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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA RAYSSA FÁTIMA HUBNER-CAMPOS EFEITO DE FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS EM Periplaneta americana Orientador: Prof. Dr. Wolf Christian Luz Dissertação de Mestrado Goiânia - Goiás, 2011

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA

RAYSSA FÁTIMA HUBNER-CAMPOS

EFEITO DE FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS EM

Periplaneta americana

Orientador: Prof. Dr. Wolf Christian Luz

Dissertação de Mestrado

Goiânia - Goiás, 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

RAYSSA FÁTIMA HUBNER-CAMPOS

EFEITO DE FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS EM

Periplaneta americana

Orientador:

Prof. Dr. Wolf Christian Luz

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Medicina

Tropical e Saúde Pública do Instituto de

Patologia Tropical e Saúde Pública da

Universidade Federal de Goiás para

obtenção do Título de Mestre em Medicina

Tropical e Saúde Pública.

Goiânia – Goiás, 2011

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Dedico este trabalho a meus pais Ari Bil e Fátima

Hubner e meu ao irmão Ranier pelo carinho, fé e

companheirismo em todos os momentos da minha vida.

Ao meu amado marido Franklin, minha alma gêmea,

pelo amor e apoio incondicionais. E, em especial, ao

meu filho Benjamin por iluminar a minha alma.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Christian Luz, Professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia,

Parasitologia e Patologia (DMIPP), Setor de Parasitologia do Instituto de Patologia

Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG), pela

orientação, amizade, sinceridade, incentivo e confiança.

Ao IPTSP e ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da UFG, pela

oportunidade.

Aos colegas do Laboratório de Patologia de Invertebrados, em especial ao Prof. Dr.

Everton K. K. Fernandes, Priscilla R.. Borges, Luciana S. Lobo, Nathalia A. de Souza,

Walmirton B. D’Alessandro, Juscelino R. Filho e Renan N. Leles pela amizade,

carinho, auxílio e sabedoria.

Aos amigos que fiz no IPTSP, em especial a Profª. Drª. Adelair H. dos Santos e José

Clementino O. Neto, pelas experiências e conselhos compartilhados.

Ao meu irmão Ranier, meu exemplo de vida, por me fazer rir e renovar minhas

esperanças.

A meus pais, Bil e Fátima, exemplos de resignação e amor incondicionais, por

acreditarem em mim e estarem ao meu lado em todos os momentos da minha vida.

Ao meu marido Franklin, minha vida, meu norte, que com seu amor e sabedoria me

ajuda a superar todas as barreiras e transformar o impossível em real.

A todos os amigos presentes na minha vida, perto ou longe, e cujas linhas seriam

insuficientes para nominá-los, obrigada pela torcida.

A Deus, por permitir que eu trilhasse esse caminho com tantas bênçãos.

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SUMÁRIO

Lista de figuras ......................................................................................................vii

Lista de tabelas.........................................................................................................x

Lista de siglas e abreviaturas...................................................................................xi

1 Introdução/Revisão de literatura .............................................................................. 1

1.1 Periplaneta americana ............................................................................................. 1

1.1.1 Sistemática e morfologia .......................................................................................... 1

1.1.2 Ciclo biológico de P. americana .............................................................................. 8

1.1.3 Aspectos comportamentais ...................................................................................... 9

1.1.4 Contaminação de insumos alimentares e habitações ............................................. 10

1.1.5 A produção de alérgenos e a indução de asma e alergias ...................................... 10

1.1.6 P. americana no contexto hospitalar ...................................................................... 10

1.2 Métodos de controle de baratas .............................................................................. 11

1.2.1 Inseticidas químicos ............................................................................................... 11

1.2.2 Inseticidas botânicos .............................................................................................. 12

1.3 Controle biológico de pragas ................................................................................. 12

1.3.1 Fungos entomopatogênicos para o controle microbiano ........................................ 13

1.3.2 Ciclo biológico de fungos entomopatogênicos ...................................................... 13

1.3.3 Combate de insetos pragas com fungos .................................................................. 15

1.3.4 Fungos e baratas ..................................................................................................... 15

2 Justificativa ............................................................................................................ 17

3 Objetivos ................................................................................................................ 18

3.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 18

3.2 Objetivos específicos ............................................................................................. 18

4 Metodologia ........................................................................................................... 19

4.1 Origem e criação de P. americana ......................................................................... 19

4.2 Origem e cultivo dos fungos .................................................................................. 21

4.3 Preparo de formulado óleo-água ............................................................................ 22

4.4 Preparo de ninfas para aplicação de formulado e incubação pós tratamento ........22

4.5 Preparo de ootecas para aplicação de formulado e incubação pós tratamento.......23

4.6 Preparo de adultos para aplicação de formulado e incubação pós tratamento ..... 24

4.7 Análise de resultados.............................................................................................. 24

5 Resultados .............................................................................................................. 25

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5.1 Ensaio com ninfas .................................................................................................. 25

5.1.1 Comportamento pós-tratamento e mortalidade de ninfas ...................................... 25

5.1.2 Desenvolvimento de fungo sobre ninfas mortas .................................................... 26

5.2 Ensaio com ootecas ................................................................................................ 27

5.2.1 Desenvolvimento de fungo sobre ootecas .............................................................. 27

5.2.2 Eclosão de ninfas.................................................................................................... 27

5.3 Ensaio com adultos. ............................................................................................... 29

5.3.1 Comportamento pós-tratamento e mortalidade de adultos.....................................29

5.3.2 Desenvolvimento de fungo sobre adultos mortos .................................................. 32

6 Discussão ............................................................................................................... 33

6.1 Comportamento pós-tratamento e mortalidade de ninfas e adultos ....................... 33

6.2 Desenvolvimento de fungo sobre ninfas e adultos mortos..................................... 34

6.3 Desenvolvimento de fungo sobre ooteca e eclosão de ninfas ................................ 35

7 Conclusões e considerações finais ......................................................................... 36

8 Referências bibliográficas ...................................................................................... 37

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Vista lateral de adulto de Periplaneta americana, com cabeça (A), tórax (B)

e abdome (C).....................................................................................................................1

Figura 2 - Vista superior da cabeça e tórax de Periplaneta americana. (A) Início das

antenas segmentadas e (B) Pronoto com faixa amarela claro...........................................2

Figura 3 - Olhos compostos (A) e parte de antena de Periplaneta americana. Em

destaque, parte da antena multisegmentada com pêlos sensoriais (B). Imagem obtida

através de microscópio de luz, magnitude 400 vezes........................................................2

Figura 4 - Pata de Periplaneta americana. (A) - Coxa (a), fêmur (b), tíbias (c) e tarsos

(d). (B) - Em destaque tarso com espinhos e fossulae espongiosas (e). Imagem obtida

através de microscópio de luz, aumento de 400 vezes......................................................3

Figura 5 - Porção final do abdome de Periplaneta americana. (A) - Macho: com dois

cercis (a) e dois estilos (b). (B) - Fêmeas com dois cercis (c)...........................................4

Figura 6 - Ooteca de Periplaneta americana em oviposição (A). Ooteca posta (B) com

coloração escura devido ao endurecimento da membrana externa....................................5

Figura 7 - Vista interna de ooteca de Periplaneta americana. (A) - Ooteca recém-posta,

contendo ovos em seu interior. (B) - Ooteca com ± 25 dias de incubação a 30 ± 1ºC,

contendo ninfas em seu interior. (C) - Em destaque ninfa envolvida pela membrana do

ovo ...................................................................................................................................5

Figura 8 - Ooteca de Periplaneta americana após eclosão das ninfas. (A) Vista superior

da membrana interna que separa os ovos em duas fileiras................................................6

Figura 9 - Ninfas de primeiro ínstar de Periplaneta americana......................................7

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Figura 10 - Ninfa de Periplaneta americana durante a ecdise. Ninfa com fissura

mediana dorsal, indicando o início da ecdise (A), e numa fase mais avançada com parte

da exúvia já retirada (B). Adulto de P. americana após última muda (C), de colocação

esbranquiçada com a antiga exúvia ao lado.......................................................................7

Figura 11 - Ciclo de Metarhizium sp em inseto. (Adaptado de Alves 1998).................14

Figura 12 - Caixa de criação com adultos e ninfas de Periplaneta americana vedada

com filó (A), contendo no seu interior caixas de papelão sobrepostas (aquelas utilizadas

no transporte de ovos de galinhas) para esconderijo e sítio de postura de ootecas (B)...20

Figura 13 – (A) - Vista interna de uma caixa de criação de Periplaneta americana com

adultos e ninfas se alimentando. (B) - Placa de Petri com ração seca triturada

(Whiskas®) para gatos (a) e copo plástico com algodão umedecido em água

(b).....................................................................................................................................20

Figura 14 - Ninfas previamente imobilizadas por exposição a 4°C por 20 min, sendo

tratadas topicamente, com 0,5 µl de formulado fúngico (5x104

conídios/ninfa) na região

do tórax e abdome, com auxílio de micropipeta semiautomática....................................23

Figura 15 – Ninfa morta de Periplaneta americana com Metarhizium anisopliae IP 46

após ± 10 dias de incubação > 98% UR e 25ºC..............................................................27

Figura 16 - Ooteca de Periplaneta americana com micélio e conídios de Metarhizium

anisopliae IP 46 30 dias após incubação a > 98% umidade relativa a 25ºC..................28

Figura 17 – Eclosão (%) de ninfas de ootecas de Periplaneta americana tratadas com

