ministÉrio da educaÇÃo secretaria de educaÇÃo … · figura 9- frasco autoclavado contendo...
TRANSCRIPT
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DO TRIÂNGULO MINEIRO
JAILDA MARIA MUNIZ AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA, FÍSICA E QUÍMICA DA ÁGUA DE
ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE UBERABA - MG
UBERABA/MG 2013
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DO TRIÂNGULO MINEIRO
JAILDA MARIA MUNIZ AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA, FÍSICA E QUÍMICA DA ÁGUA DE
ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE UBERABA - MG
Dissertação apresentada ao Curso de Pós - graduação Stricto sensu de Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia de Alimentos, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, como requisito para conclusão e obtenção do Título de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Marcos Sanches
UBERABA/MG 2013
JAILDA MARIA MUNIZ
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA, FÍSICA E QUÍMICA DA ÁGUA DE ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE UBERABA – MG
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia
de Alimentos do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do
Triângulo Mineiro – Campus Uberaba,
como requisito parcial para a obtenção do
grau de Mestre em Ciência e Tecnologia
de Alimentos
Aprovada em 29 de Abril de 2013
Banca Examinadora
__________________________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Marcos Sanches (Orientador) – IFTM, Campus Ituiutaba
___________________________________________________________
Prof. Dr. Amilton Diniz e Souza – IFTM, Campus Uberaba
__________________________________________________________
Profa. Dra. Eny Maria Vieira – Universidade Estadual de São Paulo
UBERABA, MG
2013
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
Catalogação da Publicação
Serviço de Documentação do Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia de
Alimentos
Instituto Federal do Triângulo Mineiro
Muniz, Jailda Maria. Avaliação microbiológica, física e química da água de escolas públicas municipais de Uberaba – MG/ Jailda Maria Muniz; Orientador: Sérgio Marcos Sanches. – Uberaba, 2013. Dissertação (Mestrado) – Instituto Federal do Triângulo Mineiro- câmpus Uberaba, 2013. 1. Água potável. 2. Análises microbiológicas. 3. Análises físicas. 4. Análises químicas.
DEDICATÓRIA
Ao meu pai e minha madrasta, José Altino Muniz e Lúcia Divina da Silva Viçoso, por todo amor, compreensão e exemplos de dignidade, honradez e
esperança.
Você pode sonhar, projetar, criar e construir o lugar mais maravilhoso do
mundo... Mas precisará de pessoas para transformar o sonho em realidade.
(Walt Disney)
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Agradeço especialmente ao Prof. Sérgio Marcos Sanches, meu orientador e
amigo. Obrigada pela dedicação, carinho e apoio em todos os momentos.
“O saber, a gente aprende com os mestres e com os livros. A sabedoria, se aprende com a vida e com os humildes.” (Cora Coralina)
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom da vida e por iluminar com fé, esperança e amor a minha caminhada. Às minhas irmãs, Joelma e Janusa por todo carinho e incentivo. Ao meu cunhado, Alexandre pela atenção e paciência. À minha sobrinha Maria Lúcia, por ter sempre respostas para as minhas mais difíceis perguntas. Aos meus amigos de Bambuí, Ituiutaba e Uberaba por entenderem minha ausência em meio aos meus trabalhos. Mesmo à distância, fizeram-se presentes em todos os momentos. Aos meus colegas do curso de Pós- graduação, especialmente Gustavo e Fernanda que deixaram de ser apenas colegas e se tornaram amigos, agradeço pelo companheirismo e generosidade ao longo do curso. À Secretaria Municipal de Educação de Uberaba- MG pelo auxílio e autorização para realização da pesquisa. Ao Codau, pelo apoio e cooperação oferecidos, principalmente através da técnica de microbiologia Andrezza. Aos professores e equipe pedagógica do curso de Pós- Graduação, agradeço a generosidade e competência dispensadas. Ao Instituto de Química de São Carlos, pelo acolhimento e colaboração na realização das análises. À Cíntia e Luciene, técnicas do laboratório do IFTM- câmpus Uberaba, obrigada pela cooperação, carinho e atenção a mim dispensados. À Célia e Serginho, pela compreensão e generosidade em compreender, muitas vezes, a ausência do prof. Sérgio. Aos motoristas do IFTM, Onildo e Cid, pela colaboração durante as coletas realizadas. Aos meus alunos, que souberam entender o meu cansaço e minha ansiedade, obrigada pelo respeito durante o meu tempo de também aluno. Às gestoras institucionais e crianças pertencentes às creches e Cemeis selecionadas para a pesquisa, o meu muito obrigada pela cooperação e confiança.
“Somos todos anjos de uma asa só, precisamos nos abraçar para alçar vôo.
RESUMO
MUNIZ, J. M. Avaliação microbiológica, física e química da água de escolas públicas municipais de Uberaba-MG. 2013. 200 f. Dissertação (Mestrado Profissional) – Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba- MG
A água é uma substância indispensável para a vida dos seres vivos visto que possui a função de regular a temperatura corporal e auxiliar em funções orgânicas vitais como respiração e excreção. Entretanto, o fato dessa substância se comportar como bom solvente pode contribuir para a mesma transportar uma série de substâncias indesejáveis, bem como micro-organismos patogênicos. As crianças e idosos são as principais vítimas de doenças decorrentes da água contaminada, devido à debilidade de seu sistema imune. Nesse contexto, destaca-se a importância de um levantamento da qualidade da água para consumo em escolas, uma vez que estas constituem um importante cenário no qual a criança é inserida. Este estudo apresentou como objetivo a avaliação da qualidade da água consumida por escolares na cidade de Uberaba- MG, levando-se em consideração os resultados das análises físicas e químicas para determinação dos teores de turbidez, cor aparente, pH, cloro residual livre, concentração de cromo, cobre, manganês, chumbo e cádmio, além das análises microbiológicas para determinação de coliformes totais e Escherichia coli, tomando-se como parâmetro para água potável, os valores estabelecidos pela Portaria nº 2914 de 2011 do Ministério da Saúde. Foram analisadas amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil da rede pública municipal que atendem crianças com a faixa etária de 0- 5 anos. As amostragens foram realizadas em períodos trimestrais compreendidos entre dezembro de 2011 à setembro de 2012, resultando em quatro coletas. Os resultados obtidos revelaram que todas as amostras analisadas apresentaram-se em conformidade com a legislação para os parâmetros turbidez, cor aparente e pH. Foi detectada a presença de Escherichia coli e coliformes totais, acima dos valores permissíveis pela legislação em mais de 50% das amostras analisadas. Verificou-se ainda teor de cloro residual livre abaixo do valor mínimo exigido em quase metade das amostras de água analisadas. No que se refere à concentração de metais, algumas amostras de água apresentaram teores de cobre, cádmio, cromo, manganês e chumbo acima do permitido. Os testes estatísticos revelaram que, quando analisado o período de amostragem, apenas os valores de cloro residual livre, cromo e chumbo não apresentaram diferença significativa (p>0,05). Os resultados obtidos revelam a necessidade de ações corretivas nos pontos de fornecimento de água para a população escolar, além do monitoramento e controle da qualidade da água para consumo humano, tanto pelos gestores escolares como pelas autoridades sanitárias. Palavras- chave: Água potável. Análises microbiológicas. Análises físicas. Análises químicas.
ABSTRACT
MUNIZ, J. M. Microbiological, physical and chemical water from public schools in Uberaba-MG. 2013. 200 f. Dissertation (Master Professional) - Federal Institute of Triangulo Mineiro, Uberaba-MG Water is a substance essential for the life of living beings as it has the function of regulating body temperature and assist in vital body functions such as respiration and excretion. However, the fact that the substance behaves as a good solvent might contribute to the same transport a number of undesirable substances, as well as pathogenic microorganisms. Children and the elderly are the main victims of diseases resulting from contaminated water due to the weakness of their immune system. In this context, we highlight the importance of raising the quality of drinking water in schools, since these are an important setting in which the child is placed. This study aimed to evaluate the quality of water consumed by students in the city of Uberaba, taking into account the results of physical and chemical analyzes to determine the levels of turbidity and color, pH, free residual chlorine concentration, chromium, copper, manganese, lead and cadmium, and microbiological analysis for the determination of total coliforms and Escherichia coli, taking as parameter for drinking water, the values established by Ordinance No. 2914 of 2011 of the Ministry of Health were analyzed samples water from drinking fountains and kitchen taps eight educational institutions municipal public child serving children with age 0-5 years. Samples were collected at quarterly periods ranging from December 2011 to September 2012, resulting in four collections. The results showed that all samples analyzed were in accordance with the rules for the parameters turbidity and color and pH. Detected the presence of Escherichia coli and total coliforms above the permissible values for the legislation in more than 50% of the samples. It was also free residual chlorine content below the minimum amount required in almost half of the water samples analyzed. With regard to the concentration of metals, some samples had water contents of copper, cadmium, chromium, manganese and lead above the permitted. Statistical tests revealed that when analyzing the sample period, only the values of free residual chlorine, chromium and lead were not significantly different (p>0,05). The results show the need for corrective actions at the point of delivery of water to the school population, as well as monitoring and control of water quality for human consumption, both by school managers and health authorities. Keywords: drinking water. Microbiological analyzes. Physical analysis. Chemical analyzes.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Esquema de tratamento de água de origem superficial..................................... 51 Figura 2- Representação gráfica do desenvolvimento de um biofilme............................. 56 Figura 3- Absorção diária e distribuição do alumínio no organismo humano.................. 60 Figura 4- Representação gráfica da instalação nos domicílios com sistema misto........... 62 Figura 5- Representação gráfica da caixa d’água e ramais de distribuição...................... 63 Figura 6- Mapa da localização do município de Uberaba no estado de Minas Gerais..... 67 Figura 7- Mapa da distribuição geográfica das instituições de ensino selecionadas para a pesquisa..........................................................................................................................
69
Figura 8- Ambientação dos frascos coletores................................................................... 72 Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tiossulfato de sódio 10%..................... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma induzido (ICP-OES)........................................ 75 Figura 11- Suportes de filtração de polissulfona, vidro e aço de 47 mm manifold de PVC e bomba vácuo..........................................................................................................
75
Figura 12- Placa de sedimentação contendo Chromocult Coliform Agar (MERCK)..........................................................................................................................
76
LISTA DE FLUXOGRAMAS Fluxograma 1- Organização Institucional do Programa de Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano ................................
43
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Distribuição da água doce no planeta Terra ................................................... 23 Gráfico 2- Utilização da água potável no Brasil............................................................... 25 Gráfico 3- Valores de turbidez obtidos das análises de amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras de instituições de ensino infantil de Uberaba – MG....................
81
Gráfico 4- Variação da turbidez da água coletada em bebedouros e torneiras de oito instituições de ensino infantil em diferentes períodos da amostragem.............................
83
Gráfico 5- Resultados da cor aparente de amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG....................................................................................................................
85
Gráfico 6- Variação da cor aparente das amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG, em diferentes períodos de amostragem.......................................................................................................................
87
Gráfico 7- Valores de pH obtidos das análises de amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG...
90
Gráfico 8- Variação do pH das amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG em quatro períodos de amostragem e intervalo determinado pela legislação vigente...........................................
92
Gráfico 9- Valores da concentração de cloro residual livre em amostras de água provenientes de instituições de ensino infantil de Uberaba-MG......................................
94
Gráfico 10- Variação da concentração de Mn em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas no período de dezembro de 2011 à setembro de 2012..............
104
Gráfico 11- Variação da concentração de Cu em amostras de água provenientes de torneiras de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas...
105
Gráfico 12- Variação da concentração de Cd em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas...................................................................................................
107
Gráfico 13- Valores de coliformes totais obtidos das análises de amostras de água referentes às quatro coletas de água realizadas em bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG...........................................................
110
Gráfico 14- Variação de coliformes totais presentes em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas.............................................................................................
113
Gráfico 15- Valores do número mais provável de Escherichia coli obtidos das análises de amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG .......................................................................................
115
Gráfico 16- Variação de coliformes termotolerantes presentes em amostras de água provenientes de bebedouros das oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa ao longo das quatro coletas realizadas...............................................................
118
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Distribuição dos recursos hídricos e populacionais no Brasil, por região ....... 24 Tabela 2- Doenças relacionadas com a água .................................................................... 49 Tabela 3- Principais efeitos do processo de tratamento da água ...................................... 55 Tabela 4- Coordenadas das localizações das instituições de ensino selecionadas para a pesquisa ............................................................................................................................
69
Tabela 5- Valores de turbidez obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG................
80
Tabela 6- Análise de variância do valor de turbidez em diferentes períodos de amostragem.......................................................................................................................
82
Tabela 7- Valores de cor aparente obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG....................................................................................................................................
84
Tabela 8- Análise de variância do valor da cor aparente da água proveniente de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil, em diferentes períodos de amostragem....................................................................................................
86
Tabela 9- Valores de pH obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.....................................................................................................................
89
Tabela 10- Análise de variância do valor do pH da água proveniente de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil, em diferentes períodos de amostragem.......................................................................................................................
91
Tabela 11 Valores cloro residual livre de obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.....................................................................................................................
93
Tabela 12- Valores máximos permitidos das concentrações de Pb, Mn, Cr, Cd e Cu para a água potável............................................................................................................
96
Tabela 13- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à primeira coleta (14/12/2011) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG....................................................................................................................................
97
Tabela 14- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à segunda coleta (19/03/2012) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG....................................................................................................................................
98
Tabela 15 Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à terceira coleta (25/06/2012) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG....................................................................................................................................
100
Tabela 16- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à quarta coleta (25/06/2012) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG....................................................................................................................................
102
Tabela 17- Análise de variância do valor da concentração de Mn em amostras de água provenientes de bebedouro e torneira da cozinha de instituições de ensino infantil, em quatro diferentes períodos de amostragem........................................................................
103
Tabela 18- Análise de variância do valor da concentração de Cu em amostras de água provenientes de torneiras de instituições de ensino infantil, em quatro diferentes períodos de amostragem....................................................................................................
104
Tabela 19- Análise de variância do valor da concentração de Cd em amostras de água provenientes de bebedouro e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil, em quatro diferentes períodos de amostragem........................................................................
106
Tabela 20- Resultados das análises das amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa com relação à presença de coliformes totais.....................................................................
108
Tabela 21- Análise de variância do número mais provável de coliformes totais nos quatro períodos de amostragem........................................................................................
111
Tabela 22- Resultados das análises das amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras de oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa, com relação ao número de Escherichia coli.............................................................................
114
Tabela 23- Análise de variância do número mais provável de Escherichia coli em amostras de água coletadas em diferentes períodos..........................................................
117
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA Agência Nacional de Águas APHA American Publica Health Association ATSDR Agency for Toxic Substances and Disease Registry BA Bahia CAP Carvão ativado em pó CEMEIs Centros Municipais de Educação Infantil CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CGLAB Coordenação Geral de Laboratórios CGVAM Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental CODAU Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CT Contaminação por tóxicos DBP Subproduto da desinfecção DENSP Departamento de Engenharia de Saúde Pública DF Dupla filtração DIEHSA Divisão de Ecologia Humana e Saúde Ambiental
E. coli Escherichia coli EPA Environmental Protection Agency ETA Estação de Tratamento de Água FAAG Filtração ascendente em areia grossa FAP Filtração ascendente em pedregulho FDA Filtração direta ascendente FDD Filtração direta descendente
FNS Fundação Nacional de Saúde FRD Filtração rápida descendente FUNASA Fundação Nacional de Saúde IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICP-OES Espectrofotometria de Plasma Induzido IFTM Instituto Federal do Triângulo Mineiro IGAM Instituto de Gestão das Águas IQA Índice de Qualidade da Água IQSC Instituto de Química de São Carlos LACEN Laboratório Central de Saúde MG Minas Gerais MON Matéria orgânica natural MS Ministério da Saúde NSA National Santation Foundation no Número OMS Organização Mundial da Saúde ONU Organização das Nações Unidas OPAS Organização Pan Americana de Saúde p. Página PE Pernambuco PB Paraíba PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Pop. População RJ Rio de Janeiro SABESP Saneamento Básico do Estado de São Paulo SES Secretarias Estaduais de Saúde
SMS Secretaria Municipal de Saúde SNVS Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária SP São Paulo SUS Sistema Único de Saúde SVS Secretaria de Vigilância em Saúde THM Trialometano UNESP Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho” UNIÁGUA Universidade da Água USEPA United States Environmental Protection Agency USP Universidade de São Paulo VIGIÁGUA Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental VMP Valores Máximos Permissíves WHO World Health Organization
LISTA DE SÍMBOLOS
% Porcentagem ± Mais ou menos µg L-1 Micrograma por litro µm micrometro < Menor que > Maior que AHA5 Ácido monocloroacético, ácido dicloroacético, ácido tricloroacético,
ácido bromoacético e ácido dibromoacético Al Alumínio Al2(SO4)3 Sulfato de alumínio Ca Cálcio Ca(ClO)2 Hipoclorito de cálcio Cd Cádmio Cd2+ Íon cúprico CHBr2Cl Dibromoclorometano CHBr3 Tribromometano CHBrCl2 Bromodiclorometano CHCl3 Triclorometano ou clorofórmio Cl2 Cloro Cr Cromo Cr (VI) Cromo hexavalente Cu2S Calcosita CuFeS2 Calcopirita CuS Sulfeto de cobre
Fe2O3 Óxido férrico h Horas H2O Água HCl Ácido clorídrico HNO3 Ácido nítrico HOCl Ácido hipocloroso Km2 Quilômetro quadrado m Metro mg L-1 Miligrama por litro mg/d Miligrama por dia MgO Óxido de magnésio mL Mililitro mm milimetro Mn Manganês Mn (IV) Íon manganês IV Mn2+ Íon manganês II Na2O Óxido de sódio NaOCl Hipoclorito de sódio NMP/100mL Número mais provável por cem milimetros NTU Unidade Nefelométrica de Turbidez O Oxigênio livre
oC Graus Celsius OCl- hipoclorito Pb Chumbo Pb2+ Íon plumboso
pH Potencial hidrogeniônico SiO2 Sílica uH Unidade de escala de Hanzen uT Unidade de Turbidez v/v Volume por volume XX Vinte
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 23
2 OBJETIVOS ............................................................................................................................. 2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................ 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................................
27 27 27
3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................... 3.1 POLUIÇÃO DA ÁGUA .......................................................................................................... 3.2 QUALIDADE DA ÁGUA ...................................................................................................... 3.2.1 Qualidade da água em corpos hídricos ............................................................................. 3.2.2 Parâmetros para avaliação da qualidade da água potável ............................................. 3.2.2.1 Parâmetros físicos ............................................................................................................. 3.2.2.2 Parâmetros químicos ......................................................................................................... 3.2.2.3 Parâmetros biológicos ....................................................................................................... 3.3 NORMATIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA POTÁVEL NO BRASIL ..................... 3.3.1 Nova Portaria de potabilidade da água: Portaria 2.914 do Ministério da Saúde de 2011................................................................................................................................................... 3.4 ÁGUA E SAÚDE ...................................................................................................................... 3.4.1 Importância do tratamento da água para consumo humano ........................................... 3.4.2 Substâncias utilizadas nas Estações de Tratamento de Água e possíveis riscos à saúde humana ........................................................................................................................................... 3.4.3 Reservatórios domiciliares de água e sua relevância na rede de distribuição de água potável .............................................................................................................................................
28 28 29 29 32 33 34 39 40 46 49 53 59 64
4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.................................................................... 4.1.1 Local da pesquisa ................................................................................................................ 4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS PARA A COLETA DAS AMOSTRAS DE ÁGUA EM ESCOLAS SELECIONADAS PARA A PESQUISA ............................................... 4.2.1 Preparação do campo para a pesquisa ............................................................................. 4.3 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS ........................................................................................... 4.3.1 Limpeza do material a ser utilizado na coleta das amostras de água em escolas de ensino infantil ............................................................................................................................... 4.3.2 Coleta das amostras de água em instituições de ensino infantil para análises físicas e químicas ........................................................................................................................................
69 69 70 72 72 73 73 73
4.3.3 Coleta das amostras de água em instituições de ensino infantil para análises microbiológicas ............................................................................................................................ 4.3.4 Conservação das amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil ......... 4.3.5 Métodos de análise da água proveniente de instituições de ensino infantil ..................... 4.3.5.1 Determinação do pH em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil... 4.3.5.2 Determinação da cor em amostras de água coletadas em instituições de ensino
infantil............................................................................................................................................... 4.3.5.3 Determinação da turbidez em amostras de água coletadas em instituições de ensino
infantil.. ............................................................................................................................................ 4.3.5.4 Determinação de cloro residual em amostras de água coletadas em instituições de
ensino infantil ................................................................................................................................ 4.3.5.5 Determinação de metais em amostras de água coletadas em instituições de ensino
infantil.............................................................................................................................................
4.3.5.6 Análise de coliformes em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil................................................................................................................................ 4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................................ 4.4.1 Análise estatística ................................................................................................................ 4.5 IMPLICAÇÕES ÉTICAS .......................................................................................................... 4.6 TRATAMENTO DE RESÍDUOS GERADOS DURANTE A REALIZAÇÃO DA PESQUISA ....................................................................................................................................
74 74 74 75 75 75 75 76 77 78 78 79 79
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 5.1 DADOS ANALÍTICOS .......................................................................................................... 5.1.1 Análises físicas .................................................................................................................... 5.1.2 Análises químicas ................................................................................................................ 5.1.3 Análises microbiológicas ....................................................................................................
80 81 81 90 109
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 121
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 124
ANEXO A Ofício encaminhado à Prefeitura Municipal de Uberaba solicitando autorização para realização da pesquisa ...................................................................................................................... ANEXO B Ofício encaminhado ao Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba, solicitando colaboração para realização das análises .....................................................
138 140
Introdução
23
1 INTRODUÇÃO
A água potável é vital para a sobrevivência de todos os organismos vivos e para o
funcionamento dos ecossistemas, comunidades e economias. Porém, na última década a
qualidade da água em todo o mundo está sendo ameaçada devido ao aumento demográfico da
população, das atividades agrícolas e industriais. Estas mudanças acarretaram em alterações
climáticas, afetando diretamente o ciclo hidrológico global (UN WATER, 2010).
Sabe-se que o fornecimento de água de boa qualidade, adequada, acessível e confiável
à população está intimamente ligada à saúde humana. Porém, segundo dados da Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo (2008), parte da água doce disponível no planeta encontra-
se em algum estágio de contaminação.
A generosidade da água doce na natureza fazia crer em inesgotáveis mananciais,
abundantes e renováveis. Entretanto, hoje em dia, o mau uso aliado à crescente demanda pelo
recurso, vem preocupando especialistas e autoridades no assunto pelo evidente decréscimo da
disponibilidade de água limpa em todo o planeta (UNIVERSIDADE DA ÁGUA, 2010).
No mundo, cerca de 2/3 da superfície do planeta Terra são dominados pelos oceanos. O
volume total de água na Terra é estimado em torno de 1,386 milhões de quilômetros cúbicos,
sendo que 97,5% deste volume são de água salgada, encontrada em mares e oceanos. Segundo
mesmos dados, 1,73% são de água doce, porém localizada em regiões de difícil acesso, como
águas subterrâneas e geleiras. Apenas 0,77% da água doce encontra-se em locais de fácil acesso
para o consumo humano, como lagos, rios e na atmosfera (UNIVERSIDADE DA ÁGUA, 2010).
O Gráfico 1 apresenta a distribuição de água no planeta Terra.
Gráfico 1- Distribuição da água no planeta Terra.
Água salgada
Água doce acessível
Calotas polares e geleiras
Fonte: http://www.uenf.br/uenf/centros/cct/qambiental/ag_distribuicao.html
97,5%
1,73% 0,77%
Introdução
24
Nos últimos 50 anos, as reservas de água doce no mundo foram reduzidas em cerca de
62 %, chegando a 73 % na América do Sul. A Organização das Nações Unidas – ONU calcula
que dentro de 25 anos, 2,8 bilhões de pessoas habitarão regiões de seca crônica
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009b).
O Brasil mantém uma posição privilegiada no cenário mundial: detém cerca de 12%
da água doce superficial do planeta, enquanto regiões da Europa, como Portugal e Espanha,
além de Oriente Médio e grande parte da África, lutam contra a escassez do recurso. A
distribuição pelo território brasileiro é, porém, desigual. A Amazônia derrama no mar 78% da
água superficial do Brasil, com um excedente hídrico que atrai a cobiça global. O Sudeste fica
com apenas 6%, como mostrado na Tabela 1, o que representa um grande déficit, pois
apresenta a necessidade de irrigar quase metade da área agrícola do país, disponibilizar água
potável a cerca da metade dos 190 milhões de brasileiros, além de fornecer água para mover
50% do Produto Interno Bruto industrial. Isso coloca a região em um patamar crítico, com
menos de 10% do volume de água por habitante preconizado pelas Nações Unidas, ou apenas
200 metros cúbicos por segundo/ano (MARCONDES, 2010).
Tabela 1- Distribuição dos recursos hídricos e populacionais no Brasil, por região
Região
Percentual da disponibilidade
hídrica
Percentual da população
Norte 68,5% 6,8% Nordeste 3,3% 27% Sudeste 6,0% 42,7%
Sul 6,5% 15,1% Centro-oeste 15,7% 6,4%
Total 100,0% 100,0%
Fonte: AUGUSTO et al., 2012.
Além de ser utilizada para o consumo humano, a água pode ser usada em várias
atividades de exploração econômica como agricultura, indústria etc. Atualmente, 69% da água
potável é destinada para a agricultura, 22% para as indústrias e apenas 9% usada para o
consumo humano, como mostrado na Gráfico 2. Diante da grande demanda de água em vários
setores tem ocorrido uma preocupação mundial, ligada ao risco de escassez e da
contaminação da mesma (CONCEIÇÃO, et al., 2009).
Introdução
25
Gráfico 2- Utilização da água potável no Brasil.
Indústrias
Consumo humano
Agricultura
Fonte: CONCEIÇÃO et al. (2009).
Apesar do Brasil deter 12% da água disponível para consumo no planeta, muitos
brasileiros sofrem com problemas de saneamento básico, que inclui serviços como
abastecimento de água e esgoto. Conforme dados obtidos pela Agência Nacional de Águas-
ANA, apenas 47% da população dispõem de rede coletora de esgoto, sendo que 21 % ainda
utilizam fossas sépticas. Entre as soluções para o problema da poluição hídrica, o relatório da
ONU recomenda sistemas de reciclagem de água e projetos de alto custo para o tratamento de
esgoto (MARTINS, 2010).
Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, no momento, 1,2 bilhões de
pessoas não dispõe de água potável, e 80 % das doenças e 30 % das mortes ocorridas no
mundo são causadas por água contaminada (HÊNIO, 2011).
Ainda, de acordo com o estudo realizado pelo Programa do Meio Ambiente das
Nações Unidas (Unep) divulgado em março de 2010, a quantidade de pessoas que morrem em
decorrência de qualquer tipo de violência, é menor que as mortes por causa da água
contaminada. Já, em decorrência da água de má qualidade, o estudo realizado pela ONU
mostra que no mesmo período de tempo, pelo menos 1,8 bilhões de crianças com menos de
cinco anos de idade morrem (GIRALDI, 2010).
As crianças são as que mais sofrem com doenças e desnutrição agravadas por
condições inadequadas de saneamento. Estima-se que a falta de saneamento resulte em uma
morte infantil a cada 20 segundos, ou 1,6 milhões por ano. De acordo com a mesma nota, o
aumento do acesso a esgoto e água potável pode reduzir a um terço as mortes por diarréia em
crianças no mundo (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O
DESENVOLVIMENTO, ?).
Agricultura- 69%
Consumo humano- 9%
Indústrias – 22%
Introdução
26
Em várias instituições públicas de ensino, tem se tornado cada vez mais frequente o
índice de doenças veiculadas pela água, além de alterações físicas relacionadas ao seu odor,
cor e sabor. Tais fatos podem estar relacionados à contaminação nas caixas d’água ou
infiltração nos tubos. Por isso se torna importante o monitoramento e posterior análise da
qualidade de águas oriundas tanto das caixas de armazenamento, como das torneiras e
bebedouros destinadas ao consumo da comunidade escolar.
A água que chega até o reservatório das escolas públicas é utilizada, dentre outras
finalidades, para a limpeza, higiene pessoal e alimentação. Para garantir a manutenção da
qualidade e sanidade da água usada em instituições de ensino, é necessário que a mesma seja
armazenada em reservatórios limpos e desinfetados no mínimo duas vezes ao ano.
Entre 1999 e 2008 mais de 10 mil pessoas ficaram doentes no Brasil, pelo consumo de
água contaminada. Os dados do Ministério da Saúde apontam ainda que, na maioria dos casos
(mais de 40%), a contração de doenças pelo consumo de água ocorre dentro das próprias
residências (PNUD, 2008).
Existe uma necessidade urgente para a comunidade global – setores público e privado
– de unir-se para assumir o desafio de proteger e melhorar a qualidade da água nos nossos
rios, lagos, aquíferos e torneiras (UN WATER, 2010).
Objetivos
27
2 OBJETIVOS
2.1- Objetivo Geral
- Avaliar a qualidade da água em escolas públicas municipais de ensino infantil de Uberaba-
MG.
2.2- Objetivos Específicos
- Analisar a qualidade da água de escolas públicas municipais de ensino Infantil de Uberaba-
MG, através de análises físicas, químicas e microbiológicas.
- Avaliar os níveis de cádmio, chumbo, cobre, manganês e cromo pela técnica de
Espectrofotometria de plasma induzido (ICP-OES)
- Identificar possíveis riscos relacionados à água como via de transmissão de enteropatógenos
a escolares.
- Oferecer subsídios para as autoridades sanitárias, no sentido do controle da qualidade da
água utilizada pela comunidade escolar.
Revisão da literatura 28 ___________________________________________________________________________
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Poluição da água
A água é o recurso natural mais abundante no planeta, compondo a paisagem e o meio
ambiente, sendo necessária para quase todas as atividades humanas (PEREIRA, 2004). A sua
utilização varia conforme a sua qualidade, podendo ser usada para o consumo humano,
atividades agrícolas e pecuárias, geração de energia elétrica, transporte hidroviário, uso
industrial, pesca e aquicultura, turismo e lazer (LIMA; BARACUHY; MEIRA FILHO, 2008).
Com esses variados usos, os recursos hídricos tornam-se vulneráveis ao processo de
poluição através da adição de substâncias ou de formas de energia que, diretamente ou
indiretamente, alteram a natureza do corpo d’água de maneira que prejudiquem os legítimos
usos que dele são feitos (VON SPERLING, 1996).
Poluição da água é a modificação de suas características por quaisquer ações ou
interferências, sejam elas naturais ou provocadas pelo homem. Essas alterações podem
produzir impactos estáticos, fisiológicos ou ecológicos. É importante distinguir os conceitos
de poluição e contaminação, já que ambos às vezes são utilizados como sinônimos
(BRAGA, 2002).
A contaminação da água refere-se à veiculação de substâncias ou micro-organismos
nocivos à saúde pela água. A ocorrência de poluição não implica necessariamente riscos à
saúde de todos os organismos que fazem uso dos recursos hídricos afetados (BRAGA, 2002).
