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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS BACHARELADO EM CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS MÓVEIS Monografia Um Estudo Sobre a Conservação do Altar de Santa Luzia FABIANE RODRIGUES MORAES PELOTAS/ RS 2013

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

BACHARELADO EM CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS MÓVEIS

Monografia

Um Estudo Sobre a Conservação do Altar de Santa Luzia

FABIANE RODRIGUES MORAES

PELOTAS/ RS 2013

2

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

BACHARELADO EM CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS MÓVEIS

Um Estudo Sobre a Conservação do Altar de Santa Luzia

O trabalho de conclusão apresentado ao Curso de bacharelado em Conservação e Restauro da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Conservação e Restauro de Bens Móveis.

Orientador: Profa. Ms: Daniele.Baltz.

da Fonseca.

FABIANE RODRIGUES MORAES

3

Banca examinadora: Profª Dr. Carla Rodrigues Gastaud

_________________________________________________________________ Profª Ms. Daniele Fonseca (orientadora). _________________________________________________________________

Pelotas, 2013

4

Dedico este trabalho de conclusão de curso aos meus filhos, por trilharem junto comigo esse caminho. A minha mãe, responsável pela minha criação e pela pessoa que sou. A minha querida Tia Lúcia, por sua amizade, carinho e atenção e por me motivar sempre. A Jorge Luiz, por esses anos de muita ajuda com meus filhos.

5

Agradecimentos Ao longo do período de graduação, muitas pessoas passaram pela minha vida, deixando marcas e lições, conhecimentos e crescimento pessoal. Nesse momento, agradeço direta e indiretamente a algumas delas. Agradeço à Universidade Federal de Pelotas por esses três anos e meio de aprendizado e oportunidade. Agradeço a profª Dra. Maria Letícia Ferreira Mazzuchi pela criação do curso de conservação e restauro que hoje é minha vida, minha paixão. Agradeço imensamente a professora e orientadora Daniele Fonseca, pela sua orientação por seus conselhos e que durante o período de construção do trabalho sempre me incentivou e auxiliou. Agradeço pela dedicação e paciência na orientação, pelos elogios e pelas cobranças, que com certeza me fizeram crescer profissionalmente. À professora Ms. Andrea Bachettini que me incentivou a escolher o tema desse trabalho, e pela confiança e por poder chama-la de amiga. Gostaria de agradecer a todos os professores e técnicos e funcionários do curso de Bacharelado em Conservação e Restauro que durante esses anos, contribuíram para o meu crescimento intelectual e pessoal. Ao Jeferson Salaberry pelo apoio na parte gráfica do trabalho assim como a grande, e por ser uma pessoa sempre pronta pra ajudar, não medindo esforços pra solucionar problemas e as ideia doidas dos alunos. Agradeço à Keli Cristina Scolari e à profª Ms. Mariana Wertheimer pelo amor e carinho nas horas difíceis, a Profª Dra Francisca Michelon por ter sido minha tutora no programa de Educação Tutorial (PET), tanto o programa quando a minha tutora me incentivaram no crescimento acadêmico e pessoal. Assim como ao Prof. Ms. Roberto Haiden, à Profª Ms.Luiza Fabiana Neitzki, profª Ms.Silvana Bojanoski, que com carinho e dedicação, auxiliaram e muito em minha trajetória. As funcionárias Neiva, Maria, um agradecimento pelo sorriso, pela ajuda em manter nosso curso organizado. Sem esquecer a secretaria Ana Koga. Sou grata à Annelise Costa Montone, diretora do Museu da Baronesa, que abriu as portas do museu para que esse trabalho tivesse sido realizado e esteve sempre pronta a me ajudar na pesquisa. Agradeço também a equipe de funcionários, estagiários e estagiários do museu. Quero agradecer a Professora Dra Carla Gastaud pelo carinho e sorriso farto em todos os momentos, ao Professor Diego Lemos, a Professora Nóris Leal, a professora Sarah Miggitti Aos meus colegas de graduação, obrigada por terem feito parte da minha caminhada. Tenho orgulho em dizer que fiz parte dessa turma. Nunca me esquecerei de vocês! Agradeço às amizades que fiz nesse período. Obrigada ao minha amiga Cristiele de Souza, Priscilla Lampazzi e ao amigo Marcelo Hansen Madail, por percorrer essa caminhada comigo e àqueles amigos que mesmo distantes torceram por mim, muito obrigada por acreditarem em mim.

6

Imagine uma nova história para sua vida e acredite nela.

Paulo Coelho

7

Resumo

O presente trabalho de conclusão de curso analisa um altar de madeira policromada que pertencia ao Parque Souza Soares hoje se encontra exposto no Museu Municipal Parque da Baronesa - Pelotas/RS. A pesquisa visa responder o seguinte questionamento: a partir do estado de conservação, do valor simbólico atribuído ao objeto assim com as condições ambientais e a expográfia. Quais seriam as alternativas de conservação deste bem visando a sua preservação e a fruição com o observador? A pesquisa se baseia no fato de que o objeto estudado encontra-se acondicionado de forma fragmentada, não havendo unidade. Totalmente descontextualizado de sua função não propiciando a contemplação do mesmo. O trabalho esta dividido em dois capítulos. O primeiro capítulo trata do histórico do altar e da sua imaginária sacra. O segundo capítulo trata da estrutura retabular apresentando seu sistema construtivo e decorativo, o mapeamento de danos onde o levantamento gráfico das patologias e as análises ambientais são determinantes para o levantamento do estado de conservação das peças. A conclusão apresenta uma discussão para a conservação preventiva do altar de Santa Luzia.

Palavras-Chave: Museu Municipal Parque da Baronesa; Altar de Santa Luzia; retabulo; Conservação; Análise.

8

Abstrat

This course conclusion work analyzes a polychrome wooden altar that belonged

to the Park Souza Soares is exposed today in the Municipal Museum of Baroness Park

- Pelotas / RS.

The research aims to answer the following question: from the condition, the

symbolic value assigned to the object so with environmental conditions and

expography. What would be the alternative conservation of this well aimed at its

preservation and enjoyment to the viewer?

The research is based on the fact that the studied object is packaged in a

piecemeal fashion, with no unit. Completely decontextualized of its function hindering

the contemplation of it.

The work is divided into two chapters. The first chapter deals with the history of the

altar and its sacred imaginary. The second chapter deals with the structure retable

featuring your system constructive and decorative mapping survey damage where the

graph of diseases and environmental analyzes are crucial to the lifting of the state of

conservation of the pieces.

The conclusion presents an argument for preventive conservation of the altar of

Santa Luzia.

Keywords: Municipal Museum of Baroness Park; Altar of St. Luzia; altarpiece;

Conservation, Climate Analysis, Diagnosis.

9

Lista de Figuras

Figura 1: Jose Álvares de Souza Soares. ........................................................ 18

Figura: 2: carta 1 .............................................................................................. 20

Figura 3:carta 2 ................................................................................................ 21

Figura 4: carta 3 ............................................................................................... 22

Figura 5: frente da capela de santa Luzia. ....................................................... 24

Figura 6 imagem de santa Luzia no altar dentro da capela .............................. 28

Figura 7: imagem de Santa Luzia hoje no ........................................................ 28

Figura8: imagem de São Bento na época da capela no Parque Souza Soares,

ainda com o pássaro. ....................................................................................... 29

Figura 9: imagem de São Bento no museu já sem o pássaro. ......................... 29

Figura 10:material encontrado na pasta ........................................................... 30

Figura 11 encaixe para o pássaro. ................................................................... 31

Figura 12:colocação do pássaro no lugar ........................................................ 32

Figura 13:peça encaixada na base .................................................................. 32

Figura 14: escultura representando Jesus crucificado na capela ..................... 33

Figura 15: escultura representando Jesus Cristo Crucificado exposta no museu

Parque da Baronesa. ....................................................................................... 33

Figura 16: a capela após o fechamento do parque. ......................................... 35

Figura 17: museu parque da Baronesa; ........................................................... 36

Figura 18:Planta baixa do museu Parque da Baronesa ................................... 37

Figura 19 passadiço sala assinalada da planta acima em vermelho. .............. 38

Figura 20 Sala da namoradeira. Sala assinalada em azul na planta baixa . ... 39

Figura 21 : Bourdoir ou Quarto de Vestir. Sala assinalada em verde na planta

baixa. ................................................................................................................ 39

Figura 22: parte de trás do altar ....................................................................... 42

Figura23:limpeza do altar com pincel e aspirador de pó .................................. 42

Figura 24: encaixe fêmea lado esquerdo ......................................................... 43

Figura 25: encaixe fêmea, lado direito do altar ................................................. 43

Figura 26:parte de trás do altar sem o fundo ................................................... 43

Figura 27: arco trilobulado no nicho central do altar de Santa Luzia ................ 44

Figura 28arco em ferradura .............................................................................. 45

Figura 29: capitel estilizado com folhas de acanto, onde se apoiava a coluna

que ligava a parte de baixo do altar. ................................................................ 45

Figura 30: destaque para o ícone do cordeiro de deus. ................................... 46

Figura 31: foto feita com laminas. .................................................................... 47

Figura 32: foto feita no microscópio óptico 4x, mostrando a estrutura da

policromia ......................................................................................................... 48

Figura 33: foto feita no microscópio óptico 10 x, mostrando a estrutura da

policromia ......................................................................................................... 48

Figura 34: a foto mostra o lugar de onde foi coletada a amostra de pigmento. 49

Figura 35: o pigmento azul sem base de preparação ..................................... 49

10

Figura 36: suporte e uma camada de verniz .................................................... 49

Figura 37: pigmento branco sem base de preparação ..................................... 49

Figura 38:acervo guardado ,na reforma do solar antes de ser museu. ............ 50

Figura 39: mostra uma das missas em homenagem a Santa Luzia no Salão

Dona Sinhá. ...................................................................................................... 51

Figura 40: mostra missa campal no Parque Souza Soares ............................. 52

Figura 41:sala onde esta o altar,onde ao fundo pode se notar a porta que é por

onde os visitantes veem a exposição ............................................................... 53

Figura 42: foto da capela onde mostra o altar montado. .................................. 56

Figura 43: gráfico do altar ................................................................................ 56

Figura 44: gráfico da parte superior ................................................................. 57

Figura 45:gráfico da parte de baixo(balcão) ..................................................... 58

Figura 46:parte superior do altar de Santa Luzia ............................................. 59

Figura 47: parte inferior do altar ....................................................................... 59

Figura 48:rachadura da madeira ...................................................................... 60

Figura 49: fissuras e rachadura na madeira. .................................................... 60

Figura 50:parte de cima da balcão,onde possivelmente as duas peças se uniam

......................................................................................................................... 60

Figura 51: perda do de parte do ornato ............................................................ 60

Figura52:parte faltante,possivelmente era onde se fixava a coluna ................. 61

Figura 53:perda de parte do ornato. ................................................................. 61

Figura 54: arranhões e abrasões na camada de verniz. .................................. 61

Figura 55:lacuna devido a perda do suporte. ................................................... 61

Figura 56: porta do sacrário e cruz do altar acondicionado em reserva técnica.