Metarhizium anisopliae IP 46 e Metarhizium robertsii IP 34 (2,5 x 105 conídios/ooteca

formulados em óleo-água) e incubadas a > 98% umidades relativas e 25ºC, até 45 dias

após tratamento................................................................................................................28

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Figura 18 – Mortalidade acumulada (%) de fêmeas adultas de Periplaneta americana

tratados com conídios de Metarhizium anisopliae IP 46, formulados em óleo-água, e

incubadas a umidade relativa > 98% UR e 25ºC, por 15 dias após

tratamento........................................................................................................................31

Figura 19 – Mortalidade acumulada (%) de machos adultos de Periplaneta americana

tratados com conídios de Metarhizium anisopliae IP 46, formulados em óleo-água, e

incubadas a umidade relativa > 98% UR e 25ºC, por 15 dias após tratamento...............32

Observação: 1 cm da figura equivale a medida indicada sob a barra.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - País, origem e ano dos isolados de fungos entomopatogênicos testados......21

Tabela 2 - Mortalidade acumulada (%) de ninfas de Periplaneta americana tratadas

com fungos entomopatogênicos, e desenvolvimento de fungos inoculados sobre ninfas

mortas..............................................................................................................................26

Tabela 3 - Mortalidade acumulada (%) de adultos de Periplaneta americana tratados

com conídios de Metarhizium anisopliae IP 46 e tempo letal.........................................30

Tabela 4 - Dose letal, seus respectivos intervalos de confiança, e slope, necessária para

matar 50 e 90% de adultos de Periplaneta americana tratadas com conídios de

Metarhizium anisopliae IP 46 formulado em óleo/água.................................................31

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ANOVA - Análise de Variância

BDA - Batata Dextrose Agar

IP – Sigla de isolado fúngico armazenado no IPTSP

IPTSP - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública

N1 - Ninfas de primeiro ínstar

SDAL- Sabouraud Dextrose Agar e Extrato de Levedura

SNK – Teste de comparação múltipla de Student - Newman- Keuls

UR - Umidade Relativa

USDA - United States Department of Agriculture

UVC – Radiação Ultra-Violeta - C

ARS – Agricultural Research Service

ARSEF - Agricultural Research Service of Entomopathogenic Fungi

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RESUMO

Periplaneta americana é uma barata sinantrópica que veicula patógenos, contamina

ambientes e alimentos e provoca graves problemas de saúde, como episódios recorrentes de

asma e outras alergias especialmente em crianças. Atualmente, o controle desta praga é difícil

devido à resistência adquirida a vários inseticidas químicos e a ineficácia destes produtos sobre

a fase de ooteca. Fungos entomopatogênicos são usados para o controle biológico de insetos de

importância médica e veterinária. Entretanto, há poucas informações sobre a eficiência e o

potencial de fungos entomopatogênicos para combater P. americana. O presente estudo avaliou

a patogenicidade de 11 fungos pertencentes a sete diferentes gêneros, sobre P. americana. Os

fungos que causaram mortalidade > 90% em ninfas, em um primeiro experimento, foram

testados também em ootecas desta espécie. Em adultos, selecionou-se o fungo que causou maior

mortalidade em ninfas e ootecas. Conídios foram formulados em óleo-água (Graxol® a 10%) a

108 conídios/ml. Ninfas, ootecas e adultos foram tratados topicamente com 0,5 µl, 2,5 µl e 5,0

µl do formulado, numa dose final de 5x104 conídios/ninfa, 2,5x10

5 conídios/ooteca e 5x10

3, 10

4,

5x104, 10

5 ou 5x10

5 conídios/adulto, respectivamente, e incubados em câmara úmida a 25 + 1º e

12 h de fotofase. A mortalidade de ninfas e adultos foi verificada diariamente por 25 dias e o

crescimento do fungo sobre a superfície dos cadáveres acompanhado por até 15 dias. Durante

45 dias foram avaliados diariamente o desenvolvimento do fungo inoculado sobre a ooteca e a

eclosão de ninfas, e a sobrevivência destas após a eclosão, foi acompanhada por mais 15 dias.

As ninfas, ootecas e adultos do grupo controle foram tratados com a emulsão sem conídios. Os

adultos e as ninfas tratadas ou eclodidas de ootecas tratadas foram alimentadas com ração para

gatos (0,5 g) (Whiskas®) e água através de algodão umedecido (0,1 ml) oferecidos em pequenos

containers. Primeiras ninfas mortas foram observadas dois dias após o tratamento com

Beauveria bassiana IP 361, Metarhizium robertsii IP 34, M. anisopliae sensu lato IP 46, B.

bassiana IP 3, M. frigidum ARSEF 4561 e Purpureocillium lilacinum IP 320. B. bassiana IP

361, M. robertsii e M. anisopliae causaram mortalidade em mais de 80% das ninfas. Os demais

fungos testados causaram mortalidade em ninfas inferior a 20%. Em adultos a mortalidade

dependeu da dose e não diferiu entre os sexos. O fungo inoculado iniciou crescimento distinto

sobre os cadáveres após o terceiro dia de incubação das ninfas e adultos mortos em câmara

úmida. Micélio cresceu sobre a superfície das ootecas tratadas com fungos IP 34 e IP 46 após 11

dias de incubação e os novos conídios foram visualizados com ≥ 20 dias. 31% das ootecas

tratadas com IP 46 e 23% com IP 34 tornaram-se ressecadas e abauladas e nenhuma ninfa

eclodiu dessas ootecas. Em ootecas do grupo controle e em ootecas tratadas com conídios, a

eclosão de ninfas iniciou após 33 dias de incubação. Todas as ninfas eclodidas dessas ootecas

sobreviveram durante 25 dias. M. anisopliae, M. robertsii e B. bassiana IP 361 foram

patogênicos para ninfas e apresentam potencial para o controle biológico de P. americana.

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ABSTRACT

Periplaneta americana is a synanthropic cockroach that carries pathogens, contaminates food

and the environment, and causes severe health problems, such as recurrent episodes of asthma

and other allergies, especially in children. Actually, the control of this pest is difficult due to

acquired multiple resistance to chemical insecticides and the ineffectiveness of these products in

oothecae. Entomopathogenic fungi are used for biological control against insects of medical and

veterinary importance. However, there is little information about the effectiveness and the

potential of entomopathogenic fungi to combat P. americana. In present study the pathogenicity

of 11 fungal strains belonging to seven different genera was evaluated in nymphs of P.

americana. Fungi that caused mortality > 90% in nymphs in the first test, were assayed in

oothecae of P. americana. For the test with adults the fungus that caused higher mortality in

nymphs and oothecae was selected. Conidia were formulated in oil-in-water (Graxol® 10%) at

108 conidia/ml. Nymphs, oothecae and adults were then treated topically with 0.5 µl, 2.5 µl

and 50 µl of the formulate, at a final dose of 5 x 104 conidia/nymph, 2,5 x 105 conidia/oothecae

and 5x103, 104, 5x104, 105 or 5x105 conidia/adult, respectively, and incubated in a humid

chamber at 25 ± 1ºC and 12 h photophase. The mortality of nymphs and adults was checked

daily for 25 days and the growth of fungi on the surface of the cadavers evaluated for up to 15

days. The development of the inoculated fungus on the ootheca was assessed daily during 45

days and subsequent hatching of nymphs monitored for another 15 days. Control nymphs, adults

and oothecae were treated with the emulsion without conidia. Adults and nymphs whether

treated as adults and nymphs or nymphs hatched from treated oothecae, were fed with dry cat

food (0.5 g) (Whiskas®) and water through moistened cotton (0.1 ml) arranged in small

containers. First dead nymphs were observed two days after treatment with Beauveria bassiana

IP 361, Metarhizium robertsii IP 34, M. anisopliae sensu lato IP 46, B. bassiana IP 3, M.

frigidum ARSEF 4561 and Purpureocillium lilacinum IP 320. Beauveria bassiana IP 361, M.

robertsii and M. anisopliae caused mortality in more than 80% of the tested nymphs. The other

fungi tested caused less than 20% mortality in nymphs. In adults mortality depended on the dose

and did not differ between the sexes. The inoculated fungus began to grow distinctly on the

cadavers three days after incubation of dead nymphs and adults in a humid chamber. Testing

activity of IP 34 and IP 46 in oothecae, mycelium grew on the surface of the treated ootheca 11

days after incubation and new conidia were formed at ≥ 20 days. In 31% of oothecae treated

with IP 46 and 23% treated with IP 34, oothecae had shrunk and no nymphs had hatched. In

all controls and oothecae treated with conidia, nymphs began to hatch 33 days after

incubation. All hatched nymphs survived for the following 25 days. M. anisopliae, M.

robertsii and B. bassiana IP 361 were pathogenic to nymphs and have potential for

biological control of P. americana.

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C B A

1 INTRODUÇÃO / REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Periplaneta americana

1.1.1 Sistemática e morfologia

Periplaneta americana é um artrópode pertencente° à classe Insecta, ordem

Blattaria ou Blattodea. Os adultos apresentam forma ovalada com corpo achatado

dorsoventralmente, dividido em cabeça, tórax e abdome. Eles medem entre 35 a 40 mm

de comprimento e possuem coloração brilhante vermelha-amarronzada e uma faixa

amarela ou marrom clara margeando o pronoto (Goddard 2002, Bell et al. 2007) (Figs. 1

e 2).

A cabeça protegida pelo pronoto possui um par de longas antenas filiformes

multi-segmentadas de função tátil e olfativa, olhos compostos grandes e dois ocelos. As

peças bucais são desenvolvidas para mastigar alimentos (Bell et al. 2007) (Fig. 3).

