anaplásico, um LNH que expressa

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CD30; a t(5:17)(q35;q12) com o gene RARa (receptor alfa do ácido retinóico) na

LMA (ARBER, D.A. e cols., 1996, RIMOKH, R. e cols., 1989),(FALINI, B. e cols.,

2007a, KWAN MA, E.S. e cols., 2000, REDNER, R.L. e cols., 2006) e a

t(3:5)(q25;q35) com o gene MLF1 (mielodisplasia-leucemia fator 1) na síndrome

mielodisplásica (SMD) (DALY, H.A. e cols., 1991, MORRIS, S.W. e cols., 1992)

(Fig. 1.4). Além disso, em aproximadamente 40% dos casos de LMA, a localização

aberrante da proteína NPM foi identificada no citoplasma (NPMc+) dos blastos

leucêmicos em decorrência de mutações no gene NPM1, representando nestas o

evento mutacional mais freqüente (FALINI, B. e cols., 2007b, FALINI, B. e cols.,

2007c).

Figura 1.3 Domínios funcionais da proteína NPM. A cadeia polipéptidica da NPM possui uma estrutura modular que contém vários domínios com sequências distintas. Duas variantes de splicing foram identificados, denominadas B23.1 e B23.2, que compartilham 255 resíduos N-terminais idênticos, enquanto que os últimos 35 aminoácidos da região C-terminal de B23.1 estão ausentes em B23.2. Adaptado de GRISENDI, S. e cols., 2006.

Na LMA, a localização aberrante da NPM é ocasionada por mutações que

afetam a porção C-terminal da proteína, majoritariamente no exon 12 criando um

sinal de exportação nuclear (NES) adicional (FALINI, B. e cols., 2007c); assim

como a perda de resíduos de triptofano 288 e 290 que determinam sua localização

nucleolar (NISHIMURA, Y. e cols., 2002) (Fig. 1.4). Um esquema das mutações

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mais freqüentes, incluindo a mais freqüente mutação tipo A (duplicação TCTG na

posição 956 e 959) é apresentado na Fig. 1.4.

Na LMA as mutações no gene NPM1 são associadas com ao cariótipo normal e

com uma melhor resposta terapêutica (FALINI, B. e cols., 2007c) e, embora o

mecanismo que ocasiona a localização aberrante esteja bem documentado, as

conseqüências dessa localização sub-celular alterada não estão ainda elucidadas.

Figura 1.4. Representação esquemática das translocações e mutações no gene NPM1 nas leucemias e linfomas. a) Cromossomos parceiros na fusão e transcritos resultantes das translocações cromossômicas reciprocas. De cima para baixo: a t(2:5)(p23:q35) causa a fusão do gene NPM1 no cromossomo 5 com o gene ALK no cromossomo 2; a t(5:17)(q35;q12) causa a fusão com o gene RARa no cromossomo 17 e a t(3:5)(q25;q35) com o gene MLF1 localizado no crmossomo 3.b) sequência das 3 mais frequentes mutações/inserções no exon 12 na LMA. Adaptado de GRISENDI. e cols., 2006.

Alterações envolvendo a NPM foram também descritas na Leucemia

Linfocítica Crônica (LLC) onde análises proteômicas identificaram a super

expressão de NPM, associada a deslocalização celular em uma fração das células

neoplásicas (REES-UNWIN, K.S. e cols., 2010).

A localização sub-celular alterada da NPM pode contribuir para a

tumorigênese pela modulação do ciclo celular, visto que NPM é capaz de interagir

com diversos oncogenes e supressores tumorais. Por exemplo, a baixa expressão

da NPM pode promover o bloqueio da ciclo celular através da sua interação com

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NF-kB e sua capacidade de fosforilar a proteína de retinoblastoma (Rb)

(GRISENDI, S. e cols., 2006).

A atividade de p53 também pode ser regulada por NPM através de p14ARF

(DU e cols., 2010). NPM é capaz modular funcionalmente p14ARF através do seu

recrutamento para o nucléolo, impedindo a formação do complexo p14ARF/MDM2

no nucleoplasma e conseqüentemente a ligação de MDM2 a p53. Na ausência da

ligação com MDM2, p53 não é encaminhado a degradação proteossomal e

acumula-se no núcleo. A estabilização de p53 por NPM também já foi descrita

através da interação direta de NPM com MDM2 (KURKI, S. e cols., 2004). Além

disso, recentemente foi identificado na NPM um domínio C-terminal capaz de se

ligar a dois diferentes domínios de p53, sugerindo que a interação direta entre NPM

e p53 pode representar um mecanismo regulatório independente de MDM2 e

p14ARF (LAMBERT, B. e cols., 2006).

A NPM também está envolvida na regulação negativa da progressão do ciclo

celular, visto que a fosforilação da NPM no resíduo Treonina-199 por CDK2 na fase

tardia de G1 regula a duplicação centrossômica nas células em divisão (OKUDA,

M. e cols., 2000). A fosforilação do resíduo Treonina-95, correspondente ao sinal

NES também mostrou afetar a associação da NPM com o centrômero (DU, K.E. e

cols., 2010). De fato, alguns estudos recentes têm demonstrado que a fosforilação

e a desfosforilação de NPM durante a mitose é regulada pelo balanço entre CDK1

e proteína fosfatase 1 (PP1) (GADAD, S.S. e cols., 2011, OKUDA, M. e cols.,

2000). Todavia, a maneira pela qual a fosforilação de NPM durante a mitose pode

vir a regular a progressão do ciclo celular precisa ser melhor estudada e elucidada.

Tendo em vista o papel central da desregulação do ciclo celular e mais

precisamente da via de p53 no LHc, cuja os conhecimentos apontam para um

mecanismo que envolva a perturbação de proteínas nucleares relacionadas a

trípede p53/MDM2/p14ARF, novas proteínas relacionadas a supressão tumoral pela

via de p53 precisam ser melhor investigadas no contexto do LHc. Até o momento,

não há nenhum estudo sobre o status da NPM e sua possível participação no

mecanismo tumorigênicos das células H-RS.

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1.5 Prognóstico associado à proliferação e apoptose no Linfoma de Hodgkin

clássico

Nas células neoplásicas, as alterações nas vias de sinalização da proliferação

celular e apoptose são determinantes na resposta destas células aos tratamentos

(POTER e cols, 1999). A relevância clínica das alterações no ciclo celular e

apoptose nas células H-RS tem sido observada, tanto em estudos baseados na

abordagem por IHQ quanto através do delineamento de perfis de expressão gênica

(GARCIA, J.F. e cols., 2003, MONTALBAN, C. e cols., 2004, SANCHEZ-

AGUILERA, A. e cols., 2006, SANCHEZ-ESPIRIDION, B. e cols., 2010, SANCHEZ-

ESPIRIDION, B. e cols., 2009, STAEGE, M.S. e cols., 2008, SUP, S.J. e cols.,

2005, VASSALLO, J. e cols., 2003).

Uma alta fração de crescimento tumoral (FC) determinada pelo número total

de células neoplásicas vs. a quantidade de células em proliferação avaliada pela

expressão de duas proteínas: Ki-67 e PCNA foi associada a uma menor sobrevida

no LHc (ABELE, M.C. e cols., 1997, BAI, M. e cols., 2004, GARCIA, J.F. e cols.,

2003, KANAVAROS, P. e cols., 2000, MORENTE, M.M. e cols., 1997,

SMOLEWSKI, P. e cols., 1998).

Já o valor prognóstico atribuído a expressão de p53 no LHc é controverso.

Alguns estudos associaram um alto percentagem de células H-RS expressando

p53 em pacientes com LHc a uma menor sobrevida (MORENTE, M.M. e cols.,

1997, SMOLEWSKI, P. e cols., 1998), enquanto em outros, foi associado a uma

melhor sobrevida (BENHARROCH, D. e cols., 2010, GARCIA, J.F. e cols., 2003,

MONTALBAN, C. e cols., 2004, SMOLEWSKI, P. e cols., 1998, SMOLEWSKI, P. e

cols., 2000b, XERRI, L. e cols., 1994).

Com relação a apoptose, um alto índice de células H-RS expressando BCL2

foi associado a uma menor sobrevida nos pacientes com LHc por diversos autores

(BRINK, A.A. e cols., 1998, RASSIDAKIS, G.Z. e cols., 2001, SMOLEWSKI, P. e

cols., 2000b, SUP, S.J. e cols., 2005, VASSALLO, J. e cols., 2003), embora alguns

estudos não conseguiram provar uma associação significativa com a resposta

clínica (SMOLEWSKI, P. e cols., 1998, SPECTOR, N. e cols., 2005). Igualmente,

em pacientes jovens com LHc subtipo EN, a presença de um alto número de

células H-RS BCL2 positivas concomitante a baixa expressão de BCL2 por

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linfócitos T circundantes foi correlacionada a falha terapêutica e conseqüentemente

uma menor sobrevida (VAN SPRONSEN, D.J. e cols., 2000).

No mesmo sentido, uma menor sobrevida foi significativamente associada à

alta expressão (≥ 50% de células H-RS positivas) de BCLXL e SURVIVINA,

enquanto que BAX, apesar de expressa pelas células H-RS, não foi correlacionada

a um desfecho clínico (BROUSSET, P. e cols., 1996).

Com relação ao índice de apoptose nas células H-RS, DUKERS e

colaboradores (2002) observaram que um alto número de células tumorais

expressando CASP3 (≥ 5% de células H-RS positivas) foi capaz de predizer uma

boa resposta terapêutica. Entretanto, este valor prognóstico associado a CASP3 no

LHc não foi confirmado por Bai e colaboradores (2007). A relevância clínica do

índice apoptótico detectado pelo método TUNEL (do inglês: Terminal Transferase-

Mediated dUTP-Biotin Nick End Labeling) foi estudada por alguns autores e

(BENHARROCH, D. e cols., 1999, BRINK, A.A. e cols., 1998, GARCIA, J.F. e cols.,

2003, GEORGIADI, E.C. e cols., 2012, MONTALBAN, C. e cols., 2004,

SMOLEWSKI, P. e cols., 2000b) e igualmente, um alto índice apoptótico foi

associado a uma boa resposta terapêutica (BRINK, A.A. e cols., 1998).

Por outro lado, estudos de expressão gênica utilizando a tecnologia de

microarray identificaram assinaturas de genes envolvidos na regulação do

checkpoint mitótico e na proliferação celular/apoptose associadas com uma

resposta clínica desfavorável em pacientes com LHc em estágios avançados

(SANCHEZ-AGUILERA, A. e cols., 2006, SANCHEZ-ESPIRIDION, B. e cols., 2010,

SANCHEZ-ESPIRIDION, B. e cols., 2009).

1.6 O microambiente tumoral no Linfoma de Hodgkin c lássico

Tornou-se claro que o câncer não é meramente o crescimento de células que

proliferam de forma autônoma, mas que outros tipos de células não malignas são

uma parte funcional do fenótipo da doença e representam uma resposta imune

dirigida e modulada pelas células tumorais. Em diversos tipos de tumores, e, de

maneira excepcional no LHc, há um grande recrutamento das células do sistema

imune, o que sugere um papel elementar dos processos inflamatórios e de

vigilância tumoral na constituição do microambiente tumoral (MAT) (ALDINUCCI, D.

e cols., 2010).

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O MAT pode ser definido como o conjunto de elementos que rodeiam as

células tumorais (células e elementos formados e amorfos do estroma), assim

como o millieu bioquímico formado por proteínas (citocinas, quimiocinas, etc.)

secretadas por células tumorais e não tumorais infiltrantes. No LHc, a presença do

MAT é um fator patogênico essencial e resultante de diversos processos, a citar:

(i) a produção de diferentes tipos de citocinas e quimiocinas pelas células H-RS

que, embora possa desempenhar um papel primário autócrino, ocasiona um

processo inflamatório e faz com que as células não malignas do sistema imune

recrutadas contribuam à manutenção e proliferação das células H-RS (ALDINUCCI,

D. e cols., 2010); (ii) uma possível resposta imune citotóxica contra as células

tumorais ocasionada por antígenos tumorais, ou, no caso do EBV+, virais.

A complexa relação entre as células H-RS e seu microambiente é apenas

parcialmente entendida, sendo atualmente o foco de intensas pesquisas em função

de dois principais motivos: (i) o reconhecimento crescente do papel das células do

MAT na manutenção do fenótipo maligno e na resposta terapêutica; (ii) o

reconhecimento de um intenso cross-talk entre as células tumorais e as diferentes

sub-populações de células inflamatórias recrutadas para o tumor (ALDINUCCI, D. e

cols., 2010, STEIDL, C. e cols., 2011a).

O MAT no LHc é formado por quantidades variáveis de células inflamatórias

infiltrantes como células T (citotóxicas, auxiliares, reguladoras), células B,

plasmócitos, monócitos, macrófagos, eosinófilos, neutrófilos, células mastoides,

entre outras (ALDINUCCI, D. e cols., 2010) e, influenciado pelo subtipo histológico,

da faixa etária do paciente e do status do EBV (ALDINUCCI, D. e cols., 2010,

MAGGIO, E. e cols., 2002, STEIDL, C. e cols., 2010b) (Fig. 1.5).

Dentre as diferentes sub-populações acima descritas, as células T são de

particular interesse, pois na maior parte dos casos, representam a maior população

de células infiltrantes e são células que interagem diretamente com as células H-

RS (KUPPERS, R., 2012). As células T, dependendo da função imune

desempenhada são classificadas em diferentes subtipos: as células efetoras, que

são as células T citotóxicas (CD8+) e as células T auxiliares (Th, CD4+).

Os linfócitos citotóxicos CD8+ (LCTs), responsáveis pela vigilância e

imunidade anti-tumoral, assim como na resposta imune antiviral (SUN; LANIER,

2011), exercem sua função diretamente através da citotoxicidade contra as células

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alvo mediada por proteínas citolíticas, como perforina, TIA1 e granzima B (GRZB)

(ANIKEEVA; SYKULEV, 2011; SANT; MCMICHAEL, 2012).

As células T CD4+ são componentes importantes do MAT no LHc (STEIDL,

C. e cols., 2011a). Estas células Th CD4+, responsáveis por ativar células

apresentadoras de antígenos, tem como função gerar o aumento de expressão de

co-receptores para ativação das células T efetoras e promover à polarização da

resposta imune (em pro-, anti-inflamatória ou supressora).

Figura 1.5 Composição do microambiente tumoral e interações patogênicas entre células H-RS e células infiltrantes no LHc. As células H-RS produzem citocinas e quimiocinas capazes de atrair diretamente ou indiretamente células inflamatórias ao seu redor para sustentar sua proliferação e constituir o microambiente LHc. Igualmente, as células infiltrantes não neoplásicas produzem moléculas que vão modular as células H-RS. Adaptado de KUPPERS e colaboradores (2012).

Dentre as células T CD4+, podem ser reconhecidas diferentes sub-

populações polarizadas para tipos específicos de resposta, as Th tipo 1 (Th1), que

expressam o fator de transcrição (FT) específico TBET, as do tipo Th2, que

expressam o FT GATA3 (COUSSENS, 2010; VESELY e cols.., 2011), as Th17 que

expressam ROR1, dentre outras. As células T reguladoras (Treg), com

imunofenótipo CD4+ CD25+, caracterizam-se pela expressão do FT específico

FOXP3. Estas são células imunoreguladoras e através da produção de IL10 e de

contatos célula-célula podem suprimir a proliferação de outros tipos celulares como

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CTLs (OBERG, H.H. e cols., 2011). Um conjunto de células reguladoras,

denominadas TR1, são FOXP3 negativas e caracteristicamente expressam

interleucina 10 (IL10). O fator de transcrição MAF (CMAF) é freqüentemente

utilizado como marcador de célula T CD4+ Th2/reguladora, uma vez que é

responsável pela regulação da expressão de IL10 (ZHU; PAUL, 2008).

O mecanismo pelo qual as células T interagem com as células H-RS ainda é

incompreendido. Todavia, a interação entre H-RS e células T parece ser importante

para as células tumorais, visto que, linhagens derivadas de LHc em cultura são

capazes de formar clusters espontaneamente com células T CD4+ (FLAVELL, D.J.

e cols., 1989, SANDERS, M.E. e cols., 1988).

Em relação ao papel das células T na resposta terapêutica do LHc, foi

observado que um maior número de células T citotóxicas (CD8+, TIA1+, GRZB+) e

um menor número de células T reguladoras (Treg, CD4+CD25+FOXP3+) estão

associadas com um pior prognóstico (ALVARO-NARANJO, T. e cols., 2005,

GREAVES, P. e cols., 2013, TZANKOV, A. e cols., 2008). Estes achados indicam

que o modelo de resposta imune anti-tumoral no LHc é mais complexo do que o

modelo de imunovigilância clássico, em que a função das CTLs seria o controle do

crescimento tumoral.

A imunidade inata no MAT da doença é representada principalmente pelas

células dendríticas, células natural killer (NK) células NK/T, eosinófilos e macrófagos.

Dentre estas populações, os macrófagos associados ao tumor (TAMs) se tornaram

alvo de estudos no LHc, visto que seu papel no MAT tem sido associado a

progressão tumoral em outras neoplasias (MOVAHEDI, K. e cols., 2010).

Os macrófagos representam uma população de células bastante heterogênea e

com grande plasticidade funcional, que participam de vários cenários

patofisiológicos, dependendo do estado funcional e da polarização da resposta

imune em curso. Há dois padrões de ativação funcional descritos, que representam

os extremos de um espectro de ativação: i) macrófagos classicamente ativados ou

M1, que são ativados por LPS (lipopolissacarídeo), GM-CSF (fator estimulador de

colônia de macrófago) e IFN-g (interferon gamma humano), são efetores pró-

inflamatórios, e expressam mediadores de inflamação tais como TNFa, IL-12, IL1b e

IL6, quimiocinas CC, e óxido nítrico (NO) e ii) macrófagos alternativamente ativados

ou M2, induzidos pelo M-CSF que secretam IL4, IL10 e/ou IL13, mas não IL-12, e

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exercem e função anti-inflamatórias reguladora na reparação tecidual, remodelação

e promoção da resposta imune Th2 (GORDON, S. e cols., 2010, MANTOVANI, A. e

cols., 2010). No microambiente tumoral, apesar de ser reconhecido que os

macrófagos podem ter uma polarização M1 ou clássica, associada a uma resposta

Th1, e com funções potencialmente tumoricidas (BISWAS, S.K. e cols., 2010), a

maioria dos estudos identifica populações de macrófagos com uma polarização tipo-

M2 ou outras expressando fenótipos diversos, associados com imunossupressão e

remodelação da matriz extracelular e metástase (BISWAS, S.K. e cols., 2013,

BISWAS, S.K. e cols., 2010). A heterogeneidade intratumoral dos estados de

polarização é reconhecida, mas pouco estudados em tumores humanos e é

importante ressaltar que, os resultados que dão apoio a esta descrição provém na

sua grande maioria de tumores sólidos, em que um "solo" inflamatório é postulado

como fator patogênico e nicho metastático, e os macrófagos são recrutados

precocemente ao sitio da inflamação. Nos tumores hematopoiéticos, este pode não

ser o caso.

No MAT, a detecção dos macrófagos é baseada principalmente em IHQ com

anticorpos específicos anti-CD68 e CD163, cuja utilização na identificação da

população clinicamente relevante é fonte de controvérsia, assim como a falta de

padronização das abordagens quantitativas (STEIDL, C. e cols., 2011b). O CD68 é o

marcador pan-macrófago mais amplamente usado, todavia, sua expressão não é

considerada altamente específica para a linhagem monócito/macrófago (LAU, S.K. e

cols., 2004). Uma expressão mais restrita e específica foi descrito para CD163 (LAU,

S.K. e cols., 2004), uma glicoproteína da super-família de receptores scavenger ricos

em cisteína, cuja expressão é controlada por vários mediadores inflamatórios, como

IFN-g, IL6, IL10 e glucocorticóides (HOGGER, P. e cols., 1998) e levanta-se a

hipótese de associação com funções anti-inflamatórias associadas com uma

polarização M2, assim como funções pró-tumorais e na metástase (BUECHLER, C.

e cols., 2000, KOMOHARA, Y. e cols., 2006).

No LHc, a maioria dos trabalhos encontraram uma associação desfavorável

com a sobrevida em pacientes adultos, podendo ser esta associação com

macrófagos CD68+, CD163+ ou com ambas as populações (KAMPER, P. e cols.,

2011, KLEIN, J.L. e cols., 2014, PANICO, L. e cols., 2013, STEIDL, C. e cols.,

2011b, TAN, K.L. e cols., 2012). Alguns estudos não verificaram esta associação

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(AZAMBUJA, D. e cols., 2012, KAYAL, S. e cols., 2014, SANCHEZ-ESPIRIDION, B.

e cols., 2012). No LHc pediátrico, trabalhos prévios da nossa equipe mostraram um

alto número de macrófagos CD163+, mas não CD68+, associado com pior resposta

(BARROS, M.H. e cols., 2012a), enquanto que um outro trabalho com similar

número de casos não verificou associação dos macrófagos com desfecho clínico

(GUPTA, S. e cols., 2013).

Na caracterização do estado de polarização de macrófagos in situ, BARROS

e colaboradores (2013) utilizaram uma serie de condições patológicas associadas

com respostas imunes predominantemente Th1 (mononucleose infecciosa e

doença de Crohn) ou Th2 (pólipos nasais alérgicos, oxiuriase e cicatrização), e

mostraram que uma abordagem possível é a utilização de dupla marcação com

CD68 e CD163 associados aos FT pSTAT1 e RBP-J (M1) e MAF (M2). Até o

momento, não há na literatura a descrição do estado de polarização intratumoral

dos macrófagos no MAT do LHc e sua correlação com o desfecho clínico.

1.7 Cross-talk entre as células de Reed-Sternberg e as células in filtrantes no

Linfoma de Hodgkin clássico

O conceito de que as células tumorais possuem uma intima relação com as

células que compõem o sistema imunológico do hospedeiro foi postulado há um

século por Rudolf Virchow (BALKWILL, F. e cols., 2001). Atualmente entende se

que a tumorigênese é uma conseqüência de interações entre as células neoplasias

e as células do estroma do hospedeiro e que este sistema imune é parte integrante

de quase todos os processos tumorigênicos, incluindo a iniciação tumoral (DE

VISSER, K.E. e cols., 2005), a progressão e a resposta à terapia (RUFFELL, B. e

cols., 2010).

Os efetores imunes e os seus fatores secretados foram implicados na

iniciação da tumorigénese, no crescimento do tumor, na sobrevivência e na

disseminação da metástase, bem como da vigilância imune e prevenção de

crescimento tumoral (DE VISSER, K.E. e cols., 2005). Este fenômeno tem se

tornado mais evidente frente ao fato de que em modelos murinos a inativação do

oncogene que ocasionou a tumorigênese não é suficiente para reverter este

processo e ocasionar a regressão tumoral (TRAN, P.T. e cols., 2008). Além disso,

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diversos estudos tem demonstrado que o microambiente tumoral possui um papel

crítico tanto no processo tumorigênico inicial quanto na regressão tumoral após

tratamentos (ALBINI, A. e cols., 2007, COUSSENS, L.M. e cols., 2000, RAKHRA,

K. e cols., 2010). Um exemplo são as células T CD4+, associadas à regressão

tumoral em um modelo murino de oncogênese hematológica induzida por MYC ou

BCR-ABL (RAKHRA, K. e cols., 2010).

Diversos estudos têm demonstrado que as células H-RS são capazes de

modular o seu microambiente através da produção de citocinas e quimiocinas (MA,

Y. e cols., 2008). Por outro lado, as células H-RS são quase absolutamente

dependentes dos estímulos provenientes do microambiente, sendo dificilmente

encontradas no sangue periférico, ou em crescimento em culturas in vitro ou

animais imunodeficientes (KUPPERS, R., 2010). Assim, é difícil imaginar que dada

à importância do fenótipo tumoral na patologia da doença, que estímulos

provenientes de células infiltrantes não conduzam a alterações na maquinaria

celular das células H-RS.

Em um estudo recente, ALVARO e colaboradores (2008) observaram uma

associação entre a resposta imune (dada pelas células infiltrantes) e alterações

moleculares nas vias apoptóticas e proliferativas das células H-RS em casos

adultos de LHc, que ainda não foi confirmado por estudos independentes, nem

investigado no LHc pediátrico. Nesse estudo, a super expressão de proteínas anti-

apoptóticos (BCLXL, SURVIVINA) foi associada a uma menor incidência de células

citotóxicas no infiltrado tumoral, enquanto que um maior MAT composto por um

maior número de células do sistema imunológico em geral (células T reguladoras e

citotóxicas e NK) foi associado a um número elevado de células tumorais e a

alterações na expressão de proteínas relacionadas a progressão do ciclo celular.

Os TAMs e sua possível correlação com o MAT não foram avaliados nesse estudo.

Dada a alta dependência do LHc com seu MAT e o papel das alterações no

ciclo celular e na apoptose para a doença, novos estudos para compreender as

alterações na apoptose e no ciclo celular e sua possível modulação pelo sistema

imune tumoral são necessárias no LHc.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O objetivo deste projeto é investigar as alterações no ciclo celular e apoptose

das células Reed-Sternberg e a sua relação entre a resposta imune local definida

pela composição do microambiente tumoral em casos de linfoma de Hodgkin

pediátricos, visando identificar cross-talks potenciais entre os dois componentes do

tumor.

2.2 Objetivos específicos

• Estudar a expressão de proteínas e marcadores associados ao ciclo celular

e à apoptose das células de Reed-Sternberg em material tumoral de

pacientes com linfoma de Hodgkin clássico pediátrico.

• Verificar a plausibilidade do envolvimento da nucleofosmina no patobiologia

do Hodgkin clássico pediátrico.

• Correlacionar alterações no ciclo celular e apoptose com características

clínicas e histológicas, associação com o vírus Epstein-Barr (EBV) e

resposta terapêutica no grupo estudado.

• Refinar a caracterização do microambiente tumoral, especificamente em

relação a sub-populações celulares associadas com um perfil anti-

inflamatório (linfócitos Th2 e macrófagos) no linfoma de Hodgkin pediátrico.

• Caracterizar por imunohistoquímica o potencial estado de polarização (tipo

M1 ou M2) dos macrófagos associados a tumor no linfoma de Hodgkin

pediátrico.

• Correlacionar as características do ciclo celular e apoptose das células de

Reed-Sternberg com a composição do microambiente tumoral (células

citotóxicas, Th, Treg, linfócitos B, células dendríticas e macrófagos).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Pacientes

Neste estudo foram incluídos 87 pacientes pediátricos (≤ 18 anos),

diagnosticados com linfoma de Hodgkin clássico (LHc) no Instituto Nacional do

Câncer (INCA) entre 1999 e 2006. O diagnóstico inicial foi realizado pelo

Departamento Integrado de Patologia (DIPAT) e, em seguida, todos os casos foram

independentemente revisados pelo pesquisador Dr. Mário Henrique Magalhães

Barros. Foram elegíveis para este estudo todos os casos com diagnóstico

confirmado de LHc, de acordo com os critérios da OMS (SWERDLOW, S.H.,

CAMPO, E.,, 2008), que possuíam bloco de parafina com material tumoral do

diagnóstico suficiente para realização das técnicas experimentas propostas neste

estudo, assim como informações clínicas disponíveis. Foram excluídos do estudo

pacientes com diagnóstico de linfoma de Hodgkin do tipo predomínio linfocítico

nodular, assim como pacientes portadores do vírus HIV.

Devido ao esgotamento e falhas na qualidade do material biológico, o estudo

de alguns marcadores de ciclo celular e apoptose foi realizado em um subgrupo

menor de pacientes. Por esta razão, para cada um dos marcadores cuja perda de

número de casos analisáveis foi ≥ 15% (pATM, pH2Ax, CASP3, pHH3,

SURVIVINA, TUNEL+) comparamos as características epidemiológicas e clínico-

laboratoriais deste subgrupo ao grupo total representado pelos 87 casos, a fim de

verificar a existência qualquer viés. Não houve diferenças significativas nas

características clínicas, laboratoriais ou de distribuição de marcadores celulares

entre o subgrupo com menor número de casos, e o grupo total em nenhum dos

marcadores estudados.

Adicionalmente, para validar os achados da NPM foi agregado um grupo

externo composto de 47 pacientes oriundos do Instituto Unfallkrankenhaus Berlin

(UKB, Berlim, Alemanha), diagnosticados com LHc pelo Departamento de

Patologia do UKB no período de 1998 e 2010, com idade entre 6 e 73 anos

(mediana de 36 anos) e sexo 1:4 (mulheres:homens). Deste grupo de pacientes

procedentes do UKB não se tem dados clínicos uma vez que a liberação do Comitê

de Ética do Hospital se deu somente para os dados demográficos.

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Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do INCA

(Protocolo 37/05) (Anexo I) e obedece às diretrizes e normas regulamentadoras de

pesquisas envolvendo seres humanos do Conselho Nacional de Saúde, visando

assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos

sujeitos da pesquisa e ao Estado. Foram adotadas medidas que asseguraram a

confidencialidade e a privacidade dos pacientes, bem como o sigilo e a segurança

dos dados obtidos.

3.2 Dados Clínico-Epidemiológicos

Os dados de cada paciente referentes à procedência, história clínica, exames

clínico-radiológico-laboratoriais ao diagnóstico, tratamento, resposta terapêutica e

seguimento, conforme ficha de registro, (Anexos II e III) foram obtidos do prontuário

médico. Os valores de normalidade para os exames laboratoriais avaliados foram:

leucometria de 6 a 10 x 109/L, hemoglobina até 13 g/dL, desidrogenase lática (DHL)

até 480 U/L. O estadiamento dos pacientes foi realizado segundo o preconizado pelo

Estadiamento Ann-Arbor (CARNONE; 1971). Os pacientes com estadiamento IIB,

IIIB e IV foram considerados como de grupo desfavorável, os demais como de grupo

favorável (VASSILAKOPOULOS; 2005).

3.3 Linhagens celulares e cultura de Células

As linhagens celulares L428 e L1236 (doadas pelo Dr. Volker Diehl, University

of Cologne) e KM-H2 (doada pelo Dr. Leif Bersagel, Mayo Clinic), foram cultivadas

em meio RPMI 1640 (GIBCO) suplementado com 2 mM de L-glutamina, 10% de

soro fetal bovino (SFB), 100 mg de estreptomicina e 100.000 unidades de penicilina.

As células foram mantidas em estufa à 37ºC com 5% de CO2.

3.4 Preparação de lâminas histológicas

Para a realização da técnica de imunofluorescência e FISH foram

confeccionadas lâminas histológicas de cada caso. Cada bloco de parafina foi

submetido no micrótomo a cortes histológicos sucessivos de 3 µm (LEICA RT2125)

e em seguida, aplicados sobre lâminas silanizadas (ImmunoSlide-EASYPATH). As

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lâminas foram identificadas, secadas verticalmente à temperatura ambiente e

incubadas em estufa a 56°C por 12 horas.

3.5 Estudo imunohistoquímico

Para todos os blocos de parafina contendo material tumoral do diagnóstico,

foram preparadas lâminas coradas por hematoxilina e eosina (HE) segundo técnica

padrão, para que fossem escolhidos os blocos com melhor representatividade da

neoplasia. Desta maneira, cada paciente teve apenas um bloco de parafina

utilizado em todas as etapas experimentais do estudo.

