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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO TRIÂNGULO MINEIRO JAILDA MARIA MUNIZ AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA, FÍSICA E QUÍMICA DA ÁGUA DE ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE UBERABA - MG UBERABA/MG 2013

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO TRIÂNGULO MINEIRO

JAILDA MARIA MUNIZ AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA, FÍSICA E QUÍMICA DA ÁGUA DE

ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE UBERABA - MG

UBERABA/MG 2013

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO TRIÂNGULO MINEIRO

JAILDA MARIA MUNIZ AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA, FÍSICA E QUÍMICA DA ÁGUA DE

ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE UBERABA - MG

Dissertação apresentada ao Curso de Pós - graduação Stricto sensu de Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia de Alimentos, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, como requisito para conclusão e obtenção do Título de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Marcos Sanches

UBERABA/MG 2013

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JAILDA MARIA MUNIZ

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA, FÍSICA E QUÍMICA DA ÁGUA DE ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE UBERABA – MG

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia

de Alimentos do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do

Triângulo Mineiro – Campus Uberaba,

como requisito parcial para a obtenção do

grau de Mestre em Ciência e Tecnologia

de Alimentos

Aprovada em 29 de Abril de 2013

Banca Examinadora

__________________________________________________________

Prof. Dr. Sérgio Marcos Sanches (Orientador) – IFTM, Campus Ituiutaba

___________________________________________________________

Prof. Dr. Amilton Diniz e Souza – IFTM, Campus Uberaba

__________________________________________________________

Profa. Dra. Eny Maria Vieira – Universidade Estadual de São Paulo

UBERABA, MG

2013

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação da Publicação

Serviço de Documentação do Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia de

Alimentos

Instituto Federal do Triângulo Mineiro

Muniz, Jailda Maria. Avaliação microbiológica, física e química da água de escolas públicas municipais de Uberaba – MG/ Jailda Maria Muniz; Orientador: Sérgio Marcos Sanches. – Uberaba, 2013. Dissertação (Mestrado) – Instituto Federal do Triângulo Mineiro- câmpus Uberaba, 2013. 1. Água potável. 2. Análises microbiológicas. 3. Análises físicas. 4. Análises químicas.

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DEDICATÓRIA

Ao meu pai e minha madrasta, José Altino Muniz e Lúcia Divina da Silva Viçoso, por todo amor, compreensão e exemplos de dignidade, honradez e

esperança.

Você pode sonhar, projetar, criar e construir o lugar mais maravilhoso do

mundo... Mas precisará de pessoas para transformar o sonho em realidade.

(Walt Disney)

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AGRADECIMENTO ESPECIAL

Agradeço especialmente ao Prof. Sérgio Marcos Sanches, meu orientador e

amigo. Obrigada pela dedicação, carinho e apoio em todos os momentos.

“O saber, a gente aprende com os mestres e com os livros. A sabedoria, se aprende com a vida e com os humildes.” (Cora Coralina)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida e por iluminar com fé, esperança e amor a minha caminhada. Às minhas irmãs, Joelma e Janusa por todo carinho e incentivo. Ao meu cunhado, Alexandre pela atenção e paciência. À minha sobrinha Maria Lúcia, por ter sempre respostas para as minhas mais difíceis perguntas. Aos meus amigos de Bambuí, Ituiutaba e Uberaba por entenderem minha ausência em meio aos meus trabalhos. Mesmo à distância, fizeram-se presentes em todos os momentos. Aos meus colegas do curso de Pós- graduação, especialmente Gustavo e Fernanda que deixaram de ser apenas colegas e se tornaram amigos, agradeço pelo companheirismo e generosidade ao longo do curso. À Secretaria Municipal de Educação de Uberaba- MG pelo auxílio e autorização para realização da pesquisa. Ao Codau, pelo apoio e cooperação oferecidos, principalmente através da técnica de microbiologia Andrezza. Aos professores e equipe pedagógica do curso de Pós- Graduação, agradeço a generosidade e competência dispensadas. Ao Instituto de Química de São Carlos, pelo acolhimento e colaboração na realização das análises. À Cíntia e Luciene, técnicas do laboratório do IFTM- câmpus Uberaba, obrigada pela cooperação, carinho e atenção a mim dispensados. À Célia e Serginho, pela compreensão e generosidade em compreender, muitas vezes, a ausência do prof. Sérgio. Aos motoristas do IFTM, Onildo e Cid, pela colaboração durante as coletas realizadas. Aos meus alunos, que souberam entender o meu cansaço e minha ansiedade, obrigada pelo respeito durante o meu tempo de também aluno. Às gestoras institucionais e crianças pertencentes às creches e Cemeis selecionadas para a pesquisa, o meu muito obrigada pela cooperação e confiança.

“Somos todos anjos de uma asa só, precisamos nos abraçar para alçar vôo.

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RESUMO

MUNIZ, J. M. Avaliação microbiológica, física e química da água de escolas públicas municipais de Uberaba-MG. 2013. 200 f. Dissertação (Mestrado Profissional) – Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba- MG

A água é uma substância indispensável para a vida dos seres vivos visto que possui a função de regular a temperatura corporal e auxiliar em funções orgânicas vitais como respiração e excreção. Entretanto, o fato dessa substância se comportar como bom solvente pode contribuir para a mesma transportar uma série de substâncias indesejáveis, bem como micro-organismos patogênicos. As crianças e idosos são as principais vítimas de doenças decorrentes da água contaminada, devido à debilidade de seu sistema imune. Nesse contexto, destaca-se a importância de um levantamento da qualidade da água para consumo em escolas, uma vez que estas constituem um importante cenário no qual a criança é inserida. Este estudo apresentou como objetivo a avaliação da qualidade da água consumida por escolares na cidade de Uberaba- MG, levando-se em consideração os resultados das análises físicas e químicas para determinação dos teores de turbidez, cor aparente, pH, cloro residual livre, concentração de cromo, cobre, manganês, chumbo e cádmio, além das análises microbiológicas para determinação de coliformes totais e Escherichia coli, tomando-se como parâmetro para água potável, os valores estabelecidos pela Portaria nº 2914 de 2011 do Ministério da Saúde. Foram analisadas amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil da rede pública municipal que atendem crianças com a faixa etária de 0- 5 anos. As amostragens foram realizadas em períodos trimestrais compreendidos entre dezembro de 2011 à setembro de 2012, resultando em quatro coletas. Os resultados obtidos revelaram que todas as amostras analisadas apresentaram-se em conformidade com a legislação para os parâmetros turbidez, cor aparente e pH. Foi detectada a presença de Escherichia coli e coliformes totais, acima dos valores permissíveis pela legislação em mais de 50% das amostras analisadas. Verificou-se ainda teor de cloro residual livre abaixo do valor mínimo exigido em quase metade das amostras de água analisadas. No que se refere à concentração de metais, algumas amostras de água apresentaram teores de cobre, cádmio, cromo, manganês e chumbo acima do permitido. Os testes estatísticos revelaram que, quando analisado o período de amostragem, apenas os valores de cloro residual livre, cromo e chumbo não apresentaram diferença significativa (p>0,05). Os resultados obtidos revelam a necessidade de ações corretivas nos pontos de fornecimento de água para a população escolar, além do monitoramento e controle da qualidade da água para consumo humano, tanto pelos gestores escolares como pelas autoridades sanitárias. Palavras- chave: Água potável. Análises microbiológicas. Análises físicas. Análises químicas.

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ABSTRACT

MUNIZ, J. M. Microbiological, physical and chemical water from public schools in Uberaba-MG. 2013. 200 f. Dissertation (Master Professional) - Federal Institute of Triangulo Mineiro, Uberaba-MG Water is a substance essential for the life of living beings as it has the function of regulating body temperature and assist in vital body functions such as respiration and excretion. However, the fact that the substance behaves as a good solvent might contribute to the same transport a number of undesirable substances, as well as pathogenic microorganisms. Children and the elderly are the main victims of diseases resulting from contaminated water due to the weakness of their immune system. In this context, we highlight the importance of raising the quality of drinking water in schools, since these are an important setting in which the child is placed. This study aimed to evaluate the quality of water consumed by students in the city of Uberaba, taking into account the results of physical and chemical analyzes to determine the levels of turbidity and color, pH, free residual chlorine concentration, chromium, copper, manganese, lead and cadmium, and microbiological analysis for the determination of total coliforms and Escherichia coli, taking as parameter for drinking water, the values established by Ordinance No. 2914 of 2011 of the Ministry of Health were analyzed samples water from drinking fountains and kitchen taps eight educational institutions municipal public child serving children with age 0-5 years. Samples were collected at quarterly periods ranging from December 2011 to September 2012, resulting in four collections. The results showed that all samples analyzed were in accordance with the rules for the parameters turbidity and color and pH. Detected the presence of Escherichia coli and total coliforms above the permissible values for the legislation in more than 50% of the samples. It was also free residual chlorine content below the minimum amount required in almost half of the water samples analyzed. With regard to the concentration of metals, some samples had water contents of copper, cadmium, chromium, manganese and lead above the permitted. Statistical tests revealed that when analyzing the sample period, only the values of free residual chlorine, chromium and lead were not significantly different (p>0,05). The results show the need for corrective actions at the point of delivery of water to the school population, as well as monitoring and control of water quality for human consumption, both by school managers and health authorities. Keywords: drinking water. Microbiological analyzes. Physical analysis. Chemical analyzes.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Esquema de tratamento de água de origem superficial..................................... 51 Figura 2- Representação gráfica do desenvolvimento de um biofilme............................. 56 Figura 3- Absorção diária e distribuição do alumínio no organismo humano.................. 60 Figura 4- Representação gráfica da instalação nos domicílios com sistema misto........... 62 Figura 5- Representação gráfica da caixa d’água e ramais de distribuição...................... 63 Figura 6- Mapa da localização do município de Uberaba no estado de Minas Gerais..... 67 Figura 7- Mapa da distribuição geográfica das instituições de ensino selecionadas para a pesquisa..........................................................................................................................

69

Figura 8- Ambientação dos frascos coletores................................................................... 72 Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tiossulfato de sódio 10%..................... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma induzido (ICP-OES)........................................ 75 Figura 11- Suportes de filtração de polissulfona, vidro e aço de 47 mm manifold de PVC e bomba vácuo..........................................................................................................

75

Figura 12- Placa de sedimentação contendo Chromocult Coliform Agar (MERCK)..........................................................................................................................

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LISTA DE FLUXOGRAMAS Fluxograma 1- Organização Institucional do Programa de Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano ................................

43

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Distribuição da água doce no planeta Terra ................................................... 23 Gráfico 2- Utilização da água potável no Brasil............................................................... 25 Gráfico 3- Valores de turbidez obtidos das análises de amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras de instituições de ensino infantil de Uberaba – MG....................

81

Gráfico 4- Variação da turbidez da água coletada em bebedouros e torneiras de oito instituições de ensino infantil em diferentes períodos da amostragem.............................

83

Gráfico 5- Resultados da cor aparente de amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG....................................................................................................................

85

Gráfico 6- Variação da cor aparente das amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG, em diferentes períodos de amostragem.......................................................................................................................

87

Gráfico 7- Valores de pH obtidos das análises de amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG...

90

Gráfico 8- Variação do pH das amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG em quatro períodos de amostragem e intervalo determinado pela legislação vigente...........................................

92

Gráfico 9- Valores da concentração de cloro residual livre em amostras de água provenientes de instituições de ensino infantil de Uberaba-MG......................................

94

Gráfico 10- Variação da concentração de Mn em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas no período de dezembro de 2011 à setembro de 2012..............

104

Gráfico 11- Variação da concentração de Cu em amostras de água provenientes de torneiras de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas...

105

Gráfico 12- Variação da concentração de Cd em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas...................................................................................................

107

Gráfico 13- Valores de coliformes totais obtidos das análises de amostras de água referentes às quatro coletas de água realizadas em bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG...........................................................

110

Gráfico 14- Variação de coliformes totais presentes em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas.............................................................................................

113

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Gráfico 15- Valores do número mais provável de Escherichia coli obtidos das análises de amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG .......................................................................................

115

Gráfico 16- Variação de coliformes termotolerantes presentes em amostras de água provenientes de bebedouros das oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa ao longo das quatro coletas realizadas...............................................................

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Distribuição dos recursos hídricos e populacionais no Brasil, por região ....... 24 Tabela 2- Doenças relacionadas com a água .................................................................... 49 Tabela 3- Principais efeitos do processo de tratamento da água ...................................... 55 Tabela 4- Coordenadas das localizações das instituições de ensino selecionadas para a pesquisa ............................................................................................................................

69

Tabela 5- Valores de turbidez obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG................

80

Tabela 6- Análise de variância do valor de turbidez em diferentes períodos de amostragem.......................................................................................................................

82

Tabela 7- Valores de cor aparente obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG....................................................................................................................................

84

Tabela 8- Análise de variância do valor da cor aparente da água proveniente de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil, em diferentes períodos de amostragem....................................................................................................

86

Tabela 9- Valores de pH obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.....................................................................................................................

89

Tabela 10- Análise de variância do valor do pH da água proveniente de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil, em diferentes períodos de amostragem.......................................................................................................................

91

Tabela 11 Valores cloro residual livre de obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.....................................................................................................................

93

Tabela 12- Valores máximos permitidos das concentrações de Pb, Mn, Cr, Cd e Cu para a água potável............................................................................................................

96

Tabela 13- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à primeira coleta (14/12/2011) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG....................................................................................................................................

97

Tabela 14- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à segunda coleta (19/03/2012) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG....................................................................................................................................

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Tabela 15 Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à terceira coleta (25/06/2012) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG....................................................................................................................................

100

Tabela 16- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à quarta coleta (25/06/2012) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG....................................................................................................................................

102

Tabela 17- Análise de variância do valor da concentração de Mn em amostras de água provenientes de bebedouro e torneira da cozinha de instituições de ensino infantil, em quatro diferentes períodos de amostragem........................................................................

103

Tabela 18- Análise de variância do valor da concentração de Cu em amostras de água provenientes de torneiras de instituições de ensino infantil, em quatro diferentes períodos de amostragem....................................................................................................

104

Tabela 19- Análise de variância do valor da concentração de Cd em amostras de água provenientes de bebedouro e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil, em quatro diferentes períodos de amostragem........................................................................

106

Tabela 20- Resultados das análises das amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa com relação à presença de coliformes totais.....................................................................

108

Tabela 21- Análise de variância do número mais provável de coliformes totais nos quatro períodos de amostragem........................................................................................

111

Tabela 22- Resultados das análises das amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras de oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa, com relação ao número de Escherichia coli.............................................................................

114

Tabela 23- Análise de variância do número mais provável de Escherichia coli em amostras de água coletadas em diferentes períodos..........................................................

117

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANA Agência Nacional de Águas APHA American Publica Health Association ATSDR Agency for Toxic Substances and Disease Registry BA Bahia CAP Carvão ativado em pó CEMEIs Centros Municipais de Educação Infantil CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CGLAB Coordenação Geral de Laboratórios CGVAM Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental CODAU Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CT Contaminação por tóxicos DBP Subproduto da desinfecção DENSP Departamento de Engenharia de Saúde Pública DF Dupla filtração DIEHSA Divisão de Ecologia Humana e Saúde Ambiental

E. coli Escherichia coli EPA Environmental Protection Agency ETA Estação de Tratamento de Água FAAG Filtração ascendente em areia grossa FAP Filtração ascendente em pedregulho FDA Filtração direta ascendente FDD Filtração direta descendente

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FNS Fundação Nacional de Saúde FRD Filtração rápida descendente FUNASA Fundação Nacional de Saúde IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICP-OES Espectrofotometria de Plasma Induzido IFTM Instituto Federal do Triângulo Mineiro IGAM Instituto de Gestão das Águas IQA Índice de Qualidade da Água IQSC Instituto de Química de São Carlos LACEN Laboratório Central de Saúde MG Minas Gerais MON Matéria orgânica natural MS Ministério da Saúde NSA National Santation Foundation no Número OMS Organização Mundial da Saúde ONU Organização das Nações Unidas OPAS Organização Pan Americana de Saúde p. Página PE Pernambuco PB Paraíba PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Pop. População RJ Rio de Janeiro SABESP Saneamento Básico do Estado de São Paulo SES Secretarias Estaduais de Saúde

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SMS Secretaria Municipal de Saúde SNVS Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária SP São Paulo SUS Sistema Único de Saúde SVS Secretaria de Vigilância em Saúde THM Trialometano UNESP Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho” UNIÁGUA Universidade da Água USEPA United States Environmental Protection Agency USP Universidade de São Paulo VIGIÁGUA Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental VMP Valores Máximos Permissíves WHO World Health Organization

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LISTA DE SÍMBOLOS

% Porcentagem ± Mais ou menos µg L-1 Micrograma por litro µm micrometro < Menor que > Maior que AHA5 Ácido monocloroacético, ácido dicloroacético, ácido tricloroacético,

ácido bromoacético e ácido dibromoacético Al Alumínio Al2(SO4)3 Sulfato de alumínio Ca Cálcio Ca(ClO)2 Hipoclorito de cálcio Cd Cádmio Cd2+ Íon cúprico CHBr2Cl Dibromoclorometano CHBr3 Tribromometano CHBrCl2 Bromodiclorometano CHCl3 Triclorometano ou clorofórmio Cl2 Cloro Cr Cromo Cr (VI) Cromo hexavalente Cu2S Calcosita CuFeS2 Calcopirita CuS Sulfeto de cobre

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Fe2O3 Óxido férrico h Horas H2O Água HCl Ácido clorídrico HNO3 Ácido nítrico HOCl Ácido hipocloroso Km2 Quilômetro quadrado m Metro mg L-1 Miligrama por litro mg/d Miligrama por dia MgO Óxido de magnésio mL Mililitro mm milimetro Mn Manganês Mn (IV) Íon manganês IV Mn2+ Íon manganês II Na2O Óxido de sódio NaOCl Hipoclorito de sódio NMP/100mL Número mais provável por cem milimetros NTU Unidade Nefelométrica de Turbidez O Oxigênio livre

oC Graus Celsius OCl- hipoclorito Pb Chumbo Pb2+ Íon plumboso

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pH Potencial hidrogeniônico SiO2 Sílica uH Unidade de escala de Hanzen uT Unidade de Turbidez v/v Volume por volume XX Vinte

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 23

2 OBJETIVOS ............................................................................................................................. 2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................ 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................................

27 27 27

3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................... 3.1 POLUIÇÃO DA ÁGUA .......................................................................................................... 3.2 QUALIDADE DA ÁGUA ...................................................................................................... 3.2.1 Qualidade da água em corpos hídricos ............................................................................. 3.2.2 Parâmetros para avaliação da qualidade da água potável ............................................. 3.2.2.1 Parâmetros físicos ............................................................................................................. 3.2.2.2 Parâmetros químicos ......................................................................................................... 3.2.2.3 Parâmetros biológicos ....................................................................................................... 3.3 NORMATIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA POTÁVEL NO BRASIL ..................... 3.3.1 Nova Portaria de potabilidade da água: Portaria 2.914 do Ministério da Saúde de 2011................................................................................................................................................... 3.4 ÁGUA E SAÚDE ...................................................................................................................... 3.4.1 Importância do tratamento da água para consumo humano ........................................... 3.4.2 Substâncias utilizadas nas Estações de Tratamento de Água e possíveis riscos à saúde humana ........................................................................................................................................... 3.4.3 Reservatórios domiciliares de água e sua relevância na rede de distribuição de água potável .............................................................................................................................................

28 28 29 29 32 33 34 39 40 46 49 53 59 64

4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.................................................................... 4.1.1 Local da pesquisa ................................................................................................................ 4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS PARA A COLETA DAS AMOSTRAS DE ÁGUA EM ESCOLAS SELECIONADAS PARA A PESQUISA ............................................... 4.2.1 Preparação do campo para a pesquisa ............................................................................. 4.3 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS ........................................................................................... 4.3.1 Limpeza do material a ser utilizado na coleta das amostras de água em escolas de ensino infantil ............................................................................................................................... 4.3.2 Coleta das amostras de água em instituições de ensino infantil para análises físicas e químicas ........................................................................................................................................

69 69 70 72 72 73 73 73

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4.3.3 Coleta das amostras de água em instituições de ensino infantil para análises microbiológicas ............................................................................................................................ 4.3.4 Conservação das amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil ......... 4.3.5 Métodos de análise da água proveniente de instituições de ensino infantil ..................... 4.3.5.1 Determinação do pH em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil... 4.3.5.2 Determinação da cor em amostras de água coletadas em instituições de ensino

infantil............................................................................................................................................... 4.3.5.3 Determinação da turbidez em amostras de água coletadas em instituições de ensino

infantil.. ............................................................................................................................................ 4.3.5.4 Determinação de cloro residual em amostras de água coletadas em instituições de

ensino infantil ................................................................................................................................ 4.3.5.5 Determinação de metais em amostras de água coletadas em instituições de ensino

infantil.............................................................................................................................................

4.3.5.6 Análise de coliformes em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil................................................................................................................................ 4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................................ 4.4.1 Análise estatística ................................................................................................................ 4.5 IMPLICAÇÕES ÉTICAS .......................................................................................................... 4.6 TRATAMENTO DE RESÍDUOS GERADOS DURANTE A REALIZAÇÃO DA PESQUISA ....................................................................................................................................

74 74 74 75 75 75 75 76 77 78 78 79 79

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 5.1 DADOS ANALÍTICOS .......................................................................................................... 5.1.1 Análises físicas .................................................................................................................... 5.1.2 Análises químicas ................................................................................................................ 5.1.3 Análises microbiológicas ....................................................................................................

80 81 81 90 109

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 121

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 124

ANEXO A Ofício encaminhado à Prefeitura Municipal de Uberaba solicitando autorização para realização da pesquisa ...................................................................................................................... ANEXO B Ofício encaminhado ao Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba, solicitando colaboração para realização das análises .....................................................

138 140

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Introdução

23

1 INTRODUÇÃO

A água potável é vital para a sobrevivência de todos os organismos vivos e para o

funcionamento dos ecossistemas, comunidades e economias. Porém, na última década a

qualidade da água em todo o mundo está sendo ameaçada devido ao aumento demográfico da

população, das atividades agrícolas e industriais. Estas mudanças acarretaram em alterações

climáticas, afetando diretamente o ciclo hidrológico global (UN WATER, 2010).

Sabe-se que o fornecimento de água de boa qualidade, adequada, acessível e confiável

à população está intimamente ligada à saúde humana. Porém, segundo dados da Companhia

Ambiental do Estado de São Paulo (2008), parte da água doce disponível no planeta encontra-

se em algum estágio de contaminação.

A generosidade da água doce na natureza fazia crer em inesgotáveis mananciais,

abundantes e renováveis. Entretanto, hoje em dia, o mau uso aliado à crescente demanda pelo

recurso, vem preocupando especialistas e autoridades no assunto pelo evidente decréscimo da

disponibilidade de água limpa em todo o planeta (UNIVERSIDADE DA ÁGUA, 2010).

No mundo, cerca de 2/3 da superfície do planeta Terra são dominados pelos oceanos. O

volume total de água na Terra é estimado em torno de 1,386 milhões de quilômetros cúbicos,

sendo que 97,5% deste volume são de água salgada, encontrada em mares e oceanos. Segundo

mesmos dados, 1,73% são de água doce, porém localizada em regiões de difícil acesso, como

águas subterrâneas e geleiras. Apenas 0,77% da água doce encontra-se em locais de fácil acesso

para o consumo humano, como lagos, rios e na atmosfera (UNIVERSIDADE DA ÁGUA, 2010).

O Gráfico 1 apresenta a distribuição de água no planeta Terra.

Gráfico 1- Distribuição da água no planeta Terra.

Água salgada

Água doce acessível

Calotas polares e geleiras

Fonte: http://www.uenf.br/uenf/centros/cct/qambiental/ag_distribuicao.html

97,5%

1,73% 0,77%

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Introdução

24

Nos últimos 50 anos, as reservas de água doce no mundo foram reduzidas em cerca de

62 %, chegando a 73 % na América do Sul. A Organização das Nações Unidas – ONU calcula

que dentro de 25 anos, 2,8 bilhões de pessoas habitarão regiões de seca crônica

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009b).

O Brasil mantém uma posição privilegiada no cenário mundial: detém cerca de 12%

da água doce superficial do planeta, enquanto regiões da Europa, como Portugal e Espanha,

além de Oriente Médio e grande parte da África, lutam contra a escassez do recurso. A

distribuição pelo território brasileiro é, porém, desigual. A Amazônia derrama no mar 78% da

água superficial do Brasil, com um excedente hídrico que atrai a cobiça global. O Sudeste fica

com apenas 6%, como mostrado na Tabela 1, o que representa um grande déficit, pois

apresenta a necessidade de irrigar quase metade da área agrícola do país, disponibilizar água

potável a cerca da metade dos 190 milhões de brasileiros, além de fornecer água para mover

50% do Produto Interno Bruto industrial. Isso coloca a região em um patamar crítico, com

menos de 10% do volume de água por habitante preconizado pelas Nações Unidas, ou apenas

200 metros cúbicos por segundo/ano (MARCONDES, 2010).

Tabela 1- Distribuição dos recursos hídricos e populacionais no Brasil, por região

Região

Percentual da disponibilidade

hídrica

Percentual da população

Norte 68,5% 6,8% Nordeste 3,3% 27% Sudeste 6,0% 42,7%

Sul 6,5% 15,1% Centro-oeste 15,7% 6,4%

Total 100,0% 100,0%

Fonte: AUGUSTO et al., 2012.

Além de ser utilizada para o consumo humano, a água pode ser usada em várias

atividades de exploração econômica como agricultura, indústria etc. Atualmente, 69% da água

potável é destinada para a agricultura, 22% para as indústrias e apenas 9% usada para o

consumo humano, como mostrado na Gráfico 2. Diante da grande demanda de água em vários

setores tem ocorrido uma preocupação mundial, ligada ao risco de escassez e da

contaminação da mesma (CONCEIÇÃO, et al., 2009).

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Introdução

25

Gráfico 2- Utilização da água potável no Brasil.

Indústrias

Consumo humano

Agricultura

Fonte: CONCEIÇÃO et al. (2009).

Apesar do Brasil deter 12% da água disponível para consumo no planeta, muitos

brasileiros sofrem com problemas de saneamento básico, que inclui serviços como

abastecimento de água e esgoto. Conforme dados obtidos pela Agência Nacional de Águas-

ANA, apenas 47% da população dispõem de rede coletora de esgoto, sendo que 21 % ainda

utilizam fossas sépticas. Entre as soluções para o problema da poluição hídrica, o relatório da

ONU recomenda sistemas de reciclagem de água e projetos de alto custo para o tratamento de

esgoto (MARTINS, 2010).

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, no momento, 1,2 bilhões de

pessoas não dispõe de água potável, e 80 % das doenças e 30 % das mortes ocorridas no

mundo são causadas por água contaminada (HÊNIO, 2011).

Ainda, de acordo com o estudo realizado pelo Programa do Meio Ambiente das

Nações Unidas (Unep) divulgado em março de 2010, a quantidade de pessoas que morrem em

decorrência de qualquer tipo de violência, é menor que as mortes por causa da água

contaminada. Já, em decorrência da água de má qualidade, o estudo realizado pela ONU

mostra que no mesmo período de tempo, pelo menos 1,8 bilhões de crianças com menos de

cinco anos de idade morrem (GIRALDI, 2010).