Fig. 1 - Vista lateral de adulto de Periplaneta americana, com cabeça (A),

tórax (B) e abdome (C).

0.5 cm

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B

A

B

A

Fig. 3 - Olhos compostos (A) e parte da antena de Periplaneta americana.

Em destaque, parte da antena multisegmentada com pêlos sensoriais (B).

Imagem obtida através de microscópio de luz, magnitude de 400 vezes.

Fig. 2 - Vista superior da cabeça e tórax de Periplaneta americana.(A) Início

das antenas segmentadas e (B) Pronoto com faixa amarela clara.

0,17 cm

0,05 cm

400 x 0,05

cm

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Do tórax projetam-se dois pares de asas, sendo o primeiro par coriáceo e o

segundo membranoso. Um par de patas origina-se de cada um dos três segmentos

torácicos. As patas apresentam coxas robustas, fêmures, tíbias com espinhos e tarsos

pentâmeros e estruturas de adesão (fossulae espongiosas) que lhes conferem

excepcional capacidade de locomoção e rapidez em praticamente qualquer tipo de

superfície (Bell et al. 2007) (Fig. 4).

O abdome alargado e achatado alberga órgãos internos. Ao final do último

segmento encontram-se órgãos sensoriais denominados cercis e estilos. Os estilos são

presentes apenas no macho e desempenham função tátil durante a cópula. Os cercis,

cobertos por pêlos sensoriais, são responsáveis por captar movimentos do ar e vibrações

em superfícies (Bell et al. 2007) (Fig. 5).

Fig. 4 - Pata de Periplaneta americana. (A) - Coxa (a), fêmur (b), tíbias (c) e tarsos (d).

(B) - Em destaque tarsos com espinhos e fossulae espongiosas (e). Imagem obtida através de

microscópio de luz, com magnitude de 400 vezes.

0,09 cm

A

B

d

c

b e

a

0,2 cm

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A B

a b c

A ooteca de P. americana é uma estrutura em forma de bolsa alongada com uma

quilha denteada, ao longo da sua borda superior, com uma membrana interna que separa

os ovos e outra externa que os protege contra perda de água (Maya et al. 2002). A

ooteca de P. americana não necessita de água adicional para o desenvolvimento das

ninfas. Contudo, danos ocasionados à casca da ooteca, durante ou após a oviposição,

levam a rápida perda de água e inviabilizam o desenvolvimento das ninfas em seu

interior (Roth & Willis 1955).

As ootecas são compostas principalmente por minerais, lipídios e proteínas. As

proteínas são estabilizadas através de ligações cruzadas, desidratação e impregnação

com metabólitos fenólicos. É através deste processo que a casca da ooteca se transforma

gradualmente, de uma membrana fina e delicada em uma casca espessa e resistente

(Pryor et al. 1946, Kramer et al. 1991).

O oxalato de cálcio é um dos principais minerais da casca da ooteca, e pode ser

responsável junto com o ácido protocatecuico, pelo endurecimento e rigidez da ooteca

de P. americana (Pryor et al. 1946, Kramer et al. 1991). O oxalato de cálcio está

presente também na cutícula da barata, mas o ácido protocatecuico é reportado apenas

em ootecas. Acredita-se que a associação entre esses componentes seja a responsável

pela resistência da ooteca a condições adversas do meio ambiente.

Fig. 5 - Porção final do abdome de Periplaneta americana. (A) – Macho: com dois

cercis (a) e dois estilos (b). (B) – Fêmeas com dois cercis (c).

0,2 cm 0,2 cm

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Inicialmente de coloração castanha clara e textura mole, a ooteca torna-se

gradativamente dura e marrom. Cada ooteca possui entre 12 e 18 ovos, e mede cerca de

8 mm de comprimento e 5 mm de altura (Ponce et al. 2005, Bell et al. 2007) (Figs. 6 a

8).

A B

C

Fig. 6 - Periplaneta americana em oviposição de ooteca (A). Ooteca após três dias de

oviposição com coloração escura devido ao endurecimento da membrana externa (B).

Fig. 7 – Vista interna de ooteca de Periplaneta americana. (A) - Ooteca recém-posta

com ovos. (B) - Ooteca com ± 25 dias de incubação a 30 ± 1ºC, contendo ninfas em seu

interior. (C) - Em destaque ninfa envolvida pela membrana do ovo.

A B

B

a

b

0,14 cm 0,12 cm

0,2 cm

0,11 cm

0,02 cm

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A

As ninfas eclodidas são semelhantes a adultos, exceto por serem menores,

ápteras e com órgãos sexuais subdesenvolvidos (Bell et al. 2007) (Fig. 9). Em um

primeiro momento após a eclosão, as ninfas alimentam-se de pellets fecais produzidos

pelos adultos para aquisição de simbiontes intestinais (Bell et al. 2007).

As ninfas sofrem várias mudas até atingir a fase adulta. A quantidade de mudas

necessárias para completar o desenvolvimento depende tanto de fatores bióticos quanto

de abióticos (Vianna et al. 2000). As mandíbulas desgastadas, seja pela roedura de

alimentos mais duros ou traumas, levam as baratas imaturas a terem mudas mais

frequentes. Em condições desfavoráveis, como na falta de alimentos, temperaturas

extremas e/ou presença abundante de predadores, as baratas podem apresentar número

de ecdises menor como estratégia de sobrevivência. Após a última ecdise surgem

adultos idênticos aos progenitores (Fig. 10) (Vianna et al. 2000).

Fig. 8 – Ooteca de Periplaneta americana após

eclosão das ninfas. (A) - Vista superior da

membrana interna que separa os ovos em duas

fileiras.

0,13 cm

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B

A C

1.1.2 Ciclo biológico de P. americana

Fig. 9 – Ninfas de primeiro ínstar de Periplaneta americana.

Fig. 10 – Ninfa de Periplaneta americana durante ecdise. Ninfa com fissura mediana dorsal,

indicando o início da ecdise (A), e numa fase mais avançada com parte da exúvia já retirada

(B). Adulto de P. americana após última muda (C), de colocação esbranquiçada com a exúvia

ao lado.

0,33 cm

0,20 cm

0,88 cm 1,7 cm

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P. americana tem desenvolvimento hemimetabólico com fases de ooteca, ninfa e

adulto. Durante o período reprodutivo machos e fêmeas liberam, através das glândulas

atriais, feromônios de atração, e durante a cópula com os corpos em oposição, ocorre a

transferência de espermatóforo pelo macho para a fêmea (Bell et al. 2007).

Fêmeas de P. americana formam, em média, uma nova ooteca a cada 4 a 10

dias, no entanto, no auge de seu período reprodutivo, essa espécie pode produzir até

duas ootecas por semana. Um a dois dias após a formação da ooteca a fêmea deposita-a

em local seguro, perto de fontes de alimento, escondendo e cobrindo-a com uma massa

feita através da mastigação de madeira, papelão ou outro material com auxílio da

secreção bucal (Yeh 1995).

As ninfas eclodem após um período de incubação da ooteca, que a 30 ± 1ºC

varia entre 30 e 45 dias. O período de embriogênese é fortemente influenciado pela

temperatura. Temperaturas mais altas aceleram o desenvolvimento dos embriões,

enquanto temperaturas mais baixas aumentam o tempo de incubação dos ovos ou

podem ainda impedir seu desenvolvimento (Vianna et al. 2001). Para que ocorra o

desprendimento da membrana externa da ooteca e a eclosão, as ninfas no interior da

ooteca necessitam realizar movimento e pressão física sincronizados. Este processo

inicia-se com cerca de 16 dias de embriogênese, aumentando de intensidade ao final

desta. Caso não ocorra o sincronismo, por morte de algumas ninfas, a eclosão ficará

comprometida para todas as outras (Provine 1976).

As ninfas de P. americana necessitam de 5 a 15 meses para chegar à fase adulta.

O número de ínstares ninfais é variável entre os sexos, com média de 11 a 13 ínstares

para o macho e 9 a 13 para a fêmea. A duração de cada ínstar ninfal está relacionada à

condições ambientais, podendo estender-se de 14 a 33 dias. Machos podem viver, em

média, dois anos e meio e fêmeas aproximadamente três anos e quatro meses (Vianna et

al. 2001, Bell et al. 2007).

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1.1.3 Aspectos comportamentais

P. americana é denominada sinantrópica por haver desenvolvido estreita relação

com o homem (Bell et al. 2007). Pode ser encontrada dentro e fora de edificações, em

lugares escuros e úmidos. Em áreas peridomiciliares como jardins abriga-se ao redor de

madeiras apodrecidas, entulhos, perto de árvores e outras vegetações. Na presença de

predadores, escassez de alimento ou falta de abrigo, invadem habitações humanas. Nas

casas refugiam-se em banheiros, cozinhas, dentro de armários, atrás de cortinas, no

interior de caixas de esgotos, caixas d' água e de gordura, em ralos e qualquer outro

local que ofereça proteção contra predadores como lagartixas e escorpiões (Rust 2008).

Além da invasão domiciliar, P. americana pode ser encontrada em galpões de

armazenamento, lojas de animais, supermercados, escolas, restaurantes e hospitais,

dentre outros. P. americana apresenta comportamento subsocial e gregário. Em todos os

estágios de desenvolvimento, os indivíduos imaturos encontram-se associados a adultos.

A agregação é estimulada pela produção de feromônios por estes insetos (Amé et al.