......................................................................................................................... 62

Figura 57: as imagens mostra o sacrário sem a porta, que se encontra

acondicionada em reserva técnica. .................................................................. 62

Figura 58: foto mostra a torneira onde a um vazamento constante ................. 64

Figura 59: as fotos mostram a tubulação e a torneira ...................................... 64

Figura 60: umidade ascendente é possível visualizar presença de manchas na

parede .............................................................................................................. 65

Figura 61: destacamento do reboco e manchas de umidade na parede .......... 65

Figura 65:a foto mostra a condensação do piso da sala da namoradeira, no dia

6 de março de 2012. ........................................................................................ 67

Figura 66: a foto mostra a condensação do piso da sala de janta, no dia 6 de

março de 2012. ................................................................................................ 67

Figura 67: luz da janela do algibe que incide pela manhã na sala onde o altar

esta exposto. .................................................................................................... 71

Figura 68: onde mostra a iluminação ao centro da sala ................................... 72

Figura 69: medição dos lux com uso do luximetro. .......................................... 73

Figura 70: na planta esta assinalada a divisão em quadrantes para medição do

lux ..................................................................................................................... 74

Figura 71: dia nublado ...................................................................................... 75

11

Figura 72:dia chuvoso ...................................................................................... 75

Figura 73:planta da fachada do casarão seis ................................................... 77

Figura 74:planta baixa do casarão seis ............................................................ 77

Figura 75: acima aparece a claraboia. ............................................................. 78

Figura 76:sala da claraboia. ............................................................................. 78

Figura 77:recibo ............................................................................................... 90

Lista de Tabelas

Tabela 1: monitoramento outono ...................................................................... 67

Tabela 2: monitoramento inverno ..................................................................... 67

Tabela 3:monitoramento primavera .................................................................. 68

Tabela 4: gráfico do monitoramento da temperatura durante o outono ............ 69

Tabela 5: gráfico do monitoramento da umidade relativa durante o outono .... 69

Tabela 6 : gráfico do monitoramento da temperatura durante o inverno ......... 69

Tabela 7:gráfico do monitoramento da umidade relativa durante o outono ...... 69

Tabela 8:gráfico do monitoramento de temperatura durante a primavera ........ 70

Tabela 9:gráfico do monitoramento de umidade relativa durante a primavera . 70

12

Sumário

Introdução ................................................................................................................. 15

CAPITULO 1: CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE O ALTAR DE SANTA LUZIA. ......... 18

1.1 - O Parque Souza Soares. ........................................................................ 18

1.2 - A capela de Santa Luzia. ....................................................................... 20

1.3 - A imaginária Sacra: destino e função. ................................................. 26

1.4 - As Esculturas do Altar de Santa Luzia. ............................................... 27

1.4.1 - Santa Luzia. .................................................................................................... 28

1.4.2 São Bento. ........................................................................................................ 29

1.4.3- Jesus Cristo Crucificado ................................................................................ 33

1.5 - O Fim do Parque Souza Soares. ........................................................... 34

1.6- Histórico do altar de Santa Luzia no Museu Municipal Parque da Baronesa 36

1.6.1- O Museu .......................................................................................................... 36

1.6.2- Espaço Expográfico. ...................................................................................... 37

CAPITULO 2: ASPECTOS DE CONSERVAÇÃO DO ALTAR .................................. 40

2.1- Identificações do Objeto ......................................................................... 41

2.1.1- Sistema Construtivo ....................................................................................... 42

2.1.2 - Estrutura Decorativa ...................................................................................... 44

2.1.3 - Policromia ..................................................................................................... 46

2.2- Condições de Conservação ................................................................... 50

2.3 - Mapas de danos ..................................................................................... 56

2.4 - Ambiente e Conservação ...................................................................... 63

2.4.1- Monitoramento das Condições Ambientais da Sala .................................... 66

2.4.2 - Temperatura e Umidade Relativa .................................................................. 66

2.4.3 - Luz .................................................................................................................. 71

2.5 Considerações Finais: um Novo Lugar para o Altar de Santa Luzia. .. 76

CONCLUSÃO. ............................................................................................................ 79

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 82

REFERENCIAS ELETRÔNICAS ................................................................................ 84

ANEXOS .................................................................................................................... 87

Anexo 1: Convites para missa de santa Luzia ........................................................ 88

Anexo 2: Ficha Altar de Santa Luzia........................................................................ 89

Anexo 3 : Exemplo de um recibo de ecomenda de uma escultura ....................... 90

Anexo 4: Carta de doação ........................................................................................ 91

Anexo 5 : Planta baixa do museu ............................................................................ 92

Anexo 6:Projeto caixa econômica federal .............................................................. 93

ANEXO 7: Projeto Arte sacra ................................................................................... 94

13

Anexo 8: RESTAURAÇÃO DO ACERVO SACRO DO MUSEU DA BARONESA, PELOTAS, RS: Proposta do local para museu Sacro ........................................... 95

Anexo 9: PAC – cidade Histórica ............................................................................. 97

Anexo 10 : Museu da cidade .................................................................................. 100

Anexo 11: As cartas de Miguel Souza Soares ao pai o Visconde de Souza Soares. ................................................................................................................................. 101

14

15

Introdução

O presente trabalho de conclusão de curso possui como objeto de

estudo o altar de Santa Luzia atualmente exposto no Museu Municipal Parque

da Baronesa, Pelotas/RS. O altar faz parte do conjunto de peças do acervo

sacro do Museu da Baronesa contemplados em um projeto de restauração

aprovado pela Lei Rouanet em 2011. No conjunto de peças incluem-se: uma

carruagem fúnebre preta, uma carruagem fúnebre branca, o referido altar de

madeira policromada, 32 esculturas sacras, um genuflexório, uma bíblia, um

quadro de madeira, 12 missais, seis tocheiros, dois cálices em madeira, duas

placas em alto relevo em cerâmica.

O Altar de Santa Luzia pertenceu à capela que ficava localizada no

antigo Parque Pelotense, também conhecido como Parque Souza Soares, e

servia para o culto da família. Era constituído em sua forma original por três

nichos para sua imaginária, no centro Jesus Cristo crucificado, à esquerda

Santa Luzia e à direita São Bento. As três imagens vieram de Portugal e foram

esculpidas por Fernando Caldas e pintadas por Albino Barbosa.

Atualmente o altar encontra-se dividido em duas partes: no lado direito

da sala (passadiço) do museu está o balcão com o sacrário e as imagens, do

outro lado, está à estrutura retabular com seus três nichos que originalmente

abrigavam as esculturas, hoje somente o cristo crucificado esta num desses

recantos. As duas partes encontram-se uma de frente para a outra, pois esta

sala do museu não possui um espaço com largura nem altura suficiente para

que as peças sejam montadas sobrepostas, como deve ser. A além dessa

estrutura dividida que não remete à forma original, são observados no altar a

falta do painel que fechava a parte de trás do retábulo, peça fundamental para

ligação das partes superior e inferior. Outras partes como as duas colunas que

também serviam para ligação e ornamentação também estão faltando.

A criação do curso de Bacharelado em Conservação e Restauro da

Universidade Federal de Pelotas possibilitou uma parceria com o Museu da

Baronesa, abrindo um campo para estágios e práticas das técnicas de

16

conservação e restauro no acervo da instituição. Através de projetos de

extensão os acadêmicos têm participado das atividades e estágios.

Devido ao alto custo do serviço de restauração, o projeto de restauro do

acervo sacro foi direcionado às leis de incentivo a cultura do governo federal.

Outros objetos do acervo já se beneficiaram da Lei Rouanet: os leques da

coleção Adail Bento Costa, peças do mobiliário dourado e pinturas de cavalete.

O projeto de restauração do acervo sacro, aprovado pela lei Rouanet,

abrange peças de diferentes tipologias, tornando importante a pesquisa das

especificidades de cada objeto, a análise do estado de conservação, assim

como, levantamento detalhado das manifestações patológicas. Estas ações

são de extrema importância para um diagnóstico objetivo, sendo ações

primordiais para execução de um projeto de restauro.

A partir dessas considerações apresenta-se aqui o trabalho de

conclusão de curso, que tem, como objeto, o altar de Santa Luzia já

mencionado. A pesquisa veio da motivação da vivência do estágio obrigatório

curricular no Museu Parque da Baronesa. Quando a autora constatou a

fragilidade do estado de conservação do altar devido às condições em que está

exposto.

A conservação de objetos deve ser contemplada desde o momento em

que os objetos são adquiridos pelos museus.

As marcas da passagem do tempo, as condições climáticas tais como

umidade relativa, temperatura e a ação do homem, o conjunto desses fatores

trouxeram variados danos ao altar, podendo ser citadas as fissuras,

rachaduras, perda de policromia e perda de partes estruturais inteiras. Foram

realizadas missas, tanto na parte interna do museu no salão de festas, quanto

na parte externa do Parque da Baronesa, no jardim. Tais eventos podem ter

contribuído, em parte, com alguns danos que se percebe na peça, pois para

realização dessas atividades o altar era retirado da sala de exposição e

transportado, para utilização em locais distintos.

Segundo a diretora do museu, Annelise Montone, a carga simbólica do

conjunto retabular e suas três imagens, é grande, pois muitos visitantes pedem

17

para tocar, fazer e pagar promessas diante dele, trazem flores para enfeitar o

altar.

O valor religioso e simbólico deste bem muitas vezes esbarra na

conservação, sendo necessário buscar alternativas de conservação para que o

bem possa ser usufruído pela comunidade, pois como afirma Brandley (1994

p.19) “que uma vez levado a um museu, o objeto torna-se parte do acervo no

qual será usado e submetido a outras demandas que não as de conservação”.

O primeiro capítulo apresenta a historicidade do objeto no antigo Parque

Souza Soares e no museu da Baronesa e seu espaço expográfico. Nesse

capítulo também será abordada a imaginária sacra desse acervo.

No segundo capítulo são tratadas as questões relacionadas à parte

construtiva e decorativa, os conceitos de ambiente e conservação entre eles

questões climáticas como luz temperatura e umidade relativa. Estes fatores e

sua reflexão serão analisados por meio de mapeamento de danos e

monitoramento ambiental.

Buscou-se, ao encerrar este Trabalho de Conclusão de Curso,

responder o seguinte questionamento: a partir do estado de conservação, do

valor simbólico atribuído ao objeto, do local e as condições a que ele esta

exposto quais seriam as alternativas de conservação deste bem visando a sua

preservação e a fruição com o observador?

Com a conclusão deste trabalho, percebe-se que as condições

museográficas não são favoráveis à peça contribuindo para o surgimento de

danos. O espaço adequado para o altar deve contemplar as necessidades de

conservação, de fruição da obra e do conforto do espectador. Segundo

Uzeda, (2010): é preciso considerar que o posicionamento da obra interfere na

sua comunicação com o espectador, podendo acentuar ou depreciar seus

valores estéticos ou narrativos. Isso ocorre devido ao fato de que o espectador

divide com o objeto suas sensações e experiências, portanto o lugar adequado

a uma determinada obra deve propiciar esta vivência.

18

CAPITULO 1: CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE O ALTAR DE SANTA LUZIA.

1.1 O Parque Souza Soares.

Jose Álvares de Souza Soares, nasceu em 24 de fevereiro de 1846, na cidade de Vairão - Vila do Conde, Jose Álvares de Souza Soares (fig.1), filho de pai médico e mãe farmacêutica. Seguindo a tradição familiar também se tornou farmacêutico, mas devido à morte de seus pais, e com poucos recursos, decide morar no Brasil onde vivia seu irmão.

Figura 1: Jose Álvares de Souza Soares.

Fonte:Leonor Souza Soares(s/d)

19

Fixou-se em Pelotas em 1874, onde se dedicou aos estudos de botânica

e química. Já em Pelotas começou a utilizar uma planta chamada “Cambará”

no fabrico de um medicamento por ele inventado e registrado sob o nome de

“Peitoral de Cambará”, tendo êxito e fazendo fortuna em pouco tempo.

Conforme relato de Leonor Almeida de Souza Soares e Carmen Souza

Soares Reis “em 1881, Jose Álvares adquiriu uma área de 600.000 metros² no

bairro Fragata, e passou dois anos convertendo aquelas terras em um oásis

de vegetação, constituindo uma expressiva área verde para cidade. Incentivou

o cultivo de plantas e flores, algumas vindas da Europa, construindo estufas e

jardins ornamentais”.

Em 02 de fevereiro de 1883, ele inaugura o Parque Pelotense, local

fundado para abrigar sua família e o seu novo estabelecimento Industrial

Farmacêutico Souza Soares, tratava-se de uma expansão de seu Laboratório

Homeopático Rio-grandense, fundado em 01 de julho de 1874, uma das

primeiras farmácias da cidade de Pelotas. Ainda segundo Leonor e Carmem:

Os bosques, jardins e avenidas arborizadas do parque

Souza Soares logo se tornaram ponto de atração para a

população de Pelotas e arredores, que passavam suas

horas de lazer nos recantos da propriedade sendo por

isso considerada como “o primeiro centro turístico em

nosso estado”. Praças, jardins, lagos, cascatas, uma ilha,

caramanchões, coretos, um ringue de patinação, locais

para jogos, aparelhos de ginástica, garantiam um

ambiente saudável para os residentes e visitantes.

No parque estavam sediadas varias edificações: fábrica laboratório,

residências da família, moradias dos empregados, restaurantes além de uma

escola popular, criada em 1883 que atendia não só as famílias de seus

funcionários como também os vizinhos, e a capela de santa Luzia que será

explorada ao longo desse trabalho.

20

1.2- A capela de Santa Luzia.

A família Souza Soares, tinha São Bento como santo de devoção em

anexo o brasão da família onde nele mostra as armas beneditinas. Acometido

de problema de visão com o qual ficou temporariamente sem enxergar, Souza

Soares faz uma promessa à Santa Luzia. Que conforme sua hagiografia é a

protetora dos olhos1. Quando estivesse recuperado ergueria uma capela em

sua homenagem. Em 1901 José Alves de Souza Soares volta para Portugal,

em 1904 D. Carlos concede o titulo de Visconde de Souza Soares Vindo a

falecer em 1911.