As crianças são as que mais sofrem com doenças e desnutrição agravadas por

condições inadequadas de saneamento. Estima-se que a falta de saneamento resulte em uma

morte infantil a cada 20 segundos, ou 1,6 milhões por ano. De acordo com a mesma nota, o

aumento do acesso a esgoto e água potável pode reduzir a um terço as mortes por diarréia em

crianças no mundo (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO, ?).

Agricultura- 69%

Consumo humano- 9%

Indústrias – 22%

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Introdução

26

Em várias instituições públicas de ensino, tem se tornado cada vez mais frequente o

índice de doenças veiculadas pela água, além de alterações físicas relacionadas ao seu odor,

cor e sabor. Tais fatos podem estar relacionados à contaminação nas caixas d’água ou

infiltração nos tubos. Por isso se torna importante o monitoramento e posterior análise da

qualidade de águas oriundas tanto das caixas de armazenamento, como das torneiras e

bebedouros destinadas ao consumo da comunidade escolar.

A água que chega até o reservatório das escolas públicas é utilizada, dentre outras

finalidades, para a limpeza, higiene pessoal e alimentação. Para garantir a manutenção da

qualidade e sanidade da água usada em instituições de ensino, é necessário que a mesma seja

armazenada em reservatórios limpos e desinfetados no mínimo duas vezes ao ano.

Entre 1999 e 2008 mais de 10 mil pessoas ficaram doentes no Brasil, pelo consumo de

água contaminada. Os dados do Ministério da Saúde apontam ainda que, na maioria dos casos

(mais de 40%), a contração de doenças pelo consumo de água ocorre dentro das próprias

residências (PNUD, 2008).

Existe uma necessidade urgente para a comunidade global – setores público e privado

– de unir-se para assumir o desafio de proteger e melhorar a qualidade da água nos nossos

rios, lagos, aquíferos e torneiras (UN WATER, 2010).

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Objetivos

27

2 OBJETIVOS

2.1- Objetivo Geral

- Avaliar a qualidade da água em escolas públicas municipais de ensino infantil de Uberaba-

MG.

2.2- Objetivos Específicos

- Analisar a qualidade da água de escolas públicas municipais de ensino Infantil de Uberaba-

MG, através de análises físicas, químicas e microbiológicas.

- Avaliar os níveis de cádmio, chumbo, cobre, manganês e cromo pela técnica de

Espectrofotometria de plasma induzido (ICP-OES)

- Identificar possíveis riscos relacionados à água como via de transmissão de enteropatógenos

a escolares.

- Oferecer subsídios para as autoridades sanitárias, no sentido do controle da qualidade da

água utilizada pela comunidade escolar.

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Revisão da literatura 28 ___________________________________________________________________________

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Poluição da água

A água é o recurso natural mais abundante no planeta, compondo a paisagem e o meio

ambiente, sendo necessária para quase todas as atividades humanas (PEREIRA, 2004). A sua

utilização varia conforme a sua qualidade, podendo ser usada para o consumo humano,

atividades agrícolas e pecuárias, geração de energia elétrica, transporte hidroviário, uso

industrial, pesca e aquicultura, turismo e lazer (LIMA; BARACUHY; MEIRA FILHO, 2008).

Com esses variados usos, os recursos hídricos tornam-se vulneráveis ao processo de

poluição através da adição de substâncias ou de formas de energia que, diretamente ou

indiretamente, alteram a natureza do corpo d’água de maneira que prejudiquem os legítimos

usos que dele são feitos (VON SPERLING, 1996).

Poluição da água é a modificação de suas características por quaisquer ações ou

interferências, sejam elas naturais ou provocadas pelo homem. Essas alterações podem

produzir impactos estáticos, fisiológicos ou ecológicos. É importante distinguir os conceitos

de poluição e contaminação, já que ambos às vezes são utilizados como sinônimos

(BRAGA, 2002).

A contaminação da água refere-se à veiculação de substâncias ou micro-organismos

nocivos à saúde pela água. A ocorrência de poluição não implica necessariamente riscos à

saúde de todos os organismos que fazem uso dos recursos hídricos afetados (BRAGA, 2002).

Os efeitos resultantes da introdução de poluentes no meio aquático dependem da

natureza do poluente introduzido, do caminho que este percorre no meio, e do uso que se faz

do corpo de água. Os poluentes podem ser introduzidos no meio aquático de forma pontual e

difusa (JESUS et al., 2004).

As cargas pontuais são introduzidas por lançamentos individualizados, como os que

ocorrem no despejo de esgoto sanitário. Cargas pontuais são facilmente identificadas e,

portanto, seu controle é mais eficiente e mais rápido. As cargas difusas são assim chamadas

por não terem um ponto de lançamento específico e por ocorrerem ao longo das margens dos

rios ou por não advirem de um ponto preciso de geração, como no caso de drenagem urbana

(REBOUÇAS, 1997).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA – editou, em 1986, a Resolução

que passou a figurar como a principal legislação destinada ao controle de poluição hídrica, a

qual dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu

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Revisão da literatura 29 ___________________________________________________________________________

enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. Em

17 de março de 2005, tal Resolução foi reeditada, com algumas alterações. Atualmente, a

Resolução nº 430 de 13 de maio de 2011 é a legislação em vigência, dispondo sobre as

condições e padrões de lançamento de efluentes, além de complementar e alterar a Resolução

357/2005 (BRASIL, 2005; BRASIL, 2011a).

De acordo com Tundisi; Rebouças; Braga (2002), o intenso uso dos recursos hídricos e

a poluição gerada contribuem para agravar sua escassez, além de resultar na necessidade

crescente do acompanhamento das alterações da qualidade da água. Faz parte do

gerenciamento dos recursos hídricos, o controle ambiental, de forma a impedir que os

problemas decorrentes da poluição da água venham comprometer seu aproveitamento

múltiplo e integrado. Dessa forma, o controle da qualidade da água pode colaborar para a

minimização dos impactos negativos ao meio ambiente, assim como para a saúde.

3.2 Qualidade da água

3.2.1 Qualidade da água de corpos hídricos

A qualidade da água se tornou uma questão de interesse para a saúde pública no final

do século 19 e início do século 20. Anteriormente, a qualidade era associada apenas a

aspectos estéticos e sensoriais, tais como a cor, o gosto e o odor da água (UNITED STATES

ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY USEPA, 1999).

A legislação determina que a qualidade da água esteja associada ao uso pretendido.

Dessa forma, a qualidade de um segmento de corpo d’água é estabelecida de acordo com os

usos preponderantes em um sistema de classes de qualidade. O estabelecimento do grau de

qualidade (classe) de um segmento de corpo de água, ao longo do tempo, deve estar baseado

em diagnósticos regionais, considerando-se dados sócio-econômicos, uso do solo e usos

pretendidos dos recursos hídricos, de modo a assegurar seus usos preponderantes

(COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).

A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros, que

traduzem as suas principais características físicas, químicas e microbiológicas. Os respectivos

parâmetros da qualidade da água adotados servirão para caracterização de seu uso, podendo

ser classificadas como águas de abastecimento, águas residuárias, mananciais e corpos

receptores (VON SPERLING, 1996).

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Revisão da literatura 30 ___________________________________________________________________________

Os padrões de qualidade da água referem-se a um número de parâmetros capazes de

refletir, direta ou indiretamente, a presença de algumas substâncias ou micro-organismos que

possam comprometer essa qualidade, avaliando assim os impactos decorrentes da atividade

humana nas diferentes bacias hidrográficas. Dentre esses impactos estão os efeitos da

poluição, contaminação e introdução de substâncias tóxicas no ambiente aquático

(TUNDISI, 1999).

Existem muitos índices propostos para a avaliação da qualidade das águas em bacias

hidrográficas. O mais utilizado é o proposto pela National Sanitation Foundation (NSA), dos

Estados Unidos, e primeiramente utilizado no Brasil pela CETESB para o Estado de São

Paulo, o chamado IQA – Índice de Qualidade da Água. O IQA é atualmente utilizado pelas

agências ambientais de muitos estados brasileiros, em conjunto com o índice de contaminação

por substâncias tóxicas, ou, alternativamente, com um índice de toxicidade da água

(COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).

Os parâmetros de qualidade, que fazem parte do cálculo do IQA refletem,

principalmente, a contaminação dos corpos hídricos ocasionada pelo lançamento de esgotos

domésticos. É importante também salientar que este índice foi desenvolvido para avaliar a

qualidade das águas, tendo como determinante principal a sua utilização para o abastecimento

público, considerando aspectos relativos ao tratamento dessas águas (COMPANHIA

AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).

O IQA é calculado pelo produto ponderado das qualidades de água correspondentes

aos parâmetros: temperatura da amostra, pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de

oxigênio (5 dias, 20ºC), coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo total, resíduo

total e turbidez (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).

No caso de não se dispor do valor de algum dos nove parâmetros, o cálculo do IQA é

inviabilizado (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).

Além desses parâmetros, torna-se necessário a medida dos níveis de metais estipulados

como parâmetros pelo Ministério da Saúde (ROCHA; ROSA; CARDOSO, 2009).

O IQA oferece, ao mesmo tempo, vantagens e limitações. A vantagem reside no fato

de sumarizar a interpretação de nove variáveis em um único número, facilitando a

compreensão da situação para o público leigo. Enquanto que a limitação relaciona-se à perda

na interpretação das variáveis individuais e da relação destas com as demais, além do

agravante deste índice ter sido desenvolvido para avaliar o impacto dos esgotos domésticos

nas águas utilizadas para abastecimento público, não representando os efeitos originários de

outras fontes poluentes (LEE, HELSEL, 2005; MCNEIL, COX, PREDA, 2005).

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Revisão da literatura 31 ___________________________________________________________________________

Como uma forma de minimizar a parcialidade do IQA, foi adotada, em Minas Gerais,

também a contaminação por tóxicos (CT) para complementar as informações, conferindo

importância a outros fatores que afetam usos diversos da água. A CT considera entre os seus

parâmetros a concentração de: amônia, arsênio, bário, cádmio, chumbo, cianeto, cobre, cromo

hexavalente, índice de fenóis, mercúrio, nitritos, nitratos e zinco (SABINO et al., 2008)

No estado de Minas Gerais, a lei nº 13.199, de 29 de janeiro de 1999, dispõe sobre a

Política Estadual de Recursos Hídricos- PERH (regulamentada pelo Decreto nº 41.578, de 8

de março de 2001) e estabelece o enquadramento dos cursos d’água como um dos

instrumentos da PERH (MINAS GERAIS, 1999). O enquadramento dos corpos d’água deve

ser efetuado de acordo com a Deliberação Normativa COPAM nº 10, de 16 de dezembro de

1986, que estabelece as normas e padrões para a qualidade das águas e lançamento de

efluentes nas coleções de águas estaduais, nos moldes da Resolução nº 20, de 18 de junho de

1986 (COPAM, 1986).

O conceito de monitoramento da qualidade da água é muito mais amplo do que

simplesmente verificar se os padrões legais de qualidade da água estão sendo obedecidos ou

não, ele deve atender a necessidade de se responder o que está sendo alterado e quais as

causas dessas modificações. O gerenciamento da qualidade da água precisa dessa resposta

para que as ações tomadas sejam eficientes na redução dos danos ao meio ambiente, atuais e

futuros. Não basta coletar os dados no campo, é importante que se estabeleçam formas de

utilização desses dados coletados, permitindo que essas informações sejam úteis ao gestor dos

recursos hídricos e à sociedade e que delas resultem um passo a mais no conhecimento dos

processos da natureza (TUNDISI; REBOUÇAS; BRAGA, 2002).

O Brasil é um país, com poucos sistemas de monitoramento de qualidade da água.

Portanto, dispõem de uma quantidade pequena de informações sobre o estado de seus corpos

de água, principalmente face às suas dimensões continentais, diferenças geográficas regionais

e magnitude dos problemas de poluição. Há poucas redes instaladas com coleta sistemática de

dados e, mesmo no caso de campanhas mais específicas quanto a objetivo e ao local, também

não há grande disponibilidade (CONEZA-VITÓRIA, 1998).

Esse fato indica a necessidade do país desenvolver sua tecnologia de redes de

monitoramento de qualidade da água e reconhecer a importância desses investimentos, para

melhorar e ampliar seus bancos de informações no setor de recursos hídricos

(REBOUÇAS; BRAGA; TUNDISI, 2002).

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Revisão da literatura 32 ___________________________________________________________________________

3.2.2 Parâmetros para avaliação da qualidade da água potável

A vigilância da qualidade da água para consumo humano é uma atribuição do Setor

Saúde há mais de três décadas e consiste em um conjunto de ações a serem adotadas pelas

autoridades de saúde pública objetivando garantir que a água consumida pela população

atenda ao padrão e normas estabelecidas na legislação vigente. A avaliação dos riscos à saúde

humana, representada pela água utilizada para consumo humano também constitui uma

premissa da vigilância da qualidade da água. As atividades da vigilância devem ser rotineiras

e preventivas, sobre os sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água, a fim de

garantir a redução das enfermidades transmitidas pela água de consumo humano

(PORTAL DA SAÚDE, ?).

As exigências humanas em relação à qualidade da água crescem com o progresso

humano e da ciência. Para evitar os perigos decorrentes da má qualidade da água são

estabelecidos os padrões de potabilidade, que definem Valores Máximos Permissíveis

(VMP) para a presença de alguns elementos nocivos ou de características desagradáveis, que

podem estar presentes na água, sem oferecer riscos à saúde humana (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2006b).

As normas de potabilidade têm se apresentado como um instrumental técnico- jurídico

elaborado pelas autoridades sanitárias, com o apoio de instituições técnico - científicas, a ser

cumprido pelos órgãos de fiscalização e vigilância do setor saúde e pelas empresas públicas e

privadas de abastecimento de água. Essas normas constituem-se como referências técnicas

que imprimem um padrão de qualidade ao “produto” água, seja ele obtido diretamente da

natureza (sem tratamento ou água bruta) ou por meio de processos químicos em plantas de

tratamento. Entretanto, a simples existência de normas reguladoras não assegura a certificação

e a manutenção de padrões de qualidade para os domínios sanitário e econômico. Esse

conjunto de valores normativos e o seu cumprimento como lei precisam ser continuamente

discutidos por toda a sociedade civil, pelos gestores públicos e o meio científico, a fim de que

se assegure uma maior amplitude e legitimidade do processo (FREITAS, 2005).

Na atualidade, a Organização Mundial de Saúde (OMS) é a instituição que acompanha

e recomenda os valores máximos permitidos, a partir dos estudos toxicológicos realizados em

todo o mundo e publicados em diferentes revistas e eventos científicos especializados no

tema. Alguns países, como os Estados Unidos, o Canadá, e a Comunidade Européia, apesar de

se basearem também nas recomendações da OMS, estimulam pesquisas toxicológicas e

bioensaios que, reciprocamente, acabam servindo de referência tanto para a OMS como para

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Revisão da literatura 33 ___________________________________________________________________________

os demais países. Todas as normas de potabilidade no Brasil seguem basicamente os padrões

recomendados pela Organização Mundial de Saúde no Guidelines for Drinking- Water

Quality (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1996).

A Portaria 518 de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde indica os padrões de

potabilidade obtidos por estudos epidemiológicos e toxicológicos realizados por entidades e

pesquisadores de todo o mundo (ROCHA; ROSA; CARDOSO, 2009).

No Brasil, a água destinada ao consumo público deve estar em conformidade com os

padrões de potabilidade expressos pela Portaria nº 518 de 25 de março de 2004 do Ministério

da Saúde em conformidade com a Portaria 2.914 de 12 de dezembro de 2011

(BRASIL, 2011b).

3.2.2.1 Parâmetros físicos

Os parâmetros físicos representam substâncias que não estão dissolvidas na água e que

se encontram em suspensão (sólidos ou gases). Os principais parâmetros físicos são: cor,

turbidez, temperatura, sabor e odor (ROCHA, ROSA; CARDOSO, 2009).

� Cor

A cor é responsável pela coloração da água, e está associada ao grau de redução de

intensidade da luz ao atravessá-la (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO

PAULO, 1995).

Segundo Richter e Azevedo Netto (2002), a água pura é virtualmente ausente de cor.

A presença de substâncias dissolvidas ou em suspensão altera a cor da água, dependendo da

quantidade e da natureza do material presente. Normalmente, a cor na água é devida aos

ácidos húmicos, ferro e tanino, originados de decomposição de vegetais e, assim, não

apresenta risco algum para a saúde. Porém, quando de origem industrial, pode ou não

apresentar toxicidade (VON SPERLING, 1996).

Segundo Von Sperling (2005) e Ruiping et al. (2012), a alteração na cor também pode

ser resultante de sólidos dissolvidos provenientes da decomposição da matéria orgânica/ ferro

e manganês. Além disso, a coloração da água contendo a matéria orgânica responsável pela

cor pode gerar produtos potencialmente cancerígenos (trialometanos).

O termo cor é utilizado para representar a cor verdadeira, que é a cor da água quando a

turbidez for removida. O termo cor aparente inclui não somente as substâncias dissolvidas,

mas também aquela que envolve a matéria orgânica suspensa (MACÊDO, 2004).

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Revisão da literatura 34 ___________________________________________________________________________

A cor é medida em uH, unidade de escala de Hanzen – platina/cobalto

(AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 1998).

� Turbidez

Representa o grau de interferência com a passagem da luz através da água, conferindo

uma aparência turva à mesma. A turbidez é proveniente de sólidos em suspensão. Não traz

inconvenientes sanitários diretos (VON SPERLING, 2005). Entretanto, já há algum tempo, a

turbidez assumiu também caráter de indicador da qualidade sanitária da água para consumo

humano, seja como indicador da eficiência da remoção de partículas por meio da filtração e,

por conseguinte, de organismos também removíveis pelo mesmo mecanismo, como (oo)

cistos de protozoários (UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY,

1999), seja como indicador da qualidade da água com vistas à adequada desinfecção,

independente se precedida ou não de filtração, pois partículas em suspensão podem proteger

micro-organismos da ação de desinfetantes (UNITED STATES ENVIRONMENTAL

PROTECTION AGENCY, 1999; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003).

A unidade de medida da variável turbidez é expressa em NTU (Unidades

Nefelométricas de Turbidez) (VON SPERLING, 2005).

3.2.2.2 Parâmetros Químicos

Indicam a presença de substâncias que estão dissolvidas na água. Seus valores estão

relacionados ao pH, substâncias químicas que causam risco à saúde (inorgânicas, orgânicas,

agrotóxicos, cianotoxinas e desinfetantes e produtos secundários da desinfecção), além da

quantidade mínima de cloro residual livre presente na água (BRASIL, 2011b).

� pH

Potencial hidrogeniônico representa a concentração de íons hidrogênio H3O+ (em

escala antilogarítmica), dando uma indicação sobre a condição de acidez, neutralidade ou

alcalinidade da água. A faixa de pH é de 0 à 14 (VON SPERLING, 2005). Valores abaixo de

7 e próximos de 0 indicam aumento da acidez, enquanto que valores acima de 7 e próximos

de 14 indicam aumento da basicidade.

Nos sistemas de abastecimento, águas com valores baixos de pH tendem a ser

corrosivas ou agressivas a certos metais e paredes de concreto, enquanto águas com pH

elevado tendem a formar incrustações (DI BERNARDO; DANTAS, 2005).

Page 36: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO … · Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tios sulfato de sódio 10%..... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma

Revisão da literatura 35 ___________________________________________________________________________

O valor do pH também influi na distribuição das formas livre e ionizada de diversos

compostos químicos

Não tem implicação em termos de saúde pública, a menos que seus valores sejam

extremamente baixos ou elevados, a ponto de causar irritação na pele ou nos olhos. É

importante em diversas etapas do tratamento da água como coagulação, desinfecção, controle

da corrosividade e remoção da dureza (VON SPERLING, 2005).

A Portaria 2.914 de 2011, do Ministério da Saúde, recomenda que, no sistema de

distribuição, o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,0.

� Cloro residual livre

Durante o processo de tratamento da água podem ser utilizados diferentes agentes

oxidantes. Dentre os mais utilizados pode-se citar o cloro, cloraminas, dióxido de cloro,

permanganato de potássio, peróxido de hidrogênio e ozônio, entre outros. As principais

aplicações resultantes da utilização de agentes oxidantes no tratamento da água objetivam a

oxidação do ferro e manganês e sua posterior remoção por processo de separação sólido –

líquido, controle de odor e sabor, remoção da cor, desinfecção, oxidação de compostos

orgânicos sintéticos específicos, redução da formação potencial de trialometanos, controle do

crescimento e desenvolvimento de biofilmes nas unidades componentes do processo de

tratamento, entre outras (MONTGOMERY, 2005).

Historicamente, o agente oxidante mais empregado em processos de tratamento de

água tem sido o cloro, na forma de cloro gasoso (Cl2), hipoclorito de sódio (NaOCl) e

hipoclorito de cálcio [Ca(ClO)2].

O cloro e seus componentes são fortes agentes oxidantes, em geral, a reatividade do

cloro diminui com o aumento do pH, e sua velocidade de reação aumenta com a elevação da

temperatura. As reações do cloro com compostos inorgânicos redutores, como sulfitos,

sulfetos, íon ferroso e nitrito, são geralmente muito rápidas. Alguns compostos orgânicos

dissolvidos também reagem rapidamente com o cloro, mas, em geral, são necessárias algumas

horas para que a maioria das reações do cloro com compostos orgânicos se complete

(MEYER, 1994).

O cloro como agente oxidante e desinfetante apresenta uma relativa estabilidade na

fase líquida e, após um determinado tempo de contato com essa fase suas concentrações

tendem a ficar em zero ou em valores aproximadamente constantes, dependendo das dosagens

aplicadas na fase líquida e do seu potencial de demanda. Em função disto, sabe-se que um dos

Page 37: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO … · Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tios sulfato de sódio 10%..... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma

Revisão da literatura 36 ___________________________________________________________________________

problemas relativos à utilização de cloro livre como agente desinfetante diz respeito ao seu

emprego em sistemas de abastecimento compostos por redes de distribuição com tempos de

detenção hidráulicos muito elevados. Em função do consumo de cloro livre e decaimento da

sua concentração ao longo do tempo, muitas vezes, a estação de tratamento de água, efetua a

aplicação de uma dosagem de cloro relativamente alta a fim de que seja mantida ao longo de

toda a rede de distribuição uma concentração de cloro residual livre superior a 0,2 mg L-1

(FERREIRA- FILHO; SAKAGUTI, 2008).

Para garantir a manutenção de níveis adequados de cloro residual em todos os pontos

da rede, é comum elevar-se a sua concentração inicial no ponto de saída, uma situação que

pode gerar problemas relacionados às questões estéticas, de sabor e odor, além da questão

relacionada a riscos à saúde, devido à possibilidade de formação de subprodutos prejudiciais à

saúde humana. Outra possibilidade, para compensar a perda do residual de cloro é a

introdução de estações para reforço de cloração em pontos estratégicos do sistema

(SALGADO, 2008).

Segundo a Portaria 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, o teor mínimo de cloro

residual livre recomendado para a água utilizada para o abastecimento humano é de

0,2 mg L-1, enquanto que o valor máximo recomendado é de 2,0 mg L-1.

� Substâncias Químicas Inorgânicas que causam risco à saúde - metais

Os íons metálicos são necessários para muitas das funções vitais do organismo

humano. A ausência de alguns deles pode ocasionar sérias doenças, tais como: anemia, por

deficiência de ferro; retardamento do crescimento de crianças, por falta de zinco; e má

formação óssea em crianças, por falta de cálcio (MASSABNI, 2009).

É importante destacar, ainda, vários outros metais, sem os quais a vida humana não

existiria. Entre eles estão o cromo, o manganês, o cobalto, o níquel, o cobre e o molibdênio,

envolvidos em processos metabólicos que regulam a produção de energia e o bom

funcionamento do corpo humano (MASSABNI, 2009).

No entanto, os metais pesados, elementos de elevada massa molecular, quando

absorvidos pelo ser humano são acumulativos, e se depositam no tecido ósseo e gorduroso

ocasionando o deslocamento de minerais nobres dos ossos e músculos para a circulação. Esse

processo pode provocar doenças tais como anemia, doença renal, distúrbios na reprodução e

danos neurológicos (TONANI, 2008).

Os metais potencialmente tóxicos surgem nas águas naturais devido aos lançamentos

de esgotos industriais tais como gerados em indústrias extrativistas de metais, indústrias de

Page 38: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO … · Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tios sulfato de sódio 10%..... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma

Revisão da literatura 37 ___________________________________________________________________________

tintas e pigmentos e, especialmente, as galvanoplastias, que se espalham em grande número

nas periferias das grandes cidades. Além destas, os metais pesados podem ainda estar

presentes em esgotos de indústrias químicas, como as de formulação de compostos orgânicos

e de elementos e compostos inorgânicos, indústrias de couro, peles e produtos similares,

indústrias de ferro e aço, lavanderias e indústria de petróleo. Os metais constituem

contaminantes químicos nas águas, pois em pequenas concentrações trazem efeitos adversos à

saúde (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).

� Cádmio

Cádmio é um metal que em baixas concentrações pode atuar como nutriente para plantas,

mas é tóxico para organismos aquáticos, mesmo em pequenas concentrações. Pode atingir o

ambiente por meio de várias fontes antrópicas tais como, subproduto de refinamento de zinco,

combustão de carvão, descarte de minas, processos de eletrodeposição, produção de aço-inox,

pigmentos, fertilizantes e pesticidas (ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 2001)

A toxicidade do cádmio é principalmente aguda. Os homens são protegidos da

exposição crônica a baixos níveis pela proteína rica em enxofre, metalotionina, a qual tem a

função de regular o metabolismo de zinco. Por ter muitos grupos sulfidril, a metalotionina

pode complexar quase todo cádmio ingerido, sendo o complexo, eliminado na urina. Se a

quantidade ingerida exceder a capacidade da proteína de complexá-lo, o metal é retido nos

rins e fígado. Algumas manifestações de toxicidade incluem anemia fraca e osteoporose. Os

efeitos mais pronunciados ocorrem nos rins. Além disso, pode provocar sérios danos ao

esqueleto, causando a doença conhecida por Itai-itai, relatada inicialmente no Japão

(BAIRD, 1995).

Segundo Bridgen, Stringer e Labuska (2000), o íon (Cd2+) é bioacumulativo e bastante

persistente no ambiente, principalmente, no solo e em águas subterrâneas e segundo autores

há acumulo de cádmio em animais, em gramíneas e na vida selvagem onde ocorreu o contato

desse contaminante com o meio ambiente.

� Chumbo

O chumbo é um elemento que vem sendo utilizado desde os tempos mais remotos, sendo

um dos primeiros metais a ser explorado pelo homem e conhecido desde 3500 a.C. Este

elemento ainda é usado em vários tipos de atividades, como minerações, fundições,

refinamentos, fabricação de baterias elétricas para automóveis, fertilizantes, indústrias

químicas, pigmentos, cerâmica e plásticos (TOMAZELLI, 2003).

Page 39: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO … · Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tios sulfato de sódio 10%..... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma

Revisão da literatura 38 ___________________________________________________________________________

O Pb ingerido vai inicialmente para o sangue, mas, em excesso, entra para os tecidos,

incluindo os órgãos, particularmente o cérebro. Eventualmente, o Pb deposita-se nos ossos,

tomando o lugar do cálcio, pois o Pb2+ e Ca são íons similares no tamanho. A absorção do Pb

pelo corpo aumenta em pessoas que têm deficiência de cálcio e é muito maior em crianças

que em adultos (BAIRD, 1995).