3.5.1 Construção do “Tissue Micro-Array” (TMA )

As lâminas de HE representativas da neoplasia, conforme descrito no item

anterior, foram utilizadas para a identificação das áreas usadas nas lâminas de

microarranjo tecidual (TMA: do inglês, Tissue micro array). Foram realizadas

marcações circulares das regiões mais representativas do tumor nas lâminas de

HE e nos blocos de parafina correspondentes (blocos doadores). O TMA foi

construído usando um tissue microarrayer (Beecher Instrument, SILVER SPRINGE,

MD), e incluiu as áreas de interesse previamente marcadas nos blocos de material

parafinado. Para cada caso, foram retirados dois cilindros de 1 mm (cores) de duas

áreas distintas do tumor e transferidas para um bloco receptor de resina sintética

(Histosec, MERCK). O bloco receptor foi cortado em seções de 3 µm e as lâminas

foram identificadas e armazenadas a - 20°C.

Durante este estudo foram confeccionados dois TMAs. O primeiro TMA foi

construído em colaboração com o Dr. Fernando Augusto Soares, Departamento de

Patologia do Centro de Tratamento e Pesquisa do Hospital do Câncer A.C.

Camargo, São Paulo. O segundo TMA foi confeccionado no Departamento de

Patologia do UKB (Unfallkrankenhaus Berlin, Alemanha), durante a etapa do

“doutorado-sanduíche”.

3.5.2 Construção de blocos celulares a partir de li nhagens celulares

Para a etapa de padronização dos anticorpos primários utilizados no estudo

imunohistoquímico e para o estudo das possíveis interações da proteína

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nucleofosmina com seus parceiros biológicos através da técnica de

imunohistoquímica com método de dupla marcação, foram preparadas lâminas

histológicas (descrição no item 3.4) obtidas de blocos celulares construídos a partir

de linhagens celulares.

Para isso, aproximadamente 1 x 108 células foram centrifugadas por 7

minutos a 200 x g a temperatura ambiente após lavagem com 15 mL de tampão

fosfato salino (PBS) 10 mM, pH 7,2. O pellet foi fixado em solução de formaldeído

4%, tamponada, pH 6,9 (MERCK) a 4°C por 16 horas e , em seguida, transferido a

um cassete adaptado, visando a preparação histopatológica como descrito

(GARTNER e HIATT, 1999). A impregnação foi realizada em parafina a 56-60ºC.

Posteriormente, o cassete foi retirado da estufa, deixado à temperatura ambiente

até que a parafina endurecesse e então foi conduzido ao corte histológico.

3.5.3 Imunohistoquímica (IHQ)

Os anticorpos primários utilizados na caracterização das linhagens celulares

e nas populações celulares tumorais e infiltrantes, com suas devidas diluições,

estão descritos na tabela 3.4.

Para a realização das técnicas de IHQ, a desparafinização dos cortes foi

realizada em estufa a 60°C por 30 minutos seguido p or 1 banho de 10 minutos em

xilol (MERCK). Os cortes foram reidratados através de banhos sucessivos (5

minutos) em graduações descendentes de etanol (etanol 100%, etanol 85% e

etanol 70%) até a água destilada. A recuperação antigênica foi feita por calor úmido

em panela de pressão durante 2 minutos em tampão de solução Tris/EDTA

(Zytomed Systems HIER Tris-EDTA Buffer, pH 9,0, ZYTOMED SYSTEMS) ou

Citrato de Sódio (Zytomed Systems HIER Citrate Buffer, pH 6,0, ZYTOMED

SYSTEMS) de acordo com a padronização realizada para cada anticorpo primário

(descrito na tabela 3.4). Em seguida, as lâminas foram lavadas em wash buffer,

solução comercial (Zytomed Systems Wash Buffer, ZYTOMED SYSTEMS) por 5

minutos e, incubadas em solução de bloqueio de proteínas inespecíficas fornecido

pelo kit (ZytoChem Plus HRP Polymer System,ZYTOMED SYSTEMS) por 5

minutos. O anticorpo primário (100 µL, diluição de 1:5000 em solução comercial -

Dako REAL Antibody Diluent, DAKO) foi aplicado sobre cada corte, seguido de

incubação em câmara úmida por 30 minutos à temperatura ambiente ou por 16

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horas a 4°C (descrito na tabela 3.4). Após a incuba ção, as lâminas foram

submetidas a 3 banhos (2 minutos) em wash buffer e em seguida, foi aplicado

sobre cada corte 100 µL de anticorpo secundário biotinilado (ZytoChem Plus HRP

Polymer System (Mouse/Rabbit), ZYTOMED SYSTEMS) por 30 minutos em

câmara úmida à temperatura ambiente. Após este tempo, as lâminas foram lavadas

em wash buffer por 5 minutos, seguido da aplicação de 100 µL do conjugado

streptavidina-peroxidase (ZytoChem Plus HRP Polymer System (Mouse/Rabbit),

ZYTOMED SYSTEMS) por 30 minutos, em câmara úmida e em temperatura

ambiente. Os cortes foram lavados em wash buffer por 5 minutos, submetidos à

revelação com o substrato-cromógeno (100 µL, Cromógeno DAB DakoCytomation,

DAKO) por 5 minutos. Os cortes foram lavados em wash buffer por 2 minutos e

contracorados com hematoxilina de Harris por 40 segundos, posteriormente

lavadas em água corrente por 5 minutos e desidratados em graduações de álcool

(70%, 85% e 100%), clarificadas em xilol (MERCK) e montadas e cobertas com

lamínula utilizando meio de montagem não aquoso (DAKO).

3.5.4 Método de Dupla Marcação

Esta técnica foi utilizada para determinar:

(i) o número de células FOXP3+ coexpressando Granzima B;

(ii) o número de células CD163+ coexpressando STAT1 ou MAF;

(iii) o número de células CD68+ coexpressando STAT1 ou MAF;

(iv) o número de células MAF+ que não coexpressavam CD68+;

(v) o número de células CASPASE3+ que não coexpressavam CD68+;

(vi) o número de células CD30+ coexpressando pHH3, SURVIVINA e Ki-67

(vii) o número de células NPMc+ coexpressando p53, p21, MDM2, p14, Ki-67,

pHH3 e BCL2 nas linhagens celulares de LHc.

Os anticorpos anti-Granzima B, anti-STAT1, anti-MAF, anti-CASPASE3, anti-

pHH3, anti-SURVIVINA, anti-p53, anti-p21, anti-p14, anti-Ki-67 e anti-BCL2 foram

utilizados como primeiro anticorpo primário, utilizando o protocolo descrito no item

3.5.3, com o kit ZytoChem Plus HRP Polymer (ZYTOMED SYSTEMS) na etapa de

visualização. Após a etapa de utilização do DAB, a lâmina de TMA foi lavada 3

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vezes por 5 minutos em PBS (colocar de que é feito o PBS) e o segundo anticorpo

primário (anti-FOXP3, anti-CD68, anti-CD163, anti-CD30 e anti-NPM) foi incubado,

seguindo os passos descritos na seção 3.5.3. Na etapa de revelação, foi utilizado o

kit ZytoChem Plus AP Polymer (ZYTOMED SYSTEMS), empregando a fucsina

como cromógeno (Zytomed SYSTEMS). A incubação da lâmina de TMA com a

solução de fucsina foi controlada no microscópio óptico convencional, sendo a

reação interrompida após a obtenção da coloração ótima desejada (6-13 minutos),

colocando-a em PBS. A partir de então foram seguidos os passos posteriores à

etapa de revelação na seção 3.5.3.

3.5.5 Avaliação e ponto de corte

Os anticorpos utilizados nas análises com seus devidos pontos de corte,

padrão de reatividade e controles internos são descritos na tabela 3.4. Na

determinação da diluição e do padrão de reatividade para cada anticorpo foram

utilizados material de referência, a saber: 4 linfonodos com hiperplasia folicular e

TMA de controle interno, realizada com diversos tipos histológicos (bexiga, cabeça

e pescoço, colorretal e sarcoma). Todos os casos foram avaliados e categorizados

pela doutoranda, com a supervisão do patologista Dr. Mário Barros.

Para aqueles anticorpos onde o sistema de avaliação de positividade

adotado foi baseado em porcentagens de células H-RS imunomarcadas, depois de

estabelecido o número de células por mm2 (descrito no item 3.5.7) utilizamos a

fórmula (N+)/(N+)+(N-)x100, onde (N+) corresponde ao número total de células

positivas e (N-) ao número total de células negativas.

Para determinação do número de células neoplasias uninucleadas (NUN) e

multinucleadas (NMN), foram utilizadas lâminas convencionais coradas por HE e

escolhido o campo com maior representatividade dessas células e para cada caso,

a razão entre o número de células NUN e NMN foi obtida.

3.5.6 Estudo do microambiente tumoral

O grupo de pacientes pediátricos incluídos neste estudo pertence a um

grupo total de 100 pacientes com LHc previamente caracterizados tanto do ponto

de vista histopatológico, quanto a algumas populações do microambiente tumoral

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(BARROS e cols., 2010; 2011). Adicionalmente, foi incluído neste estudo a

avaliação das populações de linfócitos citotóxicos Th2 CD4+ expressando GATA3+

e CD4+ expressando o fator de transcrição MAF e estado de polarização dos

macrófagos no microambiente tumoral através do número de células CD163+

coexpressando STAT1 ou MAF e o número de células CD68+ coexpressando

STAT1 ou MAF. Esta caracterização adicional do microambiente tumoral foi

realizada durante a etapa do “doutorado-sanduíche” em colaboração com o Prof.

Gerald Niedobiteck, no Departamento de Patologia do Hospital Unfallkrankenhaus

Berlim (Berlim, Alemanha).

Para a caracterização do microambiente tumoral, as lâminas de TMA foram

submetidas à reação de imunohistoquímica com os anticorpos descritos na tabela

3.4, seguida de análise microscópica computacional assistida, onde o número de

linfócitos por 1mm2 foi avaliado. Na análise, foi considerado para cada caso o core

com maior número de células H-RS misturado aos linfócitos. Centros germinativos,

quando presentes, não foram considerados na análise. Para cada população

linfocitária, os casos que não tiveram imunomarcação em ambos os cores foram

considerados como não avaliáveis.

3.5.7 Análise Microscópica Computacional Assistida

Para a análise, cada core foi fotografado em um aumento de 200x com a

câmera AxioCam MRc (Zeiss, Alemanha). As fotos foram transferidas para um

computador e analisadas com o programa HISTO (Biomas, ELANGEN, Alemanha),

a fim de se determinar o número de células imunomarcadas por 1mm2.

3.6 Hibridização in situ para EBER-1 (EBER-ISH)

A técnica de hibridização in situ (ISH) foi utilizada para investigar a infecção

pelo EBV nas amostras de LHc estudadas. Foram usadas sondas biotiniladas para

os RNAs virais não codificantes EBERs, e condições estritas para evitar a

contaminação com RNAses (HASSAN, R. e cols., 2006), conforme descrição a

seguir.

A desparafinização dos cortes foi realizada em estufa a 60°C por 30 minutos

seguida por 1 banho de 10 minutos em xilol (MERCK). Os cortes foram reidratados

através de banhos sucessivos (5 minutos) em graduações descendentes de etanol

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(etanol 100%, etanol 85% e etanol 70%) até a água destilada. Em seguida, os

cortes foram incubados com proteinase K (20µg/mL, SIGMA) em câmara úmida a

65ºC por 30 minutos e, após dois banhos de 3 minutos em água destilada, os

cortes foram desidratados através de banhos sucessivos em etanol de

concentração ascendente (etanol 70%, etanol 95%, etanol 100%), durando cada

banho 5 minutos, seguido de secagem em temperatura ambiente. Na etapa de

hibridização, os cortes foram incubados com 10µL da sonda biotinilada EBER-1

(NOVOCASTRA) e cobertos com lamínulas. Em seguida, as lâminas foram

acondicionadas na câmara úmida e levadas por 15 minutos à estufa a 65ºC para o

bloqueio da fosfatase alcalina endógena. Após este tempo, as lâminas foram

incubadas em estufa a 37ºC por 2 horas. Após a hibridização, as lâminas foram

lavadas em TBS com 0,1% de Triton X-100 (Sigma) (três banhos de 3 minutos

cada um) e acondicionadas em câmara úmida. O bloqueio de hibridização

inespecífica foi realizado por incubação com 100µL de solução bloqueante (TBS

0,1%; Triton X-100; BSA 3%) por 10 minutos à temperatura ambiente.

Posteriormente, os cortes foram incubados com 100 µL da solução de anticorpo

secundário (anti-FITC conjugado com fosfatase alcalina, NOVOCASTRA) diluído

em solução bloqueante (1:200) por 20 minutos. Ao final, duas lavagens de 3

minutos com TBS foram realizadas, seguida de incubação com solução de

fosfatase alcalina (pH 9,0) por 5 minutos. Como solução cromógena, foi utilizada

100 µL de uma solução composta de 1 mL de solução de fosfatase alcalina, 8 µL

do BCIP/NBT e 1 µL de Levamisole (NOVOCASTRA). Os cortes foram cobertos

por lamínulas e a incubação se procedeu por 16 horas à temperatura ambiente, em

câmara úmida e escura. Após a incubação com a solução de detecção, as lâminas

foram lavadas em água corrente por 5 minutos, contracoradas com solução de

hematoxilina de Harris por 30 segundos, e posteriormente lavadas em água

corrente por 5 minutos. A desidratação das lâminas foi realizada através de banhos

sucessivos em álcool de concentração ascendente (etanol 70%, etanol 100%, por 5

minutos), seguido por banho em xilol (MERCK) por 5 minutos.

Utilizou-se para cada reação, como controle positivo, uma lâmina contendo

um corte histológico de linfoma de Burkitt EBV positivo. A reação foi considerada

positiva quando se observou a marcação nuclear acastanhada. Os casos de LHc

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foram considerados positivos para o EBV quando qualquer uma das células H-RS

exibissem a marcação nuclear.

3.7 Avaliação da morte celular pelo ensaio de TUNEL

A fragmentação do DNA nas células H-RS foi investigada pelo método

TUNEL (do inglês: TdT mediated dUTP nick end labeling), em cortes histológicos

com 3 µm de espessura do TMA confeccionado. Foi utilizado o kit comercial

ApopTag® Peroxidase in situ Apoptosis (MILLIPORE) com a finalidade de

identificar as células em processo de apoptose via marcação de fragmentos

terminais de DNA (porção 3' -OH), tipicamente relacionado com a fragmentação do

DNA nuclear, possibilitando a identificação morfológica de células em apoptose. As

etapas do método empregado estão descritas abaixo, tendo por base as

recomendações do fabricante, porém com algumas modificações:

- Desparafinação dos cortes em solução de xilol (2 banhos de 10 minutos);

- Lavagem em álcool absoluto (2 banhos de 5 minutos);

- Lavagem em álcool a 95% e 70% (1 banho de 3 minutos);

- Lavagem em PBS (5 minutos);

- Incubação em solução contendo 0,1% Triton X-100 (SIGMA) em 1% de

Citrato de Sódio (SIGMA) por 2 minutos a 4°C;

- Lavagem em PBS (3 minutos);

-Incubação em solução de proteinase K (20 µg/mL, SIGMA) por 20 minutos à

temperatura ambiente;

- Lavagem em água destilada (2 banhos de 2 minutos);

- Incubação com 75 µL/ 5 cm2 em solução-tampão de equilíbrio (fornecido

pelo fabricante) utilizando um cover slip (fornecido pelo fabricante) (1 minuto);

-Após a remoção do excesso de tampão de equilíbrio, foi aplicado

diretamente no corte 55 µL/ 5 cm2 de solução de enzima TdT ( 30% de enzima TdT

para 70% de tampão de reação, ambos fornecidos pelo fabricante) a 37°C, em

câmara úmida (1 hora);

- Incubação com 75 µL/ 5 cm2 em solução tampão Stop/Wash (fornecido

pelo fabricante) à temperatura ambiente (10 minutos);

- Lavagem em PBS (3 banhos de 2 minutos);

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- Incubação com 65 µL/ 5 cm2 de Anti-Digoxigenina-Peroxidase (fornecido

pelo fabricante) em câmara úmida à temperatura ambiente (30 minutos);

- Lavagem em PBS (4 banhos de 2 minutos);

-Os cortes histológicos foram submetidos à revelação com o substrato-

cromógeno (100 µL, Cromógeno DAB DakoCytomation, DAKO) à temperatura

ambiente (5 minutos);

- Lavagem em PBS (3 banhos de 2 minutos);

-Contracoloração em solução de hematoxilina de Harris (MERCK) (30

segundos), seguida por lavagem em água corrente durante 5 minutos;

- Montagem das lâminas em meio aquoso e armazenamento à temperatura

ambiente.

Avaliação

O controle positivo da reação foi realizado, utilizando-se cortes histológicos

de linfonodos reativos, num total de 3 casos. Como controle de reação foram

utilizados cortes histológicos dos mesmos linfonodos reativos, sendo omitida a

etapa de incubação com a enzima TdT. Como controle interno positivo da reação,

um corte histológico foi tratado com 100 µL de Dnase I 2U/µL por 10 minutos à

temperatura ambiente.

As áreas tumorais necróticas foram evitadas e depois de estabelecido o

número de células positivas por mm2 (como descrito no item 3.5.7), as medidas

quantitativas foram expressas em porcentagem de células apoptóticas através da

fórmula (N+)/(N+)+(N-) x100.

3.8 Avaliação da proteína Nucleofosmina 1 (NPM1) no LHc

3.8.1 Imunofluorescência aplicada a tecidos impregn ados em parafina-FFPE

A combinação do anticorpo CD30 associado ao anticorpo para a proteína

NPM permitiu identificar as células H-RS e realizar a análise da localização celular

da NPM exclusivamente nessa população nos cortes histológicos.

A desparafinização dos cortes histológicos foi realizada no aparelho

ThermoBrite® (ABOTT MOLECULAR) a 56°C por 1 hora se guido por 2 banhos de

10 minutos em xilol (MERCK). Os cortes foram reidratados através de banhos

sucessivos (10 minutos cada) em acetona, acetona-PBS (diluição 1:1) e PBS. A

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recuperação antigênica foi feita por calor úmido em panela de pressão durante 2

minutos em tampão de solução Tris/EDTA (Tris 10mM, EDTA 1mM, pH 9,0). Após

a recuperação, as lâminas ainda imersas no tampão foram deixadas à temperatura

ambiente por 20 minutos e posteriormente lavadas em água corrente por 5

minutos. Após esta etapa, as lâminas foram incubadas por 2 minutos em PBS e,

em seguida, em solução de leite em pó desnatado solúvel a 3% para bloqueio de

proteínas inespecíficas durante 20 minutos. Os anticorpos primários anti-NPM

humana (diluição 1:50, CELL SIGNALING) e anti-CD30 humano (clone Ber-H2,

diluição 1:400, DAKO) foram aplicados juntos (100 µL, diluição em PBS) sobre

cada corte, seguido de incubação em câmara úmida overnight a 4°C. Após a

incubação, as lâminas foram submetidas a 3 banhos (5 minutos) em PBS e, em

seguida, foram incubadas em ambos os anticorpos secundários (100 µL, diluição

1:800 em PBS) por 1 hora em câmara úmida à temperatura ambiente. Os

anticorpos secundários utilizados foram: anti-IgG de coelho conjugado com o

fluoróforo Alexa Fluor 488 e anti-IgG de camundongo conjugado com o fluoróforo

Alexa Fluor 594 (INVITROGEN).

Após este tempo, as lâminas foram lavadas em PBS (3 banhos de 5

minutos), incubadas em solução de DAPI (4,6-diamino-2-fenilindol-dihidrocloreto;

diluição 1:5000 em PBS) por 10 minutos, posteriormente lavadas em PBS (2

banhos de 2 minutos) e montadas sobre lâminas de vidro utilizando o meio de

montagem contendo Prolong Gold Antifade (INVITROGEN). As lâminas foram

examinadas em um microscópio de fluorescência Olympus X-60 (OLYMPUS), com

sistema de filtros (filter wheel) (FITC e Texas Red) utilizando uma câmera

fotográfica CCD monocromática (Photometrics) acoplado ao analisador de imagem

Cytovision versão 4.4 (APPLIED BIOSYSTEMS).

Avaliação e controle de marcação

No início do experimento, o controle foi feito sem o uso do anticorpo primário

e do secundário para verificar se o tecido possuía auto-fluorescência, cujo

resultado foi negativo. Controles utilizando somente os anticorpos secundários

foram realizados em todos os experimentos e foram negativos em todos os casos.

A avaliação da localização celular da NPM foi realizada somente nas células

H-RS previamente identificadas pela marcação membranar do anticorpo CD30,

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num total de 500 células H-RS analisadas por lâmina. No intuito de estabelecer os

padrões de marcação a serem considerados normais realizamos a técnica de

imunoflorescência em cortes histológicos provenientes de 3 linfonodos reativos,

analisando 100 células por caso.

3.8.2 Análise através de microscopia confocal

Os cortes de dois casos NPMc+ e dois casos NPM nuclear foram

submetidos à técnica de imunofluorescência e, posteriormente, analisados em

microscópio confocal de varredura a laser LSM 510 META (ZEISS), empregando-

se laser Ar488 e filtro BP505-550nm (Alexa Fluor 488), ou laser HeNe543 e filtro

LP560nm (azul de Evans) e laser 405 e filtro LP420 (DAPI). Foram coletadas 3

imagens de cada amostra com as objetivas de 40x. As imagens obtidas pela

microscopia foram visualizadas através do software AxioVision® (ZEISS).

Esta etapa do trabalho foi realizada em colaboração com o Dr. Marcelo

Pelajo, Departamento de Patologia do IOC-Fiocruz, Rio de Janeiro.

3.8.3 Análise da expressão proteica da NPM em linh agens derivadas de LHc

Extração de proteínas por lise osmótica

A obtenção do extrato total de proteínas das linhagens estudadas foi

realizada por lise osmótica. Brevemente, as células foram centrifugadas a 5000 x g

e lisadas em 200 µL de tampão de ressuspensão (1mM EDTA, 1mM EGTA, 10 mM

de KCl, 10 mM de Tris-HCl pH 7,6 e 1mM de DTT) mais 20 µL de NP-40 10%

(SIGMA). Após incubação de 30 minutos a 4°C, as cél ulas foram novamente

centrifugadas a 16000 x g, e o sobrenadante contendo as proteínas foi coletado e

quantificado.

A obtenção das frações nucleares e citoplasmáticas foi realizada através do

NE-PER Nuclear and Cytoplasmic Extraction Kit (THERMO SCIENTIFIC). Foram

seguidas as recomendações do fabricante, no entanto, devido às características

peculiares das linhagens de LHc (multinucleação) foi necessário padronizar a

técnica para cada linhagem utilizada. Durante esta etapa, testamos diversas

condições tais como concentrações de células, volume do tampão CER I, tempo de

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incubação e tempo de centrifugação O resumo dessas condições encontra-se no

anexo IV.

Western Blot

Os extratos de proteína (30 µg) foram misturados com 10 mL de tampão de

amostra e separados em géis de poliacrilamida SDS-PAGE 10% (30% bis-

acrilamida (1:29) e tampão de separação 4x pH 8,8) a 25 mA. Junto com os

extratos foi aplicado um padrão de peso molecular (10 µL Broad Range Protein

Molecular, PROMEGA). Após a corrida, o gel foi transferido para uma membrana

de nitrocelulose (Hybond-C Extra nitrocellulose membrane, GE) por corrente

elétrica (15 V) durante 1 hora a 4°C. Após transfer ência, as membranas foram

bloqueadas com leite desnatado 5% em TBS (Tris-HCL 0,02 M, NaCl 0,15 M,

Tween 0,1%) por 1 hora. Depois do bloqueio, as membranas foram incubadas

durante a noite com o anticorpo primário (diluição em TBS-T). Os anticorpos

primários e suas respectivas diluições estão descritos na tabela 3.1.

Após a incubação, as membranas foram lavadas três vezes com TBS-T por

10 minutos e incubadas por 2 horas com anticorpo secundário (anti-IgG coelho ou

camundongo) conjugado a peroxidase (HRP) fornecidos pelo kit ECL Western

Blotting Detection System (GE HEALTHCARE), com diluição de 1:2000 em TBS-T.

Após a incubação, as membranas foram lavadas 2 vezes com TBS-T por 10

minutos e incubadas com substrato de peroxidase por 2 minutos (ECL TM plus

Western Blotting Analisys System - GE HEALTHCARE). A luminescência emitida

foi detectada em filmes de quimioluminescência (Kodak BioMax Light Film,

KODAK) em diferentes tempos de exposição (de 30 segundos e 1 minuto). As

membranas foram coradas por vermelho Ponceau (controle de carga) e os filmes

foram digitalizados pelo programa LabScan V 5.0 e as imagens foram trabalhadas

no programa MicroSoft Photo Editor (2007, MICROSOFT CORPORATION).

Tabela 3.1 : Tabela de anticorpos primários utilizados na técnica de Western Blot.

Anticorpo Clone Espécie Fabricante Diluição p53 DO-1 Humana Biolegend 1:1000 NPM Policlonal Humana Cell Signaling 1:1000

Nucleolina Policlonal Humana Novus Biologicals 1:1000 Tubulina C-2 Humana Santa Cruz 1:1000

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3.8.4 Hibridização in situ Fluorescente (FISH)

Preparação das lâminas

A desparafinização dos cortes histológicos foi realizada no aparelho

ThermoBrite® (ABOTT MOLECULAR ) a 56°C por 1 hora s eguido por 2 banhos de

10 minutos em Citrosolve (FISHER SCIENTIFIC). Em seguida, os cortes foram

desidratados por 2 banhos em etanol 100% (10 minutos) e secos à temperatura

ambiente por 10 minutos.

A desnaturação foi feita por calor em forno de microondas (potência máxima)

durante 15 minutos em tampão citrato 10 mM (pH 6,0). Após esta etapa, as lâminas

foram submetidas a 3 banhos (2 minutos) em solução deSSC 2X (0,3 M NaCl de

Sódio, 0,3 M Citrato de Sódio, pH 7,0) e em seguida lavadas em água destilada por

3 minutos. As lâminas foram incubadas em solução de 10% de pepsina (pH 1,5)

por 10 minutos a 37°C para a permeabilização do tec ido e posteriormente foram

lavadas em solução de SSC 2X (2 banhos de 5 minutos). Após este processo, as

lâminas foram desidratadas através de banhos sucessivos (3 minutos) em

graduações crescentes de etanol (etanol 70%, etanol 85% e etanol 100%) e

secadas à temperatura ambiente.

Hibridização

Dez microlitros (10 ng/µL) de sonda foram aplicadas nas lâminas

previamente preparadas. Após serem cobertas com lamínulas, as lâminas foram

incubadas a 80ºC por 10 minutos para desnaturação dos cromossomos e das

sondas, e posteriormente, a 37ºC por 16 horas para permitir a hibridização do DNA

com a sonda. Após este período, as lamínulas foram retiradas e as lâminas lavadas

em solução de SSC/NP-40 0,4X a 73ºC por 4 minutos. Em seguida, as lâminas

foram lavadas em solução de NP-40 por 3 minutos (2 vezes) e secas à

temperatura ambiente. Após este processo, as lâminas foram montadas em meio

de montagem para fluorescência Vectashield (VECTOR LABORATORIES)

contendo DAPI e analisadas por microscopia de fluorescência (Olympus X-60,

OLYMPUS).

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Avaliação e estabelecimento de limiar (cut-off) para análise

Para a análise das lâminas contendo os cortes histológicos, foi necessário

estabelecer um número mínimo de células a serem analisadas tendo em vista a

baixa representação de células tumorais característica do LHc. O programa Epi-

Info10 foi utilizado para calcular o tamanho da amostra, através do módulo Epitable

calculator, que forneceu uma amostra mínima de 498 células. Dessa maneira,

foram contabilizadas aproximadamente 500 células por lâminas.

No intuito de estabelecer um limiar para positividade e eliminar os possíveis

resultados falsos positivos, foram realizados experimentos para estabelecer os

valores de cut-off da sonda. A técnica de FISH foi realizada em 5 lâminas contendo

cortes histológicos provenientes de linfonodos reativos e o valor de cut-off foi obtido

a partir da somatória da média aritmética das células com resultado falso positivo

mais três vezes o desvio padrão (DP) observado.

3.8.4.1 Confecção das sondas para o gene NPM1

Na ausência de uma sonda comercial para a análise de anormalidades

cromossômicas do gene NPM1, foi confeccionado um conjunto de sondas não

comerciais com a estratégia break-apart (dissociação do sinal). Os fragmentos de

DNA empregados como sondas foram obtidos a partir de vetores recombinantes

(cromossomos artificiais de bactérias – BACs), já clonados em bactérias (BACPAC

Resources Center – BPRC). Foram escolhidos dois BACS (RP110N8 e

RP11624J0) flanqueantes ao gene NPM1 (Fig. 3.1).

Em casos com suspeita de perda de uma cópia cromossômica, um terceiro

BAC (RP11-174I22, gene KIF2) de localização cromossômica 5q12.1 foi utilizado

em conjunto com o BAC RP110N8

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Figura 3.1 Desenho esquemático do cromossomo 5 e da região gênica 5q35, contendo o gene de interesse e a localização da sonda de FISH utilizada. A caixa preta representa a localização do gene NPM1, a caixa vermelha o BAC RP110N8 e a caixa verde o BAC RP11624J0. A linha pontilhada indica a extensão total da região genômica flanqueada pelas sondas de FISH. A barra a direita representa a escala de magnificação, em Kb. Abreviações: Cen, centrômero; Tel. telômero.

3.8.4.2 Extração de BACs em Grande Escala (Maxiprep )

A extração dos BACs foi realizada com o Plasmid Maxi Kit (QIAGEN). Uma

colônia de bactérias foi isolada e inoculada em 5 mL de meio LB líquido, contendo

antibiótico (20 µg/mL de cloranfenicol) por 16 horas a 37°C sob agitação

constante. Em seguida, uma alíquota (500 µL) da cultura foi transferida e inoculada

em 500 mL de meio LB líquido contendo antibiótico (20 µg/mL de cloranfenicol) por

16 horas a 37°C sob agitação constante. Após esta e tapa, a cultura foi centrifugada

a 600 rpm durante 30 minutos a 4°C (SORVALL ) e o s obrenadante foi descartado.

As bactérias foram ressuspensas em 10 mL da solução P1 (50 mM glicose; 25 mM

Tris-HCl pH 8,0; 10 mM EDTA pH 8,0; 100 µg/mL de RNAse A), sob agitação com

auxílio de um vortex. Em seguida, foram adicionados 10 mL da solução P2 (0,2 N

NaOH e 1% SDS). Os tubos foram agitados por inversão suave e incubados à

temperatura ambiente durante 5 minutos. Ao lisado foi adicionando 10 mL de

acetato de potássio 3M (pH 5,5) e, novamente, os tubos foram agitados por

inversão suave após a adição da solução. As preparações foram centrifugadas a

1100 rpm durante 30 minutos a 4°C e o sobrenadante foi coletado e transferido

para novo tubo. Foram colocados 0,7 volumes de isopropanol (MERCK) e as

preparações foram mantidas em temperatura ambiente durante 10 minutos e, em

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seguida, centrifugadas a 1100 rpm durante 30 minutos a 4°C. O precipitado foi

reconstituído em 5 mL de tampão QBT (750 mM NaCl; 50 mM MOPS pH 7,0; 15%

isopropanol; 0,15% Triton X-100) e adicionado a coluna de purificação Qiagen Tip-

100 previamente equilibrada com tampão QBT. Em seguida, foram realizadas 2

lavagens com 15 mL de tampão QF (1,25 M NaCl; 50mM Tris-HCl pH 8,5; 15%

isopropanol) e a eluição foi feita com 5 mL de tampão QF aquecido a 65°C. Para

precipitar o DNA, foi adicionado 0,7 volumes de isopropanol, seguindo-se uma

centrifugação a 14000 rpm durante 30 minutos a 4°C, descartando-se o

sobrenadante. O DNA precipitado foi lavado com álcool etílico gelado 70% e

novamente centrifugado durante 5 minutos a 4°C. Dep ois de seco, o DNA foi

reconstituído em 200 µL de tampão TE (10 mM Tris-HCl e 1 mM EDTA, pH 8,0).