Durante a pesquisa para o trabalho foi de muita ajuda o contato com a

família Sousa Soares, pois, através do bisneto do Visconde de Souza Soares o

Sr. Francisco Gama, teve-se acesso às cartas, fotografadas e usadas nesta

monografia.

Ao todo, teve-se acesso à 16 cartas. Elas mostram como era a

comunicação dos filhos que ficaram tomando conta do parque com o pai que já

estava em Portugal. No trabalho foram usadas apenas três dessas, devido a

relevância. Elas contam como a capela estava sendo construída e a chegada

das imagens dos santos, vindos de Portugal. As cartas foram escritas por

Miguel, filho do Visconde, e datam de 1903. Serão transcritas apenas os

trechos de três cartas, escolhidas pela relevância do assunto. Que nomeie por

carta 1,2 e 3 ,

Figura: 2: carta 1

1 Hagiografia: Trata de textos não necessariamente históricos, como a descrição dos martírios, lendas,

tradições, vida religiosa e revelações, a devoção, com especial atenção nos milagres e processo canônico de beatificação e/ou santificação.

21

Foto cedida Francisco Gama (2012).

Transcrição do trecho da carta 1 :

Parque, 5 outubro 1903

Sanctos2(sic)- estão na alfândega e qdo foram abertos os

volumes, irá uma pessoa assistir a esse acto(sic).

Figura 3:carta 2

Foto cedida Francisco Gama (2012).

Transcrição de trechos da carta 2:

2 Mantida a grafia na transcrição das cartas.

22

“Parque 28 outubro 1903

[...] Imagem- Chegaram as que remetteu(sic). pena é que

os caixões fossem tão fracos(especialmente o do

crucificado) o que accasionou(sic) a ruptura da

encarnação dos braços desta ultima, entretanto, fica

invisível esta defeito. O Leopoldo deu todos os passos

para seu despacho teem(sic) como assistir ao acto(sic) da

abertura na alfândega. São bonitos tem sido muito

apreciado. Não são já para logo, pois,como sabe, o

stuque(sic) da capella(sic) veio abaixo. Somente, depois

da reforma, é que poderão se [colocados ou colorados]

Este edifício ficam sempre úmido, chegando a água que

escorridas paredes e lava parte da pintura.

[...]13 dezembro neste dia, comemorado a Sta Luzia,

deverão funcionar as nossas oficinas? Quando houver

festa, torna-se impossível a abertura do recinto de

trabalho. Porem neste ano que supponho (sic) não haverá

festividade, o que se deve fazer? Digo isto, porque ainda

não ouvi falar de alfaias, lâmpadas

(sic),castiçais,santíssimo e outros custos as paramentas

que não estão nas posses de uma irmandade que recém

se funda.”

Figura 4: carta 3

23

Foto :cedida Francisco Gama (2012).

Transcrição de trecho da carta 3 :

“Imagens- recebi os retratos das que possue a (quau)(sic)

me agradaram.Entretanto,notei um defeito na mão

esquerda de S.Bento, a qual deveria apertar o báculo. De

maneira que esta uma pessoa não resistiria a mais de dez

minutos nessa posição.”

A capela foi inaugurada em 13 de dezembro de 1903. A figura 5 mostra

a frente da capela. A figura 6 mostra um detalhe do interior, com paredes

revestidas em estuque lustrado3 e do altar de Santa Luzia.

3

Popularmente conhecidos como escaiolas ou escariolas,

24

Figura 5: frente da capela de santa Luzia.

Fonte: Carmem Reis. (s/d)

25

Figura 6: interior da capela de santa Luzia. Foto cedida por Carmem Reis

Fonte Carmem Reis.(s/d)

26

1.3 - A imaginária Sacra: destino e função.

O culto a imaginária vem antes do cristianismo, desde a pré-história o

homem cultua imagens. Mas, tendo como foco a imaginária sacra pode-se citar

o culto dos primeiros cristãos em catacumbas. Segundo Tedim (2003)as

imagens sacras faziam parte de um contexto histórico-didático, onde estas

eram apresentadas aos devotos como sendo a base para o ideal da fé cristã.

Essas representações podem ser divididas em:

Imagens retabulares: as esculturas feitas para retábulo têm como

característica sua expressão dramática, o apelo visual que junto com a

iluminação e a fé fazem uma atmosfera mais cenográfica se adequando

ao conjunto retabular.

As imagens processionais: são imagens feitas para acompanhar

procissões, possuem uma expressão mais realista. Um exemplo são as

imagens de roca cujo corpo, vestido com roupas de tecido, é reduzido a

uma armação de ripas, recurso que reduz os custos de confecção da

imagem e diminui seu peso, facilitando o transporte nas procissões.

Imagens narrativas: são os conjuntos escultóricos, os populares

“presépios”.

Imagens de oratório: foram fundamentais na vida quotidiana das

populações da época colonial, já que a relação íntima e familiar com os

Santos sempre constituiu traço marcante no catolicismo luso-brasileiro.

Conforme Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira na apostila digital

disponibilizada no curso ministrado na UFRGS, sobre as Diretrizes para o

Estudo da escultura Religiosa do Período Colonial:

O vasto acervo de esculturas religiosas da época colonial conservado em nossas igrejas, museus e coleções particulares, apesar de constituir um dos aspectos mais originais e significativos do patrimônio cultural brasileiro, é paradoxalmente um dos menos conhecidos e estudados.

27

1.4 - As Esculturas do Altar de Santa Luzia.

As imagens do Cristo na Cruz, S. Bento e Santa Luzia - haviam sido

esculpida pelo artista português Fernando Caldas, em seu atelier de Vila Nova

de Gaia e encarnadas pelo artesão Albino Barbosa. A imagem de Santa Luzia

foi doada pela Baronesa do Arroio Grande, D. Felisbina Antunes Maciel.

Conforme Botelho (2010 p.51, 56).

[...] as imagens da capela pecas são de santeiro da região do Porto, quase todos de algum modo filiados na chamada “Escola de Escultura” de Gaia da qual subsistem numerosas pecas no Brasil, sobretudo datadas da segunda metade do século XIX e do quartel do século XX e trazidas para o Brasil. [...] a outras peças de arte sacra existente em Pelotas, importadas de Portugal em finais do século XIX, nomeadamente as que foram adquiridas para capela da Beneficência portuguesa.

As imagens que compõe o altar estão no conjunto de imagens

retabulares. O Cristo crucificado ocupa o centro do altar de Santa Luzia,lugar

justificado através da doutrina cristã que tem neste o centro de sua fé. No nicho

à esquerda esta Santa Luzia, no nicho à direita esta São Bento. Isso pode ser

observado através da visualização da fig.6. A escolha dos santos está ligada

com a história da família, a padroeira da capela foi escolhida através da

promessa feita por José Álvares (o Visconde de Souza Soares), já a escolha de

São Bento se dá pelo fato de ser o santo de devoção da família.

28

1.4.1 - Santa Luzia.

Segundo este autor, Cunha (1993) a devoção a essa santa remonta o

século IV ou V. Conta que Luzia foi presa, ameaçada de morte por defender a

castidade. Em resposta corajosa ao seu algoz ela arrancou seus próprios

olhos. Tendo como iconografia trajes nobres, traz a palma do martírio numa

das mãos e na outra uma bandeja onde estão dois olhos.

Figura 6 imagem de santa Luzia no altar dentro da capela

Foto: acervo Museu Baronesa(s/d)

Figura 7: imagem de Santa Luzia hoje no museu.

Foto: Fabiane Moraes(2012)

29

1.4.2 São Bento.

São Bento nasceu em Núrcia, na Itália, viveu como eremita nas

montanhas do Subiaco 64 quilômetros de Roma. Conforme Cunha(1993,p...),

no monte Cassino, construiu o mosteiro da ordem beneditina. A regra da ordem

instituiu o voto de estabilidade através do qual o monge se fixava a sua abadia,

dedicando-se ao trabalho, ao ofício divino e à contemplação.

Sua iconografia veste cógula4 negra, numa das mãos traz o báculo5

abacial e, na outra um livro. São atributos uma peneira quebrada e um corvo,

trazendo no bico um pão envenenado.

Figura8: imagem de São Bento na época da capela no Parque Souza Soares, ainda com o pássaro.

Fonte: Museu Baronesa(s/d)

Figura 9: imagem de São Bento no museu

já sem o pássaro.

Fonte: Autora (2012)

4 Túnica larga, geralmente com capuz, usado. por monges de certas ordens monásticas.(Gomes de

Cháves,1991.p.139) 5Bastão com extremidade superior arqueada, usada pelos bispos;bastão usado por chefes de tropas no

Oriente médio,na antiguidade; cajado dos pastores de ovelhas daquela região.(Gomes de Cháves,1991.p.139)

30

Segundo Botelho (2009, p.55):

“é santo beneditino, com o seu habito negro, báculo e mitra nos pés. É possível que seja o próprio São Bento, segurando a regra, embora fosse mais habitual retratar o fundador desta ordem religiosa como um ancião”.

Com auxilio das fig. 09 e 10 pode ser notada a falta do pássaro que se

encontra a direita na parte inferior da primeira imagem.

Dissociado da peça o corvo que antes se pensava ser uma gralha azul,

esteve por muito tempo guardado numa estante na reserva técnica do museu

junto de objetos sem identificação assim como ele, onde por muitas vezes se

questionou, o motivo de ter uma escultura de um pássaro. Durante uma

pesquisa documental, as museólogos do museu me entregaram uma pasta

denominada capela da Santa Luzia. Ao abrir a pasta estava entre outras

coisas uma impressão em tom de sépia de fotos dos santos do altar fig.10.

Ao analisar a foto percebo que a imagem de São Bento esta completa

nessa foto, ficando mais surpresa ainda de que o pássaro que se encontrava

na estante de achados e perdidos era o objeto faltante da escultura.

Figura 10:material encontrado na pasta

Fonte:Museu da Baronesa.(2012)

31

Conforme Spinelli e Pedersolli (2010p.29).

A dissociação refere-se à tendência natural, com o passar do tempo, de desorganização de sistemas. Ela envolve a perda de objetos da coleção (dentro da própria instituição), a perda de dados e informações referentes aos objetos da coleção, e a perda da capacidade de recuperar ou associar objetos e informações.

Figura 11 encaixe para o pássaro.

Fonte: Giovana Marcon(2012).

32

Figura 12:colocação do pássaro no lugar

.

Fonte:Giovana Marcon(2012).

Figura 13:peça encaixada na base

Fonte: Giovana Marcon(2012).

O pássaro recebeu o mesmo número de tombo da imagem de

São Bento, com acréscimo de mais um numeral configurando um

desdobramento6, mesmo tendo sido encontrado, este ainda hoje não se

encontra junto a imagem devido a peça estar solta podendo ser roubada

facilmente. Conforme Tremain do Canadian Conservation Institute

(2009).

Idealmente todos os objetos que forma parte de uma exposição

devem ter um nível maior de proteção, [...]outros objetos podem por

exemplo um ícone religioso ou qualquer outra peça que tenha algum

outro valor sem um atrativo, para demonstrar apenas que pode ser

roubado por puro vandalismo

.

6 Seria uma parte que é separada da peça, mas, que compõe o mesmo objeto.

33

1.4.3- Jesus Cristo Crucificado

É na morte de Jesus Cristo na cruz que a doutrina Cristã se firma, Essa

imagem se fortaleceu ao longo dos anos através da bíblia. O cristianismo

adotou a cruz como símbolo máximo representando a redenção, o sofrimento e

a ressurreição. É a imagem mais representativa na arte ocidental em todas as

épocas da historia da arte e da religiosidade. Conforme Duarte (1996, p.24)

No início da idade média, seguiam-se as tradições romanas onde o cristo era rígido, pesado. Esta representação possuía fisionomia bem marcada e estilizada, braços horizontais, figura longilínea e retilínea. [...] no período renascentista a figura do cristo é representada dentro do ideal antropocêntrico, procurando a verdade das formas humanas. [...] são triunfantes, serenos, divinos. [...] o maneirismo e barroco terão as representações mais movimentadas, refletido as tensões e o dualismo da época. A expressividade é mais emocional, exagerada, deformada, teatral.

Figura 14: escultura representando Jesus crucificado na capela

Fonte: cedida por Leonor Souza Soares

Figura 15: escultura representando Jesus Cristo Crucificado exposta no museu Parque da

Baronesa.

Fonte: Fabiane Moraes

34

1.5 - O Fim do Parque Souza Soares.

O parque Souza Soares sofreu grande declínio depois que seu fundador

transferiu residência para Portugal em 1901 acompanhado de sua segunda

esposa e de sete filhos menores deixando seus dois filhos mais velhos a frente

do empreendimento comercial.

O título de Visconde de Souza Soares foi lhe concedido pelo rei D.