Muitos efeitos adversos à saúde são atribuídos às altas concentrações de Pb no corpo,

incluindo toxicidade nervosa, hematopoiética, renal, endócrina e no sistema esquelético,

sendo o sistema nervoso central, o primeiro a ser afetado. Danos no desenvolvimento

cognitivo e comportamental em bebês e crianças jovens representam os efeitos de maior

relevância. Toxicidade, a qual é dependente da idade e da dose de exposição, ocorre através

da exposição a baixos níveis de várias fontes ambientais incluindo ar, alimentos e água

(TOMAZELLI, 2003).

� Cromo

O cromo não faz parte dos microelementos essenciais para as plantas, entretanto é um

constituinte essencial para animais, sendo que diversas doenças como diabetes, arteriosclerose

e catarata, têm sido associadas a sua deficiência (ENVIRONMENTAL PROTECTION

AGENCY, 2001).

Os efeitos agudos de exposição incluem corrosão do trato gastrointestinal e necrose

dos rins, enquanto que a exposição crônica, via inalação de Cr (VI), pode resultar em úlceras

na pele, orifícios no septo nasal, dermatites e aumento da sensibilidade da pele

(COPI, 2001; NIKAIDO et al., 2010).

� Manganês

O manganês ocorre principalmente em rochas ígneas e metamórficas na forma de íons

bivalentes e é encontrado principalmente no estado de oxidação +2, entretanto, mais estável

sob a forma de Mn (IV).

A solubilidade do manganês é controlada pelo potencial redox e pH do meio, sendo o

Mn2+ a espécie mais solúvel em água. Em solos com pH acima de 6, o Mn2+ pode ligar-se à

matéria orgânica, óxidos e silicatos, sendo sua solubilidade diminuída (ALLOWAY, 1995).

O excesso de Mn absorvido por inalação pode acarretar pneumonia e/ou doenças

neuropsiquiátricas. Sais de manganês, em alguns micro-organismos, são aparentemente

potentes mutagênicos, entretanto, se comprovaram teratogênesis ou carcinogênesis em

mamíferos (MERIAN; CLARKSON, 1991).

Page 40: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO … · Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tios sulfato de sódio 10%..... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma

Revisão da literatura 39 ___________________________________________________________________________

� Cobre

A contaminação dos solos por cobre é resultado principalmente da utilização de

fertilizantes, pesticidas e das emissões de indústrias bélicas, têxteis, papelão e moedas. A

calcocita (Cu2S) é o mais rico dos sulfetos com 80% em cobre e a calcopirita (CuFeS2) é seu

principal minério. O cobre apresenta uma forte tendência a ligar-se quimicamente ao enxofre,

formando compostos pouco solúveis como Cu2S e CuS (ALLOWAY, 1995).

Vários componentes do solo adsorvem fortemente Cu2+, especialmente no estado

coloidal, como óxidos de manganês, alumínio e ferro, argilosilicatos e substâncias húmicas

(McBRIDE, 1994).

O uso contínuo de agrotóxicos (fungicidas cúpricos) pode elevar o teor de cobre, visto

que grande parte do produto aplicado nas folhas atinge o solo e desta forma pode acumular-se

em sua superfície.

A principal função do cobre no ser humano é a sua atuação como catalisador de

reações bioquímicas. Ele participa da síntese de hemoglobina e de outras proteínas que

contêm ferro, oxidando-o a ferro (III). O cobre é constituinte de numerosas enzimas, entre

elas, por exemplo, a tirosinase, responsável pela pigmentação da pele.

Altas concentrações de íons cobre levam a ações tóxicas em organismos resultando,

em particular, na atrofia de vários órgãos e tecidos, anemia endêmica (MERIAN;

CLARKSON, 1991).

3.2.2.3 Parâmetros biológicos

Os parâmetros biológicos estão relacionados a presença de vírus, bactérias, algas ou

outros pequenos seres vivos.

� Bactérias do grupo coliforme

As bactérias encontradas na água e/ ou alimentos constituem uma das principais fontes

de morbidade em nosso meio. A contaminação da água do sistema público de abastecimento é

geralmente detectada pela presença de bactérias do grupo coliforme pertencentes à família

Enterobacteriaceae a qual representa a maior e mais heterogênea coleção de bactérias de

importância clínica (JULIÃO, 2011).

O grupo de coliformes totais é constituído por bacilos gram- negativos, aeróbios ou

anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, oxidase- negativos, capazes de

desenvolver na presença de sais biliares ou agentes tensoativos que fermentam a lactose com

produção de ácido, gás e aldeído à 35,0 ºC ± 0,5 ºC em 24 – 28 horas, e que podem apresentar

Page 41: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO … · Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tios sulfato de sódio 10%..... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma

Revisão da literatura 40 ___________________________________________________________________________

atividade da enzima β- galactosidase. A maioria das bactérias do grupo coliforme pertence

aos gêneros Escherichia, Citrobacter, Klebsiella, e Enterobacter, embora vários outros

gêneros pertençam ao grupo (JULIÃO, 2011).

Os coliformes termotolerantes formam um subgrupo das bactérias do grupo coliforme

que fermentam a lactose a 44,5ºC ± 0,2 ºC em 24 horas; tendo como principal representante a

Escherichia coli, de origem exclusivamente fecal, que fermenta a lactose e manitol, com

produção de ácido e gás a 44,5 ºC ± 0,2 ºC, em 24 horas. Produz indol a partir do triptofano,

oxidase negativa, não hidroliza a uréia e apresenta atividade das enzimas β- galactosidase e β

– glucoronidase, sendo considerado o mais específico indicador de contaminação fecal

recente e de eventual presença de organismos patogênicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2006c).

3.3 Normatização da qualidade da água potável no Brasil

No Brasil, a normatização da qualidade da água para consumo humano foi iniciada na

década de 1.970. A primeira norma de potabilidade foi criada no Brasil pelo decreto federal

nº 79.367, de 9 de março de 1.977, que estabeleceu a competência do Ministério da Saúde

sobre a definição do padrão de potabilidade da água para consumo humano a ser observado

em todo o território nacional, através da portaria nº 56 Bsb, publicada em 14 de março de

1.977 (FREITAS; FREITAS, 2005).

Considera-se esta, a primeira norma de potabilidade, uma vez que abrangia diferentes

constituintes químicos e microbiológicos potencialmente patogênicos à saúde humana. Em 24

de maio de 1.974 foi publicada no Diário Oficial a lei federal nº 6.050 que dispunha sobre a

necessidade de fluoretação da água de sistemas de abastecimento provenientes de estação de

tratamento (FREITAS; FREITAS, 2005).

A 56 Bsb aprovou a norma e o padrão de potabilidade da água para fins de consumo

humano. De acordo com o decreto, caberia às Secretarias de Saúde dos Estados tendo

equivalência aos territórios e Distrito Federal, o exercício de fiscalização e o controle do exato

cumprimento das Normas e do Padrão de Potabilidade (FREITAS; FREITAS, 2005).

Segundo Formaggia, et al. (1.996), em 1.986, o Ministério da Saúde, através da extinta

Divisão de Ecologia Humana e Saúde Ambiental, efetuou um levantamento de atividades

exercidas pelas Secretarias Estaduais de Saúde (SES), com relação ao que passou a se chamar

de Vigilância Sanitária da Qualidade da Água para Consumo Humano. Na época,

constatou-se que, à exceção do Paraná, os demais Estados não exerciam nenhuma atividade

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Revisão da literatura 41 ___________________________________________________________________________

relacionada à vigilância da qualidade da água, ou se exerciam, não faziam de forma

sistemática e planejada. O Ministério da Saúde decidiu então, criar em 1986, o Programa

Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, o qual, entre outras

metas, pretendia prestar auxílio técnico e financeiro às Secretarias Estaduais de Saúde para

que estas iniciassem um programa de vigilância da qualidade da água, efetivassem a revisão

da legislação e capacitassem tecnicamente os profissionais das SESs para garantir apoio

laboratorial necessário à verificação do cumprimento da legislação quanto ao padrão físico-

químico e bacteriológico da água.

Em 1.988 a nova Constituição Federal estabeleceu o princípio de que a saúde é um

direito de todos e dever do estado e constituiu o Sistema Único de Saúde (SUS) com as

seguintes diretrizes básicas:

I- descentralização, com direção única em cada esfera do governo;

II- atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo

dos serviços assistenciais;

III- participação da comunidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

O texto constitucional estabelece, em seu artigo 2000, que compete ao SUS, além de

outras atribuições:

IV- participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento

básico;

VI- fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor

nutricional, bem como as bebidas e águas para consumo humano”

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

A primeira revisão da portaria nº 56 Bsb/ 77 foi iniciada em 1.988, e apesar de estar

inicialmente restrita à participação de setores governamentais de saúde, das companhias

estaduais de abastecimento de água e órgãos estaduais de controle ambiental, conseguiu

posteriormente envolver vigilâncias sanitárias, os Laboratórios de Saúde Pública (LACENs),

a comunidade científica e algumas associações de classe, na discussão da revisão, que

forneceu subsídios à nova portaria, a 36 GM, publicada em 19 de janeiro de 1.990. Entre as

principais inovações introduzidas pela 36 GM/90, estão (FREITAS; FREITAS, 2005):

1ª) Definição de controle de vigilância da qualidade;

2ª) Definição do sistema de serviço e sistema de abastecimento de água;

3ª) Inclusão e revisão de alguns parâmetros químicos e microbiológicos.

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Revisão da literatura 42 ___________________________________________________________________________

Em 1.990, após as primeiras eleições diretas para a presidência da república desde

1.964, tomou posse o novo presidente eleito em 01 de janeiro de 1.990, que procedeu a

reformas profundas no Ministério da Saúde. O novo arcabouço jurídico que passou a nortear a

política de saúde no Brasil exigiu o redesenho da estrutura do Ministério da Saúde

reorganizado por meio do Decreto Federal nº 109/1.991. Surgiu então a Secretaria Nacional

de Vigilância Sanitária (SNVS) que, por meio de sua Divisão de Ecologia Humana e Saúde

Ambiental (DIEHSA), continuou a coordenar o programa nacional de vigilância da qualidade

da água para consumo humano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

Enquanto isso, a Fundação Nacional de Saúde (FNS) - criada pela Lei nº 8.029/1.990 e

regulamentada pelo Decreto Federal nº 100/1.991, passou também por transformações. Em

1.998 com a proposta de estruturação sistêmica de vigilância em saúde ambiental, a FNS

passou a ser aquele órgão a assumir a atribuição de definir as políticas públicas do setor saúde

quanto à vigilância da qualidade da água para consumo humano.

A Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde do Brasil, por meio da

Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental – CGVAM iniciou, em 1.999, a

implantação e coordenação do Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental

(VIGIAGUA) relacionada à Qualidade da Água para Consumo Humano

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

Em 2.000, a FNS passou a denominar-se FUNASA por meio do Decreto Federal

nº 3.450 /2.000. Nesse mesmo ano, a FUNASA implementou algumas ações para viabilizar o

desenvolvimento das ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano,

destacando-se a criação de um sistema de informações sobre qualidade de água para consumo

humano (SISAGUA) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

Os objetivos específicos do Programa VIGIÁGUA são:

• Reduzir a morbi- mortalidade por doenças e agravos de transmissão hídrica, por meio

de ações de vigilância sistemática da qualidade da água consumida pela população;

• Buscar a melhoria das condições sanitárias das diversas formas de abastecimento de

água para consumo humano;

• Avaliar e gerenciar o risco à saúde das condições sanitárias das diversas formas de

abastecimento de água;

• Monitorar sistematicamente a qualidade da água consumida pela população, nos

termos da legislação vigente;

• Informar a população sobre a qualidade da água e riscos à saúde;

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Revisão da literatura 43 ___________________________________________________________________________

• Apoiar o desenvolvimento de ações de educação em saúde e mobilização social;

• Coordenar o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água (SISAGUA)

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

Ainda no ano de 2.000, foi realizada a segunda revisão da 36 GM/90, tendo ocorrido

dez anos depois, extrapolando a recomendação do prazo máximo de cinco anos, contidos na

36 GM/90, após a sua promulgação. Tal revisão foi conduzida pelo Ministério da Saúde, por

meio da Coordenação Geral de Vigilância Ambiental em Saúde (CGVAM), em parceria com

o Departamento de Engenharia de Saúde Pública (DENSP), da Fundação Nacional de Saúde

(Funasa) e com a representação da Organização Pan- Americana de Saúde (OPAS) e da

Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

Nessa última revisão ampliou-se mais o processo participativo na confecção da norma,

uma vez que houve a colaboração de diversas entidades dos setores público, privado e de

organizações não governamentais. Além disso, a própria Funasa coordenou uma consulta

pública para receber contribuições de profissionais, entidades e instituições de várias regiões

do país. Em 29 de dezembro de 2.000, foi publicada a portaria nº 1.469 através do Ministério

da Saúde estabelecendo o controle e a vigilância da qualidade da água para o consumo

humano e seu padrão de potabilidade. O prazo de adequação das instituições ou órgãos para

cumprimento da Norma foi até janeiro de 2.003, exceto para o monitoramento de

cianobactérias, que teve um prazo limite de implementação de 3 anos após a publicação da

portaria (FREITAS; FREITAS, 2005).

A principal inovação trazida pela portaria 1.469 foi a classificação dos tipos de

sistemas de abastecimento de água em sistema coletivo e sistema ou solução alternativa de

abastecimento de água. Tais sistemas são explicados a seguir:

• Sistema coletivo: constitui de uma instalação composta por um conjunto de obras

civis, materiais e equipamentos destinados à produção e distribuição canalizada de

água potável para as populações, sob a responsabilidade do poder público, mesmo que

administrada em regime de concessão e permissão.

• Sistema ou solução alternativa de abastecimento de água: constitui de toda modalidade

de abastecimento coletivo da água, distinta do sistema coletivo, incluindo por

exemplo, fontes, poços comunitários, distribuição por veículo transportador,

instalações condominiais horizontal e vertical (FREITAS; FREITAS, 2005) .

Em função dessa classificação, a portaria 1.469 estabeleceu deveres e

responsabilidades aos órgãos de saúde, encarregados de realizar a vigilância, e às empresas de

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Revisão da literatura 44 ___________________________________________________________________________

abastecimento, administradas sob o domínio público ou privado, responsáveis pelo controle

da qualidade da água. Ambos devendo monitorar os parâmetros de qualidade, desde as áreas

de proteção do corpo hídrico utilizado para a captação, até o tratamento e distribuição. Esta

última revisão também incorporou um novo parâmetro microbiológico, a pesquisa de

cianobactérias e cianotoxinas. Além de recomendações a respeito da operacionalidade para a

remoção de cistos de Giárdia spp e oocistos de Cryptosporidium sp., a partir da melhoria no

processo de filtração (BRASIL, 2000).

Em 2003, a VIGIAGUA relacionada à qualidade da água para consumo humano passa

a ser coordenada diretamente pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) no âmbito do

Ministério da Saúde por meio do Decreto n° 4.726/2003. Em 2.004, a Portaria do Ministério

da Saúde n° 1.469, de 29 de dezembro de 2000, foi revogada pela Portaria nº 518, de 25 de

março de 2004.

O Fluxograma 1 apresenta organização institucional do Programa de Vigilância em

Saúde Ambiental no Brasil.

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Revisão da literatura 45 ___________________________________________________________________________

Fluxograma 1- Organização Institucional do Programa de Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano.

Fonte: Adaptado MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004

A Portaria nº 518, de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde, estabelece que o

controle da qualidade da água é de responsabilidade de quem oferece o abastecimento

coletivo ou de quem presta serviços alternativos de distribuição. No entanto, cabe às

autoridades de saúde pública das diversas instâncias de governo a missão de verificar se a

MINISTÉRIO DA SAÚDE (M.S.)

SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE (SVS)

CGLAB Coordenação Geral de Laboratórios

CGVSA Coordenação Geral de Vigilância em

Saúde Ambiental

LACEN Laboratório Central de

Saúde

VIGIAGUA Vigilância Ambiental em Saúde relacionado à qualidade da água

para consumo humano

SES Secretaria Estadual de

Saúde

Vigilância em Saúde Coordenação Estadual de

Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano.

SMS Secretaria Municipal de

Saúde

Vigilância em Saúde Coordenação Municipal de Vigilância da Qualidade da

Água para Consumo Humano

Laboratório Local

Page 47: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO … · Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tios sulfato de sódio 10%..... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma

Revisão da literatura 46 ___________________________________________________________________________

água consumida pela população atende às determinações dessa portaria, inclusive no que se

refere aos riscos que os sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água

representam para a saúde pública (BRASIL, 2004).

O Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial da União do dia 14 de dezembro de

2.011 a Portaria nº 2.914, de 12/12/2011. Trata-se de norma que dispõe sobre os

procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu

padrão de potabilidade (CABRAL, 2012).

Esta portaria revoga e substitui integralmente a Portaria MS nº 518, de 25/03/2004,

que estabelecia os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da

qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade

(CABRAL, 2012).

3.3.1 Nova portaria de potabilidade da água: Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011

O processo de revisão da Portaria M.S. nº 518/ 2004 foi desenvolvido por um grupo de

trabalho composto por representantes do setor da saúde, de instituições de ensino e pesquisa,

das associações das empresas de abastecimento de água e dos órgãos de meio ambiente e

recursos hídricos (RIBEIRO, 2012).

Segundo a equipe de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano do

Ministério da Saúde, a discussão das propostas foi amplamente divulgada, tornando todo o

processo de revisão democrático e transparente, com site e endereço eletrônico exclusivos

para o recebimento de sugestões, proporcionando, assim, uma ampla participação da

sociedade civil e dos demais segmentos institucionais. Além disso, a minuta da portaria foi

debatida em oficinas regionais, disponibilizada para consulta pública, além de avaliada e

aprovada nos fóruns colegiados do Sistema Único de Saúde (RIBEIRO, 2012).

Destacam-se entre as obrigações, estabelecidas pela nova portaria, específicas dos

responsáveis pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água para

consumo humano as seguintes (CABRAL, 2012):

- o exercício da garantia do controle da qualidade da água;

- encaminhar à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios relatórios das análises dos parâmetros mensais, trimestrais e semestrais com

informações sobre o controle da qualidade da água, conforme o modelo estabelecido pela

referida autoridade.

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Revisão da literatura 47 ___________________________________________________________________________

Importa ressaltar também que compete aos responsáveis pelo fornecimento de água

para consumo humano estruturar laboratórios próprios e, quando necessário, identificar outros

para realização das análises dos parâmetros estabelecidos nesta Portaria, sendo que os

sistemas e as soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para consumo humano

devem contar com responsável técnico habilitado (CABRAL, 2012).

Do ponto de vista do padrão de potabilidade, a atualização foi resultado de cuidadosa

revisão, baseada em critérios de avaliação de risco (RIBEIRO, 2012).

Assim, se determinada substância química fazia parte do padrão de potabilidade e não

faz mais, é porque o conhecimento atual não aponta tal substância como de toxicidade

preocupante ou de que a exposição via consumo de água não é das mais relevantes.

Raciocínio semelhante justifica eventual flexibilização de valor máximo permitido para a

determinada substância, e raciocínio inverso justifica a inclusão de novas substâncias no

padrão de potabilidade ou maior rigor no estabelecimento de valor máximo permitido na água

(RIBEIRO, 2012).

Os valores máximos permitidos de cada substância na água foram definidos com base

na abordagem de avaliação quantitativa de risco químico, que permite estimar a concentração

limite que, em tese, poderia ser ingerida continuamente ao longo de toda a vida sem risco

considerável à saúde. Estimativa esta feita com largas margens de segurança

(RIBEIRO, 2012).

No caso do padrão microbiológico de potabilidade, a Portaria atual orientou a

definição do padrão de turbidez da água filtrada como indicador da remoção de protozoários,

sendo portanto incluído aos parâmetros de controle da desinfecção, indicadores da inativação

de bactérias, vírus e protozoários (RIBEIRO, 2012).

Concretamente, o padrão de substâncias químicas que representam risco a saúde e o

padrão organolético da Portaria 518/2004, em conjunto, regulamentavam 74 substâncias/

características da água, e esse número foi elevado para 87 na Portaria 2914/2011

(RIBEIRO, 2012).

A Portaria MS nº 2.914 do MS de 2011 dispõe ainda de parâmetros de observação

obrigatória para a aferição e garantia do padrão microbiológico de potabilidade, inclusive

estabelecendo padrões para substâncias químicas que representam risco à saúde

(CABRAL, 2012).

Considerando a relevância das alterações trazidas por esta portaria, ficaram

estabelecidos prazos para a adequação aos seus parâmetros, a saber (CABRAL, 2012):

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Revisão da literatura 48 ___________________________________________________________________________

� Prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses, contados a partir da data de sua

publicação, para que os órgãos e entidades sujeitos à aplicação desta Portaria

promovam as adequações necessárias ao seu cumprimento, no que se refere ao

monitoramento dos parâmetros gosto e odor, saxitoxina, cistos de Giardia spp. e

oocistos de Cryptosporidium spp (BRASIL, 2011b).

� Prazo de 4 (quatro) anos para cumprimento, contados da data de publicação desta

Portaria, mediante o cumprimento das etapas previstas no § 2° do art. 30 desta

Portaria, para o atendimento ao valor máximo permitido de 0,5 uT para filtração

rápida (tratamento completo ou filtração direta) (BRASIL, 2011b)

� Prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses, contados a partir da data de publicação

desta Portaria, para que os laboratórios referidos no art. 21 desta Portaria promovam as

adequações necessárias para a implantação do sistema de gestão da qualidade,

conforme os requisitos especificados na NBR ISO/IEC 17025:2005.

Algumas mudanças principais que afetam diretamente o Controle de Qualidade

(RIBEIRO, 2012):

� Não será mais necessário realizar análises de flúor na Rede de Distribuição. Somente

os resultados da produção serão suficientes para a Vigilância Sanitária. Para a Sabesp

isso representa uma redução de aproximadamente 55 mil ensaios por ano desse

parâmetro.

� Está claro nesta Portaria que, para parâmetros físicos e químicos, é necessário

considerar o histórico de resultados para avaliar se a água está atendendo ou não aos

padrões da Portaria. Anteriormente qualquer resultado unitário fora dos padrões já

poderia desclassificar a potabilidade da água.

� O limite permitido de turbidez após a filtração reduziu de 1,0 para 0,5 NTU, com

prazo de 4 anos para atendimento.

� As unidade que operam ETAs ja podem fazer a análise crítica de seus sistemas para

avaliar se estão atendendo a este novo limite.

� Deverá ser realizada uma análise de turbidez para cada análise de bacteriologia. Isso já

era recomendação na Portaria anterior e agora virou exigência.

� A frequência mínima exigida de visitas a sistema de produção por poços reduziu de

diária para duas vezes por semana.

� Análises de gosto e odor deverão ser feitas em todos os sistemas produtores, com

frequência semestral para poços e trimestrais para mananciais superficiais. Mas está

bem definido na Portaria um prazo de 2 anos para isso.

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Revisão da literatura 49 ___________________________________________________________________________

� Fica permitido concentrações de ferro e manganês acima do VMP desde que os

mesmos estejam complexados e possuam concentração máxima de 2,4 e 0,4 mg L-1

respectivamente.

� Na Portaria anterior o fato de clarificar a água com a adição de complexantes ainda

classificava a água como “não potável” já que o teor ferro e manganês não eram

reduzidos.

� Foram inseridos 19 novos ensaios parâmetros para monitoramento, a maioria deles

orgânicos e agrotóxicos.

� Fica obrigatório o ensaio de Cryptosporidium e Giardia para captações que

apresentem resultados de E. coli acima de 1000/100 ml, considerando uma média

geométrica anual.

É importante ressaltar ainda que como essa Portaria é de abrangência bem específica e

os conhecimentos científicos são dinâmicos, a mesma dever ser revisada periodicamente.

3.4 Água e saúde

No Brasil, a maior parte da população urbana vem adquirindo acesso à água através da

expansão de redes de abastecimento, sem que, por outro lado, sejam promovidos a coleta e

tratamento adequado de esgotos e lixo. A combinação entre estes fatores traz um novo desafio

para a saúde pública, que deve ampliar o olhar sobre a questão do saneamento para além da

cobertura de serviços, e incluir o monitoramento e ações efetivas sobre a qualidade da água e

vulnerabilidade de sistemas de abastecimento (ANDREAZZI; BARCELLOS; HACON,

2007). Cada vez mais, o processo de urbanização e adensamento populacional produz riscos

que são característicos de grandes centros urbanos, com mananciais e redes de distribuição de

água vulneráveis (EZZATI et al, 2005).

Os países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, entraram no terceiro milênio

retomando patologias do início do século XX. A ausência de serviços de saneamento tem

provocado precárias condições de saúde para uma parte significativa da população brasileira,

que sofre com a incidência de doenças, especialmente as de veiculação hídrica

(TEIXEIRA; GUILHERMINO, 2006).

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) e seus países membros, todas as

pessoas, em quaisquer estágios de desenvolvimento e condições socioeconômicas, têm o

direito de acesso a um suprimento adequado de água potável e segura, que não represente

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Revisão da literatura 50 ___________________________________________________________________________

risco significativo à saúde, em quantidade suficiente para atender às necessidades domésticas,

continuamente e que tenha um custo acessível (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009b).

Segundo o Ministério da Saúde (2006c), a qualidade de vida dos seres humanos está

diretamente relacionada à água, a qual é utilizada principalmente para ingestão direta, preparo

de alimentos, higiene pessoal e de utensílios. A água usada para abastecimento doméstico

deve apresentar características sanitárias e toxicológicas adequadas, estando livre de micro-

organismos patogênicos e substâncias nocivas à saúde, para prevenir danos e promover o

bem-estar das pessoas.

Sete crianças brasileiras são mortas diariamente por causa da diarréia e 700 mil

pessoas são internadas anualmente em função da falta de coleta e tratamento de esgoto. O

acesso ao saneamento básico reduziria em 36% a incidência dessa doença. A diarréia é

classificada como uma doença de veiculação hídrica, assim como a febre tifóide, disenteria,

cólera, hepatite, leptospirose e giardíase. De acordo com a Sabesp, essas doenças são comuns

nos países em desenvolvimento como o Brasil, onde cerca de 80% das enfermidades que

afetam a população tem origem justamente na água de má qualidade (MARTINS, 2010).

As crianças menores de cinco anos, geralmente estão mais expostas a este tipo de

contaminação, devido a sua nutrição baseada, principalmente, em alimentos liquidificados,

exceto no caso dos bebês que devem ser preferencialmente amamentados pelo leite materno.

Também se deve considerar sob risco mulheres grávidas, idosos, indivíduos que sofram de

determinadas doenças e pessoas debilitadas. Estas doenças são caracterizadas por uma fase

aguda e outras crônicas e, em casos avançados, podem causar a morte se não houver o devido

tratamento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009a).

Hoje, sabe-se da importância de se tratar a água destinada ao consumo humano, pois a

mesma é capaz de veicular grande quantidade de contaminantes físico e químicos e/ou

biológicos e cujo consumo tem sido associado a diversos problemas de saúde

(TORRES, 2000). Algumas epidemias de doenças gastrointestinais, por exemplo, têm como

via de transmissão a água contaminada. Essas infecções representam causa de elevada taxa de

mortalidade em indivíduos com baixa resistência, atingindo especialmente idosos e crianças

menores de cinco anos (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2000).

A água pode veicular um elevado número de enfermidades e essa transmissão pode se

dar por diferentes mecanismos. O mecanismo de transmissão de doenças mais comumente

lembrado e diretamente relacionado à qualidade da água é o da ingestão, por meio do qual um

indivíduo sadio ingere água que contenha componente nocivo à saúde e a presença desse

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Revisão da literatura 51 ___________________________________________________________________________

componente no organismo humano provoca o aparecimento de doença (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2006b).