Os efeitos resultantes da introdução de poluentes no meio aquático dependem da
natureza do poluente introduzido, do caminho que este percorre no meio, e do uso que se faz
do corpo de água. Os poluentes podem ser introduzidos no meio aquático de forma pontual e
difusa (JESUS et al., 2004).
As cargas pontuais são introduzidas por lançamentos individualizados, como os que
ocorrem no despejo de esgoto sanitário. Cargas pontuais são facilmente identificadas e,
portanto, seu controle é mais eficiente e mais rápido. As cargas difusas são assim chamadas
por não terem um ponto de lançamento específico e por ocorrerem ao longo das margens dos
rios ou por não advirem de um ponto preciso de geração, como no caso de drenagem urbana
(REBOUÇAS, 1997).
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA – editou, em 1986, a Resolução
que passou a figurar como a principal legislação destinada ao controle de poluição hídrica, a
qual dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
Revisão da literatura 29 ___________________________________________________________________________
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. Em
17 de março de 2005, tal Resolução foi reeditada, com algumas alterações. Atualmente, a
Resolução nº 430 de 13 de maio de 2011 é a legislação em vigência, dispondo sobre as
condições e padrões de lançamento de efluentes, além de complementar e alterar a Resolução
357/2005 (BRASIL, 2005; BRASIL, 2011a).
De acordo com Tundisi; Rebouças; Braga (2002), o intenso uso dos recursos hídricos e
a poluição gerada contribuem para agravar sua escassez, além de resultar na necessidade
crescente do acompanhamento das alterações da qualidade da água. Faz parte do
gerenciamento dos recursos hídricos, o controle ambiental, de forma a impedir que os
problemas decorrentes da poluição da água venham comprometer seu aproveitamento
múltiplo e integrado. Dessa forma, o controle da qualidade da água pode colaborar para a
minimização dos impactos negativos ao meio ambiente, assim como para a saúde.
3.2 Qualidade da água
3.2.1 Qualidade da água de corpos hídricos
A qualidade da água se tornou uma questão de interesse para a saúde pública no final
do século 19 e início do século 20. Anteriormente, a qualidade era associada apenas a
aspectos estéticos e sensoriais, tais como a cor, o gosto e o odor da água (UNITED STATES
ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY USEPA, 1999).
A legislação determina que a qualidade da água esteja associada ao uso pretendido.
Dessa forma, a qualidade de um segmento de corpo d’água é estabelecida de acordo com os
usos preponderantes em um sistema de classes de qualidade. O estabelecimento do grau de
qualidade (classe) de um segmento de corpo de água, ao longo do tempo, deve estar baseado
em diagnósticos regionais, considerando-se dados sócio-econômicos, uso do solo e usos
pretendidos dos recursos hídricos, de modo a assegurar seus usos preponderantes
(COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).
A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros, que
traduzem as suas principais características físicas, químicas e microbiológicas. Os respectivos
parâmetros da qualidade da água adotados servirão para caracterização de seu uso, podendo
ser classificadas como águas de abastecimento, águas residuárias, mananciais e corpos
receptores (VON SPERLING, 1996).
Revisão da literatura 30 ___________________________________________________________________________
Os padrões de qualidade da água referem-se a um número de parâmetros capazes de
refletir, direta ou indiretamente, a presença de algumas substâncias ou micro-organismos que
possam comprometer essa qualidade, avaliando assim os impactos decorrentes da atividade
humana nas diferentes bacias hidrográficas. Dentre esses impactos estão os efeitos da
poluição, contaminação e introdução de substâncias tóxicas no ambiente aquático
(TUNDISI, 1999).
Existem muitos índices propostos para a avaliação da qualidade das águas em bacias
hidrográficas. O mais utilizado é o proposto pela National Sanitation Foundation (NSA), dos
Estados Unidos, e primeiramente utilizado no Brasil pela CETESB para o Estado de São
Paulo, o chamado IQA – Índice de Qualidade da Água. O IQA é atualmente utilizado pelas
agências ambientais de muitos estados brasileiros, em conjunto com o índice de contaminação
por substâncias tóxicas, ou, alternativamente, com um índice de toxicidade da água
(COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).
Os parâmetros de qualidade, que fazem parte do cálculo do IQA refletem,
principalmente, a contaminação dos corpos hídricos ocasionada pelo lançamento de esgotos
domésticos. É importante também salientar que este índice foi desenvolvido para avaliar a
qualidade das águas, tendo como determinante principal a sua utilização para o abastecimento
público, considerando aspectos relativos ao tratamento dessas águas (COMPANHIA
AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).
O IQA é calculado pelo produto ponderado das qualidades de água correspondentes
aos parâmetros: temperatura da amostra, pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de
oxigênio (5 dias, 20ºC), coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo total, resíduo
total e turbidez (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).
No caso de não se dispor do valor de algum dos nove parâmetros, o cálculo do IQA é
inviabilizado (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).
Além desses parâmetros, torna-se necessário a medida dos níveis de metais estipulados
como parâmetros pelo Ministério da Saúde (ROCHA; ROSA; CARDOSO, 2009).
O IQA oferece, ao mesmo tempo, vantagens e limitações. A vantagem reside no fato
de sumarizar a interpretação de nove variáveis em um único número, facilitando a
compreensão da situação para o público leigo. Enquanto que a limitação relaciona-se à perda
na interpretação das variáveis individuais e da relação destas com as demais, além do
agravante deste índice ter sido desenvolvido para avaliar o impacto dos esgotos domésticos
nas águas utilizadas para abastecimento público, não representando os efeitos originários de
outras fontes poluentes (LEE, HELSEL, 2005; MCNEIL, COX, PREDA, 2005).
Revisão da literatura 31 ___________________________________________________________________________
Como uma forma de minimizar a parcialidade do IQA, foi adotada, em Minas Gerais,
também a contaminação por tóxicos (CT) para complementar as informações, conferindo
importância a outros fatores que afetam usos diversos da água. A CT considera entre os seus
parâmetros a concentração de: amônia, arsênio, bário, cádmio, chumbo, cianeto, cobre, cromo
hexavalente, índice de fenóis, mercúrio, nitritos, nitratos e zinco (SABINO et al., 2008)
No estado de Minas Gerais, a lei nº 13.199, de 29 de janeiro de 1999, dispõe sobre a
Política Estadual de Recursos Hídricos- PERH (regulamentada pelo Decreto nº 41.578, de 8
de março de 2001) e estabelece o enquadramento dos cursos d’água como um dos
instrumentos da PERH (MINAS GERAIS, 1999). O enquadramento dos corpos d’água deve
ser efetuado de acordo com a Deliberação Normativa COPAM nº 10, de 16 de dezembro de
1986, que estabelece as normas e padrões para a qualidade das águas e lançamento de
efluentes nas coleções de águas estaduais, nos moldes da Resolução nº 20, de 18 de junho de
1986 (COPAM, 1986).
O conceito de monitoramento da qualidade da água é muito mais amplo do que
simplesmente verificar se os padrões legais de qualidade da água estão sendo obedecidos ou
não, ele deve atender a necessidade de se responder o que está sendo alterado e quais as
causas dessas modificações. O gerenciamento da qualidade da água precisa dessa resposta
para que as ações tomadas sejam eficientes na redução dos danos ao meio ambiente, atuais e
futuros. Não basta coletar os dados no campo, é importante que se estabeleçam formas de
utilização desses dados coletados, permitindo que essas informações sejam úteis ao gestor dos
recursos hídricos e à sociedade e que delas resultem um passo a mais no conhecimento dos
processos da natureza (TUNDISI; REBOUÇAS; BRAGA, 2002).
O Brasil é um país, com poucos sistemas de monitoramento de qualidade da água.
Portanto, dispõem de uma quantidade pequena de informações sobre o estado de seus corpos
de água, principalmente face às suas dimensões continentais, diferenças geográficas regionais
e magnitude dos problemas de poluição. Há poucas redes instaladas com coleta sistemática de
dados e, mesmo no caso de campanhas mais específicas quanto a objetivo e ao local, também
não há grande disponibilidade (CONEZA-VITÓRIA, 1998).
Esse fato indica a necessidade do país desenvolver sua tecnologia de redes de
monitoramento de qualidade da água e reconhecer a importância desses investimentos, para
melhorar e ampliar seus bancos de informações no setor de recursos hídricos
(REBOUÇAS; BRAGA; TUNDISI, 2002).
Revisão da literatura 32 ___________________________________________________________________________
3.2.2 Parâmetros para avaliação da qualidade da água potável
A vigilância da qualidade da água para consumo humano é uma atribuição do Setor
Saúde há mais de três décadas e consiste em um conjunto de ações a serem adotadas pelas
autoridades de saúde pública objetivando garantir que a água consumida pela população
atenda ao padrão e normas estabelecidas na legislação vigente. A avaliação dos riscos à saúde
humana, representada pela água utilizada para consumo humano também constitui uma
premissa da vigilância da qualidade da água. As atividades da vigilância devem ser rotineiras
e preventivas, sobre os sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água, a fim de
garantir a redução das enfermidades transmitidas pela água de consumo humano
(PORTAL DA SAÚDE, ?).
As exigências humanas em relação à qualidade da água crescem com o progresso
humano e da ciência. Para evitar os perigos decorrentes da má qualidade da água são
estabelecidos os padrões de potabilidade, que definem Valores Máximos Permissíveis
(VMP) para a presença de alguns elementos nocivos ou de características desagradáveis, que
podem estar presentes na água, sem oferecer riscos à saúde humana (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2006b).
As normas de potabilidade têm se apresentado como um instrumental técnico- jurídico
elaborado pelas autoridades sanitárias, com o apoio de instituições técnico - científicas, a ser
cumprido pelos órgãos de fiscalização e vigilância do setor saúde e pelas empresas públicas e
privadas de abastecimento de água. Essas normas constituem-se como referências técnicas
que imprimem um padrão de qualidade ao “produto” água, seja ele obtido diretamente da
natureza (sem tratamento ou água bruta) ou por meio de processos químicos em plantas de
tratamento. Entretanto, a simples existência de normas reguladoras não assegura a certificação
e a manutenção de padrões de qualidade para os domínios sanitário e econômico. Esse
conjunto de valores normativos e o seu cumprimento como lei precisam ser continuamente
discutidos por toda a sociedade civil, pelos gestores públicos e o meio científico, a fim de que
se assegure uma maior amplitude e legitimidade do processo (FREITAS, 2005).
Na atualidade, a Organização Mundial de Saúde (OMS) é a instituição que acompanha
e recomenda os valores máximos permitidos, a partir dos estudos toxicológicos realizados em
todo o mundo e publicados em diferentes revistas e eventos científicos especializados no
tema. Alguns países, como os Estados Unidos, o Canadá, e a Comunidade Européia, apesar de
se basearem também nas recomendações da OMS, estimulam pesquisas toxicológicas e
bioensaios que, reciprocamente, acabam servindo de referência tanto para a OMS como para
Revisão da literatura 33 ___________________________________________________________________________
os demais países. Todas as normas de potabilidade no Brasil seguem basicamente os padrões
recomendados pela Organização Mundial de Saúde no Guidelines for Drinking- Water
Quality (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1996).
A Portaria 518 de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde indica os padrões de
potabilidade obtidos por estudos epidemiológicos e toxicológicos realizados por entidades e
pesquisadores de todo o mundo (ROCHA; ROSA; CARDOSO, 2009).
No Brasil, a água destinada ao consumo público deve estar em conformidade com os
padrões de potabilidade expressos pela Portaria nº 518 de 25 de março de 2004 do Ministério
da Saúde em conformidade com a Portaria 2.914 de 12 de dezembro de 2011
(BRASIL, 2011b).
3.2.2.1 Parâmetros físicos
Os parâmetros físicos representam substâncias que não estão dissolvidas na água e que
se encontram em suspensão (sólidos ou gases). Os principais parâmetros físicos são: cor,
turbidez, temperatura, sabor e odor (ROCHA, ROSA; CARDOSO, 2009).
� Cor
A cor é responsável pela coloração da água, e está associada ao grau de redução de
intensidade da luz ao atravessá-la (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO
PAULO, 1995).
Segundo Richter e Azevedo Netto (2002), a água pura é virtualmente ausente de cor.
A presença de substâncias dissolvidas ou em suspensão altera a cor da água, dependendo da
quantidade e da natureza do material presente. Normalmente, a cor na água é devida aos
ácidos húmicos, ferro e tanino, originados de decomposição de vegetais e, assim, não
apresenta risco algum para a saúde. Porém, quando de origem industrial, pode ou não
apresentar toxicidade (VON SPERLING, 1996).
Segundo Von Sperling (2005) e Ruiping et al. (2012), a alteração na cor também pode
ser resultante de sólidos dissolvidos provenientes da decomposição da matéria orgânica/ ferro
e manganês. Além disso, a coloração da água contendo a matéria orgânica responsável pela
cor pode gerar produtos potencialmente cancerígenos (trialometanos).
O termo cor é utilizado para representar a cor verdadeira, que é a cor da água quando a
turbidez for removida. O termo cor aparente inclui não somente as substâncias dissolvidas,
mas também aquela que envolve a matéria orgânica suspensa (MACÊDO, 2004).
Revisão da literatura 34 ___________________________________________________________________________
A cor é medida em uH, unidade de escala de Hanzen – platina/cobalto
(AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 1998).
� Turbidez
Representa o grau de interferência com a passagem da luz através da água, conferindo
uma aparência turva à mesma. A turbidez é proveniente de sólidos em suspensão. Não traz
inconvenientes sanitários diretos (VON SPERLING, 2005). Entretanto, já há algum tempo, a
turbidez assumiu também caráter de indicador da qualidade sanitária da água para consumo
humano, seja como indicador da eficiência da remoção de partículas por meio da filtração e,
por conseguinte, de organismos também removíveis pelo mesmo mecanismo, como (oo)
cistos de protozoários (UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY,
1999), seja como indicador da qualidade da água com vistas à adequada desinfecção,
independente se precedida ou não de filtração, pois partículas em suspensão podem proteger
micro-organismos da ação de desinfetantes (UNITED STATES ENVIRONMENTAL
PROTECTION AGENCY, 1999; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003).
A unidade de medida da variável turbidez é expressa em NTU (Unidades
Nefelométricas de Turbidez) (VON SPERLING, 2005).
3.2.2.2 Parâmetros Químicos
Indicam a presença de substâncias que estão dissolvidas na água. Seus valores estão
relacionados ao pH, substâncias químicas que causam risco à saúde (inorgânicas, orgânicas,
agrotóxicos, cianotoxinas e desinfetantes e produtos secundários da desinfecção), além da
quantidade mínima de cloro residual livre presente na água (BRASIL, 2011b).
� pH
Potencial hidrogeniônico representa a concentração de íons hidrogênio H3O+ (em
escala antilogarítmica), dando uma indicação sobre a condição de acidez, neutralidade ou
alcalinidade da água. A faixa de pH é de 0 à 14 (VON SPERLING, 2005). Valores abaixo de
7 e próximos de 0 indicam aumento da acidez, enquanto que valores acima de 7 e próximos
de 14 indicam aumento da basicidade.
Nos sistemas de abastecimento, águas com valores baixos de pH tendem a ser
corrosivas ou agressivas a certos metais e paredes de concreto, enquanto águas com pH
elevado tendem a formar incrustações (DI BERNARDO; DANTAS, 2005).
Revisão da literatura 35 ___________________________________________________________________________
O valor do pH também influi na distribuição das formas livre e ionizada de diversos
compostos químicos
Não tem implicação em termos de saúde pública, a menos que seus valores sejam
extremamente baixos ou elevados, a ponto de causar irritação na pele ou nos olhos. É
importante em diversas etapas do tratamento da água como coagulação, desinfecção, controle
da corrosividade e remoção da dureza (VON SPERLING, 2005).
A Portaria 2.914 de 2011, do Ministério da Saúde, recomenda que, no sistema de
distribuição, o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,0.
� Cloro residual livre
Durante o processo de tratamento da água podem ser utilizados diferentes agentes
oxidantes. Dentre os mais utilizados pode-se citar o cloro, cloraminas, dióxido de cloro,
permanganato de potássio, peróxido de hidrogênio e ozônio, entre outros. As principais
aplicações resultantes da utilização de agentes oxidantes no tratamento da água objetivam a
oxidação do ferro e manganês e sua posterior remoção por processo de separação sólido –
líquido, controle de odor e sabor, remoção da cor, desinfecção, oxidação de compostos
orgânicos sintéticos específicos, redução da formação potencial de trialometanos, controle do
crescimento e desenvolvimento de biofilmes nas unidades componentes do processo de
tratamento, entre outras (MONTGOMERY, 2005).
Historicamente, o agente oxidante mais empregado em processos de tratamento de
água tem sido o cloro, na forma de cloro gasoso (Cl2), hipoclorito de sódio (NaOCl) e
hipoclorito de cálcio [Ca(ClO)2].
O cloro e seus componentes são fortes agentes oxidantes, em geral, a reatividade do
cloro diminui com o aumento do pH, e sua velocidade de reação aumenta com a elevação da
temperatura. As reações do cloro com compostos inorgânicos redutores, como sulfitos,
sulfetos, íon ferroso e nitrito, são geralmente muito rápidas. Alguns compostos orgânicos
dissolvidos também reagem rapidamente com o cloro, mas, em geral, são necessárias algumas
horas para que a maioria das reações do cloro com compostos orgânicos se complete
(MEYER, 1994).
O cloro como agente oxidante e desinfetante apresenta uma relativa estabilidade na
fase líquida e, após um determinado tempo de contato com essa fase suas concentrações
tendem a ficar em zero ou em valores aproximadamente constantes, dependendo das dosagens
aplicadas na fase líquida e do seu potencial de demanda. Em função disto, sabe-se que um dos
Revisão da literatura 36 ___________________________________________________________________________
problemas relativos à utilização de cloro livre como agente desinfetante diz respeito ao seu
emprego em sistemas de abastecimento compostos por redes de distribuição com tempos de
detenção hidráulicos muito elevados. Em função do consumo de cloro livre e decaimento da
sua concentração ao longo do tempo, muitas vezes, a estação de tratamento de água, efetua a
aplicação de uma dosagem de cloro relativamente alta a fim de que seja mantida ao longo de
toda a rede de distribuição uma concentração de cloro residual livre superior a 0,2 mg L-1
(FERREIRA- FILHO; SAKAGUTI, 2008).
Para garantir a manutenção de níveis adequados de cloro residual em todos os pontos
da rede, é comum elevar-se a sua concentração inicial no ponto de saída, uma situação que
pode gerar problemas relacionados às questões estéticas, de sabor e odor, além da questão
relacionada a riscos à saúde, devido à possibilidade de formação de subprodutos prejudiciais à
saúde humana. Outra possibilidade, para compensar a perda do residual de cloro é a
introdução de estações para reforço de cloração em pontos estratégicos do sistema
(SALGADO, 2008).
Segundo a Portaria 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, o teor mínimo de cloro
residual livre recomendado para a água utilizada para o abastecimento humano é de
0,2 mg L-1, enquanto que o valor máximo recomendado é de 2,0 mg L-1.
� Substâncias Químicas Inorgânicas que causam risco à saúde - metais
Os íons metálicos são necessários para muitas das funções vitais do organismo
humano. A ausência de alguns deles pode ocasionar sérias doenças, tais como: anemia, por
deficiência de ferro; retardamento do crescimento de crianças, por falta de zinco; e má
formação óssea em crianças, por falta de cálcio (MASSABNI, 2009).
É importante destacar, ainda, vários outros metais, sem os quais a vida humana não
existiria. Entre eles estão o cromo, o manganês, o cobalto, o níquel, o cobre e o molibdênio,
envolvidos em processos metabólicos que regulam a produção de energia e o bom
funcionamento do corpo humano (MASSABNI, 2009).
No entanto, os metais pesados, elementos de elevada massa molecular, quando
absorvidos pelo ser humano são acumulativos, e se depositam no tecido ósseo e gorduroso
ocasionando o deslocamento de minerais nobres dos ossos e músculos para a circulação. Esse
processo pode provocar doenças tais como anemia, doença renal, distúrbios na reprodução e
danos neurológicos (TONANI, 2008).
Os metais potencialmente tóxicos surgem nas águas naturais devido aos lançamentos
de esgotos industriais tais como gerados em indústrias extrativistas de metais, indústrias de
Revisão da literatura 37 ___________________________________________________________________________
tintas e pigmentos e, especialmente, as galvanoplastias, que se espalham em grande número
nas periferias das grandes cidades. Além destas, os metais pesados podem ainda estar
presentes em esgotos de indústrias químicas, como as de formulação de compostos orgânicos
e de elementos e compostos inorgânicos, indústrias de couro, peles e produtos similares,
indústrias de ferro e aço, lavanderias e indústria de petróleo. Os metais constituem
contaminantes químicos nas águas, pois em pequenas concentrações trazem efeitos adversos à
saúde (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).
� Cádmio
Cádmio é um metal que em baixas concentrações pode atuar como nutriente para plantas,
mas é tóxico para organismos aquáticos, mesmo em pequenas concentrações. Pode atingir o
ambiente por meio de várias fontes antrópicas tais como, subproduto de refinamento de zinco,
combustão de carvão, descarte de minas, processos de eletrodeposição, produção de aço-inox,
pigmentos, fertilizantes e pesticidas (ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 2001)
A toxicidade do cádmio é principalmente aguda. Os homens são protegidos da
exposição crônica a baixos níveis pela proteína rica em enxofre, metalotionina, a qual tem a
função de regular o metabolismo de zinco. Por ter muitos grupos sulfidril, a metalotionina
pode complexar quase todo cádmio ingerido, sendo o complexo, eliminado na urina. Se a
quantidade ingerida exceder a capacidade da proteína de complexá-lo, o metal é retido nos
rins e fígado. Algumas manifestações de toxicidade incluem anemia fraca e osteoporose. Os
efeitos mais pronunciados ocorrem nos rins. Além disso, pode provocar sérios danos ao
esqueleto, causando a doença conhecida por Itai-itai, relatada inicialmente no Japão
(BAIRD, 1995).
Segundo Bridgen, Stringer e Labuska (2000), o íon (Cd2+) é bioacumulativo e bastante
persistente no ambiente, principalmente, no solo e em águas subterrâneas e segundo autores
há acumulo de cádmio em animais, em gramíneas e na vida selvagem onde ocorreu o contato
desse contaminante com o meio ambiente.
� Chumbo
O chumbo é um elemento que vem sendo utilizado desde os tempos mais remotos, sendo
um dos primeiros metais a ser explorado pelo homem e conhecido desde 3500 a.C. Este
elemento ainda é usado em vários tipos de atividades, como minerações, fundições,
refinamentos, fabricação de baterias elétricas para automóveis, fertilizantes, indústrias
químicas, pigmentos, cerâmica e plásticos (TOMAZELLI, 2003).
Revisão da literatura 38 ___________________________________________________________________________
O Pb ingerido vai inicialmente para o sangue, mas, em excesso, entra para os tecidos,
incluindo os órgãos, particularmente o cérebro. Eventualmente, o Pb deposita-se nos ossos,
tomando o lugar do cálcio, pois o Pb2+ e Ca são íons similares no tamanho. A absorção do Pb
pelo corpo aumenta em pessoas que têm deficiência de cálcio e é muito maior em crianças
que em adultos (BAIRD, 1995).
Muitos efeitos adversos à saúde são atribuídos às altas concentrações de Pb no corpo,
incluindo toxicidade nervosa, hematopoiética, renal, endócrina e no sistema esquelético,
sendo o sistema nervoso central, o primeiro a ser afetado. Danos no desenvolvimento
cognitivo e comportamental em bebês e crianças jovens representam os efeitos de maior
relevância. Toxicidade, a qual é dependente da idade e da dose de exposição, ocorre através
da exposição a baixos níveis de várias fontes ambientais incluindo ar, alimentos e água
(TOMAZELLI, 2003).
� Cromo
O cromo não faz parte dos microelementos essenciais para as plantas, entretanto é um
constituinte essencial para animais, sendo que diversas doenças como diabetes, arteriosclerose
e catarata, têm sido associadas a sua deficiência (ENVIRONMENTAL PROTECTION
AGENCY, 2001).
Os efeitos agudos de exposição incluem corrosão do trato gastrointestinal e necrose
dos rins, enquanto que a exposição crônica, via inalação de Cr (VI), pode resultar em úlceras
na pele, orifícios no septo nasal, dermatites e aumento da sensibilidade da pele
(COPI, 2001; NIKAIDO et al., 2010).
� Manganês
O manganês ocorre principalmente em rochas ígneas e metamórficas na forma de íons
bivalentes e é encontrado principalmente no estado de oxidação +2, entretanto, mais estável
sob a forma de Mn (IV).
A solubilidade do manganês é controlada pelo potencial redox e pH do meio, sendo o
Mn2+ a espécie mais solúvel em água. Em solos com pH acima de 6, o Mn2+ pode ligar-se à
matéria orgânica, óxidos e silicatos, sendo sua solubilidade diminuída (ALLOWAY, 1995).
O excesso de Mn absorvido por inalação pode acarretar pneumonia e/ou doenças
neuropsiquiátricas. Sais de manganês, em alguns micro-organismos, são aparentemente
potentes mutagênicos, entretanto, se comprovaram teratogênesis ou carcinogênesis em
mamíferos (MERIAN; CLARKSON, 1991).
Revisão da literatura 39 ___________________________________________________________________________
� Cobre
A contaminação dos solos por cobre é resultado principalmente da utilização de
fertilizantes, pesticidas e das emissões de indústrias bélicas, têxteis, papelão e moedas. A
calcocita (Cu2S) é o mais rico dos sulfetos com 80% em cobre e a calcopirita (CuFeS2) é seu
principal minério. O cobre apresenta uma forte tendência a ligar-se quimicamente ao enxofre,
formando compostos pouco solúveis como Cu2S e CuS (ALLOWAY, 1995).
Vários componentes do solo adsorvem fortemente Cu2+, especialmente no estado
coloidal, como óxidos de manganês, alumínio e ferro, argilosilicatos e substâncias húmicas
(McBRIDE, 1994).
O uso contínuo de agrotóxicos (fungicidas cúpricos) pode elevar o teor de cobre, visto
que grande parte do produto aplicado nas folhas atinge o solo e desta forma pode acumular-se
em sua superfície.
A principal função do cobre no ser humano é a sua atuação como catalisador de
reações bioquímicas. Ele participa da síntese de hemoglobina e de outras proteínas que
contêm ferro, oxidando-o a ferro (III). O cobre é constituinte de numerosas enzimas, entre
elas, por exemplo, a tirosinase, responsável pela pigmentação da pele.
Altas concentrações de íons cobre levam a ações tóxicas em organismos resultando,
em particular, na atrofia de vários órgãos e tecidos, anemia endêmica (MERIAN;
CLARKSON, 1991).
3.2.2.3 Parâmetros biológicos
Os parâmetros biológicos estão relacionados a presença de vírus, bactérias, algas ou
outros pequenos seres vivos.
� Bactérias do grupo coliforme
As bactérias encontradas na água e/ ou alimentos constituem uma das principais fontes
de morbidade em nosso meio. A contaminação da água do sistema público de abastecimento é
geralmente detectada pela presença de bactérias do grupo coliforme pertencentes à família
Enterobacteriaceae a qual representa a maior e mais heterogênea coleção de bactérias de
importância clínica (JULIÃO, 2011).
O grupo de coliformes totais é constituído por bacilos gram- negativos, aeróbios ou
anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, oxidase- negativos, capazes de
desenvolver na presença de sais biliares ou agentes tensoativos que fermentam a lactose com
produção de ácido, gás e aldeído à 35,0 ºC ± 0,5 ºC em 24 – 28 horas, e que podem apresentar
Revisão da literatura 40 ___________________________________________________________________________
atividade da enzima β- galactosidase. A maioria das bactérias do grupo coliforme pertence
aos gêneros Escherichia, Citrobacter, Klebsiella, e Enterobacter, embora vários outros
gêneros pertençam ao grupo (JULIÃO, 2011).
Os coliformes termotolerantes formam um subgrupo das bactérias do grupo coliforme
que fermentam a lactose a 44,5ºC ± 0,2 ºC em 24 horas; tendo como principal representante a
Escherichia coli, de origem exclusivamente fecal, que fermenta a lactose e manitol, com
produção de ácido e gás a 44,5 ºC ± 0,2 ºC, em 24 horas. Produz indol a partir do triptofano,
oxidase negativa, não hidroliza a uréia e apresenta atividade das enzimas β- galactosidase e β
– glucoronidase, sendo considerado o mais específico indicador de contaminação fecal
recente e de eventual presença de organismos patogênicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2006c).
3.3 Normatização da qualidade da água potável no Brasil
No Brasil, a normatização da qualidade da água para consumo humano foi iniciada na
década de 1.970. A primeira norma de potabilidade foi criada no Brasil pelo decreto federal
nº 79.367, de 9 de março de 1.977, que estabeleceu a competência do Ministério da Saúde
sobre a definição do padrão de potabilidade da água para consumo humano a ser observado
em todo o território nacional, através da portaria nº 56 Bsb, publicada em 14 de março de
1.977 (FREITAS; FREITAS, 2005).
Considera-se esta, a primeira norma de potabilidade, uma vez que abrangia diferentes
constituintes químicos e microbiológicos potencialmente patogênicos à saúde humana. Em 24
de maio de 1.974 foi publicada no Diário Oficial a lei federal nº 6.050 que dispunha sobre a
necessidade de fluoretação da água de sistemas de abastecimento provenientes de estação de
tratamento (FREITAS; FREITAS, 2005).
A 56 Bsb aprovou a norma e o padrão de potabilidade da água para fins de consumo
humano. De acordo com o decreto, caberia às Secretarias de Saúde dos Estados tendo
equivalência aos territórios e Distrito Federal, o exercício de fiscalização e o controle do exato
cumprimento das Normas e do Padrão de Potabilidade (FREITAS; FREITAS, 2005).
Segundo Formaggia, et al. (1.996), em 1.986, o Ministério da Saúde, através da extinta
Divisão de Ecologia Humana e Saúde Ambiental, efetuou um levantamento de atividades
exercidas pelas Secretarias Estaduais de Saúde (SES), com relação ao que passou a se chamar
de Vigilância Sanitária da Qualidade da Água para Consumo Humano. Na época,
constatou-se que, à exceção do Paraná, os demais Estados não exerciam nenhuma atividade
Revisão da literatura 41 ___________________________________________________________________________
relacionada à vigilância da qualidade da água, ou se exerciam, não faziam de forma
sistemática e planejada. O Ministério da Saúde decidiu então, criar em 1986, o Programa
Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, o qual, entre outras
metas, pretendia prestar auxílio técnico e financeiro às Secretarias Estaduais de Saúde para
que estas iniciassem um programa de vigilância da qualidade da água, efetivassem a revisão
da legislação e capacitassem tecnicamente os profissionais das SESs para garantir apoio
laboratorial necessário à verificação do cumprimento da legislação quanto ao padrão físico-
químico e bacteriológico da água.