Carlos I de Portugal no ano de 1904, o visconde faleceu em 1901, seu filho

Leopoldo Álvares de Souza Soares que ficou a frente da parte comercial e seu

filho Dr. Miguel de Sousa Soares químico farmacêutico responsável pela parte

de fabricação dos medicamentos lutaram com grande dificuldade decorrente da

situação do país após a Primeira Guerra Mundial, tendo ao mesmo tempo que

arcar com grande parte do sustento da nova família do pai em Portugal.

Logo, os filhos ficariam ainda mais onerados com todos os encargos do

negócio, chegando com dificuldade a década de 1950 quando houve a falência

da firma, na década de 1970 a propriedade foi partilhada entre os herdeiros, a

maioria dos quais vendeu seus lotes ao mesmo comprador que não manteve

nada do que restava da mesma. Procedeu a um loteamento de casa populares,

hoje denominado, Alameda Souza Soares, havendo ruas com nome dos seus

descendentes.

É desconhecida a maneira que o altar chegou ao museu, pois, em

documentos de 1983 este já constava como acervo, mas apenas em 1995

quando Luciana Renck Reis assume como diretora do museu da Baronesa é

regularizada a situação do altar no museu, hoje esta no passadiço7

7Passagem, corredor de comunicação.

35

Figura 16: a capela após o fechamento do parque.

Foto Leonor Souza Soares.

36

1.6 - Histórico do altar de Santa Luzia no Museu Municipal Parque da

Baronesa

1.6.1- O Museu

A criação do museu se deu quando os descendentes dos barões de Três

Serros (família Antunes Maciel) doaram à prefeitura 10 hectares de terreno

com construções. Através de um convênio com a prefeitura o prédio passou

por quatro anos de reforma, que foi orientada pelo artista plástico e restaurador

pelotense Adail Bento costa.

Figura 17: museu parque da Baronesa;

Foto M.Madail(2011)

Em 25 de abril de 1982 é inaugurado o Museu Municipal Parque da

Baronesa, possuindo em seu acervo peças das coleções da família Antunes

Maciel, de Adail Bento Costa, uma coleção da Sra. Antonia Sampaio e os

demais objetos são provenientes de coleções doadas pela comunidade em

geral. Estas peças representam um pouco dos costumes, da maneira de viver,

das famílias abastadas do século XIX. Tombado pelo patrimônio histórico do

município em 04 de julho de 1985. O museu da baronesa tem um recorte

temporal no final do século XIX (1860-1900) e inicio do século XX (até a

década de 30) época marcante no passado da cidade. Pelotas.

37

No Museu da Baronesa há diferentes tipos de objetos: móveis,

vestimentas, acessórios de vestuário, objetos de uso cotidiano, de decoração.

Possuindo peças do mobiliário pertencente. No conjunto de peças sacras

incluem-se: uma carruagem fúnebre preta, uma carruagem fúnebre branca, o

referido altar de madeira policromada, 32 esculturas sacras, um genuflexo, uma

bíblia, um quadro de madeira, 12 missais, seis toucheiros, dois cálices em

madeira, duas placas em alto relevo em cerâmica.

1.6.2- Espaço Expográfico.

O espaço expografico8 do museu é composto por quinze salas no andar

térreo, e duas salas no andar superior (fig. 17). Retratar os hábitos e costumes

da elite pelotense do século XIX tem sido sua principal missão. Podendo ser

caracterizado como um museu casa, onde seus espaços foram adaptados,

para receber o publico, onde o museu desenvolve a salvaguarda do acervo e

também a contrapartida pra a sociedade através de ações educativas.

Conforme Ponte (2007):

Ao chegar à casa-museu, o visitante deparar-se-á com o

quotidiano da pessoa que dá nome à instituição, percebendo

determinada maneira de pensar, de agir, inteirar-se-á do seu

ambiente familiar, da sua época, da sua economia, da sua

envolvência social e educativa

8 É a linguagem, a ambientação, como se da a comunicação de uma exposição.

Figura 18:Planta baixa do museu Parque da Baronesa

38

Figura 19 passadiço sala assinalada da planta acima em vermelho.

Fonte: Autora(2012)

Foto Museu da Baronesa (s/d)

39

Figura 20 Sala da namoradeira. Sala assinalada em azul na planta baixa .

Fonte:museu da baronesa(s/d)

Figura 21 : Bourdoir ou Quarto de Vestir. Sala assinalada em verde na planta baixa.

Fonte:M.madail(2011)

40

CAPITULO 2: ASPECTOS DE CONSERVAÇÃO DO ALTAR

Conforme as Normas Gerais de Inventário para Artes Plásticas/Arte

Decorativa, publicada pelo IPM9 existe duas subcategorias de mobiliário: o

mobiliário civil e o mobiliário religioso, essa divisão se dá pela função a que

cada um se destina (SOUSA; BASTOS. 2004,p17-18).

No dicionário do Aurélio10 verificou-se que a palavra altar significa:

Antigamente, mesa para os sacrifícios: ergueu um altar aos deuses. / Mesa

onde é celebrada a missa. / Espécie de mesa destinada aos sacrifícios.

Já a palavra Retabulo é uma construção de madeira ou pedra, em

forma de painel e com lavores, que se coloca na parte posterior dos altares e

que é geralmente decorada com temas da história sagrada ou retratos de

santos.

Segundo Marques (2009 p.65- 70)

[...] na essência construtiva, entende-se por retábulo, uma estrutura ornamental que se eleva na parte posterior do altar e é basicamente conhecida por esse nome. Dada a complexidade natural de algumas peças que compõe sua estrutura, podemos considerar que esta é constituída por um conjunto de componentes interligados, entre eles a trama, que, constitui a armação estrutural, e os ornamentos policromados ricamente entalhados. Os retábulos caracterizam-se por harmoniosa integração na arquitetura religiosa, com função estética e didática e cuja origem da palavra é derivada da língua latina, onde retro significa atrás e a tábula significa mesa ou altar [...] é importante pela sua morfologia, implicações sociais e culturais. É um complexo sistema construtivo e simbólico, ligado ao espaço arquitectónico para o qual foi criado. Entender o retábulo como uma unidade não só composta pelos elementos artísticos, como também e principalmente pela estrutura que o suporta.

A pesquisa sobre os termos foi necessária devido a duvida levantado

durante o trabalho, pois, na ficha tombo do museu assim como na carta de

doação o objeto tem como denominação altar de santa Luzia, sendo tratado

9 Instituto Português de Museus

10 (HTTP://.dicionariodoaurelio.com)

41

durante todo o trabalho com esse termo, mas a partir dessa pesquisa a peça é

de fato um retabulo.

2.1- Identificações do Objeto

Altar em madeira policromada e dourada; possui ornamentos em talha;

estilo hispano mourisco; parte inferior na cor marrom com detalhes em azul e

em dourado; altar com um carneiro em talha; parte central possui espaço

forrado de cetim branco para colocar as imagens de santos. O Altar de Santa

Luzia é identificado no museu sob o numero de tombo “MMPB 0523, MMPB

0523.1 e MMPB 0523.2” Com data de doação 1995. Seu escultor foi Arthur

Quintas, com data aproximadamente 1899 -1901 e medindo: 4,55 x 2,70 x 0,87

m .

Seu estado de conservação: O altar esta em péssimo11 estado de

conservação, esse critério usado na ficha catalográfica do Museu da Baronesa

que utiliza como parâmetro o caderno de diretrizes museológicas (2006, p.56).

O altar apresenta as seguintes patologias: Sujidades generalizadas; abrasões;

craquelês; fissuras; rachaduras; deslocamento dos blocos do suporte de

madeira; perdas de vários ornamentos; perda de suporte; perda da estrutura

que permite o altar fique montado, perda de colunas de sustentação e do fundo

do retábulo; ataque de insetos( xilófagos); oxidação das ferragens; perda de

ferragens e perdas da policromia.

11 Péssimo - a peça apresenta-se em processos graves de degradação, tais como grandes e irreversíveis

perdas de sua matéria original, descaracterizações, partes apodrecidas, alterações provocadas por intervenções anteriores inadequadas, intenso ataque de insetos, proliferação acentuada de microorganismos, manchas e escorrimentos de água, distorções fortes, desprendimento de policromia e outros. Neste estado, o objeto necessita de intervenção mais criteriosa, na qual devem ser utilizadas

técnicas mais sofisticadas, a serem definidas por um profissional especializado em conservação.

42

2.1.1- Sistema Construtivo

O altar de Santa Luzia foi executado pelo artista pelotense Arthur

Quintas12 e pintado por Eugênio de Sousa, segundo Heloisa Assumpção

Nascimento.

Em madeira de cedro, policromado nas cores marrom e azul, possui

ornamentos em talha dourada, com influência neo hispano mourisco medindo

4,55 x 2,70 x 0,87 m. Seu remate superior é decorado com folhas de acanto. A

parte central do altar possui três nichos para sua imaginária como mostra a

figura 7, no centro Jesus Cristo crucificado, à esquerda Santa Luzia e à direita

São Bento. Na parte inferior fica a mesa e o sacrário. (1989, p. 311). Segundo

Marques (2009,65)

A talha entende-se como o tratamento decorativo da madeira, um tipo de decoração e arte com importância, simbolismo próprio e em certas épocas, uma originalidade total. Define-se pelo ato ou efeito de talhar, cortar, entalhar e ou gravar, esculpir na madeira. Configura-se uma conjuntura de emoção e razão, num ambiente apelativo à razão, alertando o crente, e em simultâneo à emoção, levando os fieis a acreditar no ambiente criado, num estímulo apelativo à meditação e oração.

12 Souza & Quintas – A firma Souza & Quintas foi constituída em Pelotas, em julho de 1911, pela junção

de duas casas já existentes; o depósito de móveis à Rua Andrade Neves, 665, fundado em 1903 por João Kappel Sobrinho, e que em 1906 passou a ser propriedade do Sr. João Tolentino de Souza; e a fábrica de móveis do Sr. Arthur Quintas, à Rua Felix da Cunha, 672 e 674, que foi fundada em 1893. Agora, a fábrica ocupa 45 operários. Um locomóvel de 14 hp aciona as fábricas para a fabricação de móveis e carpintaria. A fábrica é dirigida pelo reputado e competente profissional sr. Arthur Quintas. Informação disponível em http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300g41g.htm

Figura 22: parte de trás do altar

Fonte: Autora(2012).

Figura23:limpeza do altar com pincel e aspirador de pó

Fonte: Giovana Marcom(2012).

43

Figura 24: encaixe fêmea lado esquerdo

Fonte: Autora(2012)

Figura 25: encaixe fêmea, lado direito do altar

Fonte: autora(2012)

.

Figura 26:parte de trás do altar sem o fundo

Fonte:Autora(2013)

O Prof. Dr. Darci Gatto do curso de Engenharia Industrial Madeireira da

UFPel, em uma análise organoléptica, feita durante sua visita ao museu,

ocorrida em 2012, este identificou a madeira como sendo cedro por apresentar

44

características como: cor castanha avermelhada, textura grossa, superfície

lustrosa e cheiro característico.

2.1.2 - Estrutura Decorativa

Para realização deste trabalho foram feitas análises nos documentos

existentes no museu referentes ao altar, observou-se que o mesmo na época

da sua doação era descrito como Neoclássico. Esta descrição encontra-se na

carta de doação13 (1995): “altar de estilo neoclássico em madeira com detalhes

em azulão e folhas, filetes e capitéis dourados [...] arcos góticos filetados em

dourado [...]”,carta em anexo pag.85.

Já na obra “Um pouco sobre Leda” de 2004, organizada por Leonor

Souza Soares, ele é descrito como “gótico”. Durante o Projeto da Caixa

Econômica Federal, 2006-2007, onde foram reorganizadas todas as

documentações do acervo e a partir deste momento o altar passa a ser

descrito nas fichas catalográficas14 como hispano mourisco, essa informação

foi modificada tendo como base o trabalho de Lana Bender Souza Soares

(1995, p. 133). Segundo Arnaldo Puig (1989, p.54) o estilo mulçumano ou

mourisco tem como característica.

[...] o emprego do arco de ferradura, de influência visigótica, e arco sobrepostos, de influência romana, para além de arcos de três e de cinco lóbulos. Em combinação e sobreposição cruzadas muito originais. [...] os capitéis são de estilo romano decadente, ou então com ligeiro desbaste, muito lavrados com motivos florais estilizados.

Figura 27: arco trilobulado no nicho central do altar de Santa Luzia

Fonte: Autora(2012)

13Documento no qual os descendentes do visconde de Sousa Soares doam o altar de Santa Luzia ao Município de Pelotas tendo como seu representante o Museu da Baronesa. 14 As fichas catalograficas foram feitas em virtude de o museu ter sido contemplado com um edital da “Caixa Federal” o projeto abrangia a criação da reserva técnica do museu e também na organização de toda documentação.