2004, Ponce et al. 2005, Bell et al. 2007).

Essas baratas são atraídas pelo cheiro de restos de alimentos acumulados,

principalmente os contendo açúcar e gordura, além de resíduos orgânicos e fluídos

corporais humanos, como escarro e fezes. Alimentam-se de tudo que serve ao consumo

humano, além de produtos contendo celulose, cola, urina, escarro, unha, cabelos, suas

próprias mudas, restos de animais mortos e sangue seco. Podem sobreviver por 15 dias

sem água e por até 42 dias sem comida (Bell et al. 2007).

As peças bucais iniciam o processo de digestão extracorpórea através da

secreção de líquido das glândulas bucais sobre o alimento, para amolecê-lo e depois

ingeri-lo (Vargas 1995). A regurgitação de parte do conteúdo intestinal pode estar

relacionada à necessidade de transferir às proles simbiontes intestinais. Outra função da

regurgitação seria, junto com a defecação, a demarcação de território com a

impregnação de odor característico (Bell et al. 2007).

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1.1.4 Contaminação de insumos alimentares e habitações

Ao se alimentarem, indivíduos de P. americana regurgitam porções de alimentos

semi-digeridos, defecam e contaminam assim comidas e bebidas, tornando-as

impróprias para o consumo humano ou animal (Ponce et al. 2005). Além disso,

excretam líquidos oleosos pelas glândulas corporais para demarcação de território ou

como conduta de fuga. Esses líquidos corporais conferem odor e gosto nauseantes

característicos a alimentos, superfícies e objetos com os quais entram em contato,

permanecendo impregnados por longa duração causando mal estar aos habitantes

(Ponce et al. 2005, Bell et al. 2007).

1.1.5 A produção de alérgenos e a indução de asma e alergias

Nos últimos anos têm crescido as evidências da associação entre asma e a

presença de baratas. P. americana por meio de restos de suas exúvias, fezes, saliva e

excreções corporais, produz alérgenos que causam erupções cutâneas, prurido intenso,

coriza, inchaço das pálpebras e lacrimejamento em pessoas sensíveis (Arlian 2002,

Pomés & Villalba 2007, Rust 2008). Estes alérgenos, mesmo após a eliminação das

baratas, permanecem nos locais por até seis meses ainda com potencial irritante

(Eggleston 2003). A permanência prolongada de P. americana em habitações pode

ocasionar também complicações mais graves do trato respiratório em seus moradores.

Crianças que habitam casas com infestação leve a moderada por P. americana,

apresentam sensibilização respiratória aguda como resposta imune exacerbada a

alérgenos produzidos por estes insetos, e desenvolvem episódios mais frequentes e

graves de asma quando comparadas a crianças que não tem contato com baratas

(Moraes et al. 2001, Sarinho et al. 2004, Lopes et al. 2006).

1.1.6 P. americana no contexto hospitalar

P. americana é responsável por graves problemas como a disseminação de

patógenos causadores de doenças infecto-contagiosas, principalmente em hospitais,

ocasionando surtos de infecção hospitalar (Fathpour et al. 2003, Graczyk et al. 2005,

Tachbele et al. 2006, Vahabi et al. 2007).

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A alternância de habitats, com a permanência durante o dia em locais altamente

contaminados como canais de esgoto, fossas e lixões, e a saída à noite em busca de

alimento, caracteriza P. americana como veiculadora de patógenos e parasitas ao

homem (Ponce et al. 2005). Ao transitar em áreas habitáveis pelo homem, a barata

americana propaga, por ação mecânica, microrganismos patogênicos de origem humana

e animal. Esta propagação ocorre pela superfície corporal e patas, em casas, hospitais,

restaurantes e criadouros de animais (Prado et al. 2002, Lemos et al. 2006, Miranda &

Silva 2008). Cerca de 29 espécies de vírus, fungos, protozoários, helmintos e bactérias

com significativa resistência a antibióticos, já foram identificados em P. americana

(Fathpour et al. 2003, Pai et al. 2003, Thyssen et al. 2004, Graczyk et al. 2005, Lemos et

al. 2006, Prado et al. 2006, Tachbele et al. 2006).

Ocasionalmente, P. americana aproxima-se do rosto de pessoas adormecidas ou

inconscientes acamadas, em busca de restos de alimentos semidigeridos, como leite

regurgitado em recém-nascidos. Ao se alimentar desses restos, provoca “roeduras”

sobre a pele e mucosa, em especial nos lábios e região angular da boca, ocasionando no

local uma erupção vesiculosa denominada herpes blattae (Miranda & Silva 2008).

Ainda como oportunista, P. americana pode alimentar-se de secreções das fossas nasais

e em alguns casos pode invadir cavidades naturais, como nariz e ouvidos, causando

problemas respiratórios e auditivos graves (Figueiredo et al. 2002).

1.2 Métodos de controle de baratas

1.2.1 Inseticidas químicos

Inseticidas químicos, devido ao baixo custo e rápida resposta, são produtos de

primeira escolha e os mais difundidos no combate às baratas (Miller et al. 2003).

Contudo, o uso permanente destes produtos tem sido continuamente questionado devido

a resultados insatisfatórios, contaminação do ambiente e intoxicação de pessoas e

animais domésticos (Alarcon et al. 2005).

A falha no controle de baratas com inseticidas químicos pode ser atribuída à

resistência adquirida, por parte das baratas, a produtos químicos como

organofosforados, carbamatos e piretróides (Rust 2008). Vários fatores podem

determinar o desenvolvimento de resistência química e genética de baratas à inseticidas

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químicos. Dentre estes, destacam-se a dificuldade de identificação da espécie e seleção

do tratamento adequado. Os erros mais comuns são os tratamentos repetidos com

superdosagens ou aplicação de quantidades inferiores de inseticidas às recomendadas

pelos fabricantes (Crow 1957, Rust & Reierson 1991, Salmeron & Omoto 2003).

No Brasil, o Ministério da Saúde não possui programas específicos para controle

de P. americana ou de outras baratas, comparáveis com os programas para controle de

dengue ou malária. O governo brasileiro publica periodicamente uma lista com os

produtos químicos autorizados no país para uso contra insetos pragas. Desta forma, a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é responsável por fiscalizar a

comercialização destes produtos, mas são os Estados e Municípios que definem quais

diretrizes as empresas privadas de combate a insetos pragas devem seguir (SES 2011,

Machado 2011). A escolha do inseticida químico a ser usado é decidida entre a empresa

e o cliente, e está diretamente relacionada à quantidade de baratas existentes, bem como

o tipo e o local a ser tratado (Marcondes 2001, Quirino 2003).

1.2.2 Inseticidas botânicos

São compostos à base de plantas ou metabólitos secundários destas que têm sido

utilizados no controle integrado de algumas pragas agrícolas (Menezes 2005). No

entanto, em relação a baratas, são usados apenas como repelentes, a exemplo dos óleos

de limão, lima, laranja, toranja, dentre outros (Chopa et al. 2006, Thavara et al. 2007,

Ling et al. 2009, Yoon et al. 2009).

1.3 Controle biológico de pragas

O controle biológico de pragas é a aplicação de inimigos naturais, como

patógenos, predadores ou parasitóides para combater e/ou controlar pragas, tanto na

agricultura quanto no meio médico e veterinário (Alves 1998). Crescentes preocupações

com o meio ambiente e com os riscos à saúde humana e animal, provenientes do uso

inadequado de inseticidas químicos, têm estimulado esforços para o desenvolvimento de

alternativas mais eficientes e seguras no combate a insetos pragas. Dentre as opções

pesquisadas, fungos entomopatogênicos apresentam-se como uma opção segura e

eficiente para o controle de muitas pragas (Faria & Wraight 2007, Zimmermann 2007).

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1.3.1 Fungos entomopatogênicos para o controle microbiano

Acredita-se que 80% das doenças causadas à artrópodes tenham os fungos como

agentes patogênicos. Cerca de 90 gêneros e 700 espécies de fungos entomopatogênicos

foram descritas no mundo, e muitos desses fungos ocorrem no Brasil (Alves 1998).

Porém, o potencial da maioria desses fungos para o controle de pragas ainda é

desconhecido. Alguns gêneros, entre eles Metarhizium e Beauveria, têm recebido maior

atenção, mas sem terem ainda todo seu potencial investigado (Faria & Wraight 2007). O

grande número de espécies aliado à alta variabilidade genética e capacidade de infectar

insetos em diversos ambientes fazem dos fungos agentes promissores no controle

biológico (Khachatourians 1998).

1.3.2 Ciclo biológico de fungos entomopatogênicos

O ciclo biológico de fungos, como Metarhizium anisopliae e Beauveria

bassiana, inicia-se com a adesão de conídios à superfície do inseto hospedeiro. A

cutícula atua como uma barreira mecânica e fisiológica a ser atravessada, contudo,

fungos também podem invadir o hospedeiro através de orifícios naturais e pontos de

injúrias (Goettel & Lacey 1995). Uma vez aderido, o conídio inicia a germinação que se

completa com a formação de um tubo germinativo e hifas. Em determinadas espécies,

como M. anisopliae, há formação de apressório e grampo de penetração que auxiliam

no processo de penetração da cutícula (Khachatourians 1998) (Fig. 11). O processo de

invasão fúngica envolve forças mecânicas e excreção de enzimas extracelulares

degradadoras da cutícula (Goettel & Lacey 1995). Após a penetração, as hifas atingem a

hemocele, e neste momento o inseto ativa mecanismos de defesa interna contra o

crescimento fúngico, como fagocitose, destruição de plasmócitos infectados,

encapsulamento de propágulos fúngicos e formação de nódulos. O fungo patogênico

escapa dos mecanismos de defesa do inseto, e forma corpos hifais. A ação de toxinas,

associada a alterações na hemocele, cessação da alimentação e depleção de reservas

nutricionais, devido ao crescimento de corpos hifais e micélio, causam a morte do inseto

(Khachatourians 1998). Muitos fungos colonizam órgãos como o corpo gorduroso,

sistema digestivo, tubos de Malpighi, hipoderme, sistema nervoso, músculos e

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traquéias. Após a morte do inseto, hifas emergem através dos espiráculos e da cutícula

e, associado ao crescimento de micélio, ocorre a conidiogênese do fungo no cadáver. A

disseminação de novos conídios no ambiente ocorre através de chuva, vento e animais,

podendo contaminar e infectar novos hospedeiros (Goettel & Lacey 1995,

Khachatourians 1998).