Um segundo mecanismo refere-se à quantidade insuficiente de água, gerando hábitos

higiênicos insatisfatórios e daí doenças relacionadas à inadequada higiene – dos utensílios de

cozinha, do corpo e do ambiente domiciliar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a).

Outro mecanismo compreende a situação da água no ambiente físico, proporcionando

condições propícias à vida e à reprodução de vetores ou reservatórios de doenças. Um

importante exemplo é o da água empoçada, contaminada por esgotos, como habitat para o

molusco hospedeiro intermediário da esquistossomose. Outro exemplo desse mecanismo é o

da água como habitat de larvas de mosquitos vetores de doenças, como o mosquito Aedes

aegypti, a dengue. O Aedes aegypti necessita de coleções de água para o seu ciclo de

reprodução (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006b).

A Tabela 2 apresenta uma síntese das principais doenças relacionadas com a água.

Tabela 2- Doenças relacionadas com a água. GRUPO DE

DOENÇAS

FORMAS DE

TRANSMISSÃO

PRINCIPAIS

DOENÇAS

FORMAS DE

PREVENÇÃO

Transmitidas pela via feco-oral (alimentos contaminadas por fezes).

O organismo patogênico (agente causador de doença) é ingerido.

1. Diarréias e disenterias, como a cólera e a giardíase. 2. Febre tifóide e paratifóide. 3. Leptospirose. 4. Amebíase. 5. Hepatite Infecciosa. 6. Ascaridíase

1. Proteger e tratar as águas de abastecimento e evitar uso de fontes contaminadas. 2. Fornecer água em quantidade adequada e promover a higiene pessoal, doméstica e dos alimentos.

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Revisão da literatura 52 ___________________________________________________________________________

Continuação Tabela 2

GRUPO DE

DOENÇAS

FORMAS DE

TRANSMISSÃO

PRINCIPAIS

DOENÇAS

FORMAS DE

PREVENÇÃO

Controladas pela limpeza com a água (associadas ao abastecimento insuficiente de água).

A falta de água e a higiene pessoal insuficiente criam condições favoráveis para sua disseminação.

Infecções na pele e nos olhos, como o tracoma e o tifo relacionado com piolhos, e a escabiose.

Fornecer água em quantidade adequada e promover a higiene pessoal e doméstica.

Associadas à água (uma parte do ciclo da vida do agente infeccioso ocorre em um animal aquático)

O patogênico penetrapela pele ou é ingerido

Esquistossomose 1. Evitar o contato de pessoa com águas infectadas 2. Proteger mananciais 3. Adotar medidas adequadas para a disposição de esgotos 4. Combater o hospedeiro Intermediário

Transmitidas por vetores que se relacionam com a água

As doenças são propagadas por insetos que nascem na água ou picam perto dela

1. Malária 2. Febre amarela 3. Dengue 4. Filariose (elefantíase)

1. Combater os insetos Transmissores 2. Eliminar condições que possam favorecer criadouros 3. Evitar o contato com Criadouros 4. Utilizar meios de proteção individual

Fonte: Adaptada MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a.

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Revisão da literatura 53 ___________________________________________________________________________

3.4.1 Importância do tratamento da água para consumo humano

A qualidade necessária à água distribuída para consumo humano é a potabilidade, ou

seja, deve ser tratada, limpa e estar livre de qualquer contaminação, seja de origem

microbiológica, química, física ou radioativa, não devendo, em hipótese alguma, oferecer

riscos à saúde humana (BRASIL, 2004).

A potabilidade da água é alcançada mediante tratamento, sendo o mais tradicional

realizado pelas etapas de coagulação, floculação, decantação, filtração, desinfecção e

fluoretação, nas Estações de Tratamento de Água (ETA) (FREITAS, 2002).

Com os avanços nas tecnologias, a água bruta de qualquer qualidade pode ser tratada

pelas Estações de Tratamento de Água, que são responsáveis pela captação de água

subterrânea ou de mananciais, por meio de bombas, as quais realizam a condução da água até

as estações de tratamento, local onde a água, após receber adequado tratamento, torna-se

apropriada para o consumo humano (GOHRINGER, 2006).

O tratamento é uma fase crucial no sistema de abastecimento. Processa-se em várias

etapas, distinguindo-se as operações unitárias (que se assentam em princípios físicos) e os

processos unitários (que se assentam em princípios químicos ou biológicos)

(ROSALINO, 2011) .

Existem múltiplos esquemas de tratamento variantes de sequências ditas

convencionais. A título de exemplo, a Figura 1 representa uma sequência de processos e

operações unitárias que configuram num sistema de tratamento de água de origem superficial

Figura 1- Esquema de tratamento de água de origem superficial.

* Cinza: representa as operações e processos unitários mais frequentes.

Fonte: Adaptado ROSA; VIEIRA; MENAIA, 2009.

* Cor cinza: representa as operações e processo unitários mais frequentes.

FONTE: Adaptado ROSA;VIEIRA; MENAIA, 2009.

- - - Desinfecção - Coagulação

- Oxidação - Adição de coagulantes

matéria orgânica - Correção de pH/

- Remoção Fe/ Mn agressividade

- Remoção cor,

sabor e cheiro

Pré-

oxidação

Mistura

rápida Floculação Decantação

o Filtração Desinfecção

Correção de pH/ agressividade

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Revisão da literatura 54 ___________________________________________________________________________

� Pré-Oxidação

Destina-se à desinfecção primária da água, à oxidação da matéria orgânica e

inorgânica, à remoção de ferro e manganês. Diminui substancialmente compostos de cor,

sabor e cheiro (ROSALINO, 2011).

� Mistura Rápida

Operação unitária onde se materializa a coagulação, na qual se adiciona um agente

coagulante (usualmente sais de alumínio) com o intuito de favorecer a agregação das

substâncias em suspensão. Pode, eventualmente, ser feita uma correção de pH e/ou

agressividade com o objetivo de aumentar a eficiência do processo coagulação/floculação. A

mistura rápida pode também acomodar o doseamento de suspensão de carvão ativado em pó

(CAP) com a finalidade de adsorver a matéria orgânica natural (MON) e micro-contaminantes

orgânicos (ROSALINO, 2011).

� Clarificação

A etapa de clarificação constitui-se de um conjunto de operações unitárias, destinadas

à remoção de sólidos. A clarificação, cuja função essencial, consiste na remoção da turbidez,

apresenta uma grande importância no tratamento das águas de abastecimento, proporcional à

importância do parâmetro da turbidez na potabilidade da água (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2006b).

� Coagulação

Substâncias coagulantes são adicionadas na água com a finalidade de reduzir as forças

eletrostáticas de repulsão, que mantém separadas as partículas em suspensão, as coloidais e

parcela das dissolvidas. Desta forma, eliminando-se ou reduzindo-se a "barreira de energia"

que impede a aproximação entre as diversas partículas presentes, criam-se condições para que

haja aglutinação das mesmas, facilitando sua posterior remoção por sedimentação e/ou

filtração. Os coagulantes mais utilizados são o sulfato de alumínio e o cloreto férrico, sais

que, em solução, liberam espécies químicas de alumínio ou ferro com alta densidade de

cargas elétricas, de sinal contrário às manifestadas pelas partículas presentes na água bruta,

eliminando, assim, as forças de repulsão eletrostática originalmente presentes na água bruta

(DI BERNARDO; DANTAS, 2005).

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Revisão da literatura 55 ___________________________________________________________________________

� Floculação

Processo físico que promove a aglutinação das partículas já coaguladas, facilitando o

choque entre as mesmas devido à agitação lenta imposta ao escoamento da água. A formação

de flocos de impurezas facilitam sua posterior remoção por sedimentação sob ação da

gravidade, flotação ou filtração. A floculação pode ocorrer por processos hidráulicos ou

mecanizados (DI BERNARDO; DANTAS, 2005).

� Sedimentação

Separação dos sólidos da água, pela ação da gravidade, após a coagulação e a formação de

aglomerados. Este processo é de extrema importância para que a filtração possa remover o

restante do material sólido (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006c).

� Filtração

É o processo que remove as impurezas presentes na água bruta (filtração lenta); na

água coagulada ou floculada (filtração rápida direta); ou na água decantada (filtração rápida)

pela passagem destas em um meio granular poroso, geralmente constituído de camadas de

pedregulho, areia e antracito (este último, comum nos filtros rápidos). Em relação ao sentido

de escoamento e à velocidade com que a água atravessa a camada de material filtrante, a

filtração pode ser caracterizada como lenta, rápida de fluxo ascendente ou rápida de fluxo

descendente. A filtração direta tem sua denominação relacionada com a inexistência de

unidade prévia de remoção de impurezas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006c).

A filtração direta pode ser considerada como uma das principais tecnologias de

tratamento de água para abastecimento público, sendo utilizada com sucesso em diversos

países, inclusive no Brasil. Algumas variantes, tais como a filtração direta ascendente (FDA)

e a filtração direta descendente (FDD) possuem limitações relativas à qualidade

microbiológica, física e química da água bruta, especificamente para valores de turbidez, cor

verdadeira ou concentração algal temporariamente elevados. A dupla filtração (DF), que

consiste na filtração rápida descendente (FRD) precedida da filtração direta ascendente em

pedregulho (FAP) ou em areia grossa (FAAG), além de dispor das vantagens relacionadas à

FDA, permite o tratamento de água de pior qualidade, possibilita o uso de taxas de filtração

mais elevadas, oferece maior segurança com relação às variações bruscas de qualidade da

água bruta, apresenta maior remoção global de micro-organismos e pode dispensar o descarte

de água pré-filtrada no início da carreira de filtração (DI BERNARDO; DANTAS, 2005).

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Revisão da literatura 56 ___________________________________________________________________________

� Desinfecção

Após a clarificação da água, procede-se à desinfecção, ou seja, à destruição ou à

inativação de organismos patogênicos pela aplicação de um agente desinfetante. Os mais

empregados são: oxidantes químicos, como cloro, dióxido de cloro e ozônio, e radiação

ultravioleta (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006c).

O cloro é o desinfetante mais utilizado no tratamento de água para o consumo humano. Sua

grande utilização pode ser explicada devido às suas inúmeras vantagens como: elevada

eficiência na inativação de bactérias e vírus, possui efeito residual relativamente estável,

baixo custo, manuseio relativamente simples, além de grande disponibilidade no mercado

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006c).

� Fluoretação

Com a descoberta da importância dos sais de flúor na prevenção da cárie dental, quando

aplicados aos indivíduos na idade suscetível, isto é, até os 14 anos de idade, e em ordem

decrescente de efetividade à medida que aumenta a idade da criança, generalizou-se a técnica

de fluoretação de abastecimento público como meio eficaz e econômico de controle da cárie

dental (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006b).

As aplicações no abastecimento de água fazem-se por meio de aparelhos dosadores,

sendo usados o fluoreto de sódio, o fluossilicato de sódio e o ácido fluossilícico.

Para atender ao padrão de potabilidade humana, a água de abastecimento deve

apresentar os diversos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos dentro dos limites

máximos permitidos definidos pela Portaria nº 518 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004),

em consonância com a portaria 2.914 do Ministério de 2011 (BRASIL, 2011b).

O controle da qualidade da água produzida e distribuída pelos sistemas de

abastecimento de água tem sido feito, nas últimas décadas, através de análises laboratoriais da

água em amostras provenientes das diversas partes que compõem os sistemas, pesquisando a

presença ou a ausência de bactérias do grupo coliforme, consideradas, até pouco tempo, como

um ótimo indicador da contaminação da água por agentes patogênicos

(TEIXEIRA; LEAL, 2002).

A explanação de Richter e Azevedo Netto (1991), sobre a relação entre os processos

de tratamento da água e os respectivos resultados, indica os principais efeitos que estes

processos exercem sobre a qualidade da água final: a água tratada.

A Tabela 3 apresenta os processos e respectivos efeitos sobre os parâmetros químicos

e biológicos.

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Revisão da literatura 57 ___________________________________________________________________________

Tabela 3 – Principais efeitos dos processos de tratamento da água.

Atributos

Aeração

Sedimentação simples

Filtração

lenta

Coagulação e Filtração

rápida

Correção da dureza e filtração

rápida (14)

Desinfecção (cloração)

Bactérias

0

+ +

+ + + +

+ + + + (1)

(+ + +) (2)

+ + + +

Cor

0

0

+ +

+ + + +

(+ + + +)

0 (13)

Turbidez

0

+ + +

+ + + + (3)

+ + + +

(+ + + + +)

0

Odor e sabor

+ + + + (4)

(+)

+ + +

(+ +)

(+ +)

(+ + + +) (5-6)

Dureza

+

0

0

- - (7)

+ + + +

0

Corrosividade

+ + + (8) - - - (9)

0

0

- - (10)

Variável

0

Ferro e

manganês

+ + + (12)

+ (11)

+ + + +

(11)

+ + + + (11)

(+ +)

0 (13)

Fonte: Azevedo Netto e Richter, 1991, p.30. Notas: 1. Símbolos empregados: + Efeitos favoráveis - Efeitos adversos. 2. Os símbolos entre parênteses indicam efeitos indiretos: (1) Um pouco irregularmente. (2) Tratamento com cal em excesso. (3) Sujam-se ou entopem muito. (4) Exceção para os sabores devido aos clorofenóis. (5) Supercloração seguida de descloração. (6) Cloração normal. (7) A coagulação com sulfato de alumínio converte a dureza do carbonato em dureza de sulfato. (8) Pela remoção de gás carbônico. (9) Com adição de oxigênio. (10) A coagulação com sulfato de alumínio libera gás carbônico. (11) Após aeração. (12) Aeração seguida de uma unidade separadora para deposição. (13) Pode remover o ferro e ter efeito sobre a cor. (14) Redução da dureza pelo processo de precipitação química.

Porém, nos últimos anos, surgiram novos desafios no campo do controle de doenças

de veiculação hídrica associadas ao tratamento e ao abastecimento de água. Agentes

patogênicos como protozoários – Cryptosporidium e Giardia – enterovírus, cianobactérias,

além das bactérias heterotróficas, estão associados, direta ou indiretamente, a inúmeras

doenças de veiculação hídrica. Estes patógenos são exemplos de micro-organismos que não

têm sido eficientemente eliminados das águas de abastecimento por meio do tratamento

convencional da água de abastecimento ou ainda que têm provocado a contaminação do

sistema de distribuição, principalmente por meio de biofilmes (TEIXEIRA; LEAL, 2002).

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Revisão da literatura 58 ___________________________________________________________________________

Biofilme é um complexo ecossistema microbiológico, sendo que a dinâmica da sua

formação ocorre em etapas distintas, iniciando-se com a adesão dos micro-organismos

colonizadores a uma superfície, geralmente contendo proteínas ou outros compostos

orgânicos. As células aderidas passam a se desenvolver, originando microcolônias que

sintetizam uma matriz de polímeros orgânicos que passam a atuar como substrato para a

aderência de micro-organismos denominados colonizadores secundários, os quais ficarão

aderidos diretamente aos primários, como mostrado na Figura 2.

Desta forma, o biofilme corresponde a uma “entidade” dinâmica, pois dependendo dos

micro-organismos dos quais é composto, apresentará diferentes características físicas,

químicas e microbiológicas (RICKARD et al., 2003).

Figura 2- Representação gráfica do desenvolvimento de um biofilme.

Fonte: Adaptado de Rickard et al., 2003. * (a) Colonização primária de um substrato; (b) crescimento, divisão celular com desenvolvimento de microcolônias;

(c) coadesão de células individuais, células coagregadas e grupo de células idênticas, originando um biofilme jovem, de múltiplas espécies;

(d) maturação e formação de mosaicos clonais no biofilme maduro.

No biofilme, os micro-organismos permanecem mais resistentes à ação de agentes

químicos, como aqueles utilizados no processo de higienização, assim, os resíduos aderidos

aos equipamentos e superfícies, onde existe um fluxo de água ou outro líquido,

transformam-se em potencial fonte de contaminação, permitindo o desenvolvimento de um

biofilme. As ações mecânicas são mais eficientes na remoção destes micro-organismos, como

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Revisão da literatura 59 ___________________________________________________________________________

exemplo, a escovação e remoção dos resíduos de um reservatório doméstico de água para

consumo humano (MACÊDO, 2004).

3.4.2 Substâncias utilizadas nas Estações de Tratamento de Água e possíveis riscos à saúde humana

A saúde pública no Brasil sempre teve a sua atenção voltada para os problemas de

saúde relacionados às exposições ambientais. Todavia, seu interesse principal estava

inicialmente concentrado na contaminação da água por agentes biológicos. A implementação,

ainda que parcial, de medidas sanitárias tradicionais ocasionou um declínio da

morbimortalidade causada pelos patógenos biológicos veiculados pela água, o que provocou o

aumento da importância das doenças causadas por agentes físicos e químicos

(SANTOS; GOUVEIA, 2011).

Existem diversas formas de contaminação da água destinada ao consumo público. De

uma forma geral, é possível categorizá-las em duas fontes: contaminantes presentes nas águas

para captação e contaminantes utilizados ou formados durante o tratamento e distribuição da

água (ROSALINO, 2011).

No Brasil, o controle da exposição aos fatores de riscos biológicos tem se resumido ao

tratamento da água, processo que consta das seguintes fases: decantação, filtração e cloração.

A cloração representa um benefício indiscutível à saúde humana, uma vez que o cloro, em

qualquer de seus compostos, é capaz de destruir e tornar inativos os organismos causadores de

enfermidades. Sua aplicação é simples, exigindo equipamentos de baixo custo; a

determinação de sua concentração é fácil e é relativamente seguro ao homem nas dosagens

habitualmente adotadas (2mg L-1) para desinfecção da água (BRASIL, 2000; RIEDEL, 2010).

Entretanto, o cloro utilizado para desinfecção da água pode associar-se à matéria orgânica

geralmente presente nas águas superficiais captadas, gerando subprodutos, dentre eles os

trialomentanos (SANTOS; GOUVEIA, 2011).

As alterações na qualidade da água, devido às florações de organismos

fitoplanctônicos (microalgas e cianobactérias) e micro-organismos patogênicos em rios, lagos

e reservatórios destinados ao abastecimento, introduzem dificuldades diversas, podendo com-

prometer seriamente o funcionamento das estações de tratamento de água. No processo de

tratamento de água, a pré-oxidação pode representar uma etapa importantíssima para auxiliar

a remoção de tais contaminantes. Entretanto, tem sido observado que a maior parte desses

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Revisão da literatura 60 ___________________________________________________________________________

contaminantes atua como precursores na formação de subprodutos da oxidação

(SILVA et al., 2012).

A ocorrência de trialometanos (THMs) e outros produtos de cloração é um problema

preocupante e a descoberta de seus efeitos nocivos é relativamente recente. Sua formação se

deve, em parte, à prática de pré-cloração em águas com elevada concentração de

cianobactérias.

A matéria orgânica de outras origens na água bruta clorada também pode gerar esses

subprodutos na água tratada (SINGER, 1999; UMBUZEIRO et al., 2010). Quanto maior o

tempo de contanto da água contendo matéria orgânica com o cloro, maior quantidade de THM

é formada. Então, há mais probabilidade de a água apresentar maior concentração de produtos

de desinfecção ao longo da rede de distribuição do que na saída do tratamento, local em que a

maioria das amostras de água são coletadas para controle (SIMPSON; HAYES, 1998).

Os subprodutos de desinfecção (DBPs) são comprovadamente cancerígenos

(como clorofórmio e bromodicloroetano) e mutagênicos (3- cloro-4- (diclorometil)- 5-

hidroxi-2(5H)-furanona) (SIMPSON; HAYES, 1998; KOGEVINAS, VILLANUEVA, 2011).

Os DBPs podem igualmente causar danos ao desenvolvimento e reprodução, não só na biota,

como em humanos (KOGEVINAS; VILLANUEVA, 2011).

A absorção gastrointestinal após a ingestão é o principal fator de risco associado à

exposição aos THMs. A inalação e absorção pela pele (por serem voláteis e lipossolúveis) são

vias de exposição que também devem ser consideradas (KOGEVINAS; VILLANUEVA,

2011). Alguns THMs comumente detectados m água de abastecimento são: triclorometano ou

clorofórmio (CHCl3), bromodiclorometano (CHBrCl2), dibromoclorometano (CHBr2Cl) e

tribromometano ou bromofórmio (CHBr3) (HRUDEY, 2009).

Em outras localidades, já se identificou em torno de 600 diferentes subprodutos de

desinfecção na água (NIEUWENHUIJSEN; TOLEDANO; ELLIOTT, 2010).

Atualmente, a norma brasileira só indica que devem ser medidos os teores de THMs

total, mas há pesquisas que advertem sobre a importância das diferentes formas dos DBPs

para a saúde da população (RICHARDSON, 2003).

O relatório da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) de

2010 indica que “A Agência Ambiental norte- americana (United States Environmental

Protection Agency- USEPA), além dos THMs, fixa o teor máximo de AHA5 (ácido

monocloroacético, ácido dicloroacético, ácido tricloroacético, ácido bromacético, ácido

dibromoacético) em 60µ L-1”. O grupo recomendou adotar no Brasil o mesmo valor máximo

da USEPA para os AHA5, seguindo o princípio da preocupação. Sabe-se que tanto os THMs

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Revisão da literatura 61 ___________________________________________________________________________

quanto os AHA5 são parâmetros sazonais e a média móvel dos 12 meses anteriores permitiria

melhor análise da tendência deste parâmetro ao invés dos resultados mês a mês. No

documento, a sugestão é de que se aplique esse critério para THMs e AHA5

(UMBUZEIRO et al., 2010).

Existem algumas alternativas para regulamentar estes compostos, o que levaria à

obrigatoriedade dos prestadores de serviço avaliar a presença de cada um dos compostos às

águas, garantindo que técnicas de tratamento eficientes na sua remoção fossem adotadas.

Nas legislações relacionadas à potabilidade da água e qualidade de águas brutas, é

possível adotar como um dos requisitos para o atendimento aos padrões, a realização de

ensaios toxicológicos. Essa prática pode indicar a presença de compostos e misturas

prejudiciais à saúde, sem que sejam necessariamente identificados, o que torna o

monitoramento de qualidade da água menos oneroso. A inclusão desse parâmetro poderia

auxiliar no controle de substâncias tóxicas, inclusive dos produtos de desinfecção

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).

Outro processo preocupante no tratamento de água é o de coagulação, sendo a mesma

necessária para clarificação das águas turvas. A turvação de uma água é provocada por vários

tipos de espécies bióticas como bactérias e plâncton, e substâncias abióticas como colóides

orgânicos e inorgânicos. Este tipo de partícula necessita se coagular em partículas de maiores

dimensões que consigam decantar em duas horas. A dimensão das áreas superficiais dos

colóides desempenha um papel importante na sua coagulação, para um vasto leque de

coagulantes (ROSALINO, 2011).

O sulfato de alumínio é usado em processos de tratamento de águas para remover

matéria particulada em suspensão e outras substâncias, como compostos de fósforo. No

entanto, o tratamento pode deixar resíduos de alumínio na água tratada destinada ao consumo

humano. Neste contexto, a qualidade da água destinada ao abastecimento público deverá ser

controlada de forma a não exceder os 200µg L-1 Al (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).

Uma das formas mais comuns de utilização do alumínio como coagulante é o sulfato

de alumínio ou lúmen [Al2(SO4)3], cuja solubilidade na água ocorre a valores de pH 5,7 e 6,0

(EDWARDS; SCARDINA; MCNEILL, 2003). Se o alumínio residual apresentar

concentrações elevadas na linha de tratamento e água tiver um pH acima de 6,0, poderão

surgir depósitos de alumínio no sistema de distribuição (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 1996).

Apesar dos alimentos serem a principal entrada de alumínio no corpo humano, existe

uma maior preocupação em relação àquele que está contido nas águas de consumo público.

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Revisão da literatura 62 ___________________________________________________________________________

Esta preocupação reside no fato do alumínio estar presente na água em formas mais

biodisponíveis e por isso facilitar a sua absorção pelo organismo (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2003; HEALTH CANADA, 1998). Aproximadamente 0,1- 0,6% do total

de Al ingerido é absorvido, o restante é excretado via fezes e urina. A biodisponibilidade do

alumínio é fortemente influenciada pela forma dos composto de Al e da presença, na dieta, de

constituintes que podem complexar com o Al favorecendo ou inibindo a absorção (AGENCY

FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY, 2008).

A biodisponibilidade do alumínio depende da sua “predisposição” para ser absorvido,

a qual é fortemente influenciada pela sua solubilidade. O alumínio residual presente na água

produzida para abastecimento público, está predominantemente na forma dissolvida, podendo,

apresentar teores significativos de alumínio inorgânico monomérico (solúvel). Esta fração é

potencialmente mais biodisponível, e por isso, potencialmente mais tóxica (NATIONAL

ENVIRONMENTAL HEALTH FORUM, 1998).

Apesar da absorção diária de alumínio, inerente ao consumo de água ser relativamente

reduzida, não pode ser considerada insignificante, particularmente para grupos de riscos como

idosos, em que as taxas de absorção são tradicionalmente mais altas (HEALTH CANADA,

1998).

Na Figura 3 estão resumidos os valores de absorção diária por tipo de exposição, bem

como a percentagem de alumínio que pode ser acumulável no organismo humano.

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Revisão da literatura 63 ___________________________________________________________________________

Figura 3- Absorção diária e distribuição do alumínio no organismo humano.

Fonte: Adaptado de GOURIER- FRÉRY ; FRÉRY, 2004.

Segundo Bastos (2007), a existência de outros componentes da dieta também

influenciam na absorção do alumínio, como é o caso do ácido cítrico, ácido ascórbico, ácido

láctico e ácido málico, que podem formar complexos com o alumínio e aumentar

significativamente sua absorção. Alguns estudos epidemiológicos sugerem também que a

sílica presente na água possa reduzir a absorção do alumínio e/ou facilitar a sua excreção

(RONDEAU et al., 2008).

A presença de alumínio na água de consumo humano tem dado lugar à discussão dos

seus possíveis efeitos na saúde, devido essencialmente à suspeita de estar relacionada com a

doença de Alzheimer ou de determinadas encefalopatias secundárias da diálise.

Davidson et al. (1982) descobriram que os pacientes de hemodiálise sofriam de demência

quando o produto de diálise continha uma concentração de Al de 80µg L-1 (BHARATHI et al,

2008).

O alumínio, uma vez absorvido, aparece na ligação de proteínas do soro, sendo

eliminado pelos rins. No entanto, em doentes com insuficiência renal, o Al tende a

acumular-se, como 63consequência da sua incapacidade de excreção renal (WORLD

HEALTH ORGANIZATION, 1996; MALLUCHE, 2002).

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Revisão da literatura 64 ___________________________________________________________________________

3.4.3 Reservatórios domiciliares de água e sua relevância na rede de distribuição de água potável

Em muitos países é vetado o uso de reservatórios domiciliares de água. Na Europa e

nos Estados Unidos as residências são conectadas às redes de abastecimento público de água e

não há reservatórios; processo denominado de abastecimento direto, o qual proporciona água

de qualidade devido à presença de cloro residual, proveniente da rede de distribuição, em

níveis adequados (JULIÃO, 2011).