3.8.4.3 Marcação do DNA e preparação das sondas não comerciais

O DNA extraído (1 ug) foi marcado através do kit Nick Translation (ABBOTT

MOLECULAR), seguindo as instruções do fabricante. Em seguida, 50 µL de DNA

provenientes desta reação foram purificados em uma coluna Centri-Sep

(PRINCETON SEPARATIONS). Posteriormente, foram adicionados 10 µL de DNA

Cot-1 (INVITROGEN), 5 µL de DNA fita simples (SIGMA), 40 µL de água MiliQ,

12,5 µL de solução de acetato de sódio 3M e 300 µL de etanol 100%. Após

incubação a – 80°C, durante 30 minutos, a preparaçã o foi centrifugada a 13.000

rpm durante 30 minutos a 4°C e o sobrenadante foi d escartado. Em seguida, o

precipitado foi reconstituído em 25,8 µL água MiliQ e 60,2 µL de tampão para

hibridização (VYSIS). A sonda foi armazenada no freezer a – 20°C até o uso. Para

a utilização na técnica de FISH, 10 µL da sonda previamente preparada foi

precipitada em 300 µL de etanol 100% e incubada por 30 minutos a – 80°C. Após a

incubação, a preparação foi centrifugada a 13.000 rpm durante 30 minutos a 4°C e

o sobrenadante foi descartado. Depois de seco, o pellet foi ressuspenso em 10 µL

de tampão para hibridização e incubado por 10 minutos a 37°C em um agitador

(Thermomixer compact – EPPENDORF).

3.8.4.4 Avaliação da especificidade das sondas

Para confirmar a especificidade das sondas (localização sub-cromossômica

na região 5q35, com sinal de co-localização), 30 µg de sonda marcada foram

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hibridizadas em 5 metáfases obtidas por cultura de sangue periférico de doadores

sadios.

3.8.5 Análise de mutações no gene NPM1

3.8.5.1 Extração de DNA

Extração de DNA das linhagens

A extração do DNA das linhagens celulares foi realizada a partir de 106

células utilizando o QIAamp DNA Mini Kit (QIAGEN), conforme as orientações do

fabricante. A quantidade e qualidade do DNA foram determinadas por

espectrofotometria a 280, 260 e 230 nm utilizando o equipamento NanoDrop ND-

1000 (THERMO SCIENTIFIC).

Extração de DNA de tecidos fixados em formalina e preparados em parafina -

FFPE

Cada bloco de parafina foi submetido a três cortes histológicos sucessivos

de 3 µm e em seguida os cortes foram transferidos para tubos eppendorf de 1,5

mL. A desparafinização dos cortes foi feita através de 3 incubações sucessivas de

20 minutos em 1 mL xilol (MERCK) a 37°C, seguidas d e uma etapa de lavagem

através da adição de 1,2 mL de etanol 100% (3 incubações de 30 minutos) a 37°C.

A extração do DNA foi realizada com o kit QIAamp DNA FFPE Tissue (QIAGEN) de

acordo com as recomendações do fabricante. A quantidade e qualidade do DNA

foram determinadas por espectrofotometria a 280, 260 e 230 nm utilizando o

equipamento NanoDrop ND-1000 (THERMO SCIENTIFIC).

Extração de DNA a partir de células H-RS obtidas por técnicas de microdisecção

de tecidos FFPE

Nesta etapa do trabalho, 10 casos com a expressão de NPMc+ nas células

H-RS por IHQ foram submetidos a técnica de microdissecção a laser com o

objetivo de separar as células RS desses casos e realizar a análise de mutações

no gene NPM1 apenas na população neoplásica. Brevemente, as etapas desse

processo consistiram em: i) realização da técnica de IHQ para NPM (conforme

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descrito anteriormente na seção 3.5.3); ii) microdissecção das células H-RS; iii)

extração de DNA com microtécnica e iv) amplificação genômica global.

3.8.5.2 Microdissecção a laser

A microdissecção foi realizada através do sistema computadorizado Pix Cell

II Laser Capture Microdissection (ARCTURUS), que consiste em um emissor de

feixes de raio laser e um microscópio ótico invertido acoplado a um sistema de

vídeo. Desta maneira, as células H-RS NPMc+ por IHQ foram microdissecadas

utilizando-se um diâmetro do feixe de laser de 30 µm, com uma média total de 100

células H-RS para cada caso (Fig. 3.2). Após a coleta das áreas de interesse, a

cápsula coletora foi encaixada em microtubo eppendorf de 0,5 mL contendo 100 µL

do tampão de extração de DNA (kit PicoPure DNA Isolation kit, APPLIED

BIOSYSTEMS ARCTURUS). O microtubo com a cápsula foi invertido e agitado

vigorosamente para transferir a amostra para o tampão de extração. O material foi

mantido a - 20ºC até o momento da extração do DNA.

3.8.5.3 Extração de DNA das células H-RS e amplific ação genômica

O DNA das células H-RS obtidas por microdissecção a laser foi obtido

através do Kit PicoPure® DNA Extraction Kit (Applied Biosystems Arcturus), que

permitiu extrair o DNA diretamente das células contidas nas cápsulas de

microdissecção (Fig.3.2), seguindo as recomendações do fabricante.

Método de amplificação genômica global a partir de DNA de células simples

Para esta etapa foi adaptado o conjunto de reagentes WGA4 (SIGMA) para

as condições de DNA degradado. O método foi realizado a partir de 25 ng de DNA.

A fragmentação inicial foi realizada usando a solução SCLF (fornecido pelo

fabricante) e proteinase K a 50°C por 1 hora, segui do de incubação a 99ºC por 5

minutos. A preparação da biblioteca foi realizada utilizando o tampão single cell

library e adição da enzima especial fornecida pelo kit, usando o seguinte perfil

térmico: 20 minutos a 16°C, 20 minutos a 24°C, 20 m inutos a 37°C, 5 minutos a

75°C, seguido de incubação a 4°C. A etapa seguinte (amplificação) foi realizada

com tampão e enzima fornecida pelo kit, usando o seguinte perfil térmico: 25 ciclos

de 30 segundos a 94°C, 5 minutos a 65°C, seguido de incubação a 4°C. Os

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produtos foram purificados com coluna para purificação de DNA fita simples/dupla

(Qiaquick, QIAGEN).

Figura 3.2 Isolamento das células H-RS por microdissecção a laser. A) células H-RS na cápsula coletora após a emissão do laser (1000X). B) células H-RS na cápsula coletora após a emissão do laser (400X). C) vista do core após a microdissecção a laser; as setas indicam o local onde as células H-RS que foram microdissecadas (400X).

3.8.5.4 Análise mutacional do gene NPM1

A pesquisa de mutações foi iniciada no éxon 12, tendo em vista que é o sítio

de ocorrência de 98% das mutações na leucemia mielóide aguda. Para isto, foram

desenhados iniciadores para amplificação do DNA (íntron 11 - éxon 12) e RNA

(final éxon 11 - éxon12) (Tabela 3.4).

O DNA ou a fita de cDNA foram amplificados por PCR e os produtos

resolvidos em gel de agarose 2% corado com Brometo de Etídio. As reações foram

constituídas com 1x PCR buffer (20 mM Tris-HCl pH 8,4, 50 mM KCl), 2 mM de

MgSO4, 1% de DMSO, 200 µM de dNTPs (INVITROGEN), e os inciadores na

concentração de 0,4 µM, 1 unidade de Platinum® Taq DNA Polymerase High

Fidelity (INVITROGEN) e 100 ng de DNA em um volume final de 50 µL. Estas

reações foram processadas no termociclador My Cycler (BIORAD) programado

com uma incubação inicial de 95°C por 5 minutos, se guida de 40 ciclos de 94°C por

30 segundos, 55°C por 45 segundos e 68°C por 45 seg undos e uma incubação de

60°C durante 40 minutos ao final da ciclagem anteri or.

Os produtos de DNA ou cDNA amplificados foram purificados diretamente

pelo PureLink kit de purificação de PCR (INVITROGEN), seguindo as

recomendações do fabricante.

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Clonagem do produto de PCR convencional

Em seguida, os produtos foram clonados no vetor plasmidial pCR®2.1

através do kit TOPO TA Cloning (INVITROGEN), seguindo o protocolo fornecido

pelo kit. A etapa de ligação do produto de PCR ao plasmídio foi feita pela adição

em um eppendorf (0,5 mL) de 1µL de vetor (pCR®2.1-TOPO® ), 1µL de solução de

sal (NaCl 1,2 M; MgCl2 0,06 M) e 4 µL do produto de PCR purificado. A mistura foi

incubada à temperatura ambiente durante 5 minutos. Em seguida, 4 µL dos

produtos dessas reações foram transformados através do método químico em 50

µL de células competentes One Shot DH5α (INVITROGEN). Após transformação e

recuperação, as bactérias foram plaqueadas em ágar LB (1% Bacto-triptona, 0,5%

Bacto-extrato de levedura e 1% NaCl, pH 7,0) contendo kanamicina (50 ug/mL),

IPTG (0,5 mM) e X-Gal (80 ug/mL) e incubadas overnight a 37°C, sendo as

colônias brancas recuperadas e crescidas em meio LB líquido suplementado com o

mesmo antibiótico durante 16h a 37°C sob agitação c onstante.

Extração de Plasmídeo em Pequena Escala (Miniprep)

Após 16 as horas de incubação a 37ºC, a extração do DNA plasmidial foi

realizada pelo kit QIAprep Spin Miniprep Kit (QIAGEN) a partir do pellet da cultura

obtido por centrifugação a 16000 x g durante 5 minutos, segundo as instruções do

fabricante.

3.8.5.5 Sequenciamento automático de DNA

As amostras de DNA provenientes de extrações de DNA (tumoral ou

plasmidial) foram submetidas a reações de sequenciamento de DNA em pequena

escala segundo protocolo descrito anteriormente (sessão 3.8.5.4) As reações foram

feitas utilizando-se o Big Dye Terminator Cycle Sequencing Kit e foram analisadas

nos sequenciadores ABI Prism 3700 Genetic Analyzer (APPLIED BIOSYSTEMS),

seguindo as instruções do fabricante. Os iniciadores utilizados para

sequenciamento foram o M13 e M13R no caso do sequenciamento do DNA

clonado nos plasmídeos, ou os iniciadores específicos da reação de PCR no caso

do sequenciamento direto (Tabela 3.4).

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Análise de sequências

Os eletroferograma foram visualizados e a sua qualidade foi analisada com o

programa Chromas Pro. Os alinhamentos foram realizados utilizando o programa

BioEdit®7.0.5.1. As sequências obtidas foram alinhadas em relação a uma

sequencia de referência (Número de acesso GenBank NG_016018.1).

Uma mudança de nucleotídeo em relação à sequencia de referência foi

considerada uma mutação quando confirmada bidirecionalmente em pelo menos

dois clones independentes. As mudanças recorrentes foram pesquisadas na base

de dados de polimorfismos dbSNP (NCBI)

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/projects/SNP/snp_ref.cgi?chooseRs=all&locusId=4869

&mrna=NM_002520.6&ctg=NT_023133.13&prot=NP_002511.1&orien=forward&refr

esh=refresh) (acessado em 01/05/2012).

A identificação de alelos do gene NPM1, quando possível, foi baseada na

presença de variantes de polimorfismos descritos na região 3'UTR do éxon 12.

Extração de RNA

Para a extração de RNA das diversas fontes biológicas, todos os processos

foram realizados em condições livres de RNase. Os materiais e soluções utilizadas

foram exclusivos para estes procedimentos.

Extração de RNA das Linhagens celulares

A extração de RNA das linhagens celulares foi realizada a partir de 5 x 106

células utilizando 1 mL de Trizol (INVITROGEN), seguindo as recomendações do

fabricante. A quantidade e qualidade do RNA foram determinadas por

espectrofotometria a 280, 260 e 230 nm utilizando o equipamento NanoDrop ND-

1000 (THERMO SCIENTIFIC) e por eletroforese em gel de agarose 1,2%

Extração de RNA de tecidos fixados em formalina e preparados em parafina -

FFPE

O RNA foi obtido a partir de três cortes histológicos 3 µm, como descrito em

VERA-LOZADA (2013). Brevemente, a desparafinização dos cortes foi feita por três

incubações em xilol (MERCK) a 37°C, seguida de 3 in cubações com etanol

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absoluto a 37°C. Após esta etapa, a extração foi re alizada seguindo as indicações

do kit Master Pure TM RNA purification (EPICENTRE), excetuando a digestão com

proteinase K onde foram adicionados 60 µL de proteinase K (60mg/mL)

(INVITROGEN) a 65°C por 16-20 horas. A purificação do RNA foi realizada de

acordo com as recomendações do fabricante. Uma etapa de tratamento com

DNase I foi incluída, com incubação por 30 minutos a 37°C. Ao final, o pellet

contendo o RNA foi ressuspenso em 12 µL de água tratada com DEPC.

A quantidade e qualidade do RNA foram determinadas por

espectrofotometria a 280, 260 e 230 nm utilizando o equipamento NanoDrop ND-

1000 (THERMO SCIENTIFIC). Uma amostra foi considerada de qualidade ótima na

presença de razões 260/280 entre 1,8 - 2,0; e razões 260/230 entre 2,0 - 2,2.

Retrotranscrição (RT)

A síntese da fita de cDNA foi feita a partir de 2 µg de RNA extraído utilizando

o High-Capacity cDNA Archive kit (APPLIED BIOSYSTEMS), conforme indicado

pelo fabricante. A reação foi incubada por 10 minutos a 25°C e por 120 minutos a

37°C.

Pré-amplificação

Depois da retrotranscrição do cDNA foi realizada uma etapa de pré-

amplificação com a utilização do kit TaqMan® PreAmp Master Mix (APPLIED

BIOSYSTEMS). Foram seguidas as recomendações do fabricante, com pequenas

modificações, a saber: um volume final de 10 µL foi incubado pore 10 minutos a

95°C seguido de 14 ciclos a 95°C por 15 segundos e 60°C por 4 minutos. Ao final,

oss produtos foram diluídos na proporção de 1:20 em água livre de RNase –

DNAse para a sua posterior utilização na PCR quantitativa em tempo real (RT-

qPCR).

3.8.6 Análise da expressão gênica da NPM

As reações de RT-qPCR foram realizadas utilizando a metodologia

TaqMan®, num instrumento Viia 7 (APPLIED BIOSYSTEMS), utilizando NPM1

como gene alvo. Como genes de referência (GDR) foram utilizados glucuronidase

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beta (GUSB) e hydroxymethylbilane synthase (HMBS), baseado numa descrição

prévia da sua utilização no LHc (SANCHEZ-ESPIRIDION e cols., 2010). As

referências comerciais dos ensaios utilizados encontram-se na tabela 3.2.

Cada reação de RT-qPCR foi constituída por TaqMan® PCR Master Mix

Universal 1X (APPLIED BIOSYSTEMS), pelo ensaio TaqMan® de expressão

gênica específico 1X (APPLIED BIOSYSTEMS) e 3 µL do produto pré-amplificado

de cDNA diluído na proporção 1:20 em um volume final de 15 µL , incubadas com

um perfil térmico de 50°C por 2 minutos e 95°C por 10 minutos, seguido de 50

ciclos por 15 segundos à 95°C e 60°C por 1 minuto.

Dois controles negativos (ausência de cDNA) denominados de NTC (do

inglês, no template control) foram utilizados em todas as corridas para cada gene

avaliado, aceitando-se como resultado negativo a ausência de amplificação até o

ciclo o 40 da reação. Numa mesma placa, foram realizadas para cada caso as

reações de RT-qPCR em duplicata para cada gene estudado, assim como as

reações para os genes de referencia (GDR), evitando-se, deste modo, o uso de

calibradores interplacas. O valor máximo do desvio padrão (DP) aceito entre as

reações foi < +0,15 ciclos.

Para se obter o valor de quantificação foi utilizado o modelo matemático

proposto por LIVAK, K.J. e cols. (2001), onde não é necessária a utilização de um

calibrador, que consiste na seguinte equação: quantificação relativa = 2-∆Cq, onde

∆Cq = Cq GDI – Cq GDR. A média dos valores de quantificação dos genes GUSB e

HMBS foram utilizados como Cq GDR, como recomendado por VANDESOMPELE e

cols. (2002) onde o uso do mínimo de dois GDR deve ser utilizado para a

normalização dos valores de expressão.

Tabela 3.2 Ensaios utilizados para PCR em tempo real quantitativo.

Símbolo do Gene Nome do Gene* ID do ensaio

Tamanho do amplicon

(pb) NPM1

GUSB# HMBS#

nucleofosmina (Nucleolar Phosphoprotein B23) beta glucuronidase

hydroxymethylbilano sintetase

Hs02339479_g1 Hs99999908_m1 Hs00609297_m1

146 81 64

* De acordo com HUGO (WHITE, J.A. e cols., 1997); #Gene de Referência.

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3.9 Definições de desfecho clínico

Para avaliação do tipo de resposta e determinação do tempo de sobrevida,

foram utilizadas as informações clínico-radiológico-laboratoriais existentes nos

prontuários médicos de cada paciente incluído no estudo.

Uma resposta completa foi definida como ausência de tumor ao final do

tratamento, mantida por pelo menos 4 semanas. Uma resposta parcial foi

considerada quando houve redução de 50 a 99% de todas as lesões tumorais ao

final do tratamento, enquanto que uma resposta menor foi considerada como uma

redução de 25 a 49% de todas as lesões tumorais ao final do tratamento. A doença

estável foi definida como indução de menos do que 25% das lesões tumorais, sem

o surgimento de novas lesões ao final do tratamento. Já a progressão de doença

foi definida como o surgimento de novas lesões ou aumento em 25% de alguma

das lesões iniciais ao final do tratamento.

A sobrevida livre de eventos (SLE) foi considerada como o período, em

meses, compreendido entre o diagnóstico e progressão, ou recaída, ou início de

um tratamento não planejado, ou o último seguimento em casos de resposta

completa. Já a sobrevida global (SG) foi definida como o período compreendido,

em meses, entre o diagnóstico e o óbito ou o último seguimento (do estudo).

Todos os pacientes foram tratados com protocolos baseados na

administração de antracíclicos e foram avaliados como um único grupo terapêutico,

nos estudos de sobrevida, conforme feito na literatura (EICH e cols., 2010; BAUER

e cols., 2011; MEYER e cols., 2012).

3.10 Análise Estatística

Um banco de dados com os resultados obtidos foi criado e inserido no

programa SPSS 20.0 (IBM), para posterior realização das análises estatísticas. A

correlação entre os achados moleculares foi realizada utilizando o teste χ2 ou o

teste exato de Fisher (duas caudas) para variáveis categóricas. Caso as variáveis

não apresentassem uma distribuição normal, foram utilizados os testes de Mann-

Whitney e a correlação de Spearman. O nível de significância adotado foi de 5% (P

<0,05).

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A distribuição das sobrevidas foi estimada mediante o método Kaplan-Meier

e as diferenças foram comparadas usando o teste Log-rank. O método de

regressão de Cox para análises multivariadas foi utilizado para determinar o valor

prognóstico independente das variáveis com valores de P ≤ 0,2 nas análises

univariadas.

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Tabela 3.3 Anticorpos utilizados na caracterização imunohistoquímica das células neoplásicas e inflamatórias do microambiente tumoral do linfoma de Hodgkin clássico. Descrição das questões técnicas referentes ao produto e o tipo de marcação esperada.

Anticorpo Clone Fabricante Diluição Tampão Incubação Reatividade Ponto de corte Marcação Controle Intern o

p14 DCS-240 ABCAM 1:400 EDTA 16 h baixo/alto qualquer H-RS positiva nuclear/nucleolar Linhagem de LH

p21 SX-118 DakoCytomation 1:50 EDTA 30 min baixo/alto >50% células H-RS1-3 nuclear Células dispersas no CG

p53 DO-7 DakoCytomation 1:100 Citrato 30 min baixo/alto >75% células H-RS1,2 nuclear Células dispersas no CG

Ki-67 MIB-1 DakoCytomation 1:400 EDTA 30 min baixo/alto >50% células H-RS1-3 nuclear Células em proliferação

BCL2 124 DakoCytomation 1:500 EDTA 30 min baixo/alto >50% células H-RS1 citoplasmática Pequenos linfócitos

NPM policlonal Cell Signaling 1:50 EDTA 30 min positivo/negativo qualquer H-RS positiva nuclear/nucleolar Linfócitos reativos

NPM 376 DAKO 1:1600 EDTA 30 min positivo/negativo qualquer H-RS positiva nuclear/nucleolar Linfócitos reativos

pHH3 (Ser10) policlonal QUARTETT 1:100 EDTA 16 h baixo/alto >25% células H-RS nuclear Células do CG

SURVIVINA 71G4B7 Cell Signaling 1:8500 EDTA 30 min baixo/alto >50% células H-RS1,2 nuclear Linhagem de LH

MDM2 2A10 ABCAM 1:200 EDTA 30 min baixo/alto >10% células H-RS2 nuclear/ nucleoplasmática

TMA de controle intermo

pH2AX (Ser 193) EP854 ABCAM 1:400 EDTA 30 min positivo/negativo >25% células H-RS nuclear

Células CG e TMA de controle

interno

pATM Y170 ABCAM 1:400 EDTA 30 min positivo/negativo >50% células H-RS nuclear TMA de controle interno

Caspase 3 clivada (ASP175)

5A1E Cell Signaling 1:200 EDTA 30 min positivo/negativo Expressão

nuclear/citoplasmática nas células H-RS2

nuclear/citoplasmática Células do CG

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Anticorpo Clone Fabricante Diluição Tampão Incubaçã o Reatividade Ponto de corte Marcação Controle Inte rno

Pró-Caspase 3 CPP32 ABCAM 1:200 EDTA 30 min positivo/negativo Expressão citoplasmática

nas H-RS citoplasmática TMA de controle interno

CD30 Ber-H2 DakoCytomation 1:50 Tris-EDTA 30 min positivo/negativo qualquer H-RS positiva membrana e/ou para-

nuclear -

CD3 policlonal DakoCytomation 1:100 EDTA 30 min positivo/negativo qualquer célula positiva membrana -

CD4 1F6 Novocastra 1:50 EDTA 30min positivo/negativo qualquer célula positiva membrana -

FOXP3 22510 Abcam 1:200 EDTA 30 min positivo/negativo qualquer célula positiva nuclear -

MAF M-153 Santa Cruz 1:100 EDTA 30 min positivo/negativo qualquer célula positiva nuclear -

T-bet 4B10 Santa Cruz 1:200 EDTA 30 min positivo/negativo qualquer célula positiva nuclear -

CD8 C8/144B DakoCytomation 1:200 EDTA 30 min positivo/negativo qualquer célula positiva membrana -

Tia-1 TIA-1 Abcam 1:150 Citrato 30 min positivo/negativo qualquer célula positiva membrana -

CD20 L26 Abcam 1:100 Citrato 30 min positivo/negativo qualquer célula positiva membrana -

STAT1 policlonal Santa Cruz 1:100 EDTA 30 min baixo/alto qualquer célula positiva nuclear -

Granzyma B GRZB-7 DakoCytomation 1:90 Citrato 30 min positivo/negativo qualquer célula positiva membrana -

CD83 1H4B ABCAM 1:20 EDTA 30 min positivo/negativo qualquer célula positiva membrana -

CD14 2Q1233 ABCAM 1:50 EDTA 30 min positivo/negativo qualquer célula positiva membrana -

PD1 RMP1-14 ABCAM 1:200 EDTA 30 min positivo/negativo qualquer célula positiva membrana -

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Anticorpo Clone Fabricante Diluição Tampão Incubaçã o Reatividade Ponto de corte Marcação Controle Inte rno

CD163 10D6 Novocastra 1:400 Citrato 16 h positivo/negativo qualquer célula positiva membrana -

GATA3 policlonal ABCAM 1:100 EDTA 16 h positivo/negativo qualquer célula positiva nuclear -

CD68 PGM1 DakoCytomation 1:250 EDTA 30 min positivo/negativo qualquer célula positiva membrana -

1 GARCIA e cols., 2003; 2 ALVARO e cols., 2008; 3ALVARO-NARANJO e cols., 2005.

Tabela 3.4 Tabela de iniciadores utilizados neste trabalho.

Iniciadores Sequencia (5'-3') Localização Reação

NPMF ATCAATTATGTCAAGAATTGCTTAC Final íntron 11 PCR DNA

NPMFRNA CCGGATGACTGA CCAAGAGG Final éxon Exon 11 PCR RNA

NPMR GGTAGGGAAAGTTCTCACTCTGC éxon 12 3'UTR PCR DNA/RNA

NPMF (DNA) TGGTTCCTTAACCACATTTCTTT íntron 11 PCR DNA

NPMR GGTAGGGAAAGTTCTCACTCTGC éxon 12 3' UTR PCR DNA/RNA

NPME11F ATCAATTATGTGAAGAATTGCTTAC Início E11 PCR RNA

NPME12R ACCATTTCCATGTCTGAGCACC éxon 12 3' UTR PCR RNA

M13F GTA AAA CGA CGG CCA G DNA plasmidial

M13R 5’ CAG GAA ACA GCT ATG AC 3’ DNA plasmidial

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4. RESULTADOS

4.1 Características Epidemiológicas, de apresentaçã o clínico-

biológica e resposta ao tratamento

Foram elegíveis para este estudo 87 casos pediátricos de LHc, cuja

características clínicas encontram-se resumidas na Tabela 4.1. A idade ao

diagnóstico variou de 3 a 18 anos (mediana de 14 anos), sendo que 25,3% (22/87)

dos pacientes apresentaram idade ≤10 anos, enquanto que 74,7% (65/87)

apresentaram idade superior a 10 anos. A proporção dos sexos masculino:feminino

(M:F) foi de 1,9:1; pacientes do sexo masculino representaram 65,5% dos casos.

O subtipo histológico mais frequente foi o EN, representando 75,6% (62/87)

dos casos, seguido por CM com 23% (20/87) e do subtipo DL com 5,7% (5/87) dos

casos. Dentro do grupo de EN, quando estratificados segundo o grau, 33/62

(53,2%) dos casos se agruparam no grau I, enquanto 29/62 (46,8%) foram

agrupados no grau II.

A presença de sintomas “B” (febre, sudorese noturna e/ou perda de peso) foi

avaliável em 82 dos casos e observada em 46 pacientes (56,1%). Já a presença de

massa mediastínica foi avaliável em 83 casos e observada em 54 (65,1%) casos,

havendo o comprometimento de algum sítio extranodal em 11 casos (13,4%).

No estadiamento da doença segundo os critérios de Ann-Arbor, a maioria

dos pacientes (59,7%) apresentou estadios baixos (I/II) e 40,3% estadios altos

(III/IV). Os grupos de risco estiveram distribuídos uniformemente entre os pacientes

(48% com risco favorável e 52% com risco desfavorável). A leucometria foi

avaliável em 83 crianças e 9 (10,8%) apresentaram leucopenia.

A presença do EBV nas células H-RS foi definida através da hibridização in

situ para os transcritos EBERs e foi positiva em 44,2% dos casos analisáveis

(38/86) (Fig. 4.1).

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57

Tabela 4.1 Características epidemiológicas, clínico-laboratóriais e associação com o vírus EBV no grupo de pacientes com LHc pediátrico.

Variável Casos analisados Valor percentual

Idade (anos)

Faixa 3-18 Mediana 14 ≤ 10 anos 22/87 25,3 ˃ 10 anos 65/87 74,7 Sexo Masculino 57/87 65,5 Feminino

30/87 34,5

Massa Mediastínica Sim 54/83 65,1 Não

29/83 34,9

Estadio I 9/87 10,3 II 43/87 49,4 III 24/87 27,5 IV

11/87 12,6

Sitio extranodal Sim 11/82 13,4 Não

71/82 86,6

Sintomas B Sim 46/82 56,1 Não

36/82 43,9

Grupo de Risco Favorável 39/82 47,6 Não favorável

43/82 52,4

Diagnóstico histopatológico Esclerose nodular 62/87 71,3 Celularidade mista 20/87 23 Depleção linfocítica

5/87 5,7

Associação com EBV Sim 38/86 44,2 Não 48/86 55,8

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58

Figura 4.1 Detecção do vírus Epstein-Barr através da técnica de hibridização in situ. A positividade das células tumorais (H-RS) pode ser observada através da marcação nuclear escura no núcleo.

4.2 Resposta ao tratamento e sobrevida do grupo est udado

Oitenta e um pacientes foram avaliáveis quanto ao tratamento. Apenas 1

paciente foi tratado exclusivamente com radioterapia (estadio IA com apenas 1

linfonodo acometido). Os restantes 80 pacientes receberam poliquimioterapia,

sendo o protocolo HD-90 do Grupo Cooperativo Alemão para Tratamento do

Linfoma de Hodgkin na Infância (FRYER, C.J. e cols., 1990, SCHELLONG, G. e

cols., 1999) o mais utilizado (40/80, 50%), seguido do ABVD Infância (FRYER, C.J.

e cols., 1990, SCHELLONG, G. e cols., 1999) que foi utilizado por 40% (37/80) dos

pacientes. Os outros 3 pacientes (4%) receberam outro esquema quimioterápico,

mas também baseado na administração de antracíclicos. O uso de radioterapia em

combinação com a quimioterapia foi verificado em 71% (57/80) dos pacientes, com

predominância do protocolo HD-90 (37/40 casos).

A sobrevida foi avaliada em 83 crianças, 11 foram a óbito, enquanto que 72

permaneceram vivos na última data de acompanhamento. A resposta ao

tratamento foi avaliável em 80 crianças: 20 (25%) recaíram, 17 (21,25%) recaíram

após o término do tratamento e 3 (3,75%) tiveram progressão da doença durante o

tratamento.

A SG do grupo estudado foi de 86,7%; com um tempo médio de

acompanhamento de 114 meses (IC95%: 105-122). A SLE foi de 75%, tempo

médio de acompanhamento de 100 meses (IC95%: 89-110 meses).

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59

Nenhuma diferença na SG ou SLE foi observada entre os protocolos de

tratamento utilizados neste estudo (P=0,609 e P=0,258; Log-rank). O uso

combinado de radio/quimioterapia foi ligeiramente mais eficaz que o uso de apenas

quimioterapia (SLE 80% vs. 70%), porém não significativamente superior (P=

0,333; Log-rank), mesmo quando ajustado por estadiamento ou grupo de risco.

No grupo de estudo, as características clínicas associadas a pior SLE foram

doença extranodal (P= 0,043; Teste Log-rank), leucopenia (P= 0,021) e subtipo CM

(P=0,032). Estes dados concordam com o descrito anteriormente para o grupo

(BARROS, M.H. e cols., 2012b).