45

Figura 28arco em ferradura

Figura 29: capitel estilizado com folhas de acanto, onde se apoiava a coluna que ligava a parte de baixo do altar.

Fonte:M.Madail(2012)

46

Figura 30: destaque para o ícone do cordeiro de deus.

Na fig. 29 assinalado com um quadrado podemos observar a presença

de um ícone cristão que é o cordeiro de Deus, simboliza Cristo, que se

sacrificou em favor de todo o rebanho. Traz a bandeira como sinal da vitoria de

Jesus sobre a Morte.

2.1.3 - Policromia

A camada de policromia serve como acabamento a pinturas, esculturas,

etc, o aspecto visual de uma obra é obtido peal adição dessa camada e esta

pode ser com tinta, verniz, folhamento a ouro ou prata, sendo nesse ultimo

caso com bolo armênio que serve de base de preparação. No caso do altar há

somente uma camada de gesso sob a madeira.

Na parte marrom o altar recebe um acabamento de proteção

transparente, que pode ser verniz, cera ou laca. Os detalhes esculpidos e

frisos são pintados em azul escuro e dourados. A aplicação dessa pintura se dá

diretamente sobre a madeira, no caso do pigmento azul não pode se verificar

47

se a presença de base de preparação, essa falte se justifica pelo fato de que

retirar uma amostra do pigmento azul com suporte, causaria dano à peça.

Já o pigmento dourado foi analisado de forma estratigráfico e através do

uso de laminas para microscópio. As amostras estratigráficas são usadas para

que possam ser observadas as camadas de policromia e foi observado que a

presença de uma base fina branca podendo ser gesso.

Figura 31: foto feita com laminas.

Fonte:keli Scolari(2013)

48

Figura 32: foto feita no microscópio óptico 4x, mostrando a estrutura da policromia

Fonte: Autora

Figura 33: foto feita no microscópio óptico 10 x, mostrando a estrutura da policromia

Fonte: Keli Scolari

Para analisarmos a policromia, primeiro deve se retirar amostra do

objeto, fazendo um registro fotográfico de onde foi retirado, esse tipo de exame

é considerado pontual e de amostragem não destrutiva. As amostras coletadas

são preparadas com o uso de resina cristal que dá transparência as amostras,

elas são feitas com uma forma que serve para o molde. Segundo

FIGUEIREDO JUNIOR (2012,pag173):

[...] as amostras foram feitas a partir de um corte estratigráficos: que consiste em remover por amostragem, um fragmento da obra imobilizada em meio solido (resina acrílica,cortiça ..) . O suporte, a camada de encolagem, base de preparação e a camada de cor, podem ser vistas com auxilio de microscópio.

O que pode se observar com as fig.32 e 33 é que no altar de Santa

Luzia a policromia foi aplicada diretamente na madeira não possuindo base de

preparação.

49

Figura 34: a foto mostra o lugar de onde foi coletada a amostra de pigmento.

Fonte: Autora (20012)

Figura 35: o pigmento azul sem base de preparação

Figura 36: suporte e uma camada de verniz

Figura 37: pigmento branco sem base de preparação

50

2.2- Condições de Conservação

Esta parte do trabalho visa apresentar o detalhamento do estado de

conservação do altar. O estado de conservação do altar apresenta muitas

perdas decorrentes da passagem do tempo, da ação do homem e da variação

climática.

Esse conjunto de fatores trouxe vários danos à peça. No altar, é possível

verificar: sujidades generalizadas, abrasões, craquelês, perdas na policromia,

fissuras e rachaduras no suporte; deslocamento e perda de alguns suportes de

madeira; perdas de vários ornamentos; perda da estrutura que permite que o

altar fique montado (tampo que fecha o retabulo e o liga a mesa do altar; perda

de colunas de sustentação do fundo do retábulo (que reproduzia o céu azul

com nuvens brancas); possui vestígios de ataque de insetos (xilófagos);

oxidação das ferragens; perda de ferragens .

Durante a criação do museu o altar se encontrava em uma sala onde

hoje é a reserva técnica, o altar estava desmontado antes de ir para sala de

exposição.

Figura 38:acervo guardado ,na reforma do solar antes de ser museu.

Acervo museu da baronesa (s/d)

51

Após sua doação pela família em 1995 o altar saia de exposição e ia

para outros ambientes do museu e até mesmo fora dele para que fossem feitas

missas campais em homenagem ao dia de santa Luzia, comemorado no dia 13

de dezembro.

Figura 39: mostra uma das missas em homenagem a Santa Luzia no Salão Dona Sinhá.

Fonte: Leonor Souza Soares.

52

Conforme a carta de doação em anexo, quando se refere ao estado de

conservação “[...] a madeira está com arranhão e manchas, [...] e já mostrava

como sugestão o restauro na pintura.

Não há registro no museu de como algumas peças se desprenderam do

altar. Em reserva técnica, acondicionados em estantes metálicas esta a porta

do sacrário e a cruz e já mencionado no capitulo um, o pássaro (corvo) da

imagem de São Bento. A cercadura que adornava a parte de cima do retabulo

dando acabamento não existente assim como o fundo do retabulo.

A Sala de exposição de santa Luzia tem como medida 4,38 cm X 2,47cm

com pé direito de 3,10 cm. O altar possui 4,55 x 2,70 x 0,87 m. Como a altura

do altar montado é maior que a altura do pé direito da sala em que está

exposto, ele encontra-se desmontado. O balcão inferior está disposta em uma

as laterais do passadiço eq o retábulo, está na outra lateral, disposto de frente

para o balcão. Tal exposição não é adequada à fruição da obra, tampouco à

Figura 40: mostra missa campal no Parque Souza Soares

Foto cedida Leonor Souza Soares(s/d)

53

sua conservação. Segundo as Normas de Quito de 1967 - Reunião sobre

Conservação e Utilização de Monumentos e Lugares de Interesse Histórico e

Artístico em Nov/dez de 1967:

[...] a ideia do espaço é inseparável do conceito do monumento. [...] torna-se imprescindível estender a devida proteção a outros bens e objetos valiosos do patrimônio cultural para evitar a continua deterioração [...] mediante adequada exposição de acordo com a moderna técnica museográfica.

A diretora atual do Museu Parque da Baronesa, Annelise Montone,

informou verbalmente que o aceite desse acervo como doação não previu um

local adequado ao mesmo. A situação apontada reflete a política de aquisição

de acervo implantada pela administração da época (1993-1996).

Figura 41:sala onde esta o altar,onde ao fundo pode se notar a porta que é por onde os visitantes veem a exposição

Foto: Autora(2011).

54

O espaço que foi destinado ao altar de Santa Luzia não é adequado ao

mesmo na fig 37, pode se ter uma noção de como os visitantes observam o

altar. Conforme Uzeda:

Os aspectos que envolvem a comunicação entre a obra e o observador incluem a própria arquitetura dos museus e as quase sempre necessárias adaptações espaciais, além de algum domínio de detalhes técnicos museográficos. Entre estes, a identificação do espaço necessário, segundo os padrões de conforto físico e visual, para que a observação do acervo ocorra de forma satisfatória, sem que o ato de fruição de uma obra prejudique ou venha a ser prejudicado pela observação de outras obras e pelo fluxo do circuito expositivo.

O Altar de Santa Luzia no Museu da Baronesa enconta-se numa sala

pequena, um visitante mais atento se depara com uma visão partida. Para

pessoas menos atentas o altar talvez não promova nenhuma reação. Conforme

Ennes (2003.p1.).

A exposição museológica pode ser observada como principal instância de mediação dos museus e é possível perceber como através dela é elaborada uma narrativa cultural. Tecnicamente é uma composição cujos elementos encontram-se organizados em espaços harmonicamente elaborados para permitir que seja lida uma determinada mensagem, com fins culturais.

O que se pode observar no objeto em relação ao seu espaço

expográfico15 é que o altar não se presta à comunicação, este se encontra

fragmentado na sua estrutura física e, consequentemente, n seus valores

artístico e simbólico. Em nenhum momento o espectador pode vê-lo como uma

unidade, o que pode ser considerado inadequado, pois, conforme afirma Curry

(2005.p.52), a musealização de um objeto deveria valorizá-lo:

O ato de musealizar compreende a seleção de um objeto valorizando-o por meio da retirada de seu circuito original (ou in situ).Conformando-o um padrão de institucionalização. E assim transformando-os em vetor de conhecimento e de comunicação para o público.

15 Cenário da exposição, lugar onde os objetos estão incluídos no contexto do museu

55

De acordo com Ennes.(2008,p17), ao criar-se uma exposição dever-se-

ia conhecer os objetos e interpretá-los, além da sensibilidade e da vivência

artística, deve-se promover emoção, harmonia e a vivência do espaço. Por

esse motivo o espaço é importantíssimo.

56

2.3 - Mapas de danos

Com o uso das fig.44 e 45, podemos comparar a estrutura do altar de

Santa Luzia com o desenho gráfico, esse recurso será usado no mapa de

danos que será apresentado a seguir. Devido a pouca distancia da sala o

mapeamento teve que ser feito com uso de uma fotografia antiga. Conforme

Tinoco (2009,p 4.): o mapa de danos é um documento gráfico-fotográfico que

sintetiza o resultado das investigações sobre alterações estruturais e funcionais

nos matérias,nas técnicas,nos sistemas e nos componentes construtivos.

Figura 42: foto da capela onde mostra o altar montado.

]

Jeferson Salaberry (20130

Figura 43: gráfico do altar

Fonte: Jeferson Salaberry (2013)

57

Figura 44: gráfico da parte superior

Fonte Jeferson Salaberry (2013).

58

Figura 45:gráfico da parte de baixo(balcão)

Fonte: Jeferson Salaberry (2013).

59

As fig.46 e 47 dão uma noção de como o altar esta hoje, devido ao espaço que

há na sala não foi possível fotografar de frente cada peça. Como já foi visto o

fundo do retabulo, não existe, a porta o sacrário assim como a cruz encontra-se

em reserva técnica. Comparando os gráficos pode-se observar perdas

significativas no altar como, por exemplo, a cercadura, o fundo, e a base que

liga a mesa do altera com a parte soperior que deverão ser postas novas

durante o restauro. Sem esta o altar não se sustentaria.

Durante o estudo não foi possível saber como esta era, devido à falta de

espaço para um trabalho pormenorizado e no altar ha apenas encaixes que

remetem a essa falta. Há outros danos na estrutura do altar fissuras, ataque de

xilófagos,craquelês em virtude possivelmente de velas que danificaram a

policromia,arranhões e abrasões decorrente do contado dos santos

diretamente na madeira e perda de suporte.

Figura 46:parte superior do altar de Santa Luzia

Figura 47: parte inferior do altar

Fonte: autora

60

Figura 48:rachadura da madeira

Figura 49: fissuras e rachadura na madeira.

Fonte: Autora(2012)

Figura 50:parte de cima da balcão,onde possivelmente as duas

peças se uniam

Figura 51: perda do de parte do ornato

Fonte : Autora(2012)

61

Figura52:parte faltante,possivelmente era onde se fixava a coluna

Figura 53:perda de parte do ornato.

Fonte: autora(2012).

Figura 54: arranhões e abrasões na camada de verniz.

Figura 55:lacuna devido a perda do suporte.

Fonte: autora(2012.)

62

Figura 56: porta do sacrário e cruz do altar acondicionado em reserva técnica.

Fonte: Autora (2012.)

Figura 57: as imagens mostra o sacrário sem a porta, que se encontra acondicionada em reserva técnica.

Fonte :autora(2012).

63

As colunas também devem ser refeitas caso seja confirmado que são de

sustentação, em caso de substituição a diferenciação das peças seriam na

reintegração pictórica esta poderia ser feita num tom mais baixo usando a

técnica do ilusionismo16, ou em tratteggio17 no mesmo tom da peça. Como não

há referencial físico, o uso da documentação fotográfica pode ajudar como

referencial na restauração. Outra opção que caberia caso essas colunas não

sejam de sustentação é o uso de recursos visuais, como uso de banner

explicativos. Conforme Medeiros (2005): a restauração deve basear-se em

referências contidas na própria obra ou, em alguns casos, em documentação

segura sobre a mesma.

2.4 - Ambiente e Conservação

Durante o trabalho observou se que o altar esta em exposição numa

sala do museu, onde encontra se dividido e seu retabulo diretamente no chão.