Após a ligação predial, a água fornecida pelo sistema público ainda passa por diversas

operações, desde o armazenamento predial até os habituais tratamentos domiciliares,

passando por toda a instalação predial. Essa etapa do consumo, em nosso país, impõe

elevados riscos à saúde, a ponto de todo o esforço desenvolvido nas unidades de sistema

coletivo frequentemente ser comprometido por um manuseio inadequado da água ao nível

extradomiciliar. Adicione-se a essa situação de risco a tradicional dificuldade do poder

público em estabelecer a vigilância no interior do domicílio, comumente considerado domínio

sanitário do indivíduo e da coletividade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a).

No abastecimento indireto, a água proveniente das estações de tratamento de água

(ETA) percorre um longo trajeto até chegar às instalações prediais, através da rede de

abastecimento, ficando armazenada em reservatórios de água, habitualmente denominados de

caixas d’água. Tais reservatórios constituem uma instalação usual nos domicílios, prédios

públicos e privados, serviços de saúde e escolas, atuando como instrumento de vazão com o

objetivo de promover a segurança em relação ao suprimento da quantidade de água potável

necessária diariamente (JULIÃO, 2011).

Outro sistema de abastecimento existente é o denominado sistema misto, em que

alguns pontos de consumo, como a torneira da cozinha, são abastecidos a partir da rede

pública e os restantes (chuveiro, vaso sanitário, torneira do banheiro), são abastecidos pela

água armazenada no reservatório domiciliar (caixa d’água).

A Figura 4 representa o sistema de abastecimento misto nos domicílios.

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Revisão da literatura 65 ___________________________________________________________________________

Figura 4- Representação gráfica da instalação nos domicílios com sistema misto.

Fonte: CAMPOS, 2007.

Várias pesquisas realizadas evidenciaram que a contaminação da água pode ocorrer no

próprio domicílio, por falta da manutenção do reservatório, pela sua localização, pela falta de

cuidados com o manuseio e higiene e, também, pelo tipo de material que é empregado na

construção da caixa d’água, principalmente as mais antigas, fabricadas com amianto

(JULIÃO, 2011).

As caixas d’água podem funcionar como um sedimentador de impurezas trazidas pela

própria rede de distribuição de água ou, por falta de vedação, proteção e limpeza do

reservatório, que geralmente se localiza em locais de difícil acesso. A matéria orgânica

depositada no fundo dos reservatórios pode causar alterações do pH, da cor, da turbidez, da

diminuição do teor de oxigênio e cloro residual, além de criar condições para crescimento e

proliferação de bactérias, propiciando a formação de um biofilme nas paredes internas do

reservatório.

Na Figura 5 estão representados os ramais de distribuição de um reservatório de água

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Revisão da literatura 66 ___________________________________________________________________________

Figura 5- Representação gráfica da caixa d’água e ramais de distribuição.

Fonte: Adaptado de CAMPOS, 2007.

Cabe ainda ressaltar que além da falta de manutenção dos reservatórios, com possível

degradação da qualidade da água. Existe também a contaminação sistemática da rede de

abastecimento, proveniente da cloração inadequada e possíveis infiltrações de elementos

químicos, como exemplo, os metais tóxicos (FREITAS; BRILHANTE; ALMEIDA, 2001).

Os metais presentes na rede de distribuição podem ter origem na variabilidade da

qualidade da água que o sistema possa apresentar. Duas origens podem ser indicadas:

� a primeira diz respeito ao próprio sistema que fornece o metal, principalmente por

meio de corrosão química ou microbiológica da rede de distribuição de água;

� a segunda relaciona-se à origem da água que entra na estação de tratamento, onde

principalmente alumínio e ferro formam compostos utilizados nos processos de

coagulação, cujo objetivo é a remoção de partículas em suspensão na água

(FREITAS; BRILHANTE; ALMEIDA, 2001).

Além da própria tubulação e qualidade da água, outro fator que pode influenciar na

concentração de metais presente na água destinada ao consumo humano, é a presença de bóias

nos reservatórios (equipamento responsável pelo controle da vazão de água nas caixas d’água)

(JULIÃO, 2011).

Estudos mostraram que em todos os casos ocorre um aumento da quantidade média de

patógenos encontrados nos reservatórios em comparação com os encontrados na rede de

abastecimento, o que confirma a existência da contaminação da água durante o

armazenamento (JULIÃO, 2011).

A maioria das pesquisas têm relacionado certas práticas de manejo e materiais

utilizados na confecção dos recipientes utilizados para armazenamento da água nos domicílios

às doenças de veiculação hídrica. Além disso, os resultados das investigações têm mostrado

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Revisão da literatura 67 ___________________________________________________________________________

que o período de armazenamento da água nos domicílios, antes do consumo, exerce grande

influência no tempo de sobrevivência de bactérias que formam o biofilme em um recipiente

(CLASEN; BASTABLE, 2003).

No Brasil, a maioria dos reservatórios de água ainda são constituídos do material

amianto, sendo outro eventual contaminante da água, designando materiais fibrosos de silicato

que contêm ferro, magnésio, cálcio ou sódio e que podem ser divididos em dois grandes

grupos de minerais: o grupo das serpentinas (o crisólito) e o das anfíbolas (a amosite, a

cricidolite e a tremolite) (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003).

Todas as formas de amianto são perigosas e todas podem provocar cancro, embora, a

forma anfíbola do amianto seja considerada mais perigosa para a saúde do que o crisólito. As

fibras de amianto não são detectáveis pelo odor ou sabor e não se dissolvem na água, sendo

resistentes ao calor, ao fogo e à degradação química e física, motivos pelos quais são

utilizadas em vários materiais de construção como tubagens de distribuição de água

(AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY, 2001). O amianto

pode ser libertado para a água de consumo através da corrosão das tubagens (WORLD

HEALTH ORGANIZATION, 2003).

Apesar do amianto não ser solúvel em água, as fibras podem ser ingeridas, sendo

excretadas pelos intestinos, podendo penetrar nas células do estômago ou dos intestinos e até

mesmo no sangue (AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY,

2001; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003).

Os efeitos na saúde humana resultantes da ingestão de amianto são pouco conhecidos,

embora alguns grupos de pessoas expostas às fibras de amianto na água de consumo tenham

apresentado maiores incidências de cancro de esôfago, estômago e intestino. Contudo, é muito

difícil avaliar se esta incidência se deve ao amianto ou a outra causa (AGENCY FOR TOXIC

SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY, 2001).

Apesar do amianto ser um conhecido carcinogênico por via respiratória, estudos

epidemiológicos disponíveis não sustentam a hipótese de que o risco de cancro seja

justificado pela ingestão de amianto na água, fato pelo qual a OMS conclui que não é

necessário estabelecer um valor guia para o amianto na água (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2003).

A USEPA é mais exigente do que a OMS e propõe um nível máximo de

contaminantes de 7 milhões de fibras por litro de água, além de considerar o amianto um

composto cancerígeno, consideração baseada na exposição por inalação e partilhada pela

International Agency for Research on Câncer- IARC. (AGENCY FOR TOXIC

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Revisão da literatura 68 ___________________________________________________________________________

SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY, 2001; UNITED STATES

ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 2006).

É importante ressaltar que no Brasil, as Portarias 518/2004 e 2.914/2011 não

especificam o amianto como uma substância química que causa danos à saúde.

Verifica-se também que a qualidade da água decai no sistema de distribuição pela

intermitência do serviço, pela baixa cobertura da população com sistema público de

esgotamento sanitário, pela absolescência da rede de distribuição, manutenção deficiente,

entre outros. Nos domicílios os níveis de contaminação se elevam pela precariedade das

instalações hidráulico-sanitárias, pela falta de manutenção dos reservatórios e pelo manuseio

inadequado da água (BRASIL, 2003).

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Material e métodos 69 ___________________________________________________________________________

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Caracterização da área de estudo

O município de Uberaba está localizado na região do Triângulo Mineiro do estado de

Minas Gerais, em uma área de 4.523,957 Km2, como representado na Figura 6. Segundo

dados do Censo 2010, o município possui uma população de cerca de 295.988 habitantes e

um crescimento populacional de 3.000 habitantes po ano (IBGE, 2010b).

Figura 6 – Mapa da localização do município de Uberaba no estado de Minas Gerais.

Fonte: IBGE, 2010a.

Em Minas Gerais, o Instituto de Gestão das Águas (IGAM) é o órgão gestor que tem

como missão a gerência da quantidade e qualidade do uso da água, emitindo autorização para

captação, lançamento ou qualquer intervenção em curso d’água.

O território municipal de Uberaba está contido na bacia hidrográfica do Rio Grande e

Tijuco, e utiliza a água para abastecimento público dos rios Uberaba e Claro e mais três poços

profundos que captam água do Aquífero Guarani (CENTRO OPERACIONAL DE

DESENVOLVIMENTO E SANEAMENTO DE UBERABA, 2005).

O rio Uberaba é o principal corpo hídrico de Uberaba, cruzando o município no

sentido leste/oeste. Este rio constitui-se na principal fonte de água para o abastecimento

humano da cidade apresentando o sério agravante de não suprir a cota de abastecimento

necessária no período de seca. Além do mais, é o corpo receptor da maior parte dos despejos

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Material e métodos 70 ___________________________________________________________________________

urbanos in natura do município (CENTRO OPERACIONAL DE DESENVOLVIMENTO E

SANEAMENTO DE UBERABA, 2005).

O controle de qualidade, desde os sistemas produtores (mananciais, captação,

tratamento) até os sistemas de distribuição (reservatórios e redes) é realizado pela

concessionária de saneamento local, e monitorada pelas Secretarias de Saúde Estaduais, com

base nos procedimentos e responsabilidades estabelecidos pelas Portarias nº 2.914 de 2011 e

518 de 2004 do Ministério da Saúde.

Em Uberaba, o Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba-

CODAU- é uma autarquia municipal, criada pela lei complementar 106/1.998 sendo

responsável pelos serviços de captação, tratamento, preservação e distribuição de água

potável, coleta e tratamento de esgotos sanitários no município.

4.1.1 Local da pesquisa

De acordo com a Secretaria Municipal da Educação, a infraestrutura escolar do

município de Uberaba conta com 64 estabelecimentos de ensino público, compreendendo a

pré-escola e o ensino fundamental, além de mais 29 creches conveniadas.

No ano de 2011-2012, a educação infantil atendeu 7.896 alunos com idade de 0 a 5

anos, sendo ainda que tal modalidade de ensino compreende três segmentos:

� Escolas Infantis (06 instituições): período de seis horas diárias;

� Centros Municipais de Educação Infantil – CEMEIs (29 instituições): período integral;

� Creches conveniadas (29 instituições): a prefeitura se responsabiliza apenas pela

prestação de serviços educacionais.

Para o presente estudo foram selecionadas seis Centros Municipais de Educação

Infantil (CEMEIs) e duas creches, as quais atendem crianças de 0 a 6 anos de idade.

A seleção das instituições de ensino foi realizada levando-se em consideração a

distribuição geográfica das mesmas na cidade de Uberaba- MG, além do fato de atenderem

crianças com faixa etária de 0 a 6 anos de idade, visto que tais escolares são mais suscetíveis a

doenças de veiculação hídrica.

A Figura 7 retrata a distribuição geográfica das instituições de ensino selecionadas

para a pesquisa.

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Material e métodos 71 ___________________________________________________________________________

Figura 7- Mapa da distribuição geográfica das instituições de ensino selecionadas para a pesquisa.

Fonte: Adaptado Google Earth®

Na tabela 4 estão apresentadas as coordenadas das localizações das instituições de

ensino infantil onde foram realizadas as coletas de água para posterior análises.

Tabela 4- Coordenadas das localizações das instituições de ensino selecionadas para pesquisa.

Instituições de ensino infantil

de Uberaba- MG

Coordenadas UTM (m) Latitude Longitude

A 19047’16.09”S 45054’31.89”O B 19046’11.96”S 47053’1.59”O C 19044’3.92”S 47059’13.35”O D 19047’20.24”S 47055’27.62”O E 19044’7.91”S 47057’51.19”O F 19045’3.09”S 47055’51.19”O G 19043’32.17”S 47056’21.15”O H 19043’22.32”S 47054’52.48”O

Fonte: Adaptado Google Earth®

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Material e métodos 72 ___________________________________________________________________________

4.2 Procedimentos metodológicos para a coleta das amostras de água em escolas selecionadas para pesquisa

As coletas das amostras de água, nas oito instituições de ensino selecionadas para o

estudo, foram efetuadas em dois pontos distintos:

1- Bebedouro localizado em ponto de maior acesso das crianças;

2- Torneira principal da cozinha, utilizada para lavagem de frutas, verduras e preparo das

refeições e sucos.

Para efeito de padronização, as coletas nos bebedouros foram realizadas sempre nas

últimas torneiras, com a finalidade de minimizar a possibilidade de interferência nos

resultados, caso houvesse contaminação entre as torneiras.

Foram realizadas quatro amostragens de água para análise, sendo as mesmas efetuadas

em períodos trimestrais compreendidos entre dezembro de 2011 e setembro de 2012. As datas

das coletas são listadas a seguir:

- 1ª coleta: 14/12/2011;

- 2ª coleta: 19/03/2012;

- 3ª coleta: 25/06/2012;

- 4ª coleta: 26/09/2012.

As coletas foram realizadas trimestralmente a fim de verificar a qualidade da água em

diferentes variações sazonais e ainda em períodos que contemplavam pelo menos uma

limpeza do reservatório de água.

O resultado das análises foi comparado com os parâmetros estabelecidos pela Portaria

nº 2.914 de 2011, do Ministério da Saúde, para verificar a qualidade da água destinada às

crianças, nas escolas listadas no item 5.1.1.

4.2.1 Preparação do campo para a pesquisa

Inicialmente, foi enviado à Secretaria Municipal de Educação de Uberaba um ofício

explicando a finalidade do projeto de pesquisa e solicitando autorização para a coleta das

amostras de água das escolas (ANEXO A).

Com a autorização da Secretaria Municipal da Educação foi feito um contato prévio com

os diretores das escolas selecionadas com o intuito de explicar a importância da realização do

estudo para o bem-estar da comunidade escolar e solicitando a colaboração para que o

trabalho ocorresse de forma tranquila e segura.

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Material e métodos 73 ___________________________________________________________________________

Posteriormente foi encaminhado um ofício para o Centro Operacional de

Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba (CODAU) solicitando parceria para a realização

das análises de pH, cloro residual, cor, turbidez, coliformes totais e Escherichia coli

(ANEXO B).

4.3 Procedimentos Técnicos

4.3.1 Limpeza do material a ser utilizado na coleta das amostras de água em escolas de ensino infantil

Toda a vidraria e frascos foram limpos com detergente Extran, enxaguadas com água

da torneira e em seguida, colocadas em solução de ácido nítrico 20% v/v, e mantidas por 24 h

nestas condições. Posteriormente foram enxaguadas com água deionizada, sendo as vidrarias

não volumétricas secas em estufa.

4.3.2 Coleta das amostras de água, em instituições de ensino infantil, para análises físicas e químicas

Inicialmente, o local da coleta (torneira ou bebedouro) foi mantida aberta, permitindo

a saída de água por, pelo menos, três minutos.

Foram utilizados frascos de polipropileno, previamente ambientados com água do

local, com o objetivo de minimizar possíveis interferências, para a coleta e armazenamento

das amostras de água referentes às análises físicas e químicas realizadas.

Para cada ponto de coleta de água foram realizadas duas amostragens, sendo uma

amostra utilizada para análise de cor, pH, turbidez e cloro residual e a outra amostra utilizada

para análise de metais.

A Figura 8 retrata o processo de ambientação dos frascos coletores.

Figura 8- Ambientação dos frascos coletores.

Fonte: Do Autor (2012).

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Material e métodos 74 ___________________________________________________________________________

4.3.3 Coleta das amostras de água em instituições de ensino para análises microbiológicas

O local da coleta foi higienizado com álcool 70% e em seguida flambado para que não

houvesse interferência nos resultados devido à contaminação externa.

Em seguida, as amostras de água utilizadas para as análises microbiológicas foram

coletadas de bebedouros e torneiras da cozinha das instituições de ensino infantil em frasco

âmbar, previamente autoclavados, contendo 0,1 mL de tiossulfato de sódio à 10% para cada

100 mL de água coletada, como mostrado na Figura 9.

Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tiossulfato de sódio 10%.

Fonte: Do autor (2012).

4.3.4 Conservação das amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil

As amostras de água utilizadas para a determinação da cor, turbidez, coliformes totais

e E.coli foram acondicionadas em caixa térmica contendo gelo e transportadas até o

laboratório de Química e Microbiologia do Centro Operacional de Desenvolvimento e

Saneamento de Uberaba- MG (CODAU) onde foram realizadas as análises.

Já, as amostras utilizadas para análise de metais também foram acondicionas em caixa

térmica contendo gelo e transportadas até o laboratório de Química do Instituto Federal do

Triângulo Mineiro – câmpus Uberaba, onde foram filtradas e acidificadas com ácido nítrico

supra-puro até pH 3, em seguida foram mantidas refrigeradas à temperatura de 4ºC.

4.3.5 Métodos de análises da água proveniente de instituições de ensino infantil

As análises físicas de cor e turbidez foram realizadas no Laboratório de Química do

Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba- MG (CODAU). Para as

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Material e métodos 75 ___________________________________________________________________________

análises químicas de pH e cloro residual livre, foram utilizados o método de medição direta,

realizado no próprio local da coleta, com a utilização de aparelhos apropriados.

A digestão das amostras de água, para posterior análise de metais, foram realizadas no

Laboratório de Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo

Mineiro- câmpus Uberaba, enquanto que as análises para determinação dos metais Cr, Cu, Cd,

Pb e Mn foram realizadas no Instituto de Química de São Carlos – IQSC/ USP, pelo método

de Espectrofotometria de Plasma Induzido.

As análises microbiológicas foram realizadas no Laboratório de Microbiologia do

Codau, pela Técnica da Membrana Filtrante.

4.3.5.1 Determinação do pH em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil As análises de pH foram realizadas nas próprias instituições de ensino, logo após a

coleta, utilizando um pHmetro da marca Orion 710- A, previamente calibrado com tampões

de pH 4, 7 e 10. Todas as medidas foram feitas à temperatura de 25ºC.

4.3.5.2 Determinação da cor em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil As amostras de água coletadas foram encaminhadas ao Laboratório de Química do

CODAU e posteriormente analisadas pelo método direto, com o auxílio de um aparelho

colorímetro da marca HACH DR/ 890 Portable Colorimeter.

4.3.5.3 Determinação do valor de turbidez em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil As amostras coletadas em frascos de polipropileno foram transportadas até o

Laboratório de Química do CODAU, para determinação do valor da turbidez pelo método

direto com o auxílio do aparelho turbidímetro da marca HACH, modelo 2100 Q.

4.3.5.4 Determinação de cloro residual em amostras de água provenientes de instituições de ensino infantil A determinação de cloro residual livre foi feita pelo método direto com o uso de um

aparelho fotômetro de mão verificador de cloro livre- faixa 0,00 a 2,50 mg L-1 - Modelo HI

701 no próprio local da coleta.

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Material e métodos 76 ___________________________________________________________________________

4.3.5.5 Determinação de metais em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil

� Digestão das amostras de água de abastecimento público

Ainda no laboratório do IFTM – Campus Uberaba- Unidade I as amostras passaram

pelo processo de digestão segundo o procedimento do método 3005A da Environmental

Protection Agency para as análises dos metais (UNITED STATES ENVIRONMENTAL

PROTECTION AGENCY, 1992).

Foram adicionadas alíquotas de 50 mL da amostra de água em tubos do bloco digestor

aos quais foram adicionados 2 mL de HNO3 e 5mL de HCl. Em seguida, a temperatura foi

elevada à 95ºC e mantida até que o volume da amostra fosse reduzido a 15 mL, sob refluxo.

Após resfriamento, as amostras foram transferidas para um balão volumétrico de 50 mL,

completando-se então seu volume com água Milli-Q. A amostra foi filtrada e mantida à 4 ºC

até posterior análise.

� Construção das curvas analíticas para a determinação dos metais

As curvas analíticas foram preparadas com 3 pontos mais o branco, sendo que cada

ponto foi preparado em triplicada, a partir de solução estoque, cuja concentração exata é de

1000 mg L-1. As concentrações utilizadas para os metais Mn, Cd, Cr, Pb e Cu foram:

→ Cd: 0,00; 0,04; 0,08; 0,12 mg L-1

→ Cr: 0,00; 0,04; 0,08; 0,12 mg L-1

→ Pb: 0,00; 0,03; 0,06; 0,09 mg L-1

→ Cu: 0,00; 1,00; 1,50; 2,00 mg L-1

→ Mn: 0,00; 1,00; 1,50; 2,00 mg L-1

� Determinação dos metais por espectrofotometria de plasma induzido (ICP-OES)

As análises de metais Pb, Mn, Cr, Cu e Cd foram realizadas no Instituto de Química

de São Carlos – IQSC/ USP de São Carlos, em um espectrofotômetro de plasma induzido

(ICP-OES), apresentado na Figura 10.

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Material e métodos 77 ___________________________________________________________________________

Figura 10- Espectrofotômetro de plasma induzido (ICP-OES).

Fonte: Do Autor (2012).

4.3.5.6 Análise de coliformes em amostras de água coletadas em instituições de ensino infantil A análise laboratorial das amostras de água coletadas para avaliação de coliformes

toais e termotolerantes foram feitas pela Técnica da Membrana Filtrante, de acordo com os

procedimentos do “Standard Methods for the Examination of Water ands Wastewater’’

(AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 1998) e da Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO,

2007).

Antes de começar as análises, a capela foi esterilizada com álcool 70% mantendo sua

lâmpada germicida ligada por 10 minutos. Os funis foram previamente autoclavados por 15

minutos a 1210C.

As amostras foram filtradas através de uma membrana filtrante estéril com porosidade

adequada (0,45 µm porosidade e 47 mm de diâmetro). A filtração foi realizada em um

aparelho que consta de um funil de filtração com tampa, suporte de membrana e frasco

receptor, como mostrado na Figura 11.

Figura 11- Suportes de filtração de polissulfona, vidro e aço de 47 mm manifold de PVC e bomba vácuo.

Fonte: Do Autor (2012).

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Material e métodos 78 ___________________________________________________________________________

Em seguida, foi feita a remoção asséptica da membrana do equipamento de filtração,

com auxílio de uma pinça, colocando-a sobre a superfície da placa contendo o Agar

Chromocult - MERCK.

As bactérias detectadas, apresentando dimensões maiores, ficaram retidas na

superfície da membrana, a qual foi então transferida para uma placa de Petri contendo o meio

de cultura seletivo e diferencial. Por capilaridades, o meio difundiu-se para a membrana, que

em contato com as bactérias, desenvolveram colônias com características típicas, que foram

observadas e contadas.

Após a filtração da amostra, a membrana filtrante foi transferida para a superfície do

meio Chromocult Coliform Agar, sendo efetuada a incubação a 35ºC ± 0,5ºC, durante 24h ± 2

horas. Após este período, efetuou-se a contagem das colônias típicas de coliformes totais (com

coloração rosa a vermelho escura e brilho verde metálico superficial) e Escherichia coli azul

escura, como mostrado na Figura 12.

Figura 12- Placa de sedimentação contendo Chromocult Coliform Agar (MERCK)

Fonte: http://www.unesp.br/prope/projtecn/MeioAmb/Imagens/MeioAmb33_5.jpg

4.4 Análise dos resultados

Como guia de referência para análise dos resultados utilizou-se a Portaria 2.914 do

Ministério da Saúde que estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao

controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade

e dá outras providências (BRASIL, 2011b).

4.4.1 Análise estatística

Para a análise estatística dos resultados finais, os valores resultantes de todas as

análises foram copiados em um banco de dados no Programa Microsoft Excel Versão 2003 e

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Material e métodos 79 ___________________________________________________________________________

transferidos para o software ASSISTAT versão 7.6- beta 2008 para testar a normalidade ou

homogeniedade dos dados.

Os resultados obtidos para cada variável analisada não apresentaram homogeneidade

entre si ao longo das quatro coletas realizadas, portanto, tais valores foram submetidos ao

teste não paramétrico de Kruskal- Wallis (ANOVA), software ASSISTAT – versão 7.6- beta

2008.

4.5 Implicações éticas

O presente trabalho foi dispensado da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa por

não envolver diretamente seres humanos; no entanto, por questões éticas foi preservada a

identidade das instituições de ensino infantil pesquisadas.

4.6 Tratamento de resíduos gerados durante a realização da pesquisa

Observa-se, na atualidade, que durante a realização de pesquisas que envolvem a

utilização de produtos químicos, são gerados diversos resíduos. Muitos são descartados no

meio ambiente sem qualquer tratamento, causando impacto à saúde humana e ao meio

ambiente.

Assim, um dos cuidados técnicos desta pesquisa é tratar os resíduos químicos gerados

durante a sua execução.

Page 81: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO … · Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tios sulfato de sódio 10%..... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma

Resultados e discussão 80

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados desta pesquisa estão apresentados segundo os objetivos propostos em

termos de investigação da qualidade da água, baseados em dois parâmetros físicos

(turbidez e cor), três parâmetros químicos (pH, cloro residual livre e metais) e ainda dois

parâmetros microbiológicos (coliformes totais e Escherichia coli) de oito instituições de

ensino infantil de Uberaba – MG, cuja captação, tratamento e distribuição da água é

responsabilidade do Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de

Uberaba-CODAU.

Ainda nesse trabalho foi analisada a variação dos valores obtidos das análises de cada

variável investigada durante as quatro coletas realizadas. Tal procedimento é justificado pelo

fato de as coletas terem sido realizadas em períodos trimestrais, o que proporcionou a análise

antes e após a limpeza dos reservatórios d’água.

Durante a coleta das amostras de água em cada instituição foram observadas algumas

características dos locais do estudo, como as condições de infra-estrutura e período de

limpeza dos reservatórios de água.

Das oito instituições selecionadas para a pesquisa, em 7 (87,50%) foram observadas

construções antigas. Outro fato relevante observado foi quanto à proximidade dos bebedouros

aos banheiros, sendo tal fato observado em 38,00% das instituições de ensino selecionadas

para a pesquisa.

Segundo informações levantadas durante o contato com a direção das instituições de

ensino, os reservatórios de água de todas as instituições estão localizados em local de difícil

acesso, sendo que sua manutenção é realizada por empresa terceirizada, sendo efetuada a

limpeza e posterior análise da qualidade da água a cada seis meses. O período de limpeza

geralmente é agendado para as férias escolares -julho e janeiro- para que não haja

comprometimento das atividades letivas.

Quanto aos bebedouros, observou-se que em todas as instituições de ensino, estes

continham filtros, sendo sua água proveniente da rede pública, enquanto a água utilizada nas

torneiras da cozinha era proveniente da caixa d’água. Segundo informações da direção das

instituições, a troca de filtro dos bebedouros e torneiras é efetuada a cada seis meses.

A água destinada ao consumo humano deve atender a certos requisitos de qualidade,

os quais variam de acordo com as diferentes realidades. Naturalmente, a água pode conter

impurezas caracterizadas como de ordem física, química e biológica, sendo que seus teores

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Resultados e discussão 81

devem ser limitados até um nível não prejudicial ao ser humano, sendo estabelecidos pelos

órgãos de saúde pública como padrões de potabilidade (OLIVEIRA, et al., 2012).