A associação com o EBV mostrou impacto prognóstico, os casos EBV+

apresentaram uma melhor SG (97,1% vs. 79,2% no grupo EBV-, P= 0,033, teste de

Log-rank) (Fig 4.37) e uma tendência a melhor SLE (P = 0,082).

4.3 Caracterização das alterações no ciclo celular nas células H-RS

A tabela 4.2 apresenta um resumo dos marcadores celulares analisados

nessa parte do trabalho.

O número de células H-RS variou de 2 a 713 por 10 campos de grande

aumento (CGA) (mediana de 65 células). Já o número de células de Hodgkin

(mononucleadas, UN) variou de 3 a 129/mm2 (mediana de 41 células/mm2),

enquanto o número de células RS (multinucleadas, MN) variou de 1 a 85/mm2

(mediana de 20 células/mm2). Como esperado, houve uma alta correlação entre o

número de células UN e MN (P= 0,001).

Expressão de Ki-67 >50% das células H-RS foi considerado um alto índice

de proliferação celular (IPC). Alto IPC foi observado em 75,9% dos casos (66/87)

(Tabela 4.2, Fig. 4.2), dentre os quais 42 (43,8%) tiveram expressão de Ki-67 em

>75% das células. Nestes casos com muito alto IPC, foi realizada uma dupla IHQ

com anti-CD30 para confirmar que as células contadas eram H-RS (Fig. 4.2). Os

resultados entre as duas contagens foram concordantes (índice kappa 0,70).

Não houve associação entre um alto IPC (Ki-67>50%) com o número

absoluto de células neoplásicas, nem com o estado de poliploidização (UN e MN).

Todavia, os casos com um balanço de células UN e MN/mm2 >1,5 (mais células UN

do que MN) apresentaram um alto IPC (79,5% dos casos com Ki-67 >50%

mostraram um número maior de células uninucleadas, P= 0,024, teste exato de

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60

Fisher) confirmando que as células UN representam o compartimento

potencialmente proliferante no LHc.

Tabela 4.2 Descrição da caracterização das alterações no ciclo celular no LHc pediátrico.

VARIÁVEL CARACTERÍSTICAS FREQUENCIA (%)

Ki-67 (células/mm 2) Variação Mediana

5 a 99 68

> 50% (H-RS+) 66/87 (75,9) > 75% (H-RS+) 42/87 (43,8) pHH3 (células/mm 2) Variação Mediana

5 a 99 18

> 25% (H-RS+) 18/48 (37,5) > 50% (H-RS+) 7/48 (14,6) p53 (células/mm 2) Variação Mediana

5 a 99 50

> 75% (H-RS+) 11/82 (13,4) p21 (células/mm 2) Variação Mediana

10 a 99 65

> 50% (H-RS+) 58/84 (69) MDM2 (células/mm 2) Variação Média / Mediana

5 a 99 48

> 10% (H-RS+) 56/61 (83,6) pH2AX (células/mm 2) Variação Mediana

7 a 99 50

> 25% 40/55 (72,7) pATM (células/mm 2) Variação Mediana

12 a 99 60

> 50% 23/39 (59) NPM (células/mm 2)* Variação Mediana

1 a 25 3

> 1 (células/mm2) 55/83 (66,2) > 5 (células/mm2) 19/83 (22,9) > 10 (células/mm2) 9/83 (10,8)

*anticorpo antii-NPM (IVD,Dako)

O indice mitótico (IM) foi avaliado nas células H-RS pela combinação da

expressão de CD30+ e pHH3+ (fosforilação da Histona H3 na serina 10) (Figura

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61

4.3). Dezoito dos 48 casos analisáveis (37,5%) apresentaram >25% das células

CD30+ imunomarcadas para pHH3; enquanto que um IM muito alto (pHH3>50%)

foi observado em 7 casos (14,6%) (Tabela 4.2, Fig. 4.3).

Figura 4.2 Exemplos de imunomarcação para avaliação do índice de proliferação celular. A) Células neoplásicas positivas para Ki-67, mostrando marcação nuclear típica (1000x); B) Células neoplásicas podem ser visualizadas pela marcação citoplasmática em azul (CD30+), a positividade para Ki-67 pode ser visualizada através da marcação nuclear em castanho (400X).

Figura 4.3 Exemplos de imunomarcação para avaliação do índice mitótico. Em ambas as fotos, células neoplásicas podem ser visualizadas pela marcação citoplasmática azul, CD30+. A) Caso com elevado número de células neoplásicas, sendo estas positivas para pHH3 quando com marcação nuclear em castanho (400x). B) Células neoplásicas positivas para Ki-67, mostrando marcação nuclear típica (400x).

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62

A mediana de células Ki-67+ e pHH3+ foram de 68 e 18 células,

respectivamente e houve uma correlação positiva entre o número de células H-RS

Ki-67+ com o número de células H-RS pHH3+ (P= 0,006, correlação de Spearman)

e o número absoluto de células H-RS (P= 0,003).

A análise per caso da relação entre os dois marcadores mostrou que 31,3%

dos casos expressavam ambos os marcadores, sugerido que nesses casos o

estimulo de entrada em ciclo resultou na progressão da mitose. Em contrapartida,

43% dos casos não mostraram uma atividade mitótica considerável, apesar de

expressar Ki-67 >50% das células H-RS. Um grupo menor (18,8%) dos casos

parecem representar tumores com pouco estímulo e atividade proliferativa (Ki-67- e

PHH3-). Houve três casos (6,3%) com expressão de pHH3 e baixa marcação de Ki-

67. As categorias determinadas de acordo com a expressão de ambos os

marcadores não tiveram caractrísticas diferenciais em relação a aspectos clínicos,

associação com EBV e expressão de proteínas do ciclo celular e apoptose. No

entanto, o grupo com expressão Ki-67+/pHH3- apresentou uma maior expressão de

pH2AX, sugerindo uma maior ativação constitutiva da via de reparo (65% vs. 28,6%

no grupo com proliferação e 12,5% no grupo sem proliferação; P= 0,017, teste X2).

Em seguida, analisamos as proteínas envolvidas na via de p53. Esta

proteína foi considerada acumulada quando >75% das células H-RS exibiram

imunomarcação nuclear. Onze dos 82 casos avaliáveis (13,4%) foram

considerados p53+, indicando acúmulo desta proteína (Tabela 4.2, Fig. 4.4). A

mediana de células p53+ foi de 50 células (variação de 5-99 células). Nos 48 casos

em que foi possível analisar p53 e pHH3, a expressão de pHH3 foi correlacionada

negativamente com a expressão de p53 (P= 0,035; correlação de Spearman), o

que foi mais marcado nos casos EBV+ (P = 0,006).

Com relação à p21, principal efetor de p53 na parada do ciclo celular, a

expressão da proteína foi restrita ao núcleo das células H-RS, não tendo sido

detectada em nenhum caso no citoplasma. Em 58 dos 84 casos avaliáveis (69%)

foi detectada a expressão de p21 em mais que 50% das células H-RS, com

mediana de 65 células (variação 10-99) (Tabela 4.2, Fig. 4.4). Quando analisadas

as expressões de p53 e p21 juntas (N=74), observamos que a combinação p53-

/p21+, que reflete a funcionalidade potencial da via de p53, foi observada na

maioria dos casos (43/74, 58,1%), seguida pela combinação p53-/p21- (20/74,

27%); p53+/p21+ (9/74, 12,2%) e p53+/p21- (2/74, 2,7%).

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63

Figura 4.4 Exemplos de imunomarcação para avaliação da expressão de p53 e p21. A) Células neoplásicas positivas para p53, mostrando marcação nuclear típica (1000x). A positividade para este anticorpo é devida ao acúmulo da proteína p53 no núcleo das células. B) Células neoplásicas positivas para p53 (400x). C) Células neoplásicas positivas para p21, exibindo marcação nuclear característica (400x).

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A imunoexpressão do regulador negativo de p53, a proteína MDM2, foi

avaliada em 61 casos, com mediana de 48 células marcadas. Oito casos (11,1%)

não apresentaram qualquer expressão de MDM2, e o restante caracterizou-se por

níveis variáveis, com 40% dos casos expressando níveis intermediários e 43%

níveis altos (>50%) de MDM2. Tomando em conta o ponto de corte escolhido

(>10% das células H-RS imunomarcadas), 56 casos (83,6%) foram considerados

MDM2+ (Tabela 4.2, Fig. 4.5). Isto está em notório contraste com a ausência de

expressão desta proteína nas células e tecidos normais utilizados como referência

(4 tonsilas, como descrito na Seção de Materiais e Métodos).

Não houve associação entre a expressão de p21 e MDM2 com parâmetros

de cinética das células H-RS, bem como não foi observada qualquer associação

estatística com a presença do EBV e características clínico-laboratóriais.

Figura 4.5 Exemplo de imunomarcação para MDM2 (400x). No detalhe, célula de Reed-Sternberg contendo mais de 10 núcleos, positivas para MDM2 mostrando a marcação nuclear típica, majoritariamente núcleoplasmática.

Danos ao DNA e estresse tóxico promovem a fosforilação da histona H2AX,

que se localiza nos pontos de reparo de DNA no núcleo, culminando na ativação de

p53. O objetivo desta parte do estudo foi avaliar se existe evidência de ativação

constitutiva da maquinaria de reparo de quebras de DNA de dupla fita ao tempo do

diagnóstico do LHc. A pH2AX (histona H2AX fosforilada na serina 139) foi avaliada

em 55 casos, e 7 (12,7%) casos não tiveram qualquer expressão da proteína

(média de 39 células H-RS contadas, variando de 11 a 87). Em 48/55 (87,3%)

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65

casos foi detectada a expressão da proteína pH2AX, mostrando uma marcação

nuclear típica (Fig. 4.6). A Fig. 4.7 apresenta a distribuição da expressão de pH2AX

nos casos estudados, onde é possível observar que uma fração representada por

72,7%, 69,3% e 59,1% dos casos expressavam a proteína em mais de 25%, 50% e

75% das células H-RS, respectivamente.

Figura 4.6 Exemplo de imunomarcação para pH2AX. Células neoplásicas imunopositivas para pH2AX mostrando marcação nuclear majoritariamente pontilhada em castanho (400x). Note-se que vários linfócitos infiltrantes também mostram marcação positiva (as setas indicam alguns destes linfócitos com marcação positiva).

Quando comparadas as expressões de pH2AX e p53 foi observado que

88,9% (32/36) dos casos com p53 não acumulado possuíam evidências de

ativação da via de reparo do DNA (pH2AX >25%), enquanto que apenas 11,1%

dos casos (4/36) com o acúmulo de p53 (p53>75%) foram pH2AX positivos

(pH2AX >25%) (P = 0,043; teste de χ2), reforçando o vinculo funcional entre estas

duas vias também no LHc. É de ressaltar que 90% dos casos com o estatus p53-

/p21- exibiam a expressão de pH2AX (P= 0,07), sugerindo uma disfunção de p21

com consequencia potencial de estresse replicativo, levando a acumulação de

pH2AX.

Não houve associação com outras características biológicas ou clínicas.

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66

Figura 4.7 Histograma de frequência dos casos com LHc de acordo com os níveis de expressão da pH2AX nas células H-RS. Na parte de cima do gráfico são representadas as frações de casos abaixo e acima dos pontos de corte de 25%, 50% e 75% das células H-RS expressando pH2AX.

De maneira exploratória devido ao baixo número de casos, analisamos a

SLE associada aos três pontos de corte propostos para a expressão de pH2AX,

não observando nenhum impacto significativo. Entretanto, quando a análise foi

estratificada de acordo ao tratamento incluir ou não radioterapia (RTX), uma

tendência a melhor resposta foi evidenciada para as maiores expressões da

proteína (expressão >50% e >75% das células H-RS) quando o tratamento incluía

RTX (Fig. 4.8), porém, este efeito não foi observado quando o linfonodo tinha

menos células H-RS expressando pH2AX, sugerindo que a ativação da expressão

de pH2AX em altos níveis ao diagnóstico possa indicar o benefício da RTX, mas a

menor expressão da proteína, a quimioterapia iguala os resultados da associação

de RTX. Esta análise, claramente insuficiente do ponto de vista da potência

estatística dos testes aplicados, foi incluída visando orientar a discussão sobre os

possíveis efeitos clínico-biológicos desta proteína que ainda não foi estudada no

LHc.

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67

Figura 4.8 Sobrevida livre de eventos no LHc pediátrico em relação à expressão de H2AX nas células H-RS, estratificada de acordo ao tratamento incluir ou não radioterapia (RTX). (A) Distribuição da SLE de acordo com a expressão de pH2AX >50% das células H-RS; (B) Distribuição da SLE de acordo com a expressão de pH2AX >75% das células H-RS; (C) Distribuição da SLE de acordo com a expressão de pH2AX <50% das células H-RS. Método de Kaplan-Meier e comparação estatística pelo teste de Log-rank.

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68

Devido a falta de material tumoral, a análise da proteína pATM (ATM

fosforilada) foi realizada em apenas 39 casos. Destes, 23 casos (59%) foram

considerados ATM positivos (pATM em mais de 50% das células H-RS) (Tabela

4.2, Fig. 4.9). De maneira limítrofe, houve uma associação entre os casos positivos

para pATM e pH2AX, onde 14 casos (60,8%) pATM+ tinham a expressão de

pH2AX >25% das células H-RS (P= 0,06; teste de χ2) o que aponta para uma via

de reparo celular constitutivamente ativada nestes casos. É possível que esta

associação estatística limítrofe tenha sido ocasionada pelo baixo número de casos

analisados, e por isso, a análise de novos casos esta em andamento. Não foi

observada nenhuma outra associacão com pATM no grupo estudado.

Figura 4.9 Exemplo de imunomarcação para pATM. Células neoplásicas (400x) em detalhe célula de Reed-Sternberg (1000x) positivas para pATM mostrando marcação nuclear típica.

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69

4.4 Caracterização do envolvimento da proteína NPM na patobiologia

do LHc

Devido ao papel da proteína NPM no ciclo celular e sua interação com a

proteína p53, a próxima etapa deste trabalho consistiu em analisar a expressão da

NPM nos casos de LHc pediátrico. A estratégia de análise empregada neste

trabalho foi inicialmente estudar a expressão da NPM por um anticorpo policlonal

para epítopos situados na região N-terminal que identifica apenas o tipo selvagem

(WT) da proteína (GRUSZKA, A.M. e cols., 2010).

De maneira surpreendente, dentre os 83 casos avaliáveis para a

imunoexpressão da NPM, detectamos em 66,2% dos casos a expressão

citoplasmática da proteína (NPMc+), esta alteração foi observada em pelo menos

uma célula/mm2. Em seguida, realizamos a confirmação da imunomarcação com

um segundo anticorpo monoclonal, de aplicação em testes para diagnóstico in vitro

(IVD, Dako), comunmente utilizado para detectar o determinante antigênico WT e o

mutante (MT) na leucemia mielóide aguda (LMA). Este segundo anticorpo

confirmou a localização citoplasmática da NPM em 66,2% (55/83) dos casos,

apresentando um padrão de distribuição bastante heterogêneo (intervalo de 1-25

células/mm2, mediana de 3 células/mm2) (Tabela 4.2, Fig. 4.10). Houve

concordância na detecção da NPMc+ por ambos os anticorpos utilizados (índice de

kappa 0,74).

A distribuição da expressão da NPMc+ nas células H-RS mostrou um desvio

à esquerda, com maior porcentagem de casos exibindo menos que 5 células (Fig.

4.11).

A presença da NPMc+ nas células H-RS não esteve associada a parâmetros

de cinética celular, nem a expressão de outros marcadores do ciclo celular

estudados, ou ao status do EBV. Todavia, quando investigamos uma possível

associação com as características clínicas dos pacientes, a presença de ao menos

1 célula NPMc+/mm2 foi associada à presença de sintomas B. Dos 52 casos

NPMc+, 36 apresentaram sintomas B (69,2%), enquanto que apenas 37% (10/27)

casos com NPM nuclear apresentaram tais sintomas (P= 0,008, teste de χ2).

Casos com NPMc+ (>1 células H-RS NPMc+) também foram associados ao sexo

masculino (75% dos pacientes de sexo masculino possuem NPMc+, comparado

com apenas 41% das do sexo feminino, P = 0,023, teste de χ2).

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70

Figura 4.10 Imunolocalização sub-celular da proteína NPM com anticorpo monoclonal (NPM WT/MT, Dako). A) Células neoplásicas com imunolocalização da NPM no núcleo (NPMn) (100x); B) Células neoplásicas com NPMn (400x); C) e D) Células neoplásicas com imunolocalização da NPM no citoplasma (NPMc+) indicada por setas e NPMn (400x).

Figura 4.11 Distribuição da expressão de NPMc+ no grupo estudado.

Adicionalmente, a análise da expressão da NPM foi realizada em um grupo

externo, composto de 47 pacientes adultos oriundos do Instituto Unfallkrankenhaus

Berlim (Alemanha) para validar nossos quanto a localização celular alterada da

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71

proteína. Dos 47 casos analisados, 32 (68,1%) tinham a NPMc+ (mediana de

células H-RS NPMc+: 8; variação 4-92) (Fig. 4.12). Hodgkin clássico pediátrico

Figura 4.12 Imunolocalização sub-celular da proteína NPM com anticorpo monoclonal (NPM WT/MT, Dako) em um caso de LHc do adulto. Caso com células neoplásicas com expressão da NPM citoplasmática (400x).

4.4.1 Caracterização da alteração na localização su b-celular da NPM

no LHc

Como descrito acima, nesse trabalho detectamos a localização citoplasmática

aberrante da proteína NPM em uma fração significativa dos casos estudados, o

que representa uma observação inédita no LHc. Por esta razão, um conjunto de

análises foi realizado no intuito de melhor caracterizar esta localização aberrante

da NPM no LHc.

4.4.1.1 Confirmação da localização sub-celular de N PM

Nesta etapa do trabalho, utilizamos a combinação do anticorpo CD30

associado ao anticorpo para a proteína NPM tipo WT visando identificar as células

neoplásicas e assim confirmar a localização celular da NPM nestas células através

da técnica de imunofluorescência (IF).

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72

Cinquenta e nove casos previamente analisados por IHQ, sendo 34 dos casos

NPMc+ e 25 dos casos NPMn, estiveram disponíveis para este estudo. O valor de

corte para que um caso fosse considerado NPMc+ por IF foi estabelecido em

lâminas contendo cortes histológicos de linfonodos diagnósticados com

hiperplasias reativas (3% ou mais de células com NPMc+).

A localização citoplasmática de NPM, avaliada por IF, foi observada em

57,6% (36/59) do total de casos analisados (intervalo de 3-24 células

CD30+/NPMc+, mediana de 6 células CD30+/NPMc+). Houve concordância total

entre IHQ e IF quanto a classificação dos casos, apenas variando a mediana e

percentagens de células NPMc (Tabela 4.3).

As células CD30+/NPMn apresentaram um padrão de marcação nuclear

difusa com fraca marcação nucleolar (Fig. 4.13) enquanto que o as células não

neoplásicas (CD30-) adjacentes a células CD30+ apresentaram um padrão de

marcação nuclear pontilhado grosso. Já as células CD30+/NPMc+ apresentaram

marcação citoplasmática homogênea, sendo que em nenhum dos 36 casos

analisados foi observada a presença de marcação perinuclear (Fig. 4.14). Os

padrões de marcação observados neste trabalho na IF para NPM são

concordantes com a literatura, que relata que em material parafinado de LMA/

sarcoma granulocítico não é possível identificar a marcação nucleolar de NPM

(BOLLI, N. e cols., 2009, FALINI, B. e cols., 2005). A presença da NPM no

citoplasma foi detectada majoritariamente nas células UN (Fig. 4.14). Apenas em 3

(8,3%) casos a NPMc+ foi detectada em células MN (1-3 células do total de

CD30+) (Fig. 4.15).

Tabela 4.3 Análise da localização sub-celular da nucleofosmina nas células H-RS por IHQ e IF.

Técnica Casos NPMc + (%) Mediana de células H-RS NPMc +

IHQ (anticorpo WT) 67,5 (56/83) 1 /mm2 (1-25)

IHQ (anticorpo IVD ) 66,2 (55/83) 2 /mm2 (1-25)

IF (NPM/CD30) 57,6% (36/59) 6% (3-24)

Após a confirmação por IF da localização sub-celular alterada nas células H-

RS conforme descrito acima, 4 casos com grande número de células H-RS por

mm2 (2 casos com NPMc+ e 2 casos com NPMn) foram submetidos à técnica de IF

(anticorpo CD30 associado ao anticorpo NPM policlonal) e, posteriormente,

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analisados em microscópio confocal de varredura a laser. Nos casos NPMn, todas

as células H-RS tinham a nucleofosmina nuclear (Fig. 4.16). Em ambos os casos

NPMc+, foram observadas a presença de células H-RS com a nucleofosmina no

citoplasma, com padrão de marcação citoplasmático homogêneo (Fig. 4.17).

Figura 4.13 Avaliação por dupla marcação imunofluorescente da localização da NPM nas células H-RS. Em A e C) exemplos de células neoplásica NPMn, em vermelho CD30, em verde NPM (WT/MT) em azul DAPI; B e D) captura realizada na ausência do filtro DAPI.

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Figura 4.14 Avaliação por dupla marcação imunofluorescente da localização da NPM nas células H-RS. Em. A e C) exemplos de células neoplásicas NPMc+, em vermelho CD30, em verde NPM (WT/MT) em azul DAPI; B e D) captura realizada na ausência do filtro DAPI.

Figura 4.15 Avaliação por dupla marcação imunofluorescente da localização da NPM nas células H-RS. Em. A e C) exemplos de células neoplásicas NPMc+, em vermelho CD30, em verde NPM (WT/MT) em azul DAPI; B e D) captura realizada na ausência do filtro DAPI

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Figura 4.16 . Avaliação por dupla marcação imunofluorescente da localização da NPM nas células H-RS em um caso de LHc por microscopia confocal. CD30 em vermelho, NPM em verde e DAPI em azul (200x)

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Figura 4.17 . Avaliação por dupla marcação imunofluorescente da localização da NPM nas células H-RS em um caso de LHc por microscopia confocal. CD30 em vermelho, NPM em verde e DAPI em azul (200x)

4.4.1.2 Análise de anormalidades cromossômicas no g ene NPM1

Translocações envolvendo o gene NPM1 podem ocasionar a localização

citoplasmática da proteína NPM1. Tendo em vista que estas translocações já foram

descritas nas neoplasias hematológicas com diferentes cromossomos parceiros, a

estratégia proposta neste trabalho foi estudar a região 5q35.1 através de duas

sondas de regiões centromêricas e telomêricas em relação ao gene da NPM1, nas

células H-RS identificadas pela imunomarcação fluorescente de CD30 (FICTION).

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Diferentes protocolos publicados na literatura foram exaustivamente testados para

harmonizar a imunofluorescência e hibridização do DNA simultâneas, incluindo

diferentes modalidades, tempos e tampões de recuperação antigênica e

hibridização (MARTIN-SUBERO, I. e cols., 2002, MARTIN-SUBERO, J.I. e cols.,

2002, MARTINEZ-RAMIREZ, A. e cols., 2004). Não foi possível a padronização da

técnica, mais provavelmente devido a (i) idade do material biológico, (ii) fixação

prolongada do material primário (>12 hs) e (iii) falta de fixação com formol

tamponado.

Pela razão acima exposta, o estudo foi realizado apenas utilizando o FISH e

uma estratégia de análise de ao menos 500 células com sondas não comercial. A

figura 4.18 mostra a hibridização das sondas do tipo break-apart (dissociação de

sinal) em uma metáfase normal confirmando a localização cromossômica e a

especificidade da banda.

Figura 4.18 Confirmação da localização cromossômica das sondas para FISH do gene NPM1. A) desenho esquemático do cromossomo 5 e localização cromossômica do gene; B) metáfase normal confirmando a especificidade das sondas, em vermelho o BAC RP110N8 e em verde o BAC RP11624J0.

Utilizando a estratégia descrita acima, foram analisados 60 casos de LHc, 35

NPMc+ e 25 NPMn por IHQ, e em nenhum dos casos foi detectada translocações

envolvendo o gene NPM1 (Fig 4.19). Nos casos estudados, a dissociação de sinal

quando observada foi menor que o valor de ponto de corte obtido para a sonda

(5%) e a ausência de um dos sinais, vermelho e verde, quando detectada, foi

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atribuído à transecção do corte histológico, sempre que os sinais fossem

identificados em várias células adjacentes.

Figura 4.19 Análise por FISH do gene NPM1. Em vermelho o BAC RP110N8 e em verde o BAC RP11624J0. A) células de um LHc exibindo dois sinais de co-localização das sondas,correspondentes as duas cópias íntegras da NPM1 (setas); B), C) e D) células de casos de LHc sem alterações exibindo as duas marcações específicas.

Em quatro casos, foi identificada uma fração de células com a visualização

de apenas um par de sinais. A utilização da sonda mais centromêrica 5q12.1 (gene

KIF2) permitiu afastar a perda de uma cópia cromossômica, e os resultados foram

atribuídos à qualidade do material parafinado (Fig. 4.19 e 4.20). Em 38,3% (23/60)

dos casos foram observadas células com mais de duas marcações de ambos os

sinais, vermelho e verde, compatível com a poliplóidia característica das células

RS, que pode envolver o cromossomo 5.

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Figura 4.20 Confirmação da localização cromossômica das sondas para FISH do gene NPM1/KIF2. A) desenho esquemático do cromossomo 5 e localização cromossômica do gene NPM1 e do gene KIF2; B) metáfase normal confirmando a especificidade das sondas, em vermelho o BAC RP110N8 (NPM1) e em verde o BAC RP11-174I22 (KIF2).

Figura 4.21 Análise por FISH do gene NPM1. A) células de um caso LHc exibindo apenas um sinal de co-localização das sondas para NPM1 em uma fração das células. Em vermelho o BAC RP110N8 e em verde o BAC RP11624J0; B) nova hibridização realizada com a sonda NPM1/KIF2, células sem alterações exibindo as duas marcações específicas correspondentes as duas cópias íntegras da NPM1 e KIF2. Em vermelho o BAC RP110N8 e em verde o BAC RP11-174I22.

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4.4.1.3 Análise de mutações no gene NPM1

Análise de mutações do exon 12 do gene NPM1 por sequenciamento direto de

DNA obtido de células H-RS microdissecadas

Em dois dos dez casos em que as células H-RS foram microdissecadas,

submetidas à extração de DNA e amplificação genômica global, foi possível

amplificar o DNA da junção intron 11-exon 12 do gene NPM1. O produto de PCR

foi submetido a sequenciamento direto e não foram detectadas mutações na

sequência analisada correspondente à parte codificante do exon 12. As figuras

4.22 e 4.23 mostram os resultados do sequenciamento.

Análise de mutações do exon 12 do gene NPM1 em material tumoral completo

Em quatro casos (um sem NPMc+ nas células H-RS e três com alto número

de células H-RS NPMc+), e nas 4 linhagens celulares o produto de amplificação do

gene NPM1 do tumor completo foi subclonado no vetor pCR1 (Invitrogen) e

submetido a sequenciamento. Em total, sequencias bidirecionais de 141 clones

foram obtidas e avaliadas, conforme descrito na Tabela 4.4. Cabe mencionar que

esta abordagem implica na clonagem e sequenciamento do gene NPM1 em células

normais, assim como H-RS.

Tabela 4.4 Sumário do sequenciamento de clones contendo o segmento analisado do gene NPM1.

Caso Status NPM Fonte material biológico Clones analisados Alelos / mutações

recorrentes detectados A NPMc+ DNA 10 1 / 0 A NPMc+ RNA 20 1 / 0 B NPMc+ DNA 23 1 / 1 (del27820C) E NPMc+ DNA 24 1 / 0 E NPMc+ RNA 24 2 / 0 G NPMn DNA 20 2 / 0 L428 NPMc+ DNA 5 1 / 0 L1236 NPMc+ DNA 5 1 / 0 KH-M2 NPMn DNA 5 1 / 0

Como pode ser observado na tabela 4.4, nos casos A, E e G não foram

encontradas mutações recorrentes nos clones analisados até o momento. No caso

E, a clonagem de produtos amplificados a partir de DNA (24 clones) permitiu

identificar apenas um alelo (WT).

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Figura 4.22 Alinhamento das sequências nucleotídicas do intron 11/exon 12 do gene NPM1 em células H-RS. Sequências de dois casos de LHc NPMc+ (caso 1 e 2) foram alinhadas em relação a uma sequencia de referência (RefSeq GenBank:NG_016018.1), um controle negativo e uma sequência de NPM1 de um caso com LMA sabidamente positivo para a mutação de NPM (gentilmente cedido pela Dra. Ilana Zalcberg, Laboratório de Biologia Molecular – CEMO). Somente o alelo com mutação de tipo A da LMA é mostrado (ver figura 4.21 abaixo). Ambos os casos e o controle saudável mostraram ser portadores do polimorfismo del27895A na região 3’UTR do gene (del27895A (cr.5 170837598)), já detectado na população normal, sendo que um dos casos mostrou ademais a presença de uma mutação/polimorfismo A/G na posição g.27883 (cr.5 170837586) não codificante. Na RefSeq, em minúsculo, as sequências correspondentes ao intron 11 e em maiúsculo, as do exon 12. Pontos significam similaridade nucelotídica e traços, ausência.

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Ins TCTG

Exon 12

Figura 4.23 Eletroferogramas ilustrando a junção exon12/intron 11. Mostram um caso de LHc sem mutação (abaixo) e uma mutação de Tipo A (inserção TCTG) no controle positivo com LMA.

Já nos produtos amplificados a partir de RNA (24 clones) do mesmo caso

foram identificados os dois alelos, baseado na presença de variantes

polimórficas na região 3’UTR do exon 12. O segundo alelo foi caracterizado

pela presença do polimorfismo del27895A (cr.5 170837598), acompanhado de

um SNP G/A na posição g.27902 (rs1059404 em cr.5 170837605) e uma

mutação/polimorfismo A/G em 27950 (não codificante). No caso G, foram

detectados dois alelos, um deles WT e o outro definido por uma

mutação/polimorfismo na região 3’UTR C/T na posição g.27904 (5/20 clones).

No caso (B) (23 clones foram analisados), uma mutação (del27820C) foi

detectada em dois clones no final do exon 11, um ou dois nucleotídeos antes

do sítio de splicing (AG) (Fig. 4.24). Não é possível dizer se esta deleção é um

polimorfismo não relatado ainda na literatura, e se poderia ter algum efeito no

mecanismo de splicing do exon 12. A falta de um marcador alélico polimórfico

neste caso dificulta a análise alelo-específico da expressão gênica.

A junção intron11/exon 12 das linhagens celulares L428, L1236 e KM-H2

não apresentou mutações. O status mutacional do gene NPM1 completo nas

linhagens foi pesquisado no site CCLE (Cancer Cell Line Encyclopedia)

(http://www.broadinstitute.org/ccle/home) e não foram relatadas mutações do

gene nelas nem em nenhuma outra das 10 linhagens de LHc depositadas.

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27810 20 30 40 50 60 70 80 90 100 ...|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....| NPM NG_016018.1 tttttttttttttccagGCTATTCAAGATCTCTGGCAGTGGAGGAAGTCTCTTTAAGAAAATAGTTTAAACAATTTGTTAAAAAATTTTCCGTCTTATTT B1F+R .................................................................................................... B2F+R .............-...................................................................................... B24F+R .............-......................................................................................