Fig. 11 – Ciclo de Metarhizium sp. em inseto hospedeiro. (Adaptado

de Alves 1998)

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1.3.3 Combate de insetos pragas com fungos

Fungos entomopatogênicos têm sido utilizados na agricultura para o controle de

cascudinhos (Chernaki et al. 2007), cigarrinhas (Pria Júnior et al. 2008), broca gigante

da cana-de açúcar (Figueirêdo et al. 2002), lagartas e percevejos do algodão (Filho et

al. 2002, Samuels & Coracini 2004), cupins (Fernandes & Alves 1991), moscas (Wright

et al. 2004, Angel et al. 2005) dentre outros. O potencial de fungos entomopatogênicos

para o combate de insetos de importância médica e veterinária tem sido demonstrado

em laboratório para Triatoma infestans (Luz et al. 1998), Anopheles gambiae (Scholte

et al. 2005), carrapatos (Pirali et al. 2007, Leemon & Jonsson 2008) dentre outros, e

també recentemente em campo para A. gambiae (Bukhari 2011) e Aedes aegypti (Lobo

et al. dados não publicados). Desta forma, devido ao potencial inseticida dos fungos,

vários países investem em pesquisas para o desenvolvimento, produção e

comercialização de micoinseticidas, formulados principalmente com M. anisopliae ou

B. bassiana (Faria & Wraight 2007).

1.3.4 Fungos e baratas

Ainda não existem no Brasil produtos comerciais à base de fungos

entomopatogênicos para o controle de baratas sinantrópicas ou outros insetos pragas

urbano. Um inseticida formulado com conídios de M. anisopliae em pó espalhativo,

chamado “Zero QK-S 0,4 DP” é comercializado na Guatemala para o combate

específico de baratas. O fabricante recomenda que esse produto seja espalhado em uma

fina camada nas superfícies a serem tratadas. Apesar da citação de não toxicidade a

mascotes, o produto é classificado como ligeiramente tóxico (Grau IV - OMS) e não há

informações específicas sobre segurança para humanos (Agricola 2011). O produto é

comercializado exclusivamente na Guatemala e pedidos de importação são negados,

bem como informações adicionais do inseticida.

Até hoje existem poucas informações publicadas sobre efeito de fungos em

baratas, seja em condições de campo ou laboratório. Os trabalhos relatam, em grande

parte, o sinergismo entre produtos químicos e M. anisopliae em adultos de B.

germanica (Kaakeh et al. 1996, 1997, Zurek et al. 2002, Quesada-Moranga et al. 2004,

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Adebi & Dayer 2005). Apesar do sinergismo ser um fator importante para controle

integrado, o conhecimento do real potencial dos fungos entomopatogênicos, sobretudo

para P. americana, ainda faz-se necessário.

Até o presente momento, tem-se conhecimento de apenas um único estudo

publicado sobre a associação entre fungos entomopatogênicos e P. americana, e este

relata o efeito de B. bassiana nessa espécie. Nesse estudo, conídios causaram

mortalidade em adultos e diminuíram a eclosão de ninfas em ootecas tratadas (Mohan et

al. 1999). Ainda não existem informações sobre o potencial de outras espécies ou

linhagens de fungos para controle biológico de P. americana.

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2 JUSTIFICATIVA

A presença de baratas em hospitais propicia o risco de contaminação de

ambientes, artigos médico-hospitalares, pacientes e trabalhadores com a disseminação

mecânica de vírus, fungos e bactérias. Apesar da veiculação de patógenos por baratas

em ambiente hospitalar já ter sido comprovada, a atribuição da causa das doenças às

baratas ainda é dificultada, tanto pela falta de um protocolo de

identificação/rastreamento quanto pelo hábito noctívago das mesmas.

As opções disponíveis para combater este inseto são paliativas, isto porque o

tratamento escolhido, na maioria das vezes, é um gel comestível com ação inseticida,

que afeta apenas ninfas e adultos. A ooteca neste tipo de tratamento não é combatida,

permitindo uma nova infestação em pouco tempo. Mesmo no tratamento químico por

pulverização, a ooteca ainda mantém-se inacessível, uma vez que a mesma é oviposta

em local escondido, e aparentemente, o inseticida químico não possui capacidade de

transpor a casca da ooteca e afetar as ninfas em desenvolvimento.

A falta de informação quanto à conduta correta em casos de infestações, advinda

da ausência de programas que norteiem o combate a baratas, favoreceu o uso abusivo de

produtos químicos, e por consequência, a seleção de populações resistentes à produtos

atualmente utilizados. Além da resistência adquirida, outro efeito colateral do abuso

destes produtos é a toxicidade para o meio ambiente e o homem.

As injúrias causadas por esta praga, bem como a falta de alternativas para o seu

controle, suscitam esforços para o desenvolvimento de estratégias que sejam viáveis,

seguras e eficazes. Fungos entomopatogênicos obtiveram resultados satisfatórios, em

condições de laboratório e/ou campo, contra alguns insetos de interesse médico. Nesse

sentido, o uso de fungos, que poderão afetar todas as fases de desenvolvimento da

barata, inclusive a ooteca, apresenta–se como uma alternativa promissora no combate a

esta praga.

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Contribuir para o desenvolvimento do controle biológico de P. americana com

fungos entomopatogênicos.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar o efeito de fungos entomopatogênicos em ninfas de P. americana;

Avaliar o efeito em ootecas, dos isolados fúngicos mais virulentos para ninfas de

P. americana;

Avaliar o efeito em adultos, dos isolados fúngicos mais virulentos para ootecas

de P. americana;

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4 METODOLOGIA

4.1 Origem e criação de P. americana

A criação de P. americana foi originada a partir de espécimes adultos capturados

na cidade de Goiânia, Goiás, Brasil em 2009. Os insetos foram criados sob condições de

laboratório, em caixas plásticas (30 x 30 x 30 cm) com até 50 casais cada. Em cada

caixa foram colocadas quatro bandejas de papelão, aquelas utilizadas para o transporte

de ovos de galinhas (10 x 10 x 10 cm). As bandejas sobrepostas foram destinadas ao

esconderijo das baratas e sítio de postura de ootecas. As caixas foram vedadas com filó

para impedir fuga e propiciar aeração. Os insetos foram mantidos a 25 + 1ºC, 70 + 10 %

de umidade relativa (UR) e fotofase natural (Fig. 12).

As baratas foram alimentadas com ração seca comercial para gatos (Whiskas®,

Mars Brasil Incorporated, Indústria e Comércio Ltda. Guararema, SP, Brasil)

previamente triturada, e com água fornecida através de algodão umedecido

acondicionado em copos plásticos de 200 ml (Fig. 13). Três vezes por semana foram

retirados indivíduos mortos, exuvias, excesso de fezes, restos de alimentos, ootecas

postas e feita a reposição de água e ração.

As ootecas retiradas do substrato foram acondicionadas individualmente em

placa de Petri (40 x 11 mm), expostas, em ambos os lados, a radiação ultravioleta

(UVC) durante 15 minutos para diminuição da microbiota existente na superfície e

depois mantidas, em incubadora própria, a 30 ± 2ºC, > 98% UR até eclosão das ninfas.

As ninfas foram transferidas para caixa plástica (30 x 30 x 30 cm) e mantidas sob as

mesmas condições dos adultos.

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a b

4.2 Origem e cultivo dos fungos

Fig. 13 – (A) - Vista interna de uma caixa de criação de Periplaneta americana com adultos e

ninfas se alimentando. (B) - Placa de Petri com ração seca triturada (Whiskas®

) para gatos (a) e

copo plástico com algodão umedecido em água (b).

Fig. 12 - Caixa de criação com adultos e ninfas de Periplaneta

americana vedada com filó (A), contendo no seu interior

caixas de papelão sobrepostas (aquelas utilizadas no transporte

de ovos de galinhas) para esconderijo e sítio de postura de

ootecas (B).

A B

B

A

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Tabela 1 – Origem, ano e país dos fungos entomopatogênicos testados.

4.2 Origem e cultivo dos fungos

As informações sobre os fungos utilizados nos testes, como o país, o ano de

isolamento e o hospedeiro ou substrato de origem são apresentadas na Tabela 1.