De acordo com a Portaria nº 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, a água é

considerada potável, sob ponto de vista microbiológico, quando está de acordo com a seguinte

conformidade: ausência de coliformes totais e termotolerantes em 100mL de água para

consumo (BRASIL, 2004; SIQUEIRA et al., 2010). A Portaria em questão estabelece ainda

mais de 50 padrões de potabilidade para substâncias químicas que representam risco à saúde

humana, como fluoreto, nitrato, nitrito e cloro residual livre, além de 20 padrões de aceitação

da água para consumo humano, entre os quais cor aparente, odor, turbidez e pH (BRASIL,

2011b; TAVARES et al., 2009).

A seguir são apresentados os resultados obtidos das análises laboratoriais propostas

para atingir o objetivo deste estudo.

5.1 Dados analíticos

5.1.1 Análises físicas

Turbidez e cor foram os parâmetros investigados nessa pesquisa por constituírem os

principais indicadores físicos de qualidade da água potável.

De acordo com Scorsafava et al. (2010), os parâmetros cor e turbidez são indicativos

da presença de sólidos dissolvidos em suspensão ou material em estado coloidal, sejam eles

orgânicos ou inorgânicos (areia, argila); porém muitas vezes eles podem estar relacionados

com a elevada concentração de ferro. Campos, Farache Filho e Faria (2003) relatam que a

turbidez também pode reduzir a eficiência da cloração, pela proteção física que pode propiciar

aos micro-organismos evitando contato direto com os desinfetantes, além de transportar

matéria orgânica capaz de causar sabor e odor indesejáveis.

� Turbidez

Para fins de potabilidade, os valores de turbidez devem ser inferiores a 5,0 NTU

(BRASIL, 2004; BRASIL, 2011b).

De acordo com a Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011, a turbidez deixa

de ser apenas um parâmetro pertencente ao padrão organoléptico de potabilidade e passa

também a ser considerado um parâmetro microbiológico, devido a vários estudos

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Resultados e discussão 82

apresentarem fortes correlações entre a eficiência dos processos de tratamento na remoção da

turbidez e consequente remoção dos (oo)cistos de Cryptosporidium spp e Giardia spp.

Os valores de turbidez, obtidos das análises das amostras de água coletadas nos

bebedouros das instituições de ensino infantil selecionadas para estudo, apresentaram-se na

faixa de 0,20 à 4,81 NTU, enquanto que os valores de turbidez para as amostras provenientes

das torneiras encontraram-se na faixa de 0,15 à 2,10 NTU, como apresentados na Tabela 5.

Tabela 5- Valores de turbidez obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.

Instituições de ensino

Pontos de

coleta

Turbidez (NTU) 1ª

COLETA (14/12/11)

2ª COLETA (19/03/12)

3ª COLETA (25/06/12)

4ª COLETA (26/09/12)

A

Bebedouro 0,20 0,50 0,23 0,75 Torneira 1,10 0,70 0,15 0,74

B

Bebedouro 1,30 0,80 0,84 0,77 Torneira 1,30 1,20 1,03 0,53

C

Bebedouro 1,10 1,20 1,34 1,68 Torneira 1,50 1,20 1,00 0,85

D

Bebedouro 1,00 1,00 1,07 0,84 Torneira 1,80 0,80 0,69 0,78

E

Bebedouro 1,30 1,10 4,81 1,21 Torneira 1,00 1,10 1,22 1,38

F

Bebedouro 2,50 0,30 0,41 0,58 Torneira 1,40 2,10 1,84 1,59

G

Bebedouro 1,70 1,10 1,40 1,04 Torneira 1,00 0,90 1,26 1,43

H

Bebedouro 0,51 0,70 0,51 0,32 Torneira 0,68 0,68 0,71 0,67

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 5, verificou-se que todas as

amostras de água (100%) provenientes de bebedouros e torneiras, das oito instituições de

ensino infantil selecionadas para a pesquisa, atenderam ao padrão de potabilidade exigido pela

Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011.

Oliveira et al. (2012), em estudo realizado com a água para consumo humano em

Guarabira – PB, obtiveram resultado semelhante, sendo que todos os valores de turbidez

estiveram abaixo do recomendado pela Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011. Já,

Scorsafava et al. (2010) verificaram índice de reprovação médio em 5,0 e 5,2% das amostras

de poços e minas, respectivamente, com valores de turbidez acima de 5,0 NTU.

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Resultados e discussão 83

No Gráfico 3 estão apresentados os valores de turbidez obtidos das análises das

amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras das instituições de ensino infantil

selecionadas para a pesquisa.

Gráfico 3- Valores de turbidez obtidos das análises de amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras de instituições de ensino infantil de Uberaba – MG.

0

1

2

3

4

5

A A A A B B B B C C C C D D D D E E E E F F F F GG GG H H H H

1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª4ª

Instituições/

Coletas

Turb

ide

z ( N

TU

)

Bebedouro

Torneira

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

Analisando-se os dados apresentados no Gráfico 3 e Tabela 5, foi observado que, para

a instituição de ensino A, a amostra de água proveniente do bebedouro, na quarta coleta

realizada, apresentou valor mais elevado de turbidez quando comparado às demais coletas

realizadas no referido ponto de amostragem. Tal evento pode ter ocorrido devido ao fato de

as tubulações, por onde a água percorre até chegar ao bebedouro, pertencerem à uma

instalação antiga e possivelmente apresentarem desgaste pelo tempo de uso. Entretanto,

quando analisada a turbidez das amostras de água provenientes da torneira da cozinha da

instituição infantil em questão, foi observado que o valor obtido da primeira coleta apresentou

valor mais elevado que àqueles obtidos das demais coletas realizadas. Para este resultado,

uma justificativa plausível seria o fato de a primeira coleta ter sido realizada 5 meses após a

última limpeza da caixa d’água, tempo suficiente para o armazenamento de impurezas.

Para a instituição de ensino B, não foram verificadas grandes variações nos valores de

turbidez no decorrer das quatro coletas realizadas nos dois pontos de amostragem. Fato

semelhante foi verificado para a instituição C.

Já, para a instituição D, constatou-se valor elevado de turbidez para a amostra de água

proveniente do bebedouro na terceira coleta realizada. Enquanto que, para as amostras de

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Resultados e discussão 84

água provenientes da torneira da cozinha da referida instituição de ensino, àquela obtida da

primeira coleta apresentou valor acima das demais coletas. Como a água proveniente da

torneira da cozinha é oriunda do reservatório d’água, o valor elevado de turbidez pode ser

explicado pelo fato de muitos reservatórios apresentarem partículas em suspensão devido à

falta de manutenção.

No caso da instituição de ensino E, o agravante foi verificado na amostra de água

proveniente do bebedouro na terceira coleta realizada, pois seu valor de turbidez apresentou-

se bastante elevado, quase atingindo o valor máximo permitido pela legislação vigente.

Quando analisada as amostras de água provenientes da instituição de ensino F, a

amostra proveniente do bebedouro, na primeira coleta, apresentou valor de turbidez mais

elevado que as demais coletas realizadas no mesmo ponto de amostragem.

Para a instituição de ensino G foi verificado que a amostra de água obtida do

bebedouro na segunda coleta realizada apresentou valor zero de turbidez, no entanto tal valor

cresceu gradativamente no decorrer das coletas.

Com relação aos valores de turbidez obtidos das amostras de água provenientes de

bebedouros e torneiras da cozinha da instituição de ensino H, não foi verificado uma variação

significativa do referido parâmetro ao longo das quatro coletas realizadas.

Ainda, com relação à turbidez, foi analisada a variação de seu valor durante as quatro

coletas realizadas. Os resultados de turbidez referentes às análises das amostras de água

provenientes de bebedouros e torneiras, nos diferentes períodos de amostragem, não

apresentaram homogeneidade entre si, por isso foram submetidos ao teste de Kruskal- Wallis,

à 5% de significância. Tal teste foi utilizado com o objetivo de verificar a existência de

diferença significativa entre os resultados obtidos para a turbidez das amostras de água

coletadas em bebedouros e torneiras quando analisado o período de amostragem das mesmas.

O teste Kruskal-Wallis aplicado aos valores de turbidez demonstrou que ocorreu uma

diferença significativa (p<0,05) quando considerado o período das coletas de água, tais

resultados são apresentados na Tabela 6.

Tabela 6- Análise de variância do valor de turbidez em diferentes períodos de amostragem.

Bebedouro Torneira

1ª coleta (14/12/11) 1,20 a 1,22 a

2ª coleta (19/03/12) 0,84 c 1,08 b

3ª coleta (25/06/12) 1,33 b 0,99 b 4ª coleta (26/09/12) 0,90 c 1,00 b

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).

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Resultados e discussão 85

Com relação às amostras de água coletadas nos bebedouros, foi possível observar que

os valores de turbidez correspondentes às 2ª e 4ª coletas não diferiram significativamente

entre si, apresentado valor médio inferior às demais coletas. Já, as amostras de água referentes

à primeira coleta diferiram significativamente, quanto ao valor de turbidez, das demais coletas

realizadas, além de apresentar valor superior a estas.

Os valores referentes à turbidez da água oriunda de torneiras, não diferiram

significativamente entre si (p>0,05) para as 2ª, 3ª e 4ª coletas. Os resultados mostraram

também que a turbidez das amostras de água referentes à 1ª coleta diferiram

significativamente em relação às demais coletas e apresentaram valor médio superior a estas.

No Gráfico 4 está representada a variação da turbidez das amostras de água coletadas

em bebedouros e torneiras da cozinha em diferentes períodos de amostragem, além do valor

padrão estabelecido pelo Ministério da Saúde.

Gráfico 4- Variação da turbidez da água coletada em bebedouros e torneiras de oito instituições de ensino infantil em diferentes períodos da amostragem.

0

1

2

3

4

5

6

1ª 2ª 3ª 4ª

Coletas

Tu

rbid

ez

(N

TU

)

Bededouro

Torneira

VMP

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012

� Cor aparente

A cor aparente, embora seja mais um atributo estético da água, é uma característica

derivada da existência de substâncias em solução, sendo essas, na grande maioria das vezes de

natureza orgânica. De acordo com a Portaria 2.914 do Ministério da Saúde de 2011, o valor da

cor da água destinada ao consumo humano não deve exceder 15 uH.

A Tabela 7 apresenta os valores de cor aparente obtidos das análises das amostras de

água provenientes de bebedouros e torneiras das instituições de ensino selecionadas para a

pesquisa.

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Resultados e discussão 86

Tabela 7- Valores de cor aparente obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.

Instituições de ensino

Pontos de

coleta

Cor aparente (uH) 1ª

COLETA (14/12/11)

2ª COLETA (19/03/12)

3ª COLETA (25/06/12)

4ª COLETA (26/09/12)

A

Bebedouro 2,50 2,50 2,50 2,20 Torneira 2,50 2,50 2,50 2,00

B

Bebedouro 2,50 2,50 2,50 0,90 Torneira 2,50 2,50 2,50 0,00

C

Bebedouro 2,50 2,50 2,50 0,40 Torneira 2,50 2,50 2,50 4,20

D

Bebedouro 2,50 2,50 2,50 3,80 Torneira 2,50 2,50 2,50 1,60

E

Bebedouro 2,50 2,50 2,50 2,30 Torneira 2,50 2,50 2,50 2,70

F

Bebedouro 3,50 2,50 2,50 2,10 Torneira 2,50 2,50 2,50 5,30

G

Bebedouro 2,50 2,50 2,50 3,70 Torneira 2,50 2,50 2,50 5,60

H

Bebedouro 2,50 2,50 2,50 3,70 Torneira 2,50 2,50 2,50 8,40

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

Analisando-se os valores de cor aparente apresentados na Tabela 7, observou-se que as

análises de água amostradas dos bebedouros das oito instituições de ensino infantil, nas quatro

fases de coletas de dados, apresentaram-se na faixa de 0,40 à 3,70 uH. Já, quando analisada a

cor aparente das amostras de água provenientes das torneiras das cozinhas, foram encontrados

valores entre 0,00 e 8,40 uH.

Foi verificado ainda que todas as amostras analisadas apresentaram-se em

conformidade com o valor máximo permitido (VMP) estabelecido pela Portaria 2.914 do

Ministério da Saúde de 2011.

Resultado semelhante foi observado em estudo realizado por Oliveira et al (2012) ao

avaliarem a qualidade da água para consumo humano distribuída pelo sistema de

abastecimento público em Guarabira- PB, cujas amostras apresentaram valor mínimo de

2,50 uH e máximo de 8,93 uH, apresentando, portanto, valores dentro do permitido pela

legislação. Entretanto, Casali (2008) ao analisar a água ofertada em escolas e comunidades

rurais da região central do Rio Grande do Sul, verificou que 14,7% das amostras de água

analisadas não atendiam o valor determinado pela legislação vigente. Já, Scorsafava et al.

(2010), ao avaliarem a água de poços e minas destinadas ao consumo humano, verificaram

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Resultados e discussão 87

que 29% das amostras analisadas apresentavam cor e turbidez em valores superiores ao

padrão estabelecido pelo Ministério da Saúde.

No Gráfico 5 estão apresentados os valores de cor aparente obtidos das análises das

amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras das oito instituições de ensino

infantil selecionadas para a pesquisa.

Gráfico 5- Resultados da cor aparente de amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

A A A A B B B B C C C C D D D D E E E E F F F F G G GG H H H H

1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª4ª

Intituições/

Coletas

Co

r ap

are

nte

(u

H)

Bebedouro

Torneira

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

Através do Gráfico 5, verificou-se que todas amostras de água coletadas nos

bebedouros e torneiras das instituição de ensino infantil A, apresentaram valores de cor

aparente praticamente iguais entre si.

Já, para as amostras de água provenientes da instituição de ensino B, aquelas obtidas

tanto do bebedouro quanto da torneira da cozinha, apresentaram valor de cor aparente

reduzido na quarta coleta realizada. Entretanto, foi observado resultado contrário nas análises

de amostras de água provenientes da instituição de ensino C. O valor elevado de cor aparente

verificado nas amostras de água obtidas da quarta coleta na instituição de ensino C pode ser

explicado pelo fato de tais amostras apresentarem valor elevado de turbidez.

Para a instituição de ensino D, foi verificado que a amostra de água obtida da quarta

coleta, proveniente do bebedouro, apresentou valor superior às demais amostras coletadas no

referido ponto em diferentes períodos de amostragem.

Page 89: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO … · Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tios sulfato de sódio 10%..... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma

Resultados e discussão 88

Quando analisada os valores de cor aparente das amostras de água provenientes da

instituição de ensino E, não foi observada grande variação para os dois locais de amostragem

ao longo das quatro coletas realizadas.

Para a instituição de ensino F, foi observado que para as amostras de água

provenientes do bebedouro, a amostra obtida da primeira coleta apresentou valor de cor

aparente acima das demais amostras. Enquanto que, quando verificado as amostras oriundas

das torneiras da cozinha, a amostra obtida da quarta coleta apresentou valor de cor superior às

demais. É importante ressaltar ainda que essa mesma amostra apresentou valor acentuado de

turbidez, fato que pode justificar o resultado obtido para cor aparente.

Analisando as amostras de água provenientes das coletas realizadas nos bebedouros e

torneiras da cozinha da instituição de ensino G, foi possível verificar que as amostras obtidas

da quarta coleta realizada apresentaram valores elevados de cor aparente quando comparados

às demais coletas realizadas. Fato semelhante foi observado para as amostras provenientes da

instituição de ensino H.

Ainda com relação à cor aparente, foi analisada sua variação durante as quatro coletas

realizadas, levando-se em consideração os períodos de amostragem. Os resultados referentes

às análises da cor aparente da água provenientes de bebedouros e torneiras, nos quatro

períodos de amostragem, não apresentaram homogeneidade entre si, por isso, foram

submetidos ao teste de Kruskal- Wallis, à 5% de significância.

Na tabela 8 estão apresentados os resultados da variação da cor aparente das amostras

de água em diferentes períodos de amostragem.

Tabela 8- Análise de variância do valor da cor aparente da água proveniente de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil, em diferentes períodos de amostragem.

Bebedouro Torneira

1ª coleta (14/12/11) 2,62 a 2,62 b 2ª coleta (19/03/12) 2,50 b 2,50 c

3ª coleta (25/06/12) 2,50 b 2,50 c 4ª coleta (26/09/12) 2,39 c 3,72 a

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).

Com base nos valores apresentados na Tabela 8, foi observado que, com relação às

amostras de água provenientes dos bebedouros, os valores médios de cor aparente referentes

às 2ª e 3ª coletas não diferiram significativamente entre si, diferindo, entretanto dos valores

obtidos na 1ª e 4ª coleta. Já para a 1ª coleta, o valor médio da cor aparente da água diferiu

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Resultados e discussão 89

significativamente de todas as demais coletas e apresentou ainda valor superior quando

comparado a estas. Os valores médios da cor aparente obtidos na 4ª coleta também diferiram

significativamente das demais coletas, apresentando valor superior às demais coletas.

Com relação à cor aparente das amostras de água provenientes das torneiras da

cozinha durante as quatro coletadas realizadas, verificou-se que os valores médios referentes à

cor aparente da água amostrada na 2ª e 3ª coletas não diferiram significativamente entre si,

diferindo, no entanto dos valores médios obtidos na 1ª e 4ª coletas. Ainda com relação às 2ª e

3ª coletas realizadas, foi observado que ambas apresentaram valores de cor aparente inferiores

às demais coletas. Já quando analisado o valor médio da cor aparente obtido da 1ª coleta, foi

verificado que o mesmo diferiu significativamente dos resultados das demais coletas e

apresentou valor inferior à 4ª coleta e superior às 2ª e 3ª coletas.

É importante ressaltar que tais resultados podem ser justificados pela limpeza dos

reservatórios de água realizada em janeiro de 2012 e julho de 2012. Portanto, os valores

elevados de cor aparente observados na 1ª coleta podem ser justificado pelo fato de as caixas

d’água terem sido limpas a aproximadamente 6 meses, período suficiente para o acúmulo de

impurezas.

No Gráfico 6 está representada a variação da cor aparente das amostras de água

coletadas em bebedouros e torneiras em quatro períodos de amostragem, juntamente com o

valor padrão de potabilidade estabelecido pela Portaria 2.914 do Ministério da Saúde de 2011.

Gráfico 6- Variação da cor aparente das amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG, em diferentes períodos de amostragem.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1ª 2ª 3ª 4ªColetas

Co

r a

pa

ren

te (

uH

)

Bebedouro

Torneira

VMP

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012

Verificou-se, através do Gráfico 6 , que os valores médios de cor aparente, praticamente

não apresentaram alteração para as três primeiras coletas. Entretanto, para a quarta coleta, as

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Resultados e discussão 90

amostras de água provenientes de bebedouros apresentaram uma diminuição no valor da cor

aparente, enquanto que as amostras provenientes das torneiras da cozinha tiveram seu valor

elevado.

5.1.2 Análises químicas

Cloro residual livre, pH, e concentração dos metais chumbo (Pb), Manganês (Mn),

cromo (Cr), cobre (Cu) e cádmio (Cd) foram os parâmetros químicos investigados nessa

pesquisa.

� Concentração hidrogeniônica (pH)

O pH é um parâmetro que estabelece a condição acida ou alcalina de uma água, não

gerando risco sanitário associado diretamente a sua medida. De acordo com a Portaria

nº 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, a faixa recomendada de pH na água distribuída para

o consumo humano é de 6,0 a 9,5.

O pH pode sofrer alteração dependendo do tempo de armazenamento e da condição

física do reservatório, dada a exposição ambiental e/ou tipo de material utilizado na

fabricação do mesmo. Exerce efeito indireto sobre a precipitação de elementos tóxicos, como

metais, além de interferir na reatividade do cloro, a qual diminui com o aumento do pH

(MEYER, 1994; PARASHAR, et al., 2008).

Quando o pH apresenta valores próximos de 4,0, praticamente todo o cloro encontra-se

na forma HOCl, considerada a forma germicida mais ativa, enquanto que para os valores de

pH acima de 7, a forma menos ativa (OCl-) aumenta (OLIVEIRA, et al., 2012). Embora o

valor de pH abaixo de 6,0 seja favorável para aumentar a ação bactericida do cloro, baixos

valores de pH apresentam risco importante de agressividade contra os materiais que

constituem as tubulações, diminuindo sua vida útil, podendo ainda deteriorar a qualidade da

água tratada pela dissolução de produtos oriundos da própria corrosão e/ ou do meio externo

(SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, ?).

Para o organismo humano, a exposição a valores extremos de pH, na faixa de 11,0, pode

causar irritação nos olhos e pele, podendo também ocasionar irritação gastrointestinal.

Valores de pH abaixo de 4,0 podem ocasionar em irritações nos olhos, e na faixa de 2,5,

irritações irreversíveis no epitélio (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1996).

Os valores de pH obtidos das análises de amostras de água coletadas nos bebedouros

das oito instituições de ensino infantil selecionadas para o trabalho, nos quatro períodos de

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Resultados e discussão 91

coleta de dados, apresentaram-se na faixa de 7,34 à 8,60, enquanto que os valores de pH

referentes às amostras de água coletadas nas torneiras das cozinhas, variaram de 7,48 à 8,50.

Na Tabela 9 estão apresentados os valores de pH obtidos das análises de amostras de

água provenientes de bebedouros e torneiras das instituições de ensino selecionadas para a

pesquisa em quatro períodos de amostragens.

Tabela 9- Valores de pH obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.

Instituições de ensino

Pontos de

coleta

Cor aparente (uH) 1ª

COLETA (14/12/11)

2ª COLETA (19/03/12)

3ª COLETA (25/06/12)

4ª COLETA (26/09/12)

A

Bebedouro 8,00 7,70 7,58 7,77 Torneira 7,80 8,00 7,53 7,65

B

Bebedouro 8,10 8,30 7,85 7,83 Torneira 8,10 8,50 7,92 7,86

C

Bebedouro 8,10 8,30 7,89 7,34 Torneira 7,80 8,50 8,04 7,71

D

Bebedouro 7,90 8,30 7,68 7,87 Torneira 8,00 8,30 7,88 7,93

E

Bebedouro 8,00 8,20 7,53 7,75 Torneira 8,00 8,20 7,48 7,77

F

Bebedouro 7,70 8,20 7,61 7,90 Torneira 7,90 8,30 7,55 7,84

G

Bebedouro 7,80 8,60 7,84 7,91 Torneira 8,20 8,50 7,85 7,90

H

Bebedouro 7,85 8,10 7,67 7,77 Torneira 7,80 8,30 7,62 7,62

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

Como mostrado na Tabela 9, todas as amostras de água coletadas em torneiras da

cozinha e bebedouros das oito instituições de ensino selecionadas atenderam ao valor padrão

estabelecido pela Portaria 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde com relação ao valor de pH.

Resultados semelhantes foram encontrados por Oliveira et al. (2012), Scandolera et al. (2011)

e Campos, Farache Filho e Faria (2003), onde todas as amostras de água analisadas estavam

de acordo com a legislação vigente.

Entretanto, Scuracchio e Farache Filho (2011), ao analisarem a água utilizada em

escolas no município de São Carlos- SP, verificaram que 45,1% das amostras de água

coletadas apresentavam pH inferior a 6,0. Também em pesquisa realizada por

Tavares et al. (2009) em água de bicas localizadas nos municípios de Santos e São Vicente,

Page 93: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO … · Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tios sulfato de sódio 10%..... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma

Resultados e discussão 92

estado de São Paulo, 38,7% das amostras analisadas apresentaram pH abaixo do intervalo

recomendado pela legislação. Já, Araújo et al. (2011) ao avaliar o pH da água destinada ao

consumo humano de uma comunidade rural de São Paulo, observou que, em alguns pontos da

coleta, os valores de pH indicaram a água um pouco ácida, sendo os menores valores

encontrados na caixa d’água de uma residência, com pH 4,25 e em uma das nascentes, com

pH 4,46.

No Gráfico 7 estão apresentados os valores de pH obtidos das análises das amostras de

água provenientes de bebedouros e torneiras das instituições de ensino infantil selecionadas

para a pesquisa.

Gráfico 7- Valores de pH obtidos das análises de amostras de água provenientes

de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.

6

6,5

7

7,5

8

8,5

9

A A A A B B B B C C C C D D D D E E E E F F F F G GG G H H H H

1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª4ª

Instituições/

Coletas

pH

Bebedouro

Torneira

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

Com base no Gráfico 7, verificou-se que o valor do pH das amostras de água

provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha da instituição de ensino A não

apresentaram diferenças relevantes para as quatro coletas realizadas.

Já para a instituição de ensino B foi verificado que as amostras provenientes da

segunda coleta realizada apresentaram maiores valores de pH, tanto para o bebedouro, quanto

para a torneira da cozinha.

Na instituição de ensino C foi verificado que, para as amostras obtidas dos

bebedouros, aquela proveniente da segunda coleta apresentou maior valor de pH, enquanto

que a amostra proveniente da quarta coleta apresentou menor valor de pH. Resultado

semelhante foi observado para as amostras de água obtidas da torneira da cozinha da referida

instituição de ensino infantil.

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Resultados e discussão 93

Para a instituição D foi verificado que as amostras de água provenientes de

bebedouros e torneiras obtidas da 2ª coleta apresentaram maior valor de pH, sendo observado

resultado similar para as instituições de ensino E, F, G e H.

Ainda com relação à variável pH, foi analisada sua variação durante as quatro coletas

realizadas. Os resultados referentes às análises de pH da água proveniente de bebedouros e

torneiras, nos quatro períodos de amostragem, não apresentaram homogeneidade entre si, por

isso, foram submetidos ao teste de Kruskal- Wallis, à 5% de significância.

Através do teste de Kruskal-Wallis foi observado diferença significativa (p<0,05)

entre os valores de turbidez obtidos em diferentes períodos de amostragem, como mostrado na

Tabela 10.

Tabela 10- Análise de variância do valor do pH da água proveniente de bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil, em diferentes períodos de amostragem.

Bebedouro Torneira

1ª coleta (14/12/11) 7,93 b 7,95 b 2ª coleta (19/03/12) 8,21 a 8,32 a

3ª coleta (25/06/12) 7,71 d 7,73 c 4ª coleta (26/09/12) 7,77 c 7,78 c

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).

Foi verificado, através da Tabela 10, que com relação às amostras de água

provenientes dos bebedouros das oito instituições de ensino selecionadas para pesquisa, os

valores de pH obtidos nas quatro coletas realizadas, diferiram significativamente entre si.

Sendo ainda que, a segunda coleta apresentou valor médio superior às demais coletas,

enquanto que a 3ª coleta apresentou valor médio inferior às demais.

Já, em relação às amostras de água provenientes das torneiras das oito instituições de

ensino selecionadas, os valores de pH obtidos da 3ª e 4ª coleta não diferiram

significativamente entre si, no entanto, diferiram, ao nível de 5% de significância dos valores

obtidos nas demais coletas (1ª e 2ª coletas). Foi observado ainda que, os valores referentes à

3ª e 4ª coletas apresentaram valor médio inferior de pH quando comparados aos valores das 1ª

e 2ª coletas. Verificou-se ainda que, para os valores de pH provenientes da 1ª coleta, estes

apresentaram diferença significativa quando comparados aos valores obtidos das demais

coletas, apresentando ainda, valor médio superior a estes. Quando analisado os valores de pH

referentes à 1ª coleta, os mesmos diferiram significativamente, ao nível de 5%, dos valores

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Resultados e discussão 94

obtidos nas demais coletas, apresentando valor médio superior às 3ª e 4ª coletas e inferior à 2ª

coleta.

No Gráfico 8 está representada a variação do pH das amostras de água coletadas em

bebedouros e torneiras ao longo das quatro coletas realizadas.

Gráfico 8- Variação do pH das amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG em quatro períodos de amostragem e intervalo determinado pela legislação vigente.