Em 1.988 a nova Constituição Federal estabeleceu o princípio de que a saúde é um
direito de todos e dever do estado e constituiu o Sistema Único de Saúde (SUS) com as
seguintes diretrizes básicas:
I- descentralização, com direção única em cada esfera do governo;
II- atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo
dos serviços assistenciais;
III- participação da comunidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
O texto constitucional estabelece, em seu artigo 2000, que compete ao SUS, além de
outras atribuições:
IV- participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento
básico;
VI- fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor
nutricional, bem como as bebidas e águas para consumo humano”
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
A primeira revisão da portaria nº 56 Bsb/ 77 foi iniciada em 1.988, e apesar de estar
inicialmente restrita à participação de setores governamentais de saúde, das companhias
estaduais de abastecimento de água e órgãos estaduais de controle ambiental, conseguiu
posteriormente envolver vigilâncias sanitárias, os Laboratórios de Saúde Pública (LACENs),
a comunidade científica e algumas associações de classe, na discussão da revisão, que
forneceu subsídios à nova portaria, a 36 GM, publicada em 19 de janeiro de 1.990. Entre as
principais inovações introduzidas pela 36 GM/90, estão (FREITAS; FREITAS, 2005):
1ª) Definição de controle de vigilância da qualidade;
2ª) Definição do sistema de serviço e sistema de abastecimento de água;
3ª) Inclusão e revisão de alguns parâmetros químicos e microbiológicos.
Revisão da literatura 42 ___________________________________________________________________________
Em 1.990, após as primeiras eleições diretas para a presidência da república desde
1.964, tomou posse o novo presidente eleito em 01 de janeiro de 1.990, que procedeu a
reformas profundas no Ministério da Saúde. O novo arcabouço jurídico que passou a nortear a
política de saúde no Brasil exigiu o redesenho da estrutura do Ministério da Saúde
reorganizado por meio do Decreto Federal nº 109/1.991. Surgiu então a Secretaria Nacional
de Vigilância Sanitária (SNVS) que, por meio de sua Divisão de Ecologia Humana e Saúde
Ambiental (DIEHSA), continuou a coordenar o programa nacional de vigilância da qualidade
da água para consumo humano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
Enquanto isso, a Fundação Nacional de Saúde (FNS) - criada pela Lei nº 8.029/1.990 e
regulamentada pelo Decreto Federal nº 100/1.991, passou também por transformações. Em
1.998 com a proposta de estruturação sistêmica de vigilância em saúde ambiental, a FNS
passou a ser aquele órgão a assumir a atribuição de definir as políticas públicas do setor saúde
quanto à vigilância da qualidade da água para consumo humano.
A Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde do Brasil, por meio da
Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental – CGVAM iniciou, em 1.999, a
implantação e coordenação do Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental
(VIGIAGUA) relacionada à Qualidade da Água para Consumo Humano
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
Em 2.000, a FNS passou a denominar-se FUNASA por meio do Decreto Federal
nº 3.450 /2.000. Nesse mesmo ano, a FUNASA implementou algumas ações para viabilizar o
desenvolvimento das ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano,
destacando-se a criação de um sistema de informações sobre qualidade de água para consumo
humano (SISAGUA) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
Os objetivos específicos do Programa VIGIÁGUA são:
• Reduzir a morbi- mortalidade por doenças e agravos de transmissão hídrica, por meio
de ações de vigilância sistemática da qualidade da água consumida pela população;
• Buscar a melhoria das condições sanitárias das diversas formas de abastecimento de
água para consumo humano;
• Avaliar e gerenciar o risco à saúde das condições sanitárias das diversas formas de
abastecimento de água;
• Monitorar sistematicamente a qualidade da água consumida pela população, nos
termos da legislação vigente;
• Informar a população sobre a qualidade da água e riscos à saúde;
Revisão da literatura 43 ___________________________________________________________________________
• Apoiar o desenvolvimento de ações de educação em saúde e mobilização social;
• Coordenar o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água (SISAGUA)
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
Ainda no ano de 2.000, foi realizada a segunda revisão da 36 GM/90, tendo ocorrido
dez anos depois, extrapolando a recomendação do prazo máximo de cinco anos, contidos na
36 GM/90, após a sua promulgação. Tal revisão foi conduzida pelo Ministério da Saúde, por
meio da Coordenação Geral de Vigilância Ambiental em Saúde (CGVAM), em parceria com
o Departamento de Engenharia de Saúde Pública (DENSP), da Fundação Nacional de Saúde
(Funasa) e com a representação da Organização Pan- Americana de Saúde (OPAS) e da
Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
Nessa última revisão ampliou-se mais o processo participativo na confecção da norma,
uma vez que houve a colaboração de diversas entidades dos setores público, privado e de
organizações não governamentais. Além disso, a própria Funasa coordenou uma consulta
pública para receber contribuições de profissionais, entidades e instituições de várias regiões
do país. Em 29 de dezembro de 2.000, foi publicada a portaria nº 1.469 através do Ministério
da Saúde estabelecendo o controle e a vigilância da qualidade da água para o consumo
humano e seu padrão de potabilidade. O prazo de adequação das instituições ou órgãos para
cumprimento da Norma foi até janeiro de 2.003, exceto para o monitoramento de
cianobactérias, que teve um prazo limite de implementação de 3 anos após a publicação da
portaria (FREITAS; FREITAS, 2005).
A principal inovação trazida pela portaria 1.469 foi a classificação dos tipos de
sistemas de abastecimento de água em sistema coletivo e sistema ou solução alternativa de
abastecimento de água. Tais sistemas são explicados a seguir:
• Sistema coletivo: constitui de uma instalação composta por um conjunto de obras
civis, materiais e equipamentos destinados à produção e distribuição canalizada de
água potável para as populações, sob a responsabilidade do poder público, mesmo que
administrada em regime de concessão e permissão.
• Sistema ou solução alternativa de abastecimento de água: constitui de toda modalidade
de abastecimento coletivo da água, distinta do sistema coletivo, incluindo por
exemplo, fontes, poços comunitários, distribuição por veículo transportador,
instalações condominiais horizontal e vertical (FREITAS; FREITAS, 2005) .
Em função dessa classificação, a portaria 1.469 estabeleceu deveres e
responsabilidades aos órgãos de saúde, encarregados de realizar a vigilância, e às empresas de
Revisão da literatura 44 ___________________________________________________________________________
abastecimento, administradas sob o domínio público ou privado, responsáveis pelo controle
da qualidade da água. Ambos devendo monitorar os parâmetros de qualidade, desde as áreas
de proteção do corpo hídrico utilizado para a captação, até o tratamento e distribuição. Esta
última revisão também incorporou um novo parâmetro microbiológico, a pesquisa de
cianobactérias e cianotoxinas. Além de recomendações a respeito da operacionalidade para a
remoção de cistos de Giárdia spp e oocistos de Cryptosporidium sp., a partir da melhoria no
processo de filtração (BRASIL, 2000).
Em 2003, a VIGIAGUA relacionada à qualidade da água para consumo humano passa
a ser coordenada diretamente pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) no âmbito do
Ministério da Saúde por meio do Decreto n° 4.726/2003. Em 2.004, a Portaria do Ministério
da Saúde n° 1.469, de 29 de dezembro de 2000, foi revogada pela Portaria nº 518, de 25 de
março de 2004.
O Fluxograma 1 apresenta organização institucional do Programa de Vigilância em
Saúde Ambiental no Brasil.
Revisão da literatura 45 ___________________________________________________________________________
Fluxograma 1- Organização Institucional do Programa de Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano.
Fonte: Adaptado MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004
A Portaria nº 518, de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde, estabelece que o
controle da qualidade da água é de responsabilidade de quem oferece o abastecimento
coletivo ou de quem presta serviços alternativos de distribuição. No entanto, cabe às
autoridades de saúde pública das diversas instâncias de governo a missão de verificar se a
MINISTÉRIO DA SAÚDE (M.S.)
SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE (SVS)
CGLAB Coordenação Geral de Laboratórios
CGVSA Coordenação Geral de Vigilância em
Saúde Ambiental
LACEN Laboratório Central de
Saúde
VIGIAGUA Vigilância Ambiental em Saúde relacionado à qualidade da água
para consumo humano
SES Secretaria Estadual de
Saúde
Vigilância em Saúde Coordenação Estadual de
Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano.
SMS Secretaria Municipal de
Saúde
Vigilância em Saúde Coordenação Municipal de Vigilância da Qualidade da
Água para Consumo Humano
Laboratório Local
Revisão da literatura 46 ___________________________________________________________________________
água consumida pela população atende às determinações dessa portaria, inclusive no que se
refere aos riscos que os sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água
representam para a saúde pública (BRASIL, 2004).
O Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial da União do dia 14 de dezembro de
2.011 a Portaria nº 2.914, de 12/12/2011. Trata-se de norma que dispõe sobre os
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade (CABRAL, 2012).
Esta portaria revoga e substitui integralmente a Portaria MS nº 518, de 25/03/2004,
que estabelecia os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade
(CABRAL, 2012).
3.3.1 Nova portaria de potabilidade da água: Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011
O processo de revisão da Portaria M.S. nº 518/ 2004 foi desenvolvido por um grupo de
trabalho composto por representantes do setor da saúde, de instituições de ensino e pesquisa,
das associações das empresas de abastecimento de água e dos órgãos de meio ambiente e
recursos hídricos (RIBEIRO, 2012).
Segundo a equipe de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano do
Ministério da Saúde, a discussão das propostas foi amplamente divulgada, tornando todo o
processo de revisão democrático e transparente, com site e endereço eletrônico exclusivos
para o recebimento de sugestões, proporcionando, assim, uma ampla participação da
sociedade civil e dos demais segmentos institucionais. Além disso, a minuta da portaria foi
debatida em oficinas regionais, disponibilizada para consulta pública, além de avaliada e
aprovada nos fóruns colegiados do Sistema Único de Saúde (RIBEIRO, 2012).
Destacam-se entre as obrigações, estabelecidas pela nova portaria, específicas dos
responsáveis pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água para
consumo humano as seguintes (CABRAL, 2012):
- o exercício da garantia do controle da qualidade da água;
- encaminhar à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios relatórios das análises dos parâmetros mensais, trimestrais e semestrais com
informações sobre o controle da qualidade da água, conforme o modelo estabelecido pela
referida autoridade.
Revisão da literatura 47 ___________________________________________________________________________
Importa ressaltar também que compete aos responsáveis pelo fornecimento de água
para consumo humano estruturar laboratórios próprios e, quando necessário, identificar outros
para realização das análises dos parâmetros estabelecidos nesta Portaria, sendo que os
sistemas e as soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para consumo humano
devem contar com responsável técnico habilitado (CABRAL, 2012).
Do ponto de vista do padrão de potabilidade, a atualização foi resultado de cuidadosa
revisão, baseada em critérios de avaliação de risco (RIBEIRO, 2012).
Assim, se determinada substância química fazia parte do padrão de potabilidade e não
faz mais, é porque o conhecimento atual não aponta tal substância como de toxicidade
preocupante ou de que a exposição via consumo de água não é das mais relevantes.
Raciocínio semelhante justifica eventual flexibilização de valor máximo permitido para a
determinada substância, e raciocínio inverso justifica a inclusão de novas substâncias no
padrão de potabilidade ou maior rigor no estabelecimento de valor máximo permitido na água
(RIBEIRO, 2012).
Os valores máximos permitidos de cada substância na água foram definidos com base
na abordagem de avaliação quantitativa de risco químico, que permite estimar a concentração
limite que, em tese, poderia ser ingerida continuamente ao longo de toda a vida sem risco
considerável à saúde. Estimativa esta feita com largas margens de segurança
(RIBEIRO, 2012).
No caso do padrão microbiológico de potabilidade, a Portaria atual orientou a
definição do padrão de turbidez da água filtrada como indicador da remoção de protozoários,
sendo portanto incluído aos parâmetros de controle da desinfecção, indicadores da inativação
de bactérias, vírus e protozoários (RIBEIRO, 2012).
Concretamente, o padrão de substâncias químicas que representam risco a saúde e o
padrão organolético da Portaria 518/2004, em conjunto, regulamentavam 74 substâncias/
características da água, e esse número foi elevado para 87 na Portaria 2914/2011
(RIBEIRO, 2012).
A Portaria MS nº 2.914 do MS de 2011 dispõe ainda de parâmetros de observação
obrigatória para a aferição e garantia do padrão microbiológico de potabilidade, inclusive
estabelecendo padrões para substâncias químicas que representam risco à saúde
(CABRAL, 2012).
Considerando a relevância das alterações trazidas por esta portaria, ficaram
estabelecidos prazos para a adequação aos seus parâmetros, a saber (CABRAL, 2012):
Revisão da literatura 48 ___________________________________________________________________________
� Prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses, contados a partir da data de sua
publicação, para que os órgãos e entidades sujeitos à aplicação desta Portaria
promovam as adequações necessárias ao seu cumprimento, no que se refere ao
monitoramento dos parâmetros gosto e odor, saxitoxina, cistos de Giardia spp. e
oocistos de Cryptosporidium spp (BRASIL, 2011b).
� Prazo de 4 (quatro) anos para cumprimento, contados da data de publicação desta
Portaria, mediante o cumprimento das etapas previstas no § 2° do art. 30 desta
Portaria, para o atendimento ao valor máximo permitido de 0,5 uT para filtração
rápida (tratamento completo ou filtração direta) (BRASIL, 2011b)
� Prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses, contados a partir da data de publicação
desta Portaria, para que os laboratórios referidos no art. 21 desta Portaria promovam as
adequações necessárias para a implantação do sistema de gestão da qualidade,
conforme os requisitos especificados na NBR ISO/IEC 17025:2005.
Algumas mudanças principais que afetam diretamente o Controle de Qualidade
(RIBEIRO, 2012):
� Não será mais necessário realizar análises de flúor na Rede de Distribuição. Somente
os resultados da produção serão suficientes para a Vigilância Sanitária. Para a Sabesp
isso representa uma redução de aproximadamente 55 mil ensaios por ano desse
parâmetro.
� Está claro nesta Portaria que, para parâmetros físicos e químicos, é necessário
considerar o histórico de resultados para avaliar se a água está atendendo ou não aos
padrões da Portaria. Anteriormente qualquer resultado unitário fora dos padrões já
poderia desclassificar a potabilidade da água.
� O limite permitido de turbidez após a filtração reduziu de 1,0 para 0,5 NTU, com
prazo de 4 anos para atendimento.
� As unidade que operam ETAs ja podem fazer a análise crítica de seus sistemas para
avaliar se estão atendendo a este novo limite.
� Deverá ser realizada uma análise de turbidez para cada análise de bacteriologia. Isso já
era recomendação na Portaria anterior e agora virou exigência.
� A frequência mínima exigida de visitas a sistema de produção por poços reduziu de
diária para duas vezes por semana.
� Análises de gosto e odor deverão ser feitas em todos os sistemas produtores, com
frequência semestral para poços e trimestrais para mananciais superficiais. Mas está
bem definido na Portaria um prazo de 2 anos para isso.
Revisão da literatura 49 ___________________________________________________________________________
� Fica permitido concentrações de ferro e manganês acima do VMP desde que os
mesmos estejam complexados e possuam concentração máxima de 2,4 e 0,4 mg L-1
respectivamente.
� Na Portaria anterior o fato de clarificar a água com a adição de complexantes ainda
classificava a água como “não potável” já que o teor ferro e manganês não eram
reduzidos.
� Foram inseridos 19 novos ensaios parâmetros para monitoramento, a maioria deles
orgânicos e agrotóxicos.
� Fica obrigatório o ensaio de Cryptosporidium e Giardia para captações que
apresentem resultados de E. coli acima de 1000/100 ml, considerando uma média
geométrica anual.
É importante ressaltar ainda que como essa Portaria é de abrangência bem específica e
os conhecimentos científicos são dinâmicos, a mesma dever ser revisada periodicamente.
3.4 Água e saúde
No Brasil, a maior parte da população urbana vem adquirindo acesso à água através da
expansão de redes de abastecimento, sem que, por outro lado, sejam promovidos a coleta e
tratamento adequado de esgotos e lixo. A combinação entre estes fatores traz um novo desafio
para a saúde pública, que deve ampliar o olhar sobre a questão do saneamento para além da
cobertura de serviços, e incluir o monitoramento e ações efetivas sobre a qualidade da água e
vulnerabilidade de sistemas de abastecimento (ANDREAZZI; BARCELLOS; HACON,
2007). Cada vez mais, o processo de urbanização e adensamento populacional produz riscos
que são característicos de grandes centros urbanos, com mananciais e redes de distribuição de
água vulneráveis (EZZATI et al, 2005).
Os países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, entraram no terceiro milênio
retomando patologias do início do século XX. A ausência de serviços de saneamento tem
provocado precárias condições de saúde para uma parte significativa da população brasileira,
que sofre com a incidência de doenças, especialmente as de veiculação hídrica
(TEIXEIRA; GUILHERMINO, 2006).
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) e seus países membros, todas as
pessoas, em quaisquer estágios de desenvolvimento e condições socioeconômicas, têm o
direito de acesso a um suprimento adequado de água potável e segura, que não represente
Revisão da literatura 50 ___________________________________________________________________________
risco significativo à saúde, em quantidade suficiente para atender às necessidades domésticas,
continuamente e que tenha um custo acessível (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009b).
Segundo o Ministério da Saúde (2006c), a qualidade de vida dos seres humanos está
diretamente relacionada à água, a qual é utilizada principalmente para ingestão direta, preparo
de alimentos, higiene pessoal e de utensílios. A água usada para abastecimento doméstico
deve apresentar características sanitárias e toxicológicas adequadas, estando livre de micro-
organismos patogênicos e substâncias nocivas à saúde, para prevenir danos e promover o
bem-estar das pessoas.
Sete crianças brasileiras são mortas diariamente por causa da diarréia e 700 mil
pessoas são internadas anualmente em função da falta de coleta e tratamento de esgoto. O
acesso ao saneamento básico reduziria em 36% a incidência dessa doença. A diarréia é
classificada como uma doença de veiculação hídrica, assim como a febre tifóide, disenteria,
cólera, hepatite, leptospirose e giardíase. De acordo com a Sabesp, essas doenças são comuns
nos países em desenvolvimento como o Brasil, onde cerca de 80% das enfermidades que
afetam a população tem origem justamente na água de má qualidade (MARTINS, 2010).
As crianças menores de cinco anos, geralmente estão mais expostas a este tipo de
contaminação, devido a sua nutrição baseada, principalmente, em alimentos liquidificados,
exceto no caso dos bebês que devem ser preferencialmente amamentados pelo leite materno.
Também se deve considerar sob risco mulheres grávidas, idosos, indivíduos que sofram de
determinadas doenças e pessoas debilitadas. Estas doenças são caracterizadas por uma fase
aguda e outras crônicas e, em casos avançados, podem causar a morte se não houver o devido
tratamento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009a).
Hoje, sabe-se da importância de se tratar a água destinada ao consumo humano, pois a
mesma é capaz de veicular grande quantidade de contaminantes físico e químicos e/ou
biológicos e cujo consumo tem sido associado a diversos problemas de saúde
(TORRES, 2000). Algumas epidemias de doenças gastrointestinais, por exemplo, têm como
via de transmissão a água contaminada. Essas infecções representam causa de elevada taxa de
mortalidade em indivíduos com baixa resistência, atingindo especialmente idosos e crianças
menores de cinco anos (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2000).
A água pode veicular um elevado número de enfermidades e essa transmissão pode se
dar por diferentes mecanismos. O mecanismo de transmissão de doenças mais comumente
lembrado e diretamente relacionado à qualidade da água é o da ingestão, por meio do qual um
indivíduo sadio ingere água que contenha componente nocivo à saúde e a presença desse
Revisão da literatura 51 ___________________________________________________________________________
componente no organismo humano provoca o aparecimento de doença (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2006b).
Um segundo mecanismo refere-se à quantidade insuficiente de água, gerando hábitos
higiênicos insatisfatórios e daí doenças relacionadas à inadequada higiene – dos utensílios de
cozinha, do corpo e do ambiente domiciliar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a).
Outro mecanismo compreende a situação da água no ambiente físico, proporcionando
condições propícias à vida e à reprodução de vetores ou reservatórios de doenças. Um
importante exemplo é o da água empoçada, contaminada por esgotos, como habitat para o
molusco hospedeiro intermediário da esquistossomose. Outro exemplo desse mecanismo é o
da água como habitat de larvas de mosquitos vetores de doenças, como o mosquito Aedes
aegypti, a dengue. O Aedes aegypti necessita de coleções de água para o seu ciclo de
reprodução (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006b).
A Tabela 2 apresenta uma síntese das principais doenças relacionadas com a água.
Tabela 2- Doenças relacionadas com a água. GRUPO DE
DOENÇAS
FORMAS DE
TRANSMISSÃO
PRINCIPAIS
DOENÇAS
FORMAS DE
PREVENÇÃO
Transmitidas pela via feco-oral (alimentos contaminadas por fezes).
O organismo patogênico (agente causador de doença) é ingerido.
1. Diarréias e disenterias, como a cólera e a giardíase. 2. Febre tifóide e paratifóide. 3. Leptospirose. 4. Amebíase. 5. Hepatite Infecciosa. 6. Ascaridíase
1. Proteger e tratar as águas de abastecimento e evitar uso de fontes contaminadas. 2. Fornecer água em quantidade adequada e promover a higiene pessoal, doméstica e dos alimentos.
Revisão da literatura 52 ___________________________________________________________________________
Continuação Tabela 2
GRUPO DE
DOENÇAS
FORMAS DE
TRANSMISSÃO
PRINCIPAIS
DOENÇAS
FORMAS DE
PREVENÇÃO
Controladas pela limpeza com a água (associadas ao abastecimento insuficiente de água).
A falta de água e a higiene pessoal insuficiente criam condições favoráveis para sua disseminação.
Infecções na pele e nos olhos, como o tracoma e o tifo relacionado com piolhos, e a escabiose.
Fornecer água em quantidade adequada e promover a higiene pessoal e doméstica.
Associadas à água (uma parte do ciclo da vida do agente infeccioso ocorre em um animal aquático)
O patogênico penetrapela pele ou é ingerido
Esquistossomose 1. Evitar o contato de pessoa com águas infectadas 2. Proteger mananciais 3. Adotar medidas adequadas para a disposição de esgotos 4. Combater o hospedeiro Intermediário
Transmitidas por vetores que se relacionam com a água
As doenças são propagadas por insetos que nascem na água ou picam perto dela
1. Malária 2. Febre amarela 3. Dengue 4. Filariose (elefantíase)
1. Combater os insetos Transmissores 2. Eliminar condições que possam favorecer criadouros 3. Evitar o contato com Criadouros 4. Utilizar meios de proteção individual
Fonte: Adaptada MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a.
Revisão da literatura 53 ___________________________________________________________________________
3.4.1 Importância do tratamento da água para consumo humano
A qualidade necessária à água distribuída para consumo humano é a potabilidade, ou
seja, deve ser tratada, limpa e estar livre de qualquer contaminação, seja de origem
microbiológica, química, física ou radioativa, não devendo, em hipótese alguma, oferecer
riscos à saúde humana (BRASIL, 2004).
A potabilidade da água é alcançada mediante tratamento, sendo o mais tradicional
realizado pelas etapas de coagulação, floculação, decantação, filtração, desinfecção e
fluoretação, nas Estações de Tratamento de Água (ETA) (FREITAS, 2002).
Com os avanços nas tecnologias, a água bruta de qualquer qualidade pode ser tratada
pelas Estações de Tratamento de Água, que são responsáveis pela captação de água
subterrânea ou de mananciais, por meio de bombas, as quais realizam a condução da água até
as estações de tratamento, local onde a água, após receber adequado tratamento, torna-se
apropriada para o consumo humano (GOHRINGER, 2006).
O tratamento é uma fase crucial no sistema de abastecimento. Processa-se em várias
etapas, distinguindo-se as operações unitárias (que se assentam em princípios físicos) e os
processos unitários (que se assentam em princípios químicos ou biológicos)
(ROSALINO, 2011) .
Existem múltiplos esquemas de tratamento variantes de sequências ditas
convencionais. A título de exemplo, a Figura 1 representa uma sequência de processos e
operações unitárias que configuram num sistema de tratamento de água de origem superficial
Figura 1- Esquema de tratamento de água de origem superficial.
* Cinza: representa as operações e processos unitários mais frequentes.
Fonte: Adaptado ROSA; VIEIRA; MENAIA, 2009.
* Cor cinza: representa as operações e processo unitários mais frequentes.
FONTE: Adaptado ROSA;VIEIRA; MENAIA, 2009.
- - - Desinfecção - Coagulação
- Oxidação - Adição de coagulantes
matéria orgânica - Correção de pH/
- Remoção Fe/ Mn agressividade
- Remoção cor,
sabor e cheiro
Pré-
oxidação
Mistura
rápida Floculação Decantação
o Filtração Desinfecção
Correção de pH/ agressividade
Revisão da literatura 54 ___________________________________________________________________________
� Pré-Oxidação
Destina-se à desinfecção primária da água, à oxidação da matéria orgânica e
inorgânica, à remoção de ferro e manganês. Diminui substancialmente compostos de cor,
sabor e cheiro (ROSALINO, 2011).
� Mistura Rápida
Operação unitária onde se materializa a coagulação, na qual se adiciona um agente
coagulante (usualmente sais de alumínio) com o intuito de favorecer a agregação das
substâncias em suspensão. Pode, eventualmente, ser feita uma correção de pH e/ou
agressividade com o objetivo de aumentar a eficiência do processo coagulação/floculação. A
mistura rápida pode também acomodar o doseamento de suspensão de carvão ativado em pó
(CAP) com a finalidade de adsorver a matéria orgânica natural (MON) e micro-contaminantes
orgânicos (ROSALINO, 2011).
� Clarificação
A etapa de clarificação constitui-se de um conjunto de operações unitárias, destinadas
à remoção de sólidos. A clarificação, cuja função essencial, consiste na remoção da turbidez,
apresenta uma grande importância no tratamento das águas de abastecimento, proporcional à
importância do parâmetro da turbidez na potabilidade da água (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2006b).
� Coagulação
Substâncias coagulantes são adicionadas na água com a finalidade de reduzir as forças
eletrostáticas de repulsão, que mantém separadas as partículas em suspensão, as coloidais e
parcela das dissolvidas. Desta forma, eliminando-se ou reduzindo-se a "barreira de energia"
que impede a aproximação entre as diversas partículas presentes, criam-se condições para que
haja aglutinação das mesmas, facilitando sua posterior remoção por sedimentação e/ou
filtração. Os coagulantes mais utilizados são o sulfato de alumínio e o cloreto férrico, sais
que, em solução, liberam espécies químicas de alumínio ou ferro com alta densidade de
cargas elétricas, de sinal contrário às manifestadas pelas partículas presentes na água bruta,
eliminando, assim, as forças de repulsão eletrostática originalmente presentes na água bruta
(DI BERNARDO; DANTAS, 2005).
Revisão da literatura 55 ___________________________________________________________________________
� Floculação
Processo físico que promove a aglutinação das partículas já coaguladas, facilitando o
choque entre as mesmas devido à agitação lenta imposta ao escoamento da água. A formação
de flocos de impurezas facilitam sua posterior remoção por sedimentação sob ação da
gravidade, flotação ou filtração. A floculação pode ocorrer por processos hidráulicos ou
mecanizados (DI BERNARDO; DANTAS, 2005).
� Sedimentação
Separação dos sólidos da água, pela ação da gravidade, após a coagulação e a formação de
aglomerados. Este processo é de extrema importância para que a filtração possa remover o
restante do material sólido (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006c).
� Filtração
É o processo que remove as impurezas presentes na água bruta (filtração lenta); na
água coagulada ou floculada (filtração rápida direta); ou na água decantada (filtração rápida)
pela passagem destas em um meio granular poroso, geralmente constituído de camadas de
pedregulho, areia e antracito (este último, comum nos filtros rápidos). Em relação ao sentido
de escoamento e à velocidade com que a água atravessa a camada de material filtrante, a
filtração pode ser caracterizada como lenta, rápida de fluxo ascendente ou rápida de fluxo
descendente. A filtração direta tem sua denominação relacionada com a inexistência de
unidade prévia de remoção de impurezas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006c).
A filtração direta pode ser considerada como uma das principais tecnologias de
tratamento de água para abastecimento público, sendo utilizada com sucesso em diversos
países, inclusive no Brasil. Algumas variantes, tais como a filtração direta ascendente (FDA)
e a filtração direta descendente (FDD) possuem limitações relativas à qualidade
microbiológica, física e química da água bruta, especificamente para valores de turbidez, cor
verdadeira ou concentração algal temporariamente elevados. A dupla filtração (DF), que
consiste na filtração rápida descendente (FRD) precedida da filtração direta ascendente em
pedregulho (FAP) ou em areia grossa (FAAG), além de dispor das vantagens relacionadas à
FDA, permite o tratamento de água de pior qualidade, possibilita o uso de taxas de filtração
mais elevadas, oferece maior segurança com relação às variações bruscas de qualidade da
água bruta, apresenta maior remoção global de micro-organismos e pode dispensar o descarte
de água pré-filtrada no início da carreira de filtração (DI BERNARDO; DANTAS, 2005).
Revisão da literatura 56 ___________________________________________________________________________
� Desinfecção
Após a clarificação da água, procede-se à desinfecção, ou seja, à destruição ou à
inativação de organismos patogênicos pela aplicação de um agente desinfetante. Os mais
empregados são: oxidantes químicos, como cloro, dióxido de cloro e ozônio, e radiação
ultravioleta (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006c).
O cloro é o desinfetante mais utilizado no tratamento de água para o consumo humano. Sua
grande utilização pode ser explicada devido às suas inúmeras vantagens como: elevada
eficiência na inativação de bactérias e vírus, possui efeito residual relativamente estável,
baixo custo, manuseio relativamente simples, além de grande disponibilidade no mercado
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006c).
� Fluoretação
Com a descoberta da importância dos sais de flúor na prevenção da cárie dental, quando
aplicados aos indivíduos na idade suscetível, isto é, até os 14 anos de idade, e em ordem
decrescente de efetividade à medida que aumenta a idade da criança, generalizou-se a técnica
de fluoretação de abastecimento público como meio eficaz e econômico de controle da cárie
dental (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006b).
As aplicações no abastecimento de água fazem-se por meio de aparelhos dosadores,
sendo usados o fluoreto de sódio, o fluossilicato de sódio e o ácido fluossilícico.
Para atender ao padrão de potabilidade humana, a água de abastecimento deve
apresentar os diversos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos dentro dos limites
máximos permitidos definidos pela Portaria nº 518 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004),
em consonância com a portaria 2.914 do Ministério de 2011 (BRASIL, 2011b).
O controle da qualidade da água produzida e distribuída pelos sistemas de
abastecimento de água tem sido feito, nas últimas décadas, através de análises laboratoriais da
água em amostras provenientes das diversas partes que compõem os sistemas, pesquisando a
presença ou a ausência de bactérias do grupo coliforme, consideradas, até pouco tempo, como
um ótimo indicador da contaminação da água por agentes patogênicos
(TEIXEIRA; LEAL, 2002).