Para o preparo do meio de cultura BDA (batata, dextrose, ágar) 170 g de batatas

foram descascadas, cortadas em pequenos pedaços, colocadas em um béquer de plástico

com 1.000 ml de água destilada e autoclavadas. Após 20 min a 120ºC, o béquer foi

retirado do autoclave e deixado em temperatura ambiente até esfriar. O líquido foi então

filtrado, completado o volume para 1.000 ml com água destilada, acrescentado 20 g

dextrose e 18 g ágar, ajustado o pH para 7 e autoclavado novamente durante 20 min. O

meio foi distribuído em placas de Petri de vidro (100 x 20 mm) e essas armazenadas a

4ºC até a utilização. Após o repique do fungo, as placas foram incubadas a 25 ± 1ºC, 75

± 10% de umidade relativa e fotofase de 12 h durante 15 dias.

Fungo Isolado País Ano Substrato/

Hospedeiro

Beauveria bassiana IP 3 a Brasil 2001 Solo

B. bassiana IP 361 a Brasil 2010 Amblyomma

c

Isaria farinosa ARSEF 1065 b Brasil 1983 Chlosyne

d

I. cateniobliqua ARSEF 6244 b China 1999 besouro

e

Metarhizium anisopliae s.l. IP 46 a Brasil 2001 Solo

M. robertsii IP 34 a Brasil 2001 Solo

M. frigidum ARSEF 4561 b Austrália 1989 Solo

Purpureocillium lilacinum IP 320 a Brasil 2006 Solo

Simplicillium lanosoniveum ARSEF 8822 b Tanzânia 2008 culicídeo

f

Sporothrix insectorum IP 268 a Brasil 1997 Leptopharsa

g

Tolypocladium cylindrosporum ARSEF 962 b Canadá 1971 solo

a Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), UFG, Goiânia, Goiás, Brasil.

b USDA-ARS Robert W Holley. Institute Center for Agriculture and Health, NY, Ithaca,

USA c Ixodida,

d Lepidoptera,

e Coleoptera,

f Diptera,

g Hemiptera

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4.3 Preparo de formulado fúngico em óleo-água

Conídios de cada fungo foram raspados com auxílio de uma espátula da

superfície do meio de cultura, transferidos para tubos de vidro contendo 10 ml de

Tween 80®

(0,1%) e pérolas de vidro, agitados em vortex por 3 min, filtrados através de

algodão hidrófilo e a concentração determinada pela contagem dos conídios em câmara

de Neubauer. Os conídios foram formulados em 10% de óleo vegetal emulsionável

(Graxol®, Agrária Indústria e Comércio Ltda., Jardinópolis, SP, Brasil) na concentração

final de 108 conídios/ml. No início de cada experimento, a viabilidade dos conídios (>

95 %) foi confirmada pela inoculação de 100 µl da suspensão de conídios, em placa de

Petri contendo meio SDAL (Sabouraud dextrose ágar acrescido de extrato de levedura),

incubados a 25 + 1ºC por até 24 h. A contagem de conídios germinados (100 conídios

em quatro quadrantes), foi feita utilizando um microscópio óptico. Conídios foram

considerados germinados quando o tubo germinativo foi mais longo que o diâmetro do

conídio.

4.4 Preparo de ninfas para aplicação de formulado e incubação pós

tratamento

Dez ninfas (N1) com 24 a 72 h após a eclosão foram colocadas em placas de

Petri (100 x 20 mm) com papel filtro estéril e expostas a 4ºC por 20 minutos, para

diminuir a movimentação durante o tratamento. Com auxílio de um pincel de cerdas

finas, as ninfas foram dispostas com a face ventral para baixo. Com ajuda de uma

micropipeta semiautomática, 0,5 µl de formulado fúngico foi aplicado sobre a região

dorsal do tórax e abdome de cada ninfa, resultando numa dose final de 5x104

conídios/ninfa (Fig. 14). As ninfas do grupo controle foram tratadas apenas com

formulado óleo-água, sem adição de conídios. As placas com as ninfas foram

acondicionadas a 25 + 1ºC e > 98% UR. As ninfas foram alimentadas apenas com ração

seca comercial para gatos (Whiskas®) (0,5 g por placa) previamente triturada e água

através de algodão umedecido (0,1 ml), ambos fornecidos em copos artesanais de

alumínio (1 ml). A cada três dias, os recipientes com água e comida foram substituídos

por novos. A mortalidade foi verificada diariamente por 25 dias. Ninfas mortas foram

transferidas para câmara úmida a 25 + 1ºC, e o crescimento de fungo na superfície dos

cadáveres foi avaliado por até 15 dias.

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Fig. 14 - Ninfas previamente imobilizadas por

exposição a 4°C por 20 min, sendo tratadas

topicamente com 0,5 µl de formulado fúngico

(5x104

conídios/ninfa) na região do tórax e abdome,

com auxílio de micropipeta semiautomática.

4.5 Preparo de ootecas para aplicação do formulado e incubação pós

tratamento

Ootecas com três a cinco dias após oviposição pelas fêmeas foram retiradas do

substrato, acondicionadas individualmente em placas de Petri com papel filtro estéril,

totalizando cinco ootecas tratadas para cada fungo por repetição. Foram testados M.

anisopliae IP 46 e M. robertsii IP 34, que em teste anterior, causaram mortalidade ≥

90% em ninfas. Com pipeta semiautomática, foram aplicados topicamente 2,5 µl de

formulado óleo-água, resultando numa dose final de 2,5 x 105

conídios/ooteca. As

ootecas do grupo controle foram tratadas apenas com a emulsão óleo-água, sem

conídios. As placas com as ootecas foram acondicionadas a 25 + 1ºC e > 98% UR, e

acompanhados por 50 dias o desenvolvimento de fungo sobre a ooteca e a eclosão de

ninfas. A sobrevivência de ninfas eclodidas foi avaliada diariamente por mais 25 dias.

As ninfas foram alimentadas conforme descrito no item 4.4.

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4.6 Preparo de adultos para aplicação do formulado e incubação pós

tratamento

Adultos, machos e fêmeas, foram separados das caixas de criação dois dias

antes de cada tratamento para diminuir o stress ao manuseio. Foi testado M. anisopliae

IP 46, que em teste anterior, causou maior mortalidade em ninfas e ootecas. Os

espécimes foram tratados topicamente, na região ventral do tórax e abdome, com 50 µl

de formulado fúngico, através de uma micropipeta semiautomática. Foram testadas

cinco doses 5x103, 10

4, 5x10

4, 10

5 e 5x10

5 conídios/adulto. Adultos do grupo controle

foram tratados apenas com formulado óleo-água. Copos plásticos (350 ml) contendo no

seu interior papel filtro e um esconderijo feito de caixa para ovos de galinhas, foram

perfurados nas laterais e utilizados para acondicionar os adultos. Cada copo plástico

recebeu apenas um indivíduo tratado, perfazendo cinco adultos tratados para cada dose.

Os copos com os adultos foram acondicionados a 25 + 1ºC e > 98% UR por até 25 dias.

Água foi ofertada permanentemente através de algodão umedecido (0,5 ml) (3 cm).

Ração seca comercial para gatos previamente triturada (Whiskas®) (0,5 g por placa), foi

ofertada a cada cico dias, por 24 h, e então removida, para prevenir crescimento de

contaminantes. A mortalidade foi verificada diariamente por 25 dias. Adultos mortos

foram transferidos para câmara úmida a 25 + 1ºC, após prévia decontaminação da

superfície corporal, e o crescimento de fungo sobre os cadáveres avaliado por até 15

dias.

4.7 Análise dos resultados

Foram realizadas seis repetições independentes para ninfas, ootecas e adultos,

cada uma usando nova cultura de fungo. Os valores de mortalidade relativa acumulada

de ninfas foram transformados em arcsin e examinados com Análise de Variância

(ANOVA) e teste de comparação múltipla Student-Newman-Keuls (SNK). As médias

foram consideradas significativamente diferentes com P < 0,05.

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5 RESULTADOS

5.1 Ensaio com ninfas

5.1.1 Comportamento pós-tratamento e mortalidade de ninfas

Geralmente as ninfas iniciaram movimentos repetitivos com as antenas e patas

imediatamente após aplicação tópica do formulado óleo-água com ou sem conídios.

Durante cinco a 10 minutos elas passaram suas antenas primeiramente sobre a superfície

corporal e depois pelo seu aparelho bucal. As patas também foram levadas à boca. A

partir do quinto dia após inoculação até o 25° dia, ninfas tratadas com Sporothrix

insectorum (IP 268) apresentaram hiperatividade, movimentando-se rapidamente na

placa de Petri. O comportamento de ninfas tratadas com os outros fungos, não foi

diferente ao observado em ninfas do grupo controle.

Dois dias após tratamento, pelo menos 80% das ninfas tratadas com B. bassiana

IP 361, M. robertsii IP 34 e M. anisopliae IP 46 demostraram uma distinta desordem de

movimento com incremento de sinais de paralisia. Esses insetos morreram no mesmo

ou nos próximos dias (Tab. 2). Primeiras ninfas mortas foram encontradas com dois dias

pós tratamento com B. bassiana IP 3 e IP 361, M. robertsii IP 34, M. anisopliae IP 46,

M. frigidum ARSEF 4561 e Purpureocillium lilacinum IP 320. Enquanto a mortalidade

de ninfas tratadas com IP 361, IP 34 e IP 46 aumentou nos dias seguintes e atingiu

valores ≥ 58,3% e ≥ 81,7% depois de 10 e 25 dias pós tratamento, respectivamente. A

maioria das ninfas (≥ 80%) tratadas com os outros fungos sobreviveu (Tab. 2).