Outro fator que podemos acrescentar é de que a sala apresenta uma umidade

ascendente, além de um vazamento que esta cousando abaulamento do

reboco da parede onde o retabulo esta, esse vazamento possivelmente é da

rede hidráulica que encontra na sala ao lado como mostra a foto 48. No

detalhe na (figura 50) pode de notar que a torneira vasa água em pequenas

quantidades, Algumas vezes os visitantes do museu abrem a torneira.

Conforme afirma Granato.(2003,p.7)

A umidade poderá ser controlada se forem eliminados do ambiente todos os fatores de instabilização, mais ou menos permanentes, a saber: infiltrações, umidade ascendente pelo piso, fenômenos de condensação. Além desses fatores chamados internos, existem aqueles relativos ao ambiente externo - portas e janelas indiscriminadamente abertas, fluxo de visitantes excessivo.

16 A TÉCNICA ILUSIONISTA é adequada a menores formatos e tem como objetivo não deixar amostra as alterações sofridas na obra. Esta técnica não é reconhecível a olho nu, mas sim perante aparelhos de radiações especiais (por exemplo ultra violeta). Através da mistura de cores o restaurador procura imitar a pintura adjacente em seus valores cromáticos, de densidade e textura. 17 O TRATTEGGIO, ou tracejado, é um tipo de retoque intermediário entre o ilusionista e a reintegração. É feito com linhas verticais, finas e justapostas, de cores puras e não é perceptível à distância, pois o olho humano faz a mistura. Esta técnica de origem italiana é bem utilizada em grandes painéis e mantém a integridade histórica, permitindo ao observador a identificação do original.

64

Figura 59: as fotos mostram a tubulação e a torneira

Foto: Autora(2012)

Figura 58: foto mostra a torneira onde a um vazamento constante

Foto :Autora(2012)

65

O Museu da Baronesa integra o projeto Federal do PAC cidades

Históricas18, onde nesse projeto o prédio passará por uma reforma na sua

estrutura, esse restauro contempla da fundação ao telhado. Nas fig.48 e 49,

pode-se notar a umidade ascendente na primeira e o reboco estourado, essa

parede é que esta a tubulação hidráulica já mencionada fig.49.

Figura 60: umidade ascendente é possível visualizar presença de manchas na parede

Fonte : Autora(2011)

Figura 61: destacamento do reboco e manchas de umidade na parede

Fonte: Autora(2011)

18

É uma ação intergovernamental articulada com a sociedade para preservar o patrimônio brasileiro, valorizar nossa cultura e promover o desenvolvimento econômico e social com sustentabilidade e qualidade de vida para os cidadãos.

66

2.4.1- Monitoramento das Condições Ambientais da Sala.

Para o monitoramento da sala foram utilizados equipamentos para medir

a temperatura e umidade relativa, o primeiro um o termo higrômetro19 e o

dattaloger20.

2.4.2 - Temperatura e Umidade Relativa

Para se conhecer as condições climáticas da sala de exposição do altar

foram coletados dados horários de umidade relativa e temperatura. A

metodologia de análise envolveu dividi-los pelas estações do ano, onde só

forma possíveis aferições em parte do outono, inverno na sua totalidade e

parte da primavera . Durante a análise pode se observar os picos de

temperatura, umidade relativa e de ponto de orvalho21.

A condensação do vapor dentro de uma instituição de guarda, como um

museus, pode contribuir para a deterioração dos acervos, uma vez que propicia

o crescimento de micro-organismos que podem causar danos. Conforme

Tremain do Canadian Conservation Institute (2009).

Temperaturas demasiado elevadas ou baixas, assim como flutuações de temperatura de amplitudes significativas, podem ocasionar danos a certos materiais do patrimônio cultural. As temperaturas elevadas acarretam danos químicos (acelerando as diferentes reações de degradação), físicos (deformações, ressecamento, fraturas, derretimento, resultantes do aquecimento de materiais) e biológicos (favorecendo o desenvolvimento de microrganismos e o metabolismo de certos tipos de pragas).[...] Flutuações de temperatura podem causar a expansão e contração térmica de certos materiais, o que pode resultar em deformações, fraturas, et

19 É um instrumento de precisão para medição de temperatura e umidade do ambiente. 20 É um equipamento destinado a executar a aquisição e a gravação de dados durante um período de tempo, eliminando a necessidade da presença de um operador durante a coleta. Estes dados são fornecidos por sensores ou equipamentos externos, dos quais desejamos obter um histórico de monitoramento. 21 O ponto de orvalho é definido como a temperatura até a qual o ar (ou gás) deve ser

resfriado para que a condensação de água se inicie, ou seja, para que o ar fique saturado de vapor de água. Na temperatura do ponto de orvalho a quantidade de vapor de água presente no ar é máxima.

67

Figura 62:a foto mostra a condensação do piso da sala da namoradeira, no dia 6

de março de 2012.

Fonte: Autora(2012)

Figura 63: a foto mostra a condensação do piso da sala de janta, no dia 6 de

março de 2012.

Fonte: Autora(2012)

Gráfico 1: monitoramento outono

58,1

85,8

56,5

71,3

86,3

62,3

91,1

65,8 56

90,8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

04/0

3/2

012

04/0

6/2

012

04/0

8/2

012

04/1

1/2

012

04-1

3-2

012

04-1

6-2

012

04-1

8-2

012

04-2

1-2

012

04-2

3-2

012

04-2

6-2

012

04-2

8-2

012

05/0

1/2

012

05/0

3/2

012

05/0

6/2

012

05/0

8/2

012

05/1

1/2

012

05-1

3-2

012

05-1

6-2

012

05-1

8-2

012

05-2

1-2

012

05-2

3-2

012

05-2

6-2

012

05-2

8-2

012

05-3

1-2

012

06/0

2/2

012

06/0

5/2

012

06/0

7/2

012

06/1

0/2

012

06/1

2/2

012

06-1

5-2

012

06-1

7-2

012

06-2

0-2

012

Temperatura UR PO

Gráfico 2: monitoramento inverno

68

Com auxilio dos gráficos e com conhecimento já apresentado da sala

onde o altar esta se pode observar que as flutuações e as condições de

umidade referentes à casa propiciam os fungos, assim como o aparecimento

de fissuras conforme Granato(2003.p,6):

Umidade relativa elevada pode afetar objetos de três formas: pode estimular a atividade biológica, alterar as dimensões físicas e acelerar algumas reações químicas. O crescimento de fungos ocorrerá na maioria dos substratos orgânicos caso a umidade relativa esteja na faixa de 65 a 70%. A temperatura elevada e o ar estagnado também determinam o mesmo efeito. A ação de fungos em vidros pode torná-los opacos. A corrosão de metais aumenta com a elevação da umidade relativa, particularmente se o ar possui substâncias ácidas. Alguns materiais tornam-se frágeis e vernizes fraturam em teores baixos de umidade. Flutuações rápidas de umidade relativa são particularmente ruins para objetos que são compostos de materiais diversos, pois o efeito é variável de acordo com o material, dilatando-se e contraindo-se em taxas diferentes, podendo causar fissuras na peça.

Gráfico 3:monitoramento primavera

79,3 92

61,9

87,7 72

91,3 73,5

88,9

60,1

88,7 92,4

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

100

06

-22-…

06

-24-…

06

-27-…

06

-30-…

0

7/0

3/2

07

/06

/2…

0

7/0

9/2

07

/12

/2…

07

-15-…

07

-17-…

07

-20-…

07

-23-…

07

-26-…

07

-29-…

0

8/0

1/2

08

/04

/2…

0

8/0

7/2

08

/09

/2…

0

8/1

2/2

08

-15-…

08

-18-…

08

-21-…

08

-24-…

08

-27-…

08

-30-…

0

9/0

1/2

09

/04

/2…

0

9/0

7/2

09

/10

/2…

09

-13-…

09

-16-…

09

-19-…

Temperatura UR PO

23,3

80

57,6

82,5 91,2

74,6 85,7

58

89,4

67,6 81,5

67,9

0 20 40 60 80

100

09-2

2-2

012

09-2

3-2

012

09-2

5-2

012

09-2

7-2

012

09-2

9-2

012

09-3

0-2

012

10

/02

/20

12

10

/04

/20

12

10

/06

/20

12

10

/08

/20

12

10

/09

/20

12

10

/11

/20

12

10-1

3-2

012

10-1

5-2

012

10-1

7-2

012

10-1

8-2

012

10-2

0-2

012

10-2

2-2

012

10-2

4-2

012

10-2

6-2

012

10-2

7-2

012

10-2

9-2

012

10-3

1-2

012

11

/02

/20

12

11

/04

/20

12

11

/05

/20

12

11

/07

/20

12

11

/09

/20

12

11

/11

/20

12

11

/12

/20

12

11-1

4-2

012

11-1

6-2

012

11-1

8-2

012

Temperatura UR PO

69

Tabela 4: gráfico do monitoramento da temperatura durante o outono

Tabela 5: gráfico do monitoramento da umidade relativa durante o outono

Tabela 6 : gráfico do monitoramento da temperatura durante o inverno

Tabela 7:gráfico do monitoramento da umidade relativa durante o outono

41,71%

57,82%

0,47% 10 C - 17,9 C

18 C - 24,9C

25 C- 29,9C

30 C -50 C

3,62%

61,12%

35,26%

0%- 29,9%

30%-44,9%

45%-59,9%

60%-79,9%

80%- 100%

67,35

32,65

0ºC - 9,9ºC

10 - 17,9

18 - 24,9

25 - 29,9

30 - 50

34,15%

65,85%

0% - 29,9%

30% - 44,9%

45% - 59,9%

60 - 79,9%

80 - 100%

70

Tabela 8:gráfico do monitoramento de temperatura durante a primavera

Tabela 9:gráfico do monitoramento de umidade relativa durante a primavera

Conforme Granato (2003, p.7): a temperatura em si

é o fator menos nocivo para as coleções, embora esteja

diretamente relacionada à umidade relativa. Se a

temperatura é mais alta taxa das reações químicas e da

atividade biológica aumentara, assim temperaturas mais

baixas são mais adequadas à preservação dos objetos.

Segundo o ele o nível de temperatura recomendado é

entre 180 C a 250C

As flutuações de temperatura e de umidade relativa do ar são danosas

aos materiais higroscópicos, elas reagem às mudanças expandindo e

contraindo. Essas constantes mudanças trazem deterioração e acarretam

danos visíveis a materiais mais sensíveis como o papel. Através dos gráficos

pode-se observar que a flutuação é evidente durante todas as estações em que

houve medições e essas mudanças podem trazer danos ao acervo. O controle

ambiental das salas de exposição pode ser intensificado pela administração do

museu através de ações e equipamentos adequados para esse controle.

Afirma Spinelli, et all (2010,P.29)que:

Umidades relativas elevadas favorecem o desenvolvimento de microrganismos (mofo) em substratos orgânicos, reações químicas de degradação hidrolítica de materiais orgânicos e corrosão de metais, condensação em superfícies, migração de substâncias solúveis em água, deliquescência de sais, etc. Os efeitos incluem enfraquecimento, manchas, desfiguração, etc. Em condições de umidade relativa excessivamente baixa, alguns materiais podem sofrer ressecamento acompanhado de danos irreversíveis. Materiais higroscópicos experimentam movimentos de expansão e contração em resposta a flutuações de umidade relativa. Dependendo da amplitude e duração dessas flutuações e da forma e estrutura dos materiais, danos irreversíveis, como fraturas e deformações permanentes, podem ocorrer.

16,36%

76,03%

7,47% 0,14%

0°C - 9,9°C

10°C - 17,9°C

18°C -24,9°C

25°C - 29,9°C

30°C - 50°C

0,43%

55,55%

44,03%

0%- 29,9%

30%-44,9%

45%-59,9%

60%-79,9%

80%- 100%

71

2.4.3 - Luz

A iluminação da sala é centralizada e se caracteriza como luz de

preenchimento. Diferente de uma iluminação focalizada direta no objeto. O

museu usa lâmpadas incandescentes de 60wats. Na fig 67 a direita recebe luz

pela manhã das janelas que contornam o algibe22. As luzes são ligadas à tarde,

pois nessa parte do dia a luz natural não propicia a visibilidade. Conforme

manual do CPBA: a iluminação deve ser mantida o mais baixo possível

coerente com o conforto dos usuários.

A distância entre a janela do algibe até a porta da sala, denominado

passadiço é de 5,20m propiciando a incidência de luz solar na diagonal, essa

luz que incide na sala alcança a ponta esquerda do altar o eu pode propiciar o

esmaecimento da tinta, para evitar e amenizar o risco de dano o museu usa na

janela uma cortina de sarja que evita a luz intensa do sol. Já a porta do final do

corredor fica uma distância de 5 metros até a porta do altar não influenciando

na iluminação.