Figura 4.24 Alinhamento das sequencias nucleotídicas do intron 11/exon 12 do gene NPM1 em amplificações de DNA tumoral de um caso (B)

de LHc. As sequencias de 23 clones foram analisadas, 21 sequencias representadas pelo clone B1, sem mutações, e duas sequencias em que

uma deleção do nucleotídeo C na posição 27820 foi detectada. Esta região corresponde ao final do exon 11, Na RefSeq, em minúsculo, as

sequencias correspondentes ao intron 11 e em maiúsculo, as do exon 12. Pontos significam similaridade nucelotídica e traços, ausência.

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4.4.1.4 Análise dos níveis de expressão gênica de NPM1

No intuito de avaliar se havia alguma corelação entre o número de células

que expressam NPMc+ e os níveis de RNA mensageiro (mRNA) da NPM1, 60

casos com a expressão da NPM previamente caracterizada por IHQ (30 casos

NPMc+ e 30 casos NPMn), foram quantificados por RT-pPCR. Como não foi

possível avaliar o RNA extraído das células H-RS microdissecadas, a

quantificação foi realizada através de RNA total extraído dos linfonodos dos

pacientes.

Em relação aos níveis de expressão gênica no grupo avaliado, a mediana

de expressão foi de -2,50 [variação 0,76-(-12,55)]. Na figura 4.25 é mostrado

um gráfico em barra dos valores obtidos na expressão gênica para a NPM nos

casos estudados.

Figura 4.25 Distribuição da expressão gênica representada pela quantificação relativa (2= -∆Cq) obtidos para NPM para cada um dos pacientes no grupo estudado.

Quando estratificamos os casos de acordo com o número de células H-RS

NPMc+ por IHQ (valor de corte ≥5 células/mm2), observamos que pacientes com

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menor numero de H-RS NPMc+ apresentaram uma menor expressão gênica de

NPM1 (mediana: -1.324) em comparação com o grupo com ≥5 células/mm2

(mediana -2.608) (P = 0.007; teste de Mann-Whitney) (Fig. 4.26).

Figura 4.26 Comparação entre a expressão gênica representada pela quantificação relativa obtida para NPM1 nos grupo de casos com < 5 células H-RS NPMc+ /mm2 e os casos com ≥ 5 células H-RS+/mm2.

Não houve associação entre os níveis de expressão da NPM e os

marcadores do ciclo celular e apoptose (expressão avaliada por IHQ),

características epidemiológicas e clínicas-laboratoriais.

4.4.1.5 Análise da expressão de NPM em linhagens ce lulares de LHc

Nessa etapa do trabalho, investigamos os níveis proteicos e a localização

sub-celular da NPM nas linhagens celulares KM-H2, L428 e L1236 para avaliar se

a presença de NPMc+ detectada nas células H-RS dos casos de LHc poderia

ocorrer também em linhagens celulares e, assim, permitir o delineamento de

posteriores experimentos in vitro para estudos dos mecanismos envolvidos na

localização citoplasmática alterada da NPM nessas células.

Para investigar o status da NPM nas linhagens foi usando o mesmo anticorpo

utilizado na técnica de IHQ e IF, capaz de reconhecer o epítopo WT situado na

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região N-terminal. Nas linhagens celulares, a NPM foi encontrada no citoplasma de

40% das células na L428 e 50% das células na L1236, sendo detectada no

citoplasma tanto de células de Hodgkin quanto de células RS (Fig. 4.27). Na KM-

H2, todas as células exibiram um padrão de marcação nucleolar para a NPM.

Figura 4.27 Imunolocalização sub-celular da proteína NPM por IHQ nas linhagens de LHc. A) Linhagem celular L428 com células NPMc+ e NPMn (400x); B) Linhagem celular com células NPMc+ e NPMn L1236 (200x); ambas avaliadas com anticorpo monoclonal (WT MT, IVD).

Em seguida, os níveis proteicos da NPM nas linhagens KM-H2, L428 e L1236

foram avaliados por Western Blot (WB), para confirmar os achados realizados por

IHQ. Também foi avaliada a proteína p53, visto que o gene TP53 (que codifica a

proteína p53) possui mutações nas linhagens L428 e L1236 (GARCIA, J.F. e cols.,

2002).

Pela análise do extrato total de proteínas, não houve diferenças nos níveis

proteicos de p53 e NPM, como pode ser observado na figura 4.28. Em relação à

mobilidade eletroforética, na linhagem L428 foi detectada uma banda de p53 com

diferente peso molecular (~44 kDa), que poderia corresponder à forma truncada de

p53, ou alternativamente, representar uma isoforma da proteína (KHANDELWAL,

N. e cols., 2011). Quanto a NPM, nas linhagens L428 e L126 foram detectadas

duas bandas com peso molecular ~35 kDa, compatível com a isoforma NPM1.2

(Fig. 4.28).

A Análise das frações enriquecidas do citoplasma e do núcleo das

linhagens KM-H2, L428 e L1236 permitiu confirmar a expressão nuclear de p53

nas linhagens celulares, com exceção da linhagem L428, onde foi também

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detectada a expressão citoplasmática da proteína (Fig. 4.29). A banda

referente a 44kDa, compatível com a forma truncada de p53 e identificada no

extrato total, foi identificada apenas no citoplasma da L428 (Fig. 4.29). Com

relação à expressão proteica da NPM nas frações enriquecidas, as linhagens

L428 e L1236 demonstraram a presença da proteína NPM no citoplasma (Fig.

4.29). A presença da banda de ~45 kDa (isoforma NPM1.2) nas linhagens L428

e L1236 (Fig. 4.30), bem como sua localização citoplasmática foi confirmada

através de um segundo experimento, utilizando-se a concentração de 50 µg de

proteína de cada extrato enriquecido (nuclear e citoplasmático).

Figura 4.28 Análise da expressão das proteínas p53 e NPM no extrato total protéico das

linhagens de LHc.

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Figura 4.29 Análise da expressão das proteínas p53 e NPM nas frações citoplásmatica e nuclear das linhagens de LH. C: fração citoplásmatica, N: fração nuclear.

Figura 4.30 Análise da expressão das proteínas p53 e NPM nas frações citoplasmática e nuclear das linhagens L428 e L1236 utilizando 50 µg de proteínas. C: fração citoplasmática, N: fração nuclear

Após a confirmação por WB da presença de NPMc+ nas linhagens de

LHc L428 e L1236, analisamos por IHQ com dupla marcação a presença

concomitante da NPM com as proteínas p53, MDM2, p14, pHH3 e Ki-67(Fig

4.31).

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Figura 4.31 Imunolocalização por dupla IHQ da NPM nas linhagens celulares de LHc. Em azul NPM e em castanho demais marcadores. A) Imunoexpressão nucleolar/perinuclear de p14 detectada em células NPMc+ e NPMn na L428; B) Acúmulo de p53 na linhagem NPMc+ L428; C, E e G) Linhagem KMH2 (NPMn); D; F e H) Linhagem L428 (NPMc+) (400X).

Conforme já descrito, Nas linhagens L428 e L1236 (NPM+) foi observado

o acúmulo de p53 em mais de 90%, e o padrão de expressão tanto nas células

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NPMc+ quanto NPMn foi similar Nestas culturas, caracterizadas por terem

células a expressão nucleoplásmica de MDM2 em 70% e a expressão

nucleolar e/ou perinuclear de p14 em 90% das células, não houve diferença

entre o padrão de expressão e/ou a localização sub-celular de MDM2 e p14

nas células NPMc+ e NPMn, o que sugere que a localização citoplasmática da

NPM não interfere na localização celular destas proteínas (Fig. 4.31).

Ki-67 foi expresso tanto nas células com NPMc+, quanto nas células com

NPM nuclear. Dentre os ~50% de células NPMc+ presentes nas linhagens

L428 e L1236, 80% destas não se encontrava em mitose (pHH3 negativo). Em

contraste, nessas mesmas linhagens, pHH3 foi positivo em 20% das células

NPMn (Fig. 4.31), sugerindo que as células NPMc+ são comparativamente

menos proliferantes que as NPMn. Estudos de IF e microscopia confocal estão

em andamento para confirmar estes achados.

4.5 Caracterização das alterações apoptóticas nas c élulas H-RS

Para o estudo de marcadores de apoptose "espontânea" na situação pré-

tratamento, avaliamos por IHQ a expressão de duas importantes proteínas anti-

apoptóticas, BCL2 e SURVIVINA, assim como a expressão de CASP3 nas

células H-RS. Além disso, a taxa de fragmentação do DNA também foi avaliada

pelo método de TUNEL em um subgrupo de pacientes.

A imunoexpressão de BCL2 foi avaliada em 83 casos, com mediana de

37 células/mm2 (variação 5-99). Quarenta e sete casos (56,6%) foram

considerados BCL2 positivos (>10% das células H-RS), (Fig. 4.32). Já a

expressão da SURVIVINA foi avaliada em 48 casos por dupla marcação com o

anticorpo anti-CD30 para identificação das células H-RS, dentre os quais 25

(52%) foram considerados positivos (>50% das células H-RS), com mediana de

42 células/mm2 (variação 12-99) (Fig. 4.33). Não houve correlação entre a

expressão de BCL2 e SURVIVINA nos casos estudados.

A detecção da CASP3 foi realizada por meio de 2 anticorpos: um para

identificar a pró-enzima (pró-caspase3, proCASP3) e outro capaz de detectar a

proteína clivada e ativa (CASP3). Além disso, como parte da estratégia de

análise, utilizamos uma dupla marcação com anticorpo anti-CD68 para

identificar os macrófagos presentes no tecido tumoral e evitar qualquer viés na

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contagem do número de células tumorais CASP3 positivas (DUKERS, D.F. e

cols., 2002).

Figura 4.32 Exemplo de imunomarcação para BCL2. Células neoplásicas positivas para BCL2 mostrando marcação citoplasmática (400x).

Figura 4.33 Exemplos de imunomarcação para a SURVIVINA. As células neoplásicas (400x) e célula de Reed-Sternberg (1000x) podem ser visualizadas pela marcação citoplasmática azul, referente ao anticorpo CD30 e para SURVIVINA com marcação nuclear em castanho (400x).

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A CASP3 foi encontrada expressa em 35/49 casos avaliáveis (71,4%)

considerando imunomarcação em > 50% das células H-RS (Fig. 4.34),

enquanto que a percentagem de casos positivos para a pro-Caspase3

(imunomarcação >50% das células H-RS) foi de 60% (36/60). A mediana de

células/mm2 positivas para ambas as proteínas foi de 67 (variação 12-99) e 59

(variação 12-99), respectivamente.

Em 3 casos (6,1%) não foi detectada nenhuma células H-RS positiva para

a CASP3. Concordantemente, o número de células H-RS positivas para a

proCASP3 nesses casos foi < 5%, sugerindo que nestes casos, a ausência de

CASP3 foi ocasionada por mecanismos upstream a clivagem da pró-enzima

caspase 3.

Não houve correlação entre a positividade para CASP3, BCL2 e

SURVIVINA.

Figura 4.34 Exemplos de imunomarcação utilizada no estudo da apoptose no LHc. A expressão de CD68 é indicado pela marcação vermelha citoplasmática/membranar. A expressão de CASP3 é indicada por uma coloração citoplasmática em castanho. As setas indicam células H-RS CASP3+. Exemplo de caso com elevado número de H-RS com expressão de CASP3+ é mostrados em A. Exemplos de casos com menor número de H-RS CASP3+ é mostrados em B (400x).

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A taxa de fragmentação do DNA, avaliada pelo ensaio de TUNEL, foi

analisado em 48 casos. Dezesseis casos (33,3%) foram considerados TUNEL+

(>5% células H-RS positivas), tendo como mediana 5 células mm/2 (variação 0-

18 células) (Fig. 4.35). O número de casos positivos para CASP3 (71,4%) foi

consideravelmente superior ao número de casos positivos para TUNEL (33,3%).

A análise combinada de TUNEL/CASP3 é apresentada na tabela 4.5. A

categoria concordante para os dois marcadores de apoptose deu conta de 21%

dos casos.

Tabela 4.5 Análise combinada da expressão de TUNEL/CASP3.

TUNEL+ TUNEL- Total

CASP3+ 10 (20,8%) 25 (50%) 35

CASP3- 6 (15,8%) 7 (7,5%) 13

Total 16 32

Nos 6 casos CASP3-/TUNEL+ a expressão da CASP3 variou entre

0% e 44% (mediana 30,5%). Nesses casos, o número de células H-RS

expressando pró-Caspase3 foi <30% de células H-RS com exceção de um

caso. O caso com 0% de células CASP3+ (53 células H-RS analisadas) teve

3% de células pró-CASP3+ (105 células analisadas) e, no entanto, exibiu 9%

de células TUNEL+. Neste grupo, outros estudos poderão determinar se a

fragmentação do DNA detectada pela metodologia do TUNEL nessas células

possa ser decorrente de outros processos de morte celular.

Não houve associação entre a expressão de BCL2, CASP3 e

SURVIVINA e a fragmentação de DNA com os parâmetros de cinética das

células H-RS, ciclo celular, presença do EBV nas células H-RS e

características clínico-laboratóriais.

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Figura 4.35 Avaliação da fragmentação de DNA pela reação de TUNEL. Notam-se núcleos condensados e com grumos castanho-amarronzados, caracterizando as células positivas à reação de TUNEL (com fragmentação do genoma). A e B) Caso de hiperplasia reativa (utilizada como controle positivo da técnica) mostrando células positivas para a técnica do TUNEL no linfonodo (100X e 400X, respectivamente); C e D) Dois casos representativos de LHc, com células TUNEL positivas indicadas pelas setas (200X). A marcação em vermelho é referente a expressão de TIA1 (marcação em grânulos citoplasmaticos, em vermelho) obtida pela técnica de IHQ, realizada posteriormente ao TUNEL. 4.6 Correlação entre as alterações no ciclo celular e na apoptose com a

resposta terapêutica no linfoma de Hodgkin clássico

Impacto da localização celular da NPM na sobrevida e prognóstico

A presença da NPMc+ em ao menos uma célula mostrou impacto

favorável na SG (92,5% vs 74,1% para NPMc+ vs NPMn, respectivamente; Log-

rank P= 0,003, teste de Log-rank) (Fig. 4.36) e uma mesma tendência a uma

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melhor SLE (78% vs. 66.7%, NPMc+ vs NPMn, respectivamente), porém sem

significação estatística (P = 0,26).

Como descrito anteriormente, o grupo EBV- foi associado a uma pior

sobrevida. Entretanto, neste grupo, a presença de NPMc+ conseguiu reverter

este impacto, sendo associada a uma melhor SG (90,3%) quando comparado ao

grupo NPMn/EBV- (56,2%) (P= 0,006, teste de Log-rank) (Fig. 4.36). Quanto a

SLE, embora não significativa, a mesma tendência foi observada para pacientes

NPMc+/EBV- (73,3%) vs. NPMc-/EBV- (56,2%) (P = 0,176, teste de Log-rank).

Isto sugere que no grupo EBV-, a presença da NPMc nas células H-RS pode ter

influência na maneira como estas células respondem a terapia.

Outro fator que foi capaz de modular o impacto prognóstico da localização

celular da NPM foi a expressão de p21. Uma melhor SG foi observada no grupo

NPMc+/p21>50% (94,9% vs. 68,8%; P=0,015, teste de Log-rank) (Fi. 4.36). A

positividade de p21 per se, não teve influência na SG ou SLE.

Impacto da expressão de Caspase 3 na sobrevida e prognóstico

A expressão de CASP3 nas células H-RS, foi um preditor independente

de resposta terapêutica. Como pode ser observado na figura 4.37, uma pior SG

(96,7% vs. 64,3% para CASP3<50% vs. CASP3≥50%, P= 0,002) e SLE (80,6%

vs. 53,3% para CASP3<50% vs. CASP3≥50%, P= 0,035) foram observadas

nos casos CASP3 negativos (Fig. 4.37).

Quando analisada a positividade para CASP3 concomitante com a

presença de NPMc+, foi possível identificar um grupo composto de 14 casos

NPMc+, pertencentes ao grupo CASP3 negativo, que embora pouco

representativo numericamente foi associado com uma melhor SG (80% vs.25%

para NPMc+ e NPMn respectivamente, P= 0,025) e SLE (66,7% vs. 25% para

NPMc+ e NPMn respectivamente, P= 0,043) (Fig. 4.37).

No grupo EBV+ a expressão da CASP3 não foi capaz de discriminar

diferenças na SG (100% VS. 93% para CASP3+ e CASP3- respectivamente,

P= 0,432). Já no grupo EBV-, per se associado com comportamento clínico

desfavorável, a expressão de CASP3 mostrou ser capaz de definir uma

resposta favorável (100% vs. 28,6% para CASP3+ e CASP3- respectivamente,

P= 0,002).

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Da mesma maneira, na SLE a expressão de CASP3 <50% (negativa) nas

células H-RS define uma resposta terapêutica negativa nos casos EBV- (70,6%

vs. 33,3% para CASP3+ e CASP3- respectivamente, P= 0,045) (Fig. 4.37).

Devido ao baixo número de casos incluídos nesta análise estratificada, se faz

necessário a validação futura numa coorte com maior número de casos.

De maneira contrastante, um alto índice de fragmentação do DNA

(positividade para TUNEL), foi associado de maneira limítrofe a uma pior

resposta (56% vs. 80,6% para SG no TUNEL+ e TUNEL- respectivamente,

P=0,095).

Na regressão de Cox, considerando as variáveis estatisticamente

significantes, a expressão de CASP3 e o status de infecção por EBV

mantiveram o impacto prognóstico independente na SG e SLE no grupo

estudado. Porém é importante ressaltar que, devido a requerimento estatístico,

a análise foi feita com somente os 44 casos que tinham todos os marcadores

avaliados, excluindo 40 casos que tinham NPM e EBV. As tabelas 4.6 e 4.7

mostram as variáveis analisadas na regressão de Cox.

Tabela 4.6 Regressão de Cox das variáveis clínicas, histológicas e imunohistoquímicas associadas estatisticamente com a sobrevida livre de eventos.

INTERVALO DE CONFIANÇA 95%

VARIÁVEIS P HR Limite Inferior Limite Superior

Subtipo CM 0,103 0,986 0,818 8,771

Doença extranodal 0,686 0,279 0342 5,099

Leucopenia 0,410 0,927 0,278 22,93

CASP3 (>50%) 0,022 -1,419 0,72 0,816

Presença de EBV 0,035 -1,456 0,60 0,850

HR: hazard ratio ou razão de chances Tabela 4.7 Regressão de Cox das variáveis clínicas, histológicas e imunohistoquímicas associadas estatisticamente com a sobrevida global.

INTERVALO DE CONFIANÇA 95%

VARIÁVEIS P HR Limite Inferior Limite Superior

NPMc+ 0,043 0,927 0,018 0,938

CASP3 (>50%) 0,008 -1,419 0004 0,483

Presença de EBV 0,023 -1,456 0,005 0,682

HR: hazard ratio ou razão de chances

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Figura 4.36 Sobrevida global e livre de eventos no LHc pediátrico em relação à localização celular da NPM nas células H-RS. (A) Distribuição da SG de acordo com a presença de NPMc; (B) Distribuição da SG de acordo ao estatus do EBV nas células H-RS; (C) Distribuição da SG de acordo com a presença de NPMc no grupo EBV-; (D) e (E) Distribuição da SG de acordo com presença de NPMc+ estratificado pela expressão de p21 >50% e <50%, respectivamente; Método de Kaplan-Meier e comparação estatística pelo teste de Log-rank.

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Figura 4.37 Sobrevida global e livre de eventos no LHc pediátrico em relação à expressão de CASP3 nas células H-RS. (A) Distribuição da SG de acordo com a expressão de CASP3 >50% das células H-RS; (B) Distribuição da SLE de acordo com a expressão de CASP3 >50% das células H-RS; (C) e (D) Distribuição da SG e da SLE de acordo com a presença de NPMc no grupo com expressão de CASP3 <50%; (E) Distribuição da SLE de acordo com presença de NPMc+ estratificado pela expressão de p21 >50% e <50%, respectivamente; (E) Distribuição da SLE de acordo à presença de NPMc+ nas células H-RS em casos com estadiamento de Ann-Arbor alto. Método de Kaplan-Meier e comparação estatística pelo teste de Log-rank.

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4.7 Descrição do microambiente tumoral no grupo de estudo

O grupo de pacientes pediátricos incluídos neste estudo pertence a um

grupo total de 100 pacientes com LHc previamente caracterizados tanto do ponto

de vista histopatológico, quanto a algumas populações do MAT que incluem

linfócitos e macrófagos de uma maneira geral (BARROS, M.H. e cols., 2012a,

BARROS, M.H. e cols., 2010, BARROS, M.H. e cols., 2012b). As sub-populações

linfocitárias do grupo de 87 pacientes estudados nesse trabalho encontram-se

resumidas na tabela 4.8.

Visando aprofundar o conhecimento das sub-populações linfocitárias no

MAT do LHc pediátrico, adicionalmente foi incluído neste estudo a avaliação das

populações de linfócitos citotóxicos Th2: (i) CD4+ expressando GATA3+ e; (ii)

CD4+ expressando o fator de transcrição MAF (MAF+/CD68-).

Os linfócitos Th2 apresentaram uma distribuição difusa pelo linfonodo, sem

uma localização preferencial (Fig. 4.38). A mediana de células CD4+ GATA3+ foi

de 196 células/mm2 (variação de 5 a 636 células). O número de linfócitos Th2 foi

associado a doença extranodal (P = 0,034; Teste de Mann-Whitney). Já a

mediana de linfócitos MAF+ foi de 190 células por mm2 (variação de 6 a 894

células) e houve associação com doença extranodal (P = 0,033; Teste de Mann-

Whitney). O número de células CD4+ GATA3+ foi concordante com o número de

linfócitos MAF+ (P= 0,0001; Teste de Mann-Whitney).

Quando estratificados os pacientes pela presença do EBV, o MAT nos

casos EBV+ foi caracterizado pelo predomínio de células citotóxicas e Th1

comparado aos casos EBV-, como descrito anteriormente (BARROS, M.H. e cols.,

2012b).

A composição do MAT esteve associada com a sobrevida. Um alto número

(>percentilo 50) de células citotóxicas Granzima B+ (GRZB+) foram associadas

com uma SLE maior (P = 0,043). Houve associação diferencial da SLE de acordo

ao status do EBV, sendo a presença do subtipo histológico CM (P= 0,009) e as

contagens altas de células Tia1 e GRZB+ associadas com mau prognóstico nos

casos EBV- (P= 0,036 e P= 0,043; Log-rank) e as altas contagens de Tregs,

assim como a Razão FOXP3/CD8 >1 associadas a mau prognóstico nos casos

EBV+ (P= 0,046 e P= 0,021; Log-rank).

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Tabela 4.8 Descrição da população de linfócitos do microambiente tumoral no grupo de pacientes com LHc pediátrico, previamente caracterizados* e incluídos nesse estudo.

VARIÁVEL CARACTERÍSTICAS FREQUENCIA (%)

CD3 (células/mm 2) Variação Média / Mediana

70 a 1187 643,43 / 645

> 451 (percentil 25) 61/83 (73,5) > 645 (percentil 50) 41/83 (49,4) CD4 (células/mm 2) Variação Média / Mediana

1 a 624 180,02 / 155

> 70 (percentil 25) 62/83 (74,7) > 155 (percentil 50) 41/83 (49,4) FOXP3 (células/mm 2) Variação Média / Mediana

1 a 513 101,64 / 49

> 12 (percentil 25) 63/84 (75) > 49 (percentil 50) 40/84 (47,6) T-bet (células/mm 2) Variação Média / Mediana

2 a 269 54,93/ 32

> 70 (percentil 25) 61/81 (75,3) > 155 (percentil 50) 40/81 (49,4) CD8 (células/mm 2) Variação Média / Mediana

11 a 847 185,26 / 143

> 76 (percentil 25) 64/86 (74,4) > 143 (percentil 50) 42/86 (48,8) Tia-1 (células/mm 2) Variação Média / Mediana

1 a 396 113,64 / 69

> 39 (percentil 25) 61/81 (75,3) > 69 (percentil 50) 40/81 (49,4) Granzima B (células/mm 2) Variação Média / Mediana

1 a 451 32,07 / 11

> 4 (percentil 25) 61/85 (71,8) > 11 (percentil 50) 41/85 (48,2) CD20 (células/mm 2) Variação Média / Mediana

1 a 885 240,86 / 196

> 79 (percentil 25) 62/83 (74,7) > 196 (percentil 50) 41/83 (49,4) GATA3 Variação Média / Mediana

5 a 636 222 / 181

> 89 (percentil 25) 53/73 (72.6) > 181 (percentil 50) 39/77 (53,4) MAF Variação Média / Mediana

240 a 894 211 / 181

> 89 (percentil 25) 57/78 (75) > 181 (percentil 50) 38/77 (50)

Os valores numéricos da coluna características referem-se a valores absolutos por unidade de área (número de células /mm2), enquanto que a coluna de frequência inclui os valores percentuais de casos acima dos percentils 25 e 50 da distribuição. *(BARROS, M.H. e cols., 2012a, BARROS, M.H. e cols., 2010, BARROS, M.H. e cols., 2012b). #Análise realizada com os 87 casos incluídos neste estudo.

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Figura 4.38 Exemplo de imunomarcação para GATA3 e MAF. A) Linfócitos GATA3 positivos mostrando marcação nuclear típica (400x); B) Linfócitos MAF positivos mostrando marcação nuclear típica (200x).

4.7.1 Células mielóides no LHc pediátrico: linhagem monocítica, macrófagos

e células dendríticas

Além da caracterização dos linfócitos, a composição do MAT em relação a

linhagem monocítica (CD14), as células dendríticas (CD83) e aos macrófagos, a

saber CD68 (pan-macrófago) e CD163, utilizado na literatura como marcador de

macrófago intratumoral (TAM), polarizado para um estado similar a M2, foram

investigados por meio de IHQ quantitativa com imunomarcações específicas. O

resumo das populações estudadas encontra-se na tabela 4.9.

Como esperado, o número de células CD14+ foi associado ao número de

células CD68+ e CD163+ (P= 0,011 e P= 0,001, respectivamente, teste de

Spearman). As duas populações de macrófagos também estiveram

correlacionadas (P = 0,001; teste de Spearman).

A co-expressão de CD68 ou CD163 com pSTAT1 foi utilizada para identificar

os macrófagos com perfil similar a M1, enquanto que a co-expressão de MAF e

CD68 ou CD163 foi utilizada na caracterização de macrófagos similares a M2 (Fig.

4.39). Os resultados obtidos nas análises quantitativas de células CD68+, CD163+,

CD68+/pSTAT1+, CD68+/MAF+, CD163+/pSTAT1+ e CD163+/MAF+ encontram-se

resumidos na tabela 4.9.

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Tabela 4.9 Descrição da população de células monocíticas, macrófagos, células dendríticas e do estado de polarização dos macrófagos no MAT do LHc pediátrico e sua associação com a sobrevida livre de progressão e sobrevida global.

Variável Células /mm 2 Casos Analisados (%)

Análise univariada (p)

para SLE

Análise univariada (p)

Para SG CD68+ (células/mm 2) Variação (Média / Mediana)

19 a 231 (121 / 115)

< 115 (50th percentil) 35/70 (50) 0,955 0,575 > 115 (5h percentil) 35/70 (50) < 156 (75th percentil) 15/70 (21,4) 0,520 0,724 > 156 (75th percentil) 54/70 (77,1) CD163+ (células/mm 2) Variação (Média / Mediana)

20 a 528 (151/ 230)

< 151 (50th percentil) 37/70 (50,7) 0,029 0,015 > 151 (50th percentil) 36/70 (49,3) < 230 (75th percentil) 25/70 (34,2) > 230 (75th percentil) 48/70 (65,8) 0,533 0,165 CD68+pSTAT1+ (células/mm 2) Variação (Média / Mediana)

0 a 214 (66,89 / 49)

< 49 (50th percentil) 36/71 (50,7) 0,9 0,9 > 49 (50th percentil) 35/71 (49,3) < 99 (75th percentil) 54/71 (76,1) 0,5 0,9 > 99 (75th percentil) 17/71 (23,9) CD68+MAF+ (células/mm 2) Variação (Média / Mediana)

0 a 143 (45,86 / 35)

< 35 (50th percentil) 37/71 (52,1) 0,3 0,3 > 35 (50th percentil) 34/71 (47,9) < 76 (75th percentil) 54/71 (76,1) 0,2 0,038 > 76 (75th percentil) 17/71 (23,9) CD163+pSTAT1+ (células/mm 2) Variação (Média / Mediana)

0 a 155 (34,18 / 17)

< 17 (50th percentil) 31/67 (46,3) 0,1 0,02 > 17 (50th percentil) 36/67 (53,7) < 52 (75th percentil) 51/67 (76,1) 0,1 0,3 > 52(75th percentil) 16/67 (23,9) CD163+MAF+ (células/mm 2) Variação (Média / Mediana)

0 a 184 (44,56 / 29)

< 29 (50th percentil) 43/81 (53,1) 0,02 0,09 > 29 (50th percentil) 38/81 (46,9) < 76 (75th percentil) 18/81 (22,2) 0,05 0,009 > 76 (75th percentile) 63/81 (77,8) CD14 (células/mm 2) Variação Média / Mediana

1 a 524 (84,1 / 55)

> 17 (percentil 25) 58/77 (75,3) 0,123 0,52 > 55 (percentil 50) 39/77 (50,6) 0,165 0,68 CD83 (células/mm 2) Variação Média / Mediana

11 a 410 (66 / 55)

> 17 (percentil 25) 57/78 (73,1) 0,168 0,09 > 55 (percentil 50) 38/78 (48,7) 0,543 0,083

*SLE: Sobrevida Livre de Eventos. SG: Sobrevida Global

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Uma percentagem maior de macrófagos CD68+pSTAT1+ foi associada a uma

menor idade dos pacientes (mediana de 72,9% <14 anos vs. 37,1% >14 anos, P=

0,002; teste de Mann-Whitney), com o subtipo histológico CM (mediana de 75% vs.

47% outros subtipos, P= 0,016; teste de Mann-Whitney), com menor frequência de

massa do mediastino (mediana 38% vs. 74,2%; P= 0,02) e a presença de EBV

(mediana de 73 cells/mm2 vs. 32 cells/mm2 in EBV-; P= 0,02; teste de Mann-

Whitney).

Figura 4.39 Exemplos de imunomarcação utilizada na identificação de macrófagos tipo-M1 e tipo-M2 no LHc pediátrico. A expressão de CD68 ou CD163 é indicado pela marcação azul citoplasmática/membranar. A expressão dos fatores de transcrição pSTAT1 MAF é indicada por uma coloração nuclear em castanho. Exemplos de casos com elevado número de macrófagos M2 são mostrados em A, (macrófagos CD68+ MAF+) e em B, (macrófagos CD163+MAF+). Exemplos de casos com grande número de macrófagos-M1 são mostrados em C, (macrófagos CD68+pSTAT1+) e em D (macrófagos CD163+pSTAT1+) (ampliação original: 400x).

Uma percentagem maior de macrófagos CD68+MAF+ foi associada à presença

de sintomas B (34,6% vs. 62,3% nos casos sem sintomas B; P= 0,008).