Nenhuma ninfa morreu quando tratada com Isaria cateniobliqua ARSEF 6244, I.

farinosa ARSEF 1065, Simplicillium lanosoniveum ARSEF 8822, Sporothrix

insectorum IP 268 e Tolypocladium cylindrosporum ARSEF 962, ou no grupo controle,

e incubada em seguida durante 25 dias. O efeito dos fungos testados sobre a

mortalidade acumulada foi altamente significativo para ambos, 10 e 25 dias de

incubação (F10,55 ≥ 18,3; P ≤ 0,0001, Tab. 2).

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Tabela 2 – Mortalidade acumulada (%) de ninfas de Periplaneta americana tratadas

com fungos entomopatogênicos e número relativo de ninfas mortas com

desenvolvimento do fungo inoculado.

5.1.2 Desenvolvimento de fungo sobre ninfas mortas

O crescimento distinto de micélio sobre ninfas mortas foi observado inicialmente

nas regiões intersegmentais das patas e antenas após o terceiro dia de incubação dos

cadáveres em câmara úmida. A maioria das ninfas (≥ 91,5%) que morreu após o

tratamento com B. bassiana, Metarhizium spp. ou P. lilacinum apresentou micélio e

conídios sobre os indivíduos mortos nos dias seguintes (Tab. 2, Fig. 15).

Fungo Mortalidade acumulada (%) Desenvolvimento

de fungo (%)

10º dia 25º dia 15º dia

Beauveria bassiana IP 3 1,7 ± 1,5 a 5 ± 4,6 a 100

B. bassiana IP 361 58,3 ± 11,4 b 81,7 ± 8,6 c 100

Isaria cateniobliqua 0 a 0 a -

I. farinosa 0 a 0 a -

Metarhizium anisopliae 66,7 ± 13,8 b 95 ± 3,1 c 91,5 ± 4

M. frigidum 13,3 ± 3 a 20 ± 2,4 b 100

M. robertsii 71,7 ± 8,6 b 93,3 ± 1,9 c 91,7 ± 5

Purpureocillium

Lilacinum 8,3 ± 4,3 a 18,3 ± 6,4 b 100

Simplicillium

lanosoniveum 0 a 0 a -

Sporothrix insectorum 0 a 0 a -

Tolypocladium

cylindrosporum 0 a 0 a -

F10,55 18,3 77,1 -

P < 0,0001 < 0,0001 -

Dez ninfas de primeiro ínstar foram tratadas topicamente com suspensão de

conídios (5 x 104

conídios/ninfa) formulados em óleo/água (Graxol® 10%) e

incubadas a 25 ± 1°C, umidade relativa > 98% e 12 h de fotofase por até 25 dias.

Os valores médio de mortalidade (calculados com seis repetições independentes)

na mesma coluna, baseados em análise de variância e teste de comparação múltipla

Student-Newman-Keuls, seguidos por letras diferentes (a - c) foram

significativamente diferentes entre si. Não houve mortalidade de ninfas dos grupos

controles.

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Fig. 15 - Ninfa morta de

Periplaneta americana com

Metarhizium anisopliae IP 46

após 10 dias de incubação a >

98% UR e 25ºC.

5.2 Ensaio com ootecas

5.2.1 Desenvolvimento de fungo sobre as ootecas

Micélio e novos conídios distintos dos isolados IP 46 e IP 34 foram visualizados

inicialmente sobre a quilha, e depois, por toda extensão da ooteca tratada, após um

mínimo de 11 dias (micélio) e 20 dias (conídios) de incubação após tratamento (Fig.

16). No 30° dia, 31% das ootecas tratadas com IP 46 e 23% das ootecas tratadas com IP

34 foram cobertas por micélio e conídios.

5.2.2 Eclosão de ninfas

Em ootecas nas quais houve desenvolvimento de micélio e conídios do fungo

inoculado, nenhuma ninfa eclodiu durante os 45 dias de exposição. A eclosão de ninfas

a partir de ootecas, sem micélio ou conídios na superfície externa, tratadas ou não com

IP 34 ou IP 46, iniciou em média 33 dias após tratamento e terminou até o 44° dia.

Nenhuma ninfa eclodiu entre 45 e 50 dias de incubação. Nos grupos controle, 100% das

ninfas eclodiram até 45 dias de incubação. Todas as ninfas eclodidas a partir de ootecas

0,33 cm

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Tempo (pós-tratamento)0 30 35 40 45

Ecl

osã

o (

%)

0

20

40

60

80

100Controle

IP 46

IP 34

tratadas com conídios (69% e 77% de eclosão para IP 46 e IP 34, respectivamente; Fig.

17) ou de ootecas do grupo controle sobreviveram durante os 25 dias seguintes.

5.3 Ensaio com adultos

Fig. 16 – Ooteca de Periplaneta americana com micélio e

conídios de Metarhizium anisopliae IP 46, 30 dias após

incubação a umidade relativa > 98% e 25ºC.

Fig. 17 - Eclosão (%) de ninfas de Periplaneta americana a partir de

ootecas tratadas com Metarhizium anisopliae IP 46 e Metarhizium

robertsii IP 34, formulados em óleo-água, (2,5 x 105 conídios/ooteca) e

incubadas a umidade relativa > 98% e 25ºC, até 45 dias após tratamento.

0,12 cm

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5.3.1 Comportamento pós-tratamento e mortalidade de adultos

Assim como as ninfas, adultos, tanto machos quanto fêmeas, após aplicação

tópica do formulado óleo-água, com ou sem conídios, iniciaram movimentos repetitivos

com antenas e patas. Durante mais ou menos 15 minutos, adultos, de maneira

semelhante às ninfas, passaram suas antenas primeiramente sobre a superfície corporal

e depois pelo seu aparelho bucal. Além das antenas, as patas também foram levadas ao

aparelho bucal. Em seguida os adultos deslocaram-se para dentro do suporte de papelão

contido no interior do copo plástico.

Primeiros adultos mortos foram visualizados com três dias pós tratamento tanto

para machos quanto para fêmeas. A maior mortalidade em machos foi obtida com três

das cinco doses testadas (5x104, 10

5, 5x10

5 conídios/adulto) já em fêmeas, a maior

mortalidade foi alcançado apenas em indivíduos tratados com a maior dose (5x105

conídios/adulto) (Tabela 3).

A susceptibilidade dos adultos dependeu da dose, quanto maior a dose maior a

mortalidade e não diferiu entre os sexos (Fig. 18 e 19) . O efeito do dose testada sobre a

mortalidade acumulada foi altamente significativo para ambos, 5 e 10 dias de

incubação, tanto para machos (F5,30 ≥ 54,8 e P ≤ 0,0001) quanto para fêmeas (F5,30 ≥

76,4 e P ≤ 0,0001) .

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Tabela 3 – Mortalidade acumulada (%) de adultos de Periplaneta americana tratados com

conídios de Metarhizium anisopliae IP 46 e tempo letal.

Mortalidade acumulada Tempo letal (TL)

Dose 5 dias 10 dias TL50 TL90 Slope

Fêmea

Controle 0 a 0 a * * *

5x103 3,3 ± 3,3 a 50 ± 4,5 b 10,1 (8,4 - 2,5) 15,1 (12,6 - 21,1) 0,25 ± 0,06

104 20,0 ± 4,2 a 70 ± 4,5 c 8 (6,4 - 10) 13,4 (11,2 - 17,8) 0,24 ± 0,05

5x104 63,3 ± 6,1 b 86,7 ± 4,2 d 4,6 (3,7 - 5,5) 7,4 (6,4 - 9,3) 0,45 ± 0,08

105 83,3 ± 6,1 c 93,3 ± 4,2 d/e 3,8 (2,9 - 4,6) 6,3 (5,4 - 7,8) 0,51 ± 0,09

5x105 100 d 100 e 2,7 (2,3 - 3,1) 3,9 (3,4 - 4,6) 1,05 ± 0,18

F 5,30 76,4 82,1

P 0,0001 0,0001

Macho

Controle 0 a 0 a * * *

5x103 20,0 ± 10,2 b 70 ± 4,5 b 8,0 (6,4 - 9,8) 13,1 (11,0 - 17,5) 0,25 ± 0,05

104 46,7 ± 11,1 c 90 ± 4,5 c 7,3 (6,0 - 9) 12,5 (10,5 - 16,2) 0,24 ± 0,04

5x104 73,3 ± 6,7 d 100 d 5,3 (4,4 - 6.3) 8,8 (7,6 - 11) 0,36 ±0,05

105 100 e 100 d 3,7 (3,0 - 4,3) 6,0 (5,2 - 07,4) 0,55 ± 0,09

5x105 100 e 100 d 3,0 (2,5 - 3,5) 4,8 (4,2 - 06) 0,71 ± 0,13

F 5,30 54,8 173,7

P 0,0001 0,0001

Cinco adultos foram tratados topicamente com suspensão de conídios (105, 2x10

5, 10

6, 2x10

6 ou 10

7

conídios/ml) formulados em óleo/água (Graxol® 10%) e incubados a 25 ± 1°C, umidade relativa >

98% e 12 h de fotofase por até 25 dias. Os valores médio de mortalidade (calculados com seis

repetições independentes) na mesma coluna, baseados em análise de variância e teste de

comparação múltipla Student-Newman-Keuls, seguidos por letras diferentes (a - e) foram

significativamente diferentes entre si. Não houve mortalidade de adultos dos grupos controles.

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Tabela 4 – Dose letal, seus respectivos intervalos de confiança, e slope, necessária para

matar 50 e 90% de adultos de Periplaneta americana tratadas com conídios de

Metarhizium anisopliae IP 46 formulado em óleo/água.