5

5,5

6

6,5

7

7,5

8

8,5

9

9,5

10

1ª 2ª 3ª 4ª

Coletas

pH

Bebedouro

Torneira

Valor mínimo

Valor máximo

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

Através do gráfico acima, foi observado que as amostras de água provenientes de

bebedouros e torneiras apresentaram valor médio superior de pH na segunda coleta realizada.

� Cloro residual livre

O cloro é o produto mais utilizado na desinfecção da água, sendo a sua presença, em

concentração suficiente, fundamental como agente bactericida (BARCELLOS et al., 2006). A

utilização do cloro como agente químico para desinfecção consiste em manter a proteção

residual satisfatória, mesmo com estratégias variáveis de armazenamento

(SMITH; KOMOS, 2009).

Estudos mostram que a cloração diminui a presença de bactérias, principalmente

coliformes totais e termotolerantes, além de evidenciar ausência de salmonella sp., quando os

níveis de cloro livre apresentaram-se superiores a 0,1 mg L-1 (TSAI et al., 1992).

Segundo a Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011, após a desinfecção para

utilização no abastecimento, a água deve conter um teor mínimo de cloro residual livre de

0,5 mg L-1, sendo obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg L-1 em qualquer ponto da

rede de distribuição. Recomenda-se ainda que o teor máximo de cloro residual livre, em

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Resultados e discussão 95

qualquer ponto do sistema de abastecimento, seja de 2,0 mg L-1, sendo que o valor acima de

5,0 mg L-1 pode apresentar risco à saúde.

Os valores de cloro residual livre obtidos nas análises da água amostradas nos

bebedouros das oito instituições de ensino infantil, nas quatro fases de coleta de dados,

apresentaram-se na faixa de 0,00 à 1,04 mg L-1, enquanto que os valores de cloro residual

livre referentes às amostras de água coletadas nas torneiras das oito instituições de ensino

infantil, variaram de 0,00 à 1,00 mg L-1, conforme apresentado na Tabela 11.

Tabela 11-Valores cloro residual livre de obtidos das análises de amostras de água utilizada para consumo de escolares em oito instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.

Instituições de ensino

Pontos de

coleta

Cor aparente (uH) 1ª

COLETA (14/12/11)

2ª COLETA (19/03/12)

3ª COLETA (25/06/12)

4ª COLETA (26/09/12)

A

Bebedouro 0,80 0,08 0,83 0,00 Torneira 0,09 0,10 0,14 0,00

B

Bebedouro 0,30 0,60 0,73 0,30 Torneira 0,09 0,60 0,84 0,30

C

Bebedouro 1,00 0,70 1,04 0,30 Torneira 0,80 0,70 0,96 0,30

D

Bebedouro 0,10 0,04 0,14 0,00 Torneira 0,09 0,14 0,38 0,00

E

Bebedouro 0,80 0,52 0,54 0,10 Torneira 0,80 0,61 0,84 0,10

F

Bebedouro 0,10 0,16 0,14 0,00 Torneira 1,00 0,64 0,65 0,10

G

Bebedouro 1,00 0,51 0,84 0,30 Torneira 1,00 0,63 0,11 0,30

H

Bebedouro 0,22 0,05 0,30 0,30 Torneira 0,16 0,07 0,37 0,05

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

Os resultados obtidos nessa pesquisa revelaram que, das amostras de água coletas nos

bebedouros, 100% das mesmas atenderam ao valor máximo exigido pela Portaria nº 2.914 de

2011 do Ministério da Saúde, de 2,0 mg L-1 para a variável de cloro residual livre. Já, com

referência ao valor mínimo de 0,2 mg L-1, determinado pela legislação vigente, quanto à

concentração de cloro residual livre, 40,62% das amostras analisadas não atenderam ao

padrão recomendado.

Resultado semelhante foi encontrado por Araújo et al. (2011), cujo estudo com relação

à água disponibilizada em uma comunidade rural no Estado de São Paulo demonstrou que

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Resultados e discussão 96

todas as amostras atenderam a legislação quando analisado o teor máximo de cloro residual,

no entanto, 22,23% não atenderam ao valor estabelecido pelas Portarias 518/04 e 2.914/11 no

tocante à quantidade mínima de cloro residual livre exigida.

Em pesquisa similar realizada por Scuracchio e Farache Filho (2011), ao analisarem a

qualidade da água utilizada para consumo em escolas no município de São Carlos- SP

concluíram que 33,85% das amostras provenientes da rede de abastecimento e 43,5% das

amostras provenientes do reservatório não atenderam ao valor mínimo de cloro residual

exigido pela legislação vigente. Já, Campos, Farache Filho e Faria (2003), ao analisarem o

teor de cloro residual, observaram valores 32% maiores nas amostras de água provenientes da

rede pública quando comparados com àquelas provenientes dos reservatórios; dado que

colocou 92% das amostras de água provenientes da rede pública dentro do padrão

(mínimo de 0,2 mg L-1), enquanto no caso da água dos reservatórios domésticos este

porcentual caiu para 73%.

Resultado contrário foi encontrado por Oliveira, et al. (2012) que, ao analisarem a

qualidade da água distribuída pelo sistema de abastecimento público em Guarabira- PB,

verificaram teor de cloro residual superior a 0,2 mg L-1 em todas as amostras coletadas.

O Gráfico 9 apresenta os valores de cloro residual livre obtidos das análises de

amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de

ensino infantil de Uberaba- MG selecionadas para a pesquisa.

Gráfico 9- Valores da concentração de cloro residual livre em amostras de água provenientes de instituições de ensino infantil de Uberaba-MG.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

A A A A B B B B C C C C D D D D E E E E F F F F GG G G H H H H

1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª4ª

Insituições/

Coletas

Clo

ro r

es

idu

al li

vre

( m

g/L

)

Bebedouro

Torneira

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

Foi observado, de acordo com o Gráfico 9 que, quando analisada as amostras de água

provenientes da instituição de ensino A, as amostras obtidas dos bebedouros da segunda e

Page 98: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO … · Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tios sulfato de sódio 10%..... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma

Resultados e discussão 97

quarta coletas não apresentaram teor mínimo de cloro residual livre recomendado pela

Portaria nº 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde. Enquanto que todas as amostras de água

oriundas das torneiras da referida instituição de ensino também se encontraram em desacordo

com o exigido para a água potável

Quando analisados os resultados de cloro residual livre obtidos das análises de

amostras de água da instituição de ensino B, foi verificado que apenas a amostra coletada na

torneira da cozinha na primeira coleta realizada não atendeu a legislação vigente. Enquanto

que todas as amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras da instituição de ensino C

apresentaram teor de cloro residual livre acima de 0,2 mg L-1.

Para a instituição de ensino D, apenas a amostra de água proveniente da terceira coleta

realizada na torneira da cozinha atendeu a recomendação do Ministério da Saúde com relação

ao teor de cloro residual livre.

Já, ao analisar os valores de cloro residual livre nas amostras de água provenientes da

instituição de ensino E, foi verificado que as amostras de água obtidas do bebedouro e

torneira da cozinha provenientes da quarta coleta não atenderam ao valor mínimo exigido.

Com relação à instituição de ensino F, foi observado que todas as amostras de água

coletadas nos bebedouros durante as quatro amostragens realizadas apresentaram teor de cloro

residual livre inferior a 0,2 mg L-1. Fato semelhante foi verificado para a amostra de água

proveniente da terceira coleta realizada na torneira da cozinha da instituição de ensino G.

Foi observado ainda que, as amostras de água provenientes da segunda e quarta coletas

realizadas nas torneiras da cozinha da instituição de ensino H também não atenderam a

legislação vigente, fato também observado para a amostra de água proveniente da segunda

coleta realizada no bebedouro da instituição de ensino em questão.

Ainda com relação ao teor de cloro residual livre, não foi encontrada diferença

significativa (p>0,05) entre os períodos de amostragem realizadas em bebedouros e torneiras

da cozinha das oito instituições de ensino selecionadas para a pesquisa, sendo portanto

dispensável análise estatística para essa variável.

� Metais

Dentre os diferentes contaminantes químicos, o estudo dos metais pesados vem sendo

considerado prioritário nos programas de promoção da saúde em escala mundial. Segundo

Baird (2002), o termo metal pesado se refere a uma classe de elementos químicos, muitos dos

quais nocivos para os seres humanos.

Page 99: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO … · Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tios sulfato de sódio 10%..... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma

Resultados e discussão 98

Os seres humanos podem estar expostos a metais a partir de várias fontes, e a água

representa uma das principais vias de contaminação, talvez por isso seja crescente a

preocupação com a água de boa qualidade, desde o manancial até o ponto de consumo

(CHAKRABARTY; SARMA; 2010).

Para essa pesquisa foram analisados os teores de chumbo (Pb), manganês (Mn), cromo

(Cr), cobre (Cu) e cádmio (Cd) presentes nas amostras de água analisadas.

Na Tabela 12, são apresentados os valores máximos permitidos para concentrações de

Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em água potável, estabelecidos pela Portaria nº 2.914 do Ministério da

Saúde de 2011.

Tabela 12- Valores máximos permitidos das concentrações de Pb, Mn, Cr, Cd e Cu para a água potável.

Metais VMP

Cobre (Cu) 2,000 mg L-1

Cádmio (Cd) 0,005 mg L-1

Cromo (Cr) 0,050 mg L-1

Chumbo (Pb) 0,010 mg L-1

Manganês (Mn) 0,100 mg L-1

Os valores das concentrações de Pb, Mn, Cr, Cd e Cu, obtidos das análises das

amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha, referentes à primeira

coleta realizada em oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa, estão

apresentados na Tabela 13.

Page 100: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO … · Figura 9- Frasco autoclavado contendo reagente tios sulfato de sódio 10%..... 72 Figura 10- Espectrofotômetro de plasma

Resultados e discussão 99

Tabela 13- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à primeira coleta (14/12/2011) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.

Instituições de ensino

Pontos de coleta

Metais (mg L-1) Pb Mn Cr Cu Cd

A

Bebedouro *ND ND ND ND ND Torneira 0,016 ND ND ND ND

B

Bebedouro ND 0,030 0,172 ND ND Torneira ND 1,669 0,061 ND ND

C

Bebedouro ND 1,132 0,250 ND ND Torneira ND 0,178 0,235 ND ND

D

Bebedouro ND 0,372 0,197 ND ND Torneira ND 1,557 ND ND ND

E

Bebedouro ND 0,405 0,192 ND ND Torneira ND 2,429 0,093 ND ND

F

Bebedouro ND 1,417 0,138 ND ND Torneira ND 1,123 0,083 ND ND

G

Bebedouro ND 0,479 0,162 ND ND Torneira ND 0,209 0,109 ND ND

H

Bebedouro ND ND ND ND ND Torneira ND ND ND ND ND

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012. *ND: não detectado.

Analisando-se os dados apresentados na Tabela 13, e comparando-os com os valores

estipulados na Tabela 12, foi possível verificar que a concentração de Cu e Cd de todas as

amostras de água referentes à primeira coleta, sejam elas provenientes de bebedouros ou

torneiras da cozinha, atenderam ao padrão estabelecido pela Portaria nº 2.914 de 2011 do

Ministério da Saúde. Os resultados são compatíveis com trabalho realizado por Sanches et al.

(2010) ao analisarem a qualidade da água de poços de abastecimento público de Ribeirão

Preto- SP, onde todas as amostras atenderam ao padrão estabelecido pela legislação vigente

com relação à concentração máxima permitida dos metais Cu e Cd para a água potável.

No entanto, quando analisado a concentração de cromo nas amostras de água, foi

observado que 68,75% das mesmas estavam acima do valor máximo permitido estabelecido

pela legislação vigente. Ao contrário do resultado obtido nessa pesquisa, Oliveira, Campos e

Medeiros (2010), ao avaliarem a qualidade da água proveniente da bacia hidrográfica do Rio

Salitre, constataram que todas as amostras analisadas atendiam o padrão estabelecido pela

legislação vigente quanto ao valor máximo permitido de cromo.

Segundo Hazardous Substances Data Bank (2000), com relação à contaminação das

águas é possível constatar que a maioria do cromo pode estar na forma de material particulado

em água superficial ou depositados nos sedimentos. Algumas partículas podem permanecer

como matéria suspensa e posteriormente ser depositadas nos sedimentos.

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Resultados e discussão 100

Ainda com relação às amostras de água referentes à primeira coleta realizada no dia

14/12/2011, foi verificado que a amostra de água proveniente da torneira da instituição de

ensino A apresentou concentração de chumbo ligeiramente superior ao valor máximo

permitido estabelecido pela Portaria 2.914 do Ministério da Saúde de 2011, estando,

entretanto, todas as demais amostras dentro do padrão estabelecido para água potável. Outro

dado importante foi observado com relação à amostra de água proveniente da torneira da

cozinha da instituição de ensino B, cuja concentração de manganês superou ao valor máximo

permitido pela legislação de 0,1 mg L-1 .

Na Tabela 14 estão representados os valores das concentrações dos metais obtidos da

análise das amostras de água referentes à segunda coleta, realizada em bebedouros e torneiras

de oito instituições de ensino infantil de Uberaba – MG.

Tabela 14- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à segunda coleta (19/03/2012) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.

Instituições de ensino

Pontos de coleta

Metais (mg L-1) Pb Mn Cr Cu Cd

A

Bebedouro *ND 0,051 0,008 ND ND Torneira ND 0,272 0,263 ND ND

B

Bebedouro ND 1,361 0,199 ND ND Torneira 0,059 ND ND ND ND

C

Bebedouro ND 0,145 0,153 ND ND Torneira 0,052 ND ND ND ND

D

Bebedouro ND 0,535 0,165 ND ND Torneira ND 1,101 0,171 ND ND

E

Bebedouro ND ND 0,00 ND ND Torneira ND 0,178 0,176 ND ND

F

Bebedouro 0,010 0,005 ND ND 0,871 Torneira ND 1,669 0,061 ND ND

G

Bebedouro 0,070 ND ND ND ND Torneira 0,067 ND ND ND ND

H

Bebedouro ND 0,057 0,195 ND ND Torneira ND 0,047 0,105 ND ND

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012. *ND: não detectado.

Com relação aos resultados obtidos da segunda coleta de água realizada, foi verificado

que 56,25% das amostras não atenderam ao padrão recomendado pelo Ministério da Saúde

com relação às concentrações de cromo e 43,75% das amostras apresentaram concentração de

manganês acima dos valores permissíveis para água destinada ao consumo humano. Este

resultado é compatível com trabalho realizado por Alves et al. (2010) que, ao avaliarem a

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Resultados e discussão 101

concentração de metais pesados em águas superficiais e sedimentos do Córrego Monte Alegre

e esgoto sanitário em Riberão Preto- São Paulo, também verificaram médias superiores aos

padrões estabelecidos pela Resolução Conama 357 de 2005 para concentrações de cromo.

Quando analisada a concentração de chumbo presente nas amostras de água, foi

verificado que 25% das mesmas apresentaram teor acima 0,01 mg L-1, valor esse, estipulado

como o máximo permitido pela legislação vigente.

Ribeiro et al. (2012) também evidenciaram uma contaminação por chumbo em estudo

realizado para verificação da qualidade da água do Rio São Francisco no segmento de Três

Marias e Pirapora- MG.

Elevados níveis de Pb na água para consumo humano podem ser encontrados em

decorrência da corrosão púmblica e subsequente lixiviação do metal em tubulações feitas à

base de chumbo. A combinação entre água com baixo pH e baixa concentrações de sais

dissolvidos e encanamento à base de chumbo ou com soldas do metal no sistema de

distribuição, podem lixiviar quantidades substanciais de chumbo. Reservatórios, cisternas e

tanques recobertos com chumbo podem ser as maiores fontes de contaminação pelo metal em

água para consumo (AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY,

2007).

Metais como manganês e chumbo, em concentrações superiores às máximas

permitidas, são considerados neurotóxicos, capazes de induzir disfunções neurais ou causar

lesões no sistema nervoso central ou periférico. A exposição a esses elementos desencadeia

uma ampla variedade de manifestações clínicas que vão desde disfunções motoras e

mudanças comportamentais até psicoses (CANDURRA et al., 2000; SEGURA- MUÑOZ et

al., 2003).

Foi observado ainda, que a amostra de água coletada no bebedouro da escola F

apresentou concentração de Cd superior ao estabelecido pela Portaria 2.914 do Ministério da

Saúde de 2011 (BRASIL, 2011). Tal resultado pode ser justificado pelo tempo de estagnação

da água dentro dos reservatórios, conforme revelado por estudos internacionais (SCHOCK,

NEFF, 1988; LYTLE, SCHOCK, 2000; MERKEL et al., 2002), onde a concentração desse

metal estava elevada após algumas horas sem utilização do reservatório doméstico. Para

Rajaratnam, Winder e An (2002), o período de até seis horas de estagnação é considerado

aceitável para a minimização dos riscos decorrentes à exposição de metais presentes na água.

Com relação às concentrações de Cu, todas as amostras apresentaram-se abaixo dos

valores máximos permitidos estabelecidos pelo Ministério da Saúde como recomendável para

água potável.

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Resultados e discussão 102

Os valores encontrados, para a concentração de metais presentes nas amostras de água

referentes à terceira coleta, estão apresentados na tabela 15.

Tabela 15- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à terceira coleta (25/06/2012) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.

Instituições de ensino

Pontos de coleta

Metais (mg L-1) Pb Mn Cr Cu Cd

A

Bebedouro *ND ND ND ND 0,634 Torneira ND ND ND ND 0,651

B

Bebedouro ND ND ND ND 0,743 Torneira ND ND ND ND 0,567

C

Bebedouro ND ND 0,032 ND 0,555 Torneira ND ND 0,122 ND 0,721

D

Bebedouro ND ND ND ND 0,724 Torneira ND ND ND 1,007 0,639

E

Bebedouro ND ND 0,700 ND 0,748 Torneira ND ND 0,811 1,427 0,886

F

Bebedouro ND ND ND 4,046 0,777 Torneira ND ND ND ND 0,979

G

Bebedouro ND ND 0,130 ND 0,841 Torneira ND ND ND ND 1,098

H

Bebedouro ND ND 0,798 0,047 1,165 Torneira ND ND ND ND 1,594

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012. *ND: não detectado.

Para as amostras de água referentes à terceira coleta, realizada no dia 25/06/2012,

31,25% das amostras analisadas apresentaram concentração de cromo acima do estabelecido

pela legislação para água potável. Enquanto que 6,25% das amostras não atenderam ao

estabelecido pelo Ministério da Saúde quanto ao valor máximo permitido de cobre,

apresentando valores acima de 2 mg L-1.

Grigoletto et al. (2012), ao estudarem a variabilidade da concentração de Cu e Pb na

água de abastecimento, concluíram que as variações na concentração de metais podem ser

justificados por diversos motivos. Um deles seria o tempo de residência da água no

encanamento durante o período noturno, que pode ser variável de acordo com a demanda.

Pequenas variações na adição de cloro na água durante o tratamento poderiam levar a

alteração no pH e, consequentemente, no poder de lixiviação de metais. Além da

contaminação pública, a tubulação interna da própria residência, seus reservatórios e até

mesmo as torneiras metálicas podem ser relevantes fontes de cobre e chumbo no interior da

casa. Ainda em pesquisa realizada pelos autores em questão, foi observado que todas as

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Resultados e discussão 103

amostras apresentaram concentrações de cobre e chumbo em conformidade com o padrão

aceitável para água potável.

Cabe salientar que, para essa mesma coleta, todas as amostras de água analisadas

(100%) apresentaram concentração de cádmio acima do valor máximo permitido, pela

Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011, para água potável.

Farias et al. (2007) ao analisarem a água de um distrito industrial de Mangabeira,

observaram que 32% dos valores encontrados na pesquisa de amostras de água provenientes

do Rio Cabelo, não se enquadravam nos limites desta Portaria, o que tornava o uso dessa água

imprópria para consumo humano sem tratamento prévio.

O cádmio tem alto potencial tóxico, podendo causar envenenamento na água ou nos

alimentos em grandes quantidades, é cancerígeno e sua inserção no meio ambiente pode

ocorrer por meio de praguicidas, fertilizantes, além de fontes industriais (BRIGATE;

ESPÍNDOLA, 2003).

Em contrapartida, todas as amostras apresentaram concentrações de Pb e Mn dentro

dos valores permissíveis, pelo Ministério da Saúde, para água destinada ao consumo humano.

Os valores referentes à concentração dos metais em amostras de água analisadas na

quarta coleta estão representados na Tabela 16

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Resultados e discussão 104

Tabela 16- Concentrações de Pb, Mn, Cr, Cu e Cd em amostras de água referentes à quarta coleta (25/06/2012) realizada em instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.

Instituições de ensino

Pontos de coleta

Metais (mg L-1) Pb Mn Cr Cu Cd

A

Bebedouro *ND ND ND ND 0,916 Torneira ND ND ND ND 0,684

B

Bebedouro ND ND 0,037 ND 0,975 Torneira ND ND 0,632 ND 0,731

C

Bebedouro ND ND 0,957 ND 0,882 Torneira ND ND ND 0,992 0,922

D

Bebedouro ND ND ND 0,108 1,258 Torneira ND ND 1,032 0,960 1,083

E

Bebedouro ND ND ND ND 0,810 Torneira ND ND ND 1,494 1,522

F

Bebedouro ND ND ND 0,207 0,966 Torneira ND ND ND ND 0,601

G

Bebedouro ND ND ND ND 0,713 Torneira ND ND 0,489 5,275 0,257

H

Bebedouro ND ND 0,496 ND 0,467 Torneira ND ND 0,047 0,812 0,694

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012. *ND: não detectado.

Para as amostras de água referentes à quarta coleta, foi verificado que, quando

analisado as concentrações de chumbo e manganês, todas as amostras apresentaram valores de

acordo com o estabelecido pela legislação vigente como recomendável para a água potável.

Entretanto, 31,25% das amostras de água apresentaram concentração de cromo acima

do valor máximo permitido estabelecido pela Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de

2011.

Com relação à concentração de cádmio, todas as amostras de água analisadas (100%)

referentes à quarta coleta, sejam elas provenientes de torneiras da cozinha ou bebedouros das

oito instituições de ensino infantil, apresentaram valor acima do permitido pela legislação

vigente para água potável.

Quanto à concentração de cobre, apenas a amostra de água proveniente da torneira da

instituição G apresentou valor de concentração acima do estabelecido pelo Ministério da

Saúde para água potável (BRASIL, 2011).

As concentrações de Pb e Cr nas amostras de água provenientes de bebedouros e

torneiras não apresentaram diferença significativa entre si quando analisada os diferentes

períodos de amostragem, não sendo necessário portanto, a aplicação do teste estatístico

para tais resultados.

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Resultados e discussão 105

No entanto, quando analisada a concentração de Mn nas amostras de água

provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha das instituições de ensino infantil

selecionadas para a pesquisa, foi verificado diferença significativa (p<0,05) quando

considerado os diferentes períodos de coleta. Como os valores obtidos não apresentaram

homogeneidade entre si, foi aplicado um teste não paramétrico (Kruskal- Wallis) para análise

de variância. Tais resultados são identificados na Tabela 17.

Tabela 17- Análise de variância do valor da concentração de Mn em amostras de água provenientes de bebedouro e torneira da cozinha de instituições de ensino infantil, em quatro diferentes períodos de amostragem.

Bebedouro Torneira 1ª coleta (14/12/11) 0,48 a 0,89 a 2ª coleta (19/03/12) 0,27 b 0,41 b 3ª coleta (25/06/12) 0,00 c 0,00 c 4ª coleta (26/09/12) 0,00 c 0,00 c

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).

De acordo com os dados contidos na Tabela 17, foi verificado que, com relação às

amostras de água provenientes dos bebedouros e torneiras da cozinha das oito instituições de

ensino infantil selecionadas, a primeira coleta diferiu estatisticamente das demais coletas

quando analisada a concentração de Mn, apresentando ainda valor médio superior a estas. Já a

terceira e quarta coletas realizadas não diferiram significativamente entre si, diferindo, no

entanto, da primeira e segunda coletas realizadas, apresentando ainda valor médio inferior a

estas com relação à concentração de Mn.

A variação média de Mn, presente nas amostras de água provenientes de bebedouros e

torneiras da cozinha de instituições de ensino selecionadas para pesquisa, ao longo dos quatro

períodos de coleta, além do valor máximo permitido (VMP) de 0,1 mg L-1 para água potável,

estão representados no Gráfico 10.

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Resultados e discussão 106

Gráfico 10- Variação da concentração de Mn em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas no período de dezembro de 2011 à setembro de 2012.

00,1

0,20,3

0,40,50,6

0,70,8

0,91

1ª 2ª 3ª 4ª

Coletas

Mn

(m

g/L

)

Bebedouro

Torneira

VMP

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

Com relação à variação da concentração de Cu presente em amostras de água

provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha das oito instituições de ensino selecionadas

para a pesquisa, verificou-se que, quando analisadas as amostras de água provenientes de

bebedouros, as mesmas não apresentaram diferença significativa entre si quanto ao período de

amostragem. Entretanto, quando analisadas as amostras de água provenientes das torneiras da

cozinha, observou-se que as mesmas diferiram significativamente entre si (p<0,05) quando

analisada a variação da concentração de cobre.

A Tabela 18 apresenta os valores obtidos da variação média de Cu em amostras de

água provenientes das torneiras da cozinha das oito instituições de ensino infantil pesquisadas,

ao longo das quatro coletas realizadas.

Tabela 18- Análise de variância do valor da concentração de Cu em amostras de água provenientes de torneiras de instituições de ensino infantil, em quatro diferentes períodos de amostragem.

Torneira 1ª coleta (14/12/11) 0,89 a 2ª coleta (19/03/12) 0,41 b 3ª coleta (25/06/12) 0,00 c 4ª coleta (26/09/12) 0,00 c

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).

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Resultados e discussão 107

Verificou-se, através da Tabela 18 que, quando analisada a variação da concentração

de cobre em amostras de água provenientes de torneiras das instituições de ensino

selecionadas para estudo, a primeira coleta diferiu significativamente das demais coletas,

apresentando valor médio superior de concentração de Cu. Já, as 3ª e 4ª coletas não diferiram

significativamente entre si, apresentando, no entanto, valor médio inferior de concentração de

Cu, quando comparado às demais coletas realizadas.

No Gráfico 11 estão apresentados os valores médios da concentração de Cu presente

em amostras de água provenientes de torneiras da cozinha das oito instituições de ensino

infantil selecionadas para a pesquisa, além do valor máximo permitido (2 mg L-1),

estabelecido pela legislação vigente, para água potável.

Gráfico 11- Variação da concentração de Cu em amostras de água provenientes de torneiras de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

1ª 2ª 3ª 4ª Coletas

Cu

(m

g/L

)

Torneira

VMP

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

Quando analisada a variação média da concentração de Cd em amostras de água

provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha das oito instituições de ensino selecionadas

para o presente trabalho, verificou-se uma variação significativa da concentração do referido

metal ao longo das quatro coletas realizadas para os dois pontos de coleta citados. Tais

valores são apresentados na Tabela 19.

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Resultados e discussão 108

Tabela 19- Análise de variância do valor da concentração de Cd em amostras de água provenientes de bebedouro e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil, em quatro diferentes períodos de amostragem.

Bebedouro Torneira 1ª coleta (14/12/11) 0,00 d 0,00 c 2ª coleta (19/03/12) 0,11 c 0,00 c 3ª coleta (25/06/12) 0,77 b 0,89 a 4ª coleta (26/09/12) 0,87 a 0,81 b

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).