No intuito de avaliar o estado de polarização caso a caso no grupo estudado,

foram determinados balanços entre os macrófagos CD68+pSTAT1+ e CD68+MAF+

bem como entre os macrófagos CD163+pSTAT1+ e CD163+MAF+. Na definição do

estado de polarização M1, foi considerado um número de células M1-polarizadas

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pelo menos 1,5 vezes superior ao de células M2-polarizadas e para o estado de

polarização M2 a situação inversa.

A polarização tipo-M1 definida pela relação CD163+/pSTAT1+:

CD163+/MAF+ >1,5 foi associada a uma apresentação clínica favorável (60,7% vs.

33,3% com quadro clínico desfavorável; P= 0,04; teste de X2) e ausência de massa

mediastinal (73% dos pacientes sem massa mediastinal mostraram um número

M1>M2 enquanto que 67% dos pacientes com massa mediastinal tiveram um

número M2>M1, P= 0,005; teste exato de Fisher). Não foram observadas outras

associações.

Em seguida, visamos encontrar associações entre a polarização dos

macrófagos e alguma composição especifica do MAT. Associações claras foram

encontradas entre um microambiente com perfil citotóxico e um enriquecimento em

macrófagos M1 no MAT. A relação CD8+/FOXP3+ >1,5 foi associado a um número

mais elevado de macrofágos CD68+pSTAT1+ (mediana de 67 vs. 23 células/mm2

para a razão CD8+/FOXP3+ <1,5; P= 0,04; teste de X2) e macrófagos

CD163+pSTAT1+ (mediana de 27 vs. 1 célula/mm2 para a razão CD8+/FOXP3+

<1,5; P<0,0005; teste de X2). Os casos com balanço para M1 apresentaram maior

número de células citotóxicas; casos com balanço CD68+/pSTAT1+:CD68+/MAF+

>1,5 foram associados a um maior número de linfócitos TIA1+ (mediana 143

células/mm2 vs. 55 para a relação M2>M1, P= 0,001; teste de X2) e casos com

balanço CD163+/pSTAT1+:CD163+/MAF+ >1,5 apresentaram maior número de

linfócitos CD8+ (mediana de 264 células/mm2 vs. 132 células/mm2 para a relação

M2>M1, P= 0,002, teste de X2).

Já para o perfil M2 não foram encontradas associações tão fortes, sendo que

um maior número de macrófagos CD68+ MAF+ foi encontrado em microambientes

com um perfil imunossupressor (razão FOXP3>GRZB >1,5) (P= 0,023) e uma

correlação direta foi encontrada entre linfócitos expressando MAF e as populações

de macrófagos CD68+ e CD163+ MAF+ (P= 0,02 e P= 0,029, respectivamente).

Quando analisada a SG com base no estado de polarização dos macrófagos,

uma melhor SG foi observada nos casos com elevado número de macrófagos

CD163+ pSTAT1+ (> 17 células/mm2, percentil 50%) (100% vs. 79% para as

células CD163+ pSTAT1+ <17 células/mm2; P = 0,02; teste de Log-rank) (Fig.

4.40). Um alto número de células CD163+ (>143 células/mm2) foi associado a uma

pior SLE (61,8% vs. 86.8% para <143 células/mm2; P= 0,015, teste de Log-rank).

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Todavia, quando analisada a SLE com base no estado de polarização dos

macrófagos, uma pior SLE foi observada em casos com um elevado número de

macrófagos CD163+MAF+ (> 29 células/mm2) (64% vs. 87% para <29 células/mm2,

P = 0,02, teste de Log-rank) (Fig. 4.40).

Figura 4.40 Sobrevida global e livre de eventos no LHc pediátrico em relação a expressão de macrofágos (A), SG na presença de macrófagos CD68+MAF+ >76 células/mm2 (percentil 75%) P = 0,038; (B) SG na presença de macrófagos CD163+pSTAT1+ >29 células/mm2 (percentil 50%) P = 0,02; (C) SLE na presença de macrófagos CD163 >151 células/mm2 (percentil 50%) P = 0,015 e (D) SLE na presença de macrófagos CD163+MAF+ >29 células/mm2 (percentil 50%) P = 0,02.

Um balanço de polarização inclinado para M1 (CD163+pSTAT1+:CD163+

MAF+>1,5) foi associado a uma melhor SG (100% para M1> M2 vs. 84% para

M2> M1 P= 0,037; teste de Log-rank). Com relação a SLE, o balanço entre

macrófagos M1:M2 não teve significância estatística.

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106

4.8 Associação entre as alterações no ciclo celular e a apoptose nas células

de Hodgkin-Reed Sternberg e a composição do MAT no LHc pediátrico

4.8.1 Populações linfocitárias

A tabela 4.10 resume as associações encontradas entre as sub-populações

linfocitárias do MAT e os diversos marcadores expressos pelas células H-RS,

categorizados de acordo com os pontos de corte estabelecidos.

Tabela 4.10 Associação entre as alterações no ciclo celular e a apoptose nas células H-RS e as populações linfocitárias do microambiente tumoral.

Populações Marcador Imune (MAT)

Marcador Celular (H-RS)

Mediana + diferença interquartil* P

(Mann-Whitney) Rho P (Spearman)

Linfócitos T CD3+ CASP3+ CASP3-

757 + 406 564 + 329 0,041 0,336 0,020

Ki-67+ Ki-67-

173 + 187 112 + 177 0,140 0,312 0,006

pHH3+ pHH3-

349 + 299 149 + 176 0,004 0,195 0,199 Linfócitos Th CD4+

pATM+ pATM-

108 + 103 214 + 151 0,013 -0,51 0,002

P21+ P21-

44 + 59 20 + 27 0,006 0,268 0,019

Th1 Tbet+ UN/MN>1 UN/MN<1

41 +55 21,5 + 260 0,05 0,242 0,030

P21+ P21-

172 + 232 285 + 338 0,100 -0,245 0,041

Th2 GATA3+ MDM2+ MDM2-

211 + 248 56 + 149 0,028 0,267 0,140

pH2AX+ pH2AX-

261 + 271 104 + 174 0,039 0,218 0,123

P21+ P21-

164 + 202 351 + 357 0,014 -0,263 0,037

pH2AX+ pH2AX-

244,5 + 245 68,5 + 188 0,000 0,261 0,07 C-maf+

(linfócitos)

pATM+ pATM-

208 + 132 110 + 288 0,038 0,330 0,06

MDM2+ MDM2+

70 + 119 17 + 20 0,004 0,253 0,039

pHH3+ pHH3-

211 + 217 64 + 106 0,035 0,201 0,179

Linfócitos IL10+

C-maf+ (células)

Ki-67+ Ki-67-

82 + 141 55 + 55 0,026 0,264 0,021

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Populações Marcador Imune (MAT)

Marcador Celular (H-RS)

Mediana + diferença interquartil* P

(Mann-Whitney) Rho P (Spearman)

P21+ P21-

79 + 148 33,5 + 95 0,015 0,440 0,0001

BCL2+ BCL2-

90 + 149 38 + 80 0,032 0,283 0,053

CASP3+ CASP3-

80,5 + 134 140 + 228 0,140 -0,30 0,038

pH2AX+ pH2AX-

102 + 250 56,5 + 84 0,113 0,344 0,012

Linfócitos Treg FOXP3+

NPMc NPMn

68,5 + 142 35 + 96 0,03 0,281 0,012

CD8+ Ki-67+ Ki-67-

171 + 207 104 + 145 0,08 0,264 0,014

UN/MN>1 UN/MN<1

14 + 42 5 + 55 0,013 0,187 0,145

Ki-67+ K67-

17 + 47 5 + 9 0,012 0,300 0,008

Linfócitos T citotóxicos

GRZB+

MDM2+ MDM2-

12 + 47 7 + 25 0,218 0,276 0,020

PHH3+ PHH3-

167 + 176 227 + 285 0,199 -0,347 0,017

Linfócitos B CD20+ P21+ P21-

222 + 257 147 + 227 0,103 0,243 0,033

Senescência celular PD-1

P53+ P53-

14 + 26 6,5 + 46 0,245 -0,310 0,021

* a diferença interquartil foi calculada como a diferença dos valores do 3º quartil (percentilo 75)- 1º quartil (percentilo 25).

Correlação entre populações linfocitárias e marcadores de proliferação nas células

H-RS

Um elevado número de linfócitos CD4+ e MAF+ foram relacionados à

presença de um maior número de células H-RS em proliferação (expressando Ki-

67 e pHH3), enquanto que um maior número de linfócitos B (CD20+) foi

significantemente associado a uma menor fração proliferativa das células H-RS. De

fato, quando analisadas as proporções relativas das populações, foi observado que

a relação CD4+/CD20+>1, ou seja, um número maior de linfócitos Th em relação a

linfócitos B foi associado a uma maior fração proliferativa e vice-versa (PHH3, P=

0,005; Ki-67, P= 0,002; teste de Mann-Whitney) (Fig. 4.41).

O mesmo sentido de associação foi observado quando analisadas as

proporções MAF/CD20+ (PHH3, P= 0,030; Ki-67, P= 0,020; teste de Mann-

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108

Whitney) e CD8+/CD20+ (PHH3, P= 0,008; Ki-67, P= 0,022; teste de Mann-

Whitney). A proporção FOXP3/CD20 não mostrou associação. Isto sugere que uma

maior fração proliferativa está associada a um menor número de linfócitos B em

relação a T, provavelmente excluindo células T reguladoras.

Figura 4.41 Distribuição da expressão de PHH3 e Ki-67 nas células H-RS, de acordo ao perfil Th ou com predomínio B do microambiente tumoral.

Um maior número de células citotóxicas (CD8+ e GRZB+) foi associada à

expressão de Ki-67 pelas células H-RS e a um número de células UN maior que

MN, o que demonstra uma maior proliferação de células neoplásicas mesmo em

um ambiente com alta citotoxidade (Tabela 4.10).

Associações entre populações linfocitárias e proteínas do ciclo celular

Como pode ser observada na tabela 4.10, as principais associações

identificadas nesse estudo estão relacionadas com a expressão de p21. Esta

expressão, indicando uma via de p53 potencialmente funcional, foi

significativamente associada a elevados números de linfócitos B (CD20+), Treg

(FOXP3+) e Th1 (Tbet+) e a um número menor de linfócitos Th2 e MAF+. Isto

sugere que as populações Th2 e afins (produtoras de IL10) podem ter um papel

direto ou indireto na seleção de células com p53 potencialmente disfuncional.

De maneira limítrofe, um número maior de células expressando PD-1 no MAT,

indicando potencialmente senescência imune, foi associado a uma menor

expressão de p53 nas células H-RS.

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109

Em relação às proteínas de reparo do DNA, a falta de expressão de pH2AX (7

casos) foi associada a um menor número de linfócitos MAF+ (P= 0,003) (Fig. 4.42

A). Uma positividade para pH2AX, considerando o ponto de corte arbitrariamente

escolhido (25%) foi associada a maiores quantidades de linfócitos Th2, MAF+ e

Treg (Tabela 4.10). Entretanto, um padrão mais complexo surgiu quando analisado

o espectro completo da expressão de pH2AX, categorizado de acordo com

porcentagens de expressão (Fig. 4.42 B-D).

Figura 4.42 Padrões de expressão de pH2AX nas células H-RS, de acordo ao número de sub-populações CD4+ no microambiente tumoral. (A) Associação de linfócitos MAF+ com a falta de expressão de pH2AX; (B-D) Composição do MAT quanto às células CD4+ totais, linfócitos MAF+ e FOXP33+ de acordo com a expressão de pH2AX categorizada por porcentagem de células. Valores de P de acordo com os testes de Mann-Whitney (A) e Kruskall-Wallis (B-D).

A relação entre os níveis de expressão de pH2AX e a acumulação de

linfócitos CD4+, especialmente MAF+ no MAT seguiu um modelo de curva em U

invertida ou S, parecida com a descrita para o conceito toxicológico ou imune de

hormese (PREHN, R.T. e cols., 2008).

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110

Com relação à expressão citoplasmática da NPM, esta foi expressivamente

correlacionada a um número de células FOXP3+. Os casos NPMc+ foram

associados a razão entre linfócitos FOXP3+/CD20+ >1,5 (P= 0,036) linfócitos

FOXP3+/MAF+ >1,5 (P= 0,019), linfócitos GRZB+/MAF+ >1,5 (P= 0,014) e

linfócitos FOXP3+/GATA3+ >1,5 (P= 0,019).

Associações entre as populações linfocitárias e marcadores apoptóticos nas

células H-RS

Números significativamente menores de linfócitos T (CD3+) e maiores de

linfócitos T reguladores (FOXP3+) foram associados a uma menor taxa de

apoptose nas células H-RS (CASP3+), sendo esta correlação independente ao

status do EBV. A super expressão da proteína anti-apoptótica BCL2 no tumor foi

relacionado a números elevados de linfócitos FOXP3+, o que reforça a observação

anterior.

Nenhuma relação significativa foi encontrada entre as populações citotóxicas

(CD8, GRZB+ e TIA1+) e a expressão da marcadores de apoptose nas células H-

RS no grupo total.

Entretanto, quando analisado em particular o MAT dos casos EBV+, maiores

números de linfócitos CD4+ (P= 0,004) e citotóxicos imaturos (TIA1+) (P= 0,006)

foram associados a uma maior taxa de apoptose (CASP3+ nas células H-RS). Em

razão do baixo número amostral na subdivisão por status de EBV, não foi possível

realizar a análise das proporções dentro do microambiente para identificar as

populações CD4 potencialmente envolvidas na interação.

Para entender as associações obtidas a partir da análise de populações

separadas, as proporções entre as principais populações foram utilizadas para

categorizar perfis imunes. Os resultados confirmaram uma associação entre um

perfil regulador, enriquecido em células Treg FOXP3+ em relação a células

citotóxicas, associado a uma expressão baixa da proteína CASP3 ativada e alta da

proteína anti-apoptótica BCL2 (Fig. 4.43).

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111

Figura 4.43 Distribuição da expressão de CASP3 ativada e BCL2 nas células H-RS, de acordo ao perfil T regulatório ou citotóxico do microambiente tumoral, representado por (A) proporções FOXP3/CD8, em que as associações foram CASP3 (P= 0,002) BCL2 (P= 0,072); (B) FOXP3/Granzima B em que as associações foram CASP3 (P= 0,041) BCL2 (P= 0,019); e (C) FOXP3/TIA1 em que as associações foram CASP3 (P= 0,003) BCL2 (P= 0,082). Todas as associações avaliadas pelo teste de Mann-Whitney.

4.8.2 Associações entre monócitos, macrófagos e cél ulas dendríticas do MAT

e marcadores nas células H-RS

A tabela 4.11 resume as associações encontradas entre as células

monocíticas, macrófagos e as células dendríticas no MAT com os diversos

marcadores (proliferação, ciclo celular e apoptose) expressos pelas células H-RS.

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112

Tabela 4.11 Associações entre as alterações no ciclo celular e a apoptose nas células H-RS e as células infiltrantes mielóides no LHc pediátrico.

* a diferença interquartil foi calculada como a diferença dos valores do 3º quartil (percentilo 75)- 1º quartil (percentilo 25).

Com relação aos marcadores de apoptose nas células H-RS, um número

significativamente maior de macrófagos CD163 tipo-M1 no MAT foi associado a

uma maior taxa de apoptose nas células H-RS (proCASP3+, CASP3+ e TUNEL+)

(Fig. 4.44). Em razão do baixo número amostral na subdivisão pela presença do

EBV, não foi possível realizar uma análise estratificada pelo status do EBV.

Populações Marcador Imune (MAT)

Marcador Celular (H-RS)

Mediana + diferença

interquartil* P

(Mann-Whitney) Rho P

(Spearman)

Linhagem monocítica CD14

pATM+ pATM-

757 + 406 564 + 329 0,050 -0,416 0,011

NPMc NPMn

59+ 43 47+ 39 0,019 0,242 0,035

Células dendríticas CD83

P21+ P21-

60 + 47 52 + 45 0,068 0,331 0,004

Ki-67+ Ki-67-

219 + 255 206 + 161 0,030 0,13 0,911

pH2Ax+ pH2Ax-

276 + 413 269 + 305

0,040 0,300 0,031 CD68

MDM2+ MDM2-

35 + 62 11 + 58 0,029 0,401 0,001

Ki-67+ Ki-67-

33 + 56 55 + 74 0,004 -0,146 0,224

Macrófagos CD68

CD68 MAF+

pH2Ax+ pH2Ax-

55 + 71 20 + 58 0,034 0,197 0,162

CD163 pHH3+ pHH3-

81 + 152 191 + 190 0,017 -0,17 0,910

CASP3+ CASP3-

36 + 63 14 + 39 0,046 0,416 0,008

proCASP3+ proCASP3-

43 + 62 24 + 41

0,032 0,335 0,025 CD163 pSTAT1+

Tunel+ Tunel-

34 + 68 14 + 44 0,033 0,258 0,099

NPMc NPMn

20 + 47 55 + 71 0,020 -276 0,016

Macrófagos CD163

CD163 MAF+ MDM2+ MDM2-

29 + 62 3 + 46 0,050 0,367 0,002

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113

A super expressão de proteínas anti-apoptóticas (BCL2 e SURVIVINA) no

tumor não foi correlacionada com nenhuma população intratumoral.

Figura 4.44 Distribuição da expressão de CASP3/TUNEL nas células H-RS, de acordo com a proporção de macrófagos CD163+pSTAT1+ (tipo-M1) no microambiente tumoral; (P= 0,009; teste de Kruskall-Wallis).

A expressão de pH2AX+ e MDM2+ nas células neoplásicas foi associada a

um número absoluto elevado de macrófagos CD68+/mm2. Em especial, a

expressão de MDM2+ foi correlacionada com a polarização tipo-M2, uma vez que,

níveis elevados de macrófagos CD68+MAF+ e CD163+MAF+ foram observados

nos casos MDM2+.

Com relação à expressão citoplasmática da NPM, esta foi expressivamente

correlacionada a um maior número de células dendríticas CD83+ e a números mais

baixos de macrófagos CD163+MAF+ no MAT (Fig. 4.45).

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114

Figura 4.45 Distribuição da expressão de NPMc+ nas células H-RS, de acordo com o estado de polarização (M1 ou M2) dos macrófagos intratumorais. A) Distruibuição de NPMc+ de acordo com a proporção de células CD163+ e polarização tipo-M1; B) Distruibuição de NPMc+ de acordo com a proporção de células CD163+ e polarização tipo-M2; C) Distruibuição de NPMc+ de acordo com a proporção de células CD68+ e polarização tipo-M1.

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115

5. DISCUSSÃO

O LHc apresenta características únicas entre os cânceres devido ao balanço

entre os dois componentes tumorais, a população neoplásica que representa

menos de 2% da massa tumoral e no entanto é responsável pela resistência às

terapias em até 30% dos casos, e o microambiente inflamatório, majoritário na

composição da massa tumoral e fator essencial para a manutenção do fenótipo

maligno. Ambos os componentes se desenvolvem em conjunto durante o processo

linfomagênico, e é sabido que há uma grande interferência entre os componentes,

mediados por citocinas e quimiocinas expressos tanto pelas células tumorais

quanto pelas células infiltrantes. Alterações no ciclo celular e apoptose, assim

como no MAT tem sido estudas, porém de modo isolado. Por isso, o intuito desse

estudo foi investigar alterações no ciclo celular e apoptose das células tumorais e a

sua relação com a resposta imune local, definida pela composição do

microambiente tumoral visando identificar cross-talks potenciais entre os dois

componentes do tumor.

As alterações no ciclo celular das células de Reed- Sternberg no linfoma de

Hodgkin pediátrico

Alterações nas vias de ciclo celular células de H-RS têm sido investigadas por

diversos estudos utilizando ferramentas como a imunohistoquímica e técnicas de

biologia molecular, como a tecnologia de microarranjo e da microdissecção a laser

das células de H-RS que permitou avanços importantes na compreensão destas

alterações (GARCIA, J.F. e cols., 2003, MONTALBAN, C. e cols., 2004, SANCHEZ-

AGUILERA, A. e cols., 2006, SANCHEZ-ESPIRIDION, B. e cols., 2010, SANCHEZ-

ESPIRIDION, B. e cols., 2009). Nesse trabalho, o estudo das alterações no ciclo

celular foi realizado por imunohistoquímica, técnica ainda considerada “padrão

ouro” na investigação da expressão de proteínas no LHc devido ao pequeno

número de células tumorais presentes na doença. Escolhemos os marcadores Ki-

67, p21, p53 e MDM2 já estudados extensivamente em trabalhos prévios, assim

como as histonas H3 e H2AX, ATM e NPM, de investigação inédita no LHc.

Nesse trabalho, observamos um alto IPC (Ki67>50% nas células H-RS) em

aproximadamente 76% dos casos, em concordância com o relatado por outros

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116

autores (BAI, M. e cols., 2004, BARROS, M.H. e cols., 2009, GARCIA, J.F. e cols.,

2003, MONTALBAN, C. e cols., 2004, MORENTE, M.M. e cols., 1997, SANCHEZ-

AGUILERA, A. e cols., 2006) e sem associação com o número de células tumorais

(UN e MN), o que confirma a entrada das células H-RS no ciclo celular, mas sem a

divisão efetiva das mesmas. Sabe-se que no LHc, as células neoplásicas com

capacidade de proliferação são as células de H (GERDES, J. e cols., 1987, HSU,

S.M. e cols., 1988) e, de fato, esta observação foi confirmada neste trabalho, em

que um alto IPC foi observado em casos com uma relação de células UM/MN >1,5.

O uso da expressão de Ki-67 como marcador de proliferação celular tem sido

extensamente utilizado na caracterização de diversos cânceres, e também no LHc

(BAI, M. e cols., 2004, GARCIA, J.F. e cols., 2003, KANAVAROS, P. e cols., 2000,

MORENTE, M.M. e cols., 1997, SPINA, D. e cols., 1996, TIEMANN, M. e cols.,

2005). Em especial, a expressão do antígeno Ki-67 é critério de diagnóstico no

linfoma de Burkitt (expressão acima de 95% das células tumorais) (SWERDLOW,

S.H., CAMPO, E.,, 2008) e em tumores sólidos, pode ser um importante preditor de

prognóstico devido à correlação entre tamanho da fração proliferativa e

agressividade da doença (LELLE, R.J., 1990, UEDA, T. e cols., 1989,

URRUTICOECHEA, A. e cols., 2005). Nos linfomas, o uso de Ki-67 como marcador

de proliferação e preditor de prognóstico é variável conforme o tipo de linfoma (HE,

X. e cols., 2014).

Ki-67 é um antígeno nuclear não histona cuja expressão pode ser detectada

em todas as fases do ciclo celular (G1 tardia, S, G2 e M) com exceção de G0

(FONATSCH, C. e cols., 1991), desta maneira, identifica células que receberam

estímulo para proliferar e sua utilidade é mais marcada nas entidades onde o

estímulo proliferativo é diretamente proporcional à progressão da mitose e aumento

de número de células. Além disso, muitas células Ki-67+ podem não sobreviver ao

ciclo celular e serem conduzidas a apoptose, obscurecendo assim a compreensão

da cinética celular na doença.

Assim, devido às peculiaridades intrínsecas do linfoma de Hodgkin, o índice

mitótico nesse estudo foi avaliado através da expressão da proteína histona H3 nas

células H-RS, de modo a tentar entender a cinética celular das células H-RS. A

fosforilação da H3 na serina 10 ocorre exclusivamente durante a fase tardia de G2,

prófase e fase M do ciclo celular, para coordenar os processos de condensação da

cromatina e citocinese (HENDZEL, M.J. e cols., 1997). Até o momento, este índice

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117

tem sido avaliado através da contagem do número de figuras de mitose por 10

campos de grande aumento (CGA). No entanto, este método de contagem é

subjetivo, demorado e apresenta problemas de reprodutibilidade, uma vez que a

identificação de figuras mitóticas e de células apoptóticas/necróticas requer

experiência do avaliador. Mais ainda, problemas técnicos inerentes à amostra,

como uma fixação de qualidade inferior podem tornar as figuras mitóticas mais

condensadas e conseqüentemente mais difíceis de serem identificadas.

Um alto índice mitótico (pHH3> 25% das células H-RS) foi observado em

~38% dos casos e houve correlação com o número absoluto de células H-RS e

com o número de células H-RS Ki-67+. Isto reforça que no LHc, o estímulo para

proliferar, dado pela expressão de Ki-67 nas células H-RS não resulta numa

progressão normal do ciclo através da mitose em todos os casos (BAI, M. e cols.,

2005, MORENTE, M.M. e cols., 1997). De fato, Identificamos, através desta análise

que pela primeira vez avaliou a expressão da pHH3 (fosforilação da histona H3,

serina 10) no LHc, uma fração de aproximadamente 30% dos casos que

efetivamente entra em mitose, sendo que aproximadamente 40% dos casos não

apresenta progressão do ciclo.

Os resultados preliminares de associação dos casos que exibem uma

potencial parada no ciclo (Ki-67+/pHH3-), com uma via de reparo potencialmente

ativa (pH2AX+), sugere que pelo menos alguns pontos de checagem da transição

G1/S encontram-se funcionais nas células H-RS. Em concordância com esta

observação, a expressão de pHH3 nas células H-RS foi correlacionada

inversamente com a expressão de p53, sugerindo que a perda da função

supressora de p53 permite a proliferação celular, com conseqüente acúmulo de

pHH3.

Alternativamente, em um modelo nunca explorado nos linfomas, existe a

possibilidade de que os estímulos de estresse celular durante o processo

leucemogênico levem a uma senescência prematura (SIPS, do inglês: stress-

induced premature senescence) e não a apoptose, na presença de uma via de p53

funcional. SIPS é um estado de parada de crescimento sustentada na qual as

células permanecem viáveis e secretam fatores que podem promover o fenótipo

maligno e progressão da doença (MIRZAYANS, R. e cols., 2012).

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118

Assim, nossos dados indicam que a expressão de Ki-67 per se não é eficaz

na avaliação da cinética celular das células H-RS, e precisa ser conjugado com

outros marcadores. No LHc, o estado de indução da entrada no ciclo sem a divisão

efetiva ainda precisa ser resignificado na luz dos defeitos dos checkpoints G1/S,

G2/M e indução de SIPS.

Mesmo com alterações descritas na maquinaria do ciclo celular (BAI, M. e

cols., 2005, BARROS, M.H. e cols., 2010, CHABAY, P. e cols., 2006, GARCIA, J.F.

e cols., 2003, SANCHEZ-AGUILERA, A. e cols., 2006, SANCHEZ-ESPIRIDION, B.

e cols., 2010, TIEMANN, M. e cols., 2005, TZANKOV, A. e cols., 2005), a

prevalência de mutações no gene TP53 no LHc é significativamente menor do que

em outras neoplasias (CHILOSI, M. e cols., 1996, MONTESINOS-RONGEN, M. e

cols., 1999, SANCHEZ-BEATO, M. e cols., 1996). O critério de positividade para

este marcador é o acúmulo da proteína no núcleo das células, entretanto, no LH a

positividade de p53 pode variar de 29,5% a 92,85% das H-RS (ALVARO, T. e cols.,

2008, BAI, M. e cols., 2004, CHILOSI, M. e cols., 1994, CHILOSI, M. e cols., 1993,

DUKERS, D.F. e cols., 2002, GARCIA, J.F. e cols., 2003, MONTALBAN, C. e cols.,

2004, MONTESINOS-RONGEN, M. e cols., 1999, SANCHEZ-AGUILERA, A. e

cols., 2006) e não existe um ponto de corte consenso para distinguir o acúmulo de

p53 associado com a função normal da proteína do acúmulo decorrente da falta de

funcionalidade da via.

A análise de trabalhos anteriores realizados com abordagens similares (IHQ

e os mesmos pontos de corte) permite dizer que o LH adulto é caracterizado pela

alta e consistente expressão de MDM2 e p21 e acúmulo de p53 em uma fração de

aproximadamente 15-20% dos casos (ALVARO-NARANJO, T. e cols., 2005,

ALVARO, T. e cols., 2008, BAI, M. e cols., 2005, GARCIA, J.F. e cols., 2003)

Nesse trabalho, utilizamos o acúmulo de p53 >75% das células H-RS como ponto

de corte, similar ao proposto previamente por alguns autores (ALVARO, T. e cols.,

2008, GARCIA, J.F. e cols., 2003) em razão do baixo número de células tumorais

na doença e para evitar incluir fenômenos secundários devidos a variação

intraclonal. Em nosso estudo, a positividade para p53 foi observada em 13,4%

(mediana de 50% de células H-RS+) dos casos e foi concordante com o relatado

por outros trabalhos no LHc do adulto (ALVARO, T. e cols., 2008, GARCIA, J.F. e

cols., 2003).

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119

Uma proteína importante no entendimento da via p53 é p21. Codificada pelo

gene CDKN1A, esta proteína atua como principal efetor de p53 e ao se ligar as

ciclinas D e E, inibe a atividade de cinases dependentes de ciclinas (cdk2 e cdk4)

necessárias para a transição entre G1 e S. No LHc, alterações em p21, sendo

estas a ativação da proteína por uma via p53 independente, já foram descritas e

incluem a expressão de p21 concomitante com o acúmulo da proteína p53 em

células H-RS (SUP, S.J. e cols., 2005) e a super expressão da família de

microRNAs (miRNAs) miR-17/106b capazes de regular o gene CDKN1A (GIBCUS,

J.H. e cols., 2011).

Neste trabalho, a expressão de p21 foi considerada positiva em

aproximadamente 70% dos casos, em concordância com a literatura (ALVARO, T.

e cols., 2008, GARCIA, J.F. e cols., 2003, TZANKOV, A. e cols., 2005). A análise

combinada da expressão de p53 e p21 por IHQ tem sido utilizada no LHc como

indicativo na funcionalidade potencial da via de p53 (CHABAY, P. e cols., 2006,

CHILOSI, M. e cols., 1996, SUP, S.J. e cols., 2005). Neste estudo, a combinação

p53-/p21+ foi observada em 58% dos casos, o que sugere que, com os pontos de

corte escolhidos, na maior parte dos casos a via de p53 é funcional.

A combinação p53+/p21+ foi observada em 12,2% dos casos e representa

uma combinação em que é possível questionar o estado funcional de p53 (uma vez

que este está acumulado), a indução alternativa de p21 e/ou eventualmente um

papel diferencial desta proteína. Estudos prévios já identificaram a expressão de

p21 em uma fração de casos de LHc com o acúmulo da proteína p53 (DUKERS,

D.F. e cols., 2002, SUP, S.J. e cols., 2005). Embora no presente estudo utilizamos

o anticorpo DO-7 que detecta a expressão de p53 WT e mutante, e não realizamos

estudos de mutação, a detecção simultânea de p21 em casos p53 positivos pode

sugerir que a proteína p53 esteja presente em seu estado selvagem, conforme

relatado anteriormente (MONTESINOS-RONGEN, M. e cols., 1999). Como

segunda hipótese, é possível que a ativação de p21 observada nesses casos seja

ocasionada de maneira autócrina ou parácrina, por um indutor independente de

p53, como por exemplo TGFβ, que é o principal indutor de p21 independente de

p53 (DATTO, M.B. e cols., 1995, FAN, G. e cols., 2004, MIYAZAKI, M. e cols.,

1998). Não existem até o momento estudos no LHc sobre a indução de p21

independente de p53, nem sobre outros papéis propostos para esta proteína

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120

(apoptose ou senescência celular) (WARFEL, N.A. e cols., 2013) que não a inibição

da progressão do ciclo celular.