0

20

40

60

80

100

24

68

1012

14Mort

alid

ade

Dia

s

Dose

Fêmea

5x103104

5x104

105

5x105

Dose Letal (LD)

Sexo Dias LD 50 LD 90 Slope

Fêmea 5 3,8 x 10

4 (2,7 x 10

4 - 5,1 x 10

4) c 1,5 x 10

5 (1,5 x 10

5 - 2,5 x 10

5) 2,2 ± 0,3

10 4,5 x 103 (1,3 x 10

3 - 8,4 x 10

3) a 7 x 10

4 (3,7 x 10

4 - 2,6 x 10

6) 1,1 ± 0,2

Macho

5 1,3 x 104 (9,2 x 10

3 - 1.9 x 10

4) b 6,9 x 10

4 (4,5 x 10

4 - 1.3 x 10

5) 1,8 ± 0,3

10 8,3 x 103 (4,5 - 2,9 x 10

3) a 1,9 x 10

4 (8,6 X 10

3 - 7,1 x 10

4) 0,9 ± 0,3

Fig. 18 – Mortalidade acumulada (%) de fêmeas adultas de

Periplaneta americana tratados com conídios de Metarhizium

anisopliae IP 46, formulados em óleo-água, e incubadas a umidade

relativa > 98% UR e 25ºC, por 15 dias após tratamento.

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0

20

40

60

80

100

24

68

1012

14Mort

alid

ade

Dia

s

Dose

Macho

5x103104

5x104

105

5x105

5.3.2. Desenvolvimento de fungo sobre adultos mortos

O crescimento de micélio sobre adultos mortos foi observado primeiramente nos

órgãos sensoriais (cercis e estilos), nas regiões intersegmentais das patas e antenas e no

aparelho bucal, três dias após a incubação dos cadáveres em câmara úmida. Em alguns

indivíduos tratados com as 2 menores doses (5x103 ou 10

4 conídios/adulto) houve

crescimento de fungo contaminante. Conídios de M. anisopliae cresceram em ≥ 86%

dos adultos mortos incubados nos dias seguintes.

Fig. 19 – Mortalidade acumulada (%) de machos adultos de

Periplaneta americana tratados com conídios de Metarhizium

anisopliae IP 46, formulados em óleo-água, e incubadas a umidade

relativa > 98% UR e 25ºC, por 15 dias após tratamento.

tratamento.

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6 DISCUSSÃO

6.1 Comportamento pós-tratamento e mortalidade de ninfas e adultos

As ninfas, bem como os adultos, tentaram limpar seu próprio corpo após contato

do formulado, independentemente da presença de conídios, visto que no grupo controle,

também foram observados os mesmos movimentos de limpeza. Ficou claro que as

ninfas e adultos, não conseguiram sempre retirar, suficientemente, os conídios para

escapar da infecção com fungos patogênicos. Não foi possível, contudo, afirmar que

esse comportamento estava relacionado apenas à higiene corporal ou também à

estratégias de defesa, como existe em alguns himenópteros e isópteros sociais, os quais

detectam patógenos e impedem sua propagação (Hughes et al. 2002, Traniello et al.

2002, Lacerda 2009). A diminuição dos movimentos, seguidos de paralisia e morte das

ninfas em poucos dias após o tratamento, observadas para alguns dos fungos, deve-se

provavelmente a toxinas fúngicas ou enzimas produzidas por B. bassiana e Metarhizium

spp. O número e o tipo de toxinas ou enzimas ligadas à virulência podem variar entre

espécies do mesmo gênero e entre linhagens da mesma espécie de fungo. Sua expressão

depende do hospedeiro (Gómez & Alves 1983, Magalhães et al. 1997, Milner et al.

1998, 2003, Amiri-Besheli et al. 2000, Roberts & Leger 2004, Silva et al. 2004). No

presente estudo, toxinas ou enzimas podem ter contribuído eventualmente para

aumentar a eficácia de B. bassiana, M. anisopliae e M. robertsii em P. americana.

A hiperatividade observada em ninfas tratadas com S. insectorum,

aparentemente não foi ligada à patogenicidade dessa espécie, visto que não houve

mortalidade neste grupo. Mesmo assim, a hiperatividade eventualmente favorece a

sobrevivência de ninfas infectadas com fungos patogênicos, uma vez que o aumento da

temperatura corporal, ligada a maior atividade, pode interferir no desenvolvimento do

fungo e contribuir para combater a infecção, conforme descrito em abelhas e gafanhotos

por Téllez-Jurado et al. ( 2009).

B. bassiana, M. anisopliae e M. robertsii foram patogênicos para P. americana,

o que também foi visto em Mohan et al. (1999) com B. bassiana em P. americana e

com M. anisopliae em Blatella germanica (Kaakeh et al. 1996, 1997, Zurek et al. 2002,

Quesada-Moranga et al. 2004, Abedi & Dayer 2005, Lopes & Alves 2011). O presente

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estudo relata, pela primeira vez, a patogenicidade de M. anisopliae IP 46 e M. robertsii

IP 34 em P. americana.

Os demais fungos testados (Isaria cateniobliqua, I. farinosa, M. frigidum,

Purpureocillium lilacinum, Simplicillium lanosoniveum, S. insectorum e Tolypocladium

cylindrosporum) não foram considerados patogênicos, visto que causaram mortalidade

inferior a 20% em 25 dias. Apesar desses fungos não terem sido patogênicos para ninfas

de P. americana, é importante notar que podem existir outras linhagens fúngicas

patogênicas para essa ou outras espécies de baratas. Também podem existir outras

linhagens de B. bassiana, M. anisopliae ou M. robertsii com maior virulência contra

esta barata do que foi encontrada com os isolados testados no presente estudo. A

variabilidade intraespecífica (entre linhagens de B. bassiana) e intragênica (M.

anisopliae, M. robertsii e M. frigidum) da virulência das linhagens fúngicas para P.

americana no presente estudo, foi também encontrada para Metarhizium e Beauveria

em outros insetos como Triatoma infestans (Luz et al. 1998, Lazzarini et al. 2006),

Phlebotomus duboscqi (Ngumbi et al. 2011) e Musca domestica (Sharififard et al.

2011). A recente reclassificação dos gêneros de Metarhizium e Beauveria permite hoje

uma melhor compreensão da variabilidade intraespecífica e intragênica relacionada à

virulência em insetos específicos (Bischoff et al. 2006, 2009, Rehner et al. 2011)

6.2 Desenvolvimento de fungo sobre ninfas e adultos mortos

O crescimento de B. bassiana, M. anisopliae e M. robertsii e a conidiogênese

desses fungos sobre 90% ou mais das ninfas mortas, e de M. anisopliae em ≥ 86% dos

adultos, consolidaram os dados de patogenicidade, e mostraram que pelo tratamento

tópico o fungo consegue vencer as defesas do inseto e causar infecção, como foi

mostrado também por Quesada-Moranga et al. em B. germanica (2004). Lopes & Alves

(2011) observaram que o tratamento tópico foi mais eficaz do que a a infecção oral,

uma vez que a ingestão de conídios de M. anisopliae com alimentos não causou

mortalidade em adultos/ninfas de B. germânica, possivelmente devido à inativação dos

conídios no intestino da barata.

A produção de novos conídios nos cadáveres é importante, pois favorece a

disseminação de conídios em colônias de baratas subsociais e gregárias. Quesada-

Moranga et al. (2004) demonstraram a transmissão horizontal de conídios de M.

anisopliae entre B. germanica mortas e indivíduos saudáveis da mesma espécie.

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6.3 Desenvolvimento de fungo sobre ooteca e eclosão de ninfas

Ootecas de P. americana, como as de Blatta orientalis, são resistentes e

aparentemente impermeáveis a água (Pryon 1946). Os fungos que infectaram as ootecas

provavelmente através da quilha, na qual a casca está menos forte e eventualmente

facilitou a penetração de hifas, inviabilizaram o desenvolvimento das ninfas mais

rapidamente do que aconteceria se a invasão ocorresse através da casca da ooteca. A

quilha é a parte mais vulnerável da ooteca, com microespaços parcialmente selados em

P. americana, que são separados apenas no momento da eclosão das ninfas (Maya et al.

2002, Pryon 1946).

Ninfas em desenvolvimento na ooteca necessitam estar sadias para exercer

coletivamente pressão mecânica na membrana interna e eclodir, e não são capazes de

eclodir quando parte das ninfas sucumbem à infecção fungica (Provine 1976). É

possível que a infecção pelos fungos patogênicos, e eventual morte de apenas uma, ou

várias ninfas dentro da ooteca, possam ter comprometida a viabilidade de todas as

demais vivas. O aparecimento de conídios sobre a ooteca favorece a disseminação dos

fungos e a infecção de colônias, visto que P. americana ovipõe em locais nos quais já

existem ootecas (Bell et al. 2007).

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7 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Baseados nos resultados obtidos sobre o comportamento, a mortalidade de P.

americana e a conidiogênese de B. bassiana IP 361, M. anisopliae IP 46, e M. robertsii

IP 34 nas ninfas mortas, e a atividade ootequicida das duas últimas espécies, ficou claro

que esses fungos possuem potencial para controle biológico desta praga e podem

contribuir com o desenvolvimento de estratégias para interromper o ciclo de vida ovo-

adulto.

Futuros esforços devem centrar-se em estudos sobre essas ou outras linhagens

mais virulentas dos gêneros Beauveria e Metarhizium, com pesquisas, em especial,

sobre formulações e tipos de aplicação específica e mecanismos de ação de toxinas em

P. americana.

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