A explanação de Richter e Azevedo Netto (1991), sobre a relação entre os processos
de tratamento da água e os respectivos resultados, indica os principais efeitos que estes
processos exercem sobre a qualidade da água final: a água tratada.
A Tabela 3 apresenta os processos e respectivos efeitos sobre os parâmetros químicos
e biológicos.
Revisão da literatura 57 ___________________________________________________________________________
Tabela 3 – Principais efeitos dos processos de tratamento da água.
Atributos
Aeração
Sedimentação simples
Filtração
lenta
Coagulação e Filtração
rápida
Correção da dureza e filtração
rápida (14)
Desinfecção (cloração)
Bactérias
0
+ +
+ + + +
+ + + + (1)
(+ + +) (2)
+ + + +
Cor
0
0
+ +
+ + + +
(+ + + +)
0 (13)
Turbidez
0
+ + +
+ + + + (3)
+ + + +
(+ + + + +)
0
Odor e sabor
+ + + + (4)
(+)
+ + +
(+ +)
(+ +)
(+ + + +) (5-6)
Dureza
+
0
0
- - (7)
+ + + +
0
Corrosividade
+ + + (8) - - - (9)
0
0
- - (10)
Variável
0
Ferro e
manganês
+ + + (12)
+ (11)
+ + + +
(11)
+ + + + (11)
(+ +)
0 (13)
Fonte: Azevedo Netto e Richter, 1991, p.30. Notas: 1. Símbolos empregados: + Efeitos favoráveis - Efeitos adversos. 2. Os símbolos entre parênteses indicam efeitos indiretos: (1) Um pouco irregularmente. (2) Tratamento com cal em excesso. (3) Sujam-se ou entopem muito. (4) Exceção para os sabores devido aos clorofenóis. (5) Supercloração seguida de descloração. (6) Cloração normal. (7) A coagulação com sulfato de alumínio converte a dureza do carbonato em dureza de sulfato. (8) Pela remoção de gás carbônico. (9) Com adição de oxigênio. (10) A coagulação com sulfato de alumínio libera gás carbônico. (11) Após aeração. (12) Aeração seguida de uma unidade separadora para deposição. (13) Pode remover o ferro e ter efeito sobre a cor. (14) Redução da dureza pelo processo de precipitação química.
Porém, nos últimos anos, surgiram novos desafios no campo do controle de doenças
de veiculação hídrica associadas ao tratamento e ao abastecimento de água. Agentes
patogênicos como protozoários – Cryptosporidium e Giardia – enterovírus, cianobactérias,
além das bactérias heterotróficas, estão associados, direta ou indiretamente, a inúmeras
doenças de veiculação hídrica. Estes patógenos são exemplos de micro-organismos que não
têm sido eficientemente eliminados das águas de abastecimento por meio do tratamento
convencional da água de abastecimento ou ainda que têm provocado a contaminação do
sistema de distribuição, principalmente por meio de biofilmes (TEIXEIRA; LEAL, 2002).
Revisão da literatura 58 ___________________________________________________________________________
Biofilme é um complexo ecossistema microbiológico, sendo que a dinâmica da sua
formação ocorre em etapas distintas, iniciando-se com a adesão dos micro-organismos
colonizadores a uma superfície, geralmente contendo proteínas ou outros compostos
orgânicos. As células aderidas passam a se desenvolver, originando microcolônias que
sintetizam uma matriz de polímeros orgânicos que passam a atuar como substrato para a
aderência de micro-organismos denominados colonizadores secundários, os quais ficarão
aderidos diretamente aos primários, como mostrado na Figura 2.
Desta forma, o biofilme corresponde a uma “entidade” dinâmica, pois dependendo dos
micro-organismos dos quais é composto, apresentará diferentes características físicas,
químicas e microbiológicas (RICKARD et al., 2003).
Figura 2- Representação gráfica do desenvolvimento de um biofilme.
Fonte: Adaptado de Rickard et al., 2003. * (a) Colonização primária de um substrato; (b) crescimento, divisão celular com desenvolvimento de microcolônias;
(c) coadesão de células individuais, células coagregadas e grupo de células idênticas, originando um biofilme jovem, de múltiplas espécies;
(d) maturação e formação de mosaicos clonais no biofilme maduro.
No biofilme, os micro-organismos permanecem mais resistentes à ação de agentes
químicos, como aqueles utilizados no processo de higienização, assim, os resíduos aderidos
aos equipamentos e superfícies, onde existe um fluxo de água ou outro líquido,
transformam-se em potencial fonte de contaminação, permitindo o desenvolvimento de um
biofilme. As ações mecânicas são mais eficientes na remoção destes micro-organismos, como
Revisão da literatura 59 ___________________________________________________________________________
exemplo, a escovação e remoção dos resíduos de um reservatório doméstico de água para
consumo humano (MACÊDO, 2004).
3.4.2 Substâncias utilizadas nas Estações de Tratamento de Água e possíveis riscos à saúde humana
A saúde pública no Brasil sempre teve a sua atenção voltada para os problemas de
saúde relacionados às exposições ambientais. Todavia, seu interesse principal estava
inicialmente concentrado na contaminação da água por agentes biológicos. A implementação,
ainda que parcial, de medidas sanitárias tradicionais ocasionou um declínio da
morbimortalidade causada pelos patógenos biológicos veiculados pela água, o que provocou o
aumento da importância das doenças causadas por agentes físicos e químicos
(SANTOS; GOUVEIA, 2011).
Existem diversas formas de contaminação da água destinada ao consumo público. De
uma forma geral, é possível categorizá-las em duas fontes: contaminantes presentes nas águas
para captação e contaminantes utilizados ou formados durante o tratamento e distribuição da
água (ROSALINO, 2011).
No Brasil, o controle da exposição aos fatores de riscos biológicos tem se resumido ao
tratamento da água, processo que consta das seguintes fases: decantação, filtração e cloração.
A cloração representa um benefício indiscutível à saúde humana, uma vez que o cloro, em
qualquer de seus compostos, é capaz de destruir e tornar inativos os organismos causadores de
enfermidades. Sua aplicação é simples, exigindo equipamentos de baixo custo; a
determinação de sua concentração é fácil e é relativamente seguro ao homem nas dosagens
habitualmente adotadas (2mg L-1) para desinfecção da água (BRASIL, 2000; RIEDEL, 2010).
Entretanto, o cloro utilizado para desinfecção da água pode associar-se à matéria orgânica
geralmente presente nas águas superficiais captadas, gerando subprodutos, dentre eles os
trialomentanos (SANTOS; GOUVEIA, 2011).
As alterações na qualidade da água, devido às florações de organismos
fitoplanctônicos (microalgas e cianobactérias) e micro-organismos patogênicos em rios, lagos
e reservatórios destinados ao abastecimento, introduzem dificuldades diversas, podendo com-
prometer seriamente o funcionamento das estações de tratamento de água. No processo de
tratamento de água, a pré-oxidação pode representar uma etapa importantíssima para auxiliar
a remoção de tais contaminantes. Entretanto, tem sido observado que a maior parte desses
Revisão da literatura 60 ___________________________________________________________________________
contaminantes atua como precursores na formação de subprodutos da oxidação
(SILVA et al., 2012).
A ocorrência de trialometanos (THMs) e outros produtos de cloração é um problema
preocupante e a descoberta de seus efeitos nocivos é relativamente recente. Sua formação se
deve, em parte, à prática de pré-cloração em águas com elevada concentração de
cianobactérias.
A matéria orgânica de outras origens na água bruta clorada também pode gerar esses
subprodutos na água tratada (SINGER, 1999; UMBUZEIRO et al., 2010). Quanto maior o
tempo de contanto da água contendo matéria orgânica com o cloro, maior quantidade de THM
é formada. Então, há mais probabilidade de a água apresentar maior concentração de produtos
de desinfecção ao longo da rede de distribuição do que na saída do tratamento, local em que a
maioria das amostras de água são coletadas para controle (SIMPSON; HAYES, 1998).
Os subprodutos de desinfecção (DBPs) são comprovadamente cancerígenos
(como clorofórmio e bromodicloroetano) e mutagênicos (3- cloro-4- (diclorometil)- 5-
hidroxi-2(5H)-furanona) (SIMPSON; HAYES, 1998; KOGEVINAS, VILLANUEVA, 2011).
Os DBPs podem igualmente causar danos ao desenvolvimento e reprodução, não só na biota,
como em humanos (KOGEVINAS; VILLANUEVA, 2011).
A absorção gastrointestinal após a ingestão é o principal fator de risco associado à
exposição aos THMs. A inalação e absorção pela pele (por serem voláteis e lipossolúveis) são
vias de exposição que também devem ser consideradas (KOGEVINAS; VILLANUEVA,
2011). Alguns THMs comumente detectados m água de abastecimento são: triclorometano ou
clorofórmio (CHCl3), bromodiclorometano (CHBrCl2), dibromoclorometano (CHBr2Cl) e
tribromometano ou bromofórmio (CHBr3) (HRUDEY, 2009).
Em outras localidades, já se identificou em torno de 600 diferentes subprodutos de
desinfecção na água (NIEUWENHUIJSEN; TOLEDANO; ELLIOTT, 2010).
Atualmente, a norma brasileira só indica que devem ser medidos os teores de THMs
total, mas há pesquisas que advertem sobre a importância das diferentes formas dos DBPs
para a saúde da população (RICHARDSON, 2003).
O relatório da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) de
2010 indica que “A Agência Ambiental norte- americana (United States Environmental
Protection Agency- USEPA), além dos THMs, fixa o teor máximo de AHA5 (ácido
monocloroacético, ácido dicloroacético, ácido tricloroacético, ácido bromacético, ácido
dibromoacético) em 60µ L-1”. O grupo recomendou adotar no Brasil o mesmo valor máximo
da USEPA para os AHA5, seguindo o princípio da preocupação. Sabe-se que tanto os THMs
Revisão da literatura 61 ___________________________________________________________________________
quanto os AHA5 são parâmetros sazonais e a média móvel dos 12 meses anteriores permitiria
melhor análise da tendência deste parâmetro ao invés dos resultados mês a mês. No
documento, a sugestão é de que se aplique esse critério para THMs e AHA5
(UMBUZEIRO et al., 2010).
Existem algumas alternativas para regulamentar estes compostos, o que levaria à
obrigatoriedade dos prestadores de serviço avaliar a presença de cada um dos compostos às
águas, garantindo que técnicas de tratamento eficientes na sua remoção fossem adotadas.
Nas legislações relacionadas à potabilidade da água e qualidade de águas brutas, é
possível adotar como um dos requisitos para o atendimento aos padrões, a realização de
ensaios toxicológicos. Essa prática pode indicar a presença de compostos e misturas
prejudiciais à saúde, sem que sejam necessariamente identificados, o que torna o
monitoramento de qualidade da água menos oneroso. A inclusão desse parâmetro poderia
auxiliar no controle de substâncias tóxicas, inclusive dos produtos de desinfecção
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
Outro processo preocupante no tratamento de água é o de coagulação, sendo a mesma
necessária para clarificação das águas turvas. A turvação de uma água é provocada por vários
tipos de espécies bióticas como bactérias e plâncton, e substâncias abióticas como colóides
orgânicos e inorgânicos. Este tipo de partícula necessita se coagular em partículas de maiores
dimensões que consigam decantar em duas horas. A dimensão das áreas superficiais dos
colóides desempenha um papel importante na sua coagulação, para um vasto leque de
coagulantes (ROSALINO, 2011).
O sulfato de alumínio é usado em processos de tratamento de águas para remover
matéria particulada em suspensão e outras substâncias, como compostos de fósforo. No
entanto, o tratamento pode deixar resíduos de alumínio na água tratada destinada ao consumo
humano. Neste contexto, a qualidade da água destinada ao abastecimento público deverá ser
controlada de forma a não exceder os 200µg L-1 Al (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
Uma das formas mais comuns de utilização do alumínio como coagulante é o sulfato
de alumínio ou lúmen [Al2(SO4)3], cuja solubilidade na água ocorre a valores de pH 5,7 e 6,0
(EDWARDS; SCARDINA; MCNEILL, 2003). Se o alumínio residual apresentar
concentrações elevadas na linha de tratamento e água tiver um pH acima de 6,0, poderão
surgir depósitos de alumínio no sistema de distribuição (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1996).
Apesar dos alimentos serem a principal entrada de alumínio no corpo humano, existe
uma maior preocupação em relação àquele que está contido nas águas de consumo público.
Revisão da literatura 62 ___________________________________________________________________________
Esta preocupação reside no fato do alumínio estar presente na água em formas mais
biodisponíveis e por isso facilitar a sua absorção pelo organismo (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2003; HEALTH CANADA, 1998). Aproximadamente 0,1- 0,6% do total
de Al ingerido é absorvido, o restante é excretado via fezes e urina. A biodisponibilidade do
alumínio é fortemente influenciada pela forma dos composto de Al e da presença, na dieta, de
constituintes que podem complexar com o Al favorecendo ou inibindo a absorção (AGENCY
FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY, 2008).
A biodisponibilidade do alumínio depende da sua “predisposição” para ser absorvido,
a qual é fortemente influenciada pela sua solubilidade. O alumínio residual presente na água
produzida para abastecimento público, está predominantemente na forma dissolvida, podendo,
apresentar teores significativos de alumínio inorgânico monomérico (solúvel). Esta fração é
potencialmente mais biodisponível, e por isso, potencialmente mais tóxica (NATIONAL
ENVIRONMENTAL HEALTH FORUM, 1998).
Apesar da absorção diária de alumínio, inerente ao consumo de água ser relativamente
reduzida, não pode ser considerada insignificante, particularmente para grupos de riscos como
idosos, em que as taxas de absorção são tradicionalmente mais altas (HEALTH CANADA,
1998).
Na Figura 3 estão resumidos os valores de absorção diária por tipo de exposição, bem
como a percentagem de alumínio que pode ser acumulável no organismo humano.
Revisão da literatura 63 ___________________________________________________________________________
Figura 3- Absorção diária e distribuição do alumínio no organismo humano.
Fonte: Adaptado de GOURIER- FRÉRY ; FRÉRY, 2004.
Segundo Bastos (2007), a existência de outros componentes da dieta também
influenciam na absorção do alumínio, como é o caso do ácido cítrico, ácido ascórbico, ácido
láctico e ácido málico, que podem formar complexos com o alumínio e aumentar
significativamente sua absorção. Alguns estudos epidemiológicos sugerem também que a
sílica presente na água possa reduzir a absorção do alumínio e/ou facilitar a sua excreção
(RONDEAU et al., 2008).
A presença de alumínio na água de consumo humano tem dado lugar à discussão dos
seus possíveis efeitos na saúde, devido essencialmente à suspeita de estar relacionada com a
doença de Alzheimer ou de determinadas encefalopatias secundárias da diálise.
Davidson et al. (1982) descobriram que os pacientes de hemodiálise sofriam de demência
quando o produto de diálise continha uma concentração de Al de 80µg L-1 (BHARATHI et al,
2008).
O alumínio, uma vez absorvido, aparece na ligação de proteínas do soro, sendo
eliminado pelos rins. No entanto, em doentes com insuficiência renal, o Al tende a
acumular-se, como 63consequência da sua incapacidade de excreção renal (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 1996; MALLUCHE, 2002).
Revisão da literatura 64 ___________________________________________________________________________
3.4.3 Reservatórios domiciliares de água e sua relevância na rede de distribuição de água potável
Em muitos países é vetado o uso de reservatórios domiciliares de água. Na Europa e
nos Estados Unidos as residências são conectadas às redes de abastecimento público de água e
não há reservatórios; processo denominado de abastecimento direto, o qual proporciona água
de qualidade devido à presença de cloro residual, proveniente da rede de distribuição, em
níveis adequados (JULIÃO, 2011).
Após a ligação predial, a água fornecida pelo sistema público ainda passa por diversas
operações, desde o armazenamento predial até os habituais tratamentos domiciliares,
passando por toda a instalação predial. Essa etapa do consumo, em nosso país, impõe
elevados riscos à saúde, a ponto de todo o esforço desenvolvido nas unidades de sistema
coletivo frequentemente ser comprometido por um manuseio inadequado da água ao nível
extradomiciliar. Adicione-se a essa situação de risco a tradicional dificuldade do poder
público em estabelecer a vigilância no interior do domicílio, comumente considerado domínio
sanitário do indivíduo e da coletividade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a).
No abastecimento indireto, a água proveniente das estações de tratamento de água
(ETA) percorre um longo trajeto até chegar às instalações prediais, através da rede de
abastecimento, ficando armazenada em reservatórios de água, habitualmente denominados de
caixas d’água. Tais reservatórios constituem uma instalação usual nos domicílios, prédios
públicos e privados, serviços de saúde e escolas, atuando como instrumento de vazão com o
objetivo de promover a segurança em relação ao suprimento da quantidade de água potável
necessária diariamente (JULIÃO, 2011).
Outro sistema de abastecimento existente é o denominado sistema misto, em que
alguns pontos de consumo, como a torneira da cozinha, são abastecidos a partir da rede
pública e os restantes (chuveiro, vaso sanitário, torneira do banheiro), são abastecidos pela
água armazenada no reservatório domiciliar (caixa d’água).
A Figura 4 representa o sistema de abastecimento misto nos domicílios.
Revisão da literatura 65 ___________________________________________________________________________
Figura 4- Representação gráfica da instalação nos domicílios com sistema misto.
Fonte: CAMPOS, 2007.
Várias pesquisas realizadas evidenciaram que a contaminação da água pode ocorrer no
próprio domicílio, por falta da manutenção do reservatório, pela sua localização, pela falta de
cuidados com o manuseio e higiene e, também, pelo tipo de material que é empregado na
construção da caixa d’água, principalmente as mais antigas, fabricadas com amianto
(JULIÃO, 2011).
As caixas d’água podem funcionar como um sedimentador de impurezas trazidas pela
própria rede de distribuição de água ou, por falta de vedação, proteção e limpeza do
reservatório, que geralmente se localiza em locais de difícil acesso. A matéria orgânica
depositada no fundo dos reservatórios pode causar alterações do pH, da cor, da turbidez, da
diminuição do teor de oxigênio e cloro residual, além de criar condições para crescimento e
proliferação de bactérias, propiciando a formação de um biofilme nas paredes internas do
reservatório.
Na Figura 5 estão representados os ramais de distribuição de um reservatório de água
Revisão da literatura 66 ___________________________________________________________________________
Figura 5- Representação gráfica da caixa d’água e ramais de distribuição.
Fonte: Adaptado de CAMPOS, 2007.
Cabe ainda ressaltar que além da falta de manutenção dos reservatórios, com possível
degradação da qualidade da água. Existe também a contaminação sistemática da rede de
abastecimento, proveniente da cloração inadequada e possíveis infiltrações de elementos
químicos, como exemplo, os metais tóxicos (FREITAS; BRILHANTE; ALMEIDA, 2001).
Os metais presentes na rede de distribuição podem ter origem na variabilidade da
qualidade da água que o sistema possa apresentar. Duas origens podem ser indicadas:
� a primeira diz respeito ao próprio sistema que fornece o metal, principalmente por
meio de corrosão química ou microbiológica da rede de distribuição de água;
� a segunda relaciona-se à origem da água que entra na estação de tratamento, onde
principalmente alumínio e ferro formam compostos utilizados nos processos de
coagulação, cujo objetivo é a remoção de partículas em suspensão na água
(FREITAS; BRILHANTE; ALMEIDA, 2001).
Além da própria tubulação e qualidade da água, outro fator que pode influenciar na
concentração de metais presente na água destinada ao consumo humano, é a presença de bóias
nos reservatórios (equipamento responsável pelo controle da vazão de água nas caixas d’água)
(JULIÃO, 2011).
Estudos mostraram que em todos os casos ocorre um aumento da quantidade média de
patógenos encontrados nos reservatórios em comparação com os encontrados na rede de
abastecimento, o que confirma a existência da contaminação da água durante o
armazenamento (JULIÃO, 2011).
A maioria das pesquisas têm relacionado certas práticas de manejo e materiais
utilizados na confecção dos recipientes utilizados para armazenamento da água nos domicílios
às doenças de veiculação hídrica. Além disso, os resultados das investigações têm mostrado
Revisão da literatura 67 ___________________________________________________________________________
que o período de armazenamento da água nos domicílios, antes do consumo, exerce grande
influência no tempo de sobrevivência de bactérias que formam o biofilme em um recipiente
(CLASEN; BASTABLE, 2003).
No Brasil, a maioria dos reservatórios de água ainda são constituídos do material
amianto, sendo outro eventual contaminante da água, designando materiais fibrosos de silicato
que contêm ferro, magnésio, cálcio ou sódio e que podem ser divididos em dois grandes
grupos de minerais: o grupo das serpentinas (o crisólito) e o das anfíbolas (a amosite, a
cricidolite e a tremolite) (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003).
Todas as formas de amianto são perigosas e todas podem provocar cancro, embora, a
forma anfíbola do amianto seja considerada mais perigosa para a saúde do que o crisólito. As
fibras de amianto não são detectáveis pelo odor ou sabor e não se dissolvem na água, sendo
resistentes ao calor, ao fogo e à degradação química e física, motivos pelos quais são
utilizadas em vários materiais de construção como tubagens de distribuição de água
(AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY, 2001). O amianto
pode ser libertado para a água de consumo através da corrosão das tubagens (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2003).
Apesar do amianto não ser solúvel em água, as fibras podem ser ingeridas, sendo
excretadas pelos intestinos, podendo penetrar nas células do estômago ou dos intestinos e até
mesmo no sangue (AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY,
2001; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003).
Os efeitos na saúde humana resultantes da ingestão de amianto são pouco conhecidos,
embora alguns grupos de pessoas expostas às fibras de amianto na água de consumo tenham
apresentado maiores incidências de cancro de esôfago, estômago e intestino. Contudo, é muito
difícil avaliar se esta incidência se deve ao amianto ou a outra causa (AGENCY FOR TOXIC
SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY, 2001).
Apesar do amianto ser um conhecido carcinogênico por via respiratória, estudos
epidemiológicos disponíveis não sustentam a hipótese de que o risco de cancro seja
justificado pela ingestão de amianto na água, fato pelo qual a OMS conclui que não é
necessário estabelecer um valor guia para o amianto na água (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2003).
A USEPA é mais exigente do que a OMS e propõe um nível máximo de
contaminantes de 7 milhões de fibras por litro de água, além de considerar o amianto um
composto cancerígeno, consideração baseada na exposição por inalação e partilhada pela
International Agency for Research on Câncer- IARC. (AGENCY FOR TOXIC
Revisão da literatura 68 ___________________________________________________________________________
SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY, 2001; UNITED STATES
ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 2006).
É importante ressaltar que no Brasil, as Portarias 518/2004 e 2.914/2011 não
especificam o amianto como uma substância química que causa danos à saúde.
Verifica-se também que a qualidade da água decai no sistema de distribuição pela
intermitência do serviço, pela baixa cobertura da população com sistema público de
esgotamento sanitário, pela absolescência da rede de distribuição, manutenção deficiente,
entre outros. Nos domicílios os níveis de contaminação se elevam pela precariedade das
instalações hidráulico-sanitárias, pela falta de manutenção dos reservatórios e pelo manuseio
inadequado da água (BRASIL, 2003).
Material e métodos 69 ___________________________________________________________________________
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Caracterização da área de estudo
O município de Uberaba está localizado na região do Triângulo Mineiro do estado de
Minas Gerais, em uma área de 4.523,957 Km2, como representado na Figura 6. Segundo
dados do Censo 2010, o município possui uma população de cerca de 295.988 habitantes e
um crescimento populacional de 3.000 habitantes po ano (IBGE, 2010b).
Figura 6 – Mapa da localização do município de Uberaba no estado de Minas Gerais.
Fonte: IBGE, 2010a.
Em Minas Gerais, o Instituto de Gestão das Águas (IGAM) é o órgão gestor que tem
como missão a gerência da quantidade e qualidade do uso da água, emitindo autorização para
captação, lançamento ou qualquer intervenção em curso d’água.
O território municipal de Uberaba está contido na bacia hidrográfica do Rio Grande e
Tijuco, e utiliza a água para abastecimento público dos rios Uberaba e Claro e mais três poços
profundos que captam água do Aquífero Guarani (CENTRO OPERACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO E SANEAMENTO DE UBERABA, 2005).
O rio Uberaba é o principal corpo hídrico de Uberaba, cruzando o município no
sentido leste/oeste. Este rio constitui-se na principal fonte de água para o abastecimento
humano da cidade apresentando o sério agravante de não suprir a cota de abastecimento
necessária no período de seca. Além do mais, é o corpo receptor da maior parte dos despejos
Material e métodos 70 ___________________________________________________________________________
urbanos in natura do município (CENTRO OPERACIONAL DE DESENVOLVIMENTO E
SANEAMENTO DE UBERABA, 2005).
O controle de qualidade, desde os sistemas produtores (mananciais, captação,
tratamento) até os sistemas de distribuição (reservatórios e redes) é realizado pela
concessionária de saneamento local, e monitorada pelas Secretarias de Saúde Estaduais, com
base nos procedimentos e responsabilidades estabelecidos pelas Portarias nº 2.914 de 2011 e
518 de 2004 do Ministério da Saúde.
Em Uberaba, o Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba-
CODAU- é uma autarquia municipal, criada pela lei complementar 106/1.998 sendo
responsável pelos serviços de captação, tratamento, preservação e distribuição de água
potável, coleta e tratamento de esgotos sanitários no município.
4.1.1 Local da pesquisa
De acordo com a Secretaria Municipal da Educação, a infraestrutura escolar do
município de Uberaba conta com 64 estabelecimentos de ensino público, compreendendo a
pré-escola e o ensino fundamental, além de mais 29 creches conveniadas.
No ano de 2011-2012, a educação infantil atendeu 7.896 alunos com idade de 0 a 5
anos, sendo ainda que tal modalidade de ensino compreende três segmentos:
� Escolas Infantis (06 instituições): período de seis horas diárias;
� Centros Municipais de Educação Infantil – CEMEIs (29 instituições): período integral;
� Creches conveniadas (29 instituições): a prefeitura se responsabiliza apenas pela
prestação de serviços educacionais.
Para o presente estudo foram selecionadas seis Centros Municipais de Educação
Infantil (CEMEIs) e duas creches, as quais atendem crianças de 0 a 6 anos de idade.
A seleção das instituições de ensino foi realizada levando-se em consideração a
distribuição geográfica das mesmas na cidade de Uberaba- MG, além do fato de atenderem
crianças com faixa etária de 0 a 6 anos de idade, visto que tais escolares são mais suscetíveis a
doenças de veiculação hídrica.
A Figura 7 retrata a distribuição geográfica das instituições de ensino selecionadas
para a pesquisa.
Material e métodos 71 ___________________________________________________________________________
Figura 7- Mapa da distribuição geográfica das instituições de ensino selecionadas para a pesquisa.
Fonte: Adaptado Google Earth®
Na tabela 4 estão apresentadas as coordenadas das localizações das instituições de
ensino infantil onde foram realizadas as coletas de água para posterior análises.
Tabela 4- Coordenadas das localizações das instituições de ensino selecionadas para pesquisa.
Instituições de ensino infantil
de Uberaba- MG
Coordenadas UTM (m) Latitude Longitude
A 19047’16.09”S 45054’31.89”O B 19046’11.96”S 47053’1.59”O C 19044’3.92”S 47059’13.35”O D 19047’20.24”S 47055’27.62”O E 19044’7.91”S 47057’51.19”O F 19045’3.09”S 47055’51.19”O G 19043’32.17”S 47056’21.15”O H 19043’22.32”S 47054’52.48”O
Fonte: Adaptado Google Earth®
Material e métodos 72 ___________________________________________________________________________
4.2 Procedimentos metodológicos para a coleta das amostras de água em escolas selecionadas para pesquisa
As coletas das amostras de água, nas oito instituições de ensino selecionadas para o
estudo, foram efetuadas em dois pontos distintos:
1- Bebedouro localizado em ponto de maior acesso das crianças;
2- Torneira principal da cozinha, utilizada para lavagem de frutas, verduras e preparo das
refeições e sucos.
Para efeito de padronização, as coletas nos bebedouros foram realizadas sempre nas
últimas torneiras, com a finalidade de minimizar a possibilidade de interferência nos
resultados, caso houvesse contaminação entre as torneiras.
Foram realizadas quatro amostragens de água para análise, sendo as mesmas efetuadas
em períodos trimestrais compreendidos entre dezembro de 2011 e setembro de 2012. As datas
das coletas são listadas a seguir:
- 1ª coleta: 14/12/2011;
- 2ª coleta: 19/03/2012;
- 3ª coleta: 25/06/2012;
- 4ª coleta: 26/09/2012.
As coletas foram realizadas trimestralmente a fim de verificar a qualidade da água em
diferentes variações sazonais e ainda em períodos que contemplavam pelo menos uma
limpeza do reservatório de água.
O resultado das análises foi comparado com os parâmetros estabelecidos pela Portaria
nº 2.914 de 2011, do Ministério da Saúde, para verificar a qualidade da água destinada às
crianças, nas escolas listadas no item 5.1.1.
4.2.1 Preparação do campo para a pesquisa
Inicialmente, foi enviado à Secretaria Municipal de Educação de Uberaba um ofício
explicando a finalidade do projeto de pesquisa e solicitando autorização para a coleta das
amostras de água das escolas (ANEXO A).
Com a autorização da Secretaria Municipal da Educação foi feito um contato prévio com
os diretores das escolas selecionadas com o intuito de explicar a importância da realização do
estudo para o bem-estar da comunidade escolar e solicitando a colaboração para que o
trabalho ocorresse de forma tranquila e segura.
Material e métodos 73 ___________________________________________________________________________
Posteriormente foi encaminhado um ofício para o Centro Operacional de
Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba (CODAU) solicitando parceria para a realização
das análises de pH, cloro residual, cor, turbidez, coliformes totais e Escherichia coli
(ANEXO B).
4.3 Procedimentos Técnicos
4.3.1 Limpeza do material a ser utilizado na coleta das amostras de água em escolas de ensino infantil
Toda a vidraria e frascos foram limpos com detergente Extran, enxaguadas com água
da torneira e em seguida, colocadas em solução de ácido nítrico 20% v/v, e mantidas por 24 h
nestas condições. Posteriormente foram enxaguadas com água deionizada, sendo as vidrarias
não volumétricas secas em estufa.
4.3.2 Coleta das amostras de água, em instituições de ensino infantil, para análises físicas e químicas
Inicialmente, o local da coleta (torneira ou bebedouro) foi mantida aberta, permitindo
a saída de água por, pelo menos, três minutos.
Foram utilizados frascos de polipropileno, previamente ambientados com água do
local, com o objetivo de minimizar possíveis interferências, para a coleta e armazenamento
das amostras de água referentes às análises físicas e químicas realizadas.
Para cada ponto de coleta de água foram realizadas duas amostragens, sendo uma
amostra utilizada para análise de cor, pH, turbidez e cloro residual e a outra amostra utilizada
para análise de metais.
A Figura 8 retrata o processo de ambientação dos frascos coletores.