Já a combinação p53+/p21-, que reflete a via de p53 não funcional, foi

observada em apenas 3% dos casos, e é possível que estes casos reflitam a real

incidência de mutações em p53.

Numa importante fração dos casos (27%), foi identificada a falta de expressão

de p21 na ausência de acumulação de p53 (p53-/p21-). É possível que nestes

casos, outros mecanismos estejam envolvidos na diminuição da expressão protéica

do p21, como por exemplo a expressão diferencial de microRNAs da família miR-

17/106b(VAN VLIERBERGHE, P. e cols., 2009), que em estudos funcionais

mostrou estar associado com a regulação pós-transcricional do gene CDKN1A e a

diminuição putativa dos níveis de p21, com conseqüente desativação da via de p53

(GIBCUS, J.H. e cols., 2011).

O acúmulo de MDM2 foi observado em ~84% dos casos nesse estudo, similar

ao relatado no LHc adulto (CHILOSI, M. e cols., 1994, GARCIA, J.F. e cols., 2002,

MONTALBAN, C. e cols., 2004, SANCHEZ-BEATO, M. e cols., 1996). O acúmulo

da proteína pode ser considerado de natureza neoplásica, uma vez que células

linfóides raramente possuem a super expressão dessa proteína. No LHc e em

outras neoplasias, diversos trabalhos já relataram a expressão de MDM2 em

células tumorais (OLINER, J.D. e cols., 1992, SANCHEZ-BEATO, M. e cols., 2001,

SUGANO, N. e cols., 2010, WALLANDER, M.L. e cols., 2012, WURL, P. e cols.,

1998, ZHANG, M.F. e cols., 2009), inclusive concomitante ao acúmulo de p53

(CHILOSI, M. e cols., 1994). O acúmulo de MDM2 é descrito na literatura como

decorrente da amplificação no lócus gênico de MDM2, e ocorre majoritariamente

em casos de sarcoma, LLC ou LHc sem mutações em p53 (SUGANO, N. e cols.,

2010, WATANABE, T. e cols., 1994, WURL, P. e cols., 1998, ZHANG, M.F. e cols.,

2009)

Em condições normais, a expressão de MDM2 requer a presença da proteína

p53 WT visto que esta expressão de MDM2 é fortemente induzida por p53

caracterizando a alça de retro-alimentação negativa mais bem conhecida

envolvendo p53 (BARAK, Y. e cols., 1993). A expressão de MDM2 é requerida para

a degradação de p53, uma vez que MDM2 escolta p53 até o citoplasma para sua

conseqüente ubiquitinização e degradação no citosol (CHEN, C.Y. e cols., 1994).

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Por isso, a alta expressão de MDM2 (devido a amplificação) associada a presença

de p53 WT é tida como um dos mecanismos de inativaçao de p53 alheio a

mutações (LLANOS, S. e cols., 2001). A interação de p53/MDM2 é extremante

complexa (p.e os diferentes tempos de expressão dessas proteínas após a

ocorrência de danos ao DNA) (SHERR, C.J., 2000) e nenhum trabalho conseguiu

confirmar esta hipótese e elucidar estes mecanismos.

Trabalhos prévios realizados em crianças são escassos. CHABAY e

colaboradores (2006) utilizaram pontos de corte diferentes e relataram que o

padrão de expressão mais prevalente foi de p53+/p21+ (57%), com expressão de

MDM2 em 90% dos casos, sem correlação entre estes perfis de expressão e o

status do EBV ou resposta terapêutica. Já DINAND e colaboradores (2008)

identificaram a expressão de p53 em apenas 7% dos casos, em um coorte de 56

pacientes, e não avaliaram p21 ou p53 em seu estudo.

Em suma, nossos resultados demonstram que os perfis de expressão de p53,

MDM2 e p21 são similares no LHc adulto e pediátrico, onde uma alta e consistente

expressão de MDM2 e p21 concomitante a um baixo de acúmulo de p53 nas

células H-RS. Além disso, é possível indicar que são os defeitos em p21 e seu

papel na patogênese do LHc os que precisam ser melhor entendidos.

Por ser um co-fator em 30-80% dos casos de LHc, a presença do EBV é

extensivamente investigada em sua capacidade de influenciar o ciclo celular nas

células H-RS. Foi relatado em estudos anteriores que os casos de LHc associados

ao EBV são caracterizados pela super expressão de STAT1 e STAT3, e baixa

expressão de p53, MDM2, p27, ciclina E, CDK6 e BCL-XL (GARCIA, J.F. e cols.,

2003). Além disso, um recente estudo realizado na linhagem derivada de células H-

RS KM-H2 demonstrou que a infecção pelo vírus EBV pode conduzir a supressão

de p21 in vitro e que os casos de LHc associados ao EBV expressavam

significativamente menos p21 (LIU, T.Y. e cols., 2010). No entanto, não foi

observada qualquer associação estatística entre a expressão de p21 nas células H-

RS e o status de associação com o EBV em nosso estudo, assim como já relatado

por trabalhos prévios (ALVARO, T. e cols., 2008, BARROS, M.H. e cols., 2010,

CHABAY, P.A. e cols., 2008, SANCHEZ-BEATO, M. e cols., 1996).

Como parte dos objetivos deste trabalho, inciamos a caracterização da via

de reparo do DNA das células H-RS. Para isto, a escolha inicial foi investigar a

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expressão da isoforma X da histona 2A em seu estado ativado (γ-H2AX) por ser a

principal mediadora dos estímulos detectados por ATM e ATR (RIBALLO, E. e

cols., 2004). A fosforilação de γ-H2AX é uma etapa inicial no recrutamento da

maquinaria de reparo para as regiões de quebra de DNA (DSB) e pode ser

visualizada como focos nucleares ocasionados pelo acúmulo de γ-H2AX em uma

região de 2 Mp em torno da quebra, juntamente a outras proteínas (CANMAN,

C.E., 2003, ROGAKOU, E.P. e cols., 1998).

A visualização destes focos nucleares é um indicador sensível e precoce

tanto in vitro como in situ de danos ao DNA (RIBALLO, E. e cols., 2004). Embora a

presença de γ-H2AX possa ser detectada por eletroforese bidimensional em gel ou

citometria de fluxo, capazes de avaliar os níveis globais da proteína, a detecção in

situ (IC, IHC ou IF) é mais sensível, permite a distinção entre a marcação pan-

nuclear e a formação dos focos nucleares, assim como a análise de células

individuais (BONNER, W.M. e cols., 2008).

Neste estudo a expressão de H2AX foi observada em 87% dos casos,

enquanto que 12% não tiveram qualquer expressão da proteína, o que sugere uma

possível inativação de H2AX em uma fração de casos de LHc pediátrico. A

caracterização da expressão da H2AX não fosforilada nesses casos poderá

determinar se a ausência de γ-H2AX é devida a defeitos primários na expressão

gênica (como mutações, haploinsuficência devida a deleções na região 11q22-23

ou silenciamento epigenêtico) ou a defeitos na fosforilação das mesmas.

Numa série de casos com linfomas não-Hodgkin (LHN) e leucemias B a

pesquisa de mutação no gene H2AX arrojou resultados negativos (WALSH, S.H. e

cols., 2005). Polimorfismos no promotor do gene foram associados com um risco

aumentado de linfoma folicular e de manto (NOVIK, K.L. e cols., 2007), mas

nenhum desses estudos de fato avaliou o nível da expressão protéica e seu

potencial impacto na patogênese da doença.

A proporção dos casos por nós estudados que apresentaram a expressão da

molécula foi alto, o que sugere que no LHc há a ativação constitutiva endógena de

H2AX e da via de reparo por DSB visto que, a expressão de H2AX (>25% H-RS) foi

associada a presença de pATM.

Duas hipóteses podem ser levantadas para explicar esta alta expressão. Por

um lado, as células H-RS são originadas a partir de células B pré-apoptóticas do

CG com defeitos nas Ig, que sofreram hipermutação somática (HMS) e expressam

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níveis variáveis da proteína citidina deaminase induzida por ativação (AID)

(MURAMATSU, M. e cols., 2000, REVY, P. e cols., 2000).

O CG é sede dos processos de maturação por afinidade do repertório imune

B baseado na HMS, seguido da seleção clonal e do switch de classes de Ig. Estes

processos são baseados em quebras e junção de DNA, induzidos primariamente

pela proteína AID, e tem como contraparte um risco aumentado de alterações

genéticas (mutações e translocações cromossômicas) de cunho linfomagênicas, o

que explica a alta taxa de linfomas com origem no CG (KLEIN, U. e cols., 2008).

Há, entretanto, nas células B do CG, uma capacidade adicional de reparo do DNA

necessária para contrabalançar o nível elevado de atividade mutagênica induzida

pela AID (LIU, M. e cols., 2009), como um mecanismo selecionado para manter a

estabilidade genômica e estabelecer uma barreira contra a tumorigênese.

De fato, foi demonstrado que vários genes de reparo de DNA estão super

expressos nas células B do GC em relação a células B naive e de memória,

refletindo a ativação de um processo denominado como hiperreparo somático

(SHR) (WU, X. e cols., 2010). É possível então que os altos níveis de H2AX

observados nas células H-RS devenham dos níveis basais de expressão nas

células de origem. Alternativamente, pode haver a ativação da via durante os

processos pós-oncogênicos precoces, que poderiam explicar o padrão bimodal de

expressão protéica, onde a maioria dos casos tem poucas células (até 30%) ou

muitas células (80-100%) H-RS expressando a proteína. Com os resultados atuais,

não e possível fornecer uma hipótese sobre o papel da ausência de expressão ou

dos diferentes níveis de H2AX/ATM no LHc, e se estes representam um

mecanismo oncogênico ou um marcador da capacidade residual de supressão

tumoral.

Nós observamos uma correlação entre a expressão de H2AX (>25% H-RS) e

a presença de p53 WT (proteína não acumulada). Isto reforça o vinculo funcional

entre estas duas proteínas no LHc e é compatível com o descrito na literatura, onde

a presença de H2AX requer p53 WT para a supressão tumoral exercida por H2AX

(BONNER, W.M. e cols., 2008).

Estudos já obsevaram que em modelos de carcinogênese e linfomagênese

in vivo, a perda de um ou ambos os alelos H2AX em camundongos p53-/-

compromete a integridade genômica e aumenta a suscetibilidade ao câncer

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(CELESTE, A. e cols., 2003, CELESTE, A. e cols., 2002), sugerindo que H2AX tem

um papel como supressor de tumor.

A associação observada de H2AX com p53 WT, pode ser explicada como

uma resposta a ativação da via de reparo que requer p53 na indução do arresto do

ciclo celular (para permitir que as lesões sejam reparadas) ou na indução da

apoptose.

Especificamente, no arresto celular em G1, p53 aumenta a transcrição de

p21, o que por sua vez, inibe a atividade de CDK1 e CDK2, inibindo a progressão

de G1 para a fase S (BARTEK, J. e cols., 2001, HARRIS, S.L. e cols., 2005). Outro

mecanismo de arresto em G1 seria a ligação de p21 ao PCNA, inibindo assim a

replicação (BARTEK, J. e cols., 2001). Portanto, a perda da expressão de p21

resultaria em defeitos na replicação. Neste estudo, houve uma associação marginal

e parcial entre a expressão de H2AX e p21, todavia, esta relação no LHc precisa

ser melhor investigada visto que expressão combinada de p53-/p21- foi observada

em 27% dos casos, que na sua grande maioria acumulavam pH2AX.

Atualmente, o conceito de “estresse replicativo → danos ao DNA →

senescência/pré-câncer → câncer" é aplicado ao processo geral de transformação

oncogênica em tumores sólidos. Assim, a fosforilação de H2AX em resposta ao

dano no DNA é um evento precoce na tumorigenesse humana (BONNER, W.M. e

cols., 2008). Em condições normais, a presença de focos nucleares é rara em

células e tecidos não neoplásicos (ROGAKOU, E.P. e cols., 1998). No entanto, a

expressão constitutiva de H2AX (fosforilada) em células tumorais, na ausência de

DSB induzidos endogenamente, já foram relatados em lesões pré-cancerosas e em

tumores sólidos de diversas origens histológicas (SEDELNIKOVA, O.A. e cols.,

2006), tendo sido associado ao prognóstico em câncer de mama e câncer de

pulmão de células não-pequenas (MATTHAIOS, D. e cols., 2012). Além disso, em

linhagens celulares a presença de uma maior números de focus nucleares

endógenos esta relacionada a uma maior instabilidade cromossômica (YU, T. e

cols., 2006).

No LHc não existe qualquer estudo envolvendo H2AX até o momento, e na

literatura, sobretudo em LNH são escassos, todavia a relação entre p53 e γH2AX já

havia sido proposta por BRUNNER e colaboradores (2011), que observaram que o

aumento dos níveis de expressão γH2AX está associado a um pior prognóstico em

carcinomas endometrial (BRUNNER, A.H. e cols., 2011). Em carcinomas de mama

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triplo-negativo, um elevado número de focos de γH2AX foi correlacionada

mutações em p53 e com um pior prognóstico (NAGELKERKE, A. e cols., 2011).

Em câncer de pulmão de células não-pequenas a expressão de H2AX foi

observada em 26% dos casos mas não houve associação com a expressão de

p53, CASP3 e Ki-67 (MATTHAIOS, D. e cols., 2012). Nesse mesmo estudo, a

análise combinada da expressão de H2AX com p53 identificou o perfil composto

por níveis baixos de p53/H2AX associado a um melhor prognóstico (MATTHAIOS,

D. e cols., 2012). Assim, a associação entre a expressão de H2AX concomitante a

p53 e o valor prognóstico parecem ser variáveis conforme a biologia do tumor em

questão.

Numa análise exploratória devido ao baixo número de casos, analisamos a

SLE estratificada por tipo de tratamento, e foi observada uma associação entre

uma melhor resposta no grupo com maior expressão de H2AX (expressão >50% e

>75% das células H-RS) que recebeu RTX. Isto sugere que presença de níveis

endógenos altos H2AX ao diagnóstico poderia indicar um grupo de pacientes com

maior sensibilidade ao tratamento por RTX. Em pacientes cuja detecção de focos

nucleares foi menor ao diagnóstico, a quimioterapia iguala os resultados da

combinação com RTX. Em concordância com isto, no câncer de mama, uma alta

expressão de H2AX foi sugerida recentemente como potencial marcador de

radiosensibilidade (DJUZENOVA, C.S. e cols., 2013). Sem dúvida, estes resultados

devem ser replicados em um grupo maior de casos para determinação do potencial

valor e aplicações clínicos. Entretanto, estes resultados reforçam a idéia de que o

estudo desta via é um alvo promissor no LHc.

A continuação racional desta parte do trabalho é a caracterização dos

defeitos no checkpoint G2/M e a catástrofe mitótica mediada pelo checkpoint

anafásico (WEAVER, B.A. e cols., 2005) especificamente nas células H-RS, nas

quais, além de resultados de expressão gênica mostrando que o LHc é

caracterizado por um aumento da expressão de genes envolvidos nos checkpoints

G1/S e G2/M do ciclo celular, o que define “assinaturas” associadas com uma

resposta desfavorável à terapia (GARCIA, J.F. e cols., 2003), pouco se sabe sobre

seu envolvimento na patogênese e na modulação da resposta às drogas

quimioterápicas. Dado os fenótipos celulares e a instabilidade cariotípica das

células H/RS, é possível hipotetisar a existência de eventos celulares e

moleculares levando a um desacoplamento no checkpoint mitótico/morte celular,

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que fazem possível entender a propagação dos defeitos genômicos sem ocorrência

de catástrofe mitótica. Além disso, muitos genes do controle mitótico super-

expressos no LH codificam enzimas descritas como fatores de resistência a drogas

em outras malignidades, reforçando a ligação entre defeitos mitóticos e resposta

terapêutica.

As alterações envolvendo proteínas envolvidas na ap optose nas células H-RS

e sua correlação com a resposta terapêutica no linf oma de Hodgkin

pediátrico

Nas células tumorais, proteínas envolvidas na apoptose podem ser avaliadas

ao diagnóstico, em que a ativação basal ou constitutiva do processo, denominado

por alguns autores como "apoptose espontânea" (SMOLEWSKI, P. e cols., 2000a)

indicaria o grau de suscetibilidade à indução da apoptose pelas terapias aplicadas

no tratamento da doença. No LHc, o escape da apoptose provavelmente

representa o maior evento linfomagênico. No entanto, o preciso mecanismo de

evasão da apoptose pelas células H-RS ainda permanece sem resposta.

Uma alta expressão de CASP3 nas H-RS (67-88%) foi reportada por diversos

estudos em pacientes adultos (ALVARO, T. e cols., 2008, BAI, M. e cols., 2004,

BENHARROCH, D. e cols., 2010, BENHARROCH, D. e cols., 1999, DUKERS, D.F.

e cols., 2002, GARCIA, J.F. e cols., 2003, GEORGIADI, E.C. e cols., 2012,

MONTALBAN, C. e cols., 2004). Nós observamos a expressão de CASP3 em

71,4% dos casos, um perfil similar ao reportado para os adultos mas em desacordo

com único trabalho prévio em casos pediátricos que identificou a expressão de

CASP3 em apenas 29% dos casos (CEPELOVA, M. e cols., 2014).

Pela técnica de TUNEL, 33% dos casos em nosso grupo foram positivos,

tendo como valor médio 5 células (variação 0-18 células), em acordo com o

observado por DUKERS e colaboradores (2002). Entretanto, os valores reportados

para o ensaio em casos de LHc são bastante controversos, tanto na porcentagem

de casos quanto na media de células H-RS com marcação para TUNEL.

GEORGIADI e colaboradores (2012) relataram a positividade para ensaio de

TUNEL em 33% (25/76) dos casos, porém com uma mediana de células positivas

maior que a por nos identificada (10,9%, variação 3-33), enquanto que para KIM e

colaboradores (2004) 43,2% (11/26) dos casos foram positivos (mediana de 10%).

SMOLEWSKI e colaboradores (2000) relataram que em 39% (43/100) dos

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pacientes foram positivos, com mediana de 10-60%, enquanto que nos demais 57

casos, a mediana de células H-RS TUNEL+ foi inferior a 10%. Uma mediana de

células H-RS TUNEL+ mais baixa de 2,85% e 1,2%, foi relatada por BAI e

colaboradores (2004) e KOLAR e colaboradores (2000), respectivamente. Por

último, em um trabalho com uma coorte expandida (216) foi identificado que 23,5%

dos casos células H-RS TUNEL+ (mediana de 19,1%) (BENHARROCH, D. e cols.,

1999).

È possível que a variação de resultados reportados seja parcialmente

atribuída a artefatos que resultaram em resultados falsos positivos, a saber: (i) as

vezes, as características morfológicas de apoptose podem ser confundidas com as

típicas de necrose, p.e. superfície vesiculada, um marcador comum de necrose,

bem como de apoptose (BARROS, L.F. e cols., 2003); (ii) a super agregação da

cromatina pode ocorrer na apoptose e também na necrose (BEZABEH, T. e cols.,

2001); (iii) a apoptose é um processo assíncrono, cuja detecção como fenômeno

possui discrepâncias estruturais marcantes, associados a fases mais iniciais ou

tardias (MESSAM, C.A. e cols., 1998) e por último, (iv) falta de experiência e

subjetividade do avaliador.

Interessantemente houve uma divergência entre o número CASP3+ (71,4%)

e TUNEL+ (33%), fato já citado anteriormente (BAI, M. e cols., 2007, GEORGIADI,

E.C. e cols., 2012). A análise combinada mostrou que em apenas 21% dos casos a

ativação da CASP3 culminaria nos eventos tardios da apoptose manifestados na

fragmentação do DNA (CASP3+/TUNEL+). Em 50% dos casos nós observamos a

expressão de CASP3 sem células H-RS positivas para TUNEL.

Vários mecanismos podem ser responsabilizados por este fenótipo, já

descritos no LHc. A explicação mais plausível, por sua proximidade bioquímica na

via, é que proteínas da família IAP possam estar bloqueando o processo

apoptótico, visto que são capazes de inibir caspases efetoras (KASHKAR, H. e

cols., 2003). A proteína c-IAP2, por exemplo, mostrou ser capaz de inibir a

apoptose mediada por NF-kB nas células H-RS, mesmo concomitante a alta

expressão de CASP3 ativada (MATHAS, S. e cols., 2004). No nosso estudo, a

expressão da SURVIVINA, membro da família IAP, não teve associação com a

expressão da CASP3 nos casos estudados, todavia, a expressão de outros

membros, como XIAP e c-IAP1 e c-IAP2, precisa ainda ser investigada.

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Em concordância com nossos resultados, um estudo com 89 pacientes

adultos com LHc avaliou a correlação entre a expressão de marcadores de

apoptose e proteínas de choque térmico (HSP), encontrando a expressão de

caspases 3, 8 e 9 clivadas em 55,1%, 55,4% e 96,2% dos casos, associada a

apenas 16% da expressão de PARP. Nesse estudo houve uma associação entre

HSP70 e caspase 3 clivada e HSP40 com caspase 9 e p53, que pode sugerir que

as HSPs possam ter um papel na modulação tardia da apoptose, através da

estabilização das Caspases e de p53 (SANTON, A. e cols., 2011).

É importante considerar também que o número de células apoptóticas

detectadas pelo TUNEL possa ter sido subestimado, já que células RS

“mumificadas” (características do LH) não são marcadas por este ensaio

(GEORGIADI, E.C. e cols., 2012), devido a não fragmentação característica da

cromatina nessas células (BENHARROCH, D. e cols., 1996).

A ocorrência de outros mecanismos de morte celular, como autofagia e

necrose não podem ser descartados na doença, visto que em nosso grupo 6 casos

foram CASP3-/TUNEL+. A ausência de expressão de CASP3, concomitante a

ausência na expressão de pró-CASP3, em casos de LHc já foi reportada

(DUKERS, D.F. e cols., 2002). Além disso, um estudo recente reportou a ausência

de pró-caspase 3 na linhagem KM-H2, associada a uma menor morte celular

induzida por quimioterapia e, cujo restabelecimento do nível de pró-caspase3, por

transfecção, foi capaz de reverter este efeito (WRONE-SMITH, T. e cols., 2001).

Nesse trabalho, a expressão de CASP3 foi um preditor independente de

prognóstico e associado a uma melhor resposta terapêutica. Altos níveis de

expressão de CASP3 por IHQ também foram associados a uma melhor resposta

terapêutica por outros trabalhos, tanto em adultos (BAI, M. e cols., 2007, DUKERS,

D.F. e cols., 2002, FERREIRA, C.G. e cols., 1999, HOUGHTON, J.A., 1999) como

na serie pediátrica (CEPELOVA, M. e cols., 2014), o que indica que a

funcionalidade desta via é crucial na morte celular induzida pela quimioterapia.

É provável que a expressão de CASP3 ativada ao diagnóstico identifique

casos com resposta mais eficiente aos estímulos de indução da apoptose dado

pelo tratamento. Estudos funcionais com células isoladas de linfoma (culturas

primárias) são necessários para determinar se os casos de LHc com alta

expressão de CASP3 nas células H-RS são de fato mais sensíveis à morte celular

induzida por quimioterapia que os casos com menos células CASP3+. Isto porque

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as linhagens derivadas de LH são pouco adequadas no teste desta hipótese, pois

foram selecionadas para a sobrevivência em cultura e podem por isso ter adquirido

alterações que influenciam positivamente (ou negativamente) a sensibilidade ao

tratamento (SCHMITT, C.A. e cols., 2000).

A localização sub-celular da NPM encontra-se altera da nas células de

Hodgkin e Reed-Sternberg

Alterações envolvendo a NPM já foram descritas em diversos tipos de

tumores (GRISENDI, S. e cols., 2006), em especial na LMA, cuja alteração

envolvendo esta proteína representa o evento mutacional mais freqüente na

doença (FALINI, B. e cols., 2007b). Apesar disto, o status da NPM no LHc é

desconhecido.

Ao investigarmos a expressão da NPM em nosso grupo de casos,

identificamos a localização celular aberrante da proteína, detectada no citoplasma

das células H-RS, em aproximadamente 70% dos casos de LHc. A análise e

detecção da NPMc+ nas células H-RS de um grupo adicional de casos com LHc

adulto, provenientes da Alemanha, descarta a possibilidade de que a presença da

NPMc+ seja relacionada a qualquer fator demográfico, de faixa etária ou intrínseco

a nossas amostras.

Na LMA, a presença da NPMc+ é detectada em todos os blastos leucêmicos

(FALINI, B. e cols., 2006), enquanto que na LMC, a super expressão associada a

localização celular alterada da NPM foi observada em apenas uma fração das

células neoplásicas (REES-UNWIN, K.S. e cols., 2010). No LHc, a mediana de

células NPMc+ observada sugere que esta alteração seja um evento secundário na

doença ou ainda, um evento coadjuvante, que reflita a conseqüência de alguma

outro mecanismo (ainda não elucidado) que culmine na localização aberrante da

proteína.

Com as análises genéticas realizadas até o momento, não foi possível

identificar os mecanismo responsáveis pela localização aberrante da NPM no LHc.

A ausência de mutações no éxon 12 do gene NPM1 e de alterações citogenéticas,

sugere a existência de outros mecanismos genéticos ou epigenéticos subjacentes

à alteração da localização da NPM para o citoplasma. Visto que a presença de

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splincing alternativo é capaz de gerar uma isoforma truncada, com a ausência do

exon 12 (DALENC, F. e cols., 2002, WANG, D. e cols., 1993), uma análise de

splicing variante precisa ser realizada. Para descartar a presença de mutações

patogênicas, é necessário estender as análises a uma maior número de casos e

aos demais exóns do gene, uma vez que a busca por mutações em NPM1 foi

realizada apenas no exón 12 e em células H-RS microdissecadas de 2 casos. No

entanto, a ausência de mutações envolvendo o gene NPM1 foi averiguado, em 10

linhagens de LHc, através da um pesquisa do status mutacional completo de gene

no site da CCLE. Isto corrobora com a hipótese de alterações epigenéticas

envolvendo a NPM no LHc.

Visando a realização de estudos funcionais futuros que possam elucidar as

conseqüências da localização aberrante da NPM nas células H-RS, investigamos

o status da NPMc+ em linhagens celulares de LH e através das técnicas de IHQ e

WB a presença da NPMc+ foi detectada em 2 linhagens (L428 e L1236). A NPM é

capaz de interagir funcionalmente p14ARF (DU, W. e cols., 2010), mas em nossas

Análises não houve diferença entre o padrão de expressão e/ou a localização

celular p14 ARF nas células NPMc+ e NPMn nas linhagens estudadas, o que indica

que a localização citoplasmática da NPM não interfere na localização celular de

p14 ARF. È importante ressaltar que as análises foram realizadas em um contexto

exploratório e que Análises de co-imunolocalização entre NPM e p14 por IF e por

microscopia confocal a laser estão em andamento e são necessárias para

confirmar observação.

Até o momento, a presença da NPMc+ foi reportada em duas leucemias: LMA

e LLC, e em ambas, foi associada ao desfecho clínico (FALINI, B. e cols., 2007c,

REES-UNWIN, K.S. e cols., 2010). Em nosso estudo, a presença da NPMc+

mostrou impacto favorável apenas na SG. Observamos a mesma tendência na

SLE, embora sem significação estatística, e é possível que uma análise com um

maior tamanho amostral possa definir esta associação.

Na LLC, dois diferentes subgrupos de doença são distinguidos com base na

presença ou ausência de hipermutação somática nos rearranjos da Ig, sendo que o

grupo caracterizado pela ausência de mutações tem um prognóstico adverso. A

presença da NPMc+ na LLC foi identificada no grupo de pacientes com ausência

de mutações (REES-UNWIN, K.S. e cols., 2010). Além disso, foi identificado que

nas células NPMc+, a NPM estava associada a proteínas ribossomais, sugerindo

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que localização alterada da NPM poderia estar refletindo a alta taxa metabólica

destes casos, associados com sua resistência intrínseca à apoptose (REES-

UNWIN, K.S. e cols., 2010).

Já na LMA, os casos NPMc+ são associados a uma melhor resposta

terapêutica (FALINI, B. e cols., 2007b) e um estudo recente sugeriu que esta

associação está relacionada a interação entre NPM e a via NF-kB (CILLONI, D. e

cols., 2008). È sabido que a ativação da via NF-kB na LMA pode induzir a

resistência aos agentes quimioterápicos entretanto, ensaios in vitro demonstraram

que a interação entre NPM e NF-kB no citoplasma das células resulta no seqüestro

e inativação dos dímeros ativos de NF-kB, reduzindo sua capacidade de ligação ao

DNA e conseqüentemente diminuindo a resistência a drogas conferida pela

ativação de NF-kB (CILLONI, D. e cols., 2008). Além disso, foi demonstrado in vitro

que a translocação nucleolar de RelA (dímero ativo de NF-kB) pode causar a re-

localização da NPM para o citoplasma (KHANDELWAL, N. e cols., 2011), o que

em condições normais, ocasiona a interação com a proteína pró-apoptotica BAX,

facilitando seu acúmulo desta na mitocôndria.

Dada a importância da via de NF-kB no LHc, é plausível que a interação da

NPM com RelA reportada na LMA também possa ocorrer nas células H-RS. A

ativação de NF-kB na doença de Hodgkin é constitutiva (IZBAN, K.F. e cols., 2001)

e ocorre devido ao estímulo constante fornecido pela LMP1 nos casos EBV+

(ARMSTRONG, A.A. e cols., 1998) ou em decorrência de mutações adquiridas no

nos principais reguladores da via nos tumores EBV-.

Em nosso estudo, a presença da NPMc+ no grupo EBV- foi capaz de reverter

o impacto prognóstico desfavorável. Considerando a ativação de NF-kB, é possível

no grupo EBV- a interação entre NPMc+ e RelA seja um mecanismo de

susceptibilidade à apoptose. È plausível pensar que a interação da NPMc+ com

RelA ocorra nas células H-RS, e que mediante a isso, as células H-RS se tornem

menos resistentes a quimioterapia em razão da diminuição da atividade de NF-kB.

No entanto, este efeito seria mais crítico no grupo EBV-, já que no grupo EBV+ a

ativação constitutiva de LMP1 forneceria um estimulo constante a ativação de

RelA. Estudos de co-localização entre NPM e RelA já estão em andamento e

podem ajudar a elucidar estes mecanismos.

Por último, análises preliminares por dupla IHQ nas linhagens celulares

apontam que as células NPMc+ são comparativamente menos proliferantes que as

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NPMn. Nós temos a hipótese de que a associação da NPMc+ com boa resposta

clinica no LHc seja de tipo multifatorial, com a participação de vias celulares e

coadjuvância da resposta imune, que serão discutidos em conjunto com os dados

relativos ao MAT.

Correlação entre as alterações no ciclo celular e a apoptose nas células de

Hodgkin-Reed Sternberg e o MAT no LHc pediátrico

Interações entre o tumor e o MAT parecem ser determinantes na evolução do

tumor. Por fenótipo e função, as células H-RS são altamente interativas com o seu

microambiente celular através adesão célula-célula, expressão de membros da

superfamília do receptor do fator de necrose tumoral (TNF), e a produção de

citocinas e quimiocinas (DE LA CRUZ-MERINO, L. e cols., 2012). Talvez devido a

sua mimetização funcional com células apresentadora de antígeno, as células H-

RS representam um fator essencial determinante das características clínicas e

patológicas incomuns da doença de Hodgkin: intenso infiltrado inflamatório, fibrose

e sintomas constitucionais.