Com base na Tabela 19, verificou-se que, para as amostras de água provenientes de

bebedouros das oito instituições de ensino infantil selecionadas para estudo, as quatro coletas

realizadas diferiram significativamente entre si, quando avaliada a variação da concentração

de Cd no decorrer das quatro coletas realizadas. Observou-se ainda que a quarta coleta

apresentou valor médio superior às demais coletas, enquanto a primeira coleta apresentou

valor médio inferior de concentração de Cd.

Quando analisada as amostras de água provenientes das torneiras da cozinha das

instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa, observou-se que a terceira coleta

apresentou diferença significativa das demais coletas quando analisada a variação de

concentração de Cd, apresentando ainda valor médio superior às demais coletas realizadas. Já

a primeira e segunda coletas realizadas não diferiram significativamente entre si, diferindo, no

entanto das demais coletas, além de apresentarem valor médio inferior de concentração de Cd

quando comparado às demais.

No Gráfico 12 estão apresentados os valores das variações da concentração de Cd em

amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha das oito instituições de

ensino infantil selecionadas para a pesquisa ao longo das quatro coletas realizadas, além do

valor padrão de 0,005 mg L-1 estabelecido como recomendado pelo Ministério da Saúde para

a água potável.

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Resultados e discussão 109

Gráfico 12- Variação da concentração de Cd em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas.

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

5.1.3- Análises microbiológicas

A presença de coliformes na água indica a sua contaminação, acarretando um risco

potencial da presença de organismos patogênicos. Sua ausência é evidência de uma água

bacteriologicamente potável, uma vez que os coliformes são mais resistentes na água que as

bactérias patogênicas de origem intestinal (OLIVEIRA, et al., 2012).

Siqueira et al. (2010) relatam que, embora não exista limitação para o número de

coliformes totais presentes na água potável, a Portaria nº 518 do Ministério da Saúde de 2004

sugere que, quando for verificada a presença de coliformes totais e ausência de coliformes

termotolerantes, sejam tomadas providências imediatas de caráter corretivo e preventivo,

como limpeza de caixas d’água e cisternas.

A Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011 considera

como valor máximo permitido – VMP- de Escherichia coli e coliformes totais em água para o

consumo humano, em sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mês, a ausência em 100

mL de 95% das amostras examinadas no mês. Em sistemas que analisam menos de 40

amostras por mês, apenas uma amostra poderá apresentar mensalmente resultado positivo em

100 mL (BRASIL, 2011b).

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Resultados e discussão 110

� Coliformes totais

Os valores de coliformes totais obtidos das análises das amostras de água coletadas

nos bebedouros das oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa

apresentaram-se na faixa de 0 à 57 NMP/100 mL, enquanto que os valores de coliformes

totais para as amostras provenientes das torneiras da cozinha encontraram-se na faixa de 0 à

68 NMP/ 100 mL, como apresentado na Tabela 20.

Tabela 20- Resultados das análises das amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa com relação à presença de coliformes totais.

Instituições de ensino

Pontos de

coleta

Coliformes totais (*NMP/100mL) 1ª

COLETA (14/12/11)

2ª COLETA (19/03/12)

3ª COLETA (25/06/12)

4ª COLETA (26/09/12)

A

Bebedouro 22 1 2 2 Torneira 14 1 3 4

B

Bebedouro 4 1 3 1 Torneira 0 0 4 0

C

Bebedouro 4 0 0 0 Torneira 1 1 5 0

D

Bebedouro 10 8 36 0 Torneira 1 2 23 0

E

Bebedouro 57 27 5 1 Torneira 0 24 10 0

F

Bebedouro 54 1 4 0 Torneira 15 1 3 0

G

Bebedouro 3 2 10 0 Torneira 2 0 8 68

H

Bebedouro 0 0 13 0 Torneira 0 0 42 1

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012. * NMP/100 mL número mais provável em 100 mL.

De acordo com os valores expostos na Tabela 20, verificou-se que, das 32 amostras

(100%) de água provenientes de bebedouros, 23 (71,875%) não atenderam ao padrão

estabelecido pela Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011. Já, para as 32 amostras de

água coletadas nas torneiras da cozinha, 65,625% (21 amostras) não atenderam à legislação,

apresentando valores acima daqueles estabelecidos pela legislação vigente para a água

potável.

Estes resultados foram compatíveis com àqueles obtidos em pesquisa realizada por

Silveira et al. (2011) que, ao avaliarem amostras de água provenientes de escolas públicas de

São Carlos, relataram que, das amostras de água coletas da torneira da cozinha, 22,6%

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Resultados e discussão 111

apresentaram bactérias do grupo coliforme. Resultado parecido também foi encontrado por

Scuracchio e Farache Filho (2011) cujo trabalho demonstrou que 28,9% dos reservatórios de

água de escolas públicas no município de São Paulo apresentaram presença de coliformes

totais.

Ao contrário dos trabalhos citados anteriormente, Oliveira et al. (2012) em estudo

realizado para analisar a qualidade da água para consumo humano, distribuída pelo sistema de

abastecimento público em Guarabira- PB, verificaram ausência de coliformes totais em todas

as amostras analisadas.

A água pode ser contaminada no ponto de origem, durante a sua distribuição e,

principalmente, nos reservatórios particulares, sejam eles de empresas ou domiciliares.

Segundo Germano; Germano (2001), as causas mais frequentes da contaminação da

água nesses reservatórios são a vedação inadequada das caixas d’água e cisternas, e a carência

de um programa de limpeza e desinfecção regular e periódica.

Relatos de contaminação de água por bactérias do grupo coliformes são muito

frequentes. Coliformes totais incluem espécies do gênero Klebsiella, Enterobacter e

Citrobacter, sendo Escherichia coli a principal representante do subgrupo termotolerante

(MATTOS; SILVA, 2002).

Zulpo et al. (2006) afirmam que os coliformes totais são encontrados no solo e nos

vegetais, possuindo a capacidade de se multiplicarem na água com relativa facilidade. No

entanto, os termotolerantes não se multiplicam facilmente no ambiente externo e ocorrem

constantemente na flora intestinal do homem e de animais de sangue quente, sendo capazes de

sobreviver de modo semelhante às bactérias patogênicas, atuando, portanto, como potenciais

indicadores de contaminação fecal e de patógenos entéricos em água fresca.

O Gráfico 13 apresenta os resultados referentes à presença de coliformes totais obtidos

das análises de amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha das oito

escolas infantis selecionadas para pesquisa.

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Resultados e discussão 112

Gráfico 13- Valores de coliformes totais obtidos das análises de amostras de água referentes às quatro coletas de água realizadas em bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.

0

10

20

30

40

50

60

70

A A A A B B B B C C C C D D D D E E E E F F F F G G G G H H H H

1ª2ª3ª 4ª 1ª 2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª 2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª 2ª3ª 4ª 1ª2ª 3ª 4ª 1ª 2ª3ª4ª

Instituições/

Coletas

Co

lifo

rmes t

ota

is

(NM

P/ 100m

L)

Bebedouro

Torneira

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

De acordo com o Gráfico 13, foi observado que todas as amostras de água coletadas

em bebedouros e torneiras da instituição de ensino A apresentaram presença de coliformes

totais, sendo esse valor bastante elevado para as amostras provenientes da primeira coleta

realizada.

Para as amostras de água provenientes da instituição de ensino B, todas as amostras de

água obtidas do bebedouro se apresentaram em desacordo com a legislação vigente, enquanto

que para as amostras de água coletadas na torneira da cozinha, apenas aquela oriunda da

quarta coleta não atendeu ao padrão recomendado pela Portaria 2.914 de 2011 do Ministério

da Saúde quanto à presença de coliformes totais.

Quando analisada as amostras de água coletadas na instituição de ensino C, foi

detectado coliformes totais somente na amostra de água relativa à primeira coleta realizada no

bebedouro. Valores diferentes foram encontrados para as amostras provenientes da torneira da

cozinha, onde apenas a amostra de água proveniente da quarta coleta atendeu ao parâmetro

exigido para água potável.

Já para a instituição de ensino D, somente as amostras de água provenientes da quarta

coleta realizada atenderam à legislação vigente quanto ao recomendado para coliformes totais.

Ainda, para a referida instituição de ensino, é importante ressaltar valores bastante elevados

de coliformes totais em amostras de água oriundas da terceira coleta realizada.

Na instituição de ensino E, todas as amostras de água coletadas no bebedouro

apresentaram coliformes totais, sendo esse valor bastante elevado em amostras provenientes

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Resultados e discussão 113

da primeira e segunda coletas. Quando analisadas as amostras obtidas da torneira da cozinha,

aquelas provenientes da primeira e quarta coletas atenderam ao valor recomendado para água

potável, no entanto, as amostras provenientes da segunda e terceira coletas não apresentaram-

se em conformidade com a Portaria 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, além de

apresentarem valores bastante elevados de coliformes totais.

Foi verificado ainda que, das amostras de água coletadas no bebedouro e torneira da

cozinha da instituição de ensino F, apenas aquelas provenientes da quarta coleta apresentaram

ausência de coliformes totais para cada 100mL de amostra analisada. Outro fato importante

observado foi o número relativamente alto de coliformes nas amostras de água provenientes

da primeira coleta realizada, sendo ainda que, se tratando da água proveniente do bebedouro,

tal evento pode ser explicado devido à turbidez elevada de tal amostra.

Ao analisar as amostras de água provenientes da instituição G, foi observado que,

apenas as amostras provenientes da quarta coleta realizada no bebedouro e da segunda coleta

realizada na torneira da cozinha atenderam ao parâmetro recomendado pelo Ministério da

Saúde para água potável. As demais amostras analisadas destacaram-se pelo valor elevado de

coliformes, principalmente aquela proveniente da terceira coleta no bebedouro e da quarta

coleta realizada na torneira da cozinha, sendo o resultado desta última justificado por

apresentar alta turbidez.

Para as amostras de água coletadas no bebedouro da instituição de ensino H, apenas

aquela resultante da terceira coleta apresentou-se em desacordo com a legislação vigente,

sendo ainda seu valor bastante elevado, fato semelhante foi observado para as amostras de

água provindas da torneira da cozinha da instituição da referida instituição de ensino.

Foi aplicado o teste de Kruskal- Wallis para detectar a variação do número de

coliformes totais em amostras de água nos diferentes períodos de coleta. Tais resultados são

mostrados na Tabela 21.

Tabela 21- Análise de variância do número mais provável de

coliformes totais nos quatro períodos de amostragem.

Bebedouro Torneira 1ª coleta (14/12/11) 19,25 a 4,125 b 2ª coleta (19/03/12) 5,000 c 3,625 c 3ª coleta (25/06/12) 9,125 b 12,25 a 4ª coleta (26/09/12) 0,500 d 9,125 d

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).

.

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Resultados e discussão 114

De acordo com a tabela 21, foi observado que as amostras de água provenientes das

quatro coletas realizadas apresentaram diferença significativa (p<0,05) entre si quando

analisado a presença de coliformes totais.

Observou-se ainda que, para as amostras de água provenientes de bebedouros na

quarta coleta realizada, as mesmas apresentaram valor médio inferior às demais coletas.

Ainda, com relação às amostras de água provenientes dos bebedouros, a primeira coleta

apresentou valor médio superior quanto à presença de coliformes totais, diferindo das demais

coletas realizadas. Já, as amostras de água referentes à terceira coleta realizada, diferiram

significativamente das demais coletas realizadas, apresentando valor médio superior apenas à

segunda coleta quanto analisada a presença de coliformes totais.

Quando analisada as amostras de água provenientes das torneiras da cozinha, foi

verificado que todas as amostras diferiram significativamente entre si, com reação ao período

de amostragem. Foi observado ainda que, as amostras referentes à terceira coleta

apresentaram valor médio de coliformes totais superior aos resultados obtidos para as demais

coletas realizadas. Já, as amostras resultantes da segunda coleta apresentaram média inferior

às demais coletas realizadas. A primeira coleta também diferiu das demais coletas realizadas

com relação ao número mais provável de coliformes totais apresentando valor médio superior

apenas em relação à segunda coleta realizada. Foi verificado ainda que, para as amostras de

água provenientes da quarta coleta realizada, as mesmas apresentaram valor médio inferior

apenas em relação à terceira coleta realizada.

No Gráfico 14 está representada a variação do número de coliformes totais presentes

em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha das instituições de

ensino infantil selecionadas para a pesquisa nos quatro períodos de coleta.

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Resultados e discussão 115

Gráfico 14- Variação de coliformes totais presentes em amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras da cozinha de oito instituições de ensino infantil ao longo das quatro coletas realizadas.

0

5

10

15

20

25

1ª 2ª 3ª 4ª

Coletas

Co

lifo

rmes t

ota

is (

NM

P/

100 m

L)

Bebedouro

Torneira

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

� Coliformes termotolerantes- Escherichia coli

A Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde de 2011, estabelece como padrão de

potabilidade para a água destinada ao consumo humano, a ausência de bactérias do grupo dos

coliformes termotolerantes, anteriormente denominados coliformes fecais.

As doenças de veiculação hídrica transmitem-se através da ingestão de água

contaminada por micro-organismos patogênicos, eliminados nas fezes do homem e/ou

animais. Pode-se afirmar com segurança que as doenças transmitidas pela água são uma das

mais graves ameaças para a população infantil. Este grupo de doenças encontra-se entre as

cinco causas principais de óbito nos indivíduos de um a quatro anos de idade

(GERMANO; GERMANO, 2001).

Os resultados obtidos das análises das amostras de água provenientes de bebedouros e

torneiras das instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa foram apresentados

na Tabela 22.

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Resultados e discussão 116

Tabela 22- Resultados das análises das amostras de água provenientes de bebedouros e torneiras de oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa, com relação ao número de Escherichia coli.

Instituições de ensino

Pontos de

coleta

Escherichia coli (*NMP/100mL) 1ª

COLETA (14/12/11)

2ª COLETA (19/03/12)

3ª COLETA (25/06/12)

4ª COLETA (26/09/12)

A

Bebedouro 20 1 2 4 Torneira 14 1 2 4

B

Bebedouro 2 1 3 1 Torneira 1 0 5 0

C

Bebedouro 0 0 0 0 Torneira 0 1 4 0

D

Bebedouro 9 3 14 1 Torneira 0 2 0 3

E

Bebedouro 3 11 3 1 Torneira 2 25 0 0

F

Bebedouro 6 1 4 0 Torneira 74 1 3 0

G

Bebedouro 10 0 0 0 Torneira 0 0 0 68

H

Bebedouro 1 0 3 0 Torneira 0 0 7 1

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012. * NMP/100 mL número mais provável em 100 mL.

De acordo com a tabela 22, observou-se que, das trinta e duas amostras de água

(100%) provenientes dos bebedouros, 22 (68,750%) não atenderam ao preconizado pela

Portaria nº 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, para água potável. Já com relação às trinta

e duas amostras de água provenientes das torneiras, 18 (56,250%) não atenderam ao

parâmetro estabelecido pela legislação vigente.

Em pesquisa semelhante, Porto et al. (2011) constataram que a água de oito

estabelecimentos que compreendem uma rede de lojas fast-food situadas no Recife e região

metropolitana apresentaram água contaminada por coliforme total, sendo que uma das lojas

apresentou também contaminação por coliformes termotolerantes. Chicat, Nanni e Cezar

(2010) verificaram que a água consumida em uma região orizicola encontrava-se, de maneira

geral, contaminada com coliformes totais e termotolerantes, sendo utilizados pela população e

animais sem devido tratamento. Rocha et al. (2010) em pesquisa realizada para amostras de

água coletadas em diferentes torneiras das cozinhas e/ou cantinas das instituições de ensino de

Teixeira de Freitas verificaram que 6,25% das mesmas apresentaram positividade para

coliformes termotolerantes, conforme determinado pelo NMP. Também em trabalho

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Resultados e discussão 117

desenvolvido por Silveira et al. (2011), das 124 escolas onde foram analisadas a qualidade da

água, doze apresentaram amostras positivas com relação à E. coli.

Ao contrário dos trabalhos citados anteriormente, Fernandez e Santos (2007) em

estudo realizado em escolas municipais e estaduais do Rio de Janeiro, obtiveram resultado

satisfatório quanto à condição higiênico-sanitária da água analisada. Foram analisadas 22

(100%) amostras de água que obtiveram negatividade para coliformes totais e termotolerantes

seguindo o NMP, estando, assim, dentro dos padrões estabelecidos pela Portaria nº 2.914 do

Ministério da Saúde de 2011, como recomendado para a água destinada ao consumo humano.

Campos, Farache Filho e Faria (2003) também não verificaram contaminação bacteriológica

em amostras de água provenientes da rede de abastecimento.

No Gráfico 15 estão apresentados os valores, com relação à presença de Escherichia

coli em amostras de água provenientes das coletas realizadas em bebedouros e torneiras da

cozinha das instituições de ensino selecionadas para a pesquisa.

Gráfico 15- Valores do número mais provável de Escherichia coli obtidos das análises de amostras de água coletadas em bebedouros e torneiras da cozinha de instituições de ensino infantil de Uberaba- MG.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Insituições/

ColetasA A A A B B B B C C C C D D D D E E E E F F F F G G G G H H H H

1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª 4ª 1ª2ª3ª4ª

Esc

he

rich

ia c

oli

(NM

P/ 1

00

mL

) Bebedouro

Torneira

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

Com base no gráfico anterior, foi observado que, em todas as amostras de água

coletadas no bebedouro e torneira da cozinha da instituição de ensino A foram detectadas a

presença de Escherichia coli, sendo esse valor bastante elevado nas amostras provenientes da

primeira coleta realizada. Fato semelhante foi observado para as amostras de água coletadas

nos bebedouros das instituições de ensino B, D e E.

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Resultados e discussão 118

Situação contrária foi verificada para todas as amostras de água coletadas no

bebedouro da instituição de ensino C, onde todas as amostras atenderam a exigência do

Ministério da Saúde quanto a ausência de E. coli em 100 mL de água analisada. No entanto,

quando analisado as amostras de água provenientes da torneira da cozinha da instituição de

ensino em questão, foi observada que apenas aquelas oriundas da primeira e quarta coleta

atenderam ao recomendado pela legislação vigente.

Para as amostras de água provenientes da torneira da cozinha da instituição de ensino

D, apenas aquelas resultantes da primeira e terceira coletas realizadas estavam de acordo com

o parâmetro exigido para água potável. O mesmo foi observado para as amostras de água

provenientes da torneira da cozinha da instituição de ensino E na terceira e quarta coleta

realizadas.

Para as amostras de água coletadas no bebedouro e torneira da cozinha da instituição

de ensino F, foi verificado que aquelas provenientes da quarta coleta apresentaram ausência

de Escherichia coli. Embora, seja necessário salientar o valor elevado de E.coli na amostra

proveniente da torneira da cozinha referente à primeira coleta realizada.

Analisando-se as amostras de água coletadas no bebedouro da instituição de ensino G,

foi verificado que apenas a amostra proveniente da primeira coleta não atendeu à Portaria

nº 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, sendo o mesmo valor encontrado para a amostra

proveniente da quarta coleta realizada na torneira da cozinha da referida instituição de ensino,

sendo ainda que tal amostra apresentou valor bastante acima do recomendado.

As amostras de água provenientes da segunda e quarta coletas realizadas no

bebedouro, bem como as amostras oriundas da primeira e segunda coletas realizadas na

torneira da cozinha da instituição de ensino H apresentaram ausência de E.coli, estando em

conformidade com o recomendado para água destinada ao consumo público.

O teste de Kruskal-Wallis, a 5% de significância, foi efetuado com o objetivo de

identificar a existência de diferença significativa, com relação à presença de Escherichia coli

em diferentes períodos de amostragem da água.

As amostras de água provenientes das torneiras da cozinha, não apresentaram

diferença significativa quando analisada a presença de E.coli nos diferentes períodos de

amostragem.

Os valores resultantes do teste de Kruskal-Wallis para presença de coliformes

termotolerantes em amostras de água provenientes de torneiras da cozinhas das instituições de

ensino infantil selecionadas para a pesquisa, em diferentes períodos de amostragem, estão

apresentados na tabela 23.

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Resultados e discussão 119

Tabela 23- Análise de variância do número mais provável de Escherichia coli em amostras de água coletadas em diferentes períodos.

Bebedouro 1ª coleta (14/12/11) 6,25 a

2ª coleta (19/03/12) 2,12 c

3ª coleta (25/06/12) 3,62 b

4ª coleta (26/09/12) 0,87 d

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Kruskal – Wallis (p < 0,05).

Baseado na tabela 23, verificou-se que as amostras de água coletadas em bebedouros

das instituições de ensino infantil selecionadas para estudo, diferiram significativamente entre

si quanto à presença de Escherichia coli quando analisado o período de coleta realizada.

Observou-se ainda que as amostras de água referentes à primeira coleta realizada

diferiram significativamente das demais coletas realizadas e apresentaram valor médio

superior de número mais provável de E. coli quando comparado com os valores obtidos das

demais coletas realizadas. Já, as amostras de água, referentes à quarta coleta realizada,

apresentaram diferença significativa com relação às demais coletas, apresentando ainda, valor

médio inferior a estas quando analisado a presença de Escherichia coli.

A segunda coleta diferiu significativamente das demais coletas realizadas,

apresentando valor médio superior à quarta coleta e inferior às demais coletas com relação ao

número mais provável de coliformes termotolerantes presentes em 100 mL da amostra de

água analisada.

Com relação à terceira coleta, a mesma apresentou diferença significativa (p<0,05) em

relação às demais coletas quando analisada a presença de coliformes do gênero Escherichia

coli nas amostras de água, apresentando valor médio superior somente em relação à quarta

coleta realizada.

No Gráfico 16 estão apresentados os resultados referentes à variação do número de

coliformes termotolerantes em amostras de água coletadas em bebedouros das instituições de

ensino infantil em diferentes períodos de amostragem.

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Resultados e discussão 120

Gráfico 16- Variação de coliformes termotolerantes presentes em amostras de água provenientes de bebedouros das oito instituições de ensino infantil selecionadas para a pesquisa ao longo das quatro coletas realizadas.

0

1

2

3

4

5

6

7

1ª 2ª 3ª 4ª

Instituições

de ensino

Es

ch

eri

ch

ia c

oli

(N

MP

/10

0m

L)

Bebedouro

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2012.

De acordo com o gráfico anteriormente apresentado, foi observado que as amostras de

água provenientes dos bebedouros das instituições de ensino selecionadas para a pesquisa,

àquelas referentes à primeira coleta apresentaram valor superior às demais coletas realizadas,

enquanto que as amostras de água referentes à quarta coleta apresentaram valor inferior

quanto ao número mais provável de Escherichia coli.

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Conclusão

121121

6 CONCLUSÃO

A realização desta investigação possibilitou atingir os objetivos propostos

inicialmente, sendo possível apontar as seguintes conclusões:

Quanto à qualidade física da água consumida pela comunidade escolar das

instituições de ensino infantil investigadas

• Para os parâmetros turbidez e cor aparente, todas as amostras de água analisadas

apresentaram- se em conformidade com o padrão determinado pela Portaria nº 2.914

de 2011 do Ministério da Saúde.

Quanto à qualidade química da água consumida pela comunidade escolar das

instituições de ensino infantil investigadas

• Todas as amostras de água analisadas apresentaram valores de pH no intervalo de

6,0 -9,5, atendendo o recomendado pela legislação vigente para água potável.

• Com relação à concentração de cloro residual livre, todas as amostras apresentaram

valor inferior ao máximo permitido pela legislação (2,0 mg L-1). No entanto, 40,625%

das amostras de água não atenderam ao valor mínimo exigido de 0,2 mg L-1, sendo o

resultado mais agravante encontrado para a instituição de ensino A, onde todas as

amostras coletadas não atenderam aos valores mínimos recomendado pela legislação.

• Quando analisada a concentração de metais, 68,75% das amostras de água referentes à

primeira coleta (14/12/2011) apresentaram teor de cromo acima do permitido pela

Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde, de 2011. Já, para as amostras referentes à

segunda coleta (19/03/12), 50% das mesmas apresentaram concentração de cromo e

manganês acima do permitido e 25% apresentaram teor de chumbo acima do

recomendado para a água potável. Quanto aos resultados obtidos para a terceira coleta

realizada (25/06/12), 31,25% das amostras de água analisadas estiveram fora do

padrão estabelecido para concentração de cromo, sendo fato mais preocupante com

relação aos teores de cádmio, onde todas as amostras apresentaram valores acima do

recomendado pelo Ministério da Saúde. Para as amostras de água referentes à quarta

coleta (26/09/12), 50% não atenderam ao padrão permitido para concentração de Cr e

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Conclusão

122122

todas as amostras estiveram acima do valor máximo permitido para concentração de

Cd. Complementando ainda as informações apresentadas, todas as amostras de água

oriundas da instituição C apresentaram-se em desacordo com a legislação vigente

quanto à concentração máxima de cromo exigida para a água potável.

Quanto à qualidade microbiológica da água consumida pela comunidade escolar

das instituições de ensino infantil investigadas

• Foi identificada a presença de coliformes totais em 68,75% das amostras de água

analisadas, sendo ainda que, todas as amostras de água provenientes dos bebedouros e

torneiras da instituição de ensino A apresentaram valores inaceitáveis para coliformes

totais, não atendendo ao recomendado pelo Ministério da Saúde.

• Outro fato relevante observado foi em relação à variação do número mais provável de

coliformes totais presentes nas amostras analisadas ao longo das quatro coletas

realizadas; das amostras provenientes da primeira coleta, 75% das mesmas

apresentaram a presença de coliformes totais, esse valor foi alterado para 93,75% na

segunda coleta, diminuindo para 68,75% na terceira coleta e chegando aos 37,5% na

quarta coleta realizada. Tal diminuição no valor do número de coliformes totais pode

ser justificado pelo fato de a quarta coleta ter sido realizada na data de 26/09/212, após

o período da limpeza dos reservatórios d’água, a qual se deu em período de recesso

escolar (julho/2012).

• Quanto à presença de Escherichia coli, 65,625% das amostras estiveram em desacordo

com o recomendado pela legislação para a água potável. Na primeira coleta (14/12/11)

e terceira coleta (25/06/12) foram identificadas a presença de E. coli em 68,75% das

amostras de água analisadas. O valor elevou-se para 75% na segunda coleta, reduzindo

para 50% na quarta coleta realizada.

• Ainda com relação à presença de coliformes termotolerantes, é importante ressaltar o

comprometimento de todas as amostras de água provenientes da instituição de ensino

A, tal fato pode ser justificado pelo fato de tais amostras apresentarem valores de cloro

residual livre abaixo do valor mínimo exigido pela legislação.

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Conclusão

123123

O presente estudo foi realizado em instituições de ensino infantil, cujo compromisso é

oferecer, além de formação educacional, segurança aos alunos por meio de uma infra-

estrutura adequada, com limpeza e condições adequadas de higiene e alimentação.

A avaliação da qualidade da água deve ser feita de forma integrada, considerando-se o

conjunto das informações de caráter físico, químico e microbiológico. Os diversos parâmetros

aqui apresentados constituem instrumentos de avaliação que podem ser agrupados para

contemplar as características mais relevantes da qualidade da água de abastecimento público.

De modo geral, os estudos revelam a necessidade de se manter um sistema de

monitoramento e controle para a adequada vigilância da qualidade da água destinada ao

consumo de escolares.

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Anexos 138 ______________________________________________________________________________

ANEXO A

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Anexos 139 ______________________________________________________________________________

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Anexos 140 ______________________________________________________________________________

ANEXO B