Figura 8- Ambientação dos frascos coletores.
Fonte: Do Autor (2012).
Material e métodos 74 ___________________________________________________________________________
4.3.3 Coleta das amostras de água em instituições de ensino para análises microbiológicas
O local da coleta foi higienizado com álcool 70% e em seguida flambado para que não
houvesse interferência nos resultados devido à contaminação externa.
Em seguida, as amostras de água utilizadas para as análises microbiológicas foram
coletadas de bebedouros e torneiras da cozinha das instituições de ensino infantil em frasco
âmbar, previamente autoclavados, contendo 0,1 mL de tiossulfato de sódio à 10% para cada
100 mL de água coletada, como mostrado na Figura 9.
Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tiossulfato de sódio 10%.
Fonte: Do autor (2012).
4.3.4 Conservação das amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil
As amostras de água utilizadas para a determinação da cor, turbidez, coliformes totais
e E.coli foram acondicionadas em caixa térmica contendo gelo e transportadas até o
laboratório de Química e Microbiologia do Centro Operacional de Desenvolvimento e
Saneamento de Uberaba- MG (CODAU) onde foram realizadas as análises.
Já, as amostras utilizadas para análise de metais também foram acondicionas em caixa
térmica contendo gelo e transportadas até o laboratório de Química do Instituto Federal do
Triângulo Mineiro – câmpus Uberaba, onde foram filtradas e acidificadas com ácido nítrico
supra-puro até pH 3, em seguida foram mantidas refrigeradas à temperatura de 4ºC.
4.3.5 Métodos de análises da água proveniente de instituições de ensino infantil
As análises físicas de cor e turbidez foram realizadas no Laboratório de Química do
Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba- MG (CODAU). Para as
Material e métodos 75 ___________________________________________________________________________
análises químicas de pH e cloro residual livre, foram utilizados o método de medição direta,
realizado no próprio local da coleta, com a utilização de aparelhos apropriados.
A digestão das amostras de água, para posterior análise de metais, foram realizadas no
Laboratório de Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo
Mineiro- câmpus Uberaba, enquanto que as análises para determinação dos metais Cr, Cu, Cd,
Pb e Mn foram realizadas no Instituto de Química de São Carlos – IQSC/ USP, pelo método
de Espectrofotometria de Plasma Induzido.
As análises microbiológicas foram realizadas no Laboratório de Microbiologia do
Codau, pela Técnica da Membrana Filtrante.
4.3.5.1 Determinação do pH em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil As análises de pH foram realizadas nas próprias instituições de ensino, logo após a
coleta, utilizando um pHmetro da marca Orion 710- A, previamente calibrado com tampões
de pH 4, 7 e 10. Todas as medidas foram feitas à temperatura de 25ºC.
4.3.5.2 Determinação da cor em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil As amostras de água coletadas foram encaminhadas ao Laboratório de Química do
CODAU e posteriormente analisadas pelo método direto, com o auxílio de um aparelho
colorímetro da marca HACH DR/ 890 Portable Colorimeter.
4.3.5.3 Determinação do valor de turbidez em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil As amostras coletadas em frascos de polipropileno foram transportadas até o
Laboratório de Química do CODAU, para determinação do valor da turbidez pelo método
direto com o auxílio do aparelho turbidímetro da marca HACH, modelo 2100 Q.
4.3.5.4 Determinação de cloro residual em amostras de água provenientes de instituições de ensino infantil A determinação de cloro residual livre foi feita pelo método direto com o uso de um
aparelho fotômetro de mão verificador de cloro livre- faixa 0,00 a 2,50 mg L-1 - Modelo HI
701 no próprio local da coleta.
Material e métodos 76 ___________________________________________________________________________
4.3.5.5 Determinação de metais em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil
� Digestão das amostras de água de abastecimento público
Ainda no laboratório do IFTM – Campus Uberaba- Unidade I as amostras passaram
pelo processo de digestão segundo o procedimento do método 3005A da Environmental
Protection Agency para as análises dos metais (UNITED STATES ENVIRONMENTAL
PROTECTION AGENCY, 1992).
Foram adicionadas alíquotas de 50 mL da amostra de água em tubos do bloco digestor
aos quais foram adicionados 2 mL de HNO3 e 5mL de HCl. Em seguida, a temperatura foi
elevada à 95ºC e mantida até que o volume da amostra fosse reduzido a 15 mL, sob refluxo.
Após resfriamento, as amostras foram transferidas para um balão volumétrico de 50 mL,
completando-se então seu volume com água Milli-Q. A amostra foi filtrada e mantida à 4 ºC
até posterior análise.
� Construção das curvas analíticas para a determinação dos metais
As curvas analíticas foram preparadas com 3 pontos mais o branco, sendo que cada
ponto foi preparado em triplicada, a partir de solução estoque, cuja concentração exata é de
1000 mg L-1. As concentrações utilizadas para os metais Mn, Cd, Cr, Pb e Cu foram:
→ Cd: 0,00; 0,04; 0,08; 0,12 mg L-1
→ Cr: 0,00; 0,04; 0,08; 0,12 mg L-1
→ Pb: 0,00; 0,03; 0,06; 0,09 mg L-1
→ Cu: 0,00; 1,00; 1,50; 2,00 mg L-1
→ Mn: 0,00; 1,00; 1,50; 2,00 mg L-1
� Determinação dos metais por espectrofotometria de plasma induzido (ICP-OES)
As análises de metais Pb, Mn, Cr, Cu e Cd foram realizadas no Instituto de Química
de São Carlos – IQSC/ USP de São Carlos, em um espectrofotômetro de plasma induzido
(ICP-OES), apresentado na Figura 10.
Material e métodos 77 ___________________________________________________________________________
Figura 10- Espectrofotômetro de plasma induzido (ICP-OES).
Fonte: Do Autor (2012).
4.3.5.6 Análise de coliformes em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil A análise laboratorial das amostras de água coletadas para avaliação de coliformes
toais e termotolerantes foram feitas pela Técnica da Membrana Filtrante, de acordo com os
procedimentos do “Standard Methods for the Examination of Water ands Wastewater’’
(AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 1998) e da Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO,
2007).
Antes de começar as análises, a capela foi esterilizada com álcool 70% mantendo sua
lâmpada germicida ligada por 10 minutos. Os funis foram previamente autoclavados por 15
minutos a 1210C.
As amostras foram filtradas através de uma membrana filtrante estéril com porosidade
adequada (0,45 µm porosidade e 47 mm de diâmetro). A filtração foi realizada em um
aparelho que consta de um funil de filtração com tampa, suporte de membrana e frasco
receptor, como mostrado na Figura 11.
Figura 11- Suportes de filtração de polissulfona, vidro e aço de 47 mm manifold de PVC e bomba vácuo.
Fonte: Do Autor (2012).
Material e métodos 78 ___________________________________________________________________________
Em seguida, foi feita a remoção asséptica da membrana do equipamento de filtração,
com auxílio de uma pinça, colocando-a sobre a superfície da placa contendo o Agar
Chromocult - MERCK.
As bactérias detectadas, apresentando dimensões maiores, ficaram retidas na
superfície da membrana, a qual foi então transferida para uma placa de Petri contendo o meio
de cultura seletivo e diferencial. Por capilaridades, o meio difundiu-se para a membrana, que
em contato com as bactérias, desenvolveram colônias com características típicas, que foram
observadas e contadas.
Após a filtração da amostra, a membrana filtrante foi transferida para a superfície do
meio Chromocult Coliform Agar, sendo efetuada a incubação a 35ºC ± 0,5ºC, durante 24h ± 2
horas. Após este período, efetuou-se a contagem das colônias típicas de coliformes totais (com
coloração rosa a vermelho escura e brilho verde metálico superficial) e Escherichia coli azul
escura, como mostrado na Figura 12.
Figura 12- Placa de sedimentação contendo Chromocult Coliform Agar (MERCK)
Fonte: http://www.unesp.br/prope/projtecn/MeioAmb/Imagens/MeioAmb33_5.jpg
4.4 Análise dos resultados
Como guia de referência para análise dos resultados utilizou-se a Portaria 2.914 do
Ministério da Saúde que estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao
controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade
e dá outras providências (BRASIL, 2011b).
4.4.1 Análise estatística
Para a análise estatística dos resultados finais, os valores resultantes de todas as
análises foram copiados em um banco de dados no Programa Microsoft Excel Versão 2003 e
Material e métodos 79 ___________________________________________________________________________
transferidos para o software ASSISTAT versão 7.6- beta 2008 para testar a normalidade ou
homogeniedade dos dados.
Os resultados obtidos para cada variável analisada não apresentaram homogeneidade
entre si ao longo das quatro coletas realizadas, portanto, tais valores foram submetidos ao
teste não paramétrico de Kruskal- Wallis (ANOVA), software ASSISTAT – versão 7.6- beta
2008.
4.5 Implicações éticas
O presente trabalho foi dispensado da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa por
não envolver diretamente seres humanos; no entanto, por questões éticas foi preservada a
identidade das instituições de ensino infantil pesquisadas.
4.6 Tratamento de resíduos gerados durante a realização da pesquisa
Observa-se, na atualidade, que durante a realização de pesquisas que envolvem a
utilização de produtos químicos, são gerados diversos resíduos. Muitos são descartados no
meio ambiente sem qualquer tratamento, causando impacto à saúde humana e ao meio
ambiente.
Assim, um dos cuidados técnicos desta pesquisa é tratar os resíduos químicos gerados
durante a sua execução.
Resultados e discussão 80
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados desta pesquisa estão apresentados segundo os objetivos propostos em
termos de investigação da qualidade da água, baseados em dois parâmetros físicos
(turbidez e cor), três parâmetros químicos (pH, cloro residual livre e metais) e ainda dois
parâmetros microbiológicos (coliformes totais e Escherichia coli) de oito instituições de
ensino infantil de Uberaba – MG, cuja captação, tratamento e distribuição da água é
responsabilidade do Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de
Uberaba-CODAU.
Ainda nesse trabalho foi analisada a variação dos valores obtidos das análises de cada
variável investigada durante as quatro coletas realizadas. Tal procedimento é justificado pelo
fato de as coletas terem sido realizadas em períodos trimestrais, o que proporcionou a análise
antes e após a limpeza dos reservatórios d’água.
Durante a coleta das amostras de água em cada instituição foram observadas algumas
características dos locais do estudo, como as condições de infra-estrutura e período de
limpeza dos reservatórios de água.
Das oito instituições selecionadas para a pesquisa, em 7 (87,50%) foram observadas
construções antigas. Outro fato relevante observado foi quanto à proximidade dos bebedouros
aos banheiros, sendo tal fato observado em 38,00% das instituições de ensino selecionadas
para a pesquisa.
Segundo informações levantadas durante o contato com a direção das instituições de
ensino, os reservatórios de água de todas as instituições estão localizados em local de difícil
acesso, sendo que sua manutenção é realizada por empresa terceirizada, sendo efetuada a
limpeza e posterior análise da qualidade da água a cada seis meses. O período de limpeza
geralmente é agendado para as férias escolares -julho e janeiro- para que não haja
comprometimento das atividades letivas.
Quanto aos bebedouros, observou-se que em todas as instituições de ensino, estes
continham filtros, sendo sua água proveniente da rede pública, enquanto a água utilizada nas
torneiras da cozinha era proveniente da caixa d’água. Segundo informações da direção das
instituições, a troca de filtro dos bebedouros e torneiras é efetuada a cada seis meses.
A água destinada ao consumo humano deve atender a certos requisitos de qualidade,
os quais variam de acordo com as diferentes realidades. Naturalmente, a água pode conter
impurezas caracterizadas como de ordem física, química e biológica, sendo que seus teores
Resultados e discussão 81
devem ser limitados até um nível não prejudicial ao ser humano, sendo estabelecidos pelos
órgãos de saúde pública como padrões de potabilidade (OLIVEIRA, et al., 2012).
De acordo com a Portaria nº 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, a água é
considerada potável, sob ponto de vista microbiológico, quando está de acordo com a seguinte
conformidade: ausência de coliformes totais e termotolerantes em 100mL de água para
consumo (BRASIL, 2004; SIQUEIRA et al., 2010). A Portaria em questão estabelece ainda
mais de 50 padrões de potabilidade para substâncias químicas que representam risco à saúde
humana, como fluoreto, nitrato, nitrito e cloro residual livre, além de 20 padrões de aceitação
da água para consumo humano, entre os quais cor aparente, odor, turbidez e pH (BRASIL,
2011b; TAVARES et al., 2009).
A seguir são apresentados os resultados obtidos das análises laboratoriais propostas
para atingir o objetivo deste estudo.
5.1 Dados analíticos
5.1.1 Análises físicas
Turbidez e cor foram os parâmetros investigados nessa pesquisa por constituírem os
principais indicadores físicos de qualidade da água potável.
De acordo com Scorsafava et al. (2010), os parâmetros cor e turbidez são indicativos
da presença de sólidos dissolvidos em suspensão ou material em estado coloidal, sejam eles
orgânicos ou inorgânicos (areia, argila); porém muitas vezes eles podem estar relacionados
com a elevada concentração de ferro. Campos, Farache Filho e Faria (2003) relatam que a
turbidez também pode reduzir a eficiência da cloração, pela proteção física que pode propiciar
aos micro-organismos evitando contato direto com os desinfetantes, além de transportar
matéria orgânica capaz de causar sabor e odor indesejáveis.
� Turbidez
Para fins de potabilidade, os valores de turbidez devem ser inferiores a 5,0 NTU
(BRASIL, 2004; BRASIL, 2011b).
De acordo com a Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011, a turbidez deixa
de ser apenas um parâmetro pertencente ao padrão organoléptico de potabilidade e passa
também a ser considerado um parâmetro microbiológico, devido a vários estudos
Resultados e discussão 82
apresentarem fortes correlações entre a eficiência dos processos de tratamento na remoção da
turbidez e consequente remoção dos (oo)cistos de Cryptosporidium spp e Giardia spp.
Os valores de turbidez, obtidos das análises das amostras de água coletadas nos
bebedouros das instituições de ensino infantil selecionadas para estudo, apresentaram-se na
faixa de 0,20 à 4,81 NTU, enquanto que os valores de turbidez para as amostras provenientes
das torneiras encontraram-se na faixa de 0,15 à 2,10 NTU, como apresentados na Tabela 5.
Tabela 5- Valores de turbidez obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.
Instituições de ensino
Pontos de
coleta
Turbidez (NTU) 1ª
COLETA (14/12/11)
2ª COLETA (19/03/12)
3ª COLETA (25/06/12)
4ª COLETA (26/09/12)
A
Bebedouro 0,20 0,50 0,23 0,75 Torneira 1,10 0,70 0,15 0,74
B
Bebedouro 1,30 0,80 0,84 0,77 Torneira 1,30 1,20 1,03 0,53
C
Bebedouro 1,10 1,20 1,34 1,68 Torneira 1,50 1,20 1,00 0,85
D
Bebedouro 1,00 1,00 1,07 0,84 Torneira 1,80 0,80 0,69 0,78
E
Bebedouro 1,30 1,10 4,81 1,21 Torneira 1,00 1,10 1,22 1,38
F
Bebedouro 2,50 0,30 0,41 0,58 Torneira 1,40 2,10 1,84 1,59
G
Bebedouro 1,70 1,10 1,40 1,04 Torneira 1,00 0,90 1,26 1,43
H
Bebedouro 0,51 0,70 0,51 0,32 Torneira 0,68 0,68 0,71 0,67
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
De acordo com os resultados apresentados na Tabela 5, verificou-se que todas as
amostras de água (100%) provenientes de bebedouros e torneiras, das oito instituições de
ensino infantil selecionadas para a pesquisa, atenderam ao padrão de potabilidade exigido pela
Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011.
Oliveira et al. (2012), em estudo realizado com a água para consumo humano em
Guarabira – PB, obtiveram resultado semelhante, sendo que todos os valores de turbidez
estiveram abaixo do recomendado pela Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011. Já,
Scorsafava et al. (2010) verificaram índice de reprovação médio em 5,0 e 5,2% das amostras
de poços e minas, respectivamente, com valores de turbidez acima de 5,0 NTU.
Resultados e discussão 83
No Gráfico 3 estão apresentados os valores de turbidez obtidos das análises das
amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras das instituições de ensino infantil
selecionadas para a pesquisa.
Gráfico 3- Valores de turbidez obtidos das análises de amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras de instituições de ensino infantil de Uberaba – MG.
0
1
2
3
4
5
A A A A B B B B C C C C D D D D E E E E F F F F GG GG H H H H
1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª4ª
Instituições/
Coletas
Turb
ide
z ( N
TU
)
Bebedouro
Torneira
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
Analisando-se os dados apresentados no Gráfico 3 e Tabela 5, foi observado que, para
a instituição de ensino A, a amostra de água proveniente do bebedouro, na quarta coleta
realizada, apresentou valor mais elevado de turbidez quando comparado às demais coletas
realizadas no referido ponto de amostragem. Tal evento pode ter ocorrido devido ao fato de
as tubulações, por onde a água percorre até chegar ao bebedouro, pertencerem à uma
instalação antiga e possivelmente apresentarem desgaste pelo tempo de uso. Entretanto,
quando analisada a turbidez das amostras de água provenientes da torneira da cozinha da
instituição infantil em questão, foi observado que o valor obtido da primeira coleta apresentou
valor mais elevado que àqueles obtidos das demais coletas realizadas. Para este resultado,
uma justificativa plausível seria o fato de a primeira coleta ter sido realizada 5 meses após a
última limpeza da caixa d’água, tempo suficiente para o armazenamento de impurezas.
Para a instituição de ensino B, não foram verificadas grandes variações nos valores de
turbidez no decorrer das quatro coletas realizadas nos dois pontos de amostragem. Fato
semelhante foi verificado para a instituição C.
Já, para a instituição D, constatou-se valor elevado de turbidez para a amostra de água
proveniente do bebedouro na terceira coleta realizada. Enquanto que, para as amostras de
Resultados e discussão 84
água provenientes da torneira da cozinha da referida instituição de ensino, àquela obtida da
primeira coleta apresentou valor acima das demais coletas. Como a água proveniente da
torneira da cozinha é oriunda do reservatório d’água, o valor elevado de turbidez pode ser
explicado pelo fato de muitos reservatórios apresentarem partículas em suspensão devido à
falta de manutenção.
No caso da instituição de ensino E, o agravante foi verificado na amostra de água
proveniente do bebedouro na terceira coleta realizada, pois seu valor de turbidez apresentou-
se bastante elevado, quase atingindo o valor máximo permitido pela legislação vigente.
Quando analisada as amostras de água provenientes da instituição de ensino F, a
amostra proveniente do bebedouro, na primeira coleta, apresentou valor de turbidez mais
elevado que as demais coletas realizadas no mesmo ponto de amostragem.
Para a instituição de ensino G foi verificado que a amostra de água obtida do
bebedouro na segunda coleta realizada apresentou valor zero de turbidez, no entanto tal valor
cresceu gradativamente no decorrer das coletas.
Com relação aos valores de turbidez obtidos das amostras de água provenientes de
bebedouros e torneiras da cozinha da instituição de ensino H, não foi verificado uma variação
significativa do referido parâmetro ao longo das quatro coletas realizadas.
Ainda, com relação à turbidez, foi analisada a variação de seu valor durante as quatro
coletas realizadas. Os resultados de turbidez referentes às análises das amostras de água
provenientes de bebedouros e torneiras, nos diferentes períodos de amostragem, não
apresentaram homogeneidade entre si, por isso foram submetidos ao teste de Kruskal- Wallis,
à 5% de significância. Tal teste foi utilizado com o objetivo de verificar a existência de
diferença significativa entre os resultados obtidos para a turbidez das amostras de água
coletadas em bebedouros e torneiras quando analisado o período de amostragem das mesmas.
O teste Kruskal-Wallis aplicado aos valores de turbidez demonstrou que ocorreu uma
diferença significativa (p<0,05) quando considerado o período das coletas de água, tais
resultados são apresentados na Tabela 6.
Tabela 6- Análise de variância do valor de turbidez em diferentes períodos de amostragem.
Bebedouro Torneira
1ª coleta (14/12/11) 1,20 a 1,22 a
2ª coleta (19/03/12) 0,84 c 1,08 b
3ª coleta (25/06/12) 1,33 b 0,99 b 4ª coleta (26/09/12) 0,90 c 1,00 b
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).
Resultados e discussão 85
Com relação às amostras de água coletadas nos bebedouros, foi possível observar que
os valores de turbidez correspondentes às 2ª e 4ª coletas não diferiram significativamente
entre si, apresentado valor médio inferior às demais coletas. Já, as amostras de água referentes
à primeira coleta diferiram significativamente, quanto ao valor de turbidez, das demais coletas
realizadas, além de apresentar valor superior a estas.
Os valores referentes à turbidez da água oriunda de torneiras, não diferiram
significativamente entre si (p>0,05) para as 2ª, 3ª e 4ª coletas. Os resultados mostraram
também que a turbidez das amostras de água referentes à 1ª coleta diferiram
significativamente em relação às demais coletas e apresentaram valor médio superior a estas.
No Gráfico 4 está representada a variação da turbidez das amostras de água coletadas
em bebedouros e torneiras da cozinha em diferentes períodos de amostragem, além do valor
padrão estabelecido pelo Ministério da Saúde.
Gráfico 4- Variação da turbidez da água coletada em bebedouros e torneiras de oito instituições de ensino infantil em diferentes períodos da amostragem.
0
1
2
3
4
5
6
1ª 2ª 3ª 4ª
Coletas
Tu
rbid
ez
(N
TU
)
Bededouro
Torneira
VMP
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012
� Cor aparente
A cor aparente, embora seja mais um atributo estético da água, é uma característica
derivada da existência de substâncias em solução, sendo essas, na grande maioria das vezes de
natureza orgânica. De acordo com a Portaria 2.914 do Ministério da Saúde de 2011, o valor da
cor da água destinada ao consumo humano não deve exceder 15 uH.
A Tabela 7 apresenta os valores de cor aparente obtidos das análises das amostras de
água provenientes de bebedouros e torneiras das instituições de ensino selecionadas para a
pesquisa.
Resultados e discussão 86
Tabela 7- Valores de cor aparente obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.
Instituições de ensino
Pontos de
coleta
Cor aparente (uH) 1ª
COLETA (14/12/11)
2ª COLETA (19/03/12)
3ª COLETA (25/06/12)
4ª COLETA (26/09/12)
A
Bebedouro 2,50 2,50 2,50 2,20 Torneira 2,50 2,50 2,50 2,00
B
Bebedouro 2,50 2,50 2,50 0,90 Torneira 2,50 2,50 2,50 0,00
C
Bebedouro 2,50 2,50 2,50 0,40 Torneira 2,50 2,50 2,50 4,20
D
Bebedouro 2,50 2,50 2,50 3,80 Torneira 2,50 2,50 2,50 1,60
E
Bebedouro 2,50 2,50 2,50 2,30 Torneira 2,50 2,50 2,50 2,70
F
Bebedouro 3,50 2,50 2,50 2,10 Torneira 2,50 2,50 2,50 5,30
G
Bebedouro 2,50 2,50 2,50 3,70 Torneira 2,50 2,50 2,50 5,60
H
Bebedouro 2,50 2,50 2,50 3,70 Torneira 2,50 2,50 2,50 8,40
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
Analisando-se os valores de cor aparente apresentados na Tabela 7, observou-se que as
análises de água amostradas dos bebedouros das oito instituições de ensino infantil, nas quatro
fases de coletas de dados, apresentaram-se na faixa de 0,40 à 3,70 uH. Já, quando analisada a
cor aparente das amostras de água provenientes das torneiras das cozinhas, foram encontrados
valores entre 0,00 e 8,40 uH.
Foi verificado ainda que todas as amostras analisadas apresentaram-se em
conformidade com o valor máximo permitido (VMP) estabelecido pela Portaria 2.914 do
Ministério da Saúde de 2011.
Resultado semelhante foi observado em estudo realizado por Oliveira et al (2012) ao
avaliarem a qualidade da água para consumo humano distribuída pelo sistema de
abastecimento público em Guarabira- PB, cujas amostras apresentaram valor mínimo de
2,50 uH e máximo de 8,93 uH, apresentando, portanto, valores dentro do permitido pela
legislação. Entretanto, Casali (2008) ao analisar a água ofertada em escolas e comunidades
rurais da região central do Rio Grande do Sul, verificou que 14,7% das amostras de água
analisadas não atendiam o valor determinado pela legislação vigente. Já, Scorsafava et al.
(2010), ao avaliarem a água de poços e minas destinadas ao consumo humano, verificaram
Resultados e discussão 87
que 29% das amostras analisadas apresentavam cor e turbidez em valores superiores ao
padrão estabelecido pelo Ministério da Saúde.
No Gráfico 5 estão apresentados os valores de cor aparente obtidos das análises das
amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras das oito instituições de ensino
infantil selecionadas para a pesquisa.
Gráfico 5- Resultados da cor aparente de amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
A A A A B B B B C C C C D D D D E E E E F F F F G G GG H H H H
1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª4ª
Intituições/
Coletas
Co
r ap
are
nte
(u
H)
Bebedouro
Torneira
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
Através do Gráfico 5, verificou-se que todas amostras de água coletadas nos
bebedouros e torneiras das instituição de ensino infantil A, apresentaram valores de cor
aparente praticamente iguais entre si.
Já, para as amostras de água provenientes da instituição de ensino B, aquelas obtidas
tanto do bebedouro quanto da torneira da cozinha, apresentaram valor de cor aparente
reduzido na quarta coleta realizada. Entretanto, foi observado resultado contrário nas análises
de amostras de água provenientes da instituição de ensino C. O valor elevado de cor aparente
verificado nas amostras de água obtidas da quarta coleta na instituição de ensino C pode ser
explicado pelo fato de tais amostras apresentarem valor elevado de turbidez.
Para a instituição de ensino D, foi verificado que a amostra de água obtida da quarta
coleta, proveniente do bebedouro, apresentou valor superior às demais amostras coletadas no
referido ponto em diferentes períodos de amostragem.
Resultados e discussão 88
Quando analisada os valores de cor aparente das amostras de água provenientes da
instituição de ensino E, não foi observada grande variação para os dois locais de amostragem
ao longo das quatro coletas realizadas.
Para a instituição de ensino F, foi observado que para as amostras de água
provenientes do bebedouro, a amostra obtida da primeira coleta apresentou valor de cor
aparente acima das demais amostras. Enquanto que, quando verificado as amostras oriundas
das torneiras da cozinha, a amostra obtida da quarta coleta apresentou valor de cor superior às
demais. É importante ressaltar ainda que essa mesma amostra apresentou valor acentuado de
turbidez, fato que pode justificar o resultado obtido para cor aparente.
Analisando as amostras de água provenientes das coletas realizadas nos bebedouros e
torneiras da cozinha da instituição de ensino G, foi possível verificar que as amostras obtidas
da quarta coleta realizada apresentaram valores elevados de cor aparente quando comparados
às demais coletas realizadas. Fato semelhante foi observado para as amostras provenientes da
instituição de ensino H.
Ainda com relação à cor aparente, foi analisada sua variação durante as quatro coletas
realizadas, levando-se em consideração os períodos de amostragem. Os resultados referentes
às análises da cor aparente da água provenientes de bebedouros e torneiras, nos quatro
períodos de amostragem, não apresentaram homogeneidade entre si, por isso, foram
submetidos ao teste de Kruskal- Wallis, à 5% de significância.
Na tabela 8 estão apresentados os resultados da variação da cor aparente das amostras
de água em diferentes períodos de amostragem.
Tabela 8- Análise de variância do valor da cor aparente da água proveniente de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil, em diferentes períodos de amostragem.
Bebedouro Torneira
1ª coleta (14/12/11) 2,62 a 2,62 b 2ª coleta (19/03/12) 2,50 b 2,50 c
3ª coleta (25/06/12) 2,50 b 2,50 c 4ª coleta (26/09/12) 2,39 c 3,72 a
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).
Com base nos valores apresentados na Tabela 8, foi observado que, com relação às
amostras de água provenientes dos bebedouros, os valores médios de cor aparente referentes
às 2ª e 3ª coletas não diferiram significativamente entre si, diferindo, entretanto dos valores
obtidos na 1ª e 4ª coleta. Já para a 1ª coleta, o valor médio da cor aparente da água diferiu
Resultados e discussão 89
significativamente de todas as demais coletas e apresentou ainda valor superior quando
comparado a estas. Os valores médios da cor aparente obtidos na 4ª coleta também diferiram
significativamente das demais coletas, apresentando valor superior às demais coletas.
Com relação à cor aparente das amostras de água provenientes das torneiras da
cozinha durante as quatro coletadas realizadas, verificou-se que os valores médios referentes à
cor aparente da água amostrada na 2ª e 3ª coletas não diferiram significativamente entre si,
diferindo, no entanto dos valores médios obtidos na 1ª e 4ª coletas. Ainda com relação às 2ª e
3ª coletas realizadas, foi observado que ambas apresentaram valores de cor aparente inferiores
às demais coletas. Já quando analisado o valor médio da cor aparente obtido da 1ª coleta, foi
verificado que o mesmo diferiu significativamente dos resultados das demais coletas e
apresentou valor inferior à 4ª coleta e superior às 2ª e 3ª coletas.
É importante ressaltar que tais resultados podem ser justificados pela limpeza dos
reservatórios de água realizada em janeiro de 2012 e julho de 2012. Portanto, os valores
elevados de cor aparente observados na 1ª coleta podem ser justificado pelo fato de as caixas
d’água terem sido limpas a aproximadamente 6 meses, período suficiente para o acúmulo de
impurezas.
No Gráfico 6 está representada a variação da cor aparente das amostras de água
coletadas em bebedouros e torneiras em quatro períodos de amostragem, juntamente com o
valor padrão de potabilidade estabelecido pela Portaria 2.914 do Ministério da Saúde de 2011.
Gráfico 6- Variação da cor aparente das amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG, em diferentes períodos de amostragem.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1ª 2ª 3ª 4ªColetas
Co
r a
pa
ren
te (
uH
)
Bebedouro
Torneira
VMP
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012
Verificou-se, através do Gráfico 6 , que os valores médios de cor aparente, praticamente
não apresentaram alteração para as três primeiras coletas. Entretanto, para a quarta coleta, as
Resultados e discussão 90
amostras de água provenientes de bebedouros apresentaram uma diminuição no valor da cor
aparente, enquanto que as amostras provenientes das torneiras da cozinha tiveram seu valor
elevado.
5.1.2 Análises químicas
Cloro residual livre, pH, e concentração dos metais chumbo (Pb), Manganês (Mn),
cromo (Cr), cobre (Cu) e cádmio (Cd) foram os parâmetros químicos investigados nessa
pesquisa.
� Concentração hidrogeniônica (pH)
O pH é um parâmetro que estabelece a condição acida ou alcalina de uma água, não
gerando risco sanitário associado diretamente a sua medida. De acordo com a Portaria
nº 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, a faixa recomendada de pH na água distribuída para
o consumo humano é de 6,0 a 9,5.