A composição do MAT especificamente no LHc da infância e sua relação com

a resposta terapêutica e com características das células tumorais foi investigado

previamente pela nossa equipe, mostrando que tumores EBV+ apresentam maior

número de células Th1, CD8+ e células T citotóxicas (TIA1+,e GRZB+), bem como

e monócitos (células CD14+) e macrófagos (CD68+ e CD163+) (BARROS, M.H. e

cols., 2012a). A resposta terapêutica foi negativamente afetada pela presença de

um número elevado de células granzima B (GRZB) nos casos de LHc pediátricos.

Já nos casos EBV+ houve uma pior sobrevida associada a alto número de células

GRZB+, e a um menor número de células FOXP3+ e relação FOXP3/CD8 (< 1)

(BARROS, M.H. e cols., 2012b). Finalmente, a presença de macrófagos

imunomarcados por CD163+ foi associado a um pior prognóstico (BARROS, M.H. e

cols., 2010).

Os macrófagos representam uma população celular heterogênea, com

funções intrínsecas ao estado de polarização (GORDON, S. e cols., 2010,

MANTOVANI, A. e cols., 2010). Em 1985, Ree e Kandin estudaram pela primeira

vez a composição de macrófagos em linfonodos de 145 LH e encontraram uma

correlação entre alto número de macrófagos e a presença de sintomas B assim

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como uma resposta desfavorável (REE, H.J. e cols., 1985). Nos últimos anos, o

estudo dos macrófagos e seu papel no prognóstico do LHc tem sido intenso

(BARROS, M.H. e cols., 2012a, JAKOVIC, L.R. e cols., 2011, SANCHEZ-

ESPIRIDION, B. e cols., 2012, STEIDL, C. e cols., 2010a, TAN, K.L. e cols., 2012,

TZANKOV, A. e cols., 2010), mas os resultados controversos permitem hipotetizar

uma maior complexidade que a elucidada por estudos baseados na utilização de

marcadores simples na detecção dos macrófagos (CD68 e CD163).

Mesmo sem validação clínica definitiva (DIEHL, V., 2010), o uso dos

macrófagos intratumorais como preditor de uma resposta terapêutica desfavorável

no LHc foi proposto enfaticamente (DEVITA, V.T., JR. e cols., 2010, KAMPER, P. e

cols., 2011, PAZIANAS, M., 2010, STEIDL, C. e cols., 2010a, TAN, K.L. e cols.,

2012, TSUBOKURA, M. e cols., 2010) assim como também o desenvolvimento de

terapias de depleção desta população intratumoral. Uma grande nota caucionária

deve ser levantada frente a estas propostas, uma vez que desconhecem-se quase

que completamente as funções dos macrófagos na doença, os processos que

estão por trás da grande migração de macrófagos para os tecidos em alguns

pacientes com LHc e não em outros, e finalmente, o estado de diferenciação

intratumoral destas células. Assim sendo, a pergunta de se todos os macrófagos

são vilões, ou, alternativamente existem sub-populações que podem ser

diretamente tumoricidas e/ou estimular a função anti-tumoral das células T, deve

ainda ser respondida.

A primeira etapa na nossa pesquisa do estado de polarização intratumoral

dos macrófagos foi definir os marcadores que poderiam ser usados no material

disponível. Decidimos por investigar os extremos putativos do espectro de

polarização, através da busca de marcadores para M1 e M2. O uso do CD163

como marcador específico para macrófagos tipo-M2 é estendida na literatura de

cunho patológico e clínico, entretanto, não existe uma validação formal sobre sua

sensibilidade. Recentemente, uma abordagem in situ para identificar sub-

populações polarizadas de macrófagos através da imunohistoquímica por dupla

marcação, baseada na detecção combinada dos marcadores genérico de

macrófagos (CD68 e CD163) e fatores de transcrição associados à polarização M1

(pSTAT1) ou M2 (MAF) mostrou a existência de macrófagos CD68+pSTAT1+ e

CD163+pSTAT1+ associados a um perfil de doenças não tumorais de tipo Th1

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134

(BARROS, M.H. e cols., 2013), sugerindo fortemente se tratar de macrófagos M1 e

indicando que CD163 não reflete somente macrófagos anti-inflamatórios.

Por sua vez, para os macrófagos expressando MAF, usamos a denominação

tipo-M2, sugerindo sua função pró-tumoral, sendo que em outros trabalhos, esta

população conhece-se como "macrófago associado a tumor" (TAM), e exclui M1

(ALLAVENA, P. e cols., 2008, SICA, A. e cols., 2012, SOLINAS, G. e cols., 2009).

Através da abordagem descrita acima, identificamos que os macrófagos M1

(CD68+pSTAT1+ e CD163+pSTAT1+) foram mais predominantes no MAT de

crianças jovens e nos casos EBV+, em concordância com estudos anteriores da

composição linfocitária, que mostrou um perfil citotóxico e Th1 para essas mesmas

categorias (EBV+ e crianças pequenas) (BARROS, M.H. e cols., 2012a). No

mesmo sentido, um balanço favorável a macrófagos M1 no MAT foi associado a

um elevado número de linfócitos CD8+ e TIA1+, confirmando o cross-talk proposto

para macrófagos e linfócitos no MAT (BISWAS, S.K. e cols., 2010, GORDON, S. e

cols., 2010, WYNN, T.A. e cols., 2010) e sugerindo que um elevado um número

elevado número de macrófagos M1 no MAT pode contribuir para a “polarização

citotóxica", observada nesses casos.

Nesse trabalho identificamos diferentes perfis de polarização tipo-M1/M2 de

maneira inédita no linfoma de Hodgkin. Houve correlação entre parâmetros clínicos

e a composição diferencial do MAT. Uma correlação inversa entre o número de

macrófagos M1 definidos pela expressão de CD163 e pSTAT1 e presença de

massa mediastinal, e uma melhor SG, enquanto que uma pior SG e SLE foram

observadas nos casos com alto número de macrófagos tipo-M2 CD68+ CMAF+ e

CD163+MAF+, respectivamente. Isto sugere que nem todos os macrófagos seriam

“vilões” no MAT (DIEHL, V., 2010) e permite identificar uma heterogeneidade que

sem dúvida precisa ser melhor investigada com abordagens multiparamêtricas.

Nossos resultados, analisados em contexto sugerem diferentes propriedades

funcionais de macrófagos identificados neste trabalho como M1 ou tipo-M2 e

apontam para uma funcionalidade diferencial dos macrófagos no microambiente

tumoral LHc. Um dado importante veio em reforço desta hipótese, qual foi a

associação diferencial entre a sub-população M1 e uma alta taxa de apoptose da

célula tumoral, no espectro completo dos marcadores estudados (da expressão da

pró-caspase até a fragmentação nuclear).

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Os macrófagos são capazes de induzir a apoptose principalmente mediada

por IFN-α e o NO (RAHAT, M.A. e cols., 2013). Um modelo de tumorigenese de

cânceres sólidos propõe que o estado e ativação dos macrófagos e sua

contribuição para o crescimento celular depende do estado de desenvolvimento do

tumor, sendo os macrófagos M1 recrutados precocemente, seja para o sítio de

inflamação crônica, ou como parte da vigilância anti-tumoral e a sua função pró-

apoptótica é importante na erradicação de tumores precoces (RAHAT, M.A. e cols.,

2013, VAN OVERMEIRE, E. e cols., 2014) . Já na fase de imunoedição ou escape,

os macrófagos, devido a sua plasticidade, são reprogramados para um fenótipo

supressor ou tipo-M2 que contribui para o estabelecimento do fenótipo abertamente

maligno e evasivo (MANTOVANI, A. e cols., 2008, NAGARAJ, S. e cols., 2008,

WYNN, T.A. e cols., 2013). Nos modelos, menos conhecidos, da linfomagênese, é

provável que os papéis cumpridos pelos macrófagos nestas etapas não sejam

similares (GHIA, P. e cols., 2000).

No modelo estudado por nós, apesar de que não temos acesso ao

desenvolvimento precoce do tumor, nem existam vias de progressão tumoral como

as conhecidas para os tumores sólidos (p.e. tumor in situ, localmente avançado e

metastático), os nossos dados sugerem que, mesmo após a potencial fase de

evolução e seleção imune pré-linfoma, persistem populações de macrófagos M1

potencialmente funcionais e com função anti-tumoral.

De fato, os macrófagos M1 são caracterizados pela alta expressão da

isoforma induzível da óxido nítrico sintase (iNOS) e conseqüentemente pela

expressão de NO (MOSSER, D.M., 2003, WEIGERT, A. e cols., 2008). A indução

da apoptose por NO está em relação com o arresto do ciclo celular pela

modificação de proteínas envolvidas no controle do ciclo. Uma dessas

modificações é o aumento da fosforilação da serina 15 de p53 WT, ou a down-

regulação transitória de MDM2, causando a ativação de p53 e com isso a apoptose

(BRUNE, B., 2003, BRUNE, B. e cols., 2003a, BRUNE, B. e cols., 2003b). NO

também é capaz de reduzir a atividade da via de NF-κB, e com ela os sinais de

subrevivência (JEANNIN, J.F. e cols., 2008).

Assim, uma caracterização da expressão da iNOS (e o balanço entre NO e

Arginase I) nos macrófagos fenotipicamente polarizados para M1 no MAT do LHc

poderia auxiliar na confirmação da funcionalidade desta população no tumor.

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No LHc, os macrófagos podem ter também um papel na resposta terapêutica

alvo-dirigida. Um trabalho in vitro que investigou os mecanismos celulares do efeito

terapêutico do anticorpo monoclonal anti-CD30 SNG-30, demonstrou que os

macrófagos contribuem significativamente para a atividade anti-tumoral do

composto, através da indução de citotoxicidade celular via ADCP (fagocitose

dependente de anticorpo) (OFLAZOGLU, E. e cols., 2007). Nesse modelo, a

depleção de macrófagos reduzia a eficácia do anticorpo anti-CD30, sugerindo um

efeito prejudicial da depleção inespecífica de macrófagos para os pacientes com

LHc.

Em relação aos macrófagos tipo-M2, estes foram definidos no nosso trabalho

pela expressão de MAF, um importante FT da IL10, cuja expressão nos

macrófagos é específica para M2 (KUBO, M. e cols., 2012). Entretanto, pouco se

sabe sobre o papel de IL10 e seu balanço com outras citocinas Th2 na

funcionalidade de sub-populações de TAMs (KUBO, M. e cols., 2012).

Inicialmente, a polarização para o fenótipo alternativo ou M2 é regulado por

IL4 e células Th2. No nosso estudo, a composição do microambiente tumoral teve

impacto marcado no perfil M1, não somente em relação às correlações positivas

entre estes e as células Th1/citotóxicas, senão também sua relação inversa com os

perfis supressores identificáveis no MAT. Já o impacto da composição do MAT em

relação aos macrófagos tipo-M2, apesar de ser significativo em relação à algumas

populações como os linfócitos MAF+, foi mais fraco e difuso. Isto sugere que com o

marcador usado, não estejamos identificando nem todo o espectro de macrófagos

pró-tumorais ou englobando duas ou mais sub-populações heterogêneas na sua

relação com o MAT, partindo inclusive desde as populações expressando CD68 ou

CD163. Mesmo assim, uma pior sobrevida foi observada nos casos com alto

número de macrófagos tipo-M2 CD68+/MAF+ e CD163+/MAF+, indicando a

potencialidade de MAF como biomarcador do ponto de vista clínico.

Na avaliação da interação com a célula tumoral, não foi possível encontrar

associações robustas para explicar o comportamento clínico associado aos M2

intratumorais. Foi observada uma relação com diminuição do marcador de

proliferação Ki-67, uma alta expressão do inibidor de p53, MDM2, e maior

expressão de pH2AX por um lado, e com um menor número de células com

NPMc+ pelo outro.

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Embora seja uma observação baseada em associações fracas e

fragmentadas, é possível que esta observação permita fazer uma hipótese sobre a

associação dos macrófagos tipo-M2 com um estado de senescência celular, que

inclui um "fenótipo secretor associado à senescência", caracterizado pela

expressão de numerosas citocinas e quimiocinas que são segregadas pelas células

senescentes, e promove a comunicação com as células do MAT (COLLADO, M. e

cols., 2010, COPPE, J.P. e cols., 2010). Em modelos murinos de tumorigenese

hepática, a indução de senescência na presença de p53 funcional induz a

expressão de interleucinas e quimiocinas que recrutam ou ativam macrófagos M1

para remoção das células senescentes. Na presença de p53 disfuncional, o perfil

de expressão muda para um de ativação do programa M2 e é considerado pró-

tumoral (LUJAMBIO, A. e cols., 2013). Em nossos casos, hipotetizamos que a

desregulação de MDM2 observada, tenha um papel em inativar p53 frente a um

recrutamento da via, por exemplo através de genes de reparo, levando a um

estado de SIPS na ausência funcional de p53, e enriquecimento em M2. É claro

que todas estas associações teóricas são puramente especulativas, pois apesar de

muita pesquisa, os papeis de p53 e seus reguladores na pato-fisiologia celular e

tumoral do LHc permanecem largamente desconhecidos.

Devido a sua grande plasticidade, é cada vez maior a lista de potenciais

estados de polarização associados a funções diversas nos macrófagos M2

(MANTOVANI, A. e cols., 2004), é isto é também refletido nos TAMs,

particularmente em relação a IL10. Isto indica a necessidade de abordagens

multiparamêtricas para tentar elucidar ao menos em parte a heterogeneidade e

superposição de fenótipos dos macrófagos intratumorais no LHc e sua relação

mais precisa com o MAT.

A associação entre macrófagos M1 e apoptose nas células H-RS foi

consistente e altamente significativa, sendo uma observação inédita para o LHc. A

fração citotóxica, caracterizada neste trabalho pela expressão de CD8, TIA1 e

GRZB, não mostrou associação no grupo completo de pacientes, em contraste com

o único trabalho prévio investigando o cross-talk no LHc (ALVARO, T. e cols.,

2008). Nesse trabalho, casos com um maior número de células H-RS CASP3+

foram associadas a um menor número de células citotóxicas GRZB positivas no

MAT, enquanto que as células CD8+ tiveram uma associação oposta.

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No presente trabalho, que inclui somente crianças com LHc, nós

encontramos uma associação entre um maior infiltrado de linfócitos CD4+ e

linfócitos citotóxicos imaturos (TIA1+) e um maior número de células H-RS

expressando CASP3 nos casos EBV+. Esta análise deve ser tomada com cautela,

devido ao baixo número de casos incluindos, e esta pode ser a causa da falta de

resolução da população citotóxica madura (GRZB+), e da deficiência em identificar

a sub-população de células CD4+ envolvida na associação. As células CD4+

extremamente importantes na aquisição do perfil de latência II do EBV no CG

(MAUTNER, J. e cols., 2012) e já foi descrito que os antígenos virais expressos

nessa latência (todos eles subdominantes do ponto de vista imunológico, são

capazes de incitar uma resposta T citotóxica CD4+ mediada por IFN-g e, pelo

menos em parte, pela via de grânulos líticos (MARTORELLI, D. e cols., 2010,

MORALES, O. e cols., 2012).

Nossos trabalhos anteriores apontaram para um MAT citotóxico nas crianças

com EBV+, que junto com a observação da boa resposta clínica associada à

presença do EBV nos fez hipotetizar sobre uma resposta CTL eficiente contra o

EBV nas crianças, e portanto, um modelo de imunovigilância anti-tumoral baseado

no reconhecimento de antígenos virais, em contraste com o relatado para adultos

(BARROS, M.H. e cols., 2012a). Os novos resultados aqui obtidos, a saber, a não

detecção de uma população CTL associada a apoptose, a sugestão do

envolvimento de células CD4+ nos casos EBV+ e o papel potencial dos

macrófagos M1 empurram nosso modelo para um de maior complexidade, e

claramente, mostram a necessidade de confirmar estes estudos com uma série

maior de casos e com modelos experimentais in vitro e in vivo.

Em relação às células Treg, nós encontramos uma associação inversa com a

expressão de CASP3 e direta com a expressão de BCL2 nas células H-RS,

indicando sua associação com um fenótipo anti-apoptótico nas células H-RS.

Estudos em LHc de adultos mostraram que um alto número destas células no

MAT, assim como uma proporção maior destas em relação às células citotóxicas

estava associado a um prognóstico favorável (ALVARO, T. e cols., 2008, ALVARO,

T. e cols., 2005, KELLEY, T.W. e cols., 2007, KOREISHI, A.F. e cols., 2010). Outro

estudo com adultos com LHc encontrou que um balanço entre as populações

Treg/Th2 estava associado a um pior prognóstico quando havia predomínio de

células Treg (SCHRECK, S. e cols., 2009). Nossos estudos anteriores não

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139

encontraram tal associação (BARROS, M.H. e cols., 2012b) que também não foi

encontrado por outro estudo sobre LHc no Brasil (ASSIS, M.C. e cols., 2012).

Assim, é possível que o balanço entre as populações críticas para a resposta

imune anti-tumoral esteja associada no MAT com condições de estimulação e

diferenciação destas células, que não podem ser capturadas no estudo por IHQ.

De maneira instigante, um trabalho in vitro com a linhagem KM-H2 mostrou que, a

partir de células CD4+ naive, as células tumorais são capazes de induzir células

Treg clássicas supressoras e CTL GRZB+ também expressando FOXP3, a partir

da modulação da função APC das células H-RS (TANIJIRI, T. e cols., 2007). Isto

ilumina a potencial plasticidade das populações intratumorais e a complexidade da

interação entre estas e as células H-RS.

A proliferação e ciclo celular das células H-RS pareceu estar modulado pelo

balanço entre diferentes populações. Por um lado, o controle da proliferação foi

associado a uma maior infiltração por linfócitos B, enquanto que as populações T

CD4+ MAF+, e de modo surpreendente, as populações citotóxicas foram

associadas a uma maior fração proliferativa. Da mesma maneira, associação com

uma via de p53 potencialmente ativa e expressão de p21 foi dado pelo balanço de

células B, dendríticas e Treg, em relação às células CD4+ Th2 (GATA3+) e MAF+,

associadas a uma via disfuncional.

As células B são numericamente importantes no MAT do LHc (BARROS, M.H.

e cols., 2012b), e alguns estudos identificaram estas células como associadas com

uma prognóstico favorável (CHETAILLE, B. e cols., 2009) ou sobrevida global mais

extensa (GREAVES, P. e cols., 2013). Em acordo com estes resultados, um maior

número de células B circulantes e sua relação com as células T CD4+ também foi

associado com boa resposta terapêutica (GAUDIO, F. e cols., 2014).

Um único trabalho explorou a heterogeneidade das células B infiltrantes no

LHc, mostrando que células CD20+ IgM+e BCL6+ foram associados com um

melhor prognóstico dos pacientes, enquanto que células PAX5+/CD38+ mostraram

um prognóstico adverso, indicando que as células B podem participar tanto das

respostas locais anti-tumorais como das pró-tumorais (TUDOR, C.S. e cols., 2013).

Nos tumores sólidos, principalmente em câncer de mama e ovário, as células

B tem um papel já reconhecido no prognóstico (MAHMOUD, S.M. e cols., 2012) e

se encontram em um estado ativado, amiúde em agregados com células CD4+,

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CD8+ e dendríticas (CORONELLA-WOOD, J.A. e cols., 2003) levantando a

possibilidade de um papel importante e positivo na imunidade anti-tumoral.

Além das suas funções de produção de anticorpos, as células B

intratumorais podem aumentar as respostas T via expressão de citocinas e

quimiocinas, e colaborar com as células T e dendríticas servindo como

apresentadoras de antígeno local para ampliar e modular a resposta imune.

(LINNEBACHER, M. e cols., 2012, NELSON, B.H., 2010). No presente trabalho,

pela primeira vez é proposto um efeito, direto ou indireto, das células CD20 sobre

as células H-RS, especificamente sobre o controle do ciclo celular e proliferação.

De maneira importante, este efeito parece ser mediado coletivamente pela relação

entre células B, T e dendríticas. A ligação entre as populações linfocitárias

infiltrantes e o controle da via de p53 merece maiores estudos, uma vez que esta

pode ser bi-direcional, sendo p53 um regulador da expressão de muitas citocinas e

quimiocinas via sua alça com NF-kB, e vice-versa (MENENDEZ, D. e cols., 2013).

Com os dados obtidos, não podemos ainda fazer hipótese sobre a natureza da

interação observada.

Finalmente, neste trabalho descrevemos pela primeira vez a existência de

uma importante proporção dos casos com LHc com a NPM localizada

aberrantemente no citoplasma. NPM é uma proteína nucleolar multifuncional

envolvida em diversos processos celulares (GRISENDI, S. e cols., 2006). Um dos

aspectos mais instigantes da nossa caracterização foi a associação da NPMc+ com

um perfil particular de células infiltrantes no MAT, a saber, uma maior infiltração por

células Treg e perfil supressor do microambiente, um maior número de células

dendríticas, e menor infiltração por macrófagos CD163+ tipo-M2. Isto sugere que

pelo menos parte dos efeitos desta alteração celular possam ser mediados pela

interação entre a célula tumoral carregando a NPMc e células do sistema imune.

No modelo da LMA NPMc+, uma resposta imune mediada por células T

CD4+ e CD8+ contra neo-epítopos formados pela mutação no éxon 12 do gene foi

identificada (GREINER, J. e cols., 2012) que parece contribuir com o impacto

clínico favorável desta mutação na LMA (GREINER, J. e cols., 2013). É possível

que a NPMc+ identificada no nosso estudo apresente características antigênicas,

embora nosso estudo mutacional preliminar não detectou mutações no exon 12 do

gene NPM1. Entretanto, a natureza das associações encontradas com o MAT não

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permitem afirmar um predomínio de respostas adaptativas anti-tumorais e sim uma

modulação da resposta inata e eventualmente, da resposta imune supressora.

Uma outra pista interessante vem de um modelo de sepse murina, indução

de macrófagos com moléculas ativadoras de alarminas levou à liberação de NPM

para o meio extracelular após translocação para o citoplasma, e o efeito disto foi a

produção de citocinas pró-inflamatórias e mudanças acordes no endotélio vascular,

indicando que a NPM pode atuar diretamente como uma alarmina e participar dos

processos inflamatórios (NAWA, Y. e cols., 2009).

Alarminas, também chamadas moléculas DAMP (do inglês, endogenous

damage-associated molecular pattern) são moléculas endógenas liberadas na

presença de dano tecidual e que têm como conseqüência a ativação do sistema

imune (OPPENHEIM, J.J. e cols., 2005). As alarminas recrutam células dendríticas

imaturas e induzem sua maduração funcional e ativação de uma resposta Th1

hiper-inflamatória, daí seu envolvimento em doenças agudas como a sepse e

crônicas como doenças autoimunes (CHAN, J.K. e cols., 2012). Entretanto, já foi

descrito que o processo induzido por alarminas pode, de acordo com às condições

em que se produz a ativação da resposta, formatar a expansão T, regulando o

comprometimento para uma polarização Th1, Th2, Th7 ou Treg (MANFREDI, A.A.

e cols., 2009). As alarminas parecem ter um papel dual e ainda não bem entendido

no câncer (COFFELT, S.B. e cols., 2008, SRIKRISHNA, G. e cols., 2009), podendo

agir como fatores pró- e anti-tumorais, de acordo ao modelo, ou mesmo de acordo

à molécula dentro de um mesmo modelo (HATTINGER, E. e cols., 2013). Nas

neoplasias hematológicas, pouco se sabe sobre estes mecanismos, mas no

linfoma folicular, o modo de ação de diferentes anticorpos anti-CD20 na indução de

resposta parece estar relacionada ao tipo de apoptose induzida, sendo a apoptose

imunogênica (com liberação de DAMPs e ATP) importante na adjuvância potencial

do sistema imune na resposta terapêutica (CHEADLE, E.J. e cols., 2013).

Assim, se ao menos parte das funções da NPM no LHc são as de alarmina,

participando da resposta imune anti-tumoral, é possível que seja uma molécula

chave no vínculo entre o sistema imune inato e adaptativo, cuja investigação é

indispensável para entender o microambiente dos linfomas (ROSENQUIST, R. e

cols., 2014), explicando a associação com células dendríticas e a diminuição de

macrófagos tipo-M2. O que resta por entender é a particular associação com um

microambiente supressor ao mesmo tempo que com uma boa resposta clínica.

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Indubitavelmente, as respostas só poderão vir a partir de estudos experimentais

desenhados para testar estas hipóteses.

Este estudo apresenta várias limitações, a primeira e mais importante é o

baixo número amostral com que se concluíram as determinações das células H-

RS. Esta limitação indica cautela na hora de avaliar a força das conclusões, assim

como todos os esforços possíveis para completar os estudos iniciados aqui, em um

grupo de casos com número amostral adequado à freqüência da doença na faixa

etária pediátrica. Tivemos também limitações inerentes à natureza do material e a

qualidade do processamento de amostras. Sabendo deste problema, cuidadosas

etapas de padronização, assim como a inclusão de numerosos controles foram

fundamentais para a confiabilidade dos dados obtidos. Algumas técnicas e

marcadores inicialmente planejados não passaram nos testes de qualidade e

tiveram de ser abandonados.

Uma limitação comum a todas as pesquisas no LHc é inerente á natureza do

tumor, que, devido à escassez de células tumorais não é propício aos estudos

moleculares, requerendo estudos in situ e descritivos, que são importantes

fundamentalmente na geração de hipóteses sobre a patogênese e mecanismos

envolvidos na resposta clínica, mas que carecem do poder heurístico do trabalho

experimental. Mesmo com a limitação citada, com este trabalho avançamos na

descrição das características dos componentes tumorais do LHc, a saber células

H-RS e microambiente, e fomos capazes de estabelecer algumas correlações

significativas do ponto de vista biológico e estatístico, que no entanto, precisam ser

replicadas com um maior número de casos.

O principal desafio para o futuro é estabelecer as condições para testar as

hipóteses geradas neste estudo, usando modelos experimentais in vitro e in vivo,

que sejam suficientes para incorporar o componente microambiental no modelo do

linfoma de Hodgkin clássico.

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6. CONCLUSÕES

Um alto índice de proliferação celular foi observado em 75% dos casos, sendo

associado ao número de células em mitose e sem associação com o número de

células tumorais, o que confirma a ativação dos processos do ciclo celular sem

divisão efetiva das células na doença.

No grupo de LHc estudado, as células tumorais tiveram a via de p53

considerada como funcional em 58,1% e houve concordância entre a

funcionalidade da via e a expressão das proteínas MDM2 e H2AX, o que sugere

uma via de p53 e de reparo celular funcionais e aponta para o envolvimento de

outras proteínas e/ou vias relacionadas ao controle da progressão do ciclo celular

como responsáveis pelas alterações nos processos do ciclo celular nas células H-

RS.

A presença de níveis endógenos altos H2AX ao em pacientes ao diagnóstico

aponta para a importância da via de reparo celular na patobiologia do LHc.

Nosso estudo foi o primeiro a identificar alterações envolvendo a proteína

NPM no LHc. Nossos resultados sugerem que esta alteração seja um evento

secundário ou ainda a existência de outros mecanismos subjacentes à alteração da

localização da NPM para o citoplasma. Os resultados preliminares do estudo

mutacional apontam para causas não genéticas (epigenéticas) ou mistas (p.e.

defeitos no splicing associados com causas não genéticas.

A expressão de Caspase-3 nas células H-RS foi capaz de predizer a

resposta terapêutica na doença pediátrica.

O estado de polarização dos macrógafos no LHc pediátrico pode depender

do status do EBV nas células H-RS e foi associado a resposta terapêutica (SG e

SLE), sugerindo que para a avaliação do impacto prognóstico, tanto a polarização

dos macrófagos quanto as outras populações de células infiltrantes devam ser

considerados em conjunto.

Foram encontradas associações entre marcadores relacionados à

proliferação e a apoptose das células H-RS e a resposta imune local, definida pela

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composição dos microambiente tumoral, o que sugere a existência de um cross-

talk entre as células imunes e as células H-RS.

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ANEXOS

Anexo I: Carta de aprovação do estudo pelo comitê de ética em pesquisa.

Anexo II: Ficha de coleta de dados.

Anexo III: Sumário dos protocolos de tratamento mais utilizados neste estudo.

Anexo IV: Padronização do Kit NE-PER para obtenção das frações nucleares e

citoplasmáticas nas linhagens de LH.

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ANEXO I – CARTA DE APROVAÇÃO DO ESTUDO PELO COMITÊ DE ÉTICA

EM PESQUISA

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ANEXO II – FICHA DE COLETA DE DADOS

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ANEXO III – SUMÁRIO DOS PROTOCOLOS DE TRATAMENTO M AIS

UTILIZADOS NESTE ESTUDO

PROTOCOLO HD-90

Tabela A1: Plano terapêutico proposto para pacientes com linfoma de Hodgkin do sexo

feminino.

ESTADIAMENTO DROGAS RADIOTERAPIA I, IIA 2 OPPA 25Gy em campo envolvido IE, IIEA, IIB, IIIA 2 OPPA 2 COPP 25Gy em campo envolvido IIEB, IIIE, IIIB, IV 2 OPPA 4 COPP 25Gy em campo envolvido

OPPA: vincristina, procarbazina, prednisona, adriblastina, COPP: ciclofosfamida, vincristina,

procarbazina, prednisona,RTX: radioterapia

Tabela A2 : Plano terapêutico proposto para pacientes com linfoma de Hodgkin do sexo masculino.

ESTADIAMENTO DROGAS RADIOTERAPIA I, IIA 2 OEPA 25Gy em campo envolvido IE, IIEA, IIB, IIIA 2 OEPA 2

COPP 25Gy em campo envolvido

IIEB, IIIE, IIIB, IV 2 OEPA 4 COPP

25Gy em campo envolvido

OEPA: vincristina, etoposide, prednisona, adriblastina, COPP: ciclofosfamida, vincristina, procarbazina, prednisona, RTX: radioterapia

OBSERVAÇÃO: Pacientes com doença residual após quimioterápica tiveram acréscimo na radioterapia de 10 a 15 Gy.

PROTOCOLO ABVD

Tabela A3 : Plano terapêutico proposto para pacientes com linfoma de Hodgkin.

ESTADIAMENTO DROGAS RADIOTERAPIA

I, II 3 ABVD 20 a 25Gy em campo envolvido

III, IV 12 ABVD 20 a 25Gy em campo envolvido

A: adriblastina; B: bleomicina; V: vincristina; D: DTIC.

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ANEXO IV - PADRONIZAÇÃO DO KIT NE-PER PARA OBTENÇÃO DAS

FRAÇÕES NUCLEARES E CITOPLASMÁTICAS NAS LINHAGENS D E LH.

Tabela A.6 Tabela de padronização do Kit NE-PER para obtenção das frações nucleares e citoplasmáticas nas linhagens de LH.

Linhagem Concentração de células (10 6)

Volume final de tampão CER I (µl)

Tempo de centrifugação*

Tempo de centrifugação**

L428 3 200 7 10 L1236 3 200 7 10 KHM2 4 200 7 10 L540 2 200 5 10

*centrifugação a 5.000 g em minutos para separação das frações citoplasmática e nuclear ** centrifugação a 16.000 g em minutos para separação da nuclear e do DNA