Figura 64: luz da janela do algibe que incide pela manhã na sala onde o altar esta exposto.

Fonte:Autora

22

O algibe- reservatório de água pluviais. Vem do árabe “AL-jubb.(segundo dicionário da arquitetura brasileira –pag 30)

72

Figura 65: onde mostra a iluminação ao centro da sala

Fonte: Autora

Para análise dos efeitos da luz sobre o altar foram feitas medições com

o luxímetro, este aparelho que é utilizado para medir a iluminância do

ambiente. Possui um fotômetro, que mede a iluminação de qualquer fonte de

luz. Adotando-se o lux como unidade que corresponde à incidência de um

lúmen por metro quadrado. (DRUMOND 2010,p,113).

Foram realizadas três verificações em condições climáticas distintas: em

dia de sol foram feitas duas medições (manha/tarde) para medir a incidência da

luz do sol que vem das janelas do algibe, em dia nublado em dia chuvoso.

73

Figura 66: medição dos lux com uso do luximetro.

Fonte: Autora

METODOLOGIA DE MEDIÇÃO DO LUXIMENTRO.

1. Planta da casa

2. Medir a parte interna

3. Medir as distancia da janela e da porta

4. Dividir a sala em quadrantes

5. Posicionar o luxímetro nesses espaços para aferição.

6. Fotografar o céu em condições distintas seguindo a ordem:

ensolarado, nublado, chuvoso e fazer essa medição nesses dias

74

para averiguar se a luz que incide das portas e janelas tem

influencia direta no altar.

7. O desenho mostra que a sala foi dividida em quadrantes, usou-se

um banco para medição que tem 45 cm de altura, como mostra a

foto acima.

Figura 67: na planta esta assinalada a divisão em quadrantes para medição do lux

Fonte: museu da Baronesa

Na primeira medição o dia estava ensolarado

Como já foi explicado em dias ensolarados as janelas do algibe

influenciam na iluminação da sala, a medição foi realizada com as cortinas

abertas e com elas fechadas e os resultados são de 113 lux com elas fechadas

e 150 lux com as cortinas abertas. Essa medição ocorreu no dia 30 de março

de 2012 pela manha, com temperatura de 20,4 e com umidade relativa de 50%.

A distância da ponta do retábulo ate a lâmpada é de 60 cm ficou com lux

de 105 na ponta do altar: 105. Conforme Granato, M.(2003,p,4):

Os níveis recomendados de iluminação que não devem ser superados são: 200lux para pinturas, materiais de origem animal e vegetal (incluindo madeira, osso, marfim, couro) e 50lux para obras de arte em papel (incluindo desenhos, aquarelas, estampas, impressões, papel de parede, fotografias, documentos históricos), tecidos (incluindo tapeçaria, vestimenta), couro tingido e objetos de coleções de história natural.

0,25 lux

0,52 lux

113 lux com a cortina fechada, onde

não há incidência de luz solar

150 lux com a cortina aberto com

incidência de luz solar 0,25 lux

75

0,43 lux medição feita a tarde onde a

posição solar já se modificou

Figura58: dia ensolarado

Figura 68: dia nublado

Figura 69:dia chuvoso

Fonte: Autora

A medição foi repetida à tarde e teve como resultado:

0,26 lux 0,40

lux

103 lux

0,26 lux 0,48 lux

A segunda medição foi num dia nublado,no dia 10 de abril de 2012, com

temperatura de 22,4 e umidade relativa a 82,1 estava nublado e os valores

são:na ponta do altar nesse dia é de 100 lux. Não havendo diferenças nos

valores no turno da tarde

0,17 lux 0.22

lux

0,14lux

0,14 lux 0,13

A terceira medição foi num dia chuvoso:

76

No dia 3 de julho de 2012 com temperatura de 16,7C e com Umidade

Relativa de 83,7%. Já na ponta do altar que fica a 60 cm de distancia da

lâmpada deu 193 de lux. No dia chuvoso e apresentou os seguintes

resultados

0,17 lux 0,38

lux

0,17 lux

0,17lux 0,17 lux

2.5 Considerações Finais: um Novo Lugar para o Altar de Santa Luzia.

O altar de Santa Luzia hoje pertencente ao acervo sacro do Museu

Parque da Baronesa. A coleção de obras sacras esta no projeto aprovado pela

Lei Rouanet, para sua restauração. O projeto aprovado pela lei Rouanet

abrange diversas tipologias e o projeto encaminhado fornece apenas algumas

indicações que poderão ser feitas nas peças. Por esse motivo o trabalho

servirá como subsídio para esse projeto, pois, atende de forma parcial, o

trabalho é focado na conservação, não atendendo ao restauro que é

necessário para devolver ao bem sua unidade.

O projeto de Restauração de acervo do Museu Municipal Parque da

Baronesa: carruagens fúnebres de 1853 e 1861, altar, imagens portuguesas do

início do séc. XX e esculturas sacras dos séc. XVIII e XIX. Em fase de

capitação para execução do restauro. O projeto prevê um lugar pra esse

acervo ser acondicionado e exposto depois de restaurado, localizado na Rua

Benjamin Constant, nº 1541, Centro. O prédio pertence à Prefeitura de Pelotas,

onde atualmente são executados os serviços de carpintaria.

Como já foi visto durante o trabalho o altar não tem altura suficiente para

ficar no museu da Baronesa, devido seu pé direito baixo o que não favorece a

sua unidade, pois, o altar tem 4,55 cm montado. Com relação à expografia a

sala não está adequada à visualização do altar, além da umidade ascendente e

da infiltração já comentada no item 2.4.

Em 12 de setembro 2012, foi criado o Museu da Cidade de Pelotas que

será instalado nas dependências do Casarão nº 06, na Praça Coronel Pedro

77

Osório, a lei de criação esta em anexo 9 pag. 94. Conforme o artigo 1º dessa

lei:

Fica criado no município de Pelotas o Museu da Cidade de Pelotas que tem por missão a salvaguarda de bens de valor histórico e cultural referentes ao município de Pelotas, bem como a sua investigação, comunicação, interpretação e exposição ao público para fins de preservação, estudo, pesquisa, turismo, contemplação e promoção do conhecimento e educação a serviço e seu desenvolvimento.

Figura 70:planta da fachada do casarão seis

Figura 71:planta baixa do casarão seis

Fonte : Secult

Numa visita técnica ao casarão observa-se que este possui salas

amplas e com um pé direito alto. Devido a criação do museu e analisando sua

missão, pode se elencar o Museu da Cidade, como lugar possível para

acondicionamento do altar na modalidade de acervo permanente. Há três salas

sugeridas para a montagem do altar. Uma das salas possui uma claraboia o

que esteticamente pode remeter à aparência da cúpula de uma igreja, que

permite a entrada de iluminação zenital23.

23

Luz natural é aquela proveniente do sol, direta ou dispersa pelas nuvens.

78

Seria necessário, apenas, um monitoramento em relação à intensidade

de luz projetada pela claraboia, para se evitar possíveis danos causados por

iluminação excessiva. Conforme o manual do CPBA:

As claraboias que permitem a iluminação direta das coleções

pela luz solar devem ser cobertas para obstruir o sol ou então

pintadas com dióxido de titânio ou pigmentos brancos de zinco,

que reflete a luz e absorvem a radiação.

Figura 72: acima aparece a claraboia.

Figura 73:sala da claraboia.

Fonte: M.Madail

79

CONCLUSÃO. Este trabalho teve como objeto de estudo o altar de Santa Luzia

atualmente exposto no Museu Municipal Parque da Baronesa, Pelotas/RS. O

altar faz parte do acervo que foi contemplado em um projeto de restauração

aprovado pela Lei Rouanet em 2011. No conjunto de peças incluem-se: uma

carruagem fúnebre preta, uma carruagem fúnebre branca, o referido altar de

madeira policromada, 32 esculturas sacras, um genuflexo, uma bíblia, um

quadro de madeira, 12 missais, seis toucheiros, dois cálices em madeira, e

duas placas em alto relevo em cerâmica.

No primeiro capítulo foi tratado o histórico do Altar de Santa Luzia que

pertenceu à capela que ficava localizada no antigo Parque Pelotense, ou

Parque Souza Soares. A peça em questão era constituída por três nichos para

sua imaginária, no centro Jesus Cristo crucificado, à esquerda Santa Luzia e à

direita São Bento. Em 1995 este conjunto foi doado ao museu onde se

encontra até hoje. Atualmente está exposto e acondicionado de forma

fragmentada. A imaginária do altar encontra-se também de forma deslocada,

estes estão expostos na parte inferior do altar junto ao sacrário, não remetendo

ao seu passado. È importante que sejam novamente expostas juntas em seus

nichos compondo o conjunto retabular.

No segundo capítulo, que abordou questões direcionadas à conservação

do altar, viu-se que a sala de exposição do altar apresenta manifestações

patológicas como manchas de umidade ascendente e uma possível infiltração

da tubulação antiga da casa. Este excesso de umidade pode contribuir para

surgimento de outros danos no altar, em virtude de inchamento e retração ou

mesmo no desenvolvimento de agentes biológicos. Esses são favorecidos com

as constantes flutuações de umidade relativa e temperatura.

Tendo como base a planta baixa apresentada no trabalho, e a

documentação fotográfica do espaço de exposição em que o altar está

localizado no museu da Baronesa, conclui-se que o local não proporciona

visualização adequada ao objeto, impedindo o observador de ter a noção de

sua unidade, além de favorecer o aparecimento de deformações no retábulo,

uma vez que este encontra-se em contato direto com o chão. A luz da sala

de exposição segue os parâmetros considerados aceitáveis para objetos de

madeira, não trazendo prejuízo à peça devido os níveis de lux serem muito

baixos.

No trabalho foi observado que a sala tem constantes variações de

temperatura e umidade relativa. Os altos níveis de UR observados durante as

estações de outono, inverno e primavera podem oportunizar o desenvolvimento

de fungos. Um controle efetivo seria o ideal, pois assim seria possível evitar as

80

oscilações. Esse controle poderia ser realizado através do uso de

equipamentos, ou da circulação de ar através de janelas e portas.

A partir do mapeamento de danos tentou-se enumerar o grau de

deterioração do altar na análise do estado de conservação. Onde se verificou

que há inúmeras perdas de suporte, de ornamentos assim como danos na

camada pictórica. Isso possivelmente vem da ação do homem do que

propriamente do ambiente. O altar, como já foi mencionado no trabalho, saiu

muitas vezes da sala de exposição para o culto em homenagem a Santa Luzia

fora do museu. Os danos com arranhões e abrasões danificaram sua camada

de verniz devido atrito com as esculturas.

Para conhecer melhor os materiais utilizados na decoração do altar, s

foram analisadas amostras de camadas de tinta e douramento com uso de

microscópios onde, através de uma análise estratigráfica, pode-se ter uma

noção de como este foi pintado. Não foi possível coletar na amostra azul com

suporte porque a tinta azul encontra-se no interior do altar ,o que traria danos

a peça por esse motivo na amostra coletada não se observou base de

preparação a coleta do pigmento foi superficial.

Verificou que não há base de preparação na parte marrom do altar, este

tem uma fina camada de verniz (. Uma informação que deverá ser verificada

em outra pesquisa é em relação ao pigmento dourado, não foi possível

identificar se trata-se de purpurina, folha de ouro com acabamento mate ou

ouro em pó. Com este trabalho pode-se apurar que o altar necessita de um

estudo mais detalhado do sistema construtivo, esse trabalho terá que ser feito

para que este possa ser restaurado, essa constatação vem do fato que será

preciso uma peça nova para que sejam unidas as partes, e assim possa ser

montado quando for restaurado.

O desenvolvimento do trabalho mostrou que as condições

museográficas não são favoráveis à fruição da peça, contribuindo, também,

para o surgimento de danos. O espaço adequado para o altar deve contemplar

as necessidades de conservação, fruição da obra e o conforto do espectador.

Para isso o altar de santa Luzia deveria ir para outro local com condições

melhores para que possa ser salvaguardado às gerações futuras e bem

apreciado pela atual.

Em relação ao valor simbólico este surge através da fé e da carga que

esse objeto representa. Por muito tempo a igreja usou a imaginária e atmosfera

de capelas e igrejas para doutrina dos seus fieis, o que hoje nos fascina como

monumentos, antes era visto apenas como culto. Os seus idealizadores não

imaginaram que estas hoje se tornariam patrimônio de um povo.