O pH pode sofrer alteração dependendo do tempo de armazenamento e da condição
física do reservatório, dada a exposição ambiental e/ou tipo de material utilizado na
fabricação do mesmo. Exerce efeito indireto sobre a precipitação de elementos tóxicos, como
metais, além de interferir na reatividade do cloro, a qual diminui com o aumento do pH
(MEYER, 1994; PARASHAR, et al., 2008).
Quando o pH apresenta valores próximos de 4,0, praticamente todo o cloro encontra-se
na forma HOCl, considerada a forma germicida mais ativa, enquanto que para os valores de
pH acima de 7, a forma menos ativa (OCl-) aumenta (OLIVEIRA, et al., 2012). Embora o
valor de pH abaixo de 6,0 seja favorável para aumentar a ação bactericida do cloro, baixos
valores de pH apresentam risco importante de agressividade contra os materiais que
constituem as tubulações, diminuindo sua vida útil, podendo ainda deteriorar a qualidade da
água tratada pela dissolução de produtos oriundos da própria corrosão e/ ou do meio externo
(SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, ?).
Para o organismo humano, a exposição a valores extremos de pH, na faixa de 11,0, pode
causar irritação nos olhos e pele, podendo também ocasionar irritação gastrointestinal.
Valores de pH abaixo de 4,0 podem ocasionar em irritações nos olhos, e na faixa de 2,5,
irritações irreversíveis no epitélio (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1996).
Os valores de pH obtidos das análises de amostras de água coletadas nos bebedouros
das oito instituições de ensino infantil selecionadas para o trabalho, nos quatro períodos de
Resultados e discussão 91
coleta de dados, apresentaram-se na faixa de 7,34 à 8,60, enquanto que os valores de pH
referentes às amostras de água coletadas nas torneiras das cozinhas, variaram de 7,48 à 8,50.
Na Tabela 9 estão apresentados os valores de pH obtidos das análises de amostras de
água provenientes de bebedouros e torneiras das instituições de ensino selecionadas para a
pesquisa em quatro períodos de amostragens.
Tabela 9- Valores de pH obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.
Instituições de ensino
Pontos de
coleta
Cor aparente (uH) 1ª
COLETA (14/12/11)
2ª COLETA (19/03/12)
3ª COLETA (25/06/12)
4ª COLETA (26/09/12)
A
Bebedouro 8,00 7,70 7,58 7,77 Torneira 7,80 8,00 7,53 7,65
B
Bebedouro 8,10 8,30 7,85 7,83 Torneira 8,10 8,50 7,92 7,86
C
Bebedouro 8,10 8,30 7,89 7,34 Torneira 7,80 8,50 8,04 7,71
D
Bebedouro 7,90 8,30 7,68 7,87 Torneira 8,00 8,30 7,88 7,93
E
Bebedouro 8,00 8,20 7,53 7,75 Torneira 8,00 8,20 7,48 7,77
F
Bebedouro 7,70 8,20 7,61 7,90 Torneira 7,90 8,30 7,55 7,84
G
Bebedouro 7,80 8,60 7,84 7,91 Torneira 8,20 8,50 7,85 7,90
H
Bebedouro 7,85 8,10 7,67 7,77 Torneira 7,80 8,30 7,62 7,62
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
Como mostrado na Tabela 9, todas as amostras de água coletadas em torneiras da
cozinha e bebedouros das oito instituições de ensino selecionadas atenderam ao valor padrão
estabelecido pela Portaria 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde com relação ao valor de pH.
Resultados semelhantes foram encontrados por Oliveira et al. (2012), Scandolera et al. (2011)
e Campos, Farache Filho e Faria (2003), onde todas as amostras de água analisadas estavam
de acordo com a legislação vigente.
Entretanto, Scuracchio e Farache Filho (2011), ao analisarem a água utilizada em
escolas no município de São Carlos- SP, verificaram que 45,1% das amostras de água
coletadas apresentavam pH inferior a 6,0. Também em pesquisa realizada por
Tavares et al. (2009) em água de bicas localizadas nos municípios de Santos e São Vicente,
Resultados e discussão 92
estado de São Paulo, 38,7% das amostras analisadas apresentaram pH abaixo do intervalo
recomendado pela legislação. Já, Araújo et al. (2011) ao avaliar o pH da água destinada ao
consumo humano de uma comunidade rural de São Paulo, observou que, em alguns pontos da
coleta, os valores de pH indicaram a água um pouco ácida, sendo os menores valores
encontrados na caixa d’água de uma residência, com pH 4,25 e em uma das nascentes, com
pH 4,46.
No Gráfico 7 estão apresentados os valores de pH obtidos das análises das amostras de
água provenientes de bebedouros e torneiras das instituições de ensino infantil selecionadas
para a pesquisa.
Gráfico 7- Valores de pH obtidos das análises de amostras de água provenientes
de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.
6
6,5
7
7,5
8
8,5
9
A A A A B B B B C C C C D D D D E E E E F F F F G GG G H H H H
1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª4ª
Instituições/
Coletas
pH
Bebedouro
Torneira
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
Com base no Gráfico 7, verificou-se que o valor do pH das amostras de água
provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha da instituição de ensino A não
apresentaram diferenças relevantes para as quatro coletas realizadas.
Já para a instituição de ensino B foi verificado que as amostras provenientes da
segunda coleta realizada apresentaram maiores valores de pH, tanto para o bebedouro, quanto
para a torneira da cozinha.
Na instituição de ensino C foi verificado que, para as amostras obtidas dos
bebedouros, aquela proveniente da segunda coleta apresentou maior valor de pH, enquanto
que a amostra proveniente da quarta coleta apresentou menor valor de pH. Resultado
semelhante foi observado para as amostras de água obtidas da torneira da cozinha da referida
instituição de ensino infantil.
Resultados e discussão 93
Para a instituição D foi verificado que as amostras de água provenientes de
bebedouros e torneiras obtidas da 2ª coleta apresentaram maior valor de pH, sendo observado
resultado similar para as instituições de ensino E, F, G e H.
Ainda com relação à variável pH, foi analisada sua variação durante as quatro coletas
realizadas. Os resultados referentes às análises de pH da água proveniente de bebedouros e
torneiras, nos quatro períodos de amostragem, não apresentaram homogeneidade entre si, por
isso, foram submetidos ao teste de Kruskal- Wallis, à 5% de significância.
Através do teste de Kruskal-Wallis foi observado diferença significativa (p<0,05)
entre os valores de turbidez obtidos em diferentes períodos de amostragem, como mostrado na
Tabela 10.
Tabela 10- Análise de variância do valor do pH da água proveniente de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil, em diferentes períodos de amostragem.
Bebedouro Torneira
1ª coleta (14/12/11) 7,93 b 7,95 b 2ª coleta (19/03/12) 8,21 a 8,32 a
3ª coleta (25/06/12) 7,71 d 7,73 c 4ª coleta (26/09/12) 7,77 c 7,78 c
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).
Foi verificado, através da Tabela 10, que com relação às amostras de água
provenientes dos bebedouros das oito instituições de ensino selecionadas para pesquisa, os
valores de pH obtidos nas quatro coletas realizadas, diferiram significativamente entre si.
Sendo ainda que, a segunda coleta apresentou valor médio superior às demais coletas,
enquanto que a 3ª coleta apresentou valor médio inferior às demais.
Já, em relação às amostras de água provenientes das torneiras das oito instituições de
ensino selecionadas, os valores de pH obtidos da 3ª e 4ª coleta não diferiram
significativamente entre si, no entanto, diferiram, ao nível de 5% de significância dos valores
obtidos nas demais coletas (1ª e 2ª coletas). Foi observado ainda que, os valores referentes à
3ª e 4ª coletas apresentaram valor médio inferior de pH quando comparados aos valores das 1ª
e 2ª coletas. Verificou-se ainda que, para os valores de pH provenientes da 1ª coleta, estes
apresentaram diferença significativa quando comparados aos valores obtidos das demais
coletas, apresentando ainda, valor médio superior a estes. Quando analisado os valores de pH
referentes à 1ª coleta, os mesmos diferiram significativamente, ao nível de 5%, dos valores
Resultados e discussão 94
obtidos nas demais coletas, apresentando valor médio superior às 3ª e 4ª coletas e inferior à 2ª
coleta.
No Gráfico 8 está representada a variação do pH das amostras de água coletadas em
bebedouros e torneiras ao longo das quatro coletas realizadas.
Gráfico 8- Variação do pH das amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG em quatro períodos de amostragem e intervalo determinado pela legislação vigente.
5
5,5
6
6,5
7
7,5
8
8,5
9
9,5
10
1ª 2ª 3ª 4ª
Coletas
pH
Bebedouro
Torneira
Valor mínimo
Valor máximo
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
Através do gráfico acima, foi observado que as amostras de água provenientes de
bebedouros e torneiras apresentaram valor médio superior de pH na segunda coleta realizada.
� Cloro residual livre
O cloro é o produto mais utilizado na desinfecção da água, sendo a sua presença, em
concentração suficiente, fundamental como agente bactericida (BARCELLOS et al., 2006). A
utilização do cloro como agente químico para desinfecção consiste em manter a proteção
residual satisfatória, mesmo com estratégias variáveis de armazenamento
(SMITH; KOMOS, 2009).
Estudos mostram que a cloração diminui a presença de bactérias, principalmente
coliformes totais e termotolerantes, além de evidenciar ausência de salmonella sp., quando os
níveis de cloro livre apresentaram-se superiores a 0,1 mg L-1 (TSAI et al., 1992).
Segundo a Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011, após a desinfecção para
utilização no abastecimento, a água deve conter um teor mínimo de cloro residual livre de
0,5 mg L-1, sendo obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg L-1 em qualquer ponto da
rede de distribuição. Recomenda-se ainda que o teor máximo de cloro residual livre, em
Resultados e discussão 95
qualquer ponto do sistema de abastecimento, seja de 2,0 mg L-1, sendo que o valor acima de
5,0 mg L-1 pode apresentar risco à saúde.
Os valores de cloro residual livre obtidos nas análises da água amostradas nos
bebedouros das oito instituições de ensino infantil, nas quatro fases de coleta de dados,
apresentaram-se na faixa de 0,00 à 1,04 mg L-1, enquanto que os valores de cloro residual
livre referentes às amostras de água coletadas nas torneiras das oito instituições de ensino
infantil, variaram de 0,00 à 1,00 mg L-1, conforme apresentado na Tabela 11.
Tabela 11-Valores cloro residual livre de obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.
Instituições de ensino
Pontos de
coleta
Cor aparente (uH) 1ª
COLETA (14/12/11)
2ª COLETA (19/03/12)
3ª COLETA (25/06/12)
4ª COLETA (26/09/12)
A
Bebedouro 0,80 0,08 0,83 0,00 Torneira 0,09 0,10 0,14 0,00
B
Bebedouro 0,30 0,60 0,73 0,30 Torneira 0,09 0,60 0,84 0,30
C
Bebedouro 1,00 0,70 1,04 0,30 Torneira 0,80 0,70 0,96 0,30
D
Bebedouro 0,10 0,04 0,14 0,00 Torneira 0,09 0,14 0,38 0,00
E
Bebedouro 0,80 0,52 0,54 0,10 Torneira 0,80 0,61 0,84 0,10
F
Bebedouro 0,10 0,16 0,14 0,00 Torneira 1,00 0,64 0,65 0,10
G
Bebedouro 1,00 0,51 0,84 0,30 Torneira 1,00 0,63 0,11 0,30
H
Bebedouro 0,22 0,05 0,30 0,30 Torneira 0,16 0,07 0,37 0,05
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
Os resultados obtidos nessa pesquisa revelaram que, das amostras de água coletas nos
bebedouros, 100% das mesmas atenderam ao valor máximo exigido pela Portaria nº 2.914 de
2011 do Ministério da Saúde, de 2,0 mg L-1 para a variável de cloro residual livre. Já, com
referência ao valor mínimo de 0,2 mg L-1, determinado pela legislação vigente, quanto à
concentração de cloro residual livre, 40,62% das amostras analisadas não atenderam ao
padrão recomendado.
Resultado semelhante foi encontrado por Araújo et al. (2011), cujo estudo com relação
à água disponibilizada em uma comunidade rural no Estado de São Paulo demonstrou que
Resultados e discussão 96
todas as amostras atenderam a legislação quando analisado o teor máximo de cloro residual,
no entanto, 22,23% não atenderam ao valor estabelecido pelas Portarias 518/04 e 2.914/11 no
tocante à quantidade mínima de cloro residual livre exigida.
Em pesquisa similar realizada por Scuracchio e Farache Filho (2011), ao analisarem a
qualidade da água utilizada para consumo em escolas no município de São Carlos- SP
concluíram que 33,85% das amostras provenientes da rede de abastecimento e 43,5% das
amostras provenientes do reservatório não atenderam ao valor mínimo de cloro residual
exigido pela legislação vigente. Já, Campos, Farache Filho e Faria (2003), ao analisarem o
teor de cloro residual, observaram valores 32% maiores nas amostras de água provenientes da
rede pública quando comparados com àquelas provenientes dos reservatórios; dado que
colocou 92% das amostras de água provenientes da rede pública dentro do padrão
(mínimo de 0,2 mg L-1), enquanto no caso da água dos reservatórios domésticos este
porcentual caiu para 73%.
Resultado contrário foi encontrado por Oliveira, et al. (2012) que, ao analisarem a
qualidade da água distribuída pelo sistema de abastecimento público em Guarabira- PB,
verificaram teor de cloro residual superior a 0,2 mg L-1 em todas as amostras coletadas.
O Gráfico 9 apresenta os valores de cloro residual livre obtidos das análises de
amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de
ensino infantil de Uberaba- MG selecionadas para a pesquisa.
Gráfico 9- Valores da concentração de cloro residual livre em amostras de água provenientes de instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
A A A A B B B B C C C C D D D D E E E E F F F F GG G G H H H H
1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª4ª
Insituições/
Coletas
Clo
ro r
es
idu
al li
vre
( m
g/L
)
Bebedouro
Torneira
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
Foi observado, de acordo com o Gráfico 9 que, quando analisada as amostras de água
provenientes da instituição de ensino A, as amostras obtidas dos bebedouros da segunda e
Resultados e discussão 97
quarta coletas não apresentaram teor mínimo de cloro residual livre recomendado pela
Portaria nº 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde. Enquanto que todas as amostras de água
oriundas das torneiras da referida instituição de ensino também se encontraram em desacordo
com o exigido para a água potável
Quando analisados os resultados de cloro residual livre obtidos das análises de
amostras de água da instituição de ensino B, foi verificado que apenas a amostra coletada na
torneira da cozinha na primeira coleta realizada não atendeu a legislação vigente. Enquanto
que todas as amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras da instituição de ensino C
apresentaram teor de cloro residual livre acima de 0,2 mg L-1.
Para a instituição de ensino D, apenas a amostra de água proveniente da terceira coleta
realizada na torneira da cozinha atendeu a recomendação do Ministério da Saúde com relação
ao teor de cloro residual livre.
Já, ao analisar os valores de cloro residual livre nas amostras de água provenientes da
instituição de ensino E, foi verificado que as amostras de água obtidas do bebedouro e
torneira da cozinha provenientes da quarta coleta não atenderam ao valor mínimo exigido.
Com relação à instituição de ensino F, foi observado que todas as amostras de água
coletadas nos bebedouros durante as quatro amostragens realizadas apresentaram teor de cloro
residual livre inferior a 0,2 mg L-1. Fato semelhante foi verificado para a amostra de água
proveniente da terceira coleta realizada na torneira da cozinha da instituição de ensino G.
Foi observado ainda que, as amostras de água provenientes da segunda e quarta coletas
realizadas nas torneiras da cozinha da instituição de ensino H também não atenderam a
legislação vigente, fato também observado para a amostra de água proveniente da segunda
coleta realizada no bebedouro da instituição de ensino em questão.
Ainda com relação ao teor de cloro residual livre, não foi encontrada diferença
significativa (p>0,05) entre os períodos de amostragem realizadas em bebedouros e torneiras
da cozinha das oito instituições de ensino selecionadas para a pesquisa, sendo portanto
dispensável análise estatística para essa variável.
� Metais
Dentre os diferentes contaminantes químicos, o estudo dos metais pesados vem sendo
considerado prioritário nos programas de promoção da saúde em escala mundial. Segundo
Baird (2002), o termo metal pesado se refere a uma classe de elementos químicos, muitos dos
quais nocivos para os seres humanos.
Resultados e discussão 98
Os seres humanos podem estar expostos a metais a partir de várias fontes, e a água
representa uma das principais vias de contaminação, talvez por isso seja crescente a
preocupação com a água de boa qualidade, desde o manancial até o ponto de consumo
(CHAKRABARTY; SARMA; 2010).
Para essa pesquisa foram analisados os teores de chumbo (Pb), manganês (Mn), cromo
(Cr), cobre (Cu) e cádmio (Cd) presentes nas amostras de água analisadas.
Na Tabela 12, são apresentados os valores máximos permitidos para concentrações de
Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em água potável, estabelecidos pela Portaria nº 2.914 do Ministério da
Saúde de 2011.
Tabela 12- Valores máximos permitidos das concentrações de Pb, Mn, Cr, Cd e Cu para a água potável.
Metais VMP
Cobre (Cu) 2,000 mg L-1
Cádmio (Cd) 0,005 mg L-1
Cromo (Cr) 0,050 mg L-1
Chumbo (Pb) 0,010 mg L-1
Manganês (Mn) 0,100 mg L-1
Os valores das concentrações de Pb, Mn, Cr, Cd e Cu, obtidos das análises das
amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha, referentes à primeira
coleta realizada em oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa, estão
apresentados na Tabela 13.
Resultados e discussão 99
Tabela 13- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à primeira coleta (14/12/2011) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.
Instituições de ensino
Pontos de coleta
Metais (mg L-1) Pb Mn Cr Cu Cd
A
Bebedouro *ND ND ND ND ND Torneira 0,016 ND ND ND ND
B
Bebedouro ND 0,030 0,172 ND ND Torneira ND 1,669 0,061 ND ND
C
Bebedouro ND 1,132 0,250 ND ND Torneira ND 0,178 0,235 ND ND
D
Bebedouro ND 0,372 0,197 ND ND Torneira ND 1,557 ND ND ND
E
Bebedouro ND 0,405 0,192 ND ND Torneira ND 2,429 0,093 ND ND
F
Bebedouro ND 1,417 0,138 ND ND Torneira ND 1,123 0,083 ND ND
G
Bebedouro ND 0,479 0,162 ND ND Torneira ND 0,209 0,109 ND ND
H
Bebedouro ND ND ND ND ND Torneira ND ND ND ND ND
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012. *ND: não detectado.
Analisando-se os dados apresentados na Tabela 13, e comparando-os com os valores
estipulados na Tabela 12, foi possível verificar que a concentração de Cu e Cd de todas as
amostras de água referentes à primeira coleta, sejam elas provenientes de bebedouros ou
torneiras da cozinha, atenderam ao padrão estabelecido pela Portaria nº 2.914 de 2011 do
Ministério da Saúde. Os resultados são compatíveis com trabalho realizado por Sanches et al.
(2010) ao analisarem a qualidade da água de poços de abastecimento público de Ribeirão
Preto- SP, onde todas as amostras atenderam ao padrão estabelecido pela legislação vigente
com relação à concentração máxima permitida dos metais Cu e Cd para a água potável.
No entanto, quando analisado a concentração de cromo nas amostras de água, foi
observado que 68,75% das mesmas estavam acima do valor máximo permitido estabelecido
pela legislação vigente. Ao contrário do resultado obtido nessa pesquisa, Oliveira, Campos e
Medeiros (2010), ao avaliarem a qualidade da água proveniente da bacia hidrográfica do Rio
Salitre, constataram que todas as amostras analisadas atendiam o padrão estabelecido pela
legislação vigente quanto ao valor máximo permitido de cromo.
Segundo Hazardous Substances Data Bank (2000), com relação à contaminação das
águas é possível constatar que a maioria do cromo pode estar na forma de material particulado
em água superficial ou depositados nos sedimentos. Algumas partículas podem permanecer
como matéria suspensa e posteriormente ser depositadas nos sedimentos.
Resultados e discussão 100
Ainda com relação às amostras de água referentes à primeira coleta realizada no dia
14/12/2011, foi verificado que a amostra de água proveniente da torneira da instituição de
ensino A apresentou concentração de chumbo ligeiramente superior ao valor máximo
permitido estabelecido pela Portaria 2.914 do Ministério da Saúde de 2011, estando,
entretanto, todas as demais amostras dentro do padrão estabelecido para água potável. Outro
dado importante foi observado com relação à amostra de água proveniente da torneira da
cozinha da instituição de ensino B, cuja concentração de manganês superou ao valor máximo
permitido pela legislação de 0,1 mg L-1 .
Na Tabela 14 estão representados os valores das concentrações dos metais obtidos da
análise das amostras de água referentes à segunda coleta, realizada em bebedouros e torneiras
de oito instituições de ensino infantil de Uberaba – MG.
Tabela 14- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à segunda coleta (19/03/2012) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.
Instituições de ensino
Pontos de coleta
Metais (mg L-1) Pb Mn Cr Cu Cd
A
Bebedouro *ND 0,051 0,008 ND ND Torneira ND 0,272 0,263 ND ND
B
Bebedouro ND 1,361 0,199 ND ND Torneira 0,059 ND ND ND ND
C
Bebedouro ND 0,145 0,153 ND ND Torneira 0,052 ND ND ND ND
D
Bebedouro ND 0,535 0,165 ND ND Torneira ND 1,101 0,171 ND ND
E
Bebedouro ND ND 0,00 ND ND Torneira ND 0,178 0,176 ND ND
F
Bebedouro 0,010 0,005 ND ND 0,871 Torneira ND 1,669 0,061 ND ND
G
Bebedouro 0,070 ND ND ND ND Torneira 0,067 ND ND ND ND
H
Bebedouro ND 0,057 0,195 ND ND Torneira ND 0,047 0,105 ND ND
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012. *ND: não detectado.
Com relação aos resultados obtidos da segunda coleta de água realizada, foi verificado
que 56,25% das amostras não atenderam ao padrão recomendado pelo Ministério da Saúde
com relação às concentrações de cromo e 43,75% das amostras apresentaram concentração de
manganês acima dos valores permissíveis para água destinada ao consumo humano. Este
resultado é compatível com trabalho realizado por Alves et al. (2010) que, ao avaliarem a
Resultados e discussão 101
concentração de metais pesados em águas superficiais e sedimentos do Córrego Monte Alegre
e esgoto sanitário em Riberão Preto- São Paulo, também verificaram médias superiores aos
padrões estabelecidos pela Resolução Conama 357 de 2005 para concentrações de cromo.
Quando analisada a concentração de chumbo presente nas amostras de água, foi
verificado que 25% das mesmas apresentaram teor acima 0,01 mg L-1, valor esse, estipulado
como o máximo permitido pela legislação vigente.
Ribeiro et al. (2012) também evidenciaram uma contaminação por chumbo em estudo
realizado para verificação da qualidade da água do Rio São Francisco no segmento de Três
Marias e Pirapora- MG.
Elevados níveis de Pb na água para consumo humano podem ser encontrados em
decorrência da corrosão púmblica e subsequente lixiviação do metal em tubulações feitas à
base de chumbo. A combinação entre água com baixo pH e baixa concentrações de sais
dissolvidos e encanamento à base de chumbo ou com soldas do metal no sistema de
distribuição, podem lixiviar quantidades substanciais de chumbo. Reservatórios, cisternas e
tanques recobertos com chumbo podem ser as maiores fontes de contaminação pelo metal em
água para consumo (AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY,
2007).
Metais como manganês e chumbo, em concentrações superiores às máximas
permitidas, são considerados neurotóxicos, capazes de induzir disfunções neurais ou causar
lesões no sistema nervoso central ou periférico. A exposição a esses elementos desencadeia
uma ampla variedade de manifestações clínicas que vão desde disfunções motoras e
mudanças comportamentais até psicoses (CANDURRA et al., 2000; SEGURA- MUÑOZ et
al., 2003).
Foi observado ainda, que a amostra de água coletada no bebedouro da escola F
apresentou concentração de Cd superior ao estabelecido pela Portaria 2.914 do Ministério da
Saúde de 2011 (BRASIL, 2011). Tal resultado pode ser justificado pelo tempo de estagnação
da água dentro dos reservatórios, conforme revelado por estudos internacionais (SCHOCK,
NEFF, 1988; LYTLE, SCHOCK, 2000; MERKEL et al., 2002), onde a concentração desse
metal estava elevada após algumas horas sem utilização do reservatório doméstico. Para
Rajaratnam, Winder e An (2002), o período de até seis horas de estagnação é considerado
aceitável para a minimização dos riscos decorrentes à exposição de metais presentes na água.
Com relação às concentrações de Cu, todas as amostras apresentaram-se abaixo dos
valores máximos permitidos estabelecidos pelo Ministério da Saúde como recomendável para
água potável.
Resultados e discussão 102
Os valores encontrados, para a concentração de metais presentes nas amostras de água
referentes à terceira coleta, estão apresentados na tabela 15.
Tabela 15- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à terceira coleta (25/06/2012) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.
Instituições de ensino
Pontos de coleta
Metais (mg L-1) Pb Mn Cr Cu Cd
A
Bebedouro *ND ND ND ND 0,634 Torneira ND ND ND ND 0,651
B
Bebedouro ND ND ND ND 0,743 Torneira ND ND ND ND 0,567
C
Bebedouro ND ND 0,032 ND 0,555 Torneira ND ND 0,122 ND 0,721
D
Bebedouro ND ND ND ND 0,724 Torneira ND ND ND 1,007 0,639
E
Bebedouro ND ND 0,700 ND 0,748 Torneira ND ND 0,811 1,427 0,886
F
Bebedouro ND ND ND 4,046 0,777 Torneira ND ND ND ND 0,979
G
Bebedouro ND ND 0,130 ND 0,841 Torneira ND ND ND ND 1,098
H
Bebedouro ND ND 0,798 0,047 1,165 Torneira ND ND ND ND 1,594
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012. *ND: não detectado.
Para as amostras de água referentes à terceira coleta, realizada no dia 25/06/2012,
31,25% das amostras analisadas apresentaram concentração de cromo acima do estabelecido
pela legislação para água potável. Enquanto que 6,25% das amostras não atenderam ao
estabelecido pelo Ministério da Saúde quanto ao valor máximo permitido de cobre,
apresentando valores acima de 2 mg L-1.
Grigoletto et al. (2012), ao estudarem a variabilidade da concentração de Cu e Pb na
água de abastecimento, concluíram que as variações na concentração de metais podem ser
justificados por diversos motivos. Um deles seria o tempo de residência da água no
encanamento durante o período noturno, que pode ser variável de acordo com a demanda.
Pequenas variações na adição de cloro na água durante o tratamento poderiam levar a
alteração no pH e, consequentemente, no poder de lixiviação de metais. Além da
contaminação pública, a tubulação interna da própria residência, seus reservatórios e até
mesmo as torneiras metálicas podem ser relevantes fontes de cobre e chumbo no interior da
casa. Ainda em pesquisa realizada pelos autores em questão, foi observado que todas as
Resultados e discussão 103
amostras apresentaram concentrações de cobre e chumbo em conformidade com o padrão
aceitável para água potável.
Cabe salientar que, para essa mesma coleta, todas as amostras de água analisadas
(100%) apresentaram concentração de cádmio acima do valor máximo permitido, pela
Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011, para água potável.
Farias et al. (2007) ao analisarem a água de um distrito industrial de Mangabeira,
observaram que 32% dos valores encontrados na pesquisa de amostras de água provenientes
do Rio Cabelo, não se enquadravam nos limites desta Portaria, o que tornava o uso dessa água
imprópria para consumo humano sem tratamento prévio.
O cádmio tem alto potencial tóxico, podendo causar envenenamento na água ou nos
alimentos em grandes quantidades, é cancerígeno e sua inserção no meio ambiente pode
ocorrer por meio de praguicidas, fertilizantes, além de fontes industriais (BRIGATE;
ESPÍNDOLA, 2003).
Em contrapartida, todas as amostras apresentaram concentrações de Pb e Mn dentro
dos valores permissíveis, pelo Ministério da Saúde, para água destinada ao consumo humano.
Os valores referentes à concentração dos metais em amostras de água analisadas na
quarta coleta estão representados na Tabela 16
Resultados e discussão 104
Tabela 16- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à quarta coleta (25/06/2012) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.
Instituições de ensino
Pontos de coleta
Metais (mg L-1) Pb Mn Cr Cu Cd
A
Bebedouro *ND ND ND ND 0,916 Torneira ND ND ND ND 0,684
B
Bebedouro ND ND 0,037 ND 0,975 Torneira ND ND 0,632 ND 0,731
C
Bebedouro ND ND 0,957 ND 0,882 Torneira ND ND ND 0,992 0,922
D
Bebedouro ND ND ND 0,108 1,258 Torneira ND ND 1,032 0,960 1,083
E
Bebedouro ND ND ND ND 0,810 Torneira ND ND ND 1,494 1,522
F
Bebedouro ND ND ND 0,207 0,966 Torneira ND ND ND ND 0,601
G
Bebedouro ND ND ND ND 0,713 Torneira ND ND 0,489 5,275 0,257
H
Bebedouro ND ND 0,496 ND 0,467 Torneira ND ND 0,047 0,812 0,694
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012. *ND: não detectado.
Para as amostras de água referentes à quarta coleta, foi verificado que, quando
analisado as concentrações de chumbo e manganês, todas as amostras apresentaram valores de
acordo com o estabelecido pela legislação vigente como recomendável para a água potável.
Entretanto, 31,25% das amostras de água apresentaram concentração de cromo acima
do valor máximo permitido estabelecido pela Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de
2011.
Com relação à concentração de cádmio, todas as amostras de água analisadas (100%)
referentes à quarta coleta, sejam elas provenientes de torneiras da cozinha ou bebedouros das
oito instituições de ensino infantil, apresentaram valor acima do permitido pela legislação
vigente para água potável.
Quanto à concentração de cobre, apenas a amostra de água proveniente da torneira da
instituição G apresentou valor de concentração acima do estabelecido pelo Ministério da
Saúde para água potável (BRASIL, 2011).
As concentrações de Pb e Cr nas amostras de água provenientes de bebedouros e
torneiras não apresentaram diferença significativa entre si quando analisada os diferentes
períodos de amostragem, não sendo necessário portanto, a aplicação do teste estatístico
para tais resultados.
Resultados e discussão 105
No entanto, quando analisada a concentração de Mn nas amostras de água
provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha das instituições de ensino infantil
selecionadas para a pesquisa, foi verificado diferença significativa (p<0,05) quando
considerado os diferentes períodos de coleta. Como os valores obtidos não apresentaram
homogeneidade entre si, foi aplicado um teste não paramétrico (Kruskal- Wallis) para análise
de variância. Tais resultados são identificados na Tabela 17.
Tabela 17- Análise de variância do valor da concentração de Mn em amostras de água provenientes de bebedouro e torneira da cozinha de instituições de ensino infantil, em quatro diferentes períodos de amostragem.
Bebedouro Torneira 1ª coleta (14/12/11) 0,48 a 0,89 a 2ª coleta (19/03/12) 0,27 b 0,41 b 3ª coleta (25/06/12) 0,00 c 0,00 c 4ª coleta (26/09/12) 0,00 c 0,00 c
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).
De acordo com os dados contidos na Tabela 17, foi verificado que, com relação às
amostras de água provenientes dos bebedouros e torneiras da cozinha das oito instituições de
ensino infantil selecionadas, a primeira coleta diferiu estatisticamente das demais coletas
quando analisada a concentração de Mn, apresentando ainda valor médio superior a estas. Já a
terceira e quarta coletas realizadas não diferiram significativamente entre si, diferindo, no
entanto, da primeira e segunda coletas realizadas, apresentando ainda valor médio inferior a
estas com relação à concentração de Mn.
A variação média de Mn, presente nas amostras de água provenientes de bebedouros e
torneiras da cozinha de instituições de ensino selecionadas para pesquisa, ao longo dos quatro
períodos de coleta, além do valor máximo permitido (VMP) de 0,1 mg L-1 para água potável,
estão representados no Gráfico 10.
Resultados e discussão 106
Gráfico 10- Variação da concentração de Mn em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas no período de dezembro de 2011 à setembro de 2012.
00,1
0,20,3
0,40,50,6
0,70,8
0,91
1ª 2ª 3ª 4ª
Coletas
Mn
(m
g/L
)
Bebedouro
Torneira
VMP
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
Com relação à variação da concentração de Cu presente em amostras de água
provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha das oito instituições de ensino selecionadas
para a pesquisa, verificou-se que, quando analisadas as amostras de água provenientes de
bebedouros, as mesmas não apresentaram diferença significativa entre si quanto ao período de
amostragem. Entretanto, quando analisadas as amostras de água provenientes das torneiras da
cozinha, observou-se que as mesmas diferiram significativamente entre si (p<0,05) quando
analisada a variação da concentração de cobre.
A Tabela 18 apresenta os valores obtidos da variação média de Cu em amostras de
água provenientes das torneiras da cozinha das oito instituições de ensino infantil pesquisadas,
ao longo das quatro coletas realizadas.
Tabela 18- Análise de variância do valor da concentração de Cu em amostras de água provenientes de torneiras de instituições de ensino infantil, em quatro diferentes períodos de amostragem.
Torneira 1ª coleta (14/12/11) 0,89 a 2ª coleta (19/03/12) 0,41 b 3ª coleta (25/06/12) 0,00 c 4ª coleta (26/09/12) 0,00 c
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).
Resultados e discussão 107
Verificou-se, através da Tabela 18 que, quando analisada a variação da concentração
de cobre em amostras de água provenientes de torneiras das instituições de ensino
selecionadas para estudo, a primeira coleta diferiu significativamente das demais coletas,
apresentando valor médio superior de concentração de Cu. Já, as 3ª e 4ª coletas não diferiram
significativamente entre si, apresentando, no entanto, valor médio inferior de concentração de
Cu, quando comparado às demais coletas realizadas.
No Gráfico 11 estão apresentados os valores médios da concentração de Cu presente
em amostras de água provenientes de torneiras da cozinha das oito instituições de ensino
infantil selecionadas para a pesquisa, além do valor máximo permitido (2 mg L-1),
estabelecido pela legislação vigente, para água potável.
Gráfico 11- Variação da concentração de Cu em amostras de água provenientes de torneiras de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
1ª 2ª 3ª 4ª Coletas
Cu
(m
g/L
)
Torneira
VMP
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
Quando analisada a variação média da concentração de Cd em amostras de água
provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha das oito instituições de ensino selecionadas
para o presente trabalho, verificou-se uma variação significativa da concentração do referido
metal ao longo das quatro coletas realizadas para os dois pontos de coleta citados. Tais
valores são apresentados na Tabela 19.
Resultados e discussão 108
Tabela 19- Análise de variância do valor da concentração de Cd em amostras de água provenientes de bebedouro e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil, em quatro diferentes períodos de amostragem.
Bebedouro Torneira 1ª coleta (14/12/11) 0,00 d 0,00 c 2ª coleta (19/03/12) 0,11 c 0,00 c 3ª coleta (25/06/12) 0,77 b 0,89 a 4ª coleta (26/09/12) 0,87 a 0,81 b
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).
Com base na Tabela 19, verificou-se que, para as amostras de água provenientes de
bebedouros das oito instituições de ensino infantil selecionadas para estudo, as quatro coletas
realizadas diferiram significativamente entre si, quando avaliada a variação da concentração
de Cd no decorrer das quatro coletas realizadas. Observou-se ainda que a quarta coleta
apresentou valor médio superior às demais coletas, enquanto a primeira coleta apresentou
valor médio inferior de concentração de Cd.
Quando analisada as amostras de água provenientes das torneiras da cozinha das
instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa, observou-se que a terceira coleta
apresentou diferença significativa das demais coletas quando analisada a variação de
concentração de Cd, apresentando ainda valor médio superior às demais coletas realizadas. Já
a primeira e segunda coletas realizadas não diferiram significativamente entre si, diferindo, no
entanto das demais coletas, além de apresentarem valor médio inferior de concentração de Cd
quando comparado às demais.
No Gráfico 12 estão apresentados os valores das variações da concentração de Cd em
amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha das oito instituições de
ensino infantil selecionadas para a pesquisa ao longo das quatro coletas realizadas, além do
valor padrão de 0,005 mg L-1 estabelecido como recomendado pelo Ministério da Saúde para
a água potável.
Resultados e discussão 109
Gráfico 12- Variação da concentração de Cd em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas.
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
5.1.3- Análises microbiológicas
A presença de coliformes na água indica a sua contaminação, acarretando um risco
potencial da presença de organismos patogênicos. Sua ausência é evidência de uma água
bacteriologicamente potável, uma vez que os coliformes são mais resistentes na água que as
bactérias patogênicas de origem intestinal (OLIVEIRA, et al., 2012).
Siqueira et al. (2010) relatam que, embora não exista limitação para o número de
coliformes totais presentes na água potável, a Portaria nº 518 do Ministério da Saúde de 2004
sugere que, quando for verificada a presença de coliformes totais e ausência de coliformes
termotolerantes, sejam tomadas providências imediatas de caráter corretivo e preventivo,
como limpeza de caixas d’água e cisternas.
A Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011 considera
como valor máximo permitido – VMP- de Escherichia coli e coliformes totais em água para o
consumo humano, em sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mês, a ausência em 100
mL de 95% das amostras examinadas no mês. Em sistemas que analisam menos de 40
amostras por mês, apenas uma amostra poderá apresentar mensalmente resultado positivo em
100 mL (BRASIL, 2011b).
Resultados e discussão 110
� Coliformes totais
Os valores de coliformes totais obtidos das análises das amostras de água coletadas
nos bebedouros das oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa
apresentaram-se na faixa de 0 à 57 NMP/100 mL, enquanto que os valores de coliformes
totais para as amostras provenientes das torneiras da cozinha encontraram-se na faixa de 0 à
68 NMP/ 100 mL, como apresentado na Tabela 20.
Tabela 20- Resultados das análises das amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa com relação à presença de coliformes totais.
Instituições de ensino
Pontos de
coleta
Coliformes totais (*NMP/100mL) 1ª
COLETA (14/12/11)
2ª COLETA (19/03/12)
3ª COLETA (25/06/12)
4ª COLETA (26/09/12)
A
Bebedouro 22 1 2 2 Torneira 14 1 3 4
B
Bebedouro 4 1 3 1 Torneira 0 0 4 0
C
Bebedouro 4 0 0 0 Torneira 1 1 5 0
D
Bebedouro 10 8 36 0 Torneira 1 2 23 0
E
Bebedouro 57 27 5 1 Torneira 0 24 10 0
F
Bebedouro 54 1 4 0 Torneira 15 1 3 0
G
Bebedouro 3 2 10 0 Torneira 2 0 8 68
H
Bebedouro 0 0 13 0 Torneira 0 0 42 1
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012. * NMP/100 mL número mais provável em 100 mL.
De acordo com os valores expostos na Tabela 20, verificou-se que, das 32 amostras
(100%) de água provenientes de bebedouros, 23 (71,875%) não atenderam ao padrão
estabelecido pela Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011. Já, para as 32 amostras de
água coletadas nas torneiras da cozinha, 65,625% (21 amostras) não atenderam à legislação,
apresentando valores acima daqueles estabelecidos pela legislação vigente para a água
potável.
Estes resultados foram compatíveis com àqueles obtidos em pesquisa realizada por
Silveira et al. (2011) que, ao avaliarem amostras de água provenientes de escolas públicas de
São Carlos, relataram que, das amostras de água coletas da torneira da cozinha, 22,6%
Resultados e discussão 111
apresentaram bactérias do grupo coliforme. Resultado parecido também foi encontrado por
Scuracchio e Farache Filho (2011) cujo trabalho demonstrou que 28,9% dos reservatórios de
água de escolas públicas no município de São Paulo apresentaram presença de coliformes
totais.
Ao contrário dos trabalhos citados anteriormente, Oliveira et al. (2012) em estudo
realizado para analisar a qualidade da água para consumo humano, distribuída pelo sistema de
abastecimento público em Guarabira- PB, verificaram ausência de coliformes totais em todas
as amostras analisadas.
A água pode ser contaminada no ponto de origem, durante a sua distribuição e,
principalmente, nos reservatórios particulares, sejam eles de empresas ou domiciliares.
Segundo Germano; Germano (2001), as causas mais frequentes da contaminação da
água nesses reservatórios são a vedação inadequada das caixas d’água e cisternas, e a carência
de um programa de limpeza e desinfecção regular e periódica.
Relatos de contaminação de água por bactérias do grupo coliformes são muito
frequentes. Coliformes totais incluem espécies do gênero Klebsiella, Enterobacter e
Citrobacter, sendo Escherichia coli a principal representante do subgrupo termotolerante
(MATTOS; SILVA, 2002).
Zulpo et al. (2006) afirmam que os coliformes totais são encontrados no solo e nos
vegetais, possuindo a capacidade de se multiplicarem na água com relativa facilidade. No
entanto, os termotolerantes não se multiplicam facilmente no ambiente externo e ocorrem
constantemente na flora intestinal do homem e de animais de sangue quente, sendo capazes de
sobreviver de modo semelhante às bactérias patogênicas, atuando, portanto, como potenciais
indicadores de contaminação fecal e de patógenos entéricos em água fresca.
O Gráfico 13 apresenta os resultados referentes à presença de coliformes totais obtidos
das análises de amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha das oito
escolas infantis selecionadas para pesquisa.
Resultados e discussão 112
Gráfico 13- Valores de coliformes totais obtidos das análises de amostras de água referentes às quatro coletas de água realizadas em bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.
0
10
20
30
40
50
60
70
A A A A B B B B C C C C D D D D E E E E F F F F G G G G H H H H
1ª2ª3ª 4ª 1ª 2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª 2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª 2ª3ª 4ª 1ª2ª 3ª 4ª 1ª 2ª3ª4ª
Instituições/
Coletas
Co
lifo
rmes t
ota
is
(NM
P/ 100m
L)
Bebedouro
Torneira
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
De acordo com o Gráfico 13, foi observado que todas as amostras de água coletadas
em bebedouros e torneiras da instituição de ensino A apresentaram presença de coliformes
totais, sendo esse valor bastante elevado para as amostras provenientes da primeira coleta
realizada.
Para as amostras de água provenientes da instituição de ensino B, todas as amostras de
água obtidas do bebedouro se apresentaram em desacordo com a legislação vigente, enquanto
que para as amostras de água coletadas na torneira da cozinha, apenas aquela oriunda da
quarta coleta não atendeu ao padrão recomendado pela Portaria 2.914 de 2011 do Ministério
da Saúde quanto à presença de coliformes totais.
Quando analisada as amostras de água coletadas na instituição de ensino C, foi
detectado coliformes totais somente na amostra de água relativa à primeira coleta realizada no
bebedouro. Valores diferentes foram encontrados para as amostras provenientes da torneira da
cozinha, onde apenas a amostra de água proveniente da quarta coleta atendeu ao parâmetro
exigido para água potável.
Já para a instituição de ensino D, somente as amostras de água provenientes da quarta
coleta realizada atenderam à legislação vigente quanto ao recomendado para coliformes totais.
Ainda, para a referida instituição de ensino, é importante ressaltar valores bastante elevados
de coliformes totais em amostras de água oriundas da terceira coleta realizada.
Na instituição de ensino E, todas as amostras de água coletadas no bebedouro
apresentaram coliformes totais, sendo esse valor bastante elevado em amostras provenientes
Resultados e discussão 113
da primeira e segunda coletas. Quando analisadas as amostras obtidas da torneira da cozinha,
aquelas provenientes da primeira e quarta coletas atenderam ao valor recomendado para água
potável, no entanto, as amostras provenientes da segunda e terceira coletas não apresentaram-
se em conformidade com a Portaria 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, além de
apresentarem valores bastante elevados de coliformes totais.
Foi verificado ainda que, das amostras de água coletadas no bebedouro e torneira da
cozinha da instituição de ensino F, apenas aquelas provenientes da quarta coleta apresentaram
ausência de coliformes totais para cada 100mL de amostra analisada. Outro fato importante
observado foi o número relativamente alto de coliformes nas amostras de água provenientes
da primeira coleta realizada, sendo ainda que, se tratando da água proveniente do bebedouro,
tal evento pode ser explicado devido à turbidez elevada de tal amostra.
Ao analisar as amostras de água provenientes da instituição G, foi observado que,
apenas as amostras provenientes da quarta coleta realizada no bebedouro e da segunda coleta
realizada na torneira da cozinha atenderam ao parâmetro recomendado pelo Ministério da
Saúde para água potável. As demais amostras analisadas destacaram-se pelo valor elevado de
coliformes, principalmente aquela proveniente da terceira coleta no bebedouro e da quarta
coleta realizada na torneira da cozinha, sendo o resultado desta última justificado por
apresentar alta turbidez.
Para as amostras de água coletadas no bebedouro da instituição de ensino H, apenas
aquela resultante da terceira coleta apresentou-se em desacordo com a legislação vigente,
sendo ainda seu valor bastante elevado, fato semelhante foi observado para as amostras de
água provindas da torneira da cozinha da instituição da referida instituição de ensino.
Foi aplicado o teste de Kruskal- Wallis para detectar a variação do número de
coliformes totais em amostras de água nos diferentes períodos de coleta. Tais resultados são
mostrados na Tabela 21.
Tabela 21- Análise de variância do número mais provável de
coliformes totais nos quatro períodos de amostragem.
Bebedouro Torneira 1ª coleta (14/12/11) 19,25 a 4,125 b 2ª coleta (19/03/12) 5,000 c 3,625 c 3ª coleta (25/06/12) 9,125 b 12,25 a 4ª coleta (26/09/12) 0,500 d 9,125 d
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).
.
Resultados e discussão 114
De acordo com a tabela 21, foi observado que as amostras de água provenientes das
quatro coletas realizadas apresentaram diferença significativa (p<0,05) entre si quando
analisado a presença de coliformes totais.
Observou-se ainda que, para as amostras de água provenientes de bebedouros na
quarta coleta realizada, as mesmas apresentaram valor médio inferior às demais coletas.
Ainda, com relação às amostras de água provenientes dos bebedouros, a primeira coleta
apresentou valor médio superior quanto à presença de coliformes totais, diferindo das demais
coletas realizadas. Já, as amostras de água referentes à terceira coleta realizada, diferiram
significativamente das demais coletas realizadas, apresentando valor médio superior apenas à
segunda coleta quanto analisada a presença de coliformes totais.
Quando analisada as amostras de água provenientes das torneiras da cozinha, foi
verificado que todas as amostras diferiram significativamente entre si, com reação ao período
de amostragem. Foi observado ainda que, as amostras referentes à terceira coleta
apresentaram valor médio de coliformes totais superior aos resultados obtidos para as demais
coletas realizadas. Já, as amostras resultantes da segunda coleta apresentaram média inferior
às demais coletas realizadas. A primeira coleta também diferiu das demais coletas realizadas
com relação ao número mais provável de coliformes totais apresentando valor médio superior
apenas em relação à segunda coleta realizada. Foi verificado ainda que, para as amostras de
água provenientes da quarta coleta realizada, as mesmas apresentaram valor médio inferior
apenas em relação à terceira coleta realizada.
No Gráfico 14 está representada a variação do número de coliformes totais presentes
em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha das instituições de
ensino infantil selecionadas para a pesquisa nos quatro períodos de coleta.
Resultados e discussão 115
Gráfico 14- Variação de coliformes totais presentes em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas.
0
5
10
15
20
25
1ª 2ª 3ª 4ª
Coletas
Co
lifo
rmes t
ota
is (
NM
P/
100 m
L)
Bebedouro
Torneira
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
� Coliformes termotolerantes- Escherichia coli
A Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011, estabelece como padrão de
potabilidade para a água destinada ao consumo humano, a ausência de bactérias do grupo dos
coliformes termotolerantes, anteriormente denominados coliformes fecais.
As doenças de veiculação hídrica transmitem-se através da ingestão de água
contaminada por micro-organismos patogênicos, eliminados nas fezes do homem e/ou
animais. Pode-se afirmar com segurança que as doenças transmitidas pela água são uma das
mais graves ameaças para a população infantil. Este grupo de doenças encontra-se entre as
cinco causas principais de óbito nos indivíduos de um a quatro anos de idade
(GERMANO; GERMANO, 2001).
Os resultados obtidos das análises das amostras de água provenientes de bebedouros e
torneiras das instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa foram apresentados
na Tabela 22.
Resultados e discussão 116
Tabela 22- Resultados das análises das amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras de oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa, com relação ao número de Escherichia coli.
Instituições de ensino
Pontos de
coleta
Escherichia coli (*NMP/100mL) 1ª
COLETA (14/12/11)
2ª COLETA (19/03/12)
3ª COLETA (25/06/12)
4ª COLETA (26/09/12)
A
Bebedouro 20 1 2 4 Torneira 14 1 2 4
B
Bebedouro 2 1 3 1 Torneira 1 0 5 0
C
Bebedouro 0 0 0 0 Torneira 0 1 4 0
D
Bebedouro 9 3 14 1 Torneira 0 2 0 3
E
Bebedouro 3 11 3 1 Torneira 2 25 0 0
F
Bebedouro 6 1 4 0 Torneira 74 1 3 0
G
Bebedouro 10 0 0 0 Torneira 0 0 0 68
H
Bebedouro 1 0 3 0 Torneira 0 0 7 1
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012. * NMP/100 mL número mais provável em 100 mL.
De acordo com a tabela 22, observou-se que, das trinta e duas amostras de água
(100%) provenientes dos bebedouros, 22 (68,750%) não atenderam ao preconizado pela
Portaria nº 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, para água potável. Já com relação às trinta
e duas amostras de água provenientes das torneiras, 18 (56,250%) não atenderam ao
parâmetro estabelecido pela legislação vigente.
Em pesquisa semelhante, Porto et al. (2011) constataram que a água de oito
estabelecimentos que compreendem uma rede de lojas fast-food situadas no Recife e região
metropolitana apresentaram água contaminada por coliforme total, sendo que uma das lojas
apresentou também contaminação por coliformes termotolerantes. Chicat, Nanni e Cezar
(2010) verificaram que a água consumida em uma região orizicola encontrava-se, de maneira
geral, contaminada com coliformes totais e termotolerantes, sendo utilizados pela população e
animais sem devido tratamento. Rocha et al. (2010) em pesquisa realizada para amostras de
água coletadas em diferentes torneiras das cozinhas e/ou cantinas das instituições de ensino de
Teixeira de Freitas verificaram que 6,25% das mesmas apresentaram positividade para
coliformes termotolerantes, conforme determinado pelo NMP. Também em trabalho
Resultados e discussão 117
desenvolvido por Silveira et al. (2011), das 124 escolas onde foram analisadas a qualidade da
água, doze apresentaram amostras positivas com relação à E. coli.
Ao contrário dos trabalhos citados anteriormente, Fernandez e Santos (2007) em
estudo realizado em escolas municipais e estaduais do Rio de Janeiro, obtiveram resultado
satisfatório quanto à condição higiênico-sanitária da água analisada. Foram analisadas 22
(100%) amostras de água que obtiveram negatividade para coliformes totais e termotolerantes
seguindo o NMP, estando, assim, dentro dos padrões estabelecidos pela Portaria nº 2.914 do
Ministério da Saúde de 2011, como recomendado para a água destinada ao consumo humano.
Campos, Farache Filho e Faria (2003) também não verificaram contaminação bacteriológica
em amostras de água provenientes da rede de abastecimento.
No Gráfico 15 estão apresentados os valores, com relação à presença de Escherichia
coli em amostras de água provenientes das coletas realizadas em bebedouros e torneiras da
cozinha das instituições de ensino selecionadas para a pesquisa.
Gráfico 15- Valores do número mais provável de Escherichia coli obtidos das análises de amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Insituições/
ColetasA A A A B B B B C C C C D D D D E E E E F F F F G G G G H H H H
1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª4ª
Esc
he
rich
ia c
oli
(NM
P/ 1
00
mL
) Bebedouro
Torneira
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
Com base no gráfico anterior, foi observado que, em todas as amostras de água
coletadas no bebedouro e torneira da cozinha da instituição de ensino A foram detectadas a
presença de Escherichia coli, sendo esse valor bastante elevado nas amostras provenientes da
primeira coleta realizada. Fato semelhante foi observado para as amostras de água coletadas
nos bebedouros das instituições de ensino B, D e E.
Resultados e discussão 118
Situação contrária foi verificada para todas as amostras de água coletadas no
bebedouro da instituição de ensino C, onde todas as amostras atenderam a exigência do
Ministério da Saúde quanto a ausência de E. coli em 100 mL de água analisada. No entanto,
quando analisado as amostras de água provenientes da torneira da cozinha da instituição de
ensino em questão, foi observada que apenas aquelas oriundas da primeira e quarta coleta
atenderam ao recomendado pela legislação vigente.
Para as amostras de água provenientes da torneira da cozinha da instituição de ensino
D, apenas aquelas resultantes da primeira e terceira coletas realizadas estavam de acordo com
o parâmetro exigido para água potável. O mesmo foi observado para as amostras de água
provenientes da torneira da cozinha da instituição de ensino E na terceira e quarta coleta
realizadas.
Para as amostras de água coletadas no bebedouro e torneira da cozinha da instituição
de ensino F, foi verificado que aquelas provenientes da quarta coleta apresentaram ausência
de Escherichia coli. Embora, seja necessário salientar o valor elevado de E.coli na amostra
proveniente da torneira da cozinha referente à primeira coleta realizada.
Analisando-se as amostras de água coletadas no bebedouro da instituição de ensino G,
foi verificado que apenas a amostra proveniente da primeira coleta não atendeu à Portaria
nº 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, sendo o mesmo valor encontrado para a amostra
proveniente da quarta coleta realizada na torneira da cozinha da referida instituição de ensino,
sendo ainda que tal amostra apresentou valor bastante acima do recomendado.
As amostras de água provenientes da segunda e quarta coletas realizadas no
bebedouro, bem como as amostras oriundas da primeira e segunda coletas realizadas na
torneira da cozinha da instituição de ensino H apresentaram ausência de E.coli, estando em
conformidade com o recomendado para água destinada ao consumo público.
O teste de Kruskal-Wallis, a 5% de significância, foi efetuado com o objetivo de
identificar a existência de diferença significativa, com relação à presença de Escherichia coli
em diferentes períodos de amostragem da água.
As amostras de água provenientes das torneiras da cozinha, não apresentaram
diferença significativa quando analisada a presença de E.coli nos diferentes períodos de
amostragem.
Os valores resultantes do teste de Kruskal-Wallis para presença de coliformes
termotolerantes em amostras de água provenientes de torneiras da cozinhas das instituições de
ensino infantil selecionadas para a pesquisa, em diferentes períodos de amostragem, estão
apresentados na tabela 23.
Resultados e discussão 119
Tabela 23- Análise de variância do número mais provável de Escherichia coli em amostras de água coletadas em diferentes períodos.
Bebedouro 1ª coleta (14/12/11) 6,25 a
2ª coleta (19/03/12) 2,12 c
3ª coleta (25/06/12) 3,62 b
4ª coleta (26/09/12) 0,87 d
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).
Baseado na tabela 23, verificou-se que as amostras de água coletadas em bebedouros
das instituições de ensino infantil selecionadas para estudo, diferiram significativamente entre
si quanto à presença de Escherichia coli quando analisado o período de coleta realizada.
Observou-se ainda que as amostras de água referentes à primeira coleta realizada
diferiram significativamente das demais coletas realizadas e apresentaram valor médio
superior de número mais provável de E. coli quando comparado com os valores obtidos das
demais coletas realizadas. Já, as amostras de água, referentes à quarta coleta realizada,
apresentaram diferença significativa com relação às demais coletas, apresentando ainda, valor
médio inferior a estas quando analisado a presença de Escherichia coli.
A segunda coleta diferiu significativamente das demais coletas realizadas,
apresentando valor médio superior à quarta coleta e inferior às demais coletas com relação ao
número mais provável de coliformes termotolerantes presentes em 100 mL da amostra de
água analisada.
Com relação à terceira coleta, a mesma apresentou diferença significativa (p<0,05) em
relação às demais coletas quando analisada a presença de coliformes do gênero Escherichia
coli nas amostras de água, apresentando valor médio superior somente em relação à quarta
coleta realizada.
No Gráfico 16 estão apresentados os resultados referentes à variação do número de
coliformes termotolerantes em amostras de água coletadas em bebedouros das instituições de
ensino infantil em diferentes períodos de amostragem.
Resultados e discussão 120
Gráfico 16- Variação de coliformes termotolerantes presentes em amostras de água provenientes de bebedouros das oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa ao longo das quatro coletas realizadas.
0
1
2
3
4
5
6
7
1ª 2ª 3ª 4ª
Instituições
de ensino
Es
ch
eri
ch
ia c
oli
(N
MP
/10
0m
L)
Bebedouro
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.
De acordo com o gráfico anteriormente apresentado, foi observado que as amostras de
água provenientes dos bebedouros das instituições de ensino selecionadas para a pesquisa,
àquelas referentes à primeira coleta apresentaram valor superior às demais coletas realizadas,
enquanto que as amostras de água referentes à quarta coleta apresentaram valor inferior
quanto ao número mais provável de Escherichia coli.
Conclusão
121121
6 CONCLUSÃO
A realização desta investigação possibilitou atingir os objetivos propostos
inicialmente, sendo possível apontar as seguintes conclusões:
Quanto à qualidade física da água consumida pela comunidade escolar das
instituições de ensino infantil investigadas
• Para os parâmetros turbidez e cor aparente, todas as amostras de água analisadas
apresentaram- se em conformidade com o padrão determinado pela Portaria nº 2.914
de 2011 do Ministério da Saúde.
Quanto à qualidade química da água consumida pela comunidade escolar das
instituições de ensino infantil investigadas
• Todas as amostras de água analisadas apresentaram valores de pH no intervalo de
6,0 -9,5, atendendo o recomendado pela legislação vigente para água potável.
• Com relação à concentração de cloro residual livre, todas as amostras apresentaram
valor inferior ao máximo permitido pela legislação (2,0 mg L-1). No entanto, 40,625%
das amostras de água não atenderam ao valor mínimo exigido de 0,2 mg L-1, sendo o
resultado mais agravante encontrado para a instituição de ensino A, onde todas as
amostras coletadas não atenderam aos valores mínimos recomendado pela legislação.
• Quando analisada a concentração de metais, 68,75% das amostras de água referentes à
primeira coleta (14/12/2011) apresentaram teor de cromo acima do permitido pela
Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde, de 2011. Já, para as amostras referentes à
segunda coleta (19/03/12), 50% das mesmas apresentaram concentração de cromo e
manganês acima do permitido e 25% apresentaram teor de chumbo acima do
recomendado para a água potável. Quanto aos resultados obtidos para a terceira coleta
realizada (25/06/12), 31,25% das amostras de água analisadas estiveram fora do
padrão estabelecido para concentração de cromo, sendo fato mais preocupante com
relação aos teores de cádmio, onde todas as amostras apresentaram valores acima do
recomendado pelo Ministério da Saúde. Para as amostras de água referentes à quarta
coleta (26/09/12), 50% não atenderam ao padrão permitido para concentração de Cr e
Conclusão
122122
todas as amostras estiveram acima do valor máximo permitido para concentração de
Cd. Complementando ainda as informações apresentadas, todas as amostras de água
oriundas da instituição C apresentaram-se em desacordo com a legislação vigente
quanto à concentração máxima de cromo exigida para a água potável.
Quanto à qualidade microbiológica da água consumida pela comunidade escolar
das instituições de ensino infantil investigadas
• Foi identificada a presença de coliformes totais em 68,75% das amostras de água
analisadas, sendo ainda que, todas as amostras de água provenientes dos bebedouros e
torneiras da instituição de ensino A apresentaram valores inaceitáveis para coliformes
totais, não atendendo ao recomendado pelo Ministério da Saúde.
• Outro fato relevante observado foi em relação à variação do número mais provável de
coliformes totais presentes nas amostras analisadas ao longo das quatro coletas
realizadas; das amostras provenientes da primeira coleta, 75% das mesmas
apresentaram a presença de coliformes totais, esse valor foi alterado para 93,75% na
segunda coleta, diminuindo para 68,75% na terceira coleta e chegando aos 37,5% na
quarta coleta realizada. Tal diminuição no valor do número de coliformes totais pode
ser justificado pelo fato de a quarta coleta ter sido realizada na data de 26/09/212, após
o período da limpeza dos reservatórios d’água, a qual se deu em período de recesso
escolar (julho/2012).
• Quanto à presença de Escherichia coli, 65,625% das amostras estiveram em desacordo
com o recomendado pela legislação para a água potável. Na primeira coleta (14/12/11)
e terceira coleta (25/06/12) foram identificadas a presença de E. coli em 68,75% das
amostras de água analisadas. O valor elevou-se para 75% na segunda coleta, reduzindo
para 50% na quarta coleta realizada.
• Ainda com relação à presença de coliformes termotolerantes, é importante ressaltar o
comprometimento de todas as amostras de água provenientes da instituição de ensino
A, tal fato pode ser justificado pelo fato de tais amostras apresentarem valores de cloro
residual livre abaixo do valor mínimo exigido pela legislação.
Conclusão
123123
O presente estudo foi realizado em instituições de ensino infantil, cujo compromisso é
oferecer, além de formação educacional, segurança aos alunos por meio de uma infra-
estrutura adequada, com limpeza e condições adequadas de higiene e alimentação.
A avaliação da qualidade da água deve ser feita de forma integrada, considerando-se o
conjunto das informações de caráter físico, químico e microbiológico. Os diversos parâmetros
aqui apresentados constituem instrumentos de avaliação que podem ser agrupados para
contemplar as características mais relevantes da qualidade da água de abastecimento público.
De modo geral, os estudos revelam a necessidade de se manter um sistema de
monitoramento e controle para a adequada vigilância da qualidade da água destinada ao
consumo de escolares.