81

Acredita-se, portanto, que, levando-se em consideração a conservação

deste altar de forma geral seria necessário que fosse feita a sua remoção para

um lugar onde pudesse ser montado de forma adequada, conforme foi

concebido e com os santos que se destinam aos seus espaços. Tal lugar

precisa ter um pé direito maior que 5 metros, e segurança em relação aos

principais riscos à que este bem poderia estar exposto, como roubo, contato

com variações de UR e Temperatura. Além disso, o lugar precisa dar

oportunidade para as pessoas usufruírem do altar, reverenciar sua imaginária e

aprender com o bem cultural em questão. Seja no lugar sugerido pelo projeto

ou na pesquisa, o altar não pode mais ficar onde esta. O altar precisa sair do

Museu da Baronesa para que esse bem seja visto de forma plena, possa ser

admirado e preservado.

82

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Acesso em 24/9/2012

87

ANEXOS

88

Anexo 1: convites para missa de santa Luzia

89

Anexo 2: Ficha Altar de Santa Luzia.

Parte superior

Parte inferior

Identificação da Obra: (MMPB 0523, MMPB 0523.1 e MMPB 0523.2 – doação 1995)

Objeto: Altar Santa Luzia

Autor: Arthur Quintas

Data: aproximadamente 1899 -1901

Técnica: Madeira policromada (informações do Livro Tombo do museu)

Medidas: 4,55 x 2,70 x 0,87 m

Proprietário: Prefeitura Municipal de Pelotas, Museu da Baronesa.

Descrição: Altar em madeira policromada e dourada; possui ornamentos em talha;

estilo hispano mourisco; parte inferior na cor marrom com detalhes em azul e em

dourado; altar com um carneiro em talha; parte superior possui um telhado em

madeira torneada; parte central possui espaço forrado de cetim branco para colocar as

imagens de santos.

Estado de conservação: O altar esta em péssimo estado de conservação. O

altar apresenta as seguintes patologias: Sujidades generalizadas; abrasões;

craquelês; fissuras; rachaduras; deslocamento dos blocos do suporte de madeira;

perdas de vários ornamentos; perda de suporte; perda da estrutura que permite o altar

fique montado, perda de colunas de sustentação e do fundo do retábulo; ataque de

xilofagos.

90

Anexo 3 : EXEMPLO DE UM RECIBO DE ECOMENDA DE UMA

ESCULTURA

Figura 74:recibo

FONTE: Francisco Queiroz

91

ANEXO 4: Carta de Doação

92

ANEXO 5 : Planta baixa do museu

93

ANEXO 6:Projeto Caixa Econômica Federal

Adoção Caixa Federal

Mais de R$ 70 mil serão investidos no Museu Municipal Parque da Baronesa

no período de um ano. A Caixa Econômica Federal e a Associação dos Amigos do Museu da Baronesa (Ambar) assinaram convênio de patrocínio ao projeto "Qualificação da Documentação Museológica e da Reserva Técnica” do Museu Municipal Parque da Baronesa. Serão repassados, ao todo, R$ 73.534,00, sob a forma de patrocínio, por meio do Programa Caixa de Adoção de Entidades Culturais. O projeto, encaminhado em fevereiro deste ano e selecionado pela Caixa, junto a outras 30 instituições do país, visa desenvolver um sistema documental com procedimentos e instrumentos que permitam recuperar as informações sobre o acervo, possibilitando a preservação do máximo de dados possíveis sobre os objetos, aumentando as oportunidades de acesso aos mesmos e a sua capacidade de produção e de conhecimento, assim como, criar condições de organizar o acervo armazenado na reserva técnica. Para este trabalho, é fundamental a aquisição de arquivos deslizantes e computadores, disponibilizados através do Programa de Adoção da Caixa, além da contratação de assessoria técnica e dois estagiários, pelo período de oito meses. Pelotas é pólo cultural de uma região que congrega mais de 1 milhão de pessoas. O impacto regional que o projeto pode ter é muito significativo. Por ser o Museu da Baronesa um importante lugar de memória da cidade e região, a qualificação dos cuidados que dispensa a seu acervo e sua disponibilização para pesquisa reforçarão o papel referencial que esta instituição ocupa, será ampliada a possibilidade de convênios existentes com as Universidades locais e o campo de estudo e trabalho para estagiários dos cursos de graduação e pós-graduação dos diversos cursos das instituições de ensino. Com as atividades que virão a acontecer no Museu e no Parque, estarão sendo gerados postos de trabalho diretos e indiretos na área cultural, nas áreas de teatro, música e museologia, entre outras. O acervo estará cumprindo a sua função social na medida em que estiver disponível a um grupo maior, a serviço da sociedade. O acervo deve ser o cerne da exposição, para valorizá-lo buscar-se-á soluções fundamentadas na educação, pesquisa e difusão cultural, despertando o interesse do público. Além de envolver a comunidade através de projetos educacionais que operem a sensibilidade, a invenção, o incentivo ao fazer, voltado essencialmente ao acervo. Com o envolvimento e o investimento nesse projeto, a Caixa se torna parceira no trabalho, árduo, da Prefeitura Municipal de Pelotas, através de sua Secretaria Municipal de Cultura, na nova concepção local de cultura, como fonte de geração de trabalho e renda e não somente prazer, lazer e conhecimento.

O Programa Caixa de Adoção de Entidades Culturais foi lançado em agosto de 2004, quando a Caixa firmou com o Ministério da Cultura o Protocolo de Cooperação para o desenvolvimento de ações conjuntas no projeto de valorização do patrimônio histórico e cultural brasileiro, buscando a recuperação e modernização de museus, salvando do desaparecimento um legado inestimável para a nossa cultura, e contribuindo tanto para a democratização do acesso, ao viabilizar a devolução desses acervos para a sociedade, quanto para a criação de uma consciência de preservação dos bens nacionais. O Programa Caixa de Adoção de Entidades Culturais complementa a ação de valorização, preservação e divulgação do patrimônio cultural brasileiro, uma vez que o seu objetivo primordial é estender a atuação da Caixa na área cultural para além dos seus próprios espaços culturais, contribuindo para uma iniciativa pioneira, estratégica e de longo prazo. O objetivo do Programa é apoiar projetos de entidades culturais abertas à comunidade, sem fins lucrativos, por um período de um ano, que contemplem ações de recuperação de seus acervos, implantação ou modernização de laboratórios de conservação/restauração, aquisição de acervo para a expansão ou atualização das coleções, de pesquisa, catalogação e informatização de acervo, implantação ou ampliação de reserva técnica e implantação ou reformulação de módulos expositivos de longa duração. Nesta sua 2ª edição, o Programa Caixa de Adoção de Entidades Culturais estará beneficiando 31 instituições de todas as regiões do Brasil, com níveis diferenciados de apoio, o que permitirá a descentralização e a democratização dos patrocínios culturais, totalizando um investimento, em

reursos próprios, de R$ 3,5 milhões

94

ANEXO 7: Projeto Arte sacra

95

Anexo 8: RESTAURAÇÃO DO ACERVO SACRO DO MUSEU DA

BARONESA, PELOTAS, RS: Proposta do local para museu Sacro - Informações sobre o local previsto para a restauração das carruagens e o altar

e criação do Museu Sacro para exposição das peças restauradas

Localização: Rua Benjamin Constant, nº 1541, Centro.

O prédio pertence à Prefeitura de Pelotas, onde atualmente são executados os

serviços de carpintaria.

O endereço é próximo ao centro comercial da cidade e da Universidade Federal de

Pelotas e Universidade Católica de Pelotas.

Área: 300m²

Vista externa

Vista Interna do prédio:

96

Intervenções previstas:

- consertos no telhado;

- instalação de manta e forro no telhado;

- instalações elétricas/iluminação;

- instalações hidrossanitárias;

- colocação de revestimento no piso;

- promover as adaptações necessárias à acessibilidade;

- criação de compartimentos para Exposição, Reserva Técnica, Conservação e Restauração, área administrativa, recepção, copa e banheiros;

- pintura interna e externa;

- restauração do portão de entrada e acesso principal.

Valor estimado para a obra: R$ 400.000,00

97

Anexo 9: PAC – cidade Histórica

Pelotas indica projetos ao PAC Cidades Históricas

Prefeito Eduardo Leite realizou entrevista coletiva na tarde de hoje (19), para anunciar a indicação de Projetos ao PAC

Cidades Históricas. Restauração do Theatro Sete de Abril será a primeira ação do Programa que deverá investir R$ 60

milhões em Pelotas até 2015.

Foto: Eduardo Beleske

A-AA+

A prefeitura indicou nesta terça-feira (19) os projetos a serem financiados pelo PAC Cidades

Históricas. Entre as 23 ações encaminhadas, a prioridade é a restauração geral do Theatro Sete de Abril.

As obras orçadas em R$ 5,38 milhões recuperam as características arquitetônicas do prédio e incluem

climatização, sonorização e iluminação cênica automatizadas.

Até o final de março, serão divulgados os projetos que receberão recursos para iniciar no primeiro

semestre de 2013.

O prefeito Eduardo Leite destacou que embora o restauro total do Sete de Abril deva acontecer

nesta gestão, a ação é fruto do trabalho de diversos prefeitos que buscaram a valorização do patrimônio.

Tendo início na primeira gestão do Bernardo de Souza, quando houve o inventário dos prédios de

significado histórico. “Isso significa que a preservação do patrimônio é um consenso da cidade de

Pelotas”.

O conjunto dos projetos encaminhados ao PAC totaliza R$ 60 milhões. Entre eles, destacam-se a

restauração do Museu da Baronesa, a criação do Museu da Cidade e a execução do paisagismo rasteiro

da Praça Coronel Pedro Osório. Além de rede elétrica subterrânea no entorno da Praça, e iluminação

cênica de prédios históricos (confira lista completa dos projetos inscritos).

98

Recuperação do Sete de Abril

A primeira etapa da restauração está prestes a iniciar. Foi publicado hoje, 19, o edital de

contratação da empresa que irá executar a reforma da cobertura do teatro. Os recursos na ordem de R$

1,5 milhão foram liberados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

.

PAC Cidades Históricas

O PAC Cidades Históricas é um programa do Governo Federal ligado ao Iphan com objetivo de preservar

o patrimônio brasileiro, valorizar a cultura e promover o desenvolvimento econômico e social. Nesta

edição, o Programa disponibiliza R$ 1 bilhão até 2015 a serem utilizados em obras públicas dos 44

municípios selecionados. No Rio Grande do Sul, participam Pelotas, Jaguarão, Porto Alegre e São Miguel

das Missões.

Lista dos 23 projetos inscritos no PAC Cidades Históricas

1. Restauração do Theatro Sete de Abril

2. Restauração do Museu da Baronesa

3. Implantação do Museu da Cidade de Pelotas

4. Execução do paisagismo da Praça Coronel Pedro Osório

5. Climatização das salas de exposição do Centro Cultural Adail Bento Costa (Casa 02).

6. Restauração do acervo Sacro do Museu da Baronesa

7. Projeto e execução de restauração do Castelo Simões Lopes

8. Requalificação do Parque da Baronesa

9. Requalificação do Largo de Portugal, contemplando as vias públicas, passeios e mobiliário urbano,

estendendo-se pela Avenida Saldanha Marinho até a Praça Cipriano Barcellos.

10. Restauração da antiga Secretaria de Finanças (Praça Coronel Pedro Osório, 67).

11. Projeto e execução de redes subterrâneas (embutimento da fiação aérea de alta e baixa tensão) no

entorno da Praça Coronel Pedro Osório.

12. Projeto e execução de iluminação cênica de 30 prédios de interesse para o Patrimônio Cultural de

Pelotas, principalmente no entorno da Praça Coronel Pedro Osório.

13. Projeto e execução da Restauração do Almoxarifado Municipal

14. Projeto e execução da restauração da primeira casa do primeiro loteamento de Pelotas (Rua Major

Cícero nº 201).

15. Restauração do Monumento Obelisco Republicano e requalificação do seu entorno.

16. Melhoria das redes de água, esgoto, iluminação pública e redes elétricas da Área de Especial

Interesse do Ambiente Cultural (AEIAC) - Sítio Charqueador.

17. Projeto e execução da reciclagem dos galpões anexos à Estação Férrea para implantação de parte do

Centro Administrativo Municipal.

99

18. Implementação de plano estratégico de formação e qualificação de mão de obra (artesanato e

gastronomia) oriunda de áreas de interesse social.

19. Restauração dos monumentos em espaços públicos.

20. Capacitação de técnicos e contratação de estagiários para viabilizar a execução do Plano de

Preservação.

21. Realização de cursos de restauro.

22. Projeto e execução da requalificação da Praça Cipriano Barcellos e restauração do chafariz.

23. Projeto e execução do Largo da Praça José Bonifácio e iluminação cênica da Catedral São Francisco

de Paula.

100

Anexo 10 : Museu da cidade

101

Anexo 11: As cartas de Miguel Souza Soares ao pai o

Visconde de Souza Soares.