Referências 124 ___________________________________________________________________________
REFERÊNCIAS AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY - ATSDR. Departament of Health and Human Services. Public Health Statement Asbestos, 2001. 9p. Disponível em: < http://www.atsdr.cdc.gov/ToxProfiles/tp61-c1-b.pdf>. Acesso em: 10 out. 2012.
______. ______. Toxicological profile for aluminum, 2008. 9p. Disponível em: <http://www.atsdr.cdc.gov/toxprofiles/tp22.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2012.
______. ______. Toxicological profile for lead. Atlanta, GA, 2007. Disponível em: <http://www.atsdr.cdc.gov/ToxProfiles/tp13.pdf>. Acesso em: 29 dez. 2012.
ALLOWAY, B. J. Soil processes and behavior. In: ALLOWAY, B. J. (Ed.) Heavy Metals in Soils. 2. ed. New York: John Wiley, 1995. p. 11 – 37.
ALVES, R. I. S. da et al. Avaliação das concentrações de metais pesados em águas superficiais e sedimentos do Córrego Monte Alegre e afluentes, Ribeirão Preto, SP, Brasil. Ambi- Água, Taubaté, v. 5, n. 3, p. 122-132, 2010.
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (ALPHA). Standard methods for the examination of water and wastewater. 15. ed. New York, 1998. 1134p.
ANDREAZZI, M. A. R; BARCELLOS, C; HACON, S. Velhos indicadores para novos problemas: a relação entre saneamento e saúde. Revista Panamericana de Salud, Rio de Janeiro, v. 22, n. 3, p. 211-217, 2007.
ARAÚJO, G. F. R. de et al. Qualidade físico-química e microbiológica da água para consumo humano e a relação com a saúde: estudo em uma comunidade rural no estado de São Paulo. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 35, n. 1, p. 98-104, 2011.
AUGUSTO, L. G. S. da et al. O contexto global e nacional frente aos desafios do acesso adequado à água para consumo humano. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 6, p. 1511-1522, jun. 2012.
BAIRD, C.; CANN, M. Environmental chemistry. New York: W.H. Ferman and Company, 1995. 484 p.
BAIRD, C. Química Ambiental. 2. ed. São Paulo: Bookman, 2002. 622 p.
Referências 125 ___________________________________________________________________________
BARCELLOS, C. M. et al. Avaliação da qualidade da água e percepção higiênico-sanitária na área rural de Lavras, Minas Gerais, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 9, p. 1967-1978, 2006.
BASTOS, M. F. C. S. de. A neurotoxicidade do alumínio e sistemas neuronais de fosforilação. 2007. 220 f. (Doutorado em Biologia)- Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Nova Lisboa, 2007.
BHARATHI, et al. Molecular toxicity of aluminium in relation to neurodegeneration. Indian J Med Res, v. 128, n. 4, p. 545-556, 2008 BRAGA, Jr. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Prentice Hall, 2002.
BRASIL. Resolução nº 357 de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões e lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Braília, DF, 18 mar. 2005. n. 53, p. 58-63. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2012.
______. Resolução nº 430 de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamentos de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357 de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 maio 2011a. n. 92, p. 89. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646>. Acesso em: 30 jul. 2012.
______. Portaria nº 1.469 do Ministério da Saúde. Aprova o padrão de potabilidade da água de consumo humano e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29 de dezembro de 2000.
______. Portaria nº. 518 do Ministério da Saúde. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 de Março de 2004.
______. Portaria nº. 2.914 do Ministério da Saúde. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 de dezembro de 2011b.
BRIDGEN, K.; STRINGER, R.; LABUSKA, I. Poluição por organocloratos e metais pesados, associada ao fundidor de ferro da Gerdau em Sapucaia do Sul. Rio Grande do Sul: Greenpeace, 2000.
Referências 126 ___________________________________________________________________________
BRIGATE, J.; ESPÍNDOLA, G. L. E. Liminologia fluvial: um estudo no rio Mogi-Guaçu- São Carlos. RIMA, 2003. 278 p.
CABRAL, C. C. Revogada Portaria MS nº 518/2004 que estabelecia parâmetros para o controle da qualidade da água para consumo humano. Canal VG, 22 nov. 2012. Disponível em: <http://www.canalvg.com.br/index.php/canalvg/descricao/geral/1/REVOGADA+PORTARIA+MS+N%C2%BA+5182004+QUE+ESTABELECIA+PAR%C3%82METROS+PARA+O+CONTROLE+DA+QUALIDADE+DA+%C3%81GUA+PARA+CONSUMO+HUMANO.html>. Acesso em: 24 nov. 2012.
CAMPOS, J. A. D. B; FARACHE FILHO, A.; FARIA, J. B. Qualidade da água armazenada em reservatórios domiciliares: parâmetros físico- químicos e microbiológicos. Alimentos e Nutrição, Araraquara, v. 14, n. 1, p. 63-67, 2003.
CAMPOS, I. M. Esquema de funcionamento e dimensionamento da instalação de água fria em residências, 2007. Disponível em: <www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=27&Cod=118>. Acesso em: 25 nov. 2012.
CANDURRA, S. M. et al. Occupational poisoning with psychiatric manifestations. Giornale Italiano di Medicina del Lavoro ed Ergonomia, Pavia, v. 22, n. 1, p. 52-61, 2000.
CASALI, C. A. Qualidade da água para consumo humano em escolas e comunidades rurais da região central do Rio Grande do Sul. 2008. 173 f. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo)- Centro de Ciências Rurais, Universidade de Santa Maria, Santa Maria, 2008.
CHAKRABARTY, S.; SARMA, H. P. Heavy metal contamination of drinking water in Kamrup district, Assam India. Environmental Monitoring and Assessment, New York, v. 179, n. 1, p. 479-486, 2010.
CHICATI, M. L.; NANNI, M. R,; CEZAR, E. Indicadores físico-químicos e bacteriológicos da qualidade da água para consumo humano e animal em área orizicola irrigada. Agropecuária Técnica, Paraíba, v. 31, n. 2, p. 126-133, 2010.
CENTRO OPERACIONAL DE DESENVOLVIMENTO E SANEAMENTO DE UBERABA- CODAU. Projeto de recuperação ambiental da Bacia do Rio Uberaba e revitalização do sistema de abastecimento de água: Relatório de avaliação ambiental. Uberaba: CODAU, fev. 2005. 426p.
Referências 127 ___________________________________________________________________________
COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO- CETESB. Avaliação da qualidade das águas de São Paulo. São Paulo: Diretoria de Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia, 1995. 94 p.
______. Índice de Qualidade das águas, 2008. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov>. Acesso em: 02 mar. 2012.
______.Variáveis de Qualidade das águas, 2006. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/agua/aguas-superficiais/109-variaveis-de>. Acesso em: 13 out. 2011.
CONCEIÇÃO, F. T. et al. Hidrogeoquímica do Aqüífero Guarani na Área urbana de Ribeirão Preto (SP). Geocências, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 65-77, 2009.
CONEZA-VITORIA, V.F. Guia metodologica para la evaluación del impacto ambiental. 3. ed. Madrid: Ediciones Mundi-Prensa, 1998. 412p.
CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL- COPAM. Estabelece normas e padrões de para a qualidade das águas, lançamento de efluentes nas coleções de águas, e dá outras providências. Deliberação normativa n.10 de 16 de dezembro de 1986. Lex: Disponível em:<http//www.feam.br/normas_ambientais/deliberacoes_normativas/1986/dn_copam10-86.PDF>. Acesso em: 06 mai. 2013.
COPI. E. Caracterização físico-química e determinação de metais pesados em resíduos sólidos provenientes do processo de lodo ativado. 2001. 64 f. Dissertação (Mestrado em Química Analítica) – Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2001.
DI BERNARDO, L; DANTAS, A. D. B. Métodos e técnicas de tratamento de água. 2. ed. São Carlos: RIMA, 2005.
EDWARDS, M.; SCARDINA, P.; MCNEILL, L.S. Enhanced Coagulation Impacts on Water Treatment Plant Infrastructure. Awwa Research Foundation, London, v. 22, n. 10, p. 1-10, 2003.
ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY - EPA. 2001 update of ambient water quality criteria for cadmium. Washington: Office Water, 2001. 159p. Disponível em: <http://www.epa.gov/waterscience/criteria/aqualife/cadmium/cad2001upd.pdf >. Acesso em: 25 mai. 2011.
Referências 128 ___________________________________________________________________________
________. Method 3005A: Acid Digestion of Waters for Total Recoverable or Dissolved Metals for Analysis by FLAA or ICP Spectroscopy, 1992. Disponível em: < http://www.epa.gov/epaoswer/hazwaste/test/3_series.htm>. Acesso em: 27 mai. 2011.
EZZATI, M. et al. Environmental risks in the developing world: exposure indicators for evaluating interventions, programmes, and policies. J Epidemiol Community Health, Boston, v. 59, n. 1, p. 15-22, 2005.
FARIAS, M. S. S. de et al. Riscos sociais e ambientais devido a presença de metais pesados nas águas superficiais no distrito industrial de Mangabeira. QUALIT@S Revista Eletrônica, [S.l.], v. 6, n. 2, 2007.
FEREIRA- FILHO, S. S.; SAKAGUTI, M. Comportamento cinético do cloro livre em meio aquoso e formação de subprodutos da desinfecção. Engenharia Ambiental Sanitária, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 198-206, 2008.
FERNANDEZ, A. T.; SANTOS, V. C. Avaliação de parâmetros físico-químicos e microbiológicos d’água de abastecimento escolar, no município de Silva Jardim, RJ. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 21, n. 154, p. 93-98, 2007.
FREITAS, M. B.; BRILHANTE, O. M.; ALMEIDA, L. M. Importância da análise da água para a saúde pública em duas regiões do Estado do Rio de Janeiro: enfoque para coliformes fecais, nitrato e alumínio. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 651- 660, 2002.
FREITAS, M. B.; FREITAS, C. M. de. A vigilância da qualidade da água para consumo público- desafios e perspectivas para o Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4. Out./ dez. 2005.
GERMANO, P. M. L; GERMANO, M. I. S. A água: um problema de segurança nacional. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.15, n. 90/91, p.15-18, dez. 2001.
GIRALDI, R. Relatório da ONU alerta que água poluída mata mais do que todos os tipos de violência. Revista Cidadania & Meio Ambiente, Rio de Janeiro, ano V, n. 26, mar. 2010. Disponível em: <http//: http://www.ecodebate.com.br/2010/03/23/relatorio-da-onu-alerta-que-agua-poluida-mata-mais-do-que-todos-os-tipos-de-violencia/>. Acesso em: 20 out. 2012.
GOHRINGER, S. S. Uso urbano e não potável de efluentes de Estações de Tratamento de Esgoto Sanitário: estudo de caso no município de Campo Largo- PR. 2006. 238 f. Dissertação (Mestrado em Gestão Urbana)- Pontífica Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2006.
Referências 129 ___________________________________________________________________________
GOURIER- FRÉRY, C.; FRÉRY, N. Aluminium. EMC-Toxicologie Pathologie, [S.l.], v.1, p.79–95, 2004.
GRIGOLETTO, T. L. B. et al. Fatores químicos e físicos que afetam a contaminação por chumbo e cobre em água potável: uma abordagem para o estudo de caso em química analítica. Química Nova, São Paulo, v. 35, n. 10, p. 1-7, 2012.
HAZARDOUS SUBSTANCES DATA BANK- HSDB. Copper. In: TOMES CPSTM SYSTEM. Toxicology, occupational medicine and environmental series. Englewood: Micromedex, 2000 CD-ROM.
HEALTH CANADA. Aluminum, 1998. Disponível em <http://www.hc-sc.gc.ca/ewh-semt/alt_formats/hecs-sesc/pdf/pubs/water-eau/aluminum/aluminum-eng.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2012.
HÊNIO, M. A importância da água. Gazetaweb.com, Alagoas, 20 mar. 2011. Disponível em: <http://gazetaweb.globo.com/noticia.php?c=227602&e=19>. Acesso em: 26 nov. 2012.
HRUDREY, S. E. Chlorination disinfection by- products, public health risk tradeoffs and me. Water Research, Canadá, v. 43, n. 8, p. 2057-2092, 2009.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Estudos e Pesquisas. In: Indicadores de Desenvolvimento Sustentável. n. 7. Rio de Janeiro: IBGE, 2010a. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/ids2010.pdf>. Acesso em: 10 out. 2012.
______. IBGEcidades@, 2010b. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=317010>. Acesso em: 27 nov. 2012.
JESUS, H. C. de et al. Distribuição de metais pesados em sedimentos do sistema estuarino da Ilha de Vitória-ES. Química Nova, São Paulo v. 27, n. 3, p. 378-386, maio/jun. 2004.
JULIÃO, F. C. Avaliação das condições microbiológicas e físico-químicas da água de reservatório domiciliar e predial: importância da qualidade dessa água no contexto da saúde pública. 2011. 157 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2011.
Referências 130 ___________________________________________________________________________
KOGEVINAS, M.; VILLANUEVA, C. M. Carcinogenicity of disinfection by-products in humans: epidemiological estudies. Hardcover, Paris, v. 15, n. 286, p. 1-19, 2011.
LEE, L.; HELSEL, D. Baseline models of trace elements in major aquifers of the United States. Applied Geochemistry, [S.l], v. 20, n. 8, p. 1560- 1570, 2005.
LIMA, V. L. A. de; CHAVES, L. H. G. Qualidade da água. In: LIMA, V. L. A. de; BARACUHY, J. G. de V.; MEIRA FILHO, A. S. da. A qualidade da água. 1. ed. Campina Grande: Gráfica Agenda, 2008. cap. 1, p. 12-23.
LYTLE, D. A.; SCHOCK, M. R. Impact os stagnation time on metal dissolution from plumbing materials in drinking water. Journal of Water Supply: Research and Technology Aqua, London, v. 49, p. 243-257, 2000.
MACÊDO, J. A. B. de. Águas & águas. Belo Horizonte: CRQ-MG, 2004. 977p.
MALLUCHE, H. H. Aluminium and bone diease in chronic renal failure. Nephorology Dalysis Transplantation, [S.l.], v. 17, n. 2, p. 21-24, USA, 2002.
MARCONDES, D. O Brasil tem 12% da água doce do planeta, abr. 2010. Disponível em: < http://www.portalodm.com.br/o-brasil-tem-12-da-agua-doce-do-planeta--n--338.html>. Acesso em: 26 nov. 2011.
MARTINS, Melissa. Relatório divulgado pela ONU mostra realidade desconhecida. Agência toque da ciência, [S.l], 28 abr. 2010. Disponível em: <http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/projetos/agencia/index.php/publicacoes/arquivos/79-relatorio-divulgado-pela-onu-mostra-realidade-desconhecida > Acesso em: 10 julho 2012.
MASSABNI, A. C. Os metais e a saúde humana - parte I. Blog Chemkeys, 29 out. 2009. Disponível em:< http://www.chemkeys.com/blog/2009/10/29/os-metais-e-a-saude-humana-parte-1/> Acesso em: 25 mai. 2011.
MATTOS, M. L. T.; SILVA, M. D. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Controle da qualidade microbiológica das águas de consumo na Microbacia Hidrográfica Arroio Passo do Pilão. Pelotas, 2002.
McBRIDE, M. B. Environmental chemistry of soils. New York: Oxford University, 1994. 406p.
Referências 131 ___________________________________________________________________________
McNEIL, V. H.; COX, M.; PREDA, M. Assessment of chemical water types and their spatial variation using multi-stage cluster analysis. Journal of Hydrology, [S.l], v. 310, n. 1-4, p.181-200, 2005.
MERIAN, E.; CLARKSON, T. W. Metals and their compounds in environment: occurrence, analysis and biological relevance: occurrence, analysis, and biological relevance. Weinheim: VCH, 1991. 1438p.
MEYER, S.T. O uso do cloro na desinfecção de águas, a formação de trihalometanos e os riscos potenciais à saúde púbica. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 99-100, 1994.
MERKEL, T. H. et al. Copper corrosion by products release in long-term stagnation experiments. Water Research, St Louis, v. 36, p. 1547-1555, 2002.
MINAS GERAIS. Lei n. 13.199, de 29 de janeiro de 1999. Dispõe sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos e dá outras providências, 1999. Lex: Disponível em: <http://www.igam.mg.gov.br/legis/est/lei_13199.doc>. Acesso em: 06 mai. 2013.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fundação Nacional de Saúde. Potencial fatores de risco à saúde decorrentes da presença de subprodutos de cloração na água utilizada para consumo humano: relatório técnico. Brasília: FUNASA, 2006a. 125p.
______. Secretaria de Atenção à Saúde; Departamento de Educação Básica. Saúde da criança: Nutrição Infantil- Aleitamento Materno e Alimentação Complementar, Brasília: Ministério da Saúde, 2009a. 111p.
______. Secretaria de Vigilância em Saúde; Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Programa Nacional em Saúde Ambiental relacionada à Qualidade da água para consumo humano, Brasília: Ministério da Saúde, 2004. p.1-43, 2004. Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/programa_vigiagua.pdf>. Acesso em: 04 nov. 2012.
______. Secretaria de Vigilância em Saúde; Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano, Brasília: Ministério da Saúde, 2006b. p. 1-213, 2006a. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/vigilancia_controle_qualidade_agua.pdf>. Acesso em: 08 nov. 2012.
______. Secretaria de Vigilância em Saúde; Departamento de Análise de Situação em Saúde. Saúde Brasil 2008: 20 anos de Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. 2. ed. Brasília:
Referências 132 ___________________________________________________________________________
Ministério da Saúde, 2009b. 416 p. Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/saude_brasil_2008_web_20_11.pdf>. Acesso em: 05 nov. 2012.
______. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boas Práticas no Abastecimento de Água: Procedimentos para a minimização de riscos à saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006c. 252p. (Série A, Normas e Manuais Técnicos). Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boas_praticas_agua.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2012.
MONTGOMERY, J. Water treatment: principles and design. 2. ed. New York: John Wiley & Sons, 2005. 1948 p.
NATIONAL ENVIRONMENTAL HEALTH FORUM- Aluminium: Report of an International Meeting. Australin National Environmental Health Forum, n. 1, 1998. 62p.
NIEUWENHUIJSEN, M. J.; TOLEDANO, M. B.; ELLIOTT, P. Uptake of chlorination disinfection by- products; a review and a discussion of its implications for exposure assessment in epidemiological studies. Journal of Exposure Science & Environmental Epidemiology, London, v. 10, n. 6, p. 586-599, 2000.
NIKAIDO, M. et al. Analysis of bacteria, parasites, and heavy metals in lettuce (lactuca sativa) and rocket salad (eruca sativa l.) irrigated with treated effluent from a biological wastewater treatment plant. Biological Trace Element Research, [S.l], v. 134, n.3, p. 342-351, 2010.
OLIVEIRA, A. S. da et al. Qualidade da água para consumo humano distribuída pelo sistema de abastecimento público em Guarabira- PB. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustável, Mossoró, v. 7, n. 2, p. 199-205, abr./jun., 2012.
OLIVEIRA, C. N.; CAMPOS, V. P.; MEDEIROS, Y. D. P. Avaliação e identificação de parâmetros importantes para a qualidade de corpos d’água no semiárido baiano. Estudo de caso: Bacia hidrográfica do Rio Salitre. Química Nova, São Paulo, v. 33, n. 5, p. 1059-1066, 2010.
ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD- OPS. La salud y el ambiente en el desarrollo sostenible. Publicación Científica.Washington: OPS, n. 572, 2000. 298p.
PARASHAR, C. et al. Multivariate analysis of drinking water quality parameters in Bophal, Índia. Environmental Monitoring and Assessment, New York, v. 140, p. 119-122, 2008.
Referências 133 ___________________________________________________________________________
PEREIRA, R. S. Identificação e Caracterização das Fontes de Poluição em Sistemas Hídricos. Revista Eletrônica de Recursos Hídricos, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 20-36, 2004.
PORTAL DA SAÚDE. Vigiágua. Apresenta informações sobre orientação e prevenção, ações e programas, comunicação, legislação, redes sócias, SUS. Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1255>. Acesso em: 05 nov. 2012.
PORTO, M. A. L. et al. Coliformes em água de abastecimento de lojas fast- food da região metropolitana de Recife (PE, Brasil). Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 5, p. 2653-265, 2011.
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO – PNUD. Notícias. Universalizar saneamento requer US$ 10 bi por 20 anos. Disponível em: < http: //www.pnud.org.br/noticias/impressão.php?ido1=2868 > Acesso em: 10 julho 2012.
RAJARATNAM, G.; WINDER, C.; AN, M. Metals in drinking water from new housing estates in the Sydney area. Environmental Research, New York, v. 89, p. 165-170, 2002, section A.
______. Panorama da água doce no Brasil. In: REBOUÇAS, A. C. (Org.). Panorama da degradação do ar, da água doce e da terra no Brasil. São Paulo: IEA/ USP; Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 1997, p.59-107.
RIBEIRO, E. V. et al. Metais pesados e a qualidade da água do Rio São Francisco no segmento entre Três Marias e Pirapora- MG. Belo Horizonte, Genomos, v. 20, n. 1, p. 49-63, 2012.
RIBEIRO, M. C. M. Nova Portaria de potabilidade de água: Busca de consenso para viabilizar a melhoria da qualidade de água potável distribuída no Brasil. Revista DAE, São Paulo, n. 189, p. 8-14, maio./ago. 2012.
RICHARDSON, S. D. Desinfection by- products and other emerging contaminants in drinking water. TrAC, [S.l], v. 22, n. 10, p. 666-684, 2003.
RICHTER, C. A.; AZEVEDO NETTO, J. M. de. Tratamento de água: tecnologia atualizada. São Paulo: Edgard Blucher, 2002. 332p.
RICKARD, A. et al. Bacterial coaggregation: an integral process in the development of multi-species biofilms. Trends microbiology, New York, v. 11, n. 2, p. 94-100, 2003.
Referências 134 ___________________________________________________________________________
ROCHA, E. S. et al. Análise microbiológica da água de cozinhas e/ ou cantinas das instituições de ensino do município de Teixeira de Freitas (BA). Revista Baiana de Saúde Pública, [S.l.], v. 34, n. 3, p. 694-705, 2010.
ROCHA, J. C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à Química Ambiental. 2ed. Porto Alegre: Bookmam, 2009. 154p.
RONDEAU, V. et al. Aluminum and silica in drinking water and the risk of Alzheimer’s disease or cognitive decline: findings from 15- year follow-up of the PAQUID cohort. American Journal of Epidemiology, v. 169, n. 4, p. 489-496, 2008.
ROSA, M. J.; VIEIRA, P.; MENAIA, J. Instituto Regulador de Águas e Resíduos- Laboratório acional de Engenharia Civil. O tratamento de água para consumo humano face à qualidade da água de origem. Lisboa: Instituto Regulador de Águas e Resíduos, 2009. 66p. Disponível em: <http://www-ext.lnec.pt/projects2013/fr-obp/pdf/Guia_Tecnico_13.pdf>. Acesso em: 12 out. 2012.
ROSALINO, M. R. R. Potenciais efeitos da presença de alumínio na água de consumo humano. 2011. 85 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia do Ambiente) - Universidade Nova de Lisboa, 2011.
RUIPING, L, et al. Optimization of cholorine- based disinfection for the control of disinfection by products formation and COD (Mn): A case study. Chemical Engineering Journal, v. 197, p. 116-122, 15 jul. 2012.
SABINO, C. V. S. de. et al. Análise de alguns aspectos da qualidade da água da Bacia do Rio Paraopeba utilizando estatística multivariada. Revista de Biologia e Ciências da Terra, Paraíba, v. 8, n. 2, p. 6-18, 2º sem. 2008.
SALGADO, S. R. T. Estudo dos parâmetros do decaimento de cloro residual em sistema de distribuição de água tratada considerando vazamento. 2008. 145 f. Dissertação (Mestrado em Hidráulica e Saneamento)- Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
SANCHES, S. M. et al. Presença da toxina microsistina em água, impactos na saúde pública e medidas de controle. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, São Paulo, v. 33, n. 2, p. 181-187, 2012.
______. Qualidade da água de abastecimento público de Ribeirão Preto em área de abrangência do aquífero Guarani: determinação de metais e nitrato. Revista Ambiente & Água, Taubaté, v. 5, p. 202-216, 2010.
Referências 135 ___________________________________________________________________________
SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO - Sabesp. Qualidade da água. Disponível em: <http://www.sabesp.com.br/Calandraweb/CalandraRedirect/?Proj=sabesp&Pub=T& Temp=0>. Acesso em: 10 dez. 2012.
SANTOS, S. M. dos.; GOUVEIA, N. Presença de trialometanos na água e efeitos adversos na gravidez. Revista Brasileira Epidemiol, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 106-119, 2011.
SCANDOLERA, A. J. et al. Avaliação de parâmetros químicos, microbiológicos e parasitológicos de águas de abastecimento da UNESP e residuária, no município de Jaboticabal, Estado de São Paulo. Semina: CI. Agrárias, Londrina, v. 22, n. 1, p. 83-91, jan./jun. 2011.
SCHOCK, M. R.; NEFF, C. H. Trace metal contamination from Brass Fittings. Journal of the American Water Works Association, Denver, v. 80, p. 47-56, 1988.
SCORSAFAVA, M. A. et al. Avaliação físico-química da qualidade de água de poços e minas destinada ao consumo humano. Revista do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, v. 69, n. 2, p. 229-232, 2010.
SCURACHIO, P. A.; FARACHE FILHO, A. Qualidade da água utilizada para consumo em escolas no município de São Carlos – SP. Alimentos e Nutrição, Araraquara, v. 22, n. 4, p. 641-647, out./dez. 2011.
SEGURA-MUÑOZ, S. I. et al. Metales pesados en agua de bebedores de presión. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, Caracas, v. 53, n. 1, p. 59-64, 2003.
SIMPSON, K. L.; HAYES, K. P. Drinking water disinfection by- products: an Australian perspective. Water Research, [S.l], v. 32, n. 5, p. 1522-1528, 1998.
SINGER, P. C. Humic substances as precursors for potentially harmful disinfection buy- products. Water Science and Technology, USA, v. 40, n. 9, p. 25-30, 1999.
SILVA, G. G. et al. Tratamento de água de reservatórios por dupla filtração, oxidação e adsorção em carvão ativado granular. Eng Sanit Ambient, v.17, n.1, p.71-80, jan./mar. 2012.
SILVEIRA, J. T. et al. Avaliação de parâmetros microbiológicos de potabilidade em amostras de água provenientes de escolas públicas. Revista do Instituto Adolfo Lutz, [S.l.], v. 70, n. 3, p. 362-367, 2011.
Referências 136 ___________________________________________________________________________
SIQUEIRA, L. P. et al. Avaliação microbiológica da água de consumo empregada em unidades de alimentação. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 62-66, 2010.
SMITH, E.; KOMOS, S. E. Tap water quality and performance of point-of-use treatment devices in Cairo. Egypt Water Environ J, [S.l.], v. 23, p. 119-127, 2009.
TAVARES, D. S. et al. Qualidade da águas de bicas localizadas nos municípios de Santos e São Vicente, Estado de São Paulo. Revista do Instituto Adolfo Lutz, [S.l.], v. 68, n. 2, p. 237-244, 2009.
TEIXEIRA, J. C.; LEAL, F. C. T. Desafios no controle de doenças de veiculação hídrica associadas ao tratamento e ao abastecimento de água para o consumo humano. In: VI Simpósio Ítalo- brasileiro de Engenharia Sanitária em Ambiental, 6., 2002, Vitória. Anais... Espírito Santo: ABES, 2002. p. 1-5.
______; GUILHERMINO, R. L. Análise da associação entre saneamento e saúde nos estados brasileiros, empregando dados secundários nos estados brasileiros, empregando dados secundários do banco de dados indicadores e dados básicos para saúde 2003 – IDB. Rev Engenharia Sanitária e Ambiental, [S.l.], v. 11, n. 3, 2006.
TOMAZELLI, A. C. Estudo comparativo das concentrações de cádmio, chumbo e mercúrio em seis bacias hidrográficas do estado de São Paulo. 2003. 124 f. Tese (Doutorado em Biologia Comparada) - Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Departamento de Biologia, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2003.
TONANI, K. A. A. Identificação e quantificação de metais pesados, parasitas e bactérias em esgoto bruto e tratado da Estação de Tratamento de Esgoto de Ribeirão Preto. 2008. 197 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
TORRES, D. A. G. V. et al. Giardíase em creches mantidas pela prefeitura do município de São Paulo, 1982/1983. Rev. Inst. Med. Trop., São Paulo, v. 33, p. 137- 141, 2000.
TSAI, L. S. et al. Chlorination of poultry chiller water: chlorine demand and disinfection efficiency. Poult Sci Jan, [S.l.], v. 71, n. 1, p. 188-196, 1992.
TUNDISI, J. G. Águas doces no Brasil: Capital ecológico, uso e conservação. São Paulo: Editora Escrituras, 1999. Cap. 1, p. 1-37.
Referências 137 ___________________________________________________________________________
______; REBOUÇAS, A. C.; BRAGA, B. Águas doces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação. 2. ed. São Paulo: Editora Escrituras, 2002. 704p.
UMBUZEIRO, G. A. et al. Subsídios para a legislação nacional de água para consumo humano. Revista Abes, São Paulo, n. 20, p. 41, 2010.
UNIVERSIDADE DA ÁGUA- UNIÁGUA. Água no Planeta, 2010. Disponível em: <http://www.uniagua.org.br/aguanoplaneta.htm>. Acesso em: 28 mar. 2012.
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY -USEPA. 2006 Edition of the Drinking Water Standards and Health Advisories, Washington: Office of Water, U.S. Environmental Protection Agency, ago. 2006. 18p.
______. Guidance Manual for Compliance with the interim Enhanced Surface Water Treatment Rule: Turbidity Provisions, Washington: Office of Water, U.S. Environmental Protection Agency, abr. 1999. 216p.
UN WATER. Un- Water Statement on Water Quality, 22 mar. 2010. Disponível em: < http://www.unwater.org/downloads/unw_wwd_statement1.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2012.
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade da águas e do tratamento de esgotos. 2 ed. Belo Horizonte: DESA-UFMG, 1996. 243p.
______. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 3 ed. Belo Horizonte: DESA-UFMG, 2005.
WORLD HEALTH ORGANIZATION- WHO. Aluminum in Drinking –Water. 2003. 9p. Disponível em: <http://www.who.int/water_sanitation_health/dwq/chemicals/en/aluminium.pdf >. Acesso em: 21 nov. 2012.
______. Guidelines for drinking-water quality. Geneva, 2. ed, v. 2, 1996. Disponível em: < http://www.who.int/water_sanitation_health/dwq/gdwq2v1/en/index1.html>. Acesso em: 20 nov. 2011.
ZULPO, D. L. et al. Avaliação microbiológica da água consumida em bebedouros da Universidade Estadual do Centro – Oeste, Guarapuava, Paraná, Brasil. Ciências Agrárias, [S.l.], v. 27, n. 1, p. 107-110, 2006.
Anexos 138 ______________________________________________________________________________
ANEXO A
Anexos 139 ______________________________________________________________________________
Anexos 140 ______________________________________________________________________________
ANEXO B